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<p>INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DE PASSO</p><p>FUNDO</p><p>FACULDADE IDEAU</p><p>CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS</p><p>ANÁLISE DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA: FUNÇÕES</p><p>EDUCAÇÃO E SAÚDE NO MUNICÍPIO DE MATO</p><p>CASTELHANO-RS</p><p>TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO</p><p>BRUNA BARTH TEIXEIRA</p><p>PASSO FUNDO/RS</p><p>2023</p><p>BRUNA BARTH TEIXEIRA</p><p>ANÁLISE DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA: FUNÇÕES</p><p>EDUCAÇÃO E SAÚDE NO MUNICÍPIO DE MATO</p><p>CASTELHANO-RS</p><p>Trabalho de conclusão de curso</p><p>apresentado ao Instituto de</p><p>Desenvolvimento Educacional de Passo</p><p>Fundo, como parte dos requisitos para</p><p>obtenção do título de Bacharel em</p><p>Ciências Contábeis.</p><p>Orientador(a): Prof(a). M(a). Rangel de</p><p>Matos.</p><p>PASSO FUNDO/RS</p><p>2023</p><p>Teixeira, Bruna Barth</p><p>Análise da execução orçamentária: funções educação e saúde no Município de</p><p>Mato Castelhano-RS / Bruna Barth Teixeira. –</p><p>Passo Fundo. – 2023.</p><p>71 f.: PDF.</p><p>Monografia (Graduação) – Instituto de Desenvolvimento Educacional de Passo</p><p>Fundo - Faculdade IDEAU. –</p><p>Câmpus Passo Fundo, 2023.</p><p>Orientador: Prof(a). M(a). Rangel de Matos.</p><p>1. Educação. 2. Execução. 3. Instrumentos. 4. Saúde. 5. Orçamento. I. Título. II.</p><p>Instituto de Desenvolvimento Educacional de Passo Fundo - Faculdade IDEAU.</p><p>Câmpus Passo Fundo.</p><p>___________________________________________________________________________</p><p>INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DE PASSO</p><p>FUNDO</p><p>FACULDADE IDEAU</p><p>CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS</p><p>A comissão examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de</p><p>Conclusão de Curso</p><p>ANÁLISE DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA: FUNÇÕES</p><p>EDUCAÇÃO E SAÚDE NO MUNICÍPIO DE MATO</p><p>CASTELHANO-RS</p><p>ELABORADO POR</p><p>BRUNA BARTH TEIXEIRA</p><p>Como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências</p><p>Contábeis</p><p>Aprovado em: ____/____/_______</p><p>COMISSÃO EXAMINADORA:</p><p>_____________________________________</p><p>Prof(a). M(a). Rangel de Matos</p><p>Faculdade IDEAU – Passo Fundo</p><p>______________________________________________</p><p>Prof(a). Dr(a). Daniel Frasson de Lima</p><p>Faculdade IDEAU – Passo Fundo</p><p>__________________________________________</p><p>Prof(a). M(a). Sherol da Silva dos Santos</p><p>Faculdade IDEAU – Passo Fundo</p><p>PASSO FUNDO/RS</p><p>2023</p><p>Dedico este trabalho a todos aqueles que</p><p>contribuíram para sua realização.</p><p>AGRADECIMENTOS</p><p>Primeiramente à Deus pelo dom da vida, pela saúde, fé e perseverança para vencer os</p><p>obstáculos.</p><p>Aos meus pais, Marlene e Leandro, pela orientação, apoio, dedicação e incentivo nessa</p><p>fase do curso de graduação e durante toda minha vida.</p><p>Ao meu namorado Luiz Henrique, pela compreensão e incentivo durante todo o curso.</p><p>Aos meus colegas e amigos, que sempre estiveram ao meu lado, pela amizade</p><p>incondicional e pelo apoio demonstrado ao longo do curso.</p><p>Ao meu orientador, professor Rangel de Matos, por sua disponibilidade, orientação,</p><p>interesse, paciência e a prestabilidade com que me auxiliou.</p><p>Aos professores do Curso de Ciências Sociais Aplicadas da Faculdade IDEAU de Passo</p><p>Fundo por todo o conhecimento transmitido, os quais foram fundamentais nessa fase do curso</p><p>de graduação, assim como para toda a vida.</p><p>Enfim, sou grata a todos que contribuíram de forma direta ou indireta para a realização</p><p>deste trabalho.</p><p>A gestão é a coordenação de todos os recursos</p><p>através do processo de planejamento, organização,</p><p>direção e controle, a fim de atingir os objetivos</p><p>declarados.