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FORMA TRIDIMENSIONAL 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4 2 ESTUDOS TEÓRICOS E PRÁTICOS .................................................................... 5 2.1 A Arte Rupestre ................................................................................................ 5 2.2 A Art Brüt .......................................................................................................... 7 2.3 Referências Artísticas ....................................................................................... 8 2.4 O construtivo e o orgânico ................................................................................ 9 2 REPRESENTAÇÕES TRIDIMENSIONAIS .......................................................... 12 2.1 A Evolução das Técnicas de Representações Tridimensionais ......................... 12 2.2 Aplicações Multidisciplinares das Representações Tridimensionais .............. 12 2.3 A Importância das Representações Tridimensionais na Era Moderna ........... 13 2.4 A Expressão Plástica ...................................................................................... 14 2.5 Espaços bidimensionais e tridimensionais ...................................................... 14 3 ELEMENTOS E RELAÇÕES FORMAIS .............................................................. 19 3.1 Elementos Visuais: ......................................................................................... 20 3.1.1 Relações Formais ............................................................................................ 20 3.2 Recursos para pensar o ensino de artes visuais: elementos do processo de criação e aprendizagem significativa ......................................................................... 21 3.3 Reflexões sobre a escultura e seu contexto de criação .................................. 23 4 EXPERIÊNCIA VISUAL ........................................................................................ 28 4.1 Leitura de ilustrações ...................................................................................... 31 4.2 Cultura visual .................................................................................................. 33 5 ORGANIZAÇÃO DA FORMA ............................................................................... 34 5.1 O estudo do pensamento estético-artístico ..................................................... 37 5.2 A arte e a estética ........................................................................................... 38 5.3 A função da Arte ............................................................................................. 39 5.4 A arte e o pensamento teórico ........................................................................ 41 3 6 ESPAÇO TRIDIMENSIONAL ............................................................................... 42 6.1 Princípio geométricos no período renascentista ............................................. 44 6.2 A contemporaneidade dimensional ................................................................. 47 7 TÉCNICAS E MATERIAIS EXPRESSIVOS ......................................................... 49 7.1 Fundamentos Conceituais e Caraterização do Projeto ................................... 52 7.2 Evolução da arquitetura e engenharia ............................................................ 52 7.3 Arquitetura Moderna nos Estados Unidos (1.949) .......................................... 53 8 CARACTERIZAÇÃO DA FORMA TRIDIMENSIONAL ........................................ 57 8.1 Análise de imagens ........................................................................................ 59 8.2 Imagem vetorial .................................................................................................. 59 8.3 Imagem "raster" .............................................................................................. 60 8.4 Estratégias de seguimento de imagem ........................................................... 61 8.5 Processamento de Imagens ........................................................................... 62 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 65 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 ESTUDOS TEÓRICOS E PRÁTICOS A interação entre teoria e prática nas artes é dinâmica e enriquecedora. Muitas vezes, os artistas se aprofundam na teoria para ampliar sua compreensão do mundo ao seu redor, buscam inspiração em movimentos artísticos, contextos culturais e teorias críticas. Em seguida, aplicam esse conhecimento na produção de obras que desafiam, questionam ou reinterpretam as teorias, contribuem assim para o cenário artístico. Adicionalmente, os estudos teóricos nas artes frequentemente fomentam diálogos críticos que enriquecem a apreciação da arte, oferecem ferramentas para a análise e interpretação das obras. Enquanto isso, a prática artística dá vida à teoria, demonstra como as ideias podem se concretizar de maneira emocional e impactante. Mediante exemplos provenientes de diversas disciplinas artísticas, será ressaltada a importância de reconhecer a complementaridade dessas duas abordagens, uma vez que ambas desempenham um papel vital no desenvolvimento das artes e na nossa compreensão da experiência humana. Nas sessões relacionadas a referências artísticas, Fraga (2012) concentrou-se em analisar o trabalho de alguns pintores. Isso não deve ser interpretado como uma preferência pessoal, mas sim como uma escolha baseada na afinidade encontrada entre o autor e artistas. O autor também enfatiza que reconhece a existência de outros artistas importantes e que a produção artística é vasta. Ele admite que ainda há muito conteúdo para explorar, não apenas no trabalho de alguns pintores, mas também na obra de artistas contemporâneos que abordam temas similares. 2.1 A Arte Rupestre Segundo Proença (2009), a Arte Rupestre teve seus primeiros registros após o período Paleolítico, associados aos “Homens de Neander” ou “Neanderthais,” entre os períodos 35.000 a 40.000 anos atrás. Antes disso, não há registros documentados desse tipo de expressão artística. As descobertas arqueológicas revelaram pinturas, gravuras e artefatos artesanais nas superfícies de tetos e paredes de grutas escuras, principalmente nas partes mais profundas das cavernas. Essas obras apresentam cores vibrantes em 6 uma variedade de tons claros e escuros, deixam uma forte impressão nos observadores. Elas tinham a intenção de representar a natureza ou aspectos da vida cotidiana dos povos pré-históricos, especialmente durante suas atividades de caça. Esses simbolismos refletem uma dimensão artística que tinhaconotações mágicas, pois eram considerados rituais de boa sorte pelos habitantes das cavernas. Acredita-se que essas representações visuais eram parte da preparação do grupo para tarefas cruciais para a sobrevivência. Esses antigos artistas rupestres usavam sua habilidade e inteligência para expressar ideias por meio de materiais que podiam ser trabalhados ou manipulados, transformaram assim a criação artística em uma atividade que envolvia tanto destreza quanto criatividade (FRAGA, 2012). Conforme Proença (2009, p.10): As tintas usadas foram criadas especialmente a partir de misturas feitas com terra, argila, ossos cremados, carvão vegetal, sangue de animais, gordura e excrementos. As cores como o vermelho é conseguido com o óxido de ferro; e o preto, de dióxido de manganês ou carvão vegetal. Um exemplo notável de pintura rupestre é encontrado na Caverna de Altamira (figura 1), localizada na Espanha. Destaca-se uma representação de um bisonte que impressiona não apenas pela sua dimensão, mas também pelo realismo e pela sensação de volume conseguida através do uso da técnica de claro-escuro. Figura 01 — Arte Rupestre, Bisonte, Caverna de Altamira (Espanha) Fonte: https://shre.ink/nzfs https://shre.ink/nzfs 7 Na vida dos homens pré-históricos, a arte desempenhava um papel fundamental ao lado do desejo de preservar e transmitir informações relevantes para a comunidade local e aqueles que pudessem estar interessados na caça, ao mesmo tempo, em que tinha conotações religiosas. Para esses habitantes das cavernas, criar arte era como estabelecer um registro visual de como deveriam conduzir suas caçadas, como se fosse uma forma de prever o futuro. Esses vestígios artísticos são inestimáveis como documentos históricos, fornecem testemunhos autênticos da vida do homem em tempos remotos e de culturas que já não existem. Hoje, em museus e galerias, ainda podemos encontrar artefatos artísticos que demonstram como, antes do desenvolvimento da escrita, os seres humanos pré- históricos usavam cerâmica, ferramentas de pedra, ossos de animais e, posteriormente, metais. Esses materiais eram empregados para cavar, esculpir e criar sulcos nas pedras das cavernas, contribuem assim para o desenvolvimento da arte rupestre em suas paredes. 2.2 A Art Brüt Segundo o artista Georges Fall, no livro “Dubuffet, Lé Museé de Pocheé” (1957), a expressão “Art Brüt,” que em português significa “Arte Bruta,” foi concebida por Jean Philippe Arthur Dubuffet, um artista plástico nascido em Le Havre, Paris, em 31 de julho de 1901. Dubuffet se destacou como um crítico contundente da cultura predominante de sua época. Ele rejeitou a ideia de que a arte deveria se preocupar principalmente com a estética ou servir apenas para retratar a realidade visual. Seu estilo artístico enfatizava um processo de criação que era deliberado e desafiador. Ao invés de abraçar o abstracionismo e sua abordagem impulsiva, Dubuffet preferiu uma forma de arte que fosse mais primitiva e bruta em sua essência. Conforme mencionado por Fall, o termo “Art Brüt” foi cunhado em 1945 para descrever uma forma de arte que se originava da livre expressão de criadores independentes, livres das influências oficiais de estilo e da conformidade com as tendências vanguardistas e as imposições do mercado de arte. Essa corrente artística era vista por Dubuffet como uma manifestação pura e original da arte. A concepção desse termo surgiu após viagens de pesquisa realizadas por Dubuffet pela França e Suíça, onde ele explorou novas formas de expressão artística. Ao retornar, ele mesmo reestabeleceu sua carreira como pintor, que havia abandonado por vários anos. 8 As preocupações de Dubuffet com a arte bruta estão intrinsecamente ligadas ao contexto artístico europeu após 1945 e ao movimento do chamado “informalismo”. Nessa abordagem, trabalhou com considerável liberdade técnica e utilizou uma variedade de materiais. Sua maior satisfação estava na exploração da matéria bruta, experimentou texturas com cores e materiais diversos, sem se preocupar com a expressividade ou a representação figurativa. À medida que seguia esse caminho, Dubuffet também incorporou elementos como areia, gesso, asas de borboleta e resíduos industriais em suas obras, criou assemblages intrigantes. Dubuffet é uma figura central associada à ideia de arte bruta, atua como mentor e teórico desse movimento. Ele também distinguiu a arte bruta como “arte psiquiátrica” e arte naïf, enfatiza que, na arte bruta, os artistas criavam livre e exclusivamente para seu próprio uso pessoal. (FALL, 1957). 2.3 Referências Artísticas Um dos artistas que tem influenciado particularmente o trabalho da pessoa é Frans Krajcberg. De acordo com Justino; Krajcberg (2005), A Tragicidade da Natureza pelo Olhar da Arte, Krajcberg defende a ideia de que a arte é uma forma que dá destaque ao aspecto sensível, constitui uma maneira especial de abordar as profundas dimensões da vida, que podem ser divididas em visíveis e invisíveis. Ele acredita que o sensível cria sua própria lógica e que a arte representa uma forma de revelar e transcender essas dimensões. Ela é vista como um universo que existe entre dois mundos em constante mutação. Nas obras de Krajcberg, é possível observar linhas divisoras onde o mundo visível se encontra com o invisível, e a interação entre esses dois aspectos cria um espaço que cativa os sentidos, rompe com rótulos simplistas e apressados em seu trabalho. Diversos movimentos artísticos da arte moderna desempenharam um papel significativo na evolução do design moderno e contemporâneo. É importante lembrar que, no final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, a pesquisa em relação à linguagem visual, inclui formas e cores, tornou-se uma preocupação central para os pintores, na maioria devido ao surgimento da fotografia (CAMPOS, 2010). Os artistas questionaram amplamente a representação do mundo real, que era caracterizada por elementos ilusionistas e aspectos tridimensionais na pintura. Esse movimento começou com os impressionistas, que abandonaram temas históricos e 9 mitológicos para se concentrarem na pesquisa sobre como as cores e as formas interagem sob a influência da luz. Os cubistas, por sua vez, optaram por temas e objetos cotidianos mais reconhecíveis, como instrumentos musicais e itens do dia a dia, para facilitar a compreensão do público. Isso lhes permitiu concentrar suas investigações na representação de formas em superfícies planas e bidimensionais. As colagens cubistas e dadaístas também se originaram desse desejo de explorar essa abordagem (CAMPOS, 2010). Nesse período, os artistas estavam cientes de que o papel da arte, especificamente a pintura, passava por uma transformação em relação aos paradigmas e padrões anteriores. Eles sintonizaram suas pesquisas na linguagem visual da pintura e na expressão bidimensional. Muitas dessas investigações encontram eco no design gráfico contemporâneo. 2.4 O construtivo e o orgânico A produção escultórica moderna que abraça a abstração se divide, essencialmente, em duas correntes distintas. Uma delas está voltada para o uso da tecnologia e para o modernismo mais avançado, representada por artistas como Moholy-Nagy, Anton Pevsner, Naum Gabo e Tatlin, entre outros. Esses escultores trabalhavam com elementos como linhas, fios, placas e chapas, utilizavam materiais inovadores para a época, como metais, plásticos, vidros e componentes elétricos, com uma abordagem construtiva. A outra corrente escultórica mantém uma conexão com as tradições artesanais e o savoir-faire. Nesse caso, artistas como Constantin Brancusi, Hans Arp e Henri Moore permaneceram fiéis ao uso de materiais tradicionais como madeira, pedra e mármore. Essa abordagem da escultura enfatiza o volume e desenvolve formas orgânicas, curvilíneas e sensuais(CAMPOS, 2010). Esses dois segmentos da escultura moderna, o construtivista e o orgânico, desempenharam papéis fundamentais no desenvolvimento do design tridimensional moderno e contemporâneo. O design funcionalista moderno, por exemplo, deu prioridade à linha construtiva e geométrica. As pesquisas que envolvem novos materiais industriais, com foco na linha e no plano como elementos estruturais para 10 objetos tridimensionais, influenciaram diretamente o design funcionalista na criação de peças industriais em larga escala. A tendência escultórica orgânica, que havia sido menos explorada pelo design moderno, ressurgiu com maior ênfase no design pós-moderno. Isso se manifestou por meio de linhas sinuosas, volumes arredondados e construções assimétricas, elementos que, até algumas décadas atrás, não se adequavam bem aos requisitos de reprodutibilidade e universalidade preconizados pelo design funcionalista, mas que encontraram espaço nas tendências de design mais alinhadas com uma diferenciação em relação ao racionalismo do design funcionalista (CAMPOS, 2010). As obras de Brancusi, Moore e Arp servem como referências para o design tridimensional contemporâneo que explora formas orgânicas. Esses artistas, através de suas pesquisas e criações, influenciaram a criação de formas abstratas que não se referem explicitamente a objetos específicos, bem como formas que fazem alusão a objetos reconhecíveis. Suas contribuições resultaram em uma ampla variedade de “tipos” e “protótipos” formais, que, devido à sua natureza essencial, desdobraram-se em inúmeras possibilidades e variações. Não é coincidência que Brancusi tenha dedicado grande parte de sua pesquisa à forma do ovo, Moore à forma do corpo feminino e Arp a formas orgânicas que evocam amebas, moluscos e elementos da natureza. Essas