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Prévia do material em texto

Direito Sucessório e os Aspectos 
Processuais
Direito Sucessório
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
MARIA CLARA DONATO
 MILENA BARBOSA DE MELO
AUTORIA
Maria Clara Donato 
Sou bacharel em Direito, com bolsa integral pelo ProUni, pela 
Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas (FACISA), Campina Grande/
PB. Pós-Graduanda em Inteligência Policial pela FCE. Fui bolsista no 
programa “Santander Universidades”, tendo a oportunidade de ser aluna 
do Cursos Internacionales na Universidad de Salamanca, na cidade de 
Salamanca, Espanha, obtendo a certificação do nível Avanzado em 
Espanhol. Participei do Grupo de Estudos em Sociologia da Propriedade 
Intelectual – GESPI – da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) 
com Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Centro de Ensino Superior 
e Desenvolvimento (CESED) e Fundação Pedro Américo (FDA) e do 
Núcleo de Estudos em Direito Internacional (NEDI). Sou pesquisadora na 
área do Direito Internacional, Ciências Políticas, Relações Internacionais 
e Direitos Humanos. Me alegro muito em também poder estar presente 
nesta disciplina e espero poder auxiliar bastante em seus estudos.
Milena Barbosa de Melo
Possuo graduação em Direito pela Universidade Estadual da 
Paraíba (2004). Doutora em Direito Internacional pela Universidade de 
Coimbra. Mestre e Especialista em Direito Comunitário pela Universidade 
de Coimbra. Atualmente sou Professora Universitária e Conteudista. 
Como jurista atuo principalmente nas seguintes áreas: Direito à Saúde, 
Direito Internacional público e privado, Jurisdição Internacional, Direito 
Empresarial, Direito do Desenvolvimento, Direito da Propriedade 
Intelectual e Direito Digital.
Desse modo, fomos convidadas pela Editora Telesapiens a integrar 
seu elenco de autores independentes. Estamos muito felizes em poder 
ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte conosco
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Direito Sucessório: Noções e Conceituação .................................... 10
Noções Gerais e Conceituação Inicial .............................................................................10
Dos Sucessores ................................................................................................................................ 13
Da Morte ................................................................................................................................................ 14
Teoria Geral do Direito Sucessório .......................................................20
Contexto Histórico ........................................................................................................................ 20
Fontes ......................................................................................................................................................22
Princípios ...............................................................................................................................................23
Efeitos ......................................................................................................................................................25
Ações de Herança no Direito Sucessório ..........................................29
Terminologias Essenciais ..........................................................................................................29
Herança Jacente e a Herança Vacante ..........................................................................33
Herança Jacente ...........................................................................................................35
A Herança Vacante ......................................................................................................35
Aspectos Processuais do Direito de Sucessão ............................... 37
A Petição de Herança...................................................................................................................37
Do Inventário e Partilha .............................................................................................................. 40
7
UNIDADE
01
Direito Sucessório
8
INTRODUÇÃO
Uma das principais funções do Direito das Sucessões está na sua 
função de legislar e reger as relações no que concerne à transmissão dos 
patrimônios de uma pessoa logo após a sua morte, de forma a garantir o 
norteamento das partes envolvidas no processo, bem como evitar que 
ocorram graves conflitos de interesse. Cabe ressaltar que as origens de 
tal Direito podem ser observadas a partir da Antiguidade, estando sempre 
vinculadas à ideia de continuidade familiar. Assim como todo o restante 
do Direito, as matérias de competência sucessória foram evoluindo para 
acompanhar as necessidades sociais, como também amparar os novos 
litígios que foram surgindo no decorrer de sua evolução. Assim, nesta 
primeira unidade, iremos identificar os conceitos básicos ligados ao 
Direito Sucessório, explicar sua teoria geral, bem como a ação de petição 
de herança e os aspectos processuais atrelados à referida disciplina.
Direito Sucessório
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o 
término desta etapa de estudos:
1. Identificar os conceitos básicos acerca do Direito Sucessório.
2. Aplicar a Teoria Geral do Direito Sucessório.
3. Impetrar ações de petição de herança.
4. Enunciar os aspectos processuais pertinentes à matéria.
Então, agora, convido você a ingressar nesta jornada em busca da 
ampliação dos nossos conhecimentos. Vamos lá?
Direito Sucessório
10
Direito Sucessório: Noções e Conceituação
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo, você será capaz de identificar 
as noções gerais e alguns conceitos referentes ao Direito 
sucessório. Além disso, será capaz de compreender os 
aspectos processuais pertinentes à matéria..
Noções Gerais e Conceituação Inicial
O vocábulo “sucessão”, visto sob a ótica de seu sentido mais amplo, 
está ligado ao ato de assumir o lugar de outra pessoa, substituí-la, na 
titularidade de algo. Quando partimos para análise do vocábulo em 
seu sentido estrito, ou seja, aplicando-o ao campo do Direito, podemos 
associá-lo também ao ato de transferência de direitos, no entanto, aqui, 
ele assume o caráter da transmissão de patrimônio (passivo ou ativo) 
entre o de cujus e seus sucessores (GONÇALVES, 2014).
Compreendemos como de cujus o sujeito de onde se origina a 
sucessão, do latim de cujus sucessione agitur – aquele ao qual se trata 
a sucessão – valendo ressaltar que o mesmo só se aplica às pessoas 
naturais, ficando de fora a pessoa jurídica, já que suas disposições ficam 
regulamentadas a partir dos estatutos reguladoresde patrimônio social. 
Dentro da nossa sociedade, é possível identificar diversas 
modalidades de transmissão de bens, principalmente entre vivos, um 
bom exemplo são os contratos de compra e venda e doações, além disso, 
consideram-se também as desapropriações, incorporações jurídicas 
etc. (COELHO, 2012). Entre tais formas de transmissão, cabe ao Direito 
Sucessório regular aquelas que estão vinculadas às pessoas físicas, mais 
especificamente, às transmissões por causa mortis. Deste modo, tendo 
como base o entendimento de que determinado patrimônio não pode 
existir sem dono, então, cessando a vida de seu titular, o mesmo deveria 
ter sua titularidade repassada imediatamente.
Direito Sucessório
11
Figura 1 - Transmissão hereditária
MORTE DO TITULAR
PROPRIEDADE COM 
TITULAR
TRANSMISSÃO 
HEREDITÁRIA
Fonte: Elaborada pelas autoras (2021).
Para a Gomes (2002, p. 20), pode-se compreender o Direito 
Sucessório como a parte do Direito “que regula a destinação do patrimônio 
de uma pessoa depois de sua morte”, ou seja, é o conjunto de normas 
que visa garantir a transferência de bens e obrigações de um sujeito em 
decorrência de seu falecimento. 
Ainda segundo a doutrina do Direito Sucessório, segundo 
Maximiliano (1942), podemos subdividir tal direito em uma vertente 
objetiva, que considera o conjunto de normas responsáveis por normatizar 
a transmissão dos bens e obrigações, e uma vertente subjetiva, que 
caracterizada pelo direito do sujeito de suceder, ou seja, herdar tais bens 
e obrigações.
Toda base do Direito sucessório se encontra fundamentada 
conforme o momento histórico em que está inserido o ato de suceder, 
abarcando a necessidade de se conservar um determinado patrimônio 
dentro de um grupo familiar. 
Analisando as regras de Direito Sucessório vigentes na maior parte 
do mundo moderno, podemos considerar que suas evoluções trouxeram 
equidade entre as partes envolvidas dentro do processo, ou seja, 
consideram-se os herdeiros no mesmo grau como aptos a receberem 
partes iguais da herança em questão (RODRIGUES, 2002). Assim, 
defende-se que a transmissão dos bens seria uma forma de assegurar a 
descendência e os valores de um determinado grupo, de forma a manter 
o avanço do trabalho e da economia.
Direito Sucessório
12
Por outro lado, a doutrina socialista prega contra a instituição 
do Direito Sucessório sob alegação de que tal Direito viria a invalidar e 
eliminar os interesses e conveniências sociais vinculados à propriedade. 
