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SUMÁRIO 
PENAL ESPECIAL AULA 05 ................................................................................................................................. 4 
7. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ............................................................................................................... 4 
7.1 Furto ................................................................................................................................................... 4 
AULA 06 .......................................................................................................................................................... 13 
7. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ....................................................................................................................... 13 
7.1 Furto ................................................................................................................................................. 13 
7.2 Furto de Coisa Comum ...................................................................................................................... 17 
7.3 Roubo ............................................................................................................................................... 18 
DIREITO COLETIVO.......................................................................................................................................... 29 
DO TRABALHO AULA 03 ................................................................................................................................. 29 
10.4. Receitas Sindicais ........................................................................................................................... 29 
10.5. Reforma Trabalhista e a Comissão de Empregados ........................................................................ 32 
10.6. Convenção nº 135 da OIT – ratificada em 1989 pelo Brasil ............................................................. 32 
10.7. LEI 13.467/17 – COMISSÃO DE REPRESENTANTES .......................................................................... 33 
10.8. Preocupação com a Atuação da Comissão do Sindicato ................................................................. 38 
10.9. Jurisprudência TST (Tribunal Superior do Trabalho) ........................................................................ 39 
1. NEGOCIAÇÃO COLETIVA .......................................................................................................................... 40 
1.1. Importância da Negociação Coletiva ................................................................................................ 40 
1.2. NEGOCIAÇÃO COLETIVA ................................................................................................................... 43 
1.3. PARTES DA NEGOCIAÇÃO COLETIVA ................................................................................................. 44 
1.4. PRINCÍPIOS DA NEGOCIAÇÃO COLETIVA ........................................................................................... 48 
1.5. LEI 13.467/17 – REFORMA TRABALHISTA ......................................................................................... 51 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL AULA 17 ............................................................................................................ 53 
1.3 Execução por quantia certa ............................................................................................................... 53 
1.4 Execução extrajudicial contra a Fazenda pública ............................................................................... 61 
1.5 Execução de título extrajudicial envolvendo alimentos ...................................................................... 63 
DIREITO CIVIL AULA 20 .................................................................................................................................. 65 
1. TEORIA GERAL DOS FATOS JURÍDICOS ................................................................................................................. 65 
1.1. Fato jurídico em sentido estrito ................................................................................................... 65 
1.2. Fato jurídico em sentido amplo ........................................................................................................ 66 
2. NEGÓCIO JURÍDICO ................................................................................................................................. 69 
AULA 21 .......................................................................................................................................................... 72 
2.1 Pressupostos de Validade do Negócio Jurídico................................................................................... 72 
2.2 Violação da Validade do Negócio Jurídico ......................................................................................... 76 
2.3 Nulidade Absoluta e Nulidade Relativa ............................................................................................. 80 
DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 19.............................................................................................................. 87 
3. PODER JUDICIÁRIO .................................................................................................................................. 87 
3.6 Quinto Constitucional ....................................................................................................................... 87 
4. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE .............................................................................................................. 88 
4.1 Pressupostos ..................................................................................................................................... 89 
4.2 Jurisdição Constitucional Forte x Jurisdição Constitucional Fraca ....................................................... 89 
4.3 Requisitos ......................................................................................................................................... 90 
4.4 Inconstitucionalidade ........................................................................................................................ 90 
4.5 Grandes Sistemas ou Matrizes do Controle de Constitucionalidade ................................................... 92 
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL AULA 18 ............................................................................................................ 94 
1. MEIOS DE DEFESA TÍPICOS DO EXECUTADO ............................................................................................. 94 
1.1 Impugnação ao cumprimento de sentença........................................................................................ 94 
1.2 Embargos à Execução ....................................................................................................................... 99 
DIREITO DA CRIANÇA ................................................................................................................................... 107 
E DO ADOLESCENTE AULA 08 ...................................................................................................................... 107 
1. SÚMULAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ) ...................................................................................... 107 
2. QUESTÕES COMENTADAS.............................................................................................................................109 
PENAL ESPECIAL AULA 07 ............................................................................................................................ 127 
7. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ..................................................................................................................... 127 
7.4 Extorsão ......................................................................................................................................... 127 
7.5 Extorsão Mediante Sequestro ......................................................................................................... 129 
7.6 Extorsão Indireta ............................................................................................................................ 130 
7.7 Usurpação ...................................................................................................................................... 130 
7.8 Supressão ou Alteração de Marca em Animais ................................................................................ 132 
7.9 Dano ............................................................................................................................................... 133 
7.10 Apropriação Indébita .................................................................................................................... 139 
7.11 Estelionato .................................................................................................................................... 143 
HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL AULA 01 .............................................................................................. 147 
1. HERMENÊUTICA .................................................................................................................................... 147 
1.1 Origem Etimológica ........................................................................................................................ 147 
1.2 Hermenêutica x Interpretação ........................................................................................................ 147 
1.3 Hermenêutica clássica .................................................................................................................... 147 
1.4 Hermenêutica filosófica/Giro Hermenêutico - Martin Heidegger e Hans-Georg Gadamer ............... 149 
AULA 02 ........................................................................................................................................................ 151 
1. HERMENÊUTICA ........................................................................................................................................ 151 
1.5 Hermenêutica Jurídica Clássica/Moderna. ...................................................................................... 151 
1.6 A interpretação Jurídica em Hans Kelsen ......................................................................................... 153 
 
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 PENAL ESPECIAL • 05 e 06 
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PENAL ESPECIAL Aula 05 
Professor Michelle Tonon 
7. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
7.1 Furto 
O furto está previsto no art. 155, CP. 
Art. 155, CP - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel. 
Este tipo penal tutela a propriedade e a posse legítima. 
O patrimônio é um bem jurídico disponível, diferentemente da vida. 
O consentimento, antes ou durante a subtração, torna o fato atípico. 
Exemplo: um indivíduo está em um restaurante, se distrai e deixa o celular e a carteira em cima da 
mesa. Uma pessoa visualiza o bem e se apossa dele. O indivíduo vê que a pessoa está subtraindo, mas, 
comovido com a sua condição, deixa que a pessoa se aproprie da carteira. Neste caso, o fato será atípico. 
O consentimento posterior a subtração não é eficaz. Em regra, o crime é de ação penal pública 
incondicionada, por isso, ainda que a vítima manifeste interesse em não dar prosseguimento a persecução 
penal contra o autor do crime, a sua vontade não será levada em consideração pelo policial, o qual procederá 
de ofício ao tomar conhecimento da ocorrência do furto. 
Não existe furto de ser humano, pois ele não é uma coisa. O crime poderá ser de sequestro (art. 148, 
CP); de extorsão mediante sequestro (art. 159, CP); ou subtração de incapaz (art. 249, CP). 
Em regra, quanto ao cadáver, o crime relacionado é o do art. 211, CP, pois é algo que não possui valor 
econômico. Todavia, é possível que este cadáver esteja na posse legítima de uma pessoa física ou jurídica, 
para fins de pesquisa, por exemplo. Nestas situações, pode-se cogitar em furto de cadáver. 
Não há que se falar em furto em casos de res nullius (coisas que nunca tiveram dono) ou res derelicta 
(coisa abandonada). Existe um caso que ficou famoso no Sul, em que um supermercado havia descartado 
alguns alimentos e as pessoas em situação de rua se apoderaram deles para consumo próprio. Neste caso, 
não há que se falar em crime de furto, pois é um caso de res derelicta. 
O furto de gado é chamado de abigeato. 
O elemento subjetivo do agente é o dolo, não há previsão do crime na modalidade culposa. Em latim 
é denominado animus furandi. Para além da intenção de subtração, deve existir o ânimo de assenhoramento 
definitivo da coisa (animus rem sibi habendi). O agente se apossa da coisa e passa a se comportar como se 
legítimo dono fosse. 
Furto de uso: 
Um exemplo de hipótese em que não há o ânimo de assenhoramento definitivo é o furto de uso, 
onde o agente deseja usar a coisa sem dela se apropriar. O furto de uso não é crime, no Brasil. 
Exemplo: uma pessoa recebe um convite para uma festa, vai na casa de uma amiga e subtrai um 
vestido para usar. Após utilizá-lo, ela lava e devolve o bem, mas sem a intenção de se apoderar. 
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 PENAL ESPECIAL • 05 e 06 
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O Direito Penal não se preocupa com este comportamento, não há tipicidade. O único bem jurídico 
tutelado nessa situação é o patrimônio. Não houve emprego de violência ou grave ameaça, não havia a 
intenção de assenhoramento definitivo, por isso, não haverá crime para o Direito Penal brasileiro. 
Requisitos para o furto de uso: 
• subtração de coisa alheia móvel infungível; 
• intenção de utilizar momentaneamente, com a restituição na íntegra 
A repercussão jurídica será apenas na esfera cível. 
Não se fala em furto de uso nas hipóteses que envolvam bens fungíveis (ex.: dinheiro). 
Também não há furto quando o credor se dirige aos bens do devedor e deles se apodera, a fim de 
quitar um débito. Se enquadra no crime do exercício arbitrário das próprias razões (art. 345, CP). 
7.1.1 Princípio da Insignificância ou Bagatela 
Do ponto de vista do Direito Penal, a tipicidade da conduta pode ser observada sob dois aspectos 
principais: a tipicidade formal e a tipicidade material. 
Tipicidade formal: analisa o encaixe da norma no caso concreto – fato típico, ilícito e praticado por 
agente culpável. 
Tipicidade material: analisa se o bem jurídico lesionado é relevante para o Direito Penal. 
Existem situações que, embora tenha o encaixe daquele fato no modelo abstrato previsto em lei, o 
bem jurídico tutelado não é lesionado. Não se justifica o aparato de persecução do Estado para apurar uma 
lesão ínfima ao patrimônio. 
Exemplo: uma pessoa está em um atacadista de produtos alimentícios e se depara com a gôndola 
que fica ao lado do caixa. Ela, sorrateiramente, pega um pacote de balas e coloca dentro da bolsa. 
Em princípio, estaria caracterizado o crime de furto, pois houve uma subtração de coisa alheia móvel.Todavia, ao se pensar no valor do pacote de balas e no patrimônio da loja será desproporcional, pois é um 
atacadista de abrangência nacional. O custo do processo seria muito alto, por isso, seria mais producente 
apurar-se o valor do furto, fazer-se a restituição do bem ou impor a este indivíduo o pagamento do valor 
equivalente, caso o bem não tivesse mais disponível para devolução. 
Segundo o princípio da insignificância ou da bagatela, o Direito Penal não deve se preocupar com 
danos ínfimos ao patrimônio, mas sim com condutas que, de fato, afetam a convivência social pacífica. 
Este princípio não é previsto em lei, mas é uma causa extra ou supralegal de exclusão da tipicidade 
material construída pela doutrina. Há tipicidade formal, mas não há tipicidade material, pois tal lesão se 
mostrou inexpressiva para o patrimônio da vítima. 
Os requisitos para o reconhecimento da insignificância, no caso concreto, são: 
• periculosidade ausente; 
• reprovabilidade reduzida; 
• ofensividade mínima; 
• lesão inexpressiva. 
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 PENAL ESPECIAL • 05 e 06 
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Alguns doutrinadores dizem que estes conceitos são demasiadamente abertos e comportam ampla 
margem de interpretação. Na visão da professora, o objetivo do STF foi permitir que o intérprete analise a 
presença destes requisitos no caso concreto. São conceitos abertos e que permitem ampla margem de 
interpretação. 
A aplicação não está restrita apenas ao valor da coisa, a jurisprudência tem aplicado a insignificância 
para crimes como o furto, estelionato e apropriações indébitas, de valores inferiores a 10% do salário mínimo 
vigente à data dos fatos, o que hoje equivale a aproximadamente R$ 140,00 (cento e quarenta) reais. 
Também é necessário analisar as condições pessoais do agente e da vítima. Em regra, a jurisprudência 
tem afastado a aplicação desse princípio ao reincidente, ao chamado criminoso habitual. A insignificância é 
constatada no âmbito da tipicidade, mas o Direito Penal não pode dar um salvo conduto para que as pessoas 
tenham um modo de vida criminoso. 
Exemplo: uma pessoa de meia idade não tem um trabalho formal, mas é hábil em praticar furtos. Ela 
vai ao mercado do bairro e subtrai alguns produtos, somando o valor de R$: 70,00 (setenta reais). Passam-se 
dois dias e ela vai novamente à mercearia e subtrai algumas frutas e biscoitos, o que deu mais R$: 80,00 
(oitenta) reais. Depois de dois dias, ela vai até uma loja de utilidades domésticas e subtrai mais alguns itens, 
somando R$: 120, 00 (cento e vinte) reais. E assim por diante. 
Essa pessoa não pode utilizar a excludente do estado de necessidade ou furto famélico, pois ela está 
fazendo do crime o seu modo de vida, ela se mantém de uma forma ilícita e em prejuízo de todos esses 
comerciantes. A jurisprudência não tolera a conduta desta pessoa que se envolve reiteradamente em 
pequenos furtos. 
Há críticas acerca dessa regra, pois o fato, em si, é insignificante, independentemente do autor. Há 
quem diga que se trata de um Direito Penal do autor. Para fins de prova, deve-se seguir o entendimento da 
jurisprudência de não aplicar a insignificância ao criminoso habitual, sobretudo em crimes patrimoniais. 
No crime de furto, a condição da vítima deve ser avaliada, como a sua condição econômica, valor 
sentimental do bem e as consequências do crime. Exemplo: um furto de botijão de gás em uma família de 
baixa renda, irá trazer um prejuízo expressivo. 
Existem outras situações em que o objeto do furto tem um valor sentimental ou histórico, embora 
não tenha um valor econômico expressivo. Neste caso, também não há de se falar em princípio da 
insignificância. 
 A insignificância pode ser aplicada: 
• atos infracionais; 
• crimes ambientais; 
• crimes tributários; e 
• descaminho. 
 A insignificância não é admitida: 
• crimes hediondos e equiparados; 
• crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; 
• porte de drogas para consumo pessoal (art. 28, Lei 11.343/06); 
• crimes contra a fé pública (moeda falsa); 
• crimes contra a Administração Pública (Súmula 599, STJ); 
• contrabando (natureza ilícita da mercadora importada ou exportada do país); e 
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 PENAL ESPECIAL • 05 e 06 
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• violência doméstica ou familiar contra a mulher (Lei Maria da Penha). 
O STJ e o STF divergem quanto a essa questão no porte de drogas para consumo pessoal1 (art. 28, 
Lei de Drogas. O STJ entende que é inaplicável a insignificância do porte para uso pessoal, já que a opção 
legislativa foi a punição do usuário. O STF entende possível, em casos de ínfima quantidade de maconha, mas 
não em toda e qualquer droga. 
Não se confundem os conceitos de furto famélico e insignificância, posto que o furto famélico é causa 
de exclusão da ilicitude pelo estado de necessidade (art. 24, CP). 
7.1.2 Momento Consumativo dos Crimes contra o Patrimônio 
A teoria da consumação se aplica tanto ao crime de furto quanto ao crime de roubo (art. 157, CP). 
Teoria da concretacio: para haver a consumação do furto é necessário haver o contato da mão do 
agente com a coisa. Essa foi a primeira teoria quanto à consumação, mas hoje já foi superada. 
Teoria da Apprehensio: o contato da mão com a coisa não seria suficiente, é necessário a apreensão 
da coisa. Essa teoria também já foi superada. 
Teoria da Amotio: formulada por Carrara, o simples contato da mão com a coisa ou apreender a coisa 
não é suficiente, é necessário que haja a inversão da posse do bem, que ocorre com a retirada desta sobre a 
esfera de disponibilidade da vítima. A partir do momento em que o indivíduo entra na loja, pega o bem, 
segura e sai da loja, o bem foi retirado da esfera de disponibilidade da vítima. Alguns doutrinadores chamam 
essa teoria de Apreehensio. Essa é a teoria adotada pelos tribunais. 
Teoria da Ablatio: essa teoria não é adotada. Diz que além da inversão da posse do bem é necessária 
a apreensão e transporte a outro lugar, onde ele vai ter a possibilidade de usufruir dessa coisa como se 
legítimo dono fosse. Para essa teoria, é necessária a posse mansa, pacífica e desvigiada. 
Súmula 582, STJ - Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante 
emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à 
perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse 
mansa e pacífica ou desvigiada. 
A Súmula 582 se aplica tanto ao crime de roubo quanto ao crime de furto. Assim como o crime de 
furto, o crime de roubo se consuma com a inversão da posse do bem, ainda que essa posse seja muito rápida. 
Portanto, pouco importa se o agente teve posse mansa e pacífica, ainda que a posse tenha perdurado por 
pouco tempo e recuperada a coisa logo após a perseguição. 
Súmula 567, STJ - Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por 
existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna 
impossível a configuração do crime de furto. 
 
1 Atualmente, tramita no Congresso uma PEC nº 45/2023 que acrescenta um inciso ao art. 5º da CRFB para 
considerar crime a posse e o porte de drogas, independentemente da quantidade, sem autorização ou em desacordo 
com a lei. Conforme a Lei Antidrogas, é crime comprar, guardar, transportar ou trazer consigo drogas para consumo 
pessoal. Todavia, se esta PEC for aprovada, será como Emenda Constitucional, portanto, irá prevalecer em relação a Lei 
Antidrogas, que é uma lei ordinária. 
Disponível em:https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/160011 (acesso em 
07/05/2024). 
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https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/160011
 PENAL ESPECIAL • 05 e 06 
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O fato de existirem câmeras de segurança, monitoramento eletrônico ou seguranças no interior do 
estabelecimento comercial não tornam impossível a configuração do crime de furto. Algumas pessoas ainda 
são extremamente hábeis e estes sistemas não são infalíveis. Ao estudar o crime impossível, sabe-se que este 
não se consuma por incompleta ineficácia do meio ou absoluta impropriedade do objeto. Nesses casos de 
furto, é possível a consumação do delito, ainda que o comércio possua sistema de monitoramento. Na 
situação de a pessoa ser flagrada no estacionamento do comércio, haverá a tentativa. 
A jurisprudência diz que para a caracterização do crime impossível deve-se analisar as peculiaridades 
no caso concreto. Quando o iter criminis for monitorado e não abrir nenhuma chance para o indivíduo 
consumar, pode ser que seja possível reconhecer o crime impossível naquele caso concreto. Existem situações 
em que se percebe a subtração algum tempo depois de já ter ocorrido. 
7.1.3 Furto Durante o Repouso Noturno 
O §1°, art. 155, do CP, aduz que: 
Art. 155, § 1º, CP - A pena aumenta-se de um terço, se o furto é praticado durante o repouso 
noturno. 
É uma causa de aumento com incidência na terceira fase da dosimetria. Entende-se por repouso 
noturno, o intervalo entre o recolhimento para o descanso e o despertar. Isto varia de acordo com os 
costumes locais e será analisado conforme o caso concreto. 
Para haver a incidência da causa de aumento, não é necessário que a vítima esteja dormindo ou 
repousando, o objetivo da norma leva em consideração a maior vulnerabilidade dos bens e a maior 
possibilidade de êxito do agente. Também é indiferente se a casa é habitada ou não, se é comércio ou via 
pública. Haverá a incidência da causa de aumento, desde que constatado esse lapso de tempo. 
De acordo com a doutrina penal clássica, havia o entendimento de que, por localização topográfica e 
pela boa técnica legislativa, a majorante de repouso noturno não poderia ser aplicada ao furto qualificado 
pelo §4°, pois a causa de aumento é anterior às formas qualificadas. Este é um entendimento clássico, de não 
aplicação do §1º ao §4º, tanto pelo raciocínio da localização topográfica, quanto pelo raciocínio da 
desproporcionalidade das penas caso cumulasse majorante com qualificadora. 
O STJ alterou o seu entendimento durante um certo período. Até 2022 prevaleceu a possibilidade de 
incidência do §1° à forma qualificada do §4º do furto. O raciocínio que se utilizou foi de que como é possível 
combinar o privilégio do §2° com o §4°, não haveria óbice de combinar o §1° com o §4°. Todavia, o §2° é um 
privilégio em benefício do réu e o §1° traz uma previsão de majorante, que é prejudicial ao réu. É importante 
lembrar que no Direito Penal é vedada analogia in malam partem. 
A 3ª Seção do STJ reestabeleceu o entendimento histórico de forma unânime, em julgamento de 
recursos especiais repetitivos em 2022, fixando o Tema n° 1.087, com a seguinte redação: 
Tema n° 1.087, STJ - A causa de aumento prevista no § 1° do art. 155 do Código Penal (prática 
do crime de furto no período noturno) não incide no crime de furto na sua forma qualificada 
(§ 4°)”. 
A partir de maio de 2022, o STJ fixou um Tema dizendo que não é possível reconhecer a qualificadora 
ou majorar a pena do furto na terceira fase da dosimetria. Portanto, a causa de aumento do §1°, art. 155, CP, 
se aplica apenas ao furto do caput. 
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7.1.4 Furto Privilegiado 
O §2º prevê benesses para o indivíduo primário que furta algo de pequeno valor. 
Art. 155, § 2º, CP - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz 
pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou 
aplicar somente a pena de multa. 
O indivíduo que não é reincidente e furta algo avaliado em menos de um salário mínimo poderá ser 
beneficiado com as hipóteses previstas acima. O juiz escolherá a que ele reputa mais adequada no caso 
concreto. 
Existem dois requisitos: 
• primariedade do agente (não ser reincidente) 
• pequeno valor a coisa furtada 
Para avaliar se a coisa é de pequeno valor, faz-se necessária a avaliação econômica da coisa, e não 
deve exceder a um salário mínimo vigente na data do fato. Pequeno valor não se confunde com pequeno 
prejuízo ou com algo de valor insignificante. O pequeno valor é aquele que gira em torno de um salário 
mínimo vigente, aproximadamente R$: 1.400,00 (mil e quatrocentos) reais. 
Embora o legislador tenha colocado “o juiz pode substituir”, o juiz deve aplicar o privilégio se presente 
os requisitos legais. É um direito subjetivo do acusado e não uma faculdade do juiz. 
7.1.5 Furto Qualificado 
Art. 155, § 4º, CP - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: 
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
III - com emprego de chave falsa; 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
É possível compatibilizar o privilégio do §2° com as qualificadoras do §4°. 
Exemplo: um indivíduo rompeu obstáculo para furtar um tênis avaliado em R$ 500,00 (quinhentos) 
reais. É admissível um furto privilegiado e qualificado ao mesmo tempo. 
É possível que o furto seja privilegiado pelo pequeno valor da coisa e qualificado pelo rompimento 
de obstáculo. O furto híbrido é admitido, desde que estejam presentes as qualificadoras do furto de ordem 
objetiva, a primariedade e o pequeno valor da coisa subtraída. 
A Súmula 511 do STJ diz que: 
Súmula 511, STJ - É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do 
CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do 
agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva. 
As qualificadoras objetivas ou materiais são aquelas que se apresentam no mundo dos fatos, se 
materializam, são visualizáveis e estão presentes no laudo. As qualificadoras subjetivas são aquelas que estão 
na mente do indivíduo, que não se materializam, estão ligadas a aspectos intelectivos de vontade e aspectos 
volitivos. 
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Qualificadoras objetivas (materiais ou reais): são aquelas que estão relacionadas com o modo de 
execução, tempo, lugar do crime e instrumentos utilizados. Exemplo: destruição ou rompimento de 
obstáculo; emprego de chave falsa; concurso de duas ou mais pessoas etc. 
Qualificadoras subjetivas ou pessoais: dizem respeito à pessoa do agente. Apenas o abuso de 
confiança é uma qualificadora de índole subjetiva. 
A qualificadora do abuso de confiança não será compatível com o furto privilegiado, pois nesta 
hipótese existe uma quebra de relação entre as partes. No furto, o abuso de confiança é semelhante a traição, 
que é subjetiva. 
Exemplo: Joana é diarista e vai trabalhar na casa da família Silva pela primeira vez. Ela chega de manhã 
e a dona da casa a instrui, dizendo que vai sair e que não é para ela entrar em determinadocômodo, pois é 
restrito da família. A diarista, mesmo sabendo que tinha câmeras, entra no cômodo e subtrai determinada 
joia. A proprietária vê tudo e vai até a delegacia de polícia. 
Nesta situação, não é possível falar em um furto qualificado pelo abuso de confiança, pois era o seu 
primeiro dia de trabalho e ela estava monitorada. Não havia nenhuma relação de confiança a ponto de atrair 
a incidência da qualificadora. 
Exemplo 2: uma senhora trabalha no caixa de um supermercado de rede. Em um determinado 
momento, quando a loja está mais vazia, ela sai do caixa, pega dois pares de sandália, que custam em torno 
de R$: 50,00 (cinquenta) reais, e os coloca dentro de sua bolsa. Ao fim do expediente ela vai embora com as 
duas sandálias na bolsa. 
Nesta situação, não se pode falar em abuso de confiança, pois ela é apenas mais uma funcionária, ela 
não conhece o proprietário e todos os funcionários são monitorados por câmeras. Não há uma relação 
especial de confiança, quando ela precisar pedir demissão ou for demitida, no dia seguinte haverá outra 
pessoa para ocupar o seu cargo. O furto não se qualifica, sobretudo porque a funcionária era monitorada. 
7.1.6 Cláusula de Equiparação 
O objeto material do furto nem sempre é algo palpável, é possível haver o furto de energia elétrica, 
também conhecido como “gato”. 
Art. 155, § 3º, CP - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha 
valor econômico. 
Existe uma controvérsia jurisprudencial acerca do sinal de televisão a cabo. De acordo com o STJ, 
aquele que faz o “gato net”, responde pelo furto, na forma do §3°, CP. 
O STF, em precedente antigo, entende que não seria caso de furto de energia, pois estaria se 
aplicando uma analogia in malam partem, vedada no Direito Penal. A conduta seria atípica e a pessoa poderia 
ser demandada na esfera cível pelo não pagamento dos valores. 
Em questão de prova, deve-se levar em consideração se o enunciado aponta o entendimento do STJ 
ou do STF. A questão abaixo tratava do entendimento do STJ: 
QUESTÃO DE CONCURSO 
(CESPE – 2013 – PC-BA – Delegado de Polícia) Considere que João, por vários meses, tenha captado sinal de 
televisão a cabo por meio de ligação clandestina e que, em razão dessa ligação, considerável valor econômico 
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tenha deixado de ser transferido à prestadora do serviço. Nessa situação hipotética, considerando-se o 
entendimento do Superior Tribunal de Justiça a respeito da matéria, João praticou o crime de furto de 
energia. 
Resposta: Correto 
O Informativo 645 do STJ, diz que: 
Informativo 645, STJ - No caso de furto de energia elétrica mediante fraude, o 
adimplemento do débito antes do recebimento da denúncia não extingue a punibilidade. 
Neste caso, é possível a aplicação da causa de diminuição de pena decorrente do arrependimento 
posterior, mas não é causa de extinção de punibilidade. 
 Outro caso ocorre quando o agente adultera o contador da aferição de consumo, trata-se de 
estelionato, pois há fraude. 
AREsp 1.418.119-DF, STJ - Adulterar o sistema de medição da energia elétrica para pagar 
menos que o devido: estelionato (não é furto) A alteração do sistema de medição, mediante 
fraude, para que aponte resultado menor do que o real consumo de energia elétrica 
configura estelionato. Ex: as fases “A” e “B” do medidor foram isoladas por um material 
transparente, que permitia a alteração do relógio fazendo com que fosse registrada menos 
energia do que a consumida. STJ. 5ª Turma. AREsp 1.418.119-DF, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 
julgado em 07/05/2019 (Info 648). 
7.1.7 Qualificadoras do Furto 
Destruição ou rompimento de obstáculo para acessar a coisa: 
O rompimento deverá ser sobre uma coisa exterior ao bem subtraído. Embora haja divergência na 
doutrina e na jurisprudência, entende-se que a destruição da própria coisa a ser subtraída não caracteriza 
qualificadora. 
Exemplo: o agente visa furtar um aparelho de som de um veículo e, para isso, quebra a janela do 
carro. Neste caso, haverá a incidência da qualificadora. Contudo, se para furtar o veículo há a destruição da 
janela, não haverá incidência da qualificadora, pois a destruição do obstáculo é inata ao crime de furto. 
Essa violência contra a coisa poderá ser promovida antes, durante ou após a prática da subtração, 
desde que se dê antes da consumação do delito. Caso a destruição seja posterior, o crime será de furto em 
concurso com o crime de dano. 
A jurisprudência considera que o furto praticado com o rompimento de obstáculo é incompatível 
com o princípio da insignificância. 
Para aferição do rompimento do obstáculo ou destruição, faz-se necessária a presença de perito 
oficial. Caso não haja perito na comarca, poderá ser substituído pelo laudo pericial que reconheça a 
qualificadora, elaborado por duas pessoas idôneas e portadoras de diploma de curso superior, ainda que 
sejam policiais. No caso de desaparecimento dos vestígios, a prova testemunhal poderá suprir a sua falta. 
Para o STJ, a prática de furto qualificado não pode deixar de ser reconhecida apenas por ter sido 
avariado o bem subtraído, pois referida circunstância não tem o condão de desconfigurar o rompimento do 
obstáculo. Houve um entendimento minoritário quanto a qualificadora do rompimento de obstáculo. 
O seguinte julgado do STJ não considera a insignificância no caso do furto qualificado: 
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AgRg no HC 481.514/MS, STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE 
FURTO QUALIFICADO PELO ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO. APLICAÇÃO DA INSIGNIFICÂNCIA 
PENAL. VALOR DA RES FURTIVA ASSOCIADA AO PREJUÍZO DECORRENDO DO ROMPIMENTO 
DE OBSTÁCULO. MÍNIMA OFENSIVIDADE AFASTADA. REGIMENTAL IMPROVIDO. 
1. Nos delitos cometidos mediante rompimento de obstáculo, além do valor do objeto do 
furto - correspondente à 17% do salário mínimo vigente à época -, deve ser considerado o 
prejuízo decorrente da qualificadora, na hipótese, o arrombamento do padrão de energia, 
portão e porta da residência, valores que associados demonstram não ser inexpressiva a 
lesão jurídica provocada. 
2. Agravo regimental improvido. 
(AgRg no HC 481.514/MS, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 
28/03/2019, DJe 04/04/2019) 
Neste julgado existe a questão do exame pericial indireto, por meio de auto de constatação de furto 
qualificado elaborado por dois agentes policiais civis: 
AgRg no REsp 1788427/RS, STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO 
AO ARTIGO 172 DO CPP. INOVAÇÃO RECURSAL. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. FURTO 
QUALIFICADO. ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO. VESTÍGIOS. EXAME PERICIAL INDIRETO. 
ARTIGO 158 DO CPP. OBEDIÊNCIA. QUALIFICADORA. CARACTERIZAÇÃO. 
1. A ofensa ao artigo 172 do Código de Processo Penal apresentada pelo agravante se trata 
de inovação recursal e, portanto, de inviável apreciação em sede de agravo regimental em 
razão da preclusão consumativa, uma vez que não foi alvo de insurgência por meio de 
recurso especial. 
2. Nos termos do artigo 158 do Código de Processo Penal, "quando a infração penal deixar 
vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo 
supri-lo a confissão do acusado". Sendo assim, nos delitos que deixam vestígios, o exame 
pericial (direto ou indireto) é inafastável. 
3. Hipótese em que foi realizado exame pericial indireto, nos exatos termos do artigo 158 
do Código de Processo Penal, por meio do auto de constatação de furto qualificado,devidamente elaborado por duas agentes, policiais civis, com diploma de curso superior, na 
forma do artigo 159, § 1º, do Código de Processo Penal. 
4. Agravo regimental desprovido. 
(AgRg no REsp 1788427/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 
21/03/2019, DJe 02/04/2019) 
Abuso de confiança: 
Exige-se que o autor do crime tenha um especial vínculo de lealdade com o ofendido. A diferença 
entre o abuso de confiança e a apropriação indébita, é que na apropriação a pessoa primeiro recebe a posse 
para depois deliberar sobre a inversão, a coisa é recebida de modo lícito e o dolo é posterior; no furto com 
abuso de confiança, o dolo de se assenhorar da coisa é inato, desde o início de sua conduta. 
Furto qualificado pela fraude: 
A fraude é o meio enganoso que vai ser utilizado para diminuir a vigilância da vítima sobre o bem. É 
importante distinguir a fraude do furto e a fraude do estelionato. No furto, o agente ingressa e subtrai a coisa 
e a vítima não sabe que a coisa está saindo de sua esfera de posse. 
Exemplo: um indivíduo se dirige a uma loja, a pretexto de comprar uma joia. Aproveitando da 
ausência de funcionários, engana a única funcionária restante, de modo que essa vá ao estoque buscar um 
produto. Nesse momento, se aproveita da distração da vítima e subtrai o que está na sua frente. 
Nesta situação, houve o uso da fraude para diminuir a vigilância sobre o bem, portanto, este é um 
furto qualificado pela fraude. É comum esse crime se dá em concurso de agentes, caracterizando o furto 
qualificado pela fraude e pelo concurso de agentes. 
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No caso do estelionato mediante fraude, a vítima é enganada de modo a contribuir com o autor do 
delito, com a inversão da posse do bem ou obtenção da vantagem indevida. 
Exemplo: alguns indivíduos se trajam com uniformes de uma determinada empresa de telefonia, TV 
a cabo, internet. Eles vão até a casa de uma assinante e dizem que vão fazer um up grade em seu plano. Eles 
dizem que precisam trocar os equipamentos da casa da senhora para que possam trazer os novos. Eles vão 
embora com os equipamentos e nunca mais voltam. 
Este é o estelionato, a vítima participa do delito e é convencida a entregar o bem ao autor. 
A fraude do furto é a fraude da vigilância, e a do estelionato é essa em que a vítima contribui para a 
prática delituosa. O furto qualificado tem a pena mais alta do que o estelionato. 
 
 AULA 06 
 
7. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
7.1 Furto 
7.1.7 Qualificadoras do Furto 
Escalada: 
A doutrina diz que a escalada é a utilização de uma via anormal para o ingresso no local em que se 
pretende subtrair algo. Embora associada ao movimento para cima, a escalada também pode ser uma 
penetração subterrânea. Exemplo: acessar o local da subtração por um túnel. É uma via anormal de ingresso, 
logo, é considerado escalada. 
Para a caracterização da qualificadora, é exigido um esforço além do comum. No caso de um portão 
baixo que qualquer pessoa pode pular sem fazer muito esforço, não haverá a qualificadora. O intuito é punir 
aquela pessoa que realiza um esforço fora do comum, de forma mais grave. 
De acordo com o entendimento jurisprudencial, ainda que o exame pericial não seja realizado, a 
qualificadora da escalada pode ser reconhecida no crime de furto na hipótese em que a dinâmica delitiva 
tenha sido registrada por sistema de monitoramento por câmeras de segurança e a materialidade do crime 
possa ser comprovada por meio de filmagens, fotos e testemunhas. 
Quando se tem uma filmagem ou registros de câmeras ou fotografias de como o agente acessou o 
interior do local, não é necessário fazer um laudo pericial para demonstrar a forma de ingresso. A perícia não 
é necessária para a qualificadora da escalada. 
O princípio da insignificância não é aplicado, pois há um modus operandi reprovável. 
Destreza: 
Verifica-se a destreza quando a vítima não percebe que está sendo subtraída. É uma habilidade 
peculiar do indivíduo. 
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Exemplo: um indivíduo está andando na rua com o seu celular no bolso. Uma pessoa com tamanha 
destreza, retira o objeto sem que a vítima perceba. 
Esta qualificadora vai ser aplicada quando a vítima traz o objeto muito próximo ao corpo e o agente 
tem essa especial habilidade de subtrair sem que a vítima perceba. É analisada sob a ótica da vítima, 
evidencia-se que aquele indivíduo possui uma habilidade especial, quando a vítima não sente absolutamente 
nada durante a subtração. 
Emprego de chave falsa: 
Outra qualificadora do furto é o emprego de chave falsa. A doutrina majoritária vai entender que não 
necessariamente esse objeto precisa ter o formato de uma chave, besta ser um instrumento que se destine 
a abrir fechaduras. Exemplo: chave micha, grampos modificados, pregos, engenhocas de arame etc. 
Concurso de pessoas: 
O concurso de pessoas pode se dar com o menor de idade e, nesta situação, haverá concurso formal 
com o crime de corrupção de menores (art. 244-B, ECA). 
Não é necessário que todos os indivíduos que integraram o concurso de pessoas sejam identificados, 
processados e condenados. Para incidir a qualificadora, basta que exista prova de que mais de uma pessoa 
integrou aquele furto. 
Furto com emprego de explosivo ou artefato análogo que causa perigo comum: 
O art. 155, §4º-A traz uma qualificadora relativamente nova, introduzida no ano de 2018 pela Lei 
13.654, com o objetivo de tipificar condutas que estavam acontecendo com frequência, de forma mais 
precisa. Foi uma comoção social que mobilizou o legislador a agir. 
Exemplo: um indivíduo instala um explosivo nos caixas eletrônicos de uma agência bancária, para 
retirar dinheiro do caixa eletrônico. 
Hoje, este crime é tipificado no art. 155, §4°-A. Antes do advento da Lei 13.654, esta era uma forma 
especial de rompimento de obstáculo para acessar a coisa, porque causa um perigo comum a um número 
indeterminado de pessoas. Basta pensar na explosão e nas consequências adversas que podem ocorrer a 
partir desta. 
Esta qualificadora passou a prever uma pena de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos para o furto, 
pena equivalente à do artigo 157, caput (roubo). É um crime de furto qualificado apenado de forma idêntica 
ao roubo. O objetivo do legislador foi punir de forma mais severa estas condutas que causam um grande 
abalo na sociedade. 
Antes da Lei 13.654 havia um entendimento, sobretudo por parte de membros do Ministério Público, 
de que além do furto qualificado pelo rompimento de obstáculo, também deveria ser imputado o crime de 
explosão. Quando a explosão possui o intuito de obter vantagem pecuniária, incidirá uma causa de aumento. 
Dessa forma, havia o concurso de crimes do furto qualificado com a explosão majorada e, deste somatório 
de penas, a pena mínima era de 6 (seis) anos. A lei nova se revelou uma novatio legis in mellius (lei nova mais 
favorável), ao estabelecer uma pena mínima de 4 (quatro) anos, retroagindo para beneficiar todo e qualquer 
indivíduo. 
A Súmula 611 do STF, diz que: 
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Súmula 611, STF - Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao Juízo das 
execuções a aplicação de lei maisbenigna. 
No caso de o indivíduo possuir uma sentença condenatória transitada em julgado, o juízo da execução 
penal irá aplicar a lei mais benigna. Para isso, não é necessário o ajuizamento de uma revisão criminal, basta 
um simples peticionamento nos autos. 
O Pacote Anticrime trouxe novas figuras para o rol dos crimes hediondos, como o furto qualificado 
pelo emprego de explosivos ou artefatos análogos que causem perigo comum. O rol da Lei 8.072 - Lei dos 
Crimes Hediondos, passa a prever um furto hediondo. Nesse caso, há uma novatio legis in pejus (lei nova 
mais grave), logo, não retroagirá, apenas os furtos praticados a partir de 23 de janeiro de 20202 podem ser 
considerados hediondos. 
Fraude no furto por meio de dispositivo eletrônico ou informático: 
A Lei 14.155/2021, a qual já foi comentada ao se tratar da invasão do dispositivo informático, também 
trouxe a qualificadora do §4°-B para o art. 155, quando a fraude no furto ocorre por meio de dispositivo 
eletrônico ou informático. 
A fraude no furto pode ser praticada por diversas maneiras, uma destas é a fraude por meio de 
dispositivo eletrônico. 
Exemplo: um indivíduo tem habilidades de hacker, invade um computador de uso pessoal, instala um 
programa malicioso e consegue descobrir a senha bancária do usuário. Ele faz transferências da conta 
bancária deste usuário do dispositivo informático para contas de terceiros. 
Estas situações são caracterizadas no §4°-B. As polícias estão sempre se especializando em formas de 
investigação que saem do trivial, para ter mais agilidade em crimes cibernéticos ou por meio de dispositivos 
informáticos. Assim, rastreia-se o IP, faz-se uma série de diligências, para saber de qual computador saiu 
aquele comando. 
O §4°-C traz duas causas de aumento de pena relacionadas ao §4°-B. A vigência da nova legislação se 
deu na data de sua publicação, em maio de 2021. 
Art. 155, §4°-B, CP - § 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se 
o furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, 
conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de 
segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento 
análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) 
 
Art. 155, §4°-C, CP - § 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância 
do resultado gravoso: (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) 
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a 
utilização de servidor mantido fora do território nacional; (Incluído pela Lei nº 14.155, de 
2021) 
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou 
vulnerável. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) 
O Estatuto da Pessoa Idosa - Lei 10.741/2003, traz o conceito da pessoa idosa, que é aquela com 
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. O crime de furto mediante fraude por meio de dispositivo 
 
