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CLÍNICA CIRÚRGICA
CLÍNICA INTEGRADA
Maria Vitória de Sousa Santos
CIRURGIA AMBULATORIAL E 
AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATORIA 
 CIRURGIA AMBULATORIAL 
• A Cirurgia Ambulatorial é o conjunto de 
operações cirúrgicas que podem ser 
r e a l i z a d a s s e m n e c e s s i t a r , 
obr igator iamente , da internação 
hospitalar do paciente. O paciente 
permanece na unidade o tempo 
suficiente para recuperação de suas 
funções físicas e mentais. (se há pernoite, 
máximo 24h) RESOLUÇÃO CFM N° 
1.886/2008. 
Em função do porte da operação, das 
características do serviço e das condições 
dos pacientes, as unidades de cirurgia 
ambulatorial podem funcionar com três 
modelos: 
1. Dispensação após o procedimento; 
2. Permanência por um curto tempo para 
recuperação; 
3. Pernoite. 
As anestesias podem ser do tipo: 
1. Bloqueios locais e loco-regionais 
2. Bloqueios centrais 
3. Anestesia geral ambulatorial 
 VANTAGENS 
1. Maior conforto para o paciente e o 
acompanhante; 
2. Retorno precoce ao lar e ao trabalho; 
3. Menor risco de infecção hospitalar; 
4. M a i o r r o t a t i v i d a d e d e l e i t o s 
hospitalares; 
5. Individualização do cuidado; 
6. Menor morbidade e mortalidade; 
7. Menor custo para o paciente, para a 
instituição e para o sistema de saúde; 
 DESVANTAGENS 
1. Não realização dos cuidados pré-
operatórios: a inobservância do tempo 
de jejum e da realização dos exames 
específicos e de rotina pode contribuir 
para o adiamento ou a suspensão da 
cirurgia. 
2. Falta de transporte. Os familiares, os 
vizinhos ou o gestor de saúde devem 
ser mobilizados com antecedência para 
garantir o transporte+ 
3. Falta de ajuda no domicílio. Os 
pacientes que moram sozinhos e não 
dispõem de familiares e amigos para a 
ajuda no domicílio para os cuidados 
gerais e específicos, e, principalmente, 
para garantir o retorno pós-operatório 
devem ser tratados em regime de 
internação. 
4. Suspensão da cirurgia em regime 
ambulatorial em detrimento de 
urgência, sobretudo nas unidades 
integradas ao hospital. 
5. N e c e s s i d a d e d e p e r m a n ê n c i a 
hospitalar além do esperado. A 
variabilidade das taxas de internação 
depende do tipo da afecção tratada, das 
características biológicas, psicológicas 
e sociais do paciente selecionado, da 
experiência do serviço e das condições 
sociais e econômicas da população de 
abrangência. 
 CLASSIFICAÇÃO 
Risco cardiológico (Eagle, 1996): 
1. Grande porte: Grande probabilidade 
de perda de fluido e sangue. Por ex.: 
cirurgias de emergência, prótese de 
quadril. 
2. Médio porte: Média probabilidade de 
perda de fluido e sangue. Por ex.: 
herniorrafia. 
3. P e q u e n o p o r t e : P e q u e n a 
probabilidade de perda de fluido e 
sangue. Por ex: lesões de pele, biópsia 
endoscópica. 
Tempo de duração: 
1. Porte I: Duração de até 2 horas. Por 
ex: hernioplastia. 
2. Porte II: Duram de 2 a 4 horas. Ex: 
colecistectomia, gastrectomia. 
3. Porte III: Duram de 4 a 6 horas. Ex: 
craniotomia. 
4. Porte IV: Duração acima de 6 horas. 
Ex.: transplante de fígado. 
Nível de complexidade da operação: 
1. Pequeno porte: É aquela realizada 
geralmente sob anestesia local, com 
alta do paciente imediatamente após o 
procedimento. Incluem as operações 
feitas no consultório ou ambulatório 
(exérese de lesões de pele, postectomia, 
vasectomia etc.). 
2. Grande porte: Demanda técnica 
anestésica mais complexa, realizada 
pelo anestesiologista, sendo necessário 
Maria Vitória de Sousa Santos
período de monitoração durante a 
recuperação pós-operatória e ambiente 
apropriado (herniorrafia umbilical, 
p a p i l o t o m i a e n d o s c ó p i c a , 
colecistectomia laparoscópica etc.). 
 INDICAÇÕES 
São candidatos à intervenção cirúrgica 
ambulatorial: 
1. Pacientes hígidos ou com distúrbios 
sistêmicos leves, decorrentes de 
doenças crônicas; 
2. Pacientes que serão submetidos a 
procedimentos cirúrgicos que não 
necessitem de cuidados especiais no 
pós-operatório; 
3. Quando há garantia de acompanhante 
a d u l t o , l ú c i d o e p r e v i a m e n t e 
identificado. 
Observação: A maioria dos pacientes 
submetidos a cirurgia ambulatorial deve 
pertencer às classes I e II do escore da 
American Society of Anesthesiology (ASA): 
pacientes classificados como ASA I não 
a p r e s e n t a m a l t e r a ç õ e s o r g â n i c a s , 
fisiológicas, bioquímicas ou psiquiátricas, 
enquanto pacientes avaliados como ASA II 
apresentam afecções sistêmicas pouco 
relevantes e facilmente corrigíveis. 
Pacientes classificados como ASA III 
devem ser, preferencialmente, operados 
em regime de internação por apresentarem 
afecções sistêmicas relevantes, mesmo que 
controladas clinicamente. 
TIPOS DE UNIDADES DE CIRURGIA AMBULATORIAL 
1. Unidade ambulatorial tipo I: 
Consultório médico que mediante 
adaptação possibilita a realização de 
procedimentos médico-cirúrgicos de 
pequeno porte, sob anestesia local. 
2. Unidade ambulatorial tipo II: 
Ambulatórios isolados, centros de 
saúde e unidades básicas de saúde 
onde é possível a realização de 
procedimentos de porte médio, com 
anestesia local ou loco - regional (com 
ou sem sedação). Além das salas com 
as devidas especificações, a Unidade 
deve contar com sala de recuperação 
ou de observação do paciente. 
3. Unidade ambulatorial do tipo III: 
O estabelecimento de saúde que, anexo 
ou não a um hospital geral ou 
especializado, possibilita a realização 
d e p r o c e d i m e n t o s e m r e g i m e 
ambulatorial ou de internação, em 
salas cirúrgicas próprias ou do centro 
cirúrgico do hospital, mediante apoio 
da sua infraestrutura (Serviço de 
Nutrição e Dietética, Centro de 
Esterilização de Material e Lavanderia, 
Central de Gases, Central de Vácuo, 
Central de Ar Comprimido, Central de 
Ar Condicionado, Sistema de Coleta de 
Lixo, dentre outros). 
 CONTRA-INDICAÇÕES À REALIZAÇÃO DE 
 ANESTESIAS EM REGIME AMBULATORIAL 
1. Médicas: 
- Crianças com idade < 48 semanas; 
- Crianças com episódios de apnéia e 
dificuldade de deglutição; 
- Crianças com passado de Síndrome de 
Angústia Respiratória Infantil e 
displasia broncopulmonar; 
- Crianças com parentes vítimas de 
Síndrome de Morte Súbita Infantil; 
- H i s t ó r i a f a m i l i a r p r é v i a d e 
hipertermia maligna; 
- Pacientes com passado de convulsões 
de difícil controle; 
- Distúrbio psiquiátrico grave; 
Pequeno porte Grande porte
Abertura de 
cavidades
Não Sim
Possibilidade 
de LOA
Não, órgãos 
vitais 
normalmente 
não são 
estressados 
Sim
Anestesia geral Local, regional 
ou geral
Geral
Local da 
cirurgia 
Pronto-
socorro, centro 
cirúrgico de 
ambulatório 
ou consultório 
Sala de 
operações de 
hospital 
Cirurgião Pode ser um 
único, não 
obrigatoriame
nte cirurgião 
Equipe de 
médicos 
Internação Normalmente 
sem internação 
Pelo menos 
uma noite
Maria Vitória de Sousa Santos
- Paciente com estado físico ASA III e 
IV não compensados; 
- Obesidade mórbida; 
- Utilitários de IMAO; 
- Usuários de drogas ilícitas. 
2. Sociais: 
- Paciente não colaborativo; 
- Ausência de responsável a nível 
domiciliar. 
 CONDIÇÕES DE ALTA DO PACIENTE 
1. Orientação no tempo e no espaço; 
2. Estabilidade dos sinais vitais há pelo 
menos 60 minutos; 
3. Ausência de náusea e vômitos; 
4. Ausência de dificuldade respiratória; 
5. Capacidade de ingerir líquidos; 
6. Capacidade de locomoção, se não 
houver contra-indicação; 
7. Sangramento mínimo ou ausente; 
8. Ausência de dor de grandeintensidade; 
9. Ausência de retenção urinária; 
10. Conhecimento por parte do paciente e 
do acompanhante, verbalmente e por 
escrito, da relação dos cuidados pós-
anestésicos e pós-operatórios, bem 
como a determinação da Unidade para 
a t e n d i m e n t o d e e v e n t u a i s 
intercorrências. 
 PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS 
 REALIZADOS EM REGIME AMBULATORIAL 
 PRÉ- OPERATÓRIO 
• O p r é - o p e r a t ó r i o é o p e r í o d o 
compreendido entre a indicação e a 
decisão cirúrgicas e o momento em que a 
intervenção se realiza. 
 AVALIAÇÃO CLÍNICA PRÉ-OPERATÓRIA 
• A avaliação pré-operatória é descrita 
como uma análise clínica que objetiva 
quantificar o risco de complicações 
clínicas perioperatórias. 
Os objetivos desta avaliação pré-cirúrgica 
são: 
1. Identificar comorbidades previamente 
não conhecidas e fatores de risco para 
complicações cirúrgicas; 
2. Otimizar a condição médica pré-
cirúrgica; 
3. Tolerar e tratar complicações; 
4. Trabalhar efetivamente como um 
m e m b r o d a e q u i p e c i r ú r g i c a , 
conjuntamente com o complicado e o 
anestesista. 
Cirurgia Geral Biópsia e exérese de 
lesões de pele, 
subcutâneo, anexos e 
partes moles, 
laparoscopia 
diagnóstica, 
colecistectomia por 
minilaparotomia e 
videola-paroscopia, 
varicectomia, 
herniorra-fia de parede 
abdominal, hemorroi-
dectomia, hernioplastia 
hiatal por ví-
deolaparoscopia
Cirurgia pediátrica Hérnia de parede 
abdominal, 
postectomia
Dermatologia Biópsia e exérese de 
lesões cutâneas
Endoscopia Endoscopia digestiva 
alta e baixa para 
diagnóstico e 
terapêutica (poli-
pectomia, papilotomia, 
esclerose de varizes)
Ginecologia Curetagem uterina, 
cirurgia da vulva, 
retirada de nódulos 
mamários, laparoscopia 
diagnóstica e 
terapêutica 
(laqueadura)
Oftalmologia Catarata, cirurgia do 
estrabismo
Otorrinolaringologia Amidalectomia, 
adenoidectomia, mi- 
ringotomia 
laringoscopia, 
polipecto-mia, 
septoplastia, 
timpanoplastia
Ortopedia Artroscopia, liberação 
do túnel do carpo, 
exérese de cisto 
sinovial.
Urologia Cistoscopia, orquipexia, 
vasectomia, 
postectomia, 
hidrocelectomia, vari-
cocelectomia
Maria Vitória de Sousa Santos
Informações importantes a serem 
coletadas: 
1. Anamnese; 
2. Antecedentes pessoais: 
- Uso de drogas e tabagismo; 
- Alergias; 
- Hemorragias; 
- Cirurgias. 
3. História sócio-econômica; 
4. História familiar; 
5. Exame físico; 
6. Exames complementares (laboratoriais 
e provas funcionais): 
- Diagnóstico cirúrgico; 
- Comorbidades; 
Observação: Exames complementares: 
Rot ina pré-operatória" (Pacientes 
aparentemente saudáveis) —> indicação 
controvertida e de pouco valor para a 
t r i a g e m , s e n d o d e a l t o c u s t o e 
desnecessário; Para investigar evidências 
d e c o m o r b i d a d e s — > I n d i c a ç ã o 
inquestionável. 
7. Avaliação nutricional; 
- Obesidade (retarda a cicatrização das 
feridas, retarda a deambulação, 
p r e d i s p õ e a c o m p l i c a ç õ e s 
respiratórios); 
- Desnutrição (Retardo na cicatrização 
de feridas, prejuízo da função 
imunológica). 
8. P e d i d o s d e p a r e c e r d e o u t r a s 
especialidades. 
Preparo pré-operatório: 
1. Orientações pré-operatórias: 
- Medicamentos; 
- Tabagismo; 
2. Pré-anestésico: 
- Jejum; 
- Banho; 
3. Preparos especiais; 
4. Tromboprofilaxia; 
5. Antibioticoprofilaxia. 
Importante: Todos os pacientes que 
serão submetidos a procedimentos 
cirúrgicos mesmo de pequeno porte devem 
ser avaliados em relação a três condições 
básicas de saúde: 
- Capacidade de cicatrização; 
- Estado de coagulação; 
- Condições imunológicas (defesa anti-
infecciosa). 
Avaliado o estado de saúde do paciente, é 
possível categorizá-lo, na dependência do 
potencial risco anestésico-cirúrgico, em 
três categorias: 
1. Pacientes sem risco especial; 
2. Pacientes com pequeno/ médio/ 
grande risco; 
3. Pacientes sem condições cirúrgicas. 
 EXAMES PRÉ-OPERATÓRIOS DE ROTINA 
• Os exames pré-operatórios de rotina 
devem ser solicitados na dependência do 
porte ou nível do procedimento cirúrgico 
e da idade e sexo do paciente. 
Existem alguns exames que são realizados 
com maior frequência, que são capazes de 
fornecer informações “gerais” sobre o 
paciente, a saber: 
4. Hemograma; 
5. Ureia; 
6. Creatinina; 
7. Sódio; 
8. Potássio; 
9. Glicemia em jejum; 
10. Coagulograma; 
11. Radiografia de tórax; 
12. Eletrocardiograma.  
Observação: Indicação para solicitação 
do TAP e TTPA: 
Paciente hígido
Idade Homem Mulher
6m-40 anos Nenhum Hematócrito, 
teste de 
gravidez
40-50 anos ECG, Ht Hematócrito 
60-64 anos Ht, ECG Ht, ECG
65-74 anos Ht, ECG, Cr, 
Glicemia
Ht ou Hb, 
ECG, Cr, 
Glicemia
>74 anos Hb, Ht, ECG, 
Cr, Glicemia, 
RX tórax 
Hb, Ht, ECG, 
Cr, Glicemia, 
RX tórax 
Não Pacientes sadios
Considerar Pacientes com co-
morbidade renal em 
cirurgias de qualquer 
porte. Na cirurgia 
cardiovascular.
Sim Nas neurocirurgias
Maria Vitória de Sousa Santos
Quest ionár io de ras treamento de 
coagulopatias: 
1. Você sabe se é portador de doença da 
coagulação? 
2. Tem sangramento prolongado após 
extração dentária? 
3. Tem apresentado sangramento 
anormal nas cirurgias? 
4. T e m t e n d ê n c i a a e q u i m o s e s 
espontâneas? 
5. Tem sangramento pelo nariz ou 
gengiva? 
6. Teve tosse com sangue? 
7. Teve sangue nas fezes? 
8. Já recebeu transfusão de sangue ou 
derivados? 
9. Já recebeu vitamina K? 
10. E s t á u s a n d o a l g u m d e s s e s 
medicamentos? 
- Salicilatos: ácido acetil salicílico, 
Aspirina, AAS, Sonrisal; 
- Anti-Inflamatórios não esteróides: 
diclofenaco, ibuprofeno, Cataflan, 
Voltaren; 
- A n t i c o a g u l a n t e s : M a r c o u m a r , 
Marevan, Coumadin; 
- Antiagregantes plaquetários: Plavix, 
Triclide. 
 CLASSIFICAÇÃO DE RISCO ANESTESIOLÓGICO 
A Sociedade Americana de Anestesiologia 
(ASA) define cinco classes de risco 
anestesiológico, acrescidas de uma classe 
especial, E, que indica o eventual caráter 
emergencial da operação. 
1. ASA I: Paciente saudável, sem outras 
afecções além da que motivou a 
indicação cirúrgica. Afecção cirúrgica 
de caráter localizado. 
2. ASA II : Pac iente com doença 
sistêmica leve a moderada. 
3. ASA III: Paciente com doença 
sistêmica grave que l imita sua 
capacidade física, mas não o incapacita 
e não acarreta risco de vida constante. 
4. ASA IV: Paciente com doença grave 
incapacitante, constituindo risco de 
vida constante. 
5. ASA V: Paciente agônico, moribundo, 
sem expectativa de sobrevivência em 
m é d i o p r a z o , c o m o u s e m o 
procedimento cirúrgico. 
6. E: Sufixo colocado após a classificação 
para designar emergência. 
Exames laboratoriais mínimos pré-
operatórios de acordo com a classificação 
de ASA: 
1. P1 (ASA I): 
- Hb/Ht; 
- Coagulograma (para cirurgias de 
amígdalas e oftalmológicas); 
- ECG (para adultos ≥ 50 anos). 
2. P2 (ASA II - cirurgias de pequeno 
porte): 
- Hb/Ht; 
- Coagulograma (para cirurgias de 
amígdalas e oftalmológicas); 
- ECG (para adultos ≥ 50 anos); 
- Rx de tórax; 
- Na/K e U/Cr; 
- Glicemia (para diabéticos); 
3. P2 (ASA II - cirurgias de médio e 
grande porte) e P3 (ASA III) e P 4 (ASA 
IV) 
- A critério do médico responsável pela 
avaliação clínica do paciente 
Observação: A validade dos exames será 
de 01 (um) ano, para pacientes P1 e P2 
desde que não ocorram intercorrências no 
período. 
Classe Definição Exemplo
ASA 1 Paciente 
normalmente 
saudável
Indivíduo 
saudável
ASA 2 Paciente com 
doença sistêmica 
leve
Hipertenso com 
pressão 
controlada
ASA 3 Paciente com 
doença sistêmica 
grave que não é 
incapacitante
Insuficiência 
cardíaca
ASA 4 Paciente comdoença sistêmica 
grave que é 
constante e 
ameaça a vida
Angina instável
ASA 5 Paciente 
moribundo 
(morte em 24 
horas com ou sem 
cirurgia)
Choque
Maria Vitória de Sousa Santos
Importante: É necessário encaminhar se 
a doença de base estiver associada a(o): 
1. Glicemia > 250 mg/dL; 
2. Idade > 70 anos; 
3. Uso de: IECA, anti parkinsoniano 
antidepressivo tricíclico, IMAO; 
4. Comprometimento renal; 
5. Comprometimento hepático; 
6. Obesidade mórbida; 
7. HAS. 
Parecer da pneumologia e,: 
1. Todos os pacientes submetidos à 
cirurgia de tórax; 
2. Se a doença de base estiver associada a: 
- Asma moderada e grave ou em crise; 
- DPOC moderada e grave; 
- Difícil controle terapêutico das 
doenças pulmonares. 
 PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO 
 JEJUM 
• O jejum pré-operatório possui como 
objetivo oferecer segurança para a via 
aérea do paciente. É esperado o mínimo 
de conteúdo gástrico durante a cirurgia, 
com o intuito de diminuir as chances de 
broncoaspiração. 
Observação: Procedimentos cirúrgicos 
mais complexos devem incluir maior 
período de jejum, devido ao procedimento 
anestésico. 
Fatores que influenciam o tempo de 
esvaziamento gástrico: 
1. Estresse; 
2. Drogas como atropina; 
3. Volume da refeição; 
4. Composição química dos alimentos; 
- Água e líquidos não hipertônicos 
(chá)- < 2 horas; 
- Hidratos de carbono- 3 horas; 
- Proteínas e lipídeos- 4 a 6 horas. 
 SUSPENSÃO DE MEDICAMENTOS 
1. IMAO: Suspender a medicação por 14 
a 21 dias pode conduzir o paciente ao 
suicídio; Há interação medicamentosas 
com potencialização da depressão 
respiratória por barbitúricos e 
benzodiazepínicos. 
2. Corticosteroides: Uso por mais de 
uma semana até 6 meses antes da 
cirurgia: Possibilidade de insuficiência 
supra-renal aguda no trans ou no POI; 
Administrar 100mg de hidrocortisona 
1h antes da cirurgia e manutenção no 
trans e pós-operatório. 
3. Aspirina ou outro antiagregante 
plaquetário: Suspender 7 a 10 dias 
antes da cirurgia. Suspender 5 dias 
antes (J Am Coll Surg 2005;200); 
A l g u n s s e r v i ç o s : M a n t é m o s 
antiplaquetários até a véspera, usam 
aprotinina para amenizar perdas 
sanguíneas. 
4. Anticoagulantes orais: Suspender 7 
a 10 dias antes da operação; Controlar 
o TAP, (>/= 75 a 80%) para operação 
e l e t i v a , s e a n t i c o a g u l a ç ã o f o r 
indispensavel (proteses mecânicas), 
substituir o anticoagulante oral pela 
heparina venosa, que será mantida até 
o momento da operação; Heparina 
oral: De preferência suspender pelo 
menos 4 horas antes da cirurgia. 
5. Tabaco: Suspender pelo menos 30 
dias antes da cirurgia eletiva, de 
preferência 60 dias. 
 OUTROS 
IDADE Sólido 
(refeição 
leve - 
torrada e 
chá)
Sólido 
(refeição 
completa - 
gorduras, 
carnes)
Leite não 
humano
Leite 
materno 
Líquido 
claro
RN
<6 meses 6 horas 4 horas 2 horas
6-36 meses 6 horas 8 horas 6 horas 4 horas 2 horas
>36 meses 6 horas 8 horas 8 horas 2 horas
Adulto 6 horas 8 horas 8 horas 2 horas
DROGA TEMPO PREVIO DE SUSPENSÃO
Antidepressivo triclicico - ADT 
(quando utilizando forma aguda < 
menos de 4 semanas e ou utilizado 
doses elevadas)
15 a 21 dias
Inibidores da MAO (quando 
clinicamente viável)
15 dias
Hipoglicemiante oral 8 a 12 horas
Hipoglicemiante oral de longa 
duração
24 a 72 horas
Inibidores do apetite 15 dias
AAS 7 dias
Ticlopidina 10 dias
Clopidogrel 7 dias
Inibidores da GP lib/Wa Bloqueio neuraxial não recomendado, 
monitorizar função plaquetária se 
punção for necessária
:⑳
Maria Vitória de Sousa Santos
1. Antibioticoprofilaxia: Tem como 
objetivo prevenir infecções por agentes 
conhecidos ou suspeitos em pacientes 
de risco. O antibiótico profilático reduz 
a incidência de infecção incisional em 
c i r u r g i a s p o t e n c i a l m e n t e 
contaminadas, contaminadas e em 
alguns casos de cirurgias limpas. Em 
pacientes com feridas consideradas 
su jas ou in fec tadas , o uso de 
antibiótico deve ser considerado 
terapêutico, e não profilático. 
2. Tromboprofilaxia. 
 RISCO DE TROMBOEMBOLISMO 
1. Baixo risco (< 0.1% TEP/ <10% TVP): 
- Idade < 40 anos sem nenhum fator de 
risco 
- Cirurgia de pequeno e médio porte 
- Imobilidade mínima 
2. Moderado risco (0.1-0,7% TEP/ <2-4% 
TVP): 
- Anestesia geral em paciente com 
idade >40 anos; 
- Fratura de perna em pacientes com 
idade < 40 anos; 
- Doença crônica; 
- IAM; 
- Sem fatores de risco; 
3. Alto risco (1-5% TEP/ <10-80% TVP) 
- Acima de 40 anos e associado aos 
fatores de risco; 
- Cirurgia de prótese de joelho, quadril 
e fratura de bacia. 
Medidas não farmacológicas de prevenção 
da TVP: 
1. Compressão pneumática nos MMII; 
2. Flexão de pé em trans ou pos- 
operatório; 
3. Meia elástica com graduação de 
pressão. 
 RETIRADA DE PONTOS 
SITUAÇÕES CLINICAS: CONDUTA:
Paciente de pequeno 
risco
- Deambulação 
 Paciente de médio risco - Deambulação 
- Opção 1) Heparina não 
fracionada na dose 
de 5000 u SC de 12/12 
horas iniciar duas horas 
antes da SO e manter até 
deambulação 
- Opção 2) Clexane 20 
mg SC horas antes 
SO e repetir a cada 24 
horas até a 
deambulação.
Paciente de alto risco - Meia pneumática 
intermitente 
- Opção 1) Heparina não 
fracionada na dose de 
5000 u SC de 8/8, 
iniciar 12 horas antes da 
SO e manter até a alta 
hospitalar. 
Opção 2) clexane 40 mg 
SC, iniciar 12 horas 
antes da SO e repetir a 
cada 24 horas até a 
deambulação.
Local Retirada dos pontos
Rosto e pescoço 5 a 8 dias
Boca e gengiva cerca de 7 dias
Couro cabeludo e nuca 14 dias
Dorso da mão/pé e 
glúteos
14 dias
Tronco 21 dias
Ombro e costas 28 dias
Braços e coxas 14 a 18 dias
Antebraço e pernas 14 a 21 dias
Palma da mão e planta 
do pé
10 a 21 dias
ANESTÉSICOS LOCAIS 
 CONCEITO 
• Anestésicos locais (ALs) são fármacos 
que promovem bloqueio reversível da 
condução nervosa, sem gerar alteração 
de consciência. Os ALs apresentam 
diversas aplicações clínicas, desde 
anestesia tópica de mucosas, bloqueios 
regionais até correção de arritmias 
ventriculares. 
Observação: A acidificação do tecido 
diminui a eficácia do AL: em área 
inflamada a anestesia não é eficaz. 
 CLASSIFICAÇÃO ESTRUTURAL DOS AL 
A estrutura de um anestésico local consiste 
em: 
1. Um componente hidrofóbico - região 
de ligação e uma amina substituída 
(região hidrofílica). 
2. O radical aromático - parte lipossolúvel 
da droga e a que garante a penetração 
no nervo. É a parte com potencial 
alergênico. 
3. Cadeia intermediária é a parte central 
que liga as partes hidrofílicas e 
hidrofóbicas da molécula. 
Observação: Quanto mais carbonos 
nessa estrutura central, maior a toxicidade 
e lipossolubilidade do fármaco. O grupo 
amina é a porção ionizável e que sofre 
influência do PH do meio. 
Os anestésicos locais possuem em sua 
maioria um grupo aromático (lipossolúvel, 
hidrofóbico) associado a um grupo amina 
(polar, hidrofílico). Esses dois grupos são 
ligados por uma cadeia intermediária que 
determina a classificação do anestésico 
local como amida ou éster. 
1. Aminoamida: L i d o c aí n a , 
ropivacaína, bupivacaína, prilocaína, 
etc. São metabolizados por enzimas 
microssomais no fígado e eliminados 
pelos rins. 
2. Aminoéster: Procaína, benzocaína, 
tetracaína, cloroprocaína, cocaína e 
o u t r o s . O s a m i n o é s t e r e s s ã o 
m e t a b o l i z a d o s p e l a 
pseudocol inesterase plasmática 
(principalmente no fígado) com 
eliminação dos metabólitossolúveis 
em água pela urina. 
 FATORES QUE INFLUENCIAM A AÇÃO DOS AL 
1. PKA Velocidade de início da ação: 
Se o AL tiver muita afinidade pelo 
h i d r o g ê n i o ( p K a e l e v a d o ) , e l e 
demorará muito mais tempo para 
entrar no nervo. Se a afinidade for 
menor, vai haver mais forma molecular 
da droga e ela vai entrar com maior 
facilidade. 
2. L i p o s s o l u b i l i d a d e : A 
lipossolubilidade é importante para 
atravessar membrana plasmática. 
3. Ligação protéica: Relação com 
tempo da ação (duração da atividade). 
As proteína plasmáticas funcionam 
como reservatório da droga. Se a 
afinidade de ligação é alta, a duração 
d o e f e i t o é m a i o r . T a m b é m é 
relacionada à toxicidade porque os AL 
podem se ligar a proteínas plasmáticas, 
e se a ligação for mais forte, menor 
quantidade da droga chega ao cérebro 
e ao coração. 
 CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DOS AL 
• Características físico-químicas como a 
estrutura do anel aromático e o 
c o m p r i m e n t o d a c a d e i a d e 
h i d r o c a r b o n e t o s d e t e r m i n a m a 
lipossolubilidade do anestésico local, 
relacionada com sua potência. 
• Drogas lipossolúveis penetram mais 
facilmente a membrana celular para 
exercer seu efeito. 
• Q u a n t o m a i s p o t e n t e , m e n o r a 
quantidade de droga necessária para 
ocasionar o mesmo efeito. 
• Assim, a bupivacaína – altamente 
lipossolúvel – é aproximadamente 
quatro vezes mais potente que a 
lidocaína. 
• Isso se reflete nas preparações de drogas 
comercialmente disponíveis, pois como a 
bupivacaína é mais potente, suas 
apresentações são em soluções de 0,1 a 
0,5%, enquanto a lidocaína é geralmente 
apresentada em soluções de 1 a 2%. 
• A duração da ação do anestésico local 
está relacionada à sua estrutura 
m o l e c u l a r , p r i n c i p a l m e n t e a o 
comprimento da cadeia intermediária 
que liga o anel aromático ao grupo 
amina, e ao grau de ligação protéica da 
droga. 
• Quanto maior a ligação protéica, maior o 
tempo de duração do anestésico. Assim, 
como exemplo, o grau de ligação protéica 
da lidocaína é 65%, enquanto o da 
bupivacaína é 95%, pode-se prever que a 
bupivacaína possua maior duração de 
ação que a lidocaína – o que de fato 
ocorre. 
• É importante ressaltar que o tempo de 
duração dos efeitos colaterais da droga 
também está relacionado ao grau de 
ligação protéica, por isso a bupivacaína é 
considerada mais tóxica que a lidocaína. 
Observação: As amidas apresentam 
m a i o r t e n d ê n c i a à p a s s a g e m 
transplacentária. Nesse grupo, as amidas 
com menor grau de ligação protéica, como 
a l idocaína, atravessam em maior 
quantidade a barreira placentária. 
 MECANISMO DE AÇÃO 
• Os ALs atuam na membrana celular 
l igando-se reversivelmente a um 
receptor específico no poro dos canais de 
sódio (Na+) dos nervos. 
