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<p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Unidade 1</p><p>Breves Considerações Sobre a Contabilidade</p><p>Aula 1</p><p>A ciência contábil</p><p>Introdução da unidade</p><p>Objetivos da Unidade</p><p>Ao �nal desta Unidade, você será capaz de:</p><p>de�nir a representação do patrimônio;</p><p>esclarecer os pontos do sistema �nanceiro nacional;</p><p>demonstrar os exemplos de crimes contra a ordem tributária.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Olá, estudante! Você já percebeu que os meios de comunicação divulgam muitas ocorrências</p><p>relacionadas a crimes �nanceiros, as quais demandam a ação de diversos agentes para a</p><p>apuração dos casos? Exemplo de uma das operações ocorridas no Brasil foi a Black Flag, da</p><p>Polícia Federal. Os �scais da Receita Federal, após a análise de movimentações �nanceiras</p><p>suspeitas, identi�caram inúmeras fraudes em empresas que ensejaram crimes contra o Sistema</p><p>Financeiro Nacional.</p><p>Com o objetivo de instrumentalizá-lo acerca do papel da contabilidade e do contador no combate</p><p>aos crimes �nanceiros e contra a ordem tributária, alguns conteúdos importantes serão</p><p>desenvolvidos neste material, para proporcionar o seu avanço pro�ssional.</p><p>A nossa proposta de viagem rumo ao conhecimento está dividida em seções, nas quais</p><p>abordaremos os seguintes conteúdos:</p><p>Aula 1: O que é contabilidade e o seu objetivo; Objeto de estudo da contabilidade; Relatório</p><p>�nanceiro para �ns gerais; O contador e suas responsabilidades.</p><p>Aula 2: Conceito e tipos de instituições �nanceiras; O que é o Sistema Financeiro Nacional;</p><p>Estrutura do Sistema Financeiro Nacional; O que é a ordem tributária.</p><p>Aula 3: O que são os crimes e os tipos de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e a ordem</p><p>tributária; Legislação vigente; Responsabilidade penal e delação premiada nos crimes contra o</p><p>SFN.</p><p>Estudante, vamos embarcar nesta jornada de aprendizagem? O seu espaço no mercado de</p><p>trabalho depende única e exclusivamente de você. Somente você poderá mudar sua vida e</p><p>alcançar os seus objetivos.</p><p>Vamos iniciar fazendo uma re�exão sobre a operação Black Flag. Para isso, você terá acesso a</p><p>um breve resumo sobre a referida operação, para que possa compreender como começa a</p><p>apuração dos crimes �nanceiros.</p><p>Lembra que comentei sobre as obrigações acessórias? Os �scais da Receita Federal, de posse</p><p>das informações prestadas ao ente público pelas pessoas físicas e jurídicas, identi�caram</p><p>indícios de crimes. As pessoas envolvidas no caso criaram empresas para assumir a propriedade</p><p>de bens, de forma que pudessem se livrar de possíveis ações �scais. No entanto, essas mesmas</p><p>pessoas mantinham um padrão de vida muito alto. Compravam carros de luxo, imóveis e lanchas</p><p>cujo valor era bem elevado, o que chamou a atenção da �scalização. De posse das informações,</p><p>declarações e relatórios �nanceiros das empresas, foi possível identi�car que se tratava de uma</p><p>organização criminosa.</p><p>E o início de todo esse processo de investigação se deu em face de um contrato realizado com</p><p>uma agência de fomento econômico estatal em São Paulo. Vários policiais federais e servidores</p><p>da Receita Federal atuaram nesta investigação. Parte dos valores �nanciava o esporte</p><p>automobilístico (BENTES, 2021).</p><p>Neste momento, pensando na operação mencionada, re�ita sobre a seguinte questão: como a</p><p>ciência contábil pode contribuir para o deslinde de diversas operações relacionadas a crimes</p><p>�nanceiros?</p><p>Para contribuir com a sua re�exão, sugiro uma breve leitura acerca do objeto de estudo da</p><p>contabilidade, dos relatórios �nanceiros e da responsabilidade do contador. Elabore possíveis</p><p>respostas para o questionamento feito anteriormente e continue a sua trajetória de estudos.</p><p>Ao �nal desta unidade de aprendizagem, proponho que você descreva o seu novo entendimento</p><p>sobre a pergunta realizada e faça uma comparação. Destaque o que você conseguiu somar à sua</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>aprendizagem. Então responda: valeu a pena?</p><p>Introdução da aula</p><p>Qual é o foco da aula?</p><p>Nesta aula, veremos o que é contabilidade e o seu objetivo.</p><p>Objetivos gerais de aprendizagem</p><p>Ao �nal desta aula, você será capaz de:</p><p>de�nir contabilidade como ciência;</p><p>esclarecer a representação do patrimônio;</p><p>demonstrar a operação Black Flag.</p><p>Situação-problema</p><p>Agora que você já conhece os propósitos de nossa disciplina, nossa ideia é apresentar aspectos</p><p>do conteúdo que envolvam a contabilidade, o pro�ssional da contabilidade e suas</p><p>responsabilidades como instrumento de colaboração contra crimes ao Sistema Financeiro</p><p>Nacional e à ordem tributária.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Você sabia que o contador é um grande agente de transformação para prevenção e combate aos</p><p>crimes �nanceiros? É possível que você já tenha ouvido essa a�rmação em diversos meios de</p><p>comunicação que informam sobre crimes �nanceiros no Brasil, não é mesmo? Como exemplo de</p><p>operação de combate a ações criminosas, podemos citar a Black Flag, que revelou um esquema</p><p>de fraudes.</p><p>Em decorrência dos crimes �nanceiros ocorridos no Brasil, foi instituída a Lei nº 9.613/1998, que</p><p>trata dos esquemas de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores, bem como da</p><p>prevenção da utilização do sistema �nanceiro para os ilícitos. Essa mesma legislação também</p><p>promoveu a criação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).</p><p>Para contextualizar sua aprendizagem de forma mais adequada, imagine que você atue como</p><p>contador na empresa ABC Construções Ltda. No ano de 20X1, os sócios disponibilizaram, em</p><p>dezembro, o �uxo de caixa, o balanço patrimonial, a demonstração de mutação do patrimônio</p><p>líquido e demais relatórios �nanceiros referentes ao período de janeiro a novembro. O sócio</p><p>André informa a contabilidade sobre a aquisição de um iate no valor de R$1.200.000,00 à vista,</p><p>realizada em março de 20X1. Também foi veri�cado um pagamento a fornecedor em espécie, no</p><p>valor de R$200.000,00, em agosto, para o suprimento de material a ser aplicado no serviço ganho</p><p>na licitação do Governo do Estado da Bahia. Sabe-se que a atividade-�m da empresa é de</p><p>construção civil.</p><p>No relatório do ano de 20X0, o patrimônio da empresa estava registrado em R$500.000,00;</p><p>possuía em caixa o valor de R$50.000,00 e na conta do banco, o valor de R$100.000,00. Nos</p><p>documentos entregues referentes a 20X1, os registros de recebimentos não ultrapassaram o</p><p>valor de R$300.000,00.</p><p>Considerando a Resolução do CFC nº 1530, de 22 de setembro de 2017, que trata dos</p><p>procedimentos a serem efetuados por pro�ssionais de contabilidade ao veri�carem indícios de</p><p>crimes �nanceiros, analise e justi�que os processos que devem ser realizados pelo contador</p><p>com relação às operações ocorridas no período de 20X1 da empresa ABC Construções Ltda.,</p><p>contemplando os seguintes aspectos:</p><p>1. Avaliar a análise de riscos nas operações realizadas.</p><p>2. Analisar se a situação apresentada requer comunicação ao Coaf, justi�cando a decisão.</p><p>Para saber mais detalhes sobre a Resolução do CFC nº 1.530/2017, faça a leitura desse</p><p>documento acessando seu respectivo link disponível nas Referências desta unidade estudos.</p><p>Com dedicação e muita leitura, você conseguirá promover uma associação entre o contexto da</p><p>situação-problema apresentada e as responsabilidades e ações do contador no cenário em</p><p>questão. Quer ser um pro�ssional diferenciado no mercado? Então, siga em frente, leia bastante</p><p>e busque compreender os temas propostos!</p><p>A contabilidade como ciência</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Vamos imergir no conteúdo desta etapa de aprendizagem?</p><p>A contabilidade é considerada uma ciência que estuda, interpreta, registra os fatos ocorridos em</p><p>um determinado período e demonstra, a partir dos registros, o patrimônio construído ao longo do</p><p>tempo, que é o objeto da contabilidade. Mas a�nal, o que é patrimônio? O patrimônio é o</p><p>conjunto de bens, direitos e obrigações. O que podemos compreender sobre cada um desses</p><p>elementos?</p><p>No momento em que eu preciso efetuar uma compra pessoal, é necessário ter recurso �nanceiro,</p><p>seja dinheiro</p><p>para a sustentabilidade da relação entre as partes</p><p>interessadas no âmbito organizacional: a equidade.</p><p>Para �nalizar, na aula 3 desta unidade, trataremos do compliance nas organizações, buscando</p><p>entender mais detalhes sobre esse conceito, sua importância no contexto empresarial e quais</p><p>práticas contribuem para minimizar a probabilidade de ocorrência de crimes e fraudes</p><p>corporativas. Além disso, vamos descobrir a importância da prática do compliance na perícia</p><p>contábil criminal.</p><p>Ao �nal dos estudos desta unidade, você deverá ser capaz de compreender e aplicar os</p><p>conceitos, procedimentos de investigação e normas referentes ao compliance e que são</p><p>utilizados na realização das perícias empresariais. Você também se tornará apto a elaborar um</p><p>mapa conceitual sobre compliance e investigação em fraude empresarial.</p><p>Introdução da aula</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Qual é o foco da aula?</p><p>Nesta aula, vamos aprender o que é e como ocorrem os trabalhos de perícia contábil dentro de</p><p>uma organização, veri�cando os conceitos e características relacionados a essa atividade, sua</p><p>utilização por parte das organizações, bem como seu papel no contexto dos crimes corporativos.</p><p>Objetivos gerais de aprendizagem</p><p>Ao �nal desta aula, você será capaz de:</p><p>analisar o processo de perícia contábil;</p><p>associar os procedimentos técnico-cientí�cos de investigação utilizados pela perícia</p><p>contábil;</p><p>aprimorar os conhecimentos sobre sistema �nanceiro nacional.</p><p>Situação-problema</p><p>Estudante, depois de conhecermos a importância da contabilidade para as organizações, vamos,</p><p>agora, explorar um elemento especí�co da contabilidade, conhecido como perícia contábil, o qual</p><p>é utilizado para veri�car a ocorrência de crimes contra o patrimônio das instituições, sejam elas</p><p>públicas ou privadas.</p><p>Vale lembrar que o patrimônio das organizações é o principal objeto de estudo da contabilidade.</p><p>Ou seja, a contabilidade tem como missão fundamental estudar o patrimônio das organizações e</p><p>demonstrar a sua evolução ao longo dos anos.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Para ilustrar como os conhecimentos que serão apresentados podem ser aplicados na prática,</p><p>imagine a seguinte situação hipotética: você foi contratado recentemente por uma empresa, a</p><p>pedido do departamento jurídico, para atuar como perito assistente, visto que a instituição está</p><p>sendo investigada pela Polícia Federal, sob a acusação do crime de lavagem de dinheiro e</p><p>evasão de divisas. Como essa matéria envolve elementos �nanceiros e patrimoniais, o juiz</p><p>responsável pelo caso nomeou um perito contábil para analisar os documentos e demonstrativos</p><p>contábeis originados da operação.</p><p>Para que seja possível orientar a produção da peça de defesa, uma de suas funções é veri�car (a</p><p>partir dos procedimentos de perícia) toda a documentação apreendida pela operação policial e</p><p>orientar a defesa na produção de quesitos a serem apresentados ao juízo.</p><p>Sua tarefa é apresentar, aos representantes do departamento jurídico da empresa, todos os tipos</p><p>de procedimentos que um perito contábil pode utilizar e explicar o que tais mecanismos</p><p>signi�cam, a �m de que você, juntamente com o departamento jurídico, possa construir quesitos</p><p>que ajudem a organização a provar que não há ilicitudes em seus elementos patrimoniais.</p><p>Perícia contábil</p><p>Cotidianamente, vemos nos noticiários diversas operações da Polícia Federal, das polícias civis</p><p>estaduais ou de outros agentes públicos que, por vezes, investigam e detêm pessoas acusadas</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>de crimes referentes a prejuízos ao patrimônio das instituições, como lavagem de dinheiro,</p><p>apropriação indébita, desvios �nanceiros em empresas ou prefeituras, entre outros.</p><p>É nesse contexto que se insere a perícia contábil, um saber aprendido nas ciências contábeis e</p><p>que posteriormente será aplicado por pro�ssionais denominados peritos, na intenção de apurar</p><p>eventuais incongruências existentes no patrimônio de uma organização, a partir de delitos</p><p>cometidos.</p><p>A palavra “perito”, aplicado aos pro�ssionais que realizam as perícias, têm sua origem</p><p>etimológica no termo em latim peritia, cujo signi�cado se traduz como conhecimento, sendo o</p><p>conhecimento aquele que fora obtido pela experiência. Cabe lembrar que a atividade de perícia</p><p>aplica-se a diversos pro�ssionais, como médicos, engenheiros, agrônomos, entre outros, os quais</p><p>tomam o conhecimento e a experiência obtidos no exercício de sua atividade pro�ssional como</p><p>base para a formulação de uma opinião sobre determinado fato a ser veri�cado.</p><p>A perícia contábil é entendida como aquela que é exercida por indivíduos formados em ciências</p><p>contábeis, devidamente habilitados para o exercício da pro�ssão, os quais, a partir dos</p><p>conhecimentos e experiências obtidos, tornam-se aptos para veri�car e opinar sobre fatos</p><p>referentes ao patrimônio das entidades.</p><p>Veri�cação e opinião são considerados elementos fundamentais para que a realização de um</p><p>trabalho pericial seja motivada. Tal motivação, que enseja a veri�cação de um determinado fato</p><p>contábil, será provocada ou requerida por algum elemento interessado na opinião do perito sobre</p><p>um determinado fato contábil, de modo que esse pro�ssional, a partir da emissão de seu ponto</p><p>de vista, poderá auxiliar as pessoas envolvidas quanto ao esclarecimento do que ocorreu no</p><p>evento para o qual a perícia foi demandada.</p><p>A realização da perícia contábil pode acontecer por meio das �guras do perito o�cial, do perito do</p><p>juízo e do perito assistente. O perito o�cial, de acordo com a NBC PP 01 (BRASIL, 2020a), é o</p><p>contador investido na função por lei e pertencente a um órgão especial do Estado. Como</p><p>exemplos, temos os peritos contábeis, que exercem a atividade na Polícia Federal e na Polícia</p><p>Civil.</p><p>Já o perito do juízo, segundo Crepaldi (2019), é nomeado pelo juiz, árbitro, autoridade pública ou</p><p>privada para exercício da perícia contábil. É o pro�ssional designado para subsidiar a solução do</p><p>litígio ou, simplesmente, constatar um fato. Já o perito assistente, também denominado como</p><p>assistente técnico, é o pro�ssional contratado e indicado pela parte no litígio (BRASIL, 2020a;</p><p>BRASIL, 2020b), o qual, como orienta Crepaldi (2019), acompanhará os procedimentos, bem</p><p>como os trâmites processuais, e elaborará um parecer técnico contábil acerca da matéria objeto</p><p>do litígio. O perito assistente poderá, ainda, manter contato com o perito assim que a sua</p><p>contratação for formalizada, colocando-se à disposição para cooperar com o desenvolvimento</p><p>do trabalho pericial (BRASIL, 2020b).</p><p>Sá (2019) a�rma que a perícia contábil surge da necessidade de se conhecer a opinião de um</p><p>especialista em contabilidade sobre uma realidade patrimonial. Tal opinião pode ser dada sobre</p><p>um determinado fato em qualquer tempo, em qualquer espaço, qualitativa e quantitativamente,</p><p>em causas e efeitos.</p><p>_______</p><p>Assimile</p><p>Perícia contábil é a veri�cação de fatos ligados ao patrimônio individualizado, com o objetivo de</p><p>oferecer opinião mediante uma questão proposta. Para a formulação deste parecer, realizam-se</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>exames, vistorias, indagações, investigações, avaliações, arbitramentos; em resumo, todo e</p><p>qualquer procedimento necessário à opinião (SÁ, 2019).</p><p>_______</p><p>É importante destacar que, para que se possa realizar a perícia, é necessário que haja um objeto</p><p>determinado, a ser requerido por pessoa competente, o qual será submetido às devidas análises</p><p>para que seja possível produzir as opiniões sobre o objeto periciado.</p><p>Quando se menciona a pessoa competente, tal distinção se torna indispensável para a</p><p>classi�cação do tipo de perícia contábil a ser realizada pelo perito. Nesse sentido, as perícias</p><p>podem ser classi�cadas como: judicial, extrajudicial ou arbitral, a depender do ambiente em que</p><p>será efetuada.</p><p>Como o próprio nome indica, a perícia judicial é aquela que acontece no ambiente judiciário, isto</p><p>é, nos tribunais, sendo que, nesse caso, a perícia contábil pode ser demandada</p><p>pelo juiz ou a</p><p>pedido das partes (e aceita pelo juiz), para elucidação do objeto a ser trabalhado pela perícia (SÁ,</p><p>2019). Já a perícia extrajudicial (ou voluntária) é aquela que ocorre fora da esfera judicial e</p><p>arbitral, sendo inquirida por meio de um livre acordo entre as partes envolvidas para a veri�cação</p><p>do objeto a ser periciado (MÜLLER, 2017).</p><p>Por �m, a perícia arbitral é aquela que se realiza nas cortes de arbitragem, ambientes especí�cos</p><p>para a solução de con�itos e que surgiram com a instauração da Lei nº 9.307, de 1996. Sendo</p><p>assim, a perícia desenvolvida é aquela exercida sob o controle da Lei da Arbitragem. As perícias</p><p>arbitrais são demandadas pelo árbitro ou pelas partes e apresentam-se como uma opção mais</p><p>rápida e menos burocrática, quando comparada ao ambiente judicial.</p><p>A normatização brasileira para a contabilidade, a partir da NBC TP 01 (R1) (Norma Técnica de</p><p>Perícia Contábil), considera, ainda, a existência da perícia estatal. Esse tipo de perícia é</p><p>demandado e executado sob controle de um órgão do Estado, em suas diversas esferas</p><p>(municipal, estadual e federal). É muito comum que a perícia estatal seja efetuada quando tais</p><p>órgãos, por exemplo, exigem a opinião do perito sobre um determinado objeto a ser veri�cado</p><p>nas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs).</p><p>_______</p><p>Exempli�cando</p><p>Com a existência de litígio relacionado a fatos �nanceiros de uma empresa ou mesmo de</p><p>indícios de crimes de ordem �nanceira, elementos como o juiz, árbitro ou as partes envolvidas no</p><p>evento sob análise podem solicitar o trabalho de um perito contábil ou de um perito contábil</p><p>assistente, para que estes possam, com base em suas expertises e na fundamentação obtida a</p><p>partir da utilização de ferramentas de investigação, apresentar subsídios que contribuam para a</p><p>justa solução do litígio em questão.</p><p>_______</p><p>Assimile</p><p>A perícia contábil pode ser requerida sempre que houver fatos capazes de motivar o trabalho de</p><p>um pro�ssional habilitado, cuja opinião sobre o objeto da perícia poderá ser levada em</p><p>consideração para o esclarecimento da demanda.</p><p>Nesse sentido, temos:</p><p>Perícia judicial: ocorre no ambiente dos tribunais, ou seja, no domínio judiciário.</p><p>Perícia extrajudicial (voluntária): pode ser requerida por particulares, normalmente no âmbito das</p><p>entidades, ou seja, fora dos ambientes judicial e arbitral.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Perícia arbitral: acontece no âmbito das cortes de arbitragem, instituto aprovado pela Lei de</p><p>Arbitragem, com a �nalidade de desburocratizar e agilizar a solução de litígios.</p><p>Perícia estatal: realiza-se nos ambientes de Estado, como órgãos das esferas municipais,</p><p>estadual e federal.</p><p>Apuração de fatos criminais</p><p>No contexto da apuração de fatos criminais, isto é, de fatos que sejam contrários à legislação</p><p>vigente, a perícia contábil pode ser utilizada para apurar eventuais irregularidades legais</p><p>cometidas por pessoas físicas ou jurídicas no âmbito público ou privado. Logo, pode-se tornar</p><p>objeto de perícia, por exemplo, o enriquecimento ilícito de pessoas físicas, no âmbito público ou</p><p>privado, com ou sem foro privilegiado. Além disso, as movimentações bancárias efetuadas por</p><p>esses indivíduos, bem como quaisquer evoluções patrimoniais atípicas, também podem ser alvo</p><p>de perícia.</p><p>No que tange às entidades, comumente classi�cadas com pessoas jurídicas, a perícia pode</p><p>veri�car se um determinado elemento patrimonial ou o que é considerado patrimônio dessas</p><p>instituições corresponde à realidade. Como exemplo, podemos citar a existência de recursos</p><p>�nanceiros nas disponibilidades da organização, como o caixa e as contas bancárias da</p><p>empresa.</p><p>Outro grande foco da atuação de perícia contábil encontra-se na esfera pública, quando, a partir</p><p>da instauração de processos especí�cos, veri�ca-se a licitude da aplicação de recursos públicos</p><p>por meio de transferências orçamentárias aprovadas pela respectiva Lei de Diretrizes</p><p>Orçamentárias (LDO), na intenção de investigar a existência física de um determinado bem</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>adquirido pelo serviço público ou, ainda, de identi�car a correta aplicação da lei no exercício do</p><p>cargo/mandato de um agente público.</p><p>Para conseguir realizar seus trabalhos, o perito contábil, a partir da análise do objeto a ser</p><p>periciado, conta com uma gama de possíveis procedimentos a serem utilizados durante o</p><p>processo de investigação e apuração dos fatos. Tais mecanismos de perícia contábil têm como</p><p>objetivo fundamentar as conclusões que serão levadas ao laudo pericial contábil (se emitido pelo</p><p>perito do juízo) ou ao parecer pericial contábil (se emitido pelo perito assistente).</p><p>Dessa forma, consideraremos como investigação todos os procedimentos que podem ser</p><p>utilizados pelo perito contábil, de forma total ou parcial (considerando a natureza e a</p><p>complexidade dos elementos em análise). De acordo com Crepaldi (2019), os procedimentos</p><p>técnico-cientí�cos adotados para fundamentar as conclusões que serão abordadas no laudo</p><p>pericial contábil ou no parecer técnico-contábil são: exame, vistoria, indagação, investigação,</p><p>arbitramento, mensuração, avaliação e certi�cação (BRASIL, 2020b). O quadro a seguir,</p><p>apresenta o conceito e a de�nição relacionados a cada um desses procedimentos.</p><p>Procedimentos técnico-cientí�cos de investigação utilizados pela perícia contábil. Fonte: Brasil (2020b).</p><p>_______</p><p>Assimile</p><p>Laudo pericial contábil: laudo pericial é uma peça tecnológica que contém opiniões do perito do</p><p>juízo, como pronunciamento sobre as questões que lhe são formuladas e que requerem seu</p><p>parecer (CREPALDI, 2019).</p><p>Parecer técnico-contábil: é uma peça escrita na qual o perito assistente técnico deve visualizar,</p><p>de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as minudências que</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>envolvam a demanda (CREPALDI, 2019).</p><p>_______</p><p>É comum que o perito contábil precise desenvolver seus trabalhos observando aspectos</p><p>relacionados a movimentações �nanceiras realizadas pelos diversos agentes mencionados</p><p>anteriormente. Tais movimentações, por vezes, são executadas de forma intencional, com o</p><p>objetivo de lesar indivíduos, organizações e até mesmo o erário.</p><p>No mercado de capitais, por exemplo, a grande volatilidade e o alto risco, que são características</p><p>desse mercado, induzem participantes mal-intencionados a criarem condições que levem os</p><p>demais integrantes ao erro, com o propósito de auferir ganhos por meio dessas decisões. Por</p><p>esse motivo, o Estado, a partir de seu representante máximo, deve buscar organizar o sistema</p><p>�nanceiro, para que este controle as ações dos agentes econômicos e minimize a probabilidade</p><p>do surgimento de crises capazes de afetar a economia de um país.</p><p>_______</p><p>Exempli�cando</p><p>Vários são os exemplos de crimes, cometidos por indivíduos e organizações, que resultaram em</p><p>profundos impactos sobre a economia de um país. Com o advento da globalização, tais crises,</p><p>que antes estavam restritas à região de sua ocorrência, passaram a gerar efeitos signi�cativos</p><p>em nível internacional, como aconteceu na crise de 2008, por exemplo.</p><p>Tal evento teve como principal causa a desvalorização acentuada dos derivativos, isto é, de</p><p>contratos que derivam a maior parte de seu valor de um ativo subjacente (café, ouro, etc.), taxa</p><p>de referência (taxas de juros) ou índice (ações). Para coibir novas ocorrências de crimes contra a</p><p>economia, os países procuram regulamentar e �scalizar o mercado.</p><p>_______</p><p>De acordo com Abreu e Silva (2016), é nesse contexto que o sistema �nanceiro se apresenta</p><p>como um conjunto de órgãos que regulamenta, �scaliza e executa as operações necessárias à</p><p>circulação da moeda e do crédito na economia. Para realizar as funções de regulamentação,</p><p>�scalização e execução, o sistema �nanceiro nacional é estruturado em três pilares.</p><p>O primeiro relaciona-se aos mercados de moeda, crédito, capitais e câmbio, que podem ser</p><p>denominados, de forma concisa, como mercado �nanceiro. O segundo pilar refere-se</p><p>ao mercado</p><p>de previdência complementar aberta, capitalização e seguros. Por �m, o terceiro pilar diz respeito</p><p>ao mercado de previdência complementar fechada. A sistematização desses três pilares é</p><p>apresentada na �gura a seguir:</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Estrutura do sistema �nanceiro nacional. Fonte: Abreu e Silva (2016).</p><p>Enquanto estrutura normativa, o mercado de moeda, crédito, capitais e câmbio é normatizado</p><p>pelo Conselho Monetário Nacional (CMN); o mercado de seguros, previdência complementar</p><p>aberta, capitalização e seguros, pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP); e, por �m,</p><p>o Mercado de Previdência Complementar Fechada é normatizado a partir das deliberações do</p><p>Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC).</p><p>A partir da ordem de normatização, apresenta-se a estrutura de regulação do SFN, sistema que,</p><p>conforme descrevem Abreu e Silva (2016), além da supervisão, também executa a função</p><p>normativa – sempre de acordo com as diretrizes traçadas por cada um dos conselhos</p><p>mencionados anteriormente. Regulando o mercado �nanceiro nos segmentos de moeda, câmbio</p><p>e crédito, temos o Banco Central do Brasil (Bacen).</p><p>Já no setor de mercado de capitais, temos como órgãos reguladores a Comissão de Valores</p><p>Mobiliários (CVM) e o Bacen. Para regular o mercado de seguro, previdência aberta, capitalização</p><p>e resseguro, tem-se a Superintendência de Seguros Privados (Susep). Para �nalizar, o mercado</p><p>de previdência fechada (fundo de pensão) tem como órgão regulador a Superintendência</p><p>Nacional de Previdência Complementar (Previc).</p><p>_______</p><p>Re�ita</p><p>Em um cenário no qual vemos o �uxo de informações econômicas e �nanceiras ampliar sua</p><p>velocidade em função da melhoria da tecnologia, de novos instrumentos �nanceiros e das</p><p>transações cada vez mais constantes entre os países, qual seria o padrão ideal para a</p><p>estruturação de um sistema �nanceiro nacional mais e�ciente? Um modelo mais nacionalista,</p><p>um modelo internacional padronizado ou um modelo misto?</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>_______</p><p>Por enquanto, são esses os assuntos que ajudarão você na resolução da missão apresentada no</p><p>início desta aula de estudos. Veri�que se a sua sugestão de intervenção está de acordo com o</p><p>método indicado na proposta de resolução da situação-problema. Vou reencontrar você daqui a</p><p>pouco, com mais temas e contextos. Até breve!</p><p>Conclusão</p><p>Olá novamente, estudante! Você conseguiu perceber como a perícia contábil pode ajudá-lo na</p><p>resolução de problemas relacionados a crimes cometidos contra as organizações, sejam elas</p><p>públicas ou privadas?</p><p>De acordo com a NBC TP 01 (BRASIL, 2020b) e Crepaldi (2019), os procedimentos técnico-</p><p>cientí�cos aplicados à atividade de perícia contábil têm a intenção de fundamentar as</p><p>conclusões que serão abordadas no laudo pericial contábil ou no parecer pericial contábil.</p><p>Tais mecanismos podem ser empregados em sua integralidade ou parcialmente, de acordo com</p><p>a natureza e a complexidade da matéria, a determinação de valores ou a solução de controvérsia.</p><p>Os procedimentos técnico-cientí�cos periciais estão elencados no quadro a seguir:</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Conceito, de�nição e exemplos de procedimentos técnico-cientí�cos periciais utilizados para investigação. Fonte: Brasil</p><p>(2020b), Crepaldi (2019) e Sá (2020).</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Videoaula: Perícia contábil</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Videoaulas sobre Perícia contábil.</p><p>Aula 2</p><p>Governança corporativa</p><p>Introdução da aula</p><p>Qual é o foco da aula?</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Nesta aula, discutiremos sobre os elementos presentes em um ambiente de governança</p><p>corporativa, a partir do entendimento desse conceito.</p><p>Objetivos gerais de aprendizagem</p><p>Ao �nal desta aula, você será capaz de:</p><p>identi�car a de�nição de governança corporativa;</p><p>classi�car os motivadores para con�itos dentro de empresas;</p><p>diferenciar os tipos de princípios.</p><p>Situação-problema</p><p>Após sofrer uma condenação pelos crimes de desvio �nanceiro e evasão de divisas, a empresa</p><p>XYZ S.A. ganhou destaque na mídia, mas de modo muito negativo, aparecendo em noticiários de</p><p>televisão, portais de notícias e tornando-se um dos assuntos mais comentados nas redes sociais</p><p>por várias semanas. Todo esse escândalo fez com que o valor das ações despencasse no</p><p>mercado de capitais, no qual a empresa tinha ações em oferta.</p><p>Como forma de conquistar novamente a con�ança do mercado e tentar aumentar o valor de suas</p><p>ações, a empresa emitiu um comunicado, informando ao mercado e às partes interessadas que</p><p>implementaria práticas de governança corporativa para coibir a ocorrência de futuras ações</p><p>criminosas.</p><p>Tal procedimento era exigido pelos acionistas e foi repassado aos integrantes do conselho de</p><p>administração, uma vez que a governança corporativa estabelece regras e procedimentos que</p><p>visam atender às expectativas dos acionistas e do mercado, minimizando a probabilidade de</p><p>ocorrência de atos considerados criminosos e que prejudiquem o patrimônio da organização.</p><p>Para efetuar essa implementação, a empresa NPTO, na qual você, estudante, atua como</p><p>consultor, foi contratada para a aplicação de boas práticas de governança corporativa como</p><p>cultura organizacional e de procedimentos a serem desenvolvidos pelos colaboradores da</p><p>empresa XYZ S.A. Nesse sentido, você, enquanto consultor contratado, deverá orientar os</p><p>gestores quanto ao modelo de governança corporativa a ser instaurado, disponibilizando-lhes</p><p>mecanismos que permitam uma gestão organizacional e�ciente, a �m de minimizar possíveis</p><p>con�itos de interesses.</p><p>Para atender à demanda da empresa XYZ S.A., é necessário que você apresente aos membros do</p><p>conselho de administração da empresa os seguintes pontos:</p><p>Conceitos sobre governança corporativa.</p><p>O que é a prestação de contas (accountability) em governança corporativa.</p><p>Os principais conceitos e aplicações relacionados ao processo de transparência</p><p>(disclosure) das informações contábeis-�nanceiras.</p><p>Os principais conceitos e a de�nição de equidade em governança corporativa.</p><p>Pronto? Então, vamos em frente!</p><p>Adoção da governança corporativa</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>A adoção da governança corporativa como modelo para otimização de boas práticas</p><p>organizacionais não se aplica apenas às organizações de capital aberto (ainda que estas sejam</p><p>as que mais utilizem tal modelo de gestão), mas é cabível a toda e qualquer empresa que procure</p><p>se consolidar internamente para, consequentemente, fortalecer seu modelo de gestão</p><p>externamente, adquirindo benefícios como excelência, inovação e diferenciação.</p><p>Governança corporativa pode ser de�nida, segundo Oliveira (2015), como o conjunto de práticas</p><p>administrativas que potencializa o desempenho das empresas ao proteger, de maneira equitativa,</p><p>todas as partes interessadas. Como partes interessadas, entende-se qualquer usuário interno</p><p>(acionistas, diretores, etc.) ou externo (governo, bancos, etc.) que possua (ou venha a possuir, no</p><p>futuro) algum tipo de relação com a empresa.</p><p>As práticas administrativas são interpretadas como uma coleção de formas de atuação e de</p><p>procedimentos ou processos estabelecidos – formal ou informalmente – prestigiados por uma</p><p>amplitude representativa de empresas (OLIVEIRA, 2015). Pode-se, então, entender que a adoção</p><p>da governança corporativa representa, sob o ponto de vista das práticas administrativas, uma</p><p>mudança na cultura organizacional da empresa, de modo que essa instituição consiga aprimorar</p><p>e inserir em suas práticas administrativas habituais elementos já consagrados, pelo fato de</p><p>terem sido utilizados e concedido vantagens a certas organizações em comparação a outras</p><p>empresas que não implementaram tais práticas.</p><p>_______</p><p>Assimile</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Governança corporativa é um instrumento de sintonia entre a empresa e o mercado, não apenas</p><p>com os acionistas atuais e potenciais – controladores e minoritários –, mas também com outros</p><p>diversos públicos envolvidos (clientes, fornecedores, comunidade, governos) (OLIVEIRA, 2015).</p><p>_______</p><p>Todos esses valores são trabalhados para “amarrar” elementos que fazem parte da rotina</p><p>empresarial, mas que, por vezes, não se comunicam entre si, o que pode motivar a existência de</p><p>incongruências informacionais e, como consequência, a ocorrência de crimes capazes de afetar</p><p>o patrimônio da empresa, uma vez que tais elementos podem estar associados a interesses</p><p>especí�cos e apresentar divergências entre si.</p><p>Desse contexto, surgem as práticas de governança corporativa para intermediar essas relações e</p><p>buscar uma relação equilibrada entre os elementos. Como exemplo, podemos citar a busca por</p><p>equilíbrio, quando, de um lado, temos a governança corporativa ajudando a empresa a trabalhar</p><p>como guardiã dos interesses das partes envolvidas, mas estas, por vezes, possuem interesses</p><p>con�itantes. As partes envolvidas podem ser resumidas em dois agentes: os shareholders e os</p><p>stakeholders.</p><p>_______</p><p>Exempli�cando</p><p>Percebe-se que shareholders e stakeholders possuem visões diferentes da proposta de</p><p>distribuição da riqueza de uma empresa. Enquanto os shareholders concentram seus esforços</p><p>na distribuição dessa riqueza para atender ao interesse dos acionistas, os stakeholders têm a</p><p>preocupação de que essa riqueza �nancie a continuidade e a sustentabilidade da organização.</p><p>Tal divergência gera um con�ito de interesses, também conhecido como con�ito de agência,</p><p>sobre o qual a governança corporativa deverá intervir para minimizar possíveis discórdias.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>_______</p><p>Outro fator com o qual a governança corporativa pode auxiliar as empresas é a de�nição da</p><p>estrutura de poder, pois apresenta, para a organização, uma descrição clara dos papéis de cada</p><p>um de seus agentes internos, ou seja, delimita o papel de atores (agentes), como os proprietários</p><p>da instituição, do conselho de administração, diretores e outros pro�ssionais relevantes.</p><p>O compartilhamento de riscos também é um aspecto fundamental, uma vez que decisões de alto</p><p>impacto são compartilhadas entre os agentes. Desse modo, as deliberações não �cam</p><p>concentradas em uma única pessoa, o que poderia ser prejudicial, visto que as resoluções seriam</p><p>desenvolvidas de acordo com interesses especí�cos, contrariando os objetivos da empresa.</p><p>Além disso, a governança corporativa cria uma cultura empresarial orientada ao planejamento</p><p>estratégico da organização no processo de formulação, homologação e controle de técnicas, em</p><p>uma visão de longo, médio e curto prazo.</p><p>Aprendemos, até agora, que a governança corporativa contribui para a estruturação dos pilares</p><p>relacionados ao direito das partes interessadas (stakeholders e shareholders), bem como para o</p><p>processo de organização da ordem de poder da empresa. Outra contribuição que a governança</p><p>corporativa apresenta para as instituições se dá na con�guração do sistema de relações entre os</p><p>agentes, orientando como esses colaboradores, tanto internos quanto externos, devem se</p><p>comportar.</p><p>_______</p><p>Re�ita</p><p>Muito se fala sobre a corrupção por parte de agentes públicos, políticos, entre outros envolvidos,</p><p>mas, para que a corrupção ocorra, é necessário que o agente corruptor e o agente corrupto</p><p>estejam de acordo com a prática criminosa.</p><p>Logo, percebe-se que a governança corporativa, a partir da orientação do comportamento e da</p><p>relação de seus agentes com usuários internos e externos, ajuda a proteger a ordenação</p><p>empresarial, uma vez que tal conduta ilícita seria atribuída ao agente interno (um diretor, por</p><p>exemplo), e não à empresa, pelo fato de o agente não obedecer às orientações da empresa nem</p><p>ao trato comportamental com agentes públicos. O que você pensa sobre o tema?</p><p>_______</p><p>Por �m, para que todas as estruturas discutidas anteriormente não sejam articuladas em um</p><p>ambiente informal e não entrem em desuso, a governança corporativa relaciona-se com um</p><p>sistema normativo que concede um aspecto formal aos elementos de conduta ética a serem</p><p>seguidos pelos agentes de uma empresa nas suas relações internas e externas, trazendo</p><p>responsabilidade corporativa para os assuntos tratados pela organização.</p><p>_______</p><p>Assimile</p><p>A governança corporativa consiste no conjunto de regras, procedimentos, atitudes e instituições</p><p>que condicionam a ação dos administradores no sentido de atender aos interesses dos</p><p>�nanciadores e das partes interessadas na empresa (stakeholders), especialmente os acionistas</p><p>(shareholders). Práticas de governança, juntamente com as leis e a atuação dos tribunais e dos</p><p>legisladores, têm o propósito de evitar que uma parte seja expropriada por outra (SILVA, 2016).</p><p>Con�ito de interesses</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Percebe-se que a governança corporativa surge em um ambiente onde se apresentam agentes</p><p>com diferentes interesses a serem satisfeitos. A partir das práticas de governança, o con�ito</p><p>entre tais interesses (agência) é minimizado. Jensen e Meckling (1976, [s. p.]) de�nem um</p><p>relacionamento de agência como um contrato “onde uma ou mais pessoas – o principal –</p><p>engajam outra pessoa – o agente – para desempenhar alguma tarefa em seu favor, envolvendo a</p><p>delegação de autoridade para tomada de decisão pelo agente”.