Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

FORMAÇÃO 
SÓCIO-HISTÓRICA 
DO BRASIL
Unidade 4
O Brasil 
contemporâneo: 
desafios e 
perspectivas
CEO 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
DIRETORA EDITORIAL 
ALESSANDRA FERREIRA
GERENTE EDITORIAL 
LAURA KRISTINA FRANCO DOS SANTOS
PROJETO GRÁFICO 
TIAGO DA ROCHA
AUTORIA 
RITA DE CÁSSIA ELEUTÉRIO DE MORAES
4 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
A
U
TO
RI
A
Rita de Cássia Eleutério de Moraes
Olá. Sou graduada em Letras, com habilitação em 
Tradução e Interpretação. Além disso, possuo mestrado em Letras 
e especializações na área. Minha experiência técnico-profissional 
abrange a docência, autoria, revisão, edição e curadoria para 
cursos de educação a distância. Sou apaixonada pelo que faço 
e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão 
iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora 
Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. 
Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito 
estudo e trabalho. Conte comigo!
5FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
ÍC
O
N
ES
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
SU
M
Á
RI
O
Processo de industrialização, urbanização e os atores 
políticos brasileiros ................................................................... 9
Ascensão da industrialização: mudança econômica e social ...................... 9
Urbanização: do rural ao urbano ...................................................................18
Novos atores no palco político: emergência e influência ........................... 24
Inserção do Brasil no sistema capitalista global .................. 27
Da autarquia ao capitalismo global: o caminho do Brasil .......................... 27
Dependência econômica: causas e consequências .................................... 33
Brasil na economia mundial: desafios e oportunidades ............................ 38
Modernização conservadora no pós-64, e o fim do “milagre 
econômico brasileiro” ............................................................. 42
Pós-64: o início da modernização conservadora ......................................... 42
O “milagre econômico brasileiro”: crescimento e controvérsias .............. 47
Consequências da modernização conservadora: impactos sociais e 
políticos ...............................................................................................................50
Transição democrática e o neoliberalismo no Brasil ........... 56
Da ditadura à democracia: a transição política brasileira .......................... 56
O advento do neoliberalismo: transformações e implicações .................. 59
Brasil neoliberal: impactos econômicos e sociais ....................................... 63
7FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
A
PR
ES
EN
TA
ÇÃ
O
Nesta unidade, voltaremos nosso olhar para o Brasil contemporâneo, 
período de inúmeras transformações e desafios que moldaram a realidade 
do país como conhecemos hoje. Essa fase é marcada pela transição de 
uma economia primariamente agrária para um processo acelerado de 
industrialização e urbanização, transformando profundamente o tecido social, 
econômico e político do país.
Dedicaremos atenção à compreensão desses fenômenos de 
transformação, analisando não só o processo de industrialização e urbanização 
em si, mas também a emergência de novos atores no palco político brasileiro, 
refletindo as mudanças na dinâmica social do país. Buscaremos entender como 
esses processos se interligam e influenciam mutuamente, oferecendo uma 
perspectiva abrangente do cenário brasileiro.
Aprofundaremos nosso estudo na forma como o Brasil se insere no 
sistema capitalista global, um processo complexo e multifacetado que trouxe 
consigo tanto oportunidades quanto desafios. Analisaremos as consequências 
desta inserção, em particular, o fenômeno da dependência econômica e suas 
implicações para o desenvolvimento e soberania do país.
Nesta unidade, faremos uma análise profunda do período pós-1964, 
um tempo marcado por intensas mudanças e paradoxos. O chamado “milagre 
econômico brasileiro”, ocorrido sob um regime de opressão política, é uma das 
questões mais intrigantes e controversas desta era. Examinaremos a política 
de modernização implementada durante esse período e suas consequências 
políticas, sociais e econômicas.
Por fim, a transição para a democracia e a adoção do neoliberalismo 
no Brasil também serão objeto de nossa investigação. Ambos marcaram uma 
nova fase na história do país, resultando em transformações significativas em 
sua estrutura política e econômica. A complexidade desse processo e suas 
implicações farão parte de nossa análise crítica.
Ao longo desta unidade, nos dedicaremos a construir uma visão 
abrangente e aprofundada do Brasil contemporâneo, reconhecendo suas 
particularidades, desafios e perspectivas. Nosso objetivo é fornecer uma 
compreensão sólida dos fenômenos que moldaram o país, preparando-nos 
para enfrentar os desafios do futuro com uma visão informada e crítica. Prepare-
se para uma jornada de descobertas que certamente trará novas perspectivas e 
reflexões sobre a complexidade da formação sócio-histórica do Brasil.
8 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
O
BJ
ET
IV
O
S
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo 
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências 
profissionais até o término desta etapa de estudos:
1. Entender o processo de industrialização, urbanização 
e o surgimento de novos atores políticos no Brasil 
contemporâneo. 
2. Compreender o processo de inserção do Brasil no 
sistema capitalista global e as consequências da 
dependência econômica. 
3. Analisar e avaliar a modernização conservadora 
ocorrida no Brasil no período pós-64, identificando as 
políticas adotadas pelo regime militar para modernizar 
o país, e as consequências sociais e políticas dessa 
modernização. 
4. Discernir sobre a transição democrática e o advento do 
neoliberalismo no Brasil.
9FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Processo de industrialização, 
urbanização e os atores 
políticos brasileiros
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz de 
compreender de forma aprofundada o processo 
de industrialização e urbanização que transformou 
a paisagem do Brasil. Você entenderá a transição 
do Brasil de uma economia predominantemente 
agrária para uma economia industrial e como isso 
afetou a distribuição da população e a estrutura 
das cidades. Além disso, irá discernir como essas 
transformações deram origem a novos atores 
políticos e como eles influenciaram e continuam a 
influenciar a política brasileira. Este conhecimento 
é fundamental para o exercício de qualquer 
profissão que lide com a sociedade brasileira, pois 
permite uma compreensão mais aprofundada 
dos eventos e forças que moldam o país. E então? 
Motivado para desenvolver esta competência? 
Vamos lá. Avante!
Ascensão da industrialização: 
mudança econômica e social
O advento da industrialização no Brasil marcou uma 
época de mudanças drásticas, transformando o país de uma 
economia predominantemente agrária para um polo industrial 
em ascensão. Esse processo, desenrolado ao longo do século 
XX, moldou o cenário socioeconômico brasileiro de maneira 
profunda e duradoura.
Originalmente, o Brasil mantinha uma economia 
fortemente ancorada na agricultura, com foco principal na 
exportação de commodities, sendo o café um dos principais 
10 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
produtos. No entanto, em finais do século XIX, o país começou 
a se libertar desta dependência agrícola. Essa transição foi 
impulsionada tanto pelo investimento estrangeiro quanto pela 
acumulação de capital interno, que se beneficiava da lucrativa 
indústria do café.
A verdadeira virada rumo à uma economia industrializada 
ocorreu durante o período conhecido como Era Vargas(1930-
1950). Durante esse tempo, o presidente Getúlio Vargas 
promoveu políticas de substituição de importações, incentivando 
o surgimento e o crescimento de indústrias nacionais para 
substituir bens importados. Esse período, que testemunhou um 
crescimento industrial robusto, foi marcado na história como o 
“milagre econômico brasileiro”.
Essa transição da produção agrícola para a industrial 
provocou alterações significativas na sociedade brasileira. Para 
sustentar a indústria em expansão, uma quantidade considerável 
de mão de obra era necessária. Isso gerou uma migração em 
massa de trabalhadores das áreas rurais para as urbanas, 
iniciando um rápido processo de urbanização. Como resultado, 
a sociedade brasileira passou por uma grande metamorfose, 
saindo de um perfil majoritariamente rural para uma composição 
cada vez mais urbana.
O avanço da industrialização, a partir da 
década de 60, ampliaria sobre-modo seu 
poder modernizador sobre a agricultura. 
Contudo, esse poder foi parcial, tanto no 
sentido de que o progresso técnico atingiu 
majoritariamente alguns setores agrícolas 
e algumas regiões, como pelo fato de que o 
êxodo rural – tanto o gerado pelo progresso 
quanto o gerado pelo atraso – só foi em parte 
produtivamente absorvido pela economia 
11FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
urbana. (CANO, 1989, p. 67 apud CARDOSO; 
SANTOS; CARNIELLO, 2011, p. 1)
Paralelamente, com a ascensão de uma classe 
trabalhadora industrial e a expansão da classe média urbana, 
houve alterações profundas no panorama político brasileiro. Os 
novos atores que surgiram nesse contexto não apenas alteraram 
as dinâmicas de poder, mas também foram catalisadores da 
transformação política do Brasil.
Figura 1 - Linha do tempo simplificada do processo de urbanização no Brasil
SÉCULO XXI: 
CONTINUAÇÃO 
DA 
URBANIZAÇÃO 
COM NOVOS 
DESAFIOS 
COMO A 
MOBILIDADE 
URBANA, A 
CENTRIFICAÇÃO 
E A BUSCA POR 
CIDADES MAIS 
SUSTENTÁVEIS. 
DÉCADA DE 1960: 
ÊXODO RURAL 
INTENSIFICADO, 
ESPECIALMENTE 
DEVIDO À 
EXPANSÃO DA 
INDÚSTRIA E AO 
AUMENTO DA 
MECANIZAÇÃO NA 
AGRICULTURA.
DÉCADA DE 1970: O 
BRASIL SE TORNA 
UMA SOCIEDADE 
MAJORITARIAMENTE 
URBANA. SÃO PAULO 
SE CONSOLIDA COMO 
O PRINCIPAL CENTRO 
INDUSTRIAL DO PAÍS. 
DÉCADA DE 1980-
90S: AUMENTO 
SIGNIFICATIVO 
DAS FAVELAS 
NAS PERIFERIAS 
DAS GRANDES 
CIDADES DEVIDO 
AO CRESCIMENTO 
POPULACIONAL 
URBANO 
DESORDENADO 
E À FALTA DE 
HABITAÇÃO 
ADEQUADA. 
FINAL DO 
SÉCULO XIX: 
PREDOMINÂNCIA 
DA ECONOMIA 
AGRÁRIA E RURAL, 
COM A MAIORIA 
DA POPULAÇÃO 
VIVENDO NO CAMPO. 
DÉCADA DE 1930: INÍCIO DA 
INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA 
SOB A PRESIDÊNCIA DE 
GETÚLIO VARGAS, O QUE 
INCENTIVA O MOVIMENTO 
DAS PESSOAS DO CAMPO 
PARA A CIDADE EM BUSCA DE 
EMPREGOS NAS INDÚSTRIAS 
NASCENTES. 
DÉCADA DE 1950: 
ACELERAÇÃO DO 
PROCESSO DE 
URBANIZAÇÃO COM 
A CONSTRUÇÃO DE 
BRASÍLIA, A NOVA 
CAPITAL, E A EXPANSÃO 
DA INDÚSTRIA 
AUTOMOBILÍSTICA EM 
SÃO PAULO. 
Fonte: Elaborado(a) pela autoria (2023).
12 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Detalhes das políticas 
governamentais
O período da Era Vargas, que engloba os mandatos 
presidenciais de Getúlio Vargas de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954, 
foi um divisor de águas na história brasileira. Nesta época, o Brasil 
passou por transformações significativas em sua economia e 
política, estabelecendo as bases para a industrialização acelerada 
do país.
O plano de substituição de importações implementado 
durante a Era Vargas foi uma estratégia de desenvolvimento 
econômico que buscou estimular a indústria doméstica ao 
restringir a importação de certos bens. Este foi um movimento 
estratégico para diversificar a economia brasileira, que até então 
dependia fortemente da exportação de produtos agrícolas como 
o café.
