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www.petracursos.com.br https://ead.petracursos.com.br @eadpetracursos INSPETOR DA QUALIDADE Módulo 03 Metrologia Básica P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 1 Índice 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 2 1.1 O custo da sucata ...................................................................................................................... 2 2. DEFINIÇÃO DE METROLOGIA ..................................................................................................... 3 3. IMPORTÂNCIA DA METROLOGIA ................................................................................................ 4 4. TÉCNICAS DE ARREDONDAMENTO ............................................................................................. 5 5. SISTEMA INTERNACIONAL DE MEDIDAS - SI ............................................................................... 7 5.1 Tabelas do SI .............................................................................................................................. 8 5.2 Grafia e plural dos nomes das unidades de medida .................................................................. 11 5.3 Grafia dos Símbolos de unidades ............................................................................................. 12 5.4 Grafia e espaçamento entre número e símbolo ....................................................................... 13 6. RASTREABILIDADE ................................................................................................................... 14 7. INCERTEZA DE MEDIÇÃO .......................................................................................................... 16 7.1 Tipos de erros .......................................................................................................................... 17 7.2 Precisão ................................................................................................................................... 21 7.3 Tendência ................................................................................................................................ 22 7.4 Resultado de medição ............................................................................................................. 23 8. CALIBRAÇÃO ............................................................................................................................ 24 9. PADRÕES DE MEDIDAS ............................................................................................................ 28 9.1 Padrão Força ........................................................................................................................... 28 9.2 Padrão Quilograma-força (kfg) ................................................................................................. 30 9.3 Padrão Torque ......................................................................................................................... 30 9.4 Padrão Pressão ........................................................................................................................ 32 10. CONVERSÃO DE MEDIDAS........................................................................................................ 34 Bibliografia: ..................................................................................................................................... 35 P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 2 1. INTRODUÇÃO Durante os períodos de pico de demanda, os fabricantes podem produzir milhares - senão milhões - de peças por semana. Isso é possível devido aos processos de fabricação que podem ser automatizados, exigindo supervisão mínima do trabalhador. Muitos processos de fabricação dependem de máquinas, moldes e ferramentas que podem se desgastar com o uso. Isso pode resultar em diferenças físicas problemáticas nas peças, como tolerâncias inaceitáveis e outras imprecisões, que podem torná-las não funcionais, apresentar problemas de qualidade e até mesmo impedir a conformidade regulatória, dependendo da gravidade e da natureza da inconsistência. Aproveitar as melhores práticas de metrologia pode ajudar os fabricantes a mitigar esses riscos e garantir a qualidade consistente das peças. Um meio para determinar uma variável ou uma grandeza física pode envolver artifícios próprios de uma pessoa. Assim, um juiz de futebol mede a distância entre a bola e a barreira contando 11 passos (que deveriam corresponder a 9,15 m), ou uma pessoa mede a temperatura de um objeto usando as mãos, ou outros tipos de medida, usando o tato, o olfato, a visão etc. Em qualquer destes casos, não podemos afirmar com certeza o valor da grandeza medida. Os instrumentos de medida, portanto, servem como uma extensão das faculdades humanas e podem ser tão simples como um gabarito, uma escala ou um galvanômetro. Com a evolução da tecnologia e das técnicas de medição, os instrumentos passaram a ser mais elaborados e com mais exatidão, de múltiplos recursos e usos, exigindo de seu operador o conhecimento do princípio de funcionamento e dos recursos incorporados para utilizá-los de maneira eficiente. O processo de medição envolve uma série de requisitos que devem ser do conhecimento do operador, como os termos empregados em metrologia, necessários para interpretação de especificações e resultados. Alguns destes termos são definidos em seguida: ➢ Instrumento de medição: dispositivo utilizado para realizar medições individualmente ou associado a um ou mais dispositivos suplementares. ➢ Exatidão de medição: grau de concordância entre um valor medido e um valor verdadeiro de um mensurando. ➢ Sensibilidade: quociente entre a variação de uma indicação de um sistema de medição e a variação correspondente do valor da grandeza medida. ➢ Resolução: menor variação da grandeza medida que causa uma variação perceptível na indicação correspondente. ➢ Erro de medição: diferença entre o valor medido de uma grandeza e um valor de referência. 1.1 O custo da sucata O grande pesadelo das empresas são as perdas ou desperdícios, isso originado da famosa “sucata”, ou seja, as peças tidas como refugo ou perda total. Essas sucatas geram um custo alto nas organizações e é um tipo de custo sem retorno, por isso, tantas empresas investem em programas de eliminação de desperdícios. A metrologia pode estar diretamente ligada a eliminação de sucatas, por isso, é importante estar atento para algumas possíveis causas: ✓ Instrumento mal selecionado (exemplo: balança comum x balança de precisão); P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 3 ✓ Instrumento sem calibração (pode dar um resultado não verdadeiro); ✓ Ambiente inadequado (exemplo: temperatura, partículas de poeiras, ventos, iluminação); ✓ Erros de leitura (instrumento com falhas, anotação errada, paralaxe) ✓ Erros do operador (pouca prática) ✓ Instrumento quebrado (sofreu quedas, por exemplo). 