</p><p>Harold Koontz</p><p>RESUMO</p><p>A Constituição Federal elenca no art. 165 os instrumentos que compõem o planejamento</p><p>orçamentário dos Entes Federados, são eles: o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes</p><p>Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual. Esses dispositivos legais estabelecem</p><p>detalhadamente a projeção da receita e da despesa, programas e políticas públicas, bem como,</p><p>os princípios e as diretrizes que norteiam a elaboração do orçamento público. Diante disso,</p><p>tendo como base a análise dos instrumentos e relatórios orçamentários, questiona-se: o PPA</p><p>municipal alcançou as metas e objetivos financeiros estabelecidos nos programas de saúde e</p><p>educação considerando os percentuais mínimos constitucionais? A escolha deste tema para a</p><p>realização do estudo, deu-se pelos recentes e significativos investimentos no município nas</p><p>áreas de educação e saúde. Refletindo sobre o planejamento do orçamento público, o presente</p><p>estudo tem como objetivo analisar a execução orçamentária no exercício financeiro de 2022</p><p>levando em consideração as funções Educação e Saúde no Município de Mato Castelhano. De</p><p>acordo com as características do estudo realizado, classifica-se a pesquisa quanto à abordagem</p><p>como qualitativa, à natureza como básica, aos objetivos como descritiva e explicativa e, quanto</p><p>aos procedimentos como bibliográfica, documental e estudo de caso. Com base na análise</p><p>comparativa dos instrumentos orçamentários e do Relatório de Execução Orçamentária,</p><p>observou-se que o Município obteve um significativo aumento da receita e da despesa para o</p><p>exercício financeiro de 2022. O Município cumpriu as metas e objetivos estabelecidos no plano</p><p>para as funções Educação e Saúde, além disso, o percentual da receita aplicado nas ações para</p><p>as áreas supracitadas esteve acima do mínimo constitucional exigido.</p><p>Palavras-chave: Educação. Execução. Instrumentos. Saúde. Orçamento.</p><p>ABSTRACT</p><p>The Federal Constitution lists in art. 165 the instruments that make up the budget planning of</p><p>Federated Entities, are they: the Multi-Year Plan, the Budget Guidelines Law and the Annual</p><p>Budget Law. These legal provisions establish in detail the projection of revenue and expenses,</p><p>public programs and policies, as well as, the principles and guidelines that guide the preparation</p><p>of the public budget. That said, based on the analysis of budget instruments and reports, ask if:</p><p>the municipal PPA achieved the financial goals and objectives established in the health and</p><p>education programs considering the minimum constitutional percentages? The choice of this</p><p>topic to carry out the study, This was due to recent and significant investments in the</p><p>municipality in the areas of education and health. Reflecting on public budget planning, The</p><p>present study aims to analyze budget execution in the 2022 financial year, taking into account</p><p>the Education and Health functions in the Municipality of Mato Castelhano. According to the</p><p>characteristics of the study carried out, The research is classified in terms of approach as</p><p>qualitative, regarding nature as basic, regarding the objectives as descriptive and explanatory</p><p>and, regarding procedures such as bibliography, documentary and case study. Based on the</p><p>comparative analysis of budget instruments and the Budget Execution Report, it was observed</p><p>that the Municipality obtained a significant increase in revenue and expenses for the 2022</p><p>financial year. The Municipality fulfilled the goals and objectives established in the plan for</p><p>the Education and Health functions, furthermore, the percentage of revenue invested in actions</p><p>for the aforementioned areas was above the constitutional minimum required.