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A evolução das práticas em saúde e a 
enfermagem: dos primórdios ao tempo 
moderno 
 
 
Paula Beatriz de Oliveira 
 
 
Introdução 
 
Ao pensar em enfermagem, é habitual o imaginário de profissionais atuando no 
ambiente hospitalar ou em unidade de saúde, entretanto, a sua origem data dos 
primórdios da vida tribal, na prática dos cuidados necessários à sobrevivência da própria 
espécie humana. Assim perdurou por milhares de anos, sofrendo a influência do tempo, 
do desenvolvimento sociopolítico e econômico das comunidades; das práticas religiosas 
até ser reconhecida como prática profissional na Inglaterra no século XIX (GEOVANINI, 
2010). 
 
Deste modo, propomos, no decorrer deste capítulo, descrever a trajetória histórica da 
enfermagem através das práticas de saúde no mundo primitivo; medieval e moderno. 
 
Esperamos que você, caro aluno, possa, ao longo destas páginas, compreender as 
bases históricas da enfermagem. Com certeza, você irá reconhecer as características 
dessas à medida que iniciar sua prática profissional. 
 
 
Objetivos 
 
Ao final dos estudos deste capítulo, você deverá ser capaz de: 
 
• apresentar a evolução das práticas de saúde e a enfermagem desde a era 
primitiva até os tempos moderno. 
• caracterizar as práticas de saúde ao longo do tempo; 
• explicar as atividades relacionadas a enfermagem ao longo do tempo; 
• mostrar, historicamente, o surgimento da prática de enfermagem propriamente 
dita. 
 
 
 
Esquema 
1.1 Práticas de saúde instintivas 
1.2 Práticas de saúde mágico-sacerdotais 
1.3 Práticas de saúde no alvorecer da ciência 
1.4 Práticas de saúde monástico-medievais 
1.5 Práticas de saúde no período pós-monástico 
1.6 As práticas de saúde no mundo moderno 
1.7 Considerações finais 
 
 
1.1 Práticas de saúde instintivas 
 
O período primitivo é caracterizado pela vida em grupos. A princípio, os homens 
primitivos se estabeleciam em locais com a presença de água e alimentos, migrando à 
medida que esgotavam esses recursos. Com o tempo, esse homem passou a cultivar a 
terra, e portanto, deixou de migrar em busca de alimentos, constituindo as tribos 
(LOURENÇO et al., 2012). 
 
À medida que se organizavam as primeiras tribos, dividiam-se as tarefas entre homens 
e mulheres: os primeiros passavam a exercer atividades patriarcais e quanto às últimas 
ficavam responsáveis pela prática do cuidar (GEOVANINI, 2010). Os homens tornam-
se responsáveis pela caça e as mulheres pela coleta de sementes e frutas, sendo o 
produto do trabalho dividido entre o bando familiar (BASTIANI et al. 2020). 
 
Quanto à prática do cuidado, esta era uma atividade realizada pelas mulheres que 
respondiam pelo cuidado a crianças; idosos e doentes (GEOVANINI, 2010). Deste 
modo, entende-se que a prática de enfermagem esteve por muito tempo relacionada 
aos cuidados maternos, sendo necessários a sobrevivência humana (BASTIANI et al. 
2020). 
 
Ressalta-se que, neste período, as práticas de saúde resumiam-se em ações para 
garantir a sobrevivência humana, desenvolvidas na estrutura social de convivência 
dentro das tribos (LOURENÇO et al., 2012). 
 
Embora não houvesse uma prática de enfermagem propriamente dita no período 
primitivo, o cuidado desenvolvido pelas mulheres relacionado à manutenção da vida, 
com o passar do tempo, foi incorporado à atividade de enfermagem, como reflexo da 
necessidade de cuidado no momento de fragilidade. 
 
1.2 Práticas de saúde mágico-sacerdotais 
 
À medida que o homem fixou residência e passou a plantar e a criar animais, outras 
habilidades foram desenvolvidas, como a fabricação de ferramentas; utensílios; 
comércio do excedente produzido, entre outros. De modo que algumas famílias 
constituíram riquezas e consequentemente poder (BASTIANI et al. 2020). 
 
