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Fisioterapia – Dermatofuncional Unidade 1 • Anatomia e fisiologia dermatológica - Epiderme - Derme - Tela subcutânea (hipoderme) - Anexos da pele • Envelhecimento - Tipos de envelhecimento - Teorias sobre o envelhecimento - Modificações da pele com o envelhecimento - Técnicas de revitalização da pele • Acne - Etiopatogenia da acne - Classificação da acne -Tratamento da acne • Cosméticos -Classificação da pele - Higienizantes - Esfoliantes - Nutrição - Fotoprotetores Anatomia e fisiologia dermatológica Você sabia que a pele é um órgão? Aliás, é o maior órgão do corpo humano – e, assim como nossos demais órgãos (coração, estômago, pulmões etc.), é uma estrutura viva que desempenha funções específicas. Então, vamos começar aprendendo sobre a anatomia e a fisiologia da pele e de outras estruturas que compõem o sistema tegumentar. A pele reveste toda a parte externa do nosso corpo, com exceção dos órgãos genitais. Sua principal função é de proteção, funcionando como uma barreira entre o meio externo e o interno. As proteínas e os lipídeos presentes na camada mais externa da pele impedem o atrito, a entrada de sujeira e de microrganismos, e a saída de água. Já a melanina, pigmento produzido pelos melanócitos, protege a pele da radiação ultravioleta. Finalmente, as células de Langerhans, presentes na epiderme, auxiliam na nossa imunidade celular, protegendo o organismo de ataques microbianos. Outra importante função da pele é regular a temperatura do corpo, auxiliando a manter nossa temperatura interna estável (em torno de 36 ºC). Essa função é exercida principalmente pelos vasos sanguíneos subcutâneos, que se contraem para conservar o calor e se dilatam para auxiliar na eliminação de calor, e pelas glândulas sudoríparas, que produzem suor para baixar nossa temperatura. A pele também age como uma reserva de nutrientes: armazena gordura na forma de triglicérides nos adipócitos da tela subcutânea (hipoderme). Finalmente, a moderação de impactos sensitivos é outra função da pele. Receptores de tato, pressão, calor, frio e dor presentes na pele captam esses estímulos e os transmitem até o sistema nervoso central (SNC). A pele é composta por três camadas: epiderme, derme e tela subcutânea (Figura 1). Na sequência, estudaremos cada camada, assim como os anexos cutâneos. EPIDERME A epiderme é a camada mais superficial da pele, com espessura muito delgada: menos de 0,12 mm na maior parte do corpo, segundo Guirro e Guirro (2003). É formada por tecido epitelial, composto por células chamadas queratinócitos (que produzem a queratina, uma proteína insolúvel, fibrosa, resistente e impermeável), por melanócitos (células que produzem a melanina, que dá pigmento à pele e aos pelos), pelas células de Langerhans (células de proteção e defesa) e pelas células de Merkel (responsáveis pela sensibilidade tátil). A epiderme não tem vasos sanguíneos, e as células de sua camada basal recebem nutrientes e oxigênio dos vasos sanguíneos presentes na derme por difusão. Apesar de sua pequena espessura, a epiderme é composta por células que se dispõem em quatro a cinco camadas, conforme demonstra a Figura 2. A camada mais profunda é chamada basal ou germinativa, e é constituída por células vivas, que estão constantemente se dividindo. Essas células empurram as células maduras para cima e vão perdendo água até morrerem e descamarem para a superfície. Em um indivíduo jovem, esse ciclo de renovação celular acontece a cada 28 a 30 dias. Acima da camada germinativa, temos as camadas espinhosa, granulosa e lúcida (presente apenas na pele espessa), e, mais externamente, a camada córnea. Essa última é formada por vários planos de células mortas, achatadas, ricas