formas são consideradas universais e fundamentais na natureza, equiparáveis conceitualmente aos elementos geométricos, como o quadrado, o triângulo e o círculo (CAMPOS, 2010). No cenário contemporâneo, surgem constantes inovações que desafiam as coisas como são e reconfiguram as relações interpessoais e de serviço. Essa era contemporânea é caracterizada pela capacidade de questionar e reformular conceitos preexistentes, introduz tanto novas quanto antigas indagações. Isso resulta em uma necessidade inevitável de adaptação em várias disciplinas socioculturais, que inclui o design (ALVES, 2020). O design, diretamente associado à interdisciplinaridade, ao acesso à informação globalizada e ao avanço tecnológico, precisa responder às complexas demandas e processos da sociedade contemporânea. Diante desse contexto, o estudo do design exige abordagens mais sofisticadas e estratégias que permitam uma exploração abrangente sem sacrificar a profundidade do tema. Já estão em 11 andamento novas abordagens que buscam redesenhar como a disciplina é concebida e aplicada no contexto contemporâneo e complexo (ALVES, 2020). Algumas pessoas ainda mantêm essa perspectiva, mas, como mencionado anteriormente, o design é uma profissão em constante evolução, intrinsecamente ligada à linguagem semiótica e aos fatores sociais fundamentais. No cenário contemporâneo, caracterizado pela complexidade e velocidade das mudanças, os designers frequentemente assumem um papel mais ativo na elaboração dos briefings apresentados pelos clientes. Isso se deve, na maioria, à disseminação generalizada das ferramentas técnicas utilizadas pelos designers. Em outras palavras, à medida que a população em massa passou a ter acesso às tecnologias envolvidas na produção de materiais de design, tornou-se ainda mais relevante a capacidade do designer em construir conceitos sólidos e adquirir especialização nas esferas cultural, imagética, acadêmica e experimental (ALVES, 2020). Em suma, estes estudos teóricos e práticos, torna-se evidente a interligação e a importância intrínseca entre essas duas abordagens no campo das artes. Ao longo desta exploração, foi possível constatar que as disciplinas artísticas, sejam elas visuais, musicais, cênicas ou literárias, florescem quando os estudos teóricos e práticos trabalham em conjunto. Os artistas, estudiosos e entusiastas das artes encontram um alicerce nas teorias para compreender o mundo ao seu redor, buscam inspiração em movimentos artísticos, contextos culturais e teorias críticas. Essa compreensão teórica serve como base para a criação de obras que desafiam, questionam e reinterpretam essas teorias, enriquecem assim o panorama artístico. Ao mesmo tempo, os estudos teóricos em artes alimentam diálogos críticos que enriquecem a apreciação da arte, fornecem ferramentas para análise e interpretação das obras. A prática artística, por sua vez, traz vitalidade à teoria, demonstram como as ideias podem se materializar de maneira emocional e impactante. Este estudo destaca a complementaridade dessas duas abordagens, reconhecem que ambas desempenham papéis vitais no florescimento das artes e na compreensão da experiência humana. É primordial que todos a se aprofundarem nessa exploração dos estudos teóricos e práticos em artes, na esperança de enriquecer a apreciação das manifestações culturais e criativas que continuam a 12 enriquecer a cultura. No p´roximo módulo será abordado as representações tridimensionais. 2 REPRESENTAÇÕES TRIDIMENSIONAIS 2.1 A Evolução das Técnicas de Representações Tridimensionais: Ao longo da história, as representações tridimensionais passaram por uma evolução notável, impulsionada pela constante busca do ser humano por meios mais eficazes de expressar e compreender o mundo ao seu redor. Antigamente, os artistas recorriam à escultura em pedra, argila e madeira para criar representações tridimensionais de objetos, pessoas e paisagens. Essas formas de arte exigiam habilidades excepcionais e paciência para esculpir cada detalhe realista. No entanto, com o avanço da tecnologia, surgiram novas ferramentas e técnicas que revolucionaram a maneira como as representações tridimensionais são criadas. A modelagem digital, por exemplo, permitiu que artistas e designers criassem objetos 3D de maneira virtual, manipula formas e texturas com facilidade e precisão. Isso não apenas acelerou o processo de criação, mas também abriu portas para a exploração de conceitos impossíveis de serem concretizados fisicamente. 2.2 Aplicações Multidisciplinares das Representações Tridimensionais As representações tridimensionais têm aplicações em uma ampla gama de disciplinas. Na arquitetura, arquitetos e designers usam maquetes 3D para visualizar projetos e comunicar suas ideias aos clientes. Na medicina, a impressão 3D é usada para criar modelos precisos de órgãos humanos para fins de treinamento e planejamento cirúrgico. Na indústria cinematográfica, a computação gráfica 3D permite a criação de mundos imaginários e personagens fantásticos que cativam o público. Além disso, a representação tridimensional é uma ferramenta poderosa na pesquisa científica. Os cientistas usam modelos 3D para estudar moléculas e estruturas complexas, permitem uma compreensão mais profunda de fenômenos naturais e processos biológicos. 13 2.3 A Importância das Representações Tridimensionais na Era Moderna Na sociedade moderna, as representações tridimensionais desempenham um papel vital no avanço da criatividade humana e na solução de problemas complexos. Elas capacitam designers, engenheiros, artistas e cientistas a visualizar conceitos abstratos e transformá-los em realidade. Além disso, essas representações desempenham um papel fundamental na comunicação, tornam conceitos complexos acessíveis a um público mais amplo. As representações tridimensionais são uma parte integrante de nossa vida cotidiana, com um impacto profundo em muitos campos. Sua evolução contínua e aplicações multidisciplinaresrefletem a capacidade inata da humanidade de inovar e explorar novos horizontes em sua busca por compreender e representar o mundo tridimensional que nos rodeia. A história da humanidade sempre esteve intrinsecamente ligada à arte desde tempos remotos. A civilização grega antiga, por exemplo, manifestou um profundo interesse pela educação e pela expressão artística desde seus primórdios. Em sua obra “A República,” Platão abordou a importância da educação tradicional e ancestral, destaca o apreço pelas diversas formas de manifestação artística, com ênfase especial na música e na ginástica. Esse interesse precoce pela relação entre educação e arte na infância remonta a uma longa tradição que perdurou ao longo dos séculos. “Depois da música, é na ginástica que se devem educar os jovens” (PLATÃO, 2001, p. 136). No século XVIII, Schiller, por meio de uma abordagem pedagógica, destacou a relevância das artes na educação e introduziu o conceito pioneiro de educação estética. Já na década de 1940, Herbert Read ganhou destaque, principalmente durante o período da Segunda Guerra Mundial, quando enfatizou a importância da educação artística. “Educar pela Arte é Educar para a Paz”, (REIS, 2003, p. 13). No contexto da Educação Artística, a interação com a obra de arte assume um papel central. Em contraposição às fases do desenvolvimento cognitivo propostas por Piaget (1896 – 1980), Housen (1979), citada por Reis (2008) identifica estágios de desenvolvimento estético que se originam da maneira como o indivíduo reage e interpreta uma obra de arte. 14 Nos anos 1970 do século XX, o ensino artístico passou por um processo de oficialização. No contexto da reforma do sistema educativo, promovida pelo Ministro Veiga Simão em 1971, Madalena Perdigão liderou uma Comissão Consultiva encarregada da Reforma do Ensino no Conservatório Nacional. Nesse mesmo ano, foi estabelecida a Escola Piloto para formar professores para o Ensino Artístico, ampliar áreas como Música, Dança, Teatro, bem como professores de Educação pela Arte (BATE, 2017). 2.4 A Expressão Plástica De acordo com Sousa (2003), a corrente da Educação pela Arte em Portugal adotou o termo “Expressão Plástica” para se referir à forma de expressão que envolve a criação por meio da manipulação e alteração de materiais plásticos. Sousa (2003) salienta que a expressão plástica representa essencialmente uma abordagem pedagógica distinta, na qual o foco não está na criação de obras de arte, mas sim na criança, no desenvolvimento de suas habilidades e na satisfação de suas necessidades. Essa abordagem educacional pode ser incorporada tanto nas aulas e ateliês de artes plásticas quanto pode constituir uma terceira área de intervenção educacional, por exemplo, através de jogos que estimulam a criação e a expressão plástica. Além disso, ela não envolve julgamentos de valor sobre se uma obra é “boa” ou “má”, “bonita” ou “feia”. O que importa é o ato expressivo em si, não o resultado da produção plástica. Conforme enfatizado pelo mesmo ator trata-se de “expressão” plástica, não de produção plástica, e sim o espaço o qual se insere. 2.5 Espaços bidimensionais e tridimensionais A menção ao espaço nos leva a pensar em naves espaciais, estações espaciais, no sistema solar e no vasto cosmos. No entanto, os artistas também se dedicam a explorar o espaço, mas este é o espaço que está aqui, na Terra. Conforme será explorado neste capítulo, os artistas empregam uma variedade de técnicas que podem criar a ilusão de um espaço infinito. Ao mesmo tempo, eles conseguem controlar a quantidade de espaço que pode perceber-se. O espaço pode ser reduzido a praticamente o plano da imagem, pois qualquer elemento em uma obra de arte sugere alguma noção de espaço. É importante 15 ressaltar que tudo isso é uma ilusão na arte bidimensional, mas se torna um aspecto muito real na arte tridimensional, na qual a profundidade é uma consideração fundamental. Garantidamente, o espaço é uma preocupação constante para todos os artistas, e eles devem encontrar maneiras consistentes de lidar com ele (OCVIRK, 2014). A compreensão e utilização do espaço evoluíram significativamente ao longo dos anos. As imagens mais antigas, especialmente do sul da Europa, revelam uma preocupação mínima com a ilusão do espaço, com figuras frequentemente sobrepostas de maneira aleatória. No entanto, no Antigo Oriente Médio, uma ordem plana e hierárquica tornou-se importante, a qual destaca-se eventos ou indivíduos significativos por meio de variações de tamanho. Ao longo dos séculos, o desejo de apresentar imagens de forma mais realista levou a descobertas como a perspectiva cônica, a fotografia e o uso de filmes para registrar objetos em movimento, com as imagens geralmente criadas a partir de um único ponto de vista e exibidas em formato bidimensional. No entanto, na atualidade, artistas e designers contemporâneos têm à disposição ferramentas como computadores e mídias digitais que permitem a criação de obras impensáveis há apenas algumas décadas (OCVIRK, 2014). Eles projetam ambientes que possibilitam a interação do observador com a imagem, permitem o deslocamento em um contexto em tempo real. Para um artista, a importância do espaço reside em sua função, e é fundamental ter uma compreensão básica de suas implicações e uso. É importante observar que, neste capítulo, a discussão sobre o espaço não se restringirá às artes gráficas, como desenhos, pinturas e gravuras, pois os conceitos fundamentais também podem ser aplicados a muitas outras técnicas, como vídeo, imagens geradas por computador, escultura e instalações. Enquanto na arte pictórica o espaço é uma ilusão e será tratado como um “produto” dos elementos, nas artes tridimensionais, como escultura, cerâmica, joalheria, arquitetura e várias instalações, o espaço realmente existe e será considerado um elemento essencial (OCVIRK, 2014). 16 Percepção espacial As percepções de espaço são moldadas pelas experiências com o mundo ao ao redor. A visão é um processo que não se limita à simples captura visual pelos olhos; ela é, também, uma experiência cognitiva que envolve complexas respostas neurobiológicas e cerebrais. Ao observar o ambiente, os olhos continuamente direcionam a atenção, alternam entre dois tipos de visão: a visão estereoscópica e a cinestesia. Dado que os olhos estão ligeiramente afastados um do outro, eles percebem simultaneamente duas imagens levemente distintas do campo visual. O termo "estereoscópico" refere-se à habilidade de combinar mentalmente essas imagens ligeiramente diferentes para criar uma única imagem tridimensional, permite avaliar distâncias (OCVIRK, 2014). Por outro lado, a visão cinestésica permite explorar o espaço por meio dos movimentos dos olhos e corpos. Ao examinar a superfície (ou superfícies) de um objeto a olho nu, tentar reconhecê-lo, move-se os olhos ao longo do objeto para organizar suas partes individuais em uma composição coesa. Vale ressaltar que objetos próximos exigem movimentos oculares mais intensos do que objetos distantes, e essa atividade cinestésica dos olhos contribui para a percepção visual global. Principais tipos de espaço Os artistas têm a capacidade de sugerir dois tipos distintos de espaço em suas obras: o espaço decorativo e o espaço plástico. ➢ O espaço decorativo: se concentra principalmente na altura e largura, com pouca profundidade. Ele é resultado de um tratamento superficial das superfícies das imagens ou elementos, que parecem estar limitados ao plano bidimensional da tela ou do desenho, sem uma preocupação significativa em criar a sensação de profundidade espacial. ➢ Espaço plástico: se refere à manipulação ou modelagem que cria a ilusão de tridimensionalidade. Nesse contexto, o espaço plástico pertence ao ambiente onde os objetos sãoposicionados. Os artistas colocam os objetos no espaço 17 plástico de acordo com suas intenções e emoções para uma determinada situação. Há uma ampla variedade de tipos de espaço disponíveis para o artista, que podem ser categorizados com base na profundidade envolvida. ➢ Espaço raso: é empregado quando o artista deseja criar alguma sensação de profundidade, mas, ao mesmo tempo, limitar a sensação de profundidade dentro da composição visual. Esse tipo de espaço é comum em vistas internas, naturezas-mortas e várias obras não figurativas, onde diferentes graus de profundidade limitada são utilizados. Pode-se comparar o espaço raso às vistas de um palco, onde o espaço é delimitado pelas paredes laterais e de fundo, e todos os objetos ou figuras na composição que podem aparecer em contextos teatrais costumam ser representados com pouca profundidade ou raso. Os métodos empregados pelos artistas para representar o espaço na arte são tão interconectados que tentar analisá-los todos de forma isolada seria impraticável e inconclusivo. Além disso, tal abordagem poderia dar a impressão de que a arte segue uma fórmula predefinida. Portanto, a discussão se concentrará nos conceitos espaciais fundamentais (OCVIRK, 2014). A compreensão do espaço, que se origina em experiências objetivas, é enriquecida, interpretada e ganha significado através do uso da intuição. A organização do espaço ocorre quando os artistas discernem o equilíbrio adequado e o posicionamento ideal, selecionam as forças essenciais para alcançar uma totalidade e unidade na obra de arte. Esse processo, em última análise, não é apenas uma questão intelectual, mas também uma questão de instinto ou resposta subconsciente. Dado que a subjetividade desempenha um papel fundamental na criação do espaço, fica claro que enfatizar uma fórmula (neste caso ou em qualquer outro) poderia restringir a criatividade. A arte, como resultado da expressão criativa humana, depende das percepções e interpretações pessoais. Assim como outros elementos artísticos, o espaço é utilizado de acordo com a experiência subjetiva do artista. Pode ser aplicado de forma espontânea ou planejada, utiliza fórmulas e métodos rígidos ou adota uma abordagem estritamente intuitiva. Portanto, os métodos de criação de espaço discutidos neste capítulo são estratégias frequentemente usadas que produzem efeitos espaciais específicos (OCVIRK, 2014). 