2. DEFINIÇÃO DE METROLOGIA Metrologia, em sua definição mais ampla, é a ciência da medição. No contexto da fabricação moderna, metrologia se refere a métodos de garantia de qualidade usados para calibrar o equipamento usado durante a produção e medir as peças resultantes. A metrologia opera com base no princípio de que toda medição contém um grau de incerteza. Para evitar que a incerteza se componha à medida que as operações se tornam mais complexas, os fabricantes devem garantir que seu equipamento esteja devidamente calibrado para manter a exatidão e a precisão ideais das peças. As calibrações são fundamentais para a rastreabilidade,ou o conceito de vincular medições empíricas a padrões de referência. Uma medição pode ser considerada rastreável se tiver uma cadeia de calibração ininterrupta que remonta a um padrão primário. Isso ajuda a contabilizar a incerteza e o erro sistemáticos - que se referem a erros desconhecidos presentes durante a calibração de um instrumento - enquanto cria uma referência que pode explicar a incerteza e o erro aleatórios. A turbulência do ar, por exemplo, pode criar pequenas imprecisões nas medições a laser e o jogo mecânico pode distorcer as medições. As práticas de calibração adequadas ajudam a mitigar essas imprecisões. Metrologia na manufatura A metrologia é relevante para a produção de peças de duas maneiras principais. ➢ Antes do início da fabricação, instrumentos metrológicos são usados para calibrar as máquinas e ferramentas que serão utilizadas durante a produção, o que ajuda a garantir peças precisas. As peças que foram otimizadas para capacidade de fabricação também levarão em consideração tolerâncias específicas, de modo que as pequenas variações previstas no tamanho exato do componente não afetarão seu ajuste ou função final, o que pode ajudar a mitigar os riscos de qualidade. ➢ A metrologia também é usada na pós-produção para verificar se as peças atendem às especificações do projeto e às expectativas do cliente. Se as medidas não corresponderem, pode ser um sinal de que o equipamento de fabricação precisa ser ajustado ou realinhado. À medida que a tecnologia de fabricação se tornou mais avançada, o mesmo aconteceu com o nível de qualidade exigido no produto. As peças exigem cada vez mais níveis de detalhes de acabamento de superfície, resolução de recursos e outras propriedades de materiais que não podem ser medidas manualmente. A garantia de qualidade agora depende de tecnologia com a capacidade de fazer medições tão precisas quanto uma fração de grau ou um milionésimo de polegada de variação. Para indústrias que dependem de extrema precisão - como os setores automotivo, de dispositivos médicos e aeroespacial - as medições dessa exatidão são vitais para a produção de peças superiores. P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 4 3. IMPORTÂNCIA DA METROLOGIA Iniciada como a necessidade do ser humano de observar, analisar e explorar o mundo, a aplicação da medição teve um papel importante à medida que as descobertas eram feitas. Aplicada em uma diversidade de negócios, a influência da metrologia no mundo industrial tem crescido tão rápido quanto o avanço da tecnologia, aumentando a segurança humana e a sustentabilidade no local de trabalho. SETOR AUTOMOTIVO E AEROESPACIAL Inovação, competitividade e segurança são três aspectos importantes para a indústria aeroespacial e automotiva. Quer se trate de aeronaves ou carros, todos eles dependem da metrologia para manter seus sistemas dentro de certos parâmetros de qualidade. As empresas demonstram aos seus consumidores a confiabilidade desses sistemas por meio de certificações utilizando diferentes tipos de medição, o que garante que o produto final é seguro para uso público. Da análise de peças de grande volume, inspeção das pás da turbina, correção de imprecisões na geometria e posicionamento e montagem adequada do carro, a metrologia traz tranquilidade para essas indústrias, que promove o desenvolvimento contínuo de novos sistemas e procedimentos mais eficientes. AUTOMAÇÃO E FABRICAÇÃO Hoje, a maioria dos processos nas fábricas são automatizados, o que significa controlados por máquinas. Essas máquinas são calibradas e programadas de acordo com parâmetros específicos para fabricar produtos em uma linha de produção. As máquinas são capazes de medir quantidades, comprimentos, pesos, tempo, condições ambientais etc. A exatidão e precisão dessas medições são cruciais para cumprir os requisitos de segurança e qualidade para uso ou consumo público. Por exemplo: a dosagem de medicamentos em uma planta farmacêutica, segurança alimentar em uma planta de processamento ou a confiabilidade do equipamento em operações de saúde em um hospital. ENERGIA E PETROQUÍMICA A metrologia na indústria petroquímica desempenha um papel crescente à medida que aumenta a demanda por mais energia; esta indústria depende da metrologia para manter suas máquinas funcionando. Para que isso aconteça, as usinas de energia implementam o alinhamento a laser como parte de seu programa de manutenção preventiva. Ao usar este método, podemos garantir que o equipamento rotativo está corretamente alinhado (dentro das tolerâncias aceitáveis). Com a tecnologia de medição 3D, você pode reunir dados em mudanças dimensionais, localizações de flanges, concentricidade, interferências de equipamentos e outras áreas- chave que precisam de inspeção em sua turbina ou equipamento rotativo. Menos tempo de inatividade leva a mais eficiência, eficiência se traduz em menos danos em rolamentos, vedações, acoplamentos ou um eixo curvo, menos danos aumenta a vida útil das máquinas, economiza dinheiro e reduz a perda de potência; tudo isso significa P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 5 mais energia e produção com melhor custo-benefício para suprir o consumo global de energia. INDÚSTRIA NAVAL E MEIO AMBIENTE No caso da indústria naval, as tecnologias de metrologia podem ser usadas para fazer medições dentro ou fora de navios, tanques, embarcações e muito mais. A falta de tratamento das águas residuais está causando um forte impacto no meio ambiente, nos oceanos, visto que existem mais de 10.000 embarcações utilizadas no transporte de mercadorias ao redor do mundo e menos da metade delas possui sistemas de Tratamento de Água de Lastro instalados. Por meio da metrologia, podemos realizar varreduras 3D e fazer medições da sala de máquinas dentro do navio e com essas informações podemos fazer um desenho CAD e encaixar todos os componentes necessários, considerando o maquinário e a tubulação atuais dentro da sala de controle. 4. TÉCNICAS DE ARREDONDAMENTO O resultado de uma medida pode estar sujeito à manipulação numérica, ou para expressá-lo com menor número de algarismos significativos ou para compatibilização de valores. A substituição de um número dado por outro com menor quantidade de algarismos deve ser feita dentro de uma técnica conhecida e aceita, para que todos procedam da mesma forma e haja homogeneidade de números com origens diversas. Para arredondar um número, verifique quantos algarismos significativos devem ficar no final numa única operação e proceda conforme descrito a seguir: ➢ Se o algarismo à direita do último dígito que se pretende representar for inferior a 5,50,500..., apenas desprezam-se os demais dígitos à direita. Exemplo: 3,141592 com 3 = 3,14 ➢ Se o algarismo à direita do último dígito que se pretende representar for maior que 5, 50, 500..., adiciona-se uma unidade ao último dígito representado e desprezam-se os demais dígitos à direita. Exemplo: 3,141592 com 5 = 3,1416 ➢ Se o algarismo à direita do último dígito que se pretende representar for 5, 50,500.... ► adiciona-se uma unidade ao último dígito representado e desprezam-se os dígitos à direita, se esse dígito for originalmente ímpar; ► apenas são desprezados os demais dígitos à direita se esse dígito for originalmente par ou zero. Exemplos: ► 16,25 com 3 a.s. = 16,2 ► 16,05 com 3 a.s. = 16,0 ► 16.15 com 3 a.s. = 16,2 Erro de Arredondamento A substituição de um número por outro introduz a noção matemática de erro, ainda que dissociada de significado real ou físico. O erro máximo introduzido pelo arredondamento é de meia unidade do que não foi eliminado. P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e tr o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 6 Considera-se que qualquer número é proveniente de um arredondamento