Além disso, ele seria o responsável por contrariar os princípios da justiça e 
o interesse social (GONÇALVES, 2014). O fator em questão seria o principal 
responsável pela propagação da desigualdade social e pelo acúmulo das 
propriedades nas mãos de apenas algumas pessoas. Para tal grupo, o ideal 
hereditário deveria ser que os bens retornassem ao Estado para que este 
fosse o responsável por distribuí-lo perante a comunidade, derrubando 
assim a transmissão sucessória após a morte de um indivíduo.
Analisando o Direito Civil como um todo é possível vincular a 
existência do Direito Sucessório com dois outros campos, o Direito das 
Coisas (que, assim como o sucessório, vai tratar das relações de conflitos 
de interesse no que diz respeito aos bens) e também o Direito de Família, 
uma vez que, de acordo com o Código Civil vigente, a transferência dos 
bens decorre da morte de uma pessoa e tais bens devem ser repassados 
dentro de sua família.
Cabe destacar que, como regra (art.1.784 do CC), após a morte a 
herança deve ser transmitida aos herdeiros legítimos do de cujus, no 
entanto, o Código traz também a possibilidade da transmissão para os 
chamados herdeiros testamentários, ou seja, aqueles presentes dentro do 
testamento do falecido e que devem receber bens em reconhecimento 
ao desejo do titular de tais bens a serem herdados. Dessa forma, o Direito 
abre a oportunidade das pessoas físicas de disporem de seus bens para 
pessoas que não estão presentes em sua linha sucessória legítima.
Ainda assim, deve-se considerar que, mesmo o titular tendo 
total controle para dispor de seus bens em vida, após a morte, cabe ao 
ordenamento jurídico assegurar que pelo menos uma parte da herança 
aos herdeiros legítimos do de cujus.
Direito Sucessório
13
Dos Sucessores
Em uma primeira análise, os principais sucessores são os familiares 
do falecido, devendo ser observado, tomando como referência o momento 
de sua morte, quem são aqueles considerados como sucessíveis, ou 
seja, aptos para herdar aquilo que lhe é de direito. Consideramos como 
sucessíveis os descendentes, ascendentes, cônjuge, companheiro e 
os colaterais até quarto grau; devendo estes observarem a ordem de 
vocação hereditária prevista no art.1.829 do Código Civil.
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem 
seguinte:
I — aos descendentes, em concorrência com o cônjuge 
sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no 
regime da comunhão universal, ou no da separação 
obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, 
no regime da comunhão parcial, o autor da herança não 
houver deixado bens particulares;
II — aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III — ao cônjuge sobrevivente;
IV — aos colaterais. (BRASIL, 2002)
Desta forma, não havendo testamento, o restante dos parentes do 
de cujus ficam classificados como não sucessíveis, ou seja, não possuem 
legitimidade para herdar nenhum bem da herança. Cabe ressaltar que, 
em caso de ausência de testamento, bem como de parentes sucessíveis, 
os bens deixados pelo falecido são direcionados ao Estado. Tal tópico 
será melhor aprofundado na Unidade 2 desta disciplina.
Direito Sucessório
14
Da Morte
Logo no início do Código Civil, são nos apresentados os conceitos 
básicos a serem utilizados durante toda a legislação e, para uma melhor 
compreensão do Direito Sucessório, é preciso retornar até o princípio do 
Código, mais precisamente ao seu art. 6°, onde se determina que:
Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; 
presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a 
lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. (BRASIL, 2002)
Assim como o legislador optou por definir o início da vida, aqui 
temos também a definição de seu término, assim, fica estabelecido o 
fim da existência (personalidade) da pessoa natural determinado por sua 
morte, seja ela natural ou presumida. 
Uma vez estabelecida a morte de uma pessoa entende-se que, 
com ela, finalizam-se também os direitos e obrigações de natureza 
personalíssima, ou seja, aquelas que não podem ser executadas 
por terceiros como, por exemplo, o vínculo matrimonial, relações de 
parentesco, entre outros. 
Por morte real, compreende-se o momento onde são extintos os 
direitos de personalidade, ou seja, do óbito comprovado do indivíduo. 
Segundo a Legislação brasileira, mais especificamente a Lei nº 9.434/97, 
o critério jurídico para se estabelecer a morte real é a ocorrência da 
morte encefálica do indivíduo. Para a comprovação de tal ocorrência é 
necessária a existência de um atestado de óbito que declare a certeza do 
evento da morte. Esta documentação precisa ser lavrada por profissional 
médico registrado e é necessário que haja um corpo a ser analisado para 
a definição da causa da morte. Somente após a emissão do atestado é 
possível ser lavrada a Certidão de Óbito, através de um oficial de registro 
civil, para só então haver a liberação do corpo para sepultamento.
Em suma, para a comprovação da morte real é necessária a 
existência de um corpo que, após análise de um médico devidamente 
registrado, receberá um atestado de óbito que, posteriormente, se tornará 
uma certidão de óbito. Mas, o que ocorre quando não há a presença de 
um corpo para atestar sua morte?
Direito Sucessório
15
Por incrível que pareça, os casos de comprovação indireta de morte 
real são mais comuns do que imaginamos e, por isso, o art.7° do CódigoCivil determina que:
Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem 
decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava 
em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito 
prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o 
término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses 
casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas 
as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data 
provável do falecimento. (BRASIL, 2002)
Assim, nos casos de catástrofes naturais, incêndios, acidentes de 
avião, naufrágios, desabamentos, entre outros casos em que, mesmo 
não havendo corpos, é possível ter certeza de que a pessoa que estava 
presente no local não sobreviveu. Um exemplo desta determinação pode 
ser visto no caso do rompimento da barragem em Mariana (MG) onde, 
mesmo não sendo possível recuperar os corpos de todas as vítimas, 
houve o óbito comprovado de todos que estavam onde a barragem 
estourou ante a certeza da morte deles após tantos dias de resgate e 
buscas sem a localização de seus corpos.
Outro caso em que se pode considerar a morte presumida é no caso 
dos desaparecidos durante uma guerra, deste modo, o legislador define 
que passados dois anos do fim da guerra sem que a pessoa retorne ou seu 
corpo seja encontrado existe a presunção de sua morte. Cabe destacar que 
Venosa (2010) compreende a elasticidade do termo “guerra”, devendo este 
também servir para revoluções internas e movimentos semelhantes. 
A Justificação Judicial de Morte Real também está prevista dentro da 
Lei de Registros Públicos, Lei n° 6.015/73, que em seu art. 66 define que:
Art. 66 - Poderão os juízes togados admitir justificação 
para o assento de óbito de pessoas desaparecidas 
em naufrágios, incêndio, terremoto ou outra qualquer 
catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local 
Direito Sucessório
16
do desastre e não for possível encontrar o cadáver para 
exame. (BRASIL, 1973)
Por fim, cabe registrar que nestes casos a declaração ausência deve 
ser requerida apenas após o fim das buscas e averiguações, cabendo 
também à sentença determinar a data do provável falecimento do ausente 
(CUNHA, 2015). Havendo a declaração de ausência se procede então a 
sucessão definitiva e o patrimônio deixado se tornam herança e pulando 
as outras etapas do processo que veremos mais na frente.
Certo, mas, e nos casos onde não houve uma catástrofe e, ainda 
assim, não é possível ter o exame de um cadáver para atestar sua morte 
e, com isso, dar início aos trâmites sucessórios? Será que nos casos de 
desaparecimento ou sequestro os parentes da vítima ficam para sempre 
sem a comprovação de sua morte e, consequentemente, sem o direito de 
dispor dos bens materiais deixados por ela?
Nestes casos, a comprovação da morte irá depender de outro 
instituto presente no Código Civil, em seus artigos 22 a 39, a Declaração 
de Ausência. 
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem 
dela haver notícia, se não houver deixado representante ou 
procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, 
a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério 
Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. 
(BRASIL, 2002)
A partir deste dispositivo podemos concluir que nos casos onde 
não se há notícias do paradeiro de alguém por um longo período e não 
havendo representante legal que possa administrar seus bens, cabe ao 
Juiz declarar sua ausência e nomear um curador. Desta forma, podemos 
entender que os efeitos da morte presumida como patrimoniais e, em 
alguns casos pessoais, visto que a mesma implica na viuvez do cônjuge 
do ausente, quando houver, entre outras coisas (CUNHA, 2015).
