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INOVAÇÃO, LEGISLAÇÃO E PROPRIEDADE INTELECTUAL INOVAÇÃO, LEGISLAÇÃO E PROPRIEDADE INTELECTUAL Copyright © UVA 2019 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. AUTORIA DO CONTEÚDO Claudio Fico Fonseca REVISÃO Lydianna Lima Janaina Senna Luiz Werneck Maia Francine F. Souza PROJETO GRÁFICO UVA DIAGRAMAÇÃO UVA F676 Fonseca, Cláudio Fico Inovação, legislação e propriedade intelectual [livro eletrônico] / Cláudio Fico Fonseca. – Rio de Janeiro: UVA, 2019. 1,4 MB. ISBN 978-85-5459-058-1 1. Tecnologia da informação. 2.Sociedade da informação - Brasil. 3. Inovações tecnológicas - Administração. 4. Internet - Legislação. 5. Propriedade intelectual - Brasil. I. Universidade Veiga de Almeida. II. Título. CDD – 303.4833 Bibliotecária Katia Cavalheiro CRB 7 - 4826. Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da UVA. SUMÁRIO Apresentação Autor 6 7 TICs nos processos socioeconômicos 23 • Conceito de tecnologias de informação e de comunicação, paradig- mas tecnológicos, inovação, tecnologia e desenvolvimento • Sociedades da informação versus sociedades informacionais • Livro Verde: Sociedade da Informação no Brasil UNIDADE 2 8 • Conceitos básicos de gestão • Gestão por competências e habilidades • Indicadores de P&D Gestão do conhecimento e de inovações tecnológicas nas organizações UNIDADE 1 SUMÁRIO Propriedade Intelectual 60 • Origem dos direitos de propriedade intelectual • Patente • Copyleft UNIDADE 4 41 • Sociedade da informação • O papel do direito eletrônico • Tecnologia da informação e a multidisciplinaridade Direito eletrônico UNIDADE 3 6 Na disciplina Inovação, Legislação e Propriedade Intelectual você irá entender o papel da tecnologia mediante a globalização e a otimização de tempo no que tange às inovações tecnológicas no âmbito das organizações corporativas, relacionando o papel da tecnologia da informação e da comunicação com a sociedade, e poderá identificar como as relações virtuais, realidade de hoje, demonstram a cada dia a tendência à substituição gradativa do meio físico pelo eletrônico. Nos dias de hoje nos deparamos com uma sociedade do conhecimento, da criatividade e da transformação. Um dos destaques a serem abordados nesse cenário é a importância da propriedade intelectual, que é um tema crescente para a economia dos países e um canal de inserção na comunidade internacional. A gestão da propriedade intelectual compreende um conjunto de atividades que demandam expertises específicas e por muitas vezes complexas por parte das empresas. Dentre elas, podemos citar a identificação de tecnologias utilizadas para o patenteamento, a negociação e a contratação de licenças de softwares e serviços e a utilização de marcas e patentes para aumentar o valor agregado e promover a diferenciação competitiva. O Instituto Nacional da Propriedade Intelectual – INPI é a instituição do governo federal responsável pela propriedade industrial e por outros campos da propriedade intelectual de interesse da indústria. Atrelada à questão da propriedade intelectual, temos a necessidade de inovar, que é a ação ou o ato de inovar, ou seja, modificar antigos costumes, manias, legislações, processos. A ideia de inovação, no entanto, não pode estar focada apenas na invenção de novos produtos, tecnologias e serviços, mas também no valor ou conceito de determinada coisa, como o modo de organizar um setor ou uma empresa. APRESENTAÇÃO 7 CLAUDIO FICO FONSECA Graduado em Informática, especialização em Marketing, MBA em Gestão Empresarial, MBA em Gerenciamento de Projetos, mestre em Educação e doutor em Gestão Educa- cional. Exerce na Universidade Veiga de Almeida os cargos de Diretor de Desenvolvimen- to Institucional, coordenador do curso de Sistemas da Informação – Presencial e EAD, Coordenador do Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas – EAD, coordenador do curso de Gestão da Tecnologia da Informação – EAD, coordenador do Núcleo de Certificação Profissional e Internacional, coordenador do MBA em Gestão Estratégica de TI. Exerceu o cargo de diretor da Escola de Tecnologia da Informação e Inovação das Faculdades Integradas de Jacarepaguá, os cargos de diretor de Pós-Graduação e Exten- são e de consultor de Tecnologia da Informação na Master Educacional, os cargos de pró-reitor acadêmico e de diretor de tecnologia do Grupo Educacional Anglo-Americano, os cargos de vice-reitor adjunto, diretor de Certificação Profissional e gerente de TI do Centro Universitário da Cidade do Rio de Janeiro. Atua como conselheiro de Educação e Novas Tecnologias, membro da Associação Brasileira de Educação, membro titular do Conselho Ibero-Americano, avaliador institucional e de cursos da área de Informática e Cursos Superiores de Tecnologia do Ministério da Educação/INEP, avaliador de cursos do Guia do Estudante e perito de Tecnologia da Informação da Justiça do Trabalho. AUTOR C. Lattes http://lattes.cnpq.br/6387003742232768 Gestão do conhecimento e de inovações tecnológicas nas organizações UNIDADE 1 9 Nesta unidade, você vai estudar o papel da inovação tecnológica mediante o crescente processo de globalização e a otimização de tempo no que tange à aplicação de novos processos junto às inovações tecnológicas no âmbito das organizações corporativas. Essa adequação redundará em grandes êxitos, pois as demandas de uma empresa dependem, justamente, de investimentos direcionados em tecnologia para que se tornem cada vez mais competitivas. INTRODUÇÃO Nesta unidade você irá: • Explicar o papel da tecnologia mediante a globalização e a otimização de tempo no que tange às inovações tecnológicas no âmbito das organizações corporativas. OBJETIVO 10 Conceitos básicos de gestão Como conceito básico, para definir o que se entende por gestão, devemos orientar-nos em termos gerais, que nos dizem que gestão é a ação e o efeito de administrar ou dirigir determinado negócio. Portanto, por meio da gestão vai se desenvolver uma diversidade de diligências que levarão ao cumprimento do objetivo traçado, de um negócio ou até mesmo de um simples desejo tão esperado. Podemos trabalhar, nos dias de hoje, com sete conceitos que são importantes para referendar uma qualidade de gestão que se espera dentro de uma empresa: Metas SMART É um padrão de qualidade para as metas, pois, se elas tiverem todos os elementos necessários de acordo com esse padrão, então, significa que são plenamente realizáveis por você e seus colaboradores. Análise SWOT Quando nos referimos à análise SWOT (strengths, weaknesses, opportunities, threats), falamos da análise do ambiente interno e externo. Na empresa, você deve procurar por forças e fraquezas do negócio (ambiente interno). Acontece que isso não é o suficiente. Também é fundamental avaliar as oportunidades e as ameaças do mercado (ambiente externo) para ter uma visão completa de onde a sua empresa está. Pirâmide de Maslow A preocupação com os colaboradores é mais do que um diferencial, é um dever. Normalmente, quanto mais a empresa trabalha para garantir a satisfação dos colaboradores, maior será o nível de motivação. Balancedscorecard É um modelo de gestão de negócios bem comum em muitas empresas, algumas delas, inclusive, utilizando-se da tecnologia para aplicá-lo com maior afinco. Conforme o conceito, toda empresa precisa trabalhar alguns pontos-chave para ter sucesso: • Gestão estratégica. • Mensuração de progressos. • Estratégia. • Objetivos. 11 Matriz BCG Criada na década de 1970, desenvolve uma técnica para seleção de estratégias que se baseia no estudo da participação no mercado e na análise do portfólio de produtos. Traz um valor agregado, contemplando quatro importantes fontes: lucros ou resultados; produtos; serviços; unidades de negócios. Matriz de Ansoff Criada na década de 1950, tem como objetivo avaliar o mercado de negócios, também trata dos riscos potenciais para a elaboração de um plano mais adequado para o desenvolvimento de um produto ou serviço. Essa ferramenta está dividida em estratégias importantes como: inovação de produtos e mercados. Também está articulada a quatro fundamentais possibilidades: 1. Penetração de Mercado: ampliação de vendas de determinado produto que tenha referência no mercado e já seja expressivo na empresa. 2. Desenvolvimento de Produtos: colocação de um novo produto dentro do mercado já conquistado pela empresa. Isso facilita a ação dos novos negócios. 3 Desenvolvimento de Mercado: introduzir um produto já existente e com capilaridade em um novo mercado que a empresa ainda não atua. 4. Diversificação: inserir um novo produto e em um mercado que ainda não foi trabalhado pela empresa. Isso demanda mais atenção e investimento. Dica A inovação tecnológica está atrelada ao desenvolvimento de novas soluções em produtos, processos e serviços, por meio da aplicação de tecnologia. Ponto crucial da transformação digital é poder criar novas formas de buscar resultados ao observar demandas recorrentes sob uma nova perspectiva. Hoje a inovação tecnológica é amplamente discutida no mercado atual, mas é sabido que nem todas as empresas estão prontas para essa inovação. • Indicadores. • Metas. • Iniciativas estratégicas. 12 Modelo Canvas Hoje é considerado a principal ferramenta na gestão empresarial e no planejamento de negócios e estratégias. Podemos considerar como uma ferramenta recente. É utilizada no desenvolvimento de modelos de novos negócios e também para a reestruturação dos existentes. Tem o propósito de descrever o funcionamento de uma empresa em todas as áreas de atuação e seu desenvolvimento. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 1 e veja o conteúdo complementar indicado sobre as principais ferramentas de gestão empresarial. A cada momento, uma gama de produtos e serviços é lançada e alicerçada com diversas tecnologias embarcadas. É fato que nem todos eles são essen- ciais para as nossas vidas. Contudo, é preciso que haja uma reflexão e análise do que realmente se faz necessário e que, efetivamente, possa trazer valores diferenciados em nossas práticas cotidianas. Com a nossa experiência com smartphones, concluímos que não são produ- tos resistentes à queda. Por esse motivo, a Apple está estudando uma nova tecnologia chamada parachute, que posiciona quatro cilindros com gás — um em cada quina do telefone —, que podem ser recarregados toda vez que a tecnologia for utilizada. Em outras palavras, toda vez que o aparelho em que- da tocar o solo, o sensor aciona os cilindros de gás e permite que o aparelho faça um pouso como se fosse com um paraquedas, assim o smartphone não será danificado. Curiosidade 13 Gestão por competências e habilidades A Gestão de Competências não deve ser vista como uma ação isolada dentro de uma empresa, mas como um processo desenvolvido para toda a organização em um movimento contínuo, transitando do organizacional ao individual, da liderança à equipe, das pessoas à empresa. Prahalad e Hamel (BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001, p. 10) tratam o conceito de competência, no nível organizacional, como um conjunto de conhecimentos, habilidades, tecnologias, sistemas físicos e gerenciais inerentes a uma organização. O conceito de competência sob a perspectiva do indivíduo é tratada por Fleury e Fleury (2001, p. 3) da seguinte forma: O conceito de competência é pensado como conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes (isto é, conjunto de capacidades humanas) que jus- tificam um alto desempenho, acreditando-se que os melhores desempe- nhos estão fundamentados na inteligência e personalidade das pessoas. As competências essenciais às organizações são aquelas que conferem vantagem competitiva, gerando distinções no valor percebido pelos clientes. Importante Importante Podemos entender que a definição de competência é contemplada por um conjun- to de conhecimentos, habilidades, atitudes e comportamentos que se associam ao desenvolvimento de ações com base nas práticas organizacionais, visando a uma análise no enriquecimento de know-how e vivências capazes de transformar a estrutura e o significado das práticas de trabalho e sua compreensão. 14 A competência do indivíduo está relacionada também a sua proatividade e competitividade junto ao mercado profissional como o diferencial. Cada profissional tem um perfil de competências e de habilidades que irá compreender dois tipos de competência: técnica e comportamental. • Competência técnica Habilidade e conhecimento que estão relacionados às técnicas e/ou funções específicas dentro da sua expertise. • Competência comportamental Está relacionada a atitudes e comportamentos compatíveis com as atribuições que são desempenhadas no dia a dia de sua atividade profissional. Dutra (2001, p. 130) completa: A valorização das pessoas (e não simplesmente dos “funcionários”) que atuam na empresa leva, por exemplo, a pensar seriamente na questão da gestão do conhecimento. Uma bem-sucedida criação e distribuição do saber é caminho privilegiado para o desenvolvimento de todas as pessoas envolvidas, tornando o “local de trabalho” um lugar em que o aprendizado não se dissocia dos desejos de crescimento individual e da necessidade de crescimento da própria organização. De acordo com Branco (2010), a empresa pode contribuir para alcançar esse objetivo por meio de alguns indicadores, tais como: 1. A identificação com o trabalho – a pessoa deve gostar do que faz. Por isso a qualidade de vida, a satisfação e a confiança são peças importan- tes desse quebra-cabeça. 2. A integração do empregado no todo – o indivíduo deve acreditar que é essencial ao grupo, ter a percepção de estar integrado ao todo. 3. O talento e capacidade – todo ser humano tem talentos e habilidades, cabe à empresa procurar identificá-los, dando espaço para o desenvolvi- mento de novas atividades e desafios. 4. Descobrir as potencialidades – o profissional que busca aprimorar constantemente seus conhecimentos deve receber incentivo nessa di- reção, com certeza conquistará novos espaços e agregará muito mais valores à empresa. 5. Valores pessoais – pautar as ações empresariais e profissionais em valores tais como justiça, honestidade, valorização, respeito e dignidade. 15 6. A criatividade e inovação – a empresa deve desenvolver a capacidade criativa das pessoas, buscar formas de realizar os objetivos, não desis- tindo de inovar, mesmo quando algo não der certo na empresa. O grande diferencial para uma boa competitividade mercadológica não depende mais apenas de uma eficiente gestão financeira e da estrutura de tecnologia da empresa. O gerenciamento dos recursos humanos é quem assume um lugar de destaque e com muita responsabilidade no processo. São os serviços realizados e o diferencial na inteligência dos funcionários que fazem a diferença entre as empresas. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 1 e veja o conteúdo complementar indicado sobre a importância das competências para o sucesso das empresas. 