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CLÍNICA CIRÚRGICA
CLÍNICA INTEGRADA
Maria Vitória de Sousa Santos
CIRURGIA AMBULATORIAL E
AVALIAÇÃO PRÉ-OPERATORIA
CIRURGIA AMBULATORIAL
• A Cirurgia Ambulatorial é o conjunto de
operações cirúrgicas que podem ser
r e a l i z a d a s s e m n e c e s s i t a r ,
obr igator iamente , da internação
hospitalar do paciente. O paciente
permanece na unidade o tempo
suficiente para recuperação de suas
funções físicas e mentais. (se há pernoite,
máximo 24h) RESOLUÇÃO CFM N°
1.886/2008.
Em função do porte da operação, das
características do serviço e das condições
dos pacientes, as unidades de cirurgia
ambulatorial podem funcionar com três
modelos:
1. Dispensação após o procedimento;
2. Permanência por um curto tempo para
recuperação;
3. Pernoite.
As anestesias podem ser do tipo:
1. Bloqueios locais e loco-regionais
2. Bloqueios centrais
3. Anestesia geral ambulatorial
VANTAGENS
1. Maior conforto para o paciente e o
acompanhante;
2. Retorno precoce ao lar e ao trabalho;
3. Menor risco de infecção hospitalar;
4. M a i o r r o t a t i v i d a d e d e l e i t o s
hospitalares;
5. Individualização do cuidado;
6. Menor morbidade e mortalidade;
7. Menor custo para o paciente, para a
instituição e para o sistema de saúde;
DESVANTAGENS
1. Não realização dos cuidados pré-
operatórios: a inobservância do tempo
de jejum e da realização dos exames
específicos e de rotina pode contribuir
para o adiamento ou a suspensão da
cirurgia.
2. Falta de transporte. Os familiares, os
vizinhos ou o gestor de saúde devem
ser mobilizados com antecedência para
garantir o transporte+
3. Falta de ajuda no domicílio. Os
pacientes que moram sozinhos e não
dispõem de familiares e amigos para a
ajuda no domicílio para os cuidados
gerais e específicos, e, principalmente,
para garantir o retorno pós-operatório
devem ser tratados em regime de
internação.
4. Suspensão da cirurgia em regime
ambulatorial em detrimento de
urgência, sobretudo nas unidades
integradas ao hospital.
5. N e c e s s i d a d e d e p e r m a n ê n c i a
hospitalar além do esperado. A
variabilidade das taxas de internação
depende do tipo da afecção tratada, das
características biológicas, psicológicas
e sociais do paciente selecionado, da
experiência do serviço e das condições
sociais e econômicas da população de
abrangência.
CLASSIFICAÇÃO
Risco cardiológico (Eagle, 1996):
1. Grande porte: Grande probabilidade
de perda de fluido e sangue. Por ex.:
cirurgias de emergência, prótese de
quadril.
2. Médio porte: Média probabilidade de
perda de fluido e sangue. Por ex.:
herniorrafia.
3. P e q u e n o p o r t e : P e q u e n a
probabilidade de perda de fluido e
sangue. Por ex: lesões de pele, biópsia
endoscópica.
Tempo de duração:
1. Porte I: Duração de até 2 horas. Por
ex: hernioplastia.
2. Porte II: Duram de 2 a 4 horas. Ex:
colecistectomia, gastrectomia.
3. Porte III: Duram de 4 a 6 horas. Ex:
craniotomia.
4. Porte IV: Duração acima de 6 horas.
Ex.: transplante de fígado.
Nível de complexidade da operação:
1. Pequeno porte: É aquela realizada
geralmente sob anestesia local, com
alta do paciente imediatamente após o
procedimento. Incluem as operações
feitas no consultório ou ambulatório
(exérese de lesões de pele, postectomia,
vasectomia etc.).
2. Grande porte: Demanda técnica
anestésica mais complexa, realizada
pelo anestesiologista, sendo necessário
Maria Vitória de Sousa Santos
período de monitoração durante a
recuperação pós-operatória e ambiente
apropriado (herniorrafia umbilical,
p a p i l o t o m i a e n d o s c ó p i c a ,
colecistectomia laparoscópica etc.).
INDICAÇÕES
São candidatos à intervenção cirúrgica
ambulatorial:
1. Pacientes hígidos ou com distúrbios
sistêmicos leves, decorrentes de
doenças crônicas;
2. Pacientes que serão submetidos a
procedimentos cirúrgicos que não
necessitem de cuidados especiais no
pós-operatório;
3. Quando há garantia de acompanhante
a d u l t o , l ú c i d o e p r e v i a m e n t e
identificado.
Observação: A maioria dos pacientes
submetidos a cirurgia ambulatorial deve
pertencer às classes I e II do escore da
American Society of Anesthesiology (ASA):
pacientes classificados como ASA I não
a p r e s e n t a m a l t e r a ç õ e s o r g â n i c a s ,
fisiológicas, bioquímicas ou psiquiátricas,
enquanto pacientes avaliados como ASA II
apresentam afecções sistêmicas pouco
relevantes e facilmente corrigíveis.
Pacientes classificados como ASA III
devem ser, preferencialmente, operados
em regime de internação por apresentarem
afecções sistêmicas relevantes, mesmo que
controladas clinicamente.
TIPOS DE UNIDADES DE CIRURGIA AMBULATORIAL
1. Unidade ambulatorial tipo I:
Consultório médico que mediante
adaptação possibilita a realização de
procedimentos médico-cirúrgicos de
pequeno porte, sob anestesia local.
2. Unidade ambulatorial tipo II:
Ambulatórios isolados, centros de
saúde e unidades básicas de saúde
onde é possível a realização de
procedimentos de porte médio, com
anestesia local ou loco - regional (com
ou sem sedação). Além das salas com
as devidas especificações, a Unidade
deve contar com sala de recuperação
ou de observação do paciente.
3. Unidade ambulatorial do tipo III:
O estabelecimento de saúde que, anexo
ou não a um hospital geral ou
especializado, possibilita a realização
d e p r o c e d i m e n t o s e m r e g i m e
ambulatorial ou de internação, em
salas cirúrgicas próprias ou do centro
cirúrgico do hospital, mediante apoio
da sua infraestrutura (Serviço de
Nutrição e Dietética, Centro de
Esterilização de Material e Lavanderia,
Central de Gases, Central de Vácuo,
Central de Ar Comprimido, Central de
Ar Condicionado, Sistema de Coleta de
Lixo, dentre outros).
CONTRA-INDICAÇÕES À REALIZAÇÃO DE
ANESTESIAS EM REGIME AMBULATORIAL
1. Médicas:
- Crianças com idade < 48 semanas;
- Crianças com episódios de apnéia e
dificuldade de deglutição;
- Crianças com passado de Síndrome de
Angústia Respiratória Infantil e
displasia broncopulmonar;
- Crianças com parentes vítimas de
Síndrome de Morte Súbita Infantil;
- H i s t ó r i a f a m i l i a r p r é v i a d e
hipertermia maligna;
- Pacientes com passado de convulsões
de difícil controle;
- Distúrbio psiquiátrico grave;
Pequeno porte Grande porte
Abertura de
cavidades
Não Sim
Possibilidade
de LOA
Não, órgãos
vitais
normalmente
não são
estressados
Sim
Anestesia geral Local, regional
ou geral
Geral
Local da
cirurgia
Pronto-
socorro, centro
cirúrgico de
ambulatório
ou consultório
Sala de
operações de
hospital
Cirurgião Pode ser um
único, não
obrigatoriame
nte cirurgião
Equipe de
médicos
Internação Normalmente
sem internação
Pelo menos
uma noite
Maria Vitória de Sousa Santos
- Paciente com estado físico ASA III e
IV não compensados;
- Obesidade mórbida;
- Utilitários de IMAO;
- Usuários de drogas ilícitas.
2. Sociais:
- Paciente não colaborativo;
- Ausência de responsável a nível
domiciliar.
CONDIÇÕES DE ALTA DO PACIENTE
1. Orientação no tempo e no espaço;
2. Estabilidade dos sinais vitais há pelo
menos 60 minutos;
3. Ausência de náusea e vômitos;
4. Ausência de dificuldade respiratória;
5. Capacidade de ingerir líquidos;
6. Capacidade de locomoção, se não
houver contra-indicação;
7. Sangramento mínimo ou ausente;
8. Ausência de dor de grandeintensidade;
9. Ausência de retenção urinária;
10. Conhecimento por parte do paciente e
do acompanhante, verbalmente e por
escrito, da relação dos cuidados pós-
anestésicos e pós-operatórios, bem
como a determinação da Unidade para
a t e n d i m e n t o d e e v e n t u a i s
intercorrências.
PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS
REALIZADOS EM REGIME AMBULATORIAL
PRÉ- OPERATÓRIO
• O p r é - o p e r a t ó r i o é o p e r í o d o
compreendido entre a indicação e a
decisão cirúrgicas e o momento em que a
intervenção se realiza.
AVALIAÇÃO CLÍNICA PRÉ-OPERATÓRIA
• A avaliação pré-operatória é descrita
como uma análise clínica que objetiva
quantificar o risco de complicações
clínicas perioperatórias.
Os objetivos desta avaliação pré-cirúrgica
são:
1. Identificar comorbidades previamente
não conhecidas e fatores de risco para
complicações cirúrgicas;
2. Otimizar a condição médica pré-
cirúrgica;
3. Tolerar e tratar complicações;
4. Trabalhar efetivamente como um
m e m b r o d a e q u i p e c i r ú r g i c a ,
conjuntamente com o complicado e o
anestesista.
Cirurgia Geral Biópsia e exérese de
lesões de pele,
subcutâneo, anexos e
partes moles,
laparoscopia
diagnóstica,
colecistectomia por
minilaparotomia e
videola-paroscopia,
varicectomia,
herniorra-fia de parede
abdominal, hemorroi-
dectomia, hernioplastia
hiatal por ví-
deolaparoscopia
Cirurgia pediátrica Hérnia de parede
abdominal,
postectomia
Dermatologia Biópsia e exérese de
lesões cutâneas
Endoscopia Endoscopia digestiva
alta e baixa para
diagnóstico e
terapêutica (poli-
pectomia, papilotomia,
esclerose de varizes)
Ginecologia Curetagem uterina,
cirurgia da vulva,
retirada de nódulos
mamários, laparoscopia
diagnóstica e
terapêutica
(laqueadura)
Oftalmologia Catarata, cirurgia do
estrabismo
Otorrinolaringologia Amidalectomia,
adenoidectomia, mi-
ringotomia
laringoscopia,
polipecto-mia,
septoplastia,
timpanoplastia
Ortopedia Artroscopia, liberação
do túnel do carpo,
exérese de cisto
sinovial.
Urologia Cistoscopia, orquipexia,
vasectomia,
postectomia,
hidrocelectomia, vari-
cocelectomia
Maria Vitória de Sousa Santos
Informações importantes a serem
coletadas:
1. Anamnese;
2. Antecedentes pessoais:
- Uso de drogas e tabagismo;
- Alergias;
- Hemorragias;
- Cirurgias.
3. História sócio-econômica;
4. História familiar;
5. Exame físico;
6. Exames complementares (laboratoriais
e provas funcionais):
- Diagnóstico cirúrgico;
- Comorbidades;
Observação: Exames complementares:
Rot ina pré-operatória" (Pacientes
aparentemente saudáveis) —> indicação
controvertida e de pouco valor para a
t r i a g e m , s e n d o d e a l t o c u s t o e
desnecessário; Para investigar evidências
d e c o m o r b i d a d e s — > I n d i c a ç ã o
inquestionável.
7. Avaliação nutricional;
- Obesidade (retarda a cicatrização das
feridas, retarda a deambulação,
p r e d i s p õ e a c o m p l i c a ç õ e s
respiratórios);
- Desnutrição (Retardo na cicatrização
de feridas, prejuízo da função
imunológica).
8. P e d i d o s d e p a r e c e r d e o u t r a s
especialidades.
Preparo pré-operatório:
1. Orientações pré-operatórias:
- Medicamentos;
- Tabagismo;
2. Pré-anestésico:
- Jejum;
- Banho;
3. Preparos especiais;
4. Tromboprofilaxia;
5. Antibioticoprofilaxia.
Importante: Todos os pacientes que
serão submetidos a procedimentos
cirúrgicos mesmo de pequeno porte devem
ser avaliados em relação a três condições
básicas de saúde:
- Capacidade de cicatrização;
- Estado de coagulação;
- Condições imunológicas (defesa anti-
infecciosa).
Avaliado o estado de saúde do paciente, é
possível categorizá-lo, na dependência do
potencial risco anestésico-cirúrgico, em
três categorias:
1. Pacientes sem risco especial;
2. Pacientes com pequeno/ médio/
grande risco;
3. Pacientes sem condições cirúrgicas.
EXAMES PRÉ-OPERATÓRIOS DE ROTINA
• Os exames pré-operatórios de rotina
devem ser solicitados na dependência do
porte ou nível do procedimento cirúrgico
e da idade e sexo do paciente.
Existem alguns exames que são realizados
com maior frequência, que são capazes de
fornecer informações “gerais” sobre o
paciente, a saber:
4. Hemograma;
5. Ureia;
6. Creatinina;
7. Sódio;
8. Potássio;
9. Glicemia em jejum;
10. Coagulograma;
11. Radiografia de tórax;
12. Eletrocardiograma.
Observação: Indicação para solicitação
do TAP e TTPA:
Paciente hígido
Idade Homem Mulher
6m-40 anos Nenhum Hematócrito,
teste de
gravidez
40-50 anos ECG, Ht Hematócrito
60-64 anos Ht, ECG Ht, ECG
65-74 anos Ht, ECG, Cr,
Glicemia
Ht ou Hb,
ECG, Cr,
Glicemia
>74 anos Hb, Ht, ECG,
Cr, Glicemia,
RX tórax
Hb, Ht, ECG,
Cr, Glicemia,
RX tórax
Não Pacientes sadios
Considerar Pacientes com co-
morbidade renal em
cirurgias de qualquer
porte. Na cirurgia
cardiovascular.
Sim Nas neurocirurgias
Maria Vitória de Sousa Santos
Quest ionár io de ras treamento de
coagulopatias:
1. Você sabe se é portador de doença da
coagulação?
2. Tem sangramento prolongado após
extração dentária?
3. Tem apresentado sangramento
anormal nas cirurgias?
4. T e m t e n d ê n c i a a e q u i m o s e s
espontâneas?
5. Tem sangramento pelo nariz ou
gengiva?
6. Teve tosse com sangue?
7. Teve sangue nas fezes?
8. Já recebeu transfusão de sangue ou
derivados?
9. Já recebeu vitamina K?
10. E s t á u s a n d o a l g u m d e s s e s
medicamentos?
- Salicilatos: ácido acetil salicílico,
Aspirina, AAS, Sonrisal;
- Anti-Inflamatórios não esteróides:
diclofenaco, ibuprofeno, Cataflan,
Voltaren;
- A n t i c o a g u l a n t e s : M a r c o u m a r ,
Marevan, Coumadin;
- Antiagregantes plaquetários: Plavix,
Triclide.
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO ANESTESIOLÓGICO
A Sociedade Americana de Anestesiologia
(ASA) define cinco classes de risco
anestesiológico, acrescidas de uma classe
especial, E, que indica o eventual caráter
emergencial da operação.
1. ASA I: Paciente saudável, sem outras
afecções além da que motivou a
indicação cirúrgica. Afecção cirúrgica
de caráter localizado.
2. ASA II : Pac iente com doença
sistêmica leve a moderada.
3. ASA III: Paciente com doença
sistêmica grave que l imita sua
capacidade física, mas não o incapacita
e não acarreta risco de vida constante.
4. ASA IV: Paciente com doença grave
incapacitante, constituindo risco de
vida constante.
5. ASA V: Paciente agônico, moribundo,
sem expectativa de sobrevivência em
m é d i o p r a z o , c o m o u s e m o
procedimento cirúrgico.
6. E: Sufixo colocado após a classificação
para designar emergência.
Exames laboratoriais mínimos pré-
operatórios de acordo com a classificação
de ASA:
1. P1 (ASA I):
- Hb/Ht;
- Coagulograma (para cirurgias de
amígdalas e oftalmológicas);
- ECG (para adultos ≥ 50 anos).
2. P2 (ASA II - cirurgias de pequeno
porte):
- Hb/Ht;
- Coagulograma (para cirurgias de
amígdalas e oftalmológicas);
- ECG (para adultos ≥ 50 anos);
- Rx de tórax;
- Na/K e U/Cr;
- Glicemia (para diabéticos);
3. P2 (ASA II - cirurgias de médio e
grande porte) e P3 (ASA III) e P 4 (ASA
IV)
- A critério do médico responsável pela
avaliação clínica do paciente
Observação: A validade dos exames será
de 01 (um) ano, para pacientes P1 e P2
desde que não ocorram intercorrências no
período.
Classe Definição Exemplo
ASA 1 Paciente
normalmente
saudável
Indivíduo
saudável
ASA 2 Paciente com
doença sistêmica
leve
Hipertenso com
pressão
controlada
ASA 3 Paciente com
doença sistêmica
grave que não é
incapacitante
Insuficiência
cardíaca
ASA 4 Paciente comdoença sistêmica
grave que é
constante e
ameaça a vida
Angina instável
ASA 5 Paciente
moribundo
(morte em 24
horas com ou sem
cirurgia)
Choque
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Importante: É necessário encaminhar se
a doença de base estiver associada a(o):
1. Glicemia > 250 mg/dL;
2. Idade > 70 anos;
3. Uso de: IECA, anti parkinsoniano
antidepressivo tricíclico, IMAO;
4. Comprometimento renal;
5. Comprometimento hepático;
6. Obesidade mórbida;
7. HAS.
Parecer da pneumologia e,:
1. Todos os pacientes submetidos à
cirurgia de tórax;
2. Se a doença de base estiver associada a:
- Asma moderada e grave ou em crise;
- DPOC moderada e grave;
- Difícil controle terapêutico das
doenças pulmonares.
PREPARO PRÉ-OPERATÓRIO
JEJUM
• O jejum pré-operatório possui como
objetivo oferecer segurança para a via
aérea do paciente. É esperado o mínimo
de conteúdo gástrico durante a cirurgia,
com o intuito de diminuir as chances de
broncoaspiração.
Observação: Procedimentos cirúrgicos
mais complexos devem incluir maior
período de jejum, devido ao procedimento
anestésico.
Fatores que influenciam o tempo de
esvaziamento gástrico:
1. Estresse;
2. Drogas como atropina;
3. Volume da refeição;
4. Composição química dos alimentos;
- Água e líquidos não hipertônicos
(chá)- < 2 horas;
- Hidratos de carbono- 3 horas;
- Proteínas e lipídeos- 4 a 6 horas.
SUSPENSÃO DE MEDICAMENTOS
1. IMAO: Suspender a medicação por 14
a 21 dias pode conduzir o paciente ao
suicídio; Há interação medicamentosas
com potencialização da depressão
respiratória por barbitúricos e
benzodiazepínicos.
2. Corticosteroides: Uso por mais de
uma semana até 6 meses antes da
cirurgia: Possibilidade de insuficiência
supra-renal aguda no trans ou no POI;
Administrar 100mg de hidrocortisona
1h antes da cirurgia e manutenção no
trans e pós-operatório.
3. Aspirina ou outro antiagregante
plaquetário: Suspender 7 a 10 dias
antes da cirurgia. Suspender 5 dias
antes (J Am Coll Surg 2005;200);
A l g u n s s e r v i ç o s : M a n t é m o s
antiplaquetários até a véspera, usam
aprotinina para amenizar perdas
sanguíneas.
4. Anticoagulantes orais: Suspender 7
a 10 dias antes da operação; Controlar
o TAP, (>/= 75 a 80%) para operação
e l e t i v a , s e a n t i c o a g u l a ç ã o f o r
indispensavel (proteses mecânicas),
substituir o anticoagulante oral pela
heparina venosa, que será mantida até
o momento da operação; Heparina
oral: De preferência suspender pelo
menos 4 horas antes da cirurgia.
5. Tabaco: Suspender pelo menos 30
dias antes da cirurgia eletiva, de
preferência 60 dias.
OUTROS
IDADE Sólido
(refeição
leve -
torrada e
chá)
Sólido
(refeição
completa -
gorduras,
carnes)
Leite não
humano
Leite
materno
Líquido
claro
RN
<6 meses 6 horas 4 horas 2 horas
6-36 meses 6 horas 8 horas 6 horas 4 horas 2 horas
>36 meses 6 horas 8 horas 8 horas 2 horas
Adulto 6 horas 8 horas 8 horas 2 horas
DROGA TEMPO PREVIO DE SUSPENSÃO
Antidepressivo triclicico - ADT
(quando utilizando forma aguda <
menos de 4 semanas e ou utilizado
doses elevadas)
15 a 21 dias
Inibidores da MAO (quando
clinicamente viável)
15 dias
Hipoglicemiante oral 8 a 12 horas
Hipoglicemiante oral de longa
duração
24 a 72 horas
Inibidores do apetite 15 dias
AAS 7 dias
Ticlopidina 10 dias
Clopidogrel 7 dias
Inibidores da GP lib/Wa Bloqueio neuraxial não recomendado,
monitorizar função plaquetária se
punção for necessária
:⑳
Maria Vitória de Sousa Santos
1. Antibioticoprofilaxia: Tem como
objetivo prevenir infecções por agentes
conhecidos ou suspeitos em pacientes
de risco. O antibiótico profilático reduz
a incidência de infecção incisional em
c i r u r g i a s p o t e n c i a l m e n t e
contaminadas, contaminadas e em
alguns casos de cirurgias limpas. Em
pacientes com feridas consideradas
su jas ou in fec tadas , o uso de
antibiótico deve ser considerado
terapêutico, e não profilático.
2. Tromboprofilaxia.
RISCO DE TROMBOEMBOLISMO
1. Baixo risco (< 0.1% TEP/ <10% TVP):
- Idade < 40 anos sem nenhum fator de
risco
- Cirurgia de pequeno e médio porte
- Imobilidade mínima
2. Moderado risco (0.1-0,7% TEP/ <2-4%
TVP):
- Anestesia geral em paciente com
idade >40 anos;
- Fratura de perna em pacientes com
idade < 40 anos;
- Doença crônica;
- IAM;
- Sem fatores de risco;
3. Alto risco (1-5% TEP/ <10-80% TVP)
- Acima de 40 anos e associado aos
fatores de risco;
- Cirurgia de prótese de joelho, quadril
e fratura de bacia.
Medidas não farmacológicas de prevenção
da TVP:
1. Compressão pneumática nos MMII;
2. Flexão de pé em trans ou pos-
operatório;
3. Meia elástica com graduação de
pressão.
RETIRADA DE PONTOS
SITUAÇÕES CLINICAS: CONDUTA:
Paciente de pequeno
risco
- Deambulação
Paciente de médio risco - Deambulação
- Opção 1) Heparina não
fracionada na dose
de 5000 u SC de 12/12
horas iniciar duas horas
antes da SO e manter até
deambulação
- Opção 2) Clexane 20
mg SC horas antes
SO e repetir a cada 24
horas até a
deambulação.
Paciente de alto risco - Meia pneumática
intermitente
- Opção 1) Heparina não
fracionada na dose de
5000 u SC de 8/8,
iniciar 12 horas antes da
SO e manter até a alta
hospitalar.
Opção 2) clexane 40 mg
SC, iniciar 12 horas
antes da SO e repetir a
cada 24 horas até a
deambulação.
Local Retirada dos pontos
Rosto e pescoço 5 a 8 dias
Boca e gengiva cerca de 7 dias
Couro cabeludo e nuca 14 dias
Dorso da mão/pé e
glúteos
14 dias
Tronco 21 dias
Ombro e costas 28 dias
Braços e coxas 14 a 18 dias
Antebraço e pernas 14 a 21 dias
Palma da mão e planta
do pé
10 a 21 dias
ANESTÉSICOS LOCAIS
CONCEITO
• Anestésicos locais (ALs) são fármacos
que promovem bloqueio reversível da
condução nervosa, sem gerar alteração
de consciência. Os ALs apresentam
diversas aplicações clínicas, desde
anestesia tópica de mucosas, bloqueios
regionais até correção de arritmias
ventriculares.
Observação: A acidificação do tecido
diminui a eficácia do AL: em área
inflamada a anestesia não é eficaz.
CLASSIFICAÇÃO ESTRUTURAL DOS AL
A estrutura de um anestésico local consiste
em:
1. Um componente hidrofóbico - região
de ligação e uma amina substituída
(região hidrofílica).
2. O radical aromático - parte lipossolúvel
da droga e a que garante a penetração
no nervo. É a parte com potencial
alergênico.
3. Cadeia intermediária é a parte central
que liga as partes hidrofílicas e
hidrofóbicas da molécula.
Observação: Quanto mais carbonos
nessa estrutura central, maior a toxicidade
e lipossolubilidade do fármaco. O grupo
amina é a porção ionizável e que sofre
influência do PH do meio.
Os anestésicos locais possuem em sua
maioria um grupo aromático (lipossolúvel,
hidrofóbico) associado a um grupo amina
(polar, hidrofílico). Esses dois grupos são
ligados por uma cadeia intermediária que
determina a classificação do anestésico
local como amida ou éster.
1. Aminoamida: L i d o c aí n a ,
ropivacaína, bupivacaína, prilocaína,
etc. São metabolizados por enzimas
microssomais no fígado e eliminados
pelos rins.
2. Aminoéster: Procaína, benzocaína,
tetracaína, cloroprocaína, cocaína e
o u t r o s . O s a m i n o é s t e r e s s ã o
m e t a b o l i z a d o s p e l a
pseudocol inesterase plasmática
(principalmente no fígado) com
eliminação dos metabólitossolúveis
em água pela urina.
FATORES QUE INFLUENCIAM A AÇÃO DOS AL
1. PKA Velocidade de início da ação:
Se o AL tiver muita afinidade pelo
h i d r o g ê n i o ( p K a e l e v a d o ) , e l e
demorará muito mais tempo para
entrar no nervo. Se a afinidade for
menor, vai haver mais forma molecular
da droga e ela vai entrar com maior
facilidade.
2. L i p o s s o l u b i l i d a d e : A
lipossolubilidade é importante para
atravessar membrana plasmática.
3. Ligação protéica: Relação com
tempo da ação (duração da atividade).
As proteína plasmáticas funcionam
como reservatório da droga. Se a
afinidade de ligação é alta, a duração
d o e f e i t o é m a i o r . T a m b é m é
relacionada à toxicidade porque os AL
podem se ligar a proteínas plasmáticas,
e se a ligação for mais forte, menor
quantidade da droga chega ao cérebro
e ao coração.
CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DOS AL
• Características físico-químicas como a
estrutura do anel aromático e o
c o m p r i m e n t o d a c a d e i a d e
h i d r o c a r b o n e t o s d e t e r m i n a m a
lipossolubilidade do anestésico local,
relacionada com sua potência.
• Drogas lipossolúveis penetram mais
facilmente a membrana celular para
exercer seu efeito.
• Q u a n t o m a i s p o t e n t e , m e n o r a
quantidade de droga necessária para
ocasionar o mesmo efeito.
• Assim, a bupivacaína – altamente
lipossolúvel – é aproximadamente
quatro vezes mais potente que a
lidocaína.
• Isso se reflete nas preparações de drogas
comercialmente disponíveis, pois como a
bupivacaína é mais potente, suas
apresentações são em soluções de 0,1 a
0,5%, enquanto a lidocaína é geralmente
apresentada em soluções de 1 a 2%.
• A duração da ação do anestésico local
está relacionada à sua estrutura
m o l e c u l a r , p r i n c i p a l m e n t e a o
comprimento da cadeia intermediária
que liga o anel aromático ao grupo
amina, e ao grau de ligação protéica da
droga.
• Quanto maior a ligação protéica, maior o
tempo de duração do anestésico. Assim,
como exemplo, o grau de ligação protéica
da lidocaína é 65%, enquanto o da
bupivacaína é 95%, pode-se prever que a
bupivacaína possua maior duração de
ação que a lidocaína – o que de fato
ocorre.
• É importante ressaltar que o tempo de
duração dos efeitos colaterais da droga
também está relacionado ao grau de
ligação protéica, por isso a bupivacaína é
considerada mais tóxica que a lidocaína.
Observação: As amidas apresentam
m a i o r t e n d ê n c i a à p a s s a g e m
transplacentária. Nesse grupo, as amidas
com menor grau de ligação protéica, como
a l idocaína, atravessam em maior
quantidade a barreira placentária.