e, portanto, portador de um erro implícito. Exemplo: o número 16,2 pode ser proveniente de 16,25 ou 16,15, tendo um erro máximo implícito de 0,05 unidade. Manipulação de números Entende-se que o resultado de uma operação qualquer deve ter o mesmo número de algarismos significativos do dado “menos exato” que entra nessa operação, não sendo, justificável, mesmo que matematicamente, qualquer outro algarismo adicional. P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 7 5. SISTEMA INTERNACIONAL DE MEDIDAS - SI O SI é usado internacionalmente por acordos legais em países com sistema próprio, por exemplo, os Estados Unidos, cujo sistema nacional de medidas é o U.S. Customary System. Entretanto, as unidades, como polegadas, pé, jarda, libra etc., são definidas em termos das unidades bases do SI 91 in = 0,0254 m etc.). O sistema internacional é um conjunto de definições. Os laboratórios nacionais realizam experiências para expressar unidades como são definidas. METRO PADRÃO De acordo com o Le Bureau International Des Poids et Measures, “Um metro é a distância percorrida pela luz, no vácuo, no intervalo de tempo de 1 segundo dividido por 299.792.458”. 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 = 1𝑠 299.792.458 Essa equação corresponde a um erro de 1,3 nm (nanômetro), ou seja, a cada 1000 km percorrido, o erro é de apenas 1,33 mm. Uma precisão que beira os 100%. COMPARATIVO DE GRANDEZAS Fonte: Mitutoyo Representação do micrometro e frações, em relação ao diâmetro do fio de cabelo (referência: Φ50 μm). Fio de cabelo dividido em 50 partes ou até 50.000 partes. 1μm = Φ50 μm 50 0,1μm = Φ50 μm 500 0,01μm = Φ50 μm 5.000 0,001μm = Φ50 μm 50.000 = 1 𝑛𝑚 P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 8 5.1 Tabelas do SI A seguir, apresentamos tabelas do SI com a grandeza, nomes e símbolos oficiais. Fonte: Lira, Francisco Adval (2018) P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 9 Fonte: Lira, Francisco Adval (2018) P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 10 Fonte: Lira, Francisco Adval (2018) P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 11 Fonte: Lira, Francisco Adval (2018) 5.2 Grafia e plural dos nomes das unidades de medida Grafia dos Nomes de Unidades ➢ Quando escritos por extenso, os nomes de unidades começam por letra minúscula. Exemplos: metro, candela, segundo, mol etc. ➢ Se a unidade for o nome de um cientista, a regra deve ser mantida, exceto para o grau Celsius. O nome da unidade de temperatura “grau Celsius” (°C) não é uma exceção à regra de se escrever o nome das unidades com letra minúscula, uma vez que a unidade "grau" começa pela letra “g” minúscula e o substantivo “Celsius” começa pela letra "C" maiúscula, pois é um nome próprio. Exemplos: ampere, kelvin, newton, hertz, bel etc. ➢ Na expressão do valor numérico de uma grandeza, a respectiva unidade pode ser escrita por extenso ou representada por seu símbolo, não sendo admitidas combinações de partes escritas por extenso com partes expressas por símbolos. Exemplos: quilovolts por milímetro ou kV/mm; joule por quilograma e por kelvin ou J/(kg.K); quilograma-metro por segundo ou kg.m/s Plural dos Nomes de Unidades Quando os nomes de unidades são escritos ou pronunciados por extenso, a formação do plural obedece às seguintes regras básicas: ➢ Os prefixos SI são sempre invariáveis. Exemplos: deci, mili, quilo, mega, pico. P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 12 ➢ Os nomes de unidades recebem a letra "s" no final de cada palavra, exceto nos casos da alínea c. a) Quando são palavras simples. Por exemplo: amperes, candelas, curies, farads, grays, joules, kelvins, quilogramas, parsecs, roentgens, volts, webers. b) Quando são palavras compostas em que o elemento complementar de um nome de unidade não é ligado a este por hífen. Por exemplo: metros quadrados, milhas marítimas, unidades astronômicas. c) Quando são termos compostos por multiplicação, em que os componentes podem variar independentemente um do outro. Por exemplo: amperes-horas, newtons-metros, ohms-metros, pascals-segundos, watts-horas. NOTA! Segundo esta regra, e a menos que o nome da unidade entre no uso vulgar, o plural não desfigura o nome que a unidade tem no singular (por exemplo, becquerels, decibels, henrys, mols, pascals), não se aplicando aos nomes de unidades certas regras usuais de formação do plural de palavras (por exemplo: moles, decibéis, pascals). ➢ Os nomes ou partes dos nomes de unidades não recebem a letra “s” no final. a) Quando terminam pelas letras s, x ou z. Por exemplo: siemens, lux, hertz. b) Quando correspondem ao denominador de unidades compostas por divisão. Por exemplo: quilômetros por hora, lumens por watt, watts por esferorradiano. c) Quando, em palavras compostas, são elementos complementares de nomes de unidades e ligados a estes por hífen ou preposição. Por exemplo: anos-luz, elétron-volts, quilogramas-força, unidades (unificadas) de massa atômica. 5.3 Grafia dos Símbolos de unidades ➢ A grafia dos símbolos de unidades obedece às regras básicas descritas a seguir. a) Os símbolos são invariáveis, não sendo admitido colocar ponto de abreviatura após o símbolo, seja “s” de plural, sejam sinais, letras ou índices. Exemplo: O símbolo do watt é sempre W, qualquer que seja o tipo de potência a que se refira: mecânica, elétrica, térmica, acústica; o símbolo do volt é sempre V, não importando se é médio, RMS, DC ou AC. Grafias do tipo WRMS, VAC, VAC etc. devem ser evitadas. b) Os prefixos SI nunca são justapostos num mesmo símbolo. Por exemplo: unidades como GWh, nm, pF não devem ser substituídas por expressões em que se justaponham, respectivamente, os prefixos mega e quilo, mili e micro, micro e micro etc. Exemplos: pF, e não μμF; nm, e não mμm. Note que é comum nos meios técnicos a referência a partes decimais, porém, deve-se tomar cuidado com a escrita da unidade. Por exemplo, o técnico pode falar em um milésimo de micrometro, mas deve escrever 1 nm, e não 1 mμm, ou, pior ainda, 1 mμ. c) Os prefixos SI podem coexistir num símbolo composto por multiplicação ou divisão. Por exemplo: kN.cm, kΩ.mA, kV/mm, MΩ.cm, kV/μs, μW/cm2. d) Os símbolos de uma mesma unidade podem coexistir num símbolo composto por divisão. Por exemplo:Ω.mm2/m, kWh/h etc. P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 13 e) O símbolo é escrito no mesmo alinhamento do número a que se refere,e não como expoente ou índice. São exceções os símbolos das unidades não SI de ângulo plano (° ‘ “), os expoentes dos símbolos que têm expoente, o sinal (º)do símbolo do grau Celsius e os símbolos que têm divisão indicada por traço de fração horizontal. Exemplo: 12 V, 23°C, 34°22' 15", 59 s, 12 mA/m etc. f) O símbolo de uma unidade composta por multiplicação pode ser formado pela justaposição dos símbolos componentes e que não cause ambiguidade (VA, kWh etc.), ou mediante a colocação de um ponto entre os símbolos componentes, na base da linha ou a meia altura (N.m ou N.m, m.s-1 ou m.s-1 etc.). g) O símbolo de uma unidade que contém divisão pode ser formado por qualquer das três maneiras exemplificadas em seguida: W/(sr.m2), W.sr-1.m-2, W/sr.m2 não devendo ser empregada esta última forma quando o símbolo escrito em duas linhas diferentes puder causar confusão. h) As unidades de tempo aceitas com o SI sem limite de prazo são o dia (d), a hora (h) e o minuto (min). Essas unidades devem ser escritas obedecendo-se aos mesmos critérios para as unidades do SI. Exemplos: treze horas e vinte e seis minutos 13 h 26 min 13 h 26 min 18 s Deve-se evitar escrever como relógio digital (13:26 ou 13:26:18") ou 13h 26m, ou 13h 26min 18s, ou 13hs 26min 18s etc. ➢ Quando um símbolo com prefixo