Essas políticas protecionistas, que incluíam tarifas 
de importação elevadas e incentivos fiscais para a produção 
doméstica, foram cruciais para o desenvolvimento de setores 
industriais como têxteis, alimentos, calçados e metalúrgicos. Por 
exemplo, na indústria têxtil, políticas protecionistas ajudaram 
a promover a produção nacional de tecidos, reduzindo a 
dependência de importações e estimulando a indústria têxtil 
local. Similarmente, na indústria alimentícia, a substituição de 
importações possibilitou o crescimento de empresas nacionais, 
muitas das quais se tornaram líderes de mercado.
No entanto, é importante notar que, embora a substituição 
de importações tenha impulsionado a industrialização e 
contribuído para o desenvolvimento econômico do Brasil, ela 
também resultou em algumas consequências não intencionais. 
Por exemplo, muitas indústrias brasileiras se tornaram menos 
13FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
competitivas em escala global devido à falta de concorrência 
interna. Além disso, as políticas protecionistas contribuíram para 
a formação de uma estrutura econômica altamente burocrática 
e muitas vezes ineficiente.
ACESSE
O “Atlas Histórico do Brasil”, criado pela Fundação 
Getúlio Vargas, fornece mapas interativos que 
destacam a economia do país durante a Era 
Vargas (1930-1954). Durante esse período, o 
Brasil experimentou grandes transformações 
econômicas e sociais, impulsionadas pela 
industrialização e urbanização.
O foco do atlas está na produção de café e na 
população de São Paulo, refletindo o papel 
dominante do café na economia brasileira até 
meados do século 20 e a importância de São 
Paulo como principal centro de produção. Os 
mapas revelam a correlação entre as áreas de alta 
produção de café e as regiões de maior densidade 
populacional, indicando o atrativo das regiões 
produtoras de café para os trabalhadores rurais.
Essa ferramenta fornece uma visão visual e 
interativa da economia do café e seu impacto 
na população de São Paulo durante a Era 
Vargas, ajudando a elucidar o impacto regional 
da política econômica da época e seu papel no 
desenvolvimento de São Paulo e, por extensão, do 
Brasil. Acesse
https://atlas.fgv.br/marcos/economia-na-era-vargas/mapas/cafe-e-populacao-nas-regioes-paulistas
14 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
A importância da imigração
O período entre o final do século XIX e o início do século 
XX foi marcado por uma intensa onda de imigração para o 
Brasil, sobretudo de italianos e alemães. Esses imigrantes 
desempenharam um papel crucial no desenvolvimento da 
indústria brasileira.
Os imigrantes italianos, por exemplo, inicialmente se 
instalaram em colônias agrícolas, onde contribuíram para a 
modernização da agricultura com as técnicas que trouxeram de 
sua terra natal. Mas com o tempo, eles também migraram para 
as cidades, nas quais muitos trabalharam na crescente indústria 
manufatureira. Além disso, a presença de imigrantes italianos foi 
fundamental para o desenvolvimento de setores específicos da 
economia brasileira, como a indústria têxtil e alimentícia, onde 
trouxeram consigo conhecimento e habilidades especializadas.
Figura 2 – Colonos italianos expõem seus produtos em Caxias do Sul, em 1904
Fonte: Wikimedia Commons 
15FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Por outro lado, os imigrantes alemães também tiveram 
um impacto significativo. Muitos deles se estabeleceram nas 
regiões Sul e Sudeste do Brasil, nas quais foram pioneiros na 
criação de pequenas indústrias, como as de calçados, moveleira 
e têxtil. Assim como os italianos, os alemães trouxeram 
consigo habilidades técnicas e conhecimentos que ajudaram a 
impulsionar a indústria brasileira.
Os imigrantes também contribuíram para a diversificação 
econômica, uma vez que trouxeram experiências de trabalho 
diversas e abriram novas áreas de atuação na economia 
brasileira. Além disso, estimularam a formação de uma classe 
trabalhadora mais heterogênea, o que afetou as dinâmicas 
sociais e de trabalho no país.
Além disso, a chegada de imigrantes ajudou a preencher 
a lacuna de mão de obra necessária para o processo de 
industrialização. Isso foi especialmente importante emum 
momento em que o Brasil estava fazendo a transição de uma 
economia baseada na agricultura para uma economia industrial.
16 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
ACESSE
O Museu da Imigração, localizado em São Paulo, 
Brasil, é um recurso valioso para a compreensão 
do impacto da imigração no país. A exposição 
de longa duração “Migrar: experiência humana” 
proporciona uma visão geral interativa do 
fenômeno da imigração, abrangendo movimentos 
internos e internacionais.
Exposições temporárias adicionais proporcionam 
um foco mais aprofundado em grupos específicos 
de imigrantes, destacando suas experiências, 
dificuldades e contribuições para o Brasil. A 
plataforma de pesquisa on-line do museu permite 
que os visitantes explorem a história da imigração 
mais profundamente, inclusive rastreando suas 
próprias raízes familiares.
Visitar o Museu da Imigração, tanto pessoalmente 
quanto on-line, oferece uma visão única da 
influência da imigração na formação do Brasil 
como uma sociedade diversificada e complexa. 
Acesse
https://museudaimigracao.org.br/exposicoes
17FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Impacto social
A industrialização do Brasil desencadeou uma série de 
mudanças sociais profundas:
 • Urbanização acelerada: com o crescimento da indústria, 
as cidades expandiram rapidamente para acomodar as 
fábricas e os trabalhadores. Isso, no entanto, também 
resultou em desafios como habitação inadequada e 
infraestrutura insuficiente.
 • Migração interna: muitos trabalhadores rurais 
migraram para as cidades em busca de empregos nas 
fábricas, alterando profundamente a demografia do 
Brasil.
 • Mudanças nos papéis de gênero: a entrada das 
mulheres na força de trabalho industrial marcou um 
passo importante para a emancipação das mulheres na 
sociedade brasileira, desafiando as normas de gênero 
tradicionais.
 • Expansão do sistema educacional: a demanda por uma 
força de trabalho mais educada levou a uma expansão 
do sistema educacional, com o governo investindo 
fortemente em educação, especialmente na educação 
técnica e profissional.
18 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Urbanização: do rural ao urbano
A urbanização no Brasil é um fenômeno multifacetado, 
cujos efeitos e desdobramentos podem ser observados até os 
dias de hoje. Esse processo começou a tomar forma no início do 
século XX, quando o país iniciou sua jornada de transição de uma 
economia agrária para uma economia industrial.
Esse movimento foi incentivado pelo desenvolvimento 
do setor industrial, que demandava uma grande quantidade 
de mão de obra. As oportunidades de trabalho surgidas com 
a industrialização atraíram uma grande parcela da população 
rural para as cidades, fenômeno conhecido como êxodo rural. 
Tal movimento se intensificou ainda mais durante a política 
de substituição de importações, quando a indústria brasileira 
passou por um processo de diversificação e expansão. 
O crescimento urbano foi particularmente expressivo 
em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, que se tornaram 
o coração pulsante da nova economia brasileira. São Paulo, 
conhecida como a “locomotiva do Brasil”, tornou-se o principal 
polo industrial do país, abrigando uma ampla variedade de 
indústrias, desde têxteis e alimentícios até metalúrgicas e 
automobilísticas. Nesse contexto, Bielschowsky (2004) observa 
que
[nas] três primeiras décadas do século XX 
esse processo se intensificou no eixo São 
Paulo–Rio em virtude de vários fatores. Em 
primeiro lugar, a defesa dos interesses do 
pólo agroexportador do café, que orientou 
a República Velha, implicava várias medidas 
de valorização do produto, entre as quais 
o recurso freqüente às desvalorizações da 
moeda. A elevação dos preços dos produtos 
19FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
importados, combinada a um acelerado 
processo de urbanização ocorrido nesse 
período, abriu espaço para o surgimento 
de um incipiente setor industrial voltado à 
produção de bens de consumo populares, 
especialmente nas áreas têxtil e de alimentos. 
(BIELSCHOWSKY, 2004, p. 333)
No entanto, esse rápido processo de urbanização trouxe 
consigo uma série de desafios. A infraestrutura das cidades, 
incapaz de acompanhar o ritmo acelerado de crescimento 
populacional, encontrou-se sobrecarregada. Faltavam habitações 
adequadas para a crescente população urbana, resultando no 
surgimento de favelas, áreas de moradia precária frequentemente 
caracterizadas por sua alta densidade populacional, construções 
improvisadas e falta de serviços básicos, como saneamento 
e eletricidade. Sobre os efeitos do processo de urbanização, 
Carvalho (2016) pondera que
[parte] dos problemas urbanos vividos pela 
população brasileira hoje em dia é resultado 
desse forte e rápido crescimento das cidades, 
ocorrido após o início do processo de 
industrialização brasileira, sem que houvesse 
investimentos correspondentes na rede de 
infraestrutura urbana, formando grandes 
passivos nessa área. (CARVALHO, 2016, p. 8)
Além disso, questões de saneamento e saúde pública 
tornaram-se problemas prementes. O rápido crescimento 
populacional, juntamente com a infraestrutura inadequada, 
resultou em condições sanitárias precárias que favoreceram o 
surgimento e a disseminação de diversas doenças.
Mesmo décadas após o início do processo de urbanização, 
esses desafios persistem. As cidades brasileiras ainda enfrentam 
20 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
questões relacionadas à habitação, saneamento, transporte 
público, e distribuição desigual de serviços e oportunidades. 
Os efeitos desse rápido crescimento urbano, portanto, ainda 
são uma realidade para milhões de brasileiros, e abordá-los de 
maneira eficaz requer uma compreensão profunda do processo 
histórico que os gerou.
Efeitos ambientais da urbanização
O processo de urbanização, especialmente quando 
desordenado e rápido, muitas vezes resulta em danos ambientais 
consideráveis. A expansão das cidades, muitas vezes, ocorre 
às custas de áreas verdes e habitats naturais, levando à perda 
de biodiversidade. Além disso, a construção de infraestrutura 
urbana e o aumento do consumo de recursos naturais podem 
levar à poluição do ar e da água.
O problema da gestão de resíduos também é acentuado 
nas áreas urbanas, onde a produção de lixo é significativamente 
mais alta do que nas áreas rurais. A falta de disposição adequada 
de resíduos pode contaminar o solo e as fontes de água.
A urbanização também tem implicações diretas na saúde 
das pessoas. Em primeiro lugar, a densidade populacional 
e a proximidade das pessoas nas cidades podem facilitar a 
propagação de doenças infecciosas. Além disso, a poluição do ar 
e da água nas cidades pode levar a uma variedade de problemas 
de saúde, incluindo doenças respiratórias e gastrointestinais.
O rápido crescimento urbano no Brasil também levou à 
formação de favelas, onde as condições de vida são precárias e 
o acesso a serviços de saúde adequados é muitas vezes limitado. 
Essas condições podem contribuir para altas taxas de doenças e 
mortalidade.
21FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Figura 3 – Favela do Cantagalo, RJ
Fonte: Freepik
É importante notar que a urbanização também tem 
potenciais benefícios para a saúde, uma vez que as cidades 
muitas vezes oferecem melhor acesso a serviços de saúde e 
oportunidades para melhorar as condições de vida. No entanto, 
esses benefícios muitas vezes não são igualmente distribuídos e 
podem ser limitados para aqueles que vivem em favelas ou áreas 
urbanas precárias.
