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1 Cliente fiel: o grande segredo dos negócios Recife, 2010 DICAS SEBRAE Salão de beleza Conselho Deliberativo - Sebrae Pernambuco Banco do Brasil - BB Banco do Nordeste do Brasil - BNB Caixa Econômica Federal - CEF Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco - Faepe Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Pernambuco – Facep Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco - Fecomércio Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco - Fiepe Instituto Euvaldo Lodi - IEL/PE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco - SDE Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial do Estado de Pernambuco - Senac/PE Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Estado de Pernambuco - Senai/PE Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Estado de Pernambuco - Senar/PE Sociedade Auxiliadora da Agricultura do Estado de Pernambuco Universidade de Pernambuco – UPE Presidente do Conselho Deliberativo Estadual Ricardo Essinger Diretor-superintendente Nilo Simões Diretora técnica Roberta Correia Diretor administrativo-financeiro Gilson Monteiro Unidade Comércio e Serviços Coordenação técnica e de conteúdo | Valdenice Ferreira Autora Maria Fernanda Coutinho Cordeiro Supervisão editorial Unidade de Comunicação e Imprensa – Sebrae | Janete Lopes (gerente) Comissão de Editoração Sebrae 2010 Ana Cláudia Dias Ângela Miki Saito Carla Almeida Eduardo Maciel Janete Lopes Jussara Leite Roberta Amaral Roberta Correia Silvana Salomão Tereza Nelma Alves Revisão Betânia Jerônimo Ilustrações Joana Velozo Projeto gráfico e diagramação Z.diZain Comunicação | www.zdizain.com.br 0800 570 0800 De segunda a sexta-feira, das 8h às 20h www.pe.sebrae.com.br O Sebrae em Pernambuco iniciou em 2010 um projeto voltado para o segmento da Beleza, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento dos salões da Região Metropolitana do Recife. A primeira ação com esse grupo foi a realização de diagnóstico visando conhecer o mercado da beleza e suas principais dificuldades. A partir desse estudo iniciamos as intervenções de melhorias nas empresas acompanhadas pelo projeto e, surgiu, então, a ideia de elaborar quatro cartilhas tratando dos principais problemas enfrentados pelos empresários deste segmento. As áreas gerenciais abordadas nas cartilhas foram divididas da seguinte forma: • Pessoas - Relações Interpessoais e Desenvolvimento de Equipes; • Atendimento - Cliente fiel: O grande segredo dos negócios; • Qualidade dos serviços - Postura profissional e normas técnicas; • Finanças - Boas práticas para a gestão financeira. Desejamos uma boa leitura desta cartilha e que ela contribuía para o seu sucesso empresarial. Bom estudo! INTRODUÇÃO 4 5 1 | CONHECENDO CLIENTES Conhecer bem o cliente é o primeiro passo para o sucesso no atendimento e no relacionamento. Portanto, é o momento de: . ENTENDER O CLIENTE COM SUAS REAIS NECESSIDADES, EXPECTATIVAS E SONHOS; . ATENDÊ-LO E SATISFAZÊ-LO EM SEUS ANSEIOS; . OFERECER PRODUTOS E SERVIÇOS QUE SE TORNEM UMA SOLUÇÃO POSSÍVEL. 7 8 2 | PROSPECTANDO CLIENTES Prospecção é o “método e/ou técnica em- pregada para localizar ... jazidas minerais” (Dicionário Aurélio). A definição do Aurélio é muito apropria- da para a nossa realidade. Basta que possamos entender que a prospec- ção é uma estratégia e, como tal, podemos entender que bons clientes podem ser verdadeiras jazidas mine- rais, uma fonte de rique- zas da qual precisamos para sobreviver em nosso negócio. Assim, a prospec- ção é o ato de identificar e buscar novos clientes no mercado. Normalmente não sabemos onde estão e quem são nossos clientes potenciais. O que fazer, então, para identificá-los? O objetivo é traçar um perfil básico dos clientes potenciais de seu produto ou serviço. Depois de identificados, procu- rar saber onde podemos encontrá-los. O marketing é um grande aliado da pros- pecção. Sempre que possível, devemos utilizar esta ferramenta para potenciali- zar resultados positivos na arte de con- quistar novos clientes. Vejamos, a seguir, algumas formas efi- cientes que podemos usar para prospec- tar clientes: - reuniões sociais/familiares (ótima oca- sião para promover nosso negócio. As conversas informais criam oportuni- dades para identificar quem pode ser cliente potencial); 9 10 - indicação (uma poderosa e velha arma de prospecção: perguntar para seus clientes fiéis se eles podem indicar pa- rentes ou amigos que também possam se interessar por seus produtos/serviços); - abordagem de clientes que apenas en- tram para olhar e saber preços (aproveite a ocasião para se aproximar das pessoas, falar de seus serviços, sugerindo algo in- teressante para elas). Penso que já está devidamente clara para você a importância da prospecção, po- rém não custa lembrar que ainda pode- mos utilizar outras fontes: - livros de personalidades sociais; - lista de academias e clubes sociais; - clínicas médicas de especialistas em dermatologia, ginecologia, mastologia, pois nestes locais circulam um grande número de pessoas. Por fim, converse e fale com as pessoas. Com quantas mais falar, maiores serão as chances de gerar negócios. Porém, cuidado. Você deve ter uma apre- sentação pessoal adequada, cuidar do que diz e conhecer muito bem os benefícios dos produtos e serviços com os quais trabalha. Lembre-se que causar uma boa impres- são irá gerar impacto no cliente e desper- tar curiosidade em lhe visitar. Finalmente quero afirmar que as estratégias indicadas não são apenas teorias. Elas fun- cionam mesmo, desde que tenhamos per- severança em nossas rotinas diárias. O SERVIÇO PÓS-VENDA COMO DIFERENCIAL Manter um bom cliente hoje exige mui- to jogo de cintura. A qualidade, o bom atendimento e o cumprimento de pra- zos deixaram de ser os diferenciais da concorrência. Como fazer, então, para se manter competitivo? Uma das armas de diferenciação mais fortes hoje é o pós-venda, caracterizado como elemento de fidelização de clien- tes. Vamos tratar com seriedade este tema. Segundo Roberto Libardi, ser fiel é: - ser digno de fé; - ser leal a seus compromissos; - ser seguro e não falhar. 11 12 3 | FIDELIZAÇÃO Em linhas gerais, fidelização quer dizer aumentar a taxa de retenção de clientes, evitando que eles migrem para a concor- rência, bem como o valor total de negó- cios com cada um deles. E POR QUE FIDELIZAR? Custa cinco vezes mais caro conquistar um novo cliente do que manter um cliente excelente. Estima-se que 65% dos negócios vêm de clientes já exis- tentes (e não de clientes novos). Cliente fidelizado aju- da a divulgar a boa reputação de seus produtos/serviços. SATISFAÇÃO GARANTE FIDELIZAÇÃO? A satisfação pode ser obtida em uma úni- ca transação, mas a fidelidade só se con- quista a longo prazo. PODEMOS COMPRAR FIDELIDADE? A fidelização deve ser um processo con- tínuo de conquista da lealdade, porque nenhum cliente é fiel de vez em quando nem para sempre. COMO CONQUISTAR A FIDELIZAÇÃO DE NOSSOS CLIENTES? Primeiramente nossos clientes precisam ser identificados. É preciso aprender sobre eles e transformar esse conhecimento em ações práticas. E estabelecer uma relação de confiança, satisfazendo-os. 13 14 CONHECENDO OS TIPOS DE CLIENTES . Cliente externo . Cliente pessoal . Cliente da concorrência . Cliente interno CLIENTE EXTERNO Aquele que compra e paga seus produ- tos e serviços. É a verdadeira razão de ser das empresas. Merece o máximo de aten- ção e, para ele, as estratégias de fideliza- ção são essenciais, pois este cliente traz o resultado esperado pelas empresas. CLIENTE PESSOAL É aquele com quem convivemos diaria- mente, influenciando nossas vidas e su- prindo nossas necessidades emocionais e sociais. Mantê-lo satisfeito nos garante paz de espírito, apoio, reconhecimento, com- preensão e realização enquanto pessoa. CLIENTE DA CONCORRÊNCIACliente externo que compra dos concor- rentes e não de nós. Este cliente, somado aos nossos clientes, forma o que chama- mos de mercado atual. É necessário ana- lisá-lo para descobrir o que o faz comprar dos concorrentes, estabelecendo estraté- gias para conquistá-lo. CLIENTE INTERNO Aquele que trabalha dentro do salão, trocando informações, trabalho e coo- peração. Cliente que faz todo o proces- so, desde o atendimento inicial até a finalização do serviço. Por esse motivo, antes de incentivar pro- cessos de fidelização de clientes, deve- mos olhar para dentro de casa e lembrar que a fidelização começa com nossos colaboradores. COMO FIDELIZAR ESTRATÉGIAS FUNDAMENTAIS? Cliente externo - Ter o foco nele (o que deseja, qual a sua real necessidade, como surpreendê-lo). - Gerenciá-lo (e não os produtos). - Apoiar e incentivar suas ações. Cliente interno - Investir em capacitação e treinamento. 15 16 - Adotar uma política interna de benefícios. - Zelar para um bom ambiente de trabalho. GESTÃO DE RELACIONAMENTO COM CLIENTES Antes de iniciar um programa de re- lacionamento com a clientela, o salão precisa definir o que diferencia clien- te de usuário. Usuário é aquele que não gera o lucro ideal, que visita seu salão esporadicamente. Já cliente é aquela pessoa que garante a receita do salão e tem o hábito de frequentar seu estabelecimento. Pode até parecer estranho, mas isso é ne- cessário, porque nem todos que utilizam os serviços são clientes. Os salões que irão ganhar vantagem competitiva são os que conseguirem separar da sua base de clientes os mais valiosos (e com maior potencial de cres- cimento) dos menos valiosos. Ao fazer isso, é possível ser assertivo nas ofertas e campanhas de relacionamento. Dicas para realizar uma boa gestão de re- lacionamento com os clientes: - definir quem são os clientes fiéis; - observar a frequência, os serviços utili- zados e o tíquete médio (valor gasto); - criar grupos com perfis semelhantes de consumo, separando os clientes em blocos. Assim é possível visualizar como o faturamento está distribuído e quem são os clientes mais e menos valiosos. É necessário obter os dados básicos deles, tais como nome, telefone, endereço e data de aniversário; - criar campanhas diferenciadas para o grupo de clientes mais valiosos, porque perdê-los pode comprometer a lucrati- vidade do salão. Tratar os clientes dife- rentes de forma diferente é vital, porque perder um deles pode representar um prejuízo enorme para a empresa. Há salões de beleza que não têm ideia do valor do cliente que perderam, por- que tentaram agradar um consumidor de menos valor. Às vezes somos tentados a dar tudo para o cliente novo e nos esque- cemos do antigo. Para que uma gestão de relacionamento com o cliente possa funcionar, é preciso que todos prestem atenção nele, saben- do o que gosta de ler e comer, bem como cor favorita, perfume etc. Tais fatores pre- cisam ser considerados para que no mo- mento oportuno a empresa o surpreenda. 