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POLÍCIA CIENTÍFICA-PR POLÍCIA CIENTÍFICA DO ESTADO DO PARANÁ Perito Oficial Criminal - Comum a Todas as Áreas EDITAL Nº 002/2024 – PCP CÓD: OP-166JN-24 7908403549078 • A Opção não está vinculada às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na carreira pública, • Sua apostila aborda os tópicos do Edital de forma prática e esquematizada, • Dúvidas sobre matérias podem ser enviadas através do site: www.apostilasopção.com.br/contatos.php, com retorno do professor no prazo de até 05 dias úteis., • É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo 184 do Código Penal. Apostilas Opção, a Opção certa para a sua realização. ÍNDICE Língua Portuguesa 1. Compreensão e interpretação de textos de variados gêneros .................................................................................................. 7 2. Domínio da norma culta do português contemporâneo ........................................................................................................... 8 3. sob os seguintes aspectos: coesão e coerência textual ............................................................................................................. 9 4. estruturação da frase e períodos complexos ............................................................................................................................. 10 5. uso do vocabulário apropriado .................................................................................................................................................. 14 6. pontuação .................................................................................................................................................................................. 15 7. concordância verbal e nominal .................................................................................................................................................. 18 8. emprego de pronomes .............................................................................................................................................................. 20 9. ortografia ................................................................................................................................................................................... 20 10. acentuação................................................................................................................................................................................. 21 11. Comunicação Escrita Oficial do Estado do Paraná: Processo de elaboração textual, Princípios Orientadores da Redação Ofi- cial, Hierarquia e Subordinação, Revisão, Conceito e Estrutura de Ofício, Decreto, Despacho, Correio-eletrônico, Instrução Normativa, Memorando, Ordem de Serviço, Parecer, Portaria, Requerimento, Relatório, Resolução; Documentos de Compe- tência Privativa; Sistemática da Lei ............................................................................................................................................ 22 Direito Aplicado 1. CAPÍTULO II - DO EXAME DE CORPO DE DELITO, DA CADEIA DE CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS EM GERAL – Do Código de Processo Penal .......................................................................................................................................................................................... 29 2. CAPÍTULO VI - DOS PERITOS E INTÉRPRETES – Do Código de Processo Penal ........................................................................... 34 3. CAPÍTULO III - DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA – Falsa Perícia, Falso Testemunho, Fraude Processual, Exploração de Prestígio- Do Código Penal. ................................................................................................................................ 35 4. TÍTULO VI-DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA – Perícia Médica - Do Código Penal. ........................................................................ 37 5. CAPÍTULO VII – DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – Da Constituição Federal ................................................................................ 38 6. TÍTULO II – DO CONDENADO E DO INTERNADO – Da Lei de Execução Penal ............................................................................ 44 7. CAPÍTULO VII – DAS DIPOSIÇÕES GERAIS – Da Lei nº 9.279 de 14 de maio de 1996 ................................................................. 49 8. CAPÍTULO XVII – DAS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS – Artigo 279 e CAPÍTULO XIX - DOS CRIMES DE TRÂNSITO – Artigo 312 – Do Código de Trânsito Brasileiro ................................................................................................................................................ 50 9. LEI DOS CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE - Lei nº 13.869, de 5 de setembro de 2019 ........................................................ 55 Raciocínio Lógico e Científico 1. Estruturas lógicas ........................................................................................................................................................................ 63 2. Lógica de argumentação: analogias, inferências, deduções e conclusões .................................................................................. 64 3. Lógica sentencial (ou proposicional). Tabelas verdade. Leis de De Morgan. Proposições simples e compostas ........................ 64 4. Equivalências .............................................................................................................................................................................. 66 5. Diagramas lógicoS ....................................................................................................................................................................... 68 6. Lógica de primeira ordem ........................................................................................................................................................... 70 7. Princípios de contagem e probabilidade ..................................................................................................................................... 72 8. Operações com conjuntos .......................................................................................................................................................... 73 9. Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais ........................................................................ 75 ÍNDICE 10. Método científico, indutivo, dedutivo, hipotético-dedutivo, dialético, estatístico, comparativo, experimental ........................ 77 11. Pensamento Lateral, Pensamento Vertical ................................................................................................................................. 81 12. Hipóteses, teorias; Inferências .................................................................................................................................................... 82 13. Retrodução ................................................................................................................................................................................. 82 14. Abdução ...................................................................................................................................................................................... 83 15. Viés de Pesquisa: viés cognitivo, viés contextual, viés de amostragem, viés de resposta, viés de não-resposta, viés de entre- vistador, viés de pesquisador, viés de confirmação .................................................................................................................... 83 Informática 1. Noções básicas dos sistemas operacionais: conceito, Linux, Windows, Android, macOS e iOS, diferença entre Kernel e Fir- mwar ..........................................................................................................................................................................................87 2. Conceitos básicos de Redes de computadores: endereço IP, URL, internet e intranet ............................................................. 99 3. Noções básicas de navegação e busca na internet e na Deep Web ........................................................................................... 134 4. Noções básicas de envio de mensagens por correio eletrônico abordando os conceitos de caixa de entrada, caixa de saída, spam, rascunhos, lixeira, assunto, remetente, destinatário, cópia oculta, anexos .................................................................... 142 5. Conceito de Rede neural e inteligência artificial como ferramenta de perguntas e respostas .................................................. 146 6. Conceito de Computação na nuvem (cloud computing) ............................................................................................................ 146 7. Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas ............................................... 148 8. Armazenamento de dados na nuvem (cloud storage) ............................................................................................................... 150 9. Noções de Segurança da informação e dos conceitos de Disponibilidade, Integridade, Confidencialidade e Autenticidade da informação; Noções de vírus, Worms, pragas virtuais, antivírus, proxy, VPN e firewall ............................................................ 151 10. Procedimentos de backup ......................................................................................................................................................... 157 11. criptografia de arquivos e pastas .............................................................................................................................................. 158 12. Sistema eprotocolo: interface, consulta de protocolo, assinatura eletrônica ............................................................................ 168 13. Sistema Paraná Inteligência Artificial - PIA: cadastro, busca de serviços ................................................................................... 168 14. SINESP Cidadão: Objetivo, cadastro, acesso com a Conta gov.br, consultas por desaparecidos, procurados, veículos e manda- dos ............................................................................................................................................................................................. 171 Legislação Especial 1. Lei Complementar Estadual n° 258/2023 (Quadro Próprio dos Peritos Oficiais do Paraná) ....................................................... 175 2. Lei Estadual 21.117/2022 (Lei Orgânica da Polícia Científica do Paraná) .................................................................................... 191 3. Lei Estadual 6174/1970 (Estatuto do Servidor Público do Paraná) ............................................................................................. 201 4. Lei Estadual n° 20.656/2021 (Processos Administrativos) .......................................................................................................... 225 5. Artigo 50 da Constituição Estadual do Paraná ............................................................................................................................ 244 6. Lei Federal n° 12030/09 (Lei da Perícia Oficial) ........................................................................................................................... 245 7. Lei Federal nº 13.675, de 11 de junho de 2018. (Lei do SUSP) ................................................................................................... 245 8. Lei nº 20.866 - 09 de dezembro de 2021 (Política Estadual de Segurança Pública e Defesa Social do Paraná) .......................... 256 9. Lei Estadual nº 21.640/2023 (Código de Ética da Polícia Científica do Paraná) .......................................................................... 260 ÍNDICE Noções de Criminalística e Medicina Legal 1. Conceito de Vestígio, Evidência e Prova ..................................................................................................................................... 269 2. Conceito e definições de Cadeia de Custódia; Noções da Fase Externa e Interna da Cadeia de Custódia dos Vestígios ........... 270 3. Classificação dos vestígios em Microvestígios, Macrovestígios, Transitórios, Permanentes, Latentes, Percepitíveis, Verdadei- ros, Ilusórios, Forjados, Humanos, Não-humanos, Absolutos e Relativos; ................................................................................ 270 4. Classificação do local de crime em mediato, imediato e relacionado ....................................................................................... 271 5. Traumatologia Forense: estudo dos instrumentos perfurantes, cortantes, perfuro-cortantes, contundentes, corto-contun- dentes, perfuro contundentes e lesões correspondentes; agentes físicos não-mecânicos: lesões causadas por temperatura, eletricidade, pressão atmosférica, explosões e das energias ionizantes e não-ionizantes; ....................................................... 271 6. Tanatologia Forense: sinais de morte; lesões vitais e pós-mortais; cronotanatognose e fenômenos cadavéricos; tipos de as- fixias - enforcamento, estrangulamento, esganadura, sufocação, soterramento, afogamento, confinamento, gases inertes e outras ......................................................................................................................................................................................... 278 7. Formas primárias de identificação humana por impressões papilares, arcada dentária e genética ......................................... 289 8. Balística Forense: Conceito de balística interna, externa e terminal; ........................................................................................ 290 9. Noções de Fotografia: conceitos (lentes, velocidade, obturador, diafragma, distância focal, ângulo de visão, foco, exposição fotográfica), tipos de lente, tipos de câmera, tipos de flash, tipos de armazenamento de câmeras digitais, luzes (branca, tem- peratura, UV), equipamentos; uso, recorte, tratamento ........................................................................................................... 291 10. Escaner 3D: Conceito, sensor Lidar (Light Detection and Ranging). .......................................................................................... 291 7 LÍNGUA PORTUGUESA COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE VARIA- DOS GÊNEROS Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido completo. A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua interpretação. A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta- ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper- tório do leitor. Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. Dicas práticas 1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con- ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa- rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível, adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações. 2. Tenha sempre um dicionárioou uma ferramenta de busca por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhecidas. 3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fonte de referências e datas. 4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de opiniões. 5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques- tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin- tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor quando afirma que... A partir da estrutura linguística, da função social e da finalidade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas classifica- ções. Tipos textuais A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali- dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão específico para se fazer a enunciação. Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas características: TEXTO NARRATIVO Apresenta um enredo, com ações e relações entre personagens, que ocorre em determinados espaço e tempo. É contado por um narrador, e se estrutura da seguinte maneira: apresentação > desenvolvimento > clímax > desfecho TEXTO DISSERTATIVO- ARGUMENTATIVO Tem o objetivo de defender determinado ponto de vista, persuadindo o leitor a partir do uso de argumentos sólidos. Sua estrutura comum é: introdução > desenvolvimento > conclusão. TEXTO EXPOSITIVO Procura expor ideias, sem a necessidade de defender algum ponto de vista. Para isso, usa- se comparações, informações, definições, conceitualizações etc. A estrutura segue a do texto dissertativo-argumentativo. TEXTO DESCRITIVO Expõe acontecimentos, lugares, pessoas, de modo que sua finalidade é descrever, ou seja, caracterizar algo ou alguém. Com isso, é um texto rico em adjetivos e em verbos de ligação. TEXTO INJUNTIVO Oferece instruções, com o objetivo de orientar o leitor. Sua maior característica são os verbos no modo imperativo. Gêneros textuais A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe- cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual, podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as- sim como a própria língua e a comunicação, no geral. Alguns exemplos de gêneros textuais: • Artigo • Bilhete • Bula • Carta • Conto • Crônica • E-mail • Lista • Manual LÍNGUA PORTUGUESA 8 • Notícia • Poema • Propaganda • Receita culinária • Resenha • Seminário Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex- to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária, por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali- dade e à função social de cada texto analisado. DOMÍNIO DA NORMA CULTA DO PORTUGUÊS CONTEMPO- RÂNEO A Linguagem Culta ou Padrão É aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científicas, noticiários de TV, programas culturais etc. Ouvindo e lendo é que você aprenderá a falar e a escrever bem. Procure ler muito, ler bons autores, para redigir bem. A aprendizagem da língua inicia-se em casa, no contexto fami- liar, que é o primeiro círculo social para uma criança. A criança imita o que ouve e aprende, aos poucos, o vocabulário e as leis combi- natórias da língua. Um falante ao entrar em contato com outras pessoas em diferentes ambientes sociais como a rua, a escola e etc., começa a perceber que nem todos falam da mesma forma. Há pessoas que falam de forma diferente por pertencerem a outras cidades ou regiões do país, ou por fazerem parte de outro grupo ou classe social. Essas diferenças no uso da língua constituem as variedades linguísticas. Certas palavras e construções que empregamos acabam denun- ciando quem somos socialmente, ou seja, em que região do país nascemos, qual nosso nível social e escolar, nossa formação e, às vezes, até nossos valores, círculo de amizades e hobbies. O uso da língua também pode informar nossa timidez, sobre nossa capaci- dade de nos adaptarmos às situações novas e nossa insegurança. A norma culta é a variedade linguística ensinada nas escolas, contida na maior parte dos livros, registros escritos, nas mídias te- levisivas, entre outros. Como variantes da norma padrão aparecem: a linguagem regional, a gíria, a linguagem específica de grupos ou profissões. O ensino da língua culta na escola não tem a finalidade de condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa família ou em nossa comunidade. O domínio da língua culta, somado ao do- mínio de outras variedades linguísticas, torna-nos mais preparados para nos comunicarmos nos diferentes contextos lingísticos, já que a linguagem utilizada em reuniões de trabalho não deve ser a mes- ma utilizada em uma reunião de amigos no final de semana. Portanto, saber usar bem uma língua equivale a saber empregá- -la de modo adequado às mais diferentes situações sociais de que participamos. A norma culta é responsável por representar as práticas lin- guísticas embasadas nos modelos de uso encontrados em textos formais. É o modelo que deve ser utilizado na escrita, sobretudo nos textos não literários, pois segue rigidamente as regras gramati- cais. A norma culta conta com maior prestígio social e normalmente é associada ao nível cultural do falante: quanto maior a escolariza- ção, maior a adequação com a língua padrão. Exemplo: Venho solicitar a atenção de Vossa Excelência para que seja conjurada uma calamidade que está prestes a desabar em cima da juventude feminina do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao movimento entusiasta que está empolgando centenas de moças, atraindo-as para se transformarem em jogadoras de futebol, sem se levar em conta que a mulher não poderá praticar este esporte violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisiológico de suas fun- ções orgânicas, devido à natureza que dispôs a ser mãe. A Linguagem Popular ou Coloquial É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra- se quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na expressão dos esta dos emocionais etc. Dúvidas mais comuns da norma culta Perca ou perda Isto é uma perda de tempo ou uma perca de tempo? Tomara que ele não perca o ônibus ou não perda o ônibus? Quais são as fra- ses corretas com perda e perca? Certo: Isto é uma perda de tempo. Embaixo ou em baixo O gato está embaixo da mesa ou em baixo da mesa? Continu- arei falando em baixo tom de voz ou embaixo tom de voz? Quais são as frases corretas com embaixo e em baixo? Certo: O gato está embaixo da cama Ver ou vir A dúvida no uso de ver e vir ocorre nas seguintes construções: Se eu ver ou se eu vir? Quando eu ver ou quando eu vir? Qual das frases comver ou vir está correta? Se eu vir você lá fora, você vai ficar de castigo! Onde ou aonde Os advérbios onde e aonde indicam lugar: Onde você está? Aon- de você vai? Qual é a diferença entre onde e aonde? Onde indica permanência. É sinônimo de em que lugar. Onde, Em que lugar Fica? Como escrever o dinheiro por extenso? Os valores monetários, regra geral, devem ser escritos com al- garismos: R$ 1,00 ou R$ 1 R$ 15,00 ou R$ 15 R$ 100,00 ou R$ 100 R$ 1400,00 ou R$ 1400. LÍNGUA PORTUGUESA 9 Obrigado ou obrigada Segundo a gramática tradicional e a norma culta, o homem ao agradecer deve dizer obrigado. A mulher ao agradecer deve dizer obri- gada. Mal ou mau Como essas duas palavras são, maioritariamente, pronunciadas da mesma forma, são facilmente confundidas pelos falantes. Qual a diferença entre mal e mau? Mal é um advérbio, antônimo de bem. Mau é o adjetivo contrário de bom. “Vir”, “Ver” e “Vier” A conjugação desses verbos pode causar confusão em algumas situações, como por exemplo no futuro do subjuntivo. O correto é, por exemplo, “quando você o vir”, e não “quando você o ver”. Já no caso do verbo “ir”, a conjugação correta deste tempo verbal é “quando eu vier”, e não “quando eu vir”. “Ao invés de” ou “em vez de” “Ao invés de” significa “ao contrário” e deve ser usado apenas para expressar oposição. Por exemplo: Ao invés de virar à direita, virei à esquerda. Já “em vez de” tem um significado mais abrangente e é usado principalmente como a expressão “no lugar de”. Mas ele também pode ser usado para exprimir oposição. Por isso, os linguistas recomendam usar “em vez de” caso esteja na dúvida. Por exemplo: Em vez de ir de ônibus para a escola, fui de bicicleta. “Para mim” ou “para eu” Os dois podem estar certos, mas, se você vai continuar a frase com um verbo, deve usar “para eu”. Por exemplo: Mariana trouxe bolo para mim; Caio pediu para eu curtir as fotos dele. “Tem” ou “têm” Tanto “tem” como “têm” fazem parte da conjugação do verbo “ter” no presente. Mas o primeiro é usado no singular, e o segundo no plural. Por exemplo: Você tem medo de mudança; Eles têm medo de mudança. “Há muitos anos”, “muitos anos atrás” ou “há muitos anos atrás” Usar “Há” e “atrás” na mesma frase é uma redundância, já que ambas indicam passado. O correto é usar um ou outro. Por exemplo: A erosão da encosta começou há muito tempo; O romance começou muito tempo atrás. Sim, isso quer dizer que a música Eu nasci há dez mil anos atrás, de Raul Seixas, está incorreta. SOB OS SEGUINTES ASPECTOS: COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpretação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os compo- nentes do texto, de modo que são independentes entre si. Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente, e vice-versa. Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja, ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito ao conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias. Coesão A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de conectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida a partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (antecipa um componente). Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual: REGRA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS REFERÊNCIA Pessoal (uso de pronomes pessoais ou possessivos) – anafórica Demonstrativa (uso de pronomes demonstrativos e advérbios) – catafórica Comparativa (uso de comparações por semelhanças) João e Maria são crianças. Eles são irmãos. Fiz todas as tarefas, exceto esta: colonização africana. Mais um ano igual aos outros... SUBSTITUIÇÃO Substituição de um termo por outro, para evitar repetição Maria está triste. A menina está cansada de ficar em casa. LÍNGUA PORTUGUESA 10 ELIPSE Omissão de um termo No quarto, apenas quatro ou cinco convidados. (omissão do verbo “haver”) CONJUNÇÃO Conexão entre duas orações, estabelecendo relação entre elas Eu queria ir ao cinema, mas estamos de quarentena. COESÃO LEXICAL Utilização de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos ou palavras que possuem sentido aproximado e pertencente a um mesmo grupo lexical. A minha casa é clara. Os quartos, a sala e a cozinha têm janelas grandes. Coerência Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio. Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a coerência. Veja quais são os principais princípios para um texto coerente: • Princípio da não contradição: não deve haver ideias contraditórias em diferentes partes do texto. • Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundante, ainda que seja expressa com palavras diferentes. • Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumentação. • Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto tenha um seguimento em relação ao assunto tratado. • Princípio da progressão semântica: inserir informações novas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à progressão de ideias. Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomendáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimento de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do leitor; e informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessantes e pouco previsíveis. ESTRUTURAÇÃO DA FRASE E PERÍODOS COMPLEXOS Frase É todo enunciado capaz de transmitir a outrem tudo aquilo que pensamos, queremos ou sentimos. Exemplos Caía uma chuva. Dia lindo. Oração É a frase que apresenta estrutura sintática (normalmente, sujeito e predicado, ou só o predicado). Exemplos Ninguém segura este menino. (Ninguém: sujeito; segura este menino: predicado) Havia muitos suspeitos. (Oração sem sujeito; havia muitos suspeitos: predicado) Termos da oração 1. Termos essenciais sujeito predicado 2. Termos integrantes complemento verbal complemento nominal agente da passiva objeto direto objeto indireto LÍNGUA PORTUGUESA 11 3. Termos acessórios Adjunto adno- minal adjunto adverbial aposto 4. Vocativo Diz-se que sujeito e predicado são termos “essenciais”, mas note que o termo que realmente é o núcleo da oração é o verbo: Chove. (Não há referência a sujeito.) Cansei. (O sujeito e eu, implícito na forma verbal.) Os termos “acessórios” são assim chamados por serem suposta- mente dispensáveis, o que nem sempre é verdade. Sujeito e predicado Sujeito é o termo da oração com o qual, normalmente, o verbo concorda. Exemplos A notícia corria rápida como pólvora. (Corria está no singular concordando com a notícia.) As notícias corriam rápidas como pólvora. (Corriam, no plural, concordando com as notícias.) O núcleo do sujeito é a palavra principal do sujeito, que encerra a essência de sua significação. Em torno dela, como que gravitam as demais. Exemplo: Os teus lírios brancos embelezam os campos. (Lírios é o núcleo do sujeito.) Podem exercer a função de núcleo do sujeito o substantivo e pa- lavras de natureza substantiva. Veja: O medo salvou-lhe a vida. (substantivo) Os medrosos fugiram. (Adjetivo exercendo papel de substanti- vo: adjetivo substantivado.) A definição mais adequada para sujeito é: sujeito é o termo da oração com o qual o verbo normalmente concorda. Sujeito simples: tem um só núcleo. Exemplo: As flores morreram. Sujeito composto: tem mais de um núcleo. Exemplo: O rapaz e a moça foram encostados ao muro. Sujeito elíptico (ou oculto): não expresso e que pode ser deter- minado pela desinência verbal ou pelo contexto. Exemplo: Viajarei amanhã. (sujeito oculto: eu) Sujeito indeterminado: é aquele que existe, mas não podemos ou não queremos identificá-lo com precisão. Ocorre: - quando o verbo está na 3ª pessoa do plural, sem referência a nenhum substantivo anteriormente expresso. Exemplo: Batem à porta. -com verbos intransitivo (VI), transitivo indireto (VTI) ou de li- gação (VL) acompanhados da partícula SE, chamada de índice de indeterminação do sujeito (IIS). Exemplos: Vive-se bem. (VI) Precisa-se de pedreiros. (VTI) Falava-se baixo. (VI) Era-se feliz naquela época. (VL) Orações sem sujeito São orações cujos verbos são impessoais, com sujeito inexisten- te. Ocorrem nos seguintes casos: - com verbos que se referem a fenômenos meteorológicos. Exemplo: Chovia. Ventava durante a noite. - haver no sentido de existir ou quando se refere a tempo de- corrido. Exemplo: Há duas semanas não o vejo. (= Faz duas semanas) - fazer referindo-se a fenômenos meteorológicos ou a tempo decorrido. Exemplo: Fazia 40° à sombra. - ser nas indicações de horas, datas e distâncias. Exempl: São duas horas. Predicado nominal O núcleo, em torno do qual as demais palavras do predicado gravitam e que contém o que de mais importante se comunica a respeito do sujeito, e um nome (isto é, um substantivo ou adjetivo, ou palavra de natureza substantiva). O verbo e de ligação (liga o nú- cleo ao sujeito) e indica estado (ser, estar, continuar, ficar, perma- necer; também andar, com o sentido de estar; virar, com o sentido de transformar-se em; e viver, com o sentido de estar sempre). Exemplo: Os príncipes viraram sapos muito feios. (verbo de ligação mais núcleo substantivo: sapos) Verbos de ligação São aqueles que, sem possuírem significação precisa, ligam um sujeito a um predicativo. São verbos de ligação: ser, estar, ficar, pa- recer, permanecer, continuar, tornar-se etc. Exemplo: A rua estava calma. Predicativo do sujeito É o termo da oração que, no predicado, expressa qualificação ou classificação do sujeito. Exemplo: Você será engenheiro. - O predicativo do sujeito, além de vir com verbos de liga- ção, pode também ocorrer com verbos intransitivos ou com ver- bos transitivos. Predicado verbal Ocorre quando o núcleo é um verbo. Logo, não apresenta predi- cativo. E formado por verbos transitivos ou intransitivos. Exemplo: A população da vila assistia ao embarque. (Núcleo do sujeito: população; núcleo do predicado: assistia, verbo transitivo indireto) LÍNGUA PORTUGUESA 12 Verbos intransitivos São verbos que não exigem complemento algum; como a ação verbal não passa, não transita para nenhum complemento, rece- bem o nome de verbos intransitivos. Podem formar predicado sozi- nhos ou com adjuntos adverbiais. Exemplo: Os visitantes retornaram ontem à noite. Verbos transitivos São verbos que, ao declarar alguma coisa a respeito do sujei- to, exigem um complemento para a perfeita compreensão do que se quer dizer. Tais verbos se denominam transitivos e a pessoa ou coisa para onde se dirige a atividade transitiva do verbo se denomi- na objeto. Dividem-se em: diretos, indiretos e diretos e indiretos. Verbos transitivos diretos: Exigem um objeto direto. Exemplo: Espero-o no aeroporto. Verbos transitivos indiretos: Exigem um objeto indireto. Exemplo: Gosto de flores. Verbos transitivos diretos e indiretos: Exigem um objeto direto e um objeto indireto. Exemplo: Os ministros informaram a nova política econômi- ca aos trabalhadores. (VTDI) Complementos verbais Os complementos verbais são representados pelo objeto direto (OD) e pelo objeto indireto (OI). Objeto indireto É o complemento verbal que se liga ao verbo pela preposição por ele exigida. Nesse caso o verbo pode ser transitivo indireto ou transitivo direto e indireto. Normalmente, as preposições que ligam o objeto indireto ao verbo são a, de, em, com, por, contra, para etc. Exemplo: Acredito em você. Objeto direto Complemento verbal que se liga ao verbo sem preposição obri- gatória. Nesse caso o verbo pode ser transitivo direto ou transitivo direto e indireto. Exemplo: Comunicaram o fato aos leitores. Objeto direto preposicionado É aquele que, contrariando sua própria definição e característi- ca, aparece regido de preposição (geralmente preposição a). O pai dizia aos filhos que adorava a ambos. Objeto pleonástico É a repetição do objeto (direto ou indireto) por meio de um pronome. Essa repetição assume valor enfático (reforço) da noção contida no objeto direto ou no objeto indireto. Exemplos Ao colega, já lhe perdoei. (objeto indireto pleonástico) Ao filme, assistimos a ele emocionados. (objeto indireto pleo- nástico) Predicado verbo-nominal Esse predicado tem dois núcleos (um verbo e um nome), é for- mado por predicativo com verbo transitivo ou intransitivo. Exemplos: A multidão assistia ao jogo emocionada. (predicativo do sujeito com verbo transitivo indireto) A riqueza tornou-o orgulhoso. (predicativo do objeto com verbo transitivo direto) Predicativo do sujeito O predicativo do sujeito, além de vir com verbos de ligação, pode também ocorrer com verbos intransitivos ou transitivos. Nes- se caso, o predicado é verbo-nominal. Exemplo: A criança brincava alegre no parque. Predicativo do objeto Exprime qualidade, estado ou classificação que se referem ao objeto (direto ou indireto). Exemplo de predicativo do objeto direto: O juiz declarou o réu culpado. Exemplo de predicativo do objeto indireto: Gosto de você alegre. Adjunto adnominal É o termo acessório que vem junto ao nome (substantivo), res- tringindo-o, qualificando-o, determinando-o (adjunto: “que vem junto a”; adnominal: “junto ao nome”). Observe: Os meus três grandes amigos [amigos: nome substantivo] vie- ram me fazer uma visita [visita: nome substantivo] agradável on- tem à noite. São adjuntos adnominais os (artigo definido), meus (pronome possessivo adjetivo), três (numeral), grandes (adjetivo), que estão gravitando em torno do núcleo do sujeito, o substantivo amigos; o mesmo acontece com uma (artigo indefinido) e agradável (adje- tivo), que determinam e qualificam o núcleo do objeto direto, o substantivo visita. O adjunto adnominal prende-se diretamente ao substantivo, ao passo que o predicativo se refere ao substantivo por meio de um verbo. Complemento nominal É o termo que completa o sentido de substantivos, adjetivos e advérbios porque estes não têm sentido completo. - Objeto – recebe a atividade transitiva de um verbo. - Complemento nominal – recebe a atividade transitiva de um nome. O complemento nominal é sempre ligado ao nome por preposi- ção, tal como o objeto indireto. Exemplo: Tenho necessidade de dinheiro. Adjunto adverbial É o termo da oração que modifica o verbo ou um adjetivo ou o próprio advérbio, expressando uma circunstância: lugar, tempo, fim, meio, modo, companhia, exclusão, inclusão, negação, afirma- ção, duvida, concessão, condição etc. Período Enunciado formado de uma ou mais orações, finalizado por: ponto final ( . ), reticencias (...), ponto de exclamação (!) ou ponto de interrogação (?). De acordo com o número de orações, classifi- ca-se em: Apresenta apenas uma oração que é chamada absoluta. LÍNGUA PORTUGUESA 13 O período é simples quando só traz uma oração, chamada abso- luta; o período é composto quando traz mais de uma oração. Exem- plo: Comeu toda a refeição. (Período simples, oração absoluta.); Quero que você leia. (Período composto.) Uma maneira fácil de saber quantas orações há num período é contar os verbos ou locuções verbais. Num período haverá tantas orações quantos forem os verbos ou as locuções verbais nele exis- tentes. Há três tipos de período composto: por coordenação, por su- bordinação e por coordenação e subordinação ao mesmo tempo (também chamada de misto). Período Composto por Coordenação As três orações que formam esse período têm sentido próprio e não mantêm entre si nenhuma dependência sintática: são indepen- dentes. Há entre elas uma relação de sentido, mas uma não depen- de da outra sintaticamente. As orações independentes de um período são chamadas de ora- ções coordenadas (OC), e o período formado só de orações coorde- nadas é chamado de período composto por coordenação. As orações coordenadas podem ser assindéticas e sindéticas. As orações sãocoordenadas assindéticas (OCA) quando não vêm introduzidas por conjunção. Exemplo: Os jogadores correram, / chutaram, / driblaram. OCA OCA OCA - As orações são coordenadas sindéticas (OCS) quando vêm in- troduzidas por conjunção coordenativa. Exemplo: A mulher saiu do prédio / e entrou no táxi. OCA OCS As orações coordenadas sindéticas se classificam de acordo com o sentido expresso pelas conjunções coordenativas que as introdu- zem. Pode ser: - Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não só... mas também, não só... mas ainda. A 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que expressa ideia de acréscimo ou adição com referência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa aditiva. - Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto. A 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que expressa ideia de oposição à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa adversativa. - Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto, por isso, pois, logo. A 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que expres- sa ideia de conclusão de um fato enunciado na oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa conclusiva. - Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou, ou... ou, ora... ora, seja... seja, quer... quer. A 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que estabelece uma relação de alternância ou escolha com referência à oração an- terior, ou seja, por uma conjunção coordenativa alternativa. - Orações coordenadas sindéticas explicativas: que, porque, pois, porquanto. A 2ª oração é introduzida por uma conjunção que expressa ideia de explicação, de justificativa em relação à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa explicativa. Período Composto por Subordinação Nesse período, a segunda oração exerce uma função sintática em relação à primeira, sendo subordinada a ela. Quando um perío- do é formado de pelo menos um conjunto de duas orações em que uma delas (a subordinada) depende sintaticamente da outra (prin- cipal), ele é classificado como período composto por subordinação. As orações subordinadas são classificadas de acordo com a função que exercem. Orações Subordinadas Adverbiais Exercem a função de adjunto adverbial da oração principal (OP). São classificadas de acordo com a conjunção subordinativa que as introduz: - Causais: Expressam a causa do fato enunciado na oração prin- cipal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que, visto que. - Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para a ocor- rência do que foi enunciado na principal. Conjunções: se, contanto que, a menos que, a não ser que, desde que. - Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da oração principal, sem, no entanto, impedir sua realização. Conjunções: em- bora, ainda que, apesar de, se bem que, por mais que, mesmo que. - Conformativas: Expressam a conformidade de um fato com outro. Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo. - Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo ao que foi expresso na oração principal. Conjunções: quando, assim que, logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal (=assim que). - Finais: Expressam a finalidade ou o objetivo do que foi enun- ciado na oração principal. Conjunções: para que, a fim de que, por- que (=para que), que. - Consecutivas: Expressam a consequência do que foi enuncia- do na oração principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que, visto que. - Comparativas: Expressam ideia de comparação com referência à oração principal. Conjunções: como, assim como, tal como, (tão)... como, tanto como, tal qual, que (combinado com menos ou mais). - Proporcionais: Expressam uma ideia que se relaciona pro- porcionalmente ao que foi enunciado na principal. Conjunções: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais, quanto menos. Orações Subordinadas Substantivas São aquelas que, num período, exercem funções sintáticas pró- prias de substantivos, geralmente são introduzidas pelas conjun- ções integrantes que e se. - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: É aquela que exerce a função de objeto direto do verbo da oração principal. Observe: O filho quer a sua ajuda. (objeto direto) - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: É aquela que exerce a função de objeto indireto do verbo da oração princi- pal. Observe: Preciso de sua ajuda. (objeto indireto) - Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É aquela que exerce a função de sujeito do verbo da oração principal. Observe: É importante sua ajuda. (sujeito) LÍNGUA PORTUGUESA 14 - Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal: É aquela que exerce a função de complemento nominal de um ter- mo da oração principal. Observe: Estamos certos de sua inocência. (complemento nominal) - Oração Subordinada Substantiva Predicativa: É aquela que exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal, vindo sempre depois do verbo ser. Observe: O principal é sua felicidade. (predicativo) - Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela que exerce a função de aposto de um termo da oração principal. Obser- ve: Ela tinha um objetivo: a felicidade de todos. (aposto) Orações Subordinadas Adjetivas Exercem a função de adjunto adnominal de algum termo da ora- ção principal. As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas por um pronome relativo (que, qual, cujo, quem, etc.) e são classifica- das em: - Subordinadas Adjetivas Restritivas: São restritivas quando restringem ou especificam o sentido da palavra a que se referem. - Subordinadas Adjetivas Explicativas: São explicativas quando apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se referem, esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem restringi-lo ou especificá-lo. Orações Reduzidas São caracterizadas por possuírem o verbo nas formas de gerún- dio, particípio ou infinitivo. Ao contrário das demais orações subor- dinadas, as orações reduzidas não são ligadas através dos conecti- vos. Há três tipos de orações reduzidas: - Orações reduzidas de infinitivo: Infinitivo: terminações –ar, -er, -ir. Reduzida: Meu desejo era ganhar na loteria. Desenvolvida: Meu desejo era que eu ganhasse na loteria. (Ora- ção Subordinada Substantiva Predicativa) - Orações Reduzidas de Particípio: Particípio: terminações –ado, -ido. Reduzida: A mulher sequestrada foi resgatada. Desenvolvida: A mulher que sequestraram foi resgatada. (Ora- ção Subordinada Adjetiva Restritiva) - Orações Reduzidas de Gerúndio: Gerúndio: terminação –ndo. Reduzida: Respeitando as regras, não terão problemas. Desenvolvida: Desde que respeitem as regras, não terão pro- blemas. (Oração Subordinada Adverbial Condicional) USO DO VOCABULÁRIO APROPRIADO Adequação vocabular” é adequar as palavras a situação de fala. As gírias, por exemplo, podem ser perfeitamente ajustadas a certos contextos. A adequação vocabular trata das corretas situações em que de- vemos usar as melhores situações vocabulares. Isto é, trata dos mo- mento em que determinadas linguagens devem ser usada. É o caso por exemplo de quando estamos diante de uma situa- ção informal, com amigos, e conhecidos, onde podemos usar gírias além de demais palavras menor formais. Diferente de situações em que estamos diante de momento mais formais, como o trabalho por exemplo. O ato de escrever O que para alguns parece fácil e agradável, para outros repre- senta um sacrifício sem perspectivas favoráveis. Nas práticas esco- lares, não se prepara o aluno para ser escritor, mas para escrever satisfatoriamente numa linguagem que revele precisão vocabular e clareza de ideias. Um texto correto e preciso resulta de um pensamento organi- zado, ao qual se somam a capacidade para aproveitar os recursos expressivos da língua e a interpretação analítica da realidade, em especial na dissertação. Qualquer que seja a modalidade redacio-nal, sua finalidade é concretizar a comunicação de ideias (conteú- do), valorizadas por uma expressão estética da linguagem (forma). Não basta, pois, saber o que escrever, mas como escrever. As dificuldades para redigir podem ter origem na timidez, no receio da iniciativa inovadora, na falta de estímulos, em métodos didáticos desinteressantes ou ainda num conjunto de fatores que bloqueiam a escrita. Há quem atribua as deficiências da escrita aos meios de comu- nicação de massa que, saturando nossos sentidos com imagem e som, pouco exigem de nossa capacidade reflexiva, ocupando um espaço que poderia ser preenchido pela leitura. Quaisquer que sejam os entraves na escrita, é no aprimoramen- to da linguagem que temos o instrumento mais eficaz para expres- sar o pensa mento. A habilidade com que a usamos permite-nos apreender o mundo e agir sobre ele. Ao escrevermos, fazemos da linguagem nossa conquista maior, combinando as impressões dos sentidos, a vivência pessoal e o pen- samento crítico. Para aperfeiçoar o exercício redacional, devemos aguçar a capacidade de interpretação, o espírito questionador e analítico, bem como o desprendimento para criar e inovar. Assim, a redação, como atividade compensadora e satisfatória, é produto de um saber linguístico, da ordenação do pensamento e da imaginação criadora, num contínuo e diletante processo de aprendizagem. Da palavra ao texto A palavra existe a serviço da comunicação. As circunstâncias his- tóricas, o mundo concreto e os anseios espirituais, ao longo de seus processos de desenvolvimento, foram criando a necessidade de nome- ação dos objetos. Assim, o desejo de comunicar nossas ideias fica me- diado por uma unidade menor que se chama signo. O signo é o símbo- lo dos objetos ou ideias que queremos veicular (oral ou textualmente): a maneira de articular as palavras e de organizá-las na frase, no texto determina nosso discurso, nosso estilo (forma de expressão pessoal). A linguagem culta ou padrão É aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obedi- ência às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, LÍNGUA PORTUGUESA 15 mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi- cas, noticiários de TV, programas culturais etc. A linguagem popular ou coloquial É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mos- tra-se quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; ca- cofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua. A lin- guagem popular está presente nas mais diversas situações: conver- sas familiares ou entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV (sobretudo os de auditório), novelas, expressão dos estados emocionais etc. PONTUAÇÃO Para a elaboração de um texto escrito, deve-se considerar o uso adequado dos sinais de pontuação como: pontos, vírgula, ponto e vírgula, dois pontos, travessão, parênteses, reticências, aspas, etc. Tais sinais têm papéis variados no texto escrito e, se utilizados corretamente, facilitam a compreensão e entendimento do texto. — A Importância da Pontuação 1As palavras e orações são organizadas de maneira sintática, se- mântica e também melódica e rítmica. Sem o ritmo e a melodia, os enunciados ficariam confusos e a função comunicativa seria preju- dicada. O uso correto dos sinais de pontuação garante à escrita uma solidariedade sintática e semântica. O uso inadequado dos sinais de pontuação pode causar situações desastrosas, como em: – Não podem atirar! (entende-se que atirar está proibido) – Não, podem atirar! (entende-se que é permitido atirar) — Ponto Este ponto simples final (.) encerra períodos que terminem por qualquer tipo de oração que não seja interrogativa direta, a excla- mativa e as reticências. Outra função do ponto é a da pausa oracional, ao acompanhar muitas palavras abreviadas, como: p., 2.ª, entre outros. Se o período, oração ou frase terminar com uma abreviatura, o ponto final não é colocado após o ponto abreviativo, já que este, quando coincide com aquele, apresenta dupla serventia. Ex.: “O ponto abreviativo põe-se depois das palavras indicadas abreviadamente por suas iniciais ou por algumas das letras com que se representam, v.g. ; V. S.ª ; Il.mo ; Ex.a ; etc.” (Dr. Ernesto Carneiro Ribeiro) O ponto, com frequência, se aproxima das funções do ponto e vírgula e do travessão, que às vezes surgem em seu lugar. Obs.: Estilisticamente, pode-se usar o ponto para, em períodos curtos, empregar dinamicidade, velocidade à leitura do texto: “Era um garoto pobre. Mas tinha vontade de crescer na vida. Estudou. Subiu. Foi subindo mais. Hoje é juiz do Supremo.”. É muito utilizado em narrações em geral. 1 BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009. — Ponto Parágrafo Separa-se por ponto um grupo de período formado por orações que se prendem pelo mesmo centro de interesse. Uma vez que o centro de interesse é trocado, é imposto o emprego do ponto pa- rágrafo se iniciando a escrever com a mesma distância da margem com que o texto foi iniciado, mas em outra linha. O parágrafo é indicado por ( § ) na linguagem oficial dos artigos de lei. — Ponto de Interrogação É um sinal (?) colocado no final da oração com entonação inter- rogativa ou de incerteza, seja real ou fingida. A interrogação conclusa aparece no final do enunciado e requer que a palavra seguinte se inicie por maiúscula. Já a interrogação interna (quase sempre fictícia), não requer que a próxima palavra se inicia com maiúscula. Ex.: — Você acha que a gramática da Língua Portuguesa é com- plicada? — Meu padrinho? É o Excelentíssimo Senhor coronel Paulo Vaz Lobo Cesar de Andrade e Sousa Rodrigues de Matos. Assim como outros sinais, o ponto de interrogação não requer que a oração termine por ponto final, a não ser que seja interna. Ex.: “Esqueceu alguma cousa? perguntou Marcela de pé, no pa- tamar”. Em diálogos, o ponto de interrogação pode aparecer acompa- nhando do ponto de exclamação, indicando o estado de dúvida de um personagem perante diante de um fato. Ex.: — “Esteve cá o homem da casa e disse que do próximo mês em diante são mais cinquenta... — ?!...” — Ponto de Exclamação Este sinal (!) é colocado no final da oração enunciada com ento- nação exclamativa. Ex.: “Que gentil que estava a espanhola!” “Mas, na morte, que diferença! Que liberdade!” Este sinal é colocado após uma interjeição. Ex.: — Olé! exclamei. — Ah! brejeiro! As mesmas observações vistas no ponto de interrogação, em re- lação ao emprego do ponto final e ao uso de maiúscula ou minúscu- la inicial da palavra seguinte, são aplicadas ao ponto de exclamação. — Reticências As reticências (...) demonstram interrupção ou incompletude de um pensamento. Ex.: — “Ao proferir estas palavras havia um tremor de alegria na voz de Marcela: e no rosto como que se lhe espraiou uma onda de ventura...” — “Não imagina o que ela é lá em casa: fala na senhora a todos os instantes, e aqui aparece uma pamonha. Ainda ontem... Quando colocadas no fim do enunciado, as reticências dispen- sam o ponto final, como você pode observar nos exemplos acima. As reticências, quando indicarem uma enumeração inconclusa, podem ser substituídas por etc. LÍNGUA PORTUGUESA 16 Ao transcrever um diálogo, elas indicam uma não resposta do interlocutor. Já em citações, elas podem ser postas no início, no meio ou no fim, indicando supressão do texto transcrito, em cada uma dessas partes. Quando ocorre a supressão de um trecho de certa extensão,geralmente utiliza-se uma linha pontilhada. As reticências podem aparecer após um ponto de exclamação ou interrogação. — Vírgula A vírgula (,) é utilizada: - Para separar termos coordenados, mesmo quando ligados por conjunção (caso haja pausa). Ex.: “Sim, eu era esse garção bonito, airoso, abastado”. IMPORTANTE! Quando há uma série de sujeitos seguidos imediatamente de verbo, não se separa do verbo (por vírgula) o ultimo sujeito da série . Ex.: Carlos Gomes, Vítor Meireles, Pedro Américo, José de Alen- car tinham-nas começado. - Para separar orações coordenadas aditivas, mesmo que estas se iniciem pela conjunção e, proferidas com pausa. Ex.: “Gostava muito das nossas antigas dobras de ouro, e eu le- vava-lhe quanta podia obter”. - Para separar orações coordenadas alternativas (ou, quer, etc.), quando forem proferidas com pausa. Ex.: Ele sairá daqui logo, ou eu me desligarei do grupo. IMPORTANTE! Quando ou exprimir retificação, esta mesma regra vigora. Ex.: Teve duas fases a nossa paixão, ou ligação, ou qualquer ou- tro nome, que eu de nome não curo. Caso denote equivalência, o ou posto entre os dois termos não é separado por vírgula. Ex.: Solteiro ou solitário se prende ao mesmo termo latino. - Em aposições, a não ser no especificativo. Ex.: “ora enfim de uma casa que ele meditava construir, para residência própria, casa de feitio moderno...” - Para separar os pleonasmos e as repetições, quando não tive- rem efeito superlativamente. Ex.: “Nunca, nunca, meu amor!” A casa é linda, linda. - Para intercalar ou separar vocativos e apostos. Ex.: Brasileiros, é chegada a hora de buscar o entendimento. É aqui, nesta querida escola, que nos encontramos. - Para separar orações adjetivas de valor explicativo. Ex.: “perguntava a mim mesmo por que não seria melhor depu- tado e melhor marquês do que o lobo Neves, — eu, que valia mais, muito mais do que ele, — ...” - Para separar, na maioria das vezes, orações adjetivas restritiva de certa extensão, ainda mais quando os verbos de duas orações distintas se juntam. Ex.: “No meio da confusão que produzira por toda a parte este acontecimento inesperado e cujo motivo e circunstâncias inteira- mente se ignoravam, ninguém reparou nos dois cavaleiros...” IMPORTANTE! Mesmo separando por vírgula o sujeito expandido pela oração adjetiva, esta pontuação pode acontecer. Ex.: Os que falam em matérias que não entendem, parecem fa- zer gala da sua própria ignorância. - Para separar orações intercaladas. Ex.: “Não lhe posso dizer com certeza, respondi eu” - Para separar, geralmente, adjuntos adverbiais que precedem o verbo e as orações adverbiais que aparecem antes ou no meio da sua principal. Ex.: “Eu mesmo, até então, tinha-vos em má conta...” - Para separar o nome do lugar em datas. Ex.: São Paulo, 14 de janeiro de 2020. - Para separar os partículas e expressões de correção, continua- ção, explicação, concessão e conclusão. Ex.: “e, não obstante, havia certa lógica, certa dedução” Sairá amanhã, aliás, depois de amanhã. - Para separar advérbios e conjunções adversativos (porém, to- davia, contudo, entretanto), principalmente quando pospostos. Ex.: “A proposta, porém, desdizia tanto das minhas sensações últimas...” - Algumas vezes, para indicar a elipse do verbo. Ex.: Ele sai agora: eu, logo mais. (omitiu o verbo “sairei” após “eu”; elipse do verbo sair) - Omissão por zeugma. Ex.: Na classe, alguns alunos são interessados; outros, (são) re- lapsos. (Supressão do verbo “são” antes do vocábulo “relapsos”) - Para indicar a interrupção de um seguimento natural das ideias e se intercala um juízo de valor ou uma reflexão subsidiária. - Para evitar e desfazer alguma interpretação errônea que pode ocorrer quando os termos estão distribuídos de forma irregular na oração, a expressão deslocada é separada por vírgula. Ex.: De todas as revoluções, para o homem, a morte é a maior e a derradeira. - Em enumerações sem gradação: Coleciono livros, revistas, jornais, discos. com gradação: Não compreendo o ciúme, a saudade, a dor da despedida. Não se separa por vírgula: - sujeito de predicado; - objeto de verbo; - adjunto adnominal de nome; - complemento nominal de nome; - oração principal da subordinada substantiva (desde que esta não seja apositiva nem apareça na ordem inversa). LÍNGUA PORTUGUESA 17 — Dois Pontos São utilizados: - Na enumeração, explicação, notícia subsidiária. Ex.: Comprou dois presentes: um livro e uma caneta. “que (Viegas) padecia de um reumatismo teimoso, de uma asma não menos teimosa e de uma lesão de coração: era um hos- pital concentrado” “Queremos governos perfeitos com homens imperfeitos: dispa- rate” - Em expressões que se seguem aos verbos dizer, retrucar, res- ponder (e semelhantes) e que dão fim à declaração textual, ou que assim julgamos, de outrem. Ex.: “Não me quis dizer o que era: mas, como eu instasse muito: — Creio que o Damião desconfia alguma coisa” - Em alguns casos, onde a intenção é caracterizar textualmente o discurso do interlocutor, a transcrição aparece acompanhada de aspas, e poucas vezes de travessão. Ex.: “Ao cabo de alguns anos de peregrinação, atendi às suplicas de meu pai: — Vem, dizia ele na última carta; se não vieres depressa acharás tua mãe morta!” Em expressões que, ao serem enunciadas com entonação espe- cial, o contexto acaba sugerindo causa, consequência ou explicação. Ex.: “Explico-me: o diploma era uma carta de alforria” - Em expressões que possuam uma quebra na sequência das ideias. Ex.: Sacudiu o vestido, ainda molhado, e caminhou. “Não! bradei eu; não hás de entrar... não quero... Ia a lançar-lhe as mãos: era tarde; ela entrara e fechara-se” — Ponto e Vírgula Sinal (;) que denota pausa mais forte que a vírgula, porém mais fraca que o ponto. É utilizado: - Em trechos longos que já possuam vírgulas, indicando uma pausa mais forte. Ex.: “Enfim, cheguei-me a Virgília, que estava sentada, e travei- -lhe da mão; D. Plácida foi à janela” - Para separar as adversativas onde se deseja ressaltar o con- traste. Ex.: “Não se disse mais nada; mas de noite Lobo Neves insistiu no projeto” - Em leis, separando os incisos. - Enumeração com explicitação. Ex.: Comprei alguns livros: de matemática, para estudar para o concurso; um romance, para me distrair nas horas vagas; e um dicionário, para enriquecer meu vocabulário. - Enumeração com ponto e vírgula, mas sem vírgula, para mar- car distribuição. Ex.: Comprei os produtos no supermercado: farinha para um bolo; tomates para o molho; e pão para o café da manhã. — Travessão É importante não confundir o travessão (—) com o traço de união ou hífen e com o traço de divisão empregado na partição de sílabas. O uso do travessão pode substituir vírgulas, parênteses, colche- tes, indicando uma expressão intercalada: Ex.: “... e eu falava-lhe de mil cousas diferentes — do último bai- le, da discussão das câmaras, berlindas e cavalos, de tudo, menos dos seus versos ou prosas” Se a intercalação terminar o texto, o travessão é simples; caso contrário, se utiliza o travessão duplo. Ex.: “Duas, três vezes por semana, havia de lhe deixar na algi- beira das calças — umas largas calças de enfiar —, ou na gaveta da mesa, ou ao pé do tinteiro, uma barata morta” IMPORTANTE! Como é possível observar no exemplo, pode haver vírgula após o travessão. O travessão pode, também, denotar uma pausa mais forte. Ex.: “... e se estabelece uma cousa que poderemos chamar —, solidariedade do aborrecimento humano” Além disso, ainda pode indicar a mudança de interlocutor, na transcrição de um diálogo, com ou sem aspas. Ex.: — Ah! respirou Lobo Neves, sentando-se preguiçosamente no sofá. — Cansado? perguntei eu. — Muito; aturei duas maçadas de primeira ordem (...) Neste caso, pode, ou não, combinar-se com as aspas. — Parênteses e Colchetes Estes sinais ( ) [ ] apontam a existência de um isolamento sin- tático e semântico mais completo dentro de um enunciado, assim como estabelecem uma intimidade maiorentre o autor e seu leitor. Geralmente, o uso do parêntese é marcado por uma entonação es- pecial. Se a pausa coincidir com o início da construção parentética, o sinal de pontuação deve aparecer após os parênteses, contudo, se a proposição ou frase inteira for encerrada pelos parênteses, a no- tação deve aparecer dentro deles. Ex.: “Não, filhos meus (deixai-me experimentar, uma vez que seja, convosco, este suavíssimo nome); não: o coração não é tão frívolo, tão exterior, tão carnal, quanto se cuida” “A imprensa (quem o contesta?) é o mais poderoso meio que se tem inventado para a divulgação do pensamento”. (Carta inserta nos Anais da Biblioteca Nacional, vol. I) [Carlos de Laet] - Isolar datas. Ex.: Refiro-me aos soldados da Primeira Guerra Mundial (1914- 1918). - Isolar siglas. Ex.: A taxa de desemprego subiu para 5,3% da população eco- nomicamente ativa (PEA)... - Isolar explicações ou retificações. LÍNGUA PORTUGUESA 18 Ex.: Eu expliquei uma vez (ou duas vezes) o motivo de minha preocupação. Os parênteses e os colchetes estão ligados pela sua função dis- cursiva, mas estes são utilizados quando os parênteses já foram em- pregados, com o objetivo de introduzir uma nova inserção. São utilizados, também, com a finalidade de preencher lacunas de textos ou para introduzir, em citações principalmente, explica- ções ou adendos que deixam a compreensão do texto mais simples. — Aspas A forma mais geral do uso das aspas é o sinal (“ ”), entretanto, há a possibilidade do uso das aspas simples (‘ ’) para diferentes fina- lidades, como em trabalhos científicos sobre línguas, onde as aspas simples se referem a significados ou sentidos: amare, lat. ‘amar’ port. As aspas podem ser utilizadas, também, para dar uma expres- são de sentido particular, ressaltando uma expressão dentro do contexto ou indicando uma palavra como estrangeirismo ou uma gíria. Se a pausa coincidir com o final da sentença ou expressão que está entre aspas, o competente sinal de pontuação deve ser utili- zado após elas, se encerrarem somente uma parte da proposição; mas se as aspas abarcarem todo o período, frase, expressão ou sen- tença, a respectiva pontuação é abrangida por elas. Ex.: “Aí temos a lei”, dizia o Florentino. “Mas quem as há de segurar? Ninguém.” “Mísera, tivesse eu aquela enorme, aquela Claridade imortal, que toda a luz resume!” “Por que não nasce eu um simples vaga-lume?” - Delimitam transcrições ou citações textuais. Ex.: Segundo Rui Barbosa: “A política afina o espírito.” — Alínea Apresenta a mesma função do parágrafo, uma vez que denota diferentes centros de assuntos. Como o parágrafo, requer a mudan- ça de linha. De forma geral, aparece em forma de número ou letra seguida de um traço curvo. Ex.: Os substantivos podem ser: a) próprios b) comuns — Chave Este sinal ({ }) é mais utilizado em obras científicas. Indicam a reunião de diversos itens relacionados que formam um grupo. 2Ex.: Múltiplos de 5: {0, 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35,… }. Na matemática, as chaves agrupam vários elementos de uma operação, definindo sua ordem de resolução. Ex.: 30x{40+[30x(84-20x4)]} Também podem ser utilizadas na linguística, representando morfemas. Ex.: O radical da palavra menino é {menin-}. 2 https://bit.ly/2RongbC. — Asterisco Sinal (*) utilizado após ou sobre uma palavra, com a intenção de se fazer um comentário ou citação a respeito do termo, ou uma explicação sobre o trecho (neste caso o asterisco se põe no fim do período). Emprega-se ainda um ou mais asteriscos depois de uma inicial, indicando uma pessoa cujo nome não se quer ou não se pode decli- nar: o Dr.*, B.**, L.*** — Barra Aplicada nas abreviações das datas e em algumas abreviaturas. CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal — refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas. • Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino • Concordância em número: flexão em singular e plural • Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa Concordância nominal Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gêne- ro, de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento, também, aos casos específicos. Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural: • A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa. Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o subs- tantivo mais próximo: • Linda casa e bairro. Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substanti- vos (sendo usado no plural): • Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arru- mada. • Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arru- mados. Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural: • As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros. Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto seja ocupado por dois substantivos ou mais: • O operário e sua família estavam preocupados com as conse- quências do acidente. LÍNGUA PORTUGUESA 19 CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO É PROIBIDO É PERMITIDO É NECESSÁRIO Deve concordar com o substantivo quando há presença de um artigo. Se não houver essa determinação, deve permanecer no singular e no masculino. É proibida a entrada. É proibido entrada. OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala. Mulheres dizem “obrigada” Homens dizem “obrigado”. BASTANTE Quando tem função de adjetivo para um substantivo, concorda em número com o substantivo. Quando tem função de advérbio, permanece invariável. As bastantes crianças ficaram doentes com a volta às aulas. Bastante criança ficou doente com a volta às aulas. O prefeito considerou bastante a respeito da suspensão das aulas. MENOS É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não existe na língua portuguesa. Havia menos mulheres que homens na fila para a festa. MESMO PRÓPRIO Devem concordar em gênero e número com a pessoa a que fazem referência. As crianças mesmas limparam a sala depois da aula. Eles próprios sugeriram o tema da formatura. MEIO / MEIA Quando tem função de numeral adjetivo, deve concordar com o substantivo. Quando tem função de advérbio, modificando um adjetivo, o termo é invariável. Adicione meia xícara de leite. Manuela é meio artista, além de ser engenheira. ANEXO INCLUSO Devem concordar com o substantivo a que se referem. Segue anexo o orçamento. Seguem anexas as informações adicionais As professoras estão inclusas na greve. O material está incluso no valor da mensalidade. Concordância verbal Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o qual ele se relaciona. Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural: • A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares. Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo: • Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher. Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele, eles): • Eu e vós vamos à festa. Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar tanto no singular quanto no plural: • A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado. Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um substan- tivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo: • 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo. Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue a expressão: • Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova. Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular: LÍNGUA PORTUGUESA 20 • Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista. Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo: • A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A ma- tilha cansou depois de tanto puxar o trenó. Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal): • Faz chuva hoje Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração prin- cipal ao qual o pronome faz referência: • Foi Maria que arrumou a casa. Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quan- to com o próprio nome, na 3ª pessoa do singular: • Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa. Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do sin- gular: • Nenhum de nós merece adoecer. Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Exceto caso o substantivo vier precedido por determinante: • Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram. EMPREGO DE PRONOMES Pronomes Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no enuncia- do, ele pode ser classificado da seguinte maneira: • Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e po- dem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...). • Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, nossos...) • Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...) • Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questiona- mentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...) • Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...) • Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...) • Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situ- ações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...) Colocação pronominal Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, la, no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo). Veja, então, quais as principais situações para cada um deles: • Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demons- trativos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no gerúndio antecedidos por “em”. Nada me faria mais feliz. • Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da fra- se (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerúndio não acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal. Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho. • Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração. Orgulhar-me-ei de meus alunos. DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou ora- ções, nem após ponto-e-vírgula. ORTOGRAFIA A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso analisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memo- rizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que também faz aumentar o vocabulário do leitor. Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar que existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique atento! Alfabeto O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é co- nhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o alfabeto se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e consoantes (restante das letras). Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo que elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional. Uso do “X” Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o X no lugar do CH: • Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxergar) • Depois de ditongos (ex: caixa) • Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá) Uso do “S” ou “Z” Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser ob- servadas: • Depois de ditongos (ex: coisa) • Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S” (ex: casa > casinha) • Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou origem. (ex: portuguesa) • Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex: populoso) LÍNGUA PORTUGUESA 21 Uso do “S”, “SS”, “Ç” • “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex: diversão) • “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo) • “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passaram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela) Os diferentes porquês POR QUE Usado para fazer perguntas. Pode ser substituído por “por qual motivo” PORQUE Usado em respostas e explicações. Pode ser substituído por “pois” POR QUÊ O “que” é acentuado quando aparece como a última palavra da frase, antes da pontuação final (interrogação, exclamação, ponto final) PORQUÊ É um substantivo, portanto costuma vir acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo ou pronome Parônimos e homônimos As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro- núncia semelhantes, porém com significados distintos. Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal). Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo “rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta). ACENTUAÇÃO — Definição A acentuação gráfica consiste no emprego do acento nas pala- vras grafadas com a finalidade de estabelecer, com base nas regras da língua, a intensidade e/ou a sonoridade das palavras. Isso quer dizer que os acentos gráficos servem para indicar a sílaba tônica de uma palavra ou a pronúncia de uma vogal. De acordo com as regras gramaticais vigentes, são quatro os acentos existentes na língua portuguesa: – Acento agudo: Indica que a sílaba tônica da palavra tem som aberto. Ex.: área, relógio, pássaro. – Acento circunflexo: Empregado acima das vogais “a” e” e “o”para indicar sílaba tônica em vogal fechada. Ex.: acadêmico, ân- cora, avô. – Acento grave/crase: Indica a junção da preposição “a” com o artigo “a”. Ex: “Chegamos à casa”. Esse acento não indica sílaba tônica! – Til: Sobre as vogais “a”e “o”, indica que a vogal de determina- da palavra tem som nasal, e nem sempre recai sobre a sílaba tônica. Exemplo: a palavra órfã tem um acento agudo, que indica que a sílaba forte é “o” (ou seja, é acento tônico), e um til (˜), que indica que a pronúncia da vogal “a” é nasal, não oral. Outro exemplo se- melhante é a palavra bênção. — Monossílabas Tônicas e Átonas Mesmo as palavras com apenas uma sílaba podem sofrer alte- ração de intensidade de voz na sua pronúncia. Exemplo: observe o substantivo masculino “dó” e a preposição “do” (contração da pre- posição “de” + artigo “o”). Ao comparar esses termos, perceber- mos que o primeiro soa mais forte que o segundo, ou seja, temos uma monossílaba tônica e uma átona, respectivamente. Diante de palavras monossílabas, a dica para identificar se é tônica (forte) ou fraca átona (fraca) é pronunciá-las em uma frase, como abaixo: “Sinto grande dó ao vê-la sofrer.” “Finalmente encontrei a chave do carro.” Recebem acento gráfico: – As monossílabas tônicas terminadas em: -a(s) → pá(s), má(s); -e(s) → pé(s), vê(s); -o(s) → só(s), pôs. – As monossílabas tônicas formados por ditongos abertos -éis, -éu, -ói. Ex: réis, véu, dói. Não recebem acento gráfico: – As monossílabas tônicas: par, nus, vez, tu, noz, quis. – As formas verbais monossilábicas terminadas em “-ê”, nas quais a 3a pessoa do plural termina em “-eem”. Antes do novo acor- do ortográfico, esses verbos era acentuados. Ex.: Ele lê → Eles lêem leem. Exceção! O mesmo não ocorre com os verbos monossilábicos terminados em “-em”, já que a terceira pessoa termina em “-êm”. Nesses caso, a acentuação permanece acentuada. Ex.: Ele tem → Eles têm; Ele vem → Eles vêm. Acentuação das palavras Oxítonas As palavras cuja última sílaba é tônica devem ser acentuadas as oxítonas com sílaba tônica terminada em vogal tônica -a, -e e -o, sucedidas ou não por -s. Ex.: aliás, após, crachá, mocotó, pajé, vocês. Logo, não se acentuam as oxítonas terminadas em “-i” e “-u”. Ex.: caqui, urubu. Acentuação das palavras Paroxítonas São classificadas dessa forma as palavras cuja penúltima sílaba é tônica. De acordo com a regra geral, não se acentuam as pala- vras paroxítonas, a não ser nos casos específicos relacionados abai- xo. Observe as exceções: – Terminadas em -ei e -eis. Ex.: amásseis, cantásseis, fizésseis, hóquei, jóquei, pônei, saudáveis. – Terminadas em -r, -l, -n, -x e -ps. Ex.: bíceps, caráter, córtex, esfíncter, fórceps, fóssil, líquen, lúmen, réptil, tórax. – Terminadas em -i e -is. Ex.: beribéri, bílis, biquíni, cáqui, cútis, grátis, júri, lápis, oásis, táxi. – Terminadas em -us. Ex.: bônus, húmus, ônus, Vênus, vírus, tônus. – Terminadas em -om e -ons. Ex.: elétrons, nêutrons, prótons. – Terminadas em -um e -uns. Ex.: álbum, álbuns, fórum, fóruns, quórum, quóruns. – Terminadas em -ã e -ão. Ex.: bênção, bênçãos, ímã, ímãs, órfã, órfãs, órgão, órgãos, sótão, sótãos. LÍNGUA PORTUGUESA 22 Acentuação das palavras Proparoxítonas Classificam-se assim as palavras cuja antepenúltima sílaba é tônica, e todas recebem acento, sem exceções. Ex.: ácaro, árvore, bárbaro, cálida, exército, fétido, lâmpada, líquido, médico, pássaro, tática, trânsito. Ditongos e Hiatos Acentuam-se: – Oxítonas com sílaba tônica terminada em abertos “_éu”, “_éi” ou “_ói”, sucedidos ou não por “_s”. Ex.: anéis, fiéis, herói, mauso- léu, sóis, véus. – As letras “_i” e “_u” quando forem a segunda vogal tônica de um hiato e estejam isoladas ou sucedidas por “_s” na sílaba. Ex.: caí (ca-í), país (pa-ís), baú (ba-ú). Não se acentuam: – A letra “_i”, sempre que for sucedida por de “_nh”. Ex.: moi- nho, rainha, bainha. – As letras “_i” e o “_u” sempre que aparecerem repetidas. Ex.: juuna, xiita. xiita. – Hiatos compostos por “_ee” e “_oo”. Ex.: creem, deem, leem, enjoo, magoo. O Novo Acordo Ortográfico Confira as regras que levaram algumas palavras a perderem acentuação em razão do Acordo Ortográfico de 1990, que entrou em vigor em 2009: 1 – Vogal tônica fechada -o de -oo em paroxítonas. Exemplos: enjôo – enjoo; magôo – magoo; perdôo – perdoo; vôo – voo; zôo – zoo. 2 – Ditongos abertos -oi e -ei em palavras paroxítonas. Exemplos: alcalóide – alcaloide; andróide – androide; alcalóide – alcaloide; assembléia – assembleia; asteróide – asteroide; euro- péia – europeia. 3 – Vogais -i e -u precedidas de ditongo em paroxítonas. Exemplos: feiúra – feiura; maoísta – maoista; taoísmo – taois- mo. 4 – Palavras paroxítonas cuja terminação é -em, e que pos- suem -e tônico em hiato. Isso ocorre com a 3a pessoa do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo. Exemplos: deem; lêem – leem; relêem – releem; revêem. 5 – Palavras com trema: somente para palavras da língua por- tuguesa. Exemplos: bilíngüe – bilíngue; enxágüe – enxágue; linguïça – linguiça. 6 – Paroxítonas homógrafas: são palavras que têm a mesma grafia, mas apresentam significados diferentes. Exemplo: o verbo PARAR: pára – para. Antes do Acordo Ortográfico, a flexão do verbo “parar” era acentuada para que fosse diferenciada da preposição “para”. Atualmente, nenhuma delas recebe acentuação. Assim: Antes: Ela sempre pára para ver a banda passar. [verbo / pre- posição] Hoje: Ela sempre para para ver a banda passar. [verbo / pre- posição] COMUNICAÇÃO ESCRITA OFICIAL DO ESTADO DO PARA- NÁ: PROCESSO DE ELABORAÇÃO TEXTUAL, PRINCÍPIOS ORIENTADORES DA REDAÇÃO OFICIAL, HIERARQUIA E SUBORDINAÇÃO, REVISÃO, CONCEITO E ESTRUTURA DE OFÍCIO, DECRETO, DESPACHO, CORREIO-ELETRÔNICO, INSTRUÇÃO NORMATIVA, MEMORANDO, ORDEM DE SER- VIÇO, PARECER, PORTARIA, REQUERIMENTO, RELATÓRIO, RESOLUÇÃO; DOCUMENTOS DE COMPETÊNCIA PRIVATI- VA; SISTEMÁTICA DA LEI Prezado(a), A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área é reservada para a inclusão de materiais que complementam a apostila, sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos relacionados a este material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não cabem na estrutura de nossas apostilas. Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são organizados de acordo com o título do tópico a que se referem e podem ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste material, ou por meio de seu login e senha na Área do Aluno. Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha melhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação da apostila. Se preferir, indicamos também acesso direto ao arquivo pelo link a seguir: https://www.administracao.pr.gov.br/sites/default/arquivos_ restritos/files/documento/2021-11/manual_comunicacao_escrita. pdf Bons Estudos! QUESTÕES 1. (IABAS – FARMACÊUTICO - IBADE - 2019) Infestação de escorpiões no Brasil pode ser imparável A infestação de escorpião no Brasil é o exemplo perfeito de como a vida moderna se tornou imprevisível. É uma característica do que, no complexo campo de problemas, chamamos de um mun- do “VUCA” (Volatility, uncertainty, complexity and ambiguity em in- glês) - um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo. Escorpiões, como as baratas que eles comem, são um a espécie incrivelmente adaptável. O número de pessoas picadas em todo o Brasil aumentou de 12 mil em 2000 para 140 mil no ano passado, de acordo com o Ministério da Saúde. A espécie que aterroriza os brasileiros é o perigoso escorpião amarelo, ou Tityus serrulatus. Ele se reproduz por meio do milagre da partenogênese, significando que um escorpião feminino simplesmente gera cópias de si mesma duas vezes por ano - nenhuma participação masculina é necessária. A infestação do escorpião urbano no Brasil é um clássico “pro- blema perverso”. Este termo, usado pela primeira vez em 1973, re- fere-se a enormes problemas sociais ou culturais como pobreza e guerra - sem solução simples ou definitiva, e que surgem na interse- LÍNGUA PORTUGUESA 23 ção de outros problemas. Nesse caso, a infestação do escorpiãour- bano no Brasil é o resultado de uma gestão inadequada do lixo, sa- neamento inapropriado, urbanização rápida e mudanças climáticas. No VUCA, quanto mais recursos você der para os problemas, melhor. Isso pode significar tudo, desde campanhas de conscien- tização pública que educam brasileiros sobre escorpiões até for- ças-tarefa exterminadoras que trabalham para controlar sua popu- lação em áreas urbanas. Os cientistas devem estar envolvidos. O sistema nacional de saúde pública do Brasil precisará se adaptar a essa nova ameaça. Apesar da obstinada cobertura da imprensa, as autoridades federais de saúde mal falaram publicamente sobre o problema do escorpião urbano no Brasil. E, além de alguns esforços mornos em nível nacional e estadual para treinar profissionais de saúde sobre o risco de escorpião, as autoridades parecem não ter nenhum plano para combater a infestação no nível epidêmico para o qual ela está se dirigindo. Temo que os escorpiões amarelos venenosos tenham reivindi- cado seu lugar ao lado de crimes violentos, tráfico brutal e outros problemas crônicos com os quais os urbanitas no Brasil precisam lidar diariamente. * Hamilton Coimbra Carvalho é pesquisador em Problemas So- ciais Complexos, na Universidade de São Paulo (USP). Texto adaptado de Revista Galileu (https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/MeioAmbiente/no- ticia/2019/02/infestacao-de-escorpioes-no-brasilpode-ser-im- paravel-diz-pesquisador.html) Observe a oração destacada: “A infestação do escorpião urbano no Brasil é um clássico “pro- blema perverso.” Sobre seus termos, é correto afirmar que: (A) escorpião é núcleo do sujeito. (B) urbano é predicativo do objeto. (C) perverso é núcleo do sujeito. (D) clássico é núcleo do predicativo do objeto. (E) problema é núcleo do predicativo do sujeito. 