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Departamento de Direito 
 
 
 MONITORAMENTO DAS POLÍTICAS DE JUSTIÇA 
TRANSICIONAL E A LUTA PELA MEMÓRIA PÚBLICA SOBRE 
A DITADURA MILITAR NO GOVERNO BOLSONARO 
 
Aluno: Pedro Levy da Cunha 
Orientador: José María Gomez 
 
 
Introdução 
 A Justiça de transição são os processos normativos, intervenção de 
instituições internacionais e políticas aplicadas pelo estado após a transição de um 
regime autoritário para uma democracia (ou um conflito armado para um período de 
paz). Essas medidas possuem o fim de buscar a memória, verdade, justiça, reparação e 
não repetição das violações de direitos humanos cometidas durante o regime autoritário 
(ou conflito interno). 
 No caso brasileiro, o Estado Democrático de Direito se inicia com a 
proclamação da Constituição de 1988,e, uma ano depois, seu teste pratico com as 
primeiras eleições democráticas, entretanto, a diferença de outros países vizinhos, o 
processo de transição política (caracterizado, pelo elevado continuado político das 
elites do antigo regime e tutela militar ostensiva e, ao mesmo tempo que, por baixo, 
desencadeava-se uma diversificada dinâmica democratizadora da sociedade civil) não 
foi acompanhado de um processo de justiça de transição. Ao contrário, este último 
surgirá tardia, lenta e trucada (por causa do bloqueio da justiça, em função da lei de 
anistia de 1979) a meados da década de 1990, centrado em uma política discreta de 
reparação de perseguidos políticos da ditadura militar e implementado por meio de duas 
comissões especificas: a Comissão Especial de Morto e Desaparecidos Políticos (1995) 
e a Comissão de anistia (2001). Tanto é assim que só se assistira avanços mais 
significativos em matéria de reparação, verdade e memória entre os anos de 2007 e 
2014, alcançando seu ponto culminante com a instauração e funcionamento da 
Comissão Nacional da Verdade entre os anos de 2012 e 2014, cabe salienta, no entanto, 
que desde o final de o primeiro governo de Dilma Rousseff, a justiça transicional sofreu 
estagnação, seguida de desmonte, durante o governo de Michel Temer, até chegar ao 
ápice de um política de uma política sistemática de destruição com a posse de Jair 
Bolsonaro para a presidência da república. 
 A atual pesquisa busca monitorar as destruições, ataques e retrocessos da 
justiça de transição dentro do governo de Jair Bolsonaro recolhendo declarações, gestos 
e medidas do atual governo que apontassem ataques contra essa política, além de 
celebrações do golpe e da ditadura e inédita participações de militares em cargos civis 
entro do governo. 
 Metodologia 
Departamento de Direito 
 
 
 A pesquisa, iniciada em 2019 teve como metodologia elegida a coleta de 
notícias nas versões online de jornais de grande circulação dentro do país como a Folha 
de São Paulo, o Globo e o Estadão, além de jornais mundiais em suas versões 
brasileiras, como o El País e a BBC. Nessas versões online foram escolhidas palavras-
chaves como “ditadura” e “militares” para realizarem um filtro de notícias nas 
ferramentas de busca de cada site, chegando assim a um primeiro resultado bruto com 
um universo de milhares de notícias. Após a leitura das manchetes, as notícias que se 
enquadravam no escopo de análise de (i) papel das forças armadas na democracia no 
Brasil; (ii) exaltação do golpe militar; (iii) exaltação das violações de direitos humanos; 
(iv) exaltação das ditaduras, em modo geral; e (v) desmontes da Justiça de Transição 
foram lidas em sua completude e destacadas para uma planilha de Excel com a data da 
notícia, veículo de onde foi coletada e um pequeno resumo do que foi noticiado. No 
total, 66 notícias foram postas na planilha de Excel 
Resultados 
 O ano de 2019, primeiro ano do atual governo, foi o mais movimentado em 
relação aos ataques à justiça de transição, com isso a maior parte dos dados coletados é 
referente a esse ano. Já nos anos 2020 e 2021 há menos informações coletadas, essa 
queda provavelmente está relacionada com a pandemia do coronavírus e o foco nacional 
no combate ao vírus. Entretanto, os ataques e retrocessos vistos nos anos de 2020 e 
2021 são significativos. 
 É importante para compreender o biênio 2020-2021 um breve resumo das 
medidas, gestos e declarações contra a justiça de transição ocorridas no ano de 2019. 
Em fevereiro, Bolsonaro elogiou o ex-ditador paraguaio Stroessner em uma visita 
oficial ao país vizinho “porque do outro lado havia um homem com visão, um estadista 
que sabia perfeitamente que seu país, o Paraguai, só poderia continuar progredindo se 
tivesse energia” em elogio ao ditador paraguaio Alfredo Stroessner 1. 
No dia 27 de março foi publicada a portaria n° 376, que modificou o regimento 
interno da Comissão de Anistia. A comissão passou a ter um mínimo de 9 integrantes 
(antes eram 20), o número de representantes do Ministério da Defesa e dos anistiados 
aumentou e os conselheiros individualmente puderam elaborar pareceres conclusivos 
(antes só tinham poder de realizar votos e a turma, que foi extinta, elaborava o parecer). 
As decisões da Comissão passaram a serem enviadas para análise e decisão final da 
ministra Damares Alves, inclusive das decisões já realizadas pela comissão e que 
estavam em fase recursal2. 
No dia 29 de julho, Bolsonaro declarou que "Um dia, se o presidente da OAB 
quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele" 3. O 
mês de agosto, começa com a exoneração de 4 dos 7 membros da Comissão Especial de 
Mortos e Desaparecidos. Um decreto substituiu a presidenta da Comissão, juntos com 
 