MECANISMO DE AÇÃO
• Os ALs atuam na membrana celular
l igando-se reversivelmente a um
receptor específico no poro dos canais de
sódio (Na+) dos nervos.
• O processo de condução de fenômenos
excitatórios através do nervo é resultado
de fenômenos eletroquímicos. A
condutibilidade se dá através de uma
diferença de potencial da membrana, que
tem seu interior mais negativo que o
exterior, estabelecido principalmente
pela bomba de sódio e potássio,
transportando sódio para o meio
extracelular e potássio para o meio
intracelular.
• AL impedem a geração e condução de
impulsos nervosos ao interferir na
permeabilidade da membrana ao sódio,
bloqueando esses canais e impedindo a
condução de estímulo na fibra nervosa.
• A gradação de bloqueio nervoso é afetada
pelo diâmetro do nervo. Quanto maior o
diâmetro da fibra nervosa, maiores as
concentrações de fármaco para atingir
um bloqueio eficiente.
Instalação do bloqueio:
1. Autonômico (fibras do tipo B);
2. Sensibilidade térmica, dolorosa e tátil
(fibras do tipo C);
3. Motor (fibras tipo A);
4. Propriocepção e tato (podem não
acontecer clinicamente).
EFEITOS ADVERSOS
• Os anestésicos locais podem ser tóxicos
de acordo com a dose aplicada e o grau
de absorção sistêmica.
• A toxicidade clínica está relacionada aos
efeitos da droga em outras membranas
excitáveis no sistema nervoso central e
cardiovascular.
Os efeitos centrais incluem:
1. Parestesia perioral;
2. Dormência da lingua;
3. Tonturas, hiperacusia e zumbido;
4. Distúrbios visuais;
5. Tremores musculares;
6. Convulsões generalizadas;
7. Inconsciência;
8. Coma
As múltiplas alterações em canais iônicos
cardíacos, podem levar:
1. Arritmias;
2. Parada respiratória;
3. Parada cardíaca;
4. Redução da contratilidade miocárdica.
Observação : Lidocaína apresenta
toxicidade maior no sistema nervoso,
enquanto que a bupivacaína apresenta
maior toxicidade cardiovascular.
Observação: Causas de toxicidade
sistêmica aguda - Níveis sistêmicos
altos; Injeção IV acidental (sintomas em
1-3 min); Absorção rápida; Superdosagem
(sintomas em 20-30 min). Quanto maior
potência maior a toxicidade (Bupivacaína
4X > Lidocaína).
CONDUTAS EM CASO DE SUSPEITA DE
INTOXICAÇÃO
1. Interromper a administração do AL;
2. Chamar ajuda;
3. Colocar o paciente em DDH (melhorar
as perfusões cardiaca e cerebral);
4. Manter via aéréa pérvia;
5. Oferecer oxigénio a 100% por mascara
(aumenta o limiar convulsivo e previne
h i p o x e m i a , m e l h o r a n d o o
prognóstico);
6. Seguir os algoritmos C - A - B (C =
Circulação, verificar pulso. A = Vias
aéreas, extensão do pescoço e elevação
do queixo. B. = Respiração, ver os
movimentos do tórax, ouvir os sons
respiratórios e sentir o ar exalado);
7. Providenciar acesso venoso calibroso;
8. Monitorar: oxigenação (oximetria de
pulso), ritmo, frequencia cardíaca
(eletrocardiografia continua) e pressão
arterial;
9. C o n t r o l a r a s c o n v u l s õ e s
( b e n z o d i a z e p í n i c o s I V ) ,
particularmente o diazepam (5 a 10
mg), midazolan (5 a 15 mg) ou
propofol, tendo sempre em mente, a
possibilidade de parada respiratória,
p o r t a n t o , d e v e - s e t e r t o d o
e q u i p a m e n t o p a r a v e n t i l a ç ã o
preparado e com, por exemplo, a
s u c c i n i l c o l i n a p a r a f a c i l i t a r o
procedimento de possível entubação;
10. Siga os protocolos de reanimação da
American Heart Association (ACLS).
AL MAIS COMUNS E DOSES MÁXIMAS
1. Lidocaína:
- Pediatria:
A. 5-7mg/kg (s/vasoc.)
B. 7-10mg/kg (c/vasoc.)
- Adultos (dose máx.):
A. 400-500 mg (+ ad)
2. Bupivacaína
- Pediatria:
A. 2 mg/kg (s/vasoc.)
B. 3 mg/kg (c/vasoc.)
- Adultos (dose max.):
A. 150-175 mg (+ ad)
3. Ropivacaína:
- Pediatria: (0.2%):
A. Não usar.
- Adultos (0,75%):
A. Bloq. periférico 3mg/kg
B. Bloq. central,2mg/kg
C. Dose máxima 225 mg
CÁLCULO DE DOSE MÁXIMA
Exemplo: Qual o volume máximo de
Lidocaína 2% s/vasoc. para uma criança
com 30 kg? P=30 kg; Concentração=2%;
DM=7mg/kg;
Lido 2% = 2g - 100ml
2000 mg - 100 ml
20 mg - 1 ml
Vol. Max: ?
DM = 7mg X 30kg = 210 mg
Vol. Max. = 1ml - 20 mg
x - 210 mg
x= 10,5 ml
ASSOCIAÇÃO DOS AL COM VASOCONSTRITORES
• Todo AL em si possui uma atividade
vasodilatadora. Quanto maior a atividade
vasodilatadora do AL, maior será sua
captação para o sangue e mais intensa
será a necessidade de administrar para a
corrente sanguínea pode induzir
toxicidade. São por esses motivos que os
A L s ã o c o n j u g a d o s c o m
vasoconstrictores.
Vantagens do uso dos vasoconstricotres:
.
1. Reduzem fluxo sanguíneo para o local
d a i n j e ç ã o ( d i m i n u i ç ã o d o
sangramento);
2. Retardama absorção do anestésico
para o sistema cardiovascular;
3. Níveis menores de AL chegam ao
s a n g u e d i m i n u i ç ã o o r i s c o d e
toxicidade;
4. Aumentam o tempo de ação do
anestésico.
CONTRA-INDICAÇÕES DO USO DE
VASOCONSTRITORES
1. Circulação terminal (pênis e dedos);
2. HAS descontrolada;
3. Arritmias cardíaca;
4. Angina pectoris instável;
5. Tto. com antidepressivos e/ou IMAO;
6. Cardiopatas descompensados;
7. Anestesia intravenosa regional;
8. Diabéticos e idosos.
TÉCNICAS DE ADMINISTRAÇÃO DE AL
1. Anestesia local tópica:
- Sobre membranas mucosas - geléia,
spray (alta concentração, grande
absorção)
2. Sobre a pele:
- EMLA - (Lidocaína + Prilocaína em 1
concentrações), latência 50-60 min;
- Dermomax - (lidocaína creme 4%);
- D i b u c a í n a o u C i n c h o c a í n a -
odontologia, punções, Proctologia...
- Nupercaína (lidocaína + prilocaína) -
punções, cateterizações...
- Patch de lidocaína - (dor neuropática).
3. Anestesia local infiltrativa (periférica
ou terminal e bloqueio de campo):
- Infiltração direta do tecido sem visar o
bloqueio de nervo, plexo ou medula
espinal.
4. Anestesia regional:
- Bloqueio de nervos (troncular);
- Bloqueio de plexos (ex: plexo
braquial);
- Bloqueio da medula espinal (ex:
peridural e raquidiana).
A. Peridural: A agulha é inserida
no espaço peridural. O nível do
b l o q u e i o é d e f i n i d o p e l o
anestesista.
B. Raquianestesia: A agulha é
inserida no espaço espinhal ou
s u b a r a c n ó i d e o . O A L é
a d m i n i s t r a d o n o l í q u i d o
cefalorraquidiano. Anestesia da
cintura para baixo.
CAUSAS DE FALHAS NO PROCEDIMENTO
1. Erro técnico durante o bloqueio;
2. pH tecidual muito elevado ou reduzido.
(Infeção diminui a alcalinidade e
impede a liberação da base alcalóide
livre, essencial para analgesia eficaz);
3. Diluição excessiva no sangue ou fluídos
teciduais;
4. Absorção excessivamente rápida do
anestésico pela circulação sangüínea.
diminuindo
Maria Vitória de Sousa Santos
AFECÇÕES BENIGNAS DA PELE E
TECIDO CELULAR SUBCUTÂNEO
NEVOS MELANOCÍTICOS
• O nevo melanocítico é definido como
uma proliferação de células derivadas
dos melanócitos, conhecidas como
células névicas, dispostas em agregados
ou ninhos em diversos níveis da pele.
• Nevos melanocíticos são pequenas
manchas marrons regulares na pele,
salientes ou não. A maioria surge em
decorrência da genética e da exposição
solar e possui um formato regular.
- Já os nevos atípicos (ou nevos
displásicos) são nevos não usuais,
que podem parecer um melanoma.
São lesões maiores, podendo ser
irregulares no formato e possuir
vários tons.
CLASSIFICAÇÃO
1. Congênito: Lesões
névicas presentes ao
n a s c i m e n t o o u
d u r a n t e a s
primeiras semanas
de vida.
- Pequeno: < 1,5
cm
- Médio: 1,5 a 20
cm
- Grande: > 20 cm (alto potencial de
malignidade).
2. Adquirido: Lesões redondas ou ovais,
com bordas bem definidas e que
medem entre 2-6 mm. Desenvolvem-se
desde a infância e estão fortemente
associados a fatores étnicos, genéticos
e ambientais. São considerados
m a r c a d o r e s d e r i s c o p a r a o
desenvolvimento de melanoma, sendo
proporcional ao número de nevos.
- J u n c i o n a l :
Sua superfície é
g e r a l m e n t e
p l a n a , o u
discretamente
elevada, com as
m a r c a s
c u t â n e a s
p r e s e r v a d a s ,
bordas regulares, coloração marrom
a preta e, eventualmente, com
pigmentação mais escura no centro
da lesão. Estão situadas na junção
dermoepidérmica.
- Intradérmico:
Lesões papulares
com coloração
castanho claro,
podendo ser liso,
p i l o s o o u
v e r r u c o s o .
M e l a n ó c i t o s e
células névicas confinados quase
inteiramente na derme.
- C o m p o s t o :
P a p u l a
discretamente
e l e v a d a ,
geralmente com
o aspecto de
c ú p u l a , c o r
marrom claro a
escuro, ninhos
d e m e l a n ó c i t o s n a j u n ç ã o
demoepidérmica e na derme.
- N e v o H a l o :
E s t á c e r c a d o
por um halo de
despigmentação
completa (ou
s e j a , c o r
b r a n c a ) ,
c i r c u l a r ,
g e r a l m e n t e
simétrico. Eles são mais comuns em
pacientes com aumento do número
de nevos e história pessoal ou
familiar de vitiligo. Pode ser liso,
piloso ou verrucoso.
- N e v o A z u l :
Proliferação de
m e l a n ó c i t o s
d e n d r í t i c o s n a
derme. Locais de
p r e d i l e ç ã o s ã o
aqueles em que os
m e l a n ó c i t o s
dérmicos at ivos estão ainda
p r e s e n t e s n o m o m e n t o d o
nascimento (p. ex., cabeça, pescoço,
dorso de mãos e pés, região sacral).
Maria Vitória de Sousa Santos
FATORES DE RISCO
Fatores de risco para o desenvolvimento de
nevos melanocíticos adquiridos são:
(1) História familiar de numerosos nevos;
(2) Grau maior de fotoexposição durante a
infância, especialmente intensa e
intermitente;
(3) P e l e m u i t o p o u c o p i g m e n t a d a
(indivíduos com fototipo II têm o
maior número de nevos).
INDICAÇÕES PARA BIOPSIA DE NEVOS MELANOCÍTICOS
1. Assimetria acentuada (p. ex., bordas
irregulares, cores variadas) – ou seja, o
ABC do melanoma cutâneo;
2. Áreas de regressão (muitas vezes vistas
c o m o á r e a s b r a n c a s o u a z u l -
acinzentadas);
3. Desenvolvimento de áreas róseas ou
eritematosas que não são facilmente
explicadas por uma etiologia benigna
(p. ex., acne ou trauma);
4. Área de eritema em torno do nevo;
5. História ou evidência fotográfica de
mudança preocupante em tamanho,
cor e configuração;
6. Nevo com um fenótipo diferente da
maioria dos outros nevos em um
determinado paciente.
Observação: Durante a consulta, deve ser
feito o ABCDE de pele. A partir disso,
pode-se indicar a realização de biópsia
para confirmar malignidade.
TRATAMENTO
• A maioria dos nevos melanocíticos não
necessita tratamento. Quando existe
dúvida se a pinta é um nevo atípico ou
um melanoma inicial, deve ser realizada
a remoção da mesma para biópsia e
confirmação diagnóstica.
VERRUGAS
• São lesões epidérmicas benignas
associadas à infecção pelo papiloma
vírus humano, tratando-se de uma
hiperplasia epidérmica papilomatosa.
Tipos
1. Verruga vulgar: Localizam-se na
superfície normal da pele; as lesões são
elevadas, endurecidas, de superfície
áspera e coloração esbranquiçada.
Algumas apresentam pontilhado
escuro. Isoladas ou juntas, podem
variar de milímetros a centímetros de
diâmetro. As áreas mais atingidas são
as extremidades dos membros, sendo
muito frequentes nas mãos, cotovelos e
joelhos. Mais facilmente encontradas
nas crianças e adolescentes.
2. V e r r u g a
p l a n t a r :
Localizadas nas
plantas dos pés,
e s t a s l e s õ e s
c r e s c e m p a r a
dentro da pele,
devido ao peso
do corpo impedir
o seu crescimento para fora. São,
muitas vezes, confundidas com
calosidades, porém, quando raspadas,
as lesões mostram uma superfície
irregular e pontos escuros no seu
interior, o que as diferencia dos calos.
:
Maria Vitória de Sousa Santos
As maiores costumam ser dolorosas ao
pisar.
3. Verruga filiforme:
São cresc imentos
longos, pequenos e
c o m a s p e c t o d e
c o u v e - f l o r ,
g e r a l m e n t e n a s
p á l p e b r a s , f a c e ,
pescoço ou lábios.
E m g e r a l , s ã o
assintomáticos.
4. V e r r u g a
g e n i t a l o u
c o n d i l o m a
a c u m in a d o :
E s t e t i p o d e
v e r r u g a é
encontrado na
região genital ou
perianal. As lesões são mais macias e,
quando localizadas nas mucosas,
podem ser úmidas. A coloração varia
de esbranquiçada a escura e o tamanho
varia de pequeninos pontos a grandes
lesões com aspecto de couve-flor. Mais
comum em adultos, pode ser adquirida
por transmissão sexual.
TRATAMENTO
O tratamento das verrugas consiste na sua
destruição, que pode ser feita através de:
1. P r o c e d i m e n t o s c i r ú r g i c o s
(eletrocoagulação e raspagem);
2. Cauterização química das lesões (uso
de substâncias cáusticas sobre as
lesões);
3. Criocirurgia (destruição das lesões por
congelamento com nitrogênio líquido);
4. Uso local de substâncias conhecidas
como imunomoduladores, utilizadas
para o tratamento de verrugas
r e s i s t e n t e s a o s t r a t a m e n t o s
convencionais.
LIPOMA
• Tumores mesenquimais mais frequentes.
São benignos e compostos de células
gordurosas maduras que podem estar ou
não envoltas por cápsula conjuntiva.
• Os lipomas são mais frequentes em
diabéticos, obesos e em indivíduos com
hipercolesterolemia. Também há, por
vezes, relação com traumatismos.
• Podem aparecer em qualquer região do
corpo.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
• As lesões variam
de 0,5 a 5 cm ou
mais de diâmetro,
têm consistência
branda e podem
e s t a r o u n ã o
a d e r e n t e s à
d e r m e , m a s
deslocam-se livremente sob a epiderme
que os recobre que tem aspecto normal.
• Em geral, há lesão única, que lentamente
pode crescer, mas, por vezes, ocorrem
lesões múltiplas.
• É mais encontrado no adulto, com
predileção pelas seguintes áreas: nuca,
ante-braços, coxas, dorso e nádegas.
Geralmente são:
1. Aspecto arredondado;
2. Bordas regulares;
3. Crescimento lento;
4. Indolores;
5. Consistência amolecida.
TRATAMENTO
• O lipoma tem cura e costuma ser tratado
por meio da remoção c irúrgica,
costumeiramente feita com anestesia
l o c a l e n o c o n s u l t ó r i o d e u m
dermatologista.
CISTO EPIDÉRMICO
• Resultam da proliferação de células
epidérmicas produtoras de queratina no
interior da derme.
• A p a r e n t e m e n t e , o r i g i n a m - s e d o
infundíbulo do folículo piloso.
• Essa condição pode originar-se da:
- Oclusão do folículo pilossebáceo;
- Implantação de células epidérmicas
na derme por traumatismo inclusive
por cirurgias;
Maria Vitória de Sousa Santos
- A partir de células desprendidas ao
longo das fendas embrionárias.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
• Apresentam-se como nódulos de
dimensões variáveis, móveis em relação
aos planos profundos, únicos ou
múltiplos.
• São de coloração da pele normal e
esbranquiçados ou amarelados quando
localizados mais superficialmente.
• A local ização é intradérmica ou
subcutânea, a consistência é dura ou
branda, às vezes com flutuação.
• Em alguns c is tos epidermoides ,
r e c o n h e c e - s e u m p o n t o c e n t r a l
representando o orifício pilossebáceo
obstruído que, à expressão do cisto,
elimina material queratinoso.
• Não há sintomatologia subjetiva, exceto
ao ocorrer inflamação secundária,
quando se torna eritematoso e doloroso e
pode apresentar flutuação e eliminação
de material queratinoso e purulento de
odor rançoso.
• Cistos epidermoides ocorrem com
frequência na face, fronte, regiões
temporais, pescoço e porção superior do
tronco.
• Os cistos resultantes de implantação
t r a u m á t i c a l o c a l i z a m - s e m a i s
frequentemente nas regiões palmares e
plantares, joelhos e nas nádegas
TRATAMENTO
• A técnica utilizada para tratar o cisto
sebáceo é a cirúrgica. Caso ele tenha
formado um abscesso, será necessário
retirar o pus acumulado por meio de
uma drenagem e fazer um tratamento
com antibióticos antes de realizar a
remoção cirúrgica.
CISTO TRIQUILEMAL
• Também denominado tumor pilar
proliferante, esta variante, que pode
evoluir a partir de um cisto triquilemal
s i m p l e s , é c o n s i d e r a d a p s e u d o -
malignidade na qual pode-se desenvolver
carcinoma espinocelular.
• São neoplasias benignas que se originam
no folículo capilar. Eles são compostos
por uma cápsula inteira (sem orifício)
que apresenta uma consistência elástica.
Além disso, eles são assintomáticos. Por
isso, tendem a ser notados apenas
quando se tornam grandes e incômodos
no couro cabeludo.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
• A p r e s e n t a m - s e
como nódulos de
crescimento lento
no couro cabeludo
m a i s
frequentemente
e m m u l h e r e s
acima dos 50 anos
de idade.
• Em 90% dos casos ocorrem no couro
cabeludo, mas também podem atingir,
face, região torácica e dorsal, axilas,
regiões inguinocrurais, coxas, nádegas e
vulva.
Características gerais:
1. Formato arredondado;
2. São moveis;
3. Tamanho variável;
4. Indolores;
5. Consistência elástica.
TRATAMENTO
• Exérese cirúrgica.
XANTELASMA
• São xantomas planos, com lesões
amareladas, ligeiramente elevadas,
localizadas nas partes internas das
pálpebras, que podem se apresentar em
pacientes com dislipidemia, que deve ser
sempre investigada.
• Podem ser de ocorrência familiar sem
alterações do lipidograma.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
• A principal característica do xantelasma
é o s u r g i m e n t o d e b o l s a s m a i s
amareladas do que o tom da pele normal.
• Elas são bem delimitadas e podem surgir
na pálpebra ou mesmo na parte debaixo
dos olhos, usualmente perto do nariz.
Maria Vitória de Sousa Santos
• Com o tempo, elas crescem e podem
atrapalhar um pouco o movimentar de
olhos do paciente, podendo, em alguns
casos, interferir na visão.
TRATAMENTO
• Os xantelasmas podem ser tratados por
meio de cirurgia da pele, com remoção e
sutura sob anestesia local; mas também
com técnicas destrutivas, usando ácidos,
laser ou eletrocoagulação.
ACROCÓRDON
• Acrocórdons, também conhecidos como
pólipos fibroepiteliais, são pequenas
lesões da pele, normalmente da mesma
cor, totalmente benignas e sem sintomas.
São mais comuns no pescoço, na virilha e
nas axilas.
• Muitas vezes estão relacionados com
resistência à insulina, podendo sinalizar
um estado pré-diabetico.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
• São pápulas filiformes de 1 a 5 mm de
tamanho, da cor da pele ou castanho-
avermelha-da ou castanho-escura,
localizadas principalmente no pescoço,
pálpebras, porção superior do tronco e
axilas.
• Podem tornar-se dolorosos quando se
inflamam por trauma decorrente de
atrito ou quando há torção do pedúnculo,
levando à necrose, quando podem
adquirir coloração escura.
TRATAMENTO
• Sua retirada pode ser feita no consultório
dermatológico por meio de diversas
técnicas , como exc isãos imples ,
eletrodissecção ou criocirurgia.
DERMATOFIBROMA
• Dermatofibromas são lesões benignas
típicas de extremidades, como braços,
antebraços e pernas.
• D e o r i g e m d i f e r e n c i a d a , o s
dermatofibromas são, na verdade,
depósitos de fibrinas, ou seja, cicatrizes
causadas por pequenos traumatismos,
geralmente como picadas de insetos ou
espinhos, por isso são típicos de
ocorrerem nas regiões nas quais a
vestimenta não cobre a pele.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
• Consiste em pápula
ou nódulo de cor
róseo-castanha a
castanho-azulada
o u n e g r a ,
f i r m e m e n t e
encastoada na pele,
q u e c r e s c e
lentamente, porém,
e m r e g r a , n ã o
ultrapassa 1,5 cm de tamanho.
• A compressão lateral da lesão produz seu
aprofundamento, o que é um sinal
semiológico muito característico dessa
afecção. Se uma pessoa beliscar um
dermatofibroma, ele não empurrará em
direção à superfície da pele. Em vez
disso, ele fará covinhas para dentro de si
mesmo.
O s p r i n c i p a i s m a r c a d o r e s d e u m
dermatofibroma são:
- Aparência: Um dermatofibroma
apresenta-se como uma protuberância
redonda que fica principalmente sob a
pele.
- Tamanho: O intervalo normal é de
cerca de 0,5 a 1,5 centímetros (cm), com
a maioria das lesões tendo 0,7 a 1,0 cm
de diâmetro. O tamanho geralmente
permanecerá estável.
- Cor: Os crescimentos variam de cor
entre os indivíduos, mas geralmente são
rosa, vermelho, cinza, marrom ou preto.
avermelhada
Maria Vitória de Sousa Santos
- Localização: Os dermatofibromas são
mais comuns nas pernas, mas às vezes
aparecem nos braços, tronco e, menos
comumente, em outras partes do corpo.
- Sintomas adicionais : Embora
geralmente se jam inofensivos e
indolores, esses crescimentos podem
o c a s i o n a l m e n t e c a u s a r c o c e i r a ,
sensibilidade, dor ou inflamação.
TRATAMENTO
• Geralmente, não necessitam tratamento,
justamente pela característica benigna na
grande maioria das vezes. Porém, em
alguns casos, são dolorosos. Se houver
necessidade de tratar, a opção será
cirúrgica, mas essa necessidade ocorre
raramente.
CERATOSE SEBORREICA
• É u m a l e s ã o
benigna da pele,
g e r a l m e n t e
arredondada ou
i r r e g u l a r , d e
c o l o r a ç ã o
a c a s t a n h a d a ,
amarronzada ou
n e g r a , e d e
a s p e c t o
verrucoso.
• A p a r e c e
principalmente
na face e tronco e pode crescer se
tornando volumosa. Geralmente é de
origem genética;
TRATAMENTO
• Como estas lesões são benignas, muitas
vezes não requerem tratamento, a menos
que estejam trazendo desconforto e
prurido para os pacientes.
• Caso se opte por tratar, a terapia pode
ser feita com crioterapia, eletroterapia ou
cauterização química com ácidos como o
tricloroacético.
Maria Vitória de Sousa Santos
INFECÇÃO EM CIRURGIA AMBULATORIAL
CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS
1. Limpas: A ferida não contém micro-
organismos patogênicos. Exemplo:
ferida cirúrgica fechada que não
penetra em órgãos intest inais ,
respiratórios, genital ou urinário ou
cavidade orofaríngea não infectada.
2. Potencialmente contaminadas:
(ou contaminadas limpas) Ferida sob
condições assépticas, mas que envolve
áreas corporais com micro-organismos.
Exemplo: ferida cirúrgica fechada que
penetra em órgãos intest inais ,
respiratórios, genital ou urinário ou
cavidade orofaríngea infectada, sob
condições controladas de assepsia.
3. Contaminadas: São feridas abertas,
acidentais recentes, operações com
q u e b r a s n a t é c n i c a e s t é r i l o u
extravasamento grosseiro de uma
víscera; Presença de inflamação aguda
não purulenta.
4. Sujas ou Infectadas: São feridas
traumáticas antigas com tecido
desvitalizado retido, corpos estranhos
ou contaminação fecal ou feridas que
envolvem infecção clínica existente ou
víscera perfurada.
PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES DA CIRURGIA
AMBULATORIAL
1. Infecção de sítio cirúrgico;
2. Hematomas;
3. Seromas;
4. Deiscências cutâneas.
INFECÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO
• Infecção relacionada a um procedimento
que ocorre próximo ao sítio cirúrgico
dentro dos primeiros 30 dias.
Classificação das infecções de ferida:
1. Superficial: Deve ocorrer em 30 dias
após o procedimento e envolver apenas
pele e tecido subcutâneo e apresentar
pelo menos um dos seguintes sinais ou
sintomas:
- Drenagem de secreção purulenta da
incisão;
- Microrganismo isolado de maneira
asséptica de secreção ou tecido;
- Pelo menos um dos sinais e
sintomas e a abertura deliberada
dos pontos pelo cirurgião exceto se
cultura negativa: dor, edema,
eritema ou calor local;
- Diagnóstico de infecção pelo
médico que acompanha o paciente.
2. Profunda: Deve ocorrer em 30 dias
após o procedimento se não houver
implante ou um ano se houver
implante. A infecção deve envolver os
tecidos moles profundos (músculo ou
fascia) e apresentar pelo menos um dos
seguintes sinais ou sintomas:
- Drenagem purulenta de incisão
profunda;
- Incisão profunda com deiscência
espontânea ou deliberadamente
aberta pelo cirurgião quando o
paciente apresentar pelo menos um
dos sinais ou sintomas: febre, dor
localizada, edema e rubor exceto se
cultura negativa;
- Abscesso ou outra evidencia de
infecção envolvendo fascia ou
músculo, achada ao exame direto,
re-operação, histopatológico ou
radiológico;
- Diagnóstico de infecção incisional
p r o f u n d a p e l o m é d i c o q u e
acompanha o paciente.
Potencial de contaminação
da cirurgia
Características Alguns exemplos
Limpa • Operações eletivas, feridas
não infectadas.
• Sítios cirúrgicos onde não é
encontrada inflamação.
• Não há abordagem de
v í s c e r a s o c a s ( t r a t o s
respiratório, geniturinário,
digestivo ou orofaringe).
• Primariamente fechadas ou
drenagem fechada, cardíacas.
se necessária.
• Não há quebra de técnica.
• Trauma não penetrante.
H e r n i o r r a t i a i n g u i n a l ,
s a f e n e c t o m i a , p r ó t e s e s
articulares, cirurgias
Potencialmente contaminada • Há abordagem dos tratos
d i g e s t i v o , r e s p i r a t ó r i o ,
geniturinário e orofaringe
• Situações controladas e sem
contaminação nao usual.
•Cirurgia geniturinária:
quando não há cultura de
urina positiva
• Cirurgia biliar quando não
h á i n f e c ç ã o d e v i a s
prostatectomia.
biliares.
• Cirurgias de apêndice,
vagina e orofaringe quando
não há evidência de infecção
ou quebra de tecnica.
Gastrectomia, transplante de
fígado,
Contaminada • F e r i d a s t r a u m á t i c a s
recentes (com <4 horas),
abertas.
• Contaminação grosseira
durante cirurgia de trato
digestivo, manipulação de via
biliar ou geniturinária na
presença de bile ou urina
infectadas.