tem expoente, deve-se entender que este afeta o conjunto prefixo-unidade, como se esse conjunto estivesse entre parênteses. Exemplos: dm3 = 10-3 m3 mm3 = 10-9 m3 NOTA! O símbolo do litro (letra l) pode ser escrito em maiúsculo quando causar confusão com o número 1. Exemplo: 21 l, 21 L etc. 5.4 Grafia e espaçamento entre número e símbolo As prescrições aqui não se aplicam aos números que não representam grandezas, como numeração de elementos em sequência, códigos de identificação, datas, números de telefone etc. ➢ Para separar a parte inteira da parte decimal de um número, sempre é empregada uma vírgula; quando o valor absoluto do número é menor do que 1, coloca-se 0 à esquerda da vírgula. Exemplos: 123,44 - 0,22 -0,123 - 1,2. ➢ Os números que representam quantias em dinheiro ou de mercadorias, bens ou serviços em documentos para efeitos fiscais, jurídicos e/ou comerciais devem ser escritos com os algarismos separados em grupos de três, a contar da vírgula para a esquerda e para a direita, com pontos separando esses grupos entre si. Exemplos: R$ 1.354,90 - 113.299 sacolas - colocação de 2.800 peças. Nos demais casos, é recomendado que os algarismos da parte inteira e os da parte decimal dos números sejam separados em grupos de três, a contar da vírgula para a esquerda e para a direita, com pequenos espaços entre esses P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 14 grupos (por exemplo, em trabalhos de caráter técnico ou científico), mas é também admitido que os algarismos da parte inteira e os da parte decimal sejam escritos seguidamente (isto é, sem separação em grupos). Exemplos: 13800 V ou 13 800 V; 2,323 34 J ou 2,32334 J. ➢ Para exprimir números sem escrever ou pronunciar todos os seus algarismos. a) Para os números que representam quantias em dinheiro ou quantidades de mercadorias, bens ou serviços são empregadas de uma maneira geral as palavras: mil = 103 = 1000 milhão = 106 = 1000 000 bilhão = 109 = 1000 000 000 trilhão = 1012 = 1000 000 000 000 podendo ser opcionalmente empregados os prefixos SI ou os fatores da tabela dos múltiplos e submúltiplos (prefixos do SI), em casos especiais (por exemplo, em cabeçalhos de tabelas). b) Para trabalhos de caráter técnico ou científico é recomendado o emprego dos prefixos SI ou de fatores decimais da tabela dos múltiplos e submúltiplos (prefixos do SI). Espaçamento entre Número e Símbolo O espaçamento entre um número e o símbolo da unidade correspondente deve atender à conveniência de cada caso. ➢ Em frases de textos correntes, é dado normalmente o espaçamento correspondente a uma ou a meia letra, mas não se deve dar espaçamento quando há possibilidade de fraude. Exemplo: 12 m; 227 V; 80 km/h. ➢ Em colunas de tabelas, é facultado utilizar espaçamentos diversos entre os números e os símbolos das unidades correspondentes. Exemplos: Tensão medida 2 300 V 2300 V 2300 V Ou Tensão medida (V) 2 300 2300 2300 6. RASTREABILIDADE O comércio global requer um sistema de medição coerente dentro dos padrões no qual a consistência das medições seja facilmente mantida e demonstrada. Classicamente, a rastreabilidade fornece uma maneira de relacionar o resultado de uma medição ou valor de um padrão a padrões de nível superior. Esses padrões são geralmente padrões nacionais ou internacionais, e as comparações usadas para fornecer a rastreabilidade devem ter incertezas bem compreendidas, declaradas e sob controle. Há um interesse crescente no uso prático da rastreabilidade para demonstrar a confiança e a integridade das comparações e, nesse caso, para definir exatamente o que está sendo comparado, não importa onde seja. Se incertezas em resultados de medição P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 15 não podem ser rastreadas de volta à sua origem, as documentações resultantes perdem credibilidade e não são úteis para a comunidade global. A definição de rastreabilidade mais amplamente usada e aceita está contida no Vocabulário Internacional de Metrologia (VIM) - Conceitos Fundamentais e Gerais e Termos Associados, publicado pela ISO, como: propriedade de um resultado de medição pela qual tal resultado pode ser relacionado a uma referência através de uma cadeia ininterrupta e documentada de calibrações, cada uma contribuindo para a incerteza da medição. É importante observar que a rastreabilidade é a propriedade do resultado de uma medição, não de um instrumento ou relatório de calibração ou laboratório. Isso não é alcançado seguindo qualquer procedimento específico ou usando equipamento especial. Apenas ter um instrumento extremamente calibrado, não garante que a incerteza de medição seja pequena o suficiente e não é suficiente para tornar o resultado de medição, obtido desse instrumento, rastreável às realizações da unidade SI apropriada ou outras referências especificadas. Normalmente, é responsabilidade de um Instituto Nacional de Metrologia (NMI), como o INMETRO - no Brasil, fornecer a infraestrutura de medição de seu país e acesso a recursos de medição precisa. A comparabilidade das medições e incertezas associadas com as de outras nações é determinada por uma variedade de mecanismos (padrões devidamente calibrados, documentações adequadas, controle de medições contínuas etc.), incluindo comparações bilaterais e "round robins" internacionais. Em um sentido real, o objetivo é a medição "precisa", ou seja, a medição se desvia com uma incerteza aceitável de um padrão reconhecido, e a rastreabilidade é uma parte para atingir esse objetivo. O formalismo de rastreabilidade é a ferramenta que fornece esses relacionamentos de medição. É o processo pelo qual medições aceitáveis com incertezas bem compreendidas podem ser documentadas no grau exigido pelas partes interessadas. P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 16 Um instrumento calibrado no Brasil tem rastreabilidade fora do país? Já vimos que a rastreabilidade metrológica é a propriedade do resultado de uma medição de valor com um padrão relacionado a referências estabelecidas, geralmente a padrões nacionais ou internacionais, através de uma cadeia contínua de comparações. Outros elementos necessários para a rastreabilidade metrológica são: a incerteza de medição, um procedimento de medição, uma competência técnica reconhecida, a rastreabilidade metrológicaao SI e intervalos entre calibrações. A rastreabilidade metrológica está associada com o padrão do laboratório – que é comparado com o do cliente – não precisando de acreditação para emitir certificados com rastreabilidade. Mas, se o laboratório for acreditado pela CGCRE (Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro) e emitir certificados com rastreabilidade RBC (Rede Brasileira de Calibração), os padrões do laboratório precisam possuir rastreabilidade de outros laboratórios que também possuam acreditação. Para os laboratórios terem o selo RBC e emitirem o certificado com rastreabilidade RBC, precisam adotar metodologias seguindo padrões internacionais da ISO/IEC 17025, e passar por auditorias da CGCRE a cada dois anos, para comprovar que a documentação está sendo corretamente seguida. Seguindo as normas e documentações da CGCRE, os laboratórios garantem que estão utilizando os mesmos processos de calibração que todo o mundo utiliza, sendo feita uma padronização dos laboratórios acreditados RBC. O que muda de um laboratório para outro são os procedimentos internos, porém, eles são regidos por documentos internacionais. Outro benefício da rastreabilidade RBC é a qualidade no produto final pois, para estar de acordo com as normas, os laboratórios precisam apresentar um sistema de gestão da qualidade que garante os bons resultados. A calibração feita em laboratórios do Brasil é válida para outros países que possuem os mesmos processos, com a única diferença do órgão regulamentador. O mesmo vale para que calibrações feitas fora do Brasil posam ser válidas no país, com base nos acordos entre organizações regulamentadoras. Importante lembrar que isso vale para laboratórios acreditados na CGCRE. O Inmetro é membro da ILAC, uma cooperação internacional que reúne organismos de acreditação de laboratórios de todo mundo, tendo como parceria a região americana e a região Ásia-Pacífico. Além do ILAC, o Inmetro mantém um contrato de cooperação com o EA, que é o responsável pela regulamentação e padronização nos países europeus. 