16 Indicadores de P&D Uma empresa e/ou organização nasce do desejo de transformar uma ideia em um pro- duto ou serviço. Quando alguémcria uma empresa e/ou organização, está criando um modo único de resolver os problemas de um cliente e/ou usuário, uma forma própria para solucionar um dilema. No primeiro momento, um ou dois produtos/serviços são lançados, testados no mer- cado, e permanecem ou não no catálogo conforme forem os pedidos. Nesse momen- to, os fundadores são a empresa: quando ainda é uma startup, os desafios da empre- sa se confundem com os desafios dos fundadores. Os desejos da empresa são os desejos dos fundadores, e o aprendizado da empresa é o que os próprios fundadores estão aprendendo. É fácil e prático saber como está o caminhar dos negócios. Afinal, os fundadores estão todos os dias se transformando em empresa, em todas as suas atribuições e ações. A cadeia de valor inteira são os próprios fundadores, e eles, a qualquer momento, sabem em que pé está cada um dos seus processos. Essa cadeia se torna mais complexa à medida que a empresa cresce. Com a adição de mais pessoas, os processos se ramificam e desafios, desejos e aprendizados se distan- ciam dos fundadores. Em determinado ponto, é difícil para qualquer fundador saber com exatidão se os processos desejados e planejados são executados como tal. Nessa hora, a maior parte das empresas implementa uma forma de saber se as coisas estão andando como planejado: indicadores de processo. Afinal, é senso comum que “o que não pode ser medido, não pode ser gerenciado”. Assim, seguindo o bom senso, va- mos colocando indicadores para Produção, Qualidade, Vendas, Contas a Receber. Para refletir Verificamos que, em um programa de P&D, é fundamental a alocação adequada de recursos financeiros e humanos em projetos que caracterizem relevância, aplicabilidade e viabilidade econômica e financeira para produtos e serviços. A promoção da cultura da inovação e da tecnologia estimula a pesquisa e o 17 Segundo Ricardo F. Tafas Junior (2017), para medir a performance em P&D, é preciso estar atento a: • Qualidade do trabalho: o que se entende por qualidade de trabalho não é a versão de qualidade que os sistemas de qualidade pregam. Os siste- mas LEAN, Six-Sigma, ISSO e afins são todos sistemas de qualidade de processo, com a expectativa de que isso garanta a qualidade do produto, ou seja, que as peças produzidas sejam, de fato, as peças que se queria produzir. • Qualidade como medida de performance: quando se avalia um traba- lho em termos de qualidade, o que se busca, na verdade, é usar esse ad- jetivo para medir como está a entrega, como está o conteúdo intelectual e o quão criativo é uma determinada solução. Medir criatividade não é fácil. Também não é fácil medir a qualidade de implementação de uma solução: todo desenvolvedor tem forte tendência a achar o formato com que ele resolveria determinado problema como sendo o jeito correto; os demais estão errados. • Métricas para avaliação de qualidade: trabalhos errados, com defeitos, podem ser avaliados sob uma ótica de qualidade. Serão avaliados sob uma ótica de prazo: se ainda há o que fazer, não estando pronto, mesmo que o prazo tenha terminado. Precisam ser corrigidos e, se descumpri- rem prazos, isso é tema para outra métrica, a pontualidade. A P&D é vista como a gestão de pesquisa científica e o desenvolvimento de novos produtos, em que as empresas podem aderir a essa ferramenta e utilizá-la no desenvolvimento de novos negócios. A P&D foi e ainda é vista como uma apólice de seguro, e as empresas que não aderem a ela são consideradas como pobres ou irresponsáveis. A necessidade de liberdade científica e de se atingir um retorno eficaz de investimento em P&D permanece sendo uma das áreas mais cruciais na gestão de pesquisa e desenvolvimento. desenvolvimento nos setores de grande relevância no Brasil, que contribuem para a segurança e a transparência de ações que remetem em frutos para a população de uma forma geral. 18 Dica Nos dias atuais, é visível que as despesas com P&D consomem uma proporção significativa nos orçamentos da empresa. Isso se dá, principalmente, porque as empresas percebem que o desenvolvimento de um novo produto e/ou serviço pode trazer uma competitividade significativa para o mercado em relação aos seus concorrentes. A concorrência poderá surgir constantemente e de qualquer lugar do mundo, pois fazemos parte de um mundo globalizado, em que as empresas devem estar dotadas de uma série de ferramentas poderosas para desenvolvimento de novos produtos e/ou serviços para atender à demanda de mercado. Hoje é factível que as empresas apresentem uma grande dificuldade de investir em mão de obra, maquinário e tecnologia para que seus projetos possam ser exitosos. É preciso estar atento também às questões da análise de custo-benefício, e saber em qual momento esse investimento deverá findar, caso um determinado produto apresente sinais de derrota junto ao mercado. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 1 e veja o conteúdo complementar indicado sobre indicadores de P&D. NA PRÁTICA Uma empresa que atua há três anos na área de cervejas artesanais, que se instalou na cidade de Campinas, São Paulo, vem buscando um melhor posicionamento de mercado por conta do aumento da concorrência nesse segmento, tendo em vista 19 o aumento de consumo desse tipo de bebida. Para isso, a empresa precisa ter um levantamento de suas ideias, propósitos, objetivos e metas a serem alcançados para com o mercado paulista. Com o intuito de partir de uma visão balanceada e integrada dessa cervejaria artesanal, foi estruturado o balanced scorecard a seguir com os pontos necessários para que os devidos resultados fossem contemplados de modo que a empresa pudesse mensurar todo o novo trabalho a ser desempenhado para alcançar o que foi estabelecido nos pontos: objetivos; metas; indicadores; ações. Isso permitirá que a empresa crie situações e cenários para ser exitosa junto ao mercado cada vez competitivo. OBJETIVOS METAS INDICADORES INICIATIVAS Perspectiva Financeira: aumentar receitas Aumentar em 10% a receita líquida Demonstrativos financeiros Desenvolver novas políticas de crédito para os distribuidores Perspectiva do Cliente: contar com um ticket médio alto Aumentar o valor de cada compra em 15%, em média Valor das notas fiscais de cada venda individual Melhorar o mix de produtos e criar combos de ofertas Perspectiva de processos internos: oferecer diversas opções de canais de vendas Transferir ao menos 30% das vendas para novos canais de vendas % de vendas por canal Implementar telemarketing e implementar loja virtual Perspectiva de Aprendizado e crescimento: contar com força de vendas capacitada Treinar 100% da equipe de vendas Número de certificados adquiridos pela equipe Desenvolver parceria com empresa de cursos on-line Fonte: www.venki.com.br http://www.venki.com.br/blog/exemplos-de-balanced-scorecards/ 20 Resumo da Unidade 1 Nesta unidade você estudou que a Gestão é a ação e o efeito de administrar ou dirigir determinado negócio. Portanto, por meio de uma gestão vai se desenvolver uma diversi- dade de diligências que levarão ao cumprimento do objetivo traçado de um negócio ou até mesmo de um simples desejo tão esperado. Vimos também que a Gestão de Competências não deve ser vista como uma ação isola- da dentro de uma empresa, mas como um processo desenvolvido para toda a organiza- ção em um movimento contínuo, transitando do organizacional ao individual, da lideran- ça à equipe, das pessoas à empresa. Apesar da variedade de abordagens sobre o tema, a questão central é o entendimento de que a gestão é fator preponderante para que uma empresa possa se destacar e, por meio das inovações tecnológicas, possa promover mudanças estratégicas dentro de seu segmento. É importante destacar que a valorização das pessoas que atuam na empresa leva a pensar seriamente na questão da gestão do conhecimento. Uma bem-sucedida criação e distribuição do saber é caminho privilegiado parao desenvolvimento de todas as pes- soas envolvidas, tornando o “local de trabalho” um lugar em que o aprendizado não se dissocia dos desejos de crescimento individual e da necessidade de crescimento da pró- pria organização. Não podemos esquecer que uma empresa e/ou organização nasce do desejo de trans- formar uma ideia em um produto ou serviço. Quando alguém cria uma empresa e/ou organização, está criando um modo único de resolver os problemas de um cliente e/ou usuário, uma forma própria para solucionar um dilema. Por fim, destacamos que para medir a performance em P&D é preciso estarmos atentos à qualidade do trabalho. Até a próxima unidade! 21 Nesta Unidade aprendemos os conceitos sobre a utilização do conjunto de ações e estratégias aplicadas em um negócio, utilizando recursos financeiros, estruturais e humanos para gestão do conhecimento e de inovações tecnológicas nas organizações. CONCEITO 22 Referências BRANCO, V. R. C. Gestão por competências e habilidades. Administradores, João Pes- soa, 31 jul. 2010. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/tecnolo- gia/gestao-por-competenciase-habilidades/46925/> Acesso em: 7 nov. 2018. BRANDÃO, H. P.; GUIMARÃES, T. A. Gestão de competências e gestão de desempenho: tecnologias distintas ou instrumentos de um mesmo construto. Revista de Administra- ção de Empresas, São Paulo, v. 41, n. 1, jan./mar. 2001. DUTRA, J. S. et. al. Gestão de competências: um modelo avançado para o gerenciamen- to de pessoas. São Paulo: Gente, 2001. FLEURY, M. T. L,; FLEURY, A. C. C. Construindo o conceito de competência. Revista de Administração Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 5, p. 183-196, 2001. Edição especial. PASSOLI, G. E. Gestão da inovação e do conhecimento. São Paulo: Intersaberes, 2012. Biblioteca Virtual. REIS, D. R. Gestão da inovação tecnológica. Barueri: Manole, 2008. Biblioteca Virtual. TAFAS JUNIOR, R. F. Como medir performance em P&D. Repositório, [S.l.], 2017. Disponí- vel em: <https://www.repositorio.blog/pt/?s=P%26D>. Acesso em: 7 nov. 2018. http://www.administradores.com.br/artigos/tecnologia/gestao-por-competenciase-habilidades/46925/ http://www.administradores.com.br/artigos/tecnologia/gestao-por-competenciase-habilidades/46925/ https://www.repositorio.blog/pt/?s=P%26D TICs nos processos socioeconômicos UNIDADE 2 24 OBJETIVO Nesta unidade, você estudará o papel da tecnologia da informação e comunicação – TIC, que remete a um novo cenário em que essa tecnologia traz reais transformações para a sociedade moderna. Um ponto importante é que a TIC engloba várias outras tecnologias, formando um elo de recursos digitais que abastecem os seres humanos com informações diferenciadas em diversos formatos. INTRODUÇÃO Nesta unidade você irá: • Relacionar o papel da tecnologia da informação e da comunicação com a sociedade e a perspectiva de ações inovadoras para que isso possa se transformar em um grande negócio. 25 Conceito de tecnologias de informação e de comunicação, paradigmas tecnológicos, inovação, tecnologia e desenvolvimento As Tecnologias da Informação e Comunicação remetem à união de várias tecnologias computacionais, como internet, telecomunicações, redes de computadores, aplicativos. A TIC, em seu propósito maior, tem a característica de abranger um conjunto de recursos tecnológicos, utilizados de forma integrada, como um elo, com um único objetivo comum, e tem seu uso em diversos âmbitos: setor de investimentos, comércio, educação etc. A Tecnologia da Informação experimenta o seu momento de transformação, tanto que o termo TI passou a ser denominado como TIC. Dessa forma, surgiram novas ideias como colaboração e gestão do conhecimento. Ambas podem ser utilizadas, contudo é importante ressaltar que nenhuma infraestrutura tecnológica por si só promoverá a colaboração e integração entre as pessoas. Essa atitude requer uma cultura que deverá ser disseminada pelos líderes de todas as empresas, sobretudo pelo setor de recursos humanos. O mercado de tecnologia tem desenvolvido mais hardwares e softwares que visam a garantir a operacionalização da comunicação e dos processos decorrentes em meios virtuais. Com a popularização da internet, que potencializou o uso das TICs em diversos campos, novos sistemas de comunicação e informação foram criados, formando uma verdadeira rede de informações digitais. Nesse ínterim, tivemos a formação de ferramentas colaborativas como e-mail, fórum, chat, agenda on-line e comunidades virtuais, que revolucionaram os relacionamentos humanos, bem como o desenvolvimento de processos e ações corporativos. O trabalho colaborativo permite que profissionais de locais distintos possam trabalhar em equipe e atender seus objetivos e demandas. O intercâmbio de informações criado nas ações colaborativas gera novos valores, conhecimentos e competências entre os profissionais dessa rede corporativa. Com o avanço da integração da TIC, uma das áreas mais favorecidas é a educacional. É perceptível que na educação presencial a TIC é vista como uma ferramenta de geração de potencial para o desenvolvimento dos processos de ensino-aprendizagem. 26 Ela caracteriza um avanço na educação a distância, uma modalidade de ensino que cada vez mais vem ganhando espaço na sociedade, com a criação de ambientes virtuais de aprendizagem – AVA, nos quais os alunos têm a possibilidade de interação e troca de conhecimento e experiências. Os tutores podem realizar atividades em grupos, fóruns, debates, chats, bem como fazer uso de outras metodologias de ensino-aprendizagem que ressaltem características fundamentais para o processo de trabalho. Com esse propósito, a gestão do conhecimento dependerá da infraestrutura tecnológica disponível, podendo-se adquirir outras tecnologias e recursos para a melhoria do proces- so, e deve ser da vontade de cada indivíduo a busca por transformações significativas para o que se almeja. As TICs vieram para ocupar um lugar de destaque na sociedade. Hoje, praticamente, não há fronteiras para se obter informação/conhecimento. É importante observar que a TIC gera grandes benefícios, como comunicação ágil na área empresarial e agilidade nas tomadas de decisões. O primeiro conceito adotado para a inovação foi concebido por Schumpeter (1988) ao diferenciar invenção de inovação. A última se diferencia da primeira na medida em que envolve uma transação comercial e gera riqueza em um produto ou serviço novo ou existente. A inovação tende a gerar desenvolvimento econômico, pois traz um novo bem ou um novo método de criação e/ou produção, contribui para a abertura de novos mercados, O potencial gerado por meio das atuais ondas de inovação tecnológica oriundas das TICs trouxe mudanças significativas em diversos setores e âmbitos do mercado globalizado. Em outubro de 2016, David Cearley, vice-presidente da Gartner, apresentou as 10 principais tendências estratégicas para a área de TI. Ele dividiu essas tendências em três grandes grupos: inteligência artificial, tecnologias que promoverão a interconexão do mundo digital com o mundo real, plataformas e serviços necessários para entregar toda essa inovação. Importante 27 gera nova fonte de insumos ou estabelece uma nova organização, e gera uma posição diferenciada no mercado para quem se utiliza de seus diferenciais. A inovação também tende a caminhar junto com a tecnologia da informação, mas não tem a obrigação de criar ou lançar um produto tecnologicamente novo, o que seria con- siderado inovação radical. Ela pode fazer mudanças em pequenas escalas em produtos ou serviços já existentes, tecnologias já utilizadas, caracterizando-se, assim, como uma melhoria gradativa, chamada de inovação incremental. O Manual de Oslo (2005) estabelece que a inovação tecnológica referente a produtos pode assumir duas formas: uma em produtos tecnologicamente novos, nos quais as características ou os usos pretendidos diferem das características ou dos usos dos pro- dutosproduzidos anteriormente, e a outra em produtos tecnologicamente aprimorados, em que um produto existente tem seu desempenho melhorado significativamente ou aprimorado. A inovação tecnológica em processos produtivos é a adoção de processos novos ou significativamente melhorados. Tais mudanças podem ocorrer em um equipa- mento ou simplesmente na organização de sua produção. Quando se trata de inovação, é preciso que saibamos que ela pode ocorrer de forma heterogênea, em diferentes níveis: a incremental atua no nível mais básico do negócio; a radical, no nível mais complexo. É importante observar que há uma série de tecnologias que são gratuitas e utilizadas no desenvolvimento de soluções. REST Descreve a web como uma aplicação hipermídia distribuída, cujos recursos se comunicam por meio da troca de representações do estado desses recursos. CURL Essa ferramenta possibilita a transferência de dados de ou para um servidor, usando uma vasta gama de protocolos, e dispensa a interação do usuário na execução das tarefas. Algumas de suas funcionalidades são: suporte ao proxy, autenticação de usuário, envio FTP, HTTP post, conexões SSL, cookies, resumo de transferência de arqui- vos, metalink. Java Script Object Notation (JSON) É uma notação de objeto muito utilizada para envio e recebimento de dados. 