</p><p>Keywords: Education. Execution. Instruments. Health. Budget.</p><p>LISTA DE FIGURAS</p><p>Figura 1: Ciclo integrado de planejamento e orçamento..........................................................28</p><p>LISTA DE TABELAS</p><p>Tabela 1 – Projeção da receita municipal no quadriênio 2022-2025........................................47</p><p>Tabela 2 – Resumo de valores na função Educação.................................................................49</p><p>Tabela 3 – Resumo de valores na função Saúde.......................................................................49</p><p>o PPA pode ser revisado</p><p>e atualizado ao longo de sua vigência, mediante necessidade de adequação às possíveis</p><p>mudanças de cenário, ao verificar-se novas prioridades ou demandas decorrentes (FILHO,</p><p>2014; NASCIMENTO, 2020).</p><p>Ao final do período de quatro anos, é realizada a avaliação final do PPA para analisar o</p><p>cumprimento das metas e dos resultados estabelecidos. Esta avaliação é fundamental para</p><p>realizar a prestação de contas à sociedade acerca do desempenho da administração pública em</p><p>relação ao plano (GONÇALVES, 2020; LIMA, 2022).</p><p>2.3.1.3 Estrutura do Plano Plurianual</p><p>No Brasil, o PPA segue uma estrutura e processos específicos compostos por diversos</p><p>elementos, conforme estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na Constituição</p><p>Federal. Desta forma a estrutura do PPA inclui: a introdução, a visão geral do PPA, os eixos e</p><p>objetivos estratégicos, os programas temáticos, as metas e indicadores, o monitoramento e</p><p>avaliação e por fim os anexos (GIACOMONI, 2018; NETO, 2022).</p><p>A introdução diz respeito a uma breve mensagem que descreve as principais diretrizes e</p><p>prioridades do governo para o determinado período. A visão geral do PPA, refere-se ao contexto</p><p>e justificativa, nada mais é do que uma seção que descreve o cenário econômico, social e</p><p>38</p><p>político local, bem como os desafios e oportunidades que a administração enfrentará durante o</p><p>período (GIACOMONI, 2018; NETO, 2022).</p><p>Os eixos estratégicos definem a temática de atuação do governo, que podem abranger</p><p>áreas como educação, saúde, segurança, infraestrutura, entre outros. Já os objetivos</p><p>estratégicos, descrevem os objetivos gerais a serem alcançados em cada eixo estratégico. Os</p><p>programas temáticos abrangem a descrição dos programas, onde cada programa temático é</p><p>detalhado com informações sobre seus objetivos, metas, indicadores de desempenho e ações</p><p>previstas para sua implementação. Além disso, apresenta a alocação de recursos financeiros</p><p>para cada programa, designando a fonte de financiamento e os valores previstos</p><p>(GIACOMONI, 2018; NASCIMENTO, 2020).</p><p>Em seguida, são estabelecidas as metas a serem alcançadas em cada programa, bem como</p><p>os indicadores que serão empregados para medir o progresso e alcance das metas. A estrutura</p><p>do PPA também define o sistema de monitoramento e avaliação, utilizado para acompanhar a</p><p>execução do PPA, incluindo os relatórios periódicos de desempenho e avaliação de resultados,</p><p>como o Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO) (GIACOMONI, 2018; NETO,</p><p>2022).</p><p>Por fim, os anexos na estrutura do PPA, podem incluir documentos complementares,</p><p>como relatórios de consultas públicas, estudos técnicos, legislação relacionada e demais</p><p>informações relevantes ao plano. Vale ressaltar que o PPA é elaborado pelos Poderes Executivo</p><p>Federal, Estadual, Distrital e Municipal, e estes através da autonomia legislativa, podem definir</p><p>suas prioridades, metas e diretrizes, conforme vinculação a estrutura obrigatória do PPA, mas</p><p>adaptadas às realidades e prioridades locais (GIACOMONI, 2018).