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<p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 1</p><p>AULA DEMONSTRATIVA</p><p>= Lei de Introdução às Normas</p><p>do Direito Brasileiro =</p><p>Professor Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 2</p><p>CAROS ALUNOS</p><p>É um prazer poder usufruir dos atuais meios de comunicação e me dirigir</p><p>a todos vocês. Nesta apresentação vou passar algumas breves informações sobre</p><p>minha pessoa e o curso que pretendo ministrar.</p><p>Sou graduado e pós-graduado em Direito pela Pontifícia Universidade</p><p>Católica de São Paulo (PUC/SP). Sempre fui o que se pode chamar de</p><p>“concurseiro”. Exerci diversos cargos públicos, sempre por concurso, desde</p><p>Escrevente, Técnico, passando por Procurador do Estado e atualmente Juiz de</p><p>Direito. Ao lado das funções públicas, sempre fui ligado à área do ensino. Para</p><p>mim, uma atividade completa a outra e com isso vou me mantendo atualizado.</p><p>Iniciei minha carreira docente na própria PUC/SP, onde lecionei durante alguns</p><p>anos. Atualmente dedico-me aos cursos preparatórios para concursos</p><p>públicos, tendo me especializado no Direito Civil, matéria que possuo algumas</p><p>obras e diversos artigos publicados.</p><p>Minha intenção com este curso é ministrar aulas direcionadas para o</p><p>concurso de ANALISTA JUDICIÁRIO (ÁREA JUDICIÁRIA E OFICIAL DE</p><p>JUSTIÇA AVALIADOR) DO SUPERIOR TRIBUNAL JUSTIÇA (AJAJ e</p><p>OJAF/STJ), fornecendo o máximo de informações ao aluno, abrangendo a</p><p>totalidade do edital, sem perder a objetividade e dispersar para temas que não</p><p>caem nas provas, evitando opiniões pessoais que não são acolhidas nas provas.</p><p>Nosso curso foi elaborado com base no Edital n° 01 do STJ – de 15 de</p><p>janeiro de 2018. Segundo nos informa o edital a banca examinadora é o</p><p>CEBRASPE (Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção</p><p>de Eventos), que irá utilizar o “MÉTODO CESPE” de avaliação. As questões da</p><p>prova objetiva serão elaboradas da forma tradicional do CESPE, ou seja, do tipo</p><p>CERTO ou ERRADO.</p><p>Lembramos que as provas realizadas pelo CESPE possuem um grau de</p><p>subjetividade acima da média dos demais concursos. O que isso quer dizer? Quer</p><p>dizer que é importante saber a literalidade da lei, pois muitas vezes cai o</p><p>texto literal da lei no enunciado da questão. E ainda assim o candidato deve tomar</p><p>cuidado, pois o examinador costuma elaborar um enunciado grande com apenas</p><p>uma palavra diferente do texto legal, tornando, com isso, a afirmação errada. Mas</p><p>só isso não basta para o CESPE! Em muitas questões, principalmente quando</p><p>se exige nível superior, o examinador redige o enunciado de modo bem diferente</p><p>do que está na lei; utiliza expressões diversas do que consta na norma, para</p><p>verificar se o candidato realmente entendeu o “espírito da lei” ou se apenas houve</p><p>“decoreba” da lei.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 3</p><p>Além disso, o CESPE costuma exigir orientações doutrinárias</p><p>dominantes e jurisprudências atuais, em especial do Supremo Tribunal</p><p>Federal e do próprio Superior Tribunal de Justiça (como mencionado no edital).</p><p>Assim, mais importante do que a simples literalidade da lei, o candidato</p><p>precisa demonstrar que sabe o que a lei quer dizer com determinada afirmação. E</p><p>aí vem a importância destas aulas, pois iremos “dissecar” os institutos legais para</p><p>que o aluno aprimore a aprendizagem para melhor interpretar os</p><p>enunciados da questão da prova e fazer uma ligação com a norma jurídica.</p><p>Feita esta observação, vejamos abaixo o conteúdo programático de cada</p><p>aula de nosso curso, obedecendo rigorosamente o edital publicado.</p><p>CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DAS AULAS</p><p>Além da aula demonstrativa de hoje, teremos OUTRAS 11 (ONZE)</p><p>AULAS. Nosso programa é o seguinte:</p><p>AULA DEMO: Lei: vigência, aplicação da lei no tempo e no espaço, integração e</p><p>interpretação. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.</p><p>AULA 01: Pessoas Naturais. Personalidade. Capacidade. Direitos de</p><p>Personalidade. Domicílio.</p><p>AULA 02: Pessoas Jurídicas. Domicílio.</p><p>AULA 03: Bens. Conceito e espécies.</p><p>AULA 04: Fatos e Atos Jurídicos. 1ª Parte: Prescrição e Decadência.</p><p>AULA 05: Fatos e Atos Jurídicos. 2ª Parte: Negócios Jurídicos. Requisitos.</p><p>Defeitos dos negócios jurídicos. Modalidades dos negócios jurídicos. Forma e Prova</p><p>dos Atos Jurídicos. Nulidade e Anulabilidade dos Negócios Jurídicos.</p><p>AULA 06: Atos Ilícitos. Abuso de Direito. Caso fortuito e Força maior.</p><p>Responsabilidade civil, inclusive por danos causados ao ambiente, ao consumidor</p><p>e a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico e paisagístico.</p><p>AULA 07: Direito das Obrigações. Modalidades. Transmissão. Adimplemento e</p><p>Extinção. Inadimplemento.</p><p>AULA 08: Contratos em Geral. Princípios Gerais. Formação. Classificação.</p><p>Espécies. Teoria da imprevisão. Evicção. Vícios Redibitórios. Extinção.</p><p>felipethiagocorrea</p><p>Highlight</p><p>felipethiagocorrea</p><p>Highlight</p><p>felipethiagocorrea</p><p>Highlight</p><p>felipethiagocorrea</p><p>Highlight</p><p>felipethiagocorrea</p><p>Highlight</p><p>felipethiagocorrea</p><p>Highlight</p><p>felipethiagocorrea</p><p>Highlight</p><p>felipethiagocorrea</p><p>Highlight</p><p>felipethiagocorrea</p><p>Highlight</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 4</p><p>AULA 09: Direito das Coisas. Direitos Reais. Espécies.</p><p>AULA 10: Direito de Família. Casamento, relações de parentesco, direito</p><p>patrimonial, regime de bens entre os cônjuges, usufruto e administração dos bens</p><p>de filhos menores. Alimentos. Bem de família. União Estável. Tutela e Curatela.</p><p>Guarda compartilhada de filhos (Lei nº 11.698/2008).</p><p>AULA 11: Direito das Sucessões. Sucessão em geral. Sucessão legítima.</p><p>Sucessão testamentária. Inventário e Partilha.</p><p>Vamos agora explicar como será desenvolvido este curso.</p><p>Cada aula contém a matéria referente a um capítulo do Direito Civil que</p><p>está no edital, sendo que a mesma será exposta de uma forma direta e objetiva.</p><p>Durante as aulas forneço o maior número de exemplos possível. Tenho certeza</p><p>que mesmo uma pessoa que não seja formada em Direito terá plenas condições</p><p>de acompanhar o curso e entender tudo o que será ministrado. No entanto não</p><p>posso fugir de algumas ‘complexidades jurídicas’, pois estas também costumam</p><p>cair nas provas, principalmente nas elaboradas pelo CESPE. Costumo dizer</p><p>que os examinadores gostam de pedir “as exceções de uma regra...” e também</p><p>“as exceções da exceção...”. Desta forma, darei um enfoque especial a estes</p><p>aspectos, chamando a atenção do aluno quando um ponto é mais exigido no</p><p>concurso e onde podem ocorrer as famosas “pegadinhas”.</p><p>Em todas as aulas, após apresentar a parte teórica, com muitos exemplos</p><p>práticos, sempre faço um quadro sinótico, que na verdade é o resumo da aula.</p><p>É o que eu chamo de “esqueleto da matéria”. A experiência demonstra que esse</p><p>“quadrinho” é de suma importância, pois se o aluno conseguir memorizá-lo,</p><p>saberá situar a matéria e completá-la de uma forma lógica e sequencial.</p><p>Portanto, após ler toda a aula, o aluno deve também ler (e reler) o resumo</p><p>apresentado, mesmo que tenha entendido toda matéria. Sem dúvida alguma, esta</p><p>é uma excelente maneira de fixação do conteúdo da aula. Além disso, é ótimo</p><p>para rápidas revisões às vésperas de um exame.</p><p>Ao final de cada aula também apresento alguns exercícios. Aliás, muitos</p><p>exercícios. São testes que já caíram em concursos anteriores. Este ponto merece</p><p>um destaque especial em</p><p>é prorrogado até o primeiro dia útil, pois não</p><p>se trata de cumprimento de obrigação, mas de início de vigência de uma lei, que</p><p>também deve ser obedecida aos domingos e feriados). Exemplo: uma lei foi</p><p>publicada no dia 10 de abril com prazo de vacatio de 15 dias. O prazo começou a</p><p>ser contado a partir do próprio dia 10 (dia da publicação). No dia 24 de abril</p><p>completaram-se os 15 dias de vacatio (consumação integral do prazo). Portanto,</p><p>a lei entrará em vigor no dia subsequente, ou seja, 25 de abril, pouco importando</p><p>se esse dia é um domingo ou feriado.</p><p>Observação. Prazo de vacatio para decretos, resoluções e</p><p>regulamentos. Tais espécies normativas entram em vigor na data que eles</p><p>determinarem. Na falta de tal determinação a doutrina majoritária é no sentido</p><p>que entram em vigor na data de sua publicação. Ou seja, para eles não há vacatio</p><p>legis. O mesmo ocorre com os atos administrativos que têm obrigatoriedade a</p><p>partir de sua publicação.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 28</p><p>FIM DA OBRIGATORIEDADE DAS LEIS</p><p>Não se destinando à vigência temporária, uma lei terá vigor até que</p><p>outra a modifique ou a revogue. É o que dispõe o art. 2°, caput, LINDB.</p><p>REGRA GERAL → A lei tem caráter permanente e irá perdurar até a sua</p><p>revogação. Isto é, uma lei não tem um prazo certo para vigorar; ela permanece</p><p>em vigor enquanto não for modificada ou revogada por outra lei (eficácia</p><p>contínua). Ainda que a lei “caia em desuso”, isso não implica em perda de</p><p>vigência.</p><p>No entanto, algumas leis são expedidas com prazo de duração. Nestes</p><p>casos a lei possui vigência temporária. Ex.: lei que concede favores fiscais</p><p>durante 10 anos às indústrias que se instalarem em determinada região;</p><p>racionamento de combustível durante a guerra; Imposto/Contribuição Provisória</p><p>sobre Movimentações Financeiras (IPMF, CPMF), Leis Orçamentárias, etc. Tais</p><p>normas desaparecem do ordenamento jurídico com o decurso do prazo</p><p>estabelecido em seu texto ou quando ela já cumpriu os objetivos a que se propôs</p><p>(ex.: lei que se destina alojar, de forma temporária, em escolas públicas, pessoas</p><p>desabrigadas por causa de uma inundação).</p><p>Assim, lei temporária é a que nasce com termo prefixado de duração</p><p>ou com um objetivo a ser cumprido. Contudo, não se fixando um prazo</p><p>determinado, prolonga-se a obrigatoriedade da norma (princípio da</p><p>continuidade) até que ela seja modificada ou revogada por outra.</p><p>Revogar (do latim revocatio, revocare = anular, desfazer, desvigorar) é</p><p>tornar sem efeito uma lei ou qualquer outra norma jurídica, retirando a sua</p><p>obrigatoriedade. Uma lei somente pode ser revogada por outra lei de hierarquia</p><p>igual ou superior (portanto, ela não pode ser revogada por decretos, portarias,</p><p>resoluções, regulamentos, etc.). Podem ser revogadas as leis, os regulamentos,</p><p>as portarias, as cláusulas contratuais, etc. O art. 2°, §1°, LINDB dispõe que a lei</p><p>posterior revoga a anterior em três situações:</p><p>Quando expressamente assim o declare.</p><p>Quando seja com ela incompatível (ainda que não haja expressa declaração</p><p>de revogação).</p><p>Quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.</p><p>Podemos classificar a revogação quanto à extensão em:</p><p>a) Total (ou ab-rogação): quando a lei nova regula integralmente a matéria</p><p>da lei anterior, ou quando existe incompatibilidade (explícita ou implícita) entre</p><p>as leis. A norma anterior perde sua eficácia em sua totalidade.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 29</p><p>b) Parcial (ou derrogação): quando torna sem efeito apenas uma parte da</p><p>lei ou norma, permanecendo em vigor todos os demais dispositivos que não foram</p><p>modificados.</p><p>A revogação ainda pode ser classificada quanto à forma de execução:</p><p>a) Expressa (ou por via direta): quando em seu texto a lei nova declara</p><p>taxativamente revogada a lei anterior ou aponta os dispositivos que pretende</p><p>suprimir (art. 2°, §1°, primeira parte da LINDB). Seria interessante que todas as</p><p>leis dissessem exatamente o que estão revogando. Mas isso não ocorre muito na</p><p>prática. O art. 9° da LC n° 98/95, com a redação da LC n° 107/01, determina que</p><p>“a cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições</p><p>legais revogadas”.</p><p>b) Tácita (por via indireta ou oblíqua): quando a lei posterior é incompatível</p><p>com a anterior e não há disposição expressa no texto novo indicando a lei que foi</p><p>revogada. Diz o art. 2°, §1°, segunda parte da LINDB, que ocorre a revogação</p><p>tácita quando seja com ela incompatível (revogação tácita por incompatibilidade)</p><p>ou quando regule inteiramente a matéria que tratava a lei anterior (revogação</p><p>tácita global ou por substituição).</p><p>� ATENÇÃO � Embora haja muita controvérsia a respeito, a ESAF entende que</p><p>a expressão contida em algumas leis “revogam-se as disposições em contrário”, é</p><p>uma forma de revogação expressa. Na prova do MDIC (analista de comércio</p><p>exterior), realizada em 2012, o examinador considerou correta a afirmação: “a</p><p>revogação expressa pode também ser geral, compreensiva e aplicar-se a todas as</p><p>disposições contrárias, sem individualização”. Houve recurso, mas a questão não</p><p>foi anulada!</p><p>Observações</p><p>01) As espécies de revogação podem ser “combinadas”. Ou seja, a revogação</p><p>expressa pode ser total (a nova lei diz que está revogando toda a lei anterior) ou</p><p>parcial (a nova lei aponta apenas um ou dois artigos que está revogando da lei</p><p>velha). E a revogação tácita também pode ser total ou parcial.</p><p>02) Irrevogabilidade. Algumas matérias estabelecidas na Constituição</p><p>Federal (art. 60, §4°) não podem ser objeto de revogação, nem mesmo mediante</p><p>Emenda Constitucional. São as chamadas cláusulas pétreas: forma federativa</p><p>do Estado, voto direto, secreto, universal e periódico; separação dos Poderes e os</p><p>direitos e garantias individuais.</p><p>03) No mundo jurídico pode ocorrer a seguinte hipótese: uma Lei X está</p><p>vigorando normalmente. Algum tempo depois é promulgada uma Emenda</p><p>Constitucional (que ficará fazendo parte da própria Constituição – trata-se do</p><p>Poder Constituinte Derivado ou Reformador). Com isto, aquela Lei X se tornou,</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 30</p><p>digamos, “inconstitucional”. Quando isso ocorre dizemos que houve a “não-</p><p>recepção da lei pela nova ordem constitucional” ou que a lei “perdeu o seu</p><p>fundamento de validade”.</p><p>Curiosidade. A perda de eficácia pode também decorrer da decretação de</p><p>inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal, cabendo ao Senado</p><p>suspender-lhe a execução. Embora não seja nossa matéria, vamos aprofundar</p><p>este tema um pouco mais... No Brasil temos basicamente dois métodos de</p><p>controle de constitucionalidade: difuso e concentrado.</p><p>O controle difuso (também chamado de via de defesa ou via de exceção,</p><p>controle aberto ou concreto) pode ser exercido por qualquer órgão do Poder</p><p>Judiciário. Uma pessoa se sentindo lesada ou na iminência de ser prejudicada por</p><p>uma lei e entendendo estar ela fora dos limites legais, ingressa com uma ação ou</p><p>contesta esta ação (civil, trabalhista, penal, etc.) em primeira instância e argui,</p><p>de forma incidental, a inconstitucionalidade da lei. O órgão competente para julgar</p><p>a questão principal terá também competência para julgar a questão incidental (a</p><p>decisão sobre a constitucionalidade será uma questão incidental ao objeto</p><p>principal do processo). Mesmo que esta ação chegue ao Supremo Tribunal Federal,</p><p>a decisão dele não terá efeito extensível a todos (erga omnes). A decisão vincula</p><p>apenas as partes envolvidas no processo (inter partes). Por</p><p>isso, o Senado,</p><p>através da espécie normativa "resolução", estenderá os efeitos da decisão</p><p>declaratória da inconstitucionalidade, proferida pelo Supremo Tribunal Federal.</p><p>Esta Resolução é que irá suspender a execução da norma (consultem o art. 52, X,</p><p>CF/88).</p><p>Já o controle concentrado (também chamado de reservado, abstrato ou</p><p>por via de ação direta) é exercido por apenas um órgão: o Supremo Tribunal</p><p>Federal, que é o "guardião da Constituição". O pedido é feito diretamente ao</p><p>STF com a intenção única de declaração de (in)constitucionalidade. Portanto, a</p><p>finalidade deste processo é viabilizar o julgamento da validade da lei em tese</p><p>(daí ser abstrato) e não da relação jurídico-processual. A declaração de</p><p>inconstitucionalidade no controle concentrado resultará em eficácia erga omnes</p><p>da decisão, ou seja, extensivo a todos. Neste caso a própria decisão do STF já</p><p>produz este efeito de imediato. Exemplo: o Supremo Tribunal Federal declarou</p><p>inconstitucional o §1° do art. 66 do Código Civil (ADIN 2.794-8). Este dispositivo</p><p>afirmava que se uma Fundação funcionasse no Distrito Federal, a fiscalização</p><p>caberia ao Ministério Público Federal (enquanto nos Estados-membros a</p><p>fiscalização é do Ministério Público Estadual). O Supremo declarou que neste caso</p><p>o órgão fiscalizador é o próprio Ministério Público Distrital. Confirmando essa</p><p>decisão a Lei n° 13.151/15 atualmente determina que: “Se funcionarem no</p><p>Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do Distrito</p><p>Federal e Territórios” (MPDFT).</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 31</p><p>Este tema deve ser aprofundado no Direito Constitucional, pois não pertence</p><p>ao Direito Civil (estamos apenas “dando uma panorâmica”).</p><p>�Expressões Importantes �</p><p>1) Atividade: é o fenômeno jurídico pelo qual a lei regula todas as situações</p><p>durante o seu período de vida (vigência). É a regra em nosso Direito.</p><p>2) Extratividade: ocorre quando uma lei regula situações fora do seu período</p><p>de vigência. Trata da exceção em nosso Direito. A extratividade pode abranger</p><p>situações passadas ou futuras. Portanto, possui duas espécies:</p><p>a) Retroatividade: a lei nova regula situações que ocorreram antes do</p><p>início de sua vigência; ou seja, aplica-se uma lei para regular situações</p><p>ocorridas antes de sua edição. Exemplo: um crime foi praticado durante a</p><p>vigência de uma lei, sendo que outra lei (mais benéfica) foi editada logo a</p><p>seguir. Nesse caso a lei revogadora age em caráter retroativo, pois, embora</p><p>não vigente no momento da prática do crime, é mais benéfica ao réu.</p><p>b) Ultratividade: a lei anterior (foi revogada) mas continua sendo</p><p>aplicada em relação aos fatos ocorridos durante o seu período de vida (ou</p><p>seja, antes de ter sido revogada). Trata-se de uma hipótese de eficácia</p><p>sem vigência. Exemplo: um crime foi praticado durante a vigência de uma</p><p>lei, sendo que outra lei (mais severa) foi editada logo a seguir. Nesse caso</p><p>a lei revogada age em caráter ultrativo, pois, embora revogada, continua</p><p>a ser aplicada para os crimes que foram praticados durante a sua vigência,</p><p>pois é mais benéfica ao réu.</p><p>REPRISTINAÇÃO</p><p>Repristinar (do latim: re: fazer de novo, restaurar; pristinus: anterior;</p><p>vigência) significa reconstituir, restituir ao valor, caráter ou estado primitivo,</p><p>restaurar. Na ordem jurídica repristinação é o restabelecimento da eficácia de uma</p><p>lei anteriormente revogada. Preceitua o art. 2°, §3° da LINDB que a lei</p><p>revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência,</p><p>salvo disposição em contrário. Ex.: se a Lei “A” é revogada pela Lei “B” e</p><p>posteriormente a Lei “B” é revogada pela Lei “C”, não se restabelece a vigência</p><p>da Lei “A”. Assim, ainda que a edição da Lei “C” provoque uma “lacuna normativa”</p><p>sobre determinado assunto, isso não possibilita o retorno de outra lei</p><p>também revogada, de forma automática, pois o legislador pode optar,</p><p>intencionalmente, por deixar determinado assunto sem previsão jurídica. A</p><p>restauração da lei revogada somente é admissível quando a nova lei (no exemplo</p><p>acima a Lei “C”) determinar expressamente que a lei anterior (no caso a Lei “A”)</p><p>retome sua vigência.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 32</p><p>Resumindo: a regra é a não-repristinação; no entanto excepcionalmente a lei</p><p>revogada pode ser restaurada desde que haja disposição expressa para tanto.</p><p>Portanto, embora admitida, a repristinação não é automática.</p><p>Doutrina Repristinação X Efeito Repristinatório</p><p>A despeito da semelhança são vocábulos com significação diversa.</p><p>Repristinação é um fenômeno legislativo no qual há a entrada novamente em</p><p>vigor de uma norma efetivamente revogada, pela revogação da norma que a</p><p>revogou (como vimos, nosso ordenamento só admite essa situação de forma</p><p>expressa). Observem que as duas normas anteriores vigoraram normalmente e</p><p>produziram efeitos regulares até serem revogadas. Já efeito repristinatório</p><p>advém do controle de constitucionalidade, por meio da atuação do Poder</p><p>Judiciário. Ex.: foi editada a Lei "A". Posteriormente foi editada a Lei "B" que</p><p>revogou a lei “A”. Tempos depois, a Lei "B" foi considerada inconstitucional pelo</p><p>Supremo Tribunal Federal. Neste caso a Lei "A" volta a vigorar. Na realidade a</p><p>doutrina costuma afirmar que não é que ela “volta a vigorar”. É que com a</p><p>declaração de inconstitucionalidade da revogadora, ela nunca deixou de vigorar...</p><p>Essa tese é embasada no fato de que a decisão que reconhece a</p><p>inconstitucionalidade é declaratória de nulidade, ou seja, a declaração irá</p><p>retroagir desde a edição da lei, como se ela nunca tivesse existido no mundo</p><p>jurídico. Com isso, como a norma já “nasceu nula” (declarada inconstitucional de</p><p>forma retroativa), não poderia revogar a anterior validamente. Portanto, efeito</p><p>repristinatório é a reentrada em vigor de norma aparentemente revogada,</p><p>ocorrendo quando uma norma que revogou outra é declarada inconstitucional.</p><p>Resumindo Na repristinação temos a vigência de três leis, todas elas</p><p>válidas, mas cada uma a seu tempo (no exemplo dado: Lei “C” que revoga a Lei</p><p>“B”, que revoga a Lei “A”). No efeito repristinatório temos duas leis (Lei “B”</p><p>que revogou a Lei “A”) e uma decisão judicial (que considerou a Lei “B”</p><p>inconstitucional). Assim, a lei posterior não revogou validamente a anterior, diante</p><p>da sua declaração de inconstitucionalidade pelo STF, cujos efeitos são retroativos</p><p>(efeito ex tunc).</p><p>� ATENÇÃO � Aconselho o aluno a ficar atento quanto à forma de elaboração</p><p>da questão (a redação propriamente dita). Muitas vezes os próprios examinadores</p><p>confundem os conceitos (repristinação e efeito repristinatório) e os tratam como</p><p>se fossem sinônimos...</p><p>� Vamos dar outro exemplo polêmico da doutrina! Vamos supor que a Lei</p><p>“A” está em vigor e foi revogada pela Lei “B”. Posteriormente é editada a Lei “C”,</p><p>que revoga expressamente a Lei “B” e nada fala sobre repristinação. Ocorre que</p><p>esta Lei “C” é temporária e irá perder sua vigência no final do mês... como</p><p>ficamos? Que lei será aplicada no mês que vem? Voltaria a vigorar a Lei “A” ou a</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 33</p><p>Lei “B”? Resposta: Não! A Lei “B” foi revogada pela Lei “C” (embora esta seja</p><p>temporária) e não vai mais vigorar em nosso ordenamento. A Lei “A” também não</p><p>vai vigorar novamente, não ocorrendo repristinação, pois, como vimos, isso</p><p>somente ocorre se houvesse previsão expressa na Lei “C”. Conclusão: todas as</p><p>leis perderão sua vigência: a Lei “A” porque foi revogada pela Lei “B”, não sendo</p><p>o caso de</p><p>repristinação, por ausência de previsão expressa. A Lei “B” porque foi</p><p>revogada expressamente pela Lei “C”. E a Lei “C” deixará de vigorar, pois se trata</p><p>de lei temporária. Essa situação já andou caindo em provas, principalmente</p><p>da CESPE e da ESAF.</p><p>LEIS GERAIS E ESPECIAIS</p><p>Outro item que costuma cair em concursos é a regra disposta no art. 2°,</p><p>§2° da LINDB: A lei nova que estabeleça disposições gerais ou especiais</p><p>a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. Este</p><p>dispositivo consagrou o que se costuma chamar de Princípio da Conciliação.</p><p>Explicando. Lei geral é a que aborda todo um ramo do Direito (ex.: Código</p><p>Civil). Norma especial é aquela que tem um conteúdo especializado dentro de</p><p>certo ramo (ex.: Lei do Inquilinato, do Condomínio, etc., em relação ao Código</p><p>Civil). Como regra a norma geral não revoga a especial e a norma especial não</p><p>revoga a geral. Quando a lei especial regula determinada matéria que também</p><p>está prevista num Código, contendo outras disposições que não se encontram no</p><p>Código e que não o contradizem, ambas continuam em vigor; coexistem. No</p><p>entanto a norma especial pode revogar a geral quando dispuser sobre esta</p><p>revogação de forma explícita ou implícita, momento em que regula a mesma</p><p>matéria que a geral, modificando o seu conteúdo. Vejamos: uma lei, que regula</p><p>determinado assunto de forma genérica está vigorando normalmente.</p><p>Posteriormente outra lei sobre este mesmo assunto é editada regulando e</p><p>trazendo alguns aspectos especiais, aprofundando o tema. Ora, este fato, por si</p><p>só, não faz com que a primeira lei seja revogada ou modificada. As duas leis</p><p>podem coexistir normalmente. Somente se o texto de uma delas for totalmente</p><p>incompatível com o da outra é que será hipótese de revogação. As situações</p><p>devem ser analisadas caso a caso.</p><p>Exemplo clássico: o Código Civil trata no art. 1.711 e seguintes, disposições</p><p>sobre o bem de família de uma forma geral. No entanto a Lei n° 8.009/90 também</p><p>trata deste tema. Qual lei deve ser aplicada? Se cotejarmos os textos de ambas</p><p>as leis, veremos que eles não são antagônicos entre si. Uma lei completa a outra.</p><p>Uma é especial em relação à outra, sendo que não há incompatibilidade entre</p><p>seus dispositivos. A lei especial apenas introduziu uma exceção ao princípio geral.</p><p>Portanto ambas coexistem e vigoram normalmente. E o intérprete deve associá-</p><p>las, acomodá-las, sintonizá-las, aplicando-as em cada caso concreto.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 34</p><p>CONFLITO DAS NORMAS NO TEMPO</p><p>Quando uma norma é modificada por outra e já se haviam formado relações</p><p>jurídicas na vigência da lei anterior, podem surgir conflitos. Qual norma deve ser</p><p>aplicada a um caso concreto? O chamado direito intertemporal visa solucionar</p><p>os conflitos entre a norma que acabou de entrar em vigor e outra mais antiga que</p><p>foi revogada. Isso porque alguns fatos se iniciam sob a égide de uma lei e só se</p><p>extingue quando a nova já entrou em vigor. Para tanto são usados dois critérios:</p><p>a) disposições transitórias; b) princípio da irretroatividade das leis.</p><p>A) DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS (ou direito intertemporal). A lei, para evitar</p><p>eventuais e futuros conflitos, em seu próprio corpo, geralmente ao final, pode</p><p>estabelecer regras temporárias, destinadas a dirimir conflitos entre a nova lei e</p><p>a antiga, conciliando a nova lei com as relações já definidas pela norma anterior.</p><p>Observem que o próprio Código Civil em vigor contém um Livro Complementar,</p><p>chamado “das disposições finais e transitórias” (arts. 2.028 até 2.043). Em seu</p><p>corpo percebe-se que há uma série de regras, sendo que algumas delas autorizam</p><p>a aplicação do Código anterior (mesmo já revogado, continua produzindo efeito:</p><p>ultratividade). Observem o art. 2.038 do atual Código. Ele determina que um</p><p>capítulo inteiro do Código anterior continue sendo aplicado em relação às</p><p>enfiteuses (tema do Direito das Coisas).</p><p>B) IRRETROATIVIDADE DAS LEIS. Etimologicamente retroatividade quer dizer</p><p>atividade para trás, ou seja, produção de efeitos em situações passadas.</p><p>Juridicamente, podemos dizer que uma norma retroage quando ela vigora, não</p><p>somente a partir de sua publicação, mas, também regula certas situações jurídicas</p><p>que vêm do passado. Na realidade uma lei é expedida para disciplinar fatos</p><p>futuros, a partir de sua vigência em diante (chamamos isso de efeito ex nunc). A</p><p>vigência de uma lei se estende, como já dissemos, desde o início de sua</p><p>obrigatoriedade até o início da obrigatoriedade de outra lei.</p><p>A regra no Brasil é a irretroatividade das leis, ou seja, elas não se</p><p>aplicam às situações constituídas anteriormente. Trata-se de um princípio que</p><p>visa dar estabilidade e segurança ao ordenamento jurídico preservando</p><p>situações já consolidadas sob a lei antiga, em que o interesse particular deve</p><p>prevalecer. Isso é chamado de princípio da intangibilidade das situações jurídicas</p><p>definitivamente consolidadas.</p><p>No entanto, há casos em que a lei nova pode retroagir, alcançando</p><p>consequências jurídicas de fatos efetuados sob a égide de lei anterior. Portanto,</p><p>apesar da irretroatividade ser um princípio constitucional, não é absoluto. Há um</p><p>duplo fundamento (constitucional e infraconstitucional) para isso: a) o art. 5°,</p><p>XXXVI, CF/88 prevê que “A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato</p><p>jurídico perfeito e a coisa julgada”; b) de forma parecida, prevê o art. 6°,</p><p>LINDB que: A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 35</p><p>jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. Assim, em regra, no</p><p>silêncio da lei a irretroatividade é a regra, admitindo-se a retroatividade, a</p><p>título excepcional, quando a nova lei não ofende o ato jurídico perfeito, o direito</p><p>adquirido e a coisa julgada.</p><p>Portanto, se um contrato for celebrado no período de vigência da Lei “A” e</p><p>posteriormente é editada a Lei “B”, uma das partes não pode invocar a aplicação</p><p>da nova lei, pois esta não retroage. A norma a ser aplicada é a que dirigiu a</p><p>formação do contrato. Se a nova lei é mais benéfica a um dos contratantes,</p><p>provavelmente é prejudicial aos interesses da outra parte, acarretando uma</p><p>situação inadmissível de desequilíbrio. A regra da retroatividade de lei mais</p><p>benéfica é aplicável no Direito Penal, mas não no Direito Civil, pois quando dois</p><p>particulares litigam, cada um pretende preservar seu próprio interesse pessoal.</p><p>Observem que a cláusula de irretroatividade da lei nova convive com outro</p><p>preceito de direito intertemporal, que é o da eficácia imediata e geral da lei</p><p>nova. Isto quer dizer que a lei nova atinge os casos pendentes e futuros que</p><p>se realizarem já sob sua vigência, não abrangendo os fatos passados. Em latim</p><p>dizemos: tempus regit actum (o tempo rege o ato). Ou seja, a lei que incide sobre</p><p>um determinado ato é a do tempo em que este ato se realizou.</p><p>Vamos agora dar um exemplo bem simples, muito citado na doutrina sobre</p><p>esse efeito geral e imediato de uma lei. Como sabemos, atualmente a</p><p>maioridade civil é de 18 anos. Digamos que uma lei reduza a maioridade para 16</p><p>anos. Neste caso, todos aqueles que atingiram essa idade serão reconhecidos</p><p>como maiores imediatamente. Por outro lado, se a lei aumentar o limite para 21</p><p>anos, será respeitada a maioridade dos que já haviam completado 18 anos na</p><p>data da entrada em vigor da lei nova. Mas se uma pessoa tinha 17 anos, 11 meses</p><p>e 27 dias, terá que aguardar o momento em que completará os 21 anos...</p><p>Vejamos agora o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.</p><p>1) ATO JURÍDICO PERFEITO</p><p>Segundo o art. 6°, §1°, LINDB “reputa-se ato jurídico perfeito o já</p><p>consumado segundo a lei</p><p>vigente ao tempo em que se efetuou”. Ou seja, na</p><p>ocasião da prática do ato todas as formalidades exigidas pela lei foram</p><p>rigorosamente obedecidas e em razão disso o ato não pode ser alterado pela</p><p>existência de lei posterior. Ex.: comprei um carro, paguei por ele e o vendedor o</p><p>entregou a mim, transferindo a documentação. Tudo resolvido! Se uma lei</p><p>posterior proibir esse tipo de venda, a lei não irá atingir nosso contrato.</p><p>2) DIREITO ADQUIRIDO</p><p>Segundo o art. 6°, §2°, LINDB, “consideram-se adquiridos os direitos que</p><p>o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do</p><p>exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 36</p><p>de outrem”. Assim, direito adquirido é o que já se integrou ao patrimônio e à</p><p>personalidade de seu titular, podendo ser exercido a qualquer momento. Para</p><p>ser considerado “direito adquirido” são necessários dois requisitos: a) existência</p><p>de um fato; b) existência de uma norma que faça do fato originar-se direito.</p><p>Enquanto não estiverem presentes estes elementos, não há direito adquirido, mas</p><p>mera “expectativa de direito”.</p><p>EXEMPLOS ELUCIDATIVOS</p><p>A) Pessoa se aposentou e logo a seguir entrou em vigor uma lei que ampliou o</p><p>prazo de aposentadoria. Essa pessoa não será atingida pela nova lei; ou seja, ela</p><p>não será obrigada a voltar a trabalhar para completar o novo prazo, pois quando</p><p>se aposentou a regra era aquela. O direito não só foi adquirido, como</p><p>exercido, havendo uma relação jurídica consumada que não pode mais gerar</p><p>questionamentos.</p><p>B) Pessoa cumpriu todos os requisitos para a aposentadoria, mas ainda não se</p><p>aposentou, sendo que posteriormente é editada uma lei que amplia esse prazo. É</p><p>a situação clássica do direito adquirido, pois embora a pessoa tenha adquirido</p><p>o direito ela ainda não o exerceu. Assim se o direito à aposentadoria não foi</p><p>exercido, sobrevindo uma lei nova, tal direito se transforma em direito adquirido,</p><p>porque era um direito exercitável e exigível à vontade do seu titular e que</p><p>já tinha sido incorporado ao seu patrimônio, para ser exercido quando conviesse.</p><p>C) Se a lei majorando o tempo de aposentadoria entrar em vigor faltando um</p><p>mês para que a pessoa se aposente e a lei não previu situações de transição, essa</p><p>pessoa será “pega” pela nova lei e deverá se enquadrar na situação nela prevista,</p><p>devendo cumprir o novo requisito temporal. Isso porque quando do advento da lei</p><p>a pessoa ainda não tinha cumprido todos os requisitos para a aposentadoria</p><p>(faltava o elemento temporal); a pessoa tinha apenas uma expectativa de</p><p>direito que não se transformou em direito adquirido.</p><p>3) COISA JULGADA</p><p>Segundo o art. 6°, §3°, LINDB “chama-se coisa julgada ou caso julgado</p><p>a decisão judicial de que já não caiba recurso” (transitou em julgado). Para</p><p>alguns autores coisa julgada é a qualidade dos efeitos da decisão, no sentido de</p><p>lhes traduzir imutabilidade. A decisão que estabelece o direito de um dos</p><p>litigantes pressupõe uma verdade, que se torna irrevogável e irretratável. Assim,</p><p>uma lei nova não pode alterar aquilo que já foi apreciado em definitivo pelo Poder</p><p>Judiciário. É interessante acrescentar que mesmo após o trânsito em julgado de</p><p>uma decisão, ela ainda pode ser modificada, por meio de uma revisão criminal ou</p><p>ação rescisória. No entanto estes expedientes não são propriamente “recursos”,</p><p>mas sim ações autônomas.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 37</p><p>� Questão Atual. Há forte tendência material e processual em apontar a</p><p>relativização da coisa julgada, em especial nos casos envolvendo ações de</p><p>investigação de paternidade julgadas improcedentes por ausência de provas em</p><p>época em que não existia o exame de DNA. O Supremo Tribunal Federal já</p><p>apreciou essa hipótese e concedeu o direito de rediscutir a matéria (a votação foi</p><p>apertada) afirmando que “houve evolução nos meios de prova e que a defesa do</p><p>acesso à informação sobre a paternidade deve ser protegida, pois se insere no</p><p>conceito de direito da personalidade”.</p><p>�Há direito adquirido contra normas constitucionais? Em outras palavras,</p><p>indaga-se: sendo promulgada uma nova Constituição, ela tem incidência sobre os</p><p>contratos que estão em curso ou somente atingirá os novos contratos celebrados</p><p>depois da entrada em vigor dessa Constituição?</p><p>Para responder a esta indagação, primeiro precisamos mencionar que,</p><p>observando os fatos jurídicos e relacionando-os cronologicamente de acordo com</p><p>a produção de efeitos, eles podem ser classificados como:</p><p>a) Fatos pretéritos: são os que se constituíram na vigência de uma lei e tem</p><p>seus efeitos produzidos durante sua vigência.</p><p>b) Fatos pendentes: são os que foram constituídos na vigência de uma lei</p><p>anterior e ainda não produziram todos os seus efeitos nela.</p><p>c) Fatos futuros: são os que ainda não foram gerados.</p><p>Precisamos agora esclarecer que a doutrina reconhece a existência de três</p><p>graus de retroatividade. Para melhor exemplificar o tema vamos fornecer a</p><p>seguinte situação fictícia: Antônio (proprietário) e Bernardo (inquilino)</p><p>firmaram um contrato de locação, cuja prestação locatícia seria de 1% sobre o</p><p>valor do bem. Posteriormente é promulgada uma nova lei (ordinária) que majora</p><p>o valor da prestação locatícia para 2% sobre o valor do bem. Vejamos:</p><p>a) Retroatividade Máxima (ou restitutória): a lei nova ataca fatos</p><p>pretéritos, já consumados; ou seja, ela retroage, não respeitando a coisa</p><p>julgada ou os fatos jurídicos já consumados (ato jurídico perfeito e o direito</p><p>adquirido). Em nosso exemplo ocorreria o seguinte: Bernardo deverá pagar a</p><p>Antônio, desde a celebração do contrato (incluindo as prestações já pagas), o</p><p>valor de 2% sobre o valor do bem. A lei nova retroage desde o início da</p><p>celebração do contrato.</p><p>b) Retroatividade Média: a lei nova não alcança os fatos, mas atinge os</p><p>efeitos pendentes desses fatos jurídicos verificados antes dela; portanto a lei</p><p>nova atinge as prestações vencidas de um contrato, mas que ainda não foram</p><p>pagas e também as prestações futuras. Em nosso exemplo, a partir da edição</p><p>da nova lei Bernardo deveria pagar 2% sobre o valor do bem e, se tiver alguma</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 38</p><p>prestação que venceu na vigência da lei anterior e ainda não foi paga, a nova</p><p>porcentagem deverá incidir sobre ela também.</p><p>c) Retroatividade Mínima (temperada ou mitigada): a lei nova não atinge</p><p>os fatos passados, nem os efeitos pendentes; ela atinge apenas os efeitos</p><p>futuros dos fatos passados, ou seja, verificados após a data em que a lei</p><p>entrou em vigor (prestações futuras de contratos firmados antes do advento da</p><p>nova lei). Em nosso exemplo, a nova porcentagem somente incidirá nas</p><p>prestações que irão vencer a partir da edição da nova lei.</p><p>� ATENÇÃO � Vamos deixar a situação bem clara!! Os contratos (que são</p><p>frutos da estipulação autônoma das partes), no que diz respeito à sua constituição</p><p>válida, bem como à produção de efeitos, ainda que estes se produzam já</p><p>sob o império da nova lei, encontram-se protegidos pela garantia constitucional</p><p>que impede a retroatividade (art. 5°, XXXVI, CF/88) contra os efeitos da lei</p><p>nova, que não poderá atingi-los. Como no exemplo dado temos duas leis</p><p>ordinárias, não haverá qualquer espécie de retroatividade (seja ela</p><p>máxima, média ou mínima). Neste sentido é a posição do STF (RE 204769-RS,</p><p>Rel. Min. Celso de Mello): “Os contratos submetem-se, quanto ao seu estatuto de</p><p>regência, ao ordenamento normativo vigente</p><p>à época de sua celebração. Mesmo</p><p>os efeitos futuros oriundos de contratos anteriormente celebrados não se expõem</p><p>ao domínio normativo de leis supervenientes. As consequências jurídicas que</p><p>emergem de um ajuste negocial válido são regidas pela legislação em vigor no</p><p>momento de sua pactuação. Os contratos – que se qualificam como atos jurídicos</p><p>perfeitos – acham-se protegidos, em sua integralidade, inclusive quanto</p><p>aos efeitos futuros, pela norma de salvaguarda constante do art. 5°, XXXVI, da</p><p>Constituição da República”.</p><p>Interessante acrescentar que o Supremo Tribunal Federal, antes da</p><p>Constituição de 1988, chegou a se manifestar no sentido de que “não há direito</p><p>adquirido contra texto constitucional, resulte ele do Poder Constituinte Originário</p><p>ou Derivado”. Neste sentido, dizia Pontes de Miranda que “contra a Constituição</p><p>nada prospera, tudo fenece”. Atualmente o STF vem se posicionando no sentido</p><p>de que as normas constitucionais, ainda que emanadas do poder constituinte</p><p>originário, possuem retroatividade mínima; elas se aplicam de imediato às</p><p>prestações futuras de contratos celebrados no passado. No entanto... nesse caso,</p><p>nada impede que tenham retroatividade média e máxima, desde que isto esteja</p><p>expressamente previsto na própria Constituição. Por outro lado, o legislador</p><p>pode optar simplesmente em afirmar que a nova lei somente será aplicada aos</p><p>novos contratos, celebrados após a sua vigência.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 39</p><p>CONCLUINDO</p><p>Regra 01 → As normas constitucionais federais possuem retroatividade</p><p>mínima, aplicando-se a fatos ocorridos a partir de seu evento (fatos futuros),</p><p>ainda que relacionados a negócios celebrados no passado (fatos pendentes).</p><p>Regra 02 → Todas as demais espécies normativas infraconstitucionais,</p><p>inclusive as Constituições Estaduais (poder constituinte derivado decorrente)</p><p>estão sujeitas à observância do princípio constitucional da</p><p>irretroatividade das leis (art. 5°, XXXVI: nesse caso a “lei” deve ser considerada</p><p>em seu sentido amplo). Não há qualquer espécie de retroatividade, seja no que</p><p>diz respeito à sua constituição válida, seja no tocante à produção de efeitos. No</p><p>entanto há algumas exceções, como, por exemplo, a lei penal nova que beneficie</p><p>o réu. �Obs.: em relação as Emendas Constitucionais (poder constituinte</p><p>derivado reformador) a doutrina é dividida. Parte entende que a expressão “lei”</p><p>não se aplica às emendas, podendo haver retroatividade mínima e a outra parte</p><p>entende que não pode haver qualquer espécie de retroatividade, por ser uma</p><p>cláusula pétrea, inviolável por meio de emendas. Como vimos acima o STF já</p><p>admitiu que pode haver retroatividade mínima em razão de emenda constitucional</p><p>federal. Mas as decisões existentes são referentes à Constituição anterior, quando</p><p>os direitos individuais não figuravam no elenco das cláusulas pétreas explícitas</p><p>(de forma diversa do atual sistema).</p><p>Regra 03 → Uma norma, fruto do poder constituinte originário pode ter</p><p>retroatividade média ou máxima, desde que haja previsão expressa neste</p><p>sentido.</p><p>Regra 04 → Segundo decisão do STF, que teve como relator o Ministro Moreira</p><p>Alves, ficou estabelecido que “o disposto no art. 5°, XXXVI, CF/88, se aplica a</p><p>toda e qualquer lei infraconstitucional, sem qualquer distinção entre</p><p>direito público e direito privado, ou entre lei de ordem pública e lei</p><p>dispositiva”.</p><p>INTERPRETAÇÃO DAS LEIS</p><p>Na realidade as leis deveriam ser sempre claras e precisas. Mas é difícil</p><p>encontrar uma “lei perfeita”. Além disso, segundo a doutrina majoritária, até</p><p>mesmo as leis claras podem ser objeto de atuação do intérprete. Não se aplica</p><p>mais o brocardo in claris cessat interpretatio (na clareza, cessa a interpretação).</p><p>Assim, o que é claro para um julgador, pode não ser para outro. Além disso, o</p><p>tempo e o contexto mudam com frequência, ou seja, o que é claro num momento</p><p>e em determinada situação, pode não ser em outro momento ou situação.</p><p>Concluindo: a interpretação não é mera opção, mas uma necessidade!</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 40</p><p>No entanto, aparecendo uma ambiguidade no texto, má redação,</p><p>imperfeição ou falta de técnica, haverá a atuação do intérprete, para pesquisar o</p><p>verdadeiro sentido que o legislador quis estatuir. Trata-se da mens legis (ou</p><p>intenção da lei). Surge então a hermenêutica, que é a teoria científica da arte</p><p>de interpretar: descobrir o sentido da norma jurídica e fixar o seu alcance.