• Quebras maiores de técnica
• É encontrada durante a
c i ru r g i a a p r esenç a d e
i n f l a m a ç ã o a g u d a n ã o
purulenta.
Colecistectomia em paciente
c o m c o l e c i s t i t e a g u d a ;
amigdalectomia, colectomia
Infectada • Feridas traumáticas antigas
com tecido desvitalizado,
c o r p o s e s t r a n h o s o u
contaminação fecal.
• Trauma penetrante há mais
de 4 horas.
• Vísceras perfuradas ou
s e c r e ç ã o p u r u l e n t a
e n c o n t r a d a s d u r a n t e a
cirurgia.
Enterectomia secundária a
r u p t u r a d e v í s c e r a ,
apendicectomia supurada.
>6
Maria Vitória de Sousa Santos
3. Relacionadas ao espaço orgânico:
Deve ocorrer em 30 dias apóso
procedimento se não houver implante
ou um ano se houver implante.
Envolver qualquer outra região
anatômica do sitio cirúrgico que não a
incisão e apresentar pelo menos um
dos seguintes:
- Drenagem purulenta de dreno
locado entre órgãos/espaço;
- Microorganismo isolado de maneira
asséptica de secreção ou tecido de
órgão ou espaço;
- Abscesso ou outra evidência de
infecção envolvendo órgão ou
cavidade evidenciada ao exame
direto, reabordagem cirúrgica,
e x a m e h i s t o p a t o l ó g i c o o u
radiológico;
- Diagnóstico de infecção incisional
p r o f u n d a d a d o p e l o m é d i c o
cirurgião ou assistente.
FATORES DE RISCO
1. Paciente:
- Idade (extremos);
- Obesidade;
- Desnutrição;
- Estadia pré-operatória prolongada;
- Infecção à distância;
- Neoplasia;
- Controle glicêmico inapropriado;
- Imunossupressão;
- Classificação ASA;
- Comorbidades.
2. Procedimento:
- Tempo cirúrgico (quanto maior o
tempo do procedimento, maior a
chance de desenvolver infecção);
- Tricotomia (a tricotomia de véspera
pode provocar foliculite ou mesmo
i n f e c ç ã o d e p e q u e n o s c o r t e s
acidentalmente ocorridos, uma vez
que a pele normalmente possui flora
bacteriana fixa e transitória, às vezes,
de difícil controle, sendo ideal realizá-
la nos momentos que antecedem a
cirurgia);
- Degermação cirúrgica das mãos;
- Potencial de contaminação da ferida;
- Cirurgia de urgência;
- Preparo inadequado da pele do
paciente;
- Profilaxia cirúrgica inadequada;
- Hemostasia deficiente;
- Excesso de pessoas na sala;
- Entre outros.
3. Microrganismo:
- Colonização prévia;
- Virulência;
- Aderência;
- Inócuo.
AGENTES ETIOLÓGICOS
• As principais fontes de microrganismos
que podem contaminar os tecidos
manipulados durante a cirurgia e
favorecer o desenvolvimento da ISC são
endógenas, isto é, são provenientes do
próprio paciente.
• Estes patógenos na maioria dos casos
pertencem à própria microbiota do
paciente. Menos frequentemente, estes
microrganismos at ingem o s í t io
operatório a partir de alguma infecção
que o paciente esteja apresentando
durante a cirurgia.
• Os microrganismos mais frequentemente
isolados nas ISC são os que compõem a
microbiota do paciente, principalmente
aqueles que compõem a microbiota da
pele e do sítio manipulado.
1. Limpas: Staphylococcus aureus;
Staphylococcus coagulase negativo
( S. epidermidis) - Gram positivos;
2. Potencialmente contaminadas e
contaminadas: E. coli e enterococos -
Gram negativas.
Observação: As fontes exógenas de
microrganismos também são importantes
e podem estar relacionadas à equipe
cirúrgica (ex. sujidade nas vestimentas,
Maria Vitória de Sousa Santos
quebras na técnica asséptica, degermação
c i r ú r g i c a o u h i g i e n e d a s m ã o s
inadequadas, excesso de pessoas na sala),
ao ambiente (ventilação e espaço físico), a
equipamentos, a instrumentais e a outros
materiais que tenham contato ou estejam
próximos ao campo cirúrgico.
QUADRO CLÍNICO
1. Locais:
- Dor;
- Calor;
- Rubor;
- Edema.
2. Sistêmicos:
- Febre;
- Taquicardia;
- Sepse.
DIAGNÓSTICO
1. História clínica + exame físico;
2. E x a m e s c o m p l e m e n t a r e s
(Laboratorials e de imagem).
PREVENÇÃO
PREPARO DA PELE DO PACIENTE
1. U t i l i z a r s o l u ç ã o a n t i s s é p t i c a
apropriada no preparo da pele do
paciente - clorexidine ou PVPI (IB,II).
2. O agente antisséptico deve ser aplicado
com movimentos concêntricos do
centro para a periferia, englobando
toda a área de abordagem amplamente
(inclusive o local da colocação de
drenos).
3. A antissepsia da pele deve ser realizada
c o m s o l u ç ã o a n t i s s e p t i c a e m
combinação com produto alcoólico,
clorexidine ou PVPI (IA).
4. Banho pré-operatório com solução
antisséptica pelo menos na noite
anterior à cirurgia.
PREPARO DA PELE DA EQUIPE CIRÚRGICA
1. Remover anéis, relógios e pulseiras
antes de iniciar a degermação ou
antissepsia cirúrgica das mãos.
2. Unhas artificiais são proibidas.
3. Lavar as mãos com água e sabão antes
da degermação cirúrgica, se as mãos
estiverem visivelmente sujas.
4. Manter unhas curtas e remover a
sujidade presente embaixo das unhas
c o m u m l i m p a d o r d e u n h a s ,
preferencialmente com as mãos sob a
água corrente.
5. A degermação cirúrgica das mãos deve
incluir os antebraços (ate o cotovelo)
com solução antisséptica, com duração
de 5 minutos na primeira degermação
e 2 - 3 minutos nas demais.
6. Manter as mãos elevadas e afastadas
do corpo, de maneira que a água
escorra das mãos para o cotovelo. Secar
as mãos com toalhas estéreis e colocar
aventais e luvas estéreis.
REMOÇÃO ADEQUADA DOS PELOS
1. Realização de tricotomia somente se
necessária e imediatamente antes do
ato cirúrgico com tricotomizador.
2. Não usar lâminas de barbear ou
lâminas de bisturi.
PROFILAXIA ANTIMICROBIANA ADEQUADA
• Administrar o antibiótico somente
quando indicado e no momento
adequado para atingir níveis séricos e
teciduais adequados durante a incisão e
manipulação do sítio cirúrgico.
• Infundir completamente o antibiótico em
até uma 30 min - 1 hora antes da incisão
ou do garrote pneumático. Exceções:
fluoroquinolonas e vancomicina - iniciar
2 horas antes da incisão.
• A antibioticoprofilaxia deve ser realizada
antes do início da cirurgia para que no
momento da incisão da pele exista
concentração tecidual adequada. Como
S.aureus é o agente mais freqüente de
infecção a profilaxia deve ser realizada
com antibióticos com atividade para este
agente, geralmente cefalosporinas de
p r i m e i r a e s e g u n d a g e r a ç ã o . A
antibióticoprofilaxia está indicada nas
seguintes situações:
- Procedimentos limpos quando estes
apresentam risco de contaminação,
envolvendo prótese ou colocação de
implante (por exemplo, hérnia
inguinal com tela);
- Potencialmente contaminadas;
- 30 minutos - 1 hora antes do início do
procedimento cirúrgico;
- Encerrada na maioria dos casos ao
fim do procedimento cirúrgico ou em
até 24 horas (exceto em casos de
Maria Vitória de Sousa Santos
f e r i d a s p o t e n c i a l m e n t e
contaminadas).
Observação: Não deve ser usada em
operações infectadas, pois neste caso deve
ser prescrito um tratamento antibiótico
eficaz, e, por vezes, o paciente já se
e n c o n t r a e m u s o d e a n t i b i ó t i c o
terapêutico.
CUIDADOS COM AMBIENTE E ESTRUTURA
1. Manter a ventilação na sala cirúrgica
com pressão positiva em relação ao
corredor e áreas adjacentes; com no
mínimo 15 trocas de ar por hora, uso
de filtro HEPA.
2. Manter a porta da sala fechada.
3. Limitar o número de pessoas na sala
cirúrgica.
4. Esterilização de todo o instrumental
cirúrgico.
5. Limpeza terminal mecânica do piso na
última cirurgia do dia.
6. Rigor na paramentação cirúrgica e
manutenção da barreira máxima no ato
cirúrgico.
7. Higienizar as mãos (com produto
alcoólico ou água e sabão) nos 5
momentos recomendados (antes do
contato com o paciente, antes de
procedimentos limpos ou assépticos,
após risco de exposição com fluidos
corpóreos, após contato com o paciente
e após contato com as superfícies
próximas ao paciente).
8. Higienizar as mãos antes e após
manuseio de feridas.9. Utilizar técnica asséptica para a
execução do curativo.
10. Utilizar luvas estéreis e produtos
estéreis no contato com as feridas.
OUTROS
1. N o r m o t e r m i a : M a n t e r a
n o r m o t e r m i a n o p e r í o d o
perioperatório.
2. Glicemia: Manter o controle da
glicemia no período perioperatório em
pacientes diabéticos e não diabéticos,
tendo como alvo níveis glicêmicos <
180mg/dl.
TRATAMENTO
1. L a v a r , d e s b r i d a r e d r e n a r o s
ferimentos;
2. Antibioticoterapia (cefalosporinas -
betalactâmicos).
Observação: As Cefazolidas são as mais
utilizadas em ambiente intra-hospitalar,
uma vez que apresentam amplo aspecto e
maior ação sobre as bactérias gram-
positivas (presentes na pele - S. aureus).
- A cefazolina tem sido o medicamento
de escolha, pois atinge concentração
tecidual maior e mais rápida e
apresenta meia-vida mais longa. Sua
posologia é de 1g a 2 g EV, 30 min a
6 0 m i n a n t e s d o i n í c i o d o
procedimento. Pacientes com mais de
60 kg e/ou procedimentos com maior
sangramento constituem indicações
para uso de dose dobrada (2 g).
Observação : Alternativa para os
pacientes que possuem alergia aos beta
lactâmicos: Vancomicina e Clindamicina.
espectro
Cefazolinas·
·
Maria Vitória de Sousa Santos
CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS
FERIDA
• A ferida é definida como perda da
continuidade de um tecido orgânico
devido a alguma lesão física, química ou
mecânica, seja externa ou desencadeada
por doença.
Pode ser classificada como ferida:
1. Superficial: Restrito a epiderme;
2. Com perda parcial: Ultrapassa a
epiderme e não ultrapassa a derme.
3. Com perda total: Atinge tecido
muscular, subcutâneo, nervos, ossos.
CLASSIFICAÇÃO
Quanto ao grau de contaminação:
4. Limpas: São as produzidas em
ambiente cirúrgico, sendo que não
foram abertos sistemas como o
digestório, respiratório e genito-
urinário. A probabilidade da infecção
da ferida é baixa, em torno de 1 a 5%.
Tratamento: Fechamento primário
cicatrização por 1ª intenção.
5. Limpas-contaminadas: Também
são conhecidas como potencialmente
contaminadas; nelas há contaminação
g r o s s e i r a , p o r e x e m p l o , n a s
ocasionadas por faca de cozinha, ou
nas situações cirúrgicas em que houve
abertura dos sistemas contaminados
descritos anteriormente. O risco de
infecção é de 3 a 11%. Tratamento:
Fechamento primário cicatrização por
1ª intenção.
6. C o n t a m i n a d a s : H á r e a ç ã o
inflamatória; são as que tiveram
contato com material como terra, fezes,
etc . Também são consideradas
contaminadas aquelas em que já se
passou seis horas após o ato que
resultou na ferida. O risco de infecção
da fer ida já a t inge 10 a 17%.
Tratamento: Tratamento aberto ou
primário-retardado cicatrização por 1ª
intenção.
7. Infectadas: Apresentam sinais
nítidos de infecção. Tratamento aberto.
Quanto ao grau de abertura, as feridas
podem ser:
1. Abertas: Acometem a pele ou a
mucosa e podem estar associados
também a lesão do tecido celular
s u b c u t â n e o , d e m ú s c u l o s e
aponeuroses, criando solução de
continuidade do meio externo com o
meio interno;
2. Fechadas: A integridade da pele é
mantida, podendo haver lesões sobre
os órgãos internos, grandes vasos e
músculos, que se caracterizam, à
i n s p e ç ã o , c o m o e q u i m o s e s e
hematomas.
Quanto ao tempo de duração, as feridas
podem ser:
1. Agudas (quando são feridas recentes);
2. Crônicas (feridas que têm um tempo
de cicatrização maior que o esperado
devido a sua etiologia. São feridas que
não apresentam a fase de regeneração
no tempo esperado, havendo um
retardo na cicatrização).
CICATRIZAÇÃO
• A cicatrização é um fenômeno biológico
que tem início com uma lesão tecidual de
qualquer natureza. Processos celulares
contínuos contribuem para a restauração
d a f e r i d a : r e g e n e r a ç ã o c e l u l a r ,
proliferação celular e produção do
colágeno.
A resposta tecidual às lesões passa por três
estágios parcialmente sobrepostos:
1. Fase inflamatória;
2. Fase proliferação ou granulação;
3. Fase remodelagem ou maturação.
FASES DA CICATRIZAÇÃO
FASE INFLAMATÓRIA (0-5 DIAS)
• O processo inflamatório é de vital
importância para o processo de
cicatrização; de início, ocorre vaso-
c o n s t r i c ç ã o f u g a z , s e g u i d a d e
v a s o d i l a t a ç ã o , q u e é m e d i d a
principalmente pela histamina, liberada
por mastócitos, granulócitos e plaquetas
com aumento da e extravasamento de
plasma;
Eventos importantes:
1. Vasoconstricção;
2. Aumento da permeabilidade vascular;
3. Acúmulo ou agregação de plaquetas;
4. Depósito de fibrina e coagulação;
5. Migração de leucócitos;
6. Ativação celular.
mediada
do⑭
Maria Vitória de Sousa Santos
Nessa fase estão envolvidos:
1. Eventos hemostáticos;
2. Eventos celulares;
3. Eventos mecânicos;
4. Eventos bioquímicos.
FASE PROLIFERATIVA (04- 14 DIAS)
• Conforme as respostas agudas de
hemostasia e inflamação, é iniciado o
r e p a r o d a f e r i d a p o r m e i o d a
angiogênese, fibroplasia e epitelização.
• Este estágio é caracterizado pela
formação de tecido granuloso, que
consiste de leito capilar, fibroblasto,
macrófagos e rede de colágeno,
fibronectina e ácido hialurônico. A
angiogênese é o processo de formação de
novos vasos sanguíneos, necessários para
suportar o ambiente de cicatrização da
ferida.
• Os fibroblastos são células especializadas
que se diferenciam a partir das células
mesenquimais em repouso no tecido
conjuntivo, e que não chegam ao local da
ferida por diapedese das células
circulantes.
• Após a ferida, os fibroblastos quiescentes
são atraídos quimicamente ao sítio de
inflamação, onde se dividem e produzem
componentes da matriz extracelular.
• A epiderme serve como barreira física
para prevenir perdas de fluidos e invasão
por bactérias. As apertadas junções
celulares dentro do epitélio contribuem
para a sua impermeabilidade, e a
membrana basal dá suporte estrutural e
provê ligação entre a epiderme e a
derme.
• A reepitelização de feridas começa
poucas horas após a lesão. Inicialmente,
a ferida é rapidamente selada pela
formação de coágulos e, após, por
migração de células epiteliais.
• Queratinócitos localizados na camada
b a s a l d a e p i d e r m e r e s i d u a l , o u
profundamente no epitélio, migram para
a superfície da ferida. A epitelização
envolve uma sequência de mudanças nos
queratinócitos de feridas: o desapego, a
migração, a proliferação, a diferenciação
e a estratificação.
Caracterizada pelos eventos que se
seguem:
1. R e e p i t e l i z a ç ã o ( m i g r a ç ã o d e
queratinócitos e células epidérmicas);
2. Migração de fibroblastos;
3. Formação de tecido de granulação;
4. Angiogenese e (neovascularização);
5. Síntese protéica (colágeno);
6. Contração da ferida.
Nessa fase estão envolvidos:
1. Angiogênese;
2. Recrutamento de fibroblastos;
3. Epitelização.
FASE DE MODELAGEM/MATURAÇÃO (7 DIAS - 1ANO)
• Durante essa fase, que tem início no 3o
dia e pode durar até 6 meses, a
densidade celular e a vascularização da
ferida diminuem, enquanto ocorre a
maturação das fibras colágenas.
• O tecido cicatricial previamente formado
sofre remodelação, e oalinhamento das
fibras é reorganizado para aumentar a
resistência do tecido e diminuir a
espessura da cicatriz, reduzindo a
deformidade.
• A contração da ferida ocorre por
movimento centrípeto em toda a
espessura ao redor da pele, reduzindo a
quantidade de cicatriz desorganizada.
• N e s s e p r o c e s s o , o s f i b r o b l a s t o s
diminuem e a densa rede de capilares
regride. Dentro de 1-6 semanas, a força
da ferida aumenta rapidamente e, em
seguida, aparece o platô, até um ano
após a lesão.
• Quando comparada com a pele intacta, a
resistência à tração na cicatriz é de
apenas 30%. Apesar da rede de colágeno
causar contração da ferida e um aumento
na força, ela também resulta em uma
cicatriz, que é mais frágil e menos
elástica do que a pele normal.
Nessa fase estão envolvidos:
1. Contração da ferida;
2. Remodelação do colágeno;
3. Ganho de força tênsil.
Maria Vitória de Sousa Santos
FATORES INTERFEREM NA CICATRIZAÇÃO
1. Relacionados à ferida:
- Oxigenação e infecção;
2. Relacionados ao paciente:
- Idade, estresse, morbidades (como
d i a b e t e s ) , m e d i c a m e n t o s ,
radioterapia, obesidade, alcoolismo,
tabagismo, fatores nutricionais.
TIPOS DE CICATRIZAÇÃO
1. Primeira intenção: Situação ideal
para o fechamento de feridas limpas,
com perda mínima de tecido. Pode ser
feita em centro cirúrgico ou pode
ocorrer de forma natural, quando
temos uma escoriação na pele. Dessa
forma, temos a aproximação das
bordas através de síntese cirúrgica.
2. Segunda intenção: Está relacionada
a ferimentos infetados e com perda
acentuada de tecido, onde não é
possível juntar as bordas. Tal processo
envolve produção extensa de tecido de
granulação, e maior tempo para a
contração e epitelização.
3. Terceira intenção: Ocorre quando
há fatores que retardam a reparação
tecidual de uma lesão que inicialmente
foi de primeira intenção. É relacionado
ao fechamento tardio e após deiscência
e limpeza.
CICATRIZAÇÃO ANORMAL
Resposta cicatricial exacerbada (deposição
excessiva de colágeno).
1. Quelóide: São cicatrizes que crescem
além das margens da ferida original e
raramente regridem. As áreas mais
comuns para esse tipo de cicatriz são
acima das clavículas, no tronco, nos
membros superiores e na face. São de
difícil prevenção e frequentemente são
refratários a intervenções. Essas
cicatrizes têm abundantes feixes de
colágeno, espessos, que formam
estruturas acelulares semelhantes a
nódulos na porção dérmica profunda
da lesão . O centro das lesões
caracteriza-se pela escassez de células.
2. C i c a t r i z h i p e r t r ó f i c a :
Di ferentemente dos que lo ides ,
respeitam os limites da ferida original e
podem regredir espontaneamente. O
centro das lesões possui i lhas
c o m p o s t a s d e a g r e g a d o s d e
fibroblastos, pequenos vasos e fibras de
colágeno em toda a derme. A etiologia
dessas formações advém de inflamação
p r o l o n g a d a e r e c a p e a m e n t o
insuficiente, que se desenvolvem a
p a r t i r d e m ú l t i p l o s e f e i t o s
estimuladores.
Maria Vitória de Sousa Santos
FERIMENTOS SUPERFICIAIS
• Ferimentos são lesões resultantes da
p e r d a d a i n t e g r i d a d e t e c i d u a l ,
p r o v o c a d o s p o r a l g u m a g e n t e
traumático. Em geral, os ferimentos
estão associados a dor de intensidade
v a r i á v e l , p o d e n d o a p r e s e n t a r
sangramento, bem como exposição de
estruturas nobres como nervos, tendões,
ossos e vísceras.
CLASSIFICAÇÃO
1. Abertas: Acometem a pele ou a
mucosa e podem estar associados
também a lesão do tecido celular
s u b c u t â n e o , d e m ú s c u l o s e
aponeuroses, criando solução de
continuidade do meio externo com o
meio interno.
2. Fechadas: A integridade da pele é
mantida, podendo haver lesões sobre
os órgãos internos, grandes vasos e
músculos, que se caracterizam, à
i n s p e ç ã o , c o m o e q u i m o s e s e
hematomas.
3. Superficiais: São feridas que atingem
a pele, o tecido celular subcutâneo, as
aponeuroses e os músculos, sem lesar
estruturas profundas ou nobres como
nervos, tendões, vasos de maior
c a l i b r e , v í s c e r a s e o s s o s . E x :
Queimaduras de primeiro grau e os
f e r i m e n t o s d e p o l p a d i g i t a l ,
escoriações.
4. Profundos: Acometem os planos
aponeuróticos e musculares que
apresentam íntimo contato com
estruturas nobres como ossos, nervos,
cartilagens, grandes vasos ou artérias
terminais, vísceras e tendões. Como
exemplos, podem ser citados os
ferimentos que atingem a cavidade
abdominal, as queimaduras de terceiro
grau com acometimento ósseo ou
tendíneo e as lesões faciais com
comprometimento intraorbital, da
cavidade oral ou do arcabouço nasal.
OUTROS TIPOS DE CLASSIFICAÇÕES
D e f u n d a m e n t a l i m p o r t â n c i a é a
classificação dos ferimentos abertos
quanto à:
1. Natureza do agente causador;
2. Complexidade;
- Simples: São pequenos ferimentos
nos quais não ocorre perda de tecidos
nem contaminação grosseira. Aqui
está incluída a maioria das feridas
produzidas por acidentes domésticos.
- Complexas: São feridas graves,
irregulares, nas quais geralmente
o c o r r e p e r d a d e s u b s t â n c i a ,
esmagamento, queimadura, avulsão,
dissecção e deslocamento de tecidos.
Não raro albergam em seu interior
corpos estranhos.
3. Nível de contaminação.
QUANTO À NATUREZA DO AGENTE CAUSADOR
TRAUMATISMOS ABERTOS
1. Ferimentos incisos: São causados
por instrumentos
cortantes, como
facas, navalhas,
lâminas de barbear
e pedaços de vidro;
p o r i s s o
a p r e s e n t a m ,
usualmente, bordas regulares, nítidas e
lineares. Um clássico exemplo de
f e r i m e n t o i n c i s o p r o d u z i d o
intencionalmente é o cirúrgico, cujo
agente cortante é a lâmina de bisturi.
2. F e r i m e n t o s
contusos : São
c a u s a d o s p o r
i n s t r u m e n t o s
c o n t u n d e n t e s ,
c o m o , p o r
exemplo, pedra ou
b a r r a d e f e r r o ,
palmatória e cassetete. Geralmente,
n e s s e t i p o d e l e s ã o , o a g e n t e
traumático não apresenta gume, sendo
a força do impacto a responsável pela
solução de continuidade da pele. Desse
Maria Vitória de Sousa Santos
modo, os ferimentos contusos têm
bordas irregulares e retraídas, além de
apresentarem pontes dérmicas.
- Escoriações:
São ferimentos
c o n t u s o s
s u p e r f i c i a i s ,
p r o v o c a d a s
p e l o
desl izamento
d o a g e n t e
vulnerante sobre
a pele, causando arrancamento da
epiderme e exposição da derme. As
escoriações também são conhecidas
como erosão epidérmica ou abrasão
e podem ser classificadas em
retilíneas, quando causadas por
i n s t r u m e n t o s p o n t i a g u d o s ;
curvilíneas (unhas); em pinceladas
(cascalho); em placa (asfalto) ou
apergaminhadas (nos sulcos dos
enforcamentos).
3. F e r i m e n t o s
perfurantes: São
aqueles cujo agente
causador apresenta
e x t r e m i d a d e
pont iaguda, como
pregos, agulhas e
a l f i n e t e s . E s s e s
f e r i m e n t o s
apresentam profundidade maior que
seu diâmetro, podendo ser superficiais
ou profundos. Caso o
agente t raumát ico
p e n e t r e e m u m a
cavidade natural do
c o r p o , c o m o , p o r
exemplo, a cavidade
abdominal e a órbita, o
ferimento produzido será classificado
como penetrante.
- Ainda pode m
s e r d o t i p o
t r a n s f i x a n t e :
A t r a v e s s a a
e s t r u t u r a ,
órgão, tecido.
4. Ferimentos perfuroincisos: São
c a u s a d o s p o r i n s t r u m e n t o s
perfurocortantes, que apresentam,ao
mesmo tempo, gume e ponta, como
peixeiras e punhais.
5. Ferimentos perfurocontusos: São
aqueles causados por instrumentos
perfurocontundentes, como, por
exemplo, os projéteis de arma de fogo.
- Orifício de entrada: Circular,
p e q u e n a , b o r d a e q u i m ó t i c a ,
detritos;
- Orifício de saída: Ferimento
m a i o r , b o r d a s i r r e g u l a r e s ,
evertidas.
6. F e r i m e n t o s c o r t o c o n t u s o s :
Apresentam dois ou mais ângulos,
bordas irregulares e pontes de tecidos.
Como agentes causadores, podem ser
citados: dentes, enxada e machado.
TRAUMATISMOS FECHADO
1. Equimose: É uma
mancha roxa, azul ou
vermelha que aparece
n a p e l e q u a n d o
p e q u e n o s v a s o s
s a n g u í n e o s ,
c o n h e c i d o s c o m o
capilares, se rompem
e liberam sangue sob a
superfície da pele.
2. Hematoma: É um
acúmulo de sangue
f o r a d o s v a s o s
sanguíneos, podendo
acontecer em qualquer
l u g a r d o c o r p o .
G e r a l m e n t e o
s u r g i m e n t o d o
h e m a t o m a é
decorrente de alguma
lesão ou trauma.
3. Edema traumático:
É o a u m e n t o d e
v o l u m e n a r e g i ã o
traumatizada (é o
inchaço).
QUANTO AO GRAU DE CONTAMINAÇÃO
Maria Vitória de Sousa Santos
1. Ferimentos limpos: São aqueles
produzidos em ambiente cirúrgico,
ut i l i zando-se técnica assépt ica
adequada, sem manipulação de
sistema digestório, respiratório e
geniturinário.
2. Ferimentos limpo-contaminados:
T a m b é m c o n h e c i d o s c o m o
potencialmente contaminados. São os
ferimentos que apresentam algum grau
de contaminação bacteriana e cujos
primeiros cuidados se iniciam em até 6
h após o trauma. Um típico exemplo é
um ferimento inciso produzido por
uma faca ou por uma lâmina que não
apresentem contaminação grosseira.
3. F e r i m e n t o s c o n t a m i n a d o s :
Incluem-se, nesse grupo, os ferimentos
que tiveram contato com terra, asfalto,
material fecal e as mordeduras.
Também são classificados como
contaminados os ferimentos cujos
primeiros cuidados se iniciam 6 h após
o trauma.
4. Ferimentos infectados: São aqueles
q u e a p r e s e n t a m p r o l i f e r a ç ã o
bacteriana, com a presença de pus,
t e c i d o s d e s v i t a l i z a d o s e o d o r
característico.
ANAMNESE
1. Determinar o tempo do trauma: toda
ferida é considerada contaminada após
6 horas do trauma;
2. Determinar o mecanismo do trauma;
3. Verificar a presença de comorbidades
que podem afetar a cicatrização:
hipertensão arterial, diabetes mellitus,
uso de corticoide e imunossupressores
e uso de ácido acetilsalicílico (AAS) e
anticoagulantes;
4. Pesquisar a situação vacinal;
5. Presença de alergias;
6. Uso de medicamentos, drogas, álcool.
EXAME FÍSICO
1. Avaliar a presença de dor, parestesia e
perda de função;
2. Avaliar a extensão e a profundidade da
lesão;
3. Avaliar o grau de contaminação,
examinando minuciosamente o leito da
ferida à procura de corpos estranhos;
4. Avaliar a presença de lesão nervosa,
vascular, de tendões, ósseas (com
f r a t u r a e x p o s t a o u n ã o ) e d e
cartilagens.