2 Essa é a data que o Pacote Anticrime entrou em vigor e tem sido muito cobrada em provas. Segundo o art. 20 
da Lei Nº. 13.964/2019, todo Pacote Anticrime entra em vigor após 30 (trinta) dias de sua publicação oficial. 
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14155.htm#art1
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eletrônico ou informático praticado contra a pessoa idosa (maior de 60 anos) ou vulnerável (menor de 14 
anos) incidirá este aumento de pena. 
Nas relações virtuais é necessário que o agente tenha o elemento subjetivo – dolo. O sujeito deve ter 
consciência, vontade e ciência de que está praticando o crime contra uma vítima idosa ou vulnerável. No 
caso de o agente aplicar golpes ou subtrair valores de contas de pessoas que ele não sabe quem é, entende-
se que não poderá haver a incidência desta qualificadora. 
A qualificadora é prevista para punir com maior gravidade aquelas pessoas que se aproveitam da 
inocência, falta de experiência ou credulidade de pessoas idosas. 
Furto de veículo automotor: 
O §5° do art. 155 traz o furto de veículo automotor. 
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que 
venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, 
de 1996) 
A pena mínima foi fixada no patamar de 3 (três) anos, mas a pena máxima continua sendo no patamar 
de 8 (oito) anos. 
Nesta situação, o indivíduo furta o veículo e leva para outro estado ou país. Para haver a incidência 
da qualificadora, é necessário que o indivíduo consiga ultrapassar as fronteiras. Quando detido 
antes de ultrapassar as fronteiras para outro Estado ou país, não responde pelo furto qualificado nos moldes 
do §5°. 
Existe uma grande polêmica na doutrina, pois o §5° não faz referência ao Distrito Federal. Uma 
parcela vai entender que não é possível incluir o Distrito Federal, pois seria uma analogia in malam partem, 
vedada no Direito Penal. Outra parte da doutrina discorda, a exemplo do professor Rogério Sanches, que diz 
que está implícito o Distrito Federal, pois é um ente federativo assim como qualquer outro Estado. Além disso, 
a criação do Distrito Federal é posterior ao Código Penal e à redação do artigo. 
Essa discussão provavelmente não será cobrada nas primeiras fases, mas em uma segunda fase deve-
se seguir a linha a depender do perfil da prova. Exemplo: em uma prova para a Defensoria Pública, deve-se 
utilizar o argumento de que não é possível aplicar, pois é vedada a analogia in malam partem. 
Furto de semovente domesticável de produção: 
Existem três espécies de semoventes: 
• selvagens; 
• domesticados ou domesticáveis; e 
• domésticos. 
O semovente domesticável de produção são animais que compõem rebanhos e vão se destinar a 
finalidades econômicas. Exemplo: bois, vacas, ovinos, suínos etc. Haverá o furto relacionado a estes animais 
no âmbito da proteção do patrimônio. 
Outros animais também podem ingressar no conceito de semovente domesticável de produção. 
Exemplo: o indivíduo que tem cães, gatos ou aves em um criadouro e revende esses animais. Embora seja 
uma prática repudiada, o fato é que não existe algo que proíba. Quando estes animais forem idôneos a gerar 
algum retorno econômico ao seu titular o enquadramento da conduta será nesta previsão. 
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Não vão ingressar nesta figura típica: os animais selvagens (ex.: animais que integravam circos ou 
zoológico) e os animais domésticos que não estão voltados à produção (ex.: cachorro e gato). 
O §6° pune o abigeato (furto de gado) de forma mais gravosa. 
Art. 155, §6°, Lei 14.155 - § 6º - A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a 
subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em 
partes no local da subtração. 
O agente que pratica o abigeato é o abigeator. Não se confunde o abigeato com o abacto, que é o 
roubo dos semoventes. Quando o agente mata ou divide o animal em partes no momento da subtração, ainda 
haverá a incidênciada qualificadora. 
Existe a possibilidade do furto qualificado privilegiado, no caso de furto de semovente domesticável 
de produção, desde que preenchidos os requisitos do privilégio do §2° (agente primário e de pequeno valor 
a coisa subtraída). A qualificadora do furto é de índole objetiva. 
O Tema 1.087 da jurisprudência do STJ, diz que a majorante do repouso noturno não será aplicada às 
hipóteses de furto qualificado, pois conforme a localização topográfica não se pode aplicar o §1º às hipóteses 
que lhe vêm abaixo. 
Pode haver a cumulação do art. 155, §6°, com algumas das qualificadoras do §4°. Exemplo: o 
indivíduo tem que romper as cercas e os muros da propriedade, para acessar o rebanho. Isso vai incidir tanto 
no §4°, I, quanto no §6°. 
O art. 155, §7º, diz que: 
Artigo 155, §7°, CP - § 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a 
subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, 
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. 
No §4°-A, o furto com o emprego dos explosivos ou artefatos análogos eram utilizados como uma 
forma especial de rompimento de obstáculo. No §7º, a punição na forma qualificada é para a subtração das 
substâncias explosivas ou dos acessórios que vão possibilitar a fabricação, montagem e emprego destes 
explosivos. 
Apenas o fato de o indivíduo subtrair a substância explosiva ou acessório é um furto qualificado, ainda 
que ele não vá utilizar este explosivo para explodir um cofre ou um caixa eletrônico depois. São condutas 
autônomas que, não necessariamente, ocorrem seguidamente. 
Alguns doutrinadores admitem o concurso de crimes, eles dizem que seria possível quando o 
indivíduo entra em uma indústria química ou em uma fábrica de produção de explosivos, os subtrai, monta 
os explosivos a partir das substâncias que ele subtraiu e após duas semanas vai até um caixa eletrônico e o 
explode para retirar valores. Esse seria o furto do §7°, art. 155. São condutas distintas, em momentos 
distintos, que atingem patrimônios diversos. Assim, a doutrina vai dizer que é possível ter um concurso 
material de infrações penais. 
7.2 Furto de Coisa Comum 
O art. 156 prevê o tipo penal do furto de coisa comum: 
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Art. 156, Lei 14.155 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a 
quem legitimamente a detém, a coisa comum: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
§ 1º - Somente se procede mediante representação. 
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a 
que tem direito o agente. 
Para que a persecução penal ocorra é necessário haver uma manifestação de vontade da vítima (ação 
penal pública condicionada à representação), submetida a um prazo decadencial de 6 (seis) meses, a partir 
do conhecimento da autoria delitiva. 
É uma infração de menor potencial ofensivo, pois a pena máxima não ultrapassa 2 (dois) anos. 
Exemplo: dois indivíduos são sócios em uma produção de arroz. Um deles leva uma parte da coisa 
comum. Restará caracterizado o crime de furto de coisa comum, pois enquanto sócios tudo deve ser dividido. 
O §2º diz que quando o sócio pega apenas a sua quota, não haverá punição. Exemplo: a divisão é de 
50% para cada. O sócio pega os 50% que era dele. Neste caso, não haverá punição. Caso ele ultrapasse essa 
quota e pegue 75%, haverá a tipificação do art. 156. 
Trata-se de um crime próprio que exige uma característica especial do sujeito ativo, podendo ser o 
co-herdeiro, o sócio ou o condômino, por exemplo. 
Para que se caracterize o furto de coisa comum, é necessário que a coisa esteja em poder de terceira 
pessoa. Caso esteja na posse do próprio indivíduo que dela vai se apropriar, o crime será o de apropriação 
indébita. 
7.3 Roubo 
O art. 157 prevê o crime de roubo: 
Art. 157, Lei 14.155/2021 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante 
grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à 
impossibilidade de resistência: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
O roubo é um crime complexo formado pela fusão de outros delitos, como o furto e a lesão corporal 
ou o furto e a ameaça. 
Características: 
• Crime pluriofensivo: ofende mais de um bem jurídico. A tutela não é somente ao patrimônio, 
protege também a integridade física, psicológica e a liberdade individual das vítimas. Diante 
dessa pluriofensividade, não há a aplicação do princípio da insignificância e não há a figura 
do roubo privilegiado. 
• Crime comum: qualquer pessoa pode praticar e qualquer pessoa pode ser vítima. 
• Crime de forma livre: pode ser praticado de diferentes maneiras. 
• Crime instantâneo: possui resultado naturalístico e há uma modificação no mundo dos fatos. 
• Crime unisubjetivo: pode ser praticado tanto por um único agente como por diversos 
agentes. É um crime de concurso eventual. 
O roubo somente é praticado na forma dolosa. O elemento subjetivo é o dolo acrescido do animus 
rem sibi habendi (fim de assenhoramento definitivo da coisa). 
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O roubo pode ser praticado mediante grave ameaça, que é a violência moral ou vis compulsiva, é a 
promessa de prática de um mal grave, seja por gestos, palavras ou símbolos. O potencial intimidatório desta 
ameaça é verificado no caso concreto. 
Exemplo: um indivíduo está andando na rua e é obrigado a entregar a sua carteira, sob ameaça de 
morte. É um crime de roubo, pois ocorreu uma grave ameaça. 
A jurisprudência e a doutrina dizem a arma que não efetua disparos ou a arma de brinquedo, 
corresponderão à grave ameaça, pois intimidam a vítima, mas não permite a incidência da majorante. 
Para além da grave ameaça, o roubo pode ser praticado mediante violência própria (vis corporalis). 
Exemplo: o indivíduo que dá um golpe e derruba a vítima no chão ou a enforca. Todas estas condutas 
caracterizam a violência própria. 
Os conhecidos como “trombadinhas” são aqueles sujeitos que empurram a vítima para subtrair bens, 
se aproveitando de um contexto de aglomeração de pessoas. Essa conduta poderá se enquadrar no crime de 
roubo ou no crime de furto, a depender da situação. Quando a trombada é apenas para a vítima se distrair, 
sem haver uma ofensa à integridade corporal, será caracterizada como furto. Quando há um contato físico 
violento e a vítima cai, haverá o crime de roubo, pois há um intenso contato físico para eliminar ou reduzir as 
possibilidades de defesa da vítima. 
7.3.1. Roubo Impróprio 
O art. 157, caput, parte final, traz a previsão do roubo por qualquer meio que reduza a vítima à 
impossibilidade de resistência, é a denominada violência imprópria. São meios ardilosos ou sub-reptícios. 
Exemplo: um indivíduo quer subtrair bens de uma mulher que está em um bar à noite. Ela está 
sozinha tomando algumas bebidas, e ele percebe que se trata de uma mulher de muitas posses, com joias, 
bolsa de marca, carteira etc. Ele a convida para uma bebida e coloca uma substância na bebida dela (“boa 
noite Cinderela”). A mulher desmaia e o indivíduo se aproveita deste sono profundo para subtrair os bens. 
Apesar de não ter violência ou grave ameaça, estará caraterizado o crime de roubo, pois ele se utilizou 
da violência imprópria, de forma a retirar sua possibilidade de resistência. 
O roubo próprio, previsto no art. 157, caput, pode ser praticado mediante violência, grave ameaça ou 
violênciaimprópria. 
O §1º trata do roubo impróprio ou por aproximação: 
Art. 157, §1°, Lei 14.155/2021 - § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de 
subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a 
impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. 
Em regra, no roubo do caput, a subtração ocorre após a violência ou grave ameaça. No roubo 
impróprio, a grave ameaça ou a violência são utilizadas posteriormente à subtração. 
Exemplo: um grupo de amigos vão à um happy hour em um restaurante. Enquanto essas pessoas 
estão distraídas, um indivíduo passa, pega um celular, coloca nas suas vestes e caminha até a saída do 
restaurante. Uma pessoa que estava no local percebe a subtração e grita. O indivíduo saca uma arma de fogo, 
aponta para a pessoa que gritou e a ameaça de morte. 
Essa é uma situação de progressão criminosa, ele começa com o crime menos grave (furto), evolui no 
dolo e realiza a grave ameaça para assegurar a detenção da coisa (roubo). 
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A violência somente poderá ser própria. Não há a possibilidade de roubo impróprio praticado 
mediante violência imprópria, pois nesta primeiro se reduz a possibilidade de resistência da vítima, para 
depois se subtrair. O roubo impróprio pressupõe o contrário, primeiro subtrair para depois empregar a 
violência, logo, há uma incompatibilidade lógica. 
Existem divergências doutrinárias acerca da tentativa, no roubo impróprio. Segundo o entendimento 
do STJ e do professor Damásio de Jesus, a tentativa não é cabível, pois o crime de roubo vai se consumar com 
o emprego da violência e com a posse da coisa, pelo agente. Este é o entendimento que prevalece. 
O professor Mirabete vai entender que é possível o conatus quando o agente tenta empregar 
violência ou grave ameaça para assegurar a impunidade do crime, após se apoderar da coisa, mas é impedido 
por circunstâncias alheias à sua vontade. 
7.3.2 Consumação do Crime de Roubo 
Há a incidência da Teoria da Amotio e da Súmula 582 do STJ. A posição pacífica dos tribunais é no 
sentido de que: 
Súmula 582, STJ - Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante 
emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à 
perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse 
mansa e pacífica ou desvigiada. 
Conforme a Teoria da Amotio, o crime de roubo se consuma com a inversão da posse do bem. 
Portanto, com a adoção da teoria da amotio, o crime de roubo passa a ter feições de crime formal, já 
que basta o emprego da violência ou grave ameaça, com a consequente inversão da posse do bem, ainda que 
não se opere a retirada da esfera de vigilância da vítima. 
7.3.3 Roubo Circunstanciado 
O §2° do art. 157, traz o roubo circunstanciado ou majorado, é o roubo com causa de aumento de 
pena. Nestes casos, a pena do roubo será aumentada de 1/3 (um terço) até 1/2 (metade), na terceira fase da 
dosimetria. 
Art. 157, §2, CP - § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação dada pela 
Lei nº 13.654, de 2018) 
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. 
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado 
ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei 
nº 9.426, de 1996) 
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou 
isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 
13.654, de 2018) 
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; (Incluído pela 
Lei nº 13.964, de 2019) 
 
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (Incluído pela Lei 
nº 13.654, de 2018) 
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13654.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13654.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9426.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13654.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13654.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13654.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13654.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13654.htm#art1
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II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de 
artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 
A Lei 13.654/2018 revogou o inciso I, que estabelecia a majorante genérica do emprego de arma e foi 
inserido o §2°-A, com um patamar fixo de 2/3, quando a violência ou ameaça é exercida com o emprego de 
arma de fogo. Embora tenha aumentado a fração de aumento para 2/3, a majorante foi limitada a arma de 
fogo. Não haveria mais a possibilidade de aumento pelo emprego de armas brancas ou armas impróprias. 
 Por ser uma lei nova mais benéfica, retroage para retirar a majorante relativa a todos os roubos 
cometidos com objetos diferentes de armas de fogo (ex.: facas, estiletes, armas brancas etc.). Todavia, o 
Pacote Anticrime restaurou a majorante da arma branca, no inciso VII, mas seguindo o patamar de 1/3 até a 
metade. Assim, somente é possível majorar a pena do roubo pelo emprego de arma branca a partir da 
vigência do Pacote Anticrime, em 23 de janeiro de 2020. 
O inciso II trata do roubo praticado com destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego 
de explosivo ou artefato análogo que cause perigo comum. Exemplo: um indivíduo ingressa na agência 
bancária, se depara com o vigilante, emprega violência contra ele e instala os explosivos no caixa eletrônico. 
Esta figura é semelhante ao furto qualificado pelo emprego de explosivos e artefatos análogos que 
causam perigo comum, mas no roubo apenas haverá o aumento de 2/3 dos patamares da pena em abstrato. 
O Pacote Anticrime inseriu este furto qualificado no rol dos crimes hediondos, mas não inseriu o roubo do 
inciso II, §2º-A, apesar de ter o mesmo modus operandi. O Pacote Anticrime tornou algumas figuras do roubo 
hediondas, inclusive o roubo com emprego de arma de fogo (§2º-A, I), mas foi silente em relação ao inciso II. 
No entanto, o furto é hediondo quando praticado mediante o emprego de explosivo ou artefato 
análogo e o roubo, não. 
No Brasil, adota-se o sistema de rol fechado quanto aos crimes hediondos, ou seja, a opinião do 
julgador não é considerada. Esta é uma patente desproporcionalidade, a qual deve ser corrigida, mas somente 
será corrigida com alteração legislativa. 
Quanto ao emprego de arma, é importante que esta arma seja efetivamente empregada, ou seja, que 
a vítima perceba a arma e seja capaz de descrever a abordagem ou que ocorra o porte ostensivo. Quando o 
roubo é praticado em concurso de pessoas e apenas uma delas está portando a arma, o roubo serámajorado 
em relação a ambas, pois é uma circunstância de caráter objetivo, logo, se comunica a coautores e partícipes. 
Exemplo: um indivíduo foi preso e denunciado por um roubo majorado pelo emprego de arma de 
fogo. A vítima diz que foi abordada com uma pistola prateada, ele a apontou para ela e pediu o celular. Este 
indivíduo é preso ao longo das investigações e a defesa diz que não era uma pistola, era um simulacro. 
Nesta situação, quando o simulacro não foi apreendido, periciado e constatado que era inofensivo, o 
ônus da prova é da defesa. A jurisprudência diz que a defesa deve levar este simulacro para os autos e, caso 
não haja essa desincumbência quanto ao ônus da prova, vai prevalecer o que a vítima relatou ter visto, 
presenciado e sentido. 
Não é necessário haver a efetiva apreensão e perícia da arma, para haver a incidência da majorante 
do emprego de arma. O potencial lesivo pode ser comprovado por outros meios, como câmeras de vigilância, 
imagens que demonstram que o agente abordou as vítimas com uma arma etc. Caso a defesa, ao longo da 
instrução, diga que a arma era de brinquedo, caberá a esta comprovar. 
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No caso de prisão em flagrante, a arma poderá ser apreendida e deverá ser periciada, para que o 
Instituto de Criminalística de Perícias diga se ela está apta, ou não, a efetuar disparos. Quando apta, haverá a 
incidência da majorante. 
A arma desmuniciada equivale a uma arma sem potencial lesivo. Quando desmuniciada, não oferece 
situação mais gravosa para a vítima, não há nenhum incremento da potencialidade lesiva deste artefato. Por 
isso, a majorante não vai incidir nesta situação. 
 Este é o entendimento mais recente do STJ, a arma desmuniciada não permite a incidência da 
majorante. Veja alguns julgados: 
AgRg no AREsp 722.298/ES, STJ - PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO 
ESPECIAL. ROUBO. DOSIMETRIA. USO DE ARMA DE FOGO DESMUNICIADA. EXCLUSÃO DA 
MAJORANTE DO ART. 157, § 2º, I, DO CP. NECESSIDADE. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO 
REGIMENTAL IMPROVIDO. 
1. A decisão agravada deve ser mantida por seus próprios fundamentos, porquanto 
encontra-se em consonância com o entendimento deste Tribunal superior. 
2. De acordo com a jurisprudência desta Corte superior, o uso de arma desmunicidada, no 
delito de roubo, caracteriza o emprego da grave ameaça, mas não pode ser utilizada como 
causa de aumento - art. 157, § 2º, I, do CP. Precedente. 
3. Agravo regimental improvido. 
(AgRg no AREsp 722.298/ES, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 
13/03/2018, DJe 26/03/2018) 
Este julgado trata do roubo com emprego de arma de fogo e incidência no delito de porte de arma 
da Lei 10.826, conhecida como Estatuto do Desarmamento. Na hipótese de o indivíduo utilizar a arma tão 
somente no contexto da subtração, aplica-se o princípio da consunção ou da absorção, pois o porte foi o 
crime-meio para a prática do roubo. A punição pelos dois crimes somente seria possível se tivesse provas da 
utilização da arma em um contexto fático distinto. 
O §2°, II, trata do concurso de pessoas. O roubo é um crime acidentalmente coletivo, ou seja, pode 
ser praticado por uma única pessoa, mas quando praticado por pluralidade de agentes haverá aumento de 
pena. A majorante será aplicada ainda que o coautor seja inimputável, adolescente ou não identificado. 
Exemplo: há uma filmagem provando que determinado roubo foi praticado por 3 (três) pessoas. 
Somente uma delas é presa. Esse sujeito responderá pelo roubo majorado pelo concurso de agentes, ainda 
que os outros não tenham sido presos e identificados. 
Quando o roubo é praticado em concurso com o menor de idade, o crime de corrupção de menores 
(art. 244-B, ECA) será imputado em concurso formal com o crime de roubo. 
O §2°, III, prevê a majorante da vítima que está em serviço de transporte de valores e o agente 
conhece tal circunstância. É o roubo praticado aos carros-fortes, o transporte pode ser tanto de dinheiro como 
de qualquer outro bem que tenha cunho econômico. A majorante não é aplicada quando é o proprietário 
quem está transportando os bens. 
Há uma jurisprudência do STJ que reconheceu esta majorante em um caso de furto a um veículo dos 
correios que estava repleto de mercadorias de produtos de beleza. 
É um crime de dupla subjetividade passiva, ou seja, a vítima é tanto o proprietário dos valores quanto 
quem os transporta. Esse serviço de transporte pode ser o ofício da pessoa ou um serviço ocasional. Não há 
diferença se o transporte ocorre dentro da mesma cidade, localidade ou entre locais ou cidades distantes. 
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O inciso IV trata da majorante da subtração de veículo automotor que vem a ser transportado para 
outro estado ou para o exterior. Esta conduta é punida de forma mais gravosa por conta das dificuldades, 
tanto de recuperação do bem quanto da investigação. 
O conceito de veículo automotor está definido no Código de Trânsito Brasileiro, é o veículo movido a 
motor de propulsão que circula por seus próprios meios (ex.: carros, motos e ônibus). Não inclui trens, barcos 
e metrôs, pois estes circulam sobre trilhos. 
Para a incidência desta majorante, é preciso haver a efetiva transposição das fronteiras. 
No art. 157, §2°, V, há o roubo majorado pela restrição de liberdade da vítima, quando o agente 
mantém a vítima em seu poder, restringindo a sua liberdade. 
Exemplo: o indivíduo ingressa em uma residência com o intuito de subtrair bens. Ao entrar na casa, 
ele se depara com uma funcionária e a tranca e amarra dentro do banheiro, para que a subtração possa ser 
feita de forma mais tranquila. 
É uma restrição de liberdade por tempo relevante que vai permitir que o agente tenha um maior 
tempo de fuga e realize a subtração de forma mais rápida. 
Exemplo 2: o indivíduo está com o seu automóvel parado em um posto de gasolina e um assaltante 
diz para ele ir para o banco de trás. O assaltante assume a direção e permanece com a vítima no carro durante 
20 (vinte) minutos, depois a abandona em um local ermo e foge. 
Neste caso, não era necessário que a vítima ficasse sob poder do assaltante, mas o agente a mantém 
para ganhar tempo de fuga e impedir que ela acione a polícia de forma imediata. É um tempo superior à 
execução do roubo e não se confunde com extorsão mediante sequestro, com sequestro, ou sequestro 
relâmpago. A restrição da liberdade se dá no contexto da subtração patrimonial. 
A partir de 23 de janeiro de 2020, com o advento do Pacote Anticrime, o roubo com restrição de 
liberdade da vítima passa a ser um crime hediondo, passando a integrar o rol taxativo da Lei 8.072 – Lei dos 
Crimes Hediondos. É uma novatio legis in pejus, logo, não será possível aplicar aos roubos anteriores à data 
de vigência do Pacote Anticrime. 
O §2°, VI, traz o roubo das substâncias explosivas ou dos acessórios que, conjunta ou isoladamente, 
possibilitam a fabricação, montagem ou emprego. É uma figura análoga ao furto, independentemente do uso 
que venha a se dar posteriormente a estas substâncias ou a estes acessórios, há grave ameaça a pessoa e 
pode existir o concurso de crimes. Primeiro a pessoa rouba a substância explosiva e depois pode furtar 
utilizando destes artefatos. Cabe ressaltar que não é uma figura hedionda. 
O §2°, VII, é a violência ou grave ameaça exercida com o emprego de arma branca, majorante que foirestabelecida pelo Pacote Anticrime e somente será aplicada aos fatos praticados após a sua vigência. 
A arma branca é conceituada como todo objeto que, embora tenha sido fabricado com uma 
finalidade, em princípio, lícita, também é capaz de intimidar ou ferir. É o exemplo de uma faca, a qual pode 
ser utilizada para as mais diferentes finalidades lícitas, mas também pode intimidar e ferir alguém. 
Art. 157, §2°-B- § 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma 
de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste 
artigo. 
Para a majorante do emprego de arma de fogo no roubo, é preciso saber se a arma é de uso permitido, 
restrito ou proibido. Quando a arma é de uso permitido, a incidência se dá no §2°-A, I. Quando for de uso 
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restrito ou proibido, a incidência se dá no §2°-B. Ambas as figuras são hediondas, inseridas pelo Pacote 
Anticrime no rol da Lei 8.072. A diferença está na fração de aumento, no roubo praticado com a arma de fogo 
de uso permitido, o aumento se dava no patamar fixo de 2/3, no §2°-B, há a aplicação em dobro da pena 
prevista no caput, ou seja, 8 (oito) anos. 
O Estatuto do Desarmamento - Lei 10.826, não conceitua o que são armas de uso permitido, restrito 
ou proibido, cabem a decretos do Poder Executivo fazer tais definições. No início de 2023, o Brasil passou por 
uma mudança governamental e, consequentemente, política, em relação ao acesso às armas. O que antes 
era bastante estimulado e incentivado, passou a ser mais restrito. 
A arma de uso proibido está definida em tratados e Convenções Internacionais. São armas nucleares 
utilizadas para destruição em massa, como no caso de guerras. Estas armas são dissimuladas, objetos 
aparentemente inofensivos que camuflam uma arma de fogo. Exemplo: uma caneta com aptidão para 
disparar projéteis pela força expansiva dos gases. É considerada uma arma de uso proibido, pois é uma arma 
dissimulada semelhante a um objeto inofensivo. 
As armas de uso proibido são as de destruição em massa, das convenções e tratados internacionais e 
as armas de simulacros. Essa informação é dada nas questões de prova, basta saber as consequências 
jurídicas. 
A causa de aumento do §2º-B apenas se aplica às armas de fogo de uso restrito ou proibido. As 
armas de uso permitido serão tipificadas no §2º-A. 
O art. 68, parágrafo único, é aplicado quando há pluralidade de causas de aumento de pena. 
Artigo 68, parágrafo único, CP - Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de 
diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só 
diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.(Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Uma ou mais causas de aumento podem ser desprezadas, e todo e qualquer aumento acima da fração 
mínima de 1/3 (um terço) deve ser devidamente fundamentado. 
Nesse sentido, também há a Súmula 443 do STJ. 
Súmula 443, STJ - O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo 
circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua 
exasperação a mera indicação do número de majorantes. 
Ou seja, não é possível fazer uma correlação puramente aritmética entre o número de majorantes e 
aumento, é necessário haver fundamentação. Caso fosse apenas um exercício de calcular a quantidade de 
majorantes e a fração de aumento, um robô poderia fazer a aplicação da pena desconsiderando todas as 
peculiaridades do caso concreto. Isto violaria o princípio da individualização das penas, que é um dos 
princípios mais importantes do Direito Penal e da Execução Penal. 
7.3.4 Roubo Qualificado pelo Resultado 
O roubo qualificado pelo resultado está no art. 157, §3º. 
O §2° tratava das formas majoradas, com frações que aumentam a pena na terceira e última fase da 
dosimetria. O §3° prevê patamares em abstrato já alterados no tipo penal, há a previsão de um novo mínimo 
e um novo máximo de pena. 
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Os resultados que qualificam o roubo, são: lesão grave, gravíssima e morte. 
O roubo qualificado pelo resultado morte é conhecido como latrocínio. 
1. Roubo qualificado pelo resultado lesão grave ou gravíssima: 
Art. 157, §3º, CP - § 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018) 
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e 
multa; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 
Quando o inciso I menciona a lesão grave, compreende-se também a gravíssima. A lesão leve não se 
insere no §3º. 
As majorantes do §2º não são aplicadas, pois se está diante de patamares de pena em abstrato 
aumentados. Dessa forma, não é possível haver um latrocínio majorado pelo concurso de agentes, por 
exemplo, pois o patamar de pena mínima já começa em 20 (vinte) anos. 
O crime qualificado pela lesão grave ou gravíssima estará consumado com a produção da lesão, ainda 
que a subtração patrimonial não aconteça. Para o crime qualificado pelo resultado se consumar, basta que 
o resultado qualificador aconteça. 
O roubo do §3º, não necessariamente, é uma figura preterdolosa3. É possível haver a conjugação de 
dolo no antecedente e culpa no consequente, mas também pode-se verificar dolo no antecedente e dolo no 
consequente. Por isso, não é possível afirmar que a situação do roubo do §3° identifica-se ao crime 
preterdoloso. 
Exemplo: um indivíduo aborda uma pessoa que está transitando na rua com a sua bicicleta, com o 
intuito de a subtrair. A vítima se recusa. O indivíduo dispara a arma de fogo contra o pé desta vítima. Esse 
disparo vai provocar uma lesão de natureza grave ou gravíssima. 
Neste caso, há uma lesão corporal grave ou gravíssima, decorrente de um comportamento doloso. O 
disparo contra o pé da vítima foi doloso. Dessa forma, o crime de roubo qualificado pelo resultado possui 
dolo quanto à subtração e dolo quanto à provocação da lesão corporal. 
Após a vigência do Pacote Anticrime, em 23 de janeiro de 2020, esta figura do inciso I passou a constar 
do rol dos crimes hediondos. Antes desta data não se pode considerar como hediondo, devido a 
irretroatividade da norma penal mais gravosa. O latrocínio já fazia parte deste rol. 
2. Roubo qualificado pelo resultado morte (latrocínio): 
Art. 157, §3º, CP - § 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018) 
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. (Incluído pela Lei 
nº 13.654, de 2018) 
O latrocínio é um crime complexo, pois há a fusão do roubo com o homicídio. 
É um crime pluriofensivo, pois ofende dois bens jurídicos, a vida e o patrimônio. 
 
3 Os crimes preterdolosos são aqueles em que há dolo no comportamento antecedente e culpa quanto ao 
consequente. 
 
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O latrocínio é da competência do juízo singular, embora ofenda a vida, não é da competência do 
Tribunal do Júri. Este entendimento está consolidado na Súmula 603 do STF. 
Súmula 603, STF - A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do Juizsingular e não do Tribunal do Júri. 
A natureza do latrocínio de crime contra o patrimônio prevalece, porque a ofensa à vida é o meio 
para se praticar a subtração patrimonial. É necessário verificar que o agente emprega dolosamente a violência 
contra a vítima para subtrair. Deve existir uma relação de causalidade entre a subtração patrimonial e a morte 
do agente. 
Exemplo: um indivíduo é contratado por um mandante para matar o seu desafeto. Certo dia, o sujeito 
mata o desafeto e vai até o corpo para verificar se a morte realmente se concretizou. Ao chegar mais perto 
do corpo, ele percebe que o indivíduo possui um cordão de ouro, um relógio, uma carteira e diversos outros 
bens de alto valor. Assim, diante do corpo sem vida, o indivíduo subtrai os bens da vítima. 
Esta situação não se confira o crime de latrocínio, pois não existe relação de causalidade entre a morte 
e a subtração patrimonial. O furto advém de um desígnio posterior. Inicialmente, o indivíduo tinha o dolo de 
matar, como foi combinado com o mandante. 
Neste caso, o indivíduo vai responder por homicídio em concurso material com o crime de furto. O 
crime de furto será julgado pelo Tribunal do Júri, por ser conexo ao homicídio. 
Além disso, a vítima deste crime não é a pessoa falecida, pois o corpo já estava sem vida ao tempo 
da subtração. Conforme o princípio da saisine4, as vítimas serão os herdeiros desta pessoa. 
Veja uma situação comum de latrocínio: 
Exemplo: o indivíduo ingressa em um estabelecimento comercial com uma arma de fogo. Ele tem a 
intenção de subtrair os valores que estão no caixa do estabelecimento comercial. Um dos clientes tenta reagir 
e o assaltante se apavora, disparando a sua arma de fogo. Um dos clientes é atingido e vem à óbito. 
Neste caso, não há dúvidas, é a tipificação do latrocínio. Este disparo foi dado de forma dolosa, para 
que o sujeito conseguisse efetuar a subtração patrimonial. A violência empregada no latrocínio sempre é 
dolosa. 
Exemplo 2: o indivíduo dispara intencionalmente contra uma janela, de forma a assustar os clientes 
da loja, mas essa bala atinge um funcionário que tentava se esconder. 
Nesta situação, o indivíduo vai responder pelo latrocínio consumado, ainda que esta bala tenha 
ricocheteado e ele não tenha direcionado o disparo a uma pessoa específica. Como foi visto, é possível haver 
situações de dolo no antecedente e culpa no consequente. 
A violência empregada é dolosa, mas o resultado morte pode advir de dolo ou de culpa. Haverá 
latrocínio consumado em todas as situações que tiver o resultado morte. 
 
4 Segundo esse princípio, no exato instante da morte o patrimônio se transfere aos herdeiros. 
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Latrocínio consumado x tentado: 
O latrocínio será consumado quando a subtração e a morte se consumarem e quando apenas a morte 
restar consumada. O crime é consumado quando o resultado agravador é atingido, ainda que a subtração não 
ocorra. 
Súmula 610, STF - Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não 
realize o agente a subtração de bens da vítima. 
Dessa forma, ainda que o indivíduo do exemplo acima não tenha conseguido subtrair a quantia, o 
funcionário faleceu em razão do disparo que ele deu no contexto da subtração, portanto, será latrocínio 
consumado. 
O latrocínio será tentado quando a morte e a subtração forem tentadas e quando a subtração se 
consuma e a morte é tentada. 
Exemplo: o funcionário que leva o disparo no exemplo anterior, é socorrido eficazmente e o sujeito 
consegue sair do estabelecimento com as quantias. 
Neste caso, há um latrocínio tentado. O disparo era apto a matar, mas a vítima sobrevive por 
circunstâncias alheias à vontade do agente. A subtração foi consumada, mas a morte foi tentada, portanto, o 
latrocínio será caracterizado como tentado. 
Pluralidade de mortes no latrocínio: 
Para aferir a quantidade de crimes, é preciso verificar quantos patrimônios foram atingidos. O número 
de mortes não vai ditar a quantidade de crimes de latrocínio. 
Exemplo: um indivíduo vai subtrair bens de uma casa. Ele subtrai um carro, uma quantia em dinheiro, 
relógio etc., mas todos os bens são do proprietário da casa. Neste contexto, morre o proprietário da casa e 
um de seus filhos, menor de idade. 
Neste caso, há apenas um crime de latrocínio, pois um único patrimônio foi atingido. As duas mortes 
não serão ignoradas, haverá a devida valoração na primeira fase da dosimetria. O juiz deverá avaliar as 
circunstâncias judiciais (art. 59, CP) e aumentar a pena base desse indivíduo, devido as consequências do 
crime. 
Haverá concurso formal de crimes quando mais de um patrimônio é atingido. 
Exemplo: no contexto do assalto na loja, ele subtraiu bens de vários clientes e provocou mais de um 
resultado morte. 
Neste caso, haverá concurso formal impróprio (art. 70, CP) e o somatório das penas, pois os desígnios 
eram autônomos. 
Concurso de pessoas no latrocínio: 
Exemplo: no contexto do exemplo do assalto na loja, entram três assaltantes, sendo dois desarmados 
e um armado. Os que estão desarmados são encarregados de subtrair os bens, fazer a vigilância e alertar 
sobre a aproximação da polícia. O que está armado não deixou nada definido sobre o disparo ou sobre 
provocar mortes. Porém, no contexto do crime, ele dispara e mata uma pessoa. 
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Neste exemplo, os outros dois coautores que estavam desarmados também vão responder por 
latrocínio. 
O Direito Penal brasileiro adota a teoria unitária ou monista quanto ao concurso de pessoas, 
portanto, prevalece o entendimento de que todos os coautores responderão pelo latrocínio consumado. 
O art. 29, CP, trata do concurso de pessoas: 
Art. 29, CP - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este 
cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
No exemplo, todos ingressam com dolo de subtração e sabem que o coautor está armado, logo, eles 
estão cientes da possibilidade de ocorrer um resultado agravador, assim, todos respondem pelo latrocínio 
consumado. 
IMPORTANTE 
Para o STJ, não é possível reconhecer a continuidade delitiva entre o roubo e o latrocínio. A ficção 
jurídica do art. 71, CP, não poderá ser reconhecida entre estes crimes, pois não são crimes de mesma espécie, 
embora ambos sejam do mesmo gênero contra o patrimônio. 
O crime continuado verifica-se quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica 
dois ou mais crimes da mesma espécie. O indivíduo deve estar nas mesmas condições de tempo, lugar e 
utilizando o mesmo modus operandi (maneira de execução), assim, os crimes subsequentes são tidos como 
uma continuação do primeiro. 
O crime continuado é um instituto benéfico aos acusados. 
Exemplo: o indivíduo que encontra um estacionamento de veículos e pratica vários furtos 
seguidamente. Neste caso, estará caracterizado o crime continuado. 
Exemplo 2: o indivíduo pratica um roubo em um estabelecimento comercial. Após um tempo, ele vai 
para outra região da cidade e pratica um novo roubo, mas dispara e mata a vítima. Neste caso, não haverá 
continuidade delitiva. 
 
