Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 1 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS 
E COLETIVOS 
 
CONTEÚDO 
Direitos e Garantias 
Fundamentais e suas gerações 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 2 
A Faculdade Focus se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne à sua 
edição (apresentação a fim de possibilitar ao consumidor bem manuseá-lo e lê-lo). A 
instituição, nem os autores, assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos 
ou perdas a pessoa ou bens, decorrentes do uso da presente obra. É proibida a 
reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou 
mecânico, inclusive através de processos xerográficos, fotocópia e gravação, sem 
permissão por escrito do autor e do editor. O titular cuja obra seja fraudulentamente 
reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada poderá requerer a apreensão 
dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da 
indenização cabível (art. 102 da Lei n. 9.610, de 19.02.1998). 
 
Atualizações e erratas: este material é disponibilizado na forma como se apresenta 
na data de publicação. Atualizações são definidas a critério exclusivo da Faculdade 
Focus, sob análise da direção pedagógica e de revisão técnica, sendo as erratas 
disponibilizadas na área do aluno do site www.faculdadefocus.com.br. É missão desta 
instituição oferecer ao acadêmico uma obra sem a incidência de erros técnicos ou 
disparidades de conteúdo. Caso ocorra alguma incorreção, solicitamos que, 
atenciosamente, colabore enviando críticas e sugestões, por meio do setor de 
atendimento através do e-mail secretaria@faculdadefocus.com.br. 
 
 
© 2021, by Faculdade Focus 
Rua Maranhão, 924 - Ed. Coliseo - Centro 
Cascavel - PR, 85801-050 
Tel: (45) 3040-1010 
www.faculdadefocus.com.br 
 
Este documento possui recursos de interatividade através da navegação por 
marcadores. 
Acesse a barra de marcadores do seu leitor de PDF e navegue de maneira RÁPIDA e 
DESCOMPLICADA pelo conteúdo. 
 
http://www.faculdadefocus.com.br/
mailto:secretaria@faculdadefocus.com.br.
http://www.faculdadefocus.com.br/
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 3 
Sumário 
Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 
1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------- 4 
2 Direitos e garantias fundamentais ------------------------------------------------------------------- 4 
2.1 Direitos x Garantias ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 6 
2.2 Características dos direitos fundamentais ------------------------------------------------------------------------ 7 
3 Geração dos direitos ------------------------------------------------------------------------------------- 10 
3.1 Primeira dimensão----------------------------------------------------------------------------------------------------- 10 
3.2 Segunda dimensão ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 11 
3.3 Terceira dimensão ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 12 
3.4 Quarta dimensão ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 13 
3.5 Quinta dimensão ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 13 
4 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 13 
5 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 14 
 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 4 
1 Introdução 
A primeira geração de direitos fundamentais surge em meados do século XVIII, em 
meio a Revolução Francesa, com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão 
em 1789, garantindo aos indivíduos uma gama de direitos básicos e inerentes a 
condição humana, como os direitos de liberdade e os negativos, que buscam uma 
menor intervenção estatal. Posteriormente, durante a revolução industrial, no século 
XIX, e após a Primeira Guerra Mundial, surgem uma nova geração de direitos, os 
chamados direitos de segunda dimensão, garantindo o direito a igualdade e os 
prestacionais. 
 
Já, a partir do século XX, mais precisamente depois de 1960, chegam à tona os direitos 
de terceira dimensão, trazendo a população mundial, devastada e ferida pelos 
horrores presenciados na Segunda Guerra Mundial, os direitos de fraternidade, que 
compreende os direitos difusos e coletivos, direito do consumidor, direito ambiental, 
direito a paz, entre outros. 
 
Ainda, existe uma parcela da doutrina que defende a existência de uma quarta e quinta 
geração de direitos. Na quarta dimensão, estariam compreendidos os direitos relativos 
à engenharia genética, como, por exemplo, a manipulação de genoma, mudança de 
sexo e os direitos relativos à globalização política. Enquanto na quinta dimensão, 
estariam compreendidos aqueles direitos inerentes a evolução cibernética. 
 
2 Direitos e garantias fundamentais 
O título II da Constituição Federal, que vai do artigo 5º ao 17, guarda os direitos e 
garantias fundamentais do cidadão. No entanto, não é difícil encontrar autores que 
tragam como sinônimo de direitos fundamentais os direitos humanos, apesar de 
representarem coisas distintas. Nas palavras de Bernardo Fernandes (2020) o termo 
“direitos humanos” possui um conceito histórico muito amplo e, justamente por isso, 
é facilmente associado a conteúdos diversos. De acordo com o autor, “os direitos 
humanos se relacionariam com um discurso com pretensão normativa de 
universalidade, abrangendo, desse modo, qualquer pessoa numa perspectiva 
extraestatal (internacional). 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direitos e garantias fundamentais 
www.cenes.com.br | 5 
 
 
Figura 1 – Direitos e garantias fundamentais. 
Fonte: Núcleo Editorial Faculdade Focus. 
 
Conforme destaca Alexandre de Moraes (2018), “modernamente, a doutrina 
apresenta-nos a classificação de direitos fundamentais de primeira, segunda e terceira 
gerações, baseando-se na ordem histórica cronológica em que passaram a ser 
constitucionalmente reconhecidos”. Desta forma, os direitos de primeira dimensão 
são classificados como garantias individuais e políticas clássicas, já os de segunda 
dimensão são os direitos sociais, econômicos e culturais e, por fim, os direitos de 
terceira dimensão, são os chamados direitos de solidariedade, “que englobam o 
direito a um meio ambiente equilibrado, uma saudável qualidade de vida, ao 
progresso, à paz, à autodeterminação dos povos e a outros direitos difusos” (MORAES, 
2018). 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direitos e garantias fundamentais 
www.cenes.com.br | 6 
2.1 Direitos x Garantias 
À primeira vista, o conceito de direitos e garantias fundamentais parecem muito 
semelhantes, mas, na realidade são coisas totalmente distintas. Os direitos 
fundamentais são disposições declaratórias, ao passo que as garantias são disposições 
assecuratórias, que atestam a plena utilização dos direitos do cidadão. 
 
De acordo com Alexandre de Moraes (2018), “a distinção entre direitos e garantias 
fundamentais, no direito brasileiro, remonta a Rui Barbosa, ao separar as disposições 
meramente declaratórias, que são as que imprimem existência legal aos direitos 
reconhecidos, e as disposições assecuratórias, que são as que, em defesa dos direitos, 
limitam o poder. Aquelas instituem os direitos; estas, as garantias; ocorrendo não raro 
juntar-se, na mesma disposição constitucional, ou legal,a fixação da garantia com a 
declaração do direito”. 
 
Ainda, nas palavras de Flávia Bahia (2017), o termo direito “em sua acepção clássica, 
seria a disposição meramente declaratória que imprime existência legal ao direito 
reconhecido. É a proteção ao bem, ao interesse tutelado pela norma jurídica 
configurando verdadeiro patrimônio jurídico”. À medida que, “as garantias, por sua 
vez, traduzem-se no direito dos cidadãos de exigir dos Poderes Públicos a proteção 
de seus direitos. Servem para assegurar os direitos através da limitação do poder, 
possuindo caráter instrumental, atuando como mecanismos prestacionais na tutela 
dos direitos”. 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direitos e garantias fundamentais 
www.cenes.com.br | 7 
 
Figura 2 – Diferenças entre direitos e garantias fundamentais. 
Fonte: Núcleo Editorial Faculdade Focus. 
 
2.2 Características dos direitos fundamentais 
Inerentes a todos os cidadãos, os direitos fundamentais possuem algumas 
características básicas, que refletem a sua essência e não como se manifestam no 
mundo jurídico, por exemplo, é possível que um herdeiro renuncie a sua herança, mas, 
não poderá renunciar ao direito que possui sobre determinado patrimônio. 
 
HISTORICIDADE 
A característica da historicidade está associada a formação dos direitos 
fundamentais ocorre ao longo do tempo, são pensamentos que foram se 
concretizando no decorrer dos anos e continuam até os dias de hoje, pois, a vida 
em sociedade está em constante evolução. Existe uma construção histórica que 
precede a formação dos direitos fundamentais, nas palavras de Flávia Bahia (2017), 
os direitos fundamentais “enfrentaram guerras, morte, lutas, ficaram no ápice e em 
verdade as gerações dos direitos fundamentais explicam justamente isso, o ganho 
pontual que os direitos foram recebendo ao longo da história”. 
 
 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direitos e garantias fundamentais 
www.cenes.com.br | 8 
UNIVERSALIDADE 
Os direitos fundamentais são reconhecidos por todas as pessoas, não há distinção 
de raça, sexo, cor ou idade. De acordo com Natalia Masson (2020), a característica 
da universalidade “aponta a existência de um núcleo mínimo de direitos que deve 
estar presente em todo lugar e para todas as pessoas, independentemente da 
condição jurídica, ou do local onde se contra o sujeito – porquanto a mera condição 
de ser humano é suficiente para a titularização”. 
 
IRRENUNCIABILIDADE 
essa característica defende que, não é possível renunciar, abrir mão de um direito 
fundamental, mas nada obsta ao seu não exercício, conforme mencionamos acima, 
é possível que um herdeiro renuncie a sua herança, mas, não poderá renunciar o 
direito que possui sobre o patrimônio. Essa mesma situação ocorre com o direito a 
imagem e a intimidade, que podem ser relativizados em determinadas situações. 
Contudo, é importante destacar que, essa máxima não se aplica ao direito a vida, 
pois, é um dos poucos, se não o único, que será indisponível. 
 
CONCORRENTE 
Os direitos fundamentais podem ser exercidos de forma isolada ou 
cumulativamente. 
 
INALIENABILIDADE 
Os direitos fundamentais são garantidos a todos, consequentemente não podem 
ser transferidos a terceiros e, tampouco, possuem valor econômico. Conforme 
destaca Nathalia Masson (2020) “inalienabilidade é característica que exclui 
quaisquer atos de disposição, quer material – destruição física do bem –, quer 
jurídica – renúncia, compra e venda ou doação”. No entanto, assim como outras, 
essa característica pode ser relativizada, é o caso do direito a imagem e a intimidade, 
também ocorre com a cessão dos direitos autorais que, gradativamente, passam a 
integrar o rol de direitos fundamentais. 
 
Assim, consideramos como indisponíveis, apenas, aqueles direitos que asseguram a 
preservação da vida biológica do ser humano ou aqueles que “visam resguardar as 
condições ordinárias de saúde física e mental, assim como a liberdade de tomar 
decisões sem coerção externa” (MASSON, 2020). 
 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direitos e garantias fundamentais 
www.cenes.com.br | 9 
IMPRESCRITIBILIDADE 
Como são direitos personalíssimos, ainda que não individualistas, despidos de 
caráter patrimonial, os direitos fundamentais são sempre exercíveis, pouco 
importando o lapso temporal que decorra o seu não exercício. Segundo Flávia Bahia 
(2017) “os direitos fundamentais não estão sujeitos ao decurso do tempo, por isso 
se diz que são imprescritíveis, o que não quer dizer que algumas manifestações 
concretas dos direitos não possam prescrever, como, por exemplo, a reclamação 
trabalhista que deverá ser ajuizada no prazo fatal de até dois anos após extinto o 
contrato de trabalho”. 
 
APLICAÇÃO IMEDIATA 
De acordo com o disposto no art. 5º, § 1º da Constituição, “as normas definidoras 
dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”. Assim, ter aplicação 
imediata, significa dizer que as normas constitucionais são dotadas de todos os 
meios e elementos necessários à sua pronta incidência, aos fatos, situações, 
condutas ou comportamentos que elas regulam, conforme destaca Flávia Bahia 
(2017) eles não “podem ser entendidos como meras proclamações retóricas, 
devendo o intérprete extrair o máximo de efeitos jurídicos que eles podem produzir 
para a sociedade”. 
 
COMPLEMENTARIEDADE 
Embora os direitos humanos possam ser exercidos de forma isolada ou cumulativa, 
não podem ser interpretados autonomamente, pois, no momento de sua 
conjugação deve-se reconhecer que pertencem a um conjunto único, cuja intenção 
é garantir e assegurar a dignidade da pessoa humana. 
 
 
 
Além disso, no caso de haver conflitos entre direitos, a solução estará na própria 
Embora parecidas, a aplicação imediata não é o mesmo que aplicabilidade 
imediata. A primeira diz respeito a aplicação imediata de todos os princípios e 
garantias previstos no art. 5º da Constituição, por outro lado, a aplicabilidade 
imediata está relacionada com a teoria da aplicabilidade plena, contida ou 
limitada da lei. Alguns incisos possuem aplicabilidade plena, outros contida e 
outros limitada, no entanto, todos tem aplicação imediata. 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Geração dos direitos 
www.cenes.com.br | 10 
Constituição Federal ou, ainda, na interpretação do juízo, o qual levará em 
consideração a máxima observância dos direitos fundamentais envolvidos, 
conjugando a mínima restrição possível, através do critério da ponderação. Neste 
sentido, aponta Alexandre de Moraes (2018) que, 
Quando houver conflito entre dois ou mais direitos ou garantias fundamentais, o intérprete 
deve utilizar-se do princípio da concordância prática ou da harmonização, de forma a 
coordenar e combinar os bens jurídicos em conflito, evitando o sacrifício total de uns em 
relação aos outros, realizando uma redução proporcional do âmbito de alcance de cada qual 
(contradição dos princípios), sempre em busca do verdadeiro significado da norma e da 
harmonia do texto constitucional com sua finalidade precípua. 
 
Desta forma, diante de um eventual conflito, nenhum direito deve ser totalmente 
sacrificado, o operador do direito precisa encontrar a melhor forma de combiná-los, 
ponderando todos os bens jurídicos discutidos no caso. 
 
3 Geração dos direitos 
Os direitos fundamentais são construções históricas, aprimoradas e fixadas ao longo 
da história, por isso, alguns autores, como Norberto Bobbio na obra “A era dos 
direitos”, passaram a classificá-los como sendo de primeira, segunda e terceira 
dimensão. No entanto, com o passar dos anos, mais direitos foram surgindo e, com 
isso, novas classificações, atualmente doutrinadores defendem a existência de uma 
quarta e quinta dimensão. 
 
3.1 Primeira dimensão 
Os direitos fundamentais de primeira dimensão surgiram em meados do século XVIII, 
durante a Revolução Francesa,eles se concentram na liberdade individual, nos direitos 
civis e políticos, de modo que o principal marco histórico dessa geração é a Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão, elaborado em 1789 e adotada pela Assembleia 
Nacional Constituinte Francesa como o primeiro ato no sentido de criar uma 
constituição para a recém-criada República da França. 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Geração dos direitos 
www.cenes.com.br | 11 
Conforme destaca Nathalia Masson (2020) os direitos de primeira dimensão surgem 
no fim do século XVIII e “importam na consagração de direitos civis e políticos 
clássicos, essencialmente ligados ao valor liberdade (e enquanto desdobramentos 
deste: o direito à vida, o direito à liberdade religiosa – também de crença, de 
locomoção, de reunião, de associação – o direito à propriedade, à participação 
política, à inviolabilidade de domicílio e o segredo de correspondência). 
 
