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APG 11- HISTOLOGIA E CONTRAÇÃO DAS FIBRAS MUSCULARES -
ABERTURA 14/03 - FECHAMENTO 18/03
Principais características do tecido muscular
O tecido muscular é constituído de células alongadas, que contêm no seu
citoplasma grande quantidade de proteínas motoras. Essas proteínas estão
organizadas de maneira a promover a transformação de energia química
armazenada em moléculas de trifosfato de adenosina (ATP) em energia mecânica,
que é utilizada para a contração das células e dos músculos. A contração individual
das células musculares que constituem um músculo é agregada de modo a gerar
força e movimento.
As células musculares, também denominadas miócitos, têm origem mesodérmica.
De acordo com suas características morfológicas e funcionais, distinguem-se três
tipos de tecido muscular: estriado esquelético, estriado cardíaco e liso. Por serem
alongadas, as células musculares são também chamadas fibras.
O tecido muscular estriado esquelético é formado por feixes de longas células
(fibras), multinucleadas, cilíndricas, arranjadas paralelamente entre si. Quando
observadas em cortes longitudinais ao microscópio, as células apresentam faixas
transversais em seu citoplasma, motivo pelo qual são denominadas estriadas. São
fibras de contração rápida e vigorosa, sujeitas ao controle voluntário e constituem os
músculos esqueléticos do corpo.
O tecido muscular estriado cardíaco é formado por curtas células cilíndricas,
também estriadas. Suas fibras aderem entre si por junções celulares chamadas
discos intercalares. Essas fibras constituem a maior parte do coração e sua
contração é involuntária, vigorosa e rítmica.
O tecido muscular liso é formado por curtas células fusiformes, isto é, alongadas e
com as extremidades afiladas. É conhecido como músculo liso porque suas células
não apresentam estrias transversais. Sua contração é lenta e não sujeita ao controle
voluntário. As fibras se localizam principalmente nas vísceras e na parede dos
vasos sanguíneos.
Alguns componentes das células musculares receberam nomes especiais. A
membrana celular é chamada de sarcolema; o citosol, de sarcoplasma; e o retículo
endoplasmático liso, de retículo sarcoplasmático.
Tecido muscular estriado esquelético
As células ou fibras musculares estriadas esqueléticas são formadas na vida
intrauterina a partir de precursores denominados mioblastos, originados do
mesoderma. Eles migram para os locais em que serão formados os músculos,
expressam os fatores de transcrição Pax3 e Pax7, e se fundem paralelamente e
pelas suas extremidades, originando longas células multinucleadas.
O tecido muscular estriado esquelético é formado por células longas (de até 30 cm
de comprimento), cilíndricas, multinucleadas, cujo diâmetro varia de 10 a 100 μm.
Os numerosos núcleos são elípticos e localizam-se na periferia da fibra, logo abaixo
do sarcolema, a membrana plasmática da célula. Essa localização nuclear
característica ajuda a distinguir em cortes histológicos o músculo esquelético do
músculo cardíaco, no qual os núcleos se localizam no centro das fibras.
A característica estrutural mais importante das fibras estriadas esqueléticas e
cardíacas é a existência, em seu citoplasma, de milhares de filamentos cilíndricos
chamados miofibrilas, nas quais se localizam as moléculas responsáveis pelo
aparelho contrátil.
Características histológicas dos três tipos de tecido muscular. Músculo esquelético: fibras com grande diâmetro, longas e multinucleadas;
núcleos situados na periferia da fibra. Músculo cardíaco: fibras curtas e unidas pelos discos intercalares; cada célula tem apenas um ou dois
núcleos, localizados no centro da célula. Músculo liso: células fusiformes, com um núcleo na parte mais dilatada da célula.
Estrutura do músculo esquelético
Cada músculo esquelético de mamíferos é formado por milhares de fibras
musculares estriadas esqueléticas organizadas em feixes ou fascículos. O músculo
é envolvido por uma camada de tecido conjuntivo denso chamada epimísio, que
contém vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. Do epimísio partem septos de
tecido conjuntivo que constituem o perimísio, septos que envolvem e separam os
fascículos de fibras. Em torno de cada fibra muscular há uma delicada camada de
tecido conjuntivo, denominada endomísio , que contém fibras reticulares e células
do tecido conjuntivo, além de uma extensa rede de capilares sanguíneos e nervos.
Funções importantes do tecido conjuntivo dos músculos são manter unidas as fibras
e transmitir aos ossos as forças geradas pela contração. Nas extremidades da
maioria dos músculos, há uma região de transição entre as fibras musculares e os
tendões. Nessa região, as fibras de colágeno do tendão inserem-se em dobras
complexas do sarcolema das fibras musculares.
Organização de um músculo estriado esquelético. As fibras musculares se organizam em feixes e são envolvidas por tecido conjuntivo
disposto em diferentes formações: epimísio, perimísio e endomísio.
Estrutura das fibras musculares esqueléticas
Seus núcleos elípticos situam-se na periferia das fibras e o citoplasma contém
muitas mitocôndrias, concentradas nos locais próximos às sinapses
neuromusculares. O retículo endoplasmático liso, também denominado retículo
sarcoplasmático, é muito desenvolvido e desempenha um papel importante no
processo de contração, que será descrito
mais adiante.
Cada fibra é envolvida por uma lâmina basal, e entre a lâmina basal e o sarcolema
(a membrana plasmática) localizam-se as células satélites, importantes para
processos de regeneração e hipertrofia do músculo esquelético. Mais informações
sobre essas células serão apresentadas na seção Regeneração do tecido muscular.
Cortes longitudinais de fibras musculares esqueléticas observadas ao microscópio
revelam a presença, no citoplasma, de estriações transversais caracterizadas pela
alternância de faixas claras e escuras. Quando as fibras musculares estriadas (tanto
esqueléticas quanto cardíacas) são observadas em um microscópio de polarização,
as faixas escuras brilham (são anisotrópicas), e, por isso, receberam o nome de
bandas A. As faixas claras não brilham, são isotrópicas e, por esse motivo, foram
denominadas bandas I.
No centro de cada banda I, observa-se uma linha transversal escura denominada
disco Z . Além disso, a banda A tem uma zona mais clara no seu centro chamada
banda H, observável por microscopia óptica após colorações especiais e bem
caracterizada por microscopia eletrônica de transmissão.