 
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DIREITO COLETIVODO TRABALHO Aula 03 
Professora Carolina Assunção 
10.4. Receitas Sindicais 
As receitas sindicais são um tema importante que passou por mudanças significativas com a reforma 
trabalhista, especialmente a eliminação da contribuição sindical obrigatória após a Lei 13.467. 
Foi estudada anteriormente algumas amarras à liberdade sindical em razão do Brasil ter adotado um 
sistema corporativista inspirado na Carta del Lavoro italiana. Nesse sistema corporativista, o sindicato era 
considerado um braço do Estado, atribuindo ao sindicato certas competências, atividades e funções que 
deveriam ser desempenhadas independentemente de o trabalhador estar ou não filiado ao sindicato, de a 
empresa estar ou não sindicalizada em relação ao seu sindicato. Em contrapartida, o Estado fornecia a esses 
sindicatos uma contribuição obrigatória, que no caso dos trabalhadores correspondia a um dia de trabalho 
por ano, sendo descontada de forma compulsória dos salários. Não era uma escolha, mas sim uma cobrança, 
semelhante à cobrança de tributos fiscais, de natureza fiscal. Além da contribuição sindical obrigatória, os 
sindicatos também tinham obrigações, como a homologação das rescisões contratuais em contratos de 
trabalho com duração superior a um ano. 
A doutrina considerava que a receita sindical obrigatória como um vestígio do sistema corporativista. 
Isso porque tratava-se de uma associação privada envolvida em questões privadas, mas que recebia uma 
receita compulsória estabelecida pelo Estado. Em troca, o Estado exigia que realizassem certas tarefas, 
mesmo que o trabalhador, entidade ou empresa não estivessem sindicalizados ou associados a esse sindicato 
específico. Portanto, havia uma percepção de certa intervenção, onde uma entidade privada recebia receitas 
ligadas a uma obrigação imposta pela lei infraconstitucional, neste caso, pela CLT. 
A contribuição sindical obrigatória era vista como um resquício da falta de liberdade sindical. A 
doutrina não era contra a sua retirada, mas parte dela se insurgiu com a retirada repentina desses valores. 
Esses valores eram e ainda são muito importantes, e sua ausência ainda é sentida, mesmo mais de cinco anos 
após a reforma, para a manutenção dos sindicatos. Muitos sindicatos tinham na receita sindical sua principal 
fonte de financiamento, usando parte desses recursos para contratar profissionais especializados em 
negociação coletiva e advocacia, a fim de defender os interesses da categoria. O que se critica, portanto, na 
reforma, não é a retirada da contribuição sindical obrigatória, mas sim a sua remoção abrupta, sem um 
cronograma e um período para que essas entidades pudessem se ajustar à ausência desses recursos. 
É importante entender que esta crítica está bastante focada na forma como a retirada foi 
implementada. No geral, a reforma acertou ao modificar e abolir a contribuição sindical obrigatória, 
seguindo a direção que buscamos para alcançar uma ampla liberdade sindical. No entanto, é crucial notar 
que além de abolir essa contribuição, a reforma trabalhista também introduziu requisitos para que os 
sindicatos pudessem realizar descontos na folha de pagamento dos empregados ou nas empresas 
sindicalizadas. É necessária uma autorização prévia e explícita para que esses valores sejam repassados aos 
sindicatos. A nova redação do artigo 578 reflete essas mudanças. 
CLT. Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias 
econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas 
entidades serão, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas 
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na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente autorizadas. 
(Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) 
Estamos agora completamente opostos ao que tínhamos antes, que era uma contribuição 
compulsória sem necessidade de autorização prévia. Agora é necessário que o empregado ou a empresa 
conceda essa autorização de forma clara e antecipada para qualquer cobrança. 
O artigo 579 estabelece que: 
CLT. Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e 
expressa dos que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, 
ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou 
profissão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação. 
(Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) 
A contribuição sindical obrigatória foi abolida, porém, outras formas de contribuição sindical ainda 
existem, como a contribuição assistencial e a contribuição facultativa. Essas contribuições são geralmente 
cobradas dos empregados sindicalizados que autorizam expressamente o desconto em seus contracheques. 
Eles reconhecem a importância de contribuir voluntariamente com o sindicato para que este tenha recursos 
necessários para defender melhor os interesses da categoria. O empregado pode optar por pagar uma 
contribuição assistencial, pois ao fazê-lo, ele tem acesso a uma série de benefícios garantidos pelo sindicato, 
como descontos em lojas, serviços na cidade, convênios com passagens aéreas, hotéis, hotéis fazenda na 
região, entre outros. Isso pode motivar o trabalhador a considerar vantajoso pagar essa contribuição 
assistencial. 
Exemplo: há sindicatos na região de mineração e metalurgia em que os empregados, ao pagarem 
essa contribuição, têm direito a reservar casas de temporada do sindicato na praia para suas férias. Quem 
paga a contribuição assistencial pode escolher datas para usufruir desse benefício. Existem também outros 
tipos de contribuições que tradicionalmente só poderiam ser cobradas dos empregados sindicalizados. 
Com o advento da reforma trabalhista, o fim da contribuição sindical obrigatória e, 
consequentemente, com algumas obrigações vinculadas a essa contribuição como a homologação das 
rescisões contratuais de contratos com mais de um ano. Isso reabriu o debate sobre a necessidade e 
possibilidade de cobrar contribuições federativas, facultativas e assistenciais dos empregados não 
sindicalizados, que ainda assim se beneficiam de serviços prestados pelo sindicato. Todos os direitos 
garantidos por normas coletivas são aplicáveis tanto aos empregados sindicalizados quanto aos não 
sindicalizados. Isso significa que há empregados não sindicalizados que não contribuem financeiramente para 
o sindicato, mas ainda assim usufruem das cláusulas benéficas negociadas, as quais trazem vantagens para 
toda a categoria. Esses indivíduos são conhecidos na doutrina como free riders ou “caroneiros”, pois 
aproveitam os benefícios conquistados através das árduas negociações sindicais sem contribuir 
financeiramente para tal. 
Começou-se a reexaminar a jurisprudência, que até então permitia apenas a cobrança de 
contribuições de quem era sindicalizado. Com a alteração na legislação jurídica, surge uma mudança de 
raciocínio. Nesse momento, uma vez que o sindicato não recebe mais nenhum valor e não há contrapartida 
por esses recursos ao realizar funções para toda a categoria, surge a questão. Porque, além da homologação, 
entendia-se que o dever de negociar decorria das funções principais do sindicato e que ele estava sendo 
remunerado com a contribuição sindical obrigatória para negociar em nome de todos. Com a falta dessa 
contribuição, começou-se a ponderar se seria necessário revisitar a base jurisprudencial, considerando a 
significativa alteração legislativa que poderia afetar ratio decidendi. Houve de fato uma mudança na legislação 
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm#art591
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
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que alterou as circunstâncias jurídicas, exigindo uma análise renovada dos fatos sob uma nova perspectiva 
jurídica. Este tema tem sido discutido na jurisprudência e na doutrina desde 2017. Seria o momento de 
avançar para permitir a cobrança de contribuições de não sindicalizados, ou deveria manter o raciocínio 
que vigorava quando havia a contribuição sindical obrigatória? 
Inicialmente, este assunto tem sido debatido, em 2022 houve o julgamento do tema 935 do STF, que 
estabeleceu a seguinte tese: 
Tema 935 - Inconstitucionalidade da contribuição assistencial imposta aos empregados 
não filiados ao sindicato, por acordo, convenção coletiva de trabalho ou sentença. 
Tese: É inconstitucional a instituição, por acordo, convenção coletiva ou sentença 
normativa, de contribuições que se imponham compulsoriamente a empregados da 
categoria não sindicalizados. (ARE 1018459. Relator. MIN. GILMAR MENDES) 
Até 2022, o STF mantinha a jurisprudência de que quem não é sindicalizado não poderia ser obrigado 
pela norma coletiva a pagar valores sem seu consentimento prévio e expresso. No entanto, com a fixação da 
tese do tema 935, o tribunal reafirmou esse entendimento, alinhando-se ao que vinha sendo decidido 
anteriormente. Isso ocorreu apesar das mudanças jurídicas que questionam se ainda cabe ao sindicato 
negociar em nome de pessoas que não contribuem financeiramente, uma vez que a contribuição sindical 
obrigatória não existe mais. 
ATENÇÃO! 
A seguinte tese foi fixada, e foram interpostos embargos de declaração de maneira que em abril de 2023, 
ocorreu a modificação. Em outras palavras, os embargos de declaração foram utilizados como meio 
modificativo, resultando na indicação da alteração da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal por meio 
dos embargos declaratórios. 
O relator, Ministro Gilmar Mendes, modificou sua decisão, sendo acompanhado pelos ministros Barroso e 
Cármen Lúcia. Os embargos passaram a admitir a tese. Observe que houve uma mudança significativa após 
os embargos de declaração (EDs), especialmente no que diz respeito a alteração fática, permitindo a cobrança 
da contribuição assistencial, ou seja, proibindo a figura do "caroneiro", desde que seja dado ao empregado a 
oportunidade de se opor a cobrança estabelecida em uma norma coletiva. Portanto, percebe-se que nos EDs 
uma indicação clara de uma mudança completa na jurisprudência que vinha sendo estabelecida pelo 
Supremo Tribunal Federal. Contudo, é importante destacar que é uma indicação, uma vez que o julgamento 
ainda não está finalizado. 
Decisão 25 de Abril de 2023 
Após o voto-vista do Ministro Roberto Barroso e do voto da Ministra Cármen Lúcia, que 
acompanhavam o voto ora reajustado do Ministro Gilmar Mendes (Relator) no sentido de 
acolher o recurso com efeitos infringentes, para admitir a cobrança da contribuição 
assistencial prevista no art. 513 da Consolidação das Leis do Trabalho, inclusive aos não 
filiados ao sistema sindical, assegurando ao trabalhador o direito de oposição, alterando a 
tese fixada no julgamento de mérito (tema 935 da repercussão geral) no seguinte sentido: 
É constitucional a instituição, por acordo ou convenção coletivos, de contribuições 
assistenciais a serem impostas a todos os empregados da categoria, ainda que não 
sindicalizados, desde que assegurado o direito de oposição, pediu vista dos autos o 
Ministro Alexandre de Moraes. Nesta assentada, os Ministros Edson Fachin e Dias Toffoli 
anteciparam seus votos, reajustando-os para acompanhar o voto reajustado do Relator. Não 
votou o Ministro André Mendonça, sucessor do Ministro Marco Aurélio, que votara em 
assentada anterior. Plenário, Sessão Virtual de 14.4.2023 a 24.4.2023. 
Por fim, o STF fixou a seguinte tese de repercussão geral no Tema 935: 
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Tese - A tese de repercussão geral fixada no Tema 935 foi a seguinte: “É constitucional a 
instituição, por acordo ou convenção coletivos, de contribuições assistenciais a serem 
impostas a todos os empregados da categoria, ainda que não sindicalizados, desde que 
assegurado o direito de oposição”. 
Em relação ao assunto, há a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5.794, que concluiu pela 
constitucionalidade da contribuição sindical facultativa. A ADI aborda todo esse processo, destacando como 
a contribuição sindical era vista e como a falta de liberdade sindical ainda é considerado um resquício. As 
mudanças promovidas pela reforma foram validadas pelo Supremo Tribunal Federal. 
10.5. Reforma Trabalhista e a Comissão de Empregados 
A Comissão de Empregados é uma instituição criada pela Reforma Trabalhista para concretizar um 
preceito constitucional estabelecido no artigo 11 da Constituição. O Direito do Trabalho na Constituição 
abrange os artigos do 7º ao 11º, sendo que apenas o artigo 7º trata do Direito Individual do Trabalho. Do 
artigo 9º ao 11º, são tratadas questões relacionadas ao Direito Coletivo do Trabalho. O artigo 11 garante aos 
empregados o direito de terem representação dentro da empresa, especificamente: 
CF. Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um 
representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto 
com os empregadores. 
Não é qualquer empresa que está incluída nesse dispositivo; é necessário ser uma empresa com um 
número significativo de empregados. O artigo garante a eleição de um representante dos empregados para 
facilitar o diálogo direto com o empregador. Essa medida visa simplificar a comunicação entre empregados e 
empregador. Ao escolher alguém para falar em nome de todos, o diálogo se torna mais eficiente do que cada 
indivíduo falando por si só. Isso também valida uma mínima organização dos trabalhadores perante seu 
empregador, promovendo uma interlocução mais fluida entre as partes. Embora essa norma esteja na 
Constituição desde 1988, não havia uma regulamentação prévia sobre como essa comissão de empregados 
deveria ser estruturada. 
10.6. Convenção nº 135 da OIT – ratificada em 1989 pelo Brasil 
Neste ponto é importante destacar a Convenção 135 da Organização Internacional do Trabalho 
(OIT), ratificada pelo Brasil em 1989, um ano após a promulgação da Constituição da República. Esta 
convenção segue o mesmo caminho da Constituição de 1988 ao estabelecer, no artigo 1º, que: 
CONVENÇÃO 135/OIT. Art. 1º — Os representantes dos trabalhadores na empresa devem 
ser beneficiados com uma proteção eficiente contra quaisquer medidas que poderiam vir a 
prejudicá-los, inclusive o licenciamento (*), e que seriam motivadas por sua qualidade ou 
suas atividades como representantes dos trabalhadores sua filiação sindical, ou participação 
em atividades sindicais, conquanto ajam de acordo com as leis, convenções coletivas ou 
outros arranjos convencionais vigorando. 
A Constituição aborda a necessidade da Comissão, uma prática existente em outros países que 
chamou a atenção da OIT. A ideia de proteger do empregado, pois sua posição pode ser mal interpretada pelo 
empregador. Portanto, é crucial que esse trabalhador tenha garantias e medidas de proteção contra possíveis 
retaliações, contanto que suas ações estejam sempre alinhadas com as normas vigentes naquela situação 
específica. 
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A Convenção nº 135 da OIT estipula que os termos "representantes dos trabalhadores" se referem 
aos representantes eleitos, ou seja, indivíduos escolhidos livremente pelos trabalhadores da empresa, 
conforme as disposições da legislação nacional ou de convenções coletivas. Suas funções não devem abranger 
atividades que sejam exclusivas de sindicatos, respeitando as prerrogativas dos países envolvidos. 
CONVENÇÃO 135/OIT. Art. 3º — Para os fins da presente Convenção, os termos 
‘representantes dos trabalhadores’ designam pessoas reconhecidas como tais pela 
legislação ou a prática nacionais, quer sejam: 
a) representantes sindicais, a saber, representantes nomeados ou eleitos por sindicatos ou 
pelos membros de sindicatos; 
b) ou representantes eleitos, a saber, representantes livremente eleitos pelos trabalhadores 
da empresa, conforme as disposições da legislação nacional ou de convenções coletivas, e 
cujas funções não se estendam a atividades que sejam reconhecidas, nos países 
interessados, como dependendo das prerrogativas exclusivas dos sindicatos. 
A Convenção da OIT traz um alerta importante sobre a grande preocupação de se confundir as tarefas 
e prerrogativas, que são exclusivas da entidade sindical, com a atuação da Comissão de Empregados. É uma 
tentativa de deixar claro que o campo de atuação da comissão de empregados não é o mesmo campo de 
atuação dos sindicatos, já que há certas prerrogativas que são exclusivas da entidade sindical, que não são 
conferidas à Comissão de Representantes. 
Este é um ponto de preocupação na doutrina trabalhista brasileira, especialmente devido à 
diminuição da representatividade dos sindicatos no contexto coletivo trabalhista no Brasil. Há o receio de que 
os trabalhadores possam confundir os representantes da comissão com os sindicatos, esquecendo-se de que 
algumas prerrogativas são exclusivas dos sindicatos, e que é necessário recorrer à atividade sindical para 
buscar certos direitos e prerrogativas. Apesar de ter a regulamentação no artigo 11 desde 1988, não havia 
regulamentação acerca da Comissão de Representantes que veio em 2017, com a reforma trabalhista. 
10.7. LEI 13.467/17 – COMISSÃO DE REPRESENTANTES 
Passando para a CLT e vamos estudar qual foi a opção do legislador ao regulamentar a Comissão de 
Representantes. 
10.7.1. Finalidade 
A finalidade dessa comissão está bem descrita no artigo 510-A da CLT, que diz: 
CLT. Art. 510-A. Nas empresas com mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição 
de uma comissão para representá-los, com a finalidade de promover-lhes o entendimento 
direto com os empregadores 
Nas empresas que tenham mais de 200 empregados, portanto, em perfeita consonância com a 
Constituição da República, é assegurada a eleição de uma comissão para representar os trabalhadores. E qual 
é a finalidade dessa comissão? Promover o entendimento direto com os empregadores, em total 
consonância com o artigo 11. Não é um representar, tal como enuncia às vezes “representantes”, pela 
Convenção da OIT, mas tem uma comissão que será sempre composta por quantidade de número ímpares 
de empregados. 
10.7.2. Composição 
CLT. Art. 510-A. § 1° A comissão será composta: 
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I - nas empresas com mais de duzentos e até três mil empregados, por três membros; 
II - nas empresas com mais de três mil e até cinco mil empregados, por cinco membros; 
III - nas empresas com mais de cinco mil empregados, por sete membros. 
Há uma certa proporcionalidade garantida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 
consonância com a Constituição da República. 
CLT. Art. 510-A. § 2° No caso de a empresa possuir empregados em vários Estados da 
Federação e no Distrito Federal, será assegurada a eleição de uma comissão de 
representantes dos empregados por Estado ou no Distrito Federal, na mesma forma 
estabelecida no § 1° deste artigo. 
Portanto, se a empresa tem diversas sedes dentro do estado, será garantido esse cômputo a partir 
dos estados. Ao menos uma comissão em cada estado assegura que haja contato direto, mesmo que regional, 
com o empregador. 
10.7.3. Atribuições 
As atribuições desta comissão de empregados são delineadas pelo artigo 510-B. É crucial entender 
que essas atribuições não são tão abrangentes quanto as atribuídas aos sindicatos. 
Art. 510-B. A comissão de representantes dos empregados terá as seguintes atribuições: 
I - representar os empregados perante a administração da empresa; (contato direto com o 
trabalhador) 
II - aprimorar o relacionamento entre a empresa e seus empregados com base nos 
princípios da boa-fé e do respeito mútuo; 
III - promover o diálogo e o entendimento no ambiente de trabalho com o fim de prevenir 
conflitos; 
IV - buscar soluções para os conflitos decorrentes da relação de trabalho, de forma rápida 
e eficaz, visando à efetiva aplicação das normas legais e contratuais; 
O inciso IV estabelece buscar soluções para os conflitos decorrentes da relação de trabalho. Essa 
disposição sugere que a comissão atue como um mediador ou conciliador na esfera administrativa, buscando 
resolver problemas internamente por meio de diálogo, boa-fé e cooperação. É importante ressaltar que essa 
atribuição não inclui a busca por soluções através do sistema judicial. Essa abordagem rápida e eficaz 
pressupõe que a atuação ocorra fora da esfera judicial, uma vez que as comissões de representantes 
empresariais não têm competência ou atribuição para atuar dessa forma. 
Além disso, a comissão também deve atuar: 
Art. 510-B. V - assegurar tratamento justo e imparcial aos empregados, impedindo 
qualquer forma de discriminação por motivo de sexo, idade, religião, opinião política ou 
atuação sindical; 
É uma espécie de vigilância constante, garantindo que não haja tratamentos discriminatórios dentro 
da empresa. 
Também é responsabilidade da comissão assegurar que se deve: 
Art. 510-B. VI - encaminhar reivindicações específicas dos empregados de seu âmbito de 
representação; 
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Algumas reivindicações dos empregados que preferem não se identificarem podem ser 
encaminhadas diretamente pela comissão. Isso ajuda a preservar a identidade dos empregados envolvidos, 
enquanto a comissão atua em nome deles de maneira empresarial. Essa função é diferente do sindicato, que 
lida com questões judiciais e administrativas, representando a categoria perante órgãos estatais e o Poder 
Judiciário. O sindicato também pode encaminhar reivindicações ao empregador e negociar convenções 
coletivas para estabelecer normas que pacifiquem as questões. Ao contrário, a comissão de representantes 
não tem essa prerrogativa; suas decisões são verbais, focadas em resolver conflitos por meio de diálogo e 
mediação. Ela não pode formalizar acordos como uma norma coletiva com eficácia geral e obrigatória, 
vinculando a empresa. A atuação da comissão de representantes é menos formal, mais voltada para a 
conciliação e mediação, promovendo um ambiente de trabalho pacífico. 
A doutrina diz, principalmente o professor Maurício Godinho Delgado, com a professora Gabriela, 
argumenta que a Comissão deve lidar com questões "menores" do contrato de trabalho, ou seja, aquelas 
reivindicações mais internas queafetam o ambiente de trabalho, como a convivência e harmonia entre 
empregados e empregador. Essas questões são importantes para resolver problemas que afetam a relação de 
emprego, mas não são tão significativas quanto aquelas que devem ser tratadas pelo sindicato. O sindicato 
possui o poder de estabelecer normas coletivas através de negociações, as quais obrigam as partes a seguir 
essas normas. A comissão de representantes não possui essa autoridade para formalizar essas reivindicações. 
Portanto, a responsabilidade da comissão é lidar com questões relacionadas à logística, administração e 
organização do ambiente de trabalho de forma harmoniosa, não abrangendo temas como salários e jornada 
de trabalho, que têm um impacto mais direto na vida diária dos empregados. 
Art. 510-B. VII - acompanhar o cumprimento das leis trabalhistas, previdenciárias e das 
convenções coletivas e acordos coletivos de trabalho. 
Há uma preocupação da doutrina sobre o papel da Comissão em relação ao sindicato. Enquanto o 
sindicato não apenas firma normas coletivas, mas também fiscaliza o seu cumprimento, através de delegados 
sindicais eleitos para manter contato direto com a base e trazer informações relevantes. A Comissão de 
Representantes também pode desempenhar essa função, mas é crucial manter uma harmonia para evitar 
que a comissão usurpe as responsabilidades do sindicato. Deve-se pensar em uma colaboração que 
acrescente forças, proporcionando maior vigilância dentro da empresa quanto ao cumprimento das normas 
das convenções coletivas e das legislações trabalhistas geral previstas na legislação heterônoma, bem como 
as normas previdenciárias. 
Art. 510-B. § 1° As decisões da comissão de representantes dos empregados serão sempre 
colegiadas, observada a maioria simples 
Por ser uma decisão colegiada e por seguir o princípio da maioria simples, a formação da comissão é 
baseada em números ímpares. Essa escolha legislativa visa evitar que decisões importantes fiquem 
exclusivamente nas mãos de um único trabalhador, promovendo uma abordagem democrática e reduzindo o 
risco de perseguições individuais. Assim, a responsabilidade é distribuída entre os membros da comissão, 
garantindo uma decisão mais plural e compartilhada. 
Art. 510-B. § 2° A comissão organizará sua atuação de forma independente. 
Foi como se o legislador desse um aviso aos sindicatos de que essa comissão é totalmente 
independente do sindicato. Ela pode ser formada até mesmo por trabalhadores que não são sindicalizados. 
A Comissão é uma forma alternativa e independente de organização da categoria dos trabalhadores, 
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possibilitada pela legislação. No sistema brasileiro, que não possui pluralidade sindical, essa é uma tentativa 
de oferecer diferentes formas de representação. Esse entendimento é derivado do §2º do artigo 510. 
10.7.4. Eleições 
O artigo 510-C estabelece como as eleições devem ser realizadas, com normas específicas que devem 
ser seguidas para evitar a nulidade do processo eleitoral. É necessário convocar as eleições com pelo menos 
30 dias de antecedência do término do mandato anterior, por meio de um edital público. Este edital deve ser 
amplamente divulgado na empresa, garantindo publicidade para a inscrição de candidaturas. 
Art. 510-C. A eleição será convocada, com antecedência mínima de trinta dias, contados do 
término do mandato anterior, por meio de edital que deverá ser fixado na empresa, com 
ampla publicidade, para inscrição de candidatura. 
§ 1° Será formada comissão eleitoral, integrada por cinco empregados, não candidatos, para 
a organização e o acompanhamento do processo eleitoral, vedada a interferência da 
empresa e do sindicato da categoria 
É uma comissão, uma representação totalmente independente da entidade sindical. 
Art. 510-C § 2° Os empregados da empresa poderão candidatar-se, exceto aqueles com 
contrato de trabalho por prazo determinado, com contrato suspenso ou que estejam em 
período de aviso prévio, ainda que indenizado 
Será visto que esses candidatos serão dotados de uma estabilidade no emprego, de maneira que se 
afastou a possibilidade de se candidatarem, porque os empregados sabem o termo final dos seus contratos. 
E assim, se teria com uma representatividade que ficaria lacunosa, com o fim do contrato desses 
trabalhadores. Tais trabalhadores estão impedidos de se candidatarem como membros da comissão de 
representantes. Isso está casado com a estabilidade, que será abordado em seguida. 
Outra questão são os empregados que estão com contrato suspenso, como, por exemplo, aqueles 
que estão em gozo de benefício previdenciário. Estes não estarão habilitados a candidatar-se, pois é 
necessário haver alguém dentro da empresa acompanhando o dia a dia para exercer as atribuições de 
fiscalização do cumprimento das normas trabalhistas e das convenções coletivas, além de estabelecer um 
diálogo mais eficaz com o empregador. Quem estiver fora deste ambiente laboral não tem condições de 
exercer todas as atribuições conforme o esperado. 
Quem serão os eleitos? 
Art. 510-C § 3° Serão eleitos membros da comissão de representantes dos empregados os 
candidatos mais votados, em votação secreta, vedado o voto por representação 
Não é possível o voto por representação. Aqui é onde serão escolhidos os mais votados para formar 
a Comissão. 
Art. 510-C § 4° A comissão tomará posse no primeiro dia útil seguinte à eleição ou ao 
término do mandato anterior. 
A posse, pode se optar de qualquer uma dessas formas. 
Art. 510-C § 5° Se não houver candidatos suficientes, a comissão de representantes dos 
empregados poderá ser formada com número de membros inferior ao previsto no art. 510-
A desta Consolidação. 
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Se não houver candidatos suficientes, pode acontecer quando as pessoas não se habilitam para serem 
candidatos à comissão de representantes dos empregados, a comissão poderá ser formada com um número 
inferior ao previsto na CLT, que é de três, cinco ou sete membros. 
Art. 510-C § 6° Se não houver registro de candidatura, será lavrada ata e convocada nova 
eleição no prazo de um ano. 
Portanto, se não houver nenhuma candidatura, será necessário tentar novamente após um ano. 
Durante esse período, é essencial observar o prazo máximo de um ano entre uma nova convocação e a 
anterior, para encontrar pessoas habilitadas para este mandato. 
10.7.5. Duração do Mandato e Similares 
Qual é a duração do mandato? Este mandato tem a duração de um ano. 
Art. 510-D. O mandato dos membros da comissão de representantes dos empregados será 
de um ano. 
Aquele que exercer a função de representante dos empregados não poderá se candidatar nos dois 
períodos seguintes. 
Art. 510-D § 1° O membro que houver exercido a função de representante dos empregados 
na comissão não poderá ser candidato nos dois períodos subsequentes. 
Tentou-se não permitir a reeleição para garantir uma alternância na representatividade, o que 
promove um viés democrático a essa representação. Portanto, quem for eleito representante exercerá por 
um ano e deverão ficar dois períodos subsequentes sem se candidatar. 
Art. 510-D § 2° O mandato de membro de comissão de representantes dos empregados não 
implica suspensão ou interrupção do contrato de trabalho, devendo o empregado 
permanecer no exercício de suas funções. 
O mandato de membro da comissão representante dos empregados não implicará nem suspensão, 
nem interrupção do contratode trabalho, conforme visto no Direito Individual do Trabalho. Na suspensão, 
tanto a atividade principal do empregado quanto a obrigação principal do empregador de pagar salário são 
suspensas. Na interrupção, apenas a atividade principal do empregado é suspensa, significando que ele não 
trabalha, mas ainda recebe salário. 
Na comissão de representantes dos empregados, isso não se constata. O contrato continua 
normalmente, não há suspensão nem interrupção. O empregado continua desempenhando suas atividades 
habituais, ao mesmo tempo, em que fiscaliza o cumprimento das normas, coleta as reclamações dos 
empregados sobre o que não estão satisfeitos e o que estão satisfeitos, e estabelece diálogo com o 
empregador. Durante o exercício dessa função, ele não para de realizar suas funções principais. 
10.7.6. Garantia Provisória de Emprego 
A garantia provisória de emprego está prevista no §3º do artigo 510-D da Consolidação das Leis do 
Trabalho (CLT), que estabelece: 
CLT. Art. 510-D. § 3° Desde o registro da candidatura até um ano após o fim do mandato, o 
membro da comissão de representantes dos empregados não poderá sofrer despedida 
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arbitrária, entendendo-se como tal a que não se fundar em motivo disciplinar, técnico, 
econômico ou financeiro. 
A garantia provisória de emprego é de um ano a partir da candidatura até um ano após o término do 
mandato, com o objetivo de prevenir perseguições. É importante notar que a proteção concedida à comissão, 
ao representante e aos membros da comissão de empregados difere da proteção ao emprego dada ao 
dirigente sindical. A proteção ao dirigente sindical é mais abrangente, pois ele só pode ser dispensado por 
justa causa, após a apuração de falta grave em inquérito específico. 
No caso da Comissão de Representantes dos Empregados, a garantia provisória de emprego é um 
pouco mais limitada, semelhante à garantia dos que atuam na Comissão Interna de Prevenção de Acidentes 
(CIPA), os conhecidos “cipeiros”. Não significa que a dispensa não possa ocorrer, mas ela pode acontecer 
desde que fundamentada em motivo disciplinar, técnico, econômico ou financeiro. Implica que o empregador 
precisa justificar os motivos da dispensa 
Sabe-se que vigora no Brasil, em virtude do artigo 7º, inciso I, da Constituição da República, 
combinado com o julgamento sobre a forma da denúncia da Convenção 158 da Organização Internacional do 
Trabalho (OIT). Foi entendido que, a partir da decisão do STF, somente as convenções e normas internacionais 
posteriores devem seguir as regras relacionadas à denúncia. A forma como a Convenção nº 158 da OIT foi 
denunciada foi considerada válida. Portanto, o ato de dispensa é uma prerrogativa do empregador, não sendo 
necessário que ele justifique os motivos para a dispensa. No entanto, no caso do representante da comissão 
de empregados, é necessário que haja fundamentação, pois, a dispensa pode ocorrer por motivos 
disciplinares, técnicos, econômicos ou financeiros, conforme estabelecido no §3º do artigo 510-D da CLT. A 
dispensa não pode ocorrer por outros motivos além desses elencados no artigo 510-D. Assim, a garantia 
provisória de emprego para esse representante é a mesma concedida ao empregado que participa da CIPA. 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria 
de sua condição social: 
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos 
de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; 
OBSERVAÇÃO 
Lembrando que a CIPA, atualmente chamada Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Prevenção ao 
Assédio, teve seu escopo ampliado em 2022, aumentando as responsabilidades dos “cipeiros”. 
CLT. Art. 510-D § 4° Os documentos referentes ao processo eleitoral devem ser emitidos em 
duas vias, as quais permanecerão sob a guarda dos empregados e da empresa pelo prazo 
de cinco anos, à disposição para consulta de qualquer trabalhador interessado, do 
Ministério Público do Trabalho e do Ministério do Trabalho. 
Existe a necessidade de documentar todo o processo eleitoral por pelo menos cinco anos. 
10.8. Preocupação com a Atuação da Comissão do Sindicato 
OBSERVAÇÃO 
A leitura dos artigos da CLT em conjunto com a Convenção nº 135 da OIT evidencia que os representantes 
eleitos para compor a comissão podem ou não ser membros e participantes do respectivo sindicato dos 
trabalhadores. 
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Não significa que sejam inelegíveis para se filiar a sindicatos, mas não há obrigação de que sejam 
sindicalizados. Podem ou não ter relação com o sindicato. No entanto, mesmo que todos os membros eleitos 
da comissão sejam sindicalizados e participem do sindicato, a Comissão de Representantes é uma estrutura 
completamente independente da entidade sindical. 
A Convenção nº 135 da OIT expressa preocupação para que a Comissão não se envolva em atividades 
tipicamente sindicais, e o artigo 5° aborda isso da seguinte maneira: 
Convenção 135 da OIT. Art. 5º — Quando uma empresa contar ao mesmo tempo com 
representantes sindicais e representantes eleitos, medidas adequadas deverão ser tomadas, 
cada vez que for necessário, para garantir que a presença de representantes eleitos não 
venha a ser utilizada para o enfraquecimento da situação dos sindicatos interessados ou de 
seus representantes e para incentivar a cooperação, relativa a todas as questões 
pertinentes, entre os representantes eleitos, por uma Parte, e os sindicatos interessados e 
seus representantes, por outra Parte. 
O artigo 5º da Convenção nº 135 da OIT demonstra grande preocupação com a atuação dos sindicatos 
em atividades similares ou idênticas. 
10.9. Jurisprudência TST (Tribunal Superior do Trabalho) 
Vamos agora analisar a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho (TST) sobre uma decisão de 
2021, no Informativo nº 244 do TST, referente à Comissão de empregados, declara: 
É ilícita a extinção unilateral pela empresa da comissão de fábrica prevista em regulamento 
interno desde 1992, sem qualquer vinculação a um número mínimo de empregados e com 
nítido intuito continuativo, ainda que reduzido o quadro de funcionários para menos de 
200 empregados. [...] 
Percebam que esta era uma empresa antiga, pois desde 1992, apenas alguns anos após a 
promulgação da Constituição da República, e muitos anos antes da Lei 13.467, ela estabeleceu 
unilateralmente, através de Regulamento Interno, uma comissão de fábrica, mesmo sem a previsão mínima 
de empregados exigida. Entendeu o TST que era ilícita a extinção dessa comissão, mesmo com o quadro de 
funcionários da empresa reduzido a menos de 200 empregados. Por quê? 
[...] Embora exista um condicionamento legal para a instituição cogente de comissão de 
representação dos trabalhadores nas empresas, dado pelo número mínimo de 200 
empregados, é evidente que a Constituição da República autoriza às normas legais 
ordinárias, às normas internacionais ratificadas, à própria negociação coletiva trabalhista e 
até mesmo aos regulamentos internos empresariais que criem regras jurídicas mais 
favoráveis do que a fixada nos arts. 11 da Constituição da República e 510-A da CLT. [...] 
Em termos simples, o TST deixou claro que há muito tempo é possível estabelecer normas diversas, 
seja por meio de norma coletiva, inclusão de cláusula contratual ou regulamento interno, que beneficiem os 
trabalhadores aumentando sua qualidade de vida. Nocaso específico, a comissão de fábrica foi considerada 
uma norma benéfica porque facilita a comunicação entre empregado e empregador. 
[...]No caso, o direito à existência da comissão incorporou-se às relações jurídicas como 
condição mais favorável, independentemente do critério quantitativo fixado na lei. [...] 
Neste caso específico, analisado pelo TST, o direito à existência da Comissão incorporou-se, segundo 
o TST, às relações jurídicas com uma condição mais favorável. Foi estabelecido pelo regulamento interno, não 
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por norma coletiva. Portanto, não se trata de cláusulas de adesão automática por revogação ou extinção 
previstas na análise de outras atividades. A Comissão foi estabelecida em Regulamento Interno, que 
atualmente, conforme as normas estabelecidas pela norma coletiva no artigo 611-A, pode ser elaborado 
dentro de uma norma coletiva, mas em 1992 não era assim, era um regulamento interno feito 
unilateralmente pela empresa. Por ser um ato unilateral, este regulamento se incorporou aos contratos de 
trabalho dos empregados como uma condição mais benéfica. E o TST disse: 
[...]E, por se tratar de vantagem de natureza coletiva, prevista em regulamento 
empresarial, não poderia ser extirpada unilateralmente do patrimônio jurídico dos 
trabalhadores, sob pena de desrespeito aos princípios da inalterabilidade contratual 
lesiva, da incorporação da norma mais favorável, bem como da lealdade e transparência 
nas relações coletivas de trabalho. Vencidos os Ministros Ives Gandra da Silva Martins Filho, 
Relator, Emmanoel Pereira e a Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, que votaram no 
sentido de dar provimento ao recurso ordinário para declarar extinta a comissão de 
representantes de trabalhadores, enquanto perdurar a situação empresarial de possuir 
menos de 200 empregados. TST-ROT-1002264-93.2020.5.02.0000, SDC, red. p/ acórdão Min. 
Mauricio Godinho Delgado, 20/9/2021 – Informativo TST n.º 244. 
Com isso, ficaram vencidos os votos dos ministros, que estão na banca do segundo concurso nacional, 
mas que indicam a visão do TST sobre a importância de ter mais vias de comunicação entre empregado e 
empregador. Isso porque é através dessas vias que se previne o litígio, sempre com o cuidado de a Comissão 
não usurpar prerrogativas do sindicato. A Comissão não é tão duradoura quanto a atividade sindical, de modo 
que esta última tem um papel mais relevante em questões como tempo de trabalho, jornada e questões 
salariais, especialmente aquelas mais importantes para os trabalhadores. Devendo relegar às comissões com 
questões menores, porém ainda relevantes para um ambiente de trabalho saudável e harmonioso, devem 
ser relegadas às comissões. 
1. NEGOCIAÇÃO COLETIVA 
A negociação coletiva é um tema de extrema importância, pois constitui a principal função do 
sindicato. É por meio dela que se exerce e se confere essa criatividade jurídica. 
1.1. Importância da Negociação Coletiva 
A importância da negociação coletiva reside na sua natureza mais democrática de autocomposição 
dos conflitos, uma vez que permite que os próprios interlocutores sociais cheguem a um entendimento 
através da norma coletiva. 
Por outro lado, a CLT estabelece normas genéricas que se aplicam a todo o país e a uma ampla gama 
de formas de trabalho, profissões e funções. Compete à norma coletiva fazer a adequação, trazer à realidade 
dos trabalhadores, abordando certas particularidades que a legislação trabalhista nacional, a CLT, por vezes 
não consegue abordar. Há uma importância evidente na norma da negociação coletiva, é justamente a sua 
capacidade de adaptar a norma trabalhista à realidade específica da localidade e do tipo de trabalho 
realizado. Conclui-se que as partes envolvidas são os melhores legisladoras das relações de trabalho, pois 
possuem um entendimento mais preciso do que é favorável ou desfavorável para elas, em comparação com 
o legislador ou o Poder Judiciário, e compreendem melhor as aspirações associadas àquela relação de 
trabalho. Deve-se, portanto, incentivar a autonomia coletiva dos sujeitos da relação de emprego em 
detrimento da intervenção estatal normativa, evitando que a solução seja levada para o âmbito do Estado ou 
do Poder Judiciário. É preferível trazer a solução para as próprias partes envolvidas na relação negocial. 
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1.1.1. Modelo Democráticos 
Em relação aos modelos de ordens jurídicas trabalhistas existentes, o professor Maurício Godinho 
Delgado enumera três modelos presentes em países que adotam regimes democráticos. Começando 
primeiro pelos modelos adotados por países que possuem uma democracia consolidada e um Estado de 
Direito vigente. 
• Normatização privatista autônoma 
O primeiro modelo democrático adotado por países em Estados democráticos de Direito é a 
normatização privatista autônoma, onde há predominância da norma autônoma e ampla liberdade para as 
partes criá-las. Este modelo é adotado pela Inglaterra e pelos Estados Unidos. Embora haja pouca intervenção 
estatal direta, não se pode dizer que não existam direitos trabalhistas, como discutido no livro "O Mito EUA: 
Um país sem direitos trabalhistas?" de João Renda, da Juspodivm. Este livro é bastante interessante, 
mostrando que os EUA não é um país sem direitos trabalhistas; a maioria da normatização é deixada para as 
próprias partes, uma parte significativa da regulamentação do trabalho ocorre por meio de normas coletivas, 
restando à norma estatal apenas questões pontuais e mais genéricas. 
• Normatização privatística subordinada 
Nos países democráticos, há uma opção pela normatização privatista subordinada, na qual 
predomina a norma autônoma, cuja criação é disciplinada pela norma estatal heterônoma, como ocorre na 
França. Segundo o professor Maurício Godinho Delgado, este é o modelo ideal, pois a norma coletiva 
prevalece, mas a maneira de criar e disciplinar a norma coletiva é estabelecida pela norma estatal. Em outras 
palavras, existem parâmetros e diretrizes estabelecidas pela ordem estatal para que as partes possam 
regular sua relação de trabalho. 
1.1.2. Modelo Autoritário 
• Normatização estatal subordinada 
E há também os modelos autoritários, como o modelo que adota a normatização estatal subordinada, 
onde a norma Jus Trabalhista provém fundamentalmente do Estado, sendo poucos os canais de negociação 
coletiva e ainda sim são controlados. Esse foi um pouco do passado das relações de trabalho e do Direito 
Coletivo do Trabalho no Brasil. Anteriormente, havia poucas oportunidades de negociação coletiva devido ao 
uso exacerbado do movimento paredista das greves e principalmente a grande maioria ir até os tribunais e 
depende de o Poder Judiciário resolver os conflitos via dissídio coletivo, o que era um modelo autoritário não 
desejado. Esse modelo retirava o poder das partes de influenciar e escolher como regulamentar suas relações 
de trabalho, não sendo o modelo almejado. 
A negociação coletiva deve ser estimulada. No artigo 7º, inciso XXVI da Constituição da República, 
expressa que é direito dos trabalhadores urbanos e rurais o estímulo ao reconhecimento das convenções e 
acordos coletivos de trabalho. 
CF/88. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à 
melhoria de sua condição social: 
(…) 
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; 
O legislador, neste caso o constituinte, não emprega palavras sempropósito. O reconhecimento das 
normas coletivas serve para mostrar à sociedade brasileira, que estava acostumada com a intervenção estatal 
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nas organizações sindicais e de intervenção estatal através do dissídio coletivo com o poder normativo da 
Justiça do Trabalho, que é necessário reconhecer que as partes acordaram livremente. Isso acontece no 
exercício da autonomia privada e coletiva dentro da negociação coletiva trabalhista. 
Segundo o professor Maurício Godinho Delgado, a negociação coletiva potencializa diversas funções 
do próprio Direito do Trabalho, sendo elas: 
• FUNÇÃO CENTRAL 
A função central é melhorar as condições de pactuação da força de trabalho. Não se espera que 
uma negociação coletiva piore as condições de trabalho, pois o que está garantido pela legislação já 
estabelece um mínimo que as partes só devem negociar se houver benefício mútuo. Ninguém participa de 
uma negociação para piorar as condições de trabalho como um todo; se houver risco de piora, a negociação 
não é iniciada. Não estamos discutindo análises específicas de cada cláusula da norma coletiva, mas sim o 
conjunto delas. Em geral, o objetivo é melhorar as condições de trabalho e de vida dos trabalhadores, pois 
essa é sua função primordial. 
• FUNÇÃO MODERNIZANTE E PROGRESSISTA 
Na própria negociação coletiva, há uma função modernizadora e progressista. Sabe-se que, não 
apenas no direito do Trabalho, mas em diversas áreas, o Direito frequentemente demora para acompanhar a 
evolução da sociedade, o que o coloca sempre um passo atrás do que foi avançado e organizado pela 
sociedade. 
Exemplo: Um exemplo no Direito do Trabalho são os trabalhos em plataformas digitais. O Direito 
ainda não acompanhou adequadamente essa evolução, assim como não acompanhou devidamente o 
trabalho em home office, ou teletrabalho. As normas presentes na CLT não são suficientes nem adequadas 
para lidar com a vasta gama de opções e soluções jurídicas necessárias para o teletrabalho. A norma coletiva 
pode modernizar e progredir mais rapidamente do que a legislação. É um processo mais simples para aprovar 
normas do que o processo legislativo, permitindo a concessão de direitos através da negociação coletiva, o 
que pode modernizar e melhorar as condições de trabalho para os trabalhadores envolvidos. Posteriormente, 
essas normas podem ser incorporadas à legislação estatal e generalizar as conquistas frequentemente 
alcançadas por diversas categorias. 
Exemplo: Quanto à questão das horas in itinere, sabe-se que com a reforma trabalhista não há mais 
o pagamento das horas de deslocamento. No entanto, o direito às horas de deslocamento não surgiu 
espontaneamente na legislação. O processo de pagamento dessas horas começou quando empresas 
localizadas em áreas de difícil acesso ou sem transporte público passaram a negociar por meio de normas 
coletivas. Isso foi possível graças a sindicatos fortes e atuantes que começaram a incluir esse direito em suas 
norma coletivas. Posteriormente, após analisar os tempos de trajeto junto ao contexto normativo trabalhista 
da época, o TST estabeleceu jurisprudência por meio de uma Súmula que garantia o pagamento das horas de 
trajeto. Somente depois disso, essa garantia foi incorporada como lei infraconstitucional de primeiro grau, 
com a inclusão do §2° no artigo 58 da CLT; em 2017, houve uma alteração na redação desse dispositivo. No 
entanto, todo o processo de modernização progressista teve início na norma coletiva. 
Art. 58 - A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, 
não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro 
limite. 
§ 2º O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do 
posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, 
inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não 
ser tempo à disposição do empregador. 
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Assim, é preciso reconhecer que o Direito do Trabalho tem a capacidade de estender as conquistas 
de direitos alcançadas por algumas categorias para todas as outras. Os sindicatos mais organizados, que 
elaboram boas normas coletivas e introduzem inovações na ordem jurídica, desempenham um papel crucial 
nesse processo. Posteriormente, esses direitos, se bem aceitos pela sociedade e demonstrarem benefícios 
significativos, são gradualmente incorporados por outras categorias e, muitas vezes, até mesmo pela 
legislação em si. É uma função das negociações coletivas, pois operam em um ritmo distinto, e as conquistas 
nessas negociações variam conforme a representatividade dos sindicatos envolvidos. Elas têm o poder de 
consolidar ideias e direitos que ainda não foram reconhecidos, possibilitando que esses direitos sejam 
estendidos a outras categorias. 
• FUNÇÃO CIVILIZATÓRIA E DEMOCRÁTICA 
A função civilizatória democrática da norma coletiva reside em ser um mecanismo que reduz as 
desigualdades materiais. Ao melhorar as condições de trabalho através da pactuação da força de trabalho, 
ocorre consequentemente uma redução dessas desigualdades, pois proporciona melhores condições de 
trabalho e uma distribuição mais equitativa de riquezas. Além disso, dá voz às pessoas menos privilegiadas 
na sociedade econômica, que não possuem poder capital significativo. No contexto da sociedade brasileira, 
que se baseia no capitalismo, onde o poder está intimamente ligado ao capital, a norma coletiva oferece 
oportunidade para aqueles sem poder capital expressarem suas preferências sobre suas relações de trabalho. 
Representa uma descentralização das decisões, permitindo que as partes envolvidas determinem o que 
consideram melhor, ao invés de o Estado impor decisões. Dessa forma, a norma coletiva descentraliza o poder 
decisório e dá voz a indivíduos que tradicionalmente são marginalizados em um sistema socioeconômico 
capitalista. 
• FUNÇÃO CONSERVADORA 
Além de função modernizadora e progressista, a norma coletiva também desempenha um papel 
conservador. Ela concede legitimidade política e cultural às relações econômicas de produção da sociedade. 
O direito do trabalho surgiu dentro do contexto do capitalismo, não com a intenção de abolir o sistema, mas 
de legitimá-lo. Funciona como um mecanismo para estabelecer parâmetros mínimos, condições mínimas e 
barreiras mínimas que devem ser respeitadas para manter a coexistência pacífica na sociedade. No entanto, 
é conservador no sentido de que visa aprimorar o capitalismo. Os trabalhadores são simultaneamente 
produtores e consumidores no mercado, e é crucial manter seu poder de compra para sustentar a economia. 
O Direito do Trabalho não é de natureza comunista; ele se desenvolveu dentro do capitalismo e depende dele 
para sua existência, legitimando assim a exploração do trabalho humano reconhecida e aceita pela sociedade 
ocidental contemporânea. 
1.2. NEGOCIAÇÃO COLETIVA 
A negociação coletiva é um processo de diálogo que precede a formulação de documentos, os quais 
são os frutos da negociação. É o próprio ato de diálogo entre empresas e trabalhadores, ou entre os 
sindicatos das respectivas categorias, com o objetivo de criar normas coletivas aplicáveis às relações 
individuais de trabalho. Portanto, não se deve confundir negociação coletiva com convenção coletiva de 
trabalho ou acordo coletivo de trabalho, pois estes são instrumentos quematerializam o acordo alcançado 
na negociação coletiva, representando o resultado dessa negociação. Isso significa que pode haver 
negociações coletivas que não resultam na criação de normas coletivas, sendo consideradas frustradas 
quando as partes não conseguem chegar a um consenso. Assim, negociação coletiva não é sinônimo de 
norma coletiva. A norma coletiva é o produto de uma negociação coletiva bem-sucedida. A natureza jurídica 
da negociação coletiva, portanto, é um meio de resolver conflitos, uma vez que se destina a conciliar os 
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interesses divergentes entre trabalhadores e empregadores, buscando a pacificação do conflito através da 
autocomposição. 
1.3. PARTES DA NEGOCIAÇÃO COLETIVA 
E quem são as partes da autocomposição, da forma de solução de conflitos que participam da 
negociação coletiva? É importante ressaltar que a Constituição da República, em seu artigo 8°, inciso VI, 
determina que: 
CF. Art. 8º. VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de 
trabalho 
Considerando tudo o que foi abordado sobre a possibilidade de firmar um Acordo Coletivo de 
Trabalho (ACT), em que apenas o sindicato dos trabalhadores da categoria profissional participa, enquanto 
do outro lado está a empresa representando a si própria, sem a participação do sindicato da categoria 
econômica, é importante entender que a interpretação do artigo constitucional, o art. 8°, VI, estabelece que 
é obrigatória a participação do sindicato que representa os empregados da categoria profissional. Há uma 
visão de que a empresa, por si só, é um ente coletivo por natureza, visto que tradicionalmente as empresas 
são constituídas por mais de uma pessoa. Está referindo a um período em que não existia a figura da 
sociedade unipessoal nem da antiga Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI), uma situação 
em que era necessário a união de mais de uma pessoa para estabelecer uma empresa com propósitos 
econômicos. 
OBSERVAÇÃO 
Considerando que tanto a convenção quanto o acordo coletivo de trabalho são os resultados buscados pela 
negociação coletiva, e no acordo coletivo de trabalho a empresa negocia diretamente sem a representação 
do sindicato, conclui-se que a participação obrigatória dos sindicatos é apenas para a categoria dos 
empregados. Os empregadores por sua vez, podem negociar diretamente, pois são seres coletivos por 
natureza. 
Em relação ao artigo 8°, VI da Constituição, é importante destacar que: 
OBSERVAÇÃO 
Discussões doutrinárias sobre a atribuição das negociações coletivas apenas aos sindicatos (não permitindo 
que centrais sindicais e comissões de empresa participem como sujeitos da negociação). 
Ressalta-se que apesar da lei de 2008, a Lei 11.648, ter reconhecido formalmente as Centrais 
Sindicais, estas não substituem o sindicato. Não lhes foi dado o poder de elaboração de convenção ou acordo 
coletivo, tampouco as centrais sindicais fazem parte da estrutura sindical brasileira que continua sendo 
formada apenas pelos sindicatos, federação e confederações. Elas não têm personalidade sindical e, 
portanto, não têm prerrogativas para firmarem normas coletivas. As negociações coletivas são, em regra, 
atribuições exclusivas dos sindicatos. As centrais sindicais não possuem prerrogativas adicionais, pois a lei 
que as criou definiu suas atribuições de forma sucinta e restritiva, há essas prerrogativas: 
(i) coordenar a representação dos trabalhadores por meio das organizações sindicais filiadas 
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A uma entidade geral, quando se menciona uma Central Sindical como a Central Única dos 
Trabalhadores (CUT), ela coordena diversos sindicatos de várias categorias para consolidar questões, fazer 
apontamentos e apresentar reivindicações perante a esfera legislativa e administrativa, por exemplo. 
(ii) participar de negociações em fóruns, colegiados de órgãos públicos e demais espaços de 
diálogo social, nos quais se discutam questões afetas aos interesses gerais dos trabalhadores 
(art. 1º). 
Central sindical não tem legitimidade para fazer negociação coletiva, para fins de firmar norma 
coletiva. 
Pela Lei, houve o reconhecimento formal das centrais, mas sem poderes de negociação 
coletiva. 
No mesmo sentido, a Lei 13.467/17 (reforma trabalhista), que regulamentou a 
representação dos empregados nas empresas com mais de 200 empregados, reafirmou 
que a “comissão de representantes dos empregados não substituirá a função do sindicato 
de defender os direitos e os interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em 
questões judiciais ou administrativas, hipótese em que será obrigatória a participação dos 
sindicatos em negociações coletivas de trabalho”. Tendo ainda estabelecido, de forma 
expressa, as atribuições da comissão de empregados (art. 510 -B CLT) 
Não foi concedida a prerrogativa a comissão que representa os empregados da empresa, continua 
sendo apenas dos sindicatos. 
São os sujeitos da negociação, portanto: sindicato de trabalhadores de um lado; sindicato 
de empregadores ou empregadores diretamente de outro lado. 
Os sujeitos da negociação coletiva são os sindicatos dos trabalhadores de um lado e os sindicatos dos 
empregadores do outro, que firmam o instrumento conhecido como Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). 
Ou, tem-se o sindicato dos trabalhadores de um lado e a empresa empregadora do outro, oportunidade na 
qual pode ser estabelecido um Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). Estes são, portanto, os sujeitos possíveis 
para firmar uma negociação coletiva. 
Por que em regra é uma prerrogativa exclusiva dos sindicatos, no caso da empresa, no caso a ACT? 
Porque para uma parte da doutrina, esta exigência de participação obrigatória do sindicato pode ser mitigada 
em alguns casos previstos na CLT, na norma infraconstitucional, que traz hipóteses em que os empregados 
foram até o sindicato, manifestaram interesse de firmar uma norma coletiva e o sindicato mesmo vendo a 
reivindicação desses trabalhadores, o sindicato quebra-se inerte; em que os trabalhadores procuram a 
federação que também se quebra inerte; procura a Confederação, que também fica inerte. Nesta 
circunstância de ausência de interesse dos sindicatos de atuarem perante as reivindicações dos trabalhadores 
o artigo 617 da CLT traz uma hipótese em que os podem continuar a negociação diretamente com o 
empregador, de maneira que possibilitaria a negociação coletiva, uma hipótese, na qual não há a participação 
sindical. 
Importante ressaltar que o artigo é criticado por parte da doutrina, que entende não ser possível 
realizar uma negociação coletiva para estabelecer uma norma coletiva sem a participação do sindicato. 
Segundo essa visão, o artigo 617 estaria em desconformidade com o preceito constitucional e normativo, não 
sendo recepcionado pela ordem democrática atual. De acordo com essa corrente, se os empregados 
negociarem diretamente com o empregador, o resultado desse acordo teria natureza de cláusula contratual, 
integrando o contrato de trabalho dos trabalhadores como se fosse uma negociação no âmbito do direito 
individual do trabalho. Portanto, para essa parte da doutrina, a possibilidade de alterar normas seria restrita 
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à norma coletiva em que o sindicato participou, seja um Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) ou Convenção 
Coletiva de Trabalho (CCT). Essa é a discussão doutrinária em torno do artigo 617, sendo necessário conhecer 
o texto completo deste artigo para avaliar adequadamente. 
CLT. Art. 617 - Os empregados de uma ou mais emprêsas que decidirem celebrar Acôrdo 
Coletivo de Trabalho com as respectivas emprêsas darão ciência de sua resolução, por 
escrito, ao Sindicato representativo da categoria profissional, que terá o prazo de 8 (oito) 
dias para assumir a direção dos entendimentos entre os interessados, devendo igual 
procedimento ser observado pelas emprêsas interessadas com relação ao Sindicato da 
respectiva categoria econômica. 
§ 1º Expirado o prazo de 8 (oito) dias sem que o Sindicato tenha se desincumbido do encargo 
recebido, poderão os interessados dar conhecimento do fato à Federação a que estiver 
vinculado o Sindicato e, em falta dessa, à correspondente Confederação, para que, no 
mesmo prazo, assuma a direção dos entendimentos. Esgotado êsse prazo, poderão os 
interessados prosseguir diretamente na negociação coletiva até final. 
§ 2º Para o fim de deliberar sôbre o Acôrdo, a entidade sindical convocará assembléia geral 
dos diretamente interessados, sindicalizados ou não, nos têrmos do art. 612. 
Na parte final do artigo, que menciona o esgotamento do prazo, os interessados podem prosseguir 
diretamente com a negociação coletiva até sua conclusão. É nessa parte que parte da doutrina entende que 
surge o debate sobre a natureza dessa negociação contínua sem a participação do sindicato. 
OBSERVAÇÃO: 
Federação e confederação atuando apenas de forma subsidiária. 
Outra hipótese em que a doutrina entende ser possível uma negociação coletiva sem a participação 
sindical é quando se trata de deliberar sobre reivindicações e a possibilidade de iniciar uma greve. Nessas 
circunstâncias, é viável realizar a negociação coletiva mesmo na ausência de um sindicato, especialmente em 
categorias que ainda não estão organizadas sindicalmente. Um exemplo disso são as trabalhadoras 
domésticas, uma categoria ampla e importante no Brasil, muitas vezes não representada por sindicatos; em 
que, na região de Belo Horizonte, houve um sindicato com o advento da Lei Complementar 150, mas não se 
estabeleceu amplamente, e não se observa uma presença sindical significativa ou notícias de sindicatos 
específicos para domésticas. 
Exemplo: Suponha que as trabalhadoras domésticas, por algum motivo, como uma alteração na 
legislação, ou de uma determinada região, estivessem protestando contra condições de trabalho ou contra 
um empregador muito rico que emprega várias pessoas em sua residência, e esses trabalhadores não 
estivessem satisfeitos com alguma situação e decidissem iniciar uma greve. Seria justo negar a essas pessoas 
esse direito constitucionalmente assegurado? Não faria sentido. Neste caso, a própria Lei de Greve prevê a 
possibilidade de negociação coletiva ser conduzida diretamente pelos trabalhadores interessados. Vejamos o 
artigo 4° da Lei de Greve: 
LEI N°7.783/89. Art. 4º Caberá à entidade sindical correspondente convocar, na forma do 
seu estatuto, assembléia geral que definirá as reivindicações da categoria e deliberará sobre 
a paralisação coletiva da prestação de serviços. 
§ 2º Na falta de entidade sindical, a assembléia geral dos trabalhadores interessados 
deliberará para os fins previstos no "caput", constituindo comissão de negociação. 
As possibilidades adotadas e aceitas pela doutrina sobre a participação dos sindicatos em 
negociações coletivas são entendidas como o sindicato não tendo o direito de recusar-se ou de não se 
manifestar diante dos interesses dos representados. O sindicato tem o dever de negociar em nome de toda 
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a categoria, o que antes era acompanhado pela contribuição sindical. A doutrina entende que essa obrigação 
não se aplica mais aos empregados não sindicalizados, já que o sindicato, sendo uma entidade privada, não 
tem a obrigação de participar das negociações coletivas. 
Por outro lado, há outra parte da doutrina que entende que, de fato, a negociação coletiva é uma das 
funções principais dos sindicatos, sendo uma forma de democratizar as relações de trabalho e sendo sua 
principal função, o que confere ao sindicato uma função excepcional, exorbitante, não conferida a nenhuma 
outra associação particular, sendo a de criar normas que podem prevalecer sobre a norma estatal. Para esta 
parte da doutrina, não é dado ao sindicato recusar-se ou não se manifestar frente aos interesses dos 
representados. O sindicato que atua de forma omissa frente aos anseios daqueles que representa age de 
forma antissindical, podendo, por essa razão, e se razoáveis as causas indicadas, ter suas ações aceitas pelo 
Poder Judiciário. Defendam também a não recepção do artigo 617 da CLT. 
Sobre este assunto, temos a Convenção nº 154 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), 
ratificada pelo Brasil, que promove o incentivo à negociação coletiva e concede maior liberdade aos 
trabalhadores nesse aspecto, não restringindo a negociação apenas àquela conduzida com a participação de 
entidades sindicais. A norma internacional possibilita que diversas outras organizações de trabalhadores 
realizem a negociação coletiva. Portanto, é algo a se considerar na estruturação da negociação coletiva no 
Brasil. Deve-se refletir se essa prerrogativa pertence exclusivamente aos sindicatos, como estabelece a 
legislação nacional. Diante dessa exclusividade, seria necessário impor aos sindicatos a obrigação de 
representar os trabalhadores, considerando que a normativa internacional prevê uma representação mais 
abrangente, alinhada à ordem estatal. Vejamos o que diz a Convenção nº 154: 
Convenção nº 154 - Art. 2º Para efeito da presente Convenção, a expressão ´negociação 
coletiva` compreende todas as negociações que tenham lugar entre, de uma parte, um 
empregador, em grupo de empregadores ou uma organização ou várias organizações de 
empregadores, e de outra parte, uma ou várias organizações de trabalhadores, com fim de: 
a) fixar as condições de trabalho e emprego; ou 
b) regular as relações entre empregadores e trabalhadores; ou 
c) regular as relações entre os em pregadores ou suas organizações e uma ou várias 
organizações de trabalhadores, ou alcançar todos esses objetivos de uma só vez. 
Percebam que é possível interpretar a Convenção nº 154 de outra maneira. Observem que as 
atribuições para representação por uma ou várias organizações de trabalhadores podem ser interpretadas de 
forma diferente. Note-se que a comissão de representantes da empresa não possui poder para estabelecer 
normas jurídicas, como um sindicato. No entanto, algumas condições de trabalho e emprego podem ser 
negociadas internamente. 
Exemplo: As convenções, negociações e condições de trabalho incorporadas nos regulamentos 
empresariais abrangem normas como uniformes, cuidados com unhas e cabelo. O regulamento empresarial 
pode permitir que os funcionários tragam alimentos de casa e os armazenem na empresa, especificando se 
haverá um local apropriado para isso, e determinar se os funcionários podem deixar objetos pessoais nos 
armários da empresa durante a noite, além de estabelecer a concessão do lanche da tarde. Direitos comuns 
dos trabalhadores, regulamentados pelo regulamento empresarial, podem ser negociados diretamente com 
a comissão de representantes da empresa, sem a necessidade de envolver o sindicato. Desta forma, o Brasil 
estaria implementando a Convenção nº 154. 
O 'C' regula as relações entre empregadores e suas organizações, sejam elasuma ou várias 
organizações de trabalhadores. Podemos observar as atribuições concedidas às centrais sindicais, que 
proporcionam a representação geral e voz aos trabalhadores no Brasil. É importante lembrar que ocorre 
apenas no caso de sindicatos da categoria trabalhadora, não havendo central sindical de empregadores. 
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Portanto, é possível ter uma visão mais ampla da Convenção nº 154 e começar a entender que, de certa 
forma, com uma leitura mais sistemática, o Brasil está efetivamente cumprindo-a. Ocorre porque existem 
outras entidades e organizações que representam os trabalhadores, não possuindo as mesmas prerrogativas 
dos sindicatos, mas exercendo algumas das atribuições conferidas pela convenção. 
A exigência de que os trabalhadores estejam sempre representados na negociação deve-
se ao fato de que o empregado, sendo a parte mais fraca na relação de emprego, só pode 
negociar em condições de igualdade com as empresas se buscar um fortalecimento, o qual 
é alcançado pela união em torno de seus representantes (no caso do Brasil: o sindicato). 
Sem os representantes, os trabalhadores ficam muito vulneráveis às pressões do 
empregador, gerando um desequilíbrio na negociação coletiva e consequentemente 
tornando a negociação coletiva ilegítima. 
Tornar a negociação coletiva ilegítima por falta de paridade de armas entre as partes. A questão da 
paridade de armas também envolve uma análise da representatividade dos sindicatos, pois quanto mais 
representativa uma instituição é, maior é sua força. 
1.4. PRINCÍPIOS DA NEGOCIAÇÃO COLETIVA 
Os princípios que devem reger a negociação coletiva entre os sujeitos que participam dela. 
1.4.1. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ 
O primeiro princípio deve reger qualquer relação jurídica travada entre as partes no âmbito do Direito 
do Trabalho, Direito Civil, das relações negociais, do direito das obrigações como um todo, que é o princípio 
da boa-fé. A negociação coletiva deve ser no sentido de encerrar o conflito coletivo de trabalho e não de 
instigá-lo. Dessa forma, as condutas da negociação devem observar os deveres morais da ética, a 
transparência e a lealdade entre as partes, sem que haja o intuito de prejudicar uma à outra. 
1.4.2. PRINCÍPIO DO DEVER DE INFORMAÇÃO 
Para que as partes possam tomar decisões consentidas na negociação, é essencial que ambas 
cumpram o dever de informação. O sindicato dos empregados deve ter conhecimento da situação real da 
empresa, assim como a empresa deve estar ciente das reais necessidades dos trabalhadores, para que o 
acordo seja construído com base fácticas fidedignas em informações precisas e confiáveis, garantindo um 
resultado satisfatório. O mérito da negociação está na capacidade de refletir os interesses das partes, ao 
possibilitar um melhor entendimento da realidade da empresa e dos trabalhadores, é evidente que se deve 
observar o dever de repassar as informações necessárias para que a negociação seja bem-sucedida. 
1.4.3. PRINCÍPIO DA INESCUSABILIDADE DA NEGOCIAÇÃO 
Parte da doutrina enfatiza a inescusabilidade da negociação como um dever tanto dos empregadores 
quanto dos trabalhadores. É reconhecido que sempre haverá uma tensão e conflito entre aqueles que 
possuem o capital e os trabalhadores, que contribuem com seu trabalho na sociedade capitalista. Esta visão 
sustenta a necessidade de que as partes envolvidas, incluindo os Direitos Trabalhistas, busquem uma 
negociação prévia antes de recorrerem à greve ou de iniciar um processo de dissídio coletivo. Essa 
necessidade foi reforçada pela Emenda Constitucional nº 45 de 2004, que tornou mais evidente a importância 
do acordo. 
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1.4.4. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE 
O princípio da razoabilidade deve orientar a negociação coletiva, assim como qualquer outra relação 
jurídica estabelecida. É fundamental que as partes ajam com discernimento, de modo que a empresa não 
seja obrigada a conceder benefícios e direitos muito aquém de suas condições, e que o sindicato dos 
trabalhadores não reivindique direitos que ultrapassem as possibilidades econômicas da empresa, sempre 
mantendo o equilíbrio e a sensatez. 
1.4.5. PRINCÍPIOS REGENTES DAS RELAÇÕES ENTRE OS SERES 
COLETIVOS TRABALHISTAS 
É necessário analisar alguns princípios que regem as relações entre os grupos coletivos de 
trabalhadores e que estão relacionados à negociação coletiva trabalhista. 
• Princípio da interveniência sindical na normatização coletiva 
Percebe-se a necessidade da intervenção coletiva dos trabalhadores na formulação das normas 
coletivas. Conforme a doutrina do professor Maurício Gondim Delgado, este princípio é realmente o princípio 
de resistência trabalhista, pois a ordem jurídica não deve conceder aos particulares o poder de criar normas 
jurídicas sem garantir consistentemente que os interesses sociais mais amplos sejam adequadamente 
considerados. Este é o entendimento fundamental desse princípio. 
• Princípio da equivalência dos contratantes coletivos 
A equivalência dos contratantes coletivos pressupõe que ambos estejam em igualdade de condições 
e possuam os mesmos recursos para negociar de maneira equitativa. 
• Princípio da lealdade e transparência na negociação coletiva 
E que irão sempre tratar as suas negociações com transparência e com lealdade. 
1.4.6. PRINCÍPIOS REGENTES DA CRIAÇÃO DE NORMAS COLETIVAS 
O professor Maurício Gondim Delgado também alega que os princípios regentes da criação das 
normas coletivas. 
• Princípio da criatividade jurídica da negociação coletiva 
Inicialmente, o primeiro princípio é o da criatividade jurídica da negociação coletiva. É reconhecido 
que a norma coletiva pode inovar na ordem jurídica heteronomia, inclusive prevalecendo sobre ela. Isso é 
evidenciado pelos artigos 611-A e 611-B da CLT. Segundo o professor Maurício Godinho Delgado, este 
princípio justifica a própria existência do direito coletivo do trabalho. 
• Princípio da Adequação Setorial Negociada 
O princípio da adequação setorial negociada, cujo precursor e o Professor Maurício Godinho Delgado, 
indica que ao analisar a ordem constitucional, percebem-se limites tanto implícitos quanto explícitos à 
negociação coletiva. Ocorre porque ela pode estabelecer normas que prevaleçam sobre o arcabouço 
normativo estatal. Esses limites existem porque as partes privadas não podem dispor de direitos de interesse 
público, essenciais para a sociedade. 
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Portanto, ao verificar esses limites da norma coletiva, o Professor Maurício Godinho Delgado 
organizou as ideias do princípio da adequação setorial negociada. Em resumo, esse princípio aborda: quais 
são os limites da negociação coletiva? Até onde ela pode avançar além da legislação? Ela pode ir além da 
legislação sempre que isso melhore as condições de vida dos trabalhadores, sempre que aumente os direitos 
em benefício deles. As normas negociadas podem prevalecer sobre a lei e podem abranger todos os direitos, 
contanto que o façam de forma mais favorável aos trabalhadores. 
Também reconheceu a possibilidade de a norma coletiva tratar alguns direitos de forma in pejus, ou 
seja, pior do que o garantido pela ordem estatal. Nestes casos específicos, oprincípio mencionado prevê que 
é necessária uma transação efetiva: o trabalhador pode deixar de ter um direito já garantido pela legislação 
estatal, em troca de outro benefício que não estava previsto na legislação e que ele considerou benéfico. 
Portanto, ocorre uma efetiva transação; não se trata de renúncia de direitos, mas sim de uma troca na qual o 
direito negociado possui um caráter de indisponibilidade relativa, não absoluta. 
Qual é a diferença entre direitos de indisponibilidade relativa e direitos de indisponibilidade absoluta? 
Os direitos de indisponibilidade relativa estão mais relacionados ao patrimônio do próprio trabalhador e 
não têm um impacto significativo na vida de terceiros. Por exemplo, o valor que o empregado recebe como 
adicional noturno, a forma como é feita a contagem das horas noturnas (se de forma ficta, 52 minutos e 30 
segundos, ou de horas cheias, 60 minutos), questões como compensação de jornada e banco de horas estão 
intimamente ligadas à esfera patrimonial do empregado e não têm um grande impacto na percepção pública 
sobre o que é um trabalho digno e decente. Portanto, esses direitos seriam de indisponibilidade relativa e 
poderiam ser negociados in pejus desde que haja uma efetiva transação de direitos, e que o direito negociado 
tenha uma indisponibilidade relativa. 
Os direitos de indisponibilidade absoluta são aqueles que vão além dos efeitos meramente 
patrimoniais do trabalhador em questão, envolvendo direitos mais amplos relacionados ao trabalho 
socialmente protegido, conforme aspirações da sociedade brasileira. Esses direitos têm inter-relações e 
imbricações com o direito previdenciário, de modo que algumas regras estabelecidas no Direito do Trabalho 
são indispensáveis e não podem ser negociadas, pois estão diretamente ligadas ao direito previdenciário e a 
outros interesses de ordem pública, como a visão da sociedade brasileira sobre o que constitui um trabalho 
decente e saudável. 
Esses parâmetros mínimos de dignidade humana são essenciais para alcançar um nível civilizatório 
adequado e não podem ser objeto de negociação pelas partes. Isso é o que o princípio da adequação setorial 
negociada estabelece. Aqui está um texto completo para quem desejar estudar mais sobre o princípio da 
adequação setorial negociada: 
A Constituição da República de 1988, a despeito de dar maior proeminência à atuação 
direta dos atores sociais nas relações de trabalho, não lhes conferiu o poder de criar 
normas de forma ampla e irrestrita. É certo que o exercício da autonomia coletiva na 
formulação de normas trabalhistas das categorias encontra limites nos próprios direitos 
fundamentais regulamentados na Constituição, bem como nos direitos trabalhistas 
mínimos conferidos à generalidade de trabalhadores - que têm como papel primordial 
garantir condições mínimas e igualitárias no exercício do trabalho humano no País, 
assegurando a dignidade de todos aqueles que vivem e sustentam suas famílias pelo 
trabalho, e garantir a igualdade de condições do exercício da atividade econômica a todos 
aqueles que empreendem no Brasil. As limitações às normas advindas da negociação 
coletiva, portanto, encontram fundamento não só nos direitos sociais, mas também na 
própria organização econômica do Estado. 
Ao interpretar todas as significativas alterações que o constituinte promoveu em relação 
aos direitos sociais, notadamente em relação à sua necessária harmonização com os 
demais preceitos e objetivos que a ordem constitucional de 1988 almeja alcançar, 
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percebeu-se a existência de limites explícitos e implícitos à negociação coletiva, que 
advêm da própria proposta constitucional de materialização de um efetivo Estado 
Democrático de Direito. 
O referido princípio informa que as normas coletivas só prevalecem sobre as normas estatais 
se: 
A) criarem um padrão normativo setorial superior ao geral 
B) se melhorarem os direitos em geral do trabalhador; 
C) transacionarem direitos de indisponibilidade relativa. 
1.5. LEI 13.467/17 – REFORMA TRABALHISTA 
A reforma trabalhista modificou artigos da CLT, introduzindo parâmetros que ampliaram 
significativamente as possibilidades de negociação coletiva, diferentemente dos critérios estabelecidos ao 
longo dos anos pela doutrina e jurisprudência. O artigo 611-A conferiu às normas coletivas a capacidade de 
estabelecer regras que prevaleçam sobre a legislação estatal em diversas áreas, tais como jornada de 
trabalho, banco de horas anual, intervalos entre jornadas, adesão ao programa de seguro emprego, planos 
de cargos e salários, regulamentos empresariais, representação dos trabalhadores no local de trabalho, 
teletrabalho, sobreaviso, trabalho intermitente, remuneração por produtividade, registro da jornada de 
trabalho, troca do dia do feriado, graus de insalubridade, prorrogação de jornada em ambiente salubre, entre 
outros. 
O artigo 611-A utiliza a expressão "entre outros", indicando que o rol é exemplificativo, abrangendo 
uma ampla gama de temas que podem ser tratados em normas coletivas. Isso levanta preocupações sobre se 
o ambiente sindical brasileiro está preparado para exercer tanto poder. Essa é uma grande preocupação sobre 
a relação entre negociações coletivas e a legislação. Não se trata apenas de dar às partes envolvidas no 
ambiente de trabalho o poder de gerir suas vidas e contratos, mas também da preocupação com a 
representatividade frágil, desalinhamento e distanciamento entre a base e a liderança sindical. 
O artigo 611-A é de extrema importância e seu conteúdo é essencial para concursos de magistratura 
e para o Ministério Público do Trabalho. É um dos principais temas no campo do direito coletivo do trabalho 
e merece atenção especial devido às suas implicações significativas. 
CLT. Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre 
a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) 
I - pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais; 
II - banco de horas anual; 
III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas 
superiores a seis horas; 
IV - adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei no 13.189, de 19 de 
novembro de 2015; 
V - plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, 
bem como identificação dos cargos que se enquadram como funções de confiança; 
VI - regulamento empresarial; 
VII - representante dos trabalhadores no local de trabalho; 
VIII - teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermitente; 
IX - remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e 
remuneração por desempenho individual; 
X - modalidade de registro de jornada de trabalho; 
XI - troca do dia de feriado; 
XII - enquadramento do grau de insalubridade 
XIII - prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades 
competentes do Ministério do Trabalho; 
XIV - prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente concedidos em programas 
de incentivo; 
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13467.htm#art1
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13189.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13189.htm
 DIREITO TRIBUTÁRIO • 12 
52 
XV - participação nos lucros ou resultados da empresa. 
§ 1° No exame da convenção coletiva ou do acordo coletivo de trabalho,a Justiça do 
Trabalho observará o disposto no § 3 do art. 8 desta Consolidação. 
§ 2° A inexistência de expressa indicação de contrapartidas recíprocas em convenção 
coletiva ou acordo coletivo de trabalho não ensejará sua nulidade por não caracterizar um 
vício do negócio jurídico. 
§ 3° Se for pactuada cláusula que reduza o salário ou a jornada, a convenção coletiva ou o 
acordo coletivo de trabalho deverão prever a proteção dos empregados contra dispensa 
imotivada durante o prazo de vigência do instrumento coletivo. 
§ 4° Na hipótese de procedência de ação anulatória de cláusula de convenção coletiva ou 
de acordo coletivo de trabalho, quando houver a cláusula compensatória, esta deverá ser 
igualmente anulada, sem repetição do indébito. 
§ 5° Os sindicatos subscritores de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho 
deverão participar, como litisconsortes necessários, em ação individual ou coletiva, que 
tenha como objeto a anulação de cláusulas desses instrumentos. 
 
