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<p>Ciências Neurológicas |</p><p>Desenvolvimento do cérebro</p><p>www.cenes.com.br | 1</p><p>DISCIPLINA</p><p>CIÊNCIAS NEUROLÓGICAS</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>Desenvolvimento do cérebro</p><p>www.cenes.com.br | 2</p><p>Sumário</p><p>Sumário ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 2</p><p>1 Desenvolvimento do cérebro --------------------------------------------------------------------- 3</p><p>1.1 Resultados de estudos recentes ------------------------------------------------------------------------------ 7</p><p>1.2 Lacunas dos estudos --------------------------------------------------------------------------------------------- 7</p><p>2 Regiões cerebrais e suas funções---------------------------------------------------------------- 8</p><p>2.1 Áreas Sensitivas Primárias ------------------------------------------------------------------------------------- 9</p><p>2.2 Área Motora Primária ----------------------------------------------------------------------------------------- 10</p><p>2.3 Áreas de Associação Secundárias -------------------------------------------------------------------------- 10</p><p>2.4 Áreas de Associação Terciárias: ----------------------------------------------------------------------------- 12</p><p>3 Plasticidade do Cérebro --------------------------------------------------------------------------- 13</p><p>4 Sistema nervoso ------------------------------------------------------------------------------------ 13</p><p>4.1 Sistema Nervoso Central -------------------------------------------------------------------------------------- 14</p><p>4.2 Sistema Nervoso Periférico ---------------------------------------------------------------------------------- 15</p><p>5 Como a Neurociência pode ajudar no aprendizado --------------------------------------- 16</p><p>5.1 Emoção ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 17</p><p>5.2 Motivação --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 17</p><p>5.3 Atenção ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 17</p><p>5.4 Socialização ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 18</p><p>6 A percepção de aprendizagem ------------------------------------------------------------------ 18</p><p>6.1 A percepção no contexto familiar -------------------------------------------------------------------------- 19</p><p>6.2 A percepção no contexto escolar --------------------------------------------------------------------------- 19</p><p>6.3 Aluno x professor ----------------------------------------------------------------------------------------------- 20</p><p>6.4 Funcionamento da memória --------------------------------------------------------------------------------- 21</p><p>Este documento possui recursos de interatividade através da navegação por marcadores.</p><p>Acesse a barra de marcadores do seu leitor de PDF e navegue de maneira RÁPIDA e</p><p>DESCOMPLICADA pelo conteúdo.</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>Desenvolvimento do cérebro</p><p>www.cenes.com.br | 3</p><p>1 Desenvolvimento do cérebro</p><p>As funções executivas são processos que apoiam muitas atividades diárias,</p><p>incluindo o planejamento, o raciocínio flexível, a atenção concentrada e a inibição</p><p>comportamental, e demonstram um desenvolvimento contínuo até o início da idade</p><p>adulta. Uma perspectiva importante para o desenvolvimento dessas habilidades</p><p>psicológicas é o desenvolvimento estrutural e funcional do cérebro.</p><p>Uma das regiões cerebrais de desenvolvimento mais lento é o córtex pré-frontal,</p><p>uma grande extensão do córtex localizada na metade frontal do cérebro. O que é</p><p>notável a respeito desta região do cérebro é que ela continua a se desenvolver até a</p><p>terceira década de vida. A em que o córtex pré-frontal é fundamental para o controle</p><p>da atenção, do raciocínio e do comportamento, em parte devido ao fato de unir os</p><p>centros de controle da percepção, emocional e motor localizados em outras partes do</p><p>cérebro.</p><p>O fato de o córtex pré-frontal ter um desenvolvimento lento e, ao mesmo tempo,</p><p>ser importante para o controle executivo sugere que o desenvolvimento do</p><p>funcionamento executivo está intimamente relacionado ao amadurecimento do</p><p>córtex pré-frontal. Uma implicação disso é que os desafios básicos do dia a dia como,</p><p>por exemplo, não brincar com um brinquedo proibido, serão difíceis, mesmo para as</p><p>crianças com um desenvolvimento normal.</p><p>Entender que o córtex pré-frontal é importante para a autor regulação</p><p>comportamental e que ele se desenvolve gradualmente pode explicar por que, por</p><p>exemplo, as crianças têm dificuldade de:</p><p>a) interromper uma atividade e passar para outra atividade;</p><p>b) planejar com antecedência,</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>Desenvolvimento do cérebro</p><p>www.cenes.com.br | 4</p><p>c) fazer mais de uma tarefa ao mesmo tempo,</p><p>d) concentrar-se por longos períodos de tempo, e</p><p>e) renunciar a recompensas imediatas. Os resultados de pesquisas sobre a</p><p>neurociência cognitiva do desenvolvimento sugerem que esses</p><p>comportamentos são uma parte normal do crescimento e, até certo ponto,</p><p>sua origem está relacionada à forma de funcionamento do cérebro nessa</p><p>etapa da vida.</p><p>Compreender exatamente como o desenvolvimento do córtex pré-frontal</p><p>contribui para o progresso das funções executivas constitui um grande desafio. Em</p><p>primeiro lugar, as funções executivas são difíceis de definir e medir, em parte porque</p><p>os conceitos fundamentais, tais como a inibição e flexibilidade cognitiva, na verdade,</p><p>são usados mais para descrever do que para explicar o comportamento. Em segundo</p><p>lugar, não está claro se os processos envolvidos na regulação de um tipo de</p><p>comportamento, tais como a linguagem, são os mesmos que os processos envolvidos</p><p>na regulação de outros tipos de comportamento, tais como as emoções. Em terceiro</p><p>lugar, as tarefas apropriadas para testar o funcionamento executivo em uma</p><p>determinada idade, normalmente, não serão adequadas para testar o funcionamento</p><p>executivo em crianças mais velhas. Isso torna difícil a comparação do funcionamento</p><p>executivo entre crianças com idades diferentes.</p><p>Em última análise, porém, os neurocientistas do desenvolvimento cognitivo estão</p><p>interessados em associar as mudanças do funcionamento executivo relacionadas à</p><p>idade às alterações no desenvolvimento na função cerebral. Para isso, é necessário</p><p>não só definir e medir adequadamente o funcionamento executivo, mas, ao mesmo</p><p>tempo, obter uma avaliação direta da função cerebral. Um método possível é a</p><p>ressonância magnética funcional (ou FM), um meio seguro e relativamente não-</p><p>invasivo de examinar as mudanças da atividade cerebral que ocorrem quando as</p><p>pessoas executam determinadas tarefas.</p><p>Embora seja um meio viável e seguro para o uso até mesmo em recém-nascidos,</p><p>a FMRI requer que os participantes permaneçam completamente imóveis por um</p><p>período de, no mínimo, 5 a 10 minutos, enquanto as imagens são obtidas. Quaisquer</p><p>movimentos bruscos de 5 a 10 mm podem levar à perda da nitidez da imagem,</p><p>tornando-a praticamente impossível de ser interpretada. Para complicar ainda mais as</p><p>coisas, se as crianças executarem as tarefas prescritas de forma diferente daquela</p><p>usada pelas crianças mais velhas, torna-se impossível saber se as diferenças dos</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>Desenvolvimento do cérebro</p><p>www.cenes.com.br | 5</p><p>padrões da atividade cerebral relacionadas à idade estão vinculadas apenas às</p><p>diferenças da idade dos participantes ou também às diferentes formas de realização</p><p>das tarefas das crianças mais velhas e mais jovens.