Figura 2 - Fases do Processo de reconhecimento de ausência
CURADORIA DE 
AUSENTES
SUCESSÃO 
PROVISÓRIA
SUCESSÃO 
DEFINITIVA
Fonte: Elaborada pelas autoras com base em Cunha (2015).
Direito Sucessório
17
Na fase de Curadoria de Ausentes, cabe aos interessados, inclusive 
ao Ministério Público, entrar com o pedido de Declaração de Ausência e 
Nomeação de Curador, com base no art. 25 do CC. Após tal solicitação 
proceder-se-á a arrecadação dos bens do ausente e a entrega destes ao 
curador determinado pelo Juiz, de forma que seja apenas administrados 
pelo prazo de um ano (quando não se deixou representante legal) ou de 
três anos (nos casos em que o ausente deixou um representante antes 
de se ausentar). Caso haja o retorno do ausente ou comprovação de sua 
morte real durante o prazo ocorre a cessação da curatela.
Após os prazos citados – de um ou três anos – será aberta a fase 
de sucessão provisória, onde é iniciado o processo de inventário e partilha 
de bens. A partir de então o Código Civil, em seu artigo 28, concede o 
prazo de 180 dias para que haja o retorno do ausente, de forma que a 
sentença de sucessão provisória só possuirá efeito após a sua publicação 
na imprensa e decorridos 180 dias sem que o ausente retorne. Somente 
após este prazo é que pode ser a ausência presumida.
Com isso, há a cessação da curatela e os bens do ausente são 
partilhados para serem administrados por seus herdeiros de maneira 
provisória e condicional, devendo ser prestadas garantias de que os bens 
serão restituídos caso haja o retorno do ausente – apenas para os casos 
em que os herdeiros não são descendentes, ascendentes ou cônjuge do 
ausente (CUNHA,2015). Vale ressaltar que dentro da fase de sucessão 
provisória os herdeiros ainda não possuem propriedade sobre os bens, 
tal fase serve apenas para lhes conferir a posse dos bens. Assim como 
na primeira fase, a sucessão provisória pode ser encerrada caso haja o 
retorno do ausente ou a comprovação de sua morte real.
Além disso, no caso dos herdeiros necessários constituídos como 
sucessores provisórios é necessário destacar que estes terão direito 
a todos os frutos e rendimentos advindos dos bens sob sua posse, ou 
seja, caso haja o retorno do ausente seus herdeiros necessários não são 
obrigados a restituir os rendimentos obtidos com os bens em questão. 
Para os casos dos herdeiros não necessários, estes só possuem direito à 
metade dos frutos e rendimentos advindos dos bens do ausente (CUNHA, 
2015).
Direito Sucessório
18
Por fim, o art. 37 do Código Civil determina que após 10 anos 
da abertura da sucessão provisória, sem que o ausente retorne, há a 
declaração de sua morte presumida e, então, a sucessão provisória se 
torna definitiva e, a partir daí, os herdeiros passam a possuir domínio pleno 
sobre os bens recebidos. Cabe destacar ainda que, caso o ausente venha 
a retornar dentro de 10 anos desde sucessão definitiva, essa se torna 
inválida, obrigando os herdeiros a retornarem os bens ao seu devido dono 
no estado em que se encontram no momento do retorno ou o preço de 
suas vendas. Regressando após este prazo (21 ou 23 anos desde o início 
do processo) o ausente a nada mais terá direito.
Mas, atenção, caso o ausente tenha mais de 80 anos e já se 
somem mais de 5 anos desde o seu desaparecimento é possível que 
seja requerido o processo de sucessão definitiva, pulando todas as outras 
fases do processo, como fica estabelecido no art.38 do Código Civil.
Outro ponto que merece destaque é o fato de o matrimônio do 
ausente só é considerado dissolvido durante a sucessão definitiva, como 
previsto no art. 1.571 §1° do CC. Só então o cônjuge sobrevivente pode ser 
considerado viúvo. Neste caso a dissolução do matrimônio é dada como 
irreversível. No entanto, caso o cônjuge sobrevivente decida se casar 
antes de transcorrido todo este tempo do processo, tal ato pode ocorrer 
após um pedido de divórcio. 
Por fim, devemos destacar também o instituto da Comoriência, 
previsto no artigo 8° do Código Civil e que prevê as implicações jurídicas 
sucessórias para os casos de mortes simultâneas onde não se pode 
definir qual das pessoas morreu primeiro.
Art. 8° Se dois ou mais indivíduos faleceremna mesma 
ocasião, não se podendo averiguar se algum dos 
comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão 
simultaneamente mortos. (BRASIL, 2002)
Deve ficar claro que tal previsão, segundo Cunha (2015), é relativa 
e, portanto, admite prova em contrário. A comoriência é analisada e 
trazida em pauta quando se trata da morte simultânea de duas ou mais 
pessoas que possuem uma relação sucessória entre si. Ou seja, um 
acidente de carro onde falecem o marido e sua esposa e ambos não 
Direito Sucessório
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19
deixam descendentes, neste caso a comoriência deve ser analisada para 
determinar quem serão os herdeiros para os bens deixados por ambos.
RESUMINDO:
Dentro da nossa sociedade, é possível identificar diversas 
modalidades de transmissão de bens, principalmente 
entre vivos, um bom exemplo são os contratos de compra 
e venda e doações, além disso, consideram-se também as 
desapropriações, incorporações jurídicas, etc. Dentre tais 
formas de transmissão, cabe ao Direito Sucessório regular 
aquelas que estão vinculadas às pessoas físicas, mais 
especificamente, às transmissões por causa mortis. Desse 
modo, o vocábulo “sucessão”, visto sob a ótica de seu 
sentido mais amplo um, está vinculado ao ato de assumir 
o lugar de outra pessoa – substituí-la – na titularidade de 
algo, em virtude da sua morte.
Direito Sucessório
20
Teoria Geral do Direito Sucessório
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
a teoria geral do direito sucessório, bem como poderá 
identificar os princípios e fontes que embasam este ramo 
jurídico..
Contexto Histórico 
Assim como a maior parte dos ramos do Direito, a origem das 
sucessões remonta ao direito romano primitivo que, para Wilson (2004), 
o herdeiro era visto como “continuador” do de cujus, herdando os bens 
deste e assegurando a sobrevivência de seu grupo familiar e dando 
continuidade ao papel que o falecido exercia neste grupo e, já dentro do 
próprio direito romano era possível que os bens fossem transmitidos por 
meio da sucessão hereditária – através do primogênito do sexo masculino 
– ou através de testamento, onde o falecido indicava o seu “continuador” 
para receber o patrimônio deixado. 
No entanto, vale salientar que o conceito sucessório só passa 
a existir a partir do momento em que começa a individualização da 
propriedade. Até determinado momento histórico não havia o que se 
conhece como propriedade individual, mas sim a coletiva, pertencente 
aos grupos sociais e, nestes casos, a morte de um dos indivíduos não 
alteravam a situação do patrimônio, não cabendo o instituto da sucessão. 
Apenas quando o indivíduo passa a ser titular da propriedade é que se 
começa a gerar o interesse na sucessão. 
Outro ponto que vale ser debatido está no fato de que a ideia de 
sucessão passa a gerar um novo incentivo econômico ao trabalho, visto 
que os indivíduos passariam a se esforçar para construir um patrimônio 
que seria passado para os seus familiares ou membros de seu grupo, 
garantindo assim a sobrevivência e subsistência desses mesmo após 
Direito Sucessório
21
a sua morte. Desta maneira, a sucessão viria a proporcionar uma certa 
valorização do trabalho e do progresso econômico, o que acabaria por 
proporcionar e impulsionar o desenvolvimento da sociedade moderna.
Ao mesmo tempo em que o Direito Sucessório surge para dar 
maior garantia aos indivíduos, garantindo a transmissão de seus bens aos 
seus familiares, ele também começa a desencadear o início da temida 
desigualdade social, fato este que também passou a ser considerado 
como algo que deturpava o sentido social da propriedade, já que ela 
perdia sua função social e passava a privilegiar apenas alguns.