em queratina, que conferem impermeabilidade e proteção à pele e são eliminadas regularmente. DERME Logo abaixo da epiderme, encontramos a derme. Segundo Guirro e Guirro (2003), a derme tem espessura média de 2 mm, é formada por tecido conjuntivo e, sobre ela, está apoiada a epiderme. É na derme que encontramos as fibras elásticas, colágenas e reticulares, os vasos sanguíneos, os vasos linfáticos e os nervos. Ela também contém as glândulas sebáceas e sudoríparas, que produzem, respectivamente, o sebo e o suor. A derme tem duas camadas: a derme papilar e a derme reticular. Na camada papilar, formada por tecido conjuntivo frouxo, encontramos as papilas dérmicas, projeções digitiformes que, por aumentarem a área de contato entre derme e epiderme, permitem a troca de nutrientes entre essas duas camadas. A camada reticular é constituída por tecido conjuntivo denso não modelado, e é nela que encontramos a maior parte das fibras (MARIEB; WILHELM; MALLAT, 2014). TELA SUBCUTÂNEA (HIPODERME) Abaixo da derme, encontra-se a tela subcutânea, também denominada hipoderme. Camada mais profunda da pele, é formada por tecido adiposo e tecido conjuntivo frouxo. Guirro e Guirro (2003) listam as funções desse tecido adiposo: reservatório de energia, isolante térmico, modelagem da superfície corporal, absorção de choque e fixação de órgãos. A principal célula do tecido adiposo é o adipócito (Figura 3), capaz de armazenar gordura em seu interior sob a forma de triglicerídeos. Com o ganho de peso, a tela subcutânea fica mais espessa. Nas mulheres, a gordura subcutânea acumula-se inicialmente nas coxas e mamas. Nos homens, acumula-se inicialmente na parte anterior do abdômen (MARIEB; WILHELM; MALLAT, 2014, p. 115). ANEXOS DA PELE Completam as estruturas do sistema tegumentar os chamados anexos da pele, ou cutâneos: pelos, unhas, glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas. Os pelos nascem dos folículos pilosos e são excelentes receptores táteis. Também servem para manter o corpo aquecido – função que, porém, foi diminuída ao longo da evolução humana. As unhas são feitas de queratina – por isso, são resistentes –, e sua principal função é nos auxiliar a pegar objetos pequenos e finos. As glândulas sebáceas produzem o sebo, que lubrifica e amacia nossa pele e nossos pelos. As glândulas sudoríparas, por sua vez, produzem o suor, auxiliando no resfriamento do nosso corpo. Envelhecimento É progressivo, inevitável e irreversível. Todos os nossos órgãos envelhecem; porém, é na pele que o passar dos anos torna-se mais evidente. Rugas, flacidez, manchas e diminuição dos pelos são alguns dos sinais de que já não somos mais jovens. O conhecimento sobre o processo de envelhecimento permite ao fisioterapeuta dermatofuncional lançar mão de várias técnicas e cosméticos para retardar o aparecimento desses sinais e promover uma revitalização da pele madura. TIPOS DE ENVELHECIMENTO Borges e Scorza (2016) explicam que há dois tipos de processo de envelhecimento: envelhecimento intrínseco e envelhecimento extrínseco. O envelhecimento intrínseco é o envelhecimento natural, incontrolável, determinado pelo passar dos anos e pela nossa genética. Já o envelhecimento extrínseco, também chamado fotoenvelhecimento, é provocado por fatores externos que aceleram o processo de envelhecimento, sendo a radiação ultravioleta proveniente do Sol o principal fator de envelhecimento da pele. Além dela, são responsáveis pelo envelhecimento extrínseco: radiação ionizante, poluição e fumo, entre outros fatores. Como podemos ver, não há como parar o processo de envelhecimento intrínseco. No entanto, podemos adotar, desde cedo, hábitos que retardem o envelhecimento extrínseco, mantendo a pele saudável e com aparência