</p><p>Considerando essa de�nição e as a�rmações de Silva (2016), se ambas as partes agem tendo</p><p>em vista a maximização das suas utilidades pessoais, existe uma boa razão para acreditar que o</p><p>agente nem sempre atuará com o propósito de atender ao melhor interesse do principal, o que</p><p>implicará o con�ito entre os agentes ou o con�ito de agência. Diante disso, a governança</p><p>corporativa surge com valores que ajudam a diminuir tal divergência.</p><p>_______</p><p>Exempli�cando</p><p>Os con�itos dentro das empresas, quando ocasionados pela separação entre propriedade e</p><p>gestão, são conhecidos como con�itos de agência (LARRATE, 2013). Dentre os principais</p><p>elementos que, segundo Williamson (1988), podem motivar tais con�itos, estão:</p><p>Investimentos não lucrativos que evitaram a distribuição de dividendos.</p><p>Utilização de recursos da empresa com objetivos pessoais.</p><p>Exposição da empresa a riscos elevados.</p><p>Elevada remuneração dos gestores.</p><p>_______</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Os princípios básicos que norteiam a governança corporativa foram de�nidos e amplamente</p><p>divulgados por causa de escândalos corporativos e crimes �nanceiros cometidos por</p><p>organizações dos Estados Unidos, dentre os quais podemos citar as fraudes contábeis</p><p>praticadas pelas empresas Enron e WorldCom. Os crimes cometidos por essas corporações</p><p>causaram prejuízos incalculáveis não somente a investidores dos Estados Unidos, mas também</p><p>a investidores e fundos de investimentos internacionais que tinham, na época, investimentos no</p><p>mercado de capitais estadunidense.</p><p>Por causa desses crimes, o governo dos Estados Unidos editou a Lei Sarbanes-Oxley (SOx),</p><p>idealizada pelos congressistas norte-americanos Paul Sarbanes e Michael Oxley. De acordo com</p><p>Oliveira (2015), a Lei SOx nasceu em resposta ao fato de que a economia americana estava</p><p>muito contaminada e com pouca credibilidade em virtude dessa sequência de fraudes</p><p>bilionárias. A edição da Lei SOx foi necessária para que se pudesse resgatar a con�ança da</p><p>comunidade de investidores e manter a liquidez e a atratividade dos sistemas �nanceiro e</p><p>empresarial do país (OLIVEIRA, 2015). Nesse cenário, a Lei SOx, bem como organismos</p><p>internacionais, como a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o</p><p>Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), estabeleceram o que conhecemos hoje</p><p>como princípios básicos de governança corporativa.</p><p>Rossetti e Andrade (2014) indicam que a governança corporativa se estrutura como um sistema</p><p>baseado em valores como equidade</p><p>(fairness), transparência (disclosure), prestação de contas</p><p>(accountability) e conformidade (compliance).</p><p>Para Larrate (2013), o primeiro princípio – o da equidade (fairness) – caracteriza-se pelo</p><p>tratamento justo de todos os sócios e demais partes interessadas. Nesse caso, atitudes ou</p><p>políticas discriminatórias, sob qualquer pretexto, são totalmente inaceitáveis em nível</p><p>organizacional. Rossetti e Andrade (2014) complementam essa ideia ressaltando que a equidade</p><p>se dá pelo respeito aos direitos dos minoritários, de modo que estes tenham participação</p><p>equânime quando comparados aos majoritários, tanto no aumento da riqueza corporativa quanto</p><p>nos resultados das operações e na presença ativa em assembleias gerais.</p><p>Desse modo, percebe-se que a governança corporativa, a partir do princípio da equidade,</p><p>preocupou-se com os pequenos acionistas, procurando disponibilizar todas as informações</p><p>básicas para proporcionar uma ambiente de igualdade e equidade entre todos os acionistas da</p><p>empresa, quer fossem grandes, médios ou pequenos (OLIVEIRA, 2015).</p><p>_______</p><p>Re�ita</p><p>Você certamente já ouviu falar sobre o termo “informação privilegiada”, um tipo de crime</p><p>�nanceiro observado quando um determinado agente, como um investidor, tem acesso a</p><p>informações importantes que podem alterar o valor da ação de uma empresa, como acontece</p><p>com a Petrobras ao trocar de presidente ou anunciar o aumento ou a redução dos combustíveis.</p><p>Normalmente, a informação privilegiada faz com que o valor da ação suba ou caia, uma vez que</p><p>é utilizada de forma não justa. De que maneira a equidade pode contribuir para minimizar a</p><p>ocorrência dos efeitos produzidos pela informação privilegiada?</p><p>Tipos de princípios</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>O princípio da transparência (disclosure) indica que toda informação que possa in�uenciar</p><p>decisões de investimentos deve ser divulgada, de forma imediata e simultânea, a todos os</p><p>interessados (LARRATE, 2013). Quando se tem uma boa comunicação, ou seja, quando há</p><p>transparência no processo informacional, constitui-se um clima de con�ança, tanto de maneira</p><p>interna quanto externa, nas relações com terceiros (SILVA, 2016).</p><p>As organizações, a partir da aplicação desse princípio, apresentam uma maior transparência das</p><p>informações, especialmente as de alta relevância para o mercado, que impactam os negócios e</p><p>envolvem resultados, oportunidades e riscos, fazendo com que todas as partes interessadas</p><p>conheçam os eventos objetos da divulgação.</p><p>O princípio de governança corporativa referente à prestação de contas (accountability) prevê que</p><p>agentes de governança devem prestar contas de sua atuação (LARRATE, 2013). São</p><p>considerados como agentes de governança, para �ns de aplicação desse princípio, os sócios,</p><p>administradores (como conselheiros de administração e executivos/gestores), conselheiros</p><p>�scais e auditores.</p><p>Nesse princípio, os agentes de governança assumem integralmente as consequências de seus</p><p>atos e omissões. Ou seja, os agentes da governança devem prestar contas a quem os elegeu,</p><p>além de responder integralmente pelos atos praticados no exercício de seus mandatos</p><p>(ROSSETTI; ANDRADE, 2014). Cabe ressaltar que, ainda de acordo com Rossetti e Andrade</p><p>(2014), a prestação responsável de contas precisa estar fundamentada nas melhores práticas</p><p>contábeis e de auditoria.</p><p>________</p><p>Re�ita</p><p>É possível concluir que a aplicação dos princípios de governança traz resultados positivos para</p><p>empresas do setor privado, uma vez que o foco da governança, nesse domínio, está direcionado</p><p>à postura dos dirigentes</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Diante disso, como a aplicação da governança corporativa poderia ser percebida no setor</p><p>público? Será que teríamos como re�exo os mesmos resultados observados no setor privado? A</p><p>governança é aplicável no setor público ou se restringe a empresas da esfera privada?</p><p>________</p><p>Resta, ainda, o princípio relacionado à responsabilidade corporativa (compliance). Dedicaremos a</p><p>próxima aula de estudos especialmente a uma discussão sobre esse tema, mas podemos</p><p>adiantar que tal princípio abrange um amplo conjunto de compromissos, os quais podem ser</p><p>segregados em três dimensões: econômico-�nanceira, social e ambiental (ROSSETTI; ANDRADE,</p><p>2014).</p><p>Larrate (2013) salienta que, com base na responsabilidade corporativa, os agentes de</p><p>governança devem zelar pela sustentabilidade das organizações, incorporando considerações de</p><p>ordem social e ambiental na de�nição dos negócios e operações. Por �m, Gonzalez (2012) indica</p><p>que tal princípio também prevê a adoção, por parte das empresas, de um código de conduta ética</p><p>direcionado a seus principais executivos.</p><p>_______</p><p>Assimile</p><p>A governança corporativa é regida por princípios básicos que lhe permitem ser implementada em</p><p>sua plenitude. São eles: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade</p><p>corporativa.</p><p>Vejamos, a seguir, um breve resumo sobre cada um desses princípios:</p><p>Transparência (disclosure): ressalta que uma perfeita comunicação entre os agentes</p><p>proporciona um clima de con�ança.</p><p>Equidade (fairness): tratamento justo e sem distinção em relação às partes envolvidas,</p><p>principalmente quando se trata dos colaboradores, fornecedores, entre outros agentes.</p><p>Prestação de contas (accountability): os gestores e demais agentes da governança deverão</p><p>prestar contas aos que lhes elegeram, respondendo integralmente pelos atos e fatos de sua</p><p>responsabilidade.</p><p>Responsabilidade corporativa (compliance): condução dos negócios com o objetivo de</p><p>perpetuar a existência da companhia.</p><p>_______</p><p>Como pudemos perceber ao longo desta aula de estudos, a governança corporativa é o meio</p><p>mais e�ciente de fazer com que uma companhia conquiste a con�ança das partes interessadas,</p><p>fato que concede à empresa a possibilidade de valorização ou obtenção de investimentos,</p><p>principalmente se a corporação possuir ações em negociações no mercado de capitais (Bolsa de</p><p>Valores).</p><p>A necessidade de aplicação da governança corporativa veio como uma resposta às lacunas</p><p>encontradas entre a legislação e o comportamento de agentes envolvidos em decisões</p><p>organizacionais, o que dava margem para a ocorrência de fraudes e crimes que lesavam nações.</p><p>Frente a esses comportamentos criminosos e em decorrência das mudanças expressivas</p><p>ocorridas no cenário econômico e corporativo, houve a necessidade de implantar um modelo de</p><p>gestão mais e�ciente e transparente nas companhias.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Em resumo, quando administrada de acordo com as boas práticas de governança corporativa,</p><p>uma empresa diminui o risco de surgimento de escândalos, por conta da proteção oferecida aos</p><p>investidores, garantindo, em virtude dessa segurança, maiores retornos sobre o investimento.</p><p>Vejo você na próxima aula!</p><p>Conclusão</p><p>Olá novamente, estudante! Agora que já veri�camos os conteúdos relacionados à governança</p><p>corporativa, chegou a hora de você, enquanto consultor da companhia NPTO, direcionar a</p><p>empresa XYZ com relação ao processo de gestão, recomendando que os colaboradores dessa</p><p>corporação sigam as melhores práticas e fundamentos de governança corporativa.</p><p>Inicialmente, você poderia informar aos pro�ssionais da empresa XYZ que a governança</p><p>corporativa possui uma relação de sustentabilidade responsável da organização, a qual está</p><p>vinculada a processos, costumes, políticas, leis e instituições. Nesse contexto, busca-se uma</p><p>relação equilibrada e justa entre todos esses elementos, com o objetivo de valorizar a imagem da</p><p>empresa frente ao mercado, contribuindo com a possibilidade de atração de investidores e</p><p>mitigando a ocorrência de eventos criminosos, isto é, de fatos contrários ao ordenamento legal</p><p>vigente.</p><p>Para que a governança corporativa possa ser aplicada, a instituição deverá adotar, em sua cultura</p><p>organizacional, alguns princípios básicos que servem como pilares para a estruturação das boas</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>práticas de governança no ambiente empresarial.</p><p>Como você pôde veri�car ao longo desta etapa</p><p>de aprendizagem, os princípios básicos que regem a governança corporativa são: transparência,</p><p>equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa.</p><p>A transparência pode ser traduzida como a disponibilização de informações, não se restringindo</p><p>ao desempenho econômico-�nanceiro, mas contemplando, também, os demais fatores que</p><p>norteiam a ação gerencial e que condizem com a preservação e a otimização do valor da</p><p>organização. A equidade relaciona-se ao tratamento justo e isonômico de todos os sócios e</p><p>demais partes interessadas, considerando seus direitos, deveres, necessidades, interesses e</p><p>expectativas.</p><p>A prestação de contas refere-se à cobrança dos agentes de governança acerca de sua atuação.</p><p>Tal princípio deve ser atendido de modo claro, conciso, compreensível e tempestivo, cabendo aos</p><p>agentes de governança assumir integralmente as consequências de seus atos e omissões,</p><p>desempenhando seus papéis com diligência e responsabilidade.</p><p>Por �m, a responsabilidade corporativa trata do zelo na viabilidade econômico-�nanceira das</p><p>organizações e da redução das externalidades negativas de seus negócios e operações,</p><p>aumentando as positivas e levando em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos</p><p>capitais (�nanceiro, manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental, reputacional) no curto,</p><p>médio e longo prazos. No Brasil, todos esses princípios são orientados de acordo com o que</p><p>delibera o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Você pode saber mais sobre o</p><p>assunto fazendo a leitura do artigo indicado a seguir, intitulado Governança corporativa,</p><p>publicado no site do IBGC.</p><p>GOVERNANÇA corporativa. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, 1 maio 2019.</p><p>Videoaula: Governança corporativa</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Videoaula sobre Governança corporativa.</p><p>Aula 3</p><p>Compliance nas organizações</p><p>https://www.ibgc.org.br/conhecimento/governanca-corporativa</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Introdução</p><p>Qual é o foco da aula?</p><p>Nesta aula, trataremos do compliance nas organizações, buscando entender mais detalhes sobre</p><p>esse conceito, sua importância no contexto empresarial e quais práticas contribuem para</p><p>minimizar a probabilidade de ocorrência de crimes e fraudes corporativas.</p><p>Objetivos gerais de aprendizagem</p><p>Ao �nal desta aula, você será capaz de:</p><p>associar os conceitos de compliance;</p><p>classi�car os elementos de compliance capazes de evitar a execução de atividades</p><p>contrárias à legislação;</p><p>assimilar o modelo de matriz de risco.</p><p>Situação-problema</p><p>Estudante, seja bem-vindo à última aula da Unidade 2. Nesta etapa de aprendizagem, vamos</p><p>tomar como objeto central de estudos o compliance. Para isso, estudaremos, juntos, o conceito</p><p>de compliance, entendendo como aplicá-lo no contexto empresarial, as principais práticas</p><p>relacionadas a esse mecanismo e, por �m, sua importância para a perícia contábil criminal.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Como você pôde perceber, os temas se conectam e se completam para que seja possível</p><p>compreender quais são os benefícios que as práticas de compliance trazem às empresas,</p><p>principalmente com relação à redução das probabilidades de riscos de ocorrências de práticas</p><p>criminosas por parte dos agentes de governança.</p><p>Por meio da breve introdução feita na aula de estudos anterior e do aprofundamento a ser</p><p>apresentado nesta fase de aprendizagem, você perceberá que o compliance está inserido nas</p><p>recomendações de boas práticas que a governança corporativa propõe às corporações. Como</p><p>você deve se lembrar, os princípios de governança corporativa são sugeridos para que as</p><p>empresas apresentem maior valor de mercado e conquistem a con�abilidade de possíveis</p><p>interessados.</p><p>Já aprendemos que a governança corporativa está apoiada nos princípios de transparência,</p><p>equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa (compliance), sendo este último o</p><p>tema central de estudos nesta aula. Para que você possa aprimorar o conhecimento sobre tais</p><p>conceitos, re�ita sobre a situação-problema, relacionada a uma empresa familiar.</p><p>Uma empresa familiar obteve muito êxito e cresceu de forma signi�cativa nos últimos anos. Essa</p><p>evolução foi tão exponencial que exigiu da organização uma reorganização de sua estrutura.</p><p>Novos procedimentos e departamentos foram desenvolvidos para atender à realidade inédita da</p><p>companhia, pois era comum que ocorressem falhas procedimentais constantes nesses setores.</p><p>A empresa, nessa nova fase, vislumbra, em seu planejamento estratégico, uma abertura de</p><p>capital para os próximos anos, de modo que possa ter ações negociadas na Bolsa de Valores.</p><p>Para atender a esse planejamento, a empresa estruturará, já para o próximo exercício, um</p><p>departamento responsável pela implementação da governança corporativa.</p><p>Uma das tarefas desse novo setor será preparar o desenvolvimento de estratégias para a</p><p>minimização de riscos, apresentando as principais medidas a serem adotadas por toda a</p><p>organização. Entretanto, apesar de o planejamento estratégico indicar que essas ações serão</p><p>realizadas, ainda não há um consenso entre sócios, marido, esposa e dois �lhos sobre a real</p><p>necessidade de práticas de governança corporativa na empresa, pois, na visão do marido e da</p><p>esposa, tais atividades custariam caro e representariam algo redundante, visto que, para eles, a</p><p>corporação já funcionava muito bem sem as novas medidas. Diante disso, tente responder aos</p><p>seguintes questionamentos:</p><p>Como você poderia convencer os sócios da importância da instalação de práticas de</p><p>governança corporativa na empresa?</p><p>Será que tais medidas realmente são ine�cientes e custosas para a companhia?</p><p>Como as novas ações ajudariam a corporação a ter uma maior valorização em seu</p><p>processo de abertura de capital?</p><p>Vamos lá? Bons estudos!</p><p>Compliance</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Olá! Tudo bem? Vamos fazer um pequeno resumo da aula anterior? Na aula 2, aprendemos que o</p><p>conceito de governança corporativa se refere a um conjunto de boas práticas cujo principal</p><p>objetivo é orientar o relacionamento comportamental interno e externo das empresas, sejam elas</p><p>públicas ou privadas, de capital aberto ou fechado, na intenção de que atuem de forma ética,</p><p>com a �nalidade de trazer sustentabilidade e minimizar externalidades negativas.</p><p>Tal comportamento interno e externo diz respeito à maneira de lidar com as partes interessadas,</p><p>isto é, com as pessoas físicas e jurídicas que, de alguma forma, possuem algum tipo de interesse</p><p>ou relacionamento com a organização e são capazes de gerar impactos tanto positivos quanto</p><p>negativos sobre o valor da empresa.</p><p>Já sabemos, também, que a governança corporativa pretende criar uma identidade corporativa</p><p>para as empresas, as quais buscarão adequar os princípios de governança aos seus elementos</p><p>organizacionais. Por isso, entendemos que os princípios de transparência (disclosure), equidade</p><p>(equity), prestação de contas (accountability) e responsabilidade corporativa (compliance) são</p><p>os pilares pelos quais uma corporação pode identi�car e absorver as práticas de governança em</p><p>sua estrutura organizacional.</p><p>Discutimos sobre os três primeiros princípios de forma mais detalhada na aula de estudos</p><p>anterior. Agora, daremos destaque ao princípio da responsabilidade corporativa, ou compliance.</p><p>Tais práticas, especialmente o compliance, devem ser coerentes com a estrutura societária, uma</p><p>vez que a sua adoção resulta na criação de um ambiente de segurança jurídica e na con�ança</p><p>indispensável para uma boa tomada de decisão (CARVALHO et al., 2021). Muito além de</p><p>representar uma tentativa de cumprir o interesse dos acionistas ou de atender a regulamentos</p><p>legais, a prática do compliance parte de um compromisso efetivo da liderança organizacional,</p><p>devendo estar alinhado com a estratégia</p><p>da empresa.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Como aprendemos anteriormente, os princípios de governança corporativa tiveram fundamental</p><p>importância em diversos momentos da economia dos Estados Unidos, mas principalmente no</p><p>início deste século, por conta das fraudes contábeis e crimes �nanceiros ocorridos no país. De</p><p>igual modo, as práticas são recomendadas às empresas brasileiras para evitar o surgimento de</p><p>atos criminosos contra o sistema �nanceiro nacional.</p><p>_______</p><p>Pesquise mais</p><p>A efetuação de atos lesivos ao sistema �nanceiro nacional leva à produção de legislações em</p><p>âmbito federal, além de recomendações desenvolvidas por órgãos de controle, como a</p><p>Controladoria Geral da União (CGU) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), e</p><p>por órgãos auxiliares, como o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Podemos</p><p>citar alguns exemplos de legislações formuladas que servem ao propósito de orientar as práticas</p><p>empresariais, a �m de dirimir a existência de crimes de natureza contábil-�nanceira-econômica.</p><p>Alguns deles estão listados a seguir:</p><p>BRASIL. Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013. Dispõe sobre a responsabilização administrativa</p><p>e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou</p><p>estrangeira, e dá outras providências. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 2 ago. 2013.</p><p>BRASIL. Decreto nº 8.420, de 18 de março de 2015. Regulamenta a Lei nº 12.846, de 1º de agosto</p><p>de 2013, que dispõe sobre a responsabilização administrativa de pessoas jurídicas pela prática</p><p>de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira e dá outras providências. Diário</p><p>O�cial da União, Brasília, DF: 19 mar. 2015.</p><p>BRASIL. Controladoria-Geral da União. Programa de integridade: diretrizes para empresas</p><p>privadas. Brasília, DF: CGU, 2015.</p><p>CADE. Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Guia para programas de compliance:</p><p>orientações sobre estruturação e benefícios da adoção dos programas de compliance</p><p>concorrencial. Brasília, DF: Cade, 2016.</p><p>IAA. Instituto dos Auditores Internos do Brasil. Declaração de posicionamento do IIA: as três</p><p>linhas de defesa no gerenciamento e�caz de riscos e controles. São Paulo: IIA Brasil, 2013.</p><p>IBGC. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Código das melhores práticas de</p><p>governança corporativa. 5. ed. São Paulo: IBGC, 2015.</p><p>Agora, faça a seguinte re�exão: Por que, mesmo com essa diversidade de dispositivos que</p><p>recomendam padrões comportamentais éticos e o cumprimento às leis, além da existência de</p><p>órgãos reguladores e �scalizadores, ainda ocorrem tantos crimes contra o sistema �nanceiro,</p><p>bem como práticas lesivas à imagem e ao valor de mercado das organizações?</p><p>_______</p><p>Como destacam Carvalho et al. (2021, p. 49), o compliance “integra um sistema complexo e</p><p>organizado de procedimentos de controle de riscos e preservação de valores intangíveis”. Por</p><p>essa razão, podemos traduzir o termo compliance como a concordância com aquilo que é</p><p>ordenado, o que, no contexto empresarial, se enquadra na correta observação dos elementos que</p><p>disciplinam a atividade legal e ética da organização frente às partes interessadas, como leis,</p><p>decretos, etc.</p><p>Entretanto, o compliance, no âmbito da governança corporativa, não trata de uma obediência</p><p>impositiva aos regramentos apresentados nas legislações, mas sim do dever que as empresas</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>têm de promover uma cultura que estimule, em todos os membros da organização, a ética e o</p><p>exercício do objeto social em conformidade com a lei (ASSI, 2018; VERÍSSIMO, 2017).</p><p>Por isso, podemos dizer que a governança corporativa e os programas de compliance estão</p><p>intimamente relacionados, visto que implementar e manter essa cultura em uma empresa</p><p>impacta o modo como as companhias são geridas e como as decisões de gestão são tomadas</p><p>(CARVALHO et al., 2021).</p><p>Para que possa ter uma aplicabilidade no domínio empresarial, o compliance precisa contar com</p><p>uma área especí�ca, como a auditoria interna, que, por meio de investimentos feitos pela alta</p><p>administração, contará com uma estrutura formal capaz de desenvolver instrumentos de controle</p><p>internos.</p><p>Tais áreas contarão com o apoio de pro�ssionais dos setores de contabilidade, jurídico,</p><p>�nanceiro, além de outras esquipes em nível tático, para que, após a de�nição dos instrumentos</p><p>de governança, torne-se possível a aplicação de treinamentos, a aquisição de instrumentos de</p><p>tecnologia, entre outros recursos que viabilizem o acompanhamento de irregularidades.</p><p>A adoção dessas medidas é de extrema importância para a organização, pois a falta de tais</p><p>dispositivos pode provocar a ausência de instrumentos internos anticorrupção, como manuais de</p><p>orientação e conduta, além de políticas internas para o relacionamento entre a empresa e suas</p><p>partes interessadas. Essa de�ciência de materiais dá margem para a existência de con�itos de</p><p>comportamento no quadro funcional, uma vez que o compliance tem em seu bojo o alicerce</p><p>fundamental para nortear as boas práticas ligadas à responsabilidade ambiental e social, dentro</p><p>e fora da organização (CARVALHO et al., 2021).</p><p>_______</p><p>Assimile</p><p>Os agentes de governança devem zelar pela viabilidade econômico-�nanceira das organizações</p><p>a partir de práticas que pretendam reduzir externalidades negativas e aumentar as positivas</p><p>(LANDRISCINA, 2020). O compliance, em nível empresarial, pode ser traduzido como o</p><p>entendimento da responsabilidade corporativa dos agentes de governança. Tal responsabilidade</p><p>se re�ete na adoção, implementação, revisão e controle de políticas internas anti crimes e</p><p>anticorrupção, medidas que devem ser utilizadas sem desconsiderar as demais recomendações</p><p>de governança corporativa.</p><p>Aplicação compliance</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Para que o compliance seja aplicado, ou seja, para que seja possível implementar um sistema ou</p><p>programa de compliance nas empresas, sugere-se a realização de algumas práticas alinhadas</p><p>aos elementos organizacionais das corporações, como missão, visão, objetivos e planejamento</p><p>estratégico. Na instauração das atividades de compliance, é preciso veri�car, também, o</p><p>tamanho da empresa, se esta é de capital aberto ou fechado, entre outras informações, já que a</p><p>adoção dessas medidas gera custos para a companhia.</p><p>Dessa forma, entende-se que não é pertinente exigir que empresas de pequeno ou médio porte</p><p>tenham estruturas complexas de prevenção de delitos, como fazem as organizações de grande</p><p>porte (VERÍSSIMO, 2017). Ou seja, as medidas de prevenção de externalidades negativas e de</p><p>otimização de práticas positivas devem ser mensuradas e adequadas ao porte e aos riscos</p><p>apresentados pela realidade da empresa. Logo, para empresas de pequeno porte, o ideal é</p><p>implementar práticas mais simples, e, para companhias de grande porte, medidas mais</p><p>complexas (VERÍSSIMO, 2017).</p><p>Outro ponto a ser considerado é que as práticas de compliance, quando associadas aos demais</p><p>princípios de governança corporativa, devem estar alinhadas aos princípios e valores da</p><p>empresa. Isso fará com que as medidas implementadas re�itam as políticas, procedimentos e</p><p>normas internas da companhia, bem como as leis e os dispositivos regulatórios aos quais a</p><p>organização está submetida em nível externo (IBGC, 2015).</p><p>Durante a implementação de um programa de compliance, devemos considerar que tal</p><p>procedimento trará conformidade para as atividades da empresa, de modo que os agentes de</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>governança da corporação passarão a atuar com responsabilidade corporativa e, com isso,</p><p>minimizarão os riscos de ocorrência de eventos que possam provocar perda de valor à</p><p>companhia.</p><p>Esse entendimento atende à recomendação do IBGC (2015), a qual destaca que os agentes de</p><p>governança têm a responsabilidade de assegurar que toda a organização esteja em</p><p>conformidade com suas diretrizes, de maneira que a efetividade desse processo constitui o</p><p>programa de compliance.</p><p>Tal incumbência diz respeito ao acompanhamento das ações</p><p>realizadas pelos diversos agentes presentes na esfera empresarial, com o objetivo de veri�car se</p><p>as atividades desempenhadas por esses pro�ssionais estão em harmonia com práticas que</p><p>agreguem um valor positivo para a organização.</p><p>Nesse sentido, uma das principais recomendações para que se obtenha êxito na implantação do</p><p>compliance é alinhar as práticas sugeridas com a alta gestão empresarial, na intenção de obter</p><p>apoio desse setor. No conselho de administração de uma empresa de capital aberto, por</p><p>exemplo, a partir do suporte do topo da cadeia de comando da corporação, as demais áreas</p><p>�carão mais receptivas à implementação e ao cumprimento das medidas. Ou seja, é importante</p><p>que haja articulação e apoio de todos os setores da empresa, desde a alta gestão até os níveis</p><p>médios e operacionais (MENDES; CARVALHO, 2017).</p><p>Além do apoio da alta administração, outra ação indicada para o processo de instauração do</p><p>compliance é o desenvolvimento de práticas relacionadas a gerenciamento de riscos, controles</p><p>internos e adoção de sistemas de conformidades (IBGC, 2015). O gerenciamento de riscos, de</p><p>acordo com Veríssimo (2017), perpassa por três pontos da estruturação: formulação de um</p><p>plano de compliance; implementação do programa de compliance; e, por �m, consolidação e</p><p>aperfeiçoamento do programa de compliance.</p><p>Nesse mesmo contexto, Viol (2021) de�ne que os elementos de compliance capazes de evitar a</p><p>execução de atividades contrárias à legislação vigente passam pelas etapas de:</p><p>1. Formulação do plano de integridade (compliance).</p><p>2. Implementação dos instrumentos e mecanismos de integridade.</p><p>3. Formação de uma cultura de integridade.</p><p>O quadro, a seguir, resume o sistema de aplicação desses estágios.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Aplicação da gestão de riscos para programa de compliance. Fonte: adaptado de Veríssimo (2017) e Viol (2021).</p><p>Viol (2021, p. 83) reforça, ainda, que a aplicação desse programa “é formada por diversos</p><p>elementos, os quais podem diferir de organização para organização”. A partir dessas etapas, a</p><p>empresa pode elaborar uma matriz de gestão de riscos, considerando, por exemplo, fatores</p><p>capazes de afetá-la, os quais podem ter origem no ambiente interno (endógeno) ou externo</p><p>(exógeno) da corporação (IBGC, 2007).</p><p>Tais fatores de risco podem ser classi�cados em: macroeconômicos, ambientais, sociais,</p><p>tecnológicos e legais, quando originados do ambiente externo. Já quando surgem no ambiente</p><p>interno, são categorizados em: �nanceiros, ambientais, sociais, tecnológicos e conformidade.</p><p>Por �m, os riscos podem ter impacto sobre o compliance empresarial nos níveis estratégico,</p><p>operacional ou �nanceiro.</p><p>Matriz de riscos</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Cada risco identi�cado recebe uma nota, de acordo com o nível de gravidade que representa para</p><p>a empresa. Os graus de riscos podem variar de 1 a 5, sendo que, no grau 1, o risco é classi�cado</p><p>como muito baixo; no grau 2, como risco baixo; no grau 3, como risco moderado; no grau 4, como</p><p>risco alto; e, no grau 5, como risco muito alto. Os graus de riscos são calculados com base na</p><p>frequência com que determinado evento ocorre e nos efeitos que causará, caso realmente</p><p>aconteça.</p><p>________</p><p>Exempli�cando</p><p>Suponha que uma determinada empresa estivesse desenvolvendo o processo de mapeamento e</p><p>gestão de riscos para �ns de implementação de um programa de compliance e tenha veri�cado</p><p>que um dos riscos refere-se ao assédio por parte de agentes externos, que oferecem vantagens</p><p>�nanceiras em troca da formalização de contratos.</p><p>Nesse caso, o risco identi�cado tem sua origem em um fator externo (exógeno), pelo fato de ser</p><p>algo motivado por um agente externo, e pode ser classi�cado como de tipo legal, em virtude dos</p><p>contratos envolvidos, os quais afetam a parte �nanceira e operacional da organização. A</p><p>depender da frequência com que ocorrem as tratativas com agentes e do impacto que gerarão na</p><p>empresa, caso aconteçam, os riscos podem receber, na escala de gravidade, notas de 1 a 5.</p><p>________</p><p>A partir dessas métricas, é possível elaborar uma matriz de risco, cujo modelo pode ser</p><p>veri�cado no quadro, a seguir:</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Modelo de matriz de risco. Fonte: adaptado de IBGC (2007).</p><p>A adoção desses procedimentos para a consolidação de um programa de compliance, além de</p><p>trazer inúmeros benefícios a uma organização, uma vez que esta mitigará os riscos envolvidos</p><p>nas operações e criará uma cultura pautada em valores éticos, também produz efeitos positivos</p><p>por propiciar uma formalização mais efetiva dos procedimentos executados pelos funcionários</p><p>da empresa. Tal formalização contribui para que haja um registro histórico das operações, o que</p><p>permite o rastreamento e a identi�cação de atividades ilícitas realizadas no âmbito da</p><p>corporação. Ou seja, conforme orientam Mendes e Carvalho (2017, p.142), “documentar, para</p><p>além de garantir con�ança e segurança, ajuda a preservar a memória institucional, o que</p><p>efetivamente pode vir a auxiliar na gestão das atividades e resultar em ganhos de e�ciência”.</p><p>Os registros das operações a partir da documentação das atividades estabelecida pelo programa</p><p>de compliance também pode resguardar a companhia, caso ocorram investigações por parte das</p><p>autoridades públicas, como os poderes de polícia, o Ministério Público ou mesmo órgãos</p><p>judiciários.</p><p>O processo investigatório poderá contar com o apoio de um perito contábil, o qual estará apto</p><p>para atuar tanto pela acusação (perito de carreira das polícias federal e civil) quanto por parte do</p><p>investigado (perito assistente ou assistente técnico) ou, ainda, quando for nomeado pelo juiz ou</p><p>árbitro (perito do juízo), como aprendemos na aula 1 desta unidade de aprendizagem.</p><p>Dentre vários procedimentos técnico-cientí�cos, o perito contábil, em seu processo de trabalho,</p><p>poderá realizar a análise dos documentos da empresa, para contribuir com a elucidação dos</p><p>fatos em investigação ou julgamento. Podem-se veri�car documentos internos, como as</p><p>movimentações em registros contábeis e �nanceiros da organização, além dos relatórios</p><p>obrigatórios por lei, como o balanço patrimonial.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>A atuação do perito contábil, com base nos procedimentos técnico-cientí�cos utilizados em seu</p><p>processo de trabalho, também ajudará a evidenciar a responsabilidade objetiva e subjetiva</p><p>relacionada ao crime em investigação ou julgamento, fazendo com que haja a condição de</p><p>responsabilizar os agentes envolvidos na prática criminosa. Assim, é possível proteger a</p><p>instituição e o seu valor de mercado dentro dos limites da lei.</p><p>A responsabilização objetiva se manifesta quando a empresa é responsabilizada pelos atos</p><p>praticados por seus representantes e fornecedores (NEVES, 2018). Já a responsabilização</p><p>subjetiva é observada quando há a responsabilização de dirigentes e administradores, a partir da</p><p>evidência de que estes agiram com culpa ou dolo, na intenção de causar danos tanto à</p><p>organização quanto aos demais envolvidos, como a Administração Pública (CARVALHO et al.,</p><p>2021).</p><p>Ou seja, a partir dos elementos encontrados pelo perito na apuração e investigação dos fatos</p><p>delituosos praticados, as regras de compliance estabelecidas pela empresa podem ajudar o</p><p>perito contábil a identi�car os responsáveis pelas ações criminosas e a veri�car se estas foram</p><p>praticadas a mando da organização (responsabilidade objetiva) ou por um funcionário da</p><p>corporação que negligenciou as regras estabelecidas pela governança corporativa em benefício</p><p>próprio, especialmente no que diz respeito a diretrizes relativas ao compliance. Nesse último</p><p>caso, não se pode atribuir a responsabilidade dos fatos à empresa, o que caracteriza uma</p><p>responsabilidade subjetiva.</p><p>Percebe-se no contexto da governança, sobretudo no compliance, que os controles internos,</p><p>realizados com o apoio de departamentos como a auditoria interna, constituem um importante</p><p>processo cuja adoção e prática devem ocorrer em todos os níveis da companhia, ou seja, desde</p><p>a alta administração, perpassando pelos diretores e gerentes e consolidando-se nos funcionários</p><p>de nível operacional.</p><p>A integração do compliance com os demais princípios de governança corporativa tem como</p><p>efeito positivo a promoção de atividades que auxiliam a empresa quanto à realização de seus</p><p>objetivos especí�cos, de�nidos no planejamento estratégico da companhia, o qual, por sua vez,</p><p>está alinhado com a missão, visão e valores da corporação.</p><p>Conclusão</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Olá, estudante!</p><p>Para que possamos resolver a situação-problema apresentada no início desta aula, em que os</p><p>sócios de uma empresa (que pretende abrir o seu capital) não veem tanta utilidade e valor na</p><p>adoção de práticas de compliance, dentro do contexto da governança corporativa, você poderá</p><p>explicar aos sócios como a antiga estrutura organizacional pode expor a corporação a riscos</p><p>�nanceiros e operacionais. Para isso, utilize pontos importantes identi�cados durante a análise</p><p>de evolução da empresa.</p><p>A corporação em questão apresenta o seguinte expediente organizacional:</p><p>A gestão ainda é realizada de forma amadora e operacionalmente distante. Ou seja, não há</p><p>interligação entre as atividades estratégicas, táticas e operacionais, o que resulta em decisões</p><p>confusas e práticas que contradizem o que já se fazia historicamente na empresa.</p><p>Outro problema identi�cado e que deverá ser resolvido a partir do compliance é a ausência de</p><p>conhecimento técnico por parte dos sócios. Esse fato compromete a governança corporativa de</p><p>forma bastante contundente e deverá ser resolvido com a implementação de um conselho de</p><p>administração e a contratação de pro�ssionais que apresentem expertise nos negócios</p><p>praticados pela empresa.</p><p>Como a corporação tem foco direcionado à expansão de suas atividades, utilizando como fontes</p><p>de investimentos os bons resultados obtidos no passado e a possibilidade de abertura de capital</p><p>na bolsa de valores, uma forma de conquistar a con�ança do mercado, especialmente de futuros</p><p>investidores, é por meio da adoção de uma estrutura empresarial mais pro�ssional e com</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>interligação entre as áreas, a qual se torna viável com a implementação de medidas de</p><p>compliance.</p><p>Como aprendemos ao longo desta aula de estudos, a temática da governança corporativa,</p><p>sobretudo com relação ao compliance, vai além do cumprimento de regras, associando-se,</p><p>também, à preservação de valores éticos e de sustentabilidade, o que permite a perpetuação do</p><p>negócio e o atendimento aos interesses dos stakeholders (CARVALHO et al., 2021).