28 MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 2 e veja o conteúdo complementar indicado sobre Tecnologia da Informação e Comunicação. 29 Sociedades da informação versus socieda- des informacionais No desenvolvimento da história da humanidade houve dois grupos de agentes transformadores: os dominantes e os dominados. Tal situação de dominação se dá pela obtenção de alguns elementos que trazem em seu bojo as ferramentas e os instrumentos que proporcionam o poder ao grupo dominante. Veja a evolução de determinados elementos de dominação dos grupos no poder: • Pré-História Fogo. • Sociedade greco-romana Política e a arte da guerra. • Idade Média Religião. • Grandes Guerras Poder bélico. • Imperialismo Controle das colônias. • Capitalismo Meios de produção. • Mundo atual e globalizado Informação. O economista Fritz Machlup, em 1933, foi um dos primeiros a desenvolver o conceito de sociedade da informação, um termo que também é conhecido como sociedade do conhecimento com a chegada da Globalização. É fato que essa sociedade se encontra em processo de formação, adequação e expansão. A sociedade de hoje não é mais um elemento estático. É claramente visível que ela está em constante transformação. As novas tecnologias da informação são consideradas as principais responsáveis por esse processo de mudança que se baseia num bem precioso, a informação/conteúdo. Esse novo molde de organização das sociedades aponta para um modo de desenvolvimento social, econômico e financeiro no qual a informação, como forma de criação, análise e transformação de conhecimento, desempenha um papel diferenciado na produção de bens, riquezas, e na contribuição para o bem-estar e qualidade de vida dos cidadãos. Vislumbra-se que há uma condição para a sociedade da informação avançar e evoluir, e há também uma possibilidade de todos poderem ter acesso às TICs presentes no nosso dia a dia e que constituem instrumentos indispensáveis às comunicações pessoais e interpessoais, de lazer e de trabalho. 30 É fato que os estudos sistemáticos referentes aos comportamentos econômicos vêm conferindo um importante fator ao cenário econômico e financeiro das empresas, tão impregnado pelos fatores da Era Industrial. Esse fator é o conhecimento, a dimensão crítica e de sustentação de vantagens competitivas. Como exemplo, temos o aumento significativo da produção de novos aparelhos celulares (smartphones) para promover uma nova interação com o mundo virtual, bem como a criação de novos aparelhos de conectividade com as TVs para a substituição das televisões a cabo. Um ponto a ser observado é o problema da tecnologia e seu papel na sociedade contemporânea, que tem sido discutido usando-se uma série de rótulos e conceitos — ideias sobre informação e/ou conhecimento, sociedade pós-moderna, sociedade pós- industrial e revolução da informação. Em uma ampla perspectiva histórica, a sociedade de fluxo representa um caminho qualitativo na espécie humana. Se nos referirmos a uma velha tradição sociológica, segundo a qual a ação social em seu nível mais fundamental pode ser entendida como o padrão de relações entre natureza e cultura, encontramo-nos realmente em uma nova era da ex- periência humana. (CASTELLS, 1994, p. 251) Em meio a uma grande revolução tecnológica, não há nada mais significativo do que o advento da internet, que se tornou um símbolo de uma nova sociedade digital que emerge na cultura do terceiro milênio e foi caracterizada como a “sociedade informacional”. Nessa perspectiva, a internet não se apresenta como uma simples tecnologia da comunicação e informação, mas como uma ferramenta primordial e direcionada à produção e à difusão da informação/conhecimento. Nesse contexto da cultura e da tecnologia, a Tecnologia da Informação e Comunicação se torna um elemento de alavancagem socioeconômica. Há o estabelecimento de novos propósitos sendo refletido na sociedade informacional. A problemática inicial em relação ao mundo informacional envolve diferentes cenários, como política, economia, ambiente social. Nesse sentido, a internet tem sido vista como uma ferramenta fundamental para a prática de situações que alavancam oportunidades de poder: por exemplo, pessoas que se utilizam das tecnologias em prol de suas ambições, desejos e na construção de identidades e novas realidades, e também que se apresentam no mundo virtual com opiniões e ideias, absorvendo conteúdos e buscando 31 debater acontecimentos que envolvam seus interesses e visões de mundo e intervir, criticamente, neles. É importante que possamos caracterizar bem dois cenários: Sociedade da informação Acesso democratizado, global, universal e total à informação/conhecimento, por meio dos meios de comunicação e equipamentos eletroeletrônicos. Temos a internet como marco inaugural de uma nova sociedade chamada de sociedade da informação. Sociedade do conhecimento Foi constituída a partir das redes sociais, das colaborações e interações entre os indivíduos. É formada por grupos de pessoas que discutem questões, refletindo sobre elas, ensinando e aprendendo umas com as outras, em todas as áreas do saber. Para podermos dizer que uma pessoa pertence à sociedade da informação basta que ela tenha acesso à internet, páginas com informação, bibliotecas digitais, base de dados, artigos científicos, chats, videoconferência, notícias do mundo inteiro. O que faz um indivíduo dizer que pertence à sociedade do conhecimento é a sua participação em algumas redes sociais, sua interação com pessoas e a troca de informações que efetua. Quando o indivíduo acessa uma rede social, ele é aceito pela comunidade dessa rede, passa a discutir, refletir, contribuir, produzir informação e colaborar com a construção do conhecimento daquela rede. Todo o grupo passa a trocar informações espontaneamente. Com a evolução do tempo, o homem vem criando diversos meios e ferramentas para se comunicar com a sociedade, procurando melhorar seu modo de vida e seus padrões atuais. Fazendo uma análise sucinta das criações tecnológicas, podemos estabelecer que as conclusões são complexas, pois, por um lado, as criações nos conferem um melhor meio de vida (tecnologias à disposição), mas, por outro lado, são exatamente essas criações que aumentam a destruição de vários cenários de fundamental importância para a sociedade (lixo eletrônico, poluição, desmatamento etc.). Saiba mais 32 É fato que um grande desafio daqui por diante não será mais saber conteúdos, visto que estão todos disponíveis em vários sites na internet, mas saber qual informação é, realmente, importante e relevante para o crescimentocognitivo. É importante perceber como essas informações irão transformar o modo de ver o mundo e fazer as pessoas crescerem intelectualmente. A sociedade do conhecimento veio para inaugurar uma nova era tecnológica. Essa nova era remete à interação e à colaboração — seja em cursos on-line, seja nas redes sociais —, a trocas de experiências ou ideias e à propagação rápida de informações. Fruto dessa nova sociedade, uma das grandes preocupações nos dias de hoje são as fake news, que são uma forma de imprensa que consiste na propagação de desinformação, boatos ou inverdades por meio de jornal impresso, mídia on-line, TV, rádio e mídias sociais. Esse tipo de notícia/informação é escrita e publicada com a intenção de enganar e/ou conturbar alguém a fim de obter ganhos políticos, pessoais e/ou financeiros. Você provavelmente esbarrou com algumas em suas redes sociais ou as recebeu em grupos de mensagem. Outra questão que vem chamando a atenção é o uso de robôs que interagem como um usuário de uma rede social ou são programados para desempenhar alguma tarefa determinada previamente. Entendendo um pouco mais sobre os bots A expressão bot é uma abreviação da palavra robot e é utilizada quando desejamos nos referir a usuários falsos, seja de Twitter, Facebook, Instagram, YouTube, ou de outras redes sociais. Muitas empresas investem nesse tipo de artimanha para aumentar o número de seguidores, visualizações e alcance de publicações. De acordo com texto veiculado no New York Times, existem companhias especializadas nesse tipo de serviço, “com apenas US$ 5, eu comprei quatro mil seguidores no Twitter, com mais US$ 5 eu comprei quatro mil amigos no Facebook e metade deles curtiu uma foto que eu postei na rede”, conta Nick Bilton, colunista de tecnologia. (BOTS…, 2014) Saiba mais 33 Para que possamos fazer um fechamento dessas diferenciações, é importante frisar que a sociedade da informação terá, toda ela, acesso à democracia, dentro de um contexto universal, global e total para com a informação e o conhecimento gerados, por meio dos meios pertinentes de comunicação e equipamentos eletrônicos disponíveis. A internet veio como um divisor de águas para inaugurar essa nova sociedade. Já a sociedade informacional está ligada à sociedade do conhecimento e se criou diante dos cenários das redes sociais, das relações, interações e colaborações entre os indivíduos que são membros participantes dessa rede, como o Facebook, por exemplo. São indivíduos discutindo questões, refletindo sobre o cotidiano, criando mecanismos de aprendizagem e também aprendendo com os demais em diversas áreas de conhecimento. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 2 e o conteúdo complementar indicado sobre sociedade da informação. 34 Livro Verde: Sociedade da Informação no Brasil A informação alinhada ao conhecimento torna-se cada vez mais um dos principais fatores de agregação de valor, superação de desigualdades, de propagação do bem- estar e criação de emprego qualificado. O mundo sofre uma transformação que está atrelada nitidamente ao conhecimento, à educação e ao desenvolvimento científico e tecnológico. A sociedade da informação está em franca transformação. No Brasil, é preciso que o governo e a sociedade andem juntos para que se possa assegurar que seus benefícios, efetivamente, alcancem a todos os brasileiros. A sociedade da informação deve ser vista como novas formas de organização e de produção em escala mundial. É preciso redefinir a inserção e o papel dos países na sociedade internacional e no sistema econômico mundial. Na era da internet e da Tecnologia da Informação, o governo brasileiro procura promover, por meio de políticas de expansão, a universalização do acesso aos meios da Tecnologia da Informação e Comunicação e o seu uso crescente, a fim de prover uma administração eficiente, eficaz e transparente em todos os níveis, mas é sabido que ainda há um longo caminho pela frente. Ao mesmo tempo, é importante que o sistema político promova políticas de inclusão social, para que o crescimento tecnológico atinja de forma quantitativa e qualitativa as dimensões humanas, éticas, profissionais e econômicas. A alfabetização digital irá promover o crescimento e o desenvolvimento da “Nova Economia” em nosso país. O Programa Sociedade da Informação, que resulta de trabalho iniciado em 1996 pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, compreende acelerar a introdução dessas tecnologias no ambiente empresarial brasileiro. Sua finalidade é lançar os alicerces de um projeto estratégico, de amplitude nacional, para integrar e coordenar o desenvolvimento 35 e a utilização de serviços avançados de computação, comunicação e informação e de suas aplicações na sociedade. Essa iniciativa permitirá alavancar a pesquisa e a educação, bem como assegurar que a economia brasileira tenha condições de competir no mercado mundial. O Ministério da Ciência e Tecnologia entrega à sociedade o Livro Verde, que contém as metas de implementação do Programa Sociedade da Informação e constitui uma súmula consolidada de possíveis aplicações de Tecnologias da Informação. (BRASIL, 2000, p. 45) O Livro Branco: Ciência, Tecnologia e Inovação O objetivo do Livro Branco é propor novos caminhos para que ciência, tecnologia e inovação possam contribuir para a construção de um país mais livre, dinâmico, inovador, competitivo e socialmente mais justo. Para isso, é necessário formar e consolidar cidadãos que atuem em um ambiente estimulante e inovador, que tenham acesso a um Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, cuja base científica e tecnológica seja internacionalmente ampla, diversificada, e nacionalmente distribuída. É preciso ampliar o entendimento sobre a sociedade para que se tenha as devidas aplicações sociais e, com isso, a participação dos setores público e privado. É crescente a importância do trinômio Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) para o desenvolvimento, para o crescimento, fortalecimento e qualidade de vida das culturas nacionais. O ano de 2012 é o horizonte temporal deste Livro, que está estruturado em quatro seções centrais, além desta introdutória. Na primeira, à luz da análise dos riscos e oportunidades associados às transformações econômicas e tecnológicas que vêm marcando a sociedade contemporânea, examinam-se os principais desafios para a consolidação de um Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, necessário para que o País possa criar condições de desenvolvimento sustentável. Na segunda seção, apresentam-se os objetivos de uma proposta de política de Ciência, Tecnologia e Inovação para o horizonte considerado. Na terceira, são estabelecidas as bases para a formulação de diretrizes estratégicas a partir de uma análise do esforço nacional já realizado nas últimas décadas. Na quarta seção, é 36 explicitado um conjunto de diretrizes estratégicas com vistas às ações necessárias para que se alcancem os objetivos da política proposta. (BRASIL, 2002, p. 21) O Livro Verde A sociedade da informação, que está em franca transformação, está sendo gerida em diversos países. O governo e sociedade brasileiros devem caminhar lado a lado para assegurar que os seus benefícios efetivamente sejam alcançados. A sociedade da informação é o fundamento de novas formas de organização do conhecimento, em que há uma forte inserção do seu contexto junto a outros países, no que tange ao sistema econômico mundial. Com isso, teremos o surgimento de novas demandas ligadas ao poder público no que diz respeito ao seu modus operandi. O Livro Verde tem, em sua essência, um conjunto de ações para o impulsionamento da sociedade da informação no Brasil em todos os seus aspectos: conectividade, meios de acesso, recursos humanos, pesquisa e desenvolvimento, comércio eletrônico, novas aplicações. O Livro Branco surgiu com o propósito de olhar as tendências e definições do Livro Verde e traçar e definir rumos para a ciência,tecnologia e inovação brasileiras, por meio de um quadro de transformações digitais em nível mundial.Toda essa abordagem não se estende apenas à comunidade acadêmica e ao setor produtivo, mas ao cidadão comum e à opinião pública. Suas diretrizes, opiniões e sugestões repercutirão na vida de cada um de nós e de nossas famílias. Dentro dessa concepção temos os três fenômenos inter-relacionados que estão na origem da transformação em curso dos processos, que são: 1. Convergência da base tecnológica Decorre do fato de se poder representar, verificar, analisar e processar qualquer tipo de informação de uma única forma: a digital. Exemplos: • Livros viram e-books. • Aparelho de TV é utilizado em tela de computador. • Álbum de fotografia vira um repositório digital de fotos. 