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Afecções cirúrgicas dos olhos e anexos Diferentes campos de visão Ossos da órbita ocular • Osso frontal • Osso lacrimal • Osso maxilar • Osso zigomático • Osso esfenóide • Osso palatino • Orbita aberta: permite maior abertura mandibular (suinos e carnivoros) Quais estruturas encontramos na órbita? Bulbo ocular, 3° pálpebra, glandulas lacrimais, músculos, gordura, vasos e nervos, glândula salivar zigomática Pálpebras e músculos extraoculares • Túnica externa ou fibrosa (córnea e esclera) • Túnica média ou vascular (úvea) • Túnica interna ou nervosa (retina e nervo óptico) Divisões anatômicas do bulbo Segmento anterior a) Câmara anterior: entre a cornea e a íris b) Câmara posterior: entre a íris e a lente Segmento posterior c) Câmara vítrea: entre lente e retina (preenchido pelo humor vítreo Córnea Cão • centro: 0,45 a 0,55mm • periferia: 0,5 a 0,65mm Ulceras estromais (ulcera de córnea) -> maior que 50% da espessura da cornea, requer tratamento cirúrgica Glândulas lacrimais Principais afecções cirúrgicas orbitárias • Sialocele de glândula zigomática -> sialoadenectomia • Neoformações -> exenteração, ortbitomias e orbitectomias • Abcessos retrobulbares -> remoção da causa Principais afecções cirúrgicas dos anexos oculares • Prolapso de glândula de terceira pálpebra -> packet • Neoformações -> vplastia • Entrópio -> hortz-celsus • Macrobléfaro -> cantoplastia Principais afecções cirúrgicas da superficie ocular • Úlceras estromais profundas -> enxerto pediculado ou transplante de cornea • Neoformações -> ceratectomia e enxerto pediculado ou avanço • Dermoides -> ceratectomia e enxerto • Sequestro corneano -> ceratectomia e enxerto • Descemetocele -> enxerto pediculado ou transplante córneo conjuntival • Ceratopatia bolhosa -> flap de 3° pálpebra Principais afecções cirúrgicas intraoculares • Catarata -> focoemulsificação • Luxação de cristalino C.A. -> FIC ou ticle • Neoplasias intraoculares -> biopsias ou enucleações Meios de diagnóstico • Exame oftálmico com testes adequados (fluoresceína, lissamina verde, rosa bengala, Schirmer, tonometria, fundoscopia, biomicroscopia...) • Imagem: Ultrassonografia ocular/ Radiografia/ TC/RM • Citologia/histopatologia Pré – operatório: quais exames solicitar? • Hemograma • Função renal • Função hepática: Lipidograma, glicemia, frutosamia (gatos) • ECG/ECO/PAS acima de 4 anos ou caso necessário • Radiografia de tórax – gatos e cães acima de 6 anos Indicações e técnicas cirúrgicas • Protrusão da glândula da 3 pálpebra-> Pocket • Tumores palpebrais -> Vplastia • Indicações para enucleação-> Transconjuntival, transpalpebral (Transpalpebral ≠ exenteração) Magnificação Lupas de cabeça • Lupa de pala – até 3,5x • Lupa de Galileu – até 3,5x • Lupa prismática (lupa cirúrgica) – até 8,0x • Foco de luz bem posicionado Instrumental: • Kit de instrumentação padrão • Pinça mixter • Lâmina de bisturi 15c • Blefarostato • Enucleation spoon Pós-operatório • Colar protetor rígido, sem retirar até novas recomendações AINE/AIE • Meloxicam: cão 0,1 a 0,2mg/kg/sid/3dias. Gato: 0,05 a 0,1mg/kg/sid • Dexametasona: cão 0,1mg/Kg/s24 ou q48h/3 aplicações • Prednisolona/prednisona: 0,5mg/kg/sid Antibioticoterapia:Amoxicilina/clavulanato (22mg/kg/bid/7d) Analgésicos: Dipirona: cão 25mg/kg/bid, gato 25mg/kg/sid Colírios • Tobramicina 1g/qid/5d • Cloranfenicol pomada 1cm/qid/5d • Diclofenaco sódico colírio bid/5d • Lubrificante qid/anr Protusão da glândula da terceira pálpebra • Deslocamento dorsal da glândula e protrusão através da margem da terceira pálpebra • Cães, braquicefálicos, uni ou bilateral, até 2 anos de idade • Fragilidade do tecido conectivo entre a base da terceira pálpebra e os tecidos da periórbita (Não está completamente definido) Técnica de Morgan – Pocket 1. Duas incisões paralelas à glândula e à margem da 3ª pálpebra - Somente conjuntiva, não unir as incisões 2. Ponto na face externa da 3ª pálpebra 3. Passagem do fio para a face bulbar 4. Sutura de aproximação das incisões 5. Passagem para a face externa novamente 6. Segundo ponto de ancoragem na face palpebral Complicações • Cistos – união das incisões • Recorrência – inflamação pré operatória, suturas absorvíveis • Taxa de sucesso de 95% e recorrência de 5% em buldogue inglês e boxer • KCS (ceratoconjutivite seca) – raças predispostas á protusão, raças predispostas a KCS • Iatrogenias V plastia Indicado para formações até 1/3 da rima palpebral. Pode ser utilizado na pálpebra superior ou inferior Técnica: • Incisar a pele em “V” ou pentágono com cabo bisturi n° 3 e 15c • Com tesoura, remover o fragmento na espessura total. • A sutura é realizada em 2 planos: • Subcutâneo com ponto simples ou contínuo (absorvível 6.0) • Pele: Ponto em “8” conforme esquema abaixo, com fio não absorvível 4.0 a 5.0 na margem seguido de pontos simples separados Ponto em 8: 1. Entrada do fio na pele (a 2mm da margem palpebral e a 2mm da borda do defeito) 2. Saída do fio na região do estroma palpebral 3. Entrada do fio no estroma palpebral da borda oposta a última saída do fio 4. Saída do fio na margem palpebral (região da abertura das gls. de meibômio levemente deslocado para a região externa para evitar o contato com a córnea) a 2mm da borda do defeito 5. Entrada do fio na margem palpebral oposta a 2mm da borda do defeito (abertura das gls. de meibômio levemente deslocado para a região externa) 6. Saída do fio no estroma palpebral 7. Entrada do fio no estroma palpebral da margem oposta 8. Saída do fio a 2mm na pele a 2mm da margem palpebral e 2mm do bordado defeito Importante manter distância das entradas e saídas da agulha simétricas para melhor coaptação das bordas do defeito palpebral (“efeito espelho”). O nó do ponto em 8 não deve ser apertado, evitando assim que uma borda palpebral se sobreponha a outra Enucleação As enucleações devem ser consideradas em casos de extrema necessidade. Indicações de enucleação • Glaucoma, corpo estranho, neoplasias intraoculares, proptose de bulbo ocular, perfurações córneas extensas com endoftalmite, lacerações de bulbo ocular, panoftalmite Enucleção x exenteração • Diferentes técnicas e indicações 1. Transconjuntival 2. Transpalpebral 3. Exenteração Obs: na enucleação o bulbo ocular é removido, mas é mantido os musculos oculares e o tecido orbital ao redor. Na exenteração, o bulbo ocular é removido juntamente com parte ou todo o conteúdo da orbita, incluindo os musculos, gordura orbital e tecidos circundantes. Enucleação Transconjuntival Acesso Transconjuntival • É a técnica mais comum, com remoção do bulbo, terceira pálpebra e margens palpebrais. Melhor exposição do nervo óptico. • Indicações: Neoplasias intra oculares, endoftalmite, trauma ocular grave, perfurante ou não, sem possibilidade de preservação do bulbo. Olhos glaucomatosos sem controle. Técnica: • Cantotomia se necessário • Peritomia • Secção dos músculos extra oculares que permite completa rotação do bulbo • Pinçamento com hemostática e ligadura ao redor no nervo óptico e vasos com Nylon 4.0 • Secção da terceira pálpebra (*ligadura) e incisão das margens palpebrais a 3mm • Sutura da conjuntiva em ponto contínuo nylon 4.0 • Aproximação do subcutâneo e por fim sutura da pele com Ny 4.0 em pontos separados • Remoção dos pontos 10-15 dias Enucleação transpalpebral Acesso Transpalpebral • Evita a comunicação entre a superfície ocular e os conteúdos orbitários. Remove todos os tecidos conjuntivais • Indicações: Neoplasiasintraoculares com invasão de parede, panoftalmite, neoplasias orbitárias Cuidado! Exames importantes • Palpação, retropulção, abrir a boca • Exames complementares: US ocular, Tomografia/Ressonância Técnica transpalpebral: • Pálpebras suturadas em padrão contínuo• Incisão periocular a 3-5mm das margens palpebrais • Dissecção por fora dos músculos extraoculares • Nervo óptico e vasos são pinçados, seccionados