mais jovem. Podemos, portanto, dizer que o envelhecimento é multifatorial, com fatores de origem genética e ambiental. Vamos conhecer as teorias que explicam esse processo tão complexo. TEORIAS SOBRE O ENVELHECIMENTOAtualmente, uma das teorias mais aceitas sobre o porquê de envelhecermos é a teoria dos radicais livres. Conforme nos explicam Borges e Scorza: Os radicais livres são átomos ou moléculas com elétrons não pareados, ou seja, falta em sua estrutura química um elétron. Por esse motivo, os radicais livres atacam outras moléculas para “roubar” elétrons e, assim, tornarem-se estáveis. Essas moléculas atacadas se tornam radicais livres que irão tentar o mesmo com outras moléculas, estabelecendo uma reação em cadeia, que pode causar vários danos ao organismo, até o ponto em que a célula morre. Essa reação em cadeia é chamada de estresse oxidativo (2016, p. 72). Com o tempo, cada vez mais as células sofrem os efeitos dos radicais livres. Na pele, as principais alterações acontecem nas funções biológicas das proteínas (como o colágeno) e do ácido hialurônico, que vão perdendo suas funções. Dessa maneira, a pele torna-se flácida e desidratada. Os radicais livres vêm de fontes internas, associadas a reações metabólicas de oxidação nas mitocôndrias, fagocitose durante o processo de inflamação e ação de enzimas que podem, indiretamente, produzir espécies reativas de oxigênio; porém, também há as fontes externas, como a radiação solar UVA, pesticidas, poluição, cigarros e estresse. Outra explicação para o envelhecimento relaciona-se aos telômeros. O envelhecimento é geneticamente programado por um tipo de “relógio biológico”, que pode localizar-se em toda a célula ou influenciar outros tecidos: é o telômero. Cada vez que a célula se divide, o telômero encurta-se ligeiramente, garantindo, porém, que a informação genética relevante seja copiada para a célula duplicada. Como os telômeros não se regeneram, chega-se a a um ponto em que, de tão encurtados, não permitem mais a ideal replicação cromossômica. Desse modo, a célula perde sua capacidade de divisão, desencadeando o processo de envelhecimento. Veja a representação desse fenômeno na Figura 5. Por fim, temos também a glicação. A glicose fixa- se às fibras de colágeno e elastina da derme, enrijecendo e quebrando essas fibras; desse modo, a derme é danificada, perde sua elasticidade, e as rugas e a flacidez instalam-se. Tudo isso acarreta mudanças graduais na estrutura e na função da pele, que passa a apresentar sinais visíveis de envelhecimento. MODIFICAÇÕES DA PELE COM O ENVELHECIMENTO Durante o processo de envelhecimento intrínseco, as células vão perdendo a capacidade de se replicar e de captar nutrientes. As fibras colágenas, elásticas e reticulares vão-se degenerando, e surgem a flacidez e as rugas. A pele torna-se menos hidratada e elástica, e as glândulas passam a secretar menos sebo e suor, deixando a pele ressecada e áspera. Há um achatamento da junção dermoepidérmica, o que diminui a passagem de oxigênio e nutrientes da derme para a camada basal da epiderme (BORGES; SCORZA, 2016). Já no envelhecimento extrínseco, a pele envelhecida pelo sol apresenta-se amarelada, com pigmentação irregular, enrugada, atrófica, com telangiectasias e com lesões pré-malignas. O sol degenera as fibras elásticas e colágenas, o que torna a pele flácida e desvitalizada. Além disso, altera a permeabilidade da membrana celular, tornando ineficiente a absorção de água e nutrientes e deixando a pele com aspecto ressecado, com coloração ligeiramente amarelada e resposta imunológica diminuída (BORGES; SCORZA, 2016). Segundo Hirata, Sato e Santos, os envelhecimentos intrínseco e extrínseco sobrepõem-se, resultando na Formação de rugas, aumento