37 Para que tudo isso aconteça é preciso que haja um extenso leque de aplicações que se forma em função da criatividade, curiosidade e capacidade de absorção do novo pelas pessoas. 2. Dinâmica da indústria Tem proporcionado uma contínua queda nos preços dos computadores relativamente à potência computacional, permitindo a popularização crescente do uso dessas máquinas e também de outras tecnologias como smartphone, tablets etc. 3. Crescimento da internet Nos EUA, a internet atingiu 50 milhões de usuários em somente quatro anos, ao passo que, para atingir esse número de usuários, o computador pessoal tardou 16 anos, a TV, 13, e o rádio, 38. Outro dado que confirma a rapidez da disseminação da internet é o da evolução da conectividade internacional no período de 1991 a 1998. Em um curto período de oito anos, a internet se disseminou por praticamente todo o mundo, permitindo que muitos países pudessem propiciar conectividade a outros países até então fora dessas redes mundiais de comunicação e permitindo também a substituição de outras tecnologias (BITNET, FIDONET etc.) mais antigas. Ainda existe em muitos países um serviço restrito a poucos no que tange à velocidade da disseminação da internet, em comparação com a de outros serviços, mostrando que ela se tornou um padrão de fato e que se está diante de um fenômeno singular, a ser considerado como fator estratégico fundamental para o desenvolvimento das nações (BRASIL, 2000). MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 2 e o conteúdo complementar indicado sobre sociedade da informação no Brasil. 38 NA PRÁTICA Um ponto de grande relevância nos dias atuais são os negócios eletrônicos, e-commerce e e-business. Hoje, esse modelo de negócio é fundamental para a modernização do setor produtivo, permitindo a ampliação de diversas empresas no mercado, bem como diversificando oportunidades de mercados e aperfeiçoando atividades de negócios. O comércio eletrônico vem apresentando um percentual de crescimento muito significativo, tanto nas transações entre empresas e consumidores (B2C) como nos negócios entre as próprias empresas (B2B), que é a modalidade em que atualmente se realiza o mais alto nível de geração de receita. Podemos destacar a empresa Mercado Livre, que fomenta o e-commerce tanto para o segmento do B2B como para o B2C. Hoje, o Mercado Livre é uma das plataformas mais utilizadas para a comercialização de produtos e serviços, com o faturamento na casa dos milhões, simplesmente oferecendo a hospedagem do produto e serviço e proporcionando a logística da entrega do produto em parceria com empresas de transporte e Correio. 39 CONCEITO Resumo da Unidade 2 Nesta unidade você estudou que a sociedade da informação compreende o atual momento vivenciado pelas sociedades, que se configura a partir das profundas transformações na produção industrial e na economia mundial, por intermédio da globalização, e que ganhou maior visibilidade nas duas últimas décadas. A partir do século XX, os avanços nas áreas da tecnologia e da telecomunicação influenciaram a velocidade de disseminação das TICs, resultando em mudanças significativas que envolvem não apenas os cenários tecnológicos e econômicos, mas também os aspectos socioculturais, políticos e institucionais das sociedades. A partir das transformações, emerge a sociedade da informação, que em graus diferenciados atinge todos os países e regiões do mundo. Embora a sociedade da informação não represente uma ruptura com o padrão capitalista predominante, cuja lógica continua centrada no lucro e na divisão de classes, a nova era inaugura um padrão: um novo paradigma baseado no uso crescente da informação/comunicação, do conhecimento e das inovações tecnológicas como vetores essenciais do desenvolvimento social e econômico. Até a próxima unidade! Nesta unidade aprendemos sobre a origem e como se deu a sociedade da informação e a sociedade do conhecimento, que também pode ser chamada sociedade informacional. Também foi abordada a importância do Livro Branco e do Livro Verde, que fomentam um conjunto de ações para o impulsionamento da sociedade da informação no Brasil em todos os seus aspectos: ampliação do acesso à internet, meios pertinentes de conectividade, formação de recursos humanos, incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico, comércio eletrônico, desenvolvimento de novas aplicações. 40 Referências ÁBILA, F. Novas tecnologias na educação. Revista Aprendizagem, Pinhais, ano 4, n. 20, 2010. p. 35. BOTS: os robôs das redes sociais. Magic Web Design, [S.l.], 21 maio 2014. Disponível em: <https://www.magicwebdesign.com.br/blog/redes-sociais/bots-os-robos-das-redes- sociais/>. Acesso em: 23 nov. 2018. BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia. Livro branco: ciência, tecnologia e inovação. Brasília, 2002. Disponível em: <https://www.oei.es/historico/salactsi/livro_branco_cti. pdf>. Acesso em: 23 nov. 2018. ______. Ministério da Ciência e Tecnologia. Sociedade da informação no Brasil: livro verde. Brasília, 2000. Disponível em: <https://www.governodigital.gov.br/documentos-e- arquivos/livroverde.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2018. CASTELLS, M. A galáxia internet: reflexões sobre internet, negócios e sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. p. 251 et seq. KETTER, V. Z. C.; ZYLBER, M. A.; PEREZ, G. Tecnologias da informação e comunicação como inovação no ensino superior presencial: uma análise das variáveis que influenciam na sua adoção. REGE: revista de gestão, São Paulo, v. 24, 2017. Disponível em: <https:// www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1809227617301169>. Acesso em: 23 nov. 2018. ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Manual de Oslo: diretrizes para coleta e interpretação dos dados sobre inovação. Paris, 2005. PEREZ, G.; ZWICKER, R. Fatores determinantes da adoção de sistemas de informação na área de saúde: um estudo sobre o prontuário médico eletrônico. Revista de Administração Mackenzie, São Paulo, v. 11, n. 1, p. 174-200, 2010. PINTO, L. F. G.; ZILMER, M. A. Uma abordagem schumpeteriana da inovação como fator de crescimento da pequena e média empresa empreendedora: estudo de uma rede de panificadoras. São Paulo: USP, 2006. SCHUMPETER, J. A. A teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo: Nova Cultural, 1988. https://www.magicwebdesign.com.br/blog/redes-sociais/bots-os-robos-das-redes-sociais/ https://www.magicwebdesign.com.br/blog/redes-sociais/bots-os-robos-das-redes-sociais/ https://www.oei.es/historico/salactsi/livro_branco_cti.pdf https://www.oei.es/historico/salactsi/livro_branco_cti.pdf https://www.governodigital.gov.br/documentos-e-arquivos/livroverde.pdf https://www.governodigital.gov.br/documentos-e-arquivos/livroverde.pdf https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1809227617301169 https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1809227617301169 Direito eletrônico UNIDADE 3 42 OBJETIVO Nesta unidade, você vai estudar o conceito da sociedade da informação, entendendo o seu surgimento e o seu papel fundamental na sociedade como um todo. Aliada a essa sociedade, teremos a importância da tecnologia da informação como um pilar de transformação junto à sociedade,abrindo portas para que a inovação de uma forma geral se perpetue e traga muitas novidades e oportunidades. Não obstante, temos o papel do direito eletrônico como agente transformador e balizador das ações que se agigantam no mundo digital. INTRODUÇÃO Nesta unidade você irá: • Identificar como as relações virtuais, realidade de hoje, demonstram a cada dia a tendência à substituição gradativa do meio físico pelo eletrônico, fomentando a adequação, adaptação e interpretação das normas jurídicas nesse novo ambiente. 43 Sociedade da informação A sociedade da informação é um termo que surgiu no século XX, sendo também conhecida como sociedade do conhecimento, como substituto para o conceito complexo de sociedade pós-industrial e como forma de transmitir o conteúdo específico do novo paradigma técnico-econômico. A sociedade não é um elemento estático, ela está em constante transformação, e, como tal, a sociedade contemporânea está inserida em um processo de mudança em que as novas tecnologias são as principais responsáveis. Isso se deu, justamente, no momento em que a tecnologia de uma forma geral começou a ter grandes avanços. Sua importância fez com que ela se tornasse essencial na determinação do sistema social e econômico. Após a chegada grandiosa das telecomunicações e informática de um modo geral, na década de 1970, a sociedade prontamente apresentou novas condições para o processamento de informação. Esse momento foi de grande valor, permitindo que vários estudiosos, como Daniel Bell, debatessem acerca da sociedade pós-industrial. Bell fez menção que, nessa nova etapa, os serviços e a estrutura central da nova economia seriam baseados na informação e no conhecimento. De acordo com Castells (2000), as transformações acontecidas rumo ao crescimento da sociedade da informação, em estágio evoluído nos países industrializados, constituem uma tendência dominante e determinam um novo momento, o da tecnologia da informação, que trata da essência e de uma transformação tecnológica em suas relações com a sociedade e com a economia. Essa transformação tem as seguintes características fundamentais: • A informação é sua matéria-prima: as tecnologias se desenvolvem para permitir o homem atuar sobre a informação propriamente dita, ao contrário do passado quando o objetivo dominante era utilizar informação para agir sobre as tecnologias, criando implementos novos ou adaptando-os a novos usos. 44 • Os efeitos das novas tecnologias têm alta penetrabilidade porque a informação é parte integrante de toda atividade humana, individual ou coletiva e, portanto, todas essas atividades tendem a serem afetadas diretamente pela nova tecnologia. • Predomínio da lógica de redes. Esta lógica, característica de todo tipo de relação complexa, pode ser, graças às novas tecnologias, materialmente implementada em qualquer tipo de processo. • Flexibilidade: a tecnologia favorece processos reversíveis, permite modificação por reorganização de componentes e tem alta capacidade de reconfiguração. • Crescente convergência de tecnologias, principalmente a microeletrônica, telecomunicações, optoeletrônica, computadores, mas também e crescentemente, a biologia. O ponto central aqui é que trajetórias de desenvolvimento tecnológico em diversas áreas do saber tornam-se interligadas e transformam-se as categorias segundo as quais pensamos todos os processos. • Este novo modelo concebido para a organização das sociedades fomenta em um modo de desenvolvimento social e econômico onde a informação, como meio de geração de conhecimento, desempenha um papel diferenciado na produção de riquezas e na contribuição para o bem-estar e da qualidade de vida dos cidadãos. Esta condição foi fundamental para que a Sociedade da Informação pudesse avançar com a possibilidade de todos poderem aceder às Tecnologias de Informação e Comunicação, presentes no nosso cotidiano que constituem instrumentos indispensáveis às comunicações pessoais, de trabalho e de lazer. (CASTELLS, 2000, p. 25) É preciso reconhecer que muitas das promessas do novo momento tecnológico estão sendo focadas, principalmente, no campo das aplicações das novas tecnologias para a educação de uma forma geral. Podemos citar aqui a educação a distância, as bibliotecas virtuais, os aplicativos para videoconferência e os correios eletrônicos. A satisfação com os avanços tecnológicos, no entanto, não nos deve impedir de identificar áreas que possam ser preocupantes em virtude desse tipo de mudança. A sociedade vem observando com atenção a evolução histórica do novo momento da tecnologia da informação e externando, em cada etapa desse desenvolvimento, suas preocupações com as implicações sociais das novas tecnologias. Um exemplo característico é a forma como o adolescente se utiliza em excesso do smartphone. 45 O ser humano tem total condição de se adaptar e, como tal, deve ter uma atitude mais flexível, com conhecimentos generalistas, capazes de se formarem ao longo da vida de acordo com os seus anseios e as suas necessidades, para que possa dominar as tecnologias da informação e comunicação. A sociedade exige da escola uma formação ampla, especializada, direcionada a um espírito empreendedor e criativo, com o domínio de uma ou várias línguas estrangeiras, com grandes capacidades para resolução de problemas. A nova geração, nos últimos tempos, vem adquirindo vários conhecimentos diferenciados e com maior velocidade, dentro e fora das escolas, pois eles pertencem a uma nova geração chamada de “Y”. Estão interligados nesse novo paradigma de sociedade como um todo, preferindo, na maioria das vezes, o aconchegante lar de seus pais, com todas as tecnologias de última geração à disposição, à escola, que pode, de alguma forma, parecer obsoleta. É fundamental a escola tornar-se mais atrativa e em sintonia com as novidades tecnológicas, criando os “espaços makers”. A sociedade se tornará cada vez mais competitiva, criando mais riquezas e naturalmente gerando melhor qualidade de vida. Iremos nos tornar uma sociedade mais livre evitando a exclusão do cidadão e permitindo uma maior integração entre os pares. Para que isso seja viável, as políticas educativas desempenham um papel diferenciado. Dessa forma, a escola passa a assumir um papel diferenciado na sociedade da informação. É preciso dotar o ser humano de condições, meios e capacidades para competir com o avanço tecnológico, condicionando-o, de maneira que esse avanço não seja autônomo e involuntário e possa ser controlado, de modo que sejam as nossas necessidades a corresponder ao desenvolvimento tecnológico, e não o desenvolvimento tecnológico a moldar as nossas necessidades cotidianas. São vários os desafios cotidianos da sociedade da informação e incluem desde os de caráter econômico, social, cultural e legal até os de natureza psicológica e filosófica. Leal (1996) sinaliza que os desafios éticos da sociedade da informação podem ter múltipla perda: perda de qualificação profissional, associada à automação industrial, e desemprego; de comunicação interpessoal e grupal, transformada pelas novas tecnologias da informação ou mesmo destruída por elas; de privacidade, por meio da invasão de nosso espaço individual e efeitos da violência visual e poluição acústica; de controle sobre a vida pessoal e o mundo circundante; e do sentido da identidade, associado à crescente complexidade tecnológica. 