Além disto temos também um cunho religioso atrelado a origem 
das sucessões, visto que o herdeiro também era responsável pela 
continuidade do culto doméstico ao qual o falecido pertencia, garantindo 
a sua perpetuação (VENOSA, 2006), já que a sua extinção acarretaria não 
só no fim da felicidade familiar como também o fim do próprio grupo. 
A necessidade da continuação do culto para os romanos era tão forte 
que, para isso, há também a fortificação do instituto da adoção, para que 
houvesse alguma forma de continuidade após o fim da vida do patriarca. O 
primeiro da lista sucessória era sempre o primogênito do sexo masculino 
e, na ausência deste, a filha era considerada uma herdeira provisória, até 
que esta contraísse matrimônio e a herança passasse para a posse de seu 
marido.
Até mesmo dentro do direito clássico é possível se visualizar o 
contorno dos institutos da sucessão hereditária (que era a mais comum 
e, consequentemente, a regra na maioria das civilizações) e também 
da sucessão testamentária que, ao mesmo tempo em que era bem 
aceita por alguns povos era também mal vista por outros que achavam 
desrespeitoso que o indivíduo ainda vivo pudesse testar e destinar o seu 
patrimônio após sua morte.
Direito Sucessório
22
Quadro 1 - Direito Clássico e Sucessão
CIVILIZAÇÃO
SUCESSÃO 
HEREDITÁRIA
SUCESSÃO 
TESTAMENTÁRIA
Romanos X Regra
Gregos X
Permitida apenas na falta 
de herdeiros
Sociedade Oriental 
Antiga
X
Não era aceito que o pai 
distribuísse o patrimônio 
ainda em vida
Hebreus X X
Fonte: Elaborado pelas autoras com base em Gontijo (2008).
A existência da herança também era de grande interesse aos 
credores da época, uma vez que, apesar da morte do indivíduo, havia 
em seu lugar um responsável a ser cobrado pelas dívidas deixadas pelo 
falecido. Além disso, segundo Gontijo (2008), na ausência de um herdeiro 
os bens também poderiam passar para a posse dos credores a fim de 
serem extintas as dívidas existentes. 
Fontes
Antes de definirmos as principais fontes do Direito Sucessório 
é preciso destacar que o presente ramo possui fortes relações com 
outros ramos do Direito e que também são relevantes para este curso. 
Assim, quando falamos sobre a parte financeira atrelada a herança, 
principalmente aquela vinculada aos impostos, temos uma forte influência 
do Direito Tributário para reger tais relações. Além deste, o Direito Penal 
também é levado em consideração dentro da análise das causas de 
deserção e indignidade do herdeiro. Enquanto isto, o Direito Processual 
é o principal responsável por auxiliar no processo de inventário, abertura 
de ações referentes à herança, entre outras. Por fim, destaca-se o grande 
apelo Constitucional presente dentro do Direito Sucessório, visto que este 
encontra-se garantido dentro da Constituição Federal de 1988, em seu 
art.5°, inciso XXX, que objetiva da proteção ao instituto da sucessão para 
Direito Sucessório
23
que este seja realizado após a morte do sujeito, bem como visa a garantir 
que, na ausência de possíveis sucessores, caiba ao Estado receber a 
posse dos bens herdados.
Partindo daquilo que vimos até aqui, devemos então concluir que 
o Direito Sucessório vai possuir duas fontes principais sendo a primeira 
delas a lei, que é a responsável por gerar o direito à sucessão, bem 
como promover os institutos necessários para que esta seja realizada de 
maneira justa e dentro dos parâmetros exigidos pelo legislador, ou seja, 
a primeira fonte emana da própria lei e, por isso, é chamada de sucessão 
legítima. Cabe destacar que este tipo de sucessão será aplicado nos casos 
de ausência de testamento, bem como nos casos em que há ausência, 
anulabilidade ou caducidade do mesmo, de forma que o patrimônio em 
questão seja passado aos herdeiros de acordo com a ordem de vocação 
hereditária presente no Código Civil.
Enquanto isso, a segunda fonte do Direito Sucessório é a Vontade 
da pessoa, em outras palavras, tal direito também emana da vontade do 
indivíduo de dispor de seus bens para quem lhe convém, para que assim 
sejam repartidos após a sua morte. Neste caso, a própria vontade do 
indivíduo é capaz de gerar o direito a herdar. Neste caso temos a chamada 
sucessão testamentária. 
É necessário destacar que emambos os casos tais fontes possuem 
regras, conceitos e definições bastante particulares, que serão melhor 
exploradas na Unidade 2 deste material.
Princípios
Assim como todos os outros ramos, o Direito Sucessório também 
é regido por diversos princípios que existem para facilitar o processo de 
partilha do patrimônio deixado e que vão alinhar da melhor forma possível 
aquilo que está definido por lei e a própria vontade do de cujus. 
O primeiro princípio a ser explorado é o da Liberdade Limitada 
para Testar e que possui como principal objetivo proteger os sucessores 
legítimos/necessários de determinada herança, garantindo que recebam 
aquilo que lhes é de direito. Tal princípio deve ser aplicado nos casos em 
que há testamento de forma a restringir a liberdade do testador em dispor 
livremente de seus bens. Segundo o art. 1.846 do Código Civil “pertence 
aos herdeiros necessários (...) a metade dos bens da herança, constituindo 
Direito Sucessório
24
a legítima” (BRASIL, 2002). Desta forma, o legislador garante que os 
descendentes, ascendentes e o cônjuge tenham a sua parte da herança 
preservada, mesmo que o dono da mesma decida colocar outra parte 
dela em testamento. 
Exemplo: Maria é casada com José sob regime de comunhão 
de bens e possui um filho deste casamento. Maria e José possuem um 
patrimônio de 1 milhão de reais e, na hora de fazer seu testamento, 
Maria deseja dispor parte de seus bens para sua tia. Neste caso, 50% do 
patrimônio já pertence à José devido o regime de matrimônio e os outros 
50% são de Maria. Destes 50% que ela possui – no caso R$500.000,00 
– 50% (R$250.000,00) constitui a legítima, ou seja, a herança de seus 
herdeiros necessários (seu marido e seu filho) e somente os outros 50% de 
sua parte (R$250.000,00) podem ser deixados em testamento para quem 
ela desejar. 
Aqui, cabe destacar que, nos casos em que não existem herdeiros 
necessários, aplica-se o princípio da Liberdade Absoluta para Testar, ou 
seja, pode o dono do patrimônio dispor de sua totalidade da forma que 
desejar dentro do seu testamento como forma de evitar que seja aplicada 
a sucessão na ordem de vocação hereditária após o seu óbito. 
Exemplo: Joana não possui filhos e nem cônjuge. Durante sua vida 
ela acumulou um patrimônio no valor de R$800.000,00, no entanto, Joana 
não possui boas relações com seus irmãos e, para evitar que estes herdem 
o seu dinheiro após a sua morte, Joana decide deixar todos os seus bens 
em testamento para uma de suas sobrinhas e, por não existirem herdeiros 
necessários, ela possui a liberdade de dispor de 100% do seu patrimônio. 
Outro princípio muito importante é conhecido como Saisine 
e estabelece a transmissão do direito de herança aos herdeiros 
automaticamente no exato momento da morte do de cujus. Cabe ressaltar 
que, exceto no caso dos legatários (aqueles que recebem algo específico 
– como, por exemplo, uma casa deixada em testamento), o princípio em 
questão transfere apenas o direito de herdar, não sendo definido ainda 
o que será herdado. Tal princípio está estabelecido dentro do art. 1.784 
do Código Civil que declara que sendo “aberta a sucessão, a herança 
transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários” 
Direito Sucessório
25
(BRASIL, 2002). Por abertura de herança entende-se a ocorrência do óbito 
do indivíduo que possuía determinado patrimônio a ser herdado. 
VOCÊ SABIA?