</p><p>Assim, com a adoção do compliance, as empresas evidenciam tanto no âmbito interno, a partir</p><p>de práticas estruturadas de trabalho e com o apoio das áreas de todos os níveis empresariais,</p><p>quanto em nível externo, por meio da demonstração empresarial de valores éticos, sociais e</p><p>ambientais, que o cumprimento das práticas de compliance pode gerar benefícios às empresas e</p><p>às partes interessadas.</p><p>Videoaula: Compliance nas organizações</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Videoaula sobre Compliance nas organizações.</p><p>Referências</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>ABREU, E.; SILVA, L. Sistema �nanceiro nacional. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/3eI7dow. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996. Dispõe sobre a arbitragem. Diário O�cial da</p><p>União, Brasília, DF: 23 set. 1996. Disponível em: https://bit.ly/3QyVMg3. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>BRASIL. Norma Brasileira de Contabilidade, NBC PP Nº 1 (R1), de 19 de março de 2020. Dá nova</p><p>redação à NBC PP 01, que dispõe sobre perito contábil. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 27</p><p>março 2020a. Disponível em: https://bit.ly/3RE3qHe. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>BRASIL. Norma Brasileira de Contabilidade, NBC TP Nº 1 (R1), de 19 de março de 2020. Dá nova</p><p>redação à NBC TP 01, que dispõe sobre perícia contábil. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 27</p><p>março 2020b. Disponível em: https://bit.ly/3L7aOsm. Acesso em:21 set. 2022.</p><p>CREPALDI, S. A. Manual de perícia contábil. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/3Qz3BlN. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>MÜLLER, A. N.; TIMI, S. R. R.; HEIMOSKI, V. T. M. Perícia contábil. São Paulo: Saraiva, 2017.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3TYHhFg. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>PERÍCIA contábil: �scalização. Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo, 27</p><p>fev. 2015. Disponível em: https://bit.ly/3QJ9rBu. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>SÁ, A. L. de. Perícia contábil. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3L46ha5.</p><p>Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>A CRISE de 2008 e seus impactos na sociedade dos EUA | Nerdologia. [S. l.]: Nerdologia, 21 set.</p><p>2021. 1 vídeo (10min20s). Disponível em: Link. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>CASO Enron resumido - maior fraude da história (contabilidade/auditoria/governança/SOx). [S. l.]:</p><p>GCoelho, 21 jun. 2021. 1 vídeo (13min50s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?</p><p>v=5MpNETAVLUM. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>GONZALEZ, R. S. Governança corporativa: o poder de transformação das empresas. São Paulo:</p><p>Trevisan, 2012. Disponível em:</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788599519424/. Acesso em: 21 set. 2022.</p><p>GOVERNANÇA corporativa. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, 1 maio 2019.</p><p>Disponível em: https://www.ibgc.org.br/conhecimento/governanca-corporativa. Acesso em: 21</p><p>set. 2022.</p><p>JENSEN, M.; MECKLING, W. Theory of the �rm: managerial behavior, agency costs and ownership</p><p>structure. Journal of Financial Economics, v. 3, n. 4, p. 305-360, out. 1976.</p><p>LARRATE, M. 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Regulamenta a Lei nº 12.846, de 1º de agosto</p><p>de 2013, que dispõe sobre a responsabilização administrativa de pessoas jurídicas pela prática</p><p>de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira e dá outras providências. Diário</p><p>O�cial da União, Brasília, DF: 19 mar. 2015. Disponível em: https://bit.ly/2B3KDzW. Acesso em: 23</p><p>set 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013. Dispõe sobre a responsabilização administrativa</p><p>e civil de pessoas jurídicas pela prática</p><p>de atos contra a administração pública, nacional ou</p><p>estrangeira, e dá outras providências. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 2 ago. 2013. Disponível</p><p>em: https://bit.ly/3RYg2sq. Acesso em: 23 set 2022.</p><p>CADE. Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Guia para programas de compliance:</p><p>orientações sobre estruturação e benefícios da adoção dos programas de compliance</p><p>concorrencial. Brasília, DF: Cade, 2016. Disponível em: https://bit.ly/3d5Uz25. Acesso em: 23 set</p><p>2022.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>CARVALHO, A. C. et al. Manual de compliance. Rio de Janeiro: Forense, 2021. Disponível em:</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559640898/. Acesso em: 23 set 2022.</p><p>IAA. Instituto dos Auditores Internos do Brasil. Declaração de posicionamento do IIA: as três</p><p>linhas de defesa no gerenciamento e�caz de riscos e controles. São Paulo: IIA Brasil, 2013.</p><p>Disponível em: https://www.controladoria.go.gov.br/images/noticias/As-3-linhas-de-defesa---</p><p>IIA.pdf. Acesso em: 23 set 2022.</p><p>IBGC. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Código das melhores práticas de</p><p>governança corporativa. 5. ed. São Paulo: IBGC, 2015. Disponível em:</p><p>https://conhecimento.ibgc.org.br/Lists/Publicacoes/Attachments/21138/Publicacao-</p><p>IBGCCodigo-CodigodasMelhoresPraticasdeGC-5aEdicao.pdf. 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Disponível em:</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595450073 . Acesso em: 23 set 2022.</p><p>NEVES, E. C. Compliance empresarial: o tom da liderança: estrutura e benefícios do programa.</p><p>São Paulo: Trevisan, 2018. Disponível em:</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595450332/. Acesso em: 23 set 2022.</p><p>VERÍSSIMO, C. Compliance: incentivo à adoção de medidas anticorrupção. São Paulo: Saraiva,</p><p>2017. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788547224011/.</p><p>Acesso em: 23 set 2022.</p><p>VIOL, D. M. Programas de integridade e combate à corrupção: aspectos teóricos e empíricos da</p><p>multiplicação do compliance anticorrupção no Brasil. São Paulo: Grupo Almedina (Portugal),</p><p>2021. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786556273815/.</p><p>Acesso em: 23 set 2022.</p><p>,</p><p>Unidade 3</p><p>Dos Crimes Presentes nas Fraudes Contábeis</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Aula 1</p><p>Registros contábeis</p><p>Introdução da unidade</p><p>Objetivos da Unidade</p><p>Ao �nal desta Unidade, você será capaz de:</p><p>identi�car quais são as demonstrações contábeis para tomada de decisão;</p><p>distinguir os tipos de fraude dentro da esfera contábil;</p><p>examinar sobre o papel do fraudador.</p><p>Olá estudante,</p><p>A sociedade vem demonstrando uma crescente preocupação com a falta de valores éticos por</p><p>parte das pessoas físicas e jurídicas, o que é resultado de um sistema econômico-�nanceiro</p><p>baseado numa relação em que a busca pelo lucro leva aos mais diversos comportamentos</p><p>antiéticos no ambiente pro�ssional e empresarial.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Forjar demonstrações contábeis para “melhorar” o desempenho �nanceiro e econômico de uma</p><p>entidade, seja com a intenção de aumentar os ganhos dos investidores, impressionar acionistas</p><p>ou bene�ciar o mercado �nanceiro com bons resultados, aparece entre os maiores</p><p>procedimentos antiéticos já relatados a partir da análise de grandes escândalos de fraudes</p><p>�nanceiras, como o da Enron Corporation, que no ano de 2001 escondeu em seu balanço bilhões</p><p>de dólares em dívidas.</p><p>Uma forma de acabar com essas práticas antiéticas e minimizar seus impactos nocivos é por</p><p>meio da atuação do pro�ssional contábil, o qual deve ter um domínio cada vez maior sobre um</p><p>conjunto de conhecimentos e técnicas que expressam a linguagem do negócio, além de exercer</p><p>suas funções com ética e de acordo com as instruções normativas.</p><p>Vale ressaltar, também, que o papel do contador é de extrema utilidade para o meio empresarial e</p><p>vem passando por transformações numa crescente adaptação aos novos tempos, o que faz com</p><p>que as habilidades desse pro�ssional sejam testadas a todo momento.</p><p>Conhecer e dominar os registros contábeis e entender como se elabora uma demonstração</p><p>contábil em conformidade com as normas internacionais são aspectos tão necessários ao</p><p>contador quanto seguir as normativas emanadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC),</p><p>dentre as quais se destaca o próprio Código de Ética Pro�ssional do Contador (CEPC).</p><p>Introdução da aula</p><p>Qual é o foco da aula?</p><p>Nesta aula, você vai conhecer e dominar os registros contábeis e entender como se elabora uma</p><p>demonstração contábil.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Objetivos gerais de aprendizagem</p><p>Ao �nal desta aula, você será capaz de:</p><p>descrever o que seria o conceito de contabilidade;</p><p>identi�car quais são as demonstrações contábeis para tomada de decisão;</p><p>debater sobre a função dos auditores.</p><p>Situação-problema</p><p>Olá estudante,</p><p>A sociedade vem demonstrando uma crescente preocupação com a falta de valores éticos por</p><p>parte das pessoas físicas e jurídicas, o que é resultado de um sistema econômico-�nanceiro</p><p>baseado numa relação em que a busca pelo lucro leva aos mais diversos comportamentos</p><p>antiéticos no ambiente pro�ssional e empresarial.</p><p>Forjar demonstrações contábeis para “melhorar” o desempenho �nanceiro e econômico de uma</p><p>entidade, seja com a intenção de aumentar os ganhos dos investidores, impressionar acionistas</p><p>ou bene�ciar o mercado �nanceiro com bons resultados, aparece entre os maiores</p><p>procedimentos antiéticos já relatados a partir da análise de grandes escândalos de fraudes</p><p>�nanceiras, como o da Enron Corporation, que no ano de 2001 escondeu em seu balanço bilhões</p><p>de dólares em dívidas.</p><p>Uma forma de acabar com essas práticas antiéticas e minimizar seus impactos nocivos é por</p><p>meio da atuação do pro�ssional contábil, o qual deve ter um domínio cada vez maior sobre um</p><p>conjunto de conhecimentos e técnicas que expressam a linguagem do negócio, além de exercer</p><p>suas funções com ética e de acordo com as instruções normativas.</p><p>Vale ressaltar, também, que o papel do contador é de extrema utilidade para o meio empresarial e</p><p>vem passando por transformações numa crescente adaptação aos novos tempos, o que faz com</p><p>que as habilidades desse pro�ssional sejam testadas a todo momento.</p><p>Conhecer e dominar os registros contábeis e entender como se elabora uma demonstração</p><p>contábil em conformidade com as normas internacionais são aspectos tão necessários ao</p><p>contador quanto seguir as normativas emanadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC),</p><p>dentre as quais se destaca o próprio Código de Ética Pro�ssional do Contador (CEPC).</p><p>Conceito de contabilidade</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>A �nalidade principal da contabilidade é a de fornecer informações para que seus diversos</p><p>usuários tomem suas respectivas decisões. Quanto mais detalhes forem apresentados em suas</p><p>demonstrações, mais decisões assertivas poderão ser tomadas.</p><p>De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 00, que está em sua segunda revisão, as</p><p>informações concedidas precisam ser úteis e relevantes, ou seja, devem ser capazes de fazer a</p><p>diferença nas decisões tomadas, além de retratar, de forma</p><p>em caixa ou em conta corrente. A essa disponibilidade na contabilidade, damos o</p><p>nome de bens. As mercadorias que são postas à venda também estão nesse componente, assim</p><p>como as aplicações �nanceiras, veículos, móveis, imóveis, direitos autorais, entre outros</p><p>elementos. Vale ressaltar que os bens têm relação com as necessidades humanas, sejam elas</p><p>materiais ou imateriais.</p><p>Entendemos, portanto, que os bens são coisas que atenderão às necessidades das pessoas ou</p><p>até mesmo das empresas. Mas e quanto aos direitos e às obrigações, o que podermos</p><p>compreender sobre esses dois componentes?</p><p>_______</p><p>Exempli�cando</p><p>A empresa ABC Construções Ltda realizou a venda de um serviço para a construção de dez</p><p>casas populares. No contrato assinado com o Governo do Estado da Bahia, consta como valor</p><p>dos serviços a quantia de R$1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais). No decorrer da obra,</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>foram realizadas medições para serem comparadas com o cronograma apresentado no</p><p>momento da contratação, como também para que os pagamentos fossem feitos na conclusão</p><p>de cada uma das etapas acordadas, conforme estabelecido no contrato entre as partes. Na</p><p>�nalização de cada uma das fases da obra, foi emitida a nota �scal para que o Estado efetuasse</p><p>o pagamento dos serviços.</p><p>No que se refere à conclusão dos estágios da obra, como acordado em contrato, a empresa, ao</p><p>concluir as etapas, emitiu uma nota �scal para o Governo do Estado e gerou uma obrigação de</p><p>pagamento, de modo que a empresa que realizou o serviço tem o direito de receber o valor</p><p>acordado em contrato.</p><p>_______</p><p>Quando há uma relação entre as pessoas, isto é, de um lado existe o direito a receber e do outro,</p><p>a obrigação de pagar, no contexto da contabilidade, esse direito a receber pertence ao</p><p>componente “direitos”, e o compromisso de pagar pela entrega dos serviços pertence ao</p><p>componente “obrigações”.</p><p>Representação do patrimônio</p><p>Fonte: elaborada pela autora.</p><p>O objetivo da contabilidade é controlar esse patrimônio e fornecer informações. Quando ocorrem</p><p>situações de ocultação de bens, direitos e valores, a empresa está praticando um crime</p><p>�nanceiro de “lavagem” de dinheiro. Nesse caso, o contador tem a obrigação de informar o</p><p>Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre tal pendência.</p><p>Vamos analisar, a seguir, algumas situações que vivemos no cotidiano para entender de forma</p><p>mais efetiva o que é a contabilidade. Sabemos que devemos ter o controle de todas as nossas</p><p>ações, não é verdade? Não podermos comprar tudo o que vemos pela frente ou tudo o que</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>desejamos em um só momento. É preciso planejar, controlar os nossos desejos e vontades, não</p><p>é mesmo?</p><p>Equilíbrio �nanceiro. Fonte: Pixabay.</p><p>Em uma empresa, o controle do patrimônio também se faz necessário. Devem-se registrar todas</p><p>as operações com seus respectivos documentos, administrar os gastos para que não haja um</p><p>endividamento, ou seja, planejar para gerir o negócio de maneira mais adequada. Controlar o</p><p>patrimônio, prezando por uma boa gestão dos recursos, permite à empresa manter-se</p><p>competitiva no mercado e crescer �nanceiramente.</p><p>_______</p><p>Assimile</p><p>Por meio do artigo indicado para leitura a seguir, você poderá identi�car os tipos de contas que</p><p>são registradas em bens, direitos e obrigações, ou seja, que constituem o objeto da</p><p>contabilidade: o patrimônio. Para acessar o material, consulte o link disponível nas Referências</p><p>desta aula.</p><p>PRATES, W. R. O que é patrimônio na contabilidade? Bens, direitos e obrigações! Ciência e</p><p>Negócios, 2 fev. 2018.</p><p>_______</p><p>Note que em todas as situações analisadas até este momento, a ação humana foi a principal</p><p>motivadora dos fatos ocorridos no decorrer do tempo e, consequentemente, gerou resultados,</p><p>fossem eles positivos ou negativos.</p><p>A contabilidade tem duas funções extremamente importantes: a administrativa, que cuida do</p><p>controle patrimonial; e a econômica, que a cada mês, trimestre ou ano, depois de todos os</p><p>https://cienciaenegocios.com/o-que-e-patrimonio-na-contabilidade-bens-direitos-e-obrigacoes/</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>registros das operações realizadas pela empresa, apura o resultado, que poderá ser lucro ou</p><p>prejuízo. O lucro é um bom sinalizador, porém o prejuízo é sinal de que algo está errado e deve</p><p>ser checado e avaliado.</p><p>_______</p><p>Re�ita</p><p>Considerando que estamos no meio de nossa jornada de aprendizagem e diante do que</p><p>analisamos até o momento, re�ita sobre o que vem a ser a contabilidade. Para isso, disponho, a</p><p>seguir, algumas palavras-chaves que podem contribuir com a sua avaliação:</p><p>Ciência; Fatos; Patrimônio; Informações; Controle.</p><p>Black Flag</p><p>Agora que você aprofundou seus conhecimentos sobre patrimônio, vamos retomar a análise da</p><p>operação Black Flag, de�agrada pela Polícia Federal. As empresas foram criadas para que não</p><p>houvesse suspeitas sobre as operações executadas pelos envolvidos, porém estes se</p><p>esqueceram de um pequeno detalhe: existem pro�ssionais capacitados que fazem a análise</p><p>patrimonial das empresas e conseguem perceber quando existem operações alheias ao negócio</p><p>ou até mesmo movimentações de grande monta de dinheiro circulando.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Por meio da contabilidade, é possível interpretar todos os fenômenos que ocorrem na</p><p>corporação e afetam o patrimônio da empresa. Com os registros de todos os fatos, pode-se</p><p>analisar integralmente a movimentação e a variação do patrimônio. É possível gerar relatórios</p><p>que darão suporte para avaliar a empresa e analisar a situação em um determinado momento.</p><p>É a partir dos registros dos fatos contábeis realizados envolvendo todas as operações que</p><p>ocorreram na empresa que são produzidos relatórios capazes de contribuir para a tomada de</p><p>decisões. Você pode estar pensando: não constam apenas números nesses relatórios?</p><p>Aparentemente sim, porém os números indicam muitas informações, como: se a empresa está</p><p>com um bom capital de giro, se está com endividamento alto, se os sócios tiveram uma boa</p><p>rentabilidade nos negócios, entre outros dados.</p><p>É importante saber fazer a leitura dos relatórios. Por isso, é imprescindível que todas as</p><p>operações sejam registradas e estejam de acordo com as normas contábeis, a �m de que seja</p><p>possível garantir o melhor controle do patrimônio.</p><p>_______</p><p>Exempli�cando</p><p>A empresa ABC Construções Ltda resolve pedir empréstimo a um banco, a �m de dar andamento</p><p>às obras. Um dos documentos que o banco solicitará é o balanço patrimonial, por meio do qual o</p><p>banco terá condições de avaliar a evolução patrimonial da empresa. Consegue perceber como é</p><p>importante fazer os registros de toda a movimentação da organização? Com base nessa</p><p>demonstração contábil, é possível fazer uma comparação entre os dois últimos anos e avaliar a</p><p>capacidade �nanceira que a empresa tem de assumir o empréstimo.</p><p>_______</p><p>Quando analisamos a contabilidade e nos deparamos com um caso concreto, é possível</p><p>perceber a importância dessa atividade para o deslinde dos crimes, não é mesmo? Depois desta</p><p>trajetória inicial, você conseguiu chegar a uma conclusão sobre a relação da contabilidade com a</p><p>operação Black Flag? Se a sua resposta foi sim, signi�ca que estamos no caminho certo e que</p><p>podemos seguir em frente. Caso ainda tenha alguma di�culdade, retorne ao início e faça uma</p><p>nova leitura, para agregar valor à sua aprendizagem.</p><p>Nas operações realizadas pela empresa, em transações com instituições �nanceiras e em</p><p>contratos de serviços prestados, geram-se documentos que devem ser registrados pela</p><p>contabilidade. A partir desses registros, são produzidos os relatórios, na intenção de que os</p><p>usuários da contabilidade tenham conhecimento sobre as transações efetuadas pela corporação,</p><p>a origem dos recursos obtidos e as aplicações executadas pelos gestores.</p><p>Os relatórios �nanceiros obedecem a uma estrutura conceitual. Como estabelece a NBC TG</p><p>Estrutura Conceitual, de novembro de 2019, esses documentos</p><p>�el, em palavras e números, todas as</p><p>movimentações �nanceiras da empresa que representam.</p><p>É interessante lembrar que para que todo esse processo seja possível, os fenômenos �nanceiros</p><p>empresariais devem ser escriturados de forma neutra, completa, isenta de erros, compreensível e</p><p>no tempo certo. Mas o que é mesmo a escrituração e como ela é feita?</p><p>Escrituração é o registro contábil de todos os atos e fatos administrativos e contábeis que</p><p>acontecem dentro de uma empresa, tomando como base: as notas �scais emitidas e recebidas</p><p>das vendas de produtos e mercadorias e dos serviços prestados ou contratados; os contratos</p><p>assinados com clientes, fornecedores e funcionários; os recibos emitidos e recebidos dos</p><p>prestadores de serviços avulsos; os boletos que representam os pagamentos de obrigações e os</p><p>recebimentos dos clientes; os cheques emitidos ou recebidos; os extratos bancários das diversas</p><p>movimentações �nanceiras da empresa, inclusive dos seus investimentos; a folha de pagamento</p><p>com as informações referentes aos valores a pagar aos seus funcionários; as guias dos tributos</p><p>pagos aos governos federal, estadual e municipal (inclusive encargos trabalhistas); etc.</p><p>Ufa! É muito papel que precisa ser analisado, checado, processado e transformado em</p><p>informação útil. E, ao menor descuido, corre-se o risco de que a informação seja processada de</p><p>maneira equivocada. Além disso, em alguns momentos o documento não é tão esclarecedor em</p><p>relação ao que representa, e a empresa tem que correr atrás de mais informações.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Essa escrituração sempre foi apresentada em papel, fazendo uso do livro diário: primeiro</p><p>escriturado à mão e depois de modo informatizado. Mais recentemente, para �ns de atendimento</p><p>ao Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), algumas corporações passaram a ser</p><p>obrigadas a apresentar a escrituração digitalmente.</p><p>_______</p><p>� Re�ita</p><p>Você consegue perceber que a fraude contábil pode ser iniciada neste momento? É possível que</p><p>aconteça a omissão de registros contábeis, na qual alguns documentos são suprimidos ou</p><p>inexistentes, como a venda efetuada sem o respaldo da nota �scal; a utilização de documentos</p><p>“frios”, recibos comprados que não representam absolutamente nada; os equívocos na aplicação</p><p>das normas contábeis, como a contabilização em contas erradas, com valores incorretos;</p><p>tributos calculados em desacordo com a legislação tributária e �scal; etc. Basta um errinho por</p><p>parte do pro�ssional contábil para iniciar o problema.</p><p>_______</p><p>A escrituração é a base das demonstrações contábeis, que deverão ser analisadas antes da</p><p>tomada de decisão.</p><p>De acordo com a Lei nº 6.404/76 e as alterações posteriores (Lei das Sociedades Anônimas),</p><p>juntamente com a Instrução Normativa 59/86 da CMV, os seguintes documentos podem ser</p><p>considerados como demonstrações obrigatórias para as S/As:</p><p>Esses documentos devem estar em consonância com os padrões internacionais.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Escrituração</p><p>Vamos ver o que cada uma das demonstrações evidencia?</p><p>Balanço Patrimonial: é uma demonstração estática e sintética que exprime a situação �nanceira</p><p>da empresa em determinada data. Seus fenômenos devem ser classi�cados e agrupados para</p><p>facilitar o conhecimento do panorama �nanceiro da organização (liquidez, endividamento, capital</p><p>de giro, necessidade de capital de giro, etc.).</p><p>O balanço é como uma foto (estático) porque por meio dele não é possível observar a evolução</p><p>dos fatos ao longo do ano, mas apenas o saldo �nal de um período. Esse relatório evidencia,</p><p>também, o patrimônio de uma entidade tanto sob o aspecto quantitativo como qualitativo.</p><p>Demonstração do Resultado do Exercício: é um relatório econômico-�nanceiro que mostra o</p><p>resultado do exercício da empresa (lucro ou prejuízo), ou o seu desempenho, de forma dinâmica</p><p>e vertical. Nesse documento são demonstradas as receitas que a corporação realizou (ganhas</p><p>ou auferidas) e as despesas incorridas, respeitando sempre o princípio da competência, ou seja,</p><p>independentemente dos recebimentos ou pagamentos.</p><p>É importante ressaltar que a performance apresentada pela empresa serve como base para o</p><p>acionista analisar o retorno do seu investimento. Tal informação se transforma num suporte para</p><p>que ele adquira mais ações da companhia ou venda as que já possui.</p><p>Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido: seu objetivo é apontar as movimentações</p><p>que ocorrem no Patrimônio Líquido (PL) durante o exercício, principalmente identi�cando como</p><p>se deu a formação de todas as reservas, e não apenas das originadas dos lucros. Por ser uma</p><p>demonstração bem completa, serve de apoio para a gestão administrativa, econômica e</p><p>�nanceira de uma empresa.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Apesar de parecer uma demonstração simples e pequena, trata-se de uma importante ferramenta</p><p>no combate à fraude.</p><p>Demonstração do Fluxo de Caixa: evidencia as modi�cações que ocorrem no saldo da conta</p><p>caixa e equivalentes de caixa num determinado período a partir dos �uxos de recebimentos e</p><p>pagamentos que acontecem, auxiliando no planejamento �nanceiro. Vale destacar que</p><p>equivalentes de caixa representam as aplicações �nanceiras de liquidez imediata, com</p><p>vencimento de curtíssimo prazo (até três meses), mantidas na empresa para cumprir os</p><p>compromissos imediatos.</p><p>As atividades que são destacadas nessa demonstração são: Fluxo das Atividades Operacionais</p><p>(FAO), que deriva das atividades geradoras de receitas da entidade; Fluxo das Atividades de</p><p>Investimento (FAI), que deriva de aquisições e venda de ativos e outros investimentos; Fluxo das</p><p>Atividades de Financiamento (FAF), que deriva das alterações no tamanho e na composição do</p><p>PL e dos empréstimos da entidade.</p><p>Demonstração do Valor Adicionado: identi�ca o quanto de riqueza a empresa produziu</p><p>(adicionou de valor) e de que forma ela foi distribuída entre os empregados, o governo, os</p><p>acionistas, os �nanciadores de capital, além da quantia retida na corporação. Desse modo é</p><p>possível mensurar a e�cácia daquele negócio, entender como a companhia colabora com a</p><p>sociedade de uma maneira geral, e, principalmente, veri�car como seus recursos são divididos.</p><p>Demonstração do Resultado Abrangente: o objetivo desta demonstração é evidenciar pontos não</p><p>reconhecidos na DRE, que são os resultados abrangentes. São exemplos de resultados</p><p>abrangentes os ajustes de reavaliação patrimonial, as variações da reserva de reavaliação, os</p><p>ganhos e perdas atuariais em planos de pensão, os ganhos e perdas derivados da conversão de</p><p>demonstrações de operação no exterior, entre outros fatores.</p><p>Esse relatório deixa explícito para os investidores o que é patrimônio da empresa e o que é</p><p>patrimônio dos sócios, constituindo-se como uma importante ferramenta de análise gerencial,</p><p>pois atualiza o capital próprio dos sócios a partir daquelas receitas e despesas incorridas, porém</p><p>de realizações incertas.</p><p>Notas Explicativas: têm a �nalidade de facilitar algumas interpretações que aparecem nas outras</p><p>DC, na intenção de esclarecer alguns elementos, como: critérios utilizados pela empresa,</p><p>composição de saldos de determinadas contas, métodos de depreciação, critérios de avaliação</p><p>dos estoques, mecanismos de apuração de perdas estimadas e provisões, etc.</p><p>As NE integram as DC e estão relacionadas a qualquer uma delas, evidenciando e dimensionando</p><p>a qualidade e a quantidade das informações apresentadas, dando ênfase para as áreas que as</p><p>empresas consideram mais importantes e relevantes.</p><p>_______</p><p>Lembre-se</p><p>Cada demonstração tem um objetivo, uma �nalidade e atende a um grupo especí�co de usuários,</p><p>de acordo com o interesse individual.</p><p>Função dos auditores</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Após o levantamento das DC, e antes da tomada de decisão por parte dos usuários, os auditores</p><p>entram em cena: eles são os grandes responsáveis por analisar todas as DC, veri�cando a</p><p>exatidão e �dedignidade dos dados apresentados, além da qualidade das demonstrações,</p><p>é</p><p>claro. A partir da aplicação de técnicas e procedimentos especí�cos, a auditoria busca, também,</p><p>realizar testes nos demonstrativos contábeis à procura de possíveis erros e fraudes.</p><p>A história da auditoria no Brasil se inicia na colonização, diante da necessidade de um controle</p><p>mais rígido nas �nanças de um país recém-descoberto e que produzia, principalmente, para a</p><p>exportação. Nessa época, o auditor ou ouvidor tinha a função de ser o elo entre o governo e a</p><p>população. Na década de 1950 começaram a surgir os primeiros institutos de auditores no país,</p><p>mas foi somente a partir da Lei nº 4.728/65 que �cou estabelecida a obrigatoriedade da prática</p><p>da auditoria no Brasil.</p><p>Atualmente a auditoria é uma pro�ssão regulamentada e normatizada pelo Conselho Federal de</p><p>Contabilidade (CFC), o qual determina que o exercício da auditoria contábil, seja esta interna ou</p><p>externa, é privativo dos bacharéis registrados no Conselho Regional de Contabilidade (CRC). O</p><p>fato é que a auditoria exerce um papel fundamental quando o assunto é fraude contábil. Para Sá</p><p>e Hoog (2005, p. 23), “conhecer como se praticam as fraudes é questão fundamental para um</p><p>pro�ssional de auditoria”.</p><p>De acordo com a Norma Brasileira de Contabilidade Técnica de Auditoria (NBC TA) 200 (R1), para</p><p>que o auditor emita a sua opinião sobre o trabalho realizado, deve-se ter a razoável segurança de</p><p>que as DC estejam livres de distorções relevantes, seja por erro ou fraude.</p><p>Além disso, caso o auditor observe que os fatos contábeis não foram registrados</p><p>adequadamente, seus procedimentos técnicos serão mais profundos e extensos, com o exame</p><p>integral dos registros e controles patrimoniais e a aplicação dos testes de detalhes, os quais são</p><p>divididos em:</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Inspeção: é a contagem física, exame de um ativo ou o exame de registros e documentos em</p><p>forma de papel, eletrônicos ou disponibilizados em outras mídias, com o intuito de comprovar a</p><p>�dedignidade e a autenticidade dos registros principais.</p><p>Observação: é a constatação visual de erros, problemas ou de�ciências e envolve os</p><p>conhecimentos e a experiência pro�ssional do auditor. Trata-se de um teste útil em todas as</p><p>fases do exame, de modo que não pode ser omitido pelo pro�ssional.</p><p>Circularização ou investigação: é a obtenção de informações com terceiros sobre bens, direitos a</p><p>receber e obrigações a pagar, inclusive causas judiciais. A solicitação pode ser feita por escrito,</p><p>por meio eletrônico ou por outra mídia, e sua con�rmação ou não indica se os registros contábeis</p><p>estão corretos ou incorretos.</p><p>Recálculos: é a técnica mais utilizada. Mesmo que os cálculos já tenham sido conferidos pelos</p><p>funcionários das empresas, é importante que sejam revistos.</p><p>Reexecução: neste caso, o auditor reexecuta procedimentos já executados pelas empresas.</p><p>Indagações: são capazes de revelar erros e suas respostas podem ser obtidas de maneira formal</p><p>ou informal (oral). Caso as indagações tenham que ser feitas à alta administração, é</p><p>aconselhável que sejam mais formais.</p><p>No entanto, o auditor não é o responsável pela prevenção de erros e fraudes: a administração da</p><p>empresa, por intermédio de um sistema de controle interno, é que deve se responsabilizar por</p><p>isso. Diferentemente da auditoria, a perícia contábil entra em cena quando existe a necessidade</p><p>de uma investigação mais aprofundada em apenas uma parte das DC, seja por suspeita de</p><p>fraude, sonegação �scal, apropriações indébitas, problemas de corrupção, evasão de divisas, etc.</p><p>Uma vez que o objetivo da perícia contábil é buscar e apresentar a verdade sobre os fatos</p><p>analisados, esse conjunto de procedimentos técnicos, ao longo do tempo, passou a ser um</p><p>importante instrumento contra a corrupção, auxiliando no combate aos crimes contábeis. O</p><p>perito contador pode atuar tanto na esfera judicial, cooperando com os juízes em suas tomadas</p><p>de decisão, quanto na esfera extrajudicial, levando informações úteis aos vários envolvidos no</p><p>processo investigatório.</p><p>Procedimentos técnicos</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>A perícia contábil também conta com alguns procedimentos técnicos durante o seu trabalho. São</p><p>eles:</p><p>Exame: é o processo de análise de toda a documentação, inclusive de livros, pertinentes ao caso.</p><p>Trata-se do procedimento mais importante na execução de uma perícia contábil, uma vez que</p><p>documentos são a principal matéria-prima.</p><p>Vistoria: é a veri�cação física que constata um fato ou uma situação. Nesse caso, o perito deve ir</p><p>ao local para observar de perto o que realmente está acontecendo.</p><p>Indagação: entrevista que o perito pode realizar durante o seu trabalho, em busca de</p><p>esclarecimentos mais abrangentes. As entrevistas são feitas com as pessoas envolvidas no caso</p><p>ou com aquelas que conhecem melhor todos os fatos.</p><p>Investigação: é o processo de buscar fatos que estão ocultos ou que não foram apresentados,</p><p>seja por erro ou fraude. Vale ressaltar que erro é o ato não intencional, como um esquecimento,</p><p>por exemplo. A fraude já demanda uma intenção. Nesse último caso, as informações podem ter</p><p>sido excluídas de propósito, com a �nalidade de di�cultar o trabalho pericial, por exemplo.</p><p>Arbitramento: o termo arbitrar signi�ca “propor meios”, ou seja, apresentar soluções ou valores</p><p>por intermédio de critério técnico-cientí�co.</p><p>Mensuração: mensurar signi�ca “medir”, via de regra, aquilo que pode ser medido. Nesse</p><p>contexto, o perito utiliza as suas técnicas para apresentar quanti�cações e quali�cações de</p><p>todos os componentes patrimoniais.</p><p>Avaliação: neste procedimento o perito estabelece o valor das coisas, bem como dos elementos</p><p>patrimoniais.</p><p>Certi�cação: técnica em que o perito atesta toda e qualquer informação que foi utilizada na</p><p>elaboração do seu relatório. O perito tem fé pública, que é a autenticação da verdade.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Testabilidade: este último procedimento foi incorporado à NBC TP 01 na sua primeira revisão, em</p><p>2015, e representa a veri�cação de todos os elementos probantes (provas) em confronto com os</p><p>métodos aplicados no trabalho, trazendo uma maior con�abilidade técnica à análise.</p><p>Dessa forma, podemos observar que a auditoria e a perícia são igualmente importantes para a</p><p>sociedade como um todo, principalmente quando o assunto discutido é a inibição de fraudes.</p><p>Contudo, cada uma dessas ações tem o seu papel, em conformidade com os objetivos</p><p>propostos. Enquanto a perícia busca elucidar os fatos e trazer a verdade à tona, a auditoria</p><p>trabalha mais com a revisão, principalmente das DC, indicando diretrizes para o cumprimento de</p><p>normas ou sugerindo melhorias nos controles internos.</p><p>_______</p><p>� Assimile</p><p>O exercício do perito é bastante abrangente e, por vezes, pode ser confundido com a tarefa do</p><p>auditor. Devemos sempre nos lembrar de que a perícia analisa 100% de todo o material que for</p><p>apresentado e não trabalha com amostragem, como a auditoria. Somente dessa maneira a</p><p>verdade poderá ser exibida, sem suposições ou achismos.</p><p>_______</p><p>E por falar em controle interno (já repetimos muito essas duas palavrinhas, não é mesmo?), o que</p><p>é esse mecanismo e como pode auxiliar no controle dos erros e no combate a fraudes?</p><p>Toda empresa tem riscos, isto é, situações que podem ocorrer, seja por um evento em particular</p><p>ou por uma série de acontecimentos, e que afetam os objetivos e metas estabelecidos. Gerenciar</p><p>esses riscos e aumentar a probabilidade de sucesso faz parte da área de “controles internos”.</p><p>Na verdade, controles internos são ações ou medidas que a empresa desenvolve para gerenciar</p><p>seus riscos, como: a implantação de políticas internas, a incorporação de novos procedimentos</p><p>ou de novas atividades/mecanismos desenvolvidas justamente para assegurar a prevenção</p><p>contra eventos indesejáveis ou a detecção e correção desses fatos. Nesse sentido, os controles</p><p>podem ter natureza preventiva, detectiva, corretiva ou diretiva e nada mais são do que métodos</p><p>de �scalização instaurados dentro de uma corporação, com o intuito de combater os</p><p>fatores de</p><p>riscos.</p><p>_______</p><p>� Exempli�cando</p><p>São exemplos de fatores de riscos com os quais as empresas devem se preocupar:</p><p>Fatores econômicos: mercado �nanceiro, competição, desemprego, fusões e aquisições, etc.</p><p>Meio ambiente: emissão de poluentes, desastres naturais, etc.</p><p>Políticos: legislação, órgãos reguladores, etc.</p><p>Sociais: privacidade, terrorismo, vandalismo, etc.</p><p>Tecnológicos: comércio eletrônico, dados externos, crimes cibernéticos, integridade dos dados,</p><p>manutenção, etc.</p><p>Infraestrutura: disponibilidade e acesso aos ativos da empresa, etc.</p><p>Pessoal: capacidade dos funcionários, fraudes, saúde e segurança, etc.</p><p>Processos: desenho, execução, capacidade, etc.</p><p>Investigação de fraudes</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Dependendo da estratégia de riscos que adote, a empresa pode até aceitá-los, conforme o seu</p><p>grau de tolerância, ou tentar transferi-los, com a contratação de um seguro, por exemplo, mas sua</p><p>principal intenção deve ser controlá-los e reduzi-los ao máximo. Vamos mais uma vez dirigir</p><p>nossa atenção aos controles internos e aos métodos de �scalização de uma empresa para</p><p>entender um pouco mais sobre um assunto muito instigante, mas direcionado ao nosso tema</p><p>principal: as fraudes!</p><p>De acordo com a probabilidade de detecção de uma fraude, o processo de investigação sempre</p><p>será iniciado a partir da alegação de um ato desonesto. Essa alegação pode ser detectada por</p><p>meio de uma denúncia, de uma revisão gerencial, de uma auditoria interna, de uma identi�cação</p><p>acidental, de uma reconciliação contábil ou de uma auditoria externa.</p><p>Devemos nos lembrar de que cada alegação tem as suas particularidades, e a empresa deve</p><p>de�nir seus processos investigativos levando em consideração tais aspectos especí�cos. Além</p><p>disso, à medida que a investigação avança, novos procedimentos são incorporados ou ajustados.</p><p>As investigações obedecem aos seguintes passos:</p><p>1. Análise da alegação da fraude e identi�cação de quem conduzirá a investigação (comitê de</p><p>compliance, por exemplo).</p><p>2. Planejamento e organização da investigação, com a apresentação dos fatos que serão</p><p>investigados, bem como dos períodos e prazos para a conclusão do trabalho.</p><p>3. Coleta de informações e evidências relevantes, além da preservação dos documentos</p><p>necessários para a condução da investigação.</p><p>4. Revisão dos documentos, uma vez que a investigação pode contar com um número</p><p>expressivo de documentos analisados.