 
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL Aula 17 
Professor Maurício Cunha 
1.3 Execução por quantia certa 
1.3.4 Penhora online 
A penhora online já continha previsão no CPC/73 e representou um ganho produtivo, conferindo 
efetividade aos processos de execução. Atualmente, está positivada no artigo 854 do CPC/2015, através do 
sistema denominado de SISBAJUD e é realizada mediante requerimento do exequente e promoverá a reserva 
de valor em dinheiro que esteja em depósito ou em aplicação financeira da parte executada: 
Art. 854, CPC. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação 
financeira, o juiz, a requerimento do exequente, sem dar ciência prévia do ato ao executado, 
determinará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido pela 
autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos 
financeiros existentes em nome do executado, limitando-se a indisponibilidade ao valor 
indicado na execução. §1º No prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da resposta, de 
ofício, o juiz determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade excessiva, o que 
deverá ser cumprido pela instituição financeira em igual prazo. 
Portanto, o juiz a requerimento do exequente, sem dar ciência prévia ao executado, determinará às 
instituições financeiras atuantes no país, por meio do sistema eletrônico, que torne os ativos financeiros em 
nome do executado indisponíveis. O bloqueio será limitado ao valor indicado na execução e, no prazo de 24 
horas a contar da resposta, o juiz de ofício determinará o cancelamento de eventual indisponibilidade 
excessiva. 
Tornados indisponíveis os ativos financeiros, o executado será intimado pessoalmente, ou na pessoa 
do seu advogado, para, querendo, apresentar sua defesa no prazo de 5 (cinco) dias. O executado poderá 
alegar, por exemplo, que o valor bloqueado não pode ser penhorado, ou que o juiz não reconheceu o excesso 
do bloqueio de ofício. Caso o juiz rejeite as manifestações, ou o executado se mantenha silente, haverá a 
conversão da indisponibilidade em penhora online. Não há necessidade de se lavrar termo e o juiz deverá, 
logo em seguida, determinar que a instituição financeira que realizou o bloqueio do ativo financeiro, no prazo 
de 24 horas, faça a transferência deste valor indisponível para uma conta vinculada ao juízo da execução. 
Se o pagamento da dívida for realizado por outro meio, o juiz determinará imediatamente, por 
sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do Sistema Financeiro Nacional, a notificação da 
instituição financeira para que em até 24 horas cancele a indisponibilidade dos ativos. Todavia, o juiz só 
tomará essa providência quando comprovado o pagamento por outro meio e diante da concordância da parte 
exequente. 
O artigo 854, do CPC, §8º estabelece o seguinte: 
§8º A instituição financeira será responsável pelos prejuízos causados ao executado em 
decorrência da indisponibilidade de ativos financeiros em valor superior ao indicado na 
execução ou pelo juiz, bem como na hipótese de não cancelamento da indisponibilidade no 
prazo de 24 (vinte e quatro) horas, quando assim determinar o juiz. 
Isso significa que caberá à instituição financeira a responsabilização por eventuais prejuízos causados 
ao executado e que não sejam decorrentes de ordem judicial, por exemplo, se porventura a instituição 
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bloqueio ativos superiores ao indicado em decisão, ou caso não cancele a indisponibilidade no prazo de 24 
horas. 
§9º Quando se tratar de execução contra partido político, o juiz, a requerimento do 
exequente, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido 
por autoridade supervisora do sistema bancário, que tornem indisponíveis ativos financeiros 
somente em nome do órgão partidário que tenha contraído a dívida executada ou que 
tenha dado causa à violação de direito ou ao dano, ao qual cabe exclusivamente a 
responsabilidade pelos atos praticados, na forma da lei. 
O §9º é uma hipótese específica de execução em face de partidos políticos. É essencial que a 
responsabilização seja do órgão partidário que tenha contraído a dívida e não de membros determinados. 
1.3.5 Modalidades expropriatórias 
a) Adjudicação 
É lícito ao exequente oferecer valor não inferior ao da avaliação constatada pelo Oficial de Justiça 
quando da respectiva penhora, requerendo que sejam adjudicados a ele todos os bens. Desse modo, em vez 
de aguardar a alienação por iniciativa particular ou hasta pública, o exequente opta pela adjudicação dos 
bens, modalidade que além de conferir efetividade ao pedido do exequente, o faz de forma célere. 
Assim que for requerida a adjudicação, o executado deverá ser intimado: pela pessoa do seu 
advogado; mediante carta com AR, quando não tiver procurador constituído ou quando for representado pela 
Defensoria; ou por meio eletrônico, nos termos do art. 876 do CPC. Lembrando que qualquer alteração no 
endereço do executado deve ser comunicada nos autos, consoante o §2º do art. 876: “§2º Considera-se 
realizada a intimação quando o executado houver mudado de endereço sem prévia comunicação ao juízo, 
observado o disposto no art. 274, parágrafo único”. Verifica-se que a desatualização no endereço pode 
prejudicar o executado, por exemplo, quando tiver interesse em remir a execução, porque será considerado 
citado no endereço anteriormente indicado nos autos. 
Se o executado tiver sido citado por edital e não tiver procurador constituído nos autos, fica 
dispensada a sua intimação no caso de pedido de adjudicação, conforme previsão do §3º do art. 876. 
Em alguns casos, o exequente adjudica bem cujo valor é maior do que o débito que originou aquela 
execução de título extrajudicial, porém não é permitido que determinada parte se privilegie em detrimento 
do outro. Nesse sentido, aplica-se o disposto no §4º do art. 876 do CPC: 
Art. 876, CPC. §4º Se o valor do crédito for: 
I - inferior ao dos bens, o requerente da adjudicação depositará de imediato a diferença, 
que ficará à disposição do executado; 
Na hipótese em que o valor do crédito seja superior ao valor dos bens adjudicados, a execução terá 
prosseguimento pelo saldo remanescente, nos termos do inciso II: 
Art. 876, CPC. §4º. (...) II - superior ao dos bens, a execução prosseguirá pelo saldo 
remanescente. 
 