18 Tamanho O tamanho é frequentemente empregado como um indicativo de proximidade ou distância na representação visual. Em geral, quando objetos de tamanhos diferentes estão posicionados em relação ao observador, interpretam os maiores como mais próximos e os menores como mais distantes. Por exemplo, se dois barcos a vela estão separados por uma distância de 100 metros, o barco mais próximo parecerá maior em relação ao outro (OCVIRK, 2014). A interpretação usual não se limita apenas a um barco grande e o outro pequeno, embora esse fator possa influenciar na percepção. Em vez disso, compreender essa diferença de tamanho como resultante de embarcações de aproximadamente o mesmo tamanho localizadas em diferentes distâncias em relação ao observador. No entanto, é importante notar que esse conceito de espaço não é universalmente aplicável. Em alguns estilos de arte, o tamanho maior pode ser utilizado para denotar importância, poder e força, em vez de indicar apenas a localização espacial. Artistas e observadores frequentemente partem do pressuposto de que a linha do horizonte, que serve como ponto de referência, está alinhada com os olhos do observador. Portanto, a posição dos objetos é avaliada em relação a essa linha do horizonte. A base do plano da tela (ou do desenho) é considerada o ponto visual mais próximo, e a altura dos olhos em relação à linha do horizonte indica a distância no espaço. Essa abordagem parece ser instintiva, resultante da exposição contínua ao mundo real, e persiste mesmo quando se observa obras de arte altamente abstratas e não figurativas (OCVIRK, 2014). A alternativa seria considerar o plano da tela como uma superfície completamente plana, desprovida de ilusão espacial, e medir as distâncias entre elementos visuais apenas como o que é mensurável na superfície plana (sem tratamento de volumes). No entanto, é difícil ver uma pintura dessa forma, mesmo quando se tenta disciplinadamente, pois isso exigiria abandonar inteiramente as intuições espaciais que desenvolvem por meio de experiências. Outra maneira de sugerir espaço na arte é através da sobreposição de objetos. Se um objeto cobre parte da superfície visível de outro, geralmente se interpreta o primeiro como mais próximo. A sobreposição é um indicador poderoso de 19 profundidade espacial, muitas vezes predominam sobre outros indicadores. Por exemplo, uma bola menor colocada à frente de uma bola maior pode parecer mais próxima, apesar de seu tamanho menor. Escolhas relacionadas a cor, valor tonal e textura podem ser usadas para exagerar ou minimizar os efeitos espaciais das figuras sobrepostas (OCVIRK, 2014). Se as diferenças de cor, valor ou textura forem mínimas, as áreas sobrepostas podem se fundir, o que cria um espaço raso ou ambíguo. O movimento artístico futurista, por exemplo, costumava criar espaços rasos ou ambíguos através da sobreposição de múltiplas imagens do mesmo objeto em diferentes posições. As representações tridimensionais desempenham um papel fundamental nas diversas esferas da arte, do design, da engenharia à ciência. Elas permitem descrever objetos e cenários de maneira que se possam percebê-los como se estivessem inseridos no mundo real, levam em consideração suas dimensões em altura, largura e profundidade. As variadas técnicas e ferramentas utilizadas para criar representações tridimensionais, desde as abordagens tradicionais de escultura até as avançadas tecnologias de modelagem digital. Essas representações têm impacto em áreas tão diversas quanto a arquitetura, a indústria cinematográfica, a medicina e muito mais. As representações tridimensionais são importantes na promoção da criatividade humana e na resolução de problemas complexos. É essencial reconhecer que a compreensão do espaço é intrinsecamente ligada às experiências pessoais e intuições individuais, e isso se reflete nas obras de arte que foram criadas e apreciadas. A percepção do espaço é moldada por fatores como a sobreposição de objetos e a relação entre tamanho e proximidade. Por fim, o mundo das representações tridimensionais é vasto e diversificado, e continua a evoluir com avanços tecnológicos e mudanças culturais. Portanto, ao explorar esse mundo de dimensões adicionais, é inevitável o enrequecimento do entendimento do mundo moderno e ampliação os horizontes da criatividade humana. No próximo módulo será relatado os elementos e as relações formais. 3 ELEMENTOS E RELAÇÕES FORMAIS A análise se concentra na compreensão aprofundada da maneira como esses componentes desempenham papéis essenciais na criação e na apreciação da arte. 20 Exploram-se diversos elementos visuais e se examina o modo como suas interações formais contribuem para a composição e a influência das obras de arte. Além disso, realça-se a relevância desses elementos e relações em diferentes formas de expressão artística, como pintura, escultura, design gráfico e fotografia. 3.1 Elementos Visuais: ➢ Linhas: A análise se direciona para a capacidade das linhas, sejam elas retas, curvas, diagonais ou de outros tipos, em transmitir distintas emoções e dinâmicas em uma obra de arte. Destaca-se o papel fundamental das linhas na criação de formas e contornos. ➢ Formas: Explora-se a importância das formas como estruturas básicas da representação visual. Abordam-se tanto as formas geométricas quanto as orgânicas, considera sua contribuição à composição artística.➢ Cores: A investigação se concentra no uso das cores, o que aborda sua teoria e psicologia. Observa-se como as cores conseguem evocar sentimentos e transmitir mensagens específicas nas obras de arte. ➢ Texturas: A ênfase recai sobre o papel da textura, seja ela real ou simulada visualmente, em acrescentar profundidade e interesse visual a uma obra de arte. 3.1.1 Relações Formais: ➢ Composição: Explora-se minuciosamente como a organização dos elementos em uma obra de arte, isso inclui a disposição de linhas, formas e cores, impacta a percepção e a interpretação da obra. ➢ Equilíbrio: Discute-se a importância dos princípios de equilíbrio na arte, que engloba tanto o equilíbrio simétrico quanto o assimétrico, e como essas escolhas afetam a estabilidade visual de uma composição. ➢ Contraste: Examina-se o papel fundamental do contraste na criação de foco e ênfase em uma obra de arte, bem como na definição de relações espaciais. ➢ Unidade e Variedade: Explora-se como o equilíbrio entre elementos unificados e diversos contribui para a coesão e o interesse visual nas obras de arte. 21 ➢ Movimento: Analisa-se como os elementos visuais e suas relações podem sugerir movimento e direção em uma composição, que cria narrativas visuais dinâmicas. Através dessa exploração, a intenção é aprofundar a compreensão dos elementos e relações formais na arte, demonstra como eles influenciam a criação de significado, a comunicação e a experiência estética. O entendimento desses componentes é fundamental para uma apreciação enriquecedora da arte, fortalece a conexão entre o artista e o observador. As civilizações mesoamericanas deram origem a sistemas de escrita pictográfica, que resultaram da combinação de elementos pictóricos e glíficos. Essas formas de escrita provavelmente tiveram origem com os Olmecas por volta de 1.000 a.C. Os objetos mais antigos que contêm essas inscrições foram descobertos nas regiões influenciadas pela expansão dos Olmecas, onde floresceram as culturas teotihuacana, maia e zapoteca. Nessas regiões, surgiram três tradições de escrita significativas: a maia, a zapoteca e a mixteconahua (SANTOS, 2004). O primeiro desafio consiste na aceitação do sistema de escrita pictográfica mixteco-nahua como um sistema legítimo de escrita. Alguns acadêmicos limitam-se a reconhecer apenas sistemas de escrita fonética, ignoram registros visuais que não representam sons. Eduardo Natalino critica essa perspectiva, argumentam contra o preconceito ocidental em relação às escritas não-alfabéticas e a subestimação das características específicas que os sistemas pictográficos e ideográficos podem oferecer. Outra questão decorre de um preconceito ocidental, que compara as soluções figurativas dos tlacuilos (escritores e artistas mesoamericanos) com as dos artistas ocidentais e as considera inferiores por não seguirem princípios de perspectiva ou por não representarem o mundo de maneira realista. Eduardo Natalino argumenta que esses aspectos não eram, sem dúvida, as prioridades dos tlacuilos, e ele analisa as duas abordagens plásticas que eles adotaram: o uso de múltiplos pontos de vista e a representação em corte (FERNANDES, 2016). 3.2 Recursos para pensar o ensino de artes visuais: elementos do processo de criação e aprendizagem significativa 22 Na arte contemporânea, destaca-se a notável ausência de regras estritas, permite que as obras ultrapassem as convenções estabelecidas. Muitas vezes, o propósito dessas obras é provocar situações e interagir com o público, tornam as operações técnicas e teóricas incrivelmente complexas. Como parte das experiências visuais, muitos artistas optam por criar uma abordagem híbrida, desenvolvem seu próprio método de criação. Nesse sentido, a arte contemporânea se transforma em um campo de investigação, bem como em um processo de construção de significado e descoberta (MELLO; OLIVEVEIRA; TORRES, 2021). A linguagem da arte contemporânea transcende as categorias tradicionais baseadas em técnicas, inclui diversos códigos visuais que se relacionam com a subjetividade individual, contribui para a produção de significados (REY, 2002). Os processos criativos possuem três dimensões distintas: a primeira, de natureza abstrata, ocorre no nível do pensamento, onde ideias e esboços são gerados. A segunda dimensão envolve práticas e procedimentos, frequentemente relacionados a manipulações técnicas, que surgem como respostas a estímulos (MELLO; OLIVEVEIRA; TORRES, 2021). A terceira dimensão é quando a obra em processo se conecta com o conhecimento, estabelece conceitos e ligações com a cultura, a produção contemporânea e a história da arte. Além disso, fatores como acasos, pensamentos conscientes e estruturas inconscientes podem influenciar o processo criativo (REY, 2002). O percurso intersemiótico que traduz uma ideia em processo é chamado de “movimento tradutório” (SALLES, 1998). Assim como os acasos que ocorrem durante a produção, o significado de uma obra pode ultrapassar a intenção original do artista, uma vez que os conceitos operacionais permitem que a obra seja realizada em termos práticos e teóricos (REY, 2002). Os recursos criativos desempenham um papel fundamental na materialização da obra, extende-se o método de expressão e ação que conduz a manipulação e transformação dos materiais. Isso estabelece uma relação dialética entre a forma e o conteúdo, uma vez que ambos estão inextricavelmente ligados, constantemente influenciam mutualmente. A seleção de recursos criativos é uma parte intrínseca dessa relação, pois ela se entrelaça com a escolha dos materiais, é afetada pelas 23 tendências no processo criativo, envolve hipóteses durante a construção da obra, requer seleções e ajustes, e moldada pela experiência do artista (SALLES, 1998). É relevante nesta pesquisa unir essas teorias à Teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel, médico psiquiatra que dedicou seus estudos à psicologia educacional, como apresentado no livro “Teorias da Aprendizagem” de Moreira (1999). Ausubel classifica a aprendizagem em três tipos: cognitiva, afetiva e psicomotora. A aprendizagem cognitiva diz respeito à organização e armazenamento de informações na forma de uma estrutura cognitiva. A aprendizagem afetiva envolve experiências relacionadas a emoções e, de certa forma, está relacionada à aprendizagem cognitiva. Por fim, a aprendizagem psicomotora compreende respostas musculares adquiridas por meio de treino e prática (MOREIRA, 1999). Por outro lado, a aprendizagem mecânica caracteriza-se pela falta de interação com conceitos relevantes na estrutura cognitiva, resulta no armazenamento arbitrário de informações. Ausubel também introduz o conceito de “subsunsor”, o qual é conceitos ou proposições preexistentes na estrutura cognitiva e desempenham um papel categórico na ancoragem de novas ideias e conceitos, bem como na modificação da estrutura cognitiva por meio de novo material (MOREIRA, 1999). 3.3 Reflexões sobre a escultura e seu contexto de criação Desde tempos remotos, a humanidade pratica o que é atualmente reconhecido como arte. Em seus primórdios, atividades como a pintura e a escultura não eram necessariamente orientadas para a estética, mas sim para funções utilitárias bem específicas (GOMBRICH, 1999). Atualmente, muitos estudiosos apontam para um significado místico no período em que essas obras foram produzidas. É importante destacar que a habilidade para criar objetos artísticos em diversas civilizações ao longo da história, seja por meio da entalhadura em madeira ou da manipulação de metais, era tão impressionante quanto o que se observa atualmente. Como salienta Gombrich (1999), a história da arte não se caracteriza tanto por um progresso contínuo na competência técnica, mas sim por uma evolução constante de ideias, concepções e necessidades.Nos antigos Egito e Mesopotâmia, por exemplo, as práticas artísticas tinham a finalidade de narrar histórias, enaltecer líderes proeminentes e celebrar conquistas em batalhas (GOMBRICH, 1999). Esses exemplos evidenciam como os aspectos 24 técnicos visuais se adaptam conforme o contexto de cada civilização. Na história da arte, os objetivos representativos estão sujeitos a transformações contínuas. Um exemplo elucidativo desses relevos pode ser encontrado nos relevos clássicos, que gradualmente se desvincularam do plano de fundo enquanto mantinham sua qualidade narrativa. Eles serviam para simbolizar momentos específicos dentro de seu contexto histórico, frequentemente representam o ponto culminante desses eventos. As esculturas que se seguiriam compartilhavam da mesma clareza presente nos relevos, para retratar o corpo humano e fornecer informações sobre aspectos que não eram visíveis (KRAUSS, 2007). Para ilustrar esse conceito, pode-se considerar o Fragmento do Altar de Pérgamo (Figura 1), um monumento erigido em homenagem a Zeus, que foi construído no século II a.C. na cidade grega de Pérgamo, localizada na atual Bergama, Turquia. A história dessa escultura é rica e abrangente. Neste contexto, concentram-se nos períodos mais notáveis e significativos, tanto para pesquisa quanto para o desenvolvimento do conhecimento no campo. Figura 1 - Fragmento do Altar de Pérgamo Fonte: https://www.historiadasartes.com No desenvolvimento da arte após a Segunda Guerra Mundial, torna-se evidente uma notável falta de coesão e definição no domínio da escultura, em contraste com a pintura, onde o expressionismo abstrato triunfou. Os escultores, ao https://www.historiadasartes.com/ 25 contrário de artistas como Pollock, não conseguem imergir em suas obras, ao deverem permanecer “do lado de fora” de suas criações. A escultura, em sua essência, adota uma postura inicial de não se associar a nenhum movimento específico, permite, assim, uma expressão artística mais livre. Em comparação com as características que definiam a arte do passado, quase tudo foi perdido; o foco agora está em explorar o movimento ideal no espaço, desafia o espectador com conceitos mais provocativos, e a destreza deliberada no domínio da matéria já não é uma obrigação (READ, 2003). Nas vanguardas modernas, os objetivos artísticos deixam de ser predominantemente narrativos, como observa no Futurismo, que estava impulsionado por uma ânsia de representar a velocidade e o movimento, bem como uma compreensão intelectual das coisas com base em sua posição na história, entre outros. O Cubismo também se destaca, com seu objetivo de apreender a essência dos objetos por meio do uso de signos (KRAUSS, 2007). No movimento Dadaísta, por exemplo, na obra de Duchamp, que se afasta do Cubismo devido à sua inquietação com a arte que celebra o racionalismo, encontra- se a busca por objetos industriais e uma reflexão sobre o que torna uma obra uma expressão artística. Isso deu origem ao que hoje denomna-se “ready-made”, que envolve a seleção de um objeto cuja fabricação não está sob o controle direto do artista e a alteração de sua função, o transforma em algo que vai além de um objeto comum (KRAUSS, 2007), como exemplificado na obra “Roda de Bicicleta” (Figura 2). Figura 2 - “Roda de Bicicleta” de Marcel Duchamp 26 Fonte: http://zagaiaemrevista.com.br Em 1964, houve discussões sobre a qualidade da repetição, argumentam que “a ordem não é fundamentada no racionalismo subjacente, mas é simplesmente uma sequência, como a continuidade, um elemento sucedendo o outro” (KRAUSS, 2007). Essa concepção era essencialmente uma estratégia para escapar da ênfase na composição relacional que prevalecia na época, uma abordagem baseada no equilíbrio e no racionalismo, bem como em sistemas predefinidos refletirem um tipo de pensamento e lógica que não se adequavam mais à compreensão do mundo contemporâneo. Além disso, nesse período, surgiram expressões artísticas que incorporaram elementos extraídos do contexto comercial, como na Pop Art (Figura 3), e no movimento da Arte Minimalista (Figura 4). Ambos rejeitaram o ilusionismo escultural que atribuía a cada material um significado distinto (KRAUSS, 2007). Figura 3 - Brillo Box, de Andy Warhol, 1946 http://zagaiaemrevista.com.br/ 27 Fonte: http://www.artnet.com Figura 4 - Cube Structure Based on Five Modules, de Sol LeWitt, 1972 Fonte: http://www.artnet.com A compreensão dos elementos e relações formais na arte é fundamental para apreciar e analisar as obras de maneira mais profunda. A exploração de elementos visuais, como linhas, formas, cores e texturas, juntamente com as relações formais, como composição, equilíbrio, contraste, unidade e variedade, oferece uma base sólida para a apreciação da arte em várias formas de expressão, isso inclui pintura, escultura, design gráfico e fotografia. 