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MORFOLOGIA, FISIOLOGIA 
VEGETAL E BOTÂNICA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Dayane May 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Organologia ou morfologia vegetal é o ramo da Botânica que trata dos 
termos utilizados para as partes dos vegetais, suas definições e variações. Em 
conjunto com estudos de anatomia e histologia vegetal, os quais identificam os 
tecidos presentes, levam a conhecimentos importantes para a melhor 
compreensão e entendimento dos grupos taxonômicos, da evolução destes e da 
funcionalidade dos diferentes tecidos vegetais. Ainda, são importantes para 
identificação de caracteres ecológicos e adaptativos, pois refletem as pressões 
ambientais geradas por fatores bióticos e abióticos que as espécies estão 
submetidas. 
Ainda, serve como base para a identificação taxonômica e inferências de 
parentescos entre táxons (filogenia); para as descrições de plantas, que 
contribuirão para os estudos de sistemática vegetal; para a farmacologia e o uso 
medicinal de diferentes partes e órgãos vegetais; biologia floral e polinização, 
com diferentes características das flores; dispersão das plantas, com formas 
associadas aos frutos e sementes; e especializações biológicas e ecológicas que 
se refletem nas diferenças morfológicas dos órgãos. 
Além disso, a morfologia vegetal é fundamental para as áreas agronômica 
e florestal, as quais reconhecem a estrutura das plantas e os órgãos de valor 
econômico e ambiental. Por fim, é essencial para área da educação, pois 
possibilita a identificação de processos, de associações e da importância dos 
vegetais e seu contexto no meio ambiente. 
Nesta etapa, estudaremos os aspectos relacionados à morfologia e 
anatomia dos órgãos vegetais, especificamente, raiz e caule. Optou-se por 
deixar os principais termos de nomenclatura botânica em negrito, com o intuito 
de facilitar o entendimento e a compreensão do conteúdo. 
São nossos objetivos: 
• entender aspectos das adaptações ao ambiente terrestre e as evoluções 
fisioanatomorfológicas vegetativas e reprodutivas; 
• compreender a raiz como um órgão vegetativo de absorção e fixação do 
vegetal; 
• identificar a anatomia da raiz, sua classificação e variações morfológicas; 
 
 
3 
• compreender o caule como um órgão vegetativo de crescimento 
fototrópico positivo e produtor de ramos, bem como entender a anatomia 
a distinção de crescimento primário e secundário; 
• identificar as variações morfológicas e tipos de adaptações caulinares. 
TEMA 1 – ASPECTOS EVOLUTIVOS 
A linhagem que deu origem a todas as plantas terrestres evoluiu de um 
ambiente aquático há pelo menos 400 milhões de anos. A organização corpórea 
e as transições morfológicas ao longo do processo evolutivo proporcionaram 
toda a diversidade biológica e modificou aspectos geomorfológicos e 
geoquímicos do planeta, interferindo na evolução de outros grupos de 
organismos (Raven; Evert; Eichhorn, 2016). 
Os primeiros ancestrais habitavam os ambientes aquáticos: uma provável 
alga verde pluricelular com estrutura de talo, indiferenciada. A absorção de sais, 
fotossíntese, difusão de gases e outros processos fisiológicos eram realizadas 
por um mesmo tecido genérico, sem especialização de órgãos. Nesses 
organismos, não havia o desenvolvimento de raízes, caule e folhas. No entanto, 
alguns fatores como luz e concentração de CO2 eram limitantes para o 
crescimento vegetal. Esses recursos, abundantes em um ambiente terrestre, 
podem ter proporcionado o avanço evolutivo para um ambiente fora da água 
(Gonçalves; Lorenzi, 2011). 
Na transição para o ambiente terrestre, a falta de água abundante e 
circundante proporcionou o desenvolvimento de uma camada 
impermeabilizante, com substâncias gordurosas (ceras) na superfície das 
primeiras plantas terrestres, restringindo a entrada de CO2. Porém, o controle 
das trocas gasosas foi contornado por conjuntos celulares com funções 
específicas, desenvolvidos em estômatos. Outro aspecto em ambiente terrestre 
é referente à sustentação corpórea, que precisou ser reforçada com o 
desenvolvimento de tecidos impregnados de substâncias rígidas, como a lignina 
(Raven; Evert; Eichhorn, 2016). 
Registros fósseis apontam que a primeira planta terrestre tinha menos de 
cinco centímetros de altura, com porções subterrâneas que absorviam água e 
minerais da lama; outras porções impermeabilizadas eram responsáveis pela 
fotossíntese. 
 