TRATAMENTO
Tem como objetivos:
1. Restabelecer integridade, anatomia dos
tecidos;
2. Funcionalidade;
3. Preservar a estética.
O tratamento depende do tipo de
ferimento:
1. Ferimentos superficiais fechados:
Excluída a coexistência de lesões
p ro f u nd a s , d e ve m - s e i n i c i a r o
resfriamento do local com gelo, a
imobilização do membro afetado, bem
c o m o a s u a e l e v a ç ã o , v i s a n d o
diminuição do edema. A analgesia
também está indicada e, em alguns
casos, pode se utilizar gel à base de
heparina sódica com o objetivo de
acelerar a absorção de eventuais
coágulos.
2. Ferimentos superficiais abertos:
Tem como principal objetivo seu
fechamento, que pode ser feito
imediatamente à admissão do paciente
no setor de suturas, entre o terceiro e o
quinto dias de evolução, mais
tardiamente, ou não ser realizado,
deixando que o ferimento cicatrize por
segunda intenção. Essa decisão
dependerá de algumas características
do ferimento, como o seu agente
causador, o grau de contaminação, o
tempo de evolução e a sua localização.
3. Ferimentos limpo-contaminados:
Se apresentar suprimento sanguíneo
adequado, em indivíduos sadios, está
indicado o fechamento primário, isto é,
a síntese no momento da admissão na
unidade de pronto-socorro. Esse
método de fechamento da ferida
também é conhecido como fechamento
por primeira intenção e apresenta bom
resultado estético.
- Quando não fechar por primeira
intenção:
A. 6-8 horas entre o trauma e o
tratamento;
Maria Vitória de Sousa Santos
B. Tecidos com suprimento
sanguíneo prejudicado;
C. I m p o s s i b i l i d a d e d e
aproximação de bordas;
D. Ferida por mordedura;
4. Ferimentos contaminados e
infectados: Não devem ser suturados,
devendo-se aguardar a sua cicatrização
por segunda intenção (aberto). Esse
tipo de cicatrização ocorre por meio de
contração tecidual e de epitelização a
partir de células oriundas das margens
do ferimento e dos folículos pilosos.
- Indicação da cicatrização aberta:
A. Contraindicação ou falha no
fechamento primário;
B. T r a t a m e n t o d e f e r i d a s
infectadas.
TIPOS DE CICATRIZAÇÃO
A cicatrização pode ocorrer por primeira,
segunda ou terceira intenção (fechamento
primário retardado).
1. C i c a t r i z a ç ã o p o r p r i m e i r a
intenção: É a forma mais desejável.
Caracteriza-se por mínima perda
tecidual, resposta inflamatória rápida,
menor incidência de complicações, os
bordos são aproximados por suturas e
a cicatriz apresenta menor índice de
defeitos.
2. C i c a t r i z a ç ã o p o r s e g u n d a
intenção: É a forma de tratamento
para ferimentos com grande perda
tecidual ou com presença de infecções.
O período cicatricial é mais prolongado
devido a resposta inflamatória intensa,
há maior incidência de defeitos
cicatriciais (cicatriz hipertrófica e
queloide) e não há possibilidade de
aproximação das bordas por suturas.
3. C i c a t r i z a ç ã o p o r t e r c e i r a
intenção : Essa modalidade de
tratamento de feridas se destina
àquelas em que o fechamento primário
imediato não é possível. A ferida pode
ser t ratada, in ic ia lmente , com
desbridamento cirúrgico, curativos,
antibioticoterapia e, após o controle da
infecção, ser fechada com sutura.
IMPORTANTE
Para os ferimentos é necessário a:
1. Limpeza de ferimentos rigorosa e
remoção de corpos estranhos;
2. Gazes esterilizadas e irrigação com
soro fisiológico;
3. Hemostasia: Evitar muitas ligaduras e
uso de cautério em feridas traumáticas.
ANTIBIOTICOTERAPIA
De modo geral não se recomenda o
emprego de antibióticos profiláticos em
feridas traumáticas limpas ou mesmo
contaminadas. A antibioticoprofilaxia
depende dos fatores de risco para infecção
(natureza do hospedeiro, características da
ferida)
1. Infecção de ferida: estafilococos,
estreptococos
- Indicação: Cefalosporinas de 1 e 2
geração
2. Mordeduras: Pasteurella multocida,
r h a b d o v i r u s , e s t a f i l o c o c o s ,
estreptococos e anaeróbios
- Indicação: Amoxicilina-clavulanato
3. Antibióticos tópicos: Indicação
controversa; Bacitracina, neomicina.
TÉTANO
1. Ferimentos com risco mínimo de
tétano: Superficiais,limpos, sem
c o r p o s e s t r a n h o s o u t e c i d o s
desvitalizados.
2. Ferimentos com alto risco de
tétano: Profundos ou superficiais
sujos; com corpos estranhos ou tecidos
desvitalizados; queimaduras; feridas
puntiformes ou por armas brancas e de
fogo; mordeduras; politraumatismos e
fraturas expostas.
- A imunização básica com toxoide
tetânico exige três doses. Se o paciente
tomou três doses ou mais, sendo a
última dentro de um período de 10 anos,
não é necessário se fazer reforço.
Maria Vitória de Sousa Santos
- Se o paciente estiver com sua situação
vacinal desatualizada, encaminhá-lo
p a r a a s a l a d e v a c i n a a p ó s o
procedimento.
- Deve-se considerar a necessidade de
imunização passiva com imunoglobulina
humana (homóloga), levando-se em
consideração as características da ferida,
as condições sob as quais ela ocorreu e o
estado prévio de imunização ativa do
paciente.
ANTIBIOTICOPROFILAXIA
• A p r o f i l a x i a d e i n f e c ç õ e s c o m
antibióticos está indicada nas feridas
traumáticas classificadas como limpas
contaminadas e contaminadas.
• Nas feridas sujas o uso é ao mesmo
tempo profilático e terapêutico. Para ter
efeito profilático, o antibiótico deve ser
usado por via sistêmica ou local, nas 3
primeiras horas que se seguem ao
traumatismo.
• Além deste período, sua ação é limitada
pelo exsudato de proteína plasmática e
formação de coágulo.
• Esse fato explica a ineficácia da
antibioticoterapia profilática quando a
droga é administrada por via oral.
• Na antibioticoprofilaxia, a dose do
antibiótico escolhido deve ser idêntica à
utilizada com finalidade terapêutica.
Somente a duração do tratamento é que
deve ser menor. Existe uma tendência a
limitar-se o uso a um período inferior a
24 horas.
O uso profilático e terapêutico de
antibióticos é justificável nas seguintes
eventualidades:
1. Feridas sujas ou poluídas;
2. Feridas por mordedura;
3. Feridas complexas;
4. Feridas profundas;
5. Feridas em tecidos com vascularização
comprometida;
6. Feridas das junções mucocutâneas;
7. Q u a l q u e r f e r i d a e m p a c i e n t e
imunodeprimido.
Maria Vitória de Sousa Santos
INCISÕES, SUTURAS, RETALHOS, Z-
PLASTIAS E ENXERTOS
INTRODUÇÃO
• Incisões, suturas, retalhos, z-plastias e
enxertos são recursos utilizados no
tratamento de lesões cutâneas, sejam
elas de origem traumática ou não. Cada
u m a d e s t a s t é c n i c a s t e m s u a s
características fundamentais e suas
indicações específicas, porém algumas se
superpõem a outras ou são utilizadas
conjuntamente.
• O objetivo do cirurgião é que a cicatriz
tenha boa qualidade e possa ser o mais
imperceptível possível. Para obter tal
resultado, deve-se contar com uma
técnica cirúrgica atraumática e bom
planejamento das incisões.
Além disso, outros fatores podem interferir
na cicatrização:
1. Idade do paciente;
2. Tipo de pele;
3. Região do corpo onde ocorrerão as
cicatrizes.
INCISÕES
• A escolha do tamanho e da direção de
uma incisão eletiva deve ser feita em
relação às linhas de tensão mínima da
pele.
• As linhas de tensão mínima são
resultado de adaptação à função, ou seja,
da contração e distensão da pele sobre a
musculatura e articulações sub-jacentes.
• Experiências práticas têm mostrado que
feridas cicatrizam melhor quando são
realizadas dentro das linhas de flexão
natural ou linhas de expressão facial ou
paralelas a essas linhas.
• Dessa forma, surgiu a classificação de
linha de Langer, que
s e r v e c o m o
v e r d a d e i r o m a p a
direcional para a
l o c a l i z a ç ã o d e
incisões.
• Modernamente as
linhas direcionais
utilizadas são aquelas
chamadas linhas de
tensão mínima, ou
seja, aquelas direções
que, se utilizadas para uma incisão,
permitirão a aproximação das bordas
com um mínimo de tensão, o que irá
certamente contribuir decisivamente
para um melhor resultado estético e
funcional, particularmente em cirurgia
estética.
• As feridas que cruzam as linhas de
tensão mínima de modo oblíquo ou
perpendicular estão sujeitas à ação da
m u s c u l a t u r a s u b j a c e n t e e a o
d e s e n v o l v i m e n t o d e c i c a t r i z e s
hipertróficas.
QUALIDADES DE UMA BOA INCISÃO
1. A incisão deve ter tamanho adequado
de modo que permita acesso fácil aos
órgãos a serem abordados e boa
visibilidade do campo operatório;
2. A incisão deve ter bordas regulares)
3. Obedecer às linhas de força da pele da
região da intervenção cirúrgica (Linhas
de Langer);
4. Atravessar os tecidos respeitando a
anatomia regional, incisando um plano
de cada vez;
5. Não comprometer vasos e nervos
importantes da região operada .
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA DIÉRESE
1. Incisão: Manobra que secciona ou
incisa os tecidos. Praticada com
instrumentos cortantes que seccionam
os tec idos moles: b is tur i f r io ,
eletrocautério, laser e etc.
2. Divulsão: Neste tipo de diérese o
cirurgião realiza o afastamento dos
tecidos sem seccioná-los, aproveitando
o plano de clivagem ou sua constituição
fasciculada, como por exemplo o tecido
muscular. Ela pode ser feita com
tesoura de pontas rombas, pinças
hemostáticas, pinça de Mixter,
afastador de Farabeuf, tentacânula e
outros instrumentos.
3. Punção: Realizado com agulha ou
com trocáter que penetra nos tecidos e
paredes que dão acesso a cavidades,
separando-os sem seccioná-los. Tem
várias finalidades, como dar acesso à
cavidade abdominal durante a cirurgia
laparoscópica, drenagem de coleções
líquidas de cavidades e órgãos, coleta
de fragmentos de órgãos e tecidos para
subjacentes.
;
.
⑪
·
ob
Maria Vitória de Sousa Santos
exames diagnósticos, injeção de
contrastes e medicamentos, etc.
4. Descolamento: É realizado pela
separação romba dos tecidos através de
um espaço anatômico virtual. Como
e x e m p l o s , p o d e - s e c i t a r o
descolamento da vesícula biliar do leito
hepático durante a colecistectomia; a
manobra de Kocher que consiste no
descolamento do duodeno da parede
posterior da cavidade abdominal.
5. Dilatação: Usada para aumentar o
calibre ou o diâmetro de vias naturais
estenosadas, canais, ductos e vasos. É
o b t i d a p e l a r u p t u r a d e f i b r a s
musculares ou de tecido fibroso. Como
exemplos, podem ser citados dilatação
do colo do útero, dilatação de estenose
do esôfago, da uretra, etc.
6. Serração: Realizada por meio de
s e r r a s , m o r m e n t e n a c i r u r g i a
ortopédica e cardíaca.
SUTURAS
• Consiste na aproximação das bordas das
feridas, essa aproximação sem tensão é o
princípio básico para a cicatrização de
uma ferida com mínima cicatriz. O
fechamento deve ser feito por planos,
com aproximação de todos os tecidos
profundos, mantendo-se a mesma altura
das bordas, nos casos de tecidos de
espessuras diferentes.
Condições de uma boa síntese:
1. Assepsia e antissepsia local: Na
ausência destas poder-se-á obter um
bom afrontamento imediato, que
desaparecerá logo que sobrevenha a
infecção.
2. Bordas nítidas: A importância reside
no fato de que a irregularidade das
bordas condiciona má coaptação e
cicatriz defeituosa.
3. H e m o s t a s i a : G r a ç a s a u m a
hemostasia perfeita, evita-se qualquer
sangramento que, infiltrando ou
separando as bordas da ferida,
determinará a formação de hematoma
e infecção.
4. Afrontamento anatômico: As
suturas devem ser feitas plano por
plano, sem interposição de corpos
estranhos, sem espaços mortos, que
dariam lugar a coaptação defeituosados tecidos, favorecendo a formação de
seromas, deiscência e infecção.
5. Tração moderada: As bordas das
feridas devem ser suturadas sem
pressão exagerada, evitando transtorno
à irrigação sanguínea, isquemia e
necrose de tecidos.
6. Material adequado: Deve-se usar fio
de sutura com todas as qualidades do
fio ideal, dotado de agulha adequada
aos órgãos e tecidos a serem suturados.
7. Boa técnica: Deve ser delicada, com
passagem suave da agulha, obedecendo
a sua curvatura, abrangendo em cada
passagem a menor quantidade possível
de tecido, com segurança.
TIPOS DE SUTURA
SUTURAS POR PONTOS SEPARADOS
As suturas por pontos separados são, de
uma maneira geral, mais seguras que as
suturas por pontos contínuos, porque se
um ponto for rompido os remanescentes
manterão aproximadas as bordas da ferida.
A ruptura de um único ponto numa sutura
contínua quase sempre é sinônimo de
deiscência da ferida.
1. Ponto simples:
Envolve passar a
agulha através de
uma borda da pele,
depois através da
o u t r a b o r d a . A
i n t r o d u ç ã o d a
a g u l h a d e v e
p e n e t r a r b e m
perpendicularmente à pele, de modo a
pegarmos maior quantidade de tecido
na porção inferior. Isto fará com que,
ao ser atado o ponto, a porção inferior
do tecido abrangido empurre a porção
superior, superficial, para cima,
p r o d u z i n d o e n t ã o u m a l i g e i r a
Maria Vitória de Sousa Santos
evaginação, essencial para uma boa
cicatrização.
Observação: Quando o nó se localiza
acima ou externamente em relação às
estruturas, é denominado comum; quando
ele se situa (é ocultado) no interior do
tecido, recebe o nome de ponto invertido
(ou ponto de Halsted). Duas variantes dos
pontos simples podem ser utilizadas:
- Ponto simples epidérmico - comum
(abrangendo a epiderme e uma
pequena parte da derme);
- Ponto simples dérmico - comum ou
invertido (abrangendo a derme e a
camada superficial subcutânea).
2. P o n t o e m " U "
v e r t i c a l o u d e
Donnatti: Muito
utilizado em suturas
sob pequena tensão,
ou quando os lábios
da ferida tendem a
s e i n v a g i n a r ,
p r o m o v e n d o
excelente captação das bordas, mas
com resultado estético inferior.
Também promove boa hemostasia,
sendo de particular interesse quando
existe sangramento difuso subdérmico
e dérmico.
3. P o n t o e m " U "
horizontal ou de
Wolff : Também é
c h a m a d o d e
colchoeiro; Semelhante
ao anterior, diferindo
apenas na posição
horizontal da alça.
U t i l i z a d o n a p e l e ,
quando existe alguma tensão que
impeça a perfeita captação das bordas.
Em geral, não propicia bom resultado
estético. Também pode ser utilizado
em estruturas mais frágeis, como
t e c i d o m u s c u l a r , a p e n a s p a r a
aproximação tecidual, sem qualquer
tensão.
4. P o n t o e m X :
Também chamados em
"Z" ou “horizontal”,
cruzados ou de reforço;
podem ser executados
com os nós para dentro ou para fora,
ficando sempre, porém, duas alças
cruzadas, no interior ou fora do tecido.
Em algumas situações, utilizados como
p o n t o s d e t r a n s f i x a ç ã o p a r a
hemostasia, com ligadura em massa.
SUTURAS POR PONTOS CONTÍNUOS
Em medicina veterinária, por razões de
segurança, a maioria destes padrões de
sutura é empregada em suturas perdidas.
Não se deve esquecer que o paciente
normalmente interfere na ferida operatória
e que a ruptura de único ponto é suficiente
para desfazer toda a sutura.
1. Chuleio simples
( s u t u r a d e
p e l e t e i r o ) : O
chuleio simples é a
sutura contínua
mais fácil de ser
r e a l i z a d a . S u a
execução é muito
parecida com a do
ponto simples, mas
não é interrompida depois de
atravessar e sair as bordas, e sim
repetida. Ou seja, a finalização da
sutura com o nó só é feita ao final de
todos os pontos. O chuleio simples
p o d e s e r u t i l i z a d o e m v a s o s
sanguíneos, em tecidos como o das
alças intestinais, peritônio, tecido
subcutâneo, dentre outros usos.
2. C h u l e i o
a n c o r a d o ( o u
riverdin): Amplia a
c a p a c i d a d e d e
f e c h a m e n t o d o
chuleio simples.
Mas possui maior
c a p a c i d a d e
i s q u e m i a n t e e
maior tensão aplicada ao ponto.
Consiste em um chuleio simples em
que, antes de passar pelo próximo
ponto, faz-se uma ancoragem no ponto
anterior. Isso é feito passando a agulha
por um balão formado pela linha do
ponto. Possui grande capacidade de
hemostasia. É uma sutura utilizada no
fechamento de paredes, nos pontos em
vísceras maciças, no couro cabeludo,
Maria Vitória de Sousa Santos
no útero após um parto cesárea, dentre
outras aplicações. É um ponto
extremamente utilizado quando se
trata de suturas de longa extensão.
3. Barra grega (sutura
d e c o l c h o e i r o / U
invertido): Também
chamada de sutura
de "colchoeiro" ou
em "U" horizontal.
Formada por uma
série de pontos em
"U" horizontais. Na
p e l e , p o d e s e r
utilizada como sutura intradérmica ou
transdérmica; esta última possibilidade
não determina bom efeito estético. Em
face da potencial dificuldade em sua
retirada, pelo possível aprofundamento
dos fios na pele, podem ser deixadas
algumas "alças para extração",
minimizando esse problema.
ENXERTO
• Transferência de um tecido (pele,
gordura, cartilagem, osso, nervo,
fáscia,... ) de um leito doador para um
leito receptor, onde adquire um novo
suprimento sanguíneo, que assegura a
viabilidade das células transplantadas.
• O enxerto de pele está indicado em todos
os casos de perda cutânea em que o
fechamento da lesão não é possível pelo
simples descolamento e aproximação das
bordas da ferida. Ex: queimaduras.
ÁREAS DO ENXERTO
1. Área Doadora: A escolha da área
doadora depende da extensão da lesão,
sendo necessários enxertos de pele
parciais quando as áreas são muito
grandes. Quanto maior a proximidade
entre as áreas doadora e receptora,
melhor a qualidade estética, pois
haverá maior semelhança de coloração,
textura e espessura da pele.
2. Área Receptora: A área receptora
deve ser limpa, sem infecção e com boa
vascularização. Nos casos em que
consiste tecido de granulação, ela
deverá estar nivelada. Nos leitos com
pouca vascularização, os enxertos finos
a p r e s e n t a m m a i o r c h a n c e d e
integração. Curativos repetidos são
muitas vezes necessários até se obter
boa condição receptora do leito. Há
situações em que a enxertia se torna
inviável, como em cartilagens sem
per icôndrio , osso cort ica l sem
periósteo e tendão sem paratendão.
TIPOS DE ENXERTO
1. Enxerto de pele;
2. Enxerto de gordura;
3. Enxerto de cartilagem;
4. Enxerto ósseo.
CONTRAINDICAÇÃO DO USO DE ENXERTO
1. Tecidos locais insuficientes;
2. C â n c e r c o m r i s c o d e m a r g e n s
comprometidas;
3. Morbidade e risco de complicações.
CLASSIFICAÇÃO
1. Espessura:
- Total: É é o enxerto que contém a
epiderme e toda derme. Ele requer
s u t u r a d a á r e a d o a d o r a p a r a
cicatrização, como em uma incisão da
pele.
- Parcial: É o enxerto que contém a
epiderme e parte da derme, tem a
cicatrização da área doadora por
segunda intenção, sem necessidade de
sutura ou qualquer procedimento,
apenas a realização de curativos. É
importante que a área receptora esteja
livre de infecção e desbridada antes da
realização da enxertia de pele. Pode
ser classificado conforme a espessura:
- Enxerto de pele parcial fino: 0,2 a
0,3 mm;
- Enxertode pele parcial médio: 0,3 a
0,45 mm;
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- Enxerto de pele parcial grosso: 0,45
a 0,75 mm.
2. Composição:
- Simples: Somente pele;
- Compostos: Pele + cartilagem; pele
+ gordura;
3. Origem:
- Autólogo: O local doador e receptor
é no mesmo indivíduo, sendo este o
mais comumente utilizado. Eles ainda
p o d e m s e r d i v i d i d o s e n t r e
autoenxerto de pele total ou de pele
parcial.
- Alogênico: Quando o doador e o
receptor são indivíduos diferentes,
porém da mesma espécie. Ex: curativo
b io lóg ico (ut i l i zado de forma
temporária).
- Xenoenxerto: Quando o doador e o
receptor são indivíduos de espécies
diferentes. Ex: curativo biológico (pele
de peixe utilizada em seres humanos).
MECANISMOS DE INTEGRAÇÃO DO ENXERTO
A integração do enxerto pode ser dividida
em três fases:
1. Embebição: Nas primeiras 48 h, o
enxerto nutre-se por embebição,
absorvendo fluido do leito receptor.
2. I n o s c u l a ç ã o : A p ó s 4 8 h ,
estabelecem-se conexões vasculares
entre o enxerto e o leito receptor, tendo
início o fluxo sanguíneo.
3. Neovascularização: Inicia-se a
formação de novos capilares, por volta
do sexto dia após a enxertia, assim
como a formação de novos vasos
linfáticos, atingindo velocidade de
fluxo sanguíneo normal entre 7 e 10
dias.
Observação: Quanto mais fino o enxerto,
mais facilmente ele será vascularizado e
melhor será sua integração. Durante a fase
inicial da enxertia, a imobilização do
e n x e r t o s o b r e o l e i t o r e c e p t o r é
indispensável, até que a rede de fibrina que
ancora o enxerto se torne um tecido
f ibroso de l igação e permita sua
sustentação, o que deve ocorrer em
período não inferior a 8 dias.
CUIDADOS DO ENXERTO DE PELE PARCIAL NO PÓS-
OPERATÓRIO
- Curativos em áreas receptora e doadora
especiais;
- Abertura do curativo na área receptora:
3-7 dias;
- Repouso do enxerto de pele por 30 dias.
COMPLICAÇÕES
A principal complicação consiste na perda
de enxerto pós operatório. Entre as
principais causas estão:
1. Hematomas;
2. Má nutrição;
3. Seroma;
4. Infecção;
5. Mobilização precoce.
RETALHO
• O s r e t a l h o s s ã o t r a n s p l a n t e s
lipocutâneos cuja principal característica
é a persistência, após sua transferência,
de um pedículo através do qual o tecido
transplantado recebe sua vascularização.
Esse pedículo pode ser temporário ou
definitivo:
1. Temporário: Quando, após um certo
período necessário à integração do
tecido transplantado na área receptora,
e s t e p e d í c u l o é s e c c i o n a d o ,
interrompendo a circulação sangüínea
a p a r t i r d a á r e a d o a d o r a ,
permanecendo somente o novo sistema
circulatório, a partir de vasos oriundos
da área receptora e que penetram no
tecido transplantado.
2. Definitivo: Este nunca será secciona-
do, mantendo a rede vascular, que com
o tempo irá se comunicar com os novos
vasos oriundos da área receptora. De
acordo com este pedículo, teremos dois
tipos de retalho, o plano e o tubo.
- Plano: Conserva seu pedículo
aberto, enquanto no
- Tubo: O pedículo é fechado, em
forma de um tubo, permitindo sua
transposição para áreas a dis-
tância, sem que permaneça uma
área cruenta.
CLASSIFICAÇÃO
1. Q u a n t o a c o m p o s i ç ã o d o s
retalhos:
- Simples: Apresentam uma única
estrutura anatômica, podendo ser
cutâneos (os mais frequentes na
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prática ambulatorial), de mucosa,
fáscia, musculares ou tendinosos.
- Compostos: Quando têm duas ou
m a i s e s t r u t u r a s a n a t ô m i c a s
( f a s c i o c u t â n e o s , m i o c u t â n e o s ,
condrocutâneos, osteocutâneos ou
osteomusculares).
2. Quanto ao Movimento:
- Locais:
A. Avanço ( V/Y; em "H"): Movem-se
em direção reta ao defeito, sem
nenhum movimento lateral. Sua
execução é facilitada se há relativo
excesso de pele, como nos idosos,
ou se há boa elasticidade, como nas
pessoas jovens. Os exemplos mais
comuns são os monopediculados,
c o m r e t i r a d a d e t r i â n g u l o
compensador na base do pedículo, e
os retalhos em V-Y.
B. Rotação: Aqueles que têm um
ponto na base do retalho onde o
arco de rotação gera maior tensão.
Os retalhos de rotação são retalhos
semicirculares que rodam sobre um
ponto pivô para cobrir o defeito.
C. T r a n s p o s i ç ã o ( L y m b e r g ,
Zetaplastia,...): Os retalhos de
transposição usualmente são
quadrangulares ou retangulares e
l o c a l i z a d o s i m e d i a t a m e n t e
adjacentes ao defeito. Eles devem
ter tamanho suficiente para cobrir o
defeito, e a área doadora pode ser
fechada por simples aproximação,
enxerto ou outro retalho (retalho
bilobulado).
- Distantes:
A. Retalhos diretos permitem
aproximação direta dos sítios
doador e receptor, como no retalho
inguinal, utilizado para defeitos do
membro superior.
B. Retalhos em tubos são utilizados
quando os dois sítios não podem
ser aproximados diretamente.
C. R e t a l h o s l i v r e s o u
microvasculares possibi l i tam
grande transferência de tecido, mas
requerem grande experiência
técnica com microanastomoses.
3. Suprimento Sanguíneo:
1. Randomizados: Sem pedículo
definido, recebem fluxo sanguíneo
de artérias miocutâneas, que se
distribuem em ramos do plexo
subdérmico e do dérmico (p. ex.,
retalhos em avanço, rotação ou V-
Y).
2. Axiais: Com pedículo definido,
recebem fluxo sanguíneo de artérias
septocutâneas e cutâneas diretas
que enviam ramos para formar os
plexos subdérmico e dérmico. O
comprimento do retalho depende
do tamanho e trajeto da artéria
nutridora. Esses retalhos podem ser
de dois tipos:
- Peninsulares: Há continuidade
de pele entre a base e a ponta do
retalho;
- Em ilha: A base do pedículo está
desepitelizada, mantendo a ilha
de pele na ponta do retalho.
FATORES COMPLICANTES PARA RETALHOS
1. Vasculopatias da microcirculação (ex:
DM);
2. Áreas de cicatriz ou submetidas a
radioterapia;
3. Tabagismo (nicotina), cafeína ou
agentes vasoconstrictores;
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4. Suturas tensas;
5. Hematomas;
6. Torção do retalho e/ou pedículo;
7. Temperatura ambiental baixa;
8. Infecção;
9. Compressão (posição do paciente,
curativos,...).
CUIDADOS COM RETALHOS
1. Curativo:
- Não compressivo;
- Abertura precoce: Vigilância
- Área doadora e receptora.
2. Posição no leito:
- Facilitar retorno venoso;
- Não comprimir pedículo vascular.
3. Hidratação adequada, controle da P.A.,
medicações...
Z-PLASTIA ("ZETAPLASTIA")
• A zetaplastia é uma das técnicas mais
empregadas em cirurgia plástica,
caracterizando-se pela transposição de
dois retalhos triangulares de pele. Como,
após uma z-plastia, observa-se um
alongamento da incisão ou cicatriz inicial
ela é também, e com muita frequência,
ut i l izada para corrigir retrações
cicatriciais em forma de brida.
A zetaplastia apresenta três propostas
básicas:
1. Alongamento de contratura cicatricial
linear;
2. Dispersamento de cicatriz pelo
quebramento da linha cicatricial;
3. Realinhamento da cicatriz dentro das
l i n h a s d e t e n s ã o m í n i m a ,
p r o p o r c i o n a n d o l i b e r a ç ã o d a
contratura cicatricial e prevenindo sua
recorrência.
PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO
• A manobra básica é a construção de dois
retalhos em forma de triângulo, a partir
de uma linha de retraçãoou de uma
ferida linear.
• Esses dois retalhos serão levantados e
trocados de posição.
• Nesta troca, a linha da ferida ou cicatriz
s e r á s u b s t i t u í d a p o r u m a l i n h a
transversal e duas oblíquas, corrigindo
então uma posição perpendicular às
linhas preferenciais de incisão.
• Além disso, os dois extremos da linha
serão distanciados um do outro,
produzindo a correção de retrações que
porventura existam.
• Esses retalhos devem ser feitos com uma
angulação de 60°, que é o ângulo ideal
para um bom resultado. Mas com ângulo
de até 45° ainda se obtêm resultados
satisfatórios.
• Ângulos mais fechados proporcionarão
retalhos mais finos, e, portanto, mais
sujeitos à insuficiência vascular.
• Ângulos mais abertos proporcionarão
retalhos bem-vascularizados, porém sua
mobilização será mais difícil, nem
s e m p r e s e o b t e n d o a c o m p l e t a
transferência dos retalhos.
• Quanto mais aberto for o retalho, maior
alongamento se obtém com a z-plastia,
porém ângulos superiores a 60° são de
difícil transposição.
Observação: Na realização dos retalhos,
uma técnica atraumática é indispensável, e
o uso de pinças está totalmente contra-
indicado, por ser causa de esmagamento
de bordas.
Observação: Se existe tecido cicatricial e
contrátil no plano subcutâneo, este deve
ser seccionado ou mesmo removido, sem o
que a z-plastia não atingirá seus objetivos.
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CIRURGIA DE UNHA
ONICOCRIPTOSE
• Quando a margem ungueal irrita e
p e n e t r a o s t e c i d o s
vizinhos, há lesão da
pele nas dobras laterais,
uma infecção crônica
geralmente se instala e
tecido de granulação
pode ser formado. A
esse quadro, que pode
estar presente total ou
parcialmente, denomina-se unha
encravada.
• Esta afecção se verifica mais comumente
no hálux.
Etiologias:
1. Corte inadequado das unhas;
2. Uso de sapatos apertados
3. Uso de sapatos de salto alto
4. Deformidade do artelho;
5. Traumatismos repetidos;
6. Pressão interna devido a crescimento
subungueal;
7. Exostose subungueal;
8. Condições sistêmicas, como obesidade.
ESTADIAMENTO
TRATAMENTO
Nos casos em que há apenas a penetração
da borda ungueal na dobra lateral, com
ausência de tecido de granulação, procede-
se à seguinte conduta:
- O paciente é instruído a ter mais
cuidados com os pés e usar sapatos que
não apertem a região anterior. Em
mulheres, o uso de sapatos de salto alto
é desaconselhado.
- Instruções são dadas quanto ao modo
correto de cortar as unhas, isto é, a linha
de corte deve formar ângulo de 90 graus
com o eixo longitudinal do artelho.
Nos casos em que há espícula lateral
perfurando a pele da borda lateral e tecido
de granulação cobrindo pequena região
ântero-lateral da unha, procedemos do
seguinte modo:
- Após anestesia troncular, fazemos o
levantamento da borda lateral da unha
com pinça hemostática curva, tipo
Halstead, de ponta fina, o que faz com
que uma pequena área lateral da unha
seja deslocada do leito ungueal.
- A seguir, seccionamos a espícula com
bisturi de lâmina n° 11 e introduzimos
um pedaço de algodão sob o leito
ungueal, para fazer com que a borda da
unha se afaste da goteira lateral. O
algodão deve ser embebido 2 vezes ao
dia com tintura de iodo ou com PVP-I e
mantido no local até que o ressalto
lateral, formado ao se seccionar a
espícula, ultrapasse cerca de 2 mm o
hiponíquio.
Nos casos em que o tecido adjacente a toda
a borda lateral ou medial da unha esteja
Estadiamento da onicocriptose segundo Martinez-Nova et al. 24
Estadio I Eritema, edema ligeiro e dor à
digitopressão; prega ungueal
lateral não ultrapassa os limites da
placa ungueal.
Estadio II Dor, eritema e edema de maior
severidade; hiperestesia; abcesso
na prega ungueal lateral que
ultrapassa os limites da placa
ungueal. Este estadio divide-se em:
• Ila - quando a prega mede menos
de 3mm (lateralmente)
• Ilb - quando a prega mede mais
de 3mm (lateralmente)
Estadio III Sintomas severos; Presença de
tecido de granulação; Hipertrofia
crónica da prega ungueal lateral.
Estadio IV Deformidade crónica do órgão
ungueal, incluindo placa, ambas as
pregas laterais e a prega distal.
crônica
crônica
Maria Vitória de Sousa Santos
hipertrofiado e que toda a borda esteja
encravada, indicamos a seguinte técnica:
- Após anestesia troncular, seccionamos
em cunha o tecido hipertrofiado e
colocamos um coxim de algodão sob
toda a borda ungueal acometida,
deslocando a unha alguns milímetros de
seu leito em toda a extensão da borda
a c o m e t i d a , d e s d e a r a i z a t é a
extremidade distal.
- Se há espícula nesta borda, ela é
seccionada como na técnica anterior. O
algodão deve ser embebido 2 vezes ao
dia com tintura de iodo ou PVP-I e
mantido no local até a cicatrização
completa da incisão e até que a unha
esteja de tamanho adequado para ser
cortada corretamente.
Outra técnica:
- Consiste em se extirpar, após anestesia
troncular, o terço lateral ou medial da
unha do dedo acometido, da borda livre
até a raiz, juntamente com o tecido
hipertrofiado e de granulação.
- Pode-se proceder à cauterização com
fenol da matriz ungueal após a remoção
da borda da unha.
- Aplica-se fenol na matriz da unha,
através de um cotonete embebido nesta
solução. Este deve permanecer em
contato com a matriz da unha por um
período de 3 minutos.
- Após este período, o dedo deve ser
ocluído com um curativo não-aderente.
O fenol é utilizado para cauterizar o
epitélio germinativo da matriz ungueal.
- Ele destrói a matriz e as terminações
nervosas locais, levando a uma melhora
importante da dor, e também elimina os
microrganismos aí localizados.
ONICOMICOSE
• Onicomicose é o termo utilizado para
d e n o m i n a r a i n f e c ç ã o d a u n h a
decorrente de uma invasão por fungos. A
maioria das onicomicoses é causada por
fungos dermatofíticos.
Etiologia:
1. Trauma;
2. Idade avançada;
3. História de tinea pedis (micose dos
pés);
4. Sem associação com o uso de álcool em
gel.
As onicomicoses podem ser transmitidas:
Maria Vitória de Sousa Santos
1. Forma direta, por contato pessoa a
pessoa;
2. Forma indireta, por roupas de cama,
vestuários, calçados e utensílios
c o n t a m i n a d o s c o m p r o p á g u l o s
fúngicos, que são originados do solo,
liberados juntos com pêlos ou material
de descamação da pele.
S ã o f a t o r e s d e r i s c o p a r a o
desenvolvimento das onicomicoses:
1. Micose no pé (Tinha Pédis);
2. Distrofia ungueal;
3. Idade avançada;
4. Exposição de contágio com outra
pessoa;
5. Traumatismos (sapato);
6. Hiperpressão nos dedos (causando
descolamento da unha);
7. Praticar desporto (p. ex. Atletismo,
Futebol, Ballet, Ténis, ...);
8. Doenças vasculares periféricas;
9. Imunocomprometimento (problemas
no sistema imunitário);
10. Diabetes;
11. Doentes hipocoagulados;
12. Uso de corta unhas e a l icates
contaminados;
13. Uso de vernizes de outras pessoas.
Os fungos invadem a unha através de 3
r o t a s , l e v a n d o a i n f e c ç õ e s c o m
características próprias, a saber:
1. Onicomicose Subungueal Distal e
Lateral: Apresenta uma textura e
coloração diferente por baixo da unha,
uma onicolise com apresentação
amarelada-esbranquiçada. O agente
e t i o l ó g i c o m a i s c o m u m é o
Trichophyton rubrum.
2. O n i c o m i c o s e S u b u n g u e a l
Proximal: Os dermatófitos alcançam
a matriz ungueal através de uma área
de ceratogênese localizada na região
proximal. É caracterizada por áreas de
leuconíquia na porção proximal da
unha. A porção superficial da unhapermanece inalterada, pois o fungo não
penetra na superfície dorsal. O agente
etiológico é o T. rubrum.
3. Onicomicose Superficial Branca:
Os dermatófitos colonizam a porção
superficial da placa ungueal, porém
sem penetrá-la. A superfície da unha
torna-se branca, opaca e friável. E
causada exclusivamente pelo T.
mentagrophytes var. interdigitale e
freqüentemente está associada a Tinea
pedis interdigitalis.
QUADRO CLÍNICO
• Muitas vezes, a onicomicose tem origem
numa afecção por fungos na pele ou no
couro cabeludo, que passa para as unhas.
Os sintomas variam de acordo com o
agente da infecção. De maneira geral,
segundo a Sociedade Brasileira de
Dermatologia, os principais sinais da
doença são:
1. Variação da cor da unha, que se torna
esbranquiçada e/ou adquire tons
amarelados ou escuros;
2. Onicólise – descolamento da borda
livre que começa pelos cantos da unha
e deixa um espaço oco sob a lâmina,
onde se acumulam fungos, bactérias e
restos de queratina;
3. Espessamento – as unhas ficam mais
duras, mais grossas e opacas;
4. Leuconia – manchas brancas se
instalam na superfície da unha (lâmina
ungueal);
5. Destruição da lâmina e deformidades
que se instalam porque as unhas se
tornam mais frágeis e quebradiças;
6. Dor de intensidade variável e odor
desagradável.
TRATAMENTO
O tratamento é efetuado através de:
1. Medicação tópica ou local (Cloridrato
d e a m o r o l f i n a , C i c l o p i r o x ,
Tioconazol) ;
2. Medicação oral de Terbinafina,
Latrocanazol, Fluconazol - Estes
Tênis
~
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medicamentos (remédios) são tomados
em comprimidos e têm propriedades
antifúngicas.
3. Laserteraripia - O tratamento a Laser é
feito de modo a que os raios (do laser)
trespassem a unha e os tecidos
adjacentes. Estes raios são absorvidos
pelo pigmento do fungo, aquecendo-o e
eliminando assim o fungo. Este tipo de
tratamento requer especial cuidado,
devendo usar-se um equipamento laser
certificado para o efeito.
4. Cirurgia.
Observação: É importante ter em conta
que as recidivas são muito frequentes, a
unha infetada não volta ao normal, a unha
nova essa sim, vai ter um aspeto normal e
saudável. Pode-se efetuar tratamentos
adjuvantes para diminuir as recidivas e
não termos uma infeção resistente e
diminuir a percentagem de fracasso no
tratamento.
ONICOGRIFOSE
• A l t e r a ç ã o d a s
unhas, que se
t o r n a m
i r r e g u l a r e s ,
e s p e s s a d a s e
curvadas. É mais
f r e q u e n t e n o s
dedos dos pés,
principalmente no hálux. Nas mãos, esta
doença não é frequente. É geralmente
observada em indivíduos idosos e tende a
piorar com a idade. A placa ungueal
curva-se e perde a orientação para o
crescimento. Isto resulta em um
crescimento divergente para um lado.
Estas unhas são espessas e duras, e é
muito difícil cortá-las.
Etiologias:
1. Trauma local;
2. Má irrigação sangüínea;
3. Infecção;
4. Diabetes;
5. Insuficiente ingestão de nutrientes e a
malformação congênita (de nascença)
da matriz ungueal;
6. Micose das unhas;
7. Doenças de pele como ictiose, psoríase,
sífilis terciária, entre outras;
8. Entre outros.
QUADRO CLÍNICO
A onicogrifose, em fases iniciais, muitas
vezes não apresenta qualquer tipo de sinal
percetível, contudo, com a progressão da
patologia, podem surgir diversos sinais e
sintomas, a saber:
1. Unhas amareladas ou acastanhadas;
2. Unhas excessivamente espessas ou
“grossas”, que podem ser também
longas e/ou curvas (deformadas);
3. Dor;
4. Infeções frequentes nas unhas ou na
pele envolvente;
5. Prurido (comichão) na área à volta das
unhas;
6. Superfície das unhas irregular com
marcas, geralmente, transversais;
7. Entre outros.
TRATAMENTO
• Em fases iniciais, o tratamento realizado
será maioritariamente conservador,
visando rebaixar ou tornar a unha mais
fina e pequena, eliminando o excesso de
pressão realizada pela lâmina ungueal
sobre o leito.
• É também fundamental um cuidado
maior na escolha do calçado e outros
tratamentos preventivos como o corte
adequado e oportuno das lâminas
ungueais, mantendo assim a espessura
da lâmina ungueal reduzida.
• E m f a s e s m a i s a v a n ç a d a s d a
onicogrifose, ou com complicações
s e v e r a s a s s o c i a d a s , p o d e s e r
recomendado o uso de queratolíticos e
em casos recorrentes é necessário
avulsão da lâmina ungueal e destruição
da matriz.
HEMATOMA SUBUNGUEAL
• O hematoma subungueal resulta no
acumular de sangue,
seja dos pés ou das
mãos, e encontra-se
geralmente sob a
unha afectada.
• E s t a
situações acontecem
derivado a um traumatismo – bastante
recorrente nos desportistas.
• Esta lesão é extremamente dolorosa, pois
o tecido é fortemente comprimido pelo
transpassam
Laserterapia -
Maria Vitória de Sousa Santos
sangue extravasado que se acha entre
duas estruturas rígidas: a unha e a
falange distal.
• Uma técnica simples e pouco traumática
de drenar o hematoma consiste em
perfurar a unha sobre o mesmo, com
agulha de calibre fino, geralmente 13 x 4,
que se esquentou previamente ao rubro
em chama de álcool. Devemos repetir a
manobra de esquentar a agulha ao rubro
e encostar sua ponta na unha várias
vezes, sem fazer pressão e exatamente no
mesmo ponto. Aos poucos a agulha vai
perfurando a unha até que o sangue
retido encontre saída.
• Após a drenagem, colocamos curativo
compressivo e enfaixamos a mão em
posição anatômica, preconizando o uso
de tipóia alta pelo menos por 24 horas.
MALANONÍQUIA
• É a alteração da coloração da lâmina
ungueal decorrente do depósito de
melanina. É uma
p i g m e n t a ç ã o
anormal em faixa
que vai da base até
a ponta da unha.
Essa l inha que
pode ser castanha,
cinza ou marrom
e, em alguns casos,
pode até ficar preta.
Ela pode ser fina, extensa, acometer
várias unhas ou uma só.
Etiologias:
1. Hiperplasia melanocítica;
2. Ativação melanocítica;
3. Fatores hereditários;
4. Traumas;
5. Infecções fúngicas e bacterianas;
6. Desordens inflamatórias;
7. Melanoma ungueal.
Tratamento:
• Cada caso tem um tratamento diferente
que visa, principalmente, afastar o
agente causador do problema. Quando o
problema é causado por medicações, por
exemplo, o remédio pode ser trocado. No
caso da infecção fúngica, usamos um
medicamento específico para tratar a
micose de unha.
• S e f o r u m a d o e n ç a m a l i g n a , é
f u n d a m e n t a l u m a b i ó p s i a p a r a
determinar qual a doença em questão
p a r a d e t e r m i n a r m o s o m e l h o r
tratamento.
Maria Vitória de Sousa Santos
LESÕES MALIGNAS DE PELE
CARCINOMA BASOCELULAR
1. Introdução: O carcinoma de células
basais (CBC), também chamado de
Carcinoma Basocelular ou Epitelioma
Basocelular é a neoplasia epitelial
maligna da pele mais comum em
humanos e mais comumente se origina
em áreas de exposição solar crônica.
2. Epidemiologia: O Tumor basocelular
incide com mais frequência nos idosos,
com média de diagnóstico aos 68 anos.
A sua prevalência é dezenove vezes
maior em populações caucasianas, já
que a produção de melanina muito
mais presente em peles escuras é um
fator protetor. A incidência em homens
é 30% mais alta que em mulheres.
3. Características: Tem origem na
camada basal da epiderme, sendocausado por mutações celulares
induzidas pela radiação ultravioleta e
p e l a s u p r e s s ã o d a r e s p o s t a
inflamatória cutânea. É um tumor de
crescimento lento, indolente e que
raras vezes produz metástase. No
e n t a n t o , s e n ã o t r a t a d o
adequadamente, pode causar grande
destruição tecidual local gerando
morbidade e eventual mortalidade. É
muito muitas vezes referido pelos
pacientes como uma ferida que não
cicatriza ou uma lesão de acne.
4. Locais: Surge em áreas fotoexpostas,
como nariz, orelhas, face, pescoço e
dorso das mãos, mas pode surgir em
qualquer área do corpo.
5. Fatores de risco : Pele clara,
exposição solar, idade avançada,
imunossupressão e uma história
pessoal de câncer de pele não
melanoma.
6. Quadro clínico: O diagnóstico
baseia-se na queixa do paciente e nos
fatores de risco associados: pessoas de
pele clara com lesões endurecidas,
pruriginosas e que sangram facilmente
localizadas em áreas de risco, como
face e pescoço, além de história de
exposição prolongada ao sol durante
vários anos sem uso de filtro solar.
7. Subtipos: Os subtipos clínicos mais
prevalentes de CBC são os seguintes:
- Nódulo-ulcerativo: Inicialmente
apresenta-se como pápula rósea
p e r l á c e a c r e s c e n d o
progressivamente até atingir o
tamanho de um nódulo, com
p o s t e r i o r u l c e r a ç ã o c e n t r a l ,
recoberta de crosta, podendo
sangrar de forma episódica. As
bordas são geralmente cilíndricas,
translúcidas, mostrando formações
perláceas e eventualmente finas
telangiectasias. É considerada uma
lesão persistente que não cicatriza.
A progressão do quadro pode ser
em extensão superficial e profunda,
com posterior invasão e destruição
de tecidos (músculo, cartilagem,
osso), ou outras estruturas, se não
forem devidamente tratados. A
ulceração é frequente e quando está
presente o tumor chama-se nódulo-
ulcerativo. Portanto, qualquer lesão
de pele crônica que tenha ulceração
deve ser considerada uma lesão
suspeita de CBC.
- Esclerosante: Caracteriza-se por
uma placa de cor branco amarelada,
esc leroatróf ica , dura , l i sa e
eventualmente telangiectásica, com
bordas mal definidas, lembrando a
esclerodermia. Apresenta evolução
lenta, e comumente não sofre
u l c e r a ç ã o . P a c i e n t e s q u e
apresentem uma lesão cicatricial
sem história de trauma tem como
hipótese diagnóstica o CBC.
- Superficial ou pagetóide :
Consiste de lesões múltiplas,
e r i t ê m a t o - e s c a m o s a s , d i s -
cretamente infiltradas, limitada por
bordas irregulares e ligeiramente
e l e v a d a , c o m l o c a l i z a ç ã o
preferencial no tronco, ombros e
costas, lembrando o eczema
s e b o r r e i c o , p s o r í a s e , l ú p u s
eritematoso, doença de Bowen ou
de doença de Paget. Alguns CBCs
superficiais podem tornar-se CBCs
nodulares com a evolução da
doença.
Maria Vitória de Sousa Santos
- Pigmentado: Forma nódulo-
u lcerat iva com pigmentação
m e l â n i c a s e n d o d i a g n ó s t i c o
diferencial do melanoma e outras
lesões pigmentadas como queratose
seborreica.
8. Diagnóstico: O diagnóstico definitivo
é feito com biópsia da lesão e estudo
anatomopatológico.
9. Classificação de risco: Leva em
conta as características clínicas e
histopatológicas dos subtipos do CBC.
Basta um critério de alto risco para o
tumor ser classificado como de Alto
Risco.
10. Tratamento : O t r a t a m e n t o é
basicamente ambulatorial e pode ser
realizada excisão local com margens de
segurança de 4 mm ou curetagem. O
índice de metastização é baixo, porém
aproximadamente 1/3 dos pacientes
com diagnóst ico de carc inoma
basocelular irão desenvolver um novo
tumor do mesmo tipo dentro de 5 anos.
Outras recomendações:
- Proteção solar;
- Radioterapia;
- Seguimento: Avaliação a cada 6 a 12
meses;
- Exame completo da pele.
CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS
1. Introdução: Também chamado de
carcinoma escamoso ou epidermóide, o
carcinoma escamocelular, é o segundo
mais prevalente.
2. Características: Tem origem na
proliferação anormal de queratinócitos
epidérmicos e está associado à
inflamação crônica, algumas vezes
lacerações, escaras, queimaduras
(ú lcera de Mar jo l in) , a lém de
síndromes de epidermólise bolhosa. É
de crescimento mais rápido e agressivo
que o CBC e apresenta disseminação
linfática e hematogênica. O risco de
metástase (locoregional ou à distância)
apesar de incomum é maior que nos
tumores basocelulares (CBC), e
ocorrem principalmente naqueles
localmente avançados, com grande
extensão ou infiltração do tecido
osteomuscular e em pacientes idosos
ou imunocompromentidos.
3. Locais: Apresenta-se em áreas
fotoexpostas, mas pode se desenvolver
em qualquer local. O CEC também
pode se desenvolver em áreas de
queimaduras e em úlceras crônicas das
pernas.
Maria Vitória de Sousa Santos
4. Fatores de risco: Assim como os
CBCs, os tumores escamosos têm como
principal fator de risco a exposição
crônica à luz ultravioleta e podem
surgir de lesões consideradas pré-
malignas, como as queratoses actínicas
e a doença de Bowen (um tipo de CEC
in situ) e de áreas com doenças
i n f l a m a t ó r i a s c r ô n i c a s . A
imunossupressão por fármacos e
enfermidades é outro fator importante
na predisposição ao surgimento dos
CECs.
5. Quadro clínico: Geralmente se
apresenta como pápulas, placas e
nódulos ásperos e eritematosos com
bordas e crostas bem demarcadas.
6. Diagnóstico: O diagnóstico também é
por biópsia e baseia-se na queixa do
paciente e nos fatores de risco. Este
tipo histológico metastatiza mais
frequentemente para linfonodos
r e g i o n a i s , t o d o p a c i e n t e c o m
d i a g n ó s t i c o d e c a r c i n o m a
e s c a m o c e l u l a r d e v e t e r e s s e s
linfonodos palpados no momento do
diagnóstico, mesmo que a lesão não
seja considerada de alto risco. Sítios
c o m u n s d e m e t á s t a s e s s ã o o s
l i n f o n o d o s s u b m a n d i b u l a r e s ,
submentonianos, retroauriculares e
occipitais.
7. Tratamento:
- Proteção solar;
- Ressecção cirúrgica com margens
livres 4 mm - Cirurgia micrográfica de
Mohs: indicada para tumores
recidivantes, tipo esclerodermiforme,
áreas de alto risco de recidiva;
- Radioterapia;
- Linfadenectomia na vigência de
linfonodos positivos;
- Seguimento: Avaliação a cada 6 a 12
meses;
- Exame completo da pele.
O b s e r v a ç ã o : A l g u m a s d o e n ç a s
inflamatórias podem evoluir para os
carcinomas epidermóides cutâneos. Como
exemplos temos o lúpus eritematoso
discoide, fístula cutânea de osteomielite
crônica, acne conglobata, hidradernites
supurativas, sinus pilonidal, dentre outras.
MELANOMA
1. Introdução: O melanoma é uma
neoplasia originada dos melanócitos. É
um tumor agressivo e potencialmente
letal.
2. E p i d e m i o l o g i a : O c o r r e m a i s
comumente entre os 40 e 60 anos de
idade, podendo surgir em áreas
expostas ou não expostas à exposição
solar. São os cânceres de pele menos
incidentes porém os mais letais
(Aproximadamente 5%) sendo mais
comum em homens. No Brasil sua
incidência é maior na região sul e
sudeste, pelo provável fototipo de pele
desta população.
3. Características: Tem origem nos
melanócitos, localizados na camada
basal da epiderme, sendo assim, a
d o e n ç a p r i m á r i a o c o r r e
preferencialmente na pele, embora
possa ser observada na mucosa, globo
ocular e leptomeninges.
4. Fatores de risco: Cor clara da pele,
cabelos e olhos, presença de sardas,
múlt iplos nevos melanocít icos ,
excessiva exposição ou queimaduras
solares intermitentes na infância e
adolescência, além dos antecedentes
f a m i l i a r e s , i m u n o s s u p r e s s ã o e
diagnóstico de xeroderma pigmentoso.
5. Locais: Pode se originar em pele sã
(70%) ou em lesões precursorascomo
nevos melanocíticos congênitos e nevos
atípicos (30%), podendo surgir em
Maria Vitória de Sousa Santos
áreas expostas a exposição solar ou
não. Os locais mais acometidos pela
d o e n ç a o t r o n c o , o s m e m b r o s
inferiores e o dorso.
6. Formas clínicas: Durante o exame
clínico, é importante lembrar que o
melanoma apresenta-se de diferentes
formas clínicas, sendo as que se
seguem as mais comuns:
- Extensivo superficial: É o mais
frequente, o qual caracteriza-se por
um crescimento lento e radial e
geralmente está associado a nevos,
com fase de crescimento rápido nos
meses que antecedem o diagnóstico.
- Nodular: É o segundo mais
frequente, sendo mais comum em
homens e caracteriza-se pelo
crescimento rápido e vertical do que
os outros subtipos, apresentando
pior prognóstico. Lesão nodular,
elevada, bem delimitada, formando
um pólipo de cores variadas (até 5%
dos casos pode ser amelanótico).
- Lentigo: Forma mais comum que
a t i n g e a c a b e ç a e p e s c o ç o .
G e r a l m e n t e s ã o i n s i t u ,
apresentando crescimento lento
progressivo, irregular e assimétrico.
- Lentiginoso acral: É o tipo mais
raro, ocorrendo preferencialmente
nas palmas das mãos, plantas dos
p é s , f a l a n g e s t e r m i n a i s e
membranas mucosas, sendo mais
frequente em negros e asiáticos. Sai
ligeiramente mais predominante
em mulheres.
- Melanoma Lentigo Maligno:
Forma mais comum que atinge a
cabeça e pescoço, sendo geralmente
in situ, apresentando pico de
incidência: 6º a 8º décadas de vida.
É d e c r e s c i m e n t o l e n t o e
progressivo com extensa mácula
(crescimento radial) irregular e
assimétrica.
Maria Vitória de Sousa Santos
7. Exame físico: No exame físico,
costuma-se empregar a regra ABCDE
para avaliar lesões de pele, sendo que a
letra A corresponde à assimetria, B a
bordas irregulares, C à coloração e D
ao diâmetro (lesões de risco possuem 6
mm ou mais) e E à evolução (alteração
no aspecto da lesão).
8. D i a g n ó s t i c o : O e x a m e e
a c o m p a n h a m e n t o c l í n i c o , a
dermatoscopia (é um aparelho que
utiliza uma lente óptica iluminada para
ampliação e visualização da pele,
analisa-se uma série de estruturas e
cores que ajudam na diferenciação das
lesões pigmentadas benignas e
malignas) ou biópsia auxiliam na
investigação. A biópsia excisional deve
ter margens de 1 a 3 mm de pele
normal e tecido subcutâneo, pois a
profundidade é essencial para o
e s t a d i a m e n t o d a l e s ã o . N o
anatomopatológico, é imprescindível
que o laudo contenha a espessura
(escala de Breslow - principal fator
isolado de impacto no prognóstico na
avaliação do tumor primário), número
de mitoses, nível de Clark (que
descreve a invasão neoplásica),
presença ou ausência de ulceração,
satelitose e comprometimento de
margens cirúrgicas.
Observação: Fatores prognósticos:
ulceração; índice mitótico; invasão
angiolinfática.
9. Evolução: In situ > Infiltrativa
- Lentigo maligno: Muito lenta.
- Extensivo superficial e lentiginoso
acral: 2 a 3 anos.
- Nodular: Desde o princípio mais
agressivo na fase infiltrativa.
10. Estadiamento:
T - Tamanho Ulceração
TX Tumor primários não pode ser
avaliado
Não se aplica
TO Sem evidência de tumor
primário
Não se aplica
Tis Melanoma in situ, Não se aplica
T1a <0,8 mm Sem ulceração
< 0,8 mm Com ulceração
T1b 0,8 a 1,0 mm Com ou sem ulceração
T2a Entre 1,01 e 2 mm Sem ulceração
T2b Entre 1,01 e 2 mm Com ulceração
ТЗа Entre 2,01 e 4 mm Sem ulceração
T3b Entre 2,01 e 4 mm Com ulceração
T4a Maiores que 4 mm Sem ulceração
T4b Maiores que 4 mm de Com ulceração
N - Linfonodo Metástases em trânsito,
satelitose ou microsatelitose
NX Os linfonodos regionais não
podem ser avaliados.