e ligados com Nylon4,0 • Sutura da conjuntiva em ponto contínuo nylon 4.0 • Aproximação do subcutâneo e por fim sutura da pele com Ny 4.0 em pontos separados • Remoção dos pontos 10-15 dias Exenteração • Envolve remoção da conjuntiva, periórbita, músculos extraoculares e do bulbo ocular • O acesso transpalpebral pode ser utilizado associado, se necessário, com orbitotomia lateral (ressecção do arco zigomático) • Indicações: neoplasias Técnica de exenteração: • Acesso transpalpebral • Pálpebras suturadas em padrão contínuo • Incisão periocular a 5mm das margens palpebrais • Dissecção avança caudalmente por fora dos músculos extraoculares e junto à órbita. • É removido no “bloco” cirúrgico: • Músculos extraoculares, bulbo ocular, conjuntiva, 3ª pálpebra e glândula lacrimal. • Se necessário, gordura e tecido conjuntivo remanescentes devem ser removidos. • Nervo óptico e vasos são pinçados, seccionados e ligados com Nylon4.0 • Sutura da conjuntiva em ponto contínuo nylon 4.0 • Aproximação do subcutâneo e por fim sutura da pele com Ny 4.0 em pontos separados Desvantagens da exenteração • Maior espaço morto na região da órbita • Maior concavidade da região orbitária • Aspecto estético Complicações de enuncleação Transconjuntival • Remoção incompleta do canto medial pode promover fístulas (secreção residual das células caliciformes) • Cistos (glândula da terceira pálpebra remanescente) • Pode ocorrer semanas ou meses depois da cirurgia Transpalpebral/exenteração • Maior espaço na órbita, menor resultado estético • Potencial de maior tração no nervo óptico. • Secreção serosanguinolenta pela narina ipsilateral • Mucocele • Emfisema orbitário (braquicefálicos) Desmistificando a enucleação • Não é normal sangramento intenso no pós operatório • Não é normal sangramento excessivo no trans operatório • Não é normal edema após 2 ou 3 dias • Não é normal secreção • Não é normal apatia Cavidade Oral Exame clínico • observações externas da cabeça-avaliação de contornos, trauma, fístula... • observações internas da cavidade oral avaliação mucosas, língua, palato, orofaringe, avaliação dental, avaliação periodontal Exames complementares • Radiografia extra-ral, radiografa intra-oral, tomografia computadorizada, biopsia incisional, biopsia excisional Exodontia Indicações: periodontite, dentição decídua, complexo gengivite – estomatite – faringite, lesão de reabsorção odontoclástica felina, fratura, dentes inclusos (não erupcionados), dentes supra-numerários, maloclusão Técnica: • Sindesmotomia • Luxação • Avulsão • Curetagem • Alveoloplastia • Sutura • Retalho muco-gengival • Odonto-secção (dentes com mais de uma raiz) • Alveolectomia (cinzel e martelo ou brocas) • Caninos: retalho muco gengival com bisturi e sindesmótomo, alvelolectomia, luxação com alavanca, uso do fórceps, sutura do retalho muco-gengival com fio absorvível e pontos simples separados Complicações: fratura do dente a ser avulsionado, fratura de mandíbula, alveolite seca, lesão de tecidos moles, invasão de estruturas circunvizinhas (fossa nasal, seio maxilar, canal mandibular) Sialocele • Glândulas salivares maiores: parótida, mandibular, sublingual, zigomática, molar (gatos) • Patogenia: neoplasias (raras), inflamação (filhotes), mucocele (sialocele) Rânula Lesões resultantes do extravasamento de saliva da glândula sublingual Lábio e palato • Comprometimento de lábio, rebordo alveolar, palato duro e palato mole • quanto à origem, divididas em: de palato primário (não fusão dos ossos maxilares e incisivos), de palato secundário (não fusão das placas palatinas) • associação -> fenda lábio-palatina completa Fenda labial • Unilateral ou bilateral • Completa ou incompleta Fenda palatina • Distal ao forame incisivo • Parcial ou completa • Sinais: tosse, espirros, secreção nasal, menor ganho de peso • Tratamento: alimentação por sonda, cirurgia (palatorrafia) após os 3 meses de idade (variável conforme a raça) Tratamento cirúrgico – palato duro Tratamento cirúrgico – palato mole Protese palatina Comunicação oro-nasal Causas: pós exodontia, avulsão dental traumática, neoplasias, osteomielite, fratura de maxila, necrose ossea (sequestro) Tratamento cirúrgico • Retalho muco-gengival simples (mais utilizado) • Incisão do periósteo, liberando a mucosa Dermatite de dobra labial • Sinais clínicos: odor pútrido (diferencial com halitose da doença periodontal), eritema e ulceração em dobra labial (dermatite) • Predisposição: Cocker • Tratamento: conservador (anti-sépticos) ou cirúrgico Tratamento cirúrgico – queiloplastia • Remoção do excesso de pele (dobra) Fraturas de mandíbula e maxila • Anamnese • Exame clínico: geral, visual direto da oclusão, palpação (sedação, anestesia), radiografia • Diagnóstico diferencial: neoplasias, luxação da articulação temporomandibular • Prevalência de fraturas da mandíbula: na região dos molares nos cães e incisivo nos gatos • Predisposição: doença periodontal Técnicas cirúrgicas para correção de fraturas da mandíbula e maxila • Pré-operatório: estabilização do animal. antibiótico/antiinflamatório/analgésicos • Regras gerais: preservação dos dentes, permitir a mastigação, manter a oclusão normal • Fraturas expostas: debridamento e sutura dos tecidos moles • Funil esparadrapado: estabilização ou animais até um ano • Osteossíntese: hemi-cerclagem • Fixação dental: fios de aço (amarria interdental; lesão ao periodonto), ferulização com resina acrílica ou composta, associação de ambos Mandibulectomia/ Maxilectomia parcial • Combinação de 2 ou mais métodos • Placas e parafusos (cuidado!) • Pino intra-medular (cuidado!) • Transfixação externa (cuidado!) Funil esparadrapado: método mais simples • Indicações: emergências, fraturas favoráveis (sem desvio grave dos ligamentos), filhotes • Desvantagens: não permite boa estabilização, acúmulo de sujidades, salta-se facilmente Osteossíntese com fio de aço Pino intramedular Placas e parafusos • Iatrogenia (cuidado) Transfixação externa Amarria Inter-dental Esofâgo Corpo estranho esofágico Sinais clínicos: Regurgitação de sólidos e líquidos (obstrução completa), regurgitação de sólidos (obstrução parcial), anorexia, dor, sialorreia, dispneia aguada, tosse e febre Diagnóstico: Anamnese, histórico, sinais clínicos, exame físico, exames complementares (raio-x simples, raio-x contrastado, endoscopia) Abordagem cirúrgica: esofagotomia ou esofagectomia parcial Tratamento: • Observação 2 a 3 dias- sinais de extravasamento esofágico e infecção • Tratar esofagite e pneumonia por aspiração – antibióticos, antiácidos e analgésicos • Tubo gastrotomia se necessário • Restrição alimentar de no mínimo 24h após remoção do corpo estranho (erosão/ulcera) • Ausência regurgitação – inicio água seguido alimentação pastosa 5-7 dias Prognóstico • Bom: ser perfuração • Bom: remoção não cirúrgica – pinçacom ou sem auxilio endoscopia 98% sucesso • Reservado: mortalidade 57% nas perfurações esofágicas tratadas cirurgicamente Megaesôfago Sinais clínicos: • Animais jovens ou idosos • Regurgitação — após alimentação • Distensão esôfago cervical — compressão tórax + narinas fechadas • Perda de peso, emaciação, retardo crescimento • Dispneia, tosse e febre — pneumonia aspiração • Quadros de fraqueza muscular generalizada Diagnóstico: • RX simples: distensão do esófago intratorácico cranial por gás, fluido ou alimento • RX contrastado - Esofagograma com bário — confirmação dilatação • Esofagoscopia — não indicada ou apenas para descartar obstrução Tratamento • Clínico • Cirúrgico Manejo e suporte • refeições frequentes e pouca quantidade com posição vertical - manter IO — 15 min = efeito gravidade • Dieta mais líquida • Tratar esofagite e pneumonias • pró-cinéticos para musculatura lisa: metoclopramida ou cisaprida (prepulsid) Prognóstico: • reservado: depende da etiologia, pode causar pneumonias por aspiração (frequente causa de óbito) Principais afecções