2. (SEAP-GO - AGENTE DE SEGURANÇA PRISIONAL - IADES - 2019) COYLE, A. Administração penitenciária: uma abordagem de di- reitos humanos. Manual para servidores penitenciários. Brasília: Ministério da Justiça, 2002, p. 21. Com base nas relações morfossintáticas estabelecidas pelo au- tor no primeiro período, assinale a alternativa correta. (A) Na linha 1, a conjunção “Quando” relaciona orações coor- denadas entre si. (B) Os termos “em prisões” (linha 1) e “seu aspecto físico” (li- nha 2) funcionam como complementos verbais e classificam- -se, respectivamente, como objeto indireto e objeto direto. (C) As formas verbais “pensam” (linha 1) e “tendem a conside- rar” (linhas 1 e 2) referem-se ao mesmo sujeito sintático: “as pessoas” (linha 1). (D) Na linha 1, a exclusão do pronome “elas” alteraria a estru- tura do período, pois o predicado da segunda oração passaria a se referir a um sujeito indeterminado. (E) Na linha 2, o adjetivo “físico” completa o sentido do subs- tantivo “aspecto”, por isso desempenha a função de comple- mento nominal. 3. (IF-RO - ENGENHEIRO CIVIL - IBADE - 2019) “Viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, sur- gir de ombros e braços nus, para dançar. A Lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua coma de prata, a cujo refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível, simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muito de mulher. Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa sofreguidão de gozo carnal, num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já correndo de barriga empinada; já recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se se fosse afundando num prazer grosso que nem azeite, em que se não toma pé e nunca se encontra fundo. Depois, como se voltasse à vida, sol- tava um gemido prolongado, estalando os dedos no ar e vergando as pernas, descendo, subindo, sem nunca parar com os quadris, e em seguida sapateava, miúdo e cerrado, freneticamente, erguen- do e abaixando os braços, que dobrava, ora um, ora outro, sobre a nuca, enquanto a carne lhe fervia toda, fibra por fibra, tirilando.” O cortiço, Aluísio de Azevedo. Em “como se se fosse afundando, num prazer grosso que nem azeite”, é correto afirmar que: (A) o termo “que” é um pronome relativo e funciona como su- jeito. (B) em “como SE SE fosse afundando”, têm-se, respectivamen- te, uma conjunção subordinativa de natureza condicional e uma partícula integrante do verbo. (C) a expressão “que nem” é uma locução conjuntiva coorde- nativa aditiva. (D) em “como se se fosse afundando”, o primeiro “se” é par- tícula apassivadora, enquanto o segundo “se” é um pronome clítico. (E) o termo “num” é uma combinação, entre a preposição “em” e o artigo definido “um”, que apresenta caráter informal na lín- gua portuguesa. 4. (IDAM - ASSISTENTE TÉCNICO - IBFC - 2019) Carta ao Leitor Nunca te vi, sempre te amei (...) De todas as tarefas que fazem parte da rotina de redação de Galileu, a mais prazerosa certamente é ler as cartas dos leitores. Os fãs da revista são de fato especiais e suas cartas traduzem isso. São criativos, curiosos, observadores e não deixam passar nada. Fazem perguntas tão difíceis quanto imprevisíveis. Querem saber de tudo: do monstro do Lago Ness ao Projeto Genoma Humano. E não se contentam com respostas pela metade. Ler as dúvidas que aparecem nas cartas, os comentários sobre as LÍNGUA PORTUGUESA 24 reportagens passadas e as sugestões de futuras é gratificante para qualquer jornalista. Ainda mais para nós, jornalistas de Galileu, que adoramos um bom desafio. Felizmente, a revista conta com uma arma secreta para satisfa- zer tantas pessoas exigentes. Vou apresentá-la agora: Luiz Francisco Senne, nosso secretário de produção, professor de português, ro- queiro, colecionador de discos de vinil e livros usados, e responsá- vel pelo atendimento aos leitores. Kiko, como é muito mais conhe- cido, sabe também driblar as angústias dos nossos jovens amigos em apuros. Muitos pedem ajuda a Galileu quando recebem dos professores uma tarefa complicada e não sabem a quem recorrer. Kiko respon- de delicada mas firmemente: não dá para fazer o trabalho escolar no lugar do aluno (é festa agora?). Mas simpatiza com o drama de leitores como este cuja mensagem é reproduzida acima: “Vocês não poderiam dar uma dica de como ir bem numa prova de física porque o meu cérebro está cansado?” Atendendo ao apelo levado aos repórteres por Kiko, Galileu oferece a seus leitores a matéria “Os cientistas alertam: não deveríamos existir”, do editor Marcelo Ferroni. Ela mostra que a física pode ser criativa em vez de uma aula chata. Quer ver? Martha San Juan França, Diretora de Redação De acordo com o texto acima e com a Gramática Normativa da Língua Portuguesa, assinale a alternativa incorreta: (A) No trecho “Kiko, como é muito mais conhecido, sabe tam- bém driblar as angústias dos nossos jovens amigos em apuros.”, o termo destacado é classificado como Verbo Transitivo Direto e Indireto. (B) No trecho “Muitos pedem ajuda a Galileu quando recebem dos professores uma tarefa complicada”, a oração destacada é classificada como Oração Subordinada Adverbial Temporal. (C) No trecho “Ainda mais para nós, jornalistas de Galileu, que adoramos um bom desafio.” a expressão destacada é classifica- da como Aposto. (D) No trecho “Ela mostra que a física pode ser criativa em vez de uma aula chata.”, o termo destacado é classificado como conjunção integrante. 5. (IBADE - 2019 - PREFEITURA DE ARACRUZ - ES - PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL) CUIDEM DOS GAROTOS O problema de Bruno está resolvido. Rapidamente, mas não poderia se diferente: raras vezes um comportamento criminoso é identificado e provado em pouco tempo com tanta abundância de provas, tanta escassez de atenuantes. O ex-goleiro e ex-ídolo do Fla- mengo mostrou ser tudo que um atleta popular não pode ser. Seus ex-patrões, e não falo só do flamengo, bem que poderiam fazer um exame de consciência e perguntar a si mesmos se, antes de matar a companheira com repugnantesrequintes de violência, Bruno já não teria dado sinais ou mesmo provas de que alguma coisa estava errada com ele. Talvez não, mas o que está mesmo em questão é a possível necessidade de uma política preventiva a respeito dos jogadores. Profissionais do futebol não são funcionários comuns de uma empresa. Ao assinarem contrato com o clube, passam a ser parte de sua história e de sua imagem, o que significa tanto compromisso como honra - e implica responsabilidades especiais, dentro das quatro linhas e fora delas. A condição de ídolo popular tem tantas responsabilidades quanto prazeres. Sei que estou apenas citando lugares-comuns, o que pode ser cansativo para o leitor, mas peço um pouco de paciência: eles só ficam comuns por serem verdadeiros e resistirem ao tempo. O Flamengo agiu com rapidez e eficiência, tanto quanto a polícia, no caso do Bruno, mas o torcedor tem o direito de perguntar: o que o clube e os outros estão dispostos a fazer, não para reagir a episódios semelhantes, mas simplesmente para evitá-los? É comum, e absolutamente desejável, que rapazes, muitos ainda adolescentes, mostrem nos gramados um grau de excelência no exercício da profissão prematuro e incomum em outras profissões. As leis da concorrência mandam que sejam regiamente pagos por isso, mas o sucesso antes da maturidade tem riscos óbvios. Talvez deva partir dos clubes, tanto por razões éticas como em defesa de sua própria imagem, a iniciativa de preparar suas jovens estrelas para a administração correta do sucesso. Dá trabalho, com certeza, mas, em prazo não muito longo, trata-se da defesa de seus interes- ses e de seu patrimônio, sem falar no aspecto ético de uma política nesse sentido. O caso de Bruno é, obviamente, uma aberração. Não conheço outro craque assassino, mas não faltam exemplos de bons jogadores que jogaram fora suas carreiras e não foram cidadãos exemplares - ou pelo menos cidadãos comuns - por absoluta incompetência na administração do êxito. Principalmente porque o sucesso no esporte costuma chegar muito antes do que acontece com outras profissões. Bruno não foi formado no Flamengo. A ele chegou pronto, para o melhor e para o pior. O que fez de sua vida não é culpa do clube, mas serve como advertência para todos os clubes, Cartolas, cuidem de seu patrimônio, cuidem de seus garotos. Luiz Garcia – Cronista do Jornal O Globo Falecido em abril de 2018 “O caso de Bruno é, obviamente, UMA ABERRAÇÃO.” O trecho em destaque é classificado sintaticamente como: (A) predicativo do sujeito. (B) objeto indireto. (C) objeto direto. (D) predicativo do objeto. (E) sujeito. 6. (FMPA – MG) Assinale o item em que a palavra destacada está incorretamen- te aplicada: (A) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes. (B) A justiça infligiu pena merecida aos desordeiros. (C) Promoveram uma festa beneficiente para a creche. (D) Devemos ser fieis aos cumprimentos do dever. (E) A cessão de terras compete ao Estado. 2 . (UEPB – 2010) Um debate sobre a diversidade na escola reuniu alguns, dos maiores nomes da educação mundial na atualidade. Carlos Alberto Torres 1O tema da diversidade tem a ver com o tema identidade. Por- tanto, 2quando você discute diversidade, um tema que cabe muito no 3pensamento pós-modernista, está discutindo o tema da 4diversida- de não só em ideias contrapostas, mas também em 5identidades que LÍNGUA PORTUGUESA 25 se mexem, que se juntam em uma só pessoa. E 6este é um processo de aprendizagem. Uma segunda afirmação é 7que a diversidade está relacionada com a questão da educação 8e do poder. Se a diversidade fosse a simples descrição 9demográfica da realidade e a realidade fos- se uma boa articulação 10dessa descrição demográfica em termos de constante articulação 11democrática, você não sentiria muito a pre- sença do tema 12diversidade neste instante. Há o termo diversidade porque há 13uma diversidade que implica o uso e o abuso de poder, de uma 14perspectiva ética, religiosa, de raça, de classe. […] Rosa Maria Torres 15O tema da diversidade, como tantos outros, hoje em dia, abre 16muitas versões possíveis de projeto educativo e de projeto 17po- lítico e social. É uma bandeira pela qual temos que reivindicar, 18e pela qual temos reivindicado há muitos anos, a necessidade 19de reconhecer que há distinções, grupos, valores distintos, e 20que a escola deve adequar-se às necessidades de cada grupo. 21Porém, o tema da diversidade também pode dar lugar a uma 22série de coisas indesejadas. […] Adaptado da Revista Pátio, Diversidade na educação: limites e possibilidades. Ano V, nº 20, fev./abr. 2002, p. 29. Do enunciado “O tema da diversidade tem a ver com o tema identidade.” (ref. 1), pode-se inferir que I – “Diversidade e identidade” fazem parte do mesmo campo se- mântico, sendo a palavra “identidade” considerada um hiperônimo, em relação à “diversidade”. II – há uma relação de intercomplementariedade entre “diversi- dade e identidade”, em função do efeito de sentido que se instaura no paradigma argumentativo do enunciado. III – a expressão “tem a ver” pode ser considerada de uso colo- quial e indica nesse contexto um vínculo temático entre “diversida- de e identidade”. Marque a alternativa abaixo que apresenta a(s) proposição(ões) verdadeira(s). (A) I, apenas (B) II e III (C) III, apenas (D) II, apenas (E) I e II 3. (UNIFOR CE – 2006) Dia desses, por alguns momentos, a cidade parou. As televisões hipnotizaram os espectadores que assistiram, sem piscar, ao resgate de uma mãe e de uma filha. Seu automóvel caíra em um rio. Assisti ao evento em um local público. Ao acabar o noticiário, o silêncio em volta do aparelho se desfez e as pessoas retomaram as suas ocu- pações habituais. Os celulares recomeçaram a tocar. Perguntei-me: indiferença? Se tomarmos a definição ao pé da letra, indiferença é sinônimo de desdém, de insensibilidade, de apatia e de negligên- cia. Mas podemos considerá-la também uma forma de ceticismo e desinteresse, um “estado físico que não apresenta nada de particu- lar”; enfim, explica o Aurélio, uma atitude de neutralidade. Conclusão? Impassíveis diante da emoção, imperturbáveis dian- te da paixão, imunes à angústia, vamos hoje burilando nossa indi- ferença. Não nos indignamos mais! À distância de tudo, seguimos surdos ao barulho do mundo lá fora. Dos movimentos de massa “quentes” (lembram-se do “Diretas Já”?) onde nos fundíamos na igualdade, passamos aos gestos frios, nos quais indiferença e dis- tância são fenômenos inseparáveis. Neles, apesar de iguais, somos estrangeiros ao destino de nossos semelhantes. […] (Mary Del Priore. Histórias do cotidiano. São Paulo: Contexto, 2001. p.68) Dentre todos os sinônimos apresentados no texto para o vocá- bulo indiferença, o que melhor se aplica a ele, considerando-se o contexto, é (A) ceticismo. (B) desdém. (C) apatia. (D) desinteresse. (E) negligência. 4. (CASAN – 2015) Observe as sentenças. I. Com medo do escuro, a criança ascendeu a luz. II. É melhor deixares a vida fluir num ritmo tranquilo. III. O tráfico nas grandes cidades torna-se cada dia mais difícil para os carros e os pedestres. Assinale a alternativa correta quanto ao uso adequado de ho- mônimos e parônimos. (A) I e III. (B) II e III. (C) II apenas. (D) Todas incorretas. 1. (BANCO DO BRASIL) Opção que preenche corretamente as lacunas: O gerente dirigiu-se ___ sua sala e pôs-se ___ falar ___ todas as pessoas convocadas. (A) à - à – à (B) a - à – à (C) à - a – a (D) a - a – à (E) à - a - à 2. (FEI) Assinalar a alternativa que preenche corretamente as lacunas das seguintes orações: I. Precisa falar ___ cerca de três mil operários. II. Daqui ___ alguns anos tudo estará mudado. III. ___ dias está desaparecido. IV. Vindos de locais distantes, todos chegaram ___ tempo ___ reunião. (A) a - a - há - a – à (B) à - a - a - há – a (C) a - à - a - a – há (D) há - a - à - a – a (E) a - há - a - à – a. 3. (TRE) O uso do acento grave (indicativo de crase ou não) está incorreto em: (A) Primeirovou à feira, depois é que vou trabalhar. (B) Às vezes não podemos fazer o que nos foi ordenado. (C) Não devemos fazer referências àqueles casos. (D) Sairemos às cinco da manhã. (E) Isto não seria útil à ela. 4. (ITA) Analisando as sentenças: I. A vista disso, devemos tomar sérias medidas. II. Não fale tal coisa as outras. III. Dia a dia a empresa foi crescendo. LÍNGUA PORTUGUESA 26 IV. Não ligo aquilo que me disse. Podemos deduzir que: (A) Apenas a sentença III não tem crase. (B) As sentenças III e IV não têm crase. (C) Todas as sentenças têm crase. (D) Nenhuma sentença tem crase. (E) Apenas a sentença IV não tem crase. 1. (FUNRIO – 2012) “Todos querem que nós ____________________.” Apenas uma das alternativas completa coerente e adequada- mente a frase acima. Assinale-a. (A) desfilando pelas passarelas internacionais. (B) desista da ação contra aquele salafrário. (C) estejamos prontos em breve para o trabalho. (D) recuperássemos a vaga de motorista da firma. (E) tentamos aquele emprego novamente. 2. (ITA - 1997) Assinale a opção que completa corretamente as lacunas do texto a seguir: “Todas as amigas estavam _______________ ansiosas _______________ ler os jornais, pois foram informadas de que as críticas foram ______________ indulgentes ______________ ra- paz, o qual, embora tivesse mais aptidão _______________ ciên- cias exatas, demonstrava uma certa propensão _______________ arte.” (A) meio - para - bastante - para com o - para - para a (B) muito - em - bastante - com o - nas - em (C) bastante - por - meias - ao - a - à (D) meias - para - muito - pelo - em - por (E) bem - por - meio - para o - pelas – na 3. (Mackenzie) Há uma concordância inaceitável de acordo com a gramática: I - Os brasileiros somos todos eternos sonhadores. II - Muito obrigadas! – disseram as moças. III - Sr. Deputado, V. Exa. Está enganada. IV - A pobre senhora ficou meio confusa. V - São muito estudiosos os alunos e as alunas deste curso. (A) em I e II (B) apenas em IV (C) apenas em III (D) em II, III e IV (E) apenas em II 1. (UNIFESP - 2015) Leia o seguinte texto: Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook? Uma organização não governamental holandesa está propondo um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o grau de felicidade dos usuários longe da rede social. O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológi- cos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder par- ticipar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar um contador na rede social. Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência. Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso, a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, 2que poderiam ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”. (http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.) Após ler o texto acima, examine as passagens do primeiro pa- rágrafo: “Uma organização não governamental holandesa está pro- pondo um desafio” “O objetivo é medir o grau de felicidade dos usuários longe da rede social.” A utilização dos artigos destacados justifica-se em razão: (A) da retomada de informações que podem ser facilmente de- preendidas pelo contexto, sendo ambas equivalentes seman- ticamente. (B) de informações conhecidas, nas duas ocorrências, sendo possível a troca dos artigos nos enunciados, pois isso não alte- raria o sentido do texto. (C) da generalização, no primeiro caso, com a introdução de informação conhecida, e da especificação, no segundo, com informação nova. (D) da introdução de uma informação nova, no primeiro caso, e da retomada de uma informação já conhecida, no segundo. (E) de informações novas, nas duas ocorrências, motivo pelo qual são introduzidas de forma mais generalizada 2. (UFMG-ADAPTADA) As expressões em negrito correspondem a um adjetivo, exceto em: (A) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo. (B) Demorava-se de propósito naquele complicado banho. (C) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira. (D) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga sem fim. (E) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça. 3. (UMESP) Na frase “As negociações estariam meio abertas só depois de meio período de trabalho”, as palavras destacadas são, respectivamente: (A) adjetivo, adjetivo (B) advérbio, advérbio (C) advérbio, adjetivo (D) numeral, adjetivo (E) numeral, advérbio 1. (FUNDEP – 2014) As tipologias textuais são constructos teó- ricos inerentes aos gêneros, ou seja, lança-se mão dos tipos para a produção dos gêneros diversos. Um professor, ao solicitar à turma a escrita das “regras de um jogo”, espera que os estudantes utilizem, predominantemente, a tipologia (A) descritiva, devido à presença de adjetivos e verbos de liga- ção. (B) narrativa, devido à forte presença de verbos no passado. (C) injuntiva, devido à presença dos verbos no imperativo. (D) dissertativa, devido à presença das conjunções. , LÍNGUA PORTUGUESA 27 2. (ENEM 2010) MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É MELHOR DO QUE A DE COM- PUTADOR E GUARDE ESTA CONDIÇÃO: 12X SEM JUROS. Revista Época. N° 424, 03 jul. 2006. Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como práticas de linguagem, assumindo funções específicas, formais e de conte- údo. Considerando o contexto em que circula o texto publicitário, seu objetivo básico é (A) definir regras de comportamento social pautadas no com- bate ao consumismo exagerado. (B) influenciar o comportamento do leitor, por meio de apelos que visam à adesão ao consumo. (C) defender a importância do conhecimento de informática pela população de baixo poder aquisitivo. (D) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas classes sociais economicamente desfavorecidas. (E) questionar o fato de o homem ser mais inteligente que a máquina, mesmo a mais moderna. 3. (IBADE – 2020 adaptada) https://www.dicio.com.br/partilhar/ acesso em fevereiro de 2020 O texto apresentado é um verbete. Assinale a alternativa que representa sua definição (A) é um tipo textual dissertativo-argumentativo, com o intuito de persuadir o leitor. (B) é um tipo e gênero textual de caráter descritivo para de- talhar em adjetivos e advérbios o que é necessário entender. (C) é um gênero textual de viés narrativo para contar em crono- logia obrigatória o enredo por meio de personagens. (D) é um gênero textual de caráter informativo, que tem por in- tuito explicar um conceito, mais comumente em um dicionário ou enciclopédia. (E) é um tipo textual expositivo, típico em redações escolares. 4. (UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – RJ) Preencha os parênteses com os números correspondentes; em seguida, assinale a alternati- va que indica a correspondência correta. 1. Narrar 2. Argumentar 3. Expor 4. Descrever 5. Prescrever ( ) Ato próprio de textos em que há a presença de conselhos e indicações de como realizar ações, com emprego abundante de verbos no modo imperativo. ( ) Ato próprio de textos em que há a apresentação de ideias so- bre determinado assunto, assim como explicações, avaliações e reflexões. Faz-se uso de linguagem clara, objetiva e impessoal. ( ) Ato próprio de textos em que se conta um fato, fictício ou não, acontecido num determinado espaço e tempo, envolven- do personagens e ações. A temporalidade é fator importante nesse tipo de texto. ( ) Ato próprio de textos em que retrata, de forma objetiva ou subjetiva, um lugar, uma pessoa, um objeto etc., com abundân- cia do uso de adjetivos. Não há relação de temporalidade. ( ) Ato próprio de textos em que há posicionamentos e expo- sição de ideias, cuja preocupação é a defesa de um ponto de vista. Sua estrutura básica é: apresentação de ideia principal, argumentos e conclusão. (A) 3, 5, 1, 2, 4 (B) 5, 3, 1, 4, 2 (C) 4, 2, 3, 1,5 (D) 5, 3, 4, 1, 2 (E) 2, 3, 1, 4, 5 4 - (UEA - 2017) Leia o trecho de Quincas Borba, de Machado de Assis: E enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico se- nhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas1, so- luços e sarabandas2, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida. (Quincas Borba, 1992.) 1 polca: tipo de dança. 2 sarabandas: tipo de dança. De acordo com o narrador, (A) os erros do passado não afetam o presente. (B) a existência é marcada por antagonismos. (C) a sabedoria está em perseguir a felicidade. (D) cada instante vivido deve ser festejado. (E) os momentos felizes são mais raros que os tristes. 5 – (ENEM 2013) Cartum de Caulos, disponível em www.caulos.com O cartum faz uma crítica social. A figura destacada está em opo- sição às outras e representa a LÍNGUA PORTUGUESA 28 (A) opressão das minorias sociais. (B) carência de recursos tecnológicos. (C) falta de liberdade de expressão. (D) defesa da qualificação profissional. (E) reação ao controle do pensamento coletivo. GABARITO 1 E 2 B 3 B 4 A 5 A 6 C 7 B 8 D 9 C 10 C 11 A 12 E 13 A 14 C 15 A 16 C 17 D 18 B 19 B 20 C 21 B 22 D 23 B 24 B 25 E ANOTAÇÕES ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ 29 DIREITO APLICADO CAPÍTULO II - DO EXAME DE CORPO DE DELITO, DA CADEIA DE CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS EM GERAL – DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL Prova é o conjunto de elementos que visam à formação do convencimento do juiz. Em regra, a prova é produzida durante o processo, sob o manto do contraditório e ampla defesa. O que é produzido durante o inquérito policial é denominado de elementos de informação. A prova é direito subjetivo das partes. Não precisam ser prova- dos: – Fatos axiomáticos; – Fatos notórios; – Presunções legais; – Fatos inúteis. Atente-se que, mesmo que um fato seja incontroverso precisa ser objeto de prova, pois não existe revelia no processo criminal. Vale conhecer um pouco sobre as principais provas do CPP: — Interrogatório do acusado O interrogatório exige entrevista prévia e reservada com defen- sor, qualificação do acusado e cientificação do inteiro teor da acu- sação. O acusado deve ser informado sobre o direito ao silêncio e interrogado na presença de seu defensor. É nula a “entrevista” realizada pela autoridade policial com o in- vestigado, durante a busca e apreensão em sua residência, sem que tenha sido assegurado ao investigado o direito à prévia consulta a seu advogado e sem que ele tenha sido comunicado sobre seu di- reito ao silêncio e de não produzir provas contra si mesmo. Isso con- siste em violação ao direito ao silêncio e à não autoincriminação. — Confissão A confissão é divisível e reatratável, de maneira que o juiz anali- sará de acordo com o exame das provas em seu conjunto. — Ofendido O ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstân- cias da infração. A jurisprudência, inclusive, admite a condução co- ercitiva do ofendido. Para a sua proteção, O ofendido é comunicado sobre o ingresso e saída do acusado da prisão, dia da audiência, resultado da senten- ça/acórdão etc. Inclusive, na audiência o ofendido tem um espaço separado dos demais. O juiz sempre busca tomar as providências necessárias para a preservação da intimidade do ofendido. — Testemunhas A testemunha deve ser qualificada e prometer dizer a verdade. O depoimento deve ser prestado oralmente, com exceção a consul- ta a breves apontamentos escritos. Ex. lembrar data etc. O CPP adota o “cross examination”, ou seja, as perguntas são feitas diretamente para as testemunhas. Todavia, o juiz não permi- tirá que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato. O cônjuge, ascendentes, descendente e irmão do acusado (CADI) podem se recusar a testemunhar, salvo quando não for pos- sível por outro modo obter a prova do fato e suas circunstâncias. Ademais, determinadas pessoas são proibidas de depor, em razão do sigilo profissional (ex. padre). Exceção: Se forem desobrigadas pela parte interessada e quiserem dar o seu testemunho. Quem não presta o compromisso de dizer a verdade? – Doentes mentais; – Menores de 14 anos; – CADI. Busca e Apreensão – Razões que autorizam a busca domiciliar: prender criminosos, apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos, apre- ender instrumentos de falsificação/objetos falsificados, apreender armas e munições/instrumentos do crime, provas, cartas, vítimas, elementos de convicção no geral; – A busca domiciliar deve ser precedida de mandado judicial; – As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o mo- rador consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta. Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada. Quando ausentes os moradores, deve, neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver presente; – Razões que autorizam a busca pessoal: quando há fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma, coisas obtidas por meios criminosos, cartas, elementos de convicção. No caso de pri- são ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar; – A busca pessoal dispensa mandado judicial; – A busca em mulher será feita por outra mulher, se não impor- tar retardamento ou prejuízo da diligência.Perícia O Pacote Anticrime trouxe dentro da perícia a cadeia de custó- dia como garantidora da autenticidade das evidências coletadas e examinadas, sem que haja espaço para adulteração. Assim, docu- menta-se de maneira formal um procedimento destinado a manter a história cronológica de uma evidência. A consequência da quebra da cadeia de custódia (break on the chain of custody) é a proibição de valoração probatória com a con- sequente exclusão dela e de toda a derivada. Em suma, preservar a fonte de prova garante a validade da prova. DIREITO APLICADO 30 — Meios de Prova e Meios de Obtenção de Prova em Espécie Meio de Prova: Corresponde à prova em si. Meio de Obtenção de Prova: Procedimento realizado para se chegar à prova. Definição e conceitos A perícia pode ser conceituada como um exame técnico que se destina a elucidar fato, estado ou situação, com vistas à investiga- ção criminal e provimento da justiça. O art. 158 do CPP exige o exame de corpo de delito (perícia) sempre que a infração deixar vestígios. Exemplo: lesões, estupro etc. Ademais, o CPP confere prioridade aos crimes que envolvam: • Violência doméstica e familiar contra mulher; • Violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. EXAME DE CORPO DE DELI- TO DIRETO EXAME DE CORPO DE DELI- TO INDIRETO O perito tem contato di- reto com os vestígios deixados pelo crime. Ex. o corpo huma- no lesionado. O exame é feito em cima de informações. Ex. exame de um prontuário médico. Vale lembrar que a confissão do acusado não supre o exame, todavia, outras provas podem auxiliar na investigação, como, por exemplo, a prova testemunhal. Requisição De acordo com o art. 184 do CPP o juiz e a autoridade policial (delegado de polícia) possuem discricionariedade para negar perí- cias requeridas pelas partes. Ex. o delegado ou o juiz entendem que a perícia não é necessária para o esclarecimento da verdade. Por outro lado, nos casos de crimes que deixam vestígios o exa- me de corpo de delito é obrigatório. O art. 6º do CPP exemplifica alguns atos que o delegado pode adotar assim que tiver conhecimento de infração penal. Dentre tais possibilidades encontra-se a de determinar que se proceda o exa- me de corpo de delito ou qualquer outra perícia. Prazo para elaboração do exame e do laudo pericial As perícias são realizadas pelos peritos. Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica. Quem pode formular quesitos e indicar assistente técnico é: • O Ministério Público • Assistente de acusação • Ofendido •Querelante • Acusado. As partes podem requerer a oitiva do perito, com antecedência mínima de 10 dias. Ademais, o perito pode apresentar as respostas em laudo complementar. A função dos peritos é elaborar o laudo pericial e responder aos quesitos formulados. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. Algumas curiosidades são pertinentes saber: • A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito (em regra); • Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver; • O juiz pode discordar do laudo. Principais perícias elencadas no Código de Processo Penal. O art. 174 do CPP traz o exame grafotécnico, que consiste em exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra. A pessoa será intimada para o ato, no entanto, possui o direito de não produzir prova contra si mesma. Outra possibilidade é usar documentos que a pessoa reconhe- ça, ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos, ou que não haja dúvidas de autenticidade. Documentos arquivados ou públicos, também, podem ser utilizados. Caso seja feito o exame a pessoa escreverá o que lhe foi ditado. Admite-se expedição de carta precatória para a sua realização. O art. 168 do CPP traz a perícia em caso de lesões corporais. Como o Código Penal exige saber o tempo de incapacidade para as ocupações habituais para poder classificar o tipo de lesão ocasio- nada, o CPP impõe exame complementar em 30 dias, contados da data do crime. Ex. João bate em Paulo, é feito o exame de corpo de delito; 30 dias depois é feito o exame complementar que verifica a ocorrência de incapacidade para as ocupações habituais da vítima por mais de 30 dias, indicando que trata-se de lesão grave. Outros casos, também, exigem exame complementar. Por exem- plo, o primeiro exame pericial ter sido incompleto. Ademais, diante de impossibilidade, a prova testemunhal supre o exame. O art. 162 traz o exame necroscópico: Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante. E, o art. 163 traz o exame de exumação: Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado. Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto. Tanto o exame necroscópico quanto a exumação ocorrem em crimes que envolvam a morte. O exemplo clássico de tais procedi- mentos é quando o cadáver já foi submetido ao exame necroscópi- co, mas surgirem dúvidas sobre o primeiro exame – neste caso, exu- ma-se o corpo para compreender melhor alguns aspectos do crime. O exame do corpo de delito é um conjunto de elementos ma- teriais ou a existência de vestígios que denotam a prática de um crime. Trata-se de laudo técnico que os peritos fazem nesse deter- minado local, analisando-se todos os referidos vestígios. DIREITO APLICADO 31 O corpo de delito é, em essência, o próprio fato criminal, sobre cuja análise é realizada a perícia criminal a fim de determinar fato- res como autoria, temporalidade, extensão de danos, etc., através do exame de corpo de delito. A finalidade do exame de corpo de delito é comprovar a existên- cia dos elementos do fato típico dos delitos “FACTI PERMANENTIS” (delitos praticados com vestígios). Quando a infração deixar vestígios (o chamado “delito não tran- seunte”), o exame de corpo de delito se torna indispensável, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Vale lembrar, contudo, que não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta (art. 167, CPP). Muitos confundem o “corpo de delito” com o “exame de corpo de delito”. Explico. Dá-se o nome de “corpo de delito” ao local do crime com todos os vestígios materiais deixados pela infração pe- nal. Trata-se dos elementos corpóreos sensíveis aos sentidos huma- nos, ou seja, aquilo que se pode ver, tocar, etc. Contudo, “corpo”, não diz respeito apenas a um ser humano sem vida, mas a tudo que possa estar envolvido com o delito, como um fio de cabelo, uma mancha, uma planta, uma janela quebrada, uma porta arrombada etc. Em outras palavras, “corpo de delito” é o local do crime com to- dos os seus vestígios; “exame de corpo de delito” é o laudo técnico que os peritos fazem nesse determinado local, analisando-se todos os referidos vestígios. Em segundo lugar, logo ao tratar deste meio de prova espécie, fica claro que a confissão do acusado, antes considerada a “rainha das provas”, hoje não mais possuiesse “status”, haja vista uma am- pla gama de vícios que podem maculá-la, como a coação e a assun- ção de culpa meramente para livrar alguém de um processo-crime. Quando o exame for encerrado, o perito colherá o material e guardará com cuidado os projéteis, armas, alimentos e tudo mais que disser respeito ao crime e que possam ser averiguados com a análise da impressão digital. Os objetos serão levados para o laboratório, pesados, medidos, e examinados pelos profissionais especializados. Caso o exame seja realizado no local do crime, com a obtenção das provas, o cadáver será levado ao médico-legista, já que o local do crime é de competência do perito criminal, enquanto o cadáver é de competência do médico-legista. O exame do corpo de delito interno relaciona-se com a abertura do cadáver, porém será dispensada essa abertura em alguns casos como: - morte natural - quando a morte é violenta, mas não há crime a apurar - ex.: queda da escada, suicídio - quando a análise externa for suficiente para saber o motivo da morte. Exemplo: cadáver carbonizado. Perícia O Pacote Anticrime trouxe dentro da perícia a cadeia de custó- dia como garantidora da autenticidade das evidências coletadas e examinadas, sem que haja espaço para adulteração. Assim, docu- menta-se de maneira formal um procedimento destinado a manter a história cronológica de uma evidência. A consequência da quebra da cadeia de custódia (break on the chain of custody) é a proibição de valoração probatória com a con- sequente exclusão dela e de toda a derivada. Em suma, preservar a fonte de prova garante a validade da prova. — Meios de Prova e Meios de Obtenção de Prova em Espécie Meio de Prova Meio de Obtenção de Prova Corresponde à prova em si. Procedimento realizado para se chegar à prova. Busca e Apreensão – Razões que autorizam a busca domiciliar: prender criminosos, apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos, apre- ender instrumentos de falsificação/objetos falsificados, apreender armas e munições/instrumentos do crime, provas, cartas, vítimas, elementos de convicção no geral; – A busca domiciliar deve ser precedida de mandado judicial; – As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o mo- rador consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta. Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada. Quando ausentes os moradores, deve, neste caso, ser intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver presente; – Razões que autorizam a busca pessoal: quando há fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma, coisas obtidas por meios criminosos, cartas, elementos de convicção. No caso de pri- são ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar; – A busca pessoal dispensa mandado judicial; – A busca em mulher será feita por outra mulher, se não impor- tar retardamento ou prejuízo da diligência. Segue em Anexo o disposto no Código Processual Penal DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941. TÍTULO VII DA PROVA (...) CAPÍTULO II DO EXAME DE CORPO DE DELITO, DA CADEIA DE CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS EM GERAL (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 13.964, DE 2019) Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018) I - violência doméstica e familiar contra mulher; (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018) II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018) Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) DIREITO APLICADO 32 § 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º O agente público que reconhecer um elemento como de po- tencial interesse para a produção da prova pericial fica responsável por sua preservação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal. (Incluí- do pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes etapas: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de po- tencial interesse para a produção da prova pericial; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar o ambiente imediato, mediato e relacio- nado aos vestígios e local de crime; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encon- tra no local de crime ou no corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou cro- qui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial produzi- do pelo perito responsável pelo atendimento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à aná- lise pericial, respeitando suas características e natureza; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de forma individualizada, de acordo com suas características físicas, químicas e biológicas, para poste- rior análise, com anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o acondicionamento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as condições adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a garantir a manutenção de suas características originais, bem como o controle de sua posse; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do ves- tígio, que deve ser documentado com, no mínimo, informações re- ferentes ao número de procedimento e unidade de polícia judiciária relacionada, local de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, proto- colo, assinatura e identificação de quem o recebeu; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do ves- tígio de acordo com a metodologia adequada às suas característi- cas biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o resultado de- sejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, em con- dições adequadas, do material a ser processado, guardado para realização de contra perícia, descartado ou transportado, com vin- culação ao número do laudo correspondente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, res- peitando a legislação vigente e, quando pertinente, mediante auto- rização judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferen- cialmente por perito oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando for necessária a realiza- ção de exames complementares.(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou pro- cesso devem ser tratados como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal responsável por de- talhar a forma do seu cumprimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remo- ção de quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada como fraude processu- al a sua realização. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela natureza do material. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas características, impedir contaminação e vazamento, ter grau de re- sistência adequado e espaço para registro de informações sobre seu conteúdo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proce- der à análise e, motivadamente, por pessoa autorizada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do res- ponsável, a data, o local, a finalidade, bem como as informações referentes ao novo lacre utilizado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente ao órgão central de pe- rícia oficial de natureza criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de proto- colo, com local para conferência, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação e a distri- buição de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais que não interfiram nas características do ves- tígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio de- verão ser protocoladas, consignando-se informações sobre a ocor- rência no inquérito que a eles se relacionam. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armaze- nado deverão ser identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser registradas, consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a destinação, a data e horário da ação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de custódia, devendo nela permanecer. (Incluí- do pela Lei nº 13.964, de 2019) DIREITO APLICADO 33 Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de armazenar determinado material, deverá a autori- dade policial ou judiciária determinar as condições de depósito do referido material em local diverso, mediante requerimento do dire- tor do órgão central de perícia oficial de natureza criminal. (Incluí- do pela Lei nº 13.964, de 2019) Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão re- alizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) § 1° Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habili- tação técnica relacionada com a natureza do exame. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) § 2° Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) § 3° Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) § 4° O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) § 5° Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar parece- res em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) § 6° Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) § 7° Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreve- rão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesi- tos formulados. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo má- ximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos ex- cepcionais, a requerimento dos peritos. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qual- quer dia e a qualquer hora. Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julga- rem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verifi- cação de alguma circunstância relevante. Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a auto- ridade providenciará para que, em dia e hora previamente marca- dos, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado. Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou par- ticular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a au- toridade procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto. Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, to- das as lesões externas e vestígios deixados no local do crime. (Re- dação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas foto- gráficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados. Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exuma- do, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquiriçãode testemu- nhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações. Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e auten- ticados todos os objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver. Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pe- ricial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor. § 1° No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo. § 2° Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. 129, § 1°, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime. § 3° A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova testemunhal. Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido pra- ticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esque- mas elucidativos. (Vide Lei nº 5.970, de 1973) Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos. (Incluído pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão ma- terial suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas. DIREITO APLICADO 34 Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimen- to de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instru- mentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado. Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coi- sas destruídas, deterioradas ou que constituam produto do crime. Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos pro- cederão à avaliação por meio dos elementos existentes nos autos e dos que resultarem de diligências. Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato. Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por com- paração de letra, observar-se-á o seguinte: I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for encontrada; II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente re- conhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida; III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exa- me, os documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados; IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escre- va o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever. Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a eficiência. Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência. Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far- -se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz depre- cante. Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcri- tos na precatória. Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela au- toridade ao diretor da repartição, juntando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos. Art. 179. No caso do § 1° do art. 159, o escrivão lavrará o auto respectivo, que será assinado pelos peritos e, se presente ao exame, também pela autoridade. Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o laudo, que poderá ser datilografado, será subscrito e rubricado em suas folhas por todos os peritos. Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consigna- das no auto do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade no- meará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos. Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o lau- do. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente. Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, observar- -se-á o disposto no art. 19. Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. CAPÍTULO VI - DOS PERITOS E INTÉRPRETES – DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL TÍTULO VIII DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DEFEN- SOR DOS ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIÇA (...) CAPÍTULO VI DOS PERITOS E INTÉRPRETES Art. 275. O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à disciplina judiciária. Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do perito. Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível. Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa, provada imediatamente: a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade; b) não comparecer no dia e local designados para o exame; c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos estabelecidos. Art. 278. No caso de não-comparecimento do perito, sem justa causa, a autoridade poderá determinar a sua condução. Art. 279. Não poderão ser peritos: I - os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos ns. I e IV do art. 69 do Código Penal; II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou opina- do anteriormente sobre o objeto da perícia; III - os analfabetos e os menores de 21 anos. Art. 280. É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicável, o disposto sobre suspeição dos juízes. Art. 281. Os intérpretes são, para todos os efeitos, equiparados aos peritos. DIREITO APLICADO 35 CAPÍTULO III - DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA – FALSA PERÍCIA, FALSO TESTEMUNHO, FRAUDE PROCESSUAL, EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO- DO CÓDIGO PENAL. De acordo com o STJ, a inépcia da denúncia de corrupção ativa não induz, por si só, o trancamento da ação penal de corrupção passiva. Os dois crimes estão em tipos penais autônomos, e um não pressupõe o outro. Ademais, o CP elenca os crimes praticados por particular contra a Administração Pública Estrangeira: Corrupção ativa em transação comercial internacional; Tráfico de influência em transação comercial internacional. E, também, estabelece os crimes contra a Administração da Justiça: – Reingresso de estrangeiro expulso; – Denunciação caluniosa; – Comunicação falsa de crime ou contravenção;– Auto-acusação falsa; – Falso Testemunho ou falsa perícia; – Coação no Curso do Processo; – Exercício arbitrário das próprias razões; – Fraude processual; – Favorecimento pessoal; – Favorecimento real; – Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança; – Evasão mediante violência contra a pessoa; – Arrebatamento de preso; – Motim de presos; – Patrocínio infiel; – Patrocínio simultâneo ou tergiversação; – Sonegação de papel ou objeto de valor probatório; – Exploração de prestígio; – Violência ou fraude em arrematação judicial; – Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direitos. Ademais, tanto no falso testemunho como na falsa perícia: O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. É importante saber diferenciar o favorecimento real do favorecimento pessoal: – Exemplo de favorecimento real: um amigo do criminoso guarda em sua casa o proveito do crime (um objeto furtado). – Exemplo de favorecimento pessoal: um amigo do criminoso esconde o foragido em sua casa. Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. Por fim, vale diferenciar patrocínio infiel de patrocínio simultâneo ou tergiversação: Patrocínio infiel Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Patrocínio simultâneo ou tergiversação Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. DECRETO-LEI NO 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 TÍTULO XI DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (...) CAPÍTULO III DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA Reingresso de estrangeiro expulso Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso: Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova ex- pulsão após o cumprimento da pena. Denunciação caluniosa Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de pro- cedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbi- dade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente:(Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prá- tica de contravenção. Comunicação falsa de crime ou de contravenção Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter veri- ficado: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Auto-acusação falsa Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Falso testemunho ou falsa perícia Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Reda- ção dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) DIREITO APLICADO 36 § 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o cri- me é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) § 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no pro- cesso em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer ou- tra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intér- prete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em de- poimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um ter- ço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. (Reda- ção dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Coação no curso do processo Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de fa- vorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único. A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até a me- tade se o processo envolver crime contra a dignidade sexual. (In- cluído pela Lei nº 14.245, de 2021) Exercício arbitrário das próprias razões Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pre- tensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa. Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou conven- ção: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. FRAUDE PROCESSUAL ART. 347 - INOVAR ARTIFICIOSAMENTE, NA PENDÊNCIA DE PROCESSO CIVIL OU ADMINISTRATIVO, O ESTADO DE LUGAR, DE COISA OU DE PESSOA, COM O FIM DE INDUZIR A ERRO O JUIZ OU O PERITO: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro. Favorecimento pessoal Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública au- tor de crime a que é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, côn- juge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. Favorecimento real Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional. (In- cluído pela Lei nº 12.012, de 2009). Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). Exercício arbitrário ou abuso de poder Art. 350 - (Revogado pela Lei nº 13.869, de 2019) (Vigência) Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente pre- sa ou submetida a medida de segurança detentiva: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. § 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é de reclusão, de dois a seis anos. § 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se tam- bém a pena correspondente à violência. § 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda está o preso ou o internado. § 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três meses a um ano,ou multa. Evasão mediante violência contra a pessoa Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena corres- pondente à violência. Arrebatamento de preso Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o tenha sob custódia ou guarda: Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena correspon- dente à violência. Motim de presos Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou dis- ciplina da prisão: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena cor- respondente à violência. Patrocínio infiel Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o de- ver profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Patrocínio simultâneo ou tergiversação DIREITO APLICADO 37 Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. Sonegação de papel ou objeto de valor probatório Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou procurador: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Exploração de prestígio Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra uti- lidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou tes- temunha: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo. Violência ou fraude em arrematação judicial Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além da pena correspondente à violência. Desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. TÍTULO VI-DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA – PERÍCIA MÉDICA - DO CÓDIGO PENAL. Medidas de Segurança O inimputável recebe medida de segurança. Se for extinta a sua punibilidade, ex. prescreveu, não será imposta medida de segurança, pois não deixa de ser uma restrição na liberdade do indivíduo. A medida de segurança tem como prazo máximo 40 anos, assim como já dito para os crimes em geral. O que determina o período de internação ou tratamento ambulatorial é a periculosidade do agente. O prazo mínimo varia de 1 a 3 anos. A perícia deve ser realizada nesse lapso e repetida de ano a ano, bem como sempre que o juiz da execução entender necessário. A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade. O Código Penal divide a medida de segurança em duas espécies: Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico Tratamento ambulatorial (se há previsão de detenção no crime) DECRETO-LEI NO 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 TÍTULO VI DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA Espécies de medidas de segurança Art. 96. As medidas de segurança são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátri- co ou, à falta, em outro estabelecimento adequado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - sujeição a tratamento ambulatorial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Imposição da medida de segurança para inimputável Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua in- ternação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for puní- vel com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambula- torial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Prazo § 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, median- te perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Perícia médica § 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tem- po, se o determinar o juiz da execução. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Desinternação ou liberação condicional § 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 4º - Em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a internação do agente, se essa providência for ne- cessária para fins curativos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Substituição da pena por medida de segurança para o semi- -imputável Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Códi- go e necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º. (Reda- ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Direitos do internado Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento dotado de características hospitalares e será submetido a tratamento. (Re- dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) DIREITO APLICADO 38 CAPÍTULO VII – DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL Disposições gerais e servidores públicos A expressão Administração Pública em sentido objetivo traduz a ideia de atividade, tarefa, ação ou função de atendimento ao inte- resse coletivo. Já em sentido subjetivo, indica o universo dos órgãos e pessoas que desempenham função pública. Conjugando os dois sentidos, pode-se conceituar a Administra- ção Pública como sendo o conjunto de pessoas e órgãos que de- sempenham uma função de atendimento ao interesse público, ou seja, que estão a serviço da coletividade. Princípios da Administração Pública Nos termos do caput do Artigo 37 da CF, a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de lega- lidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. As provas de Direito Constitucional exigem com frequência a memorização de tais princípios. Assim, para facilitar essa memori- zação, já é de praxe valer-se da clássica expressão mnemônica “LIM- PE”. Observe o quadro abaixo: Princípios da Administração Pública L Legalidade I Impessoalidade M Moralidade P Publicidade E Eficiência LIMPE Passemos ao conceito de cada um deles: – Princípio da Legalidade De acordo com este princípio, o administrador não pode agir ou deixar de agir, senão de acordo com a lei, na forma determinada. O quadro abaixo demonstra suas divisões. Princípio da Legalidade Em relação à Administração Pública A Administração Pública somente pode fazer o que a lei permite → Princípio da Estrita Legalidade Em relação ao Particular O Particular pode fazer tudo que a lei não proíbe – Princípio da Impessoalidade Em decorrência deste princípio, a Administração Pública deve servir a todos, sem preferências ou aversões pessoais ou partidá- rias, não podendo atuarcom vistas a beneficiar ou prejudicar de- terminadas pessoas, uma vez que o fundamento para o exercício de sua função é sempre o interesse público. – Princípio da Moralidade Tal princípio caracteriza-se por exigir do administrador público um comportamento ético de conduta, ligando-se aos conceitos de probidade, honestidade, lealdade, decoro e boa-fé. A moralidade se extrai do senso geral da coletividade represen- tada e não se confunde com a moralidade íntima do administrador (moral comum) e sim com a profissional (ética profissional). O Artigo 37, § 4º da CF elenca as consequências possíveis, devi- do a atos de improbidade administrativa: Sanções ao cometimento de atos de improbidade administra- tiva Suspensão dos direitos políticos (responsabilidade política) Perda da função pública (responsabilidade disciplinar) Indisponibilidade dos bens (responsabilidade patrimonial) Ressarcimento ao erário (responsabilidade patrimonial) – Princípio da Publicidade O princípio da publicidade determina que a Administração Pú- blica tem a obrigação de dar ampla divulgação dos atos que pratica, salvo a hipótese de sigilo necessário. A publicidade é a condição de eficácia do ato administrativo e tem por finalidade propiciar seu conhecimento pelo cidadão e pos- sibilitar o controle por todos os interessados. – Princípio da Eficiência Segundo o princípio da eficiência, a atividade administrativa deve ser exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional, evitando atuações amadorísticas. Este princípio impõe à Administração Pública o dever de agir com eficiência real e concreta, aplicando, em cada caso concreto, a medida, dentre as previstas e autorizadas em lei, que mais satisfaça o interesse público com o menor ônus possível (dever jurídico de boa administração). Em decorrência disso, a administração pública está obrigada a desenvolver mecanismos capazes de propiciar os melhores resul- tados possíveis para os administrados. Portanto, a Administração Pública será considerada eficiente sempre que o melhor resultado for atingido. Disposições Gerais na Administração Pública O esquema abaixo sintetiza a definição de Administração Pú- blica: Administração Pública Direta Indireta Federal Estadual Distrital Municipal Autarquias (podem ser quali- ficadas como agências regula- doras) Fundações (autarquias e fun- dações podem ser qualificadas como agências executivas) Sociedades de economia mista Empresas públicas Entes Cooperados Não integram a Administração Pública, mas prestam serviços de interesse público. Exemplos: SESI, SENAC, SENAI, ONG’s DIREITO APLICADO 39 As disposições gerais sobre a Administração Pública estão elen- cadas nos Artigos 37 e 38 da CF. Vejamos: CAPÍTULO VII DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA SEÇÃO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- pios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora- lidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; II - a investidura em cargo ou emprego público depende de apro- vação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período; IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo- cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro- vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa- dos para assumir cargo ou emprego, na carreira; V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi- dores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e per- centuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribui- ções de direção, chefia e assessoramento; VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associa- ção sindical; VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão; IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de- terminado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público; X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, asse- gurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices; XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun- ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pen- sões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra na- tureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Exe- cutivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defen- sores Públicos; XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu- tivo; XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espé- cies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público; XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores; XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em- pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de professor; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público; XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência so- bre os demais setores administrativos, na forma da lei; XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo- mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação; XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada; XXI - ressalvados os casos especificados nalegislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro- cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter- mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona- mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos da lei. DIREITO APLICADO 40 § 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando especialmente: I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços; II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor- mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII; III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública. § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante de cargo ou emprego da administração direta e indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas. § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: I - o prazo de duração do contrato; II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; III - a remuneração do pessoal.” § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral. § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração. § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei. § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores. § 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser readaptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilidades sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de origem. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública, inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rompimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 15. É vedada a complementação de aposentadorias de servidores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 16. Os órgãos e entidades da administração pública, individual ou conjuntamente, devem realizar avaliação das políticas públicas, inclusive com divulgação do objeto a ser avaliado e dos resultados alcançados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021) Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as se- guintes disposições: I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remunera- ção; III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilida- de de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não ha- vendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior; IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previdência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo de ori- gem. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Servidores Públicos Os servidores públicos são pessoas físicas que prestam serviços à administração pública direta, às autarquias ou fundações públi- cas, gerando entre as partes um vínculo empregatício ou estatutá- rio. Esses serviços são prestados à União, aos Estados-membros, ao Distrito Federal ou aos Municípios. As disposições sobre os Servidores Públicos estão elencadas dos Artigos 39 a 41 da CF. Vejamos: SEÇÃO II DOS SERVIDORES PÚBLICOS Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública dire- ta, das autarquias e das fundações públicas. Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Po- deres. DIREITO APLICADO 41 § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentesdo sistema remuneratório observará: I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira; II - os requisitos para a investidura; III - as peculiaridades dos cargos. § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes federados. § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir. § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI. § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e empregos públicos. § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários provenientes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade. § 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. § 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter temporário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces- são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons- tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria serão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefícios em regime próprio de previdência social, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores com deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei complementar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previdência social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se tratar da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o benefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a DIREITO APLICADO 42 hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei. § 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou municipal será contado para fins de aposentadoria, observado o disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço correspondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contribuição fictício. § 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência social, e ao montante resultante da adição de proventos de inatividade com remuneração de cargoacumulável na forma desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo. § 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em regime próprio de previdência social, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime de previdência complementar para servidores públicos ocupantes de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias e das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado o disposto no § 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribuição definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de instituição do correspondente regime de previdência complementar. § 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados, na forma da lei. § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. § 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo que tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária e que opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abono de permanência equivalente, no máximo, ao valor da sua contribuição previdenciária, até completar a idade para aposentadoria compulsória. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora desse regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes, órgãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsáveis pelo seu financiamento, observados os critérios, os parâmetros e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o § 22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 21. (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de previdência social, lei complementar federal estabelecerá, para os que já existam, normas gerais de organização, de funcionamento e de responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos, sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda Consti- tucional nº 103, de 2019) II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re- cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) V - condições para instituição do fundo com finalidade previ- denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recur- sos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de qualquer natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) VI - mecanismos de equacionamento do déficit atuarial; (Incluí- do pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob- servados os princípios relacionados com governança, controle inter- no e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indiretamente, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser- vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. § 1º O servidor público estável só perderá o cargo: I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegura- da ampla defesa; III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem- penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. DIREITO APLICADO 43 § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço. § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo. § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. – Estabilidade A estabilidade é a garantia que o servidor público possui de per- manecer no cargo ou emprego público depois de ter sido aprovado em estágio probatório. De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, a estabilidade poder ser definida como a garantia constitucional de permanência no serviço público, do servidor público civil nomeado, em razão de concurso público, para titularizar cargo de provimento efetivo, após o transcurso de estágio probatório. A estabilidade é assegurada ao servidor após três anos de efeti- vo exercício, em virtude de nomeação em concurso público. Esse é o estágio probatório citado pela lei. Passada a fase do estágio, sendo o servidor público efetivado, ele perderá o cargo somente nas hipóteses elencadas no Artigo 41, § 1º da CF. Haja vista o tema ser muito cobrado nas provas dos mais varia- dos concursos públicos, segue a tabela explicativa: Estabilidade do Servidor Requisitos para aquisição de Estabilidade Cargo de provimento efetivo/ ocupado em razão de concurso público 3 anos de efetivo exercício Avaliação de desempenho por comissão instituída para esta finalidade Hipóteses em que o servidor estável pode perder o cargo Em virtude de sentença judicial transitada em julgado Mediante processo administra- tivo em que lhe seja assegura- da ampla defesa Mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa Em razão de excesso de des- pesa Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios A CF/88 impôs aos Militares, regime especial e diferenciado do servidor civil. Os direitos e deveres dos militares e dos civis não se misturam a nãoser por expressa determinação constitucional. Não pode o legislador infraconstitucional cercear direitos ou im- por deveres que a Constituição Federal não trouxe de forma taxati- va, tampouco não se pode inserir deveres dos servidores civis aos militares de forma reflexa. A Emenda Constitucional nº 101/19, promulgada pelo Congres- so Nacional, permite acúmulo de cargos públicos nas áreas de saú- de e educação por militares. Através da referida Emenda, os Milita- res poderão exercer funções de professor ou profissional da saúde desde que haja compatibilidade de horário. Ou seja, aplicou-se a tais profissionais o disposto no art. 37, inciso XVI, da CF/88. Desde a promulgação da CF/88, o exercício simultâneo de cargos era permitido apenas para servidores públicos civis e para militares das Forças Armadas que atuam na área de saúde. A acumulação passou a ser possível, desde que haja compatibilidade de horários. Vejamos as disposições do Art. 42 da CF/88: SEÇÃO III DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e discipli- na, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores. § 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do respectivo ente estatal. § 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios o disposto no art. 37, inciso XVI, com prevalência da atividade militar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 101, de 2019) Das Regiões De acordo com a CF/88 as políticas da União podem se dar de forma regionalizada e a disposição legal do Art. 43 visa reduzir as desigualdades regionais. Este tema será regulado por Lei Comple- mentar. Diz o Art. 43 da CF/88: SEÇÃO IV DAS REGIÕES Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais. § 1º - Lei complementar disporá sobre: I - as condições para integração de regiões em desenvolvimento; II - a composição dos organismos regionais que executarão, na forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos nacionais de desenvolvimento econômico e social, aprovados juntamente com estes. § 2º - Os incentivos regionais compreenderão, além de outros, na forma da lei: DIREITO APLICADO 44 I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de custos e preços de responsabilidade do Poder Público; II - juros favorecidos para financiamento de atividades priori- tárias; III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas; IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social dos rios e das massas de água represadas ou represáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas. § 3º - Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará a recuperação de terras áridas e cooperará com os pequenos e médios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas glebas, de fontes de água e de pequena irrigação. TÍTULO II – DO CONDENADO E DO INTERNADO – DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984 INSTITUI A LEI DE EXECUÇÃO PENAL (...) TÍTULO II DO CONDENADO E DO INTERNADO CAPÍTULO I DA CLASSIFICAÇÃO Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal. Art. 6o A classificação será feita por Comissão Técnica de Classi- ficação que elaborará o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório. (Reda- ção dada pela Lei nº 10.792, de 2003) Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento, será presidida pelo diretor e composta, no míni- mo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólo- go e 1 (um) assistente social, quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade. Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será integrada por fiscais do serviço social. Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de li- berdade, em regime fechado, será submetido a exame criminoló- gico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução. Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao cumprimento da pena privativa de li- berdade em regime semiaberto. Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reve- ladores da personalidade, observando a ética profissional e tendo sempre presentes peças ou informações do processo, poderá: I - entrevistar pessoas; II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, da- dos e informações a respeito do condenado; III - realizar outras diligências e exames necessários. Art. 9º-A. O condenado por crime doloso praticado com violên- cia grave contra a pessoa, bem como por crime contra a vida, con- tra a liberdade sexual ou por crime sexual contra vulnerável, será submetido, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA (ácido desoxirribonucleico), por técnica adequada e indolor, por ocasião do ingresso no estabelecimento prisional. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) § 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar garantias mí- nimas de proteção de dados genéticos, observando as melhores práticas da genética forense. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) § 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados de identificação de perfil genético. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) § 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados genéticos o aces- so aos seus dados constantes nos bancos de perfis genéticos, bem como a todos os documentos da cadeia de custódia que gerou esse dado, de maneira que possa ser contraditado pela defesa. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) § 4º O condenado pelos crimes previstos no caput deste artigo que não tiver sido submetido à identificação do perfil genético por ocasião do ingresso no estabelecimento prisional deverá ser sub- metido ao procedimento durante o cumprimento da pena. (Incluí- do pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) § 5º A amostra biológica coletada só poderá ser utilizada para o único e exclusivo fim de permitir a identificação pelo perfil genético, não estando autorizadas as práticas de fenotipagem genética ou de busca familiar. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) § 6º Uma vez identificado o perfil genético, a amostra biológi- ca recolhida nos termos do caput deste artigo deverá ser correta e imediatamente descartada, de maneira a impedir a sua utilização para qualquer outro fim. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vi- gência) § 7º A coleta da amostra biológica e a elaboração do respec- tivo laudo serão realizadas por perito oficial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) § 8º Constitui falta grave a recusa do condenado em submeter- -se ao procedimento de identificação do perfil genético. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) CAPÍTULO II DA ASSISTÊNCIA SEÇÃO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade. (Regulamento) Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso. Art. 11.A assistência será: (Regulamento) I - material; II - à saúde; III -jurídica; IV - educacional; V - social; VI - religiosa. DIREITO APLICADO 45 SEÇÃO II DA ASSISTÊNCIA MATERIAL Art. 12. A assistência material ao preso e ao internado consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas. Art. 13. O estabelecimento disporá de instalações e serviços que atendam aos presos nas suas necessidades pessoais, além de locais destinados à venda de produtos e objetos permitidos e não forneci- dos pela Administração. SEÇÃO III DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico, farma- cêutico e odontológico. § 1º (Vetado). § 2º Quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado para prover a assistência médica necessária, esta será prestada em outro local, mediante autorização da direção do estabelecimento. § 3o Será assegurado acompanhamento médico à mulher, prin- cipalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao recém-nasci- do. (Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009) § 4º Será assegurado tratamento humanitário à mulher grávida durante os atos médico-hospitalares preparatórios para a realiza- ção do parto e durante o trabalho de parto, bem como à mulher no período de puerpério, cabendo ao poder público promover a assis- tência integral à sua saúde e à do recém-nascido. (Incluído pela Lei nº 14.326, de 2022) SEÇÃO IV DA ASSISTÊNCIA JURÍDICA Art. 15. A assistência jurídica é destinada aos presos e aos inter- nados sem recursos financeiros para constituir advogado. Art. 16. As Unidades da Federação deverão ter serviços de as- sistência jurídica, integral e gratuita, pela Defensoria Pública, den- tro e fora dos estabelecimentos penais. (Redação dada pela Lei nº 12.313, de 2010). § 1o As Unidades da Federação deverão prestar auxílio estru- tural, pessoal e material à Defensoria Pública, no exercício de suas funções, dentro e fora dos estabelecimentos penais. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). § 2o Em todos os estabelecimentos penais, haverá local apro- priado destinado ao atendimento pelo Defensor Público. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). § 3o Fora dos estabelecimentos penais, serão implementados Núcleos Especializados da Defensoria Pública para a prestação de assistência jurídica integral e gratuita aos réus, sentenciados em li- berdade, egressos e seus familiares, sem recursos financeiros para constituir advogado. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). SEÇÃO V DA ASSISTÊNCIA EDUCACIONAL Art. 17. A assistência educacional compreenderá a instrução es- colar e a formação profissional do preso e do internado. Art. 18. O ensino de 1º grau será obrigatório, integrando-se no sistema escolar da Unidade Federativa. Art. 18-A. O ensino médio, regular ou supletivo, com formação geral ou educação profissional de nível médio, será implantado nos presídios, em obediência ao preceito constitucional de sua univer- salização. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) § 1o O ensino ministrado aos presos e presas integrar-se-á ao sistema estadual e municipal de ensino e será mantido, administra- tiva e financeiramente, com o apoio da União, não só com os recur- sos destinados à educação, mas pelo sistema estadual de justiça ou administração penitenciária. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) § 2o Os sistemas de ensino oferecerão aos presos e às presas cursos supletivos de educação de jovens e adultos. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) § 3o A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal incluirão em seus programas de educação à distância e de utilização de novas tecnologias de ensino, o atendimento aos presos e às pre- sas. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) Art. 19. O ensino profissional será ministrado em nível de inicia- ção ou de aperfeiçoamento técnico. Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino profissional adequado à sua condição. Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto de convê- nio com entidades públicas ou particulares, que instalem escolas ou ofereçam cursos especializados. Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar-se-á cada estabelecimento de uma biblioteca, para uso de todas as categorias de reclusos, provida de livros instrutivos, recreativos e didáticos. Art. 21-A. O censo penitenciário deverá apurar: (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) I - o nível de escolaridade dos presos e das presas; (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) II - a existência de cursos nos níveis fundamental e médio e o número de presos e presas atendidos; (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) III - a implementação de cursos profissionais em nível de ini- ciação ou aperfeiçoamento técnico e o número de presos e presas atendidos; (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) IV - a existência de bibliotecas e as condições de seu acervo; (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) V - outros dados relevantes para o aprimoramento educacional de presos e presas. (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015) SEÇÃO VI DA ASSISTÊNCIA SOCIAL Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade. Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social: I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames; II - relatar, por escrito, ao Diretor do estabelecimento, os proble- mas e as dificuldades enfrentadas pelo assistido; III - acompanhar o resultado das permissões de saídas e das sa- ídas temporárias; IV - promover, no estabelecimento, pelos meios disponíveis, a recreação; V - promover a orientação do assistido, na fase final do cumpri- mento da pena, e do liberando, de modo a facilitar o seu retorno à liberdade; VI - providenciar a obtenção de documentos, dos benefícios da Previdência Social e do seguro por acidente no trabalho; DIREITO APLICADO 46 VII - orientar e amparar, quando necessário, a família do preso, do internado e da vítima. SEÇÃO VII DA ASSISTÊNCIA RELIGIOSA Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de culto, será prestada aos presos e aos internados, permitindo-se lhes a parti- cipação nos serviços organizados no estabelecimento penal, bem como a posse de livros de instrução religiosa. § 1º No estabelecimento haverá local apropriado para os cultos religiosos. § 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado a partici- par de atividade religiosa. SEÇÃO VIII DA ASSISTÊNCIA AO EGRESSO Art. 25. A assistência ao egresso consiste: (Regulamento) I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade; II - na concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 (dois) meses. Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II poderá ser prorrogado uma única vez, comprovado, por declaração do assis- tente social, o empenho na obtenção de emprego. Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos desta Lei: (Regu- lamento) I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da saída do estabelecimento; II - o liberado condicional, durante o período de prova. Art. 27.O serviço de assistência social colaborará com o egresso para a obtenção de trabalho. (Regulamento) CAPÍTULO III DO TRABALHO SEÇÃO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva. § 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho as pre- cauções relativas à segurança e à higiene. § 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da Consoli- dação das Leis do Trabalho. Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, mediante pré- via tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três quartos) do salário mínimo. § 1° O produto da remuneração pelo trabalho deverá atender: a) à indenização dos danos causados pelo crime, desde que de- terminados judicialmente e não reparados por outros meios; b) à assistência à família; c) a pequenas despesas pessoais; d) ao ressarcimento aoEstado das despesas realizadas com a manutenção do condenado, em proporção a ser fixada e sem preju- ízo da destinação prevista nas letras anteriores. § 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será depositada a par- te restante para constituição do pecúlio, em Caderneta de Poupan- ça, que será entregue ao condenado quando posto em liberdade. Art. 30. As tarefas executadas como prestação de serviço à co- munidade não serão remuneradas. SEÇÃO II DO TRABALHO INTERNO Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obriga- do ao trabalho na medida de suas aptidões e capacidade. Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é obri- gatório e só poderá ser executado no interior do estabelecimento. Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas em conta a habilitação, a condição pessoal e as necessidades futuras do pre- so, bem como as oportunidades oferecidas pelo mercado. § 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o artesanato sem expressão econômica, salvo nas regiões de turismo. § 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar ocupa- ção adequada à sua idade. § 3º Os doentes ou deficientes físicos somente exercerão ativi- dades apropriadas ao seu estado. Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos domingos e feria- dos. Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial de traba- lho aos presos designados para os serviços de conservação e manu- tenção do estabelecimento penal. Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado por fundação, ou em- presa pública, com autonomia administrativa, e terá por objetivo a formação profissional do condenado. § 1o. Nessa hipótese, incumbirá à entidade gerenciadora pro- mover e supervisionar a produção, com critérios e métodos empre- sariais, encarregar-se de sua comercialização, bem como suportar despesas, inclusive pagamento de remuneração adequada. (Renu- merado pela Lei nº 10.792, de 2003) § 2o Os governos federal, estadual e municipal poderão celebrar convênio com a iniciativa privada, para implantação de oficinas de trabalho referentes a setores de apoio dos presídios. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003) Art. 35. Os órgãos da Administração Direta ou Indireta da União, Estados, Territórios, Distrito Federal e dos Municípios adquirirão, com dispensa de concorrência pública, os bens ou produtos do tra- balho prisional, sempre que não for possível ou recomendável rea- lizar-se a venda a particulares. Parágrafo único. Todas as importâncias arrecadadas com as vendas reverterão em favor da fundação ou empresa pública a que alude o artigo anterior ou, na sua falta, do estabelecimento penal. SEÇÃO III DO TRABALHO EXTERNO Art. 36. O trabalho externo será admissível para os presos em regime fechado somente em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades pri- vadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina. § 1º O limite máximo do número de presos será de 10% (dez por cento) do total de empregados na obra. § 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à empre- sa empreiteira a remuneração desse trabalho. § 3º A prestação de trabalho à entidade privada depende do consentimento expresso do preso. DIREITO APLICADO 47 Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e res- ponsabilidade, além do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena. Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de trabalho externo ao preso que vier a praticar fato definido como crime, for punido por falta grave, ou tiver comportamento contrário aos requisitos estabelecidos neste artigo. CAPÍTULO IV DOS DEVERES, DOS DIREITOS E DA DISCIPLINA SEÇÃO I DOS DEVERES Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações legais ine- rentes ao seu estado, submeter-se às normas de execução da pena. Art. 39. Constituem deveres do condenado: I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença; II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se; III - urbanidade e respeito no trato com os demais condenados; IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina; V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas; VI - submissão à sanção disciplinar imposta; VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores; VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas rea- lizadas com a sua manutenção, mediante desconto proporcional da remuneração do trabalho; IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento; X - conservação dos objetos de uso pessoal. Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que couber, o disposto neste artigo. SEÇÃO II DOS DIREITOS Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integrida- de física e moral dos condenados e dos presos provisórios. Art. 41 - Constituem direitos do preso: I - alimentação suficiente e vestuário; II - atribuição de trabalho e sua remuneração; III - Previdência Social; IV - constituição de pecúlio; V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação; VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena; VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo; IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado; X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados; XI - chamamento nominal; XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da in- dividualização da pena; XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento; XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito; XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondên- cia escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes. XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente. (Incluído pela Lei nº 10.713, de 2003) Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV pode- rão ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento. Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao submetido à medida de segurança, no que couber, o disposto nesta Seção. Art. 43 - É garantida a liberdade de contratar médico de confian- ça pessoal do internado ou do submetido a tratamento ambulato- rial, por seus familiares ou dependentes, a fim de orientar e acom- panhar o tratamento. Parágrafo único. As divergências entre o médico oficial e o par- ticular serão resolvidas pelo Juiz da execução. SEÇÃO III DA DISCIPLINA SUBSEÇÃO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com a ordem, na obediência às determinações das autoridades e seus agentes e no desempenho do trabalho. Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o condenado à pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos e o preso provisório. Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior previsão legal ou regulamentar. § 1º As sanções não poderão colocar em perigo a integridade física e moral do condenado. § 2º É vedado o emprego de cela escura. § 3º São vedadas as sanções coletivas. Art. 46. O condenado ou denunciado, no início da execução da pena ou da prisão, será cientificado das normas disciplinares. Art. 47. O poder disciplinar, na execução da pena privativa de liberdade, será exercido pela autoridade administrativa conforme as disposições regulamentares. Art. 48. Na execução das penas restritivas de direitos, o poder disciplinar será exercido pela autoridade administrativa a que esti- ver sujeito o condenado. Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade representará ao Juiz da execução para osfins dos artigos 118, inciso I, 125, 127, 181, §§ 1º, letra d, e 2º desta Lei. SUBSEÇÃO II DAS FALTAS DISCIPLINARES Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves, médias e graves. A legislação local especificará as leves e médias, bem assim as respectivas sanções. Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção correspon- dente à falta consumada. Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de li- berdade que: DIREITO APLICADO 48 I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina; II - fugir; III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a in- tegridade física de outrem; IV - provocar acidente de trabalho; V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas; VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei. VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007) VIII - recusar submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que cou- ber, ao preso provisório. Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restritiva de direitos que: I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta; II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação imposta; III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei. Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar di- ferenciado, com as seguintes características: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem prejuízo de repe- tição da sanção por nova falta grave de mesma espécie; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) II - recolhimento em cela individual; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem re- alizadas em instalações equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado judicialmente, com duração de 2 (duas) horas; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas) horas diárias para banho de sol, em grupos de até 4 (quatro) presos, desde que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) V - entrevistas sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial em con- trário; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) VI - fiscalização do conteúdo da correspondência; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) VII - participação em audiências judiciais preferencialmente por videoconferência, garantindo-se a participação do defensor no mesmo ambiente do preso. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º O regime disciplinar diferenciado também será aplicado aos presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) I - que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do es- tabelecimento penal ou da sociedade; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organização criminosa, associa- ção criminosa ou milícia privada, independentemente da prática de falta grave. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 3º Existindo indícios de que o preso exerce liderança em orga- nização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, ou que tenha atuação criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da Federação, o regime disciplinar diferenciado será obrigatoriamente cumprido em estabelecimento prisional federal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o regime disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado sucessivamente, por períodos de 1 (um) ano, existindo indícios de que o preso: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) I - continua apresentando alto risco para a ordem e a seguran- ça do estabelecimento penal de origem ou da sociedade; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) II - mantém os vínculos com organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, considerados também o perfil criminal e a função desempenhada por ele no grupo criminoso, a operação duradoura do grupo, a superveniência de novos processos criminais e os resultados do tratamento penitenciário. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o regime discipli- nar diferenciado deverá contar com alta segurança interna e exter- na, principalmente no que diz respeito à necessidade de se evitar contato do preso com membros de sua organização criminosa, as- sociação criminosa ou milícia privada, ou de grupos rivais. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 6º A visita de que trata o inciso III do caput deste artigo será gravada em sistema de áudio ou de áudio e vídeo e, com autoriza- ção judicial, fiscalizada por agente penitenciário. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime disciplinar dife- renciado, o preso que não receber a visita de que trata o inciso III do caput deste artigo poderá, após prévio agendamento, ter contato telefônico, que será gravado, com uma pessoa da família, 2 (duas) vezes por mês e por 10 (dez) minutos. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) SUBSEÇÃO III DAS SANÇÕES E DAS RECOMPENSAS Art. 53. Constituem sanções disciplinares: I - advertência verbal; II - repreensão; III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, parágrafo úni- co); IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos es- tabelecimentos que possuam alojamento coletivo, observado o dis- posto no artigo 88 desta Lei. V - inclusão no regime disciplinar diferenciado. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003) Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão aplicadas por ato motivado do diretor do estabelecimento e a do inciso V, por prévio e fundamentado despacho do juiz competente. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) DIREITO APLICADO 49 § 1o A autorização para a inclusão do preso em regime disci- plinar dependerá de requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa. (In- cluído pela Lei nº 10.792, de 2003) § 2o A decisão judicial sobre inclusão de preso em regime dis- ciplinar será precedida de manifestação do Ministério Público e da defesa e prolatada no prazo máximo de quinze dias. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003) Art. 55. As recompensas têm em vista o bom comportamento reconhecido em favor do condenado, de sua colaboração com a dis- ciplina e de sua dedicação ao trabalho. Art. 56. São recompensas: I - o elogio; II - a concessão de regalias. Parágrafo único. A legislação local e os regulamentos estabele- cerão a natureza e a forma de concessão de regalias. SUBSEÇÃO IV DA APLICAÇÃO DAS SANÇÕES Art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares, levar-se-ão em conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e as consequências do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão. (Re- dação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) Parágrafo único. Nas faltas graves, aplicam-se as sanções previs- tas nos incisos III a V do art. 53 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição de direitos não poderão exceder a trinta dias, ressalvada a hipótese do regime dis- ciplinar diferenciado. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) Parágrafo único. O isolamentoserá sempre comunicado ao Juiz da execução. SUBSEÇÃO V DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR Art. 59. Praticada a falta disciplinar, deverá ser instaurado o pro- cedimento para sua apuração, conforme regulamento, assegurado o direito de defesa. Parágrafo único. A decisão será motivada. Art. 60. A autoridade administrativa poderá decretar o isola- mento preventivo do faltoso pelo prazo de até dez dias. A inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado, no interesse da discipli- na e da averiguação do fato, dependerá de despacho do juiz compe- tente. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) Parágrafo único. O tempo de isolamento ou inclusão preventi- va no regime disciplinar diferenciado será computado no período de cumprimento da sanção disciplinar. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) CAPÍTULO VII – DAS DIPOSIÇÕES GERAIS – DA LEI Nº 9.279 DE 14 DE MAIO DE 1996 LEI Nº 9.279, DE 14 DE MAIO DE 1996 Regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial. (...) TÍTULO V DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INDUSTRIAL (...) CAPÍTULO VII DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 196. As penas de detenção previstas nos Capítulos I, II e III deste Título serão aumentadas de um terço à metade se: I - o agente é ou foi representante, mandatário, preposto, sócio ou empregado do titular da patente ou do registro, ou, ainda, do seu licenciado; ou II - a marca alterada, reproduzida ou imitada for de alto renome, notoriamente conhecida, de certificação ou coletiva. Art. 197. As penas de multa previstas neste Título serão fixadas, no mínimo, em 10 (dez) e, no máximo, em 360 (trezentos e sessenta) dias-multa, de acordo com a sistemática do Código Penal. Parágrafo único. A multa poderá ser aumentada ou reduzida, em até 10 (dez) vezes, em face das condições pessoais do agente e da magnitude da vantagem auferida, independentemente da norma estabelecida no artigo anterior. Art. 198. Poderão ser apreendidos, de ofício ou a requerimento do interessado, pelas autoridades alfandegárias, no ato de conferência, os produtos assinalados com marcas falsificadas, alteradas ou imitadas ou que apresentem falsa indicação de procedência. Art. 199. Nos crimes previstos neste Título somente se procede mediante queixa, salvo quanto ao crime do art. 191, em que a ação penal será pública. Art. 200. A ação penal e as diligências preliminares de busca e apreensão, nos crimes contra a propriedade industrial, regulam-se pelo disposto no Código de Processo Penal, com as modificações constantes dos artigos deste Capítulo. Art. 201. Na diligência de busca e apreensão, em crime contra patente que tenha por objeto a invenção de processo, o oficial do juízo será acompanhado por perito, que verificará, preliminarmente, a existência do ilícito, podendo o juiz ordenar a apreensão de produtos obtidos pelo contrafator com o emprego do processo patenteado. Art. 202. Além das diligências preliminares de busca e apreensão, o interessado poderá requerer: I - apreensão de marca falsificada, alterada ou imitada onde for preparada ou onde quer que seja encontrada, antes de utilizada para fins criminosos; ou II - destruição de marca falsificada nos volumes ou produtos que a contiverem, antes de serem distribuídos, ainda que fiquem destruídos os envoltórios ou os próprios produtos. DIREITO APLICADO 50 Art. 203. Tratando-se de estabelecimentos industriais ou comerciais legalmente organizados e que estejam funcionando publicamente, as diligências preliminares limitar-se-ão à vistoria e apreensão dos produtos, quando ordenadas pelo juiz, não podendo ser paralisada a sua atividade licitamente exercida. Art. 204. Realizada a diligência de busca e apreensão, responderá por perdas e danos a parte que a tiver requerido de má-fé, por espírito de emulação, mero capricho ou erro grosseiro. Art. 205. Poderá constituir matéria de defesa na ação penal a alegação de nulidade da patente ou registro em que a ação se fundar. A absolvição do réu, entretanto, não importará a nulidade da patente ou do registro, que só poderá ser demandada pela ação competente. Art. 206. Na hipótese de serem reveladas, em juízo, para a defesa dos interesses de qualquer das partes, informações que se caracterizem como confidenciais, sejam segredo de indústria ou de comércio, deverá o juiz determinar que o processo prossiga em segredo de justiça, vedado o uso de tais informações também à outra parte para outras finalidades. Art. 207. Independentemente da ação criminal, o prejudicado poderá intentar as ações cíveis que considerar cabíveis na forma do Código de Processo Civil. Art. 208. A indenização será determinada pelos benefícios que o prejudicado teria auferido se a violação não tivesse ocorrido. Art. 209. Fica ressalvado ao prejudicado o direito de haver perdas e danos em ressarcimento de prejuízos causados por atos de violação de direitos de propriedade industrial e atos de concorrência desleal não previstos nesta Lei, tendentes a prejudicar a reputação ou os negócios alheios, a criar confusão entre estabelecimentos comerciais, industriais ou prestadores de serviço, ou entre os produtos e serviços postos no comércio. § 1º Poderá o juiz, nos autos da própria ação, para evitar dano irreparável ou de difícil reparação, determinar liminarmente a sustação da violação ou de ato que a enseje, antes da citação do réu, mediante, caso julgue necessário, caução em dinheiro ou garantia fidejussória. § 2º Nos casos de reprodução ou de imitação flagrante de marca registrada, o juiz poderá determinar a apreensão de todas as mercadorias, produtos, objetos, embalagens, etiquetas e outros que contenham a marca falsificada ou imitada. Art. 210. Os lucros cessantes serão determinados pelo critério mais favorável ao prejudicado, dentre os seguintes: I - os benefícios que o prejudicado teria auferido se a violação não tivesse ocorrido; ou II - os benefícios que foram auferidos pelo autor da violação do direito; ou III - a remuneração que o autor da violação teria pago ao titular do direito violado pela concessão de uma licença que lhe permitisse legalmente explorar o bem. CAPÍTULO XVII – DAS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS – ARTIGO 279 E CAPÍTULO XIX - DOS CRIMES DE TRÂNSITO – ARTIGO 312 – DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997 Institui o Código de Trânsito Brasileiro. (...) CAPÍTULO XVII DAS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS Art. 269. A autoridade de trânsito ou seus agentes, na esfera das competências estabelecidas neste Código e dentro de sua cir- cunscrição, deverá adotar as seguintes medidas administrativas: I - retenção do veículo; II - remoção do veículo; III - recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação; IV - recolhimento da Permissão para Dirigir; V - recolhimento do Certificado de Registro; VI - recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual; VII - (VETADO) VIII - transbordo do excesso de carga; IX - realização de teste de dosagem de alcoolemia ou perícia de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica; X - recolhimento de animais que se encontrem soltos nas vias e na faixa de domínio das vias de circulação, restituindo-os aos seus proprietários, após o pagamento de multas e encargos devidos. XI - realização de exames de aptidão física, mental, de legisla- ção, de prática de primeiros socorros e de direção veicular. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998) § 1º A ordem, o consentimento, a fiscalização, as medidas ad- ministrativas e coercitivas adotadas pelas autoridades de trânsito e seus agentes terão por objetivo prioritário a proteção à vida e à incolumidade física da pessoa. § 2º As medidas administrativas previstas neste artigo não eli- dem a aplicação das penalidades impostas por infrações estabeleci- das neste Código, possuindo caráter complementar a estas. § 3º São documentos de habilitação:(Redação dada pela Lei nº 14.599, de 2023) I - a Carteira Nacional de Habilitação; (Incluído pela Lei nº 14.599, de2023) II - a Permissão para Dirigir; e(Incluído pela Lei nº 14.599, de 2023) III - a Autorização para Conduzir Ciclomotor. (Incluído pela Lei nº 14.599, de 2023) § 4º Aplica-se aos animais recolhidos na forma do inciso X o disposto nos arts. 271 e 328, no que couber. § 5º No caso de documentos em meio digital, as medidas admi- nistrativas previstas nos incisos III, IV, V e VI do caput deste artigo serão realizadas por meio de registro no Renach ou Renavam, con- forme o caso, na forma estabelecida pelo Contran. (Incluído pela Lei nº 14.071, de 2020) (Vigência) Art. 270. O veículo poderá ser retido nos casos expressos neste Código. § 1º Quando a irregularidade puder ser sanada no local da in- fração, o veículo será liberado tão logo seja regularizada a situação. DIREITO APLICADO 51 § 2º Quando não for possível sanar a falha no local da infra- ção, o veículo, desde que ofereça condições de segurança para cir- culação, deverá ser liberado e entregue a condutor regularmente habilitado, mediante recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual, contra apresentação de recibo, assinalando-se ao condutor prazo razoável, não superior a 30 (trinta) dias, para regularizar a si- tuação, e será considerado notificado para essa finalidade na mes- ma ocasião. (Redação dada pela Lei nº 14.071, de 2020)(Vigência) § 3º O Certificado de Licenciamento Anual será devolvido ao condutor no órgão ou entidade aplicadores das medidas adminis- trativas, tão logo o veículo seja apresentado à autoridade devida- mente regularizado. § 4º Não se apresentando condutor habilitado no local da in- fração, o veículo será removido a depósito, aplicando-se neste caso o disposto no art. 271. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) § 5º A critério do agente, não se dará a retenção imediata, quando se tratar de veículo de transporte coletivo transportando passageiros ou veículo transportando produto perigoso ou perecí- vel, desde que ofereça condições de segurança para circulação em via pública. § 6º Não efetuada a regularização no prazo a que se refere o § 2o, será feito registro de restrição administrativa no Renavam por órgão ou entidade executivo de trânsito dos Estados e do Distrito Fe- deral, que será retirada após comprovada a regularização. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) § 7o O descumprimento das obrigações estabelecidas no § 2o resultará em recolhimento do veículo ao depósito, aplicando-se, nesse caso, o disposto no art. 271. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) Art. 271. O veículo será removido, nos casos previstos neste Có- digo, para o depósito fixado pelo órgão ou entidade competente, com circunscrição sobre a via. § 1o A restituição do veículo removido só ocorrerá mediante prévio pagamento de multas, taxas e despesas com remoção e es- tada, além de outros encargos previstos na legislação específica. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) § 2o A liberação do veículo removido é condicionada ao repa- ro de qualquer componente ou equipamento obrigatório que não esteja em perfeito estado de funcionamento. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) § 3º Se o reparo referido no § 2º demandar providência que não possa ser tomada no depósito, a autoridade responsável pela remo- ção liberará o veículo para reparo, na forma transportada, median- te autorização, assinalando prazo para reapresentação. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) § 4º Os serviços de remoção, depósito e guarda de veículo po- derão ser realizados por órgão público, diretamente, ou por particu- lar contratado por licitação pública, sendo o proprietário do veículo o responsável pelo pagamento dos custos desses serviços. (Reda- ção dada pela Lei nº 13.281, de 2016) § 5o O proprietário ou o condutor deverá ser notificado, no ato de remoção do veículo, sobre as providências necessárias à sua res- tituição e sobre o disposto no art. 328, conforme regulamentação do CONTRAN. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) § 6º Caso o proprietário ou o condutor não esteja presente no momento da remoção do veículo, a autoridade de trânsito, no prazo de 10 (dez) dias contado da data da remoção, deverá expedir ao proprietário a notificação prevista no § 5º, por remessa postal ou por outro meio tecnológico hábil que assegure a sua ciência, e, caso reste frustrada, a notificação poderá ser feita por edital. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) § 7o A notificação devolvida por desatualização do endereço do proprietário do veículo ou por recusa desse de recebê-la será consi- derada recebida para todos os efeitos (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) § 8o Em caso de veículo licenciado no exterior, a notificação será feita por edital. (Incluído pela Lei nº 13.160, de 2015) § 9º Não caberá remoção nos casos em que a irregularidade for sanada no local da infração. (Redação dada pela Lei nº 14.071, de 2020)(Vigência) § 9º-A. Quando não for possível sanar a irregularidade no local da infração, o veículo, desde que ofereça condições de segurança para circulação, será liberado e entregue a condutor regularmente habilitado, mediante recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual, contra a apresentação de recibo, e prazo razoável, não supe- rior a 15 (quinze) dias, será assinalado ao condutor para regularizar a situação, o qual será considerado notificado para essa finalidade na mesma ocasião. (Incluído pela Lei nº 14.229, de 2021) § 9º-B. O disposto no § 9º-A deste artigo não se aplica às in- frações previstas no inciso V do caput do art. 230 e no inciso VIII do caput do art. 231 deste Código. (Incluído pela Lei nº 14.229, de 2021) § 9º-C. Não efetuada a regularização no prazo referido no § 9º-A deste artigo, será feito registro de restrição administrativa no Rena- vam por órgão ou entidade executivos de trânsito dos Estados ou do Distrito Federal, o qual será retirado após comprovada a regulariza- ção. (Incluído pela Lei nº 14.229, de 2021) § 9º-D. O descumprimento da obrigação estabelecida no § 9º-A deste artigo resultará em recolhimento do veículo ao depósito, apli- cando-se, nesse caso, o disposto neste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.229, de 2021) § 10. O pagamento das despesas de remoção e estada será correspondente ao período integral, contado em dias, em que efeti- vamente o veículo permanecer em depósito, limitado ao prazo de 6 (seis) meses. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) § 11. Os custos dos serviços de remoção e estada prestados por particulares poderão ser pagos pelo proprietário diretamente ao contratado. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) § 12. O disposto no § 11 não afasta a possibilidade de o res- pectivo ente da Federação estabelecer a cobrança por meio de taxa instituída em lei. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) § 13. No caso de o proprietário do veículo objeto do recolhimen- to comprovar, administrativa ou judicialmente, que o recolhimento foi indevido ou que houve abuso no período de retenção em depósi- to, é da responsabilidade do ente público a devolução das quantias pagas por força deste artigo, segundo os mesmos critérios da de- volução de multas indevidas. (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) Art. 272. O recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação e da Permissão para Dirigir dar-se-á mediante recibo, além dos casos previstos neste Código, quando houver suspeita de sua inautentici- dade ou adulteração. Art. 273. O recolhimento do Certificado de Registro dar-se-á mediante recibo, além dos casos previstos neste Código, quando: I - houver suspeita de inautenticidade ou adulteração; II - se, alienado o veículo, não for transferida sua propriedade no prazo de trinta dias. DIREITO APLICADO 52 Art. 274. O recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual dar-se-á mediante recibo, além dos casos previstos neste Código, quando: I - houver suspeita de inautenticidade ou adulteração; II - se o prazo de licenciamento estiver vencido; III - no caso de retenção do veículo,se a irregularidade não pu- der ser sanada no local. Art. 275. O transbordo da carga com peso excedente é condição para que o veículo possa prosseguir viagem e será efetuado às ex- pensas do proprietário do veículo, sem prejuízo da multa aplicável. Parágrafo único. Não sendo possível desde logo atender ao dis- posto neste artigo, o veículo será recolhido ao depósito, sendo libe- rado após sanada a irregularidade e pagas as despesas de remoção e estada. Art. 276. Qualquer concentração de álcool por litro de sangue ou por litro de ar alveolar sujeita o condutor às penalidades previs- tas no art. 165. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) Parágrafo único. O Contran disciplinará as margens de tolerân- cia quando a infração for apurada por meio de aparelho de medi- ção, observada a legislação metrológica. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) Art. 277. O condutor de veículo automotor envolvido em sinis- tro de trânsito ou que for alvo de fiscalização de trânsito poderá ser submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que, por meios técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo Contran, permita certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa que determine dependência. (Redação dada pela Lei nº 14.599, de 2023) § 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) § 2o A infração prevista no art. 165 também poderá ser carac- terizada mediante imagem, vídeo, constatação de sinais que indi- quem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora ou produção de quaisquer outras provas em direito admitidas. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) § 3º Serão aplicadas as penalidades e medidas administrativas estabelecidas no art. 165-A deste Código ao condutor que se recu- sar a se submeter a qualquer dos procedimentos previstos no caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) Art. 278. Ao condutor que se evadir da fiscalização, não subme- tendo veículo à pesagem obrigatória nos pontos de pesagem, fixos ou móveis, será aplicada a penalidade prevista no art. 209, além da obrigação de retornar ao ponto de evasão para fim de pesagem obrigatória. Parágrafo único. No caso de fuga do condutor à ação policial, a apreensão do veículo dar-se-á tão logo seja localizado, aplican- do-se, além das penalidades em que incorre, as estabelecidas no art. 210. Art. 278-A. O condutor que se utilize de veículo para a prática do crime de receptação, descaminho, contrabando, previstos nos arts. 180, 334 e 334-A do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), condenado por um desses crimes em de- cisão judicial transitada em julgado, terá cassado seu documento de habilitação ou será proibido de obter a habilitação para dirigir veículo automotor pelo prazo de 5 (cinco) anos. (Incluído pela Lei nº 13.804, de 2019) § 1º O condutor condenado poderá requerer sua reabilitação, submetendo-se a todos os exames necessários à habilitação, na for- ma deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.804, de 2019) § 2º No caso do condutor preso em flagrante na prática dos cri- mes de que trata o caput deste artigo, poderá o juiz, em qualquer fase da investigação ou da ação penal, se houver necessidade para a garantia da ordem pública, como medida cautelar, de ofício, ou a re- querimento do Ministério Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção. (Incluído pela Lei nº 13.804, de 2019) Art. 279. Em caso de sinistro com vítima envolvendo veículo equipado com registrador instantâneo de velocidade e tempo, so- mente o perito oficial encarregado do levantamento pericial pode- rá retirar o disco ou unidade armazenadora do registro. (Redação dada pela Lei nº 14.599, de 2023) Art. 279-A. O veículo em estado de abandono ou sinistrado po- derá ser removido para o depósito fixado pelo órgão ou entidade competente do Sistema Nacional de Trânsito independentemente da existência de infração à legislação de trânsito, nos termos da regulamentação do Contran. (Redação dada pela Lei nº 14.599, de 2023) § 1º A remoção do veículo sinistrado será realizada quando não houver responsável por ele no local do sinistro. (Redação dada pela Lei nº 14.599, de 2023) § 2º Aplicam-se à remoção de veículo em estado de abandono ou sinistrado as disposições constantes do art. 328, sem prejuízo das demais disposições deste Código. (Redação dada pela Lei nº 14.599, de 2023) (...) CAPÍTULO XIX DOS CRIMES DE TRÂNSITO SEÇÃO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automo- tores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Códi- go Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispu- ser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber. § 1° Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 11.705, de 2008) I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psi- coativa que determine dependência; (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou compe- tição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente; (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por hora). (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) § 2° Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal. (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008) § 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigên- cia) DIREITO APLICADO 53 § 4º O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes previstas no art. 59 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), dando especial atenção à culpabilidade do agente e às cir- cunstâncias e consequências do crime. (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência) Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor pode ser imposta iso- lada ou cumulativamente com outras penalidades. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veículo automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos. § 1º Transitada em julgado a sentença condenatória, o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em quarenta e oito ho- ras, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação. § 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito de condenação penal, es- tiver recolhido a estabelecimento prisional. Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a garantia da ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Minis- tério Público ou ainda mediante representação da autoridade poli- cial, decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção. Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo. Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou a proi- bição de se obter a permissão ou a habilitação será sempre comu- nicada pela autoridade judiciária ao Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, e ao órgão de trânsito do Estado em que o indiciado ou réu fordomiciliado ou residente. Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de suspensão da permis- são ou habilitação para dirigir veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste no paga- mento, mediante depósito judicial em favor da vítima, ou seus su- cessores, de quantia calculada com base no disposto no § 1º do art. 49 do Código Penal, sempre que houver prejuízo material resultante do crime. § 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao valor do prejuízo demonstrado no processo. § 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. 50 a 52 do Código Penal. § 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa reparatória será descontado. Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as penali- dades dos crimes de trânsito ter o condutor do veículo cometido a infração: I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou com gran- de risco de grave dano patrimonial a terceiros; II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou adul- teradas; III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilita- ção; IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação de categoria diferente da do veículo; V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados espe- ciais com o transporte de passageiros ou de carga; VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados equi- pamentos ou características que afetem a sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites de velocidade prescritos nas especificações do fabricante; VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanentemente destinada a pedestres. Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.304, de 2022) (Vigência) Art. 299. (VETADO) Art. 300. (VETADO) Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de sinistros de trân- sito que resultem em vítima, não se imporá a prisão em flagrante nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela. (Redação dada pela Lei nº 14.599, de 2023) SEÇÃO II DOS CRIMES EM ESPÉCIE Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo au- tomotor: Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proi- bição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 1° No homicídio culposo cometido na direção de veículo auto- motor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agen- te: (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do sinistro; (Redação dada pela Lei nº 14.599, de 2023) IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver condu- zindo veículo de transporte de passageiros. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) V - (Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008) § 2° (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) § 3° Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência) Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir ve- ículo automotor. (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência) Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veí- culo automotor. § 1° Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art. 302. (Renumerado do pará- grafo único pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência) § 2° A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cin- co anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa DIREITO APLICADO 54 que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima. (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência) Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do sinistro, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo dire- tamente, por justa causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública: (Redação dada pela Lei nº 14.599, de 2023) Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave. Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o con- dutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte instantânea ou com ferimentos leves. Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do sinistro, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribu- ída:(Redação dada pela Lei nº 14.599, de 2023) Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomo- tora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substân- cia psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 1° As condutas previstas no caput serão constatadas por: (In- cluído pela Lei nº 12.760, de 2012) I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012) II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, al- teração da capacidade psicomotora. (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012) § 2° A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perí- cia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) § 3° O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) § 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho homologado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia - IN- METRO - para se determinar o previsto no caput. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter a per- missão ou a habilitação para dirigir veículo automotor imposta com fundamento neste Código: Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Per- missão para Dirigir ou a Carteira de Habilitação. Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pú- blica, de corrida, disputa ou competição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo auto- motor, não autorizada pela autoridade competente, gerando situa- ção de risco à incolumidade pública ou privada: (Redação dada pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência) Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e sus- pensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) § 1° Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão cor- poral de natureza grave, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nemassumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) § 2° Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano: Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo au- tomotor a pessoa não habilitada, com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condi- ções de conduzi-lo com segurança: Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. Art. 310-A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.619, de 2012) (Vi- gência) Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a seguran- ça nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano: Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de sinistro auto- mobilístico com vítima, na pendência do respectivo procedimento policial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o esta- do de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o perito ou o juiz: (Redação dada pela Lei nº 14.599, de 2023) Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda que não iniciados, quando da inovação, o procedimento preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere. Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302 a 312 des- te Código, nas situações em que o juiz aplicar a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, esta deverá ser de prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, em uma das seguintes atividades: (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos cor- pos de bombeiros e em outras unidades móveis especializadas no atendimento a vítimas de trânsito; (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência) II - trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais da rede pública que recebem vítimas de sinistro de trânsito e politraumati- zados; (Redação dada pela Lei nº 14.599, de 2023) III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas na re- cuperação de sinistrados de trânsito; (Redação dada pela Lei nº 14.599, de 2023) DIREITO APLICADO 55 IV - outras atividades relacionadas a resgate, atendimento e re- cuperação de vítimas de sinistros de trânsito. (Redação dada pela Lei nº 14.599, de 2023) Art. 312-B. Aos crimes previstos no § 3º do art. 302 e no § 2º do art. 303 deste Código não se aplica o disposto no inciso I do caput do art. 44 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) . (Incluído pela Lei nº 14.071, de 2020) LEI DOS CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE - LEI Nº 13.869, DE 5 DE SETEMBRO DE 2019 LEI Nº 13.869, DE 5 DE SETEMBRO DE 2019 DISPÕE SOBRE OS CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE; AL- TERA A LEI Nº 7.960, DE 21 DE DEZEMBRO DE 1989, A LEI Nº 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1996, A LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990, E A LEI Nº 8.906, DE 4 DE JULHO DE 1994; E REVOGA A LEI Nº 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965, E DISPOSITIVOS DO DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 (CÓDIGO PENAL). O PRESIDENTE DA REPÚBLICA FAÇO SABER QUE O CONGRESSO NACIONAL DECRETA E EU SANCIONO A SEGUINTE LEI: CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, come- tidos por agente público, servidor ou não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído. § 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas pelo agente com a finalidade es- pecífica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a tercei- ro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. § 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade. CAPÍTULO II DOS SUJEITOS DO CRIME Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas não se limitando a: I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas; II - membros do Poder Legislativo; III - membros do Poder Executivo; IV - membros do Poder Judiciário; V - membros do Ministério Público; VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas. Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos des- ta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo. CAPÍTULO III DA AÇÃO PENAL Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada. § 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em to- dos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, reto- mar a ação como parte principal. § 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar o prazo para ofe- recimento da denúncia. CAPÍTULO IV DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS SEÇÃO I DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO Art. 4º São efeitos da condenação: I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo cri- me, devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos; II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos; III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública. Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são condicionados à ocorrência de reincidência em cri- me de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser de- clarados motivadamente na sentença. SEÇÃO II DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas das privati- vas de liberdade previstas nesta Lei são: I - prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas; II - suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens; III - (VETADO). Parágrafo único. As penas restritivas de direitos podem ser apli- cadas autônoma ou cumulativamente. CAPÍTULO V DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E ADMINISTRATIVA Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas independen- temente das sanções de natureza civil ou administrativa cabíveis. Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta funcional serão informadas à autoridade compe- tente com vistas à apuração. DIREITO APLICADO 56 Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são indepen- dentes da criminal, não se podendo mais questionar sobre a existên- cia oua autoria do fato quando essas questões tenham sido decidi- das no juízo criminal. Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no admi- nistrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. CAPÍTULO VI DOS CRIMES E DAS PENAS Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciá- ria que, dentro de prazo razoável, deixar de: I - relaxar a prisão manifestamente ilegal; II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível; III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifes- tamente cabível.’ Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou in- vestigado manifestamente descabida ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 11. (VETADO). Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em fla- grante à autoridade judiciária no prazo legal: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à autoridade judiciária que a decretou; II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua família ou à pessoa por ela indicada; III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas; IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de pri- são temporária, de prisão preventiva, de medida de segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal. Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a: I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei; III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem pre- juízo da pena cominada à violência. Art. 14. (VETADO). Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guar- dar segredo ou resguardar sigilo: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório: I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presença de seu patrono. Art. 15-A. Submeter a vítima de infração penal ou a testemunha de crimes violentos a procedimentos desnecessários, repetitivos ou invasivos, que a leve a reviver, sem estrita necessidade: (Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022) I - a situação de violência; ou; (Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022) II - outras situações potencialmente geradoras de sofrimento ou estigmatização: (Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022) Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Inclu- ído pela Lei nº 14.321, de 2022) § 1º Se o agente público permitir que terceiro intimide a víti- ma de crimes violentos, gerando indevida revitimização, aplica-se a pena aumentada de 2/3 (dois terços). (Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022) § 2º Se o agente público intimidar a vítima de crimes violentos, gerando indevida revitimização, aplica-se a pena em dobro. (Incluí- do pela Lei nº 14.321, de 2022) Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como respon- sável por interrogatório em sede de procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mes- mo falsa identidade, cargo ou função. Art. 17. (VETADO). Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno, salvo se capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declarações: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de plei- to de preso à autoridade judiciária competente para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, cien- te do impedimento ou da demora, deixa de tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja. Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reserva- da do preso com seu advogado: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de entrevistar-se pessoal e reservada- mente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar- -se durante a audiência, salvo no curso de interrogatório ou no caso de audiência realizada por videoconferência. Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescen- te). DIREITO APLICADO 57 Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas dependên- cias, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. § 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem: I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a fran- quear-lhe o acesso a imóvel ou suas dependências; II - (VETADO); III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas). § 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados indícios que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre. Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de in- vestigação ou de processo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a con- duta com o intuito de: I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por ex- cesso praticado no curso de diligência; II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informa- ções incompletos para desviar o curso da investigação, da diligência ou do processo. Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcio- nário ou empregado de instituição hospitalar pública ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com o fim de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apu- ração: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, alémda pena correspondente à violência. Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação ou fiscalização, por meio manifestamente ilícito: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de pro- va, em desfavor do investigado ou fiscalizado, com prévio conheci- mento de sua ilicitude. Art. 26. (VETADO). Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento in- vestigatório de infração penal ou administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito funcional ou de infração administrativa: (Vide ADIN 6234) (Vide ADIN 6240) Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar sumária, devidamente justificada. Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acu- sado: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo com o fim de prejudicar interesse de investigado: (Vide ADIN 6234) (Vide ADIN 6240) Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. (VETADO). Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou ad- ministrativa sem justa causa fundamentada ou contra quem sabe inocente: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 31. Estender injustificadamente a investigação, procras- tinando-a em prejuízo do investigado ou fiscalizado: (Vide ADIN 6234) (Vide ADIN 6240) Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execução ou conclusão de procedimento, o estende de forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado ou do fiscalizado. Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado aces- so aos autos de investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a ob- tenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclu- sive o dever de fazer ou de não fazer, sem expresso amparo legal: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de car- go ou função pública ou invoca a condição de agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio indevido. Art. 34. (VETADO). Art. 35. (VETADO). Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que extrapole exacerbadamente o va- lor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a demons- tração, pela parte, da excessividade da medida, deixar de corrigi-la: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no exame de processo de que tenha requerido vista em órgão colegiado, com o intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive rede social, atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. CAPÍTULO VII DO PROCEDIMENTO Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos delitos previstos nesta Lei, no que couber, as disposições do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. CAPÍTULO VIII DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 40. O art. 2º da Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art.2º ......................................................................................... .............. ..................................................................................................... ................... DIREITO APLICADO 58 § 4º-A O mandado de prisão conterá necessariamente o perí- odo de duração da prisão temporária estabelecido no caput deste artigo, bem como o dia em que o preso deverá ser libertado. ..................................................................................................... .................... § 7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a au- toridade responsável pela custódia deverá, independentemente de nova ordem da autoridade judicial, pôr imediatamente o preso em liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da prorrogação da pri- são temporária ou da decretação da prisão preventiva. § 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão no cômputo do prazo de prisão temporária.” (NR) Art. 41. O art. 10 da Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, promover escuta ambien- tal ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judicial que determina a execução de conduta prevista no caput deste arti- go com objetivo não autorizado em lei.” (NR) Art. 42. A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), passa a vigorar acrescida do seguinte art. 227-A: “Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inciso I do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para os crimes previstos nesta Lei, praticados por servidores públicos com abuso de autoridade, são condicionados à ocorrência de reincidência. Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da função, nesse caso, independerá da pena aplicada na reincidência.” Art. 43. A Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 7º-B: ‘Art. 7º-B Constitui crime violar direito ou prerrogativa de advo- gado previstos nos incisos II, III, IV e V do caput do art. 7º desta Lei: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.’” Art. 44. Revogam-se a Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965, e o § 2º do art. 150 e o art. 350, ambos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). Art. 45. Esta Lei entra em vigor após decorridos 120 (cento e vinte) dias de sua publicação oficial. Brasília, 5 de setembro de 2019; 198o da Independência e 131o da República. LEI Nº 13.869, DE 5 DE SETEMBRO DE 2019 DISPÕE SOBRE OS CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDA- DE; ALTERA A LEI Nº 7.960, DE 21 DE DEZEMBRO DE 1989, A LEI Nº 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1996, A LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990, E A LEI Nº 8.906, DE 4 DE JULHO DE 1994; E REVOGA A LEI Nº 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965, E DIS- POSITIVOS DO DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940 (CÓDIGO PENAL) O PRESIDENTE DA REPÚBLICA FAÇO SABER QUE O CON- GRESSO NACIONAL DECRETA E EU PROMULGO, NOS TERMOS DO PARÁGRAFO 5O DO ART. 66 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, AS SEGUINTES PARTES VETADAS DA LEI NO 13.869, DE 5 DE SETEM- BRO DE 2019: “CAPÍTULO III DA AÇÃO PENAL Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada. § 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em to- dos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, reto-mar a ação como parte principal. § 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar o prazo para ofe- recimento da denúncia.” “CAPÍTULO VI DOS CRIMES E DAS PENAS ‘Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciá- ria que, dentro de prazo razoável, deixar de: I - relaxar a prisão manifestamente ilegal; II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível; III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifes- tamente cabível.’ ‘Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a: ..................................................................................................... .................... III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: ..................................................................................................... ...................’ ‘Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guar- dar segredo ou resguardar sigilo: ..................................................................................................... .................... Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório: I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presença de seu patrono.’ ‘Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como respon- sável por interrogatório em sede de procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mes- mo falsa identidade, cargo ou função.’ DIREITO APLICADO 59 ‘Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reser- vada do preso com seu advogado: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de entrevistar-se pessoal e reservada- mente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar- -se durante a audiência, salvo no curso de interrogatório ou no caso de audiência realizada por videoconferência.’ ‘Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou ad- ministrativa sem justa causa fundamentada ou contra quem sabe inocente: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.’ ‘Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado aces- so aos autos de investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a ob- tenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.’ ‘Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive rede social, atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.’” “CAPÍTULO VIII DISPOSIÇÕES FINAIS ..................................................................................................... .................. Art. 43. A Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 7º-B: ‘Art. 7º-B Constitui crime violar direito ou prerrogativa de advo- gado previstos nos incisos II, III, IV e V do caput do art. 7º desta Lei: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.’” Brasília, 27 de setembro de 2019; 198° da Independência e 131° da República. QUESTÕES 1-IBFC - 2022 Ainda no que se refere à preservação do local de crime, assinale a alternativa incorreta. (A) O policial que primeiramente chegar ao local do crime, no que concerne aos procedimentos referentes aos vestígios e evidências, deverá isolar a área de ocorrência do evento crimi- noso, não permitindo a alteração das coisas, assim, como do cadáver, se houver (B) A polícia militar exerce sua missão constitucional de polícia judiciária, e, nesse sentido, destaca-se dentre suas atribuições, a promoção do devido isolamento do local de crime, assim como de sua preservação (C) Os vestígios constituem-se em qualquer marca, objeto ou sinal sensível que possa ter relação com o fato investigado (D) O policial que primeiramente chegar ao local do crime, de- verá evitar que qualquer pessoa tenha contato com os vestí- gios, assim como para com os instrumentos do crime, resguar- dando-os, a fim de serem oportunamente analisados pelos profissionais de perícia (E) A existência do vestígio pressupõe a existência de um agen- te provocador e de um suporte adequado para a sua ocorrência 2-IBFC - 2022 No que diz respeito à preservação do local de crime, assinale a alternativa incorreta. (A) No que concerne ao início dos trabalhos de análise do lo- cal de crime, vários profissionais são exigidos, exemplificando, tem-se o caso do crime de homicídio, onde em sua ocorrência, trabalham em sua apuração, durante a primeira fase da per- secução criminal, os seguintes profissionais: o policial militar, que, na maioria das vezes, é quase sempre o primeiro a compa- recer ao local, o auxiliar de necropsia, o perito criminal, o médi- co legista, o agente de polícia, o escrivão, e, completando estes profissionais, em nível de coordenação dos trabalhos, tem-se o promotor de justiça, que preside toda a investigação, através do inquérito policial (B) O isolamento e a consequente preservação do local de cri- me é uma garantia que o perito terá de encontrar a cena do crime conforme fora deixada pelo infrator, assim, como pela vítima, tendo com isso, as condições técnicas de analisar todos os vestígios (C) Apreservação do local de crime e sua caracterização é um ponto de extrema relevância na demanda persecutória crimi- nal, onde, o Código de Processo Penal dispõe que logo que ti- ver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá dirigir-se ao local, providenciando que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais (D) Local do crime é a porção do espaço compreendida num raio que, tendo por origem o ponto no qual é constatado o fato, se entenda de modo a abranger todos os lugares em que, apa- rente, necessária ou presumidamente, hajam sido praticados, pelo criminoso, ou criminosos, os atos materiais, preliminares ou posteriores à consumação do delito, e com este diretamen- te relacionado (E) No local do crime, a polícia deve examinar todos os vestígios deixados na cena da prática do delito, objetivando esclarecer à mecânica e o móvel do delito, contribuindo de forma incon- troversa para o processo judicial, já que constituem provas não repetíveis, produzidas exclusivamente na fase inquisitiva 3-FGV - 2022 Em relação ao conceito de perícia e aos tipos de peritos, assina- le a afirmativa correta. (A) Perícia é um procedimento especial de constatação, prova ou demonstração técnica, sem cunho científico, relacionado com a veracidade de uma situação. (B) Perito consiste na pessoa a quem incumbe a realização de exames técnicos de sua especialidade ou competência para es- clarecimento de fatos que são objetos de inquérito policiais ou de processo judicial. Podem ser divididos em quatro categorias: perito oficial, perito não oficial, perito leigoe perito habilitado. DIREITO APLICADO 60 (C) Os peritos não oficiais são aqueles designados pelas auto- ridades para suprirem a falta de peritos oficiais ou para substi- tuí-los, quando, por qualquer motivo, estiverem impedidos ou com impossibilidade de funcionar. (D) O perito oficial, também denominado perito ad hoc, é aquele que exerce a função por atribuição de cargo público, como por exemplo os médicolegistas, odontolegistas e peritos criminais. (E) Quando da nomeação de peritos não oficiais, as autorida- des devem selecionar preferencialmente pessoas dotadas de um grau de experiência que lhes possibilite atuar na área ob- jeto do exame pericial (peritos leigos), não sendo necessário privilegiar aqueles legalmente habilitados para o exercício pro- fissional na área (peritos habilitados). 4-IBFC - 2023 Com base no Código Penal e em suas alterações, analise as afir- mativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F). ( ) As penas do falso testemunho ou falsa perícia são aumenta- das de um sexto a um terço se o crime for praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. ( ) O falso testemunho ou falsa perícia deixa de ser punível se, a qualquer momento, o agente se retrata ou declara a verdade. ( ) O crime de evasão mediante violência contra a pessoa, pre- visto no artigo 352, do Código Penal, pune da mesma forma as figuras consumada e tentada. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo. (A) F - V - F (B) V - F - V (C) V - V - F (D) F - F - V 5-FUNDATEC - 2023 Em uma avaliação de responsabilidade penal (também conheci- da como exame de insanidade mental), caso o periciando seja con- siderado _________, ele poderá ter a redução de sua pena, ou a mesma transformada em _________. Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do trecho acima. (A) inimputável – medida de segurança (B) semi-imputável – internação compulsória (C) imputável – medida de segurança (D) semi-imputável – medida de segurança (E) inimputável – internação compulsória 6-IBFC - 2023 Ao servidor público da administração direta, autárquica e fun- dacional, no exercício de mandato eletivo, aplica-se a seguinte dis- posição: (A) Tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distri- tal, manterá seu cargo, emprego ou função (B) Investido no mandato de vereador, independentemente da compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo (C) Na hipótese de ser segurado de regime próprio de previ- dência social, não permanecerá filiado a esse regime no ente federativo de origem (D) Investido no mandato de prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remu- neração (E) Em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será sempre contado para todos os efeitos legais 7-IBFC - 2023 A administração pública direta e indireta de qualquer dos Po- deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralida- de, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (A) Os acréscimos pecuniários percebidos por servidor públi- co serão computados e acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores (B) É permitida a vinculação ou equiparação de quaisquer espé- cies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público (C) Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu- tivo (D) As funções de confiança, exercidas preferencialmente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comis- são, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento (E) O prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período 8-IBFC - 2023 Observando-se o que dispõe a Constituição Federal de 1988 a respeito do regime próprio de previdência social, assinale a alter- nativa correta. (A) O servidor abrangido por regime próprio de previdência so- cial será aposentado, compulsoriamente, com proventos pro- porcionais ao tempo de contribuição, aos 60 (sessenta) anos de idade, ou aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar (B) É vedada qualquer percepção de mais de uma aposentado- ria à conta de regime próprio de previdência social (C) A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contribuição fictício (D) Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exo- neração, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de emprego público, o Regime Próprio de Previdência Social 9-IBFC - 2022 No que se refere à assistência ao egresso, assinale a alternativa incorreta. (A) A assistência ao egresso consiste na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade (B) O serviço de assistência social deve colaborar com o egresso para a obtenção de trabalho (C) Considera-se egresso para os efeitos da Lei de Execução Pe- nal, o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da saída do estabelecimento DIREITO APLICADO 61 (D) A assistência ao egresso consiste na concessão, se necessá- rio, de alojamento e alimentação, em estabelecimento adequa- do, pelo prazo de até 1 (um) ano (E) Considera-se egresso para os efeitos da Lei de Execução Pe- nal, o liberado condicional, durante o período de prova 10-IBFC - 2022 Em relação ao trabalho externo, assim dispõe a Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal): (A) trabalho externo é inadmissível para os presos em regime fechado (B) a prestação de trabalho à entidade privada independe do consentimento do preso (C) a prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela di- reção do estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade, além do cumprimento mínimo de 1/2 (me- tade) da pena (D) é vedado o trabalho de presos em obras públicas (E) deverá ser revogada a autorização de trabalho externo ao preso que vier a praticar fato definido como crime ou for puni- do por falta grave 11-IBFC - 2022 O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) institui diversas funções aos órgãos e entidades de trânsito. Nele também são apresenta- das medidas administrativas que devem ser tomadas em diversas situações, como em acidentes de trânsito com vítima. No art. 279, Capítulo XVII tem-se: “Em caso de acidente com vítima, envolvendo veículo equipado com registrador ______ de velocidade e ______, somente o ______ encarregado do levantamento pericial poderá retirar o disco ou unidade armazenadora do registro.” Assinale a alternativa que preencha correta e respectivamente as lacunas do texto. (A) oscilatório / aceleração / perito oficial (B) instantâneo / tempo / agente de trânsito (C) oscilatório / aceleração / agente de trânsito (D) instantâneo / tempo / perito oficial 12-IBFC - 2022 A autoridade de trânsito ou seus agentes, na esfera das compe- tências previstas no Código de Trânsito Brasileiro e dentro de sua circunscrição, deverá adotar, dente outras, as seguintes medidas administrativas: (A) recolhimento da permissão para dirigir e leilão do veículo sinistrado (B) transbordo do excesso de carga e retenção do veículo (C) recolhimento de adolescentes que estejam na direção de veículo automotor e realização de teste de dosagem de alco- olemia (D) realização de perícia de substância entorpecente e apreen- são da carteira de identidade 13-IBFC - 2022 Configura crime de trânsito o ato de: (A) dirigir sem habilitação na via pública (B) desobedecer à ordem de parada da autoridade policial (C) afastar-se ocondutor do veículo do local do acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atri- buída (D) cruzar o sinal vermelho em alta velocidade 14-IBFC - 2023 De acordo com a Lei nº 13.869/2019 que dispõe sobre os crimes de abuso de autoridade, analise as afirmativas a seguir e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F). ( ) As condutas descritas na Lei nº 13.869/2019 constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou sa- tisfação pessoal. ( ) A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade. ( ) A perda do cargo, do mandato ou da função pública são efeitos automáticos da condenação. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo. (A) V - V - V (B) V - F - V (C) F - F - V (D) V - V - F 15-IBFC - 2023 Com relação à Lei nº 13.869/2019 e suas alterações (Lei de Abu- so de Autoridade), assinale a alternativa incorreta. (A) As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas pelo agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal (B) A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fa- tos e provas configura abuso de autoridade (C) É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da administração direta, in- direta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território (D) Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remu- neração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, car- go, emprego ou função em órgão ou entidade da administra- ção direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território GABARITO 1 B 2 A 3 C 4 B 5 D 6 D 7 E 8 C 9 D 10 E DIREITO APLICADO 62 11 D 12 D 13 C 14 D 15 B ANOTAÇÕES ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ 63 RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO ESTRUTURAS LÓGICAS Raciocínio lógico é o modo de pensamento que elenca hipóteses, a partir delas, é possível relacionar resultados, obter conclusões e, por fim, chegar a um resultado final. Mas nem todo caminho é certeiro, sendo assim, certas estruturas foram organizadas de modo a analisar a estrutura da lógica, para poder justamente determinar um modo, para que o caminho traçado não seja o errado. Veremos que há diversas estruturas para isso, que se organizam de maneira matemática. A estrutura mais importante são as proposições. Proposição: declaração ou sentença, que pode ser verdadeira ou falsa. Ex.: Carlos é professor. As proposições podem assumir dois aspectos, verdadeiro ou falso. No exemplo acima, caso Carlos seja professor, a proposição é verdadeira. Se fosse ao contrário, ela seria falsa. Importante notar que a proposição deve afirmar algo, acompanhado de um verbo (é, fez, não notou e etc). Caso a nossa frase seja “Brasil e Argentina”, nada está sendo afirmado, logo, a frase não é uma proposição. Há também o caso de certas frases que podem ser ou não proposições, dependendo do contexto. A frase “N>3” só pode ser classificada como verdadeira ou falsa caso tenhamos algumas informações sobre N, caso contrário, nada pode ser afirmado. Nestes casos, chamamos estas frases de sentenças abertas, devido ao seu caráter imperativo. O processo matemático em volta do raciocínio lógico nos permite deduzir diversas relações entre declarações, assim, iremos utilizar alguns símbolos e letras de forma a exprimir estes encadeamentos. As proposições podem ser substituídas por letras minúsculas (p.ex.: a, b, p, q, …) Seja a proposição p: Carlos é professor Uma outra proposição q: A moeda do Brasil é o Real É importante lembrar que nosso intuito aqui é ver se a proposição se classifica como verdadeira ou falsa. Podemos obter novas proposições relacionando-as entre si. Por exemplo, podemos juntar as proposições p e q acima obtendo uma única proposição “Carlos é professor e a moeda do Brasil é o Real”. Nos próximos exemplos, veremos como relacionar uma ou mais proposições atravésde conectivos. Existem cinco conectivos fundamentais, são eles: ^: e (aditivo) conjunção Posso escrever “Carlos é professor e a moeda do Brasil é o Real”, posso escrever p ^ q. v: ou (um ou outro) ou disjunção p v q: Carlos é professor ou a moeda do Brasil é o Real : “ou” exclusivo (este ou aquele, mas não ambos) ou disjunção exclusiva (repare o ponto acima do conectivo). p v q: Ou Carlos é professor ou a moeda do Brasil é o Real (mas nunca ambos) ¬ ou ~: negação ~p: Carlos não é professor ->: implicação ou condicional (se… então…) p -> q: Se Carlos é professor, então a moeda do Brasil é o Real ⇔: Se, e somente se (ou bi implicação) (bicondicional) p ⇔ q: Carlos é professor se, e somente se, a moeda do Brasil é o Real Vemos que, mesmo tratando de letras e símbolos, estas estruturas se baseiam totalmente na nossa linguagem, o que torna mais natural decifrar esta simbologia. Por fim, a lógica tradicional segue três princípios. Podem parecer princípios tolos, por serem óbvios, mas pensemos aqui, que estamos estabelecendo as regras do nosso jogo, então é primordial que tudo esteja extremamente estabelecido. 