Corte transversal de um músculo estriado esquelético. Há inúmeras fibras na imagem, algumas marcadas por asteriscos. Os pontos no interior
das fibras são miofibrilas cortadas transversalmente. O tecido conjuntivo do perimísio e do endomísio está corado em verde. (Tricrômico de
Masson. Médio aumento.
Por que se observa a estriação nas fibras
Cada fibra muscular estriada contém no seu citoplasma milhares de filamentos
cilíndricos de 1,5 a 2 μm de diâmetro chamados miofibrilas. Elas se arranjam
paralelamente entre si ao longo do eixo maior da fibra muscular, percorrendo-a em
toda a sua extensão.
Músculo esquelético observado em várias dimensões. Em destaque: as miofibrilas que contêm o aparelho contrátil e seus componentes
estruturais e moleculares. À esquerda, embaixo: observe a localização dos filamentos delgados e grossos no sarcômero. A estrutura molecular
desses elementos é mostrada à direita, embaixo.
Fibras musculares estriadas esqueléticas. Na metade superior: corte transversal das fibras musculares, fibras indicadas por asteriscos. Note os
núcleos localizados na periferia das células. Na metade inferior: três fibras seccionadas longitudinalmente e indicadas por barras. Note a
estriação transversal das fibras.
Cada miofibrila é constituída de uma sequência repetitiva de unidades denominadas
sarcômeros, que medem cerca de 2,5 μm de comprimento. O sarcômero é formado
pela região da miofibrila situada entre dois discos Z sucessivos. Ele contém no
centro uma banda A ladeada por duas metades de bandas I.
Cortes longitudinais de célulasmusculares estriadas observadas ao microscópio
eletrônico de transmissão, em que é possível observar os sarcômeros e as bandas
A, I e os discos Z. A microscopia eletrônica revelou outros fatos muito importantes:
•Os sarcômeros de cada miofibrila, assim como as suas bandas, estão alinhados
com os sarcômeros e com as bandas das miofibrilas vizinhas, isso fica muito
evidente. Por esse motivo, quando se observa ao microscópio uma fibra muscular
cortada em corte longitudinal, as bandas parecem percorrer a fibra em toda a sua
espessura, mas, na verdade, cada banda pertence ao sarcômero da miofibrila em
que está localizada
•As miofibrilas são constituídas de filamentos altamente organizados, dispostos ao
longo das miofibrilas e, portanto, das fibras. Esses filamentos, chamados
miofilamentos, são de dois tipos: delgados e espessos. Nos filamentos delgados,
predominam moléculas de actina, e nos filamentos espessos, moléculas de miosina
2. Além dessas proteínas, há, nas miofibrilas, muitas outras moléculas proteicas.
A localização dos filamentos nas bandas
Cada miofibrila é, portanto, um longo cilindro formado por uma sequência de
inúmeros sarcômeros, delimitados por discos Z.
Por microscopia eletrônica de transmissão, observou-se que os filamentos delgados
de actina estão ancorados nos discos Z e que eles se dirigem para a região central
de cada sarcômero, na qual se intercalam com os filamentos espessos.
Consequências dessa organização: a banda I contém somente filamentos delgados;
e a banda A, filamentos espessos intercalados com filamentos delgados, exceto em
sua região mais central. Esta é ocupada somente por filamentos espessos e
corresponde à banda H. No centro da banda H, os filamentos espessos estão
presos entre si por meio de conjuntos de proteínas que formam o disco M.
Três fibras musculares esqueléticas em corte longitudinal. A estriação transversal é bastante evidente. Observe: os
sarcômeros delimitados por discos Z; as bandas A (escuras); as bandas I (claras); os discos Z nos centros das bandas I.
Diversas moléculas compõem os filamentos e as miofibrilas
Quatro proteínas principais relevantes para a contração muscular formam os
miofilamentos das miofibrilas: actina G, tropomiosina, troponina e miosina 2. Os
filamentos espessos são formados de miosina 2, e as outras três proteínas são
encontradas nos filamentos delgados. A miosina e a actina, juntas, representam
55% do total das proteínas do músculo estriado.
Acompanhe pela Figura 10.8 como são constituídos os filamentos de actina e de
miosina.
O filamento delgado de actina é composto da reunião de moléculas globulares de
actina G. Essas moléculas se reúnem em duas sequências lineares de dois
filamentos enrolados entre si cujo conjunto é o filamento de actina. As moléculas de
actina G têm um sítio que interage com a miosina, também mostra que o filamento
de actina F é polarizado, isto é, tem uma extremidade (+) e outra (–). Nos
sarcômeros, os filamentos de actina ancorados a cada lado do disco Z têm
polaridades opostas entre si; a extremidade ancorada no disco Z é sempre (+) e a
outra extremidade, livre no centro do sarcômero, é sempre (–).
A tropomiosina é uma longa molécula constituída de duas cadeias polipeptídicas
enroladas entre si. Ela se dispõe ao longo de um sulco da molécula de actina
formado pelas sequências globulares de actina G.
A troponina é um complexo de três subunidades de proteínas globulares: TnT, que
se liga fortemente à tropomiosina; TnC, que tem grande afinidade por íons cálcio
(Ca2+); e TnI, que cobre e esconde o sítio ativo da actina, no qual ocorre a
interação da actina com a miosina, inibindo essa interação. Os complexos de
troponina se prendem aos inúmeros sítios específicos de ligação para troponina
existentes na cadeia de tropomiosina.
A molécula de miosina 2 tem a forma de um bastão constituído pela reunião de duas
cadeias polipeptídicas entrelaçadas. Há três domínios ou regiões na molécula:
•Duas cabeças: porções globulares que contêm sítios específicos para ligação de
moléculas de ATP. Além disso, são dotadas de atividade ATPásica, que hidrolisa
ATP e libera energia necessária para a contração. Em cada cabeça há também um
sítio de combinação com a actina
•Cauda: representa o bastão propriamente dito e é formada por duas cadeias
pesadas enroladas entre si
•Dois braços: fazem a ligação entre cada cadeia pesada e cada cabeça. Durante a
contração, atuam como dobradiças.
Esquema simplificado das principais proteínas dos miofilamentos delgados e espessos. Na porção inferior da figura: trecho de uma miofibrila e a
posição dos filamentos em um sarcômero.