• O processo de condução de fenômenos 
excitatórios através do nervo é resultado 
de fenômenos eletroquímicos. A 
condutibilidade se dá através de uma 
diferença de potencial da membrana, que 
tem seu interior mais negativo que o 
exterior, estabelecido principalmente 
pela bomba de sódio e potássio, 
transportando sódio para o meio 
extracelular e potássio para o meio 
intracelular. 
• AL impedem a geração e condução de 
impulsos nervosos ao interferir na 
permeabilidade da membrana ao sódio, 
bloqueando esses canais e impedindo a 
condução de estímulo na fibra nervosa. 
• A gradação de bloqueio nervoso é afetada 
pelo diâmetro do nervo. Quanto maior o 
diâmetro da fibra nervosa, maiores as 
concentrações de fármaco para atingir 
um bloqueio eficiente. 
Instalação do bloqueio: 
1. Autonômico (fibras do tipo B); 
2. Sensibilidade térmica, dolorosa e tátil 
(fibras do tipo C); 
3. Motor (fibras tipo A); 
4. Propriocepção e tato (podem não 
acontecer clinicamente). 
 EFEITOS ADVERSOS 
• Os anestésicos locais podem ser tóxicos 
de acordo com a dose aplicada e o grau 
de absorção sistêmica. 
• A toxicidade clínica está relacionada aos 
efeitos da droga em outras membranas 
excitáveis no sistema nervoso central e 
cardiovascular. 
Os efeitos centrais incluem: 
1. Parestesia perioral; 
2. Dormência da lingua; 
3. Tonturas, hiperacusia e zumbido; 
4. Distúrbios visuais; 
5. Tremores musculares; 
6. Convulsões generalizadas; 
7. Inconsciência; 
8. Coma 
As múltiplas alterações em canais iônicos 
cardíacos, podem levar: 
1. Arritmias; 
2. Parada respiratória; 
3. Parada cardíaca; 
4. Redução da contratilidade miocárdica. 
Observação : Lidocaína apresenta 
toxicidade maior no sistema nervoso, 
enquanto que a bupivacaína apresenta 
maior toxicidade cardiovascular. 
Observação: Causas de toxicidade 
sistêmica aguda - Níveis sistêmicos 
altos; Injeção IV acidental (sintomas em 
1-3 min); Absorção rápida; Superdosagem 
(sintomas em 20-30 min). Quanto maior 
potência maior a toxicidade (Bupivacaína 
4X > Lidocaína). 
 CONDUTAS EM CASO DE SUSPEITA DE 
 INTOXICAÇÃO 
1. Interromper a administração do AL; 
2. Chamar ajuda; 
3. Colocar o paciente em DDH (melhorar 
as perfusões cardiaca e cerebral); 
4. Manter via aéréa pérvia; 
5. Oferecer oxigénio a 100% por mascara 
(aumenta o limiar convulsivo e previne 
h i p o x e m i a , m e l h o r a n d o o 
prognóstico); 
6. Seguir os algoritmos C - A - B (C = 
Circulação, verificar pulso. A = Vias 
aéreas, extensão do pescoço e elevação 
do queixo. B. = Respiração, ver os 
movimentos do tórax, ouvir os sons 
respiratórios e sentir o ar exalado); 
7. Providenciar acesso venoso calibroso; 
8. Monitorar: oxigenação (oximetria de 
pulso), ritmo, frequencia cardíaca 
(eletrocardiografia continua) e pressão 
arterial; 
9. C o n t r o l a r a s c o n v u l s õ e s 
( b e n z o d i a z e p í n i c o s I V ) , 
particularmente o diazepam (5 a 10 
mg), midazolan (5 a 15 mg) ou 
propofol, tendo sempre em mente, a 
possibilidade de parada respiratória, 
p o r t a n t o , d e v e - s e t e r t o d o 
e q u i p a m e n t o p a r a v e n t i l a ç ã o 
preparado e com, por exemplo, a 
s u c c i n i l c o l i n a p a r a f a c i l i t a r o 
procedimento de possível entubação; 
10. Siga os protocolos de reanimação da 
American Heart Association (ACLS). 
AL MAIS COMUNS E DOSES MÁXIMAS 
1. Lidocaína: 
- Pediatria: 
A. 5-7mg/kg (s/vasoc.) 
B. 7-10mg/kg (c/vasoc.) 
- Adultos (dose máx.): 
A. 400-500 mg (+ ad) 
2. Bupivacaína 
- Pediatria: 
A. 2 mg/kg (s/vasoc.) 
B. 3 mg/kg (c/vasoc.) 
- Adultos (dose max.): 
A. 150-175 mg (+ ad) 
3. Ropivacaína: 
- Pediatria: (0.2%): 
A. Não usar. 
- Adultos (0,75%): 
A. Bloq. periférico 3mg/kg 
B. Bloq. central,2mg/kg 
C. Dose máxima 225 mg 
 CÁLCULO DE DOSE MÁXIMA 
Exemplo: Qual o volume máximo de 
Lidocaína 2% s/vasoc. para uma criança 
com 30 kg? P=30 kg; Concentração=2%; 
DM=7mg/kg; 
Lido 2% = 2g - 100ml 
 2000 mg - 100 ml 
 20 mg - 1 ml 
Vol. Max: ? 
DM = 7mg X 30kg = 210 mg 
Vol. Max. = 1ml - 20 mg 
 x - 210 mg 
 x= 10,5 ml 
 ASSOCIAÇÃO DOS AL COM VASOCONSTRITORES 
• Todo AL em si possui uma atividade 
vasodilatadora. Quanto maior a atividade 
vasodilatadora do AL, maior será sua 
captação para o sangue e mais intensa 
será a necessidade de administrar para a 
corrente sanguínea pode induzir 
toxicidade. São por esses motivos que os 
A L s ã o c o n j u g a d o s c o m 
vasoconstrictores. 
Vantagens do uso dos vasoconstricotres: 
 
.
1. Reduzem fluxo sanguíneo para o local 
d a i n j e ç ã o ( d i m i n u i ç ã o d o 
sangramento); 
2. Retardama absorção do anestésico 
para o sistema cardiovascular; 
3. Níveis menores de AL chegam ao 
s a n g u e d i m i n u i ç ã o o r i s c o d e 
toxicidade; 
4. Aumentam o tempo de ação do 
anestésico. 
 CONTRA-INDICAÇÕES DO USO DE 
 VASOCONSTRITORES 
1. Circulação terminal (pênis e dedos); 
2. HAS descontrolada; 
3. Arritmias cardíaca; 
4. Angina pectoris instável; 
5. Tto. com antidepressivos e/ou IMAO; 
6. Cardiopatas descompensados; 
7. Anestesia intravenosa regional; 
8. Diabéticos e idosos. 
 TÉCNICAS DE ADMINISTRAÇÃO DE AL 
1. Anestesia local tópica: 
- Sobre membranas mucosas - geléia, 
spray (alta concentração, grande 
absorção) 
2. Sobre a pele: 
- EMLA - (Lidocaína + Prilocaína em 1 
concentrações), latência 50-60 min; 
- Dermomax - (lidocaína creme 4%); 
- D i b u c a í n a o u C i n c h o c a í n a - 
odontologia, punções, Proctologia... 
- Nupercaína (lidocaína + prilocaína) - 
punções, cateterizações... 
- Patch de lidocaína - (dor neuropática). 
3. Anestesia local infiltrativa (periférica 
ou terminal e bloqueio de campo): 
- Infiltração direta do tecido sem visar o 
bloqueio de nervo, plexo ou medula 
espinal. 
4. Anestesia regional: 
- Bloqueio de nervos (troncular); 
- Bloqueio de plexos (ex: plexo 
braquial); 
- Bloqueio da medula espinal (ex: 
peridural e raquidiana). 
A. Peridural: A agulha é inserida 
no espaço peridural. O nível do 
b l o q u e i o é d e f i n i d o p e l o 
anestesista. 
B. Raquianestesia: A agulha é 
inserida no espaço espinhal ou 
s u b a r a c n ó i d e o . O A L é 
a d m i n i s t r a d o n o l í q u i d o 
cefalorraquidiano. Anestesia da 
cintura para baixo. 
 CAUSAS DE FALHAS NO PROCEDIMENTO 
1. Erro técnico durante o bloqueio; 
2. pH tecidual muito elevado ou reduzido. 
(Infeção diminui a alcalinidade e 
impede a liberação da base alcalóide 
livre, essencial para analgesia eficaz); 
3. Diluição excessiva no sangue ou fluídos 
teciduais; 
4. Absorção excessivamente rápida do 
anestésico pela circulação sangüínea.
diminuindo
Maria Vitória de Sousa Santos
AFECÇÕES BENIGNAS DA PELE E 
TECIDO CELULAR SUBCUTÂNEO 
 NEVOS MELANOCÍTICOS 
• O nevo melanocítico é definido como 
uma proliferação de células derivadas 
dos melanócitos, conhecidas como 
células névicas, dispostas em agregados 
ou ninhos em diversos níveis da pele. 
• Nevos melanocíticos são pequenas 
manchas marrons regulares na pele, 
salientes ou não. A maioria surge em 
decorrência da genética e da exposição 
solar e possui um formato regular. 
- Já os nevos atípicos (ou nevos 
displásicos) são nevos não usuais, 
que podem parecer um melanoma. 
São lesões maiores, podendo ser 
irregulares no formato e possuir 
vários tons. 
 CLASSIFICAÇÃO 
1. Congênito: Lesões 
névicas presentes ao 
n a s c i m e n t o o u 
d u r a n t e a s 
primeiras semanas 
de vida. 
- Pequeno: < 1,5 
cm 
- Médio: 1,5 a 20 
cm 
- Grande: > 20 cm (alto potencial de 
malignidade). 
2. Adquirido: Lesões redondas ou ovais, 
com bordas bem definidas e que 
medem entre 2-6 mm. Desenvolvem-se 
desde a infância e estão fortemente 
associados a fatores étnicos, genéticos 
e ambientais. São considerados 
m a r c a d o r e s d e r i s c o p a r a o 
desenvolvimento de melanoma, sendo 
proporcional ao número de nevos. 
- J u n c i o n a l : 
Sua superfície é 
g e r a l m e n t e 
p l a n a , o u 
discretamente 
elevada, com as 
m a r c a s 
c u t â n e a s 
p r e s e r v a d a s , 
bordas regulares, coloração marrom 
a preta e, eventualmente, com 
pigmentação mais escura no centro 
da lesão. Estão situadas na junção 
dermoepidérmica. 
- Intradérmico: 
Lesões papulares 
com coloração 
castanho claro, 
podendo ser liso, 
p i l o s o o u 
v e r r u c o s o . 
M e l a n ó c i t o s e 
células névicas confinados quase 
inteiramente na derme. 
- C o m p o s t o : 
P a p u l a 
discretamente 
e l e v a d a , 
geralmente com 
o aspecto de 
c ú p u l a , c o r 
marrom claro a 
escuro, ninhos 
d e m e l a n ó c i t o s n a j u n ç ã o 
demoepidérmica e na derme. 
- N e v o H a l o : 
E s t á c e r c a d o 
por um halo de 
despigmentação 
completa (ou 
s e j a , c o r 
b r a n c a ) , 
c i r c u l a r , 
g e r a l m e n t e 
simétrico. Eles são mais comuns em 
pacientes com aumento do número 
de nevos e história pessoal ou 
familiar de vitiligo. Pode ser liso, 
piloso ou verrucoso. 
- N e v o A z u l : 
Proliferação de 
m e l a n ó c i t o s 
d e n d r í t i c o s n a 
derme. Locais de 
p r e d i l e ç ã o s ã o 
aqueles em que os 
m e l a n ó c i t o s 
dérmicos at ivos estão ainda 
p r e s e n t e s n o m o m e n t o d o 
nascimento (p. ex., cabeça, pescoço, 
dorso de mãos e pés, região sacral). 
Maria Vitória de Sousa Santos
 FATORES DE RISCO 
Fatores de risco para o desenvolvimento de 
nevos melanocíticos adquiridos são: 
(1) História familiar de numerosos nevos; 
(2) Grau maior de fotoexposição durante a 
infância, especialmente intensa e 
intermitente; 
(3) P e l e m u i t o p o u c o p i g m e n t a d a 
(indivíduos com fototipo II têm o 
maior número de nevos). 
INDICAÇÕES PARA BIOPSIA DE NEVOS MELANOCÍTICOS 
1. Assimetria acentuada (p.  ex., bordas 
irregulares, cores variadas) – ou seja, o 
ABC do melanoma cutâneo; 
2. Áreas de regressão (muitas vezes vistas 
c o m o á r e a s b r a n c a s o u a z u l -
acinzentadas); 
3. Desenvolvimento de áreas róseas ou 
eritematosas que não são facilmente 
explicadas por uma etiologia benigna 
(p. ex., acne ou trauma); 
4. Área de eritema em torno do nevo; 
5. História ou evidência fotográfica de 
mudança preocupante em tamanho, 
cor e configuração; 
6. Nevo com um fenótipo diferente da 
maioria dos outros nevos em um 
determinado paciente. 
Observação: Durante a consulta, deve ser 
feito o ABCDE de pele. A partir disso, 
pode-se indicar a realização de biópsia 
para confirmar malignidade. 
 TRATAMENTO 
• A maioria dos nevos melanocíticos não 
necessita tratamento. Quando existe 
dúvida se a pinta é um nevo atípico ou 
um melanoma inicial, deve ser realizada 
a remoção da mesma para biópsia e 
confirmação diagnóstica. 
 VERRUGAS 
• São lesões epidérmicas benignas 
associadas à infecção pelo papiloma 
vírus humano, tratando-se de uma 
hiperplasia epidérmica papilomatosa. 
Tipos 
1. Verruga vulgar: Localizam-se na 
superfície normal da pele; as lesões são 
elevadas, endurecidas, de superfície 
áspera e coloração esbranquiçada. 
Algumas apresentam pontilhado 
escuro. Isoladas ou juntas, podem 
variar de milímetros a centímetros de 
diâmetro. As áreas mais atingidas são 
as extremidades dos membros, sendo 
muito frequentes nas mãos, cotovelos e 
joelhos. Mais facilmente encontradas 
nas crianças e adolescentes. 
2. V e r r u g a 
p l a n t a r : 
Localizadas nas 
plantas dos pés, 
e s t a s l e s õ e s 
c r e s c e m p a r a 
dentro da pele, 
devido ao peso 
do corpo impedir 
o seu crescimento para fora. São, 
muitas vezes, confundidas com 
calosidades, porém, quando raspadas, 
as lesões mostram uma superfície 
irregular e pontos escuros no seu 
interior, o que as diferencia dos calos. 
:
Maria Vitória de Sousa Santos
As maiores costumam ser dolorosas ao 
pisar. 
3. Verruga filiforme: 
São cresc imentos 
longos, pequenos e 
c o m a s p e c t o d e 
c o u v e - f l o r , 
g e r a l m e n t e n a s 
p á l p e b r a s , f a c e , 
pescoço ou lábios. 
E m g e r a l , s ã o 
assintomáticos. 
4. V e r r u g a 
g e n i t a l o u 
c o n d i l o m a 
a c u m in a d o : 
E s t e t i p o d e 
v e r r u g a é 
encontrado na 
região genital ou 
perianal. As lesões são mais macias e, 
quando localizadas nas mucosas, 
podem ser úmidas. A coloração varia 
de esbranquiçada a escura e o tamanho 
varia de pequeninos pontos a grandes 
lesões com aspecto de couve-flor. Mais 
comum em adultos, pode ser adquirida 
por transmissão sexual. 
 TRATAMENTO 
O tratamento das verrugas consiste na sua 
destruição, que pode ser feita através de: 
1. P r o c e d i m e n t o s c i r ú r g i c o s 
(eletrocoagulação e raspagem); 
2. Cauterização química das lesões (uso 
de substâncias cáusticas sobre as 
lesões); 
3. Criocirurgia (destruição das lesões por 
congelamento com nitrogênio líquido); 
4. Uso local de substâncias conhecidas 
como imunomoduladores, utilizadas 
para o tratamento de verrugas 
r e s i s t e n t e s a o s t r a t a m e n t o s 
convencionais. 
 LIPOMA 
• Tumores mesenquimais mais frequentes. 
São benignos e compostos de células 
gordurosas maduras que podem estar ou 
não envoltas por cápsula conjuntiva. 
• Os lipomas são mais frequentes em 
diabéticos, obesos e em indivíduos com 
hipercolesterolemia. Também há, por 
vezes, relação com traumatismos. 
• Podem aparecer em qualquer região do 
corpo. 
 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
• As lesões variam 
de 0,5 a 5 cm ou 
mais de diâmetro, 
têm consistência 
branda e podem 
e s t a r o u n ã o 
a d e r e n t e s à 
d e r m e , m a s 
deslocam-se livremente sob a epiderme 
que os recobre que tem aspecto normal. 
• Em geral, há lesão única, que lentamente 
pode crescer, mas, por vezes, ocorrem 
lesões múltiplas. 
• É mais encontrado no adulto, com 
predileção pelas seguintes áreas: nuca, 
ante-braços, coxas, dorso e nádegas. 
Geralmente são: 
1. Aspecto arredondado; 
2. Bordas regulares; 
3. Crescimento lento; 
4. Indolores; 
5. Consistência amolecida. 
 TRATAMENTO 
• O lipoma tem cura e costuma ser tratado 
por meio da remoção c irúrgica, 
costumeiramente feita com anestesia 
l o c a l e n o c o n s u l t ó r i o d e u m 
dermatologista. 
 CISTO EPIDÉRMICO 
• Resultam da proliferação de células 
epidérmicas produtoras de queratina no 
interior da derme. 
• A p a r e n t e m e n t e , o r i g i n a m - s e d o 
infundíbulo do folículo piloso. 
• Essa condição pode originar-se da: 
- Oclusão do folículo pilossebáceo; 
- Implantação de células epidérmicas 
na derme por traumatismo inclusive 
por cirurgias; 
Maria Vitória de Sousa Santos
- A partir de células desprendidas ao 
longo das fendas embrionárias. 
 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
• Apresentam-se como nódulos de 
dimensões variáveis, móveis em relação 
aos planos profundos, únicos ou 
múltiplos. 
• São de coloração da pele normal e 
esbranquiçados ou amarelados quando 
localizados mais superficialmente. 
• A local ização é intradérmica ou 
subcutânea, a consistência é dura ou 
branda, às vezes com flutuação. 
• Em alguns c is tos epidermoides , 
r e c o n h e c e - s e u m p o n t o c e n t r a l 
representando o orifício pilossebáceo 
obstruído que, à expressão do cisto, 
elimina material queratinoso. 
• Não há sintomatologia subjetiva, exceto 
ao ocorrer inflamação secundária, 
quando se torna eritematoso e doloroso e 
pode apresentar flutuação e eliminação 
de material queratinoso e purulento de 
odor rançoso. 
• Cistos epidermoides ocorrem com 
frequência na face, fronte, regiões 
temporais, pescoço e porção superior do 
tronco. 
• Os cistos resultantes de implantação 
t r a u m á t i c a l o c a l i z a m - s e m a i s 
frequentemente nas regiões palmares e 
plantares, joelhos e nas nádegas 
 TRATAMENTO 
• A técnica utilizada para tratar o cisto 
sebáceo é a cirúrgica. Caso ele tenha 
formado um abscesso, será necessário 
retirar o pus acumulado por meio de 
uma drenagem e fazer um tratamento 
com antibióticos antes de realizar a 
remoção cirúrgica. 
 CISTO TRIQUILEMAL 
• Também denominado tumor pilar 
proliferante, esta variante, que pode 
evoluir a partir de um cisto triquilemal 
s i m p l e s , é c o n s i d e r a d a p s e u d o -
malignidade na qual pode-se desenvolver 
carcinoma espinocelular. 
• São neoplasias benignas que se originam 
no folículo capilar. Eles são compostos 
por uma cápsula inteira (sem orifício) 
que apresenta uma consistência elástica. 
Além disso, eles são assintomáticos. Por 
isso, tendem a ser notados apenas 
quando se tornam grandes e incômodos 
no couro cabeludo. 
 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
• A p r e s e n t a m - s e 
como nódulos de 
crescimento lento 
no couro cabeludo 
m a i s 
frequentemente 
e m m u l h e r e s 
acima dos 50 anos 
de idade. 
• Em 90% dos casos ocorrem no couro 
cabeludo, mas também podem atingir, 
face, região torácica e dorsal, axilas, 
regiões inguinocrurais, coxas, nádegas e 
vulva. 
Características gerais: 
1. Formato arredondado; 
2. São moveis; 
3. Tamanho variável; 
4. Indolores; 
5. Consistência elástica. 
 TRATAMENTO 
• Exérese cirúrgica. 
 XANTELASMA 
• São xantomas planos, com lesões 
amareladas, ligeiramente elevadas, 
localizadas nas partes internas das 
pálpebras, que podem se apresentar em 
pacientes com dislipidemia, que deve ser 
sempre investigada. 
• Podem ser de ocorrência familiar sem 
alterações do lipidograma. 
 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
• A principal característica do xantelasma 
é o s u r g i m e n t o d e b o l s a s m a i s 
amareladas do que o tom da pele normal. 
• Elas são bem delimitadas e podem surgir 
na pálpebra ou mesmo na parte debaixo 
dos olhos, usualmente perto do nariz. 
Maria Vitória de Sousa Santos
• Com o tempo, elas crescem e podem 
atrapalhar um pouco o movimentar de 
olhos do paciente, podendo, em alguns 
casos, interferir na visão. 
 TRATAMENTO 
• Os xantelasmas podem ser tratados por 
meio de cirurgia da pele, com remoção e 
sutura sob anestesia local; mas também 
com técnicas destrutivas, usando ácidos, 
laser ou eletrocoagulação. 
 ACROCÓRDON 
• Acrocórdons, também conhecidos como 
pólipos fibroepiteliais, são pequenas 
lesões da pele, normalmente da mesma 
cor, totalmente benignas e sem sintomas. 
São mais comuns no pescoço, na virilha e 
nas axilas. 
• Muitas vezes estão relacionados com 
resistência à insulina, podendo sinalizar 
um estado pré-diabetico. 
 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
• São pápulas filiformes de 1 a 5 mm de 
tamanho, da cor da pele ou castanho-
avermelha-da ou castanho-escura, 
localizadas principalmente no pescoço, 
pálpebras, porção superior do tronco e 
axilas. 
• Podem tornar-se dolorosos quando se 
inflamam por trauma decorrente de 
atrito ou quando há torção do pedúnculo, 
levando à necrose, quando podem 
adquirir coloração escura. 
 TRATAMENTO 
• Sua retirada pode ser feita no consultório 
dermatológico por meio de diversas 
técnicas , como exc isãos imples , 
eletrodissecção ou criocirurgia. 
 DERMATOFIBROMA 
• Dermatofibromas são lesões benignas 
típicas de extremidades, como braços, 
antebraços e pernas. 
• D e o r i g e m d i f e r e n c i a d a , o s 
dermatofibromas são, na verdade, 
depósitos de fibrinas, ou seja, cicatrizes 
causadas por pequenos traumatismos, 
geralmente como picadas de insetos ou 
espinhos, por isso são típicos de 
ocorrerem nas regiões nas quais a 
vestimenta não cobre a pele. 
 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
• Consiste em pápula 
ou nódulo de cor 
róseo-castanha a 
castanho-azulada 
o u n e g r a , 
f i r m e m e n t e 
encastoada na pele, 
q u e c r e s c e 
lentamente, porém, 
e m r e g r a , n ã o 
ultrapassa 1,5 cm de tamanho. 
• A compressão lateral da lesão produz seu 
aprofundamento, o que é um sinal 
semiológico muito característico dessa 
afecção. Se uma pessoa beliscar um 
dermatofibroma, ele não empurrará em 
direção à superfície da pele. Em vez 
disso, ele fará covinhas para dentro de si 
mesmo. 
O s p r i n c i p a i s m a r c a d o r e s d e u m 
dermatofibroma são: 
- Aparência: Um dermatofibroma 
apresenta-se como uma protuberância 
redonda que fica principalmente sob a 
pele. 
- Tamanho: O intervalo normal é de 
cerca de 0,5 a 1,5 centímetros (cm), com 
a maioria das lesões tendo 0,7 a 1,0 cm 
de diâmetro. O tamanho geralmente 
permanecerá estável. 
- Cor: Os crescimentos variam de cor 
entre os indivíduos, mas geralmente são 
rosa, vermelho, cinza, marrom ou preto. 
avermelhada
Maria Vitória de Sousa Santos
- Localização: Os dermatofibromas são 
mais comuns nas pernas, mas às vezes 
aparecem nos braços, tronco e, menos 
comumente, em outras partes do corpo. 
- Sintomas adicionais : Embora 
geralmente se jam inofensivos e 
indolores, esses crescimentos podem 
o c a s i o n a l m e n t e c a u s a r c o c e i r a , 
sensibilidade, dor ou inflamação. 
 TRATAMENTO 
• Geralmente, não necessitam tratamento, 
justamente pela característica benigna na 
grande maioria das vezes. Porém, em 
alguns casos, são dolorosos. Se houver 
necessidade de tratar, a opção será 
cirúrgica, mas essa necessidade ocorre 
raramente. 
 CERATOSE SEBORREICA 
• É u m a l e s ã o 
benigna da pele, 
g e r a l m e n t e 
arredondada ou 
i r r e g u l a r , d e 
c o l o r a ç ã o 
a c a s t a n h a d a , 
amarronzada ou 
n e g r a , e d e 
a s p e c t o 
verrucoso. 
• A p a r e c e 
principalmente 
na face e tronco e pode crescer se 
tornando volumosa. Geralmente é de 
origem genética; 
 TRATAMENTO 
• Como estas lesões são benignas, muitas 
vezes não requerem tratamento, a menos 
que estejam trazendo desconforto e 
prurido para os pacientes. 
• Caso se opte por tratar, a terapia pode 
ser feita com crioterapia, eletroterapia ou 
cauterização química com ácidos como o 
tricloroacético.
Maria Vitória de Sousa Santos
INFECÇÃO EM CIRURGIA AMBULATORIAL 
 CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS 
1. Limpas: A ferida não contém micro-
organismos patogênicos. Exemplo: 
ferida cirúrgica fechada que não 
penetra em órgãos intest inais , 
respiratórios, genital ou urinário ou 
cavidade orofaríngea não infectada. 
2. Potencialmente contaminadas: 
(ou contaminadas limpas) Ferida sob 
condições assépticas, mas que envolve 
áreas corporais com micro-organismos. 
Exemplo: ferida cirúrgica fechada que 
penetra em órgãos intest inais , 
respiratórios, genital ou urinário ou 
cavidade orofaríngea infectada, sob 
condições controladas de assepsia. 
3. Contaminadas: São feridas abertas, 
acidentais recentes, operações com 
q u e b r a s n a t é c n i c a e s t é r i l o u 
extravasamento grosseiro de uma 
víscera; Presença de inflamação aguda 
não purulenta. 
4. Sujas ou Infectadas: São feridas 
traumáticas antigas com tecido 
desvitalizado retido, corpos estranhos 
ou contaminação fecal ou feridas que 
envolvem infecção clínica existente ou 
víscera perfurada. 
 PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES DA CIRURGIA 
 AMBULATORIAL 
1. Infecção de sítio cirúrgico; 
2. Hematomas; 
3. Seromas; 
4. Deiscências cutâneas. 
 INFECÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO 
• Infecção relacionada a um procedimento 
que ocorre próximo ao sítio cirúrgico 
dentro dos primeiros 30 dias. 
Classificação das infecções de ferida: 
1. Superficial: Deve ocorrer em 30 dias 
após o procedimento e envolver apenas 
pele e tecido subcutâneo e apresentar 
pelo menos um dos seguintes sinais ou 
sintomas: 
- Drenagem de secreção purulenta da 
incisão; 
- Microrganismo isolado de maneira 
asséptica de secreção ou tecido; 
- Pelo menos um dos sinais e 
sintomas e a abertura deliberada 
dos pontos pelo cirurgião exceto se 
cultura negativa: dor, edema, 
eritema ou calor local; 
- Diagnóstico de infecção pelo 
médico que acompanha o paciente. 
2. Profunda: Deve ocorrer em 30 dias 
após o procedimento se não houver 
implante ou um ano se houver 
implante. A infecção deve envolver os 
tecidos moles profundos (músculo ou 
fascia) e apresentar pelo menos um dos 
seguintes sinais ou sintomas: 
- Drenagem purulenta de incisão 
profunda; 
- Incisão profunda com deiscência 
espontânea ou deliberadamente 
aberta pelo cirurgião quando o 
paciente apresentar pelo menos um 
dos sinais ou sintomas: febre, dor 
localizada, edema e rubor exceto se 
cultura negativa; 
- Abscesso ou outra evidencia de 
infecção envolvendo fascia ou 
músculo, achada ao exame direto, 
re-operação, histopatológico ou 
radiológico; 
- Diagnóstico de infecção incisional 
p r o f u n d a p e l o m é d i c o q u e 
acompanha o paciente. 
Potencial de contaminação 
da cirurgia
Características Alguns exemplos
Limpa • Operações eletivas, feridas 
não infectadas. 
• Sítios cirúrgicos onde não é 
encontrada inflamação. 
• Não há abordagem de 
v í s c e r a s o c a s ( t r a t o s 
respiratório, geniturinário, 
digestivo ou orofaringe). 
• Primariamente fechadas ou 
drenagem fechada, cardíacas. 
se necessária. 
• Não há quebra de técnica. 
• Trauma não penetrante.
H e r n i o r r a t i a i n g u i n a l , 
s a f e n e c t o m i a , p r ó t e s e s 
articulares, cirurgias
Potencialmente contaminada • Há abordagem dos tratos 
d i g e s t i v o , r e s p i r a t ó r i o , 
geniturinário e orofaringe 
• Situações controladas e sem 
contaminação nao usual. 
•Cirurgia geniturinária: 
quando não há cultura de 
urina positiva 
• Cirurgia biliar quando não 
h á i n f e c ç ã o d e v i a s 
prostatectomia. 
biliares. 
• Cirurgias de apêndice, 
vagina e orofaringe quando 
não há evidência de infecção 
ou quebra de tecnica.
Gastrectomia, transplante de 
fígado,
Contaminada • F e r i d a s t r a u m á t i c a s 
recentes (com <4 horas), 
abertas. 
• Contaminação grosseira 
durante cirurgia de trato 
digestivo, manipulação de via 
biliar ou geniturinária na 
presença de bile ou urina 
infectadas. 