cirúrgicas do Estômago Corpo estranho gástrico • Ingesta que não pode ser digerida (pedra, plástico, tecidos, metais) • Digestão lenta (ossos) • Corpos estranhos lineares — gato embaixo da língua • Estômago ou intestino — explorar Sinais clínicos: Vômitos, distensão gástrica, dor abdominal, irritação de mucosa Diagnóstico por imagem: • Diagnóstico por imagem • CE radiopaco — radiografia • CE radioluscente — ultrassom • RX contrastado - Gastrograma • Endoscopia • Laparotomia exploratória • Cuidado com exames de contraste — ruptura Tratamento: • Manejo clinico: indução de vomito (cuidado), controle de êmese • Cirúrgico: gastrotomia, endoscopia Cuidados pós-operatório: • Manutenção da hidratação • Correção de distúrbios hidroeletrolíticos – hipocalemia • Dieta leve: 12 a 14 após a intervenção cirúrgica • Alimento pastoso até 7 dias Prognóstico • Bom se não houver perfuração estomacal • Melhor por endoscopia Síndrome dilatação vólvulo gástrica • Emergência médico cirúrgica Sinais clínicos: abdômen cranial distendido e timpânico, ânsia de vomito improdutiva, hiper salivação, inquietação, apatia e prostração Diagnóstico: • RX: após estabilização - decúbito lateral direito • Estômago distendido com área radiodensa central — compartimentalização • Piloro deslocado cranialmente Tratamento: • Celiotomia mediana pré-umbilical • Descompressão transoperatória se necessário (gastrocentese) • Reposicionamento de estômago, epíplon e baço • Síndrome de reperfusão • Avaliar mucosa, serosa: coloração, perfusão, motilidade • Gastrectomia parcial / esplenectomia se necessário • Gastropexia Pós-operatório • Arritmias importantes (trans) • Hospitalização • Jejum comida 24h • Ingestão água em 1-2h (48h) • Fluido e equilíbrio hidroeletrolítico • Antibióticos, anti-inflamatórios, antioxidantes, protetores de mucosa, analgésicos, antieméticos • Oxigenioterapia Complicações • Arritmias — parada cardiorrespiratória • Choque • Edema pulmonar • IRA (Insuficiência Renal Aguda) • Gastrite, esofagite, peritonite, pancreatite • Deiscência pontos / ruptura Prognóstico • Reservado a ruim • Tempo é importante • Quanto pior a condição inicial e choque, pior prognóstico • Recidiva depende de gastropexia (inferior a se realizada) Gastrotomia Gastrectomia Afceções Cirurgicas do Ouvido Otite Objetivos cirúrgicos: melhora da drenagem do canal auditivo, acesso para administração de medicamentos tópicos, remoção de tecido doente ou neoplásico Diagnóstico: • Exame Físico: Palpação e Otoscópio. Avaliação da integridade da membrana timpânica, gravidade da alteração nos canais horizontais e verticais • Exame Complementar: radiografia ou tomografia computadorizada (TC) de crânio Observação: • Dor pós-operatória deve ser prevista (ex: Morfina associada a meloxicam). • Antibióticos tópicos e sistêmicos associados (Cultura e Antibiograma) • ressecção do canal auditivo lateral não é uma cura - tratamento médico do ouvido provavelmente será necessário pelo resto da vida do animal. • Certifique-se de que o proprietário esteja ciente dos deficits auditivos de seu cão antes da cirurgia. Isso reduz a insatisfação do proprietário associada a qualquer perda auditiva percebida após o procedimento. Ressecção do canal auditivo lateral • aumenta a drenagem e melhora a ventilação do canal auditivo. Ressecção do canal auditivo vertical • pode ser realizada quando toda a estrutura está doente, mas o canal horizontal é normal. • técnica de escolha em caso de neoplasia confinada ao canal vertical ou em alguns animais com otite externa crônica. Oto-hematoma Objetivos cirúrgicos: remoção do hematoma, prevenção de recidivas, manutenção da aparência natural da orelha Reparo de oto-hematoma • suturas em sentido vertical • pontos atravessam a cartilagem sem incorporar a pele • suturas alternativas intradérmica • pontos absorvíveis, incomodam menos no pós- operatório Curativo pós-operatório Paratopatias – Hernias Definição Deslocamento ou passagem de vísceras contidas em cavidades próprias (geralmente abdominal), para outra vizinha natural ou neo formada, através de abertura anatômica, teratológica ou acidental, mas de tal forma que a parte do órgão herniado não se põe em contato com o meio exterior. Localização das hérnias • Hérnias abdominais craniais: Umbilical • Hérnias abdominais caudais: inguinal, escrotal e femoral • Hérnia Perineal • Hérnias Diafragmáticas – Traumáticas: Hérnias peritônio-pericárdica, hérnia pleuroperitonial, hérnia de Hiato Hernias Classificações: • Congênitas ou adquiridas • Verdadeiras ou falsas • Redutível • Encarcerada (irredutível, parte presa sem isquemia) • Estrangulada (irredutível, parte presa isquêmica – dor) Definições: • Nomenclatura: relativa a localização. • Composição: anel, saco herniário, conteúdo (verdadeira) • Classificação: redutíveis e irredutíveis; congênitas e adquiridas. • Etiopatogenia: Predisponentes e desencadeantes. • Tratamento: cirúrgico (sutura/tela de marlex) • Complicações: encarceramento, alteração vascular Tipos: • Hérnia umbilical: fechamento incompleto da parede abdominal (músculo reto abdominal) • Hérnia inguinal: aumento do diâmetro do anel inguinal causado por alterações congênitas ou traumáticas • Hérnia inguinoescrotal: alteração do processo vaginal, permitindo a passagem do conteúdo através desta estrutura até o saco escrotal • Hérnia femoral: é rara. O conteúdo abdominal, neste caso, atravessa o canal femoral. • Hérnia perineal: está localizada na região do períneo e se forma em consequência da frouxidão dos músculos da região do diafragma pélvico; • Hérnia traumática: ocorre em consequência da ruptura traumática da parede abdominal; • Hérnia incisional: é formada quando ocorre uma deiscência na sutura da parede abdominal, a qual foi submetida anteriormente a um procedimento cirúrgico • Abdominal externa: através de defeitos da parede abdominal (umbilical, inguinal, femoral, escrotal, perineal). • Abdominal interna: São confinadas dentro do abdômen ou tórax (diafragmática, de hiato). Hernia abdominal traumática Etiologia: traumas contusos, traumas perfurantes, hernias incisionais Eventração x Evisceração • Eventração: Ampla abertura da parede abdominal com saídade vísceras, formando um saco coberto de epiplon e pele • Evisceração: Exposição das vísceras, por solução de continuidade da parede abdominal e pele (traumatismo). Localização • Paracostal • Abdômen ventro-lateral caudal (área inguinal ou pré púbica) • Pacientes politraumatizados Apresentação clínica: • Assimetria do contorno abdominal • Tamanho x Extensão • Choque hipovolêmico Diagnóstico: • Palpação • RX Tratamento: • Estado geral • Estabilizar o paciente • Eviscerações e feridas devem ser protegidas • Evisceração – emergência Acesso • Direto • Linha alba Hernia umbilical • Congênitas • Hereditárias • Causadas por embriogênese defeituosa • No feto passam pelo anel umbilical vasos umbilicais, ducto vitelínico e cabo do alantóide, mas essa abertura se fecha ao nascimento formando a cicatriz umbilical • Pode estar associada a outros defeitos, no macho criptorquidismo Patogenia: • Aumento da pressão intra-abdominal • Má formação da cicatriz umbilical/hipoplasia muscular • Saco herniário: epíplon,tecido adiposo, intestino delgado (raro) Sinais clínicos: • Aumento de volume da cicatriz umbilical • consistência mole • redutibilidade • indolor Diagnóstico • Exame físico: palpação • Ultrassom • Diagnostico diferencial: onfaloflebite (inflamação da veia umbilical) Tratamento Cirúrgico • Redutível: herniorrafia • Irredutível: incisão do saco herniário e sutura do anel herniário Hernia inguinal Canal inguinal • Macho – cordão espermático • Fêmea – ligamento redondo • Ramo genital do n. genito femural • Artéria e veia pudenda externa Anel inguinal • Externo • Interno Incidência • Fêmeas intactas • Machos jovens • Raras em gatos • Podem ser adquiridas ou congênitas Fatores: • Hereditário: