Prévia do material em texto
Trauma crânio encefálico, de pescoço e face, torácico e abdominal Unidade didática 12 e 13 OBJETIVOS Ao final desta lição os participantes serão capazes de: 1. Conhecer as principais causas de lesão cerebral, assim como os sinais e sintomas relacionados; 2. Demonstrar o uso apropriado de curativos compressivos e oclusivos nas seguintes situações simuladas: ferimentos na cabeça, face e pescoço; Objeto encravado; Olho protruso; 3. Identificar uma fratura em arco costal e a presença de tórax instável; 4. Realizar a correta identificação e manejo do pneumotórax e do hemotórax; 5. Realizar corretamente os procedimentos a serem adotados em caso de empalamento e evisceração; 6. Definir e identificar trauma pélvico. ESQUELETO AXIAL Cabeça - É dividida em duas estruturas maiores, o crânio e a face. Ossos com formato achatados e irregulares formam o crânio. Eles são fundidos para formar uma estrutura rígida – a caixa craniana – que protege o cérebro. A face humana é igualmente constituída de ossos fortes e de formatos irregulares. Esses ossos também são fundidos, com exceção do osso mais baixo do crânio, a mandíbula, que forma o queixo. ESQUELETO AXIAL A coluna vertebral é composta por 33 ossos denominados vértebras. A coluna é dividida em 5 regiões: a cervical (7), a torácica (12) , a lombar (5), a sacra (5) e a coccígea (4). No seu interior, no canal medular, está situada e protegida a medula espinhal, a partir da qual emerge uma rede de nervos que conecta o cérebro com todo o corpo humano. O cérebro e a medula espinhal são partes do sistema nervoso central. ESQUELETO AXIAL A caixa torácica é composta por 12 pares de costelas (ossos longos, finos e encurvados), 12 vértebras torácicas e o osso esterno. A caixa torácica protege o coração, os principais vasos sanguíneos, a traqueia, os pulmões e o esôfago que se liga ao estômago. As costelas inferiores ajudam a proteger órgãos localizados na parte superior do abdômen: o fígado, a vesícula biliar, o estômago e o baço. TIPOS DE TRAUMAS Traumas abertos - Fraturado ou afundado (deformado), há sangue ou fluido claro/amarelado saindo pelas orelhas ou nariz e que as pálpebras estão inchadas, fechadas, começando a empalidecer ou tornando-se cianóticas. Traumas fechados - o crânio se mantém intacto, os ossos do crânio não são fraturados ou danificados. Tipos de Danos ou Lesões Encefálicas ● Diretas: São produzidas por corpos estranhos que lesam o crânio, perfurando-o e lesando o encéfalo. ● Indiretas: Golpes na cabeça podem provocar, além do impacto do cérebro na calota craniana, com consequente dano celular, hemorragias dentro do crânio. TIPOS DE TRAUMAS Em traumas fechados, o crânio não é danificado, mas lesões no cérebro podem ocorrer e incluem concussão e contusão. ● Concussão cerebral: lesão causada por uma pancada na cabeça que produz um edema cerebral. Frequentemente associada a dor de cabeça, perda breve da consciência ou em casos mais graves, inconsciência prolongada. ● Contusão cerebral: lesão mais grave que produz o rompimento de vasos sanguíneos. O sangue forma coágulos dentro do crânio e pressionam o cérebro, afetando e prejudicando as funções cerebrais. SINAIS E SINTOMAS DO TRAUMA CRÂNIO-ENCEFÁLICO (TCE) ● Cefaleia e dor na região da lesão; ● Náuseas e vômito; ● Alteração da visão; ● Alteração do nível de consciência, podendo chegar a inconsciência; ● Ferimentos (cortes) ou hematomas na cabeça; ● Deformidade no crânio; ● Edema ou descoloração das pálpebras ou abaixo dos olhos; ● Edema ou descoloração da região atrás das orelhas; ● Pupilas desiguais (anisocoria); ● Sangramento pelo nariz e/ou ouvidos; ● Líquido claro (líquor) fluindo pelos ouvidos ou nariz; ● Alteração de sinais vitais (respiração e pulso progressivamente piores); ● Posturas típicas (decorticação ou descerebração). IMAGENS ● Deformidade no crânio ● Edema ou descoloração das pálpebras ou abaixo dos olhos; ● Edema ou descoloração da região atrás das orelhas; TRATAMENTO PRÉ HOSPITALAR TRAUMA CRÂNIO-ENCEFÁLICO (TCE) ● Corrigir os problemas que ameaçam a vida. Manter a permeabilidade das VA, a respiração e a circulação. ● Administrar oxigênio