• Quebras maiores de técnica 
• É encontrada durante a 
c i ru r g i a a p r esenç a d e 
i n f l a m a ç ã o a g u d a n ã o 
purulenta.
Colecistectomia em paciente 
c o m c o l e c i s t i t e a g u d a ; 
amigdalectomia, colectomia
Infectada • Feridas traumáticas antigas 
com tecido desvitalizado, 
c o r p o s e s t r a n h o s o u 
contaminação fecal. 
• Trauma penetrante há mais 
de 4 horas. 
• Vísceras perfuradas ou 
s e c r e ç ã o p u r u l e n t a 
e n c o n t r a d a s d u r a n t e a 
cirurgia.
Enterectomia secundária a 
r u p t u r a d e v í s c e r a , 
apendicectomia supurada.
>6
Maria Vitória de Sousa Santos
3. Relacionadas ao espaço orgânico: 
Deve ocorrer em 30 dias apóso 
procedimento se não houver implante 
ou um ano se houver implante. 
Envolver qualquer outra região 
anatômica do sitio cirúrgico que não a 
incisão e apresentar pelo menos um 
dos seguintes: 
- Drenagem purulenta de dreno 
locado entre órgãos/espaço; 
- Microorganismo isolado de maneira 
asséptica de secreção ou tecido de 
órgão ou espaço; 
- Abscesso ou outra evidência de 
infecção envolvendo órgão ou 
cavidade evidenciada ao exame 
direto, reabordagem cirúrgica, 
e x a m e h i s t o p a t o l ó g i c o o u 
radiológico; 
- Diagnóstico de infecção incisional 
p r o f u n d a d a d o p e l o m é d i c o 
cirurgião ou assistente. 
 FATORES DE RISCO 
1. Paciente: 
- Idade (extremos); 
- Obesidade; 
- Desnutrição; 
- Estadia pré-operatória prolongada; 
- Infecção à distância; 
- Neoplasia; 
- Controle glicêmico inapropriado; 
- Imunossupressão; 
- Classificação ASA; 
- Comorbidades. 
2. Procedimento: 
- Tempo cirúrgico (quanto maior o 
tempo do procedimento, maior a 
chance de desenvolver infecção); 
- Tricotomia (a tricotomia de véspera 
pode provocar foliculite ou mesmo 
i n f e c ç ã o d e p e q u e n o s c o r t e s 
acidentalmente ocorridos, uma vez 
que a pele normalmente possui flora 
bacteriana fixa e transitória, às vezes, 
de difícil controle, sendo ideal realizá-
la nos momentos que antecedem a 
cirurgia); 
- Degermação cirúrgica das mãos; 
- Potencial de contaminação da ferida; 
- Cirurgia de urgência; 
- Preparo inadequado da pele do 
paciente; 
- Profilaxia cirúrgica inadequada; 
- Hemostasia deficiente; 
- Excesso de pessoas na sala; 
- Entre outros. 
3. Microrganismo: 
- Colonização prévia; 
- Virulência; 
- Aderência; 
- Inócuo. 
 AGENTES ETIOLÓGICOS 
• As principais fontes de microrganismos 
que podem contaminar os tecidos 
manipulados durante a cirurgia e 
favorecer o desenvolvimento da ISC são 
endógenas, isto é, são provenientes do 
próprio paciente. 
• Estes patógenos na maioria dos casos 
pertencem à própria microbiota do 
paciente. Menos frequentemente, estes 
microrganismos at ingem o s í t io 
operatório a partir de alguma infecção 
que o paciente esteja apresentando 
durante a cirurgia. 
• Os microrganismos mais frequentemente 
isolados nas ISC são os que compõem a 
microbiota do paciente, principalmente 
aqueles que compõem a microbiota da 
pele e do sítio manipulado. 
1. Limpas: Staphylococcus aureus; 
Staphylococcus coagulase negativo 
( S. epidermidis) - Gram positivos; 
2. Potencialmente contaminadas e 
contaminadas: E. coli e enterococos - 
Gram negativas. 
Observação: As fontes exógenas de 
microrganismos também são importantes 
e podem estar relacionadas à equipe 
cirúrgica (ex. sujidade nas vestimentas, 
Maria Vitória de Sousa Santos
quebras na técnica asséptica, degermação 
c i r ú r g i c a o u h i g i e n e d a s m ã o s 
inadequadas, excesso de pessoas na sala), 
ao ambiente (ventilação e espaço físico), a 
equipamentos, a instrumentais e a outros 
materiais que tenham contato ou estejam 
próximos ao campo cirúrgico. 
 QUADRO CLÍNICO 
1. Locais: 
- Dor; 
- Calor; 
- Rubor; 
- Edema. 
2. Sistêmicos: 
- Febre; 
- Taquicardia; 
- Sepse. 
 DIAGNÓSTICO 
1. História clínica + exame físico; 
2. E x a m e s c o m p l e m e n t a r e s 
(Laboratorials e de imagem). 
 PREVENÇÃO 
 PREPARO DA PELE DO PACIENTE 
1. U t i l i z a r s o l u ç ã o a n t i s s é p t i c a 
apropriada no preparo da pele do 
paciente - clorexidine ou PVPI (IB,II). 
2. O agente antisséptico deve ser aplicado 
com movimentos concêntricos do 
centro para a periferia, englobando 
toda a área de abordagem amplamente 
(inclusive o local da colocação de 
drenos). 
3. A antissepsia da pele deve ser realizada 
c o m s o l u ç ã o a n t i s s e p t i c a e m 
combinação com produto alcoólico, 
clorexidine ou PVPI (IA). 
4. Banho pré-operatório com solução 
antisséptica pelo menos na noite 
anterior à cirurgia. 
 PREPARO DA PELE DA EQUIPE CIRÚRGICA 
1. Remover anéis, relógios e pulseiras 
antes de iniciar a degermação ou 
antissepsia cirúrgica das mãos. 
2. Unhas artificiais são proibidas. 
3. Lavar as mãos com água e sabão antes 
da degermação cirúrgica, se as mãos 
estiverem visivelmente sujas. 
4. Manter unhas curtas e remover a 
sujidade presente embaixo das unhas 
c o m u m l i m p a d o r d e u n h a s , 
preferencialmente com as mãos sob a 
água corrente. 
5. A degermação cirúrgica das mãos deve 
incluir os antebraços (ate o cotovelo) 
com solução antisséptica, com duração 
de 5 minutos na primeira degermação 
e 2 - 3 minutos nas demais. 
6. Manter as mãos elevadas e afastadas 
do corpo, de maneira que a água 
escorra das mãos para o cotovelo. Secar 
as mãos com toalhas estéreis e colocar 
aventais e luvas estéreis. 
 REMOÇÃO ADEQUADA DOS PELOS 
1. Realização de tricotomia somente se 
necessária e imediatamente antes do 
ato cirúrgico com tricotomizador. 
2. Não usar lâminas de barbear ou 
lâminas de bisturi. 
 PROFILAXIA ANTIMICROBIANA ADEQUADA 
• Administrar o antibiótico somente 
quando indicado e no momento 
adequado para atingir níveis séricos e 
teciduais adequados durante a incisão e 
manipulação do sítio cirúrgico. 
• Infundir completamente o antibiótico em 
até uma 30 min - 1 hora antes da incisão 
ou do garrote pneumático. Exceções: 
fluoroquinolonas e vancomicina - iniciar 
2 horas antes da incisão. 
• A antibioticoprofilaxia deve ser realizada 
antes do início da cirurgia para que no 
momento da incisão da pele exista 
concentração tecidual adequada. Como 
S.aureus é o agente mais freqüente de 
infecção a profilaxia deve ser realizada 
com antibióticos com atividade para este 
agente, geralmente cefalosporinas de 
p r i m e i r a e s e g u n d a g e r a ç ã o . A 
antibióticoprofilaxia está indicada nas 
seguintes situações: 
- Procedimentos limpos quando estes 
apresentam risco de contaminação, 
envolvendo prótese ou colocação de 
implante (por exemplo, hérnia 
inguinal com tela); 
- Potencialmente contaminadas; 
- 30 minutos - 1 hora antes do início do 
procedimento cirúrgico; 
- Encerrada na maioria dos casos ao 
fim do procedimento cirúrgico ou em 
até 24 horas (exceto em casos de 
Maria Vitória de Sousa Santos
f e r i d a s p o t e n c i a l m e n t e 
contaminadas). 
Observação: Não deve ser usada em 
operações infectadas, pois neste caso deve 
ser prescrito um tratamento antibiótico 
eficaz, e, por vezes, o paciente já se 
e n c o n t r a e m u s o d e a n t i b i ó t i c o 
terapêutico. 
 CUIDADOS COM AMBIENTE E ESTRUTURA 
1. Manter a ventilação na sala cirúrgica 
com pressão positiva em relação ao 
corredor e áreas adjacentes; com no 
mínimo 15 trocas de ar por hora, uso 
de filtro HEPA. 
2. Manter a porta da sala fechada. 
3. Limitar o número de pessoas na sala 
cirúrgica. 
4. Esterilização de todo o instrumental 
cirúrgico. 
5. Limpeza terminal mecânica do piso na 
última cirurgia do dia. 
6. Rigor na paramentação cirúrgica e 
manutenção da barreira máxima no ato 
cirúrgico. 
7. Higienizar as mãos (com produto 
alcoólico ou água e sabão) nos 5 
momentos recomendados (antes do 
contato com o paciente, antes de 
procedimentos limpos ou assépticos, 
após risco de exposição com fluidos 
corpóreos, após contato com o paciente 
e após contato com as superfícies 
próximas ao paciente). 
8. Higienizar as mãos antes e após 
manuseio de feridas.9. Utilizar técnica asséptica para a 
execução do curativo. 
10. Utilizar luvas estéreis e produtos 
estéreis no contato com as feridas. 
 OUTROS 
1. N o r m o t e r m i a : M a n t e r a 
n o r m o t e r m i a n o p e r í o d o 
perioperatório. 
2. Glicemia: Manter o controle da 
glicemia no período perioperatório em 
pacientes diabéticos e não diabéticos, 
tendo como alvo níveis glicêmicos < 
180mg/dl. 
 TRATAMENTO 
1. L a v a r , d e s b r i d a r e d r e n a r o s 
ferimentos; 
2. Antibioticoterapia (cefalosporinas - 
betalactâmicos). 
Observação: As Cefazolidas são as mais 
utilizadas em ambiente intra-hospitalar, 
uma vez que apresentam amplo aspecto e 
maior ação sobre as bactérias gram-
positivas (presentes na pele - S. aureus). 
- A cefazolina tem sido o medicamento 
de escolha, pois atinge concentração 
tecidual maior e mais rápida e 
apresenta meia-vida mais longa. Sua 
posologia é de 1g a 2 g EV, 30 min a 
6 0 m i n a n t e s d o i n í c i o d o 
procedimento. Pacientes com mais de 
60 kg e/ou procedimentos com maior 
sangramento constituem indicações 
para uso de dose dobrada (2 g). 
Observação : Alternativa para os 
pacientes que possuem alergia aos beta 
lactâmicos: Vancomicina e Clindamicina. 
espectro 
Cefazolinas·
·
Maria Vitória de Sousa Santos
CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS 
 FERIDA 
• A ferida é definida como perda da 
continuidade de um tecido orgânico 
devido a alguma lesão física, química ou 
mecânica, seja externa ou desencadeada 
por doença. 
Pode ser classificada como ferida: 
1. Superficial: Restrito a epiderme; 
2. Com perda parcial: Ultrapassa a 
epiderme e não ultrapassa a derme. 
3. Com perda total: Atinge tecido 
muscular, subcutâneo, nervos, ossos. 
 CLASSIFICAÇÃO 
Quanto ao grau de contaminação: 
4. Limpas: São as produzidas em 
ambiente cirúrgico, sendo que não 
foram abertos sistemas como o 
digestório, respiratório e genito-
urinário. A probabilidade da infecção 
da ferida é baixa, em torno de 1 a 5%. 
Tratamento: Fechamento primário 
cicatrização por 1ª intenção. 
5. Limpas-contaminadas: Também 
são conhecidas como potencialmente 
contaminadas; nelas há contaminação 
g r o s s e i r a , p o r e x e m p l o , n a s 
ocasionadas por faca de cozinha, ou 
nas situações cirúrgicas em que houve 
abertura dos sistemas contaminados 
descritos anteriormente. O risco de 
infecção é de 3 a 11%. Tratamento: 
Fechamento primário cicatrização por 
1ª intenção. 
6. C o n t a m i n a d a s : H á r e a ç ã o 
inflamatória; são as que tiveram 
contato com material como terra, fezes, 
etc . Também são consideradas 
contaminadas aquelas em que já se 
passou seis horas após o ato que 
resultou na ferida. O risco de infecção 
da fer ida já a t inge 10 a 17%. 
Tratamento: Tratamento aberto ou 
primário-retardado cicatrização por 1ª 
intenção. 
7. Infectadas: Apresentam sinais 
nítidos de infecção. Tratamento aberto. 
Quanto ao grau de abertura, as feridas 
podem ser: 
1. Abertas: Acometem a pele ou a 
mucosa e podem estar associados 
também a lesão do tecido celular 
s u b c u t â n e o , d e m ú s c u l o s e 
aponeuroses, criando solução de 
continuidade do meio externo com o 
meio interno; 
2. Fechadas: A integridade da pele é 
mantida, podendo haver lesões sobre 
os órgãos internos, grandes vasos e 
músculos, que se caracterizam, à 
i n s p e ç ã o , c o m o e q u i m o s e s e 
hematomas. 
Quanto ao tempo de duração, as feridas 
podem ser: 
1. Agudas (quando são feridas recentes); 
2. Crônicas (feridas que têm um tempo 
de cicatrização maior que o esperado 
devido a sua etiologia. São feridas que 
não apresentam a fase de regeneração 
no tempo esperado, havendo um 
retardo na cicatrização). 
 CICATRIZAÇÃO 
• A cicatrização é um fenômeno biológico 
que tem início com uma lesão tecidual de 
qualquer natureza. Processos celulares 
contínuos contribuem para a restauração 
d a f e r i d a : r e g e n e r a ç ã o c e l u l a r , 
proliferação celular e produção do 
colágeno. 
A resposta tecidual às lesões passa por três 
estágios parcialmente sobrepostos: 
1. Fase inflamatória; 
2. Fase proliferação ou granulação; 
3. Fase remodelagem ou maturação. 
 FASES DA CICATRIZAÇÃO 
 FASE INFLAMATÓRIA (0-5 DIAS) 
• O processo inflamatório é de vital 
importância para o processo de 
cicatrização; de início, ocorre vaso- 
c o n s t r i c ç ã o f u g a z , s e g u i d a d e 
v a s o d i l a t a ç ã o , q u e é m e d i d a 
principalmente pela histamina, liberada 
por mastócitos, granulócitos e plaquetas 
com aumento da e extravasamento de 
plasma; 
Eventos importantes: 
1. Vasoconstricção; 
2. Aumento da permeabilidade vascular; 
3. Acúmulo ou agregação de plaquetas; 
4. Depósito de fibrina e coagulação; 
5. Migração de leucócitos; 
6. Ativação celular. 
mediada
do⑭
Maria Vitória de Sousa Santos
Nessa fase estão envolvidos: 
1. Eventos hemostáticos; 
2. Eventos celulares; 
3. Eventos mecânicos; 
4. Eventos bioquímicos. 
 FASE PROLIFERATIVA (04- 14 DIAS) 
• Conforme as respostas agudas de 
hemostasia e inflamação, é iniciado o 
r e p a r o d a f e r i d a p o r m e i o d a 
angiogênese, fibroplasia e epitelização. 
• Este estágio é caracterizado pela 
formação de tecido granuloso, que 
consiste de leito capilar, fibroblasto, 
macrófagos e rede de colágeno, 
fibronectina e ácido hialurônico. A 
angiogênese é o processo de formação de 
novos vasos sanguíneos, necessários para 
suportar o ambiente de cicatrização da 
ferida. 
• Os fibroblastos são células especializadas 
que se diferenciam a partir das células 
mesenquimais em repouso no tecido 
conjuntivo, e que não chegam ao local da 
ferida por diapedese das células 
circulantes. 
• Após a ferida, os fibroblastos quiescentes 
são atraídos quimicamente ao sítio de 
inflamação, onde se dividem e produzem 
componentes da matriz extracelular. 
• A epiderme serve como barreira física 
para prevenir perdas de fluidos e invasão 
por bactérias. As apertadas junções 
celulares dentro do epitélio contribuem 
para a sua impermeabilidade, e a 
membrana basal dá suporte estrutural e 
provê ligação entre a epiderme e a 
derme. 
• A reepitelização de feridas começa 
poucas horas após a lesão. Inicialmente, 
a ferida é rapidamente selada pela 
formação de coágulos e, após, por 
migração de células epiteliais. 
• Queratinócitos localizados na camada 
b a s a l d a e p i d e r m e r e s i d u a l , o u 
profundamente no epitélio, migram para 
a superfície da ferida. A epitelização 
envolve uma sequência de mudanças nos 
queratinócitos de feridas: o desapego, a 
migração, a proliferação, a diferenciação 
e a estratificação. 
Caracterizada pelos eventos que se 
seguem: 
1. R e e p i t e l i z a ç ã o ( m i g r a ç ã o d e 
queratinócitos e células epidérmicas); 
2. Migração de fibroblastos; 
3. Formação de tecido de granulação; 
4. Angiogenese e (neovascularização); 
5. Síntese protéica (colágeno); 
6. Contração da ferida. 
Nessa fase estão envolvidos: 
1. Angiogênese; 
2. Recrutamento de fibroblastos; 
3. Epitelização. 
FASE DE MODELAGEM/MATURAÇÃO (7 DIAS - 1ANO) 
• Durante essa fase, que tem início no 3o 
dia e pode durar até 6 meses, a 
densidade celular e a vascularização da 
ferida diminuem, enquanto ocorre a 
maturação das fibras colágenas. 
• O tecido cicatricial previamente formado 
sofre remodelação, e oalinhamento das 
fibras é reorganizado para aumentar a 
resistência do tecido e diminuir a 
espessura da cicatriz, reduzindo a 
deformidade. 
• A contração da ferida ocorre por 
movimento centrípeto em toda a 
espessura ao redor da pele, reduzindo a 
quantidade de cicatriz desorganizada. 
• N e s s e p r o c e s s o , o s f i b r o b l a s t o s 
diminuem e a densa rede de capilares 
regride. Dentro de 1-6 semanas, a força 
da ferida aumenta rapidamente e, em 
seguida, aparece o platô, até um ano 
após a lesão. 
• Quando comparada com a pele intacta, a 
resistência à tração na cicatriz é de 
apenas 30%. Apesar da rede de colágeno 
causar contração da ferida e um aumento 
na força, ela também resulta em uma 
cicatriz, que é mais frágil e menos 
elástica do que a pele normal. 
Nessa fase estão envolvidos: 
1. Contração da ferida; 
2. Remodelação do colágeno; 
3. Ganho de força tênsil. 
Maria Vitória de Sousa Santos
 FATORES INTERFEREM NA CICATRIZAÇÃO 
1. Relacionados à ferida: 
- Oxigenação e infecção; 
2. Relacionados ao paciente: 
- Idade, estresse, morbidades (como 
d i a b e t e s ) , m e d i c a m e n t o s , 
radioterapia, obesidade, alcoolismo, 
tabagismo, fatores nutricionais. 
 TIPOS DE CICATRIZAÇÃO 
1. Primeira intenção: Situação ideal 
para o fechamento de feridas limpas, 
com perda mínima de tecido. Pode ser 
feita em centro cirúrgico ou pode 
ocorrer de forma natural, quando 
temos uma escoriação na pele. Dessa 
forma, temos a aproximação das 
bordas através de síntese cirúrgica. 
2. Segunda intenção: Está relacionada 
a ferimentos infetados e com perda 
acentuada de tecido, onde não é 
possível juntar as bordas. Tal processo 
envolve produção extensa de tecido de 
granulação, e maior tempo para a 
contração e epitelização. 
3. Terceira intenção: Ocorre quando 
há fatores que retardam a reparação 
tecidual de uma lesão que inicialmente 
foi de primeira intenção. É relacionado 
ao fechamento tardio e após deiscência 
e limpeza. 
 CICATRIZAÇÃO ANORMAL 
Resposta cicatricial exacerbada (deposição 
excessiva de colágeno). 
1. Quelóide: São cicatrizes que crescem 
além das margens da ferida original e 
raramente regridem. As áreas mais 
comuns para esse tipo de cicatriz são 
acima das clavículas, no tronco, nos 
membros superiores e na face. São de 
difícil prevenção e frequentemente são 
refratários a intervenções. Essas 
cicatrizes têm abundantes feixes de 
colágeno, espessos, que formam 
estruturas acelulares semelhantes a 
nódulos na porção dérmica profunda 
da lesão . O centro das lesões 
caracteriza-se pela escassez de células. 
2. C i c a t r i z h i p e r t r ó f i c a : 
Di ferentemente dos que lo ides , 
respeitam os limites da ferida original e 
podem regredir espontaneamente. O 
centro das lesões possui i lhas 
c o m p o s t a s d e a g r e g a d o s d e 
fibroblastos, pequenos vasos e fibras de 
colágeno em toda a derme. A etiologia 
dessas formações advém de inflamação 
p r o l o n g a d a e r e c a p e a m e n t o 
insuficiente, que se desenvolvem a 
p a r t i r d e m ú l t i p l o s e f e i t o s 
estimuladores. 
Maria Vitória de Sousa Santos
FERIMENTOS SUPERFICIAIS 
• Ferimentos são lesões resultantes da 
p e r d a d a i n t e g r i d a d e t e c i d u a l , 
p r o v o c a d o s p o r a l g u m a g e n t e 
traumático. Em geral, os ferimentos 
estão associados a dor de intensidade 
v a r i á v e l , p o d e n d o a p r e s e n t a r 
sangramento, bem como exposição de 
estruturas nobres como nervos, tendões, 
ossos e vísceras. 
 CLASSIFICAÇÃO 
1. Abertas: Acometem a pele ou a 
mucosa e podem estar associados 
também a lesão do tecido celular 
s u b c u t â n e o , d e m ú s c u l o s e 
aponeuroses, criando solução de 
continuidade do meio externo com o 
meio interno. 
2. Fechadas: A integridade da pele é 
mantida, podendo haver lesões sobre 
os órgãos internos, grandes vasos e 
músculos, que se caracterizam, à 
i n s p e ç ã o , c o m o e q u i m o s e s e 
hematomas. 
3. Superficiais: São feridas que atingem 
a pele, o tecido celular subcutâneo, as 
aponeuroses e os músculos, sem lesar 
estruturas profundas ou nobres como 
nervos, tendões, vasos de maior 
c a l i b r e , v í s c e r a s e o s s o s . E x : 
Queimaduras de primeiro grau e os 
f e r i m e n t o s d e p o l p a d i g i t a l , 
escoriações. 
4. Profundos: Acometem os planos 
aponeuróticos e musculares que 
apresentam íntimo contato com 
estruturas nobres como ossos, nervos, 
cartilagens, grandes vasos ou artérias 
terminais, vísceras e tendões. Como 
exemplos, podem ser citados os 
ferimentos que atingem a cavidade 
abdominal, as queimaduras de terceiro 
grau com acometimento ósseo ou 
tendíneo e as lesões faciais com 
comprometimento intraorbital, da 
cavidade oral ou do arcabouço nasal. 
 OUTROS TIPOS DE CLASSIFICAÇÕES 
D e f u n d a m e n t a l i m p o r t â n c i a é a 
classificação dos ferimentos abertos 
quanto à: 
1. Natureza do agente causador; 
2. Complexidade; 
- Simples: São pequenos ferimentos 
nos quais não ocorre perda de tecidos 
nem contaminação grosseira. Aqui 
está incluída a maioria das feridas 
produzidas por acidentes domésticos. 
- Complexas: São feridas graves, 
irregulares, nas quais geralmente 
o c o r r e p e r d a d e s u b s t â n c i a , 
esmagamento, queimadura, avulsão, 
dissecção e deslocamento de tecidos. 
Não raro albergam em seu interior 
corpos estranhos. 
3. Nível de contaminação. 
 QUANTO À NATUREZA DO AGENTE CAUSADOR 
 TRAUMATISMOS ABERTOS 
1. Ferimentos incisos: São causados 
por instrumentos 
cortantes, como 
facas, navalhas, 
lâminas de barbear 
e pedaços de vidro; 
p o r i s s o 
a p r e s e n t a m , 
usualmente, bordas regulares, nítidas e 
lineares. Um clássico exemplo de 
f e r i m e n t o i n c i s o p r o d u z i d o 
intencionalmente é o cirúrgico, cujo 
agente cortante é a lâmina de bisturi. 
2. F e r i m e n t o s 
contusos : São 
c a u s a d o s p o r 
i n s t r u m e n t o s 
c o n t u n d e n t e s , 
c o m o , p o r 
exemplo, pedra ou 
b a r r a d e f e r r o , 
palmatória e cassetete. Geralmente, 
n e s s e t i p o d e l e s ã o , o a g e n t e 
traumático não apresenta gume, sendo 
a força do impacto a responsável pela 
solução de continuidade da pele. Desse 
Maria Vitória de Sousa Santos
modo, os ferimentos contusos têm 
bordas irregulares e retraídas, além de 
apresentarem pontes dérmicas. 
- Escoriações: 
São ferimentos 
c o n t u s o s 
s u p e r f i c i a i s , 
p r o v o c a d a s 
p e l o 
desl izamento 
d o a g e n t e 
vulnerante sobre 
a pele, causando arrancamento da 
epiderme e exposição da derme. As 
escoriações também são conhecidas 
como erosão epidérmica ou abrasão 
e podem ser classificadas em 
retilíneas, quando causadas por 
i n s t r u m e n t o s p o n t i a g u d o s ; 
curvilíneas (unhas); em pinceladas 
(cascalho); em placa (asfalto) ou 
apergaminhadas (nos sulcos dos 
enforcamentos). 
3. F e r i m e n t o s 
perfurantes: São 
aqueles cujo agente 
causador apresenta 
e x t r e m i d a d e 
pont iaguda, como 
pregos, agulhas e 
a l f i n e t e s . E s s e s 
f e r i m e n t o s 
apresentam profundidade maior que 
seu diâmetro, podendo ser superficiais 
ou profundos. Caso o 
agente t raumát ico 
p e n e t r e e m u m a 
cavidade natural do 
c o r p o , c o m o , p o r 
exemplo, a cavidade 
abdominal e a órbita, o 
ferimento produzido será classificado 
como penetrante. 
- Ainda pode m 
s e r d o t i p o 
t r a n s f i x a n t e : 
A t r a v e s s a a 
e s t r u t u r a , 
órgão, tecido. 
4. Ferimentos perfuroincisos: São 
c a u s a d o s p o r i n s t r u m e n t o s 
perfurocortantes, que apresentam,ao 
mesmo tempo, gume e ponta, como 
peixeiras e punhais. 
5. Ferimentos perfurocontusos: São 
aqueles causados por instrumentos 
perfurocontundentes, como, por 
exemplo, os projéteis de arma de fogo. 
- Orifício de entrada: Circular, 
p e q u e n a , b o r d a e q u i m ó t i c a , 
detritos; 
- Orifício de saída: Ferimento 
m a i o r , b o r d a s i r r e g u l a r e s , 
evertidas. 
6. F e r i m e n t o s c o r t o c o n t u s o s : 
Apresentam dois ou mais ângulos, 
bordas irregulares e pontes de tecidos. 
Como agentes causadores, podem ser 
citados: dentes, enxada e machado. 
 TRAUMATISMOS FECHADO 
1. Equimose: É uma 
mancha roxa, azul ou 
vermelha que aparece 
n a p e l e q u a n d o 
p e q u e n o s v a s o s 
s a n g u í n e o s , 
c o n h e c i d o s c o m o 
capilares, se rompem 
e liberam sangue sob a 
superfície da pele. 
2. Hematoma: É um 
acúmulo de sangue 
f o r a d o s v a s o s 
sanguíneos, podendo 
acontecer em qualquer 
l u g a r d o c o r p o . 
G e r a l m e n t e o 
s u r g i m e n t o d o 
h e m a t o m a é 
decorrente de alguma 
lesão ou trauma. 
3. Edema traumático: 
É o a u m e n t o d e 
v o l u m e n a r e g i ã o 
traumatizada (é o 
inchaço). 
 QUANTO AO GRAU DE CONTAMINAÇÃO 
Maria Vitória de Sousa Santos
1. Ferimentos limpos: São aqueles 
produzidos em ambiente cirúrgico, 
ut i l i zando-se técnica assépt ica 
adequada, sem manipulação de 
sistema digestório, respiratório e 
geniturinário. 
2. Ferimentos limpo-contaminados: 
T a m b é m c o n h e c i d o s c o m o 
potencialmente contaminados. São os 
ferimentos que apresentam algum grau 
de contaminação bacteriana e cujos 
primeiros cuidados se iniciam em até 6 
h após o trauma. Um típico exemplo é 
um ferimento inciso produzido por 
uma faca ou por uma lâmina que não 
apresentem contaminação grosseira. 
3. F e r i m e n t o s c o n t a m i n a d o s : 
Incluem-se, nesse grupo, os ferimentos 
que tiveram contato com terra, asfalto, 
material fecal e as mordeduras. 
Também são classificados como 
contaminados os ferimentos cujos 
primeiros cuidados se iniciam 6 h após 
o trauma. 
4. Ferimentos infectados: São aqueles 
q u e a p r e s e n t a m p r o l i f e r a ç ã o 
bacteriana, com a presença de pus, 
t e c i d o s d e s v i t a l i z a d o s e o d o r 
característico. 
 ANAMNESE 
1. Determinar o tempo do trauma: toda 
ferida é considerada contaminada após 
6 horas do trauma; 
2. Determinar o mecanismo do trauma; 
3. Verificar a presença de comorbidades 
que podem afetar a cicatrização: 
hipertensão arterial, diabetes mellitus, 
uso de corticoide e imunossupressores 
e uso de ácido acetilsalicílico (AAS) e 
anticoagulantes; 
4. Pesquisar a situação vacinal; 
5. Presença de alergias; 
6. Uso de medicamentos, drogas, álcool. 
 EXAME FÍSICO 
1. Avaliar a presença de dor, parestesia e 
perda de função; 
2. Avaliar a extensão e a profundidade da 
lesão; 
3. Avaliar o grau de contaminação, 
examinando minuciosamente o leito da 
ferida à procura de corpos estranhos; 
4. Avaliar a presença de lesão nervosa, 
vascular, de tendões, ósseas (com 
f r a t u r a e x p o s t a o u n ã o ) e d e 
cartilagens. 