 
4 
O avanço evolutivo refletiu em especializações e diversificação de 
estruturas em relação aos recursos do ambiente: a obtenção da luz e do CO2 do 
ar, e água e nutrientes minerais do solo. Desse modo, os ramos fotossintéticos 
crescem em direção à luz e desenvolvem tecidos de sustentação cada vez mais 
fortes, enquanto as estruturas de absorção crescem subterrâneas em busca de 
mais água e sais minerais (Gonçalves; Lorenzi, 2011). 
Os ramos axiais (parte aérea) e os ramos absortivos-fixadores (parte 
subterrânea) crescem em direções opostas, sendo integrados por tecidos ainda 
primitivos, que antecedem um sistema de condução mais complexo. Ao longo da 
evolução, o sistema absortivo-fixador se desenvolveu em raízes e o sistema axial 
originou o caule (Gonçalves; Lorenzi, 2011). 
A conquista do ambiente terrestre foi aprimorada pelo desenvolvimento 
de tecidos de condução e sustentação, com plantas vasculares que alcançavam 
maiores alturas e competiam por luz. Essas plantas com crescimento secundário 
evoluíram em diferentes grupos e impactaram o ecossistema terrestre, criando 
um conjunto de hábitats para animais e plantas. O sistema de reprodução 
também foi modificado ao longo da evolução e conquista do ambiente terrestre. 
Enquanto os grupos ancestrais apresentavam gametas livres e movimentação 
restrita na água, os grupos em ambientes terrestres apresentavam uma retenção 
de gametas, que, em conjunto com vetores para a polinização, aumentou a 
colonização para os mais variados ambientes (Gonçalves; Lorenzi, 2011). 
Apesar de sua aparente diversidade, o corpo de todas as plantas com 
sementes apresenta o mesmo plano básico: os tecidos primários estarão 
presentes na raiz, no caule e nas folhas, desempenhando as funções de 
revestimento, preenchimento e condução. 
Na Figura 1 a seguir, ilustramos diferentes organismos ao longo das eras 
geológicas e a conquista do ambiente terrestre. 
 
 
5 
Figura 1 – Ilustração do desenvolvimento da vida ao longo da conquista do 
ambiente terrestre 
 
Crédito: Lilya Butenko/Shutterstock. 
TEMA 2 – CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS SISTEMAS RADICULARES 
Raiz é a parte do vegetal desprovida de gemas, folhas ou suas 
modificações. Em geral, as raízes não estão divididas em nós e entrenós, não 
apresentam clorofila e seu geotropismo é positivo, ou seja, o crescimento se dá 
em direção ao solo. É especializada em funções de fixação, absorção e 
transporte de água e sais minerais. Pode algumas vezes funcionar como órgão 
de reserva (Raven; Evert; Eichhorn, 2016). 
A raiz pode derivar diretamente da radícula do embrião, a qual forma a 
raiz primária que origina as raízes secundárias, terciárias, e assim 
sucessivamente. Dessa forma, o eixo principal e suas ramificações recebem o 
nome de “raiz principal axial ou pivotante”, típico das gimnospermas e maioria 
das angiospermas. Também pode ser proveniente de outras partes do vegetal 
como caule e folhas, recebendo, nesse caso, o nome de “raiz adventícia”. As 
raízes adventícias geralmente apresentam-se fasciculadas ou em cabeleira e 
ocorrem nas monocotiledôneas (Gonçalves; Lorenzi, 2011). O sistema axial é 
formado pela raiz originada da radícula do embrião, que se desenvolverá na raiz 
primária ou principal, em que surgirão raízes secundárias desse eixo. Já no 
sistema fasciculado, não há distinção de raiz principal. Outras raízes de calibre 
semelhante surgirão do caule (raízes adventícias), não desenvolvendo uma raiz 
primária (Pimentel et al., 2017). Na Figura2 a seguir, apresentamos a 
representação esquemática desses dois tipos de raízes. 
 