</p><p>Costumamos usar também o termo “exegese” para conceituar o esclarecimento,</p><p>entendimento ou interpretação minuciosa de um texto legal, para a consequente</p><p>aplicação do Direito. Ou seja, exegese é a aplicação prática das regras de</p><p>hermenêutica.</p><p>Existem vários métodos e critérios de interpretação das leis. Vejamos:</p><p>1. Quanto às Fontes ou Origem (ou quanto ao agente que a realiza)</p><p>a) Autêntica: feita pelo próprio legislador aclarando, no próprio texto ou</p><p>em outra espécie normativa, o sentido e o alcance da norma. Um exemplo muito</p><p>citado é o art. 327 do Código Penal, em que o próprio legislador interpreta o</p><p>sentido da expressão “funcionário público para efeitos penais”.</p><p>b) Doutrinária (ou científica): feita pelos estudiosos da matéria em obras</p><p>ou pareceres.</p><p>c) Jurisprudencial (ou judicial): feita por nossos Juízes ou Tribunais ao</p><p>decidirem um caso concreto que lhe é submetido a julgamento (ex.: um acórdão</p><p>ou uma Súmula do STJ ou STF).</p><p>2. Quanto ao Método ou Meio utilizado</p><p>a) Gramatical (ou literal): são observadas as regras de linguística;</p><p>examina-se cada expressão, o sentido das palavras, a colocação dos vocábulos, a</p><p>origem etimológica, pontuação, etc. É a mais pobre das técnicas.</p><p>b) Lógica (ou racional): busca-se, por meio de um raciocínio lógico, o</p><p>significado, o sentido, a finalidade e o alcance da norma nos fatos e motivos</p><p>políticos, históricos e ideológicos que culminaram na sua criação. Assim, extrai-se</p><p>da lei uma regra ou um princípio que essa lei não definiu ou enunciou</p><p>expressamente, mas que ficou implícito. Podemos assim exemplificar: a) uma lei</p><p>que reconhece um direito também deve proporcionar os meios para atingir esse</p><p>direito; b) a lei que permite o mais também permite o menos (ex.: se há a</p><p>permissão para se vender um bem imóvel em uma determinada situação, conclui-</p><p>se que um bem móvel também pode ser vendido nessa mesma situação); c) a lei</p><p>que proíbe o menos também proíbe o mais (ex.: se é proibido ao depositário usar</p><p>a coisa depositada, conclui-se que também é proibido consumi-la).</p><p>c) Sistemática (ou orgânica): compara a lei considerando-a como parte</p><p>integrante de todo um sistema jurídico (e não isolada no mundo jurídico); a norma</p><p>deve ser analisada em seu conjunto (e não apenas um dispositivo isolado),</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 41</p><p>relacionando-a (direta ou indiretamente) com as demais normas pertencentes a</p><p>um sistema jurídico (e não de forma isolada).</p><p>d) Ontológica: busca-se a essência da lei, sua razão de ser, a ratio legis</p><p>ou o propósito da edição da norma. Ex.: O Código de Defesa do Consumidor (CDC),</p><p>o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Estatuto da Pessoa com</p><p>Deficiência, têm como objetivo a proteção destas pessoas em especial.</p><p>e) Histórica (ou investigativa): pesquisam-se os fatos que antecederam a</p><p>norma, as circunstâncias ou o contexto político-jurídico em que a norma foi editada</p><p>(histórico do processo legislativo).</p><p>f) Sociológica, teleológica ou final��stica: é a que busca do fim (telos)</p><p>da norma. Adapta</p><p>o sentido ou a finalidade da norma às novas exigências</p><p>sociais (costumes e valores sociais atuais da sociedade). Para nós, que estamos</p><p>estudando para concursos, esta é a principal forma de interpretação (há maior</p><p>incidência nas provas). Até porque há uma previsão, ainda que indireta, no</p><p>próprio art. 5°, LINDB. Este dispositivo indica o caminho que o Juiz deve seguir:</p><p>Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e</p><p>às exigências do bem comum. Portanto, deve o Juiz buscar o real sentido da</p><p>lei e não se ater a um texto frio e literal da lei. Deve ele aplicar o que for mais</p><p>justo, o que atende melhor ao bem comum, evitando-se situações absurdas.</p><p>Exemplo: nas cláusulas duvidosas prevalece o entendimento de que se deve</p><p>favorecer quem se obriga (ou seja, devedor).</p><p>Segundo a doutrina, os objetivos do processo sociológico de interpretação</p><p>são: a) conferir a aplicabilidade da norma às relações sociais que lhe deram</p><p>origem; b) estender o sentido da norma a relações novas, inexistentes ao</p><p>tempo de sua criação; c) verificar o alcance da norma, a fim de fazê-la</p><p>corresponder às necessidades reais e atuais da sociedade."</p><p>Observem o entendimento do Superior Tribunal de Justiça a respeito: “A norma</p><p>jurídica deve ser interpretada teleologicamente, buscando sempre realizar solução</p><p>de interesse social. Se assim não for, a atividade judiciária será ociosa, inútil, mera</p><p>homenagem à traição”. Isso não quer dizer que o Juiz deva atuar com indolência,</p><p>abatimento ou flacidez, mas sim com justiça. Reforçando o que estou dizendo e</p><p>finalizando este tema, costumo citar o autor Zeno Veloso: “A proposição de fazer</p><p>justiça com frouxura ou complacência pode até ser sincera ou altruísta na base,</p><p>mas é marota, cruel e perversa na consequência, pois tem aumentado a</p><p>impunidade, estimulado o generalizado descumprimento das leis; essa moleza,</p><p>essa lassidão é a alegria do crime organizado, o contentamento dos maus</p><p>pagadores, o deleite dos escroques, a animação dos traficantes, a felicidade dos</p><p>ladrões de dinheiro público. Se é certo que a justiça não se alcança com rudeza,</p><p>ódio ou vingança, no final das contas, entre os extremos, é fácil encontrar a</p><p>fórmula ideal e salvadora: justiça se faz com justiça!”.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 42</p><p>3. Quanto aos Resultados</p><p>a) Extensiva (ou ampliativa): o intérprete conclui que o alcance da norma</p><p>é mais amplo do que indicam os termos da lei. Nesse caso, diz-se que o legislador</p><p>escreveu menos do que queria dizer e o intérprete alarga o campo de incidência</p><p>da norma, aplicando-a a situações que não estão textualmente escritas. Ex.: o</p><p>legislador usa o termo “filhos”, mas queria dizer “descendentes”, abrangendo não</p><p>só os filhos, como netos, bisnetos, etc.; o legislador fala em “sentença”, quando</p><p>na verdade queria dizer decisão final, abrangendo não só as sentenças proferidas</p><p>por um juiz singular, como os acórdãos, que são as decisões proferidas pelos</p><p>Tribunais; aplicação do benéfico do bem de família no caso de um devedor solteiro</p><p>e que reside sozinho no imóvel.</p><p>b) Restritiva: o intérprete restringe o sentido da norma ou limita sua</p><p>incidência, concluindo que o legislador escreveu mais do que realmente pretendia</p><p>dizer. O intérprete elimina a amplitude das palavras. Ex.: não se pode subentender</p><p>vinculado o fiador ao contrato de locação que foi renovado pelo locatário se ele</p><p>não foi consultado expressamente sobre isso, ainda que haja uma cláusula no</p><p>contrato prevendo sua responsabilidade “até a entrega das chaves”.</p><p>c) Declarativa (ou especificadora): a letra da lei corresponde exatamente</p><p>ao pensamento do legislador, não sendo necessária (em tese) qualquer forma de</p><p>interpretação; não se amplia e nem se restringe seu alcance. O intérprete chega</p><p>à constatação de que as palavras expressam, na medida exata, o espírito da lei.</p><p>Essa forma de interpretação também é chamada de interpretação estrita, na</p><p>qual, segundo Carlos Maximiliano, as normas “aplicam-se no sentido exato, não</p><p>se dilatam, nem restringem os seus termos”. Assim, não confundir</p><p>interpretação estrita (declaratória) com restrita.</p><p>Observação: alguns autores acrescentam a chamada interpretação</p><p>progressiva (adaptativa ou evolutiva). Ela ocorre quando o intérprete procura</p><p>adaptar a lei às necessidades atuais, identificando novas concepções ditadas pelas</p><p>transformações sociais, científicas, jurídicas ou morais que auxiliam na aplicação</p><p>da lei, especialmente penal.</p><p>�Atenção� É importante deixar claro que todas essas espécies de interpretação</p><p>não se operam de forma isolada e nem se excluem. Na realidade elas se</p><p>completam, pois todas trazem alguma contribuição para a descoberta do sentido</p><p>e alcance da norma. O intérprete simplesmente deve lançar mão daquela que</p><p>melhor produza resultado no caso concreto.</p><p>INTEGRAÇÃO DA NORMA JURÍDICA</p><p>PREENCHIMENTO DAS LACUNAS</p><p>De uma forma geral a lei procura prever e disciplinar todas as situações</p><p>importantes às relações individuais e sociais. Chamamos de SUBSUNÇÃO quando</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 43</p><p>um caso concreto se enquadra à hipótese prevista na norma legal em abstrato.</p><p>Mas muitas vezes o legislador não consegue prever todas as situações que uma</p><p>norma pode criar. Por isso dizemos que nosso sistema normativo não é completo,</p><p>mas completável.</p><p>Uma lei pode ser lacunosa, pois podem ocorrer lacunas oriundas do</p><p>dinamismo e evolução social. No entanto o sistema jurídico não é lacunoso, pois</p><p>ele mesmo prevê mecanismos para suprir as lacunas da lei, promovendo a</p><p>integração do sistema. E um Juiz não pode deixar de julgar um caso alegando</p><p>lacuna, obscuridade ou contradição da lei, em respeito ao Princípio da</p><p>obrigatoriedade da jurisdição a ser prestada (ou princípio da indeclinabilidade</p><p>da jurisdição). O Juiz tem o dever de decidir todas as controvérsias que lhe forem</p><p>apresentadas; trata-se de um imperativo, sendo proibido o chamado non liquet</p><p>(significa “não-claro”: expressão latina que se aplicava a casos em que o Juiz se</p><p>eximia da obrigação de julgar os casos nos quais a resposta jurídica não era nítida,</p><p>líquida, clara).</p><p>A doutrina aponta três espécies de lacunas: a) normativa (ausência</p><p>de norma para o caso concreto); b) ontológica (há norma para o caso concreto,</p><p>porém ela está desligada da realidade social, não tendo aplicação prática); c)</p><p>axiológica (há norma para o caso concreto, porém sua aplicação se revela injusta</p><p>ou insatisfatória).</p><p>O art. 140, caput, do Código de Processo Civil de 2015 prevê que o juiz</p><p>não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento</p><p>jurídico. Assim, no julgamento da lide ele deve aplicar as normais legais. Não as</p><p>havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de Direito.</p><p>Neste sentido é a redação do art. 4°, LINDB: quando a lei for omissa, o juiz</p><p>decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios</p><p>gerais de direito.</p><p>Desta forma, o Juiz deve inicialmente verificar se ocorreu a subsunção</p><p>(fato concreto se enquadrou na lei). Não deu? Tenta interpretar a lei, usando os</p><p>mecanismos mencionados acima! Esgotados os critérios interpretativos sem</p><p>resultados, cumpre ao aplicador da lei suprir a lacuna encontrada, recorrendo, aí</p><p>sim, aos meios de integração da norma jurídica, que são os meios supletivos</p><p>de preencher as lacunas da lei, tidas como “ferramentas de correção do sistema”.</p><p>INTEGRAR significa agregar, adaptar, preencher. Assim, diante de uma</p><p>lacuna na lei utiliza-se a integração (ou colmatação = preenchimento). Segundo</p><p>a doutrina majoritária, há uma ordem preferencial na utilização dos métodos</p><p>de integração da norma jurídica (observem</p><p>o macete: a ordem está na ordem</p><p>alfabética: analogia, costumes e princípios gerais do direito). No entanto não</p><p>se pode afirmar que haja uma rígida hierarquia entre eles, pois o Juiz pode se</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 44</p><p>valer de todos eles conforme seu critério discricionário, de oportunidade e</p><p>conveniência ao caso concreto. Vejamos cada um deles:</p><p>1) ANALOGIA aplicação de dispositivos legais relativos a outro caso distinto,</p><p>porém semelhante, ante a ausência de normas que regulem o caso concreto</p><p>apresentado à apreciação jurisdicional. Trata-se de um processo de raciocínio</p><p>lógico pelo qual o Juiz aplica uma norma (ou mesmo regras ou princípios) a outros</p><p>casos não compreendidos na descrição legal, mas que é parecido.</p><p> Hipótese “A” → Aplica-se expressamente a Lei “X”.</p><p> Hipótese “B” (parecida com a hipótese “A”) → Não há lei (anomia) ou há</p><p>lei, mas ela é omissa. Neste caso, permite-se a aplicação da regra jurídica “X”,</p><p>por analogia.</p><p>Requisitos: a) falta de previsão legal; b) semelhança entre o caso contemplado</p><p>e o não contemplado; c) identidade jurídica na essência.</p><p>Exemplo 01: o Código Civil determina que quando a cláusula testamentária for</p><p>suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá a que melhor assegure a</p><p>observância da vontade do testador. Não há qualquer previsão em relação a isto</p><p>quanto às doações. No entanto, entende-se que tal dispositivo pode ser aplicado,</p><p>por analogia, também às doações. Isto porque tanto o testamento, quanto a</p><p>doação são formas de liberalidades de patrimônio. São casos parecidos entre si,</p><p>não havendo qualquer proibição de aplicação da analogia. O Juiz cria uma norma</p><p>individual, que só vale para aquele caso concreto, pondo fim ao conflito, sem</p><p>dissolver definitivamente a lacuna.</p><p>Exemplo 02: O art. 157, CC aponta a lesão como sendo um defeito dos negócios</p><p>jurídicos. Segundo o seu §2° não se anula o negócio, se a parte favorecida</p><p>concordar com a redução do proveito. Segundo a doutrina, admite-se a aplicação</p><p>deste dispositivo também a outro defeito chamado de estado do perigo (art. 156,</p><p>CC) que não prevê tal situação. Nesse sentido o Enunciado 148 do CJF, das</p><p>Jornadas de Direito Civil: “Ao estado de perigo (art. 156) aplica-se, por analogia,</p><p>o disposto no §2° do art. 157”.</p><p>Espécies:</p><p>a) Analogia Legal (ou legis): aplica-se ao caso omisso, uma norma</p><p>próxima já existente, como no exemplo fornecido acima, retirado do próprio</p><p>Código Civil (sobre o testamento e a doação).</p><p>b) Analogia Jurídica (ou juris): aplica-se ao caso omisso um conjunto de</p><p>normas próximas existentes para extrair elementos que possibilitem a sua</p><p>aplicabilidade a um caso concreto não previsto, mas parecido com outro que está</p><p>previsto (trata-se de uma forma mais complexa).</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 45</p><p>Obs. 01: Sílvio de Salvo Venosa esclarece que na analogia jurídica se recorre a</p><p>textos mais profundos e complexos pelo fato de o intérprete não obter um texto</p><p>semelhante ao caso que está sendo encaminhado, ou então, os textos são</p><p>insuficientes, e tenta retirar do pensamento dominante em um conjunto de</p><p>normas uma conclusão para o caso.</p><p>Obs. 02: A analogia não pode ser usada para prejudicar o réu no âmbito do</p><p>Direito Penal.</p><p>Obs. 03: Alguns atos jurídicos como a doação e a renúncia não admitem o</p><p>emprego da analogia, nem da interpretação extensiva, pois a lei determina que</p><p>eles devem ser interpretados estritamente (art. 114, CC).</p><p>Analogia X Interpretação Analógica Extensiva</p><p>Como vimos, o uso da analogia ocorre na ausência de texto legal; ela</p><p>faz incidir uma lei em uma hipótese por ela não prevista. Já a interpretação</p><p>analógica extensiva decorre do próprio texto de lei em análise, ampliando o</p><p>alcance de suas palavras, a fim de se atender sua finalidade. O exemplo</p><p>clássico é o Código Penal quando fala em crime cometido “à traição, de</p><p>emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou</p><p>tornou impossível a defesa do ofendido”. Pergunta-se: que “outro recurso” poderia</p><p>ser este? Evidentemente deve ser um “recurso” semelhante (análogo) à</p><p>“emboscada”, à “traição”, ou à “dissimulação”, de molde a dificultar ou tornar</p><p>impossível a defesa do ofendido." Outros exemplos: a) o art. 5°, XI, CF que afirma</p><p>que “a casa é o asilo inviolável do indivíduo...”. Atualmente esse conceito de casa</p><p>deve ser estendido também a escritórios de advocacia, contabilidade,</p><p>consultórios dentários, etc.; b) ao se interpretar o art. 25, CC, quando menciona</p><p>o cônjuge, devemos estender também ao companheiro a legitimidade conferida</p><p>em ser curador do ausente. Resumindo. Analogia = não há lei regulando um</p><p>caso concreto. Interpretação extensiva = a lei existe, no entanto, a hipótese</p><p>nela exposta pode ser estendida a outras situações não previstas expressamente.</p><p>2) COSTUMES No direito antigo, o costume desfrutava de larga projeção,</p><p>devido à escassa função legislativa e ao pequeno número de leis escritas. Ainda</p><p>hoje, nos Países de direito costumeiro (ou consuetudinário – common law), como</p><p>na Inglaterra, ele exerce papel importante como fonte do direito. No direito</p><p>moderno, de um modo geral, o costume foi perdendo paulatinamente sua</p><p>importância. Costume é o uso reiterado, constante, notório e uniforme de uma</p><p>conduta, na convicção de ser a mesma (a conduta) obrigatória. Em outras</p><p>palavras: é uma prática que se estabelece por força do hábito, com convicção.</p><p>Elementos: a) objetivo: uso reiterado e uniforme de um comportamento; b)</p><p>subjetivo: convicção de que ele é obrigatório.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 46</p><p>Um bom exemplo sobre os costumes são as filas. Elas não estão previstas</p><p>na lei, mas a sua reiterada prática em nosso cotidiano cria a convicção de sua</p><p>obrigatoriedade. A diferença entre o costume e um simples hábito reside no fato</p><p>de que neste último há a prática constante do ato, porém sem a crença de sua</p><p>obrigatoriedade. Apesar de ter pouca aplicabilidade prática no Brasil, o costume</p><p>tem caído em concursos com frequência, daí a sua importância para o nosso</p><p>estudo. Já caiu em concurso a seguinte afirmação, considerada correta (ESAF):</p><p>“são condições para a vigência do costume sua obrigatoriedade, continuidade e</p><p>diuturnidade” (longa duração). Em nosso direito, havendo conflito entre os</p><p>costumes e a lei, esta deverá ser aplicada. Além do art. 4°, LINDB, há previsão</p><p>expressa no art. 8° da CLT, que prescreve que os usos e costumes são fontes</p><p>supletivas, na falta de disposições legais e contratuais sobre questões</p><p>trabalhistas, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular</p><p>prevaleça sobre o interesse público. Lembrando que os costumes podem ser fontes</p><p>de Direito e também formas de integração da norma jurídica.</p><p>Em relação à lei, o costume pode ser classificado em três espécies:</p><p>a) Costume segundo a lei (secundum legem) quando a própria lei se</p><p>reporta expressamente aos costumes e reconhece a sua obrigatoriedade; possui</p><p>um caráter interpretativo. Ex.: prevê o art. 569, II, CC: “O locatário é obrigado:</p><p>a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados e, em falta do ajuste,</p><p>segundo o costume do lugar”. Outro exemplo a conferir é o do §1°, do art.</p><p>1.297, CC, em relação ao direito de tapagem, que também menciona</p><p>expressamente “os costumes da localidade”. A doutrina esclarece que no caso da</p><p>aplicação de costumes segundo a lei não seria um mecanismo de integração da</p><p>norma, mas sim de subsunção, uma vez que não há uma lacuna a ser</p><p>preenchida; trata-se</p><p>do cumprimento da lei, uma vez que o próprio legislador</p><p>estabeleceu a forma de solução do conflito.</p><p>b) Costume na falta da lei (praeter legem) quando o costume se destina</p><p>a suprir a omissão de uma lei, tendo caráter supletivo, complementar ou</p><p>integrativo. A lei deixa lacunas que podem ser preenchidas pelo costume, que irá</p><p>ampliar o preceito da lei. Um Juiz não pode deixar de decidir uma causa com o</p><p>argumento de que não há previsão legal. Segundo a doutrina, este sim é o</p><p>chamado costume integrativo, eis que com ele ocorre a utilização propriamente</p><p>dita da ferramenta de correção do sistema.</p><p>Exemplo clássico: reconhecimento da validade do chamado “cheque pré ou pós-</p><p>datado”. Como não há lei proibindo a emissão de cheque com data posterior</p><p>para depósito e tendo-se em vista as práticas comerciais, reconhece-se a</p><p>possibilidade de quebrar a regra de que o cheque é uma ordem de pagamento à</p><p>vista (não há data a vencer... já nasce vencida). Quando se coloca a expressão</p><p>“bom para o dia tal”, estamos transformando este título em uma promessa de</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 47</p><p>pagamento. Quem deposita o cheque antes da data convencionada, terá direito</p><p>ao valor (o banco não tem como se recusar a pagar). No entanto, em</p><p>contrapartida, esse pagamento pode trazer consequências prejudiciais ao</p><p>correntista, tais como: devolução do cheque por falta de provisão de fundos,</p><p>inscrição do seu nome no serviço de proteção ao crédito, utilização do cheque</p><p>especial com juros elevados em decorrência da falta de fundos, ou, até mesmo, o</p><p>próprio encerramento da conta. Por isso entende-se que essa conduta se</p><p>caracteriza em abuso de direito, violando a boa-fé, pois está agindo de forma</p><p>diversa da que foi convencionada, sendo caso de indenização. A esse respeito o</p><p>Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 370: “Caracteriza dano moral a</p><p>apresentação antecipada do cheque pré-datado”.</p><p>c) Costume contra a lei (contra legem) quando contraria o que dispõe a</p><p>lei. Situações: a) desuso da lei (desuetudo): falta de efetividade de uma lei não</p><p>revogada formalmente; a mesma é esquecida, passa a ser “letra morta”; b)</p><p>criação e reiteração de uma prática contrária à lei (consuetudo abrogatoria).</p><p>Os costumes segundo a lei e na falta da lei são aceitos normalmente pelo</p><p>nosso Direito. Já o costume contra a lei tem gerado discussões na doutrina, sendo</p><p>que a corrente majoritária não o aceita. A existência de um costume neste</p><p>sentido é um forte indicativo de algo não está certo, fornecendo ao legislador um</p><p>sinal para modificar ou revogar uma lei anacrônica (antiquada) e/ou injusta.</p><p>No entanto, há uma hipótese em que o costume contra a lei foi aceito:</p><p>o art. 227 do atual Código Civil determinava que só se admite prova testemunhal</p><p>em contratos cujo valor não exceda dez vezes o maior salário mínimo vigente no</p><p>País. Mas, segundo os usos e costumes de algumas cidades brasileiras os negócios</p><p>de gado, por maiores que sejam (geralmente envolvem altas cifras), são</p><p>celebrados verbalmente, na confiança, sem que haja um documento escrito. E eles</p><p>foram considerados válidos, ainda que contra a lei. Aliás, já caiu uma questão</p><p>deste tipo em concurso. “(ESAF – Procurador do BACEN/2002) No mercado de</p><p>Barretos (Estado de São Paulo), os negócios de gado, por mais avultados que</p><p>sejam, celebram-se dentro da maior confiança, verbalmente, dando origem ao:</p><p>(...) c) costume contra legem”. Atualmente, nem esse exemplo pode ser usado</p><p>mais, pois o art. 227, CC foi revogado expressamente pelo novo Código de</p><p>Processo Civil, que agora estabelece em seu art. 442: A prova testemunhal é</p><p>sempre admissível, não dispondo a lei de modo diverso.</p><p>No concurso como eu faço? Se uma questão desse tipo cair na prova (isso</p><p>é até comum ocorrer) devemos ficar atentos quanto à forma redação da</p><p>questão. Se ela for genérica, optem pela hipótese de que nosso Direito não aceita</p><p>o costume contra a lei. É assim que os concursos têm se posicionado.</p><p>Recentemente uma prova do CESPE (TRF/1ª Região – Técnico Judiciário/2017)</p><p>afirmou-se: “Admite-se o costume contra legem como instrumento de integração</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 48</p><p>das normas”, sendo que o gabarito oficial considerou a assertiva como errada. Da</p><p>mesma forma ocorreu em prova recente da FGV.</p><p>3) PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO Não sendo solucionada a lacuna com</p><p>a analogia e os costumes, aplicam-se então os princípios gerais de direito. Na</p><p>verdade, eles são regras que se encontram na consciência dos povos, ainda que</p><p>não escritas. Estão implícitos em nosso sistema jurídico, possuindo caráter</p><p>genérico e orientando uma melhor compreensão e integração desse sistema.</p><p>Exemplos (preceitos do direito romano): deve-se viver honestamente (honeste</p><p>vivere); dar a cada um o que é seu (suum cuique tribuere); não se deve lesar o</p><p>próximo (alterum non leadere); ninguém pode se valer de sua própria torpeza,</p><p>etc. Já caiu em concurso público a seguinte afirmação, considerada correta: “os</p><p>princípios gerais de direito são normas de valor genérico que orientam a</p><p>compreensão do ordenamento jurídico, em sua aplicação e integração, estejam ou</p><p>não positivados”.</p><p>�ATENÇÃO � CUIDADO COM A EQUIDADE!</p><p>EQUIDADE consiste na adaptação razoável de uma regra existente à um</p><p>caso concreto, observando-se os critérios de justiça e igualdade (isonomia). Na</p><p>realidade trata-se do uso do “bom senso”. Muitos a chamam de “justiça do caso</p><p>concreto”.</p><p>Tomem muito cuidado com a forma como a questão da prova foi</p><p>elaborada. Se ela fizer menção expressa à Lei de Introdução, a equidade não é</p><p>um meio de suprir a lacuna da lei, pois o art. 4°, LINDB, não a menciona no seu</p><p>texto. No entanto, analisando nosso sistema jurídico como um todo, não há</p><p>dúvidas de que ela é aplicável, podendo auxiliar o Juiz nesta missão. O parágrafo</p><p>único do art. 140 do CPC/2015 prevê que o juiz só decidirá por equidade</p><p>nos casos previstos em lei. O art. 8° da CLT também faz menção expressa a</p><p>ela.</p><p>Interpretação X Integração</p><p>Quando temos uma lei, mas ela não é precisa devemos realizar a</p><p>interpretação para a sua exata compreensão. Quando não há lei, ou há, mas ela</p><p>não regula determinada situação, necessitamos realizar a integração da norma</p><p>jurídica. Resumindo: a interpretação parte de uma lei dúbia; a integração parte</p><p>de uma lacuna legal.</p><p>ANTINOMIA – CONFLITO ENTRE NORMAS</p><p>Antinomia (ou lacuna de conflito) é a presença de duas ou mais normas</p><p>conflitantes (há incompatibilidade entre o seu conteúdo), todas elas válidas e</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 49</p><p>emanadas de autoridade competente, sem que a lei afirme qual delas deva</p><p>ser aplicada ao caso concreto. A antinomia pode ser:</p><p>a) REAL (ou lacuna de colisão): quando não há na ordem jurídica qualquer</p><p>critério para solucionar o impasse. Aplicando-se uma norma, viola-se outra e</p><p>vice-versa. Somente se elimina este tipo de antinomia com a edição de uma</p><p>nova norma. Na prática, o Juiz resolve o conflito com uma solução casuísta,</p><p>harmonizando os dispositivos ou simplesmente eliminando uma das normas de</p><p>colisão (interpretação ab-rogativa), com base nos arts. 4° e 5° da LINDB.</p><p>b) APARENTE: ocorre quando o próprio ordenamento jurídico prevê uma</p><p>solução para o conflito. Observem que nesta hipótese o conflito é apenas</p><p>aparente, pois na realidade não há um conflito propriamente dito; basta</p><p>interpretar as normas para se eleger qual delas será aplicada ao caso concreto.</p><p>Como esse tipo de conflito permite uma conciliação entre os dispositivos</p><p>antinômicos, admite o Supremo Tribunal Federal (HC 68.793/RJ) a chamada</p><p>interpretação corretiva, “conservando as normas incompatíveis no sistema,</p><p>mas conciliando-as, corrigindo a incompatibilidade pela introdução de leve ou</p><p>parcial modificação no texto da lei”. Para a solução e eliminação do conflito</p><p>existem alguns critérios. Vejamos.</p><p>Critérios para solução do conflito aparente:</p><p>• Hierárquico (lex superior derogat legi inferiori): é o primeiro a ser</p><p>aplicado, baseado na superioridade de uma fonte de produção jurídica sobre</p><p>outra. Verifica-se qual das normas em conflito é superior, independentemente da</p><p>data de sua publicação. Ex.: a Constituição Federal se sobrepõe a todas as</p><p>demais espécies normativas; uma lei ordinária se sobrepõe a decretos,</p><p>resoluções, regulamentos, etc.</p><p>• Especialidade (lex specialis derogat legi generali): o segundo critério leva</p><p>em consideração a amplitude das normas. Ou seja, se o legislador tratou um</p><p>determinado assunto com mais cuidado e rigor, ele deve prevalecer sobre o outro</p><p>que foi tratado de forma geral. A aplicação desse critério em um caso prático</p><p>(acolhendo-se uma lei especial) não afeta a validade ou a vigência da lei geral,</p><p>que continua sendo aplicada.</p><p>• Cronológico (lex posterior derogat legi priori): é baseado no momento em</p><p>que a norma jurídica entra em vigor, restringindo-se somente ao conflito de</p><p>normas pertencentes ao mesmo escalão. Ex.: leis ordinárias mais recentes</p><p>(posteriores) revogam as mais antigas (anteriores).</p><p>A antinomia ainda se classifica em:</p><p>1) PRIMEIRO GRAU: o conflito envolve apenas um dos critérios acima</p><p>mencionados; ou seja, para a solução aplica-se apenas um dos critérios.</p><p>Situações: havendo conflito entre uma norma superior e outra inferior, aplica-se</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 50</p><p>a primeira (hierárquico); no conflito entre uma norma anterior e outra posterior,</p><p>aplica-se esta última (cronológico); no conflito entre uma norma geral e outra</p><p>especial, também se aplica esta última (especialidade).</p><p>2) SEGUNDO GRAU: o conflito envolve mais de um daqueles critérios. A situação</p><p>é mais complexa. Vejamos.</p><p>a) Concorrendo os critérios hierárquico e cronológico (conflito entre uma</p><p>norma superior-anterior com outra inferior-posterior): prevalece o</p><p>hierárquico (aplica-se a norma superior-anterior, pois a hierarquia das</p><p>normas é um critério mais sólido que o temporal).</p><p>b) Concorrendo os critérios da especialidade e cronológico (norma</p><p>especial-anterior com norma geral-posterior): prevalece o da especialidade</p><p>(aplica-se a lei especial, ainda que ela seja mais antiga).</p><p>c) Concorrendo os critérios hierárquico e da especialidade (norma</p><p>superior-geral com norma inferior-especial): não há consenso na doutrina.</p><p>A maioria entende que não é possível aplicar um critério sobre o outro sem</p><p>contrariar a adaptabilidade do Direito, portanto não há qualquer predominância</p><p>de um critério sobre o outro. No entanto alguns autores entendem que seria</p><p>hipótese de aplicação do critério hierárquico, principalmente quando está</p><p>envolvida a Constituição Federal: uma norma constitucional geral deve</p><p>prevalecer sobre uma lei ordinária especial, pois se se admitisse o princípio de</p><p>que uma lei ordinária especial pudesse derrogar normas constitucionais, os</p><p>princípios fundamentais do ordenamento jurídico estariam destinados a</p><p>esvaziar-se, rapidamente, de seu conteúdo. No caso de antinomia real, dois</p><p>caminhos podem ser dados. O primeiro pelo Poder Legislativo com a edição de</p><p>uma terceira norma, dizendo o que deve ser aplicado. O segundo pelo Poder</p><p>Judiciário, com a adoção do “princípio máximo da justiça”, analisando cada</p><p>caso concreto e optando pela mais justa. O Juiz deve aplicar uma das duas</p><p>normas, tentando solucionar o conflito acordo com a sua livre convicção,</p><p>desde que devidamente motivada, aplicando os arts. 4° (analogia,</p><p>costumes e princípios gerais de direito) e 5° (função social da norma e</p><p>exigências do bem comum), da LINDB.</p><p>OBSERVAÇÕES</p><p>01) O art. 59 da Constituição Federal não estabeleceu uma relação</p><p>hierárquica entre as espécies normativas. Segundo a melhor doutrina, com</p><p>exceção das Emendas à Constituição, todas as demais estão no mesmo plano</p><p>hierárquico (são chamadas de normas primárias). O que as distingue é o processo</p><p>de elaboração mais ou menos solene e o campo de atuação entre elas (que</p><p>não pode ser “invadido” por outra).</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 51</p><p>02) Em grau inferior (normas secundárias) ainda são classificados os</p><p>decretos regulamentares, que são normas gerais estabelecidas pelo Poder</p><p>Executivo para facilitar a execução de uma lei. Eles não retiram seu fundamento</p><p>de validade diretamente da Constituição, mas sim da lei que ele está</p><p>regulamentando. Acrescente-se também a este rol: normas internas (estatutos,</p><p>regimentos internos de Tribunais, etc.), normas individuais (contratos – que fazem</p><p>“lei” entre as partes, testamentos, sentenças judiciais, etc.).</p><p>Observem, de forma ilustrativa, o sistema piramidal adotado pelo jurista</p><p>Hans Kelsen, simbolizando a estrutura hierárquica das normas:</p><p>Constituição Federal e Emendas Constitucionais.</p><p>Leis Complementares, Ordinárias, Delegadas,</p><p>Medidas Provisórias, etc.</p><p>Decretos, Regulamentos, Portarias e demais</p><p>Atos Administrativos.</p><p>Questões Doutrinárias</p><p>1) Há hierarquia entre Lei Complementar e Lei Ordinária? Resposta:</p><p>Há divergência na doutrina. Uma parte entende que a lei complementar estaria</p><p>em uma posição superior em relação à lei ordinária, tendo em vista que o seu</p><p>processo de elaboração é mais rígido, com um quórum especial para aprovação</p><p>(maioria absoluta). No entanto, como acentuamos acima, a posição majoritária</p><p>é a de que não há hierarquia. Isto somente ocorre quando uma espécie</p><p>normativa encontra sua força imperativa em uma norma imediatamente superior.</p><p>E as simples peculiaridades formais de cada espécie (lei complementar = quórum</p><p>de maioria absoluta e campo de atuação expressamente delineado; lei ordinária</p><p>= maioria simples, sem delimitação de campo de atuação), não autoriza que se</p><p>estabeleça esta relação de subordinação. Ambas retiram sua eficácia diretamente</p><p>do Texto Constitucional.</p><p>Sobre o assunto ainda devemos acrescentar as seguintes orientações do</p><p>Supremo Tribunal Federal: a lei ordinária não pode regular matéria reservada</p><p>pela Constituição para a lei complementar, sob pena de inconstitucionalidade</p><p>formal; já a lei complementar pode tratar de matéria relativa à lei ordinária sem</p><p>haver vício formal, mas neste caso a lei complementar, apesar do nome, será</p><p>considerada materialmente ordinária, posto que seu conteúdo permanecerá de</p><p>cunho mais simples, podendo, portanto, ser revogada por outra lei ordinária.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 52</p><p>2) A lei federal é hierarquicamente superior à lei estadual ou</p><p>municipal? Resposta: A princípio não se pode falar em hierarquia entre normas</p><p>oriundas de entes estatais distintos (leis federais, estaduais, distritais e</p><p>municipais). Na verdade, não se trata de um conflito de hierarquia, mas de</p><p>conflito de competências. O que ocorre é que cada norma deve respeitar seu</p><p>âmbito de atuação previsto na Constituição Federal. Em caso de eventual</p><p>conflito entre tais normas analisa-se na Constituição a competência por ela</p><p>outorgada a cada um de seus entes. Assim, se a matéria é de competência do</p><p>Estado-membro e a União legislou, a lei estadual é que deve prevalecer (a federal</p><p>neste caso seria inconstitucional). Portanto,</p><p>não há uma superioridade hierárquica</p><p>da lei federal sobre a estadual ou municipal, mas sim a aplicação do princípio da</p><p>especialidade. Prevalece a norma editada pelo ente competente</p><p>constitucionalmente para o trato da matéria.</p><p>II. VIGÊNCIA DAS LEIS NO ESPAÇO</p><p>O Estado politicamente organizado tem soberania sobre o seu território e</p><p>sobre seus habitantes. Decorre disso que toda lei, em princípio, tem seu campo</p><p>de aplicação limitado no espaço pelas fronteiras do Estado que a promulgou.</p><p>Chamamos isso de Territorialidade da Lei.</p><p>Esse espaço ou território, em sentido amplo, inclui as terras (ou o território</p><p>propriamente dito), o subsolo, as águas marítimas e a atmosfera.</p><p>Ocorre que a ideia de territorialidade absoluta se mostra insuficiente para</p><p>abranger a imensa gama de relações estabelecidas entre as pessoas de diversos</p><p>países. É inegável que com os avançados meios de comunicação e transporte que</p><p>temos, vivemos em um “mundo globalizado”. Assim, os Estados modernos vêm</p><p>admitindo a aplicação, em determinadas circunstâncias, de leis estrangeiras, em</p><p>seu território, no intuito de facilitar as relações internacionais (tratados e</p><p>acordos que o Brasil foi signatário). Nem por isso se vulnera o princípio da</p><p>soberania nacional. Essa é uma consequência do crescente relacionamento entre</p><p>homens da comunidade internacional. Esses problemas geralmente são tratados</p><p>por outra matéria: o Direito Internacional, que irá fornecer soluções para os</p><p>conflitos da lei no espaço.</p><p>Quanto a este tema, o Brasil adotou a Teoria da Territorialidade, mas de</p><p>forma moderada, também chamada de TERRITORIALIDADE TEMPERADA (ou</p><p>mitigada). Assim, Leis e Sentenças estrangeiras podem ser aplicadas no Brasil,</p><p>desde que observadas as seguintes regras:</p><p>• Não se cumprirá sentença estrangeira no Brasil sem o devido exequatur</p><p>(ou seja, o “cumpra-se”), que é a permissão dada pelo Superior Tribunal de</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 53</p><p>Justiça para que esta sentença produza seus efeitos (toda e qualquer sentença,</p><p>inclusive as declaratórias do estado das pessoas, uma vez que o parágrafo</p><p>único, do art. 15, LINDB foi revogado). Observem que o art. 15, alínea “e” da</p><p>LINDB menciona Supremo Tribunal Federal. No entanto o art. 105, inciso I, letra</p><p>“i” da CF/88 (Emenda n° 45/04) alterou a competência desta homologação para</p><p>o Superior Tribunal de Justiça.</p><p>• Não se aplicam leis, sentenças ou atos estrangeiros no Brasil, bem como</p><p>quaisquer declarações de vontade, quando ofenderem a soberania</p><p>nacional, a ordem pública e os bons costumes (art. 17, LINDB).</p><p>Território é a extensão geográfica ocupada por uma nação e sobre a qual</p><p>o Estado exerce sua soberania, circunscrita por suas fronteiras. Fala-se em</p><p>território real e ficto.</p><p>O território real (ou terrestre) compreende: todo o solo e o subsolo</p><p>ocupado pela nação, inclusive as ilhas que lhe pertencem, os rios, os lagos e os</p><p>mares interiores, os golfos, as baías e os portos, a faixa de mar exterior que banha</p><p>as suas costas, o espaço aéreo correspondente, etc.</p><p>Já o ficto (há uma ficção jurídica) se reputa território o que material e</p><p>geograficamente não o é; trata-se de um prolongamento da nação. A doutrina</p><p>costuma citar como exemplo os edifícios ocupados oficialmente por agentes</p><p>diplomáticos, ou seja, as embaixadas. Assim, estas, embora situadas em Países</p><p>estrangeiros, são consideradas (fictamente) como território nacional.</p><p>Curiosidade</p><p>Outro exemplo muito citado são os navios e aeronaves. Observem as</p><p>seguintes regras sobre o tema (lembrando que elas são aceitas por quase todos</p><p>os Países de forma recíproca):</p><p>A) Navios e aeronaves de guerra brasileiros, onde quer que se encontrem</p><p>são considerados como território brasileiro. Exemplo: um porta-aviões brasileiro</p><p>(navio de guerra) é considerado território brasileiro onde quer que ele se encontre:</p><p>em águas brasileiras, em alto-mar ou em águas estrangeiras, mesmo que o Brasil</p><p>não esteja em guerra com este País. Da mesma forma, um navio de guerra</p><p>estrangeiro (por exemplo, grego) será considerado território estrangeiro (no</p><p>exemplo, grego), mesmo que ele esteja no Brasil; ou seja, no interior deste navio</p><p>(ou avião) de guerra, onde quer que se encontre, vigoram as leis de seu País de</p><p>origem; da bandeira que ostenta.</p><p>B) Navios e aeronaves mercantes brasileiros, em águas territoriais (ou</p><p>espaço aéreo) brasileiras, navegando (ou sobrevoando) em alto-mar (isto é, fora</p><p>de nosso território real, porém ainda não ingressando no território de outro País),</p><p>são considerados como território brasileiro. Na realidade esta é o exemplo típico</p><p>de território ficto. É como se o navio (ou o avião), embora em alto mar, fosse o</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 54</p><p>prolongamento do território brasileiro. Em seu interior serão aplicadas as leis</p><p>brasileiras. Da mesma forma, um navio estrangeiro (ex.: grego) em suas águas</p><p>territoriais ou em alto mar, aplicam-se as suas próprias leis (no exemplo a grega).</p><p>C) Navios e aeronaves mercantes brasileiros, assim que entrarem em</p><p>território de outro País devem obedecer às leis desse País. Exemplo: um navio</p><p>mercante brasileiro em águas brasileiras é considerado território brasileiro. Ele</p><p>zarpa de um porto brasileiro e se encontra em alto mar: ainda se aplicam as leis</p><p>brasileiras. Ingressando em território grego, aplicam-se as leis gregas; deve</p><p>obedecer toda a legislação da Grécia. Da mesma forma, um navio grego,</p><p>ingressando em águas brasileiras, deve respeitar a nossa legislação.</p><p>Observação É comum a seguinte situação: um navio estrangeiro ingressa</p><p>no Brasil. Aqui o jogo é proibido (pelo menos na teoria). Entram neste navio</p><p>centenas de pessoas. O navio se desloca até o alto-mar. E lá, como a lei aplicável</p><p>é a do País da origem do navio, inicia-se a “jogatina”, com caça-níqueis, roleta,</p><p>carteado, etc. Depois o navio “retorna ao Brasil”, cessando as atividades que aqui</p><p>são consideradas ilegais.</p><p>MEUS AMIGOS</p><p>Até agora analisamos a Lei de Introdução às Normas do Direito brasileiro</p><p>apenas no tocante à aplicação dos seis primeiros artigos. No entanto ela possui</p><p>outros dispositivos (arts. 7° a 19). Eles não se encaixam bem dentro do Direito</p><p>Civil. Na realidade são regras de Direito Internacional (Público e Privado). Tanto</p><p>é assim que a LINDB, neste aspecto, também é conhecida como Estatuto do Direito</p><p>Internacional.</p><p>ESTATUTO DE DIREITO INTERNACIONAL</p><p>Inicialmente devemos falar sobre o que a doutrina denomina estatuto</p><p>pessoal. Trata-se da hipótese em que a norma de um Estado acompanha o</p><p>cidadão para regular seus direitos em outro País (regime jurídico aplicável à</p><p>determinada pessoa). Genericamente, esse estatuto pessoal baseia-se na lei da</p><p>nacionalidade (critério político) ou na lei do domicílio (critério geográfico).</p><p>Portanto, ambas (lei nacional e lei do domicílio) constituem critérios</p><p>solucionadores dos conflitos de leis no espaço.</p><p>Atualmente no Brasil, em virtude da chamada Lei de Introdução, o</p><p>estatuto pessoal é fundado na LEI DO DOMICÍLIO ou na da sede jurídica</p><p>da pessoa (lex domicilii) para se determinar a lei aplicável, pois esta ainda é a</p><p>mais conveniente aos interesses nacionais.</p><p>Estabelece o art. 7°, LINDB: A lei do país em que domiciliada a</p><p>pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o</p><p>nome, a capacidade e os direitos de família. Isso é assim porque nosso País,</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 55</p><p>por ainda ser “de imigração”, tem interesse de sujeitar o estrangeiro aqui</p><p>nosso curso. Trata-se de um diferencial. Até por</p><p>experiência própria, entendo que os exercícios são imprescindíveis para um</p><p>curso direcionado para concursos. Uma aula, por melhor que seja, só é completa</p><p>se tiver exercícios, pois é por meio deles que o aluno vai pegando a “malícia” de</p><p>uma prova. Inicialmente eles têm a finalidade de revisar o que foi ministrado na</p><p>aula e fixar, ainda mais, a matéria dada. Resolver questões já aplicadas em</p><p>concursos anteriores é, indiscutivelmente, uma das melhores formas de se</p><p>preparar para exames. Observem como os concursos costumam repetir</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 5</p><p>questões que já caíram em outros exames ou fazer “variações sobre um mesmo</p><p>tema”. Devo esclarecer que alguns testes foram adaptados, acompanhando as</p><p>alterações legislativas que vem ocorrendo a todo o momento.</p><p>Finalmente, qualquer dúvida que porventura o aluno ainda tenha referente</p><p>à aula deve ser encaminhada ao fórum deste site, para que eu possa respondê-</p><p>la da melhor forma possível.