</p><p>De forma mais simples, instruir crianças de 7 anos de idade a realizar uma tarefa</p><p>da mesma forma realizada por crianças de 4 anos, em princípio, poderia fazer com</p><p>que se torne impossível diferenciar os padrões da atividade cerebral das crianças de 7</p><p>anos do padrão da</p><p>atividade cerebral observado nas crianças de 4 anos. Para atenuar</p><p>esses problemas, os pesquisadores estão desenvolvendo novos protocolos de</p><p>imagem que podem ser administrados de forma rápida e não exigem que as crianças</p><p>executem tarefas. Nesses processos denominados ‘em estado de repouso’, as crianças</p><p>simplesmente ficam imóveis por apenas cinco minutos com os olhos abertos. As</p><p>imagens resultantes são usadas para analisar as mudanças relacionadas à idade em</p><p>padrões "intrínsecos" da conectividade cortical, que poderão, então, ser associadas a</p><p>medições do funcionamento executivo coletadas fora do aparelho de ressonância</p><p>magnética.</p><p>Os resultados dos estudos de FMRI sobre o desenvolvimento do funcionamento</p><p>executivo criam um retrato fascinante e complexo. Alguns estudos, por exemplo,</p><p>indicam que as crianças mais jovens exibem um nível menor de atividade do córtex</p><p>pré-frontal (CPF) no contexto das tarefas de funções executivas do que os</p><p>participantes mais velhos. Estas descobertas são consistentes com a percepção de que,</p><p>à medida que a funcionalidade da região cerebral se desenvolve, verifica-se uma</p><p>atividade mais forte e um melhoramento do funcionamento executivo. Outras</p><p>descobertas sugerem um quadro um pouco mais complicado, na medida que algumas</p><p>regiões do CPF exibem uma atividade crescente com o aumento da idade, enquanto</p><p>que outras mostram uma diminuição da atividade com o aumento da idade. Uma</p><p>interpretação desse padrão é que, no início da vida, o funcionamento executivo está</p><p>associado a uma atividade CPF fraca, mas difusa, enquanto que, no desenvolvimento</p><p>posterior, o funcionamento executivo está associado a uma atividade CPF forte, mas</p><p>concentrada. Assim, no centro de uma região em desenvolvimento, a atividade</p><p>aumenta com a idade, enquanto que, na área circundante, a atividade diminui com o</p><p>aumento da idade.</p><p>Outra interpretação é que algumas regiões dentro do CPF se tornam mais</p><p>eficientes com a idade. Assim, no início do desenvolvimento, essas regiões precisam</p><p>trabalhar muito arduamente para suportar um determinado nível de desempenho do</p><p>funcionamento executivo. No entanto, no desenvolvimento posterior, quando essas</p><p>regiões funcionam de forma mais eficiente, elas podem apoiar um nível de</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>Desenvolvimento do cérebro</p><p>www.cenes.com.br | 6</p><p>desempenho de funcionamento executivo semelhante com um menor gasto de</p><p>energia. É evidente que o esclarecimento desse quadro complexo exigirá um número</p><p>maior de estudos.</p><p>Um resultado consistente dos estudos de FMRI sobre o desempenho do</p><p>funcionamento executivo é que muitas outras regiões fora do CPF estão associadas</p><p>ao desenvolvimento do desempenho das funções executivas, incluindo o córtex</p><p>cingulado, o córtex insular e o córtex motor. Uma interpretação dessa evidência é que</p><p>as tarefas de desempenho do funcionamento executivo são muito complexas e</p><p>envolvem muitos subprocessos diferentes, como lembrar-se de instruções, responder</p><p>a alguns estímulos e ignorar outros, planejar e executar respostas motoras e avaliar o</p><p>feedback do desempenho.</p><p>É possível, então, que as funções do funcionamento executivo estejam associadas</p><p>à atividade em várias regiões do cérebro, porque as próprias tarefas envolvem muitos</p><p>subprocessos diferentes, cada uma delas associada à atividade de uma diferente</p><p>região do cérebro. Se isto for verdade, então o desafio para avançarmos é identificar</p><p>quais subprocessos estão sujeitos a mudanças relacionadas à idade, e vincular essas</p><p>alterações à função de regiões específicas do cérebro.</p><p>A segunda interpretação é que o CPF não funciona de forma independente, mas</p><p>faz parte de uma rede mais ampla, funcionalmente homogênea. Desse ponto de vista,</p><p>independentemente de o participante seguir instruções, planejar uma resposta ou</p><p>avaliar um feedback, se observará uma atividade intensa ao longo de toda a rede. Se</p><p>isso for verdade, então o desafio para avançar é identificar como a organização da</p><p>rede ampliada muda com o desenvolvimento. As possibilidades incluem alterações</p><p>nas regiões que constituem a rede ampliada, assim como alterações no número e na</p><p>intensidade das conexões entre as regiões que a constituem.</p><p>Principais questões para estudo</p><p>• Quais são os processos constituintes subjacentes do desempenho das</p><p>tarefas do funcionamento executivo?</p><p>• Os diferentes funcionamentos executivos são exclusivamente vinculados a</p><p>diferentes regiões do cérebro?</p><p>• Como as mudanças na função cerebral contribuem para alterar o</p><p>funcionamento executivo?</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>Desenvolvimento do cérebro</p><p>www.cenes.com.br | 7</p><p>1.1 Resultados de estudos recentes</p><p>Os estudiosos começaram recentemente a examinar as mudanças do</p><p>desenvolvimento em redes cerebrais consideradas importantes para o funcionamento</p><p>executivo, examinando as mudanças nas conexões entre o CPF e as outras regiões</p><p>comumente associadas ao funcionamento executivo, como o córtex parietal, córtex</p><p>cingulado e córtex insular. Como essas redes podem ser observadas e medidas,</p><p>mesmo quando os participantes estão em repouso, muitos estudos recentes têm</p><p>utilizado a denominada FMRI do estado em repouso para investigar a organização de</p><p>redes de controle cognitivo em diferentes idades os resultados iniciais sugerem uma</p><p>reorganização ampla da rede durante o desenvolvimento, com a formação de novas</p><p>conexões de longo alcance e eliminação de conexões pré-existentes de curto alcance</p><p>ao longo do crescimento das crianças.</p><p>Outras evidências recentes levaram à análise desses resultados iniciais e sugerem</p><p>que a reorganização das redes de funcionamento executivo durante o</p><p>desenvolvimento pode ser menos marcante do que se imaginava inicialmente. No</p><p>entanto, apesar desses passos em falso iniciais, o estudo da organização da rede</p><p>durante o desenvolvimento continua a atrair a atenção, na medida que os</p><p>pesquisadores reconhecem cada vez mais que as regiões cerebrais trabalham em</p><p>conjunto para concretizar um nível elevado de pensamentos e ações.</p><p>1.2 Lacunas dos estudos</p><p>Talvez a lacuna mais significativa das pesquisas sobre pesquisa de FMRI sobre o</p><p>desenvolvimento do funcionamento executivo sejam as evidências obtidas pelos</p><p>estudos longitudinais. Ao contrário dos estudos transversais, nos quais um grupo de</p><p>crianças mais jovens é comparado com um grupo de crianças mais velhas, os estudos</p><p>longitudinais comparam o mesmo grupo de crianças em idades diferentes. Não é</p><p>necessário dizer que estudos longitudinais são muito caros, exigem um longo tempo</p><p>de realização e podem apresentar muitos riscos, motivos que justificam a existência,</p><p>atualmente, de tão poucas evidências longitudinais.</p><p>Ainda assim, o método longitudinal proporciona muitas vantagens importantes</p><p>em relação ao formato transversal. Em primeiro lugar, sempre que se comparam dois</p><p>grupos de crianças de idades diferentes, potencialmente, podem surgir muitos fatores</p><p>diferenciais além da idade, incluindo diferenças de inteligência,</p><p>temperamento/personalidade e status socioeconômico, para citar apenas alguns.