Além disso,o §7º do aludido dispositivo estabelece o seguinte: 
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Art. 876, CPC. §7º No caso de penhora de quota social ou de ação de sociedade anônima 
fechada realizada em favor de exequente alheio à sociedade, esta será intimada, ficando 
responsável por informar aos sócios a ocorrência da penhora, assegurando-se a estes a 
preferência. 
Esse parágrafo já foi objeto de prova e determina que, ocorrendo penhora em benefício de um 
exequente alheio a essa sociedade, esta deverá ser intimada, posto que todo o quadro societário poderá ser 
afetado. Nesse caso, os sócios possuem preferência em relação à quota social, visando a preservação do 
quadro societário. Portanto, a intimação possibilita a intervenção dos sócios e determina se o terceiro vai, ou 
não, passar a integrar a sociedade. 
b) Alienação 
A penhora é apenas o primeiro passo para a satisfação do credor na execução por quantia certa. Como 
visto, a primeira modalidade expropriatória permite a adjudicação do bem pelo exequente logo após realizada 
a penhora. Por outro lado, pode acontecer de o exequente, devidamente intimado, não manifestar interesse 
em adjudicar os bens, forçosamente a penhora deverá ser convertida em espécie, mediante uma alienação 
por iniciativa particular ou por hasta pública. 
A alienação por iniciativa particular e a alienação em leilão são substancialmente idênticas, porque 
são expropriações forçadas do patrimônio do executado, previstas no art. 879 do CPC. A única distinção é na 
alienação por iniciativa particular, inserida pelo CPC/2015, a responsabilidade será do maior interessado no 
cumprimento da obrigação, o exequente. Ao passo que, no leilão judicial, eletrônico ou presencial, a 
responsabilidade será inteiramente do Poder Judiciário. 
ATENÇÃO! 
Em uma prova oral, o examinador questionou ao candidato se seria possível assemelhar a alienação 
judicial a uma a um contrato de compra e venda com a fusão destes atos. 
A doutrina compara a alienação judicial a um negócio jurídico bilateral de direito público, ou um 
contrato de compra e venda, na medida em que o Estado exerce o poder de expropriar o patrimônio do 
executado de forma forçada, ou seja, a alienação forçada do bem, e o executado se submete às regras 
impostas em razão do ordenamento jurídico, adquirindo o bem. Nesse sentido, a alienação judicial seria 
constituída através da fusão de três atos: a publicação de um edital para hasta pública; a oferta do licitante; 
e a aceitação por parte do Estado. Sob esse viés, o 2º e o 3º atos seriam negócios jurídicos unilaterais, que 
originam um negócio jurídico bilateral: a alienação do bem. 
Importante lembrar que as modalidades de expropriação devem seguir a ordem de preferência 
legal. Portanto, se não houve adjudicação, deve ser feita a alienação por iniciativa particular. 
Nesse caso, o CPC determina que o exequente poderá requerer que a alienação seja realizada por sua 
própria iniciativa ou através de um terceiro. Esse terceiro será um corretor ou um leiloeiro público 
credenciado perante o órgão judiciário. Aceitando o pedido de alienação, o juiz fixará um prazo para a sua 
efetivação, exigindo-se para tanto ampla publicidade. O juiz também determinará as condições de 
pagamento, fixando preço mínimo e, se for o caso, o percentual de comissão de corretagem a ser pago ao 
corretor/leiloeiro público. Assim que for feita a alienação e confirmada a aceitação da proposta feita pelo 
licitante, o pagamento das garantias deverá ser realizado em 24 horas. 
A alienação por iniciativa particular será formalizada por termo nos autos, constando a assinatura do 
juiz, do exequente, do adquirente e se estiver presente, o executado. Em seguida, será expedida a carta de 
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alienação e o mandado de imissão na posse, quando for referente a bem imóvel, ou a ordem de entrega ao 
adquirente, quando se tratar de bem móvel. 
Art. 880, CPC. Não efetivada a adjudicação, o exequente poderá requerer a alienação por 
sua própria iniciativa ou por intermédio de corretor ou leiloeiro público credenciado perante 
o órgão judiciário. 
§1° O juiz fixará o prazo em que a alienação deve ser efetivada, a forma de publicidade, o 
preço mínimo, as condições de pagamento, as garantias e, se for o caso, a comissão de 
corretagem. 
§2º A alienação será formalizada por termo nos autos, com a assinatura do juiz, do 
exequente, do adquirente e, se estiver presente, do executado, expedindo-se: 
I - a carta de alienação e o mandado de imissão na posse, quando se tratar de bem imóvel; 
II - a ordem de entrega ao adquirente, quando se tratar de bem móvel. 
§3º Os tribunais poderão editar disposições complementares sobre o procedimento da 
alienação prevista neste artigo, admitindo, quando for o caso, o concurso de meios 
eletrônicos, e dispor sobre o credenciamento dos corretores e leiloeiros públicos, os quais 
deverão estar em exercício profissional por não menos que 3 (três) anos. 
§4º Nas localidades em que não houver corretor ou leiloeiro público credenciado nos 
termos do § 3º, a indicação será de livre escolha do exequente. 
Em comarcas sem corretor ou leiloeiro público credenciado, o legislador estabeleceu que a indicação 
será de livre escolha do exequente. 
Os tribunais podem editar disposições complementares administrativas sobre o procedimento da 
alienação por iniciativa particular. Podendo inclusive admitir o concurso dos meios eletrônicos, dispondo 
sobre o credenciamento dos corretores e dos leiloeiros públicos. 
c) leilão 
A modalidade da alienação por leilão judicial eletrônico ou presencial era a mais comum no CPC/73 
e será realizada caso a obrigação não tenha sido satisfeita mediante a adjudicação ou alienação por iniciativa 
particular. Segundo o §1º do art. 881, o leilão é realizado por leiloeiro público e, ressalvados os casos de 
alienação a cargo de corretores de bolsas de valores, os demais bens serão alienados em leilão público. A 
tendência é que os leilões sejam realizados preferencialmente por meio eletrônico, mas ainda existem autos 
físicos em andamento. 
Art. 882, CPC. Não sendo possível a sua realização por meio eletrônico, o leilão será 
presencial. 
§1º A alienação judicial por meio eletrônico será realizada, observando-se as garantias 
processuais das partes, de acordo com regulamentação específica do Conselho Nacional de 
Justiça. 
§2º A alienação judicial por meio eletrônico deverá atender aos requisitos de ampla 
publicidade, autenticidade e segurança, com observância das regras estabelecidas na 
legislação sobre certificação digital. 
§3° O leilão presencial será realizado no local designado pelo juiz. 
O dispositivo reforça a preferência do legislador pela realização do leilão judicial por meio eletrônico, 
mas se não for possível será realizado presencialmente, observando, em todos os casos, as garantias 
processuais das partes e a regulamentação específica do CNJ, o órgão administrativo responsável pela 
atuação do Poder Judiciário, notadamente no que diz respeito à esfera administrativa. 
A alienação por meio eletrônico, tal qual alienação por iniciativa particular, deverá atender aos 
requisitos de ampla publicidade, autenticidade e segurança. Em outros termos, exige-se um ambiente 
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tecnológico seguro com observância das regras estabelecidas na legislação sobre certificação digital. Já o 
leilão presencial, será realizado em local designado pelo juiz. Normalmente na entrada do fórum. 
Além disso, o leilão judicial deve ser precedido da publicação de um edital, observando os requisitos 
essenciais dispostos no artigo 886: 
Art. 886, CPC. O leilão será precedido de publicação de edital, que conterá: 
I - a descrição do bem penhorado, com suas características, e, tratando-se de imóvel, sua 
situação e suas divisas, com remissão à matrícula e aos registros; 
A descrição é uma informação necessária para que os licitantes conheçam o objeto que será leiloado, 
evitando surpresas ou desistências quando da efetiva realização do leilão. 
II - o valor pelo qual o bem foi avaliado, o preço mínimo pelo qual poderá ser alienado, as 
condições de pagamento e, se for o caso, a comissão do leiloeiro designado; 
III - o lugar onde estiverem os móveis, os veículos e os semoventes e, tratando-se de créditos 
ou direitos, a identificação dos autos do processo em que foram penhorados; 
IV - o sítio, na rede mundial de computadores, e o período em que se realizará o leilão, salvo 
se este se der de modo presencial, hipótese em que serão indicados o local, o dia e a hora 
de sua realização; 
V - a indicação de local, dia e hora de segundo leilão presencial, para a hipótese de não haver 
interessado no primeiro; 
VI - menção da existência de ônus, recurso ou processo pendente sobre os bens a serem 
leiloados. 
No tocante ao inciso II, todas as questões e garantias estabelecidas pelo juiz na alienação por iniciativa 
particular como o valor mínimo, a publicidade e o prazo de duração, também serão estabelecidas em relação 
ao leilão judicial. A publicação do edital dá conhecimento aos eventuais licitantes qual será o gasto econômico 
que eles terão com a obtenção do bem. 
 O inciso III serve para eventuais consultas dos interessados. Exemplo: o edital de leilão de um cavalo 
de raça deve designar o local exato onde o semovente se encontra, como o nome e a localização da Fazenda. 
O inciso IV visa determinar a data e o local virtual da realização do leilão e, se for presencial, além da 
data, é preciso determinar o local físico. Ademais, inciso V, prevê a possibilidade de realização de um segundo 
leilão presencial, caso o primeiro não tenha arrematante. Trata-se de uma técnica utilizada para obtenção de 
mais interessados, que às vezes não compareceram na primeira oportunidade. 
Por fim, o inciso VI é um imperativo de informações sobre a condição jurídica do bem a ser leiloado, 
de modo que ninguém vai poderá alegar desconhecimento das informações mencionadas 
Parágrafo único. No caso de títulos da dívida pública e de títulos negociados em bolsa, 
constará do edital o valor da última cotação. 
Muitos desses requisitos já foram objeto de questionamento em prova objetiva. 
Poderá se candidatar a arrematante quem estiver na livre administração dos seus bens, com exceções 
previstas no art. 890: 
Art. 890, CPC. Pode oferecer lance quem estiver na livre administração de seus bens, com 
exceção: 
I - dos tutores, dos curadores, dos testamenteiros, dos administradores ou dos liquidantes, 
quanto aos bens confiados à sua guarda e à sua responsabilidade; 
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II - dos mandatários, quanto aos bens de cuja administração ou alienação estejam 
encarregados; 
III - do juiz, do membro do Ministério Público e da Defensoria Pública, do escrivão, do chefe 
de secretaria e dos demais servidores e auxiliares da justiça, em relação aos bens e direitos 
objeto de alienação na localidade onde servirem ou a que se estender a sua autoridade; 
IV - dos servidores públicos em geral, quanto aos bens ou aos direitos da pessoa jurídica a 
que servirem ou que estejam sob sua administração direta ou indireta; 
V - dos leiloeiros e seus prepostos, quanto aos bens de cuja venda estejam encarregados; 
VI - dos advogados de qualquer das partes. 
O inciso I determina, portanto, que aquele que se encontra na guarda dos bens de outro não poderá 
adquiri-los, visando evitar um conflito de interesses com a pessoa que está sendo assistida. A previsão do 
inciso II também pretende evitar conflito de interesses, mas quanto aos mandatários. O inciso III visa 
assegurar a atuação isenta desses profissionais, preservando a transparência do leilão. 
O artigo 891 determina que não será aceito lance que ofereça preço vil, cuja definição se encontra 
no parágrafo único do referido artigo: 
Art. 891, CPC. Não será aceito lance que ofereça preço vil. 
Parágrafo único. Considera-se vil o preço inferior ao mínimo estipulado pelo juiz e constante 
do edital, e, não tendo sido fixado preço mínimo, considera-se vil o preço inferior a 
cinquenta por cento do valor da avaliação. 
Como visto anteriormente, o juiz é obrigado a fixar o preço mínimo no edital, tanto na alienação por 
iniciativa particular quanto na alienação por leilão judicial presencial ou eletrônico, para que o bem não seja 
arrematado, por exemplo, por um valor muito aquém do seu valor de mercado. A definição de preço vil foi 
inserida expressamente na legislação processual somente com advento do CPC/2015. Nesse viés, todo edital 
precisa ter um preço mínimo estabelecido, em consideração à toda a base principiológica que envolve o 
processo de execução. 
O pagamento será mediante depósito judicial ou por meio eletrônico. Além disso, se o exequente 
arrematar os bens e for o único credor, não será obrigado a exibir o preço. Porém, se o valor dos bens exceder 
o valor do seu crédito, ele poderá arrematar os bens, depositando o valor da diferença no prazo de três dias, 
sob pena de tornar inválida aquela arrematação. Realiza-se, portanto, um novo leilão à custa do próprio 
exequente. 
Em caso de leilão de bem tombado, os entes públicos, compostos pela União, os Estados e os 
municípios, terão, nessa ordem, o direito de preferência na arrematação, em igualdade de oferta. 
A arrematação pessoal vai constar em um auto que será lavrado de imediato e poderá abranger bens 
penhorados em mais de uma execução. O auto de arrematação é um documento formal que traz os dados 
relacionados àquela arrematação, inclusive as condições em que foi alienado o bem. Exemplo: um balcão 
frigorífico de um açougue, que foi penhorado e estava enferrujado, riscado, com luzes internas queimadas 
etc. 
O auto de arrematação poderá abranger bens penhorados em mais de uma execução, constando não 
só as condições físicas, como também questão de pagamento e tudo que envolver a existência de eventual 
ônus, ao bem alienado. Lavrado o auto, se for bem móvel, será expedida a ordem de entrega desse bem 
móvel, no caso aí do balcão frigorífico; se for bem imóvel, será expedida uma carta de arrematação com o 
respectivo mandado de imissão da posse. Entretanto, esses documentos só serão expedidos após efetuado o 
depósito de pagamento do bem e eventuais garantias, como a comissão do leiloeiro. Exemplo: Para a carta 
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de arrematação ser averbada na matrícula do imóvel junto ao Cartório de registro de imóveis, todas as 
despesas precisam estar finalizadas. 
Art. 903, CPC. Qualquer que seja a modalidade de leilão, assinado o auto pelo juiz, pelo 
arrematante e pelo leiloeiro, a arrematação será considerada perfeita, acabada e 
irretratável, ainda que venham aser julgados procedentes os embargos do executado ou a 
ação autônoma de que trata o §4º deste artigo, assegurada a possibilidade de reparação 
pelos prejuízos sofridos. (...) §4º Após a expedição da carta de arrematação ou da ordem 
de entrega, a invalidação da arrematação poderá ser pleiteada por ação autônoma, em 
cujo processo o arrematante figurará como litisconsorte necessário. 
A ação autônoma mencionada no §4º não possui nomenclatura específica. Trata-se de uma ação de 
nulidade da arrematação, de acordo com cada hipótese, em que o arrematante deverá figurar como 
litisconsórcio necessário. Esta ação também poderá ser utilizada para invalidar o auto de arrematação. 
No caso de desistência da arrematação o §5º preconiza o seguinte: 
§5° O arrematante poderá desistir da arrematação, sendo-lhe imediatamente devolvido o 
depósito que tiver feito: 
I - se provar, nos 10 (dez) dias seguintes, a existência de ônus real ou gravame não 
mencionado no edital; 
II - se, antes de expedida a carta de arrematação ou a ordem de entrega, o executado alegar 
alguma das situações previstas no §1º; 
III - uma vez citado para responder a ação autônoma de que trata o § 4º deste artigo, desde 
que apresente a desistência no prazo de que dispõe para responder a essa ação. 
§ 1º Ressalvadas outras situações previstas neste Código, a arrematação poderá, no entanto, 
ser: 
I - invalidada, quando realizada por preço vil ou com outro vício; 
II - considerada ineficaz, se não observado o disposto no art. 804; 
III - resolvida, se não for pago o preço ou se não for prestada a caução. 
Essas são as três hipóteses em que o arrematante pode desistir da arrematação: primeira hipótese, 
se ele provar nos dez dias seguintes a existência de um ônus real ou de um gravame que não estava 
mencionado no edital. Segunda, se antes de expedida a carta de arrematação ou a ordem de entrega, o 
executado alegar alguma das situações previstas no §1º, que versa sobre as hipóteses em que arrematação 
será considerada inválida, ineficaz ou resolvida. A terceira hipótese dispõe que o arrematante poderá desistir 
da arrematação, sendo-lhe devolvido imediatamente o depósito, uma vez citado para responder à ação 
autônoma de que trata o §4º do art. 903, desde que apresente a desistência no prazo que dispõe para 
responder a essa ação, normalmente 15 dias. 
§6º Considera-se ato atentatório à dignidade da justiça a suscitação infundada de vício com 
o objetivo de ensejar a desistência do arrematante, devendo o suscitante ser condenado, 
sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos, ao pagamento de multa, a ser fixada 
pelo juiz e devida ao exequente, em montante não superior a vinte por cento do valor 
atualizado do bem. 
O vício infundado é um ato atentatório à dignidade da justiça e quem o suscitar ficará sujeito a multa 
de até 20% do valor atualizado do bem. 
d) apropriação de frutos e rendimentos 
Observando a ordem de preferência legal, a quarta modalidade expropriatória está prevista no art. 
826 do CPC. É indispensável que o bem penhorado seja capaz de produzir frutos e rendimentos em tempo 
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razoável para a satisfação do direito do exequente. Exemplo: Quando o repasse do aluguel de um imóvel do 
executado é feito diretamente ao exequente, visando pagamento da dívida. 
Portanto, na apropriação de frutos e de rendimentos não ocorre a transferência do bem para o 
exequente, mas sim a transferência de eventuais frutos e rendimentos que este bem produza. Não há 
identidade com o usufruto, se aproxima mais da anticrese. 
É possível realizar a penhora de percentual de faturamento da empresa, conforme o artigo 866 do 
CPC: 
Art. 866, CPC. Se o executado não tiver outros bens penhoráveis ou se, tendo-os, esses 
forem de difícil alienação ou insuficientes para saldar o crédito executado, o juiz poderá 
ordenar a penhora de percentual de faturamento de empresa. 
Isso também se encaixa dentro dessa apropriação de frutos e rendimentos: 
§1° O juiz fixará percentual que propicie a satisfação do crédito exequendo em tempo 
razoável, mas que não torne inviável o exercício da atividade empresarial. 
A depender do tamanho da empresa e do montante devido, o juiz deve ter cautela ao fixar o 
percentual de faturamento de empresa que será destinado à satisfação do crédito, para não comprometer o 
correto funcionamento desta empresa. Não é possível, por exemplo, penhorar 50% do faturamento, porque 
isso prejudicaria a produção e o pagando dos funcionários e fornecedores. Na prática, caso tenha alguma 
dúvida, o juiz pode ter acesso aos documentos contábeis da empresa antes de determinar a penhora em cima 
de percentual de faturamento. 
§2° O juiz nomeará administrador-depositário, o qual submeterá à aprovação judicial a 
forma de sua atuação e prestará contas mensalmente, entregando em juízo as quantias 
recebidas, com os respectivos balancetes mensais, a fim de serem imputadas no pagamento 
da dívida. 
O administrador depositário vai receber o percentual com os respectivos balancetes mensais, a fim 
de serem imputadas no pagamento da dívida. 
§3º Na penhora de percentual de faturamento de empresa, observar-se-á, no que couber, o 
disposto quanto ao regime de penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel e imóvel. 
O procedimento para penhora do percentual do faturamento de uma empresa é o mesmo utilizado 
para a penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel e imóvel, disposto a partir do artigo 867 do CPC. 
Art. 867, CPC. O juiz pode ordenar a penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel ou 
imóvel quando a considerar mais eficiente para o recebimento do crédito e menos gravosa 
ao executado. 
Este artigo deve ser lido em conjunto com o art. 805 do CPC, dispositivo que trata do princípio do 
resultado ou da menor onerosidade, considerando que, por vezes, essa penhora poderá implicar em uma 
medida gravosa para o executado. 
O juiz deve tentar equilibrar o percentual a ser penhorado, mas nada impede que o próprio executado 
alegue que se trata de uma medida gravosa e os motivos pelo qual não deve ser adotada essa medida 
expropriatória do art. 867. Exemplo: O valor que recebe de aluguel é baixo e é revertido para a aquisição de 
medicamentos essenciais à sobrevivência da genitora, por esse motivo não deve ser penhorado. 
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Assim como ocorre no caso de penhora do faturamento, a penhora dos frutos e rendimentos também 
exige a nomeação de um administrador depositário: 
Art. 868, CPC. Ordenada a penhora de frutos e rendimentos, o juiz nomeará administrador-
depositário, que será investido de todos os poderes que concernem à administração do bem 
e à fruição de seus frutos e utilidades, perdendo o executado o direito de gozo do bem, até 
que o exequente seja pago do principal, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios. 
 Além disso, o artigo 869 determina que o administrador deverá prestar contas 
periodicamente, sob pena de responsabilização: 
Art. 869, CPC. O juiz poderá nomear administrador-depositário o exequente ou o executado, 
ouvida a parte contrária, e, não havendo acordo, nomeará profissional qualificado para o 
desempenho da função. 
1.4 Execução extrajudicial contra a Fazenda pública 
Os artigos 534 e 535 do CPC determinam que a Fazenda Pública será intimada para, querendo, 
impugnar o cumprimento de sentença de pagamento de quantia certa, observando o prazo de 30 dias e as 
matérias passíveis de suscitar. Exemplo:É possível executar um cheque assinado pelo prefeito, contra o 
município que foi o emitente desse título executivo extrajudicial. 
Se for a obrigação de fazer, de não fazer, de entregar coisa, o cumprimento de sentença deve seguir 
o mesmo procedimento em relação ao particular. Todavia, em razão da natureza dos bens públicos de uso 
especial ou dominicais considerados inalienáveis e, por via de consequência lógica, impenhoráveis, o 
procedimento da execução por quantia certa contra Fazenda Pública demanda uma forma diferenciada 
daquela existente e aplicável para execução contra o particular. 
A expressão Fazenda Pública compreende os entes que compõem a administração direta (União, 
Estados, Distrito Federal, municípios) e indireta, sempre que regidas por regras de direito público, autarquias 
e fundações de direito público. 
Diferentemente do que ocorre no cumprimento de sentença envolvendo pagamento de quantia certa 
contra a Fazenda Pública, em que a Fazenda é intimada para, querendo, apresentar impugnação, na execução 
de título extrajudicial a Fazenda Pública será citada para, querendo, opor embargos no prazo de 30 dias, afinal 
é um novo processo. Trata-se de uma diferença importante porque no caso da execução o dinheiro não será 
liberado automaticamente, dependerá de precatório, RPV, de trânsito em julgado e do art. 100 da 
Constituição Federal. 
Cabe destacar que, mesmo após encerrado o prazo próprio de 30 dias para oposição de embargos, a 
Fazenda Pública poderá questionar a dívida e o título executivo extrajudicial (não aspectos formais) por meio 
de uma ação autônoma de impugnação. É uma defesa heterotópica, porque é processada fora do 
procedimento executivo. Essa ação deverá observar as seguintes regras: 
1º) pode propor antes ou depois da execução: normalmente as demandas eram propostas após o 
ajuizamento da execução. 
2º) ajuizando a ação autônoma de impugnação, tanto a execução quanto a ação autônoma, devem ser 
reunidas perante o mesmo juízo. Ressalvada, por exemplo, a existência de competências absolutas distintas, 
o que depende da lei de organização e da divisão judiciária de cada tribunal, porque existe uma nítida relação 
de prejudicialidade, por exemplo, caso exista uma vara privativa de execuções contra a Fazenda Pública. 
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3º) o mero ajuizamento da ação autônoma, desde que posterior ao encerramento do prazo para os 
embargos, não impede o prosseguimento da execução contra a Fazenda Pública, não possui efeito 
suspensivo automático e não impede a expedição de precatório ou de RPV. Exceto se, nesta ação autônoma 
de impugnação do objeto da dívida ou do título executivo extrajudicial, for concedida uma tutela provisória 
de urgência para suspender a execução. 
4º) se esse ajuizamento da ação autônoma for anterior à execução ou, pelo menos dentro, ou antes do prazo 
para o oferecimento dos embargos, não há necessidade de embargos para ser obstado automaticamente a 
expedição do precatório ou do RPV. Porque se a ação autônoma e os embargos versarem sobre as mesmas 
matérias, configura-se litispendência. 
Na prática, os embargos à execução, ajuizados pela Fazenda Pública, ao contrário do que se verifica 
na execução contra os particulares, acabam tendo o efeito suspensivo automático. Afinal, o precatório e a 
RPV somente serão expedidos após o trânsito em julgado da decisão que os rejeitar, nos termos do §1º do 
artigo 910 do CPC: 
Art. 910, CPC. Na execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública será citada 
para opor embargos em 30 (trinta) dias. 
§ 1º Não opostos embargos ou transitada em julgado a decisão que os rejeitar, expedir-se-á 
precatório ou requisição de pequeno valor em favor do exequente, observando-se o 
disposto no art. 100 da Constituição Federal. 
§ 2º Nos embargos, a Fazenda Pública poderá alegar qualquer matéria que lhe seria lícito 
deduzir como defesa no processo de conhecimento. 
Devido à ausência de processo de conhecimento na Execução, o legislador previu uma amplitude em 
relação às matérias que a Fazenda Pública pode suscitar: 
Art. 535, CPC. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por 
carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos 
próprios autos, impugnar a execução, podendo arguir: 
I - falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia; 
II - ilegitimidade de parte; 
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; 
IV - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; 
V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; 
VI - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, 
compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes ao trânsito em julgado 
da sentença. 
A falta de citação ou nulidade é um vício transrescisórios e pode ser alegada em sede de querela 
nullitatis insanabilis5. Ressalta-se que, no excesso de execução, nem sempre a Fazenda Pública precisa indicar 
o valor que entende como correto, sendo suficiente a alegação do excesso, conforme jurisprudência do STJ 
sobre o tema. 
Em sede de embargos à execução de título extrajudicial é possível deduzir como matéria de defesa as 
mesmas que poderiam ser alegadas no processo de conhecimento: 
Art. 910, CPC. §3º Aplica-se a este Capítulo, no que couber, o disposto nos artigos 534 e 535. 
 
5 Ação declaratória de inexistência. Disponível em: 
https://www.tjdft.jus.br/consultas/jurisprudencia/informativos/2019/informativo-de-jurisprudencia-n-385/querela-
nullitatis-insanabilis-2013-impugnacao-de-sentenca-inexistente acesso em: 1/7/24 
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art534
https://www.tjdft.jus.br/consultas/jurisprudencia/informativos/2019/informativo-de-jurisprudencia-n-385/querela-nullitatis-insanabilis-2013-impugnacao-de-sentenca-inexistente
https://www.tjdft.jus.br/consultas/jurisprudencia/informativos/2019/informativo-de-jurisprudencia-n-385/querela-nullitatis-insanabilis-2013-impugnacao-de-sentenca-inexistente
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Trata-se de uma aplicação subsidiária dos artigos 534 e 535, que servem como norte para o 
cumprimento de sentença. 
1.5 Execução de título extrajudicial envolvendo alimentos 
A execução de título extrajudicial envolvendo alimentos está disposta nos artigos 911, 912 e 913 do 
CPC. O legislador opta por tratar basicamente desse tema ou no cumprimento de sentença, ou no capítulo 
destinado à execução de título extrajudicial, fazendo remissões ao longo dos dispositivos. Por exemplo, o 
artigo 911 do CPC faz referência ao art. 528 que versa sobre o cumprimento de sentença: 
Art. 911, CPC. Na execução fundada em título executivo extrajudicial que contenha 
obrigação alimentar, o juiz mandará citar o executado para, em 3 (três) dias, efetuar o 
pagamento das parcelas anteriores ao início da execução e das que se vencerem no seu 
curso, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de fazê-lo. Parágrafo único. Aplicam-
se, no que couber, os §§2º a 7º do art. 528. 
O artigo 528, fala do cumprimento de sentença envolvendo a obrigação de prestar alimentos. 
Portanto, foi uma forma que o legislador optou de otimizar a lei, evitando a repetição das regras tanto no 
cumprimento de sentença, quanto na execução de título extrajudicial. 
Exemplo: em uma execução fundada em título executivo extrajudicial, referente a um contrato de 
prestaçãoalimentícia, subscrito por duas testemunhas, o juiz mandará citar o executado, porque é um 
processo novo, para em 3 dias efetuar o pagamento das parcelas anteriores ao início da execução e daquelas 
que se vencerem seu curso; ou provar que já o fez, ou seja, fazer prova de ter realizado o pagamento; ou 
terceiro, justificar a impossibilidade de fazê-lo. 
Nota-se a semelhança em relação ao cumprimento de sentença, cujo art. 528, CPC dispõe que o juiz 
a requerimento do exequente, mandará intimar o executado para em três dias da execução de título 
extrajudicial e citar o executado para em três dias também adotar uma das três condutas que ali estão 
indicadas, ou seja, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuar o mesmo 
procedimento. 
Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de prestação alimentícia 
ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, 
mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar 
que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. (...) 
Segundo o §2º do art. 528 do CPC, a justificativa para o inadimplemento deve ser plausível, séria e 
razoável. Além disso, o pagamento evita a prisão em relação aos três últimos meses, não podendo ser parcial, 
conforme o §3º e o entendimento jurisprudencial nesse sentido. 
§2º Somente a comprovação de fato que gere a impossibilidade absoluta de pagar justificará 
o inadimplemento. 
§ 3º Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além 
de mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1º, decretar-lhe-á a prisão 
pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses. 
1.5.1 Desconto em folha de pagamento 
Se o executado, devedor de prestação alimentícia, for funcionário público, militar, diretor ou gerente 
de uma empresa, ou empregado sujeito à legislação do trabalho, da mesma forma do cumprimento de 
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sentença envolvendo obrigação alimentar tem a possibilidade do desconto em folha de pagamento. Essa 
medida traz efetividade, porque todo mês é descontado do salário do executado, o percentual a ser 
transferido para a conta do exequente. 
A possibilidade de desconto em folha de pagamento está prevista no art. 912 do CPC, que é o 
dispositivo que trata da execução de título extrajudicial e no artigo 529 do CPC. 
O procedimento é o seguinte: o juiz oficia para a autoridade responsável, principalmente quando for 
militar, ou à empresa, ou ao empregador, e determina o desconto, sob pena de crime de desobediência, 
porque às vezes o empregador do executado não faz de propósito. 
Exemplo: Suponha que em um caso concreto, o empregador ignorou ordem judicial para proceder 
com o desconto na folha do funcionário devedor de prestação alimentícia. Nesse caso o juiz deverá mandar 
extrair cópia dos autos e encaminhar ao Ministério Público, para eventual apuração de crime de 
desobediência. 
O art. 912 do CPC prevê os requisitos do ofício que será encaminhado para o empregador: 
Art. 912, CPC. Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de 
empresa, bem como empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá 
requerer o desconto em folha de pagamento de pessoal da importância da prestação 
alimentícia. §1º Ao despachar a inicial, o juiz oficiará à autoridade, à empresa ou ao 
empregador, determinando, sob pena de crime de desobediência, o desconto a partir da 
primeira remuneração posterior do executado, a contar do protocolo do ofício. §2° O ofício 
conterá os nomes e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do exequente e 
do executado, a importância a ser descontada mensalmente, a conta na qual deve ser feito 
o depósito e, se for o caso, o tempo de sua duração. 
O art. 913 preconiza o seguinte: 
Art. 913, CPC: Não requerida a execução nos termos deste Capítulo, observar-se-á o 
disposto no art. 824 e seguintes, com a ressalva de que, recaindo a penhora em dinheiro, a 
concessão de efeito suspensivo aos embargos à execução não obsta a que o exequente 
levante mensalmente a importância da prestação. 
Em outros termos, caso a execução não observe o disposto no capítulo VI, referente à Execução de 
Alimentos, seguirá o procedimento da execução por quantia certa, com a ressalva de que, recaindo a penhora 
em dinheiro, a concessão de efeito suspensivo aos embargos à execução não obsta a que o exequente levante 
mensalmente a importância da prestação, porque é para a sua sobrevivência. 
 
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art824
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DIREITO CIVIL Aula 20 
Professora Roberta Cordeiro 
1. TEORIA GERAL DOS FATOS JURÍDICOS 
Quando abordamos uma variedade de situações cotidianas, estamos lidando com fatos, 
acontecimentos que compõem a vida. Contudo, quando nos referimos aos fatos jurídicos, estamos tratando 
de acontecimentos que possuem repercussão jurídica, relevantes no campo do direito. 
No âmbito do Direito Penal, por exemplo, os fatos geram a incidência das normas criminais, enquanto 
no Direito Administrativo, são aplicadas as normas administrativas. Assim, os fatos abrangem uma gama 
diversificada e a teoria geral dos fatos simplifica seu estudo, independentemente da área de especialização, 
pesquisa ou desenvolvimento. Essa teoria, amplamente embasada nos ensinamentos do eminente Pontes de 
Miranda, é fundamental para compreender os eventos jurídicos no Brasil. 
Fato — todo acontecimento da vida. 
Fato Jurídico – todo fato com repercussão jurídica. 
Todo acontecimento na vida é um fato, desde o amanhecer até o anoitecer, o passar do tempo, o 
nascimento e a morte de pessoas, até mesmo pequenos hábitos como tomar um café. No entanto, um fato 
jurídico é um evento que tem consequências legais. A abordagem dessa teoria geral pode variar dependendo 
do autor escolhido, mas a influência de Pontes de Miranda permanece central. 
Ao estudarmos essa teoria dos fatos, encontramos paralelos com os negócios jurídicos processuais, 
pois ambos são conceitos amplos. O foco principal são os fatos jurídicos em sentido amplo, pois representam 
a base da análise sobre as consequências legais. Os eventos jurídicos são subdivididos em duas categorias: 
aqueles que ocorrem sem intervenção humana e os que resultam de ações humanas deliberadas. 
1.1. Fato jurídico em sentido estrito 
Quando um acontecimento é relevante para o ordenamento jurídico, mas não é resultado de ação 
humana, é denominado como fato jurídico em sentido estrito ou estrito senso, dividido em ordinário e 
extraordinário. A distinção reside no fato de que o fato jurídico em sentido estrito extraordinário geralmente 
não atribui responsabilidade a ninguém, pois é imprevisível e decorre de circunstâncias fortuitas ou de força 
maior. Por outro lado, o fato jurídico em sentido estrito ordinário é previsível, representando eventos com o 
tempo, nascimentos e mortes, sobre os quais não se tem controle humano. 
Quando se questiona a natureza jurídica de algo, está-se perguntando sobre sua classificação dentro 
de uma categoria mais ampla. Por exemplo, o tempo é um fato jurídico em sentido estrito ordinário por ser 
previsível e não depender da vontade humana. Já o extraordinário refere-se a situações imprevisíveis, como 
será discutido no capítulo de responsabilidade civil. 
Nesse contexto, quando se trata da incidência do caso fortuito ou da forçamaior, está-se lidando com 
eventos imprevisíveis que têm consequências jurídicas. Geralmente, não se atribui responsabilidade a alguém 
por tais eventos, pois não decorrem de vontade humana. No entanto, em certos casos, como na aplicação da 
teoria do risco integral, pode haver exceções. 
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Ao analisar os fatos jurídicos extraordinários, especialmente no contexto da responsabilidade civil e 
das excludentes de responsabilidade, é importante compreender as causas que rompem o nexo de 
causalidade, como culpa exclusiva da vítima, culpa ou fato exclusivo de terceiros, e fortuito ou força maior. É 
fundamental lembrar das distinções entre fortuito interno e externo, pois o extraordinário é um evento com 
repercussões jurídicas que não resulta da vontade humana, sendo caracterizado como um fato jurídico em 
sentido estrito extraordinário. 
1.2. Fato jurídico em sentido amplo 
Ao se deparar com o termo “fato jurídico”, é importante considerar que estamos tratando tanto do 
fato jurídico em sentido amplo quanto em sentido estrito. Quando nos referimos à vontade humana, isso nos 
induz a discutir o “ato jurídico”. Estes atos são analisados sob uma perspectiva ampla, pois são eventos que 
decorrem da vontade humana. 
Quando falamos desses atos jurídicos em sentido amplo, a vontade humana pode ser simplesmente 
denominada como “atos humanos”. Assim, sempre que ocorre algum evento relacionado à vontade humana, 
esse evento é considerado um ato jurídico em sentido amplo. 
Entretanto, quando falamos do “ato jurídico”, estamos nos referindo a vontade humana, que pode 
ser direcionada tanto para o bem quanto para o mal. Portanto, quando a vontade humana é voltada para o 
bem, chamamos isso de “ato lícito”, enquanto quando é direcionada para o mal, é considerado um “ato 
ilícito”. Portanto, ao se deparar com a vontade humana, é crucial analisar se ela está em conformidade com 
o ordenamento jurídico. Se estiver, será considerado um ato lícito; caso contrário, será um ato ilícito. 
Além disso, é importante lembrar que estamos estudando Direito Civil, portanto, devemos focar no 
ilícito civil. Nem todo ilícito civil é também criminal. Existem o ilícito civil, o ilícito criminal e o ilícito 
administrativo, todos gerando incidentes de responsabilidade. É essencial ressaltar que o tema da 
responsabilidade jurídica é abrangente, comportando diversas espécies, como a responsabilidade penal, 
administrativa e civil. 
Por isso o esquema apresentado por Pontes de Miranda, inspirado no direito italiano, é universal, 
pois é aplicável tanto ao direito penal, administrativo e civil, quanto ao processo. 
O ato jurídico é um reflexo da vontade humana, que pode ser lícita ou ilícita. A vontade é considerada 
ilícita quando contraria o ordenamento jurídico, isto é, quando diverge do que é permitido ou, ao menos, não 
é proibido pela lei. Por outro lado, a vontade é lícita quando está em conformidade com o ordenamento 
jurídico. 
Quando a vontade humana é contrária ao ordenamento jurídico, surge a incidência da 
responsabilidade civil. No entanto, para que essa responsabilidade ocorra, é necessário haver uma conduta 
humana, já que estamos lidando com atos jurídicos. Além da conduta, o dano é outro requisito essencial, pois 
não pode haver responsabilidade civil sem haver dano. 
O nexo causal, o qual é a ligação entre a conduta humana e o dano, também é fundamental. Em 
alguns casos, a culpa é um elemento acidental utilizado para determinar a responsabilidade, sendo que, se 
todos os elementos estão presentes, incluindo a culpa, estamos diante de uma responsabilidade subjetiva; 
caso contrário, se há conduta, dano e nexo, mas sem culpa, temos a responsabilidade objetiva. 
Os pilares fundamentais da responsabilidade civil são os artigos 186, 187 e 927, todos do Código Civil. 
Portanto, é importante ressaltar que, em caso de comportamento ilícito, haverá responsabilidade civil, porém 
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não basta apenas o comportamento ilícito em si, é necessário que este tenha causado um dano para que a 
responsabilidade seja configurada, seja ele moral ou material. 
É possível também que uma atividade lícita cause dano, e ainda assim, haja responsabilidade civil. 
Geralmente, quando se trata de atos ilícitos, o artigo 186 do Código Civil é relevante, pois aborda a 
responsabilidade civil subjetiva, enquanto o artigo 187 trata da responsabilidade civil objetiva, relacionada 
ao abuso do direito. 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar 
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos 
bons costumes. 
Embora esses dois artigos estejam no contexto dos atos ilícitos, o artigo 927 é o primeiro a abordar 
diretamente a responsabilidade civil. 
Art. 927, CC/2002 — Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo. 
É crucial compreender que o dano é fundamental, como expresso no artigo 188 do Código Civil, que 
lista o que não constitui atos ilícitos. 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo 
iminente. 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias 
o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a 
remoção do perigo. 
Portanto, o fato de não ser um ato ilícito não implica necessariamente que não haverá indenização. 
Os atos também podem ser objeto de responsabilidade civil, pois o cerne desta reside no dano, seja ele moral 
ou material. 
Considere o seguinte cenário: alguém está construindo uma casa e, para preparar sua fundação, 
utiliza maquinário pesado que causa rachadura no imóvel do vizinho. Esta situação requer uma análise 
cuidadosa da responsabilidade, pois resulta em danos decorrentes, mas não necessariamente de uma ação 
ilícita. 
É crucial ressaltar que estamos tratando do aspecto civil do ato ilícito, e nem todo ato ilícito civil 
implica em consequências criminais, conforme estabelecido no artigo 935 do Código Civil. 
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar 
mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se 
acharem decididas no juízo criminal. 
Portanto, são esferas distintas, sujeitas a punições diversas. No âmbito criminal, a prisão pode ser 
aplicada, ao passo que no civil, a única forma de prisão permitida é por dívida de alimentos. Contudo, 
independentemente da gravidade da situação, o foco deve ser exclusivamente na questão da indenização. 
É importante salientar que a constatação de ausência de materialidade ou autoria do crime pode 
influenciar a esfera civil. Por exemplo, uma pessoa que é vítima de um ato ilícito, tanto civil quanto criminal, 
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como uma agressão física, pode acionar ambas as esferas simultaneamente,ou aguardar o trânsito em 
julgado no processo criminal, pois uma sentença penal condenatória transitada em julgado é reconhecida 
como título executivo judicial, conforme o Código de Processo Civil. 
Assim, a vítima pode utilizar a sentença criminal, modificar a competência e instaurar um 
cumprimento de sentença autônomo na Vara Cível competente. Além disso, é necessário lembrar que há 
ilícitos exclusivamente civis, como o adultério, que embora já tenha sido crime, não o é mais. No entanto, o 
adultério pode acarretar danos morais, principalmente se expuser a pessoa traída ao ridículo ou causar 
constrangimento, embora nem sempre isso ocorra. 
É fundamental observar que quando a vontade humana está em conformidade com o ordenamento 
jurídico, existem duas opções: o ato jurídico em sentido estrito e o negócio jurídico. O ato jurídico em sentido 
estrito é definido pelo artigo 185, enquanto o negócio jurídico é tratado nos artigos 104 a 184 do Código Civil. 
A distinção entre ato jurídico e negócio jurídico reside na quantidade de disposições legais: enquanto 
há uma extensa legislação sobre negócios jurídicos, apenas um artigo aborda o ato jurídico lícito. No ato 
jurídico em sentido estrito, a vontade humana se restringe à prática do ato em si, sem considerar suas 
consequências. Nesse caso, a vontade humana é limitada apenas a decidir se pratica ou não o ato. 
Portanto, o sujeito que pratica o ato não tem controle sobre suas consequências, pois estas estão 
estabelecidas na lei, sem espaço para a manifestação da vontade, moldar os resultados. Um exemplo clássico 
é o reconhecimento de um filho, onde a decisão de reconhecer implica automaticamente nas consequências 
legais estabelecidas, sem possibilidade de alteração por vontade individual. 
Um exemplo adicional é a intenção dos pais de emancipar seus filhos por meio da emancipação 
voluntária, concedida diretamente no cartório mediante escritura pública, de forma irrevogável, quando o 
menor atinge 16 (dezesseis) anos, sem necessidade de homologação judicial. No entanto, os pais que decidem 
emancipar os filhos não podem estipular que não serão mais responsáveis pelo sustento deles, ou impor 
outras condições. Embora tenham a opção de realizar o ato ou não, as consequências estão estabelecidas por 
lei. Portanto, no âmbito do ato jurídico em sentido estrito, a vontade humana está principalmente na 
realização do ato em si, com limitações consideráveis. 
Por outro lado, no negócio jurídico, a vontade humana está nas consequências do ato, sendo o 
próprio ato apenas um meio para alcançá-las, uma vez que a vontade humana busca essas consequências. O 
negócio jurídico representa o máximo de liberdade no direito civil, onde o indivíduo que realiza a vontade 
possui autonomia não só para praticar ou não o ato, mas também para determinar os efeitos desse ato. Por 
exemplo, ao vender um carro por meio de um contrato de compra e venda, é possível negociar a forma de 
pagamento e a data de entrega do carro, pois o autorregulamento da vontade é inerente ao negócio jurídico. 
Aquele que participa de um negócio jurídico está exercendo um ato relacionado à máxima autonomia 
e liberdade presente no direito privado, decidindo sobre o ato e seus efeitos, como a entrega do carro no dia 
seguinte ou posteriormente, a inclusão de uma cláusula de reserva de domínio ou o parcelamento do 
pagamento. No entanto, é importante notar que a vontade no negócio jurídico não é ilimitada, pois há 
limitações impostas pela solidariedade e pela função social. 
Quando se discute negócio jurídico, está-se falando de contratos e testamentos. Contratos referem-
se a negociações entre partes, enquanto testamentos são negociações unilaterais feitas por uma única 
pessoa. Ambos têm natureza negocial, visando satisfazer interesses específicos das partes envolvidas. 
É necessário aprofundar-se no assunto, pois ao falar de contratos não se refere apenas aos contratos 
previstos no Código Civil, mas também a outras manifestações da vontade humana em diferentes contextos, 
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que também são igualmente relevantes e caracterizadas como manifestações de vontades negociais, as quais 
não estão estritamente previstas na legislação de contratos. 
É essencial notar que o conceito de contrato não se limita àquelas categorias presentes no código 
legal. Não devemos restringir a vontade humana de negociação apenas a contratos comuns, como compra e 
venda, doação, permuta, fiança, mútuo e comodato. Um contrato ocorre sempre que a vontade humana visa 
a negociação. 
Ao considerar isso, é importante recordar que um contrato se forma sempre que há uma intenção 
negocial. Se solicitado para classificar uma manifestação específica de vontade, perceba que tal manifestação 
é sempre um ato. Contudo, se essa manifestação for ilícita, seguirá um caminho distinto. Por outro lado, se 
for lícita, será direcionada para o campo do ato jurídico em sentido amplo, que pode ser um ato jurídico em 
sentido estrito ou um negócio jurídico. Para diferenciar entre os dois, basta analisar sua categoria: se não for 
um contrato ou testamento, só pode ser um ato jurídico em sentido estrito. 
Seguindo essa linha de raciocínio, é importante lembrar que contrato não se limita às manifestações 
de vontade nos contratos típicos previstos no Código, vai além disso. Ao pensar dessa maneira, é importante 
lembrar que o casamento é um negócio jurídico especial no Direito das Famílias, assim como a questão do 
pacto antenupcial. 
Existe um espaço entre a vontade jurídica, consciente das consequências de sua manifestação, e a 
vontade natural. Por exemplo, um menino de cinco anos pode não celebrar um contrato de compra e venda 
conscientemente, mas pode comprar um picolé na padaria e receber o troco, o que configura um contrato de 
compra e venda. 
Francisco Cavalcante Pontes de Miranda trouxe à tona uma situação peculiar, não prevista na lei, 
justificando atos nos quais a vontade humana existe, mas é naturalizada e desprovida de consciência. Ele 
introduziu a teoria do ato fato jurídico, que considera um ato que envolve a vontade humana, porém tão 
desprovido de consciência que suas características e consequências são tratadas como fatos. Essa teoria 
abrange situações nas quais a vontade humana não é deliberadamente consciente e os efeitos decorrem da 
norma legal, independentemente da vontade expressa. 
Quando nos deparamos com tais situações, nas quais a vontade humana não é clara e evidente, 
surgem fenômenos. A teoria do ato fato é aquela na qual há uma vontade humana, mas tão desprovida de 
consciência que os efeitos jurídicos são aplicados como se fossem fatos. É uma categoria em que a norma 
atribui um sentido jurídico à vontade inconsciente, justificando a prática de determinados atos por pessoas 
incapazes. 
Por exemplo, no caso do picolé, o negócio produzirá efeitos não por ser um negócio jurídico, mas sim 
por ser um ato jurídico. Assim, um ato jurídico não precisa necessariamente de previsão legal, mas pode 
justificar certos eventos ou fatos que produzem efeitos jurídicos, mesmo que envolvam uma vontade humana 
desprovida de consciência. 
2. NEGÓCIO JURÍDICO 
Os negócios jurídicos, que abrangem os artigos 104 a 184, são fundamentais para a compreensão dos 
contratos, testamentos e obrigações. Isso se deve ao fato de que a fonte das obrigações geralmente é um 
contrato, que por sua vez é um tipo de negócio jurídico. Em outras palavras, entender os negócios jurídicos é 
essencial para essas áreas do direito. 
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Esses negócios estão intrinsecamente ligados à vontade humana e ao seu aspecto volitivo, sendo o 
primeiro passo na sua realização. A expressão da vontade é o traço distintivo mais marcante dos negócios 
jurídicos, refletindo a autonomia da vontade privada nas relações particulares. 
Entretanto, essa autonomia não é ilimitada. A vontade humana é restringida pela função social e pela 
boa-fé objetiva, princípios que refletem a constitucionalização do direito civil e garantem um direito civil livre, 
justo e preocupado com a dignidade da pessoa humana. 
Ao se discutir os negócios jurídicos, é necessário compreender que eles visam a alcançar 
determinados objetivos, como adquirir, modificar, extinguir ou conservar direitos. Esta finalidade negocial é 
alcançada por meio de instrumentos como contratos e testamentos. 
A compreensão dos negócios jurídicos envolve a leitura ativa das diversas classificações existentes, 
como comutativo, bilateral, unilateral, receptício e não receptício, dentre outras. É essencial compreender o 
termo “negócio jurídico” funcionalmente, considerando sua manifestação em uma função social, e 
abandonando concepções ultrapassadas de liberdade absoluta da vontade. 
Essa abordagem preserva a concepção ética e a responsabilidade social dos negócios jurídicos, como 
evidenciado nos princípios da boa-fé objetiva e da função social presentes no campo dos contratos e 
testamentos. 
Além disso, os negócios jurídicos também têm relevância no âmbito processual, como destacado nos 
artigos 190 e 191 do Código de Processo Civil. Embora não sejam objeto do presente curso, esses dispositivos 
tratam dos negócios jurídicos processuais, que podem incluir a desistência de uma demanda existente ou 
outros atos atípicos previstos pela legislação processual. 
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes 
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades 
da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, 
antes ou durante o processo. 
Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos 
processuais, quando for o caso. 
Portanto, os princípios éticos, a boa-fé objetiva, a responsabilidade civil, os requisitos de validade, 
pressupostos de eficácia e elementos de existência aplicam-se tanto aos negócios jurídicos quanto aos 
negócios processuais. 
O artigo 190 do Código de Processo Civil trouxe uma mudança significativa no pensamento 
processual. Contrariamente à crença de que, por ser uma área do direito público, o direito processual não 
permitiria a autonomia da vontade, essa noção foi contestada. De fato, a autorregulação da vontade encontra 
suas limitações neste contexto. Afinal, o processo serve deliberadamente aos interesses das partes, 
impossibilitando excluir sua participação na definição de seus próprios procedimentos e interesses. 
O conceito de autorregulação da vontade no processo civil, habilmente explorado pelo professor 
Fredie Didier Jr., aborda questões como negociação, estipulação, vinculação das partes e criação de 
procedimentos próprios. Isso representa a teoria do negócio dentro da esfera pública do processo civil. 
Art. 104, CC/2002 — A validade do negócio jurídico requer: 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
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Ao discutir o negócio jurídico, conforme iniciado no artigo 104 do Código Civil, é crucial lembrar os 
termos específicos e os Planos de Análise do Negócio Jurídico proposto por Pontes de Miranda, que categoriza 
os elementos do negócio jurídico através da “Escada Ponteana”. 
 