Golden retrivier, Cocker Spaniel, Dachshund • Hormonais (prenhez) • Anatômicos • Metabólico (obesidade) Apresentação Clínica: • Formação inguinal indolor: • volume inguinal D / E / ambas • Complicações: (bexiga / alças / útero) • Sinais de obstrução intestinal Conteúdo da hérnia: útero, intestino, bexiga, omento, gordura, baço Diagnóstico • Palpação • Rx ou US • Diferencial: neoplasias mamárias, abcessos, linfoadenopatias, hematomas etc.. Tratamento: • incisão cutânea linha média (bilateral) • abertura saco herniário • inspeção conteúdo (aderência + aparência) • redução conteúdo (alargar o anel) • escarificar as bordas + sutura (vasos!) • Acesso: Linha alba; direto; OSH • Casos de histerocele: OSH, herniorrafia Hernia Perineal Ocorre quando os músculos perianais se separam, permitindo o movimento (deslocamento) da pele perianal pelo conteúdo retal, pélvico e/ou abdominal. Fisiopatologia: Maioria ocorre entre os músculos elevador do ânus, esfíncter anal externo e coccigeo. Fragilidade do diafragma pélvico relacionada aos hormônios masculinos, esforço para defecação, atrofia ou fraqueza muscular adquirida. Afetam mais cães machos inteiros, de meia idade a idosos e raro em gatos. Podendo ser uni ou bilateral. Principais órgãos: bexiga, próstata, reto, gordura. Apresenta sintomas urinários e entéricos. Com ou sem aumento de volume lateral ao ânus. Encarceramento, obstrução e estrangulamento Sinais clínicos • Aumento de volume perianal • Constipação • Tenesmo • Prolapso de reto • Anúria • Vomito • Ulceração de pele • Estrangúria • Afecção prostática • Retroflexão da bexiga e próstata • Incontinência fecal e urinária Diagnóstico: Histórico, exame físico, exames complementares (Rx simples, uretrograma, cistograma, USG) • Diagnostico diferencial: disquesia, Corpos estranhos, fístula perineal, estenose anal/ retal, abscesso de saco anal, neoplasias retais, traumatismo, prolapso anorretal Tratamento clínico Objetivo: • Aliviar e evitar constipação, disúria e estrangulamento de órgãos. • Laxantes formadores de volume. • Amolecedores fecais. • Evacuação retal manual. • Descompressão da bexiga (cistocentese e catéter urinário) Tratamento Cirúrgico: • Castração • Herniorrafia: tradicional (reposicionamento anatômico), técnica de transposição (elevação do musculo obturador interno) Transposição do músculo Semitendinoso (ipsilateral ou contralateral) • Fixação no ligamento sacrotuberoso • Uso de material sintético Herniorrafia • Musculatura com monofilamento absorvível ou inabsorvível, pontos em padrão interrompidos. • Tecido subcutâneo com fio absorvível, padrão interrompidos. • Pele com fio não absorvível, pontos interrompidos. • Possibilidade de cistopexia/colopexia Prognóstico • Razoável a bom (depende do cirurgião) • Tratamento clínico prolongado (encarceramento) • Retroflexão vesical – pior prognóstico. Complicações pós-operatórias • Infecção na ferida • Incontinência fecal • Tenesmo • Prolapso retal • Disfunção do trato urinário • Paralisia do Ciático • dieta rica em fibras (farelo trigo) • Antibiótico • limpeza extrema na incisão Ruptura diafragmática – Hernia diafragmática • Congênito: falha do fechamento septo transverso – 5 a 10% • Traumas contusos – 85% casos • Politraumatizados • Orgãos herniados: fígado (88%), baço, intestino, estômago. Sinais clínicos: • Aguda: Cardiovascular - dispnéia, intolerância exercícios, sons abafados, ICC. • Crônica: Gastrointestinal - anorexia, vômito, diarréia, perca de peso, disfagia, constipação. Achados Radiográficos • Perda da definição da silhueta cardíaca • Elevação dorsal traqueia • Descontinuidade diafragma com deslocamento de órgãos • Fígado, delgado, estômago, baço, omento, pâncreas, ceco Traumatismo grave • projeção inicial - lateral (dispnéia e fraturas) • vísceras no tórax • obstrução/deslocamento silhueta cardíaca • líquido pleural – 30% casos toracocentese – ULTRA-SOM • Contraste c/ bário (trânsito demorado - obstrução) Tratamento- hernia diafragmática: • Estabilizar o paciente: controle da hipóxia • Herniorrafia primeiras 24 hs – 72hs (contusão pulmonar) Acesso: • Celiotomia • Toracotomia após 5 dias- Aderências Tratamento – ruptura diafragmática: • severa dispnéia - O2 - máscara nasal / câmara • posicionamento - Cão sentado (esternal) • efusão pleural moderada / severa – toracocentese • choque (fluidoterapia + ATB + Corticosteróide) • intervenção cirúrgica: laparotomia ou toracotomia intercostal; localização lado e cronicidade (aderência tórax) Sutura e cuidados transoperatórios • Padrão de sutura contínua simples. tendo início na porção mais dorsal do defeito em direção a sua região ventral • Se o diafragma tiver sido avulsionado das costelas, incorporar uma costela na sutura contínua para adicionar força. • Remover o ar da cavidade pleural após fechar o defeito. • Se pneumotórax ou efusão contínuos forem prováveis, colocar um dreno torácico • Explorar toda cavidade abdominal quanto a lesões associadas (p. ex., comprometimento da vasculatura para o intestino ou traumas esplênico, renal ou de bexiga) e reparar qualquer defeito Toracocentese ou toracostomia Afceções Cirurgicas do Trato gastro-intestinal Classificação das obstruções intestinais • Grau de obstrução -> completa ou parcial • Localização: proximal ou alta (duodeno e jejuno superior), média (jejuno médio), distal ou baixa (jejuno distal e íleo), cólica • Tempo de evolução • Tipo de Corpo estranho • Alterações fisiopatológicas: simples/mecânica, estranguladora Obstruções intestinais Etiologia: • Obstruções intraluminais • Obstruções intramurais • Compressões extramuraisSinais Clínicos • Vômito • Anorexia (perda de peso) • Dor abdominal • Desidratação • Diarreia (com ou sem hematoquesia) • Corpo estranho em cavidade oral ou ânus Diagnóstico • História • Exame físico • Rx – simples ou contrastado (cuidado com suspeita de ruptura intestinal) • US (alças intestinais com hipermotilidade e preenchidas com fluido é muito sugestivo de obstrução.) • Repetir as radiografias antes da cirurgia • A maioria dos corpos estranhos que entra no intestino grosso é eliminada nas fezes. Pré-operatório • Hemograma completo, perfil bioquímico, exame de urina, • Eletrocardiograma. • Repetir procedimento de Localização da lesão por meio de palpação abdominal, radiografia, ultrassonografia e/ou endoscopia. • Corrigir anormalidades hídricas, eletrolíticas e ácido- básicas. • Transfundir caso o hematócrito for inferior a 20% ou se o animal está • clinicamente debilitado • Retirar o alimento dos animais adultos por 12 a 18 horas e dos • pacientes pediátricos quatro a oito horas antes da indução. • Administrar antibióticos profiláticos, se indicado. PRINCÍPIOS DA CIRURGIA INTESTINAL Materiais e métodos cirúrgicos • Fios de sutura: monofilamento, sintético, absorvível tal como polidioxanona, poligliconato, poliglecaprone 25 ou glicômero 631 • Padrões de sutura: simples interrompida, Gambee, esmagamento ou simples contínua; técnicas de grampeamento são viáveis. Envolver submucosa em todas as suturas • Cobrir o local cirúrgico com omento ou um tampão seroso. • Substituir os instrumentos e luvas contaminados antes de fechar o abdome. • Força do nó (A laceração iatrogênica da borda mesentérica pode ocorrer se a tensão excessiva levar o objeto a serrar a parede antes e durante a extração.) Risco elevado de contaminação bacteriana • Técnicas assépticas • Terapia antimicrobiana profilática Endoscopia • Endoscopia raramente diagnostica corpos estranhos intestinais que não foram detectados radiograficamente ou com ultrassom. • Raramente pode ser avançado além do duodeno descendente. • No entanto, a endoscopia é útil no diagnóstico e remoção corpos estranhos duodenais elevados. • Além de ser utilizado para biópsias em duodeno parte alta e íleo por colonoscopia baixa • Jejuno não é acessado por endoscopia, apenas por cirurgia. • OBS: em gatos as biópsias de