ACESSE
O Google Earth Engine é uma plataforma de análise 
geoespacial que permite visualizar mudanças 
na paisagem ao longo do tempo. Você pode usá-
la para ver como a urbanização alterou áreas 
específicas do Brasil, incluindo o desmatamento e 
o desenvolvimento de novas áreas urbanas. Acesse
https://earth.google.com/web/@-35.75611611,141.0471127,111a,144258d,35y,1h,38t,0r/data=CjISMBIgNTQ0MGExNzMxYzI1MTFlYTk0NDM4YmI2ODk0NDUyOTciDG1haW5Ob1JhbmRvbQ22 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Desigualdades regionais e a 
industrialização no Brasil
A industrialização no Brasil apresentou padrões regionais 
distintos, com algumas áreas do país passando por esse processo 
mais rapidamente e intensamente do que outras. Em particular, 
as regiões Sul e Sudeste experimentaram uma industrialização 
mais acelerada em comparação com o Nordeste e outras regiões.
O Sul e o Sudeste
As regiões Sul e Sudeste, por causa de sua localização 
geográfica e infraestrutura já estabelecida, foram as primeiras 
a industrializar-se. São Paulo e Rio de Janeiro, localizados no 
Sudeste, emergiram como os principais centros industriais do 
país, atraindo investimento, mão de obra e infraestrutura.
Por exemplo, a indústria automobilística se instalou 
principalmente em São Paulo, trazendo consigo uma série de indústrias 
auxiliares. Esse crescimento industrial acelerado foi acompanhado por 
uma rápida urbanização, com muitas pessoas migrando do campo 
para as cidades em busca de empregos na indústria.
O Nordeste
Em contraste, a região Nordeste teve um ritmo de 
industrialização mais lento. Enquanto a região possuía uma 
longa história de produção agrícola e alguns centros urbanos 
estabelecidos, como Salvador e Recife, ela não atraiu o mesmo 
nível de investimento em indústria.
Isso resultou em uma série de disparidades entre as 
regiões, incluindo diferenças nas taxas de urbanização, renda 
per capita, níveis de emprego industrial e padrões de educação 
e saúde. A região Nordeste continua a lutar com questões de 
pobreza e desigualdade socioeconômica mais do que as regiões 
Sul e Sudeste.
23FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Implicações da desigualdade regional
Essas desigualdades regionais têm implicações 
significativas. Elas levaram a um desequilíbrio no desenvolvimento 
econômico e social do país, contribuindo para a persistente 
desigualdade socioeconômica que marca o Brasil. Além disso, 
essas desigualdades regionais têm consequências políticas, 
uma vez que as diferentes regiões têm interesses e prioridades 
variados.
ACESSE
Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil: é um 
site que oferece uma série de mapas interativos 
e gráficos que ilustram a variação nas medidas 
de desenvolvimento humano entre as regiões do 
Brasil. Acesse
Observatório das Metrópoles: este é um projeto 
que disponibiliza uma série de estudos, pesquisas 
e publicações sobre os processos de urbanização 
e desenvolvimento nas principais metrópoles 
brasileiras. Acesse.
24 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Novos atores no palco político: 
emergência e influência
O advento da industrialização e a subsequente 
urbanização reestruturaram profundamente o cenário político 
brasileiro. Os efeitos dessa transformação foram sentidos em 
todas as esferas da sociedade e resultaram na emergência de 
novos atores políticos, cada um com seus próprios interesses e 
pontos de vista.
Um dos principais protagonistas que surgiram nesse 
novo cenário foi a classe operária industrial. Antes invisível na 
política brasileira, dominada pelas elites agrárias e urbanas 
tradicionais, esse grupo ganhou proeminência à medida que a 
indústria se expandia. Os trabalhadores industriais, organizados 
em sindicatos, começaram a reivindicar melhores salários, 
condições de trabalho mais seguras e direitos trabalhistas mais 
amplos. Sua mobilização política representou um contraponto 
significativo aos interesses das elites tradicionais e adicionou 
uma nova camada de complexidade à política brasileira.
Figura 4 – Imagens de uma das ruas de São Paulo tomada de trabalhadores com bandeiras 
negras na greve geral de 1917
Fonte: Wikimedia Commons 
25FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Além disso, a urbanização deu origem a uma classe 
média urbana expandida, composta por profissionais liberais, 
funcionários públicos e pequenos empresários. Esse grupo 
emergente se tornou uma força política importante, pressionando 
por melhores serviços públicos, como educação e saúde, mais 
oportunidades econômicas e uma maior participação na vida 
política do país. A sua emergência marcou um desvio da política 
brasileira dominada pelas elites, criando um cenário político 
mais diversificado e multifacetado.
Simultaneamente, uma nova elite industrial também 
surgiu. Beneficiando-se diretamente da industrialização, esse 
grupo desempenhou um papel fundamental na formulação das 
políticas econômicas do país, buscando garantir um ambiente 
favorável à expansão industrial. Sua influência política foi de 
grande importância para o desenvolvimento econômico do Brasil 
durante o século XX.
Esses novos atores políticos, com suas demandas 
e perspectivas variadas, enriqueceram a política brasileira, 
introduzindo uma multiplicidade de vozes e interesses. A sua 
emergência e a interação entre eles criaram um cenário político 
mais complexo e dinâmico, que continuou a evoluir e a se 
transformar nas décadas seguintes. Essa rica tapeçaria de atores 
políticos e os seus impactos sobre a política brasileira são cruciais 
para entendermos as dinâmicas contemporâneas do país.
26 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
ACESSE
O documentário “O Brasil nasceu urbano”, 
do SESC TV, propõe uma inversão intrigante 
no entendimento tradicional da urbanização: 
enquanto na maioria dos lugares do mundo as 
cidades surgiram a partir do campo, no Brasil 
aconteceu o contrário. Esse recurso explora 
as peculiaridades do desenvolvimento urbano 
brasileiro, discutindo como as primeiras cidades do 
país foram planejadas e não surgiram de maneira 
espontânea, além de abordar a maneira como 
a arquitetura de traçados regulares das cidades 
europeias se adaptou à geografia diversificada do 
Brasil. Acesse.
RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza 
de que você realmente entendeu o tema de 
estudo deste capítulo, vamos resumir tudo 
o que vimos. Você deve ter aprendido que o 
processo de industrialização e urbanização no 
Brasil transformou significativamente a paisagem 
econômica e social do país, levando à emergência 
de novos atores políticos. Compreendeu como 
a transição de uma economia agrária para uma 
industrial afetou a distribuição da população 
e a estrutura das cidades, e também deve ter 
percebido como os novos atores políticos surgiram 
e influenciaram o cenário político brasileiro.
https://www.youtube.com/watch?v=Uk8TstZPZYo
27FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Inserção do Brasil no sistema 
capitalista global
OBJETIVO
Ao finalizar este capítulo, você será capaz de 
compreender o processo complexo de inserção 
do Brasil no sistema capitalista global. Isto inclui 
o entendimento das políticas econômicas, das 
alianças estratégicas e dos eventos históricos que 
permitiram ao Brasil integrar-se mais plenamente 
na economia mundial. Além disso, você será capaz 
de analisar as consequências da dependência 
econômica, como ela afeta o desenvolvimento 
do Brasil e como pode ser mitigada. Este 
conhecimento é crucial para qualquer carreira 
que lide com a economia global ou com políticas 
públicas, proporcionando uma compreensão 
profunda do lugar do Brasil no mundo. E então? 
Pronto para desenvolver essa habilidade? Vamos 
lá. Avante!
Da autarquia ao capitalismo 
global: o caminho do Brasil
A jornada do Brasil de uma economia autárquica para 
uma economia de mercado globalmente integrada é uma história 
de mudança econômica radical, política e social.
No período colonial, a economia brasileira estava quase 
inteiramente sob controle português, com o Brasil produzindo 
principalmente açúcar, tabaco e, posteriormente, ouro, para 
exportação para Portugal. Esse sistema mercantilista limitou a 
capacidade do Brasil de desenvolver uma economia independente 
e autossuficiente.
28 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Com a independência em 1822, o Brasil começoua 
desenvolver uma economia mais autárquica, ainda baseada na 
produção de commodities como açúcar e café para exportação, 
mas com maior controle interno sobre sua produção e comércio. 
A economia brasileira continuou a depender fortemente 
da agricultura, com a industrialização ocorrendo em ritmo 
relativamente lento.
O marco real de mudança para a economia brasileira 
ocorreu durante a Era Vargas (1930-1945), quando o Brasil 
embarcou na industrialização acelerada. Foi neste período que 
se implantaram políticas de substituição de importações, que 
buscavam substituir produtos importados por equivalentes 
produzidos internamente. Essas políticas incentivaram o 
desenvolvimento de setores industriais no Brasil, como têxteis, 
alimentos, calçados e metalúrgicos.
Durante a segunda metade do século XX, o Brasil integrou-
se ainda mais ao capitalismo global, sobretudo durante o regime 
militar (1964-1985). Foram implementadas políticas de abertura 
econômica que favoreceram o investimento estrangeiro direto 
e o crescimento das exportações. Essas medidas contribuíram 
para a formação de uma economia de mercado no país, com 
setores como o automobilístico, o aeroespacial e o de petróleo e 
gás ganhando destaque no cenário global.
29FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Figura 5 – Um pôster da Industrial Workers of the World (1911), mostrando a Pirâmide do 
Sistema Capitalista
Fonte: Wikimedia Commons 
No entanto, a abertura da economia brasileira ao 
capitalismo global não ocorreu sem desafios. A integração à 
economia mundial expôs o Brasil a vulnerabilidades externas, 
como crises financeiras globais e flutuações nos preços das 
commodities. Ademais, a desigualdade social e regional persistiu, 
apesar do crescimento econômico.
Santos (2019) destaca que
À medida que o desenvolvimento capitalista 
penetrava nas estruturas do cotidiano 
herdadas do período colonial, transformando 
a realidade do país de maneira particular, 
o debate girava em torno do caráter da 
30 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
sociedade brasileira que se formava na 
periferia do sistema-mundo moderno. 
Sociedade essa que não estava mais presa 
diretamente aos mecanismos característicos 
do Antigo Regime, mas que, apesar de certa 
modernização, encontrava-se longe de atingir 
a Modernidade. Todas as categorias que 
procuraram reter a singularidade brasileira, 
como, por exemplo, subdesenvolvimento, 
dependência, heterogeneidade estrutural, 
superexploração, capitalismo tardio, etc., 
revelam em alguma medida aquilo que já 
não se pode mais chamar de colonial, mas 
também ainda não pode ser caracterizado 
como moderno. Elas captam, a partir de 
posições muito particulares, a maneira como o 
desenvolvimento do capitalismo transformou 
a paisagem colonial. (SANTOS, 2019, p. 68)
Santos (2019) fornece, em seu artigo “Capitalismo histórico 
e formas de sociabilidade: uma hipótese sobre a formação 
do Brasil contemporâneo”, uma análise das transformações 
socioeconômicas no Brasil em relação à sua transição de uma 
sociedade colonial para uma sociedade capitalista. A principal 
questão levantada é a natureza complexa e contraditória dessa 
transição, já que o Brasil, apesar de ter se afastado dos sistemas 
socioeconômicos do período colonial, ainda não alcançou 
completamente a modernidade capitalista, conforme definido 
pelos padrões dos países desenvolvidos.