Inervação da fibra muscular e estrutura da junção neuromuscular
A contração das fibras musculares esqueléticas é comandada por nervos motores
originados em grandes neurônios presentes no tronco encefálico e na medula espinal. Os
nervos se ramificam no tecido conjuntivo do perimísio dos músculos, originando numerosos
ramos delgados que alcançam a superfície das fibras musculares. Nesses locais, as fibras
nervosas perdem sua bainha de mielina, e o axônio é recoberto apenas por uma delgada
camada de citoplasma das células de Schwann.
Os botões sinápticos dos terminais axonais têm numerosas mitocôndrias, além de vesículas
sinápticas que contêm o neurotransmissor acetilcolina. Esta é sintetizada no citosol da
sinapse a partir de precursores e é transportada para o interior das vesículas sinápticas.
Junto ao sarcolema das fibras musculares, os botões sinápticos dos axônios estabelecem
sinapses chamadas junções neuromusculares ou placas motoras. No local das sinapses, a
superfície da célula muscular apresenta uma leve depressão na qual o botão sináptico fica
parcialmente inserido. O sarcolema que reveste o local da depressão da célula muscular é
pregueado, aumentando a superfície da recepção das moléculas do neurotransmissor. A
fenda sináptica, o espaço entre a membrana do axônio e a lâmina basal, que reveste a
célula muscular, mede de 50 a 100 nm de espessura. O citoplasma da fibra muscular
situado abaixo das pregas da membrana contém vários núcleos, numerosas mitocôndrias,
ribossomos e grânulos de glicogênio.
O sarcolema da junção neuromuscular (a membrana pós-sináptica) tem milhares de
receptores para acetilcolina, que são ancorados na membrana por elementos do
citoesqueleto da fibra muscular. Esses receptores são moléculas transmembrana
que também são canais iônicos dependentes de ligantes, isto é, abrem-se quando
reconhecem a acetilcolina.
Quando um potencial de ação chega ao terminal axônico, há liberação de
acetilcolina para a fenda sináptica existente entre a membrana do axônio e da
célula muscular. A acetilcolina liga-se aos seus receptores na célula muscular
e permite a entrada súbita de íons sódio através do sarcolema no local da
junção, resultando na despolarização local do sarcolema. A despolarização se
propaga ao longo da membrana da fibra muscular e suas consequências
serão descritas na próxima seção.
Esquema de uma junção neuromuscular vista por microscopia eletrônica de transmissão. O axônio está separado da fibra muscular pela fenda
sináptica. Na região da junção, a superfície da fibra tem muitas pregas do sarcolema. Em torno da junção, há centenas de invaginações
tubulares do sarcolema, denominadas túbulos T. As membranas dos túbulos T conduzem para o interior da fibra a despolarização causada pelo
estímulo nervoso. Núcleos e mitocôndrias (fora de proporção) acumulam-se na região da junção.
Miastenia -> É uma doença autoimune caracterizada por fraqueza muscular
progressiva. Resulta da redução da quantidade e, sobretudo, da eficiência dos
receptores para acetilcolina localizados no sarcoplasma das junções mioneurais
(placas motoras), causadas por anticorpos circulantes no sangue que se ligam a
esses receptores, dificultando a comunicação entre o nervo e a fibra muscular.
O excesso de acetilcolina existente na fenda sináptica é hidrolisado pela enzima
acetilcolinesterase, que é sintetizada no corpo celular do neurônio,transportada ao longo do
axônio, transferida para a fenda sináptica e inserida na membrana pós-sináptica, na lâmina
basal das pregas da sinapse e permanece livre na fenda sináptica. A lise da acetilcolina é
importante para evitar o estímulo prolongado do neurotransmissor sobre os receptores do
sarcolema e diminuir a duração da contração da fibra muscular. Porções das moléculas de
acetilcolina são captadas e reutilizadas pelo terminal axônico para síntese de novas
moléculas de acetilcolina.
O sistema T das fibras musculares e o desencadeamento da contração muscular
O sistema de túbulos transversais ou sistema T é uma estrutura especializada das fibras
musculares estriadas (esqueléticas e cardíacas) para conduzir a despolarização da
membrana plasmática de maneira rápida e eficiente para o interior da célula. Pelo sistema
T, as inúmeras miofibrilas da fibra podem se contrair de maneira sincrônica.
O sistema T é constituído de milhares de invaginações da membrana plasmática da fibra
muscular em forma de tubos, chamados túbulos T. Da superfície da fibra, os túbulos T se
dirigem para o interior da célula e abraçam as miofibrilas, situando-se entre duas cisternas
do retículo sarcoplasmático, formando milhares de conjuntos de três estruturas
membranosas, as tríades.
As cisternas do retículo sarcoplasmático armazenam íons Ca2+ em seu interior. A
despolarização da membrana plasmática chega pelos túbulos T até as tríades e provoca a
saída de íons Ca2+ das cisternas de retículo endoplasmático para o interior das miofibrilas.
O aumento da concentração desses íons nas miofibrilas é o fator desencadeador da
contração muscular. Quando a onda de despolarização termina, íons Ca2+ são
transportados de volta para as cisternas do retículo sarcoplasmático por transporte ativo e a
fibra muscular relaxa.
A contração muscular resulta da diminuição do comprimento dos sarcômeros
A miosina 2 é uma proteína motora e interage com a actina. A contração
muscular depende da interação de filamentos delgados de actina e filamentos
espessos de miosina. Essa interação ocorre na região da banda A, na qual os
filamentos estão intercalados e muito próximos entre si. Há um deslizamento
dos filamentos delgados em relação aos filamentos espessos e os filamentos
delgados são tracionados para a região central dos sarcômeros.
A interação de miosina 2 e actina, durante o repouso e a contração, ocorre na
seguinte sequência:
Duas cisternas do retículo sarcoplasmático e um túbulo T abraçam uma miofibrila e compõem uma tríade.
1.Durante o repouso, moléculas de ATP ligam-se à região das cabeças da miosina
que têm atividade ATPásica. Para essa enzima atuar na molécula de ATP e liberar
energia, a miosina necessita da actina, que atua como cofator. No músculo em
repouso, as cabeças de miosina não podem associar-se à actina, porque o local de
ligação entre miosina e actina está bloqueado pelo complexo troponina-tropomiosina
fixado sobre o filamento de actina.
2.Um impulso nervoso sob forma de um potencial de ação chega na junção
neuromuscular e libera acetilcolina na fenda sináptica. A acetilcolina promove a
abertura de canais de íons Na+ na membrana plasmática da célula muscular. A
súbita entrada de íons Na+ cria um potencial de ação na membrana plasmática da
fibra muscular.