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>5. Condução de entrevistas, não necessariamente com pessoas envolvidas na alegação de</p><p>fraude, mas também com indivíduos que talvez tenham informações relevantes, as quais</p><p>possam ser aproveitadas.</p><p>�. Análise �nanceira, que, caso realmente seja necessária, deverá ser profunda e exaustiva, a</p><p>�m de evitar especulações e generalizações.</p><p>7. Reporte dos resultados e das recomendações, no qual o relatório da investigação será</p><p>apresentado e as recomendações, identi�cadas. Isso evita que o problema se torne</p><p>recorrente.</p><p>�. Remediação e acompanhamento, quando a empresa tomará medidas para sanar o</p><p>problema em questão e impedir que o fato aconteça novamente.</p><p>Esse processo deverá ser revisado sempre que novas informações forem aparecendo. Além</p><p>disso, a cada problema, um novo processo precisará ser aberto e investigado.</p><p>_______</p><p>Atenção</p><p>Que tal aprofundar seus conhecimentos sobre o maior escândalo �nanceiro da história do</p><p>mundo: o caso Enron? Para isso, faça a leitura do texto indicado a seguir, cujo link de acesso está</p><p>disponível nas Referências desta aula.</p><p>SOLÉ, A. Dez anos de Enron: importância e de�ciências. Governança Já, 16 ago. 2011.</p><p>_______</p><p>E aqui �nalizamos esta aula! Os temas que acabamos de analisar são muito interessantes, pois</p><p>enquanto houver relações humanas e interpessoais, con�itos continuarão existindo. É da</p><p>natureza humana! E isso nos remete a todos os problemas empresariais que acometem as</p><p>entidades no mundo inteiro, bem como seus funcionários, clientes, fornecedores, parceiros, etc.</p><p>A fraude pode começar com a sonegação de uma simples informação, só para que o colega não</p><p>tenha uma vantagem competitiva. Mas, com o passar do tempo, o problema pode se tornar muito</p><p>mais sério.</p><p>Conclusão</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>O tipo de impasse descrito na situação-problema apresenta no início desta etapa de</p><p>aprendizagem, isto é, ter que alterar registros contábeis para atender a algum cliente insatisfeito,</p><p>é mais comum do que parece à primeira vista. Para resolver o caso, é importante lembrar que o</p><p>seu gestor aceitou fazer a alteração, já que se trata de um cliente responsável por quase 10% do</p><p>faturamento mensal do escritório em que você trabalha. Com medo de perder o cliente e ter que</p><p>demitir alguns funcionários posteriormente por problemas �nanceiros, ele pede que você</p><p>modi�que as DC. Mas você se sente confortável com esse pedido?</p><p>O tipo de fraude associado ao contexto do caso se parece muito com outro que costumamos</p><p>encontrar nos meios empresariais: forjar um contracheque (holerite) para aumentar as chances</p><p>de se conseguir um empréstimo bancário ou um �nanciamento. Você já viu isso acontecer?</p><p>Em 7 de fevereiro de 2019, o CFC aprovou a alteração do Código de Ética Pro�ssional do</p><p>Contador (CEPC) com a publicação da NBC PG 01.</p><p>O CEPC tem como objetivo �xar a conduta do contador em relação ao exercício de sua atividade</p><p>e a demais aspectos que se relacionem ao seu trabalho, aos seus colegas e à classe contábil</p><p>como um todo.</p><p>Logo no início dos escritos dessa norma, especi�camente no item 4, encontramos algumas</p><p>informações sobre os deveres do contador, dentre os quais se destaca o de “(a) exercer a sua</p><p>pro�ssão com zelo, diligência, honestidade e capacidade técnica” (BRASIL, 2019, p. 1). Sem</p><p>querer entrar no mérito do que é ser honesto ou não, o fato é que o pro�ssional, durante o seu</p><p>trabalho, deve respeitar as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) e a legislação vigente.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Mais adiante, no item 5, encontramos algumas vedações, dentre elas a de “(g) concorrer [...] para</p><p>a realização de ato contrário à legislação ou destinado a fraudá-la” (BRASIL, 2019, p. 1).</p><p>A transgressão ao CEPC constitui infração ética, pela qual será aplicada uma das seguintes</p><p>penalidades: (a) advertência reservada; (b) censura reservada; ou (c) censura pública.</p><p>Dependendo da gravidade, o pro�ssional de contabilidade pode até �car impedido de realizar o</p><p>seu trabalho.</p><p>Essas informações, por si só, já são motivos su�cientes para que recusemos a incumbência</p><p>recebida em nosso trabalho? Espero que sim.</p><p>E para quem ainda quer saber como �carão os funcionários do escritório: não há como deduzir o</p><p>que acontecerá caso o cliente decida mesmo desfazer a parceria, tampouco se o escritório</p><p>realmente �cará numa situação tão delicada �nanceiramente a ponto de ter que demitir alguns</p><p>de seus colaboradores. Talvez com uma boa conversa e uma breve explicação sobre o que é ter</p><p>independência pro�ssional o próprio cliente compreenda que fraude, seja qual for sua gravidade,</p><p>ainda é fraude.</p><p>Além disso, um problema ainda mais sério poderá ocorrer caso as alterações sejam feitas não</p><p>por você, mas por outro funcionário que “veste a camisa” da empresa sem pensar nas</p><p>consequências: a fraude correrá o risco de ser descoberta, seja por uma denúncia ou pelo próprio</p><p>órgão que fez a licitação da qual a corporação participou. Se isso acontecer, todos serão punidos</p><p>criminalmente: seu gestor, o funcionário e o proprietário da empresa. E o escritório, como �cará</p><p>nessa situação?</p><p>Portanto, todo cuidado é pouco quando o assunto se refere à contabilidade.</p><p>Videoaula: Registros contábeis</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Videoaula sobre Registros contábeis.</p><p>Aula 2</p><p>Fraudes contábeis</p><p>Introdução da aula</p><p>Disciplina</p><p>Investigação</p><p>e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Qual é o foco da aula?</p><p>Nesta aula, você vai aprender sobre a análise de dilemas éticos e fraudes contábeis.</p><p>Objetivos gerais de aprendizagem</p><p>Ao �nal desta aula, você será capaz de:</p><p>analisar o que é a fraude contábil;</p><p>distinguir os tipos de fraude dentro da esfera contábil;</p><p>debater sobre ética pro�ssional.</p><p>Situação-problema</p><p>Olá estudante,</p><p>Todo pro�ssional, contador ou não, poderá se deparar em algum momento de sua carreira com</p><p>dilemas éticos que exigirão dele alguma decisão imediata. Essa escolha, dependendo da maneira</p><p>como tais problemas forem conduzidos, possivelmente terá impactos positivos ou negativos no</p><p>seu futuro pro�ssional. Os dilemas podem ter início na forma de um assédio, por exemplo, como</p><p>uma perseguição inconveniente para que um determinado pro�ssional faça algo contra a sua</p><p>vontade, passe por um processo de corrupção, com �nalidade de interesse próprio, submeta-se</p><p>ao uso de informações con�denciais e até mesmo a uma apropriação indevida.</p><p>Além disso, um contador pode agir de modo ilegal para manter um cliente em sua carteira e</p><p>continuar recebendo os seus honorários de forma regular. Um empresário, por sua vez, pode</p><p>omitir receitas para se manter num enquadramento tributário mais favorável, ou “esconder”</p><p>alguma atividade desenvolvida pela empresa para pagar menos impostos, ou até mesmo utilizar</p><p>sócios que não são realmente sócios, mas que são mais “adequados” ao âmbito empresarial.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Para isso, acaba contratando um pro�ssional contábil que “feche os olhos” e “não faça muitas</p><p>perguntas”.</p><p>Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você esteja legalizando uma empresa e o</p><p>seu cliente diz que o capital social da nova sociedade será “�ctício”, uma vez que ele não tem o</p><p>dinheiro necessário para integralizar o capital agora. Você, então, sugere que ele diminua o valor</p><p>do capital social até alcançar uma quantia mais adequada às suas condições �nanceiras, mas o</p><p>cliente alega que precisa de um capital social bem alto para que seu gerente bancário lhe</p><p>conceda um empréstimo.</p><p>Além disso, a�rma que sem esse empréstimo ele não conseguirá comprar as máquinas tão</p><p>necessárias ao seu negócio, ou seja, o empreendimento estará fadado ao fracasso. Observe que</p><p>dilemas éticos e fraudes contábeis caminham juntos e merecem ser analisados com bastante</p><p>cuidado.</p><p>Então, vamos lá! Re�ita sobre o caso com carinho e tome a sua decisão.</p><p>O que é fraude?</p><p>Fraude é qualquer ato intencional que tenha o propósito de conseguir vantagem sobre algo que a</p><p>pessoa não tenha direito. A fraude pode se dar por uma ação ou por uma omissão deliberada, e a</p><p>sua intenção (o dolo) é o que a distingue de um erro.</p><p>Todos nós estamos sujeitos a fraudes dentro de uma empresa, as quais podem ser cometidas</p><p>por empregados, por terceiros (fornecedores, clientes, prestadores de serviços) ou por</p><p>empregados e terceiros em conluio.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>As fraudes que os funcionários de uma companhia cometem em detrimento da organização são</p><p>chamadas de fraudes ocupacionais e podem ser classi�cadas em:</p><p>1. Corrupção: podemos citar como exemplos os con�itos de interesses público e privado; o</p><p>recebimento de propinas ou de grati�cações ilegais; a falsa cotação em licitação para</p><p>favorecer outra empresa, etc.</p><p>2. Apropriação indébita de ativos: o furto de dinheiro (caixa, bancos); o roubo de</p><p>produtos/mercadorias estocadas; o roubo de itens do ativo imobilizado; a criação de</p><p>fornecedores �ctícios para gerar uma saída de recursos �nanceiros da empresa; a fraude</p><p>na folha de pagamento, que também gera uma saída de dinheiro da empresa; a fraude com</p><p>reembolso de despesas, em que o gasto foi menor do que a quantia apresentada em</p><p>documentos; e, de forma mais recente, passamos a conviver com o roubo de dados.</p><p>3. Falsi�cação de informações: a falsi�cação de dados num documento; a omissão no</p><p>detalhamento de alguns dados; os lançamentos sem documentos que os suportem; o</p><p>gerenciamento de resultados feitos com dados �ctícios, etc.</p><p>Podemos dizer que os crimes virtuais sempre existiram, mas, com o aumento dos cibernegócios,</p><p>acabaram se intensi�cando dentro das empresas.</p><p>_______</p><p>� Assimile</p><p>De acordo com a KPMG (2021), as iniciativas virtuais mais utilizadas pelo fraudador são as</p><p>seguintes:</p><p>Acesso indevido de sistemas, em 50% das fraudes.</p><p>Criação de informações falsas, em 48% das ações.</p><p>Compartilhamento de login ou senhas, em 39% dos delitos.</p><p>Invasão de sistemas, realizada em 11% dos casos.</p><p>_______</p><p>Ainda segundo uma pesquisa realizada pela KPMG (2021, p. 8), 43% das pessoas cometem</p><p>fraude por estar em relacionamentos atípicos com outros indivíduos, promovendo acordos que</p><p>favorecem a todos; 36% por adotar um estilo de vida incompatível com os seus ganhos; e 25%</p><p>por estar em situação de di�culdades �nanceiras.</p><p>_______</p><p>� Re�ita</p><p>De acordo com a KPMG (2021), o per�l do fraudador (em geral) tem as seguintes características:</p><p>73% têm entre 26 e 45 anos de idade.</p><p>68% agem em conluio com outro indivíduo.</p><p>80% são homens, 20%, mulheres.</p><p>45% trabalham na empresa vítima por um período de um a quatro anos, e 34%, por mais de</p><p>seis anos.</p><p>_______</p><p>Mas o que exatamente são fraudes e como identi�cá-las no contexto contábil?</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Antes de iniciar esse assunto, precisamos discutir sobre os motivos pelos quais um pro�ssional</p><p>contábil aceita participar de processos fraudulentos. É importante, também, entendermos que se</p><p>assim o faz, é porque encontra anuência entre outros pro�ssionais da sua rede de</p><p>relacionamentos, como empresários, funcionários de órgãos públicos e/ou outras pessoas que</p><p>concordam com tais práticas.</p><p>Funcionários de alguns órgãos públicos podem concordar em não �scalizar uma empresa em</p><p>troca de favores e/ou comissões, autorizar o funcionamento de uma organização em local não</p><p>tão próprio e até mesmo “passar por cima” de erros contábeis e �scais.</p><p>_______</p><p>� Assimile</p><p>A lei anticorrupção de 2013 prevê uma série de punições para empresas que infringirem os</p><p>princípios contábeis brasileiros. Algumas das penalidades são:</p><p>Multa de até 20% no valor de faturamento da empresa.</p><p>Devolução do valor obtido com a fraude.</p><p>Suspensão das atividades da empresa.</p><p>Fechamento da empresa.</p><p>Proibição de receber incentivos �scais, doações ou empréstimos de órgãos públicos.</p><p>Tipos de fraudes</p><p>Dentro da esfera contábil, podemos encontrar inúmeros tipos de fraudes. Algumas são</p><p>facilmente identi�cadas, outras nem tanto. Forjar demonstrações contábeis para “melhorar” o</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>desempenho �nanceiro e econômico de uma entidade, seja para aumentar os ganhos dos</p><p>investidores, impressionar acionistas ou bene�ciar o mercado �nanceiro com bons resultados,</p><p>aparece entre as ocorrências de fraudes já relatadas a partir da análise de grandes escândalos.</p><p>Mas algumas fraudes são tão simples, que passam despercebidas no dia a dia pro�ssional.</p><p>Vejamos, a seguir, algumas delas!</p><p>MANIPULAÇÃO, FALSIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE REGISTROS OU DOCUMENTOS, DE MODO A</p><p>MODIFICAR OS REGISTROS DE ATIVOS, PASSIVOS E RESULTADOS</p><p>A função de um documento, seja ele público ou particular, é garantir que uma informação se</p><p>torne eterna, além de servir como meio de prova em caso de necessidade. Independentemente</p><p>do seu formato, adulterar ou falsi�car um ofício, seja por supressão, troca de determinadas</p><p>informações, criação ou inserção de declaração contrária à verdadeira, além de constituir uma</p><p>fraude, também é considerado um crime, com pena de reclusão para os envolvidos.</p><p>No âmbito da contabilidade podemos encontrar diversas manipulações, por exemplo: alterar</p><p>procurações com o intuito de mudar datas e mascarar a validade do documento; inserir</p><p>informações falsas sobre o per�l empresarial em contratos sociais de constituição de empresas;</p><p>omitir dados de funcionários em folha de pagamento; inserir quantidades e valores em notas</p><p>�scais que não correspondam à mercadoria vendida;</p><p>transmitir e assinar SPED contábil e �scal</p><p>contendo informações inverídicas; emitir Decore com valores que não condizem com a realidade;</p><p>fazer declaração falsa sobre o faturamento da empresa; emitir recibo de pró-labore diferente do</p><p>real; entre muitas outras adulterações.</p><p>FURTO OU APROPRIAÇÃO INDÉBITA DE ATIVOS</p><p>Trata-se de uma fraude que abrange desde sócios que não seguem o princípio da entidade,</p><p>retirando numerários do caixa e equivalentes de caixa sob o pretexto de que a empresa pertence</p><p>a eles e, por isso, podem fazer o que quiser, até funcionários que, seguindo o exemplo de seus</p><p>dirigentes e encontrando facilidade nos controles internos, subtraem dinheiro e mercadorias em</p><p>estoque ou itens do imobilizado, etc.</p><p>Normalmente em conluio, funcionários de diversos departamentos podem se juntar (para que o</p><p>processo de apropriação indébita passe despercebido) e, ao �nal, dividir entre todos os</p><p>envolvidos os bens subtraídos da companhia.</p><p>SUPRESSÃO OU OMISSÃO DE TRANSAÇÕES NOS REGISTROS CONTÁBEIS</p><p>Neste tipo de fraude podemos encontrar distorções deliberadas, omissões de fatos ou</p><p>divulgações de demonstrações �nanceiras com a intenção de provocar engano a seus usuários,</p><p>especialmente os investidores e credores, mudando as informações relevantes nos relatórios</p><p>�nanceiros da organização.</p><p>Os métodos mais comuns envolvem a ocultação de passivos e de despesas, a sonegação da</p><p>emissão de uma nota �scal, ou seja, a venda de produtos, mercadorias ou serviços sem nota</p><p>�scal, fato que provocará, também, a redução no lucro tributável.</p><p>Dentro do patrimônio líquido encontraremos valores irreais na integralização (formação) do</p><p>capital social sem um lastro efetivo, o que prejudicará credores e terceiros.</p><p>REGISTRO DE TRANSAÇÕES SEM COMPROVAÇÃO</p><p>O caso mais comum é a utilização, pela empresa, de notas �scais e/ou outros documentos não</p><p>verídicos (frios) para justi�car um lucro tributável menor (reduzindo a base de cálculo para</p><p>apuração do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro</p><p>Líquido (CSLL) ou para justi�car saldos de caixa diferentes do real.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Podemos citar como exemplos a contabilização de despesas que não se realizaram ou que até</p><p>se realizaram, mas não pela empresa, e, por isso, não têm validade para a contabilidade da</p><p>entidade; a contabilização de movimentações �nanceiras sem extratos bancários; a compra de</p><p>imobilizado sem a apresentação das notas �scais; o lançamento de empréstimos e/ou</p><p>parcelamentos sem os contratos de formalização, etc.</p><p>APLICAÇÃO DE PRÁTICAS CONTÁBEIS INDEVIDAS</p><p>Práticas contábeis são aquelas adotadas por uma empresa na elaboração e apresentação das</p><p>demonstrações contábeis, baseadas nas normas contábeis brasileiras e internacionais, nos</p><p>procedimentos técnicos adotados e nas convenções.</p><p>Seja por desconhecimento ou por ação deliberada, utilizar práticas contábeis de forma</p><p>equivocada, com a intenção de modi�car o resultado e o patrimônio da empresa, em proveito</p><p>próprio ou de terceiros, constitui uma fraude contábil.</p><p>Nesse contexto, podemos dizer que a conduta da ética se inicia na faculdade, a partir da</p><p>disciplina Ética pro�ssional. A partir de então, o exercício da integridade do contador deverá ser</p><p>diário, tendo sempre como base o Código de Ética Pro�ssional do Contabilista (CEPC), que</p><p>precisará ser utilizado durante toda a carreira do pro�ssional, já que será responsável por</p><p>informar a verdadeira situação �nanceira das empresas.</p><p>Deveres da ética pro�ssional</p><p>Dentre alguns deveres, podemos destacar dois principais:</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>1. Exercer a pro�ssão com zelo, diligência, honestidade e capacidade técnica, observando as</p><p>Normas Brasileiras de Contabilidade e a legislação vigente, resguardando o interesse</p><p>público, bem como os interesses de seus clientes ou empregadores, sem prejuízo da</p><p>dignidade e independência pro�ssionais.</p><p>2. Comunicar, desde cedo, ao cliente ou ao empregador, em documento reservado, eventual</p><p>circunstância adversa que possa gerar riscos e ameaças ou in�uir sobre a decisão</p><p>daqueles que são usuários dos relatórios e serviços contábeis como um todo.2</p><p>_______</p><p>� Exempli�cando</p><p>O CEPC �xa a norma de conduta do contador, quando no exercício da sua atividade e nos</p><p>assuntos relacionados à pro�ssão e à classe, e está dividido em:</p><p>1. Deveres, vedações e permissibilidades.</p><p>2. Valor e publicidade dos serviços pro�ssionais.</p><p>3. Deveres em relação aos colegas e à classe.</p><p>4. Penalidades.</p><p>_______</p><p>Analisando a seção 4 do CEPC, podemos identi�car três tipos de penalidades que incidem sobre</p><p>as transgressões do contador, segundo a gravidade do ato praticado:</p><p>O CEPC considera alguns atenuantes na aplicação dessas penalidades, como: “I – ação</p><p>desenvolvida em defesa de prerrogativa pro�ssional; II – ausência de punição ética anterior; III –</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>prestação de relevantes serviços à Contabilidade” (BRASIL, 2019, p. 5). Por outro lado, o</p><p>documento menciona os fatos considerados agravantes, como: “I – ação cometida que resulte</p><p>em ato que denigra publicamente a imagem do Pro�ssional da Contabilidade; II – punição ética</p><p>anterior transitada em julgado” (BRASIL, 2019, p. 5).</p><p>Em 2017 o CFC aprovou a Resolução nº 1.525/2017, que dispõe sobre a punição aos</p><p>pro�ssionais de contabilidade envolvidos em irregularidades, como fraudes e escândalos de</p><p>corrupção, a qual estabelece que “a punibilidade dos autuados pelos Conselhos de Contabilidade</p><p>prescreve em cinco anos, contados da data de veri�cação do fato respectivo” (BRASIL, 2017, [s.</p><p>p.]).</p><p>Isso signi�ca que o prazo de cinco anos só passará a ser contado a partir do momento em que o</p><p>Sistema CFC/CRCs receber a denúncia ou comunicação o�cial de órgãos da Justiça sobre o</p><p>caso. Antes, o prazo de prescrição se encerrava em cinco anos contados da data de ocorrência</p><p>do fato.</p><p>Dispositivos legais I</p><p>Vários outros dispositivos legais estabelecem regras e punições sobre as fraudes contábeis, as</p><p>quais devem ser do conhecimento do contador. Vejamos, a seguir, alguns deles.</p><p>CÓDIGO CIVIL – LEI Nº 10.406/2002</p><p>A responsabilidade contratual e civil do contabilista, por atos culposos ou dolosos, foi instituída</p><p>de forma clara no Código Civil em vigor. De acordo com o parágrafo único do art. 1.177 desse</p><p>dispositivo legal civil, “no exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>responsáveis, perante os preponentes, pelos atos culposos; e perante terceiros, solidariamente</p><p>com o preponente, pelos atos dolosos” (BRASIL, 2002, [s. p.]).</p><p>Em outras palavras, são atos culposos: a imprudência, negligência ou imperícia. Não há má-fé. O</p><p>resultado é diferente do esperado, prejudicando terceiros. O contador (preposto) responde</p><p>perante o cliente (preponente), e este, perante terceiros. São atos dolosos aqueles praticados</p><p>propositalmente, esperando-se um resultado. O contador (preposto) responde juntamente com o</p><p>seu cliente (preponente) perante terceiros – isto é, Justiça e outras entidades.</p><p>CÓDIGO PENAL – DECRETO-LEI Nº 2.848/1940</p><p>O contador, em caso de dolo, pode responder a partir dos seguintes artigos:</p><p>Art. 168 – Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção. Pena –</p><p>reclusão, de um a quatro anos, e multa.</p><p>Aumento de pena</p><p>1º – A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:</p><p>III – em razão de ofício, emprego ou pro�ssão.</p><p>Art. 168-A – Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos</p><p>contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional. Pena – reclusão, de dois a cinco anos, e</p><p>multa.</p><p>1 – Nas mesmas penas incorre quem deixar de:</p><p>I – Recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que</p><p>tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do</p><p>público.</p><p>II – Recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas</p><p>contábeis ou custos relativos</p><p>à venda de produtos ou à prestação de serviços.</p><p>III - Pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido</p><p>reembolsados à empresa pela previdência social.</p><p>Art. 171 – Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou</p><p>mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. Pena –</p><p>reclusão, de um a cinco anos, e multa.</p><p>Art. 172 – Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida,</p><p>em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. Pena – detenção, de dois a quatro anos, e</p><p>multa.</p><p>Parágrafo único – Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsi�car ou adulterar a escrituração</p><p>do Livro de Registro de Duplicatas</p><p>Art. 298 – Falsi�car, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular</p><p>verdadeiro. Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa.</p><p>Art. 299 – Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele</p><p>inserir ou fazer declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o �m de prejudicar</p><p>direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. Pena – reclusão,</p><p>de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se</p><p>o documento é particular.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Art. 304 – Fazer uso de qualquer dos papéis falsi�cados ou alterados, a que se referem os arts.</p><p>297 a 302. Pena – a cominada à falsi�cação ou à alteração.</p><p>Art. 305 – Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio,</p><p>documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor. Pena – reclusão de dois a</p><p>seis anos, e multa, se o documento é público, e, reclusão de um a cinco anos, e multa, se o</p><p>documento é particular.</p><p>Art. 342 – Fazer a�rmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador,</p><p>tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo</p><p>arbitral. Pena – reclusão, de dois a quatro anos, e multa.</p><p>CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – LEI Nº 8.078/1990</p><p>Art. 14 – O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela</p><p>reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação de serviços,</p><p>bem como por informações insu�cientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.</p><p>Art. 66 – Fazer a�rmação falsa ou enganosa, ou emitir informação relevante sobre a natureza,</p><p>característica, qualidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou</p><p>serviços. Pena – Detenção de três meses a um ano, e multa.</p><p>Dispositivos legais II</p><p>CRIMES FALIMENTARES – LEI Nº 11.101/2005</p><p>Art. 168 – Praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação</p><p>judicial ou homologar a recuperação extrajudicial, ato fraudulento de que resulte ou possa</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>resultar prejuízo aos credores, com o �m de obter ou assegurar vantagem indevida para si ou</p><p>para outrem. Pena – Reclusão de três a seis anos, e multa.</p><p>1º – A pena aumenta-se de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço), se o agente:</p><p>I – Elabora escrituração contábil ou balanço com dados inexatos.</p><p>II – Omite, na escrituração contábil ou no balanço, lançamento que deles deveria constar, ou</p><p>altera escrituração ou balanço verdadeiros.</p><p>III – Destrói, apaga ou corrompe dados contábeis ou negociais armazenados em computador ou</p><p>sistema informatizado.</p><p>IV – Simula a composição do capital social.</p><p>V – Destrói, oculta ou inutiliza, total ou parcialmente, os documentos de escrituração contábil</p><p>obrigatórios.</p><p>2º – A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até metade se o devedor manteve ou</p><p>movimentou recursos ou valores paralelamente à contabilidade exigida pela legislação.</p><p>3º – Nas mesmas penas incidem os contadores, técnicos contábeis, auditores e outros</p><p>pro�ssionais que, de qualquer modo, concorrerem para as condutas criminosas descritas</p><p>neste artigo, na medida de sua culpabilidade.</p><p>CRIMES TRIBUTÁRIOS – LEI Nº 8.137/1990</p><p>Art. 1 – Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição</p><p>social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:</p><p>I – Omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias.</p><p>II – Fraudar a �scalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de</p><p>qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei �scal.</p><p>III – Falsi�car ou alterar nota �scal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro</p><p>documento relativo à operação tributável.</p><p>IV – Elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou</p><p>inexato.</p><p>V – Negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota �scal ou documento equivalente,</p><p>relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em</p><p>desacordo com a legislação. Pena – reclusão, de dois a cinco anos, e multa.</p><p>Art. 2 – Constitui crime da mesma natureza:</p><p>I – Fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra</p><p>fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo.</p><p>II – Deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou</p><p>cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres</p><p>públicos.</p><p>III – Exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte bene�ciário, qualquer percentagem</p><p>sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo �scal.</p><p>IV – Deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo �scal ou parcelas de</p><p>imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento.</p><p>V – Utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da</p><p>obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Fazenda Pública. Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa.</p><p>CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL – LEI Nº 7.492/86</p><p>Art. 10 – Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação, em</p><p>demonstrativos contábeis de instituição �nanceira, seguradora ou instituição integrante do</p><p>sistema de distribuição de títulos de valores mobiliários. Pena – Reclusão, de um a cinco anos, e</p><p>multa.</p><p>Art. 11 – Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela</p><p>legislação. Pena – Reclusão, de um a cinco anos, e multa.</p><p>Art. 18 – Violar sigilo de operação ou de serviço prestado por instituição �nanceira ou integrante</p><p>do sistema de distribuição de títulos mobiliários de que tenha conhecimento, em razão de ofício.</p><p>Pena – Reclusão, de um a quatro anos, e multa.</p><p>Antes de �nalizar esta aula, é importante que você re�ita sobre empresas que nunca enviam os</p><p>documentos solicitados, inclusive os extratos bancários, achando que isso não fará muita</p><p>diferença no resultado do Balanço Patrimonial (BP) e da Demonstração do Resultado do</p><p>Exercício (DRE).</p><p>Conclusão</p><p>Na situação-problema proposta no início desta etapa de aprendizagem, você assumiu a tarefa de</p><p>legalizar uma empresa, mas o seu cliente lhe diz que o valor do capital social da nova sociedade</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>será “�ctício”, uma vez que ele não tem o dinheiro necessário para integralizar o capital agora.</p><p>Apesar de todos os argumentos apresentados por você, seu cliente não quer diminuir o valor,</p><p>pois precisa de um empréstimo bancário e só o conseguirá se demonstrar um capital social bem</p><p>“alto”.</p><p>Primeiro, precisamos esclarecer o que é capital social e quais são as suas �nalidades dentro das</p><p>empresas.</p><p>O capital social deve ser entendido como o valor que os sócios destinam para a sociedade, a �m</p><p>de que esta possa realizar o seu objeto social e tudo aquilo que está estabelecido em seu</p><p>contrato social. É divido em quotas/ações, que são consideradas bens móveis para os efeitos</p><p>legais, devendo constar nas declarações de imposto de renda (IRPF) dos sócios.</p><p>Por ser formado pela contribuição em dinheiro ou bens (desde que possam ser avaliados), além</p><p>de propiciar o desenvolvimento do objeto social, o capital social é uma importante ferramenta de</p><p>proteção para os credores da empresa, pois garante as obrigações assumidas.</p><p>Para que uma corporação reduza o seu capital social inicial, deverá provar, fazendo uso de</p><p>certidões negativas, que não tem nenhum débito �scal ou tributário, con�rmando a importância</p><p>dessa conta nas demonstrações contábeis.</p><p>Integralizar um capital social sem o seu devido lastro �nanceiro (que determina a capacidade</p><p>�nanceira da empresa) fará com que o valor só exista no contrato (de direito), mas não realmente</p><p>(de fato) no caixa da empresa, de modo que a instituição perderá credibilidade no mercado,</p><p>colocando-se em risco com a redução de concessão de crédito ou a inviabilidade no</p><p>fornecimento de produtos e mercadorias.</p><p>Além disso, de acordo com o art. 299 do Código Penal, fazer declaração falsa em documento</p><p>particular pode levar os seus autores a uma pena de reclusão de um a três anos, além de multa.</p><p>E o contador? Ele pode ser exatamente o agente que faz a inserção da informação falsa no</p><p>contrato social ou, no mínimo, é aquele que faz uso dos documentos falsos (art. 304) ou que</p><p>conhece a verdade dos fatos e se cala (art. 342).</p><p>Videoaula: Fraudes contábeis</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Videoaula sobre Fraudes contábeis.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Aula 3</p><p>Perícia contábil criminal</p><p>Introdução da aula</p><p>Qual é o foco da aula?</p><p>Nesta aula, você vai estudar sobre o que é a prova pericial e sua importância para constatação de</p><p>fatos.</p><p>Objetivos gerais de aprendizagem</p><p>Ao �nal desta aula, você será capaz de:</p><p>debater sobre como a perícia criminal atua e sua ligação com a ciência forense;</p><p>examinar sobre o papel do fraudador;</p><p>identi�car os procedimentos técnicos utilizados pela perícia criminal.</p><p>Situação-problema</p><p>Olá estudante,</p><p>A prova pericial é sempre indicada diante da necessidade de se constatar a existência de fatos</p><p>que dependem do conhecimento de pessoas habilitadas pro�ssionalmente. O agente</p><p>responsável por executá-la, além de possuir conhecimento técnico especí�co, precisa ter</p><p>domínio sobre a matéria objeto da prova, o que facilitará muito a realização de seu trabalho.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Quanto aos aspectos éticos, além de ilibada idoneidade moral, o pro�ssional precisa e deve ser</p><p>imparcial, isto é, necessita desenvolver e oferecer um trabalho pericial sem ser tendencioso,</p><p>mostrando-se livre de in�uências ou pressões de pessoas interessadas no resultado da</p><p>demanda. Logo, não pode ter medo de contrariar interesses, devendo expor o seu trabalho de</p><p>forma clara e objetiva.</p><p>Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você tenha sido contratado para efetuar uma</p><p>perícia contábil na qual seu cliente, o sócio da empresa Bela Vita Ltda., precisa de uma defesa</p><p>técnica referente a uma “Ação Penal sobre Crimes da Lei de Licitações”, que envolve um pregão</p><p>eletrônico do qual participou. Em uma investigação conduzida pela Controladoria Geral da União</p><p>(CGU), no âmbito dos processos licitatórios, foi identi�cado que seu cliente burlou a</p><p>competitividade do pregão, elevando arbitrariamente seus preços de vendas após ganhar a</p><p>licitação, causando prejuízo ao erário.</p><p>A empresa Bela Vita alega que não superfaturou seus preços e que entregou os produtos</p><p>exatamente pelo mesmo valor contratado. Além disso, a organização a�rma ter sofrido prejuízos</p><p>com o fornecimento em questão, que comprometeu seu lucro anual.</p><p>Não parece ser tão difícil provar quem detém a verdade nessa história, não é mesmo? Basta</p><p>fazer uma investigação minuciosa para que os fatos apurados apareçam. O problema é o</p><p>seguinte: como realizar essa investigação? O que é preciso analisar para conseguir apurar os</p><p>fatos? Então, vamos lá! Com base em seus conhecimentos contábeis, descreva o que realmente</p><p>deve ser feito.</p><p>Ciência forense aplicada na perícia criminal</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>A perícia criminal utiliza técnicas ligadas à ciência forense e atua nas infrações penais, para as</p><p>quais o Estado assume a defesa do cidadão em nome da sociedade. Essas infrações têm como</p><p>objetivo �nal a obtenção de lucro. A legislação que regulamenta as perícias o�ciais de natureza</p><p>criminal é a Lei nº 12.030, de 17 de setembro de 2009, a qual exige “concurso público, com</p><p>formação acadêmica especí�ca, para o provimento do cargo de perito o�cial” (BRASIL, 2009, [s.</p><p>p.]).</p><p>Numa perícia contábil criminal só existe a �gura do perito contador o�cial (peritos concursados</p><p>por órgãos de segurança e institutos de criminalística, em âmbito estadual, e pelos peritos</p><p>criminais federais), cujo trabalho deve ser requerido pelo juiz, por uma autoridade policial ou pelo</p><p>membro do Ministério Público.</p><p>Nos crimes de natureza criminal contábil, incluem-se diversas atividades ilegais, como as</p><p>mencionadas a seguir.</p><p>Sonegação �scal: constitui crime de sonegação �scal prestar declaração falsa ou omitir</p><p>informação com a intenção de eximir-se do pagamento de tributos, taxas e quaisquer</p><p>adicionais devidos por lei; inserir elementos inexatos ou omitir rendimentos em</p><p>documentos ou livros exigidos por lei com o intuito de exonerar-se do pagamento de</p><p>tributos; alterar faturas e quaisquer documentos com o propósito de fraudar a Fazenda</p><p>Pública; fornecer ou emitir documentos graciosos ou alterar despesas com o objetivo de</p><p>obter dedução de tributos devidos; exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte,</p><p>qualquer porcentagem sobre a parcela dedutível.</p><p>O crime previsto é de reclusão, de seis meses a dois anos, e multa de duas a cinco vezes o valor</p><p>do tributo.</p><p>Crimes em licitações: em 2021, o Código Penal passou a apresentar um novo capítulo</p><p>chamado Crimes em licitações e contratos administrativos.</p><p>Tal crime consiste em fazer contratação direta de forma ilegal; frustrar ou fraudar o processo</p><p>licitatório; patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração Pública,</p><p>dando causa à instauração de licitação ou à celebração de contrato cuja invalidação vier a ser</p><p>decretada pelo Poder Judiciário; modi�car ou fazer pagamento irregular em contratos</p><p>administrativos; impedir, perturbar ou fraudar a realização de ato de processo licitatório; violar</p><p>sigilo em licitação; afastar ou tentar afastar licitante por meio de violência, grave ameaça, fraude</p><p>ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo; fraude em licitação ou contrato; contratação</p><p>inidônea; impedir ou di�cultar a inscrição de qualquer interessado nos registros cadastrais;</p><p>omitir, modi�car ou entregar dados incorretos ou dissonantes com a realidade.</p><p>Dependendo do crime, as penas podem ser de reclusão, detenção e multa.</p><p>Estelionato: consiste em obter, para si ou para outra pessoa, vantagem ilícita, em prejuízo</p><p>alheio, induzindo ou mantendo em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio</p><p>fraudulento.</p><p>Outras condutas também são consideradas como estelionato, conforme estipula o art. 171 do</p><p>Código Penal, como: dispor de coisas alheias como se fossem próprias; alienação ou oneração</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>fraudulenta de coisa própria; defraudação de penhor; fraude na entrega de coisa; fraude para</p><p>recebimento de indenização ou seguro; e fraude no pagamento por meio de cheque. A</p><p>característica principal do estelionato é a fraude. O crime previsto é de reclusão, de um a cinco</p><p>anos, e multa.</p><p>Falsidade ideológica: é a omissão, em documento público ou particular, de declaração que</p><p>dele deva constar, ou nele inserir ou fazer declaração falsa ou diversa da que deveria estar</p><p>escrita, com o �m de prejudicar direito, criar obrigação</p><p>ou alterar a verdade sobre fatos</p><p>juridicamente relevantes. O crime previsto é de reclusão, de um a cinco anos, e multa.</p><p>Lavagem de dinheiro: a expressão vem do inglês money laundering, que dá a ideia de que o</p><p>dinheiro precisa ser “lavado”. É uma prática que remete à época de Al Capone, que teria</p><p>comprado uma lavanderia para justi�car a origem do seu dinheiro (que vinha de delitos</p><p>penais nos EUA). Após a assinatura do Tratado Internacional de Viena, em 1998, o Brasil</p><p>sancionou a Lei nº 9.613/1998 e tal delito passou a ser criminalizado no território brasileiro.</p><p>O crime consiste na ocultação ou dissimulação da natureza, origem, localização, disposição,</p><p>movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente,</p><p>de infração penal. O crime previsto é de reclusão, de três a dez anos, e multa.