 
Neste período, também alguns homens observaram que ao conhecer métodos, ritos de 
cura, seria uma forma de poder, surgindo assim os primeiros curandeiros (GEOVANINI, 
2010; BASTIANI et.al., 2020). 
 
Com o passar dos séculos, na Grécia clássica, observa-se a evolução das práticas 
comerciais, com o advento das atividades marítimas. O Estado, ou aristocracia local, e 
mesmo alguns camponeses de médias propriedades detém o poder sobre a terra que é 
cultivada por trabalhadores e escravos (GEOVANINI, 2010). 
 
A religião adquiri forças à medida que busca explicar os males que afligem a população, 
e assim acaba por exercer grande influência na vida política. Nesse período, o Estado 
Grego rendia culto a diversos Deuses, que, entretanto, não satisfaziam as necessidades 
individuais do povo que desejam felicidade material, saúde do corpo e imortalidade da 
alma (GEOVANINI, 2010). 
 
As práticas de saúde associaram-se a prática religiosa, na qual os sacerdotes eram 
também médicos, sendo a cura resultado de ritos religiosos nos templos 
(VASCONCELOS; FREITAS, 2012). 
 
Deste modo a cura era jogo entre a natureza e a doença, sendo o sacerdote um mero 
intérprete dos desígnios dos Deuses e aliado da natureza, isento de responsabilidade 
sobre a morte. Em qualquer circunstância que o doente viesse a morrer, o sacerdote 
era isento de responsabilidade, uma vez que só sobrevivia quem era digno de viver 
(GEOVANINI, 2010). 
 
Neste período, as práticas de saúde são conhecidas com mágico-sacerdotal, 
permanecendo por muitos séculos, exercida a princípio nos templos, misto de santuários 
e escolas onde os conceitos primitivos de saúde eram ensinados (GEOVANINI, 2010). 
 
Com o passar do tempo formaram-se escolas que preparavam médicos para o exercício 
do curar, realizado em tendas próximas aos Templos de Esculápio. Nem todos eram 
médicos, muitos eram leigos que reproduziam as experiências no cuidar repassadas por 
seus antecessores ((VASCONCELOS; FREITAS, 2012). 
 
<ABRIR GLOSSÁRIO> 
Templos de Esculápio: locais destinados ao culto ao deus Esculápio, responsável pela 
cura de doentes e desesperados. 
 
Quanto a prática de enfermagem propriamente dita, não há relatos. Sabe-se que eram 
realizados partos domiciliares e algumas mulheres da classe elevada prestavam 
serviços nos templos, entretanto nada específico (GEOVANINI, 2010). 
 
A necessidade de compreender os males que assolavam a vida humana fez com que o 
homem se apoie na natureza, nos ritos em busca da cura. Assim, a saúde passa a ser 
fruto dos cuidados do sacerdote; e a ação da natureza, a cura resultante do 
merecimento de cada um. O tratamento nos templos exercidos pelos sarcedotes 
destinava-se a um grupo seleto, sendo a população em geral atendida por curandeiros, 
pessoas com rudimentar conhecimento sobre ervas locais. 
 
1.3 Práticas de saúde no alvorecer da ciência 
 
No século V e IV a.C, os gregos desenvolveram um método de observação naturalista, 
fruto de uma abordagem empírica racional que defendia a experiência prática de 
tentativa e erro, sobrepondo as práticas de saúde de origem mágica e religiosa (DARIO, 
2019). Propõe-se uma nova concepção de curar por meio do método indutivo, da 
inspeção e da observação. Hipócrates (Figura 1) foi o principal pensador dessa linha de 
raciocínio deixando como legado a importância do diagnóstico, do prognóstico e da 
terapêutica no cuidado ao doente (GEOVANINI, 2010). 
 
Figura 1 - Hipócrates 
 
 
 
 
Fonte: Adaptado de Getty Images. 
 
https://www.gettyimages.com.br/detail/ilustra%C3%A7%C3%A3o/bust-of-hippocrates-
ilustra%C3%A7%C3%A3o-royalty-free/157480899?adppopup=true 
 
 
Ao contrário dos gregos, os romanos consideravam a prática médica como indigna 
deixando o seu exercício a cargo dos estrangeiros e escravos. Entretanto, é inegável a 
contribuição romana nas práticas de saúde quanto ao saneamento e higiene em 
grandes obras públicas (GEOVANINI, 2010). 
 