1 – Princípio da Identidade p=p Literalmente, estamos afirmando que uma proposição é igual (ou equivalente) a ela mesma. 2 – Princípio da Não contradição p = q v p ≠ q Estamos estabelecendo que apenas uma coisa pode acontecer às nossas proposições. Ou elas são iguais ou são diferentes, ou seja, não podemos ter que uma proposição igual e diferente a outra ao mesmo tempo. 3 – Princípio do Terceiro excluído p v ¬ p Por fim, estabelecemos que uma proposição ou é verdadeira ou é falsa, não havendo mais nenhuma opção, ou seja, excluindo uma nova (como são duas, uma terceira) opção). DICA: Vimos então as principais estruturas lógicas, como lidamos com elas e quais as regras para jogarmos este jogo. Então, escreva várias frases, julgue se são proposições ou não e depois tente traduzi-las para a linguagem simbólica que aprendemos. RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 64 LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO: ANALOGIAS, INFERÊNCIAS, DEDUÇÕES E CONCLUSÕES Quando falamos sobre lógica de argumentação, estamos nos referindo ao processo de argumentar, ou seja, através de argumentos é possível convencer sobre a veracidade de certo assunto. No entanto, a construção desta argumentação não é necessariamente correta. Veremos alguns casos de argumentação, e como eles podem nos levar a algumas respostas corretas e outras falsas. Analogias: Argumentação pela semelhança (analogamente) Todo ser humano é mortal Sócrates é um ser humano Logo Sócrates é mortal Inferências: Argumentar através da dedução Se Carlos for professor, haverá aula Se houve aula, então significa que Carlos é professor, caso contrário, então Carlos não é professor Deduções: Argumentar partindo do todo e indo a uma parte específica Roraima fica no Brasil A moeda do Brasil é o Real Logo, a moeda de Roraima é o Real Indução: É a argumentação oposta a dedução, indo de uma parte específica e chegando ao todo Todo professor usa jaleco Todo médico usa jaleco Então todo professor é médico Vemos que nem todas as formas de argumentação são verdades universais, contudo, estão estruturadas de forma a parecerem minimamente convincentes. Para isso, devemos diferenciar uma argumentação verdadeira de uma falsa. Quando a argumentação resultar num resultado falso, chamaremos tal argumentação de sofismo1. No sofismo temos um encadeamento lógico, no entanto, esse encadeamento se baseia em algumas sutilezas que nos conduzem a resultados falsos. Por exemplo: A água do mar é feita de água e sal A bolacha de água e sal é feita de água e sal Logo, a bolacha de água e sal é feita de mar (ou o mar é feito de bolacha) Esta argumentação obviamente é falsa, mas está estruturada de forma a parecer verdadeira, principalmente se vista com pressa. 1 O termo sofismo vem dos Sofistas, pensadores não alinhados aos movimen- tos platônico e aristotélico na Grécia dos séculos V e IV AEC, sendo considera- dos muitas vezes falaciosos por essas linhas de pensamento. Desta forma, o termo sofismo se refere a quando a estrutura foge da lógica tradicional e se obtém uma conclusão falsa. Convidamos você, caro leitor, para refletir sobre outro exemplo de sofismo: Queijo suíço tem buraco Quanto mais queijo, mais buraco Quanto mais buraco, menos queijo Então quanto mais queijo, menos queijo? LÓGICA SENTENCIAL (OU PROPOSICIONAL). TABELAS VERDADE. LEIS DE DE MORGAN. PROPOSIÇÕES SIMPLES E COMPOSTAS A lógica proposicional é baseada justamente nas proposições e suas relações. Podemos ter dois tipos de proposições, simples ou composta. Em geral, uma proposição simples não utiliza conectivos (e; ou; se; se, e somente se). Enquanto a proposição composta são duas ou mais proposições (simples) ligadas através destes conectivos. Mas às vezes uma proposição composta é de difícil análise. “Carlos é professor e a moeda do Brasil é o Real”. Se Carlos não for professor e a moeda do Brasil for o real, a proposição composta é verdadeira ou falsa? Temos uma proposição verdadeira e falsa? Como podemos lidar com isso? A melhor maneira de analisar estas proposições compostas é através de tabelas-verdades. A tabela verdade é montada com todas as possibilidades que uma proposição pode assumir e suas combinações. Se quiséssemos saber sobre uma proposição e sua negativa, teríamos a seguinte tabela verdade: p ~p V F F V A tabela verdade de uma conjunção (p ^ q) é a seguinte: p q p ^ q V V V V F F F V F F F F RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 65 Todas as tabelas verdades são as seguintes: p q p ^ q p v q p -> q p ⇔q p v. q V V V V V V F V F F V F F V F V F V V F V F F F F V V F Note que quando tínhamos uma proposição, nossa tabela verdade resultou em uma tabela com 2 linhas e quando tínhamos duas proposições nossa tabela era composta por 4 linhas. A fórmula para o número de linhas se dá através de 2^n, onde n é o número de proposições. Se tivéssemos a seguinte tabela verdade: p q r p v q -> r Mesmo sem preenchê-la, podemos afirmar que ela terá 2³ linhas, ou seja, 8 linhas. Mais um exemplo: p q p -> q ~p ~q ~q -> ~p V V V F F V V F F F V F F V V V F V F F V V V V Note que o resultado de p->q é igual a ~q -> ~p (V-F-F-V). Quando isso acontece, diremos que as proposições compostas são logicamente equivalentes (iguais). Outro exemplo de como a tabela verdade pode nos ajudar a resolver certas proposições mais complicadas: Quero saber os resultados para a proposição composta (p^q) -> pvq. O que vamos fazer primeiro é montar a tabela verdade para p^q e pvq. p q p^q p v q V V V V V F F V F V F V F F F F Agora que sabemos como nossos elementos se comportam, vamos relacionar com p->q: p q p->q V V V V F F F V V F F V Desta forma, sabemos que a implicação que relaciona V com V resulta em V, e V com F resulta em F, e assim por diante. RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 66 Podemos então agora montar nossa tabela completa com todas estas informações: p q p^q pvp p->q (p^q) -> pvq V V V V V V V F F V F V F V F V V V F F F F V V O processo pode parecer trabalhoso, mas a prática faz com que seja rápida a montagem destas tabelas, chegando rapidamente na análise da questão e com seu resultado prontamente obtido. Geralmente, não é simples construir uma tabela verdade, algumas relações podem facilitar as análises. Uma delas são as Leis de Morgan, que negam algumas relações. São elas: – 1ª lei de Morgan: ¬(p^q) = (¬p) v (¬q) – 2ª lei de Morgan: ¬(p v q) = (¬p) ^ (¬q) Vejamos o exemplo para decifrar o que dizem estas leis: p: Carlos é professor q: a moeda do Brasil é o Real Então, através de Morgan, negar p ^ q (Carlos é professor E a moeda do Brasil é o Real,) equivale a dizer, Carlos não é professor OU a moeda do Brasil não é o real Da mesma forma, negar p v q (Carlos é professor OU a moeda do Brasil é o Real) equivale a Carlos não é professor E a moeda do Brasil não é o Real. Estas leis podem parecer abstratasmas através da prática é possível familiarizar-se com elas, já que são importantes aliadas para resolver diversas questões. EQUIVALÊNCIAS Definição: Duas ou mais proposições compostas são equivalentes, mesmo possuindo fórmulas (ou estruturas lógicas) diferentes, quando apresentarem a mesma solução em suas respectivas tabelas verdade. Se as proposições P e Q são ambas TAUTOLOGIAS, ou então, são CONTRADIÇÕES, então são EQUIVALENTES. Exemplo: Dada as proposições “~p → q” e “p v q” verificar se elas são equivalentes. Vamos montar a tabela verdade para sabermos se elas são equivalentes. p q ~p → q p v q V V F V V V V V V F F V F V V F F V V V V F V V F F V F F F F F Observamos que as proposições compostas “~p → q” e “p ∨ q” são equivalentes. ~p → q ≡ p ∨ q ou ~p → q ⇔ p ∨ q, onde “≡” e “⇔” são os símbolos que representam a equivalência entre proposições. RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 67 — Equivalências fundamentais 1 – Simetria (equivalência por simetria) A – p ^ q ⇔ q ^ p p q p ^ q q ^ p V V V V V V V V V F V F F F F V F V F F V V F F F F F F F F F F B – p v q ⇔ q v p p q p v q q v p V V V V V V V V V F V V F F V V F V F V V V V F F F F F F F F F C – p ∨ q ⇔ q ∨ p p q p v q q v p V V V F V V F V V F V V F F V V F V F V V V V F F F F F F F F F D – p ↔ q ⇔ q ↔ p p q p ↔ q q ↔ p V V V V V V V V V F V F F F F V F V F F V V F F F F F V F F V F 2 – Reflexiva (equivalência por reflexão) p → p ⇔ p → p p p p → p p → p V V V V V V V V F F F V F F V F 3 – Transitiva Se P(p,q,r,...) ⇔ Q(p,q,r,...) E Q(p,q,r,...) ⇔ R(p,q,r,...) ENTÃO P(p,q,r,...) ⇔ R(p,q,r,...) . — Equivalências notáveis 1 – Distribuição (equivalência pela distributiva) A – p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r) p q r p ^ (q v r) (p ^ q) v (p ^ r) V V V V V V V V V V V V V V V V V F V V V V F V V V V V F F V F V V V F V V V F F V V V V V F F V F F F F V F F F V F F F V V F F V V V F F V F F F V F V F F F V V F F F V F F F F F F V F F F V V F F F F F F V F F F F F F F F F F F F F F F B – p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r) p q r p v (q ^ r) (p v q) ^ (p v r) V V V V V V V V V V V V V V V V V F V V V F F V V V V V V F V F V V V F F V V V F V V V V V F F V V F F F V V F V V V F F V V F V V V V F V V V F V V F V F F F V F F F V V F F F F F F V F F F F V F F F F F V V F F F F F F F F F F F F F F F 2 – Associação (equivalência pela associativa) A – p ∧ (q ∧ r) ⇔ (p ∧ q) ∧ (p ∧ r) p q r p ^ (q ^ r) (p ^ q) ^ (p ^ r) V V V V V V V V V V V V V V V V V F V F V F F V V V F V F F V F V V F F F V V F F F V V V V F F V F F F F V F F F V F F F V V F F V V V F F V F F F V F V F F F V F F F F V F F F F F F V F F F F V F F F F F F V F F F F F F F F F F F F F F F RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 68 B – p ∨ (q ∨ r) ⇔ (p ∨ q) ∨ (p ∨ r) p q r p v (q v r) (p v q) v (p v r) V V V V V V V V V V V V V V V V V F V V V V F V V V V V V F V F V V V F V V V V F V V V V V F F V V F F F V V F V V V F F V V F V V V V F V V V F V V F V F F V V V F F V V V F F F F F V F V F V V F F F V F V V F F F F F F F F F F F F F F F 3 – Idempotência A – p ⇔ (p ∧ p) p p p ^ p V V V V V F F F F F B – p ⇔ (p ∨ p) p p p v p V V V V V F F F F F 4 – Pela contraposição: de uma condicional gera-se outra condicional equivalente à primeira, apenas invertendo-se e negando-se as proposições simples que as compõem. 1º caso – (p → q) ⇔ (~q → ~p) p q p → q ~q → ~p V V V V V F V F V F V F F V F F F V F V V F V V F F F V F V V V Exemplo: p → q: Se André é professor, então é pobre. ~q → ~p: Se André não é pobre, então não é professor. 2º caso: (~p → q) ⇔ (~q → p) p q ~p → q ~q → p V V F V V F V V V F F V F V V V F V V V V F V F F F V F F V F F Exemplo: ~p → q: Se André não é professor, então é pobre. ~q → p: Se André não é pobre, então é professor. 3º caso: (p → ~q) ⇔ (q → ~p) p q p → ~q q → ~p V V V F F V F F V F V V V F V F F V F V F V V V F F F V V F V V Exemplo: p → ~q: Se André é professor, então não é pobre. q → ~p: Se André é pobre, então não é professor. 4 º Caso: (p → q) ⇔ ~p v q p q p → q ~p v q V V V V V F V V V F V F F F F F F V F V V V V V F F F V F V V F Exemplo: p → q: Se estudo, então passo no concurso. ~p v q: Não estudo ou passo no concurso. 5 – Pela bicondicional A – (p ↔ q) ⇔ (p → q) ∧ (q → p), por definição p q p ↔ q (p → q) ^ (q → p) V V V V V V V V V V V V V F V F F V F F F F V V F V F F V F V V F V F F F F F V F F V F V F V F DIAGRAMAS LÓGICOS Diagramas lógicos Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários proble- mas. É uma ferramenta para resolvermos problemas que envolvam argumentos dedutivos, as quais as premissas deste argumento po- dem ser formadas por proposições categóricas. ATENÇÃO: É bom ter um conhecimento sobre conjuntos para conseguir resolver questões que envolvam os diagramas lógicos. RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 69 Vejamos a tabela abaixo as proposições categóricas: TIPO PREPOSIÇÃO DIAGRAMAS A TODO A é B Se um elemento pertence ao conjunto A, então pertence também a B. E NENHUM A é B Existe pelo menos um elemento que pertence a A, então não pertence a B, e vice-versa. I ALGUM A é B Existe pelo menos um elemento co- mum aos conjuntos A e B. Podemos ainda representar das seguin- tes formas: O ALGUM A NÃO é B Perceba-se que, nesta sentença, a aten- ção está sobre o(s) elemento (s) de A que não são B (enquanto que, no “Algum A é B”, a atenção estava sobre os que eram B, ou seja, na intercessão). Temos também no segundo caso, a dife- rença entre conjuntos, que forma o con- junto A - B Exemplo: (GDF–ANALISTA DE ATIVIDADES CULTURAIS ADMINISTRAÇÃO – IADES) Considere as proposições: “todo cinema é uma casa de cultura”, “existem teatros que não são cinemas” e “algum teatro é casa de cultura”. Logo, é correto afirmar que (A) existem cinemas que não são teatros. (B) existe teatro que não é casa de cultura. (C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. (D) existe casa de cultura que não é cinema. (E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. Resolução: Vamos chamar de: Cinema = C Casa de Cultura = CC Teatro = T Analisando as proposições temos: - Todo cinema é uma casa de cultura RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 70 - Existem teatros que não são cinemas - Algum teatro é casa de cultura Visto que na primeira chegamos à conclusão que C = CC Segundo as afirmativas temos: (A) existem cinemas que não são teatros- Observando o último diagrama vimos que não é uma verdade, pois temos que existe pelo menos um dos cinemas é considerado teatro. (B) existe teatro que não é casa de cultura. – Errado, pelo mes- mo princípio acima. (C) alguma casa de cultura que não é cinema é teatro. – Errado, a primeira proposição já nos afirma o contrário. O diagrama nos afirma isso (D) existe casa de cultura que não é cinema. – Errado, a justifi- cativa é observada no diagrama da alternativa anterior. (E) todo teatro que não é casa de cultura não é cinema. – Cor- reta, que podemos observar no diagrama abaixo, uma vez que todo cinema é casa de cultura. Se o teatro não é casa de cultura também não é cinema. Resposta: E LÓGICA DE PRIMEIRA ORDEM Lógica de primeira ordem Existem alguns tipos de argumentos que apresentam proposi- ções com quantificadores. Numa proposição categórica, é impor- tante que o sujeito se relacionar com o predicado de forma coeren- te e que a proposição faça sentido, não importando se é verdadeira ou falsa. Vejamos algumas formas: - Todo A é B. - Nenhum A é B. - Algum A é B. - Algum A não é B. Onde temos que A e B são os termos ou características dessas proposições categóricas. • Classificação de uma proposição categórica de acordo com o tipo e a relação Elas podem ser classificadas de acordo com dois critérios fun- damentais: qualidade e extensão ou quantidade. – Qualidade: O critério de qualidade classifica uma proposição categórica em afirmativa ou negativa. – Extensão: O critério de extensão ou quantidade classifica uma proposição categórica em universalou particular. A classifica- ção dependerá do quantificador que é utilizado na proposição. Entre elas existem tipos e relações de acordo com a qualidade e a extensão, classificam-se em quatro tipos, representados pelas letras A, E, I e O. RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 71 • Universal afirmativa (Tipo A) – “TODO A é B” Teremos duas possibilidades. Tais proposições afirmam que o conjunto “A” está contido no conjunto “B”, ou seja, que todo e qualquer elemento de “A” é tam- bém elemento de “B”. Observe que “Toda A é B” é diferente de “Todo B é A”. • Universal negativa (Tipo E) – “NENHUM A é B” Tais proposições afirmam que não há elementos em comum entre os conjuntos “A” e “B”. Observe que “nenhum A é B” é o mes- mo que dizer “nenhum B é A”. Podemos representar esta universal negativa pelo seguinte dia- grama (A ∩ B = ø): • Particular afirmativa (Tipo I) - “ALGUM A é B” Podemos ter 4 diferentes situações para representar esta pro- posição: Essas proposições Algum A é B estabelecem que o conjunto “A” tem pelo menos um elemento em comum com o conjunto “B”. Con- tudo, quando dizemos que Algum A é B, presumimos que nem todo A é B. Observe “Algum A é B” é o mesmo que “Algum B é A”. • Particular negativa (Tipo O) - “ALGUM A não é B” Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três representações possíveis: Proposições nessa forma: Algum A não é B estabelecem que o con- junto “A” tem pelo menos um elemento que não pertence ao conjunto “B”. Observe que: Algum A não é B não significa o mesmo que Algum B não é A. • Negação das Proposições Categóricas Ao negarmos uma proposição categórica, devemos observar as seguintes convenções de equivalência: – Ao negarmos uma proposição categórica universal geramos uma proposição categórica particular. – Pela recíproca de uma negação, ao negarmos uma proposição categórica particular geramos uma proposição categórica universal. – Negando uma proposição de natureza afirmativa geramos, sempre, uma proposição de natureza negativa; e, pela recíproca, negando uma proposição de natureza negativa geramos, sempre, uma proposição de natureza afirmativa. Em síntese: Exemplos: (DESENVOLVE/SP - CONTADOR - VUNESP) Alguns gatos não são pardos, e aqueles que não são pardos miam alto. Uma afirmação que corresponde a uma negação lógica da afir- mação anterior é: (A) Os gatos pardos miam alto ou todos os gatos não são pardos. (B) Nenhum gato mia alto e todos os gatos são pardos. (C) Todos os gatos são pardos ou os gatos que não são pardos não miam alto. (D) Todos os gatos que miam alto são pardos. (E) Qualquer animal que mia alto é gato e quase sempre ele é pardo. RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 72 Resolução: Temos um quantificador particular (alguns) e uma proposição do tipo conjunção (conectivo “e”). Pede-se a sua negação. O quantificador existencial “alguns” pode ser negado, seguindo o esquema, pelos quantificadores universais (todos ou nenhum). Logo, podemos descartar as alternativas A e E. A negação de uma conjunção se faz através de uma disjunção, em que trocaremos o conectivo “e” pelo conectivo “ou”. Descarta- mos a alternativa B. Vamos, então, fazer a negação da frase, não esquecendo de que a relação que existe é: Algum A é B, deve ser trocado por: Todo A é não B. Todos os gatos que são pardos ou os gatos (aqueles) que não são pardos NÃO miam alto. Resposta: C (CBM/RJ - CABO TÉCNICO EM ENFERMAGEM - ND) Dizer que a afirmação “todos os professores é psicólogos” e falsa, do ponto de vista lógico, equivale a dizer que a seguinte afirmação é verdadeira (A) Todos os não psicólogos são professores. (B) Nenhum professor é psicólogo. (C) Nenhum psicólogo é professor. (D) Pelo menos um psicólogo não é professor. (E) Pelo menos um professor não é psicólogo. Resolução: Se a afirmação é falsa a negação será verdadeira. Logo, a nega- ção de um quantificador universal categórico afirmativo se faz atra- vés de um quantificador existencial negativo. Logo teremos: Pelo menos um professor não é psicólogo. Resposta: E • Equivalência entre as proposições Basta usar o triângulo a seguir e economizar um bom tempo na resolução de questões. Exemplo: (PC/PI - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL - UESPI) Qual a negação lógica da sentença “Todo número natural é maior do que ou igual a cinco”? (A) Todo número natural é menor do que cinco. (B) Nenhum número natural é menor do que cinco. (C) Todo número natural é diferente de cinco. (D) Existe um número natural que é menor do que cinco. (E) Existe um número natural que é diferente de cinco. Resolução: Do enunciado temos um quantificador universal (Todo) e pede- -se a sua negação. O quantificador universal todos pode ser negado, seguindo o esquema abaixo, pelo quantificador algum, pelo menos um, existe ao menos um, etc. Não se nega um quantificador universal com To- dos e Nenhum, que também são universais. Portanto, já podemos descartar as alternativas que trazem quantificadores universais (todo e nenhum). Descartamos as alter- nativas A, B e C. Seguindo, devemos negar o termo: “maior do que ou igual a cinco”. Negaremos usando o termo “MENOR do que cinco”. Obs.: maior ou igual a cinco (compreende o 5, 6, 7...) ao ser negado passa a ser menor do que cinco (4, 3, 2,...). Resposta: D PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E PROBABILIDADE Um tópico matemático que pode nos ajudar com as análises lógicas é o Princípio Fundamental da Contagem (PFC). Vejamos o exemplo: “Fui a um restaurante de fast food onde posso montar meu próprio lanche.” Há 3 opções de pães diferentes, 2 opções de saladas e somente uma de carne. Quantas sanduíches diferentes posso montar? Posso montar então seis lanches diferentes. Mas teria que montar toda vez esta árvore? A resposta é: não! RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 73 Vejamos: Tenho 3 pães para a primeira opção da montagem, 2 saladas para a segunda opção e 1 carne para a terceira. Assim, posso calcular da seguinte forma: 3 x 2 x 1 = 6 Justamente, esta forma de contar através de “casas”, onde vamos analisando quantas opções temos para cada uma é o que chamamos de Princípios Fundamentais da Contagem. Agora, com a mesma ideia, quantas anagramas temos da palavra AMOR? Pensemos que temos quatro letras. _ _ _ _ Tenho 4 letras possíveis de escolher para a primeira casa. Escolhida essa primeira letra, me sobram 3 letras para isso, e assim sucessivamente. Logo teríamos o cálculo: 4 . 3 . 2 . 1 = 24 Uma outra maneira que podemos escrever esta expressão numérica é como 4! Esta operação, sinalizada através de um ponto de exclamação (!) chama-se fatorial. Vejamos como é simples a operação: 6! = 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 3! = 3 . 2 . 1 O fatorial então nada mais é que pegar um número e multiplicá- lo por um número a menos que o anterior até chegar no número 1. Podemos generalizar como: n! = n . (n-1) . (n-2) . … . 1 Exercícios como o do anagrama são extremamente comuns, mas infelizmente não são tão simples. Pensemos no número de anagramas diferentes da palavra AMAPA. Temos três A’s nesta palavra (AMAPA), então concordamos que AAAMP é a mesma coisa que AAAMP (temos uma troca de A’s, mas isso não altera o resultado final, onde ambos serão AAAMP). Dessa forma, temos que excluir estes resultados iguais. O que faremos é muito parecido com o anagrama onde todas as letras são diferentes, contudo, dividiremos pelo fatorial da letra que se repete e quantas vezes ela se repete. Assim, ficaríamos com: 5!/3!. E quantos anagramas para a palavra ARARA? Temos agora duas letras se repetindo. Teríamos então: 5!/2! . 3! OPERAÇÕES COM CONJUNTOS Um conteúdo matemático comum de ser associado com a temática da lógica é a Teoria de Conjuntos. Veremos que podemos estabelecer diversas relações entre os temas, enriquecendo ainda mais nosso repertório de abordagem para as questões. Mas primeiro devemos entender do que se trata um conjunto. Um conjunto é uma coleção de objetos quaisquer. Podem ou não seguir alguma lógica para se formarem. Podemos elencarum conjunto através de enumerar seus objetos (um conjunto formado por parafuso, prego e uma chave de fenda), ou a partir de uma “lei” (conjunto de ferramentas que tenho em casa: chave de fenda, furadeira, chave inglesa, entre outras). Além disso, cada um desses objetos pertencentes a um conjunto iremos chamar de elemento. Assim, um conjunto é formado por uma coleção de elementos. Iremos chamar os conjuntos através de letras maiúsculas (A, B, C, X, Y, Z, …), enquanto que seus elementos por letras minúsculas (a, b, c, …). Fonte: autor Podemos listar que Pedra, Rubi, Esmeralda, Pérola e Diamante pertencem a esse conjunto A, enquanto Pente, Jeans e Acerola não pertencem. Simbolicamente, podemos definir o conjunto A enumerando seus elementos da seguinte forma: A = {Pedra; Rubi; Esmeralda; Diamante; Pérola}. Podemos ter também subconjuntos, ou seja, um conjunto dentro de outro. Se criássemos um conjunto onde seus elementos são alimentos amarelos, poderíamos agrupar seus elementos e obter um subconjunto com frutas amarelas. Fonte: Autor Neste caso, dizemos que o conjunto E é um subconjunto do conjunto D. Dessa forma, dizemos que um conjunto X está contido em outro Y quando todos seus elementos de Y também são elementos de X, mas o contrário não vale (no nosso exemplo, abacaxi e maracujá fazem parte de D, mas milho e quindim não fazem parte de E). RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 74 Para tudo isso que vimos, há uma simbologia apropriada. Para indicar que um elemento está no conjunto (que pertence ao conjunto) utilizamos o signo ∈, quando ele não está no conjunto (quando não pertence), utilizamos o mesmo sinal, mas cortado, ∉. Pedra ∈ A (o elemento Pedra pertence ao conjunto A) Jeans ∉ A (o elemento Jeans não pertence ao conjunto A) Quindim ∉ D Quindim ∉ E E além de elementos, podemos fazer o mesmo para conjuntos, através dos símbolos ⊂ (contido), ⊄ (não contido), ⊃ (contém) e ⊅ (não contém). D ⊃ E (o conjunto D contém o subconjunto E) E ⊂ D (o conjunto E está contido em D) A ⊅ D (o conjunto A não contém o conjunto D) D ⊄ E (o conjunto D não está contido no conjunto E) Repare que os símbolos são muito próximos, sempre voltados ao “conjunto principal” que se referem. Mais uma vez, tanto os símbolos de pertencimento quanto os de contenção fazem alusão a linguagem oral. Além destes símbolos, temos também outros que, tais quais os conectivos lógicos, se assemelham a certas estruturas, são eles: união, intersecção e diferença. União (∪) É a “soma” entre dois ou mais conjuntos, unindo-os. G = conjunto dos números pares F= conjunto dos números menores que 10 G ∪ F = {1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 12; 14; 16; 18; …} Fonte: Autor Representação da união entre conjuntos Intersecção (∩) São os elementos comuns entre os conjuntos (há nos dois ao mesmo tempo) G = conjunto dos números pares F= conjunto dos números menores que 10 G ∩ F = {2; 4; 6; 8} Fonte: autor Representação da intersecção entre conjuntos Diferença ( — ) São os elementos que um conjunto não tem em comum com outro. Nos nossos exemplos, G — F seria pensar o que há em G que não há em F?, assim como F — G seria o que há em F que não há em G? G = conjunto dos números pares F= conjunto dos números menores que 10 G — F = {10; 12; 14; 16; 18; …} F — G = {1; 3; 5; 7; 9} Ou seja, em G — F, tirei os elementos de F de G (tirei os números menores que 10 do conjunto de todos os números pares, tirando assim os números 2; 4; 6 e 8. Fonte: autor À esquerda temos a representação de G-F, enquanto que à direita temos F-G. Um tipo específico de conjuntos são os conjuntos numéricos, conjuntos os quais seus elementos são números (conjunto dos números pares, conjunto dos números inteiros). Os principais conjuntos numéricos são: Conjunto dos números naturais - números positivos N = {0; 1; 2; 3; 4; 5; 6; …) Conjunto dos números inteiros - números positivos e negativos Z = {...; -3; -2; -1; 0; 1; 2; 3; …} RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 75 Conjunto dos números racionais - números que podem ser escritos como uma fração (razão), ou seja, números com vírgulas, dízimas periódicas, números inteiros. Q = {...; -½; …; -0,25; …; 0; 3; 0,222222222222…; …} Conjunto dos números irracionais - números que não podem ser escritos como uma fração, ou seja, números que resultam em dízimas não periódicas. 𝕀 = {...; √ 2; π; 7,135794613…; …} Conjunto dos números reais - união entre o conjunto dos números racionais e dos números irracionais. R = 𝕀 ∪ Q Interessante notar que estamos aumentando o escopo dos conjuntos numéricos, podendo assim fazer a seguinte representação por diagrama destes conjuntos todos: Fonte: Autor Vimos então o quão prático é a representação de conjuntos através de diagramas, fazendo ficar muito mais intuitivo as operações e estabelecer relações entre os elementos e os subconjuntos devido ao apelo visual. Por fim, iremos ver uma equação que nos será muito útil para contar elementos de um conjunto quando ocorre uma união: A ∪ B = A + B - A ∩ B Lemos esta expressão como o número de elementos da união entre A e B (A ∪ B) é igual a soma do número de elemento de A com o número de elementos de B - a intersecção entre A e B (A ∩ B). Pode parecer complicada esta equação, mas pense assim. Quando somo os elementos de A com os de B, pode ser que existam elementos repetidos entre estes conjuntos, estes elementos repetidos são justamente a intersecção. Quando a tiramos, tiramos esta repetição e obtemos então o número exato de elementos da união entre A e B. RACIOCÍNIO LÓGICO ENVOLVENDO PROBLEMAS ARITMÉ- TICOS, GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS Nesta parte iremos ver um compilado de conteúdos relacionados a aritmética, geometria e matriz que aparecem associados ao tema raciocínio lógico. Como estes assuntos não são o objetivo desta apostila, irão aparecer de forma simplificada, relativamente introdutória, visando principalmente que estes não sejam empecilhos para quando formos resolver nossas questões. — Aritmética Números pares Números divisíveis por 2. Números ímpares Números não divisíveis por 2 Para sabermos se um número é par ou ímpar, basta vermos o último algarismo deste número. Se ele for 2; 4; 6; 8 ou 0, ele será par. Agora, caso seja 1; 3; 5; 7 ou 9, será ímpar. O número 752 é par pois seu último algarismo é 2. O número 35791 é ímpar pois seu último algarismo é 1 O número 1189784321324687411324756 é par pois seu último algarismo é 6. Números primos Números que possuem apenas dois divisores, 1 e ele mesmo Números primos até 101: 2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53, 59, 61, 67, 71, 73, 79, 83, 89, 97, 1012 — MMC e MDC de dois ou mais números MMC: Mínimo Múltiplo Comum - menor número que está na tabuada de ambos os números em questão. mmc (2;3) = 6 mmc(3;21) = 21 mmc(100;95) = 1900 Podemos encontrar o mmc de dois números através da decomposição por números primos destes números. Vejamos: Quero encontrar o MMC entre 8 e 242: Fonte: autor 2 Repare que 1 não é primo pois possui apenas um divisor, enquanto que 2 é o único primo par, todos os demais números primos serão ímpares (mas isso não implica que todo número ímpar é primo). RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 76 Assim, MMC(8; 242) = 968. Notemos que estamos dividindo os valores por números primos quando possível. Na coluna da esquerda temos os números que estamos dividindo até chegarmos a um (1). Enquanto isso, na direita estamos dividindo por números primos. Repare que na segunda e na terceira linha (de cima para baixo), não é possível dividir 121 por 2, então copiamos o número embaixo. Por fim, após decompor o número, multiplicamos os valores. Assim, MMC(8; 242) = 2 x 2 x 2 x 11 x 11 = 968. MDC: Máximo Divisor Comum: maior número que divide ambos os números Para achar o MDC entre dois números, o jeito mais simples é montar quais são seus divisores: mdc(25;80) = 25 = 1; 5; 25 80 = 1; 2; 4; 5; 8; 10; 20; 40; 80 O maior número que aparece em ambos é o número 5, assim,o mdc(25;80)=5 — Média Existem vários tipos de cálculos de média, onde vemos qual característica queremos extrair da análise estatística, no entanto, alguns são mais úteis para certas ocasiões do que outras. A média mais comumente usada é a média aritmética, onde a característica preservada é justamente a soma. Na média aritmética iremos somar todos os termos e então dividir pelo número de elementos somados. Exemplo: a média entre 5; 7; 12 e 3 será a soma destes valores: 5 + 7 + 12 + 3 = 27 Dividido pelo número de elementos: 4 Assim, a média será 27/4 = 6,75 — Geometria Formas de polígono Número de lados Nome 3 Triângulo 4 Quadrado (se forem todos os lados iguais) Retângulo (se os lados forem dois a dois iguais) Quadrilátero (independe do tamanho dos lados3) 5 Pentágono 6 Hexágono 7 Heptágono 3 Note que todo quadrado é um retângulo (pois tem os lados dois a dois iguais), mas nem todo retângulo é um quadrado. Da mesma forma, todo quadrado e todo retângulo são quadriláteros, mas nem todo quadrilátero é um quadrado ou retângulo. 8 Octógono 9 Eneágono 10 Decágono 11 Undecágono 12 Dodecágono 13 Tridecágono … … 20 Icoságono Três conceitos importantes e centrais em geometria são o de perímetro, área e volume. O perímetro é a soma de todos os lados de uma figura geométrica. Por exemplo, qual o perímetro de um quadrado de lado 3? Como o quadrado tem quatro lados e todos eles são iguais, temos então que o perímetro será 3 + 3 + 3+ 3 = 4 x 3 = 12. Já a área é quanto a figura ocupa de espaço bidimensional. Cada figura possui uma equação específica para seu cálculo de área, como vemos na tabela a seguir: Nome Área Quadrado (lado)² Retângulo base x altura Losango (Diagonal maior x diagonal menor)/2 Paralelogramo base x altura Trapézio [(Base maior x base menor) x altura] / 2 Círculo π.raio² = πr² Volume é o equivalente à área para três dimensões, ou seja, volume é o quanto uma figura ocupa de espaço tridimensional. Novamente, cada figura irá possuir uma equação específica para calcular seu respectivo volume: Nome Volume Cubo (lado)³ Paralelepípedo base x altura x largura Pirâmide Área da base x altura/3 Cone Área da base x altura/3 Esfera 4.π.r² RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 77 — Matrizes Uma matriz é como se fosse uma tabela simplificada, apenas considerando números. Por exemplo: a tabela a seguir diz sobre vendas em reais de dois vendedores A e B Vendedor/mês A B Janeiro 100 75 Fevereiro 75 80 Março 85 75 Podemos transcrever esta tabela na seguinte matriz O elemento da matriz podemos denominar de , onde i seriam as linhas e j as colunas. Desta forma, nossa matriz no exemplo acima seria uma matriz 3x2 e o elemento seria 80, assim como o seria o 100. MÉTODO CIENTÍFICO, INDUTIVO, DEDUTIVO, HIPOTÉTI- CO-DEDUTIVO, DIALÉTICO, ESTATÍSTICO, COMPARATIVO, EXPERIMENTAL Em termos simples, método é a maneira mais eficaz de realizar as coisas. Quando dizemos que alguém não tem método de trabalho, queremos dizer que os métodos usados para realizar uma tarefa não são os mais adequados nem eficientes; como resultado, a pessoa perde tempo, desperdiça esforço e energia, faz e refaz o trabalho sem conseguir alcançar seus objetivos de forma satisfatória. Etimologicamente, a palavra “método” (do grego “meta”, que significa “através de”, e “odos”, que significa “caminho”) se refere ao caminho pelo qual se chega a um fim ou objetivo. Na perspectiva da lógica, método é o conjunto de meios ou processos utilizados pelo pensamento humano para investigar, descobrir e comprovar a verdade. Método implica, portanto, uma direção ou um rumo seguido regularmente nas operações mentais. Existem dois tipos principais de operações mentais na busca pela verdade, ou seja, dois métodos fundamentais de raciocínio: – Indução (que parte do particular para o geral): este método mostra como uma conclusão é derivada da experiência sensorial, ou seja, como a conclusão é extraída dos fatos observados, seguindo uma abordagem indutiva. – Dedução (que parte do geral para o particular): este método mostra como uma conclusão é derivada de verdades universais já conhecidas, seguindo uma abordagem dedutiva ou silogística. Nesse sentido, Aristóteles e Santo Tomás ensinam que temos apenas dois meios de adquirir conhecimento científico: o Silogismo, que parte de verdades universais, e a Indução, que parte de dados singulares. Nosso conhecimento depende formalmente dos primeiros princípios evidentes por si mesmos e, materialmente, tem sua origem na realidade singular e concreta percebida pelos sentidos. O método indutivo, ou raciocínio indutivo Parte da observação e análise de fatos concretos e específicos para chegar a uma conclusão geral, norma, regra, lei ou princípio. Em outras palavras, esse processo mental busca a verdade partindo de dados particulares conhecidos em direção a princípios de ordem geral desconhecidos, indo do efeito para a causa. Trata-se de um raciocínio a posteriori. Para ilustrar, considere o exemplo da substituição dos bondes pelos ônibus elétricos no Rio de Janeiro durante o século XX, por volta de 1918. Esse caso específico levanta debates sobre a melhor solução para o transporte coletivo, e as opiniões públicas se dividem quanto à medida. Nesse contexto, um repórter ou um assessor técnico interessados em elucidar a questão sairiam às ruas para coletar dados concretos, exemplos, testemunhos e fatos relevantes que comprovassem a viabilidade ou não da medida proposta pelas autoridades. Esses fatos incluiriam informações como o número de passageiros transportados pelos bondes e pelos ônibus elétricos, a frequência de viagens, o tempo de espera nas filas, e as condições de conforto oferecidas por cada meio de transporte. Ao analisar e confrontar esses fatos, os observadores poderiam chegar a uma conclusão sobre a melhor solução para o problema em questão. Se os dados observados fossem representativos, adequados e confiáveis, a conclusão resultante representaria a melhor solução para o caso. Assim, um assessor técnico poderia, com base nos fatos apurados, declarar que “os ônibus elétricos são a solução para o grave problema dos transportes urbanos nesta cidade”. Agindo dessa forma, os observadores estariam empregando o método indutivo, partindo de fatos particulares ou específicos para chegar a uma conclusão geral ou generalização. Essa abordagem pressupõe que a verdade, representada pela conclusão, é a melhor solução possível. RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 78 Testemunho autorizado Nem sempre é viável examinar todos os fatos diretamente, pessoalmente, em tempo real. Outros indivíduos podem já tê-lo feito em circunstâncias adequadas, com diferentes propósitos e visando diferentes conclusões. Nesse sentido, o estudante pode aproveitar os resultados dessas pesquisas, combinando-os com os de suas próprias investigações. A ciência não é uma empreitada exclusivamente individual, mas sim o resultado de um esforço coletivo que se acumula ao longo do tempo, através de várias gerações, agregando pesquisas e conclusões parciais, temporárias ou definitivas. Ao nos basearmos em afirmações dignas de crédito feitas por outros pesquisadores durante nossa busca pela verdade, estamos aplicando o que se conhece como métodos de autoridade. Contudo, é crucial que o pesquisador não se submeta servilmente ou cegamente ao testemunho de outrem, mas sim que o acolha com um espírito crítico. Dessa forma, o método de autoridade se torna um processo de investigação da verdade essencial para o progresso da ciência. Analogia Uma analogia é uma semelhança parcial que sugere uma semelhança oculta, mais abrangente. – As semelhanças são apenas imaginárias. – Busca-se explicar o desconhecido através do conhecido, o estranho através do familiar. – Possui um grande valor didático. – Sua estrutura gramatical inclui expressões típicas de comparação, como “como”, “semelhante a”, “parecido com”. Exemplo: o Solé consideravelmente maior do que a Terra e está tão quente que se assemelha a uma enorme bola incandescente, irradiando luz e calor pelo espaço. Aqui na Terra, não conseguiríamos subsistir por muito tempo sem a luz e o calor provenientes do sol, apesar de termos a capacidade de gerar luz e calor por nós mesmos. Podemos, de fato, acender uma fogueira para obter luz e calor. Entretanto, a madeira que usamos para isso provém das árvores, as quais dependem da luz solar para crescerem. Assim, se temos lenha, é porque a luz do sol possibilitou o crescimento das florestas. Apesar de ser uma comparação em termos de forma, na essência é uma analogia. Busca-se explicar o desconhecido (Sol) pelo conhecido (bola incandescente). A semelhança é apenas parcial, visto que existem outras enormes diferenças entre o Sol e uma bola de fogo. Comparação As semelhanças são mais palpáveis e reais. Expressa-se através de formas verbais específicas, como “parecer”, “lembrar”, “dar uma ideia”, “assemelhar-se”. Utiliza-se conectivos de comparação, como “como”, “quanto”, “do que”, “tal qual”. Exemplo: Esta casa se assemelha a um forno, de tão quente que está. Método dedutivo ou raciocínio dedutivo – o silogismo Se, pelo método indutivo, partimos dos fatos particulares para a generalização, pelo dedutivo, seguimos em sentido inverso: do geral para o particular, da generalização para a especificação, do desconhecido para o conhecido. É um método a priori: da causa para o efeito. Para entender melhor, vamos explorar o conceito de silogismo. Apesar do nome estranho, não se preocupe, o conceito é simples e faz parte do nosso cotidiano. Compreender e trabalhar com silogismos é mais fácil do que parece e não deveria causar preocupação. Então, vamos lá! Definição de silogismo Um silogismo é uma forma de raciocínio na qual, a partir de uma premissa maior e uma premissa menor, chegamos a uma conclusão. O silogismo representa uma maneira de raciocinar dedutiva, ou seja, parte da observação de casos gerais para formular uma conclusão de caráter particular. É algo bastante comum em nosso dia a dia: constantemente tiramos conclusões a partir de generalizações, mas o fazemos de maneira tão natural que muitas vezes nem percebemos. O raciocínio dedutivo e o cotidiano — o entimema O raciocínio dedutivo permeia praticamente todas as nossas atividades diárias. Desde as ações mais simples, como comprar uma dúzia de laranjas, até as mais complexas, como demonstrar um teorema, envolvem algum tipo de raciocínio dedutivo. Entretanto, nem sempre estamos conscientes de que estamos elaborando um silogismo completo dentro de nós. Às vezes, o que surge em nossa consciência é apenas a conclusão, expressa verbalmente ou em ações, impulsos ou comandos. Porém, por baixo dessa conclusão, há uma série elaborada de processos mentais, que podem ser bastante extensos, especialmente quando incluem a indução, que fornece os elementos ou dados para a generalização que será a premissa maior do silogismo