Além disso, Flávia Bahia (2017) esclarece que, a primeira dimensão traz os direitos 
básicos de todo cidadão, “quase todas as Constituição existentes os consagram, 
mesmo aquelas de Estados onde impera a sua escancarada violação como, por 
exemplo, os ditatoriais”, pois, “nesta fase, o Estado teria um dever de prestação 
negativa, isto é, um dever de nada fazer, a não ser respeitar as liberdades do homem”. 
 
Desta forma, podemos dizer que, alguns dos direitos tutelados pela primeira 
dimensão são, os direitos de liberdade – ir e vir, a prisão legal, o juiz natural, a 
integridade física, a liberdade de expressão, a liberdade religiosa, entre outros – e os 
direitos negativos, pois, neste período o Estado Liberal estava em ascensão, 
consequentemente deveria intervir o mínimo possível. 
 
3.2 Segunda dimensão 
Os direitos de segunda dimensão surgem durante a revolução industrial, no século 
XIX após a Primeira Guerra Mundial. Neste período, a ideia do Estado de Bem-Estar 
Social vinha ganhando força, defendendo uma política mais intervencionista e 
assegurando a todos, condições mínimas de subsistência. 
 
No entanto, de acordo com Bernardo Fernandes (2020) os direitos de segunda 
dimensão “são chamados de sociais não pela perspectiva coletiva, mas sim pela busca 
da realização de prestações sociais. Sua introdução acabou por acontecer no 
desenvolvimento do Estado Social como resposta aos movimentos e ideias 
antiliberais”. 
 
Assim, os direitos de igualdade, como os direitos sociais, econômicos e culturais, 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Geração dos direitos 
www.cenes.com.br | 12 
bem como os direitos trabalhistas, coletivos e prestacionais, são alguns dos direitos 
básicos protegidos pela segunda dimensão. Diferente do que ocorre na primeira 
dimensão, neste caso o Estado deve manter uma postura mais ativa na vida do ser 
humano, pois, a liberdade do indivíduo conquistada na primeira dimensão não vale 
de nada sem a proteção do Estado. 
 
Conforme destaca Flávia Bahia (2017) a “necessidade de prestação positiva do Estado 
corresponderia aos chamados direitos sociais do cidadão, direitos que transcendem a 
individualidade e alcançam um caráter econômico e social, com o objetivo de garantir 
a todos melhores condições de vida”. 
 
3.3 Terceira dimensão 
Em 1960 enquanto o mundo se recuperava do caos e dos horrores vivenciados pela 
Segunda Grande Guerra, surgia uma nova geração de direitos, a terceira dimensão, 
preocupada com os direitos difusos e coletivos, são os chamados direitos 
transindividuais, que buscam a proteção de um número maior de pessoas. 
 
Assim, a terceira geração assegura os chamados direitos de fraternidade, que inclui os 
direitos difusos e coletivos, direito do consumidor, direito ambiental, direito a paz, 
entre outros. Nas palavras de Nathalia Masson (2020) os direitos de terceira dimensão 
“são direitos que não se ocupam da proteção a interesses individuais, ao contrário, 
são direitos atribuídos genericamente a todas as formações sociais, pois, buscam 
tutelar interesses de titularidade coletiva ou difusa, que dizem respeito ao gênero 
humano”. 
 
Contudo, é importante destacar que, com relação ao direito a paz, embora a doutrina 
clássica, representada por Karel Vasak, entenda que ele pertence a terceira dimensão 
de direitos, a doutrina moderna, sustentada por Paulo Bonavides, considera que o 
direito a paz está compreendido na quinta dimensão, esse entendimento não é 
pacífico na doutrina. 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Conclusão 
www.cenes.com.br | 13 
3.4 Quarta dimensão 
Os direitos fundamentais de quarta dimensão, ainda geram muita discussão na 
doutrina, de acordo com Norberto Bobbio, estão compreendidos nessa geração os 
direitos relativos à engenharia genética, como, por exemplo, a manipulação de 
genoma, mudança de sexo, entre outros. 
 
Por outro lado, Paulo Bonavides considera que, também fazem parte da quarta 
geração, os direitos oriundos da globalização política, como a democracia direta, a 
informação e o pluralismo. Além disso, alguns doutrinadores também defendem, 
como sendo de quarta geração, os direitos de informática, como as transmissões de 
dados, comercio virtual e direitos autorais, por exemplo. 
 
Por fim, de acordo com Bernardo Fernandes (2020) o que podemos concluir dos 
direitos de quarta dimensão é que “ainda não encontraram um consenso razoável 
entre os doutrinadores. Embora a corrente majoritária atualmente seja a de que a 
quarta geração (dimensão) seria a dos novos direitos frente às novas tecnologias”. 
 
3.5 Quinta dimensão 
Assim como os de quarta dimensão, não existe uma posição pacífica na doutrina 
quanto aos direitos fundamentais de quinta dimensão. A posição sustentada por 
Paulo Bonavides defende que, o direito a paz é tão importante que deve ser 
considerado uma dimensão a parte, ou seja, a quinta geração. No entanto, já vimos 
que essa posição não é majoritária, autores, como Karel Vasak, consideram o direito a 
paz como sendo de terceira dimensão. Além disso, uma pequena parcela da doutrina 
considera, ainda, que a evolução cibernética também seria compreendida como um 
direito de quinta dimensão. 
 
4 Conclusão 
Nesta unidade falamos a respeito dos direitos e garantias fundamentais, 
estabelecemos algumas diferenças entre os conceitos de direitos e garantias e 
pontuamos algumas características básicas dos direitos fundamentais. Na sequência, 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Referências Bibliográficas 
www.cenes.com.br | 14 
classificamos os direitos fundamentais em cinco dimensões diferentes, cada uma 
abordando um grupo distinto de direitos. 
 
5 Referências Bibliográficas 
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 34 ed. São Paulo: Atlas, 2018. 
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 12 ed. rev. atual. 
e ampl. Salvador: JusPodivm, 2020. 
TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 18 ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2020. 
SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de 
direito constitucional. 8 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. 
BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os 
conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 9 ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2020. 
BAHIA, Flavia. Direito Constitucional. 3 ed. Recife, PE: Armador, 2017. 
MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. 8 ed. Ver. ampl. e atual. 
Salvador: JusPodivm, 2020. 
 
 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Referências Bibliográficas 
www.cenes.com.br | 15 
 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 1 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS 
E COLETIVOS 
 
CONTEÚDO 
Art. 5º Incisos I ao IX 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 2 
A Faculdade Focus se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerneà sua 
edição (apresentação a fim de possibilitar ao consumidor bem manuseá-lo e lê-lo). A 
instituição, nem os autores, assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos 
ou perdas a pessoa ou bens, decorrentes do uso da presente obra. É proibida a 
reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou 
mecânico, inclusive através de processos xerográficos, fotocópia e gravação, sem 
permissão por escrito do autor e do editor. O titular cuja obra seja fraudulentamente 
reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada poderá requerer a apreensão 
dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da 
indenização cabível (art. 102 da Lei n. 9.610, de 19.02.1998). 
 
Atualizações e erratas: este material é disponibilizado na forma como se apresenta 
na data de publicação. Atualizações são definidas a critério exclusivo da Faculdade 
Focus, sob análise da direção pedagógica e de revisão técnica, sendo as erratas 
disponibilizadas na área do aluno do site www.faculdadefocus.com.br. É missão desta 
instituição oferecer ao acadêmico uma obra sem a incidência de erros técnicos ou 
disparidades de conteúdo. Caso ocorra alguma incorreção, solicitamos que, 
atenciosamente, colabore enviando críticas e sugestões, por meio do setor de 
atendimento através do e-mail secretaria@faculdadefocus.com.br. 
 
 
© 2021, by Faculdade Focus 
Rua Maranhão, 924 - Ed. Coliseo - Centro 
Cascavel - PR, 85801-050 
Tel: (45) 3040-1010 
www.faculdadefocus.com.br 
 
Este documento possui recursos de interatividade através da navegação por 
marcadores. 
Acesse a barra de marcadores do seu leitor de PDF e navegue de maneira RÁPIDA e 
DESCOMPLICADA pelo conteúdo. 
 
http://www.faculdadefocus.com.br/
mailto:secretaria@faculdadefocus.com.br.
http://www.faculdadefocus.com.br/
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 3 
Sumário 
Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 
1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------- 4 
2 Direitos e deveres individuais e coletivos – art. 5º ----------------------------------------------- 4 
2.1 Vida -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 5 
2.2 Igualdade – inciso I ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 6 
2.3 Legalidade – inciso II ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 8 
2.4 Dignidade da pessoa humana – inciso III -------------------------------------------------------------------------- 9 
2.5 Liberdade de expressão – incisos IV, V e IX --------------------------------------------------------------------- 10 
2.6 Liberdade religiosa – incisos VI, VII e VIII ------------------------------------------------------------------------ 10 
2.6.1 Estado laico? ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 11 
2.6.2 Assistência religiosa--------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 12 
3 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 12 
4 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 12 
 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 4 
1 Introdução 
Os direitos e deveres individuais e coletivos estão elencados no art. 5º da Constituição 
Federal, em seus impressionantes setenta e oito incisos, além de 4 parágrafos. São 
garantidos nesse artigo alguns direitos como à vida, à igualdade, à liberdade, à 
segurança e à propriedade. Nas palavras de Luiz Roberto Barroso (2020) “o 
reconhecimento dos direitos individuais significou a superação tanto do modelo 
feudal, com seus privilégios estamentais e corporativos, quanto do modelo absolutista 
monárquico de concentração de poder”. 
 
Além disso, também possuem um papel importante na conquista dos direitos e 
deveres individuais e coletivos a Declaração de Direitos inglesa de 1689, assim como 
a ascensão do Estado Liberal e a separação dos poderes, que marcaram a ascensão 
política e econômica da burguesia no poder. Contudo, no direito brasileiro 
 
2 Direitos e deveres individuais e coletivos – art. 5º 
O capítulo I do título II é composto apenas pelo artigo 5º, o qual determina que “todos 
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”. Logo no 
início do caput, encontramos o direito à vida, o princípio da igualdade e o da isonomia, 
o qual “determina que seja dado tratamento igual aos que se encontram em situação 
equivalente e que sejam tratados de maneira desigual os desiguais, na medida de suas 
desigualdades. Ele obriga tanto o legislador quanto o aplicador da lei” (PAULO; 
ALEXANDRINO, 2017). 
 
Conforme destaca Nathalia Masson (2020) os direitos individuais são aqueles cujo 
titular é o sujeito na sua particularidade, esses direitos garantem ao indivíduo uma 
certa autonomia e independência diante dos demais membros da sociedade e do 
próprio Estado. Além disso, de acordo com a autora os direitos individuais de 
expressão coletiva são aqueles “que cada pessoa, individualmente considerada, 
possui, mas que somente podem ser exercidos de forma coletiva”. Diferente do que 
ocorre nos direitos coletivos, “que são titularizados por uma categoria de pessoas, 
ainda que elas não possam ser individualizadas de modo preciso”. 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direitos e deveres individuais e coletivos – art. 5º 
www.cenes.com.br | 5 
 
Assim, seguindo a leitura do caput, observamos que o art. 5º é a porta de entrada para 
os direitos e garantias fundamentais, porém eles não se esgotam nesse artigo, os 
direitos e garantias estão dispostas ao longo da Constituição Federal, os quais, de 
acordo com o artigo, podem ser suscitados pelos brasileiros e estrangeiros residentes 
no País. Inclusive, os direitos coletivos podem ser verificados com mais facilidade nos 
artigos subsequentes ao 5º, vez que os artigos do 6º ao 11 estão previstos no capítulo 
dos direitos sociais. 
 
Por fim, é válido mencionar que, embora o texto constitucional determine que gozam 
dos direitos todo brasileiro e estrangeiro residentes no País, o Supremo Tribunal 
Federal já entendeu que os direitos e as garantias se estenderão a todos. Inclusive, 
conforme destaca Flávia Bahia (2017), “apesar de o estrangeiro de passagem no País 
e às pessoas jurídicas carecerem de proteção na literalidade do dispositivo, não há 
dúvidas quanto a serem titulares de direitos fundamentais ao lado dos brasileiros e 
dos estrangeiros que aqui residem”. 
 
2.1 Vida 
O direito a vida é a garantia individual mais importante expressa no texto 
constitucional, pois, ainda que alguns direitos sejam assegurados desde a concepção 
e outros post mortem, a vida é uma espécie de pressuposto para efetivação de uma 
série de outros direitos. Assim, no contexto biológico da palavra, a vida pode ser 
definida como “aquela condição na qual um determinado organismo seja capaz de 
manter suas funções de modo contínuo, como metabolismo, crescimento, realização 
a estímulos provindos no ambiente, reprodução etc.” (FERNANDES, 2020). 
 
Contudo, de acordo com José Afonso da Silva (2014) o conceito de vida não pode ser 
analisado somente pelo aspecto biológico do termo, como uma “incessante 
autoatividade funcional, peculiar à matéria orgânica, mas na sua acepção biográficamais compreensiva. Sua riqueza significativa é de difícil apreensão porque é algo 
dinâmico, que se transforma incessantemente sem perder sua própria identidade. O 
autor afirma ainda que a vida do ser humano “é o objeto do direito assegurado no 
art. 5º, caput, integra-se de elementos materiais (físico e psíquicos) e imateriais 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direitos e deveres individuais e coletivos – art. 5º 
www.cenes.com.br | 6 
(espirituais)” e, é justamente por isso que é considerada “fonte primária de todos os 
outros direitos fundamentais, como a igualdade, a intimidade, a liberdade, o bem-
estar”, de modo que sem a vida humana nenhum desses direitos subsistiria. 
 
Neste sentido, Bernardo Fernandes (2020) destaca que, “a atual concepção de que o 
direito à vida deve ser analisado sob um duplo enfoque, qual seja: o direito da vida 
em si mesma (direito de estar vivo) e o direito à vida digna (com condições mínimas 
de existência). Portanto, as doutrinas constitucionais mais recentes desenvolvem uma 
compreensão diversa do entendimento biológico, compreendendo a concepção de 
vida conectada à da dignidade humana”. 
 
O direito a vida é analisado sob duas perspectivas distintas, o direito de continuar vivo 
e o direito de ter uma vida digna. As pessoas, acima de tudo, têm o direito de estar e 
permanecer vivas, de modo que nem o Estado, através da pena de morte, salvo no 
caso de guerra declarada, e nem outros particulares (crimes contra a vida) sejam 
capazes de feri-lo. Ainda, todos tem direito a viver uma vida digna, respeitando o 
princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III da CF), isto é, o Estado será 
responsável por assegurar ao indivíduo uma vida além da simples subsistência física 
humana, é necessário que forneça elementos essenciais e crie planos de governo que 
facilitem ao indivíduo o acesso pleno as suas liberdades e direitos, vedando qualquer 
tratamento desumano, torturante, trabalhos forçados, cruéis ou penas de caráter 
perpétuas (MASSON, 2020). 
 