7. INCERTEZA DE MEDIÇÃO A incerteza de medição é uma indicação quantitativa da qualidade dos resultados de medição, sem os quais eles não poderiam ser comparados entre si, com valores de referência especificados ou com um padrão. A avaliação da incerteza é essencial para garantir a rastreabilidade metrológica dos resultados da medição e para garantir que eles sejam precisos e confiáveis. Além disso, a incerteza da medição deve ser considerada sempre que uma decisão deve ser tomada com base nos resultados da medição, como em processos de aceitação / rejeição ou aprovação/ reprovação. Considerando o contexto de globalização dos mercados, é necessário adotar um procedimento universal de avaliação da incerteza das medições, tendo em vista a necessidade de comparabilidade dos resultados entre os países e de reconhecimento mútuo em metrologia. Por exemplo, os laboratórios acreditados na norma NBR ISO 17025:2018 precisam demonstrar sua competência técnica e a capacidade de operar P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 17 adequadamente seus sistemas de gestão e, portanto, são obrigados a avaliar a incerteza de seus resultados de medição. Além disso, a utilização de métodos de avaliação de incertezas como ferramenta de gestão técnica dos processos de medição é de extrema importância para reduzir, por exemplo, o grande número de perdas que ocorrem na indústria, que podem ser altamente expressivas em relação ao produto. Portanto, a incerteza significa a faixa de valores possíveis dentro dos quais se encontra o verdadeiro valor da medição. Esta definição muda o uso de alguns outros termos comumente usados. Por exemplo, o termo precisão é frequentemente usado para significar a diferença entre um resultado medido e o valor real ou verdadeiro. Como o valor real de uma medição geralmente não é conhecido, a precisão de uma medição também não é conhecida. Por causa dessas definições, modificamos a forma como relatamos os resultados do laboratório. Por exemplo, quando os alunos relatam resultados de medições de laboratório, eles não calculam um erro percentual entre o resultado e o valor real. Em vez disso, eles determinam se o valor aceito está dentro da faixa de incerteza de seu resultado. 7.1 Tipos de erros O erro de medição é definido como o grau de concordância entre um valor medido e um valor verdadeiro de um mensurando. Podemos considerar o mensurando como sendo a objeto da medição, ou seja, a grandeza específica submetida a medição. Vamos supor que uma balança foi calibrada com uma massa padrão de 10,000 kg e indicou o valor 9,96 kg. O erro de medição será: > e = erro = valor medido - valor verdadeiro > e = 9,96 kg - 10,000 kg = 0,04 kg Quando conhecemos a natureza e a ordem de grandeza de um erro de medição, podemos limitá-los a valores que tornem a medida confiável. O inspetor deve dominar pelo menos três tipos de erro que provocam influência aditiva no erro de medição: ✓ Erro sistemático ✓ Erro aleatório ✓ Erro grosseiro 7.1.1 Erro sistemático O erro sistemático é um componente do erro de medição que, em medições repetidas, permanece constante ou varia de uma maneira previsível. O erro sistemático pode ser causado por um desgaste do sistema de medição, por um dos ajustes, por fatores construtivos, pelo método de medição, por condições ambientais etc. As condições de repetibilidade são obtidas com os mesmos parâmetros durante a medição. Por exemplo, o mesmo operador, o mesmo local e os mesmos instrumentos, tomada das leituras no mesmo ponto e com curto intervalo de tempo, mesmo método de medição, mesma condição ambiental. Um relógio analógico marca 10h17min, quando o horário correto (valor verdadeiro) são 10h15min, o relógio sempre estará atrasado em 2 minutos, isso é um erro constante. P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 18 Exemplo 1: Numa série de dez medições de um bloco padrão com dimensão de 25 mm utilizando um micrômetro digital com valor de uma divisão de 0,001 mm, foram obtidas as seguintes leituras (em mm): 25,003 25,003 25,004 25,003 25,004 25,003 25,003 25,004 25,003 25,000 A média é 25,003 mm, portanto, o erro é de 0,003 mm. Como um número infinito de medições é inatingível, podemos julgar que a média aritmética das medidas também convergirá para o valor de 25,003 mm, portanto, como as condições de repetibilidade foram obedecidas, o erro obtido é o erro sistemático do micrômetro. Nem sempre a causa desse erro é facilmente identificável, sendo necessária a medição de outros valores para obter mais parâmetros de análise (exemplo: se o micrômetro estiver com a indicação de zero correta, pode ser problema de paralelismo das pontas). Exemplo 2: Resultados da calibração de um termômetro digital com sensor Pt -100 na faixa de 0° C a 200 °C: Indicação (ºC) Valor medido (ºC) Erro (ºC) 0,0 0,0 0,0 100,2 100,4 -0,2 199,8 200,2 -0,4 A análise destes resultados indica que o erro sistemático pode ser minimizado com um ajuste de ganho no condicionador de sinal ou, em certos casos, no próprio conversor A/D. O erro é principalmente categorizado em três tipos. • Erro instrumental • Erro Ambiental • Erro Observacional ➢ Erro instrumental - O erro instrumental ocorre por causa das três razões. ✓ Uso indevido do aparelho. ✓ Imperfeição na estrutura mecânica do aparelho. ✓ O erro ocorre devido ao efeito de carregamento. P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 19 ➢ Erro Observacional - O erro que ocorre na observação da leitura é conhecida como erro observacional. Por exemplo, considere o ponteiro do voltímetro em repouso nasuperfície da balança. O erro observacional ocorre na leitura se a linha de visão não estiver exatamente acima do ponteiro. ➢ Erro Ambiental - Tais tipos de erro ocorrem devido à mudanças nas condições do entorno como umidade, pressão, campo magnético ou eletrostático, etc. Os erros experimentais podem ser reduzidos fazendo-se arranjos em laboratório para controlar a temperatura e a umidade. 7.1.2 Erro aleatório O erro aleatório é o componente do erro de medição que, em medições repetidas, varia de maneira imprevista. Para um número grande de medições observam-se variações de valores em torno de um valor médio que se manifesta de forma imprevisível. Como na prática o número de medições é finito, é possível apenas estimar o erro aleatório. Os fatores que contribuem para o aparecimento do erro aleatório podem ser atritos, vibrações, folgas, flutuações de rede, instabilidade interna, condições ambientais etc. O erro aleatório é igual a diferença entre o erro de medição e o erro sistemático. A magnitude do erro varia de uma leitura para outra. Os erros aleatórios são inconstantes e ocorrem nas duas direções. P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 20 A presença de erros aleatórios é determinada somente quando as diferentes leituras são obtidas para a medição da mesma quantidade sob a mesma condição. Exemplo: O tamanho das peças podem variar aleatoriamente. 