intestino devem ser realizadas por cirurgia devido a alteração em camada muscular -enviar para imunohistoquímica. Assessoramento da viabilidade intestinal • Coloração, pulsação e peristaltismo. • Alteração em pelo menos um dos parâmetros → ressecção Proteção da ferida cirúrgica intestinal • Omentalização • Retalhos de serosa Considerações pós-operatórias importantes • Monitoramento (estabilização e infecção) • Identificação precoce das complicações • Se não houver vômito: água de 8-12h e comida pastosa em 12-24h • Prognóstico depende de: tempo de obstrução (quadro clínico), perfurações intestinais, viabilidade de alças remanescentes, ruptura total de alças - ruim Pós-operatório AINE/AIE • meloxicam (cão: 0,1 a 0,2 mg/kg/sid/3dias, gato: 0,05 a 0,1 mg/kg/sid) • dexametasona: cão 0,1mg/kg/s24 ou q 48h/3 aplicações • prednisolona/prednisona: 0,5mg/kg/sid Antibioticoterapia: • amoxicilina/clavulanato (22mg/kg/bid/7d) Analgesia: • dipirona: cão: 25mg/kg/bid, gato: 25mg/kg/sid • Utilizar colar protetor rígido, sem retirar até novas recomendações • Pode-se associar metronidazol ou sulfa • Retorno à alimentação: alimentação em etapas ao longo de 21 dias: 7 dias líquida, 7 dias pastosa, 7 dias alimento úmido Corpos estranhos intestinais Introdução • Maior prevalência em pequenos animais • Ingestão de objetos estranhos • Mais comum em filhotes de cães e gatos • Grande potencial de obstrução Pontos importantes • Tratamento Conservador: Espera pelo trânsito intestinal (8h) ou 36h para evacuação, em casos de dor abdominal seguir para IC. Pouco efetivo. Risco de complicações • Tratamento Cirúrgico: Mais indicado, Intervir em até 12h. Corpos estranhos intestinais lineares • Objetos de conformação linear • Comum em cães e gatos filhotes • Potencial causa de obstrução Diagnóstico • Exame físico => Avaliar base da língua • Palpação abdominal — massa abdominal anormal com alças intestinais plissadas • Rx, Rx contrastado, ultrassom (repetir antes do IC) • Múltiplas enterotomias e omentalização • Enterectomia se necessário Plissamento Abordagem terapêutica: Corpos estranhos lineares NÂO podem ser tracionados INTUSSUSCEPÇÃO INTESTINAL É uma invaginação de um segmento intestinal (intussuscepto) no interior do lúmen de um segmento adjacente (intussuscepiente) Tratamento • Redução manual: leve tração das porções adjacentes ás acometidas. Contraindicada em adesões ou perfurações intestinais e/ou comprometimento vascular • Prevenção da recidiva: Plicatura intestinal, remoção da causa Plicatura intestinal Cirurgias intestinais Enterotomia • Definição: É uma incisão no intestino. • Indicações: Remoção de C.E, realização de biópsia, exame luminal • Suturar na transversal - lúmen intestinal pequeno. • Separação de 2 a 3 mm entre eles. • Teste de vazamento do local da sutura Enterectomia+Anastomose: • Definição: É a remoção de um segmento intestinal com posterior aproximação das extremidades restantes. • Indicações: isquemia/necrose, neoplasias, intussuscepção irredutível • intestino: PSS, a cada 2 a 3mm entre eles e da incisão • Mesentério: contínua simples Megacólon • Aumento do diâmetro do intestino grosso persistente e hipomotilidade - constipação intestinal grave. • Um diagnóstico de megacólon idiopático é feito se causas mecânicas, neurológicas ou endócrinas não podem ser identificadas. • A constipação é a defecação difícil ou pouco frequente com a passagem do material fecal excessivamente duro e seco; obstipação é constipação extrema (as fezes não podem passar). • Mais comum em gatos. • Geralmente idiopático; outras causas incluem obstrução pélvica, neurológica, endócrina, comportamental ou congênita. • O tratamento médico é recomendado inicialmente. • A colectomia subtotal é recomendada quando o tratamento medicamentoso se torna insatisfatório. • Os gatos frequentemente lidam bem a com a colectomia subtotal; os cães tendem a não lidar bem a colectomia subtotal. • No pós-operatório: frequência de aumentos de defecação, diarreia aumenta com fezes moles em 4-6 semanas. • A constipação pode recidivar, mas pode em geral ser tratada conservadoramente Complicações • Soltura de pontos • Peritonite • Estenose • Recidiva Sistema Urinário Técnicas cirúrgicas no Sistema urinário • Rim: nefrotomia, nefrectomia • Bexiga: cistotomia, cistostomia, cistectomia • Uretra: Uretrotomia, Uretrostomia • Ureter: Ureterotomia, neoureterostomia, ureteroneocistostomia Pré operatório • Hemograma • Função renal • Função hepática: Lipidograma, glicemia, frutosamia (gatos) • ECG/ECO/PAS acima de 4 anos u caso necessário • Radiografia de tórax – gatos e cães acima de 6 anos Urolitíases Ciatolitíase, nefrolitíase, ureterolitíase • Cistolitíases - 90 a 95% • Nefrolitíase e ureterolitíase - 5 a 10% Fatores que contribuem para formação: Ph Urinário, infecção, concentração de cristaloides na urina (alimentação), diminuição de inibidores de cristaloides (genética). Raças predispostas: Schnauzer, Pug, Lhasa Apso, Shih Tzu, Yorkshire Cálculos São agregações de cristais à matéria orgânica. Estruvita: Bactérias produtores de urease transformam ureia em amônia e dióxido de carbono.Hidrólise da amônia (íons amônia e hidroxila). Alcalinizam a urina e diminuem a solubilidade da estruvita Oxalato de cálcio: • Hipercalcemia e hipercalciúria • Urina ácida – alimentação Urato de amônio • Dálmatas (alteração no transporte hepático de ácido úrico) • Diminui a produção de alantoína e aumento de excreção urinária de ácido úrico Sinais clínicos • DTUIF – muito difícil ou impossível tratar na presença de cálculos • Disúria – ansiedade, lambedura pênis/vulva • Hematúria/piúria (pielonefrite) • Polaciúria, estranguria • Dor abdominal/lombar • Hidronefrose • IRA, azotemia pós renal (anorexia, vômito, prostração) • Sinais cínicos são inespecíficos Diagnóstico: • Exame físico: palpação abdominal e lombar (dor, aumento da bexiga), pênis edemaciado e hiperêmico (lambedura), desidratação • Exames auxiliares: rx, ultrassom, cistoscopia, urinálise, FR, Na, K e tomografia computadorizada abdominal . Tratamento • Tratamento DTUIF recorrente • Restabelecer o fluxo urinário completo, desobstruir o ureter, a uretra e fazer descompressão da bexiga por cistocentese. • A terapia de suporte envolve equilíbrio hidroeletrolítico e função renal. Pós operatório Envolve análise de cálculos, monitorar extravasamento ou obstrução e insuficiência renal. Analgésicos, antibióticos, antiinflamatórios, monitorar fluxo urinário, frequência respiratória, limpeza da ferida cirúrgica, colar, evitar cateterização por mais de 24h (risco de infecção) e acompanhamento clínico (25% recidiva sem). As principais complicações envolvem hemorragias, estenoses, deiscência, necrose subcutânea (extravasamento da urina), infecção urinária e incontinência urinária/fecal. Rim e cirurgia renal • Acesso cirúrgico: celiotomias (Longitudinal mediana ou paramediana, paracostal) • Técnicas cirúrgicas • Indicações / Técnicas cirúrgicas no rim - Urólitos Cirurgia renal • Indicações / Técnicas cirúrgicas no rim • Urólitos - nefrotomia Dioctophyma renale Sinais clínicos • Apatia • Tristeza • Emagrecimento • Arqueamento do dorso • Hematúria • Aumento de volume palpável na região renal • Andar vacilante • Peritonite • Uremia devido à insuficiência renal Meios de diagnóstico Constatação e identificação de ovos em exame parasitológico de urina, vermes por ocasião de necropsia (às vezes vermes jovens podem ser eliminados pela urina), e ultrassonografia abdominal. O único tratamento eficaz é a remoção cirúrgica do parasita, e em alguns casos, do rim afetado. Técnicas cirúrgicas – nefrectomia Indicado em casos de neoplasia renal, dioctophyma renale, cistos, anomalias ureterais sem reparo cirúrgico, trauma renal grave, pielonefrite resistente, hidronefrose, abscesso, urólitos e ruptura de ureter proximal. • Incisão do peritônio e dissecção romba para liberar o rim de suas