2.2 Igualdade – inciso I 
O princípio da igualdade está expresso no art. 5º, inciso I da Constituição Federal, de 
modo que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”, isto é, todos que 
se encontrem em iguais situações não poderão sofrer qualquer tipo de cerceamento 
de direitos ou prerrogativas. No entanto, conforme destaca Flávia Bahia (2017) pelo 
fato do mundo ser composto por pessoas diferentes “o respeito à diferença e às 
necessidades de cada um é um dos pilares mais importantes do conceito. Deve haver 
uma relação direta entre a desigualdade e a diferença observada, para que esta 
relação tenha pertinência”. 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direitos e deveres individuais e coletivos – art. 5º 
www.cenes.com.br | 7 
Por isso, é importante ressaltar que existe uma diferença entre o princípio da 
igualdade e o princípio da isonomia. O primeiro presume que todos recebam um 
tratamento igualitário perante a lei, sem qualquer distinção de raça, cor, sexo ou etnia. 
Já o princípio da isonomia, determina que o igual seja tratado de forma igual e o 
desigual na medida de suas desigualdades, pois, considerando as particularidades de 
cada um, se tratados com igualdade ficarão evidentes suas desigualdades. 
 
Além disso, o princípio da igualdade pode ser dividido em formal e material, a 
igualdade formal é aquela representada no art. 3º, inciso IV e no inciso I do art. 5º da 
CF, de modo que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações perante a 
Lei e, constitui dever do Estado, “promover o bem de todos, sem preconceitos de 
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Nas 
palavras de Pinto Ferreira (1999) a igualdade formal “deve ser entendida como 
igualdade diante da lei vigente e da lei a ser feita, deve ser interpretada como um 
impedimento à legislação de privilégios de classe, deve ser entendida como a 
igualdade diante dos administradores e dos juízes”. 
 
Por outro lado, a igualdade material representa o sentido da equidade, pois, tem o 
intuito de proteger e nivelar os sujeitos desiguais na medida de suas desigualdades. 
De acordo com Ingo Wolfgang Sarlet (2019) a igualdade material “passou a ser 
referido a um dever de compensação das desigualdades sociais, econômicas e 
culturais, portanto, no sentido do que se convenciona chamar de uma igualdade social 
ou de fato, embora também tais termos nem sempre sejam compreendidos da mesma 
forma”. 
 
Sendo assim, em suma podemos dizer que, a igualdade formal se atém apenas ao 
texto legal e quando nos deparamos com a realidade, percebemos que as coisas são 
um pouco diferentes, à medida que no mundo prático prevalece é a igualdade 
material, pois, é justamente através dela que conseguimos tratar os iguais de forma 
igual e os desiguais na medida de suas desigualdades. Neste sentido, Flávia Bahia 
(2017) afirma que o Estado deve fornecer a população as chamadas políticas de ações 
afirmativas ou de discriminação positiva, editando e efetivando normas que priorizem 
a população mais desfavorecida, incentivando a diminuição da desigualdade. 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direitos e deveres individuais e coletivos – art. 5º 
www.cenes.com.br | 8 
2.3 Legalidade – inciso II 
O inciso II da Constituição Federal traduz o princípio da legalidade, de modo que, 
“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de 
lei”. De acordo com Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (p. 120, 2017) esse princípio 
prega que, “somente a lei pode criar obrigações e, por outro· lado, a asserção de que 
a inexistência de lei proibitiva de determinada conduta implica ser ela permitida”. 
 
No entanto, é importante que você saiba diferenciar a legalidade pública da privada, 
uma vez que são coisas completamente opostas. O princípio da legalidade pública, 
está disposto no art. 37 da Constituição Federal e tem como destinatário a 
Administração Pública, em uma interpretação restrita, pois, o agente está vinculado a 
lei e deve fazer apenas o que ela autoriza. Por outro lado, o princípio da legalidade 
privada, está elencado no inciso II do art. 5º da Constituição e, tem uma interpretação 
mais abrangente, de forma que o particular pode fazer tudo, exceto aquilo que a lei 
veda. 
 
Ex.: antes da Lei 12.546/11 o ato de fumar podia ser praticado em qualquer local, 
fosse fechado ou aberto, privado ou coletivo. Contudo, após o advento da Lei 
12.546/11, fumar em recintos coletivos fechados, privado ou público passou a ser 
proibido. Assim, analisando a situação através do princípio da legalidade, o ato 
de fumar era permitido antes da lei, pois, as pessoas podem fazer tudo aquilo que 
a lei não veda, mas depois da Lei 12.546 o comportamento passou a ser proibido, 
ou seja, a lei vedou o ato de fumar em locais coletivos fechados, privados ou 
públicos. 
 
Por fim, também é importante destacar que o princípio da legalidade não se confunde 
com o princípio da reserva legal. No primeiro, ninguém será obrigado a nada senão 
em virtude de lei, ou seja, a lei deverá regulamentar o comportamento das pessoas. 
Já no princípio da reserva legal, o texto constitucional estabelece que determinada 
matéria só poderá ser apreciada através de lei formal ou atos equiparados. 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direitos e deveres individuais e coletivos – art. 5º 
www.cenes.com.br | 9 
2.4 Dignidade da pessoa humana – inciso III 
O princípio da dignidade da pessoa humana é, se não o mais, um dos principais 
expressos no texto constitucional. Caracterizado no inciso III do art. 5º da Constituição 
(“ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante”), ao 
mesmo tempo que é facilmente compreendido, é tão difícil sua conceituação, pois, 
está envolto em diversos sentimentos e reflexões construídas ao longo do tempo.De acordo com José Afonso da Silva (2014) o princípio da dignidade da pessoa 
humana “é um valor supremo que atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais 
do homem, desde o direito à vida”. No entanto, conforme destaca André Ramos 
Tavares (2020) “o princípio da dignidade da pessoa humana encontra, assim como o 
direito à vida, alguns obstáculos no campo conceitual”, pois, “as normas são 
extremamente abstratas, permitindo diversas considerações, definições e enfoque os 
mais variados”. 
 
Neste sentido, Flávia Bahia (2017) afirma que “apesar de difícil conceituação, podemos 
compreender que o conteúdo do princípio diz respeito ao atributo imanente a todo 
ser humano e que justifica o exercício da sua liberdade e a perfeita realização de seu 
direito à existência plena e saudável”. Em consonância, José Afonso da Silva (2014 
apud Jesús González Péres, 1986) estabelece que, 
[...] o conceito de dignidade da pessoa humana obriga a uma densificação valorativa que tenha 
em conta o seu amplo sentido normativo-constitucional e não uma ideia qualquer apriorística 
do homem, não podendo reduzir-se o sentido da dignidade humana à defesa dos direitos 
pessoais tradicionais, esquecendo-a nos casos de direitos sociais, ou invocá-la para construir 
‘teoria do núcleo da personalidade’ individual, ignorando-a quando se trate de garantir as 
bases da existência humana. 
 
É expresso neste princípio o direito de o cidadão de poder usufruir de uma vida digna 
e não de simplesmente subsistir, também é desse contexto que surgem as duas 
perspectivas do direito a vida, de modo que o indivíduo tem o direito de permanecer 
vivo e de levar uma vida digna, subsidiada pelo Estado. 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direitos e deveres individuais e coletivos – art. 5º 
www.cenes.com.br | 10 
2.5 Liberdade de expressão – incisos IV, V e IX 
A liberdade de expressão é um direito constitucional garantido a todo cidadão, que 
pode ser dividido em três espécies, a livre manifestação, o direito de resposta e a 
liberdade de expressão artística. A livre manifestação está prevista no inciso IV do art. 
5º da Constituição Federal, as pessoas têm liberdade de expressão e podem 
manifestar, expressar, declarar seus pensamentos, ressalvado o anonimato. O texto 
constitucional veda a manifestação do pensamento através do anonimato em 
qualquer situação, uma vez que também é garantido ao sujeito o direito de resposta. 
 
Ainda, com relação a liberdade de expressão, é importante destacar que, o termo não 
está associado a impunidade, pois, de acordo com o inciso V “é assegurado o direito 
de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral 
ou à imagem”. Em outros termos, as pessoas são responsáveis por seus atos e, 
supondo que essas informações gerem algum dano, seja moral, material ou a imagem, 
ou causar prejuízo a terceiro, este terá o direito de responder às informações e deverá 
ser ressarcido pelo dano ou prejuízo que eventualmente tenha sofrido, situação que 
seria inviabilizada pelo anonimato. 
 
Por fim, no que diz respeito a censura, determina o inciso IX do art. 5º que “é livre a 
expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, 
independentemente de censura ou licença”. Da mesma forma que o crime de tortura 
e a vedação ao anonimato, a censura não comporta exceção, ela é inadmissível em 
qualquer hipótese, pois, prevalece a liberdade de expressão. 
 
2.6 Liberdade religiosa – incisos VI, VII e VIII 
Embora a República Federativa do Brasil seja um Estado laico, a religião tem certa 
importância no território nacional e, é por isso, que a liberdade religiosa está 
assegurada no inciso VI do art. 5º da Constituição Federal, de modo que, “é inviolável 
a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos 
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”. 
 
De acordo com Flávia Bahia (2017), “a liberdade de religião exterioriza-se pela 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direitos e deveres individuais e coletivos – art. 5º 
www.cenes.com.br | 11 
manifestação de pensamento e pode ser apresentada sob duas formas: a) liberdade 
de consciência e de crença: é a liberdade de foro íntimo. [...] b) liberdade de culto 
religioso: protege o conjunto de manifestações que levam o crente a expressar sua 
religião (ritos, cerimônias, cultos, manifestações, reuniões, hábitos, tradições etc.)”. 
 
O direito religioso protege a crença e garante as pessoas o direito a liturgia, ao culto 
e ao templo. Contudo, diferente dos outros direitos garantidos do cidadão, o direito 
a crença (fé) é ilimitado, pois é algo intrínseco ao ser humano, por outro lado, quando 
a crença é exteriorizada através da liturgia e do culto nos templos está sujeita a 
imposição de limites, seja pelos direitos fundamentais da outra pessoa, seja pelos 
costumes. 
 
Neste sentido, determina o inciso VIII que, “ninguém será privado de direitos por 
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar 
para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação 
alternativa, fixada em lei”. Desta forma, podemos dizer que, o direito a crença religiosa, 
a convicção política e a liberdade filosófica só poderão, ser limitadas quando forem 
invocadas para eximir-se de obrigação imposta pela lei ou quando se recusarem a 
cumprir uma determinação alternativa. 
 
2.6.1 Estado laico? 
Um País será considerado laico quando separa totalmente o Estado da religião, ou 
seja, o País não possui uma religião oficial, assim como ocorre no Brasil. Embora 
garanta aos seus cidadãos o direito religioso, para que eles possam escolher e 
defender sua própria fé. De acordo com André Ramos Tavares (2020) “no Brasil, veda-
se expressamente que a União, os Estados, o Distrito Federal ou os Municípios 
declarem uma religião oficial. Apenas se ocorrer a manifestação do poder popular 
(constituinte originário) poder-se-á adotar uma religião oficial e transformar o Brasil 
em Estado religioso”. 
 
No entanto, é justamente pela laicidade do Estado que surgem algumas discussões 
doutrinárias e jurisprudenciais sobre a instalação de símbolos religiosos em 
repartições e órgãos públicos, símbolos esses que, em sua maioria, são cristãos. 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Conclusão 
www.cenes.com.br | 12 
Conforme destaca Nathalia Masson (2020) “discute-se se a permanência desses 
objetos em repartições públicas afrontaria a normativa constitucional referente à 
liberdade religiosa ou se refletiria, tão somente, uma manifestação cultural”. 
 
Parte da doutrina entende que, o fato de manter objetos, símbolos, imagens ou 
representações de convicção religiosa em repartições públicas é uma intolerável 
aproximação do Estado a determinada crença religiosa, ferindo consubstancialmente 
o princípio da laicidade do Estado. Contudo, esse não é o entendimento que 
predomina no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 
 
2.6.2 Assistência religiosa 
O inciso VII do art. 5º estabelece que, “é assegurada, nos termos da lei, a prestação de 
assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva”. Assim, é 
dever do Estado garantir a assistência religiosa nos estabelecimentos prisionais, para 
que os presos civis e militares possam gozar desse direito se preferirem. 
 
3 Conclusão 
Nesta unidade iniciamos nosso estudo a respeito dos direitos e deveres individuais e 
coletivos, previstos no caput e nos incisos do art. 5º da Constituição Federal. Assim, 
no decorrer do material falamos sobre os direitos que o cidadão possui com relação 
à vida, à igualdade, à legalidade, à dignidade da pessoa humana, à liberdade de 
expressão e à liberdade religiosa. 
 
4 Referências Bibliográficas 
BAHIA, Flavia. Direito Constitucional. 3 ed. Recife, PE: Armador, 2017.BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os 
conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 9 ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2020. 
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 12 ed. rev. atual. 
e ampl. Salvador: JusPodivm, 2020. 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Referências Bibliográficas 
www.cenes.com.br | 13 
FERREIRA, Luiz Pinto. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Editora Saraiva, 
1999. 
MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. 8 ed. Ver. ampl. e atual. 
Salvador: JusPodivm, 2020. 
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 34 ed. São Paulo: Atlas, 2018. 
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 16 
ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017. 
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos 
direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 13 ed. rev. e atual. Porto Alegre: 
Livraria do Advogado, 2018. 
SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de 
direito constitucional. 8 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. 
SILVA, José Afonso da. Curso de Direitos Constitucional Positivo. 37 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2014. 
TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 18 ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2020. 
Cf. Constituição da República Portuguesa anotada, pp. 58 e 59. Sobre o tema, cf. a 
importante monografia de Jesús González Péres, La dignidad de la persolla, Madrid, 
Civitas, 1986. 
 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Referências Bibliográficas 
www.cenes.com.br | 14 
 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 1 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS 
E COLETIVOS 
 
CONTEÚDO 
Art. 5º Incisos X ao XII 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 2 
A Faculdade Focus se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne à sua 
edição (apresentação a fim de possibilitar ao consumidor bem manuseá-lo e lê-lo). A 
instituição, nem os autores, assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos 
ou perdas a pessoa ou bens, decorrentes do uso da presente obra. É proibida a 
reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou 
mecânico, inclusive através de processos xerográficos, fotocópia e gravação, sem 
permissão por escrito do autor e do editor. O titular cuja obra seja fraudulentamente 
reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada poderá requerer a apreensão 
dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da 
indenização cabível (art. 102 da Lei n. 9.610, de 19.02.1998). 
 
Atualizações e erratas: este material é disponibilizado na forma como se apresenta 
na data de publicação. Atualizações são definidas a critério exclusivo da Faculdade 
Focus, sob análise da direção pedagógica e de revisão técnica, sendo as erratas 
disponibilizadas na área do aluno do site www.faculdadefocus.com.br. É missão desta 
instituição oferecer ao acadêmico uma obra sem a incidência de erros técnicos ou 
disparidades de conteúdo. Caso ocorra alguma incorreção, solicitamos que, 
atenciosamente, colabore enviando críticas e sugestões, por meio do setor de 
atendimento através do e-mail secretaria@faculdadefocus.com.br. 
 
