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JUSTIÇA DO TRABALHO 
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 
4ª TURMA – 8ª CÂMARA 
Processo nº 0038400-04.2009.5.15.0074 
 
GM 
 Firmado por assinatura digital em 03-04-2012, conforme Lei 11.419/2006 - AssineJus ID: 041001.0915.199090 
1 
ACÓRDÃO Nº 
 
RECURSO ORDINÁRIO 
 
PROCESSO TRT/15ª REGIÃO Nº 0038400-04.2009.5.15.0074 RO 
 
RECORRENTE: ELOIR DE JESUS DA LUZ 
RECORRIDO: FRIGOL S/A 
ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE LENÇÓIS PAULISTA 
JUÍZA SENTENCIANTE: ADELINA MARIA DO PRADO FERREIRA 
 
 
EMENTA: DOENÇA OCUPACIONAL. SURGIMENTO 
DURANTE A RELAÇÃO EMPREGATÍCIA. SEQUELAS 
LEVES. INDENIZAÇÃO DEVIDA. Tratando-se de 
empregado que labora em âmbito de frigorífico, trabalhando 
em dessossa, atividade que exige posições forçadas, gestos 
repetitivos e rito de trabalho penoso e, em razão disso, 
desenvolve epicondilite lateral no cotovelo esquerdo e 
sinovite de punho esquerdo, doenças notoriamente 
ocupacionais em face da atividade laboral, na forma do 
Decreto 6.957 de 09/09/2009, que alterou o Regulamento da 
Previdência Social (Decreto 3048/99) e estabeleceu relação 
de agentes patogênicos causadores de doenças 
profissionais ou do trabalho, conforme artigo 20 da Lei nº 
8.213/91, devida é a indenização em razão da redução da 
capacidade laborativa, ainda que parcial e temporária. No 
caso examinado o trabalhador, após alta médica, 
permaneceu portador de leves sequelas que, não obstante 
não o impossibilitem de permanecer laborando, 
impossibilitam o exercício da mesma função. A existência 
paralela de outra doença, esta de caráter degenerativo, não 
retira ao trabalhador o direito a ser indenizado pelas doenças 
adquiridas em razão da atividade laboral. Recurso ao qual se 
dá provimento. 
 
 
 
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JUSTIÇA DO TRABALHO 
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 
4ª TURMA – 8ª CÂMARA 
Processo nº 0038400-04.2009.5.15.0074 
 
GM 
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2 
RELATÓRIO 
Da decisão proferida a fls. 259-263, que julgou 
improcedentes os pedidos, recorreu o reclamante afirmando que adquiriu doença 
ocupacional pelo trabalho realizado na reclamada, razão pela qual entende fazer 
jus à reintegração ao emprego, assim como às indenizações por danos moral e 
material. 
Contrarrazões recursais a fls. 271-274. 
Relatados. 
 
 
 1. DA ADMISSIBILIDADE. 
 
 O Recurso Ordinário foi interposto tempestivamente e a 
representação processual está regular. 
 Preenchidos os demais pressupostos, passo à análise. 
 
 2. REPARAÇÃO DE DANOS. ESTABILIDADE PROVISÓRIA, 
DOENÇA OCUPACIONAL| 
 
Afirmou o autor, em razões recursais, que a prova pericial 
produzida nos autos confirmou que o mesmo adquiriu doença de ordem 
ocupacional, que lhe causou redução de capacidade laborativa e que, em razão 
disso, não pode mais exercer atividades que exijam esforço físico ou movimentos 
com o punho. Afirma que o laudo pericial também confirmou que as atividades 
desenvolvidas em prol da recorrida é que lhe causaram as doenças ocupacionais. 
Afirma que foi injustamente dispensado em 09/02/2009, enquanto estava vitimado 
pela enfermidade e faz jus à reintegração ao trabalhado, e pagamento das verbas 
daí decorrentes. 
O MM. Juízo a quo, à vista do laudo pericial constante de 
fls.222-230, julgou improcedente o pedido formulado, com a seguinte 
fundamentação, conforme fls. 260/262: 
 