7.1.3 Erro grosseiro O erro grosseiro acontece devido aos fatores externos e não aos instrumentos. A origem desse tipo de erro pode ser fortemente identificada: leitura errônea, defeito do sistema de medição, manipulação indevida, anotação errada etc. Embora a eliminação completa do erro grosseiro seja impossível, sua causa deve ser detectada e reduzida, principalmente com o treinamento do pessoal envolvido. Erros grosseiros acontecem quando se atribui falta de cuidado ou maus hábitos, como leitura imprópria no instrumento, anotação dos resultados diferente dos valores lidos, ajuste incorreto do instrumento, erros devido às cargas dos circuitos e dos instrumentos, instrumento fora de zero etc., os quais não podem ser tratados matematicamente. Descuido com paralaxe também é uma forma de erro grosseiro. P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 21 7.1.4 Diferenças entre os Erros sistemáticos e aleatórios Base para Comparação Erro aleatório Erro sistemático Definição O erro aleatório ocorre na medição por causa das mudanças incertas no ambiente. É um erro constante que permanece o mesmo para todas as medições. Causas Ambiente, limitação do instrumento etc. Calibração incorreta e uso incorreto do aparelho Minimizar Ao tomar repetidamente a leitura. Melhorando o design do aparelho. Magnitude do erro Variar Constante Direção de erro Ocorre em ambos os sentidos. Ocorre apenas em uma direção. Tipos Não tem Três (instrumento, meio ambiente e erro sistemático) Reprodutível Não reprodutível Reprodutível 7.2 Precisão É a diferença do valor real e o valor do sistema de medição. Precisão representa a proximidade de um alvo definido. Para uma melhor precisão dos dados: ➢ Aceite todos os dados à medida que são coletados. Atribuir uma causa especial e investigar dados vem depois. ➢ Registre os dados quando ocorre. ➢ Evite arredondar os dados (o arredondamento pode criar problemas de resolução). ➢ No plano de coleta de dados, registre tantos detalhes em torno dos dados, como a origem, a máquina, o operador, as condições, o nome do coletor, o material, o medidor e a hora exata. Registre de forma legível e cuidadosa. ➢ Verifique se o equipamento está calibrado. Se estiver usando uma balança, verifique com um peso conhecido e calibrado. P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 22 RESOLUÇÃO É a menor fração medida pelo equipamento, ou seja, a capacidade que um sistema de medição tem em identificar e indicar com boa confiabilidade variações mínimas em uma determinada característica. A ISO 17025 recomenda que a resolução aparente seja 1/10 da tolerância. Exemplo: 1,15mm até 1,25mm Tolerância: 0,10mm Resolução: 0,10/10 = 0,01mm O equipamento deve ter no mínimo resolução de 0,01mm. Se você estiver medindo o tempo de inatividade e usando a medida para a “hora” e a maior parte do tempo de inatividade for menor que uma hora, a maior parte da leitura será 0 (por 0 horas) ou 1 (por 1 hora). No entanto, usar um cronômetro e gravar os dados por minuto fornecerá 60 vezes mais resolução e permitirá melhor distribuição de pontos de dados, maior variedade de dados e menos medições repetidas. Você poderia ter 60 leituras diferentes. 7.3 Tendência É a diferença entre o valor verdadeiro (valor de referência) e a média observada das medições repetidas numa característica da mesma peça. Suponha que um determinado processo gera uma esfera metálica, então, são realizadas várias medidas com base no valor de referência (valor especificado). O estudo de tendência vai mostrar o tamanho do erro em relação a média das várias medidas realizadas. Tendência é a medida do erro sistemático de sistema de medição. É a contribuição para o erro total, composta dos efeitos combinados de todas as fontes de variação conhecidas ou desconhecidas, do qual as contribuições do erro total tendem a compensar consistentemente e previsivelmente todos os resultados de aplicações repetidas de um mesmo processo de medição na ocasião da realização das medidas. P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 23 Exemplo: Se um instrumento fornece leituras da concentração de uma substância química sempre 5 ppm superiores ao valor verdadeiro, é possível dizer que este instrumento apresenta uma tendência positiva de 5 ppm. As possíveis causas para uma tendência excessiva são: • O instrumento necessita de calibração; • Desgaste do instrumento, equipamento ou dispositivo de fixação; • Padrão-mestre desgastado ou danificado, erro do padrão-mestre; • Calibração inadequada ou uso de configuração padrão; • Instrumento de baixa qualidade - projeto ou conformidade; • Erro de linearidade; • Dispositivo de medição errado para aquela aplicação; • Método de medição diferente (setup, carregamento, aperto / fixação, técnica de operação); • Medição da característica errada; • Deformação (da peça ou dispositivo de medição); • Ambiente, umidade limpeza, temperatura, vibração; • Violação de alguma premissa (erro numa constante aplicada); Aplicação tamanho da peça, posição, habilidade do operador, fadiga, erro de observação (legibilidade, paralaxe). 7.4 Resultado de medição A apresentação dos resultados é um momento muito importante seja na inspeção ou em um laboratório de metrologia, pois devemos levar em consideração as incertezas, logo, o resultado da medição nada mais é do que a INDICAÇÃO (valor coletado) ± INCERTEZA. Então, podemos representá-lo usando uma tabela do Excel como a apresentada a seguir: P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 24 ➢ Valor verdadeiro: é o valor real da medida. ➢ Média das indicações: é a média das indicações (das coletas). ➢ Indicação: valor coletado pelo inspetor/operador. ➢ Erro: é a diferença entre a indicação (coleta) e o valor verdadeiro (na planilha seria =F4 - $C$4). ➢ Tendência: é a diferença entre a média das indicações e o valor verdadeiro (na planilha seria =$C$5 - $C$4). ➢ Erro Aleatório: é a diferença entre o Erro e a Tendência (na planilha seria =G4 - H4). 8. CALIBRAÇÃODois instrumentos medem certa grandeza e apresentam resultados ligeiramente diferentes. Qual resultado é o aceitável? Em um processo produtivo, as medições realizadas precisam ser confiáveis. Para isso, é necessário especificar adequadamente os instrumentos de medição e garantir a rastreabilidade das medições. A calibração é uma das ferramentas básicas que asseguram a confiabilidade do instrumento de medição, geralmente por meio da comparação do valor medido com um padrão rastreado ao Sistema Internacional (SI). No entanto, a calibração é apenas um dos aspectos que o usuário observa, ou seja, ela é o resultado de uma série de fatores que vai confirmar a confiabilidade do instrumento e, em consequência, a qualidade da medida na inspeção do produto. O laboratório de calibração deve garantir: ➢ a qualidade das suas medições; ➢ que seu Sistema da Qualidade é eficaz; ➢ a rastreabilidade dos resultados dos seus padrões; ➢ que seu pessoal é competente. A norma ABNT NBR ISO 17025 – Requisitos Gerais para a Competência de Laboratórios de Ensaio e Calibração, é um dos documentos que os laboratórios (inclusive os das indústrias) utilizam para compor seus manuais, instruções e procedimentos. P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 25 Mais sobre a calibração O objetivo é garantir que os equipamentos utilizados para o monitoramento e/ou medição da conformidade do produto apresentem incerteza compatível com a tolerância admitida no processo. O que é calibração? Calibração é um conjunto de operações que estabelecem, sob condições especificadas, a relação entre valores indicados por um instrumento de medição e os valores correspondentes aos padrões utilizados. A calibração dos instrumentos de medição é importante para a garantia da qualidade da fabricação de um