 
© 2021, by Faculdade Focus 
Rua Maranhão, 924 - Ed. Coliseo - Centro 
Cascavel - PR, 85801-050 
Tel: (45) 3040-1010 
www.faculdadefocus.com.br 
 
Este documento possui recursos de interatividade através da navegação por 
marcadores. 
Acesse a barra de marcadores do seu leitor de PDF e navegue de maneira RÁPIDA e 
DESCOMPLICADA pelo conteúdo. 
 
http://www.faculdadefocus.com.br/
mailto:secretaria@faculdadefocus.com.br.
http://www.faculdadefocus.com.br/
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 3 
Sumário 
Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 
1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------- 4 
2 Inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e imagem – inciso X ------------------ 4 
2.1 Direito à intimidade e à vida privada ------------------------------------------------------------------------------- 4 
2.2 Direito à imagem --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 6 
2.3 Direito à honra ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 6 
3 Inviolabilidade de domicílio – inciso XI -------------------------------------------------------------- 7 
4 Inviolabilidade das correspondências e comunicações – inciso XII ------------------------- 10 
4.1 Interceptação telefônica --------------------------------------------------------------------------------------------- 11 
4.1.1 Gravação clandestina ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 12 
4.2 Quebra de dados telefônicos --------------------------------------------------------------------------------------- 12 
4.3 Quebra do sigilo bancário e fiscal --------------------------------------------------------------------------------- 12 
5 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 13 
6 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 13 
 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 4 
1 Introdução 
Todo cidadão possui a prerrogativa de manter privadas algumas esferas da sua vida. 
Assim, nesta unidade vamos falar sobre algumas inviolabilidades constitucionalmente 
previstas, mais especificamente sobre a inviolabilidade da intimidade, vida privada, 
honra e a imagem, a inviolabilidade do domicílio e a inviolabilidade de 
correspondências e comunicações. 
 
2 Inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e imagem 
– inciso X 
O inciso X do art. 5º da Constituição Federal traz uma ideia genérica da inviolabilidade 
a vida privada do indivíduo quando determina que, “são invioláveis a intimidade, a 
vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização 
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. Assim, cada indivíduo possui 
a faculdade de vetar a intromissão de estranho em sua vida particular, bem como de 
impedir o acesso a informações que dizem respeito a privacidade e intimidade de cada 
um. 
 
De acordo com Nathalia Masson (2020) “a privacidade representa a plena autonomia 
do indivíduo em reger sua vida do modo que entender mais correto, mantendo em 
seu exclusivo controle as informações atinentes à vida doméstica (familiar e afetiva), 
aos seus hábitos, escolhas, segredos etc., sem se submeter ao crivo (e à curiosidade) 
da opinião alheia”. No entanto, esses direitos possuem uma inviolabilidade mitigada, 
vez que os indivíduos podem deixar de exercê-los por vontade própria, devido a 
característica da irrenunciabilidade, mas, nada impede que eles sejam autolimitados, 
quando o indivíduo assina um contrato e se dispõem a participar de um reality show, 
por exemplo. 
 
2.1 Direito à intimidade e à vida privada 
O inciso X do art. 5º da Constituição Federal, ao destacar de forma genérica o direito 
à privacidade do indivíduo e, logo na sequência, garantir em seu bojo o direito a 
intimidade e a vida privada, gera um conflito doutrinário, pois, há quem defenda que 
são direitos autônomos e há quem trate a intimidade e a vida privada como conceitos 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e imagem – inciso X 
www.cenes.com.br | 5 
comuns e complementares. 
 
Assim, podemos dizer que, odireito a intimidade reflete a vida secreta do indivíduo, 
que deve ser reservada penas para si, sem qualquer repercussão social. Esse direito 
está ligado à essência de cada pessoa, aos seus anseios e temores mais íntimos. À 
medida que, o direito à vida privada é mais abrangente, vez que está relacionado com 
o convívio com as outras pessoas, o viver em sociedade, compartilhando suas 
convicções, mas resguardando em si uma parcela social. Desta forma, o direito a 
intimidade estaria incorporado no direito à vida privada do indivíduo. 
 
Neste sentido, Bernardo Fernandes (2020) afirma que, no direito a vida privada, estão 
compreendidos “os relacionamentos familiares, de lazer, negócios, amorosos etc. Já a 
intimidade seria um núcleo ainda menor, que perpassa e protege relações mais 
íntimas ou pessoais. Se no primeiro as relações pessoais devem ser ocultadas do 
público (preservadas), no segundo temos uma proteção até mesmo contra atos das 
pessoas mais próximas a nós”. 
 
Em consonância, Nathalia Masson (2020) afirma que, “a vida privada é mais 
abrangente e contém a intimidade, pois abarca as relações pessoais, familiares, 
negociais ou afetivas, do indivíduo, incluindo seus momentos de lazer, seus hábitos e 
seus dados pessoais, como os bancários e os fiscais. Nota-se que a tutela à vida 
privada não busca proteger segredos ou particularidades confidenciais de ninguém, 
tarefa que fica a cargo da tutela da intimidade”. 
 
No entanto, conforme mencionamos anteriormente, o direito a intimidade e a vida 
privada podem ser relativizados a partir do consentimento do titular, pois, ainda esses 
direitos gozem da característica da irrenunciabilidade, são passíveis de autolimitação. 
É possível que o indivíduo concorde com a intromissão na sua vida privada e 
intimidade de forma expressa, como, por exemplo quando se dispõe a participar de 
uma entrevista, ou de forma tácita, quando o sujeito tem sua imagem divulgada junto 
com a de várias pessoas que estão em um local público. Contudo, diferente seria no 
caso de a reportagem dar destaque a uma pessoa específica, revelando sua imagem 
e o seu comportamento, neste caso, uma parcela da doutrina entende ser necessário 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e imagem – inciso X 
www.cenes.com.br | 6 
o consentimento expresso do indivíduo. 
 
2.2 Direito à imagem 
Assim, já passamos ao direito de imagem, o qual está relacionado com a 
representação externa do indivíduo, com a caracterização de seus atributos físicos. 
Nas palavras de André Ramos Tavares (2020) “a imagem é a apresentação, por 
desenho, impressão ou obra, de figura de pessoa ou coisa. Define-se o direito à 
imagem como a tutela da imagem física da pessoa, contra ato que a reproduza ou a 
represente em fotografias, filmagens, retratos, pinturas, gravuras, aquarelas ou até 
esculturas”. 
 
Além disso, de acordo com Bernardo Fernandes (2020), esse direito “recebe um 
tratamento bipartido: por ‘imagem-retrato’ trata-se do direito à reprodução gráfica 
do sujeito, seja total, seja parcial; e por ‘imagem-atributo’ protege-se a imagem dentro 
do seu contexto (‘conjunto de atributos cultivados pelo indivíduo e reconhecidos pelo 
meio social’)”. 
 
No mesmo sentido, Nathalia Masson (2020) destaca que, “os meios de comunicação, 
(jornais, revistas, televisão, internet) não podem usurpar a imagem do indivíduo, 
utilizando-a sem o seu consentimento, ainda que para louvar ou enaltecer a pessoa. 
Isso porque a tutela da imagem é dissociada da tutela da honra, de forma que mesmo 
que não haja ofensa à reputação do indivíduo, não se pode utilizar a imagem da 
pessoa sem sua autorização”. Contudo, igualmente como ocorre no direito à vida 
privada, que é passível de autolimitação, seja expressa ou tácita. 
 
2.3 Direito à honra 
Além do direito à privacidade e a imagem, o inciso X do art. 5º da Constituição Federal, 
protege também a honra do indivíduo, a qual, nos valendo do conceito empregado 
por Nathalia Masson (2020), pode ser definida como um “bem imaterial conectado ao 
valor moral do indivíduo, podendo ser compreendida como a reputação, o bom nome 
e a boa fama que o sujeito goza na vida em sociedade, bem como o sentimento 
próprio de estima e dignidade”. 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Inviolabilidade de domicílio – inciso XI 
www.cenes.com.br | 7 
 
No mesmo sentido, André Ramos Tavares (2020) defende que “a honra se constitui 
do somatório das qualidades que individualizam o cidadão, gerando seu respeito pela 
sociedade, o bom nome e a identidade pessoal que o diferencia no meio social. E o 
cidadão tem o direito de resguardar sua honra pessoal, essencial ao bom convívio 
dentro da sociedade”. 
 
A honra do indivíduo pode ser dividida em objetiva e subjetiva, de modo que a 
primeira protege o apreço moral do sujeito perante o seu meio de convivência, ou 
seja, é a percepção que a sociedade tem sobre a pessoa, ao passo que a segunda 
defende o apreço que o indivíduo tem sobre si mesmo e sua personalidade. De acordo 
com Bernardo Fernandes (2020), falando sob um aspecto jurídico e acadêmico, é 
extremamente comum a diferenciação entre a honra objetiva – sendo a representação 
do indivíduo perante a sociedade – e a honra subjetiva – sendo a percepção que o 
indivíduo possui de si mesmo, a sua autoestima. 
 
3 Inviolabilidade de domicílio – inciso XI 
O inciso XI do art. 5º estabelece que, “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém 
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante 
delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação 
judicial”. No entanto, a redação do inciso é extremamente vaga e deixa muita margem 
para interpretação no conceito de casa, portanto, como observa Vicente Paulo e 
Marcelo Alexandrino (p. 135, 2017) 
a inviolabilidade não alcança somente a "casa", residência do indivíduo. Na verdade, o conceito 
normativo de "casa" é abrangente e se estende, inclusive, a qualquer compartimento privado 
não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade, compreendendo, 
observada essa específica limitação espacial (área interna não acessível ao público), os 
escritórios e consultórios profissionais, as dependências privativas da empresa, o quarto de 
hotel etc. 
 
Desta forma, estão amparadas pelo inciso XI a residência, o local de trabalho, quarto 
de hotel, ambiente de hospedagem, mesmo que temporário, apartamento, 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Inviolabilidade de domicílio – inciso XI 
www.cenes.com.br | 8 
embarcações e aeronaves, quando estiverem parados. Assim, o ingresso em qualquer 
desses locais só será lícito se houver consentimento, em caso de flagrante delito, para 
prestar socorro ou durante o dia por determinação judicial. 
 
 
No caso do caminhão, pode ser reconhecido como casa? 
Uma parcela da doutrina e da jurisprudência entendem que sim, a boleia do caminhão 
deve ser considerada como casa, estando, portanto, protegida pela inviolabilidade de 
domicílio, pois, mesmo que de forma temporária, o motorista utiliza o veículo como 
moradia. Todavia, esse não é o entendimento do STF, no julgamento do HC 
117.767/DF o Supremo entendeu que o caminhão deve ser considerado apenas como 
uma ferramenta de trabalho e, que “o espaço compreendido dentro de veículo 
automotor, salvo a hipótese em que consistir a habitação de seu titular (v.g. Trailers), 
não está abarcada no conceito jurídico de domicílio, ao qual a lei dispensa proteção 
especial (art. 5º, XI, CF/1988) em homenagem ao direito fundamental à intimidade e à 
vida privada”. 
 
Entretanto, embora a casa seja asilo inviolável do indivíduo, o próprio inciso XI prevê 
quatro possibilidades em que a entrada de terceiros na “casa” será lícita, independente 
do consentimento do proprietário, são elas: 
→ Consentimento: inicialmente, fazendouma interpretação a contrário sensu do 
inciso XI, podemos perceber que só é ilícita a entrada de terceiros na “casa” sem 
o consentimento do morador, logo, se houver consentimento, a entrada será 
lícita a qualquer tempo; 
→ Flagrante delito ou desastre: nos casos de flagrante delito, para reprimir a 
prática de crimes, ou no caso de desastre, o ingresso no domicílio será lícito 
independente do consentimento ou autorização judicial, seja no período diurno 
ou noturno; 
 
! Crime permanente – em se tratando de crime permanente, caso em que 
a consumação se prolonga no tempo, ou seja, enquanto o delito 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Inviolabilidade de domicílio – inciso XI 
www.cenes.com.br | 9 
perdurar, o sujeito poderá ser preso em flagrante delito. É o caso dos 
crimes de extorsão mediante sequestro e cárcere privado, por exemplo. 
 
→ Prestar socorro: também será lícito o ingresso do terceiro na “casa”, quando 
este for motivado para prestar socorro, independente do consentimento ou 
autorização judicial, seja no período diurno ou noturno. 
→ Determinação judicial (durante o dia): quando houver determinação judicial, 
as autoridades podem adentrar na residência, independente de consentimento, 
durante o dia. Neste caso, o dia está compreendido, para a teoria cronológica 
das 06:00 horas da manhã até as 18:00 da noite, e para a teoria natural, o 
período compreendido entre a aurora e o crepúsculo (do nascer ao pôr do sol). 
 
! Cumprimento de ordem judicial fora do horário: quando o oficial de 
justiça tenta cumprir uma ordem judicial cível fora do horário 
estabelecido, caso o sujeito não consinta com a entrada ou não deixe que 
ele cumpra, não caracteriza crime de desobediência; 
! Lei de abuso de autoridade: com o advento da Lei nº 13.869/19 passou 
a ser considerado crime de abuso de autoridade o ato do agente público 
“invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da 
vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele 
permanecer nas mesmas condições, sem determinação judicial ou fora 
das condições estabelecidas em lei”, ou aquele que “cumpre mandado de 
busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes 
das 5h (cinco horas)”. Portando, fazendo um paralelo com a nova Lei de 
Abuso de Autoridade, as ordens judiciais não podem ser cumpridas após 
as 21 horas ou antes das 5 horas da manhã, mas, esse posicionamento 
ainda não é pacífico na doutrina. 
 
Além disso, no que diz respeito a hipótese do flagrante delito, quando o terceiro 
ingressa no domicílio sem autorização judicial, o Supremo Tribunal Federal, no julgado 
RE 603.616/RO o rel. Min. Gilmar Mendes, definiu que “a entrada forçada em domicílio 
sem mandado judicial só e lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em 
fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da 
casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil 
e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticados”. 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Inviolabilidade das correspondências e comunicações – inciso XII 
www.cenes.com.br | 10 
Por fim, além das exceções elencadas no inciso, é importante destacar a Lei 
13.301/2016 (Lei do Mosquito), que dispõe sobre a adoção de medidas de vigilância 
em saúde quando verificada situação de iminente perigo à saúde pública pela 
presença do mosquito transmissor do vírus da dengue, do vírus Chikungunya e do 
vírus da Zika, autoriza em seu art. 1º, inciso IV, 
IV - ingresso forçado em imóveis públicos e particulares, no caso de situação de abandono, 
ausência ou recusa de pessoa que possa permitir o acesso de agente público, regularmente 
designado e identificado, quando se mostre essencial para a contenção das doenças. 
 
Desta forma, embora a inviolabilidade de domicílio seja um direito constitucional, 
quando confrontado com o direito à vida e a saúde pública, torna-se lícito o ingresso 
forçado em imóveis público e particulares abandonados ou mediante ausência, ou 
recusa de consentimento. 
 
