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UNIVERSIDADE DE CABO VERDE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM- ENSINO CLINICO VIII FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS 4º ANO – 1º SEMESTRE, ANO LETIVO 2021/2022 DOSSIER DO ENSINO CLINICO VIII: ENFERMAGEM SAÚDE MENTAL E PSIQUIATRIA Ilias Costa Praia, Fevereiro de 2022 UNIVERSIDADE DE CABO VERDE LICENCIATURA EM ENFERMAGEM- ENSINO CLINICO VIII FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS 4º ANO – 1º SEMESTRE, ANO LETIVO 2021/2022 DOSSIER DO ENSINO CLINICO VIII: ENFERMAGEM SAÚDE MENTAL E PSIQUIATRIA Discente: Ilias Costa Supervisor: Damiltom Rodrigues Praia, Fevereiro de 2022 Trabalho apresentado a Universidade de Cabo Verde, Faculdade de Ciências e Tecnologias como resultado final da unidade curricular Ensino Clinico VIII em Enfermagem Saúde Mental e Psiquiatria, tendo como supervisor Enfermeiro Damiltom Rodrigues Sumário I- INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 4 Objetivos Geral: .......................................................................................................................................... 4 Objetivo específicos: ................................................................................................................................... 5 1. FICHA DE MEDICAMENTO ............................................................................................................ 6 1.1. Plano de cuidado em relação ao medicamento ............................................................................... 7 2. REFLEXÃO CRÍTICA PESSOAL ..................................................................................................... 8 3. ESTUDO DE CASO ........................................................................................................................... 11 3.1. Dados de identificação do doente.................................................................................................11 3.2. Motivo de internamento ...............................................................................................................11 3.3. História atual da doença ...............................................................................................................11 3.4. Antecedentes pessoais ..................................................................................................................12 3.5. Antecedentes familiares ...............................................................................................................12 3.6. História Pessoal ............................................................................................................................12 3.7. Genograma ...................................................................................................................................13 3.8. Ecomapa .......................................................................................................................................14 3.9. Caracterização do utente segundo as Necessidades humanas Fundamentais de Virginia Henderson .................................................................................................................................................15 3.10. Exame mental ...............................................................................................................................18 3.11. Plano de cuidados – segundo Nanda 2018-2020 ..........................................................................20 II- Conclusão ............................................................................................................................................. 24 III- Referência bibliográfica ..................................................................................................................... 25 IV- ANEXOS .............................................................................................................................................. 26 I- INTRODUÇÃO O presente Dossiê foi elaborado no âmbito da unidade curricular ensino clinico em enfermagem saúde Mental e Psiquiatria (E.C-VIII) que integra o 4º ano de curso de licenciatura em enfermagem, sob a supervisão do enfermeiro Damiltom Rodrigues, que decorreu nos dias 02/01/2022 a 18/02/2022 no Serviço de Psiquiatria do Hospital Dr. Agostinho Neto - Extensão Trindade. Os problemas de saúde mental já representam cinco das dez principais causas de incapacidade em todo o mundo; chegando a quase um terço da incapacidade no mundo. Entre os principais contribuintes estão: depressão, abuso de substâncias, esquizofrenia e demência, etc. A saúde mental é essencial para a saúde e isso reflete-se na definição de saúde presente na Constituição da OMS: "Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não consiste apenas na ausência de doença ou enfermidade. É um direito fundamental do ser humano" (Plano Estratégico Nacional de Saúde Mental (PENSM). 2021-2025). As perturbações mentais têm custos económicos claros. As pessoas afetadas e as suas famílias ou cuidadores muitas vezes experienciam a redução da produtividade, tanto em casa (contexto familiar), como no trabalho (contexto laboral). A perda de salários (rendimento), combinados com a possibilidade de custos associados aos cuidados de saúde e a comportamentos de risco (e.g. dependência de substâncias ou atividades), podem afetar seriamente a situação financeira das pessoas com doença e das suas famílias, criando ou agravando a condição de pobreza (Plano Estratégico Nacional de Saúde Mental (PENSM). 2021-2025). A definição de enfermagem de Henderson, no que se refere à prática de enfermagem, mostra que a/o enfermeira/o, cuja principal função é ser a fornecedora direta de cuidados do doente, irá encontrar uma recompensa imediata na passagem da dependência para a independência do doente. A/o enfermeira/o deve fazer todos os esforços para compreender o doente quando lhe falta vontade, conhecimento ou força. No decorrer do ensino clinico foi proposto os seguintes objetivo em detrimento da competência a atingir durante o mesmo: Objetivos Geral: Integrar os conhecimentos teóricos específicos desta área que facilitam o desenvolvimento de capacidades de compreensão de diferentes problemáticas apresentadas por pessoas com perturbações psiquiátricas e o desenvolvimento de capacidades de ajuda específicas. Objetivo específicos: Assimilar os conteúdos lecionados anteriormente para melhor compreensão; Desenvolver conhecimentos suficientes no âmbito da saúde mental e psiquiatria; Desenvolver as competências anteriormente aprendidas; Realizar trabalhos com qualidade e eficácia a nível das atividades ocupacionais e terapêuticas Recolher dados credíveis e com qualidade para melhor compreensão do caso clinico a escolha; Desenvolver competências nas comunicações terapêuticas; Criar planos e estratégicas para a intervenção ao utente com perturbação mental. Neste dossiê conforme o guia proposto para elaboração do referido documento vai ser desenvolvido um estudo de caso clinico a um utente escolhido em seguida uma reflexão crítica pessoal, segue se ilustrado a ficha de medicamento seguindo as orientações devidamente solicita e pôr fim a conclusão e também em anexo as atividades desenvolvidas em grupos realizados no serviço. 