 
 
6 
Figura 2 – Tipos de sistemas radiculares: sistema axial ou pivotante, com a 
formação de raízes secundárias, característico de gimnospermas e maioria das 
angiospermas; raízes axiais tuberosas (exemplo: cenoura e beterraba); sistema 
fasciculado ou cabeleira, comum em monocotiledôneas 
 
Crédito: Kazakova Maryia/Shutterstock. 
Uma característica marcante das raízes é a presença de coifa, estrutura 
que recobre o ápice radicular e protege o tecido embrionário (meristema) do 
atrito contra o solo. Acima da coifa, encontra-se uma região sem pelos 
absorventes, chamada zona lisa, de crescimento ou alongamento, em que as 
células estão em constante divisão e rápido processo de crescimento. 
Corresponde à parte mais jovem da raiz e não tem ramificações. Mais acima, 
está a zona pilífera ou de absorção, com pelos absorventes ou radiculares, os 
quais aumentam a superfície, e, por meio de células epidérmicas, absorvem 
água e nutrientes. Por último, a zona de ramificação é a parte mais tardia da 
raiz, em que ocorre o espessamento e a formação das raízes laterais 
(secundárias). Essa porção é suberificada, característica do crescimento 
secundário, portanto, zona suberificada (Souza; Flores; Lorenzi, 2013), 
conforme mostra a Figura 3 a seguir. 
 
 
7 
Figura 3 – Representação esquemática mostrando as partes da raiz: zona lisa, 
pilífera, de ramificação, suberificada e coifa 
 
Crédito: Jaqueline Souza. 
TEMA 3 – ANATOMIA E VARIAÇÕES MORFOLÓGICAS DA RAIZ 
Neste tópico, serão abordados aspectos acerca da anatomia e estrutura 
interna da raiz e as respectivas diferenças entre monocotiledôneas e 
eudicotiledôneas, como também sobre a morfologia externa, suas variações e 
classificação. 
3.1 Anatomia da raiz 
Os três sistemas de tecidos (dérmico, fundamental e vascular) estão 
presentes e podem ser diferenciados anatomicamente (Figura 4). 
 
 
8 
Figura 4 – Diagrama básico da estrutura interna da raiz, com tecidos dérmico, 
fundamental e vascular 
 
Crédito: Blueringmedia/Shutterstock. 
A epiderme tem pelos radiculares (para aumentar a superfície de 
absorção); a região de córtex (sistema fundamental) é por onde passa água e 
sais minerais. A camada mais interna do córtex é formada por células 
compactas, denominada endoderme. Em monocotiledôneas, a endoderme é 
visualizada em forma de “U” e em eudicotiledôneas são conhecidas como 
“estrias de Caspary”. Essa camada é impregnada de suberina e, às vezes, de 
lignina. A suberina e a lignina conferem propriedades hidrofóbicas a essa região 
da parede celular, sendo as estrias de Caspary impermeáveis à passagem de 
água e íons. Assim, todas as substâncias que entram e saem do cilindro vascular 
devem passar pela endoderme. Abaixo da endoderme, aparece o periciclo, o 
qual promove crescimento da raiz lateral. Por último, está o sistema vascular 
(xilema e floema), que atua na condução de nutrientes (Raven; Evert; Eichhorn, 
2016; Evert, 2013). A anatomia da raiz de eudicotiledôneas e monocotiledônea 
pode ser observada na Figura 5 a seguir. 
 