</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>Regiões cerebrais e suas funções</p><p>www.cenes.com.br | 8</p><p>Considerando que todos esses fatores estão relacionados ao funcionamento</p><p>executivo, as inferências relativas à importância da idade para explicar as diferenças</p><p>nos padrões de ativação cerebral dos grupos se tornam tênues. Em segundo lugar,</p><p>uma meta importante do desenvolvimento da neurociência cognitiva é identificar</p><p>padrões iniciais da organização psicológica e neural que prognosticam estados</p><p>futuros, tanto positivos (por exemplo, intelectual e bem-estar social) como negativos</p><p>(por exemplo, a psicopatologia).</p><p>A identificação desses padrões é mais fácil quando o mesmo grupo de crianças</p><p>é acompanhado continuamente ao longo do tempo até que se observe em algumas</p><p>delas o resultado de interesse (por exemplo, talentos, vícios, comportamentos sexuais</p><p>de risco,</p><p>etc.). Só então, podemos rever os dados anteriores e observar qual a medição</p><p>cerebral ou comportamental coletada que prognostica os resultados futuros.</p><p>2 Regiões cerebrais e suas funções</p><p>O cérebro humano pode ser dividido em áreas de projeção e áreas de associação.</p><p>As áreas de projeção são as chamadas áreas primárias e relacionam-se diretamente</p><p>com a sensibilidade ou com a motricidade. As áreas de associação são aquelas que</p><p>não se relacionam diretamente com a motricidade ou a sensibilidade – são as áreas</p><p>secundárias.</p><p>As áreas de projeção podem ser divididas em áreas sensitivas primárias e área</p><p>motora primária.</p><p>https://tathianatrocoli.files.wordpress.com/2009/12/lobos.jpg</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>Regiões cerebrais e suas funções</p><p>www.cenes.com.br | 9</p><p>2.1 Áreas Sensitivas Primárias</p><p>A Área Somestésica ou área da sensibilidade somática geral está localizada no</p><p>giro pós-central. É onde chegam as radiações talâmicas que trazem impulsos nervosos</p><p>relacionados à temperatura, dor, pressão, tato e propriocepção consciente da metade</p><p>contralateral do corpo. Existe correspondência entre as partes do corpo e as partes da</p><p>área somestésica (somatotopia). Para representar essa somatotopia, existe o</p><p>homúnculo sensitivo e nele chama a atenção a área de representação da mão,</p><p>especialmente dos dedos, o qual é desproporcionalmente grande.</p><p>Isso confirma que a extensão da representação cortical de uma parte do corpo</p><p>depende da importância funcional desta parte e não de seu tamanho. Lesões da área</p><p>somestésica podem ocorrer, por exemplo, como consequência de AVCs que</p><p>comprometem as artérias cerebral média ou cerebral anterior. Há então perda da</p><p>sensibilidade discriminativa do lado oposto à lesão. Perde-se a capacidade de</p><p>discriminar dois pontos, perceber movimentos de partes do corpo ou reconhecer</p><p>diferentes intensidades de estímulos (perde a estereognosia).</p><p>A Área Visual localiza-se nos lábios do sulco calcarino no lobo occipital, sendo</p><p>responsável pela recepção visual do campo visual oposto. Sua ablação bilateral causa</p><p>cegueira completa.</p><p>https://tathianatrocoli.files.wordpress.com/2009/12/sulcosoccipital.jpg</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>Regiões cerebrais e suas funções</p><p>www.cenes.com.br | 10</p><p>A Área Auditiva está situada no giro temporal transverso anterior. Nela chegam</p><p>fibras da radiação auditiva, que se originam no corpo geniculado medial. Lesões</p><p>bilaterais causam surdez completa. Lesões unilaterais causam déficits pequenos, pois</p><p>as vias não são totalmente cruzadas.</p><p>A Área Vestibular localiza-se no lobo parietal em uma região próxima ao</p><p>território da área somestésica correspondente à face. Portanto, está mais relacionada</p><p>com a área de projeção da sensibilidade proprioceptiva do que com a auditiva,</p><p>informando sobre a posição e o movimento da cabeça.</p><p>A Área Olfatória está situada na parte anterior do úncus e do giro para-</p><p>hipocampo. Sua lesão pode causar alucinações olfatórias.</p><p>A Área Gustativa localiza-se na porção inferior do giro pós-central (lobo</p><p>parietal), próxima à ínsula, em uma região adjacente à parte da área somestésica</p><p>correspondente à língua. Lesões provocam diminuição da gustação na metade oposta</p><p>da língua.</p><p>2.2 Área Motora Primária</p><p>Ocupa a parte posterior do giro pré-central. Igualmente ao homúnculo sensitivo,</p><p>a mão é representada desproporcionalmente, demonstrando que a extensão da</p><p>representação cortical é proporcional à delicadeza dos movimentos realizados pelos</p><p>grupos musculares envolvidos. As principais conexões aferentes da área motora são</p><p>com o tálamo – através do qual recebe informações do cerebelo, com a área</p><p>somestésica e com as áreas pré-motora e motora suplementar. Por sua vez, a área</p><p>motora primária dá origem à maior parte das fibras dos tratos córtico-espinal e</p><p>córtico-nuclear, principais responsáveis pela motricidade.</p><p>As áreas de associação, por sua vez, podem ser divididas em áreas de associação</p><p>secundárias e áreas de associação terciárias.</p><p>2.3 Áreas de Associação Secundárias</p><p>Áreas de Associação Secundárias Sensitivas são três: área somestésica</p><p>secundária (situada no lobo parietal, logo atrás da área somestésica primária); área</p><p>visual secundária (localizada no lobo occipital e se estendendo ao lobo temporal); e a</p><p>área auditiva secundária (situada no lobo temporal). As áreas secundárias recebem</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>Regiões cerebrais e suas funções</p><p>www.cenes.com.br | 11</p><p>aferências principalmente das áreas primárias correspondentes e repassam as</p><p>informações recebidas às outras áreas do córtex.</p><p>Para que se possa entender melhor o significado funcional das áreas secundárias,</p><p>cabe descrever os processos mentais envolvidos na identificação de um objeto. Na</p><p>etapa de sensação, toma-se consciência das características sensoriais do objeto. Na</p><p>etapa de interpretação (gnosia), tais características sensoriais são comparadas com o</p><p>conceito do objeto existente na memória do indivíduo, o que permite sua</p><p>identificação. A etapa de sensação faz-se na área primária; já a etapa de interpretação</p><p>envolve processos psíquicos mais complexos que dependem da integridade das áreas</p><p>de associação secundárias. Em casos de lesões das áreas de associação secundárias,</p><p>ocorrem os casos clínicos denominados agnosias, nos quais há perda da capacidade</p><p>de reconhecer objetos, apesar das vias sensitivas e das áreas de projeção cortical</p><p>estarem normais. Distinguem-se agnosias visuais, auditivas e somestésicas, estas</p><p>últimas geralmente táteis.</p><p>Áreas de Associação Secundárias Motoras são adjacentes à área motora</p><p>primária, relacionando-se com ela. Lesões dessas áreas frequentemente causam</p><p>apraxias, onde há incapacidade de executar determinados atos voluntários, sem que</p><p>exista qualquer déficit motor (áreas relacionadas com o planejamento do ato</p><p>voluntário).</p><p>A área motora suplementar situa-se na face medial do giro frontal superior.</p><p>Suas principais conexões são com o corpo estriado via tálamo e com a área motora</p><p>primária. Relaciona-se com a concepção ou planejamento de sequências complexas</p><p>de movimentos e é ativada juntamente com a área motora primária quando esses</p><p>movimentos são executados, mas é ativada sozinha quando a pessoa é solicitada a</p><p>repetir mentalmente a sequência dos movimentos.</p><p>A área pré-motora localiza-se no lobo frontal na face lateral do hemisfério. Nas</p><p>lesões dessa região, os músculos têm sua força diminuída (musculatura axial e</p><p>proximal dos membros). Projeta-se também para a área motora primária e recebe</p><p>aferências do cerebelo (via tálamo) e de várias áreas de associação do córtex. Através</p><p>da via córtico-retículo-espinal, que nela se origina, a área pré-motora coloca o corpo</p><p>em uma postura básica preparatória para a realização de movimentos mais delicados,</p><p>a cargo da musculatura mais distal dos membros.