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<p>Fundamentos das Políticas Sociais</p><p>Políticas Sociais</p><p>Diretor Executivo</p><p>DAVID LIRA STEPHEN BARROS</p><p>Gerente Editorial</p><p>ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS</p><p>Projeto Gráfico</p><p>TIAGO DA ROCHA</p><p>Autoria</p><p>ANA JUSSARA SILVA DO NASCIMENTO</p><p>AUTORIA</p><p>Ana Jussara Silva do Nascimento</p><p>Olá! Meu nome é Ana Jussara. Sou formada em Ciências Econômicas,</p><p>mestre em Administração e em Meio Ambiente e Qualidade de Vida.</p><p>Tenho experiência como docente e pesquisadora em estudos voltados</p><p>às Políticas Sociais desde a graduação, na especialização em Economia</p><p>Política Regional e também em uma outra especialização em Sociologia,</p><p>na qual tive a oportunidade de discutir assuntos voltados à temática. Amo</p><p>o que faço e por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu</p><p>elenco de autores independentes. Estou muito feliz em contribuir nesta sua</p><p>fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!</p><p>ICONOGRÁFICOS</p><p>Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez</p><p>que:</p><p>OBJETIVO:</p><p>para o início do</p><p>desenvolvimento</p><p>de uma nova</p><p>competência;</p><p>DEFINIÇÃO:</p><p>houver necessidade</p><p>de apresentar um</p><p>novo conceito;</p><p>NOTA:</p><p>quando necessárias</p><p>observações ou</p><p>complementações</p><p>para o seu</p><p>conhecimento;</p><p>IMPORTANTE:</p><p>as observações</p><p>escritas tiveram que</p><p>ser priorizadas para</p><p>você;</p><p>EXPLICANDO</p><p>MELHOR:</p><p>algo precisa ser</p><p>melhor explicado ou</p><p>detalhado;</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>curiosidades e</p><p>indagações lúdicas</p><p>sobre o tema em</p><p>estudo, se forem</p><p>necessárias;</p><p>SAIBA MAIS:</p><p>textos, referências</p><p>bibliográficas</p><p>e links para</p><p>aprofundamento do</p><p>seu conhecimento;</p><p>REFLITA:</p><p>se houver a</p><p>necessidade de</p><p>chamar a atenção</p><p>sobre algo a ser</p><p>refletido ou discutido;</p><p>ACESSE:</p><p>se for preciso acessar</p><p>um ou mais sites</p><p>para fazer download,</p><p>assistir vídeos, ler</p><p>textos, ouvir podcast;</p><p>RESUMINDO:</p><p>quando for preciso</p><p>fazer um resumo</p><p>acumulativo das</p><p>últimas abordagens;</p><p>ATIVIDADES:</p><p>quando alguma</p><p>atividade de</p><p>autoaprendizagem</p><p>for aplicada;</p><p>TESTANDO:</p><p>quando uma</p><p>competência for</p><p>concluída e questões</p><p>forem explicadas;</p><p>SUMÁRIO</p><p>Teoria Social ................................................................................................ 12</p><p>Fundamentos da Teoria Social ............................................................................................. 12</p><p>Giddens e Durkheim: suas teorias sociológicas .................................... 12</p><p>Contribuições de Marx: subjetividade da mercadoria e trabalho</p><p>socialmente necessário à produção .............................................................. 15</p><p>Fundamentos da Política social ........................................................... 21</p><p>Ser social, sociedade e cultura .............................................................................................24</p><p>As questões sociais .......................................................................................................................26</p><p>Classes e lutas sociais .............................................................................30</p><p>As divisões em classes sociais............................................................................................. 30</p><p>A luta de classes ............................................................................................................................35</p><p>As classes sociais brasileiras ................................................................................................. 36</p><p>Capital Social ................................................................................................39</p><p>Capital social e desenvolvimento regional ................................................................... 41</p><p>Capital social no Brasil ...............................................................................................................44</p><p>O fluxo das informações nos relacionamentos: uma análise dos custos</p><p>de transação e capital social ..................................................................................................45</p><p>9</p><p>UNIDADE</p><p>01</p><p>Políticas Sociais</p><p>10</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Você sabia que o estudo acerca de temas relacionados às Políticas</p><p>sociais está em crescente ascensão? Isso mesmo! Diante da necessidade</p><p>do desenvolvimento de pesquisas e ações que possam acentuar as</p><p>desigualdades sociais, percebe-se maiores investimentos na área. Esse</p><p>crescimento reflete na demanda por profissionais que estejam qualificados</p><p>para o exercício profissional que possam aliar o conhecimento teórico ao</p><p>prático. Nessa unidade vamos entender os fundamentos das políticas</p><p>sociais e entender as teorias sociais por meio de grandes autores da</p><p>temática. Vamos mergulhar no entendimento do indivíduo enquanto ser</p><p>social, sua vida em sociedade e a influência da cultura em sua vida. Muito</p><p>do que vamos estudar vai parecer bem familiar a você! Outros temas</p><p>como a divisão da sociedade em classes, luta de classes e o capital</p><p>social também fazem parte do nosso assunto. Temos muito conteúdo</p><p>interessante e que contribuirá para a sua carreira.</p><p>Aproveite a leitura! Bons estudos!</p><p>Políticas Sociais</p><p>11</p><p>OBJETIVOS</p><p>Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 01. Nosso objetivo é auxiliar você no</p><p>desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta</p><p>etapa de estudos:</p><p>1. Compreender a essência, a justificativa e as definições fundamentais da</p><p>teoria social, identificando sua aplicabilidade na política, na economia e em vários</p><p>outros aspectos da sociedade;</p><p>2. Discernir sobre os fundamentos da política social;</p><p>3. Identificar as classes e as respectivas lutas sociais, refletindo sobre sua</p><p>justificativa e motivação histórica;</p><p>4. Aplicar as variáveis mais significativas das políticas sociais ao conceito de</p><p>capital social, como a pobreza, a identidade e cultura.</p><p>Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao</p><p>trabalho!</p><p>Políticas Sociais</p><p>12</p><p>Teoria Social</p><p>OBJETIVO:</p><p>Ao término deste capítulo você será capaz de entender as</p><p>classes e lutas sociais e seus reflexos históricos na pobreza,</p><p>na identidade e na cultura. Isto será fundamental para</p><p>o excelente exercício de sua profissão, ao deixá-lo apto</p><p>para o exercício de atividades ou pesquisas que envolvam</p><p>temas voltados as políticas sociais. E então, motivado para</p><p>desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!</p><p>Fundamentos da Teoria Social</p><p>A teoria social busca entender os fenômenos sociais, as regras</p><p>e condutas individuais e em sociedade, as relações de poder, as</p><p>desigualdades sociais, a luta de classes, uma vez que estas são</p><p>contribuições que resultam na identificação, análise e interpretação do</p><p>comportamento social.</p><p>A teoria social contribui para a compreensão das questões do</p><p>mundo contemporâneo, tornando-se referência para o debate sobre o</p><p>entendimento do social, como também permite promover a compreensão</p><p>dos problemas que as abordagens políticas não conseguem alcançar. A</p><p>teoria social propôs análises significativas da política, da oposição entre a</p><p>teoria das elites e a teoria da sociedade de massas, entre outras (SANTOS,</p><p>2018).</p><p>Vamos conhecer a teoria social por meio das contribuições de</p><p>alguns autores. Dividimos suas contribuições em duas abordagens: uma</p><p>política e sociológica, com Anthony Giddens e Émile Durkheim e uma</p><p>segunda com Karl Marx, em uma perspectiva econômica.</p><p>Giddens e Durkheim: suas teorias sociológicas</p><p>O sistema capitalista é visto por Giddens como um modelo de</p><p>integração social, o qual orienta laços que vão além das fronteiras</p><p>Políticas Sociais</p><p>13</p><p>tradicionais das comunidades e nações, construindo um novo sentido de</p><p>organização social e política, desafiando as gerações atuais a repensarem</p><p>as raízes da experiência democrática. Este é o sentido da teoria social de</p><p>Giddens (SAUL, 2003).</p><p>Em um plano geral, observa-se o delineamento da tendência que</p><p>parece dominar a cena na atualidade, seria um novo ambiente sociológico,</p><p>induzido pelo mercado o qual domina como centro ético e político, por</p><p>meio do qual é processada uma ampla gama</p><p>J. A. Capital social e pobreza no</p><p>Brasil. Brazilian Journal of Political Economy, v. 38, n. 4, p. 749-765, 2018.</p><p>RODRIGUES, L. O. Luta de classes. Disponível em: <https://</p><p>mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/luta-classes.htm>. Acesso em: 01</p><p>jan. 2021.</p><p>SAMPAIO, G. C. Capital social e ações conjuntas: um estudo</p><p>de caso no arranjo produtivo local de vinhos de altitude catarinense.</p><p>Dissertação de Mestrado - Universidade Tecnológica Federal do Paraná.</p><p>Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional. Pato Branco,</p><p>PR, 2016, 137 f.