 
9 
Figura 5 – Anatomia da raiz eudicotiledônea e de monocotiledônea 
 
Crédito: Jefferson Schnaider. 
3.2 Classificação e variações morfológicas da raiz 
De acordo com o ambiente, as raízes podem ser classificadas em 
terrestres (quando subterrâneas), aquáticas (quando se desenvolvem na água) 
ou aéreas (expostas ao ar livre). De conformidade com o maior número de 
reservas, as raízes terrestres podem ser classificadas em tuberosas e não 
tuberosas. Em raízes tuberosas, o parênquima amilífero armazena substâncias 
de reserva (amido, nesse caso), além de nutrientes minerais e água. Muitas são 
utilizadas na alimentação humana, por exemplo, batata doce, beterraba, 
mandioca, nabo, rabanete e cenoura (Souza; Flores; Lorenzi, 2013). 
Entre as raízes aéreas, as do tipo grampiforme, característico de 
trepadeiras, se aderem a troncos ou a um suporte, o que possibilita sua fixação 
e melhor exposição à luz, por exemplo, a hera. Em plantas parasitas, os 
haustórios penetram os tecidos do caule da planta hospedeira até atingir os 
feixes vasculares, retirando a seiva bruta (hemiparasita, por exemplo, cipó-
chumbo) ou elaborada (holoparasita, por exemplo, erva-de-passarinho) 
(Pimentel et al., 2017). 
Em plantas epífitas, como orquídeas, as raízes apresentam epiderme 
pluriestratificada (velame) e adaptação própria para absorver água da atmosfera, 
uma vez que a planta não fica em contato com o solo. Em algumas bromélias, 
as raízes tem a função apenas de fixação no tronco de outras árvores. A 
absorção de água e nutrientes se dá por escamas dérmicas ou mesmo pela 
disposição espiraladas das folhas (Souza; Flores; Lorenzi, 2013). 
 
 
10 
Já as plantas que crescem em áreas alagadas, pobres em oxigênio, como 
os manguezais, podem desenvolver raízes respiratórias ou pneumatóforos. 
Estas têm geotropismo negativo, ou seja, crescem para cima, na direção 
contrária do solo, ficando expostas ao ar justamente para suprir oxigênio ao 
corpo da planta. Além das espécies típicas de manguezal, algumas 
gimnospermas desenvolveram pneumatóforos para otimizar as trocas gasosas 
(Pimentel et al., 2017). 
Outro tipo de raiz aérea são as estranguladoras, típico de figueiras 
“mata-pau”, que iniciam seu desenvolvimento epífitas, geram raízes aéreas que 
crescem e se desenvolvem até chegar ao solo e, à medida que circunda a 
hospedeira, a estrangula. Esse hábito é uma adaptação para desenvolvimento 
em florestas densas, uma vez que existe intensa competição pela luz solar e 
nutrientes (Souza; Flores; Lorenzi, 2013). 
Muitas árvores da Mata Atlântica e da Amazônia apresentam raízes 
tabulares. Estas desenvolvem-se como tábuas junto de troncos para aumentar 
a base de suporte, conferindo maior estabilidade. As raízes adventícias do tipo 
escora (raiz suporte) também auxiliam na sustentação, porém em plantas de 
solos instáveis ou alagados, estão sujeitas à movimentação de marés (Raven; 
Evert; Eichhorn, 2016). Alguns exemplos de raízes estão ilustrados na Figura 6 
a seguir. 
Figura 6 – Diferentes tipos de raízes: tabular, raiz de planta epífita, raiz respiratória 
e raiz escora 
 
Crédito: Wagner Campelo/Shutterstock. Crédito: Uwe Bergwitz/Shutterstock. 
 