Sem
NO Não há nenhuma evidência de
metástase linfonodal
Sem
N1a 1 metástase subclínica
(linfonodo sentinela positivo)
Sem
N1b 1 metástase clínica Sem
N1c Sem metástases linfonodais Com
N2a 2 ou 3 metástases subclínicas
(detectadas por linfonodo
sentinela)
sem
N2b 2 ou 3 metástases linfonodais,
das quais pelo menos 1
detectada clinicamente
sem
N2c 1 metástase linfonodal Com
N3a 4 ou mais metástases
linfonodais subclínicas
sem
N3b 4 ou mais metástases
linfonodais, das quais pelo
menos 1 detectada clinicamente
Sem
N3c 2 ou mais metástases
linfonodais
Com
M - Metástases
Sitio anatômico Valor de DHL
MO Sem metástases Não aplicável
M1a (0) Metástases para pele, tecidos
moles
(músculos) ou linfonodos não
regionais
Não elevado
M1a (1) elevado
M1b (0) Metástases para pulmão Não elevado
M1b (1) elevado
M1c (0) Metástases para órgãos
viscerais, exceto
SNC
Não elevado
M1c (1) elevado
M1d (0) Metástase para Sistema Nervoso
central
(SNC)
Não elevado
M1d (1) elevado
Maria Vitória de Sousa Santos
11. Tratamento: Excisão completa da
l e s ã o c o m m a r g e n s d e
segurança;Pesquisa do linfonodo
s e n t i n e l a q u a n d o i n d i c a d o ;
Multidisciplinar. Vai ser necessário a
realização de duas cirurgias, uma para
biópsia e a outra para o tratamento.
INFORMAÇÃO IMPORTANTE!!!
1. Linfonodo Sentinela: 1° linfonodo da
c a d e i a d e d r e n a g e m d a q u e l a
topografia.
2. Quando pesquisar?
- Breslow maior que 1 mm;
- Breslow maior que 0,8 mm se
presença de: invasão angiolinfática;
ulceração; microsatelitose (lesão
separada da lesão principal distando
mais que 5 mm)
3. Técnica: Injeção de azul patente
perilesional; Linfocintilografia.
Maria Vitória de Sousa Santos
BIÓPSIA
CONCEITO
• Considera-se como biópsia, o ato
cirúrgico de obtenção de uma parte de
tecido de um organismo vivo, com o
i n t u i t o d e o b t e r u m a a m o s t r a
representativa de modo a fazer um
estudo histopatológico e posterior
diagnóstico.
• Para além de tornar possível realizar um
estudo histológico completo, incluindo a
d e s c r i ç ã o d a s c a r a c t e r í s t i c a s
histopatológicas e a extensão da lesão, a
biópsia é um instrumento fundamental
para o diagnóstico de uma doença e para
a orientação da melhor estratégia no
tratamento do paciente. Em termos de
admissibilidade legal, as descobertas que
se podem retirar do resultado de uma
biópsia têm um valor quase irrefutável.
INDICAÇÕES
1. Diagnóstico de doenças que provocam
alterações morfológicas específicas,
tais como hiperplasias, displasias,
neoplasias, granulomas etc.
2. Diagnóstico diferencial de doenças que,
mesmo não produzindo alterações
morfológicas específicas, determinam
padrões morfológicos característicos de
determinado grupo.
3. Quantificação do grau de displasia
( b a i x o o u a l t o g r a u ) o u d e
diferenciação de um tumor (bem
d i f e r e n c i a d o , m o d e r a d a m e n t e
diferenciado, pouco diferenciado,
indiferenciado).
4. Avaliação da extensão de lesão
neoplásica (se há invasão para outros
tecidos ou estruturas, se existem
metástases etc.).
5. Verificação da totalidade da ressecção
de uma lesão.
6. Aval iação do resul tado de um
tratamento.
7. Identificação de estruturas normais
que são difíceis para o cirurgião dar o
d i a g n ó s t i c o d e c e r t e z a
m a c r o s c o p i c a m e n t e ( g â n g l i o s
s i m p á t i c o s n o c u r s o d e
simpatectomias, paratireoides no curso
de paratireoidectomias, nervo vago no
curso de vagotomias, ducto deferente
no curso de vasectomias etc.).
8. Avaliação do funcionamento normal de
certos tecidos ou órgãos: endométrio,
testículo.
9. Avaliação da etiologia, comportamento
e resposta terapêutica de doenças de
evolução progressiva (tireoidites,
doenças autoimunes, hepatites, cirrose
hepática, glomerulonefrites etc.).
10. Avaliação da presença e intensidade de
rejeição em órgãos transplantados.
PRINCÍPIOSBÁSICOS
1. Real izar uma aval iação c l ínica
minuciosa do paciente:
- Deve-se pesquisar alergia a produtos
que serão utilizados (soluções de anti-
sepsia, anestésicos locais, látex, talco
de luvas, esparadrapos).
- Avaliação da coagulação sangüínea.
- Anamnese: História de hemorragia
espontânea ou após cirurgias prévias.
- Exame físico: Devem-se pesquisar
equimoses ou hematomas.
- Realização de exames laboratoriais
p a r a a v a l i a ç ã o d a c o a g u l a ç ã o
sangüínea (contagem de plaquetas,
tempo de trom-boplastina parcial,
atividade de protrombina e RNI)
normalmente é reservada aos
pacientes que apresentam alterações
ao exame clínico.
- Os pacientes hipertensos e os
diabéticos devem estar controlados.
Devemos utilizar anestésicos locais
com vasoconstritores com extrema
cautela (se possível evitá-los) nos
hipertensos. Os diabéticos não-
controlados têm um risco maior de
apresentar distúrbios de cicatrização
e/ou infecções.
- Deve-se avaliar se há necessidade de
realizar procedimentos cirúrgicos
complementares no mesmo tempo
c i r ú r g i c o e p r o g r a m a r
antecipadamente a operação. Por
exemplo, na biópsia excisional de
grandes lesões, pode ser necessária a
realização de enxerto ou rotação de
retalho para cobrir a área cruenta.
tromboplastina
INR
Maria Vitória de Sousa Santos
2. Usar cuidados inerentes a uma
pequena cirurgia:
- Tanto o local para a realização quanto
o instrumental disponível devem ser
compatíveis com a magnitude do
procedimento proposto.
- Utilizar agulhas e/ou lâminas novas
para não haver dano tissular maior e
p r e j u d i c a r o e x a m e
anatomopatológico.
- A anti-sepsia da região deve ser
rigorosa e ampla.
- Os campos cirúrgicos estéreis devem
cobrir uma área ampla ao redor da
lesão para que o cirurgião e os
auxiliares tenham liberdade de
movimentos.
- A anestesia varia de acordo com o tipo
de biópsia.
A. Nas punções biópsias, biópsias com
punch, biópsias incisionais e grande
parte das excisionais, a infiltração
local ou o bloqueio de campo são
suficientes.
B. Nas biópsias excisionais de grandes
lesões, pode ser necessário um
b l o q u e i o t r o n c u l a r o u ,
eventualmente, sedação ou, até
mesmo, anestesia geral.
3. Retirar uma amostra significativa:
- Nas punções aspirativas deve-se
colher material de diversos pontos da
lesão.
- Nas punções biópsias deve-se retirar
mais de um fragmento.
- Nas lesões pequenas deve-se realizar
exérese total (biópsia excisional), com
margem de segurança de tecido sadio,
que varia de acordo com a suspeita
clínica.
- Nas lesões grandes submetidas a
exérese parcial (biópsia incisional), a
amostra deve abranger tecido doente
e sadio.
- Os linfonodos ou pequenos tumores
do subcutâneo devem ser retirados
por inteiro, junto com a cápsula.
4. Ev i tar áreas de esmagamento ,
queimadura, fibrose, cicatrizes ou com
infecção secundária.
5. Nas doenças inflamatórias, incluir uma
porção significativa da erupção.
- Quando a erupção é caracterizada por
lesões de um mesmo tipo, porém em
vários estágios de desenvolvimento, é
m e l h o r s e l e c i o n a r u m a b e m
desenvolvida. Devemos evitar lesões
em fase inicial, bem como lesões em
fase tardia, já em regressão.
- Uma exceção a essa regra são as
vesículas, bolhas ou pústulas. Nestes
casos, devemos preferir uma lesão
recente e intacta, de preferência entre
24 e 48 horas de evolução.
- Nas erupções com lesões diversas
(vesículas, pápulas, crostas), devemos
realizar biópsias em diferentes tipos
de lesões.
- Nas doenças inflamatórias, as áreas
de escoriações devem ser evitadas.
6. Nas lesões difusas, biopsiar a área mais
representativa:
- No local não deve haver alterações
regionais específicas que possam
atrapalhar a interpretação. Nas
erupções generalizadas, tronco,
b r a ç o s e c o x a s s ã o o s l o c a i s
preferidos.
- Nas dermatites por uso de drogas,
devemos retirar preferencialmente as
lesões do tronco.
- A palma das mãos e a planta dos pés
devem ser evitadas, sempre que
possível, pela dificuldade tanto de
aproximação dos tecidos quanto de
cicatrização. Os joelhos e cotovelos
também devem ser evitados, por se
tratar de áreas de tensão.
7. Nas lesões pigmentares, suspeitas
clinicamente de malignidade, realizar
sempre que possível uma biópsia
excisional.
8. Respeitar as margens de segurança
quando a biópsia for ao mesmo tempo
diagnóstica e curativa.
9. Manipular adequadamente o material.
- Nas punções aspirativas, não espalhar
o material com força na lâmina nem
esmagá-lo entre duas lâminas. Nas
p u n ç õ e s b i ó p s i a s , r e t i r a r
delicadamente o material de dentro
da agulha, evitando fragmentá-lo.
- Não esmagar o tecido com pinças. Nas
biópsias incisionais e excisionais, o
Maria Vitória de Sousa Santos
material utilizado deve ser delicado,
dando-se preferência a pinças dente-
de-rato em vez de pinças anatômicas.
- Quando for necessária a realização de
vários tipos de exames (citológico,
anatomopatológico, microbiológico,
bioquímico, sorológico), o material
deve ser dividido e acondicionado
adequadamente. Os frascos devem ser
identificados com o nome do paciente,
registro, data e tipo de fixador
utilizado.
- As peças maiores devem ser abertas e
presas com alfinete em papelão para
evitar que se retraiam.
- O m a t e r i a l d e v e s e r f i x a d o
rapidamente, evitando-se exposição
prolongada ao ar. Lesões de maior
volume devem ser seccionadas ao
meio, para permitir uma melhor
fixação da peça.
10. Usar fixador adequado:
- Formol a 10% - considerado o fixador
universal. A quantidade de formol
deve ser de 10 a 20 vezes o volume do
material retirado. O tempo necessário
para a fixação depende da espessura
do material. Espécimes com 4 mm de
espessura necessitam de 8 horas;
espécimes com espessura maior ou
igual a 6 mm necessitam de 24 horas.
Como a fixação ocorre sempre de fora
para dentro, as lesões maiores devem
ser seccionadas ao meio para permitir
que ela aconteça mais rapidamente. O
formol não deve ser utilizado quando
se for pesquisar melanócitos pela
coloração DOPA.
- Álcool absoluto a 95% - indicado para
a realização de exame citológico,
esfregaços de secreções, punções
aspirativas e outros materiais para
citodiagnóstico. A fixação é rápida,
podendo-se proceder à coloração em
15 a 20 minutos.
- Glutaraldeído a 3% - utilizado para
microscopia eletrônica.
- Quando for necessário utilizar
colorações para enzimas ou imuno-
histoquímica, não se deve fixar o
material.
11. Proporcionar o maior número possível
de informações ao anatomopatologista:
- Enviar a peça ao laboratório de
anatomia patológica com informações
clínicas e cirúrgicas detalhadas.
Informar o tempo de evolução da
doença, os achados clínicos, o aspecto
macroscópico da lesão e as hipóteses
diagnósticas.
- Deve-se manter um contato estreito
c o m o a n a t o m o p a t o l o g i s t a ,
principalmente nos casos duvidosos
o u q u a n d o o d i a g n ó s t i c o
anatomopatológico não for compatível
com o diagnóstico clínico.
TIPOS DE BIÓPSIA
BIÓPSIAS POR PUNÇÃO
Existem dois tipos de biópsias por punção:
1. Agulhas finas: Retira-se material
para exame citológico. Geralmente as
punções com agulha fina são indicadas
para análise de líquidos de lesões
císticas ou de cavidades corporais
(tórax, abdome, articulações), estudo
de lesões superficiais (mama, tireóide,
massas cervicais) e, em menor
frequência, de lesões em órgãos
intracavitários (pulmões, baço,
pâncreas).
2. Agulhas cal ibrosas (agu lh a s
especiais): Retira-se material para
exame histológico. São mais indicadas
para se retirar material para estudo de
órgãos intracavitários (fígado,rins,
próstata, pâncreas, pulmões), podendo
também ser utilizadas em órgãos
superficiais (mama, tireóide). Estas
agulhas podem ser manuais (Menghini,
Vim Silverman, Cope, Abrams) ou
automáticas (Tru-Cut®, Biopty
Gun®).
Observação: As punções com ambos os
tipos de agulhas podem ser guia-das por
palpação, ultra-som (US), estereotaxia,
tomografia computadorizada (TC) ou
ressonância magnética (RM).
PUNÇÃO POR AGULHA FINA
• Ela se baseia no estudo de células, ou de
pequenos grupos de células, que são
retiradas das lesões por aspiração com
uma agulha de pequeno calibre.
guiadas
Maria Vitória de Sousa Santos
• Apresenta como vantagem um baixo
custo, podendo ser feita em nível
ambulatorial, sem a necessidade de
material sofistica-do. É bem tolerada
pelo paciente, causando apenas um leve
desconforto. Pode ser feita, na maioria
das vezes, sem anestesia e apresenta
baixa incidência de complicações.
• A complicação mais freqüente é um
pequeno hematoma no local da punção
sem maiores consequências. Outras
complicações que podem ocorrer são:
pneumotórax (biópsia pulmonar),
sangramento ou lesão de vísceras ocas
(biópsia de órgãos intra-abdominais).
• Sua principal limitação é que permite um
diagnóstico citológico e não histológico.
Geralmente o resultado pode ser dividido
genericamente entre processo benigno,
maligno ou infeccioso.
• A principal indicação para a punção
a s p i r a t i v a c o m a g u l h a f i n a é a
diferenciação entre tumores benignos e
malignos.
• A punção aspirativa por agulha fina tem
indicações bem definidas nas lesões de
mama e tireóide.
PUNÇÃO BIÓPSIA COM AGULHAS ESPECIAIS
• A punção biópsia com agulhas especiais
fornece material para estudo histológico.
Este material é retirado através da
utilização de agulhas mais calibrosas do
que as descr i tas anter iormente ,
geralmente de calibre 14 a 20.
• Também possui um baixo custo, e pode
ser realizada, na grande maioria das
vezes, em nível ambulatorial.
• Como o calibre das agulhas é maior, ela
causa um maior desconforto para o
paciente, e quase sempre é necessária a
realização de um botão anestésico no
local da punção.
• A incidência de complicações é pequena,
e o sangramento é a principal delas. Ele
p o d e v a r i a r d e s d e u m p e q u e n o
hematoma no local até sangramento
importante que necessita de hemoterapia
ou, mais raramente, de intervenção
cirúrgica.
• Outras complicações que podem ocorrer
são: punções inadvertidas de órgãos ou
estruturas que podem estar interpostas
entre a pele e a lesão (alças intestinais,
vesícula biliar) na biópsia de órgãos
intra-abdominais; pneumotórax na
biópsia pulmonar etc.
Existem dois tipos distintos de agulhas:
1. Manuais: É necessária a realização de
movimentos coordenados para se
retirar o fragmento de tecido após a
agulha ter atingido o alvo.
2. Automáticas. As agulhas automáticas
são armadas antes da punção e
disparadas ao se atingir o alvo. Este
disparo produz um movimento
automático da agulha, que secciona e
captura o material.
BIÓPSIA HEPÁTICA PERCUTÂNEA
• A biópsia hepática pode ser realizada
para o estudo tanto de doenças
parenquimatosas difusas do fígado
(cirrose, hepatite, reação a drogas)
quanto de doenças focais (granulomas,
infiltração tumoral), podendo ser
empregada tanto para o diagnóstico
quanto para a avaliação da extensão e
gravidade de uma doença.
• A biópsia de lesões focais sempre deve
ser feita com o auxílio de métodos de
imagem (US, TC, RM).
• A biópsia hepática é indicada nas
h e p a t o m e g a l i a s o u h e p a t o -
esplenomegalias sem explicação, na
colestase sem causa eviden-te, na
presença de testes de função hepática
que se mantêm persistentemente
sofisticado.
evidente,
Maria Vitória de Sousa Santos
alterados, nas doenças sistêmicas ou
infiltrativas (sarcoidose, tuberculose
miliar, febre de origem indeterminada) e
na suspeita de tumor primário ou
metastático do fígado.
• São contra-indicações para a biópsia
hepática percutânea: pacientes não-
cooperativos, alteração da coagulação
sanguínea, colangite séptica, suspeita de
lesão vascular, ascite, obstrução biliar
acentuada (risco de peritonite) ou
infecção do espaço pleural direito (as
duas últimas são contraindicações
relativas).
• A presença de ascite em pequena
quantidade é contraindicação relativa,
porém ascite importante é contra-
indicação absoluta. Teoricamente, o
líquido ascítico acumulado ao redor do
fígado impede um tamponamento do
orifício da punção na cápsula hepática
pelo diafragma. Nos casos de ascite
importante ou distúrbios de coagulação,
deve-se preferir uma biópsia por via
t r a n s j u g u l a r o u a s s i s t i d a p o r
laparoscopia.
• As complicações do procedimento
incluem: dor local ou no ombro
ipsilateral, hemorragia (hemotórax,
h e m o p e r i t ô n i o , h e m a t o m a
intraparenquimatoso, hemobilia),
hipotensão arterial, fístula arteriovenosa
intra-hepática, sepse, coleperitônio,
p n e u m o - t ó r a x , l e s ã o d e ó r g ã o s
adjacentes (pulmão, vesícula biliar,
cólon) e óbito.
BIÓPSIA PLEURAL
• A biópsia da pleura parietal é indicada
para se avaliar pacientes com derrame
pleural sem causa evidente.
• É utilizada principalmente para se
diferenciar tuberculose de neoplasia
maligna.
• É necessário a realização de biópsias
antes e após o procedimento.
• Às vezes, pode também ser feita em casos
de doença ou espessamento pleural na
ausência de derrame, não devendo,
entre-tanto, ser utilizada rotineiramente
como método de avaliação de derrames
muito pequenos e/ou loculados.
• É contra-indicada nos pacientes não-
cooperat ivos, com distúrbios de
coagulação ou com infecção cutânea na
região da punção.
BIÓPSIA INCISIONAL
contraindicações
pneumotórax,
entretanto,
contraindicada
Maria Vitória de Sousa Santos
• Na biópsia incisional retira-se somente
uma parte da lesão ou de um órgão. As
punções com agulhas finas e especiais, as
biópsias com pinça saca-bocado e várias
biópsias com punch de diâmetro
pequeno são alguns exemplos de biópsias
incisionais.
• Ela é indicada principalmente para a
biópsia de músculos, ossos, tecido
subcutâneo e processos inflamatórios ou
infecciosos disseminados da pele ou de
outros órgãos. É indicada também para
se estabelecer um diagnóstico definitivo
no pré-operatório de cirurgias extensas
ou mutilantes, como amputações. De
preferência, o cirurgião que faz a biópsia
deve ser o mesmo que realizará a cirurgia
definitiva.
• Sempre que possível, a biópsia incisional
de uma lesão, especialmente de pele,
deve ser feita nas suas bordas, retirando-
se um fragmento englobando tecido
doente junto com tecido sadio.
• No caso dos sarcomas, a parte mais
indiferenciada do tumor costuma ser a
sua borda, e biópsias neste local podem
vir a ser um problema na classificação
desta neoplasia.
• No caso de tumores de partes moles e
ossos, deve-se ter o cuidado de realizar
uma boa hemostasia, pois as células
tumorais são capazes de passar por entre
os planos tissulares, da mesma maneira
que as células sangüíneas extravasadas.
A presença de equimose pós-operatória
pode significar uma possibilidade de
d i s s e m i n a ç ã o t u m o r a l p a r a o
subcutâneo.
• As complicações decorrentes da biópsia
incisional são semelhantes às de
qualquer procedimento cirúrgico de
pequeno porte, como: infecção de ferida,
hemorragia per ou pós-operatória,
distúrbios de cicatrização, além da
possibilidade de disseminação local de
células tumorais.
Observação: A biópsia muscular é uma
biópsia incisional, pois semprese retira
somente um pedaço de um músculo para
exame. É indicada na avaliação de doenças
musculares pr imárias (miopat ias ,
distrofias) e secundárias (neurogênicas,
endócrinas, induzidas por drogas) ou de
doenças sistêmicas (vasculites).
BIÓPSIA EXCISIONAL
• N a b i ó p s i a e x c i s i o n a l r e t i r a - s e
totalmente a lesão a ser estudada. Além
de diagnóstica, ela é também, na maioria
das vezes, terapêutica.
• Todas as lesões supostamente malignas
devem ser submetidas a excisão cirúrgica
completa (biópsia excisional) com
margem de segurança entre 2,5 e 5 mm,
a não ser que sejam de dimensões tais
que tornem impossível o fechamento da
pele, ou que impeçam a obtenção de
resultados cosméticos aceitáveis.
Maria Vitória de Sousa Santos
• Nestes casos deve-se optar por uma
b ióps ia inc is ional e aguardar o
diagnóstico anatomopatológico para
programar uma cirurgia mais extensa.
• As complicações são as mesmas da
biópsia incisional.
BIÓPSIA COM PUNCH
• Geralmente é empregada na pele,
podendo também ser realizada com
segurança na mucosa oral.
• Utiliza-se um instrumento que contém
na ponta uma lâmina circular cortante
(punch). Seu diâmetro pode variar de 1,5
a 10 mm; entretanto, as medidas
utilizadas com maior frequência são as
de 3 e 4 mm.
• A lesão sempre deve ser retirada junto
com uma área de tecido sadio.
• Dependendo do tamanho da lesão, a
biópsia com punch pode ser incisional ou
excisional.
• Uma das desvantagens da biópsia com
punch é o pequeno tamanho do material
retirado, às vezes dificultando a
interpretação histopatológica.
• Este procedimento está contra-indicado
e m á r e a s s o b r e a r t e r i a s , c o m o
sobrancelhas (artéria temporal), área
nasolabial (artéria angular), pelo risco de
lesão das mesmas.
• A biópsia com punch não deve ser
realizada em lesões muito espessas,
como pele hipertrófica, líquen plano ou
hipertrófico, blastomicose. Também não
deve ser realizada em calosidades das
p l a n t a s d o s p é s , p o i s n ã o é
suficientemente profunda para promover
o diagnóstico correto da doença
primária.
• A p r i n c i p a l c o m p l i c a ç ã o é o
sangramento, especialmente nos casos
em que não se realizam suturas.
BIÓPSIA EM BARBEAR (SHAVING)
• Remove a porção de pele elevada, acima
do plano do tecido adjacente (lesões de
natureza exofítica). É realizada entre a
camada papilar profunda da derme e a
camada médio reticular.
• A biópsia em barbear está indicada nas
l e s õ e s e x o f í t i c a s c o m o c e r a t o s e
seborréica, ceratose solar, verrugas
vulgares e alguns nevos melanocíticos.'*
Está contra-indicada na avaliação de
doenças inflamatórias da pele, pois não
permite estudar os plexos profundos, a
derme ret icular e nem o tecido
subcutâneo. Neoplasias que clinicamente
parecem infiltrar a derme e lesões
pigmentares também são contra-
indicações. Ela é falha para o diagnóstico
di ferencial entre ceratose solar ,
ceratoacantoma e carcinomas.
CURETAGEM
• Técnica simples de se remover lesões
superficiais benignas da pele, como
verrugas vulgares, molusco contagioso e
ceratose seborréica, usando-se pequenas
curetas. Seu uso é viável em lesões de 2 a
6 mm de diâmetro.
• A hemostasia é obtida por compressão,
uso de agentes hemostáticos ou ele-
trocoagulação.
• É contra-indicada em lesões com
suspeita de malignidade, podendo levar a
erro no diagnóstico anatomopatológico.
• É também utilizada para o estudo de
tecidos como endomé-trio. Neste caso é
contraindicado
contraindicada
contraindicada
endométrio.
Maria Vitória de Sousa Santos
necessário o acompanhamento de um
anestesiologista para sedação ou
bloqueio troncular.
REMOÇÃO COM TESOURA
• É reservada para lesões pedunculadas
benignas como verrugas filiformes e
lesões pigmentadas polipóides. Após
anestesia local, a base da lesão é
seccionada e o sangramento é controlado
com eletrocoagulação, compressão ou
aplicação de solução de cloreto de
alumínio a 25%.
• A peça é colocada em recipiente com
f i x a d o r a d e q u a d o , d e v i d a m e n t e
identificada e enviada ao laboratório.
Maria Vitória de Sousa Santos
CORPOS ESTRANHOS
DEFINIÇÃO
• Considera-se como CE todo material
orgânico ou inorgânico introduzido no
organismo, por vias naturais ou não, de
maneira acidental ou consequente a
doenças e/ou procedimentos cirúrgicos.
Nessas circunstâncias, são enquadrados os
CE ingeridos por:
1. Via oral;
2. Aspirados para a arvore respiratória;
3. Introduzidos por via anal;
4. Penetrados pela pele;
5. Esquecidos durante o ato cirúrgico.
LESÃO CUTÂNEA
• Embora possa ocorrer penetração por
diferentes vias (mucosa bucal, vaginal,
anal etc.), é na pele que encontramos,
com maior frequência, o orifício de
entrada.
• A pele e os tecidos subjacentes oferecem
resistência mecânica à penetração, daí a
p r e d o m i n â n c i a a b s o l u t a d e C E
pontiagudos (agulhas, espinhos, pregos,
alfinetes etc.) ou aqueles que os atingem
animados de força viva muito grande
(projéteis).
As lesões cutâneas produzidas são
denominadas:
1. Perfurantes (perfurocortantes),
quando produzidas por objetos
pontiagudos, com bordas cortantes
(vidros, facas, lâminas de aço etc.),
2. Perfuro contusas (instrumentos
rombos de madeira, farpas de madeiras
etc.), são geralmente pequenas e
seriam desprovidas de importância não
fosse a possível extensão das lesões
subjacentes.
Observação: O caminho percorrido pelo
CE, no momento em que ele vence a
resistência cutânea, depende de suas
características.
REAÇÕES AO CORPO ESTRANHO
• A c a p a c i d a d e r e a t i v a d o t e c i d o
condiciona o desenvolvimento de
alterações peculiares ao local, mas, de
uma maneira geral, as reações aí
observadas atuam no sentido de
expulsar, destruir ou isolar o corpo
estranho.
A intensidade com que o organismo
responde à presença do corpo estranho
depende de vários fatores:
1. Ligados às condições gerais do
paciente;
2. Estrutura atingida;
3. Peculiaridades do corpo estranho.
• Toda ferida na qual um corpo estranho
esteja incluído traz consigo a expectativa
de contaminação.
• A gravidade da infecção daí resultante
tem relação, entre outras, com a natureza
do corpo estranho, a par de uma maior
contaminação à qual os corpos estranhos
não-inertes (madeira, espinhos etc.)
estão geralmente associados, acrescidos
da maior irritação local que induzem.
Consequentemente, o processo pode se
restringir a uma inflamação banal,
caminhar para a formação de um
abscesso e , ocas ionalmente , um
fleigmão.
• Às vezes, tardiamente, forma-se em
torno de um corpo estranho que evoluiu
sem compl icações um abscesso ,
geralmente em decorrência de trauma e
reativação de bactérias do foco.
• Quando não há infecção, o envolvimento
do objeto por tecido fibroso é a regra,
sendo discreto nos objetos inertes
(agulhas, metais) e mais exuberante nos
demais (madeira, espinhos etc.).