As categorias – como subdesenvolvimento, dependência, 
heterogeneidade estrutural, superexploração e capitalismo tardio 
– são todas tentativas de conceituar essa condição intermediária 
única do Brasil. Cada uma dessas categorias reflete diferentes 
aspectos da economia brasileira e das relações de trabalho, 
31FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
como a dependência econômica de nações desenvolvidas, a 
desigualdade econômica interna, a exploração excessiva de 
trabalhadores e recursos naturais e o desenvolvimento tardio do 
capitalismo.
Por fim, Santos (2019) argumenta que essas categorias 
capturam de maneiras específicas como o desenvolvimento 
do capitalismo transformou o Brasil pós-colonial, mas sem 
necessariamente trazer a plena modernidade, evidenciando um 
estado de transição econômica e social contínuo. Isso aponta 
para a ideia de que o capitalismo no Brasil tem características 
particulares e complexas, refletindo tanto seu passado colonial 
quanto sua inserção na economia global como uma economia 
emergente.
Exemplos: Políticas de substituição de importações: 
durante a Era Vargas, foram implementadas políticas para 
substituir produtos importados por produtos nacionais. 
Por exemplo, a indústria têxtil brasileira foi fortemente 
incentivada para substituir os tecidos importados, 
levando a um crescimento significativo do setor no país.
Setor automobilístico: na segunda metade do século XX, 
o Brasil se tornou um importante player global no setor 
automobilístico, com empresas como a Volkswagen, 
a Fiat e a Ford estabelecendo grandes operações de 
produção no país.
Petrobras: a empresa estatal de petróleo e gás, Petrobras, 
é um exemplo de como o Brasil tem se integrado à 
economia global. Fundada em 1953, a Petrobras se tornou 
uma das maiores empresas do mundo em exploração e 
produção de petróleo e gás.
32 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
SAIBA MAIS
O fordismo é um modelo de produção industrial 
que surgiu nos Estados Unidos no início do século 
XX, idealizado por Henry Ford, fundador da Ford 
Motor Company. O modelo fordista é caracterizado 
por produção em massa, trabalho especializado, 
salários elevados para os trabalhadores e preços 
baixos para os consumidores.No Brasil, o fordismo 
começou a tomar forma em meados do século 
XX, com o processo de industrialização do país. 
Esse período foi marcado pela implantação de 
indústrias automobilísticas multinacionais, com a 
instalação da primeira montadora, a Volkswagen, 
em 1953, seguida pela Ford, em 1957, e outras 
grandes montadoras posteriormente.O fordismo 
no Brasil, no entanto, teve suas peculiaridades. 
Enquanto nos Estados Unidos e Europa, o fordismo 
estava associado a salários altos e consumo em 
massa, no Brasil o processo foi marcado por 
baixos salários e limitado consumo de massa. 
Ainda assim, a introdução do fordismo levou a um 
aumento significativo da produtividade industrial 
e à modernização da economia brasileira.No 
final dos anos 1980 e início dos anos 1990, o 
fordismo começou a dar lugar ao pós-fordismo ou 
toyotismo no Brasil, assim como em outros países. 
Esse novo modelo de produção é caracterizado 
por produção flexível, just-in-time, melhoria 
contínua e maior participação dos trabalhadores 
nas decisões de produção.É importante notar que, 
apesar da transição para o pós-fordismo, muitos 
dos princípios do fordismo, como a produção 
em massa e a especialização do trabalho, ainda 
permanecem presentes na indústria brasileira. 
Além disso, a presença de grandes montadoras, 
como a Ford no Brasil, continua a ter um impacto 
significativo na economia brasileira.
33FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
ACESSE
No vídeo “Capitalismo à brasileira”, há uma 
discussão sobre a natureza e as características do 
sistema capitalista dependente no Brasil. 
O “capitalismo dependente” se refere à ideia 
de que o Brasil, e muitos outros países em 
desenvolvimento, têm economias que dependem 
de países desenvolvidos para o comércio, 
investimentos e tecnologia. Isso pode resultar 
em desigualdades socioeconômicas e uma 
vulnerabilidade a choques econômicos externos.
Além disso, são abordadas as características 
específicas do capitalismo no Brasil, que pode 
incluir uma mistura de políticas de livre mercado 
com intervenção estatal significativa na economia, 
desigualdades socioeconômicas profundas, e um 
histórico de exploração de recursos naturais e 
trabalho.
Assista ao vídeo para saber mais. Acesse
Dependência econômica: causas 
e consequências
A dependência econômica pode serdefinida como uma 
situação em que a economia de um país está intimamente 
ligada e é influenciada pelas condições econômicas ou decisões 
tomadas em outros países. No caso do Brasil, essa dependência 
34 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
econômica tem raízes históricas e continua a ter implicações 
significativas para a economia e a sociedade brasileiras.
Causas da dependência econômica
A dependência econômica do Brasil pode ser rastreada 
até a sua colonização pelos portugueses no século XVI. Durante 
o período colonial, a economia brasileira estava intrinsecamente 
vinculada à economia de Portugal. O Brasil fornecia matérias-
primas, especialmente açúcar, ouro e mais tarde café, 
para Portugal, e em troca, o Brasil importava mercadorias 
manufaturadas de Portugal e de outros países europeus.
A dependência do Brasil em relação à economia global 
se aprofundou com a industrialização do país no século XX. Por 
exemplo, durante a Era Vargas e nos anos seguintes, o Brasil 
se esforçou para industrializar e diversificar sua economia. No 
entanto, muitas dessas indústrias dependiam de tecnologia 
e investimentos estrangeiros, criando uma nova forma de 
dependência econômica.
Consequências da Dependência 
Econômica
As consequências da dependência econômica são 
múltiplas e complexas. Em primeiro lugar, a dependência 
econômica pode tornar a economia de um país vulnerável a 
choques externos. Por exemplo, a crise do petróleo de 1973 
teve um impacto significativo na economia brasileira, pois o país 
dependia fortemente das importações de petróleo.
Em segundo lugar, a dependência econômica pode limitar 
a capacidade de um país de desenvolver setores econômicos 
diversificados e competitivos. No caso do Brasil, a dependência 
35FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
de commodities e tecnologias estrangeiras tem dificultado o 
desenvolvimento de indústrias de alta tecnologia e serviços de 
valor agregado.
Em terceiro lugar, a dependência econômica pode 
contribuir para a desigualdade econômica e social. No Brasil, a 
dependência de commodities tem frequentemente favorecido 
uma pequena elite, enquanto muitos brasileiros permanecem 
pobres ou em situação de pobreza.
Figura 6 – Habitações precárias em São Paulo
Fonte: Wikimedia Commons / Peter (2006)
Portanto, embora o Brasil tenha feito progressos 
significativos no desenvolvimento de sua economia nas últimas 
décadas, a dependência econômica continua a ser um desafio 
importante. A superação dessa dependência requer políticas que 
promovam a diversificação econômica, a inovação e a inclusão 
social.
36 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
SAIBA MAIS
Florestan Fernandes (1920-1995) foi um dos 
mais influentes sociólogos brasileiros do 
século XX, conhecido por suas contribuições ao 
entendimento do desenvolvimento do Brasil e de 
outras sociedades na periferia do sistema mundial.
Fernandes é particularmente conhecido por 
sua análise do capitalismo dependente. Ele 
argumentou que a dependência do Brasil e de 
outros países em desenvolvimento não era uma 
fase transitória no caminho para um capitalismo 
plenamente desenvolvido, como sugeriam algumas 
teorias do desenvolvimento econômico da época. 
Em vez disso, Fernandes via a dependência como 
uma característica estrutural da economia global 
capitalista, em que a periferia estava subordinada 
aos centros capitalistas em uma relação desigual 
que dificultava seu desenvolvimento.
Para Fernandes, o capitalismo dependente não 
significava apenas dependência econômica, mas 
também implicava em uma série de relações 
sociais, políticas e culturais que perpetuavam a 
subordinação e a exploração. Ele argumentava que 
a elite brasileira, em vez de buscar um caminho 
independente de desenvolvimento, tinha se aliado 
aos interesses estrangeiros, aprofundando a 
dependência.
37FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
As ideias de Fernandes têm importantes 
implicações para a compreensão do Brasil 
contemporâneo. Elas sugerem que os desafios 
enfrentados pelo Brasil na economia global - desde 
a desigualdade até a dificuldade de desenvolver 
setores de alta tecnologia - não são simplesmente 
o resultado de políticas domésticas equivocadas 
ou falta de investimento, mas são estruturais ao 
sistema capitalista global. Portanto, enfrentar 
esses desafios exigiria não apenas mudanças nas 
políticas domésticas, mas também transformações 
na economia global.
Além disso, a análise de Fernandes sugere que 
a solução para esses desafios não pode ser 
encontrada apenas no âmbito econômico, mas 
também deve envolver transformações sociais e 
políticas. Isso inclui a luta por maior justiça social, 
o fortalecimento das instituições democráticas e a 
resistência aos interesses estrangeiros que podem 
aprofundar a dependência. Acesse
38 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Brasil na economia mundial: 
desafios e oportunidades
O Brasil desempenha um papel complexo na economia 
global. É simultaneamente uma das maiores economias do 
mundo - muitas vezes classificado entre as dez maiores por PIB 
- e um país em desenvolvimento com desafios substanciais. A 
posição do Brasil na economia mundial é marcada por uma série 
de oportunidades e desafios que estão inter-relacionados e que 
têm origem em sua história econômica e política, bem como em 
suas características geográficas e demográficas.
Desafios
O Brasil enfrenta vários desafios na economia global. 
Apesar de sua recente industrialização e crescimento econômico, 
o país ainda luta com questões de dependência econômica, 
especialmente em relação à tecnologia e ao capital estrangeiro. 
Isso pode limitar sua capacidade de se adaptar às mudanças 
econômicas globais e de desenvolver setores de alta tecnologia.
A economia brasileira também é marcada por altos níveis 
de desigualdade. Embora seja uma das maiores economias do 
mundo, o Brasil ainda tem altos níveis de pobreza e desigualdade 
de renda. Essa desigualdade é tanto uma questão doméstica 
quanto um desafio em termos de sua posição na economia 
mundial, uma vez que pode limitar o potencial de consumo 
interno e a estabilidade social.
39FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Oportunidades
No entanto, o Brasil também tem várias oportunidades 
na economia global. Como um dos maiores países do mundo 
em termos de território e população, o Brasil tem um enorme 
mercado interno que pode ser um motor de crescimento. Além 
disso, o Brasil tem vastos recursos naturais, incluindo a maior 
floresta tropical do mundo e importantes reservas de minerais e 
hidrocarbonetos.
Outra oportunidade para o Brasil é seu setor agrícola 
altamente produtivo. O Brasil é um dos maiores produtores e 
exportadores de alimentos do mundo, uma posição que pode 
ser ainda mais importante diante da crescente demanda global 
por alimentos.
Além disso, o Brasil tem uma crescente indústria de 
serviços, incluindo áreas como tecnologia da informação e serviços 
financeiros. Esses setores podem fornecer oportunidades para o 
Brasil diversificar sua economia e diminuir sua dependência de 
commodities.
Finalmente, a posição do Brasil como um país líder 
no mundo em desenvolvimento e como uma das principais 
economias emergentes - muitas vezes incluído no grupo dos 
BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) - significa que o 
país tem um papel importante a desempenhar nas negociações 
econômicas globais e na formação das regras da economia 
global. Este é um papel que o Brasil tem buscado ativamente, 
particularmente através de fóruns como a OMC e o G20.