Dependendo das normas do sistema alguns países podem 
optar pela não adoção do princípio Saisine. Um exemplo 
disto é a Argentina. Neste caso, havendo a morte do 
indivíduo não há herdeiros até que os mesmos entrem 
com a ação declaratória de herança e, somente após uma 
sentença positiva desta é que os interessados podem entrar 
com a ação de inventário para divisão dos bens, assim, os 
bens ficam sem um dono até que seja feito o inventário.
Por fim, temos o princípio da Comoriência, já discutido anteriormente. 
Este princípio é levado em análise nos casos onde duas pessoas, sendo 
uma sucessora da outra, morrem simultaneamente, não se podendo 
confirmar quem morreu primeiro. Assim, presume-se que morreram ao 
mesmo tempo. Tal princípio está previsto no art. 8° do Código Civil.
VOCÊ SABIA?
Para o direito romano, nos casos de mortes ao mesmo 
tempo e sendo as pessoas de sexos diferente, definia-se 
que a mulher teria morrido primeiro que o homem e, em 
sendo as vítimas do mesmo sexo, era considerado como o 
primeiro a falecer aquele que fosse mais velho. 
Efeitos
Além das classificações já apresentadas dentro deste tópico, 
podemos ainda dividir o instituto das sucessões quanto aos efeitos desta, 
assim, podemos ter as sucessões a título universal que são aquelas onde 
o patrimônio do de cujus é transferido em sua totalidade ou em parte 
indeterminada (sendo essa ativa ou passiva) para os herdeiros, ou seja, 
neste caso não há nenhuma subdivisão dos bens. 
Direito Sucessório
26
Já no caso das sucessões a título singular, temos os casos em que o 
testador opta por transferir objetos determinados de seu patrimônio para 
os denominados legatários. Cabe salientar que neste tipo de herança 
aquele que a recebe não está sujeito a ser atingido pelas dívidas ou 
encargos decorrentes da herança. Este tipo de herança apenas pode ser 
determinado por meio de testamento. Um exemplo para melhor ilustrar 
tal caso é quando um avô decide, através de seu testamento, deixar sua 
casa de praia para um determinado neto que, por sua vez, se tornará 
legatário deste bem.
Quadro 2 - Efeitos da Sucessão
TIPO DE 
SUCESSÃO UNIVERSAL SINGULAR
Legítima Sempre Não admite
Testamentária
Cabe quando o 
testador define um 
indivíduo para lhe 
suceder totalmente 
Cabe quando o 
testador define um 
indivíduo para receber 
coisa determinada 
(legatário)
Fonte: Elaborado pelas autoras com base em Diniz (2013).
Antes de partirmos para o próximo tópico de estudo, é necessário 
deixar alguns pontos bem claros para evitar quaisquer dúvidas no decorrer 
da nossa aprendizagem. 
É necessário que se fique definido que o objeto principal da 
sucessão é a herança deixada decorrente da morte de um indivíduo. Para 
tanto é necessário que não se confunda sucessão e herança, uma vez que 
o primeiro é o ato jurídico responsável através do qual há a substituição de 
alguém pelo de cujus no que diz respeito aos seus direitos e obrigações, 
enquanto herança é o conjunto de direitos e obrigações que são passados 
do de cujus para alguém.
Além disso, deve ficar claro que o herdeiro não é representante 
do de cujus, uma vez que a sucessão diz respeito aos bens e relações 
jurídicas patrimoniais, não tocando o que diz respeito à pessoa do falecido.
Direito Sucessório
27
Neste tópico, também conversamos sobre o contexto histórico do 
Direito Sucessório, vimos sua origem nascer junto com o surgimento da 
propriedade privada e que, além do cunho econômico trazido por este 
instituto tempos também uma base religiosa, onde cabia ao herdeiro 
propagar a manutenção do culto deixado por seus antepassados.
É importante lembrar também que existem vários aspectos que 
podem ser utilizados para classificar a sucessão, como as suas fontes, 
que são a lei (através do qual a sucessão é feita obedecendo a ordem de 
vocação hereditária) ou a vontade do indivíduo (que acontece quando a 
pessoa tem interesse em deixar testamento, desta maneira, sua vontade 
gera o ato jurídico da sucessão, onde está obedece aquilo determinado 
pelo de cujus ainda em vida) e também os seus efeitos, que podem ser 
vistos quando temos a sucessão à título universal (onde se herdam os 
bens como num todo) ou à título singular (acontece quando o de cujus 
deixa um legatário, ou seja, um indivíduo que virá a herdar uma parte 
específica e definida da herança, como uma casa, por exemplo).
Por fim, para compreender bem o assunto que estamos nos 
aprofundando cada vez mais, precisamos ter em mente os princípios que 
regem o instituto das sucessões.Figura 3 - Princípios da Sucessão
Liberdade Limitada 
para testar
Liberdade Absoluta 
para testar
Saisine
Comoriência
Havendo herdeiros necessários o testador 
deve respeitar a quota da legítima (50%).
Não havendo herdeiros necessários o testador 
pode dispor livremente de seu patrimônio.
Transmissão automática da herança assim 
que é aberta a sucessão.
Havendo a morte simultânea de duas 
pessoas, sendo uma sucessora da outra, 
considera-se que morreram ao mesmo tempo.
Fonte: Elaborada pelas autoras (2021).
Direito Sucessório
28
RESUMINDO:
Sabemos que o conceito sucessório só passa a existir a 
partir do momento em que começa a individualização da 
propriedade. No entanto, ao mesmo tempo em que o Direito 
Sucessório surge para dar maior garantia aos indivíduos, 
garantindo a transmissão de seus bens aos seus familiares, 
ele também começa a desencadeando o início da temida 
desigualdade social, fato este que também passou a ser 
considerado como algo que deturpava o sentido social da 
propriedade, já que ela perdia sua função social e passava 
a privilegiar apenas alguns. Quando falamos sobre a parte 
financeira atrelada a herança, principalmente aquela 
vinculada aos impostos, temos uma forte influência do 
Direito Tributário para reger tais relações. Além deste, o 
Direito Penal também é levado em consideração dentro da 
análise das causas de deserção e indignidade do herdeiro. 
Enquanto isto, o Direito Processual é o principal responsável 
por auxiliar no processo de inventário, abertura de ações 
referentes à herança, entre outras. Por fim, destaca-se o 
grande apelo Constitucional presente dentro do Direito 
Sucessório, visto que este encontra-se garantido dentro 
da Constituição Federal de 1988. Observa-se, portanto, a 
variedade constante dentro do Direito Sucessório e que, 
para cada situação, há uma previsão na legislação.
Direito Sucessório
29
Ações de Herança no Direito Sucessório
OBJETIVO:
Muito além de uma divisão de transmissão patrimonial após 
a morte, é preciso ter atenção as siglas e denominações na 
matéria do direito sucessório. Sendo assim, vamos estudar os 
conceitos para que você entenda apropriadamente. Avante!
Terminologias Essenciais
Como você pode perceber nos capítulos anteriores, o Direito das 
Sucessões tem seus vocábulos específicos. Nesse sentido, importante 
se faz expor cada terminologia para que se compreenda o assunto da 
maneira adequada.
- Autor da herança ou de cujus: É o indivíduo que faleceu e deixou 
patrimônio aos seus sucessores. Ressalta-se que, para o direito das 
sucessões, somente importa o indivíduo que falece e deixa relações 
jurídicas patrimoniais;
- Sucessor (herdeiro ou legatário): é a pessoa, podendo ser física ou 
jurídica, que dará continuidade às relações jurídicas patrimoniais do de 
cujus em razão da sua morte, ganhando a titularidade.
O sucessor pode receber o patrimônio transmitido a título universal 
ou singular. Quando o beneficiário adquire o patrimônio a título universal, 
chama-se herdeiro (Erbe, em língua germânica). A expressão “herdeiro” 
emana do latim hereditas, relacionando com herus, significando 
proprietário, dono. O herdeiro, portanto, é aquele que continuará as 
relações patrimoniais, titularizando um percentual do total transmitido. É 
o exemplo do sucessor que recebe vinte, trinte ou quarenta por cento do 
patrimônio do autor da herança (FARIAS; ROSENVALD, 2018, p. 57).