</p><p>Com a exposição da matéria teórica acompanhada de exemplos práticos,</p><p>quadros sinóticos, resumos e uma boa quantidade de testes com gabarito</p><p>comentado, possibilitando ainda ao aluno eliminar qualquer dúvida que reste</p><p>através do nosso fórum, acreditamos ser este trabalho uma importante</p><p>ferramenta para o conhecimento e aprimoramento nos estudos.</p><p>Finalizo, desejando a todos os votos de pleno êxito em seus objetivos,</p><p>com muita tranquilidade e paz durante os estudos e na hora da realização das</p><p>provas.</p><p>Um forte abraço a todos.</p><p>Lauro R. Escobar. Jr</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 6</p><p>Meus amigos e alunos: antes de iniciar uma aula, costumo colocar no início e</p><p>em destaque os itens que o edital expressamente exige e que serão</p><p>abordados na aula, bem como a legislação a ser consultada, para que o aluno</p><p>possa acompanhar na lei o que está sendo ministrado, facilitando o estudo.</p><p>Vejamos:</p><p>�Itens específicos do edital publicado que serão abordados nesta aula</p><p>→ LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO (LINDB).</p><p>Lei. Vigência e aplicação da lei no tempo e no espaço. Integração e interpretação.</p><p>Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.</p><p>�Legislação a ser consultada: DECRETO-LEI n° 4.657/42 (Lei de</p><p>Introdução às Normas do Direito Brasileiro), com todas as suas atualizações.</p><p>Outra coisa: como nas aulas abordo diversos temas que estão no edital e para</p><p>que o aluno possa manusear de forma mais prática o material, sempre faço um</p><p>SUMÁRIO antes de começar a aula. Desta forma, principalmente quando o aluno</p><p>deseja apenas revisar um ponto na matéria, ou tirar uma dúvida a respeito de um</p><p>item específico, pode ir DIRETO AO PONTO utilizando essa facilidade. Vejamos.</p><p>Sumário</p><p>1. INTRODUÇÃO E RESUMO DA LINDB .................................................. 07</p><p>1.1 Fontes de Direito Civil ................................................................. 08</p><p>1.2 Características das leis ............................................................... 12</p><p>1.3 Classificação das leis .................................................................. 12</p><p>2. VIGÊNCIA DAS LEIS NO TEMPO ........................................................ 18</p><p>2.1 Início da obrigatoriedade ........................................................... 19</p><p>2.1 Fim da obrigatoriedade ............................................................... 28</p><p>2.3 Repristinação ............................................................................. 31</p><p>Aula Demonstrativa</p><p>Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 7</p><p>2.4 Leis gerais e especiais ................................................................ 33</p><p>2.5 Conflito das normas no tempo ..................................................... 34</p><p>2.6 Interpretação das leis ................................................................. 39</p><p>2.7 Integração da norma jurídica ...................................................... 42</p><p>2.8 Antinomia: conflito entre as normas ........................................... 48</p><p>3. VIGÊNCIA DAS LEIS NO ESPAÇO ....................................................... 52</p><p>3.1 Estatuto de Direito Internacional ................................................ 54</p><p>RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ......................................................... 59</p><p>Bibliografia Básica ............................................................................... 63</p><p>EXERCÍCIOS COMENTADOS (CESPE) .................................................... 64</p><p>Vamos agora entrar na matéria...</p><p>Mas... primeiro... uma curiosidade. O Decreto-Lei n° 4.657/42 tinha como</p><p>“nome” (ou ementa) “Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro”. Pois bem... a</p><p>Lei n° 12.376 de 31 de dezembro de 2010 alterou esse nome para Lei de</p><p>Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Ou seja, nossos parlamentares</p><p>elaboraram uma lei apenas para alterar o nome da lei. Nada, absolutamente</p><p>nada, mudou em seu conteúdo. E a intenção foi somente deixar claro o que já</p><p>dizíamos há muito tempo: a Lei de Introdução não tem aplicação somente ao</p><p>Código Civil, mas sim a todo o Direito, respeitadas as peculiaridades de cada</p><p>matéria, como veremos. Feita esta observação, comecemos...</p><p>LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO</p><p>INTRODUÇÃO E RESUMO</p><p>Em 2003 entrou em vigor o novo Código Civil (Lei n° 10.406/02). Embora</p><p>publicado no dia 10 de janeiro de 2002, somente entrou em vigor no ano seguinte.</p><p>Mas antes disso já vigorava uma lei conhecida como Lei de Introdução ao Código</p><p>Civil (ou simplesmente LICC), que é o Decreto-lei n° 4.657, de 04 de setembro de</p><p>1942, que atualmente é chamada de Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro (ou simplesmente LINDB). Apesar de ter sido editada como “Decreto-</p><p>lei”, foi recepcionada como Lei Ordinária.</p><p>O novo Código não revogou a Lei de Introdução, nem a incorporou</p><p>em seu texto (ela não é parte integrante, nem tampouco um anexo do Código</p><p>Civil). Ou seja, o Código Civil e a Lei de Introdução são leis autônomas e</p><p>independentes entre si.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 8</p><p>Na realidade a Lei de Introdução é um conjunto de normas sobre</p><p>normas (alguns autores a chamam de lex legum: lei das leis), isto porque</p><p>disciplina as próprias normas jurídicas, prescrevendo-lhes a maneira de aplicação</p><p>e entendimento, predeterminando as fontes e indicando-lhes as dimensões</p><p>espaço-temporais. Ela não rege a vida das pessoas (como o Código Civil), mas</p><p>sim das próprias normas jurídicas, ultrapassando o âmbito do Direito Civil</p><p>(suas normas são aplicáveis a todo nosso ordenamento jurídico, respeitadas as</p><p>peculiaridades de cada matéria) e atingindo tanto o direito privado quanto o</p><p>público (salvo naquilo que for regulado de forma diferente na legislação</p><p>específica).</p><p>A LINDB contém normas de sobredireito (também chamadas de normas</p><p>de apoio, pois visam regular outras normas). Trata-se de um código de normas</p><p>(lei de introdução às leis) por conter princípios gerais sobre as normas sem</p><p>qualquer discriminação, indicando como aplicá-las. E, reforçando, continua em</p><p>vigor, a despeito do novo Código Civil, de forma autônoma e em sua plenitude.</p><p>RESUMINDO A LINDB</p><p>• Arts. 1° e 2° → Vigência e eficácia das normas jurídicas</p><p>domiciliado à nossa lei, integrando-o à vida nacional, fazendo com que ele adquira</p><p>direitos e assuma obrigações, independentemente de sua origem. Como o Brasil</p><p>adotou a teoria da territorialidade moderada (ou mitigada), haverá casos em que</p><p>se admite a aplicação de norma estrangeira no território brasileiro, pois nem</p><p>sempre as leis poderão ficar enclausuradas dentro dos limites espaciais do Estado.</p><p>No entanto, a extraterritorialidade encontra restrições, não se admitindo a</p><p>aplicação de norma estrangeira que atente contra a soberania nacional, a ordem</p><p>pública e os bons costumes.</p><p>Bem... como vimos, o art. 7° da LINDB adotou a “Regra do Domicílio”,</p><p>ou seja, se uma pessoa está domiciliada no Brasil é a nossa lei que deve ser</p><p>aplicada quanto às questões referentes à personalidade (início, capacidade, nome,</p><p>fim, etc.), inclusive no tocante aos impedimentos matrimoniais (mesmo que</p><p>ambos os cônjuges sejam estrangeiros) e ao direito de família de uma forma geral.</p><p>Exemplo: vamos imaginar que duas pessoas com 13 anos se casaram em um País</p><p>que permite tal casamento e a seguir o casal veio morar no Brasil. Este casamento</p><p>não poderia ter sido realizado aqui, nas condições que o foram no estrangeiro.</p><p>Mas o Brasil considera estas pessoas como casadas. No entanto, se o marido</p><p>quiser contrair novas núpcias após ter completado 18 anos não poderá fazê-lo,</p><p>pois nossa legislação não admite a bigamia. Por outro lado, se um estrangeiro</p><p>casado se naturalizar brasileiro poderá adotar o regime da comunhão parcial de</p><p>bens.</p><p>Prevê o art. 8°, LINDB, que para qualificar os bens e regular as</p><p>relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem</p><p>situados (lex rei sitae). No entanto excepciona o §1° afirmando que aplicar-se-</p><p>á a lei do País em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens móveis que</p><p>ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares.</p><p>Da mesma forma, deve ser aplicada a lei do local onde as obrigações</p><p>foram constituídas (locus regit actum). Ou seja, para aplicar a lei brasileira</p><p>basta que a celebração do contrato tenha ocorrido em nosso território. Se um</p><p>contrato foi celebrado no estrangeiro, mas para produzir efeitos no Brasil, a lei</p><p>aplicável é a estrangeira, mas devem-se respeitar os requisitos exigidos por nossa</p><p>lei. Ex.: foi celebrada no estrangeiro a venda de uma casa situada no Brasil. Para</p><p>que o contrato tenha eficácia é indispensável que o registro tenha sido feito aqui.</p><p>Além disso, sendo o vendedor casado pela comunhão de bens, é necessária a</p><p>respectiva outorga conjugal (assinatura do outro cônjuge no documento), sob</p><p>pena de anulação.</p><p>A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei pessoal do “de</p><p>cujus”. Explicando. Lei pessoal é o regime jurídico aplicável a uma pessoa. “De</p><p>cujus” é expressão latina que significa “a pessoa que faleceu” (de cujus</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 56</p><p>successione agitur, ou seja, aquele de cuja sucessão se trata). Portanto, lei</p><p>pessoal do de cujus é o regime jurídico aplicável à sucessão da pessoa que faleceu,</p><p>ou seja, a lei do País em que era domiciliado o de cujus (falecido) ou o</p><p>ausente (art. 10, LINDB). Se os bens estiverem situados no Brasil, mas eles</p><p>pertencem a estrangeiros, as regras sucessórias são as brasileiras, exceto se a</p><p>lei estrangeira for mais favorável ao cônjuge ou aos filhos brasileiros (art.</p><p>10, §1°, LINDB e art. 5°, XXXI, CF/88). Já a lei do domicílio do herdeiro (ou</p><p>legatário) regula a capacidade para suceder (receber os bens da sucessão).</p><p>Embora esse tema seja aprofundado no Direito das Sucessões, é</p><p>interessante fazer a distinção entre as regras para a sucessão e a</p><p>capacidade para suceder. O art. 10, caput, LINDB determina que o princípio</p><p>que rege a sucessão é a lei onde o de cujus era domiciliado, não importando</p><p>a natureza ou a situação dos bens. Assim, se um espanhol domiciliado no Brasil</p><p>falece, deixando bens no Brasil e apenas um sobrinho espanhol domiciliado na</p><p>Espanha, as regras para realizar sua sucessão (ex.: ordem de sucessão</p><p>hereditária, limites da liberdade para fazer testamento, existência e proporção da</p><p>legítima do herdeiro necessário, causas de deserdação, etc.) são as brasileiras</p><p>porque ele tinha seu domicílio no Brasil. No entanto, para se apurar se esse</p><p>sobrinho possui capacidade para suceder (aptidão para herdar o apartamento) é</p><p>a lei espanhola (ex.: causas de deserdação, indignidade, etc.), pois o sobrinho é</p><p>domiciliado na Espanha (art. 10, §2°, LINDB).</p><p>A competência para apreciação de uma ação em que é parte um réu</p><p>domiciliado no Brasil, ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação, é a brasileira. E</p><p>também somente compete à autoridade judiciária brasileira (competência</p><p>absoluta) o conhecimento de ações relativas a imóveis situados no Brasil.</p><p>A lei a ser aplicada quando da prática de um ato ilícito e o dever de</p><p>indenizar quem tenha sido atingido por ele, deve ser a do local onde se tenha</p><p>produzido as consequências deste ato ilícito (lex damni).</p><p>Quando aqui tiver que ser apreciado um fato que ocorreu no exterior, a</p><p>prova é regida pela lei estrangeira. No entanto não são admitidas provas que</p><p>a lei brasileira desconheça.</p><p>Quando uma pessoa alegar Direito estrangeiro, ela deverá provar o seu</p><p>conteúdo e sua vigência, se assim determinar o Juiz.</p><p>Finalmente devemos acrescentar que o art. 5°, §3° da CF/88 dispõe que</p><p>os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos</p><p>aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos</p><p>dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas</p><p>constitucionais. E, complementando, o §4° prevê que o Brasil se submete à</p><p>jurisdição de Tribunal Penal Internacional, a cuja criação tenha manifestado</p><p>adesão.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 57</p><p>Vamos agora fornecer um RESUMO COMPLETO dos dispositivos da LINDB</p><p>referentes ao Direito Internacional:</p><p>1. Regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade</p><p>e os direitos de família → lei do País em que for domiciliada a pessoa (estatuto</p><p>pessoal → critério do domicílio).</p><p>2. Casamento → realizado no Brasil: aplica-se a lei brasileira quanto aos</p><p>impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. Nubentes com</p><p>domicílio diverso: nos casos de invalidade do matrimônio vigora a lei do primeiro</p><p>domicílio conjugal. Regime de bens, legal ou convencional: obedece à lei do País</p><p>em que os nubentes tiverem domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro</p><p>domicílio conjugal.</p><p>3. Divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem</p><p>brasileiros → será reconhecido após um ano da data da sentença (salvo se houver</p><p>sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação</p><p>produzirá efeito imediato, obedecidas as condições para a eficácia das sentenças</p><p>estrangeiras no País). O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento</p><p>interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas</p><p>em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a</p><p>fim de que passem a produzir todos os efeitos legais.</p><p>☺ Observação Importante: A Emenda Constitucional 66/2010 alterou o</p><p>§6° do art. 226 da Constituição Federal, suprimindo a exigência de prévia</p><p>separação judicial ou de fato para o deferimento do divórcio. Assim, entende-</p><p>se que o art. 7°, §6°, LINDB destoa do texto atual da Constituição, não</p><p>havendo mais esta exigência temporal, devendo ser imediatamente</p><p>reconhecido. Como a Constituição Federal ocupa o ápice de nosso</p><p>ordenamento jurídico, nesse caso, a alteração superveniente de seu texto</p><p>enseja a revogação tácita da legislação infraconstitucional</p><p>incompatível.</p><p>4. Consulado (art. 18, LINDB) → tratando-se de brasileiros, são competentes as</p><p>autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos</p><p>de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos</p><p>filhos de brasileiros nascidos no País da sede do Consulado. Também poderão</p><p>celebrar a separação consensual e o divórcio consensual de brasileiros, não</p><p>havendo filhos menores ou incapazes do casal, devendo constar da escritura pública</p><p>as disposições relativas à partilha dos bens comuns, pensão alimentícia e quanto ao</p><p>nome dos cônjuges (retomada do nome de solteiro ou manutenção do nome de</p><p>casado).</p><p>5. Quando a pessoa não tiver domicílio → considera-se domiciliada no lugar de</p><p>sua residência ou naquele em que se encontre.</p><p>6. Regras sobre a qualificação e regulação dos bens e as relações a eles</p><p>concernentes → aplica-se a lei do País em que eles estiverem situados (lex rei</p><p>sitae).</p><p>7. Bens móveis que o proprietário trouxer ou se destinarem a transporte</p><p>para outros lugares → aplica-se a lei do País em que for domiciliado o proprietário.</p><p>8. Questões envolvendo as obrigações (art. 9°, LINDB) → aplica-se a lei do País</p><p>onde elas se constituírem (locus regit actum). Obrigação resultante do contrato</p><p>→ reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 58</p><p>9. Questões envolvendo sucessão por morte (real ou presumida) ou por</p><p>ausência (art. 10, LINDB) → lei pessoal do de cujus (falecido). Ou seja, prevalece</p><p>a lei do País do domicílio do de cujus ou do desaparecido, qualquer que seja a</p><p>natureza e a situação dos bens, ressalvando-se que, quanto à capacidade para</p><p>suceder, aplica-se a lei do domicílio do herdeiro ou legatário.</p><p>10. Questões envolvendo sucessão sobre bens de estrangeiros, situados no</p><p>País → aplica-se a lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros.</p><p>Admite-se a aplicação da lei estrangeira, se esta for mais favorável a eles.</p><p>11. Organizações destinadas a fins de interesse coletivo (associações e</p><p>fundações) → aplica-se a lei do País em que se constituírem; as filiais no Brasil</p><p>necessitam de aprovação do governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira (art.</p><p>11, LINDB).</p><p>12. Réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação →</p><p>competente a autoridade judiciária brasileira julgar a ação (art. 12, LINDB).</p><p>13. Ações relativas a imóveis situados no Brasil → somente a autoridade</p><p>judiciária brasileira compete conhecer (competência exclusiva: art. 12, §1°).</p><p>14. Prova dos fatos ocorridos em País estrangeiro → rege-se pela lei que nele</p><p>vigorar (locus regit actum: o local rege o ato), quanto ao ônus e aos meios de</p><p>produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira</p><p>desconheça.</p><p>15. Requisitos para a execução de sentença estrangeira no Brasil (são</p><p>cumulativos – art. 15, LINDB) → a) haver sido proferida por juiz competente; b)</p><p>terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; c) ter</p><p>passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução</p><p>no lugar em que foi proferida; d) estar traduzida por intérprete autorizado; e)</p><p>(cuidado) ter sido homologada pelo Superior Tribunal de Justiça como</p><p>determina o art. 105, I, “i”, CF/88 (e não como consta na LINDB).</p><p>16. Leis, atos e sentenças de outro País (bem como quaisquer declarações de</p><p>vontade) → não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a</p><p>ordem pública e os bons costumes (art. 17, LINDB).</p><p>Meus amigos e alunos: com isso, encerramos a parte teórica da aula. No</p><p>entanto, após apresentar a teoria, sempre faço um resumo da matéria que foi</p><p>dada em aula. Trata-se do “esqueleto da matéria”. Tem a função de ajudar o aluno</p><p>a melhor assimilar os conceitos dados em aula. A experiência nos mostra que este</p><p>quadro é de suma importância, pois se o aluno conseguir memorizá-lo, poderá</p><p>situar a matéria e completá-la de uma forma lógica e sequencial. Portanto após</p><p>ler toda a aula teórica, o resumo também deve ser lido e relido, mesmo que o</p><p>aluno tenha entendido a matéria dada e ache isso desnecessário. Lendo o</p><p>“resuminho” o aluno certamente fixará melhor o conteúdo da aula. Além disso,</p><p>é excelente para consultas e rápidas revisões às vésperas das provas.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 59</p><p>Resumo Esquemático da Aula</p><p>I. LEI DE INTRODUÇÃO AS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO</p><p>Conjunto de normas sobre normas (Lex legum: Lei das leis), disciplinando as</p><p>próprias normas e também trazendo regras de Direito Internacional. Considerada como</p><p>um “Código de Normas” (normas de sobredireito). Ultrapassa o âmbito do Direito Civil,</p><p>atingindo os demais ramos do Direito (público ou privado), salvo naquilo que for regulado</p><p>de forma diferente na legislação específica de cada área. Não é parte integrante do</p><p>Código Civil, mas lei autônoma.</p><p>• Regula a vigência e eficácia das normas jurídicas públicas e privadas (início e</p><p>tempo e obrigatoriedade).</p><p>• Eficácia global da ordem jurídica, não admitindo a ignorância da lei vigente.</p><p>• Apresenta soluções aos conflitos de normas no tempo e no espaço.</p><p>• Fornece critérios de interpretação (hermenêutica jurídica).</p><p>• Estabelece mecanismos de integração do ordenamento jurídico em caso de</p><p>lacunas.</p><p>• Contém também normas de Direito Internacional (público e privado).</p><p>II. FONTES DO DIREITO CIVIL</p><p>A) DIRETAS OU IMEDIATAS</p><p>1. Lei: preceito jurídico escrito, proveniente de autoridade estatal competente,</p><p>criada por meio de um processo previamente definido, com caráter geral e</p><p>obrigatório. “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa</p><p>senão em virtude de lei” (art. 5°, II, CF/88: Princípio da Legalidade).</p><p>Características: general e impessoal, imperativa, autorizante e permanente.</p><p>É a principal fonte de Direito no Brasil.</p><p>Classificação: a) quanto à imperatividade (cogentes ou dispositivas); b)</p><p>quanto à natureza (substantivas ou adjetivas); c) quanto ao autorizamento</p><p>(mais que perfeitas, perfeitas, menos que perfeitas ou imperfeitas); d) quanto</p><p>ao alcance (gerais ou especiais); e) espécies normativas.</p><p>2. Costume: reiteração constante e uniforme de um comportamento (elemento</p><p>objetivo), na convicção de ser ele obrigatório (elemento subjetivo), sem que o</p><p>Poder Público tenha estabelecido. Espécies:</p><p>a) segundo a lei (secundum legem) → a própria lei determina a sua aplicação</p><p>(admissível).</p><p>b) na falta da lei (praeter legem) → quando a lei deixa omissões que podem</p><p>ser preenchidas por ele (admissível).</p><p>c) contra a lei (contra legem) → quando ele contraria o que dispõe a lei</p><p>(inadmissível, segundo a teoria majoritária).</p><p>B) INDIRETAS OU MEDIATAS</p><p>1. Doutrina: interpretação da lei feita pelos estudiosos da matéria (direito</p><p>científico).</p><p>2. Jurisprudência: conjunto uniforme e constante de decisões judiciais num</p><p>determinado sentido sobre determinadas matérias semelhantes.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 60</p><p>III. VIGÊNCIA DAS LEIS</p><p>Intervalo de tempo em que a norma está jurídica está legalmente autorizada a</p><p>produzir efeitos (qualidade temporal da lei).</p><p>A) Processo Legislativo: Iniciativa, Discussão e Aprovação, Sanção (transforma o</p><p>projeto de lei em lei) ou Veto, Promulgação (declara a existência da lei, inovando-se</p><p>a ordem jurídica) e Publicação (divulgação da existência da nova lei em órgão oficial,</p><p>tornando-se conhecida de todos). Com a promulgação temos a existência da lei,</p><p>confirmando</p><p>sua executoriedade; com a publicação oficial temos a sua</p><p>obrigatoriedade.</p><p>B) Vigência Temporal</p><p>1. Princípios</p><p>a) Obrigatoriedade das leis (art. 3°, LINDB). Ninguém pode se escusar de</p><p>cumprir a lei alegando que não a conhece. Também chamado de</p><p>inescusabilidade da ignorância das leis. Teoria da necessidade social.</p><p>b) Continuidade das leis (art. 2°, LINDB). Regra: a lei permanece em vigor</p><p>até que outra a modifique ou a revogue (eficácia contínua). Pode ter vigência</p><p>temporária, quando o legislador fixa tempo de sua duração.</p><p>2. Início da Vigência</p><p>a) Regra Geral (teórica): 45 dias após a publicação no Diário Oficial (art. 1°,</p><p>caput, LINDB) → vacatio legis (período entre a publicação e a entrada em</p><p>vigor da lei); durante a vacatio a lei nova nada obriga, pois ainda não entrou</p><p>em vigor.</p><p>b) Prática: na data da publicação ou em outra data que a própria lei determinar;</p><p>se isso não ocorrer aplica-se a regra teórica, que é supletiva.</p><p>c) Vigência sincrônica (ou simultânea): prazo único em todo País, sendo</p><p>simultânea sua obrigatoriedade.</p><p>d) Estados Estrangeiros: 03 (três) meses após a publicação (art. 1°, §1°,</p><p>LINDB).</p><p>e) Alteração da lei durante o prazo de vacatio legis: prazo recomeça a contar</p><p>a partir da nova publicação (art. 1°, §3°, LINDB).</p><p>f) Alteração da lei após o prazo de vacatio: como a lei já entrou em vigor, a</p><p>correção só pode ser feita por meio de uma nova lei (art. 1°, §4°, LINDB).</p><p>g) Contagem: inclui-se o dia do começo (dia da publicação) e também o último</p><p>dia do prazo, entrando a lei em vigor no dia subsequente à sua consumação</p><p>integral (art. 8°, §1°, LC n° 95/98, alterado pela LC n° 107/01).</p><p>3. Término da Vigência</p><p>a) Lei Temporária (art. 2°, caput, LINDB): legislador fixa tempo para sua</p><p>duração; perde a vigência pelo decurso de prazo.</p><p>b) Revogação (art. 2°, §1°, LINDB): revogar é suprimir a força obrigatória da</p><p>lei, retirando-lhe a eficácia. Espécies:</p><p>• Quanto à extensão: 1) expressa (direta): lei nova declara de forma</p><p>taxativa a revogação da lei anterior; 2) tácita (indireta ou oblíqua): a)</p><p>incompatibilidade entre as leis; b) global (substituição).</p><p>• Quanto à forma de execução: 1) ab-rogação: supressão total da</p><p>norma anterior; 2) derrogação: torna sem efeito parte da lei.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 61</p><p>Observação: não é caso de revogação (doutrina): a) edição de nova</p><p>Constituição → não-recepção da lei pela nova ordem constitucional; b)</p><p>declaração de inconstitucionalidade pelo STF, com suspensão de execução pelo</p><p>Senado Federal → perda de eficácia.</p><p>4. Repristinação → lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido</p><p>a vigência, salvo disposição em contrário (art. 2°, §3°, LINDB). A repristinação é</p><p>admitida, porém não é automática; deve estar expressa na lei.</p><p>5. Princípio da Conciliação → lei especial que estabelece disposições gerais ou</p><p>especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica lei anterior (art. 2°,</p><p>§2°, LINDB).</p><p>6. Aplicação da Lei no Tempo (art. 6°, LINDB): A lei em vigor terá efeito</p><p>imediato e geral. Aplica-se a todos os atos ocorridos após o início de sua vigência</p><p>(tempus regit actum). Conflito das Normas no Tempo (Direito Intertemporal)</p><p>→ ocorre quando a lei é modificada por outra e já se haviam formado relações</p><p>jurídicas na vigência da lei anterior. Para a solução desses conflitos são usados</p><p>dois critérios:</p><p>a) Disposições Transitórias: a própria lei nova prevê em seu corpo regras</p><p>temporárias para dirimir eventuais conflitos com a lei anterior.</p><p>b) Irretroatividade: a lei não se aplica às situações constituídas</p><p>anteriormente. É a regra em nosso Direito. No entanto admite-se a</p><p>retroatividade, desde que se respeite (art. 5°, inciso XXXVI, CF/88 e art. 6°,</p><p>LINDB):</p><p>- Direito Adquirido → é o que já se integrou ao patrimônio e à</p><p>personalidade de seu titular.</p><p>- Ato Jurídico Perfeito → é o que já se consumou, segundo a norma</p><p>vigente no tempo em que se praticou o ato.</p><p>- Coisa Julgada → é a decisão da qual não cabe mais nenhum</p><p>recurso.</p><p>7. Atividade: é o fenômeno jurídico pelo qual a lei regula todas as situações</p><p>durante o seu período de vida (vigência). É a regra em nosso Direito.</p><p>Extratividade: ocorre quando uma lei regula situações fora do seu período de</p><p>vigência. Espécies:</p><p>a) Retroatividade: a lei nova regula situações que ocorreram antes do início</p><p>de sua vigência.</p><p>b) Ultratividade: uma lei foi revogada, mas continua sendo aplicada em</p><p>relação a fatos ocorridos durante o seu período de vida (antes de ter sido</p><p>revogada).</p><p>C) Vigência Territorial</p><p>1. Regra → Territorialidade (arts. 8° e 9°, LINDB): soberania estatal. Admite-se</p><p>a extraterritorialidade (arts. 7°, 10, 12, 17). Portanto, vigora no Brasil a chamada</p><p>Teoria da Territorialidade Temperada (Moderada ou Mitigada).</p><p>2. Território Nacional: a) Real (solo, subsolo, espaço aéreo, águas marítimas);</p><p>b) Ficto (embaixadas, navios e aeronaves).</p><p>IV. INTERPRETAÇÃO DAS LEIS</p><p>Interpretar: descobrir o sentido da norma jurídica, fixando o seu alcance →</p><p>hermenêutica (ciência da interpretação das leis).</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 62</p><p>Resumo das principais técnicas de interpretação: 1) Quanto às fontes: a) autêntica;</p><p>b) doutrinária; c) jurisprudencial. 2) Quanto aos resultados: a) declarativa; b) extensiva;</p><p>c) restritiva. 3) Quanto ao método ou meio utilizado: a) gramatical; b) lógica; c)</p><p>sistemática; d) ontológica; e) histórica; f) sociológica ou teleológica (é a que melhor</p><p>se adapta ao estabelecido no art. 5°, LINDB): “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos</p><p>fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”.</p><p>V. INTEGRAÇÃO DA NORMA JURÍDICA</p><p>Preenchimento das lacunas, mediante aplicação e criação de normas individuais,</p><p>atendendo ao espírito do sistema jurídico. A interpretação parte da existência de uma</p><p>norma; a integração parte de uma lacuna.</p><p>Princípio da Indeclinabilidade da Jurisdição. O Juiz tem o dever de decidir todas as</p><p>controvérsias que lhe forem apresentadas. Art. 140, caput, CPC/2015: “o juiz não se</p><p>exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico”. Na</p><p>lacuna ele deve aplicar o art. 4°, LINDB → analogia, costumes e princípios gerais</p><p>de Direito, seguindo essa ordem preferencial (segundo a doutrina majoritária).</p><p>1. Analogia: aplicação de dispositivos legais relativos a outro caso distinto, porém</p><p>semelhante, ante a ausência de norma que regule o caso concreto apresentado à</p><p>apreciação jurisdicional. Espécies: a) legis: aplicação de uma norma jurídica existente</p><p>semelhante ao caso concreto que não foi normatizado; b) juris: aplicação de um conjunto</p><p>de normas existentes sobre o caso omisso.</p><p>2. Costumes: reiteração constante e uniforme de um comportamento, na convicção</p><p>de ser ele obrigatório (já visto acima); trata-se de fonte de direito e forma de integração</p><p>da norma.</p><p>3. Princípios Gerais de Direito: regras genéricas que se encontram na consciência</p><p>dos povos; ainda que não sejam escritas, estão implícitas em nosso ordenamento jurídico.</p><p>Obs.1: A equidade (uso do bom senso; “justiça do caso concreto”) não está prevista</p><p>na LINDB, porém auxilia o juiz nesta missão. Art. 140, parágrafo único, CPC/2015:</p><p>O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.</p><p>Obs.2: Lei dúbia → Interpretação. Ausência de norma → Integração.</p><p>VI. ANTINOMIA. CONFLITO DE NORMAS.</p><p>Antinomia (lacuna de conflito) → presença de duas normas conflitantes, sem que a</p><p>lei diga qual delas deva ser aplicada em um caso concreto. Pode ser real ou parente.</p><p>Critérios para solução do conflito aparente de normas: a) hierárquico (a norma</p><p>hierarquicamente superior deve prevalecer); b) especialidade (a norma especial</p><p>prevalece</p><p>em relação à geral) e c) cronológico (baseado no momento em que a norma</p><p>jurídica entra em vigor: lei mais nova se sobrepõe à mais velha). A antinomia pode ser</p><p>de 1o ou 2o grau, dependendo se é utilizado um ou dois dos critérios acima para a solução</p><p>do conflito.</p><p>VII. DIREITO CIVIL. Conceito. Ramo do Direito Privado destinado a reger as relações</p><p>familiares, patrimoniais e obrigacionais que se formam entre indivíduos encarados como</p><p>tais, ou seja, enquanto membros de uma sociedade. Princípios: a) Socialidade; b)</p><p>Eticidade; c) Operabilidade.</p><p>VIII. DIVISÃO DO CÓDIGO CIVIL</p><p>A) Parte Geral → Normas concernentes às Pessoas (físicas e jurídicas), Bens,</p><p>Fatos Jurídicos, incluindo Prescrição e Decadência, Atos Ilícitos e Provas (arts. 1°</p><p>até 232).</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 63</p><p>B) Parte Especial → Direito das Obrigações (arts. 233 a 965), Direito de Empresa</p><p>(arts. 966 a 1.195), Direito das Coisas (arts. 1.196 a 1.510), Direito de Família</p><p>(arts. 1.511 a 1.783), Direito das Sucessões (arts. 1.784 a 2.027) e Disposições</p><p>Finais e Transitórias (arts. 2.028 a 2.046).</p><p>BIBLIOGRAFIA BÁSICA</p><p>Para a elaboração desta aula foram consultadas as seguintes obras:</p><p>DINIZ, Maria Helena – Curso de Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.</p><p>DINIZ, Maria Helena – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Interpretada. Editora Saraiva.</p><p>FARIAS, Cristiano Chaves de e ROSENVALD, Nelson – Curso de Direito Civil.</p><p>Editora JusPODIVM.</p><p>GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA, Rodolfo Filho – Novo Curso de Direito</p><p>Civil. Editora Saraiva.</p><p>GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.</p><p>MAXIMILIANO, Carlos – Hermenêutica e Aplicação do Direito. Editora Freitas</p><p>Bastos.</p><p>MONTEIRO, Washington de Barros – Curso de Direito Civil. Editora Saraiva.</p><p>NERY, Nelson Jr. e Rosa Maria de Andrade – Código Civil Comentado. Editora</p><p>Revista dos Tribunais.</p><p>PEREIRA, Caio Mário da Silva – Instituições de Direito Civil. Editora Forense.</p><p>RODRIGUES, Silvio – Direito Civil. Editora Saraiva.</p><p>SILVA, De Plácido e – Vocabulário Jurídico. Editora Forense.</p><p>VENOSA, Silvio de Salvo – Direito Civil. Editora Atlas.</p><p>Caros Amigos e Alunos</p><p>Nossa aula ainda não acabou! Ao final da parte teórica e após nosso</p><p>resumo esquemático, forneço exercícios da banca escolhida (aliás, muitos</p><p>exercícios), com a finalidade de revisar o que foi ministrado e fixar, ainda mais,</p><p>a matéria. Os exercícios fazem parte da aula... são recentes, atualizados de</p><p>acordo com a nova legislação a respeito e foram selecionados com grau de</p><p>dificuldade acima da média.</p><p>Seguindo a orientação da Coordenação do PONTO DOS CONCURSOS,</p><p>logo após a questao exercício, fornecemos os comentários da questão e seu</p><p>gabarito. Muitas dúvidas da aula são sanadas por meio da leitura desses</p><p>comentários, completando e aprofundando a parte teórica. Mais adiante repetimos</p><p>os exercícios, mas sem os comentários, sendo que ao final fornecemos apenas o</p><p>“gabarito seco”. Bem... vamos a eles:</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 64</p><p>EXERCÍCIOS COMENTADOS CESPE</p><p>QUESTÃO 01 (CESPE/UnB – TJ/PB – Juiz Leigo – 2013) Julgue o item a</p><p>seguir.</p><p>a) A lei, fonte primária do direito brasileiro, é genérica, imperativa, permanente</p><p>e autorizante.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Certo. Em nosso ordenamento a lei é a principal fonte de direito. Suas</p><p>características são: genérica: porque destinada a todos, indistintamente;</p><p>imperativa: porque representa uma ordem e não uma faculdade; permanente:</p><p>porque se mantém em vigor até que outra a modifique ou a revogue; autorizante:</p><p>porque sua violação autoriza o prejudicado a pleitear o seu cumprimento ou a</p><p>reparação de eventuais danos pelo seu não cumprimento.</p><p>QUESTÃO 02 (CESPE/UnB – TJ/RR – Titular de Serviços de Notas e</p><p>Registro – 2013) Em relação à Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro, julgue o item a seguir.</p><p>a) A antiga Lei de Introdução ao Código Civil (LICC) mudou de nome, passando</p><p>a denominar-se Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB). Em</p><p>que pese tal aspecto, esse diploma normativo continua sendo um apêndice do</p><p>Código Civil de 2002.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errada. Não se pode considerar a LINDB como um “apêndice” do Código Civil.</p><p>Ao contrário. Ela é autônoma e independente em relação ao Código Civil.</p><p>Exatamente para se livrar do estigma de “acessório” do Código Civil é que foi</p><p>alterado o seu nome, a partir da edição da Lei n° 12.376/2010. Ela aplicável a</p><p>todo nosso ordenamento jurídico e não só ao Direito Civil (evidentemente que</p><p>respeitando as especificidades das outras matérias).</p><p>QUESTÃO 03 (CESPE/UnB – TRE/BA – Analista Judiciário – 2013)</p><p>Considerando a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>(Decreto-Lei n° 4.657/1942) e a vigência das leis no tempo e no espaço,</p><p>julgue os itens a seguir.</p><p>a) A LINDB foi revogada pelo Código Civil de 2002.</p><p>b) A lei anterior, expressamente revogada pela edição de nova lei, tem sua</p><p>vigência automaticamente restaurada em caso de revogação da lei que a</p><p>revogou.</p><p>Exercícios Comentados</p><p>CESPE – Certo ou Errado</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 65</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. A LINDB não foi revogada pelo atual Código Civil; ela também não foi</p><p>incorporada a seu texto, sendo sua parte integrante. Trata-se de uma lei anexa</p><p>ao Código Civil, porém autônoma. Como seu atual nome indica (Lei de Introdução</p><p>às Normas do Direito Brasileiro), suas normas são aplicáveis não só ao Direito</p><p>Civil, mas também a todo nosso ordenamento jurídico, no que for aplicável,</p><p>respeitadas as peculiaridades de cada matéria.</p><p>b) Errado. Chamamos de repristinação o fato de uma lei, expressamente</p><p>revogada pela edição de nova lei, ter sua vigência restaurada em caso de</p><p>revogação da lei que a revogou. Nos termos do art. 2°, §3° da LINDB, nosso</p><p>ordenamento jurídico não admite a repristinação, salvo se houver disposição</p><p>expressa neste sentido. Daí estar errada, em especial a expressão</p><p>“automaticamente”.</p><p>QUESTÃO 04 (CESPE/UnB – TJ/SE – Técnico Judiciário – Direito – 2014)</p><p>No que se refere aos dispositivos da Lei de Introdução às normas do</p><p>Direito Brasileiro e à vigência, aplicação, interpretação e integração das</p><p>leis, julgue os seguintes itens.</p><p>a) A Lei Federal n° 12.376/2010 renomeou a Lei de Introdução ao Código Civil</p><p>para Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, mas não fez quaisquer</p><p>alterações relativas às normas de interpretação, vigência e aplicação das leis.</p><p>b) Conforme previsão expressa da Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro, nas hipóteses de omissão legislativa, serão aplicados a analogia, os</p><p>costumes, a equidade e os princípios gerais de direito.</p><p>c) A interpretação teleológica consiste na análise da norma de forma contextual,</p><p>com a comparação entre os dispositivos do próprio texto legal e outros diplomas</p><p>normativos.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Certo. A mencionada lei não realizou qualquer alteração no corpo da lei. Ela</p><p>apenas alterou a sua ementa (nome): de Lei de Introdução ao Código Civil (LICC)</p><p>para Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB).</p><p>b) Errado. De acordo com o art. 4°, LINDB, a equidade não está inserida</p><p>expressamente entre as formas de integração da norma jurídica: “Quando a lei for</p><p>omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os</p><p>princípios gerais de direito”.</p><p>c) Errado. Interpretação teleológica é a que busca o fim (telos) da norma. Adapta</p><p>o sentido ou a finalidade da norma às novas exigências sociais. Há</p><p>previsão legal</p><p>da mesma (ainda que indireta) no art. 5°, LINDB: “Na aplicação da lei, o juiz</p><p>atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”. A</p><p>interpretação que consiste na análise da norma de forma contextual, com a</p><p>comparação entre os dispositivos do próprio texto legal e outros diplomas</p><p>normativos é chamada de sistemática (ou orgânica).</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 66</p><p>QUESTÃO 05 (CESPE – TCU – Auditor Federal de Controle Externo – 2015)</p><p>A respeito do disposto na Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro, julgue o seguinte item.</p><p>a) A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro prevê, em ordem</p><p>preferencial e taxativa, como métodos de integração do direito, a analogia, os</p><p>costumes e os princípios gerais do direito.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Certo. Segundo o art. 4°, LINDB, “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o</p><p>caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”.</p><p>Portanto os métodos de integração do direito estão previstos taxativamente na lei.</p><p>Embora não se possa afirmar que haja uma rígida hierarquia entre os métodos</p><p>previstos (pois o Juiz pode se valer de todos eles conforme seu critério</p><p>discricionário, de oportunidade e conveniência ao caso concreto), a doutrina (não</p><p>há unanimidade a respeito) entende que há uma ordem preferencial na utilização</p><p>dos métodos de integração da norma jurídica. Questão polêmica.</p><p>QUESTÃO 06 (CESPE/UnB – DPE/AL – Delegado de Polícia – 2012) Com</p><p>base no que dispõe a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>(LINDB), julgue os itens subsecutivos.</p><p>a) A LINDB é considerada uma lex legum, ou seja, uma norma de sobredireito.</p><p>b) Duas são as hipóteses em que cabe a repristinação: quando houver previsão</p><p>expressa na norma jurídica ou quando decorrer de declaração de</p><p>inconstitucionalidade da lei (efeito repristinatório).</p><p>c) A teoria da territorialidade temperada foi adotada pelo direito brasileiro.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Certo. A LINDB é um conjunto de normas sobre normas (lex legum), ou seja,</p><p>uma norma de sobredireito. Sua função é orientar desde a elaboração e modo de</p><p>aplicação, até a vigência da lei no tempo e no espaço apresentando critérios para</p><p>a solução de eventuais conflitos, estabelecendo base interpretativa para a garantia</p><p>da eficácia do ordenamento jurídico e ainda o suprimento lacunas. Possui caráter</p><p>autônomo em relação ao Código Civil.</p><p>b) Certo. Se uma lei que revogou outra for declarada inconstitucional, aquela</p><p>primeira lei volta a vigorar. Na realidade a “lei inconstitucional” nunca revogou a</p><p>anterior (ela já nasceu nula). Com isso ocorre o efeito repristinatório, que é o</p><p>fenômeno da reentrada em vigor de norma aparentemente revogada. A</p><p>repristinação também pode ocorrer quando houver previsão expressa da lei (art.</p><p>2°, §3°, LINDB). Assim, ocorre a repristinação da lei quando houver quando</p><p>houver expressa disposição a respeito e quando houver a declaração de</p><p>inconstitucionalidade da lei revogadora, neste caso chamada de “efeito</p><p>repristinatório”.</p><p>c) Certo. Tendo em vista que nosso Direito prevê a aplicação de normas</p><p>estrangeiras em algumas situações (extraterritorialidade), dizemos que nosso</p><p>direito adotou a teoria de territorialidade temperada (moderada ou mitigada). Isso</p><p>ocorre quando o Estado abre mão de sua jurisdição em atendimento a convenções,</p><p>tratados e regras de direito internacional. E não é por isso que se vulnera o</p><p>princípio da soberania nacional.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 67</p><p>QUESTÃO 07 (CESPE/UnB – Governo do Estado do Espírito Santo –</p><p>Analista do Executivo – Direito – 2013) Lei n° 12.602, de 3 de abril de 2012.</p><p>Institui a Semana e o Dia Nacional da Educação Infantil. A PRESIDENTA DA</p><p>REPÚBLICA faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte</p><p>Lei:</p><p>Art. 1°. É instituída a Semana Nacional da Educação Infantil, a ser celebrada</p><p>anualmente na semana de 25 de agosto, data esta que passa a ser comemorada como</p><p>o Dia Nacional da Educação Infantil, em homenagem à Dra. Zilda Arns.</p><p>Art. 2°. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.</p><p>Brasília, 3 de abril de 2012; 191° da Independência e 124° da República.</p><p>DILMA ROUSSEFF</p><p>Aloizio Mercadante</p><p>Vitor Paulo Ortiz Bittencourt</p><p>Este texto não substitui o publicado no DOU de 4/4/2012.</p><p>A respeito da lei acima transcrita, julgue os itens a seguir, com</p><p>fundamento na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.</p><p>a) Caso o art. 2° não existisse, a lei em pauta entraria em vigor apenas 60 dias</p><p>após a sua publicação, período em que se teria a vacância da lei.</p><p>b) Conforme o princípio da obrigatoriedade, todos terão que comemorar a data</p><p>do dia 25 de agosto como sendo o Dia Nacional da Educação Infantil, já que,</p><p>por essa norma, foi decretado feriado nacional.</p><p>c) Hoje, para se corrigir essa lei, alterando-se a data do Dia Nacional da</p><p>Educação Infantil para o dia 26 de agosto, seria necessária uma lei nova.</p><p>d) Pelo princípio da continuidade, o fim da vigência da lei em questão ocorrerá</p><p>somente quando outra a modificar ou a revogar expressamente.</p><p>e) De acordo com as informações contidas no referido documento legal, é</p><p>correto afirmar que a data da promulgação corresponde à data da publicação</p><p>da norma.