3.Esse potencial de ação se propaga para o interior da fibra muscular ao longo da
membrana dos túbulos T, que são extensões da membrana plasmática.
4.Em torno das miofibrilas, os túbulos T estão muito próximos de membranas de
cisternas do retículo sarcoplasmático nas tríades.
5.O potencial de ação promove a saída de íons Ca2+ do interior das cisternas para
o citosol que envolve as miofibrilas.
6.Íons Ca2+ se combinam com a unidade TnC da troponina, modificam a
configuração espacial das três subunidades de troponina e deslocam a molécula de
tropomiosina em direção ao sulco da hélice de actina.
7.Consequentemente, ficam expostos os locais de ligação da actina com a miosina,
permitindo a interação das cabeças da miosina com a actina. Além disso, o
complexo miosina-ATP é ativado.
8.O ATP libera difosfato de adenosina (ADP), fosfato inorgânico (Pi) e energia.
Como resultado, há aumento da curvatura da cabeça da miosina em relação ao
bastão da molécula, auxiliado pelos braços da molécula, que funcionam como
dobradiças.
9.Como a actina está ligada à miosina, o movimento das cabeças da miosina
traciona os filamentos de actina, promovendo seu deslizamento em direção ao
centro do sarcômero. Os filamentos delgados de actina estão ancorados nos discos
Z e seu deslizamento em direção ao centro dos sarcômeros arrasta consigo os
discos Z que se aproximam e diminuem o comprimento dos sarcômeros, das
miofibrilas e de toda a fibra.
10.Durante uma contração muscular, há inúmeros ciclos, descritos nos itens de 6 a
9. As cabeças das moléculas de miosina se movimentam seguidamente para frente
e para trás, tracionando os filamentos delgados de actina.
11.A cada deslizamento dos filamentos delgados, esses se aproximam alguns
nanômetros do centro do sarcômero, com o consequente encurtamento das bandas
I e do sarcômero.
12.O comprimento dos filamentos não se altera, assim como não se altera a largura
da banda A.
13.A somatória dos encurtamentos dos sarcômeros de milhares de miofibrilas
resulta na contração do músculo como um todo.
14.A contração termina quando se encerra o estímulo nervoso. Os íons Ca2+ são
removidos do citosol, retornando para o interior das cisternas de retículo
sarcoplasmático por meio de bombas de Ca2+.
Embora os filamentos espessos tenham elevado número de cabeças de miosina, a
cada momento da contração, apenas certo número de cabeças está alinhado com
os locais de combinação existentes nos filamentos delgados da actina. À medida
que as cabeças de miosina tracionam a actina, novos locais para formação de
pontes entre actina e miosina ficam à disposição. As pontes antigas se desfazem
cada vez que a miosina se une a uma nova molécula de ATP. Depois disso, a
cabeça de miosina volta para a sua posição primitiva, preparando-se para formar
uma nova ponte e um novo movimento de tração de actina.
Unidades motoras do músculo esquelético
Cada neurônio motor inerva um número variado de fibras musculares. Os conjuntos
formados por um neurônio e pelas fibras musculares que ele inerva são
denominados unidades motoras. Em certos músculos, uma unidade motora pode
ser formada por um neurônio e até mil fibras musculares. Em músculos dotados de
movimentos delicados, as unidades motoras são formadas por um neurônio que
inerva um número variado de fibras musculares, de algumas poucas a milhares.
A energia liberada por moléculas de ATP é usada para movimentar a cabeça da miosina. Essa cabeça se liga ao filamento
delgado e traciona esse filamento para o interior do sarcômero, fazendo-o deslizar ao longo do filamento espesso. Esse
processo se repete muitas vezes durante um ciclo de contração e resulta no encurtamento dos sarcômeros, das miofibrilas e
da fibra muscular.
Tipos de fibras musculares esqueléticas
De acordo com sua estrutura e composição molecular, as fibras musculares
esqueléticas podem ser identificadas como tipo I, ou fibras lentas, e tipo II, ou fibras
rápidas. As fibras do tipo I, adaptadas para contrações continuadas, são de cor
vermelho-escura e ricas em mioglobina no sarcoplasma. Sua energia é obtida
principalmente dos ácidos graxos que são metabolizados nas mitocôndrias. As
fibras do tipo II, adaptadas para contrações rápidas e descontínuas, contêm pouca
mioglobina e são de cor vermelho-clara. Elas podem ser subdivididas nos tipos IIA,
IIB e IIC, de acordo com suas características funcionais e bioquímicas. As fibras do
tipo IIB são as mais rápidas e dependem principalmente da glicólise como fonte de
energia. Ver outras informações sobre mioglobina em Para saber mais – Mioglobina.
Mioglobina -> A mioglobina é uma proteína da família da hemoglobina, responsável
pela cor vermelho-escura de algumas fibras musculares. A mioglobina serve de
depósito de oxigênioe existe em grande quantidade nos músculos dos mamíferos
que vivem no oceano e mergulham constantemente, como focas e baleias. Os
músculos que executam atividades prolongadas também são vermelhos e têm muita
mioglobina, por exemplo, o músculo peitoral das aves migradoras.
Além de refletir propriedades funcionais diferenciadas, a classificação das fibras
musculares também é importante para a caracterização das doenças musculares
(miopatias) nas biopsias de tecido muscular. Nos seres humanos, os músculos
esqueléticos geralmente apresentam diferentes proporções desses tipos de fibras. A
diferenciação das fibras musculares nos tipos vermelho, branco e intermediário é
controlada pela inervação. Em experimentos com animais, quando se seccionam os
nervos das fibras brancas e vermelhas e se faz reimplante cruzado, as fibras
musculares mudam seu caráter durante a regeneração, conforme a nova inervação.
Ver informações sobre o diâmetro das fibras musculares em Histologia aplicada –
Diâmetro das fibras musculares esqueléticas.
Diâmetro das fibras musculares esqueléticas
Esse diâmetro depende de vários fatores, como: os diversos músculos, idade, sexo,
estado de nutrição e treinamento físico. Sabe-se que o exercício aumenta a
musculatura e diminui a quantidade de tecido adiposo. O aumento da musculatura
por meio do exercício se deve à formação de novas miofibrilas, com aumento do
diâmetro das fibras musculares. Esse processo, caracterizado pelo aumento de
volume das células, chama-se hipertrofia, enquanto o crescimento decorrente da
proliferação das células é denominado hiperplasia. A hiperplasia é comum em outros
tecidos, como o músculo liso, mas não nos músculos esquelético e cardíaco.