</p><p>Corrupções: ativa – quando uma pessoa particular oferece vantagens indevidas a</p><p>funcionário público para que este pratique, omita ou retarde algum ato. A pena para esse</p><p>tipo de crime é de reclusão, de um a oito anos, e multa. Passiva – consiste na solicitação,</p><p>no recebimento ou na aceitação de vantagem indevida, para si ou para outra pessoa, em</p><p>razão de função pública.</p><p>A pena prevista é de reclusão, de dois a doze anos, e multa.</p><p>Peculato: acontece quando um funcionário público se apropria ou desvia um bem sobre o</p><p>qual tem domínio em razão da sua função. É um delito previsto no art. 312 do Código Penal,</p><p>sendo considerado um crime funcional. A pena prevista para esse crime é de reclusão, de</p><p>dois a doze anos, e multa.</p><p>_______</p><p>� Assimile</p><p>Existem dois tipos de fraudadores: o acidental e o predador</p><p>O fraudador acidental sucumbe à pressão. Desenvolve um ou mais esquemas de fraudes e, em</p><p>algum momento, comete o ato. Esse indivíduo é considerado uma boa pessoa e cumpridor da lei,</p><p>de modo que, em circunstâncias normais, nunca consideraria a hipótese de roubar, violar a lei ou</p><p>prejudicar os outros.</p><p>O fraudador predador já cometeu algum ato ilegal anteriormente e costuma procurar</p><p>organizações nas quais possa iniciar esquemas quase imediatamente após sua contratação.</p><p>Fraudadores acidentais, se não forem barrados de antemão, poderão mudar seu comportamento</p><p>até que se tornem fraudadores predadores.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Procedimentos técnicos-cientí�cos I</p><p>De acordo com o item 2 da Norma Brasileira de Contabilidade Técnica Pericial (NBC TP) 01, a</p><p>perícia se realiza a partir da aplicação de um “conjunto de procedimentos técnico-cientí�cos</p><p>destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa</p><p>solução do litígio ou constatação de fato [...]” (BRASIL, 2015, p. 2).</p><p>Ainda de acordo com a NBC TP 01, antes mesmo de o perito iniciar as diligências, pesquisas,</p><p>cálculos e respostas aos quesitos, esse pro�ssional deve se planejar, estabelecendo uma</p><p>metodologia de trabalho, identi�cando todos os procedimentos periciais que serão aplicados e</p><p>montando um cronograma do processo como um todo. Durante a execução do trabalho, o perito</p><p>deve se ater ao objeto da demanda e determinar, com base em seu critério técnico pro�ssional, o</p><p>universo que será analisado e investigado.</p><p>Além disso, é importante que esse pro�ssional tenha um conhecimento multidisciplinar, já que</p><p>estará incumbido de servir como auxiliar da justiça, esclarecendo pontos especí�cos distantes</p><p>do conhecimento jurídico do magistrado. Dominar a ciência grafoscópica (estudo da escrita</p><p>manuscrita, no sentido de de�nir sua veracidade ou identi�car o seu autor) e a ciência</p><p>documentoscópica (estudo dos documentos, no sentido de apontar sua veracidade), por</p><p>exemplo, é fundamental para a busca da verdade na esfera criminal.</p><p>_______</p><p>� Re�ita</p><p>Importante!</p><p>O laudo pericial é um relatório emitido pelo perito judicial quando nomeado pela Justiça.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Por sua vez, parecer pericial é um relatório emitido pelo perito extrajudicial quando contratado</p><p>pelas partes de um litígio ou, de forma particular, por qualquer pessoa física ou jurídica que</p><p>precise tomar decisões.</p><p>Ambos devem apresentar a mesma estrutura, seguindo as orientações do Código de Processo</p><p>Civil (CPC) e da Norma Brasileira de Contabilidade Técnica Pericial 01 – NBC TP 01 (R1).</p><p>Os detalhes que mostram a diferença entre esses documentos é a nomenclatura (título) do</p><p>relatório e o fato de que no parecer não há número de processo, nome das partes nem</p><p>informações sobre o juizado que está “mediando” o litígio.</p><p>Além disso, normalmente o parecer pericial não conta com quesitos que precisam ser</p><p>respondidos pelo perito, mas baseia sua investigação a partir do objeto da perícia, ou seja,</p><p>daquilo que os contratantes desejam elucidar.</p><p>_______</p><p>No contexto criminal, a realização de uma perícia segue os mesmos procedimentos técnicos</p><p>constantes da NBC TP 01 (R1), iniciando-se sempre com uma investigação em busca de provas</p><p>ou evidências probatórias. A prova, num sentido amplo, é todo meio suscetível de demonstrar a</p><p>verdade sobre um argumento mediante o qual, por meio lícito, busca-se o convencimento do juiz,</p><p>para que este tome a sua decisão.</p><p>O objeto da prova são os fatos, mais precisamente aqueles pertinentes ao processo e que</p><p>suscitam o interesse das partes em demonstrá-los. Numa investigação, podemos encontrar</p><p>quatro tipos de evidências probatórias:</p><p>tincidunt lorem, non pulvinar turpis. Aliquam pretium, metus et lobortis suscipit, tellus nunc</p><p>tempus arcu, sit amet hendrerit mi dolor et enim.</p><p>Evidência testemunhal: evidência colhida de pessoas que, direta ou indiretamente, tenham</p><p>relação com a situação investigada. É a a�rmação oral, compreendendo as produzidas por</p><p>testemunhas, declarações da vítima e do réu.</p><p>Evidência documental: evidência colhida de documentos, sistemas de computadores e</p><p>outros dados escritos ou impressos. É a a�rmação escrita ou gravada.</p><p>Evidência material: consiste em qualquer materialidade que sirva de prova ao fato</p><p>probando. É a atestação emanada da coisa: o corpo de delito, os exames periciais, os</p><p>instrumentos do crime, etc. Inclui segurança, furto de ativos, violação de marcas e patentes</p><p>e outras evidências tangíveis.</p><p>Evidência física ou presencial: evidência decorrente do exame físico de estoques e bens</p><p>patrimoniais quando realizado por intermédio da observação do próprio investigador.</p><p>O processo de coleta de provas é feito em cinco etapas:</p><p>Identi�cação da prova: é a busca dos elementos que serão expostos no parecer ou laudo</p><p>pericial.</p><p>Averiguação efetiva: representa a busca material da prova necessária, segundo o</p><p>planejamento efetuado anteriormente.</p><p>Apresentação da prova: quando o investigador analisa as provas obtidas, buscando uma</p><p>explicação por parte dos responsáveis pela entidade.</p><p>Admissão da prova: é o consenso, entre o investigador e o investigado, com relação às</p><p>provas encontradas.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Apreensão e avaliação da prova: quando o investigador considera as provas relevantes para</p><p>emitir sua opinião em relação a pessoas, assuntos ou áreas examinadas.</p><p>Procedimentos técnicos-cientí�cos II</p><p>Na elaboração do parecer pericial contábil criminal, deverão ser levados em consideração os</p><p>mesmos critérios utilizados na produção do laudo pericial contábil.</p><p>De acordo com a NBC TP 01, “os peritos devem registrar, de forma abrangente, o conteúdo da</p><p>perícia e particularizar os aspectos e as minudências que envolvam o seu objeto e as buscas de</p><p>elementos de prova necessários para a conclusão do seu trabalho” (BRASIL, 2015, p. 7). Além</p><p>disso, ao �nal, devem constar as suas conclusões, sempre indicando como as alcançou.</p><p>A linguagem utilizada no relatório precisa ser simples e com coerência lógica. O perito não deve</p><p>ultrapassar os limites da sua designação nem emitir opiniões pessoais. Para desempenhar tal</p><p>atividade, esse pro�ssional e os assistentes técnicos das partes podem ouvir testemunhas e</p><p>obter informações a partir de solicitações feitas a terceiros ou repartições públicas, preenchendo</p><p>seu relatório com planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotogra�as ou outros elementos</p><p>necessários ao esclarecimento do objeto da perícia.</p><p>A norma prevê, ainda, que a estrutura do relatório (tanto do laudo pericial como do parecer</p><p>pericial) deve conter, no mínimo, os seguintes itens:</p><p>Identi�cação do processo e das partes.</p><p>Síntese do objeto da perícia.</p><p>Resumo dos autos.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Metodologia adotada para os trabalhos periciais e esclarecimentos.</p><p>Relato das diligências realizadas.</p><p>Transcrição dos quesitos e suas respectivas respostas para o laudo pericial contábil.</p><p>Transcrição dos quesitos e suas respectivas respostas para o parecer técnico contábil,</p><p>onde houver divergência das respostas formuladas pelo perito do juízo.</p><p>Conclusão.</p><p>Termo de encerramento, constando a relação de anexos e apêndices.</p><p>Assinatura do perito: deve constar sua categoria pro�ssional de contador, seu número de</p><p>registro no Conselho Regional de Contabilidade, comprovado mediante Certidão de</p><p>Regularidade Pro�ssional (CRP), e sua função (se laudo, perito do juízo; e, se parecer, perito-</p><p>assistente da parte). É permitida a utilização da certi�cação digital, em consonância com a</p><p>legislação vigente e as normas estabelecidas pela Infraestrutura de Chaves Públicas</p><p>Brasileiras (ICP-Brasil).</p><p>O art. 473 do Código de Processo Civil (CPC) de 2015 também estabelece uma estrutura para a</p><p>apresentação do laudo pericial, que deverá conter:</p><p>(BRASIL, 2015, [s. p.]).</p><p>Parecer pericial</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>No caso do parecer pericial, é comum que os peritos extrajudiciais também utilizem o modelo do</p><p>CPC.</p><p>Vejamos, a seguir, um exemplo de parecer pericial criminal que segue as orientações do Código</p><p>de Processo Civil de 2015, complementado com as orientações da NBC TP 01 (R1).</p><p>EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA (NÚMERO) VARA (ÓRGÃO JULGADOR – FEDERAL, CIVIL,</p><p>ETC.) DA COMARCA DE (NOME DA CIDADE) – (SIGLA DO ESTADO)</p><p>Processo: (colocar o número do processo, caso haja).</p><p>Ação: (colocar o nome da ação que consta no processo, caso haja).</p><p>Autor: (colocar o nome do autor ou autores, caso haja).</p><p>Réu: (colocar o nome do réu ou réus, caso haja).</p><p>1 EXPOSIÇÃO DO OBJETO DA PERÍCIA (ART. 473, I, DA LEI Nº 13.105/2015)</p><p>1.1 SÍNTESE</p><p>Neste campo o perito identi�ca os principais fatos (resumo) que culminaram na sua contratação</p><p>ou nomeação.</p><p>1.2 RESUMO HISTÓRICO</p><p>Nesta seção o perito faz um levantamento detalhado, de preferência em tópicos (para facilitar a</p><p>leitura posteriormente), identi�cando datas e números de páginas do processo (caso haja) e</p><p>esclarecendo os pontos mais importantes do caso, como: inicial com os pedidos do autor;</p><p>contestação do réu; decisão ou sentença judicial; nomeação do perito; proposta de honorários</p><p>apresentada, etc.</p><p>2 METODOLOGIA (ART. 473, III, DA LEI Nº 13.105/2015)</p><p>É neste tópico que o perito precisa descrever a metodologia adotada no desenvolvimento do seu</p><p>trabalho e os critérios técnicos que utilizou durante a investigação, além de toda a legislação</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>aplicada em cada caso. Deve, ainda, explicar como se organizou e a forma de divisão do seu</p><p>trabalho.</p><p>Normalmente o perito inicia este parágrafo da seguinte forma: “A metodologia aplicada na</p><p>elaboração deste Parecer Técnico Contábil observou as Normas Pro�ssionais de Perícia Contábil</p><p>– NBC TP 01 (R1) e NBC PP 01 (R1) –, bem como, no que aplicável, a Lei nº 13.105/2015 – Novo</p><p>Código de Processo Civil, em especial seu art. 473.”.</p><p>3 DILIGÊNCIAS REALIZADAS</p><p>Todas as diligências realizadas deverão ser identi�cadas neste campo, onde o perito determina o</p><p>que foi pedido e para quem, além de apresentar os resultados encontrados, sejam eles positivos</p><p>ou negativos, como a recusa no atendimento da solicitação. É importante que todos saibam que</p><p>o trabalho foi realizado de acordo com as normas, mesmo que a falta de algum documento</p><p>prejudique o andamento da investigação.</p><p>4 ANÁLISE TÉCNICA (ART. 473, II, DA LEI Nº 13.105/2015)</p><p>Este é o momento em que o perito discorre sobre os seus achados, detalhando fatos, legislação</p><p>e questões que foram analisadas. Devem-se apresentar cálculos, entrevistas, etc.,</p><p>fundamentando todo o material coletado e descrito nesta seção do documento. É a parte mais</p><p>importante do seu relatório e, portanto, merece especial atenção.</p><p>É preciso mencionar os anexos e/ou apêndices apresentados sempre que forem avaliados, para</p><p>facilitar a interpretação das informações.</p><p>Exemplo: “Durante a análise das AGO e AGE (Anexos 7 a 12), este(a) perito(a) elaborou os</p><p>seguintes quadros resumos, com o intuito de identi�car os pontos mais relevantes.”.</p><p>Se houver quesitos, é neste campo que eles serão inseridos e respondidos. Além disso, é</p><p>importante separá-los de acordo com quem fez a pergunta.</p><p>QUESITOS DO MAGISTRADO</p><p>Não foram apresentados quesitos pelo MM. Juiz.</p><p>QUESITOS DO AUTOR</p><p>O autor formulou quesitos (�. 164).</p><p>5 CONCLUSÃO</p><p>Neste tópico o perito relata os principais achados a partir da análise técnica do seu trabalho.</p><p>Quanti�car, sempre que for possível, auxilia na tomada de decisão por parte dos interessados.</p><p>É na conclusão que o perito faz esclarecimentos sobre fatos encontrados no decorrer de sua</p><p>investigação e que não constaram na quesitação.</p><p>Vale ressaltar que o perito não conclui o processo, e sim o seu trabalho. Muitos peritos</p><p>confundem o termo “conclusão” e acabam de�nindo, de maneira antecipada, quem é culpado ou</p><p>inocente.</p><p>6 ENCERRAMENTO</p><p>É aqui que o perito �naliza o seu relatório, identi�cando quantas folhas foram produzidas e, no</p><p>caso de utilização de anexos e/ou elaboração de apêndices, quantos arquivos adicionais foram</p><p>gerados. Vejamos, a seguir, um exemplo de encerramento:</p><p>“Nada mais havendo a expor, dá-se por �nalizado o presente trabalho, que se apresenta em xx</p><p>folhas impressas por processamento de dados só no anverso do papel, numeradas de 1 a xx no</p><p>rodapé. Além disso, existem mais xx (xx) Apêndices e mais xx (xx) Anexos, que são parte</p><p>integrante do presente Parecer Pericial Contábil, todos rubricados e assinados.”.</p><p>7 APÊNDICES</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Nesta parte, é preciso relacionar todos os apêndices produzidos, os quais devem ser</p><p>identi�cados com número e nome.</p><p>8 ANEXOS</p><p>Nesta seção, é necessário relacionar todos os anexos produzidos, também identi�cados com</p><p>número e nome.</p><p>_______</p><p>� Exempli�cando</p><p>Anexos são documentos que o perito obteve por intermédio de diligências e que foram utilizados</p><p>como elementos de prova, servindo de base para a sua argumentação.</p><p>Apêndices são documentos que foram elaborados pelo perito, como planilhas, termos de</p><p>diligências, etc., e que também serviram de base para a sua argumentação.</p><p>_______</p><p>Antes de �nalizar esta aula, é importante que você re�ita sobre a importância do contador</p><p>durante a atividade pericial, uma vez que o seu trabalho deve ser conduzido pela incansável</p><p>busca da verdade.</p><p>Conclusão</p><p>Então, pensou bem sobre a história do seu cliente, apresentada no início desta etapa de</p><p>aprendizagem?</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Ele alega que foi injustamente envolvido em uma “Ação Penal sobre Crimes da Lei de Licitações”,</p><p>já que não superfaturou os seus preços, entregando seus produtos pelo mesmo valor contratado.</p><p>A�rma, inclusive, que teve prejuízos contábeis durante esse contrato.</p><p>Como devemos iniciar essa investigação? O que é preciso analisar para conseguir apurar os</p><p>fatos? Você deve seguir cinco passos:</p><p>O primeiro é analisar a estrutura de formação de preço que a empresa Bela Vita Ltda. apresentou</p><p>ao participar do pregão eletrônico. Nessa estrutura, identi�camos todos os custos envolvidos,</p><p>como: impostos e taxas de vendas, custo da mercadoria vendida, outros custos/despesas e,</p><p>consequentemente, o preço de venda e o possível lucro apurado.</p><p>O segundo é proceder à análise das informações extraídas do edital e da ata do pregão</p><p>eletrônico, quando poderemos constatar se o valor ofertado pela empresa Bela Vita</p><p>Ltda.</p><p>atendeu aos parâmetros do edital, como o critério do menor preço global.</p><p>O terceiro é analisar todas as notas �scais emitidas pela empresa antes, durante e depois do</p><p>contrato, para detectar se houve alteração nos preços praticados.</p><p>O quarto passo demanda um pouco mais de cuidado. Com todas as notas �scais de compras de</p><p>vendas em mãos, é de suma importância checar se os livros �scais da empresa Bela Vita Ltda.</p><p>foram devidamente escriturados e seus valores, levados à tributação. Os livros diários também</p><p>deverão ser averiguados para identi�car se as mesmas notas �scais foram contabilizadas de</p><p>modo correto. Caso se opte por analisar outros custos e despesas, também será necessário</p><p>conferir se estão suportados por documentos legais e se foram contabilizados.</p><p>Na quinta etapa buscamos as demonstrações contábeis da Bela Vita e, com elas em mãos,</p><p>conseguiremos saber qual foi o resultado apresentado ao longo dos anos e se, durante o</p><p>contrato, realmente houve um prejuízo apurado. Vale destacar a importância de observar se a</p><p>empresa não fornece suas mercadorias para apenas um órgão.</p><p>De posse de todas essas informações e depois de planilhar os dados, iniciamos o processo de</p><p>comparação à procura de respostas. Comparar os valores orçados com os executados é a</p><p>melhor forma de saber o que aconteceu durante o período questionado.</p><p>Todo esse procedimento não parece tão difícil depois que fazemos uma checklist, não é mesmo?</p><p>Mas não se esqueça: quando mencionamos “notas �scais”, um alerta deve ser ligado. A</p><p>legislação do ICMS é muito complexa e pode conter “detalhes extras” de acordo com o Estado</p><p>analisado. Substituição tributária, diferencial de alíquota e venda para entrega futura são termos</p><p>comumente ligados a esse assunto. É por isso que o perito, além de especialista, também deve</p><p>ter larga experiência pro�ssional, pois dessa maneira o trabalho �ca menos complexo.</p><p>Videoaula: Perícia contábil criminal</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Videoaula sobre Perícia contábil criminal.</p><p>Referências</p><p>BRASIL. Comissão de Valores Mobiliários. Instrução CVM nº 59, de 22 de dezembro de 1986.</p><p>Dispõe sobre a obrigatoriedade de elaboração e publicação da demonstração das mutações do</p><p>patrimônio líquido pelas companhias abertas. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 30 dez. 1986.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3xfuNPR. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC PG 01, de</p><p>7 de fevereiro de 2019. Aprova a NBC PG 01 – Código de Ética Pro�ssional do Contador. Diário</p><p>https://bit.ly/3xfuNPR</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>O�cial da União, Brasília, DF: 14 fev. 2019. Disponível em: https://bit.ly/3U4Cty0. Acesso em: 21</p><p>setembro 2022.</p><p>BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC TA 200</p><p>(R1): objetivos gerais do auditor independente e a condução da auditoria em conformidade com</p><p>normas de auditoria. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 5 set. 2016. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/3By7HXl. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC TP 01 (R1):</p><p>perícia contábil, de 27 de fevereiro de 2015. Dá nova redação à NBC TP 01 – Perícia Contábil.</p><p>Diário O�cial da União, Brasília, DF: 19 mar. 2015. Disponível em: https://bit.ly/2kXUT4l. Acesso</p><p>em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC nº 803, de 10 de outubro de 1996.</p><p>Aprova o Código de Ética Pro�ssional do Contabilista – CEPC. Diário O�cial da União, Brasília, DF:</p><p>20 nov. 1996. Disponível em: https://bit.ly/3RUriWR. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965. Disciplina o mercado de capitais e estabelece</p><p>medidas para o seu desenvolvimento. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 16 jul. 1965. Disponível</p><p>em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4728.htm. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Diário</p><p>O�cial da União, Brasília, DF: 17 dez. 1976. Disponível em: https://bit.ly/2UqQCGG. Acesso em: 21</p><p>setembro 2022.</p><p>CPC. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento técnico CPC 00 (R2): estrutura</p><p>conceitual para relatório �nanceiro. Brasília, DF: CPC, 2019. Disponível em: https://bit.ly/2x9wlvM.</p><p>Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>SÁ. A. L. de; HOOG, W. A. Z. Corrupção, fraude e contabilidade. Curitiba: Juruá, 2005.</p><p>SOLÉ, A. Dez anos de Enron: importância e de�ciências. Governança Já, 16 ago. 2011. Disponível</p><p>em: https://bit.ly/3d3GbaC. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei nº 3.741/2000, de 8 novembro de 2000. Altera e</p><p>revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, de�ne e estende às sociedades</p><p>de grande porte disposições relativas à elaboração e publicação de demonstrações contábeis e</p><p>dispõe sobre os requisitos de quali�cação de entidades de estudo e divulgação de princípios,</p><p>normas e padrões de contabilidade e auditoria como Organizações da Sociedade Civil de</p><p>Interesse Público. Brasília, DF: Câmara dos Deputados, 2000. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/3xjTo63. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC PG 01, de</p><p>7 de fevereiro de 2019. Aprova a NBC PG 01 – Código de Ética Pro�ssional do Contador. Diário</p><p>O�cial da União, Brasília, DF: 14 fev. 2019. Disponível em: https://bit.ly/3DifF8i. Acesso em: 21</p><p>setembro 2022.</p><p>BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC nº 1.055, de 7 de outubro de 2005.</p><p>Cria o COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS – (CPC), e dá outras providências. Diário</p><p>O�cial da União, Brasília, DF: 24 out. 2005. Disponível em: https://bit.ly/3SdjTlV. Acesso em: 21</p><p>setembro 2022.</p><p>BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC nº 1.525, de 9 de junho de 2017.</p><p>Altera o caput do art. 38 da Resolução CFC nº 1.309/2010. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 16</p><p>jun. 2017. Disponível em: https://bit.ly/3QuNshm. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>https://bit.ly/3U4Cty0</p><p>https://bit.ly/3By7HXl</p><p>https://bit.ly/2kXUT4l</p><p>https://bit.ly/3RUriWR</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4728.htm</p><p>https://bit.ly/2UqQCGG</p><p>https://bit.ly/2x9wlvM</p><p>https://bit.ly/3d3GbaC</p><p>https://bit.ly/3xjTo63</p><p>https://bit.ly/3DifF8i.%20</p><p>https://bit.ly/3SdjTlV</p><p>https://bit.ly/3QuNshm</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário O�cial da União,</p><p>Rio de Janeiro: 31 dez. 1940. Disponível em: https://bit.ly/3By9PhN. Acesso em: 21 setembro</p><p>2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Diário</p><p>O�cial da União, Brasília, DF: 17 dez. 1976. Disponível em: https://bit.ly/2UqQCGG. Acesso em: 21</p><p>setembro 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 7.492, de 16 de junho de 1986. De�ne os crimes contra o sistema �nanceiro</p><p>nacional, e dá outras providências. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 18 jun. 1986. Disponível</p><p>em: https://bit.ly/3B62g0o. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá</p><p>outras providências. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 12 set. 1990. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/3Bvpxdu. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990. De�ne crimes contra a ordem tributária,</p><p>econômica e contra as relações de consumo e dá outras providências. Diário O�cial da União,</p><p>Brasília, DF: 28 dez. 1990. Disponível em: https://bit.ly/3d7QjiI. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário O�cial da União,</p><p>Brasília, DF: 11 jan. 2002. Disponível em: https://bit.ly/3S09hGR. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro</p><p>contribuem para a transparência</p><p>das informações, reforçam a prestação de contas e estimulam a e�ciência econômica, o que</p><p>auxilia os investidores na identi�cação de oportunidades e riscos em todo o mundo.</p><p>De acordo com a NBC TG Estrutura Conceitual, o objetivo do relatório �nanceiro para �ns gerais é</p><p>fornecer informações relevantes para a tomada de decisões referente à oferta de recursos à</p><p>entidade, como: compra, venda ou manutenção de patrimônio e dívida; tomada de decisão em</p><p>relação a concessão ou liquidação de empréstimos e até mesmo outras formas de créditos;</p><p>exercício do direito de voto ou de outra forma in�uência sobre os atos da administração que</p><p>estejam relacionados aos recursos econômicos da entidade.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Com base nos relatórios gerados pela contabilidade, como �uxo de caixa, balanço patrimonial,</p><p>demonstração da mutação patrimonial e outras demonstrações contábeis, é possível identi�car</p><p>situações que podem dar indícios de fraudes e crimes.</p><p>Quando há ocultação ou alguma dissimulação da origem, movimentação ou propriedade de bens</p><p>e direitos, caracteriza-se o crime e, por se tratar de um crime, há infração penal. Quando existe</p><p>uma tentativa de disfarçar a origem dos recursos obtidos, con�gura-se o crime de lavagem de</p><p>dinheiro.</p><p>Vamos a um exemplo comum de fraude: a abertura de empresas utilizando os dados de pessoas</p><p>honestas, conhecidas como “laranjas”. Trata-se de empresas de fachada, utilizadas por</p><p>fraudadores para cometer crimes �nanceiros.</p><p>Em decorrência de diversos crimes �nanceiros ocorridos no Brasil, como o investigado pela</p><p>operação Black Flag, institui-se a Lei nº 9.613/1998, que trata dos crimes de “lavagem” ou</p><p>ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema �nanceiro para os</p><p>ilícitos. Essa mesma legislação também promoveu a criação do Conselho de Controle de</p><p>Atividades Financeiras (Coaf). Tal operação, apresentada no início de nossa jornada de estudos,</p><p>envolvia crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e casos de lavagem de dinheiro.</p><p>Vamos, agora, retomar nossa análise sobre a operação Black Flag!</p><p>No caso em questão, o papel da Receita Federal foi fundamental na avaliação das</p><p>movimentações suspeitas, o que se tornou possível em virtude do trabalho de �scalização.</p><p>Durante a operação, veri�caram-se indícios no processo de fraude pública. Muitas empresas</p><p>foram criadas para assumir a propriedade de bens e livrar-se de ações �scais. A obtenção de</p><p>contratos junto à Caixa Econômica Federal e a uma agência de fomento paulista no valor de</p><p>milhões con�guraram uma fraude, a qual foi detectada a partir dos relatórios �nanceiros</p><p>analisados por pro�ssionais especializados.</p><p>Demonstrações contábeis</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>As demonstrações contábeis, como balanço patrimonial, demonstração de resultado do período,</p><p>demonstração da mutação patrimonial, notas explicativas, entre outros documentos, são</p><p>relatórios emitidos por meio da contabilidade, os quais fornecem informações sobre ativos,</p><p>passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas das empresas. Tais dados permitem aos</p><p>usuários da contabilidade avaliar o �uxo de caixa líquido, a gestão de recursos econômicos da</p><p>entidade, entre outros elementos.</p><p>Os pro�ssionais especializados souberam utilizar tais relatórios como fonte de contribuição ao</p><p>deslinde do crime na operação Black Flag. Os criminosos envolvidos respondem por crimes</p><p>contra o Sistema Financeiro Nacional e a ordem tributária e lavagem de dinheiro.</p><p>Na Polícia Federal, existem pro�ssionais especialmente quali�cados na área de contabilidade</p><p>que desenvolvem as atividades de análise, pois, para atuar como perito criminal, deve-se ser um</p><p>pro�ssional concursado, como estudaremos na aula 2.</p><p>Então, caro estudante, para que seja possível executar todos os procedimentos de registros e</p><p>análises contábeis, é preciso contar pro�ssionais especializados, capazes de atestar a</p><p>veracidade das informações. Para que todo o processo funcione da forma correta, devem-se</p><p>seguir as normas contábeis e as legislações pertinentes a cada atividade da empresa. É por</p><p>causa disso que você está buscando se especializar, para se tornar uma peça-chave no mundo</p><p>dos negócios. Ao avançar nesta jornada de aprendizagem, você perceberá quantas informações</p><p>são importantes para obter sucesso em sua carreira. Um bom perito deve se aprofundar nas</p><p>legislações e conhecer bem o conteúdo do qual se propõe a fazer perícia.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>O contador atua em diversas áreas: perícia, contábil, departamento pessoal, tributária, auditoria,</p><p>consultoria, acadêmica. Como o foco desta disciplina está direcionado à investigação e à perícia</p><p>criminal, vamos tratar da responsabilidade do perito.</p><p>De acordo com a Norma do Perito – NBC PP (R1) (BRASIL, 2020), esse pro�ssional tem</p><p>responsabilidade civil e criminal. No que se refere à parte civil, o perito pode sofrer multas,</p><p>indenização e tornar-se inabilitado ao exercício da pro�ssão. Quanto à responsabilidade penal, se</p><p>o pro�ssional descumprir as normas legais, poderá sofrer penas de multa e reclusão.</p><p>No desenvolvimento do trabalho pericial, o perito tem a obrigação de ser ético e respeitar os</p><p>princípios do direito. O pro�ssional que não tem consciência de sua responsabilidade e não</p><p>atende às exigências estabelecidas à sua pro�ssão também pode sofrer penalidade ética, que é</p><p>avaliada junto ao conselho de classe. Quando o perito é nomeado, deve exercer sua atividade</p><p>com imparcialidade, dando tratamento igual a ambas as partes envolvidas no processo.</p><p>A Lei nº 12.030/2009 dispõe sobre as perícias o�ciais. As atividades exercidas pelo perito</p><p>criminal são consideradas perícias o�ciais. E a perícia criminal federal é exercida por quem? Para</p><p>a realização de uma perícia criminal, o pro�ssional deve ser concursado para atuar na Polícia</p><p>Federal. Nesse caso, é imprescindível ter conhecimento técnico e cientí�co; técnico porque o</p><p>perito deve ser capaz de encontrar provas su�cientes e contundentes para comprovar os crimes;</p><p>e cientí�co porque sua principal função é analisar vestígios que possam elucidar os crimes. O</p><p>órgão central de perícia o�cial de natureza criminal é o Instituto Nacional de Criminalística da</p><p>Polícia Federal. Quem quiser trabalhar como perito criminal deve fazer concurso público para</p><p>ingressar na Polícia Federal.</p><p>Então, a nossa viagem está sendo proveitosa? Para que a jornada se torne ainda mais fascinante,</p><p>vamos nos imaginar numa situação-problema, a �m de que possamos compreender bem tudo o</p><p>que estamos adquirindo de conhecimento? Vamos lá!</p><p>Conclusão</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Vamos analisar a situação problema da empresa ABC Construções Ltda apresentada nesta aula?</p><p>Dividiremos em partes os fatos ocorridos no contexto descrito: primeiro, vamos identi�car</p><p>informações relevantes acerca das operações realizadas na operação; em seguida, avaliaremos</p><p>se a situação enseja possibilidade de crime; por �m, vamos promover a relação entre a</p><p>responsabilidade do contador e as operações efetuadas pelos sócios, de acordo com o ocorrido.</p><p>Informações relevantes: a empresa registrou, no �nal de 20X0, um patrimônio de R$500.000,00;</p><p>em seu caixa, possuía R$50.000,00 e, no banco, registrava o valor de R$100.000,00. No ano de</p><p>20X1, as receitas da corporação não ultrapassaram o valor de R$300.000,00. Diante das</p><p>evidências, pode-se veri�car que, de acordo com os registros do patrimônio e das receitas de</p><p>20X1, a compra do iate é incompatível com a situação patrimonial da empresa. Sendo assim,</p><p>conforme prevê o art. 5º da Resolução do CFC nº 1.530/2017, tal operação merece especial</p><p>atenção, visto que não é resultante da atividade do ramo de negócio, além de demonstrar</p><p>incompatibilidade com o patrimônio e com a capacidade �nanceira da corporação. Como</p><p>aprendemos, a contabilidade avaliará essa evolução patrimonial e registrará em seus relatórios</p><p>informações relevantes, que demonstrem as movimentações</p><p>de 2005. Regula a recuperação judicial e extrajudicial do</p><p>empresário e da sociedade empresária. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 9 fev. 2005.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3d1BYV3. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404,</p><p>de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às</p><p>sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações</p><p>�nanceiras. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 28 dez. 2007. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/3U086ZM. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a legislação tributária federal relativa ao</p><p>parcelamento ordinário de débitos tributários; concede remissão nos casos em que especi�ca;</p><p>institui regime tributário de transição, alterando o Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, as</p><p>Leis nos 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.213, de 24 de julho de 1991, 8.218, de 29 de agosto de</p><p>1991, 9.249, de 26 de dezembro de 1995, 9.430, de 27 de dezembro de 1996, 9.469, de 10 de</p><p>julho de 1997, 9.532, de 10 de dezembro de 1997, 10.426, de 24 de abril de 2002, 10.480, de 2 de</p><p>julho de 2002, 10.522, de 19 de julho de 2002, 10.887, de 18 de junho de 2004, e 6.404, de 15 de</p><p>dezembro de 1976, o Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, e as Leis nos 8.981, de</p><p>20 de janeiro de 1995, 10.925, de 23 de julho de 2004, 10.637, de 30 de dezembro de 2002,</p><p>10.833, de 29 de dezembro de 2003, 11.116, de 18 de maio de 2005, 11.732, de 30 de junho de</p><p>2008, 10.260, de 12 de julho de 2001, 9.873, de 23 de novembro de 1999, 11.171, de 2 de</p><p>setembro de 2005, 11.345, de 14 de setembro de 2006; prorroga a vigência da Lei nº 8.989, de 24</p><p>de fevereiro de 1995; revoga dispositivos das Leis nos 8.383, de 30 de dezembro de 1991, e</p><p>8.620, de 5 de janeiro de 1993, do Decreto-Lei nº 73, de 21 de novembro de 1966, das Leis nos</p><p>10.190, de 14 de fevereiro de 2001, 9.718, de 27 de novembro de 1998, e 6.938, de 31 de agosto</p><p>de 1981, 9.964, de 10 de abril de 2000, e, a partir da instalação do Conselho Administrativo de</p><p>Recursos Fiscais, os Decretos nos 83.304, de 28 de março de 1979, e 89.892, de 2 de julho de</p><p>1984, e o art. 112 da Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005; e dá outras providências. Diário</p><p>https://bit.ly/3By9PhN</p><p>https://bit.ly/2UqQCGG</p><p>https://bit.ly/3B62g0o</p><p>https://bit.ly/3Bvpxdu</p><p>https://bit.ly/3d7QjiI</p><p>https://bit.ly/3S09hGR</p><p>https://bit.ly/3d1BYV3</p><p>https://bit.ly/3U086ZM</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>O�cial da União, Brasília, DF: 28 maio 2009. Disponível em: https://bit.ly/2JKanqx. Acesso em: 21</p><p>setembro 2022.</p><p>BRASIL. Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Altera a legislação tributária</p><p>federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários, concede remissão nos casos em</p><p>que especi�ca, institui regime tributário de transição, e dá outras providências. Diário O�cial da</p><p>União, Brasília, DF: 4 dez. 2008. Disponível em: https://bit.ly/3eEWivJ. Acesso em: 21 setembro</p><p>2022.</p><p>CPC. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Página inicial, [s. d.]. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/3d1C7YB. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>KPMG. Per�l do fraudador no Brasil. São Paulo: KPMG Consultoria Ltda., 2021. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/3Qun732. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC PP 01 (R1):</p><p>perito contábil, de 19 de marco de 2015. Dá nova redação à NBC PP 01, que dispõe sobre perito</p><p>contábil. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 27 mar. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3B8uho3.</p><p>Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC TP 01 (R1):</p><p>perícia contábil, de 27 de fevereiro de 2015. Dá nova redação à NBC TP 01 – Perícia Contábil.</p><p>Diário O�cial da União, Brasília, DF: 19 mar. 2015. Disponível em: https://bit.ly/2kXUT4l. Acesso</p><p>em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário O�cial da União,</p><p>Rio de Janeiro: 31 dez. 1940. Disponível em: https://bit.ly/3d4noft. Acesso em: 21 setembro</p><p>2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965. De�ne o crime de sonegação �scal e dá outras</p><p>providências. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 19 jul. 1965. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/3d4I4UB. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 7.492, de 16 de junho de 1986. De�ne os crimes contra o sistema �nanceiro</p><p>nacional, e dá outras providências. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 18 jun. 1986. Disponível</p><p>em: https://bit.ly/3DebhqD. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998. Dispõe sobre os crimes de “lavagem” ou ocultação</p><p>de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema �nanceiro para os ilícitos</p><p>previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF, e dá outras</p><p>providências. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 4 mar. 1998. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/3U4G9zO. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 12.030, de 17 de setembro de 2009. Dispõe sobre as perícias o�ciais e dá outras</p><p>providências. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 18 set. 2009. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/3Dhu5oV. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Diário O�cial da União,</p><p>Brasília, DF: 17 mar. 2015. Disponível em: https://bit.ly/3eMbreY. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>,</p><p>Unidade 4</p><p>Perícia Contábil para Elucidação Dos Crimes Relacionados à Fraudes Contábeis</p><p>https://bit.ly/2JKanqx</p><p>https://bit.ly/3eEWivJ</p><p>https://bit.ly/3d1C7YB</p><p>https://bit.ly/3Qun732</p><p>https://bit.ly/3B8uho3</p><p>https://bit.ly/2kXUT4l</p><p>https://bit.ly/3d4noft</p><p>https://bit.ly/3d4I4UB</p><p>https://bit.ly/3DebhqD</p><p>https://bit.ly/3U4G9zO</p><p>https://bit.ly/3Dhu5oV</p><p>https://bit.ly/3eMbreY</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Aula 1</p><p>Perícia contábil e elucidação de crimes</p><p>Introdução da unidade</p><p>Objetivos da Unidade</p><p>Ao �nal desta Unidade, você será capaz de:</p><p>descrever a �nalidade da perícia investigativa e sua importância;</p><p>debater sobre o processo de revisão de documentos a partir de dados não estruturados;</p><p>analisar as metodologias mais utilizadas para avaliar processos.</p><p>Entre 5% a 10% do faturamento das empresas são desviados anualmente e, mesmo quando os</p><p>controles para riscos de fraudes são efetivos, contando com a detecção a partir de denúncias</p><p>anônimas, por exemplo, os fraudadores ainda conseguem burlá-los ou negligenciá-los.</p><p>As fraudes são extremamente prejudiciais a toda a sociedade e vêm sendo consideradas um</p><p>problema global crônico. Além de trazer consequências �nanceiras e econômicas desastrosas,</p><p>também geram danos reputacionais irreversíveis às corporações envolvidas, já que, como</p><p>consequência, tais organizações precisam fazer investimentos �nanceiros para a recuperação de</p><p>seus dados.