</p><p>Políticas Sociais</p><p>http://www.estudosdotrabalho.org/texto/gt4/para_entender.pdf</p><p>http://www.estudosdotrabalho.org/texto/gt4/para_entender.pdf</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/luta-classes.htm</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/luta-classes.htm</p><p>51</p><p>SANTOS, R. V. Teoria social: um guia para entender a sociedade</p><p>contemporânea. Em Tempo de Histórias, n. 32, 21 ago. 2018.</p><p>SANTINELLO, J. A identidade do indivíduo e sua construção</p><p>nas relações sociais: pressupostos teóricos.  Revista de Estudos da</p><p>Comunicação, v. 12, n. 28, 2011.</p><p>SAUL, R. P. Giddens: da ontologia social ao programa político, sem</p><p>retorno. Sociologias, v. 5, n. 9, 2003.</p><p>SERRETTI, A. P. Conceito de Fato Social na obra de Émile Durkheim</p><p>e suas implicações nas teorias sociológicas contemporâneas. Disponível</p><p>em: <https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-90/conceito-de-</p><p>fato-social-na-obra-de-emile-durkheim-e-suas-implicacoes-nas-</p><p>teorias-sociologicas-contemporaneas/>. Acesso em: 29 dez. 2020.</p><p>SEED – SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ.</p><p>Contribuições de Émile Durkheim. Disponível em: <http://www.sociologia.</p><p>seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=167> .</p><p>Acesso em: 29 dez. 2020.</p><p>SILVA, A. B. O.; FERREIRA, M. A. T. Gestão do conhecimento e capital</p><p>social: as redes e sua importância para as empresas. Informação &</p><p>Informação, [S.l.], v. 12, n. 1esp, p. 125- 156, dez. 2007.</p><p>TULMAM, M. Socialização: Primária e Secundária. Disponível em:<https://</p><p>marcelotulman.wordpress.com/2015/04/09/socializacao-primaria-e-</p><p>secundaria>. Acesso em: 01 jan 2021.</p><p>UNITINS. Universidade Estadual do Tocantins. O processo</p><p>de socialização: indivíduo, sociedade e cultura. Disponível</p><p>em: <https://www.unitins.br/BibliotecaMidia/Files/Documento/</p><p>BM_633856684394224298apostila_aula_2.pdf>. Acesso em: 31 dez. 2020.</p><p>XAVIER, N. R. Capital social e desenvolvimento local: um estudo</p><p>de caso. Universidade Federal de Santa Maria: Centro de Ciências Sociais</p><p>e Humanas. 2012. 105 p.</p><p>Políticas Sociais</p><p>https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-90/conceito-de-fato-social-na-obra-de-emile-durkheim-e-suas-implicacoes-nas-teorias-sociologicas-contemporaneas/</p><p>https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-90/conceito-de-fato-social-na-obra-de-emile-durkheim-e-suas-implicacoes-nas-teorias-sociologicas-contemporaneas/</p><p>https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-90/conceito-de-fato-social-na-obra-de-emile-durkheim-e-suas-implicacoes-nas-teorias-sociologicas-contemporaneas/</p><p>http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=167</p><p>http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=167</p><p>https://marcelotulman.wordpress.com/2015/04/09/socializacao-primaria-e-secundaria</p><p>https://marcelotulman.wordpress.com/2015/04/09/socializacao-primaria-e-secundaria</p><p>https://marcelotulman.wordpress.com/2015/04/09/socializacao-primaria-e-secundaria</p><p>https://www.unitins.br/BibliotecaMidia/Files/Documento/BM_633856684394224298apostila_aula_2.pdf</p><p>https://www.unitins.br/BibliotecaMidia/Files/Documento/BM_633856684394224298apostila_aula_2.pdf</p><p>Teoria Social</p><p>Fundamentos da Teoria Social</p><p>Giddens e Durkheim: suas teorias sociológicas</p><p>Contribuições de Marx: subjetividade da mercadoria e trabalho socialmente necessário à produção</p><p>Fundamentos da Política social</p><p>Ser social, sociedade e cultura</p><p>As questões sociais</p><p>Classes e lutas sociais</p><p>As divisões em classes sociais</p><p>A luta de classes</p><p>As classes sociais brasileiras</p><p>Capital Social</p><p>Capital social e desenvolvimento regional</p><p>Capital social no Brasil</p><p>O fluxo das informações nos relacionamentos: uma análise dos custos de transação e capital social</p><p>de redefinição de relações</p><p>sociais, políticas e econômicas no plano global e local (IBID. 2003).</p><p>Giddens contribuiu com suas abordagens para o entendimento</p><p>da construção da sociedade. Para o autor, o indivíduo constitui um</p><p>agente reflexivo, o “eu” implica no posicionamento individual enquanto</p><p>a sociedade organiza-se em um conjunto de interesses cruzados. Estes</p><p>seriam sistemas sociais e ao mesmo tempo, organizados pela interseção</p><p>de múltiplos sistemas sociais, que podem ser totalmente internos às</p><p>sociedades ou externos, permitindo a formação de uma diversidade de</p><p>conexões entre totalidades sociais e sistemas intersociais (LEITE, 2020).</p><p>Durkheim demonstra uma maior ênfase ao estudo dos fatos sociais,</p><p>sob a análise de questões metodológicas voltadas à sociedade. Para o</p><p>autor não é todo e qualquer fato que ocorre dentro da sociedade que pode</p><p>ser denominado assim, como as ações de comer, dormir e pensar, sendo</p><p>estas voltadas ao campo da biologia e da psicologia. Sua observação</p><p>considera que os fatos sociais existem fora da consciência individual de</p><p>cada um dos membros da sociedade e estes são carregados desde o</p><p>nascimento e independem da nossa vontade (SERRETTI, 2020).</p><p>O fato social envolve o modo de agir, pensar e sentir os quais</p><p>exercem força sobre os indivíduos e estes tinham por obrigação adaptar-</p><p>se às regras impostas para a convivência no local onde vivem. São</p><p>elencadas três características as quais identificam um fato social, sendo</p><p>elas: generalidade, coercitividade e exterioridade. Vejamos seus conceitos</p><p>no quadro seguinte:</p><p>Políticas Sociais</p><p>14</p><p>Quadro 1 – Características do fato social</p><p>CARACTERÍSTICA CONCEITO</p><p>Generalidade</p><p>Fatos sociais dizem respeito a uma sociedade.</p><p>Eles não existem para um indivíduo, mas sim para</p><p>um conjunto de indivíduos que compõem uma</p><p>sociedade.</p><p>Coercitividade</p><p>Obriga os indivíduos inseridos em uma determinada</p><p>sociedade a seguir os determinados padrões para</p><p>convivência nela. Relacionada, geralmente, com</p><p>a imposição, com a força e o poder. Os padrões</p><p>culturais são os reais coordenadores das ações</p><p>dos indivíduos, sem quaisquer possibilidades de</p><p>mudança.</p><p>Exterioridade</p><p>Ao nascimento do indivíduo, a sociedade já possui</p><p>uma organização estabelecida. Leis, padrões,</p><p>sistema monetário etc. Tudo está pronto e bastará</p><p>que o indivíduo aprenda como adentrar esse meio</p><p>social.</p><p>Fonte: Adaptado (BUNDE, 2020).</p><p>Essas forças teriam ação externa ao indivíduo, estariam dotadas de</p><p>poder de coerção sobre o mesmo indivíduo, independem de sua vontade</p><p>e são algo já existente na sociedade.</p><p>A instituição social, um outro conceito aprofundado por Durkheim,</p><p>consiste no mecanismo de organização da sociedade, são suas regras e</p><p>protocolos padronizados socialmente, aceitos pela sociedade, os quais</p><p>têm por objetivo manter a organização do grupo, resultando na satisfação</p><p>dos indivíduos que o compõem. Assim, as instituições são consideradas</p><p>conservadoras por essência e agem de encontro às mudanças, sejam elas</p><p>família, escola, governo, ou organizados de qualquer outra forma. Uma</p><p>sociedade sem regras claras (para o autor em “estado de anomia”), sem</p><p>limites, levaria os indivíduos à desordem e ao desespero (SEED, 2020).</p><p>A solidariedade entre os indivíduos e a sociedade está baseada</p><p>no princípio da semelhança entre eles, nesse sentido, existem práticas</p><p>ideais para o convívio, em que as práticas distantes desse modelo ideal</p><p>Políticas Sociais</p><p>15</p><p>resultariam na diminuição da solidariedade social, mais um conceito</p><p>abordado por Durkheim.</p><p>Dessa forma, se a solidariedade entre indivíduos e sociedade se</p><p>ampara no princípio da semelhança entre eles, isso implica que qualquer</p><p>prática que se afaste do ideal da coletividade provoca inevitavelmente</p><p>uma diminuição da solidariedade social. Assim, a observância da</p><p>consciência coletiva pode ser mais facilmente verificada em sociedades</p><p>ditas primitivas, regidas por costumes e crenças comuns (ARAÚJO, 2005).</p><p>Assim como afirma Durkheim (1995, 91), “a primeira condição para</p><p>que um todo seja coerente é que as partes que o compõem não se</p><p>choquem em movimentos discordantes. Mas esse acordo externo não</p><p>faz a sua coesão; ao contrário, a supõe”.</p><p>Nesse sentido, as regras demonstram o estado de consciência</p><p>comum e acabam por vincular o indivíduo a uma determinada sociedade.</p><p>A solidariedade mecânica consiste em sua fase primitiva, em</p><p>que a sociedade se organizava mediante suas semelhanças psíquicas</p><p>e sociais dos membros individuais, compartilhando os mesmos valores</p><p>sociais, por meio dessa correspondência de valores; a coesão social</p><p>estava segura. Há a solidariedade orgânica, que apresenta uma maior</p><p>diferenciação individual e social, comum nas sociedades ditas “modernas”</p><p>ou “complexas”. Nesse modelo, cada indivíduo desempenha uma função</p><p>e depende dos outros para sobreviver. Nesse ponto, das diferenças</p><p>sociais é que há a união entre os indivíduos, pois dependem da função de</p><p>cada um para o suprimento de suas necessidades. O indivíduo depende</p><p>dos demais e por isso se sente parte do todo (SEED, 2020).