46 Brook e Boal (1995) estudam novas estratégias de resistência para, como um novo “luddismo”, combater os aspectos perniciosos da tecnologia da informação, acusada de propagar na sociedade a utilização de um simulacro de relacionamento como substituto de interações face a face entre os indivíduos da sociedade e contra a usurpação pelo capital do direito de definir a espécie de automação que desqualifica trabalhadores, amplia como um todo o controle gerencial sobre o trabalho, intensifica as atividades e destrói a solidariedade. Um outro pontoimportante que temos que analisar é com relação ao ambiente corporativo. O trabalho está mudando, ganhando corpo, e, nas empresas, o termo “capital humano” indica o patrimônio de habilidade e conhecimento, ou seja, capacidades técnicas e conhecimento dos colaboradores, que criam atitudes inovadoras. Essa é a realidade em que as empresas precisam saber como administrar. O conhecimento se tornou precioso, uma peça fundamental, fator produtivo a ser gerenciado, valor agregado indispensável nas estratégias das empresas para o alcance de seus resultados. Três características dessa sociedade serão: 1. Ausência de fronteiras O conhecimento se movimenta com menos esforço até do que o dinheiro. 2. Mobilidade para cima Disponível para todos os indivíduos por meio de uma educação formal e facilmente adquirida. 3. Potencial para o fracasso e para o sucesso Qualquer indivíduo pode adquirir o conhecimento exigido para a tarefa, mas nem todos podem vencer. Essas três características importantes, em conjunto, tornarão a sociedade altamente competitiva, tanto para organizações quanto para os indivíduos. Vantagens e desvantagens Criada no contexto da pós-modernidade, a sociedade da informação é, essencialmente, tecnologia da informação e comunicação, constituída principalmente pelos avanços da eletrônica, microeletrônica e multimídia. Dentro desse propósito, adquirir, armazenar, analisar, processar e disseminar informações são as metas básicas do novo sistema digital. 47 A TV, a telefonia, a rede de computador e a internet são as grandes responsáveis pelo advento dessa nova sociedade da informação, cuja grande consequência é a desmaterialização dos espaços produtivos. Uma vantagem diferenciada é que os processos decisórios das empresas são facilitados, pois podem ser realizados a distância por meio de videoconferência. Além do aspecto econômico que permeia a empresa e do trabalho a distância, as ferramentas digitais como bibliotecas virtuais, correio eletrônico, internet banking e redes sociais são marcantes na contemporaneidade. A grande desvantagem é que os indivíduos dessa sociedade da informação podem se tornar cada vez mais distantes uns dos outros, tendo em conta essa facilidade de comunicação, que é, na verdade, uma barreira. Dessa forma, as crianças e os jovens vivem cada vez mais dependentes dos smartphones, dos jogos e de outros atrativos tecnológicos. Isso sem contar com a exposição da vida pessoal pelo uso constante das redes sociais, o que resulta em um sério problema de segurança pessoal e da informação. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 3 e veja o conteúdo complementar indicado sobre direito digital geral. 48 O papel do direito eletrônico As relações jurídicas, ao longo do tempo, vieram com um novo viés fruto das relações virtuais, principalmente pelo uso crescente da população no que tange à internet, www: http//, rede mundial de computadores. A sociedade simplesmente se deparou com um novo momento tecnológico, no qual um novo portal de informações, conteúdos, produtos e serviços foi aberto instantaneamente. Com isso, a sociedade, de uma forma avassaladora, veio consumindo tudo o que era posto nesse ambiente, fruto de uma série de facilidades e agilidades nos processos, mas até que ponto tudo isso é permitido? Será que realmente podemos comprar o que bem entendemos? Será que tudo que está contido nesse universo é real? Será que posso inserir o que bem entender nesse ambiente digital? Nos tempos atuais, as demandas digitais e as relações virtuais são uma realidade na sociedade e demonstram a cada dia a substituição gradativa do meio físico pelo eletrônico. É necessário, portanto, que se estabeleçam diretrizes que proporcionem segurança às relações contidas no campo virtual, dada a sua especificidade. O gigantismo do mundo digital transformou diversas atividades realizadas antes da chegada da internet. Com tal avanço cibernético, não somente atividades rotineiras foram modificadas, como crimes estão sendo praticados, surgindo até mesmo novas modalidades de crimes cibernéticos, fruto de fragilidades da sociedade e também de acessos que antes não eram permitidos pelo mundo físico. Anteriormente, alguns atos praticados na internet, em sua maioria, não eram tidos como um crime. Pois bem, não há crime sem lei que o defina. Dessa forma, muitos casos de invasão de sistema, de exposição de fotos íntimas, entre outros, não eram considerados crimes, deixando os responsáveis ilesos quanto aos atos que praticaram. O Direito Eletrônico é a ciência que estuda a utilização dos elementos físicos eletrônicos, como o computador. O Direito Eletrônico, digital ou da Informática não se dedica apenas ao estudo do uso dos aparatos da informática como meio auxiliar ao direito, delimitado pela informática jurídica, mas, ao contrário, constitui o conjunto de normas, aplicações, processos, relações jurídicas que surgem como consequência da aplicação e desenvolvimento da informática, isto é, a informática é geral deste ponto de vista e da forma como é regulado pelo direito. www: http// www: http// 49 O Direito Eletrônico visa regular as relações realizadas entre indivíduos no ambiente virtual, a fim de propor controle e fiscalizar as relações dos mais diversos meios de comunicação, inclusive os da própria informática. (PACI, 2018) Hoje pertencemos a um cenário em que é preciso que levemos em consideração a existência de duas realidades diferentes: plano real (físico) e plano virtual. Da mesma forma, como há regras para realizar a manutenção das pessoas no plano material, foi necessária a criação de regras rígidas e específicas para serem aplicadas no mundo virtual e que vêm se expandindo de forma gradativa. O direito eletrônico ou digital, portanto, a nosso ver, por se tratar de um direito multifacetado e com peculiaridades próprias, pertence tanto ao direito público como ao privado. A internet ainda é tida por muitos como um território livre, sem lei e sem punição. Inclusive há uma rede clandestina em que muitos usuários se conectam para que possam cometer uma série de crimes cibernéticos e não ser rastreados. Sabemos que ainda há ausência de uma legislação específica para crimes eletrônicos, e com isso os tribunais brasileiros estão enfrentando e punindo internautas, crackers e hackers que utilizam a rede mundial de computadores como instrumento para a prática de crimes. A maioria desses criminosos não vê a internet como um campo novo de atuação, mas apenas um novo caminho próspero para a realização de delitos já praticados no mundo real. É possível observarmos que os crimes virtuais utilizam a mesma forma de delitos utilizados em crimes já conhecidos. O que traz como diferencial é a técnica utilizada pelos praticantes, hackers e/ou cibercriminosos, que se difere dos delitos convencionais presentes no ordenamento jurídico penal, mas o resultado pretendido por eles é o mesmo da conduta já tipificada. A forma de atuação atualmente utilizada e difundida entre o Poder Judiciário se baseia na aplicação da legislação vigente, de modo a realizar uma comparação com o caso concreto do crime virtual enfrentado. Veja alguns tipos de crimes: • Faturas falsas e cobranças indevidas. • Vendas de produtos e propagandas. 50 • Sites falsos e downloads ilegais. • Leilões on-line e produtos falsos. • Vendas de serviços ilegais • Malwares e kits de aproveitamento. • Informações de contas. • Quebra de verificação. • Phishing e roubo de informações em redes sociais. • Cartões de datas festivas. • Compras em computadores públicos e redes abertas. • Ofertas de emprego por e-mail. • Roubo de senhas. Lei nº 12.737/2012 (conhecida como Lei Carolina Dieckmann) – Introduziu três tipos penais específicos envolvendo crimes informáticos: i) invasão de dispositivo informático alheio (artigo 154-A do Código Penal); ii) interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefônico, informático, telemático ou de informação de utilidadepública (artigo 266, §§ 1º e 2º do Código Penal); e iii) falsificação de cartão de crédito ou débito (artigo 298 do Código Penal). Decreto nº 7.962/2013 – Regulamentou o Código de Defesa do Consumidor, para dispor sobre a contratação no comércio eletrônico. Traz diversos esclarecimentos sobre atendimento ao consumidor em relação às compras realizadas pela internet, direito de arrependimento em comércio eletrônico, abordando até mesmo o tema das compras coletivas. Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) – Estabeleceu princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil, tanto para provedores de conexão e de aplicação como para usuários da internet. É um marco mundial no que concerne ao tratamento da internet sob a ótica do direito civil, sendo referenciado por alguns como a “Constituição da internet”, tendo em vista o caráter de princípio lógico da norma. Tem sido objeto de várias discussões, especialmente no que concerne à futura regulamentação que o Poder Executivo fará à norma, tratando, entre outros, do tema da neutralidade de rede, o que ocorrerá após as consultas públicas do Comitê Gestor da Internet e da Agência Nacional de Telecomunicações. Importante 51 Anteprojeto de Lei para a Proteção de Dados Pessoais – Ainda na fase de anteprojeto, é fundamental estar atento ao texto da futura norma, que se encontra em discussão perante a sociedade civil e complementará as disposições constantes do Marco Civil da Internet sobre a questão de coleta, uso, armazenamento, tratamento, compartilhamento e exclusão de dados pessoais e dados pessoais sensíveis. Diante de uma gama enorme de possibilidades de crimes cibernéticos, você pode ter alguns comportamentos e atitudes tecnológicas para evitar ser uma vítima. Quem sabe o mais importante seja não clicar em links desconhecidos em e-mails ou sites duvidosos. Isso já irá propiciar uma segurança no seu ambiente e bem-estar. É importante manter sempre o seu antivírus atualizado, e utilize um bom firewall e programas antispyware. Isso também será importante para o caso de você realizar compras on-line ou transações bancárias, pois evita que seus dados sejam roubados. E lembre-se também de fazer isso somente em computadores e redes seguros. Outro ponto importante é a utilização dos cartões virtuais, nova tecnologia que os bancos oferecem. E, finalmente, use o bom senso. Em hipótese alguma utilize a mesma senha para todos os serviços, pois, mesmo que uma delas seja roubada, as outras permanecerão intactas. Mude suas senhas periodicamente, evitando que um roubo passado possa afetá-lo mais tarde. Também, em dúvida sobre a legitimidade do link ou do serviço, não clique nem compre. É melhor evitá-los do que ter problemas no futuro. Nunca armazene suas senhas no seu smartphone; em caso de roubo, ele servirá para que o acesso às suas contas e informações seja bem mais fácil. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 3 e veja o conteúdo complementar indicado sobre a sociedade da informação e seus desafios. 52 Tecnologia da informação e a multidiscipli- naridade O desenvolvimento e o crescimento da ciência se pautaram, nos últimos séculos, pelo objetivo de entender a natureza e os fenômenos ligados ao nosso mundo real. Dessa for- ma, o conhecimento científico foi dividido em várias partes, que, com muito êxito, fizeram as ciências evoluírem e alavancarem resultados extremamente positivos. Esse avanço científico acabou criando uma ciência clássica, que utiliza métodos na maior parte das vezes ineficazes para lidar com alguns dos problemas contemporâneos de grande com- plexidade. As novas ciências surgiram no período pós-guerra e foram se desenvolvendo de forma diferenciada da ciência clássica. Foi apresentada como um de seus traços bali- zadores a prática interdisciplinar e multidisciplinar necessária para o desenvolvimento de sua pesquisa na área de maior interesse que se preconizava. É importante deixar claro o papel inter e multidisciplinar da ciência da informação para os estudos da cultura informacional, que se constituiu em uma oportunidade para eviden- ciar mutações que incidiram na significação e interpretação desse conceito, na medida em que foi incorporada como objeto de investigação no campo científico. A ciência da in- formação tem total conhecimento de suas implicações no exercício interdisciplinar, bem como de que maneira isso tem impactado conceitos apropriados de outras áreas. A ciência sempre será um caminho para que haja a inovação. Não existe uma área em que se fale mais em inovação do que no segmento da tecnologia da informação. Afinal, a tecnologia da informação permitirá que haja novas e eficientes práticas em uma orga- nização para a obtenção de resultados necessários ao crescimento do negócio. Hoje, no que remete à inovação da tecnologia da informação, seja no mundo empresarial, nas pesquisas científicas, no comércio eletrônico ou na segurança da informação, a adoção da nuvem pública, contratação de ferramentas de data warehouse, business intelligence, Olap ou simplesmente a revolução profissional causada nos departamentos de comuni- cação e marketing com soluções tecnológicas são bons exemplos disso. Em se tratando de inovação em tecnologia da informação, é primordial destacar que é praticamente impossível inovar sem ultrapassar as fronteiras desse departamento. A gestão na educação tem demandado com afinco mais reflexão, percepção e criativida- de voltadas ao desenho de novos ideais e novas possibilidades para o processo de ensi- no-aprendizagem. É preciso enfrentar a necessidade de interação entre conteúdo, 53 ambiente de aprendizagem e formação do estudante, mediados por tecnologias de in- formação e comunicação – TICs. A articulação entre eles requer refletir e repensar as práticas em sala de aula, rever as atividades práticas e, principalmente, reposicionar a atividade relacional de docentes e discentes, frente às inovações tecnológicas que per- mitem aprender. O trabalho multidisciplinar na formação docente para o uso das TICs é uma condição para que o educador possa articular, simultaneamente, informação, apren- dizado, conhecimento, interesse, curiosidade e participação, que devem nortear o com- promisso pela educação como um todo. Inovações tecnológicas nas práticas educativas colocam as instituições de ensino diante dos desafios de formar e transformar profissionais, intelectuais e cidadãos para o século XXI. A tecnologia da informação tem papel de grande importância nos projetos de inovação em suas organizações. É preciso refletir acerca da natureza do próprio negócio em ques- tão, podendo ser o primeiro passo fundamental para pensar de maneira diferente e gerar oportunidades de inovação. O importante é saber entender o seu propósito e os cami- nhos que quer percorrer. Um ponto diferenciado a ser trabalhado nesse contexto é o de liberdade para criar etapas e processos inovadores. Só há caminhos de prosperidade na inovação, a partir da tecno- logia da informação para com outras áreas de uma empresa, desde que haja uma livre prática, gestão e recursos necessários. Afinal, tem-se um processo estratégico e que envolve investimento diferenciado, com altos índices de retorno para o negócio. Sendo assim, integrar as diversas áreas de uma companhia sob o comando do departa- mento de TI pode ser de extrema importância para a inovação. Dessa forma, o elemento multidisciplinar agrega diversidade de conhecimento e, principalmente, de olhares dife- renciados sobre um mesmo tema. A tecnologia da informação precisa participar das decisões de negócio para ser capaz de traduzir necessidades e oportunidades e colocar a inovação nas soluções. É de suma importância que um dos componentes básicos de times ágeis seja a multi- disciplinaridade. É bem mais fácil entender as benesses de se atuar e/ou trabalhar com pessoas que tenham um conjunto de habilidades e competências diferentes e comple- mentares às nossas. Os conhecimentos, know-how,ajudam a: • Passar menos tempo esperando o especialista atender nosso projeto. 