fixações sublombares • Retração medial do rim para visualização do hilo dorsal • Identificação e isolamento dos vasos • Ligadura dupla dos vasos renais • Ligadura do ureter próximo à bexiga • Fio absorvível sintético ou não absorvível sintético bexiga • CISTOTOMIA: incisão cirúrgica no interior da bexiga. • CISTECTOMIA: remoção de uma porção da bexiga. Cistotomia Indicação: remoção de cálculos vesicais, identificação e biópsia de lesões, reparo de ureteres ectópicos Técnica cirúrgica: incisão retro umbilical até o púbis, colocar suturas de fixação no ápice vesical, animal sempre cateterizado antes do procedimento, incisão na bexiga pode ser dorsal ou ventral. Acesso vesical: ventral, caso se torne necessária identificação e/ou cateterização das aberturas ureterais Síntese: padrão de aproximação de camada única ou dupla ou por padrões de suturas inversoras usando-se material de sutura absorvível Sutura – cistorrafia • Dois planos/parede mais espessa único plano • Fio absorvível sintético 3-0 ou 4-0 • 1° plano – simples, contínuo ou invaginante. Não incluir a mucosa • 2° plano – invaginante (Cushing ou lembert) Cistectomia: Indicação: excisão de neoplasia, excisão de mucosas necrosadas por trauma, ruptura, técnica idem a cistotomia. Ureteres • Ureterotomia • Neoureterostomia • Ureteroneocistostomia • Indicações cirúrgicas: ectopia Ureter ectópico É uma alteração anatômica congênita mais comum em cães, onde um ou ambos os ureteres não se inserem na bexiga. Há dois tipos: extraluminais (totalmente desviados) e intraluminais (submucosa se abre na vagina ou na uretra, incidência de 70%). Sinais clínicos: envolvem maior diagnóstico em fêmeas jovens, machos em geral o diagnóstico é mais tardio, havendo hidronefrose. A incontinência aparece de forma contínua ou intermitente desde o nascimento pelos peri vulvares úmidos e odor com eritema na pele adjacente. DTUIF é comumente associada. Diagnóstico: raio x (urografia excretora) mas não diferencia intra de extramural.. Tomografia e a cistoscopia. Tratamento cirúrgico: deve ser o mais breve possível para evitar outras alterações secundárias (hidronefrose/DTUIF). É preciso se certificar do funcionamento correto dos rins. Para ureteres ectópicos pode-se usar neoureterostomia e ureteroneocistostomia. Ectopia extramural - URETERONEOCISTOSTOMIA Ectopia intramural – NEOURETEROSTOMIA Há também a possibilidade de fazer a cirurgia em casos de trauma de ureter, fazendo anastomose ureteral. Em caso de ureterolitíase, faz-se a ureterotomia. O pós-operatório envolve o manejo de ferida, colar protetor, observar fluxo urinário e função renal (obstruções e extravasamentos), antibióticos e AINE. Uretra • Uretrotomia: incisão no interior da uretra • Uretroatomia: criação de uma fístula permanente no interior da uretra e deve ser realizada em casos de estenose uretral irreparável Indicações: Urolitíase uretral • Obstrução em machos • Sinais Clínicos: Disúria, hematúria, anúria e distensão abdominal. Uremia – em 48 h após a obstrução total. • Diagnóstico: impossibilidade de cateterismo e RX • O acesso da uretrotomia ou uretrostomia é pré- escrotal, escrotal, perineal e pré-púbica. Uretrotomia perineal É a abertura permanente da uretra pélvica e pele perineal. É indicado em casos de obstrução recorrente (plug), obstrução que não pode ser aliviada, constricção uretral permanente e neoplasia. Em gatos há preparação de 4 a 5 cm abaixo da cauda. O posicionamento é feito em decúbito ventral e caudal. A sutura é feita com bolsa de tabaco ao redor do ânus (lembrar de remover ao final da IC). A incisão é feita de forma elíptica no prepúcio e no escroto, deixando 1cm de pele íntegra abaixo do ânus. As complicações envolvem infecções, estenoses, hidronefrose, urolitíase (fio) e manutenção de incontinência (30-55%) Histerotomia, OH, Mastectomia Cães e gatos têm o tempo gestacional de 60 dias e os fetos são considerados a partir de 34 dias. A menos que se tenha informações precisas sobre a data da ovulação e da cobertura, o principal critério utilizado na determinação da idade dos embriões e fetos é baseado no tamanho e características gerais do desenvolvimento do útero e do feto. Meios de diagnóstico: Observação, palpação, ultrassonografia Técnicas cirúrgicas • Histerectomia (cesárea) • Ooforectomia ou ovariectomia • Histerectomia • Ovariossalpingohisterectomia (OSH) ou pan- histerectomia ou ovariohisterectomia Cesariana - histerectomia Procedimento de emergência, evitando fadiga ou endotoxemia da fêmea em trabalho de parto ou sofrimento do neonato. Indicado em casos de: • Inércia uterina primária (potencial de contração do miométrio está comprometido) • Inércia uterina secundária, por exaustão uterina; • Distocias obstrutivas •Tração e remoção do feto não forem possíveis. • Tamanho exagerado dos fetos • Estreitamento do canal pélvico da fêmea • Cirurgias eletivas são indicadas em casos de raças braquicefálicas, histórico prévio de distocia e fraturas de pelve Anatomia aplicada O útero gravídico repousa no assoalho abdominal durante a última metade da gestação. Os cornos uterinos encontram- se em paralelos e em contato entre si. Aumentam de tamanho, flexionam e curvam o útero cranial e ventralmente sobre si mesmo. O útero encontra-se próximo à parede abdominal, que está fina e distendida. Possui três camadas: túnica serosa (perimétrio), túnica muscular (miométrio) e túnica mucosa (endométrio). São supridos com sangue arterial das artérias ovarianas e uterinas e aumentam de calibre durante a gestação, complicando potencialmente uma OSH realizada em associação com uma cesariana. Pré-operatório: • OSH simultânea - quando houver comprometimento da parede uterina. • Distocia prolongada - má condição fisiológica • Radiografias abdominais - número de fetos. • Testes laboratoriais - fluidoterapia corretiva. • Corrigir todos os déficits de volume • Antibioticoterapia endovenosa na presença de fetos mortos ou decompostos. Técnica Operatória • Assepsia • A indução anestésica e a intubação devem acontecer no centro cirúrgico. • Decúbito dorsal • Incisão: cicatriz umbilical, linha média ventral. Extensão da incisão depende do tamanho (tecido glandular mamário deve ser evitado). Risco de perfuração • Exterioriza-se primeiro um corno uterino e depois o outro por meio de elevação cuidadosa através da incisão • A cavidade abdominal deve ser protegida com compressas. • A incisão no corno uterino pode ser realizada no corpo do útero ou em cada corno separadamente. Inicialmente com o bisturi e estendida com uma tesoura até um comprimento suficiente para a remoção fácil dos fetos • Cada feto pode ser trazido à incisão por uma compressão suave no corno uterino, comprimindo-o cranialmente ao aumento de volume. • Uma vez que o feto se encontre próximo à incisão, pode-se segurá-lo e aplicar uma tração suave para facilitar sua remoção • Rompe-se os anexos fetais, na altura da cabeça - respiração • Pinçar vasos umbilicais - 2 cm a 3 cm da parede abdominal • Neonato - compressa estéril - assistente. • Removem-se os anexos associados por meio de uma tração suave na pinça para minimizar a hemorragia • Todos os fetos e seus anexos removidos • Antes da sutura o útero deve ser palpado desde os ovários até o interior da pelve • O útero começa a se contrair rapidamente; essa contração é importante no controle da hemorragia. • Se o útero não iniciar a contração no momento do fechamento, pode-se administrar ocitocina (5 a 20 unidades intramuscular IM ou IV ou maleato de ergonovina (0,02 a 0,1 mg/kg IM). Histerorrafia – sutura Principal tempo cirúrgico na cesariana, possuindo implicação direta na determinação da futura via de parto, bem como no porvir obstétrico. Falhas técnicas no momento da histerorrafia poderão contribuir para gerar ou agravar desfechos indesejáveis, imediatos ou tardios. • Sutura absorvível 0 a 2-0 • Duas camadas: sutura simples contínuo/sutura