4 Inviolabilidade das correspondências e comunicações – inciso 
XII 
De acordo com o inciso XII do art. 5º da Constituição Federal, “é inviolável o sigilo da 
correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a 
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”. O 
inciso XII protege o sigilo de quatro formas de comunicação, são elas: 
→ Correspondência: as correspondências são representadas pelas cartas que o 
indivíduo recebe, o seu conteúdo é sigiloso e diz respeito apenas ao seu 
destinatário; 
→ Comunicação de dados: a comunicação de dados se refere aos e-mails, 
mensagens de texto, agenda telefônica, ligações, entre outros; 
→ Comunicação telegráfica: a comunicação telegráfica, embora protegida 
constitucionalmente, não é mais utilizada hoje em dia. O telégrafo é um 
instrumento que transmite mensagens através da eletricidade, esse aparelho foi 
substituído pelo telefone, mas em 1988 ainda era utilizado, por isso surgiu a 
necessidade de proteger esse meio de comunicação; 
→ Comunicação telefônica: por fim, o sigilo a comunicação telefônica protege a 
ligação, realizada de uma pessoa para outra. 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Inviolabilidade das correspondências e comunicações – inciso XII 
www.cenes.com.br | 11 
 
No entanto, a própria redação do inciso XII prevê uma exceção para o sigilo das 
comunicações telefônicas, de modo que o sigilo poderá ser violado por ordem judicial, 
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou 
instrução processual penal. Ademais, no que diz respeito ao sigilo das 
correspondências e da comunicação de dados, dependendo do caso em concreto, 
também poderão ser violadas por ordem judicial. 
Ex.: no caso das correspondências enviadas a pessoas que se encontram reclusas 
no sistema penitenciário, antes de entregar a correspondência ao destinatário o 
agente pode violar e verificar seu conteúdo. 
 
4.1 Interceptação telefônica 
A interceptação telefônica é regulamentada pela Lei nº 9.296/96 e, é utilizada como 
um meio de prova no âmbito do direito penal e processo penal. É através dela que as 
autoridades policiais tomam conhecimento de uma conversa entre os interlocutores, 
sem que eles saibam disso. 
 
A interceptação deve ser requisitada pelo delegado de polícia, no curso do inquérito 
policial ou pelo Ministério Público, durante a ação penal, e autorizada por um juiz 
competente, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal. Além disso, a 
requisição da interceptação deve ser motivada, ou seja, só é possível requisitar se 
estiver investigando ou processando um crime que seja punido com reclusão e a 
interceptação é a única chance de provar o envolvimento do acusado. 
 
Por fim, é importante destacar que a interceptação telefônica não se confunde com a 
quebra do sigilo telefônico. Conforme destaca Nathalia Masson (2020) enquanto a 
quebra do sigilo telefônico “descortina dados objetivos referentes aos registros 
exteriores das comunicações telefônicas pretéritas”, a interceptação telefônica 
“depende de terminação judicial para ser decretada – incide diretamente na 
comunicação, já que seu conteúdo (a conversa, no momento em que ocorre) é que é 
o alvo da intromissão”. 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Inviolabilidade das correspondências e comunicações – inciso XII 
www.cenes.com.br | 12 
4.1.1 Gravação clandestina 
A gravação clandestina é aquela feita sem pedido, autorização ou motivo, por um 
interlocutor sem o conhecimento do outro, ou por uma pessoa autorizada por um dos 
interlocutores sem o conhecimento do outro. Nas palavras de Bernardo Fernandes 
(2020) a gravação clandestina“é aquela feita por um dos interlocutores sem o 
conhecimento do outro interlocutor. Essa pode se dar por meio de telefone, ou 
mesmo de forma ambiental (gravação ambiental)”. 
 
No entanto, embora clandestina, esse tipo de gravação é considerado como prova 
lícita e pode ser utilizada na investigação criminal para defesa própria, esse é o 
entendimento da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal. Contudo, não compartilham 
do mesmo raciocínio a gravação de conversas protegidas por sigilo constitucional, 
como aquelas realizadas entre advogados e seus clientes ou de padres com os seus 
fiéis. 
 
4.2 Quebra de dados telefônicos 
A quebra do sigilo de registros e dados telefônicos ocorre quando a autoridade obtém 
os registros constantes na companhia telefônica como, por exemplo, a agenda de 
contatos, o registro das ligações efetuadas e recebidas, a localização do aparelho 
através da antena e/ou sinal de GPS, entre outros. São legitimados para solicitar a 
quebra de dados, os delegados de polícia, o Ministério Público e pela Comissão 
Parlamentar de Inquérito (CPI). 
 
4.3 Quebra do sigilo bancário e fiscal 
O sigilo bancário é uma garantia constitucional, prevista no art. 5º, incisos X e XII, da 
mesma forma o sigilo fiscal é protegido pelo art. 198 do Código Tributário Nacional. 
Contudo, esse sigilo só pode ser quebrado com autorização do poder judiciário, de 
modo que terão acesso a quebra apenas o juiz, o fisco ou a Comissão Parlamentar de 
Inquérito (CPI) federal ou estadual. 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Conclusão 
www.cenes.com.br | 13 
5 Conclusão 
Dentre os muitos incisos do art. 5º da Constituição Federal, estão os que garantem ao 
cidadão a prerrogativa de manter em sua esfera pessoal algumas esferas da sua vida 
privada. Além disso, o texto constitucional assegura ao indivíduo a inviolabilidade de 
determinados locais e garante que ninguém possa adentrá-lo, exceto em 
determinadas situações, sem o seu consentimento. 
 
Assim, nesta unidade, falamos sobre a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, 
honra e imagem, sobre a inviolabilidade do domicílio, das correspondências e das 
comunicações, de modo que, nessa última estão compreendidos os sigilos a 
correspondência, a comunicação de dados, comunicação telegráfica e telefônica. 
 
6 Referências Bibliográficas 
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 16 
ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017. 
BAHIA, Flavia. Direito Constitucional. 3 ed. Recife, PE: Armador, 2017. 
BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os 
conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 9 ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2020. 
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 12 ed. rev. atual. 
e ampl. Salvador: JusPodivm, 2020. 
FERREIRA, Luiz Pinto. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Editora Saraiva, 
1999. 
MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. 8 ed. Ver. ampl. e atual. 
Salvador: JusPodivm, 2020. 
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 34 ed. São Paulo: Atlas, 2018. 
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 16 
ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017. 
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos 
direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 13 ed. rev. e atual. Porto Alegre: 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Referências Bibliográficas 
www.cenes.com.br | 14 
Livraria do Advogado, 2018. 
SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de 
direito constitucional. 8 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. 
SILVA, José Afonso da. Curso de Direitos Constitucional Positivo. 37 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2014. 
TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 18 ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2020. 
 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Referências Bibliográficas 
www.cenes.com.br | 15 
 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 1 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS 
E COLETIVOS 
 
CONTEÚDO 
Art. 5º - Incisos XII ao XXXIII 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 2 
A Faculdade Focus se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne à sua 
edição (apresentação a fim de possibilitar ao consumidor bem manuseá-lo e lê-lo). A 
instituição, nem os autores, assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos 
ou perdas a pessoa ou bens, decorrentes do uso da presente obra. É proibida a 
reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou 
mecânico, inclusive através de processos xerográficos, fotocópia e gravação, sem 
permissão por escrito do autor e do editor. O titular cuja obra seja fraudulentamente 
reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada poderá requerer a apreensão 
dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da 
indenização cabível (art. 102 da Lei n. 9.610, de 19.02.1998). 
 
Atualizações e erratas: este material é disponibilizado na forma como se apresenta 
na data de publicação. Atualizações são definidas a critério exclusivo da Faculdade 
Focus, sob análise da direção pedagógica e de revisão técnica, sendo as erratas 
disponibilizadas na área do aluno do site www.faculdadefocus.com.br. É missão desta 
instituição oferecer ao acadêmico uma obra sem a incidência de erros técnicos ou 
disparidades de conteúdo. Caso ocorra alguma incorreção, solicitamos que, 
atenciosamente, colabore enviando críticas e sugestões, por meio do setor de 
atendimento através do e-mail secretaria@faculdadefocus.com.br. 
 
 
© 2021, by Faculdade Focus 
Rua Maranhão, 924 - Ed. Coliseo - Centro 
Cascavel - PR, 85801-050 
Tel: (45) 3040-1010 
www.faculdadefocus.com.br 
 
Este documento possui recursos de interatividade através da navegação por 
marcadores. 
Acesse a barra de marcadores do seu leitor de PDF e navegue de maneira RÁPIDA e 
DESCOMPLICADA pelo conteúdo. 
 
http://www.faculdadefocus.com.br/
mailto:secretaria@faculdadefocus.com.br.
http://www.faculdadefocus.com.br/
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 3 
Sumário 
Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 
1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------- 4 
2 Liberdade profissional ------------------------------------------------------------------------------------ 4 
3 Liberdade de comunicação e de informação ------------------------------------------------------- 5 
4 Liberdade de locomoção --------------------------------------------------------------------------------- 5 
5 Direito de reunião e associação ----------------------------------------------------------------------- 6 
6 Direito à propriedade ------------------------------------------------------------------------------------- 8 
6.1 Desapropriação e direito de requisição ---------------------------------------------------------------------------- 9 
7 Direito à propriedade intelectual -------------------------------------------------------------------- 11 
8 Direito à propriedade industrial ---------------------------------------------------------------------- 12 
9 Direitos do consumidor --------------------------------------------------------------------------------- 12 
10 Direito à informação ---------------------------------------------------------------------------------- 12 
11 Conclusão ------------------------------------------------------------------------------------------------ 12 
12 Referências Bibliográficas --------------------------------------------------------------------------- 13 
 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introduçãowww.cenes.com.br | 4 
1 Introdução 
Os direitos e deveres individuais e coletivos estão elencados no caput e nos incisos do 
art. 5º da Constituição Federal, neles estão compreendidos desde os direitos mais 
básicos garantidos ao ser humano, como a vida, igualdade, liberdade, dignidade da 
pessoa humana, até os remédios constitucionais, empregados para garantir as 
prerrogativas conferidas ao indivíduo pelo texto constitucional. Isto é, estão 
garantidos, não só no art. 5º, mas em sua maioria, os direitos humanos de primeira a 
quinta dimensão. 
 
2 Liberdade profissional 
A liberdade profissional está garantida no inciso XIII do art. 5º da Constituição Federal 
o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, desde que atendam as 
qualificações profissionais estabelecidas em Lei, cuja competência de legislar é da 
União, nos termos do art. 22, inciso XVI, também da Constituição Federal. 
 
O inciso que regulamenta a liberdade profissional é um perfeito exemplo de uma 
norma de eficácia contida, onde há a aplicabilidade diretas e imediatas, entretanto, 
essa norma poderá futuramente sofrer restrições, seja por leis infraconstitucionais 
como pela própria Magna Carta. Trata-se de um norma de eficácia contida, porque é 
uma norma de aplicabilidade direta, imediata e restringível, ou seja, o indivíduo pode 
exercer qualquer ofício e, se porventura, uma lei futura regulamentar determinando 
regras para a profissão, ali estará a forma restringível daquele direito, um exemplo é 
a OAB e a CRC. 
 
Neste sentido, Flávia Bahia (2017) destaca que, “este dispositivo é um exemplo claro 
de norma de eficácia contida, ou seja, a Constituição assegura a plena liberdade 
profissional, exceto quando a lei determinar a satisfação de certos requisitos, como é 
o caso da comprovação de três anos de atividade jurídica para quem pretender 
ingressar na carreira da magistratura ou do Ministério Público (arts. 93, I e 129, § 3', 
da CRFB/88, respectivamente), ou ainda, da prova exigida pela Ordem dos Advogados 
do Brasil para o exercício da advocacia”. 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Liberdade de comunicação e de informação 
www.cenes.com.br | 5 
3 Liberdade de comunicação e de informação 
A liberdade de comunicação e de informação está garantida no art. 5º, inciso XIV da 
Constituição Federal, da seguinte forma: “é assegurado a todos o acesso à informação 
e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”. No 
entanto, de acordo com André Ramos Tavares (2020) “essa liberdade segue duas 
grandes vertentes. Na primeira, garante-se a liberdade na divulgação da informação. 
De outra parte, garante-se a liberdade de acesso à informação”. 
 
O direito de ter acesso a informações presume a veracidade das informações obtidas 
pelo cidadão, vez que a garantia constitucional não se estende a informações 
consideradas falsas, errôneas, não comprovadas, levianamente divulgadas. Em outras 
palavras, o princípio da liberdade de comunicação e de informação deve ser 
interpretada de acordo com o princípio da privacidade, de modo que os excessos 
devem ser contidos sob pena de responsabilização daquele que divulgou as 
informações de forma indevida. 
 
Além disso, é importante destacar que, ao mesmo tempo que o inciso XIV do art. 5º, 
CF confere ao cidadão o direito à comunicação e à informação, protege a fonte da 
informação divulgada. Nas palavras de Flávia Bahia (2017) “o sigilo da fonte visa 
proteger a pessoa do informante ou a fonte das informações dos jornalistas, em nome 
da própria liberdade de imprensa e não se confunde com o anonimato, vedado pelo 
inciso IV, pois quem divulga as informações recebidas precisará se apresentar, 
assumindo a responsabilidade pelos exageros cometidos”. 
 
4 Liberdade de locomoção 
É garantido constitucionalmente a todo brasileiro ou estrangeiro, no inciso XV do art. 
5º da CF, a liberdade de locomoção, de modo que, “é livre a locomoção no território 
nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, 
permanecer ou dele sair com seus bens”. 
 
Contudo, observe que, a liberdade de locomoção não será garantida a todo e qualquer 
tempo, mas sim em tempos de paz. Neste sentido, Nathalia Masson (2020) afirma que 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direito de reunião e associação 
www.cenes.com.br | 6 
“o direito de ir, vir ou permanecer no território nacional em tempo e paz não pode ser 
visto como absoluto, afinal trata-se de uma norma constitucional de eficácia contida 
– o que possibilita que a própria Constituição, ou a legislação complementar, restrinja 
sua amplitude, a partir de critérios proporcionais e justificáveis”. No mesmo sentido, 
Flávia Bahia (2017) esclarece que o direito à liberdade de locomoção do cidadão “cede 
espaço em caso de legalidade extraordinária, como na hipótese de estado de sítio (art. 
139, I), quando a proteção da vida pode levar o Estado a determinar que as pessoas 
permaneçam em lugares determinados”. 
 
 
 
5 Direito de reunião e associação 
O direito de reunião e de associação está salvaguardado no inciso XVI do art. 5º da 
Constituição Federal e garante a todos o direito de se reunir pacificamente, sem armas, 
em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não 
frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas 
exigido prévio aviso à autoridade competente. 
 
De acordo com Nathalia Masson (2020) o direito de reunião “possui uma ligação 
estreita com a liberdade de expressão e com o sistema democrático de governo, eis 
que a opinião pública manifestada em reuniões, de forma libre e independente, 
aproxima as pessoas da vida pública, permitindo um controle do exercício do poder 
por meio do banho cáustico a que são submetidas as deliberações políticas”. 
 
No mesmo sentido, Flávia Bahia (2017) determina que para a implementação do 
direito de reunião “num país democrático, a Constituição apenas exige que a 
autoridade competente seja comunicada previamente sobre o dia, horário e local da 
reunião, a fim de que possa tomar providências necessárias à sua realização, que a 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direito de reunião e associação 
www.cenes.com.br | 7 
reunião não frustre outra convocada para o mesmo local, e, ainda, que os 
manifestantes não estejam armados”. Sendo assim, é possível definir como 
características da reunião, as seguintes: 
→ Não é preciso de autorização para que seja realizado um dia de reunião, ou seja, 
não é preciso de autorização de uma autoridade pública; 
→ É necessário um prévio aviso para que o Estado possa se preparar, garantir o 
direito de reunião e para não frustrar outra reunião; 
→ É tratado sempre em local aberto, pois em local fechado não é algo de interesse 
do Estado; 
→ A reunião deve ser obrigatoriamente pacífica, (será pacífico quando não há 
armas); 
→ Esse direito a reunião é um direito que não é absoluto e pode ser suspenso, ou 
seja, pode ser limitado em Estado de Exceção; 
→ As reuniões no seio da associação podem ser suspensas; 
→ Em situação de Estado de Exceção, as reuniões fechadas podem sofrer 
limitações. 
 