Neste período, não há definição clara da prática de enfermagem. Cuidar dos doentes 
era tarefa dos feiticeiros; sacerdotes e mulheres naturalmente dotadas de aptidão para 
o cuidado,possuidoras de conhecimento rudimentar de ervas e preparos de remédios 
(GEOVANINI, 2010). 
 
O período alvorecer da ciência trouxe importante progresso para essa área, contestando 
as práticas de saúde baseadas na magia e na religiosidade ao propor uma forma clara 
de avaliar o doente, pautada no diagnóstico, no prognóstico e na terapêutica. É 
importante ressaltar que aquelas práticas ficaram restritas a um pequeno grupo de 
pensadores, mantendo a população em geral suas crenças e tradições no cuidado com 
a saúde. 
 
1.4 Práticas de saúde monástico-medievais 
 
Diagnóstico
Prognóstico
Terapêutica
https://www.gettyimages.com.br/detail/ilustra%C3%A7%C3%A3o/bust-of-hippocrates-ilustra%C3%A7%C3%A3o-royalty-free/157480899?adppopup=true
https://www.gettyimages.com.br/detail/ilustra%C3%A7%C3%A3o/bust-of-hippocrates-ilustra%C3%A7%C3%A3o-royalty-free/157480899?adppopup=true
O feudalismo e a influência do cristianismo sobre a compreensão da saúde e da doença 
marcaram fortemente a idade média. Embora os indivíduos acreditassem na 
variabilidade dos humores corporais, o fato de adoecer estava diretamente relacionado 
a situações de pecado (LOURENÇO et al., 2012) 
 
A organização eclesiástica passa a deter o poder moral, intelectual e financeiro, 
entendida como precursora da lei, da caridade; da bondade e acaba por difundir o 
dogmatismo cristão. Deste modo, o misticismo ressurge na junção do culto ao Cristo, 
médico da alma e do corpo, ao culto a Esculápio, deus da arte da cura e da cirurgia, 
presente desde a Grécia Clássica (GEOVANINI, 2010). 
 
Muitos leigos voltam sua vida para prática da caridade, dedicando-se aos cuidados dos 
pobres e enfermos, motivados pela fé cristã (GEOVANINI, 2010). Nasce, assim, a 
prática de enfermagem voltada ao cuidado de doentes, pobres, idosos e órfãos 
(DONOSO; WIGGERS, 2020). 
 
Embora exercessem a caridade, os cristãos eram alvos de perseguições pagãs, 
somente amenizadas pela proteção estatal. O principal documento dessa época é o 
Edito de Milão, de autoria do Imperador Constantino (GEOVANINI, 2010). A partir deste 
momento o Cristianismo é reconhecido como religião oficial do império romano e passa 
a exercer a prática da caridade em hospitais e abrigos doados pelo governo (BOTELHO 
MONIZ, 2016). 
 
<ABRIR GLOSSÁRIO> 
Edito Milão: trata-se de uma declaração promulgada no ano de 313 do período cristão 
pelos imperadores Constantino e Licínio dando total liberdade de culto a todos os 
cristãos no império Romano encerrando qualquer tipo de perseguição (SOBRINHO, 
2018). 
 
Os hospitais passam a ser construídos próximos a mosteiros e igrejas a princípio 
destinados aos monges, e, com o passar do tempo, aos estrangeiros, pobres e enfermos 
com intuito de preservar a condição sanitária das cidades devido à presença de 
epidemias (KOERICH et al., 2015). 
 
Assim, as práticas de saúde monástico-medievais eram caracterizadas pela prevalência 
do misticismo, disseminação do poder da Igreja e surgimento dos primeiros hospitais. O 
hospital (Figura 2), nesse período, não configurava uma instituição médica 
(GEOVANINI, 2010), apresentavam precárias condições de higiene e manutenção 
(KOERICH et al., 2015) e destinava-se a oferecer abrigo aos viajantes e isolamento as 
pessoas enfermas, que ali aguardavam a morte (BADALOTTI; BARBISAN, 2015). 
 