17 18 Um dos consumidores mais valiosos é aquele que, além de usar os serviços, indica a empresa para outras pessoas. Quando ele fizer isso, em vez de con- ceder um desconto em qualquer servi- ço, mande um buquê de rosas ou uma caixa de chocolates. Para isso, é neces- sário saber se o cliente gosta de rosas ou chocolates. Ao receber esses mimos com uma carta de agradecimento, ele vai se sentir mais valorizado do que se recebesse um desconto. É importante lembrar que programas de fidelidade ou de incentivo, como com- prar dez serviços e ganhar um, não são programas de gestão de relacionamento. Eles somente são caracterizados quando o salão for capaz de tratar o público dife- rente de forma diferente. Cabe também destacar que o merca- do disponibiliza vários softwares que podem ser um forte aliado na gestão administrativa do salão. Porém, vale res- saltar que essa ferramenta, para funcio- nar adequadamente, necessitará de um profissional capacitado nesta prática, de modo a não descuidar de alimentar o banco de dados, registrando todas as informações vitais do cliente, além dos serviços realizados, da frequência, dos produtos adquiridos etc. PORTANTO... O cliente é tudo. Um atendimento de qualidade, sincero, faz com que o cliente volte e identifique outros clientes. Apesar da satisfação do cliente ser primordial para qualquer salão de beleza, a satisfação isolada não é suficiente para a conquista de clientes fiéis, já que altos níveis de satisfação não resultam, necessaria- mente, em visitas regulares e aumen- to de faturamento. A partir desse ponto, a fidelidade torna- -se ideal. Saber quem são os seus clien- tes e os serviços que eles compram pode trazer valiosas informações para o salão de beleza, com a participação dos profissionais envolvidos. Muitos salões não sabem o número de clientes atendidos por mês, nem quan- tos retornaram no mês seguinte. Fica aqui uma sugestão: o cliente é rei, inde- pendente do porte do salão. Cative, con- quiste e fidelize seu cliente, pois ele se tornará o maior veículo de propaganda do seu salão de beleza. A propósito, como o seu salão está tratando os clientes? 19 20 DICAS E SUGESTÕES DE CAMPANHAS - Aniversário do salão (ofereça preços ou condições especiais por ocasião do aniver- sário do salão. Promova a semana, quinzena ou mês. Faça isso apenas uma vez por ano). - Aniversário do cliente (ofereça uma van- tagem ou um desconto para os que fazem aniversário no mês ou na semana, ou mes- mo no dia em que estão aniversariando). - Apresentação de um amigo (ofereça vantagens para incentivar seus clientes a trazer amigos para o salão. É uma cam- panha onde amigo indica amigo). - Balões da sorte (coloque vários balões pendurados, contendo papéis com per- centuais de desconto. Na hora de pagar, o cliente estoura um balão e ganha o res- pectivo desconto). - Bolinhas da sorte (coloque um grande garrafão de vidro repleto de bolinhas coloridas. Os clientes preenchem uma cartela de palpite, indicando a quantida- de de bolinhas que há no garrafão. Em uma data pré-estabelecida, o salão reve- la a quantidade de bolinhas e entrega o prêmio ao cliente que acertou ou ao que mais se aproximou do número exato). Brindes (escolha brindes geralmente de pequeno valor, onde aparece estampado o nome do salão. Podem ser batons, tou- cas de cabelo para usar no banho etc). - Concursos (há vários tipos, entre eles completar uma frase, criar um slogan, e assim motivar a competição entre os participantes, gerando movi- mento no salão). - Parcerias com fornecedores (faça acordos com seus principais fornece- dores para obter apoio em promoções cooperadas e vantagens adicionais para seus clientes). - Atividades sociais (associe a promo- ção com algumas atividades sociais, tais como desfiles, feiras, eventos fi- lantrópicos, palestras etc. Ofereça des- contos ou ingressos gratuitos, a fim de apoiar a realização desses eventos, dando-lhe visibilidade). - Dia do profissional (praticamente todas as profissões são homenageadas em um dia do ano. Faça um calendário dessas datas e ofereça, no dia a ser festejado, condições especiais para seus clientes). - Estações do ano (aproveite o período de chegada das estações e faça pro- moções especiais como as de verão e primavera). 21 22 - Fidelidade (através de cartões, cartelas, selos ou carimbos, o salão poderá con- trolar o número de vezes que os clientes lá comparecem. Após um determinado período e a cartela totalmente preen- chida, o cliente fará jus a uma cortesia determinada pelo salão). - Festivais (faça uma parceria com seus fornecedores e escolha uma determina- da linha de produtos, promovendo um festival e incrementando a venda de produtos e serviços). - Gratuidade (a palavra “grátis” é mági- ca, principalmente em promoções. Ofe- reça algo grátis somente se o cliente tiver a certeza de que realmente está ganhando algo que não está pagando de outraforma). - Horários (conquiste uma nova clientela estendendo o horário de funcionamento do salão - até às 21h ou aos domingos). Sorteios (diferentemente do concurso, nesta promoção o cliente não precisa fazer nada. O que conta é o fator sorte. O salão estabelece um prêmio para ser sorteado com os clientes que mais reali- zaram serviços no mês). É possível realizar tudo isso, desde que se faça um planejamento das ações. Lembre que fornecedores são parceiros e o custo das ações será infinitamente pequeno diante das possibilidades de ganho que virão. 23 SEBRAE EM PERNAMBUCO SEDE Rua Tabaiares, 360 Ilha do Retiro - Recife/PE CEP 50750-230 Tel: (81) 2101.8400 Fax: (81) 2101.8505 UNIDADE DE NEGÓCIOS MATA SUL Rua Vigário João Batista, 154 Centro - Cabo de Santo Agostinho/PE CEP 54505-470 Tel: (81) 3518.2323 UNIDADE DE NEGÓCIOS AGRESTE CENTRAL E SETENTRIONAL Rua Adjair da Silva Casé, 277 Indianópolis - Caruaru/PE CEP 55024-740 Tel: (81) 2103.8400 UNIDADE DE NEGÓCIOS AGRESTE MERIDIONAL Rua Maurício de Nassau, 82 Centro - Garanhuns/PE CEP 55293-100 Tel/Fax: (87) 3762.1752 UNIDADE DE NEGÓCIOS SERTÃO CENTRAL, MOXOTÓ, PAJEÚ E ITAPARICA Praça Barão do Pajeú, 929 Centro - Serra Talhada/PE CEP 56903-420 Tel/Fax: (87) 3831.2496 UNIDADE DE NEGÓCIOS SERTÃO DO ARARIPE Rua Ver. José Santiago Bringel, 70 Centro - Araripina/PE CEP 56280-000 Tel: (87) 3873.1708 UNIDADE DE NEGÓCIOS SERTÃO DO SÃO FRANCISCO Av. 31 de Março, s/n Centro de Convenções - Petrolina/PE CEP 56300-000 Tel: (87) 2101.8900 Fax: (87) 2101.8912 MAPEAMENTO DA PERCEPÇÃO DOS CLIENTES INTERNOS SOBRE A QUALIDADE DOS PROCESSOS: ESTUDO DE CASO NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA MAPPING THE PERCEPTION OF INTERNAL CUSTOMERS ON THE QUALITY OF PROCESSES: CASE STUDY IN THE AUTOMOTIVE INDUSTRY Versão do autor aceita publicada online: 13 fev. 2020 Publicado online: 12 maio 2021 Como citar esse artigo - American Psychological Association (APA): Logiúdice, R., Pacchini, A. P. T., Lucato, W. C. (2021). Mapeamento da percepção dos clientes internos sobre a qualidade dos processos: estudo de caso na indústria automotiva. Exacta. DOI: https://doi.org/10.5585/exactaep.2021.13378. Renato Logiúdice renato.logiudice@gmail.com Universidade Nove de Julho - UNINOVE Mestre e Doutorando em Engeharia de Produção Athos Paulo Tadeu Pacchini athos@uni9.pro.br Universidade Nove de Julho - UNINOVE Doutorando em Engenharia de Produção Wagner Cezar Lucato wlucato@uni9.pro.br http://orcid.org/0000-0002-4984-3645 Universidade Nove de Julho - UNINOVE. São Paulo, SP. Doutorado em Engenharia de Produção (Conceito CAPES 4). Universidade Metodista de Piracicaba, UNIMEP, Brasil. Resumo Este trabalho tem como objetivo avaliar a percepção dos clientes em relação aos processos internos de uma indústria metalúrgica de grande porte dedicada à manufatura de autopeças. A avaliação foi feita considerando os seguintes aspectos: conformidade do produto, prazos e atendimento. Diversos estudos têm analisado a cadeia de valor, mas poucos tratam sobre a identificação dos pontos a serem melhorados, de forma colaborativa, dentro da empresa. Neste http://www.revistaexacta.org.br https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/ http://www.revistaexacta.org.br https://periodicos.uninove.br/exacta/index https://doi.org/10.5585/exactaep.2021.13378 mailto:renato.logiudice@gmail.com mailto:athos@uni9.pro.br mailto:wlucato@uni9.pro.br http://orcid.org/0000-0002-4984-3645 https://crossmark.crossref.org/dialog/?doi=10.5585/exactaep.2021.13378&domain=pdf&date_stamp=2021-05-12 trabalho, foi desenvolvido um estudo de caso em uma indústria pertencente à cadeia logística automotiva. Por meio dele, pontos críticos foram encontrados nos elos cliente-provedor interno da cadeia de valor. Nessa avaliação, setores considerados como relevantes nesse ramo de atividade, como ferramentaria e compras, apresentaram os piores resultados no que se refere aos prazos. Já a ferramentaria se mostrou- deficiente no quesito atendimento na prestação dos serviços. Palavras-chave: Processos internos; Cadeia de valor; Clientes internos. Abstract This work aims to evaluate the customers perception of the internal processes of a large metallurgical industry dedicated to the manufacture of auto parts. The evaluation was made considering the following aspects: product compliance, deadlines and attendance. Several studies have analyzed the value chain, but few have proposed the identification of the points to be improved collaboratively within the company. In this work, a case study was carried out and critical points were found in the internal client-provider links of the value chain. In this evaluation, sectors considered as relevant in this field of activity, such as tooling and purchasing, presented the worst results in performance factors of deadlines. Tooling was shown to be deficient in the service provision. Keywords: Internal processes; Value chain; Internal clients. 1. Introdução A vantagem competitiva tem nascentes nas muitas atividades distintas que a empresa desenvolve e que dá apoio à cadeia de suprimentos na geração do produto ou serviço. Cada uma dessas atividades contribui para o resultado e cria uma base para a diferenciação (Vargas, Montilla & Jabour, 2018). Pode-se considerar que a linha de produção, de uma empresa, é composta por um ou mais processos concatenados. Cada um desses processos deverá entregar para o estágio seguinte componentes ou serviços com os requisitos de qualidade estabelecidos de modo satisfatório. Para avaliar a necessidade de melhorar o desempenho dos processos, convém examinar os resultados dos produtos ou serviços de cada um dos processos. A qualidade dos produtos e serviços oferecidos pelos provedores internos pode ser monitorada pelos seguintes indicadores de desempenho: http://www.revistaexacta.org.br https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/ http://www.revistaexacta.org.br atendimento aos prazos de entregas acordados e entrega dos pedidos de acordo com as especificações e o atendimento colaborativo (Aharonovitz, Vieira & Suyama, 2018). Com a utilização de uma escala Likert pode-se quantificar uma variável intangível, como nos casos do atendimento colaborativo, assim, a avaliação do desempenho dos provedores internos na empresa passa a ser suscetível de análise. Diversos estudos têm analisado as cadeias de valores, mas poucos sugerem a aplicação de métodos para operacionalizar o monitoramento da qualidade no atendimento e prazos nos elos clientes-provedores, no âmbito interno da organização, (ArlbjØrn & Freytag, 2013; Mayer, Borchardt & Pereira, 2016) A escassez de estudos práticos com relação a avaliação dos clientes internos, estimulou o presente trabalho no sentido de constatar como isso é operacionalizado num caso real em uma indústria do setor automotivo. Já na área de serviços, diversos estudos são relatados e com resultados válidos da sua aplicabilidade, porém, essa possibilidade nem sempre se confirma, quando a estrutura do sistema de gestão não dispõe de meios para a realização do monitoramento dos pontos críticos dos processos envolvidos, (Piercy & Rich, 2009). Ainda assim, uma relação de colaboração entre os donos dos processos internos envolvidos permite melhorar o desempenho como um todo. Conforme Xu, Goedezebuure e Heijden (2006), na percepção do cliente, benefícios sociais, relativos à qualidade no atendimento proporcionado pelo fornecedor, têm um impacto positivo na satisfação , pois maiores níveis de confiança nesse relacionamento resultarão em menor ansiedade durante às interações . Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar os aspectos da qualidade do atendimento, dos prazos de entrega e da conformidade das características do item produzido, isso sob a percepção dos clientes internos dos processos operacionais.Com o mapeamento dos resultados, procurou-se identificar quais são os processos que ocasionam mais problemas no âmbito interno da empresa. Para suportar essa análise, recorreu-se a um estudo de caso para realizar o mapeamento dos processos internos (produtivos e de apoio) da empresa em questão, bem como a identificação dos seus clientes e provedores. Para isso, aplicou-se um questionário aos responsáveis pelos processos, no qual notas deveriam ser atribuídas aos seus provedores com relação aos indicadores de prazo e à conformidade com as especificações do item fabricado e qualidade no atendimento. http://www.revistaexacta.org.br https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/ http://www.revistaexacta.org.br https://www.emeraldinsight.com/author/Suyama%2C+Suzi+Sanae 2. Revisão da literatura Para se compreender o elo existente entre a vantagem competitiva e as várias atividades executadas na cadeia de valor de uma empresa, bem como o modo como elas interagem, tem-se os estudos de Michael Porter (1985). Para o autor, a cadeia de valor deu uma base para cada atividade dentro da organização, para possibilitar adicionar valor ao cliente. Nesse caso, a logística tem um papel central na criação de valor para o cliente, dentro e fora dos limites das empresas. Conforme Bowersox, Closs e Cooper (2006), a satisfação é alcançada quando ocorre a criação de valor ao cliente, de modo que suas expectativas em relação aos requisitos qualidade e disponibilidade são atendidas. Entretanto, Khan e Mentzer (1996) e Christopher (2016) observaram que os profissionais de gestão da logística focam na integração de seus parceiros externos apenas, não dando a mesma atenção, sob o ponto de vista interdepartamental, ao contexto clientes e fornecedores internos. A integração da cadeia de valor da empresa, notadamente no controle dos lead times, propicia melhorias no desempenho logístico (Hilsdorf, Rotondaro & Pires, 2009; Christopher, 2016). Uma das razões da complexidade do gerenciamento e da avaliação da cadeia de suprimentos é a dificuldade em se definir as fronteiras do sistema a ser mensurado. Outro problema que merece atenção é a falta de ligação entre estratégia e indicadores de desempenho (Carter, Rogers & Choi, 2015). De acordo com Grahan (2018), a elaboração de um produto ou serviço para um cliente é realizada pela sequência concatenada de atividades em um ou mais processos interligados. Existe toda uma interação entre clientes e provedores internos, mas o objetivo principal é a produção de um bem ou serviço para o cliente final. Nesse sentido, o objetivo principal da gestão é manter e melhorar os padrões de trabalho para a contínua satisfação dos clientes, internos e externos. Apesar de direcionar para as atividades do dia a dia da organização, não é bom perder a perspectiva das necessidades e expectativas do cliente externo. Medidas e métricas são frequentemente propostas, independentemente do produto, da indústria, ou do tipo de cliente, para atingir o nível de serviço exigido (Grahan, 2018). A qualidade dos produtos e serviços prestados pelos provedores pode ser avaliada por indicadores de desempenho, tais como a quantidade ou percentagem de entregas realizadas dentro do prazo, o recebimento do pedido de acordo com as especificações ou a percentagem de entregas devolvidas parcial ou integralmente. Com a mudança de cenário, onde a disputa não acontece entre http://www.revistaexacta.org.br https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/ http://www.revistaexacta.org.br https://onlinelibrary.wiley.com/action/doSearch?ContribAuthorStored=Carter%2C+Craig+R uma empresa e sua concorrente, mas entre as suas cadeias de suprimentos, a avaliação do desempenho logístico assume papel relevante na melhoria da cadeia como um todo (Aharonovitz, Vieira & Suyama, 2018). Desperdícios nos processos internos comprometem a produtividade da empresa. Como desperdícios, pode-se citar filas e excesso de material, produção além do programado, tempo de espera, movimentação de material, preparações de máquina, processos errados e produção de peças defeituosas (Rossetti, Barros, Tódero, Denicol, & Camargo, 2008). Atualmente, a análise da interação dos processos é mais complexa quando se refere à integração, ainda mais com o aumento da terceirização de serviços, embora esta tenha a vantagem da redução dos custos. Os requisitos na interação clientes-provedores continuam sendo praticamente os mesmos, ou seja: qualidade no atendimento, características do item, prazo e preço (Vieira & Rodrigues, 2011). Em relação ao desenvolvimento teórico exposto, a integração logística ainda apresenta alguns desafios. Zhang, Guo e Liu (2018), por exemplo, apontam que a conexão entre manufatura e vendas ainda é mais forte do que entre manufatura e compras. Isso indica que, já internamente, a integração está sendo parcial, dificultando a visão da cadeia como um todo. Isso pode ser, segundo o autor, uma consequência das políticas orientadas ao consumidor, que acabam dando maior ênfase a jusante. De acordo com Daugherty, Ellinger e Gustin, (1997), várias empresas constataram que, se as atividades logísticas estiverem coordenadas com propósitos de melhorias, os custos totais podem ser reduzidos, o serviço ao cliente pode ser melhorado, e os conflitos interdepartamentais podem ser substancialmente diminuídos. Em se tratando de melhorias, os sistemas de informação são utilizados com o objetivo de otimizar o desempenho de uma organização, por meio de hardwares e softwares para o gerenciamento das operações, seja em uma só empresa ou em toda uma cadeia de suprimentos. Para melhorar o fluxo de informação dentro da cadeia, os parceiros devem ter um conjunto de medidas em comum e uma confiança mútua que seja suficiente para compartilhar essa informação (Petersen, Ragatz, & Monczka, 2005; Handfield & Bechtel, 2002). Por outro lado, as práticas colaborativas podem ser impulsionadas por modelos de cadeia de suprimentos, como a Efficient Consumer Response, ou Resposta Eficiente do Consumidor, para melhorar o desempenho por meio do compartilhamento de informações (Bailey & Francis, 2008). http://www.revistaexacta.org.br https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/ http://www.revistaexacta.org.br https://www.emeraldinsight.com/author/Suyama%2C+Suzi+Sanae https://ieeexplore.ieee.org/author/37070506100 https://ieeexplore.ieee.org/author/37086450300 https://ieeexplore.ieee.org/author/37086191960 Segundo Reagan (2011) e Antonioli e Calarge (2013), o Lean Service, ou Serviço Enxuto, é frequentemente usado em departamentos operacionais para gerar benefícios. No entanto, deveria ser aplicado também nos departamentos de suporte, em áreas que possuem características de serviços, uma vez que tem impacto significativo sobre a qualidade. Ainda segundo os autores, todas as etapas interligadas ao processo interno da empresa devem ser continuamente melhoradas para oferecer e sustentar o serviço superior por meio de atividades interconectadas que geram benefícios nas atividades subsequentes. Uma constatação empírica conduzida por Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985) revela que, independentemente do serviço, os clientes usam os mesmos critérios gerais para chegar a uma avaliação sobre a qualidade do serviço recebido. Correspondentemente, o estudo empírico de Van Montfort et al. (2000) revelou que a satisfação pode ser prevista pelo desempenho de serviço percebido pelos clientes. As pesquisas de Gremler e Gwinner (2000) indicam que a afinidade e a harmonia do cliente- fornecedor estão positivamente relacionadas à satisfação com o prestador de serviços. Analogamente, Hennig-Thurau, Guinner e Gremler, (2002), assumem que existe uma relação positiva entre o benefício social e a satisfação do cliente. Diante dessas constatações, a proposição para este estudo se apresenta como:O mapeamento da satisfação dos clientes internos pode revelar pontos críticos para ações corretivas que visam a melhoria da qualidade nas interfases clientes fornecedores internos. 3. Procedimentos metodológicos No presente trabalho, utilizou-se o método hipotético-dedutivo proposto por Lakatos e Marconi (2017), uma vez que o grande estímulo, para essa pesquisa, foi avaliar a percepção dos clientes internos da cadeia logística quanto ao desempenho dos provedores da empresa pesquisada. Isso resultou em um estudo de caso com observação direta extensiva por meio da realização de entrevista semiestruturada e da aplicação de formulário. De acordo com Yin (2010), o estudo de caso “é uma investigação empírica que analisa um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real”, no qual múltiplas fontes e evidências são usadas. Esse tipo de procedimento envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, permitindo o seu amplo e detalhado conhecimento. http://www.revistaexacta.org.br https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/ http://www.revistaexacta.org.br Segundo Ellram (2006), o método do estudo de caso vem se tornando bem aceito, principalmente em pesquisas relacionadas à gestão de operações e à cadeia de suprimentos, por se tratar de uma forma legítima e válida de adicionar subsídios a esse campo de conhecimento, já que outros tipos de abordagem não conseguem suprir essa necessidade. Para realizar o estudo de caso, que suportou o desenvolvimento aqui proposto, estabeleceram-se os seguintes critérios para seleção da empresa: a) deveria ser uma empresa de médio ou grande porte para garantir um nível de processos internos devidamente segmentados, o que é fundamental para a realização da presente avaliação; b) ser uma empresa com processos internos estruturados de maneira a possibilitar a sua completa compreensão e identificação das fronteiras entre os diversos agentes que atuam nos referidos processos; e c) a empresa deveria garantir aos pesquisadores amplo acesso aos diferentes clientes internos, para que as informações necessárias pudessem ser adequadamente colhidas. Como decorrência desses critérios, a empresa selecionada como objeto deste estudo pertence ao segmento metalúrgico, e é especializada na fabricação de peças forjadas e usinadas de alta precisão, em ligas de metais não-ferrosos, direcionadas ao segmento automotivo. Além disso, a empresa possui em torno de 600 funcionários e um parque industrial de 14.000 m², localizado na cidade de São Paulo. Os principais macroprocessos de fabricação mapeados na empresa estudada (o que impacta na cadeia de valor) são mostrados na Figura 1, conforme a sua sequência. O método utilizado para a coleta dos dados foi o depoimento dos responsáveis pelos processos produtivos da empresa, obtido por meio de uma entrevista semiestruturada e do preenchimento de um formulário, de modo a identificar a estrutura interna da empresa, ou seja, sua cadeia de suprimentos, seus membros-chave, seus principais processos de negócio, seu nível de integração dos processos, as práticas utilizadas, seus fluxos de informação e materiais, além de outros dados que pudessem ser relevantes para o objetivo da pesquisa. http://www.revistaexacta.org.br https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/ http://www.revistaexacta.org.br Figura 1 – Mapeamento da estrutura dos macroprocessos Fonte: os autores (2019). O objetivo desse procedimento foi