1. FICHA DE MEDICAMENTO Idade do doente 31 anos; Género Feminino; Doença Esquizofrenia Catatónica Nome Farmacológico (nome químico genérico): Diazepam Grupo Farmacológico: é um ansiolítico do grupo dos Benzodiazepinicos de ação longa. Principais indicações: é utilizado na ansiedade severa, insônia, epilepsia, fraqueza musculares, vômitos provocados pela quimioterapia e no tratamento adjuvanteem pacientes que necessitam realizar procedimentos que precisam de anestesia, e coadjuvantes em transtornos psiquiátricos por exemplo, temos os pacientes esquizofrênicos. O motivo pelo qual se aplica ao utente em estudo é que a mesma apresentava um quadro de dor no membro inferior esquerdo que se encontrava edemaciado, o que causava dificuldades em dormir, a utente foi administrada analgesico para a dor e diazepam para a insonia. Modo de ação: Diazepam faz parte do grupo dos Benzodiazepinicos que possuem propriedades ansiolíticas, sedativas, miorrelaxantes, anti convulsivantes e efeitos amnésicos. Sabe-se atualmente que tais ações são devidas ao reforço da ação do ácido gama-aminobutírico (GABA), o mais importante inibidor da neuro transmissão no cérebro. Via de administração- Posologia habitual - Posologia Prescrita (indicar o que se aplica ao doente em questão) Via oral- 5 a 10mg-10mg (á noite). Toxicidade e /ou efeitos secundários e/ou contraindicações e ou critérios de vigilância: Contraindicação: diazepam não deve ser administrado a pacientes com hipersensibilidade aos Benzodiazepinicos ou a qualquer excipiente do produto, glaucoma de ângulo agudo, insuficiência respiratória grave, insuficiência hepática grave, síndrome da apneia do sono ou miastenia graves. Benzodiazepinicos não são recomendados para tratamento primário de doença psicótica. Eles não devem ser usados como monoterapia na depressão ou ansiedade associada com depressão, pela possibilidade de ocorrer suicídio nesses pacientes. Efeitos secundários possíveis: os efeitos secundários mais comumente citados são: cansaço, sonolência e relaxamento muscular, dificuldade para andar, fadiga, ansiedade, delírios, alucinações e boca seca, em geral, estão relacionados com a dose administrada. Esses efeitos ocorrem predominantemente no início do tratamento e geralmente desaparecem com a administração prolongada. Em relação ao doente em estudo ela apresenta dificuldades em movimentar, que é um dos sintomas da própria patologia. Relacionado com o farmaco utilizado a utente apresenta o risco de boca seca que é um dos efeitos adverso do farmaco. 1.1. Plano de cuidado em relação ao medicamento Tabela 1- plano de cuidado em relação ao medicamento Diagnóstico de Enfermagem segundo NANDA (2018-2020) Intervenção Avaliação/resultados esperados Deambulação prejudicada relacionada com edema do membro inferior. Autônomo: Promover mobilidade física; Assistir na mobilidade; Assistir no andar; Realizar massagem do membro lesionado; Referenciar para fisioterapia. É esperado promover no utente a articulação e musculatura. É esperado melhorar a eficiência neuromuscular e a função motora; É esperado minimizar os efeitos das alterações da mobilidade. Risco de boca seca relacionado ao agente farmacológico. Autônomo Explicar os feitos secundários do fármaco; Falar da importância da adesão a terapêutica no processo doença/cura; Informar sobre a importância de água neste processo e orientar a ingerir 2 a 3 litros de água por dia; Orientar a ingestão de frutas que produzem muita agua como (melancia, laranja, maca pera etc.); 8 2. REFLEXÃO CRÍTICA PESSOAL No âmbito da unidade curricular Ensino Clínico VII em enfermagem saúde mental e psiquiatria, foi proposto há elaboração de uma reflexão crítica pessoal, considerando a relevância psicoemocional, sócio profissional e de auto avaliação, dos aspetos significativos do Ensino Clínico. No decorrer desse ensino clinico foi varias experiência desenvolvidas do qual baseie para a construção da mesma, baseando nos conhecimentos que vem sido desenvolvidas ao longo do meu percurso acadêmico, pois será a minha visão nesta reflexão. E sobre os cuidados prestado em psiquiatria um dos aspectos que me despertou o interesse de pesquisar e recolher informações suficiente, que pudesse sustentar o meu argumento sobre as Atividades Ocupacionais Terapêuticas (AOT). Visto que está temática está diretamente ligada à atividade humana com o objetivo de dar ao indivíduo uma estruturação/ reestruturação do seu cotidiano e sua autonomia, gerando assim, qualidade de vida. Também permite ao profissional de saúde uma melhor observação do doente e a sua participação em atividade, assim como permite o estabelecimento de confiança entre o profissional de saúde e doente. Com isso queria entender mais sobre as AOT’s desde o seu conceito, o planeamento a sua aplicação, os seus benefícios na qualidade de vida dos utentes e o papel do enfermeiro. A doença mental e o sofrimento psíquico são fatores que isolam o indivíduo, passando a viver seu próprio mundo, partilhando-os menos com os outros Define-se AOT como atividade ou conjunto de atividades organizadas e sistemáticas que estruturam e dirigem o desempenho funcional do participante, enquadradas na relação interpessoal enfermeiro-cliente e na avaliação das necessidades humanas fundamentais (NHF), utilizando técnicas terapêuticas selecionadas e prescritas consoante o/s objetivo/s pretendido/s, com efeitos psicoterapêuticos, psicoeducacionais, psicomotricionais, psicossociais, socioterapêuticos, e espirituais, no sentido de promover, prevenir, habilitar, manter e/ou recuperar e desenvolver as habilidades da pessoa na obtenção do potencial máximo de desempenho, de autonomia e de satisfação nas suas 9 NHF, nas atividades de vida, na ocupação para a realização, e na recreação (Melo-Dias, 2014). A utilização da ocupação como atividade terapêutica estabelece uma dinâmica particular entre os seus três elementos nucleares: terapeuta-cliente-atividade. Em algumas situações, a atividade funciona como objeto intermediário entre o terapeuta e o cliente, noutras é o terapeuta que funciona como intermediário entre o cliente e a atividade, (Melo-Dias, 2014). As atividades de ocupação terapêutica em enfermagem de saúde mental e psiquiátrica têm como características fundamentais: O = Objetiva; C = Congruente; U = União; P = Prescrição; A = Adaptada; C = Consentimento; A= Acrescenta; O = Orientação. Os domínios em que as AOT podem ser clinicamente relevantes e decisivos para a reabilitação psicossocial do cliente são: Pessoal e Doméstico- atividades básicas de gestão pessoal, gestão do espaço pessoal e doméstico, treino de habilidades, etc. Recreação e de lazer- atividades de prazer, alegria e bem-estar, habitualmente feitas porque se quer, e não porque as temos de fazer. Expressão Pessoal- música, drama, psicomotricidade, jogos, artes plásticas Formação/Aprendizagem- Psicoeducação, educação para a Saúde. Relações Interpessoais- Dinâmica de grupos, resolução de problemas, treino de motivação, treinos de assertividade, reuniões (Melo-Dias, 2014). Os benefícios correlacionados com os objetivos específicos dos clientes são: Promoção da organização comportamental, a nível individual e grupal 10 Oferece sentido de utilidade social, “novo primeiro passo” para o retorno ao trabalho/família, ou descoberta de novos interesses ou aquisição da destreza necessária; Edificação da autoestima e autoimagem, despertando interesses; Ressocialização, responsabilidade e cooperação pelas atividades grupais; Redução dos comportamentos inapropriados/desadequados/problemáticos; Prevenção da deterioração Papel do Enfermeiro O papel terapêutico do enfermeiro em AOT’s contêm os demais requisitos básicos de intervenção na área científica da saúde, assegurando-se da eficiência e eficácia com pessoas com doenças mentais, nomeadamente excelentes competências interpessoais, familiaridade com os princípios das teorias de desenvolvimento e das terapias cognitivo-comportamentais, entusiasmo pelo trabalho, resiliência para gerir procedimentos minuciosos, bem como adaptá-losàs exigências situacionais, e ainda a capacidade de recolher dados comportamentais para processos de feedback e feedforward (Melo-Dias, 2014). De acordo com o parágrafo anterior falando do papel dos enfermeiros nas AOT´s, no serviço em que foi realizado esse ensino clinico, pude constatar que não se realizaram AOT´s pelos enfermeiros que tive a oportunidade de ser acompanhado, durante o período que se decorreu o ensino clinico, o que deixa muito a desejar de um serviço de psiquiatria, visto que as AOT´s tem um papel muito importante no tratamento dos doentes assim como na sua reabilitação na sua família e na sociedade. Em síntese, a aplicação de AOT’s nos doentes mentais firma-se como um importante instrumento que permite à pessoa desenvolver competências, identidade, habilidades físicas, emocionais e intelectuais necessárias à sua vida autónoma, num nível superior de bem-estar, e com a menor ajuda possível de profissionais de saúde. Também vê-se que o enfermeiro desempenha um papel fundamental para o sucesso dessa abordagem. Abordagem essa que vejo estar mais bem preparado em aplicar pós pesquisas e leituras sobre as AOT’s. 11 3. ESTUDO DE CASO No âmbito da unidade curricular Ensino Clínico VIII em Enfermagem Saúde Mental e Psiquiatria, que se integra o 1° semestre do 4º ano do curso de licenciatura em enfermagem, que teve a duração de cinco semanas, realizado no serviço da trindade, fomos propostos realizar um estudo de caso, com um utente a nossa escolha afim de criar condições e elaborar conjunto de planos e intervenções de acordo com a nossa capacidade de intervir para a melhoria e o progresso do utente em estudo. 