 Figura 2 - Sala de hospital medieval com pessoas doentes e parentes de visita 
 
 Fonte: Getty Images. Acervo Uniube. 
 
 
https://www.gettyimages.com.br/detail/ilustra%C3%A7%C3%A3o/inside-a-medieval-
hospital-room-with-sick-ilustra%C3%A7%C3%A3o-royalty-
free/818925762?adppopup=true 
 
 
A prática de enfermagem passa a ser exercida por mulheres religiosas, que se 
dedicavam a vida para a assistência dos enfermos e pobres, resultado do espírito da 
benevolência; compaixão, divindade por parte de quem exercia o cuidado (GEOVANINI, 
2010). 
Observa-se, assim, a construção da imagem religiosa da enfermagem, resultante do 
período monástico medieval associada a características de disciplina, obediência 
(DONOSO; WIGGERS, 2020) abnegação, espírito de serviço e obediência 
(GEOVANINI, 2010). 
 
 
https://www.gettyimages.com.br/detail/ilustra%C3%A7%C3%A3o/inside-a-medieval-hospital-room-with-sick-ilustra%C3%A7%C3%A3o-royalty-free/818925762?adppopup=true
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Nasce assim a enfermagem: um misto de ofício e religião, na qual o essencial eram as 
características de devoção ao cuidado em detrimento do conhecimento. Cuidar era um 
ato de desprendimento, exercido com base em conhecimentos rudimentares no 
emprego de ervas, mas fortalecido pelo espírito de compaixão. 
 
 
1.5 Práticas de saúde no período pós-monástico 
 
Ao final do século XIII e início do século XIV, verifica-se mudanças importantes na 
economia, marcadas pelo declínio gradativo do feudalismo, consequentemente ao 
retorno progressivo do comércio com o oriente médio e surgimento de fortes monarquias 
nacionais como a França e Inglaterra. A presença dessas monarquias contribuiu para o 
nascimento do Estado absolutista com a centralização política (KOERICH et al., 2015). 
 
Entre os séculos XV e XVI, surge o Renascimento na Itália, influenciando a 
reformulação do pensamento científico, marcado por princípios como o humanismo; o 
racionalismo e o individualismo. Desta forma, o mundo passaria a ser centrado no 
homem, baseado na razão e ciente da necessidade de respeitar as diferenças 
individuais dos seres humanos (KOERICH et al.,2015). 
 
O movimento renascentista contribuiu para a reformulação da Universidade, tornando 
um espaço propício a criação de novas metodologias e a valorização da 
profissionalização, ciência e pesquisa (VERA; LEMOS; MACEDO, 2015). Deve-se 
ressaltar, que embora vivenciasse um momento de vanguarda, o braço forte da Igreja 
permanecia ligado às universidades, representado na maioria dos professores 
eclesiásticos e no predomínio da formação teológica (GEOVANINI, 2010). 
 
Quanto as práticas de saúde, observa-se que à medida que deixam a clausura dos 
monastérios passam as mãos de leigos, tornando-se quase uma atividade totalmente 
empírica (GEOVANINI, 2010). 
 
Já a prática médica é absorvida pela Universidade, mantendo os privilégios didáticos 
herdados do clero, contribuindo para sua evolução e hegemonia (GEOVANINI, 2010). 
 
Verifica-se, neste período, a exigência de formação para o exercício da Medicina, 
respaldado em leis e estatutos vigorosos, consolidando o status social da categoria, 
contudo, mantendo a divisão hierárquica na prestação do serviço. A assistência médica 
passa a ser dividida em três categorias: 
• a assistência aos nobres e ricos era exercida por médicos graduados, detentores 
de altos honorários e honrarias; 
• já a assistência aos burgueses e artesãos ficava a cargo dos médicos e 
cirurgiões com formação técnica mediana; e enfim, 
• a assistência aos pobres era realizada por curandeiros e barbeiros (GEOVANINI, 
2010). 
 
O período pós-monástico é marcado também pela Reforma Protestante, que embora 
revelasse interesses econômicos e políticos, ficou caracterizada pela forte conotação 
religiosa, por se rebelar contra os abusos da Igreja. Tratou-se de um período de 
perseguição e morte de inúmeras pessoas devido à crença em Satanás e a superstição 
da feitiçaria (GEOVANINI, 2010). 
 