 TRATAMENTO 
Tem como objetivos: 
1. Restabelecer integridade, anatomia dos 
tecidos; 
2. Funcionalidade; 
3. Preservar a estética. 
O tratamento depende do tipo de 
ferimento: 
1. Ferimentos superficiais fechados: 
Excluída a coexistência de lesões 
p ro f u nd a s , d e ve m - s e i n i c i a r o 
resfriamento do local com gelo, a 
imobilização do membro afetado, bem 
c o m o a s u a e l e v a ç ã o , v i s a n d o 
diminuição do edema. A analgesia 
também está indicada e, em alguns 
casos, pode se utilizar gel à base de 
heparina sódica com o objetivo de 
acelerar a absorção de eventuais 
coágulos. 
2. Ferimentos superficiais abertos: 
Tem como principal objetivo seu 
fechamento, que pode ser feito 
imediatamente à admissão do paciente 
no setor de suturas, entre o terceiro e o 
quinto dias de evolução, mais 
tardiamente, ou não ser realizado, 
deixando que o ferimento cicatrize por 
segunda intenção. Essa decisão 
dependerá de algumas características 
do ferimento, como o seu agente 
causador, o grau de contaminação, o 
tempo de evolução e a sua localização. 
3. Ferimentos limpo-contaminados: 
Se apresentar suprimento sanguíneo 
adequado, em indivíduos sadios, está 
indicado o fechamento primário, isto é, 
a síntese no momento da admissão na 
unidade de pronto-socorro. Esse 
método de fechamento da ferida 
também é conhecido como fechamento 
por primeira intenção e apresenta bom 
resultado estético. 
- Quando não fechar por primeira 
intenção: 
A. 6-8 horas entre o trauma e o 
tratamento; 
Maria Vitória de Sousa Santos
B. Tecidos com suprimento 
sanguíneo prejudicado; 
C. I m p o s s i b i l i d a d e d e 
aproximação de bordas; 
D. Ferida por mordedura; 
4. Ferimentos contaminados e 
infectados: Não devem ser suturados, 
devendo-se aguardar a sua cicatrização 
por segunda intenção (aberto). Esse 
tipo de cicatrização ocorre por meio de 
contração tecidual e de epitelização a 
partir de células oriundas das margens 
do ferimento e dos folículos pilosos. 
- Indicação da cicatrização aberta: 
A. Contraindicação ou falha no 
fechamento primário; 
B. T r a t a m e n t o d e f e r i d a s 
infectadas. 
 TIPOS DE CICATRIZAÇÃO 
A cicatrização pode ocorrer por primeira, 
segunda ou terceira intenção (fechamento 
primário retardado). 
1. C i c a t r i z a ç ã o p o r p r i m e i r a 
intenção: É a forma mais desejável. 
Caracteriza-se por mínima perda 
tecidual, resposta inflamatória rápida, 
menor incidência de complicações, os 
bordos são aproximados por suturas e 
a cicatriz apresenta menor índice de 
defeitos. 
2. C i c a t r i z a ç ã o p o r s e g u n d a 
intenção: É a forma de tratamento 
para ferimentos com grande perda 
tecidual ou com presença de infecções. 
O período cicatricial é mais prolongado 
devido a resposta inflamatória intensa, 
há maior incidência de defeitos 
cicatriciais (cicatriz hipertrófica e 
queloide) e não há possibilidade de 
aproximação das bordas por suturas. 
3. C i c a t r i z a ç ã o p o r t e r c e i r a 
intenção : Essa modalidade de 
tratamento de feridas se destina 
àquelas em que o fechamento primário 
imediato não é possível. A ferida pode 
ser t ratada, in ic ia lmente , com 
desbridamento cirúrgico, curativos, 
antibioticoterapia e, após o controle da 
infecção, ser fechada com sutura. 
 IMPORTANTE 
Para os ferimentos é necessário a: 
1. Limpeza de ferimentos rigorosa e 
remoção de corpos estranhos; 
2. Gazes esterilizadas e irrigação com 
soro fisiológico; 
3. Hemostasia: Evitar muitas ligaduras e 
uso de cautério em feridas traumáticas. 
 ANTIBIOTICOTERAPIA 
De modo geral não se recomenda o 
emprego de antibióticos profiláticos em 
feridas traumáticas limpas ou mesmo 
contaminadas. A antibioticoprofilaxia 
depende dos fatores de risco para infecção 
(natureza do hospedeiro, características da 
ferida) 
1. Infecção de ferida: estafilococos, 
estreptococos 
- Indicação: Cefalosporinas de 1 e 2 
geração 
2. Mordeduras: Pasteurella multocida, 
r h a b d o v i r u s , e s t a f i l o c o c o s , 
estreptococos e anaeróbios 
- Indicação: Amoxicilina-clavulanato 
3. Antibióticos tópicos: Indicação 
controversa; Bacitracina, neomicina. 
 TÉTANO 
1. Ferimentos com risco mínimo de 
tétano: Superficiais,limpos, sem 
c o r p o s e s t r a n h o s o u t e c i d o s 
desvitalizados. 
2. Ferimentos com alto risco de 
tétano: Profundos ou superficiais 
sujos; com corpos estranhos ou tecidos 
desvitalizados; queimaduras; feridas 
puntiformes ou por armas brancas e de 
fogo; mordeduras; politraumatismos e 
fraturas expostas. 
- A imunização básica com toxoide 
tetânico exige três doses. Se o paciente 
tomou três doses ou mais, sendo a 
última dentro de um período de 10 anos, 
não é necessário se fazer reforço. 
Maria Vitória de Sousa Santos
- Se o paciente estiver com sua situação 
vacinal desatualizada, encaminhá-lo 
p a r a a s a l a d e v a c i n a a p ó s o 
procedimento. 
- Deve-se considerar a necessidade de 
imunização passiva com imunoglobulina 
humana (homóloga), levando-se em 
consideração as características da ferida, 
as condições sob as quais ela ocorreu e o 
estado prévio de imunização ativa do 
paciente. 
 ANTIBIOTICOPROFILAXIA 
• A p r o f i l a x i a d e i n f e c ç õ e s c o m 
antibióticos está indicada nas feridas 
traumáticas classificadas como limpas 
contaminadas e contaminadas. 
• Nas feridas sujas o uso é ao mesmo 
tempo profilático e terapêutico. Para ter 
efeito profilático, o antibiótico deve ser 
usado por via sistêmica ou local, nas 3 
primeiras horas que se seguem ao 
traumatismo. 
• Além deste período, sua ação é limitada 
pelo exsudato de proteína plasmática e 
formação de coágulo. 
• Esse fato explica a ineficácia da 
antibioticoterapia profilática quando a 
droga é administrada por via oral. 
• Na antibioticoprofilaxia, a dose do 
antibiótico escolhido deve ser idêntica à 
utilizada com finalidade terapêutica. 
Somente a duração do tratamento é que 
deve ser menor. Existe uma tendência a 
limitar-se o uso a um período inferior a 
24 horas. 
O uso profilático e terapêutico de 
antibióticos é justificável nas seguintes 
eventualidades: 
1. Feridas sujas ou poluídas; 
2. Feridas por mordedura; 
3. Feridas complexas; 
4. Feridas profundas; 
5. Feridas em tecidos com vascularização 
comprometida; 
6. Feridas das junções mucocutâneas; 
7. Q u a l q u e r f e r i d a e m p a c i e n t e 
imunodeprimido.
Maria Vitória de Sousa Santos
INCISÕES, SUTURAS, RETALHOS, Z-
PLASTIAS E ENXERTOS 
 INTRODUÇÃO 
• Incisões, suturas, retalhos, z-plastias e 
enxertos são recursos utilizados no 
tratamento de lesões cutâneas, sejam 
elas de origem traumática ou não. Cada 
u m a d e s t a s t é c n i c a s t e m s u a s 
características fundamentais e suas 
indicações específicas, porém algumas se 
superpõem a outras ou são utilizadas 
conjuntamente. 
• O objetivo do cirurgião é que a cicatriz 
tenha boa qualidade e possa ser o mais 
imperceptível possível. Para obter tal 
resultado, deve-se contar com uma 
técnica cirúrgica atraumática e bom 
planejamento das incisões. 
Além disso, outros fatores podem interferir 
na cicatrização: 
1. Idade do paciente; 
2. Tipo de pele; 
3. Região do corpo onde ocorrerão as 
cicatrizes. 
 INCISÕES 
• A escolha do tamanho e da direção de 
uma incisão eletiva deve ser feita em 
relação às linhas de tensão mínima da 
pele. 
• As linhas de tensão mínima são 
resultado de adaptação à função, ou seja, 
da contração e distensão da pele sobre a 
musculatura e articulações sub-jacentes. 
• Experiências práticas têm mostrado que 
feridas cicatrizam melhor quando são 
realizadas dentro das linhas de flexão 
natural ou linhas de expressão facial ou 
paralelas a essas linhas. 
• Dessa forma, surgiu a classificação de 
linha de Langer, que 
s e r v e c o m o 
v e r d a d e i r o m a p a 
direcional para a 
l o c a l i z a ç ã o d e 
incisões. 
• Modernamente as 
linhas direcionais 
utilizadas são aquelas 
chamadas linhas de 
tensão mínima, ou 
seja, aquelas direções 
que, se utilizadas para uma incisão, 
permitirão a aproximação das bordas 
com um mínimo de tensão, o que irá 
certamente contribuir decisivamente 
para um melhor resultado estético e 
funcional, particularmente em cirurgia 
estética. 
• As feridas que cruzam as linhas de 
tensão mínima de modo oblíquo ou 
perpendicular estão sujeitas à ação da 
m u s c u l a t u r a s u b j a c e n t e e a o 
d e s e n v o l v i m e n t o d e c i c a t r i z e s 
hipertróficas. 
 QUALIDADES DE UMA BOA INCISÃO 
1. A incisão deve ter tamanho adequado 
de modo que permita acesso fácil aos 
órgãos a serem abordados e boa 
visibilidade do campo operatório; 
2. A incisão deve ter bordas regulares) 
3. Obedecer às linhas de força da pele da 
região da intervenção cirúrgica (Linhas 
de Langer); 
4. Atravessar os tecidos respeitando a 
anatomia regional, incisando um plano 
de cada vez; 
5. Não comprometer vasos e nervos 
importantes da região operada . 
 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA DIÉRESE 
1. Incisão: Manobra que secciona ou 
incisa os tecidos. Praticada com 
instrumentos cortantes que seccionam 
os tec idos moles: b is tur i f r io , 
eletrocautério, laser e etc. 
2. Divulsão: Neste tipo de diérese o 
cirurgião realiza o afastamento dos 
tecidos sem seccioná-los, aproveitando 
o plano de clivagem ou sua constituição 
fasciculada, como por exemplo o tecido 
muscular. Ela pode ser feita com 
tesoura de pontas rombas, pinças 
hemostáticas, pinça de Mixter, 
afastador de Farabeuf, tentacânula e 
outros instrumentos. 
3. Punção: Realizado com agulha ou 
com trocáter que penetra nos tecidos e 
paredes que dão acesso a cavidades, 
separando-os sem seccioná-los. Tem 
várias finalidades, como dar acesso à 
cavidade abdominal durante a cirurgia 
laparoscópica, drenagem de coleções 
líquidas de cavidades e órgãos, coleta 
de fragmentos de órgãos e tecidos para 
subjacentes.
;
.
⑪
·
ob
Maria Vitória de Sousa Santos
exames diagnósticos, injeção de 
contrastes e medicamentos, etc. 
4. Descolamento: É realizado pela 
separação romba dos tecidos através de 
um espaço anatômico virtual. Como 
e x e m p l o s , p o d e - s e c i t a r o 
descolamento da vesícula biliar do leito 
hepático durante a colecistectomia; a 
manobra de Kocher que consiste no 
descolamento do duodeno da parede 
posterior da cavidade abdominal. 
5. Dilatação: Usada para aumentar o 
calibre ou o diâmetro de vias naturais 
estenosadas, canais, ductos e vasos. É 
o b t i d a p e l a r u p t u r a d e f i b r a s 
musculares ou de tecido fibroso. Como 
exemplos, podem ser citados dilatação 
do colo do útero, dilatação de estenose 
do esôfago, da uretra, etc. 
6. Serração: Realizada por meio de 
s e r r a s , m o r m e n t e n a c i r u r g i a 
ortopédica e cardíaca. 
 SUTURAS 
• Consiste na aproximação das bordas das 
feridas, essa aproximação sem tensão é o 
princípio básico para a cicatrização de 
uma ferida com mínima cicatriz. O 
fechamento deve ser feito por planos, 
com aproximação de todos os tecidos 
profundos, mantendo-se a mesma altura 
das bordas, nos casos de tecidos de 
espessuras diferentes. 
Condições de uma boa síntese: 
1. Assepsia e antissepsia local: Na 
ausência destas poder-se-á obter um 
bom afrontamento imediato, que 
desaparecerá logo que sobrevenha a 
infecção. 
2. Bordas nítidas: A importância reside 
no fato de que a irregularidade das 
bordas condiciona má coaptação e 
cicatriz defeituosa. 
3. H e m o s t a s i a : G r a ç a s a u m a 
hemostasia perfeita, evita-se qualquer 
sangramento que, infiltrando ou 
separando as bordas da ferida, 
determinará a formação de hematoma 
e infecção. 
4. Afrontamento anatômico: As 
suturas devem ser feitas plano por 
plano, sem interposição de corpos 
estranhos, sem espaços mortos, que 
dariam lugar a coaptação defeituosados tecidos, favorecendo a formação de 
seromas, deiscência e infecção. 
5. Tração moderada: As bordas das 
feridas devem ser suturadas sem 
pressão exagerada, evitando transtorno 
à irrigação sanguínea, isquemia e 
necrose de tecidos. 
6. Material adequado: Deve-se usar fio 
de sutura com todas as qualidades do 
fio ideal, dotado de agulha adequada 
aos órgãos e tecidos a serem suturados. 
7. Boa técnica: Deve ser delicada, com 
passagem suave da agulha, obedecendo 
a sua curvatura, abrangendo em cada 
passagem a menor quantidade possível 
de tecido, com segurança. 
 TIPOS DE SUTURA 
 SUTURAS POR PONTOS SEPARADOS 
As suturas por pontos separados são, de 
uma maneira geral, mais seguras que as 
suturas por  pontos contínuos, porque se 
um ponto for  rompido os remanescentes 
manterão aproximadas as bordas da ferida. 
A ruptura de um único ponto numa sutura 
contínua quase  sempre é sinônimo de 
deiscência da ferida. 
1. Ponto simples: 
Envolve passar a 
agulha através de 
uma borda da pele, 
depois através da 
o u t r a b o r d a . A 
i n t r o d u ç ã o d a 
a g u l h a d e v e 
p e n e t r a r b e m 
perpendicularmente à pele, de modo a 
pegarmos maior quantidade de tecido 
na porção inferior. Isto fará com que, 
ao ser atado o ponto, a porção inferior 
do tecido abrangido empurre a porção 
superior, superficial, para cima, 
p r o d u z i n d o e n t ã o u m a l i g e i r a 
Maria Vitória de Sousa Santos
evaginação, essencial para uma boa 
cicatrização. 
Observação: Quando o nó se localiza 
acima ou externamente em relação às 
estruturas, é denominado comum; quando 
ele se situa (é ocultado) no interior do 
tecido, recebe o nome de ponto invertido 
(ou ponto de Halsted). Duas variantes dos 
pontos simples podem ser utilizadas: 
- Ponto simples epidérmico - comum 
(abrangendo a epiderme e uma 
pequena parte da derme); 
- Ponto simples dérmico - comum ou 
invertido (abrangendo a derme e a 
camada superficial subcutânea). 
2. P o n t o e m " U " 
v e r t i c a l o u d e 
Donnatti: Muito 
utilizado em suturas 
sob pequena tensão, 
ou quando os lábios 
da ferida tendem a 
s e i n v a g i n a r , 
p r o m o v e n d o 
excelente captação das bordas, mas 
com resultado estético inferior. 
Também promove boa hemostasia, 
sendo de particular interesse quando 
existe sangramento difuso subdérmico 
e dérmico. 
3. P o n t o e m " U " 
horizontal ou de 
Wolff : Também é 
c h a m a d o d e 
colchoeiro; Semelhante 
ao anterior, diferindo 
apenas na posição 
horizontal da alça. 
U t i l i z a d o n a p e l e , 
quando existe alguma tensão que 
impeça a perfeita captação das bordas. 
Em geral, não propicia bom resultado 
estético. Também pode ser utilizado 
em estruturas mais frágeis, como 
t e c i d o m u s c u l a r , a p e n a s p a r a 
aproximação tecidual, sem qualquer 
tensão. 
4. P o n t o e m X : 
Também chamados em 
"Z" ou “horizontal”, 
cruzados ou de reforço; 
podem ser executados 
com os nós para dentro ou para fora, 
ficando sempre, porém, duas alças 
cruzadas, no interior ou fora do tecido. 
Em algumas situações, utilizados como 
p o n t o s d e t r a n s f i x a ç ã o p a r a 
hemostasia, com ligadura em massa. 
 SUTURAS POR PONTOS CONTÍNUOS 
Em medicina veterinária, por razões de 
segurança, a maioria destes padrões de 
sutura é empregada em suturas perdidas. 
Não se deve esquecer que o paciente 
normalmente interfere na ferida operatória 
e que a ruptura de único ponto é suficiente 
para desfazer toda a sutura.  
1. Chuleio simples 
( s u t u r a d e 
p e l e t e i r o ) : O 
chuleio simples é a 
sutura contínua 
mais fácil de ser 
r e a l i z a d a . S u a 
execução é muito 
parecida com a do 
ponto simples, mas 
não é interrompida depois de 
atravessar e sair as bordas, e sim 
repetida. Ou seja, a finalização da 
sutura com o nó só é feita ao final de 
todos os pontos. O chuleio simples 
p o d e s e r u t i l i z a d o e m v a s o s 
sanguíneos, em tecidos como o das 
alças intestinais, peritônio, tecido 
subcutâneo, dentre outros usos. 
2. C h u l e i o 
a n c o r a d o ( o u 
riverdin): Amplia a 
c a p a c i d a d e d e 
f e c h a m e n t o d o 
chuleio simples. 
Mas possui maior 
c a p a c i d a d e 
i s q u e m i a n t e e 
maior tensão aplicada ao ponto. 
Consiste em um chuleio simples em 
que, antes de passar pelo próximo 
ponto, faz-se uma ancoragem no ponto 
anterior. Isso é feito passando a agulha 
por um balão formado pela linha do 
ponto. Possui grande capacidade de 
hemostasia. É uma sutura utilizada no 
fechamento de paredes, nos pontos em 
vísceras maciças, no couro cabeludo, 
Maria Vitória de Sousa Santos
no útero após um parto cesárea, dentre 
outras aplicações. É um ponto 
extremamente utilizado quando se 
trata de suturas de longa extensão. 
3. Barra grega (sutura 
d e c o l c h o e i r o / U 
invertido): Também 
chamada de sutura 
de "colchoeiro" ou 
em "U" horizontal. 
Formada por uma 
série de pontos em 
"U" horizontais. Na 
p e l e , p o d e s e r 
utilizada como sutura intradérmica ou 
transdérmica; esta última possibilidade 
não determina bom efeito estético. Em 
face da potencial dificuldade em sua 
retirada, pelo possível aprofundamento 
dos fios na pele, podem ser deixadas 
algumas "alças para extração", 
minimizando esse problema. 
 ENXERTO 
• Transferência de um tecido (pele, 
gordura, cartilagem, osso, nervo, 
fáscia,... ) de um leito doador para um 
leito receptor, onde adquire um novo 
suprimento sanguíneo, que assegura a 
viabilidade das células transplantadas. 
• O enxerto de pele está indicado em todos 
os casos de perda cutânea em que o 
fechamento da lesão não é possível pelo 
simples descolamento e aproximação das 
bordas da ferida. Ex: queimaduras. 
 ÁREAS DO ENXERTO 
1. Área Doadora: A escolha da área 
doadora depende da extensão da lesão, 
sendo necessários enxertos de pele 
parciais quando as áreas são muito 
grandes. Quanto maior a proximidade 
entre as áreas doadora e receptora, 
melhor a qualidade estética, pois 
haverá maior semelhança de coloração, 
textura e espessura da pele. 
2. Área Receptora: A área receptora 
deve ser limpa, sem infecção e com boa 
vascularização. Nos casos em que 
consiste tecido de granulação, ela 
deverá estar nivelada. Nos leitos com 
pouca vascularização, os enxertos finos 
a p r e s e n t a m m a i o r c h a n c e d e 
integração. Curativos repetidos são 
muitas vezes necessários até se obter 
boa condição receptora do leito. Há 
situações em que a enxertia se torna 
inviável, como em cartilagens sem 
per icôndrio , osso cort ica l sem 
periósteo e tendão sem paratendão. 
 TIPOS DE ENXERTO 
1. Enxerto de pele; 
2. Enxerto de gordura; 
3. Enxerto de cartilagem; 
4. Enxerto ósseo. 
 CONTRAINDICAÇÃO DO USO DE ENXERTO 
1. Tecidos locais insuficientes; 
2. C â n c e r c o m r i s c o d e m a r g e n s 
comprometidas; 
3. Morbidade e risco de complicações. 
 CLASSIFICAÇÃO 
1. Espessura: 
- Total: É é o enxerto que contém a 
epiderme e toda derme. Ele requer 
s u t u r a d a á r e a d o a d o r a p a r a 
cicatrização, como em uma incisão da 
pele. 
- Parcial: É o enxerto que contém a 
epiderme e parte da derme, tem a 
cicatrização da área doadora por 
segunda intenção, sem necessidade de 
sutura ou qualquer procedimento, 
apenas a realização de curativos. É 
importante que a área receptora esteja 
livre de infecção e desbridada antes da 
realização da enxertia de pele. Pode 
ser classificado conforme a espessura: 
- Enxerto de pele parcial fino: 0,2 a 
0,3 mm; 
- Enxertode pele parcial médio: 0,3 a 
0,45 mm; 
Maria Vitória de Sousa Santos
- Enxerto de pele parcial grosso: 0,45 
a 0,75 mm. 
2. Composição: 
- Simples: Somente pele; 
- Compostos: Pele + cartilagem; pele 
+ gordura; 
3. Origem: 
- Autólogo: O local doador e receptor 
é no mesmo indivíduo, sendo este o 
mais comumente utilizado. Eles ainda 
p o d e m s e r d i v i d i d o s e n t r e 
autoenxerto de pele total ou de pele 
parcial.  
- Alogênico: Quando o doador e o 
receptor são indivíduos diferentes, 
porém da mesma espécie. Ex: curativo 
b io lóg ico (ut i l i zado de forma 
temporária). 
- Xenoenxerto: Quando o doador e o 
receptor são indivíduos de espécies 
diferentes. Ex: curativo biológico (pele 
de peixe utilizada em seres humanos). 
 MECANISMOS DE INTEGRAÇÃO DO ENXERTO 
A integração do enxerto pode ser dividida 
em três fases: 
1. Embebição: Nas primeiras 48 h, o 
enxerto nutre-se por embebição, 
absorvendo fluido do leito receptor. 
2. I n o s c u l a ç ã o : A p ó s 4 8 h , 
estabelecem-se conexões vasculares 
entre o enxerto e o leito receptor, tendo 
início o fluxo sanguíneo. 
3. Neovascularização: Inicia-se a 
formação de novos capilares, por volta 
do sexto dia após a enxertia, assim 
como a formação de novos vasos 
linfáticos, atingindo velocidade de 
fluxo sanguíneo normal entre 7 e 10 
dias. 
Observação: Quanto mais fino o enxerto, 
mais facilmente ele será vascularizado e 
melhor será sua integração. Durante a fase 
inicial da enxertia, a imobilização do 
e n x e r t o s o b r e o l e i t o r e c e p t o r é 
indispensável, até que a rede de fibrina que 
ancora o enxerto se torne um tecido 
f ibroso de l igação e permita sua 
sustentação, o que deve ocorrer em 
período não inferior a 8 dias. 
 CUIDADOS DO ENXERTO DE PELE PARCIAL NO PÓS- 
 OPERATÓRIO 
- Curativos em áreas receptora e doadora 
especiais; 
- Abertura do curativo na área receptora: 
3-7 dias; 
- Repouso do enxerto de pele por 30 dias. 
 COMPLICAÇÕES 
A principal complicação consiste na perda 
de enxerto pós operatório. Entre as 
principais causas estão: 
1. Hematomas; 
2. Má nutrição; 
3. Seroma; 
4. Infecção; 
5. Mobilização precoce. 
 RETALHO 
• O s r e t a l h o s s ã o t r a n s p l a n t e s 
lipocutâneos cuja principal característica 
é a persistência, após sua transferência, 
de um pedículo através do qual o tecido 
transplantado recebe sua vascularização. 
Esse pedículo pode ser temporário ou 
definitivo: 
1. Temporário: Quando, após um certo 
período necessário à integração do 
tecido transplantado na área receptora, 
e s t e p e d í c u l o é s e c c i o n a d o , 
interrompendo a circulação sangüínea 
a p a r t i r d a á r e a d o a d o r a , 
permanecendo somente o novo sistema 
circulatório, a partir de vasos oriundos 
da área receptora e que penetram no 
tecido transplantado. 
2. Definitivo: Este nunca será secciona-
do, mantendo a rede vascular, que com 
o tempo irá se comunicar com os novos 
vasos oriundos da área receptora. De 
acordo com este pedículo, teremos dois 
tipos de retalho, o plano e o tubo. 
- Plano: Conserva seu pedículo 
aberto, enquanto no 
- Tubo: O pedículo é fechado, em 
forma de um tubo, permitindo sua 
transposição para áreas a dis-
tância, sem que permaneça uma 
área cruenta. 
 CLASSIFICAÇÃO 
1. Q u a n t o a c o m p o s i ç ã o d o s 
retalhos: 
- Simples: Apresentam uma única 
estrutura anatômica, podendo ser 
cutâneos (os mais frequentes na 
Maria Vitória de Sousa Santos
prática ambulatorial), de mucosa, 
fáscia, musculares ou tendinosos. 
- Compostos: Quando têm duas ou 
m a i s e s t r u t u r a s a n a t ô m i c a s 
( f a s c i o c u t â n e o s , m i o c u t â n e o s , 
condrocutâneos, osteocutâneos ou 
osteomusculares). 
2. Quanto ao Movimento: 
- Locais: 
A. Avanço ( V/Y; em "H"): Movem-se 
em direção reta ao defeito, sem 
nenhum movimento lateral. Sua 
execução é facilitada se há relativo 
excesso de pele, como nos idosos, 
ou se há boa elasticidade, como nas 
pessoas jovens. Os exemplos mais 
comuns são os monopediculados, 
c o m r e t i r a d a d e t r i â n g u l o 
compensador na base do pedículo, e 
os retalhos em V-Y. 
B. Rotação: Aqueles que têm um 
ponto na base do retalho onde o 
arco de rotação gera maior tensão. 
Os retalhos de rotação são retalhos 
semicirculares que rodam sobre um 
ponto pivô para cobrir o defeito. 
C. T r a n s p o s i ç ã o ( L y m b e r g , 
Zetaplastia,...): Os retalhos de 
transposição usualmente são 
quadrangulares ou retangulares e 
l o c a l i z a d o s i m e d i a t a m e n t e 
adjacentes ao defeito. Eles devem 
ter tamanho suficiente para cobrir o 
defeito, e a área doadora pode ser 
fechada por simples aproximação, 
enxerto ou outro retalho (retalho 
bilobulado). 
- Distantes: 
A. Retalhos diretos permitem 
aproximação direta dos sítios 
doador e receptor, como no retalho 
inguinal, utilizado para defeitos do 
membro superior. 
B. Retalhos em tubos são utilizados 
quando os dois sítios não podem 
ser aproximados diretamente. 
C. R e t a l h o s l i v r e s o u 
microvasculares possibi l i tam 
grande transferência de tecido, mas 
requerem grande experiência 
técnica com microanastomoses. 
3. Suprimento Sanguíneo: 
1. Randomizados: Sem pedículo 
definido, recebem fluxo sanguíneo 
de artérias miocutâneas, que se 
distribuem em ramos do plexo 
subdérmico e do dérmico (p. ex., 
retalhos em avanço, rotação ou V-
Y). 
2. Axiais: Com pedículo definido, 
recebem fluxo sanguíneo de artérias 
septocutâneas e cutâneas diretas 
que enviam ramos para formar os 
plexos subdérmico e dérmico. O 
comprimento do retalho depende 
do tamanho e trajeto da artéria 
nutridora. Esses retalhos podem ser 
de dois tipos: 
- Peninsulares: Há continuidade 
de pele entre a base e a ponta do 
retalho; 
- Em ilha: A base do pedículo está 
desepitelizada, mantendo a ilha 
de pele na ponta do retalho. 
 FATORES COMPLICANTES PARA RETALHOS 
1. Vasculopatias da microcirculação (ex: 
DM); 
2. Áreas de cicatriz ou submetidas a 
radioterapia; 
3. Tabagismo (nicotina), cafeína ou 
agentes vasoconstrictores; 
Maria Vitória de Sousa Santos
4. Suturas tensas; 
5. Hematomas; 
6. Torção do retalho e/ou pedículo; 
7. Temperatura ambiental baixa; 
8. Infecção; 
9. Compressão (posição do paciente, 
curativos,...). 
 CUIDADOS COM RETALHOS 
1. Curativo: 
- Não compressivo; 
- Abertura precoce: Vigilância 
- Área doadora e receptora. 
2. Posição no leito: 
- Facilitar retorno venoso; 
- Não comprimir pedículo vascular. 
3. Hidratação adequada, controle da P.A., 
medicações... 
 Z-PLASTIA ("ZETAPLASTIA") 
• A zetaplastia é uma das técnicas mais 
empregadas em cirurgia plástica, 
caracterizando-se pela transposição de 
dois retalhos triangulares de pele. Como, 
após uma z-plastia, observa-se um 
alongamento da incisão ou cicatriz inicial 
ela é também, e com muita frequência, 
ut i l izada para corrigir retrações 
cicatriciais em forma de brida. 