28 A arte contemporânea, em particular, desafia as convenções e expande os limites, torna a compreensão desses elementos ainda mais fundamental. A arte contemporânea frequentemente envolve a criação de significados complexos e interações diretas com o espectador, tornam os processos criativos ainda mais multifacetados. Esses elementos e relações formais não são apenas técnicas ou fórmulas, mas sim ferramentas que os artistas usam para comunicar, expressar ideias e criar experiências estéticas únicas. Compreender esses componentes enriquece a apreciação da arte, permite que o observador se conecte de forma mais profunda com a obra e compreenda o mundo da arte contemporânea em constante evolução. No próximo módulo será retratado a experiência visual. 4 EXPERIÊNCIA VISUAL A “Experiência Visual,” constitui diversos aspectos que compõem como os seres humanos interagem com o mundo visual. Será analisado como a percepção visual é uma atividade complexa que vai além da simples captação de imagens pelos olhos, tais como: ➢ Percepção e Cognição Visual: A relação entre a percepção visual e a cognição, examina como o cérebro processa e interpreta as informações visuais. A atenção seletiva, a memória visual e a interpretação influenciam como o mundo é visto. ➢ Elementos e Princípios Visuais: Analisar os elementos básicos da experiência visual, como cor, forma, linha e textura, e como eles se combinam para criar uma compreensão visual mais rica. Também explorar os princípios visuais, como equilíbrio, contraste e ritmo, e como eles afetam a composição das obras de arte. ➢ Fatores Culturais e Históricos: Investigar como fatores culturais e históricos moldam a experiência visual. Isso inclui a influência da cultura na percepção 29 das cores, símbolos visuais em diferentes sociedades e como as mudanças ao longo do tempo afetaram a interpretação de obras de arte. ➢ Emoções e Estética: Discutir como as emoções desempenham um papel fundamental na experiência visual. Observar como as obras de arte podem evocar respostas emocionais e como a estética desempenha um papel na apreciação da beleza visual. ➢ Interpretação da Arte: Abordar a interpretação de obras de arte com base na experiência visual. Como os espectadores atribuem significado às essas obras e como a interpretação pode variar de pessoa para pessoa. ➢ Percepção Visual na Vida Cotidiana: Além da arte, examinar como a percepção visual desempenha um papel importante no cotidiano, desde como se navega no ambiente até como se processas informações visuais em mídias e tecnologias. Através desse desenvolvimento, espera-se fornecer uma visão ampla da complexidade da experiência visual e sua importância na apreciação da arte e no entendimento do mundo visual que nos cerca. Explorar a percepção visual é uma atividade dinâmica e envolvente que vai muito além da visão pura. No contexto deexplorar as relações entre o ensino da arte visual e o ambiente digital que caracteriza a contemporaneidade, Walter Benjamin, em seu ensaio “A obra de arte na era da sua Reprodutibilidade Técnica” (1955), observou como as tecnologias de mediação afetam a percepção e experiência do mundo. Ele analisou como a reprodutibilidade técnica, principalmente por meio do cinema e da fotografia, influencia as mudanças sociais, comportamentais e psicológicas, alteram a concepção de mundo. Benjamin destacou como as imagens fotográficas e cinematográficas moldam a percepção do real em termos da relação sujeito-objeto de onde elas surgem. No cenário contemporâneo, com o aumento do uso digital em resposta a eventos globais, como a pandemia de coronavírus, o ensino de arte visual enfrenta o desafio de criar experiências educacionais que conectem o ensino com o contexto digital. Este texto explora dois caminhos. O primeiro envolve a alfabetização visual, busca desenvolver o olhar crítico- estético das crianças, promove a oralidade por meio de diálogos virtuais sobre obras 30 de arte, enfatiza a importância da arte durante períodos de isolamento social. Em seguida, retoma as reflexões de Walter Benjamin, Marshall McLuhan e as contribuições de Sérgio Bausbaum para compreender como as ferramentas de mediação nas sociedades da informação impactam a percepção e experiência do real na era da cibernética e dos algoritmos (MARCOS; RIBEIRO, 2020). Com base na premissa da reprodução visual de objetos orgânicos em ambientes midiáticos e na afirmação enfática de Walter Benjamin de que “em sua essência, a obra de arte sempre foi reprodutível […] Em contraste, a reprodução técnica da obra de arte representa um processo novo, que se vem desenvolvido na história intermitentemente” (BENJAMIN, 1955, p.01), este relato descreve experiências de abordagens pedagógicas durante aulas remotas que utilizaram smartphones, conexões à internet e reproduções de obras de artistas nordestinos contextualizados, como Nice Firmeza (1921 – 2013), Militão dos Santos (1956-), Mestre Vitalino (1909 – 1963), J. Borges (1935-) e Thyago Cabral. Quando um museu é visitado, são expostos a diversas percepções que podem enriquecer ou silenciar as experiências, sejam elas educacionais ou subjetivas. Nos ambientes culturais, muitas vezes reverenciam uma concepção clássica, antiga e essencialista do significado disciplinar que aquele espaço representa. Alguns desses lugares incorporam mediações disciplinares e técnicas, criam uma narrativa sincrética (arquitetônica, pictórica, escultórica, etc.), sinécdóquica e de caráter secundário (DIAZ-BALERDI, 1994, p.49). No cenário do ensino presencial, as percepções em relação a objetos orgânicos assumem outras dimensões. Muitas vezes, o ensino da arte continua íntimo à expressão livre por meio do desenho e às experimentações com fins culturais (SARDELICH, 2007). No contexto do ensino remoto, que exigiu reflexão para ampliar os conceitos de linguagens artísticas na escola, inclui a mediação por meio de recursos digitais, a reprodução de obras ou modelos simbólicos difunde os valores artísticos intrínsecos e, de alguma forma, se relaciona com as reflexões-chave de Walter Benjamin sobre as reproduções técnicas e a percepção da singularidade da obra de arte. A questão que aborda aqui não está centrada na discussão de modelos simbólicos, mas sim nas percepções que as crianças têm durante o isolamento social em resposta às propostas de artes visuais apresentadas por meios digitais (MARCOS; RIBEIRO, 2020). 31 4.1 Leitura de ilustrações A expressão "leitura de ilustrações" iniciou sua circulação no campo da comunicação e das artes no fim dos anos 1970, coincidiu com o boom dos processos audiovisuais. Esta abordagem foi afetadada pelas maneiras formais, que se fundamenta na suposição da Gestalt e na semiótica. Na psicologia da forma, a ilustração é percebida como um componente intrínseco à percepção, pois todo experimento estético, seja na criação ou apreciação, pressupõe uma metodologia perceptivo ativo e complexo que transforma o comunicado recebido. Essa concepção encara a imagem como um signo que introduz vários segredos, exige a compreensão destes para sua análise. Essa conduta de "instruir a ler e ver" informações visuais foi afetada pelo trabalho de Rudolf Arnheim (1980), que se dedicou a discernir as classes visuais fundamentais pelas quais a assimilação pressupõe estruturas e que os criadores de imagens utilizam para elaborar suas composições. Arnheim registrou dez grupos visuais, isso inclui: figura, desenvolvimento, cor, equilíbrio, forma, espaço, luz, expressão, dinâmica e movimento. Nesse padrão, o espectador desvenda as imagens ao explorar a integração das diversas grupos visuais até desvendar o aspecto que obtem virtudes expressivas por si só. Fayga Ostrower foi uma das responsáveis por disseminar o trabalho de Rudolf Arnheim no Brasil. As abordagens de Ostrower (1983, 1987, 1990) enfatizaram os vínculos entre os elementos formais e dinâmicos das imagens. Outro trabalho que fomentou a predisposição formalista da leitura de ilustrações foi a de Donis Dondis (1997), "A Primer of Visual Literacy", divulgada em 1973 pelo Massachusetts Institute of Technology. Dondis introduziu a denominação de alfabetismo visual e seu livro propôs uma ferramenta básica para a aprendizagem, inovação, identificação, e percepção de informações visuais disponíveis a todas as pessoas, não apenas a profissionais como designers, estetas e artistas. Com base no dispositivo proposto por Dondis para o "alfabetismo visual", alguns educadores começaram a adotar um esquema de leitura de ilustrações baseado na sintaxe visual, destacar a disposição dos elementos fundamentais, como forma, cor, ponto, linha, e luz, na composição. A proposta da leitura de ilustrações com uma abordagem formalista é fundamentada em uma razão identificada e comunicativa que esclarece a utilização e 32 o prosseguimento do dialeto visual para facilitar o diálogo. No ambiente escolar, essa prática, geralmente, foi liderada pelos professores de arte, embora não tenha sido dominante entre eles. Hernandez (2000) chama de "racionalidade" a união de argumentos e fatos que explicam a inserção da metodologia artística no conteúdo escolar. Distintas maneiras de racionalidade podem coexistir no mesmo tempo e espaço, e uma pode ser mais fixada que a outra. A razão moral vê o procedimento artístico como o cultivo da vida espiritual e emocional e uma contribuição para a educação moral. A abordagem expressiva sustenta que a arte é fundamental para a expressão de sentimentos e emoções que não poderiam ser relatados de outra forma. A prática artística é percebida como uma forma de aprendizado que favorece o desenvolvimento intelectual em termos de racionalidade cognitiva (SARDELICH, 2006). Por fim, a racionalidade cultural infere-se o fenômeno artístico como uma demonstração cultural, onde os artistas são responsáveis por representar denominações em cada período e cultura. Essa forma de racionalidade está presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) ao considerar o instrumento artístico, no caso as ilustrações, como uma produção cultural, manifestação do imaginário humano, sua diversidade e sua historicidade (BRASIL, 1997). Atitudes mais voltadas para a dimensão aparente da leitura de imagens em obras de arte têm se inspirado nas pesquisas de Ott (1984), Housen (1992) e Parsons (1992). No Brasil, o sistema de apreciação de Ott encontrou eco graças à sua apresentação em um curso realizado em 1988 pelo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. Robert William Ott, um professor da Universidade da Pensilvânia nos Estados Unidos, proporcionou a metodologia chamada "Image Watching" (Observação de Imagens) para conceber a relação do simpatizantecom a obra de arte. Sua metodologia foi moldada pelos desafios que ele defrontava como professor responsável pelo ensino prático e pelo estágio supervisionado no setor de arte e educação de sua universidade, que atendia a uma audiência diversificada em termos de conhecimento, experiência artística e museológica. Basea-se em teóricos como John Dewey e Edmund Feldman, Ott (1984) nomeou seu sistema de apreciação no 33 gerúndio, "Olhando", enfatizando que se tratava de um processo composto por seis momentos distintos: ➢ Preparando: O instrutor prepara o potencial de percepção e fruição do estudante. ➢ Descrevendo: O instrutor indaga o que o estudante observa e identifica na peça. ➢ Analisando: O instrutor introduz elementos conceituais da análise formal. ➢ Interpretando: O estudante expressa suas sensações, emoções e ideias, oferecendo suas próprias respostas à obra de arte. ➢ Fundamentando: O educador fornece informações da História da Arte para ampliar o conhecimento do estudante, sem necessariamente tentar persuadi- lo do valor da obra. ➢ Revelando: O estudante revela o processo experimentado por meio da produção artística. 4.2 Cultura visual No âmbito dos Estudos Culturais, Bolin e Blandy (2003) expressam dúvidas acerca do uso do termo "visual" para descrever a abordagem dos educadores em relação às imagens. Argumentam que essa designação é insuficiente, consideram a diversidade de experiências proporcionadas por imagens físicas e virtuais. Eles também rejeitam a ideia de que o visual prevalece sobre os outros sentidos ou atua de forma independente. Mitchell (1995) também havia ressaltado que a cultura visual transcende a dimensão visual, englobando todas as facetas dos sentidos e das linguagens. A preocupação levantada por Bolin e Blandy reflete uma abordagem mais restritiva da cultura visual. Barnard (2001) identifica duas principais correntes nos estudos de cultura visual. Uma delas, mais limitada, concentra-se na dimensão visual 34 e estabelece normas e diretrizes para seus objetos de estudo, como arte, design, expressões faciais, moda, tatuagens, entre outros. A outra corrente, mais abrangente, considera a cultura como o foco central de investigação e explora os valores e identidades construídos e comunicados por meio da cultura visual, bem como a natureza conflituosa desse aspecto visual devido aos seus mecanismos de inclusão e exclusão nos processos identitários. Em relação à "Experiência Visual", é evidente que o campo da apreciação e interpretação de imagens tem progredido ao longo do tempo, influenciado por diversas abordagens e metodologias. Desde as correntes formalistas, que se baseiam na análise dos elementos estéticos das obras de arte, até aquelas que buscam uma compreensão mais abrangente das imagens, considerando seu contexto histórico, cultural e social (SARDELICH, 2006). A influência de teóricos como Walter Benjamin, Robert William Ott e outros é notável na forma como abordam a leitura de imagens, enfatizando a importância da percepção ativa, da interpretação pessoal e da relação entre o observador e a obra de arte. Nesse contexto, a experiência visual se revela como um campo em constante evolução, aberto a diversas perspectivas e abordagens. A compreensão da linguagem visual e a habilidade de interpretar imagens desempenham um papel fundamental na apreciação da arte e na formação de indivíduos culturalmente conscientes. Portanto, a "Experiência Visual" não se restringe a uma única abordagem, mas representa um campo dinâmico que continua a se desenvolver, enriquecendo a compreensão das imagens e do mundo que nos rodeia. Por meio da análise destas, as pessoas podem explorar e apreciar a complexidade da arte e, ao mesmo tempo, refletir sobre sua própria percepção e interpretação do mundo visual que as cerca. No próximo módulo, será abordada a organização da forma. 