40 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
DEFINIÇÃO
BRICS: o BRICS é um acrônimo que representa 
um grupo de países emergentes formado pelo 
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Esses 
países possuem características comuns como 
um grande território, uma enorme população e 
são considerados emergentes, ou seja, estão em 
pleno desenvolvimento econômicoe possuem 
uma grande influência política regional. O BRICS foi 
criado em 2006 com o objetivo de formar um bloco 
econômico para que esses países tivessem maior 
representatividade e poder de negociação frente 
aos países mais ricos. Além disso, o grupo busca 
também diversificar as relações internacionais, 
principalmente em questões ligadas à economia 
global.
OMC (Organização Mundial do Comércio): a OMC 
é uma organização internacional que supervisiona 
o comércio internacional. Sua principal função 
é servir como um fórum para negociações 
comerciais entre seus membros e resolver disputas 
comerciais. Além disso, a OMC também monitora 
as políticas comerciais nacionais e ajuda os países 
em desenvolvimento a implementarem políticas 
comerciais e a participarem mais efetivamente do 
sistema de comércio global. A OMC foi criada em 
1995 como sucessora do GATT (Acordo Geral sobre 
Tarifas e Comércio).
G20 (Grupo dos 20): o G20 é um grupo formado pelas 
19 maiores economias do mundo, mais a União 
Europeia. Juntos, esses países representam cerca 
de 85% do Produto Interno Bruto (PIB) global e dois 
terços da população mundial. O G20 foi criado em 
1999, em resposta às crises financeiras da década 
de 1990, com o objetivo de discutir políticas para 
promover a estabilidade financeira global. Desde 
2008, as reuniões do G20 também começaram a 
abordar questões além da economia e das finanças, 
incluindo mudanças climáticas, desenvolvimento e 
saúde.
https://www.youtube.com/watch?v=oZQv6Uc9UWo
https://www.youtube.com/watch?v=8OaH010fBEo
https://www.youtube.com/watch?v=cqs7QZ_gFVQ&t=2s
41FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Vamos resumir o que vimos neste 
capítulo para ter certeza de que você entendeu 
bem. Você deve ter aprendido sobre a trajetória 
do Brasil para sua inserção no sistema capitalista 
global, incluindo as políticas econômicas, alianças 
estratégicas e eventos históricos que pavimentaram 
esse caminho. Também compreendeu as 
consequências da dependência econômica e como 
ela pode afetar o desenvolvimento do país.
42 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Modernização conservadora 
no pós-64, e o fim do “milagre 
econômico brasileiro”
OBJETIVO
Ao término deste capítulo, você será capaz de 
analisar e avaliar a chamada “modernização 
conservadora” que ocorreu no Brasil no período 
pós-64. Este conhecimento inclui a identificação das 
políticas específicas adotadas pelo regime militar 
para modernizar a economia e a infraestrutura 
do país, bem como a avaliação dos efeitos 
dessas políticas sobre a sociedade brasileira. 
Você entenderá o que foi o “milagre econômico 
brasileiro” e quais foram suas consequências a 
longo prazo. Este entendimento é essencial para 
qualquer profissional que lida com a história 
política e econômica do Brasil. E então? Motivado 
para desenvolver esta competência? Vamos lá. 
Avante!
Pós-64: o início da modernização 
conservadora
O termo “modernização conservadora” é frequentemente 
usado para descrever a transformação socioeconômica ocorrida 
no Brasil após o golpe militar de 1964, que resultou em 
duas décadas de ditadura militar. O termo reflete a natureza 
paradoxal dessa transformação, que combinava elementos 
de modernização econômica com a preservação de estruturas 
sociais e políticas conservadoras. Coelho, Silva e Herdeiro (2021) 
explicam que
(...) o termo modernização conservadora tem 
sido largamente utilizado para descrever 
o processo de desenvolvimento capitalista 
43FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
brasileiro, com maior ou menor atenção às 
devidas mediações que requerem a análise de 
um país inserido na periferia do capitalismo. 
Desta forma, torna-se imperativo um olhar 
sobre a origem deste conceito, para que 
seja possível verificar em seguida como ele 
se relaciona com as especificidades do caso 
brasileiro. Conforme Pires e Ramos (2009): A 
Modernização Conservadora e as Revoluções 
Vindas de Cima, tiveram como característica 
o fato de a burguesia nascida da revolução 
capitalista não ter forças suficientes para 
romper com a classe dos proprietários rurais, 
resultando em um pacto político entre a classe 
dos latifundiários e a burguesia (Idem, p. 414). 
(COELHO; SILVA; HERDEIRO, 2021, p. 114)
Os autores destacam que o conceito de modernização 
conservadora exemplifica um cenário em que, devido à fraca 
propensão revolucionária da burguesia, a classe latifundiária, 
com a colaboração da pequena burguesia, conseguiu preservar 
sua influência política, econômica e social. Essa classe dirigente 
implementou mudanças de cima para baixo, resultando em 
“revoluções burguesas parciais” que não desmantelaram 
efetivamente as estruturas do Antigo Regime (PIRES; RAMOS, 
2009, p. 412 apud COELHO; SILVA; HERDEIRO, 2021, p. 114).
Além do pacto político entre latifundiários e pequena 
burguesia, um “pacto social” com os trabalhadores foi 
fundamental para essa forma de modernização. As políticas 
industriais e trabalhistas serviram para integrar e disciplinar a 
força de trabalho deslocada do campo pela modernização das 
grandes propriedades, incorporando-a no contexto urbano, 
personificado nas cidades (COELHO; SILVA; HERDEIRO, 2021, p. 
114).
44 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Com base na promoção estatal da industrialização, 
na regulação do trabalho assalariado urbano-industrial e 
na estratificação social através da concessão limitada de 
direitos sociais, políticos e econômicos (cidadania regulada), 
a modernização conservadora representa um sistema social 
projetado para absorver a força de trabalho expulsa do campo, 
enquanto mantém uma estrutura fundiária concentrada. Um 
aspecto importante a considerar aqui é como o sistema de 
proteção do trabalho foi concebido com o objetivo singular 
de suprimir a organização da classe trabalhadora e dissuadir 
quaisquer ideias revolucionárias (ESPING-ANDERSEN, 1991 apud 
COELHO; SILVA; HERDEIRO, 2021, p. 115).
O conceito de modernização conservadora, portanto, 
emerge como um mecanismo estratégico, no qual, diante de 
uma fraca propensão revolucionária burguesa, a classe dos 
latifundiários, com o apoio da pequena burguesia, mantém a 
influência política, econômica e social, ao mesmo tempo que 
implementa transformações de cima para baixo. Essa noção 
encontra uma evidência empírica expressiva no Brasil pós-64.
No período seguinte ao golpe de 1964, o novo regime 
militar brasileiro, composto principalmente por membros da elite 
governante, definiu como objetivo a modernização da economia 
nacional. As estratégias utilizadas para alcançar esse objetivo, 
como a industrialização acelerada, a expansão da infraestrutura 
e a busca por uma maior integração na economia global, refletem 
essa abordagem de modernização conservadora. Tal processo 
foi viabilizado por meio de uma série de reformas institucionais 
- como novas legislações trabalhistas e fiscais, a criação de 
agências de planejamento e a reformulação de políticas de 
educação e saúde - com o intuito de integrar e disciplinar a força 
de trabalho deslocada do campo, caracterizando assim a essência 
da modernização conservadora na manutenção da estrutura de 
poder concentrada.
45FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Por outro lado, o regime militar também estava 
empenhado em preservar e reforçar a ordem social e política 
conservadora. Isso se refletiu na repressão política e na censura 
à imprensa, na concentração de poder nas mãos das elites 
militares e econômicas e na manutenção de desigualdades 
socioeconômicas profundas.
Portanto, a modernização conservadora que se seguiu ao 
golpe de 64 representa um período de transformações profundas 
na economia brasileira, mas também de continuidades e reforço 
das estruturas sociais e políticas conservadoras. Além disso, o 
período também foi marcado por tensões e conflitos, já que a 
modernização econômica aceleradagerou descontentamento e 
resistência por parte de setores da sociedade que se sentiram 
marginalizados ou prejudicados por essas transformações.
46 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
SAIBA MAIS
Após o golpe de 1964, o novo regime militar, 
inicialmente sob o comando do presidente Artur da 
Costa e Silva, se propôs a modernizar a economia 
brasileira, buscando a industrialização acelerada, a 
expansão da infraestrutura e a integração do Brasil 
na economia global. Esse projeto de modernização 
foi acompanhado por uma série de reformas 
institucionais, como a implementação de uma 
nova legislação trabalhista e fiscal, a criação de 
novas agências de planejamento e a reformulação 
das políticas de educação e saúde. No entanto, 
paralelamente a essas iniciativas de modernização, 
o regime de Costa e Silva também estava 
empenhado em preservar e reforçar a ordem 
social e política conservadora. Isso se refletiu 
na repressão política e na censura à imprensa, 
culminando na assinatura do Ato Institucional 
Número 5 (AI-5) em 1968, que permitiu uma 
concentração ainda maior de poder nas mãos 
das elites militares e econômicas, e resultou na 
manutenção de desigualdades socioeconômicas 
profundas. Acesse
https://www.youtube.com/watch?v=ACBevMga6G4
https://www.youtube.com/watch?v=ACBevMga6G4
47FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
O “milagre econômico brasileiro”: 
crescimento e controvérsias
O “milagre econômico brasileiro” é o nome comum dado 
ao período de intenso crescimento econômico que o Brasil 
experimentou entre 1968 e 1973, durante o regime militar. Esse 
período foi caracterizado por taxas de crescimento do PIB que 
chegaram a 10% ao ano, o que foi significativamente mais alto do 
que a média mundial na época.
A explicação para esse “milagre” tem suas raízes nas 
políticas econômicas adotadas pelo regime militar. Incentivos 
à industrialização, a atração de investimentos estrangeiros e a 
expansão da infraestrutura, como estradas e hidrelétricas, foram 
alguns dos fatores que contribuíram para essa explosão de 
crescimento. Adicionalmente, a estabilidade política imposta pelo 
regime militar, apesar de seus custos humanos e democráticos, 
contribuiu para criar um ambiente favorável aos investimentos.
Figura 7 – A construção da Ponte Rio-Niteroi, um dos símbolos do período (1971)
Fonte: Wikimedia Commons 
48 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
No entanto, o “milagre econômico brasileiro” também 
foi marcado por controvérsias e desigualdades. Enquanto o país 
como um todo estava crescendo, os benefícios desse crescimento 
não eram uniformemente distribuídos. A concentração de renda 
aumentou durante esse período, com as elites econômicas 
colhendo a maior parte dos frutos do crescimento, enquanto os 
pobres e a classe média baixa viam poucos avanços em termos 
de renda e qualidade de vida, como apontam Padrós e Fernandes 
(2009).