</p><p>Contribuições de Marx: subjetividade da mercadoria</p><p>e trabalho socialmente necessário à produção</p><p>O capitalismo é descrito por Marx, explicando a evolução das</p><p>relações econômicas das sociedades e o seu processo histórico, numa</p><p>concepção de que a sociedade vive constantemente numa luta de</p><p>classes entre poderosos e fracos. O materialismo histórico é uma outra</p><p>teoria marxista que leva a explicar as sociedades humanas por meio de</p><p>fatos materiais, essencialmente econômicos e técnicos.</p><p>Políticas Sociais</p><p>16</p><p>Figura 1: Karl Marx</p><p>Fonte: Wikimedia Commons</p><p>Ele relata a existência de uma superestrutura e uma estrutura,</p><p>constituindo uma pirâmide, com a inversão dessa realidade, colocando</p><p>a maioria que constitui a estrutura e é composta pelo proletariado,</p><p>destruindo desta forma, a sociedade capitalista, na qual tudo seria</p><p>controlado por todos, sem desigualdades e fortalecendo o socialismo.</p><p>Para Marx, com o capitalismo vem a injustiça social e considerando a</p><p>mais-valia como a lei fundamental do sistema.</p><p>Em uma de suas abordagens, Marx descreve o fetichismo da</p><p>mercadoria. O caráter fetichista da mercadoria não está relacionado ao seu</p><p>valor de uso, com as qualidades que ela detém, mas sim com a relação</p><p>que é feita entre os olhos, que é o órgão dos sentidos por onde os desejos</p><p>são atiçados, de onde a vontade de ter e a cobiça são despertados.</p><p>Os olhos assumem uma função muito importante nessa relação de</p><p>segredo da mercadoria, ligando-se de forma física a um objetivo físico,</p><p>que é a mercadoria. No momento em que ambos se encontram, o que</p><p>Políticas Sociais</p><p>17</p><p>prevalece é o desejo materializado na mercadoria e o “meu objeto” (o</p><p>desejo de consumo), sendo esquecidos todos os processos que foram</p><p>realizados durante a constituição daquilo que almejo. Os processos</p><p>produtivos, as diversas mãos dos que foram necessários durante a</p><p>divisão social do trabalho, na qual diversas pessoas utilizam a sua força</p><p>de trabalho, a qualificação que possuem com a finalidade de originar uma</p><p>mercadoria. Descreve Marx (1985):</p><p>A mercadoria é misteriosa simplesmente por encobrir as</p><p>características sociais do próprio trabalho dos homens,</p><p>apresentando-as como características materiais e</p><p>propriedades sociais inerentes aos produtos do trabalho;</p><p>por ocultar, portanto, a relação social entre os trabalhadores</p><p>individuais dos produtores e o trabalho total, ao refleti-</p><p>la como relação social existente, a margem deles, entre</p><p>produtos do seu próprio trabalho. (MARX, 1985, p.71)</p><p>Então, os trabalhos independentes ou individuais são percebidos</p><p>apenas na sua totalidade, quando se tornam mercadorias, fruto do</p><p>produto do trabalho. Daí a alusão à visão, visto que a mercadoria disfarça</p><p>aquilo que os olhos conseguem ver e o que não conseguem. É vista uma</p><p>satisfação materializada, mas não é enxergada como decorreu o processo</p><p>da matéria na sua</p><p>forma primária até tornar-se mercadoria. Nesse sentido,</p><p>Marx (1985) acrescenta:</p><p>Aí, os produtos do cérebro humano parecem dotados de</p><p>vida própria, figuras autônomas que mantêm relações</p><p>entre si e com os seres humanos. É o que ocorre com os</p><p>produtos da mão humana, no mundo das mercadorias.</p><p>Chamo a isso de fetichismo, que está sempre grudado</p><p>aos produtos do trabalho, quando são gerados com</p><p>mercadorias. É inseparável da produção de mercadorias.</p><p>(MARX, 1985, p.71)</p><p>Nesse mistério que sonda a mercadoria, há contatos sociais entre</p><p>os produtores, na sua forma de trabalho individual. Um que vendeu a</p><p>sua força de trabalho e recebeu por ela e uma outra força de trabalho</p><p>que foi vendida também. Então, parecem até a mesma afirmação, mas,</p><p>é diferenciada no momento em que uma recebeu por seu trabalho e vai</p><p>trocar por uma mercadoria que é fruto do trabalho de uma outra. São</p><p>trabalhos individuais que se juntam formando o todo do trabalho social.</p><p>Políticas Sociais</p><p>18</p><p>É nesse momento da troca da mercadoria, que conseguiram atingir</p><p>um certo grau de utilidade, tornando-se permutáveis, surgindo o duplo</p><p>caráter social do trabalho. Dessa forma, a utilidade de uma determinada</p><p>mercadoria deve satisfazer as necessidades de certos indivíduos. Em</p><p>consequência, há a necessidade de sua produção e do trabalho social</p><p>que há nela. A troca é o único momento em que os trabalhos sociais são</p><p>igualados, as diferenças não são percebidas e são reduzidas a um caráter</p><p>comum nos produtos de seus trabalhos.</p><p>Nessa perspectiva, há a equiparação de seus trabalhos que são</p><p>diferentes, num momento em que seus objetos úteis são convertidos</p><p>numa linguagem totalmente social, visto que não o seria possível em</p><p>outras formas, já que os produtos de trabalho que cada um desenvolve</p><p>possui em si qualificações diferentes.</p><p>Quanto maior a qualificação da mão de obra maior será a sua</p><p>remuneração, sendo esta igualdade social devido a isto. O trabalho</p><p>humano é medido pelo dispêndio da força de trabalho simples, que</p><p>em média todo homem comum sem educação especial possui em seu</p><p>organismo, passando a ser considerado complexo ou qualificado no</p><p>momento em que o trabalho simples é potencializado ou multiplicado,</p><p>sendo a quantidade de trabalho qualificado superior à quantidade de</p><p>trabalho simples. São ambos trabalhos humanos, numa relação natureza/</p><p>trabalho, mas que se diferenciam em sua qualidade de acordo com</p><p>certa atividade que é desenvolvida. Dessa forma, do modo em que as</p><p>mercadorias têm valores de uso diferentes por sua qualidade, o trabalho</p><p>que dá origem à mercadoria é diferenciado qualitativamente.</p><p>Na prática, os produtores restringem o seu interesse a saber</p><p>quanto a sua mercadoria pode ser trocada em proporções por uma outra.</p><p>Considerando a troca na forma quantitativa, ou seja, uma certa quantidade</p><p>de trigo é igual a a uma certa quantidade, quantidade de arroz, que são</p><p>manifestações não determinadas pelos que participam do processo de</p><p>troca de suas mercadorias. Eles não possuem o poder para determinar</p><p>quanto a sua mercadoria vale. Esse valor é imposto pelo tempo de</p><p>trabalho socialmente necessário à sua produção, o que vem a ser isso, o</p><p>tempo gasto por um trabalhador em condições e habilidade média para</p><p>Políticas Sociais</p><p>19</p><p>a produção de uma determinada mercadoria, considerando também o</p><p>tempo médio, senão um trabalhador lento ou preguiçoso teria uma maior</p><p>valorização de sua mercadoria. Como descreve Marx (1985):</p><p>A determinação da quantidade de valor pelo tempo do</p><p>trabalho é, por isso, um segredo oculto sob os movimentos</p><p>visíveis dos valores relativos das mercadorias. Sua</p><p>descoberta destrói a aparência de casualidade que reveste</p><p>a determinação das quantidades de valor dos produtos</p><p>do trabalho, mas não suprime a forma material dessa</p><p>determinação. (MARX, 1985, p.75)</p><p>Nessa análise, o que realmente vem a igualar a forma real dos</p><p>trabalhos individuais e o trabalho social total é o dinheiro, um equivalente</p><p>universal que deixa de lado trocas por meio de proporções quantitativas</p><p>das mercadorias, caracterizada por sua subjetividade, por uma nova</p><p>forma objetiva da produção das mercadorias, que é compatível à todas as</p><p>mercadorias e é nesta forma que é encontrada a forma direta.</p><p>SAIBA MAIS:</p><p>ACESSE o livro “História e Teoria Social” do autor Peter</p><p>Burke, que contempla uma análise mais detalhada da</p><p>Teoria Social. Disponível em: https://bit.ly/3pSVx24.</p><p>Políticas Sociais</p><p>https://bit.ly/3pSVx24</p><p>20</p><p>RESUMINDO:</p><p>E então? Gostou do que aprendeu na segunda</p><p>competência? Aprendeu mesmo? Agora, só para termos</p><p>certeza de que você realmente entendeu o tema de</p><p>estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos:</p><p>A teoria social busca entender os fenômenos sociais, as</p><p>regras e condutas individuais e em sociedade, as relações</p><p>de poder, as desigualdades sociais, a luta de classes que</p><p>são contribuições que resultam na identificação, análise</p><p>e interpretação do comportamento social. São discutidas</p><p>algumas contribuições de Giddens, Durkheim e Marx. O</p><p>sistema capitalista é visto por Giddens como um modelo</p><p>de integração social, o qual orienta laços que vão além</p><p>das fronteiras tradicionais das comunidades e nações,</p><p>construindo um novo sentido de organização social e</p><p>política, desafiando as gerações atuais a repensarem as</p><p>raízes da experiência democrática, sendo este é o sentido</p><p>da teoria social de Giddens. Durkheim apresenta os</p><p>conceitos de: fato social, instituição social, solidariedade</p><p>social, solidariedade mecânica e solidariedade orgânica.</p><p>Por fim, o capitalismo é descrito por Marx, explicando a</p><p>evolução das relações econômicas das sociedades e o seu</p><p>processo histórico, numa concepção de que a sociedade</p><p>vive constantemente numa luta de classes entre poderosos</p><p>e fracos.</p><p>Políticas Sociais</p><p>21</p><p>Fundamentos da Política social</p><p>OBJETIVO:</p><p>Ao término deste capítulo você será capaz de entender as</p><p>classes e lutas sociais e seus reflexos históricos na pobreza,</p><p>na identidade e na cultura. Isto será fundamental para</p><p>o excelente exercício de sua profissão, ao deixá-lo apto</p><p>para o exercício de atividades ou pesquisas que envolvam</p><p>temas voltados às políticas sociais. E então, motivado para</p><p>desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!