5 ORGANIZAÇÃO DA FORMA O desenvolvimento da organização da forma é um tópico multidisciplinar que desempenha um papel central em diversas áreas. A organização forma alguns campos específicos para ilustrar como ela é aplicada e valorizada em diferentes contextos: ➢ Arquitetura e Design de Espaços: Na arquitetura, a organização da forma é importante para criar espaços que sejam funcionais e esteticamente 35 agradáveis. A disposição de paredes, janelas, portas e espaços interiores é cuidadosamente planejada para atender às necessidades dos ocupantes e harmonizar com o ambiente circundante. ➢ Design Gráfico e Comunicação Visual: Em design gráfico, a organização da forma refere-se à maneira como elementos visuais, como texto, imagens e cores, são arranjados em um layout. A hierarquia visual, alinhamento e proximidade são usados para guiar a atenção do espectador e transmitir mensagens de forma eficaz. ➢ Design de Produto: No design de produtos, a organização da forma envolve a disposição de componentes, botões, interfaces e elementos funcionais de um produto para garantir a usabilidade e a estética. Os designers buscam criar produtos que sejam ergonomicamente eficientes e visualmente atraentes. ➢ Ciências da Computação e Programação: Na programação, a organização da forma se relaciona com a estrutura de código e dados. A arquitetura de software é fundamental para o desempenho e a manutenção de sistemas de software. Além disso, a organização de dados em estruturas como arrays, listas e árvores é essencial para o processamento eficiente de informações. ➢ Biologia e Química: Nas ciências biológicas e químicas, a organização da forma está relacionada à estrutura de moléculas, células e organismos. Compreender como os átomos se organizam em moléculas ou como as células se organizam em tecidos é fundamental para a pesquisa e a aplicação prática nessas áreas. ➢ Design de Informações: No design de informações, a organização da forma é usada para tornar informações complexas compreensíveis. Gráficos, diagramas e infográficos são ferramentas comuns para organizar dados e torná-los visualmente acessíveis. A organização da forma não se limita a esses campos; ela é um princípio fundamental em muitos outros domínios. É uma abordagem que equilibra funcionalidade, estética e usabilidade para criar soluções eficazes e agradáveis. Os elementos são organizados, desempenham um papel crítico na realização desses objetivos em diversas áreas do conhecimento e da prática. 36 Para compreender o pensamento estético-artístico e seu processo de formação em cada indivíduo, é necessário analisar a relação entre estética, arte, educação escolar e desenvolvimento psíquico, que consideram a teoria histórico-cultural como base teórica. Essa fundamentação teórica engloba: ➢ A distinção entre uma linha histórico-cultural do desenvolvimento, conforme Vygotski (1995), e uma linha biológica. ➢ A importância da apropriação dos significados historicamente produzidos nas atividades humanas para promover o desenvolvimento cultural de cada sujeito, como destacado por Leontiev (1983). Ao postular essa distinção entre as linhas biológica e histórica no desenvolvimento humano, Vygotski (1995) enfatiza os aspectos essenciais que moldaram a formação do ser humano como um ser cultural, indica a viabilidade de intervenções conscientes no processo de formação de cada indivíduo. A linha biológica do desenvolvimento humano é caracterizada por uma relação direta do indivíduo com o mundo, envolve comportamentos espontâneos e imediatos, dos quais ele não tem plena consciência e, portanto, não pode controlar. O segundo tipo de desenvolvimento está associado ao surgimento de novas formas de comportamento — comportamentos mediados — resultantes das conquistas culturais alcançadas pelo ser humano em suas atividades. Essas formas culturais de comportamento permitiram ao ser humano criar seus próprios“órgãos artificiais” (como instrumentos e signos), desenvolvem assim uma consciência e uma existência para si. Conforme Vygotski (1995, p.34). A cultura origina formas especiais de conduta, modifica a atividade das funções psíquicas, edifica novos níveis nos sistemas de comportamento humano em desenvolvimento […] No processo de desenvolvimento histórico, o homem social modifica os modos e os procedimentos de sua conduta, transforma suas inclinações naturais e funções, elabora e cria novas formas de comportamento, especificamente culturais. Quando abordado o tema dos movimentos especificamente humanos, Zaporózhets (1987) menciona a “forma superior de movimento”, destaca seu caráter voluntário e consciente. A capacidade de interagir de maneira consciente e deliberada com o movimento, planejar e estar ciente da execução, representa a aquisição de uma conduta essencialmente cultural. Portanto, pode-se inferir que o foco da educação 37 física seria capacitar os alunos a desenvolver essa consciência em relação às suas ações motoras. No entanto, além desse controle voluntário das ações motoras, acredita-se que o desenvolvimento motor na dimensão cultural também se manifesta através da apropriação dos diferentes significados nas atividades relacionadas à cultura corporal. De acordo com a perspectiva teórica na Educação Física, os seres humanos podem relacionar-se com os seguintes significados nas atividades que envolvem o movimento humano: estético, agonístico, artístico, lúdico e competitivo (NASCIMENTO, 2010). É importante ressaltar que esses significados não estão intrinsecamente presentes no corpo de quem realiza os movimentos, mas sim na atividade em si da qual o sujeito participa. A atividade é o veículo que carrega o significado e apropriada e objetivada pelo indivíduo por meio de suas ações motoras. As atividades relacionadas à cultura corporal fazem parte do que se denomina de “objetivações genéricas”. Essas são construções que permitem ao indivíduo se relacionar com o mundo de uma forma não puramente cotidiana ou utilitária, proporcionam a saída do contexto da vida diária (NASCIMENTO, 2010). Assim como qualquer objetivação genérica, as atividades relacionadas à cultura corporal possuem uma dimensão intrínseca (como o ato de “jogar” simplesmente, sem considerar os significados estratégicos do jogo, por exemplo) e uma dimensão consciente (onde o indivíduo tem controle completo sobre a atividade e os elementos que a compõem, como as regras, objetivos e estratégias do jogo, por exemplo). 5.1 O estudo do pensamento estético-artístico Quando um indivíduo se apropria de um dos significados relacionados às atividades da cultura corporal, ele também incorpora novos comportamentos e funções psicológicas avançadas conforme definido por Vygotski, (1995). Essas funções incluem a atenção voluntária, memória lógica, imaginação criativa e pensamento teórico. Essas formas de comportamento são parte do que a teoria histórico-cultural considera ser uma maneira específica do ser humano interagir com o mundo, uma abordagem intrinsecamente cultural. O pensamento teórico, como uma dessas formas culturais de comportamento, permite que o indivíduo compreenda os fenômenos da realidade em profundidade. 38 Garantir a aquisição desse pensamento teórico é essencial no contexto educacional para todos os alunos. Desse modo, o pensamento estético-artístico, assim como qualquer outra forma de pensamento, não surge como um conceito isolado, mas é moldado e vinculado a um objeto concreto, envolve relações e atividades humanas específicas. No entanto, é possível conjecturar que um indivíduo cujo pensamento estético- artístico tenha sido plenamente desenvolvido em uma das áreas mencionadas, devido ao alto grau de generalização alcançado, demonstrará uma sensibilidade estética mais aguçada em relação a outras manifestações ou atividades nas quais esse pensamento esteja presente (NASCIMENTO, 2010). Claro, algum nível de familiaridade com essas outras atividades é necessário (por exemplo, se alguém se formou na dança, é preciso ter algum conhecimento de circo para abordá-lo de maneira estético-artística). Essa relação estético-artística com o circo, por parte desse indivíduo com um pensamento bem desenvolvido na dança, provavelmente se estabelecerá de forma mais rápida e aprofundada do que no caso de alguém sem experiência nesse tipo de pensamento ou um iniciante no estudo do circo. Presume-se que a formação em uma modalidade específica de pensamento não garante, do que vem antes, a aquisição desse mesmo pensamento de forma generalizada para todas as atividades humanas em que ele possa ser aplicado. No entanto, essa formação estabelece as bases para a possibilidade de posterior generalização desse tipo de pensamento (NASCIMENTO, 2010). Em outras palavras, a capacidade de transferir um determinado pensamento para outra área distante daquela em que foi originalmente formado não ocorrerá naturalmente, especialmente se o pensamento ainda estiver em suas fases iniciais de desenvolvimento. No entanto, tal transferência pode ocorrer em um estágio posterior de seu desenvolvimento, quando atingir seu potencial máximo, ou se for direcionada por atividades específicas que busquem facilitar essa transferência. 5.2 A arte e a estética Compreender o que constitui a Arte, ou mais precisamente, o que caracteriza uma atividade artística, conduz à necessidade de definir a atividade humana na totalidade. Nas seções a seguir, serão examinadas tanto a arte quanto a estética, com 39 o intuito de elucidar suas origens e o papel que desempenharam e ainda desempenham na formação de cada indivíduo. Essas análises contribuirão para a construção conceitual do pensamento estético-artístico e para a compreensão das condições e circunstâncias que moldam o ensino no processo de formação desse tipo de pensamento em cada ser humano. Em uma conduta materialista histórico-dialética, a atividade humana genérica é o trabalho. Essa é a forma fundamental de atividade que humaniza e possibilita o desenvolvimento da cultura de modo geral e, mais especificamente, do ser humano como ser cultural. Por meio do trabalho, o ser humano não apenas produz sua vida biológica e social, mas também molda sua vida psicológica em grande medida (NASCIMENTO, 2010). Portanto, o trabalho é uma atividade intrinsecamente humana e representa a forma distintiva pela qual o ser humano se relaciona com o mundo. Entendido como uma interação dialética entre objetivação e apropriação, o trabalho expressa a dinâmica essencial da autoprodução do ser humano por meio de sua atividade social. Como resultado desse processo, o ser humano, como indivíduo singular, por meio do trabalho e em contextos sociais específicos, alcança sua humanização, autoproduz e integra-se à humanidade todo. Em outras palavras, a formação do indivíduo singular depende da apropriação do conhecimento universal, que, por sua vez, está sempre mediado pelo contexto particular, como afirmado por Oliveira (2005). O trabalho possibilita que o ser humano domine a natureza e a modifique, torna-se, assim, o criador de sua própria existência. A apropriação do processo de trabalho pelo ser humano permite que ele assuma um papel ativo na relação com a natureza, exige cada vez mais que a natureza atenda às suas necessidades. Ao concretizar seus objetivos na natureza, o ser humano dá forma ao mundo, confere humanidade aos objetos e ao ambiente, ao mesmo tempo, em que realiza sua própria humanização. Portanto, o trabalho capacita o ser humano a moldar a natureza e a construir um mundo moldado por valores humanos. Essa atividade transformadora também permite que o indivíduo se reinvente, origina novas formas de comportamento, as quais podem ser descritas como condutas estritamente culturais, conforme a perspectivade Vygotski (1995). 5.3 A função da Arte 40 No contexto de uma perspectiva marxista, a medida de riqueza para o indivíduo e a humanidade na totalidade é determinada pelas dimensões das necessidades e pelas interações com o mundo. Quanto mais variadas e genuinamente humanas forem as necessidades, maior será a riqueza do indivíduo. Da mesma forma, a riqueza de um ser humano é diretamente proporcional à amplitude e diversidade das formas de relacionamento que ele estabelece com o mundo. Conforme Vazquez (1968, p.55). Existem, portanto, diferentes tipos de relações do homem com o mundo, as quais se foram forjando e refinando no curso de seu desenvolvimento histórico-social: relações prático-utilitárias com as coisas; relação teórica; relação estética, etc. Em cada uma destas relações, modifica-se a atitude do sujeito para com o mundo, já que se modifica a necessidade que a determina, e modifica-se, por sua vez, o objeto que a satisfaz. Segundo as reflexões de Marx em suas obras, particularmente nos "Manuscritos econômico-filosóficos de 1844” (MARX, 2004), ele concebe a estética como uma relação singular entre o ser humano e a realidade. A estética, ao longo da história e na sociedade, foi moldada no processo de transformação da natureza e na criação de um mundo composto por objetos de natureza humana. O surgimento da estética, assim como o surgimento de novas necessidades e formas de interação do ser humano com o mundo, é um indicativo de sua prosperidade. No contexto da atividade humana, a arte se destaca como uma forma específica de trabalho, expressa a dimensão criativa inerente ao ser humano. Ela não se limita a imitar ou reproduzir simplesmente o concreto real, embora deva partir dessa realidade. A arte vai além, gera o que pode ser chamado de “concreto artístico” (conforme Vázquez, 1968). O artista está envolvido em uma atividade intrinsecamente criadora, não se limita a copiar o real, mas sim a criar uma nova realidade a partir dele. Em outras palavras, a arte é o processo de compor e organizar os elementos da realidade concreta de maneira a conceber outra realidade, a realidade artística. Essa criação de uma nova realidade na arte não deve ser vista simplesmente como a busca pelo novo ou pelo inédito, no sentido de vanguardismo. A arte pode, em muitas ocasiões, estabelecer novas tendências, mas o ponto central reside na capacidade de gerar uma nova realidade através da atividade artística. Essa nova realidade está intrinsecamente ligada à necessidade humana genérica que a arte cumpre: a exteriorização do humano nos objetos (para os artistas) 41 e a apropriação do humano por meio dos objetos (para o público). Como uma realidade criada, a obra de arte consegue revelar verdades específicas sobre a realidade humana dos indivíduos concretos que vivem em uma sociedade dada e sob determinadas relações humanas. “A arte só se torna conhecimento quando é criação. Somente dessa forma ela pode servir à verdade e revelar aspectos essenciais da realidade humana” (Vázquez, 1968, p.36). 5.4 A arte e o pensamento teórico Segundo Vygotski (2009), qualquer forma de compreensão da realidade envolve um ato de generalização. Portanto, a produção de conhecimento requer, de alguma maneira, a generalização da experiência particular vivida em uma realidade específica. Para examinar esse processo de generalização da realidade e determinar se existem diferentes tipos de generalização, pode-se analisar um exemplo comum de nossas vidas diárias: a relação entre o uso de um cobertor e a sensação de frio. Uma criança que utiliza um cobertor para se proteger do frio possui um certo entendimento dessa realidade e forma uma generalização específica sobre a relação entre o frio e o cobertor. Ela pode expressar essa generalização em palavras, como “uso o cobertor porque ele me aquece”. A generalização da criança é baseada em sua percepção e nas deduções que faz a partir de suas experiências cotidianas com o uso do mesmo. Ela compreende que ao usar o cobertor, não sentirá frio, e assim, desenvolve um conhecimento ou generalização sobre esse fenômeno. Por outro lado, um físico que também utiliza um cobertor para se proteger do frio possui um conhecimento semelhante sobre essa realidade. No entanto, o conhecimento do físico não se baseia apenas em suas experiências pessoais com o uso de cobertores, mas também nas informações obtidas por meio de seus estudos sobre os processos de transferência de calor entre corpos. Isso permitiu que o físico elaborasse um conhecimento mais abrangente sobre a relação entre o uso do cobertor e a manutenção da temperatura do corpo. O conhecimento do físico poderia ser expresso em palavras, como “Eu uso o cobertor porque ele retém o calor produzido pelo meu corpo, mantem a temperatura adequada”. Dessa forma, tanto a criança quanto o físico possuem uma generalização sobre a relação entre o cobertor e a sensação de frio, mas suas generalizações são 42 baseadas em diferentes níveis de experiência e conhecimento, demonstram como a generalização da realidade pode variar conforme a bagagem de conhecimento de cada indivíduo. A organização da forma é um conceito fundamental que engloba uma ampla variedade de campos e disciplinas. Ela desempenha um papel importantíssimo na estruturação de informações, objetos e espaços, influenciam a usabilidade, a estética e a eficiência de projetos e sistemas. A organização da forma é aplicada em áreas como arquitetura, design gráfico, design de produtos, ciências da computação, biologia e muitas outras. Em cada contexto, como os elementos são dispostos, agrupados e relacionados é vital para alcançar os objetivos desejados. As investigações destacaram a importância da organização da forma em diversas disciplinas e como ela reflete a maneira como os elementos interagem para criar estruturas com significado e funcionalidade. Além disso, observam-se como a organização da forma pode impactar a experiência e a percepção das pessoas. A compreensão da organização da forma em seus vários contextos é essencial para a criação de produtos, sistemas e ambientes que sejam atraentes, eficazes e funcionais. É um princípio que combina funcionalidade, estética e usabilidade para atender às necessidades humanas em diferentes domínios, tornam-se um elemento essencial na busca pela excelência em design e planejamento. 