3.1. Dados de identificação do doente Utente CFS de 31 anos de idade de sexo feminino, solteira, residente em Achada Limpo conselho da Praia freguesia de Nossa Senhora da Graça, filha de EMS e de AAF, com 6ª ano de escolaridade, segundo o relatório médico a mesma trabalhava anteriormente como empregada de uma loja (China) na cidade da Praia, tem uma filha de 11 anos que vive com o pai. Atualmente encontra-se sobre os cuidados dos profissionais de saúde do Hospital Universitário Agostinho Neto-Extensão Trindade. 3.2. Motivo de internamento Utente CFS deu entrada no serviço de psiquiatria do Hospital Trindade no dia 28 de dezembro de 2021, por volta das 12h00, proveniente de consulta externa, acompanhada pela sua irmã, com motivo de internamento mutismo, úlcera de pressão e negativismo. 3.3. História atual da doença A utente em estudo, com história de doença mental grave, esquizofrenia catatónica, condição crónica, permanente e incapacitante que teve início no ano de 2019. Após o início da doença a utente foi medicada e teve alta meses depois, contudo após dois meses, no dia 28 de dezembro de 2021 a utente veio trazida novamente pela irmã com um quadro de negativismo, mutismo e uma úlcera de pressão derivada da sua própria condição clínica e pelo déficit de cuidados por parte da irmã. Pelo fato da mesma precisar de cuidados dos terciários a irmã que é a única responsável pela mesma diz estar cansada e houve um desleixo em relação aos cuidados que a utente necessitava o que originou no desenvolvimento da úlcera. No momento segue o tratamento com Diazepam e olanzapina. Ao exame mental apresenta um quatro de mutismo, porém com reação ao estímulo doloroso e comunica 12 gestualmente, negativismo, alteração a nível da motricidade (Hipo atividade- redução de movimento expressivo), humor triste e embotamento afetivo. Devido a úlcera de pressão na coxa esquerda e anemia, a mesma está a seguir o tratamento com multivitamina, ácido ascórbico e complexo Bê. 3.4. Antecedentes pessoais Antecedentes médicos: não temos nenhuma informação sobre o mesmo. Antecedentes psiquiátricos: utente com quadro de esquizofrenia, com início no ano de 2019, com internação anterior no mesmo serviço. 3.5. Antecedentes familiares A informação que tivemos é que a mãe apresentava problemas mentais e que teve vários internamentos serviços de Psiquiatria de São Vicente. Em relação aos restantes familiares não tivemos outras informações. Pelo que se sabe das informações dadas pela sobrinha a utente não tem uma boa relação com os outros familiares, desde que os pais faleceram. A mesma perdeu o pai quando tinha 10 anos e a mãe quando tia 16 anos devido ao uso abusivo de álcool. A família tem histórico de uso abusivo de álcool, pelo que, assim como a mãe a utente também tem dois tios e um irmão que faleceram devido ao uso excessivo de álcool. 3.6. História Pessoal História pré e perinatal: Utente nasceu de um parto eutócico, de uma gravidez de termo. Infância e adolescência: Segundo informações da sobrinha a utente em estudo sempre foi uma criança muito reservada, não falava muito com as pessoas, nem com os próprios familiares, teve um crescimento e desenvolvimento normal onde cresceu com os pais e os irmãos. Estudou até o sexto ano. Fase adulta: depois que saiu da sua ilha natal, veio aqui para a cidade da Praia onde arrendou uma casa e vivia com a filha, depois foi morar com o pai da sua filha em Tarrafal, mas devido a sua doença e problemas na relação veio residir na cidade da Praia em São Paulo e depois com a irmã, o cunhado e os sobrinhos em Achada Limpo. Ela trabalhava como empregada numa loja. Personalidade previa: Segundo informações dada pela sobrinha, a utente em estudo sempre foi muito reservada, não gostava de falar muito com as pessoas. Saia as vezes 13 para discoteca, mas não fazia uso de nenhum tipo de bebidas alcoólicas ou outras drogas. 3.7. Genograma Legenda do Genograma: - Masculino - Feminino - Relação - Paciente em estudo - Doença mental - Relação conflituosa 14 3.8. Ecomapa Legenda do Ecomapa: Relação forte Relação fraca Sem relação Relação conflituosa ´ 15 3.9. Caracterização do utente segundo as Necessidades humanas Fundamentais de Virginia Henderson Tabela 2- Caracterização do utente segundo as Necessidades humanas Fundamentais de Virginia Henderson Necessidades Manifestações de dependência Manifestações de independência Necessidade de respirar Utente apresenta eupneica ao ar ambiente, sem alteração a nível respiratório. Necessidade de comer e beber Utente consegue fazer as suas refeições sem apoio dos terceiros, porém apresenta um peso muito abaixo para a sua altura e idade. E faz todas as suas refeições de acordo com o horário do serviço. Necessidade de eliminar Utente com dificuldades na mobilização, realiza as suas necessidades de eliminação com apoio parcial. Necessidade de movimentar-se e manter uma postura correta Utente deambula com ajuda parcial, mantém uma postura prostrada com flexão do pescoço, necessita de apoio para mobilizar-se no leito. 16 Necessidade de dormir e repousar Utente mantém um padrão de sono e repouso sem alteração. Necessidade de vestir e despir Utente necessita de ajuda parcial para vestir e despir- se no momento. Necessidade de manter a temperatura corporal Utente não apresenta alteração no padrão da temperatura corporal. Avaliado a temperatura corporal no momento do exame físico: 36.8ºC. Necessidade de estar limpa e proteger os tegumentos Utente com úlcera de pressão na coxa esquerda em processo de cicatrização, porém ainda apresenta uma pequena parte com tecido necrosado. Necessita de ajuda para realizar as suas higienes, pele apresenta ligeiramente desidratada e normocorada, edema nos membros inferiores (tornozelos) mais acentuado no tornozelo esquerdo. Necessidade de evitar perigos Utente com úlcera de pressão e dificuldade na marcha, não consegue manter um equilíbrio.Não tem a capacidade de se proteger contra algum 17 perigo visto que tem dificuldade em mobilizar- se. No momento encontra se com anemia e imunidade baixa o que faz com que fique mais vulnerável a muitas infeções. Necessidade de comunicar Utente com quadro de mutismo seletivo, porém comunica gestualmente. Segundo informações da sobrinha desde criança a utente em estudo era muito reservada. Necessidade de agir segundo as crenças e valores Segundo a informação da sobrinha a utente não pertence a nenhuma religião. Necessidade de ocupar-se de modo a sentir-se útil Utente que antes trabalhava numa loja chinesa, cuidava da casa e da filha, no momento encontra parcialmente imobilizada no leito. Demonstra resistência quando levada ao pátio para estar em contato com outros utentes. Necessidade de divertir- se e recrear-se Utente não participa das atividades ocupacionais terapêuticas devido a sua condição clínica. 18 Antes da doença saía as vezes para se divertir, mas sempre gostou de ficar em casa, segundo sobrinha da utente. Necessidade de aprender Utente com 6º ano de escolaridade, devido ao fato de a utente em estudo apresentar um quadro de mutismo, não conseguimos obter outras informações. 