“Em seu trabalho constatou o Sr. Perito, ao examinar os 
membros superiores do autor “que não havia atrofia, 
hipotrofia e/ou hipertrofia, as manobras de stress de 
músculos e tendões apresentaram-se normais, sem qualquer 
limitação. Especialmente quanto ao punho esquerdo, 
notamos que os movimentos eram presentes, com discreta 
diminuição da força. Apresenta uma cicatriz cirúrgica na 
região posterior da mão esquerda, com 5 centímetros de 
comprimento, motivado por acidente com faca feito por 
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JUSTIÇA DO TRABALHO 
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 
4ª TURMA – 8ª CÂMARA 
Processo nº 0038400-04.2009.5.15.0074 
 
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companheiro de trabalho há 2 meses. Ausência de processo 
inflamatório visível.” (fl. 226) 
Após responder aos quesitos das partes, conclui o Sr. Perito 
“que o reclamante foi portador de sinovite do punho 
esquerdo e epicondilite lateral à esquerda, durante o pacto 
laboral, compatíveis com a atividade laborativa, atualmente 
curadas e atualmente é portador de osteoartrose do 
semilunar, detectada durante o pacto laboral, persistente até 
a presente data, sem nexo com o trabalho.” 
PEDIDOS: 
Alega o autor que em virtude dos serviços prestados na 
reclamada, passou a ser portador de Epicondilite Lateral e 
Sinovite no punho, o que o incapacita para o exercício de 
atividades profissionais que exijam movimentos com o 
cotovelo, antebraço e punho esquerdo, de forma 
permanente. 
Diz que a ré contribuiu de forma substancial e exclusiva para 
a ocorrência da doença, já que não buscou o 
aperfeiçoamento de máquinas, equipamentos e sistemas, 
não efetuou exames periódicos capazes de detectar a 
doença em estágio inicial, não alterou a sua função para 
outra que não exigisse movimento repetitivo e ignorou os 
atestados médicos que solicitavam o seu afastamento. 
Pede o reconhecimento da culpa objetiva da empregadora. 
Requer a aplicação do art. 950 e parágrafo único do Código 
Civil. 
Pretende o percebimento de pensão mensal vitalícia a ser 
paga em parcela única ante a perda da capacidade 
laborativa por culpa da empregadora, além, de indenização 
por danos morais e reintegração ao trabalho. 
Conforme ficou estampado no laudo pericial, não há perda 
ou redução da capacidade laborativa do autor em virtude da 
doença adquirida como conseqüência dos trabalhos 
realizados para a ré. 
A doença ainda presente e que enseja redução leve na sua 
capacidade de trabalho, não guarda nexo com o trabalho 
desenvolvido para a ré. 
Consoante o laudo, a doença relacionada ao trabalho teve 
duração temporária e não se pode precisar se estava ou não 
curada no momento do desligamento. A impugnação do 
autor ressaltando o exame de fl. 203 que atesta a presença 
de cisto sinovial após o desligamento não é relevante, uma 
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JUSTIÇA DO TRABALHO 
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 
4ª TURMA – 8ª CÂMARA 
Processo nº 0038400-04.2009.5.15.0074 
 
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vez que a simples presença do cisto não indica a presença 
da doença. 
De fato, segundo o Dicionário Aurélio, sinovite é a 
inflamação da membrana sinovial. Já o cisto seria um tumor 
formado por cavidade fechada, contendo matéria líquida ou 
semi-sólida. 
Durante muito tempo esta julgadora foi portadora de cisto 
sinovial de grandes dimensões, sem que isso motivasse 
qualquer afastamento do trabalho ou impossibilidade do 
exercício das funções, entre as quais grande volume de 
digitação. 
Observe-se, ainda, que o Sr. Perito considerou, conforme 
relatado a fl. 224, o exame de fl. 203, não se podendo 
afirmar que não levou em conta todos os documentos 
constantes dos autos. 
Ademais, por ocasião do desligamento o reclamante passou 
por exame médico (fl. 79) que o considerou apto ao 
desempenho da função que vinha realizando. 
Não se pode presumir que estivesse com alguma doença 
incapacitante na época, porque ele mesmo afirmou ao Sr. 
Perito do Juízo que depois do desligamento, recebeu seguro 
desemprego por cinco meses e na seqüência, em 
24/08/2009, passou a trabalhar para o Supermercado Doidão 
na função de auxiliar de açougue. 
Revela com isso, não ter procurado o Instituto Previdenciário 
em busca de qualquer benefício decorrente de doença, fosse 
ele simples auxílio doença, fosse auxíliodoença acidentário. 
Posto isso, não há falar em reintegração por não 
demonstrado que ao tempo do desligamento o reclamante 
era portador de doença oriunda do trabalho, capaz de 
determinar o seu afastamento por período superior a quinze 
dias. 
No mesmo sentido, não há falar em reparações de ordem 
moral ou material, lembrando quanto a esta última que além 
de não haver seqüelas atuais, não há também comprovação 
de que eventuais seqüelas pretéritas tenham impedido o 
autor de obter sustento através do próprio trabalho, já que 
não se noticia nos autos o gozo de benefício previdenciário 
em momento algum.” 
 