O músculo liso pode aumentar o número de suas células, processo conhecido como
hiperplasia.
Tecido muscular estriado cardíaco
É constituído de células cilíndricas com aproximadamente 15 μm de diâmetro e 85 a
100 μm de comprimento, sendo, portanto, curtas, comparadas com as fibras
musculares esqueléticas. Em cortes longitudinais, parecem ser ramificadas, devido
ao tipo de associação com as células musculares adjacentes.
Cortes longitudinais das fibras musculares cardíacas observados ao microscópio
exibem estriações transversais semelhantes às do músculo esquelético. Suas fibras
contêm um ou, às vezes, dois núcleos elípticos localizados no centro da fibra, e não
na periferia da célula, como nas fibras esqueléticas.
As fibras cardíacas são circundadas por uma delicada camada de tecido conjuntivo,
equivalente ao endomísio do músculo esquelético, que contém abundante rede de
capilares sanguíneos.
Uma característica estrutural importante do músculo cardíaco é a presença de
complexas junções intercelulares que prendem as fibras musculares entre si. Ao
microscópio óptico, são visualizadas em cortes longitudinais das fibras sob forma de
traços transversais às fibras chamados discos intercalares ou discos escalariformes,
que têm aspecto de traços retos ou de escada. Em preparados histológicos
rotineiros corados por HE, os discos são fracamente corados, porém são bem
observados após colorações especiais.
Fibras musculares cardíacas em corte longitudinal. Observe a estriação transversal das fibras e seus núcleos
centrais. As setas apontam discos intercalares. No detalhe, estão ressaltados discos intercalares (setas). (HE.
Imagem maior: médio aumento. Detalhe: grande aumento.)
Fibras musculares cardíacas em corte transversal. Observe a posição central dos núcleos no interior das fibras, ao
contrário da posição periférica encontrada no músculo esquelético. Dois núcleos estão apontados por setas. (HE.
Pequeno aumento.)
A estrutura dos sarcômeros e o funcionamento das proteínas contráteis das células
musculares cardíacas são semelhantes ao descrito para o músculo esquelético. Os
túbulos T cardíacos localizam-se na altura da banda Z, e não na junção das bandas
A e I, como acontece no músculo esquelético. O retículo sarcoplasmático é menos
desenvolvido que das fibras esqueléticas e distribui-se irregularmente sobre as
miofibrilas. As tríades (túbulo T + duas cisternas de retículo sarcoplasmático) são
menos frequentes nas células cardíacas e os túbulos T geralmente se associam
apenas a uma cisterna, formando, por esse motivo, díades.
Fibras musculares cardíacas em corte longitudinal. Note a estriação transversal e os discos intercalares
(setas).
O músculo cardíaco contém numerosas mitocôndrias, que ocupam
aproximadamente 40% do volume citoplasmático, refletindo o intenso metabolismo
aeróbico desse tecido. Em comparação, no músculo esquelético, as mitocôndrias
ocupam apenas cerca de 2% do volume do citoplasma. O músculo cardíaco
armazena ácidos graxos sob a forma de triglicerídios, encontrados nas gotículas
lipídicas do citoplasma de suas células. Há pequena quantidade de glicogênio, que
fornece glicose às células.
Por microscopia eletrônica de transmissão, foram descobertos nas fibras cardíacas
grânulos contendo secreção. São revestidos por membrana, medem de 0,2 a 0,3
μm de diâmetro e localizam-se próximo aos núcleos, na região do complexo de
Golgi. São mais abundantes nas células musculares do átrio esquerdo (cerca de
600 grânulos por célula), mas existem também no átrio direito e nos ventrículos.
Eles contêm a molécula precursora do peptídio atrial natriurético (ANP, do inglês
atrial natriuretic peptide), que é secretada para a circulação sanguínea e que atua
nos rins, aumentando a eliminação de sódio e água pela urina. Esse hormônio
natriurético tem ação oposta à da aldosterona, um hormônio antidiurético que atua
nos rins promovendo a retenção de sódio e água. Enquanto a aldosterona aumenta
a pressão arterial, o hormônio natriurético tem efeito contrário.
Discos intercalares
A microscopia eletrônica de transmissão revelou que os discos intercalares são
complexos juncionais situados entre as extremidades de fibras musculares
cardíacas adjacentes. Os discos têm formato de prateleiras arranjadas como
escadas. Nelas, distinguem-se duas regiões: prateleiras transversais, que cruzam a
fibra em ângulo reto, e prateleiras longitudinais, paralelas às miofibrilas e aos
miofilamentos.
Partes de duas células musculares cardíacas, em cortes longitudinais. Observe as bandas A e I e os discos Z no centro da
banda I. As estruturas características das fibras musculares cardíacas são os discos intercalares, que são formados por
junções de adesão (escuras e pregueadas) e junções comunicantes (seta). Há diversas mitocôndrias (M). No espaço
extracelular entre as duas células, observam-se fibras reticulares.
Nos discos intercalares, há dois tipos principais de junções intercelulares: junções
de adesão e junções comunicantes. As junções de adesão se localizam
principalmente nas membranas das prateleiras transversais do disco, sendo
encontradas também nas longitudinais. Nessas junções, ancoram-se os filamentos
delgados de actina das miofibrilas adjacentes à membrana plasmática; as junções
são, portanto, equivalentes aos discos Z dos sarcômeros. Essas junções oferecem
forte adesão às células musculares cardíacas adjacentes, para que elas não se
separem durante a atividade contrátil.
Nas prateleiras longitudinais dos discos, paralelas às miofibrilas, encontram-se,
principalmente, junções comunicantes, responsáveis pela comunicação iônica entre
células musculares adjacentes. Do ponto de vista funcional, a passagem de íons
permite que conjuntos de células musculares se comportem como se fossem um
sincício, pois o sinal para a contração passa de uma célula para a outra.
Tecido muscular liso
É formado pela associação de células alongadas e fusiformes, mais espessas no
centro e afiladas nas extremidades chamadas fibras musculares lisas ou
leiomiócitos. Seu comprimento pode variar de 20 μm na parede dos pequenos vasos
sanguíneos até 500 μm no útero gravídico. Em cortes longitudinais das células, o
seu citoplasma não apresenta estriação transversal, daí a denominação músculo
liso.