mapear e medir o grau de integração dos processos logísticos internos com seus usuários. As entrevistas realizadas foram conduzidas com o auxílio de um questionário, em que se utilizou a escala Likert, variando de 1 a 5 pontos, com a seguinte graduação de medição para cada uma das afirmativas propostas acerca da efetiva prática dos fatores de integração considerados: (1) péssimo, (2) ruim, (3) regular, (4) bom e (5) ótimo. A utilização da escala de Likert teve como objetivo facilitar a obtenção das respostas e a interpretação das informações obtidas. A qualidade em serviços é a percepção entre os requisitos esperados, ou que foram acordados, e os resultados recebidos (Gronroos, 1984; Kotler, 2000; Lehtinen & Lehtner, 1982; Lewis & Booms, 1983; Parasuraman et al., 1988; Zeithaml,1987). Os indicadores utilizados na pesquisa tiveram como base o método SERVQUAL, que representa um dos mais amplamente utilizados instrumentos de medição da qualidade do serviço. Ele forneceu aos pesquisadores um meio de fazer essa medição com base em cinco dimensões: aspectos tangíveis, confiabilidade, responsividade, garantia e empatia (Parasuraman et al. 1988). Considerando que o conceito de serviço ao cliente interno da empresa está relacionado diretamente às atividades do sistema logístico na cadeia de suprimentos, foram utilizados, como http://www.revistaexacta.org.br https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/ http://www.revistaexacta.org.br arcabouço teórico para delimitação das variáveis a serem utilizadas na pesquisa, os processos- chave denominados “gestão da demanda” e “atendimento de pedidos” (Christopher, 2016), os quais envolvem basicamente subprocessos de natureza logística, tais como: processamento de pedidos, gestão de estoques, embalagem e manuseio de produtos, transporte e entrega, e gestão da informação sobre o pedido. A partir dessas atividades, foram definidos os três fatores de integração a serem utilizados como referência para a construção do instrumento de pesquisa. São eles: (1) características de desempenho do prazo de entrega dos produtos e serviços, conforme programação da produção estabelecida; (2) conformidade dos produtos de acordo com as especificações requeridas; e (3) qualidade do atendimento na prestação dos serviços. Para as três características, foram calculados seus desvios-padrão e as médias para embasar as conclusões desse trabalho. Para o mapeamento da percepção dos clientes internos sobre a qualidade dos processos, foram elaboradas algumas tabelas para cada um dos três fatores de integração. Nelas, foram elencados os setores produtivos, bem como a avaliação com os pontos obtidos dos seus clientes internos, as médias e os desvios-padrão. Os resultados das médias e dos desvios foram sinalizados com cores que correspondem as pontuações estabelecidas na escala Likert, para facilitar a gestão à vista. Tais tabelas são demonstradas no próximo tópico. 4. Resultados e discussões Cada cliente interno, responsável pelo processo analisado da empresa, respondeu às questões da pesquisa sobre a qualidade no prazo de entrega dos produtos e serviços, a conformidade dos produtos e serviços recebidos e a qualidade no atendimento. As pontuações obtidas de cada um dos provedores internos da empresa foram tabuladas e estão representadas nos Quadros 1, 2 e 3. Para as pontuações de cada provedor, foram calculados as médias e os desvios-padrão, para constatar se a média representa uma unanimidade na avaliação dos clientes e se existe uma variação significativa. Da análise dos resultados apresentados no Quadro 1, que se trata do prazo de entrega dos produtos e serviços,, constatou-se que o setor de compras apresenta uma pontuação média com conceito ruim, e um desvio padrão que mostra pouca dispersão desse conceito, o que está de acordo com as afirmações de Zhang, Guo e Liu (2018). Isso demonstra a necessidade de se implementar uma ação de melhoria para a diminuição desses possíveis gargalos no fluxo produtivo, conforme http://www.revistaexacta.org.br https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/ http://www.revistaexacta.org.br enfatizado por Rossetti et al. (2008). Constatou-se ainda que vários setores possuem uma dispersão das pontuações elevada, principalmente devido à péssima avaliação de um dos clientes interno, fato este que merece atenção especial, como confirmadono estudo de Piercy e Rich (2009). Quadro 1 – Característica da qualidade: prazo de entrega dos produtos ou serviços Fonte: os autores (2017). Já com base na análise do Quadro 2, que se refere à conformidade dos produtos e serviços, contatou-se que existem setores, como o Laboratório Químico e a Engenharia de Processos, que apresentam uma excelente pontuação, o que denota que a empresa possui um corpo técnico competente em suas atribuições e também uma estrutura laboratorial compatível com as exigências dos processos envolvidos. Os setores de PCP (Planejamento e Controle da Produção) e extrusão apresentaram uma pontuação baixa, tanto no requisito prazo de entrega como no atendimento dos requisitos de qualidade estabelecidos para os produtos e serviços esperados pelos seus clientes internos. Isso denota falhas constantes na programação e na qualidade dos produtos. Observou-se que o setor de corte fez uma boa avaliação dos prazos de entrega do setor de extrusão, porém, os aspectos do atendimento das características do produto receberam uma pontuação baixa. Os setores A C A B A M E N T O A L M O X A R IF A D O C O R T E E S T A M P A R IA C O N T .Q U A L ID A D E D E S . P R O D U T O S E N G . P R O C E S S O S E X T R U S Ã O F E R R A M E N T A R IA F O R JA R IA F U N D IÇ Ã O L A B . Q U ÍM IC O M A N U T E N Ç Ã O P L A N . P R O D U Ç Ã O - P C P R E C U R S O S H U M A N O S U S IN A G E M V E N D A S SOMA MÉDIA D.PADRÃO 3 4 1 3 11 2,75 1,09 3 3 5 5 4 5 1 4 4 34 3,78 1,23 4 3 4 11 3,67 0,54 4 2 5 4 4 3 4 3 4 1 34 3,40 1,11 4 3 5 3 5 4 2 2 4 1 33 3,30 1,27 2 4 2 4 5 4 4 1 26 3,25 1,30 4 2 3 4 3 1 17 2,83 1,07 3 4 3 3 1 3 1 1 3 1 23 2,30 1,10 3 4 5 2 14 3,50 1,12 4 3 3 4 4 4 22 3,67 0,47 5 4 4 13 4,33 0,47 1 3 4 5 2 3 4 3 3 3 2 2 3 38 2,92 1,00 2 3 1 2 3 4 2 4 3 3 4 31 2,82 0,98 1 4 4 2 4 4 3 4 3 3 32 3,20 0,98 3 4 4 4 15 3,75 0,43 4 3 5 5 3 2 22 3,67 1,11 2 2 2 2 2 3 1 14 2,00 0,53 VENDAS COMPRAS DES. PRODUTOS ENG.PROCESSOS PLAN.PRODUÇÃO-PCP RECURSOS HUMANOS USINAGEM Clientes internos CARACTERÍSTICA DA QUALIDADE: PRAZO DE ENTREGA DOS PRODUTOS OU SERVIÇOS ACABAMENTO F o rn e c e d o re s in te rn o s EXTRUSÃO FERRAMENTARIA FORJARIA FUNDIÇÃO LAB. QUÍMICO MANUTENÇÃO ALMOXARIFADO CORTE ESTAMPARIA CONT.QUALIDADE http://www.revistaexacta.org.br https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/ http://www.revistaexacta.org.br de Laboratório Químico e Engenharia de Processos obtiveram uma excelente pontuação, justificando os investimentos que a empresa fez nos recursos humanos envolvidos e também nas instalações e na tecnologia da informação. Quadro 2 – Característica da qualidade e conformidade dos produtos ou serviços Fonte: os autores (2017). A pontuação quanto à qualidade no atendimento sinalizou um estágio de amadurecimento dos relacionamentos pessoais entre os setores da empresa. Na administração participativa, a harmonização dos relacionamentos leva a construir a cultura organizacional voltada à colaboração, o que está de acordo com Xu, Goedezebuure e Heijden (2006). Da análise dos resultados contidos no Quadro 3, que se refere à qualidade do atendimento, o setor de ferramentaria também obteve uma pontuação baixa, porém, devido às pontuações dos setores de apoio à produção, como o PCP e a manutenção, constituindo um problema de estabelecimento de prioridades e deve-se deixar isso bem claro para o elo cliente-provedor e interno como característica nas negociações internas de requisições de serviços e apoio. Conforme Porter (1985), as organizações devem olhar para cada A C A B A M E N T O A L M O X A R IF A D O C O R T E E S T A M P A R IA C O N T .Q U A L ID A D E D E S . P R O D U T O S E N G . P R O C E S S O S E X T R U S Ã O F E R R A M E N T A R IA F O R JA R IA F U N D IÇ Ã O L A B . Q U ÍM IC O M A N U T E N Ç Ã O P L A N . P R O D U Ç Ã O - P C P R E C U R S O S H U M A N O S U S IN A G E M V E N D A S SOMA MÉDIA D.PADRÃO 5 5 4 5 2 4 2 27 3,86 1,25 4 4 5 4 3 2 4 3 29 3,63 0,86 3 1 4 3 11 2,75 1,09 4 5 4 4 4 4 3 4 3 4 1 40 3,64 0,98 4 4 5 4 4 4 3 3 2 4 37 3,70 0,78 4 4 4 5 5 4 4 2 32 4,00 0,87 3 3 3 1 10 2,50 0,87 4 4 5 3 4 4 2 2 4 3 35 3,50 0,92 2 4 5 3 14 3,50 1,12 4 5 4 4 1 18 3,60 1,36 5 5 5 15 5,00 0,00 4 3 4 4 3 3 3 3 4 3 4 3 5 46 3,54 0,63 4 4 2 3 2 3 2 3 3 1 5 32 2,91 1,08 3 5 4 3 4 4 4 5 4 4 1 41 3,73 1,05 3 4 4 5 16 4,00 0,71 4 2 5 2 2 15 3,00 1,26 2 3 3 4 4 4 4 3 27 3,38 0,70 VENDAS COMPRAS CARACTERÍSTICA DA QUALIDADE: CONFORMIDADE DOS PRODUTOS OU SERVIÇOS Clientes internos F o r n e c e d o r e s i n te r n o s ACABAMENTO ALMOXARIFADO CORTE ESTAMPARIA CONT.QUALIDADE DES. PRODUTOS ENG.PROCESSOS EXTRUSÃO FERRAMENTARIA FORJARIA FUNDIÇÃO LAB. QUÍMICO MANUTENÇÃO PLAN.PRODUÇÃO-PCP RECURSOS HUMANOS USINAGEM http://www.revistaexacta.org.br https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/ http://www.revistaexacta.org.br atividade em sua cadeia de valor e avaliar se elas têm uma vantagem competitiva real. Se não tiverem, então talvez devam considerar a terceirização dessa atividade. Quadro 3 – Característica da qualidade: atendimento Fonte: os autores (2017). 5. Considerações finais Com este estudo, constatou-se que há diversos estudos na literatura sobre melhorias na cadeia de suprimentos e sua integração. Entretanto, poucos abordam os métodos para identificação de problemas. No nível das operações internas à empresa, os aspectos tangíveis são facilmente identificados, e as ações corretivas, implementadas. Porém, as características intangíveis da qualidade na prestação de serviços de apoio, e mesmo nos elos produtivos da cadeia de valor, acabam passando despercebidas. Por essa razão, os indicadores que possibilitam sinalizar essas não-conformidades são importantes para auxiliar os gestores nas tomadas de decisões. O estudo de caso aqui desenvolvido, embora não possa ser generalizado, é adequado para a aplicação em diversas empresas, pela sua simplicidade e pelo seu baixo custo. Além disso, com A C A B A M E N T O A L M O X A R IF A D O C O R T E E S T A M P A R IA C O N T .Q U A L ID A D E D E S . P R O D U T O S E N G . P R O C E S S O S E X T R U S Ã O F E R R A M E N T A R IA F O R J A R IA F U N D IÇ Ã O L A B . Q U ÍM IC O M A N U T E N Ç Ã O P L A N . P R O D U Ç Ã O - P C P R E C U R S O S H U M A N O S U S IN A G E M V E N D A S SOMA MÉDIA D.PADRÃO 4 4 4 4 4 3 23 3,83 0,37 3 5 5 4 5 4 4 5 3 4 42 4,20 0,75 3 5 4 4 4 20 4,00 0,63 4 3 5 5 5 4 3 4 4 3 40 4,00 0,77 4 5 5 5 5 4 5 2 4 4 43 4,30 0,90 4 4 4 5 5 4 4 30 4,29 0,45 5 4 4 3 4 20 4,00 0,63 2 3 4 4 3 2 1 4 3 26 2,89 0,99 3 4 5 5 4 21 4,20 0,75 5 5 5 3 18 4,50 0,87 5 5 5 15 5,00 0,00 3 4 5 4 4 4 5 5 4 4 4 4 50 4,17 0,55 4 4 4 3 4 4 4 4 3 3 5 42 3,82 0,57 3 5 4 5 3 5 4 5 4 5 5 48 4,36 0,77 3 4 5 5 17 4,25 0,83 4 5 4 5 3 3 24 4,00 0,82 3 5 4 4 3 4 4 3 30 3,75 0,66 CARACTERÍSTICA DA QUALIDADE: ATENDIMENTO Clientes internos F o rn e c e d o re s in te rn o s ACABAMENTO ALMOXARIFADO CORTE ESTAMPARIA CONT.QUALIDADE DES. PRODUTOS ENG.PROCESSOS EXTRUSÃO FERRAMENTARIA FORJARIA FUNDIÇÃO LAB. QUÍMICO MANUTENÇÃO PLAN.PRODUÇÃO-PCP RECURSOS HUMANOS USINAGEM VENDAS COMPRAS http://www.revistaexacta.org.br https://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/ http://www.revistaexacta.org.br a ajuda das novas tecnologias da