</p><p>A área de Broca está situada no giro frontal inferior e é responsável pela</p><p>programação da atividade motora relacionada com a expressão da linguagem. Lesões</p><p>da área de Broca resultam em déficits de linguagem (afasias). A área de Broca está</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>Regiões cerebrais e suas funções</p><p>www.cenes.com.br | 12</p><p>situada em frente à parte da área motora que controla os músculos relacionados com</p><p>a vocalização.</p><p>2.4 Áreas de Associação Terciárias:</p><p>Recebem e integram as informações sensoriais já elaboradas por todas as áreas</p><p>secundárias e são responsáveis também pela elaboração das diversas estratégias</p><p>comportamentais.</p><p>A Área Pré-Frontal compreende a parte anterior não-motora do lobo frontal.</p><p>Ela recebe fibras de todas as demais áreas de associação do córtex, ligando-se ainda</p><p>ao sistema límbico. Esta região está envolvida pelo menos nas seguintes funções:</p><p>escolha das opções e estratégias comportamentais mais adequadas à situação física e</p><p>social do indivíduo, assim como a capacidade de alterá-los quando tais situações se</p><p>modificam; manutenção da atenção; e</p><p>controle do comportamento emocional.</p><p>A Área Temporo-Parietal compreende todo o lobo parietal inferior, situando-</p><p>se entre as áreas secundárias auditivas, visual e somestésica, funcionando como centro</p><p>que integra informações recebidas dessas três áreas. É importante para a percepção</p><p>espacial e esquema corporal. Lesões nessa área originam a Síndrome da</p><p>Heminegligência (e a Síndrome de Pusher), muito mais comum em lesões de</p><p>hemisfério direito (mais relacionado com processos visuo-espaciais).</p><p>As Áreas Límbicas compreendem o giro do cíngulo, o giro para-hipocampal e o</p><p>hipocampo. Essas áreas estão relacionadas principalmente com a memória e o</p><p>comportamento emocional.</p><p>https://tathianatrocoli.files.wordpress.com/2009/12/sistema_limbico.jpg</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>Plasticidade do Cérebro</p><p>www.cenes.com.br | 13</p><p>3 Plasticidade do Cérebro</p><p>A plasticidade cerebral é a capacidade que o cérebro tem em se remodelar em</p><p>função das experiências do sujeito, reformulando as suas conexões em função das</p><p>necessidades e dos fatores do meio ambiente.</p><p>Há alguns anos atrás, admitia-se que o tecido cerebral não tinha capacidade</p><p>regenerativa e que o cérebro era definido geneticamente, ou seja, possuía um</p><p>programa genético fixo. No entanto, não era possível explicar o facto de pacientes</p><p>com lesões severas obterem, com técnicas de terapia, a recuperação da função. Porém,</p><p>o aumento do conhecimento sobre o cérebro mostrou que este é muito mais maleável</p><p>do que até então se imaginava, modificando-se sob o efeito da experiência, das</p><p>percepções, das ações e dos comportamentos.</p><p>Deste modo, podemos referir que a relação que o ser humano estabelece com o</p><p>meio produz grandes modificações no seu cérebro, permitindo uma constante</p><p>adaptação e aprendizagem ao longo de toda a vida. Assim, o processo da plasticidade</p><p>cerebral torna o ser humano mais eficaz.</p><p>A plasticidade cerebral explica o facto de certas regiões do cérebro poderem</p><p>substituir as funções afetadas por lesões cerebrais. Como tal, uma função perdida</p><p>devido a uma lesão cerebral pode ser recuperada por uma área vizinha da zona</p><p>lesionada. Contudo, a recuperação de certas funções depende de alguns fatores, como</p><p>a idade do indivíduo, a área da lesão, o tempo de exposição aos danos, a natureza da</p><p>lesão, a quantidade de tecidos afetados, os mecanismos de reorganização cerebral</p><p>envolvidos, assim como, outros fatores ambientais e psicossociais. Porém, a</p><p>plasticidade cerebral não é apenas relevante em caso de lesões cerebrais, uma vez que</p><p>ela está continuamente ativa, modificando o cérebro a cada momento. Os</p><p>mecanismos através dos quais ocorrem os fenómenos de plasticidade cerebral podem</p><p>incluir modificações neuroquímicas, sinápticas, do receptor neuronal, da membrana e</p><p>ainda modificações de outras estruturas neuronais.</p><p>4 Sistema nervoso</p><p>Sistema nervoso representa uma rede de comunicações do organismo. É</p><p>formado por um conjunto de órgãos do corpo humano que possuem a função de</p><p>captar as mensagens, estímulos do ambiente, "interpretá-los" e "arquivá-los".</p><p>Consequentemente, ele elabora respostas, as quais podem ser dadas na forma de</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>Sistema nervoso</p><p>www.cenes.com.br | 14</p><p>movimentos, sensações ou constatações.</p><p>Nervos que compõem o sistema nervoso</p><p>O Sistema Nervoso está dividido em duas partes fundamentais: sistema nervoso</p><p>central sistema nervoso periférico.</p><p>4.1 Sistema Nervoso Central</p><p>O Sistema Nervoso Central é constituído pelo encéfalo e pela medula espinhal,</p><p>ambos envolvidos e protegidos por três membranas denominadas meninges.</p><p>Encéfalo: o encéfalo, que pesa aproximadamente 1,5 quilo, está localizado na</p><p>caixa craniana e apresenta três órgãos principais: o cérebro, o cerebelo e o tronco</p><p>encefálico.</p><p>Cérebro: é o órgão mais importante do sistema nervoso. Considerado o órgão</p><p>mais volumoso, pois ocupa a maior parte do encéfalo, o cérebro está dividido em duas</p><p>partes simétricas: o hemisfério direito e o hemisfério esquerdo. Assim, a camada mais</p><p>externa do cérebro e cheia de reentrâncias, chama-se córtex cerebral, o responsável</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>Sistema nervoso</p><p>www.cenes.com.br | 15</p><p>pelo pensamento, visão, audição, tato, paladar, fala, escrita, etc. Ademais, é sede dos</p><p>atos conscientes e inconscientes, da memória, do raciocínio, da inteligência e da</p><p>imaginação, e controla ainda, os movimentos voluntários do corpo.</p><p>Cerebelo: está situado na parte posterior e abaixo do cérebro, o cerebelo</p><p>coordena os movimentos precisos do corpo, além de manter o equilíbrio. Além disso,</p><p>regula o tônus muscular, ou seja, regula o grau de contração dos músculos em</p><p>repouso.</p><p>Tronco Encefálico: localizado na parte inferior do encéfalo, o tronco encefálico</p><p>conduz os impulsos nervosos do cérebro para a medula espinhal e vice-versa. Além</p><p>disso, produz os estímulos nervosos que controlam as atividades vitais como os</p><p>movimentos respiratórios, os batimentos cardíacos e os reflexos, como a tosse, o</p><p>espirro e a deglutição.</p><p>Medula Espinhal: a medula espinhal é um cordão de tecido nervoso situado</p><p>dentro da coluna vertebral. Na parte superior está conectada ao tronco encefálico. Sua</p><p>função é conduzir os impulsos nervosos do restante do corpo para o cérebro e</p><p>coordenar os atos involuntários (reflexos).</p><p>4.2 Sistema Nervoso Periférico</p><p>O sistema nervoso periférico é formado por nervos que se originam no encéfalo</p><p>e na medula espinhal. Sua função é conectar o sistema nervoso central ao resto do</p><p>corpo. Importante destacar que existem dois tipos de nervos: os cranianos e os</p><p>raquidianos.</p><p>Nervos Cranianos: distribuem-se em 12 pares que saem do encéfalo, e sua</p><p>função é transmitir mensagens sensoriais ou motoras, especialmente para as áreas da</p><p>cabeça e do pescoço.</p><p>Nervos Raquidianos: são 31 pares de nervos que saem da medula espinhal. São</p><p>formados de neurônios sensoriais, que recebem estímulos do ambiente; e neurônios</p><p>motores que levam impulsos do sistema nervoso central para os músculos ou para as</p><p>glândulas.