 
11 
 
Crédito: Ruslan Gubaidullin/Shutterstock. Crédito: Bymagz/Shutterstock. 
TEMA 4 – CARACTERÍSTICAS GERAIS E ANATOMIA DOS SISTEMAS 
CAULINARES 
4.1 Características gerais 
O caule é o órgão vegetativo provido de gemas e responsável pela 
condução de água, sais minerais e fotoassimilados, bem como produção e 
sustentação das partes vegetais aéreas, tais como ramos, folhas, flores e frutos. 
Podem estar adaptados ao desempenho de outras funções, tais como 
armazenamento de reservas, propagação vegetativa e fotossíntese. Quando 
funcionam como órgão de reserva são frequentemente utilizados na alimentação 
(batata-inglesa, gengibre, cará). Já os caules de plantas arbóreas representam 
base para a produção de madeira e celulose (eucaliptos e pinheiros) (Raven; 
Evert; Eichhorn, 2016). 
Os caules podem ser aéreos, terrestres e aquáticos. Ainda, podem ser 
classificados quanto ao hábito ou forma de vida em: ervas (hábito herbáceo), 
arbustos (arbustivo), árvores e lianas (cipós e trepadeiras) (Pimentel et al., 2017). 
São duas regiões específicas, denominadas nó e entrenó. No nó, 
ocorrem as gemas e é de onde saem as folhas. A gema é uma área 
meristemática, ou seja, pode originar órgãos vegetativos (ramo ou folha) ou 
reprodutivos (flor ou inflorescência). O entrenó é a região entre dois nós 
consecutivos (Gonçalves; Lorenzi, 2011). 
Em relação ao crescimento e ramificação, os caules podem ser 
classificados em dois tipos: monopodial, o qual o crescimento se dá pela 
atividade contínua da gema apical, evidenciando apenas um eixo principal; e 
simpodial,na qual, após a planta já ter crescido em altura, as gemas laterais se 
 
 
12 
desenvolvem formando ramificações, a copa da árvore (Pimentel et al., 2017). 
Na Figura 7 a seguir, ilustramos os tipos de crescimento simpodial e monopodial. 
Figura 7 – Tipos de crescimento de caules: simpodial: com ramificações; 
Monopodial – apenas um eixo principal 
 
Crédito: Elias Aleixo. 
O meristema apical do caule é protegido por folhas jovens e contém os 
primórdios de gemas que se desenvolverão em ramos laterais. Apresenta uma 
organização denominada túnica-corpo, com planos distintos de divisão celular: 
a camada mais externa divide-se no plano perpendicular à superfície do 
meristema (divisão anticlinal), contribuindo para o aumento da superfície. Em 
contrapartida, as divisões celulares paralelas à superfície apical (periclinais) que 
ocorrem no corpo, aumentam o volume e comprimento caulinar (Raven; Evert; 
Eichhorn, 2016). 
O meristema apical do sistema caulinar origina os meristemas primários 
(protoderme, meristema fundamental e procâmbio), que, por sua vez, se 
desenvolvem em tecidos maduros do corpo primário da planta: protoderme 
origina a epiderme; o meristema fundamental origina o tecido fundamental; e o 
procâmbio origina os tecidos vasculares primários. O crescimento primário é 
caracterizado pelo aumento em comprimento principalmente pelo alongamento 
dos entrenós (Raven; Evert; Eichhorn, 2016; Evert, 2013). 
 SIMPODIAL MONOPODIAL 
 
 
13 
O crescimento secundário é caracterizado pelo aumento da circunferência 
de regiões que não apresentam mais alongamento. Ocorre em todas as 
gimnospermas e na maioria das angiospermas, exceto as monocotiledôneas, e 
envolve a atividade de dois meristemas laterais: o câmbio vascular e o felogênio. 
As plantas com hábito herbáceo podem apresentar pouco ou nenhum 
crescimento secundário, enquanto as plantas lenhosas (árvores e arbustos) 
podem aumentar a espessura por muitos anos (Raven; Evert; Eichhorn, 2016). 
Na maioria dos caules, o felogênio origina-se de uma camada abaixo da 
epiderme e produzirá o súber para o lado de fora (exterior), e feloderme para o 
lado de dentro (interior). O conjunto de súber, felogênio e feloderme formam a 
periderme (Evert, 2013). 
O processo de crescimento e a estrutura primária e secundária do caule 
pode ser observada na Figura 8 a seguir. 
Figura 8 – Estrutura de crescimento primário e secundário do caule 
 