• Nestes últimos, em algumas ocasiões,
pode desenvolver-se um processo
inflamatório crônico hiperplásico que
poderá simular uma neoplasia e que
conterá o corpo estranho, às vezes
banhado em líquido dentro da cavidade
cística.
• Ocasionalmente o tecido fibroso que
envolve o corpo estranho fixa tendões e,
no que impede sua movimentação
natural, explica transtornos que sua
presença deoutra maneira não traria.
DIAGNÓSTICO
O médico que lida com pacientes
ambulatoriais, freqüentemente vê-se
envolvido com portadores de corpos
estranhos, no qual duas circunstâncias
sobressaem:
1. Os portadores de lesões cutâneas
recentes
Maria Vitória de Sousa Santos
2. P a c i e n t e s c o m c o m p l i c a ç õ e s
infecciosas locais ou regionais, tardias,
de ferimentos anteriores.
Assim, a presença do corpo estranho,
precisa ser investigada a partir da:
1. Determinação de sua localização;
2. Estruturas que foram lesadas no seu
trajeto;
3. Exames complementares, a exemplo da
radiografia.
EXAME RADIOLÓGICO E OUTROS
1. Radiografia: Para que um objeto
incluído na intimidade de um órgão
produza uma imagem radiográfica, é
essencial (mas não suficiente) que ele
absorva mais ou menos radiação em
relação aos tecidos que o envolvem.
2. Tomografia computadorizada:
Pode, eventualmente, ser utilizada na
identificação de CE localizados
profundamente ou nos casos em que os
outros métodos falharem
3. Radioscopia: é muito útil e eficaz,
por ser método dinâmico. Entretanto, a
radioscopia expõe o paciente e o
médico a doses relativamente altas de
radiação.
4. Ultrassonografia: Equipamentos de
ultrassonografia de alta resolução são
c a p a z e s d e d e t e c t a r C E d e
praticamente qualquer composição. A
r e m o ç ã o d o C E g u i a d a p o r
ultrassonografia é considerada,
atualmente, o melhor método e o de
primeira escolha na investigação e
remoção dos diferentes CE. US pode
identificar CE menores que 10 mm a
a t é 4 c m d e p r o f u n d i d a d e ,
independentemente de serem madeira,
vidro, metal ou plástico. O método é
excelente alternativa na identificação
de CE não radiopacos . Os CE
apresentam-se, à US, como áreas
hiperecoicas, com diferentes graus de
sombra acústica posterior.tempos após
o evento traumático, o CE costuma
e s t a r c i r c u n d a d o p o r h a l o
hipoecogénico secundário à reação
inflamatória granulomatosa. Nesse
caso, é importante estabelecer
diagnóstico diferencial entre o objeto e
o depósito de queratina; bem como
hematomas , ossos sesamoides ,
calcificações. Madeiras e plásticos
tendem a produzir sombra acústica.
DIAGNÓSTICO: ASPECTOS ESPECÍFICOS
• O diagnóstico das lesões provocadas pelo
corpo estranho no seu trajeto, assim
como a sua capacidade de produzir
c o m p l i c a ç õ e s f u t u r a s e s t ã o
intrinsecamente relacionados à sua
natureza.
AGULHAS
1. Introdução: Constituem objetos que,
por suas características de fácil
penetração no organismo e uso
rotineiro, no ambiente doméstico ou do
t r a b a l h o , f r e q ü e n t e m e n t e
transformam-se em corpos estranhos.
2. Propedêutica: Inspeção + palpação
(determinar a presença do objeto e sua
posição).
3. Exames complementares : A
radiografia é imprescindível nos casos
de agulhas não palpáveis, no intuito
não só de confirmar a sua presença
como também de definir a sua posição.
Observação: As lesões produzidas no seu
trajeto são pouco significativas, e, a não ser
pelas complicações infecciosas que podem
aparecer.
ESPINHOS VEGETAIS
1. Introdução: Atingem comumente os
membros e, mais frequentemente, os
pés comum o hábito de andar descalço.
2. Propedêutica: Como corpo estranho,
podemos encontrá-lo superficial ou
p r o f u n d a m e n t e s i t u a d o e , e m
consequência, fácil ou dificilmente
palpável. Como de hábito o paciente
não pode afirmar se o espinho que o
feriu persiste, a não ser que esteja
evidente à inspeção ou à palpação.
Compreende-se a importância do
exame radiológico. Aqui, apenas o
emprego de uma técnica radiológica
apropriada para contrastar objetos de
pequeno poder de absorção pode
condicionar a sua visualização.
3. C o m p l i c a ç õ e s : C o m p l i c a ç õ e s
sépticas são a regra, e o risco de tétano
é uma constante. Comumente, em
meio ao pus drenado natural ou
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Maria Vitória de Sousa Santos
cirurgicamente de um abscesso, o
organismo livra-se do espinho e a
ferida tende para a cura. Outras vezes,
a presença de uma ferida que não cura
e que, continua ou intercaladamente,
elimina pus tem como causa um CE.
Observação: É exatamente nas feridas de
pequeno orifício de entrada, pelas
condições de anaerobiose que podem
desenvolver-se, que mais necessária se
torna a intervenção cirúrgica para retirar o
espinho ou, pelo menos, desbridar e limpar
a f e r i d a , d e i x a n d o - a a b e r t a ,
principalmente na região plantar, onde,
com frequência, ocorrem tais acidentes.
FRAGMENTOS DE MADEIRA
• D e d i m e n s õ e s m u i t o v a r i a d a s ,
sobressaem, por sua frequência, as
pequenas farpas que se alojam na pele,
quase sempre paralelas a sua superfície
ou sob as unhas, provocando dor intensa.
• S u a p r e s e n ç a é e v i d e n t e , e a s
corriqueiras complicações supurativas,
facilmente detectáveis. Quando não é o
próprio paciente a retirá-lo, o organismo
se desfaz do incômodo facilmente em
meio ao material supurativo que elimina.
• Os fragmentos maiores, não-acessíveis
a o e x a m e p a l p a t ó r i o , e x i g e m
propedêutica radiológica.
ESPINHOS DE OURIÇO-DO-MAR
• De composição calcária, longos e
quebradiços, podem ser radiografados
com aparelhos comuns.
• O acidente é freqüente em certas praias,
principalmente entre as rochas onde
vivem tais animais.
• Atingem quase exclusivamente os pés
dos banhistas, onde provocam dor
intensa.
• Algumas espículas não são expelidas
espontaneamente, e sua não retirada
precoce parece favorecer o aparecimento
de complicações, como febre, infecção
secundária, formação de granulomas
provocados pelo CE e eventual necrose.
• Deve-se utilizar um dos métodos de
Rees, com remoção do orificio de entrada
para maior facilidade de exposição.
FERRÃO DE PEIXE
• Várias espécies de peixes possuem uma
estrutura óssea pontiaguda e serreada
nas suas nadadeiras laterais e dorsais.
• Ao se debater, o peixe crava o ferrão nas
mãos do incauto que tentar segurá-lo de
maneira inadequada.
• Outras vezes, a ocorrência se dá com o
animal já morto, quando a vítima tenta
evitar que caia no chão uma espécie
escorregadia.
• Por se tratar de estrutura óssea, a
radiografia comum o revela facilmente.
• Como são geralmente materiais sépticos,
dão complicações infecciosas com
f r e q u ê n c i a , d e s d e c e l u l i t e s n ã o
complicadas até formas graves de fascite
necrosante.
• Dentre essas lesões, inclui se o abscesso
de partes moles, sendo o S. aureus o
principal patógeno envolvido.
PROJÉTEIS DE ARMA DE FOGO E DE AR
COMPRIMIDO
• O maior interesse médico em torno dos
projéteis de arma de fogo dirige-se para
as lesões provocadas no seu trajeto.
• A determinação do orifício de entrada,
do orifício de saída ou, quando este não
existe, a localização da posição do
projétil pelo exame radiológico visa
principalmente a reconstituir o seu
percurso e as prováveis lesões sofridas.
• O mesmo se pode dizer com relação aos
numerosos projéteis de cartucheira.
• O calor gerado na detonação e no atrito
com o ar atmosférico torna tais objetos
praticamente estéreis, justificando a
baixa ocorrência de complicações
infecciosas quando outrosfatores não
interferem.
• O chumbo de esp ingarda de ar
comprimido quase sempre penetra
pouco nos tecidos, sendo fácil encontrá-
lo à palpação.
• Nos demais, a radiografia o identifica de
imediato.
ANZÓIS
• Penetram a pele, na qual se prendem
firmemente.
Ocasionalmente a transfixam.
• A maioria das lesões ocorre nas mãos,
seguida pela face, couro cabeludo e pés.
·
·
Maria Vitória de Sousa Santos
• Quando transfixante, a secção da ponta
exposta permite a retirada do fragmento
restante pelo orifício de entrada.
• Recomenda se também, nos demais
casos de feridas perfurantes, transforma-
las em transfixantes por meio da
progressão da ponta do anzol.
VIDROS
• Diante de um corte por vidro, não é raro
um fragmento do mesmo ficar incluído
na ferida.
• Nos ferimentos profundos, provocados
por vidros pontiagudos, só o zelo do
cirurgião poderá evitar sua permanencia
no local.
• Os sais de prata, usados na fabricação de
e s p e l h o s , t o r n a m e s s e s o b j e t o s
particularmente radiopacos e facilitam o
diagnóstico radiológico.
• Vidro provoca maior sensação da
presença de CIE do que outros materiais.
• Como material inerte, pode não ser
retirado caso não produza sintomas, ou
se estiver localizado em áreas de difícil
remoção.
CORPOS ESTRANHOS DEIXADOS PELO MÉDICO
• Gazes, usualmente usadas nos diferentes
procedimentos confundem-se com os
tecidos circunvizinhos, e camuflam-se,
facilitando seu esquecimento.
• Quando são mantidas as condições de
esterilidade, tais CE podem permanecer,
por longo tempo, sem causar sintomas e/
ou complicações.
• Eventualmente, podem ser eliminados
juntamente com um líquido de aspecto
seroso.
• Caso contrário, a formação de abscesso é
inevitável.
• O CE pode ser eliminado com o pus ou
ficar retido e manter supuração crónica
por tempo indeterminado, até que venha
a ser retirado.
• Além dos f ios , vár ios mater ia is
introduzidos no organismo com
finalidade terapêutica (p. ex. próteses)
podem gerar problemas semelhantes,
obrigando a sua remoção.
TRATAMENTO
Dentre os fatores que mais interferem na
opção terapêutica, três são os mais
importantes:
1. Natureza do CE;
2. Órgão atingido;
3. Ocorrência de complicações tardias.
Observação: A problemática gerada pelo
CE pode ter soluções clínicas e cirúrgicas.
TRATAMENTO CLÍNICO
1. Analgésicos;
2. Antibióticos;
3. Antitetânicos;
4. Repouso do segmento acometido;
5. Drenagem postural para diminuir o
edema.
Observação: O estado imunitário relativo
ao tétano, condicionado por vacinações
anteriores, orientará quanto as medidas
profiláticas específicas.
TRATAMENTO CIRÚRGICO
• Se a operação que se propõe fazer pode
potencialmente ser mais lesiva do que a
presença do CE, o melhor é deixá-lo
ficar.
• Pacientes com tétano, recomenda-se a
transformação do foco tetânico em ferida
a b e r t a , c o m r e t i r a d a d o C E e
d e s b r i d a m e n t o d o s t e c i d o s
desvitalizados, no sentido de coibir a
produção da toxina.
• Um abscesso por CE sugere de imediato
sua abertura ampla, com exposição da
cavidade e evacuação de todo o material.
N
Maria Vitória de Sousa Santos
• Abscessos subungucais: Remover toda
unha quando o pus se difundir por todo o
leito ungueal, se o pus se restringe a uma
arca mais distal da unha esta deverá ser
removida em triangulo.
• Fístulas: Não foi possível demonstrar a
presença do CE por outros métodos
diagnósticos. Às vezes, a simples e suave
dilatação do orifício, auxiliada pela
aspiração da secreção, revela a sua
presença, e, com algum cuidado, o CE
pode ser retirado.
A
Maria Vitória de Sousa Santos
MORDEDURAS DE ANIMAIS
INTRODUÇÃO
• As mordeduras humanas e de animais
domésticos e selvagens são comuns e
r e p r e s e n t a m u m a p o r c e n t a g e m
importante dos atendimentos médicos
de urgência. Além de complicações
agudas como sangramento e grandes
lacerações, podem ocorrer infecções
graves por espécies comuns e incomuns
de bactérias.
PRINCIPAIS ANIMAIS ENVOLVIDOS
1. Cães e gatos;
2. Morcego;
3. Animais de interesse comercial e de
produção, como: bovinos, suínos,
ovinos equinos e caprinos;
4. Animais silvestres;
5. Roedores;
6. Entre outros.
CARACTERÍSTICAS DO FERIMENTO PROVOCADO
• Após identificar o animal, é importante
avaliar a característica do ferimento
provocado, que pode ser classificado
como leve ou grave, a depender do tipo,
local, extensão, número de lesões e
profundidade.
Observação: É importante pontuar que
t o d a l a m b e d u r a d e m u c o s a s e r á
considerada um acidente grave.
AVALIAÇÃO CLÍNICA
Após a identificação do animal agressor, é
importante coletar alguns dados sobre ele:
1. No momento do acidente, o animal
estava saudável?
2. Se sim, ele é passível de observação por
10 dias?
3. É animal domiciliado que não tem
contato com outros animais?
4. É procedente de área de risco para
Raiva?
CUIDADOS COM O FERIMENTO
• A conduta inicial é a lavagem com água e
sabão. Também está indicada a aplicação
de antissépticos. Preferencialmente, a
ferida não deve ser suturada. Caso essa
conduta não seja possível, deve-se
apenas aproximar as bordas e aplicar o
soro ou a imunoglobulina antirrábica
uma hora antes do procedimento.
Também é necessário fazer a vacina
antitetânica e a antibioticoprofilaxia.
PROFILAXIA TETÂNICA
Maria Vitória de Sousa Santos
ESQUEMA DE TRATAMENTO PROFILÁTICO
ANTIRRÁBICO
ANTIBIOTICOPROFILAXIA
O uso de antibiótico profilático está
indicado de modo consensual se houver
fatores de risco associados ao ferimento,
como:
1. Ferimentos em face e genitália, em
m ã o s o u p r ó x i m o s a o s s o s e
articulações;
2. Ferimentos profundos ou laceração,
especialmente por mordedura por
gatos;
3. Ferimentos moderados a graves
associados a esmagamento;
4. F e r i m e n t o s e m á r e a s c o m
comprometimento venoso ou linfático;
5. Ferimentos que necessitem de sutura;
6. Ferimentos em imunocomprometidos;
7. Lacerações submetidas a fechamento
primário e feridas que requerem reparo
cirúrgico.
A medicação de escolha para profilaxia,
quando a mordedura é causada por cães e
gatos, é a amoxicilina-clavulanato. Para
a d u l t o s , a m o x i c i l i n a - c l a v u l a n a t o
(875+125mg) duas vezes ao dia por três a
cinco dias, enquanto para as crianças,
amoxicilina-clavulanato (400+57mg/5ml)
22,5mg/kg pelo mesmo período de tempo.
Se o animal agressor for um morcego ou
gambá, a primeira escolha é a ampicilina
seguida de tetraciclina. Ferimentos
profundos tendem a necessitar de
antibioticoterapia endovenosa e de
extensão de tempo de tratamento.
Maria Vitória de Sousa Santos
ACIDENTES COM ANIMAIS
PEÇONHENTOS
INTRODUÇÃO
• Acidente ofídico ou ofidismo é o quadro
de envenenamento decorrente da
inoculação de toxinas através doaparelho inoculador (presas) de
serpentes, levando a alterações na região
da picada e à distância.
AGENTES CAUSAIS
1. Bothrops: Jararaca, jararacuçu,
urutu, caiçaca);
2. Crotalus: Cascavel - presença de
guizo ou choca- lho na extremidade
caudal;
3. Lachesis: Surucucu, pico-de-jaca;
4. M i c r u r u s / e l a p í d i c o : C o r a l
verdadeira.
O b s e r v a ç ã o : O s t r ê s p r i m e i r o s
apresentam a fosseta loreal, órgão
termorregulador localizado entre o olho e a
narina.
MECANISMO DE AÇÃO
O s v e n e n o s o f í d i c o s p o d e m s e r
c lassi f icados de acordo com suas
atividades fisiopatológicas, cujos efeitos
são observados em nível local (região da
picada) e sistêmico:
1. Atividade inflamatória aguda:
Tem patogênese complexa, com a
p a r t i c i p a ç ã o d e p r o t e a s e s ,
h i a l u r o n i d a s e s , f o s f o l i p a s e s e
mediadores da resposta inflamatória.
De ação imediata à inoculação do
veneno no organismo, leva a lesões
locais, como edema e dor, podendo
evoluir com bolhas e necrose.
2. A t i v i d a d e h e m o r r á g i c a :
Hemorragias são causadas devido às
lesões na membrana basal dos
capilares, levando a manifestações
hemorrágicas locais e sistêmicas.
3. Atividade coagulante: Ativa a
cascata de coagulação sobre fator X,
protrombina e/ou trombina, com
consumo de fibrinogênio, que pode
ocasionar incoagulabilidade sanguínea,
s e m e l h a n t e a o d a c o a g u l a ç ã o
intravascular disseminada.
4. A t i v i d a d e n e u r o t ó x i c a :
Neurotoxinas de ação pré-sináptica
atuam nas terminações nervosas,
inibindo a liberação de acetilcolina na
placa motora, enquanto neurotoxinas
de ação pós-sináptica impedem a
ligação da acetilcolina no sítio receptor
da placa mioneural. O resultado é o
bloqueio neuromuscular e consequente
paralisia motora.
chocalho
D
Maria Vitória de Sousa Santos
5. Atividade miotóxica : Produz
rabdomiólise, levando à liberação de
enzimas musculares e pigmento de
mioglobina que apresenta ação
nefrotóxica
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
ACIDENTE BOTRÓPICO
6. Local: Após a picada, há sangramento
pelos orifícios de inoculação em
pequena quantidade, e o local
apresenta edema e dor. Pode ser
observada equimose na região da
picada, bastante tênue nas primeiras
horas, e mais evidente no dia seguinte
à picada, observando-se, também, em
área de drenagem linfática regional.
Bolhas podem surgir.
7. S i s t ê m i c o : I n c o a g u l a b i l i d a d e
sanguínea é a alterações sistêmica mais
frequente. Equimose (loca e regional) e
sangramentos espontâneos, como
gengivorragia, epistaxe e hematúria,
podem ocorrer. Acidentes causados por
serpentes filhotes podem evoluir com
quadro local discreto ou mesmo
ausente, porém com alteração na
c o a g u l a ç ã o m a i s i m p o r t a n t e .
H e m a t ê m e s e , e n t e r o r r a g i a ,
sangramento em sistema nervoso
central, hipotensão e choque são mais
raros.
8. Complicações: Podem ser locais ou
sistêmicas:
- Infecções : Abscesso, celulite e
erisipela na região da picada
ocorrem, principalmente, nos casos
moderados ou grave. As bactérias
mais frequentemente isoladas dos
abscessos pertencem ao grupo dos
bacilos gram-negativos, dentre os
quais se destaca a Morganella
morganii.
- Necrose: É mais comum quando o
acidente ocorre nos dedos e em
m e m b r o o n d e f o i a p l i c a d o
torniquete.
- Síndrome compartimental: É uma
compl icação mais rara , que
geralmente ocorre nas primeiras 24
horas após a picada. O quadro é
decorrente da compressão do feixe
vásculo-nervoso, causada pelo
edema acentuado.
- Lesão renal aguda (LRA): Pode
estar associada à hipovolemia
(decorrente de sangramento ou
sequestro de líquidos na região
picada), hipotensão/choque ou
coagulopatia de consumo. A lesão
mais comum é a necrose tubular
aguda e, mais raramente, a necrose
cortical. A LRA é comumente
oligúrica e se apresenta de forma
precoce.
ACIDENTE LAQUÉTICO
• As manifestações, tanto locais como
sistêmicas, são indistinguíveis do quadro
desencadeado pelo veneno botrópico. A
diferenciação clínica se faz quando, nos
acidentes laquéticos, estão presentes
alterações vagais, como náuseas,
vômitos, cólicas abdominais, diarreia,
hipotensão e choque.
ACIDENTE CROTÁLICO
alteração
Complicações:
(local e regional) e
Maria Vitória de Sousa Santos
1. Manifestações locais: lterações
pouco proeminentes na região da
picada como dor parestesia local ou
regional, que pode persistir por tempo
variável, podendo ser acompanhada de
edema discreto ou eritema no ponto da
picada..
2. Manifestações sistêmicas:
- Gerais: Mal-estar, prostração,
sudorese , náuseas , vômitos ,
sonolência ou inquietação e secura
n a b o c a p o d e m a p a r e c e r
precocemente e estar relacionadas a
estímulos de origem diversas, nos
quais devem atuar o medo e a
tensão emocional desencadeados
pelo acidente.
- Neurológicas: Decorrem da ação
neurotóxica do veneno; surgem nas
primeiras horas após a picada e
caracterizam o fácies miastênica
(fácies neurotóxica de Rosenfeld),
evidenciadas por ptose palpebral
uni ou bilateral, f lacidez do
diâmetro pupilar, incapacidade de
movimentação do globo ocular
(oftalmoplegia), podendo existir
dificuldade de acomodação (visão
turva) e/ou visão dupla (diplopia).
C o m o m a n i f e s t a ç õ e s m e n o s
frequentes, pode-se encontrar
p a r a l i s i a v e l o p a l a t i n a c o m
d i f i c u l d a d e à d e g l u t i ç ã o ,
diminuição do reflexo do vômito,
alterações do paladar e olfato.
- Musculares: A ação miotóxica
p r o v o c a d o r e s m u s c u l a r e s
generalizada (mialgias) que podem
aparecer precocemente. A fibra
muscular esquelética lesada libera
quantidade variáveis de mioglobina
q u e é e x c r e t a d a p e l a u r i n a
(mioglobinúria), conferindo-lhe
uma cor avermelhada ou de
tonalidade mais escura até marrom,
A mioglobinúria const i tu i a
manifestação clínica mais evidentes
d a n e c r o s e d a m u s c u l a t u r a
esquelética (rabdomiólise).
- Distúrbios da Coagulação: Pode
haver incoagulabilidade sanguínea
o u a u m e n t o d o t e m p o d e
c o a g u l a ç ã o ( T C ) , e m
a p r o x i m a d a m e n t e 4 0 % d o s
p a c i e n t e s , o b s e r v a n d o – s e ,
raramente, sangramentos restritos
às gengivas (gengivorragia).
- Manifestações clinicas pouco
f r e q u e n t e s : I n s u f i c i ê n c i a
respiratória aguda, fasciculações e
paralisia de grupos musculares têm
sido relatadas. Tais fenômenos são
interpretados como decorrentes da
atividade neurotóxica e/ou da ação
miotóxica do veneno. A lesão renal
aguda tende a ser do tipo não-
oligúrica (débito urinário pode estar
preservado) e tardia (acompanhar
evolução dos níveis séricos de
creatinina).
ACIDENTE ELAPÍDICO
1. Manifestações locais: Alterações
pouco proeminentes na região da
picada com uma discreta dor local,
geralmente acompanhada de parestesia
com tendência a progressão proximal.
2. M a n i f e s t a ç õ e s s i s t ê m i c a s :
I n i c i a l m e n t e , o p a c i e n t e p o d e
apresentar vômitos, fraqueza muscular
progressiva, ocorrendo ptose palpebral,
oftalmoplegia e a presença da fácies
miastênica ou neurotóxica. Associadas
a estas manifestações, podem surgir
dificuldades para manutenção da
posição ereta, mialgia localizada ou
generalizada e dificuldades para
deglutir em virtude da paralisia do véu
palatino.
AlteraçõesMaria Vitória de Sousa Santos
TRATAMENTO
• O tratamento é feito com a aplicação do
soro (antiveneno) específico para cada
tipo de acidente e de acordo com a
gravidade do envenenamento.
• A aplicação dos soros deve ser feita por
via intravenosa, podendo ser diluído ou
não, em solução fisiológica ou glicosada.
Maria Vitória de Sousa Santos
ATENDIMENTO INICIAL AO QUEIMADO
QUEIMADURAS
• As queimaduras são lesões nos tecidos
produzidas por uma agressão cutânea de
qualquer fonte de energia, seja térmica,
química ou elétrica. A queimadura
interrompe a continuidade da pele,
destruindo a primeira barreira do corpo
contra agentes infecciosos, além de
alterar a homeostase hidroeletrolítica,
controle da temperatura interna,
flexibilidade e lubrificação da superfície
corporal, que são funções exercidas pela
pe le . Portanto , a magni tude do
comprometimento dessas funções
depende da extensão e profundidade da
queimadura.
FISIOPATOLOGIA
A área de lesão cutânea ou superficial foi
dividida em três zonas – zona de
coagulação, zona de estase e zona de
hiperemia.
1. Zona de coagulação: Esse tecido é
danificado irreversivelmente no
momento em que ocorre a lesão. É
onde as células foram destruídas.
2. Zona de estase: Adjacente à zona
necrótica, tem um grau de lesão
moderado, com perfusão tissular
reduzida. Dependendo das condições
da ferida, pode sobreviver ou evoluir
para necrose de coagulação. A zona de
estase está associada a dano vascular
com extravasamento de fluidos.
3. Zona de hiperemia: Caracterizada
pela vasodilatação em razão da
i n f l a m a ç ã o c i r c u n j a c e n t e à
queimadura. Essa região contém o
tecido claramente viável do qual se
inicia o processo de cicatrização e,
geralmente, não tem risco de necrose
adicional.
CLASSIFICAÇÃO
AGENTE CAUSADOR
1. Térmicas: São as mais frequentes e
que resultam da transferência de
energia de uma fonte de calor para o
organismo. Podem ser provocadas por
calor seco ou úmido (água quente,
vapor de água, fogo,..)
2. Químicas: Podem ser provocadas por
ácidos ou bases que quando absorvidos
podem provocar lesão para órgãos
internos. O grau de destruição dos
tecidos depende da natureza do agente
químico, da sua concentração e da
duração de contacto com a pele.
3. Elétricas: Podem ser causadas por
disparos elétricos ou pela passagem
direta de corrente elétrica através do
corpo. O primeiro produz queimaduras
idênticas às térmicas. O segundo
apresenta uma porta de entrada (local
de contato com a corrente elétrica) e
uma porta de saída (local de saída de
corrente após uma trajetória pelo
corpo).
4. Biológicos: Animais: lagarta-de-fogo,
água-viva, medusa, etc. e vegetais : o
látex de certas plantas, urtiga, etc.
5. Radiação : S ã o c a u s a d a s p e l a
transferência de radiação para o corpo.
A mais comum é a radiação solar.
6. Inalatória: Lesão causada por calor,
em que existe inalação de monóxido de
carbono ou fumo (que contém outros
diferentes tipos de gases).
SEGUNDO A PROFUNDIDADE
1. P r i m e i r o G r a u : L i m i t a d a s à
epiderme, manifestando-se por
e r i t e m a e d o r m o d e r a d a , n ã o
o c o r r e n d o b o l h a s n e m
comprometimento de anexos cutâneos.
Apresenta tempo de recuperação de
3-6 dias.
2. Segundo Grau: Comprometem toda
epiderme parte da derme, são muito
dolorosas, com superfície rosada ou
branca, úmida e com bolhas. A pele se
mostra seca, com coloração rosa
p á l i d o , p o d e n d o c o m p r o m e t e r
vascularização. Pode apresentar dor
moderada. Apresenta tempo de
Maria Vitória de Sousa Santos
recuperação de
10-21 dias.
3. Terceiro Grau:
C o m p r o m e t e
epiderme, derme
e hipoderme. A
á r e a p o d e s e r
t a n t o p á l i d a
quanto vermelho-
a m a r e l a d a o u
negra. Costuma
não apresentar
dor. Necessita de
e n x e r t o o u
retalho.
SEGUNDO A EXTENSÃO
Superfície corpórea queimada – SCQ:
1. Regra dos nove (Wallace): Usado
no atendimento inicial na emergência.
É atribuído, a cada segmento corporal,
o valor nove (ou múltiplo dele):
- Cabeça - 9%
- Tronco frente - 18%
- Tronco costas - 18%
- Membros superiores - 9% cada
- Membros inferiores - 18% cada
- Genitais - 1%
2. R e g r a d a p a l m a d a m ã o :
Geralmente a palma da mão de um
indivíduo representa 1% de sua
superfície corporal. Assim pode ser
e s t i m a d a a e x t e n s ã o d e u m a
queimadura, calculando-se o “número
de palmas”. É destinado a queimaduras
menores que 10% e maiores que 90%.