da fragilidade e diminuição da cicatrização de feridas. A pele torna-se mais fina, pálida, seca e há um aumento de rugas. O sistema superficial capilar torna-se visível, desordens pigmentares aparecem, a pele perde a firmeza e as suas propriedades mecânicas. Células cutâneas se proliferam na epiderme dando aparência irregular. Há menos colágeno e fibras elásticas, resultando na diminuição da elasticidade da pele. Os fibroblastos e os queratinócitos se reproduzem mais lentamente. A função de barreira da pele é diminuída e o sistema de defesa da pele é menos eficiente, pois as células de Langerhans são exauridas e as que restam são menos ativas. A atividade do fibroblasto é diminuída, com síntese lenta de colágeno (2004, p. 419). A Figura 6 mostra algumas modificações da pele com o envelhecimento. Na derme, as fibras de colágeno atrofiam-se, e as elásticas rompem-se. Com isso, a derme perde sua capacidade de sustentação. A epiderme torna-se mais fina e desidratada, e surgem sulcos na superfície, formando as rugas. As glândulas sebáceas têm sua atividade diminuída e passam a produzir menos sebo, lubrificando e protegendo menos a pele. A melanina deixa de ser produzida na raiz do pelo, tornando-o branco. Um dos sinais mais evidentes do envelhecimento cutâneo são os sulcos ou pregas na superfície da pele, ou seja, as rugas. Elas podem ser classificadas em: Rugas dinâmicas Rugas estáticas Durante o envelhecimento, a pele, principalmente das regiões expostas ao sol, fica mais propensa ao aparecimento de manchas – chamadas melanoses solares, lentigos solares ou manchas senis (Figura 9). Essas manchas são hiperpigmentadas, acastanhadas, causadas pela hiperprodução de melanina pelos melanócitos. Manchas senis. Apesar do processo de envelhecimento ser inevitável, há diversas técnicas fisioterápicas que melhoraram o aspecto geral da pele, tornando-a mais hidratada, nutrida, luminosa e suave ao toque. TÉCNICAS DE REVITALIZAÇÃO DA PELE O processo de envelhecimento é natural e atinge a todos nós, mas isso não significa que não seja possível retardar o aparecimento de alguns sinais nem minimizar os efeitos do tempo na pele. As chamadas técnicas de revitalização da pele compreendem o uso de eletroterapia, de terapias manuais e de cosméticos, compondo protocolos de fisioterapia dermatofuncional para os diversos tipos e situações da pele. Os objetivos desses protocolos são: • Melhorar a qualidade e a aparência da pele da face, do colo e do pescoço; • Estimular o metabolismo cutâneo; • Potencializar a renovação celular; • Repor a umidade da pele; • Melhorar o contorno facial. Os equipamentos de eletroterapia podem ajudar a combater o envelhecimento. São eles: o laser de baixa potência; a radiofrequência; as microcorrentes; a vacuoterapia; o peeling de cristal; e o jato de plasma Alberini. Já em relação às terapias manuais, o fisioterapeuta pode utilizar técnicas de mobilizações manuais da face, visando alongá-la e liberá-la de aderências. Devido à plasticidade do tecido conjuntivo, essa técnica é capaz de alterar sua morfologia, gerando adaptações aos estímulos mecânicos e um “efeito lifting” (SILVA et al., 2013, p. 535). A massagem relaxante facial contribui para aumentar a circulação e, consequentemente, a nutrição das células, além de relaxar pontos de tensão e aumentar a permeação dos ativos dos cosméticos. Por fim, em relação aos cosméticos, destaca-se a importância do uso dos fotoprotetores e dos hidratantes cutâneos; dos retinoides e das vitaminas; e dos fatores de crescimento (COSTA, 2012). Os antioxidantes têm funções muito benéficas ao organismo para proteção contra os radicais livres, sendo sua função primária o fornecimento de elétrons no intuito de reduzir a velocidade