1 <https://brasil.elpais.com/brasil/2019/02/26/internacional/1551213499_127441.html> Aceso em: 
20/10/2019 
2 <https://brenocosta.substack.com/p/brasil-real-oficial-011> Acesso em 23/11/2019 
3 <https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/07/se-presidente-da-oab-quiser-saber-como-pai-dele-
desapareceu-na-ditadura-eu-conto-diz-bolsonaro.shtml> Acesso em: 13/11/2019 
Departamento de Direito 
 
 
alguns membros muito vinculados às vítimas da ditadura. A reestruturação ocorreu após 
os membros da comissão criticarem as declarações de Bolsonaro sobre o presidente da 
OAB. A Comissão passou a atender os interesses do governo Bolsonaro. 
Em setembro, o presidente ofendeu a memória do pai da ex-presidente chilena 
Michele Bachelet "Senhora Michele Bachelet, se não fosse o pessoal do [Augusto] 
Pinochet derrotar a esquerda em 1973, entre eles seu pai, hoje o Chile seria uma Cuba.” 
Em outra declaração marcada pelo revisionismo4. 
 Após o breve relato dos ocorridos em 2019, o ano de 2020 começa com o 
então Ministro da Educação, Abraham Weintraub, que justificou a ausência de questões 
sobre a ditadura no ENEM do ano anterior afirmando que o tema é “controverso”, foi a 
primeira vez desde 2009 que nenhuma questão que abordasse a ditadura esteve presente 
no exame5. 
 No mês seguinte, o Presidente da República ironizou os pedidos de anistia, 
ao sair do Palácio da Alvorada. Bolsonaro declarou que "Isso é papo. A maioria é tudo 
cascata para ganhar indenização” demonstrando desprezo pela reparação de anistiados 
políticos e utilizando a retórica de que as indenizações se enquadravam como 
corrupção6. No final do mês, Bolsonaro ainda compartilho com amigos um vídeo 
convocando a população para uma manifestação antidemocrática que ocorreria nos dias 
subsequentes7. 
 Já em março do mesmo ano, ocorreram mais ataques à justiça de transição 
por razão do aniversário do golpe de 1964. Bolsonaro comemora o golpe com seus 
simpatizantes8 e faz um discurso revisionista em sua conta de Facebook "A verdade: o 
Marechal foi eleito de acordo com a Constituição e não houve golpe em 31 de março"9. 
 O Ministério da Defesa expediu a ordem do dia de 31 de março com a 
seguinte mensagem revisionista "o movimento de 1964 é um marco para a democracia 
brasileira (...) As instituições se moveram para sustentar a democracia, diante de 
pressõesde grupos que lutavam pelo poder. As instabilidades recrudesciam e se 
disseminavam sem controle (...) A sociedade brasileira, os empresários e a imprensa 
entenderam as ameaças daquele momento, se aliaram e reagiram"10 
 Em abril, no dia nacional do exército, o chefe do poder executivo discursou 
em frente ao quartel-general do exército para uma manifestação que exigia uma 
 