6 ESPAÇO TRIDIMENSIONAL O desenvolvimento do conceito de espaço tridimensional é fundamental para explorar a complexidade do mundo que nos rodeia. O espaço tridimensional é uma representação geométrica que compreende três dimensões essenciais: altura, largura e profundidade. Essas dimensões nos permitem perceber e interagir com o ambiente de maneira tridimensional, retrata a capacidade de perceber objetos em relação uns aos outros e compreender a noção de volume e profundidade. No campo da matemática e da geometria, o espaço tridimensional é fundamental para a modelagem e a resolução de problemas que envolvem formas tridimensionais. A representação de objetos nesse espaço permite a análise de relações espaciais complexas, cálculos de volumes, áreas superficiais e outras propriedades. Na arquitetura e no design, o espaço tridimensional desempenha um 43 papel relevante na concepção de estruturas e objetos tridimensionais. Os arquitetos e designers utilizam essa representação para criar espaços, edifícios e produtos que sejam visualmente atraentes e funcionais. Além disso, a representação tridimensional é amplamente utilizada na computação gráfica e nos jogos para criar ambientes virtuais, objetos 3D e simulações realistas. Isso desempenha um papel importantíssimo na indústria do entretenimento, na educação e em muitas outras aplicações. Em física, a compreensão do espaço tridimensional é fundamental para a análisede fenômenos naturais, como movimento de corpos no espaço e campos tridimensionais de força. O espaço tridimensional é um conceito essencial que transcende várias disciplinas. Sua compreensão é fundamental para a resolução de problemas, a criação de ambientes, a simulação de fenômenos e a capacidade de interagir com o mundo de forma mais abrangente. É um elemento relevante na percepção e interação com o mundo que nos cerca. Para chegar ao moderno modo matemático de pensar o espaço, primeiramente foi preciso concebê-lo como algo estendido, à la René Descartes e como um tipo de arena, um receptáculo, à la Isaac Newton, onde a matéria pode residir (SAPUNARU; SANTOS, 2006). Embora isso possa parecer óbvio, tal ideia foi um anátema para Aristóteles, cujos conceitos sobre o mundo físico dominavam o pensamento ocidental na antiguidade tardia e na Idade Média. Estritamente fala-se, que a física aristotélica não incluiu uma teoria do espaço, apenas um conceito de lugar. Por exemplo, toma-se um copo em uma mesa. Para Aristóteles, o sistema copo-mesa está cercado de ar, que também é uma substância (SAPUNARU, 2019). Em sua visão de mundo, não existe espaço vazio, há apenas fronteiras entre o tipo de substância que compõe o sistema copo-mesa e o ar. Isso significa dizer que o espaço era apenas um limite infinitamente tênue entre o sistema copo-mesa e aquilo que o cerca. Portanto, sem extensão, o espaço não era algo em que alguma coisa mais poderia estar (SAPUNARU; SANTOS, 2006). A concepção de que a linguagem geométrica era mais do que apenas uma disciplina matemática já existia antes do século XVII. Muito antes de os físicos adotarem a abordagem euclidiana, pintores exploravam uma visão geométrica do espaço, e é possível atribuir a eles um avanço na estrutura conceitual da humanidade. 44 Durante o final da Idade Média, sob a influência emergente de filósofos como Platão e Pitágoras, que eram os principais concorrentes intelectuais de Aristóteles, a ideia de que Deus havia criado o mundo que segue as leis da geometria euclidiana começou a ganhar aceitação na Europa (SAPUNARU, 2019). O Renascimento trouxe à tona figuras proeminentes cujas obras refletiam as mudanças da época, tanto na matemática quanto na arte. A geometria euclidiana foi ressuscitada de maneira elegante, e um de seus maiores defensores foi John Dee, cujo "Prefácio Matemático dos Elementos de Euclides de Megara" é considerado um dos tratados matemáticos mais notáveis de sua era (KATZ, 2010; KNOESPEL, 1987). A interpretação única que Dee ofereceu da geometria euclidiana nesse prefácio inspirou artistas e arquitetos renascentistas, provavelmente contribui para o desenvolvimento da perspectiva, uma abordagem bem conhecida da arte que aplicava conceitos matemáticos à pintura e à arquitetura. No entanto, para compreender completamente a contribuição de Dee, é importante contextualizar mais detalhadamente o Renascimento europeu, especialmente na Itália. 6.1 Princípio geométricos no período renascentista O período renascentista pode ser descrito como uma época em que a humanidade voltou sua atenção para si, desenvolveu uma ideia de autoconsciência após séculos de dominação religiosa e um entendimento místico do universo. Finalmente, no século XV, surgiu a consciência da necessidade de explorar o mundo e compreender racionalmente as leis que o governavam. Essa nova compreensão do mundo levou à representação tridimensional do espaço, seguiu os princípios matemáticos em ascensão, conhecidos hoje como perspectiva racional, cuja descoberta é atribuída a Filippo Brunelleschi (CONTI, 1978; SEVCENKO, 1988; UPJOHN; WINGERT; MAHLER, 1975). Brunelleschi é reconhecido como um dos pioneiros da arquitetura renascentista, notabiliza-se por seu projeto da cúpula da Catedral de Florença (Figura 1), que empregou técnicas que haviam caído em desuso desde a Antiguidade. No entanto, seu papel relevante no desenvolvimento da perspectiva racional, que revolucionou as representações espaciais, o tornou famoso no mundo acadêmico. Como arquiteto, ele demonstrou os princípios da perspectiva racional por meio de experimentos com ótica geométrica (Figura 2), pintando dois painéis: 45 1) o Batistério Florentino 2) o Palazzo Vecchio. Figura 1 – Projeto arquitetônico da Catedral de Florença Fonte - https://it.wikipedia.org/wiki/Filippo_Brunelleschi Figura 2 – Experimentos de ótica geométrica no Batistério Florentino Fonte - https://en.wikipedia.org/wiki/Filippo_Brunelleschi Essas realizações ilustraram aos artistas como representar não apenas formas bidimensionais, mas estruturas tridimensionais. A partir do século XV, a perspectiva 46 racional se espalhou por toda a Europa (ARGAN; ROBB, 1946). A mensagem que os proponentes da perspectiva racional buscavam transmitir era que, se o mundo se apresentava tridimensionalmente, os artistas deveriam imitar o Criador em suas representações para retratá-lo de maneira verídica. Diferentemente dos matemáticos, que têm a liberdade de explorar o reino das ideias, a física está intrinsicamente ligada à natureza e, pelo menos em princípio, relaciona-se com o mundo material. No entanto, isso suscita uma possibilidade intrigante: se a matemática permite a existência de mais de três dimensões e, dado que a matemática é eficaz na descrição do mundo, por que o espaço físico se restringiria a apenas três dimensões? Embora os renascentistas Galileu e Newton, bem como o iluminista Kant, tenham estabelecido a tridimensionalidade como um axioma, poderia o mundo abrigar mais dimensões? Mais uma vez, a concepção de um universo com dimensões adicionais foi introduzida na consciência pública por meio da literatura especulativa. Nesse contexto, destaca-se o matemático Edwin Abbott e sua obra intitulada "Planolândia: Um Romance em Muitas Dimensões," publicada em 1884. Abbott narra uma sátira social que conta a história de um personagem chamado "Quadrado," um habitante de um universo plano que é inesperadamente visitado por um ser tridimensional, o "Forasteiro." O Forasteiro discute com Quadrado e, em seguida, o conduz para o magnífico mundo dos sólidos tridimensionais. Nesse paraíso volumétrico, quadrado se depara com uma versão tridimensional de si, chamada "Cubo," e começa a conceber a possibilidade de existirem quarta, quinta e sexta dimensões. Um exemplo significativo desse enredo pode ser encontrado, onde quadrado discute o clima e as casas em Planolândia (Figura 3). Nesse trecho, quando quadrado aborda a estrutura das casas, o leitor é transportado para a realidade bidimensional desse narrador, conforme Abbott (2002, p. 11). A forma mais comum de construção de casas é a de cinco lados ou pentagonal, como na figura abaixo. Os dois lados voltados para o norte, RO e OF, formam o telhado, que em sua maioria não tem portas. No lado leste há uma pequena porta para as mulheres; no lado oeste, uma porta bem maior para os homens; o lado sul ou chão em geral não tem porta. Não são permitidas casas quadradas e triangulares pelo seguinte motivo: como os ângulos de um quadrado (e ainda mais os ângulos de um triângulo equilátero) são muito mais pontudos do que os de um pentágono, e como as linhas dos objetos inanimados (tais como casas) são mais indistintas do que as linhas dos homens e das mulheres, segue-se que o perigo de que as pontas de uma 47 casa quadrada ou triangular possam ferir seriamente um viajante desatencioso ou talvez distraído que vá de encontro a elas não é pequeno. E, já no século onze de nossa era, casas triangulares eram universalmente proibidas por lei, sendo as únicas exceções fortificações, paióis de pólvora, quartéis e outros prédios públicos, dos quais a população em geral não deve se aproximar sem circunspeção. Figura 7 – Mapa da Planolândia Fonte – ABBOTT, 2002, p. 116.2 A contemporaneidade dimensional Na concepção newtoniana do universo, a matéria se desloca pelo espaço ao longo do tempo, influenciada por forças naturais, com destaque para a gravidade. Nesse contexto, espaço, tempo, matéria e força são considerados como categorias distintas da realidade (NEWTON, 1999). Contudo, a relatividade especial de Einstein revolucionou essa perspectiva, unifica espaço e tempo, reduz assim as categorias fundamentais de quatro para três: espaço-tempo, matéria e força. A relatividade geral de Einstein, por sua vez, foi um passo adiante ao incorporar a força da gravidade na própria estrutura do espaço- tempo (LOPES, 1991; CUSHING, 2000; EINSTEIN, 1981; EISBERG, 1979; SOUZA, 2005; EINSTEIN; INFELD, 2008). Vista a partir de uma perspectiva quadridimensional, a gravidade se revela meramente como uma distorção na forma do espaço. Para ilustrar essa situação, pode-se imaginar um análogo bidimensional: uma grade cartesiana em uma superfície. Inserir uma bola de boliche nessa grade, a superfície ao redor dela se esticará e deformará, o que resulta em pontos que se afastam uns dos outros. 48 Essa deformação ocorre porque um objeto massivo, como o Sol, distorce o espaço-tempo, perturba a métrica intrínseca da distância no espaço e torna-a não uniforme. A relatividade geral de Einstein argumenta que essa deformação decorre da geometria inerente a uma variedade quadridimensional. Assim, onde a variedade se estende mais ou diverge da regularidade cartesiana, a gravidade parece mais intensa. Em resumo, a gravidade, que mantém planetas em órbita ao redor de estrelas e estrelas em órbita ao redor de galáxias, não passa de um efeito colateral da deformação do espaço: a gravidade é, literalmente, uma geometria em ação (LOPES, 1991; EINSTEIN, 1981; EISBERG, 1979; SOUZA, 2005). Se a adição de uma quarta dimensão, o tempo, se mostrou fundamental para a compreensão da gravidade na relatividade geral de Einstein, surge a pergunta se uma quinta dimensão poderia oferecer alguma vantagem científica. A introdução de uma dimensão adicional na matemática parecia intrigante, mas esta dimensão não se correlacionava com nenhuma qualidade física observável (SAPUNARU, 2019). Enquanto na relatividade geral, a quarta dimensão era o tempo, a quinta dimensão parecia ser puramente matemática, sem existência física perceptível. No entanto, teoricamente, cada ponto no espaço-tempo tridimensional poderia incluir um pequeno círculo extra de espaço, embora em uma escala tão minúscula que seria impossível de observar diretamente. A detecção desse detalhe requereria equipamentos altamente especializados, como aceleradores de partículas superpoderosos. Ao longo da segunda metade do século XX, os físicos identificaram duas forças adicionais da natureza que operam em escalas subatômicas. Estas forças são conhecidas como a interação nuclear fraca e a interação nuclear forte, e desempenham papéis relevantes na compreensão dos fenômenos nucleares e subnucleares. A interação nuclear fraca está envolvida em processos de radioatividade, enquanto a interação nuclear forte é responsável por manter os quarks unidos, forma os prótons e nêutrons que compõem os núcleos atômicos (SAPUNARU, 2019). Além disso, os físicos iniciaram uma exploração no campo da teoria das cordas, que postula que as partículas são como minúsculos elásticos vibrantes no espaço. Com o desenvolvimento dessa teoria, surgiu a questão de se as duas forças subatômicas poderiam ser explicadas em termos da geometria do espaço-tempo. 49 Para abranger essas duas forças na descrição matemática, tornou-se necessário introduzir mais cinco dimensões, em adição às quatro dimensões do espaço-tempo descritas pela relatividade geral. No entanto, nenhuma dessas dimensões adicionais possui uma correspondência direta com a experiência sensorial, existe apenas no domínio da matemática. Esse conceito levou à formulação de uma teoria das cordas com um total de dez dimensões. Dessas, quatro representam as dimensões macroscópicas do espaço-tempo, enquanto as outras seis foram propostas para explicar as forças eletromagnéticas e nucleares. Todas essas dimensões adicionais se entrelaçam e se manifestam em complexas estruturas geométricas. (Fonte: Greene, 1999). A concepção do espaço tridimensional, que desempenha um papel fundamental na compreensão do universo físico, evoluiu consideravelmente ao longo da história. Desde as antigas visões aristotélicas de um espaço sem extensão até os avanços trazidos pela perspectiva racional renascentista, a humanidade passou por um processo de transformação nas concepções sobre o espaço. Os renascentistas, influenciados por figuras como Filippo Brunelleschi, perceberam a importância de representar o espaço tridimensional de maneira precisa, o que desencadeou uma revolução na arte e na geometria. Através da perspectiva racional, eles buscaram imitar a criação divina na representação das três dimensões do espaço. As teorias de Albert Einstein, na relatividade especial e geral, consolidaram uma compreensão mais profunda do espaço-tempo e da gravidade. Espaço e tempo se tornaram unificados, e a gravidade foi reinterpretada como uma consequência da deformação do espaço-tempo causada por massas. Essas mudanças de perspectiva ao longo da história demonstram a constante evolução do conhecimento humano sobre o espaço tridimensional e sua importância não apenas na física, mas também na arte e na nossa compreensão do universo. Portanto, o espaço tridimensional é muito mais do que uma mera descrição matemática; é um conceito que moldou nossa compreensão do mundo que nos rodeia. No próximo módulo será abordado as técnicas e materiais expressivos. 