Proteínas características do citoplasma dessas células sãoactina, miosina e
filamentos intermediários do citoesqueleto contendo desmina e vimentina, além de
vinculina, uma molécula presente em junções aderentes.
As fibras são de contração lenta e involuntária. Organizam-se, geralmente, em
feixes (p. ex., nos músculos eretores dos pelos) ou em camadas (p. ex., nas
paredes de vasos sanguíneos e nas paredes de órgãos ocos). evidencia feixes de
músculo liso na parede do estômago.
As fibras têm núcleo único elíptico e central cuja posição pode ser bem evidenciada
em secções transversais das fibras. Quando vistos em cortes longitudinais, os
núcleos podem exibir um aspecto ondulado quando as fibras estão contraídas.
Esquema tridimensional de um segmento de um músculo liso. Suas células são fusiformes e têm núcleo único
central. Observe que, no corte transversal (face direita da figura), as células apresentam diferentes diâmetros
dependendo de como as células são seccionadas. Em muitas células, o corte não passou pelo plano dos
núcleos.
Delgado feixe de fibras musculares lisas. São longas e têm núcleos em posição central na região de maior
diâmetro da fibra.
O sarcolema dessas células apresenta grande quantidade de invaginações com o
aspecto e as dimensões das vesículas de pinocitose, denominadas cavéolas. Estão
associadas ao transporte de íons Ca2+ para o citosol, necessários para
desencadear o processo de contração dessas células. Frequentemente, as células
musculares lisas adjacentes estão conectadas por junções comunicantes, que
podem transmitir o impulso de contração de uma célula para a outra e, assim,
propagar a contração para uma população maior de fibras.
A observação de fibras musculares lisas por microscopia eletrônica de transmissão
evidencia que a região do sarcoplasma em torno do núcleo apresenta mitocôndrias,
cisternas do retículo endoplasmático granuloso, grânulos de glicogênio e um
complexo de Golgi pouco desenvolvido. Ainda por microscopia eletrônica, são vistas
no citoplasma estruturas que aparecem escuras nas micrografias eletrônicas,
chamadas corpos densos e podossomos. Além disso, são observadas estruturas
densas junto à superfície interna da membrana plasmática, as placas densas. Esse
conjunto de estruturas se associa ao citoesqueleto das células musculares lisas, e
exerce um importante papel na efetivação da contração.
Aparelho contrátil e mecanismo de contração
Embora a contração, isto é, a diminuição do comprimento e do diâmetro das células,
seja o resultado final do deslizamento de filamentos de actina em relação a
filamentos de miosina, a organização desses filamentos é bastante diferente
daquela encontrada nos músculos estriados.
No citoplasma das células musculares lisas, há filamentos de α-actina e de miosina
2, similares aos dos miofilamentos delgados e espessos dos músculos estriados. No
entanto, no músculo liso, pelo menos parte da molécula de miosina é composta de
isoformas diferentes das existentes em músculos estriados.
Os filamentos de actina formam uma complexa rede tridimensional que se ancora
nos corpos densos do citoplasma e nas placas densas situadas junto à membrana
(ver Figura 10.31). Os corpos densos são formados de várias proteínas, entre as
quais se destacam proteínas de filamentos intermediários – desmina e/ou vimentina
–, além de moléculas de α-actinina, uma proteína que, em diversos tipos de células
do organismo, ancora filamentos de actina. Os filamentos de miosina estabelecem
pontes entre os filamentos de actina.
Acima: aparelho contrátil das fibras musculares lisas constituído de filamentos
intermediários, filamentos de actina e de miosina, formando redes aderidas a placas
e corpos densos situados no citosol ou abaixo da membrana plasmática. Abaixo:
moléculas de actina se inserem nos corpos densos citoplasmáticos e nas placas
densas associadas à membrana plasmática. Moléculas de miosina formam pontes
entre moléculas de actina. O deslizamento de actina em relação à miosina traciona
os filamentos intermediários do citoesqueleto ancorados nas placas e nos corpos
densos, resultando em redução das dimensões da célula.
A rede tridimensional de actina conectada aos corpos e às placas densas e às
moléculas de miosina ocupa todo o citoplasma da célula muscular lisa. O
deslizamento dos inúmeros filamentos de actina sobre os de miosina provoca o
encurtamento das células, isto é, sua contração, pois actina está ancorada nos
corpos densos e nas placas densas da membrana plasmática.
Sequência da contração nas células musculares lisas
A contração obedece a uma sequência bem coordenada. O estímulo inicial da
contração pode resultar de estímulos muito diversos, por exemplo, estímulos
mecânicos, elétricos (potenciais de ação) e por substâncias presentes no meio
extracelular em torno das fibras. A tração das fibras, por exemplo, atua sobre
receptores de superfície das células. Receptores presentes na superfície das
células reconhecem vários tipos de moléculas, como norepinefrina, colecistoquinina,
angiotensina II e endotelina-1. Tais receptores estão acoplados à proteína G e
resultam na produção de segundos mensageiros.
Os diversos estímulos promovem a saída para o citosol de íons Ca2+ armazenados
em cisternas do retículo sarcoplasmático.
No citosol, os íons Ca2+ combinam-se com moléculas de calmodulina, uma proteína
com afinidade para esses íons. A ligação entre ambos depende da proteína
caldesmon. O complexo calmodulina–Ca2+ ativa a enzima quinase da cadeia leve
(que faz parte da molécula de miosina), resultando na fosforilação das moléculas de
miosina. Uma vez fosforiladas, essas moléculas combinam-se com a actina, dando
início aos ciclos de deslizamento da actina sobre a miosina de maneira semelhante
à que ocorre nos músculos estriados. Para o deslizamento, é necessária a energia
armazenada em moléculas de ATP.
Os corpos densos contêm α-actinina, que funciona como elemento de ligação entre
actina e moléculas dos corpos densos, e são homólogos dos discos Z dos músculos
estriados. Como os filamentos de actina estão ligados aos corpos densos da
membrana da célula, o resultado de seu deslizamento em relação à miosina é um
encurtamento da célula.
Inervação do tecido muscular liso
O músculo liso recebe fibras pós-ganglionares do sistema nervoso simpático e do
parassimpático, porém não exibe as complexas junções neuromusculares que há no
músculo esquelético.