 
 
O direito de associação é um direito paralelo ao de reunião, o qual confere ao 
indivíduo a liberdade para se associar, para fins lícitos, sendo vedada as de caráter 
paramilitar (art. 5º, XVII da CF). Note que, a vedação as associações paramilitares, não 
restringe o movimento dos militares, pois, estes também gozam do direito de 
associação, a proibição é no sentido de barrar grupos separatistas ou com fins de 
guerrilha, que afrontam diretamente a República Federativa do Brasil e o estado 
democrático de direito. 
 
Quando a polícia pode interpretar como uma reunião armada? Para o STF 
deve ser aplicado o princípio da proporcionalidade e razoabilidade. 
Ex.: Há uma reunião com 100 mil integrantes,5 indivíduos de má índole 
levam armas, a reunião não deve ser finalizada, estes 5 sujeitos devem ser 
afastados e a reunião deve prosseguir. 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direito à propriedade 
www.cenes.com.br | 8 
Regulamentadas a partir do inciso XVIII e seguintes, as associações e as associações 
de cooperativas podem ser criadas, independentemente, de autorização, sendo 
vedada a interferência estatal em seu funcionamento, bem como não poderá manter 
ninguém associado contra a sua vontade. Além disso, é importante destacar a redação 
do inciso XXI do art. 5º da CF, que confere as entidades associativas a prerrogativa de, 
quando expressamente autorizadas, representar seus filiados judicial ou 
extrajudicialmente (legitimidade). 
 
Neste sentido, conforme destaca Flávia Bahia (2017) “a Constituição ainda autoriza 
que uma associação represente os interesses de seus associados, facilitando a vida 
das pessoas. Chama-se representação processual o poder que uma entidade tem de 
ingressar em juízo em nome de seus filiados. Esta representação pode ser exercida 
também extrajudicialmente e a jurisprudência admite que a autorização possa ser 
extraída dos estatutos da entidade, ou tomada em assembleia geral”. 
 
Ainda, no que toca a dissolução das associações, estabelece o inciso XIX do art. 5º da 
CF que, elas só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades 
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado. 
Assim, podemos citar como comuns ao direito de associação as seguintes 
características: 
→ É um direito que não precisa de autorização estatal; 
→ O Estado não pode intervir; 
→ Há o princípio da facultatividade, se está livre para associar e para sair da 
associação; 
→ Não se pode ter uma associação para fins ilícitos e paramilitares; 
 
6 Direito à propriedade 
O direito à propriedade é um dos mais antigos da humanidade, desde as primeiras 
civilizações cada um escolhia ou lhe era cedido uma porção de terra que pudesse 
construir sua residência, trabalhar e manter sua família. No entanto, é obvio que, com 
o passar dos anos esse direito sofreu algumas modificações, muito embora seja 
assegurado a todo cidadão no inciso XXII do art. 5º da Constituição Federal – é 
garantido o direito de propriedade. 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direito à propriedade 
www.cenes.com.br | 9 
 
Conforme esclarece Flávia Bahia (2017), devido as modificações suportadas pelo 
direito à propriedade ao longo dos anos, “não há propriedade hoje vista sob o ângulo 
meramente privado, com poderes ilimitados de uso e fruição do bem, tendo em vista 
que o direito foi remodelado em razão da função social da propriedade, que passa a 
integrar o seu próprio conceito”. 
 
Nas palavras de Bernardo Fernandes (2020) “a atual proteção à propriedade (art. 5º, 
XXII, e art. 170, II da CR/88) é abrangente, incluindo o patrimônio e sob esse título os 
direitos reais, os direitos pessoais e as propriedades literárias e artísticas, as invenções 
e as descobertas. Mas a noção de patrimônio inclui ainda o conjunto, não apenas de 
direitos, mas ainda de obrigações de um indivíduo. Coligado também ao direito de 
propriedade está a proteção constitucional à herança (art. 5º, XXX, da CR/88). 
 
Além disso, diferente do que ocorria nos primórdios, o conceito de propriedade vai 
muito além da relação entre uma pessoa e uma coisa, atualmente, para que a 
propriedade receba a proteção que lhe cabe, é necessário que ela atenda a sua função 
social, nos termos do inciso XXIII do art. 5º da CF. No entanto, conforme destaca José 
Afonso da Silva (2014) “a função social da propriedade não se confunde com os 
sistemas de limitação da propriedade. Estes dizem respeito ao exercício do direito ao 
proprietário; aquela, à estrutura do direito mesmo, à propriedade”. 
 
Assim, conforme destaca Bernardo Fernandes (2020) “não poderá ser juridicamente 
considerado proprietário aquele que não der ao bem uma destinação compatível e 
harmoniosa com o interesse público. Logo, é muito mais que o estabelecimento de 
limitação ao exercício do bem, fixando condutas que podem, até mesmo, colidir com 
os interesses do proprietário, mas que, se não atendidas, desnaturam a sua própria 
condição”. 
 
6.1 Desapropriação e direito de requisição 
A desapropriação é o ato de transferência compulsória da propriedade particular para 
o patrimônio público, realizado pelo Poder Público. De acordo com Flávia Bahia (2017) 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direito à propriedade 
www.cenes.com.br | 10 
“é também uma espécie de limitação administrativa ao direito de propriedade, tendo 
em vista a realização de obras e serviços públicos, em nome do interesse da 
coletividade, mas sempre realizada mediante o pagamento de indenização”. Por outro 
lado, a requisição administrativa, embora também seja uma forma de intervenção do 
Estado, é mais branda do que a desapropriação, vez que, neste último não há a 
transferência do bem, apenas a sua posse. 
 
XXIV- a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade 
pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados 
os casos previstos nesta Constituição; 
XXV- no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de 
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; 
 
Isto é, enquanto a desapropriação atinge o domínio da propriedade, mantendo seus 
efeitos de forma permanente, a requisição administrativa atinge a posse do bem e 
possui efeitos temporários. Em ambas as situações haverá indenização, porém na 
desapropriação a indenização é prévia, justa e em dinheiro. 
 
Além disso, é possível que ocorra ainda a expropriação da propriedade, que é uma 
espécie de desapropriação sem pagamento de indenização. Nas palavras de Nathalia 
Masson (2020) a expropriação é uma espécie de limitação ao direito de propriedade, 
“é a supressão punitiva da propriedade privada, por ordem judicial, sem que o 
proprietário tenha direito a receber qualquer indenização. Prevista no art. 243, CF/88, 
ocorre nas situações em que o sujeito se utiliza de sua propriedade, rural ou urbana, 
localizada em qualquer região do País, para culturas ilegais de plantas psicotrópicas 
ou a exploração de trabalho escravo”. 
Ex.: imagine que você possui uma fazenda, entretanto, seu filho planta maconha 
em seu terreno. O STF compreende que ocorrerá a expropriação da propriedade 
que não alcançou a sua função social e foi condenada, flagrada com o plantio de 
drogas. A propriedade inteira será expropriada, mesmo que seu filho tenha 
plantado em apenas uma parte do terreno, ou seja, sem pagamento de 
indenização. 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direito à propriedade intelectual 
www.cenes.com.br | 11 
 
 
7 Direito à propriedade intelectual 
Todo cidadão goza do direito à propriedade intelectual, também chamados de 
direitos autorais, acompanham o indivíduo durante toda sua vida e post mortem é 
transmitido aos seus herdeiros por um tempo determinado, até que a obra caia em 
domínio público, nos termos do art. 5º, inciso XXVII da Constituição Federal. 
XXVII- aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de 
suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; 
 
Além disso, estabelece o inciso XXVIII, que são assegurados, nos termos da lei: a) a 
proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e 
voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; b) o direito de fiscalização do 
aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direito à propriedade industrial 
www.cenes.com.br | 12 
criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicaise associativas; 
 
8 Direito à propriedade industrial 
O direito à propriedade industrial está assegurado no inciso XXIX do art. 5º da 
Constituição Federal, de modo que, a lei assegurará aos autores de inventos industriais 
privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, 
à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo 
em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País. 
 
9 Direitos do consumidor 
O XXXII do art. 5º da CF prevê que o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do 
consumidor. Esse direito é efetivado com a promulgação do Código de Defesa do 
Consumidor, uma das primeiras Leis criadas após a Constituição de 1988. 
 
10 Direito à informação 
Nos termos do inciso XXXIII do art. 5º da CF, todos têm direito a receber dos órgãos 
públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, 
que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas 
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. 
 
 
11 Conclusão 
Nesta unidade, falamos sobre a liberdade profissional, de comunicação, de 
informação e de locomoção, bem como sobre os direitos à reunião, associação, do 
As informações estão garantidas para todos, não é somente para os 
comprovadamente pobres. Todos possuem o direito de receber dos órgãos 
públicos informações de seu interesse particular. 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Referências Bibliográficas 
www.cenes.com.br | 13 
consumidor, à informação e a propriedade, sendo que nesta última estão 
compreendidas a propriedade intelectual e industrial. 
 
12 Referências Bibliográficas 
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 16 
ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017. 
BAHIA, Flavia. Direito Constitucional. 3 ed. Recife, PE: Armador, 2017. 
BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os 
conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 9 ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2020. 
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 12 ed. rev. atual. 
e ampl. Salvador: JusPodivm, 2020. 
FERREIRA, Luiz Pinto. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Editora Saraiva, 
1999. 
MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. 8 ed. Ver. ampl. e atual. 
Salvador: JusPodivm, 2020. 
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 34 ed. São Paulo: Atlas, 2018. 
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 16 
ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017. 
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos 
direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 13 ed. rev. e atual. Porto Alegre: 
Livraria do Advogado, 2018. 
SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de 
direito constitucional. 8 ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. 
SILVA, José Afonso da. Curso de Direitos Constitucional Positivo. 37 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2014. 
TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 18 ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2020. 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Referências Bibliográficas 
www.cenes.com.br | 14 
 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 1 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS 
E COLETIVOS 
 
CONTEÚDO 
Art. 5ª – Incisos XXXVIII ao LXVII 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 2 
A Faculdade Focus se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne à sua 
edição (apresentação a fim de possibilitar ao consumidor bem manuseá-lo e lê-lo). A 
instituição, nem os autores, assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos 
ou perdas a pessoa ou bens, decorrentes do uso da presente obra. É proibida a 
reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou 
mecânico, inclusive através de processos xerográficos, fotocópia e gravação, sem 
permissão por escrito do autor e do editor. O titular cuja obra seja fraudulentamente 
reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada poderá requerer a apreensão 
dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da 
indenização cabível (art. 102 da Lei n. 9.610, de 19.02.1998). 
 
Atualizações e erratas: este material é disponibilizado na forma como se apresenta 
na data de publicação. Atualizações são definidas a critério exclusivo da Faculdade 
Focus, sob análise da direção pedagógica e de revisão técnica, sendo as erratas 
disponibilizadas na área do aluno do site www.faculdadefocus.com.br. É missão desta 
instituição oferecer ao acadêmico uma obra sem a incidência de erros técnicos ou 
disparidades de conteúdo. Caso ocorra alguma incorreção, solicitamos que, 
atenciosamente, colabore enviando críticas e sugestões, por meio do setor de 
atendimento através do e-mail secretaria@faculdadefocus.com.br. 
 
 
© 2021, by Faculdade Focus 
Rua Maranhão, 924 - Ed. Coliseo - Centro 
Cascavel - PR, 85801-050 
Tel: (45) 3040-1010 
www.faculdadefocus.com.br 
 
Este documento possui recursos de interatividade através da navegação por 
marcadores. 
Acesse a barra de marcadores do seu leitor de PDF e navegue de maneira RÁPIDA e 
DESCOMPLICADA pelo conteúdo. 
 
http://www.faculdadefocus.com.br/
mailto:secretaria@faculdadefocus.com.br.
http://www.faculdadefocus.com.br/
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 3 
Sumário 
Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 
1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------- 4 
2 O Júri ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 4 
3 Princípio da Legalidade e da Reserva Legal -------------------------------------------------------- 6 
3.1 Crimes Inafiançáveis e Práticas Discriminatórias ---------------------------------------------------------------- 7 
3.2 Intranscendência da Pena --------------------------------------------------------------------------------------------- 9 
4 Das Penas ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 9 
5 Direitos assegurados aos Presos --------------------------------------------------------------------- 10 
5.1 Devido processo legal ------------------------------------------------------------------------------------------------- 11 
6 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 13 
7 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 13 
 
 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 4 
1 Introdução 
O Título II da Constituição Federal cuida dos direitos e garantias fundamentais do ser 
humano, sendo considerado, por esse motivo, um dos títulos mais importante da Lei 
Maior. Ao longo dos 78 incisos e parágrafos do art. 5º deste título estão enumerados 
os direitos e deveres individuais e coletivos. Considerado um rol exemplificativo 
(aberto) de direitos fundamentais, costuma ser esmiuçado pelos doutrinadores dada 
sua relevância em matéria constitucional, pois é base também para a identificação de 
outros direitos fundamentais dispostos ao longo de toda a Constituição Federal. 
 
A respeito dos critérios de justificação da fundamentalidade destes outros direitos 
dispersos no texto constitucional, argumenta-se que sua identificação deve ser 
pautada sempre no critério da importância “atentando-se, para além dos parâmetros 
extraídos do próprio sistema constitucional, para a efetiva correspondência com o 
sentido jurídico dominante”,dependendo esta avaliação da sensibilidade do 
intérprete, entendendo que “a busca do referencial material para a identificação de 
direitos fundamentais deverá guardar sintonia com os critérios estabelecidos, ainda 
que não diretamente, pela própria Constituição”. (SARLET; MARIONI; MITIDIERO, 
2019). Neste sentido, é também fundamental concentramos nossa atenção nos 
dispositivos enumerados no catálogo do Título II para a identificação de outros 
dispersos na Constituição Federal. Nesta unidade, cuidaremos de estudar os incisos 
XXXVIII ao LXVII do art. 5º. 
 
2 O Júri 
O Júri é uma instituição criada pela Constituição Federal, promulgada no art. 5º, inciso 
XXXVIII, tendo por objetivo oportunizar a participação da sociedade no julgamento 
de cidadãos acusados de crimes dolosos contra a vida, que são aqueles nos quais o 
“agente (indivíduo que pratica o crime) prevê o resultado lesivo de sua conduta e, 
ainda assim, pratica a ação, produzindo o resultado. Porque ele deseja o resultado. 
Age com dolo, isto é, com vontade de que o resultado seja efetivado, se concretize” 
(MASSON, 2020). 
 