</p><p>Nesse contexto, a principal tarefa do perito contador é comunicar a existência de qualquer fraude</p><p>durante a execução do seu trabalho. Esse pro�ssional atua em todas as questões que envolvem</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>fatos patrimoniais e, ao fazer uso da investigação contábil, pode agregar ao inquérito policial</p><p>aspectos patrimoniais e �nanceiros relacionados à criminalidade.</p><p>A perícia contábil criminal pode ser utilizada, ainda, como medida de combate a casos de</p><p>lavagem de dinheiro, sonegação �scal, crimes em licitações e fraudes no mercado �nanceiro,</p><p>como o suborno de agentes públicos, a chantagem, as propagandas enganosas e abusivas, os</p><p>desvios de capital, as falências fraudulentas, etc. Logo, é uma área repleta de informações e</p><p>muito proveitosa para quem deseja buscar respostas direcionadas a grandes problemas</p><p>empresariais.</p><p>Introdução da aula</p><p>Qual é o foco da aula?</p><p>Nesta aula, você vai estudar sobre os potenciais tipos de fraudes cometidas por empresas e</p><p>sugerir analises capazes de auxiliar irregularidades.</p><p>Objetivos gerais de aprendizagem</p><p>Ao �nal desta aula, você será capaz de:</p><p>descrever</p><p>a �nalidade da perícia investigativa e sua importância;</p><p>distinguir os tipos de investigações na perícia criminal contábil;</p><p>debater sobre coo podem ser iniciadas as análises das investigações.</p><p>Situação-problema</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Diante do panorama atual, marcado por grandes escândalos de corrupção e de lavagem de</p><p>dinheiro envolvendo empresas privadas e órgãos públicos, tornou-se necessária a adoção de</p><p>medidas mais enérgicas que auxiliem na detecção de fraudes, municiando os órgãos julgadores</p><p>com a geração de provas. Dessa forma, podem-se reduzir os diversos impactos negativos que</p><p>afetam a democracia e o desenvolvimento econômico de toda a sociedade.</p><p>Além disso, os custos envolvidos num processo de investigação acabam minimizando ainda</p><p>mais os investimentos em saúde, segurança, educação, etc. Para contextualizar sua</p><p>aprendizagem, imagine que você tenha sido contratado para realizar uma perícia contábil</p><p>criminal relacionada à seguinte situação: uma companhia apresentou, para um órgão regulador,</p><p>documentos que continham a revisão de seus dados �nanceiros do ano de 2020, assim como</p><p>ajustes nos resultados de 2021 previamente anunciados, visto que a corporação registrou em</p><p>seus livros contábeis, de forma irregular, o valor de R$ 6,4 bilhões em receitas.</p><p>O valor lançado originalmente como vendas de equipamentos foi posteriormente reclassi�cado</p><p>como receita de aluguel. A operação provocou uma distorção do real desempenho dos</p><p>negócios.</p><p>Você foi contratado para identi�car o(s) potencial(ais) tipo(s) de fraude(s) cometida(s) pela</p><p>empresa e deverá propor análises �nanceiras/contábeis capazes de auxiliar na detecção de</p><p>irregularidades e valores envolvidos. Tais análises poderão agilizar a detecção de dolo e dos</p><p>potenciais agentes causadores do evento fraudulento.</p><p>Então, vamos lá! Re�ita sobre o caso!</p><p>Perícia investigativa</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>A �nalidade da perícia contábil é trazer à tona possíveis irregularidades ou manipulações</p><p>contábeis provenientes de pessoas que utilizam meios fraudulentos, como ardis, artifícios,</p><p>mentira e engano, na intenção de obter algum proveito ilícito.</p><p>A partir dos seus procedimentos técnicos, a perícia investiga as mais variadas mudanças</p><p>patrimoniais e presta esclarecimentos sobre a origem e aplicação dos recursos de pessoas</p><p>físicas e jurídicas, produzindo provas que serão utilizadas para elucidar diversos</p><p>questionamentos, como o que aconteceu, como aconteceu e quem é o responsável pelo</p><p>ocorrido.</p><p>Com o aumento dos casos de corrupção, a perícia contábil vem sendo cada vez mais utilizada na</p><p>tentativa de restaurar a con�ança dos diversos usuários da informação contábil, já tão abalada</p><p>por tantos escândalos envolvendo grandes empresas.</p><p>Dentro de uma perícia, as provas são os elementos centrais, já que sem elas não poderá haver</p><p>uma tomada de decisão. São as provas que materializam um fato con�ituoso, subsidiando a</p><p>sentença judicial ou extrajudicial. Na área penal, elas são ainda mais requisitadas por causa da</p><p>gravidade do con�ito: ouvir testemunhas, fazer perguntas ou interrogatórios, analisar</p><p>documentos, efetuar buscas e apreensões estão entre as provas mais utilizadas num litígio.</p><p>Além disso, a prova pericial também é muito exigida quando o fato con�ituoso necessita de um</p><p>especialista no assunto em discussão.</p><p>Em sua pesquisa, Paes (2019, p. 103) identi�cou que “a sentença proferida pelos magistrados se</p><p>baseia em 100% do que foi apresentado pelo perito contador em seu trabalho, para cinco dos</p><p>seis juízes entrevistados”, fato que mostra o grau de relevância desse tipo de prova nos meios</p><p>judiciais. Para alguns juízes entrevistados durante esse mesmo estudo, a prova pericial é tão</p><p>importante que serve de embasamento para a fundamentação da sua sentença.</p><p>_______</p><p>� Re�ita</p><p>A pesquisa de Paes (2019) também detectou o que os magistrados procuram num laudo pericial:</p><p>que ele seja mais claro, mais conclusivo, tenha mais objetividade e seja esclarecedor. Além</p><p>disso, para cinco dos seis juízes entrevistados, os laudos periciais contábeis atendem às suas</p><p>necessidades na tomada de decisão, demonstrando que, se o perito tem conhecimento técnico e</p><p>habilidade para se expressar, pode ajudar o juiz a de�nir sua resolução, mesmo que este não</p><p>tenha nenhum conhecimento técnico-contábil.</p><p>Investigação da perícia criminal contábil I</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>A perícia criminal contábil é de suma importância para a elucidação de vários crimes,</p><p>especialmente aqueles que atacam o sistema �nanceiro ou a ordem econômica e tributária. Tais</p><p>crimes, na maioria das vezes, estão relacionados a aspectos contábeis, envolvendo uma grande</p><p>quantidade de dinheiro público que precisa ser ressarcido ao erário.</p><p>O perito contador é o detentor do conhecimento sobre a realidade patrimonial não somente</p><p>quanto a aspectos qualitativos e quantitativos, mas principalmente em relação às suas causas e</p><p>efeitos.</p><p>No contexto criminal, a perícia contábil costuma ser realizada antes da fase processual, sendo</p><p>obrigatória quando os crimes deixam vestígios nas demonstrações contábeis. Nesse caso, o</p><p>perito deve ser capaz de identi�car todas as atividades ilícitas ocorridas, como: desvios e</p><p>corrupção, contabilidade paralela, simulação de renda, simulação de operações comerciais,</p><p>empréstimos �ctícios, origem e destino de valores �nanceiros, remessa de dinheiro para os</p><p>paraísos �scais, contratos fraudulentos, notas �scais frias, declarações falsas, etc.</p><p>Confrontando as informações apresentadas e analisando os documentos que as geraram</p><p>(extratos bancários, relatórios de aplicações �nanceiras, obrigações acessórias apresentadas</p><p>pela contabilidade aos órgãos públicos, contratos diversos, notas �scais, processos licitatórios,</p><p>livros contábeis, etc.), a perícia se torna um importante instrumento de justiça, garantindo o</p><p>esclarecimento de todos os fatos e a punição dos envolvidos.</p><p>A perícia criminal contábil, nos âmbitos estaduais, é executada pelas polícias civis dos Estados e</p><p>Distrito Federal. No domínio nacional, tal atividade é articulada pelo Instituto Nacional de</p><p>Criminalística do Departamento de Polícia Federal.</p><p>Após a identi�cação da origem do crime e do órgão responsável pela demanda, os peritos</p><p>iniciam o processo de investigação, com a de�nição dos procedimentos investigativos de acordo</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>com os aspectos especí�cos da averiguação. À medida que a apuração avança e novos</p><p>elementos são descobertos, alguns ajustes passam a ser feitos nos procedimentos.</p><p>As investigações incluem os seguintes métodos:</p><p>Entrevistas: com o objetivo de checar as informações já coletadas e buscar novos dados,</p><p>as entrevistas são realizadas com os possíveis envolvidos ou conhecedores dos fatos.</p><p>Para a realização de uma boa entrevista, é importante compreender, com antecedência, todos os</p><p>detalhes sobre a situação alegada, tornando-se apto para responder às seguintes perguntas:</p><p>Como aconteceu? Onde aconteceu? Quem viu? Com quem estava? Quanto tempo durou?</p><p>A escolha dos entrevistados dependerá do fato recebido. Basicamente, qualquer pessoa que</p><p>possa contribuir com informações relevantes pode ser entrevistada, como gestores, colegas do</p><p>denunciado ou denunciante, pro�ssionais que atuam na mesma área em que os fatos ocorreram,</p><p>etc.</p><p>As entrevistas podem ser: exploratórias (ajudam a obter uma visão inicial sobre o objeto da</p><p>investigação, auxiliando na compreensão de todo o contexto); investigativas (buscam mais</p><p>detalhes sobre o contexto e novos elementos); e de confronto (uma conversa com o denunciado</p><p>ou fraudador, com evidências do fato investigado).</p><p>É importante que haja um roteiro a ser seguido e que o ambiente esteja preparado, com a</p><p>presença de, pelo menos, dois entrevistadores. Além disso, a interlocução poderá ocorrer de</p><p>forma presencial ou virtual, via telefone ou videoconferência.</p><p>Para �nalizar, recomenda-se que o perito tome notas dos principais pontos discutidos,</p><p>não minta</p><p>ou prometa algo que não possa cumprir, não dê conselhos ou advertências morais e não faça</p><p>perguntas tendenciosas ou que não tenham relação com o caso.</p><p>Background investigation (BKG): é a veri�cação de antecedentes ou o processo de coleta,</p><p>análise e consolidação das informações apresentadas a partir de registros eletrônicos ou</p><p>por consulta in loco. Essas informações também podem ser obtidas em locais públicos,</p><p>como por meio dos registros das mídias.</p><p>O BKG Check integrado à investigação pode trazer dados relevantes sobre as fraquezas</p><p>operacionais da empresa e identi�car possíveis não conformidades com políticas empresariais</p><p>ou governamentais, bem como con�itos de interesse. Vale destacar, ainda, que esse método</p><p>promove a análise da movimentação patrimonial.</p><p>O processo se dá a partir do cruzamento dos dados encontrados em bases públicas gratuitas ou</p><p>pagas e pesquisa de mídia. A inspeção pode ser simples, quando há apenas uma análise</p><p>�nanceira, societária e criminal do público-alvo, ou complexa, caso também sejam investigados</p><p>os registros em órgãos especí�cos, como Anvisa ou Ibama, ou a situação do contrato de registro</p><p>da empresa, feito na Junta Comercial de cada Estado, ou até mesmo o histórico de processos</p><p>civis, criminais e trabalhistas. Além disso, investiga-se a existência de algum pedido de falência</p><p>ou recuperação judicial.</p><p>_______</p><p>� Exempli�cando</p><p>Algumas certidões negativas, dependendo do Estado, podem ser solicitadas de forma on-line e</p><p>gratuita, como: certidão de improbidade administrativa e inelegibilidade, certidão da Justiça</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Federal, certidão do Procon, etc. Outras podem ser pagas, como as certidões dos cartórios de</p><p>distribuição.</p><p>Em casos mais especí�cos, outros mecanismos de coleta podem ser necessários, como o uso</p><p>do Certi�cado Digital para identi�car pendências tributárias no âmbito federal (Receita Federal do</p><p>Brasil e INSS).</p><p>_______</p><p>A investigação patrimonial se dá por meio de consultas a registros públicos, com o objetivo de</p><p>identi�car bens móveis, imóveis ou semoventes (animais). As principais pesquisas realizadas</p><p>relacionam-se a: certidões públicas das juntas comerciais estaduais, certidões públicas dos</p><p>cartórios de registro de imóveis, certidões públicas dos cartórios de registro de títulos e</p><p>documentos, documentos públicos da Agência Nacional de Aviação Comercial (Anac),</p><p>documentos públicos do Departamento Nacional de Trânsito, entre outros ofícios.</p><p>Data analytics: transformar dados digitais mantendo a integridade das informações é a</p><p>principal preocupação da tecnologia forense e das técnicas de analytics.</p><p>A de�nição das técnicas aplicadas dependerá do formato dos dados que serão manuseados.</p><p>Nesse sentido, podemos encontrar dois grandes grupos: dados estruturados, aqueles que</p><p>possuem um padrão �xo e constante, como arquivos em XML ou um sistema integrado ERP; e</p><p>dados não estruturados, aqueles que não possuem um formato ou organização de�nidos, como</p><p>e-mails, planilhas, vídeos ou áudios, etc.</p><p>Quando se identi�ca uma informação (dados) que pode ser útil, é preciso entender onde ela está,</p><p>quem pode acessá-la e como está protegida. Não se deve mantê-la por mais tempo do que o</p><p>requerido inicialmente, a menos que surjam outras demandas de análise.</p><p>Depois de obter o acesso aos dados, estes precisam ser isolados e protegidos, para que não</p><p>sejam alterados ou destruídos. Durante a coleta das informações, deve-se utilizar uma</p><p>metodologia apropriada, sempre respeitando a cadeia de custódia e veri�cando a sua</p><p>integridade, a legibilidade, o backup e a validação do hash, a �m de con�rmar que os dados não</p><p>foram modi�cados durante a manipulação do perito.</p><p>Investigação da perícia criminal contábil II</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>� Assimile</p><p>O art. 158-A do Código Penal estabelece que a cadeia de custódia “é o conjunto de todos os</p><p>procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado</p><p>em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu</p><p>reconhecimento até o descarte” (BRASIL, 1941, [s. p.]).</p><p>_______</p><p>Revisão dos documentos eletrônicos: a revisão dos documentos coletados a partir de</p><p>dados não estruturados dá um pouco mais de trabalho, por causa da quantidade de</p><p>informações que chegam de forma dispersa e aleatória. Existem técnicas que são</p><p>aplicadas com a �nalidade de reduzir o volume de material e organizar os documentos de</p><p>forma mais adequada. Já a revisão dos documentos coletados por meio de dados</p><p>estruturados, apesar de mais extensa, acaba produzindo informações mais precisas.</p><p>A análise se inicia com base nos dados dos usuários de um determinado sistema, identi�cando</p><p>suas restrições e limitações. Depois, o próprio sistema é avaliado, na intenção de saber se ele</p><p>permite que o usuário visualize todos os registros, se há alguma limitação tecnológica e se</p><p>existem �ltros que o usuário não consegue ver. Isso é importante, porque os relatórios emitidos</p><p>podem conter inconsistências em função de algumas restrições do próprio sistema.</p><p>O código-fonte (linguagem de programação) também é analisado, para veri�car se existem erros</p><p>gerados por intermédio de novas implantações ou se a integração com outros sistemas</p><p>acontece de forma adequada.</p><p>Para concluir o processo, investiga-se a forma como os dados são armazenados, ou seja, se</p><p>existem backups disponíveis, quem possui acesso ao banco de dados, etc., �nalizando com os</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>testes de integridade, os quais buscam respostas, por exemplo, para os seguintes</p><p>questionamentos: O valor movimentado nos lançamentos contábeis é o mesmo apontado no</p><p>balanço? Os valores registrados nos pagamentos são diferentes dos que constam nos extratos</p><p>bancários? Os valores movimentados entre diferentes sistemas apresentam disparidades?</p><p>Existem justi�cativas para valores divergentes dentro de um �uxo?</p><p>Análises �nanceiras e contábeis: revisando as informações �nanceiras e contábeis</p><p>relacionadas às alegações da suposta fraude, podem-se identi�car os impactos �nanceiros,</p><p>os possíveis envolvidos e até mesmo falhas nos controles internos.</p><p>O �uxo normal dos processos empresariais envolve três fases, e podemos encontrar fraudes em</p><p>cada uma delas. A primeira fase é a operacional. Nessa etapa, há o fechamento dos contratos, a</p><p>compra de imobilizados e de equipamentos de produção, a aquisição do estoque para a</p><p>produção, etc. Dentro desse contexto, podemos encontrar as fraudes operacionais.</p><p>A segunda fase é a dos registros contábeis. Durante esse estágio, temos os processos</p><p>�nanceiros e gerenciais (sistemas), os registros �nanceiros contábeis (razão contábil), a</p><p>elaboração do balancete de veri�cação e o fechamento dos demonstrativos contábeis. Nesse</p><p>caso, é possível observar fraudes contábeis.</p><p>A terceira fase é a das demonstrações contábeis e �nanceiras, na qual temos a elaboração das</p><p>demonstrações contábeis e das notas explicativas, a assinatura da carta de representação e a</p><p>emissão das demonstrações �nanceiras. Nesse contexto, podemos encontrar as fraudes em</p><p>demonstrações contábeis e �nanceiras.</p><p>Como se dá o esquema de fraude nas demonstrações contábeis e �nanceiras?</p><p>Na conta clientes, podem-se encontrar receitas �ctícias, diferenças temporais e avaliação</p><p>indevida dos ativos.</p><p>Nas contas estoques e imobilizados, é possível detectar diferenças temporais e avaliação</p><p>indevida dos ativos.</p><p>Nas contas fornecedores e empréstimos, podem-se encontrar omissões de passivo.</p><p>Nas contas de receitas, é possível identi�car receitas �ctícias e diferenças temporais.</p><p>Nas contas de despesas, podem-se encontrar diferenças temporais, avaliação indevida e</p><p>omissão de despesas.</p><p>As análises contábeis comumente realizadas estão elencadas no Quadro, a seguir:</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Quadro | Exemplos de análise e descrição de testes - Fonte: EY Forensics Academy (2022a).</p><p>Reporte dos resultados: nesse procedimento, o perito prepara</p><p>o seu laudo pericial, com a</p><p>descrição minuciosa da dinâmica dos fatos que foram examinados e os critérios adotados</p><p>para responder aos quesitos formulados pelo juiz, seguindo os itens exigidos pelo Novo</p><p>Código de Processo Civil.</p><p>Antes de �nalizar esta aula, devemos observar que o trabalho contábil é bastante complexo,</p><p>exaustivo e normalmente passível de erros.</p><p>O que estamos debatendo, nesse contexto, é que, em determinadas ocasiões, erros comuns</p><p>acabam se transformando em fraudes. Identi�cá-los e diferenciá-los faz toda a diferença dentro</p><p>de uma perícia contábil. Imputar um dolo injustamente pode acabar com a carreira de um</p><p>pro�ssional. Ao mesmo tempo, ignorar uma fraude signi�cará a perpetuação dos problemas,</p><p>com a certeza da impunidade.</p><p>Conclusão</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Vamos retomar o caso hipotético que você está periciando?</p><p>A companhia analisada apresentou divergências nas contas de receitas: o valor foi lançado</p><p>originalmente como vendas de equipamentos, mas, posteriormente, foi alterado para receita de</p><p>aluguel, causando distorção do real desempenho dos negócios.</p><p>FRAUDES COMETIDAS</p><p>Possíveis receitas �ctícias, que normalmente ocorrem por meio do registro de vendas de</p><p>produtos e/ou serviços que não aconteceram. Nesse caso, os serviços podem até ter sido</p><p>realizados, porém, já que foram registrados como vendas de equipamentos e depois alterados</p><p>para receita de aluguel, há um gap que precisa ser analisado. Além disso, referem-se a</p><p>transações signi�cativas, fora do curso usual dos negócios da empresa, o que já liga o sinal de</p><p>alerta ou a red �ag.</p><p>Possíveis divergências no ativo imobilizado, uma vez que as receitas foram geradas, num</p><p>primeiro momento, como venda de imobilizado. Diante disso, deve-se buscar a evidência física</p><p>da existência ou inexistência de tais ativos.</p><p>ANÁLISES FINANCEIRAS/CONTÁBEIS QUE PODERIAM AUXILIAR NA DETECÇÃO DAS</p><p>IRREGULARIDADES E DE VALORES ENVOLVIDOS</p><p>Iniciamos nossa investigação por meio da análise das evidências da receita, como: ordens de</p><p>serviços, contratos, comprovantes de recebimento e a respectiva alocação em centro de custo.</p><p>Posteriormente, avaliamos a receita versus os controles gerenciais de mensuração dos serviços</p><p>prestados, veri�cando o aging list de contas a receber, ou seja, como foi a composição do �uxo</p><p>de caixa em termos de pagamentos e recebimentos.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Como toda receita deve ter um custo correspondente, analisar os documentos que geraram as</p><p>despesas diretamente relacionadas às receitas auxiliará na identi�cação do que realmente</p><p>ocorreu na empresa.</p><p>Por último, investigamos as evidências da existência ou inexistência do ativo imobilizado da</p><p>companhia, examinando laudos de avaliação e inventários, documentos que comprovem suas</p><p>aquisições (como pedidos de compras, notas �scais e comprovantes) e possíveis notas �scais</p><p>de alienações e baixas.</p><p>Vale destacar que outras análises poderão ser necessárias no curso da investigação, uma vez</p><p>que nunca temos ciência do que encontraremos em nosso trabalho, ok?</p><p>Videoaula: Perícia contábil e elucidação de crimes</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Videoaula sobre Perícia contábil e elucidação de crimes.</p><p>Aula 2</p><p>Perícia documental</p><p>Introdução da aula</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Qual é o foco da aula?</p><p>Nesta aula, você vai estudar sobre fraudes documentais e como deve ser feita uma análise para</p><p>evidenciar que ocorreu uma fraude.</p><p>Objetivos gerais de aprendizagem</p><p>Ao �nal desta aula, você será capaz de:</p><p>debater sobre o processo de revisão de documentos a partir de dados não estruturados;</p><p>descrever o que é um documento dentro da perícia criminal e sua �nalidade;</p><p>empregar o uso da grafoscopia para perícia de documentos.</p><p>Situação-problema</p><p>As fraudes ocupacionais relacionam-se a corrupção, apropriação indébita de ativos e falsi�cação</p><p>de informações. Dentro do contexto “falsi�cação”, as evidências documentais são consideradas</p><p>como a�rmações escritas ou gravadas de fatos ocorridos ou não, uma vez que podem envolver a</p><p>omissão, manipulação, adulteração, exclusão, etc. de alguns dados em documentos ou, ainda,</p><p>lançamentos contábeis gerados sem o devido suporte documental.</p><p>Hoje, com o avanço dos cibernegócios e a transformação dos dados em arquivos digitais,</p><p>fraudes documentais virtuais passaram a fazer cada vez mais parte do âmbito empresarial,</p><p>di�cultando progressivamente o processo de investigação, o que leva peritos a integrarem</p><p>processos tecnológicos forenses e técnicas de analytics para manter a integridade das</p><p>informações colhidas.</p><p>Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você faça parte de uma equipe que investiga</p><p>uma denúncia anônima recebida pela empresa MN Corporação, a qual alega que um funcionário</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>da corporação teria alterado o código de barras de boletos emitidos pelos fornecedores,</p><p>vinculando os valores a receber a contas bancárias de empresas relacionadas a ele.</p><p>Após o pagamento do boleto adulterado, o pro�ssional teria realizado o pagamento ao</p><p>fornecedor de direito, gerando dois pagamentos no mesmo valor para cada boleto. E, para que o</p><p>esquema não fosse identi�cado, ele contabilizava os dois pagamentos contra as contas a pagar</p><p>da empresa MN Corporação.</p><p>No seu ponto de vista, quais documentos devem ser analisados para evidenciar cada um dos</p><p>elementos das alegações apresentadas anteriormente? E com qual objetivo ou justi�cativa</p><p>devem ser examinados?</p><p>Então, vamos lá? Re�ita sobre os seus conhecimentos contábeis e indique o que realmente</p><p>precisa ser feito.</p><p>O que é o documento na perícia criminal?</p><p>Documento é qualquer base de conhecimento que se possa utilizar para consulta ou prova, pois</p><p>é a reprodução de um fato ou pensamento, independentemente da forma como é apresentado:</p><p>em papel, em arquivo, em vídeo, etc.</p><p>Num primeiro momento, deve-se analisar a autenticidade do documento, que vem da garantia da</p><p>originalidade do seu conteúdo. Veri�ca-se a sua procedência e identi�ca-se a possibilidade de</p><p>que seja modi�cado, desvinculado ou reutilizado em outro local.</p><p>Em seguida, é preciso analisar a sua consistência, ou seja, se há suporte material ou algum fato</p><p>que o tenha gerado. Ele não pode ser alvo de adulteração ou cancelamento e, caso isso</p><p>aconteça, tais eventos devem ser detectados.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Dentro da perícia, a análise documental é utilizada para garantir a autenticidade da informação</p><p>nos meios judiciais e/ou extrajudiciais e impedir que as fraudes aconteçam. É um procedimento</p><p>que usa técnicas capazes de identi�car, de forma segura, se houve adulterações em textos e</p><p>constatar, até mesmo, se houve coação no momento da escrita.</p><p>Atualmente, o documento não é apresentado apenas por meio de papel. Temos observado, cada</p><p>vez mais, a exibição das informações por meio eletrônico, em função da rapidez no trânsito de</p><p>dados, trazendo aos meios empresariais a redução de espaços físicos e a diminuição dos custos</p><p>operacionais.</p><p>No entanto, essa alteração de suporte também deve satisfazer o mesmo grau de segurança dos</p><p>documentos em papel. A partir da aplicação de recursos técnicos, também é necessário</p><p>assegurar a consistência e a procedência da informação.</p><p>_______</p><p>� Re�ita</p><p>A tecnologia e os estudos sobre as análises documentais têm avançado muito, mas os</p><p>falsi�cadores também vêm se aperfeiçoando.</p><p>Diante disso, cabe ao perito manter-se capacitado, a �m de estar sempre um passo à frente dos</p><p>fraudadores e, assim, tentar inibir e minimizar todos os estragos.</p><p>_______</p><p>A perícia documental se inicia a partir da identi�cação do formato em que os dados são</p><p>apresentados: em papel ou de modo digital.</p><p>Começaremos descrevendo o processo a partir do documento digital, que pode ser exibido</p><p>de</p><p>forma estruturada (arquivos em XML, sistema integrado ERP, etc.) ou de forma não estruturada</p><p>(e-mails, planilhas, vídeos ou áudios, etc.).</p><p>Depois de identi�car o documento e a forma pela qual é exposto, o próximo passo é a sua</p><p>preservação, com o isolamento e a proteção da informação. A coleta acontece respeitando a</p><p>cadeia de custódia e a veri�cação da integridade da informação, para assegurar que os dados</p><p>não se alterem durante a manipulação do perito. Nesse momento, são utilizadas técnicas de</p><p>analytics para que se respeite a extração dos dados, a preservação dos metadados e a</p><p>recuperação do que foi deletado.</p><p>_______</p><p>Lembre-se</p><p>Analytics são análises e raciocínios sistemáticos aplicados a diversos negócios ou</p><p>departamentos, gerados para uma tomada de decisão. É um conceito entendido como um ramo</p><p>do Business Intelligence (BI).</p><p>_______</p><p>O planejamento de uma perícia documental digital deve considerar os seguintes passos:</p><p>1. Entendimento do caso e de�nição do escopo do trabalho: início do planejamento do</p><p>trabalho pericial.</p><p>2. Mapeamento de dados e sistemas: entendendo se eles são estruturados ou não</p><p>estruturados.</p><p>3. Planejamento da coleta: de�nindo qual tecnologia e quais técnicas devem ser aplicadas</p><p>durante uma investigação.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>4. Preservação e recebimento de custódia: identi�cando quem disponibilizou os dados e</p><p>como as evidências foram manuseadas.</p><p>5. Documentação: identi�cando as características das evidências coletadas e os dados do</p><p>servidor de dados.</p><p>�. Imagem forense: identi�cando as características da imagem gerada (data, horário, servidor,</p><p>forma de acesso) e os softwares utilizados.</p><p>7. Validação da coleta: veri�cando a integridade e a legibilidade da informação.</p><p>�. Devolução da custódia: mantendo-a na análise apenas pelo tempo necessário.</p><p>Revisão de documentos I</p><p>Durante a revisão dos documentos e a partir de dados não estruturados, deve-se ter especial</p><p>atenção ao tentar reduzir a quantidade de informações coletadas, que chegam de formas</p><p>dispersas, para que evidências importantes não passem despercebidas. O processo também</p><p>deve envolver a organização dos documentos, a revisão (que deve seguir um protocolo</p><p>prede�nido) e o acompanhamento da revisão, com a aplicação de técnicas de veri�cação de</p><p>qualidade.</p><p>Por meio dos dados estruturados, devem-se analisar todas as camadas dos sistemas que a</p><p>companhia utiliza, com a aplicação de testes de integridade, documentais, sistêmicos e de</p><p>hipóteses. Os testes de integridade têm como propósito identi�car se existem diferenças com</p><p>relação aos valores movimentados entre todos os sistemas e se há justi�cativas plausíveis para</p><p>possíveis divergências.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Dentro dos sistemas, é preciso veri�car se existem políticas de conciliação entre os módulos ou</p><p>sistemas adotados pela empresa e se os controles externos indicam os mesmos valores</p><p>encontrados nos sistemas.</p><p>Nos testes documentais, torna-se necessário checar se as quantidades de registros são iguais às</p><p>quantidades coletadas e se os totais vistos nas telas são os mesmos vistos nos arquivos</p><p>coletados.</p><p>Por último, devem-se desenvolver os testes de hipóteses, que buscam anomalias e padrões na</p><p>qualidade dos dados, a partir da aplicação de técnicas estatísticas.</p><p>A perícia documental, ou documentoscopia, costuma ser utilizada tomando como base</p><p>documentos em papel e envolve:</p><p>A análise de assinaturas, documentos e textos, fazendo o reconhecimento por meio da</p><p>comparação das escritas (grafoscopia).</p><p>A identi�cação de modi�cações feitas em documentos, como substituições, emendas,</p><p>raspagens, rasuras, entre outros tipos de alterações.</p><p>A comprovação de que o documento foi escrito por meio de coação, a partir de</p><p>modi�cações na escrita causadas por efeitos de coação, doenças e até mesmo uso de</p><p>drogas.</p><p>A recuperação de documentos dani�cados que estejam molhados, raspados e até mesmo</p><p>queimados, identi�cando textos cobertos por líquidos corretores ou tintas.</p><p>A identi�cação de fraudes a partir da veri�cação de assinaturas, analisando se houve</p><p>substituição de folhas encadernadas, se a escrita foi feita com tinta invisível, etc.</p><p>_______</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>_______</p><p>O fato é que, independentemente da forma como a informação se apresenta, seja em papel ou</p><p>via digital, sempre que existe algum indício de fraude, o processo de investigação deve passar,</p><p>obrigatoriamente, pela análise documental.</p><p>Vejamos, a seguir, alguns exemplos de esquemas de fraudes e os testes recomendados para</p><p>cada um deles, de acordo com a EY Forensics Academy (2022).</p><p>Receitas �ctícias: ocorrem por meio do registro de vendas de produtos ou serviços que não</p><p>aconteceram. Envolvem frequentemente o registro de clientes falsos, mas também podem ser</p><p>oriundas do registro de receitas falsas (de transações que nunca existiram) atribuídas a clientes</p><p>verdadeiros.</p><p>Testes recomendados:</p><p>1. A perícia deverá buscar as evidências da receita, analisando ordens de vendas, contratos</p><p>assinados entre as partes, comprovantes de recebimentos e a locação em centros de</p><p>custos.</p><p>2. A perícia deverá analisar as contas a receber, na tentativa de conciliar as receitas com os</p><p>clientes para identi�car inconsistências.</p><p>3. A perícia deverá analisar as receitas versus controles gerenciais da empresa, investigando</p><p>a mensuração dos serviços prestados e/ou do custo da mercadoria/produto vendido para</p><p>também identi�car inconsistências.</p><p>4. A perícia deverá analisar os estoques da empresa, analisando os inventários, os controles</p><p>de estoques, etc., buscando confrontar com as receitas apresentadas.</p><p>O que normalmente chama a atenção do perito:</p><p>Uma quantidade de contas a receber vencidas descomunalmente grande.</p><p>Transações signi�cativas, fora do curso usual de negócios, e com partes relacionadas ou</p><p>entidades que não sejam auditadas.</p><p>Contas a receber pendentes de clientes difíceis ou impossíveis de se identi�car.</p><p>Volume de vendas signi�cativo para entidades cujos sócios/objeto social sejam</p><p>desconhecidos.</p><p>Alto volume de cancelamentos.</p><p>Revisão de documentos II</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Diferenças temporais: trata-se do deslocamento de receitas ou despesas ao longo do tempo, de</p><p>modo a manipular o resultado. Envolve o income smoothing ou o “gerenciamento dos</p><p>resultados”.</p><p>Testes recomendados:</p><p>1. A perícia deverá fazer análises temporais das receitas versus �uxos de caixa, para</p><p>identi�car possíveis inconsistências.</p><p>2. A perícia deverá analisar os controles gerenciais, com o objetivo de acompanhar a evolução</p><p>das receitas e das despesas.</p><p>3. A perícia deverá analisar os documentos que suportaram os registros contábeis, como os</p><p>contratos �rmados entre as partes (que determinavam as condições comerciais), as notas</p><p>�scais, os comprovantes de pagamentos e os boletins de medição.</p><p>O que normalmente chama a atenção do perito:</p><p>Crescimento rápido ou não usual da lucratividade.</p><p>Geração negativa de �uxo de caixa operacional associada a reportes de crescimento em</p><p>receita.</p><p>Transações signi�cativas, fora do curso usual de negócios, e próximas do �nal do período,</p><p>levando a questionamentos sobre sua essência.</p><p>Crescimento não usual da margem bruta.</p><p>Avaliação indevida de ativos: ocorre por meio da manipulação dos valores de ativos,</p><p>normalmente com o objetivo de in�ar ativos do balanço ou melhorar indicadores</p><p>�nanceiros.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Testes recomendados:</p><p>1. O perito deverá analisar as contas a receber, fazendo a circularização de clientes (com o</p><p>envio de solicitação de informações sobre os valores em aberto), recalculando as Perdas</p><p>Estimadas para Crédito de Liquidação Duvidosas (PECLD) e aplicando os testes de</p><p>liquidação.</p><p>2. O perito deverá analisar os estoques, buscando recalcular as perdas de itens obsoletos, e</p><p>analisar os documentos que comprovam a aquisição dos estoques.</p><p>3. O perito deverá analisar todo o imobilizado da empresa, identi�cando</p><p>os laudos de</p><p>avaliação e o inventário físico dos ativos imobilizados, além de veri�car documentos que</p><p>comprovam a aquisição desses bens, como os pedidos de compras, as notas �scais e os</p><p>comprovantes de pagamentos.</p><p>O que normalmente chama a atenção do perito:</p><p>Superavaliação das contas a receber por estimativa inadequada da PECLD.</p><p>Quantidade de contas a receber vencidas de forma descomunal.</p><p>Vendas para clientes com restrições e/ou inaptos.</p><p>Avaliação inadequada do custo dos estoques.</p><p>Inexistência física dos estoques.</p><p>Inexistência física de ativos imobilizados.</p><p>Depreciação acumulada subavaliada por erro de cálculo.</p><p>Inadequação de balanceamento de saldo decorrente da classi�cação de curto e longo</p><p>prazo.</p><p>Omissão de passivos e despesas: meio de melhorar o resultado de uma demonstração</p><p>�nanceira. Normalmente, é a fraude mais difícil de se detectar, pois, como são dados omitidos,</p><p>costuma não deixar traços.</p><p>Testes recomendados:</p><p>1. O perito deverá comparar a variação do �uxo de caixa, considerando tendências de receitas</p><p>e despesas.</p><p>2. O perito deverá analisar a variação da margem dos prazos médios de pagamentos (Days</p><p>Payable Outstanding – DPO) das obrigações.</p><p>3. O perito deverá revisar todas as transações ocorridas após o período �nal das</p><p>demonstrações �nanceiras.</p><p>4. O perito deverá analisar todos os documentos que comprovam as despesas e as</p><p>obrigações da empresa, como notas �scais e comprovantes de pagamentos.</p><p>O que normalmente chama a atenção do perito:</p><p>Geração negativa e recorrente de �uxo de caixa operacional, mesmo reportando</p><p>crescimento em receita.</p><p>Ativos, passivos, receitas ou despesas baseados em estimativas que envolvam julgamento</p><p>subjetivo ou premissas difíceis de se embasar.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Participação/preocupação excessiva da administração não �nanceira nas decisões</p><p>contábeis (princípios e estimativas).</p><p>Crescimento incomum na margem bruta ou excessivo em relação a parâmetros da</p><p>indústria.</p><p>Diminuição incomum do número de DPO em comparação aos concorrentes.</p><p>Divulgações indevidas: princípios contábeis requerem que sejam divulgadas todas as</p><p>informações relevantes ao negócio de uma organização, o que é suscetível a subjetividade e</p><p>manipulação.</p><p>Testes recomendados:</p><p>1. O perito deverá analisar todas as atas de reuniões ocorridas após a data de encerramento</p><p>do exercício até a data de publicação das demonstrações contábeis.</p><p>2. O perito deverá observar os eventos subsequentes, como os pagamentos e os</p><p>recebimentos emitidos entre as datas do encerramento do exercício e da publicação das</p><p>demonstrações.</p><p>3. O perito deverá analisar a carta da administração aos auditores e a declaração de</p><p>anticorrupção.</p><p>4. O perito deverá analisar todos os contratos mútuos e os documentos que suportam as</p><p>transações entre partes relacionadas.</p><p>O que normalmente chama a atenção do perito:</p><p>Administração dominada por uma pessoa ou grupo pequeno, sem que haja controles que</p><p>compensem esse fato.</p><p>Supervisão inefetiva do comitê de auditoria.</p><p>Políticas de integridade ine�cazes ou sem a devida execução.</p><p>Transações complexas pós-fechamento do exercício.</p><p>Transações signi�cativas com partes relacionadas fora do curso usual de negócios.</p><p>Incidência de contas bancárias, �liais e movimentação em paraísos �scais.</p><p>Estrutura organizacional complexa, envolvendo entidades incomuns aos negócios.</p><p>_______</p><p>� Exempli�cando</p><p>A companhia brasileira Via Varejo, proprietária de empresas como Ponto Frio, Casas Bahia, etc.,</p><p>encontrou evidências de fraudes contábeis em suas demonstrações �nanceiras referentes ao 4º</p><p>trimestre de 2019, o que resultou em um impacto de R$ 1,19 bilhão nas despesas do resultado e</p><p>na consequente diminuição do seu lucro.</p><p>Do montante total, R$ 1 bilhão se referia a provisões para contingências de processos</p><p>trabalhistas e R$ 76 milhões, à baixa/depreciação de ativos �xos fora da competência. O</p><p>esquema de fraude utilizado pela empresa se referiu a “diferenças temporais”. Caso você queira</p><p>saber mais detalhes sobre o assunto, faça a leitura do texto indicado a seguir. Para acessar o</p><p>material, consulte o link disponível nas Referências desta aula.