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. Nesse caso a lei entraria em vigor 45 dias após sua publicação oficial,</p><p>no termos do art. 1°, caput, LINDB.</p><p>b) Errado. A norma, em momento algum, institui o dia 25 de agosto como</p><p>feriando nacional.</p><p>c) Certo. Observem que a lei foi editada em 2012 e o exame foi realizado em</p><p>2013. Portanto qualquer alteração nesta lei somente pode ser feita por meio de</p><p>uma nova lei.</p><p>d) Errado. O erro neste caso é sutil, em relação à expressão “somente”. O fim da</p><p>vigência não ocorre somente no caso de “modificação ou revogação expressa”. A</p><p>norma também pode perder a vigência no em caso de revogação tácita e no caso</p><p>de vigência temporária. Art. 2°, LINDB: Não se destinando à vigência temporária,</p><p>a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. §1° A lei posterior revoga a</p><p>anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou</p><p>quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 68</p><p>e) Errado. Promulgação significa declarar a existência de uma lei. Ela decorre da</p><p>sanção, quando o chefe do Executivo assina o projeto de lei. Pelo que se nota do</p><p>texto a promulgação e a sanção ocorreram no dia 3 de abril de 2012 e a publicação</p><p>somente ocorreu no dia 4 de abril de 2012.</p><p>QUESTÃO 08 (CESPE/UnB – SERPRO – Serviço de Processamento de</p><p>Dados – Advocacia – 2013) A respeito das normas relativas à aplicação e</p><p>vigência da lei contidas na Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro, julgue os itens seguintes.</p><p>a) Considerar-se-á revogada uma lei até então vigente quando uma lei nova,</p><p>aprovada segundo as regras do processo legislativo, passar a regulamentar</p><p>inteiramente a mesma matéria de que tratava a lei anterior, ainda que a lei</p><p>nova não o declare expressamente.</p><p>b) Ao decidir uma lide, caso constate que não há lei que regulamente aquela</p><p>matéria, o juiz deverá suspender o julgamento e aguardar que seja editada lei</p><p>que regulamente a matéria.</p><p>c) A lei federal nova aprovada pelo Congresso Nacional que estabeleça</p><p>disposições gerais sobre uma norma em vigor no Brasil há mais de cinquenta</p><p>anos revogará a lei anterior e, salvo disposição em contrário, terá efeito</p><p>retroativo.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Certo. Inicialmente</p><p>trata-se de uma lei nova nos termos do art. 1°, §4°,</p><p>LINDB: As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. Além disso,</p><p>dispõe o art. 2°, §1°, LINDB: A lei posterior revoga a anterior quando</p><p>expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule</p><p>inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. Portanto, ainda que a lei nova</p><p>não declare expressamente, ela revoga a anterior quando passar a regulamentar</p><p>inteiramente a mesma matéria de que tratava a lei anterior. Trata-se de uma das</p><p>formas de revogação tácita. Essa prática deveria ser evitada, tendo em vista que</p><p>o art. 9° da LC n° 98/95, determina que “a cláusula de revogação deverá</p><p>enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas”.</p><p>b) Errado. Pelo princípio da inafastabilidade ou indeclinabilidade da jurisdição,</p><p>previsto no art. 5°, XXXV, da CF/88 (a lei não excluirá da apreciação do Poder</p><p>Judiciário lesão ou ameaça a direito) é vedado o chamado non liquet, isto é, o juiz</p><p>não pode, sob o pretexto de ausência de norma aplicável à espécie, deixar de</p><p>pacificar o conflito, prestando a tutela jurisdicional pleiteada. Portanto, diante de</p><p>um caso concreto o juiz constatar que não há lei regulamentando a matéria sub</p><p>judice (omissão legislativa), decidirá o caso de acordo com a analogia, os</p><p>costumes e os princípios gerais de direito (art. 4°, LINDB).</p><p>c) Errado. Por dois motivos. Primeiro porque estabelece o art. 2°, §2°, LINDB</p><p>que a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já</p><p>existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. Portanto, tratando-se de lei</p><p>especial e geral, podem as mesmas coexistir, sem que uma revogue a outra. Além</p><p>disso, a regra em nosso sistema jurídico é a irretroatividade das leis, ou seja, elas</p><p>não se aplicam às situações constituídas anteriormente. Trata-se de um princípio</p><p>que visa dar estabilidade e segurança ao ordenamento jurídico preservando</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 69</p><p>situações já consolidadas sob a lei antiga, em que o interesse particular deve</p><p>prevalecer.</p><p>QUESTÃO 09 (CESPE/UnB – BACEN – Procurador – 2013) Julgue o item a</p><p>seguir, de acordo com a classificação das formas de interpretação das leis.</p><p>a) A interpretação segundo a qual o juiz procura alcançar o sentido da lei em</p><p>consonância com as demais normas que inspiram determinado ramo de direito</p><p>é denominada sistêmica.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Certo. Interpretação sistemática é aquela em que se analisa a norma em seu</p><p>conjunto (e não apenas um dispositivo isolado) e em consonância com as demais</p><p>normas, pertencente a um sistema jurídico.</p><p>QUESTÃO 10 (CESPE – TJ/DFT – Juiz de Direito – 2016) A respeito da</p><p>hermenêutica e da aplicação do direito, julgue os itens a seguir.</p><p>a) Diante da existência de antinomia entre dois dispositivos de uma mesma lei,</p><p>à solução do conflito é essencial a diferenciação entre antinomia real e antinomia</p><p>aparente, porque reclamam do interprete solução distinta.</p><p>b) Os tradicionais critérios hierárquico, cronológico e da especialização são</p><p>adequados à solução de confronto caracterizado como antinomia real, ainda que</p><p>ocorra entre princípios jurídicos.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Certo. Antinomia é a presença de duas ou mais normas conflitantes, válidas e</p><p>emanadas de autoridade competente, sem que a lei afirme qual delas deva ser</p><p>aplicada a um caso concreto. De fato, diante da existência de uma antinomia é</p><p>essencial a diferenciação entre a real e a aparente, porque reclamam do interprete</p><p>solução distinta. Vejamos. A) Antinomia Real: ocorre quando não há na ordem</p><p>jurídica qualquer critério para solucionar o impasse. Aplicando-se uma norma,</p><p>viola-se outra e vice-versa. Somente se elimina este tipo de antinomia com a</p><p>edição de uma nova norma. Na prática, o Juiz acaba harmonizando os dispositivos</p><p>ou simplesmente eliminando uma das normas de colisão, com base nos arts. 4° e</p><p>5° da LINDB, conforme o caso concreto. B) Antinomia Aparente: ocorre quando</p><p>os critérios para a solução forem as normas integrantes do próprio ordenamento</p><p>jurídico. Observem que nesta hipótese o conflito é apenas aparente, sendo que</p><p>uma das normas será aplicada ao caso concreto. Para isso, são aplicados os</p><p>seguintes critérios para a solução do conflito: hierárquico, da especialidade e</p><p>cronológico.</p><p>b) Errado. Diante de um conflito de normas, os critérios hierárquico, cronológico</p><p>e da especialização são adequados à solução da antinomia aparente.</p><p>QUESTÃO 11 (CESPE/UnB – TRT/21ª Região/RN – Analista Judiciário –</p><p>2011) Com base na Lei de Introdução ao Código Civil, julgue os itens que</p><p>se seguem.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 70</p><p>a) Quando determinada lei, antes mesmo de entrar em vigor, tem seu texto</p><p>corrigido, por meio de nova publicação oficial, considera-se que o prazo de</p><p>vacatio legis começará a correr a partir da primeira publicação.</p><p>b) Diante de uma omissão legislativa, o juiz deve decidir o caso de acordo com</p><p>a analogia, a equidade e os princípios gerais de direito, no entanto, ante a lacuna</p><p>de lei, é dada ao magistrado a faculdade de se eximir do julgamento da lide.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. O art. 1°, §3°, LINDB prevê que se antes de entrar em vigor, a lei tem</p><p>seu texto corrigido, por meio de nova publicação oficial, considera-se que o prazo</p><p>de vacatio legis começará a correr a partir da nova publicação.</p><p>b) Errado. A questão foi específica sobre a Lei de Introdução. E esta não menciona</p><p>a equidade como forma de suprir a omissão legislativa (lacuna). Além disso, a lei</p><p>menciona expressamente os costumes, sendo que esta expressão não constou na</p><p>afirmativa. Finalmente um juiz não pode escusar-se de julgar uma lide baseado</p><p>no fato de que há uma lacuna na lei.</p><p>QUESTÃO 12 (CESPE – TRF/1ª Região – Juiz Federal – 2015) De acordo</p><p>com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro e a posição</p><p>doutrinária em relação à interpretação dessas normas, julgue os itens a</p><p>seguir.</p><p>a) Novo texto normativo de lei federal poderá entrar em vigor ainda no seu</p><p>período de vacatio legis, quando reforçar tendências doutrinárias e</p><p>jurisprudenciais que se tenham formado na vigência da lei anterior.</p><p>b) É defeso ao juiz, ao aplicar a lei, corrigir erro material nela contido e não</p><p>sanado pelo legislador.</p><p>c) A lei, depois de publicada e decorrido o prazo da vacatio legis, torna-se</p><p>obrigatória para todos, o que impede a alegação de erro de direito como causa</p><p>de anulabilidade de um negócio jurídico.</p><p>d) Nos casos de omissão da lei, deve o juiz decidir de acordo com a analogia,</p><p>os costumes, os princípios gerais do direito e a equidade, pois lhe é vedado o</p><p>non liquet.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. Ainda que seja para reforçar alguma tendência doutrinária e/ou</p><p>jurisprudencial, não pode uma lei entrar em vigor antes do prazo determinado na</p><p>vacatio. Até porque esse período de tempo destina-se exatamente para melhor</p><p>divulgação do texto legal e permitir a seus destinatários conhecimento e</p><p>preparação para as futuras alterações, antes que se tornem obrigatórias.</p><p>b) Errado. Se uma lei já entrou em vigor, para corrigi-la é preciso a edição de</p><p>uma nova lei (lei corretiva). No entanto, segundo a doutrina, se não sobrevier</p><p>essa lei, o próprio juiz, no curso de uma ação judicial, pode corrigir um erro</p><p>material (ex.: erro ortográfico) contido na lei e não sanado pelo legislativo.</p><p>c) Errado. De fato, a lei, depois de publicada e decorrido o prazo da vacatio legis,</p><p>torna-se obrigatória para todos. Trata-se do princípio da obrigatoriedade das leis</p><p>(art. 3°, LINDB). Ocorre que a alegação de desconhecimento da lei não é uma</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa:</p><p>Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 71</p><p>regra absoluta. O erro de direito apesar de não poder ser alegado pela LINDB,</p><p>pode ser invocado, por expressa disposição do art. 139, III, CC, em situações</p><p>especiais, desde que não haja intenção de furtar-se ao cumprimento da lei.</p><p>d) Certo. O Juiz tem o dever de decidir todas as controvérsias que lhe forem</p><p>apresentadas, ainda que não haja lei expressa sobre determinada matéria. Trata-</p><p>se de um imperativo, sendo proibido o chamado non liquet (significa “não-claro”:</p><p>expressão latina que se aplicava a casos em que o Juiz se eximia da obrigação de</p><p>julgar os casos nos quais a resposta jurídica não era clara). Segundo o art. 4°,</p><p>LINDB, “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,</p><p>os costumes e os princípios gerais de direito”. O problema é com a equidade. Ela</p><p>não está prevista na LINDB. No entanto é admissível em nosso sistema</p><p>jurídico. Neste sentido, o parágrafo único do art. 140 do CPC/2015 faz menção</p><p>expressa à equidade, deixando consignado que: “O juiz só decidirá por equidade</p><p>nos casos previstos em lei”. Observem que a questão não se limitou à LINDB. Ela</p><p>inseriu também a expressão “posição doutrinária em relação à interpretação"</p><p>fazendo com que a afirmação ficasse correta.</p><p>QUESTÃO 13 (CESPE/UnB – Analista do BACEN – 2013) Com base no</p><p>disposto na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue os</p><p>próximos itens.</p><p>a) A relação jurídica estabelecida sob a égide da lei antiga não será atingida</p><p>pela lei nova.</p><p>b) A equidade, um dos meios utilizados para suprir a existência de lacuna na</p><p>lei, visa alcançar a justiça no caso concreto.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. Em outras palavras, o que a afirmação quer dizer é que uma lei não</p><p>pode ser retroativa. Tal afirmação está errada, pois embora a lei seja expedida</p><p>para disciplinar fatos futuros, a partir de sua vigência, há casos (exceções) em</p><p>que ela pode retroagir, alcançando consequências jurídicas de fatos efetuados sob</p><p>a égide de lei anterior. O tratadista Wilson de Souza Campos Batalha preleciona</p><p>que: “(...) Se a lei nova atinge situações jurídicas constituídas ou extintas na</p><p>vigência da lei antiga, ou se afeta os efeitos dessas situações, produzidos na</p><p>vigência da lei antiga, então a lei nova será retroativa (...)”.</p><p>b) Errado. Questão capciosa. Equidade consiste na adaptação razoável de uma</p><p>regra existente à um caso concreto, observando-se os critérios de justiça e</p><p>igualdade (isonomia); trata-se do uso do “bom senso”. Ocorre que o enunciado da</p><p>questão refere-se somente à Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. E</p><p>o art. 4°, da LINDB menciona como formas de suprir a omissão da lei apenas a</p><p>analogia, os costumes e os princípios gerais de direito, nada se referindo à</p><p>equidade. Daí o erro da afirmação. No entanto, analisando nosso sistema jurídico</p><p>como um todo, não há dúvidas de que a equidade é aplicável, podendo auxiliar o</p><p>Juiz nesta missão. O parágrafo único do art. 140, do CPC/2015 prevê os casos em</p><p>que ela pode ser aplicada: “O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos</p><p>em lei”.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 72</p><p>QUESTÃO 14 (CESPE/UnB – TJ/AC – Analista Judiciário – 2012) No</p><p>tocante à lei de introdução ao direito brasileiro, julgue os itens a seguir.</p><p>a) Considere que determinada lei tenha sido publicada em 25/6/2012 e passado</p><p>a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois. Nessa situação, se for</p><p>constatada a existência de erro material em seu texto após essa data, a sua</p><p>correção será considerada lei nova.</p><p>b) Se a lei for omissa, o juiz poderá usar a equidade para decidir o caso</p><p>concreto.</p><p>c) Em se tratando de repristinação, a perda da vigência da lei revogadora</p><p>restaura a lei revogada, ainda que não haja manifestação expressa.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Certo. Como o erro somente foi constatado após a lei ter entrado em vigor,</p><p>qualquer alteração nela deve ser feita por meio de lei nova (art. 1°, §4°, LINDB).</p><p>b) Errado. Se a lei for omissa, segundo a lei de introdução, o juiz decidirá o caso</p><p>de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito (art. 4°,</p><p>LINDB).</p><p>c) Errado. A lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a</p><p>vigência, salvo disposição expressa em contrário (art. 2, §3°, LINDB).</p><p>QUESTÃO 15 (CESPE/UnB – TJ/ES – Analista Judiciário – 2012) Julgue o</p><p>item a seguir.</p><p>a) De acordo com a LINDB, a lei entra em vigor na data de sua publicação.</p><p>Portanto, durante o prazo de vacatio legis (vacância), a lei estará plenamente</p><p>em vigor.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. Durante o prazo de vacatio uma lei ainda não está em vigor, pois o</p><p>art. 1°, LINDB determina que a lei começa a vigorar em todo País 45 dias após</p><p>sua publicação (salvo disposição em contrário).</p><p>QUESTÃO 16 (CESPE/UnB – TJ/PB – Juiz de Direito – 2011) Julgue o item</p><p>a seguir.</p><p>a) Como, em regra, a lei vigora até que outra a modifique ou revogue, lei nova</p><p>que estabeleça disposições especiais a par das já existentes revoga ou modifica</p><p>a lei anterior.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. De fato, não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até</p><p>que outra a modifique ou revogue (art. 2°, LINDB). No entanto, estabelece o art.</p><p>2°, §2°, LINDB que a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a</p><p>par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.</p><p>QUESTÃO 17 (CESPE/UnB – TCE/RO – Auditor de Controle Externo –</p><p>Direito – 2013) A respeito do conflito de normas no tempo, julgue o item</p><p>a seguir.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 73</p><p>a) Deparando-se com a incidência de duas normas em uma mesma situação</p><p>(uma resolução normativa de agência reguladora e uma lei a ela anterior), o</p><p>juiz deverá resolver o conflito pelo critério da cronologia.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. A questão trata da antinomia de segundo grau. Antinomia (também</p><p>chamada de “lacuna de conflito”) é a presença de duas ou mais normas</p><p>conflitantes, válidas e emanadas de autoridade competente, sem que a lei afirme</p><p>qual delas deva ser aplicada a um caso concreto. Para eliminar esse conflito</p><p>aparente de normas são usados três critérios: hierárquico, especialidade e</p><p>cronológico. Se o conflito envolve apenas um dos critérios falamos em antinomia</p><p>de primeiro grau. Se o conflito envolver mais de um daqueles critérios trata-se da</p><p>antinomia de segundo grau. A situação da questão é a seguinte: temos duas</p><p>espécies normativas em conflito: uma lei mais antiga e uma resolução normativa</p><p>(no caso, ato administrativo geral e abstrato, portanto espécie normativa</p><p>hierarquicamente inferior à lei) mais nova. Portanto, concorrem dois critérios, o</p><p>hierárquico e o cronológico: conflito entre uma norma superior-anterior (lei mais</p><p>antiga) com outra inferior-posterior (resolução mais nova). A solução neste caso</p><p>é a prevalência do critério hierárquico, ou seja, aplica-se a norma superior-anterior</p><p>(a lei, embora ela seja mais antiga), pois a hierarquia das normas é um critério</p><p>mais sólido do que o temporal.</p><p>QUESTÃO 18 (CESPE/UnB – TRE/RJ – Analista Judiciário – 2012) Julgue</p><p>o item a seguir, a respeito da eficácia das leis.</p><p>a) A partir da revogação originada pelo novo Código Civil, é correto afirmar que</p><p>ocorreu ab-rogação com relação ao Código Civil de 1916.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Certo. Ab-rogação é a supressão total da norma anterior. Em que pese haver</p><p>posição divergente, a doutrina majoritária entende que o novo Código Civil ab-</p><p>rogou o anterior (observem o art. 2.045, primeira parte, CC/02). A divergência</p><p>ocorre porque muitos dispositivos do Código de 1916 ainda estão vigorando (ex.:</p><p>as disposições sobre as enfiteuses remanescentes).</p><p>QUESTÃO 19 (CESPE/UnB – AGU – Procurador Federal – 2013) Acerca da</p><p>Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue o seguinte item.</p><p>a) O fato de um juiz, à míngua de previsão legal, concluir que o companheiro</p><p>participante de plano de previdência privada faz jus à pensão por morte, ainda</p><p>que não esteja expressamente inscrito no instrumento de adesão, caracteriza a</p><p>utilização da integração da norma lacunosa por meio da analogia.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Certo. Analogia é a aplicação de dispositivos legais relativos a outro caso</p><p>distinto, porém semelhante, ante a ausência de normas que regulem o caso</p><p>concreto. O art. 4°, LINDB, assim prevê: Quando a lei for omissa, o juiz decidirá</p><p>o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.</p><p>QUESTÃO 20 (CESPE/UnB – TJ/PB – Juiz Leigo – 2013) Com relação às</p><p>formas de integração da norma jurídica, julgue os itens a seguir.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 74</p><p>a) Entende-se por analogia a aplicação, a determinado caso concreto, de uma</p><p>norma próxima ou de um conjunto de normas próximas, a despeito da</p><p>existência de norma prevista para o referido caso.</p><p>b) O costume secundum legem é forma de integração da norma jurídica.</p><p>c) Em caso de lacuna ou obscuridade da lei, o juiz deve recorrer, primeiramente,</p><p>aos princípios gerais do direito, uma vez que são esses princípios que orientam</p><p>todo o ordenamento jurídico.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. Se há norma prevista para o caso concreto não há que se falar em</p><p>analogia, pois um dos pressupostos para sua aplicação é a inexistência de lei</p><p>específica ou a omissão da lei para o caso em concreto.</p><p>b) Errado. Trata-se de uma questão bem doutrinária. Segundo a doutrina o</p><p>costume secundum legem (de forma diferente do costume na omissão da lei) não</p><p>é mecanismo de integração da norma jurídica, pois não há uma lacuna a ser</p><p>preenchida; trata-se do cumprimento da lei, pois o próprio legislador estabeleceu</p><p>a forma de solução do conflito.</p><p>c) Errado. Segundo a doutrina ainda dominante, inclusive para efeitos de</p><p>concurso, o art. 4°, LINDB, estabeleceu uma ordem preferencial na utilização dos</p><p>métodos de integração da norma jurídica: a) analogia; b) costumes; c) princípios</p><p>gerais de direito. Estes, portanto, são os últimos da ordem. Convém acrescentar</p><p>que apesar do entendimento da banca, a doutrina mais moderna não aceita a</p><p>existência de hierarquia nos métodos de integração, sobretudo percebendo a sua</p><p>desatualização em relação ao direito contemporâneo. Por essa corrente o Juiz pode</p><p>se valer de qualquer dos métodos conforme seu critério discricionário diante do</p><p>caso concreto. A banca não anulou a questão.</p><p>QUESTÃO 21 (CESPE/UnB – TCU – Auditor de Controle Externo do Tribunal</p><p>de Contas da União – 2011) Com relação à Lei de Introdução ao Código</p><p>Civil, julgue os itens a seguir.</p><p>a) De acordo com a Lei de Introdução ao Código Civil, não há hierarquia entre</p><p>as fontes formais do direito, de maneira que, mesmo havendo lei expressa a</p><p>respeito da causa sob julgamento, o juiz, em vez de aplicar a lei, poderá dar</p><p>preferência à aplicação da analogia, dos costumes ou dos princípios gerais do</p><p>direito.</p><p>b) Em razão da soberania estatal, pelo sistema da territorialidade, a norma</p><p>jurídica brasileira aplica-se no território do Estado brasileiro, território esse que</p><p>compreende o espaço geográfico onde se situa e, por extensão, as embaixadas,</p><p>os consulados e os navios de guerra, onde quer que se encontrem.</p><p>c) A vigência é uma qualidade da lei e pode dizer respeito a sua eficácia</p><p>temporal.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. Nos termos do art. 4° da LINDB o Juiz somente pode aplicar as formas</p><p>de integração da norma (analogia, costumes e princípios gerais do direito) quando</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 75</p><p>a lei for omissa. Isso porque segundo o sistema jurídico que o Brasil adotou (civil</p><p>law) a lei é a primeira e principal fonte de direito, se sobrepondo às demais.</p><p>b) Certo. A afirmação abrange o conceito correto de território para a lei brasileira,</p><p>tanto real como ficto.</p><p>c) Certo. A vigência é uma especial propriedade da lei encarada sob o aspecto</p><p>territorial e temporal. Neste último caso a doutrina reconhece íntima vinculação</p><p>entre a eficácia e a vigência das leis, porque essa última é a dimensão temporal</p><p>da primeira. Assim, vigência sob o aspecto temporal é o período de produção de</p><p>efeitos jurídicos ou de aptidão para produzi-los.</p><p>QUESTÃO 22 (CESPE – TRE/MT – Analista Judiciário – 2015) Com base no</p><p>disposto na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue os</p><p>itens subsequentes.</p><p>a) No tocante aos regramentos do direito de família, adota-se o critério jus</p><p>sanguinis na referida lei.</p><p>b) A sucessão de bens de estrangeiros situados no território brasileiro é</p><p>disciplinada pela lei brasileira em favor do cônjuge ou dos filhos brasileiros,</p><p>mesmo se a lei do país de origem do de cujus for-lhes mais favorável.</p><p>c) Ao confronto entre uma lei especial e outra lei geral e posterior dá-se o nome</p><p>de antinomia de segundo grau.</p><p>d) Ocorre lacuna ontológica na lei quando existe texto legal para a solução do</p><p>caso concreto, mas esse texto contraria os princípios que regem a própria</p><p>justiça.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. A LINDB, no tocante aos regramentos do Direito de Família, não</p><p>acolheu o critério do jus sanguinis (linha hereditária) nem ao jus solis (local de</p><p>nascimento). De forma diversa, acolheu o critério do lex domicilii (lei do</p><p>domicílio), previsto no art. 7°, LINDB (A lei do país em que domiciliada a pessoa</p><p>determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a</p><p>capacidade e os direitos de família). Justifica-se esta posição, pois o Brasil é</p><p>considerado um País de imigração, tendo interesse em sujeitar o estrangeiro aqui</p><p>domiciliado à sua lei, integrando-o à vida nacional, fazendo com que ele adquira</p><p>direitos e assuma obrigações, independentemente de sua origem.</p><p>b) Errado. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do País em que</p><p>era domiciliado o de cujus (falecido) ou o ausente. Se os bens estiverem situados</p><p>no Brasil, mas eles pertencem a estrangeiros, as regras sucessórias são as</p><p>brasileiras, exceto se a lei estrangeira for mais favorável ao cônjuge ou aos filhos</p><p>brasileiros (art. 5°, XXXI, CF/88). Nesse sentido é também o teor do art. 10,</p><p>LINDB: A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que</p><p>domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação</p><p>dos bens. §1° A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada</p><p>pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os</p><p>represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 76</p><p>c) Certo. A antinomia pode ser classificada em primeiro grau, quando ocorre um</p><p>conflito normativo envolvendo apenas um dos critérios (hierárquico, cronológico</p><p>ou da especialidade). Já na antinomia de segundo grau o conflito envolve mais de</p><p>um daqueles critérios. Na afirmativa percebe-se o conflito envolvendo dois</p><p>critérios: uma lei especial anterior e outra geral e posterior, por isso trata-se de</p><p>antinomia de segundo grau, estando correta a afirmação.</p><p>d) Errado. A doutrina aponta três espécies de lacunas: a) normativa (ausência</p><p>de norma para o caso concreto); b) ontológica (há lei para o caso concreto, porém</p><p>ela está desligada da realidade social, não tendo</p><p>aplicação prática); c) axiológica</p><p>(há lei para o caso concreto, porém sua aplicação se revela injusta ou</p><p>insatisfatória).</p><p>QUESTÃO 23 (CESPE/UnB – TJ/AC – Auxiliar Judiciário – 2012) Com base</p><p>na Lei de Introdução às Normas Brasileiras, julgue os itens a seguir.</p><p>a) Em decorrência do ato jurídico perfeito, do direito adquirido e da coisa</p><p>julgada, aplica-se sempre a regra da irretroatividade das leis, sejam elas penais</p><p>ou civis.</p><p>b) A Lei de Introdução às Normas Brasileiras revogou a Lei de Introdução ao</p><p>Código Civil.</p><p>c) A vigência da norma começa com sua promulgação.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. De fato, a regra é a irretroatividade das leis. No entanto admite-se a</p><p>retroatividade (a expressão “sempre” está errada), desde que não prejudique o</p><p>ato jurídico perfeito, do direito adquirido e da coisa julgada. Além disso, tratando-</p><p>se de uma lei penal a afirmação fica ainda mais errada, pois o art. 5°, inciso XL</p><p>da Constituição Federal estabelece que a lei pena não retroagirá, salvo para</p><p>beneficiar o réu. Assim, pode haver alteração na situação do réu, atingindo a coisa</p><p>julgada, no caso da lei nova lhe ser mais favorável.</p><p>b) Errado. A Lei de Introdução às Normas Brasileiras não revogou a Lei de</p><p>Introdução ao Código Civil. Na realidade trata-se da mesma lei, sendo que apenas</p><p>o seu nome foi alterado pela Lei n° 12.376 de 31 de dezembro de 2010. Aliás, o</p><p>correto é dizer Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB).</p><p>c) Errado. Salvo disposição em contrário a lei começa a vigorar em todo País 45</p><p>dias depois de oficialmente publicada (art. 1°, caput, LINDB).</p><p>QUESTÃO 24 (CESPE/CEBRASPE – DPU – Defensor Público – 2015)</p><p>Considerando a existência de uma relação jurídica referente a</p><p>determinado objeto envolvendo dois sujeitos, julgue o próximo item.</p><p>a) Se a norma jurídica regente da referida relação jurídica for revogada por</p><p>norma superveniente, as novas disposições normativas poderão,</p><p>excepcionalmente, aplicar-se a essa relação, ainda que não haja referência</p><p>expressa à retroatividade.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 77</p><p>a) Certo. Se uma norma que regia determinada relação jurídica foi revogada por</p><p>outra, a rigor essa nova norma somente poderia ser aplicada às novas relações</p><p>jurídicas. No entanto, admite-se excepcionalmente (e sem necessidade de</p><p>previsão expressa de retroatividade) a aplicação da lei nova na relação pendente</p><p>em relação aos efeitos verificados após a data em que essa lei entrou em vigor</p><p>(ex.: alteração da porcentagem de juros daqui por diante). É o que a doutrina</p><p>chama de “retroatividade mínima” (temperada ou mitigada), admitida em nosso</p><p>sistema jurídico, como por exemplo, o próprio art. 2.035, CC: “A validade dos</p><p>negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor deste</p><p>Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2045, mas os</p><p>seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se</p><p>subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de</p><p>execução”.</p><p>QUESTÃO 25 (CESPE/UnB – MPE/RR – Promotor de Justiça – 2012)</p><p>Considerando o que dispõe a Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro bem como a interpretação de seus dispositivos, julgue as</p><p>seguintes afirmações.</p><p>a) Denomina-se conflito aparente o conflito normativo passível de solução</p><p>mediante critérios hierárquicos, cronológicos e embasados na especialidade.</p><p>b) A lei nova que estabeleça disposições gerais ou especiais, a par das já</p><p>existentes, revoga a lei anterior.</p><p>c) A possibilidade de repristinação da norma é a regra geral no ordenamento</p><p>jurídico pátrio.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Certo. Há o chamado conflito aparentes de normas (antinomia) quando temos</p><p>duas normas ou mais normas que podem ser aplicadas a um mesmo fato. Como</p><p>é apenas aparente, o conflito pode ser resolvido aplicando-se critérios de solução</p><p>e eliminação: hierárquico, cronológico e especialidade.</p><p>b) Errado. Art. 2°, §2°, LINDB.</p><p>c) Errado. Art. 2°, §3°, LINDB.</p><p>QUESTÃO 26 (CESPE/UnB – Ministério das Comunicações – Atividade</p><p>Técnica de Suporte – Direito – 2013) Com referência à Lei de Introdução</p><p>às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), julgue os itens seguintes.</p><p>a) O direito pátrio permite a retroatividade de lei cível se expressamente</p><p>previsto e não ofender o direito adquirido, o negócio jurídico consumado de</p><p>acordo com a lei vigente à época de sua realização, e a coisa julgada.</p><p>b) Caso ex-companheiro homossexual requeira judicialmente pensão post</p><p>mortem, não havendo norma sobre a matéria, o juiz poderá decidir o caso com</p><p>base na analogia e nos princípios gerais de direito.</p><p>c) Caso tenha sido publicada uma lei estabelecendo que a pessoa idosa, a partir</p><p>de 65 anos de idade, deverá ter descontos de 20% nas passagens de avião e,</p><p>posteriormente, no período de 60 dias, publique-se lei retificando a idade para</p><p>60 anos, esta será considerada lei nova.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 78</p><p>d) Na interpretação lógica de uma lei, parte-se da ideia de que a lei não existe</p><p>isoladamente, devendo o seu sentido ser alcançado em consonância com as</p><p>demais normas que inspiram o mesmo ramo do direito.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Certo. Em regra uma norma diz respeito a comportamentos futuros. No</p><p>entanto, em algumas situações especiais ela pode se referir ao passado, tendo</p><p>força retroativa. De fato, a irretroatividade é um princípio em nosso ordenamento,</p><p>mas esse princípio não pode ser aceito como absoluto. Na realidade o princípio da</p><p>irretroatividade das leis é somente um princípio de utilidade social, daí não ser</p><p>absoluto, sofrendo exceções, pois é admissível que uma lei possa atingir</p><p>determinada situação passada, retroagindo. É retroativa a norma que atinge os</p><p>efeitos de atos jurídicos praticados sob o império de lei revogada. No entanto</p><p>deve-se respeitar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito (ou o negócio jurídico</p><p>consumado de acordo com a lei vigente à época de sua realização conforme a</p><p>redação da questão) e a coisa julgada, nos termos do art. 5°, XXXVI, CF/88, e art.</p><p>6°, §§1° a 3°, LINDB.</p><p>b) Certo. Dispõe o art. 4°, LINDB que quando a lei for omissa, o juiz decidirá o</p><p>caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.</p><p>c) Certo. Dispõe o art. 1°, §4°, LINDB: As correções a texto de lei já em vigor</p><p>consideram-se lei nova. Saliento para uma curiosidade na questão. Observem que</p><p>ela fez referência ao prazo de 60 dias. Por quê? Porque no caso a questão falou</p><p>em publicação, mas não mencionou quando a lei entrou em vigor, ou seja, se</p><p>houve ou não vacatio legis. Dessa forma deve-se pensar pela regra geral que a lei</p><p>passa a vigorar 45 após a sua publicação. Se por acaso a questão tivesse</p><p>mencionado o prazo de 30 dias, poderia não ser lei nova, mas simples retificação</p><p>da lei ainda em vacatio.</p><p>d) Errado. O examinador tentou confundir a interpretação lógica como a</p><p>sistemática. Na lógica busca-se a interpretação por meio de um raciocínio lógico.</p><p>Já na sistemática compara-se a lei considerando-a como parte integrante do</p><p>sistema jurídico.</p><p>QUESTÃO 27 (CESPE/UnB – ANCINE – Analista Administrativo – 2013) À</p><p>luz das disposições constantes da Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro, julgue o item abaixo.</p><p>a) A lei do país no qual nasce a pessoa determina as regras sobre o início de</p><p>sua personalidade.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. Segundo o art. 7°, LINDB: A lei do país em que domiciliada a pessoa</p><p>determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a</p><p>capacidade e os direitos de família.</p><p>QUESTÃO 28 (CESPE/UnB – TJ/PB – Juiz Leigo – 2013) No que se refere</p><p>ao que dispõe a Lei de Introdução às normas</p><p>do Direito Brasileiro, julgue</p><p>os itens a seguir.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 79</p><p>a) Em razão da aplicação do princípio da justiça universal, as sentenças</p><p>proferidas no estrangeiro terão eficácia no Brasil ainda quando ofenderem os</p><p>bons costumes.</p><p>b) A proibição do non liquet não é dirigida ao juiz.</p><p>c) A lei do país em que a pessoa tenha nascido determina as regras acerca do</p><p>começo e do fim da personalidade.</p><p>d) A sucessão por morte obedece à lei do país em que tenha falecido o de cujus.</p><p>e) A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele</p><p>vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais</p><p>brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. Segundo o art. 17, LINDB, as leis, atos e sentenças de outro país, bem</p><p>como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando</p><p>ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.</p><p>b) Errado. A expressão non liquet, significa “não-claro”; trata-se de uma</p><p>expressão latina que se aplicava a casos em que o juiz se eximia da obrigação de</p><p>julgar os casos nos quais a resposta jurídica não era nítida, líquida, clara. Ocorre</p><p>que o art. 140, caput, do CPC/2015 prevê que “o juiz (portanto, é justamente ao</p><p>juiz que esta proibição se aplica) não se exime de decidir sob a alegação de lacuna</p><p>ou obscuridade do ordenamento jurídico”. Neste sentido, também é o art. 4°,</p><p>LINDB que prevê: “quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com</p><p>a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”.</p><p>c) Errado. Estabelece o art. 7°, LINDB, que “A lei do país em que domiciliada a</p><p>pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a</p><p>capacidade e os direitos de família”.</p><p>d) Errado. Estabelece o art. 10, LINDB, que “A sucessão por morte ou por</p><p>ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido,</p><p>qualquer que seja a natureza e a situação dos bens”.</p><p>e) Certo. É o que estabelece o art. 13, LINDB: “A prova dos fatos ocorridos em</p><p>país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de</p><p>produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira</p><p>desconheça”.</p><p>QUESTÃO 29 (CESPE/UnB – TRT/21ª Região/RN – Analista Judiciário –</p><p>2011) A respeito de interpretação, integração e aplicação da lei, julgue o</p><p>item a seguir.</p><p>a) O Juiz que aplica a um caso concreto norma jurídica prevista para situação</p><p>semelhante, considerando a identidade de finalidade, utiliza a interpretação</p><p>extensiva.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. No caso ele não está aplicando a interpretação extensiva (o legislador</p><p>escreveu menos do que queria dizer e o intérprete alarga o campo de incidência</p><p>da norma), mas sim a analogia (art. 4°, LINDB).</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 80</p><p>QUESTÃO 30 (CESPE/UnB – TCU – Auditor Federal de Controle Externo –</p><p>2013) Julgue os itens a seguir, com fundamento na Lei de Introdução ao</p><p>Código Civil Brasileiro e na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça</p><p>(STJ).</p><p>a) Determinada fundação, constituída em outro país e destinada a fins de</p><p>interesse coletivo, pode abrir filial no Brasil mediante prévia aprovação dos atos</p><p>constitutivos pelo governo brasileiro, hipótese em que a filial ficará sujeita à</p><p>legislação brasileira.</p><p>b) Após cinco anos de vigência de lei especial sobre determinada matéria, foi</p><p>editada nova lei contemplando disposições gerais acerca do mesmo tema. Nessa</p><p>situação, a edição da lei mais recente, a qual estabelece disposições gerais,</p><p>revoga a lei anterior especial.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Certo. Constituída uma fundação, fica a mesma sujeita à lei do Estado onde</p><p>foi constituída. Porém, sendo aberta uma filial no Brasil deve esta ficar sujeita às</p><p>leis brasileiras. É o que determina o art. 11 e seu §1°, LINDB: “Art. 11. As</p><p>organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as</p><p>fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituírem. §1° Não poderão,</p><p>entretanto ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os</p><p>atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei</p><p>brasileira”.</p><p>b) Errado. Segundo o art. 2°, §2°, LINDB, a lei nova que estabeleça disposições</p><p>gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.</p><p>QUESTÃO 31 (CESPE/UnB – TRE/ES – Analista Judiciário – 2011) Acerca</p><p>da aplicação da lei, julgue o item abaixo.</p><p>a) Se duas pessoas celebrarem um contrato na Alemanha, sem estipular o</p><p>direito a ser aplicado, e esse contrato for executado no Brasil, local de domicílio</p><p>da parte interessada, serão aplicadas as leis brasileiras.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. Essa questão causou muita polêmica na ocasião, tendo havido recursos</p><p>para sua anulação. Porém o gabarito foi mantido. A questão é muito difícil e o erro</p><p>é sutil. Vejamos. Nos termos do art. 9°, caput, LINDB, “para qualificar e reger as</p><p>obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem”. Portanto, por este</p><p>dispositivo seria aplicável a lei alemã, pois foi lá que o contrato se constituiu.</p><p>Continuando, estabelece o §1°: “Destinando-se a obrigação a ser executada no</p><p>Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as</p><p>peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato”.</p><p>Analisando inicialmente o problema e constatando que a obrigação seria cumprida</p><p>no Brasil, aplicar-se-ia a lei brasileira. No entanto o dispositivo exige, além da</p><p>obrigação ter de ser executada no Brasil, que também dependa de forma</p><p>essencial. Ex.: se o contrato se referisse a uma venda de imóvel, pela lei brasileira</p><p>seria exigível a escritura pública (a forma essencial seria a escritura). Portanto, a</p><p>lei brasileira somente seria aplicável se dependesse de forma essencial. Mas como</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 81</p><p>a questão não se refere à espécie de contrato, nada falando sobre alguma “forma</p><p>essencial”, continuaria sendo aplicada a lei alemã.</p><p>QUESTÃO 32 (CESPE/UnB – Advogado da SERPRO – 2011) Quanto ao</p><p>conflito e vigência da lei, julgue o item a seguir.</p><p>a) Uma das hipóteses em que a lei posterior revoga a anterior é quando seja</p><p>com ela incompatível, sendo que a lei revogada, salvo disposição em contrário,</p><p>se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. De fato, uma das hipóteses em que a lei posterior revoga a anterior é</p><p>quando seja com ela incompatível (art. 2°, §1°, LINDB). No entanto a lei revogada</p><p>não se restaura por ter a revogadora perdido a vigência (art. 2°, §3°, LINDB).</p><p>QUESTÃO 33 (UnG – Universidade do Estado de Goiás – Delegado de</p><p>Polícia/GO – 2013) Segundo o art. 3º da Lei de Introdução às Normas de</p><p>Direito Brasileiro – LINDB, “ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando</p><p>que não a conhece”. Diante do exposto, verifica-se que</p><p>a) o Princípio da Obrigatoriedade perde seu caráter absoluto, admitindo</p><p>temperamentos, em hipóteses excepcionais previstas no Código Civil, nas quais</p><p>a lei, expressamente, possibilite o erro de direito ou erro de conteúdo legal</p><p>(error juris).</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Certo. O princípio da obrigatoriedade das leis (também chamado de princípio</p><p>da inescusabilidade da ignorância das leis) é aquele em que publicada a lei,</p><p>ninguém se escusa de cumpri-la alegando que não a conhece, tornando-se</p><p>obrigatória para todos os seus destinatários. Tal dispositivo visa garantir a</p><p>estabilidade e a eficácia do sistema jurídico</p><p>sob o aspecto</p><p>temporal (ou seja, determinando como e quando a lei entra em vigor).</p><p>• Art. 3° → Obrigatoriedade geral e abstrata das normas; garantia da</p><p>eficácia global da ordem jurídica (ou seja, não admite a ignorância de lei</p><p>vigente).</p><p>• Art. 4° → Fontes e mecanismos de integração das normas (ou seja,</p><p>quando houver lacunas na lei).</p><p>• Art. 5° → Critérios de interpretação das normas (hermenêutica</p><p>jurídica).</p><p>• Art. 6° → Aplicação da norma no tempo (direito intertemporal: solução</p><p>de conflitos temporais, dando certeza e segurança no ordenamento).</p><p>• Arts. 7° a 19 → Aplicação da norma no espaço (território). Também</p><p>contém normas de Direito Internacional público e privado estabelecendo</p><p>critérios para eliminar conflitos de normas entre Países (ex.: competência</p><p>judiciária brasileira, prova de fatos ocorridos no estrangeiro, eficácia de</p><p>tratados e convenções assinadas pelo Brasil, execução de sentença proferida</p><p>no exterior, atos praticados pelas autoridades consulares brasileiras no</p><p>exterior, etc.).</p><p>FONTES DO DIREITO CIVIL</p><p>Fonte em sentido amplo significa a origem, o ponto de partida, o</p><p>nascedouro de algo (daí “fonte de água”). Fonte do Direito é uma expressão</p><p>figurada, que significa onde o direito nasce ou o meio pelo qual se estabelecem as</p><p>normas jurídicas. Para caracterizar uma fonte de direito são necessários dois</p><p>elementos: a) segurança; b) certeza.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 9</p><p>� Observação � Cada autor adota uma forma específica de classificação de</p><p>Fontes de Direito. E as questões que caem nos concursos também podem variar,</p><p>dependendo do autor consultado pela banca examinadora. Assim, optamos pela</p><p>classificação a seguir, pois é a que atualmente possui maior incidência em</p><p>concursos.