Enquanto isso, a enfermagem permanecia enclausurada nos hospitais cristãs. Com o 
enfraquecimento da supremacia da Igreja Católica, muitos hospitais cristãos foram 
extintos (GEOVANINI, 2010) e o trabalho das religiosas substituídos por mulheres de 
baixo nível moral e social. Otrabalho da enfermagem resumia a execução de tarefas 
previamente delegas pelos médicos, desqualificadas, restritas ao ato de lavar; varrer; 
esfregar; enrolar, guardar e entregar ligaduras. (PINHEIRO; MENDES, 2012) 
Deste modo. a enfermagem inicia uma fase de declínio (OLIVEIRA, 2009), o qual tornou-
se conhecido como o “período negro” da enfermagem (DONOSO; WIGGERS, 2020, p. 
60), à medida que era exercida por pseudoenfermeiras que realizavam tarefas 
essencialmente domésticas, sendo parcamente remuneradas, cumprindo jornadas de 
12 a 48 horas ininterruptas (GEOVANINI, 2010). 
 
A queda dos padrões morais presente no exercício da enfermagem fez com que a 
atividade se tornasse inadequada e sem interesse para as mulheres da alta sociedade 
(GEOVANINI, 2010). Deste modo, durante os séculos XVI e XVII a enfermagem 
vivenciou seu período de decadência marcado pela precária condição das práticas de 
saúde e a inferioridade social da mulher segundo os costumes da época (SH et al., 
2018). 
 
 
 
Observa-se que, entre todos os períodos, as questões sociais, econômicas e religiosas 
sempre repercutiram na prática de enfermagem. Entretanto, é neste momento das 
práticas pós-monásticas que observamos uma maior influência nessa área. As 
revoluções intelectual e religiosa, a primeira promovida pelo Renascimento, e a segunda 
fruto da Reforma Protestante, fizeram com as práticas de saúde deixassem a proteção 
dos monastérios e do conhecimento científico, não sendo mais atrativas às mulheres da 
sociedade. Assim, o cuidado volta a ser confundido com atividades domésticas e 
exercido por mulheres de baixo nível moral e intelectual. 
 
1.6 As práticas de saúde no mundo moderno 
 
A Revolução Francesa e a Industrial trouxeram importantes mudanças econômico-
política, rompendo definitivamente os laços com o feudalismo e impulsionando as novas 
relações de produção, resultando no estabelecimento definitivo do capitalismo 
(GEOVANINI, 2010). 
 
À medida que nascia novos impérios coloniais, aumentava-se a demanda de produtos 
manufaturados nas metrópoles e, consequentemente, o sistema fabril, que necessitava 
atender o volume de exportações. A população camponesa (Figura 3) ao sair de suas 
terras era parcialmente absorvida pelas indústrias das grandes cidades, para execução 
de tarefas hostis, automáticas e que requeriam pouca capacidade intelectual 
(GEOVANINI, 2010). 
 Figura 3 – Indústria de madrepérolas 
 
 Fonte: Getty Images. Acervo Uniube; 
 
https://www.gettyimages.com.br/detail/ilustra%C3%A7%C3%A3o/mother-of-pearl-
industry-mississippi-knob-ilustra%C3%A7%C3%A3o-royalty-
free/956360566?adppopup=true 
 
 
O crescimento das cidades e o desenvolvimento da manufatura não contribuiu para 
melhora da qualidade de vida da população. Ao contrário, as pessoas tornaram-se mais 
susceptíveis a doenças como tuberculose; pelagra, desnutrição; intoxicação alimentar 
e até mesmo aumento da mortalidade materna e infantil, advinda da entrada da mulher 
e da criança no mercado de trabalho (KOERICH et al., 2015). 
 
 
Muitos trabalhadores não conseguiram adaptar-se a disciplina do trabalho fabril, muitas 
vezes acidentando-se, outras vezes, pelas forças das circunstâncias, transformavam-
se em mendigos e vagabundos (GEOVANINI, 2010). 
 
Os mendigos e inválidos passaram a ser assistidos pelas obras de misericórdia, devido 
a ética cristã, uma vez que os ricos deveriam ajudar aos pobres e assim adquirir a 
salvação de sua alma (ABREU, 2004). O trabalho de assistência aos pobres era 
incentivado pela Igreja e mantido sobre o controle dos bispos (KOERICH et al., 2015). 
 