</p><p>De acordo com a sua atuação, o sistema nervoso periférico pode ser dividido em</p><p>sistema nervoso somático e sistema nervoso autônomo.</p><p>Sistema Nervoso Somático: regula as ações voluntárias, ou seja, que estão sob</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>Como a Neurociência pode ajudar no aprendizado</p><p>www.cenes.com.br | 16</p><p>o controle da nossa vontade bem como regula a musculatura esquelética de todo o</p><p>corpo.</p><p>Sistema Nervoso Autônomo: atua de modo integrado com o sistema nervoso</p><p>central e apresenta duas subdivisões: o sistema nervoso simpático, que estimula o</p><p>funcionamento dos órgãos, e o sistema nervoso parassimpático que inibe o seu</p><p>funcionamento.</p><p>De maneira geral, esses dois sistemas têm funções contrárias. Enquanto o sistema</p><p>nervoso simpático dilata a pupila e aumenta a frequência cardíaca, o parassimpático,</p><p>por sua vez, contrai a pupila e diminui os batimentos cardíacos.</p><p>Enfim, a função do sistema nervoso autônomo é regular as funções orgânicas,</p><p>para que as condições internas do organismo se mantenham constantes.</p><p>Nos últimos anos, inúmeros estudos foram realizados no intuito de se entender</p><p>de forma mais assertiva as atividades cerebrais e como as mesmas influenciam no</p><p>comportamento humano. E é justamente nesse contexto que se encaixa a</p><p>Neurociência.</p><p>Ela corresponde a área em que estuda o sistema nervoso central, bem como suas</p><p>funcionalidades, estrutura, fisiologia e patologias. Esse sistema é responsável por</p><p>estruturar as atividades do corpo humano, sejam elas voluntárias ou não.</p><p>De forma resumida, as experiências e a maneira como o ser humano lida com as</p><p>mesmas, afetam seu cérebro e seu desenvolvimento. Nesse sentido, a neurociência</p><p>diz respeito a inteligência, aos sentimentos, a capacidade de tomar decisões, além de</p><p>gerar entendimento sobre o funcionamento do sistema nervoso e como agir sobre</p><p>ele.</p><p>Para que todo este estudo seja realizado, os cientistas</p><p>levam em consideração os</p><p>processos a nível cognitivo, ou seja, como o ser humano adquiri conhecimento (seja</p><p>por meio da atenção, da associação, da memória, da imaginação, do pensamento, da</p><p>linguagem, entre outros), através dos cinco sentidos, resultando assim, em seu</p><p>desenvolvimento intelectual, comportamentos, interações e adaptação ao meio.</p><p>5 Como a Neurociência pode ajudar no aprendizado</p><p>Você já parou para pensar em como o cérebro processa as informações que</p><p>recebe? Em como tal ação reflete no aprendizado e na vida como um todo? É</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>Como a Neurociência pode ajudar no aprendizado</p><p>www.cenes.com.br | 17</p><p>justamente através da Neurociência que tais perguntas podem ser respondidas, pois</p><p>seus estudos compreendem como uma pessoa processa as informações adquiridas</p><p>pelo ambiente e as transforma em aprendizado. A partir daí, é possível definir</p><p>estratégias assertivas de ensino, o que garante a pessoa, uma melhor absorção do</p><p>conteúdo.</p><p>Confira algumas áreas em que a Neurociência pode auxiliar no aprendizado:</p><p>5.1 Emoção</p><p>A inteligência humana está intimamente ligada a emoção, ou seja, o aspecto</p><p>emocional interfere na nossa cognição: quanto mais um evento contenha emoção,</p><p>mais a pessoa se lembrará dele e isso afeta na obtenção de conhecimento (de forma</p><p>positiva ou negativa). Nesse sentido, a emoção da pessoa precisa ser instigada</p><p>(quando ela for positiva) ou desestimulada (quando ela for negativa), para que o</p><p>desenvolvimento intelectual não seja prejudicado.</p><p>5.2 Motivação</p><p>A motivação é o que fomenta o aprendizado, quando a pessoa se depara com</p><p>uma interferência positiva, isso mobiliza a atenção da mesma, o que gera a motivação.</p><p>Da mesma forma, se o indivíduo encontra uma tarefa muito difícil, sua mente se frustra</p><p>e ele acaba desmotivado, e isso interfere na sua aprendizagem.</p><p>A pessoa deve então, no decorrer do desenvolvimento intelectual, não apenas</p><p>entrar em contato com inúmeros conteúdos, como também, realizar atividades que</p><p>despertem a sua curiosidade, proponham desafios e a motivem.</p><p>5.3 Atenção</p><p>A atenção é fundamental para que o conhecimento seja adquirido, pois o sistema</p><p>nervoso só absorve a informação quando a pessoa está atenta a mesma. O indivíduo</p><p>presta atenção em alguma coisa, quando aquilo é entendido, ou seja, tem significado.</p><p>Nesse sentido, a falta de atenção muitas vezes não ocorre por indisciplina, mas</p><p>sim, por falta de estímulo. Por conta disso, para que a pessoa dê atenção a uma</p><p>informação, a interação entre a mesma e o indivíduo precisa ocorrer.</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>A percepção de aprendizagem</p><p>www.cenes.com.br | 18</p><p>5.4 Socialização</p><p>As experiências sociais do ser humano e o ambiente ao qual ele está inserido,</p><p>formam a sua cognição, ou seja, o cérebro se modifica e se desenvolve durante a vida.</p><p>Através da socialização, é possível que a pessoa consiga aprimorar a sua linguagem</p><p>verbal e não verbal, interagir com outras pessoas, reconhecer e expressar emoções,</p><p>exercer suas potencialidades e ter empatia.</p><p>A memória se dá através de repetições, quando a pessoa decora uma informação</p><p>e através de associações, quando existem vínculos e relações com o conteúdo. Nesse</p><p>sentido, o ato de aprender não ocorre apenas quando se grava informações, mas</p><p>também, quando o conteúdo afeta a pessoa. Com isso, o indivíduo deve identificar</p><p>pontos de ancoragem para que o conteúdo aprendido tenha sentido e fique na sua</p><p>memória.</p><p>A Neurociência Cognitiva tem como objeto de estudo, a compreensão, na prática,</p><p>sobre como a nossa mente processa as informações, como isso possibilita aprender,</p><p>desenvolver e acumular conhecimentos e aperfeiçoar as múltiplas inteligências. Essa</p><p>consciência dos pontos fortes e de limitação é fundamental no processo de ensino,</p><p>uma vez que possibilita desenvolver modelos de aprendizado que levem em conta o</p><p>processo cognitivo de cada um e com soluções adequadas a cada pessoa.</p><p>6 A percepção de aprendizagem</p><p>A percepção no contexto escolar é o modo pelo qual o aluno adquire</p><p>conhecimento por meios sensoriais. A percepção está vinculada a um contexto social</p><p>e/ou a um signo tem a propriedade de facilitar e mediar a absorção do conhecimento</p><p>que se inicia desde o nascimento e acompanha o indivíduo até a morte. Palavras-</p><p>chave: Percepção; Escolar; Sensoriais.</p><p>A percepção sensorial contribui para que exista um processo de aprendizagem.</p><p>Ela também pode fazer uma mediação por meio do valor simbólico (valor dado a um</p><p>elemento de forma subjetiva) e do contexto social.</p><p>Em relação a percepção contexto social existem duas facetas muito importantes</p><p>que quase todos os indivíduos experimentaram são o contexto familiar e o contexto</p><p>escolar.</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>A percepção de aprendizagem</p><p>www.cenes.com.br | 19</p><p>6.1 A percepção no contexto familiar</p><p>A percepção no contexto familiar é o primeiro contato que a criança tem com</p><p>outras pessoas, portanto é neste contato que ela desenvolverá, além da memória</p><p>natural, a memória mediada, que futuramente será mais explorada no ambiente</p><p>escolar. Logo, é no ambiente familiar que a criança inicia o seu processo de</p><p>aprendizagem.</p><p>Partindo dessa premissa, percebemos que aprendemos a falar o idioma e os</p><p>costumes de nossos pais ou responsáveis não só por causa de um mero processo de</p><p>aprendizagem por imitação, mas também porque esses elementos fazem parte do</p><p>nosso contexto social. Assim como o nosso comportamento, mas para que haja este</p><p>aprendizado é preciso que a criança se utilize de todos os sentidos, a fim de formar,</p><p>uma malha de conhecimento.