Contudo, conforme aponta Flavia Bahia (2017), existem hipóteses excepcionais, “em 
que crimes dolosos contra a vida não serão julgados pelo Tribunal do Júri, em razão, 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
O Júri 
www.cenes.com.br | 5 
por exemplo, do foro privilegiado de processo que possuem algumas autoridades 
públicas, tendo em vista que normas especiais prevalecem sobre as gerais”. Assim, 
apenas nos casos em que a lei determinar outro foro para o caso, o crime doloso 
contra a vida não será de competência do Tribunal do Júri. Por exemplo, no caso de o 
crime doloso contra a vida ser praticado pelo Presidente da República, ele será julgado 
pelo STF (art. 102, I, ‘b’, CF), não sendo aplicada a regra geral do art. 5º, XXXVIII. 
Contudo, se o foro especial da autoridade estiver previso não na Constituição Federal 
mas em outro documento inferior, a competência do Júri prevalecerá. 
 
Outro exemplo, se um governador e o vice-governador do Estado cometerem um 
crime doloso contra a vida, o governador do Estado será julgado pelo STJ por 
determinação constitucional. Já o vice-governador envolvido no crime de homicídio 
será julgado pelo TJ do Estado. O foro por prerrogativa de função do vice-governador 
está na Constituição, contudo estabelece a Súmula Vinculantes nº 45 que “a 
competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por 
prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual”. 
 
Conforme aponta Masson (2020), o art. 5º, XXXVIII, CF, reconhece a instituição do júri, 
assegurando três importantes regras válidas para o Tribunal do Júri, são elas: 
a) a plenitude de defesa: derivação do princípio da ampla defesa e do contraditório, 
permite ao acusado “se defender do crime do qual é acusado com todos os meios 
lícitos. Poderão, inclusive, ser utilizados argumentos não jurídicos, tais como os 
sentimentos sociológicos e emocionais (apelativos aos sentimentos dos jurados)”. 
b) a soberania dos veredictos: impede que a decisão final dos jurados seja alterada 
por decisão judicial. “Não sendo absoluta tal regra, segundo o STF é possível 
recorrer da decisão prolatada pelo Júri quando ela for manifestamente contrária à 
prova dos autos”. 
c) o sigilo das votações: “consistente no fato de que a opinião dos jurados não 
devem ser conhecidas individualmente e ficam imunes a interferências externas” 
(BAHIA, 2017). 
 
O Júri compõem um órgão colegiado, heterogêneo e temporário, formado por um 
juiz de direito e sete jurados, sendo sua composição e atribuições disciplinadas pelo 
Código de Processo Penal. 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Princípio da Legalidade e da Reserva Legal 
www.cenes.com.br | 6 
3 Princípio da Legalidade e da Reserva Legal 
O inciso XXXIX do art. 5º, CF, estabelece que “não há crime sem lei anterior que o 
defina, nem pena sem prévia cominação legal”. Este dispositivo fundamenta-se no 
princípio da legalidade e no princípio da reserva legal – nullun crimen sine lege –, que 
se encontra firmado no art. 5º, II, CF (“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude da lei”), funcionando como uma garantia contra 
possíveis abusos do poder. 
 
De acordo com esses princípios, “a tipificação da conduta criminosa só pode ser feita 
por lei em sentido formal, produzida pelo Congresso Nacional, pois cabe à União 
legislar sobre a matéria (art. 22, I), de acordo com o devido processo legislativo” 
(BAHIA, 2017). 
 
Vale destacar que não raro os princípios da legalidade e da reserva legal carecem de 
suficiente distinção por parte da doutrina. No entanto, afirma Flavia Bahia (2017) que 
o princípio da legalidade “consiste na submissão a todas as espécies normativas 
elaboradas em conformidade com o processo legislativo previsto na Constituição (leis 
em sentido amplo), o princípio da reserva legal incide apenas sobre campos materiais 
específicos (delimitados), submetidos exclusivamente ao tratamento do Poder 
Legislativo (leis em sentido estrito)”. Assim, o princípio da legalidade abarca 
conteúdo em sentido amplo, como as resoluções, decretos e portarias; enquanto o 
princípio da reserva legal abarca matérias mais específicas, tais como leis ordinárias, 
leis complementares e leis delegadas. 
 
A regra do art. XL, por sua vez, consagra a irretroatividade da lei penal in pejus e a 
retroatividade da lei penal mais benéfica (a lei penal não retroagirá, salvo para 
beneficiar o réu). Segundo Nathalia Masson (2020), “tais princípios indicam que a lei 
penal não pode voltar para o passado e alcançar fatos pretéritos. A lei penal vale ‘dali 
para frente’, salvo se essa lei nova for melhor para o réu (uma ‘novatio legis in mellius’), 
pois aí ela terá retroatividade, ela poderá atingir fatos passados”. 
 
Na sequência, a Constituição institui, no inciso XLI, limites ao poder do Estado para 
que a as liberdades públicas sejam respeitadas, afirmando que a “a lei punirá qualquer 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Princípio da Legalidade e da Reserva Legal 
www.cenes.com.br | 7 
discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais”. Este preceito de 
enunciado abrangente deve nortear a tarefa do legislador de elaborar normas visando 
a proteção à dignidade da pessoa humana. 
 
3.1 Crimes Inafiançáveis e Práticas Discriminatórias 
Os incisos XLII ao XLIV do art. 5º, CF, dispõem sobre práticas discriminatórias, crimes 
inafiançáveis e imprescritíveis, estabelecendo as seguintes regras: 
 
prática do racismo: constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de 
reclusão, nos termos da lei. Este inciso é parte do aparato de normas voltadas para o 
combate ao preconceito, corroborando o inciso IV do art. 3º, CF, (Constituem objetivos 
fundamentais da República Federativa do Brasil: [...] promover o bem de todos, sem 
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de 
discriminação); além da Lei n. 7.716/89, que define os crimes resultantes de 
preconceito de raça ou de cor. 
 
crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia: contemplam a prática da 
tortura (definida na Lei n. 9.455/97), o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins 
(previsto na Lei nº 6.368/76), o terrorismo e os definidos como crimes hediondos (Leis 
n. 8.072/90 e 8.930/94), por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, 
podendo evitá-los, se omitirem. Segundo Flavia Bahia (2017), graça é a “medida de 
clemência solicitada pelo condenado com base em características pessoais e não se 
confunde com a anistia, que é o ato de clemência, por meio do qual são esquecidos 
os atos ilícitos cometidos pelo agente e é concedida por lei, com o objetivo de 
promover o arquivamento dos processos pendentes, além de suspender a execução 
das penasem curso, eliminando os efeitos das penalidades que já foram cumpridas”. 
Assim, em resumo, a graça é um perdão presidencial individual; o indulto é um perdão 
presidencial, porém coletivo; e a anistia é um perdão dado pelo Congresso Nacional, 
com o aval da presidência. 
 
crime inafiançável e imprescritível: contemplam a ação de grupos armados, civis ou 
militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático. 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Princípio da Legalidade e da Reserva Legal 
www.cenes.com.br | 8 
 
Figura 1 - Crimes inafiançáveis 
Fonte: Núcleo Editorial Focus 
 
Na sequência, estão elencadas as definições de conceitos conexos ao tema. 
Anistia: o Estado renuncia ao seu direito de punir determinados fatos. A anistia não é 
pessoal, direciona-se aos fatos. 
Graça: concedida pessoalmente, extingue diretamente a pena imposta em sentença judicial 
transitada em julgado. 
Indulto: ocorre da mesma forma que a graça, porém é coletivo (e não individual). 
Competência para conceder anistia: privativa da União (art. 21, XVII) sempre por meio de 
lei federal com deliberação do Congresso Nacional (art. 48, VIII). 
Competência para conceder indulto (e graça): é ato discricionário do Presidente da 
República (art. 48, XII), podendo tal atribuições ser delegada aos Ministros de Estado, PGR 
ou AGU (art. 84, parágrafo único). 
Quadro 1 - Definição de conceitos conexos 
Fonte: Adaptado de MASSON (2020) 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Das Penas 
www.cenes.com.br | 9 
3.2 Intranscendência da Pena 
Em consonância com Masson (2020), o princípio da intranscendência (ou 
personalização) da pena é consagrado no art. 5º, inciso XLV, CF, e defende que 
“nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o 
dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos 
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”. 
Esse princípio visa assegurar que ninguém sofra os efeitos da condenação de outrem, 
que ninguém cumpra pena no local de outra pessoa. 
 
É importante pontuar, contudo, que essa regra é distinta para a “obrigação de reparar 
o dano e à decretação do perdimento de bens”, uma vez que “os herdeiros, no limite 
do patrimônio por eles herdado, terão que arcar com essas obrigações (com essas 
penas que tem consequências patrimoniais – tais como as multas, as indenizações 
etc)”. 
 
Além disso, pelo princípio do juiz natural, “ninguém será processado nem 
sentenciado senão pela autoridade competente” (art. 5º, LIII, CF). Conforme Gilmar 
Ferreira Mendes (2021), o juiz natural é “aquele regular e legitimamente investido de 
poderes da jurisdição, dotado de todas as garantias inerentes ao exercício de seu 
cargo (vitaliciedade, inamovibilidade, irredutibilidade de vencimentos – CF, art. 95, I, 
II, III), que decide segundo regras de competência fixadas com base em critérios gerais 
vigentes ao tempo do fato”. 
 
4 Das Penas 
Segundo Masson (2020), “individualizar a pena significa impor uma sanção condizente 
com a gravidade do fato e as características pessoais do infrator”. Assim, as penas 
serão mais gravosas quanto mais gravosa for a conduta, e mais brandas quando a 
conduta for menos grave. De acordo com o art. 5º, XLVI, CF, a lei regulará a 
individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: 
▪ privação ou restrição da liberdade; 
▪ perda de bens; 
▪ multa; 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direitos assegurados aos Presos 
www.cenes.com.br | 10 
▪ prestação social alternativa; 
▪ suspensão ou interdição de direitos; 
 
Dentre essas penas, a única que pode ser cumulada com outras é a multa. 
 
Quanto à possibilidade de vedação das penas, o art. º, XLVII, CF afirma que não haverá 
penas: 
▪ de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
▪ de caráter perpétuo; 
▪ de trabalhos forçados; 
▪ de banimento; 
▪ cruéis; 
 
Segundo a redação dada pela Lei n. 13.964/2019 ao Código Penal, art. 75, “o tempo 
de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40 anos”. 
 
5 Direitos assegurados aos Presos 
O art. 5º prevê também alguns direitos e garantias asseguradas aos presos, 
destacando-se o seguinte: 
▪ a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do 
delito, a idade e o sexo do apenado (XLVIII); 
▪ é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral (XLIX); 
▪ às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com 
seus filhos durante o período de amamentação (L); 
▪ ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de 
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei (LXI); 
▪ a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados 
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele 
indicada (LXII); 
▪ o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, 
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado (LXIII); 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direitos assegurados aos Presos 
www.cenes.com.br | 11 
▪ o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu 
interrogatório policial (LXIV); 
▪ a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária (LXV); 
▪ ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade 
provisória, com ou sem fiança (LXVI); 
▪ o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso 
além do tempo fixado na sentença (LXXV); 
▪ a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do 
delito, a idade e o sexo do apenado (XLVIII); 
▪ é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral (XLIX); 
 
O direito à liberdade é um dos valores mais fulcrais do ordenamento pátrio, por isso 
só será restringido nos casos em que a legislação penal determinar, de modo que 
qualquer prisão ilegal deva ser imediatamente relaxada pela autoridade judiciária, não 
podendo, além disso, manter a prisão nos casos em que a lei admitir a liberdade 
provisória, com ou sem fiança. 
 
Ainda, segundo Flavia Bahia (2017), “o respeito à integridade física e moral da pessoa 
humana é corolário da proteção à dignidade que todo indivíduo, independentemente 
de suas características pessoais ou ações na vida, deve ter protegida pelo Estado”. 
 
5.1 Devido processo legal 
A Constituição Federal assegura o direito ao devido processo legal (art. 5º, LIV, CF: 
“ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”). 
Esta é uma das garantias mais importantes do art. 5º. De acordo com Masson (2020), 
o devido processo legal “se traduz na ideia de que um conjunto de garantias 
processuais, formais e materiais deverão ser observadas para que esta norma 
constitucional seja satisfeita”. Assim, a Constituição estabelece algumas regras que 
devem necessariamente ser obedecidas no transcorrer do processo, tais como o 
direito ao contraditório e ampla defesa, a inadmissibilidade de provas ilícitas, direto à 
prova, direito ao silêncio etc. 
 
O direito ao contraditório e ampla defesa está previsto no art.. 5º, LV, da CF, de 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Direitos assegurados aos Presos 
www.cenes.com.br | 12 
acordo com o qual, aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral serão assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios 
e recursos a ela inerentes. Ainda, conforme a Súmula Vinculante nº 14, “é direito do 
defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, 
já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com 
competência de polícia judiciária, digam respeitoao exercício do direito de defesa”. 
 
 
 
Outras regras importantes que devem ser respeitadas no processo estão elencadas do 
inciso LVI ao LXVII: 
▪ são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; 
▪ ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória; 
▪ o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas 
hipóteses previstas em lei; 
▪ será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada 
no prazo legal; 
▪ a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da 
intimidade ou o interesse social o exigirem; 
▪ ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de 
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; 
▪ a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados 
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele 
indicada; 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Conclusão 
www.cenes.com.br | 13 
▪ o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, 
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; 
▪ o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu 
interrogatório policial; 
▪ a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; 
▪ ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade 
provisória, com ou sem fiança; 
▪ não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento 
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; 
 
6 Conclusão 
Nesta aula trabalhamos os direitos e garantias fundamentais dispostos no art. 5º da 
Constituição Federal. Vimos que o Júri é uma instituição criada para possibilitar a 
participação da sociedade no julgamento de cidadãos acusados de praticar crime 
doloso contra a vida; falamos sobre o princípio da legalidade, o qual assegura que não 
haverá crime sem lei anterior que o defina, sobre o devido processo legal, sobre os 
direitos assegurados aos presos, bem como sobre práticas consideradas 
discriminatórias e crimes inafiançáveis. 
 
7 Referências Bibliográficas 
BAHIA, F. Descomplicando Direito Constitucional. – 3. ed. – Recife: Armador, 2017. 
MASSON, N. Manual de Direito Constitucional. – 8. ed. – Salvador: JusPODIVM, 
2020. 
MORAES, A. Direito Constitucional. – 33. ed. – São Paulo: Atlas. 
SARLETE, I. W; MARINONI, L. G.; MITIDIERO, D. Curso de direito constitucional. – 8. 
ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019. 
SILVA, J. A. Curso de Direito Constitucional Positivo. – 37. ed. – São Paulo: Malheiros 
Editores. 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Referências Bibliográficas 
www.cenes.com.br | 14 
 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 1 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA 
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E 
COLETIVOS 
 
CONTEÚDO 
Princípio do Amplo Acesso à Justiça 
Aplicabilidade das Normas 
Tratados Internacionais 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 2 
A Faculdade Focus se responsabiliza pelos vícios do produto no que concerne à sua 
edição (apresentação a fim de possibilitar ao consumidor bem manuseá-lo e lê-lo). A 
instituição, nem os autores, assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos 
ou perdas a pessoa ou bens, decorrentes do uso da presente obra. É proibida a 
reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou 
mecânico, inclusive através de processos xerográficos, fotocópia e gravação, sem 
permissão por escrito do autor e do editor. O titular cuja obra seja fraudulentamente 
reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada poderá requerer a apreensão 
dos exemplares reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da 
indenização cabível (art. 102 da Lei n. 9.610, de 19.02.1998). 
 