determinado produto. Ela assegura que os instrumentos usados para controlar o seu produto estão dentro de um critério aceitável e que não vão prejudicar a qualidade final do produto. Para facilitar a compreensão, imagine uma simples trena, se ela for utilizada em alguma atividade de medição que tenha impacto no produto final deve ser calibrada para garantir a qualidade do produto. A organização deve listar todos os seus equipamentos de medição (trenas, paquímetros...) e fazer um controle deles. Aconselha-se também que seja feito um plano de calibração, onde conste datas das calibrações, desvios máximos permitidos, periodicidade de calibrações... Nas pequenas empresas, as calibrações são feitas por serviços de terceiros, no entanto, deve-se tomar cuidado para que esses fornecedores de serviços de calibração sejam pertencentes a REDE BRASILEIRA DE CALIBRAÇÃO – RBC. É preciso estar atendo que nos certificados de calibrações, deve constar o padrão rastreável, ou seja, dados relativos ao equipamento utilizado para efetuar a calibração. P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 26 Com que frequência um instrumento deve ser calibrado? A frequência ideal de calibração de um instrumento de medição pode variar deacordo com o instrumento a ser calibrado e a frequência de utilização do mesmo. Por exemplo: Um instrumento pode ter uma frequência de calibração de 1 ano e ser usado raramente. Outro instrumento que já é usado mais frequentemente deve ter uma frequência menor, por exemplo, 6 meses. Não é uma regra, existem diversos estudos para se saber a frequência ideal de calibração de um instrumento, mas é sempre importante analisar onde e como o instrumento é usado antes de se estipular um período. Certificado de calibração A evidência da calibração de um instrumento está no CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO. A norma NBR ISO 17025 apresenta os requisitos mínimos que devem conter no Certificado de Calibração. ✓ TITULO – “Certificado de calibração”, por exemplo. ✓ NOME E ENDEREÇO DO LABORATÓRIO e o local onde as calibrações foram realizadas, se diferente do endereço do laboratório. ✓ IDENTIFICAÇÃO ÚNICA DO CERTIFICADO DE CALIBRAÇÃO. Em cada página uma identificação que confirme ser parte integrante de um determinado certificado e clara identificação do final do documento. ✓ NOME E ENDEREÇO DO CLIENTE ✓ IDENTIFICAÇÃO DO MÉTODO UTILIZADO - É aconselhável a descrição de forma breve do procedimento de calibração adotado possibilitando seu entendimento. ✓ IDENTIFICAÇÃO DO INSTRUMENTO CALIBRADO – TAG, modelo, número de série... ✓ DATA DA REALIZAÇÃO DA CALIBRAÇÃO. ✓ RESULTADO DA CALIBRAÇÃO COM AS UNIDADES DE MEDIDA - As unidades de medida devem estar relacionadas ao sistema internacional de unidades (SI). Caso o resultado seja declarado em unidade de medida que não pertença ao SI, um fator de conversão ou tabela correspondente deve estar contido no certificado. ✓ NOME, FUNÇÃO E ASSINATURA ou identificação equivalente da pessoa autorizada para emissão do certificado de calibração. ✓ DECLARAÇÃO DE QUE OS RESULTADOS SE REFEREM SOMENTE AOS ITENS CALIBRADOS ✓ CONDIÇÕES AMBIENTAIS EM QUE FOI EXECUTADA A CALIBRAÇÃO ✓ DECLARAÇÃO DA INCERTEZA DA MEDIÇÃO - a incerteza da medição deve ser declarada pontualmente, porém, é admissível que, para alguns instrumentos de medição seja declarada somente um valor de incerteza da medição o qual, é válido para todos os pontos. ✓ EVIDÊNCIA DE RASTREABILIDADE - Quando um certificado de calibração possuir o símbolo da Rede Brasileira de Calibração RBC, a rastreabilidade é comprovada em função da obrigatoriedade e comprovação dos organismos de acreditação. P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 27 Plano e controle de calibração? Um PLANO E CONTROLE DAS CALIBRAÇÕES deve ser elaborado, a seguir presentaremos um modelo sugerido. P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 28 9. PADRÕES DE MEDIDAS 9.1 Padrão Força Força é o agente da dinâmica responsável por alterar o estado de repouso ou movimento de um corpo. Quando se aplica uma força sobre um corpo, esse pode desenvolver uma aceleração, como estabelecem as leis de Newton, ou se deformar. Existem diferentes tipos de força na natureza, tais como a força gravitacional, força elétrica, força magnética, força nuclear forte e fraca, força de atrito, força de empuxo etc. As forças são grandezas vetoriais que, portanto, precisam ser definidas de acordo com seu módulo, direção e sentido. O módulo de uma força diz respeito à sua intensidade; a direção diz respeito às direções nas quais as forças se aplicam (horizontal e vertical, por exemplo); cada direção, por sua vez, apresenta dois sentidos: positivo e negativo, esquerda e direita, para cima e para baixo etc. De acordo com o Sistema Internacional de Unidades, independentemente de qual seja a sua natureza, a grandeza força é medida na unidade de kg.m/s², entretanto, costumamos utilizar a grandeza newton (N) para designar tal unidade, como uma forma de homenagem a um dos maiores físicos de todos os tempos: Isaac Newton. Os dispositivos utilizados para medir forças são chamados de dinamômetros – molas de constantes elásticas conhecidas que se esticam à medida que alguma força é aplicada sobre elas. Em alguns livros didáticos, é comum que se definam dois tipos de força: forças a distância, também conhecidas como forças de campo, e forças de contato. No grupo das forças a distância, costuma-se incluir a força peso, a força magnética, a força de atração P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 29 entre cargas e outras. Nogrupo de forças de contato, utilizam-se exemplos como empurrar ou puxar algo, aplicar tração, forças de atrito, entre outros. Apesar da definição proposta, é necessário esclarecer que não existem forças de contato. Todas as forças da natureza surgem mediante a interação de diferentes campos, tais como o campo gravitacional e o campo eletromagnético. Na imagem, podemos ver que, microscopicamente, as superfícies são bastante rugosas. Mesmo quando tocamos em algo, não há contato entre nossa mão e o objeto: na escala microscópica, os átomos não se tocam, uma vez que, quando muito próximos, suas eletrosferas são deformadas, repelindo-se mutuamente graças à carga de seus elétrons, que se afastam em razão da interação de seus campos elétricos e magnéticos. Poucos são os casos em que os núcleos atômicos se tocam de fato. Essas situações envolvem altíssimas quantidades de energia, como aquelas que são obtidas em experimentos realizados no interior dos aceleradores de partículas. Fórmula para força: MASSA x ACELERAÇÃO Kg m/s2 P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 30 9.2 Padrão Quilograma-força (kfg) Dizemos que a ideia de força faz relação direta com a experiência diária de qualquer pessoa. Sempre que puxamos ou empurramos um objeto dizemos que estamos fazendo uma força sobre ele. Em vários desses puxões ou empurrões costumamos, às vezes, exercer bastante força, embora não saibamos qual a intensidade da força que realmente aplicamos. Usualmente não costumamos medir tal intensidade, mas quando vamos medir uma grandeza, temos que necessariamente escolher uma unidade para realizar a medida e até mesmo para caracterizá-la. Como mencionamos anteriormente, no caso da força, tem-se uma unidade bastante usada na prática cotidiana, que é 1 quilograma-força, que se representa pelo símbolo 1 kgf. Na verdade, essa unidade nada mais é do que o peso de um objeto, que denominamos de quilograma-padrão. Um fato interessante é que o quilograma-padrão encontra-se guardado em Paris (França), na Repartição Internacional de Pesos e Medidas. Com base nessas informações podemos definir