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1. INTRODUÇÃO A primeira Constituição de Moçambique entrou em vigor quando o país alcançou sua independência em 25 de junho de 1975. Inicialmente, o Comitê Central da FRELIMO era responsável por realizar emendas constitucionais até que, em 1978, fosse criada uma Assembleia com poderes para elaborar a Constituição. Dada a importância crucial da constituição como a base legal do Estado moçambicano, é fundamental que os cidadãos compreendam seu conteúdo. O Estado é uma entidade coletiva, cuja organização é definida por um conjunto de normas, conhecido como estatuto. Essas normas estabelecem os órgãos do Estado e asseguram seu funcionamento. O estatuto é a forma mais importante e essencial pela qual a comunidade como um todo expressa sua existência e é comumente denominado Constituição. 2. Desenvolvimento 2.1 Origem da constituição Segundo (Canotilho, 1941), a base da constituição e das liberdades fundamentais é uma teoria presente no liberalismo político, crucial para a estrutura institucional desse sistema. De acordo com essa perspectiva, a própria constituição, como elemento essencial da estrutura fundamental, é considerada um processo justo que abrange as mesmas liberdades políticas e protege a liberdade de pensamento. A integração dessas liberdades em um sistema coeso forma uma teoria das liberdades básicas, fundamentada em uma concepção política da pessoa e é essencial para justificar um regime constitucional. As teorias dos direitos básicos são elementos significativos em uma teoria normativa da constituição, inseridas em uma teoria do político. A constituição é entendida como um processo político justo que inclui as mesmas liberdades políticas e visa assegurar seu valor justo, tornando os processos de decisão política acessíveis a todos de forma igualitária. Portanto, a Constituição se torna o conjunto de regras comuns para cidadãos iguais, que especifica e detalha as liberdades básicas. 2.2 História da constituição Moçambicana e estrutura da constituição Em 25 de junho de 1975, Moçambique alcançou sua independência e, simultaneamente, entrou em vigor a primeira constituição do país. Até que a Assembleia Constituinte fosse formada em 1978, a responsabilidade pela revisão constitucional estava a cargo do Comitê Central da FRELIMO. Reconhecendo a importância da constituição como a base legal essencial do Estado moçambicano e a necessidade de que os cidadãos compreendam seu conteúdo, segue-se uma breve referência à evolução constitucional de Moçambique. Ao longo do desenvolvimento do país, tornou-se evidente a necessidade de revisar a Constituição. Nesse processo, a Constituição passou por três momentos principais: · A Constituição de 1975 · A Constituição de 1990 · A Constituição de 2004 De acordo com Miranda (1997), a elaboração da constituição formal definitiva pode ocorrer de diversas maneiras, influenciada por inevitabilidades históricas e fatores jurídico-políticos ligados à forma de governo, legitimidade do poder e participação da comunidade política. A Constituição de 1990 representou um ponto crucial na história de Moçambique, ao estabelecer o Estado de direito democrático, com base na separação de poderes, pluralismo político, liberdade de expressão e respeito aos direitos fundamentais. Foi a primeira vez que Moçambique adotou um sistema multipartidário, legalizando 18 partidos políticos pouco antes das primeiras eleições gerais multipartidárias. Por outro lado, a Constituição de 1975 desempenha um papel essencial na compreensão da evolução constitucional do país. Esta Constituição foi inovadora em sua abordagem formal, organizando os assuntos de forma mais clara e tratando cada artigo de maneira específica, precedido por um título para facilitar sua localização. A nova Constituição foi aprovada em 16 de novembro de 2004. A Constituição da República de Moçambique (CRM) de 2004 reitera, desenvolve e aprofunda os princípios fundamentais do Estado moçambicano. Ela consolida o caráter soberano do Estado de direito democrático, baseado no pluralismo de expressões, organizações partidárias e no respeito pelos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos. Esta constituição foi alvo de uma revisão específica, aprovada pela Lei 1/2018 de 12 de Junho. Essa revisão foi motivada pela necessidade de ajustá-la ao processo de consolidação da reforma democrática do Estado, ao aprofundamento da democracia participativa e à garantia da paz. A revisão reafirmou o respeito aos valores e princípios da soberania e unidade do Estado, conforme disposto na Constituição da República. Durante essa revisão, foram feitas alterações nos artigos 8, 135, 137, 138, 139, 159, 160, 166, 195, 204, 226, 244, 250, 275, 292 e no Título XII, correspondente ao Novo Pacote Eleitoral, que regula questões eleitorais em curso no país. A Constituição da República de Moçambique é organizada em várias partes e seções que abordam diferentes aspectos da organização e funcionamento do Estado, bem como os direitos e deveres dos cidadãos. 4.Conclusão A Luta Armada de Libertação Nacional, em resposta aos anseios históricos do nosso Povo, uniu todas as camadas patrióticas da sociedade moçambicana em um objetivo comum de liberdade, unidade, justiça e progresso, com o propósito de libertar a terra e o Homem. Conquistada a Independência Nacional em 25 de Junho de 1975, foram devolvidos ao povo moçambicano os direitos e liberdades fundamentais. A Constituição de 1990 introduziu o Estado de Direito Democrático, fundamentado na separação e interdependência dos poderes e no pluralismo, estabelecendo os parâmetros estruturais da modernização e contribuindo de forma decisiva para a criação de um ambiente democrático que levou o país à realização das primeiras eleições multipartidárias. A atual Constituição reafirma, desenvolve e aprofunda os princípios fundamentais do Estado moçambicano, consagrando o caráter soberano do Estado de Direito Democrático, baseado no pluralismo de expressão, na organização partidária e no respeito e garantia dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos. A ampla participação dos cidadãos na elaboração da Lei Fundamental reflete o consenso resultante da sabedoria coletiva no fortalecimento da democracia e da unidade nacional. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Canotilho, J. J. (1941). Direito Constitucional (7 ed.). (E. Almedina, Ed.) portugal: Coimbra. MIRANDA, J. (1997). Manual de Direito Constitucional. Coimbra. Legislação consultada Constituição da República de Moçambique de 1975. Constituição da República de Moçambique de 1990. Constituição da República de Moçambique de 2004.