suplementar. ● Suspeitar de lesão cervical associada nos casos de acidentados e adotar os procedimentos apropriados. ● Controlar hemorragias (não deter saída de sangue ou líquor pelo ouvidos ou nariz). ● Cobrir e proteger os ferimentos abertos. ● Manter o paciente em repouso e não deixar que se movimente. ● Ficar preparado para a possibilidade de vômito ou convulsões. ● Monitorar o estado de consciência, a respiração e o pulso. ● Prevenir o choque e evitar a ingestão de líquidos ou alimentos. ● Oferecer suporte emocional e transportar com urgência. TRAUMA DE FACE O perigo principal nas lesões e fraturas faciais são os fragmentos ósseos e o sangue que poderão provocar obstruções nas vias aéreas. Sinais e Sintomas Trauma de Face ● Coágulos de sangue nas vias aéreas; ● Deformidade facial; ● Equimose nos olhos; ● Perda do movimento ou impotência funcional da mandíbula; ● Dentes amolecidos, quebrados ou quebra de próteses dentárias; ● Grandes hematomas ou qualquer indicação de golpe severo na face. TRATAMENTO PRÉ HOSPITALAR TRAUMA DE FACE É o mesmo tratamento utilizado no cuidado de ferimentos em tecidos moles, sua atenção deve estar voltada a para manutenção da permeabilidade das vias aéreas, controle as hemorragias, cubra com curativos estéreis os traumas abertos, monitore os sinais vitais e esteja preparado para o choque. Atenção: ● Controlar o sangramento por compressão direta, tomando o cuidado de não pressionar muito forte, pois fraturas faciais podem não ser facilmente detectadas; ● Remover objetos transfixados na bochecha que apresentarem risco de obstrução das vias aéreas; Se necessário, transportar o paciente lateralizado para drenar o sangue da boca (não recomendado se houver lesão cervical associada); ● Suspeitar de lesão adicional na cabeça (TCE) ou pescoço (TRM); ● Oferecer apoio emocional ao paciente. Ferimentos nos olhos ● Não comprimir diretamente sobre os olhos; ● Cobrir o globo ocular lesado com um curativo úmido e proteger com um copo plástico e compressas de gaze; ● Estabilizar objetos cravados e nunca tentar removê-los; ● Tampar ambos os olhos; ● Oferecer apoio emocional ao paciente. Tratamento pré hospitalar Trauma de Face Lesões nos ouvidos e orelhas ● Não tentar remover objetos cravados; ● Não tamponar a saída de sangue ou líquor; ● Aplicar curativo volumoso e frouxo e fixar com esparadrapo ou atadura sem pressão; ● Oferecer apoio emocional ao paciente. Tratamento pré hospitalar Trauma de Face Ferimentos no pescoço ● Controlar o sangramento por compressão direta sobre a ferida (use a própria mão enluvada); ● Aplicar curativo oclusivo com cobertura de plástico e fixá-lo com bandagem larga, sem comprimir ambos os lados do pescoço; ● Ofertar oxigênio suplementar; ● Oferecer apoio emocional e prevenir o choque. Tratamento pré hospitalar Trauma de Face É através dessa escala que é possível mensurar o nível de consciência dos pacientes. E a partir desses dados podemos encaminhar o paciente de maneira mais segura. Pontuação na ECG Classificação Com 13 pontos ou mais, o resultado do TCE é leve. Já com 9 a 12 pontos, ele é moderado. Por fim, entre 3 a 8 pontos, é grave. Uma pontuação de 8 ou menos na ECG configura uma definição geralmente aceita de coma ou lesão cerebral grave. Pacientes com lesão cerebral que tenham uma pontuação ECG de 9 a 12 são categorizados como tendo “Lesão moderada” e indivíduos com escore ECG de 13 a 15 são designados como tendo “lesão leve”. ESCALA DE COMA DE GLASGOW ESCALA DE COMA DE GLASGOW NT = Não testado TOTAL= ECG - AP Abertura ocular (AO) 4° Nível - Olhos se abrem espontaneamente 3° Nível - Olhos se abrem ao comando verbal.(Atenção: Não confundir com o despertar de uma pessoa adormecida. Se for o caso, marque 4, se não, 3.) 