4 <https://brasil.elpais.com/brasil/2019/09/04/politica/1567617364_180672.html> Acesso em: 15/11/2019 
5 < https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2020/01/weintraub-defende-ausencia-de-ditadura-no-enem-
e-diz-que-tema-nao-e-pacificado.shtml?origin=uol > Acesso: 03/03/2021 
6 <https://oglobo.globo.com/brasil/bolsonaro-encontra-ex-soldado-do-regime-militar-critica-pedidos-de-
anistia-cascata-para-indenizacao-24279115> Acesso em: Acesso em: 05/06/2021 
7 <https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/02/ato-com-grupos-autoritarios-e-incentivado-por-
deputados-bolsonaristas-e-gera-repudio.shtml> Acesso em: 05/06/2021 
8 <https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,bolsonaro-se-refere-ao-aniversario-do-golpe-militar-de-
1964-como-grande-dia-da-liberdade,70003254693> Acesso em: 03/07/2021 
9 <https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/03/31/bolsonaro-volta-a-negar-que-nao-
houve-golpe-militar-em-1964.htm> Acesso em: 03/08/2020 
10 <https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/03/golpe-de-64-e-marco-para-a-democracia-brasileira-diz-
defesa.shtml> Acesso em: 03/08/2021 
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2020/01/weintraub-defende-ausencia-de-ditadura-no-enem-e-diz-que-tema-nao-e-pacificado.shtml?origin=uol
https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2020/01/weintraub-defende-ausencia-de-ditadura-no-enem-e-diz-que-tema-nao-e-pacificado.shtml?origin=uol
Departamento de Direito 
 
 
intervenção militar e fechamento de instituições democráticas como Congresso 
Nacional e o Supremo Tribunal Federal11. 
 No mês posterior, Bolsonaro recebeu no Planalto o tenente-coronel 
reformado do exército Sebastião Curió, ex-agente da ditadura responsável por graves 
violações de direitos humanos no período, principalmente na guerrilha do Araguaia12. 
 Ainda em maio, o presidente apoiou novamente atos antidemocráticos que 
estavam ocorrendo no país "Tenho certeza de uma coisa, nós temos o povo ao nosso 
lado, nós temos as Forças Armadas ao lado do povo, pela lei, pela ordem, pela 
democracia, e pela liberdade. E o mais importante, temos Deus conosco (...) Peço a 
Deus que não tenhamos problemas essa semana. Chegamos no limite, não tem mais 
conversa, daqui pra frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição, ela será 
cumprida a qualquer preço, e ela tem dupla mão"13. 
 Poucas semanas depois, após um imbróglio sobre o possível confisco do 
celular de Bolsonaro, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, General Heleno, 
ameaçou o Supremo Tribunal Federal ao afirmar que "O Gabinete de Segurança 
Institucional da Presidência da República alerta as autoridades constituídas que tal 
atitude é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os Poderes e poderá 
ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional"14 
 Em junho, o Presidente homenageou Médici no lançamento de um plano 
econômico15. No mês seguinte, Bolsonaro fez uma visita à Bagé (RS) cidade natal do 
ex-ditador e foi recebido no antigo carro do militar16. 
 No mês seguinte, a então secretária de cultura Regina Duarte minimizou os 
desaparecidos políticos da ditadura militar afirmando que "Cara, desculpa, na 
humanidade não para de morrer gente. Se você falar de vida do lado tem morte (...) não 
quero arrastar um cemitério de mortos nas minhas costas, sou leve, to viva, estamos 
vivos. Vamos ficar vivos. Por que olhar para trás? Não vive quem fica arrastando 
cordéis de caixões"17 
 Já no feriado do Dia da Independência, o chefe do poder executivo fez um 
discurso oficial marcado pelo revisionismo histórico da ditadura, o discurso foi 
veiculado em rádio e televisão "Nos anos 60, quando a sombra do comunismo nos 
ameaçou, milhões de brasileiros, identificados com os anseios nacionais de preservação 
 