A zetaplastia apresenta três propostas 
básicas: 
1. Alongamento de contratura cicatricial 
linear; 
2. Dispersamento de cicatriz pelo 
quebramento da linha cicatricial; 
3. Realinhamento da cicatriz dentro das 
l i n h a s d e t e n s ã o m í n i m a , 
p r o p o r c i o n a n d o l i b e r a ç ã o d a 
contratura cicatricial e prevenindo sua 
recorrência. 
 PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO 
• A manobra básica é a construção de dois 
retalhos em forma de triângulo, a partir 
de uma linha de retraçãoou de uma 
ferida linear. 
• Esses dois retalhos serão levantados e 
trocados de posição. 
• Nesta troca, a linha da ferida ou cicatriz 
s e r á s u b s t i t u í d a p o r u m a l i n h a 
transversal e duas oblíquas, corrigindo 
então uma posição perpendicular às 
linhas preferenciais de incisão. 
• Além disso, os dois extremos da linha 
serão distanciados um do outro, 
produzindo a correção de retrações que 
porventura existam. 
• Esses retalhos devem ser feitos com uma 
angulação de 60°, que é o ângulo ideal 
para um bom resultado. Mas com ângulo 
de até 45° ainda se obtêm resultados 
satisfatórios. 
• Ângulos mais fechados proporcionarão 
retalhos mais finos, e, portanto, mais 
sujeitos à insuficiência vascular. 
• Ângulos mais abertos proporcionarão 
retalhos bem-vascularizados, porém sua 
mobilização será mais difícil, nem 
s e m p r e s e o b t e n d o a c o m p l e t a 
transferência dos retalhos. 
• Quanto mais aberto for o retalho, maior 
alongamento se obtém com a z-plastia, 
porém ângulos superiores a 60° são de 
difícil transposição. 
Observação: Na realização dos retalhos, 
uma técnica atraumática é indispensável, e 
o uso de pinças está totalmente contra-
indicado, por ser causa de esmagamento 
de bordas. 
Observação: Se existe tecido cicatricial e 
contrátil no plano subcutâneo, este deve 
ser seccionado ou mesmo removido, sem o 
que a z-plastia não atingirá seus objetivos. 
Maria Vitória de Sousa Santos 
CIRURGIA DE UNHA 
 ONICOCRIPTOSE 
• Quando a margem ungueal irrita e 
p e n e t r a o s t e c i d o s 
vizinhos, há lesão da 
pele nas dobras laterais, 
uma infecção crônica 
geralmente se instala e 
tecido de granulação 
pode ser formado. A 
esse quadro, que pode 
estar presente total ou 
parcialmente, denomina-se unha 
encravada. 
• Esta afecção se verifica mais comumente 
no hálux. 
Etiologias: 
1. Corte inadequado das unhas; 
2. Uso de sapatos apertados 
3. Uso de sapatos de salto alto 
4. Deformidade do artelho; 
5. Traumatismos repetidos; 
6. Pressão interna devido a crescimento 
subungueal; 
7. Exostose subungueal; 
8. Condições sistêmicas, como obesidade. 
 ESTADIAMENTO 
 TRATAMENTO 
Nos casos em que há apenas a penetração 
da borda ungueal na dobra lateral, com 
ausência de tecido de granulação, procede-
se à seguinte conduta: 
- O paciente é instruído a ter mais 
cuidados com os pés e usar sapatos que 
não apertem a região anterior. Em 
mulheres, o uso de sapatos de salto alto 
é desaconselhado. 
- Instruções são dadas quanto ao modo 
correto de cortar as unhas, isto é, a linha 
de corte deve formar ângulo de 90 graus 
com o eixo longitudinal do artelho. 
Nos casos em que há espícula lateral 
perfurando a pele da borda lateral e tecido 
de granulação cobrindo pequena região 
ântero-lateral da unha, procedemos do 
seguinte modo: 
- Após anestesia troncular, fazemos o 
levantamento da borda lateral da unha 
com pinça hemostática curva, tipo 
Halstead, de ponta fina, o que faz com 
que uma pequena área lateral da unha 
seja deslocada do leito ungueal. 
- A seguir, seccionamos a espícula com 
bisturi de lâmina n° 11 e introduzimos 
um pedaço de algodão sob o leito 
ungueal, para fazer com que a borda da 
unha se afaste da goteira lateral. O 
algodão deve ser embebido 2 vezes ao 
dia com tintura de iodo ou com PVP-I e 
mantido no local até que o ressalto 
lateral, formado ao se seccionar a 
espícula, ultrapasse cerca de 2 mm o 
hiponíquio. 
Nos casos em que o tecido adjacente a toda 
a borda lateral ou medial da unha esteja 
Estadiamento da onicocriptose segundo Martinez-Nova et al. 24
Estadio I Eritema, edema ligeiro e dor à 
digitopressão; prega ungueal 
lateral não ultrapassa os limites da 
placa ungueal.
Estadio II Dor, eritema e edema de maior 
severidade; hiperestesia; abcesso 
na prega ungueal lateral que 
ultrapassa os limites da placa 
ungueal. Este estadio divide-se em: 
• Ila - quando a prega mede menos 
de 3mm (lateralmente) 
• Ilb - quando a prega mede mais 
de 3mm (lateralmente)
Estadio III Sintomas severos; Presença de 
tecido de granulação; Hipertrofia 
crónica da prega ungueal lateral.
Estadio IV Deformidade crónica do órgão 
ungueal, incluindo placa, ambas as 
pregas laterais e a prega distal.
crônica 
crônica 
Maria Vitória de Sousa Santos 
hipertrofiado e que toda a borda esteja 
encravada, indicamos a seguinte técnica: 
- Após anestesia troncular, seccionamos 
em cunha o tecido hipertrofiado e 
colocamos um coxim de algodão sob 
toda a borda ungueal acometida, 
deslocando a unha alguns milímetros de 
seu leito em toda a extensão da borda 
a c o m e t i d a , d e s d e a r a i z a t é a 
extremidade distal. 
- Se há espícula nesta borda, ela é 
seccionada como na técnica anterior. O 
algodão deve ser embebido 2 vezes ao 
dia com tintura de iodo ou PVP-I e 
mantido no local até a cicatrização 
completa da incisão e até que a unha 
esteja de tamanho adequado para ser 
cortada corretamente. 
Outra técnica: 
- Consiste em se extirpar, após anestesia 
troncular, o terço lateral ou medial da 
unha do dedo acometido, da borda livre 
até a raiz, juntamente com o tecido 
hipertrofiado e de granulação. 
- Pode-se proceder à cauterização com 
fenol da matriz ungueal após a remoção 
da borda da unha. 
- Aplica-se fenol na matriz da unha, 
através de um cotonete embebido nesta 
solução. Este deve permanecer em 
contato com a matriz da unha por um 
período de 3 minutos. 
- Após este período, o dedo deve ser 
ocluído com um curativo não-aderente. 
O fenol é utilizado para cauterizar o 
epitélio germinativo da matriz ungueal. 
- Ele destrói a matriz e as terminações 
nervosas locais, levando a uma melhora 
importante da dor, e também elimina os 
microrganismos aí localizados. 
 ONICOMICOSE 
• Onicomicose é o termo utilizado para 
d e n o m i n a r a i n f e c ç ã o d a u n h a 
decorrente de uma invasão por fungos. A 
maioria das onicomicoses é causada por 
fungos dermatofíticos. 
Etiologia: 
1. Trauma; 
2. Idade avançada; 
3. História de tinea pedis (micose dos 
pés); 
4. Sem associação com o uso de álcool em 
gel. 
As onicomicoses podem ser transmitidas: 
Maria Vitória de Sousa Santos 
1. Forma direta, por contato pessoa a 
pessoa; 
2. Forma indireta, por roupas de cama, 
vestuários, calçados e utensílios 
c o n t a m i n a d o s c o m p r o p á g u l o s 
fúngicos, que são originados do solo, 
liberados juntos com pêlos ou material 
de descamação da pele. 
S ã o f a t o r e s d e r i s c o p a r a o 
desenvolvimento das onicomicoses: 
1. Micose no pé (Tinha Pédis); 
2. Distrofia ungueal; 
3. Idade avançada; 
4. Exposição de contágio com outra 
pessoa; 
5. Traumatismos (sapato); 
6. Hiperpressão nos dedos (causando 
descolamento da unha); 
7. Praticar desporto (p. ex. Atletismo, 
Futebol, Ballet, Ténis, ...); 
8. Doenças vasculares periféricas; 
9. Imunocomprometimento (problemas 
no sistema imunitário); 
10. Diabetes; 
11. Doentes hipocoagulados; 
12. Uso de corta unhas e a l icates 
contaminados; 
13. Uso de vernizes de outras pessoas. 
Os fungos invadem a unha através de 3 
r o t a s , l e v a n d o a i n f e c ç õ e s c o m 
características próprias, a saber: 
1. Onicomicose Subungueal Distal e 
Lateral: Apresenta uma textura e 
coloração diferente por baixo da unha, 
uma onicolise com apresentação 
amarelada-esbranquiçada. O agente 
e t i o l ó g i c o m a i s c o m u m é o 
Trichophyton rubrum. 
2. O n i c o m i c o s e S u b u n g u e a l 
Proximal: Os dermatófitos alcançam 
a matriz ungueal através de uma área 
de ceratogênese localizada na região 
proximal. É caracterizada por áreas de 
leuconíquia na porção proximal da 
unha. A porção superficial da unhapermanece inalterada, pois o fungo não 
penetra na superfície dorsal. O agente 
etiológico é o T. rubrum. 
3. Onicomicose Superficial Branca: 
Os dermatófitos colonizam a porção 
superficial da placa ungueal, porém 
sem penetrá-la. A superfície da unha 
torna-se branca, opaca e friável. E 
causada exclusivamente pelo T. 
mentagrophytes var. interdigitale e 
freqüentemente está associada a Tinea 
pedis interdigitalis. 
 QUADRO CLÍNICO 
• Muitas vezes, a onicomicose tem origem 
numa afecção por fungos na pele ou no 
couro cabeludo, que passa para as unhas. 
Os sintomas variam de acordo com o 
agente da infecção. De maneira geral, 
segundo a Sociedade Brasileira de 
Dermatologia, os principais sinais da 
doença são: 
1. Variação da cor da unha, que se torna 
esbranquiçada e/ou adquire tons 
amarelados ou escuros; 
2. Onicólise – descolamento da borda 
livre que começa pelos cantos da unha 
e deixa um espaço oco sob a lâmina, 
onde se acumulam fungos, bactérias e 
restos de queratina; 
3. Espessamento – as unhas ficam mais 
duras, mais grossas e opacas; 
4. Leuconia – manchas brancas se 
instalam na superfície da unha (lâmina 
ungueal); 
5. Destruição da lâmina e deformidades 
que se instalam porque as unhas se 
tornam mais frágeis e quebradiças; 
6. Dor de intensidade variável e odor 
desagradável. 
 TRATAMENTO 
O tratamento é efetuado através de: 
1. Medicação tópica ou local (Cloridrato 
d e a m o r o l f i n a , C i c l o p i r o x , 
Tioconazol) ; 
2. Medicação oral de Terbinafina, 
Latrocanazol, Fluconazol - Estes 
Tênis 
~
Maria Vitória de Sousa Santos 
medicamentos (remédios) são tomados 
em comprimidos e têm propriedades 
antifúngicas. 
3. Laserteraripia - O tratamento a Laser é 
feito de modo a que os raios (do laser) 
trespassem a unha e os tecidos 
adjacentes. Estes raios são absorvidos 
pelo pigmento do fungo, aquecendo-o e 
eliminando assim o fungo. Este tipo de 
tratamento requer especial cuidado, 
devendo usar-se um equipamento laser 
certificado para o efeito. 
4. Cirurgia. 
Observação: É importante ter em conta 
que as recidivas são muito frequentes, a 
unha infetada não volta ao normal, a unha 
nova essa sim, vai ter um aspeto normal e 
saudável. Pode-se efetuar tratamentos 
adjuvantes para diminuir as recidivas e 
não termos uma infeção resistente e 
diminuir a percentagem de fracasso no 
tratamento. 
 ONICOGRIFOSE 
• A l t e r a ç ã o d a s 
unhas, que se 
t o r n a m 
i r r e g u l a r e s , 
e s p e s s a d a s e 
curvadas. É mais 
f r e q u e n t e n o s 
dedos dos pés, 
principalmente no hálux. Nas mãos, esta 
doença não é frequente. É geralmente 
observada em indivíduos idosos e tende a 
piorar com a idade. A placa ungueal 
curva-se e perde a orientação para o 
crescimento. Isto resulta em um 
crescimento divergente para um lado. 
Estas unhas são espessas e duras, e é 
muito difícil cortá-las. 
Etiologias: 
1. Trauma local; 
2. Má irrigação sangüínea; 
3. Infecção; 
4. Diabetes; 
5. Insuficiente ingestão de nutrientes e a 
malformação congênita (de nascença) 
da matriz ungueal; 
6. Micose das unhas; 
7. Doenças de pele como ictiose, psoríase, 
sífilis terciária, entre outras; 
8. Entre outros. 
 QUADRO CLÍNICO 
A onicogrifose, em fases iniciais, muitas 
vezes não apresenta qualquer tipo de sinal 
percetível, contudo, com a progressão da 
patologia, podem surgir diversos sinais e 
sintomas, a saber: 
1. Unhas amareladas ou acastanhadas; 
2. Unhas excessivamente espessas ou 
“grossas”, que podem ser também 
longas e/ou curvas (deformadas); 
3. Dor; 
4. Infeções frequentes nas unhas ou na 
pele envolvente; 
5. Prurido (comichão) na área à volta das 
unhas; 
6. Superfície das unhas irregular com 
marcas, geralmente, transversais; 
7. Entre outros. 
 TRATAMENTO 
• Em fases iniciais, o tratamento realizado 
será maioritariamente conservador, 
visando rebaixar ou tornar a unha mais 
fina e pequena, eliminando o excesso de 
pressão realizada pela lâmina ungueal 
sobre o leito. 
• É também fundamental um cuidado 
maior na escolha do calçado e outros 
tratamentos preventivos como o corte 
adequado e oportuno das lâminas 
ungueais, mantendo assim a espessura 
da lâmina ungueal reduzida. 
• E m f a s e s m a i s a v a n ç a d a s d a 
onicogrifose, ou com complicações 
s e v e r a s a s s o c i a d a s , p o d e s e r 
recomendado o uso de queratolíticos e 
em casos recorrentes é necessário 
avulsão da lâmina ungueal e destruição 
da matriz. 
 HEMATOMA SUBUNGUEAL 
• O hematoma subungueal  resulta no 
acumular  de sangue, 
seja dos pés ou das 
mãos, e  encontra-se 
geralmente sob a 
unha afectada.  
• E s t a 
situações  acontecem 
derivado a  um  traumatismo – bastante 
recorrente nos desportistas. 
• Esta lesão é extremamente dolorosa, pois 
o tecido é fortemente comprimido pelo 
transpassam 
Laserterapia - 
Maria Vitória de Sousa Santos 
sangue extravasado que se acha entre 
duas estruturas rígidas: a unha e a 
falange distal. 
• Uma técnica simples e pouco traumática 
de drenar o hematoma consiste em 
perfurar a unha sobre o mesmo, com 
agulha de calibre fino, geralmente 13 x 4, 
que se esquentou previamente ao rubro 
em chama de álcool. Devemos repetir a 
manobra de esquentar a agulha ao rubro 
e encostar sua ponta na unha várias 
vezes, sem fazer pressão e exatamente no 
mesmo ponto. Aos poucos a agulha vai 
perfurando a unha até que o sangue 
retido encontre saída. 
• Após a drenagem, colocamos curativo 
compressivo e enfaixamos a mão em 
posição anatômica, preconizando o uso 
de tipóia alta pelo menos por 24 horas. 
 MALANONÍQUIA 
• É a alteração da coloração da lâmina 
ungueal decorrente do depósito de 
melanina. É uma 
p i g m e n t a ç ã o 
anormal em faixa 
que vai da base até 
a ponta da unha. 
Essa l inha que 
pode ser castanha, 
cinza ou marrom 
e, em alguns casos, 
pode até ficar preta. 
Ela pode ser fina, extensa, acometer 
várias unhas ou uma só. 
Etiologias: 
1. Hiperplasia melanocítica; 
2. Ativação melanocítica; 
3. Fatores hereditários; 
4. Traumas; 
5. Infecções fúngicas e bacterianas; 
6. Desordens inflamatórias; 
7. Melanoma ungueal. 
Tratamento: 
• Cada caso tem um tratamento diferente 
que visa, principalmente, afastar o 
agente causador do problema. Quando o 
problema é causado por medicações, por 
exemplo, o remédio pode ser trocado. No 
caso da infecção fúngica, usamos um 
medicamento específico para tratar a 
micose de unha. 
• S e f o r u m a d o e n ç a m a l i g n a , é 
f u n d a m e n t a l u m a b i ó p s i a p a r a 
determinar qual a doença em questão 
p a r a d e t e r m i n a r m o s o m e l h o r 
tratamento.
Maria Vitória de Sousa Santos
LESÕES MALIGNAS DE PELE 
 CARCINOMA BASOCELULAR 
1. Introdução: O carcinoma de células 
basais (CBC), também chamado de 
Carcinoma Basocelular ou Epitelioma 
Basocelular é a neoplasia epitelial 
maligna da pele mais comum em 
humanos e mais comumente se origina 
em áreas de exposição solar crônica. 
2. Epidemiologia: O Tumor basocelular 
incide com mais frequência nos idosos, 
com média de diagnóstico aos 68 anos. 
A sua prevalência é dezenove vezes 
maior em populações caucasianas, já 
que a produção de melanina muito 
mais presente em peles escuras é um 
fator protetor. A incidência em homens 
é 30% mais alta que em mulheres. 
3. Características: Tem origem na 
camada basal da epiderme, sendocausado por mutações celulares 
induzidas pela radiação ultravioleta e 
p e l a s u p r e s s ã o d a r e s p o s t a 
inflamatória cutânea. É um tumor de 
crescimento lento, indolente e que 
raras vezes produz metástase. No 
e n t a n t o , s e n ã o t r a t a d o 
adequadamente, pode causar grande 
destruição tecidual local gerando 
morbidade e eventual mortalidade. É 
muito muitas vezes referido pelos 
pacientes como uma ferida que não 
cicatriza ou uma lesão de acne. 
4. Locais: Surge em áreas fotoexpostas, 
como nariz, orelhas, face, pescoço e 
dorso das mãos, mas pode surgir em 
qualquer área do corpo. 
5. Fatores de risco : Pele clara, 
exposição solar, idade avançada, 
imunossupressão e uma história 
pessoal de câncer de pele não 
melanoma. 
6. Quadro clínico: O diagnóstico 
baseia-se na queixa do paciente e nos 
fatores de risco associados: pessoas de 
pele clara com lesões endurecidas, 
pruriginosas e que sangram facilmente 
localizadas em áreas de risco, como 
face e pescoço, além de história de 
exposição prolongada ao sol durante 
vários anos sem uso de filtro solar. 
7. Subtipos: Os subtipos clínicos mais 
prevalentes de CBC são os seguintes: 
- Nódulo-ulcerativo: Inicialmente 
apresenta-se como pápula rósea 
p e r l á c e a c r e s c e n d o 
progressivamente até atingir o 
tamanho de um nódulo, com 
p o s t e r i o r u l c e r a ç ã o c e n t r a l , 
recoberta de crosta, podendo 
sangrar de forma episódica. As 
bordas são geralmente cilíndricas, 
translúcidas, mostrando formações 
perláceas e eventualmente finas 
telangiectasias. É considerada uma 
lesão persistente que não cicatriza. 
A progressão do quadro pode ser 
em extensão superficial e profunda, 
com posterior invasão e destruição 
de tecidos (músculo, cartilagem, 
osso), ou outras estruturas, se não 
forem devidamente tratados. A 
ulceração é frequente e quando está 
presente o tumor chama-se nódulo-
ulcerativo. Portanto, qualquer lesão 
de pele crônica que tenha ulceração 
deve ser considerada uma lesão 
suspeita de CBC. 
- Esclerosante: Caracteriza-se por 
uma placa de cor branco amarelada, 
esc leroatróf ica , dura , l i sa e 
eventualmente telangiectásica, com 
bordas mal definidas, lembrando a 
esclerodermia. Apresenta evolução 
lenta, e comumente não sofre 
u l c e r a ç ã o . P a c i e n t e s q u e 
apresentem uma lesão cicatricial 
sem história de trauma tem como 
hipótese diagnóstica o CBC. 
- Superficial ou pagetóide : 
Consiste de lesões múltiplas, 
e r i t ê m a t o - e s c a m o s a s , d i s - 
cretamente infiltradas, limitada por 
bordas irregulares e ligeiramente 
e l e v a d a , c o m l o c a l i z a ç ã o 
preferencial no tronco, ombros e 
costas, lembrando o eczema 
s e b o r r e i c o , p s o r í a s e , l ú p u s 
eritematoso, doença de Bowen ou 
de doença de Paget. Alguns CBCs 
superficiais podem tornar-se CBCs 
nodulares com a evolução da 
doença. 
Maria Vitória de Sousa Santos
- Pigmentado: Forma nódulo-
u lcerat iva com pigmentação 
m e l â n i c a s e n d o d i a g n ó s t i c o 
diferencial do melanoma e outras 
lesões pigmentadas como queratose 
seborreica. 
8. Diagnóstico: O diagnóstico definitivo 
é feito com biópsia da lesão e estudo 
anatomopatológico. 
9. Classificação de risco: Leva em 
conta as características clínicas e 
histopatológicas dos subtipos do CBC. 
Basta um critério de alto risco para o 
tumor ser classificado como de Alto 
Risco. 
10. Tratamento : O t r a t a m e n t o é 
basicamente ambulatorial e pode ser 
realizada excisão local com margens de 
segurança de 4 mm ou curetagem. O 
índice de metastização é baixo, porém 
aproximadamente 1/3 dos pacientes 
com diagnóst ico de carc inoma 
basocelular irão desenvolver um novo 
tumor do mesmo tipo dentro de 5 anos. 
Outras recomendações: 
- Proteção solar; 
- Radioterapia; 
- Seguimento: Avaliação a cada 6 a 12 
meses; 
- Exame completo da pele. 
 CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS 
1. Introdução: Também chamado de 
carcinoma escamoso ou epidermóide, o 
carcinoma escamocelular, é o segundo 
mais prevalente. 
2. Características: Tem origem na 
proliferação anormal de queratinócitos 
epidérmicos e está associado à 
inflamação crônica, algumas vezes 
lacerações, escaras, queimaduras 
(ú lcera de Mar jo l in) , a lém de 
síndromes de epidermólise bolhosa. É 
de crescimento mais rápido e agressivo 
que o CBC e apresenta disseminação 
linfática e hematogênica. O risco de 
metástase (locoregional ou à distância) 
apesar de incomum é maior que nos 
tumores basocelulares (CBC), e 
ocorrem principalmente naqueles 
localmente avançados, com grande 
extensão ou infiltração do tecido 
osteomuscular e em pacientes idosos 
ou imunocompromentidos. 
3. Locais: Apresenta-se em áreas 
fotoexpostas, mas pode se desenvolver 
em qualquer local. O CEC também 
pode se desenvolver em áreas de 
queimaduras e em úlceras crônicas das 
pernas. 
Maria Vitória de Sousa Santos
4. Fatores de risco: Assim como os 
CBCs, os tumores escamosos têm como 
principal fator de risco a exposição 
crônica à luz ultravioleta e podem 
surgir de lesões consideradas pré-
malignas, como as queratoses actínicas 
e a doença de Bowen (um tipo de CEC 
in situ) e de áreas com doenças 
i n f l a m a t ó r i a s c r ô n i c a s . A 
imunossupressão por fármacos e 
enfermidades é outro fator importante 
na predisposição ao surgimento dos 
CECs. 
5. Quadro clínico: Geralmente se 
apresenta como pápulas, placas e 
nódulos ásperos e eritematosos com 
bordas e crostas bem demarcadas. 
6. Diagnóstico: O diagnóstico também é 
por biópsia e baseia-se na queixa do 
paciente e nos fatores de risco. Este 
tipo histológico metastatiza mais 
frequentemente para linfonodos 
r e g i o n a i s , t o d o p a c i e n t e c o m 
d i a g n ó s t i c o d e c a r c i n o m a 
e s c a m o c e l u l a r d e v e t e r e s s e s 
linfonodos palpados no momento do 
diagnóstico, mesmo que a lesão não 
seja considerada de alto risco. Sítios 
c o m u n s d e m e t á s t a s e s s ã o o s 
l i n f o n o d o s s u b m a n d i b u l a r e s , 
submentonianos, retroauriculares e 
occipitais. 
7. Tratamento: 
- Proteção solar; 
- Ressecção cirúrgica com margens 
livres 4 mm - Cirurgia micrográfica de 
Mohs: indicada para tumores 
recidivantes, tipo esclerodermiforme, 
áreas de alto risco de recidiva; 
- Radioterapia; 
- Linfadenectomia na vigência de 
linfonodos positivos; 
- Seguimento: Avaliação a cada 6 a 12 
meses; 
- Exame completo da pele. 
O b s e r v a ç ã o : A l g u m a s d o e n ç a s 
inflamatórias podem evoluir para os 
carcinomas epidermóides cutâneos. Como 
exemplos temos o lúpus eritematoso 
discoide, fístula cutânea de osteomielite 
crônica, acne conglobata, hidradernites 
supurativas, sinus pilonidal, dentre outras. 
 MELANOMA 
1. Introdução: O melanoma é uma 
neoplasia originada dos melanócitos. É 
um tumor agressivo e potencialmente 
letal. 
2. E p i d e m i o l o g i a : O c o r r e m a i s 
comumente entre os 40 e 60 anos de 
idade, podendo surgir em áreas 
expostas ou não expostas à exposição 
solar. São os cânceres de pele menos 
incidentes porém os mais letais 
(Aproximadamente 5%) sendo mais 
comum em homens. No Brasil sua 
incidência é maior na região sul e 
sudeste, pelo provável fototipo de pele 
desta população. 
3. Características: Tem origem nos 
melanócitos, localizados na camada 
basal da epiderme, sendo assim, a 
d o e n ç a p r i m á r i a o c o r r e 
preferencialmente na pele, embora 
possa ser observada na mucosa, globo 
ocular e leptomeninges. 
4. Fatores de risco: Cor clara da pele, 
cabelos e olhos, presença de sardas, 
múlt iplos nevos melanocít icos , 
excessiva exposição ou queimaduras 
solares intermitentes na infância e 
adolescência, além dos antecedentes 
f a m i l i a r e s , i m u n o s s u p r e s s ã o e 
diagnóstico de xeroderma pigmentoso. 
5. Locais: Pode se originar em pele sã 
(70%) ou em lesões precursorascomo 
nevos melanocíticos congênitos e nevos 
atípicos (30%), podendo surgir em 
Maria Vitória de Sousa Santos
áreas expostas a exposição solar ou 
não. Os locais mais acometidos pela 
d o e n ç a o t r o n c o , o s m e m b r o s 
inferiores e o dorso. 
6. Formas clínicas: Durante o exame 
clínico, é importante lembrar que o 
melanoma apresenta-se de diferentes 
formas clínicas, sendo as que se 
seguem as mais comuns: 
- Extensivo superficial: É o mais 
frequente, o qual caracteriza-se por 
um crescimento lento e radial e 
geralmente está associado a nevos, 
com fase de crescimento rápido nos 
meses que antecedem o diagnóstico. 
- Nodular: É o segundo mais 
frequente, sendo mais comum em 
homens e caracteriza-se pelo 
crescimento rápido e vertical do que 
os outros subtipos, apresentando 
pior prognóstico. Lesão nodular, 
elevada, bem delimitada, formando 
um pólipo de cores variadas (até 5% 
dos casos pode ser amelanótico). 
- Lentigo: Forma mais comum que 
a t i n g e a c a b e ç a e p e s c o ç o . 
G e r a l m e n t e s ã o i n s i t u , 
apresentando crescimento lento 
progressivo, irregular e assimétrico. 
- Lentiginoso acral: É o tipo mais 
raro, ocorrendo preferencialmente 
nas palmas das mãos, plantas dos 
p é s , f a l a n g e s t e r m i n a i s e 
membranas mucosas, sendo mais 
frequente em negros e asiáticos. Sai 
ligeiramente mais predominante 
em mulheres. 
- Melanoma Lentigo Maligno: 
Forma mais comum que atinge a 
cabeça e pescoço, sendo geralmente 
in situ, apresentando pico de 
incidência: 6º a 8º décadas de vida. 
É d e c r e s c i m e n t o l e n t o e 
progressivo com extensa mácula 
(crescimento radial) irregular e 
assimétrica. 
 
Maria Vitória de Sousa Santos
7. Exame físico: No exame físico, 
costuma-se empregar a regra ABCDE 
para avaliar lesões de pele, sendo que a 
letra A corresponde à assimetria, B a 
bordas irregulares, C à coloração e D 
ao diâmetro (lesões de risco possuem 6 
mm ou mais) e E à evolução (alteração 
no aspecto da lesão). 
8. D i a g n ó s t i c o : O e x a m e e 
a c o m p a n h a m e n t o c l í n i c o , a 
dermatoscopia (é um aparelho que 
utiliza uma lente óptica iluminada para 
ampliação e visualização da pele, 
analisa-se uma série de estruturas e 
cores que ajudam na diferenciação das 
lesões pigmentadas benignas e 
malignas) ou biópsia auxiliam na 
investigação. A biópsia excisional deve 
ter margens de 1 a 3 mm de pele 
normal e tecido subcutâneo, pois a 
profundidade é essencial para o 
e s t a d i a m e n t o d a l e s ã o . N o 
anatomopatológico, é imprescindível 
que o laudo contenha a espessura 
(escala de Breslow - principal fator 
isolado de impacto no prognóstico na 
avaliação do tumor primário), número 
de mitoses, nível de Clark (que 
descreve a invasão neoplásica), 
presença ou ausência de ulceração, 
satelitose e comprometimento de 
margens cirúrgicas. 
Observação: Fatores prognósticos: 
ulceração; índice mitótico; invasão 
angiolinfática. 
9. Evolução: In situ > Infiltrativa 
- Lentigo maligno: Muito lenta. 
- Extensivo superficial e lentiginoso 
acral: 2 a 3 anos. 
- Nodular: Desde o princípio mais 
agressivo na fase infiltrativa. 