2°Nível - Olhos se abrem por estímulo doloroso 1° Nível - Olhos não se abrem por nenhum motivo Melhor resposta verbal (MRV) 5° Nível - Orientado: O paciente responde coerentemente e apropriadamente às perguntas sobre seu nome e idade, onde está e por quê, a data etc. 4° Nível - Confuso: O paciente responde às perguntas coerentemente, mas com alguma desorientação e confusão ESCALA DE COMA DE GLASGOW Melhor resposta verbal (MRV) - continuação 3° Nível - Palavras inapropriadas: Fala aleatória, mas sem troca conversacional 2° Nível - Sons ininteligíveis: Gemendo, grunhindo e sem articular palavras 1° Nível - Ausente: Não emite nenhum som Melhor resposta motora (MRM) 6° Nível - Obedece ordens verbais: O paciente faz coisas simples quando lhe é ordenado 5° Nível - Localiza estímulo doloroso 4° Nível - Retirada inespecífica à dor 3° Nível - Padrão flexor à dor: Decorticação 2° Nível - Padrão extensor à dor: Descerebração 1° Nível - Sem ou nenhuma resposta motora ESCALA DE COMA DE GLASGOW https://pt.wikipedia.org/wiki/Decortica%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Descerebra%C3%A7%C3%A3o Trauma de tórax Sinais e sintomas ● Dor no local da lesão; ● Aumento da sensibilidade ou dor que agrava com os movimentos respiratórios; ● Eliminação de sangue através de tosse; ● Cianose nos lábios, pontas dos dedos e unhas; ● Postura característica (o paciente fica inclinado sobre o lado lesionado e imóvel); ● Sinais de choque (pulso rápido e PA baixa). Fratura de costela Sinais e sintomas fratura de costela ● Dor na região da fratura; ● Dor à respiração; ● Movimentos respiratórios curtos; ● Crepitação à palpação. Tórax instável Tratamento Pré-Hospitalar A fratura de uma só costela não deve ser imobilizada com fita adesiva. Imobilizar com o braço da vítima sobre o local da lesão. Usar bandagens triangulares como tipóia e outras para fixar o braço no tórax. Ministrar oxigênio suplementar. Tórax instável Ocorre quando duas ou mais costelas estão quebradas em dois pontos. Provoca a respiração paradoxal. O segmento comprometido se movimenta, paradoxalmente, ao contrário do restante da caixa torácica durante a inspiração e a expiração. Enquanto o tórax se expande o segmento comprometido se retrai e quando a caixa torácica se contrai o segmento se eleva. Tórax instável Tórax instável http://www.youtube.com/watch?v=HJMTHWJmIuA&t=614 Tórax instável Tratamento Pré-Hospitalar ● Estabilizar o segmento instável que se move paradoxalmente durante as respirações usando uma almofada pequena ou compressas dobradas presas com fitas adesivas largas. ● O tórax não deverá ser totalmente enfaixado. ● Transportar a vítima deitada sobre a lesão. ● Ministrar oxigênio suplementar. Ferimentos penetrantes São os traumas abertos de tórax, geralmente provocados por objetos que não se encontram cravados, assim como lesões provocadas por armas brancas, de fogo ou lesões ocorridas nos acidentes de trânsito, etc. Pelo ferimento é possível perceber o ar entrando e saindo pelo orifício. Tratamento Pré-Hospitalar ● Tamponar o local do ferimento usando a própria mão protegida por luvas; ● Fazer um curativo oclusivo com plástico ou papel alumínio (curativo de três pontas), a oclusão completa do ferimento pode provocar um pneumotórax hipertensivo e grave. ● Conduzir com urgência para um hospital e ministrar oxigênio suplementar; Lesões do coração, pulmões e em grandes vasos O ar que sai do pulmão perfurado leva ao pneumotórax que resulta em colapso pulmonar. As hemorragias no interior da caixa torácica (hemotórax) provocam compressão do pulmão, levando também à insuficiência respiratória. As lesões na caixa torácica acabam provocando lesões internas nos pulmões e no coração. O sangue envolvendo a cavidade do pericárdio pode também resultar em uma perigosa compressão no coração. Todas estas lesões são emergências sérias que requerem pronta intervenção médica. Ferimentos penetrantes PNEUMOTÓRAX HEMOTÓRAX ar sangue PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO http://www.youtube.com/watch?v=I5mfe6J4Qgo&t=44 Lesões do coração, pulmões e em grandes vasos Sinais e Sintomas ● Desvio de traquéia; ● Estase jugular; ● Cianose; ● Sinais de choque; ● Enfisema subcutâneo, etc. Tratamento Pré-Hospitalar Ministrar oxigênio suplementar e conduzir o paciente com urgência para receber tratamento médico. Objetos cravados ou encravados Não remover corpos estranhos encravados (pedaços de vidro, facas, lascas de madeiras, ferragens, etc.). As tentativas de remoção poderão causar hemorragia grave ou ainda, lesar nervos e músculos próximos da