A economia da ditadura passou a ser pautada 
pelo crescimento industrial de bens de consumo 
duráveis, impondo um específico padrão de 
concentração de renda. Os setores com maior 
poder aquisitivo foram privilegiados por essa 
nova estratégia financeira. Passaram a ter 
elevação de salários, a fim de se constituírem 
em um forte mercado interno de consumo 
desses produtos. Para tal, era necessário 
desconsiderar as parcelas mais carentes 
da população, incapazes de se adequarem 
às novas necessidades econômicas de 
consumo. Além disso, a ditadura garantiu aos 
investidores estrangeiros uma mão-de-obra 
barata e controlada. Para os trabalhadores, o 
“milagre” significou sofrer a intensificação da 
exploração econômica e o controle e repressão 
dos sindicatos. (PADRÓS; FERNANDES, 2009, 
p. 46-47 apud LIMA; KONRAD, 2013, p. 5)
Além disso, o modelo econômico adotado durante o 
“milagre” dependia fortemente de empréstimos estrangeiros e 
investimentos diretos estrangeiros, o que tornou a economia 
brasileira vulnerável a choques externos. Quando a crise do 
petróleo de 1973 ocorreu, o Brasil foi duramente atingido, 
49FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
marcando o fim do “milagre econômico” e iniciando um período 
de inflação alta e estagnação econômica conhecido como a 
“década perdida”. Lima e Konrad (2013) apontam que
A partir de 1973, em função do aumento 
dos preços do petróleo, surgiram os 
primeiros sintomas do que se pode chamar 
de esgotamento das possibilidades de 
crescimento acelerado da economia 
(BRUM, 1986). Em consequência disso, o 
Governo elaborou o seu II Plano Nacional 
de Desenvolvimento (II PND), com vistas a 
superar a crise e alavancar o crescimento 
econômico do País. Porém, mesmo com essa 
tentativa de saída da crise, nascida ainda na 
década de 1970, a economia brasileira parecia 
não reagir. (LIMA; KONRAD, 2013, p. 6)
Por fim, é importante lembrar que o “milagre econômico” 
ocorreu em um contexto de repressão política e violações dos 
direitos humanos. A liberdade de imprensa estava severamente 
restrita, e muitos brasileiros foram perseguidos, torturados ou 
mortos pelo regime militar durante esse período. Assim, o legado 
do “milagre econômico brasileiro” é complexo e controverso, 
misturando avanços econômicos com retrocessos democráticos 
e sociais.
50 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Consequências da modernização 
conservadora: impactos sociais e 
políticos
A modernização conservadora ocorrida no Brasil, 
sobretudo no período pós-1964, desencadeou uma série de 
consequências sociais e políticas que ainda são sentidas até 
os dias atuais. O processo de industrialização acelerada e a 
integração do país na economia global, conduzidos de cima para 
baixo, resultaram em importantes transformações estruturais, 
mas também intensificaram as desigualdades socioeconômicas 
e a exclusão de grande parte da população.
Socialmente, a modernização conservadora trouxe consigo 
um processo de urbanização acelerada. Muitos trabalhadores 
rurais foram deslocados de suas terras e migraram para as 
cidades em busca de trabalho nas indústrias emergentes. Esse 
fluxo migratório massivo levou à formação de grandes favelas e à 
intensificação de problemas sociais urbanos, como a pobreza, o 
desemprego e a violência. Além disso, a concentração de renda, 
já alta, foi exacerbada durante esse período, aprofundando as 
desigualdades sociais no Brasil.
Politicamente, a modernização conservadora foi 
implementada em um contexto de ditadura militar, que reprimiu 
severamente as liberdades civis e políticas. A censura à imprensa 
e a perseguição a opositores do regime, que incluía prisões, 
tortura e desaparecimentos, criaram um clima de medo e 
repressão que teve um impacto duradouro na cultura política 
do país. Mesmo após a transição para a democracia na década 
de 1980, muitos dos traumas e conflitos gerados durante esse 
período continuaram a influenciar a política brasileira.
51FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Ademais, a modernização conservadora não somente 
impulsionou mudanças econômicas e sociais significativas, 
mas também motivou o surgimento de uma robusta cultura 
de resistência e ativismo social no Brasil. A situação de 
repressão, a perseguição política e as profundas desigualdades 
socioeconômicas funcionaram como catalisadores para a 
mobilização de diversos grupos sociais que buscavam vozes e 
espaços de representação.
Figura 8 – Manifestação estudantil em protesto contra a ditadura militar brasileira
Fonte: Wikimedia Commons 
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), 
por exemplo, é um desses movimentos que emergiu no contexto 
da modernização conservadora. Ele nasceu na década de 1980, 
no final do regime militar, como uma resposta à concentração 
fundiária e à exclusão social no campo, como explica Medeiros 
(2014).
52 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
A gênese do Movimento está intimamente 
ligada ao rápido processo de modernização 
da agricultura ocorrida na década de 1970que substituiu de forma rápida e intensa a 
mão de obra pela mecanização, liberando 
assim grande contingente de trabalhadores. 
(MEDEIROS, 2014, p. 69)
O MST tem desempenhado um papel central na luta 
pela reforma agrária e pelos direitos dos trabalhadores rurais 
no Brasil, organizando ocupações de terras improdutivas e 
lutando por políticas públicas de apoio à agricultura familiar e à 
agroecologia.
Os movimentos feminista, negro e LGBTQ+ também 
ganharam força durante esse período. Em meio à repressão 
política e à censura, esses movimentos se organizaram para 
desafiar as estruturas de poder existentes e lutar por direitos e 
igualdade. 
O movimento feminista, por exemplo, foi crucial para 
avançar a luta por direitos iguais, combater a violência de gênero 
e desafiar as normas patriarcais. 
Na realidade brasileira, marcada pela inserção 
subordinada na divisão internacional do 
trabalho e pela superexploração do trabalho 
como traço estruturante da dinâmica do 
desenvolvimento capitalista dependente 
(MARINI, 2005), também se verificou um 
aumento da taxa de ocupação das mulheres 
nas três últimas décadas. Este movimento 
foi acompanhado de sua maior inserção nos 
postos precários de trabalho, especialmente 
no setor de serviços (HIRATA, 2009; NOGUEIRA, 
2011).
53FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Este processo é marcado por uma espécie 
de modernização conservadora: de um 
lado, a ampliação da inserção das mulheres 
nas relações assalariadas; de outro, a 
permanência dos espaços tradicionais de 
ocupação: o setor de serviços e o emprego 
doméstico. Ampliação e precarização do 
emprego feminino constituem uma dinâmica 
contraditória que expressa a manutenção de 
rígidas fronteiras da divisão social e sexual do 
trabalho sob a ordem capitalista e patriarcal. 
(CISNE; FERREIRA, 2021)
O movimento negro se mobilizou contra o racismo 
e a discriminação racial, exigindo igualdade de direitos e 
oportunidades para a população afro-brasileira. 
Coelho, Silva e Herdeiro (2021) analisam que “o processo 
de modernização do Brasil é, para além de conservador, 
fundamentalmente racista” e enfatizam como 
(...) o avanço das relações capitalistas 
sobre uma base ainda escravagista 
(Fernandes, 2008; Moura, 1994a), a ausência 
de participação das massas nos processos 
revolucionários internos (Chasin, 1978; 
Fernandes, 1975) e a própria natureza 
organizacional do capitalismo e das 
sociedades de classes (Moura, 1994a; 
Davis, 2016) devem ser lidos como 
elementos estruturantes centrais que se 
interseccionam para resultar por fim na 
realidade social brasileira contemporânea. 
Em meio a esse quadro, destaca-se no 
artigo o aspecto conservador das reformas 
modernizantes conduzidas durante a era 
54 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Vargas, que contribuíram decisivamente para 
perpetuar um contexto de discriminação 
sistemática aos povos negros e indígenas 
no Brasil e consolidar essa sociedade 
profundamente heterogênea, anticorporativa 
e fragmentada que se observa hoje. Essas 
reformas modernizantes, vale apontar, são 
caracterizadas como tais por terem o objetivo 
de aprofundar (ainda que de maneira regulada 
e restrita (Prado, 2006)) a consolidação de 
relações capitalistas de trabalho no país 
através do incentivo à urbanização e à 
industrialização (Barbosa, 2003). Percurso 
nos moldes da filosofia eurocêntrica moderna 
que hierarquiza as distintas epistemologias e 
legitima o próprio processo colonial ao alçar o 
homem branco cristão enquanto sujeito 
produtor de conhecimento universal, 
preconizando a suposta dicotomia entre 
civilizado e primitivo que é também símbolo da 
transição do Antigo Regime para os modernos 
Estados Nacionais (Almeida, 2018). (COELHO, 
SILVA E HERDEIRO, 2021, p. 113)
Assim, a persistência desse ativismo ilustra a tenacidade 
da desigualdade racial no Brasil e enfatiza a urgência de 
empreender esforços consistentes para eliminar as estruturas 
raciais que ainda permeiam a sociedade brasileira.
O movimento LGBTQ+, por sua vez, lutou pela igualdade 
de direitos e pela inclusão social de lésbicas, gays, bissexuais, 
transgêneros e outras pessoas não conformes com o gênero.
Esses movimentos sociais, moldados em grande parte 
pela reação às políticas e condições sociais da modernização 
conservadora, continuam a desempenhar um papel vital na 
55FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
luta por direitos e justiça social no Brasil. Mesmo em face de 
adversidades, eles persistem em suas lutas, evidenciando a força 
e a resiliência da cultura de resistência e ativismo social no país.
ACESSE
Quer saber mais sobre a história dos movimentos 
sociais no Brasil? Acesse:
Vídeo: A História dos Movimentos Sociais
Leitura:
Vídeo: Linha do Tempo: História do Brasil
RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Vamos resumir o que vimos 
para garantir que você realmente entendeu. 
Você deve ter aprendido sobre a “modernização 
conservadora” que ocorreu no período pós-64 
no Brasil. Compreendeu as políticas adotadas 
pelo regime militar para modernizar a economia 
e a infraestrutura do país, assim como os efeitos 
dessas políticas na sociedade brasileira. Também 
deve ter entendido o que foi o “milagre econômico 
brasileiro” e quais foram suas consequências a 
longo prazo.
https://www.youtube.com/watch?v=406ujmrth_w
https://www.youtube.com/watch?v=9itS2doVEWw
56 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Transição democrática e o 
neoliberalismo no Brasil
OBJETIVO
Ao concluir este capítulo, você será capaz de 
discernir o processo de transição democrática no 
Brasil. Isso envolve a compreensão dos eventos 
políticos e sociais que levaram ao fim da ditadura 
militar e à implementação de uma democracia. 
Além disso, você entenderá o advento do 
neoliberalismo no Brasil, as reformas econômicas 
que acompanham essa ideologia e como elas 
afetaram a economia e a sociedade brasileira. Este 
conhecimento é vital para qualquer profissional 
que lida com a sociedade brasileira contemporânea 
e suas dinâmicas políticas e econômicas. E então? 
Pronto para desenvolver esta habilidade? Vamos 
lá. Avante!
Da ditadura à democracia: a 
transição política brasileira
A transição política do Brasil de uma ditadura militar 
para uma democracia representativa, nas décadas de 1980 e 
1990, foi marcada por uma complexidade impressionante. Esse 
movimento, frequentemente referido como “abertura política”, 
nasceu de uma combinação de pressão interna e internacional 
para a reforma política. Essa pressão foi alimentada por uma 
onda de protestos e movimentos sociais que exigiam o término 
do regime militar e o restabelecimento da democracia. Grinberg 
(2018) explica:
A partir do impacto das eleições de 1974, 
as análises sobre o regime passaram a 
dedicar maior atenção às organizações 
partidárias e às eleições, pois o resultado 
57FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
do pleito para senadores indicava que aí 
poderia residir uma via para a abertura 
política. Nos anos 1980, tendo em vista as 
expectativas sobre a redemocratização, os 
cientistas políticos, principalmente, deram 
continuidade aos estudos sobre as eleições e 
o sistema partidário vigente a partir de 1965, 
destacando as possibilidades eleitorais do 
MDB (LAMOUNIER, 1980). (GRINBERG, 2018, 
p. 345)
À medida que a década de 1980 começava, o regime militar 
brasileiro encontrava-se em uma posição precária, corroído por 
crises econômicas e uma crescente insatisfação popular, como 
observa Silva (2019).