- Herdeiro legítimo e herdeiro testamentário: Ocorre quando o 
herdeiro, ou o sucessor a título universal, recebe o patrimônio por conta 
da vontade expressa do de cujus (testamentário) ou recebe o patrimônio 
por força de lei (legítimo). 
Direito Sucessório
30
SAIBA MAIS:
Os arts. 1.829 e 1.790 do Código Civil aduzem que são os 
herdeiros legítimos os descendentes, os ascendentes, o 
cônjuge sobrevivente, os colaterais até o quarto grau e o 
companheiro sobrevivente.
Nesse sentido, os herdeiros legítimos não podem ser excluídos 
por vontade do de cujus, de modo que são herdeiros necessários, isto é, 
“Todo herdeiro necessário é um herdeiro legítimo, mas nem todo herdeiro 
legítimo é um herdeiro necessário” (FARIAS; ROSENVALD, 2018, p. 58).
Ainda, há a divisão entre sucessão legítima necessária e sucessão 
legítima não necessária ou facultativa, sendo os primeiros os indivíduos 
que não podem ser preteridos pela vontade do titular e a segunda, podem 
ser excluídos da herança.
Figura 4 - Entenda o direito de herança
Se o falecido não 
tem herdeiros 
e nem deixou 
testamento, a 
herança ficará 
em poder do 
Estado.
É preciso pagar 
imposto sobre o 
valor recebido de 
herança.
Sogros, genros, noras e enteados 
não estão incluídos na sucessão 
legítima, mas podem ser 
incluídos no testamento.
Os filhos concebidos dentro ou 
fora do casamento, assim como 
os adotados têm os mesmos 
direitos.
Regime de união 
estável dá direito 
à parte do que 
foi adquirido 
durante a união.
O regime de 
casamento 
escolhido 
influencia 
no direito de 
herança.
Fonte: Elaborada pelas autoras com base em Lanhi (2016).
Direito Sucessório
31
- Herdeiro universal: quando o herdeiro é único, o patrimônio é 
transferido em sua integralidade.
Figura 5 - Sucessão do de cujus
COMPANHEIRO 
SOBREVIVENTE
Ficará com 
quinhão igual 
ao do filho, 
calculado só 
sobre os bens 
adquiridos 
onerosamente 
na constância da 
convivência.
AUTOR DA HERANÇA
(Sem prejuízo de 
eventual meação nos 
bens)
Filho 
comum
Filho só do 
falecido
Qualquer outro parente 
seja ascendente ou 
colateral até 4° grau
Nenhum 
colateral
COMPANHEIRO 
SOBREVIVENTE
Ficará 
com quota 
equivalente a 
50% do quinhão 
do filho mas 
incidindo só 
sobre os bens 
adquiridos 
onerosamente 
na constância da 
convivência.
COMPANHEIRO 
SOBREVIVENTE
Receberá 1/3 
do total da 
herança, ou 
seja, há direito 
sucessório 
sobre todos os 
bens do acervo 
hereditário.
COMPANHEIRO 
SOBREVIVENTE
Receberá 100% 
da herança.
Fonte: Elaborada pelas autoras com base em Cielo (2011).
- Herança e espólio: trata-se do 
É o conjunto de relações jurídicas, ativas e passivas, 
patrimoniais pertencentes ao falecido e que foram 
transmitidas aos seus sucessores, por conta de sua morte, 
para que sejam partilhadas. (FARIAS; ROSENVALD, 2018, 
p. 73)
Sendo assim, a herança compreende a todos os bens de uma 
pessoa, bem como seus direitos e obrigações.
As relações jurídicas não patrimoniais (existenciais, personalíssimas) 
não serão transmitidas com o falecimento do titular, extinguindo-se 
automaticamente (FARIAS; ROSENVALD, 2018, p. 73).
Direito Sucessório
32
Observa-se, portanto, que integra a herança o patrimônio passivo 
e ativo do de cujus, assim como os bens, débitos, créditos, aplicações 
financeiras, os valores a serem adquiridos. Ressalta-se:
Em nosso ordenamento jurídico, a herança é tratada como 
um bem jurídico imóvel (CC, art. 80), indivisível e universal 
(CC, art. 91), mesmo que composta somente de bens 
móveis, divisíveis e singulares (seria o exemplo de uma 
herança composta, somente, por dinheiro). Esse caráter 
universal (universitas juris) da herança se caracteriza pela 
abrangência de todo o ativo e o passivo deixados pelo 
morto e se mantém até a partilha, mesmo que sejam 
múltiplos os herdeiros. (FARIAS; ROSENVALD, 2018, p. 74)
No entanto, apesar da formação de um condomínio pro indiviso, 
é preciso explicar que a herança não é um direito real uma vez que são 
institutos diferentes. 
Assim, forma-se o espólio, que representa a herança e disposto por 
meio de um inventariante (se já houver nomeação ou por administrador 
provisório, art. 613 do Código Civil). Esse instituto tem a capacidade de 
dar o título a relações jurídicas que envolviam o de cujus, como relações 
consumeristas, trabalhistas, previdenciárias, entre outras.
EXEMPLO:
Um exemplo para espólio: Se uma pessoa que faleceu deixando 
uma dívida não paga, o credor, então, deverá ajuizar ação de cobrança 
contra o espólio do morto,com vistas a retirar de sua herança o valor 
necessário à quitação do débito.
- Herança e meação: Preliminarmente, informa-se que herança não 
se confunde com meação, uma vez que, esta última, é direito próprio 
do cônjuge ou companheiro sobrevivente. Nesse caminho, professor 
Carvalho (2014) explica que é:
Comunicação dos bens inter vivos advinda do regime 
patrimonial aplicável ao casamento ou à união estável do 
hereditando, sendo efeito oriundo do estatuto patrimonial 
da família e não fazendo parte da sucessio causa mortis. 
(CARVALHO, 2014, p. 56)
Direito Sucessório
33
Por outro lado, a herança é o que já afirmamos: o patrimônio 
pertencente ao de cujus e que será transmitido aos seus sucessores. 
Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça já reconheceu, em um de 
seus julgados, a diferença entre meação e herança:
Em processo de inventário, a toda evidência, a meação do 
cônjuge supérstite não é abarcada pelo serviço público 
prestado, destinado essencialmente a partilhar a herança 
deixada pelo de cujus. Tampouco pode ser considerada 
proveito econômico, porquanto pertencente, por direito 
próprio e não sucessório, ao cônjuge viúvo. (BRASIL, 2011)
Sendo assim, é preciso que haja a separação, no inventário, a 
meação do consorte uma vez que não será objeto de transmissão 
sucessória.
Herança Jacente e a Herança Vacante 
A sucessão pode ser de duas formas: sucessão testamentária 
e sucessão legítima. No entanto, há casos em que o de cujus não tem 
testamente e tampouco herdeiros conhecidos, de modo que o seu 
patrimônio será arrecadado e nomeado um curador especial, 
Administrará e guardará os bens até que sejam entregues 
ao sucessor que se habilitar, posteriormente, ou até que 
seja declarada a sua vacância, sendo arrecadados pelo 
Poder Público. (FARIAS; ROSENVALD, 2018, p. 283)
Direito Sucessório
34
Figura 6 - Relembrando os Tipos de herança
Aquela que se transmite por ato de última 
vontade, em testamento válido ou em codicilo.
Ocorre quando o falecido não deixa testamento, 
nem cônjuge e herdeiros conhecidos, ficando a 
herança a cargo de um curador.
Quando o ausente não se manifesta ou não há 
herdeiros ou interessados, os bens arrecadados 
passam ao domínio do Município ou da União.
Domínio e posse dos bens são transmitidos aos 
herdeiros conforme vocação legal.
Legítima
Testamentária
Jacente
Vacante
Fonte: Elaborada pelas autoras com base em Cielo (2019).
Nesse caminho, aduz o art. 1.819 do Código Civil:
Art. 1819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem 
herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os bens da 
herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda 
e administração de um curador, até a sua entrega ao 
sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua 
vacância. (BRASIL, 2002)
Ainda mais, o processo de herança vacante e jacente pode se 
originar da conversão de um inventário onde não se localiza herdeiro 
ou legatário. Nestes casos, o Código de Processo Civil determina que a 
competência para julgamento de herança jacente e vacante é o do último 
domicílio do autor da herança.