 
No contexto da existência, refere-se aos elementos essenciais que o tornam parte do mundo jurídico. 
O primeiro plano desse processo faz a transição do negócio jurídico do mundo factual para o mundo do 
direito. Aqui, a existência está intrinsecamente ligada à realidade, sendo os elementos discutidos. 
A validade, tratada no artigo 104, introduz um conceito geral que pode ser complementado por 
requisitos específicos dependendo do negócio jurídico em questão. Este é o ingresso efetivo no mundo do 
dever ser e do direito. É importante diferenciar elementos de existência e requisitos de validade. 
O termo "eficácia" está associado aos efeitos do negócio jurídico. Embora cada negócio jurídico tenha 
efeitos específicos, é comum pressupor certos requisitos para sua eficácia. No entanto, a terminologia correta 
dentro do contexto da Escada Ponteana deve ser "pressupostos", que se aplica de maneira consistente aos 
diferentes estágios. 
Assim, existem pressupostos de existência, validade e eficácia, enquanto requisitos e elementos são 
categorizados de forma diferente: requisitos sempre se referem à validade, enquanto elementos se 
relacionam à existência. 
A análise da existência do negócio jurídico é crucial, pois representa a transição do mundo factual 
para o mundo do direito. A existência começa com a vontade humana corretamente formada, que é então 
avaliada quanto à sua validade e capacidade de produzir efeitos. 
A existência é o único estágio que deve ser positivo, pois a partir dele é possível analisar tanto a 
validade quanto a eficácia. Para verificar se há ou não validade e efeitos, deve haver existência. Um negócio 
jurídico pode ser válido e não produzir efeitos, ou ser inválido e ainda assim produzir efeitos, pois esses dois 
aspectos são independentes. 
O casamento, como um negócio jurídico especial no Direito de Família, segue análises semelhantes, 
mas com considerações específicas, como a escolha de um regime de bens. Os regimes incluem comunhão 
parcial de bens, comunhão universal de bens, participação final nos aquestos e separação de bens, com esta 
última sendo obrigatória em certos casos específicos. 
Em resumo, enquanto o regime de comunhão parcial de bens é padrão, outros regimes exigem um 
pacto antenupcial para serem adotados. Este pacto serve como uma ferramenta negocial para a organização 
e administração dos bens do casal e individuais, conforme estabelecido no artigo 1653 do Código Civil. 
Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não 
lhe seguir o casamento. 
Existência
Validade
Eficácia
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Imagine a seguinte situação: João e Maria decidiram unir-se em matrimônio, optando pelo regime da 
separação convencional de bens, no qual cada um mantém sua autonomia patrimonial, podendo até alienar 
bens sem consentimento do outro. Dirigiram-se ao cartório e formalizaram o pacto antenupcial por escritura 
pública, preenchendo todos os requisitos necessários. Trata-se de um ato válido. No entanto, embora tenham 
feito o pacto, não chegaram a realizar o casamento e passaram a conviver em união estável. 
Dez anos mais tarde, João manifesta o desejo de dissolver a união estável a Maria. Quando esta 
indaga sobre a partilha de bens, João apresenta um documento público, feito no cartório, que estabelece o 
regime da separação convencional de bens, afirmando que todos os bens estão registrados em seu nome. 
Maria argumenta que, embora tenham celebrado o pacto por escritura pública, para que produzisse 
efeitos seria necessário o casamento, o qual não ocorreu. Portanto, aquele pactonunca produziu efeitos, uma 
vez que viveram em união estável, cujo regime, salvo pacto convivencial específico, é o da comunhão parcial 
de bens. Assim, mesmo que os bens estejam registrados em nome de João e tenham sido adquiridos na 
constância da união estável, metade do esforço é presumido e 50% de tudo adquirido durante esse período 
pertencem à Maria. 
Neste caso, ocorreu um negócio jurídico válido que não gerou efeitos, demonstrando que a validade 
nem sempre implica na eficácia. 
Outro exemplo: João e Maria casaram-se, e após 50 anos, o Ministério Público inicia uma ação 
declaratória de nulidade do casamento, alegando que João e Maria são irmãos, o que, segundo o artigo 1.521 
do Código Civil, constitui uma das causas de impedimento para o casamento. 
Art. 1.521, CC/2002 — Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; 
II - os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante; 
VI - as pessoas casadas; 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio 
contra o seu consorte. 
Neste caso, fica evidente que o casamento produziu efeitos, como o regime de bens e os filhos, apesar 
de ser posteriormente declarado nulo. Isso evidencia que a produção de efeitos nem sempre está 
condicionada à validade do ato. Portanto, são institutos distintos. 
AULA 21 
2.1 Pressupostos de Validade do Negócio Jurídico 
Para verificar se há validade deve haver existência, pois a validade é a vertente positiva dos 
pressupostos de existência. Sabe-se, ainda, que ao nos referimos à existência, permanecemos no plano dos 
fatos, mas adentrando no domínio do Direito. 
Além disso, para produzir ou não efeitos, a existência também é um requisito essencial. Compreende-
se que em relação à produção de efeitos, e à validade, existem situações distintas. É crucial observar que o 
negócio existe e, se existe, é porque transcendeu do mundo dos fatos para o mundo do direito. Dessa forma, 
é possível visualizar a possibilidade de validade e eficácia, mas são esferas completamente independentes. 
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Ficou evidente que possuir validade não implica inexoravelmente na produção de efeitos. Da mesma forma, 
ser inválido não significa que não haverá produção de efeitos, pois se trata de situações distintas. 
Portanto, o que se requer para a existência? O que é necessário para a validade e como os efeitos são 
abordados? O negócio deve possuir existência e validade. Quando falamos de existência, estamos nos 
referindo a quê? Conforme mencionado, remete-se aos elementos de existência. 
O que é necessário para que o negócio jurídico exista? Primeiramente, é necessária a vontade 
humana. De fato, percebemos, que o que determina se tratar de um negócio jurídico é a existência da 
vontade. Portanto, observamos a questão da vontade como sendo o elemento caracterizador do negócio 
jurídico. Essa vontade é emitida por um agente, em relação a um objeto e seguindo uma determinada forma. 
É importante ressaltar que a doutrina aborda essa questão dos elementos de existência de maneira 
um tanto diferente. Ela discute alguns outros elementos, como o objeto ilícito, por exemplo, conforme 
proposto pelo professor Carlos Roberto. No entanto, isso não desvirtua o esquema que estamos elaborando, 
o qual é universal para fins de prova. Independentemente dos pontos estudados por outros doutrinadores, 
esse esquema será muito útil, pois, no final, tudo se assemelha, talvez com uma palavra ou outra diferente. 
Quando pensamos nos elementos de existência, o que é necessário para que o negócio jurídico 
exista? Primeiramente, a vontade. Não há negócio jurídico sem vontade. Por quê? É o ponto central, o ponto 
de partida, o início de tudo. Essa vontade é emitida por um agente, em relação a um objeto, respeitando uma 
determinada forma. Assim, são necessários vontade, agente, objeto e forma para que o negócio jurídico 
exista. 
Agora, será mencionado um exemplo frequentemente utilizado, pois foi uma situação cobrada em 
uma prova de concurso realizada pela banca CESPE - Cebraspe. Era uma questão bastante simples. Exemplo: 
Um menino de dez anos vende sua bicicleta para um rapaz de dezoito anos por R$ 10.000 (dez mil reais). Não 
é uma situação que podemos enquadrar no campo do ato-fato, seja pelo valor, seja pela relevância do 
negócio. 
Diante disso, esse negócio efetivamente existe? Basta analisar os elementos: vontade, agente, objeto 
e forma. Todos os elementos estão presentes? Vamos analisar. Houve vontade? Sim. Agentes: menino de dez 
anos e rapaz de dezoito anos. Mas, o menino de apenas dez anos, não é absolutamente incapaz? Observe 
que quando falamos dos elementos de existência, estamos abordando coisas completamente diferentes. Há 
uma vontade emitida por um agente. Não importa, nesse momento, se o menino é absolutamente ou 
relativamente incapaz. Portanto, ao analisar os elementos de existência, fazemos uma análise fria, calculada 
e racional. 
Houve um agente que emitiu vontade? Sim. Se surgirem outras questões, podemos analisá-las depois, 
mas aqui a análise é objetiva. Objeto: bicicleta. Forma: verbal. A forma é o meio pelo qual se exterioriza a 
vontade, o meio pelo qual se manifesta a vontade. A regra é que a manifestação da vontade é livre, podendo 
ser verbal ou escrita, por meio de um documento particular ou público. 
Quando dispomos sobre essa ideia de forma livre nos contratos, estamos nos referindo ao princípio 
do consensualismo. O contrato é formado pela simples manifestação da vontade, sem a exigência de maiores 
formalidades pela lei. No entanto, quando a lei exige para determinados negócios, deve-se prestar atenção a 
isso, sob pena de macular a validade. 
Exemplo: suponha que alguém chegue para você e diga: "ou você transfere o apartamento para mim, 
ou mato seus filhos". Diante da ameaça, você vai ao cartório e transfere o apartamento para o nome dessa 
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pessoa, fazendo uma escritura pública. Nesse caso, você manifestou sua vontade. Mas esse negócio jurídico 
efetivamente existe? 
Vamos analisar: houve vontade? Ainda que a vontade seja fruto de uma ameaça, lembre-se de que a 
análise é objetiva, racional e calculada. Portanto, a vontade foi manifestada, está tudo em ordem. Houve 
vontade; houve agente; houve objeto (o apartamento); houve a forma, mediante uma escritura pública, 
conforme exigido pela lei. O negócio jurídico existe? Sim. 
Lembre-se que a existência e a validade são coisas diferentes. Quando pensamos na validade, 
estamos qualificando os elementos de existência. A validade irá qualificar os elementos 
Art. 104, CC - A validade do negócio jurídico requer: 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
Os requisitos gerais devem ser cuidadosamente considerados, conforme delineado no artigo 104, 
juntamente com os requisitos específicos, como a estipulação de preço e a modalidade de pagamento. Cada 
elemento é crucial para a validade do negócio. Por exemplo, ao desejar redigir um testamento, os requisitos 
gerais são aplicáveis, porém, no caso de um testamento público, é imprescindível que seja lido na presença 
de testemunhas, evidenciando as peculiaridades decada situação. 
Assim, para a existência de um negócio jurídico, são necessários a manifestação de vontade, o agente 
capaz, o objeto lícito, possível e determinado ou ao menos determinável, além da forma adequada. É 
fundamental que a vontade seja livre e exercida de boa-fé, conforme estabelecido no art. 104 do Código Civil. 
O objeto deve ser claramente definido no momento do acordo, como a venda de um carro específico. No 
entanto, em situações como a compra de um apartamento em construção, onde a unidade ainda não existe, 
mas é identificável, determinável, conforme se observa do artigo 106 do Código Civil: 
Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, 
ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado. 
Portanto, a impossibilidade meramente inicial, não inviabiliza o negócio jurídico, desde que haja a 
perspectiva de viabilidade futura. Por exemplo, ao adquirir um apartamento na planta, mesmo que 
inicialmente não exista a unidade específica, a conclusão do empreendimento torna-a viável. 
A impossibilidade pode cessar antes da concretização de uma condição estipulada, relacionada à 
eficácia do contrato. Ao se referir à eficácia, considera-se um evento futuro e incerto. Assim, se a 
impossibilidade inicial desaparece antes da implementação da condição contratual, como na entrega de um 
apartamento antes da aprovação em um vestibular condicional, o contrato permanece válido. 
Art. 107, CC - A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão 
quando a lei expressamente a exigir. 
Observa-se que a forma é o meio pelo qual a vontade se manifesta. Assim, geralmente a forma é livre. 
Consequentemente, os contratos são formados pela simples manifestação de vontade, sem a necessidade de 
serem documentados, a menos que a lei exija o contrário. 
Quais são os elementos de existência? Vontade, agente, objeto e forma. E os requisitos de validade? 
São uma qualificação em relação aos elementos de existência. A vontade deve ser livre e de boa-fé. O agente 
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deve ser capaz. O objeto deve ser lícito, possível, determinado ou pelo menos determinável. A forma, 
geralmente livre, deve ser respeitada quando exigida por lei. Esses são os requisitos de validade. 
Retomando o exemplo do menino de dez anos que vendeu sua bicicleta para um rapaz de dezoito 
anos, como isso se encaixa? Houve vontade? Sim. Houve agente? Sim. Houve forma? Sim. A vontade foi livre 
e de boa-fé? Sim. Mas o agente era capaz? Não. Nesse caso, não é necessário analisar o resto, pois os 
requisitos de validade foram violados. Se algum dos requisitos estiver em desacordo, o contrato será inválido. 
Agora, analisando o caso da situação de ameaça aos filhos, caso a vítima não transfira o apartamento. 
Se alguém transfere seu apartamento para outra pessoa no cartório, tudo parece certo, mas deve-se 
questionar sua existência e validade. Houve vontade? Sim. Houve agente? Sim. Objeto: apartamento. Forma: 
escritura pública. A vontade foi livre e de boa-fé? Não, a vontade não foi livre. Se não houve liberdade de 
vontade, não podemos afirmar a validade do negócio. Portanto, é inválido, pois basta uma única falha para 
invalidá-lo. 
Pense em uma situação antiga em que os bancos enviavam um cartão de crédito sem limites para sua 
casa com uma carta dizendo que se você quisesse, deveria ligar para desbloqueá-lo. Se você não ligasse, não 
falasse nada, não quisesse o cartão e anos depois recebesse uma fatura para pagar por algo que não utilizou, 
o que aconteceria? Você manifestou sua vontade? Não. Portanto, não há negócio. 
Mas como lidar com algo que não existe? Não tem como. No entanto, você pode reagir de duas 
maneiras: deixar o banco processá-lo e defender-se alegando que não usou o cartão, ou tomar a iniciativa de 
processar o banco. Mas você não vai falar em anulação ou nulidade, porque não está lidando com invalidades. 
Você não está discutindo a validade, pois o negócio não existe. Nesse caso, você pode pedir ao juiz que declare 
a inexistência da relação jurídica através de uma ação declaratória. 
O artigo 19 do Código de Processo Civil ilustra essa questão da interdisciplinaridade: 
Art. 19, CPC - O interesse do autor pode limitar-se à declaração: 
I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica; 
II - da autenticidade ou da falsidade de documento. 
No estudo das condições que envolvem a ação jurídica, o interesse ocupa um lugar de destaque. 
Atualmente, quais são essas condições da ação? A professora Roberta Queiroz é adepta a vertente da 
continuidade da existência, no contexto das condições da ação. Embora o termo não seja tão comum, 
atualmente falamos em legitimidade ad causam ou interesse de agir. Ao considerar o interesse de agir, é 
necessário demonstrar ao magistrado a necessidade da tutela jurisdicional. No entanto, nem sempre essa 
tutela é requerida após ocorrerem grandes complicações. Não é preciso esperar que a situação esteja 
desastrosa para buscar a Justiça. 
Na verdade, o que pode ser necessário? O interesse de agir do autor pode se limitar à declaração da 
existência, inexistência ou natureza de uma relação jurídica. Quando se propõe uma ação declaratória de 
inexistência de relação jurídica devido à falta de manifestação de vontade, está-se argumentando: 
"Meritíssimo, meu interesse aqui é obter uma sentença que declare que não manifestei minha vontade". 
Portanto, trata-se de uma sentença declaratória de inexistência de relação jurídica. E quando se 
obtém uma sentença declaratória, isso ocorre porque foi feito um pedido declaratório. Sabe-se que a 
natureza jurídica da sentença é determinada pela mesma natureza do pedido. No caso de uma ação 
declaratória, a dificuldade reside em provar o fato negativo. Como se prova que algo não foi feito? É 
praticamente impossível. 
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Assim, quando não há manifestação de vontade, ocorre uma inversão do ônus da prova, pois é quase 
impossível provar a negativa. O juiz pode exigir que o autor prove sua falta de manifestação de vontade, o 
que é um desafio. No sistema tradicional de ônus probatório, o autor deve provar suas alegações, enquanto 
o réu é responsável por refutá-las e provar seus próprios fatos. Portanto, há uma inversão do ônus da prova 
devido à dificuldade de comprovar a negativa. 
2.2 Violação da Validade do Negócio Jurídico 
Conforme mencionado anteriormente, a validade da declaração de vontade normalmente não está 
sujeita a formalidades especiais, sendo geralmente livre. No entanto, quando a lei exige uma forma específica, 
essa exigência deve ser respeitada. Quando se trata da existência, observa-se a ação ou o interesse de agir 
na declaração. Mas quando se trata da validade, as circunstâncias são diferentes. 
Quando se ultrapassa de maneira significativa os limites da validade, quem determina a gravidade é 
a própria lei. Assim, ao interferir na esfera da validade, observa-se que uma violação grave pode resultar na 
nulidade do negócio. Por outro lado, se a violação for menos severa, o negócio pode ser anulável. No entanto, 
cabe a lei estabelecer os parâmetros de gravidade. Encontramos no artigo 166 a referência à nulidade e no 
artigo 171 às hipóteses anuláveis. 
É importante ressaltar que a forma é o meio pelo qual expressamos nossa vontade nos negócios 
jurídicos, sendo geralmente livre. Podemos manifestar nossa vontade de formaverbal, escrita, por gestos ou 
por meio de formalidades mais robustas, como instrumentos públicos ou escrituras públicas. 
Quando se trata da forma, há duas situações a considerar: a forma ad solemnitatem, para solenidade, 
e a forma ad probationem, para prova. A forma para fins de prova facilita a demonstração perante o juiz, 
especialmente quando se trata de contratos ou acordos. Anteriormente, o Código Civil estipulava restrições 
à prova exclusivamente testemunhal para negócios com valor superior a dez vezes o salário-mínimo vigente. 
Art. 227, CC (revogado) - Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só 
se admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário 
mínimo vigente no País ao tempo em que foram celebrados. (Revogado pela Lei n º 13.105, 
de 2015) (Vigência) 
No entanto, com a entrada em vigor do novo Código de Processo Civil, a prova exclusivamente 
testemunhal passou a ser sempre admitida, revogando assim o artigo 227 do Código Civil. Portanto, já não é 
mais obrigatório ter um contrato escrito para provar a existência de um negócio jurídico em juízo. Agora, as 
testemunhas podem ser utilizadas como prova, a menos que uma lei específica exija o contrário. 
Art. 442, CPC - A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo 
diverso. 
Distingue-se, portanto, entre a forma para solenidade e a forma para prova. Exceto quando exigido 
por lei específica, não há mais restrições à forma de prova. Por exemplo, o testamento ainda requer forma 
escrita, a menos que seja um testamento militar, que é uma exceção especial. 
ATENÇÃO! 
A forma, para fins de solenidade, é distinta. Representa a manifestação de vontade em conformidade 
com as formalidades legais. Em geral, a forma é livre. Por exemplo, ao elaborar um contrato de compra e 
venda de um carro, seja qual for o veículo ou preço, pode ser verbal. 
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm#art1045
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No entanto, ao negociar a compra e venda de um apartamento, uma propriedade imobiliária, há uma 
regra específica. Note que a forma ad probationem, exceto em casos específicos, não é mais relevante. Artigos 
pertinentes: 227 do Código Civil e 442 do Código de Processo Civil, revogados pelo atual CPC. Agora, quando 
falamos da forma para validade, referimo-nos à solenidade (ad solemnitatem/ad substantia), quando a forma 
é um requisito para validade. 
Em relação à forma ad substantia, em geral, a forma é livre, mas devemos obedecer quando a lei 
requer uma forma específica. O artigo 108 do Código Civil é um exemplo comum de quando a lei exige uma 
forma específica. 
Art. 108, CC - Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos 
negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de 
direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente 
no País. 
Art. 107, CC - A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão 
quando a lei expressamente a exigir. 
Ele estabelece que ao celebrar um negócio jurídico relacionado a direitos reais sobre um bem imóvel, 
há uma exigência específica. Mas o que constitui um direito real? Todos os direitos reais são definidos no 
artigo 1.225, recentemente alterado. 
Art. 1.225, CC - São direitos reais: 
I - a propriedade; 
II - a superfície; 
III - as servidões; 
IV - o usufruto; 
V - o uso; 
VI - a habitação; 
VII - o direito do promitente comprador do imóvel; 
VIII - o penhor; 
IX - a hipoteca; 
X - a anticrese. 
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007) 
XII - a concessão de direito real de uso; (Redação dada pela Lei nº 14.620, de 2023) 
XIII - a laje; (Redação dada pela Lei nº 14.620, de 2023) 
XIV - os direitos oriundos da imissão provisória na posse, quando concedida à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou às suas entidades delegadas e a respectiva 
cessão e promessa de cessão. (Incluído pela Lei nº 14.620, de 2023) 
Observem que há alterações de 2023, bastante recentes. Assim, quando um negócio jurídico envolve 
um direito real sobre um imóvel, como a propriedade, que é genuinamente um direito real, sabemos que 
todos os outros direitos reais estão relacionados à propriedade. Ao abordarmos a questão do direito real, 
pensemos em uma transação de compra e venda de um apartamento no valor de R$ 500.000,00 (quinhentos 
mil reais). Nesse caso, ao envolver um direito real, que é a propriedade, sobre um bem com valor superior a 
30 salários-mínimos, é obrigatório formalizar por meio de escritura pública, conforme previsto no artigo 108 
do Código Civil. 
Assim, embora a forma dos contratos seja geralmente livre, quando a lei demanda uma forma 
específica, é necessário obedecer, pois esta forma é essencial para a validade do ato. Certamente, você já 
ouviu falar na conversão de negócios jurídicos. Imagine que alguém venda um apartamento para outra pessoa 
e elas formalizam o contrato de forma particular. Seria válido? Não. No entanto, poderão aproveitar esse 
negócio jurídico celebrado como base para outro tipo de negócio jurídico. Esta é uma questão frequente em 
certames públicos. 
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11481.htm#art10
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2023/Lei/L14620.htm#art30
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2023/Lei/L14620.htm#art30
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2023-2026/2023/Lei/L14620.htm#art30
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É viável aproveitar o negócio jurídico como uma promessa de compra e venda. Se a compra e venda 
requer uma escritura pública, a promessa de compra e venda funciona como um contrato preliminar. 
Art. 462, CC - O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos 
essenciais ao contrato a ser celebrado. 
O Código Civil é claro nesse aspecto. Vale ressaltar que um contrato preliminar não se resume a 
negociações prévias, trata-se de um contrato que tem como objeto a realização de outro contrato, um 
contrato definitivo. 
Entretanto, é preciso atentar para o requisito da forma. Se a legislação exige uma escritura pública 
para a compra e venda de um apartamento acima de 30 salários-mínimos, isso deve ser observado. Se um 
contrato particular foi realizado, é possível convertê-lo em uma promessa de compra e venda, como um 
contrato preliminar, comprometendo-se a realizar o contrato definitivo posteriormente. 
É importante destacar que qualquer violação dos requisitos de validade pode resultar na nulidade ou 
anulabilidade do negócio jurídico. Por isso, embora a forma dos contratos seja geralmente livre, é 
fundamental respeitar as exigências legais. Às vezes, o que é dito não reflete necessariamente o que se pensa. 
Assim como no Direito Administrativo, onde o agente público deve obedecer à lei independentemente de 
suas opiniões, no campo jurídico, a vontade real não é relevante. 
Por exemplo, se alguém pergunta se você aceita comprar um carro e você responde afirmativamente, 
um contrato é estabelecido, mesmo que internamente você não queira realmente. Da mesma forma, o 
silêncio pode ser interpretado como consentimento em certos contextos, como mencionado nos artigos110 
e 111 do Código Civil, mas é importante considerar a possibilidade de reserva mental em certas situações. 
2.2.1 Reserva mental 
Reserva mental é a discrepância entre o que se pensa e o que se expressa verbalmente. Esse instituto 
tem suas raízes no Código Civil alemão, também conhecido como BGB. No Brasil, é chamado de reserva 
mental, mas pode ser referido como reticência ou reserva oculta. Ambos os termos apontam para o mesmo 
fenômeno: reserva mental. 
Mas o que isso realmente significa? É quando alguém verbaliza um “sim”, mas internamente pensa 
“não”. Por exemplo, quando alguém diz “sim” ao ser questionado se quer algo, mas na realidade gostaria de 
dizer “não”. Isso ocorre frequentemente em situações cotidianas. 
A reserva mental tem alguma implicação legal? Isso pode invalidar um negócio jurídico? 
Art. 110, CC - A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva 
mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. 
A vontade é um componente crucial. A manifestação de vontade existe no campo da realidade. 
Portanto, mesmo que alguém faça uma reserva mental, a manifestação de vontade continua a existir. Mas, e 
se substituirmos "subsiste" por "existe" no artigo 110? Isso mantém o sentido? 
Se mudarmos para "A manifestação de vontade existe ainda que o seu autor haja feito a reserva 
mental de não querer o que manifestou...", o sentido permanece o mesmo? Sim, permanece. Dessa forma, 
observa-se que a reserva mental não afeta a existência do negócio jurídico. 
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A reserva mental torna um negócio jurídico inválido? Não estamos discutindo invalidade. Estamos 
focando na existência. Portanto, pode-se afirmar que a manifestação de vontade por "sim" continua a existir? 
Sim, exatamente. No entanto, o artigo 110 tem uma ressalva: "salvo se dela o destinatário tinha 
conhecimento". 
Isso significa que se o destinatário estava ciente da reserva mental, o negócio deixa de existir. O 
negócio é considerado inexistente. Mas e se o destinatário conhece a reserva mental e mesmo assim insiste 
no negócio? Isso ainda é inexistência ou poderia ser interpretado como dolo por omissão? 
Quando se fala em dolo, estamos falando de um vício no negócio jurídico que o anula. Não é uma 
questão de desejo, é uma questão de lei. Alguns estudiosos argumentam que isso não é uma inexistência, 
mas sim um verdadeiro dolo por omissão. 
Portanto, ao lidar com isso, é crucial seguir a lei. Mas em debates mais abertos, há espaço para 
interpretação. É uma área complexa: se o destinatário conhece a reserva mental, estamos lidando com 
invalidade, não inexistência. Isso é algo para reflexão. Em uma prova objetiva, defenda a literalidade da lei. 
2.2.2 Silêncio 
E quanto ao silêncio? No ordenamento jurídico brasileiro, é verdade que “quem cala consente”? É 
uma regra? Na verdade, quando se trata do silêncio, especialmente no âmbito do Direito Civil, a resposta não 
é tão simples. A regra geral é que o silêncio não implica em aceitação. Entretanto, o silêncio pode, em 
determinadas circunstâncias, ser interpretado como uma forma de anuência. Mas será que existem exceções 
para essa regra? O artigo 111 do Código Civil oferece uma pista interessante. 
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e 
não for necessária a declaração de vontade expressa. 
Em resumo, a regra é clara: o silêncio não implica em aceitação. Porém, há situações em que o silêncio 
pode ser interpretado como uma forma de anuência, especialmente quando a lei assim o permite. O artigo 
111 estabelece que o silêncio pode ser considerado uma forma de anuência quando as circunstâncias ou os 
costumes assim autorizarem e não for necessária uma declaração expressa de vontade. Por exemplo, o artigo 
539 do Código Civil trata de situações de doação. 
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a 
liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, 
entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo. 
Se alguém oferece uma doação pura, como "vou te dar esta casa", e o destinatário não responde 
dentro de um prazo estabelecido, a lei presume que houve aceitação. No entanto, se a doação envolver algum 
tipo de encargo, como estabelecer uma creche na propriedade doada, o silêncio não será interpretado como 
aceitação. 
Além disso, o silêncio do credor diante da notificação da assunção de uma dívida, conforme o artigo 
299 do Código Civil, implica em recusa. Ou seja, se alguém assume uma dívida de outro devedor, o 
consentimento expresso do credor é necessário; o silêncio não será considerado como uma forma de 
concordância. 
Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento 
expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da 
assunção, era insolvente e o credor o ignorava. 
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Existem diversas outras situações em que o silêncio pode ser interpretado como uma manifestação 
de vontade, como na escolha do local de execução (artigo 326, CC) ou na aceitação de uma herança. Por 
exemplo, segundo o artigo 1.807 do Código Civil, se alguém não manifesta sua recusa em receber uma 
herança dentro do prazo estabelecido, seu silêncio será interpretado como aceitação. 
Art. 326. Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso, entender-se-á, no 
silêncio das partes, que aceitaram os do lugar da execução. 
Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança, poderá, 
vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, 
para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita. 
Em suma, o silêncio pode ser uma forma válida de expressão de vontade em certas circunstâncias, 
mas é importante analisar cada caso à luz da legislação pertinente. 
Quanto à distinção entre nulidade e anulabilidade, os artigos 166 e 171 do Código Civil são 
fundamentais. O artigo 166 trata das causas de nulidade, enquanto o artigo 171 trata das causas de 
anulabilidade. É importante ressaltar que o rol de casos previstos nos referidos artigos não é taxativo, ou seja, 
podem existir outras situações de nulidade ou anulabilidade previstas em outras partes da lei. 
Portanto, é necessário analisar cada caso individualmente para determinar se ele se enquadra em 
uma causa de nulidade ou anulabilidade conforme previsto na legislação. 
2.3 Nulidade Absoluta e Nulidade Relativa 
Quando dizemos que algo é nulo ou anulável, estamos lidando com a violação dos requisitos de 
validade. Para que um negócio jurídico seja válido, é necessário que haja uma vontade livre e de boa-fé, que 
o agente seja capaz, que o objeto seja lícito, possível, determinado ou, pelo menos, determinável, e que a 
forma, geralmente livre, uma vez prevista em lei (em relação à solenidade), para garantir a validade. 
Quando violamos esses requisitos de validade, a gravidade da violação determina se o negócio 
jurídico é nulo ou anulável. Se a violação for grave, o negócio é nulo; se for menos grave, é anulável. Pode-se 
encontrar a referência ao negócio jurídico nulo como equivalente à nulidade absoluta e o negócio anulável 
como equivalente à nulidade relativa. Portanto, um negócio jurídico pode ser tanto nulo quanto anulável, 
representando respectivamente nulidade absoluta enulidade relativa. 
Ao discutirmos nulidade absoluta e nulidade relativa, estamos tratando de um sistema de nulidade, 
não de anulabilidade. Este sistema pode envolver tanto nulidade absoluta quanto nulidade relativa, 
dependendo da gravidade da violação e se afeta o interesse público ou privado. Quando falamos de nulidade 
relativa, estamos até mesmo mencionando uma situação de anulabilidade. 
Portanto, anulabilidade é sinônimo de nulidade relativa. Ao analisar o que é nulo e anulável, é possível 
identificar casos de nulidade, casos de anulabilidade e suas respectivas características. Segue abaixo um 
quadro para facilitar sua compreensão. Veja: 
Nulo Anulável 
Casos Características Casos Características 
166- 
Abs. Inc. = 3° CC > - 16 
anos 
Motivo – ambas – ilícito 
Forma – lei 
Ofende interesse 
público 
Não pode ser 
convalidado pelas 
partes. 
171 
Rel. inc.: 4°, CC. 
Erro 
Dolo 
Coação 
Ofende interesse 
privado 
Pode ser convalidado 
pelas partes 
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Solenidade 
Objeto ilícito, impossível 
ou indeterminável 
Fraudar a lei 
Lei declarar nulo/proibir 
a prática 
167 – Simulação 
 
Não se torna válido com 
o tempo. 
O juiz pode conhecer de 
ofício 
Ação declaratória de 
nulidade 
Qualquer interessado/ 
MP 
Sentença declaratória 
 
Estado de perigo 
Lesão 
Fraude contra credores. 
Torna-se válido com o 
tempo 
O juiz não pode 
conhecer de ofício 
Ação anulatória 
Parte 
Sentença constitutiva 
negativa 
Prazo: 4 anos 
(decadencial) 
 