7 TÉCNICAS E MATERIAIS EXPRESSIVOS 50 A expressão artística tem sido uma parte fundamental da cultura humana, permite que indivíduos e grupos comuniquem emoções, ideias e mensagens de maneira única e impactante. Uma das principais vias para essa expressão é a utilização de técnicas e materiais expressivos, que abrangem uma ampla gama de disciplinas artísticas, como pintura, escultura, música, dança, teatro e muito mais. Estas técnicas e materiais desempenham um papel essencial na realização da visão criativa de um artista, confere-lhe uma ferramenta poderosa para transmitir suas intenções, tais como: ➢ Pintura e suas Técnicas Expressivas: Na pintura, a escolha de técnicas e materiais pode variar desde a suavidade das aquarelas até a densidade das tintas a óleo. Técnicas como impressionismo, pontilhismo, cubismo e expressionismo ilustram como diferentes abordagens podem transmitir emoções e conceitos de maneiras distintas. A textura, a cor, o uso de luz e sombra, bem como a escolha do suporte, desempenham papéis importantíssimos na pintura expressiva. ➢ Escultura e a Manipulação de Materiais: Na escultura, artistas moldam materiais como argila, pedra, madeira e metal para criar obras tridimensionais que evocam uma variedade de sensações. A escolha do material e a técnica de escultura, como cinzelar, esculpir ou modelar, podem transformar blocos brutos em formas que expressam força, fragilidade, elegância ou tumulto. ➢ Música: A Linguagem Universal: A música é uma expressão artística profunda que depende da seleção de instrumentos, arranjos e técnicas musicais. Cada nota, ritmo e harmonia contribui para contar histórias, criar atmosferas e evocar emoções. Da música clássica ao jazz, do rock ao hip-hop, a diversidade de gêneros ilustra como diferentes materiais sonoros podem comunicar significados variados. ➢ Dança: O Corpo em Movimento: A dança é uma forma de expressão que utiliza o corpo como material primário. A coreografia, os movimentos corporais e a expressão facial são usados para contar histórias e transmitir emoções. O estilo de dança, como ballet clássico, dançacontemporânea ou danças étnicas, influencia a expressão artística. ➢ Teatro e Atuação: No teatro, atores usam técnicas de expressão vocal e 51 corporal, juntamente com a escolha de figurinos e cenários, para dar vida a personagens e narrativas. A manipulação desses elementos expressivos é fundamental para criar uma experiência teatral rica e envolvente. ➢ Evolução e Diversidade Cultural: Ao longo da história, as técnicas e materiais expressivos evoluíram significativamente, refletem mudanças culturais, tecnológicas e estilísticas. Diferentes culturas contribuíram com suas próprias abordagens, levam a uma riqueza de estilos e tradições artísticas em todo o mundo. Técnicas e materiais expressivos desempenham um papel fundamental na arte e na cultura, permite que artistas comuniquem suas visões de maneira única e apaixonada. Esses elementos são a essência da expressão criativa, capacitam artistas a criar obras que emocionam, cativam e inspiram. À medida que se explora o mundo da arte, é fundamental apreciar como a escolha de técnicas e materiais é uma janela para a mente do artista e uma ponte para a compreensão mais profunda das emoções e ideias que permeiam a nossa sociedade e experiência humana (PESSANHA; LEAL, 2016). A importância da arte e das expressões no desenvolvimento humano é destacada ao longo da vida, desde a infância até a idade adulta. O processo de adquirir conhecimento e experiência enriquece a vivência e prepara para aplicar esse conhecimento de maneira apropriada em novas situações. De acordo com Pessanha & Leal (2015), a arte desempenha um papel significativo no desenvolvimento individual. Esse princípio encontra respaldo no artigo 29 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que estipula que a educação tem a função de promover o desenvolvimento da personalidade da criança, bem como de suas habilidades mentais e físicas, de acordo com seu potencial. A Convenção sobre os Direitos da Criança também destaca a importância da diferenciação pedagógica, com base nas características individuais e na curiosidade da criança em aprender, valoriza o enriquecimento cultural como um direito. Portanto, a experimentação e a vivência de contextos relacionados às expressões artísticas desempenham um papel central no desenvolvimento da personalidade da criança, em sua identidade cultural, pessoal e coletiva, bem como em suas habilidades criativas 52 em várias áreas. Isso contribui para uma compreensão mais profunda do mundo que a cerca e para seu processo de socialização. 7.1 Fundamentos Conceituais e Caraterização do Projeto O projeto teve como objetivo envolver todos os alunos, incentiva a participação integrada e coordenada por meio de atividades expressivas relacionadas com a língua portuguesa. Isso criou um ambiente descontraído e experimental, no qual novas ideias formais e expressivas poderiam ser exploradas, resulta na criação de desenhos que representam graficamente fantoches que representam personagens previamente desenvolvidas pelos alunos. De acordo com Pessanha & Leal (2015), registros gráficos foram feitos para retratar os “Bisnaus”, os fantoches criados, que ganharam expressividade e vitalidade para transmitir simbolismo e emoções, refletidos em sorrisos e afeto em suas representações faciais. Esses elementos foram transformados em características físicas e psicológicas que conferiram identidade aos fantoches e que puderam ser transferidas para o papel. Este enfoque pedagógico implica que educadores e professores deixem de ser apenas “transmissores” de conhecimento para se tornarem “criadores de possibilidades” e “provocadores” do desenvolvimento infantil, promovem interações significativas em uma abordagem pedagógica responsiva, que facilita a expansão do aprendizado (ENGESTRÖM, 1999). 7.2 Evolução da arquitetura e engenharia Ao longo da história, a arquitetura e a engenharia evoluíram conforme o contexto da época, desempenharam diversas funções além de abrigar pessoas, como servir para estudos astronômicos, representar autoridade e governantes, defender populações e homenagear figuras notáveis. Isso exigiu a adaptação de materiais e métodos de construção para cada finalidade, otimizou os recursos disponíveis na época, como pedra, madeira, argila e folhas. A arquitetura grega e romana, influenciadas pelos princípios do Oriente Médio, marcaram um ponto de partida importante para o desenvolvimento posterior da arquitetura no Ocidente. Os gregos refinaram conceitos antigos e obsoletos, aperfeiçoaram o sistema trilítico, herdado dos egípcios. Os romanos, por sua vez, enfatizaram o uso de arcos e abóbadas, incorporaram às suas construções (SILVEIRA, 2010). 53 A arquitetura gótica, especialmente nas igrejas, seguiu princípios rituais, religiosos, simbólicos e místicos, incorporaram uma variedade de temas sem comprometer o equilíbrio arquitetônico. No Renascimento, o projeto arquitetônico passou a ser abordado de forma mais abstrata, buscou a adequação a regras permanentes. A unidade entre as artes e o ato de projetar tornou-se consciente, onde a pintura, a escultura e a arquitetura se interligavam. Com a arquitetura moderna, impulsionada pela Revolução Industrial e propostas urbanísticas e sociais, a ênfase deixou de ser a estética e passou a incluir fatores como economia, técnica e eficiência. O modernismo associou a arquitetura a questões sociais (SILVEIRA, 2010). A arquitetura contemporânea, por sua vez, reage à arquitetura moderna com uma reinterpretação de seus valores. Os edifícios contemporâneos frequentemente apresentam inovações radicais, abandonam dogmas do modernismo. No pós- modernismo, ocorre uma mistura de materiais e formas, criam liberdade de leitura por meio de combinações variadas de formas, cores e materiais. 7.3 Arquitetura Moderna nos Estados Unidos (1.949) A sede da Organização das Nações Unidas encontra-se na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos. Esta estrutura, localizada no setor leste de Manhattan, foi construída entre 1949 e 1952 e contou com a colaboração do arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer. Ao conceber o projeto do complexo das Nações Unidas, a ONU optou por não realizar um concurso, mas, em vez disso, montou uma equipe internacional de arquitetos. O arquiteto norte-americano Wallace Harrison atuou como diretor de planejamento, e os governos de vários países indicaram seus representantes para contribuir com o projeto (SILVEIRA, 2010). A equipe de arquitetos era composta por profissionais de diversas nacionalidades, incluindo N.D. Bassov (União Soviética), Gaston Brunfaut (Bélgica), Ernest Cormier (Canadá), Le Corbusier (França), Liang Ssucheng (China), Sven Markelius (Suécia), Oscar Niemeyer (Brasil), Howard Robertson (Reino Unido), G.A. Soilleux (Austrália) e Julio Villamajo (Uruguai). O comitê avaliou cinquenta estudos diferentes antes de chegar a uma decisão final. O projeto final foi uma combinação de propostas apresentadas por Niemeyer e Corbusier (figura 1). 54 Figura 1 - Vista da Sede da Onu em NY Fonte: www.infoescola.com Le Corbusier trouxe contribuições significativas para a formulação da linguagem arquitetônica do século XX, que podem ser observadas no projeto da sede da ONU em Nova Iorque. Estas contribuições incluem a construção elevada sobre pilotis, que introduziu uma nova perspectiva urbana e uma relação inovadora entre o espaço interno e externo. Além disso, o conceito de terraço-jardim aproveitou a laje superior da edificação para fins de lazer, transformou o espaço de telhados do passado. A adoção da planta livre na estrutura arquitetônica desvinculou a organização interna dos espaços da concepção estrutural, graças ao uso de sistemas de viga e pilar em grelhas ortogonais, conferiu maior flexibilidade à disposição dos ambientes. A fachada livre daestrutura, com pilares posicionados internamente, permitiu recuos nas lajes, tornou o design das aberturas mais flexível e eliminou ornamentos desnecessários (SILVEIRA, 2010). Outro conceito introduzido por Le Corbusier foi a “janela em fita,” que possibilitou uma orientação solar ideal ao longo da fachada, garantiu uma melhor http://www.infoescola.com/ 55 iluminação natural em todo o espaço. Essas inovações arquitetônicas influenciaram a linguagem da arquitetura do século XX e podem ser claramente percebidas no projeto da sede da ONU em Nova Iorque. A arquitetura moderna é um termo amplo que abrange uma variedade de movimentos e escolas arquitetônicas que dominaram a produção arquitetônica durante boa parte do século XX, especialmente entre as décadas de 1910 e 1950. Ela estava enraizada no contexto artístico e cultural do Modernismo (SILVEIRA, 2010). No entanto, é importante notar que o termo “modernismo” engloba uma série de diferenças entre arquitetos da mesma época. Não havia um conjunto de ideias modernas uniformes. Essas características podem ser rastreadas até várias origens, como a Escola Bauhaus na Alemanha, Le Corbusier na França, Frank Lloyd Wright nos Estados Unidos, ou os construtivistas russos, alguns dos quais estavam associados à escola Vuthemas, entre outros (SILVEIRA, 2010). Essas diversas fontes encontraram um ponto de convergência nos Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna (CIAM), resultaram em uma aparência ideológica unificada e na definição de alguns princípios comuns. Alguns historiadores da arquitetura, como Leonardo Benevolo e Nikolaus Pevsner, traçam as origens históricas da arquitetura moderna a uma série de movimentos que ocorreram no século XIX, como o movimento Arts & Crafts. Uma característica fundamental do modernismo era a rejeição da arquitetura anterior ao movimento, particularmente a arquitetura do século XIX, que se expressava no estilo ecletista. O uso de concreto e aço nas construções permitiu edifícios mais altos com espaços internos mais amplos, promoveu uma maior flexibilidade nos ambientes (SILVEIRA, 2010). A ornamentação foi minimizada para simplificar a arquitetura ao máximo. Esse rompimento com a tradição arquitetônica anterior foi uma parte central do discurso de arquitetos modernos como Le Corbusier e Adolf Loos. No entanto, essa simplificação arquitetônica foi criticada pelo movimento pós-modernista, que valorizou a reinterpretação histórica na arquitetura. A compreensão do mundo contemporâneo, sob uma perspectiva histórica, é uma tarefa desafiadora devido ao ritmo acelerado de acontecimentos, o qual é muito mais intenso do que em qualquer período anterior da história. Isso torna a reflexão sobre esses eventos complexa. 56 A arquitetura praticada nas últimas décadas caracterizou-se, em geral, como uma reação às propostas da arquitetura moderna. Alguns arquitetos reinterpretam os valores modernos e introduzem novas concepções estéticas, enquanto outros propõem projetos radicalmente novos, deliberadamente desafiam os princípios dogmáticos do modernismo (SILVEIRA, 2010). As primeiras críticas negativas à arquitetura moderna, que surgiu no início do século, começaram a se manifestar sistematicamente por volta da década de 1970, com figuras proeminentes como Aldo Rossi e Robert Venturi. Essa crítica antimodernista, que inicialmente se limitava a discussões teóricas acadêmicas, logo se traduziu em projetos práticos. Esses projetos frequentemente enfatizavam a revitalização de elementos do “referencial histórico,” desafiavam abertamente os valores anti-historicistas do modernismo. Nos anos 1980, a revisão do espaço moderno progrediu para uma desconstrução total, influenciada por correntes filosóficas como o desconstrutivismo. Embora amplamente criticada, essa abordagem estética não se restringiu a estudos teóricos e, na década de 1990, conquistou o grande público, tornou-se sinônimo de uma “arquitetura de vanguarda”. Nomes como Rem Koolhaas, Peter Eisenman e Zaha Hadid estão associados a esse movimento (SILVEIRA, 2010). Várias publicações detalharam o processo de concepção do museu, que passou a exercer influência no método de trabalho subsequente de Gehry. Após o esboço inicial com traços frenéticos, o arquiteto passou a desenvolver modelos tridimensionais, utilizou uma variedade de materiais, desde papelão até madeira e, finalmente, chegou a resinas sintéticas mais precisas. O modelo final foi submetido a um processo de engenharia reversa, em que um scanner tridimensional mapeou ponto a ponto no espaço e transferiu essa informação para um modelo virtual. Nesse ambiente virtual, foram realizados os últimos ajustes na forma, testes estruturais e detalhamentos. O uso de uma plataforma CAD/CAM, originária da indústria aeronáutica, permitiu lidar com várias restrições relacionadas à estética, custo e ao prazo de cinco anos para o projeto e construção do museu. As técnicas e materiais expressivos desempenham um papel importantíssimo na arte e na cultura, capacitam artistas e criadores a transmitirem emoções, ideias e 57 mensagens por meio de sua obra. A escolha cuidadosa de materiais, técnicas e estilos é fundamental para a criação de uma expressão artística rica e impactante. Ao longo da história, essas técnicas e materiais evoluíram e se diversificaram, refletiram mudanças culturais, tecnológicas e estilísticas. Diferentes culturas e contextos também influenciaram as escolhas de técnicas e materiais expressivos, resultaram em uma ampla variedade de estilos e tradições artísticas em todo o mundo. A compreensão desses elementos é essencial para apreciar o mundo da arte de maneira mais profunda, permite reconhecer como a criatividade se manifesta de maneiras únicas e como a expressão artística é uma janela para as emoções e ideias que permeiam a sociedade e a experiência humana. O estudo contínuo das técnicas e materiais expressivos enriquece nossa compreensão da arte e nos conecta com a rica tapeçaria da expressão criativa ao longo do tempo e em todo o mundo. 