Vamos entender melhor no próximo subtópico.
Direito Sucessório
35
Herança Jacente
Diz-se herança jacente quando o indivíduo falece sem deixar 
testamento e sem deixar herdeiros conhecidos. Nos dizeres do renomado 
professor Paulo Nader (p. 107), “constitui a herança jacente uma 
universalidade jurídica, cuja titularidade provisoriamente é desconhecida, 
mas seu objeto deve ser alvo da proteção do Estado”. Sendo desta forma, 
a herança jacente recebe tutela jurídica de um curador especial (sendo 
total incumbência deste), até que se habilite um sucessor ou que seja 
recolhida pelo Poder Público.
Essa curadoria é função institucional típica da Defensoria Pública, 
nos termos do art. 4°, VI, da Lei Complementar n°. 80/94 – Lei Orgânica da 
Defensoria Pública. Inexistindo Defensor Público lotado na comarca, o juiz 
nomeará um curador – que não necessariamente tem de ser advogado, 
inscrito nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil (FARIAS; 
ROSENVALD, 2018, p. 285
Assim, no momento em que um herdeiro se apresenta, a qualquer 
tempo, cessará automaticamente a jacência da herança.
A Herança Vacante
Nos casos em que a localização do herdeiro é frustrada, a herança 
se tornará vacante. Sobre este assunto, disciplina o Código Civil:
Art. 1820. Praticadas as diligências de arrecadação e 
ultimado o inventário, serão expedidos editais na forma 
da lei processual, e decorrido um ano de sua primeira 
publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda 
habilitação, será a herança declarada vacante. (BRASIL, 
2002)
E, ainda, o Código de Processo Civil:
Art. 743. Passado um ano da primeira publicação do 
edital e não havendo herdeiro habilitado nem habilitação 
pendente, será a herança declarada vacante. (BRASIL, 
2002)
Assim, observa-se que a guarda e a administração da herança são 
transmitidas para o Estado (Poder Público). 
Direito Sucessório
36
A jacência, portanto, funciona como espécie de fase 
preliminar da vacância, com visível caráter transitório, 
sem, contudo, haver uma relação implicacional, uma vez 
que habilitando-se algum herdeiro, não haverá herança 
vacante (FARIAS; ROSENVALD, 2018, p. 287).
RESUMINDO:
Sabemos que o direito sucessório é um instituto próprio, 
com legislação específica e com denominações únicas. 
Neste capítulo, estudamos sobre autor da herança, 
sucessor, herdeiro legítimo e testamentário, herdeiro 
universal, herança e espólio, herança, meação e herança 
jacente e vacante.
Direito Sucessório
37
Aspectos Processuais do Direito de 
Sucessão
OBJETIVO:
Havendo omissão, ou controvérsia sob a qualidade de 
herdeiro, o indivíduo que pretende ser reconhecido como 
tal, poderá recorrer aos trâmites processuais especiais do 
Direito Sucessório. Vamos estudar quais são? Vamos juntos!.
A Petição de Herança
Com inspiração na legislação italiana, portuguesa e argentina, 
o Código Civil de 2002 tratou sobre a ação de petição de herança, 
confirmando o que já vinha sendo praticado na jurisprudência e lecionado 
pela doutrina. Nesses moldes, aduz o seu art. 1824:
Art. 1824. O herdeiro pode, em ação de petição de herança, 
demandar o reconhecimento de seu direito sucessório, 
para obter a restituição da herança ou de parte dela, contra 
quem, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a 
possua. (BRASIL, 2002)
No entanto, destaca-se que nem sempre quem se apresenta nos 
autos do inventário judicial ou extrajudicial é o verdadeiro herdeiro, legal 
ou testamentário. Nesses casos, a herança será apreendida por quem não 
é, de fato, o sucessor.
A regra geral, conforme os professores Farias e Rosenvald (2018) é que
Considerada a regra da transmissão automática da herança 
por força de saisine (transmissão ipso iure), percebe-se 
que os herdeiros recebem todo o patrimônio do falecido, 
com a abertura da sucessão, no exato instante da morte 
do titular. Posteriormente, através da partilha, judicial ou 
extrajudicial, será fixado o respectivo quinhão de cada 
herdeiro. (FARIAS; ROSENVALD, 2018, p. 252)
Direito Sucessório
38
Sendo assim, no inventário tradicional ou comum (art. 610 do Código 
de Processo Civil), prevê a possibilidade ao indivíduo que julgar ser 
herdeiro, o direito de habilitar-se nos autos do procedimento sucessório, 
antes da partilha, oportunizando-se o prazo de 15 (quinze) as partes, para, 
ao fim, o magistrado julgar pela habilitação ou não. Sendo assim, nesses 
casos, é de extrema importância a petição de herança como medida 
cabível como forma de se obter o reconhecimento na qualidade de 
herdeiro, assim como os bens, rendimentos e acessórios da herança.
Exemplo corriqueiro de utilização da ação de petição de herança 
encontra-se na hipótese daquele que, não registrado pelo genitor 
já falecido, propõe uma ação de investigação de paternidade post 
mortem cumulada com petição de herança, com o propósitode obter o 
reconhecimento do seu status familiae (por meio da declaração de filiação) 
e, consequentemente, do seu direito à herança, através da petição de 
herança (FARIAS; ROSENVALD, 2018, p. 253).
Assim, existem os pressupostos do Direito das Sucessões para a 
elaboração da petição de herança. Sendo eles:
Direito Sucessório
39
Figura 7 - Direito das sucessões
- Nascituros
- Prole eventualPressuposto 
fático
Coexistir (art. 
1798, CC)
Sobreviver 
(exceções art. 
1.851, CC)
Exceções
Pressuposto 
jurídico
Vínculo
Legal
Testamentário
- Parente
- Cônjuge
- Companheiro
- Herdeiro
- Legatário
- 
Descendente
- Ascendente
Pressuposto 
negativo
Não ser
Indigno (art. 1.814, CC)
Deserdado (art. 1.961 e 19.92, CC)
Fonte: Elaborado pelas autoras com base em Cruz (2016).
Direito Sucessório
40
Salienta-se que o legislador determina que a ação deverá ser 
dirigida em face de quem afirma a qualidade de herdeiro (possessor pro 
herede) quanto em face de terceiro que tenha bens da herança sem título 
jurídico. Sobre isso, Carvalho (2019) 
Aduz a doutrina ser necessária uma posse atual, pois, se 
no momento da propositura da demanda, a posse estiver 
com outro em face deste é que deverá ser intentada a 
petitio hereditatis. (CARVALHO, 2019)
Diz-se que a petição de herança é uma ação universal em face 
do caráter de universalidade de direitos da herança, por ser a herança 
composta pela coletividade dos bens, em sua universalidade, transmitidos 
pelo de cujus, e não por bens específicos.
Do Inventário e Partilha
Remonta a doutrina que no direito romano, o inventário era 
considerado como um mecanismo de proteção dos herdeiros, 
Apresentando a finalidade específica de separar 
o patrimônio transmitido pelo falecido e aquele já 
pertencente ao herdeiro anteriormente. (FARIAS; 
ROSENVALD, 2018, p. 532) 
No entanto, esse instituto não é exclusivo do Direito das Sucessões, 
de modo que é encontrado no procedimento de falência, no divórcio 
ou dissolução de união estável, uma vez que é necessário para o 
levantamento de bens dos interessados.
Sendo assim, para a atualidade, o inventário, no Direito das 
Sucessões, é o processo, administrativo ou judicial, que faz o levantamento 
e descrição das relações jurídicas patrimoniais que serão transmitidas 
pelo falecido. Vejamos:
Direito Sucessório
41
Figura 8 – Inventário 
- Com testamento
- Sem acordo na 
partilha
- Herdeiros menores
Com o falecimento, abre-se o direito sucessório: os herdeiros tem um prazo de 
60 dias, contados à partir do óbito para abrir o inventário dos bens deixados pelo 
falecido;
JUDICIAL EXTRAJUDICIAL
O representante do 
espólio será nomeado e 
prestará compromisso de 
desempenhar o cargo, 
porém, até que este seja 
escolhido, será escolhido 
um administrador 
provisório.