SEGUNDO A COMPLEXIDADE
1. Pequeno Queimado:
- Queimaduras 1º grau (qualquer
percentagem);
- 2º grau até 5% SCQ em menores
que 12 anos;
- 2° grau até 10% SCQ em maiores
que 12 anos.
2. Médio Queimado:
- 2º grau 5-15% SCQ em menores de
12 anos;
- 2º grau 10-20% SCQ em maiores de
12 anos;
- Qualquer queimadura de 2º grau
em mão, pé, face, pescoço, axila ou
grande articulação em qualquer
idade;
- Queimadura 3º grau que não
envolvam face, mão, períneo ou pé,
e que envolva até 5% SCQ em
crianças menores de 12 anos
- Queimadura 3º grau que não
envolvam face, mão, períneo ou pé,
e que envolva até <10% SCQ em
maiores de 12 anos.
3. Grande queimado:
- 2º grau em > 15% SCQ em menores
que 12 anos
- 2° grau em >20% SCQ em maiores
que 12 anos.
- Queimadura de 3º grau >5% SCQ
em menores de 12 anos;
- Queimadura de 3° grau >10% SCQ
em maiores de 12 anos;
- 2º ou 3º grau acometendo períneo
em qualquer idade;
- 3º grau atingindo mão, pé, face,
pescoço ou axila em qualquer idade;
- Queimadura elétrica, qualquer
acomet imento de v ia aérea ,
politrauma, paciente com outras
comorbidades;
- Queimadura de qualquer extensão
associado a:
A. Lesão inalatória;
B. Politrauma;
C. Fratura óssea em qualquer
localização;
D. Trauma craniano (diagnosticado
por exames radiológicos ou por
quadro clínico);
E. Choque de qualquer origem;
F. Insuficiência renal;
G. Insuficiência cardíaca;
H. Insuficiência hepática;
I. Diabetes;
Maria Vitória de Sousa Santos
J. Distúrbios da coagulação e
hemostasia;
K. Embolia pulmonar;
L. Infarto agudo do miocárdio;
M. Quadros infecciosos graves
d e c o r r e n t e s o u n ã o d a
queimadura (que necessitem
antibioticoterapia venosa);
N. Síndrome compartimental ou do
túnel do carpo, associada ou não
à queimadura;
O. Doenças consuptivas;
P. Qualquer outra afecção que
possa ser fator de complicação à
lesão ou ao quadro clínico da
queimadura.
INDICAÇÕES DE INTERNAÇÃO
1. Queimaduras de 2° grau com SCQ ≥
10%;
2. Áreas nobres do corpo;
3. Queimaduras de 3° grau em qualquer
faixa etária;
4. Q u e i m a d u r a s e l é t r i c a s e p o r
relâmpagos;
5. Queimaduras químicas;
6. Injúria inalatória;
7. Doenças preexistentes que possam
complicar a evolução, retardar a cura
ou aumentar a mortalidade;
8. Traumas associados no qual a
queimadura ofereça maior risco de
morbidade ou mortalidade;
9. Crianças queimadas em hospitais sem
pessoal qualificado ou equipamento
para o cuidado de crianças;
10. P a c i e n t e s q u e i r ã o r e q u e r e r
intervenção especial para reabilitação
social, emocional ou por longos
períodos.
CRITÉRIOS DE TRANSFERÊNCIA PARA UNIDADE DE
TRATAMENTODE QUEIMADURAS
1. Queimaduras de 2o grau em áreas
maiores que 20% SCQ em adultos;
2. Queimaduras de 2o grau maiores de
10% SCQ, em crianças ou maiores de
50 anos;
3. Queimaduras 3o grau em qualquer
extensão;
4. Lesões em face, olho, períneo, mão, pé
e grande articulação;
5. Queimadura elétrica;
6. Queimadura química;
7. L e s ã o i n a l a t ó r i a , o u l e s ã o
circunferencial de tórax ou de
membros;
8. Doenças associadas, auto-extermínio,
politrauma, maus tratos ou situações
sociais adversas.
CUIDADOS IMEDIATOS
1. Parar o processo da queimadura:
- Afastar o paciente da fonte causadora
da lesão;
- Retirar acessórios que possam estar
aquecidos;
- Neutralizar o calor com água corrente
por 15 minutos;
- Não usar gelo;
2. Politrauma: Estabilizar coluna cervical;
3. Incêndio: Remoção da vítima para
lugar arejado;
4. Não romper flictenas;
5. Não usar produtos caseiros sobre as
lesões;
6. Não remover imediatamente agentes
aderentes (ex:piche):
7. Proteger a ferida com gaze ou pano
limpo.
PRIMEIRO ATENDIMENTO NA SALA DE EMERGÊNCIA
1. H i s t ó r i c o m é d i c o : U s a r o
Mnemônico “ARDEU”:
- A - Alergias?
- R - Remédios?
- D - Doenças prévias, Doenças
atuais, Data da última menstruação
(gravidez?)
- E - Eventos relacionados com a
lesão?
- U - Última refeição?
2. Realizar o ABCDE do Trauma:
- A: Avaliar presença de corpos
estranhos, verificar e retirar
qualquer tipo de obstrução.
- B: Aspirar as vias aéreas superiores,
se necessário. Administre oxigênio
a 100% (máscara umidificada) e, na
suspei ta de intox icação por
monóxido de carbono, mantenha a
02 por no mínimo três horas.
Suspeita de lesão inalatória:
queimadura em ambiente fechado,
face acometida, rouquidão, estridor,
escarro carbonáceo, dispnéia,
Maria Vitória de Sousa Santos
q u e i m a d u r a n a s v i b r i s s a s ,
i n s u f i c i ê n c i a r e s p i r a t ó r i a .
Cabeceira elevada (30°). Intubação
orotraqueal = Escala de coma
Glasgow<8, PaO2 <60, PaCO2>55
na gasometria, dessaturação<90 na
oximetria, edema importante de
face e orofaringe.
- C: Qualquer vítima com mais de
20% de SCQ necessita de reposição
volêmica. Como todo trauma deve-
se estabelecer 2 acessos calibrosos e
infundir Ringer lactato usando a
fórmula de Parkland de 2-4 ml/kg /
%SCQ desse total metade deve ser
infundido nas primeiras 8 horas da
queimadura e o restante nas outras
16 horas. Lembrar que deve-se
monitorar d iurese para que
permaneça entre 0,5-1 ml/kg/h.
- D: Estado neurológico. Avaliar pela
escala de Glasgow
- E: Exposição de toda superfície
corporal. Este passo é muito
importante, uma vez que permite
identificar o tipo de queimadura e a
profundidade da lesão.
3. A c e s s o v e n o s o : O b t e r
preferencialmente acesso venoso
periférico e calibroso mesmo em área
queimada. Somente na impossibilidade
desta, utilizar acesso venoso central.
TRATAMENTO DA DOR: USO DA VIA INTRAVENOSA
1. Adultos: Dipirona - 500 mg a 01
grama EV Morfina- 1ml(10mg) diluída
em 9 ml SF 0,9% Solução 1ml=1mg,
dar até 01mg para cada 10kg de peso.
2. Crianças: Dipirona – 15 – 25 mg/kg
EV; Morfina= 0,1mg/kg/dose (solução
diluída).
GRAVIDADE DA QUEIMADURA
1. Extensão/Profundidade > 20% de SCQ
em adultos ou > 10% em crianças;
2. Idade (<3a ou >65a);
3. Lesão Inalatória;
4. Politrauma e doenças associadas;
5. Queimadura química e Trauma elétrico
6. Áreas nobres/especiais;
7. V i o l ê n c i a , m a u s t r a t o s , a u t o -
extermínio e outras.
CÁLCULO DE HIDRATAÇÃO
Fórmula de Parkland = 2 a 4ml x %SCQ x
Peso(kg).
Observação: Soluções Cristalóides
(Ringer com lactato) 50% infundido nas
primeiras 8h e 50% nas 16h seguintes.
Exemplo: Paciente 40 anos, 60kg vítima
de escaldadura. com 30% SCQ de 2° e 3°,
há 2 horas:
Volume total RL = 2 x SCQ(%) x Peso (Kg)
Volume total RL = 2 x 30 (SCQ) x 60 (P) =
3600 ml.
- 1° etapa: 1800ml em 6 horas =
300ml/hora.
- 2° etapa: 1800ml em 16 horas =
112,5ml/hora.
MEDIDAS GERAIS E TRATAMENTO DA FERIDA
1. Dieta;
2. Hidratação venosa;
3. Evitar antibioticoterapia sistêmica
profilática;
4. Analgesia;
5. Proteção gástrica;
6. Profilaxia tromboembolismo;
7. Prevenção antitetânica;
8. Sondas e cateteres;
9. Curativos;
10. O r i e n t a ç õ e s p a r a e n f e r m a g e m
(oxigênio, nebulização, coleta de
exames);
11. Posicionamento do paciente no leito;
12. Fisioterapia.
CIRURGIAS NO PACIENTE QUEIMADO
1. D e s b r i d a m e n t o s d e t e c i d o s
desvitalizados;
2. Enxertias de pele;
3. Retalhos;
4. Escarotomias (remoção de tecidos
desvitalizados);
5. Fasciotomias (fáscia muscular é
cortada para aliviar a pressão).
SINAIS DE INFECÇÃO NA QUEIMADURA
Maria Vitória de Sousa Santos
São considerados sinais e sintomas de
infecção em queimadura:
1. Mudança da coloração da lesão.
2. Edema de bordas das feridas ou do
segmento corpóreo afetado.
3. Aprofundamento das lesões.
4. Mudança do odor (cheiro fétido).
5. Descolamento precoce da escara seca e
transformação em escara úmida.
6. Coloração hemorrágica sob a escara.
7. Celulite ao redor da lesão.
8. Vasculite no interior da lesão (pontos
avermelhados).
9. Aumento ou modificação da queixa
dolorosa.
Maria Vitória de Sousa Santos
INFECÇÕES BACTERIANAS DE PELE E
TECIDO CELULAR SUBCUTÂNEO
INTRODUÇÃO
• As infecções bacterianas da pele são
condições causadas pela invasão e
proliferação de bactérias na pele,
podendo afetar diversas camadas da
epiderme e, em alguns casos, tecidos
mais profundos. Essas infecções podem
resultar de lesões na pele, cortes,
arranhões, picadas de insetos ou outras
condições que comprometem a barreira
cutânea.
FUNÇÕES DA PELE
1. Barreira protetora física contra agentes
externos;
2. Regulação da temperatura corporal
através da transpiração, contribuindo
para a homeostase térmica;
3. Receptores sensitivos ao toque,
pressão, temperatura e dor;
4. Síntese de vitamina D;
5. Sistema imunológico inato, agindo
como uma primeira linha de defesa
contra invasores patogênicos;
6. Regulação hídrica, armazenando água
e prevenindo a perda excessiva de
fluidos;
7. Proteção contra a radiação ultravioleta
(UV).
PRINCIPAIS INFECÇÕES DE PELE
Dentre as principais infecções de pele é
possível citar:
1. Linfangite;
2. Erisipela;
3. Celulite;
4. Impetigo;
5. Foliculite;
6. Hordéolo ou Terçol;
7. Furúnculo e Antraz;
8. Carbúnculo.
LINFANGITE
1. Conceito: É uma infecção aguda
b a c t e r i a n a ( e m g e r a l , p o r
estreptococos) dos canais linfáticos.
2. Agentes etiológicos:
- Viral (vírus do ORF);
- B a c t e r i a n o ( E s t r e p t o c o c o ,
E s t a f i l i c o c o , P s e u d o m o n a s ,
Escherichia, Serratia, Proteus,
Salmonella, Micobactérias);
- Fungos (paracoco, histoplasma,
criptococo);
- Parasitas (Leishmania, Wuchereria
bancrofti)
3. Contaminação: Patógenos penetram
os canais linfáticos a partir de abrasão,
ferimento ou infecção coexistente (em
geral, celulite). Os pacientes com
linfedema subjacente estão em risco
especial.
4. Quadro clínico: Os sintomas incluem
estrias eritematosas, irregulares,
quentes e sensíveis que se desenvolvemem uma extremidade. Eritema,
dermite, celulite e erisipela; Evolução
centrípeta e presença de linfonodos
regionais. Manifestações sistêmicas
(p. ex., febre, taquicardia, crises de
calafrios, cefaleia) podem ocorrer e ser
mais intensas do que demonstram os
achados cutâneos.
5. Diagnóstico: O diagnóstico é clínico.
6. Tratamento: É geralmente com
antibióticos antiestreptocócicos.
ERISIPELA
1. Conceito: Infecção aguda da pele
envolvendo a derme e o subcutâneo. É
uma celulite superficial aguda.
2. Agente etiológico: Streptococcus
pyogenes-beta-hemolítico grupo A.
Muito raramente, quadros clínicos
semelhantes podem ser produzidos por
StaphyIococus aureus assim como
Streptococcus pneumoniae, Klebsiella
pneumoniae, Yersinia enterocolitica e
Haemophilus influenzae.
3. Modo de transmissão: A penetração
do estreptococo na pele ocorre por
soluções de continuidade. São portas
de entrada freqüentes nos membros
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inferiores as úlceras de perna e
dermatomicoses interdigitais.
4. Quadro clínico: Se caracteriza por
febre, anorexia, calafrios, outros
sintomas gerais, leucocitose e na área
acometida, há eritema-rubro, edema,
dor e aumento da temperatura, com
borda nítida. Dessa placa podem ter
origem faixas eritematosas ao longo do
trajeto de vasos linfáticos (linfangites).
V e s í c u l a s e b o l h a s p o d e m s e r
observadas - erisipela bolhosa. As áreas
comprometidas são em geral membros
inferiores, face ou abdome.
5. Diagnóstico: Clínico. Alguns exames
laboratoriais podem ser solicitados
para confirmar a doença e afastar
alguns diagnósticos diferenciais. O
hemograma mostra leucocitose com
desvio a esquerda, mas pode ser
n o r m a l , p r i n c i p a l m e n t e e m
imunocomprometidos. PCR, VHS e
antiestrel tol is ina O podem ser
solicitados.
6. Tratamento: Utiliza-se a penicilina-
procaína na dose de 400 a 600.000 U,
Intramuscular, de 12 em 12 h em
função de seu baixo custo e extrema
eficácia, ou, nos casos mais graves,
penicilina cristalina na dose de
3.000.000 U, Intravenosa, de 4 em 4
h. Medidas gerais, que incluem
repouso com membros elevados,
compressas frias e desbridamento, caso
necessário, uso de AINES e corticoides.
7. Complicações : L i n f e d e m a o u
elefantíase como consequência dos
surtos recidivantes.
8. Sinais de alerta:
- Sinais de choque séptico;
- Necrose cutânea (fasciite);
- E n v o l v i m e n t o i n f e c c i o s o d e
articulação;
- Cirurgia com prótese (material
h e t e r ó g e n o ) r e c e n t e n a
extremidade envolvida;
- Gangrena gasosa;
- Piomiosite;
- Síndrome compartimental.
CELULITE
1. Conceito: Caracteriza-se por uma
i n f l a m a ç ã o d o t e c i d o c e l u l a r
subcutâneo, com ligeiro envolvimento
da derme, não atingindo a epiderme.
2. Agentes etiológicos: Os agentes
e t i o l ó g i c o s m a i s c o m u n s s ã o
S t r e p t o c o c c u s p y o g e n e s e
S t a p h y l o c o c c u s a u r e u s , m a i s
raramente Streptococcus pneumoniae.
A celulite causada por Staphylococcus
aureus é, regra geral, mais localizada e
m a i s r a p i d a m e n t e s u p u r a t i v a .
Streptococcus pyogenes tem uma
d i s t r i b u i ç ã o m a i s d i f u s a , e
sintomatologia sistémica mais grave.
3. Modo de transmissão: Ferimentos
prexistentes (p. ex., úlceras, erosões) e
tinha dos pés muitas vezes são portas
de entrada.
4. Fatores de risco: Ruptura da
barreira cutânea devido a trauma.
Esses traumas podem ser como
abrasão, ferida penetrante, úlcera de
pressão, úlcera venosa da perna, picada
de inseto, uso de drogas injetáveis;
Inflamação (eczema, radioterapia);
I n f e c ç ã o d e p e l e p r e e x i s t e n t e
(impetigo, tinea pedis) ; Insuficiência
venosa; Edema devido à drenagem
linfática prejudicada; Obesidade;
Imunossupressão (como diabetes ou
infecção por HIV).
5. Quadro clínico: A área afectada
apresenta-se edemaciada, eritematosa,
quente, dolorosa e de limites mal
definidos. A presença de vesículas,
bolhas, pústulas ou tecido necrótico
caracteriza infecção grave. Febre,
calafrios, mal-estar, calor, edema, dor e
linfadenopatia regional podem estar
associados.
antiestreptolisina O podem ser solicita-
dos.
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6. Diagnóstico: Clínico. Em casos de
dúvida, exame de imagem como
ultrassonografia de alta frequência,
biopsia cutânea e cultura para
identificação do agente infeccioso
podem auxiliar no diagnóstico. A
hemocultura geralmente é negativa,
com exceção da infecção por H.
influenzae, que também cursa com
leucocitose importante. Hemograma:
Com desvio a esquerda.
7. Tratamento: Para celulite não
purulenta (5-10 dias): Dicloxacilina
500 mg VO de 6/6 horas; Cefalexina
500 mg VO de 6/6 horas; Clindamicina
300-450 mg VO a cada 6-8 horas. Para
celulite purulenta (5-14 dias): Deve
cobrir S. aureus resistentes à meticilina
(MRSA): Dicloxacilina 500 mg VO de
6/6 horas; Cefalexina 500 mg VO de
6/6 horas; Clindamicina 300-450 mg
VO a cada 6-8 horas. A elevação e a
imobilização do membro envolvido
para reduzir o edema são medidas
adjuntas.
IMPETIGO
1. Conceito: O impetigo é uma infecção
bacteriana comum emsuperficial
(epiderme).
2. Agente etiológico: Staphylococcus
aureus (plasmo-coagulase positivo) e
Streptoccocus pyogenes, isoladas ou
associadas.
3. Modo de transmissão: A partir dos
focos de colonização das bactérias nas
narinas do próprio paciente ou de
portador assintomático;
4. Tipos:
- Impetigo bolhoso: Vesículas e
bolhas desenvolvem-se em pele
normal, sem eritema ao redor. As
lesões localizam-se no tronco, face,
mãos , áreas inter tr ig inosas ,
tornozelo ou dorso dos pés, coxas e
nádegas. O conteúdo seroso ou
s e r o - p u s t u l e n t o d e s s e c a - s e ,
resultando em crosta amarelada
que é característica do impetigo.
Quando não tratada tem tendência
à disseminação. A lesão inicial
muitas vezes é referida como se
fosse uma bolha de queimadura de
cigarro.
- I m p e t i g o n ã o b o l h o s o :
Geralmente inicia-se com lesões
eritematosas seguida da formação
de vesículas e pústulas que se
rompem rapidamente formando
áreas erosadas com as típicas
crostas de coloração amarelada.
Localizam-se preferencialmente na
face, braços, pernas e nádegas. É
comum a presença de lesões
satélites que ocorrem por auto-
inoculação. As lesões do impetigo
duram dias ou semanas. Quando
não tratadas podem envolver a
derme o que constitui o ectima, com
u l c e r a ç ã o e x t e n s a e c r o s t a
hemorrágica.
⑲
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5. Diagnóstico: Clínico. Culturas
bacterianas podem ser feitas a partir de
material coletado na região infectada
geralmente são positivas para S. aureus
ou estreptococos.
6. Tratamento: Remoção e limpeza,
duas a três vezes ao dia, das crostas
com água e sabão ou água ou água de
Alibour forte, diluída a 10 ou 20%. Em
seguida, aplica-se pomada ou creme de
antibiótico, sendo preferíveis os de uso
tópico exclusivo e de baixo poder
sensibilizante, como a mupirocina ou
ácido fusídico, de 2 a 3 vezes por dia.
Quando há lesões disseminadas, é
conveniente a administração de
antibiótico via sistêmica, do tipo pe-
nicilina comum ou semissintéticas e
penicilinase-resistentes, como a
oxacilina. As cefalosporinas são tam-
b é m i n d i c a d a s . A n t i b i ó t i c o s
macrolídeos como a eritromicina são
eficazes, indicados em pacientes alér-
gicos à penicilina.
7. Complicações: Glomerulonefrite,
septicemias.
FOLICULITE
1. Conceito: Foliculite é uma condição
da pele que ocorre quando os folículospilosos (estrutura onde os pelos e
cabelos crescem) ficam inflamados.
Geralmente, essa inflamação é causada
por uma infecção bacteriana, fúngica
ou viral.
2. Agentes etiológicos:
- I n f e c ç õ e s b a c t e r i a n a s :
Staphylococcus Aureus;
- Infecções fúngicas: Isso é mais
comum em áreas quentes e úmidas;
- Infecções virais: Herpes Simplex.
3. Quadro clínico: Surgimento de
espinhas vermelhas, com ou sem pus,
edema na área afetada, prurido,
sensação de ardor, descamação da pele
e dor.
4. Tipos:
- Foliculite superficial: É uma
doença que abrange crianças e
adultos, que afeta somente a parte
superior do folículo piloso, e que se
apresenta como uma pequena
pústula folicular, que após ruptura e
dissecação forma crosta, não
interferindo no crescimento do pelo
ou cabelo. Na maioria das vezes as
lesões são numerosas, geralmente
localizando-se no couro cabeludo,
extremidades, pescoço, tronco e
raramente nas nádegas. A duração
dessas lesões é de alguns dias,
podendo tornar-se crônicas.
- Foliculite profunda: É uma
c o m p l i c a ç ã o d a f o l i c u l i t e
superficial, caracterizada por áreas
avermelhadas, presença de nódulo
endurecido e pus no centro. As
áreas apresentam-se sensíveis,
doloridas, podendo ter a formação
de furúnculos e cicatrizes. Neste
estágio a infecção é grave, por se
estender por todo o folículo e raiz,
podendo levar a destruição do
folículo piloso. Qualquer pessoa
pode ter foliculite, mas há alguns
fatores de r isco: indiv íduos
acometidos por patologias que
diminuem a imunidade como na
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diabetes, leucemia crônica e
portadores de HIV.
5. Tratamento: Cuidados com a pele e
uso de antibióticos. No acometimento
cutâneo extenso, há necessidade de
antibióticos sistêmicos (p. ex. ,
cefalexina, 250 a 500 mg por via oral, 3
a 4 vezes ao dia, por 10 dias).
TERÇOL OU HORDÉOLO
1. Conceito: O terçol ou hordéolo é uma
infecção bacteriana das glândulas
sebáceas e sudoríparas, localizadas nas
pálpebras.
2. Q u a d r o c l í n i c o : A l e s ã o ,
arredondada em forma de nódulo,
aparece na borda da pálpebra, perto
dos cílios. Provoca dor, vermelhidão e
calor no local. Geralmente, a lesão se
r o m p e e e x p e l e s e u c o n t e ú d o
i n f l a m a t ó r i o d e s a p a r e c e n d o
espontaneamente.
3. Diagnóstico: Clinica. No caso da
blefarite (inflamação mais difusa), que
pode ser condição predisponente para
o terçol de repetição, é indicada a
coleta de material das pálpebras para a
análise microbiológica, permitindo
diagnóstico etiológico e instituição de
tratamento específico conforme
resultado de antibiograma.
4. T r a t a m e n t o : A p l i c a ç ã o d e
compressas mornas, pomada combina
de ATB e corticoide (ciprofloxacino/
cloranfenicol + dexametasona) aplicar
na borda dos cílios 3 vezes ao dia por
15 dias. Se abscesso volumoso:
drenagem cirúrgica.
FURÚNCULO E ANTRAZ
1. Introdução: Antraz (em inglês,
carbuncle – “carbúnculo”) é um
conjunto de furún- culos. O furúnculo e
o antraz resul tam da infecção
estafilocócica do folículo piloso e da
glândula sebácea anexa. A infecção
destrói esses anexos da pele e deixa
cicatriz. O furúnculo e o antraz
ocorrem somente em regiões onde há
folículos pilossebáceos.
2. Quadro clínico: O furúnculo inicia-se
a partir de foliculite superficial, ou ab
i n i t i o , c o m o n ó d u l o s i t u a d o
profundamente. O antraz compromete
mais que um folículo pilossebáceo. O
nódulo do furúnculo é eritematoso,
doloroso e quente. Após 2 a 4 dias,
torna-se flutuante. Em seguida à
ruptura do furúnculo, há eliminação do
tecido necrosado que ocupa o seu
centro, o carnicão. Os furúnculos
ocorrem mais frequentemente em
áreas pilosas sujeitas a maiores atrito e
sudorese – pescoço, face, axilas,
n á d e g a s . O s f u r ú n c u l o s o u a
furunculose, que é a eclosão ou
sucessão de múltiplos furúnculos,
p o d e m c o m p l i c a r d e r m a t o s e s
secundariamente infecta- das, como a
furúnculos.
infectadas,
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pediculose e a escabiose. O antraz é o
aparecimento simultâneo de múltiplos
furúnculos em um mesmo local. A área
apresenta-se eritematosa, edematosa,
com múltiplos pontos de drena- gem
de pus.
3. Diagnóstico: Clínica e laboratório,
fazem-se exame bacteriológico e
antibiograma, mais com finalidade de
orientar o tratamento do que para
confirmação diagnóstica, já que o
quadro clínico é típico.
4. Tratamento: No início do furúnculo,
são úte is compressas quentes ,
contribuindo para a evolução do
quadro. Administração de antibiótico
sistêmico é indicada. Após alguns dias,
quando há o aparecimento do ponto
central do abscesso, a drenagem é
indicada, com espremedura mode-
rada para a eliminação do carnicão. Na
furunculose recidivante, os cuidados
higiênicos são importantes. As vestes e
os objetos de uso pessoal devem ser
mantidos separados até que sejam
c o n v e n i e n t e m e n t e l i m p o s e ,
eventualmente, desinfetados. As mãos
e a face do paciente precisam ser
rigorosamente limpas e deve-se usar,
para todo o corpo, sabonete com
triclosano a 1% ou outro antisséptico. É
conveniente manter secas as regiões do
corpo que geralmente ficam úmidas.
Com esse objetivo, são usados
desodorantes e antiperspirantes, além
de loções contendo álcool. Essa medida
é conveniente porque a sequidão inibe
o crescimento de bactérias na pele. É
importante a aplicação de antibióticos
tópicos na região nasal, habitat
frequente de estafilococos, a partir da
qual há disseminação para a pele. As
lesões abertas devem ser tratadas com
antibióticos tópicos, mupirocina ou
ácido fusídico e mantidas sob curativos
oclusivos.
5. Fatores predisponentes: Há fatores
predisponentes externos, como exposi-
ção a agentes químicos industriais,
particularmente óleos e pressão
excessiva de roupas e cintos.
CARBÚNCULO
1. Conceito: O carbúnculo é uma
infecção potencialmente fatal pelo
Bacillus anthracis, uma bactéria
Gram-positiva em forma de bastonete.
O carbúnculo pode afetar a pele, os
pulmões ou, raramente, o trato
digestivo (gastrointestinal).
2. Modo de transmissão: Transmitido
ao homem por manipulação de animais
mortos ou higiene pobre.
3. Quadro clínico: Sintomas incluem
caroços e bolhas (após o contato da
pele), dificuldade de respirar e dor no
peito (após inalar os esporos), dor
abdominal e diarreia com sangue (após
c o m e r c a r n e c o n t a m i n a d a ) . O
carbúnculo de pele apresenta um
caroço marrom avermelhado, indolor e
pruriginoso aparece entre um e dez
dias após a exposição. O caroço forma
uma bolha que por fim se rompe e
forma uma crosta preta (escara), com
inchaço ao redor. Os linfonodos
próximos podem inflamar, a pessoa
pode se sentir doente e, por vezes,
sente dores musculares, dor de cabeça,
febre, enjoo e vômito. Pode demorar
várias semanas para o caroço cicatrizar
e o inchaço ceder.
drenagem
Maria Vitória de Sousa Santos
4. Diagnóstico: Clínica, exame ou
cultura de amostras de pele, líquidos
ou fezes infectadas
5. T r a t a m e n t o : A n t i b i ó t i c o s -
c i p r o f l o x a c i n o , l e v o f l o x a c i n o ,
m o x i f l o x a c i n o o u d o x i c i c l i n a
administrada por via oral durante sete
a dez dias.