</p><p>A Política social é reconhecida como um fenômeno associado</p><p>à constituição da sociedade burguesa, ou seja, específico do sistema</p><p>capitalista de produção, não aos seus primórdios, mas sim quando se</p><p>reconhece a questão social inerente às relações sociais nesse modo</p><p>de produção, no momento que os trabalhadores assumem um papel</p><p>político e até revolucionário. Esse momento em meados do século XIX, é</p><p>considerado um marco de acordo com muitos autores, conforme ressalta</p><p>Behring (2006, p.2):</p><p>Evidentemente que não desde os seus primórdios, mas</p><p>quando se tem um reconhecimento da questão social</p><p>inerente às relações sociais nesse modo de produção, vis</p><p>a vis ao momento em que os trabalhadores assumem um</p><p>papel político e até revolucionário. Tanto que existe certo</p><p>consenso em torno do final do século XIX como período</p><p>de criação e multiplicação das primeiras legislações</p><p>e medidas de proteção social, com destaque para a</p><p>Alemanha e a Inglaterra, após um intenso e polêmico</p><p>debate entre liberais e reformadores sociais humanistas.</p><p>A generalização de medidas de seguridade social no</p><p>capitalismo, no entanto, se dará no período pós Segunda</p><p>Guerra Mundial.</p><p>Não é possível identificar com precisão o período das primeiras</p><p>iniciativas reconhecidas como políticas sociais, tendo em vista que, se</p><p>tratando de um processo social, elas surgiram entre os movimentos de</p><p>ascensão do capitalismo e da Revolução Industrial, das lutas de classe e</p><p>do desenvolvimento da intervenção estatal. Algumas iniciativas pontuais,</p><p>Políticas Sociais</p><p>22</p><p>anteriores à Revolução Industrial podem ser consideradas como forma de</p><p>políticas sociais, mencionadas por Behring e Boschetti (2017):</p><p>• Estatuto</p><p>dos trabalhadores (1349);</p><p>• Estatuto dos artesãos (1563);</p><p>• Lei dos pobres elisabetana (1531 a 1601);</p><p>• Lei de domicílio (1662);</p><p>• Lei revisora da lei dos pobres ou Nova Lei dos Pobres (1834).</p><p>Consistiam em legislações coercitivas, de caráter punitivo e não</p><p>protetor, obrigando os trabalhadores a condições e remunerações de</p><p>trabalho não favoráveis. Nesse cenário, sugiram novas regulamentações</p><p>sociais e do trabalho implementadas pelo Estado, diante das lutas para</p><p>uma jornada de trabalho normal. As políticas sociais foram respostas às</p><p>questões sociais no capitalismo, cujos fundamentos situam-se na relação</p><p>de exploração do capital sobre o trabalho (BEHRING; BOSCHETTI, 2017).</p><p>Oliveira e Nascimento (2020) destacam que as primeiras ideias</p><p>acerca do que se configurou como sendo políticas sociais, estão associadas</p><p>ao crescimento do capitalismo, à luta de classes e à intervenção estatal;</p><p>e que os aspectos econômicos (voltadas ao lucro) e políticos (voltado</p><p>a legitimação das forças capitalistas) merecem ênfase no sentido das</p><p>políticas sociais dentro do viés capitalista.</p><p>Na segunda metade do Séc. XIX a força de trabalho reagia à</p><p>exploração, tanto sob os aspectos do tempo, do trabalho infantil, de</p><p>mulheres e dos idosos. Dessa forma, mediante o monopólio da força</p><p>e em meio a luta de classes, o Estado caminha em direção ao capital,</p><p>reprimindo duramente o trabalhador e iniciava a regulamentação fabril.</p><p>Nesse sentido, há o movimento de sujeitos políticos (as classes sociais).</p><p>Para Behring e Boschetti (2017) a essência das políticas sociais pode ser</p><p>retratada dessa forma:</p><p>É fundamental identificar as forças políticas que se</p><p>organizam no âmbito da sociedade civil e interferem na</p><p>conformação da política social, de modo a identificar</p><p>sujeitos coletivos de apoio e/ou de resistência a</p><p>determinada política social, bem como sua vinculação a</p><p>Políticas Sociais</p><p>23</p><p>interesses de classe. Essas forças sociais podem situar-</p><p>se tanto no âmbito dos movimentos sociais de defesa de</p><p>trabalhadores, quanto no de defesa de empregadores</p><p>e empresariado, bem como de organizações não</p><p>governamentais, que muitas vezes se autoproclamam</p><p>“imparciais”, mas que, submetidas a uma análise mais</p><p>minuciosa, acabam revelando seus interesses de classe.</p><p>(BEHRING; BOSCHETTI, 2017, p. 45)</p><p>Trata-se da união de forças em prol de um mesmo objetivo. Da</p><p>variedade de relações entre as classes sociais e as condições econômicas</p><p>gerais, que resultam na interferência política e também econômica dos</p><p>governos. Sendo assim, uma ação conjunta de ideologias e movimentos</p><p>entre classes e não apenas o Estado como o protagonista principal.</p><p>Esse Estado, segundo muitos autores, foi responsável pela</p><p>construção de um modelo de cidadania e de regulação socioeconômica,</p><p>distinto das formas anteriores, denominado de Estado de Bem estar social.</p><p>DEFINIÇÃO:</p><p>Entende-se por Estado de bem-estar social, o dever do</p><p>governo em garantir aos indivíduos as condições mínimas</p><p>nas áreas de educação, saúde, habitação, seguridade</p><p>social, entre outras, os chamados direitos sociais. O Estado</p><p>deve intervir na economia em momentos de crise e de</p><p>desemprego, no intuito de garantir a manutenção da renda</p><p>e trabalho das pessoas prejudicadas com a situação do</p><p>país (NAGAMINE, 2020).</p><p>Esse modelo de Estado surgiu do crescimento da consciência do</p><p>proletariado, na condição de classe explorada e dos conflitos da classe</p><p>dominante, no momento que a questão social ganhou maior força exigindo</p><p>regulamentações tanto das forças de trabalho quanto das tensões sociais,</p><p>ocasionando um crescimento das mobilizações sociais (FELIPPE, 2017).</p><p>Políticas Sociais</p><p>24</p><p>ACESSE:</p><p>Não deixe de ler o livro “Política social - fundamentos</p><p>e história”, que contém de forma detalhada toda a</p><p>evolução histórica, fatos da época e explicações sobre</p><p>o surgimento das políticas sociais. Disponível para</p><p>download em: https://bit.ly/3kqQViF.</p><p>Ser social, sociedade e cultura</p><p>Todo indivíduo está inserido em um sistema social, organizado por</p><p>gerações anteriores atuando por meio de relações sociais, as quais vão</p><p>se efetivando entre “indivíduos e indivíduos, indivíduos e grupos, grupos</p><p>e grupos, indivíduo e organização, organização-organização que surgem</p><p>por meio de necessidades específicas, identificadas por cada um, de</p><p>acordo com seu interesse” (UNITINS, 2020, p.126).</p><p>Ao analisarmos o indivíduo vislumbramos que cada um diferencia-</p><p>se dos demais em seus pensamentos e comportamento, decorrentes</p><p>do contato que tem com o outro. Enquanto ser social, o indivíduo tem</p><p>características únicas, sejam físicas ou emocionais. Entretanto, há uma</p><p>necessidade da análise do meio no qual está inserido, que o influencia a</p><p>partir de padrões culturais diante da sociedade em que vive, pois a cultura</p><p>fornece normas específicas (IBID, 2020).</p><p>Santinello (2011) ressalta que a constituição da sociedade foi</p><p>baseada nas relações de poder e dominação, as quais perduram nos</p><p>dias atuais:</p><p>A sociedade, em se tratando de sua constituição, foi e</p><p>continua sendo permeada por contrastes, paradoxos, pa-</p><p>radigmas estabelecidos para a legitimação de poder, bem</p><p>como a hegemonia e a ideologia na relação entre as clas-</p><p>ses dominantes e as dominadas, tendo em vista todas as</p><p>formas de identificação e racionalização da consciência</p><p>dos indivíduos (SANTINELLO, 2011, p. 154).</p><p>Como também ressalta, que o espaço e tempo em que o sujeito</p><p>está inserido atuam na construção da sua identidade, não sendo possível</p><p>Políticas Sociais</p><p>https://bit.ly/3kqQViF</p><p>25</p><p>mensurar os espaços de intervenções. A identidade do indivíduo é</p><p>construída mediante a necessidade de sobrevivência e as intrínsecas</p><p>variabilidades das relações sociais.</p><p>O que é um ser social? Todo indivíduo é um ser social?</p><p>O indivíduo, na condição de ser particular e social, desenvolve-</p><p>se em um ambiente com normas, valores, crenças e padrões muito</p><p>diferenciados, ou seja, em um contexto multicultural. A cultura torna-</p><p>se um processo de “intercâmbio” entre indivíduos, grupos e sociedades</p><p>(UNITINS, 2020).</p><p>De acordo com Savoia (1989), a personalidade do indivíduo é</p><p>decorrente do processo de socialização, no qual intervêm fatores inatos</p><p>(herança genética) e adquiridos (cultural) e este processo ocorre durante</p><p>toda a vida do indivíduo dividido em etapas, conforme figura seguinte:</p><p>Figura 2 – Etapas do processo de socialização do indivíduo</p><p>Fonte: Adaptado (SAVOIA, 1989).</p><p>A primeira etapa ao nascer, o primeiro contato, ocorre com a família:</p><p>primeiramente o contato materno pela necessidade dos cuidados físicos</p><p>e afetivos, paralelamente, com o pai e irmãos, a família transmite em suas</p><p>atitudes suas crenças e valores que influenciarão no desenvolvimento</p><p>psicossocial. Posteriormente, a interferência do ambiente escolar. Na</p><p>terceira etapa, os meios de comunicação em massa, considerados</p><p>agentes socializadores, diferente da família e da escola que mantém uma</p><p>relação didática, sua comunicação é direta e impessoal (UNITINS, 2020).