dedutivo. É comum omitir a premissa maior quando aceitamos pacificamente a regra ou norma implícita nela. Isso resulta em um silogismo truncado ou incompleto, chamado de entimema. Por exemplo: “J.P. é acusado de fraude; logo, não deve ser eleito.” ou “J.P. lê Marx; logo, é comunista.” Não é necessário declarar explicitamente que “nenhum indivíduo acusado de fraude deve ser eleito” ou que “todo indivíduo que lê Marx é comunista” para chegar à conclusão. Às vezes, nem mesmo a premissa maior é enunciada: simplesmente chegamos à conclusão. No entanto, geralmente surge uma justificativa, que pode ocorrer espontaneamente ou como resposta a uma pergunta do interlocutor. A vida cotidiana está repleta de situações que se resolvem em entimemas. Não é necessário afirmar explicitamente que os mentirosos não merecem crédito para decidir não acreditar em um mentiroso notório. Basta reconhecer que J.P. é um mentiroso para chegar à conclusão de que não devemos acreditar no que ele diz. RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 79 Método Hipotético-Dedutivo Este método combina elementos do raciocínio indutivo e dedutivo. Começa com a formulação de hipóteses específicas que são então testadas empiricamente para verificar sua validade. Se a hipótese for confirmada pelos dados experimentais, ela pode ser aceita provisoriamente como uma explicação plausível para o fenômeno em questão. Método científico O método científico é considerado o pai de todos os métodos, como já revelava o pensador René Descartes em sua obra “Discurso sobre o Método” (1635). Descartes apresenta as ideias gerais sobre o método, que influenciam diretamente todos os métodos particulares aplicáveis nas ciências, bem como o método geral aplicável a todas as áreas do conhecimento. O pensador compreende que duas variáveis são essenciais no método, as quais se tornam parte integrante da metodologia científica: análise e síntese. Na metodologia científica, a análise e a síntese caminham passo a passo. Enquanto na análise o problema complexo é desdobrado em partes mais simples, na síntese ocorre o inverso: os resultados parciais obtidos nas partes mais simples são combinados para se obter a solução do problema complexo. Assim, o pesquisador, por meio do método, tem a possibilidade de compreender simultaneamente tanto o todo quanto suas partes. Esses métodos utilizados na realização da pesquisa científica são classificados como método dedutivo e método indutivo. Método hipotético-dedutivo Se baseia na elaboração e teste de hipóteses, que são possibilidades admitidas independentemente de serem verdadeiras ou falsas, a partir das quais é possível deduzir um conjunto de consequências. Essas hipóteses são fundamentais para projetos científicos, desde seminários até trabalhos de conclusão de curso. Karl Popper, em suas críticas ao método indutivo, propôs o método hipotético-dedutivo como uma alternativa. Popper argumentava que o método indutivo não era justificável, pois extrapolava de alguns casos para todos, exigindo uma observação infinita. Ele destacava a diferença entre afirmar que “todos os seres humanos são mortais” e afirmar que “quase todos” ou “alguns” são mortais. Popper defendia que o método científico parte de um problema para oferecer uma solução provisória, sujeita a críticas e testes para eliminar erros. As etapas do método hipotético-dedutivo incluem: colocação do problema, formulação de hipóteses, dedução de consequências observáveis, teste da hipótese e corroboração. Mario Bunge descreve cinco etapas: colocação do problema, construção de um modelo teórico, dedução de consequências particulares, teste das hipóteses e adição das conclusões na teoria. Em resumo, o método hipotético-dedutivo envolve três momentos investigativos: surgimento do problema, proposição de soluções (hipóteses) baseadas em teorias, e teste das hipóteses para refutação ou confirmação. O processo de falseamento ocorre quando uma hipótese não é confirmada pelos testes, levando à formulação de novas hipóteses e reformulação do problema. Se a hipótese é confirmada, ela é corroborada. Método Dialético O método dialético, segundo o pensador Hegel (1770-1831), representa a conciliação dos opostos tanto no mundo material quanto no intelectual. Nesse método, há a afirmação ou tese, a negação ou antítese, e a negação da negação, que resulta na síntese. O processo dialético envolve o conflito entre a tese e a antítese, que culmina na síntese, uma nova situação que incorpora elementos dos dois opostos. Essa síntese, por sua vez, torna-se uma nova tese que se contrapõe a uma nova antítese, gerando um ciclo contínuo de desenvolvimento. RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 80 A partir do movimento do raciocínio dialético, as conclusões são derivadas do confronto de ideias, em uma abordagem que não vê a realidade como algo estático, mas sim em constante transformação, identificando processos, conflitos e contradições na análise de um problema de pesquisa.Todos os métodos científicos, incluindo o dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo e dialético, convergem em torno desses três elementos fundamentais. A metodologia científica, conforme destacado por Córdova e Silveira (2006), é essencial para o desenvolvimento adequado da pesquisa científica, pois esta é considerada a atividade central da Ciência. A pesquisa científica, em suas diversas formas - como monografias, artigos, TCCs, papers, seminários, projetos, Iniciação Científica, entre outras - permite a investigação e a compreensão de diferentes realidades, sejam elas exatas, sociais, humanas, biológicas, ou tecnológicas, por meio de uma abordagem intensa, metódica e sistemática, com o objetivo de descobrir e interpretar. Método Estatístico O método estatístico é uma abordagem metodológica que engloba a coleta, análise e interpretação meticulosa de dados com o objetivo de estruturar e organizar as diferentes etapas de um levantamento, classificação de dados, documentos e informações precisas no estudo de fenômenos naturais, econômicos e sociais. Sua função principal é a representação e explicação de observações quantitativas e numéricas relacionadas a fatores provenientes das ciências sociais, considerando padrões culturais, comportamentais e condições ambientais, climáticas, físicas, psicológicas e econômicas. As aplicações do método estatístico abrangem todas as áreas da ciência, especialmente as necessidades do estado e a formulação de políticas públicas. Ele fornece dados demográficos e econômicos essenciais para diversas finalidades. Exemplos de pesquisas comuns e recorrentes, obtidas por meio de métodos estatísticos, incluem aquelas realizadas periodicamente pelo IBGE, institutos particulares como o IBOPE, além de levantamentos sobre o índice de criminalidade, inflação e o produto interno bruto (PIB). Aplicação dos Métodos Estatísticos A Estatística é aplicada em uma ampla variedade de áreas do conhecimento. Aqueles que utilizam os métodos estatísticos estão mais bem preparados para organizar e analisar dados em suas atividades profissionais, assim como para interpretar as informações divulgadas diariamente nos meios de comunicação. Nas Ciências Humanas e Sociais, podemos realizar pesquisas de opinião para avaliar a satisfação dos clientes em relação aos serviços de uma empresa, ou ainda investigar as prioridades de investimento público entre os habitantes de um município. No campo das Ciências da Saúde, a estatística é fundamental para determinar a prevalência de doenças como o diabetes na população e identificar tratamentos mais eficazes para condições como a hipertensão. Nas Ciências Biológicas, a pesquisa estatística é empregada para estimar a população de determinadas espécies em uma determinada região, enquanto nas Ciências Agrárias, é utilizada para determinar a quantidade adequada de adubo em uma plantação. Recentemente, o método estatístico tem recebido grande ênfase. Nele, conceitos estatísticos modernos são empregados para orientar o planejamento de experimentos e a interpretação dos resultados experimentais. Isso inclui o desenvolvimento de funções de distribuição, o cálculo de medidas de posição (como média e mediana) e de dispersão (como desvio padrão e erro médio), o uso de testes de hipóteses estatísticas apropriados, a tomada de decisões probabilísticas, a elaboração de esquemas experimentais para garantir maior precisão nas observações, e a análise da relação funcional entre variáveis dependentes e independentes. Os métodos estatísticos permitem o tratamento dos dados por meio de técnicas matemáticas, tornando-se uma ferramenta essencial em complemento ao método científico e experimental. Sua capacidade analítica é tão significativa que muitos consideram pesquisas agrícolas e experimentos de campo conduzidos sem o uso adequado de métodos estatísticos como falhos, podendo levar a conclusões equivocadas. Atualmente, os métodos estatísticos são vistos como uma ferramenta complementar ao método científico, a ser utilizada conforme a necessidade e com habilidade adequada por estatísticos e pesquisadores. Quando empregados corretamente, os métodos estatísticos são um eficiente processo analítico que possibilita a tomada de decisões racionais baseadas em valores probabilísticos. Além disso, o método estatístico é definido como aquele que considera todas as causas presentes, variando-as devido à impossibilidade de mantê-las constantes, registrando essas variações e buscando determinar as influências de cada uma delas. Método experimental O método científico de origem experimental pode ser compreendido como um conjunto de técnicas destinadas ao processo de investigação de fenômenos e à produção de novos conhecimentos, ou à correção e integração de conhecimentos prévios. Este tipo de pesquisa científica é frequentemente empregado para a observação sistemática, realização de medições, experimentação, formulação de testes e modificação de hipóteses científicas. Uma variedade de áreas se utiliza do método experimental, incluindo biologia, química, física, geologia e muitas outras áreas da ciência. RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 81 Etapas do método experimental Aqui estão as etapas fundamentais do Método Científico Experimental: – Etapa 1 - observações: as observações feitas em um estudo com método experimental devem ser sempre objetivas e nunca subjetivas. Isso significa evitar ao máximo a subjetividade, ou seja, evitar trazer crenças pessoais para dentro do campo científico experimental. Neste tipo de pesquisa, trabalha-se apenas com fatos e resultados palpáveis. – Etapa 2 - hipótese: o pesquisador que está desenvolvendo um estudo experimental precisa compreender que suas observações constituem a base do passado ou do presente da pesquisa. Todo cientista busca a capacidade de prever eventos futuros, e para isso, ele deve usar todo seu raciocínio e criar situações hipotéticas que possam levar a determinados resultados. A formulação da hipótese representa um dos passos primordiais no estudo experimental e envolve um raciocínio indutivo. É crucial entender que uma hipótese deve sugerir uma relação de causa e efeito, na qual o pesquisador postula que sua hipótese resultará em um certo desfecho. No contexto do exemplo que estamos discutindo neste contexto, podemos considerar a hipótese de que o medicamento X aliviará a artrite reumatoide. Entretanto, somente por meio da experimentação será possível determinar se essa hipótese é verdadeira ou falsa. – Etapa 3 - previsão: uma vez elaborada a hipótese provisória do estudo, ela não pode ser imediatamente considerada como verdadeira. É necessário fazer uma previsão sobre os resultados do estudo. Essa previsão geralmente precisa ser abrangente e aplicável de forma consistente ao longo do tempo e do espaço. Os pesquisadores, na maioria das vezes, não conseguem testar todas as possíveis situações nas quais sua hipótese pode ser aplicada, daí a importância de definir um escopo específico. – Etapa 4 - experimentação: além disso, é essencial que o pesquisador possua habilidades sensoriais para coletar dados. Geralmente, o pesquisador planeja o experimento com base em sua previsão. No exemplo de experimento que estamos considerando, havia 100 pacientes entre 50 e 75 anos de idade, selecionados aleatoriamente para formar dois grupos de 500 pessoas cada. Um grupo ingeriu o medicamento X, enquanto o outro grupo recebeu um placebo de amido, quatro vezes ao dia, durante um período de dois meses. – Etapa 5 - análise: após a conclusão do experimento, analisamos os resultados obtidos. No caso do exemplo fornecido: Entre os 500 pacientes que receberam o medicamento, 350 relataram uma diminuição nos casos de artrite dentro do período determinado. Apenas 65 dos 500 pacientes que receberam o placebo relataram melhora no quadro. Esses dados revelam um efeito significativo do medicamento. No entanto, para uma análise maisaprofundada, é necessária uma análise estatística para entender como esse efeito ocorreu. – Etapa 6 - conclusão: com base na análise do experimento, podemos chegar a duas possíveis conclusões: os resultados confirmam a previsão feita ou contradizem a previsão inicial. Isso significa que podemos rejeitar a previsão de que o medicamento teria algum efeito, ou podemos concluir que a previsão estava incorreta, levando à rejeição da hipótese inicial do pesquisador. – Etapa 7 - resultados: na etapa de resultados, o pesquisador compartilha suas descobertas em revistas ou livros científicos, onde são discutidas as implicações teóricas do experimento realizado. A divulgação da pesquisa é uma parte essencial do método científico experimental, pois permite que outros pesquisadores e estudiosos examinem os resultados e possam contribuir para o avanço do conhecimento em determinadas áreas. PENSAMENTO LATERAL, PENSAMENTO VERTICAL As leis formais do pensamento são princípios fundamentais para o raciocínio logicamente válido, estabelecidos pelos lógicos para determinar o conhecimento verdadeiro. Esses princípios são: – Princípio da identidade: este princípio afirma que um elemento é sempre idêntico a si mesmo. Em outras palavras, toda coisa é o que é. – Princípio da (não-) contradição: esse princípio estabelece que um elemento não pode, sob o mesmo aspecto, ser e não-ser ao mesmo tempo. Portanto, uma coisa não pode ter e não ter uma determinada propriedade simultaneamente. – Princípio do terceiro excluído: de acordo com esse princípio, uma noção é considerada verdadeira ou falsa; não há meio-termo entre a afirmação e a negação. Assim, apenas duas possibilidades existem, e entre dois juízos contraditórios, um é verdadeiro e o outro é falso. – Princípio da razão suficiente: esta lei, elaborada por Leibniz em sua obra La Monadologia, estipula que nenhum fato pode ser considerado verdadeiro ou existente sem uma razão suficiente para ser dessa maneira e não de outra. Em outras palavras, tudo deve ter uma explicação adequada para ser verdadeiro ou existente. Pensamento vertical O pensamento vertical, também conhecido como pensamento convergente, é aquele que se concentra na busca pela solução correta de um problema. Em geral, é associado ao pensamento crítico. No pensamento vertical, é aplicada a lógica - um processo passo a passo para chegar à solução desejada. Nas escolas, esse tipo de pensamento é exercitado em testes de múltipla escolha e em disciplinas como matemática. Apesar de ser essencial para nossa maneira de pensar e interagir com o mundo (pois soluções lógicas são necessárias para muitos problemas), o pensamento vertical também pode ser inflexível. Em seu extremo, isso pode levar a uma abordagem que se apega a uma única maneira de resolver problemas, sem considerar outras alternativas. Pensamento lateral O pensamento lateral, conhecido como “pensar fora da caixa”, é uma abordagem que combina tanto o pensamento vertical quanto o horizontal. Seu objetivo é resolver problemas de maneira direta e indireta. Essa forma de pensar parte da premissa de que problemas e desafios complexos demandam uma variedade de soluções, todas filtradas pela lógica. RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 82 No pensamento lateral, o pensamento horizontal, ou criativo, é utilizado para explorar diversas soluções possíveis para o problema. Isso envolve criar conexões com outros desafios, temas ou assuntos que, à primeira vista, não parecem estar diretamente relacionados ao problema principal. Após essa etapa criativa, entra em cena o pensamento vertical, ou crítico, para avaliar a validade das ideias levantadas e, finalmente, estruturá-las para a solução do problema. Por sua natureza, o pensamento lateral é considerado flexível, pois aborda o problema de diferentes perspectivas, gerando novas ideias e insights sem perder de vista a solução real do desafio. Nas escolas, o pensamento lateral é amplamente praticado em disciplinas como robótica e programação, que buscam integrar várias áreas de conhecimento de maneira horizontal para atingir um objetivo comum, como a construção de um protótipo com aplicação prática. HIPÓTESES, TEORIAS; INFERÊNCIAS Hipóteses Uma hipótese é uma suposição ou proposição que é feita com base em observações preliminares, experiências anteriores ou raciocínio dedutivo. As hipóteses são formuladas para testar uma explicação potencial para um fenômeno observado e fornecer uma base para investigações posteriores. Elas são frequentemente formuladas como declarações testáveis que podem ser confirmadas ou refutadas por meio de evidências empíricas. No método científico, as hipóteses são submetidas a testes rigorosos para determinar sua validade e se elas podem ser aceitas como explicação para um fenômeno observado. Teorias Uma teoria é uma explicação abrangente e bem fundamentada para um conjunto de fenômenos observados. Ao contrário do uso coloquial da palavra “teoria” (que pode significar uma mera especulação), na ciência uma teoria é um conjunto de princípios e leis que explicam de forma consistente um conjunto de observações. As teorias científicas são suportadas por uma ampla gama de evidências experimentais e são capazes de prever novos resultados ou fenômenos. Elas são dinâmicas e podem ser modificadas ou refinadas com base em novas evidências ou descobertas. Inferências Inferências lógicas referem-se ao processo de dedução ou raciocínio que leva a conclusões com base em premissas conhecidas ou aceitas. A lógica formal fornece um conjunto de regras e princípios para raciocinar de forma válida, garantindo que as conclusões sejam logicamente consistentes com as premissas. As inferências lógicas podem ser indutivas, onde se extrai uma conclusão geral a partir de observações específicas, ou dedutivas, onde se chega a uma conclusão específica a partir de premissas gerais. Elas são essenciais tanto na formulação de hipóteses e teorias científicas quanto na resolução de problemas em diversas áreas do conhecimento. RETRODUÇÃO A abdução, também conhecida como retrodução, é um conceito crucial na etapa inicial de criação de teorias, as quais posteriormente podem ser organizadas por meio da dedução e testadas empiricamente por meio da indução controlada. Uma das contribuições significativas do filósofo americano Charles S. Peirce à lógica reside em seus estudos sobre abdução, definida de forma simples como o processo de identificar um padrão ou característica em um fenômeno observado e, a partir disso, formular uma hipótese explicativa (Peirce, 1958). Mark Blaug caracteriza a abdução como um tipo de raciocínio distinto da indução e da dedução, sendo responsável pela geração de ideias na ciência. Por exemplo, na clássica discussão sobre “todos os cisnes são brancos”, ao observarmos apenas cisnes brancos, não podemos deduzir que todos os cisnes são brancos (indução). No entanto, é razoável formular uma teoria que sugira que há algo no DNA dos cisnes que os torna brancos (abdução). O processo de abdução difere da generalização da observação, pois busca construir uma teoria ou hipótese para explicar e, às vezes, prever as observações. De acordo com Peirce, um raciocínio abdutivo segue a seguinte estrutura: i) Um fato surpreendente C é observado. ii) Mas se A fosse verdadeiro, C seria uma questão corriqueira. iii) Portanto, há uma razão para suspeitar que A seja verdadeiro. (CP 5.189) Um dos exemplos mais marcantes de abdução na história da ciência está no estudo dos movimentos planetários. O astrônomo Johannes Kepler observou que várias órbitas dos planetas pareciam elípticas e, a partir disso, formulou uma de suas teorias mais importantes, as “leis de Kepler”, para explicar o movimento dos planetas (Hoover, 1994, p.301). Como enfatiza Peirce, o progresso científico depende da observação de fatos por mentes dotadas das ideias adequadas. Ao identificar regularidades nos fenômenos estudados,o cientista realiza um tipo de julgamento intuitivo, que serve como base para a formulação das hipóteses necessárias ao avanço da pesquisa. É o típico raciocínio utilizado por Sherlock Holmes. Quando algo peculiar é observado, surge a necessidade de uma explicação para essa surpresa ou anomalia. Então, constrói-se uma hipótese. Se essa hipótese fosse verdadeira, o fato observado poderia ser explicado. Essa é a estrutura de uma retrodução. Um exemplo adicional seria: i) O gramado está molhado, ii) Uma chuva ontem à noite poderia explicar o gramado molhado, iii) Logo, é possível que tenha chovido ontem à noite. Retrodução, segundo Peirce, é o processo de formulação de hipóteses científicas. É um processo permeado por insights e intuições, elementos não conscientes do cientista, mas que são fundamentais para a construção de novas teorias, sendo denominados por ele como “o sopro dos Deuses”. Como observa Hands (2001: 224), “a abdução é o cerne de toda intuição... é uma noção de inferência relativamente flexível”. Ou ainda, conforme Chong Ho Yu (2005: 7), “o julgamento intuitivo feito por um intelectual difere daquele feito por um estudante do ensino médio”. RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 83 Estrutura lógica da retrodução No exemplo utilizado por Peirce, retirado da Stanford Encyclopedia of Philosophy (Burch 2001), podemos observar a lógica da retrodução: 1. (dedução) O silogismo AAA-1 (Barbara): todos M são P, todos S são M, portanto todos S são P é um exemplo de dedução. Agora, vamos fazer uma ligação desse silogismo com um problema de amostragem. Suponhamos que “ser M” signifique pertencer a uma dada população, como uma bola em uma população de bolas em uma urna. Suponhamos que “P” seja uma característica de um membro dessa população, como ser vermelho. Por fim, suponhamos que “ser S” signifique ser membro de uma amostra aleatória retirada da população. Assim, o silogismo ficaria: todas as bolas em uma urna são vermelhas, todas as bolas de uma amostra aleatória particular são retiradas dessa urna, portanto todas as bolas dessa amostra particular são vermelhas. 2. (indução) Agora, vejamos o que acontece se trocarmos a premissa principal pela conclusã: Todos S são P, todos S são M, logo todos M são P. Esse é um silogismo inválido AAA-3. Vamos considerar esse argumento em termos do problema de amostragem: todas as bolas em uma amostra particular são vermelhas, todas as bolas dessa amostra aleatória particular são retiradas de uma urna, logo todas as bolas dessa urna são vermelhas. Encontramos assim um argumento que liga a amostra à população, para Peirce, o principal significado da indução. 3. (retrodução) Por fim, vejamos o que acontece se trocarmos a premissa menor pela conclusão: Todos M são P, todos S são P, logo todos S são M. Esse é também um silogismo inválido AAA- 2. Vejamos esse resultado em termos da teoria de amostragem: Todas as bolas em uma urna são vermelhas, todas as bolas de uma amostra aleatória particular são vermelhas, logo todas as bolas dessa amostra aleatória particular são retiradas dessa urna. O que temos aqui não é um argumento que vai da população para a amostra (dedução), nem da amostra para a população (indução), é um argumento provável, distinto de ambas, que Peirce nomeou retrodução. No caso, o fato das bolas serem vermelhas faz com que seja provável que elas pertençam a uma dada urna, mas não há nenhuma garantia a esse respeito. A construção de hipóteses a partir da observação de dados e regularidades é a base da ciência e do ponto de vista lógico esse movimento corresponde a uma retrodução. O salto retrodutivo é criativo, ou seja, produz hipóteses a partir das observações empíricas ABDUÇÃO Lógica Abdutiva digamos que atua entre o raciocínio indutivo e o raciocínio dedutivo, sempre buscando uma confiabilidade na va- lidez dos resultados, para isto, devemos analisar a argumentação através dos processos da lógica e seus conectivos, buscando pro- duzir a criatividade e a inovação. Assim iremos estudar a estruturas lógicas e suas argumentações. VIÉS DE PESQUISA: VIÉS COGNITIVO, VIÉS CONTEXTUAL, VIÉS DE AMOSTRAGEM, VIÉS DE RESPOSTA, VIÉS DE NÃO- -RESPOSTA, VIÉS DE ENTREVISTADOR, VIÉS DE PESQUISA- DOR, VIÉS DE CONFIRMAÇÃO Um dos maiores desafios em qualquer estudo é mitigar a presença dos diversos tipos de viés de pesquisa. O problema é que muitas pessoas desconhecem a existência desses vieses, o que as impede de corrigir esses erros e aprimorar a qualidade de sua pesquisa. Para solucionar esse impasse, vamos apresentar os principais tipos de viés de pesquisa e fornecer orientações sobre como evitá-los. — Viés de Pesquisa Viés de pesquisa refere-se aos erros que ocorrem durante a elaboração do questionário ou durante a condução da pesquisa. Esses erros podem influenciar os entrevistados a selecionarem respostas que não representam fielmente suas opiniões sobre determinado assunto, comprometendo, assim, a confiabilidade dos resultados. Embora todas as pesquisas possam ser afetadas por algum tipo de viés, é possível reduzir sua ocorrência e aprimorar a qualidade do estudo. O primeiro passo para alcançar esse objetivo é familiarizar- se com os diferentes tipos de viés de pesquisa. Ao abordar esses aspectos, você estará mais bem equipado para conduzir uma pesquisa de alta qualidade, minimizando a distorção dos resultados e promovendo uma análise mais precisa e confiável. 5 Tipos de Viés de Pesquisa Conheça os 5 tipos de vieses que podem prejudicar os resultados e análise da sua pesquisa. 1) Viés de Amostragem: este viés ocorre quando há erros na seleção da amostra de respondentes para a pesquisa, comprometendo os resultados. Para evitá-lo, é essencial: – Compreender as questões centrais do estudo; – Definir objetivos específicos; – Utilizar ferramentas de pesquisa que minimizem a falta de respostas; – Planejar eficientemente a aplicação do questionário. 2) Viés de Resposta: este tipo de viés surge quando os entrevistados fornecem respostas que não refletem suas verdadeiras crenças. Para evitar esse problema: – Utilize ferramentas que auxiliem na elaboração de perguntas lógicas; – Formule perguntas simples e diretas; – Ofereça opções de resposta claras e objetivas; – Garanta o anonimato dos respondentes. 3) Viés de Não-Resposta: ocorre quando parte da amostra não responde ao questionário, afetando a representatividade dos resultados. Para mitigá-lo: – Estabeleça prazos flexíveis para a resposta ao questionário; – Envie lembretes aos respondentes; – Utilize diferentes plataformas de envio da pesquisa. 4) Viés do Entrevistador: este viés surge quando o entrevistador influencia nas respostas dos entrevistados. Para evitar essa influência: – Treine os entrevistadores para serem imparciais; – Utilize tecnologia para auditar as entrevistas e garantir a neutralidade do processo. RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 84 5) Viés do Pesquisador: relacionado à interpretação tendenciosa dos resultados pelo pesquisador, este viés pode distorcer a análise dos dados. Para preveni-lo: – Mantenha uma postura neutra durante a análise dos resultados; – Utilize ferramentas de análise de dados que forneçam relatórios completos e imparciais. Ao adotar essas medidas preventivas, é possível minimizar a ocorrência dos vieses de pesquisa e melhorar a qualidade dos resultados obtidos, garantindo uma análise mais precisa e confiável. Viés cognitivo Diante de uma decisão importante, nós, como seres racionais, naturalmente buscamos ponderar e encontrar a melhor opção. Acreditamos que todas as nossas ações até aquele momento foram calculadas e decididas por nós mesmos. No entanto, nem sempre é o caso. O que acontece é que nosso cérebro opera com algo chamado heurística. A heurística é um processo pelo qual utilizamos nosso repertório cultural e social para perceber o mundo e tomar decisões. É através desse processo que formamos nossas crenças sobre o mundo. A heurística podeser classificada em dois tipos: uma mais rápida, de pensamento intuitivo, e outra mais lenta, com maior análise e ponderação. Quando recebemos uma nova informação, ela passa por esse filtro da heurística, que pode resultar em viés cognitivo. O viés cognitivo é um desvio racional, uma espécie de “erro” de julgamento dos processos mentais inconscientes. Isso acontece quando nos deixamos influenciar por sentimentos, experiências passadas, expectativas e até mesmo preconceitos. Esses vieses cognitivos podem distorcer nossa interpretação de informações, levando-nos a tomar decisões com base em opiniões incompletas ou incorretas. Isso pode ter um grande impacto sobre os resultados das nossas decisões, desde as mais simples até as mais complexas. Por isso, é crucial compreender como somos afetados pelos vieses cognitivos e aprender a reconhecer seu poder de distorcer nossos julgamentos. Somente então poderemos tomar decisões de forma mais consciente e precisa. No cotidiano, estamos constantemente expostos a uma miríade de informações, sugestões, ideias e comportamentos diversos. É natural que nossas percepções e reações sejam influenciadas por esses estímulos ao longo do dia. Entre os vieses cognitivos mais comuns, destacam-se: – Viés de confirmação: tendência de buscar e interpretar informações que confirmem nossas crenças pré-existentes. Por exemplo, ao ter uma opinião formada sobre um assunto, tendemos a dar mais atenção às informações que a reforçam. – Viés de atribuição: consiste em atribuir as causas de eventos a características individuais ou ações das pessoas envolvidas. Por exemplo, atribuir o sucesso no vestibular à inteligência ou ao esforço de alguém. – Viés de seleção de informação: inclinação para buscar e processar informações que se alinham com nossas visões preconcebidas. Por exemplo, ao analisar um tema, tendemos a ignorar fatos que contradigam nosso ponto de vista. – Viés de memória: tendência de lembrar com mais frequência informações que nos interessam ou são relevantes para nós. Por exemplo, ao estudar para uma prova, lembramos mais facilmente das informações consideradas importantes. – Viés de autoconceito: propensão a avaliar nosso próprio comportamento de forma mais positiva do que o dos outros. Por exemplo, ao cometer um erro, tendemos a minimizar nossa responsabilidade e culpar terceiros. – Viés de expectativas: ter expectativas irrealistas sobre determinadas situações ou resultados. Por exemplo, acreditar que alcançar um objetivo será mais fácil ou rápido do que na realidade. – Viés de julgamento: formação de opiniões e julgamentos com base em informações parciais ou incompletas. Por exemplo, ao debater um tema, formamos opiniões baseadas em informações não totalmente verídicas. Reconhecer esses vieses cognitivos é fundamental para tomar decisões mais conscientes e precisas em diferentes aspectos da vida. Viés de confirmação Viés de confirmação, também conhecido como viés confirmatório ou tendência de confirmação, refere-se à propensão de lembrar, interpretar ou buscar informações de maneira a confirmar crenças ou hipóteses pré-existentes. Este fenômeno é uma característica intrínseca do funcionamento do cérebro humano: tendemos a buscar informações que sustentem nossas convicções prévias. Ao invés de avaliar imparcialmente as evidências e chegar a uma conclusão, muitas vezes já possuímos uma conclusão pré-concebida e buscamos informações que a justifiquem. Durante esse processo, é comum ignorarmos ou minimizarmos informações que contradigam nossas conclusões. Este comportamento não ocorre de forma consciente, sendo uma característica inerente ao comportamento humano. No entanto, mesmo os cientistas, sendo também humanos, estão sujeitos a esse viés. Se não adotarem medidas para mitigá-lo, existe o risco de publicarem opiniões como se fossem fatos. Um estudo conduzido pelo Dr. John Ioannidis, intitulado “Why Most Published Research Findings Are False”, apresentou evidências significativas do viés de confirmação entre cientistas profissionais. Ao analisar 49 das mais conceituadas descobertas de pesquisa na área médica, foram identificadas 45 intervenções inicialmente consideradas eficazes. No entanto, estudos subsequentes com amostras maiores revelaram que 7 dessas intervenções foram contraditadas e outras 7 tiveram efeitos menores do que os inicialmente publicados. Os demais 31 estudos ainda não haviam sido contestados ou não puderam ser replicados. Não estamos completamente desamparados diante do viés de confirmação. Segundo Cassie Kozyrkov, em um artigo publicado, podemos adotar comportamentos para contornar essa prática. – Não se apegue rigidamente às suas opiniões pré- estabelecidas: embora seja difícil, é essencial não considerar suas opiniões como verdades absolutas, mesmo que se baseiem em dados. É importante estar aberto a absorver novas informações e admitir o erro, se necessário. – Enfoque na tomada de decisão, não na opinião: quando se trata de tomar decisões, é crucial definir quais informações são necessárias para orientar a escolha, antes mesmo de formar uma opinião. A ênfase deve estar na decisão em si, não na opinião prévia. RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 85 – Concentre-se no que você pode controlar: se uma ação está fora do seu controle, como o distanciamento social, por exemplo, sua opinião sobre o assunto é irrelevante. É fundamental seguir as medidas estabelecidas, independentemente das opiniões pessoais. – Altere a ordem de abordagem das informações: planejar a decisão antes de buscar informações é o melhor antídoto contra o viés de confirmação. Estabelecer regras para cada possível decisão reduz o risco de favorecer informações que confirmem nossas opiniões. É fundamental seguir essas boas práticas ao trabalhar com Analytics para evitar o viés de confirmação e obter os melhores resultados para embasar as decisões empresariais. O verdadeiro valor dos dados está intrinsecamente ligado às etapas analíticas do processo, que incluem a busca por informações que possam desafiar nossas hipóteses. Caso contrário, estaremos apenas buscando confirmar nossas crenças pessoais, em vez de explorar o verdadeiro potencial da ciência de dados. Portanto, é crucial estar ciente de nossos próprios vieses e evitar que influenciem nossas análises. Viés contextual O viés contextual é um fenômeno intrínseco à interpretação humana e à tomada de decisões, onde o contexto influencia significativamente a maneira como percebemos e compreendemos informações. Ele pode ocorrer em várias esferas da vida, desde situações cotidianas até discussões acadêmicas e políticas. Na interpretação de textos ou discursos, por exemplo, o viés contextual refere-se à tendência de atribuir significados ou inferências com base no contexto em que as informações são apresentadas, em vez de analisar objetivamente o conteúdo em si. Isso pode levar a interpretações distorcidas ou tendenciosas, especialmente quando o contexto é ambíguo ou suscetível a interpretações conflitantes. Em termos mais amplos, o viés contextual também se manifesta em questões sociais, culturais e políticas. Nesses casos, nossas experiências passadas, crenças pessoais e ambiente social moldam nossas percepções e opiniões. Por exemplo, nossas visões sobre questões como igualdade de gênero, diversidade racial ou políticas econômicas podem ser profundamente influenciadas pelo contexto em que fomos criados, pelas pessoas com as quais interagimos e pelas informações que consumimos. Além disso, o viés contextual pode ser exacerbado pela disseminação de informações nas mídias sociais e na era digital. As bolhas de filtro algorítmicas tendem a nos expor a conteúdos que confirmam nossas visões existentes, reforçando assim nossos viéses contextuais e dificultando a exposição a perspectivas alternativas. Para mitigar o viés contextual, é crucial desenvolver habilidades de pensamento crítico e estar conscientede nossas próprias inclinações e preconceitos. Isso envolve questionar ativamente o contexto em que recebemos informações, buscar uma variedade de fontes e perspectivas, e estar aberto ao diálogo e à reflexão. Além disso, promover a diversidade e a inclusão em ambientes sociais e de trabalho pode ajudar a reduzir os efeitos prejudiciais do viés contextual, ao expor-nos a uma gama mais ampla de experiências e pontos de vista. Aplicação prática Um dos procedimentos mais cruciais na perícia criminal é conhecido como levantamento técnico pericial. Quando o foco inicial de um exame é o local do crime, é chamado de “levantamento do local do crime”. Este método tem como objetivo garantir que os vestígios presentes no local sejam devidamente identificados, reconhecidos e registrados em suas posições e situações relativas ao evento criminoso investigado, antes de sua coleta, acondicionamento, transporte, análise e armazenamento. Para os especialistas, estamos descrevendo as etapas do levantamento técnico pericial que são comuns à chamada cadeia de custódia, conforme estabelecido na Portaria SENASP no 82/2014. Nota-se que tal normativa menciona a busca, o reconhecimento, a fixação, a coleta, o acondicionamento, o transporte e o recebimento como etapas da fase externa da cadeia de custódia, iniciada pela preservação do local do crime. É importante observar que reconhecer um vestígio nem sempre é uma tarefa fácil, apesar de ser simplesmente o “ato de identificar um elemento como potencialmente relevante para a produção da prova pericial”. RACIOCÍNIO LÓGICO E CIENTÍFICO 86 São diversos os fatores que podem dificultar esse reconhecimento e talvez o mais importante deles a ser evitado seja o efeito do contexto, conhecido como viés de confirmação. Segundo Kassin et al. (2013), o viés de confirmação é definido como “a classe de efeitos por meio da qual crenças preexistentes, expectativas, motivos e contexto situacional de um indivíduo influenciam a coleta, percepção e interpretação das evidências” (tradução livre). O cartoon ilustra uma das formas pelas quais o contexto pode influenciar o perito criminal: enquanto um observa uma mancha e inicialmente reconhece nela um vestígio, outro afirma que a mancha não tem relação com um crime e fornece outro contexto que influencia o primeiro a ponto de ele abandonar a possibilidade aventada inicialmente. No exemplo, o contexto apresentado pelo pato gordo era tão convincente que o vestígio se encaixava na descrição de natureza que ele apresentou. Essa situação levanta uma discussão importante sobre o reconhecimento de um vestígio: a necessidade de o perito criminal saber o que procurar quando inicia suas buscas durante o procedimento de levantamento de local de crime. É sempre importante recordar, como um mantra da perícia criminal: “Quem não sabe o que procura, não percebe quando encontra”. Se o pato magro do cartoon considerasse a possibilidade de a vítima ser um tomate, talvez não descartasse a mancha como vestígio tão prontamente. Afinal, a mancha era um vestígio genuíno que, numa visão posterior enviesada, foi interpretado como um vestígio ilusório. ANOTAÇÕES ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 87 INFORMÁTICA NOÇÕES BÁSICAS DOS SISTEMAS OPERACIONAIS: CONCEI- TO, LINUX, WINDOWS, ANDROID, MACOS E IOS, DIFEREN- ÇA ENTRE KERNEL E FIRMWAR Windows 7 Conceito de pastas e diretórios Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas- ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze- nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos). Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o nome do usuário onde são armazenados dados pessoais. Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas. No caso da figura acima, temos quatro pastas e quatro arquivos. Arquivos e atalhos Como vimos anteriormente: pastas servem para organização, vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos. • Arquivo é um item único que contém um determinado dado. Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos, vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc. • Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determinada pasta ou arquivo propriamente dito. INFORMÁTICA 88 Área de trabalho do Windows 7 Área de transferência A área de transferência é muito importante e funciona em se- gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários tipos de itens, tais como arquivos, informações etc. – Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, estamos copiando dados para esta área intermediária. – Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na área de transferência. Manipulação de arquivos e pastas A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e pas- tas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos exe- cutar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pastas, criar atalhos etc. Uso dos menus Programas e aplicativos • Media Player • Media Center • Limpeza de disco • Desfragmentador de disco • Os jogos do Windows. • Ferramenta de captura • Backup e Restore Interação com o conjunto de aplicativos Vamos separar esta