[Os militares] objetivavam impedir que as 
liberdades democráticas retornassem as 
mãos dos civis por meio de mobilizações 
sociais. Entre os anos de 1974 a 1985 houve 
no país movimentos em prol da abertura 
política, visto que grupos sociais lutaram 
contra o autoritarismo do regime civil-
militar. Além do mais, os militares queriamimpedir que os envolvidos em crimes de 
perseguição e de tortura fossem penalizados 
e que retornassem aos quartéis sem maiores 
“prejuízos”, assim foram contemplados com 
a promulgação da anistia total e irrestrita. 
Para alguns historiadores, apesar do governo 
do civil José Sarney, a consolidação para a 
transição da abertura política se deu com a 
eleição de 1989. (SILVA, 2019, p.1)
Diante dessas circunstâncias, o governo militar começou 
a instaurar reformas políticas que pavimentariam o caminho para 
58 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
a transição democrática. Esse movimento culminou em 1985 com 
a eleição de Tancredo Neves à presidência pelo Colégio Eleitoral, 
marcando simbolicamente o fim do período de ditadura militar.
No entanto, a trajetória para a democracia no Brasil 
enfrentou um contratempo quando Neves ficou gravemente 
doente e faleceu antes de poder tomar posse. Esse evento 
levou José Sarney, seu vice-presidente, a assumir a presidência, 
tornando-se assim o primeiro presidente civil do Brasil em mais 
de 20 anos.
Figura 9 – Ex-presidente José Sarney
Fonte: Wikimedia Commons 
Sob a presidência de Sarney, o Brasil iniciou um complexo 
processo de reestruturação política. Isso incluiu a formação 
de uma Assembleia Constituinte em 1986 e a subsequente 
promulgação de uma nova Constituição em 1988. A nova 
Constituição, que continua em vigor até hoje, estabeleceu o Brasil 
como um estado democrático de direito e introduziu uma série 
59FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
de reformas destinadas a fortalecer a democracia e a proteger os 
direitos humanos.
No entanto, a transição para a democracia não foi fácil. 
O governo de Sarney enfrentou uma série de desafios, incluindo 
hiperinflação, crises econômicas e agitação social. Além disso, 
os resquícios do regime militar ainda estavam presentes em 
várias instituições do Estado, e a luta para superar esse legado 
continua até hoje. Mesmo assim, a transição política brasileira é 
frequentemente citada como um exemplo de como uma nação 
pode superar um regime autoritário e se mover em direção à 
democracia.
O advento do neoliberalismo: 
transformações e implicações
O encerramento da ditadura militar no Brasil ocorreu 
em um momento de mudança global na política econômica. 
Esse período viu a ascensão do neoliberalismo como a ideologia 
econômica preponderante em grande parte do mundo. O 
neoliberalismo, uma filosofia que advoga pela intervenção 
mínima do Estado na economia e pela liberdade de mercado, 
começou a moldar a política econômica brasileira durante o 
mandato de Fernando Collor de Mello (1990-1992), quando “o 
regime civil-militar chegou ao fim de fato com a participação 
direta dos cidadãos brasileiros na eleição de 1989” (SILVA, 2019).
60 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Figura 10 – Ex-presidente Fernando Collor de Mello
Fonte: Wikimedia Commons 
Fernando Collor, o primeiro presidente eleito por voto 
direto após a ditadura, empreendeu uma série de reformas 
econômicas marcadas pelo viés neoliberal. Essas reformas, 
frequentemente referidas como o “Plano Collor”, incluíam a 
abertura da economia brasileira ao comércio e investimento 
estrangeiros, a desregulamentação de diversos setores e 
uma política de privatização agressiva de empresas estatais. 
Collor pretendia assim atrair capital estrangeiro, modernizar a 
economia e tornar as empresas brasileiras mais competitivas no 
cenário global.
61FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
SAIBA MAIS
O Plano Collor: o anúncio do Plano Collor, que 
ocorreu um dia após a posse de Fernando Collor de 
Mello como presidente da República em 16 de março 
de 1990, foi uma tentativa radical de estabilizar a 
economia brasileira, que estava em uma espiral 
inflacionária. A medida mais drástica do plano foi 
o bloqueio de grande parte da liquidez financeira 
do país, mais especificamente, o congelamento de 
depósitos bancários e aplicações financeiras acima de 
uma certa quantia. Essa medida, inédita e controversa, 
tinha como objetivo conter a hiperinflação, que 
chegava a taxas mensais de 70% nos meses de janeiro 
e fevereiro de 1990 (SILVA, 2019). A consequência 
imediata do bloqueio da liquidez foi uma queda 
abrupta na inflação, que baixou para a faixa de 10% ao 
mês nos meses seguintes à implementação do plano. 
No entanto, a medida também levou a uma contração 
da atividade econômica e causou grandes dificuldades 
para muitas empresas e indivíduos, que de repente se 
viram sem acesso a seus próprios recursos. Apesar 
da queda inicial na inflação, o Plano Collor não 
conseguiu estabilizar a economia a longo prazo. Até o 
final do ano, a inflação já estava novamente em alta, 
atingindo 20% ao mês em dezembro de 1990. Além 
disso, o plano não conseguiu resolver os problemas 
estruturais subjacentes da economia brasileira que 
contribuíam para a inflação elevada. Em setembro 
de 1990, apenas seis meses após o início do Plano 
Collor, a política monetária e cambial do Brasil voltou 
aos padrões dos anos de alta inflação. O plano foi, 
em grande parte, considerado uma falha, tendo 
falhado em alcançar uma estabilização duradoura 
da economia e tendo causado muitas dificuldades 
econômicas no processo. A tentativa de estabilização 
por meio do bloqueio da liquidez, portanto, teve um 
efeito imediato de redução da inflação, mas falhou 
em alcançar uma estabilização econômica duradoura. 
Essa experiência serve como um lembrete de que 
a estabilização econômica e a luta contra a inflação 
requerem medidas abrangentes e estruturalmente 
orientadas, além de políticas monetárias e fiscais 
responsáveis. 
https://www.youtube.com/watch?v=C6UfDoNHCEg
62 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
A adoção dessas políticas neoliberais marcou uma 
ruptura significativa com a abordagem desenvolvimentista que 
havia caracterizado grande parte da política econômica brasileira 
no século XX. Além disso, as políticas neoliberais também tiveram 
implicações profundas para a sociedade brasileira.
Por um lado, a abertura da economia brasileira levou 
a um aumento no comércio e no investimento estrangeiros, 
contribuindo para o crescimento econômico em algumas 
áreas. No entanto, as políticas neoliberais também foram 
acompanhadas por um aumento na desigualdade econômica e 
social, já que os benefícios do crescimento econômico não foram 
distribuídos igualmente.
Além disso, as políticas de desregulamentação e 
privatização também foram controversas. Enquanto alguns 
argumentaram que essas políticas melhoraram a eficiência e a 
competitividade das empresas brasileiras, outros argumentaram 
que elas levaram a uma concentração de riqueza e poder e à 
erosão dos direitos dos trabalhadores.
Assim, embora o advento do neoliberalismo no Brasil 
tenha transformado a economia do país e tenha tido implicações 
profundas, o legado dessas políticas e seus impactos na sociedade 
brasileira são complexos e continuam sendo objeto de debate.
63FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Brasil neoliberal: impactos 
econômicos e sociais
As políticas neoliberais implantadas no Brasil, 
especialmente a partir da década de 1990, trouxeram mudanças 
significativas tanto na economia quanto na sociedade brasileira. 
De modo geral, o neoliberalismo promove a liberalização da 
economia, com redução da intervenção do Estado, privatização 
de empresas estatais e abertura para o comércio e investimento 
estrangeiro. No contexto brasileiro, essas políticas foram 
acentuadas nos governos de Fernando Collor de Mello, Fernando 
Henrique Cardoso e, posteriormente, Michel Temer.
Economicamente, as políticas neoliberais favoreceram 
a modernização da economia brasileira. Com a liberalização 
comercial e a desregulamentação de vários setores, o Brasil 
atraiu investimentos estrangeiros e estimulou a competitividade. 
Empresas estrangeiras se instalaram no país, criando empregos e 
estimulando o desenvolvimento de infraestrutura.Além disso, as 
privatizações permitiram a modernização de setores estratégicos 
da economia, como telecomunicações e energia.
Entretanto, os benefícios econômicos do neoliberalismo 
no Brasil vieram acompanhados de um aumento considerável 
da desigualdade socioeconômica. Embora a competição tenha 
sido estimulada, muitas vezes isso resultou em precarização 
do trabalho, com a diminuição da estabilidade empregatícia e 
a fragilização dos direitos trabalhistas. As políticas neoliberais 
também enfraqueceram o poder dos sindicatos, dificultando a 
luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho.
64 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
SAIBA MAIS
Durante o governo de Fernando Collor de Mello 
(1990-1992), o Brasil iniciou um grande programa 
de privatizações, seguindo uma tendência 
neoliberal que estava se espalhando globalmente 
na época. Das 68 empresas inicialmente incluídas 
neste programa, apenas 18 foram efetivamente 
privatizadas. O processo foi interrompido por 
problemas surgidos na privatização da Viação 
Aérea São Paulo - VASP. A política econômica 
implementada pela ministra Zélia Cardoso de 
Mello marcou uma mudança significativa em 
relação à anterior, com foco na abertura para 
importações, privatização e modernização 
industrial e tecnológica. A privatização das 
empresas siderúrgicas começou com a extinção 
da Siderurgia Brasileira S.A. – SIDERBRAS. A 
primeira estatal a ser privatizada foi a USIMINAS, 
uma siderúrgica mineira que, apesar de ser uma 
das estatais mais lucrativas, foi privatizada em 
outubro de 1991. Esse ato gerou grande polêmica 
na época. O Grupo Gerdau, um importante 
conglomerado industrial, foi um dos maiores 
beneficiários desse processo, adquirindo a maior 
parte das empresas siderúrgicas privatizadas. 
Com a destituição de Fernando Collor e a posse de 
seu vice-presidente Itamar Franco, o processo de 
privatização desacelerou, embora Itamar também 
fosse favorável às privatizações, porém em um 
grau menor que Collor.
65FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Figura 11 – Manifesto contra a privatização da Clin em Niterói, Rio de Janeiro, Brasil
Fonte: Wikimedia Commons 
Por outro lado, as políticas de austeridade fiscal, comuns 
em governos neoliberais, resultaram em cortes em áreas 
fundamentais, como saúde, educação e programas sociais. 
A adoção de medidas de ajuste fiscal impactou fortemente 
o orçamento de políticas públicas, prejudicando sobretudo 
as populações mais vulneráveis, que mais dependem desses 
serviços. Assim, apesar do crescimento econômico obtido, o 
modelo neoliberal resultou em um aumento da pobreza e da 
desigualdade social, desafios que o Brasil ainda enfrenta.
Dessa forma, é possível afirmar que as políticas 
neoliberais tiveram efeitos contraditórios no Brasil. Se, por um 
lado, promoveram a modernização da economia e a atração 
de investimentos, por outro, exacerbaram a desigualdade 
socioeconômica e a precarização do trabalho, além de terem 
contribuído para a fragilização dos serviços públicos essenciais.
66 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
Sobre esse aspecto contraditório das políticas neoliberais, 
Corazza (1992) explica que 
Na realidade, e os monetaristas sabem 
disso, a moeda não é neutra e possui 
outras funções, além de ser meio de troca. 