10. Estadiamento: 
T - Tamanho Ulceração
TX Tumor primários não pode ser 
avaliado
Não se aplica
TO Sem evidência de tumor 
primário
Não se aplica
Tis Melanoma in situ, Não se aplica
T1a <0,8 mm Sem ulceração
< 0,8 mm Com ulceração
T1b 0,8 a 1,0 mm Com ou sem ulceração
T2a Entre 1,01 e 2 mm Sem ulceração
T2b Entre 1,01 e 2 mm Com ulceração
ТЗа Entre 2,01 e 4 mm Sem ulceração
T3b Entre 2,01 e 4 mm Com ulceração
T4a Maiores que 4 mm Sem ulceração
T4b Maiores que 4 mm de Com ulceração
N - Linfonodo Metástases em trânsito, 
satelitose ou microsatelitose
NX Os linfonodos regionais não 
podem ser avaliados.
Sem
NO Não há nenhuma evidência de 
metástase linfonodal
Sem
N1a 1 metástase subclínica 
(linfonodo sentinela positivo)
Sem
N1b 1 metástase clínica Sem
N1c Sem metástases linfonodais Com
N2a 2 ou 3 metástases subclínicas 
(detectadas por linfonodo 
sentinela)
sem
N2b 2 ou 3 metástases linfonodais, 
das quais pelo menos 1 
detectada clinicamente
sem
N2c 1 metástase linfonodal Com
N3a 4 ou mais metástases 
linfonodais subclínicas
sem
N3b 4 ou mais metástases 
linfonodais, das quais pelo 
menos 1 detectada clinicamente
Sem
N3c 2 ou mais metástases 
linfonodais
Com
M - Metástases
Sitio anatômico Valor de DHL
MO Sem metástases Não aplicável
M1a (0) Metástases para pele, tecidos 
moles
(músculos) ou linfonodos não 
regionais
Não elevado
M1a (1) elevado
M1b (0) Metástases para pulmão Não elevado
M1b (1) elevado
M1c (0) Metástases para órgãos 
viscerais, exceto
SNC
Não elevado
M1c (1) elevado
M1d (0) Metástase para Sistema Nervoso 
central
(SNC)
Não elevado
M1d (1) elevado
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11. Tratamento: Excisão completa da 
l e s ã o c o m m a r g e n s d e 
segurança;Pesquisa do linfonodo 
s e n t i n e l a q u a n d o i n d i c a d o ; 
Multidisciplinar. Vai ser necessário a 
realização de duas cirurgias, uma para 
biópsia e a outra para o tratamento. 
INFORMAÇÃO IMPORTANTE!!! 
1. Linfonodo Sentinela: 1° linfonodo da 
c a d e i a d e d r e n a g e m d a q u e l a 
topografia. 
2. Quando pesquisar? 
- Breslow maior que 1 mm; 
- Breslow maior que 0,8 mm se 
presença de: invasão angiolinfática; 
ulceração; microsatelitose (lesão 
separada da lesão principal distando 
mais que 5 mm) 
3. Técnica: Injeção de azul patente 
perilesional; Linfocintilografia.
Maria Vitória de Sousa Santos 
BIÓPSIA 
 CONCEITO 
• Considera-se como biópsia, o ato 
cirúrgico de obtenção de uma parte de 
tecido de um organismo vivo, com o 
i n t u i t o d e o b t e r u m a a m o s t r a 
representativa de modo a fazer um 
estudo histopatológico e posterior 
diagnóstico. 
• Para além de tornar possível realizar um 
estudo histológico completo, incluindo a 
d e s c r i ç ã o d a s c a r a c t e r í s t i c a s 
histopatológicas e a extensão da lesão, a 
biópsia é um instrumento fundamental 
para o diagnóstico de uma doença e para 
a orientação da melhor estratégia no 
tratamento do paciente. Em termos de 
admissibilidade legal, as descobertas que 
se podem retirar do resultado de uma 
biópsia têm um valor quase irrefutável. 
 INDICAÇÕES 
1. Diagnóstico de doenças que provocam 
alterações morfológicas específicas, 
tais como hiperplasias, displasias, 
neoplasias, granulomas etc. 
2. Diagnóstico diferencial de doenças que, 
mesmo não produzindo alterações 
morfológicas específicas, determinam 
padrões morfológicos característicos de 
determinado grupo. 
3. Quantificação do grau de displasia 
( b a i x o o u a l t o g r a u ) o u d e 
diferenciação de um tumor (bem 
d i f e r e n c i a d o , m o d e r a d a m e n t e 
diferenciado, pouco diferenciado, 
indiferenciado). 
4. Avaliação da extensão de lesão 
neoplásica (se há invasão para outros 
tecidos ou estruturas, se existem 
metástases etc.). 
5. Verificação da totalidade da ressecção 
de uma lesão. 
6. Aval iação do resul tado de um 
tratamento. 
7. Identificação de estruturas normais 
que são difíceis para o cirurgião dar o 
d i a g n ó s t i c o d e c e r t e z a 
m a c r o s c o p i c a m e n t e ( g â n g l i o s 
s i m p á t i c o s n o c u r s o d e 
simpatectomias, paratireoides no curso 
de paratireoidectomias, nervo vago no 
curso de vagotomias, ducto deferente 
no curso de vasectomias etc.). 
8. Avaliação do funcionamento normal de 
certos tecidos ou órgãos: endométrio, 
testículo. 
9. Avaliação da etiologia, comportamento 
e resposta terapêutica de doenças de 
evolução progressiva (tireoidites, 
doenças autoimunes, hepatites, cirrose 
hepática, glomerulonefrites etc.). 
10. Avaliação da presença e intensidade de 
rejeição em órgãos transplantados. 
 PRINCÍPIOSBÁSICOS 
1. Real izar uma aval iação c l ínica 
minuciosa do paciente: 
- Deve-se pesquisar alergia a produtos 
que serão utilizados (soluções de anti-
sepsia, anestésicos locais, látex, talco 
de luvas, esparadrapos). 
- Avaliação da coagulação sangüínea. 
- Anamnese: História de hemorragia 
espontânea ou após cirurgias prévias. 
- Exame físico: Devem-se pesquisar 
equimoses ou hematomas. 
- Realização de exames laboratoriais 
p a r a a v a l i a ç ã o d a c o a g u l a ç ã o 
sangüínea (contagem de plaquetas, 
tempo de trom-boplastina parcial, 
atividade de protrombina e RNI) 
normalmente é reservada aos 
pacientes que apresentam alterações 
ao exame clínico. 
- Os pacientes hipertensos e os 
diabéticos devem estar controlados. 
Devemos utilizar anestésicos locais 
com vasoconstritores com extrema 
cautela (se possível evitá-los) nos 
hipertensos. Os diabéticos não-
controlados têm um risco maior de 
apresentar distúrbios de cicatrização 
e/ou infecções. 
- Deve-se avaliar se há necessidade de 
realizar procedimentos cirúrgicos 
complementares no mesmo tempo 
c i r ú r g i c o e p r o g r a m a r 
antecipadamente a operação. Por 
exemplo, na biópsia excisional de 
grandes lesões, pode ser necessária a 
realização de enxerto ou rotação de 
retalho para cobrir a área cruenta. 
tromboplastina
INR
Maria Vitória de Sousa Santos 
2. Usar cuidados inerentes a uma 
pequena cirurgia: 
- Tanto o local para a realização quanto 
o instrumental disponível devem ser 
compatíveis com a magnitude do 
procedimento proposto. 
- Utilizar agulhas e/ou lâminas novas 
para não haver dano tissular maior e 
p r e j u d i c a r o e x a m e 
anatomopatológico. 
- A anti-sepsia da região deve ser 
rigorosa e ampla. 
- Os campos cirúrgicos estéreis devem 
cobrir uma área ampla ao redor da 
lesão para que o cirurgião e os 
auxiliares tenham liberdade de 
movimentos. 
- A anestesia varia de acordo com o tipo 
de biópsia. 
A. Nas punções biópsias, biópsias com 
punch, biópsias incisionais e grande 
parte das excisionais, a infiltração 
local ou o bloqueio de campo são 
suficientes. 
B. Nas biópsias excisionais de grandes 
lesões, pode ser necessário um 
b l o q u e i o t r o n c u l a r o u , 
eventualmente, sedação ou, até 
mesmo, anestesia geral. 
3. Retirar uma amostra significativa: 
- Nas punções aspirativas deve-se 
colher material de diversos pontos da 
lesão. 
- Nas punções biópsias deve-se retirar 
mais de um fragmento. 
- Nas lesões pequenas deve-se realizar 
exérese total (biópsia excisional), com 
margem de segurança de tecido sadio, 
que varia de acordo com a suspeita 
clínica. 
- Nas lesões grandes submetidas a 
exérese parcial (biópsia incisional), a 
amostra deve abranger tecido doente 
e sadio. 
- Os linfonodos ou pequenos tumores 
do subcutâneo devem ser retirados 
por inteiro, junto com a cápsula. 
4. Ev i tar áreas de esmagamento , 
queimadura, fibrose, cicatrizes ou com 
infecção secundária. 
5. Nas doenças inflamatórias, incluir uma 
porção significativa da erupção. 
- Quando a erupção é caracterizada por 
lesões de um mesmo tipo, porém em 
vários estágios de desenvolvimento, é 
m e l h o r s e l e c i o n a r u m a b e m 
desenvolvida. Devemos evitar lesões 
em fase inicial, bem como lesões em 
fase tardia, já em regressão. 
- Uma exceção a essa regra são as 
vesículas, bolhas ou pústulas. Nestes 
casos, devemos preferir uma lesão 
recente e intacta, de preferência entre 
24 e 48 horas de evolução. 
- Nas erupções com lesões diversas 
(vesículas, pápulas, crostas), devemos 
realizar biópsias em diferentes tipos 
de lesões. 
- Nas doenças inflamatórias, as áreas 
de escoriações devem ser evitadas. 
6. Nas lesões difusas, biopsiar a área mais 
representativa: 
- No local não deve haver alterações 
regionais específicas que possam 
atrapalhar a interpretação. Nas 
erupções generalizadas, tronco, 
b r a ç o s e c o x a s s ã o o s l o c a i s 
preferidos. 
- Nas dermatites por uso de drogas, 
devemos retirar preferencialmente as 
lesões do tronco. 
- A palma das mãos e a planta dos pés 
devem ser evitadas, sempre que 
possível, pela dificuldade tanto de 
aproximação dos tecidos quanto de 
cicatrização. Os joelhos e cotovelos 
também devem ser evitados, por se 
tratar de áreas de tensão. 
7. Nas lesões pigmentares, suspeitas 
clinicamente de malignidade, realizar 
sempre que possível uma biópsia 
excisional. 
8. Respeitar as margens de segurança 
quando a biópsia for ao mesmo tempo 
diagnóstica e curativa. 
9. Manipular adequadamente o material. 
- Nas punções aspirativas, não espalhar 
o material com força na lâmina nem 
esmagá-lo entre duas lâminas. Nas 
p u n ç õ e s b i ó p s i a s , r e t i r a r 
delicadamente o material de dentro 
da agulha, evitando fragmentá-lo. 
- Não esmagar o tecido com pinças. Nas 
biópsias incisionais e excisionais, o 
Maria Vitória de Sousa Santos 
material utilizado deve ser delicado, 
dando-se preferência a pinças dente-
de-rato em vez de pinças anatômicas. 
- Quando for necessária a realização de 
vários tipos de exames (citológico, 
anatomopatológico, microbiológico, 
bioquímico, sorológico), o material 
deve ser dividido e acondicionado 
adequadamente. Os frascos devem ser 
identificados com o nome do paciente, 
registro, data e tipo de fixador 
utilizado. 
- As peças maiores devem ser abertas e 
presas com alfinete em papelão para 
evitar que se retraiam. 
- O m a t e r i a l d e v e s e r f i x a d o 
rapidamente, evitando-se exposição 
prolongada ao ar. Lesões de maior 
volume devem ser seccionadas ao 
meio, para permitir uma melhor 
fixação da peça. 
10. Usar fixador adequado: 
- Formol a 10% - considerado o fixador 
universal. A quantidade de formol 
deve ser de 10 a 20 vezes o volume do 
material retirado. O tempo necessário 
para a fixação depende da espessura 
do material. Espécimes com 4 mm de 
espessura necessitam de 8 horas; 
espécimes com espessura maior ou 
igual a 6 mm necessitam de 24 horas. 
Como a fixação ocorre sempre de fora 
para dentro, as lesões maiores devem 
ser seccionadas ao meio para permitir 
que ela aconteça mais rapidamente. O 
formol não deve ser utilizado quando 
se for pesquisar melanócitos pela 
coloração DOPA. 
- Álcool absoluto a 95% - indicado para 
a realização de exame citológico, 
esfregaços de secreções, punções 
aspirativas e outros materiais para 
citodiagnóstico. A fixação é rápida, 
podendo-se proceder à coloração em 
15 a 20 minutos. 
- Glutaraldeído a 3% - utilizado para 
microscopia eletrônica. 
- Quando for necessário utilizar 
colorações para enzimas ou imuno-
histoquímica, não se deve fixar o 
material. 
11. Proporcionar o maior número possível 
de informações ao anatomopatologista: 
- Enviar a peça ao laboratório de 
anatomia patológica com informações 
clínicas e cirúrgicas detalhadas. 
Informar o tempo de evolução da 
doença, os achados clínicos, o aspecto 
macroscópico da lesão e as hipóteses 
diagnósticas. 
- Deve-se manter um contato estreito 
c o m o a n a t o m o p a t o l o g i s t a , 
principalmente nos casos duvidosos 
o u q u a n d o o d i a g n ó s t i c o 
anatomopatológico não for compatível 
com o diagnóstico clínico. 
 TIPOS DE BIÓPSIA 
 BIÓPSIAS POR PUNÇÃO 
Existem dois tipos de biópsias por punção: 
1. Agulhas finas: Retira-se material 
para exame citológico. Geralmente as 
punções com agulha fina são indicadas 
para análise de líquidos de lesões 
císticas ou de cavidades corporais 
(tórax, abdome, articulações), estudo 
de lesões superficiais (mama, tireóide, 
massas cervicais) e, em menor 
frequência, de lesões em órgãos 
intracavitários (pulmões, baço, 
pâncreas). 
2. Agulhas cal ibrosas (agu lh a s 
especiais): Retira-se material para 
exame histológico. São mais indicadas 
para se retirar material para estudo de 
órgãos intracavitários (fígado,rins, 
próstata, pâncreas, pulmões), podendo 
também ser utilizadas em órgãos 
superficiais (mama, tireóide). Estas 
agulhas podem ser manuais (Menghini, 
Vim Silverman, Cope, Abrams) ou 
automáticas (Tru-Cut®, Biopty 
Gun®). 
Observação: As punções com ambos os 
tipos de agulhas podem ser guia-das por 
palpação, ultra-som (US), estereotaxia, 
tomografia computadorizada (TC) ou 
ressonância magnética (RM). 
 PUNÇÃO POR AGULHA FINA 
• Ela se baseia no estudo de células, ou de 
pequenos grupos de células, que são 
retiradas das lesões por aspiração com 
uma agulha de pequeno calibre. 
guiadas
Maria Vitória de Sousa Santos 
• Apresenta como vantagem um baixo 
custo, podendo ser feita em nível 
ambulatorial, sem a necessidade de 
material sofistica-do. É bem tolerada 
pelo paciente, causando apenas um leve 
desconforto. Pode ser feita, na maioria 
das vezes, sem anestesia e apresenta 
baixa incidência de complicações. 
• A complicação mais freqüente é um 
pequeno hematoma no local da punção 
sem maiores consequências. Outras 
complicações que podem ocorrer são: 
pneumotórax (biópsia pulmonar), 
sangramento ou lesão de vísceras ocas 
(biópsia de órgãos intra-abdominais). 
• Sua principal limitação é que permite um 
diagnóstico citológico e não histológico. 
Geralmente o resultado pode ser dividido 
genericamente entre processo benigno, 
maligno ou infeccioso. 
• A principal indicação para a punção 
a s p i r a t i v a c o m a g u l h a f i n a é a 
diferenciação entre tumores benignos e 
malignos. 
• A punção aspirativa por agulha fina tem 
indicações bem definidas nas lesões de 
mama e tireóide. 
 PUNÇÃO BIÓPSIA COM AGULHAS ESPECIAIS 
• A punção biópsia com agulhas especiais 
fornece material para estudo histológico. 
Este material é retirado através da 
utilização de agulhas mais calibrosas do 
que as descr i tas anter iormente , 
geralmente de calibre 14 a 20. 
• Também possui um baixo custo, e pode 
ser realizada, na grande maioria das 
vezes, em nível ambulatorial. 
• Como o calibre das agulhas é maior, ela 
causa um maior desconforto para o 
paciente, e quase sempre é necessária a 
realização de um botão anestésico no 
local da punção. 
• A incidência de complicações é pequena, 
e o sangramento é a principal delas. Ele 
p o d e v a r i a r d e s d e u m p e q u e n o 
hematoma no local até sangramento 
importante que necessita de hemoterapia 
ou, mais raramente, de intervenção 
cirúrgica. 
• Outras complicações que podem ocorrer 
são: punções inadvertidas de órgãos ou 
estruturas que podem estar interpostas 
entre a pele e a lesão (alças intestinais, 
vesícula biliar) na biópsia de órgãos 
intra-abdominais; pneumotórax na 
biópsia pulmonar etc. 
Existem dois tipos distintos de agulhas: 
1. Manuais: É necessária a realização de 
movimentos coordenados para se 
retirar o fragmento de tecido após a 
agulha ter atingido o alvo. 
2. Automáticas. As agulhas automáticas 
são armadas antes da punção e 
disparadas ao se atingir o alvo. Este 
disparo produz um movimento 
automático da agulha, que secciona e 
captura o material. 
 BIÓPSIA HEPÁTICA PERCUTÂNEA 
• A biópsia hepática pode ser realizada 
para o estudo tanto de doenças 
parenquimatosas difusas do fígado 
(cirrose, hepatite, reação a drogas) 
quanto de doenças focais (granulomas, 
infiltração tumoral), podendo ser 
empregada tanto para o diagnóstico 
quanto para a avaliação da extensão e 
gravidade de uma doença. 
• A biópsia de lesões focais sempre deve 
ser feita com o auxílio de métodos de 
imagem (US, TC, RM). 
• A biópsia hepática é indicada nas 
h e p a t o m e g a l i a s o u h e p a t o -
esplenomegalias sem explicação, na 
colestase sem causa eviden-te, na 
presença de testes de função hepática 
que se mantêm persistentemente 
sofisticado. 
evidente, 
Maria Vitória de Sousa Santos 
alterados, nas doenças sistêmicas ou 
infiltrativas (sarcoidose, tuberculose 
miliar, febre de origem indeterminada) e 
na suspeita de tumor primário ou 
metastático do fígado. 
• São contra-indicações para a biópsia 
hepática percutânea: pacientes não-
cooperativos, alteração da coagulação 
sanguínea, colangite séptica, suspeita de 
lesão vascular, ascite, obstrução biliar 
acentuada (risco de peritonite) ou 
infecção do espaço pleural direito (as 
duas últimas são contraindicações 
relativas). 
• A presença de ascite em pequena 
quantidade é contraindicação relativa, 
porém ascite importante é contra-
indicação absoluta. Teoricamente, o 
líquido ascítico acumulado ao redor do 
fígado impede um tamponamento do 
orifício da punção na cápsula hepática 
pelo diafragma. Nos casos de ascite 
importante ou distúrbios de coagulação, 
deve-se preferir uma biópsia por via 
t r a n s j u g u l a r o u a s s i s t i d a p o r 
laparoscopia. 
• As complicações do procedimento 
incluem: dor local ou no ombro 
ipsilateral, hemorragia (hemotórax, 
h e m o p e r i t ô n i o , h e m a t o m a 
intraparenquimatoso, hemobilia), 
hipotensão arterial, fístula arteriovenosa 
intra-hepática, sepse, coleperitônio, 
p n e u m o - t ó r a x , l e s ã o d e ó r g ã o s 
adjacentes (pulmão, vesícula biliar, 
cólon) e óbito. 
 BIÓPSIA PLEURAL 
• A biópsia da pleura parietal é indicada 
para se avaliar pacientes com derrame 
pleural sem causa evidente. 
• É utilizada principalmente para se 
diferenciar tuberculose de neoplasia 
maligna. 
• É necessário a realização de biópsias 
antes e após o procedimento. 
• Às vezes, pode também ser feita em casos 
de doença ou espessamento pleural na 
ausência de derrame, não devendo, 
entre-tanto, ser utilizada rotineiramente 
como método de avaliação de derrames 
muito pequenos e/ou loculados. 
• É contra-indicada nos pacientes não-
cooperat ivos, com distúrbios de 
coagulação ou com infecção cutânea na 
região da punção. 
 BIÓPSIA INCISIONAL 
contraindicações 
pneumotórax, 
entretanto,
contraindicada
Maria Vitória de Sousa Santos 
• Na biópsia incisional retira-se somente 
uma parte da lesão ou de um órgão. As 
punções com agulhas finas e especiais, as 
biópsias com pinça saca-bocado e várias 
biópsias com punch de diâmetro 
pequeno são alguns exemplos de biópsias 
incisionais. 
• Ela é indicada principalmente para a 
biópsia de músculos, ossos, tecido 
subcutâneo e processos inflamatórios ou 
infecciosos disseminados da pele ou de 
outros órgãos. É indicada também para 
se estabelecer um diagnóstico definitivo 
no pré-operatório de cirurgias extensas 
ou mutilantes, como amputações. De 
preferência, o cirurgião que faz a biópsia 
deve ser o mesmo que realizará a cirurgia 
definitiva. 
• Sempre que possível, a biópsia incisional 
de uma lesão, especialmente de pele, 
deve ser feita nas suas bordas, retirando-
se um fragmento englobando tecido 
doente junto com tecido sadio. 
• No caso dos sarcomas, a parte mais 
indiferenciada do tumor costuma ser a 
sua borda, e biópsias neste local podem 
vir a ser um problema na classificação 
desta neoplasia. 
• No caso de tumores de partes moles e 
ossos, deve-se ter o cuidado de realizar 
uma boa hemostasia, pois as células 
tumorais são capazes de passar por entre 
os planos tissulares, da mesma maneira 
que as células sangüíneas extravasadas. 
A presença de equimose pós-operatória 
pode significar uma possibilidade de 
d i s s e m i n a ç ã o t u m o r a l p a r a o 
subcutâneo. 
• As complicações decorrentes da biópsia 
incisional são semelhantes às de 
qualquer procedimento cirúrgico de 
pequeno porte, como: infecção de ferida, 
hemorragia per ou pós-operatória, 
distúrbios de cicatrização, além da 
possibilidade de disseminação local de 
células tumorais. 
Observação: A biópsia muscular é uma 
biópsia incisional, pois semprese retira 
somente um pedaço de um músculo para 
exame. É indicada na avaliação de doenças 
musculares pr imárias (miopat ias , 
distrofias) e secundárias (neurogênicas, 
endócrinas, induzidas por drogas) ou de 
doenças sistêmicas (vasculites). 
 BIÓPSIA EXCISIONAL 
• N a b i ó p s i a e x c i s i o n a l r e t i r a - s e 
totalmente a lesão a ser estudada. Além 
de diagnóstica, ela é também, na maioria 
das vezes, terapêutica. 
• Todas as lesões supostamente malignas 
devem ser submetidas a excisão cirúrgica 
completa (biópsia excisional) com 
margem de segurança entre 2,5 e 5 mm, 
a não ser que sejam de dimensões tais 
que tornem impossível o fechamento da 
pele, ou que impeçam a obtenção de 
resultados cosméticos aceitáveis. 
Maria Vitória de Sousa Santos 
• Nestes casos deve-se optar por uma 
b ióps ia inc is ional e aguardar o 
diagnóstico anatomopatológico para 
programar uma cirurgia mais extensa. 
• As complicações são as mesmas da 
biópsia incisional. 
 BIÓPSIA COM PUNCH 
• Geralmente é empregada na pele, 
podendo também ser realizada com 
segurança na mucosa oral. 
• Utiliza-se um instrumento que contém 
na ponta uma lâmina circular cortante 
(punch). Seu diâmetro pode variar de 1,5 
a 10 mm; entretanto, as medidas 
utilizadas com maior frequência são as 
de 3 e 4 mm. 
• A lesão sempre deve ser retirada junto 
com uma área de tecido sadio. 
• Dependendo do tamanho da lesão, a 
biópsia com punch pode ser incisional ou 
excisional. 
• Uma das desvantagens da biópsia com 
punch é o pequeno tamanho do material 
retirado, às vezes dificultando a 
interpretação histopatológica. 
• Este procedimento está contra-indicado 
e m á r e a s s o b r e a r t e r i a s , c o m o 
sobrancelhas (artéria temporal), área 
nasolabial (artéria angular), pelo risco de 
lesão das mesmas. 
• A biópsia com punch não deve ser 
realizada em lesões muito espessas, 
como pele hipertrófica, líquen plano ou 
hipertrófico, blastomicose. Também não 
deve ser realizada em calosidades das 
p l a n t a s d o s p é s , p o i s n ã o é 
suficientemente profunda para promover 
o diagnóstico correto da doença 
primária. 
• A p r i n c i p a l c o m p l i c a ç ã o é o 
sangramento, especialmente nos casos 
em que não se realizam suturas. 
 BIÓPSIA EM BARBEAR (SHAVING) 
• Remove a porção de pele elevada, acima 
do plano do tecido adjacente (lesões de 
natureza exofítica). É realizada entre a 
camada papilar profunda da derme e a 
camada médio reticular. 
• A biópsia em barbear está indicada nas 
l e s õ e s e x o f í t i c a s c o m o c e r a t o s e 
seborréica, ceratose solar, verrugas 
vulgares e alguns nevos melanocíticos.'* 
Está contra-indicada na avaliação de 
doenças inflamatórias da pele, pois não 
permite estudar os plexos profundos, a 
derme ret icular e nem o tecido 
subcutâneo. Neoplasias que clinicamente 
parecem infiltrar a derme e lesões 
pigmentares também são contra-
indicações. Ela é falha para o diagnóstico 
di ferencial entre ceratose solar , 
ceratoacantoma e carcinomas. 
 CURETAGEM 
• Técnica simples de se remover lesões 
superficiais benignas da pele, como 
verrugas vulgares, molusco contagioso e 
ceratose seborréica, usando-se pequenas 
curetas. Seu uso é viável em lesões de 2 a 
6 mm de diâmetro. 
• A hemostasia é obtida por compressão, 
uso de agentes hemostáticos ou ele-
trocoagulação. 
• É contra-indicada em lesões com 
suspeita de malignidade, podendo levar a 
erro no diagnóstico anatomopatológico. 
• É também utilizada para o estudo de 
tecidos como endomé-trio. Neste caso é 
contraindicado
contraindicada
contraindicada
endométrio. 
Maria Vitória de Sousa Santos 
necessário o acompanhamento de um 
anestesiologista para sedação ou 
bloqueio troncular. 
 REMOÇÃO COM TESOURA 
• É reservada para lesões pedunculadas 
benignas como verrugas filiformes e 
lesões pigmentadas polipóides. Após 
anestesia local, a base da lesão é 
seccionada e o sangramento é controlado 
com eletrocoagulação, compressão ou 
aplicação de solução de cloreto de 
alumínio a 25%. 
• A peça é colocada em recipiente com 
f i x a d o r a d e q u a d o , d e v i d a m e n t e 
identificada e enviada ao laboratório.
Maria Vitória de Sousa Santos 
CORPOS ESTRANHOS 
 DEFINIÇÃO 
• Considera-se como CE todo material 
orgânico ou inorgânico introduzido no 
organismo, por vias naturais ou não, de 
maneira acidental ou consequente a 
doenças e/ou procedimentos cirúrgicos. 
Nessas circunstâncias, são enquadrados os 
CE ingeridos por: 
1. Via oral; 
2. Aspirados para a arvore respiratória; 
3. Introduzidos por via anal; 
4. Penetrados pela pele; 
5. Esquecidos durante o ato cirúrgico. 
 LESÃO CUTÂNEA 
• Embora possa ocorrer penetração por 
diferentes vias (mucosa bucal, vaginal, 
anal etc.), é na pele que encontramos, 
com maior frequência, o orifício de 
entrada. 
• A pele e os tecidos subjacentes oferecem 
resistência mecânica à penetração, daí a 
p r e d o m i n â n c i a a b s o l u t a d e C E 
pontiagudos (agulhas, espinhos, pregos, 
alfinetes etc.) ou aqueles que os atingem 
animados de força viva muito grande 
(projéteis). 
As lesões cutâneas produzidas são 
denominadas: 
1. Perfurantes (perfurocortantes), 
quando produzidas por objetos 
pontiagudos, com bordas cortantes 
(vidros, facas, lâminas de aço etc.), 
2. Perfuro contusas (instrumentos 
rombos de madeira, farpas de madeiras 
etc.), são geralmente pequenas e 
seriam desprovidas de importância não 
fosse a possível extensão das lesões 
subjacentes. 
Observação: O caminho percorrido pelo 
CE, no momento em que ele vence a 
resistência cutânea, depende de suas 
características. 
 REAÇÕES AO CORPO ESTRANHO 
• A c a p a c i d a d e r e a t i v a d o t e c i d o 
condiciona o desenvolvimento de 
alterações peculiares ao local, mas, de 
uma maneira geral, as reações aí 
observadas atuam no sentido de 
expulsar, destruir ou isolar o corpo 
estranho. 
A intensidade com que o organismo 
responde à presença do corpo estranho 
depende de vários fatores: 
1. Ligados às condições gerais do 
paciente; 
2. Estrutura atingida; 
3. Peculiaridades do corpo estranho. 
• Toda ferida na qual um corpo estranho 
esteja incluído traz consigo a expectativa 
de contaminação. 
• A gravidade da infecção daí resultante 
tem relação, entre outras, com a natureza 
do corpo estranho, a par de uma maior 
contaminação à qual os corpos estranhos 
não-inertes (madeira, espinhos etc.) 
estão geralmente associados, acrescidos 
da maior irritação local que induzem. 
Consequentemente, o processo pode se 
restringir a uma inflamação banal, 
caminhar para a formação de um 
abscesso e , ocas ionalmente , um 
fleigmão. 
• Às vezes, tardiamente, forma-se em 
torno de um corpo estranho que evoluiu 
sem compl icações um abscesso , 
geralmente em decorrência de trauma e 
reativação de bactérias do foco. 
• Quando não há infecção, o envolvimento 
do objeto por tecido fibroso é a regra, 
sendo discreto nos objetos inertes 
(agulhas, metais) e mais exuberante nos 
demais (madeira, espinhos etc.). 