3.10. Exame mental Discrição geral: Apresentação: Utente com aparência cuidada, aspecto emagrecido e com higiene razoável, apresenta uma postura tensa e prostrada, expressão facial triste e pobre. Vontade: apresenta hipobulia e um quadro de negativismo. Aparência: idade aparente não vai de encontro com a idade cronológica. Contato/atitude: durante a observação a utente permaneceu sem fazer contato visual, com a cara sempre fixa no chão. Consciência: utente apresenta consciente, porém não se sabe quanto a orientação e atenção. Linguagem: utente com um quadro de mutismo, porém comunica gestualmente. Motricidade: a nível da motricidade apresenta-se alterado, com hipo atividade- redução da expressão facial e redução dos movimentos direcionados. Emoções/ Humor/ Afetividade: utente apresenta um estado de embotamento afetivo. Não apresenta indicadores suficiente para avaliar o humor. Pensamento: devido a situação clínica da utente não foi possível avaliar este item. Senso percepção: utente sem alteração a nível da senso percepção. Estrutura do eu, funções cognitivas – memória, concentração e inteligência, insight e julgamento: devido a situação clínica da utente não foi possível avaliar estes itens. 19 Funções Biológicas e vitais: utente apresenta aspeto emagrecido, sem alteração do sono, libido sexual conservada. Por apresentar um quadro de mutismo não se sabe se a mesma apresenta ideação suicida. 20 3.11. Plano de cuidados – segundo Nanda 2018-2020 Tabela 3- Plano de cuidados – segundo Nanda 2018-2020 Data/hora Diagnóstico Objetivo Intervenção Avaliação 28-01-2022 Integridade da pele prejudicada relacionada com a pressão sobre saliência óssea manifestada pela úlcera de pressão na região do trocânter. Evitar pressão sobre as saliências ósseas e prevenir lesões. Avaliar integridade da pele; Assistir na mobilidade no leito; Avaliar a evolução da ferida; Assistir na mobilização; Promover a mudança de decúbitos. Estas intervenções serão realizadas todos dias. 07/02/2022: Utente apresenta melhorias quanto a integridade da pele, apresenta ferida com boa cicatrização. 16/02/2022: Para além da úlcera já existente a utente não apresentou mais nenhuma lesão na pele. 28-01-2022 Deambulação prejudicada relacionada com a patologia, dor devido a úlcera de pressão localizada na coxa esquerda e edema periférico em ambos os pés. Que a utente consiga melhorar a deambulação. Diminuir o edema. Estimular a deambulação; Assistir na mobilização; Incentivar e ajudar a realizar exercício físico que vai ajudar no desenvolvimento dos músculos; Elevar os membros inferiores; Estas intervenções serão realizadas todos dias. 07/02/2022: Utente deambula com mais frequência e demonstra alguma melhoria na mobilização. 21 Administrar medicamento para dor segundo prescrição médica. 09/02/2022: utente continua com edema dos membros inferiores e deambula com ajuda. 16/02/2022: Utente deambula sem ajuda, porém necessita de uma ordem de comando e de estímulo para a fazer. Apresenta o membro inferior esquerdo ligeiramente edemaciado. 28-01-2022 Interação social prejudicada relacionada com barreira de comunicação/mutismo Que o utente socialize com os outros e estabeleça relação de confiança com os profissionais de saúde. Estabelecer confiança; Promover interação; Disponibilizar presença; Promover participação em atividades ocupacionais terapêuticas; Estimular a relação com os outros utentes. Estas intervenções serão realizadas todos dias. 05/02/2022: Utente demonstra maior disponibilidade quando abordada demonstrando alguma confiança e permanece por mais tempo no pátio. 22 07/02/2022: Foi estabelecido uma relação de confiança entre os estudantes e a mesma. 16/02/2022: Utente passa maior parte do dia no pátio. 28-01-2022 Déficit no autocuidado relacionada com os sinais/sintomas da doença manifestado pela mobilidade prejudicada. Que a utente tenha as suas necessidades de higiene e cuidados pessoais melhorada. Avaliar padrão de higiene oral; Ajudar a ganhar independência na realização das suas necessidades básicas; Estimular a ingestão de líquidos; Promover a hidratação. Estas intervenções serão realizadas todos dias. 05/02/2022: Utente com melhoria na higiene pessoal e cuidados pessoais. 16/02/2022: Utente apresenta melhoria na higiene e cuidados pessoais, porém necessita de ajuda para a realizar. 23 07/02/2022 Risco de boca seca relacionado ao agente farmacológico Prevenir boca seca Avaliar e vigiar os sinais de desidratação; Oferecer e incentivar a ingestão de líquidos cerca de dois a três litros de água por dia. Esta intervenção por ser de prevenção deve ser vigiada e realizada todos dias. 07/02/2022: Até o momento a utente não apresenta desidratação/ boca seca. 18/02/2022: Até o fim deste ensino clínico a utente não apresentou boca seca nem desidratação. 24 II- CONCLUSÃO Este ensino clinico foi bastante produtivo devido tal como em todos os outros ensinos clínicos, mais o que tornou este especial foi o fato de proporcionar aos estudantes desenvolverem competências autônomas, e o fato de exigir mais em termos de comunicação e observação visto que nesse serviço as intervenções começam desde a observação dos doentes e também pelo fato de a comunicação ser muito essencial nos cuidados dos utentes. Também no ensino clinico tivemos oportunidade de realizar várias Atividades Ocupacionais Terapêuticas (AOT), de forma que pudemos aprender mais sobre elas e trabalhar mais a nossa comunicação, partilhar conhecimentos e adquirir novos conhecimentos fruto das vivencias dos utentes em que participavam das AOT´s e também das dicas que o supervisor nos dava. Durante o ensino clinico tive algumas dificuldades na adaptação, visto que é um serviço muito diferente dos outros que avia estado antes, mas com o tempo e observando tudo que acontecia e das orientações dos enfermeiros e outros profissionais que ali trabalham consegue contornar essa dificuldade. No que diz respeito a minha trajetória neste EC, posso dizer que a minha prestação foi positiva, tanto em termos de procedimentos, comunicação, quanto em termos de comportamento, atitude, espirito de equipa e responsabilidade, os objetivos do EC foram na maioria alcançados. 25 III-Referência bibliográfica De Almeida Filho, A. J., Cardoso Moraes, A. E., & de Almeida Peres, M. A. (2009). Atuação do enfermeiro nos centros de atenção psicossocial: implicações históricas da enfermagem psiquiátrica. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste,10(2). Disponível em: https://www.redalyc.org acedido em 16/02/2022; Melo-Dias, C., Rosa, A., Pinto, A. (2014). Atividades de ocupação terapêutica – intervenções de enfermagem estruturadas em reabilitação psicossocial. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental (11), 15-23. Disponível em: http://docplayer.com.br acedido em 14/02/2022; Martins, E.M., Gouveia, M.C., Machado, A.P., Carvalho, P.S., Renca, P.F. (2021) Guia orientador de boas práticas de cuidados de enfermagem especializados na recuperação da pessoa com doença mental grave. Ordem dos Enfermeiros. Disponível em: https://www.ordemenfermeiros.pt acedido em 15/02/2022. Ministério da Saúde e Segurança Social. Plano Estratégico Nacional de Saúde Mental (PENSM). 2021-2025. https://www.minsaude.gov.cv https://www.redalyc.org/ http://docplayer.com.br/ https://www.ordemenfermeiros.pt/ https://www.minsaude.gov.cv/ 26 IV- ANEXOS Planificação De Atividade Ocupacional Terapêutica 1: JOGO DE PUZZLE Data: 25.01.22 Duração: 25 minutos Local: Hospital Trindade (Sala de Reunião) Responsável (eis): Ilias Costa, Keila Vieira, Leoline Mendes, Nelson Costa População alvo: Utentes internados no Hospital Trindade que apresenta déficit de concentração e hiperatividade Critério de inclusão: Doentes que apresentam hiperatividade, défice de concentração Critério de exclusão: Doentes que apresentam agressividade, Objetivos Metodologia/Estratégias Recursos Matérias/Humanos/Estruturais Avaliação Melhorar a concentração e atenção; Estimular a memória visual; Estimular o raciocínio lógico; Método participativo e interativo; Orientar para a execução e acompanhamento dos exercícios; Os dinamizadores irão explicar as regras e objetivos da atividade, iremos distribuir os puzzles e as dividas imagem que irão montar. Enfermeiros Sala disponível (nome) Puzzle Mesas e carteiras Com critérios mensuráveis:(grelhas de avaliação) 27 Grelha de registo dos indicadores de avaliação, atividade 1. Nome Participa no jogo até o fim? Participa no jogo até o final com interesse Foca na atividade Distrai com estímulo externo Consegue resolver