lesão. Observação: Objetos cravados em orifícios naturais são denominados de ferimentos empalados. Tratamento Pré-Hospitalar ● Controlar as hemorragias por compressão direta; ● Usar curativos volumosos para estabilizar o objeto cravado, fixando-o com fita adesiva/crepe; ● Transportar o paciente administrando oxigênio suplementar. Ferimentos abdominais (relembrando) Sinais de trauma fechado ● Dor ou contração; ● Abdômen protegido; ● Posturas características; ● Respiração rápida e superficial; ● Abdômen sensível ou rígido. Tratamento para ferimentos abdominais abertos ● Expor o local e cobrir todo o ferimento com curativo estéril úmido; ● Não recolocar órgãos eviscerados; ● Não remover objetos cravados; ● Estar preparado para o vômito; ● Prevenir o choque; ● Transportar com as pernas fletidas. TRAUMA PÉLVICO Fraturas de pelve geralmente resultam de traumas de alta energia, são lesões graves, com mortalidade significativa e alto índice de lesões associadas. Podem causar sérias sequelas se não manejadas adequadamente, resultando em limitação para caminhar, dor crônica, disfunções urológicas, gastrointestinais, sexuais e psicológicas. TRAUMA PÉLVICO TRAUMA PÉLVICO Principais Mecanismos de Fratura Pélvica TRAUMA PÉLVICO Principais Mecanismos de Fratura Pélvica Compressão antero-posterior Pode ser devido a atropelamento de pedestre, colisão de moto, esmagamento direto da pelve ou queda de altura elevada, superior a 3,6 metros. Acompanhando a disjunção da sínfise púbica (“livro aberto”), estão geralmente associados rupturas dos ligamentos ósseos posteriores e fraturas ilíacas, com ou sem luxação, ou ainda fraturas de sacro. TRAUMA PÉLVICO TRAUMA PÉLVICO Principais Mecanismos de Fratura Pélvica Compressão lateral Usualmente ocorre devido a colisões automobilísticas. Resulta em rotação interna da pelve, que empurra a púbis contra as estruturas do sistema genitourinário inferior, resultando em lesões de bexiga e uretra. Como o volume interno da pelve é comprimido nessa forma de lesão, dificilmente as hemorragias levam a risco de morte. TRAUMA PÉLVICO TRAUMA PÉLVICO Principais Mecanismos de Fratura Pélvica Cisalhamento vertical Uma força de cisalhamento de grande energia aplicada no plano vertical resulta em ruptura dos ligamentos sacroespinhosos e sacrotuberosos levando a grande instabilidade pélvica. TRAUMA PÉLVICO Principais Mecanismos de Fratura Pélvica AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE PÉLVICA Deve-se considerar fratura pélvica se os pacientes tiverem dor na região pélvica ou no quadril ou tiveram trauma grave. A fratura de ossos pélvicos representa grande fonte de hemorragia no trauma fechado. A detecção precoce pode ser realizada através da avaliação da estabilidade pélvica. Atenção! O exame da fratura pélvica pode piorar a hemorragia de base. AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE PÉLVICA O exame da estabilidade pélvica se inicia com compressão da crista ilíaca. Movimentos anormais e dor indicam fratura e o exame não deve ser repetido. Sinais e sintomas: - Lombalgia - Hemorragia, hematoma, equimose (flancos, glúteos, genitais) - Assimetria do quadril - Limitação de mobilidade, não deambula - Quadril ou joelhos dobrados AVALIAÇÃO DE TRAUMA PÉLVICO IMOBILIZAÇÃO DE TRAUMA PÉLVICO A pelve deveser temporariamente estabilizada por dispositivos de compressão, com o intuito de diminuir a hemorragia. Cinta Pélvica Sam Sling Outros dispositivos: - Lençol - Manta aluminizada - Imobilizador Dorsal Ked - Ataduras Estabilizador Pélvico Objetivos Ao final desta lição os participantes serão capazes de: 1. Conhecer as principais causas de lesão cerebral, assim como os sinais e sintomas relacionados; 2. Demonstrar o uso apropriado de curativos compressivos e oclusivos nas seguintes situações simuladas: Ferimentos na cabeça, face e pescoço; Objeto encravado; Olho protruso; 3. Identificar uma fratura em arco costal e a presença de tórax instável; 4. Realizar a correta identificação e manejo do pneumotórax e do hemotórax; 5. Realizar corretamente os procedimentos a serem adotados em caso de empalamento e evisceração; 6. Realizar a correta imobilização de pelve.