54 • Promover aprendizado diferenciado todo o tempo, eventualmente formando indivíduos multidisciplinares. • Mostrar estimativas mais reais, já que se consideram todos os envolvidos no processo. • Criar uma linguagem de interação facilitadora para que todos entendam, melhorando a comunicação interna. • Criar o hábito de estarmos atentos aos problemas dos outros, buscando soluções em conjunto para eles e, assim, tornando-nos pessoas mais empáticas. Times ágeis e experientes estão sempre a um passo à frente, pois trabalham sempre com pessoas de variadas especialidades, em que o aprendizado é mútuo, e assim se tornam profissionais multidisciplinares. Na verdade, cada indivíduo traz consigo toda uma visão sobre o mundo construído sobre seus conhecimentos técnicos, experiências, sim, mas também sobre sua vivência. Cada pessoa se coloca de forma completa no projeto, não apenas suas habilidades técnicas. Isso permite que a multidisciplinaridade possa aflorar naquela equipe de forma eficiente e eficaz, sem egos e vaidades. Esse tipo de diversidade tem o mesmo efeito benéfico, que pode ser o ponto decisivo entre um projeto bem-sucedido e um projeto muito bem-sucedido. Nos últimos anos, foi percebido um grande crescimento das discussões sobre a falta de diversidade em tecnologia da informação, uma retomada do interesse feminino pela computação. As empresas, no que remete à segurança da informação, devem ter comissão multidisciplinar na instituição de normas. Em debate promovido pelo departamento jurídico da Fiesp, Renato Opice Blum, da Escola Paulista de Direito, afirmou que as companhias devem trabalhar a proteção de dados corporativos nos âmbitos jurídico, técnico e educacional. Importante 55 Segundo João Francisco Justo Filho, pesquisador do Laboratório de Microeletrônica – LME do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos – PSI da Escola Politécnica da USP, a nanotecnologia tem caráter multidisciplinar, já que é possível a sua aplicação em outras áreas do conhecimento, pois todas as substâncias são formadas por moléculas. Curiosidade Mais uma característica interessante é a presença forte da tecnologia da informação nas várias situações do cotidiano, cuja característica muito diferenciada é a do direito eletrônico, qual seja, sua multidisciplinaridade. Sua influência perpetua os diversos ramos jurídicos. Assim, percebemos que a multidisciplinaridade e a tecnologia da informação são elos fundamentais que são perenes nas diversas áreas do saber, agregando valores para novos desafios que remetem a inovações dentro e fora do nosso cotidiano. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 3 e veja o conteúdo complementar indicado sobre multidisciplinaridade e diversidade em times de tecnologia. 56 NA PRÁTICA Um profissional da área de TI e perito de tecnologia TRT foi designado para a realização de uma perícia técnica de um caso na empresa Convert Soluções Tecnológicas. Um colaborador, utilizando-se da tecnologia disponível na empresa, causou um problema trabalhista para outros dois colegas, que foram demitidos. Esse funcionário invadiu dois outros computadores e, utilizando esse acesso diferenciado, entrou no e-mail dos dois empregados que foram demitidos erroneamente e enviou e-mails pejorativos para alguns grupos da empresa. Diante disso, no relatório pericial, a qualificação foi tratada como um crime cibernético. O funcionário foi enquadrado na Lei nº 12.737/2012 (conhecida como Lei Carolina Dieckmann). 57 Resumo da Unidade 3 Nesta unidade, você estudou que a sociedade não é um elemento estático nem estagnado, pelo contrário, está em plena mutação, e a sociedade contemporânea está inserida em um processo de transformação em que, com a chegada das novas tecnologias, principais responsáveis, teremos uma quantidade enorme de oportunidades. Isso se deu, justamente, no momento em que a tecnologia de uma forma geral começou a ter grandes avanços. Sua importância fez com que a tecnologia se tornasse essencial na determinação do sistema social, administrativo e econômico. É importante sermos visionários e percebermos que a sociedade se tornará cada vez mais competitiva, criando mais riquezas e, naturalmente, gerando melhor qualidade de vida. Iremos nos tornar uma sociedade mais livre e expansiva, evitando a exclusão do cidadão e permitindo uma maior integração entre os pares. É preciso compreender que o desenvolvimento e o crescimento da ciência se pautaram, nos últimos quatro séculos, pelos objetivos de compreender a natureza e os fenômenos ligados ao mundo real. Dessa forma, o conhecimento científico foi subdividido em várias partes, que, com muito êxito, fizeram as ciências evoluírem e alavancarem resultados positivos. As novas ciências surgiram no pós-guerra e se desenvolveram de forma diferenciada da ciência clássica, apresentando como um de seus traços identificadores a prática inter e multidisciplinar necessária para o desenvolvimento de sua pesquisa na área de maior interesse. Para compor essa onda da tecnologia da informação junto à sociedade, é importante entendermos o papel do direito eletrônico, que é a ciência que estuda a utilização dos elementos físicos eletrônicos, como o computador. O direito eletrônico, digital ou da informática não se dedica apenas ao estudo do uso dos aparatos da informática como meio auxiliar ao direito, delimitado pela informática jurídica, mas, ao contrário, constitui o conjunto de normas, aplicações, processos, relações jurídicas que surgem como consequência da aplicação e desenvolvimento da informática, isto é, a informática é geral desse ponto de vista, e da forma como é regulada pelo direito. Até a próxima unidade! 58 CONCEITO Nesta unidade, aprendemos os conceitos sobre a formação da sociedade da informação, a importância da ciência como agente transformador na sociedade, a relevância da tecnologia da informação como ferramenta diferenciada para o alcance de inovações de uma forma geral e o direito eletrônico balizando a sociedade para com as questões da responsabilidade para um uso consciente da tecnologia. 59 Referências BROOK, J.; BOAL, I. A. Resisting the virtual life: the culture and politics of information. San Francisco: City Lights, 1995. CASTELLS, M. A era da informação: economia, sociedade e cultura: a sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2000. v. 1. LEAL, F. Ethics is fragile: goodness is not. In: KARAMJIT, S. G. (Ed.). Information society: new media, ethics and postmodernism. London: Springer, 1996. PACI, M. F. Considerações gerais sobre direito eletrônico. Âmbito Jurídico, Rio Grande, 2018. Disponível em: <http://ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_ leitura&artigo_id=19141>. Acesso em: 27 nov. 2018. http://ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=19141 http://ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=19141 Propriedade intelectual UNIDADE 4 61 OBJETIVO Nesta unidade, você vai estudar a importância e o surgimento da propriedade intelectual, bem como a importância das patentes para o mercado de trabalho e seus respectivos criadores, além da abrangência e os direitos a respeito de produtos e/ou processos do conhecimento, sejam eles tangíveis ou intangíveis dentro da tecnologia da informação. INTRODUÇÃO Nesta unidade, você será capaz de: • Identificar a abrangência e os direitos a respeito de produtos e/ou processos do conhecimento, sejam estes tangíveis ou intangíveis dentro da tecnologia da informação. 62 Origem dos direitos de propriedade intelectual É preciso que haja uma preocupação constante com a questão das tutelas dos direitos de autores de obras intelectuais, sendo famosas ou não. Essa atenção com relação às tutelas surgiram a partir do fim da Idade Média. No passado, havia uma enorme dificul- dade para reproduzir, manualmente, os originais e distribuiras cópias. Isso bastava para que houvesse o exercício do controle sobre a divulgação de ideias. A imprensa foi uma grande propulsora dessa questão, pois, por meio de sua invenção e da facilidade de reprodução, vieram as preocupações dos artistas e dos soberanos com a democratização da informação. Em 1557, Filipe e Maria Tudor cederam a concessão do monopólio real de direito sobre as vendas para a Associação de Donos de Papelaria e Livreiros, que passou, a partir desse momento, a exercer censura sobre os conteúdos, com isso os autores foram impedidos a realizar publicações de informações desfavoráveis à realeza. Esse privilégio relativo ao direito de cópia teve a denominação de “copyright”. Desde a sua concepção, portanto, tratava-se de um direito garantido aos comerciantes de livros, e não aos autores. Mais tarde, criaram-se diferentes formas, como a francesa, focada no direito de autor, e não do direito da cópia. Essa concessão durou por volta de 200 anos e resultou na criação das legislações nor- te-americana e inglesa. Dessa forma, temos em registro que a primeira lei inglesa referente aos direitos autorais é datada do ano de 1710 e concedia ao criador o direito exclusivo sobre a cópia do livro criado por ele por um período de 14 anos, renováveis por mais 14 anos caso o autor esti- vesse ainda vivo quando da expiração do direito autoral. Os registros apontam que nos Estados Unidos, em 1790, foram criadas várias leis sobre direitos autorais e patentes em termos semelhantes, com o mesmo período de monopó- lio. Já em 1831, o Congresso Americano modificou o primeiro prazo, estendendo-o para 28 anos de duração, sendo renovável por mais 14 anos. Em 1909, também aumentou-se o período das renovações para mais 28 anos. 63 No final do século XIX Marx descrevia a propriedade intelectual como uma forma de apli- cação de conceitos subjetivos em um campo objetivo a ponto que possa ser classificado como trabalho abstrato, não se opondo de forma alguma ao trabalho concreto. A pressão emanada pelas organizações de escritores e as indústrias culturais, em es- pecial as editoras de livros, era para que o prazo firmado do direito autoral se esten- desse por mais 50 anos após o falecimento do autor, adequando as leis direcionadas aos direitos autorais e à Convenção de Berna, que estabelecia regras para os direitos de propriedade intelectual no cenário internacional. Como não era possível se chegar a um consenso, invariavelmente, as votações foram adiadas por muitas vezes. Em 1976, com todos os apontamentos contrários do Departamento de Justiça, o Congresso, na reta final, aprovou uma nova lei de direitos autorais. Assim, finalmente, foi permitida a conces- são ao monopólio para toda a vida do autor por mais 50 anos após a sua morte. Para os trabalhos realizados anteriormente e que já haviam sido encomendados por empresas, o período de proteção ficou definido como 75 anos após a publicação ou então 100 anos após a criação, o que estivesse com um espaço de tempo menor. A Convenção de Paris, de 1883, alavancou a discussão sobre a proteção à propriedade. Em Bordeaux, França, em 1236, Bonafusus de Sancta e outros conseguiram, finalmente, a exclusividade para tecer e tingir tecidos de lã. Dessa forma, tivemos o primeiro caso de proteção à propriedade industrial. Mesmo assim, os registros retratam que, somente nos meados do século XIX, tendo em vista a Revolução Industrial, que as preocupações com a propriedade industrial se intensificaram e foram levadas para a criação da Convenção de Paris. Em 20 de março de 1883, 14 países, inclusive o Brasil, uniram-se para firmar a possibili- dade de um novo tratado que assegurasse a propriedade intelectual de forma uniforme e direcionada a todo o mundo, mas era necessário garantir relativa liberdade aos seus signatários. Os resultados oriundos dessa questão culminaram no tratado da Convenção de Paris para a Proteção da Propriedade Industrial. O tratado, obviamente, sofreu várias revisões desde então: Bruxelas, em 14 de dezembro de 1900; Washington, em 2 de junho de 1911; Haia, em 6 de novembro de 1925; Londres, em 2 de junho de 1934; Lisboa, em 31 de outubro de 1958; Estocolmo, em 14 de julho de 1967 (é tido como a última versão). Já no caso do Brasil, o tratado em questão, na revisão em Estocolmo, entrou no ordena- mento jurídico por meio do Decreto nº 75.572, de 8 de abril de 1975,durante o governo do Presidente Ernesto Geisel, com as algumas restrições previstas no artigo 20: 64 “[…] com a declaração de que o Brasil não se considera vinculado pelo disposto na alínea 1, do Artigo 28, e de que a adesão do Brasil não é aplicável aos Artigos 1 a 12, […], continuando em vigor no Brasil a revisão de Haia, de 1925” (BRASIL, 1975). O Brasil teve sua adesão de forma completa à revisão de Estocolmo por meio do Decreto nº 635, de 21 de agosto de 1992. Sob a égide desse decreto é que se promulgaram as demais leis brasileiras de proteção da propriedade intelectual. Importante Na primeira Constituição brasileira, que foi a Constituição de 1824, em seu artigo 179 já havia a garantia aos inventores do direito de propriedade sobre as suas invenções. Além disso, em 28 de abril de 1809 foi decretada, com um alvará de D. João VI, uma lei sobre patentes. Por conta dessa lei, o Brasil está entre os quatro primeiros países a possuir uma legislação de patentes. A propriedade intelectual dentro do seu contexto é dividida em duas importantes categorias: • Propriedade industrial. • Direito autoral. O direito autoral, prioritariamente, envolve: • Obras literárias e obras artísticas. • Domínios divulgados na internet. • Obras intelectuais de qualquer natureza. • Programas de computador desenvolvidos. A propriedade intelectual desenvolvida engloba: • Marcas e patentes. • Desenho industrial. • Indicações geográficas. • Topografia do circuito integrado. • Proteção de cultivares. 