“Escapando da banalidade quantitativa, ela 
tem um funcionamento complexo” (Bmnhoff, 
1991, p. l08). Além disso, a moeda é um 
signo do dinheiro, valor autônomo e livre 
das mercadorias. É o valor das mercadorias 
materializado numa coisa, ouro ou papel. 
Como tal, é um meio de troca, mas também 
unidade de conta, meio de pagamento e 
reserva de valor. Numa sociedade mercantil, 
ela é ainda, e essencialmente, o fio invisível 
que tece o tecido social. Ela une produtores 
e consumidores num sistema descentralizado 
de produção. A moeda circula como 
mercadoria, mas também como capital. 
Por isso, a política monetária exprime o 
funcionamento complexo da moeda: é um 
instrumento poderoso para determinados 
objetivos, mas muito limitado para outros. 
Nas mãos do trabalhador, o dinheiro é apenas 
moeda, simples meio de sobrevivência; mas, 
nas mãos do capitalista, o dinheiro é capital, 
poder social de dominação. (CORAZZA, 1992, 
p. 94)
Entendendo a moeda não apenas como um meio de troca, 
mas também como uma unidade de conta, meio de pagamento, 
reserva de valor e um elemento central na estruturação de um 
sistema de produção descentralizado, podemos observar os 
efeitos distintos das políticas monetárias nas diferentes camadas 
da sociedade.
67FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
No contexto das políticas neoliberais no Brasil, que 
enfatizam a liberalização econômica e a estabilidade monetária, 
essa visão multifacetada da moeda se torna particularmente 
relevante. Tais políticas, muitas vezes, são baseadas em uma 
compreensão da moeda principalmente como meio de troca, o 
que pode levar a políticas que favorecem as forças do capital em 
detrimento dos trabalhadores.
Por exemplo, políticas de austeridade que buscam 
restringir a oferta de moeda na economia podem ter um impacto 
negativo sobre os trabalhadores, reduzindo seu poder de compra 
e potencialmente aumentando as taxas de desemprego. Em 
contraste, tais políticas podem ser benéficas para os detentores 
de capital, proporcionando um ambiente econômico estável para 
investimentos e a acumulação de riqueza.
Assim, a percepção e o uso da moeda podem ser 
bastante diferentes para os trabalhadores e para os capitalistas. 
Para os trabalhadores, o dinheiro é muitas vezes um meio de 
sobrevivência, enquanto que para os capitalistas, ele é um 
instrumento de poder e dominação. Esse entendimento ilustra 
o modo como as políticas neoliberais podem contribuir para a 
ampliação das desigualdades socioeconômicas na sociedade 
brasileira.
Após o período do neoliberalismo e a consolidação da 
democracia no Brasil durante a década de 1990, o início do século 
XXI foi marcado pela presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, do 
Partido dos Trabalhadores (PT), que tomou posse em 2003.
Durante o governo de Lula, e subsequentemente de 
Dilma Rousseff, também do PT, houve uma mudança de direção 
em relação às políticas neoliberais. Seu governo promoveu uma 
série de políticas voltadas para a inclusão social e a redução 
da pobreza, como o programa Bolsa Família, que fornece 
68 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
transferências de renda condicionadas à frequência escolar e ao 
acompanhamento da saúde de crianças e adolescentes. Essas 
políticas resultaram em uma redução significativa da pobreza e 
da desigualdade no Brasil durante a primeira década do século 
XXI.
No entanto, a partir de 2013, o Brasil passou por uma 
crise política e econômica que culminou no impeachment de Dilma 
Rousseff em 2016. O vice-presidente Michel Temer assumiu a 
presidência e implementou uma agenda de reformas econômicas 
de orientação liberal, incluindo uma reforma trabalhista e uma 
emenda constitucional que limita os gastos públicos por 20 anos.
Assim, a trajetória brasileira recente revela mudanças 
significativas na orientação política e econômica. Desde a 
adoção de políticas de inclusão social durante os governos do 
PT, passando pela crise e até a adoção de políticas econômicas 
mais liberais durante o governo de Temer, cada uma dessas 
etapas moldou o panorama socioeconômico do Brasil. Esses 
acontecimentos deixaram um impacto duradouro na sociedade e 
na economia, desenhando o contexto atual do país e delineando 
os desafios que o Brasil continua a enfrentar no século XXI.
69FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
SAIBA MAIS
O Brasil teve dois presidentes afastados do 
cargo através do processo de impeachment. O 
primeiro impeachment ocorreu em 1992 com o 
então presidente Fernando Collor de Mello. Collor 
assumiu a presidência em 1990 e, no início de 
seu mandato, implementou um plano econômico 
controverso que incluía o congelamentode 
ativos financeiros. No entanto, sua presidência 
foi marcada por escândalos de corrupção, e ele 
acabou sendo impeached em 1992. O segundo 
impeachment ocorreu em 2016 com a então 
presidente Dilma Rousseff. Rousseff, do Partido 
dos Trabalhadores, foi reeleita em 2014, mas logo 
enfrentou uma forte crise política e econômica. 
Ela foi acusada de usar contabilidade criativa, um 
ato que ficou conhecido como “pedaladas fiscais”, 
para disfarçar o tamanho do déficit orçamentário 
do país antes das eleições de 2014. Em 2016, ela 
foi formalmente impeached e removida do cargo. 
O impeachment é um processo político-judicial 
definido na Constituição Brasileira. Ele pode ser 
instaurado contra o presidente da República por 
crimes de responsabilidade, que incluem atos 
contra a Constituição e contra a probidade na 
administração. Entretanto, é importante notar 
que o impeachment é tanto um processo político 
quanto jurídico, e a decisão final cabe ao Senado 
Federal.
Acesse
70 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
RESUMINDO
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Vamos resumir o que vimos 
para garantir que você realmente entendeu. Você 
deve ter aprendido sobre o processo de transição 
democrática no Brasil, os eventos políticos e 
sociais que levaram ao fim da ditadura militar e 
à implementação de uma democracia. Também 
compreendeu o advento do neoliberalismo no 
Brasil, as reformas econômicas que acompanham 
esta ideologia e como elas afetaram a economia e 
a sociedade brasileira.
71FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
BIELSCHOWSKY,  R. O  pensamento econômico brasileiro, o 
ciclo ideológico do desenvolvimentismo. 5. ed. Rio de Janeiro: 
Contraponto, 2004.
CARDOSO, E. J.; SANTOS, M. J.; CARNIELLO, M. F. O Processo de 
Urbanização Brasileiro. XV Encontro Latino-Americano de 
Iniciação Científica e XI Encontro Latino-Americano de Pós-
Graduação – Universidade do Vale do Paraíba, 2011.
CARVALHO, C. Desafios da mobilidade urbana no Brasil. 
Brasil: IPEA; 2016. Disponível em: https://www.econstor.eu/
handle/10419/144634. Acesso em: 28 jul. 2023.
COELHO, S. C. F.; SILVA, E. R.; HERDEIRO, R. M. C. Modernização 
conservadora e racismo no Brasil. Revista Fim do Mundo, [s.l.], 
n. 4, jan/abr 2021. Disponível em https://revistas.marilia.unesp.br/
index.php/RFM/article/view/11132. Acesso em 28 jul., 2023.
CORAZZA, G. As contradições da proposta neoliberal. Indicadores 
Econômicos, Porto Alegre, FEE, v. 20, n. 2, 1992.
CISNE, M; FERREIRA, V. Feminismo e desigualdade: uma análise 
materialista das relações de opressão-exploração das mulheres. 
Argumentum,  Universidade Federal do Espírito Santo, v.  13, 
n. 3, p. 7-20, 2021. Disponível em https://www.redalyc.org/
journal/4755/475571230002/movil/. Acesso em 28 jul., 2023.
LIMA, B., KONRAD, D. A. O “milagre econômico brasileiro” e sua 
relação com a criação do distrito industrial de Santa Maria – RS. 
XXVII Simpósio Nacional de História, 2013.
RE
FE
RÊ
N
CI
A
S
https://www.econstor.eu/handle/10419/144634
https://www.econstor.eu/handle/10419/144634
https://revistas.marilia.unesp.br/https://scorm.onilearning.com.br/scorm.php?scorm=fb428684175ce820f5e7583cc05544c6&estudante=0&nome=&licao=&sessao=7cvcbepug03mttsecudl8r446t/RFM/article/view/11132
https://revistas.marilia.unesp.br/https://scorm.onilearning.com.br/scorm.php?scorm=fb428684175ce820f5e7583cc05544c6&estudante=0&nome=&licao=&sessao=7cvcbepug03mttsecudl8r446t/RFM/article/view/11132
https://www.redalyc.org/journal/4755/475571230002/movil/
https://www.redalyc.org/journal/4755/475571230002/movil/
72 FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DO BRASIL
U
ni
da
de
 4
MEDEIROS, A. Movimento dos trabalhadores rurais sem terra 
princípios, características, organização e formas de luta. R. Fac. 
Dir., Fortaleza, v. 35, n. 2, p. 59-86, jul./dez. 2014.
OLIVEIRA, G. C. de; VAZQUEZ, D. A. Florestan Fernandes e o 
capitalismo dependente: elementos para a interpretação do 
Brasil. OIKOS - Rio de Janeiro. v. 9, n. 1, p. 137-160, 2010. Disponível 
em: https://revistas.ufrj.br/index.php/oikos/article/view/51821. 
Acesso em: 28 jul. 2023.
SANTOS, F. P. Capitalismo Histórico e Formas de Sociabilidade: 
uma hipótese sobre a formação do Brasil contemporâneo. Revista 
da Sociedade Brasileira de Economia Política, [s.l.], v. 52, p. 66-
95, 2019.
SILVA, D. M. L. C. A transição para a abertura política no Brasil, 
sob a sujeição dos militares (1974-1985). In: 30 Simpósio Nacional 
de História, 2019, Recife-PE. 30° Simpósio Nacional de História - 
História e o futuro da educação no Brasil. Tipo de Suporte: Internet, 
Anais [...], 2019.
https://revistas.ufrj.br/https://scorm.onilearning.com.br/scorm.php?scorm=fb428684175ce820f5e7583cc05544c6&estudante=0&nome=&licao=&sessao=7cvcbepug03mttsecudl8r446t/oikos/article/view/51821
https://revistas.ufrj.br/https://scorm.onilearning.com.br/scorm.php?scorm=fb428684175ce820f5e7583cc05544c6&estudante=0&nome=&licao=&sessao=7cvcbepug03mttsecudl8r446t/oikos/article/view/51821
https://revistas.ufrj.br/https://scorm.onilearning.com.br/scorm.php?scorm=fb428684175ce820f5e7583cc05544c6&estudante=0&nome=&licao=&sessao=7cvcbepug03mttsecudl8r446t/oikos/article/view/51821
	Processo de industrialização, urbanização e os atores políticos brasileiros
	Ascensão da industrialização: mudança econômica e social
	Urbanização: do rural ao urbano
	Novos atores no palco político: emergência e influência
	Inserção do Brasil no sistema capitalista global
	Da autarquia ao capitalismo global: o caminho do Brasil
	Dependência econômica: causas e consequências
	Brasil na economia mundial: desafios e oportunidades
	Modernização conservadora no pós-64, e o fim do “milagre econômico brasileiro”
	Pós-64: o início da modernização conservadora
	O “milagre econômico brasileiro”: crescimento e controvérsias
	Consequências da modernização conservadora: impactos sociais e políticos
	Transição democrática e o neoliberalismo no Brasil
	Da ditadura à democracia: a transição política brasileira
	O advento do neoliberalismo: transformações e implicações
	Brasil neoliberal: impactos econômicos e sociais

Mais conteúdos dessa disciplina