 
As hipóteses de nulidade estão previstas no artigo 166 do Código Civil: 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; 
IV - não revestir a forma prescrita em lei; 
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; 
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; 
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. 
Se a indeterminabilidade for temporária, não invalidará o negócio. O motivo determinante não é 
exclusivo de uma das partes, mas sim comum a ambas. É importante lembrar que, embora a forma 
geralmente seja livre, quando a lei exigir uma forma específica, esta deve ser respeitada, conforme o artigo 
108 do Código Civil. 
Observa-se no artigo 166 que “é nulo o negócio jurídico quando:”. No entanto, é crucial notar o inciso 
VII, que estabelece que o negócio será nulo “quando a lei taxativamente o declarar nulo”. Isso implica que 
além dos casos mencionados no art. 166, podem existir outras situações ao longo do Código Civil em que a 
nulidade é determinada pela lei. Ou seja, não se limita aos casos explicitados no artigo 166, ou quando a lei 
proibir a prática, sem cominar sanção. 
É importante atentar para a tabela na qual estão listadas as hipóteses de nulidade, caracterizadas 
como vícios extremos que nunca resultarão em validade. O Direito Civil demonstra aversão a tais situações. 
Portanto, um negócio celebrado com pessoa absolutamente incapaz, quando o motivo for ilícito para 
ambas as partes, quando violar a forma legalmente prevista, quando desconsiderar uma solenidade, quando 
o objeto for ilícito, impossível ou indeterminável (não indeterminado), ou quando tiver o intuito de fraudar a 
lei, são todos casos de nulidade. 
Quando a lei declara algo nulo, isso significa que é nulo, pois a lei define expressamente a nulidade. 
Por exemplo, no caso da simulação, conforme consagra o artigo 167. 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido 
for na substância e na forma. 
No entanto, quando a lei proíbe uma prática sem estabelecer uma sanção, como indicado no inciso 
VII do artigo 166, isso pode levar a um caso de nulidade. Ou seja, quando a lei não prevê uma sanção para 
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uma prática proibida, o negócio pode ser considerado nulo. Este princípio foi discutido anteriormente no 
contexto do princípio da legalidade no Direito Civil. 
Portanto, o particular pode fazer tudo o que a lei não proíbe. No entanto, quando a lei proíbe algo 
sem estabelecer uma sanção específica, o negócio pode ser anulável. Se a lei considera algo anulável, então 
é anulável. Mas quando a lei proíbe algo sem estabelecer uma sanção específica, isso pode resultar em 
nulidade. 
Um exemplo disso é o artigo 426, que estipula: 
Art. 426, CC - Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 
 A lei proíbe expressamente a discussão, em contrato, da herança de pessoa viva. Essa proibição, 
conhecida como pacta corvina, refere-se ao pacto dos corvos, em que alguém espera ansiosamente pela 
morte do outro para se beneficiar. Por exemplo, imagine João, cujo pai é muito rico. Ele pede dinheiro 
emprestado a um amigo, alegando a fortuna do pai e propõe assinar um contrato no qual, após a morte do 
pai, a herança seria transferida para o amigo. 
No entanto, fazer um contrato discutindo a herança de uma pessoa viva é ilegal. Se a lei proíbe 
explicitamente, o contrato é nulo. Se a lei estabelece que algo não pode ser feito e ainda assim é feito, resulta 
em nulidade. Por outro lado, se a lei determina que algo não pode ser feito sob pena de anulabilidade, está 
prevendo uma sanção. Um exemplo disso é o artigo 1.647 do Código Civil, que trata do regime de bens e as 
restrições que um cônjuge tem sem o consentimento do outro. 
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem 
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: 
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; 
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; 
III - prestar fiança ou aval; 
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar 
futura meação. 
Essas restrições incluem não poder prestar fiança ou aval, alienar bens imóveis, transacionar ônus 
reais sobre imóveis, pleitear sobre esses bens em processos judiciais, ou fazer doações que não sejam 
remuneratórias de bens comuns, salvo no regime de separação absoluta de bens. Se essas restrições são 
infringidas sem o consentimento do outro cônjuge, o ato é anulável, conforme o artigo 1.649 do Código Civil. 
Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), 
tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois 
anos depois de terminada a sociedade conjugal. 
Quando a lei estabelece que algo não pode ser feito e não prevê outra consequência, trata-se de 
nulidade. Por exemplo, o artigo 426 é um exemplo de nulidade. É importante notar que todo negócio jurídico 
nulo tem características específicas: ele fere o interesse público e não pode ser convalidado pela vontade das 
partes. Mesmo que as partes concordem, a nulidade persiste. 
Se algo é nulo, o juiz pode e deve reconhecê-lo por conta própria. Por exemplo, se alguém propõe um 
contrato para cometer crimes, o juiz pode declarar a nulidade do contrato, mesmo que não seja mencionado 
durante o processo. 
Uma situação similar já foi abordada em provas de concurso. Se o objeto de um contrato é ilícito, o 
juiz deve reconhecê-lo, possivelmente informando o Ministério Público. Se alguém deseja contestar a 
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nulidade de um negócio jurídico, pode entrar com uma ação declaratória de nulidade. Essa ação pode ser 
proposta por qualquer pessoa interessada ou pelo Ministério Público. 
A natureza do pedido define a natureza jurídica da sentença. Se o pedido é declaratório, a sentença 
será declaratória. Em geral, uma sentença declaratória retroage no tempo (ex tunc) e é imprescritível. Por 
outro lado, a anulabilidade, também chamada de nulidade relativa, está prevista no artigo 171, que lista os 
casos em que um contrato pode ser anulado. 
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: 
I - por incapacidade relativa do agente; 
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra 
credores. 
Nesse sentido, outros casos previstos em lei podem existir, por exemplo, o artigo 496 do Código Civil: 
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes 
e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. 
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime 
de bens for o da separação obrigatória. 
Existem, de fato, outros casos de anulabilidade. O próprio artigo 1.647, que foi mencionado 
anteriormente, é um exemplo disso. Vender um imóvel sem o consentimento do cônjuge é um exemplo de 
negócio anulável. 
É importante observar que a incapacidade relativa do agente pode tornar um negócio jurídico 
anulável. Os relativamente incapazes são definidos no artigo 4º, e incluem os menores púberes, ébrios 
habituais, toxicômanos, indivíduos que, por razões transitórias ou permanentes, não manifestam vontade, e 
os pródigos. É fundamental entender que uma pessoa com deficiência não é incapaz devido à deficiência, 
mas sim se não manifestar vontade. 
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação 
dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 
2015) (Vigência) 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua 
vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 
IV - os pródigos. 
Além disso, vícios como erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores podem 
tornar um negócio anulável. Enquanto erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão são considerados vícios 
de consentimento, a fraude contra credores é um vício social. 
É importante ressaltar que casos de negócios anuláveis envolvendo relativamente incapazes, erro, 
dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores podem ser anulados. No entanto, a lista não é 
exaustiva. As características do anulável incluem o fato de que ele prejudica principalmente o interesse 
privado. Se somente o interesse privado é afetado, as partes envolvidas podem optar por convalidar o 
negócio. 
Além disso, o negócio torna-se válido com o tempo, mas é crucial agir dentro do prazo estipulado, 
pois após esse período, o negócio se torna válido e o juiz não pode agir por iniciativa própria para anulá-lo. 
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art127
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm#art114
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Por exemplo, se alguém é enganado para comprar algo, apenas a parte afetada pode iniciar uma ação 
para anular o negócio. Isso é feito por meio de uma ação anulatória, apropriada para casos de anulabilidade. 
Somente a parte afetada pode propor essa ação. A sentença resultante dessa ação geralmente decreta a 
anulação do negócio jurídico. Portanto, trata-se de uma sentença constitutiva negativa ou meramente 
desconstitutiva. 
Quanto ao prazo para agir, geralmente é um prazo de quatro anos para casos de anulabilidade (art. 
171), mas pode variar dependendo do caso e do que a lei determina. É importante iniciar a contagem do 
prazo a partir da celebração do negócio jurídico, a menos que haja coação ou incapacidade relativa, onde o 
prazo começa quando a coação cessa ou quando a incapacidade é superada. Esses prazos são considerados 
decadenciais, o que significa que se não agir dentro do prazo, perderá o direito de anular o negócio. 
Se a lei não especifica o prazo, qual artigo deve-se aplicar? O Artigo 179 do Código Civil. 
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para 
pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. 
Art. 180, CC - O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma 
obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, 
ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. 
Este é um exemplo clássico da proibição do “venire contra factum proprium”. Suponha que um 
indivíduo relativamente incapaz realiza um negócio jurídico, tornando-o passível de anulação. Muitas vezes, 
ele oculta ou omite sua idade. Portanto, é necessário um elemento subjetivo, um dolo da parte dele, para 
que ele perca tal proteção. Isso deriva da proibição de se beneficiar da própria torpeza, refletindo a 
preocupação com a boa-fé objetiva e a teoria dos atos próprios. 
Em cada caso de vício, é crucial examiná-lo individualmente. 
2.3.1 Simulação 
Primeiramente, há a simulação, um vício social que acarreta a nulidade. A simulação, regida pelo 
artigo 167, é sempre bilateral, envolvendo duas ou mais pessoas conspirando para enganar alguém ou fraudar 
a lei. 
Todavia, o artigo 167 do Código Civil, estabelece o seguinte: 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido 
for na substância e na forma. 
Existem duas situações: negócio simulado e negócio dissimulado. O simulado é sempre nulo, 
enquanto o dissimulado pode ser válido; simulado cobre o dissimulado, é o que é feito para encobrir a 
verdadeira intenção. Portanto, o negócio simulado é sempre nulo, enquanto o dissimulado pode ser válido. 
Por exemplo, se uma pessoa casada deseja doar um carro para sua irmã, mas seu marido se opõe, 
ameaçando divórcio, a esposa pode fingir uma venda para acobertar a doação. No entanto, o que ela 
realmente deseja é a doação, o que torna a venda simulada e, portanto, nula. 
Entretanto, se essa esposa desejasse presentear seu amante com um carro e, sabendo que 
enfrentaria problemas, orquestrasse uma venda fictícia, também seria considerado simulado e, 
consequentemente, nulo, embora na modalidade anulável. 
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Art. 550, CC - A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice pode ser anulada pelo outro 
cônjuge, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade 
conjugal. 
É fundamental distinguir a intençãoreal e a ação dissimulada. Enquanto o simulado é sempre nulo, o 
dissimulado pode ser válido. O Código Civil não aborda a simulação inocente, na qual a pessoa não tem 
intenção maliciosa. 
Outro exemplo clássico de negócio jurídico simulado é quando alguém compra um apartamento por 
R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), mas na escritura pública declara apenas R$ 200.000,00 (duzentos mil 
reais) para reduzir impostos. Isso é uma simulação, onde o valor real é dissimulado. Portanto, neste caso, 
pode ser válido. 
Agora, imagine a seguinte situação: um pai com quatro filhos, demonstrando preferência pelo caçula, 
decide vender seu carro. No entanto, ele evita lidar diretamente com essa questão devido ao reconhecimento 
de possíveis complicações. Assim, ele opta por agir por meio de um intermediário na transação. O carro é 
vendido a alguém que posteriormente transferirá a propriedade para o filho mais novo. 
Recentemente, em 20 de abril de 2020, o Superior Tribunal de Justiça proferiu um julgamento 
relevante que pode ser crucial em provas futuras: a venda de bens de ascendente para descendente, realizada 
por interposta pessoa, pode ser anulada em até dois anos. Isso porque qualquer transação conduzida por 
interposta pessoa é suscetível a ser considerada uma simulação. A discussão levada ao STJ abordou 
especificamente essa questão: seria uma simulação? 
O Superior Tribunal de Justiça decidiu da seguinte forma: 
Para a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a venda de patrimônio para um 
dos filhos, por meio de pessoa interposta, é ato jurídico anulável – salvo se os outros 
descendentes e o cônjuge do alienante expressamente tiverem consentido com o negócio, 
conforme preceitua o artigo 496 do Código Civil. 
Segundo a relatora do caso, ministra Nancy Andrighi, o STJ adotou o entendimento de que 
a alienação de bens de ascendente para descendente sem o consentimento dos demais é 
ato jurídico anulável, cujo reconhecimento demandaria: a iniciativa da parte interessada; a 
ocorrência do fato jurídico, qual seja, a venda apontada como inválida; a existência de 
relação de ascendência e descendência entre vendedor e comprador; a falta de 
consentimento de outros descendentes; e a comprovação do objetivo de dissimular doação, 
ou o pagamento de preço inferior ao valor de mercado. 
"Diversamente do que se constatava no Código Civil de 1916 – que era omisso quanto à 
natureza do vício da venda de ascendente a descendente sem o consentimento dos demais 
descendentes –, o CC/2002 passou a definir, expressamente, que a hipótese seria de 
anulabilidade do ato jurídico, e não de nulidade de pleno direito, encerrando divergências 
doutrinárias e jurisprudenciais sobre sua específica natureza", explicou a relatora.6 
O tribunal determinou que a natureza da transação permanece sendo de anulabilidade, e o prazo 
para anulação continua sendo de dois anos. Isso é fundamental, pois algumas pessoas podem interpretar 
erroneamente que, se a venda do pai para o filho ocorreu por meio de um intermediário, seria 
automaticamente uma simulação, levando à nulidade. Contudo, segundo o entendimento do STJ, isso não 
descaracteriza a anulabilidade. 
 
6 Disponível em: https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Venda-de-bem-de-
ascendente-para-descendente--por-meio-de-pessoa-interposta--e-anulavel-em-ate-dois-anos.aspx. Acessado em: 06 
maio 2024. 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art496
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Venda-de-bem-de-ascendente-para-descendente--por-meio-de-pessoa-interposta--e-anulavel-em-ate-dois-anos.aspx
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Venda-de-bem-de-ascendente-para-descendente--por-meio-de-pessoa-interposta--e-anulavel-em-ate-dois-anos.aspx
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Portanto, é importante entendermos os vícios de anulabilidade nos negócios jurídicos. O caso em 
questão é o REsp 1679501 do STJ, recomendado para leitura, especialmente para aqueles envolvidos em 
concursos que valorizam jurisprudência. 
Em suma, é crucial distinguir entre a ação efetuada e a intenção subjacente nos negócios jurídicos 
para determinar sua validade. 
 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL Aula 19 
Professor Bernardo Gonçalves 
3. PODER JUDICIÁRIO 
3.6 Quinto Constitucional 
O quinto constitucional está previsto no art. 94 da Constituição. É um tema bastante cobrado em 
provas. 
Art. 94, CRFB - Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos 
Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério 
Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de 
reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista 
sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. 
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao 
Poder Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para 
nomeação. 
No quinto constitucional não há participação Poder Legislativo. O chefe do Poder Executivo será 
responsável por escolher e nomear. 
O art. 94 menciona os Tribunais de Justiça e os Tribunais Regionais Federais (atualmente existem 6), 
porém o quinto constitucional também vai estar presente nos Tribunais de Segundo Grau, no âmbito da 
Justiça Especial do Trabalho (TRTs), seguindo os mesmos requisitos dos TJs e TRFs. 
3.6.1 Quinto Constitucional no Tribunal de Justiça 
É composto por advogados (+10 anos de efetivo exercício da atividade, notório saber jurídico e 
reputação ilibada) e por Membros do Ministério Público Estadual. 
No caso dos advogados, a OAB elabora uma lista sêxtupla com os advogados com mais de dez anos 
de exercício de atividade, encaminha ao Tribunal de Justiça do respectivo Estado, para que este faça uma lista 
tríplice e envie para o chefe do Poder Executivo (Governador), o qual será responsável pela nomeação. 
No Ministério Público (MP), no âmbito estadual, o MP elabora uma lista sêxtupla com os promotores 
e procuradores de justiça com mais de dez anos de atividade que tenham interesse, encaminha para o TJ 
desenvolver uma lista tríplice e enviar para o Poder Executivo (Governador), o qual fará a nomeação. 
ATENÇÃO 
No TJDFT, haverá uma diferença. Foi visto que o TJ deve encaminhar a lista tríplice para o chefe do 
Poder Executivo que, no caso dos estados, é o governador de estado. Porém, no âmbito do DF, a lista deverá 
ser encaminhada para o Presidente da República, tendo em vista que o TJDFT é organizado pela União, vide 
arts. 22, XVII e 21, XIII, da CRFB. 
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3.6.2 Quinto Constitucional no Tribunal Regional Federal 
É composto por advogados (+10 anos de efetivo exercício da atividade, notório saber jurídico e 
reputação ilibada) e por Membros do Ministério Público Federal. 
No caso dos Advogados, a OAB vai elaborar uma lista sêxtupla com os advogados com mais de dez 
anos de exercício de atividade (no caso de TRFs com mais de um Estado, é feito pela OAB Federal), essa lista 
é encaminhada ao respectivo TRF para que este faça uma lista tríplicee envie para o chefe do Poder Executivo 
(Presidente da República). 
No Ministério Público Federal ocorre da mesma forma, o MPF elabora a lista sêxtupla e segue o 
mesmo procedimento descrito acima. 
3.6.3 Quinto Constitucional no Tribunal Regional do Trabalho 
É composto por advogados (+10 anos de efetivo exercício da atividade, notório saber jurídico e 
reputação ilibada) e por Membros do Ministério Público do Trabalho. 
A OAB elabora a lista sêxtupla com os advogados que possuem mais de dez anos, encaminha para o 
TRT, o qual faz a lista tríplice e envia para o Presidente da República nomear. O chefe do Poder Executivo, no 
âmbito do TRT, é o Presidente da República, pois a Justiça do Trabalho é uma Justiça Federal. 
No Ministério Público do Trabalho, haverá uma lista com os membros com mais de dez anos de 
atividade, o MPT elabora uma lista sêxtupla e encaminha ao TRT, para que este faça uma lista tríplice e envie 
para que o chefe do Executivo (Presidente da República) realize a nomeação. 
3.6.4 Observações acerca do Quinto Constitucional 
1. A regra do quinto deve ser sempre arredondada para cima quando o número de Desembargadores 
do Tribunal (TJ, TRF ou TRT) não for múltiplo de cinco. 
Exemplo 1: O Tribunal possui 25 desembargadores. Neste caso, é um número múltiplo de 5, logo, 
haverá 5 desembargadores no quinto constitucional, entre advogados e membros do Ministério Público. 
Exemplo 2: O Tribunal possui 12 desembargadores. Neste caso, 12 não é um número múltiplo de 5, 
logo, deve-se arredondar para cima, totalizando 3 desembargadores pelo quinto constitucional. 
2. Em um caso envolvendo o TJSP, o STF decidiu que o Tribunal de Segundo Grau pode devolver a lista 
sêxtupla se entender que não preencheu os requisitos à luz da Constituição. 
3. Houve um precedente no TJ em que o Ministério Público não possuía seis membros com mais de 
dez anos de efetivo exercício atividade para concorrer à vaga do quinto constitucional. Neste caso, o STF 
adotou a teoria do pensamento do possível, uma teoria hermenêutica de Peter Häberle e entendeu que seria 
necessário renunciar à normativa de mais dez anos e permitir que membros com menos dez anos de atividade 
tivessem a possibilidade de concorrer a lista. Todavia, isto deve ocorrer apenas neste caso excepcional. 
4. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
O controle de constitucionalidade é uma análise ou verificação de compatibilidade ou adequação de 
leis ou atos normativos em relação a uma Constituição. 
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Parâmetro do controle de constitucionalidade: A Constituição. 
Objeto do controle de constitucionalidade: As leis ou atos normativos. 
De acordo com Jorge Miranda Lisboa ou Gilmar Mendes existe uma relação de parametricidade entre 
leis ou atos normativos e a Constituição. Quando estiverem de acordo com a Constituição, serão consideradas 
constitucionais e, quando contrários, serão entendidas como inconstitucionais. 
4.1 Pressupostos 
Existem quatro pressupostos do controle de constitucionalidade dentro de uma jurisdição 
constitucional forte (strong judicial review). É importante destacar que os Estados Unidos, a Áustria, 
Alemanha, Itália, Portugal, Espanha e Brasil, são países que trabalham com uma jurisdição constitucional 
forte. 
Os pressupostos são os seguintes: 
1. A existência de uma Constituição formal e rígida, ou seja, uma Constituição dotada de supremacia 
em relação às outras normas do ordenamento. 
2. A Constituição como fundamento de validade para o restante ordenamento, ou seja, qualquer 
norma, lei ou ato normativo só será válido se estiver de acordo com a Constituição. 
3. A existência de um órgão dotado de legitimidade para realizar o controle de constitucionalidade. 
Na maioria dos países, este órgão é judicial ou de estrutura judicial, mas em alguns outros países, o órgão 
pode ser político, por exemplo. 
4. A existência de uma sanção. No caso de a lei ou o ato normativo contrariar a Constituição, deve 
ser declarada a sua inconstitucionalidade. 
4.2 Jurisdição Constitucional Forte x Jurisdição Constitucional Fraca 
Os pressupostos acima dizem respeito à jurisdição constitucional forte. Recentemente, surgiu um 
debate no Direito Comparado, em virtude de um outro tipo de jurisdição constitucional, que é a chamada 
jurisdição constitucional fraca. 
Na jurisdição constitucional tradicional forte, a sanção para leis ou atos normativos contrários à 
Constituição é a inconstitucionalidade e a sua extirpação do ordenamento jurídico. Na jurisdição 
constitucional fraca, existe a possibilidade de a lei ou o ato normativo contrariar a Constituição e permanecer 
no ordenamento. Países como o Canadá, a Nova Zelândia e a Inglaterra seguem esta jurisdição. 
Exemplo: o Canadá possui, em sua Constituição, uma cláusula denominada de “cláusula do não 
obstante”. Ou seja, o Parlamento Nacional ou o Parlamento das Províncias, pode produzir leis e imunizá-las 
da possibilidade de a Corte Constitucional canadense declarar a sua inconstitucionalidade, por um período 
renovável de cinco anos. Ou seja, a lei ficaria imunizada de uma decisão de incompatibilidade do Poder 
Judiciário, mediante a declaração de direitos. 
Exemplo 2: Na Inglaterra, a Corte Constitucional aprecia se determinada lei fere direitos humanos ou 
direitos fundamentais e faz uma declaração de incompatibilidade, mas ela irá permanecer no ordenamento. 
A declaração de incompatibilidade funciona apenas como uma forma de causar constrangimento para o 
legislador. A decisão de alterar ou revogar a lei caberá ao Parlamento. 
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No Brasil, há uma jurisdição constitucional forte, uma Constituição formal e rígida, a Constituição 
como fundamento de validade para o restante do Ordenamento Jurídico, órgãos dotados de legitimidade 
para realizar o controle e, como sanção, a declaração de invalidade da lei ou ato normativo. 
4.3 Requisitos 
Os requisitos que uma lei ou ato normativo devem preencher para ser compatível com a Constituição, 
são os requisitos formais e os requisitos materiais. 
1. Requisitos Formais: dizem respeito a forma ou modo de produção da lei, que deve respeitar o 
definido (determinado) na Constituição. É comum que o conteúdo da lei esteja adequado, mas a forma pela 
qual ela foi feita estar em desacordo com o determinado na Constituição. 
2. Requisitos Materiais: dizem respeito ao conteúdo da lei que deve respeitar o conteúdo da 
Constituição. Pode ocorrer de o modo de produção da lei seguir o processo legislativo, seguir as regras de 
competência e os pressupostos previstos, mas desrespeitar o conteúdo da Constituição. Assim, a lei será 
declarada inconstitucional, uma vez que preenche os requisitos formais, mas não respeita os requisitos 
materiais. 
Os atos normativos devem respeitar requisitos formais e materiais para serem considerados válidos. 
Nos casos em que estes requisitos forem desrespeitados, haverá a inconstitucionalidade, que poderá ser 
formal ou material. 
4.4 Inconstitucionalidade 
A inconstitucionalidade formal ocorre quando há o descumprimento de requisitos formais, e a 
inconstitucionalidade material ocorre quando há o descumprimento de requisitos materiais. 
4.4.1. Inconstitucionalidade Formal 
A inconstitucionalidade formal diz respeito ao descumprimento de requisitos formais e possui três 
espécies: 
1. Inconstitucionalidade formal orgânica: é aquela que ocorre quando há o descumprimento de 
regrasde competência. 
Exemplo: O Estado-Membro faz uma Lei estadual sobre Direito do Trabalho. Neste caso, haverá uma 
inconstitucionalidade formal orgânica em virtude do descumprimento de regras de competência, visto que o 
art. 22 da Constituição diz que compete privativamente à União legislar sobre Direito Civil, Direito Penal, 
Direito do Trabalho, Direito Processual Civil e Processual Penal. 
A inconstitucionalidade formal orgânica por regras de competência não ocorre somente em questão 
de competência do federalismo, também pode ocorrer por incompetência de espécie normativa. 
Exemplo: uma norma constitucional prevê que determinada matéria é de competência de lei 
complementar. Todavia, o legislador constitui uma lei ordinária. Neste caso, haverá uma inconstitucionalidade 
formal orgânica pelo descumprimento de regras de competência de espécie normativa. 
2. Inconstitucionalidade formal por descumprimento de pressupostos objetivos do ato: requisitos 
previstos na Constituição para a produção normativa são descumpridos. A norma constitucional traz 
requisitos inarredáveis, como diz Canotilho, para a produção de determinada norma jurídica. 
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Exemplo: art. 62 da Constituição (medidas provisórias). Independentemente do conteúdo, a medida 
provisória deve ter relevância e urgência. Caso contrário, haverá uma inconstitucionalidade formal por 
descumprimento de pressupostos objetivos do ato normativo. 
Exemplo 2: O art. 18, §4º, da CF traz os requisitos expressos para a criação de Municípios no Brasil. 
Deve haver Lei Complementar, uma análise de viabilidade, o plebiscito com a população diretamente 
interessada e uma Lei estadual autorizando a criação de Municípios. No caso de descumprimento destes 
requisitos, haverá uma inconstitucionalidade formal por descumprimento de pressupostos objetivos do ato. 
3. Inconstitucionalidade formal propriamente dita: é a inconstitucionalidade formal por 
descumprimento de regras do processo legislativo, previstas nos arts. 59 a 69 da Constituição. 
• Inconstitucionalidade formal subjetiva: ocorre quando o descumprimento se dá na fase de 
iniciativa. É denominada desta forma, porque a fase de iniciativa é a única que trabalha com 
o sujeito. Haverá a inconstitucionalidade formal subjetiva quando um sujeito sem 
legitimidade para iniciar o processo legislativo o inicia. No processo legislativo, foram 
estudados alguns casos de vício de iniciativa, a exemplo do art. 61, §1º, CRFB. 
 
• Inconstitucionalidade formal objetiva: ocorre quando o vício está na fase constitutiva do 
processo legislativo ou na fase complementar. Exemplo: há um Projeto de Lei Complementar 
tramitando na Câmara dos Deputados. Nos termos do art. 69 da Constituição, é exigida 
maioria absoluta para a sua aprovação. O projeto é aprovado no Senado por maioria simples. 
Haverá uma inconstitucionalidade formal objetiva, uma vez que, nos termos do art. 69 da 
Constituição, exige-se maioria absoluta para aprovação de lei complementar. 
Desse modo, o descumprimento do processo nas fases constitutivo ou complementar gera 
inconstitucionalidade formal objetiva e, na fase iniciativa, gera inconstitucionalidade formal subjetiva. 
4.4.2 Inconstitucionalidade Material 
A inconstitucionalidade material ocorre quando há o descumprimento de requisitos formais, ou seja, 
quando o conteúdo da lei descumpre o conteúdo da Constituição. 
OBSERVAÇÃO 
Anteriormente, a divisão entre inconstitucionalidade formal e material era suficiente. Porém, 
atualmente, a doutrina desenvolveu uma tese de que a inconstitucionalidade material não é só uma questão 
de conteúdo da lei, pois ela também pode ocorrer em virtude do descumprimento do princípio da 
proporcionalidade. Hoje, esta tese é aceita pelo STF. Ou seja, é uma análise sobre a atuação do poder público, 
a fim de constatar se a lei está em excesso ou se ela é insuficiente. 
Existem duas possibilidades naquilo que tange a inconstitucionalidade material: o princípio da 
proporcionalidade enquanto princípio da proibição do excesso e o princípio da proporcionalidade 
enquanto princípio da proibição da proteção insuficiente. Há diversos julgados do STF que trabalham sobre 
esta ideia. 
Desse modo, nos casos em que o Poder Público atuar em excesso ou de forma insuficiente, a lei será 
inconstitucional. A atuação deve se dar na medida exata e adequada da proporcionalidade, à luz do princípio 
estudado. 
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4.5 Grandes Sistemas ou Matrizes do Controle de Constitucionalidade 
As três matrizes ou sistemas de controle forte, são: a matriz norte-americana que surge do caso 
Marbury vs. Madison do Justice Marshall, do Presidente da Suprema Corte de 1803; a matriz austríaca de 
Hans Kelsen de 1920; e a matriz francesa, que é a mais recente, da Constituição da França de 1958. 
É importante estudar essas três matrizes, visto que elas integram a teoria geral do controle de 
constitucionalidade. 
4.5.1 Matriz Norte-Americana 
A matriz norte-americana surge do famoso caso Marbury vs. Madison de 1803. O precursor é o 
Presidente da Suprema Corte, na época, John Marshall, o qual inaugura o controle de constitucionalidade em 
termos modernos. 
É um sistema de controle judicial (feito por juízes), difuso (todos os juízes podem fazer o controle), 
concreto (sempre é feito em casos concretos). É um controle por via de exceção, pois a questão principal do 
caso não é sobre controle de constitucionalidade, mas sobre Direito Civil, Direito Empresarial, Direito 
Tributário etc. Além disso é um controle incidental, visto que o controle surge incidentalmente em um caso 
concreto. 
A questão principal do caso Marbury vs. Madison era acerca da aptidão para o Marbury se tornar juiz. 
O seu ato de nomeação tinha sido vedado pelo presidente e pelo secretário de Estado, Madison. No caso 
concreto, o Presidente Adams escolheu o Marbury para ser juiz. Porém, Adams perdeu a eleição antes de 
Marbury tomar a posse. O Presidente eleito, Jefferson, não concede a posse para o Marbury, por este ter sido 
nomeado pelo Presidente anterior. Essa discussão vai para a Suprema Corte e surge o questionamento de se 
os atos normativos e legislações posteriores à Constituição prevaleceriam sobre a Constituição dos Estados 
Unidos (critério cronológico). Porém, caso este critério fosse adotado, a Constituição estaria no mesmo 
patamar de qualquer Lei. Portanto, é adotado o critério hierárquico, isto é, os atos normativos posteriores à 
Constituição não prevalecem. 
À vista disso, o Marshall desenvolve dois pontos: (i) controle de constitucionalidade, ou seja, o 
Judiciário é responsável por controlar a constitucionalidade de leis ou atos normativos posteriores à 
Constituição, de forma a controlar possíveis usurpações do legislador e do Poder Executivo, conforme o 
critério hierárquico. (ii) doutrina da supremacia da Constituição: o critério vencedor é o hierárquico, logo a 
Constituição é dotada de supremacia. Essa é a ideia da formalidade e da rigidez constitucional, ou seja, ela 
prevalece contra leis ou atos normativos posteriores a ela que a contrarie. 
Desse modo, a matriz norte-americana deriva do caso Marbury vs. Madison, em um sistema judicial 
de controle difuso, analisando casos em concreto, pela via de exceção e incidental. 
4.5.2 Matriz Austríaca de Hans Kelsen 
 A matriz austríaca de Hans Kelsen surge da Constituição da Áustria, de outubro de 1920. A tese 
desenvolvidaé de um sistema de estrutura judicial, no qual o controle é concentrado em um único órgão, um 
Tribunal ou Corte Constitucional de estrutura judicial. O controle não é feito em um caso concreto, é um 
controle em abstrato. 
A ideia de Hans Kelsen foi selecionar uma lei do ordenamento e um legitimado previsto na 
Constituição, para poder provocar a Corte a dizer se, em tese, a lei é constitucional. É um controle através de 
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um processo que em países como a Áustria e a Alemanha, vai ser cunhado posteriormente, como processo 
objetivo, ou seja, um processo sem lide, sem parte e sem contraditório, no qual o Tribunal Constitucional vai 
analisar, em abstrato, se as leis do ordenamento contrariam a Constituição. 
O controle se dá via ação, visto que existe uma ação específica para discutir se as leis do ordenamento 
contrariam a Constituição. Além disso, será por via principal, uma vez que a questão principal é o controle de 
constitucionalidade. Ou seja, é ajuizada uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), para que o Tribunal 
Constitucional aprecie a constitucionalidade de uma determinada lei do ordenamento. 
É uma matriz austríaca, mas também é denominada de matriz europeia, porque depois da Áustria é 
adotado na Itália, Alemanha, Portugal e Espanha. 
4.5.3 Matriz Francesa 
A matriz francesa surge com a Constituição da França de 1958. A diferença entre a matriz francesa e 
a matriz norte-americana, é que esta última possui um sistema de controle judicial, assim como no caso da 
matriz austríaca. Na França, existe um sistema político de controle, visto que a constitucionalidade é 
controlada por um órgão político sem a figura dos juízes, este órgão é denominado Conseil Constitutionnel 
(Conselho Constitucional). 
O Conselho Constitucional é composto por nove membros com mandato de nove anos, sendo três 
indicados pelo Presidente da República, três pela Assembleia Nacional e três pelo Senado Francês. Além disso, 
todos os Ex-Presidentes podem fazer parte do Conselho. Em regra, este controle é preventivo, ocorre antes 
da lei ou tratado entrar no Ordenamento Jurídico Francês, mas esta característica está enfraquecendo, pois 
hoje também existe um controle repressivo, aquele que ocorre quando a lei ou ato normativo já está vigente. 
Exemplo: as leis-quadro, em que o parlamento francês pode delegar para o Presidente da República a 
faculdade de fazer lei. Ao entrar no ordenamento, o Conselho Constitucional pode controlar a 
constitucionalidade dessas leis. Outra situação é a Reforma de 2003 que permitiu ao Conselho de Estado e a 
Corte de Cassação, em termos de Direito Civil e Penal, provocar o Conselho Constitucional em casos 
concretos, é a denominada exceção de inconstitucionalidade. 
4.5.4 Matriz adotada pelo Brasil 
Em regra, o Brasil adota o sistema de controle judicial, desde a Constituição de 1891, época em que 
surge o controle de constitucionalidade. 
No Brasil, existe tanto a matriz norte-americana tanto a matriz austríaca. Desse modo, vigora um 
sistema de controle judicial misto. Ou seja, existe um controle feito por todos os juízes em casos concretos 
e, ao mesmo tempo, um controle feito somente pelo STF, em abstrato. Dessa forma, o controle judicial é 
difuso e concentrado, concreto e em abstrato, via exceção e via ação incidental e via principal. 
Em termos de momento do controle, em regra, ele é repressivo, ou seja, ocorre depois da lei ou ato 
normativo surgir no ordenamento. Porém, existem exceções, como o Controle Político Preventivo, Controle 
Político Repressivo e o Controle Judicial Preventivo, os quais serão estudados. 
 
 
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL Aula 18 
Professor Maurício Cunha 
1. MEIOS DE DEFESA TÍPICOS DO EXECUTADO 
1.1 Impugnação ao cumprimento de sentença 
1.1.1 Natureza Jurídica da Impugnação 
A natureza jurídica da impugnação é objeto recorrente de prova discursiva e exame oral. Segundo o 
professor Maurício Cunha, é um meio de defesa típico do executado, mas existem alguns posicionamentos 
doutrinários a respeito do tema: 
A primeira corrente sustenta a natureza de ação incidental da impugnação, tal quais os embargos à 
execução de título extrajudicial. Essa corrente é minoritária porque afirma que é uma ação incidental, 
contudo, não existe propriamente uma ação, até mesmo em razão do procedimento previsto no art. 525 do 
CPC. A impugnação é um meio de defesa, em que pode ser alegada matéria de cunho processual ou 
relacionada ao mérito. 
A segunda corrente não afirma peremptoriamente que se trata de uma ação incidental, defende que 
a natureza da impugnação depende das matérias que o executado venha a alegar. Se a defesa ou impugnação 
for voltada a tratar de vícios procedimentais, como um excesso de penhora, ou avaliação incorreta, terá 
natureza de incidente processual. No entanto, se a defesa for voltada à obtenção de um bem jurídico, ou seja, 
para alegar uma causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, terá natureza de ação incidental. 
Segundo a doutrina majoritária a natureza da impugnação é um incidente processual de defesa do 
executado, portanto, independentemente da matéria que será alegada, ela terá natureza jurídica de defesa. 
Diferente do que ocorre com os embargos, que têm natureza de ação. 
1.1.2 Procedimento da Impugnação 
Relembrando o procedimento adotado no cumprimento de sentença envolvendo obrigação de 
pagamento de quantia certa, suponha que a sentença condenou a parte ré a pagar uma quantia certa. Essa 
sentença transitou em julgado, devendo o exequente fazer um requerimento com a memória discriminada 
dos débitos, para dar início à fase de cumprimento. Assim procedendo, o juiz determinará a intimação da 
parte executada para proceder o pagamento voluntário no prazo de 15 dias. 
 Caso transcorra o prazo do art. 523 do CPC sem o pagamento voluntário, inicia-se a contagem de 
mais 15 dias para que o executado ofereça a sua impugnação nos próprios autos, conforme o art. 525 do 
mesmo diploma processual. 
Cabe mencionar que a apresentação de impugnação, assim como os embargos, independe de 
garantia em juízo. No CPC/73, os embargos eram o único meio de defesa. Ademais, no sincretismo 
processual, o oferecimento dos embargos exigia a garantia em juízo. Em decorrência desse requisito, surgiu 
a exceção de pré-executividade, mecanismo que permite que seja alegado alguma matéria de ordem pública, 
independentemente de juízo garantido, em qualquer tempo, até mesmo por se tratar de uma matéria de 
ordem pública e dispensar o juízo garantido, conforme a doutrina de Pontes de Miranda. Atualmente o 
procedimento está estabelecido no artigo 525 do CPC: 
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Art. 525, CPC. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-
se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou 
nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação. 
1.1.3 Matérias da Impugnação 
Tais matérias estão positivadas no § 1º do art. 525 e segundo a doutrina, formam um rol é taxativo: 
Art. 525, CPC. § 1º Na impugnação, o executado poderá alegar: 
I - falta ou nulidade da citação se, nafase de conhecimento, o processo correu à revelia; 
II - ilegitimidade de parte; 
III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; 
IV - penhora incorreta ou avaliação errônea; 
V - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; 
VI - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; 
VII - qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, 
compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença. 
O inciso I indica como uma das matérias passíveis de impugnação a alegação de nulidade da citação, 
ou de algum vício relacionado à citação, como a falta de citação, conhecida como querela nullitatis 
insanabilis. A citação é um ato processual importante, porque se constitui na forma escolhida pelo Estado 
para cientificar a parte contrária de que existe uma demanda contra ela. Por esse motivo, qualquer vício 
relacionado à citação é um vício transrescisórios, ou seja, pode ser alegado mesmo depois do prazo 
decadencial para o ajuizamento da ação rescisória, que é de 2 anos depois do trânsito em julgado do último 
pronunciamento judicial, conforme o art. 975, CPC e Súmula 401 do STJ: 
Art. 975, CPC. O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em 
julgado da última decisão proferida no processo. 
 