65 Há várias questões em discussão entre juristas, organizações mundiais de proteção da propriedade intelectual e comunidades locais no que tange à adequação dos “conhecimentos tradicionais” ao sistema patentário atual. A Organização Mundial de Propriedade Intelectual – OMPI, em sua concepção, trata conhecimentos tradicionais como um novo tema a ser definido. Assim, foi instituído o Comitê Intergovernamental sobre Propriedade Intelectual, Recursos Genéticos, Conhecimento Tradicional e Folclore, para estudar formas de regulamentar a questão. Dentro da concepção, temos que o direito autoral é, completamente, voltado para a criação artística, musical, literária, científica, entre outras. Tem como objetivo a proteção de obras literárias: orais; escritas; musicais; científicas; artísticas, obras de escultura; fotografia; pintura, bem como o direito das empresas de rádio e cinematográficas. Pelo direito de exclusividade, o autor é o único que pode explorar sua obra, desfrutar dos benefícios econômicos e morais frutos dela ou ceder os direitos de exploração para terceiros. A questão da propriedade intelectual é baseada na proteção das criações intelectuais voltadas para as atividades industriais e abrange o autor de determinado processo, modelo, invenção, produto ou desenho, que são mantidos e protegidos por meio de patentes e registros. Outra função importante da propriedade industrial que está ligada à propriedade intelectual é reprimir a concorrência desleal. Além da Lei da Propriedade Industrial, o direito do criador é submetido aos atos e resoluções do Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI, que é uma autarquia federal ligada diretamente ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, que é responsável pelo aperfeiçoamento, disseminação e gestão do Sistema Brasileiro de Concessão e Garantia de Direitos de Propriedade Intelectual para a Indústria. Entendendo um pouco mais dos significados e da importância da propriedade intelectual: Patente – É uma concessão pública, conferida pelo referido Estado, que garantiráao seu titular a exclusividade para explorar comercialmente sua criação. Direito de exclusividade – É um direito de prevenção para que outras pessoas e/ou empresas fabriquem, usem, vendam, ofereçam ou importem a sua referida invenção. Marca – Referência a uma determinada empresa: • Marca verbal. • Nome. • Imagens. • Conceitos que distinguem o produto, serviço ou a própria empresa. 66 Design industrial – Atua na criação e produção de objetos e produtos tridimensionais para usufruto humano. Indicação geográfica – Identificação de um serviço ou produto como originário de um local, região ou país. Um ponto importante a se destacar é a questão do impacto econômico, pois, atualmente, as grandes empresas vêm ampliando o seu direito ao conhecimento, comprando e registrando o máximo de patentes possível que puderem, pois, além de proporcionarem uma rentabilidade econômica, com as concessões de venda, direito de uso e venda exclusiva, também é possível acionar judicialmente aqueles que infligirem a sua concessão ou seus direitos, faturando, com isso, um valor significativo. Um exemplo disso é a empresa aérea Gol, que em seu site tem a denominação voegol.com.br, e não gol.com.br, pois o domínio gol.com.br foi registrado por outra empresa. Imagine um empresário que solicita o direito de patente tendo como objetivo maior proteger sua invenção, possuindo também a expectativa de um futuro negócio. Caso esse processo se alongue, tanto a invenção quanto os possíveis negócios financeiros se tornarão fragilizados. No âmbito de um produto de tecnologia, este provavelmente estará desatualizado, obsoleto e fadado ao insumo, remetendo o seu criador a uma grande perda financeira. Pode-se pensar que a propriedade intelectual de uma empresa é uma das melhores formas de se dimensionar o poder que ela possui em relação à concorrência. Características da propriedade intelectual • Dimensão temporal: os direitos de propriedade industrial têm um prazo máximo de vigência durante o qual os seus titulares podem explorar economicamente com exclusi- vidade os bens e processos produtivos decorrentes desses direitos. • Abrangência do direito: cada direito de propriedade industrial apresenta uma delimita- ção de proteção definida por uma lei. • Segurança jurídica: o direito de propriedade industrial evita, na íntegra, que outras pes- soas e/ou empresas possam explorar a obra de forma indevida, sem a prévia autorização do titular do direito. 67 • Territorialidade do direito de propriedade industrial: embora o direito de autor tenha validade internacional, o direito de propriedade industrial somente terá validade no país de depósito, desde que haja uma análise e seja concedido conforme os trâmites legais. Dessa forma, caso seja necessário exportar e comercializar os produtos em outros países, é necessário que haja o depósito de direito de propriedade industrial para garantir a exploração econômica nos referidos países. Como o INPI atua junto à sociedade brasileira O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) […] é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior responsável por registros de marcas; concessão de patentes; registros de programas de computador; registros de desenho industrial; registros de indicações geográficas; registros de topografia de circuitos integrados; e averbação de contratos de transferência de tecnologia e de franquia empresarial. O INPI existe para criar um sistema de PI que estimule a inovação, promova a competitividade e favoreça o desenvolvimento tecnológico, econômico e social. Nesse sentido, a Diretoria de Cooperação para o Desenvolvimento (DICOD) coordena ações, em âmbito nacional e internacional, de disseminação e capacitação em PI e promove a articulação entre os demais setores do INPI e o público externo com o objetivo de promover uma maior participação de brasileiros no sistema de Propriedade Industrial. (INPI, 2018, p. 6) MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 4 e veja o conteúdo complementar indicado sobre o histórico da propriedade intelectual. 68 Patente Uma patente é uma concessão pública, conferida por cada Estado, que permite ao seu titular proibir aos demais a exploração comercial da sua invenção/inovação. A patente está inserida nos denominados direitos de propriedade industrial, cujos normativos legais são, em Portugal, o Código da Propriedade Industrial e, no Brasil, a Lei da Propriedade Industrial. Outro ponto a ser abordado é a questão do direito de exclusividade que é garantido pela patente e se refere ao direito de prevenção de que outros fabriquem, vendam, usem, ofereçam ou importem a dita invenção/inovação. Mediante isso, é disponibilizado o acesso ao público sobre o conhecimento dos pontos essenciais e as reivindicações que caracterizam o invento/inovação. Os registros de patentes estão disponíveis em bancos de dados de livre acesso e constituem grandes bases de conhecimento tecnológico, que podem ser usadas em pesquisas para o desenvolvimento e engrandecimento de diversas áreas. Dentro do contexto do sistema de patentes, foram quatro as teses registradas e promulgadas que justificaram a criação do privilégio. A mais antiga é a do direito natural, mas a concepção dominante sempre foi a do monopólio legal, com a obrigatoriedade de publicar o objeto protegido, induzindo simultaneamente ao investimento realizado. Cenários de uma patente: • Leva-se em consideração a ideia de que “se fui eu a inventar, aquilo é meu”. • Caso não exista uma proteção legal, os inventores manterão a invenção secreta. • No momento em que a patente é divulgada, haverá a partilha do conhecimento usado na criação da patente. • Grande parte das patentes surgem na base de outras patentes. • Quando findar o termo do contrato, qualquer pessoa pode usar e/ou se apropriar daquele conhecimento. • Há incentivos e busca pelo conhecimento. • Demonstração de eficiência econômica. • Investigação e Desenvolvimento (I&D). 69 Mas a patente também tem outro lado: • Há quem pense que liberar esse incentivo não seria necessário. • Custos elevados de transação da negociação com patentes anteriores. • Exploração comercial exacerbada por parte de detentores de direitos. • Criação de entraves ao livre fluxo de tecnologias e conhecimentos. • Contratos impostos são, em maioria, abusivos aos inventores, favorecendo grandes corporações de pesquisa, desenvolvimento e produção. • Taxas para pedido de concessão e de manutenção burocrática anual são caras. Obtenção de patente Para que uma pessoa e/ou empresa possa obter uma patente, é preciso demonstrar perante o Estado que a tecnologia criada para a qual se pretende a exclusividade é uma solução técnica para um problema técnico determinado (um invento ou invenção). A definição de invento ou invenção é vaga, justamente, para poder contemplar uma grande variedade de objetos. Para que uma invenção seja patenteada, devem-se apresentar, obrigatoriamente, os três requisitos de patenteabilidade: 1. Novidade. 2. Atividade inventiva. 3. Aplicação industrial. Há uma novidade bastante interessante, que é uma exceção para a publicação que for originada do próprio inventor ou de terceiros que tenham adquirido a informação diretamente do próprio inventor antes que este tenha feito o depósito do pedido de patente. Esse período é denominado período de graça e evita que o inventor perca o direito de patentear por ter publicado um artigo ou apresentado o seu trabalho em uma feira ou congresso. Um outro ponto que precisamos tratar é a questão da atividade inventiva, que tem de ser algo não óbvio, o que significa que uma pessoa qualquer com normal capacidade naquele assunto não teria a mesma ideia após examinar as invenções já existentes. Para o processo de obtenção de uma patente, por mais que sofra modificações, dependendo do país em que é feito, é, geralmente, constituído das etapas a seguir: 70 1. Busca prévia – É a realizaçãode uma busca nos arquivos de patentes existentes, sejam nacionais ou internacionais, referentes a uma inovação que seja similar à patente em questão. 2. Depósito do pedido de patente – Antes do depósito, é preciso que seja verificado se há o conhecimento necessário dos formulários exigidos, variando entre os diversos escritórios de patentes. 3. Publicação – Uma vez o pedido sendo atendido mediante as especificações do sistema de patentes, o relatório da inovação será publicado imediatamente. Esse processo se dá para que os possíveis interessados se manifestem. 4. Solicitação do exame do pedido – Será analisada na íntegra se a inovação possuir os requisitos necessários para ser patenteada, e é nesse momento que serão analisados os motivos que terceiros possam apresentar para que a patente em questão não seja liberada. 5. Expedição da Carta-Patente – No caso de o pedido passar pelo referido exame, será solicitada a Carta-Patente correspondente ao documento. 6. Manutenção – É permitida pelo pagamento das anuidades da patente durante o tempo em vigor. Curiosidade É sabido que os primeiros registros de patentes que se tem notícia possuem registro no ano 1421 na Itália na cidade de Florença, Felippo Brunelleschi, cujo registro está ligado ao dispositivo para transportar mármore. No ano de 1449 temos outro registro na Inglaterra com John de Utynam, que ganhou o monopólio de 20 anos sobre um processo de produção de vitrais. 71 Principais sistemas de patente Além do INPI no Brasil, existem outros sistemas de patentes ao redor do mundo. Veja: • Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI (Portugal): é o Instituto públi- co situado em Portugal que organiza os trâmites relacionados com a propriedade industrial. O INPI tem a responsabilidade de fazer o registro de marcas, desenhos e/ ou modelos e fazer os pedidos de patente. Tem a mesma nomenclatura da do Brasil. • Convenção sobre a Patente Europeia – EPC: foi criada com a missão de trazer um sistema de patentes unificado para a Europa. A EPC tem uma importante parceria com o Instituto Europeu de Patentes e com os escritórios das nações participantes da União Europeia. Dessa maneira, a patente estaria assegurada em toda a Europa por esse escritório. • Tratado de Cooperação de Patentes – PTC: é o modelo que mais se aproxima de um sistema de patentes internacional, mesmo que seja composto por 137 países. Os pedidos de patentes podem ser divididos em duas distintas fases: internacional e nacional. A fase internacional é composta por um depósito internacional, uma busca obrigatória e um exame preliminar; em seguida, serão emitidos os resultados das pesquisas e uma opinião final, que servirão de referência fundamental da viabilidade da patente tanto para quem deposita quanto para os escritórios nacionais envolvidos nessa segunda fase. É importante entender que, ainda que haja uma facilitação pelo sistema, o pedido de patente em cada nação-membro não eliminará a necessidade de se ter um pedido em cada um desses escritórios. É fundamental frisar a questão do monopólio dentro desse contexto. Temos a concepção de que a patente, sendo um direito de exclusividade no exercício de uma certa atividade econômica, possui aspectos que se assimilam aos do monopólio. Contudo, na maioria das vezes, existe uma gama de tecnologias alternativas para solucionar um mesmo problema técnico, o que pode moderar ou até retirar a patente do cenário. Com maior clareza, podemos afirmar que a patente pode ser um monopólio instrumental — eis que nesse caso a exclusividade recai sobre um instrumento específico de acesso ao mercado, e não sobre o mercado em questão. Percebe-se que a exclusividade recai sobre uma solução técnica descrita e reivindicada no pedido de patente. Há proteção de substância, e não só da forma do pedido em si. O direito autoral, na sua plenitude, concede essencialmente uma proteção da forma. 72 Sobre a questão do licenciamento das patentes, o pequeno inventor já pode, atualmente, por conta própria, negociar os direitos a fim de acumular recurso financeiro rapidamente, apenas abrindo concessões para terceiros, o que pode provocar uma tradução da ideia para a concretização de uma forma muito mais rápida e ágil, porque o inventor escolhe não fabricar e distribuir a sua invenção para gerir e dedicar-se ao ato puro e simples de inventar as coisas, permitindo que outras pessoas se concentrem na tecnologia de fabri- cação, que em muitos casos pode também ser resolvida pelo inventor. Dessa forma, o inventor deve descobrir onde reside a ideia inventiva que é a alma de toda uma sequência de oportunidades a serem exploradas. Diz-se que isso é o princípio da especialização. Com base nesse aspecto, o inventor, por ser parte integrante do processo e da patente, não deve ser visto e encarado como um monopólio, mas sim como a garantia de direito dele enquanto inventor de negociar a terceirização de seu invento com as indústrias que se mostrem interessadas. É de plena responsabilidade dos detentores da patente fazer prevalecê-la. O Estado não tem a responsabilidade de ir atrás de infrações que possam ocorrer. Para deter as infrações, o detentor da patente deve avisar ao prevaricador que ele está violando seus direitos de propriedade industrial, e mesmo assim, se a violação perdurar, o detentor da patente deverá levar o caso ao Tribunal. No Brasil, a proteção da proprie- dade industrial, inclusive as patentes, é objeto da Lei da Propriedade Industrial, Lei nº 9.279/1996, em vigor desde 14 de maio de 1996. Segundo o art. 10 da lei brasileira sobre propriedade industrial, não se considera invenção nem modelo de utilidade: I - descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos; II - concepções puramente abstratas; III - esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, fi- nanceiros, educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização; IV - as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética; V - programas de computador em si; VI - apresentação de informações; VII - regras de jogo; VIII - técnicas e métodos operatórios, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal; IX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos en- contrados na natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais (BRASIL, 1996). 