o puzzle Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sem dificuldade Com dificuldade Não consegue executar OS X X X X X /EG X X X X X 28 Planificação De Atividade Ocupacional Terapêutica 2: Brincadeira do ovo na colher Data: 27/01/22 Duração: 30 minutos Local: No pátio do hospital da trindade Responsável: Ilias Costa, Keila Vieira, Leoline Mendes, Nelson Costa População alvo: Utente hiperativo e com déficit de concentração internados no hospital da trindade Objetivos Metodologias/estratégias Recursos Materiais/Humanos/estruturais Avaliação Melhorar a concentração e equilíbrio dos utentes; Diminuir a hiperatividade dos utentes; Proporcionar um momento de descontração; Participativo e interativo OS utentes vão fazer um trajeto de um ponto para outro com a boca segurando uma colher sobre o qual se equilibra o ovo cozido. Vai ser definido um ponto de partida e um ponto de chegada, os utentes terão que chegar sem deixar o ovo cair. Enfermeiros Pátio Colheres e ovos Com critérios mensuráveis:(grelhas de avaliação) 29 Grelha de registo dos indicadores de avaliação, atividade 2. Nomes Coordenação Motora Concentração Consegue levar o ovo até a meta Deixa cair o ovo; Participa na atividade até ao fim; Demonstra interesse na atividade; Percebe as orientações da atividade; Distrai com estímulos externos. Sem dificuldade Com alguma dificuldade Com muita dificuldade Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não OS X X X X X X G X X X X X X AT X X X X X X JG X X X X X X 30 Planificação De Atividade Ocupacional Terapêutica-3: Atividade de lançar a bola DATA: 29/01/2022 DURACAO: 15 min LOCAL: Pátio de Hospital da Trindade RESPONSÁVEIS: Ilias Costa, Keila Vieira, Leoline Mendes e Nelson Costa. POPULAÇÃO ALVO: doentes hiperativos, doentes com perturbações de ansiedade e doentes com déficit de concentração. CRITERIO DE EXCLUSÃO: utentes com transtorno bipolar afetivo (maníaco) Objetivos Metodológicas/estratégias Recursos Material/humanos/estruturas Avaliação Diminuir os efeitos extrapiramidais Promover a articulação e musculatura: (porção clavicular do deltoide, a porção clavicular do peitoral maior, e o coracobraquial extensores dos quadris, bíceps, tríceps, musculo tibial anterior, musculo gastrocnêmico, musculo extensor breve dos dedos, musculo sóleo entre outros). Melhorar a concentração; Diminuir a ansiedade; Promover a interação social. Método interativo e participativo; Os formadores vão explicar as regras e objetivo da atividade; Todos os utentes vão realizar um breve alongamento, depois vão formar uma roda juntamente com os enfermeiros, em que vão passando a bola de mão em mão No final vão efetuar de novo um breve alongamento. Pátio; Enfermeiros; Bola de basquetebol. Com critérios mensuráveis:(grelhas de avaliação) 31 Grelha de registo dos indicadores de avaliação, atividade 3. Nomes Coordenação Motora Concentração Consegue efetuar os movimentos com a bola. Consegue Efetuar o alongamento; Participa na atividade até ao fim; Demonstra interesse na atividade; Percebe as orientações da atividade; Distrai com estímulos externos. Sem dificuldade Com alguma dificuldade Com muita dificuldade Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não OS X X X X X X EG X X X X X X WS X X X X X X AG X X X X X X G X X X X X X] JG X X X X X X 32 Planificação De Atividade Ocupacional Terapêutica 4: Técnica de relaxamento (meditação guiada) Data: 31 de janeiro de 2022 Duração: 15 minutos Local: Pátio do Hospital da Trindade Responsáveis: Nelson Costa, Ilias Costa, Keila Vieira e Leoline Mendes Público alvo: Utentes internados no Hospital de Trindade, que apresentam ansiedade moderada, stress moderado, hiperatividade. Critério de exclusão: utentes com transtorno bipolar afetivo tipo 1 (maníaco). Objetivos Metodologias/estratégicas Recursos Materiais/humanas/estruturais Incentivar a participação dos utentes na atividade; Criar um ambiente calmo e de confiança; Melhorar a concentração; Diminuir os sintomas da ansiedade; Método participativo/interativo Iniciar, providenciando um ambiente calmo (eliminar todos os fatores de distração como a circulação de outros utentes, profissionais e ruídos) e de confiança (através da explicação em que consiste a técnica de relaxamento); Pedir ao doente para ficar numa posição em que sente confortável, (sentado ou deitado); Pedir para fecharem os olhos e tentarem focar naquele momento e prosseguimos para a colocação de uma música relaxante com frases motivacionais durante 10 minutos; Por fim, pedir para mexerem as pontas dos dedos (das mãos e pés) suavemente, abrir os olhos e ficarem de pé. Estudantes de enfermagem do 4 ano; Pátio do Hospital da Trindade; Coluna; Pendrive (músicas relaxantes) 2 Esteiras; 5 almofadas; 33 Grelha de registo dos indicadores de avaliação, atividade 4. NomesParticipa na atividade até ao fim; Demonstra interesse na atividade Percebe as orientações da atividade; Distrai com estímulos externos. SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO OS X X X X EG X X X X ET X X X X AT X X X X AG X X X X G X X X X 34 Planificação De Atividade Ocupacional Terapêutica 5: Caça PALAVRAS Data: O2.02.22 Duração: 25 minutos Local: Hospital Trindade (Sala de Reunião) Responsável (eis): Ilias Costa, Keila Vieira, Leoline Mendes, Nelson Costa População alvo: Utentes internados no Hospital Trindade que apresenta déficit de concentração e hiperatividade Critério de inclusão: Doentes que apresentam hiperatividade, déficit de concentração Critério de exclusão: Doentes que apresentam agressividade, maníacos, doente bipolar Objetivos Metodologia/Estratégias Recursos Matérias/Humanos/Estruturais Avaliação 1. Melhorar a concentração e atenção; 2. Estimular a memória visual; 3. Melhorar a capacidade de observação; 4. Estimular o raciocínio lógico, e a aprendizagem; Método participativo e interativo; Orientar para a execução e acompanhamento dos exercícios; Os dinamizadores irão explicar as regras e objetivos da atividade, iremos distribuir folhas com várias palavras misturadas em que os utentes tem que descobrir as palavras escondidas. Enfermeiros Sala disponível (nome) Folha de caça palavras. Mesas e carteiras Com critérios mensuráveis:(grelhas de avaliação) 35 Grelha de registo dos indicadores de avaliação, atividade 4. Nome Participa no jogo até o fim? Participa no jogo até o final com interesse Foca na atividade Distrai com estímulo externo Consegue atingir objetivo do jogo sem dificuldade? Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não AM X X X X X PG X X X X X IB X X X X X EG X X X X X EM X X X X X 36 Planificação De Atividade Ocupacional Terapêutica 6: Jogo de Futebol DATA: 04/02/2022 DURACAO: 15 min LOCAL: Pátio de Hospital da Trindade RESPONSÁVEIS: Ilias Costa, Keila Vieira, Leoline Mendes e Nelson Costa. POPULAÇÃO ALVO: doentes hiperativos, doentes com perturbações de ansiedade e doentes com déficit de concentração. CRITÉRIO DE EXCLUSÃO: utentes com transtorno bipolar afetivo (maníaco Objetivos Metodológicas/estratégias Recursos Material/humanos/estruturas Avaliação Diminuir os efeitos extrapiramidais Promover a articulação e musculatura: (porção clavicular do deltoide, a porção clavicular do peitoral maior, e o coracobraquial extensores dos quadris, bíceps, tríceps, musculo tibial anterior, musculo gastrocnêmico, musculo extensor breve dos dedos, musculo sóleo entre outros). Melhorar a concentração; Promover a autoestima; Diminuir a ansiedade; Promover a interação social. Método interativo e participativo; Os formadores vão explicar as regras e objetivo da atividade; Os utentes vão realizar um breve alongamento depois os utentes vão participar na atividade, formando duas equipas e jogarem entre si com o objetivo de introduzir a bola na baliza contraria. Na fase final os doentes vão realizar um breve alongamento. Pátio; Enfermeiros; Bola de futebol. Com critérios mensuráveis:(grelhas de avaliação) 37 Grelha de registo dos indicadores de avaliação atividade 6. Nomes Coordenação Motora Concentração Consegue efetuar os movimentos com a bola. Consegue Efetuar o alongamento; Participa na atividade até ao fim; Demonstra interesse na atividade; Percebe as orientações da