</p><p>Tulman (2015) explica que a socialização compreende a assimilação</p><p>de hábitos característicos do grupo social ao qual o indivíduo está</p><p>inserido, consistindo em um processo contínuo, realizando-se por meio</p><p>da comunicação, inicialmente pela “imitação”, no intuito de tornar-se</p><p>mais sociável. O processo de socialização inicia-se após o nascimento,</p><p>Políticas Sociais</p><p>26</p><p>através do qual o indivíduo se integra no grupo em que nasceu adquirindo</p><p>seus costumes, crenças e valores característicos, desenvolvendo sua</p><p>personalidade e integração na sociedade. O processo de socialização</p><p>pode ser dividido nas seguintes etapas:</p><p>Figura 3 – Processo de socialização do indivíduo</p><p>Fonte: Adaptado (UNITINS, 2020).</p><p>As questões sociais</p><p>As questões sociais estão enraizadas na contradição capital versus</p><p>trabalho, ou seja, consiste em uma categoria que tem sua origem e</p><p>caracterização definidas no âmbito do sistema capitalista de produção.</p><p>Representa uma</p><p>perspectiva de análise da sociedade, de modo a analisar</p><p>a situação na qual a maioria da população, que necessita vender sua força</p><p>de trabalho para subsistência, se encontra. Essa análise tem o intuito de</p><p>identificar as desigualdades e buscar meios de superá-las. Machado(1999)</p><p>acrescenta:</p><p>Portanto, a questão social é uma categoria que expressa a</p><p>contradição fundamental do modo capitalista de produção.</p><p>Políticas Sociais</p><p>27</p><p>Contradição, esta, fundada na produção e apropriação da</p><p>riqueza gerada socialmente: os trabalhadores produzem a</p><p>riqueza, os capitalistas se apropriam dela. É assim que o</p><p>trabalhador não usufrui das riquezas por ele produzidas.</p><p>(MACHADO, 1999, p.42)</p><p>Segundo Iamamoto e Carvalho (2012), a questão social seria a</p><p>expressão do processo de construção e desenvolvimento da classe</p><p>operária, como também sua inserção no cenário político da sociedade, de</p><p>modo a exigir seu reconhecimento como classe por parte do empresariado</p><p>e do Estado.</p><p>A questão social nada mais é, que a manifestação ou a materialização</p><p>da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir</p><p>formas de intervenção.</p><p>A questão social passa a ser vista no contexto do surgimento do</p><p>modo capitalista de produção e das decorrentes transformações no</p><p>mundo do trabalho, sendo dois pontos fundamentais necessários ao seu</p><p>entendimento (OLIVEIRA; NASCIMENTO, 2020, p.3):</p><p>Para Machado (1999, p. 43) “as consequências da apropriação</p><p>desigual do produto social são as mais diversas: analfabetismo,</p><p>violência, desemprego, favelização, fome, analfabetismo político etc.”</p><p>Nesse cenário de contradições, a questão social também representa</p><p>o processo de resistência e luta dos trabalhadores, como também da</p><p>população excluída em busca de seus direitos econômicos, sociais,</p><p>políticos e culturais.</p><p>Políticas Sociais</p><p>28</p><p>Figura 4: Luta de classes</p><p>Fonte: Freepik</p><p>As transformações advindas da questão social foram também de</p><p>cunho histórico:</p><p>E é aí, também, que reside as transformações históricas da</p><p>concepção de questão social. O avanço das organizações</p><p>dos trabalhadores e das populações subalternizadas,</p><p>coloca em novos patamares a concepção de questão social</p><p>(...) As transformações no mundo do trabalho, seja com a</p><p>substituição do homem pela máquina, seja pela erosão dos</p><p>direitos trabalhistas e previdenciários, exigem, também, que</p><p>se reatualize a concepção de questão social. (MACHADO,</p><p>1999, p.44)</p><p>As causas da questão social podem ser explicadas sob duas</p><p>perspectivas (JUNIOR, SILVA, MEDEIROS, 2018):</p><p>Políticas Sociais</p><p>29</p><p>RESUMINDO:</p><p>E então? Gostou do que aprendeu na segunda</p><p>competência? Aprendeu mesmo? Agora, só para termos</p><p>certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo</p><p>deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos: A Política</p><p>social é reconhecida como um fenômeno específico do</p><p>sistema capitalista de produção, não aos seus primórdios,</p><p>mas sim quando se reconhece a questão social inerente</p><p>às relações sociais nesse modo de produção, no momento</p><p>que os trabalhadores assumem um papel político e até</p><p>revolucionário. As políticas sociais foram respostas às</p><p>questões sociais no capitalismo, cujos fundamentos</p><p>situam-se na relação de exploração do capital sobre o</p><p>trabalho. Trata-se da união de forças em prol de um mesmo</p><p>objetivo. Enquanto ser social, o indivíduo tem características</p><p>únicas, sejam físicas ou emocionais, ele está inserido em</p><p>um sistema social, organizado por gerações anteriores</p><p>atuando por meio de relações sociais. A construção da</p><p>personalidade do indivíduo é decorrente do processo</p><p>de socialização, no qual intervêm fatores inatos (herança</p><p>genética) e adquiridos (culturais). As etapas do processo</p><p>de socialização do indivíduo podem ser vistas de duas</p><p>formas: (i) Influenciadas pela família (primeira etapa), escola</p><p>(segunda etapa) e pelos meios de comunicação em massa</p><p>(terceira etapa) e (ii) Socialização primária, socialização</p><p>secundária e socialização terciária. Por fim, abordamos a</p><p>questão social que nada mais é do que a manifestação ou</p><p>a materialização da contradição entre o proletariado e a</p><p>burguesia, a qual passa a exigir formas de intervenção.</p><p>Políticas Sociais</p><p>30</p><p>Classes e lutas sociais</p><p>OBJETIVO:</p><p>Ainda que de modo rudimentar, a partir do momento que</p><p>os indivíduos passaram a organizar-se em sociedade,</p><p>ocorreram as divisões em classes sociais, seja pela</p><p>organização por influência de poder, idade, direitos ou</p><p>obrigações. Na unidade 3, vamos entender como se deu</p><p>essa divisão e as razões pelas quais iniciaram as lutas</p><p>sociais, como também conceitos relevantes à temática.</p><p>As divisões em classes sociais</p><p>Desde que se organizou em sociedade, o ser humano passou a</p><p>dividir-se em classe social. Inicialmente a liberdade foi o fator constituinte</p><p>dessa divisão entre os homens livres e escravos. Posteriormente a riqueza,</p><p>entre os comerciantes e assim surgiu a classe rica. A terra e o surgimento</p><p>dos grandes proprietários de terras, os donos de latifúndios e assim</p><p>sucessivamente. A necessidade de governo orientou o aparecimento de</p><p>um rei e, juntamente com este, havia nobres que o cercavam. Vemos,</p><p>assim, que as classes sociais foram usando o poder político ou econômico</p><p>pela liberdade ou pelo sexo para diferenciar-se (CURADO, 2021).</p><p>A divisão de classes sociais foi apresentada em suas críticas</p><p>pelo filósofo e sociólogo alemão Karl Marx. Para o autor havia duas</p><p>classes: a burguesia (os donos dos meios de produção) e o proletariado</p><p>(trabalhadores explorados pela burguesia, os quais vendiam sua força de</p><p>trabalho). A burguesia usaria do cenário de miséria para usurpar a força de</p><p>trabalho das pessoas no intuito desses trabalhadores gerarem lucros para</p><p>o próprio burguês (PORFÍRIO, 2021).</p><p>Simplificando, Rodrigues (2021) descreve que as classes sociais</p><p>podem ser entendidas como um grupo de indivíduos que possuem em</p><p>comum o acesso aos meios de produção. É a condição material dos</p><p>indivíduos que determinaria os demais aspectos de sua vida.</p><p>Políticas Sociais</p><p>31</p><p>São assim, conforme Curado (2021) aquelas formadas por um</p><p>grupo pessoas com interesses comuns e paridade socioeconômicas.</p><p>Na sociedade podem ser identificadas várias classes sociais, mediante a</p><p>hierarquia entre ricos e pobres No entanto, podem surgir hierarquização</p><p>por castas, por conhecimento, entre outros.</p><p>Dessa forma, Porfírio (2021) descreve que praticamente não existia</p><p>mobilidade social alguma. Esses trabalhadores eram explorados e não</p><p>tinham perspectivas de ascensão social e seriam sempre explorados</p><p>durante a sua vida pela burguesia. Essa dinâmica de exploração do modo</p><p>de produção capitalista deu origem à teoria marxista, também conhecida</p><p>como materialismo histórico dialético ou socialismo científico.</p><p>Esse contexto de exploração das classes, para Marx seria suficiente</p><p>para justificar uma revolta do proletariado contra a burguesia. Essa revolta,</p><p>chamada de revolução do proletariado, foi defendida por Marx e seu</p><p>parceiro intelectual e escritor Friedrich Engels (PORFÍRIO, 2021).</p><p>Para os autores seriam as relações de produção que diferenciam</p><p>as pessoas dentro da sociedade, de um lado os detentores de capital</p><p>e de outro os trabalhadores enquanto força de trabalho. Na sociedade</p><p>capitalista esses dois grupos continuamente se enfrentam, em um</p><p>contexto de dominação que chegará ao fim apenas quando todos forem</p><p>iguais (CURADO, 2021).</p><p>REFLITA:</p><p>Você acredita que nas sociedades capitalistas é possível a</p><p>migração de uma classe social para outra? Um dos autores</p><p>que abordamos nesse primeiro momento, o Porfírio,</p><p>acredita ser muito difícil, mesmo se tratando de sociedades</p><p>que prezam pela meritocracia. Essas tendem a manter um</p><p>meio fechado de pessoas com poder econômico por meio</p><p>da herança, ocorrendo assim, uma transferência de riqueza</p><p>para herdeiros.</p><p>Políticas Sociais</p><p>https://brasilescola.uol.com.br/historiag/socialismo.htm</p><p>https://brasilescola.uol.com.br/geografia/friedrich-engels.htm</p><p>32</p><p>Além</p><p>do modelo de sociedade capitalista, temos a sociedade</p><p>socialista, na qual não há diferenciação pelo acúmulo de riqueza, cultura,</p><p>educação ou política.