Créditos: Mari-Leaf/Shutterstock; Kkt.Madhusanka/Shutterstock. 
4.2 Anatomia do caule 
A morfologia interna do caule é diferenciada entre as monocotiledôneas e 
as eudicotiledôneas. O milho, por exemplo, é uma monocotiledônea, e, portanto, 
apresenta a estrutura do sistema vascular do tipo astélica, ou seja, os tecidos 
de condução são encontrados dispersos tanto na periferia como na parte central 
do caule, sem cilindro central. Já no caule das eudicotiledôneas, os feixes 
condutores de seiva estão dispostos de forma organizada, no cilindro central, 
 
 
14 
formando um tipo de estrutura eustélica. Nela, cada feixe contém o floema 
voltado para o lado externo enquanto que o xilema para o lado interno do caule 
(Raven; Evert; Eichhorn, 2016; Evert, 2013). As estruturas do sistema vascular 
de monocotiledôneas e eudicotiledôneas estão apresentadas na Figura 9 a 
seguir. 
Figura 9 – Morfologia interna do caule com evidência das estruturas do sistema 
vascular de monocotiledônea (astélica) e eudicotiledôneas (eustélica) 
 
Crédito: Mike Rosecope/Shutterstock 
TEMA 5 – TIPOS E ADAPTAÇÕES CAULINARES 
A morfologia classifica os caules aéreos como: haste, tronco, colmo, 
estipe, estolho, cladódio, pseudobulbo, volúvel e sarmentoso. A haste é um 
caule herbáceo, flexível e fotossintetizante, com tecido de sustentação composto 
por células de colênquima, característico de regiões de crescimento primário nos 
caules. Já o tronco é um caule robusto, lenhoso, com crescimento secundário, 
geralmente com um eixo principal e ramificações concentradas no ápice (árvores 
e arbustos). O colmo é um caule ereto, cilíndrico, com nós e entrenós marcados 
(bambu e cana-de-açúcar). Os caules tipo estipe são robustos, não ramificados, 
com nós e entrenós evidentes e folhas encerradas no ápice (palmeiras). O 
estolho ou estolão cresce paralelamente à superfície do solo e apresenta 
entrenós longos, comum em plantas de restinga. O cladódio é achatado, 
armazena água por meio do parênquima aquífero e tem função fotossintética, o 
qual o parênquima clorofiliano converte a energia luminosa em energia química, 
 
 
15 
armazenando-a sob a forma de carboidratos. Não apresentam folhas, ou estas 
são modificadas em espinhos para evitar a perda de água, típica das cactáceas. 
Os pseudobulbos são comuns em plantas epífitas, sendo fotossintetizantes 
(algumas orquídeas). O caule volúvel cresce enrolando-se em um suporte sem 
o auxílio de estruturas de fixação, enquanto o caule sarmentoso se apoia com 
a ajuda de estruturas de fixação como gavinhas ou raízes grampiformes 
(trepadeiras) (Souza; Flores; Lorenzi, 2013; Pimentel et al., 2017). Alguns 
exemplos estão ilustrados na Figura 10 a seguir. 
Figura 10 – Diferentes tipos de caules aéreos: tronco, colmo estipe, estolho, 
cladódio, sarmento, suculento, alado e gavinha caulinar 
 
Tronco Colmo Estipe 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estolho Cladódio Sarmento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Suculento Alado Gavinha caulinar 
Créditos: Dayane May; Kazakova Maryia/Shutterstock; Gabriel H. Fernandes/Shutterstock. 
https://www.shutterstock.com/pt/g/Valashko+Maryia
https://www.shutterstock.com/pt/g/Valashko+Maryia
https://www.shutterstock.com/pt/g/Valashko+Maryia
https://www.shutterstock.com/pt/g/gabrielhfernandes
 