Se ao menos um dos 
herdeiros é menor de 
18 anos ou é incapaz ou 
se existe testamento, 
será obrigatório o 
inventário judicial, neste 
caso, nomeia-se um 
inventariante.
Procedimento 
administrativo (feito em 
cartório) os bens do 
falecido passam para seus 
sucessores através de 
escritura pública.
O juiz nomeará como 
inventariante:
I – O cônjuge ou 
companheiro desde que 
estivessem convivendo 
ao tempo da morte;
II – O herdeiro que 
estiver na posse da 
administração do 
espólio, caso não haja 
cônjuge ou companheiro 
sobrevivente ou 
estes não possam 
desempenhar tal função;
III – Qualquer outro 
herdeiro.
Sobrepartilha é uma 
nova partilha, realizada 
após a amigável ou a 
judicial. Ficam sujeitos 
os bens sonegados, 
os descobertos após 
a primeira partilha e os 
bens litigiosos.
Foro competente: Local do 
último domicílio do falecido.
É indispensável a 
contratação de advogado.
Legitimidade para requerer 
abertura de inventário: 
I – O administrador 
provisório do espólio (art. 
987 CPC)
O requerimento será 
instruído com a certidão de 
óbito do autor da herança
Legitimidade concorrente:
O cônjuge;
O herdeiro;
O legatário;
O testamenteiro;
O cessionário do herdeiro 
ou do legatário;
O credor do herdeiro, 
do legatário ou do autor 
da herança, o síndico da 
falência do herdeiro, do 
legatário, do autor da 
herança ou do cônjuge;
O Ministério Público, caso 
haja herdeiros capazes;
A Fazenda Pública, quando 
tiver interesse.
REQUISITOS 
INDISPENSÁVEIS
Maioridade
Capacidade de todos os 
interessados.
Consenso quanto
Inexistência de testamento
O inventariante tem 
um prazo de 20 dias, 
contados da data de 
seu compromisso para 
prestar as PRIMEIRAS 
DECLARAÇÕES.
Nela deve constar:
1. Identificação do morto e 
circunstâncias da morte;
2. Nomeação e 
identificação dos 
herdeiros e do cônjuge/
companheiro sobrevivente, 
com indicação de regime 
de bens;
3. Relação completa 
e individualizada de 
todos os bens que 
formam a herança, com 
discriminação de seus 
respectivos valores.
Fonte: Elaborada pelas autoras (2021).
Direito Sucessório
42
Sendo desta forma, prescreve o art. 1785 do Código Civil que “A 
sucessão se abre no lugar do último domicílio do autor” (BRASIL, 2002). 
Ainda mais, o art. 48 do Código de Processo Civil estabelece que 
O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o 
competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, 
o cumprimento das disposições de última vontade, a 
impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para 
todas as ações em que o espólio for réu. (BRASIL, 2002) 
Sobre este assunto, a jurisprudência é pacífica. Faria (2019) explica:
A 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio 
de Janeiro, no julgamento do Conflito de Competência 
n°. 2003.008.00102, relatado pelo Des. Amaury Arruda de 
Souza, assim decidiu na vigência do CPC revogado:
Conflito negativo de competência. Inventário. Competência 
do Juízo suscitado.
Conflito negativo de competência. Inventário. A 
competência para o processo sucessório é relativa, por 
sua natureza territorial, pelo que não pode ser declarada 
de ofício. Inaplicabilidade no art. 96, incisos I e II, do CPC. 
Caso de duplo domicílio. Procedência do conflito para 
declarar competente o Juízo suscitado. (FARIA, 2019)
Entretanto, ressalta-se que o juiz não pode, de ofício, declinar a 
competência proceder com o inventário em qualquer das comarcar onde 
o falecido tiver bens.
O inventário é um procedimento especial tendente a apurar o 
patrimônio transmitido automaticamente, pelo falecido, pagando as 
dívidas deixadas, recolhendo o tributo incidente na espécie e, em arremate, 
promovendo a partilha entre os sucessores (FARIAS; ROSENVALD, 2018, 
p. 533).
O ordenamento jurídico, através do art. 1.787 do Código Civil, “(...) 
regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo 
da abertura daquela” (BRASIL, 2002). Aqui, portanto, trata-se da distinção 
que deve ser feita entre a data da abertura da sucessão com a data da 
abertura do inventário. Além disso, Faria (2019) explica:
A abertura do inventário poderá ocorrer no momento em 
que os herdeiros desejarem. Ninguém será excluído da 
Direito Sucessório
43
sucessão por não ter sido aberto o inventário do autor 
da herança no prazo legal. Os herdeiros sofrerão uma 
penalidade: a imposição de uma multa sobre o valor do 
imposto de transmissão causa mortis, nos termos da lei 
tributária estadual. (FARIA, 2019)
Aliás, se ocorrer demora na abertura dos autos, a lei aplicável 
será a vigente na data do óbito e não a que estiver vigente na época da 
abertura. Sobre este assunto, a 1ª Turma do STJ decidiu, por unanimidade 
o seguinte:
Inventário – Filha adotiva – Abertura da sucessão antes do 
advento da nova carta.
Pretendida habilitação, na qualidade de herdeira, no 
inventário dos adotantes. Indeferimento colocado no 
fato de a abertura da sucessão haver ocorrido antes do 
advento da nova Carta, que eliminou o tratamento jurídico 
diferenciado entre os filhos legítimos e adotivos, para fins 
sucessórios. A sucessão regula-se pela lei vigente à data 
da sua abertura,não se aplicando a sucessões verificadas 
antes de seu advento a norma do art. 227, §6º da Carta 
de 1988, que eliminou a distinção, até então estabelecida 
pelo Código Civil (Art. 1.605 e §2°) entre filhos legítimos e 
adotivos, para esse efeito (julgamento no RE n° 217.473-8-
SP, publicado em 09/04/1999, Relator: Min. Ilmar Galvão).
No entanto, é preciso salientar que o art. 10 da Lei de Introdução 
às Normas do Direito Brasileiro estabelece que “A sucessão por morte 
ou por ausência obedece à lei do país em que era domiciliado o defunto 
ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens” 
(BRASIL, 1943).
De mais a mais, há diferentes procedimentos de inventário. A 
legislação processual estabeleceu um procedimento bifásico e padrão 
para o inventário, sendo o primeiro escalonado e dividido em duas 
partes: inventário, que individualiza os bens; e partilha, que é a divisão. 
O procedimento básico abrevia como forma de atender situações sem 
complexidade (Como o inventário extrajudicial).
Há, ainda, o procedimento tradicional de inventário, rito mais 
complexo ditado pelo Código de Processo Civil; o arrolamento sumário, 
também conhecido como “arrolamento amigável” é possível quando todos 
os herdeiros forem maiores e capazes e estiverem de acordo quanto à 
Direito Sucessório
44
partilha (previsão no art. 659 do Código de Processo Civil); o arrolamento 
comum, que ocorre nos casos em que a soma dos bens deixados pelo 
falecido for igual ou inferior a mil salários-mínimos, não justificando a 
escolha de um processo mais exauriente.
Por fim, há o inventário extrajudicial, que surgiu por meio da lei n°. 
11.441/2007 e sancionou por meio do art. 640 do Código de Processo Civil, 
tornando possível o inventário por vias de cartório, sem a atuação de um 
juiz. Sobre isso,
O inventário consensual se tornou possível na esfera 
administrativa, através de escritura pública, quando as 
partes interessadas forem maiores e capazes e dês que 
estejam acordes (isto é, não exista conflito de interesses). 
(FARIAS; ROSENVALD, 2018, p. 544)
RESUMINDO:
Estudamos que, ocorrendo o óbito, encontra-se aberta a 
sucessão e a partir desse momento, serão apresentadas as 
pessoas relacionadas pela lei, com capacidade sucessória. 
Para tanto, é preciso ter capacidade sucessória por lei ou 
testamento.
Direito Sucessório
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