A doença passa a ser vista como obstáculo à força produtiva e prejuízo à economia, por 
diminuir a capacidade de trabalho dos operários. Deste modo, o Estado, com intuito de 
manter a população sadia e apta ao trabalho, estabelece uma legislação para proteção 
ao trabalhador (KOERICH et al, 2015). 
 
Enquanto, o Estado investia na saúde do trabalhador, os altos preços dos bens 
essenciais a sobrevivência, a exploração do trabalho manual e exigências físicas 
resultavam no aumento de pobres e miseráveis pelas ruas das cidades (ABREU, 2004). 
E o hospital mantinha-se como hospedaria e abrigo para mendigos e doentes. A 
assistência médica era pontual, frente a solicitação (KOERICH et al., 2015). 
 
Entretanto, a partir da necessidade premente da industrialização e interesses políticos 
e econômicos emergiu a reorganização hospitalar (GEOVANINI, 2010), sendo o médico 
o principal agente desse processo (KOERICH et al., 2015). 
 
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O médico dentro do serviço hospitalar assegura a disciplinarização do trabalho por meio 
do controle e do desenvolvimento das ações; pela distribuição espacial dos indivíduos 
no interior do hospital e vigilância constante dos mesmos (GEOVANINI, 2010). 
 
Deste modo, os hospitais tornam-se referência na manutenção da saúde do trabalhador, 
ao mesmo tempo que se constituem em empresas produtoras de saúde (KOERICH et 
al., 2015) e consumidora de bens, equipamentos e medicamentos (GEOVANINI, 2010). 
 
Os hospitais militares e marítimos foram os primeiros a se reorganizarem, consequente 
a questões econômicas que envolviam os exércitos, como o alto preço atribuído a 
formação de um soldado, além da preocupação em evitar a propagação de epidemias 
(CATÃO, 2011). Entretanto, os hospitais gerais, presentes nas cidades, ainda 
mantinham condições insalubres, marcados por superlotações, precárias condições de 
higiene e iluminação (BADALOTTI; BARBISAN, 2015). 
 
É nesta fase que a enfermagem gradativamente retorna para o hospital nos exercícios 
de atividades burocráticas, distantes do paciente. O enfermeiro assume o exercício de 
funções de controle do pessoal de enfermagem, com o intuito de manter a ordem e a 
disciplina institucional, atividades delegadas pelos médicos (GEOVANINI, 2010). 
 
Devido à imagem negativa da enfermagem construída anteriormente, com a saída das 
religiosas dos hospitais, fazia-se necessário a construção de um novo perfil profissional, 
que considerasse as peculiaridades da sociedade atual. É neste cenário que surge a 
enfermeira Florence Nightingale (GEOVANINI, 2010). 
 
A Inglaterra, nesta época encontrava-se em guerra, um conflito que iniciou entre russos 
e otomanos e após grandes potências, como França e Inglaterra, na chamada Guerra 
da Criméia, muitos soldados estavam morrendo nos hospitais militares, devido à alta 
incidência de doenças infectocontagiosas; precárias condições sanitárias e 
desorganização do serviço; fato que despertou a atenção de autoridades inglesas 
(MACÁRIO LOPES; PEREIRA DOS SANTOS, 2010). Assim, mediante as 
circunstâncias, o ministro da Guerra da Inglaterra convidou Florence Nightingale 
(Figuras 4 e 5) para trabalhar junto aos soldados no hospital de campanha 
(GEOVANINI,2010). 
 
Figura 4 – Enfermeira Florence Nightingale com os doentes Figura 5 – Florence 
Nightingale 
 
Fonte: Getty Images. Acervo Uniube. Fonte: Getty Images. Acervo 
Uniube. 
 
 
https://www.gettyimages.com.br/detail/foto/english-nurse-florence-nightingale-imagem-
royalty-free/92824294?adppopup=true 
 
https://www.gettyimages.com.br/detail/ilustra%C3%A7%C3%A3o/florence-nightingale-
ilustra%C3%A7%C3%A3o-royalty-free/528740119?adppopup=true 
 
 
Florence partiu para o hospital de campanha inglês, acompanhada por 38 mulheres, 
cujo padrão moral e intelectual haviam passado por criteriosa seleção.As mulheres 
deveriam ter “abnegação absoluta; altruísmo; espírito de sacrifício, integridade, 
humildade e acima de tudo disciplina” (GEOVANINI, 2010, p. 25). 
 