 
16 
Entre os caules subterrâneos são importantes, morfologicamente, os 
rizomas, os tuberosos e os bulbos. Os rizomas são comumente espessos e ricos 
em reservas, com nós e entrenós bem definidos, por exemplo, o gengibre. Os 
caules tuberosos formam os tubérculos, estruturas de armazenamento de 
substâncias nutritivas com gemas presentes (batata-inglesa, cará e taioba). Os 
bulbos são caules formados por uma região basal em forma de disco (prato), 
protegido por folhas modificadas e aclorofiladas denominadas “catafilos”. Podem 
ser tunicado simples (cebola), tunicado composto (alho) ou escamoso (lírio) 
(Souza; Flores; Lorenzi, 2013). Alguns exemplos de caules subterrâneos podem 
ser observados na Figura 11 a seguir. 
Figura 11 – Diferentes tipos de caules subterrâneos: rizoma, tuberoso, bulbo 
tunicado e bulbo tunicado composto 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rizoma (gengibre) Tuberoso (batata inglesa) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bulbo tunicado (cebola) Bulbo tunicado composto (alho) 
Créditos: Dayane May; mahirart/Shutterstock; Matjaz Preseren/Shutterstock; 
Adrian_am13/Shutterstock. 
NA PRÁTICA 
Com base nos conhecimentos estudados, responda às seguintes 
questões: 
https://www.shutterstock.com/pt/g/mahirart
https://www.shutterstock.com/pt/g/premat
https://www.shutterstock.com/pt/g/premat
https://www.shutterstock.com/pt/g/premat
https://www.shutterstock.com/pt/g/Adrian_am13
 
 
17 
1. Quais são as principais funções das raízes? 
2. Quais são os componentes básicos da morfologia interna e externa das 
raízes? 
3. Qual é a diferença entre crescimento primário e secundário em caules? 
4. Quais tecidos são produzidos pelo felogênio e qual a função da 
periderme? 
5. Cite exemplos de raízes e caules usados na alimentação humana. 
6. Descreva algumas adaptações morfológicas de raízes e caules às 
especificidades do ambiente. 
FINALIZANDO 
• O avanço evolutivo resultou em especializações e diversificação de 
estruturas em relação aos recursos do ambiente: a obtenção da luz e do 
CO2 do ar, e água e nutrientes minerais do solo. Desse modo, os ramos 
axiais (parte aérea) e os ramos absortivos-fixadores (parte subterrânea) 
crescemem direções opostas. Ao longo da evolução, o sistema absortivo-
fixador se desenvolveu em raízes e o sistema axial originou o caule. 
• A raiz tem grande importância na conquista da terra pelas plantas. Além 
de promover a busca subterrânea por água e minerais, fixa a planta no 
seu substrato. Raízes e caules podem ter função de armazenamento de 
alimentos ou água. 
• A estrutura interna da raiz apresenta diferenças entre plantas 
monocotiledôneas e eudicotiledôneas, no entanto, contêm elementos 
comuns como epiderme, córtex, endoderme, periciclo e sistema vascular. 
Na morfologia externa, sofrem variações de acordo com o ambiente, 
podendo ser classificadas como terrestres, aquáticas ou aéreas. Podem 
armazenar reservas como amido, nutrientes minerais e água. 
• Os caules apresentam regiões com nós e entrenós. Dos nós, saem as 
folhas e as gemas axilares. É responsável pela condução de água, sais 
minerais e fotoassimilados, bem como produção e sustentação das partes 
vegetais aéreas, tais como ramos, folhas, flores e frutos. Podem 
armazenar reservas (frequentemente utilizados na alimentação: batata-
inglesa, gengibre, cará); ter propagação vegetativa e fotossíntese. Os 
caules de plantas arbóreas representam base para a produção de 
madeira e celulose (eucaliptos e pinheiros). O crescimento primário é 
 
 
18 
caracterizado pelo aumento em comprimento principalmente pelo 
alongamento dos entrenós e o crescimento secundário é caracterizado 
pelo aumento da circunferência de regiões que não apresentam mais 
alongamento. 
• A morfologia externa classifica os caules aéreos como: haste, tronco, 
colmo, estipe, estolho, cladódio, pseudobulbo, volúvel e sarmentoso. As 
variações morfológicas refletem as adaptações ao ambiente. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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corpo da planta. São Paulo: Blucher, 2013. 726 p. 
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SOUZA, V. C.; FLORES, T. B.; LORENZI, H. Introdução à botânica: morfologia. 
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