 
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Inconformado, recorreu o reclamante, pugnando pela 
reforma do julgado de origem. 
 
Vejamos. 
 
O reclamante trabalhou para a recorrida de 02/01/2001 a 
09/02/2009. Restou incontroverso que o mesmo exerceu a função de auxiliar de 
desossa até outubro de 2006 e a partir de novembro de 2006 passou a 
desossador A, função que exerceu até maio de 2008, quando passou a salgador 
de charque e, a partir de janeiro de 2009 passou a laborar no almoxarifado. 
Os exames apresentados pelo reclamante e, em parte, 
também apresentados pela reclamada (vide fls. 74 e seguintes), evidenciam que a 
partir de 2006 o reclamante passou a apresentar problemas relacionados à função 
de desossador (cotovelo e punho esquerdos). Era de conhecimento do 
departamento médico da recorrida a existência de tal limitação, o que se evidencia 
pelo conteúdo do documento de fl. 68 (solicitação do departamento médico de 
alteração de função para garantir a recuperação do trabalhador, evitando-se 
“pegar peso”). Os documentos de fls. 81 e seguintes evidenciam a entrega de 
vários atestados médicos solicitando afastamento do trabalho. Observa-se que o 
serviço médico da empresa efetuava a análise da documentação e, conforme 
indica a petição inicial, reduzia os períodos de afastamento (vide fl. 82 – indicação 
de 15 dias de afastamento, reduzidos a 05 dias por ordem do médico do trabalho 
da empresa). 
Os exames periódicos realizados evidenciam existência de 
riscos ergonômicos (vide fls. 69, 70 e 73). 
No mais, a função de desossador, por suas próprias 
características, evidenciam a existência de tais riscos. 
Assim, não há dúvidas de que houve nexo de causalidade 
entre as patologias caracterizadas como epicondilite lateral no cotovelo esquerdo 
e sinovite de punho esquerdo e o trabalho desenvolvido na função de desossador. 
É de se notar que a própria reclamada, quando teve ciência 
de referido diagnóstico, mudou o trabalhador de função. 
A existência da doença degenerativa (doença de Kienböck – 
cuja característica principal é desconfigurar a anatomia do punho, causando 
edema nos tendões), paralela às outras patologias, não tem o condão de 
descaracterizar a doença ocupacional adquirida pelo trabalhador. 
O próprio laudo pericial, citado na sentença, indica a 
existência do nexo de causalidade e evidencia que o trabalhador, embora hígido 
no momento do exame, não pode mais exercer a mesma atividade, em razão de 
tais patologias. O laudo também evidencia que houve discreta redução de força 
da mão esquerda, em razão das patologias de origem ocupacional. Vide resposta 
ao quesito de item 11 do trabalhador: Pergunta: “11 – Pode o reclamante 
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continuar exercendo atividades que necessitem de esforço ou mesmo 
movimentos repetitivos com os membros lesionados?”. Resposta do Sr. 
Perito Judicial: “Não deve” (vide fl. 228). 
Em resposta ao quesito nº 12, formulado pelo recorrente, a 
respeito do agravamento das lesões, o Sr. Perito Judicial esclareceu que a 
doença denegerativa está estabilizada, mas o trabalhador sentiria dor e 
dificuldade de movimentação ampla e, ao quesito seguinte, que questionava 
existência de perda de sua capacidade laborativa, o Sr. Perito respondeu 
afirmativamente, complementando, no quesito posterior, que referida perda é de 
grau leve. 
Ao responder os quesitos apresentados pela recorrida, 
notadamente o que questionava a existência de nexo causal (quesito 07 – fl. 229), 
o Sr. Perito Judicial reconheceu existir o nexo de causalidade entre as atividades 
e a sinovite e a epicondilite. 
Assim, ante a análise das provas produzidas nos autos, 
conclui esta Relatora que a sentença de origem merece parcial reforma. 
Isto porque tenho que, tratando-se de empregado que labora 
em âmbito de frigorífico, trabalhando em dessossa, atividade que exige posições 
forçadas, gestos repetitivos e rito de trabalho penoso e, em razão disso, 
desenvolve epicondilite lateral no cotovelo esquerdo e sinovite de punho 