informação, favorecerá a reorganização e a visão detalhada dos processos. Considerando as percepções dos clientes internos avaliados, constatou-se que os setores de ferramentaria e compras apresentam as piores notas em relação ao prazo de entrega e àconformidade dos produtos ou serviços. O mesmo vale para os setores de PCP (Planejamento e Controle da Produção), corte e estamparia e extrusão. No que se refere ao atendimento, a ferramentaria foi a que obteve pior avaliação nos processos internos. Com base na análise realizada, pode-se assegurar que este trabalho traz contribuições tanto teóricas como práticas para a Gestão de Operações. Para o campo de conhecimento, os resultados aqui encontrados contribuem com a literatura na medida em que agregam novas informações e conclusões que, até então, não haviam sido devidamente exploradas na bibliografia que trata do monitoramento de aspectos da qualidade nos elos clientes fornecedores internos. Para a prática, este trabalho apresenta, aos gestores dos processos internos, uma ferramenta simples e econômica que permite identificar pontos que precisam de atenção a fim de implantar melhorias nos processos internos da empresa. Como toda pesquisa, está também tem limitações. Primeiramente, por se tratar de um estudo de caso único, não se pode fazer generalizações. Ademais, a aplicação foi feita em uma empresa do setor automotivo que, em geral, possui processos internos bem estruturados. Portanto, para minimizar tais entraves, recomenda-se realizar estudos futuros nos quais os conceitos aqui apresentados sejam aplicados a um número maior de empresas pertencentes a diferentes setores industriais e de prestação de serviços. Referências Aharonovitz, M.C.S., Vieira, J.G.V. & Suyama, S.S. (2018). How logistics performance is affected by supply chain relationships. The International Journal of Logistics Management, Vol. 29, No. 1, pp.284-307. Antonioli. A., Calarge, F. A. (2013). A abordagem do lean servisse, uma revisão de literatura baseada em análise bibliométrica apresentada no XXXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos, Salvador, BA, Brasil, 08 a 11. ArlbØrn, J. S., Freytag, P. V. (2008). Evidence of lean: a review of international peer-reviewed journal articles. European Business Review. 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Diante desta questão, o objetivo deste artigo é fazer uma análise sobre a qualidade de tratamento dos colaboradores e funcionários dentro das empresas sobre o que é importante para que o funcionário seja motivado. Para buscar dados para a análise a para pesquisa foi realizada a partir de levantamento bibliográfico e uma pesquisa de campo qualitativa, que visa conhecer melhor a percepção dos funcionários e o seu comprometimento com a empresa. Palavras chave: Atendimento ao Cliente. Qualidade. Qualidade de Vida. Políticas de Gestão de Pessoas. Motivação ABSTRACT Currently the world has gone through many changes in all sectors of the economy, society, technology, and population growth, which has transformed the market of services and products increasingly competitive. So for organizations to win the competition and ensure positive results, companies seek as the main tool the quality of their services and the quality of customer service. Faced with this question, the purpose of this article is to analyze the quality of treatment of employees and employees within companies about what is important for the employee to be motivated. To fetch data for analyzing the research was carried out a literature review and a qualitative field research, which aims to better understand the perception of employees and their commitment to the company. Keywords: Customer Service. Quality. Quality of Life. People Management policies. Motivation ¹ Graduanda em Administração pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Nossa Senhora Aparecida (UNIESP Unidade de Sertãozinho-SP). E-mail: gislaineapsoares@gmail.com. ² Mestre em Administração de Empresas e Docente do Curso de Administração da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Nossa Senhora Aparecida (UNIESP Unidade de Sertãozinho-SP). E- mail: taciana_afonseca@yahoo.com.br. 104 SOARES, G. A.; SALLES, T. L. A. v. 07, nº 2, p. 103-122, JUL-DEZ, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista INTRODUÇÃO Atualmente o mundo está cada vez mais consumista e exigente, devido à evolução da tecnologia, acirrada competição entre indústrias e empresas e à diversidade de marcas presente no mercado, fatores estes que têm feito com que o foco principal da maioria das empresas seja a qualidade. Organizações lutam cada vez mais para conseguir manter-se no mercado com um bom nível de competitividade e para isso investem cada vez mais na qualidade de seus serviços. Diante desta preocupação com a qualidade, boa parte das empresas dedica- se à qualidade dos produtos e à qualidade no atendimento ao cliente, mas nota-se que poucas buscam na qualidade das condições de trabalho, uma forma de se atingir aquelas duas outras qualidades. Várias discussões surgem frente às pesquisas sobre qualidade no trabalho, e se estas questões internas influenciam realmente no atendimento ao cliente. Para responder estas dúvidas é necessário analisar as políticas e exigências das empresas em relação à qualidade dos serviços, bem como as políticas de RH que são consideradas como sendo promotoras de motivação e satisfação, como por exemplo a remuneração, os incentivos, os benefícios, os treinamentos e que fazem com que eles comprometam-se com as metas e objetivos da empresa. Estas e muitas outras questões vêm sendo debatidas diante desta nova gestão, que visa a qualidade em todos os aspectos. Uma vez que a qualidade é o principal foco das empresas o que se torna essencial neste caso, são os colaboradores, pois são eles que vão promover a qualidade tanto dos produtos quanto dos serviços. Neste sentido, necessita-se de uma reflexão sobre o que é exigido destes colaboradores pelas empresas, e o que é oferecido a ele para que esteja motivado, tenha comprometimento, e acima de tudo trabalhe com qualidade. Tanto no caso da fabricação de produtos, quanto na prestação de serviço, se os colaboradores estiverem desmotivados e descomprometidos, haverá uma perda da qualidade no seu trabalho, fato esse que muitas empresas não percebem ou não dão a devida importância. Sabe-se que, para que o colaborador se envolva com os objetivos da empresa e realize um bom serviço são necessários vários fatores, entre eles: conhecer a missão e os objetivos da empresa, estar motivado, ter uma gestão mais 105 SOARES, G. A.; SALLES, T. L. A. v. 07, nº 2, p. 103-122, JUL-DEZ, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista participativa, sentir-se justamente recompensado pelo esforço dispendido, ter treinamento apropriado, ter condições adequadas de trabalho e qualidade de vida. Neste sentido, surge a questão: Será que a empresa que exige muito em qualidade no atendimento ao cliente também está oferecendo de forma proporcional um tratamento de qualidade aos seus colaboradores, para que estes possam enfim tratar bem seus clientes? Assim, o presente trabalho tem como objetivo compreender e resgatar a importância da relação entre a qualidade dos recursos oferecidos ao cliente interno, e a qualidade do atendimento fornecido ao cliente externo. Para tanto, foram utilizados como metodologia, a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo de forma exploratório com análise qualitativa e quantitativa, a partir da perspectiva do colaborador sobre as condições de trabalho oferecidas pela organização e a qualidade exigida do seu trabalho. Para esta análise, a pesquisa será feita em uma empresa prestadora de serviço, no caso, um Banco, que normalmente foca muito sua gestão na qualidade de atendimento ao cliente. Uma vez que as exigências do cliente estão cada vez mais intensas e a exigência das empresas também, é provável que o colaborador encontre-se e sinta- se pressionado por todos os lados. Assim, o presente trabalho faz-se necessário, pois é de extrema importância compreender a percepção do trabalhador sobre essa situação para então ser possível propor às organizações melhorias na qualidade de vida dos colaboradores para atingirem o tão desejado sucesso. 1. QUALIDADE DE ATENDIMENTO AO CLIENTE EXTERNO Quando se pretende falar sobre qualidade de atendimento ao cliente, antes de tudo é importante definir e conceituar o termo qualidade. De acordo com Lacombe (2005), qualidade são todas as características de um produto ou serviço que o tornam capaz de satisfazer as necessidades explícitas ou implícitas do cliente. Neste sentido, a qualidade de um produto, por exemplo, envolveria os aspectos sobre sua aparência estética, durabilidade, segurança, desempenho, custo da operação, facilidade de instalação, utilidade, manutenção, entre outros. No caso dos serviços, a qualidade estaria relacionada ao tempo de espera para o atendimento, à cortesia,prestatividade e capacidade de resolução do atendente, passando também por aspectos ambientais, como limpeza, temperatura, decoração e organização do local. 106 SOARES, G. A.; SALLES, T. L. A. v. 07, nº 2, p. 103-122, JUL-DEZ, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista A busca pela qualidade de atendimento ao cliente, consiste então na busca da eficácia e da eficiência de todos os procedimentos envolvidos, incluindo desde a preparação do ambiente até a finalização do serviço, a manutenção deste e, o feedback de satisfação do cliente. Em qualquer um dos casos é possível concluir que quem decide se um produto ou serviço é ou não de qualidade, é o cliente, ou seja, é o seu julgamento e opinião sobre os aspectos apresentados que atribuirá qualidade a um produto ou serviço. Assim, para compreender melhor essa questão, cabe entender mais afundo sobre a percepção dos indivíduos sobre o que é qualidade. Uma vez compreendida a idéia de que a noção de qualidade está intimamente relacionada à visão e ao julgamento dos clientes, ou seja, que é algo particular, cabe conhecer como se processa e que fatores interferem na percepção desses indivíduos a cerca dos serviços prestados pelas organizações. Segundo Banov (2008, p. 56) “a percepção é um processo por meio do qual os estímulos físicos, captados pelos órgãos dos sentidos, são transformados em interpretações psicológicas”. Dessa forma, os órgãos do sentido recebem estímulos, que a todo o momento são encaminhados ao cérebro e se processam, entrando em contato com alguns conhecimentos já existentes ou incluindo novos conhecimentos. O resultado disso é o que se chama percepção. Pode-se dizer então que perceber é dar significado às sensações captadas pelos sentidos e interpretadas pelo cérebro, ou seja, é a capacidade de interpretar o mundo externo. O processo de percepção então, apenas para fins didáticos, poderia ser divido em dois processos menores que são a captação e a significação ou interpretação dos dados. Todos os cinco sentidos do ser humano, visão, audição olfato, tato e paladar, estão então envolvidos no processo de captação da qualidade. Isto é, ao chegar em um ambiente, o sentido da visão permite que se observe o tamanho do local, as cores, o fluxo de pessoas, a limpeza, a organização, etc.; a audição capta o barulho dos equipamentos, a conversa, ente outros ruídos; o olfato, também revela aspectos da qualidade como o cheiro vindo do banheiro, o cafezinho sendo preparado, odores de cigarro, suor ou perfume; o tato capta detalhes como a temperatura, a maciez da cadeira, o aperto de mão; e por último o paladar que permite entrar