</p><p>Para Bezerra (2021) as diferenças mais significativas entre os</p><p>dois modelos giram em torno do papel da propriedade, do governo e</p><p>da economia. O capitalismo defende um Estado menor, enquanto o</p><p>socialismo se baseia na exploração comum dos bens e estes devem</p><p>ser monitorados pelo governo e seu lucro distribuído entre os membros</p><p>da sociedade. Vejamos as principais características dos dois modelos</p><p>conforme a autora:</p><p>Figura 5: Capitalismo X Socialismo</p><p>Fonte: Elaborado pela autora (2021).</p><p>Políticas Sociais</p><p>https://conhecimentocientifico.r7.com/politica/</p><p>33</p><p>As vantagens do capitalismo são: Poder de escolha do consumidor,</p><p>eficiência da economia, crescimento econômico e expansão. Enquanto</p><p>as vantagens do socialismo são: diminuição das desigualdades,</p><p>necessidades atendidas, mobilização de mercadoria e direitos humanos</p><p>básicos garantidos (Ibid., 2021). No tocante às diferenças entre os dois</p><p>modelos, podemos destacar as seguintes:</p><p>Quadro 2 – Diferença entre o capitalismo e socialismo.</p><p>CAPITALISMO</p><p>SOCIALISMO</p><p>Sistema</p><p>político</p><p>O capitalismo pode</p><p>coexistir com uma</p><p>variedade de sistemas</p><p>políticos, incluindo</p><p>ditadura, democracia</p><p>representativa,</p><p>república ou monarquia</p><p>parlamentarista etc.</p><p>Também pode coexistir</p><p>com diferentes sistemas</p><p>políticos, porém a maioria</p><p>dos socialistas defende a</p><p>democracia participativa,</p><p>que garante a possibilidade</p><p>de interferência direta dos</p><p>cidadãos em processos de</p><p>decisão do Estado.</p><p>Estrutura</p><p>social</p><p>As classes existem de</p><p>acordo com sua relação</p><p>com o capital. Os</p><p>capitalistas possuem</p><p>os meios de produção,</p><p>recebendo os lucros</p><p>provenientes deste, já</p><p>a classe trabalhadora</p><p>depende dos salários.</p><p>As distinções de classe são</p><p>diminuídas. Assim, o status</p><p>deriva mais das distinções</p><p>políticas do que das</p><p>distinções de classe.</p><p>Políticas Sociais</p><p>34</p><p>Religião</p><p>Defende a liberdade de</p><p>religião.</p><p>Defende que a religião seja</p><p>um assunto privado. Neste</p><p>sentido, cada indivíduo seria</p><p>livre para professar qualquer</p><p>religião, mas esta não teria</p><p>nenhuma subvenção do</p><p>Estado e seria totalmente</p><p>eliminada do regime.</p><p>Propriedade</p><p>privada</p><p>Com a proteção</p><p>do Estado, toda</p><p>propriedade é</p><p>transformada em</p><p>capital, que pode ser</p><p>utilizado de diversas</p><p>formas. Os direitos de</p><p>propriedade funcionam</p><p>dentro de um sistema</p><p>de propriedade</p><p>formal, em que todas</p><p>as propriedades e</p><p>operações devem ser</p><p>registradas.</p><p>A propriedade é pública</p><p>(ou coletiva), incluindo os</p><p>meios de produção, que</p><p>pertencem ao Estado,</p><p>mas são controlados pelos</p><p>trabalhadores.</p><p>Coordenação</p><p>econômica</p><p>É o mercado que</p><p>determina as decisões</p><p>de investimento,</p><p>produção e distribuição.</p><p>Em menor medida, o</p><p>Estado também pode</p><p>decidir para onde vai o</p><p>capital.</p><p>O socialismo depende de um</p><p>planejamento dirigido por</p><p>um Estado para determinar a</p><p>produção e como serão feitos</p><p>os investimentos.</p><p>Fonte: Bezerra (2021).</p><p>O quadro apresenta algumas diferenças pontuais entre os dois</p><p>sistemas. O que podemos destacar, é a forte presença do Estado no</p><p>socialismo e da força do mercado no capitalismo, tendo em vista que o</p><p>lucro corresponde a um dos focos do modelo.</p><p>Políticas Sociais</p><p>35</p><p>A luta de classes</p><p>A  luta de classes seria, portanto, o motor das mudanças sociais,</p><p>refletindo as diferenças materiais instauradas no meio social, que poderiam</p><p>ocorrer de forma gradativa ou, em casos extremos de desigualdade, por</p><p>meio de revoluções. Marx, em seus estudos, observou que os conflitos</p><p>sociais estavam sempre ligados à condição econômica das sociedades,</p><p>considerando assim que para Marx, a revolução do proletariado seria</p><p>inevitável (RODRIGUES, 2021).</p><p>Para Haddad (1997) classe social seria um objeto próprio da</p><p>economia política e em uma categoria secundária, da sociologia ou da</p><p>ciência política, sendo este também o entendimento de Marx ao referir-</p><p>se às três grandes classes – a dos trabalhadores assalariados, a dos</p><p>capitalistas e a dos proprietários fundiários (apresentada como uma</p><p>terceira classe pelo autor). Embora utilize a mesma denominação quando</p><p>trata de outros grupos distintos aos três, demonstra que o interesse da</p><p>análise marxista se concentrava no estudo do comportamento daqueles</p><p>grupos imediatamente ligados ao processo de reprodução material da</p><p>sociedade. O autor acrescenta:</p><p>De resto, esta é a única posição compatível com um</p><p>materialismo histórico fundado no paradigma da produção.</p><p>Esse é o motivo pelo qual Marx, por exemplo, apesar de</p><p>prever (como veremos) o aumento numérico relativo dos</p><p>serviçais domésticos ou dos funcionários de Estado, não</p><p>lhes dedica atenção especial. Se a palavra “grande” da</p><p>expressão “grandes classes” dissesse respeito ao aspecto</p><p>numérico da questão, este grupo, decerto maior do</p><p>que o grupo dos capitalistas ou proprietários fundiários,</p><p>mereceria uma maior consideração. (HADDAD, 1997, p.98)</p><p>Uma sociedade quando dividida em classes sociais é chamada de</p><p>sociedade  estratificada. Caracterizada pela capacidade de mobilidade</p><p>social, ou seja, a possibilidade de ascensão de uma pessoa para uma outra</p><p>classe social. A essência da estratificação social é a razão da existência das</p><p>diferentes classes sociais e da desigualdade econômica (PORFÍRIO, 2021).</p><p>Políticas Sociais</p><p>36</p><p>No Brasil, no final da década de 70 e durante a década de 80, ficou</p><p>marcado o crescimento do movimento operário, sindical e partidário</p><p>ligado à classe trabalhadora. As greves do ABC em São Paulo, a formação</p><p>do Partido dos Trabalhadores (PT), a campanha das diretas já e são um</p><p>processo de democratização política. São consideradas expressão</p><p>da luta política concreta, denominada conforme o modismo europeu</p><p>como “antigos movimentos sociais” ou “movimentos sociais tradicionais”</p><p>(AMORIM; WOLFF; RASLAN, 2011).</p><p>As classes sociais brasileiras</p><p>no Brasil, em meados de 1994, foram iniciados esforços para a</p><p>redução da desigualdade de renda no país, acentuada ainda mais a partir</p><p>de 2002. Um aumento generalizado da renda foi percebido por cerca de</p><p>50% da população. Diante dessas mudanças, o governo passou a divulgar</p><p>o aumento da classe média no Brasil, chamada por alguns autores</p><p>de nova classe média. A pobreza, baseada em termos de renda, também</p><p>reduziu consideravelmente (RIBEIRO, 2014). Essa ideia foi contestada por</p><p>sociólogos e economistas, que não concordavam com medidas baseada</p><p>na renda, nesse sentido:</p><p>Uma longa tradição das ciências sociais sugere que</p><p>classes sociais devem ser definidas em termos das</p><p>relações de trabalho em que as pessoas se encontram,</p><p>bem como de certa identidade cultural e chances de</p><p>vida também ligadas a essas relações de trabalho. Nesse</p><p>sentido, alguns trabalhos criticaram fortemente a ideia de</p><p>que houve uma enorme melhora, e que o Brasil passou a</p><p>ser uma sociedade de classe média. (RIBEIRO, 2014, p. 182)</p><p>O aumento da demanda por trabalhadores pouco qualificados,</p><p>pode ser visto como fator importante na elevação da renda. Entretanto,</p><p>não houve mudanças representativas quanto à qualidade dos empregos.</p><p>De acordo com publicações no período, foram concluídas que o país</p><p>estaria distante uma sociedade de classe média, no sentido que apenas</p><p>um terço da população se encontrava entre as três classes superiores</p><p>(IBID., 2014).</p><p>Políticas Sociais</p><p>37</p><p>Além desses fatores, Ribeiro (2014) ressalta o nível educacional</p><p>da população brasileira como muito baixo e considera coerentes todos</p><p>os estudos apresentados a favor e confrontando a ideia da nova classe</p><p>média no Brasil.</p><p>No Brasil, as classes sociais são classificadas em classe alta, classe</p><p>baixa e classe média. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)</p><p>desenvolveu um sistema de medição que abrange cinco estratos sociais,</p><p>sendo esses: as classes A, B, C, D e E, os quais seguem uma ordem</p><p>decrescente em que “A” compreende</p><p>a classe de maior poder aquisitivo e</p><p>concentração de renda e classe “E” a mais inferior. São considerados para</p><p>classificação, a quantidade de pessoas residentes no domicílio, tamanho</p><p>da moradia, escolaridade, água e esgoto, número de eletrodomésticos</p><p>e veículos (PORFÍRIO, 2021). A classificação baseada na faixa salarial das</p><p>famílias brasileiras está organizada da seguinte maneira:</p><p>Classe A: mais de 15 salários-mínimos;</p><p>Classe B: de 5 a 15 salários-mínimos;</p><p>Classe C: de 3 a 5 salários-mínimos;</p><p>Classe D: de 1 a 3 salários-mínimos;</p><p>Classe E: até 1 salário-mínimo.</p><p>As classes sociais agrupam pessoas que possuem a mesma</p><p>situação financeira, ou seja, recebem os mesmos valores monetários</p><p>mensalmente.</p><p>SAIBA MAIS:</p><p>Segundo dados da Agência Brasil, as 26 pessoas mais ricas</p><p>do mundo detêm a mesma riqueza dos 3,8 bilhões mais</p><p>pobres (isso corresponde a 50% da humanidade). Acesse</p><p>o conteúdo completo disponível em: https://bit.ly/2O9zzuI.