esquerdo, doenças notoriamente ocupacionais em face da atividade laboral, na 
forma do Decreto 6.957 de 09/09/2009, que alterou o Regulamento da 
Previdência Social (Decreto 3048/99) e estabeleceu relação de agentes 
patogênicos causadores de doenças profissionais ou do trabalho, conforme artigo 
20 da Lei nº 8.213/91, devida é a indenização em razão da redução da 
capacidade laborativa, ainda que parcial e temporária. 
No caso examinado o trabalhador, após alta médica, 
permaneceu portador de leves sequelas que, não obstante não o impossibilitem 
de permanecer laborando, impossibilitam o exercício da mesma função. A 
existência paralela de outra doença, esta de caráter degenerativo, não retira ao 
trabalhador o direito a ser indenizado pelas doenças adquiridas em razão da 
atividade laboral. 
Assim, faz jus o trabalhador à indenização por danos 
materiais em razão da perda da capacidade laborativa. Observo, contudo, que a 
incapacidade foi parcial e temporária durante vários lapsos durante o contrato de 
trabalho. O recorrente permanece com leve redução da capacidade laborativa, eis 
que não pode mais atuar como desossador ou desenvolver atividades que exijam 
esforço físico e sejam repetitivas, mas tal não o impossibilita de permanecer no 
mercado de trabalho. Assim, a fim de reparar o dano causado, no limite do 
mesmo, arbitro a indenização por danos materiais em R$20.000,00 (vinte mil 
reais). O valor ora arbitrado leva em consideração o tempo em que o reclamante 
laborou para a reclamada, sua última remuneração e o porte empresarial, além do 
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fato de que a indenização deve servir para que a empresa possa adotar medidas 
que visem a redução dos riscos de sua atividade. 
Quanto aos danos morais, vigora em nosso ordenamento 
jurídico a teoria da responsabilidade civil (artigo 186, do Código Civil Brasileiro), 
que impõe àquele que lesionou outrem a obrigação de indenizá-lo, com o objetivo 
de restituir as coisas ao estado anterior ou, na sua impossibilidade, ao menos 
conferir ao lesado uma satisfação pela perda que sofreu. 
O dano moral pode ser conceituado como o 
constrangimento que alguém experimenta em conseqüência de uma lesão em 
seu direito personalíssimo, causado ilicitamente por outrem. É aquele que surte 
efeitos no âmago subjetivo do ser humano, em decorrência de ofensas à sua 
dignidade e à sua intimidade, causando-lhe profunda dor, tristeza e 
constrangimento. 
Desse modo, pode-se dizer que ao contrário do dano 
material, o dano moral não afeta bens materiais, nem comercialmente redutíveis 
a dinheiro, mas é aquele que lesiona a esferapersonalíssima da pessoa 
(intimidade, vida privada, honra e imagem) e que repercute na esfera do meio em 
que vive. 
Preceitua o inciso X, do artigo 5
º
, da Constituição Federal 
Brasileira, a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem 
da pessoa, sendo assegurado o direito de indenização pelo dano material ou 
moral decorrente de sua violação. 
Prenuncia o inciso XXVIII, do artigo 7º, da Carta Maior 
Pátria, ser direito do trabalhador urbano e rural o seguro contra acidentes de 
trabalho, a cargo do empregador, sem exclusão da indenização a que este se 
obriga, quando incorrer em dolo ou culpa. 
O Código Civil de 2.002 filiou-se, em regra geral, à teoria 
subjetiva, como se verifica da análise do caput, do seu artigo 927, que erigiu o 
dolo e a culpa como fundamentos da obrigação de reparar o dano, sendo que o 
dever de indenizar exige relação de causalidade entre a ação e o dano produzido, 
bastando a certeza de que sem aquela este não teria lugar, independente do grau 
de culpa do agente. 
Desse modo, para que haja a compensação do dano 
causado, necessário que estejam presentes os seguintes requisitos: ação ou 
omissão; culpa ou dolo; relação de causalidade e a subsistência do dano 
(emocional, sentimental) experimentado pela vítima quando da exigibilidade da 
reparação. 
Nesse sentido, consoante Maurício Godinho Delgado, é 
necessário, para sua caracterização e compensação, que estejam presentes os 
seguintes critérios orientadores: 
 