Súmula n.º 401, STJ. O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for 
cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial. 
Consoante o inciso II, o executado poderá alegar ilegitimidade da parte, uma das condições da ação, 
das duas que remanescem no CPC: legitimidade e interesse de agir. Essa ilegitimidade deve ocorrer na fase 
executiva, por exemplo, se o credor morreu e o cumprimento foi requerido por uma pessoa que não é 
sucessora do credor. 
O inciso III se refere à inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação. São questões 
relativas à validade do procedimento do cumprimento de sentença, dos atos executivos e podem ser arguidas 
por simples petição no curso do procedimento. 
O Inciso V versa sobre o excesso de execução ou cumulação indevida de execuções, ao alegar excesso 
de execução, o executado deve indicar o valor correto, sob pena de rejeição liminar da impugnação. Essa 
previsão também se aplica aos embargos à execução. 
O inciso VI trata sobre as hipóteses de incompetência absoluta, ou relativa, do juízo da execução, em 
sede de impugnação, o que corrobora com a tese de que a natureza jurídica da impugnação é de uma defesa 
feita em caráter incidental. Em comparação ao processo de conhecimento, o momento procedimental para 
alegar a incompetência relativa seria na contestação, sob pena de prorrogação da competência. 
O inciso VII determina que qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, 
novação, compensação, transação ou prescrição, pode ser objeto de impugnação, desde que supervenientes 
à sentença. 
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Trata-se de um rol taxativo porque, diferente do que ocorre na execução de título extrajudicial, o 
cumprimento de sentença exige um processo de conhecimento prévio, de modo que as alegações já 
poderiam ter sido feitas em sede de defesa, o que restringe o rol de matérias impugnáveis. 
1.1.4 Efeito Suspensivo 
Constatada, na fase de cumprimento de sentença, alguma das causas dos arts. 144 e 145 do CPC, 
referente ao impedimento ou suspeição do juiz, o §2º do art. 525 estabelece o seguinte: 
Art. 525, CPC § 2º a alegação de impedimento ou suspeição do juiz observará o disposto nos 
artigos 146 e 148 
Nesse sentido, o impedimento ou suspeição é impugnável por mera petição. Ainda com relação à 
impugnação, o artigo 229 do CPC prevê hipóteses em que o prazo será contado em dobro: 
Art. 229, CPC. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de 
advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em 
qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento. 
No entanto, cabe observar que o art. 229 do CPC não se aplica aos autos eletrônicos, conforme o §2º 
do referido artigo. 
ATENÇÃO! 
O art. 229 é aplicável à impugnação, conforme o §3º do art. 525 do CPC. Todavia, não será aplicável 
aos embargos. Essa questão já foi objeto de prova! 
Conforme mencionado, umas das matérias passíveis de impugnação é o excesso de execução, para 
tanto, não é suficiente mera alegação. O executado deve apresentar cálculo discriminado e atualizado do 
valor que entende como devido, nos termos do art. 525, §4º do CPC. 
No CPC/73, antes do sincretismo processual, o executado alegava excesso de execução visando 
ganhar tempo. Por esse motivo, o legislador do atual CPC estabeleceu como requisito para alegação de 
excesso de execução a declaração de imediato do valor que entende como correto, como forma de 
cooperação. Se o excesso de execução for o único fundamento da impugnação e o executado não apresentar 
o cálculo atualizado, configura-se hipótese de rejeição liminar da impugnação. No entanto, se houver outra 
matéria de defesa, a impugnação será processada, deixando o juiz de examinar somente a alegação de 
excesso de execução que não indicar o valor correto, de acordo com o §º do art. 525: 
Art. 525, CPC. §5º Na hipótese do §4º, não apontado o valor correto ou não apresentado o 
demonstrativo, a impugnação será liminarmente rejeitada, se o excesso de execução for o 
seu único fundamento, ou, se houver outro, a impugnação será processada, mas o juiz não 
examinará a alegação de excesso de execução. 
Outro ponto importante é que o fato de apresentar impugnação não implica em um efeito 
suspensivo automático, ou seja, não existe um efeito suspensivo ope legis. O legislador afirma basicamente 
que a apresentação da impugnação não obsta a prática de atos executivos, inclusive atos de expropriação, 
para dar efetividade, principalmente na fase de cumprimento de sentença. O executado pode formular um 
pedido de efeito suspensivo, porém, para essa concessão isso, tanto na impugnação, quanto nos embargos, 
exige-se a garantia em juízo (penhora, depósito, caução). Em síntese, não é preciso garantir o juízo para se 
defender, no entanto, faz-se necessário para obtenção do efeito suspensivo, além de uma análise do juiz 
quanto à relevância dos fundamentos processuais, bem como se o prosseguimento da execução é 
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manifestamente suscetível de causar ao executado um grave dano de difícil ou de incerta reparação. O mesmo 
raciocínio se aplica aos embargos. 
A concessão do efeito suspensivo não impede a efetivação dos atos de substituição, redução, reforço 
e avaliação dos bens penhorados. Por exemplo, em uma situação em que o efeito suspensivo foi concedido, 
mas o reforço da penhora se faz necessário, deve ser concedido o contraditório, para então reforçar a penhora 
e procurar outro bem para servir de garantia em relação aos valores objeto de execução. 
Exemplo de caso concreto: um cavalo de raça foi objeto de constrição, porém, tinha uma doença e 
precisava de um tratamento constante. Por esse motivo, foi realizada uma substituição da penhora, mesmo 
tendo sido concedido efeito suspensivo. 
Se o efeito suspensivo recair somente sobre uma parte do objeto da execução, a execução será 
suspensa somente em relação a essa parte, prosseguindo o feito em relação à outra, visando maior 
efetividade.Além disso, em um litisconsórcio passivo, se a impugnação para concessão de efeito suspensivo foi 
deduzida por somente um dos executados e o fundamento utilizado pelo impugnante disser respeito 
somente a ele, o efeito suspensivo eventualmente concedido não será aplicado àqueles que não 
impugnaram. Entretanto, se o fundamento aduzido por esse impugnante estiver relacionado a todos, a 
execução também será suspensa em relação aos demais executados. 
Exemplo: O executado apresentou impugnação sustentando que o prosseguimento da execução 
representa um risco de dano grave ou de difícil e incerta reparação. Para tanto, utilizou-se de fundamentos 
relevantes, com o juízo garantido, obtendo assim o efeito suspensivo. Ocorre que, mesmo com a concessão 
do efeito suspensivo, nada impede que o exequente opte por prosseguir com a execução, ou cumprimento 
de sentença, mediante o oferecimento de caução suficientemente idônea arbitrada pelo juiz, nos termos do 
§10 do art. 525 do CPC. Trata-se de uma ponderação, por parte do legislador, entre o princípio do resultado 
e o princípio da menor onerosidade. 
Art. 525, CPC. §10. Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao 
exequente requerer o prosseguimento da execução, oferecendo e prestando, nos próprios 
autos, caução suficiente e idônea a ser arbitrada pelo juiz. 
1.1.5 Alegação em sede de impugnação 
O inciso III do §1º do art. 525, CPC, traz uma possibilidade de alegação em sede de impugnação e 
deve ser lido consoante o §11. 
Art. 525. §1°. III - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; 
(...) §11. As questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação 
da impugnação, assim como aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da 
avaliação e dos atos executivos subsequentes, podem ser arguidas por simples petição, 
tendo o executado, em qualquer dos casos, o prazo de 15 (quinze) dias para formular esta 
arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da intimação do ato. 
Exemplo: a invalidade da penhora, invalidade da avaliação do bem penhorado, de atos executivos 
subsequentes. 
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É uma questão temporal, pois são questões relativas a fatos supervenientes ao término do prazo para 
a apresentação de impugnação. No entanto, é preciso verificar a existência de condições para que a obrigação 
seja cumprida. 
Em 2022, o STJ, no voto vencedor da Ministra Nancy Andrighi, entendeu pela possibilidade de 
interposição direta de agravo da decisão que determinou a penhora de bens, independentemente da 
observância do §11 do art. 525: 
Na fase de cumprimento de sentença não há óbice à interposição direta do recurso de 
agravo de instrumento contra decisão que determina a penhora de bens sem a prévia 
utilização do procedimento de impugnação previsto no 525, §11, do CPC (STJ, Resp. 
2.023.890/MS). 
Essa observação é relevante porque a Ministra Nancy reconheceu a taxatividade mitigada do rol do 
art. 1.015, CPC, o que ampliou a possibilidade de interposição do recurso de agravo de instrumento, bastando 
a demonstração de urgência. 
1.1.6 Relativização da coisa julgada 
É importante abordar a relativização da coisa julgada, principalmente no tocante à questão da 
segurança jurídica. O art. 525, §12 faz referência ao inciso III do §1º, que elenca a inexequibilidade do título 
ou inexigibilidade da obrigação como matéria passível de alegação em sede de impugnação; e ao §11 também 
do art. 525, que versa sobre as questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação 
da impugnação. 
Art. 525, CPC. §12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1º deste artigo, considera-se 
também inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou 
ato normativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em 
aplicação ou interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal 
como incompatível com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade 
concentrado ou difuso. 
Verifica-se que, a princípio o juiz se baseou em uma lei vigente, contudo, em ato superveniente, o 
Supremo reconheceu a inconstitucionalidade da lei ou incompatibilidade do ato normativo, tornando a 
obrigação inexigível. É nesse sentido que se estabelece a relação do §12 com o §11. 
Os §§11, 12, 13, 14 e 15 se relacionam a questões temporais, no instituto da coisa julgada, da 
segurança jurídica. Desse modo, se a sentença já foi proferida e não houve manifestação, esses parágrafos 
estabelecem o seguinte: 
§13. No caso do §12, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser 
modulados no tempo, em atenção à segurança jurídica. 
§ 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 deve ser anterior ao trânsito 
em julgado da decisão exequenda. 
§15. Se a decisão referida no §12 for proferida após o trânsito em julgado da decisão 
exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da 
decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal. 
A modulação visa assegurar a segurança jurídica, evitando a constante relativização da coisa julgada. 
Isso significa que embora a inconstitucionalidade seja reconhecida, ela só terá incidência após determinado 
período. A adoção de um sistema de precedentes no atual CPC também visou a preservação da segurança 
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jurídica, assim como o art. 926 do CPC que estabelece a necessidade de uniformização da jurisprudência, 
fazendo-a estável, íntegra e coerente. 
Segundo o §14 a decisão do Supremo que considera inconstitucional a lei, ou incompatível o ato 
normativo, deve se dar antes do trânsito em julgado da decisão exequenda. Contudo, se a decisão for 
posterior ao trânsito em julgado, caberá ação rescisória no prazo de 2 anos, nos termos do §15. 
1.1.7 Recurso 
Ao apresentar a impugnação o exequente será intimado para se defender dentro dos mesmos 15 dias 
de prazo que o executado tem para impugnar. Caso o exequente disponha de algum fato ou matéria nova, o 
juiz poderá intimar o executado novamente, para evitar a ofensa ao contraditório. 
Em suma, a regra é que a decisão que julga a impugnação seja interlocutória e a execução ou 
cumprimento de sentença tenha prosseguimento, hipótese em que o recurso cabível será o Agravo de 
Instrumento. Porém, no caso de eventual acolhimento da impugnação para extinguir a execução, a depender 
do argumento do rol do §1º que for utilizado, a natureza jurídica desta decisão será de sentença e o recurso 
cabível será apelação. 
1.2 Embargos à Execução 
O art. 914 do CPC inaugura a previsão dos embargos à execução: 
Art. 914, CPC. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá 
se opor à execução por meio de embargos. §1º Os embargos à execução serão distribuídos 
por dependência, autuados em apartado e instruídos com cópias das peças processuais 
relevantes, que poderão ser declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob sua 
responsabilidade pessoal. §2º Na execução por carta, os embargos serão oferecidos no juízo 
deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, 
salvo se versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da 
alienação dos bens efetuadas no juízo deprecado. 
O executado poderá se opor à execução de título extrajudicial por meiodos embargos, além de dispor 
dos meios de defesa heterotópicos: impugnação na fase de cumprimento de sentença, exceção de pré-
executividade e ações autônomas de impugnação. 
Na execução de título extrajudicial contra a Fazenda Pública, mesmo depois que escoado o prazo para 
os embargos, a Fazenda pode questionar a dívida e o título, por meio de uma ação autônoma de impugnação, 
desde que as questões não sejam afetas aos aspectos formais da execução. 
O particular também pode se defender da execução de título extrajudicial através da propositura de 
uma ação autônoma de impugnação. Essa ação pode ser proposta antes ou depois da execução e os processos 
devem ser reunidos perante um único juízo. O fato de ajuizar uma ação autônoma de impugnação não impede 
o prosseguimento da execução, posto que não possui efeito suspensivo automático. 
1.2.1 Natureza Jurídica dos Embargos 
Diferentemente da impugnação, os embargos à execução têm natureza de ação incidental 
autônoma. Trata-se de um meio típico de defesa, com natureza jurídica de ação autônoma de conhecimento, 
cognição plena e exauriente. 
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A impugnação teve um processo de conhecimento prévio, de modo que as alegações já foram 
levantadas e não se deve discuti-las novamente em fase de cumprimento de sentença. Nesse sentido, a 
impugnação é considerada um incidente processual, com natureza de defesa. Por outro lado, no caso dos 
embargos à execução não houve um processo de conhecimento prévio, por isso a sua natureza jurídica é de 
ação incidental autônoma de conhecimento, com cognição plena e exauriente, veiculada a uma pretensão 
constitutiva negativa. 
Se o executado buscar a invalidação de um título executivo extrajudicial, mediante oposição de 
embargos à execução, trata-se de uma pretensão constitutiva negativa. Contudo, também é possível que os 
embargos declaratórios visem uma pretensão declaratória, caso o exequente esteja executando um valor 
que ele entende como devido, mas que já foi pago. 
Percebe-se que tanto a impugnação quanto os embargos são incidentais, porém a impugnação é um 
meio típico de defesa, enquanto os embargos são uma forma de se defender, com natureza jurídica de ação 
incidental. 
Ademais, os embargos não exigem juízo garantido, ou seja, dispensa-se a penhora, depósito ou 
caução, para a oposição dos embargos à execução. 
Art. 914, CPC. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá 
se opor à execução por meio de embargos. 
1.2.2 Distribuição 
Art. 914, CPC. §1º Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados 
em apartado e instruídos com cópias das peças processuais relevantes, que poderão ser 
declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal 
Ressalta-se que os embargos serão distribuídos por dependência porque já existe uma execução de 
título extrajudicial. Além disso, será necessária uma autuação em apartado, ou seja, ele não será inserido nos 
mesmos autos, diferentemente da impugnação. 
1.2.3 Execução por carta precatória 
Na execução por carta os embargos serão oferecidos tanto no juízo deprecante, quanto no juízo 
deprecado. Exemplo: suponha que o juízo da execução é X e o juízo onde o executado reside e possui bens é 
o Y. O executado é citado e quer se defender por meio da oposição de embargos. Nesse caso, como se trata 
de uma execução por carta, os embargos podem ser opostos tanto no juízo deprecante, quanto no juízo 
deprecado. Isso não significa que qualquer juízo terá competência para julgá-los, a competência para julgar 
é do juízo deprecante, porque é onde tramita a execução. Há uma ressalva quando os embargos versarem 
sobre a avaliação ou alienação dos bens que tenham sido efetuados no juízo deprecado, caso em que será 
esse o juízo competente para julgá-los. 
Art. 914. § 2º Na execução por carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecante ou 
no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se 
versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos 
bens efetuadas no juízo deprecado. 
1.2.4 Prazos 
O art. 915 estabelece o seguinte: 
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Art. 915, CPC. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contado, 
conforme o caso, na forma do art. 231. 
Assim como a impugnação, os embargos serão oferecidos no prazo de 15 dias úteis. Esse prazo será 
contado na forma do art. 231 do CPC, portanto, depende de como foi feita a citação: 
Art. 231, CPC. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo: 
I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a intimação 
for pelo correio; II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação 
ou a intimação for por oficial de justiça; III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, 
quando ela se der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria; IV - o dia útil seguinte ao 
fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a intimação for por edital; V - o dia 
útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do prazo para que 
a consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica; VI - a data de juntada do 
comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo esse, a data de juntada da carta aos 
autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação se realizar em 
cumprimento de carta; VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da 
Justiça impresso ou eletrônico; VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da 
retirada dos autos, em carga, do cartório ou da secretaria. IX - o quinto dia útil seguinte à 
confirmação, na forma prevista na mensagem de citação, do recebimento da citação 
realizada por meio eletrônico. (Incluído pela Lei n.º 14.195, de 2021) § 1º Quando houver 
mais de um réu, o dia do começo do prazo para contestar corresponderá à última das datas 
a que se referem os incisos I a VI do caput. § 2º Havendo mais de um intimado, o prazo para 
cada um é contado individualmente. § 3º Quando o ato tiver de ser praticado diretamente 
pela parte ou por quem, de qualquer forma, participe do processo, sem a intermediação de 
representante judicial, o dia do começo do prazo para cumprimento da determinação 
judicial corresponderá à data em que se der a comunicação. §4º Aplica-se o disposto no 
inciso II do caput à citação com hora certa. 
No caso de litisconsórcio passivo a contagem de prazo será conforme o art. 915, §1º, CPC, que 
também pode variar conforme o estado civil executados: 
Art. 915, CPC. §1º Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles 
embargar conta-se a partir da juntada do respectivo comprovante da citação, salvo no caso 
de cônjuges ou de companheiros, quando será contado a partir da juntada do último. 
Essa regra, visa individualizar o direito de defesa de cada executado, porque permite que seja 
assegurado um prazo individual, a partir do momento em que se comprove a citação, exceto no caso de 
cônjuges ou companheiros, em que será contado da juntada do último. 
Na execução por carta a contagem de prazo se dá nos termos do §2º do artigo 915 do CPC: 
Art. 915, CPC. §2º Nas execuções por carta, o prazo para embargos será contado: 
I - da juntada, na carta, da certificação da citação, quando versarem unicamente sobre vícios 
ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens;II - da juntada, nos autos de origem, do comunicado de que trata o § 4º deste artigo ou, não 
havendo este, da juntada da carta devidamente cumprida, quando versarem sobre questões 
diversas da prevista no inciso I deste parágrafo. 
O §4° assim preconiza: 
§4º Nos atos de comunicação por carta precatória, rogatória ou de ordem, a realização da 
citação será imediatamente informada, por meio eletrônico, pelo juiz deprecado ao juiz 
deprecante. 
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Portanto, no tocante à execução por carta é preciso cautela com o tipo de defesa a ser suscitada em 
sede de Embargos. Isso porque, se a alegação for relacionada a vícios ou defeitos da penhora, da avaliação 
ou da alienação de bens, o prazo será contado da juntada na carta precatória da certificação da citação. 
Caso verse sobre matérias diversas, o prazo será contado da juntada do comunicado nos termos do §4º, ou, 
não havendo comunicado, da juntada da carta devidamente cumprida nos autos de origem. 
§3º Em relação ao prazo para oferecimento dos embargos à execução, não se aplica o 
disposto no art. 229. 
Diferente da impugnação, o art. 229 do CPC, não se aplica aos embargos. O referido artigo está 
relacionado aos processos físicos e aduz que o prazo será contado em dobro, quando houver litisconsórcio 
com procuradores diferentes de escritórios de advocacia distintos. Portanto, essa previsão se aplica somente 
ao cumprimento de sentença, por uma escolha do legislador. 
1.2.5 Renuncia a oposição dos embargos 
Em relação aos embargos à execução de título extrajudicial, o executado poderá, dentro do prazo 
para o oferecimento, optar por renunciar aos embargos, reconhecendo o crédito do exequente mediante o 
depósito de 30% (moratória legal) do valor da execução, acrescido de custas e honorários advocatícios e 
pagando o restante, em 6 (seis) parcelas mensais acrescidas de correção monetária e de juros de 1% ao mês, 
nos termos do art. 916 do CPC: 
Art. 916, CPC. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e 
comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de 
honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o 
restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de 
um por cento ao mês. 
O reconhecimento da dívida com entrada de 30% e parcelamento do valor remanescente é um ato 
de boa-fé processual e uma prerrogativa do executado. Não cabe questionamento por parte do exequente, 
embora ele tenha que ser intimado para se manifestar sobre o preenchimento dos requisitos previstos no 
caput do art. 916. Após o contraditório, o executado deve continuar depositando as parcelas vincendas 
enquanto o juiz não apreciar o requerimento formulado pelo executado. Inclusive o §2º do art. 916 permite 
que o exequente levante o dinheiro durante esse período: 
Art. 916, CPC. §2º Enquanto não apreciado o requerimento, o executado terá de depositar 
as parcelas vincendas, facultado ao exequente seu levantamento. 
Uma vez apreciado pelo juiz, se a proposta for deferida, o exequente poderá levantar as quantias 
depositadas e os atos executivos serão suspensos até que o executado cumpra o acordo. Se o juiz indeferir a 
proposta os atos executivos terão seguimento e o depósito realizado será convertido em penhora. 
Na prática, se em vez de 30% o executado depositou apenas 20%, antes de indeferir de pronto, o juiz 
tem ouvido o exequente para ver se concorda com o valor depositado, ainda que não corresponda ao 
requisito estabelecido no caput. Se o exequente concordar, em atenção ao princípio da boa-fé, os 20% 
permanecem e os 10% remanescentes serão acrescidos nas parcelas vincendas para prosseguir com os atos 
executivos. Suspende e espera para pagar o restante das 6 parcelas com esses 10% que faltava, e acrescenta 
um pouquinho em cada uma delas. 
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Art. 916, CPC. §5° O não pagamento de qualquer das prestações acarretará 
cumulativamente: 
I - o vencimento das prestações subsequentes e o prosseguimento do processo, com o 
imediato reinício dos atos executivos; 
II - a imposição ao executado de multa de dez por cento sobre o valor das prestações não 
pagas. 
O não pagamento de qualquer das prestações pelo executado implica, cumulativamente no 
vencimento das prestações subsequentes e o prosseguimento do processo, além do imediato reinício dos 
atos executivos e multa de 10% sobre o valor das prestações não pagas. 
OBSERVAÇÃO: 
 A opção pelo parcelamento importa na renúncia ao direito de opor embargos, portanto, ele precisa 
ter certeza de que vai cumprir, sob pena de incorrer em sanções cumulativamente com uma multa de 10%. 
Art. 916, CPC. §6º A opção pelo parcelamento de que trata este artigo importa renúncia ao 
direito de opor embargos 
Deve ser realizada uma interpretação literal do §7°, visto que se trata de uma opção do legislador 
aplicá-lo somente aos embargos. 
Art. 916. CPC. §7º O disposto neste artigo não se aplica ao cumprimento da sentença. 
1.2.6 Matérias passíveis de alegação nos embargos à execução 
As matérias que podem ser suscitadas em sede de embargos à execução estão previstas no art. 917, 
CPC. A doutrina diverge sobre a classificação deste rol como taxativo ou meramente exemplificativo, em razão 
do último inciso. 
Art. 917, CPC. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar: 
I - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação; 
II - penhora incorreta ou avaliação errônea; 
III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções; 
IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega de 
coisa certa; 
V - incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução; 
VI - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de 
conhecimento. 
O inciso I decorre da liquidez e exigibilidade da obrigação inserida no título apresentado, bem como 
da inexequibilidade desse título. É uma previsão semelhante ao que dispõe o art. 525, §1°, inciso III, porém o 
art. 917 é o dispositivo aplicável à execução. 
O inciso II elenca a penhora incorreta ou avaliação errônea como matérias passíveis de alegação 
mediante embargos à execução, caso elas já tenham sido promovidas ao tempo da citação e dentro do prazo 
da apresentação dos Embargos. Se posterior ao prazo para embargos, a eventual incorreção da penhora ou 
da avaliação será impugnada por simples petição no prazo de 15 (quinze) dias, contados da ciência do ato. 
O inciso III elenca o excesso de execução ou cumulação indevida de execuções como matéria a ser 
suscitada por embargos. Para tanto, o executado deverá indicar o valor correto no excesso de execução, sob 
pena de rejeição liminar dos embargos. 
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O inciso IV se refere à retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para 
entrega de coisa certa. O exequente poderá requerer a compensação do valor que lhe é devido, com o valor 
dos frutos, ou eventuais danos devidos pelo executado. O juiz deverá nomearum perito para efetuar o cálculo 
e o exequente será emitido na posse da coisa, prestando caução e depositando o valor devido pelas 
benfeitorias. 
O Inciso V dispõe sobre a incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução, que também serão 
suscitadas como preliminar. 
Por fim, o inciso VI estabelece como suscetível de alegação por embargos qualquer matéria que lhe 
seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento. Existe uma divergência doutrinária acerca 
da taxatividade desse rol. Segundo o professor Maurício Cunha, ainda que haja posicionamento doutrinário 
do sentido de que o rol do art. 917 é exemplificativo, trata-se de um rol de natureza taxativa. Isso porque o 
último inciso demonstra a amplitude e a natureza cognitiva dos embargos à execução e as mesmas matérias 
que podem ser deduzidas em sede de processo de conhecimento, também podem ser alegadas nos 
embargos, portanto, já são matérias já conhecidas, não abrindo margem para interpretações. 
O §1° acrescenta ainda que “a incorreção da penhora ou da avaliação poderá ser impugnada por 
simples petição, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da ciência do ato”. 
1.2.7 Excesso de execução 
O §2º do art.917 do CPC versa sobre as hipóteses que configuram excesso de execução: 
Art. 917, CPC. §2º Há excesso de execução quando: 
I - o exequente pleiteia quantia superior à do título; 
II - ela recai sobre coisa diversa daquela declarada no título; 
III - ela se processa de modo diferente do que foi determinado no título; 
IV - o exequente, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o adimplemento da 
prestação do executado; 
V - o exequente não prova que a condição se realizou 
Assim como ocorre na impugnação, quando o executado alegar em excesso de execução o 
embargante deverá indicar na petição inicial o valor que entende correto, mediante demonstrativo 
discriminado e atualizado do seu cálculo. Se o excesso de execução for o único fundamento dos embargos e 
o embargante deixar de indicar o valor que entende como correto, os embargos serão liminarmente 
rejeitados e o processo será extinto sem resolução de mérito. No entanto, se os embargos alegarem outras 
matérias além do excesso de execução, os embargos serão processados somente em relação a esse outro 
fundamento. 
Ademais, a 2ª Turma do STJ entendeu que a Fazenda Pública não precisa apresentar o demonstrativo 
do cálculo correto ao alegar excesso de execução: 
A alegação da Fazenda Pública de excesso de execução sem a apresentação da memória de 
cálculos com a indicação do valor devido, não acarreta necessariamente o não 
conhecimento da arguição - Resp. 1887.589/GO, rel Min. Og Fernandes, 2ª Turma, 
06.04.2021. 
1.2.8 Rejeição dos Embargos 
Art. 918, CPC. O juiz rejeitará liminarmente os embargos: 
I - quando intempestivos; 
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II - nos casos de indeferimento da petição inicial e de improcedência liminar do pedido; 
III - manifestamente protelatórios. 
Parágrafo único. Considera-se conduta atentatória à dignidade da justiça o oferecimento de 
embargos manifestamente protelatórios. 
Os embargos serão liminarmente rejeitados quando o executado alegar excesso de execução e não 
apresentar memória de cálculo com o valor que entende como correto; quando forem intempestivos, ou seja, 
opostos fora do prazo; bem como quando houver indeferimento da inicial, na hipótese de improcedência 
liminar do pedido. 
No caso do inciso II, cabe lembrar que os embargos possuem natureza de ação e como tal devem 
apresentar petição inicial. Caso a inicial careça de emenda ou complementação e o pedido não for atendido, 
configura-se hipótese de indeferimento da inicial. Já as hipóteses de julgamento de improcedência liminar 
do pedido são aquelas previstas no art. 332, que estabelece em quais situações o juiz deve julgar 
liminarmente improcedente o pedido formulado na inicial, no caso, na inicial dos embargos: 
Art. 332, CPC. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da 
citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: 
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; 
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em 
julgamento de recursos repetitivos; 
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de 
assunção de competência; 
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. 
Os embargos podem ser manifestamente protelatórios, configurando um ato atentatório à dignidade 
da justiça. São os embargos que não objetivam qualquer discussão, apenas atrasam o andamento processual, 
cabendo ao juiz analisar como vai determinar a rejeição liminar e considerar como ato atentatório à dignidade 
da justiça, fixando as devidas sanções, por exemplo, as previstas no art. 774 do CPC. 
Em regra, não se aplica o efeito suspensivo automático, mas é possível fazer o seu requerimento 
demonstrando ao juízo o cumprimento dos requisitos para a concessão da tutela provisória (fumus boni iuris 
e periculum in mora) e desde que a execução esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes. 
O efeito suspensivo atribuído aos embargos pode se restringir a parte do objeto de execução, tal qual ocorre 
na impugnação. 
Se o fundamento dos embargos opostos por um dos executados estiver relacionado a causa pessoal, 
a concessão do efeito suspensivo não será extensível aos demais executados. No entanto, se o fundamento 
for, por exemplo, no sentido de que o prosseguimento da execução vai gerar prejuízo para todos os 
executados do polo passivo, se concedido, o efeito suspensivo será estendido a todos e não só a quem 
embargou. 
Por fim, a concessão de efeito suspensivo, da mesma forma como ocorre em relação a impugnação 
nos Embargos, não impede a efetivação dos atos de substituição de reforço, redução de penhora e avaliação 
dos bens. 
1.2.9 Procedimento 
Os embargos são opostos dentro do prazo de 15 dias, período em que também se confere ao 
exequente o direito ao contraditório pleno. Como possui natureza jurídica de ação, com plena cognição 
exauriente, o juiz, depois da manifestação do exequente, poderá julgar imediatamente o pedido, caso 
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dispense a dilação probatória. Contudo, poderá requerer a dilação, inclusive nomeando perito, para julgar os 
Embargos. Encerrada a instrução, o juiz profere a sentença. 
 
 
 
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DIREITO DA CRIANÇA 
E DO ADOLESCENTE Aula 08 
Professora SELMA SAUERBRONN 
1. SÚMULAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ) 
Iniciaremos discutindo as súmulas relevantes na área da infância e adolescência, juntamente com 
alguns exercícios e questões retirados de concursos para Magistratura, Ministério Público e Defensoria 
Pública, variando em complexidade. Para iniciar, abordaremos a Súmula nº 108 do STJ. 
Súmula nº 108 
A aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente, pela prática de ato infracional, é 
da competência exclusiva do juiz. 
Ainda que o Promotor de Justiça conceda uma remissão ministerial ou realize uma transação na 
esfera administrativa, uma vez que dependede homologação judicial, a aplicação da medida socioeducativa 
é de competência do Juiz da infância e adolescência, não cabendo ao Ministério Público, tampouco ao 
Conselho Tutelar ou qualquer outro órgão realizar essa atribuição. 
Súmula nº 265 
É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a regressão da medida 
socioeducativa. 
A regressão mencionada na súmula refere-se à hipótese de aplicação da internação como forma de 
punição, conforme previsto no art. 122, III, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Portanto, antes 
de decretar a internação como punição por reconhecer um descumprimento injustificado e reiterado da 
medida socioeducativa, é necessário ouvir o adolescente que não cumpriu a medida anteriormente aplicada. 
O art. 122, §1º do ECA estabelece o prazo dessa regressão, sendo no máximo 3 messes, e a exigência de ouvir 
o adolescente. Essa oitiva não é apenas prevista pelo ECA, mas também pela lei do Sistema Nacional de 
Atendimento Socioeducativo (SINASE). 
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando: 
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta. 
§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior a 
3 (três) meses, devendo ser decretada judicialmente após o devido processo legal 
A súmula nº 338 abordará a questão da prescrição. 
Súmula nº 338 
A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas. 
Os prazos prescricionais do Código Penal serão aplicados às medidas socioeducativas, sendo 
contados pela metade para os menores de 21 a 18 anos, conforme regra estabelecida pelo Código Penal. 
 
Súmula nº 342 
No procedimento para aplicação de medida socioeducativa, é nula a desistência de outras 
provas em face de confissão do adolescente. 
 É uma súmula cuja compreensão também serve para o adulto. Portanto, mesmo que o adolescente 
confesse, é essencial reunir provas que comprovem essa confissão, apesar de ser reconhecido que a confissão 
é uma das provas mais fortes. Contudo, se a confissão não for ratificada por outras evidências, é improvável 
haver uma condenação ou no caso do adolescente em conflito com a lei, é fundamental que a medida 
socioeducativa pública seja aceita. 
Súmula nº 383 
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A competência para processar e julgar as ações conexas de interesse de menor é, em 
princípio, do foro do domicílio do detentor da sua guarda. 
A súmula visa beneficiar e facilitar a apuração de processos envolvendo crianças ou adolescentes. 
Assim, a competência será determinada pelo foro do domicílio do guardião, pois se presume que a criança 
ou adolescente esteja sob a guarda desse responsável. Portanto, se tem ações conexas, a preferência e 
competência será do Foro Domiciliar do detentor da guarda. 
Súmula nº 492 
O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à 
imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente. 
O STJ possui vários precedentes sobre o tráfico de drogas, dado que o art. 122, I e II do ECA estabelece 
critérios objetivos para a incidência da medida socioeducativa de internação. Existem duas hipóteses em que 
a internação pode ser aplicada. O Juiz não é obrigado a aplicar a internação como medida socioeducativa, 
mas pode fazê-lo nos casos de ato infracional cometido com uso de violência ou grave ameaça e de reiteração 
grave do delito. 
O tráfico de drogas é um ato infracional que não envolve necessariamente violência ou grave ameaça 
contra a pessoa. Portanto, se um adolescente cometeu um ato infracional análogo ao tráfico de drogas e não 
possui outros antecedentes infracionais, após o devido processo legal, o juiz não pode aplicar a medida 
socioeducativa de internação. No entanto, se o adolescente é reincidente no tráfico de drogas, o juiz pode 
aplicar a medida com base no inciso II do art. 122 do ECA. 
Art. 122 
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa; 
II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; 
 
Súmula nº 500 
A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da Prova da efetiva corrupção do 
menor, por se tratar de delito formal. 
Havia uma forte discussão de que a corrupção de menores seria um tipo penal material e não formal. 
Portanto, sempre se exigia prova da corrupção, e a defesa frequentemente argumentava o seguinte: se o 
adolescente já tinha envolvimento em infrações anteriores, o adulto não poderia ser responsabilizado por 
corrupção de menores, pois o adolescente já teria esse histórico. Assim, ao reconhecer que se trata de um 
delito formal, é necessário apresentar prova da corrupção. O simples fato de um adulto cometer um crime 
na presença de uma criança ou adolescente é suficiente para caracterizar corrupção de menores por parte 
desse adulto. 
Súmula nº 593 
O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou a prática de ato 
libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para 
a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso 
com o agente. 
 Anteriormente, havia debate sobre a participação de menores de 14 anos, adolescentes envolvidos 
na prostituição, casos de namoro com consentimento para atos sexuais ou experiência sexual prévia. Esses 
pontos eram frequentemente usados para questionar a tipicidade do estupro quando envolviam menores de 
14 anos. No entanto, com a introdução desta súmula, esses argumentos foram totalmente descartados como 
forma de negar a tipicidade. O foco principal agora é a idade da vítima. 
Súmula nº 594 
O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de 
criança ou adolescente, independentemente do exercício do poder familiar dos pais, ou de 
o menor se encontrar nas situações de risco descritas no art. 98 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, ou de quaisquer outros questionamentos acerca da existência ou eficácia da 
Defensoria Pública na comarca. 
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Esta súmula reafirma a legitimidade do Ministério Público para propor ações de alimentos, mesmo 
que os pais estejam ou não exercendo o poder familiar. Ao discutir as modalidades de colocação de crianças 
e adolescentes em famílias substitutas, argumentamos que a entrega da criança à guarda de terceiros não 
isenta os pais da obrigação de pagar alimentos. Mesmo em caso de suspensão ou destituição do poder 
familiar, isso não elimina a obrigação dos pais de pagar alimentos. O pagamento de alimentos não se baseia 
apenas na responsabilidade dos pais em prover cuidados e atenção material aos filhos, mas também na 
existência de uma relação de parentesco. Essa relação não é encerrada pela guarda; somente através da 
adoção é que o vínculo entre a criança ou adolescente e seus pais biológicos, é completamente rompido, 
para que vínculos sejam constituídos com os pais adotivos. Essa obrigação de alimentos só é extinta com a 
adoção por meio de uma sentença transitada em julgado. Esta súmula apenas reafirma a legitimidade do 
Ministério Público, independentemente do poder familiar ou da criança e do adolescente se encontrarem 
em uma das situações previstas no artigo 98, ou se houver Defensoria Pública na localidade em condições de 
prestar atendimento nessa área. 
ECA Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveissempre que 
os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: 
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; 
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; 
III - em razão de sua conduta. 
 
Súmula nº 605 
A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem na 
aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida, 
enquanto não atingida a idade de 21 anos. 
 Exemplo: Imaginemos um adolescente de 17 anos que comete um ato infracional e recebe uma 
medida socioeducativa de internação. Quando ele completa 18 anos, não é obrigado a deixar a unidade de 
internação para ser transferido para uma unidade prisional. Ele pode continuar cumprindo a medida 
socioeducativa até atingir o limite de 21 anos, desde que respeitado o prazo estabelecido. 
Esta súmula também define um marco temporal para outras medidas como liberdade assistida e 
semiliberdade. O fato de atingir a maioridade civil não impede a continuidade da medida socioeducativa 
aplicada. Além disso, se aplica não apenas às medidas socioeducativas, mas também aos procedimentos 
policiais em andamento. 
Exemplo: Se um adolescente de 16 anos comete um ato infracional e a autoria é descoberta apenas 
aos 18 anos durante uma investigação, um relatório de investigação será enviado ao Ministério Público. 
Mesmo que o adolescente já tenha completado 18 anos, ainda é possível fazer a representação, pois a idade 
relevante é aquela no momento em que o fato ocorreu. 
OBSERVAÇÃO 
Caiu em prova que se um adolescente começou a cumprir uma medida socioeducativa e atingiu a maioridade, 
não é permitido encaminhá-lo para uma unidade prisional adulta. Essa possibilidade existia no antigo Código 
de Menores de 1979, mas não mais. Se o adolescente completa 18 anos enquanto está cumprindo a medida 
socioeducativa, ele pode continuar nela até os 21 anos. 
2. QUESTÕES COMENTADAS 
Primeiro as questões mais fáceis e aumentando a dificuldade progressivamente. Observa-se que os 
exercícios mais simples (de 2019) contêm mais texto normativo, enquanto os outros (de 2022) exigem um 
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pouco mais de reflexão para serem respondidos. É perceptível que, de 2019 a 2022, as bancas têm incluído 
mais questões sobre Direito da Criança e do Adolescente. Vamos analisar a seguinte questão: 
 
Ano: 2019 - Banca: VUNESP - Órgão: TJ-AC - Prova: VUNESP - 2019 - TJ-AC - Juiz de Direito Substituto: O 
Estatuto da Criança e do Adolescente é orientado pelo princípio da proteção integral da criança e do 
adolescente, que tem como marco legal o artigo 227 da Constituição Federal. Sob tal ótica, quanto à técnica 
empregada pelo diploma menorista para definir criança e adolescente, bem como para considerá-los sujeitos 
de direitos e obrigações frente à família, à sociedade e ao Estado, é correto afirmar que: 
(A) A condição psíquica pode ser considerada de forma complementar à biológica porque a idade, 
isoladamente considerada, pode não levar à segura qualificação do menor como criança ou adolescente, 
adotando-se critério cronológico mitigado. 
COMENTÁRIO: Em momento algum o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) utiliza questões 
psicológicas para influenciar a responsabilização de uma criança como adolescente, ou de um adolescente 
como adulto. 
(B) Ao se permitir que o maior de 18 (dezoito) anos permaneça no polo passivo de ação de execução de 
medida socioeducativa, o Estatuto da Criança e do Adolescente não restou adstrito ao critério cronológico 
absoluto. 
COMENTÁRIO: A possibilidade de estender além dos 18 anos não implica na mitigação do critério cronológico 
absoluto. A extensão visa cumprir um período de 3 anos, permitindo que o adolescente, ao completar 18 
anos, possa potencialmente permanecer submetido à internação por esse período. 
(C) É de diferenciação e tem por objetivo impedir a tipificação de condutas perpetradas por pessoa menor 
de 12 (doze) anos como infração penal, nos termos da legislação aplicável. 
COMENTÁRIO: Não há critério de diferenciação estabelecido. 
(D) De acordo com o artigo 2.º, caput, criança é pessoa com até 12 (doze) anos incompletos, e adolescente 
aquela que tiver entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos incompletos, adotando-se critério cronológico 
absoluto. 
 
Ano: 2019 - Banca: CESPE - Órgão: TJ-PR - Prova: CESPE - 2019 - TJ-PR – Juiz Substituto: A atual doutrina da 
proteção integral, que rege o direito da criança e do adolescente, reconhece crianças e adolescentes como: 
(A) Objetos de proteção do Estado e de medidas judiciais, mas que devem ser responsabilizados pela própria 
situação de irregularidade. 
COMENTÁRIO: Essa característica do antigo paradigma. 
(B) Sujeitos de direito, devendo o Estado, a família e a sociedade lhes assegurar direitos fundamentais. 
COMENTÁRIOS: Sendo o tripe de corresponsabilidade. 
(C) Objetos de proteção do Estado e de medidas judiciais, sendo o Estado o principal responsável por lhes 
assegurar direitos. 
(D) Sujeitos de direito que devem ser responsabilizados pela própria situação de irregularidade. 
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Ano: 2019 Banca: MPE-PR Órgão: MPE-PR Prova: MPE-PR - 2019 - MPE-PR - Promotor Substituto: Entre as 
garantias de prioridade estabelecidas expressamente pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 4º, 
parágrafo único, da Lei n. 8.069/90), não há previsão de: 
(A) Primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias. 
COMENTÁRIO: Está previsto no art. 4º, parágrafo único, alínea A. 
(B) Precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública. 
COMENTÁRIO: Prevista na alínea B. 
(C) Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à 
juventude. 
COMENTÁRIO: Prevista na alínea D. 
(D) Viabilização prioritária de formas alternativas de participação, ocupação e convívio com as demais 
gerações. 
COMENTÁRIO: Não está previsto, apesar de ser uma mensagem adequada 
(E) Preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas. 
COMENTÁRIO: Prevista na alínea C. 
ECA Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público 
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, 
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. 
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: 
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; 
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; 
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; 
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à 
infância e à juventude. 
 
Ano: 2019 - Banca: VUNESP - Órgão: TJ-AC - Prova: VUNESP - 2019 - TJ-AC - Juiz de Direito 
Substituto: Com relação à assistência médica prestada pelo Sistema Único de Saúde para prevenção de 
enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, é correto afirmar que: 
(A) A atenção à saúde bucal das crianças e das gestantes será promovida de forma transversal, integral e 
intersetorial com as demais linhas de cuidado direcionadas à mulher e à criança. 
COMENTÁRIO: O Estatuto da Primeira Infância, que trata da disciplina em relação às políticas públicas de 
atendimento à criança na primeirainfância, observe o modelo de atendimento. 
(B) A atenção odontológica à criança terá função educativa e será prestada quando o bebê nascer, e, após, 
no sexto e no décimo segundo anos de vida, com orientação sobre saúde bucal. 
(C) Nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias, não será obrigatória a vacinação das crianças se 
justificada a recusa pelos pais ou responsável, por crença pessoal ou religiosa, no prazo estabelecido pelo 
calendário de vacinação estabelecido pelo PNI. 
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(D) A obrigatoriedade de aplicação de protocolo ou outro instrumento desenvolvido para a detecção de risco 
para o desenvolvimento psíquico da criança tem como marco inicial o primeiro ano de vida. 
 
Ano: 2019 - Banca: CESPE - Órgão: MPE-PI - Prova: CESPE - 2019 - MPE-PI - Promotor de Justiça Substituto: 
A respeito da colocação de criança ou adolescente em família substituta, julgue os itens seguintes. 
I - Pode ser padrinho ou madrinha pessoa maior de dezoito anos não inscrita nos cadastros de adoção, desde 
que cumpra os requisitos do programa de apadrinhamento de que faz parte. 
COMENTÁRIO: O programa de apadrinhamento destina-se a atender crianças e adolescentes inseridos nos 
programas de acolhimento institucional e familiar, que têm pouca chance de serem adotados devido a 
enfermidades, idade avançada ou alguma deficiência. É um programa que visa acompanhar esses jovens 
nesse contexto. O padrinho não poder estar inscrito no cadastro de adoção; o apadrinhamento pode envolver 
tanto pessoas físicas quanto jurídicas. 
II - Para que um adolescente seja colocado em família substituta, ele sempre deverá ser ouvido previamente 
por equipe interprofissional, o que faz que sua opinião seja terminativa para a realização do ato. 
COMENTÁRIO: Será ouvido por uma equipe multiprofissional, mas sua opinião não será decisiva para a 
realização do ato. Por exemplo, no caso de adoção, tutela ou guarda envolvendo um adolescente, é 
necessário que ele também seja ouvido em audiência, conforme prevê o art. 28, § 2º do ECA. A criança e 
adolescente devem ser ouvidos. É importante observar se a questão se refere à categoria de criança ou 
adolescente ao se manifestar ou opinar, pois têm pesos diferentes, como indicado no § 2º desse artigo. 
III - Em regra, o deferimento da guarda de criança a terceiros faz cessar o dever dos pais de prestar alimentos 
e o direito a visitas. 
COMENTÁRIO: De forma alguma, o fato de conceder a guarda a um terceiro impede os pais de visitarem seus 
filhos. No entanto, se os pais foram destituídos do poder familiar e os filhos foram entregues a um terceiro 
para guarda, eles não têm o direito de visitar os filhos, mas ainda são obrigados a pagar pensão alimentícia. 
Em outra situação, quando não há destituição do poder familiar, apenas uma suspensão temporária, os pais 
têm a expectativa de recuperar o exercício do poder familiar. Nesse caso, tanto o direito de visitação quanto 
a obrigação de pagar alimentos são assegurados aos pais. 
IV - O falecimento do adotante no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença, desde que ele 
tenha apresentado inequívoca manifestação de vontade sobre o ato, não obsta que seja a adoção deferida. 
COMENTÁRIO: Trata-se de adoção póstuma, em que o adotante falece antes da sentença ser proferida. Ele 
pode morrer durante o processo de adoção, após ter feito o pedido, ou até mesmo antes de iniciar o 
procedimento. O STJ tem entendido que o essencial é uma manifestação clara de intenção de adotar a criança 
ou adolescente, para que os efeitos da adoção possam retroagir à data do falecimento. 
Assinale a opção correta: 
(A) Apenas o item I está certo. 
(B) Apenas o item II está certo. 
(C) Apenas os itens I e IV estão certos. 
(D) Apenas os itens II e III estão certos. 
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(E) Apenas os itens III e IV estão certos. 
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, 
independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei. 
§ 2º Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu consentimento, 
colhido em audiência. 
 
Ano: 2019 - Banca: CESPE - Órgão: MPE-PI - Prova: CESPE - 2019 - MPE-PI - Promotor de Justiça Substituto: 
De acordo com o ECA, considera-se uma forma de tratamento cruel ou degradante: 
(A) A lesão. 
(B) A humilhação. 
COMENTÁRIO: Ao abordarmos a questão dos maus-tratos e da prática de violência, mesmo que seja sob o 
pretexto de disciplinar crianças e adolescentes, seja pelos pais ou pelos socioeducadores, o art. 18-A, 
parágrafo único, oferece um quadro conceitual do que significa tratamento cruel ou degradante, incluindo o 
conceito de castigo físico. Dentro do âmbito do tratamento cruel, está a prática da humilhação. 
(C) O sofrimento físico. 
(D) O castigo. 
(E) A punição física. 
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de 
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, 
educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, 
pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por 
qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. 
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: a) sofrimento físico; ou 
 
Ano: 2019 - Banca: CESPE - Órgão: TJ-BA - Prova: CESPE - 2019 - TJ-BA - Juiz de Direito Substituto: Com 
referência a adoção, guarda, medidas pertinentes aos pais ou responsáveis e direitos fundamentais da 
criança e do adolescente, julgue os itens a seguir. 
I A princípio, para a constatação da adoção à brasileira, o estudo psicossocial da criança, do pai registral e da 
mãe biológica não se mostra imprescindível. 
COMENTÁRIO: A "adoção à brasileira" ocorre quando os pais biológicos entregam uma criança ou 
adolescente a terceiros fora do sistema judicial. Estes terceiros registram a criança como se fossem os pais 
biológicos, diretamente em cartório. 
II A omissão na lei previdenciária impede que os infantes recebam pensão por morte do guardião, uma vez 
que, pelo critério da especialidade, não basta a norma prevista no ECA que declara a condição de dependente 
de crianças e adolescentes, porque ela se afigura como meramente programática. 
COMENTÁRIO: Art. 33 e 34 do ECA - Um dos efeitos da guarda é incluir a criança e o adolescente como 
dependentes, inclusive no aspecto previdenciário. Existe uma norma específica que determina que crianças 
e adolescentes serão dependentes do guardião. O fato de uma norma previdenciária não ter abordado essa 
questão não impedirá que continuem sendo considerados dependentes. Isso ocorre porque a condição de 
dependente prevista no ECA, no contexto da guarda, não é apenas uma diretriz programática, mas sim uma 
norma que efetivamente regula uma condição jurídica, que se concretiza com a decisão judicial de guarda. 
Não é uma norma programática, mas pragmática. 
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 DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE • 08 
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III O descumprimento da obrigação de prestação material do pai que dispõe de recursos ao filho gera a 
responsabilização do genitor

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