de iniciação e/ou propagação dos processos oxidativos, o que minimiza danos às moléculas e estruturas celulares. Esses antioxidantes podem ser obtidos por meio da alimentação ou pelo uso de cosméticos. Ativos como a vitamina E, a coenzima Q10 e os oligoelementos (zinco, selênio, cobre e manganês) auxiliam a neutralizar a ação danosa dos radicais livres e, consequentemente,reduzem o estresse oxidativo e o envelhecimento celular. Após anamnese e avaliação detalhada do tipo de pele do cliente, o fisioterapeuta lança mão de seus conhecimentos acerca dos recursos disponíveis na fisioterapia dermatofuncional e monta um protocolo individualizado para a revitalização da pele, diminuindo os sinais do envelhecimento e tratando queixas específicas. Além disso, orienta seus clientes a prevenirem o envelhecimento da pele, usando fotoprotetores e mantendo hábitos de vida saudáveis. Acne A acne é uma doença de pele que se traduz pelos indesejáveis cravos e espinhas, conforme vemos na Figura 10. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), surge devido a um processo inflamatório das glândulas sebáceas e dos folículos pilossebáceos. Apesar de mais comum na adolescência, pode atingir também adultos – e afetar negativamente a autoestima do indivíduo. Por isso, é uma doença que precisa ser tratada. Há muitos mitos envolvendo a acne, assim como inúmeras “soluções caseiras” para eliminá-la. O fisioterapeuta dermatofuncional, portanto, deve estar preparado para avaliar o quadro de acne, propor o tratamento adequado para cada caso e orientar cosméticos e cuidados domiciliares que, mesmo não eliminando completamente o quadro de acne, possam minimizar as incômodas lesões. O primeiro passo para tratar a acne é, então, entender como ela se forma. ETIOPATOGENIA DA ACNE As glândulas sebáceas produzem o sebo, uma mistura de triglicerídeos, ácidos graxos e colesterol que lubrifica a pele e os pelos, evitando o ressecamento e impedindo a perda excessiva de água para a superfície. Quando há produção excessiva desse sebo, a pele torna-se lipídica (oleosa), o que favorece o aparecimento da acne, conforme a Figura 11. Segundo Costa, Alchorne e Goldschmidt (2008), os fatores implicados na etiopatogenia da acne são: hiperprodução de sebo glandular, hiperqueratinização folicular, colonização bacteriana folicular e liberação de mediadores da inflamação no folículo e derme adjacente. Alguns hormônios sexuais andrógenos, principalmente a testosterona, estimulam as glândulas sebáceas, que passam a produzir mais sebo. Esse sebo acaba por obstruir o folículo piloso. Há uma proliferação dos queratinócitos, gerando uma hiperqueratinização folicular. Isso torna o ambiente propício para o desenvolvimento bacteriano, principalmente para a bactéria Propionibacterium acnes. A pele torna-se inflamada, apresentando pápulas, pústulas e nódulos. A acne tem um componente hereditário. A influência da hereditariedade é maior quanto mais elevado for o grau da acne. Atualmente, temos vários tipos de tratamento para a acne, realizados por médicos, fisioterapeutas e esteticistas. O passo inicial para o bom tratamento é estabelecer qual o grau da acne, a partir da identificação dos tipos de lesão presentes. CLASSIFICAÇÃO DA ACNE A acne aparece principalmente nas regiões em que há maior concentração das glândulas sebáceas: face, pescoço, costas, tórax, ombros e na porção superior dos braços. Comedões De início fechados, manifestam-se como pequenos grãos miliares, levemente salientes, brancos (comedão fechado, ou “cravo branco”). Quando o orifício folicular se dilata, o comedão oxida-se e torna-se escuro (comedão aberto, ou “cravo preto”). Pápula Surge como área de eritema e edema em redor do comedão, com pequenas dimensões (até 3 mm). Pústula Sobrepõe-se à pápula, por inflamação da mesma e conteúdo purulento. Cisto Grande comedão que sofre várias rupturas e recapsulações – globoso, tenso, saliente, com conteúdo pastoso e caseoso. Nódulos Têm estrutura idêntica à pápula, mas de maiores dimensões, podendo atingir 2 cm. O grau da acne é definido pelo tipo de lesão: Grau I Presença de comedões abertos e fechados. Não é inflamatória, e é denominada comedogênica. Grau II Presença de comedões abertos e fechados, pápulas e pústulas. Grau III Presença de comedões abertos e fechados, pápulas, pústulas e nódulos. Grau IV Comedões abertos e fechados, pápulas, pústulas, nódulos e cistos. Alguns autores citam, ainda, uma acne grau V, chamada acne fulminans, ou acne fulminante. É rara, mas bem grave. Ela é considerada uma doença sistêmica, pois, além dos nódulos inflamatórios e das crostas hemorrágicas, há artralgia (dores nas articulações) e febre. TRATAMENTO DA ACNE O tratamento da acne é multiprofissional, e envolve medicamentos, cosméticos e fototerapia. Além disso, é necessário atuar em todas as fases da sua formação, com os objetivo de: • Diminuir a atividade da glândula sebácea; • Diminuir a população da Propionibacterium acnes; • Corrigir a queratinização folicular; • Inibir a inflamação. O tratamento sistêmico – de responsabilidade do médico – utiliza antibióticos, terapia hormonal e isotretinoína. Já o tratamento tópico (fisioterápico) consiste em usar agentes de limpeza que controlem a produção e removam o sebo, além de ácidos que afinem a camada córnea. A limpeza de pele é fundamental no tratamento da acne, pois haverá a extração dos comedões e das pápulas. A camuflagem consiste no uso de maquiagem para camuflar (disfarçar) as lesões de acne e uniformizar a pele. O tratamento exige paciência e persistência; porém, os resultados compensam o tempo e o dinheiro investidos. Cosméticos Você sabe o que é um cosmético? Segundo Borges e Scorza (2016), é um produto destinado a embelezar a pele e seus anexos, sem afetar sua estrutura ou função (Figura 13). Os cosméticos são aliados importantíssimos nos tratamentos dermatofuncionais, e o fisioterapeuta deve ter segurança na escolha dos produtos que comporão seus protocolos de tratamentos e o seguimento doméstico. Assim, deve conhecer os principais compostos de um cosmético: princípio ativo, veículo, corante, fragrância, corretivos e conservantes (BORGES; SCORZA, 2016). Princípio ativo É responsável pela ação do cosmético na pele (BORGES; SCORZA, 2016). Exemplos: ácido hialurônico, azuleno, sílica, matrixyl e castanha- da-Índia. Podem ter ação hidratante, adstringente, antirradicais livres, entre várias outras. Veículo É a substância que leva o princípio ativo para a pele e constitui a maior parte da formulação. É o que determina a forma física do cosmético – emulsão, gel, óleo etc. (BORGES; SCORZA, 2016). Corante e fragrância São substâncias responsáveis pela cor e pelo odor do produto e visam ao aspecto comercial (BORGES; SCORZA, 2016), ou seja, não têm uma ação específica – e, em algumas peles, podem desencadear reações alérgicas. Corretivos São substâncias utilizadas para corrigir a fórmula do cosmético, conforme o efeito desejado (BORGES; SCORZA, 2016). Conservantes Servem para preservar o cosmético, assegurando seu prazo de validade e a segurança de seu uso (BORGES; SCORZA, 2016). Normalmente, são antimicrobianos e antioxidantes. Antes de o fisioterapeuta selecionar quais cosméticos usará no seu protocolo de tratamento ou indicará para uso doméstico, é necessário avaliar e classificar a pele do cliente. CLASSIFICAÇÃO DA PELE A polonesa Helena Rubinstein foi quem primeiro desenvolveu uma classificação da pele, utilizada até hoje. Essa