</p><p>CONCLUSÃO da investigação independente. Via Varejo S.A., São Caetano do Sul, 25 mar. 2020.</p><p>_______</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>O perito, ao elaborar o seu relatório (parecer pericial contábil), deverá adotar os mesmos critérios</p><p>utilizados na formulação de um laudo pericial contábil, mantendo a estrutura indicada na NBC TP</p><p>01 (BRASIL, 2015). Sua linguagem, durante a descrição dos fatos analisados, deverá ser simples,</p><p>clara e objetiva, não se esquecendo de que o objetivo principal do trabalho é elucidar</p><p>inconsistências contábeis.</p><p>Conclusão</p><p>Vamos retomar o caso hipotético que sua equipe está investigando?</p><p>Um funcionário da empresa MN Corporação está supostamente alterando o código de barras de</p><p>boletos emitidos pelos fornecedores. Além disso, ele ainda gera, possivelmente, dois</p><p>pagamentos para cada boleto adulterado, de modo que um valor vai para a conta do fornecedor e</p><p>o outro, para a conta de empresas relacionadas ao funcionário.</p><p>Com base nos fatos, sua equipe precisa analisar diversos documentos para evidenciar cada uma</p><p>das alegações, começando com:</p><p>Análise das obrigações, como veri�cação das notas �scais recebidas dos fornecedores, dos</p><p>boletos emitidos pelos fornecedores, dos comprovantes dos pagamentos efetuados pela</p><p>empresa. Tal análise tem como objetivo identi�car se há evidências documentais dos</p><p>pagamentos em duplicidade, além de promover o acompanhamento da movimentação �nanceira</p><p>de cada fornecedor ao longo do tempo e do volume de compras por fornecedor.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Análise dos controles �nanceiros da empresa, como �uxo de caixa, movimentação bancária, etc.</p><p>Esse processo tem a intenção de confrontar os controles �nanceiros com as informações</p><p>contábeis e identi�car possíveis divergências com os pagamentos efetuados pela corporação.</p><p>Circularização bancária: tal procedimento tem como objetivo identi�car se as informações</p><p>bancárias estão em consonância com a contabilidade e detectar possíveis divergências.</p><p>Circularização de fornecedores: busca identi�car o montante das compras efetuadas pela</p><p>empresa e detectar possíveis inconsistências com a contabilidade.</p><p>Análise do sistema operacional utilizado pela empresa no seu processo de contabilização: tem a</p><p>intenção de identi�car as transações efetuadas e o(s) autor(es) envolvidos em cada transação.</p><p>Videoaula: Perícia documental</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Videoaula sobre Perícia documental.</p><p>Aula 3</p><p>Perícia empresarial</p><p>Introdução da aula</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Qual é o foco da aula?</p><p>Nesta aula, trabalharemos com as perícias empresariais, compreendendo o que são e como</p><p>podem ajudar os empresários.</p><p>Objetivos gerais de aprendizagem</p><p>Ao �nal desta aula, você será capaz de:</p><p>debater sobre a importância da tomada de decisões pela contabilidade;</p><p>analisar as metodologias mais utilizadas para avaliar processos;</p><p>descrever sobre o que é empresa e pericia empresarial.</p><p>Situação-problema</p><p>Agora que já conhecemos todo o processo de fraude contábil, suas características e formas de</p><p>atuação do auditor e do perito, vamos entender mais detalhes sobre a perícia empresarial?</p><p>Nesta aula, trabalharemos com as perícias empresariais, compreendendo o que são e como</p><p>podem ajudar os empresários. Então, nesse contexto, suponha que você tenha sido contratado</p><p>como assistente técnico da empresa InterAmericana Ltda. para elaborar alguns quesitos sobre</p><p>um processo judicial em que a corporação está envolvida.</p><p>Ocorre que a empresa InterAmericana celebrou um contrato para a prestação de serviços</p><p>elétricos à organização TeleAtendimento S.A. em 20 de dezembro de 2017, no valor total de R$</p><p>10.400.000,00</p><p>e vigência de 01/01/2018 a 31/12/2021. As empresas optaram pela renovação</p><p>automática do contrato, caso não haja manifestação expressa de alguma das partes.</p><p>Em setembro de 2020, a empresa TeleAtendimento optou por rescindir a relação comercial sem</p><p>pagamento de qualquer multa contratual, ainda que prevista em contrato, alegando potenciais</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>irregularidades na execução do contrato, impetrando uma ação judicial contra a corporação</p><p>InterAmericana, com pedido de indenização.</p><p>Sabe-se que a empresa InterAmericana está localizada na cidade de São Paulo e vinha</p><p>executando os serviços na cidade do Rio de Janeiro, onde precisou admitir 497 funcionários para</p><p>o desenvolvimento do trabalho contratado. Além disso, ao longo dos anos, a empresa</p><p>TeleAtendimento repassou mais e mais trabalho para a InterAmericana, de modo que esta deixou</p><p>de prestar serviços para outros clientes, tornando-se “quase exclusiva” da TeleAtendimento.</p><p>Como assistente técnico, você deverá elaborar alguns quesitos que serão respondidos pelo</p><p>perito judicial nomeado nesse processo. Seu trabalho é formular questões que busquem elucidar</p><p>algumas divergências do litígio e, o mais importante, tentar identi�car o valor da perda ocorrida.</p><p>A quantidade de quesitos depende muito da demanda que precisa ser analisada. É importante</p><p>ressaltar que o assunto envolve a apuração dos fatos e a mensuração da perda.</p><p>Então, vamos lá?</p><p>A tomada de decisão</p><p>Primeiramente, é importante salientar, mais uma vez, que a contabilidade é uma área que auxilia</p><p>na tomada de decisão em diversas esferas: não somente em processos penais e criminais</p><p>(como já estudamos anteriormente), mas também no deslinde de questões de cartões de crédito,</p><p>capitação de juros, etc., em processos cíveis de operações com cheque especial, em</p><p>procedimentos administrativos oriundos do Ministério Público ou quando a matéria discutida for</p><p>de natureza trabalhista.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>A perícia contábil também é utilizada em assuntos que versam sobre avaliação de sociedades e</p><p>apuração de haveres, em processos de falências e recuperação de empresas, no âmbito</p><p>tributário, sobre matéria patrimonial, em contratos de �nanciamento e em erros na contabilidade</p><p>das organizações.</p><p>Estudos demonstram, ainda, sua aplicação na contabilidade ambiental, em ações no sistema</p><p>�nanceiro de habitação, em revisão de contratos, em assuntos sobre a desoneração da folha de</p><p>pagamento, assim como nas ações de lucros cessantes, de apropriação indébita previdenciária,</p><p>nos processos de recuperação judicial, em perícias atuariais e em varas de família, nas quais é</p><p>possível observar o contador auxiliando os juízes em decisões sobre pensão alimentícia quando</p><p>o réu possui uma empresa.</p><p>Além disso, o trabalho pericial não se restringe à esfera judicial, uma vez que o contador pode</p><p>atuar como perito assistente em demandas extrajudiciais e arbitrais – também extrajudiciais</p><p>segundo classi�cação do CFC. Mais recentemente, alguns estudos apontaram a semelhança</p><p>entre a contabilidade forense e a perícia contábil.</p><p>Logo, trata-se de uma área bastante rica e complexa, exigindo do perito contador capacitações</p><p>constantes, em busca de aperfeiçoamento.</p><p>PERÍCIA EMPRESARIAL</p><p>De acordo com o conceito econômico do Código Civil, empresa é o exercício, realizado pelo</p><p>empresário, de atividade econômica organizada para a produção de bens e serviços para o</p><p>mercado.</p><p>Independentemente de sua forma jurídica, isto é, seja uma associação, uma fundação, uma</p><p>organização religiosa, um partido político ou sociedades simples e empresárias (empresa</p><p>limitada – unipessoal ou não –, sociedade anônima, cooperativa, etc.), o fato é que, a partir da</p><p>globalização e, consequentemente, do aumento da competitividade, mais e mais empresas vêm</p><p>precisando repensar seus modelos de negócios, em busca de inovações e da otimização de</p><p>qualidade e resultados, sejam eles �nanceiros ou não.</p><p>Novas oportunidades estão surgindo a todo momento e, com elas, novas formas de realizar</p><p>negócios, com a utilização de recursos tecnológicos modernos e ferramentas inovadoras de</p><p>relacionamento com os clientes, fornecedores, funcionários, acionistas e comunidade.</p><p>Diante desse ambiente cada vez mais competitivo, as empresas precisam efetuar mudanças</p><p>estruturais profundas, na tentativa de trazer uma maior �exibilização e agilidade ao</p><p>desenvolvimento de novos produtos e serviços, buscando recon�gurar totalmente os seus</p><p>modelos de negócios, sob pena de não sobreviverem.</p><p>Vejamos, então, alguns desa�os do mundo corporativo e a consequente ajuda que a perícia</p><p>contábil concede frente a isso.</p><p>Disputas contratuais: normalmente envolvem a violação ou a inobservância de cláusulas</p><p>contratuais, o que frequentemente, por falta de consenso, pode levar a disputas extrajudiciais ou</p><p>judiciais.</p><p>Na área cível, podemos encontrar problemas relacionados a contratos de empréstimos ou de</p><p>�nanciamentos envolvendo taxas de juros não cumpridas, por exemplo, o que conduz os</p><p>consumidores à justiça, tendo os bancos e outras instituições �nanceiras como réus. Essas</p><p>ações podem ter como objeto a revisão contratual, quando o perito é levado a aplicar as</p><p>cláusulas relacionadas ao contrato com o propósito de identi�car se a taxa de juros empregada é</p><p>realmente aquela contratada.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Como consequência, valores de parcelas mensais poderão ser ajustadas e o próprio banco</p><p>poderá ser responsabilizado por praticar o anatocismo.</p><p>_______</p><p>� Assimile</p><p>Anatocismo é o termo jurídico que de�ne a cobrança de juros sobre juros, que normalmente está</p><p>associada à prática de mercado de aplicação de juros compostos em obrigações contraídas a</p><p>prazo, oriundos de contratos �rmados com instituições �nanceiras.</p><p>É importante esclarecer que a aplicação de juros compostos é uma prática lícita. O ilícito é a</p><p>cobrança de juros sobre o montante de juros não pagos no mês anterior, o que caracteriza o</p><p>anatocismo, este, sim, considerado uma prática ilegal.</p><p>_______</p><p>Apuração de haveres: os termos fusão, incorporação e cisão são operações de natureza jurídica</p><p>pelas quais as sociedades são modi�cadas formalmente, conforme a regulamentação dada pela</p><p>Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Por conta dessas reorganizações societárias, tornou-se</p><p>fundamental o conhecimento de metodologias que permitam avaliar o valor de uma empresa.</p><p>Além disso, em casos de dissolução de sociedade, na saída de um ou mais sócios, ou apenas</p><p>como um indicador estratégico para avaliar os intangíveis (marca, capital intelectual, etc.), é</p><p>importante conhecer os conceitos e as técnicas para se avaliar uma empresa, ou seja, deve-se ter</p><p>domínio sobre o processo de apuração de haveres.</p><p>Fusão: é a operação pela qual duas ou mais sociedades se unem para formar uma sociedade</p><p>nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações (art. 228 da Lei nº 6.404/76).</p><p>Incorporação: é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhe</p><p>sucede em todos os direitos e obrigações (art. 227 da Lei nº 6.404/76).</p><p>Cisão: é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou</p><p>mais sociedades, constituídas para esse �m ou já existentes, extinguindo-se a companhia</p><p>cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, e dividindo-se o seu capital, se a versão for</p><p>parcial (art. 229 da Lei nº 6.404/76).</p><p>Em reunião ou assembleia dos sócios de cada sociedade, após a deliberação das respectivas</p><p>modi�cações e da aprovação do projeto do ato constitutivo das novas sociedades, bem como</p><p>dos planos de distribuição do capital social, serão nomeados os peritos para a avaliação do</p><p>patrimônio das sociedades. Caberá à CVM estabelecer normas especiais de avaliação e</p><p>contabilização aplicáveis a operações que envolvam companhia aberta.</p><p>Existem diferentes métodos para mensurar o valor de uma empresa (valuation), porém nenhum é</p><p>capaz de representar o valor exato, uma vez que são utilizados, como base, hipóteses</p><p>comportamentais</p><p>do ambiente em que a corporação está inserida, sempre resultando em um</p><p>valor aproximado.</p><p>_______</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Métodos de avaliação I</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Cada processo avaliativo possui características próprias, sendo que a qualidade dos dados e</p><p>informações apresentados será fundamental para a compreensão do fato em si e do objetivo da</p><p>avaliação.</p><p>As metodologias mais utilizadas são:</p><p>Método da avaliação patrimonial: possibilita três tipos de mensuração: método de avaliação</p><p>patrimonial contábil (baseado nas informações contidas no balanço patrimonial), método de</p><p>avaliação patrimonial de mercado (a partir da valoração dos ativos e passivos da empresa a</p><p>valores de realização no mercado) e método de liquidação, abordagem adotada quando o</p><p>comprador está interessado apenas nas instalações físicas e itens do capital de giro (e não na</p><p>sua capacidade de gerar �uxos de caixa no futuro).</p><p>Método pelo valor de bolsa: utilizado quando a empresa possui ações negociadas em bolsa de</p><p>valores. O valor de mercado total da corporação pode ser obtido pela multiplicação da</p><p>quantidade de ações em circulação versus o seu valor de mercado.</p><p>Método dos múltiplos: método que estima o valor de uma empresa por meio da aplicação de um</p><p>fator de referência baseado em organizações que atuam no mesmo segmento e que já foram</p><p>avaliadas, ou seja, apoia-se na forma como seus pares são preci�cados no mercado.</p><p>Método do �uxo de caixa descontado: abordagem bem mais complexa, é o principal método</p><p>aplicado ao valuation, pois avalia o valor de mercado de uma empresa a partir das expectativas</p><p>de geração de caixa no futuro, descontadas por uma taxa de atratividade e o risco associado ao</p><p>investimento. É muito utilizado por bancos de investimentos, consultorias e empresários que</p><p>querem calcular o valor de uma corporação, seja para �ns internos, de análise de investimentos,</p><p>ou para fusões e aquisições.</p><p>Obrigações contratuais: um contrato é um negócio jurídico que só tem validade se for celebrado</p><p>com o consentimento de pessoas capazes, em conformidade com a ordem legal, com objeto</p><p>lícito e possível de ser determinado, e obedecer à forma prescrita pela lei. Ou seja, a forma não</p><p>pode ser proibida por qualquer legislação. Sempre que o descumprimento contratual resultar em</p><p>perdas ou danos para uma das partes, a outra parte (a que ocasionou o dano, seja por ação ou</p><p>omissão, por culpa ou dolo) deverá reparar o prejuízo ocasionado, que abrange os danos</p><p>emergentes e os lucros cessantes.</p><p>Alguns contratos costumam prever cláusulas limitando as responsabilidades em caso de danos;</p><p>outros inserem cláusulas classi�cando tais danos como diretos, indiretos, eventuais,</p><p>consequenciais, etc. O fato é que de�nir o valor do dano, mensurando todos os riscos e possíveis</p><p>prejuízos em caso de sinistro, acaba se tornando difícil em razão da subjetividade envolvida no</p><p>processo, gerando interpretações diversas.</p><p>Invariavelmente, os problemas se encerram nos meios judiciais, em que a prova pericial terá</p><p>suma importância no momento da decisão, justamente porque conseguirá apurar a extensão do</p><p>dano ocorrido e determinar a responsabilidade civil pelo não cumprimento das cláusulas</p><p>contratuais.</p><p>_______</p><p>� Exempli�cando</p><p>Dano emergente: é o prejuízo sofrido diretamente pelo fato ocorrido (dano direto), cuja</p><p>indenização deve abranger tudo aquilo que o lesado tenha perdido, ou seja, o valor �nanceiro da</p><p>redução patrimonial. Exemplo: a quebra de um contrato pode gerar, imediatamente, a perda de</p><p>uma receita esperada para uma empresa.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Dano consequencial: é o dano indireto, ou seja, o prejuízo ocorrido como consequência do dano</p><p>direto sofrido. Exemplo: após a perda de uma receita esperada, uma empresa pode ter que arcar</p><p>com mais perdas, caso tenha que demitir seus funcionários em função da quebra do contrato.</p><p>_______</p><p>Lucros cessantes: quando uma empresa sofre algum evento danoso provocado por um</p><p>imprevisto, decorrente de culpa, negligência, imperícia ou omissão de terceiros, ela deverá</p><p>estimar o montante de resultados econômicos que foram perdidos. No exemplo da quebra de um</p><p>contrato, com danos emergentes e consequenciais, o lucro cessante seria o valor estimado do</p><p>que a empresa lesada deveria ter lucrado, caso o contrato fosse cumprido integralmente.</p><p>Se já é difícil apurar um dano consequencial, mensurar o valor do lucro cessante pode exigir, a</p><p>partir de um fundamento seguro de um dia típico de trabalho, análises objetivas por parte do</p><p>perito, uma vez que ele não pode abranger ganhos imaginários mediante especulação ou</p><p>alavancagens, para que não haja um enriquecimento indevido. O cálculo normalmente é feito a</p><p>partir de uma projeção simulada quanto ao futuro daquela empresa.</p><p>Métodos de avaliação II</p><p>Análise tributária: a legislação tributária nacional é bastante abrangente e envolve a obrigação</p><p>principal (o recolhimento do tributo) e a obrigação acessória (as informações sobre o</p><p>recolhimento que precisam ser fornecidas aos órgãos �scalizadores), podendo deixar algumas</p><p>empresas de “cabelos em pé”.</p><p>Além disso, são considerados tributos: os impostos, as taxas, as contribuições de melhoria e as</p><p>contribuições especiais. Podemos encontrá-los nas esferas municipal, estadual e federal e, em</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>cada uma delas, há legislações especí�cas que precisam ser seguidas.</p><p>Como se não bastasse, tais legislações passam por mudanças constantes, fazendo com que as</p><p>empresas (e os empresários) se sintam bastante inseguros sobre como proceder para fugir das</p><p>multas e autuações e, o mais importante, como usar essas legislações a seu favor.</p><p>Diante de tantas deliberações do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de</p><p>Justiça (STJ), julgando, decidindo e criando jurisprudências, o trabalho do perito, dentro do</p><p>âmbito extrajudicial, acaba sendo o de oferecer serviços de cálculos e recálculos, de modo que</p><p>as empresas entendam tais mudanças e usufruam dos seus benefícios. No âmbito judicial, o</p><p>perito auxilia advogados em ações ajuizadas, fornecendo planilhas que façam valer todos os</p><p>direitos empresariais.</p><p>_______</p><p>� Re�ita</p><p>Em 2018, o STF �rmou o entendimento de que o ICMS não pode compor a base de cálculo do PIS</p><p>e da Co�ns, uma vez que representa uma receita do Estado, e não um faturamento da empresa.</p><p>Desse modo, o valor do ICMS destacado na nota �scal para simples registro contábil, não deve</p><p>ser incluído na base de cálculo PIS/Co�ns.</p><p>A mesma interpretação vem sendo discutida quanto à exclusão do ISS da base de cálculo do PIS</p><p>e da Co�ns.</p><p>_______</p><p>Liquidação de sentença: é o procedimento de cálculo do valor líquido de uma sentença quando já</p><p>há uma decisão tomada, mas ainda sem �xação do montante devido.</p><p>Geralmente, uma sentença já é líquida e estabelece limites em extensão da obrigação que deverá</p><p>ser paga, mas, em alguns momentos, isso não acontece, principalmente em função da</p><p>complexidade de se mensurar tal valor ou até mesmo o valor condenatório.</p><p>Nesses casos, poderemos encontrar duas fases de discussão: a primeira é a de instrução,</p><p>também chamada de fase de conhecimento de causa, na qual a discussão tem o objetivo de</p><p>veri�car se há ou não a procedência do mérito; e a segunda fase é a de liquidação, em que, após</p><p>uma decisão favorável, discute-se o valor da prestação pecuniária que o condenado deverá</p><p>pagar. O interessante é que poderá haver duas perícias, uma para cada momento.</p><p>O novo Código de Processo Civil estabelece duas modalidades de liquidação de sentença: a</p><p>liquidação por arbitramento (quando o juiz determina, por sentença, a necessidade de liquidação)</p><p>e a liquidação pelo procedimento comum (quando ainda há a necessidade de alegar ou provar</p><p>fatos novos).</p><p>Dentro do âmbito empresarial, a liquidação de sentença pode estar atrelada a processos</p><p>trabalhistas, a processos cíveis, a processos tributários, etc. Como já foi esclarecido, o perito, ao</p><p>elaborar o seu</p><p>relatório (parecer pericial contábil), deverá adotar os mesmos critérios utilizados</p><p>na elaboração de um laudo pericial contábil, preservando a mesma estrutura já mencionada em</p><p>seções de estudo anteriores.</p><p>Além disso, esse pro�ssional também não pode se esquecer de manter uma linguagem simples,</p><p>clara e objetiva, a�nal o principal objetivo de seu trabalho é o de elucidar inconsistências</p><p>contábeis, e nem todos os envolvidos dominam essa técnica. Vale destacar, ainda, que, em caso</p><p>de cálculos, as planilhas devem envolver, da forma mais simples possível, o montante total �nal a</p><p>ser cumprido.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Finalizamos, assim, a última etapa de aprendizagem da importante disciplina Investigação e</p><p>Perícia Criminal: Fraudes Contábeis.</p><p>Espero que você tenha aproveitado cada ensinamento compartilhado e que possa usufruir e</p><p>aproveitar todas as informações presentes neste material em seu dia a dia de trabalho.</p><p>Boa sorte!</p><p>Conclusão</p><p>E então, conseguiu elaborar seus quesitos?</p><p>Estamos diante de um fato bastante comum nas relações empresariais. A quebra do contrato</p><p>(antes do seu encerramento) tornou a empresa InterAmericana insolvente, uma vez que ela</p><p>dependia, quase exclusivamente, daquele serviço para sobreviver. Além disso, a corporação</p><p>estava prestando serviços fora da sua sede e tinha em seu ambiente laboral 497 funcionários</p><p>que �caram sem trabalho.</p><p>Você, como assistente técnico dessa empresa, precisou elaborar quesitos que deverão ser</p><p>respondidos pelo perito judicial nomeado no processo judicial, tentando identi�car as</p><p>divergências envolvidas na relação contratual e o valor da perda ocorrida.</p><p>Para começar, você deve identi�car o que dispõem as cláusulas contratuais sobre quebra de</p><p>contrato, motivos que ensejam a quebra de contrato e os valores de indenização, em caso de</p><p>quebra de contrato. Observe, a seguir, um exemplo de quesito:</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Pode o Ilustre Perito esclarecer o que estabelece o contrato de prestação de serviços no</p><p>que se refere à quebra de contrato, como motivos que ensejam a rescisão antecipada e os</p><p>valores das multas envolvidas?</p><p>Num segundo momento, será necessário veri�car se realmente houve potenciais irregularidades</p><p>na execução do contrato, conforme alega a empresa TeleAtendimento. Exemplos de quesitos:</p><p>Pode o Ilustre Perito identi�car se há evidências de irregularidades na execução do</p><p>contrato? Em caso positivo, quais foram as irregularidades apuradas e em que período elas</p><p>ocorreram?</p><p>Caso tenha sido apurada irregularidade, pode o Ilustre Perito identi�car o montante</p><p>avaliado?</p><p>Caso tenha sido apurada irregularidade, pode o Ilustre Perito identi�car quem foram os</p><p>indivíduos envolvidos?</p><p>E, para �nalizar, você deve identi�car quais foram os danos e o consequente valor da perda</p><p>envolvidos na quebra do contrato. Exemplos de quesitos:</p><p>Pode o Ilustre Perito apurar o valor do faturamento mensal somado aos tributos envolvidos,</p><p>por conta dos serviços prestados à TeleAtendimento, após análise dos livros obrigatórios,</p><p>escrituração mercantil e documentos da InterAmericana?</p><p>Pode o Ilustre Perito apurar o valor das penalidades/descontos aplicados pela</p><p>TeleAtendimento e por ela não pagos?</p><p>Pode o Ilustre Perito apurar o valor dos custos de mão de obra direta, indireta, horas extras,</p><p>encargos sociais e benefícios suportados pela InterAmericana por conta dos serviços prestados</p><p>à TeleAtendimento?</p><p>Pode o Ilustre Perito apurar o valor dos custos com equipamentos/veículos, gastos</p><p>diversos no canteiro de obras, despesas com fornecedores, subcontratações, encargos</p><p>�nanceiros e custos administrativos e operacionais por conta dos serviços prestados à</p><p>TeleAtendimento?</p><p>Pode o Ilustre Perito identi�car o valor dos lucros cessantes ocasionados pela quebra</p><p>contratual antes da sua �nalização?</p><p>Pode o Ilustre Perito identi�car o montante �nal do prejuízo ocasionado à empresa</p><p>InterAmericana depois de apurados todos os valores elencados nos quesitos anteriores?</p><p>Claro que esses são apenas exemplos de quesitos. Os assistentes técnicos são livres para</p><p>elaborar quantos quesitos acharem necessários, atentando-se para o fato de que devem elucidar</p><p>todos os questionamentos envolvidos no processo. Além disso, bons quesitos geram boas</p><p>respostas e, automaticamente, boas re�exões por parte do juiz, que decidirá a demanda.</p><p>Videoaula: Perícia empresarial</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Videoaula sobre Perícia empresarial.</p><p>Referências</p><p>BRASIL. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Diário O�cial</p><p>da União, Rio de Janeiro, 13 out. 1941. Disponível em: https://bit.ly/3L84Mrs. Acesso em: 21</p><p>setembro 2022.</p><p>EY FORENSICS ACADEMY. Investigações forenses: aula 8. Rio de Janeiro: UERJ, 2022a.</p><p>EY FORENSICS ACADEMY. Investigações forenses: aula 9. Rio de Janeiro: UERJ, 2022b.</p><p>EY FORENSICS ACADEMY. Investigações forenses: aula 10. Rio de Janeiro: UERJ, 2022c.</p><p>https://bit.ly/3L84Mrs</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>LARA, W.; GAZZONI, M. Justiça condena 7 ex-executivos do banco Panamericano. G1, 8 fev.</p><p>2018. Disponível em: http://glo.bo/3U3MMSX. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>PAES, A. L. da S. Os desa�os na formação do perito contador do estado do Rio de Janeiro: da</p><p>graduação à inserção no mercado de trabalho. 2019. 166 f. Dissertação (Mestrado em Ciências</p><p>Contábeis) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Administração e Finanças,</p><p>Rio de Janeiro. Disponível em: https://bit.ly/3xhbK7O. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Norma Brasileira de Contabilidade: NBC TP 01 (R1)</p><p>Perícia Contábil. Brasília, DF: Conselho Federal de Contabilidade, 2015. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/2kXUT4l. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>CONCLUSÃO da investigação independente. Via Varejo S.A., São Caetano do Sul, 25 mar. 2020.</p><p>Disponível em: https://tinyurl.com/2ptcdhrp. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>DOCUMENTOSCOPIA e grafotecnia. Associação Portuguesa de Ciências Forenses, [s. d.].</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3L55hCB. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>EY FORENSICS ACADEMY. Investigações forenses: aula 10. Rio de Janeiro: UERJ, 2022.</p><p>SCATOLINI, L. Quase 8 milhões de brasileiros foram vítimas de fraudes no último ano. Agência</p><p>Brasil, 22 nov. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3RVm3Gr. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Diário</p><p>O�cial da União, Brasília, DF: 17 dez. 1976. Disponível em: https://bit.ly/2UqQCGG. Acesso em: 21</p><p>setembro 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário O�cial da União,</p><p>Brasília, DF: 11 jan. 2002. Disponível em: https://bit.ly/3L8LYZ9. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>EXAME de su�ciência. Conselho Federal de Contabilidade, 11 mar. 2022. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/3QGrU1k. Acesso em: 21 setembro 2022.</p><p>http://glo.bo/3U3MMSX</p><p>https://bit.ly/3xhbK7O</p><p>https://bit.ly/2kXUT4l</p><p>https://tinyurl.com/2ptcdhrp</p><p>https://bit.ly/3L55hCB</p><p>https://bit.ly/3RVm3Gr</p><p>https://bit.ly/2UqQCGG</p><p>https://bit.ly/3L8LYZ9</p><p>https://bit.ly/3QGrU1k</p><p>ocorridas.</p><p>Outro ponto importante e que chama a atenção é o pagamento feito a um fornecedor, em apenas</p><p>um mês, no valor de R$200.000,00, em espécie. Tal operação deve ser comunicada ao Coaf por</p><p>ter sido efetuada com um valor acima de R$50.000,00. Conforme estabelece o art. 9º da</p><p>Resolução nº 1.530/2017, a declaração correspondente à referida ocorrência deve ser feita num</p><p>prazo de 24 horas, a contar do momento em que o responsável pela comunicação conclui que a</p><p>operação deve ser comunicada, abstendo-se de dar ciência aos clientes de tal ato. Vale ressaltar</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>que o contador da empresa não realiza a investigação, mas tem o dever de informar o Coaf sobre</p><p>as situações identi�cadas no prazo legal para o órgão �scalizador.</p><p>Diante do contexto apresentado, é possível constatar a responsabilidade do perito no processo</p><p>de investigação dos crimes contra o SFN e a ordem tributária. No caso descrito, a empresa vem</p><p>sendo utilizada para a obtenção de ativos não relacionados à atividade-�m. Percebe-se que os</p><p>valores constantes nas contas patrimoniais são incompatíveis com a aquisição de um bem</p><p>como o iate, cujo valor é expressivo. Entende-se que houve omissão de operações referentes à</p><p>entrada, burlando, assim, o pagamento de tributos sobre a referida omissão. As informações</p><p>podem ensejar crime contra o Sistema Financeiro Nacional, de modo que o caso precisa ser</p><p>investigado.</p><p>Videoaula: Investigação e Perícia Criminal: Fraudes Contábeis</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Videoaula sobre a investigação e Perícia Criminal: Fraudes Contábeis.</p><p>Aula 2</p><p>Instituições �nanceiras</p><p>Introdução</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Qual é o foco da aula?</p><p>Nesta aula, vamos entender o conceito e tipos de instituições �nanceiras.</p><p>Objetivos gerais de aprendizagem</p><p>Ao �nal desta aula, você será capaz de:</p><p>listar os pontos do sistema �nanceiro nacional;</p><p>demonstrar o que são as instituições �nanceiras;</p><p>categorizar a ordem tributária.</p><p>Situação-problema</p><p>Olá, estudante! Como é bom estar com você novamente! Fico feliz com a sua escolha, a�nal você</p><p>entendeu como o conhecimento pode transformar pessoas, e a sua decisão, neste momento,</p><p>demonstra um desejo de melhorar a cada dia, para se tornar um pro�ssional altamente</p><p>quali�cado.</p><p>Vamos dar prosseguimento à nossa jornada de aprendizagem? Fizemos uma pequena parada</p><p>para respirar um pouco e analisar o que foi estudado até aqui. Agora é o momento de retomar a</p><p>viagem e adquirir novos saberes relacionados à nossa disciplina. Vamos lá?</p><p>Para facilitar a compreensão dos conteúdos a serem apresentados, convido você a participar de</p><p>um desa�o. Nele, você deverá pesquisar os diferentes tipos de instituições �nanceiras e, de</p><p>acordo com as características que serão descritas no decorrer desta etapa de estudos, sinalizar</p><p>qual modelo de instituição está sendo abordado. Por �m, você precisará analisar a situação e, em</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>seguida, emitir um parecer justi�cando a sua avaliação. Para o desenvolvimento dessa atividade,</p><p>considere o seguinte contexto:</p><p>André Fernando Fausto está reformando a sua casa e, por meio de uma instituição, realizou um</p><p>contrato de empréstimo no valor de R$10.000,00 (dez mil reais). A instituição �nanceira</p><p>intermediou a transação �nanceira entre André e Maurício Velask, cobrando o valor de R$25,00</p><p>(valor de taxa �ctícia). Considerando a situação apresentada e as informações sobre a</p><p>transação, a qual tipo de instituição �nanceira o caso se refere? Justi�que.</p><p>Conceito de instituição �nanceira</p><p>Nesta aula, trataremos de alguns conceitos importantes para que você possa desenvolver os</p><p>conteúdos que serão propostos posteriormente, na aula 3. Preparados?</p><p>Primeiro, vamos de�nir o que pode ser compreendido como sistema. Para isso, observe a Figura,</p><p>a seguir:</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Sistema. Fonte: Pixabay.</p><p>Perceba que há vários pontos interligados. Para a constituição de um sistema, torna-se</p><p>necessária a integração entre vários pontos, formando, portanto, um conjunto. Observe, ainda,</p><p>que há uma organização entre tais pontos. Logo, é possível concluir que o sistema é o conjunto</p><p>de algo interligado de modo organizado. Diante disso, o Sistema Financeiro Nacional (SFN) pode</p><p>ser entendido como um conjunto de instituições �nanceiras interligadas, no qual, de um lado,</p><p>estão os credores, e de outro, os tomadores de recursos. No entanto, para que haja uma</p><p>harmonização, existem regras estabelecidas, por meio das quais o sistema funciona de forma</p><p>ágil e ordenada.</p><p>Nesse conjunto, existem as instituições que �scalizam, regulam e executam operações</p><p>�nanceiras, movimentam a moeda e efetuam as operações de créditos.</p><p>Veja na �gura, a seguir, a estrutura do Sistema Financeiro Nacional:</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Sistema Financeiro Nacional. Fonte: elaborada pela autora.</p><p>No Sistema Financeiro Nacional, há o órgão normatizador, o supervisor e os operadores. O Banco</p><p>do Brasil, por exemplo, é um executor de operações �nanceiras. Trata-se de um operador do</p><p>sistema �nanceiro porque os bancos oferecem serviços �nanceiros aos seus correntistas, mas,</p><p>para realizar as operações �nanceiras, é preciso seguir regras que são estabelecidas pelo órgão</p><p>normatizador.</p><p>Como é possível visualizar na �gura, no Brasil, o órgão regulador é o Conselho Monetário</p><p>Nacional (CMN), que estabelece as regras e normas acerca de como devem funcionar os</p><p>executores. Tal órgão foi criado para que o País tivesse um progresso econômico e social. Sua</p><p>�nalidade, segundo a Lei nº 4.595, de 1964, é “formular a política da moeda e do crédito” (BRASIL,</p><p>1964, [s. p.]). Mas de que maneira o CMN desempenha esse papel?</p><p>O CMN trabalha de forma orientativa, com zelo, promovendo o aperfeiçoamento das instituições</p><p>�nanceiras e coordenando as políticas internas e externas, sejam elas monetárias, creditícias,</p><p>orçamentárias, �scais ou da dívida pública. Além disso, orienta a aplicação dos recursos das</p><p>instituições �nanceiras, zela pela liquidez e solvência dos operadores �nanceiros.</p><p>Você já ouviu notícias a respeito da limitação das taxas de juros, por exemplo? O CMN assegura</p><p>as melhores taxas para aqueles que realizam investimentos indispensáveis às atividades</p><p>agropecuárias.</p><p>_______</p><p>Assimile</p><p>O Conselho Monetário Nacional tem um papel fundamental na política da moeda e do crédito,</p><p>pois tem foco direcionado ao progresso econômico e social do País. Caso você queira saber</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>mais sobre a criação do Conselho Monetário Nacional, faça a leitura da Lei nº 4.595, de 31 de</p><p>dezembro de 1964.</p><p>BRASIL. Ministério da Economia. Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Estabelece sobre a</p><p>Política e as Instituições Monetárias, Bancárias e Creditícias, Cria o Conselho Monetário Nacional</p><p>e dá outras providências. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 31 dez. 1964.</p><p>________</p><p>O que são as instituições �nanceiras? Toda pessoa jurídica, seja ela pública ou privada, que tenha</p><p>como principal atividade a aplicação ou intermediação de recursos �nanceiros próprios ou</p><p>pertencentes a terceiros, na forma de moeda nacional ou estrangeira, é considerada uma</p><p>instituição �nanceira. Para que possa funcionar, toda instituição �nanceira depende de uma</p><p>autorização prévia do Banco Central do Brasil, caso se trate de uma empresa brasileira. Se for</p><p>uma instituição estrangeira, estará sujeita ao decreto do Poder Executivo.</p><p>O Banco Central do Brasil (BCB) atua como supervisor no Sistema Financeiro Nacional (SFN).</p><p>Nesse contexto, é o BCB quem garante a estabilidade do poder de compra da moeda, além de</p><p>zelar por um sistema competitivo, sólido e e�ciente e de estimular o bem-estar econômico da</p><p>sociedade.</p><p>São tipos de instituições</p><p>do Sistema Financeiro Nacional: os bancos e caixas econômicas,</p><p>cooperativas de créditos, administradoras de consórcios, corretoras e distribuidoras, bolsa de</p><p>valores, bolsas de mercados futuros, corretores de câmbio, instituições de pagamento, �ntechs.</p><p>Banco do Brasil. Fonte: Global Pics.</p><p>O Banco do Brasil, por exemplo, é um agente �nanceiro sob a supervisão do CMN. Nesse cenário,</p><p>tal instituição funciona como um instrumento executor de política creditícia e �nanceira do</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4595.htm</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Governo Federal, possuindo as atribuições de ser um agente pagador e recebedor fora do País,</p><p>executar o serviço da dívida pública consolidada, entre outras elencadas na Lei nº 4.595, de 31 de</p><p>dezembro de 1964.</p><p>O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) atua como agente do</p><p>Governo nas operações de reaparelhamento e estímulo da economia nacional. Um exemplo de</p><p>atividade exercida por essa instituição é o recebimento do depósito de entidades</p><p>governamentais ou autarquias, de sociedades de economia mista nas quais o Governo tem</p><p>maioria das ações, entre outras.</p><p>As instituições públicas fazem parte da política de crédito do Governo Federal e são</p><p>consideradas órgãos auxiliares, cujo principal representante é o Banco Nacional de</p><p>Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As instituições públicas estão sujeitas às regras</p><p>do Conselho Monetário Nacional (CMN), de forma que suas atividades dependem da aprovação</p><p>desse órgão. Já as instituições �nanceiras privadas, excetuando-se as cooperativas de crédito,</p><p>podem ter a participação de capital social em ações preferenciais.</p><p>Para que instituições �nanceiras privadas participem de outras sociedades, a não ser as de</p><p>investimento, deverão obter a autorização do BCB e, obrigatoriamente, precisarão emitir balanço</p><p>duas vezes ao ano: primeiro em 30 de junho e depois em 31 de dezembro de cada ano.</p><p>Perceba, caro estudante, que para funcionar da maneira adequada, as instituições �nanceiras</p><p>devem seguir as regras impostas pelos órgãos reguladores e precisam obter a autorização do</p><p>Banco Central do Brasil para desempenhar atividades �nanceiras.</p><p>_______</p><p>Re�ita</p><p>Uma empresa cuja atividade é a comercialização de alimentos aceita a compra de mercadorias</p><p>com cartão-alimentação. Muitos de seus clientes compram utilizando esse tipo de recurso. Certo</p><p>dia, um dos consumidores estava passando por um período de complicações �nanceiras e</p><p>questionou o proprietário sobre a possibilidade de trocar o valor do cartão por dinheiro. Ou seja, o</p><p>cliente não levaria nenhum produto do mercado.