</p><p>Políticas Sociais</p><p>https://brasilescola.uol.com.br/geografia/ibge.htm</p><p>https://bit.ly/2O9zzuI</p><p>38</p><p>RESUMINDO:</p><p>E então? Gostou do que aprendeu na segunda competência?</p><p>Aprendeu mesmo? Agora, só para termos certeza de que</p><p>você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,</p><p>vamos resumir tudo o que vimos: Desde que organizou-se</p><p>em sociedade, o ser humano passou a dividir-se em classes</p><p>sociais. A divisão de classes sociais foi apresentada em suas</p><p>críticas pelo filósofo e sociólogo alemão Karl Marx. Para o</p><p>autor, havia duas classes: a burguesia e o proletariado, na</p><p>qual praticamente não existia mobilidade social alguma.</p><p>Esse contexto de exploração das classes, para Marx, seria</p><p>suficiente para justificar uma revolta do proletariado contra a</p><p>burguesia. Além do modelo de sociedade capitalista, tem-</p><p>se a sociedade socialista, na qual não há diferenciação pelo</p><p>acúmulo de riqueza, cultura, educação ou  política. A  luta</p><p>de classes, pode ser vista como o motor das mudanças</p><p>sociais, refletindo as diferenças materiais instauradas no</p><p>meio social, que poderiam ocorrer de forma gradativa</p><p>ou, em casos extremos de desigualdade, por meio de</p><p>revoluções. Uma sociedade quando dividida em classes</p><p>sociais é chamada de sociedade  estratificada. No Brasil,</p><p>as classes sociais são classificadas em classe alta, classe</p><p>baixa  e  classe média e o sistema de medição adotado</p><p>abrange cinco estratos sociais, sendo esses: as classes A,</p><p>B, C, D e E.</p><p>Políticas Sociais</p><p>https://conhecimentocientifico.r7.com/politica/</p><p>39</p><p>Capital Social</p><p>OBJETIVO:</p><p>Ao término deste capítulo você será capaz de entender as</p><p>classes e lutas sociais e seus reflexos históricos na pobreza,</p><p>na identidade e na cultura. Isto será fundamental para o</p><p>excelente exercício de sua profissão, ao deixá-lo apto para</p><p>a atividades ou pesquisas que envolvam temas voltados às</p><p>políticas sociais. E então, motivado para desenvolver esta</p><p>competência? Então vamos lá. Avante!</p><p>Nas últimas décadas, novas formas de espaços regionais e locais</p><p>fortalecidos por redes de confiança e solidariedade contribuíram para</p><p>a produção de instituições mais sólidas, promovendo uma melhoria na</p><p>qualidade de vida das pessoas, contemplando questões econômicas,</p><p>sociais, ambientais, culturais e educacionais (SAMPAIO, 2016).</p><p>As transformações também atingiram os espaços produtivos, nos</p><p>quais empresas passam a adotar ações coletivas em seus posicionamentos</p><p>estratégicos, partilhando habilidades e tecnologias, permitindo atingir</p><p>objetivos que sem esses relacionamentos, seriam inalcançáveis pelos</p><p>altos custos. Nesse sentido, quanto mais intenso for o grau de cooperação</p><p>e de confiança em espaços empresariais, menor será o custo de suas</p><p>transações, gerando um maior benefício coletivo e consequentemente</p><p>um maior nível de capital social (GOMES; BUENO; GOMES, 2018).</p><p>O conceito de capital social é uma construção coletiva, marcada por</p><p>relações mutuamente respeitosas que permitem a um grupo seguir suas</p><p>metas com maior eficiência. Depende do conjunto de relacionamentos</p><p>de um grupo social, marcado pela boa comunicação entre seus atores</p><p>sociais, partilha e participação de todos (GIDDENS, 2007), revelando</p><p>uma forte correlação positiva entre o desempenho institucional com</p><p>a natureza da vida cívica, não apenas pelos reflexos internos sobre os</p><p>indivíduos, mas também pelos seus reflexos externos sobre a sociedade.</p><p>Quanto ao ambiente interno, hábitos de cooperação, solidariedade, senso</p><p>de responsabilidade comum para com empreendimentos coletivos</p><p>Políticas Sociais</p><p>40</p><p>são incutidos pelas associações. No ambiente externo, a agregação</p><p>de interesses foi intensificada com uma densa rede de associações</p><p>secundárias (FERNANDES, 2002).</p><p>Segundo Putnam (1993, p.1), o:</p><p>[...] capital social refere-se a aspectos da organização</p><p>social, tais como redes, normas e confiança que facilita</p><p>a coordenação e cooperação para benefícios mútuos.</p><p>Capital social aumenta os benefícios de investimento em</p><p>capital físico e capital humano.</p><p>Dessa forma, se constitui em um significativo papel na construção</p><p>de um entorno inovador para as empresas, conduzindo a um aprendizado</p><p>interativo que para sua formação, é necessário um ambiente propício à</p><p>participação social em que os interesses individuais de competitividade</p><p>são obtidos através da colaboração</p><p>Coleman (1988, p.98) considera capital social:</p><p>[...] uma variedade de diferentes entidades tendo duas</p><p>características em comum: elas todas consistem de alguns</p><p>aspectos da estrutura social, elas facilitam certas ações</p><p>dos atores – seja pessoas ou atores corporativos – dentro</p><p>da estrutura.</p><p>Isto torna possível certas realizações que na sua ausência não</p><p>seriam possíveis, tornando-se um recurso coletivo para quem integra</p><p>essa estrutura.</p><p>Assim, diante de um ambiente de cooperação, os atores sociais se</p><p>conectam a partir de trocas baseadas no capital social do grupo ou rede,</p><p>seja ela formal ou informal, que estas ligações baseadas em diferentes</p><p>tipos de relacionamentos geram fluxos de informações que facilitam os</p><p>processos previstos nas normas das empresas e permitem a obtenção</p><p>de informações vantajosas. São assim, relacionamentos informais que</p><p>influenciam em processos formais.</p><p>A sociedade se caracteriza por sistemas de intercâmbio e relações</p><p>sociais formais e informais, sendo essa interação pessoal, um meio</p><p>econômico e seguro de obter informações acerca da confiabilidade dos</p><p>demais atores, que acreditam que essa confiança será retribuída e nas</p><p>Políticas Sociais</p><p>41</p><p>suas relações no decorrer do tempo, esse intercâmbio costuma incentivar</p><p>e estabelecer uma regra de reciprocidade generalizada. Sendo assim,</p><p>a confiança social parte de regras de reciprocidade e dos sistemas de</p><p>participação cívica, conforme destaca Putnam (1996, s.p.):</p><p>Os sistemas de participação cívica são uma forma essencial</p><p>de capital social: quanto mais desenvolvidos forem esses</p><p>sistemas numa comunidade, maior será a probabilidade de</p><p>que seus cidadãos sejam capazes de cooperar em benefício</p><p>mútuo. Por outro lado, o capital social, assim como outras</p><p>relações sociais, multiplica-se com o uso e minguam com</p><p>o desuso.</p><p>Nesse sentido, o capital social é o resultado das relações positivas</p><p>entre os indivíduos, permitindo o alcance de combinações e resultados</p><p>mais produtivos para a economia, tanto no mercado de trabalho</p><p>como para a produção. Significa uma economia política voltada para a</p><p>promoção de relacionamentos sociais eficientes, através da maximização</p><p>da competência comunicativa, gerando a capacidade de processar</p><p>efetivamente as informações e o conhecimento. Quanto mais intenso</p><p>for o estoque de capital social, maior o potencial de desenvolver ações</p><p>cooperativas ou coletivas. Essas relações associativas ganham maior</p><p>força no momento em que os interesses coletivos prevalecem sob os</p><p>interesses individuais e econômicos (GIDDENS, 2007; SAMPAIO, 2016).</p><p>Capital social e desenvolvimento regional</p><p>As redes sociais de negociação advindas do capital</p><p>social podem</p><p>criar oportunidades de desenvolvimento. Mediante as oportunidades,</p><p>cada indivíduo consegue obter melhores desempenhos. Nesse sentido,</p><p>as estratégias adotadas de desenvolvimento dos países devem explorar</p><p>ações no sentido de criar um clima econômico, social, político e cultural</p><p>favorável para a população, o que interfere diretamente na qualidade de</p><p>vida da população (RIBEIRO, FERNANDES, RIBEIRO, 2012).</p><p>Para Rodrigues (2017), o capital social pode atuar como conformador</p><p>de ações coletivas e individuais eficazes e quanto maior sua presença</p><p>em uma região, espera-se que maior também sejam os níveis de</p><p>desenvolvimento econômico.</p><p>Políticas Sociais</p><p>42</p><p>Assim, percebe-se uma valorização dos recursos ambientais,</p><p>o que permite a otimização do seu potencial. O capital social pode ser</p><p>considerado um elemento que fomenta o desenvolvimento econômico</p><p>e este contribui na mobilização individual e coletiva para a realização</p><p>de objetivos comuns. O capital social é assim, um fator de coletividade</p><p>construído pelo interesse dos indivíduos em cooperarem entre si, estando</p><p>propenso ao dilema da ação coletiva e ao oportunismo (XAVIER, 2012).</p><p>É necessário remover os entraves que limitam as escolhas e</p><p>oportunidades das pessoas, associando o capital físico, financeiro e o</p><p>capital social ao termo “desenvolvimento socioeconômico”. Os fatores</p><p>como capacidades, recursos intangíveis, confiança, cooperação,</p><p>conhecimento e compromissos tácitos tornam-se, cada vez mais</p><p>transcendentes (RIBEIRO, FERNANDES, RIBEIRO, 2012, p.23). Estes</p><p>acrescentam:</p><p>Desse modo, o capital social – assim como o capital</p><p>econômico, o humano e o natural – é mais um componente</p><p>do desenvolvimento a ser analisado e, a partir da sua</p><p>observância, torna-se possível promover trajetórias</p><p>socioeconômicas diversas, construir oportunidades</p><p>de desenvolvimento por meio de redes sociais de</p><p>negociação, possibilitar maior relação entre investimento</p><p>econômico e social, redefinir o espaço público local a</p><p>partir da negociação entre variados interesses e construir,</p><p>por meio de projetos alternativos, uma ideia de que as</p><p>desigualdades devem ser condenadas e as iniciativas</p><p>locais de desenvolvimento estimuladas.