• Nestes últimos, em algumas ocasiões, 
pode desenvolver-se um processo 
inflamatório crônico hiperplásico que 
poderá simular uma neoplasia e que 
conterá o corpo estranho, às vezes 
banhado em líquido dentro da cavidade 
cística. 
• Ocasionalmente o tecido fibroso que 
envolve o corpo estranho fixa tendões e, 
no que impede sua movimentação 
natural, explica transtornos que sua 
presença deoutra maneira não traria. 
 DIAGNÓSTICO 
O médico que lida com pacientes 
ambulatoriais, freqüentemente vê-se 
envolvido com portadores de corpos 
estranhos, no qual duas circunstâncias 
sobressaem: 
1. Os portadores de lesões cutâneas 
recentes 
Maria Vitória de Sousa Santos 
2. P a c i e n t e s c o m c o m p l i c a ç õ e s 
infecciosas locais ou regionais, tardias, 
de ferimentos anteriores. 
Assim, a presença do corpo estranho, 
precisa ser investigada a partir da: 
1. Determinação de sua localização; 
2. Estruturas que foram lesadas no seu 
trajeto; 
3. Exames complementares, a exemplo da 
radiografia. 
 EXAME RADIOLÓGICO E OUTROS 
1. Radiografia: Para que um objeto 
incluído na intimidade de um órgão 
produza uma imagem radiográfica, é 
essencial (mas não suficiente) que ele 
absorva mais ou menos radiação em 
relação aos tecidos que o envolvem. 
2. Tomografia computadorizada: 
Pode, eventualmente, ser utilizada na 
identificação de CE localizados 
profundamente ou nos casos em que os 
outros métodos falharem 
3. Radioscopia: é muito útil e eficaz, 
por ser método dinâmico. Entretanto, a 
radioscopia expõe o paciente e o 
médico a doses relativamente altas de 
radiação. 
4. Ultrassonografia: Equipamentos de 
ultrassonografia de alta resolução são 
c a p a z e s d e d e t e c t a r C E d e 
praticamente qualquer composição. A 
r e m o ç ã o d o C E g u i a d a p o r 
ultrassonografia é considerada, 
atualmente, o melhor método e o de 
primeira escolha na investigação e 
remoção dos diferentes CE. US pode 
identificar CE menores que 10 mm a 
a t é 4 c m d e p r o f u n d i d a d e , 
independentemente de serem madeira, 
vidro, metal ou plástico. O método é 
excelente alternativa na identificação 
de CE não radiopacos . Os CE 
apresentam-se, à US, como áreas 
hiperecoicas, com diferentes graus de 
sombra acústica posterior.tempos após 
o evento traumático, o CE costuma 
e s t a r c i r c u n d a d o p o r h a l o 
hipoecogénico secundário à reação 
inflamatória granulomatosa. Nesse 
caso, é importante estabelecer 
diagnóstico diferencial entre o objeto e 
o depósito de queratina; bem como 
hematomas , ossos sesamoides , 
calcificações. Madeiras e plásticos 
tendem a produzir sombra acústica. 
 DIAGNÓSTICO: ASPECTOS ESPECÍFICOS 
• O diagnóstico das lesões provocadas pelo 
corpo estranho no seu trajeto, assim 
como a sua capacidade de produzir 
c o m p l i c a ç õ e s f u t u r a s e s t ã o 
intrinsecamente relacionados à sua 
natureza. 
 AGULHAS 
1. Introdução: Constituem objetos que, 
por suas características de fácil 
penetração no organismo e uso 
rotineiro, no ambiente doméstico ou do 
t r a b a l h o , f r e q ü e n t e m e n t e 
transformam-se em corpos estranhos. 
2. Propedêutica: Inspeção + palpação 
(determinar a presença do objeto e sua 
posição). 
3. Exames complementares : A 
radiografia é imprescindível nos casos 
de agulhas não palpáveis, no intuito 
não só de confirmar a sua presença 
como também de definir a sua posição. 
Observação: As lesões produzidas no seu 
trajeto são pouco significativas, e, a não ser 
pelas complicações infecciosas que podem 
aparecer. 
 ESPINHOS VEGETAIS 
1. Introdução: Atingem comumente os 
membros e, mais frequentemente, os 
pés comum o hábito de andar descalço. 
2. Propedêutica: Como corpo estranho, 
podemos encontrá-lo superficial ou 
p r o f u n d a m e n t e s i t u a d o e , e m 
consequência, fácil ou dificilmente 
palpável. Como de hábito o paciente 
não pode afirmar se o espinho que o 
feriu persiste, a não ser que esteja 
evidente à inspeção ou à palpação. 
Compreende-se a importância do 
exame radiológico. Aqui, apenas o 
emprego de uma técnica radiológica 
apropriada para contrastar objetos de 
pequeno poder de absorção pode 
condicionar a sua visualização. 
3. C o m p l i c a ç õ e s : C o m p l i c a ç õ e s 
sépticas são a regra, e o risco de tétano 
é uma constante. Comumente, em 
meio ao pus drenado natural ou 
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Maria Vitória de Sousa Santos 
cirurgicamente de um abscesso, o 
organismo livra-se do espinho e a 
ferida tende para a cura. Outras vezes, 
a presença de uma ferida que não cura 
e que, continua ou intercaladamente, 
elimina pus tem como causa um CE. 
Observação: É exatamente nas feridas de 
pequeno orifício de entrada, pelas 
condições de anaerobiose que podem 
desenvolver-se, que mais necessária se 
torna a intervenção cirúrgica para retirar o 
espinho ou, pelo menos, desbridar e limpar 
a f e r i d a , d e i x a n d o - a a b e r t a , 
principalmente na região plantar, onde, 
com frequência, ocorrem tais acidentes. 
 FRAGMENTOS DE MADEIRA 
• D e d i m e n s õ e s m u i t o v a r i a d a s , 
sobressaem, por sua frequência, as 
pequenas farpas que se alojam na pele, 
quase sempre paralelas a sua superfície 
ou sob as unhas, provocando dor intensa. 
• S u a p r e s e n ç a é e v i d e n t e , e a s 
corriqueiras complicações supurativas, 
facilmente detectáveis. Quando não é o 
próprio paciente a retirá-lo, o organismo 
se desfaz do incômodo facilmente em 
meio ao material supurativo que elimina. 
• Os fragmentos maiores, não-acessíveis 
a o e x a m e p a l p a t ó r i o , e x i g e m 
propedêutica radiológica. 
 ESPINHOS DE OURIÇO-DO-MAR 
• De composição calcária, longos e 
quebradiços, podem ser radiografados 
com aparelhos comuns. 
• O acidente é freqüente em certas praias, 
principalmente entre as rochas onde 
vivem tais animais. 
• Atingem quase exclusivamente os pés 
dos banhistas, onde provocam dor 
intensa. 
• Algumas espículas não são expelidas 
espontaneamente, e sua não retirada 
precoce parece favorecer o aparecimento 
de complicações, como febre, infecção 
secundária, formação de granulomas 
provocados pelo CE e eventual necrose. 
• Deve-se utilizar um dos métodos de 
Rees, com remoção do orificio de entrada 
para maior facilidade de exposição. 
 FERRÃO DE PEIXE 
• Várias espécies de peixes possuem uma 
estrutura óssea pontiaguda e serreada 
nas suas nadadeiras laterais e dorsais. 
• Ao se debater, o peixe crava o ferrão nas 
mãos do incauto que tentar segurá-lo de 
maneira inadequada. 
• Outras vezes, a ocorrência se dá com o 
animal já morto, quando a vítima tenta 
evitar que caia no chão uma espécie 
escorregadia. 
• Por se tratar de estrutura óssea, a 
radiografia comum o revela facilmente. 
• Como são geralmente materiais sépticos, 
dão complicações infecciosas com 
f r e q u ê n c i a , d e s d e c e l u l i t e s n ã o 
complicadas até formas graves de fascite 
necrosante. 
• Dentre essas lesões, inclui se o abscesso 
de partes moles, sendo o S. aureus o 
principal patógeno envolvido. 
 PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO E DE AR 
 COMPRIMIDO 
• O maior interesse médico em torno dos 
projéteis de arma de fogo dirige-se para 
as lesões provocadas no seu trajeto. 
• A determinação do orifício de entrada, 
do orifício de saída ou, quando este não 
existe, a localização da posição do 
projétil pelo exame radiológico visa 
principalmente a reconstituir o seu 
percurso e as prováveis lesões sofridas. 
• O mesmo se pode dizer com relação aos 
numerosos projéteis de cartucheira. 
• O calor gerado na detonação e no atrito 
com o ar atmosférico torna tais objetos 
praticamente estéreis, justificando a 
baixa ocorrência de complicações 
infecciosas quando outrosfatores não 
interferem. 
• O chumbo de esp ingarda de ar 
comprimido quase sempre penetra 
pouco nos tecidos, sendo fácil encontrá-
lo à palpação. 
• Nos demais, a radiografia o identifica de 
imediato. 
 ANZÓIS 
• Penetram a pele, na qual se prendem 
firmemente. 
Ocasionalmente a transfixam. 
• A maioria das lesões ocorre nas mãos, 
seguida pela face, couro cabeludo e pés. 
·
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Maria Vitória de Sousa Santos 
• Quando transfixante, a secção da ponta 
exposta permite a retirada do fragmento 
restante pelo orifício de entrada. 
• Recomenda se também, nos demais 
casos de feridas perfurantes, transforma-
las em transfixantes por meio da 
progressão da ponta do anzol. 
 VIDROS 
• Diante de um corte por vidro, não é raro 
um fragmento do mesmo ficar incluído 
na ferida. 
• Nos ferimentos profundos, provocados 
por vidros pontiagudos, só o zelo do 
cirurgião poderá evitar sua permanencia 
no local. 
• Os sais de prata, usados na fabricação de 
e s p e l h o s , t o r n a m e s s e s o b j e t o s 
particularmente radiopacos e facilitam o 
diagnóstico radiológico. 
• Vidro provoca maior sensação da 
presença de CIE do que outros materiais. 
• Como material inerte, pode não ser 
retirado caso não produza sintomas, ou 
se estiver localizado em áreas de difícil 
remoção. 
 CORPOS ESTRANHOS DEIXADOS PELO MÉDICO 
• Gazes, usualmente usadas nos diferentes 
procedimentos confundem-se com os 
tecidos circunvizinhos, e camuflam-se, 
facilitando seu esquecimento. 
• Quando são mantidas as condições de 
esterilidade, tais CE podem permanecer, 
por longo tempo, sem causar sintomas e/
ou complicações. 
• Eventualmente, podem ser eliminados 
juntamente com um líquido de aspecto 
seroso. 
• Caso contrário, a formação de abscesso é 
inevitável. 
• O CE pode ser eliminado com o pus ou 
ficar retido e manter supuração crónica 
por tempo indeterminado, até que venha 
a ser retirado. 
• Além dos f ios , vár ios mater ia is 
introduzidos no organismo com 
finalidade terapêutica (p. ex. próteses) 
podem gerar problemas semelhantes, 
obrigando a sua remoção. 
 TRATAMENTO 
Dentre os fatores que mais interferem na 
opção terapêutica, três são os mais 
importantes: 
1. Natureza do CE; 
2. Órgão atingido; 
3. Ocorrência de complicações tardias. 
Observação: A problemática gerada pelo 
CE pode ter soluções clínicas e cirúrgicas. 
 TRATAMENTO CLÍNICO 
1. Analgésicos; 
2. Antibióticos; 
3. Antitetânicos; 
4. Repouso do segmento acometido; 
5. Drenagem postural para diminuir o 
edema. 
Observação: O estado imunitário relativo 
ao tétano, condicionado por vacinações 
anteriores, orientará quanto as medidas 
profiláticas específicas. 
 TRATAMENTO CIRÚRGICO 
• Se a operação que se propõe fazer pode 
potencialmente ser mais lesiva do que a 
presença do CE, o melhor é deixá-lo 
ficar. 
• Pacientes com tétano, recomenda-se a 
transformação do foco tetânico em ferida 
a b e r t a , c o m r e t i r a d a d o C E e 
d e s b r i d a m e n t o d o s t e c i d o s 
desvitalizados, no sentido de coibir a 
produção da toxina. 
• Um abscesso por CE sugere de imediato 
sua abertura ampla, com exposição da 
cavidade e evacuação de todo o material. 
N
Maria Vitória de Sousa Santos 
• Abscessos subungucais: Remover toda 
unha quando o pus se difundir por todo o 
leito ungueal, se o pus se restringe a uma 
arca mais distal da unha esta deverá ser 
removida em triangulo. 
• Fístulas: Não foi possível demonstrar a 
presença do CE por outros métodos 
diagnósticos. Às vezes, a simples e suave 
dilatação do orifício, auxiliada pela 
aspiração da secreção, revela a sua 
presença, e, com algum cuidado, o CE 
pode ser retirado.
A
Maria Vitória de Sousa Santos
MORDEDURAS DE ANIMAIS 
 INTRODUÇÃO 
• As mordeduras humanas e de animais 
domésticos e selvagens são comuns e 
r e p r e s e n t a m u m a p o r c e n t a g e m 
importante dos atendimentos médicos 
de urgência. Além de complicações 
agudas como sangramento e grandes 
lacerações, podem ocorrer infecções 
graves por espécies comuns e incomuns 
de bactérias. 
 PRINCIPAIS ANIMAIS ENVOLVIDOS 
1. Cães e gatos; 
2. Morcego; 
3. Animais de interesse comercial e de 
produção, como: bovinos, suínos, 
ovinos equinos e caprinos; 
4. Animais silvestres; 
5. Roedores; 
6. Entre outros. 
 CARACTERÍSTICAS DO FERIMENTO PROVOCADO 
• Após identificar o animal, é importante 
avaliar a característica do ferimento 
provocado, que pode ser classificado 
como leve ou grave, a depender do tipo, 
local, extensão, número de lesões e 
profundidade. 
Observação: É importante pontuar que 
t o d a l a m b e d u r a d e m u c o s a s e r á 
considerada um acidente grave. 
 AVALIAÇÃO CLÍNICA 
Após a identificação do animal agressor, é 
importante coletar alguns dados sobre ele: 
1. No momento do acidente, o animal 
estava saudável? 
2. Se sim, ele é passível de observação por 
10 dias? 
3. É animal domiciliado que não tem 
contato com outros animais? 
4. É procedente de área de risco para 
Raiva? 
 CUIDADOS COM O FERIMENTO 
• A conduta inicial é a lavagem com água e 
sabão. Também está indicada a aplicação 
de antissépticos. Preferencialmente, a 
ferida não deve ser suturada. Caso essa 
conduta não seja possível, deve-se 
apenas aproximar as bordas e aplicar o 
soro ou a imunoglobulina antirrábica 
uma hora antes do procedimento. 
Também é necessário fazer a vacina 
antitetânica e a antibioticoprofilaxia. 
 PROFILAXIA TETÂNICA 
Maria Vitória de Sousa Santos
 ESQUEMA DE TRATAMENTO PROFILÁTICO 
 ANTIRRÁBICO 
 ANTIBIOTICOPROFILAXIA 
O uso de antibiótico profilático está 
indicado de modo consensual se houver 
fatores de risco associados ao ferimento, 
como: 
1. Ferimentos em face e genitália, em 
m ã o s o u p r ó x i m o s a o s s o s e 
articulações; 
2. Ferimentos profundos ou laceração, 
especialmente por mordedura por 
gatos; 
3. Ferimentos moderados a graves 
associados a esmagamento; 
4. F e r i m e n t o s e m á r e a s c o m 
comprometimento venoso ou linfático; 
5. Ferimentos que necessitem de sutura; 
6. Ferimentos em imunocomprometidos; 
7. Lacerações submetidas a fechamento 
primário e feridas que requerem reparo 
cirúrgico. 
A medicação de escolha para profilaxia, 
quando a mordedura é causada por cães e 
gatos, é a amoxicilina-clavulanato. Para 
a d u l t o s , a m o x i c i l i n a - c l a v u l a n a t o 
(875+125mg) duas vezes ao dia por três a 
cinco dias, enquanto para as crianças, 
amoxicilina-clavulanato (400+57mg/5ml) 
22,5mg/kg pelo mesmo período de tempo. 
Se o animal agressor for um morcego ou 
gambá, a primeira escolha é a ampicilina 
seguida de tetraciclina. Ferimentos 
profundos tendem a necessitar de 
antibioticoterapia endovenosa e de 
extensão de tempo de tratamento. 
Maria Vitória de Sousa Santos 
ACIDENTES COM ANIMAIS 
PEÇONHENTOS 
 INTRODUÇÃO 
• Acidente ofídico ou ofidismo é o quadro 
de envenenamento decorrente da 
inoculação de toxinas através doaparelho inoculador (presas) de 
serpentes, levando a alterações na região 
da picada e à distância. 
 AGENTES CAUSAIS 
1. Bothrops: Jararaca, jararacuçu, 
urutu, caiçaca); 
2. Crotalus: Cascavel - presença de 
guizo ou choca- lho na extremidade 
caudal; 
3. Lachesis: Surucucu, pico-de-jaca; 
4. M i c r u r u s / e l a p í d i c o : C o r a l 
verdadeira. 
O b s e r v a ç ã o : O s t r ê s p r i m e i r o s 
apresentam a fosseta loreal, órgão 
termorregulador localizado entre o olho e a 
narina. 
 MECANISMO DE AÇÃO 
O s v e n e n o s o f í d i c o s p o d e m s e r 
c lassi f icados de acordo com suas 
atividades fisiopatológicas, cujos efeitos 
são observados em nível local (região da 
picada) e sistêmico: 
1. Atividade inflamatória aguda: 
Tem patogênese complexa, com a 
p a r t i c i p a ç ã o d e p r o t e a s e s , 
h i a l u r o n i d a s e s , f o s f o l i p a s e s e 
mediadores da resposta inflamatória. 
De ação imediata à inoculação do 
veneno no organismo, leva a lesões 
locais, como edema e dor, podendo 
evoluir com bolhas e necrose. 
2. A t i v i d a d e h e m o r r á g i c a : 
Hemorragias são causadas devido às 
lesões na membrana basal dos 
capilares, levando a manifestações 
hemorrágicas locais e sistêmicas. 
3. Atividade coagulante: Ativa a 
cascata de coagulação sobre fator X, 
protrombina e/ou trombina, com 
consumo de fibrinogênio, que pode 
ocasionar incoagulabilidade sanguínea, 
s e m e l h a n t e a o d a c o a g u l a ç ã o 
intravascular disseminada. 
4. A t i v i d a d e n e u r o t ó x i c a : 
Neurotoxinas de ação pré-sináptica 
atuam nas terminações nervosas, 
inibindo a liberação de acetilcolina na 
placa motora, enquanto neurotoxinas 
de ação pós-sináptica impedem a 
ligação da acetilcolina no sítio receptor 
da placa mioneural. O resultado é o 
bloqueio neuromuscular e consequente 
paralisia motora. 
chocalho
D
Maria Vitória de Sousa Santos 
5. Atividade miotóxica : Produz 
rabdomiólise, levando à liberação de 
enzimas musculares e pigmento de 
mioglobina que apresenta ação 
nefrotóxica 
 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
 ACIDENTE BOTRÓPICO 
6. Local: Após a picada, há sangramento 
pelos orifícios de inoculação em 
pequena quantidade, e o local 
apresenta edema e dor. Pode ser 
observada equimose na região da 
picada, bastante tênue nas primeiras 
horas, e mais evidente no dia seguinte 
à picada, observando-se, também, em 
área de drenagem linfática regional. 
Bolhas podem surgir. 
7. S i s t ê m i c o : I n c o a g u l a b i l i d a d e 
sanguínea é a alterações sistêmica mais 
frequente. Equimose (loca e regional) e 
sangramentos espontâneos, como 
gengivorragia, epistaxe e hematúria, 
podem ocorrer. Acidentes causados por 
serpentes filhotes podem evoluir com 
quadro local discreto ou mesmo 
ausente, porém com alteração na 
c o a g u l a ç ã o m a i s i m p o r t a n t e . 
H e m a t ê m e s e , e n t e r o r r a g i a , 
sangramento em sistema nervoso 
central, hipotensão e choque são mais 
raros. 
8. Complicações: Podem ser locais ou 
sistêmicas: 
- Infecções : Abscesso, celulite e 
erisipela na região da picada 
ocorrem, principalmente, nos casos 
moderados ou grave. As bactérias 
mais frequentemente isoladas dos 
abscessos pertencem ao grupo dos 
bacilos gram-negativos, dentre os 
quais se destaca a Morganella 
morganii. 
- Necrose: É mais comum quando o 
acidente ocorre nos dedos e em 
m e m b r o o n d e f o i a p l i c a d o 
torniquete. 
- Síndrome compartimental: É uma 
compl icação mais rara , que 
geralmente ocorre nas primeiras 24 
horas após a picada. O quadro é 
decorrente da compressão do feixe 
vásculo-nervoso, causada pelo 
edema acentuado. 
- Lesão renal aguda (LRA): Pode 
estar associada à hipovolemia 
(decorrente de sangramento ou 
sequestro de líquidos na região 
picada), hipotensão/choque ou 
coagulopatia de consumo. A lesão 
mais comum é a necrose tubular 
aguda e, mais raramente, a necrose 
cortical. A LRA é comumente 
oligúrica e se apresenta de forma 
precoce. 
 ACIDENTE LAQUÉTICO 
• As manifestações, tanto locais como 
sistêmicas, são indistinguíveis do quadro 
desencadeado pelo veneno botrópico. A 
diferenciação clínica se faz quando, nos 
acidentes laquéticos, estão presentes 
alterações vagais, como náuseas, 
vômitos, cólicas abdominais, diarreia, 
hipotensão e choque. 
 ACIDENTE CROTÁLICO 
alteração 
Complicações:
(local e regional) e 
Maria Vitória de Sousa Santos 
1. Manifestações locais: lterações 
pouco proeminentes na região da 
picada como dor parestesia local ou 
regional, que pode persistir por tempo 
variável, podendo ser acompanhada de 
edema discreto ou eritema no ponto da 
picada.. 
2. Manifestações sistêmicas: 
- Gerais: Mal-estar, prostração, 
sudorese , náuseas , vômitos , 
sonolência ou inquietação e secura 
n a b o c a p o d e m a p a r e c e r 
precocemente e estar relacionadas a 
estímulos de origem diversas, nos 
quais devem atuar o medo e a 
tensão emocional desencadeados 
pelo acidente. 
- Neurológicas: Decorrem da ação 
neurotóxica do veneno; surgem nas 
primeiras horas após a picada e 
caracterizam o fácies miastênica 
(fácies neurotóxica de Rosenfeld), 
evidenciadas por ptose palpebral 
uni ou bilateral, f lacidez do 
diâmetro pupilar, incapacidade de 
movimentação do globo ocular 
(oftalmoplegia), podendo existir 
dificuldade de acomodação (visão 
turva) e/ou visão dupla (diplopia). 
C o m o m a n i f e s t a ç õ e s m e n o s 
frequentes, pode-se encontrar 
p a r a l i s i a v e l o p a l a t i n a c o m 
d i f i c u l d a d e à d e g l u t i ç ã o , 
diminuição do reflexo do vômito, 
alterações do paladar e olfato. 
- Musculares: A ação miotóxica 
p r o v o c a d o r e s m u s c u l a r e s 
generalizada (mialgias) que podem 
aparecer precocemente. A fibra 
muscular esquelética lesada libera 
quantidade variáveis de mioglobina 
q u e é e x c r e t a d a p e l a u r i n a 
(mioglobinúria), conferindo-lhe 
uma cor avermelhada ou de 
tonalidade mais escura até marrom, 
A mioglobinúria const i tu i a 
manifestação clínica mais evidentes 
d a n e c r o s e d a m u s c u l a t u r a 
esquelética (rabdomiólise). 
- Distúrbios da Coagulação: Pode 
haver incoagulabilidade sanguínea 
o u a u m e n t o d o t e m p o d e 
c o a g u l a ç ã o ( T C ) , e m 
a p r o x i m a d a m e n t e 4 0 % d o s 
p a c i e n t e s , o b s e r v a n d o – s e , 
raramente, sangramentos restritos 
às gengivas (gengivorragia). 
- Manifestações clinicas pouco 
f r e q u e n t e s : I n s u f i c i ê n c i a 
respiratória aguda, fasciculações e 
paralisia de grupos musculares têm 
sido relatadas. Tais fenômenos são 
interpretados como decorrentes da 
atividade neurotóxica e/ou da ação 
miotóxica do veneno. A lesão renal 
aguda tende a ser do tipo não-
oligúrica (débito urinário pode estar 
preservado) e tardia (acompanhar 
evolução dos níveis séricos de 
creatinina). 
 ACIDENTE ELAPÍDICO 
1. Manifestações locais: Alterações 
pouco proeminentes na região da 
picada com uma discreta dor local, 
geralmente acompanhada de parestesia 
com tendência a progressão proximal. 
2. M a n i f e s t a ç õ e s s i s t ê m i c a s : 
I n i c i a l m e n t e , o p a c i e n t e p o d e 
apresentar vômitos, fraqueza muscular 
progressiva, ocorrendo ptose palpebral, 
oftalmoplegia e a presença da fácies 
miastênica ou neurotóxica. Associadas 
a estas manifestações, podem surgir 
dificuldades para manutenção da 
posição ereta, mialgia localizada ou 
generalizada e dificuldades para 
deglutir em virtude da paralisia do véu 
palatino. 
AlteraçõesMaria Vitória de Sousa Santos 
 TRATAMENTO 
• O tratamento é feito com a aplicação do 
soro (antiveneno) específico para cada 
tipo de acidente e de acordo com a 
gravidade do envenenamento. 
• A aplicação dos soros deve ser feita por 
via intravenosa, podendo ser diluído ou 
não, em solução fisiológica ou glicosada. 
Maria Vitória de Sousa Santos 
ATENDIMENTO INICIAL AO QUEIMADO 
 QUEIMADURAS 
• As queimaduras são lesões nos tecidos 
produzidas por uma agressão cutânea de 
qualquer fonte de energia, seja térmica, 
química ou elétrica. A queimadura 
interrompe a continuidade da pele, 
destruindo a primeira barreira do corpo 
contra agentes infecciosos, além de 
alterar a homeostase hidroeletrolítica, 
controle da temperatura interna, 
flexibilidade e lubrificação da superfície 
corporal, que são funções exercidas pela 
pe le . Portanto , a magni tude do 
comprometimento dessas funções 
depende da extensão e profundidade da 
queimadura. 
 FISIOPATOLOGIA 
A área de lesão cutânea ou superficial foi 
dividida em três zonas – zona de 
coagulação, zona de estase e zona de 
hiperemia.  
1. Zona de coagulação: Esse tecido é 
danificado irreversivelmente no 
momento em que ocorre a lesão. É 
onde as células foram destruídas. 
2. Zona de estase: Adjacente à zona 
necrótica, tem um grau de lesão 
moderado, com perfusão tissular 
reduzida. Dependendo das condições 
da ferida, pode sobreviver ou evoluir 
para necrose de coagulação. A zona de 
estase está associada a dano vascular 
com extravasamento de fluidos.  
3. Zona de hiperemia: Caracterizada 
pela vasodilatação em razão da 
i n f l a m a ç ã o c i r c u n j a c e n t e à 
queimadura. Essa região contém o 
tecido claramente viável do qual se 
inicia o processo de cicatrização e, 
geralmente, não tem risco de necrose 
adicional. 
 CLASSIFICAÇÃO 
 AGENTE CAUSADOR 
1. Térmicas: São as mais frequentes e 
que resultam da transferência de 
energia de uma fonte de calor para o 
organismo. Podem ser provocadas por 
calor seco ou úmido (água quente, 
vapor de água, fogo,..) 
2. Químicas: Podem ser provocadas por 
ácidos ou bases que quando absorvidos 
podem provocar lesão para órgãos 
internos. O grau de destruição dos 
tecidos depende da natureza do agente 
químico, da sua concentração e da 
duração de contacto com a pele. 
3. Elétricas: Podem ser causadas por 
disparos elétricos ou pela passagem 
direta de corrente elétrica através do 
corpo. O primeiro produz queimaduras 
idênticas às térmicas. O segundo 
apresenta uma porta de entrada (local 
de contato com a corrente elétrica) e 
uma porta de saída (local de saída de 
corrente após uma trajetória pelo 
corpo). 
4. Biológicos: Animais: lagarta-de-fogo, 
água-viva, medusa, etc. e vegetais : o 
látex de certas plantas, urtiga, etc. 
5. Radiação : S ã o c a u s a d a s p e l a 
transferência de radiação para o corpo. 
A mais comum é a radiação solar. 
6. Inalatória: Lesão causada por calor, 
em que existe inalação de monóxido de 
carbono ou fumo (que contém outros 
diferentes tipos de gases). 
 SEGUNDO A PROFUNDIDADE 
1. P r i m e i r o G r a u : L i m i t a d a s à 
epiderme, manifestando-se por 
e r i t e m a e d o r m o d e r a d a , n ã o 
o c o r r e n d o b o l h a s n e m 
comprometimento de anexos cutâneos. 
Apresenta tempo de recuperação de 
3-6 dias. 
2. Segundo Grau: Comprometem toda 
epiderme parte da derme, são muito 
dolorosas, com superfície rosada ou 
branca, úmida e com bolhas. A pele se 
mostra seca, com coloração rosa 
p á l i d o , p o d e n d o c o m p r o m e t e r 
vascularização. Pode apresentar dor 
moderada. Apresenta tempo de 
Maria Vitória de Sousa Santos 
recuperação de 
10-21 dias. 
3. Terceiro Grau: 
C o m p r o m e t e 
epiderme, derme 
e hipoderme. A 
á r e a p o d e s e r 
t a n t o p á l i d a 
quanto vermelho-
a m a r e l a d a o u 
negra. Costuma 
não apresentar 
dor. Necessita de 
e n x e r t o o u 
retalho. 
 SEGUNDO A EXTENSÃO 
Superfície corpórea queimada – SCQ: 
1. Regra dos nove (Wallace): Usado 
no atendimento inicial na emergência. 
É atribuído, a cada segmento corporal, 
o valor nove (ou múltiplo dele): 
- Cabeça - 9% 
- Tronco frente - 18% 
- Tronco costas - 18% 
- Membros superiores - 9% cada 
- Membros inferiores - 18% cada 
- Genitais - 1% 
2. R e g r a d a p a l m a d a m ã o : 
Geralmente a palma da mão de um 
indivíduo representa 1% de sua 
superfície corporal. Assim pode ser 
e s t i m a d a a e x t e n s ã o d e u m a 
queimadura, calculando-se o “número 
de palmas”. É destinado a queimaduras 
menores que 10% e maiores que 90%. 