atividade; Distrai com estímulos externos. Sem dificuldad e Com alguma dificuldade Com muita dificuldad e Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não OS X X X X X X G X X X X X X AM X X X X X X AT X X X X X X EG X X X X X X 38 Planificação De Atividade Ocupacional Terapêutica 7: Técnica de relaxamento (meditação) Data:10/02/22 Duração: 20 minutos Local: Hospital trindade no pátio Responsável: Keila Vieira, Leoline Mendes, Ilias Costa, Nelson Costa População alvo: Doentes internado no hospital da trindade Critério de inclusão: Doentes que apresentam ansiedade, hiperatividade, déficit de concentração, Critério de exclusão: Doentes com delírios e alucinações, agressividade. Objetivos Metodologias/Estratégias Recursos materiais/humanos/estruturais Avaliação Diminuir os efeitos extrapiramidais dos medicamentos; Proporcionar um ambiente calmo e de confiança; Melhorar a concentração; Diminuir a ansiedade. Método participativo e interativo Explicar aos utentes os objetivos da atividade Meditação; Iniciar providenciando um ambiente calmo, vamos solicitar aos utentes que sentam-se de forma confortável; Colocaremos música para meditação no fundo, os utentes vão fechar os olhos e vamos guiar a meditação. . Enfermeiros Cadeiras Coluna Música Água Através de indicadores mensuráveis 39 Grelha de registo dos indicadores de avaliação, atividade 7. Nomes Participa na atividade até o final. Demonstra interesse na atividade Percebe as orientações da atividade Distrai com estímulos externos. Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não IB X X X X DN X X X X PS X X X X JG X X X X G X X X X 40 Planificação De Atividade Ocupacional Terapêutica 8: Palavras cruzadas Data: 14.02.22 Duração: 25 minutos Local: Hospital Trindade (Sala de Reunião) Responsável (eis): Ilias Costa, Keila Vieira, Leoline Mendes, Nelson Costa População alvo: Utentes internados no Hospital Trindade que apresenta déficit de concentração e hiperatividade Critério de exclusão: Doentes que apresentam agressividade, maníacos, doente bipolar Objetivos Metodologia/Estratégias Recursos Matérias/Humanos/Estruturais Avaliação Melhorar a concentração e atenção; Melhorar a capacidade de observação; Estimular o raciocínio lógico, e a aprendizagem; Método participativo e interativo; Orientar para a execução e acompanhamento do jogo Os dinamizadores irão explicar as regras e objetivos da atividade, iremos distribuir a folha com palavras cruzadas, onde os participantes tem de descobrir as palavras certas para preencher o jogo com base na orientação ilustrada, Enfermeiros Sala disponível (nome) Folha de palavras cruzadas Mesas e carteiras Com critérios mensuráveis:(grelhas de avaliação) 41 Grelha de registo dos indicadores de avaliação, atividade 8. Nome Participa no jogo até o fim? Participa no jogo até o final com interesse Foca na atividade Distrai com estímulo externo Consegue atingir objetivo do jogo sem dificuldade? Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não IS X X X X X ID X X X X X JC X X X X X 42 Planificação De Atividade Ocupacional Terapêutica 9: alongamento Data: 18.02.22 Duração: 25 minutos Local: Hospital Trindade (Pátio) Responsável (eis): Ilias Costa, Keila Vieira, Leoline Mendes, Nelson Costa População alvo: Utentes internados no Hospital Trindade que apresenta déficit de concentração e hiperatividade Critério de inclusão: Doentes que apresentam hiperatividade, défice de concentração Critério de exclusão: Doentes que apresentam agressividade, maníacos, doentes bipolares Objetivos Metodologia/Estratégias Recursos Matérias/Humanos/Estruturais Avaliação Diminuir os efeitos extra piramidais Estimular no bem estar físico e psicológico Método participativo e interativo; Orientar para a execução e acompanhamento do jogo Osdinamizadores irão explicar os objetivos e as regras da atividade (em anexo as orientações do alongamento e os músculos utilizados na atividade física) Enfermeiros Agua Com critérios mensuráveis:(grelhas de avaliação) 43 Grelha de registo dos indicadores de avaliação atividade 9. Nomes Participa no jogo até o fim? Participa no jogo até o final com interesse Foca na atividade Distrai com estímulos externo Consegue atingir objetivo do jogo sem dificuldade? Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não IB X X X X X GJ X X X X X PS X X X X X DG X X X X X DF X X X X X 44 PLANO DA SESSAO EDUCATIVA Projeto No midjora nos pratica: Um kuidadu seguru e de qualidade Tema Contenção fisica em doentes no serviço de psiquiatria Data 18.02.22 Local Serviço Psiquiatrico Tempo previsto 45 min Formadores responsáveis Ilias Costa, Keila Vieira, Leoline Mendes e Nelson Costa. Convidado (s) Enf Damilton, João, Odete Mota Grupo alvo Enfermeiros Objetivos geral Refletir sobre cuidados de enfermagem na contenção fisica. 45 Ação Objetivos especificos Conteúdos Metodologia Recursos Atividades dos formandos Avaliação Duração Introdução / acolhimento Apresentacao dos formandos e da tematica Breve contextualização da tematica) Interrativo e participativo Humanos: Formadores e formandas Expor os seus conhecimentos acerca das seguintes questões: Quado que devemos colocar um doente na contenção fisica ? Quais os cuidados a ter na conteção fisica ? Avaliar os seus conhecimentos acerca do tema 3 Interrativo e participativo Interativa 46 Desenvolvimento Refletir sobre os cuidados de enfermagem na conteção fisica antes durante a após Cuidados de enfermagem na conteção fisica Data show Computador Atadura de crepe participativa/ interativo Quado que devemos colocar um doente na contenção fisica ? Avaliar os formandos atraves de seus interreses 10 Conclusão Sintetizar os principais aspetos abordado; Sintese da sessão por completo Interrativo e participativo Expor dúvidas e opiniões Resumo sessão abordada 2 47 Revisão da literatura I. Abordagem de enfermagem na contenção física em psiquiatria A contenção física se refere ao uso da força do profissional e a contenção mecânica ao uso de qualquer instrumento, que possa restringir a capacidade de um indivíduo cuidar de si e locomover-se. Por vezes apresentam o mesmo sentido: emprego de dispositivos que limitam a capacidade do indivíduo no autocuidado e impedem a locomoção. (Backes, Beuter, Venturini, Benetti, Bruinsma, Perlini, Oliveira, 2019) Contenção física é qualquer ação ou procedimento que impeça o movimento livre do corpo de uma pessoa para uma posição de escolha e/ou acesso normal ao seu corpo pelo uso de qualquer método, anexado ou adjacente ao corpo de uma pessoa que ela não possa controlar ou remover facilmente. Vai desde de aplicar os freios em uma cadeira de rodas ou levantar as grades da cama, até usar uma restrição abdominal (Möhler, Nürnberger, Abraham, Köpke, e Meye,2016; Bleijlevens, Wagner, Capezuti e Hamers, 2016; citado por Bruijn, Daams, Hunnik, Arends, Boelens, Bosnak, Meerveld, Roelands, Munster, Verwey, Figee, Rooij e Zombando, 2020). Ainda a 'contenção' pode abranger o uso de força corporal (contenção física) ou um dispositivo para controlar a liberdade de movimento de uma pessoa (contenção mecânica) (Roperet, 2015, citado por Kinner, Harvey, Hamilton, Brophy, Roper, McSherry e Young, 2016). A contenção física é um procedimento utilizado na clínica psiquiátrica em situações de emergência caracterizadas pela manifestação de comportamento agressivo ou agitação psicomotora do paciente, quando esta não puder ser resolvida pela abordagem verbal (Paes & Maltun, 2012). 