classificação depende da quantidade da secreção das glândulas sebáceas (Borges; Scorza, 2016). • Pele alípica Seca, fina, descamativa, tem pouca produção de sebo. • Pele lipídica Oleosa, espessa, brilhosa, tem a produção de sebo aumentada. • Pele eudérmica Normal, lisa, não brilhante, com produção equilibrada de sebo. • Pele mista Produção de sebo aumentada na zona T (testa, nariz e queixo) e com a pele do restante da face eudérmica ou alípica. Outra forma de classificara pele é pelo fototipo cutâneo. Em 1976, o Dr. Thomas Fitzpatrick desenvolveu uma classificação da pele baseada na cor e na reação à exposição solar, estabelecendo seis fototipos, como demonstra a Figura 14. Fototipo I Queima com facilidade, raramente se bronzeia; muito sensível ao sol. Fototipo II Queima com facilidade, bronzeia muito pouco; sensível ao sol. Fototipo III Queima e bronzeia moderadamente; sensibilidade normal ao sol. Fototipo IV Queima pouco, bronzeia com facilidade; sensibilidade normal ao sol. Fototipo V Queima pouco, bronzeia bastante; pouco sensível ao sol. Fototipo VI Queima pouco e menos aparentemente; mais resistente ao sol. A partir da classificação da pele, levando em consideração o tipo, fototipo, grau de envelhecimento e outras características, é possível eleger os cosméticos. Esses cosméticos serão usados nas fases indispensáveis a todo tratamento dermatofuncional: higienização, esfoliação, nutrição e fotoproteção. HIGIENIZANTES O primeiro passo do cuidado com a pele é a higienização, que eliminará as impurezas da poluição, células mortas, suor, sebo e, eventualmente, maquiagem. O primeiro passo do cuidado com a pele é a higienização, que eliminará as impurezas da poluição, células mortas, suor, sebo e, eventualmente, maquiagem. Deve ser realizada com cosméticos e técnicas que não danifiquem a pele nem removam totalmente o manto hidrolipídico, o que comprometeria a proteção e a hidratação. São cosméticos higienizantes os sabonetes em barra ou líquidos, as espumas de limpeza, o leite de limpeza e a água micelar. Qual escolher, porém? Dependendo do tipo de pele, usaremos: • Sabonete e gel de limpeza São indicados para peles oleosas, por conterem maior poder adstringente e serem, normalmente, livres de oleosidade. • Leites e emulsões de limpeza Devem ser utilizados em peles secas e sensíveis, por conterem um teor oleoso maior, deslizarem de forma suave e serem facilmente removidos, evitando abrasão sobre a pele durante sua aplicação ou retirada, além de manterem a umectação superficial. • Sabonete líquido suave ou loção de limpeza Para as peles mistas, por constituírem o meio- termo entre os limpadores citados anteriormente, ou seja, não adstringem demais e ainda mantêm a umectação da pele. O produto escolhido deve ser espalhado com as mãos pelo rosto e pescoço, em pequena quantidade, com movimentos circulares. Para retirá-lo, usar água fria. Água quente não deve ser utilizada, pois o calor dilata os poros. Outro cuidado a tomar é em relação ao pH (escala de acidez) do produto. Como o pH da nossa pele é ácido, devemos usar produtos que respeitem essa acidez, evitando higienizantes alcalinos. ESFOLIANTES A frequência da esfoliação dependerá do que foi analisado na avaliação inicial, ou seja, na classificação da pele. A frequência da esfoliação dependerá do que foi analisado na avaliação inicial, ou seja, na classificação da pele. A esfoliação consiste na eliminação das células mortas da camada córnea da epiderme, conforme ilustra a Figura 15. Objetiva suavizar a superfície cutânea, estimular o fluxo sanguíneo na face e facilitar a permeação dos ativos dos cosméticos. • Esfoliação/peeling físico Aplicação de cosméticos com substâncias abrasivas, como semente de damasco, casca de