</p><p>6.2 A percepção no contexto escolar</p><p>A percepção escolar está vinculada na forma pelo qual a criança percebe e adquiri</p><p>conhecimento no ambiente escolar que será utilizado posteriormente na vida adulta.</p><p>Logo, elementos como o relacionamento professor – aluno, aluno – professor e aluno</p><p>– aluno torna-se importante, uma vez que é a partir disto que acriança irá se aprimorar</p><p>para viver em sociedade, isto é, ela tornar-se-á um indivíduo social.</p><p>No âmbito escolar, a criança se defronta com maiores exigências sobre o modo</p><p>de se relacionar com os outros: passa a estabelecer relações tanto com adultos quanto</p><p>com seus iguais e a se deparar com diferentes contextos e novas regras. A maior parte</p><p>das teorias psicológicas abordam as diversas formas de interações sociais como</p><p>fatores determinantes na formação de crenças e valores do indivíduo, bem como na</p><p>maneira deste reagir que envolva tais valores. Para que isso ocorra de um modo não</p><p>traumatizante a escola procura trabalhar com o aluno com a finalidade de que ele se</p><p>adapte ao no ambiente desde o seu ingresso na escola.</p><p>No meio deste processo de adaptação, o educando troca informações com o</p><p>ambiente escolar descobre coisas novas, assim como, tem novas experiências que</p><p>farão parte da memória mediada como exemplo pode se citar o aluno relapso que</p><p>não estuda, não se dedica e nem presta atenção na aula após a primeira ou a segunda</p><p>avaliação ele perceberá que se ele não se dedicar ele receberá uma nota baixa. As</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>A percepção de aprendizagem</p><p>www.cenes.com.br | 20</p><p>notas de avaliação não deixam de ser um estímulo para que o aluno se dedique.</p><p>Infelizmente, alguns profissionais na área da educação se utilizam da nota para</p><p>chantagear o aluno e não para educá-lo tornando o seu trabalho como educador</p><p>ineficaz, visto que o aluno não será capaz perceber por meio sensórias e reflexivos o</p><p>que necessita aprender apenas será capaz de repetir o que o professor disse ou o que</p><p>está no livro didático.</p><p>O papel do professor não é só de mediar o conhecimento, mas também ensinar</p><p>ao aluno a ter criticidade e a formular pensamentos próprios conforme a sua</p><p>subjetividade.</p><p>6.3 Aluno x professor</p><p>O professor inúmero vezes reclama que os alunos se mostram indiferentes as</p><p>matérias dadas. Todavia, ele como educador dificilmente</p><p>procura se aprimorar a fim</p><p>de tornar as suas aulas mais interessantes e que tenham maior participação dos</p><p>alunos.</p><p>A culpa deste contexto não é apenas do professor, mas de toda a comunidade</p><p>escolar. Visto que, os alunos já estão doutrinados a sentar na classe, abrir o caderno e</p><p>copiar do quadro. E qualquer método diferente lhe causa estranheza. Além de muitas</p><p>vezes, surtir um efeito negativo sobre eles. Contudo, há uma necessidade de que a</p><p>percepção escolar seja mudada, ou melhor, seja atualizada. Afinal, este modelo de</p><p>aula já era lecionado no tempo dos principados. Mas, para que isso ocorra é preciso</p><p>a participação de toda a comunidade escolar e principalmente do educador.</p><p>Pequenas mudanças no ensino são capazes de multiplicar a percepção do aluno,</p><p>assim como, conquistar a sua atenção para o que é ensinado, por exemplo, uma aula</p><p>de botânica no Jardim Botânico que possibilita que o professor demonstre ao aluno</p><p>todas as características de uma planta monocotiledônea ou de uma planta</p><p>dicotiledônea. Além de que o aluno, poderá tocá-la transformando o processo de</p><p>aprendizagem por repetição e memorização em um processo lúdico no qual os cinco</p><p>sentidos contribuíram na percepção do conhecimento.</p><p>Tanto o professor quanto o aluno devem se alicerçar na percepção sensorial para</p><p>tornar o conhecimento implícito ao aluno. Com a finalidade, de que ele possa ser</p><p>capaz de viver em sociedade e de modificá-la de forma positiva para tanto o aluno</p><p>necessita aprender a ser crítico e esse deve ser um dos principais objetivos do</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>A percepção de aprendizagem</p><p>www.cenes.com.br | 21</p><p>professor.</p><p>Porque assim ele estará contribuindo com a sociedade e com o aluno. Além disso,</p><p>o professor deve estimular o seu aluno a aprender e também, assim como o seu aluno,</p><p>estudar para se aperfeiçoar. Com o intuito de aproximar o aluno ao saber que deve</p><p>ser absorvido para que com isso haja um entrosamento do aluno com o conteúdo e</p><p>com o professor. Cabe salientar, que o professor para obter respeito no contexto</p><p>escolar não necessita se tornar um ditador e ele também deve ter consciência que</p><p>também é possível aprender com o seu aluno.</p><p>6.4 Funcionamento da memória</p><p>Computadores do tamanho de um fio de cabelo. Cérebros eletrônicos</p><p>programados para entender as emoções do usuário. Bem-vindo ao mundo de Jean</p><p>Paul Jacob. Ele é gerente do Centro IBM de Pesquisas, um dos laboratórios de</p><p>tecnologia mais avançados do mundo, localizado em Almadén, na Califórnia, Estados</p><p>Unidos. Doutor em Matemática e Engenharia, Jacob recebe todo dia mais de setenta</p><p>e-mails. Atende cerca de trinta telefonemas. Conversa com dezenas de pessoas. É</p><p>comum também dar palestras em todo o mundo, ocasião em que entra em contato</p><p>com centenas de colegas e alunos. Na Internet, lê jornais e revistas eletrônicos. Para</p><p>receber e processar tantas informações, é justo imaginar que ele tenha uma memória</p><p>tão precisa quanto a dos supercomputadores que projeta, certo? Nem tanto. “Eu</p><p>costumo esquecer tudo”, diz Jacob.</p><p>Maria Fátima de Modena, 45 anos, dirige uma empresa que monta feiras e</p><p>exposições pelo Brasil. Logo depois de acordar, começa a ler os jornais. “Uso muito as</p><p>notícias no meu trabalho”, diz. Em seguida, senta-se à frente do computador e abre</p><p>as dezenas de e-mails que a esperam no início do dia. No serviço, o celular toca o</p><p>tempo todo. “A pia do estande está vazando.” “Deu curto no sistema elétrico.” “O</p><p>equipamento ainda não chegou” E Fátima sai correndo de um lado para outro,</p><p>acionando colaboradores, tomando providências. Há três anos, a executiva começou</p><p>a esquecer coisas. “Minha memória estava péssima. Tinha brancos constantemente.</p><p>Não conseguia guardar nenhum telefone. Até o da minha própria casa às vezes eu</p><p>esquecia.”</p><p>Estresse? Não só isso. A avalanche de informações, uma das características mais</p><p>marcantes do mundo contemporâneo, aqui ou em qualquer outro país, atinge em</p><p>cheio a nossa habilidade de recordar. As folhas de fax, os programas de televisão, as</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>A percepção de aprendizagem</p><p>www.cenes.com.br | 22</p><p>notícias do jornal e até as matérias das revistas (opa!) Representam uma quantidade</p><p>de dados que parece ser maior do que aquilo que podemos guardar.</p><p>Os psicólogos até já inventaram um nome para isso: síndrome da fadiga da</p><p>informação. “Quando estamos abarrotados de dados, fica difícil se concentrar naquilo</p><p>que realmente precisamos lembrar mais tarde”, diz a psicóloga Cynthia Green,</p><p>coordenadora do programa de aprimoramento da memória da Escola de Medicina de</p><p>Mount Sinai, em Nova York. “É muito mais um problema de assimilação do que de</p><p>esquecimento.”</p><p>A assimilação (é bom repetir a palavra, isso ajuda a lembrar) é a primeira etapa</p><p>do processo de memorização. Inicialmente, as imagens, os diálogos, movimentos,</p><p>cheiros etc. são captados pelos sentidos. Há um rearranjo no circuito cerebral, uma</p><p>alteração na taxa de disparos químicos entre os neurônios –– as células que fazem a</p><p>comunicação de dados no cérebro. Essa é a memória de curto prazo, que você usa</p><p>rapidamente e esquece em seguida. Exemplo disso são os números de telefone, que</p><p>vão para o espaço assim que você acaba de discá-los.