48 II. Indicações para contenção física O uso da contenção física é indicado quando o paciente apresenta extrema agitação e risco à integridade física. Mesmo assim, antes da realização desse procedimento a equipe que o atende deve avaliar amplamente a situação para tomar a melhor conduta, como, por exemplo, a forma adequada de abordagem e a utilização de recursos humanos e físicos de modo a dar segurança ao paciente e à equipe durante a contenção física (Paes & Maltun, 2012). As restrições físicas e farmacológicas são utilizadas quando o paciente apresenta comportamento que compromete sua própria segurança e que pode causar graves lesões físicas ou mentais, ou comprometer a segurança de outras pessoas ou seja comportamentos como andar e fazer barulhos repetitivos ou perturbadores até comportamento agitado e agressivo ou até mesmo suicídio (Möhler, Nürnberger, Abraham, Köpke, e Meye,2016; Möhler, Richter, Köpke, Meyer, 2011; Kales, Gitlin, Lyketsos, 2015; Zuidema, Smalbrugge, Bil, Geelen, Kok, Luijendijk, 2018; citado por Bruijn, 2020 ). Segundo Vieta, Garriga, Cardete, Bernardo, Lombrana, Blanch, Catalã, Vázquez, Soler, Ortuño e Martínez-Arán1, (2017), a contenção física deve ser utilizada somente quando as medidas menos restritivas como modificações ambientais e descalada verbal não resultar, podem ser complementadas por opções mais restritivas que incluem tratamento farmacológico. Ainda os mesmos autores frisam que as modificações ambientais têm como objetivo garantir o conforto físico do doente e reduzir os estímulos externos (fatores irritantes como luz, ruído, correntes de ar frio ou quente). A remoção de todos os objetos que possam ser potencialmente perigosos e a manutenção de uma distância segura ideal para respeitar o espaço pessoal do paciente também devem ser realizadas. Enquanto a desescalada verbal é uma técnica interativa e complexa é um processo dinâmico em que o doente é orientado para um estado de calma enquanto a relação terapêutica é estabelecida (Richmond et al, 2012, citado por Vieta et al, 2017). Tem por objetivos restabelecer o autocontrole do doente; introduzir limites comportamentais claros; garantir a segurança do doente, equipe e demais usuários do sistema de saúde; alcançar uma aliança terapêutica com o doente que permita a realização de uma avaliação diagnóstica adequada; assegurar o envolvimento do doente em seu próprio processo de tomada de decisão terapêutica; e reduzir a hostilidade e agressividade, 49 prevenindo possíveis episódios de violência (Zeller SL, Rhoades, 2010; Richmond et al, 2012, citado por Vieta et al, 2017). Vieta et al,( 2017), defendem que a contenção física deve ser considerada excepcional e um último recurso quando outras estratégias falharam, pois essa abordagem pode resultar em resultados negativos para o doente (incluindo efeitos negativos na saúde física e mental). Segundo Da Silva. et al. (2016) as indicações para contenção física é a última opção na intervenção num doente da psiquiatria, tais como: A contenção física/mecânica está indicada quando, em virtude de agitação psicomotora, confusão mental, auto e heteroagressividade; Imobilização para prevenção de quedas após sedações; Alto risco de degradação do ambiente; Por solicitação do próprio utente quando houver risco de agitação psicomotora; Em procedimentos como exames ou tratamentos essenciais, nos casos em que o interno/paciente não colaborar. Para evitar quedas, seja em crianças, pacientes agitados, semiconscientes, inconscientes ou demenciados, drogados ou em síndromes de abstinência; Pacientes em risco de fuga e auto-extermínio. As intervenções de enfermagem na prevenção e gestão da agressividade encontram-se associadascom as três fases da violência e da agressividade, sendo elas denominadas de: fase de relativa normalidade, fase de pré-agressão e fase de ataque (Townsend, 2011). 50 Fase de relativa normalidade Na primeira fase, a intervenção centra-se na observação do cliente, a fim de identificar um potencial agressivo através de comportamentos manifestados ou sinais de alarme, tal como: postura corporal e facial tensa, desconforto intenso, voz elevada, contato ocular intenso ou evitamento, agitação psicomotora, comportamentos passivo-agressivos, rubor facial, ameaças físicas ou verbais, alteração do conteúdo do pensamento, ansiedade, pânico conduzindo-se assim a uma intervenção precoce (Townsend, 2011). Também consideradas as intervenções mais adequadas na problemática da agressividade nas unidades de internamento de saúde mental passa pelo recurso a medidas preventivas, tais como as técnicas comunicacionais de inversão da escalada ou “de-escalation techniques” (Duxbury, 2002 citado por Ferreira & Florindo, 2011). Sendo estas técnicas iniciadas ainda numa fase precoce e com um intuito preventivo, elas devem ser mantidas como medidas de suporte ao longo de toda a intervenção, inclusive noutras fases de maior potencial agressivo. Fase de pré-agressão Na segunda fase, existe um potencial agressivo instalado, onde compreende intervenções como divergir, distrair e defletir o cliente, ou seja, redirecionar a agressividade para outros alvos através, da realização de intervenções psicoterapêuticas, por exemplo, no contexto do sociodrama, a técnica inversão de papéis apresenta-se como “a técnica mais importante e frequente” (Abreu, 2006, p.40). Desta forma, esta técnica proporciona a vivência do papel do outro, como também o emergir de dados sobre o próprio papel que, sem este distanciamento, não haveria essa possibilidade (Ramalho, 2010). E poderão ser utilizadas técnicas no âmbito cognitivo-comportamental, tais como: o controlo da raiva e técnicas de redução de stress (Townsend, 2011). Fase de ataque Na terceira e última fase, na qual existe a manifestação de um comportamento agressivo compreendendo intervenções como: a contenção ambiental, contenção física, contenção mecânica e contenção farmacológica (Townsend, 2011). 51 Remetendo para a problemática deste relatório e considerando a agressividade como uma manifestação inadequada de um sentimento que pode gerar dano em si próprio ou em outros, a intervenção do enfermeiro irá centrar-se em parceria com o cliente, na identificação de fatores precursores de comportamentos agressivos e no desenvolvimento de estratégias individualizadas, a fim de permitir uma expressão de sentimentos inerentes a esses comportamentos, tais como a raiva e a frustração, embora manifestados por comportamentos socialmente aceites (ISPMHN, 2010). III. Cuidado de enfermagem na contenção física O cuidado de enfermagem é visto na sua integralidade e se baseia em conteúdos conceituais e experimentados em teoria e prática, levando a reflexões sobre a qualidade de seu desenvolvimento. O cuidado não se caracteriza somente pelos procedimentos técnicos desenvolvidos pelo profissional, mas leva em consideração sua postura, olhar, gestos, a forma de tocar no paciente. Assim, deve ser desenvolvido com o intuito de ajudá-lo a manter sua dignidade e condição humana nos momentos de fragilidade (SILVA, 2005) As manifestações de agitação e agressividade que são visualizadas em psiquiatria, maioria por pacientes sob efeito de substâncias psicoativas ilícitas. Ressalta-se que é difícil prever quando o paciente apresentará comportamento agressivo e violento, entretanto, são poucos os que realmente constituem perigo genuíno. Esse medo, algumas vezes inconsciente, que os profissionais de saúde sentem ao atender a uma pessoa com transtorno mental, interfere na avaliação do paciente, tanto pela equipe médica, como pela da enfermagem (Paes,2009) O resultado dessa condição é o uso excessivo de sedação e a contenção física como primeiro procedimento a ser realizado (Paes,2009). Ainda o mesmo autor frisa que diante da apresentação de episódios de agressividade, existem três medidas cabíveis de intervenção para garantir a segurança do paciente e da equipe que o atende: Contenção verbal, Contenção química 52 Contenção física no leito Ressalta que a contenção verbal deve ser a primeira estratégia a ser utilizada e, para sua efetividade, o profissional deve oferecer segurança, ajuda e compreensão ao paciente. Conforme Paes,(2009) um dos cuidados que a equipe de enfermagem pode realizar com pacientes, que eventualmente apresentem alteração de conduta e agressividade, é tentar avaliar se esse comportamento tem relação com o ambiente. O enfermeiro, ao perceber essa situação, pode utilizar sua competência gerencial do cuidado e intervir nesse ambiente conforme a dinâmica da unidade e reconhecer que a ação de enfermagem apropriada nessas situações é a prevenção do comportamento, que poderia culminar na necessidade de contenções físicas e sedação. As contenções físicas em psiquiatria utilizam-se com maior frequência na restrição de movimento dos membros superiores e inferiores com ataduras, e a outra com enfeixamento da maior parte