</p><p>1) Fontes Materiais: são todos os fatores que ocasionam a criação do</p><p>Direito, ou seja, que estabelecem a elaboração de uma lei (ou de determinado</p><p>costume), como as razões econômicas, sociológicas, políticas, históricas, etc.</p><p>2) Fontes Formais: servem para identificar o modo como o Direito se</p><p>articula com os seus destinatários, ou seja, como o Direito se manifesta ou se</p><p>exterioriza. A expressão fontes formais indica os lugares nos quais se encontram</p><p>os dispositivos jurídicos e onde os destinatários das normas devem pesquisar</p><p>sempre que desejam tomar conhecimento de uma norma em vigor. Elas podem</p><p>ser objeto de inúmeras subclassificações (quanto à sua natureza, quanto ao órgão</p><p>produtor, quanto ao grau de importância, etc.). A principal diz respeito à sua</p><p>natureza:</p><p>2.1) Fontes Diretas (imediatas, próprias ou puras): são as que geram</p><p>por força própria as regras jurídicas (lei e costumes).</p><p>2.2) Fontes Indiretas (mediatas, impróprias ou impuras): são as que</p><p>não geram por si mesmas a regra jurídica, mas contribuem para que a mesma</p><p>seja elaborada (doutrina e jurisprudência).</p><p>FONTES INDIRETAS</p><p>DOUTRINA é a interpretação da lei feita pelos estudiosos da matéria.</p><p>Também é chamada de Direito Científico. Forma-se doutrina por meio dos</p><p>pareceres dos jurisconsultos, das pesquisas, ideias e ensinamentos dos</p><p>professores, das opiniões e juízos críticos dos tratadistas e dos trabalhos forenses,</p><p>especialmente se há alguma controvérsia. Esta nossa aula, por exemplo, embora</p><p>singela sob o ponto de vista jurídico, não deixa de ter um conteúdo doutrinário.</p><p>JURISPRUDÊNCIA é a interpretação da lei feita pelos juízes em suas</p><p>decisões. Como fonte de direito podemos dizer que a jurisprudência é o conjunto</p><p>uniforme, constante e pacífico das decisões judiciais sobre determinada matéria</p><p>em determinado sentido. “Uma andorinha não faz verão” e, da mesma maneira,</p><p>uma decisão solitária não constitui jurisprudência. Por isso é necessário que as</p><p>decisões se repitam sem variações de fundo. Costuma-se usar o termo</p><p>“jurisprudência mansa e pacífica” quando as decisões não sofrem alterações em</p><p>julgados da mesma natureza. Quanto à importância dela, diversificam os sistemas</p><p>jurídicos contemporâneos. Para os anglo-saxões, de direito costumeiro</p><p>(dizemos direito consuetudinário – direito dos costumes), ela é de suma</p><p>importância; a pessoa que tem a jurisprudência a seu favor certamente ganhará</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 10</p><p>a causa (common law). Já para o nosso sistema jurídico, teoricamente, ela não</p><p>tem tanta relevância, pois nosso sistema é baseado nas leis (civil law). No entanto,</p><p>na prática, a jurisprudência tem-se revelado como uma importante fonte criadora</p><p>de Direito e uma ótima ferramenta para os juristas. Basta verificar a quantidade</p><p>de Súmulas de Jurisprudência de nossos Tribunais Superiores. A jurisprudência é</p><p>fonte indireta de direito porque muitas vezes cria soluções não encontradas na lei</p><p>ou em outras fontes. Mas, embora se constitua numa importante fonte de</p><p>consulta, os Juízes não são obrigados a segui-la.</p><p>É possível que a partir de agora a jurisprudência tenha maior relevância no</p><p>cenário do Direito, pois a chamada “Reforma do Poder Judiciário” (Emenda</p><p>Constitucional n° 45/04) aprovou a “Súmula de Efeitos Vinculantes”. Há uma</p><p>grande discussão a respeito do tema, dividindo os autores a respeito dos “prós e</p><p>contras” do dispositivo, pois por um lado ela “engessaria” a magistratura, tornando</p><p>o direito estático, impossibilitando a interpretação do Juiz e afetando sua</p><p>independência. Mas por outro lado dará uma melhor igualdade sistêmica,</p><p>conferindo maior homogeneidade nas decisões judiciais e limitando o excessivo</p><p>número de recursos para matérias que já foram amplamente debatidas,</p><p>desafogando o Poder Judiciário. Mas não estamos aqui para defender uma ou outra</p><p>posição. Nosso objetivo é dizer que atualmente elas existem, estão previstas na</p><p>Constituição e por isso devem ser cumpridas. E caem nos concursos...</p><p>Explicando melhor o tema: Súmulas são enunciados que, sintetizando as</p><p>decisões assentadas pelo respectivo Tribunal em relação a determinados temas</p><p>específicos de sua jurisprudência, servem de orientação para toda comunidade</p><p>jurídica; são extraídas de reiteradas decisões judiciais em um mesmo sentido. As</p><p>Súmulas podem ser vinculantes ou não vinculantes. As de efeito vinculante</p><p>estão fundamentadas no art. 103-A da Constituição Federal, dispositivo este</p><p>regulamentado pela Lei n° 11.417/06. Elas somente podem ser editadas pelo</p><p>Supremo Tribunal Federal, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois</p><p>terços de seus membros, depois de reiteradas decisões sobre matéria</p><p>constitucional. A partir de sua publicação na imprensa oficial ela terá um efeito</p><p>chamado “vinculante”, que torna estas Súmulas obrigatórias aos demais órgãos</p><p>do Poder Judiciário e à Administração Pública (direta e indireta), nas esferas</p><p>federal, estadual e municipal. Também poderá ser revisada ou cancelada pela</p><p>nossa Suprema Corte, na forma estabelecida em lei. Alguns autores entendem</p><p>que estas súmulas, ainda que tenham efeito vinculante, por não serem atos</p><p>normativos (e sim interpretativos do STF), são fontes indiretas. Já outros autores</p><p>entendem que o efeito vinculante da súmula é a sua obrigatoriedade, conferida a</p><p>determinado enunciado jurisprudencial. Neste caso específico, afasta-se a mera</p><p>orientação, passando a obrigar o judiciário e os órgãos da administração a</p><p>adotarem o conteúdo dela. Atribuindo-se as características essenciais de</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 11</p><p>imperatividade e coercibilidade, passam a ser fontes diretas (um pouco de</p><p>common law em nosso direito).</p><p>FONTES DIRETAS</p><p>Falemos, agora sobre as Fontes Diretas, que</p><p>que ficaria comprometido, caso</p><p>admitida a alegação de ignorância de lei em vigor. Ocorre que tal princípio não</p><p>é absoluto, uma vez que o próprio Código Civil (e não a LINDB) admite</p><p>expressamente a possibilidade do erro de direito (art. 139, III, CC): O erro é</p><p>substancial quando: (...) III. sendo de direito e não implicando recusa à aplicação</p><p>da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.</p><p>QUESTÃO 34 (CESPE/UnB – PGE/PI – Procurador do Estado – 2014) De</p><p>acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB),</p><p>julgue os itens a seguir.</p><p>a) O sistema jurídico brasileiro admite que, devido ao desuso, uma lei possa</p><p>deixar de ser aplicada.</p><p>b) A proibição de desconhecimento da lei imposta pela LINDB é absoluta.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. O desuso da lei não lhe retira sua aplicabilidade. Segundo a doutrina</p><p>essa norma continua plenamente válida, pois não foi revogada. No entanto,</p><p>exatamente por não estar sendo aplicada, afirma a doutrina que ela perdeu a</p><p>eficácia.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 82</p><p>b) Errado. De fato o art. 3°, LINDB proíbe o descumprimento de lei alegando que</p><p>o seu desconhecimento. Porém, a proibição de alegação de desconhecimento da</p><p>lei. O erro de direito pode ser invocado, em algumas situações especiais, havendo</p><p>previsão expressa no art. 139, III, CC, quando não houver a intenção de furtar-</p><p>se ao cumprimento da lei (serve para justificar a boa-fé no descumprimento de</p><p>um contrato, sem intenção de descumprir a lei).</p><p>QUESTÃO 35 (CESPE/UnB – Auditor de Controle Externo do Tribunal de</p><p>Contas do Distrito Federal – 2012) Considerando o que dispõe a Lei de</p><p>Introdução às Normas do Direito Brasileiro acerca da aplicação da lei no</p><p>tempo e no espaço, julgue o item abaixo.</p><p>a) Para qualificar os bens móveis e imóveis, bem como para regular as relações</p><p>a eles concernentes, é aplicável a lei do país em que estiver domiciliado o</p><p>proprietário.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. O regime de bens segue o principio da territorialidade: estando o bem</p><p>situado no Brasil, aplica-se a lei do Brasil; estando o bem situado no exterior,</p><p>aplica-se a lei do exterior. Vejamos o teor do art. 8°, LINDB, “para qualificar os</p><p>bens (móveis e imóveis) e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a</p><p>lei do país em que estiverem situados”. Acrescentamos que há uma exceção. Em</p><p>relação aos bens móveis trazidos ou destinados a transporte para outros lugares,</p><p>aplica-se a lei do domicílio do proprietário. Vejamos: art. 8°, §1° Aplicar-se-á a lei</p><p>do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens moveis que ele</p><p>trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares.</p><p>QUESTÃO 36 (CESPE/UnB – TRT/17ª Região/ES – Analista Judiciário –</p><p>2013) No que diz respeito à interpretação das leis, julgue o próximo item.</p><p>a) Adotando-se o método lógico de interpretação das normas, deve ser</p><p>examinado cada termo utilizado na norma, isolada ou sintaticamente, de acordo</p><p>com as regras do vernáculo.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. Existem vários critérios de interpretação das leis. Quanto ao método</p><p>ou meio utilizado pela regra lógica (ou racional) busca-se, por meio de um</p><p>raciocínio lógico, o significado e o alcance da norma nos fatos e motivos políticos,</p><p>históricos e ideológicos que culminaram na sua criação. O método pelo qual é</p><p>examinado cada termo utilizado na norma, isolada ou sintaticamente, de acordo</p><p>com as regras do vernáculo ou de linguística é chamado de gramatical (ou</p><p>interpretação literal). Percebe-se que o examinador forneceu o conceito do método</p><p>gramatical de interpretação e não o lógico.</p><p>QUESTÃO 37 (CESPE/UnB – TRT/1ª Região/RJ – Magistratura do</p><p>Trabalho – 2011) A respeito de hierarquia, interpretação e integração de</p><p>lei, julgue as seguintes assertivas.</p><p>a) A interpretação teleológica pode ser utilizada pelo juiz para superar</p><p>antinomia.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 83</p><p>b) Para que o costume possa suprir lacuna legal, deve apenas consistir em</p><p>conduta reiterada de determinada prática.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. A interpretação sociológica ou teleológica é um método interpretativo</p><p>que tem como objetivo adaptar o sentido ou finalidade da norma às novas</p><p>exigências sociais, nos termos do art. 5°, LINDB. Diferentemente são os</p><p>mecanismos de superação da antinomia (conflitos) da norma, onde são utilizados</p><p>os seguintes critérios: hierárquico, especialidade e cronológico.</p><p>b) Errado. De fato, o costume também é uma fonte supletiva do nosso sistema</p><p>jurídico e só pode ser usado depois de esgotadas as possibilidades de suprir a</p><p>lacuna legal pelo uso da analogia. É composto por dois elementos: a) uso ou</p><p>prática reiterada de um comportamento (elemento externo ou material); b)</p><p>convicção de sua obrigatoriedade (elemento interno ou psicológico). Na questão</p><p>faltou a menção ao segundo elemento.</p><p>QUESTÃO 38 (CESPE/UnB – TJ/PB – Juiz de Direito – 2011) Com relação</p><p>à Lei de Introdução, julgue as afirmações abaixo</p><p>a) O fato de, antes da entrada em vigor de determinada lei, haver nova</p><p>publicação de seu texto para simples correção não é capaz, por si só, de alterar</p><p>o prazo inicial de vigência dessa lei.</p><p>b) Como, em regra, a lei vigora até que outra a modifique ou revogue, lei nova</p><p>que estabeleça disposições especiais a par das já existentes revoga ou modifica</p><p>a lei anterior.</p><p>c) A repristinação ocorre com a revogação da lei revogadora e, salvo disposição</p><p>em contrário, é amplamente admitida no sistema normativo pátrio.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. O art. 1°, §3°, LINDB prevê que, se, antes da lei entrar em vigor,</p><p>ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo para início da</p><p>vigência da lei começará a correr da nova publicação.</p><p>b) Errado. A regra geral é que, não se destinando à vigência temporária, a lei</p><p>terá vigor até que outra a modifique ou revogue (art. 2°, LINDB). Porém, o art.</p><p>2°, §2°, LINDB estabelece que a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou</p><p>especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.</p><p>c) Errado. A regra é a não repristinação, salvo disposição expressa em contrário</p><p>(art. 2°, §3°, LINDB).</p><p>QUESTÃO 39 (CESPE/UnB – TJ/PB – Juiz de Direito – 2011) Com relação</p><p>aos institutos da interpretação e da integração da lei, julgue as</p><p>afirmações abaixo.</p><p>a) A interpretação histórica tem por objetivo adaptar o sentido ou a finalidade</p><p>da norma às novas exigências sociais, em atenção às demandas do bem comum.</p><p>b) No Direito Civil não há doutrina que admita a hierarquia na utilização dos</p><p>mecanismos de integração das normas jurídicas constantes no Código Civil.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 84</p><p>c) Não há distinção entre analogia legis e analogia juris, uma vez que ambas se</p><p>fundamentam em um conjunto de normas para a obtenção de elementos que</p><p>permitam sua aplicação em casos concretos.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. O enunciado trata da interpretação teleológica. Na interpretação</p><p>histórica, verifica-se o contexto que levou à edição da lei.</p><p>b) Errado. Ao contrário do afirmado, há entendimento doutrinário no sentido de</p><p>que existe hierarquia entre os mecanismos de integração das normas jurídica. Tal</p><p>entendimento ainda majoritário é no sentido de que a preferência é exatamente</p><p>à ordem que aparece no art. 4º, LINDB (coincidentemente uma ordem</p><p>alfabética): analogia, costumes e princípios gerais de direito. No entanto, está</p><p>crescendo a corrente em sentido contrário.</p><p>c) Errado. A analogia legis consiste na aplicação de apenas uma outra norma.</p><p>Na</p><p>analogia juris, toma-se como base um conjunto de normas para extrair elementos</p><p>que permitam sua aplicabilidade ao caso concreto não previsto, mas parecido.</p><p>QUESTÃO 40 (CESPE/UnB – TJ/RR – Agente de Proteção – 2012) Com</p><p>base no que dispõe a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro,</p><p>julgue os itens seguintes.</p><p>a) A interpretação sistemática de uma norma implica a adequação da lei ao</p><p>contexto da sociedade e aos fatos sociais.</p><p>b) Sentença proferida no estrangeiro gera efeitos no território brasileiro tão</p><p>logo seja aprovada pelo Ministério das Relações Exteriores.</p><p>c) A vacatio legis de uma lei, em regra, é de um ano, a contar da publicação da</p><p>norma.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. A interpretação sistemática (ou orgânica) compara a lei considerando-</p><p>a como parte integrante de todo um sistema jurídico (e não isolada no mundo</p><p>jurídico); a norma deve ser analisada em seu conjunto (e não um dispositivo</p><p>isolado) e pertencente a um sistema jurídico (e não de forma isolada). A</p><p>interpretação que implica e em adequação da lei ao contexto da sociedade e aos</p><p>fatos sociais é a sociológica (teleológica ou finalística), havendo previsão (embora</p><p>indireta) no art. 5°, LINDB.</p><p>b) Errado. A sentença proferida no estrangeiro será executada no Brasil</p><p>obedecendo aos requisitos do art. 15, LINDB. Um deles é ser homologada pelo</p><p>Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, “i”, CF/88).</p><p>c) Errado. Em regra a vacatio legis é de 45 dias depois de oficialmente publicada</p><p>(art. 1°, caput, LINDB).</p><p>QUESTÃO 41 (CESPE – AGU – Advogado da União – 2015) Julgue o item</p><p>seguinte, que diz respeito à aplicação da lei.</p><p>a) Caso a lei a ser aplicada não encontre no mundo fático suporte concreto</p><p>sobre o qual deva incidir, caberá ao julgador integrar o ordenamento mediante</p><p>analogia, costumes e princípios gerais do direito.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 85</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Certo. Art. 4°, LINDB: Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo</p><p>com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Além disso a</p><p>afirmação foi retirada de uma decisão do STJ (REsp 1251566/SC, Rel. Min. Mauro</p><p>Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 14/6/2011): “(...) Mas, quando a lei não</p><p>encontra no mundo fático suporte concreto na qual deva incidir, cabe ao julgador</p><p>integrar o ordenamento, mediante analogia, costumes e princípios gerais do</p><p>direito”.</p><p>QUESTÃO 42 (CESPE/UnB – Procurador do Ministério Público – Tribunal</p><p>de Contas do Distrito Federal – 2013) A respeito da eficácia da lei no</p><p>tempo e no espaço, julgue os itens a seguir.</p><p>a) No curso de uma relação contratual civil, caso surja lei nova que trate da</p><p>matéria objeto da relação jurídica entabulada, essa nova lei deverá ser aplicada</p><p>à referida relação se apresentar regra mais favorável ao devedor.</p><p>b) O princípio da irretroatividade da lei nova se aplica às leis de ordem pública.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. Em regra, se um contrato em curso for apanhado por uma lei nova,</p><p>ele continuará sendo regido pela lei anterior, pois foi sob sua vigência que ele foi</p><p>pactuado (tempus regit actum). E ainda que se entenda que em alguns casos</p><p>possa ser aplicada a lei nova, nunca o será sob o argumento de favorecimento do</p><p>devedor. Em um contrato temos dois particulares, em polos diferentes, cada qual</p><p>pretendendo preservar seus interesses pessoais. Se protegermos um dos polos,</p><p>obviamente estaremos prejudicando, de forma inadmissível, o outro polo.</p><p>b) Certo. A posição mais recente do STF sobre o tema é que mesmo as leis de</p><p>ordem pública sujeitam-se ao princípio da irretroatividade das leis. Ou seja, em</p><p>julgados mais modernos o Supremo vem decidindo pela prevalência do direito</p><p>adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada, inadmitindo a incidência de</p><p>lei nova, ainda que de ordem pública, para regular seus efeitos. Segundo decisão</p><p>que teve como relator o Ministro Moreira Alves, ficou estabelecido que “o disposto</p><p>no art. 5°, XXXVI, da Constituição Federal, se aplica a toda e qualquer lei</p><p>infraconstitucional, sem qualquer distinção entre direito público e direito privado,</p><p>ou entre lei de ordem pública e lei dispositiva”.</p><p>QUESTÃO 43 (MPE/SC – Promotor de Justiça – 2013) Analise cada um dos</p><p>enunciados das questões e assinale Certo (“C”) ou Errado (“E”).</p><p>a) Em questões sobre a qualificação e regulação das relações concernentes a</p><p>bens, prevalece a lei do país em que for domiciliado o proprietário.</p><p>b) Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares</p><p>brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de</p><p>tabelionato, exceto o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro</p><p>ou brasileira nascidos no País da sede do consulado.</p><p>c) As emendas ou correções à lei que já tenha entrado em vigor não serão</p><p>consideradas lei nova.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 86</p><p>d) A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela Lei que nele</p><p>vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais</p><p>brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. Segundo o art. 8°, LINDB, para qualificar os bens e regular as relações</p><p>a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.</p><p>b) Errado. Segundo o art. 18, LINDB, tratando-se de brasileiros, são competentes</p><p>as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais</p><p>atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de</p><p>óbito dos filhos de brasileira(o) nascida(o) no País da sede do consulado.</p><p>c) Errado. Segundo o art. 1°, §4°, LINDB: As correções a texto de lei já em vigor</p><p>consideram-se lei nova.</p><p>d) Certo. É o que estabelece expressamente o art. 13, LINDB.</p><p>QUESTÃO 44 (CESPE/UnB – Ministério das Comunicações – Técnico de</p><p>Nível Superior – Direito – 2013) Uma nova lei, em regra, irá vigorar até que</p><p>outra norma a revogue ou modifique. Dificilmente, entretanto, se poderá traçar</p><p>de imediato a linha divisória entre o império da lei antiga e o da lei nova que a</p><p>tenha revogado ou derrogado. Assim, compete à Lei de Introdução às Normas do</p><p>Direito Brasileiro (LINDB), Decreto-Lei n° 4.657/1942, disciplinar os conflitos</p><p>espaço-temporais de leis. R. Limongi França. Instituições de Direito Civil. São</p><p>Paulo: Saraiva, 1996, p. 25 (com adaptações). Acerca da aplicação da lei no</p><p>tempo e no espaço, julgue os itens subsequentes.</p><p>a) A lei em vigor terá efeito imediato e geral respeitados o ato jurídico, já</p><p>consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou, o direito</p><p>adquirido e a coisa julgada.</p><p>b) Tanto a subsunção quanto a ab-rogação de uma norma configuram-se</p><p>quando uma nova norma revoga integralmente a norma anterior.</p><p>c) Deixando de existir a norma revogadora, não se terá o convalescimento da</p><p>norma revogada, pois, salvo disposição em contrário, a regra da legislação</p><p>brasileira é que a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido</p><p>a vigência.</p><p>d) Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-</p><p>á a lei brasileira sempre que os bens imóveis estiverem situados no território</p><p>nacional. Assim, a sucessão por morte de bens situados no Brasil obedece à lei</p><p>brasileira independentemente do lugar de domicílio do de cujos, da</p><p>nacionalidade de seus herdeiros ou das normas aplicáveis no país em que era</p><p>domiciliado o defunto.</p><p>e) O prazo de vacatio legis é contado excluindo-se a data da publicação oficial</p><p>e incluindo-se a data em que se vence o prazo, salvo se cair em domingo ou</p><p>feriado, hipótese em que é prorrogado para o primeiro dia útil subsequente.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Certo. É exatamente isso o que estabelece</p><p>o art. 6°, §1°, LINDB: A Lei em</p><p>vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 87</p><p>adquirido e a coisa julgada. §1° Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado</p><p>segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.</p><p>b) Errado. De fato, ab-rogação é a revogação total de uma lei pela edição de uma</p><p>nova lei. Contrapõe-se à derrogação, pois esta torna sem efeito apenas uma parte</p><p>da lei ou norma, permanecendo em vigor todos os dispositivos que não foram</p><p>modificados. No entanto subsunção possui outro significado. Chamamos de</p><p>subsunção quando um caso concreto se enquadra à hipótese prevista na norma</p><p>legal em abstrato.</p><p>c) Certo. Proibição de repristinação automática (art. 2°, §3°, LINDB).</p><p>d) Errado. A primeira frase está errada, pois apesar do art. 8°, LINDB dispor que</p><p>para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a</p><p>lei do país em que estiverem situados, ele não menciona a expressão “sempre”. A</p><p>segunda frase também está errada, em especial em relação à expressão</p><p>“independentemente”, pois estabelece o art. 10, LINDB que a sucessão por morte</p><p>ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o</p><p>desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. Além disso,</p><p>acrescenta o §1° que a sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será</p><p>regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de</p><p>quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de</p><p>cujus.</p><p>e) Errado. Conforme o art. 8°, §1° da LC n° 95/98 (com redação dada pela LC</p><p>n° 107/01), o prazo de vacatio legis deve ser contado: incluindo-se o dia do</p><p>começo (o dies a quo, ou seja, o dia da publicação da lei) e também do último dia</p><p>do prazo (o dies ad quem, que é o dia do seu vencimento). Assim, a lei entrará</p><p>em vigor no dia subsequente a sua consumação integral, ou seja, no dia seguinte</p><p>ao último dia de prazo, ainda que se trate de domingo ou feriado. O prazo não é</p><p>prorrogado até o primeiro dia útil, pois não se trata de cumprimento de obrigação,</p><p>mas de início de vigência de uma lei, que também deve ser obedecida aos</p><p>domingos e feriados.</p><p>QUESTÃO 45 (CESPE/UnB – MPE/PI – Promotor de Justiça – 2012)</p><p>Considerando as regras de introdução às normas do direito brasileiro,</p><p>julgue os itens seguintes.</p><p>a) Segundo as regras legais brasileiras, permite-se ao julgador o non liquet,</p><p>nos casos de lacunas ou obscuridade da norma.</p><p>b) Não existe o efeito repristinatório automático. Apenas excepcionalmente, a</p><p>lei revogada volta a viger: quando a lei revogadora for declarada</p><p>inconstitucional ou quando for concedida a suspensão cautelar da eficácia da</p><p>norma impugnada. Também voltará a viger quando, não sendo situação de</p><p>inconstitucionalidade, o legislador assim o determinar expressamente.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. O Juiz tem o dever de decidir todas as controvérsias que lhe forem</p><p>apresentadas, sendo proibido o chamado non liquet (significa “não-claro”:</p><p>expressão latina que se aplicava a casos em que o Juiz se eximia da obrigação de</p><p>julgar os casos nos quais a resposta jurídica não era nítida, líquida, clara). O art.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 88</p><p>140, CPC/2015 prevê que: “O juiz não se exime de decidir sob a alegação de</p><p>lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico. Parágrafo único. O juiz só</p><p>decidirá por equidade nos casos previstos em lei. Neste sentido, também é o teor</p><p>do art. 4°, LINDB.</p><p>b) Certo. Essa afirmação foi retirada de forma integral de uma decisão do STF,</p><p>baseado no art. 2°, §3°, LINDB, sobre a repristinação (daí estar correta).</p><p>Interessante explicar um pouco mais a expressão “quando for concedida a</p><p>suspensão cautelar da eficácia da norma impugnada”, pois já recebi indagações</p><p>sobre ela. Digamos que esteja tramitando no STF uma ação direta de</p><p>inconstitucionalidade (ADIN) em relação a uma lei. Neste caso, antes de prolatar</p><p>a decisão final, o STF pode agir de forma preventiva e proferir uma decisão liminar</p><p>suspendendo a aplicação da lei, até o julgamento final da ADIN (que pode ser</p><p>procedente ou não). Desta forma, aquela decisão preventiva, assegura, em</p><p>caráter temporário, a suspensão dos efeitos da norma cuja constitucionalidade</p><p>esteja sendo questionada. Geralmente os efeitos desta decisão cautelar operam a</p><p>partir do momento em que o STF a defere. No entanto, excepcionalmente o próprio</p><p>Tribunal pode estender os efeitos para o passado (efeito retroativo), desde que o</p><p>faça expressamente.</p><p>QUESTÃO 46 (CESPE/UnB – TJ/RO – Técnico Judiciário – 2012) Com base</p><p>na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro e na interpretação</p><p>doutrinária do Direito Civil, julgue os itens subsequentes.</p><p>a) De acordo com o princípio da continuidade, caso o texto legal tenha sido</p><p>corrigido durante a vacatio legis, o prazo da obrigatoriedade da lei não voltará</p><p>a fluir.</p><p>b) Caso, em nova lei, sejam estabelecidas disposições a par das já existentes</p><p>em outras leis, não haverá revogação do texto legal anterior, mas apenas</p><p>modificação.</p><p>c) Caso a Lei B, que revogou expressamente a Lei A, seja revogada sem que</p><p>outra lei seja publicada, a Lei A voltará a vigorar.</p><p>d) Caso uma lei já em vigor não tenha sido aplicada, não tendo sido exigida sua</p><p>observância pelos órgãos aplicadores do direito, essa lei será considerada, para</p><p>todos os efeitos, válida e eficaz.</p><p>e) O princípio do estatuto pessoal é garantido pelo direito brasileiro, ainda que</p><p>as leis brasileiras divirjam substancialmente das leis estrangeiras.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. Estabelece o art. 1°, §3°, LINDB: Se, antes de entrar a lei em vigor,</p><p>ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo</p><p>e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.</p><p>b) Errado. Estabelece o art. 2°, §2°, LINDB: A lei nova, que estabeleça</p><p>disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica</p><p>a lei anterior.</p><p>c) Errado. Estabelece o art. 2°, §3° Salvo disposição em contrário, a lei revogada</p><p>não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 89</p><p>d) Errado. Questão doutrinária. Quase todas as leis que entram em vigor,</p><p>também possuem eficácia. No entanto, há normas que foram editadas, mas ainda</p><p>não foram regulamentadas. Já outras exigem que o Estado crie um órgão que</p><p>viabilize sua execução. Portanto, pode ocorrer que uma lei seja válida e possua</p><p>vigência, estando apta a produzir efeitos, porém ainda não tenha eficácia (não</p><p>está produzindo efeitos concretos), pois depende da prática de algum ato por parte</p><p>do Estado.</p><p>e) Certo. Questão doutrinária. Denomina-se estatuto pessoal a situação jurídica</p><p>que rege o estrangeiro pela lei de seu País de origem. Trata-se da hipótese em</p><p>que a norma de um Estado acompanha o cidadão para regular seus direitos em</p><p>outro País. Segundo o art. 7°, LINDB (“A lei do país em que domiciliada a pessoa</p><p>determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a</p><p>capacidade e os direitos de família”) o estatuto pessoal funda-se na lei do domicílio</p><p>ou na da sede jurídica da pessoa para se determinar a lei aplicável. Isto está</p><p>previsto expressamente em nossa legislação, ainda que haja previsão diferente na</p><p>lei estrangeira.</p><p>QUESTÃO 47 (CESPE/UnB – TJ/RR – Titular de Serviços de Notas e</p><p>Registro – 2013) Em relação à Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro, julgue os itens a seguir.</p><p>a) Aplica-se a Lei da Nacionalidade para regular as questões relacionadas ao</p><p>nome, começo e fim da personalidade, capacidade e direitos de família.</p><p>b) Em regra, a equidade revela-se um método de integração das normas</p><p>jurídicas.</p><p>c) No que diz respeito à vigência normativa, é correto afirmar que, com a</p><p>promulgação, a lei passa a existir e a ser válida.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errada. Em relação às questões acerca do início e fim da personalidade aplica-</p><p>se a lei do domicílio ou da sede jurídica da pessoa (lex domicilii) para se determinar</p><p>a lei aplicável. O art. 7°, LINDB assim dispõe: A lei do país em que domiciliada a</p><p>pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a</p><p>capacidade e os direitos de família.</p><p>b) Errada. De fato, pela LINDB (observem que o cabeçalho da questão é expresso</p><p>neste sentido) a equidade não é um meio de integração das normas jurídicas. O</p><p>art. 4° da LINDB faz menção apenas à analogia, aos costumes e aos princípios</p><p>gerais de direito. A equidade, na realidade, consiste na adaptação razoável de uma</p><p>regra existente a um caso concreto, observando-se os critérios de justiça e</p><p>igualdade (isonomia); trata-se do uso do “bom senso”. No entanto, ela pode ser</p><p>aplicada em nosso direito, auxiliando o Juiz em sua missão. O parágrafo único do</p><p>art. 140 do CPC/2015 prevê os casos em que ela pode ser aplicada: “O juiz só</p><p>decidirá por equidade nos casos previstos em lei”.</p><p>c) Certo. A promulgação decorre da sanção e tem o significado de proclamação,</p><p>de “ateste de validade de lei”. Dá-se conjuntamente com a sanção, quando o</p><p>Presidente da República assina o projeto de lei. Promulgar é declarar a existência</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 90</p><p>válida de uma lei, inovando-se a ordem jurídica e determinando-se o seu</p><p>cumprimento.</p><p>QUESTÃO 48 (CESPE – FUNPRESP-JUD – Analista – Direito – 2016) A</p><p>respeito da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue o</p><p>item seguinte.</p><p>a) Ocorre a ultratividade de uma norma jurídica quando essa norma continua a</p><p>regular fatos ocorridos antes da sua revogação.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Certo. Diz-se que uma lei é ultrativa quando é aplicada a fatos ocorridos</p><p>posteriormente ao fim de sua vigência.</p><p>QUESTÃO 49 (CESPE – TCE/PR – Analista de Controle – Jurídica – 2016)</p><p>A respeito da interpretação das leis, julgue o item a seguir.</p><p>a) Pelo método sistemático, interpreta-se a norma a partir do ordenamento</p><p>jurídico de que esta seja parte, relacionando-a, direta ou indiretamente, com</p><p>outras de mesmo objeto.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Certo. Um dos critérios de interpretação das normas quanto ao meio ou</p><p>método é o sistemático (ou orgânico) em que a norma deve ser analisada em seu</p><p>conjunto e em consonância com as demais normas pertencentes a um sistema</p><p>jurídico.</p><p>QUESTÃO 50 (CESPE – TCE/PA – Auxiliar Técnico de Controle Externo –</p><p>Área Administrativa – 2016) Uma lei nova, oficialmente publicada, que regula</p><p>inteiramente assunto que antes era disciplinado por outra norma, nada</p><p>estabeleceu sobre a data de sua entrada em vigor e o seu prazo de vigência; foi</p><p>silente também quanto à revogação da lei mais antiga. Sessenta dias depois da</p><p>publicação oficial, um juiz recebeu um processo em que as partes discutiam um</p><p>contrato firmado anos antes, com base na lei antiga. Acerca dessa situação</p><p>hipotética, julgue os itens subsequentes, considerando as disposições da Lei de</p><p>Introdução às Normas do Direito Brasileiro.</p><p>a) Dispositivos da lei antiga que forem compatíveis com a lei nova ainda estarão</p><p>vigentes.</p><p>b) A lei nova entrou em vigor no dia de sua publicação oficial.</p><p>c) Há, nesse caso, conflito de leis no tempo e, para decidir qual delas será</p><p>aplicada ao contrato, o juiz deverá considerar a analogia, os costumes e os</p><p>princípios gerais do direito.</p><p>d) A lei nova vigorará até que outra a modifique ou revogue.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. Se a nova lei dispõe inteiramente o tema regulado na lei mais antiga,</p><p>ocorre hipótese de revogação tácita total. Art. 2°, §1°, LINDB: A lei posterior</p><p>revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela</p><p>incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei</p><p>anterior.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 91</p><p>b) Errado. Se a lei nova nada estabeleceu sobre a entrada em vigor ela entrará</p><p>em vigor 45 dias após sua publicação. Art. 1°, caput, LINDB: Salvo disposição</p><p>contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de</p><p>oficialmente publicada.</p><p>c) Errado. Um contrato foi firmado quando uma determinada lei estava em vigor,</p><p>sendo que tempos depois essa lei foi revogada por outra. Não é hipótese de</p><p>considerar a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito, pois esses</p><p>critérios se aplicam quando uma lei é omissa (o que não é o caso). Na realidade a</p><p>nova lei terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito</p><p>adquirido e a coisa julgada (art. 6°, LINDB). Portanto, a lei nova não pode atingir</p><p>os efeitos já produzidos no passado sob a vigência da lei revogada. A lei nova tem</p><p>efeito imediato e geral, atingindo somente os fatos pendentes e</p><p>os futuros realizados sob sua vigência, não abrangendo fatos pretéritos.</p><p>d) Certo. Art. 2°, caput, LINDB: Não se destinando à vigência temporária, a lei</p><p>terá vigor até que outra a modifique ou revogue.</p><p>QUESTÃO 51 (CESPE – TCE/SC – Auditor Fiscal de Controle Externo –</p><p>2016) Com relação à vigência das leis, julgue o item subsequente.</p><p>a) Caso determinada lei tivesse sido publicada no dia doze de fevereiro — sexta-</p><p>feira —, o prazo de vacatio legis começaria a fluir no dia quinze de fevereiro.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. Art. 8°, §1° da Lei Complementar n° 95/98 (com texto incluído pela</p><p>LC n° 107/2001): “A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que</p><p>estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da</p><p>publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua</p><p>consumação integral”. Portanto, o prazo de vacatio legis começaria a fluir a partir</p><p>do próprio dia 12 de fevereiro. Assim, ainda que se trade de uma sexta-feira, o</p><p>prazo inicial (e também o final) não seria prorrogado até o primeiro dia útil.</p><p>QUESTÃO 52 (CESPE – TCE/PA – Auditor de Controle Externo – Direito –</p><p>2016) A respeito da aplicação da lei civil julgue o item a seguir.</p><p>a) O fenômeno da ultratividade da norma jurídica é exceção à regra de que a</p><p>lei necessita estar vigente para ser aplicada.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Certo. Denomina-se atividade o fenômeno jurídico pelo qual a lei regula todas</p><p>as situações durante o seu período de vida; é a regra em nosso Direito. No</p><p>entanto, admite-se, por exceção, a extratividade, quando uma lei regula situações</p><p>fora do seu período de vigência. Ela abrange a retroatividade (a lei regula</p><p>situações que ocorreram antes do início de sua vigência) e a ultratividade (a lei</p><p>já foi revogada, mas continua sendo aplicada em relação aos fatos ocorridos</p><p>durante o seu período de vida).</p><p>QUESTÃO 53 (CESPE – TCE/PA – Auditor de Controle Externo – Direito –</p><p>2016) No que diz respeito às normas jurídicas, julgue o item a seguir.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 92</p><p>a) É possível que lei de vigência permanente deixe de ser aplicada em razão do</p><p>desuso, situação em que o ordenamento jurídico pátrio admite aplicação dos</p><p>costumes de forma contrária àquela prevista na lei revogada pelo desuso.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. A partir de sua vigência, a lei tem eficácia contínua, até que outra a</p><p>modifique ou revogue. A lei é norma primária, estando acima dos costumes. Estes</p><p>somente serão aplicados no caso de omissão legislativa. Art. 4°. LINDB: Quando</p><p>a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e</p><p>os princípios gerais de direito. Assim, o desuso ou o decurso de tempo, não fazem</p><p>com que a lei perca sua eficácia. O costume contra a lei tem gerado discussões na</p><p>doutrina, no entanto, a corrente majoritária maciça não o aceita.</p><p>QUESTÃO 54 (CESPE – TCE/PA – Auditor de Controle Externo –</p><p>Procuradoria – 2016) Considerando o disposto na Lei de Introdução às</p><p>Normas do Direito Brasileiro a respeito da vigência da norma jurídica, da</p><p>interpretação das leis e da eficácia da lei no espaço, julgue os itens a</p><p>seguir.</p><p>a) Na aplicação da lei, cabe ao juiz, a fim de criar uma norma individual,</p><p>interpretá-la buscando atender aos fins sociais a que ela se dirige e às</p><p>exigências do bem comum.</p><p>b) Em caso de lacuna normativa, a revogação de uma lei opera efeito</p><p>repristinatório automático.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Certo. Art. 5°, LINDB: “Na aplicação da lei o juiz atenderá aos fins sociais a</p><p>que ela se dirige e às exigências do bem comum”. Com isso ele cria uma norma</p><p>individual, que só vale para aquele caso concreto, pondo fim a um eventual</p><p>conflito.</p><p>b) Errado. Art. 2°, §3°, LINDB: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada</p><p>não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”. Assim ainda que a</p><p>revogação de determinada lei provoque uma lacuna normativa na nova regulação</p><p>geral da matéria, isso não legitima qualquer repristinação automática de norma</p><p>anteriormente revogada, uma vez que está dentro da autonomia do legislador</p><p>deixar um determinado assunto fora do âmbito da regulação jurídica, criando-se</p><p>uma “lacuna intencional”.</p><p>QUESTÃO 55 (CESPE – TRF/1ª Região – Técnico Judiciário – 2017) Acerca</p><p>da vigência, aplicação, interpretação e integração das leis bem como da</p><p>sua eficácia no tempo e no espaço, julgue os itens a seguir.</p><p>a) Admite-se o costume contra legem como instrumento de integração das</p><p>normas.</p><p>b) A lei do país em que a pessoa for domiciliada determina as regras sobre o</p><p>começo e o fim de sua personalidade.</p><p>c) A vigência das leis pode ocorrer de forma temporária ou por tempo</p><p>indeterminado.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 93</p><p>d) Derrogação é o fenômeno que ocorre quando há revogação total de uma lei.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. Existem três espécies de costumes: segundo a lei, na falta da lei e</p><p>contra a lei. Os costumes segundo a lei e na falta da lei são aceitos normalmente</p><p>pelo nosso Direito. Já o costume contra a lei tem gerado discussões na doutrina,</p><p>sendo que, para efeito de concursos adota-se a corrente majoritária que não</p><p>o aceita.</p><p>b) Certo. Art. 7°, LINDB: A lei do país em que domiciliada a pessoa determina</p><p>as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os</p><p>direitos de família.</p><p>c) Certo. Art. 2°, LINDB: Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor</p><p>até que outra a modifique ou revogue. Isso quer dizer que a lei de uma forma</p><p>geral possui vigência indeterminada (até que outra a revogue) ou que possui</p><p>vigência temporária (a própria lei determina um período que deve vigorar).</p><p>d) Errado. Derrogação é a revogação parcial da lei; ab-rogação é a revogação</p><p>total da lei.</p><p>QUESTÃO 56 (CESPE – PGM/Fortaleza – Procurador do Município – 2017)</p><p>A respeito da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue o</p><p>item a seguir.</p><p>a) Utiliza a analogia o juiz que estende a companheiro(a) a legitimidade para</p><p>ser curador conferida a cônjuge da pessoa ausente.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. Questão capciosa, pois faz o candidato confundir analogia com</p><p>interpretação extensiva. A analogia consiste na aplicação de dispositivos legais</p><p>relativos a outro caso distinto, porém semelhante, ante a ausência de normas que</p><p>regulem o caso concreto apresentado à apreciação jurisdicional. Daí se fala em</p><p>integração da norma jurídica. Já a interpretação extensiva decorre do próprio texto</p><p>de lei em análise, ampliando o alcance de suas palavras, a fim de atender à sua</p><p>finalidade. A questão trata da interpretação extensiva que se dá ao art. 25, CC,</p><p>sendo este o teor do Enunciado 97 das Jornadas de Direito Civil.</p><p>QUESTÃO 57 (CESPE – DPU – Defensor Público – 2017) De acordo com a</p><p>legislação de regência e o entendimento dos tribunais superiores, julgue</p><p>o próximo item.</p><p>a) Uma lei nova, ao revogar lei anterior que regulamentava determinada relação</p><p>jurídica, não poderá atingir o ato jurídico perfeito, o direito adquirido nem a</p><p>coisa julgada, salvo se houver determinação expressa para tanto.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>a) Errado. O respeito à coisa julgada, ao ato jurídico perfeito e ao direito adquirido</p><p>possui um viés constitucional. Em razão disso, as normas infraconstitucionais não</p><p>podem desobedecer tais princípios. A Constituição Federal e a LINDB não fazem</p><p>referência à ressalva “salvo se houver determinação expressa para tanto”, daí o</p><p>erro da afirmação. Art. 5°, XXXVI, CF/88: A lei não prejudicará o direito</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 94</p><p>adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Art. 6°, LINDB: A Lei em vigor</p><p>terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido</p><p>e a coisa julgada.</p><p>EXERCÍCIOS CESPE = MÚLTIPLA ESCOLHA</p><p>01) (CESPE – TJ/AM – Juiz de Direito – 2016) A respeito da eficácia da lei</p><p>no tempo e no espaço, assinale a opção correta conforme a LINDB.</p><p>(A) Para ser aplicada, a norma deverá estar vigente e, por isso, uma vez que ela</p><p>seja revogada, não será permitida a sua ultratividade.</p><p>(B) Tendo o ordenamento brasileiro optado pela adoção, quanto à eficácia</p><p>espacial da lei, do sistema da territorialidade moderada, é possível a aplicação</p><p>da lei brasileira dentro do território nacional e, excepcionalmente, fora, e vedada</p><p>a aplicação de lei estrangeira nos limites do Brasil.