</p><p>Percebe-se que o debate sobre a gestão local do desenvolvimento</p><p>e a busca por um novo modelo de desenvolvimento, no qual estejam</p><p>inclusas iniciativas e processos produtivos locais voltados à interpretação</p><p>das dinâmicas regionais de desenvolvimento e à implementação de</p><p>políticas públicas, ou seja, uma reflexão teórica sobre o desenvolvimento</p><p>contemporâneo está a cada dia mais em evidência. A capacidade das</p><p>sociedades locais de possuírem autonomia, liderança e assim conduzirem</p><p>seus próprios destinos, usufruindo dos fatores produtivos locais, atuais e</p><p>potenciais é que vai determinar o grau de desenvolvimento endógeno de</p><p>cada território (MORAIS, 2008).</p><p>Políticas Sociais</p><p>43</p><p>Diversos autores tratam o capital social como um recurso necessário</p><p>e imprescindível ao desenvolvimento sustentável, por sua capacidade de</p><p>promover a interação entre pessoas, estruturas e instituições. A ideia base</p><p>a este princípio é a de que, “havendo a agilização das redes sociais,</p><p>estimuladas pela confiança e cooperação, há um benefício direto em prol</p><p>do social, sendo que, ao invés, o não aproveitamento daquelas sinergias</p><p>conduz a uma condição social reducionista” (DUQUE, 2013, p. 1).</p><p>Nas últimas duas décadas, a relação entre capital social e pobreza</p><p>tem sido objeto de estudo, sobretudo entre sociólogos e economistas.</p><p>Estes estudos têm fortalecido a relação entre ambos, demonstrando a</p><p>contribuição para a redução da pobreza, conforme destacam:</p><p>Deste modo, a suavização da pobreza por meio da formação de</p><p>capital social é factível a partir dos chamados “laços fracos” – coesão entre</p><p>pessoas heterogêneas – estes laços devem ser encorajados no sentido</p><p>de promover uma maior diversificação e disseminação, sobretudo de</p><p>conhecimento e de informações. (RIBEIRO, ARAÚJO, 2018, p. 753)</p><p>Baseado na análise de dados obtidos em suas pesquisas, Ribeiro</p><p>e Araújo (2018, p. 750) afirmam que “além do capital social contribuir</p><p>positivamente com a renda, seu impacto é superior aos impactos</p><p>causados pelo emprego, casamento ou pelo fato do indivíduo</p><p>pertencer à raça branca”, percebe-se também o impacto do capital</p><p>social na geração de renda e, consequentemente, na redução da pobreza.</p><p>ACESSE:</p><p>Leia o artigo “Capital social e pobreza no Brasil”, que</p><p>contempla a pesquisa e os dados obtidos dos autores</p><p>quanto ao capital social e pobreza no Brasil. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/3dRwFVV.</p><p>Políticas Sociais</p><p>https://bit.ly/3dRwFVV</p><p>44</p><p>Capital social no Brasil</p><p>Com o intuito de medir o capital social e suas conformações junto</p><p>ao processo de desenvolvimento humano, esforços internacionais foram</p><p>feitos. No intuito de identificar as relações de correspondência entre os</p><p>níveis de capital social e desenvolvimento humano no Brasil, Rodrigues</p><p>(2018) desenvolveu um índice para cálculo do Capital Social. O Índice de</p><p>Capital Social (ICS), busca agregar os determinantes do conceito. Por</p><p>meio da plotagem de mapas, observou o ICS nos municípios brasileiros,</p><p>utilizando em análises estatísticas as relações entre o capital social,</p><p>capital humano e níveis de desenvolvimento humano. O ICS proposto foi</p><p>composto em duas dimensões:</p><p>O ICS atua em uma escala de 0 a 1 e os resultados obtidos foram os</p><p>seguintes: A média municipal do Brasil é 0,25 (possui baixo capital social).</p><p>O Sul tem ICS de 0,35, o centro oeste de 0,24, o sudeste 0,23, nordeste</p><p>0,22 e o norte 0,21. Entre os municípios brasileiros que obtiveram ICS mais</p><p>elevado, 36 deles (67% do total) estão localizados na região Sul; na região</p><p>Sudeste 11%, na região Centro-Oeste 11%, na região Nordeste 8% e na</p><p>região Norte 3%.</p><p>Políticas Sociais</p><p>45</p><p>O fluxo das informações nos relacionamentos:</p><p>uma análise dos custos de transação e capital</p><p>social</p><p>Os custos de transação surgem em parte, pelo o fato dos agentes</p><p>não disporem de todas as informações necessárias para a tomada de</p><p>decisão e partem das possibilidades oferecidas a cada momento. Diante</p><p>da racionalidade limitada, os indivíduos são incapazes de prever e</p><p>estabelecer as medidas certas para os eventuais imprevistos futuros da</p><p>realização de uma transação, que mediante o comportamento oportunista</p><p>uma das partes, poderá aproveitar-se de informações que detém em</p><p>benefício próprio.</p><p>A ação coletiva ou a cooperação voluntária é possível quando há</p><p>um nível significativo de capital social em determinados grupos, visto que</p><p>o cooperativismo vem a restringir o comportamento humano, regulando e</p><p>minimizando os custos de transação, pois delimitam escolhas, diminuem o</p><p>grau de incerteza proveniente de comportamentos imprevisíveis, facilitam</p><p>a identificação de parceiros adequados para as transações e a elaboração</p><p>de contratos. Sendo assim, quanto maior o grau de cooperação e de</p><p>confiança numa comunidade, menor será o custo de transação para</p><p>alcançar uma solução e quanto maior o nível de capital social, menor o</p><p>estímulo ao oportunismo (GOMES; BUENO; GOMES, 2018).</p><p>O acesso à informação é um elemento-chave, tanto para o</p><p>desenvolvimento econômico como para o social em comunidades e</p><p>grupos sociais. A aquisição do capital social está condicionada a fatores</p><p>culturais, políticos e sociais e por se tratar de um capital, mesmo não</p><p>mercantil, investimentos para sua ampliação devem permitir retornos,</p><p>benefícios e gerar desenvolvimento.</p><p>O nível de confiança entre os indivíduos de uma rede ou grupo</p><p>está relacionado ao capital social cognitivo e influencia a ação coletiva do</p><p>grupo, que em parte relaciona-se ao acesso à informação em nível local,</p><p>mas também em nível mais geral, devido aos meios de comunicação e</p><p>outras fontes pessoais e impessoais. Dessa forma, o capital social depende</p><p>dos relacionamentos, da interação de pelo menos dois indivíduos e</p><p>Políticas Sociais</p><p>46</p><p>assim, torna-se evidente a estrutura de redes por trás do conceito de</p><p>capital social, que passa a ser um recurso do grupo construído pelas suas</p><p>redes de relações e através dessas redes que se constituem em canais</p><p>pelos quais passam informações e conhecimento (MARTELETO, SILVA,</p><p>2004). Segundo as contribuições de North (1990), o ambiente influencia</p><p>na capacidade de realizar escolhas e nos mecanismos de tomada de</p><p>decisão, influenciando na eficiência das diferentes sociedades.</p><p>A questão da confiança também é tratada por Coleman (1997),</p><p>considerando um componente do capital social que permite estreitar</p><p>relações e assim maximizar as oportunidades econômicas e sociais,</p><p>reduzindo os custos de transação, que também reduzem os riscos</p><p>do comportamento não cooperativo, sendo a confiança a base da</p><p>acumulação do capital social.</p><p>O capital social deve ser visto como um conjunto de redes e normas</p><p>que permitem a redução dos riscos decorrentes das relações entre</p><p>desconhecidos e os custos de transação, pois os fluxos de informação</p><p>e conhecimento que circulam pelos laços existentes entre os membros</p><p>da comunidade dependem de características culturais e políticas que</p><p>regulam a participação de cada indivíduo ao acesso dos benefícios e</p><p>das sanções para aqueles que não colaboram ou participam (SILVA,</p><p>FERREIRA, 2007).</p><p>Para Araújo (2003), o capital social facilita a cooperação espontânea e</p><p>minimiza os custos de transação, influenciando em iniciativas econômicas</p><p>que prosperaram e que estavam baseadas em princípios de reciprocidade</p><p>mútua e com sistema de participação cívica.</p><p>Políticas Sociais</p><p>47</p><p>RESUMINDO:</p><p>Neste capítulo, vimos a importância dos grupos sociais</p><p>e da ação coletiva é abordada por diversos autores e</p><p>diferentes áreas, o que reforça a sua contribuição para o</p><p>desenvolvimento da sociedade. Como produto dessa</p><p>interação tem-se o capital social que permite gerar benefício</p><p>direto aos indivíduos como também ao seu grupo, seja uma</p><p>comunidade ou empresa. Um papel importante atribuído ao</p><p>capital social consiste na sua contribuição para a redução</p><p>dos custos de transação. Esses relacionamentos reduzem</p><p>as incertezas diante da progressão dos níveis de confiança e</p><p>assim, influenciam no conjunto de escolhas dos indivíduos.</p><p>Estas favorecem os objetivos coletivos, ação contrária ao</p><p>oportunismo egoísta comum nas transações de mercado.</p><p>O capital social pode ser produzido ou destruído como</p><p>qualquer outro capital, tendo o governo uma contribuição</p><p>significativa para a sua acumulação através da elaboração</p><p>de políticas públicas incrementadas por investimentos.</p><p>Políticas Sociais</p><p>48</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>AMORIM, H.; WOLFF, S.; RASLAN, F. 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