 SEGUNDO A COMPLEXIDADE 
1. Pequeno Queimado: 
- Queimaduras 1º grau (qualquer 
percentagem); 
- 2º grau até 5% SCQ em menores 
que 12 anos; 
- 2° grau até 10% SCQ em maiores 
que 12 anos. 
2. Médio Queimado: 
- 2º grau 5-15% SCQ em menores de 
12 anos; 
- 2º grau 10-20% SCQ em maiores de 
12 anos; 
- Qualquer queimadura de 2º grau 
em mão, pé, face, pescoço, axila ou 
grande articulação em qualquer 
idade; 
- Queimadura 3º grau que não 
envolvam face, mão, períneo ou pé, 
e que envolva até 5% SCQ em 
crianças menores de 12 anos 
- Queimadura 3º grau que não 
envolvam face, mão, períneo ou pé, 
e que envolva até <10% SCQ em 
maiores de 12 anos. 
3. Grande queimado: 
- 2º grau em > 15% SCQ em menores 
que 12 anos 
- 2° grau em >20% SCQ em maiores 
que 12 anos. 
- Queimadura de 3º grau >5% SCQ 
em menores de 12 anos; 
- Queimadura de 3° grau >10% SCQ 
em maiores de 12 anos; 
- 2º ou 3º grau acometendo períneo 
em qualquer idade; 
- 3º grau atingindo mão, pé, face, 
pescoço ou axila em qualquer idade; 
- Queimadura elétrica, qualquer 
acomet imento de v ia aérea , 
politrauma, paciente com outras 
comorbidades; 
- Queimadura de qualquer extensão 
associado a: 
A. Lesão inalatória; 
B. Politrauma; 
C. Fratura óssea em qualquer 
localização; 
D. Trauma craniano (diagnosticado 
por exames radiológicos ou por 
quadro clínico); 
E. Choque de qualquer origem; 
F. Insuficiência renal; 
G. Insuficiência cardíaca; 
H. Insuficiência hepática; 
I. Diabetes; 
Maria Vitória de Sousa Santos 
J. Distúrbios da coagulação e 
hemostasia; 
K. Embolia pulmonar; 
L. Infarto agudo do miocárdio; 
M. Quadros infecciosos graves 
d e c o r r e n t e s o u n ã o d a 
queimadura (que necessitem 
antibioticoterapia venosa); 
N. Síndrome compartimental ou do 
túnel do carpo, associada ou não 
à queimadura; 
O. Doenças consuptivas; 
P. Qualquer outra afecção que 
possa ser fator de complicação à 
lesão ou ao quadro clínico da 
queimadura. 
 INDICAÇÕES DE INTERNAÇÃO 
1. Queimaduras de 2° grau com SCQ ≥ 
10%; 
2. Áreas nobres do corpo; 
3. Queimaduras de 3° grau em qualquer 
faixa etária; 
4. Q u e i m a d u r a s e l é t r i c a s e p o r 
relâmpagos; 
5. Queimaduras químicas; 
6. Injúria inalatória; 
7. Doenças preexistentes que possam 
complicar a evolução, retardar a cura 
ou aumentar a mortalidade; 
8. Traumas associados no qual a 
queimadura ofereça maior risco de 
morbidade ou mortalidade; 
9. Crianças queimadas em hospitais sem 
pessoal qualificado ou equipamento 
para o cuidado de crianças; 
10. P a c i e n t e s q u e i r ã o r e q u e r e r 
intervenção especial para reabilitação 
social, emocional ou por longos 
períodos. 
 CRITÉRIOS DE TRANSFERÊNCIA PARA UNIDADE DE 
 TRATAMENTODE QUEIMADURAS 
1. Queimaduras de 2o grau em áreas 
maiores que 20% SCQ em adultos; 
2. Queimaduras de 2o grau maiores de 
10% SCQ, em crianças ou maiores de 
50 anos; 
3. Queimaduras 3o grau em qualquer 
extensão; 
4. Lesões em face, olho, períneo, mão, pé 
e grande articulação; 
5. Queimadura elétrica; 
6. Queimadura química; 
7. L e s ã o i n a l a t ó r i a , o u l e s ã o 
circunferencial de tórax ou de 
membros; 
8. Doenças associadas, auto-extermínio, 
politrauma, maus tratos ou situações 
sociais adversas. 
 CUIDADOS IMEDIATOS 
1. Parar o processo da queimadura: 
- Afastar o paciente da fonte causadora 
da lesão; 
- Retirar acessórios que possam estar 
aquecidos; 
- Neutralizar o calor com água corrente 
por 15 minutos; 
- Não usar gelo; 
2. Politrauma: Estabilizar coluna cervical; 
3. Incêndio: Remoção da vítima para 
lugar arejado; 
4. Não romper flictenas; 
5. Não usar produtos caseiros sobre as 
lesões; 
6. Não remover imediatamente agentes 
aderentes (ex:piche): 
7. Proteger a ferida com gaze ou pano 
limpo. 
PRIMEIRO ATENDIMENTO NA SALA DE EMERGÊNCIA 
1. H i s t ó r i c o m é d i c o : U s a r o 
Mnemônico “ARDEU”: 
- A - Alergias? 
- R - Remédios? 
- D - Doenças prévias, Doenças 
atuais, Data da última menstruação 
(gravidez?) 
- E - Eventos relacionados com a 
lesão? 
- U - Última refeição? 
2. Realizar o ABCDE do Trauma: 
- A: Avaliar presença de corpos 
estranhos, verificar e retirar 
qualquer tipo de obstrução. 
- B: Aspirar as vias aéreas superiores, 
se necessário. Administre oxigênio 
a 100% (máscara umidificada) e, na 
suspei ta de intox icação por 
monóxido de carbono, mantenha a 
02 por no mínimo três horas. 
Suspeita de lesão inalatória: 
queimadura em ambiente fechado, 
face acometida, rouquidão, estridor, 
escarro carbonáceo, dispnéia, 
Maria Vitória de Sousa Santos 
q u e i m a d u r a n a s v i b r i s s a s , 
i n s u f i c i ê n c i a r e s p i r a t ó r i a . 
Cabeceira elevada (30°). Intubação 
orotraqueal = Escala de coma 
Glasgow<8, PaO2 <60, PaCO2>55 
na gasometria, dessaturação<90 na 
oximetria, edema importante de 
face e orofaringe. 
- C: Qualquer vítima com mais de 
20% de SCQ necessita de reposição 
volêmica. Como todo trauma deve-
se estabelecer 2 acessos calibrosos e 
infundir Ringer lactato usando a 
fórmula de Parkland de 2-4 ml/kg /
%SCQ desse total metade deve ser 
infundido nas primeiras 8 horas da 
queimadura e o restante nas outras 
16 horas. Lembrar que deve-se 
monitorar d iurese para que 
permaneça entre 0,5-1 ml/kg/h. 
- D: Estado neurológico. Avaliar pela 
escala de Glasgow 
- E: Exposição de toda superfície 
corporal. Este passo é muito 
importante, uma vez que permite 
identificar o tipo de queimadura e a 
profundidade da lesão. 
3. A c e s s o v e n o s o : O b t e r 
preferencialmente acesso venoso 
periférico e calibroso mesmo em área 
queimada. Somente na impossibilidade 
desta, utilizar acesso venoso central. 
 TRATAMENTO DA DOR: USO DA VIA INTRAVENOSA 
1. Adultos: Dipirona - 500 mg a 01 
grama EV Morfina- 1ml(10mg) diluída 
em 9 ml SF 0,9% Solução 1ml=1mg, 
dar até 01mg para cada 10kg de peso. 
2. Crianças: Dipirona – 15 – 25 mg/kg 
EV; Morfina= 0,1mg/kg/dose (solução 
diluída). 
 GRAVIDADE DA QUEIMADURA 
1. Extensão/Profundidade > 20% de SCQ 
em adultos ou > 10% em crianças; 
2. Idade (<3a ou >65a); 
3. Lesão Inalatória; 
4. Politrauma e doenças associadas; 
5. Queimadura química e Trauma elétrico 
6. Áreas nobres/especiais; 
7. V i o l ê n c i a , m a u s t r a t o s , a u t o -
extermínio e outras. 
 CÁLCULO DE HIDRATAÇÃO 
Fórmula de Parkland = 2 a 4ml x %SCQ x 
Peso(kg). 
Observação: Soluções Cristalóides 
(Ringer com lactato) 50% infundido nas 
primeiras 8h e 50% nas 16h seguintes. 
Exemplo: Paciente 40 anos, 60kg vítima 
de escaldadura. com 30% SCQ de 2° e 3°, 
há 2 horas: 
Volume total RL = 2 x SCQ(%) x Peso (Kg) 
Volume total RL = 2 x 30 (SCQ) x 60 (P) = 
3600 ml. 
- 1° etapa: 1800ml em 6 horas = 
300ml/hora. 
- 2° etapa: 1800ml em 16 horas = 
112,5ml/hora. 
 MEDIDAS GERAIS E TRATAMENTO DA FERIDA 
1. Dieta; 
2. Hidratação venosa; 
3. Evitar antibioticoterapia sistêmica 
profilática; 
4. Analgesia; 
5. Proteção gástrica; 
6. Profilaxia tromboembolismo; 
7. Prevenção antitetânica; 
8. Sondas e cateteres; 
9. Curativos; 
10. O r i e n t a ç õ e s p a r a e n f e r m a g e m 
(oxigênio, nebulização, coleta de 
exames); 
11. Posicionamento do paciente no leito; 
12. Fisioterapia. 
 CIRURGIAS NO PACIENTE QUEIMADO 
1. D e s b r i d a m e n t o s d e t e c i d o s 
desvitalizados; 
2. Enxertias de pele; 
3. Retalhos; 
4. Escarotomias (remoção de tecidos 
desvitalizados); 
5. Fasciotomias (fáscia muscular é 
cortada para aliviar a pressão). 
 SINAIS DE INFECÇÃO NA QUEIMADURA 
Maria Vitória de Sousa Santos 
São considerados sinais e sintomas de 
infecção em queimadura: 
1. Mudança da coloração da lesão. 
2. Edema de bordas das feridas ou do 
segmento corpóreo afetado. 
3. Aprofundamento das lesões. 
4. Mudança do odor (cheiro fétido). 
5. Descolamento precoce da escara seca e 
transformação em escara úmida. 
6. Coloração hemorrágica sob a escara. 
7. Celulite ao redor da lesão. 
8. Vasculite no interior da lesão (pontos 
avermelhados). 
9. Aumento ou modificação da queixa 
dolorosa.
Maria Vitória de Sousa Santos 
INFECÇÕES BACTERIANAS DE PELE E 
TECIDO CELULAR SUBCUTÂNEO 
 INTRODUÇÃO 
• As infecções bacterianas da pele são 
condições causadas pela invasão e 
proliferação de bactérias na pele, 
podendo afetar diversas camadas da 
epiderme e, em alguns casos, tecidos 
mais profundos. Essas infecções podem 
resultar de lesões na pele, cortes, 
arranhões, picadas de insetos ou outras 
condições que comprometem a barreira 
cutânea. 
 FUNÇÕES DA PELE 
1. Barreira protetora física contra agentes 
externos; 
2. Regulação da temperatura corporal 
através da transpiração, contribuindo 
para a homeostase térmica; 
3. Receptores sensitivos ao toque, 
pressão, temperatura e dor; 
4. Síntese de vitamina D; 
5. Sistema imunológico inato, agindo 
como uma primeira linha de defesa 
contra invasores patogênicos; 
6. Regulação hídrica, armazenando água 
e prevenindo a perda excessiva de 
fluidos; 
7. Proteção contra a radiação ultravioleta 
(UV). 
 PRINCIPAIS INFECÇÕES DE PELE 
Dentre as principais infecções de pele é 
possível citar: 
1. Linfangite; 
2. Erisipela; 
3. Celulite; 
4. Impetigo; 
5. Foliculite; 
6. Hordéolo ou Terçol; 
7. Furúnculo e Antraz; 
8. Carbúnculo. 
 LINFANGITE 
1. Conceito: É uma infecção aguda 
b a c t e r i a n a ( e m g e r a l , p o r 
estreptococos) dos canais linfáticos. 
2. Agentes etiológicos: 
- Viral (vírus do ORF); 
- B a c t e r i a n o ( E s t r e p t o c o c o , 
E s t a f i l i c o c o , P s e u d o m o n a s , 
Escherichia, Serratia, Proteus, 
Salmonella, Micobactérias); 
- Fungos (paracoco, histoplasma, 
criptococo); 
- Parasitas (Leishmania, Wuchereria 
bancrofti) 
3. Contaminação: Patógenos penetram 
os canais linfáticos a partir de abrasão, 
ferimento ou infecção coexistente (em 
geral, celulite). Os pacientes com 
linfedema subjacente estão em risco 
especial. 
4. Quadro clínico: Os sintomas incluem 
estrias eritematosas, irregulares, 
quentes e sensíveis que se desenvolvemem uma extremidade. Eritema, 
dermite, celulite e erisipela; Evolução 
centrípeta e presença de linfonodos 
regionais. Manifestações sistêmicas 
(p.  ex., febre, taquicardia, crises de 
calafrios, cefaleia) podem ocorrer e ser 
mais intensas do que demonstram os 
achados cutâneos. 
5. Diagnóstico: O diagnóstico é clínico. 
6. Tratamento: É geralmente com 
antibióticos antiestreptocócicos. 
 ERISIPELA 
1. Conceito: Infecção aguda da pele 
envolvendo a derme e o subcutâneo. É 
uma celulite superficial aguda. 
2. Agente etiológico: Streptococcus 
pyogenes-beta-hemolítico grupo A. 
Muito raramente, quadros clínicos 
semelhantes podem ser produzidos por 
StaphyIococus aureus assim como 
Streptococcus pneumoniae, Klebsiella 
pneumoniae, Yersinia enterocolitica e 
Haemophilus influenzae. 
3. Modo de transmissão: A penetração 
do estreptococo na pele ocorre por 
soluções de continuidade. São portas 
de entrada freqüentes nos membros 
Maria Vitória de Sousa Santos 
inferiores as úlceras de perna e 
dermatomicoses interdigitais. 
4. Quadro clínico: Se caracteriza por 
febre, anorexia, calafrios, outros 
sintomas gerais, leucocitose e na área 
acometida, há eritema-rubro, edema, 
dor e aumento da temperatura, com 
borda nítida. Dessa placa podem ter 
origem faixas eritematosas ao longo do 
trajeto de vasos linfáticos (linfangites). 
V e s í c u l a s e b o l h a s p o d e m s e r 
observadas - erisipela bolhosa. As áreas 
comprometidas são em geral membros 
inferiores, face ou abdome. 
5. Diagnóstico: Clínico. Alguns exames 
laboratoriais podem ser solicitados 
para confirmar a doença e afastar 
alguns diagnósticos diferenciais. O 
hemograma mostra leucocitose com 
desvio a esquerda, mas pode ser 
n o r m a l , p r i n c i p a l m e n t e e m 
imunocomprometidos. PCR, VHS e 
antiestrel tol is ina O podem ser 
solicitados. 
6. Tratamento: Utiliza-se a penicilina-
procaína na dose de 400 a 600.000 U, 
Intramuscular, de 12 em 12 h em 
função de seu baixo custo e extrema 
eficácia, ou, nos casos mais graves, 
penicilina cristalina na dose de 
3.000.000 U, Intravenosa, de 4 em 4 
h. Medidas gerais, que incluem 
repouso com membros elevados, 
compressas frias e desbridamento, caso 
necessário, uso de AINES e corticoides. 
7. Complicações : L i n f e d e m a o u 
elefantíase como consequência dos 
surtos recidivantes. 
8. Sinais de alerta: 
- Sinais de choque séptico; 
- Necrose cutânea (fasciite); 
- E n v o l v i m e n t o i n f e c c i o s o d e 
articulação; 
- Cirurgia com prótese (material 
h e t e r ó g e n o ) r e c e n t e n a 
extremidade envolvida; 
- Gangrena gasosa; 
- Piomiosite; 
- Síndrome compartimental. 
 CELULITE 
1. Conceito: Caracteriza-se por uma 
i n f l a m a ç ã o d o t e c i d o c e l u l a r 
subcutâneo, com ligeiro envolvimento 
da derme, não atingindo a epiderme. 
2. Agentes etiológicos: Os agentes 
e t i o l ó g i c o s m a i s c o m u n s s ã o 
S t r e p t o c o c c u s p y o g e n e s e 
S t a p h y l o c o c c u s a u r e u s , m a i s 
raramente Streptococcus pneumoniae. 
A celulite causada por Staphylococcus 
aureus é, regra geral, mais localizada e 
m a i s r a p i d a m e n t e s u p u r a t i v a . 
Streptococcus pyogenes tem uma 
d i s t r i b u i ç ã o m a i s d i f u s a , e 
sintomatologia sistémica mais grave. 
3. Modo de transmissão: Ferimentos 
prexistentes (p. ex., úlceras, erosões) e 
tinha dos pés muitas vezes são portas 
de entrada. 
4. Fatores de risco: Ruptura da 
barreira cutânea devido a trauma. 
Esses traumas podem ser como 
abrasão, ferida penetrante, úlcera de 
pressão, úlcera venosa da perna, picada 
de inseto, uso de drogas injetáveis; 
Inflamação (eczema, radioterapia); 
I n f e c ç ã o d e p e l e p r e e x i s t e n t e 
(impetigo, tinea pedis)  ; Insuficiência 
venosa; Edema devido à drenagem 
linfática prejudicada; Obesidade; 
Imunossupressão (como diabetes ou 
infecção por HIV). 
5. Quadro clínico: A área afectada 
apresenta-se edemaciada, eritematosa, 
quente, dolorosa e de limites mal 
definidos. A presença de vesículas, 
bolhas, pústulas ou tecido necrótico 
caracteriza infecção grave. Febre, 
calafrios, mal-estar, calor, edema, dor e 
linfadenopatia regional podem estar 
associados. 
antiestreptolisina O podem ser solicita-
dos.
Maria Vitória de Sousa Santos 
6. Diagnóstico: Clínico. Em casos de 
dúvida, exame de imagem como 
ultrassonografia de alta frequência, 
biopsia cutânea e cultura para 
identificação do agente infeccioso 
podem auxiliar no diagnóstico. A 
hemocultura geralmente é negativa, 
com exceção da infecção por H. 
influenzae, que também cursa com 
leucocitose importante. Hemograma: 
Com desvio a esquerda. 
7. Tratamento: Para celulite não 
purulenta (5-10 dias): Dicloxacilina 
500 mg VO de 6/6 horas; Cefalexina 
500 mg VO de 6/6 horas; Clindamicina 
300-450 mg VO a cada 6-8 horas. Para 
celulite purulenta (5-14 dias): Deve 
cobrir S. aureus resistentes à meticilina 
(MRSA): Dicloxacilina 500 mg VO de 
6/6 horas; Cefalexina 500 mg VO de 
6/6 horas; Clindamicina 300-450 mg 
VO a cada 6-8 horas. A elevação e a 
imobilização do membro envolvido 
para reduzir o edema são medidas 
adjuntas. 
 IMPETIGO 
1. Conceito: O impetigo é uma infecção 
bacteriana comum emsuperficial 
(epiderme). 
2. Agente etiológico: Staphylococcus 
aureus (plasmo-coagulase positivo) e 
Streptoccocus pyogenes, isoladas ou 
associadas. 
3. Modo de transmissão: A partir dos 
focos de colonização das bactérias nas 
narinas do próprio paciente ou de 
portador assintomático; 
4. Tipos: 
- Impetigo bolhoso: Vesículas e 
bolhas desenvolvem-se em pele 
normal, sem eritema ao redor. As 
lesões localizam-se no tronco, face, 
mãos , áreas inter tr ig inosas , 
tornozelo ou dorso dos pés, coxas e 
nádegas. O conteúdo seroso ou 
s e r o - p u s t u l e n t o d e s s e c a - s e , 
resultando em crosta amarelada 
que é característica do impetigo. 
Quando não tratada tem tendência 
à disseminação. A lesão inicial 
muitas vezes é referida como se 
fosse uma bolha de queimadura de 
cigarro. 
- I m p e t i g o n ã o b o l h o s o : 
Geralmente inicia-se com lesões 
eritematosas seguida da formação 
de vesículas e pústulas que se 
rompem rapidamente formando 
áreas erosadas com as típicas 
crostas de coloração amarelada. 
Localizam-se preferencialmente na 
face, braços, pernas e nádegas. É 
comum a presença de lesões 
satélites que ocorrem por auto-
inoculação. As lesões do impetigo 
duram dias ou semanas. Quando 
não tratadas podem envolver a 
derme o que constitui o ectima, com 
u l c e r a ç ã o e x t e n s a e c r o s t a 
hemorrágica. 
⑲
Maria Vitória de Sousa Santos 
5. Diagnóstico: Clínico. Culturas 
bacterianas podem ser feitas a partir de 
material coletado na região infectada 
geralmente são positivas para S. aureus 
ou estreptococos. 
6. Tratamento: Remoção e limpeza, 
duas a três vezes ao dia, das crostas 
com água e sabão ou água ou água de 
Alibour forte, diluída a 10 ou 20%. Em 
seguida, aplica-se pomada ou creme de 
antibiótico, sendo preferíveis os de uso 
tópico exclusivo e de baixo poder 
sensibilizante, como a mupirocina ou 
ácido fusídico, de 2 a 3 vezes por dia. 
Quando há lesões disseminadas, é 
conveniente a administração de 
antibiótico via sistêmica, do tipo pe- 
nicilina comum ou semissintéticas e 
penicilinase-resistentes, como a 
oxacilina. As cefalosporinas são tam- 
b é m i n d i c a d a s . A n t i b i ó t i c o s 
macrolídeos como a eritromicina são 
eficazes, indicados em pacientes alér- 
gicos à penicilina. 
7. Complicações: Glomerulonefrite, 
septicemias. 
 FOLICULITE 
1. Conceito: Foliculite é uma condição 
da pele que ocorre quando os folículospilosos (estrutura onde os pelos e 
cabelos crescem) ficam inflamados. 
Geralmente, essa inflamação é causada 
por uma infecção bacteriana, fúngica 
ou viral. 
2. Agentes etiológicos: 
- I n f e c ç õ e s b a c t e r i a n a s : 
Staphylococcus Aureus; 
- Infecções fúngicas: Isso é mais 
comum em áreas quentes e úmidas; 
- Infecções virais: Herpes Simplex. 
3. Quadro clínico: Surgimento de 
espinhas vermelhas, com ou sem pus, 
edema na área afetada, prurido, 
sensação de ardor, descamação da pele 
e dor. 
4. Tipos: 
- Foliculite superficial: É uma 
doença que abrange crianças e 
adultos, que afeta somente a parte 
superior do folículo piloso, e que se 
apresenta como uma pequena 
pústula folicular, que após ruptura e 
dissecação forma crosta, não 
interferindo no crescimento do pelo 
ou cabelo. Na maioria das vezes as 
lesões são numerosas, geralmente 
localizando-se no couro cabeludo, 
extremidades, pescoço, tronco e 
raramente nas nádegas. A duração 
dessas lesões é de alguns dias, 
podendo tornar-se crônicas. 
- Foliculite profunda: É uma 
c o m p l i c a ç ã o d a f o l i c u l i t e 
superficial, caracterizada por áreas 
avermelhadas, presença de nódulo 
endurecido e pus no centro. As 
áreas apresentam-se sensíveis, 
doloridas, podendo ter a formação 
de furúnculos e cicatrizes. Neste 
estágio a infecção é grave, por se 
estender por todo o folículo e raiz, 
podendo levar a destruição do 
folículo piloso. Qualquer pessoa 
pode ter foliculite, mas há alguns 
fatores de r isco: indiv íduos 
acometidos por patologias que 
diminuem a imunidade como na 
Maria Vitória de Sousa Santos 
diabetes, leucemia crônica e 
portadores de HIV. 
5. Tratamento: Cuidados com a pele e 
uso de antibióticos. No acometimento 
cutâneo extenso, há necessidade de 
antibióticos sistêmicos (p. ex. , 
cefalexina, 250 a 500 mg por via oral, 3 
a 4 vezes ao dia, por 10 dias). 
 TERÇOL OU HORDÉOLO 
1. Conceito: O terçol ou hordéolo é uma 
infecção bacteriana das glândulas 
sebáceas e sudoríparas, localizadas nas 
pálpebras. 
2. Q u a d r o c l í n i c o : A l e s ã o , 
arredondada em forma de nódulo, 
aparece na borda da pálpebra, perto 
dos cílios. Provoca dor, vermelhidão e 
calor no local. Geralmente, a lesão se 
r o m p e e e x p e l e s e u c o n t e ú d o 
i n f l a m a t ó r i o d e s a p a r e c e n d o 
espontaneamente. 
3. Diagnóstico: Clinica. No caso da 
blefarite (inflamação mais difusa), que 
pode ser condição predisponente para 
o terçol de repetição, é indicada a 
coleta de material das pálpebras para a 
análise microbiológica, permitindo 
diagnóstico etiológico e instituição de 
tratamento específico conforme 
resultado de antibiograma. 
4. T r a t a m e n t o : A p l i c a ç ã o d e 
compressas mornas, pomada combina 
de ATB e corticoide (ciprofloxacino/
cloranfenicol + dexametasona) aplicar 
na borda dos cílios 3 vezes ao dia por 
15 dias. Se abscesso volumoso: 
drenagem cirúrgica. 
 FURÚNCULO E ANTRAZ 
1. Introdução: Antraz (em inglês, 
carbuncle – “carbúnculo”) é um 
conjunto de furún- culos. O furúnculo e 
o antraz resul tam da infecção 
estafilocócica do folículo piloso e da 
glândula sebácea anexa. A infecção 
destrói esses anexos da pele e deixa 
cicatriz. O furúnculo e o antraz 
ocorrem somente em regiões onde há 
folículos pilossebáceos. 
2. Quadro clínico: O furúnculo inicia-se 
a partir de foliculite superficial, ou ab 
i n i t i o , c o m o n ó d u l o s i t u a d o 
profundamente. O antraz compromete 
mais que um folículo pilossebáceo. O 
nódulo do furúnculo é eritematoso, 
doloroso e quente. Após 2 a 4 dias, 
torna-se flutuante. Em seguida à 
ruptura do furúnculo, há eliminação do 
tecido necrosado que ocupa o seu 
centro, o carnicão. Os furúnculos 
ocorrem mais frequentemente em 
áreas pilosas sujeitas a maiores atrito e 
sudorese – pescoço, face, axilas, 
n á d e g a s . O s f u r ú n c u l o s o u a 
furunculose, que é a eclosão ou 
sucessão de múltiplos furúnculos, 
p o d e m c o m p l i c a r d e r m a t o s e s 
secundariamente infecta- das, como a 
furúnculos.
infectadas,
Maria Vitória de Sousa Santos 
pediculose e a escabiose. O antraz é o 
aparecimento simultâneo de múltiplos 
furúnculos em um mesmo local. A área 
apresenta-se eritematosa, edematosa, 
com múltiplos pontos de drena- gem 
de pus. 
3. Diagnóstico: Clínica e laboratório, 
fazem-se exame bacteriológico e 
antibiograma, mais com finalidade de 
orientar o tratamento do que para 
confirmação diagnóstica, já que o 
quadro clínico é típico. 
4. Tratamento: No início do furúnculo, 
são úte is compressas quentes , 
contribuindo para a evolução do 
quadro. Administração de antibiótico 
sistêmico é indicada. Após alguns dias, 
quando há o aparecimento do ponto 
central do abscesso, a drenagem é 
indicada, com espremedura mode- 
rada para a eliminação do carnicão. Na 
furunculose recidivante, os cuidados 
higiênicos são importantes. As vestes e 
os objetos de uso pessoal devem ser 
mantidos separados até que sejam 
c o n v e n i e n t e m e n t e l i m p o s e , 
eventualmente, desinfetados. As mãos 
e a face do paciente precisam ser 
rigorosamente limpas e deve-se usar, 
para todo o corpo, sabonete com 
triclosano a 1% ou outro antisséptico. É 
conveniente manter secas as regiões do 
corpo que geralmente ficam úmidas. 
Com esse objetivo, são usados 
desodorantes e antiperspirantes, além 
de loções contendo álcool. Essa medida 
é conveniente porque a sequidão inibe 
o crescimento de bactérias na pele. É 
importante a aplicação de antibióticos 
tópicos na região nasal, habitat 
frequente de estafilococos, a partir da 
qual há disseminação para a pele. As 
lesões abertas devem ser tratadas com 
antibióticos tópicos, mupirocina ou 
ácido fusídico e mantidas sob curativos 
oclusivos. 
5. Fatores predisponentes: Há fatores 
predisponentes externos, como exposi-
ção a agentes químicos industriais, 
particularmente óleos e pressão 
excessiva de roupas e cintos. 
 CARBÚNCULO 
1. Conceito: O carbúnculo é uma 
infecção potencialmente fatal pelo 
Bacillus anthracis, uma bactéria 
Gram-positiva em forma de bastonete. 
O carbúnculo pode afetar a pele, os 
pulmões ou, raramente, o trato 
digestivo (gastrointestinal). 
2. Modo de transmissão: Transmitido 
ao homem por manipulação de animais 
mortos ou higiene pobre. 
3. Quadro clínico: Sintomas incluem 
caroços e bolhas (após o contato da 
pele), dificuldade de respirar e dor no 
peito (após inalar os esporos), dor 
abdominal e diarreia com sangue (após 
c o m e r c a r n e c o n t a m i n a d a ) . O 
carbúnculo de pele apresenta um 
caroço marrom avermelhado, indolor e 
pruriginoso aparece entre um e dez 
dias após a exposição. O caroço forma 
uma bolha que por fim se rompe e 
forma uma crosta preta (escara), com 
inchaço ao redor. Os linfonodos 
próximos podem inflamar, a pessoa 
pode se sentir doente e, por vezes, 
sente dores musculares, dor de cabeça, 
febre, enjoo e vômito. Pode demorar 
várias semanas para o caroço cicatrizar 
e o inchaço ceder. 
drenagem
Maria Vitória de Sousa Santos 
4. Diagnóstico: Clínica, exame ou 
cultura de amostras de pele, líquidos 
ou fezes infectadas 
5. T r a t a m e n t o : A n t i b i ó t i c o s - 
c i p r o f l o x a c i n o , l e v o f l o x a c i n o , 
m o x i f l o x a c i n o o u d o x i c i c l i n a 
administrada por via oral durante sete 
a dez dias.

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