</p><p>(C) Quando a sucessão incidir sobre bens de estrangeiro residente, em vida, fora</p><p>do território nacional, aplicar-se-á a lei do país de domicílio do defunto, quando</p><p>esta for mais favorável ao cônjuge e aos filhos brasileiros, ainda que todos os</p><p>bens estejam localizados no Brasil.</p><p>(D) Não havendo disposição em contrário, o início da vigência de uma lei</p><p>coincidirá com a data da sua publicação.</p><p>(E) Quando a republicação de lei que ainda não entrou em vigor ocorrer tão</p><p>somente para correção de falhas de grafia constantes de seu texto, o prazo</p><p>da vacatio legis não sofrerá interrupção e deverá ser contado da data da primeira</p><p>publicação.</p><p>COMENTÁRIOS</p><p>A letra “a” está errada. De fato, para ser aplicada, a norma deverá estar vigente.</p><p>No entanto, é perfeitamente admissível a ultratividade da norma. Ultratividade é</p><p>a possibilidade da lei continuar sendo aplicada mesmo depois de sua revogação.</p><p>Isso é muito comum no Direito Penal, quando uma lei posterior prevê pena mais</p><p>grave a fato criminoso, revogando a lei anterior que punia de forma mais branda.</p><p>Se o fato ocorreu durante a vigência da lei mais branda, ainda que o julgamento</p><p>se dê na vigência da lei nova, a lei a ser aplicada é a anterior (mais branda). A</p><p>letra “b” está errada. De fato, o Brasil acolheu o sistema da territorialidade</p><p>temperada (moderada ou mitigada). No entanto, leis e sentenças estrangeiras</p><p>podem ser aplicadas no Brasil, observadas as seguintes regras: a) não se aplicam</p><p>leis, sentenças ou atos estrangeiros no Brasil quando ofenderem a soberania</p><p>nacional, a ordem pública e os bons costumes (art. 15, LINDB); b) não se cumprirá</p><p>sentença estrangeira no Brasil sem o devido exequatur (ou seja, o “cumpra-se”),</p><p>que é a permissão</p><p>dada pelo Superior Tribunal de Justiça para que esta</p><p>sentença produza seus efeitos. Observem que o art. 15, alínea “e” da LINDB</p><p>menciona Supremo Tribunal Federal. No entanto o art. 105, inciso I, letra “i” da</p><p>CF/88 (Emenda n° 45/04) alterou a competência desta homologação para o</p><p>Superior Tribunal de Justiça. A letra “c” está correta nos termos do art. 10,</p><p>LINDB: A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que</p><p>domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 95</p><p>dos bens. §1° A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada</p><p>pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os</p><p>represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. A</p><p>letra “d” está errada. Não havendo disposição em contrário, o início da vigência</p><p>de uma lei ocorrerá 45 dias depois de oficialmente publicada (art. 1°, caput,</p><p>LINDB). A letra “e” está errada. Quando houver a republicação de lei que ainda</p><p>não entrou em vigor somente para correção de falhas de grafia constantes de seu</p><p>texto, o prazo da vacatio legis começara a correr a partir da nova publicação (art.</p><p>1°, §3°, LINDB). Gabarito: “C”.</p><p>02) (CESPE/CEBRASPE – TRF/5ª Região – Juiz Federal – 2015) Se, ao</p><p>interpretar a lei, o magistrado concluir que a impenhorabilidade do bem</p><p>de família deve resguardar o sentido amplo da entidade familiar,</p><p>abrangendo, além dos imóveis do casal, também os imóveis pertencentes</p><p>a pessoas solteiras, separadas e viúvas, ainda que estas não estejam</p><p>citadas expressamente no texto legal, essa interpretação, no que se</p><p>refere aos meios de interpretação, será classificada como</p><p>(A) sistemática.</p><p>(B) histórica.</p><p>(C) jurisprudencial.</p><p>(D) teleológica.</p><p>(E) lógica.</p><p>COMENTÁRIOS. Na realidade o magistrado ao aplicar o benefício da</p><p>impenhorabilidade do bem de família, não só à entidade familiar (texto legal), mas</p><p>também em relação às pessoas solteiras, separadas e viúvas, está dando um</p><p>sentido mais abrangente à lei. Portanto estaria aplicando a interpretação</p><p>extensiva. No entanto não há esta alternativa. Da mesma forma o magistrado, ao</p><p>dar aquela interpretação, está adaptando a finalidade da norma às novas</p><p>exigências sociais. A LINDB retrata bem essa situação em seu art. 5°: “Na</p><p>aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências</p><p>do bem comum”. Por esse dispositivo o Juiz buscar o real sentido da lei e não se</p><p>ater a um texto frio e literal da lei. Deve ele aplicar o que for mais justo, o que</p><p>atende melhor ao bem comum. Trata-se, portanto, da interpretação teleológica</p><p>(também chamada de sociológica ou finalística), que busca o fim (telos) da norma.</p><p>Gabarito: “D”.</p><p>03) (PGR – Procurador da República – 2013) Relativamente às expressões</p><p>ius cogens e ius dispositivum:</p><p>(A) referem-se a uma distinção já superada nos tempos atuais.</p><p>(B) dizem respeito às regras imperativas e às permissivas.</p><p>(C) as partes sempre podem convencionar em contrário.</p><p>(D) a maioria das normas jurídicas não se enquadra nesses conceitos.</p><p>COMENTÁRIOS. Ius cogens significa “direito cogente”; refere-se às normas</p><p>cogentes, ou seja, impositivas, de aplicação e obediência obrigatória. A título de</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 96</p><p>exemplo o art. 53 da Convenção de Viena de 1969 que versa sobre o Direito dos</p><p>Tratados, assim estabelece: “A norma do jus cogens é aquela norma imperativa</p><p>de Direito Internacional, aceita e reconhecida pela sociedade internacional em sua</p><p>totalidade como uma norma cuja derrogação é proibida e só pode sofrer</p><p>modificação por meio de outra norma da mesma natureza”. A doutrina costuma</p><p>citar como exemplo de ius cogens, a Declaração Universal dos Direitos Humanos,</p><p>da ONU, de 1948, que apesar de não ser uma norma formalmente cogente, já que</p><p>não é um tratado, possui obrigatoriedade material, uma vez que foi votada na</p><p>assembleia geral das Nações Unidas. Ius dispositivum significa direito</p><p>dispositivo, que admite uma autonomia de vontade dos particulares, ou seja, suas</p><p>regras podem ser postas de lado ou modificadas pela vontade das partes.</p><p>Gabarito: “B”.</p><p>04) (CESPE/UnB – TRT/8ª Região/PA/AP – Analista Judiciário – 2013)</p><p>No que se refere à Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro,</p><p>assinale a opção CORRETA.</p><p>(A) caso não encontre nenhuma norma aplicável ao caso posto em juízo, o juiz</p><p>deverá utilizar a interpretação sistemática.</p><p>(B) não é dado ao legislador, para suprir alguma ambiguidade da norma,</p><p>interpretar a lei depois de publicada no órgão oficial.</p><p>(C) a lei nova se aplica aos casos pendentes e aos futuros, porquanto o nosso</p><p>direito não admite a retroatividade da norma.</p><p>(D) como regra, não se admite a restauração da lei revogada pelo fato de a lei</p><p>revogadora ter perdido a sua vigência.</p><p>(E) se, durante a vacatio legis, ocorrer nova publicação do texto legal apenas</p><p>para correção de erro ortográfico, o prazo da obrigatoriedade não será alterado.</p><p>COMENTÁRIOS. A letra "a" está errada, pois caso o juiz não encontra nenhuma</p><p>norma aplicável ao caso concreto, deverá decidir de acordo com a analogia, os</p><p>costumes e os princípios gerais de direito, nos termos do art. 4° LINDB. A letra</p><p>"b" está errada. Aparecendo uma ambiguidade no texto, má redação, imperfeição</p><p>ou falta de técnica, haverá a atuação do intérprete, para pesquisar o verdadeiro</p><p>sentido que o legislador quis estatuir. Surge então a hermenêutica, que é a teoria</p><p>científica da arte de interpretar: descobrir o sentido da norma jurídica e fixar o</p><p>seu alcance. Faço apenas a ressalva que a questão poderia ficar mais elaborada</p><p>se dissesse ao julgador (e não ao legislador). A letra "c" está errada. De fato, a lei</p><p>nova se aplica aos casos pendentes e aos futuros. No entanto nosso direito admite</p><p>a retroatividade da norma como exceção, desde que não ofenda ao direito</p><p>adquirido, ao ato jurídico perfeito e à coisa julgada. A letra “d” está correta nos</p><p>termos do art. 2°, §3° da LINDB: Salvo disposição em contrário, a lei revogada</p><p>não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência (não se admite a</p><p>repristinação automática). A letra "e" está errada, pois se durante a vacatio legis</p><p>ocorrer nova publicação do texto, ainda que seja apenas para correção de erro</p><p>ortográfico, o prazo de vacatio começará a correr da nova publicação (art. 1°, §3°,</p><p>LINDB). Gabarito: “D”.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 97</p><p>05) (CESPE/UNB – TJ/AL – Analista Judiciário – 2012) Assinale a opção</p><p>CORRETA de acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro (LINDB).</p><p>(A) correções de texto de lei já em vigor não se consideram lei nova.</p><p>(B) de acordo com o princípio da obrigatoriedade, a lei que não se destina a viger</p><p>apenas temporariamente, vigorará até que outra a modifique ou revogue.</p><p>(C) a LINDB prevê expressamente, no caso de a lei ser omissa, o emprego da</p><p>equidade, da analogia, dos costumes e dos princípios gerais do direito pelo juiz</p><p>incumbido de decidir a respeito do caso concreto.</p><p>(D) a analogia não pode ser utilizada para se proceder à colmatação de lacunas.</p><p>(E) denomina-se caso julgado a decisão judicial da qual não caiba mais recurso.</p><p>COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada nos termos do art. 1°, §4°, LINDB. A</p><p>letra “b” está errada, pois o enunciado, previsto no art. 2°, caput, LINDB, diz</p><p>respeito ao princípio da temporariedade (e não da obrigatoriedade, previsto no</p><p>art. 3°, LINDB). A letra “c” está errada,</p><p>pois a LINDB não prevê expressamente o</p><p>uso da equidade como forma de integração da norma jurídica. A letra “d” está</p><p>errada, pois a analogia é usada para colmatação de lacunas (colmatar,</p><p>genericamente, significa tapar fendas ou brechas, suprir). A letra “e” está correta.</p><p>Caso julgado ou coisa julgada (termo este usado no art. 6°, §3°, LINDB), decorre</p><p>do princípio da segurança jurídica e significa que a decisão proferida não é mais</p><p>passível de revisão, ou seja, não cabe mais recurso. Lembrando que em casos</p><p>especiais, ainda é cabível a ação rescisória. Gabarito: “E”.</p><p>06) (CESPE/UNB – TRE/MS – Analista Judiciário – 2013) Assinale a opção</p><p>CORRETA de acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro — Decreto-Lei n° 4.657/1942.</p><p>(A) direito adquirido é o direito material ou imaterial já incorporado ao patrimônio</p><p>de uma pessoa.</p><p>(B) ao aplicar a lei, o magistrado poderá optar entre atender ou não às exigências</p><p>do bem comum.</p><p>(C) a lei do país em que a pessoa for domiciliada é que determina a regra sobre</p><p>os direitos de família; dessa forma, caso um muçulmano domiciliado no Iraque</p><p>venha ao Brasil para se casar com três mulheres poderá ser celebrado o</p><p>casamento civil entre ele e suas três esposas.</p><p>(D) vacatio legis é o espaço de tempo entre a data da promulgação e a entrada</p><p>em vigor da lei.</p><p>(E) ab-rogação e derrogação designam, respectivamente, a revogação parcial e</p><p>a revogação total de uma norma.</p><p>COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 6°, §2°, LINDB. A</p><p>letra “b” está errada, pois nos termos do art. 5°, LINDB, na aplicação da lei, o juiz</p><p>atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. A</p><p>letra “c” está errada. Muito embora o caput do art. 7°, LINDB afirme que a lei do</p><p>País em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre os direitos de</p><p>família, o §1° deste dispositivo é específico no sentido de que “realizando-se o</p><p>casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 98</p><p>dirimentes e às formalidades da celebração”. Aqui no Brasil vigora a regra da</p><p>monogamia. Portanto, mesmo que seu País de origem permita o casamento com</p><p>três mulheres, no Brasil não se admite tal permissivo. Conselho que dou para esta</p><p>pessoa: escolha bem a mulher com quem deseja se casar primeiro... assim</p><p>fazendo, já estará casado e não poderá se casar novamente, pois um dos</p><p>impedimentos matrimoniais absolutos é o fato de já estar casado (art. 1.521, CC:</p><p>Não podem se casar (...) VI. as pessoas casadas). A letra “d” está errada, pois</p><p>vacatio legis é o espaço de tempo entre a data da publicação e a entrada em vigor</p><p>da lei (art. 1°, caput, LINDB). A letra “e” está errada, pois a situação é exatamente</p><p>a inversa. Gabarito: “A”.</p><p>07) (CESPE/UnB – TJ/ES – Titular de Serviços de Notas e Registro – 2013)</p><p>No que se refere à aplicação da lei estrangeira, assinale a opção CORRETA.</p><p>(A) a lei do lugar de domicílio do estrangeiro se aplica aos bens móveis que o</p><p>proprietário tiver consigo ou que se destinarem ao transporte para outros</p><p>lugares.</p><p>(B) a regra do estatuto pessoal é inaplicável às pessoas jurídicas.</p><p>(C) aplica-se a lei do domicílio do proprietário às relações de posse sobre bens</p><p>imóveis.</p><p>(D) a regra do estatuto pessoal define que a norma legal do lugar de nascimento</p><p>do estrangeiro será observada quanto ao começo e ao fim da personalidade, ao</p><p>nome, à capacidade e aos direitos de família.</p><p>(E) o direito internacional público regula a matéria atinente à aplicação de lei</p><p>estrangeira.</p><p>COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta, pois corresponde à transcrição literal do</p><p>art. 8°, §1°, LINDB. A letra “b” está errada, pois a regra do estatuto pessoal aplica-</p><p>se, no que couber, às pessoas jurídicas. A letra “c” está errada, pois como vimos</p><p>na letra “a” essa regra se refere aos bens móveis. Em relação aos demais bens</p><p>aplica-se o art. 8°, caput, LINDB: “Para qualificar os bens e regular as relações a</p><p>eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados”. A letra</p><p>“d” está errada, pois determina o art. 7°, LINDB, a lei do país em que domiciliada</p><p>(e não o seu nascimento) a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim</p><p>da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. A letra “e” está</p><p>errada, pois é o direito internacional público ou privado que regula a matéria</p><p>referente à aplicação de lei estrangeira. Gabarito: “A”.</p><p>08) (CESPE – TRE/RS – Analista Judiciário – 2015) Com base na Lei de</p><p>Introdução às Normas de Direito Brasileiro, assinale a opção correta.</p><p>(A) Sempre que uma lei for revogada por outra lei, e a lei revogadora também</p><p>for revogada, a lei inicialmente revogada volta a ter vigência, em um instituto</p><p>jurídico denominado de ultratividade da lei.</p><p>(B) Haverá repristinação quando uma norma revogada, mesmo tendo perdido a</p><p>sua vigência, for aplicada para reger situações ocorridas à época de sua vigência.</p><p>(C) Denomina-se vacatio legis o espaço de tempo compreendido entre a data da</p><p>publicação da lei e a data da sua revogação.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 99</p><p>(D) Uma norma jurídica pode ser expressa ou tacitamente revogada. Diz-se que</p><p>há revogação expressa quando a lei nova declarar, em seu texto, o conteúdo da</p><p>lei anterior que pretende revogar, enquanto que a revogação tácita ocorre</p><p>sempre que houver incompatibilidade entre a lei nova e a antiga, pelo fato de a</p><p>lei nova regular a matéria tratada pela anterior.</p><p>(E) Segundo a legislação vigente, a norma jurídica tem vigência por tempo</p><p>indeterminado e vigora até que seja revogada por outra lei. O ordenamento</p><p>jurídico brasileiro não reconhece norma com vigência temporária.</p><p>COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Segundo o art. 2°, §3°, LINDB: Salvo</p><p>disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora</p><p>perdido a vigência. O nome desse instituto é repristinação. A letra “b” está errada.</p><p>Chamamos atividade quando uma a lei regula todas as situações durante o seu</p><p>período de vida (vigência); é a regra em nosso Direito. Já extra-atividade ocorre</p><p>quando uma lei regula situações fora do seu período de vigência. Possui duas</p><p>espécies: a) retroatividade: a lei regula situações que ocorreram antes do início</p><p>de sua vigência; b) ultra-atividade: a lei foi revogada, mas continua sendo aplicada</p><p>em relação aos fatos ocorridos durante o seu período de vida (esta é a hipótese</p><p>da questão). A letra “c” está errada. Vacatio legis é o espaço compreendido entre</p><p>a publicação da lei e sua entrada em vigor. A letra “d” está certa. Trata-se de uma</p><p>correta definição de revogação expressa e tácita (art. 2°, §1°, LINDB). A letra “e”</p><p>está errada. De fato, uma norma jurídica tem vigência por tempo indeterminado</p><p>e vigora até que seja revogada por outra lei. No entanto nosso ordenamento</p><p>jurídico reconhece norma com vigência temporária. Art. 2°, caput, LINDB: Não se</p><p>destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou</p><p>revogue. Gabarito: “D”.</p><p>09) (CESPE – TRE/PI – Analista Judiciário – 2016) O aplicador do direito,</p><p>ao estender o preceito legal aos casos não compreendidos em seu</p><p>dispositivo, vale-se da</p><p>(A) interpretação teleológica.</p><p>(B) socialidade da lei.</p><p>(C) interpretação extensiva.</p><p>(D) analogia.</p><p>(E) interpretação sistemática.</p><p>COMENTÁRIOS. O ponto principal que o examinador traz à baila é a diferença</p><p>entre interpretação (seja a modalidade que for) e analogia. A interpretação</p><p>decorre da busca do sentido de um texto legal existente; não há criação de norma,</p><p>mas uma pesquisa sobre sua extensão. Já a analogia é empregada na ausência de</p><p>texto legal específico; ela</p><p>faz incidir uma lei em uma hipótese por ela não prevista.</p><p>Como na questão deseja-se estender o preceito legal de uma norma a casos</p><p>não compreendidos em seu dispositivo, estamos diante da analogia. Gabarito:</p><p>“D”.</p><p>10) (CESPE – TCE/PR – AUDITOR – 2016) Em relação à Lei de Introdução</p><p>às Normas do Direito Brasileiro, assinale a opção correta.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 100</p><p>(A) Em regra, aceita-se o fenômeno da repristinação no ordenamento jurídico</p><p>brasileiro.</p><p>(B) Celebrado contrato no período de vigência de determinada lei, qualquer dos</p><p>contratantes poderá invocar a aplicação de lei posterior que lhes for mais</p><p>benéfica.</p><p>(C) Não se admite no ordenamento jurídico pátrio a chamada integração</p><p>normativa, ainda que para preencher eventuais lacunas do ordenamento.</p><p>(D) Publicada lei para corrigir texto de lei publicado com incorreção, não haverá</p><p>novo prazo de vacatio legis, se a publicação ocorrer antes da data em que a lei</p><p>corrigida entraria em vigor.</p><p>(E) A autoridade judiciária brasileira tem competência exclusiva para o</p><p>conhecimento de ações que discutam a validade de hipoteca que recai sobre bens</p><p>imóveis situados no Brasil, ainda que as partes residam em país estrangeiro.</p><p>COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois em regra não se aceita a</p><p>repristinação. Art. 2°, §3°, LINDB: Salvo disposição em contrário, a lei revogada</p><p>não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. A letra “b” está errada.</p><p>No Brasil vigora a regra da irretroatividade das leis, especialmente no Direito Civil</p><p>(art. 5°, XXXVI, CF/88 e art. 6°, LINDB). Assim, celebrado um contrato no período</p><p>de vigência de determinada lei, as partes têm direito à aplicação da norma que</p><p>dirigiu a sua formação, não podendo um dos contratantes invocar a aplicação de</p><p>uma lei nova, sob o argumento de “ser-lhe mais benéfica”. Até porque essa lei</p><p>nova poderá ser prejudicial aos interesses da outra parte. A regra da</p><p>retroatividade de lei mais benéfica pode ser aplicada no Direito Penal, mas não no</p><p>Direito Civil. Isso porque quando dois particulares litigam cada um pretende</p><p>preservar seu próprio interesse pessoal. A letra “c” está errada, pois a integração</p><p>normativa é aceita em nosso ordenamento. A propósito, estabelece o art. 4°,</p><p>LINDB: Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,</p><p>os costumes e os princípios gerais de direito. A letra “d” está errada. Art. 1°, §3°,</p><p>LINDB: Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto,</p><p>destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará</p><p>a correr da nova publicação. A letra “e” está correta. Se o imóvel está situado no</p><p>Brasil, pouco importa que as partes residam no exterior. A esse respeito,</p><p>estabelece o art. 12, §1°, LINDB: Só à autoridade judiciária brasileira compete</p><p>conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil. Gabarito: “E”.</p><p>11) (CESPE – TRT/8ª Região/PA/AP – Analista Judiciário – 2016)</p><p>Assinale a opção correta, em relação à classificação e à eficácia das leis</p><p>no tempo e no espaço.</p><p>(A) Quanto à eficácia da lei no espaço, no Brasil se adota o princípio da</p><p>territorialidade moderada, que permite, em alguns casos, que lei estrangeira seja</p><p>aplicada dentro de território brasileiro.</p><p>(B) De acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB),</p><p>em regra, a lei revogada é restaurada quando a lei revogadora perde a vigência.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 101</p><p>(C) Por ser o direito civil ramo do direito privado, impera o princípio da autonomia</p><p>de vontade, de forma que as partes podem, de comum acordo, afastar a</p><p>imperatividade das leis denominadas cogentes.</p><p>(D) A lei entra em vigor somente depois de transcorrido o prazo da vacatio legis,</p><p>e não com sua publicação em órgão oficial.</p><p>(E) Dado o princípio da continuidade, a lei terá vigência enquanto outra não a</p><p>modificar ou revogar, podendo a revogação ocorrer pela derrogação, que é a</p><p>supressão integral da lei, ou pela ab-rogação, quando a supressão é apenas</p><p>parcial.</p><p>COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta. O Brasil adotou a teoria da</p><p>territorialidade moderada (mitigada ou temperada), segundo a qual leis e</p><p>sentenças estrangeiras podem ser aplicadas em nosso território, desde que</p><p>observadas algumas regras (vide arts. 15 e 17 LINDB). A letra “b” está errada.</p><p>Art. 2° §3°, LINDB: Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura</p><p>por ter a lei revogadora perdido a vigência. A letra “c” está errada. De fato, o</p><p>Direito Civil é um ramo do Direito Privado, onde predominam regras dispositivas,</p><p>prevalecendo o princípio da autonomia privada. No entanto, até mesmo o Direito</p><p>Civil possui normas de ordem públicas, imperativas ou cogentes. E sempre que</p><p>houver conflitos entre os interesses públicos e particulares, prevalecem os</p><p>primeiros (respeitados, evidentemente, os direitos e garantias fundamentais</p><p>constitucionais), uma vez que aqueles representam os interesses da coletividade</p><p>(estatais e sociais). Assim, ainda que as partes estejam de comum acordo, essa</p><p>vontade não pode afastar a imperatividade das chamadas normas cogentes. A</p><p>letra “d” está errada. Estabelece o art. 1°, caput, LINDB: Salvo disposição</p><p>contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de</p><p>oficialmente publicada. Assim, de forma contrária a afirmação, é possível que uma</p><p>lei entre em vigor na data de sua publicação em órgão oficial, desde que haja</p><p>previsão expressa neste sentido no texto da lei (o erro da afirmação está na</p><p>expressão “somente”). A letra “e” está errada. De fato, de acordo com o art. 2°,</p><p>LINDB, não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a</p><p>modifique ou revogue. No entanto ocorreu uma inversão nos conceitos. Ab-</p><p>rogação é a supressão integral, e derrogação é a supressão parcial da lei.</p><p>Gabarito: “A”.</p><p>12) (CESPE – TRT/7ª Região/CE – Analista Judiciário – 2017) Conforme</p><p>a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro,</p><p>(A) como regra, a lei revogada se restaura quando a lei revogadora perde sua</p><p>vigência, instituto conhecido como repristinação.</p><p>(B) quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os</p><p>costumes e os princípios gerais de direito.</p><p>(C) as correções a texto de lei já em vigor não são consideradas lei nova.</p><p>(D) toda lei entra em vigor no país quarenta e cinco dias depois de oficialmente</p><p>publicada, sem exceção.</p><p>COMENTÁRIOS. Letra A, incorreta. Art. 1°, §3°, LINDB: Salvo disposição em</p><p>contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 102</p><p>vigência. Letra B, correta nos termos do art. 4°, LINDB: Quando a lei for omissa,</p><p>o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais</p><p>de direito. Letra C, incorreta. Art. 1°, §4°, LINDB: As correções a texto de lei já</p><p>em vigor consideram-se lei nova. Letra D, incorreta. Art. 1°, caput, LINDB:</p><p>Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e</p><p>cinco dias depois de oficialmente publicada. Gabarito: “B”.</p><p>13) (CESPE – TRF/5ª Região – Juiz Federal – 2017) A continuidade de</p><p>aplicação de lei já revogada às relações jurídicas civis consolidadas</p><p>durante a sua vigência caracteriza</p><p>(A) a aplicação do princípio da segurança jurídica.</p><p>(B) a ultratividade da norma.</p><p>(C) a repristinação da norma.</p><p>(D) o princípio da continuidade normativa.</p><p>(E) a supremacia da lei revogada.</p><p>COMENTÁRIOS. Na ultratividade uma lei</p><p>anterior (foi revogada) mas continua</p><p>sendo aplicada em relação aos fatos ocorridos durante o seu período de vida (ou</p><p>seja, antes de ter sido revogada). Trata-se de uma hipótese de eficácia sem</p><p>vigência. Exemplo: um crime foi praticado durante a vigência de uma lei, sendo</p><p>que outra lei (mais severa) foi editada logo a seguir. Nesse caso a lei revogada</p><p>age em caráter ultrativo, pois, embora revogada, continua a ser aplicada para os</p><p>crimes que foram praticados durante a sua vigência, pois é mais benéfica ao réu.</p><p>Gabarito: “B”.</p><p>14) (CESPE – PC/GO – Delegado de Polícia Civil – 2017) A Lei n.º</p><p>XX/XXXX, composta por quinze artigos, elaborada pelo Congresso</p><p>Nacional, foi sancionada, promulgada e publicada. A respeito dessa</p><p>situação, assinale a opção correta, de acordo com a Lei de Introdução às</p><p>Normas do Direito Brasileiro.</p><p>(A) Se algum dos artigos da lei sofrer alteração antes de ela entrar em vigor,</p><p>será contado um novo período de vacância para o dispositivo alterado.</p><p>(B) Caso essa lei tenha revogado dispositivo da legislação anterior,</p><p>automaticamente ocorrerá o efeito repristinatório se nela não houver disposição</p><p>em contrário.</p><p>(C) A lei irá revogar a legislação anterior caso estabeleça disposições gerais sobre</p><p>assunto tratado nessa legislação.</p><p>(D) Não havendo referência ao período de vacância, a nova lei entra em vigor</p><p>imediatamente, sendo eventuais correções em seu texto consideradas nova lei.</p><p>(E) Não havendo referência ao período de vacância, a lei entrará em vigor, em</p><p>todo o território nacional, três meses após sua publicação.</p><p>COMENTÁRIOS. Letra A, correta. Art. 1°, §3°, LINDB: Se, antes de entrar a lei</p><p>em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo</p><p>deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.</p><p>Letra B, incorreta. A repristinação somente ocorre se for expressa na nova lei,</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 103</p><p>não sendo automático, como mencionado na afirmação. Art. 2°, §3°, LINDB: Salvo</p><p>disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora</p><p>perdido a vigência. Letra C, incorreta. Art. 2°, §2°, LINDB: A lei nova, que</p><p>estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem</p><p>modifica a lei anterior. Letra D, incorreta. Caso a lei não estipule em seu texto</p><p>qual o período de vacância, este será de 45 dias, conforme a regra do art. 1°,</p><p>LINDB: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta</p><p>e cinco dias depois de oficialmente publicada”. Além disso, se houver correção do</p><p>texto antes da norma entrar em vigor o prazo da vacância começará a correr da</p><p>data da nova publicação; se a lei já estava em vigor (o que não é a hipótese da</p><p>questão), aí, sim, considera-se lei nova. Letra E, incorreta. Como já mencionado,</p><p>não havendo referência ao período de vacância a lei nova entra em vigor no</p><p>território brasileiro após 45 dias de sua publicação; já no estrangeiro o prazo é de</p><p>três meses. Art. 1°, §1°, LINDB: Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da</p><p>lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente</p><p>publicada. Gabarito: “A”.</p><p>15) (CESPE – TRE/TO – Analista Judiciário – 2017) De acordo com a Lei</p><p>de Introdução às Normas do Direito Brasileiro,</p><p>(A) o princípio da obrigatoriedade das leis é incompatível com o instituto do erro</p><p>de direito.</p><p>(B) em relação à eficácia da lei no tempo, a retroatividade de uma lei no</p><p>ordenamento jurídico será máxima.</p><p>(C) adota-se, quanto à eficácia da lei no espaço, o princípio da territorialidade</p><p>mitigada.</p><p>(D) em caso de omissão da lei, o juiz decidirá o caso de acordo com as regras de</p><p>experiência.</p><p>(E) será admitida correção de texto legal apenas antes de a lei entrar em vigor.</p><p>COMENTÁRIOS. Letra A, incorreta. De fato, a Lei de Introdução estabelece em</p><p>seu art. 3° que “publicada a lei, ninguém se escusa de cumpri-la alegando que</p><p>não a conhece”. Portanto, ficou consagrado o princípio da obrigatoriedade das leis,</p><p>visando garantir estabilidade e eficácia ao sistema jurídico. No entanto essa regra</p><p>não é absoluta. O erro de direito (falso conhecimento, ignorância ou interpretação</p><p>errônea do teor da norma jurídica) pode ser invocado, por expressa disposição do</p><p>art. 139, III, CC, em situações especiais, e desde que não haja intenção de furtar-</p><p>se ao cumprimento da lei. Letra B, incorreta. A regra em nosso Direito é a</p><p>inadmissibilidade da retroatividade das leis, seja ela mínima, média ou máxima.</p><p>No entanto admite-se a retroatividade desde que seja de ordem constitucional e</p><p>prevista expressamente no texto legal. Letra C, correta. Quanto ao tema eficácia</p><p>das lei no espaço, o Brasil adotou a teoria da territorialidade moderada (também</p><p>chamada de temperada ou mitigada), uma vez que leis e sentenças estrangeiras</p><p>podem ser aplicadas no Brasil, desde que observadas regras específicas para</p><p>tanto. Letra D, incorreta. Prevê o art. 4°, LINDB: quando a lei for omissa, o juiz</p><p>decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de</p><p>direito (nada se menciona quanto as regras de experiência). Letra E, incorreta.</p><p>As correções de texto legal são admitidas antes e durante a vigência de uma lei.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 104</p><p>A diferença é que se a ocorrer antes de entrar em vigor (estava em vacatio legis)</p><p>trata-se da mesma norma. E se ocorrer após entrar em vigor trata-se de uma</p><p>nova lei. Art. 1°, §3° Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação</p><p>de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos</p><p>anteriores começará a correr da nova publicação. §4° As correções a texto de lei</p><p>já em vigor consideram-se lei nova. Gabarito: “C”.</p><p>16) (CESPE – PGE/SE – Procurador do Estado – 2017) A adaptação de lei,</p><p>por um intérprete, às exigências atuais e concretas da sociedade</p><p>configura interpretação</p><p>(A) histórica.</p><p>(B) sistemática.</p><p>(C) sociológica.</p><p>(D) analógica.</p><p>(E) autêntica.</p><p>COMENTÁRIOS. Letra A, incorreta. A interpretação histórica busca analisar o</p><p>momento em que a lei foi produzida, recorrendo aos precedentes normativos e</p><p>aos trabalhos preparatórios, que antecederam a aprovação da lei; tenta encontrar</p><p>o significado das palavras no contexto de criação da norma. Letra B, incorreta. A</p><p>interpretação sistemática, por sua vez, analisa normas jurídicas entre si; tenta</p><p>compreender a norma como parte integrante do sistema normativo. Letra C,</p><p>correta. A interpretação sociológica (ou teleológica) tenta verificar a</p><p>contemporaneidade da lei, coadunando a norma aos costumes e valores atuais da</p><p>sociedade. Nesse sentido, dispõe o art. 5°, LINDB. Na aplicação da lei, o juiz</p><p>atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. Letra</p><p>D, incorreta. Na interpretação analógica o intérprete analisa elemento</p><p>semelhante àquela contido na norma. Não se deve confundir com analogia. A</p><p>primeira é forma de interpretação; a segunda é integração (quando o assunto não</p><p>é regulado por lei). A interpretação analógica, somente será utilizada, quando a</p><p>própria lei permitir. Exemplo trazido por Tourinho Filho quando o art. 61, II, c, do</p><p>CP fala em “à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro</p><p>recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido”. Pergunta-se:</p><p>que "outro recurso" poderia ser este? Evidentemente deve ser um “recurso”</p><p>semelhante, análogo à emboscada, à traição, à dissimulação, de molde a dificultar</p><p>ou tornar impossível a defesa do ofendido. Letra E, incorreta. A interpretação</p><p>autêntica ocorre quando o próprio legislador declara o sentido e alcance de um</p><p>texto. Um exemplo muito citado é o</p><p>art. 327 do Código Penal, em que o próprio</p><p>legislador interpreta o sentido da expressão “funcionário público para efeitos</p><p>penais”. Gabarito: “C”.</p><p>LISTA DE EXERCÍCIOS SEM COMENTÁRIOS</p><p>CESPE = CERTO ou ERRADO</p><p>QUESTÃO 01 (CESPE – TJ/PB – Juiz Leigo – 2013) Julgue o item a seguir.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 105</p><p>a) A lei, fonte primária do direito brasileiro, é genérica, imperativa, permanente e</p><p>autorizante.</p><p>QUESTÃO 02 (CESPE/UnB – TJ/RR – Titular de Serviços de Notas e</p><p>Registro – 2013) Em relação à Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro, julgue o item a seguir.</p><p>a) A antiga Lei de Introdução ao Código Civil (LICC) mudou de nome, passando a</p><p>denominar-se Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB). Em que</p><p>pese tal aspecto, esse diploma normativo continua sendo um apêndice do Código</p><p>Civil de 2002.</p><p>QUESTÃO 03 (CESPE/UnB – TRE/BA – Analista Judiciário – 2013)</p><p>Considerando a Lei de Introdução ao Código Civil (Decreto-Lei n°</p><p>4.657/1942) e a vigência das leis no tempo e no espaço, julgue os itens</p><p>a seguir.</p><p>a) A LICC foi revogada pelo Código Civil de 2002.</p><p>b) A lei anterior, expressamente revogada pela edição de nova lei, tem sua</p><p>vigência automaticamente restaurada em caso de revogação da lei que a revogou.</p><p>QUESTÃO 04 (CESPE/UnB – TJ/SE – Técnico Judiciário – Direito – 2014)</p><p>No que se refere aos dispositivos da Lei de Introdução às normas do</p><p>Direito Brasileiro e à vigência, aplicação, interpretação e integração das</p><p>leis, julgue os seguintes itens.</p><p>a) A Lei Federal n° 12.376/2010 renomeou a Lei de Introdução ao Código Civil</p><p>para Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, mas não fez quaisquer</p><p>alterações relativas às normas de interpretação, vigência e aplicação das leis.</p><p>b) Conforme previsão expressa da Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro, nas hipóteses de omissão legislativa, serão aplicados a analogia, os</p><p>costumes, a equidade e os princípios gerais de direito.</p><p>c) A interpretação teleológica consiste na análise da norma de forma contextual,</p><p>com a comparação entre os dispositivos do próprio texto legal e outros diplomas</p><p>normativos.</p><p>QUESTÃO 05 (CESPE – TCU – Auditor Federal de Controle Externo – 2015)</p><p>A respeito do disposto na Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro, julgue o seguinte item.</p><p>a) A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro prevê, em ordem</p><p>preferencial e taxativa, como métodos de integração do direito, a analogia, os</p><p>costumes e os princípios gerais do direito.</p><p>QUESTÃO 06 (CESPE/UnB – Delegado de Polícia do Estado de Alagoas –</p><p>2012) Com base no que dispõe a Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro (LINDB), julgue os itens subsecutivos.</p><p>a) A LINDB é considerada uma lex legum, ou seja, uma norma de sobredireito.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 106</p><p>b) Duas são as hipóteses em que cabe a repristinação: quando houver previsão</p><p>expressa na norma jurídica ou quando decorrer de declaração de</p><p>inconstitucionalidade da lei (efeito repristinatório).</p><p>c) A teoria da territorialidade temperada foi adotada pelo direito brasileiro.</p><p>QUESTÃO 07 (CESPE/UnB – Governo do Estado do Espírito Santo –</p><p>Analista do Executivo – Direito – 2013) Lei n° 12.602, de 3 de abril de 2012.</p><p>Institui a Semana e o Dia Nacional da Educação Infantil. A PRESIDENTA DA</p><p>REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte</p><p>Lei:</p><p>Art. 1° É instituída a Semana Nacional da Educação Infantil, a ser celebrada anualmente</p><p>na semana de 25 de agosto, data esta que passa a ser comemorada como o Dia Nacional</p><p>da Educação Infantil, em homenagem à Dra. Zilda Arns.</p><p>Art. 2° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.</p><p>Brasília, 3 de abril de 2012; 191° da Independência e 124° da República.</p><p>DILMA ROUSSEFF</p><p>Aloizio Mercadante</p><p>Vitor Paulo Ortiz Bittencourt</p><p>Este texto não substitui o publicado no DOU de 4/4/2012.</p><p>A respeito da lei acima transcrita, julgue os itens a seguir, com</p><p>fundamento na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.</p><p>a) Caso o artigo 2° não existisse, a lei em pauta entraria em vigor apenas sessenta</p><p>dias após a sua publicação, período em que se teria a vacância da lei.</p><p>b) Conforme o princípio da obrigatoriedade, todos terão que comemorar a data</p><p>do dia 25 de agosto como sendo o Dia Nacional da Educação Infantil, já que, por</p><p>essa norma, foi decretado feriado nacional.</p><p>c) Hoje, para se corrigir essa lei, alterando-se a data do Dia Nacional da Educação</p><p>Infantil para o dia 26 de agosto, seria necessária uma lei nova.</p><p>d) Pelo princípio da continuidade, o fim da vigência da lei em questão somente</p><p>ocorrerá quando outra a modificar ou a revogar expressamente.</p><p>e) De acordo com as informações contidas no referido documento legal, é correto</p><p>afirmar que a data da promulgação corresponde à data da publicação da norma.</p><p>QUESTÃO 08 (CESPE/UnB – SERPRO – Serviço de Processamento de</p><p>Dados – Advocacia – 2013) A respeito das normas relativas à aplicação e</p><p>vigência da lei contidas na Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro, julgue os itens seguintes.</p><p>a) Considerar-se-á revogada uma lei até então vigente quando uma lei nova,</p><p>aprovada segundo as regras do processo legislativo, passar a regulamentar</p><p>inteiramente a mesma matéria de que tratava a lei anterior, ainda que a lei nova</p><p>não o declare expressamente.</p><p>b) Ao decidir uma lide, caso constate que não há lei que regulamente aquela</p><p>matéria, o juiz deverá suspender o julgamento e aguardar que seja editada lei que</p><p>regulamente a matéria.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 107</p><p>c) A lei federal nova aprovada pelo Congresso Nacional que estabeleça disposições</p><p>gerais sobre uma norma em vigor no Brasil há mais de cinquenta anos revogará</p><p>a lei anterior e, salvo disposição em contrário, terá efeito retroativo.</p><p>QUESTÃO 09 (CESPE/UnB – BACEN – Procurador – 2013) Julgue o item a</p><p>seguir, de acordo com a classificação das formas de interpretação das leis.</p><p>a) A interpretação segundo a qual o juiz procura alcançar o sentido da lei em</p><p>consonância com as demais normas que inspiram determinado ramo de direito é</p><p>denominada sistêmica.</p><p>QUESTÃO 10 (CESPE – TJ/DFT – Juiz de Direito – 2016) A respeito da</p><p>hermenêutica e da aplicação do direito, julgue os itens a seguir.</p><p>a) Diante da existência de antinomia entre dois dispositivos de uma mesma lei, à</p><p>solução do conflito é essencial a diferenciação entre antinomia real e antinomia</p><p>aparente, porque reclamam do interprete solução distinta.</p><p>b) Os tradicionais critérios hierárquico, cronológico e da especialização são</p><p>adequados à solução de confronto caracterizado como antinomia real, ainda que</p><p>ocorra entre princípios jurídicos.</p><p>QUESTÃO 11 (CESPE/UnB – TRT/21ª – Analista Judiciário – 2011) Com</p><p>base na Lei de Introdução ao Código Civil, julgue os itens que se seguem.</p><p>a) Quando determinada lei, antes mesmo de entrar em vigor, tem seu texto</p><p>corrigido, por meio de nova publicação oficial, considera-se que o prazo de vacatio</p><p>legis começará a correr a partir da primeira publicação.</p><p>b) Diante de uma omissão legislativa, o juiz deve decidir o caso de acordo com a</p><p>analogia, a equidade e os princípios gerais de direito, no entanto, ante a lacuna</p><p>de lei, é dada ao magistrado a faculdade de se eximir do julgamento da lide.</p><p>QUESTÃO 12 (CESPE – TRF/1ª Região – Juiz Federal – 2015) De acordo</p><p>com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro e a posição</p><p>doutrinária em relação à interpretação dessas normas, julgue</p><p>são as mais importantes</p><p>para o sistema jurídico adotado pelo Brasil e, por isso, mais complexas exigindo</p><p>um estudo mais aprofundado.</p><p>COSTUMES</p><p>Costume é o uso reiterado, constante, notório e uniforme de uma conduta,</p><p>na convicção de ser a mesma (a conduta) obrigatória. Aprofundaremos esse tema</p><p>mais adiante, no tópico “formas de integração das normas jurídicas”. Conforme</p><p>veremos, o costume pode ser considerado como fonte de Direito e também como</p><p>forma de integração da norma jurídica.</p><p>LEI</p><p>É a principal fonte de Direito no Brasil. Etimologicamente o vocábulo</p><p>lei é originário do verbo latino legere = eleger, escolher (em sentido figurado seria</p><p>a escolha de uma determinada regra dentro de um conjunto). A lei pode ser</p><p>definida de vários modos. Para conceituá-la adotamos o ensinamento da</p><p>Professora Maria Helena Diniz: Lei é a norma imposta pelo Estado e tornada</p><p>obrigatória na sua observância, assumindo forma coativa.</p><p>Também podemos conceituá-la como sendo um preceito jurídico escrito</p><p>formulado por meio de um processo previamente definido pela autoridade</p><p>competente, sendo instituidora de uma ordem jurídica, impondo-se</p><p>coercitivamente a todos (somente o Estado detém o monopólio da força</p><p>coercitiva), protegendo interesses e normatizando as ações.</p><p>Atualmente, as relações jurídicas exigem um grau maior de certeza e</p><p>segurança. Por isso, nas sociedades modernas, há um entendimento de</p><p>supremacia da lei, da norma escrita sobre as demais fontes. Portanto, podemos</p><p>afirmar que a lei é a fonte mais importante na ordem jurídica brasileira. Em</p><p>resumo, trata-se de uma norma jurídica escrita, elaborada pelo Poder Legislativo,</p><p>por meio de um processo adequado, de caráter geral e obrigatório.</p><p>Vejam o que diz o art. 5°, inciso II, da Constituição Federal: “Ninguém será</p><p>obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”</p><p>(Princípio da Legalidade). E o art. 4° da Lei de Introdução ao Código Civil</p><p>determina que somente quando a lei for omissa é que se aplicarão as demais</p><p>formas de expressão de direito. Já o art. 140, caput, do Código de Processo Civil</p><p>(CPC/2015) prevê que o juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou</p><p>obscuridade do ordenamento jurídico. Assim, em um julgamento, o juiz deverá</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 12</p><p>aplicar as normas legais. Não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e</p><p>aos princípios gerais de direito.</p><p>CARACTERÍSTICAS DA LEI</p><p>• Generalidade: não se dirige a um caso particular, mas a um número</p><p>indeterminado de indivíduos, tendo-se em vista o seu caráter abstrato</p><p>(pode ser destinada a todos os cidadãos em geral ou a uma categoria de</p><p>pessoas, como o Regulamento Disciplinar da Polícia Militar ou o Estatuto dos</p><p>Funcionários Civis).