Cushing ou lembert • Antes de retornar o útero ao abdome, a ferida deve ser inspecionada e o útero limpo com gaze embebida em solução salina estéril morna • Omento sobre o útero Anestesia – cesariana As mudanças fisiológicas associadas à prenhez influenciam a escolha dos anestésicos e analgésicos em gatas e cadelas. Todos os agentes analgésicos e anestésicos atravessam a barreira placentária. • Levopromazina, Diazepam e midazolam são seguros como medicação pré-anestésica • Indução recomenda-se propofol ou máscara com anestésico inalatório • Na manutenção podem ser utilizados os anestésicos inalatórios isofluorano • Anestesia epidural é a que menos causa depressão fetal, sendo uma das excelentes opções para as cadelas menos agitadas, ao passo que os filhotes já nascem vigorosos e com rápido reflexo de sucção. Ovariohisterectomia Indicações: Controle de natalidade (Oh x ovariectomia), piometra/metrites, complicações da cesariana, trauma, neoplasia, distúrbios hormonais Piometra • Cadelas de meia idade a idosas • Após 4 meses no cio • Fatores hormonais e bacterianos • Hiperplasia cística endometrial (CEH) também é um fator predisponente • Endotoxemia e sépsis • Maior chance de vida – diagnóstico e tratamento • Diagnóstico: sinais clínicos, exame fisiológico, laboratoriais, USG abdominal • TTO: OH – mais seguro e efetivo Neoplasia mamária Fisiopatologia • Tumores mais comuns nas cadelas de 7 a 12 anos • Ocorrência em machos é de 1% ou menos • Carcinomas, adenocarcinomas e sarcomas • Causa desconhecida/hormonal (receptores de estrogênio/progesterona) • Vasos linfáticos e sanguíneos – linfonodos e pulmão • Raças grandes mais predispostas • Progestágenos (acetato de medroxiprogesterona) • Terceiro tumor em incidência • 90% dos casos em felinos são malignos • Aumento do potencial metastático em felinos • Aumento da taxa de mortalidade • Não castradas e uso de fármacos • Adenocarcinomas Carcinoma inflamatória • Glândula mamária e pele • Endurecido • Espessa • Calor, edema e dor Sinais clínicos: Envolve cadelas e gatas de meia idade ou idosas, que apresentam nódulos firmes, único ou múltiplo, ulcerado e infeccionado. Ocorre dispnéia em casos graves (efusão pleural/felinos), claudicação e edema de membros, glândulas mamárias abdominais e inguinais são mais atingidas, e os linfonodos atingidos são o axilar e inguinal. O tratamento é através de analgésicos, pseudociese (secar o leite), curativo local, AINE (inibidores de COX 2), piroxicam (inflamene) e firocoxibe (previcox, merial). O tratamento cirúrgico é de escolha, exceto para carcinomas inflamatórios. Possivelmente sempre mastectomia unilateral em cães, com intervalo de 3 a 4 semanas, e OH. No pré-operatório é necessário verificar o tórax por meio de raio X. Técnica cirúrgica • Mastectomia simples • Mastectomia regional • Mastectomia unilateral • Mastectomia bilateral • Tricotomía ampla e decúbito dorsal • Evitar incidir na glândula mamária • Glândulas torácicas são mais aderidas • Ligadura da epigástrica superficial caudal • Dreno de penrose • Retirada do linfonodo inguinal superficial e o axilar • Azul de metileno 1% injetável – uso intradérmico ao redor do rumor (0,5 ml até 15kg, 1 ml mais de 15kg) • Azul patente – 2mg/kg Pós operatório • AINE (COX 2 por 3 a 6 meses) • Observar ferida quanto a necrose, seroma e dema • Encaminhar material para histopatologia • Avaliação de metástase a cada 3 a 4 meses • Tratamento oncológico As complicações envolvem dor, edema de membro anterior ou posterior, recorrência tumoral local (2 anos), e o prognóstico depende do tipo histológico (grau de invasão, tamanho tumoral, envolvimento dos linfonodos e presença de metástase). Cicatrização de feridas É o processo biológico preferencial que restaura a continuidade do tecido após uma lesão. Trata-se de uma combinação de eventos físicos, químicos e celulares, que restaura um tecido ferido ou substitui por colágeno. A cicatrização é uma tarefa comum na rotina do médico veterinário e requer conhecimento dos mecanismos normais da cicatrização das feridas e dos fatores que possam incrementar ou retardar estes processos. A anatomia cirúrgica envolve: epiderme, derme, vasos musculocutaneos e alças capilares. Os princípios básicos da cicatrização de pele são: fase inflamatória; fase de debridamento; fase de reparo e fase de manutenção. A fase inflamatória dura em média 5 dias e conta com hemorragia,vasoconstrição, vasodilatação e tromboplastina - formação do coágulo. Na fase inflamatória, há resposta tecidual protetora iniciada por uma lesão. Tem como característica a permeabilidade vascular. Há quimiotaxia entre neutrófilos e monócitos, onde os monocitos se transformam em macrófagos, e estes macrófagos envolvem colagenase, fatores de crescimento e angiogênese. Princípios básicos de cicatrização de pele Fase de desbridamento Neutrófilos e monócitos (macrófagos) estimulam a angiogênese, fazendo a fagocitose dos debris celulares. As plaquetas vêm como fatores de crescimento e os linfócitos estimulam ou inibem a migração e a síntese proteica de outras células. A partir dos leucócitos forma-se exsudato com tecido morto e líquido da ferida. Fase de reparo Início de 3 a 5 dias, duração de 12 a 14 dias. Os macrófagos estimulam DNA e a proliferação de fibroblastos, produzindo colágenos jovens, onde há intensa migração celular com queratinócitos, epitelização, e caráter avermelhado na cicatriz. Os fibroblastos produzem fibronectina e tem como função depositar colágeno, elastina e proteoglicanos que amadurecem no tecido fibroso. A partir de novos capilares, juntamente com fibroblastos e tecido fibroso há tecido de granulação que se forma na borda da lesão e tem como função preencher o defeito, proteger a ferida, sendo uma barreira para infecção, uma superfície para migração epitelial e fonte de miofibroblastos. O epitélio é uma importante barreira contra infecções externas e perda de líquido. A reparação epitelial envolve várias feridas suturadas ou abertas, através de inibição por contato, folículos pilosos e glândulas da migração na sutura. Essa migração epitelial é aleatória, onde as células epiteliais migratórias aumentam de tamanho, ficam planas e se movem. Células vão passando por cima das primeiras a entrarem em contato com a superfície da ferida. A epitelização é mais rápida quando ocorre em ambiente úmido. Contração da ferida Envolve a contração dos miofibroblastos, onde há contração, epitelização e granulação. As bordas da lesão cutânea são puxadas para dentro entre 5 a 9 dias, deixando a pele ao redor esticada e com aparência estrelada. As bordas se encontram, mas com limitações de contrações devido à fatores que inibem a contração. Se a contração cessa antes que o tecido de granulação esteja coberto, a epitelização pode continuar a cobrir a ferida. Fase de maturação Pode durar de meses a anos. Acontece reorganização do colágeno, adquirindo maior força tênsil e empalidece. A cicatriz assume a coloração semelhante à pele adjacente. A circulação cutânea e sua preservação é essencial para a sobrevida da pele. O ambiente úmido para cicatrização de feridas é ótimo, pois tem como vantagens presença de citocinas e fatores de crescimento, estímulo à formação do tecido de granulação, estimular a epitelização, debridamento acelerado e seletivo. O medicamento tópico penetra mais facilmente, havendo velocidade de reepitelização 2x maior, juntamente com antibiótico sistêmico, sendo menos dolorida e menos pruriginosa. Como desvantagem há maceração da borda da ferida e foliculite. Os fatores do hospedeiro que dificultam a cicatrização envolvem animais mais idosos, desnutrição, hipoproteinemia, doenças hepáticas, diabetes. A cicatrização do cão é diferente do gato. Características boas das feridas • superfícies intactas • antisépticos • material cirúrgico • oxigênio • irrigação sanguínea Características ruins para as