11 https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/04/19/bolsonaro-discursa-em-manifestacao-em-brasilia-
que-defendeu-intervencao-militar.ghtml 
12 https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/05/bolsonaro-recebe-no-planalto-militar-responsavel-
por-repressao-a-guerrilha-do-araguaia-na-ditadura.shtml 
13 https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/05/ato-pro-bolsonaro-em-brasilia-tem-carreata-e-
xingamentos-a-moro-stf-e-congresso.shtml 
14 https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/05/general-heleno-fala-em-consequencias-imprevisiveis-
se-celular-de-bolsonaro-for-apreendido.shtml 
15 https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/06/bolsonaro-faz-homenagem-a-medici-ao-anunciar-
r-236-bi-no-plano-safra-2020-2021.shtml 
16 https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/07/tem-medo-do-que-enfrenta-diz-bolsonaro-sobre-
mortes-pelo-coronavirus.shtml 
17 https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/05/regina-duarte-da-chilique-ao-vivo-na-tv-ao-ouvir-
criticas-a-sua-gestao.shtml 
Departamento de Direito 
 
 
das instituições democráticas, foram às ruas contra um país tomado pela radicalização 
ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada. (...) Vencemos ontem, 
estamos vencendo hoje e venceremos sempre"18. 
 Poucos dias depois o Vice-Presidente Mourão elogiou o torturador Carlos 
Alberto Brilhante Ustra afirmando que "O que posso dizer sobre o homem Carlos 
Alberto Brilhante Ustra, ele foi meu comandante no final dos anos 70 do século 
passado, e era um homem de honra e um homem que respeitava os direitos humanos de 
seus subordinados. Então, muitas das coisas que as pessoas falam dele, eu posso te 
contar, porque eu tinha uma amizade muito próxima com esse homem, isso não é 
verdade."19 
 No último mês de 2020, Bolsonaro foi entrevistado para o canal de seu filho 
no Youtube e elogiou o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra e seu livro. Na 
entrevista o Presidente afirma que "(O livro) narra fatos, como os presos... não era preso 
político, não... terroristas eram tratados no DOI-Codi (Destacamento de Operações de 
Informação Centro de Operações de Defesa Interna) de São Paulo, tratados com toda a 
dignidade, inclusive as presas grávidas. (...) Não tem como fugir disso aqui, como nós 
nos livramos do comunismo naquele momento, não tem que se envergonhar disso, é 
história com H, não é historinha contada pela esquerda, deveria ser leitura obrigatória, 
pessoas que queiram saber da verdade, o que foi aquele período pré-64 e um pouquinho 
depois do 64 também"20. 
 No final do mesmo mês, Jair Bolsonaro ironizou as torturas sofridas por 
Dilma Rousseff na ditadura militar afirmando "Dizem que a Dilma foi torturada e 
fraturaram a mandíbula dela. Traz o raio X para a gente ver o calo ósseo. Olha que eu 
não sou médico, mas até hoje estou aguardando o raio X"21. 
 Já no 18° dia de 2021, o Presidente declarou: "Por que sucatearam as Forças 
Armadas ao longo de 20 anos? Porque nós, militares, somos o último obstáculo para o 
socialismo. Quem decide se um povo vai viver na democracia ou na ditadura são as suas 
Forças Armadas. Não tem ditadura onde as Forças Armadas não apoiam"22. 
 No mês seguinte, Bolsonaro participou da entrega de centenas de títulos de 
terras de famílias remanejadas para a construção da base espacial de Alcântara. Nesse 
evento o Presidente elogiou a ditadura afirmando que "Isso aqui nasceu em 1983, mais 
uma das grandes obras dos cinco presidentes militares que tivemos no Brasil. Grandes 
 