</p><p>• Imperatividade: impõe um dever, uma conduta a ser observada pelos</p><p>indivíduos. Trata-se de ordem, quando exige a prática de uma ação ou uma</p><p>proibição quando exige uma abstenção.</p><p>• Autorizamento: autoriza que o lesado pela violação exija o seu cumprimento</p><p>ou a reparação pelo mal causado.</p><p>• Permanência: a lei não se exaure numa só aplicação; seis efeitos perduram</p><p>até que seja revogada por outra. No entanto, como veremos adiante, algumas</p><p>normas são temporárias, como por exemplo, as disposições transitórias de</p><p>uma lei, as leis orçamentárias, etc.</p><p>• Competência: como a lei é um ato do Estado, deve emanar de autoridade</p><p>competente, ou seja, respeitando o processo legislativo previsto na</p><p>Constituição. Se o ato for emanado por autoridade incompetente será</p><p>considerado nulo, não sendo possível a sua convalidação e não estando apto</p><p>a produzir efeitos, podendo haver um questionamento perante o Poder</p><p>Judiciário.</p><p>Observação Alguns autores ainda acrescentam como característica o</p><p>registro escrito da lei, pois garante maior estabilidade das relações jurídicas,</p><p>com a sua consequente divulgação em órgãos oficiais (publicação em Diário</p><p>Oficial).</p><p>CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS</p><p>Existem várias formas de se classificar as leis. Depois de ler muito sobre o</p><p>assunto, elaborei uma classificação, baseada na melhor e mais atualizada</p><p>doutrina. A classificação que daremos a seguir ajuda o aluno a entender o sentido</p><p>de diversas palavras que têm caído nos concursos. Já vi cair em alguns testes,</p><p>logo no enunciado da questão, o seguinte: “Nossa lei adjetiva prescreve......” O</p><p>que é uma lei adjetiva? E uma lei substantiva? E cogente? E dispositiva? Vejamos</p><p>as respostas destas indagações...</p><p>A) Quanto à Obrigatoriedade (ou imperatividade)</p><p>Cogentes (imperatividade absoluta ou ordem pública): são as normas que</p><p>ordenam ou proíbem determinada conduta; estabelecem princípios de</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 13</p><p>aplicação obrigatória; são taxativas; não podem ser ignoradas ou alteradas</p><p>pela vontade dos interessados. Ex.: os requisitos e as solenidades para se</p><p>contrair um casamento são absolutos, pois a vontade dos contraentes não é</p><p>levada em consideração; neste caso, na hipótese de desrespeito, a</p><p>consequência é a nulidade do ato (ex.: um viúvo é proibido de casar com a</p><p>sua sogra; mesmo que ambos queiram, isto é proibido; se eventualmente</p><p>conseguiram se casar, este casamento é nulo). As normas cogentes podem</p><p>ser mandamentais (quando ordenam uma determinada ação) ou</p><p>proibitivas (proíbem um comportamento; impõem uma abstenção, um não-</p><p>fazer).</p><p>Dispositivas (ou não-cogentes ou de imperatividade relativa): são as</p><p>normas de ordem particular. Não proíbem nem determinam uma conduta de</p><p>modo absoluto, por não estarem ligadas diretamente ao interesse da</p><p>sociedade. Por isso, apesar da lei dizer algo, as pessoas podem convencionar</p><p>de modo diverso, como melhor lhes convier. A norma irá funcionar no silêncio</p><p>dos contratantes. Ex.: o art. 327, CC prevê que o pagamento de uma dívida</p><p>deve ser feito no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem</p><p>diversamente. Assim, se um contrato for omisso em relação ao pagamento,</p><p>este deverá ser feito no domicílio do devedor. Outro exemplo: o art. 313, CC</p><p>estabelece que um credor não é obrigado a receber prestação diversa da que</p><p>lhe é devida, mesmo que mais valiosa. O credor não é obrigado, mas pode</p><p>aceitar outra coisa ao invés daquela originalmente pactuada. As normas</p><p>dispositivas podem ser: a) permissivas: quando permitem que os</p><p>interessados disponham como lhes convier (ex.: regime de bens no</p><p>casamento, art. 1.639, CC: “É lícito aos nubentes, antes de celebrado o</p><p>casamento, estipular, quanto a seus bens, o que lhes aprouver”); b)</p><p>supletivas: quando se aplicam na falta de manifestação de vontade das</p><p>partes (aproveitando o exemplo anterior, art. 1.640, CC: “Não havendo</p><p>convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os</p><p>cônjuges, o regime da comunhão parcial”).</p><p>B) Quanto à sua Natureza</p><p>Substantivas (também chamadas de materiais, primárias ou de primeiro</p><p>grau): são as normas jurídicas voltadas ao regramento da vida em sociedade;</p><p>servem para originar regras de conduta (conferem direitos e deveres,</p><p>estabelecendo os requisitos para seu exercício). Elas visam realizar uma</p><p>ordem à sociedade, disciplinando a conduta dos indivíduos no seu cotidiano.</p><p>Nosso ordenamento jurídico, na sua maior parte, possui normas de natureza</p><p>substancial, sejam elas no plano constitucional ou infraconstitucional, em</p><p>suas especialidades, como o Civil (Código Civil), Penal (Código Penal),</p><p>Tributário (Código Tributário Nacional). E assim por diante nas outras</p><p>matérias: Comercial, Trabalhista, Militar, Eleitoral, etc. Mesmo que não haja</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof.</p><p>os itens a</p><p>seguir.</p><p>a) A Novo texto normativo de lei federal poderá entrar em vigor ainda no seu</p><p>período de vacatio legis, quando reforçar tendências doutrinárias e</p><p>jurisprudenciais que se tenham formado na vigência da lei anterior.</p><p>b) É defeso ao juiz, ao aplicar a lei, corrigir erro material nela contido e não sanado</p><p>pelo legislador.</p><p>c) A lei, depois de publicada e decorrido o prazo da vacatio legis, torna-se</p><p>obrigatória para todos, o que impede a alegação de erro de direito como causa de</p><p>anulabilidade de um negócio jurídico.</p><p>d) Nos casos de omissão da lei, deve o juiz decidir de acordo com a analogia, os</p><p>costumes, os princípios gerais do direito e a equidade, pois lhe é vedado o non</p><p>liquet.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 108</p><p>QUESTÃO 13 (CESPE/UnB – Analista do BACEN – 2013) Com base no</p><p>disposto na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue os</p><p>próximos itens.</p><p>a) A relação jurídica estabelecida sob a égide da lei antiga não será atingida pela</p><p>lei nova.</p><p>b) A equidade, um dos meios utilizados para suprir a existência de lacuna na lei,</p><p>visa alcançar a justiça no caso concreto.</p><p>QUESTÃO 14 (CESPE/UnB – TJ/AC – Analista Judiciário – 2012) No</p><p>tocante à lei de introdução ao direito brasileiro, julgue os itens a seguir.</p><p>a) Considere que determinada lei tenha sido publicada em 25/6/2012 e passado</p><p>a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois. Nessa situação, se for</p><p>constatada a existência de erro material em seu texto após essa data, a sua</p><p>correção será considerada lei nova.</p><p>b) Se a lei for omissa, o juiz poderá usar a equidade para decidir o caso concreto.</p><p>c) Em se tratando de repristinação, a perda da vigência da lei revogadora restaura</p><p>a lei revogada, ainda que não haja manifestação expressa.</p><p>QUESTÃO 15 (CESPE/UnB – TJ/ES – Analista Judiciário – 2011) De acordo</p><p>com a LICC, a lei entra em vigor na data de sua publicação. Portanto, durante o</p><p>prazo de vacatio legis (vacância), a lei estará plenamente em vigor.</p><p>QUESTÃO 16 (CESPE/UnB – TJ/PB – Juiz de Direito – 2011) Como, em</p><p>regra, a lei vigora até que outra a modifique ou revogue, lei nova que estabeleça</p><p>disposições especiais a par das já existentes revoga ou modifica a lei anterior.</p><p>QUESTÃO 17 (CESPE/UnB – TCE/RO – Auditor de Controle Externo –</p><p>Direito – 2013) A respeito do conflito de normas no tempo, julgue o item</p><p>a seguir.</p><p>a) Deparando-se com a incidência de duas normas em uma mesma situação (uma</p><p>resolução normativa de agência reguladora e uma lei a ela anterior), o juiz deverá</p><p>resolver o conflito pelo critério da cronologia.</p><p>QUESTÃO 18 (CESPE/UnB – TRE/RJ – Analista Judiciário – 2012) Julgue</p><p>o item a seguir, a respeito da eficácia das leis.</p><p>a) A partir da revogação originada pelo novo Código Civil, é correto afirmar que</p><p>ocorreu ab-rogação com relação ao Código Civil de 1916.</p><p>QUESTÃO 19 (CESPE/UnB – AGU – Procurador Federal – 2013) Acerca da</p><p>Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue o seguinte item.</p><p>a) O fato de um juiz, à míngua de previsão legal, concluir que o companheiro</p><p>participante de plano de previdência privada faz jus à pensão por morte, ainda</p><p>que não esteja expressamente inscrito no instrumento de adesão, caracteriza a</p><p>utilização da integração da norma lacunosa por meio da analogia.</p><p>QUESTÃO 20 (CESPE/UnB – TJ/PB – Juiz Leigo – 2013) Com relação às</p><p>formas de integração da norma jurídica, julgue os itens a seguir.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 109</p><p>a) Entende-se por analogia a aplicação, a determinado caso concreto, de uma</p><p>norma próxima ou de um conjunto de normas próximas, a despeito da existência</p><p>de norma prevista para o referido caso.</p><p>b) O costume secundum legem é forma de integração da norma jurídica.</p><p>c) Em caso de lacuna ou obscuridade da lei, o juiz deve recorrer, primeiramente,</p><p>aos princípios gerais do direito, uma vez que são esses princípios que orientam</p><p>todo o ordenamento jurídico.</p><p>QUESTÃO 21 (CESPE/UnB – Auditor de Controle Externo do Tribunal de</p><p>Contas da União – 2011) Com relação à Lei de Introdução ao Código Civil,</p><p>julgue os itens a seguir.</p><p>a) De acordo com a Lei de Introdução ao Código Civil, não há hierarquia entre as</p><p>fontes formais do direito, de maneira que, mesmo havendo lei expressa a respeito</p><p>da causa sob julgamento, o juiz, em vez de aplicar a lei, poderá dar preferência à</p><p>aplicação da analogia, dos costumes ou dos princípios gerais do direito.</p><p>b) Em razão da soberania estatal, pelo sistema da territorialidade, a norma</p><p>jurídica brasileira aplica-se no território do Estado brasileiro, território esse que</p><p>compreende o espaço geográfico onde se situa e, por extensão, as embaixadas,</p><p>os consulados e os navios de guerra, onde quer que se encontrem.</p><p>c) A vigência é uma qualidade da lei e pode dizer respeito a sua eficácia temporal.</p><p>QUESTÃO 22 (CESPE – TRE/MT – Analista Judiciário – 2015) Com base no</p><p>disposto na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue os</p><p>itens subsequentes.</p><p>a) No tocante aos regramentos do direito de família, adota-se o critério jus</p><p>sanguinis na referida lei.</p><p>b) A sucessão de bens de estrangeiros situados no território brasileiro é</p><p>disciplinada pela lei brasileira em favor do cônjuge ou dos filhos brasileiros, mesmo</p><p>se a lei do país de origem do de cujus for-lhes mais favorável.</p><p>c) Ao confronto entre uma lei especial e outra lei geral e posterior dá-se o nome</p><p>de antinomia de segundo grau.</p><p>d) Ocorre lacuna ontológica na lei quando existe texto legal para a solução do</p><p>caso concreto, mas esse texto contraria os princípios que regem a própria justiça.</p><p>QUESTÃO 23 (CESPE/UnB – TJ/AC – Auxiliar Judiciário – 2012) Com base</p><p>na Lei de Introdução às Normas Brasileiras, julgue os itens a seguir.</p><p>a) Em decorrência do ato jurídico perfeito, do direito adquirido e da coisa julgada,</p><p>aplica-se o princípio da irretroatividade das leis, sejam elas penais ou civis.</p><p>b) A Lei de Introdução às Normas Brasileiras revogou a Lei de Introdução ao</p><p>Código Civil.</p><p>c) A vigência da norma começa com sua promulgação.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 110</p><p>QUESTÃO 24 (CESPE/CEBRASPE – DPU – Defensor Público – 2015)</p><p>Considerando a existência de uma relação jurídica referente a</p><p>determinado objeto envolvendo dois sujeitos, julgue o próximo item.</p><p>a) Se a norma jurídica regente da referida relação jurídica for revogada por norma</p><p>superveniente, as novas disposições normativas poderão, excepcionalmente,</p><p>aplicar-se a essa relação, ainda que não haja referência expressa à retroatividade.</p><p>QUESTÃO 25 (CESPE/UnB – MPE/RR – Promotor de Justiça – 2012)</p><p>Considerando o que dispõe a Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro bem como a interpretação de seus dispositivos, julgue as</p><p>seguintes afirmações.</p><p>a) Denomina-se conflito aparente o conflito normativo passível de solução</p><p>mediante critérios hierárquicos, cronológicos e embasados na especialidade.</p><p>b) A lei nova que estabeleça disposições gerais ou especiais, a par das já</p><p>existentes, revoga a lei anterior.</p><p>c) A possibilidade de repristinação da norma é a regra geral no ordenamento</p><p>jurídico pátrio.</p><p>QUESTÃO 26 (CESPE/UnB – Ministério das Comunicações – Atividade</p><p>Técnica de Suporte – Direito – 2013) Com referência à Lei de Introdução</p><p>às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), julgue os itens seguintes.</p><p>a) O direito pátrio permite a retroatividade de lei cível se expressamente previsto</p><p>e não ofender o direito adquirido, o negócio jurídico consumado de acordo com a</p><p>lei vigente</p><p>à época de sua realização, e a coisa julgada.</p><p>b) Caso ex-companheiro homossexual requeira judicialmente pensão post</p><p>mortem, não havendo norma sobre a matéria, o juiz poderá decidir o caso com</p><p>base na analogia e nos princípios gerais de direito.</p><p>c) Caso tenha sido publicada uma lei estabelecendo que a pessoa idosa, a partir</p><p>de 65 anos de idade, deverá ter descontos de 20% nas passagens de avião e,</p><p>posteriormente, no período de 60 dias, publique-se lei retificando a idade para 60</p><p>anos, esta será considerada lei nova.</p><p>d) Na interpretação lógica de uma lei, parte-se da ideia de que a lei não existe</p><p>isoladamente, devendo o seu sentido ser alcançado em consonância com as</p><p>demais normas que inspiram o mesmo ramo do direito.</p><p>QUESTÃO 27 (CESPE/UnB – ANCINE – Analista Administrativo – 2013) À</p><p>luz das disposições constantes da Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro, julgue o item abaixo.</p><p>a) A lei do país no qual nasce a pessoa determina as regras sobre o início de sua</p><p>personalidade.</p><p>QUESTÃO 28 (CESPE/UnB – TJ/PB – Juiz Leigo – 2013) No que se refere</p><p>ao que dispõe a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, julgue</p><p>os itens a seguir.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 111</p><p>a) Em razão da aplicação do princípio da justiça universal, as sentenças proferidas</p><p>no estrangeiro terão eficácia no Brasil ainda quando ofenderem os bons costumes.</p><p>b) A proibição do non liquet não é dirigida ao juiz.</p><p>c) A lei do país em que a pessoa tenha nascido determina as regras acerca do</p><p>começo e do fim da personalidade.</p><p>d) A sucessão por morte obedece à lei do país em que tenha falecido o de cujus.</p><p>e) A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele</p><p>vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais</p><p>brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.</p><p>QUESTÃO 29 (CESPE/UnB – TRT/21ª Região – Analista Judiciário – 2011)</p><p>A respeito de interpretação, integração e aplicação da lei, julgue os itens</p><p>a seguir.</p><p>a) O juiz que aplica a um caso concreto norma jurídica prevista para situação</p><p>semelhante, considerando a identidade de finalidade, utiliza a interpretação</p><p>extensiva.</p><p>QUESTÃO 30 (CESPE/UnB – TCU – Auditor Federal de Controle Externo –</p><p>2013) Julgue os itens a seguir, com fundamento na Lei de Introdução ao</p><p>Código Civil Brasileiro e na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça</p><p>(STJ).</p><p>a) Determinada fundação, constituída em outro país e destinada a fins de</p><p>interesse coletivo, pode abrir filial no Brasil mediante prévia aprovação dos atos</p><p>constitutivos pelo governo brasileiro, hipótese em que a filial ficará sujeita à</p><p>legislação brasileira.</p><p>b) Após cinco anos de vigência de lei especial sobre determinada matéria, foi</p><p>editada nova lei contemplando disposições gerais acerca do mesmo tema. Nessa</p><p>situação, a edição da lei mais recente, a qual estabelece disposições gerais, revoga</p><p>a lei anterior especial.</p><p>QUESTÃO 31 (CESPE/UnB – TRE/ES – Analista Judiciário – 2011) Acerca</p><p>da aplicação da lei, julgue o item abaixo.</p><p>a) Se duas pessoas celebrarem um contrato na Alemanha, sem estipular o direito</p><p>a ser aplicado, e esse contrato for executado no Brasil, local de domicílio da parte</p><p>interessada, serão aplicadas as leis brasileiras.</p><p>QUESTÃO 32 (CESPE/UnB – Advogado da SERPRO – 2011) Quanto ao</p><p>conflito e vigência da lei, julgue o item a seguir.</p><p>a) Uma das hipóteses em que a lei posterior revoga a anterior é quando seja com</p><p>ela incompatível, sendo que a lei revogada, salvo disposição em contrário, se</p><p>restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.</p><p>QUESTÃO 33 (UnG – Universidade do Estado de Goiás – Delegado de</p><p>Polícia/GO – 2013) Segundo o art. 3º da Lei de Introdução às Normas de</p><p>Direito Brasileiro – LINDB, “ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando</p><p>que não a conhece”. Diante do exposto, verifica-se que</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 112</p><p>a) o Princípio da Obrigatoriedade perde seu caráter absoluto, admitindo</p><p>temperamentos, em hipóteses excepcionais previstas no Código Civil, nas quais a</p><p>lei, expressamente, possibilite o erro de direito ou erro de conteúdo legal (error</p><p>iuris).</p><p>QUESTÃO 34 (CESPE/UnB – PGE/PI – Procurador do Estado – 2014) De</p><p>acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB),</p><p>julgue os itens a seguir.</p><p>a) O sistema jurídico brasileiro admite que, devido ao desuso, uma lei possa deixar</p><p>de ser aplicada.</p><p>b) A proibição de desconhecimento da lei imposta pela LINDB é absoluta.</p><p>QUESTÃO 35 (CESPE/UnB – Auditor de Controle Externo do Tribunal de</p><p>Contas do Distrito Federal – 2012) Considerando o que dispõe a Lei de</p><p>Introdução às Normas do Direito Brasileiro acerca da aplicação da lei no</p><p>tempo e no espaço, julgue o item abaixo.</p><p>a) Para qualificar os bens móveis e imóveis, bem como para regular as relações a</p><p>eles concernentes, é aplicável a lei do país em que estiver domiciliado o</p><p>proprietário.</p><p>QUESTÃO 36 (CESPE/UnB – TRT/17ª Região/ES – Analista Judiciário –</p><p>2013) No que diz respeito à interpretação das leis, julgue o próximo item.</p><p>a) Adotando-se o método lógico de interpretação das normas, deve ser examinado</p><p>cada termo utilizado na norma, isolada ou sintaticamente, de acordo com as regras</p><p>do vernáculo.</p><p>QUESTÃO 37 (CESPE/UnB – TRT/1ª Região – Magistratura do Trabalho –</p><p>2011) A respeito de hierarquia, interpretação e integração de lei, julgue</p><p>as seguintes assertivas.</p><p>a) A interpretação teleológica pode ser utilizada pelo juiz para superar antinomia.</p><p>b) Para que o costume possa suprir lacuna legal, deve apenas consistir em</p><p>conduta reiterada de determinada prática.</p><p>QUESTÃO 38 (CESPE/ UnB – TJ/PB – Juiz de Direito – 2011) Com relação</p><p>à Lei de Introdução, julgue as afirmações abaixo</p><p>a) O fato de, antes da entrada em vigor de determinada lei, haver nova publicação</p><p>de seu texto para simples correção não é capaz, por si só, de alterar o prazo inicial</p><p>de vigência dessa lei.</p><p>b) Como, em regra, a lei vigora até que outra a modifique ou revogue, lei nova</p><p>que estabeleça disposições especiais a par das já existentes revoga ou modifica a</p><p>lei anterior.</p><p>c) A repristinação ocorre com a revogação da lei revogadora e, salvo disposição</p><p>em contrário, é amplamente admitida no sistema normativo pátrio.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 113</p><p>QUESTÃO 39 (CESPE/ UnB – TJ/PB – Juiz de Direito – 2011) Com relação</p><p>aos institutos da interpretação e da integração da lei, julgue as</p><p>afirmações abaixo.</p><p>a) A interpretação histórica tem por objetivo adaptar o sentido ou a finalidade da</p><p>norma às novas exigências sociais, em atenção às demandas do bem comum.</p><p>b) No Direito Civil não há doutrina que admita a hierarquia na utilização dos</p><p>mecanismos de integração das normas jurídicas constantes no Código Civil.</p><p>c) Não há distinção entre analogia legis e analogia juris, uma vez que ambas se</p><p>fundamentam em um conjunto de normas para a obtenção de elementos que</p><p>permitam sua aplicação em casos concretos.</p><p>QUESTÃO 40 (CESPE/UnB – TJ/RR – Agente de Proteção – 2012) Com</p><p>base no que dispõe a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro,</p><p>julgue os itens seguintes.</p><p>a) A interpretação sistemática de uma norma implica a adequação da lei ao</p><p>contexto da sociedade e aos fatos sociais.</p><p>b) Sentença proferida no estrangeiro gera efeitos no território brasileiro tão logo</p><p>seja aprovada pelo Ministério das Relações Exteriores.</p><p>c) A vacatio legis de uma lei, em regra, é de um ano, a contar da publicação da</p><p>norma.</p><p>QUESTÃO</p><p>41 (CESPE – AGU – Advogado da União – 2015) Julgue o item</p><p>seguinte, que diz respeito à aplicação da lei.</p><p>a) Caso a lei a ser aplicada não encontre no mundo fático suporte concreto sobre</p><p>o qual deva incidir, caberá ao julgador integrar o ordenamento mediante analogia,</p><p>costumes e princípios gerais do direito.</p><p>QUESTÃO 42 (CESPE/UnB – Procurador do Ministério Público – Tribunal</p><p>de Contas do Distrito Federal – 2013) A respeito da eficácia da lei no</p><p>tempo e no espaço, julgue os itens a seguir.</p><p>a) No curso de uma relação contratual civil, caso surja lei nova que trate da</p><p>matéria objeto da relação jurídica entabulada, essa nova lei deverá ser aplicada à</p><p>referida relação se apresentar regra mais favorável ao devedor.</p><p>b) O princípio da irretroatividade da lei nova se aplica às leis de ordem pública.</p><p>QUESTÃO 43 (MPE/SC – Promotor de Justiça – 2013) Analise cada um dos</p><p>enunciados das questões e assinale Certo (“C”) ou Errado (“E”).</p><p>a) Em questões sobre a qualificação e regulação das relações concernentes a bens,</p><p>prevalece a lei do país em que for domiciliado o proprietário.</p><p>b) Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares</p><p>brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de</p><p>tabelionato, exceto o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou</p><p>brasileira nascidos no País da sede do consulado.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 114</p><p>c) As emendas ou correções à lei que já tenha entrado em vigor não serão</p><p>consideradas lei nova.</p><p>d) A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela Lei que nele</p><p>vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais</p><p>brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.</p><p>QUESTÃO 44 (CESPE/UnB – Ministério das Comunicações – Técnico de</p><p>Nível Superior – Direito – 2013) Uma nova lei, em regra, irá vigorar até que</p><p>outra norma a revogue ou modifique. Dificilmente, entretanto, se poderá traçar</p><p>de imediato a linha divisória entre o império da lei antiga e o da lei nova que a</p><p>tenha revogado ou derrogado. Assim, compete à Lei de Introdução às Normas do</p><p>Direito Brasileiro (LINDB), Decreto-Lei n° 4.657/1942, disciplinar os conflitos</p><p>espaço-temporais de leis. R. Limongi França. Instituições de Direito Civil. São</p><p>Paulo: Saraiva, 1996, p. 25 (com adaptações). Acerca da aplicação da lei no</p><p>tempo e no espaço, julgue os itens subsequentes.</p><p>a) A lei em vigor terá efeito imediato e geral respeitados o ato jurídico, já</p><p>consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou, o direito adquirido</p><p>e a coisa julgada.</p><p>b) Tanto a subsunção quanto a ab-rogação de uma norma configuram-se quando</p><p>uma nova norma revoga integralmente a norma anterior.</p><p>c) Deixando de existir a norma revogadora, não se terá o convalescimento da</p><p>norma revogada, pois, salvo disposição em contrário, a regra da legislação</p><p>brasileira é que a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a</p><p>vigência.</p><p>d) Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á</p><p>a lei brasileira sempre que os bens imóveis estiverem situados no território</p><p>nacional. Assim, a sucessão por morte de bens situados no Brasil obedece à lei</p><p>brasileira independentemente do lugar de domicílio do de cujos, da nacionalidade</p><p>de seus herdeiros ou das normas aplicáveis no país em que era domiciliado o</p><p>defunto.</p><p>e) O prazo de vacatio legis é contado excluindo-se a data da publicação oficial e</p><p>incluindo-se a data em que se vence o prazo, salvo se cair em domingo ou feriado,</p><p>hipótese em que é prorrogado para o primeiro dia útil subsequente.</p><p>QUESTÃO 45 (CESPE/UnB – MPE/PI – Promotor de Justiça – 2012)</p><p>Considerando as regras de introdução às normas do direito brasileiro,</p><p>julgue os itens seguintes.</p><p>a) Segundo as regras legais brasileiras, permite-se ao julgador o non liquet, nos</p><p>casos de lacunas ou obscuridade da norma.</p><p>b) Não existe o efeito repristinatório automático. Apenas excepcionalmente, a lei</p><p>revogada volta a viger: quando a lei revogadora for declarada inconstitucional ou</p><p>quando for concedida a suspensão cautelar da eficácia da norma impugnada.</p><p>Também voltará a viger quando, não sendo situação de inconstitucionalidade, o</p><p>legislador assim o determinar expressamente.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 115</p><p>QUESTÃO 46 (CESPE/UnB – TJ/RO – Técnico Judiciário – 2012) Com base</p><p>na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro e na interpretação</p><p>doutrinária do Direito Civil, julgue os itens subsequentes.</p><p>a) De acordo com o princípio da continuidade, caso o texto legal tenha sido</p><p>corrigido durante a vacatio legis, o prazo da obrigatoriedade da lei não voltará a</p><p>fluir.</p><p>b) Caso, em nova lei, sejam estabelecidas disposições a par das já existentes em</p><p>outras leis, não haverá revogação do texto legal anterior, mas apenas modificação.</p><p>c) Caso a Lei B, que revogou expressamente a Lei A, seja revogada sem que outra</p><p>lei seja publicada, a Lei A voltará a vigorar.</p><p>d) Caso uma lei já em vigor não tenha sido aplicada, não tendo sido exigida sua</p><p>observância pelos órgãos aplicadores do direito, essa lei será considerada, para</p><p>todos os efeitos, válida e eficaz.</p><p>e) O princípio do estatuto pessoal é garantido pelo direito brasileiro, ainda que as</p><p>leis brasileiras divirjam substancialmente das leis estrangeiras.</p><p>QUESTÃO 47 (CESPE/UnB – TJ/RR – Titular de Serviços de Notas e</p><p>Registro – 2013) Em relação à Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro, julgue os itens a seguir.</p><p>a) Aplica-se a Lei da Nacionalidade para regular as questões relacionadas ao</p><p>nome, começo e fim da personalidade, capacidade e direitos de família.</p><p>b) Em regra, a equidade revela-se um método de integração das normas jurídicas.</p><p>c) No que diz respeito à vigência normativa, é correto afirmar que, com a</p><p>promulgação, a lei passa a existir e a ser válida.</p><p>QUESTÃO 48 (CESPE – FUNPRESP-JUD – Analista – Direito – 2016) A</p><p>respeito da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue o</p><p>item seguinte.</p><p>a) Ocorre a ultratividade de uma norma jurídica quando essa norma continua a</p><p>regular fatos ocorridos antes da sua revogação.</p><p>QUESTÃO 49 (CESPE – TCE/PR – Analista de Controle – Jurídica – 2016)</p><p>A respeito da interpretação das leis, julgue o item a seguir.</p><p>a) Pelo método sistemático, interpreta-se a norma a partir do ordenamento</p><p>jurídico de que esta seja parte, relacionando-a, direta ou indiretamente, com</p><p>outras de mesmo objeto.</p><p>QUESTÃO 50 (CESPE – TCE/PA – Auxiliar Técnico de Controle Externo –</p><p>Área Administrativa – 2016) Uma lei nova, oficialmente publicada, que regula</p><p>inteiramente assunto que antes era disciplinado por outra norma, nada</p><p>estabeleceu sobre a data de sua entrada em vigor e o seu prazo de vigência; foi</p><p>silente também quanto à revogação da lei mais antiga. Sessenta dias depois da</p><p>publicação oficial, um juiz recebeu um processo em que as partes discutiam um</p><p>contrato firmado anos antes, com base na lei antiga. Acerca dessa situação</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 116</p><p>hipotética, julgue os itens subsequentes, considerando as disposições da Lei de</p><p>Introdução às Normas do Direito Brasileiro.</p><p>a) Dispositivos da lei antiga que forem compatíveis com a lei nova ainda estarão</p><p>vigentes.</p><p>b) A lei nova entrou em vigor no dia de sua publicação oficial.</p><p>c) Há, nesse caso, conflito de leis no tempo e, para decidir qual delas será aplicada</p><p>ao contrato, o juiz deverá considerar a analogia, os costumes e os princípios gerais</p><p>do direito.</p><p>d) A lei nova vigorará até que outra a modifique ou revogue.</p><p>QUESTÃO 51 (CESPE – TCE/SC – Auditor Fiscal de Controle Externo –</p><p>2016) Com relação à vigência das leis, julgue o item subsequente.</p><p>a) Caso determinada lei tivesse sido publicada no dia doze de fevereiro — sexta-</p><p>feira —, o prazo de vacatio legis começaria a fluir no dia quinze de fevereiro.</p><p>QUESTÃO 52 (CESPE – TCE/PA – Auditor de Controle Externo – Direito –</p><p>2016) A respeito da aplicação da lei civil julgue o item a seguir.</p><p>a) O fenômeno da ultratividade da norma jurídica é exceção à regra de que a lei</p><p>necessita estar vigente para ser aplicada.</p><p>QUESTÃO 53 (CESPE – TCE/PA – Auditor de Controle Externo – Direito –</p><p>2016) No que diz respeito às normas jurídicas, julgue o item a seguir.</p><p>a) É possível que lei de vigência permanente deixe de ser aplicada em razão do</p><p>desuso, situação em que o ordenamento jurídico pátrio admite aplicação dos</p><p>costumes de forma contrária àquela prevista na lei revogada pelo desuso.</p><p>QUESTÃO 54 (CESPE – TCE/PA – Auditor de Controle Externo –</p><p>Procuradoria – 2016) Considerando o disposto na Lei de Introdução às</p><p>Normas do Direito Brasileiro a respeito da vigência da norma jurídica, da</p><p>interpretação das leis e da eficácia da lei no espaço, julgue os itens a</p><p>seguir.</p><p>a) Na aplicação da lei, cabe ao juiz, a fim de criar uma norma individual,</p><p>interpretá-la buscando atender aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências</p><p>do bem comum.</p><p>b) Em caso de lacuna normativa, a revogação de uma lei opera efeito</p><p>repristinatório automático.</p><p>QUESTÃO 55 (CESPE – TRF/1ª Região – Técnico Judiciário – 2017) Acerca</p><p>da vigência, aplicação, interpretação e integração das leis bem como da</p><p>sua eficácia no tempo e no espaço, julgue os itens a seguir.</p><p>a) Admite-se o costume contra legem como instrumento de integração das</p><p>normas.</p><p>b) A lei do país em que a pessoa for domiciliada determina as regras sobre o</p><p>começo e o fim de sua personalidade.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 117</p><p>c) A vigência das leis pode ocorrer de forma temporária ou por tempo</p><p>indeterminado.</p><p>d) Derrogação é o fenômeno que ocorre quando há revogação total de uma lei.</p><p>QUESTÃO 56 (CESPE – PGM/Fortaleza – Procurador do Município – 2017)</p><p>A respeito da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, julgue o</p><p>item a seguir.</p><p>a) Utiliza a analogia o juiz que estende a companheiro(a) a legitimidade para ser</p><p>curador conferida a cônjuge da pessoa ausente.</p><p>QUESTÃO 57 (CESPE – DPU – Defensor Público – 2017) De acordo com a</p><p>legislação de regência e o entendimento dos tribunais superiores, julgue</p><p>o próximo item.</p><p>a) Uma lei nova, ao revogar lei anterior que regulamentava determinada relação</p><p>jurídica, não poderá atingir o ato jurídico perfeito, o direito adquirido nem a coisa</p><p>julgada, salvo se houver determinação expressa para tanto.</p><p>LISTA DE EXERCÍCIOS SEM COMENTÁRIOS</p><p>CESPE = MÚLTIPA ESCOLHA</p><p>01) (CESPE – TJ/AM – Juiz de Direito – 2016) A respeito da eficácia da lei</p><p>no tempo e no espaço, assinale a opção correta conforme a LINDB.</p><p>(A) Para ser aplicada, a norma deverá estar vigente e, por isso, uma vez que ela</p><p>seja revogada, não será permitida a sua ultratividade.</p><p>(B) Tendo o ordenamento brasileiro optado pela adoção, quanto à eficácia</p><p>espacial da lei, do sistema da territorialidade moderada, é possível a aplicação</p><p>da lei brasileira dentro do território nacional e, excepcionalmente, fora, e vedada</p><p>a aplicação de lei estrangeira nos limites do Brasil.</p><p>(C) Quando a sucessão incidir sobre bens de estrangeiro residente, em vida, fora</p><p>do território nacional, aplicar-se-á a lei do país de domicílio do defunto, quando</p><p>esta for mais favorável ao cônjuge e aos filhos brasileiros, ainda que todos os</p><p>bens estejam localizados no Brasil.</p><p>(D) Não havendo disposição em contrário, o início da vigência de uma lei</p><p>coincidirá com a data da sua publicação.</p><p>(E) Quando a republicação de lei que ainda não entrou em vigor ocorrer tão</p><p>somente para correção de falhas de grafia constantes de seu texto, o prazo</p><p>da vacatio legis não sofrerá interrupção e deverá ser contado da data da primeira</p><p>publicação.</p><p>02) (CESPE – TRF/5ª Região – Juiz Federal – 2015) Se, ao interpretar a</p><p>lei, o magistrado concluir que a impenhorabilidade do bem de família deve</p><p>resguardar o sentido amplo da entidade familiar, abrangendo, além dos</p><p>imóveis do casal, também os imóveis pertencentes a pessoas solteiras,</p><p>separadas e viúvas, ainda que estas não estejam citadas expressamente</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 118</p><p>no texto legal, essa interpretação, no que se refere aos meios de</p><p>interpretação, será classificada como</p><p>(A) sistemática.</p><p>(B) histórica.</p><p>(C) jurisprudencial.</p><p>(D) teleológica.</p><p>(E) lógica.</p><p>03) (PGR – Procurador da República – 2013) Relativamente às expressões</p><p>ius cogens e ius dispositivum:</p><p>(A) referem-se a uma distinção já superada nos tempos atuais.</p><p>(B) dizem respeito às regras imperativas e às permissivas.</p><p>(C) as partes sempre podem convencionar em contrário.</p><p>(D) a maioria das normas jurídicas não se enquadra nesses conceitos.</p><p>04) (CESPE/UnB – TRT/8ª Região/PA/AP – Analista Judiciário – 2013)</p><p>No que se refere à Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro,</p><p>assinale a opção CORRETA.</p><p>(A) caso não encontre nenhuma norma aplicável ao caso posto em juízo, o juiz</p><p>deverá utilizar a interpretação sistemática.</p><p>(B) não é dado ao legislador, para suprir alguma ambiguidade da norma,</p><p>interpretar a lei depois de publicada no órgão oficial.</p><p>(C) a lei nova se aplica aos casos pendentes e aos futuros, porquanto o nosso</p><p>direito não admite a retroatividade da norma.</p><p>(D) como regra, não se admite a restauração da lei revogada pelo fato de a lei</p><p>revogadora ter perdido a sua vigência.</p><p>(E) se, durante a vacatio legis, ocorrer nova publicação do texto legal apenas</p><p>para correção de erro ortográfico, o prazo da obrigatoriedade não será alterado.</p><p>05) (CESPE/UNB – TJ/AL – Analista Judiciário – 2012) Assinale a opção</p><p>CORRETA de acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro (LINDB).</p><p>(A) correções de texto de lei já em vigor não se consideram lei nova.</p><p>(B) de acordo com o princípio da obrigatoriedade, a lei que não se destina a viger</p><p>apenas temporariamente, vigorará até que outra a modifique ou revogue.</p><p>(C) a LINDB prevê expressamente, no caso de a lei ser omissa, o emprego da</p><p>equidade, da analogia, dos costumes e dos princípios gerais do direito pelo juiz</p><p>incumbido de decidir a respeito do caso concreto.</p><p>(D) a analogia não pode ser utilizada para se proceder à colmatação de lacunas.</p><p>(E) denomina-se caso julgado a decisão judicial da qual não caiba mais recurso.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 119</p><p>06) (CESPE/UNB – TRE/MS – Analista Judiciário – 2013) Assinale a opção</p><p>CORRETA de acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro — Decreto-Lei n° 4.657/1942.</p><p>(A) direito adquirido é o direito material ou imaterial já incorporado ao patrimônio</p><p>de uma pessoa.</p><p>(B) ao aplicar a lei, o magistrado poderá optar entre atender ou não às exigências</p><p>do bem comum.</p><p>(C) a lei do país em que a pessoa for domiciliada é que determina a regra sobre</p><p>os direitos de família; dessa forma, caso um muçulmano domiciliado no Iraque</p><p>venha ao Brasil para se casar com três mulheres poderá ser celebrado o</p><p>casamento civil entre ele e suas três esposas.</p><p>(D) vacatio legis é o espaço de tempo entre a data da promulgação e a entrada</p><p>em vigor da lei.</p><p>(E)</p><p>ab-rogação e derrogação designam, respectivamente, a revogação parcial e</p><p>a revogação total de uma norma.</p><p>07) (CESPE/UnB – TJ/ES – Titular de Serviços de Notas e Registro – 2013)</p><p>No que se refere à aplicação da lei estrangeira, assinale a opção CORRETA.</p><p>(A) a lei do lugar de domicílio do estrangeiro se aplica aos bens móveis que o</p><p>proprietário tiver consigo ou que se destinarem ao transporte para outros</p><p>lugares.</p><p>(B) a regra do estatuto pessoal é inaplicável às pessoas jurídicas.</p><p>(C) aplica-se a lei do domicílio do proprietário às relações de posse sobre bens</p><p>imóveis.</p><p>(D) a regra do estatuto pessoal define que a norma legal do lugar de nascimento</p><p>do estrangeiro será observada quanto ao começo e ao fim da personalidade, ao</p><p>nome, à capacidade e aos direitos de família.</p><p>(E) o direito internacional público regula a matéria atinente à aplicação de lei</p><p>estrangeira.</p><p>08) (CESPE – TRE/RS – Analista Judiciário – 2015) Com base na Lei de</p><p>Introdução às Normas de Direito Brasileiro, assinale a opção correta.</p><p>(A) Sempre que uma lei for revogada por outra lei, e a lei revogadora também</p><p>for revogada, a lei inicialmente revogada volta a ter vigência, em um instituto</p><p>jurídico denominado de ultratividade da lei.</p><p>(B) Haverá repristinação quando uma norma revogada, mesmo tendo perdido a</p><p>sua vigência, for aplicada para reger situações ocorridas à época de sua vigência.</p><p>(C) Denomina-se vacatio legis o espaço de tempo compreendido entre a data da</p><p>publicação da lei e a data da sua revogação.</p><p>(D) Uma norma jurídica pode ser expressa ou tacitamente revogada. Diz-se que</p><p>há revogação expressa quando a lei nova declarar, em seu texto, o conteúdo da</p><p>lei anterior que pretende revogar, enquanto que a revogação tácita ocorre</p><p>sempre que houver incompatibilidade entre a lei nova e a antiga, pelo fato de a</p><p>lei nova regular a matéria tratada pela anterior.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 120</p><p>(E) Segundo a legislação vigente, a norma jurídica tem vigência por tempo</p><p>indeterminado e vigora até que seja revogada por outra lei. O ordenamento</p><p>jurídico brasileiro não reconhece norma com vigência temporária.</p><p>09) (CESPE – TRE/PI – Analista Judiciário – 2016) O aplicador do direito,</p><p>ao estender o preceito legal aos casos não compreendidos em seu</p><p>dispositivo, vale-se da</p><p>(A) interpretação teleológica.</p><p>(B) socialidade da lei.</p><p>(C) interpretação extensiva.</p><p>(D) analogia.</p><p>(E) interpretação sistemática.</p><p>10) (CESPE – TCE/PR – Auditor – 2016) Em relação à Lei de Introdução</p><p>às Normas do Direito Brasileiro, assinale a opção correta.</p><p>(A) Em regra, aceita-se o fenômeno da repristinação no ordenamento jurídico</p><p>brasileiro.</p><p>(B) Celebrado contrato no período de vigência de determinada lei, qualquer dos</p><p>contratantes poderá invocar a aplicação de lei posterior que lhes for mais</p><p>benéfica.</p><p>(C) Não se admite no ordenamento jurídico pátrio a chamada integração</p><p>normativa, ainda que para preencher eventuais lacunas do ordenamento.</p><p>(D) Publicada lei para corrigir texto de lei publicado com incorreção, não haverá</p><p>novo prazo de vacatio legis, se a publicação ocorrer antes da data em que a lei</p><p>corrigida entraria em vigor.</p><p>(E) A autoridade judiciária brasileira tem competência exclusiva para o</p><p>conhecimento de ações que discutam a validade de hipoteca que recai sobre bens</p><p>imóveis situados no Brasil, ainda que as partes residam em país estrangeiro.</p><p>11) (CESPE – TRT/8ª Região/PA/AP – Analista Judiciário – 2016)</p><p>Assinale a opção correta, em relação à classificação e à eficácia das leis</p><p>no tempo e no espaço.</p><p>(A) Quanto à eficácia da lei no espaço, no Brasil se adota o princípio da</p><p>territorialidade moderada, que permite, em alguns casos, que lei estrangeira seja</p><p>aplicada dentro de território brasileiro.</p><p>(B) De acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB),</p><p>em regra, a lei revogada é restaurada quando a lei revogadora perde a vigência.</p><p>(C) Por ser o direito civil ramo do direito privado, impera o princípio da autonomia</p><p>de vontade, de forma que as partes podem, de comum acordo, afastar a</p><p>imperatividade das leis denominadas cogentes.</p><p>(D) A lei entra em vigor somente depois de transcorrido o prazo da vacatio legis,</p><p>e não com sua publicação em órgão oficial.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 121</p><p>(E) Dado o princípio da continuidade, a lei terá vigência enquanto outra não a</p><p>modificar ou revogar, podendo a revogação ocorrer pela derrogação, que é a</p><p>supressão integral da lei, ou pela ab-rogação, quando a supressão é apenas</p><p>parcial.</p><p>12) (CESPE – TRT/7ª Região/CE – Analista Judiciário – 2017) Conforme</p><p>a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro,</p><p>(A) como regra, a lei revogada se restaura quando a lei revogadora perde sua</p><p>vigência, instituto conhecido como repristinação.</p><p>(B) quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os</p><p>costumes e os princípios gerais de direito.</p><p>(C) as correções a texto de lei já em vigor não são consideradas lei nova.</p><p>(D) toda lei entra em vigor no país quarenta e cinco dias depois de oficialmente</p><p>publicada, sem exceção.</p><p>13) (CESPE – TRF/5ª Região – Juiz Federal – 2017) A continuidade de</p><p>aplicação de lei já revogada às relações jurídicas civis consolidadas</p><p>durante a sua vigência caracteriza</p><p>(A) a aplicação do princípio da segurança jurídica.</p><p>(B) a ultratividade da norma.</p><p>(C) a repristinação da norma.</p><p>(D) o princípio da continuidade normativa.</p><p>(E) a supremacia da lei revogada.</p><p>14) (CESPE – PC/GO – Delegado de Polícia Civil – 2017) A Lei nº XX/XXXX,</p><p>composta por quinze artigos, elaborada pelo Congresso Nacional, foi</p><p>sancionada, promulgada e publicada. A respeito dessa situação, assinale</p><p>a opção correta, de acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito</p><p>Brasileiro.</p><p>(A) Se algum dos artigos da lei sofrer alteração antes de ela entrar em vigor,</p><p>será contado um novo período de vacância para o dispositivo alterado.</p><p>(B) Caso essa lei tenha revogado dispositivo da legislação anterior,</p><p>automaticamente ocorrerá o efeito repristinatório se nela não houver disposição</p><p>em contrário.</p><p>(C) A lei irá revogar a legislação anterior caso estabeleça disposições gerais sobre</p><p>assunto tratado nessa legislação.</p><p>(D) Não havendo referência ao período de vacância, a nova lei entra em vigor</p><p>imediatamente, sendo eventuais correções em seu texto consideradas nova lei.</p><p>(E) Não havendo referência ao período de vacância, a lei entrará em vigor, em</p><p>todo o território nacional, três meses após sua publicação.</p><p>15) (CESPE – TRE/TO – Analista Judiciário – 2017) De acordo com a Lei</p><p>de Introdução às Normas do Direito Brasileiro,</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 122</p><p>(A) o princípio da obrigatoriedade das leis é incompatível com o instituto do erro</p><p>de direito.