em contato com o gosto do café servido, a temperatura da água, entre muitas outras percepções. Todos esses elementos e dados captados pelos sentidos são interpretados 107 SOARES, G. A.; SALLES, T. L. A. v. 07, nº 2, p. 103-122, JUL-DEZ, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista pelo indivíduo como sendo aspectos que denotam qualidade ou não, de acordo com o que ele julga ser adequado. Isso significa dizer que, além da percepção da qualidade depender da capacidade dos órgãos dos sentidos de cada um, ela depende também do julgamento subjetivo que as diferentes pessoas possam dar. Banov (2008), afirma que esse processamento de informações envolve algumas fases que são: a seleção, a organização, o armazenamento e a recuperação da informação. Embora as informações e os estímulos sejam muitos, cada um faz a seleção do que é importante para si. Argyle (1976) apud Bergamini (2006), explica que quando se fala em sensações e percepções, trata-se de falar em funções psicológicas que, portanto, terão definições muito peculiares devido às diferenças individuais daquele que observa o comportamento alheio. Cada personalidade escolhe ângulos inéditos para observar seu interlocutor. Isso significa dizer que, cada pessoa irá filtrar e interpretar a realidade a partir de sua própria lente de percepção social, a qual poderá ser fiel à realidade posta, ou não, dependendo daquilo que lhe interessa ver. Um gerente pode avaliar bem seu subordinado por este ter um excelente discurso, característica que o gerente valoriza e considera importante, desprezando assim, o fato deste colaborador chegar sempre atrasado, demorar a entregar as planilhas solicitadas e atrapalhar o andamento do setor. Na medida em que as lentes de percepção social forem mais nítidas, melhor será a interação e o vínculo entre as pessoas, pois estarão mais próximas da realidade, das verdadeiras intenções e motivações. Para tanto, torna-se necessário conhecer os fatores responsáveis por essa distorção na leitura da realidade. Bergamini (2006), diz que há muitos fatores internos e externos, físicos e psicológicos que influenciam e modificam o modo como as pessoas vêem o mundo, que são as crenças, os valores, a história de vida, a cultura na qual estão inseridas, as expectativas, o estado emocional, entre outros. É pela interação desses vários fatores que se processa e se constrói a percepção das coisas. Dentre esses fatores, a emoção é considerada uma das maiores causadoras de distorções, conforme Malhas apud Banov (2008, p. 58) exemplifica: Os torcedores percebem melhor as falhas que o outro time comete; o juiz erra mais contra o time pelo qual se torce; os filhos dos outros cometem mais impropriedades; a professora é sempre a culpada; o gerente nunca orienta corretamente; o empregado não presta 108 SOARES, G. A.; SALLES, T. L. A. v. 07, nº 2, p. 103-122, JUL-DEZ, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista atenção à orientação, etc. Os valores pessoais também influenciam muito na percepção uma vez que representam as convicções básicas de que certo modo de conduta é preferível em relação a outro modo. Segundo Robbins (2002, p. 48): Os valores contém um elemento de julgamento baseado no que o indivíduo acredita ser bom, correto ou desejável, sendo, portanto de grande importância para a “compreensão das atitudes e da motivação, além de influenciarem nossas percepções. Distorcidos ou não, após esta seleção, os dados precisam ser organizados. Elementos mais próximos no tempo e no espaço tendem a ser agrupados e valorizados, como perceber o setor onde se trabalha como sendo o setor mais importante da empresa; elementos parecidos tendem ser agrupados e generalizados, como por exemplo, perceber e acreditar que todo trabalhador de fábrica é limitado para aprender; além disso, há uma tendência do cérebro completar os elementos faltantes para garantir a compreensão da situação, como quando funcionários sentem-se inseguros e acreditam que serão demitidos por perceberem que a empresa está sofrendo mudanças (BANOV, 2008). Na sequência, feita a seleção e a organização dos elementos, o cérebro armazena tudo na memória para posterior recuperação. A recuperação da informação será feita sempre que a mente se deparar com uma situação próxima ou semelhante. De acordo com este processo, muitos julgamentos, conflitos e tomadas de decisão serão afetados, pois se baseiam em registros previamente selecionados pelos fatores que influenciam a percepção que despreza informações importantes, distanciando-se da realidade objetiva (BANOV, 2008, p. 61). Cabe lembrar que, tanto os processos de captação e interpretação, quanto os subprocessos de seleção, organização, armazenamento e recuperação da informação, não ocorrem necessariamente na respectiva ordem, sendo de difícil delimitação, podendo ser muitas vezes simultâneas, ou seja, no mesmo instante em que uma informação está sendo captada e selecionada, o cérebro já está organizando e recuperando uma informação existente parecida e assim por diante. Viade regra, uma vez que estão envolvidos fatores puramente individuais e particulares, os processos de captação e interpretação certamente não permitem uma percepção fiel da realidade, havendo sempre ilusões e distorções. 109 SOARES, G. A.; SALLES, T. L. A. v. 07, nº 2, p. 103-122, JUL-DEZ, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista Diante disso, a Teoria da Gestalt surge como uma forma de vencer as distorções à que esse processo todo pode levar a incorrer, buscando minimizar a distância entre a realidade objetiva e a realidade percebida, tendo como pressuposto a percepção da totalidade indo além da soma das partes. De acordo com essa teoria, o todo é a realidade objetiva que é perdida quando o cérebro busca interpretar as partes (BANOV, 2008). Na linguagem da Gestalt, as partes seriam a figura, ou seja, o foco de atenção são os objetos de destaque, aquilo que consideramos importante no momento, e o fundo é a percepção global como por exemplo, quando se chega a um local e solicita-se informações sobre o horário de atendimento ou agendamento de uma reunião. Neste instante, a figura é a recepcionista, ela é o foco, e o fundo é todo o restante do local. Assim, as pessoas tendem a dizer que a empresa é ruim só porque a recepcionista não soube dar a informação exata, ou tendem a julgar o serviço da recepcionista como ruim, caso ela não resolva o problema. Transferindo esta idéia para a qualidade, pode-se dizer que a qualidade em um exato momento é considerada boa e em outro momento não e ainda mais, pode não ser considerada qualidade para o outro individuo. Neste ponto observa-se que a percepção influi na tomada de decisão, seja para qualidade do serviço ou para outra qualquer situação. Em uma empresa a percepção dos funcionários possui grande influência, pois a partir dela pode resultar uma grande negociação ou a perda da mesma. Um exemplo que demonstra bem esta relação é o que Rangel apud Banov (2008, p. 62) diz: Uma empresa desenvolveu um projeto de exportação de sapatos para a Índia. Enviou dois vendedores a pontos diferentes daquele país, para que levantassem o potencial de mercado. O primeiro vendedor enviou o seguinte fax para a diretoria da empresa: “Senhores, cancelem o projeto de exportação de sapatos para a Índia. Aqui ninguém usa sapatos.” Sem ter conhecimento deste fax, o segundo enviou o seu: “Senhores, tripliquem o projeto de exportação de sapatos para a Índia. Aqui ninguém usa sapatos ainda.” No exemplo acima, percebe-se claramente o quanto é importante a percepção para cada um, e como ela pode mudar o rumo das coisas. Assim, como o foco da atenção geralmente é a figura e não o fundo, para que as pessoas percebam qualidade desejada, cabe aos gestores identificarem o que é considerado figura (foco) ao público-alvo, para então manipulá-la, destacando-a ou 110 SOARES, G. A.; SALLES, T. L. A. v. 07, nº 2, p. 103-122, JUL-DEZ, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista desviando a atenção para outro ponto. Percebe-se, portanto que o fator humano, ou seja, o colaborador é importante elemento gerador de sensações e percepções sobre a qualidade dos serviços oferecidos pelas empresas, merecendo, portanto, uma atenção especial nos esforços dos dirigentes em buscar o bem-estar, a satisfação e a motivação destes para que proporcionem momentos de excelência ao cliente externo. 2. QUALIDADE DE TRATAMENTO AO CLIENTE INTERNO Quando se trata do atendimento, ou tratamento ao cliente interno, a questão não é menos importante, pois são os colaboradores que realizam as atividades da empresa, fabricam os produtos e prestam os serviços. Assim para que possam realizar essas tarefas com qualidade e excelência é imprescindível que as pessoas estejam comprometidas, empenhadas e engajadas com os objetivos da empresa, isto é, as pessoas precisam estar motivadas. Abraham Maslow, a partir de seus estudos, chegou à conclusão de que o ser humano é portador de várias necessidades e elas são divididas em prioridade e hierarquia. Para tanto, criou uma pirâmide elencando o que é considerado mais importante para o individuo (AGUIAR, 2005). Na base da pirâmide Maslow colocou as necessidades fisiológicas, que incluem as necessidades de alimentação, sede, sono, repouso, enfim as necessidades importantes para a sobrevivência do individuo. Logo acima estão as necessidades de segurança, que se dividem em segurança física, segurança psíquica, e segurança profissional. No estágio seguinte localizou as necessidades sociais que estão ligadas às participações de amizade afeto e amor. Acima destas estariam às necessidades de estima, que significa não só ser aceito pelos outros, como também ser reconhecido e valorizado. Por fim, no topo da pirâmide estão as necessidades de autorrealização e autoconhecimento. Importante ressaltar que na primeira versão da pirâmide, Maslow postulou que necessidades localizadas em qualquer ponto da pirâmide só surgiriam caso as necessidades do estágio imediatamente anterior estivesse relativamente satisfeitas. Posteriormente em revisão à própria obra, o autor retificou essa afirmação, dizendo que o surgimento das necessidades não era algo estático e sempre de baixo para cima, mas que poderiam sim coexistir, por exemplo, as necessidades de segurança com as de auto- realização (AGUIAR, 2005; SILVA et al, 2013). 111 SOARES, G. A.; SALLES, T. L. A. v. 07, nº 2, p. 103-122, JUL-DEZ, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista Transportando essa teoria para dentro das organizações, e associando com a questão da qualidade no tratamento do cliente interno, fica claro o quanto pequenas ações podem proporcionar a satisfação dos colaboradores e consequentemente uma percepção de qualidade no que a empresa oferece. Salários e benefícios buscam atender às necessidades básicas; as adoções de uma política clara com regras, normas e objetivos específicos, promovem a segurança; um ambiente amistoso, com práticas gerenciais mais participativas, políticas de incentivo e reconhecimento, satisfazem as necessidades sociais e de estima; bem como os programas de desenvolvimento profissional e ascensão de carreira, proporcionam a auto-realização e autoconhecimento. Pode-se complementar essas questões também a partir da teoria da Equidade de J. Stacey Adams, a qual afirma que as pessoas fazem comparações umas com as outras, e neste caso dentro de uma empresa é importante uma igualdade entre salários e funções apresentadas. Tais aspectos se adequados contribuirão para funcionários que buscam a qualidade e o melhor atendimento. No entanto, em alguns lugares chefes e gerentes despreparados tentam fazer com que os seus funcionários atendam com qualidade sem perceberem que estão desmotivados, muitas vezes por causa de necessidades pessoais mal resolvidas e mal atendidas pela empresa. Assim, “enquanto as empresas cultivarem a hipocrisia do bom atendimento externo, a custa do péssimo atendimento interno, jamais haverá energia direcionada para a qualidade na prestação de serviços” (SILVA, 20004, p. 6 apud BANOV, 2008, p. 76). 