</p><p>Para que você possa acionar um dado uma ou duas semanas depois de tê-lo</p><p>captado, é preciso convertê-lo em memória de longo prazo. Esse trabalho fica a cargo</p><p>do hipocampo. É ele que entra em ação quando você decide quais as frases, os rostos</p><p>e os números que devem ser arquivados para uso futuro. O hipocampo envia os dados</p><p>para diferentes locais do córtex cerebral. Lá ocorre uma alteração química, dessa vez</p><p>mais profunda, que fortalece as conversas entre as células da massa cinzenta. Quanto</p><p>mais extensa e bem enraizada for a rede de neurônios, mais fácil será o acesso ao</p><p>escaninho depois. “Mas, se você lida com a informação de maneira superficial ––</p><p>surfando como um possesso pela Internet, por exemplo ––, não vai conseguir reter</p><p>nada”, diz a psicóloga Cândida Camargo, do Hospital das Clínicas de São Paulo.</p><p>Assim que as cenas, os sons, os cheiros etc. são integrados aos circuitos do</p><p>cérebro, o hipocampo descansa e entra em cena o lobo frontal, estrutura responsável</p><p>pelo processo de recordação. É ele que traz à tona todas as informações que foram</p><p>devidamente estocadas. “O lobo frontal coordena as diversas memórias e é a parte do</p><p>cérebro que o ser humano tem mais desenvolvida em relação aos animais”, diz o</p><p>psicólogo Orlando Bueno, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).</p><p>No lobo frontal, que é tão complexo quanto frágil, a memória de curto prazo e a</p><p>de longo prazo se completam para formar aquilo que chamamos de raciocínio. Além</p><p>do excesso de informações, a falta de memória pode ser provocada também pela</p><p>depressão, pela ansiedade e pelo estresse. Uma pessoa com tendência ao baixo-astral,</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>A percepção de aprendizagem</p><p>www.cenes.com.br | 23</p><p>por exemplo, acaba se preocupando mais com o que a está aborrecendo do que com</p><p>os outros aspectos da vida. Um ansioso tem muita dificuldade para se deter por muito</p><p>tempo no mesmo assunto. O estresse, além de atrapalhar a concentração, pode</p><p>interferir de outras maneiras.</p><p>Suspeita-se que ele encolha o hipocampo e libere hormônios que danificam as</p><p>moléculas transportadoras de energia, deixando o cérebro sem força suficiente para</p><p>operar. Sem contar que existe um parentesco estreito entre o estresse e a síndrome</p><p>da fadiga da informação. “Uma das principais causas da tensão é o excesso de</p><p>conteúdo. Em qualquer função de chefia, a informação é tanta que o sujeito acaba</p><p>esgotado. É quando você acorda à noite pensando em trabalho”, diz o neurologista</p><p>Iván Izquierdo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e um dos cientistas</p><p>brasileiros mais prestigiados fora do país.</p><p>Os brancos de memória motivaram e motivam muitas experiências. No ano</p><p>passado, cientistas da Universidade de</p><p>Princeton, nos Estados Unidos, começaram a</p><p>desenvolver a mais promissora das drogas destinadas a ajudar a memória. Depois de</p><p>alterar o código genético de alguns ratinhos, eles conseguiram elevar a quantidade</p><p>de receptores de NMDA (um tipo de neurotransmissor, a substância responsável pela</p><p>comunicação entre os neurônios). Quando esses receptores são repetidamente</p><p>acionados, ocorrem reações químicas que produzem uma espécie de ponte entre os</p><p>neurônios e ajudam a fixar a memória.</p><p>Calcula-se que daqui a oito ou dez anos já esteja disponível no mercado uma</p><p>droga inspirada nesses estudos. Ela será útil para pessoas que sofrem de doenças</p><p>degenerativas do cérebro, como as diversas demências e o Alzheimer, que danificam</p><p>os neurônios. Mas o mais interessante é que, segundo o neurologista Joseph Tsien,</p><p>diretor da experiência, ela também será útil para pessoas saudáveis que experimentam</p><p>leves esquecimentos.</p><p>Há outras novidades no horizonte. Além de estimular a comunicação entre os</p><p>neurônios, os novos experimentos buscam induzir, com segurança, sua multiplicação.</p><p>E isso é algo extremamente recente no mundo da ciência. Até dois anos atrás, era tido</p><p>como certo que neurônios não se reproduziam. Quando um morria, não era</p><p>substituído. Agora, está comprovado que a memória não é formada somente pelos</p><p>neurônios que acompanham a pessoa desde o nascimento. “Mesmo na idade adulta</p><p>é possível contar com uma reserva de novos neurônios”, diz o neurologista Paulo</p><p>Bertolucci, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Eles surgem a partir de</p><p>células primordiais (ou células-tronco), que existem em todo o sistema nervoso e</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>A percepção de aprendizagem</p><p>www.cenes.com.br | 24</p><p>podem se especializar em atuar no interior do hipocampo.</p><p>O desafio do momento é conseguir aumentar a produção dessas novas células</p><p>cerebrais. “Supondo que possamos determinar os genes que ordenam essa</p><p>multiplicação, seria só mudar essa chave”, diz. Algo que, de acordo com Bertolucci, só</p><p>vai acontecer daqui a muitos anos. De todo modo, a possibilidade de aportar novos</p><p>neurônios é uma ótima notícia para cérebros cansados de guerra, que já estão na</p><p>situação de esquecer mais do que de lembrar.</p><p>Claro, há riscos envolvidos. “O cérebro é o resultado de muitos anos de evolução</p><p>do homem. Qualquer mudança artificialmente induzida poderia alterar esse</p><p>equilíbrio”, diz Gilberto Xavier, neurofisiologista da USP. “Um crescimento dos</p><p>receptores NMDA poderia levar a uma maior propensão à epilepsia, por exemplo.” É</p><p>quase um curto-circuito. O sucesso da multiplicação dos neurônios depende</p><p>basicamente de conseguir organizá-los. Do contrário, um crescimento desordenado</p><p>poderia até virar um tumor.</p><p>Enquanto as pesquisas caminham, quem sofre com a perda de memória já achou</p><p>alguns paliativos na farmácia. A droga mais popular é um medicamento fitoterápico</p><p>de nome esquisito: o ginkgo biloba. O ginkgo é de uma família antiquíssima de</p><p>plantas, anterior até aos dinossauros. Para começar, ele deixa o sangue menos denso,</p><p>fazendo-o correr mais rápido pelos vasos e levar mais energia e oxigênio para os</p><p>neurônios. Além disso, o ginkgo degrada alguns inimigos do cérebro, como a enzima</p><p>MAO, que atrapalha as comunicações cerebrais, e os radicais livres, que viajam pelo</p><p>corpo todo depredando e envelhecendo os tecidos.</p><p>Em uma pesquisa da Unifesp feita este ano, 23 sexagenários –– todos saudáveis</p><p>–– tomaram uma cápsula de ginkgo por dia durante seis meses e se submeteram a</p><p>vários testes. Um deles consistia em repetir, em uma prancha com nove quadradinhos,</p><p>a sequência de posições demonstrada. Antes de usarem o remédio, conseguiam</p><p>repetir em média 3,4 posições. Depois, foram capazes de acertar 5,4. “Eles</p><p>demostraram uma melhora de memória, de atenção e de aprendizado”, diz a</p><p>psicóloga Ruth Ferreira dos Santos, responsável pela pesquisa. Mas o ginkgo tem suas</p><p>limitações. Ao deixar o sangue mais diluído, o poder de cicatrização do indivíduo</p><p>diminui e podem surgir sangramento internos.</p><p>Na falta de medicamentos totalmente confiáveis, a prática de exercícios físicos</p><p>aeróbicos (levantar pesos, atividade anaeróbica, não ajuda em nada) aparece como</p><p>um dos meios mais garantidos de manter uma boa memória. “Eles ativam a circulação</p><p>do sangue, reduzem o estresse e a ansiedade”, diz o professor de Educação Física</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>A percepção de aprendizagem</p><p>www.cenes.com.br | 25</p><p>Marco Túlio de Mello, da Universidade Federal de Uberlândia, em Minas Gerais. As</p><p>atividades em grupo também aprimoram a coordenação motora, que pode ser</p><p>entendida como a memória que usamos para movimentar o nosso corpo.