</p><p>(B) em relação à eficácia da lei no tempo, a retroatividade de uma lei no</p><p>ordenamento jurídico será máxima.</p><p>(C) adota-se, quanto à eficácia da lei no espaço, o princípio da territorialidade</p><p>mitigada.</p><p>(D) em caso de omissão da lei, o juiz decidirá o caso de acordo com as regras de</p><p>experiência.</p><p>(E) será admitida correção de texto legal apenas antes de a lei entrar em vigor.</p><p>16) (CESPE – PGE/SE – Procurador do Estado – 2017) A adaptação de lei,</p><p>por um intérprete, às exigências atuais e concretas da sociedade</p><p>configura interpretação</p><p>(A) histórica.</p><p>(B) sistemática.</p><p>(C) sociológica.</p><p>(D) analógica.</p><p>(E) autêntica.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa:</p><p>Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 123</p><p>GABARITO SECO = CESPE</p><p>Certo ou Errado</p><p>Questão 01</p><p>a) Certo</p><p>Questão 02</p><p>a) Errado</p><p>Questão 03</p><p>a) Errado</p><p>b) Errado</p><p>Questão 04</p><p>a) Certo</p><p>b) Errado</p><p>c) Errado</p><p>Questão 05</p><p>a) Certo</p><p>Questão 06</p><p>a) Certo</p><p>b) Certo</p><p>c) Certo</p><p>Questão 07</p><p>a) Errado</p><p>b) Errado</p><p>c) Certo</p><p>d) Errado</p><p>e) Errado</p><p>Questão 08</p><p>a) Certo</p><p>b) Errado</p><p>c) Errado</p><p>Questão 09</p><p>a) Certo</p><p>Questão 10</p><p>a) Errado</p><p>b) Certo</p><p>Questão 11</p><p>a) Errado</p><p>b) Errado</p><p>Questão 12</p><p>a) Errado</p><p>b) Errado</p><p>c) Errado</p><p>d) Certo</p><p>Questão 13</p><p>a) Errado</p><p>b) Errado</p><p>Questão 14</p><p>a) Certo</p><p>b) Errado</p><p>c) Errado</p><p>Questão 15</p><p>a) Errado</p><p>Questão 16</p><p>a) Errado</p><p>Questão 17</p><p>a) Errado</p><p>Questão 18</p><p>a) Certo</p><p>Questão 19</p><p>a) Certo</p><p>Questão 20</p><p>a) Errado</p><p>b) Errado</p><p>c) Errado</p><p>Questão 21</p><p>a) Errado</p><p>b) Certo</p><p>c) Certo</p><p>Questão 22</p><p>a) Errado</p><p>b) Errado</p><p>c) Certo</p><p>d) Errado</p><p>Questão 23</p><p>a) Errado</p><p>b) Errado</p><p>c) Errado</p><p>Questão 24</p><p>a) Certo</p><p>Questão 25</p><p>a) Certo</p><p>b) Errado</p><p>c) Errado</p><p>Questão 26</p><p>a) Certo</p><p>b) Certo</p><p>c) Certo</p><p>d) Errado</p><p>Questão 27</p><p>a) Errado</p><p>Questão 28</p><p>a) Errado</p><p>b) Errado</p><p>c) Errado</p><p>d) Errado</p><p>e) Certo</p><p>Questão 29</p><p>a) Errado</p><p>Questão 30</p><p>a) Certo</p><p>b) Errado</p><p>Questão 31</p><p>a) Errado</p><p>Questão 32</p><p>a) Errado</p><p>Questão 33</p><p>a) Certo</p><p>Questão 34</p><p>a) Errado</p><p>b) Errado</p><p>Questão 35</p><p>a) Errado</p><p>Questão 36</p><p>a) Errado</p><p>Questão 37</p><p>a) Errado</p><p>b) Errado</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 124</p><p>Questão 38</p><p>a) Errado</p><p>b) Errado</p><p>c) Errado</p><p>Questão 39</p><p>a) Errado</p><p>b) Errado</p><p>c) Errado</p><p>Questão 40</p><p>a) Errado</p><p>b) Errado</p><p>c) Errado</p><p>Questão 41</p><p>a) Certo</p><p>Questão 42</p><p>a) Errado</p><p>b) Certo</p><p>Questão 43</p><p>a) Errado</p><p>b) Errado</p><p>c) Errado</p><p>d) Certo</p><p>Questão 44</p><p>a) Certo</p><p>b) Errado</p><p>c) Certo</p><p>d) Errado</p><p>e) Errado</p><p>Questão 45</p><p>a) Errado</p><p>b) Certo</p><p>Questão 46</p><p>a) Errado</p><p>b) Errado</p><p>c) Errado</p><p>d) Errado</p><p>e) Certo</p><p>Questão 47</p><p>a) Errado</p><p>b) Errado</p><p>c) Certo</p><p>Questão 48</p><p>a) Certo</p><p>Questão 49</p><p>a) Certo</p><p>Questão 50</p><p>a) Errado</p><p>b) Errado</p><p>c) Errado</p><p>d) Certo</p><p>Questão 51</p><p>a) Errado</p><p>Questão 52</p><p>a) Certo</p><p>Questão 53</p><p>a) Errado</p><p>Questão 54</p><p>a) Certo</p><p>b) Errado</p><p>Questão 55</p><p>a) Errado</p><p>b) Certo</p><p>c) Certo</p><p>d) Errado</p><p>Questão 56</p><p>a) Errado</p><p>Questão 57</p><p>a) Errado</p><p>GABARITO SECO = CESPE</p><p>Múltipla Escolha</p><p>01) C</p><p>02) D</p><p>03) B</p><p>04) D</p><p>05) E</p><p>06) A</p><p>07) A</p><p>08) D</p><p>09) D</p><p>10) E</p><p>11) A</p><p>12) B</p><p>13) B</p><p>14) A</p><p>15) C</p><p>16) C</p><p>Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 14</p><p>um Código específico, uma lei pode ser considerada material, como no Direito</p><p>Administrativo.</p><p>Adjetivas (também chamadas de formais, processuais, secundárias ou de</p><p>segundo grau): nosso ordenamento jurídico possui um grupo de normas</p><p>também denominadas de instrumentais, que irão realizar a eficácia contida</p><p>na norma material. Elas regem o exercício da jurisdição, buscando organizar</p><p>o trâmite de um processo. Assim o direito adjetivo ou processual é um</p><p>instrumento para solucionar eventuais conflitos do direito material, visando a</p><p>satisfação deste. Exemplos: Código de Processo Civil, Código de Processo</p><p>Penal, etc. É de se observar que a aplicação do Direito Processual é exclusiva</p><p>do Poder Judiciário, exercendo sua função típica (lembrando que tanto o</p><p>Poder Legislativo, como o Executivo também podem exercer a função</p><p>julgadora, porém de forma atípica).</p><p>Exemplificando. Duas pessoas querem se casar! Quais as normas aplicáveis?</p><p>Normas de direito material (ou substantivas). Ou seja, para realizar um casamento</p><p>aplica-se o Código Civil. É ele que vai apontar as formalidades essenciais da</p><p>cerimônia, os regimes de bens que os nubentes podem escolher, adotar as</p><p>proibições e eventuais as nulidades, etc. Passados alguns anos estas pessoas</p><p>desejam se separar! E agora? Quais as normas aplicáveis? Normas de direito</p><p>processual (ou adjetivas). Ou seja, essas pessoas necessitarão ingressar com uma</p><p>ação no Poder Judiciário e o processo irá tramitar de acordo com as normas</p><p>processuais. O divórcio está previsto no Código Civil; mas os meios para se</p><p>divorciar estão disciplinados no Código de Processo Civil.</p><p>Outro Exemplo. Duas pessoas desejam celebrar um contrato de locação:</p><p>aplicam-se então as disposições do direito material. Se uma das partes não</p><p>respeitar o contrato (ex.: deixa de pagar o aluguel), surge para a outra o direito</p><p>de ingressar com uma ação de despejo, que é norma do direito processual (ou</p><p>adjetiva). Mais um Exemplo: “A” matou “B”. Pelo Código Penal (direito material</p><p>ou substantivo) cometeu o crime de homicídio (art. 121). E agora? Como fazemos?</p><p>Esta pessoa será processada! Mas como se desenvolverá o processo? É o Direito</p><p>Processual Penal (direito adjetivo ou formal) que determinará qual o rito que o</p><p>processo seguirá. Assim, direito material descreve o crime e as penas, mas é o</p><p>direito processual que estabelece o rito processual. Concluindo: se uma regra do</p><p>direito material não for observada o Estado-juiz é acionado para que o conflito</p><p>seja composto. E é aí que inicia o âmbito de atuação do direito processual.</p><p>Finalizando: durante o trâmite de um processo, o Juiz deve aplicar as normas de</p><p>direito material que estavam em vigor quando da existência do conflito (como</p><p>regra estas regras não retroagem). Já as normas de direito processual, como</p><p>regra, têm vigência imediata. Se uma regra processual for alterada no curso de</p><p>um processo em trâmite, ela já se aplica a este processo (ressalvados apenas os</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 15</p><p>atos já realizados). Nesta aula, mais adiante, falaremos de forma detalhada sobre</p><p>o princípio da retroatividade das leis.</p><p>C) Quanto ao Autorizamento (encaradas sob o prisma da sanção)</p><p>Mais que perfeitas: são as que autorizam a aplicação de mais de uma</p><p>sanção na hipótese de sua violação: nulidade do ato ou o restabelecimento à</p><p>situação anterior e ainda uma aplicação de pena ao violador. Ex.: uma pessoa</p><p>casada contraiu novas núpcias (bigamia). Para o Direito Civil este segundo</p><p>casamento é considerado nulo. Além disso, esta pessoa também irá</p><p>responder pelo crime previsto no Código Penal. Outro exemplo: o não</p><p>pagamento da pensão alimentícia pode gerar a prisão civil do devedor, além</p><p>da execução judicial da obrigação de pagar a dívida. A Lei de Alimentos prevê</p><p>expressamente (art. 19, §1°, da Lei n° 5.478/68) que o cumprimento integral</p><p>da pena de prisão não eximirá o devedor do pagamento das prestações</p><p>alimentícias vincendas ou vencidas e não pagas.</p><p>Perfeitas: a violação a elas autoriza apenas nulidade ou anulabilidade do</p><p>ato, sem gerar outra penalidade ao violador. Ex.: pessoa menor de 16 anos</p><p>que vendeu sua casa sem ser representado (negócio nulo: art. 166, I, CC).</p><p>Pródigo que vendeu seu automóvel sem ser assistido (negócio anulável: art.</p><p>171, I, CC).</p><p>Menos que perfeitas: há aplicação de sanção ao violador da norma, mas o</p><p>ato não é considerado nulo ou anulável. Ex.: o divorciado, enquanto não</p><p>houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal não deve</p><p>se casar (art. 1.523, I, CC). Mas se ele se casou sem ter feito a partilha? –</p><p>Neste caso o casamento não será anulado. No entanto, o regime de bens do</p><p>novo casamento será, obrigatoriamente, o da separação de bens (art. 1.641,</p><p>I, CC).</p><p>Imperfeitas: são leis cuja violação não acarreta qualquer consequência</p><p>jurídica, não havendo penalidade alguma. Ex.: perdi dinheiro no jogo; a lei</p><p>prevê que ninguém é obrigado a pagar dívidas de jogo (art. 818, CC). O</p><p>mesmo ocorre com as dívidas prescritas (falaremos sobre isso em aula mais</p><p>adiante).</p><p>D) Quanto ao Alcance</p><p>Gerais: são as normas de direito comum, que se aplicam para todo um</p><p>sistema de relações jurídicas. Ex.: Código Civil, Código Penal, etc.</p><p>Especiais: são as que se aplicam a situações jurídicas específicas, afastando</p><p>a aplicação do direito comum para estas situações especiais. Ex.: regras</p><p>específicas relativas aos contratos previstos no Código de Defesa do</p><p>Consumidor, da Lei do Inquilinato, etc.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 16</p><p>E) Quanto às Espécies Normativas</p><p>Quanto a esse ponto, aconselhamos a leitura da Constituição Federal (arts.</p><p>59 a 69, CF/88). Como esta matéria não é específica de Direito Civil, se quiserem,</p><p>podem “pular” este item, passando de imediato ao tópico “Vigência das Leis”.</p><p>Nosso objetivo neste ponto é apenas relembrar as diversas espécies de lei,</p><p>consideradas em seu sentido amplo e tecer alguns breves comentários sobre</p><p>elas. Vejamos.</p><p>1) Constitucionais: são as que constam na Constituição, que é um conjunto de</p><p>normas supremas de nosso ordenamento; é a lei máxima de nosso País e servem</p><p>de fundamento para todo o nosso sistema jurídico positivo. Trata-se do princípio</p><p>da supremacia (ou primazia) da Constituição, que está em um patamar superior</p><p>a qualquer outra lei, no topo da pirâmide normativa. Em uma apertada síntese,</p><p>ele limita o poder, organiza o Estado e define os direitos e garantias individuais.</p><p>Nossa Constituição é escrita e da espécie rígida, pois exige, para sua alteração,</p><p>um processo muito mais solene do que é exigido para a elaboração das demais</p><p>espécies normativas (ditas infraconstitucionais). Nossa Constituição também</p><p>possui mecanismos de controle da constitucionalidade das leis, evitando a</p><p>aplicação de normas incompatíveis com a própria Constituição. Recebe também o</p><p>nome de (isso cai em concurso): Lei Fundamental, Lei Suprema, Lei das Leis, Lei</p><p>Maior, Carta Magna, etc.</p><p>2) Emendas à Constituição: nossa Constituição permite sua reforma por meio</p><p>de emendas, que podem modificá-la parcialmente (trata-se do Poder</p><p>Constituinte Derivado, ou Reformador, ou de Segundo Grau, ou Limitado). A</p><p>proposta de emenda deve ser discutida e votada em cada Casa do Congresso, em</p><p>dois turnos cada. Considera-se aprovada se obtiver em todas as votações três</p><p>quintos dos votos dos respectivos membros.</p><p>3) Lei Complementares: tratam de matérias especiais, estipuladas na própria</p><p>Constituição, para melhor regulamentar determinado assunto. Possuem quórum</p><p>especial para aprovação (maioria absoluta).</p><p>4) Leis Ordinárias: são as</p><p>“leis comuns”, elaboradas pelo Poder Legislativo</p><p>(Congresso Nacional = Federal; Assembleia Legislativa = Estadual; Câmara dos</p><p>Vereadores = Municipal). A aprovação se dá por maioria simples ou relativa.</p><p>Lembrando que o Código Civil, apesar do nome, trata-se de uma Lei Ordinária.</p><p>Observações</p><p>O art. 47, CF/88 estabelece que “salvo disposição constitucional em</p><p>contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por</p><p>maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros”. Por esse</p><p>dispositivo percebe-se que as deliberações legislativas no Brasil são tomadas, em</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 17</p><p>regra, pela maioria simples ou relativa de votos, isto é, pelo voto da maioria</p><p>dos presentes, desde que presente na sessão a maioria absoluta dos membros da</p><p>Casa Legislativa. Assim, se a Constituição não exigir expressamente outro quórum</p><p>(maioria absoluta, dois terços, três quintos), aplica-se a regra da maioria simples</p><p>ou relativa. Ex.: em relação à lei complementar, a Constituição exige</p><p>expressamente maioria absoluta (art. 69). Mas em relação à lei ordinária, a</p><p>Constituição não estabelece o quórum. Logo, neste caso, aplica-se a regra geral,</p><p>da maioria simples ou relativa. Para se instalar a sessão de deliberação, exige a</p><p>Constituição que estejam presentes, pelo menos, a maioria absoluta dos membros</p><p>da Casa Legislativa.</p><p>Já a maioria absoluta corresponde ao primeiro número inteiro</p><p>posterior à metade dos integrantes da Casa (costuma-se usar a expressão</p><p>“metade mais um”; no entanto, não se aconselha falar assim, pois tecnicamente</p><p>não é correto). Ex.: o Senado Federal é composto atualmente de 81 Senadores,</p><p>portanto há a necessidade da presença de, pelo menos, 41 Senadores para</p><p>instalar a sessão de votação. Se não for obtida esta presença mínima (maioria</p><p>absoluta), a sessão não se instala. Instalada a sessão, a matéria será aprovada</p><p>pela maioria dos votos dos presentes.</p><p>Portanto, uma lei é aprovada por um número variável (e muitas vezes</p><p>reduzido) de votos. Se presentes 60 Senadores à sessão, serão necessários 31</p><p>votos para se aprovar uma lei. Acrescentando: se presentes 60 Senadores e 10</p><p>deles se abstiverem (a abstenção não conta), serão necessários apenas 26 votos</p><p>para aprovação.</p><p>Já para aprovação de uma lei complementar (maioria absoluta), leva-se</p><p>em consideração o número total de integrantes da Casa Legislativa, sendo, por</p><p>isso, um número fixo de votos, independentemente do número de parlamentares</p><p>presentes à sessão. Tomando mais uma vez o exemplo do Senado: presentes 41,</p><p>57 ou 80 Senadores, o número exigido para aprovação da lei complementar é o</p><p>mesmo: 41 votos (maioria absoluta dos integrantes da Casa). O mesmo se aplica</p><p>à Câmara dos Deputados que atualmente conta com 513 Deputados Federais.</p><p>Resumindo: o quórum da maioria simples é um número variável e o da maioria</p><p>absoluta e também o da qualificada (dois terços, três quintos) é sempre fixo.</p><p>5) Leis Delegadas: são normas elaboradas pelo Presidente da República em</p><p>função de autorização expressa do Poder Legislativo e nos limites impostos por</p><p>este. Podem ser internas (o encargo é atribuído a uma comissão do próprio Poder</p><p>Legislativo) ou externas (atribui-se ao chefe do Executivo a elaboração da lei).</p><p>6) Medidas Provisórias: são normas com força de lei, editadas pelo Presidente</p><p>da República, em caso de relevância e urgência. Devem ser submetidas de</p><p>imediato ao Congresso Nacional. Este tem 60 dias (prorrogáveis por igual período)</p><p>para analisar o seu texto. Se ela não for apreciada em 45 dias, entrará em regime</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 18</p><p>de urgência, ficando sobrestadas todas as demais deliberações legislativas da Casa</p><p>em que estiver tramitando, até que se ultime a sua votação. Três situações podem</p><p>ocorrer: a) aprovação (com ou sem alteração do texto) – neste caso ela se</p><p>converterá em lei ordinária, sendo promulgada pelo presidente do Senado Federal</p><p>que a remeterá ao Presidente da República para publicação; b) rejeição expressa</p><p>– neste caso ela será arquivada e caberá ao Presidente do Congresso Nacional</p><p>baixar ato declarando-a ineficaz; c) rejeição tácita – se a análise da lei não findar</p><p>em 120 dias, também acarreta a perda de sua eficácia. É proibida a reedição da</p><p>medida provisória na mesma sessão legislativa, que tenha sido rejeitada ou tenha</p><p>perdido sua eficácia por decurso de prazo.</p><p>7) Decretos Legislativos: são normas promulgadas pelo Poder Legislativo</p><p>(Congresso Nacional) sobre assuntos de sua competência (ex.: ratificação de</p><p>tratados internacionais; autorização de referendo ou convocação de plebiscito).</p><p>8) Resoluções: são normas expedidas pelo Poder Legislativo (Câmara dos</p><p>Deputados ou Senado Federal), destinadas a regular matéria de sua competência,</p><p>de caráter administrativo ou político, de seu peculiar interesse (ex.: fixação de</p><p>subsídios, licença dos parlamentares, perda de cargo, etc.).</p><p>I. VIGÊNCIA DAS LEIS NO TEMPO</p><p>VIGÊNCIA DAS LEIS NO TEMPO</p><p>Toda norma jurídica tem um âmbito de aplicação temporal, espacial,</p><p>material e pessoal, dentro dos quais ela tem vigência e validade. Vamos iniciar</p><p>nosso estudo quanto à vigência, analisando as leis sob o aspecto temporal.</p><p>Depois passaremos para o âmbito territorial.</p><p>As leis também possuem um ciclo vital: nascem, aplicam-se a</p><p>determinadas situações, podem ser modificadas e “morrem” (início, continuidade</p><p>e cessação da vigência). Elas regidas por dois princípios fundamentais:</p><p>obrigatoriedade e continuidade. Vejamos.</p><p>1. PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE (também chamado de princípio da</p><p>inescusabilidade da ignorância das leis).</p><p>Publicada a lei, ninguém se escusa de cumpri-la alegando que não</p><p>a conhece (art. 3°, LINDB), tornando-se obrigatória para todos os seus</p><p>destinatários (ignorantia legis neminem excusat). Tal dispositivo visa garantir a</p><p>estabilidade e a eficácia do sistema jurídico que ficaria comprometido, caso</p><p>admitida a alegação de ignorância de lei em vigor. Segundo a doutrina, três teorias</p><p>procuram justificar este preceito:</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 19</p><p>Presunção legal: uma vez publicada, presume-se que todos leram e tomaram</p><p>conhecimento do teor da lei, tornando-se conhecida de todos.</p><p>Ficção: pressupõe que se uma lei foi publicada torna-se conhecida de todos.</p><p>Necessidade social: sustenta que a lei é obrigatória e deve ser cumprida por</p><p>todos não por ser de conhecimento ficto ou presumido, mas para tornar</p><p>possível a convivência social. Isso não significa dizer que o cidadão tem</p><p>obrigação de conhecer todas as leis, mas sim de que ninguém pode deixar de</p><p>cumprir a lei, conhecendo-a ou não. É a mais aceita no mundo jurídico,</p><p>para não se estabelecer o caos ou a anarquia. Não é necessário que se prove</p><p>em juízo a existência de uma lei. Parte-se do pressuposto que o juiz conhece</p><p>o direito (jura novit curia). No entanto, estabelece o art. 376, do CPC/2015,</p><p>que “a parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou</p><p>consuetudinário provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar”.</p><p>�Atenção� A impossibilidade de alegação de desconhecimento da lei</p><p>não é uma regra absoluta. Isso porque o erro de direito (falso conhecimento,</p><p>ignorância ou interpretação errônea da norma jurídica), apesar de não reconhecido</p><p>pela LINDB, pode ser invocado, por expressa disposição do art. 139, III, CC,</p><p>em situações especiais, e desde que não haja intenção de furtar-se ao</p><p>cumprimento da lei (serve para justificar a boa-fé</p><p>no descumprimento de um</p><p>contrato). Aprofundaremos o tema em aula mais adiante. Conclusão: se a</p><p>questão se referir somente à Lei de Introdução, o desconhecimento da lei não</p><p>pode ser alegado como escusa de seu cumprimento; se a questão se referir ao</p><p>Código Civil tal alegação é admissível em situações especiais.</p><p>2. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE</p><p>A partir de sua vigência, a lei tem eficácia contínua, até que outra a</p><p>modifique ou revogue (embora possam existir “leis temporárias”, conforme</p><p>veremos adiante: art. 2°, LINDB). O desuso ou o decurso de tempo, não fazem</p><p>com que a lei perca sua eficácia.</p><p>INÍCIO DA OBRIGATORIEDADE DAS LEIS</p><p>A criação de uma lei obedece a um procedimento próprio, definido nas</p><p>normas constitucionais (arts. 59 a 69, CF/88). Há todo um processo solene de</p><p>elaboração da lei, chamado de processo legislativo, que geralmente passa por</p><p>cinco etapas. Embora este não seja um tema específico do Direito Civil é</p><p>conveniente fazer um resumo. Há várias espécies de leis, sendo que cada uma</p><p>possui suas próprias peculiaridades. Vamos falar sobre o “processo padrão” (ou</p><p>processo legislativo ordinário):</p><p>A) INICIATIVA. É o ato que inicia todo o processo legislativo. Trata-se da</p><p>faculdade conferida a alguém ou a algum órgão para apresentar um projeto de lei.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 20</p><p>A Constituição confere legitimação a várias pessoas e órgãos para a</p><p>apresentação de projetos de lei ao Poder Legislativo. Na área federal,</p><p>dependendo da matéria, cabe:</p><p>1. Iniciativa Parlamentar: a qualquer membro ou comissão do Poder</p><p>Legislativo.</p><p>2. Iniciativa Extraparlamentar: ao Presidente da República (em regime</p><p>normal ou de urgência para apreciar o projeto), Supremo Tribunal Federal,</p><p>demais Tribunais Superiores, Procurador Geral da República e também aos</p><p>cidadãos em geral (iniciativa popular), como previsto no art. 61, CF/88. Nesta</p><p>última hipótese o caso mais famoso foi o da autora de novelas Glória Peres, que</p><p>perdeu uma filha assassinada e liderou uma campanha vitoriosa por todo Brasil</p><p>para incluir o homicídio qualificado como crime hediondo.</p><p>B) DISCUSSÃO E APROVAÇÃO. Apresentado o projeto são realizados estudos,</p><p>debates, redações, correções, emendas e votação do projeto. Este trabalho é</p><p>chamado de deliberação parlamentar. O projeto inicialmente passa pelo crivo de</p><p>comissões parlamentares, dependendo do assunto. No âmbito federal, como o</p><p>nosso sistema é bicameral, o projeto deve ser aprovado pelas duas Casas</p><p>Legislativas (Iniciadora e Revisora). No caso de uma lei ordinária, que trata, em</p><p>tese, de matérias mais simples, a aprovação se dá por maioria simples de cada</p><p>Casa Legislativa. Já uma lei complementar possui um quórum qualificado (maioria</p><p>absoluta), isto para que se tenha certeza de que aquele assunto tratado realmente</p><p>reflete o interesse da sociedade. Lembrando: na maioria das vezes a Casa</p><p>Iniciadora é a Câmara dos Deputados. Isso ocorre quando o projeto é apresentado</p><p>por um Deputado Federal, pelo Presidente da República, pelo Supremo Tribunal</p><p>Federal, pelos Tribunais Superiores, etc. A exceção ocorre quando o projeto é de</p><p>autoria de um Senador ou comissão do Senado. Neste caso a Casa Iniciadora é o</p><p>próprio Senado Federal.</p><p>A Casa Iniciadora pode aprovar ou rejeitar o projeto. Se for rejeitado, será</p><p>arquivado, não podendo ser apresentado outro sobre essa matéria na mesma</p><p>sessão legislativa, salvo se houver proposta da maioria dos Deputados ou dos</p><p>Senadores. Aprovado na Casa Iniciadora (com ou sem emendas) o projeto segue</p><p>para a Casa Revisora, para nova deliberação. Ela poderá: a) aprovar</p><p>integralmente o projeto (segue-se, então, para a próxima etapa, que é a sanção</p><p>ou veto); b) emendar o projeto (neste caso as emendas – somente as emendas</p><p>– retornam para a Casa Iniciadora, que poderá aprová-las ou rejeitá-las); ou c)</p><p>simplesmente rejeitar o projeto (neste caso ele será arquivado). Não há um poder</p><p>ilimitado para apresentar emendas; elas devem ser relacionadas ao tema de que</p><p>trata o texto. Sendo o projeto de iniciativa exclusiva do Presidente da República,</p><p>não serão admitidas emendas que acarretem aumento da despesa prevista, salvo</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 21</p><p>se se tratar de lei orçamentária (este “salvo”, como temos visto na prática, é uma</p><p>“festa”...).</p><p>C) SANÇÃO OU VETO. Nesta fase o Poder Executivo participa do processo</p><p>(deliberação executiva). No plano federal é ato exclusivo da alçada do Presidente</p><p>da República.</p><p>1. Com a sanção ele manifesta a sua concordância com o projeto aprovado</p><p>pelo Poder Legislativo. Há uma conjugação das vontades dos Poderes Legislativo</p><p>e Executivo, nascendo a lei. A sanção incide em um projeto de lei e, ao incidir, faz</p><p>com que este projeto se transforme em lei. O projeto pode ser sancionado de</p><p>forma expressa (quando o Executivo se manifesta por despacho, aprovando o</p><p>projeto) ou tácita (quando o Executivo simplesmente se omite, deixando de</p><p>apreciar o projeto no prazo de 15 dias úteis), conforme estabelece o art. 66, §3°,</p><p>CF/88.</p><p>2. Com o veto o chefe do Executivo manifesta sua recusa ou não-</p><p>concordância com o projeto de lei. O veto é irretratável e deve ser sempre</p><p>expresso e motivado. Não há o chamado “veto tácito”, pois o silêncio do Chefe</p><p>do Executivo implica em sanção. O veto pode ser total, quando atinge todos os</p><p>dispositivos do projeto ou parcial, quando atinge um ou alguns dos dispositivos</p><p>do projeto. Como falei acima, o veto deve ser motivado. E são dois os motivos</p><p>para se vetar: inconstitucionalidade e/ou inconveniência. Costuma-se dizer que o</p><p>veto é jurídico (caráter formal) quando o projeto é considerado inconstitucional;</p><p>ele contraria a Constituição. Por outro lado, ele pode ser político (caráter material</p><p>- mérito), ou seja, contrário ao interesse público; o Chefe do Executivo faz um</p><p>juízo sobre a inconveniência de se aprovar determinada matéria. Assim, um</p><p>projeto pode ser constitucional, e, mesmo assim, ser vetado por não ser</p><p>conveniente para o interesse público. O veto só pode ser supressivo, ou seja, o</p><p>Chefe do Executivo nada pode acrescentar ao projeto; ele somente pode retirar.</p><p>Não pode haver veto de palavras isoladas; isso para evitar alterações ou inversões</p><p>de sentido (ex.: vetar a palavra “não”). O veto, ainda que parcial, deve abranger</p><p>o texto integral do artigo, de parágrafos (§1°, §2° ...), de incisos (I, II, III...), ou</p><p>alíneas (“a”, “b”, “c”...).</p><p>Por outro lado, o veto pode ser superado (ou derrubado). Isto é, ocorrido</p><p>o veto, o Presidente da República comunica ao Presidente do Senado os motivos</p><p>do veto no prazo de 48 horas e o Congresso Nacional irá reapreciar a matéria, no</p><p>prazo de 30 dias. A votação será feita pelo Congresso Nacional, de forma conjunta,</p><p>mas os votos dos Deputados e Senadores serão computados separadamente. Ou</p><p>seja, embora a sessão seja conjunta, para derrubar o veto é necessária a maioria</p><p>absoluta dos Deputados e dos Senadores. Sendo o veto total e não sendo</p><p>alcançada a maioria absoluta em cada Casa, encerra-se o processo legislativo (o</p><p>projeto será arquivado). Se o veto for parcial e o mesmo for mantido, o próprio</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 22</p><p>Presidente do Congresso promulgará a lei (evidentemente que somente com as</p><p>partes não vetadas), uma vez que o texto já estava com a concordância com o</p><p>Chefe do Executivo. Se o veto for derrubado, o projeto volta ao Chefe do Executivo</p><p>apenas para a promulgação.</p><p>D) PROMULGAÇÃO (existência da lei). Decorre da sanção e tem o significado de</p><p>proclamação, de “ateste de validade de lei”. Dá-se conjuntamente com a sanção,</p><p>quando o Presidente da República assina o projeto de lei. Promulgar é declarar</p><p>a existência de uma lei, inovando-se a ordem jurídica. Costuma-se dizer que “a</p><p>lei nasce com a promulgação”. Quando está escrito no texto da lei ...faço saber</p><p>que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei... implicitamente</p><p>quer dizer que a lei também está sendo promulgada, no mesmo tempo e</p><p>instrumento. Apesar de ocorrer conjuntamente, a doutrina majoritária gosta de</p><p>afirmar que “a sanção incide sobre o projeto de lei (transforma o projeto de lei em</p><p>lei), enquanto a promulgação já incide sobre a lei (declara a existência de uma lei</p><p>válida; por isso o que se promulga é a lei e não o projeto)”. O Chefe do Executivo</p><p>atesta perante a sociedade a existência válida de uma lei, ordenando-lhe</p><p>o respectivo cumprimento. Lembrando que não há sanção ou veto no caso de</p><p>uma Emenda Constitucional, mas sim de promulgação pelas mesas da Câmara e</p><p>do Senado. Nos casos de sanção tácita (transcorreram 15 dias úteis sem</p><p>manifestação do Executivo) ou derrubada de veto, o Chefe do Executivo terá 48</p><p>horas para promulgar a lei. Não o fazendo no prazo a atribuição cabe ao Presidente</p><p>do Senado.</p><p>E) PUBLICAÇÃO. É o ato por meio do qual se dá a divulgação da existência</p><p>da nova lei em órgão oficial, tornando-se, portanto, conhecida de todos (trata-</p><p>se de uma presunção). A finalidade da publicação é garantir (ao menos</p><p>potencialmente) que a lei seja conhecida por todos os que estarão sujeitos ao seu</p><p>comando; é uma condição de vigência e de eficácia da lei. Como já dissemos, a</p><p>teoria mais aceita para justificar a obrigatoriedade da lei para todos é a da</p><p>necessidade social. Com a publicação encerra-se o processo legislativo.</p><p>RESUMINDO Observando-se o processo de criação de uma lei (processo</p><p>legislativo) notamos que a lei só deixa de ser um projeto quando ocorre a sanção.</p><p>Já na promulgação atesta-se a existência de uma lei válida, confirmando sua</p><p>executoriedade (possibilidade de ser executada). Todavia, para que possa ser</p><p>aplicada e possa produzir seus efeitos, a lei deve ser obrigatória, e a</p><p>obrigatoriedade depende de sua publicação oficial. Mas não é só. Para que a lei</p><p>possa obrigar seus destinatários é necessário mais que a publicação; é preciso que</p><p>a lei possua vigência, ou seja, apta para produzir seus efeitos.</p><p>Frases da doutrina referentes a este tópico que costumam cair em</p><p>concurso: “A promulgação, por ser ato de competência do Executivo, é que dará</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 23</p><p>força executória à lei, que tenha sancionado, dando-lhe autenticidade”. “A</p><p>executoriedade é efeito da promulgação”. “A obrigatoriedade é efeito da</p><p>publicação”. “A obrigatoriedade supõe a publicação, sendo que a lei só a adquirirá</p><p>após a vacatio legis” (expressão que veremos logo adiante).</p><p>�IMPORTANTE � Distinção entre validade, vigência e eficácia.</p><p>a) Validade: qualidade da norma por terem sido obedecidas as condições</p><p>formais e materiais para sua produção. Validade Formal: norma produzida por</p><p>autoridade legítima e competente (competência para elaboração da lei), além</p><p>da tramitação pelo devido processo legislativo e consequente integração no</p><p>sistema jurídico da sociedade. Validade Material: diz respeito ao conteúdo da</p><p>norma; se está de acordo com nosso sistema jurídico (ex.: respeito à</p><p>Constituição).</p><p>b) Vigência: deriva da expressão latina vigentia (do verbo vigere, vigens –</p><p>estar em voga, vigorar), que significa a qualidade de vigente, o tempo durante o</p><p>qual uma coisa vige ou vigora. Refere ao intervalo de tempo em que a norma</p><p>jurídica está legalmente autorizada a produzir seus efeitos (critério puramente</p><p>temporal). É o período de vida da lei, que vai do momento em que ela entra em</p><p>vigor (passa a ter força vinculante; início da obrigatoriedade), até o momento em</p><p>que é revogada, ou em que se esgota o prazo prescrito para sua duração (lei</p><p>temporária). Como veremos a seguir, uma lei pode ter sido publicada e ainda não</p><p>estar vigorando, pois a própria lei marcou um prazo para que ela entre em vigor</p><p>(vacatio legis).</p><p>Outro tópico interessante é a diferença entre vigência e vigor. Como vimos,</p><p>vigência está relacionada com o período de vida da lei (tempo de sua</p><p>duração); a vigência de uma lei acaba quando esta lei é revogada. Já vigor está</p><p>relacionado com a força vinculante da lei; é a qualidade da lei em produzir</p><p>efeitos. Assim, uma lei pode vigorar, mesmo tendo sido revogada (perdeu a</p><p>vigência). O exemplo clássico é o do contrato que foi celebrado sob a égide de</p><p>uma lei; posteriormente essa lei foi revogada, mas ela continua sendo aplicada</p><p>naquele caso concreto (chamamos isso de ultratividade da lei).</p><p>c) Eficácia (ou efetividade): refere-se aos efeitos ou consequências da norma</p><p>jurídica; é a qualidade da norma que está em vigor no tocante à possibilidade</p><p>de produção de efeitos concretos, seja porque foram cumpridas as condições</p><p>exigidas para isso (eficácia jurídica ou técnica), seja porque estão presentes as</p><p>condições fáticas exigíveis para sua observância, espontânea ou imposta, ou para</p><p>a satisfação dos objetivos pretendidos. Neste último caso leva-se em conta se a</p><p>lei atende aos anseios da sociedade e se os destinatários da norma a estão</p><p>cumprindo (eficácia social da norma). No entanto, na prática, como veremos, as</p><p>pessoas não podem se eximir do cumprimento de suas disposições.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 24</p><p>Quase todas as leis que entram em vigor, também possuem eficácia. No</p><p>entanto, há normas que foram editadas, mas ainda não foram regulamentadas.</p><p>Já outras exigem que o Estado crie um órgão que viabilize sua execução. Portanto,</p><p>pode ocorrer que uma lei seja válida e possua vigência (já está vigorando),</p><p>estando apta a produzir efeitos, porém ainda não tenha eficácia (não produzindo</p><p>efeitos concretos), pois depende da prática de algum ato por parte do Estado.</p><p>REGRAS DA LINDB SOBRE O INÍCIO DA OBRIGATORIEDADE</p><p>PRIMEIRA REGRA. Salvo disposição em contrário, uma lei começa a</p><p>vigorar, em todo o País, quarenta e cinco dias depois de oficialmente</p><p>publicada (art. 1°, caput, LINDB). Essa regra não é absoluta, pois na prática</p><p>quase todas as leis contêm em seu texto disposição que elas entram em vigor “na</p><p>data de sua publicação”, como veremos a seguir.</p><p>O espaço compreendido entre a publicação da lei e sua entrada em vigor</p><p>(quando há esse espaço de tempo) denomina-se vacatio legis. Trata-se de uma</p><p>expressão latina, muito comum em concursos, que significa “vacância da lei”.</p><p>Geralmente este prazo é estabelecido para melhor divulgação dos textos legais e</p><p>adaptação dos cidadãos, para que sejam melhor compreendidos antes que entrem</p><p>em vigor e se tornem obrigatórios e para que os órgãos da administração se</p><p>aparelhem melhor ao novo texto legal. Enquanto não transcorrido esse período, a</p><p>lei nova, ainda que já publicada, não tem força obrigatória ou vinculante. Assim,</p><p>se a Lei n° 1 foi alterada pela Lei n° 2, durante o prazo de vacatio da lei nova</p><p>continua sendo aplicada a Lei n° 1 em sua íntegra. Observem: a lei nova é válida,</p><p>mas ainda não é vigente.</p><p>O dispositivo citado consagrou o que se chama de princípio da vigência</p><p>sincrônica (sincronismo significa ao mesmo tempo) ou sistema simultâneo</p><p>(princípio da obrigação simultânea ou prazo único). Assim, a lei entra em vigor</p><p>a um só tempo em todo o território nacional (ou seja, não há vigência</p><p>progressiva). Trata-se de um prazo único para todo País (45 dias após a sua</p><p>publicação oficial), sendo simultânea a sua obrigatoriedade.</p><p>Quanto ao prazo de vacatio legis, as leis podem ser</p><p>classificadas em:</p><p>a) Lei com vacatio legis expressa: a própria lei faz referência ao seu período</p><p>de vacatio. O melhor exemplo é o atual Código Civil, que prevê em seu art.</p><p>2.044: “Este Código entrará em vigor um ano após a sua publicação”.</p><p>b) Lei com vacatio legis tácita: o texto da lei é omisso em relação ao</p><p>momento em que ela entra em vigor; neste caso ela passará a vigorar 45 dias</p><p>após a publicação; é a regra teórica do art. 1°, caput, LINDB (raríssimo de se</p><p>encontrar na prática).</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 25</p><p>c) Lei sem prazo de vacatio legis: a lei entra em vigor na data de sua</p><p>publicação, devendo esta frase constar de seu texto.</p><p>� Art. 8°, da Lei Complementar n° 95/98 (com texto modificado pela Lei</p><p>Complementar n° 107/01 e regulamentada pelo Decreto n° 4.176/02, que dispõe</p><p>sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis, conforme</p><p>determina o parágrafo único, do art. 59, da Constituição Federal): “A vigência da</p><p>lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável</p><p>para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula ‘entra em vigor</p><p>na data de sua publicação’ para as leis de pequena repercussão”. Na prática,</p><p>embora o correto seria a entrada em vigor na data de sua publicação apenas para</p><p>as leis de pequena repercussão, o que vemos é que quase todas as leis contêm</p><p>essa ressalva.</p><p>Resumindo: uma lei pode entrar em vigor na data de sua publicação (nesse</p><p>caso não há que se falar em vacatio legis) ou em outra data mais à frente, desde</p><p>que haja previsão expressa no seu texto. Isto é assim devido à importância ou</p><p>urgência de determinada lei e a maior ou menor dificuldade de adaptação da</p><p>sociedade a esta nova lei. Somente quando não houver expressa disposição</p><p>na própria lei acerca da data em que ela entrará em vigor (omissão proposital</p><p>da lei), aí sim, ela entrará em vigor em 45 dias após a publicação. Trata-se,</p><p>portanto, de um dispositivo legal que atua supletivamente, caso a lei seja</p><p>publicada sem menção ao momento em que deva entrar em vigor.</p><p>SEGUNDA REGRA. Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei</p><p>brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente</p><p>publicada (art. 1°, §1° da LINDB). Isto é, se uma lei for editada no Brasil, mas</p><p>para surtir efeitos no estrangeiro (em geral, quando cuida de atribuição de</p><p>ministros, embaixadores, cônsules, convenções de direito internacional, etc.) e a</p><p>lei for omissa quanto à data que entrará em vigor (a data de sua vigência efetiva),</p><p>ela lei somente entrará em vigor 03 (três) meses após a sua publicação.</p><p>� Atenção � Como vimos, a regra (teórica) quanto ao prazo para uma lei</p><p>começar a vigorar em todo País é de 45 dias depois de oficialmente publicada; já</p><p>o prazo para vigorar nos Estados estrangeiros é de 03 meses (e não 90 dias como</p><p>às vezes eu vejo cair em concursos, como uma forma de “pegadinha”). Parece ser</p><p>óbvio, mas é importante deixar claro que para o Direito, 03 meses é prazo bem</p><p>diferente do que 90 dias! Há um “macete” bem manjado para não fazer confusão:</p><p>esTRangeiro = TRês meses.</p><p>TERCEIRA REGRA. Uma lei pode ter sido publicada com algum erro</p><p>substancial, implicando em uma divergência de aplicabilidade (geralmente são</p><p>erros materiais ou falhas de ortografia). O art. 1°, §3° da LINDB determina que:</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 26</p><p>Se antes de entrar em vigor ocorrer nova publicação desta lei, destinada</p><p>à correção de seu texto, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores</p><p>começará a correr da nova publicação. Exemplo: uma lei foi publicada em</p><p>determinado dia e é omissa em relação ao dia que entrará em vigor. Assim,</p><p>somente entrará em vigor 45 dias após a publicação. Vinte dias depois de</p><p>publicada (portanto ainda estamos no curso do prazo de vacatio legis), alguém</p><p>notou que houve um erro no texto da lei. Desta forma ela deve ser republicada.</p><p>E aquele prazo de 45 dias recomeça a contar; inicia-se novamente a contagem do</p><p>prazo de vacatio a partir do dia da republicação da lei. Notem que continua sendo</p><p>a mesma lei.</p><p>QUARTA REGRA. As emendas e correções de texto de lei que já tenha</p><p>entrado em vigor consideram-se lei nova (art. 1°, §4°, LINDB). Exemplo:</p><p>uma lei foi publicada, cumpriu o prazo de vacatio legis e entrou em vigor. Alguns</p><p>dias depois, um erro foi notado. Neste caso, quando houver a “republicação”, esta</p><p>será considerada como lei nova. No entanto, para haver esta “republicação de</p><p>correção”, é necessário um novo processo legislativo, pois se trata de lei nova.</p><p>Os direitos adquiridos na vigência da lei emendada serão resguardados. Admite-</p><p>se que o Juiz ao aplicar determinada lei corrija um evidente erro ortográfico, mas</p><p>ele não pode alterar erros substanciais, que possam alterar o sentido da norma;</p><p>nesse caso é imprescindível a edição de uma nova lei.</p><p>� Atenção � No período entre a publicação da lei nova e o início de sua</p><p>vigência, subsistirá a “lei velha”, que ainda estará em vigor, enquanto não se</p><p>vencer o prazo de vacatio legis; a “lei nova” nada obriga, pois ainda não entrou</p><p>em vigor.</p><p>Resumindo: Norma Corretiva</p><p>• Correção antes da publicação → a norma pode ser corrigida sem</p><p>problema algum.</p><p>• Correção após a publicação, mas durante a vacatio legis → trata-se</p><p>da mesma lei; sendo o texto republicado por incorreção, conta-se novo</p><p>prazo de vacatio, a partir da republicação (leiam mais abaixo o item “questão</p><p>polêmica”).</p><p>• Correção após entrar em vigor → nesse caso a lei somente pode ser</p><p>corrigida mediante a edição de uma nova lei, após o trâmite de um processo</p><p>legislativo regular.</p><p>Observação: pelo princípio da simetria as mesmas regras valem para</p><p>os processos legislativos federais, estaduais e municipais.</p><p>DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (AJAJ e OJAF) = STJ =</p><p>Aula Demonstrativa: Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro</p><p>Prof. Lauro Escobar</p><p>www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 27</p><p>� Questão Polêmica � Digamos que uma lei esteja no período de vacatio</p><p>legis e quase no final do prazo ela foi republicada com algumas modificações (ou</p><p>somente alguns dispositivos foram republicados). Pergunta-se: a lei inteira deve</p><p>cumprir novo prazo de vacatio? Ou aplica-se o novo prazo de vacatio apenas àquilo</p><p>que foi modificado pela nova publicação? A professora Maria Helena Diniz, em</p><p>sua obra, “Lei de Introdução ao Código Civil Interpretada”, pondera que: “Se</p><p>apenas uma parte da lei for corrigida o prazo recomeçará a fluir somente para a</p><p>parte retificada, pois seria inadmissível, no que atina à parte certa, um prazo de</p><p>espera excedente ao limite imposto para o início dos efeitos legais, salvo se a</p><p>retificação afetar integralmente o espírito da norma” (grifos meus).</p><p>Portanto, diante dessa situação, devemos analisar cada caso em concreto. Se a</p><p>parte corrigida afetar a norma de uma forma geral, a lei inteira deve esperar o</p><p>novo prazo de vacatio. Mas se a parte corrigida não afetar o espírito da lei, ou for</p><p>independente em relação a ela, nada impede que a lei entre em vigor, excetuada</p><p>a parte que foi modificada, recomeçando-se o prazo de vacatio apenas naquilo</p><p>que foi modificado.</p><p>� IMPORTANTE � Contagem do prazo da vacatio</p><p>Conforme o art. 8°, §1° da LC n° 95/98 (com redação dada pela LC n°</p><p>107/01), o prazo de vacatio legis deve ser contado: incluindo-se o dia do</p><p>começo (o dies a quo, ou seja, o dia da publicação da lei) e também do</p><p>último dia do prazo (o dies ad quem, que é o dia do seu vencimento).</p><p>Assim, a lei entrará em vigor no dia subsequente a sua consumação</p><p>integral, ou seja, no dia seguinte ao último dia de prazo, ainda que se trate de</p><p>domingo ou feriado (o prazo não</p>