18 <https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/09/em-pronunciamento-na-tv-bolsonaro-diz-defender-
democracia-mas-celebra-golpe-de-1964.shtml> Acesso em: 07/03/2021 
19 <https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2020/10/governo-bolsonaro-lidou-muito-bem-com-a-
pandemia-diz-mourao.shtml> Acesso em:07/03/2021 
20 <https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/12/ditadura-tratou-presos-com-dignidade-afirma-bolsonaro-em-video.shtml> Acesso em: 14/03/2021 
21 <https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/12/28/bolsonaro-diz-que-
aguarda-raio-x-de-dilma-apos-tortura-durante-ditadura.htm> Acesso em: 14/03/2021 
22 <https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/01/quem-decide-se-um-povo-vai-viver-democracia-ou-
ditadura-sao-as-forcas-armadas-diz-bolsonaro.shtml> Acesso em 21/03/2021 
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obras ao longo de 21 anos, onde vivi um regime de... Um pouco diferente do que 
vivemos hoje, mas com muita responsabilidade com o futuro do país"23. 
 No dia seguinte, Eduardo Bolsonaro (filho de Jair) comentou sobre o veto 
de captação de recursos via Lei Rouanet do Instituto Vladimir Herzog. O deputado 
afirmou que "Se fossem dar Rouanet para um Instituto de nome Brilhante Ustra diria é 
ideologização e etc. O governo é técnico, ponto. Aplica a lei"24. 
 Ainda nesse mês, Bolsonaro deu uma declaração de ameaça à democracia. 
“Alguns acham que eu posso fazer tudo. Se tudo tivesse que depender de mim não seria 
este o regime que nós estaríamos vivendo. E, apesar de tudo, eu represento a 
democracia no Brasil. Nunca a imprensa teve um tratamento tão leal e cortês como o 
meu. Se é que alguns acham que não é desta maneira é porque não estão acostumados a 
ouvir a verdade (...) nós vivemos em um país livre, esta liberdade vale mais que a 
própria vida para cada um de nós. Tenho certeza que, junto às Forças Armadas e as 
demais instituições do governo, tudo faremos para cumprir a nossa Constituição para 
fazer com que a nossa democracia funcione e a nossa liberdade esteja acima de tudo"25. 
Ainda nesse mês, o General Villas Boas elogiou alguns torturadores da ditadura 
“Encontrei excelentes instrutores, como o capitão Bizerril e o tenente Garlipp, 
respectivamente, meus comandantes de companhia e de pelotão”26. 
 Em março, uma reportagem da Folha de São Paulo revelou que o número de 
militares em cargos de direção de empresas estatais foi multiplicado por 10 no atual 
governo27. Nesse mês, diversos ativistas foram enquadrados na Lei de Segurança 
Nacional por críticas ao governo28. 
 Já no final do mesmo mês, o General Braga Neto reafirmou seu 
revisionismo comemorando "O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do 
Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de 
março (...) a Marinha, o Exército e a Força Aérea acompanham as mudanças, 
conscientes de sua missão constitucional de defender a Pátria, garantir os Poderes 
constitucionais, e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses Poderes 
preservarão a paz e a estabilidade em nosso país (...) As Forças Armadas acabaram 
assumindo a responsabilidade de pacificar o País, enfrentando os desgastes para 
 
23 <https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,pouco-diferente-de-hoje-diz-bolsonaro-sobre-
ditadura-militar,70003613860> Acesso em 12/06/2021 
24 <https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2021/02/eduardo-bolsonaro-compara-
ustra-a-herzog-e-diz-que-veto-a-instituto-e-tecnico.shtml> Acesso em 13/04/2021 
25 <https://oglobo.globo.com/brasil/se-tudo-depender-de-mim-nao-seria-este-regime-diz-bolsonaro-
24891463> Acesso em 21/06/2021 
26 <https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/02/general-villas-boas-se-refere-a-coronel-acusado-de-
crimes-na-ditadura-como-excelente-instrutor.shtml> Acesso em: 21/06/2021 
27 <https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/03/bolsonaro-multiplica-por-10-numero-de-
militares-no-comando-de-estatais.shtml> Acesso em 26/06/2021 
28 <https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/03/delegado-intima-felipe-neto-a-depor-por-chamar-
bolsonaro-de-genocida.shtml> Acesso em: 26/06/2021 e 
<https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2021/03/quatro-ativistas-que-protestavam-
contra-bolsonaro-sao-detidos-na-pf-em-brasilia-diz-deputado.shtml > Acesso em 26/06/2021 
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/03/delegado-intima-felipe-neto-a-depor-por-chamar-bolsonaro-de-genocida.shtml
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/03/delegado-intima-felipe-neto-a-depor-por-chamar-bolsonaro-de-genocida.shtml
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2021/03/quatro-ativistas-que-protestavam-contra-bolsonaro-sao-detidos-na-pf-em-brasilia-diz-deputado.shtml
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2021/03/quatro-ativistas-que-protestavam-contra-bolsonaro-sao-detidos-na-pf-em-brasilia-diz-deputado.shtml
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reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos"29. Nesse 
mesmo período ocorreu a maior crise militar dos últimos 40 anos, quando os 
comandantes do exército, marinha e aeronáutica pediram demissão em protesto contra 
Bolsonaro30. 
 Em junho, o presidente elogiou figuras da ditadura militar, como o ex-
presidente Castello Branco "Uma pessoa que nos orgulha. Nós temos heróis no Brasil, 
sim. Como temos os Febianos, ex-combatentes. Temos Alysson Paulinelli na 
Agricultura. Também Castelo Branco, na Zona Franca de Manaus. A garantia desse mar 
verde devemos em grande parte a esse presidente, marechal Castelo Branco"31. No dia 
seguinte, O Globo relatou a alteração no código militar, via decreto, que permitiu que 
militares da ativa ocupassem cargos públicos por tempo indeterminado32. 
 Em junho, após o Presidente da CPI da pandemia criticar os militares que 
participaram do caso de propina na compra de vacina, os comandantes militares e o 
Ministro da Defesa publicaram uma nota em tom de ameaça "[...} Por fim, as Forças 
Armadas do Brasil, ciosas de se constituírem fator essencial da estabilidade do País, 
pautam-se pela fiel observância da Lei e, acima de tudo, pelo equilíbrio, ponderação e 
comprometidas, desde o início da pandemia Covid-19, em preservar e salvar vidas. As 
Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a 
democracia e a liberdade do povo brasileiro"33. 
 Já em agosto, no mesmo dia em que ocorreu uma votação no Congresso 
Nacional sobre o voto impresso, proposta defendida extensivamente pelo governo, 
tanques militares rondaram Brasília em um suposto ato de convite para a Operação 
Formosa34. 
 Para além da planilha no Excel, também foram realizadas algumas 
parcerias. Uma dessas parceiras com o Coletivo Memória Verdade e Justiça RJ, 
importante entidade da sociedade civil na luta, em que foi construído o relatório 
“Cruzando a Linha” que expôs as referências que o atual governo fez sobre o golpe de 
1964. Esse relatório está disponível para ser baixado além de uma versão reduzida no 
Instagram do Coletivo. 
 A partir da aprovação do Núcleo de Direitos Humanos da PUC-Rio (NDH) 
no edital da relatoria de justiça de transição da Comissão Interamericana de Direitos 
Humanos, a presente pesquisa foi incorporada aos trabalhos do NDH. Assim, desde 
2020 foram realizadas reuniões semanais com professores vinculados ao NDH, como 
 