2.1. Políticas de Gestão de Pessoas: subsistemas de RH que proporcionam maior envolvimento, motivação e comprometimento do colaborador Com as atuais mudanças no mercado de trabalho, houve também uma significativa reformulação nos sistemas de RH. Anteriormente este setor era responsável pela administração dos funcionários, envolvendo desde o recrutamento e a seleção, o treinamento, a comunicação, a higiene no trabalho, até a segurança, os benefícios salariais e assistenciais. Isso não quer dizer que hoje este departamento não cuide destas questões, porém, o seu foco dentro das empresas é o colaborador comoser humano e não apenas como um recurso a ser administrado. Pensando desta forma, a atuação do setor de Gestão de pessoas deixou de ser operacional para ser também estratégico, 112 SOARES, G. A.; SALLES, T. L. A. v. 07, nº 2, p. 103-122, JUL-DEZ, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista que busca através de pessoas motivadas e engajadas, atingir as metas e objetivos organizacionais. Ou seja, criou-se uma política de gestão de pessoas cujo princípio básico é a criação de incentivos para que o colaborador torne-se envolvido, motivado e tenha maior comprometimento com a empresa e com os resultados e metas que a mesma possui (CHIAVENATO, 2010). Desta forma as empresas e os sistemas de RH criaram diversos incentivos que a partir de estudos e da observação prática, acreditam mudar a percepção de seus empregados sobre o trabalho e seu comprometimento. A maioria das empresas usa a remuneração como forma de incentivo por acreditarem que ter um bom salário e ganhar benefícios seja o principal alvo dos membros da organização, embora saiba-se que somente a área financeira não é suficiente para influenciar na questão da motivação e do empenho das pessoas (SILVA, et al, 2013). Mas já que muitas empresas se utilizam da recompensa para conseguirem maior empenho de seus colaboradores, cabe citar as formas mais utilizadas pelas empresas. Neste sentido, a recompensa pode ser direta, oferecida por meio de premiações, comissão por vendas de produtos ou serviços, entre outros que chegam à mão do funcionário em espécie. E pode ser indireta, ou seja, pode ser oferecida na forma de benefícios, como cesta básica, ticket alimentação, auxílio transporte, plano de saúde, etc. e de bens e utensílios, como bicicleta, moto, computador, celular ou até mesmo viagens. Além destas é possível encontrar uma grande diversidade de benefícios entre os mais comumente oferecidos estão: seguro de vida em grupo, empréstimos aos funcionários, refeitório, assistência odontológica, clube ou grêmio, transporte gratúito de casa para a empresa e vice-versa, horário flexível, creche para filhos de funcionários, cooperativa de gêneros alimentícios ou convênio com supermercados, agência bancaria no local de trabalho, entre outros (SILVA, et al, 2013). Estes incentivos podem ser oferecidos independente de alguma regra ou administrados a partir dos mais diversos critérios, como por tempo de serviço, cumprimento de metas, ou de regras do trabalho, como exemplo não faltar no mês, não ter atrasos, não entregar atestados, entre outros, podendo ser um valor fixo, variável, ou ser pago por percentual alcançado. Outra opção utilizada é a participação do funcionário nos resultados obtidos pela empresa ao longo de um ano, a conhecida Participação nos Lucros e 113 SOARES, G. A.; SALLES, T. L. A. v. 07, nº 2, p. 103-122, JUL-DEZ, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista Resultados (PLR). Organizações que utilizam esta forma de incentivo, normalmente impõem algumas regras, levando o funcionário a obedecer certos padrões de qualidade, produtividade e comportamento, de modo a evitar ao máximo algum deslize para que não venha perder o incentivo (SILVA, et al, 2013; CHIAVENATO, 2010). Com os estudos sobre motivação humana, e sobre a motivação no trabalho, as empresas perceberam que somente uma remuneração adequada e programas de incentivos e recompensas não são suficientes para motivar o colaborador, então passaram a investir em formas não financeiras de incentivo, dentre os quais Chiavenato (2010), ressalta as oportunidades de desenvolvimento dentro da empresa e o reconhecimento do trabalho, aumentando desta forma a autoestima do profissional, segurança e qualidade de vida no trabalho, que leva o funcionário a ter orgulho da empresa e do trabalho que realiza. Além destes pontos, algumas empresas se utilizam de promoções, permitindo ao funcionário mudanças de cargo, de setor, dão liberdade e autonomia para opinarem, criarem e se desenvolverem, tornando o funcionário cada vez mais ativo e envolvido, fazendo com que lute pelos objetivos da empresa como se fossem particularmente seus. Percebe-se que as possibilidades são amplas, alguns benefícios a própria empresa toma conta de tudo sem a necessidade de pagar aos funcionários estes benefícios. Para muitos, no momento da escolha da empresa para se trabalhar estes requisitos são avaliados, podendo ser decisivos na opção por esta ou aquela organização. 2.2. Foco dos Programas de Qualidade de Vida e Incentivos das Organizações Os programas de qualidade de vida e de incentivos presentes nas organizações, mais do que manter os indivíduos satisfeitos, pretendem realizar a manutenção dos funcionários dentro da empresa. No entanto, sabe-se que mantê-los satisfeitos e envolvidos não é simples e fácil, por este motivo são desenvolvidos planos de qualidade de vida e de incentivos a fim de que os mesmos obtenham os resultados necessários para manutenção da qualidade do trabalho (CHIAVENATO, 2010). De acordo com o mesmo autor, os programas servem para manter os funcionários satisfeitos e motivados e devem cuidar do desenvolvimento e das 114 SOARES, G. A.; SALLES, T. L. A. v. 07, nº 2, p. 103-122, JUL-DEZ, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista condições, físicas, psicológicas e sociais deste, para que assim possa contribuir para com as metas da organização. Dessa forma, o ambiente deve ter algumas características psicológicas e sociais centrais como ser seguro, agradável, promover desenvolvimento e entrosamento com o grupo, além de assegurar relações amigáveis. Chiavenato (2010), faz uma comparação entre dois tipos de organização que agem de formas diferentes em relação aos programas que utilizam para reter o funcionário na empresa. Denominado pelo autor de Processo de Manter pessoas, e ilustrado na Figura 1, mostra o quanto é importante o comportamento das mesmas. Figura 1: Abordagem das empresas tradicional e moderna Fonte: Chiavenato (2010, p. 437). Segundo a Figura 1, pode-se perceber que atualmente para manter as pessoas na empresa, é preciso oferecer bem mais do que um salário alto, pois exige uma junção de fatores que na hora da escolha são estudados detalhadamente para ser adequado à realidade de empresa e às necessidades daquele público em específico, pois, como já visto, sabe-se que nem todos os indivíduos possuem a mesma percepção sobre benefícios e incentivos, podendo ser interessante apenas à uma parcela da população. Assim como as empresas buscam informações sobre a contratação dos funcionários, os mesmos também têm feito uma análise sobre os benefícios que as empresas oferecem, e com a diversidade de fatores que estão sendo levados em consideração, o mercado de trabalho está ficando cada vez mais competitivo para ambos os lados. As empresas buscam a qualidade, o comprometimento e a lucratividade, e do outro lado, o funcionário busca segurança, benefícios, planos de 115 SOARES, G. A.; SALLES, T. L. A. v. 07, nº 2, p. 103-122, JUL-DEZ, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista carreira, reconhecimento de seu trabalho e acima de tudo a qualidade das relações de trabalho. 3. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA E PROCEDIMENTO METODOLOGICOS A pesquisa foi realizada em uma das unidades bancárias de um grupo nacional, situada no interior do Estado de São Paulo, na cidade de Jaboticabal, cujo principal ramo de atividade é o financeiro, voltado ao setor de varejo múltiplo, que oferece serviços de finanças e seguros a dezenas de milhões de clientes. Atualmente considerado o maior banco da América Latina e do hemisfério sul. A empresa tem oseu atendimento dividido em dois setores distintos que contemplam os clientes físicos e os clientes jurídicos, disponibilizando uma diversidade de produtos e serviços. A unidade pesquisada conta com 8 colaboradores, divididos da seguinte forma entre os setores: 01 Gerente Geral Comercial, 01 Gerente Comercial, 02 Caixas Operacionais, 01 Gerente da Uniclass, 02 Gerente Operacional e 01 Assistência de Gerência. A principal missão da empresa é a busca pelo fornecimento de soluções para seus clientes, bem como produtos de qualidade, serviços financeiros e seguros de forma transparente, ágil e competente. Devido à enorme preocupação com a qualidade de seus serviços, com o cumprimento de suas metas, objetivos e missão e para realizar com qualidade estes objetivos, tem preocupação com todos os aspectos que o envolvem. 3.1. Metodologia da Pesquisa Como observado na caracterização da empresa o foco da mesma é o cliente e a qualidade do atendimento oferecido, mas diante da complexidade do assunto, levanta-se a questão foco deste trabalho: Será que as empresas estão atentas às relações existentes entre a qualidade com que trata seu colaborador (cliente interno) e a qualidade que o mesmo oferecerá ao cliente? Como será que os colaboradores percebem essa relação? Por este motivo foi realizada uma pesquisa de campo de caráter qualitativo e quantitativo. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário estruturado e composto por 19 questões no total, em que 14 eram perguntas fechadas, dentre as quais, em 11 delas foi pedido para que justificassem sua 116 SOARES, G. A.; SALLES, T. L. A. v. 07, nº 2, p. 103-122, JUL-DEZ, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista resposta, e mais 6 perguntas abertas em que poderiam discorrer livremente sobre suas percepções. O questionário aplicado no período de outubro a novembro de 2014, sendo respondido por 9 pessoas, o que corresponde a 100% dos colaboradores da unidade em questão. As questões visaram compreender a percepção dos colaboradores, acerca das condições oferecidas a eles, como por exemplo, a remuneração fixa e variável, os benefícios, a carga horária, o intervalo de almoço, a qualidade das relações interpessoais, a postura do líder, os treinamentos, a valorização e o reconhecimento, as oportunidades de crescimento e a segurança transmitida pela empresa, em termos de solidez. Além disso, o questionário também investigou o grau em que a pessoa se sente cobrada e pressionada, o grau em que considera-se engajado com a empresa, como percebe o engajamento dos outros colaboradores, o que considera motivador e como percebe a relação entre o nível das exigências e os recursos oferecidos pela empresa. 