8 CARACTERIZAÇÃO DA FORMA TRIDIMENSIONAL A designação da forma tridimensional constitui a análise e descrição de entidades tridimensionais, caracterizadas por suas dimensões em comprimento, largura e altura. Esta disciplina detém um papel de destaque em múltiplos domínios, abrangendo o design, engenharia, ciência da computação, biologia, geologia, entre outros. A habilidade de caracterização de objetos tridimensionais é crucial na compreensão da sua geometria, estrutura e funcionalidade. A representação desta forma assume diferentes abordagens, incluindo modelos físicos, representações matemáticas e modelos computacionais. Técnicas como a modelagem 3D, a digitalização tridimensional, a visualização e a análise são empregadas na obtenção de dados relativos a objetos e estruturas tridimensionais. Sua caracterização de importância crítica em numerosas aplicações práticas, como o design de produtos, o planejamento de edificações, a análise de artefatos arqueológicos, a simulação de fenômenos físicos, entre outros. Portanto, a competência na compreensão e descrição de formas tridimensionais é de relevância inegável em diversas disciplinas acadêmicas e setores industriais. Seu desenvolvimento envolve uma série de técnicas e abordagens que permitem uma análise detalhada de objetos ou estruturas tridimensionais. Algumas das principais técnicas e áreas de aplicação serão exploradas: 58 ➢ Modelagem 3D: é o processo de criar representações virtuais de objetos tridimensionais usando software especializado. Essa técnica é amplamente usada em design industrial, animação, jogos, arquitetura e engenharia para criar modelos virtuais de produtos, edifícios e cenários. ➢ Digitalização 3D: é o processo de capturar a forma tridimensional de um objeto do mundo reale convertê-lo em um modelo digital. Isso é feito usando dispositivos como scanners 3D que medem a geometria de um objeto e o transformam em um modelo 3D preciso. ➢ Visualização 3D: envolve a representação de objetos tridimensionais em um ambiente virtual para análise e inspeção. É amplamente utilizado em medicina para visualizar órgãos em 3D, em geologia para estudar formações geológicas e em engenharia para verificar montagens e simulações. ➢ Análise de forma tridimensional: é usada para extrair informações quantitativas e qualitativas sobre a geometria de um objeto. Isso pode incluir medições de volume, área de superfície, características de curvatura e muito mais. É importante em áreas como biologia para estudar formas de organismos, geologia para analisar rochas e minerais, e engenharia para avaliar a integridade de componentes. ➢ Reconstrução 3D: é a prática de criar modelos tridimensionais a partir de dados de sensoriamento, como imagens 2D, nuvens de pontos ou dados de varredura. Essa técnica é valiosa em arqueologia, topografia e em aplicações de realidade aumentada e virtual. ➢ Simulação e prototipagem 3D: A diferenciação da forma tridimensional também é crucial na simulação de processos físicos, como testes de protótipos de produtos, simulações de dinâmica de fluidos e análise estrutural. Isso permite a otimização de projetos e a previsão de comportamentos em condições do mundo real. ➢ Aplicações interdisciplinares: A distinção da forma tridimensional é usada em várias disciplinas, como medicina, onde é fundamental na modelagem de órgãos para planejamento cirúrgico, e arqueologia, onde ajuda na análise de artefatos históricos. 59 A caracterização da forma tridimensional principalmente das imagens desempenha um papel fundamental em diversas áreas, permite a compreensão, representação e análise de objetos e estruturas tridimensionais . Ela impulsiona inovações em design, engenharia, ciência, medicina e muitos outros campos, contribuindo para o avanço do conhecimento e o desenvolvimento de tecnologias e produtos cada vez mais sofisticados (MONTEIRO, 1995). 8.1 Análise de imagens O conceito de imagem, originado do vocábulo latino "imago" que denota figura, sombra ou imitação, engloba a representação de um objeto por meio de analogia ou semelhança perceptiva. Ainda que sua aplicação possa ser estendida a outros sentidos, sua associação primordial é com a representação visual. No contexto das imagens digitais, essa terminologia foi ampliada para abranger não apenas a visualização do objeto, mas também a estrutura matemática que incorpora as informações essenciais para sua reconstrução. De uma perspectiva mais abrangente, podem ser identificados dois principais métodos de representação matemática dos dados de imagens digitais: o armazenamento de tipo imagem "raster" e a imagem vetorial. Embora haja outras modalidades de representação, esta discussão se concentrará exclusivamente nestas duas, com o propósito de comparar as características desses dois extremos na representação de uma imagem (MONTEIRO, 1995). 8.2 Imagem vetorial No contexto da representação de imagens vetoriais, estas são armazenadas na forma de equações descrevendo primitivas geométricas, tais como segmentos de reta, círculos, polígonos, entre outras. Em sua forma mais simples, quando se trata de um segmento de reta como primitiva, apenas as coordenadas de seus pontos extremos são registradas (MONTEIRO, 1995). Durante a visualização, o computador realiza cálculos em tempo real para determinar os pontos a serem ativados na tela, a fim de representar o objeto em questão. Esse método de armazenamento é amplamente empregado na computação gráfica devido à sua eficiência em termos de uso de memória, possibilita a descrição de planos, superfícies e outros elementos visuais. 60 Uma aplicação relevante para geólogos envolve a digitalização de perfis de poços. Nesse cenário, curvas complexas são armazenadas através da subdivisão em pequenos segmentos de reta. Esse tipo de armazenamento oferece flexibilidade na manipulação dos dados, permite a escalabilidade e rotação das imagens sem perda de precisão. Dado que as imagens consistem em elementos isolados, como curvas, esses elementos podem ser destacados do fundo, permite rotação e translação independentes de outros componentes da imagem (MONTEIRO, 1995). 8.3 Imagem "raster" No contexto da representação digital de imagens, a imagem raster é concebida como uma matriz numérica , refletindo uma versão amostrada da cena contínua do mundo real (GRENN, 1989). Em imagens bidimensionais, cada elemento na matriz digital corresponde a uma área na cena real, e o valor desse elemento indica a medida da intensidade de algum espectro analisado (como frequência luminosa, frequência dos raios-X, entre outros) para a respectiva área na cena real. Em imagens 2D, o termo utilizado para descrever esse elemento é "píxel," derivado da expressão "picture element," enquanto em imagens 3D, esse elemento é conhecido como "voxel," originário da expressão "volume element." Neste trabalho que aborda morfologia matemática em imagens 3D, o termo preferencialmente adotado será "voxel," emprega o termo "píxel" apenas quando a propriedade estiver estritamente relacionada a imagens 2D (MONTEIRO, 1995). Portanto, cada valor armazenado não representa a propriedade medida em um ponto específico, mas sim em uma área ou volume unitário. A disposição desses elementos, seja no plano ou no espaço tridimensional, desempenha um papel fundamental na representação e análise das imagens. A construção de um gride, seja bidimensional ou tridimensional, define uma área ou volume na representação. A configuração dessa área ou volume é determinada pelo tipo de gride adotado. Em contextos bidimensionais, o gride pode assumir a forma de quadrados ou hexágonos, enquanto em cenários tridimensionais, diversos tipos de grides são explorados, são o mais simples deles o gride cúbico. Independentemente disso, o voxel (ou píxel) representa uma unidade numérica dentro da matriz de uma imagem digital e corresponde a uma porção da cena do mundo real (GRENN, 1989). 61 Assim, esse voxel (ou píxel) representa um volume (ou área) na cena real, cujas dimensões são definidas pela escala de observação. Qualquer elemento presente no gride pode ser caracterizado por suas coordenadas, isto é, os índices da matriz, bem como pelo valor que representa. Em situações que envolvem imagens tridimensionais e grides cúbicos, é possível utilizar uma representação matricial, emprega uma matriz tridimensional. Os subscritos dessa matriz, de forma implícita, indicam a posição do elemento de imagem ao qual o valor está associado, simplifica a identificação espacial dos elementos dentro da estrutura. Uma característica fundamental de uma imagem raster é a taxa de amostragem aplicada na criação da representação digital da cena do mundo real. O aumento do número de amostras para a mesma cena resulta em maior nível de detalhamento na imagem, ou seja, em sua definição. No entanto, um aumento na quantidade de amostras acarreta em requisitos mais elevados de memória, tempo prolongado para obtenção da imagem e um aumento no tempo necessário para processamento (MONTEIRO, 1995). Já as imagens em tons de cinza abrangem uma ampla gama de variações tonais em cinza. Em contraste, as imagens binárias, conforme o próprio nome sugere, consistem unicamente nos elementos de interesse, assumem um valor único, enquanto o fundo é representado por um valor constante distinto. Isso resulta em uma distinção precisa entre os objetos e o fundo. Do ponto de vista matemático, as imagens em tons de cinza podem ser descritas como funções, onde um ponto com coordenadas x e y está associado a um valor que representa sua tonalidade de cinza. Poroutro lado, as imagens binárias podem ser analisadas matematicamente como conjuntos de pontos, onde os elementos da imagem correspondem ao conjunto de pontos com valor 1 ou 255, enquanto o fundo é definido pelo conjunto complementar, caracterizado por um valor igual a 0. 8.4 Estratégias de seguimento de imagem A preocupação com a aplicação de estratégias de segmento de imagens no estudo morfométrico espécimes de espécies de peixes não é algo atual e foi amplamente debatida no estudo conduzido por Cadrin e Friedland (1999). No trabalho 62 de Lines et al. (2001), foi introduzida uma abordagem para calcular o peso dos peixes utiliza-se um par de câmeras subaquáticas. Estas câmeras registravam conjuntos de imagens para a identificação dos peixes, estimavam seus contornos por meio pela diferença entre as imagens capturadas em momentos distintos. Em seguida, um padrão de distribuição de pontos era empregado. A massa dos peixes era estimada com base em modelos de equações que utilizavam regressão linear, utiliza como referência métrica de peixes obtidas manualmente, que serviam como base de dados. No entanto, o método possuía várias limitações, isso inclui a qualidade das imagens, a posição dos peixes e a necessidade de que seu comprimento se situasse entre 40 e 70 cm. Posteriormente, um estudo similar foi conduzido por Costa et al. (2006), onde foram realizados refinamentos no pré-processamento das imagens. Essas melhorias incluíram a aplicação de um filtro de média para eliminar ruídos, o uso do filtro de Sobel para detecção de bordas e a incorporação de uma Rede Neural Artificial (RNA) para correção de erros na distribuição dos pontos que definiam os contornos dos peixes. Além disso, parâmetros como a distância focal das câmeras e a distância entre as duas câmeras foram empregados para obter informações detalhadas sobre a forma e o tamanho dos peixes. No que diz respeito à utilização de tecnologias para a representação tridimensional de organismos, existem estudos direcionados a esse propósito. Como exemplos, pode ser mencionado o trabalho conduzido por (DARDON; et al., 2010), no qual foram avaliados diversos métodos de aquisição de imagens, que inserem digitalização tridimensional, e técnicas de modelagem 3D aplicadas a fósseis. O estudo destacou várias aplicações, tais como a reconstrução de estruturas, detecção de irregularidades e a obtenção de informações históricas mais detalhadas. Outro exemplo é o trabalho de (TREVAS; CAVALCANTI; SILVA-CAVALCANTI, 2011), no qual foi desenvolvida uma metodologia para a modelagem tridimensional de organismos marinhos. Essa abordagem foi destinada à criação de um aquário virtual interativo no Museu de Oceanografia de Serra Talhada, em Pernambuco. O estudo abordou a análise anatômica das espécies marinhas escolhidas, bem como a implementação de software de modelagem 3D. 8.5 Processamento de Imagens 63 O setor de Processamento Digital de Imagens (PDI) tem despertado um interesse crescente, impulsionado , além da análise automatizada por computador, pelo objetivo de realçar características essenciais nas imagens e aprimorar seu aspecto visual. Essa melhoria auxilia facilitar a interpretação e análise por parte do profissional humano informações, ao mesmo tempo em que pode resultar em dados passíveis de submissão a processamentos adicionais (DIAS et al., 2013; FILHO; NETO, 1999). Segundo Alves (2013), em termos gerais, um sistema de PDI é organizado em diversas fases. Primeiramente, aquisição das imagens é necessária e realizada por meio de dispositivos como câmeras digitais ou scanners a laser. Em seguida, a etapa de pré-processamento entra em cena, com a finalidade de remover ruídos ou ajustar o contraste, contribui para o aprimoramento da qualidade das imagens. Posteriormente, ocorre a fase de segmentação, que visa a subdividir a imagem em regiões de interesse. A etapa subsequente engloba a extração de características, na qual grupos de pixels são convertidos e descritos em termos de informações. Por fim, os estágios de categorização surgem para identificar padrões nos dados previamente obtidos, que culminam na interpretação ou no reconhecimento dos padrões identificados. As sequências de imagens adquiridas à taxa convencional de 25 quadros por segundo revelam-se inadequadas para uma caracterização abrangente do movimento humano durante a locomoção bípede com velocidade e cadência naturais. Esse desafio foi identificado por diversos pesquisadores, inclui Krebs [Krebs, 1995] na área de biomecânica, assim como por Singh [Singh, 1991] e Fleet [Fleet, 1992] na visão computacional. Portanto, a utilização de taxas de amostragem mais elevadas se torna justificável, visa mitigar o potencial problema de aliasing. No estudo experimental, opta por adotar uma taxa de aquisição de 125 imagens por segundo. Para realizar uma análise biomecânica do movimento humano com base em sequências de imagens, é essencial, inicialmente, identificar pontos específicos em cada quadro da sequência. A seleção dos marcadores a serem empregados para sinalizar esses pontos atende a dois critérios fundamentais, entre outros: eles devem ser confortáveis para os indivíduos, de modo a não influenciar a execução da tarefa, e, em termos de suas propriedades ópticas em relação ao ambiente circundante, devem facilitar o processo de análise de imagem por meio de computação. 64 A caracterização da forma tridimensional desempenha um papel fundamental em diversas áreas, oferece uma compreensão mais profunda de objetos e estruturas com três dimensões. Através de técnicas como modelagem 3D, digitalização tridimensional e visualização, podem adquirir informações detalhadas sobre esses objetos, sejam eles produtos de design, construções arquitetônicas, achados arqueológicos ou sistemas biológicos complexos. Essa análise tridimensional é um recurso valioso em muitas aplicações práticas, desde o design de produtos até a simulação de processos físicos. Ela permite otimizar projetos, avaliar a integridade de estruturas e promover avanços em áreas diversas. O conhecimento e domínio da caracterização da forma tridimensional são, portanto, essenciais em uma ampla variedade de campos, contribui para a evolução do conhecimento e o desenvolvimento de tecnologias inovadoras. A capacidade de compreender, descrever e manipular objetos tridimensionais é um recurso valioso que impulsiona a pesquisa e a inovação em muitos setores. 65 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, G. V. M. Revisão das fronteiras entre arte design. Rio de Janeiro, 2020. ALVES, N. M. E. A equação do calor aplicada ao processamento de imagens. 2013. Monografia (Graduação) — Universidade Federal de Minas Gerais, 2013. ARGAN, G. C.; ROBB, N. A. The architecture of brunelleschi and the origins of perspective theory in the fifteenth century. Journal of the Warburg and Courtauld Institutes. 9:96-121 .1946). BARNARD, M. Approaches to understanding visual culture. 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