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“a) no tocante ao ato ofensivo em si: sua natureza (se é um 
tipo civil apenas, ou ao contrário, um tipo pena, por exemplo; 
a forma como se deu o ato, etc.); sua gravidade (a natureza 
já induz à conclusão sobre a gravidade, embora esta possa 
derivar também de outros fatores, como, por exemplo, a 
permanência no tempo dos efeitos da ofensa); o tipo de bem 
jurídico tutelado que a ofensa atinge (honra, intimidade, vida 
privada, por exemplo); 
b) no tocante à relação com a comunidade: a repercussão 
do ato (seja quanto à intensidade da repercussão – 
profunda, leve, etc. – seja quanto à sua abrangência: larga, 
restrita, etc.); 
c) no tocante à pessoa do ofendido: a intensidade de seu 
sofrimento ou desgaste; a posição familiar; comunitária ou 
política do ofendido; seu nível de escolaridade; 
d) no tocante à pessoa do ofensor: sua posição 
socioeconômica (tratando-se de empregador pessoa física, 
evidentemente deve-se tomar também em consideração os 
aspectos os aspectos individuais do ofensor); a ocorrência 
(ou não) de práticas reiteradas de ofensas da mesma 
natureza e gravidade; a intensidade do dolo e culpa do 
praticante do ato ou por ele responsável; 
e) a existência (ou não) de retratação espontânea e cabal 
pelo ofensor e a extensão da reparação alcançada por esse 
meio pelo ofendido. Registre-se, a propósito, que o Código 
de Telecomunicações considera que a “retratação do 
ofensor, em juízo ou fora dele, não excluirá a 
responsabilidade pela reparação”; aduz, contudo, que essa 
retratação será tida como “atenuante na aplicação da pena 
de reparação” (art. 85 e parágrafo único, Lei n. 4.117/62). 
A esse conjunto de critérios deve ser acionado outro 
relevante, que se dirige à construção do valor indenizatório. 
Trata-se de: 
f) arbitramento da indenização deve construir-se pelo cotejo 
dos critérios enunciados (alíneas “a” até “e” citadas), 
mediante o pleno exercício das qualidades judicantes 
(sensatez, equanimidade, isenção, imparcialidade), 
atentando-se ainda para o seguinte: o montante arbitrado 
não produza enriquecimento ou empobrecimento sem causa 
das recíprocas partes; não perca esse montante a harmonia 
com a noção de proporcionalidade, seja por deixar de 
compensar adequadamente o mal sofrido, seja por agregar 
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9 
ganhos financeiros superiores a uma compensação razoável 
pertinente.” 
(Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2.002, p. 
604) 
 
No caso presente, o laudo pericial de fls. 222-230 concluiu 
ter o autor sofrido, temporariamente, durante o pacto laboral, doença 
ocupacional, que lhe deixaram com sequelas leves. 
Assim, a fim de indenizar o dano moral sofrido, consistente 
na impossibilidade de manutenção da mesma atividade laboral e na 
impossibilidade de poder voltar a exercê-la, além do dano consistente na redução 
da capacidade laborativa, condeno a recorrida a pagar indenização ora arbitrada 
em R$10.000,00 (dez mil reais). 
 