4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO Após o recolhimento de todos os questionários devidamente respondidos, realizou-se o tratamento dos dados, em que as respostas foram organizadas em tabelas e posteriormente transformadas em gráficos para a melhor visualização e compreensão dos resultados, que serão apresentados a seguir. Sobre os aspectos organizacionais, destacam-se os relacionados à remuneração, aos benefícios e à carga horária exigida. No item sobre a remuneração, conforme ilustra a Figura 2, de modo geral, a maioria os respondentes se dizem satisfeitos com a remuneração oferecida pela empresa. No entanto, apesar da satisfação quanto à remuneração variável (88%) e fixa (63% satisfeitos e 13% excelente) ser praticamente a mesma, os dados ainda revelam que a remuneração variável parece trazer maior satisfação, pois 25% está insatisfeito com a remuneração fixa. 117 SOARES, G. A.; SALLES, T. L. A. v. 07, nº 2, p. 103-122, JUL-DEZ, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista Insatisfeito Indiferente Satisfeito Excelente 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 25% 63% 13%013% 88% REMUNERAÇÃO Fixa Variável Figura 2. Índice de satisfação quanto à remuneração fixa e variável Fonte: Próprio autor Na sequência, visando uma melhor comparação, foram incluídos na mesma Figura 3 todos os benefícios disponibilizados pela organização, quer sejam, o ticket alimentação, que consiste em um valor fixo mensal que o colaborador pode utilizar para realizar compras diversas no supermercado; ticket refeição, que também é um valor mensal aceito em restaurantes, e o ticket cultura, que pode ser usado em cinemas, teatros, shows, etc. O que se observa é que a maior parte das pessoas considera excelente (88%) ou está satisfeito (13%) com os três benefícios em questão. O destaque fica apenas para o fato de 50% ter classificado o ticket cultura como sendo indiferente, mas quando analisado notou-se que essas mesmas pessoas eram aquelas que devido ao seu cargo, não recebem esse ticket e que portanto este não interfere em sua satisfação. 118 SOARES, G. A.; SALLES, T. L. A. v. 07, nº 2, p. 103-122, JUL-DEZ, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista Insatisfeito Indiferente Satisfeito Excelente 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 50% 13% 38% 13% 88% 13% 88% BENEFÍCIOS Ticket Alim. Ticket Ref. Ticket Cultur. Figura 3. Índice de satisfação quanto aos benefícios oferecidos Fonte: Próprio autor A Figura 4, por sua vez, traz dados sobre o último aspecto organizacional, a carga horária de trabalho e o intervalo permitido para descanso e lanche. Assim, é observável que mesmo tendo altos índices de satisfação quanto aos itens, 50% em relação à carga horária e 38% em relação ao intervalo permitido, mais 25% que considera ambos excelentes, existem 25% dos colaboradores que estão completamente insatisfeitos com a carga horária do trabalho e 38% estão insatisfeitos com o tempo de intervalo para lanche. Figura 4. Índice de satisfação quanto à Carga Horária Fonte: Próprio autor Insatisfeito Indiferente Satisfeito Excelente 0% 10% 20% 30% 40% 50% 25% 50% 25% 38% 38% 25% CARGA HORÁRIA Trabalho Intervalo 119 SOARES, G. A.; SALLES, T. L. A. v. 07, nº 2, p. 103-122, JUL-DEZ, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista No que diz respeito aos aspectos emocionais e de relacionamento da organização, cabe destacar que, o que chama mais a atenção é a percepção dos colaboradores quanto ao nível de pressão exercida sobre os colaboradores. A Figura 5 ilustra bem esse aspecto, demonstrando que 50% dos respondentes sentem-se insatisfeitos com o nível de pressão que recebem, 38% estão satisfeitos e 13% é indiferente ao assunto. 50% 13% 38% NÍVEL DE PRESSÃO Insatisfeito Indiferente Satisfeito Excelente Figura 5. Índice de satisfação quanto ao Nível de Pressão. Fonte: Próprio autor Os demais itens avaliados obtiveram índices que demonstram satisfação por parte da maioria dos colaboradores. As relações interpessoais foram consideradas satisfatórias e excelentes por 75% dos respondentes. Os treinamentos oferecidos foram considerados satisfatórios e excelentes por 63% e 25% das pessoas, respectivamente. Sobre as oportunidades de crescimento, os colaboradores foram unânimes em dizer que a empresa oferece sim oportunidades. Já sobre a valorização, 63% disse que se considera valorizado, mas 25% disse que não e 13% disse que sente-se às vezes. Por fim, sobre a questão do comprometimento, todos os colaboradores afirmaram estar comprometidos e perceberem os colegas comprometidos também. 4.1. Discussão A presente pesquisa vem contribuir para colaborar com a discussão sobre o tema qualidade no atendimento ao cliente interno e externo, como dito ao longo do trabalho. Diversos são os fatores que contribuem para a percepção da qualidade,120 SOARES, G. A.; SALLES, T. L. A. v. 07, nº 2, p. 103-122, JUL-DEZ, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista bem como os fatores que contribuem para que os clientes internos, ou seja, os colaboradores estejam motivados para o trabalho. Existe um grande número de fatores que contribuem para motivação, e que na maioria das vezes não está ligada ao valor financeiro recebido no final de um período. Pode-se perceber que os colaboradores que possuem cargo de alto nível, salário alto, benefícios diferenciados, plano de carreira, relatam que são comprometidos com a empresa, mostrando que uma junção de fatores permitem que o colaborador trabalhe mais motivado. Um fator da pesquisa que chamou a atenção foi que empregados com mais tempo de casa, apesar de não terem os salários mais altos da empresa, sentem-se completamente comprometidos e motivados, pois possuem segurança e estabilidade dentro da empresa, deixando claro que, conforme a teoria nos mostra, somente o incentivo financeiro não é motivador. Sobre as cobranças que ocorrem por vendas de produtos e metas atingidas, apesar de serem retribuídas financeiramente, a maioria dos entrevistados acha desnecessária toda esta cobrança, fato esse elucidado nas respostas em que 02 entrevistados colocam como ponto de melhoria a menor cobrança por metas e resultados e outro ressalta sobre a necessidade de salários mais equiparados. Essa questão do salário nos mostra que a teoria da motivação no trabalho pode auxiliar as empresas pois está de acordo com a teoria da Equidade de J. Stacey Adams, que afirma que os colaboradores fazem comparações uns com os outros, sendo importante uma igualdade entre salários. Outro ponto de melhoria sugerido pelos respondentes foi a redistribuição de tarefas em alguns setores, ponto este que também é tratado nas teorias, na medida em que ressaltam o quanto é importante a distribuição adequada das tarefas para a motivação dos colaboradores, pois, em alguns casos os colaboradores se sentem desmotivados por estarem sobrecarregados de tarefas e passam a pensar que não são valorizados pois não recebem o suficiente para exercer tantas responsabilidades. Um dos funcionários que respondeu a pesquisa dá como sugestão de melhoria a bonificação anual por ações da empresa, prática presente em algumas organizações, e ainda destaca a necessidade de bonificação em dias de folga caso as metas sejam cumpridas, comprovando novamente que o incentivo financeiro não é o mais importante em muitos casos. 121 SOARES, G. A.; SALLES, T. L. A. v. 07, nº 2, p. 103-122, JUL-DEZ, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho vem contribuir humildemente com as pesquisas sobre qualidade no trabalho e qualidade de vida no trabalho, pois a partir delas percebemos que mais do que colaboradores com necessidades fisiológicas básicas, eles são seres humanos dotados de todas as formas de pensamento, de orgulho, de sonhos, de valores, culturas, percepções e atitudes diferentes, e que, a empresa nada mais é que uma pequena sociedade fonte de todo tipo de estímulo que mexe com a auto-estima e os valores internos de cada um. Com esta nova visão sobre o trabalho é necessário que as empresas se proponham a cada vez mais conhecer os seus funcionários já que via de regra, depende dele a qualidade dos produtos e dos serviços prestados à população. Realmente estamos frente a uma nova realidade, o que exige um novo paradigma do trabalho em que tornou-se necessário investir no ser humano para que se possa ter um profissional de qualidade, envolvido e comprometido e uma empresa de sucesso. Fica evidente que o “velho” perfil de administração dentro das empresas não é mais viável atualmente. Deve-se ter como ponto principal a colaboração mútua. Não que as hierarquias não possam existir, mas todos devem contribuir para o bom funcionamento da empresa. O foco atual das empresas deve ser a boa gestão de pessoas. Diante desta perspectiva faz-se necessário que, empresas que queiram investir na qualidade de seus produtos e na qualidade de atendimento ao cliente, tenham em primeiro momento que pensar na qualidade do atendimento ao cliente interno, ou seja, que esta relação direta não permaneça esquecida. Além disso, é importante que as organizações tenham sempre em mente que mais do que salários altos, incentivos financeiros, planos de carreira, bonificação, e demais formas de incentivos, para que o funcionário seja motivado, ele deve ter o seu trabalho reconhecido e deve ter uma junção de fatores para que o mesmo chegue ao tão desejado estado motivacional que resulte em comprometimento e resultados para a organização. Com o mercado de trabalho cada mais competitivo cabe à empresa e aos lideres conseguirem reter os colaboradores competentes, oferecendo uma composição de incentivos que pareçam interessantes aos seus trabalhadores. A qualidade de vida na sociedade, a qualidade de vida no trabalho e a 122 SOARES, G. A.; SALLES, T. L. A. v. 07, nº 2, p. 103-122, JUL-DEZ, 2014. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmicos” (ISSN: 0486-6266) http://www.uniesp.edu.br/fnsa/revista qualidade do atendimento são interdependentes, porém será sempre possível, através de medidas simples e criativas, amenizar a vida dos cidadãos, dos empregados e dos clientes. Criar estratégias e mecanismos de avaliação nos sistemas internos e externos das organizações poderá ajudar a avaliar os resultados e promover melhoria da qualidade dos serviços ao cliente. Por fim, cabe lembrar também, que a presente pesquisa não pretende formular qualquer postulado ou afirmação generalizada sobre todas as realidades organizacionais, sendo restrita ao perfil público pesquisado. No entanto, traz importantes considerações a serem feitas e investigadas nas demais empresas, a fim de se verificar como estas questões se configuram para assim poderem realizar as adequações e mudanças necessárias. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, Maria Aparecida Ferreira de. Psicologia aplicada à administração: uma abordagem multi-disciplinar. São Paulo: Saraiva, 2005. BANOV, Márcia Regina. Psicologia no Gerenciamento de Pessoas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008, BERGAMINI, Cecília Whitaker. Psicologia aplicada à administração de empresas: psicologia do comportamento organizacional. São Paulo: Atlas, 2008. CARAVANTES, Geraldo R; et al. Comportamento Organizacional e Comunicação. Porto Alegre, RS: Age, 2008. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. JUNIOR, João Chang; ALBUQUERQUE, Lindolfo Galvão de. Comprometimento organizacional: uma abordagem holística e simultânea dos determinantes envolvidos no processo. In: JUNIOR, João Chang; ALBUQUERQUE, Lindolfo Galvão de. Revista de Administração Mackenzie. Ano 3, n.2, p. 13-38. LACOMBE, F. J. M. Recursos Humanos: princípios e tendências. São Paulo: Saraiva, 2005. ROBBINS, Sthepen P. Comportamento Organizacional. 11. ed. 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