Ao passar entre células musculares lisas, cada axônio se divide em muitos delgados
filamentos não mielinizados que se localizam entre as células musculares. Dessa
maneira, cada neurônio adrenérgico ou colinérgico é capaz de estimular um grande
número de células musculares. Esses filamentos se assemelham a rosários, porque
têm muitas dilatações denominadas varicosidades. Elas têm em seu interior
vesículas que contêm moléculas de neurotransmissores, como a acetilcolina (nas
terminações colinérgicas) ou a norepinefrina (nas terminações adrenérgicas).
Calcula-se que um axônio que inerve um músculo liso possa apresentar de 10 mil a
20 mil dilatações em suas extremidades. Os neurotransmissores são liberados no
espaço extracelular do músculo liso e se difundem, alcançando receptores da
superfície das fibras musculares.
De modo geral, esses receptores estão associados a sistemas de receptores
acoplados à proteína G situados na superfície interna da membrana, produzindo
mensageiros que desencadeiam a contração muscular. Como as células musculares
lisas são conectadas por junções comunicantes, o estímulo inicial que alcança
algumas das células de um feixe se transmite rapidamente por muitas outras.
As terminações nervosas adrenérgicas e colinérgicas atuam de modo antagônico,
estimulando ou deprimindo a atividade contrátil do músculo. Em alguns órgãos, as
terminações colinérgicas estimulam e as adrenérgicas inibem a contração, enquanto
em outros ocorre o contrário. O grau de controle do sistema nervoso autônomo
sobre os músculos lisos é muito variável. A musculatura lisa do sistema digestório
se contrai em ondas lentas; por outro lado, o músculo liso da írisdo globo ocular se
contrai ou relaxa de modo muito rápido e preciso. Assim, o diâmetro da pupila se
adapta com extrema rapidez às variações da intensidade luminosa.
Esquema de célula muscular lisa relaxada e contraída
As porções terminais dos axônios que inervam fibras musculares lisas têm dilatações chamadas varicosidades,
nas quais são armazenadas vesículas que contêm neurotransmissores.
Regeneração do tecido muscular
No adulto, os três tipos de tecido muscular exibem diferentes capacidades
regenerativas após uma lesão que produza destruição parcial do músculo.
O músculo cardíaco não se regenera. Nas lesões do coração, por exemplo, nos
infartos, as partes destruídas são invadidas por fibroblastos que produzem fibras
colágenas, formando uma cicatriz de tecido conjuntivo denso.
As fibras musculares esqueléticas não se dividem. Mesmo assim, o músculo
esquelético tem capacidade de reconstituição a partir das células satélites. Essas
são mononucleadas, fusiformes e dispostas paralelamente às fibras musculares
entre o sarcolema e a lâmina basal que envolve as fibras musculares. Não são
facilmente identificadas com precisão ao microscópio óptico. São consideradas
mioblastos inativos. Após uma lesão ou outros estímulos, as células satélites
tornam-se ativas, proliferam por divisão mitótica, podem migrar para locais
lesionados do músculo e se fundem com as fibras musculares já existentes. As
células satélites proliferam quando o músculo é submetido à contração ou à tensão
(durante o exercício). Nesse caso, elas se fundem com as fibras musculares
preexistentes, contribuindo para a hipertrofia do músculo.
O músculo liso é capaz de uma resposta regenerativa mais eficiente. Ocorrendo
lesão, as células musculares lisas que permanecem viáveis podem entrar em mitose
e reparam o tecido destruído. Na regeneração do tecido muscular liso da parede
dos vasos sanguíneos, há também a participação dos pericitos, que se multiplicam
por mitose e originam novas células musculares lisas.
CONTRAÇÃO MUSCULAR
A contração muscular é um mecanismo importantíssimo em nosso organismo,
essencial para nos locomovermos, realizarmos nossas atividades diárias, comer,
escrever, digitar. Tudo aquilo que empregamos um movimento, uma força, passa
pela contração dos músculos. Além disso, é essencial para o crescimento.
Força e crescimento gerados pela contração muscular
Hoje, vamos falar sobre o processo de contração do músculo esquelético, que
ocorre em resposta à transmissão neuromuscular, realizada pelo sistema nervoso
somático.
Sendo musculatura estriada, as ações são voluntárias – você pensa e depois
executa o movimento, é sob comando. Para que o músculo se movimente, ele
precisa ser inervado. Essa inervação é realizada por um neurônio motor somático.
Há um neurônio que chega ao músculo esquelético, e esse complexo neurônio +
músculo esquelético formam a unidade motora, que é um conjunto de fibras
inervadas por um único neurônio.
Quando há um movimento, inúmeras unidades motoras são somadas, e essa
somação espacial é que garante um movimento efetivo. Além disso, o número de
unidades recrutadas é diretamente relacionado ao grau de força do movimento.
Uma peculiaridade do sistema nervoso somático é que a atividade sempre é
excitatória, que é a contração muscular.
As sinapses são formadas são sinapses químicas, ou seja, a transmissão nervosa é
realizada por neurotransmissores. Na contração muscular, temos sinapses
colinérgicas, que possuem como neurotransmissor a acetilcolina atuando em
receptores nicotínicos do tipo 2 (N2).
O músculo esquelético possui uma região quimioexcitável, na qual a acetilcolina
atua, e uma região eletroexcitável. É na região quimioexcitável que se inicia o
processo, na junção neuromuscular.
O neurônio motor sofre despolarização de sua membrana, o que abre canais de
cálcio voltagem-dependentes. Com isso, há influxo (entrada) de cálcio na célula,
que se liga a uma proteína, a calmodulina, e esse complexo cálcio + calmodulina
ativa a tubulino quinase, que, por sua vez, fosforila os microtúbulos, e, então, libera
as vesículas contendo a acetilcolina. Essas vesículas são atraídas em direção à
membrana para serem liberadas, pois possuem proteínas de atração.
Na vesícula, há a V-snare e, na membrana do terminal, a T-snare.
Com isso, as vesículas se direcionam à membrana, e as membranas da vesícula e
do terminal se fundem, ativando a ATPase e fosfolipase, e, assim, cria-se uma
passagem para a liberação da acetilcolina na fenda sináptica.
Sinapse química. Os neurotransmissores estão sofrendo exocitose, e sendo
liberados na fenda sináptica.
Após ser liberada na fenda sináptica, uma de suas ações é se ligar ao receptor
nicotínico 2, para produzir o efeito da contração muscular. Para que o receptor
nicotínico se abra, é necessário que duas moléculas de acetilcolina se liguem a ele.