que 1 quilograma-força (1kgf) é a força com que a Terra atrai o quilograma-padrão (isto é, o seu peso) ao nível do mar e a 45º de latitude. Uma observação que sempre devemos fazer é a respeito da especificação do local, ela é necessária porque o peso de um corpo varia de um local para outro, mesmo que quase não seja notável. Embora seja bastante usada no dia a dia, o kgf não é a unidade de força no Sistema Internacional de Unidades. Como vimos em estudos anteriores, a unidade de força no SI é denominada 1newton = 1 N, em homenagem a Isaac Newton. A relação entre essas duas unidades é: 1kgf = 9,8 N aproximadamente: 1kgf = 10 N 9.3 Padrão Torque O torque é o agente dinâmico da rotação. Quando um torque resultante não nulo age sobre um corpo, esse corpo passa a rotacionar. Torque, ou momento de uma força, é a tendência que uma força tem de rotacionar um corpo sobre o qual ela é aplicada. O torque é um vetor perpendicular ao plano formado pelos vetores força e raio de rotação. O vetor torque pode ser calculado por meio do produto vetorial entre força e distância. Sempre que uma força for aplicada a alguma distância do eixo de rotação de um corpo, esse corpo estará sujeito à rotação. Se esse corpo não está rotacionando ou rotaciona com velocidade angular constante, dizemos que ele se encontra em equilíbrio rotacional. O equilíbrio rotacional indica que a resultante dos torques que atuam sobre um corpo é nula e, por isso, esse corpo rotaciona com velocidade constante ou nula. Em outras palavras, quando o torque resultante sobre um corpo é nulo, esse corpo não apresenta aceleração angular. O torque pode ser entendido como o agente dinâmico das rotações. Dessa forma, ele está para os movimentos de rotação, assim como a força está para os movimentos de P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 31 translação. Se quisermos fazer que um corpo gire em torno de algum ponto, devemos exercer um torque sobre ele. Unidade de torque A unidade do torque, de acordo com o Sistema Internacional, é o Newton vezes metro (N.m). Por definição, quando um corpo é rotacionado no sentido horário, seu torque é negativo; no caso contrário, o torque aplicado sobre ele tem módulo positivo. Além disso, a direção e o sentido do vetor torque podem ser facilmente determinados por meio da regra da mão direita. Confira o esquema a seguir: O torque pode ser determinado fechando a mão em direção à força (F). Ele é determinado pela direção do dedão. Fórmula O módulo do torque pode ser calculado pelo produto da força, distância e pelo seno do ângulo que é formado entre essas duas grandezas: τ – torque r – raio F – força θ – ângulo entre r e F Na fórmula acima, θ é o ângulo formado entre o raio de rotação (r) e a força (F). No caso em que a força é aplicada com um ângulo de 90º em relação ao raio (r), o seno do ângulo é igual a 1. O raio (r) é determinado pela distância do ponto de aplicação até o eixo de rotação do corpo e também é conhecido como braço de alavanca. Quanto maior for o braço de alavanca de um corpo, mais fácil será rotacioná-lo. ✓ Quando abrimos uma porta, aplicamos força em um ponto distante do seu eixo de rotação, dessa forma, imprimimos sobre ela um torque maior. P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 32 ✓ Quando pedalamos em uma bicicleta de marchas, é possível notar que, quanto maior for o diâmetro de sua coroa, maior será o torque produzido por cada pedalada. ✓ Ao usarmos uma chave de fenda, é possível perceber que, quanto maior for o diâmetro do seu cabo, maior será a facilidade em apertar ou remover parafusos. Exemplos de torque Uma força de 50 N é aplicada com ângulo de 45º em relação a um braço de alavanca de 0,25 m, fazendo uma manivela girar no sentido anti-horário. Dados: sen 45º = √2/2 a) Determine a direção e o sentido do torque exercido sobre a manivela. b) Calcule o torque realizado sobre a manivela. Resolução a) De acordo com a regra da mão direita, o torque está na direção perpendicular ao plano da alavanca, e seu sentido aponta em direção ao plano da manivela. b) Usando a fórmula de torque e os dados do exercício, vamos fazer o seguinte cálculo: 9.4 Padrão Pressão A definição básica de pressão mostra que ela é dada pela razão de uma força aplicada de forma perpendicular sobre uma área. A pressão é dada pela razão entre uma força e a área de aplicação dessa força P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 33 A definição de pressão diz que essa grandeza é dada pela razão de uma força aplicada perpendicularmente sobre uma superfície e a área da superfície. Matematicamente, temos: 𝑃𝑅𝐸𝑆𝑆Ã𝑂 = 𝐹𝑜𝑟ç𝑎 Á𝑟𝑒𝑎 = 𝑁 𝑚2 Repare que pressão e área são grandezas inversamente proporcionais. Alguns exemplos de situações cotidianas podem ajudar na compreensão do conceito de pressão. Para começar, podemos citar o ato de afiar facas. O objetivo de se amolar uma faca é fazer com que a área de contato da lâmina com o objeto a ser cortado seja a menor possível. Assim sendo, não será necessário aplicar uma força sobre o cabo da faca muito grande. Pressão exercida por um fluido A chamada Lei de Stevin define que a pressão exercida por um fluido depende da densidade do fluido (ρ), da atração gravitacional local (g) e da altura da coluna de líquido (h). Sem considerar a pressão atmosférica, temos: Quando o fluido em questãoé a água, a Lei de Stevin nos mostra que a pressão exercida por uma coluna de água com 10 m de altura corresponde aproximadamente à pressão atmosférica normal (1 atm). Pressão atmosférica A pressão atmosférica é a pressão que a camada de ar faz sobre a superfície terrestre. A pressão atmosférica é considerada normal para pontos a nível do mar. Para pontos cada vez mais altos, a quantidade de ar vai diminuindo e a pressão atmosférica vai se tornando cada vez menor. A medida da pressão atmosférica foi feita no século XVII pelo físico italiano Evangelista Torricelli. Ele constatou que a pressão exercida pela atmosfera correspondia à pressão de uma coluna de mercúrio (Hg) com 76 cm de altura. Assim sendo, a pressão atmosférica normal é de 76 cmHg ou 760 mmHg. 1 atm = 1 x 105 Pa (N/m2) = 76 cmHg = 760 mmHg P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 34 10. CONVERSÃO DE MEDIDAS No dia a dia de um profissional, certamente será necessário fazer alguns tipos de cálculos com medidas diferentes, por exemplo, seria um erro grave fazer a expressão abaixo quando queremos o resultado em centímetros: 1,15 𝑑𝑚 + 2,15 𝑐𝑚 + 47 𝑚𝑚 = 50,3 𝑐𝑚 Essa equação está totalmente errada, isso porque precisamos converter 1,15 dm e 47 mm em centímetros (já que o resultado esperado é em centímetros). ✓ 1,15 dm convertido é 11,5 cm ✓ 47 mm convertido é 4,7 cm O correto seria: 𝟐, 𝟏𝟓 𝒄𝒎 + 𝟏𝟏, 𝟓 𝒄𝒎 + 𝟒, 𝟕 𝒄𝒎 = 𝟏𝟖, 𝟑𝟓 𝒄𝒎 Torna-se fundamental saber fazer conversões de medidas. Com o advento da tecnologia ficou mais fácil, a final, existem vários APPs no mercado que fazem isso rapidamente, além do Microsoft Excel. Na imagem a seguir, observe a fórmula para converter unidades facilmente no Excel. Fizemos a conversão de 1,15 dm (dm decímetro) para centímetros (cm) que resultou em 11,5 cm. A mesma fórmula vale para dezenas de outras medidas: P E T R A C o n s u l t o r i a e T r e i n a m e n t o s – M e t r o l o g i a b á s i c a - R e v . 0 Página 35 Bibliografia: • LIRA, Francisco adval de. Metrologia na Indústria. 10. ed. São Paulo: Érica, 2015. • https://brasilescola.uol.com.br/fisica/forca.htm • https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/medida-uma-forca.htm • http://www.mundodametrologia.com.br/2021/03/rastreabilidade-metrologica-dos.html • https://www.novus.com.br/blog/artigo-voce-conhece-a-importancia-da-rastreabilidade- metrologica/