29 <https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/03/como-ministro-da-defesa-braga-netto-assina-nota-
chamando-golpe-de-64-de-parte-da-trajetoria-historica-do-brasil.shtml> Acesso em: 03/07/2021 
30 <https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/03/comandantes-das-forcas-armadas-pedem-
demissao-em-protesto-contra-bolsonaro.shtml> Acesso em 03/07/2021 
31 <https://oglobo.globo.com/economia/bolsonaro-classifica-ex-integrantes-da-ditadura-militar-como-
herois-ao-lancar-programa-de-credito-rural-1-25072378> Acesso em: 05/08/2021 
32 <https://oglobo.globo.com/brasil/decreto-de-bolsonaro-permite-que-militares-da-ativa-ocupem-
cargos-publicos-por-tempo-indeterminado-1-25073978> Acesso em 20/08/2021 
33 <https://valor.globo.com/politica/noticia/2021/07/07/ministro-da-defesa-e-militares-repudiam-fala-
de-presidente-da-cpi-da-covid.ghtml> Acesso em 20/08/2021 
34 <https://oglobo.globo.com/politica/em-dia-de-votacao-de-pec-sobre-voto-impresso-bolsonaro-vai-
participar-de-desfile-de-blindados-no-planalto-25147857> Acesso em: 20/08/2021 
Departamento de DireitoCarolina de Campos Melo, Fernanda Pradal, Andrea Schiettini e José María Gomez, 
além de importantes pesquisadores e militantes de outras instituições a exemplo de 
Teresa Labruine, Carla Osmo, Eneá de Stutz e Almeida e Vera Vital Brasil. Em outubro 
será finalizado tal parceria com o envio do trabalho para a Comissão Interamericana de 
Direitos Humanos. 
Objetivos 
 O Objetivo da pesquisa PIBIC é analisar o negacionismo com os crimes 
de lesa humanidade, o revisionismo histórico e o apagamento oficial da memória 
pública sobre a ditadura militar brasileira que vêm sendo realizado desde a posse de Jair 
Bolsonaro. Além da produção de um material acadêmico que trate desse desmonte da 
justiça de transição, que vem ocorrendo nos últimos anos no Brasil, e assim, escancarar 
o deliberado apagamento das políticas de justiça de transição por parte do atual governo.

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