Atualizações e erratas: este material é disponibilizado na forma como se apresenta 
na data de publicação. Atualizações são definidas a critério exclusivo da Faculdade 
Focus, sob análise da direção pedagógica e de revisão técnica, sendo as erratas 
disponibilizadas na área do aluno do site www.faculdadefocus.com.br. É missão desta 
instituição oferecer ao acadêmico uma obra sem a incidência de erros técnicos ou 
disparidades de conteúdo. Caso ocorra alguma incorreção, solicitamos que, 
atenciosamente, colabore enviando críticas e sugestões, por meio do setor de 
atendimento através do e-mail secretaria@faculdadefocus.com.br. 
 
 
© 2021, by Faculdade Focus 
Rua Maranhão, 924 - Ed. Coliseo - Centro 
Cascavel - PR, 85801-050 
Tel: (45) 3040-1010 
www.faculdadefocus.com.br 
 
Este documento possui recursos de interatividade através da navegação por 
marcadores. 
Acesse a barra de marcadores do seu leitor de PDF e navegue de maneira RÁPIDA e 
DESCOMPLICADA pelo conteúdo. 
 
http://www.faculdadefocus.com.br/
mailto:secretaria@faculdadefocus.com.br.
http://www.faculdadefocus.com.br/
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 3 
Sumário 
Sumário ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 
1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------- 4 
2 Princípio do amplo acesso à Justiça ------------------------------------------------------------------ 4 
2.1 Princípio da Celeridade ------------------------------------------------------------------------------------------------- 5 
3 Aplicabilidade das Normas ----------------------------------------------------------------------------- 6 
4 Tratados Internacionais---------------------------------------------------------------------------------- 8 
4.1 A hierarquia das normas ----------------------------------------------------------------------------------------------- 8 
5 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 10 
6 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 10 
 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Introdução 
www.cenes.com.br | 4 
1 Introdução 
O Título II da Constituição Federal cuida dos direitos e garantias fundamentais do ser 
humano, sendo considerado, por esse motivo, um dos títulos mais importante da Lei 
Maior. Ao longo dos 78 incisos e parágrafos do art. 5º deste título estão enumerados 
os direitos e deveres individuais e coletivos. Considerado um rol exemplificativo 
(aberto) de direitos fundamentais, costuma ser esmiuçado pelos doutrinadores dada 
sua relevância em matéria constitucional, pois é base também para a identificação de 
outros direitos fundamentais dispostos ao longo de toda a Constituição Federal. 
 
Nesta unidade veremos os dispositivos dos incisos LXXIV ao LXXVIII e §§ 1º ao 3º do 
art. 5º, observando os princípios que regem os direitos e garantias fundamentais 
individuais e coletivas neles delimitados. 
 
2 Princípio do amplo acesso à Justiça 
Dispõe o inciso LXXIV que o “Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita 
aos que comprovarem insuficiência de recursos”. Para atingir a esse fim a Constituição 
instaurou a Defensoria Pública (art. 134, CF), como “instituição permanente, essencial 
à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do 
regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos 
direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos 
individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados”. 
 
A Defensoria Pública é o órgão responsável para atender a demanda da população 
com poucos recursos. Reguladapela Lei Complementar n. 80 de 1994 (posteriormente 
alterada pela Lei Complementar n. 132/2009), abrange a Defensoria Pública da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios (não há Defensoria Pública dos 
Municípios). Em consonância com a lei, são objetivos dessa instituição: 
a. a primazia da dignidade da pessoa humana e a redução das desigualdades 
sociais; 
b. a afirmação do Estado Democrático de Direito; 
c. a prevalência e efetividade dos direitos humanos; a garantia dos princípios 
constitucionais da ampla defesa e do contraditório. 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Princípio do amplo acesso à Justiça 
www.cenes.com.br | 5 
 
Conforme apontam Sarlet, Marinoni e Mitidiero (2019), “para que o Estado 
Constitucional logre o seu intento de tutelar de maneira adequada, efetiva e 
tempestiva os direitos de todos os que necessitem de sua proteção jurídica (art. 5.º, 
XXXV e LXXVIII, da CF), independentemente de origem, raça, sexo, cor, idade e 
condição social (art. 3.º, IV, da CF), é imprescindível que preste assistência jurídica 
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos econômicos para 
bem se informar a respeito de seus direitos e para patrocinarem suas posições em 
juízo (art. 5.º, LXXIV, da CF). Vale dizer: a proteção jurídica estatal deve ser pensada 
em uma perspectiva social, permeada pela preocupação com a organização de um 
processo democrático a todos acessível”. 
 
Assim, são também gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei o 
registro civil de nascimento e a certidão de óbito (art. 5º, LXXVI), embora o direito à 
essas certidões seja garantido a todos, além das ações de habeas corpus e habeas 
data, bem como os atos necessários ao exercício da cidadania, na forma da lei (art. 5º, 
LXXVII). 
 
Além disso, determina o art. 5º, LXXV, CF que o Estado deverá indenizar o condenado 
por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença. 
Neste sentido, Flavia Bahia (2017) afirma que a garantia ao amplo acesso à justiça, 
“não protegem apenas o acesso formal e material à justiça, como também direito a 
sentenças justas, coerentes com o arcabouço probatório colimado nos autos, sob 
pena de responsabilidade objetiva do Estado por erro judiciário (LXXV) e ainda à 
responsabilidade pessoal do agente estatal, na forma do art. 37, § 6º, da CRFB/88. Da 
mesma forma, os danos morais e materiais sofridos em decorrência do excesso de 
prisão também poderão ser reivindicados pela vítima dessa negligência estatal”. 
 
2.1 Princípio da Celeridade 
A celeridade constitui o princípio constitucional que visa solucionar os problemas 
relacionados aos excessos de processos no judiciário, que muitas vezes podem se 
arrastar por longo período de tempo à espera de julgamento. Este princípio foi 
integrado à Constituição pela Emenda Constitucional n. 45 de 2004 ao art. 5º, LXXVIII, 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Aplicabilidade das Normas 
www.cenes.com.br | 6 
segundo o qual será assegurado a todos, no âmbito judicial e administrativo, a 
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua 
tramitação. 
 
Segundo Sarlet, Marinoni e Mitidiero (2019), esse direito reflete “o sentimento comum 
das pessoas no sentido de que justiça lenta é justiça negada (sonoramente recolhido 
na expressão justice delayed is justice denied, da tradição anglo-saxônica). O direito ao 
processo com duração razoável, portanto, constitui peça fundamental para promover 
e manter a confiança social na efetividade da ordem jurídica”. 
 
3 Aplicabilidade das Normas 
Conforme o § 1º do art. 5º da CF “As normas definidoras dos direitos e garantias 
fundamentais têm aplicação imediata”. Contudo, é importante não confundir 
aplicação imediata com aplicabilidade imediata. Conforme aponta José Afonso da 
Silva (2009), as normas que têm aplicação imediata são normas “dotadas de todos 
os meios e elementos necessários à sua pronta incidência aos fatos, situações, 
condutas ou comportamentos que elas regulam”. Para Masson (2020), a aplicação 
imediata retrata uma preocupação em evitar que as normas essenciais para a 
identidade da Constituição não dependam da atuação legislativa para que tenham 
eficácia. 
 
No que concerne à aplicabilidade, as normas podem ser classificadas como de 
aplicabilidade imediata ou mediata. Neste sentido, também as normas definidoras de 
direito e garantias fundamentais (direitos de 1ª dimensão), em regra, são de 
aplicabilidade imediata. Já os direitos sociais, culturais e econômicos (de 2ª dimensão) 
nem sempre o são, tendo em vista que normalmente dependem de providências para 
que tenham eficácia e possam ser aplicados. 
 
Nathalia Masson (2020) explica que, “como regra, a Constituição Federal estabelece 
que as normas definidoras de direitos e garantias fundamentais têm aplicação 
imediata (art. 5º, § 1º, CF/88). Porém, afirmar que uma norma constitucional é dotada 
de aplicabilidade imediata não significa dizer que ela dispensa a atuação positiva por 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Aplicabilidade das Normas 
www.cenes.com.br | 7 
parte dos poderes públicos. Significa dizer, apenas, que o direito nela previsto poderá 
ser exigido pelo seu destinatário de imediato, sem necessidade de regulamentação 
por lei”. 
 
Além disso, segundo o Professor José Afonso da Silva, as normas constitucionais 
podem ser classificadas em normas de eficácia plena, eficácia contida e eficácia 
limitada. As normas de eficácia plena são capazes de produzir efeitos simplesmente 
com a entrada em vigor da Constituição, sem que precisem ser regulamentadas, 
podendo ser dotadas de aplicabilidade a) imediata (aptas a produzir efeitos 
imediatamente); b) direta (não dependem de norma regulamentadora para produzir 
efeitos); c) integral (produzem efeitos integrais, sem sofrer restrições ou limitações). 
 
 
Figura 1 - Aplicabilidade das normas constitucionais 
Fonte: MASSON (2020) 
 
Quanto às normas de eficácia contida, poderão sofrer restrições impostas por lei, por 
conceitos éticos-jurídicos ou por outras normas constitucionais. Já as normas de 
eficácia limitada produzem efeitos somente depois de regulamentadas. “Elas 
asseguram determinado direito, mas este não poderá ser exercido enquanto não for 
regulamentado pelo legislador ordinário. Enquanto não expedida a regulamentação, 
o exercício do direito permanece impedido” (MASSON, 2020). Neste sentido, as 
normas de eficácia limitada têm aplicabilidade mediata, pois seus efeitos são ulteriores 
à regulamentação da lei, indireta, pois dependem de regulamentação para assegurar 
o exercício do direito, e reduzida, pois têm eficácia negativa ao serem promulgadas. 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Tratados Internacionais 
www.cenes.com.br | 8 
4 Tratados Internacionais 
De acordo com o art. 5º, § 2º, da Constituição Federal, “os direitos e garantias 
expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos 
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República 
Federativa do Brasil seja parte”. Isso aponta, conforme explica Gilmar Ferreira Mendes 
e Paulo Gustavo Branco, que no Brasil adotou-se um sistema aberto de direitos 
fundamentais, de modo que o rol de direitos e garantias fundamentais do Título II da 
Constituição não pode ser considerado taxativo, uma vez que estes podem ser 
encontrados em toda a extensão da Constituição 
 
Conforme dispõe o art. 5º, § 3º, “os tratados e convenções internacionais sobre direitos 
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, 
por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas 
constitucionais, lembrando que os direitos fundamentais são direitos humanos 
positivados no âmbito estatal interno, ao passo que os direitos humanos são 
identificáveisno plano abstrato, “desprovidos de qualquer normatividade”, portanto 
exigíveis no plano do Direito Internacional. 
 
Neste sentido, o Brasil também se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional 
a cuja criação tenha manifestado adesão (art. 5º, § 4º), adotando, com isso, a 
possibilidade de aceitar e reconhecer uma sentença, tomado um tribunal que não é 
nacional – embora o envio de ações ao Tribunal Penal Internacional seja facultado aos 
casos em que não apresenta condições para julgar. As matérias a serem submetidas a 
este tribunal estão elencadas nos termos do Estatuto de Roma, promulgado pelo 
Decreto n. 4.388, de 25 de setembro de 2002. Conforme pontua Gilmar Ferreira 
Mendes e Paulo Gustavo Branco (2021), “apenas na hipótese excepcional da previsão 
da competência subsidiária do Tribunal Penal Internacional (art. 5º, § 4º) é que surge 
a possibilidade de eventual revisão de decisões proferidas em última ou única 
instância constitucionalmente disciplinada”. 
 
4.1 A hierarquia das normas 
É oportuno retomarmos as regras básicas da hierarquização das normas segundo a 
teoria pura do direito elaborada por Hans Kelsen, de acordo com a qual uma norma 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Tratados Internacionais 
www.cenes.com.br | 9 
só é válida porque foi criada por outra superior a ela, em razão da característica do 
direito de regular a sua própria criação. Nesta relação, chamada de supra-infra-
ordenação, a norma que regula a produção é chamada de norma superior, ao passo 
que a que é produzida é chamada de norma inferior. 
 
Assim, conforme aponta José Afonso Silva (2014), “a Constituição se coloca no vértice 
do sistema jurídico do país, a que confere validade, e que todos os poderes estatais 
são legítimos na medida em que elas o reconheça e na proporção por ela distribuídos. 
É, enfim, a lei suprema do Estado, pois é nela que se encontram a própria estruturação 
desde e a organização de seus órgãos; é nela que se acham as normas fundamentais 
de Estado, e só nisso se notará sua superioridade em relação às normas jurídicas”. 
Neste mesmo aspecto se encontram, portanto, as emendas constitucionais e o os 
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, 
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos 
respectivos membros, nos termos do art. 5º, § 3º, pois serão equivalentes às emendas 
constitucionais. 
 
 
Figura 2 - Pirâmide de Kelsen 
Fonte: Núcleo Editorial Focus 
 
Na sequência estão as normas infraconstitucionais e supralegais, tais como os demais 
tratados de direitos humanos que não passaram pelo crivo do art. 5º, § 3º, e na base 
estão as normas gerais compostas por leis, decretos, costumes e jurisprudência. 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Conclusão 
www.cenes.com.br | 10 
Vale destacar, nos termos de José Afonso Silva, que “as normas infraconstitucionais 
que violarem as normas internacionais acolhidas na forma daquele § 3º (do art. 60 da 
CF, segundo o qual “a emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara 
dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem”) são 
inconstitucionais, e ficam sujeitas ao sistema de controle de constitucionalidade na via 
incidente como na via direta; as que não forem acolhidas desse modo, ingressam no 
ordenamento interno no nível da lei ordinária e eventual conflito se resolverá, no 
nosso entender, pelo modo de apreciação da relação entre lei especial e lei geral”. 
 
5 Conclusão 
Nesta unidade voltamos nossa atenção ao princípio do amplo acesso à justiça, que 
visa garantir que todos, independentemente de origem, raça, sexo, cor, idade e 
condição social, tenham acesso à proteção jurídica por meio da prestação de 
assistência a todos que comprovarem insuficiência de recursos. Além disso, falamos 
sobre a hierarquia das normas, tomando como norma superior a Constituição Federal, 
a partir da qual as outras encontram fundamento, e da aplicação imediata dos 
institutos do art. 5º, que dispõem sobre as garantias e direitos fundamentais 
individuais e coletivos. 
 
6 Referências Bibliográficas 
BAHIA, F. Descomplicando Direito Constitucional. – 3. ed. – Recife: Armador, 2017. 
MASSON, N. Manual de Direito Constitucional. – 8. ed. – Salvador: JusPODIVM, 
2020. 
MENDES, G. F.; BRANCO, P. G. G. Curso de direito constitucional. – 16. ed. – São 
Paulo: Saraiva Educação, 2021. 
SARLETE, I. W; MARINONI, L. G.; MITIDIERO, D. Curso de direito constitucional. – 8. 
ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019. 
SILVA, J. A. Curso de Direito Constitucional Positivo. – 37. ed. – São Paulo: Malheiros, 
2014. 
 
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos | 
Referências Bibliográficas 
www.cenes.com.br | 11

Mais conteúdos dessa disciplina