arroz, casca de noz ou sílica, em movimentos circulares que esfoliam mecanicamente a pele. • Esfoliação/peeling enzimático ou biológico Utiliza enzimas derivadas de frutas, como a papaína, bromelina ou quimotripsina, que quebram as ligações químicas dos queratinócitos e favorecem seu desprendimento. • Esfoliação/peeling mecânico Abrasão mecânica da pele, com o uso de cristais de óxido de alumínio (peeling de cristal) ou com uma lixa de ponta de diamante (peeling de diamante). • Esfoliação/peeling químico Uso de alfa-hidroxiácidos (AHAs), que reduzem a coesão entre os queratinócitos. Alguns dos ácidos mais utilizados para esse fim são o mandélico, salicílico e glicólico. NUTRIÇÃO Os nutrientes fundamentais para o bom funcionamento das células e estruturas que compõem nossa pele vêm principalmente da alimentação (é a nutrição “de dentro para fora”). Os nutrientes fundamentais para o bom funcionamento das células e estruturas que compõem nossa pele vêm principalmente da alimentação (é a nutrição “de dentro para fora”). Podemos, porém, reforçar essa nutrição com o uso de cosméticos, fazendo um processo “de fora para dentro”. Vitaminas e oligoelementos são nutrientes indispensáveis à saúde da pele. As vitaminas são micronutrientes, substâncias importantes para o bom funcionamento das nossas células. Podem ser adicionadas a cosméticos, como sabonetes, cremes e séruns. Entre as vitaminas mais importantes para a saúde da nossa pele, destacam-se: Clique nas abas para saber mais VITAMINA A Participa da conservação do tecido epitelial, regenerando o tecido e melhorando sua elasticidade. Também tem ação antioxidante, combatendo os radicais livres. VITAMINA C Também é antioxidante, auxilia na produção de colágeno e tem efeito clareador. VITAMINA B Antioxidante e regeneradora da pele. Os oligoelementos são minerais que participam das reações químicas do nosso corpo, melhorando o metabolismo celular e agindo como antioxidantes, minimizando os efeitos dos radicais livres. São eles: zinco, selênio, cobre e manganês. As argilas são ricas em oligoelementos e outros minerais e usadas em diversos tratamentos dermatofuncionais. Segundo Amorim e Piazza (2015), os benefícios das argilas incluem a purificação e a remineralização da pele, ação tensora e eficácia no controle da oleosidade. A cor da argila é determinada pelo principal elemento que a compõe. Assim, temos: Argila branca Rica em silício e alumínio, tem ação antisséptica, indicada para controle da acne. Também clareia a pele e, por isso, é indicada para tratar manchas. Argila verde Rica em silício e zinco, é adstringente e purificadora, indicada para controle da oleosidade. É ideal para peles lipídicas e acneicas. Argila amarela Rica em silício e potássio, induz a síntese de colágeno. É indicada para peles maduras e envelhecidas. Argila vermelha Rica em silício e óxido de ferro, regula o fluxo sanguíneo e tem efeito tensor. Indicada para peles desvitalizadas. Incluídas na composição de cosméticos ou utilizadas na forma de máscaras, as argilas têm lugar garantido nos protocolos dermatofuncionais. Nenhum protocolo dermatofuncional, porém, está completo sem a finalização dos fotoprotetores. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACNE. Postado por Telemedicina Nuvem do Conhecimento (1min. 25s.). son. color. port. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=PzrKSzDxMc A>. Acesso em: 4 mar. 2021. ALBERINI, R. C. Dermatoterapia funcional. Curitiba: Contentus, 2020. AMORIM, M. I.; PIAZZA, F. C. P. Uso das argilas na estética facial e corporal. Itajaí, Universidade Vale do Itajaí, 2015. Disponível em <http://siaibib01.univali.br/pdf/monthana%20imai %20de%20amorim.pdf>. 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