</p><p>Uma dieta balanceada, com refeições na hora certa, também contribui. “Quem</p><p>acorda de manhã, toma uma xícara de café e sai para a rua corre o risco de ter uma</p><p>memória menos ativa até a hora do almoço”, diz Orlando Bueno, da Unifesp. É que a</p><p>energia necessária ao bom funcionamento do cérebro chega por meio dos alimentos.</p><p>Acredite ou não, o próprio ato de mastigar, por si só, ajuda. Em uma pesquisa realizada</p><p>este ano com ratos de laboratório, cientistas da Universidade de Gifu, no Japão,</p><p>descobriram que o movimento das mandíbulas conserva as lembranças por mais</p><p>tempo. Não se sabe ainda como isso acontece, mas se especula que ele reduza o</p><p>estresse e aumente a irrigação do cérebro.</p><p>Há também exercícios mentais que podem estimular a memória. Um deles é</p><p>acrescentar outros significados ao que você quer lembrar –– uma forma simples de</p><p>fortalecer as conexões entre os neurônios. Todo bom professor de cursinho pré-</p><p>vestibular sabe que isso funciona. “Não dá mais para passar conhecimento de uma</p><p>maneira tradicional. A gente tem que usar piada, contar histórias, músicas e tudo o</p><p>mais para que os estudantes consigam guardar o conteúdo das aulas”, diz Paulo</p><p>Figueiredo, professor de Biologia do Curso Objetivo, em Lavras, Minas Gerais, que,</p><p>aliás, está lançando o seu segundo CD com letras de biologia. O… humm, como é</p><p>mesmo o nome dele? ah, é mesmo, hipocampo terá seu nome mais facilmente</p><p>gravado depois que você souber que ele deriva de uma palavra latina que significa</p><p>cavalo-marinho. O nome é esse porque o formato do hipocampo lembra o do bicho.</p><p>Também é recomendável que você assume o comando da massa de informações</p><p>com que lida. Como? Não deixando que ela controle você. “Determine quando você</p><p>está mais disponível a receber novos dados e tente limitar a absorção de</p><p>conhecimentos novos a horas específicas”, diz Cynthia Green (aquela médica do</p><p>Mount Sinai, em Nova York, lembra-se?). A atarefada Fátima (consegue lembrar quem</p><p>é?) Aprendeu a lidar com isso e hoje desliga o celular quando não está trabalhando.</p><p>Outra dica: não deixe toda a responsabilidade de lembrar para os seus pobres</p><p>neurônios. Alimente uma espécie de memória paralela. Liste as coisas que você tem a</p><p>fazer. Use muito a agenda. O gerente de treinamento da Johnson & Johnson, Roberto</p><p>Zardo, 45 anos, recebe uma média de cinquenta e-mails por dia, assina dois jornais,</p><p>três revistas e navega todo dia na rede. “A entrada de informação é brutal”, diz. Para</p><p>resolver a questão, decidiu se aliar à tecnologia. Sua agenda eletrônica guarda 706</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>A percepção de aprendizagem</p><p>www.cenes.com.br | 26</p><p>números de telefone e 467 datas de aniversário. É mais de uns parabéns por dia.</p><p>O pesquisador Jacob também tem seus truques. O primeiro é anotar</p><p>praticamente tudo. Ele transforma em papeizinhos de recado todas as informações</p><p>que vê ou ouve. Dá a elas um título (com indicações como “recomendo”, “preciso”) e</p><p>depois passa para o computador, em que são organizadas em pastas de acordo com</p><p>uma hierarquia de assuntos. “Eu não me lembro da informação, mas sim de onde ela</p><p>está”, diz. Seus dados, compromissos, endereços e telefones se encontram todos em</p><p>um disco rígido que ele carrega para todo lugar que vai e acopla diversos</p><p>computadores.</p><p>Até mesmo as conversas telefônicas podem ser incluídas nesse</p><p>arquivo, pois ele grava cerca de vinte chamadas por dia. O recado é um só: tente</p><p>liberar a cuca de tudo que puder ser armazenado em outro lugar.</p><p>Nas livrarias, existem vários livros cheios de promessas. Memória Turbinada,</p><p>Como Ter uma Memória Superpoderosa. Coisas do tipo. Todos trazem exercícios que</p><p>buscam ajudar a fixar os arquivos do passado. Alguns ensinam a construir associações</p><p>tão infalíveis quanto estranhas. Considere, por exemplo, a seguinte frase: “Cavalo-</p><p>marinho não é lobo mau.” Gravando-a, você poderá lembrar-se com mais facilidade</p><p>de que tanto o hipocampo (cavalo-marinho) quanto o lobo frontal (lobo mau) estão</p><p>relacionados ao armazenamento e à recuperação de informações, nessa ordem.</p><p>Bem, mesmo que você não aproveite tanto as dicas dos livros, saiba que o</p><p>simples fato de ler já é um bom exercício para a memória. Ao ligar os novos</p><p>conhecimentos ao que já sabe, você promove um caloroso diálogo entre seus</p><p>neurônios, o que é fundamental para a construção das lembranças. Com tudo isso,</p><p>temos certeza de que até os mínimos detalhes desta matéria ficarão para sempre na</p><p>sua mente. Você vai se lembrar de que o ginkgo tem forma de cavalo-marinho, que o</p><p>hipocampo pode se multiplicar e que os neurônios são vegetais que já existiam na</p><p>época dos dinossauros.</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>A percepção de aprendizagem</p><p>www.cenes.com.br | 27</p><p>7 REFERÊNCIAS</p><p>BEAR M. F.; CONNORS B. W.; PARADISO Michael A., Neurociências, Desvendando o</p><p>Sistema Nervoso. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.</p><p>GALLAHUE, D.; OSMUN, J. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: bebês,</p><p>crianças, adolescentes e adultos. São Paulo. Phorte editora, 2003.</p><p>GILLEN, G.; BURKHARDT, A. Stroke Rehabilitation - A Function-Based Approach.</p><p>Editora Mosby, 1998.</p><p>GOBATO, A. G.; ROCHA, F. S.; BARBOSA, E.; PRETTE, Z. A.; FREITAS, F. L. e. A percepção</p><p>de escolares quanto à adequação de desempenhos agressivos, passivos e socialmente</p><p>habilidosos e sua relação com o gênero e a dificuldade de aprendizagem. 2001, p. 1</p><p>KIERNAN, J. A. Neuroanatomia humana de Barr. 7 ed. Rio de Janeiro: Manole, 2003.</p><p>KOLB, B.; WHISHAW, I. Q., Neurociência do comportamento. Rio de Janeiro:</p><p>Manole/Ed. Brasil, 2002.</p><p>MACHADO, A. Neuroanatomia Funcional. Editora Atheneu, 2ª ed., 2006.</p><p>MENESES, M. S. Neuroanatomia Aplicada. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.</p><p>NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.</p><p>PAPALIA, D. E., & FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. Artmed, 2013.</p><p>Shaw P, K, NJ, L. JP, et al. Neurodevelopmental trajectories of the human cerebral</p><p>cortex. J Neurosci. 2008</p><p>STERNBERG, R. Psicologia cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.</p><p>UEHARA, E.; MATA, F.; FICHMAN, H. C. & MALLOY-DINIZ, L. F. Funções Executivas na</p><p>Infância. In: Neuropsicologia do Desenvolvimento: infância e adolescência (Orgs).</p><p>Porto Alegre: Artmed, 2016.</p><p>VOGEL A. C.; POWER J. D.; PETERSEN, S. E., Schlagger BL. Development of the brain’s</p><p>functional network architecture. Neuropsychol Rev. 2010</p><p>Ciências Neurológicas |</p><p>A percepção de aprendizagem</p><p>www.cenes.com.br | 28</p><p>Sumário</p><p>1 Desenvolvimento do cérebro</p><p>1.1 Resultados de estudos recentes</p><p>1.2 Lacunas dos estudos</p><p>2 Regiões cerebrais e suas funções</p><p>2.1 Áreas Sensitivas Primárias</p><p>2.2 Área Motora Primária</p><p>2.3 Áreas de Associação Secundárias</p><p>2.4 Áreas de Associação Terciárias:</p><p>3 Plasticidade do Cérebro</p><p>4 Sistema nervoso</p><p>4.1 Sistema Nervoso Central</p><p>4.2 Sistema Nervoso Periférico</p><p>5 Como a Neurociência pode ajudar no aprendizado</p><p>5.1 Emoção</p><p>5.2 Motivação</p><p>5.3 Atenção</p><p>5.4 Socialização</p><p>6 A percepção de aprendizagem</p><p>6.1 A percepção no contexto familiar</p><p>6.2 A percepção no contexto escolar</p><p>6.3 Aluno x professor</p><p>6.4 Funcionamento da memória</p>