< PONTO CHAVE> 
Deste modo, nascia a enfermagem moderna, que assim, como a prática médica 
encontrava-se vinculada à política e à ideologia da sociedade capitalista 
(GEOVANINI,2010). Uma prática profissional foi construída por Florence, pautada em 
princípios científicos, com a valorização do ambiente adequado, a divisão social do 
trabalho em enfermagem e autoridade sobre o cuidado a ser prestado (DIAS; DIAS, 
2019). 
 
As concepções teórico-filosóficas construídas por Florence Nightingale surgiram 
mediante observações sistematizadas e registros estatísticos, a partir de quatro 
conceitos fundamentais: ser humano; meio ambiente; saúde e enfermagem. Embora 
https://www.gettyimages.com.br/detail/foto/english-nurse-florence-nightingale-imagem-royalty-free/92824294?adppopup=true
https://www.gettyimages.com.br/detail/foto/english-nurse-florence-nightingale-imagem-royalty-free/92824294?adppopup=true
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esses conceitos foram considerados revolucionários para época, permanecem como 
bases humanísticas para a enfermagem (GEOVANINI, 2010). 
 
Assim, surge a enfermagem como uma atividade assalariada destinada a atender as 
demandas crescente de mão de obra nos hospitais, constituindo-se como uma prática 
social institucionalizada e específica (GEOVANINI, 2010). 
 
Gradativamente ao entrar nos hospitais, a enfermagem assumia as tarefas manuais de 
saúde, enquanto os médicos dedicavam-se a tarefas intelectuais compatíveis com o 
crescimento do nível de complexidades técnico- científica da medicina. Uma vez, que 
caberia aos médicos estabelecer as hipóteses; diagnósticos, prescrição e tratamento 
(GEOVANINI, 2010). 
 
Assim, podemos dizer que a enfermagem moderna é resultado do trabalho da 
enfermeira Florence Nightingale, uma mulher à frente do seu tempo, predestinada por 
Deus à enfermagem, como assim acreditava, mas com o ideal de pesquisadora. 
Nightingale demonstrou estatisticamente que a enfermagem era uma ciência, “a ciência 
do cuidar”, realizada com base em preceitos científicos. 
 
Florence era dotada de postura profissional e pessoal inquestionável, sobrepôs a 
imagem negativa das pseudoenfermeiras do período anterior e, gradativamente, 
reforçou a incorporação da enfermagem no ambiente hospitalar, enquanto uma prática 
profissional assalariada. 
 
<PESQUISANDO NA WEB> 
Após o relato de fatos históricos iniciais sobre a profissão de enfermagem, caro aluno, 
gostaríamos de convidá-lo a realizar a leitura do artigo: “Por que e para que estudar 
história da enfermagem?. 
Acesse o artigo, por meio do link: 
OGUISSO, Taka; CAMPOS, Paulo Fernando de Souza. Por que e para que estudar 
história da enfermagem? Enfermagem em Foco, [S.l.], v. 4, n. 1, p. 49-53, fev. 2013. 
http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/503/193 
 
Durante a leitura deste artigo, você será convidado a refletir sobre aspectos da 
identidade profissional da enfermagem, no âmbito do cuidado, bem como sobre a sua 
formação profissional e as habilidades técnicas que você busca nesse início de 
formação. 
http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/503/193
 
Ao conhecer a história, você reconhecerá o quanto já crescemos enquanto profissão e 
o quanto ainda temos para crescer!!! 
 
 
 
1.7 Considerações finais 
 
A enfermagem moderna resulta da consolidação das práticas de saúde aprimoradas ao 
longo do tempo no cuidado ao ser humano. Deixa de, incialmente, ser uma ação 
instintiva e protecionista destinada à sobrevivência do homem, e, gradualmente, ao 
incorporar o conhecimento e as descobertas sóciais, torna-se finalmente a enfermagem 
moderna; atividade que passa a ser exercida com status científico, conforme 
preconizado pela sua fundadora Florence Nightingale. 
 
 
 
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https://idonline.emnuvens.com.br/id/article/view/1296/1883

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