do corpo com tecido de algodão cru (PAES, 2007). Cabe ressaltar que ao mesmo tempo em que a contenção física ou a restrição de movimentos pode significar segurança, ação protetora, ela pode funcionar como forma de atemorização e punição, pois alguns profissionais a utilizam para subjugar os pacientes, descaracterizando esse procedimento como cuidado (PAES, 2007). O mesmo autor afirma que para adequar o uso das contenções físicas, a equipe de enfermagem precisa se preocupar com as características que envolvem o procedimento: o material a ser utilizado, da real necessidade, se há outras possibilidades, o que pode ser listado em protocolos de atendimentos, tomar o hábito de anotar toda a sequência realizada no procedimento. Um dos cuidados após a contenção física é a reavaliações frequentes (de trinta em trinta minutos) visando identificar lesões e/ou edemas e a necessidade da manutenção da contenção. Se necessário alternar locais de contenção (Da Silva. et al. 2016). Apesar de as indicações serem consensuais entre os especialistas, as evidências empíricas de que a contenção física seja uma intervenção segura e eficaz são insuficientes. A abordagem por meio da contenção deve garantir a segurança, bem como manter a 53 dignidade individual do paciente, uma vez que o uso dessa técnica pode gerar efeitos físicos e psicológicos nocivos (Araújo, et. 2010). Fazer o registro fidedigno no prontuário do doente do momento da realização da contenção, a justificativa pela qual o doente foi contido, registrar os sinais vitais e demais padrões clínicos, o tempo de emprego da contenção, e as possíveis intercorrências resultantes, a exemplo de um possível edema de membro ( Enns E, Rhemtulla, 2014; Gagnon, 2013; Huang, 2014; citado por Backes et al, 2019). Informar o doente o motivo da contenção e ter mais oportunidade de cumprir as opções alternativas de tratamento, deve ser explicado que a contenção não é uma punição, mas visa garantir sua segurança. O monitoramento geral da contenção física deve incluir a observação direta do doente a cada 15 minutos durante as primeiras duas horas e depois a cada hora até que a contenção seja removida. Mudança de posição do paciente a cada hora e os dispositivos de retenção devem ser reposicionados para reduzir o risco de úlceras de pressão e promover a circulação e a cabeceira do leito deve estar sempre em um ângulo de 30 graus (Vieta et al, 2017). Durante todo o período de contenção, as necessidades básicas do doente devem ser atendidas incluindo alimentação, hidratação, higiene, eliminação, mobilização ativo-passiva,postura, alinhamento corporal, bem-estar físico e emocional, mantendo privacidade e comunicação frequente com o doente (Vieta et al, 2017). II. Cuidados de enfermagem após a contenção física a. Consequências da contenção Há vários danos potenciais associados à contenção como: a desnutrição, escaras, incontinência, contraturas, quedas, bem como deterioração mental e piora do comportamento que foi o motivo para usar a contenção em primeiro lugar (Gemert, Koopman, Overmars, Scholten, Sterk ,2013; Heinze, Dassen, Grittner,2012, citado por Bruijn, Daams, Hunnik, 54 Arends, Boelens, Bosnak, Meerveld, Roelands, Munster, Verwey, Figee, Rooij e Zombando, 2020). Backes et al, (2019) afirmam que ainda podem ocorrer lesões por pressão, redução do nível de força muscular dos membros, implicações ao bem-estar e segurança; agressividade, quedas, sofrimento psíquico, má nutrição e incontinência urinária. O uso de contenção também é conhecido por ter um impacto psicológico negativo nos pacientes, provocando sentimentos de medo ou raiva, bem como sentimentos de constrangimento e a experiência de perda da dignidade (Kruger, Mayer, Haastert, Meyer, 2013; Heinze, Dassen, Grittner,2012, citado por Bruijn, Daams, Hunnik, Arends, Boelens, Bosnak, Meerveld, Roelands, Munster, Verwey, Figee, Rooij e Zombando, 2020) Kinner et al (2016), vão mais longe ao afirmarem que a reclusão e a contenção provavelmente causariam danos, incluindo violação de direitos humanos, comprometimento da confiança terapêutica e potencialmente causar ou desencadear traumas passados. Aplicação correta de restrições para pessoas severamente agitadas pacientes. Imagem original por Skylar Burchatz com permissão A contenção física traz riscos e é passível de ocorrência de lesões físicas, tanto no paciente quanto na equipe, por isso ela deve ser empregada depois de esgotadas todas as possibilidades de abordagem ao paciente. Quando tais abordagens não surtirem efeito e os procedimentos restritivos forem empregados, eles devem ser adequados, desenvolvidos com rigor técnico e mantidos por um breve espaço de tempo a fim de que surta o efeito terapêutico desejado de maneira segura e eficaz, evitando danos e complicações aos envolvidos: paciente e equipe (Paes, Castro, & Kalinke, 2013) 55 b. Segundo a normativa do Ministério de Saúde de Portugal (2007), aponta que os enfermeiros devem: a) Vigiar com periodicidade não superior a 15-30 minutos, sinais de alteração circulatória e perfusão dos tecidos que possam resultar de compressão pelas respetivas faixas. b) Efetuar prevenção de acidentes tromboembólicos. c) Posicionar o doente em decúbito dorsal, com a cabeça levemente elevada e os membros superiores posicionados de forma a permitir o acesso venoso. Sempre que necessário deve ser utilizado um posicionamento alternativo, nomeadamente, em decúbito lateral. d) Fazer alternância de decúbitos para prevenção de úlceras devido à imobilização. e) Manter a comunicação com o doente no âmbito do seu processo terapêutico. f) Vigiar frequentemente os parâmetros vitais e analíticos do doente. g) Proceder ao exame físico periódico do doente. h) Hidratar o doente em caso de sedação prolongada. i) Reavaliar a necessidade de manutenção da contenção física no decurso de um período máximo de duas horas, repetindo-a pelo menos com esta periodicidade. j) Retirar a contenção física de acordo com a eficácia da medicação e a avaliação do estado clínico do doente. k) Registar, obrigatoriamente, no processo clínico do doente os motivos e as particularidades da contenção física, especificando o que antecedeu a necessidade do procedimento, o insucesso de outras medidas e os eventos inesperados. Durante todo o período de contenção, as necessidades básicas do doente devem ser atendidas incluindo alimentação, hidratação, higiene, eliminação, mobilização ativo-passiva, postura, alinhamento corporal, bem-estar físico e emocional, mantendo privacidade e comunicação frequente com o doente (Vieta et al, 2017). A contenção por um longo período pode resultar em vários problemas de saúde, dependendo do mecanismo adotado e do doente. 56 57 Fluxograma orientadora da sessão O que vocês nos digam ou pensam sobre a pratica de contenção no serviço da psiquiatria? Introdução Contextualização da sessão educativa Abordagem de contenção física CUIDADOS ENFERMAGEM ANTES CONTENÇÃO FISICA Falar sobre Agressividade (Fases) Falar sobre contenção verbal, química I. Comunicação terapêutica Questionar sobre quando deve colocar um doente na contenção física? É fácil impor a comunicação? Dicas e estratégias de que devem fazer Desenvolvimento CUIDADOS APOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM CONSEQUENCIAS DA CONTENCAO. I. Agora o que devemos fazer enquanto enfermeiros? 58 59 Referencias bibliográficas SILVA, A.T.M.C.(2005). A saúde mental no PSF e o trabalho de enfermagem. Rev. bras. enferm. v.58, n.4, Ago. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- 1672005000400006&lng=en&nrm=is0> Acesso em: 08.02.22 PAES,M.R.(2009).Cuidado de enfermagem ao paciente com comorbidade clínico- psiquiátrica no pronto atendimento de um hospital geral. ( Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós- Graduação em Enfermagem, Área de Concentração).Curitiba Araújo EM, et. Al. Inquérito sobre o uso de contenção física em um hospital psiquiátrico de grande porte no Rio de Janeiro. J Bras Psiquiatria. 2010;59(2):94-8. Acedido em: 08- 02-2022. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0047-20852010000200003 Da Silva, EM. et al. 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