No tocante à estabilidade, razão não assiste ao recorrente. 
Não obstante tenha o trabalhador trazido aos autos o 
atestado de fl. 27, indicando afastamento de 15 (quinze) dias a contar de 
04/02/2009, não há provas de que tal documento tenha sido efetivamente 
entregue à empresa. Observe-se que a rescisão contratual foi homologada 
perante a entidade sindical que assiste o trabalhador e, na oportunidade, 
nenhuma ressalva o mesmo lançou a respeito de estar em período de 
afastamento médico. Observa-se, pelo verso de fl. 81, que foi efetuada ressalva 
quanto aos valores quitados, o que evidencia que o trabalhador, na oportunidade, 
poderia ter relatado ocorrido. O cartão de ponto de fl. 159 indica que o recorrente 
trabalhou normalmente no período de 04/02/2009 a 09/02/2009 – data da 
dispensa. 
Tenho, ante o que dos autos consta, que na data da 
rescisão contratual, não havia incapacidade laborativa que impedisse o 
trabalhador de trabalhar. Como já frisado linhas atrás, a leve redução da 
capacidade laborativa não retirou do trabalhador a capacidade de continuar 
laborando. 
Não vislumbro existência de direito à reintegração, eis que, 
não obstante o conteúdo da Súmula 378, II, do C. Tribunal Superior do Trabalho, 
que relativizou a exigência do artigo 118 da Lei 8.213/91, tenho que a mesma 
apenas se aplica àquelas situações em que se observa incapacidade laborativa 
que impeça o trabalhador de permanecer trabalhando ou de se recolocar no 
mercado de trabalho, ou, ainda, cuja gravidade exija manutenção do contrato de 
trabalho a fim de possibilitar tratamento médico adequado. No caso dos autos o 
trabalhador, logo após o período do seguro desemprego, obteve nova colocação, 
em outra atividade e, no mais, sua incapacidade para o trabalho é de grau leve. 
Eis, abaixo a citada Súmula: 
 
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JUSTIÇA DO TRABALHO 
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO 
4ª TURMA – 8ª CÂMARA 
Processo nº 0038400-04.2009.5.15.0074 
 
GM 
 Firmado por assinatura digital em 03-04-2012, conforme Lei 11.419/2006 - AssineJus ID: 041001.0915.199090 
10 
“ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO 
TRABALHO. ART. 118 DA LEI Nº 8.213/1991. 
CONSTITUCIONALIDADE. PRESSUPOSTOS (conversão 
das Orientações Jurisprudenciais nºs 105 e 230 da SBDI-1) - 
Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 
I - É constitucional o artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 que 
assegura o direito à estabilidade provisória por período de 12 
meses após a cessação do auxílio-doença ao empregado 
acidentado. (ex-OJ nº 105 da SBDI-1 - inserida em 
01.10.1997) 
II - São pressupostos para a concessão da estabilidade o 
afastamento superior a 15 dias e a conseqüente percepção 
do auxílio-doença acidentário, salvo se constatada, após a 
despedida, doença profissional que guarde relação de 
causalidade com a execução do contrato de emprego. 
(primeira parte - ex-OJ nº 230 da SB-DI-1 - inserida em 
20.06.2001)” (g.n.) 
 
Neste aspecto, mantenho, portanto, a decisão de origem. 
Em face da reforma parcial da decisão, os honorários 
periciaisficarão a cargo da recorrida, sucumbente no objeto da perícia, pelo valor 
já arbitrado na origem. 
 
Diante do exposto, decido conhecer do recurso de Eloir de 
Jesus Luz e o prover em parte, a fim de condenar a parte recorrida FRIGOL 
S.A. a pagar ao recorrente indenização por danos materiais arbitrada em 
R$20.000,00 (vinte mil reais) e indenização por danos morais ora arbitrada em 
R$10.000,00 (dez mil reais). Juros e correção monetária a partir da presente 
data. Os honorários periciais devem ser quitados pela recorrida, no valor arbitrado 
na origem, eis que sucumbente no objeto da mesma, tudo na forma da 
fundamentação, mantendo-se, no restante, a decisão de origem. 
 Arbitra-se o valor da condenação em R$30.000,00 (trinta 
mil reais) e custas, em reversão, pela recorrida, no importe de R$600,00 
(seiscentos reais). 
 
 
 
ELIANA DOS SANTOS ALVES NOGUEIRA 
Juíza Relatora 
 
 
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