feridas • infecção da ferida • seroma • corpo estranho • umidade do ambiente. Fatores externos • Medicamentos • Quimioterapia • Radioterapia Feridas Uma ferida é uma interrupção na continuidade de um tecido corpóreo. Tal interrupção pode ser provocada por algum trauma, ou ainda ser desencadeada por uma afecção que atinge as defesas do organismo. Alguns agentes traumáticos envolvem colisões, mordeduras e objetos penetrantes. Podem ser classificadas quanto a sua natureza, extensão, produção, grau de contaminação e tipos de ferida. Podem ser elas: feridas por incisão, laceração, avulsão, abrasão, perfurante, avulsão e esmagamento, queimaduras Tratamento das feridas Tem como objetivo cuidar de um ferimento aberto convertendo em um ferimento cirurgicamente limpo que possa ser fechado, através de procedimentos emergenciais como acesso para ventilação, intravenoso, hemostasia temporária/definitiva, reposição do volume sanguíneo, controle da dor e prevenção de contaminação adicional. O manejo da ferida envolve tricotomia, lubrificante hidrossolúvel estéril, tesoura e pontos provisórios. A lavagem da ferida deve ser feita com solução salina estéril, antissépticos (diacetato de clorexidina ou iodo-povidona), evitando peróxido de hidrogênio e líquido de DAKIN. É necessário realizar a lavagem da ferida, o debridamento (excisão cirúrgica, enzimas ou ataduras). Direcionamento da cicatrização • 1° intenção • 1° intenção com retardo • 2° intenção • 3° intenção Se há dúvida sobre o fechamento da ferida, é melhor deixar aberta. Tipos de cicatrização • antibiótico sistêmico • medicação tópica em feridas • controle da infecção: redução da inflamação, microtrombos, etc Antimicrobianos • clorexidina - merthiolate/furanil • sulfadiazina de prata - silvadene • pomada atb tripla - bacitracina, neomicina e polimixina • nitrofurazona - furacin • calêndula - antimicrobiana Desbridantes químicos • colagenase -iruxol • desoxirribonuclease -fibrase Ataduras (curativos) • camada primária (contato com a ferida) • camada secundária: intermediária, é absorvente (algodão) • camada terciária: mantém as outras no lugar( esparadrapo) Vantagens: Proporcionam limpeza ao ferimento, reduzindo o edema e hemorragia, eliminando espaço morto. Devem ser confortáveis. Os tipos de ataduras primárias (curativos) envolvem: aderente seco (tecido necrosado), aderente úmida (mais confortáveis), não aderente (sem tecido necrosado em fase de reparação). Na camada terciária pode ser feito curativo semi-oclusivo e oclusivo. Queimaduras São lesões da pele, provocadas pelo calor, radiação, produtos químicos que causam dores fortes e podem levar à infecções. Podem ser classificadas de acordo com seu agente causador, profundidade ou grau, extensão ou severidade, localização e período evolutivo. Possuem como causas fogo, líquidos quentes, eletricidade, radiação, agentes químicos, animais (lagarta-de-fogo, água- viva, medusa) e vegetais (látex de certas plantas, urtiga) Graus: • O primeiro grau de queimadura ataca a epiderme causando dor. • O segundo grau superficial ataca a epiderme e a derme parcial, sendo identificada pela formação de edema SC e inflamação, sendo dolorosa. No segundo grau profundo, há acometimento da epiderme e derme. Ocorre formação de tecido necrótico- fibrinoso, podendo deixar sequelas cicatriciais. • No terceiro grau de queimação, há acometimento de todos os elementos da pele, podendo envolver também planos anatômicos profundos. Não apresenta dor, porque a necrose é total, inclusive nos terminais nervosos. Extensão ou severidade: • A extensão ou severidade pode ser baixa com menos de 15% da superfície corporal • média entre 15 e menos de 40% • alta com mais de 40% do corpo queimado, sendo indicado eutanásia acima de 50%. Sua localização pode ser nas patas, face, genitais, pulmões e queimaduras circulares (falta de circulação sanguínea). O período evolutivo depende do contato prolongado. Pode haver perda de pele (pois é a primeira linha de defesa), causando desequilíbrio da microbiota e crescimento de bactérias gram positivas em tecido nervoso necrosado. De 3 a 5 dias o ferimento é colonizado por bactérias gram negativas.A queimadura pode levar à falência múltipla de órgãos devido a dor intensa que pode levar ao choque, a não eliminação de toxinas (pois não há suor), perda de líquidos corporais, desequilíbrio eletrolítico e perdas proteicas. As queimaduras tem como consequência anormalidades cardíacas, imunossupressão, anemia, insuficiência renal, insuficiência hepática, coagulação intravascular disseminada e pneumonia. Tratamento O tratamento envolve os primeiros socorros com resfriamento, suporte sistêmico com analgésicos, colóides, ab, fluidoterapia, transfusões, oxigenoterapia, debridamento cirúrgico, sulfadiazina de prata e aloe vera. A sulfadiazina de prata é um creme hidromiscível a 1% que penetra em tecidos necrosados, inibindo a contração da ferida, sendo eficaz contra a maior parte das bactérias gram-positivas, gram negativas e dos fungos. Os recursos adicionais em feridas difíceis podem envolver enxertos de pele e técnicas de anaplastia. Dobras cutâneas sobressalentes Tem como definição a sobreposição ou a aproximação cutânea que criam dobras de profundidades variáveis. É característica de raças como cocker spaniel, shar pei, pug, pequinês, bulldog, boxer, basset, e hound. Tem como consequência piodermites, devido ao crescimento bacteriano, havendo odor fétido, prurido, maceração cutânea, eritema, alopecia, pápulas, filme sebáceo ou purulento, malasseziose secundária. Tratamento: O tratamento envolve terapia clínica paliativa, reduzindo infecções, inflamações e secreções (tricotomia, xampu anti- seborreico e adstringente, antimicrobianos sistêmicos e corticosteróides). Bem como a redução de peso, e terapia cirúrgica de ressecção e reconstrução. Algumas complicações podem envolver autotraumatismo, infecção, soltura de pontos, e recorrência de piodermatite. Pregas de face Em casos de pregas em faces, o ducto nasolacrimal é sinuoso, havendo preenchimento do ducto com grânulos e secreções e consequente obstrução parcial ou total da drenagem da lágrima. Dobras nasais As dobras nasais caracterizam-se pelo excesso de pele abaixo da pálpebra inferior, transversalmente à ponte nasal (braquicefálicos - pugs e bulldogs). Tem como sinais clínicos epífora, hiperemia conjuntival, alterações corneanas, edemas, vascularização, pigmentação, úlceras e cicatrizes. Técnica cirúrgica A técnica cirúrgica envolve o animal em decúbito ventral, fazendo incisão elíptica ao redor da dobra cutânea, sem tensão. Em caso de entropio com prega facial em shar pei, a técnica envolve decúbito ventral, incisão elíptica ao redor da dobra cutânea, incisão em pálpebras inferior e superior. Em dobras labiais (lábio superior maior que lábio inferior) há umidade constante, acúmulo de restos alimentares, fermentação, irritação de pele, infecção bacteriana e pode estar associada à estomatite e cálculo dentário. Em caso de dobras vulvares há infantilismo genital e obesidade, causando processos infecciosos urinários, vulvovaginite e dermatite perivulvar. A técnica de episioplastia envolve posição perineal para avaliação de dobra cutânea, onde a incisão (semilunar elíptica) inicia-se próximo à comissura vulvar ventral. Em dobras caudas, a pele sobressalente se sobrepõe à vértebra caudal terminal deformada, acometendo cães de cauda enrolada (braquicefálicos), com grande profundidade, ocorrendo piodermatite intensa, odor fétido, úlceras, fístulas, prurido e dor. o Tratamento envolve caudectomia completa. A caudectomia completa envolve ressecção em bloco (cauda+dobra), com incisão elíptica, seccionando a cauda cranialmente às vértebras desviadas, rompendo pontas ósseas, utilizando dois drenos de penrose (ventrais e laterais ao ânus, removendo em 3 a 5 dias) com sutura simples contínua com fio absorvível