</p><p>O proprietário aceitou a proposta, na condição de que, para efetuar a troca de saldo por dinheiro,</p><p>seriam descontados 10% do valor disponível no cartão. Desde esse episódio, sempre que alguém</p><p>solicitava o mesmo tipo de transação, o dono do mercado fazia a retenção de 10% do valor</p><p>disponível no cartão e entregava o dinheiro ao cliente já com o referido desconto.</p><p>Ordem tributária</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Estudamos, até este momento, sobre o Sistema Financeiro Nacional, mas também é importante</p><p>aprofundar seus conhecimentos sobre a ordem tributária, a�nal, na terceira fase de nossa</p><p>jornada de aprendizagem, vamos analisar crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e a</p><p>ordem tributária.</p><p>Quando tratamos da ordem tributária, é importante destacar dois pontos: o conceito de tributos;</p><p>e o crédito e a obrigação tributária. Pagamos muitos tributos no Brasil, e muitas pessoas, por</p><p>perceber as de�ciências nos serviços prestados pelo Governo, como nos setores de saúde,</p><p>educação e segurança, resolvem burlar as regras para não pagar taxas. Mas o que é tributo?</p><p>O tributo é um valor que deve ser pago obrigatoriamente, ou seja, não há opção de escolha. Deve</p><p>ser pago em dinheiro ou cheque; não há como quitar o valor devido do tributo com outros bens.</p><p>Não se deve confundir tributo com penalidade, por isso não se constitui sanção por ato ilícito.</p><p>Para qualquer tributo cobrado, precisa haver uma lei que determine tal cobrança, bem como o</p><p>fato gerador, que deverá incidir sobre a apuração dos valores a serem recolhidos. A autoridade</p><p>administrativa é que realiza a cobrança, pois trata-se de uma atividade administrativa vinculada.</p><p>O tributo é uma receita computada para o Governo, constituindo-se, portanto, como uma receita</p><p>pública.</p><p>Vamos analisar juntos? Se o tributo enseja pagamento aos cofres públicos, então quem são as</p><p>pessoas envolvidas nessa relação? No direito tributário, chamamos de sujeito ativo e sujeito</p><p>passivo. O sujeito ativo é a pessoa jurídica de direito público que poderá exigir o tributo de acordo</p><p>com a sua competência.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>_______</p><p>Exempli�cando</p><p>Tipos de sujeitos e obrigações durante a tributação</p><p>Empresas que têm funcionários são obrigadas a reter e recolher o imposto de renda dos seus</p><p>colaboradores que se encontram na faixa de tributação. Quem carrega a competência de exigir</p><p>tal tributo da empresa é a Receita Federal. Portanto, caso a organização não realize o repasse do</p><p>tributo, poderá sofrer penalizações pelo descumprimento legal. Nesse caso, o sujeito ativo é a</p><p>Receita Federal. O sujeito passivo é a pessoa que deve pagar o tributo.</p><p>No exemplo adotado aqui, a empresa é o sujeito passivo da relação, pois tem obrigação de</p><p>recolher o tributo. É dessa relação entre os sujeitos que nasce o crédito tributário. Ou seja, sendo</p><p>o tributo algo impositivo, sobre o qual não há poder de escolha, o sujeito ativo impõe ao sujeito</p><p>passivo o pagamento, que é considerado uma obrigação principal. Existe, também, a obrigação</p><p>acessória, que pode ser transformada em principal.</p><p>Omissão de nota �scal</p><p>O mercado LAC vendeu dez sacos de pano de chão. O cliente efetuou o pagamento, porém não</p><p>exigiu nota �scal. A empresa, por sua vez, não emitiu a nota �scal em questão ao �nal do dia, já</p><p>que não foi solicitada pelo consumidor. A emissão da nota �scal é considerada uma obrigação</p><p>acessória. O que ocorre nesse caso? A empresa, por não ter emitido a nota �scal, não recolherá o</p><p>tributo devido da operação sobre a venda. Caso haja uma �scalização por parte do Estado, a não</p><p>emissão da nota ensejará o pagamento de multa, transformando-se, por consequência, em uma</p><p>obrigação principal: a de pagar a multa.</p><p>_______</p><p>E o que podemos dizer sobre a obrigação tributária? Faça, agora, uma breve recapitulação sobre</p><p>os saberes que acabamos de apreender nesta etapa de aprendizagem. Fizemos menção a</p><p>sujeito ativo, sujeito passivo, crédito tributário. Há alguma relação entre esses conceitos?</p><p>_______</p><p>Re�ita</p><p>Para que possa existir o sujeito ativo, é necessário haver o sujeito passivo. É por conta dessa</p><p>relação que existe o crédito tributário. Sendo assim, pode-se concluir que a obrigação tributária é</p><p>a relação existente entre o sujeito passivo e o sujeito ativo?</p><p>_______</p><p>A ordem tributária equivale ao Sistema Tributário Nacional, no qual se encontram estabelecidos</p><p>os conjuntos de regras impostas ao sujeito ativo e ao sujeito passivo, assim como as atribuições</p><p>das competências de cada ente público: as limitações da competência tributária, ou seja, quem</p><p>pode instituir ou majorar tributos, quem poderá cobrar determinados tributos, os tipos de</p><p>impostos e sua base de cálculo, quem é o sujeito passivo de cada tributo. Além disso, a ordem</p><p>tributária apresenta diretrizes relacionadas às distribuições das receitas tributárias, entre outros</p><p>aspectos.</p><p>A falta de cumprimento às regras estabelecidas na legislação que trata do Sistema Tributário</p><p>Nacional poderá ensejar crimes contra a ordem tributária, os quais estão tipi�cados na Lei nº</p><p>8.137, de 27 de dezembro de 1990, a qual analisaremos de forma mais detalhada na próxima</p><p>aula de estudos. Não se transfere o delito cometido por uma pessoa a outrem; o caráter é</p><p>pessoal.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Nesta aula, você teve acesso a novos tipos de saberes e conceitos importantes</p><p>relacionados à</p><p>nossa disciplina. Agora, para incentivar a compreensão efetiva dos assuntos que serão</p><p>apresentados na próxima etapa de aprendizagem, convido você a confeccionar um mapa mental</p><p>acerca dos temas abordados na aula 2. Para desenvolver essa tarefa, você pode explorar a</p><p>plataforma on-line GoConqr, que dá instruções sobre como construir mapas mentais.</p><p>CONECTE informações com mapas mentais. GoConqr, 1 abr. 2015.</p><p>Conclusão</p><p>Estamos chegando ao �nal de mais uma aula de estudos e, para concluir esta etapa da nossa</p><p>jornada de aprendizagem, vamos retomar a situação-problema apresentada no início deste</p><p>material.</p><p>Aprendemos que existem diversas instituições �nanceiras, as quais carregam características</p><p>próprias. Observe que, no contexto descrito na situação-problema, a operação realizada foi um</p><p>empréstimo no valor de R$10.000,00 (dez mil reais). Até esse ponto da análise, seria pertinente a</p><p>hipótese de que a instituição em questão fosse um banco ou uma �ntech, porém existe um</p><p>detalhe importante que contribui para sanar a dúvida. Trata-se de uma instituição que</p><p>intermediou a operação entre duas pessoas – André e Maurício Velask – e cobrou uma taxa por</p><p>essa atividade.</p><p>https://www.goconqr.com/pt-BR/mapas-mentais/</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Fintechs são empresas que trabalham intermediando negócios de empréstimos, sob autorização</p><p>do Banco Central, e podem cobrar taxas pelo serviço prestado. Conforme prevê o Banco Central</p><p>do Brasil, tais empresas contribuem com a diminuição da burocracia no acesso ao crédito, de</p><p>modo que as operações se tornam mais rápidas e céleres. No entanto, existe um limite de</p><p>empréstimo por operação, que é de R$15.000,00 (quinze mil reais).</p><p>Fintech. Fonte: iStock.</p><p>No caso apresentado, a operação foi realizada entre pessoas físicas. Logo, a instituição</p><p>�nanceira atuou apenas como a intermediadora do contrato entre André (tomador de crédito) e</p><p>Maurício (credor). Nesse tipo de operação, o investidor disponibiliza o capital, a �ntech o conecta</p><p>com quem precisa do empréstimo e, na outra ponta, encontra-se o cliente que solicita o crédito.</p><p>Como pudemos notar, o diferencial nesse procedimento é justamente o processo de</p><p>intermediação da operação entre pessoas, conhecido como sociedade de empréstimo entre</p><p>pessoas (SEP), que disponibiliza créditos dentro do limite estabelecido para essa transação, que</p><p>é de R$15.000,00 (quinze mil reais).</p><p>E por que a instituição descrita na situação-problema não pode ser caracterizada como banco?</p><p>Apesar de também ter a função de intermediar o dinheiro, o banco guarda a quantia daqueles que</p><p>concedem o empréstimo. No caso apresentado, a instituição apenas intermediou a operação, a</p><p>qual foi realizada entre pessoas.</p><p>Videoaula: Instituições �nanceiras</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Videoaula sobre as instituições �nanceiras.</p><p>Aula 3</p><p>Crimes contra o sistema �nanceiro nacional e a ordem tributária</p><p>Introdução da aula</p><p>Qual é o foco da aula?</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Nesta aula, vamos abordar o que são os crimes e os tipos de crimes contra o Sistema Financeiro</p><p>Nacional e a ordem tributária.</p><p>Objetivos gerais de aprendizagem</p><p>Ao �nal desta aula, você será capaz de:</p><p>analisar os crimes �nanceiros contra a ordem tributária;</p><p>associar os tipos de crimes �nanceiros;</p><p>aprimorar os exemplos de crimes contra a ordem tributária.</p><p>Situação-problema</p><p>Olá, estudante! Que bom seguirmos juntos nesta caminhada! O conhecimento que você já possui</p><p>será um grande diferencial no mercado de trabalho. Fizemos a nossa segunda parada e agora</p><p>prosseguiremos nesta jornada de aquisição de novos saberes. Vamos lá?</p><p>Nesta aula, você terá a oportunidade de apreender mais detalhes sobre os crimes �nanceiros,</p><p>mas, antes de continuar, faça uma re�exão acerca de sua aprendizagem até aqui. Relacione, em</p><p>uma checklist, os conteúdos estudados e, em poucas palavras, descreva tudo o que aprendeu até</p><p>este momento. Caso ainda tenha �cado com dúvidas sobre algum tema, retorne aos conteúdos</p><p>anteriores e assista novamente aos vídeos. Isso será muito importante para que você</p><p>compreenda os assuntos a serem apresentados nesta etapa de estudos.</p><p>Então, vamos seguir em frente? Proponho a você mais um desa�o. Desta vez, você deverá</p><p>analisar a situação-problema apresentada, justi�car e descrever o seu parecer, apresentando</p><p>uma resposta com embasamento legal para o contexto descrito. Preparado? Para o</p><p>desenvolvimento dessa atividade, considere o seguinte contexto:</p><p>Faustino César é o executivo de uma grande empresa de cosméticos. Seu sobrinho trabalha na</p><p>bolsa de valores. Faustino tem interesse na compra de ações de sua concorrente, com o objetivo</p><p>de ter o controle acionário de, no mínimo, 50% das ações. Faustino efetuou a compra de</p><p>American Depositary Receipts (ADRs), oito meses antes que a oferta pública de aquisição de</p><p>ações (OPA) fosse de conhecimento público. As informações privilegiadas concedidas pelo seu</p><p>sobrinho deram-lhe uma grande vantagem �nanceira, de aproximadamente U$ 300 mil (trezentos</p><p>mil dólares), pois houve uma oferta no valor de R$ 28,00 por ação, e o preço foi superior a 20% da</p><p>cotação das ações no momento do fechamento do pregão anterior.</p><p>Agora é com você! Sua capacidade de análise sobre operações de insider trading (quando um</p><p>operador consegue vantagens a partir de informações privilegiadas) dará a você a condição de</p><p>desenvolver um raciocínio sobre como funcionam as operações �nanceiras. Vamos, então,</p><p>seguir nesta jornada de aprendizagem?</p><p>Crimes �nanceiros e contra a ordem tributária</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Preparados para encerrar esta unidade de aprendizagem com chave de ouro? Vamos, agora,</p><p>compreender o que são crimes �nanceiros e contra a ordem tributária.</p><p>Como aprendemos na aula 2, o Sistema Financeiro Nacional é formado por um conjunto de</p><p>entidades que promovem a intermediação �nanceira, o qual é bastante complexo. Os entes que</p><p>compõem esse sistema promovem o equilíbrio das �nanças de um País. Quando existem</p><p>condutas ilícitas que transgridam a lei, há um impacto muito grande para o sistema �nanceiro,</p><p>pois operações realizadas de forma irregular afetam não somente os investidores, como também</p><p>a credibilidade da corporação, causando prejuízos econômicos.</p><p>Como exemplo de uma situação ocorrida no mercado �nanceiro que teve alto impacto no setor</p><p>�nanceiro, gerando desequilíbrio para o País, foi a queda na bolsa de valores de Nova York em</p><p>decorrência da queda do índice Dow Jones, que estava relacionado à concessão de empréstimos</p><p>de alto risco. Os créditos, como CDS e CDO, vinham sendo transferidos de modo desenfreado, e</p><p>ainda havia outras situações resultantes desse colapso. O fato repercutiu mundialmente no</p><p>mercado �nanceiro e muitos bancos entraram em situação de insolvência.</p><p>Operações como as citadas anteriormente, efetuadas de maneira inadequada, com muitas</p><p>falhas, em desacordo com a legislação pertinente ao mercado �nanceiro e utilizando-se de</p><p>fraudes para a obtenção de �nanciamentos junto às instituições �nanceiras são consideradas</p><p>como crimes �nanceiros.</p><p>Antes de veri�carmos os tipos de crimes �nanceiros, vamos relembrar o que estudamos na aula</p><p>2 no que diz respeito à instituição �nanceira segundo a Lei nº 7.492, de 16 de junho de 1986.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Todas as empresas que são constituídas com a atividade de administração de seguro, consórcio,</p><p>capitalização, que atuem com câmbio ou recursos de terceiros ou qualquer pessoa natural que</p><p>exerça uma tarefa elencada na referida Lei (ou seja, pessoas que executem como atividade</p><p>principal a aplicação ou intermediação de recurso �nanceiros próprios ou pertencentes a</p><p>terceiros) são instituições �nanceiras.</p><p>Agora, veremos</p><p>quais são os crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, com base na Lei nº</p><p>7.492, de 16 de junho de 1986.</p><p>Tipos de crimes �nanceiros. Fonte: elaborada pela autora.</p><p>Vamos aprofundar nosso entendimento sobre alguns desses crimes? Vejamos:</p><p>Art. 2º – São crimes materiais: imprimir, fabricar, reproduzir. Nas modalidades “distribuir e</p><p>divulgar”, constituem-se os crimes formais. Qualquer que seja a emissão pública de valores</p><p>mobiliários, somente poderá ser distribuída obtendo-se registro prévio na Comissão de Valores</p><p>Mobiliários (CVM).</p><p>Art. 4º – A consumação e a tentativa se dão em atos de comando que envolvam deliberações</p><p>com atuação de comando. Abrange algum tipo de decisão com grau de de�nitividade.</p><p>Sujeito ativo: diretores, gerentes, interventor, liquidante, síndico. As penas são cominadas de</p><p>acordo com a culpa nos atos praticados.</p><p>Sujeito passivo: o Estado e, secundariamente, os correntistas que podem ter sido lesados, os</p><p>investidores e a instituição �nanceira.</p><p>Parágrafo único – Exemplos de ações que ensejam a gestão temerária: realizar operações em</p><p>que ocorram grandes perdas, de especulação e arriscadas; contratar crédito sem que haja</p><p>garantias prescritas em lei; gerar despesas que suplantam resultados operacionais da instituição</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>�nanceira; pagar juros exorbitantes, adquirir recursos para o prolongamento de uma liquidação</p><p>forçada.</p><p>Art. 6º – A sonegação e a prestação de informação falsa são formas encontradas pelo agente de</p><p>induzir e manter em erro sócio, investidor ou repartição pública competente.</p><p>Sujeito ativo: administrador da instituição �nanceira, controlador, contador ou auditor no</p><p>exercício de sua função.</p><p>Sujeito passivo: sócios e investidores lesados e, de forma secundária, o Estado.</p><p>A consumação ocorre quando se consegue enganar a vítima, induzindo-a a erro.</p><p>Art. 8º – É uma extorsão �nanceira efetuada quando são exigidos juros e comissões que estão</p><p>em desacordo com a Lei.</p><p>Art. 9º – Inserir declaração falsa em documentos comprobatórios de investimento em títulos ou</p><p>valores mobiliários.</p><p>Art. 10 – Inserção ou omissão de informações das demonstrações contábeis de instituições</p><p>�nanceiras ou de qualquer instituição que seja integrante do sistema de distribuição de títulos de</p><p>valores mobiliários.</p><p>Art. 12 – Quando o ex-administrador não apresenta para o interventor, liquidante ou síndico as</p><p>informações ou declarações de sua responsabilidade nos prazos que a Lei estabelece.</p><p>Art. 13 – Quando o interventor, síndico ou liquidante se apropria de bens em proveito próprio ou</p><p>alheio.</p><p>Art. 15 – Quando o interventor, liquidante ou síndico (administrador judicial), no exercício de sua</p><p>função, faz declarações que estão fora da realidade.</p><p>Art. 16 – Operar atividades inerentes a instituições �nanceiras sem permissão e autorização.</p><p>Art. 17 – Uma empresa toma empréstimo utilizando o nome de terceiros em linha direta ou</p><p>indireta, por exemplo. Quando se tem distribuição de lucros de forma disfarçada.</p><p>Sujeito ativo: controlador ou administrador de instituições �nanceiras, diretores, gerente.</p><p>Sujeito passivo: Estado, instituição �nanceira, investidores, acionistas.</p><p>Art. 18 – Instituições �nanceiras não podem divulgar as operações ou serviços realizados para</p><p>os seus correntistas, empresas ou investidores, visto que a exposição das informações pode</p><p>causar danos a esses agentes. O patrimônio deve ser protegido.</p><p>Art. 20 – Obtêm-se recursos para determinadas �nalidades e tais recursos são desviados.</p><p>Art. 22 – Quando se promove a saída de dinheiro ou divisa para o exterior sem autorização.</p><p>Omitir depósitos não declarados à repartição federal. Operações de câmbio que não são</p><p>autorizadas.</p><p>Art. 23 – O funcionário público omite, pratica ou retarda um ato necessário ao regular o</p><p>funcionamento do Sistema Financeiro Nacional contra o que consta em lei.</p><p>Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Como é possível perceber, são diversos os tipos de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional</p><p>previstos na Lei nº 7.492/1986, também conhecida como Lei do Colarinho Branco. A titularidade</p><p>da ação penal será promovida pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal.</p><p>No entanto, caso haja inércia do Ministério Público Federal, é permitido, por lei, que a pessoa</p><p>física ou jurídica apresente ao procurador-geral da República a denúncia quando se sentir</p><p>ofendido.</p><p>Quando o crime praticado estiver sujeito à �scalização e à disciplina da Comissão de Valores</p><p>Mobiliários e do Banco Central do Brasil, será admitida a assistência da CVM. No caso de o</p><p>Bacen, a CVM, o interventor, o síndico ou o liquidante não comunicar a ocorrência de crime</p><p>previsto na Lei, as autarquias sofrerão penalidades administrativas e às pessoas será imputada a</p><p>contravenção penal.</p><p>E quem são os responsáveis penais? O controlador, os diretores e gerentes de instituições</p><p>�nanceiras, dentre os quais estes dois últimos são considerados administradores. A</p><p>responsabilidade é subjetiva, ou seja, depende da existência de um sujeito. Está presente o nexo</p><p>de causalidade, que é um dos pressupostos desse sujeito relacionado com o ato ilícito; ou</p><p>quando há, no resultado, o interesse e a intenção de agir, que é o dolo; ou quando quem causou o</p><p>dano não teve o propósito de provocá-lo, que é a culpa. O crime está associado à conduta do</p><p>sujeito.</p><p>_______</p><p>Pesquise mais</p><p>Cultivar uma compreensão mais adequada sobre as transações no mercado �nanceiro dará a</p><p>você uma visão mais ampla quanto aos crimes �nanceiros, e é importante que saiba como</p><p>funcionam determinadas operações. Caso você queira conhecer mais detalhes sobre a oferta</p><p>pública de aquisição (OPA), faça a leitura do artigo a seguir.</p><p>OFERTA pública de aquisição – OPA. Portal do Investidor, 6 abr. 2019.</p><p>É fundamental entender corretamente o papel do controlador e do administrador nas empresas,</p><p>para que seja possível de�nir as responsabilidades desses pro�ssionais diante de casos de</p><p>crimes �nanceiros. Para aprofundar seus conhecimentos sobre esse assunto, faça a leitura da</p><p>Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, especialmente dos arts. 116 e 117, que versam sobre o</p><p>papel do controlador.</p><p>BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Diário</p><p>O�cial da União, Brasília, DF: 17 dez. 1976.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Já com relação ao trabalho desempenhado pelo gerente, é interessante que você consulte os</p><p>arts. 1.172 a 1.176 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002.</p><p>BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário O�cial da União,</p><p>Brasília, DF: 11 jan. 2002.</p><p>_______</p><p>Diante de tudo o que foi abordado até o momento, é possível a�rmar que os autores dos crimes</p><p>praticados poderão ser presos? Justi�que a sua resposta re�etindo sobre a decisão do Superior</p><p>Tribunal de Justiça e observando o art. 312, do Código de Processo Civil.</p><p>_______</p><p>Pesquise mais</p><p>Decisão do Supremo Tribunal Federal (STF)</p><p>Para que você consiga responder ao questionamento realizado sobre a prisão dos autores em</p><p>crimes �nanceiros, tome como fundamentação teórica o habeas corpus indicado para leitura a</p><p>seguir.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas Corpus nº 40.818 - RJ. Prisão preventiva. Crime</p><p>contra o sistema �nanceiro. Lavagem de dinheiro. Quadrilha. Operação “Farol da Colina”.</p><p>Magnitude da lesão. Autoria e indícios demonstrados. Pretensão de revogação. Requisitos da</p><p>custódia atendidos. Proteção da ordem pública e econômica e da instrução. Relator: Ministro</p><p>José Arnaldo da Fonseca. DJ, 17 mar. 2005. Lex: jurisprudência do STJ e Tribunais Regionais</p><p>Federais, Brasília, 11 abr. 2005, p. 350.</p><p>Também é interessante que você faça a leitura da Lei nº 8.137/1990 e liste outros tipos de</p><p>crimes contra a ordem tributária, associando-os a fatos ocorridos no dia a dia que comprovem os</p><p>crimes cometidos.</p><p>BRASIL. Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990. De�ne crimes contra a ordem tributária,</p><p>econômica e contra as relações</p><p>de consumo, e dá outras providências. Diário O�cial da União,</p><p>Brasília, DF: 28 dez. 1990.</p><p>_______</p><p>Para cada um dos crimes abordados nesta aula, há uma pena relativa aos atos praticados.</p><p>Contudo a Lei nº 7.492, de 1986, também prevê, em seu art. 25, § 2º, a hipótese de con�ssão</p><p>espontânea, que poderá reduzir a pena, caso o coautor ou partícipe revele à autoridade policial ou</p><p>judicial toda a trama delituosa do crime.</p><p>_______</p><p>Exempli�cando</p><p>Casos de delação premiada no Brasil</p><p>O doleiro Alberto Youssef assinou, em setembro de 2014, um acordo de delação premiada com o</p><p>Ministério Público Federal em troca de redução da pena de prisão, o qual foi homologado três</p><p>meses depois, em dezembro de 2014. A possibilidade da delação ocorreu em virtude da</p><p>colaboração de Youssef para a força-tarefa da Operação Lava Jato.</p><p>BARBOSA, G. Jurisprudência sobre delação premiada. 3MIND, 3 fev. 2021.</p><p>_______</p><p>Agora que você já aprofundou seus conhecimentos sobre a delação premiada, é possível</p><p>conceituá-la como um instituto no qual, por meio de um contrato, o criminoso se bene�cia da</p><p>pena imputada em decorrência do crime causado contra o Sistema Nacional Tributário e a ordem</p><p>tributária.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Até aqui, garantimos novos saberes sobre os crimes �nanceiros. Vamos, então, conhecer os</p><p>crimes contra a ordem tributária?</p><p>De acordo com a Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, são de�nidos como crimes contra a</p><p>ordem tributária aqueles praticados por particulares e funcionários públicos na intenção de</p><p>prejudicar a economia e as relações de consumo. Vejamos alguns deles.</p><p>Exemplos de crimes contra a ordem tributária. Fonte: elaborada pela autora.</p><p>Os crimes contra a ordem tributária constituem-se a partir das atitudes que um indivíduo pratica.</p><p>Vejamos alguns exemplos: quando um comerciante vende mercadoria e não emite nota �scal</p><p>referente à saída dos produtos, con�gura-se um crime previsto na Lei nº 8.137/1990: “V – negar,</p><p>ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota �scal ou documento equivalente, relativo a venda</p><p>de mercadoria ou prestação de serviço” (BRASIL, 1990, [s. p.]). Outro exemplo pode ser</p><p>observado quando um indivíduo que tem várias fontes pagadoras, pois realiza serviços para</p><p>diferentes empresas, deixa de informar a Receita Federal sobre seus rendimentos, quando é</p><p>obrigado a declarar o imposto de renda.</p><p>Esta foi a última aula de estudos desta unidade de aprendizagem. A intenção foi aperfeiçoar os</p><p>seus conhecimentos compartilhando conceitos, exemplos e casos práticos relacionados aos</p><p>assuntos estudados, a �m de promover uma melhor compreensão dos temas propostos. Espero</p><p>que você tenha curtido bastante a nossa viagem e que ela tenha agregado novos saberes à sua</p><p>atuação no mercado de trabalho. Agradeço a sua participação. Prossiga com sua trajetória de</p><p>aprendizagem, desta vez com uma nova equipe.</p><p>Até a próxima!</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Conclusão</p><p>Vamos, juntos, analisar a situação-problema apresentada no início desta aula de estudos?</p><p>O uso inadequado de informações relevantes e con�denciais obtidas de forma privilegiada nas</p><p>negociações de valores mobiliários, como fundos de investimentos, ações preferencias e</p><p>ordinárias, está previsto na Lei nº 6.385/76, especi�camente no art. 27-D. Tais informações têm a</p><p>�nalidade de propiciar vantagem indevida, para si ou para outrem, dando origem a um processo</p><p>mais conhecido como insider trading.</p><p>No caso em análise, Faustino César tirou proveito das informações fornecidas por seu sobrinho,</p><p>que trabalha na bolsa de valores, e recebeu privilégios acerca das ações que dariam a ele o</p><p>controle acionário de sua concorrente.</p><p>Empresas lançam ações para venda e emitem um certi�cado conhecido com ADR, o qual é</p><p>emitido no exterior, a partir de uma instituição depositária. Tal operação é negociada em países</p><p>diferentes, fora do estabelecimento da empresa que a efetuou.</p><p>Faustino realizou compras de American Depositary Receipts (ADRs), ou seja, de certi�cados</p><p>americanos, antes mesmo que as ações fossem ofertadas publicamente em um processo</p><p>conhecido como OPA. Empresas que têm o interesse de adquirir uma determinada quantidade de</p><p>ações, com prazos e preços predeterminados, participam dessa oferta. A intenção é que os</p><p>acionistas possam fornecer suas ações em igualdade de direitos, bem como que as ações sejam</p><p>adquiridas pelos interessados, com o propósito de mudar a estrutura da corporação.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Tendo em vista que Faustino tinha o interesse de alterar a con�guração da empresa, ele adquiriu</p><p>a OPA voluntária, para aquisição de controle, também prevista na Lei nº 6.404/1976, art. 257. As</p><p>OPAs estão relacionadas na Instrução CVM nº 361, de 5 de março de 2002. De acordo com a Lei,</p><p>a CVM poderá expedir normas sobre OPAs de aquisição de controle.</p><p>Nesse caso, Faustino praticou um crime �nanceiro ao adquirir ADRs antes mesmo que esses</p><p>certi�cados fossem a conhecimento público. Tal fato concedeu a Faustino uma vantagem no</p><p>valor da ação. De acordo com a Lei nº 6.385/76, art 27-D, a “pena é de reclusão, de 1 a 5 anos de</p><p>multa de até 3 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida em decorrência ado crime”</p><p>(BRASIL, 1976, [s. p.]).</p><p>Videoaula: Crimes contra o sistema �nanceiro nacional e a ordem tributária</p><p>Este conteúdo é um vídeo!</p><p>Para assistir este conteúdo é necessário que você acesse o AVA pelo</p><p>computador ou pelo aplicativo. Você pode baixar os vídeos direto no aplicativo</p><p>para assistir mesmo sem conexão à internet.</p><p>Videoaula sobre os crimes contra o sistema �nanceiro nacional e a ordem tributária.</p><p>Referências</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>ADILSON CARVALHO. Olá, pessoal! Conforme combinado, eis o terceiro de três vídeos contendo</p><p>o Curso Prático de Perícia Contábil-Financeira de Natureza Criminal [...]. [S. l.], 14 ago. 2021.</p><p>Instagram: @peritocarvalho. Disponível em: https://bit.ly/3qw9o16. Acesso em: 19 set. 2022.</p><p>BENTES, V. PF combate crimes �nanceiros e lavagem de dinheiro que somam R$ 2,5 bilhões.</p><p>CNN Brasil, 11 maio 2021. Disponível em: https://bit.ly/3d9SNNl. Acesso em: 19 set. 2022.</p><p>BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Norma Brasileira de Contabilidade, NBC PP nº 1 (R1),</p><p>de 19 de março de 2020. Dá nova redação à NBC PP 01, que dispõe sobre perito contábil. Diário</p><p>O�cial da União, Brasília, DF: 27 mar. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3B7J16y. Acesso em: 19</p><p>set. 2022.</p><p>BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução nº 1.530, de 22 de setembro de 2017.</p><p>Dispõe sobre os procedimentos a serem observados pelos pro�ssionais e organizações</p><p>contábeis para cumprimento das obrigações previstas na Lei nº 9.613/1998 e alterações</p><p>posteriores. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 28 set. 2017. Disponível em:</p><p>https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/Res_1530.pdf. Acesso em: 19 set. 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998. Dispõe sobre os crimes de “lavagem” ou ocultação</p><p>de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema �nanceiro para os ilícitos</p><p>previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - Coaf, e dá outras</p><p>providências. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 4 mar. 1998. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9613.htm. Acesso em: 19 set. 2022.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>BRASIL. Lei nº 12.030, de 17 de setembro de 2009. Dispõe sobre as perícias o�ciais e dá outras</p><p>providências. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 18 set. 2009. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12030.htm. Acesso em: 19 set.</p><p>2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016. Dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa</p><p>pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos</p><p>Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 1 jul. 2016.</p><p>Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13303.htm.</p><p>Acesso</p><p>em: 19 set. 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 14.133, de 1 de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos. Diário</p><p>O�cial da União, Brasília, DF: 1 abr. 2021. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm. Acesso em: 19 set.</p><p>2022.</p><p>PRATES, W. R. O que é patrimônio na contabilidade? Bens, direitos e obrigações! Ciência e</p><p>Negócios, 2 fev. 2018. Disponível em: https://cienciaenegocios.com/o-que-e-patrimonio-na-</p><p>contabilidade-bens-direitos-e-obrigacoes/. Acesso em: 19 set. 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 7.492, de 16 de junho de 1986. De�ne os crimes contra o sistema �nanceiro</p><p>nacional, e dá outras providências. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 18 jun. 1986. Disponível</p><p>em: https://bit.ly/3DdKo6p. Acesso em: 19 set. 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990. De�ne crimes contra a ordem tributária,</p><p>econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências. Diário O�cial da União,</p><p>Brasília, DF: 28 dez. 1990. Disponível em: https://bit.ly/3L5XNze. Acesso em: 19 set. 2022.</p><p>BRASIL. Ministério da Economia. Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Estabelece sobre a</p><p>Política e as Instituições Monetárias, Bancárias e Creditícias, Cria o Conselho Monetário Nacional</p><p>e dá outras providências. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 31 dez. 1964. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/2LHtO0P. Acesso em: 19 set. 2022.</p><p>CONECTE informações com mapas mentais. GoConqr, 1 abr. 2015. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/3L4YY1M. Acesso em: 19 set. 2022.</p><p>BARBOSA, G. Jurisprudência sobre delação premiada. 3MIND, 3 fev. 2021. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/3Bsshar. Acesso em: 20 set. 2022.</p><p>BRASIL. Comissão de Valores Mobiliários. Instrução CVM nº 361, de 5 de março de 2002. Dispõe</p><p>sobre o procedimento aplicável às ofertas públicas de aquisição de ações de companhia aberta,</p><p>o registro das ofertas públicas de aquisição de ações para cancelamento de registro de</p><p>companhia aberta, por aumento de participação de acionista controlador, por alienação de</p><p>controle de companhia aberta, para aquisição de controle de companhia aberta quando envolver</p><p>permuta por valores mobiliários, e de permuta por valores mobiliários, revoga a Instrução CVM nº</p><p>229, de 16 de janeiro de 1995, a Instrução CVM nº 299, de 9 de fevereiro de 1999 e a Instrução</p><p>CVM nº 345, de 4 de setembro de 2000, e dá outras providências. Diário O�cial da União, Brasília,</p><p>DF: 7 mar. 2002. Disponível em: https://bit.ly/3xipTSi. Acesso em: 20 set. 2022.</p><p>BRASIL. Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941. Lei das Contravenções Penais. Diário</p><p>O�cial da União, Rio de Janeiro: 3 out. 1941. Disponível em: https://bit.ly/3qxBbyi. Acesso em: 20</p><p>set. 2022.</p><p>BRASIL. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Diário O�cial</p><p>da União, Rio de Janeiro: 13 out. 1941. Disponível em: https://bit.ly/3TUuKTc. Acesso em: 20 set.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Dispõe sobre o mercado de valores mobiliários</p><p>e cria a Comissão de Valores Mobiliários. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 9 dez. 1976.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/2HCC00v. Acesso em: 20 set. 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Diário</p><p>O�cial da União, Brasília, DF: 17 dez. 1976. Disponível em: https://bit.ly/3d9WwKP. Acesso em: 20</p><p>set. 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 7.492, de 16 de junho de 1986. De�ne os crimes contra o sistema �nanceiro</p><p>nacional, e dá outras providências. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 18 jun. 1986. Disponível</p><p>em: https://bit.ly/3RCTSMD. Acesso em: 20 set. 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990. De�ne crimes contra a ordem tributária,</p><p>econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências. Diário O�cial da União,</p><p>Brasília, DF: 28 dez. 1990. Disponível em: https://bit.ly/3d0Hp6I. Acesso em: 20 set. 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998. Dispõe sobre os crimes de “lavagem” ou ocultação</p><p>de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema �nanceiro para os ilícitos</p><p>previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - Coaf, e dá outras</p><p>providências. Diário O�cial da União, Brasília, DF: 4 mar. 1998. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/3U0HlnQ. Acesso em: 20 set. 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário O�cial da União,</p><p>Brasília, DF: 11 jan. 2002. Disponível em: https://bit.ly/3eJKx7q. Acesso em: 20 set. 2022.</p><p>BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Diário O�cial da União,</p><p>Brasília, DF: 17 mar. 2015. Disponível em: https://bit.ly/3qvHimw. Acessado em: 20 set. 2022.</p><p>BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas Corpus nº 40.818 - RJ. Prisão preventiva. Crime</p><p>contra o sistema �nanceiro. Lavagem de dinheiro. Quadrilha. Operação “Farol da Colina”.</p><p>Magnitude da lesão. Autoria e indícios demonstrados. Pretensão de revogação. Requisitos da</p><p>custódia atendidos. Proteção da ordem pública e econômica e da instrução. Relator: Ministro</p><p>José Arnaldo da Fonseca. DJ, 17 mar. 2005. Lex: jurisprudência do STJ e Tribunais Regionais</p><p>Federais, Brasília, 11 abr. 2005, p. 350. Disponível em: https://bit.ly/3B7YHXn. Acesso em: 20 set.</p><p>2022.</p><p>OFERTA pública de aquisição – OPA. Portal do Investidor, 6 abr. 2019. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/3d5OuTj. Acesso em: 20 set. 2022.</p><p>SOUSA, I. Conheça as principais crises econômicas mundiais. TC School, 22 nov. 2021.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3xiqm70. Acesso em: 20 set. 2022.</p><p>,</p><p>Unidade 2</p><p>A Investigação e a Perícia Contábil Criminal</p><p>Aula 1</p><p>Perícia contábil</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Introdução da unidade</p><p>Objetivos da Unidade</p><p>Ao �nal desta Unidade, você será capaz de:</p><p>diferenciar os procedimentos técnico-cientí�cos de investigação utilizados pela perícia</p><p>contábil;</p><p>associar os motivadores para con�itos dentro de empresas;</p><p>comparar os elementos de compliance capazes de evitar a execução de atividades</p><p>contrárias à legislação.</p><p>Estudante, na Unidade 2, continuaremos nosso estudo sobre investigação e perícia criminal por</p><p>meio do entendimento dos procedimentos relacionados à utilização e à aplicação da perícia</p><p>contábil no contexto de investigação de crimes �nanceiros cometidos pelas organizações ou</p><p>ocorridos dentro delas, a partir de seus colaboradores.</p><p>Nosso objetivo, nesta etapa de aprendizagem, é fazer com que você conheça os conceitos,</p><p>procedimentos de investigação e normas referentes ao compliance e aplicados às perícias</p><p>empresariais, para que, a partir desses saberes, seja possível realizar a análise e resolução de</p><p>problemas de relacionamento interpessoal, gestão de con�itos, planejamento e organização.</p><p>Disciplina</p><p>Investigação e Perícia Criminal:</p><p>Fraudes Contábeis</p><p>Para tanto, na aula 1, vamos aprender o que é e como ocorrem os trabalhos de perícia contábil</p><p>dentro de uma organização, veri�cando os conceitos e características relacionados a essa</p><p>atividade, sua utilização por parte das organizações, bem como seu papel no contexto dos</p><p>crimes corporativos. Também entenderemos com quais procedimentos de investigação o perito</p><p>pode contar para a elucidação dos fatos que motivam a realização da perícia, denominados</p><p>como “objeto da perícia”. Ao �m da aula 1, você saberá identi�car a estrutura do sistema</p><p>�nanceiro nacional e seu papel na normatização, regulação e �scalização das atividades dos</p><p>agentes públicos e privados existentes em nossa economia.</p><p>Na aula 2, discutiremos sobre os elementos presentes em um ambiente de governança</p><p>corporativa, a partir do entendimento desse conceito. Nesse contexto, estudaremos sobre o</p><p>processo de prestação de contas ao qual os agentes de uma organização que utilizam</p><p>governança corporativa estão sujeitos, bem como as principais concepções e aplicações</p><p>relacionadas ao disclosure (divulgação) das informações �nanceiras de uma organização. Por</p><p>�m, ainda nessa etapa de estudos, abordaremos outro importante conceito relacionado à</p><p>governança corporativa, o qual contribui</p>