Um outro destino da acetilcolina, e na maioria das vezes complementar à ligação ao
receptor N2, ocorrendo posteriormente, é a degradação da acetilcolina pela enzima
acetilcolinesterase. Esse processo encerra a atuação da acetilcolina. A degradação
ocorre na fenda sináptica, onde a acetilcolinesterase degrada a acetilcolina
formando acetato e colina. O acetato é eliminado e a colina é transportada ao
terminal, e serve como substrato para formação de novas moléculas de acetilcolina.
Voltando à atuação da acetilcolina nos receptores N2, sabemos que os receptores
nicotínicos são receptores ionotrópicos. Com isso, ao serem ativados, abrem um
canal iônico, que, nesse caso, permite, principalmente, a passagem de sódio.
Essa atuação da acetilcolina gera um potencial, conhecido como potencial de placa
motora (PPM), sendo que, quanto maior a concentração de acetilcolina, maior é a
amplitude do PPM. Quando o PPM é amplo o suficiente, ele é propagado a uma
região adjacente, conhecida como membrana eletroexcitável. Nessa membrana, a
acetilcolina não atua.
Quem pode estimular a membrana eletroexcitável é o PPM gerado na região
quimioexcitável. Assim, o PPM gera um ddp (diferença de potencial) na membrana
eletroexcitável, que promove abertura de canais PDC (Canal dependente de
voltagem) de sódio.
Nessa região, temos o desencadeamento de um potencial de ação, e, sendo assim,
é necessário que atinja um limiar de excitabilidade para deflagrar o potencial de
ação.
A membrana da célula muscular, o sarcolema, possui algumas invaginações,
conhecidas como túbulos T. Quando o potencial de ação é gerado e percorre esses
túbulos T, ocorre mudança em um receptor de membrana, o DHP (Receptor
diidropiridina).
Esse receptor DHP possui uma interação com um outro receptor presente na
membrana do retículo sarcoplasmático, o receptor Ryr 1 (rianodina), e, ao ocorrer a
alteração de conformação do DHP, há abertura do Ryr 1. Com isso, o cálcio, que
estava armazenado no retículo sarcoplasmático, é liberado para o sarcoplasma.
Uma vez no citoplasma, o cálcio interage com proteínas ali presentes.
No citoplasma da célula muscular, há proteínas que são essenciais à contração
muscular, como você já deve ter ouvido falar em actina, miosina, troponina e
tropomiosina. Essas proteínas interagem entre si e com o cálcio, e, assim,
promovem a contração.
As proteínas citadas acima estão dispostas em filamentos. Há o filamento grosso e
o filamento fino. O filamento grosso é formado pela miosina, que é formada por
hélices e por cabeças globulares.
Já o filamento fino é formado por filamentos de actina entrelaçados por
tropomiosina, e com moléculas de troponina dispostas ao longo da tropomiosina. A
tropomiosina bloqueia o sítio de ligação da miosina na actina.
Mas se está bloqueado, como elas interagem-se no processo de contração?
Quando o cálcio chega ao citoplasma, ele se liga à troponina, e essa ligação altera a
conformação da tropomiosina, e, assim, deixa livre o sítio de ligação da miosina.
A miosina, então, liga-se à actina, e, utilizando energia da quebra de ATP, ocorre o
deslizamento entre o filamento fino e o filamento grosso, encurtando o sarcômeroe
gerando, assim, a contração muscular.
Portanto, você já percebeu que, para a contração acontecer, cálcio e ATP são
indispensáveis.
Relaxamento muscular
Não dá para ficar com o músculo contraído o tempo todo, certo?! Por isso, há
mecanismos de relaxamento muscular que são essenciais para que uma nova
contração possa acontecer.
O processo mais importante de relaxamento se dá por meio de transporte ativo
primário, pela SERCA.
É ela quem mantém as concentrações basais de cálcio no citoplasma, e, após uma
contração muscular, tendo altas concentrações de cálcio no citoplasma, ela é
ativada para promover o transporte do citoplasma para o retículo sarcoplasmático.
Ao sair do citoplasma, o cálcio desliga-se da troponina, e, com isso, a tropomiosina
retorna a sua conformação normal, bloqueando o sítio de ligação da miosina, e,
assim, promove o relaxamento. Assim, se dá o processo de contração e o
consequente relaxamento.
Fatores de alteração do processo de contração e relaxamento
muscular
Muitos fatores ou até mesmo doenças podem alterar esse processo. Um exemplo
disso é o uso da toxina botulínica na estética, ou usos clínicos como em pacientes
com sequelas de AVE (Acidente Vascular Encefálico); pacientes com acalasia onde
o esfíncter esofagiano inferior não relaxa, e isso dificulta o processo de digestão.
Nesses casos, a toxina botulínica impede a contração muscular, pois bloqueia a
atração entre a V-snare e a T-snare, e, com isso, não há a exocitose da acetilcolina.
O processo também pode ser alterado na doença botulismo, onde há, por exemplo,
a ingestão de alimentos contaminados por Clostridium botulinum.
É uma doença que pode ser grave, pois a neurotoxina, que impede a exocitose da
acetilcolina, provoca não apenas um efeito local, mas um efeito sistêmico, e
acetilcolina é importante em diversas outras situações além da contração muscular.
O indivíduo sofre parada de vários grupamentos musculares, e pode chegar à
falência dos músculos respiratórios e óbito. Já o tétano, causado pelo Clostridium
tetani, provoca uma contração exagerada. As toxinas produzidas levam a uma
alteração das proteínas snares em sinapses inibitórias, liberadoras de glicina.
Com isso, não há inibição da contração, e essa se instala de forma intensa,
provocando todo o quadro sintomático observado, como a posição em opistótona e
o trisma ou riso sardônico. É uma contração mantida e intensamente dolorosa.
Um outro quadro que pode trazer alterações no processo de contração muscular,
nesse caso deixando de acontecer a contração, é a Miastenia Gravis, uma doença
autoimune, na qual há a produção de anticorpos contra os receptores de
acetilcolina, destruindo, assim, seu sítio de ligação. Sem a ligação da acetilcolina
em seu receptor na placa motora, o nicotínico 2, não há contração muscular.
E, assim, vemos a importância de tantas etapas nesse processo, para promover a
movimentação do nosso corpo e a capacidade de realizar inúmeras atividades
cotidianamente. Vimos também que esse processo pode sofrer interferências de
fatores internos ou externos ao indivíduo.

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