73 Diante da globalização e das tendências das novas tecnologias emergentes, é comum que as novas empresas estejam focadas em desenvolvimento de aplicativos e soluções inovadoras para que tudo isso possa ser oferecido no modelo digital, de forma ágil, con- quistando um mercado imediatista. A maioria dessas empresas tem a necessidade de uso do modelo software como serviço – SaaS. Com o crescimento no setor de TI, é na- tural que essas empresas, normalmente chamadas de startups, preocupem-se em pro- teger suas invenções, fazendo com que seus investimentos na criação de produtos e/ou serviços de ponta sejam recuperados. Há uma gama diferenciada de proteção para softwares, incluindo a proteção por direi- to autoral, segredo industrial e marcas. Contudo, essas proteções não são tão fortes e robustas quanto a proteção das patentes. Daí, de forma recorrente as empresas tentam proteger suas invenções implementadas por software como patentes, mesmo com a Lei de Propriedade Intelectual – LPI, em seu art. 10, não considerando invenção nem modelo de utilidade os programas de computador em si. A LPI trata dos programas de computadores referindo-se aos elementos literais da cria- ção, como o seu código-fonte. Não há como proteger isso por patente, pois é apenas a expressão de uma solução técnica, sendo dependente da linguagem de programação utilizada pelo inventor. Dessa maneira, o código-fonte pode ser protegido somente por meio do direito autoral. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 4 e vejao conteúdo complementar indicado sobre o lançamento de sistema eletrônico do INPI. 74 Copyleft O copyleft teve sua origem na década de 1970, de forma amadora, em consequência de um desenvolvimento de um software embrionário no laboratório do setor de tecnologia do MIT. Mesmo hoje em dia, o conceito se aplica a uma ampla variedade de campos, como a produção científica, literária, audiovisual e artística em geral. No laboratório de inteligência artificial do MIT, eram desenvolvidos programas em um ambiente de colaboração e compartilhamento de ideias. De repente, o ambiente come- çou a se tornar desagregador, uma vez que algumas pessoas começaram a criar suas empresas. Havia investimento externo para tal situação. Em virtude disso, a empresa Symbolics começou a trancafiar seus códigos dos programas desenvolvidos para o in- terpretador livre de LISP. Stallman, não concordando com o cenário, iniciou a implemen- tação de todas as novas características dos programas, mas adequando as estruturas computacionais para versões livres. Stallman percebeu que seria pouco viável em curto prazo findar com as leis de copyright, assim como com as injustiças que vislumbrava como provocadoras por seu perpetua- mento, e resolveu se dedicar dentro do marco legal existente. Dessa forma, iniciou o desenvolvimento de um sistema operacional livre, o chamado GNU. Finalmente, ele deu início a sua própria licença de direitos autorais, a Licença Pública Geral do GNU (GPL). Para que um programa seja livre (software free), a forma mais rápida e fácil é armaze- ná-lo em um domínio que seja público, sem qualquer direito reservado. Isso fará com que seja possível compartilhar o programa e suas respectivas melhorias com as de- mais pessoas que obtiverem interesse naquele programa. Contudo, também permitirá que pessoas possam converter o programa em programa privado. Elas poderão realizar modificações no código e distribuir o novo programa como um produto proprietário. As pessoas interessadas que receberão o novo programa não terão a liberdade para novas modificações que o autor original deu, pois foi retirada pelo intermediário. No projeto GNU, o objetivo é dar a todo e qualquer usuário a liberdade de modificar e redistribuir para quem quer que seja o software GNU. Se os intermediários pudessem retirar essa liberdade, nós poderíamos ter muitos usuários, mas esses usuários não teriam a mesma liberdade. Dessa forma, em vez de armazenar o software GNU no domínio público, nós os protegemos com copyleft. Isso implica que qualquer pessoa que redistribua o softwa- re, com ou sem modificações, deve passar adiante a liberdade de copiar e modificá-lo também. O copyleft garantirá que cada usuário tenha essa liberdade. 75 Pela primeira vez houve um impedimento de que o titular dos direitos de autor pudesse transferir de forma plena as obras surgidas, tendo sido estabelecido um número máximo permitido de direitos possíveis àqueles que recebessem uma cópia do programa, a fim de impedir juridicamente que o material disponibilizado nesses termos possa no futuro ser apropriado, ou parte dele, a direitos autorais ou propriedade intelectual de outros. Ainda que fosse a primeira licença copyleft, seria posteriormente, com as novas licenças inspiradas nesse acontecimento e com a popularização do software livre, que esse termo começaria a se tornar cada mais frequente. Com o passar dos tempos, o copyleft deixou de ser aplicado exclusivamente para os soft- wares. Publicações científicas, audiovisuais e artísticas e obras literárias também foram licenciadas de modo semelhante. O copyleft inicial deu origem a vários outros tipos de licenças, que mantiveram a liberdade em maior ou menor grau. Veja as liberdades ligadas ao copyleft: • Estudar o trabalho desenvolvido por uma ou mais pessoas. • Utilizar o trabalho desenvolvido por uma ou mais pessoas. • Modificar o trabalho e, da mesma forma, distribuir os trabalhos alterados e derivados. • Copiar e compartilhar o trabalho com as demais pessoas interessadas. Contudo, essas quatro liberdades, somente, não garantem que um distribuidor ou autor de um trabalho derivado da obra livre vá disseminá-lo com as mesmas liberdades. Para que a licença seja considerada copyleft, necessita-se de um termo adicional que garanta que o autor do trabalho derivado só possa distribuí-lo sob a mesma licença ou sob uma licença que seja equivalente. Além das já estabelecidas restrições com ênfase no respeito de cópias, as licenças co- pyleft também geram outros impedimentos legais. Nesse contexto, podemos verificar os direitos sobre o trabalho que não podem ser revogados e que o trabalho e suas de- rivações devem ser fornecidos de uma forma facilitadora a modificações futuras. Para os softwares, é necessário que o código-fonte do software derivado seja fornecido junto com ele. O copyleft traz consigo uma característica diferenciadora e algumas licenças de software livre. Grande parte das licenças de software livre não são copyleft, pois não tangenciam nenhuma restrição de que o trabalho derivado deva estar sob a mesma licença. Há em discussão a questão de qual deve ser o tipo de licença para fornecer maior grau de liber- dade. Assim, poderemos analisar “liberdade” de duas formas diferentes, em especial: 76 a liberdade de acesso para todos os trabalhos derivados e a liberdade de utilização do trabalho para o desenvolvimento de um software proprietário. O copyleft, na sua essência, pode ser considerado “forte” se todos os tipos existentes de derivações do trabalho que estão sob a licença copyleft estiverem, também, sob essa licença copyleft. Para o caso de ele ser “fraco”, a derivação não precisará estar sob a mesma licença, dependendo do tipo de trabalho derivado. O copyleft “fraco”, normalmente, é utilizado em projetos de criação de bibliotecas de softwares. Quando um outro software é criado, há apenas um “link” com essa biblioteca para utilizar seus recursos disponíveis. Esse novo software não precisa, de forma alguma, herdar a licença copyleft da biblioteca; ele, simplesmente, poderá ser distribuído com base em outra licença. Apenas as mudanças realizadas nas bibliotecas em questão é que estariam sujeitas ao licenciamento copyleft no momento da distribuição; as mudanças realizadas nos softwares que “ligam” a elas não estão sujeitas a essa obrigação. Esta é a real diferença de aplicação para o uso entre o copyleft completo e o copyleft parcial: Copyleft completo – Todas as partes criadas de um trabalho podem ser modificadas por autores secundários e terciários. Copyleft parcial – Algumas partes criadas do trabalho das obrigações do copyleft ou de alguma forma não impõem todos os princípios do copyleft. Outro detalhe interessante é que as licenças copyleft também são conhecidas como licenças virais, isso porque qualquer trabalho derivado de outro sob a licença copyleft é, por obrigatoriedade, controlado por ela quando distribuído (dessa forma entende-se que é um comportamento viral). O termo adotado — “general public virus” ou “GNU public virus” — tem uma história longa e bem interessante que é disseminada na internet desde logo após a elaboração da GNU GPL. Temos percebido que vários dos defensores da licença BSD têm usado o termo com ironia e provocação, pela tendência de a GPL absorver o código sob licença BSD sem permitir que o trabalho original desenvolvido se beneficie da derivação. 77 Licenças copyleft mais populares, como a GNU GPL, possuem uma cláusula que permite que componentes interajam com outros não copyleft, desde que a comunicação estabelecida entre eles seja abstrata — por exemplo, executar uma linha de comando de uma ferramenta ou acessar um servidor na web — e possa ser viável. Dentro do contexto do copyleft, é importante que seja salientado o uso apropriado quanto às características do software livre, que tem como objetivo maior a apresentação dos critérios utilizados para definir se um determinado programa de computador,em particular, será qualificado como software livre ou não. De tanto em tanto tempo, há revisões para essa definição, para que ela se torne mais clara ou para que seja possível resolver questões mais delicadas quanto ao uso do copyleft. Veja a seguir: Código aberto (open source) – É uma questão extremamente diferenciada: possui uma filosofia bem inovadora com base em valores diferentes. Na sua definição prática também é diferente, porque quase todos os programas de código aberto são realmente livres. Software livre – Entendemos como aquele software que respeita a liberdade e senso de comunidade (interação entre os desenvolvedores de softwares e usuários). De uma forma geral, quer dizer que os usuários daquele programa têm a permissão e a liberdade de executar, mudar, distribuir, estudar, copiar e realizar a melhoraria do software. Dessa forma, o software livre é uma questão de liberdade, não de valores financeiros. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 4 e veja o conteúdo complementar indicado sobre softwares livres. 78 NA PRÁTICA Vamos avaliar a história do sistema operacional Linux, que, na verdade, é o maior símbolo que podemos verificar como forma de utilização de copyleft. Torvalds, no ano de 1990, começou a estudar o ainda existente sistema operacional UNIX, que era utilizado no ambiente de grande porte, devido à época de sua criação. Por meio da pesquisa que realizou, foi originada a sua tese de mestrado: Linux: um sistema operacional portátil. Criou-se uma das plataformas de software livre mais populares, utilizadas e copiadas no mundo inteiro. 79 CONCEITO Resumo da Unidade 4 Nesta unidade, você estudou que é preciso que haja uma preocupação constante com a questão das tutelas dos direitos de autores de obras intelectuais, sendo famosas ou não. Essa atenção com relação às tutelas surgiram a partir do fim da Idade Média. No passa- do, havia uma enorme dificuldade para reproduzir, manualmente, os originais e distribuir as cópias. Isso bastava para que houvesse o exercício do controle sobre a divulgação de ideias. A imprensa foi uma grande propulsora dessa questão, pois, por meio de sua invenção e com a facilidade de reprodução trazida, vieram as preocupações dos artistas e dos soberanos com a democratização da informação. Você pôde entender e ter um direcionamento de que uma patente é definida pela concep- ção de ser uma concessão pública, conferida por cada Estado, que permite ao seu titular proibir aos demais a exploração comercial da sua invenção/inovação. Vimos que o copyleft teve sua origem na década de 1970, de forma amadora, em conse- quência de um desenvolvimento de um software embrionário no laboratório do setor de tecnologia do MIT. Mesmo hoje em dia o conceito se aplica a uma ampla variedade de campos, como a produção científica, literária, audiovisual e artística em geral. Até a próxima unidade! Nesta unidade, destacaram-se os conceitos de propriedade industrial e de tutela dos direitos de autores de obras intelectuais, fundamentais para que você seja capaz de entender a importância de respeitar todos os trâmites necessários para se trabalhar com a propriedade industrial. Foi possível verificar que uma patente é definida pela concepção de ser uma concessão pública, conferida por cada Estado, que permite ao seu titular proibir aos demais a exploração comercial da sua invenção/inovação e que o copyleft teve sua origem na década de 1970, de forma amadora, em conse- quência do desenvolvimento de um software embrionário no laboratório do setor de tecnologia do MIT e que, diante disso, criou-se a concepção do software livre. 80 Referências BRASIL. Decreto nº 75.572, de 23 de maio de 1975. Regulamenta o Decreto-lei nº 1.403, de 23 de maio de 1975, isenta dos impostos de importação e sobre produtos industrializados as importações de componentes destinados ao Programa de Construção Naval e Plano Diretor da Reparação Naval, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 maio 1975. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/ decreto-75752-23-maio-1975-424732-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em: 17 dez. 2018. . Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15 maio 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9279.htm>. Acesso em: 17 dez. 2018. INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INTELECTUAL. A propriedade intelectual e o comércio exterior: conhecendo oportunidades para seu negócio. Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/sobre/arquivos/pi_e_comercio_exterior_inpi_e_ apex.pdf>. Acesso em: 17 dez. 2018. http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-75752-23-maio-1975-424732-publicacaooriginal-1-pe.html http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1970-1979/decreto-75752-23-maio-1975-424732-publicacaooriginal-1-pe.html http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9279.htm http://www.inpi.gov.br/sobre/arquivos/pi_e_comercio_exterior_inpi_e_apex.pdf http://www.inpi.gov.br/sobre/arquivos/pi_e_comercio_exterior_inpi_e_apex.pdf