</p><p>2.3.2 Lei de Diretrizes Orçamentárias</p><p>A Lei de Diretrizes Orçamentárias, introduzida pela CF de 1988, é uma legislação</p><p>fundamental no sistema orçamentário brasileiro, visto que ela estabelece as diretrizes, os</p><p>parâmetros e metas fiscais, os quais devem ser seguidos para a elaboração do orçamento da</p><p>União, Estados e Municípios para o ano seguinte (BRASIL, 1988; LIMA, 2022).</p><p>A principal função da LDO é estabelecer as metas e prioridades da administração pública</p><p>para o ano seguinte, de acordo com o PPA, indicando onde os recursos serão aplicados. Bem</p><p>como, orientar a elaboração da LOA, definindo as despesas prioritárias e os limites para gastos</p><p>com pessoal, dívida pública, entre outros. Ainda, a LDO visa garantir o equilíbrio entre as</p><p>receitas e despesas do exercício (ANDRADE, 2016; GONÇALVES, 2020; LIMA, 2022).</p><p>39</p><p>Além disso, a LDO fixa as metas fiscais a serem atingidas no ano seguinte,</p><p>estabelecendo limites para o resultado primário e também para o montante da dívida pública.</p><p>Assim como, determina as regras para a elaboração e execução do orçamento, como a forma</p><p>de apresentação de emendas parlamentares e a execução de obras e serviços. Também define</p><p>as diretrizes para a política de pessoal do governo, incluindo reajustes salariais e contratação</p><p>de servidores (ANDRADE, 2016; LIMA, 2022).</p><p>A Lei de Diretrizes Orçamentárias é elaborada pelo Poder Executivo anualmente e deve</p><p>ser aprovada pelo Poder Legislativo até o final do primeiro semestre do ano, que normalmente</p><p>ocorre até o mês de julho. A LDO desempenha um papel de suma importância na promoção da</p><p>transparência e da responsabilidade fiscal, visto que estabelece as diretrizes para o uso</p><p>adequado dos recursos públicos e define o limite de gastos para a administração pública. Além</p><p>disso, é uma ferramenta de planejamento que permite ao governo definir suas prioridades,</p><p>garantindo que os recursos sejam destinados de forma eficiente e de acordo com as necessidades</p><p>da população (ANDRADE, 2016; BRASIL, 1988; LIMA, 2022).</p><p>2.3.3 Lei Orçamentária Anual</p><p>A Lei Orçamentária Anual estabelece o orçamento público para o ano fiscal seguinte,</p><p>ela detalha como os recursos públicos serão arrecadados e distribuídos para os diversos órgãos</p><p>e programas governamentais. Diante disso, “É por meio do orçamento público que o Estado é</p><p>capaz de organizar seus recursos e especificar os gastos que serão alocados a cada área sobre a</p><p>qual a gestão pública atua, como saúde, educação, segurança pública etc.” (GONÇALVES,</p><p>2020, p. 196).</p><p>A principal função da LOA é fixar as despesas e prever as receitas do governo para o</p><p>ano seguinte, detalhando os valores alocados para cada órgão, programa e atividade</p><p>governamental. Além disso, definir as fontes de recursos que irão financiar as despesas</p><p>públicas, como as receitas tributárias, receitas de operações de crédito e outras fontes de</p><p>financiamento. Também estabelecerá as metas de resultado primário, ou seja, os limites para o</p><p>déficit ou superávit fiscal que o governo pretende alcançar no exercício (ANDRADE, 2016;</p><p>CREPALDI, 2013).</p><p>Ainda, a LOA irá autorizar a realização de operações de crédito, estabelecendo limites</p><p>para o endividamento público. Também irá delimitar as despesas com pessoal e encargos</p><p>sociais, garantindo o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. Além disso, estabelecerá</p><p>40</p><p>as diretrizes para a execução do orçamento, introduzindo as regras para a realização de emendas</p><p>parlamentares e a gestão dos recursos públicos (GONÇALVES, 2020).</p><p>A elaboração da LOA é realizada pelo Poder Executivo, no período de 18 de julho a 31</p><p>de agosto de cada ano, a partir disso, a proposta será encaminhada para o Poder Legislativo,</p><p>para análise e votação, a aprovação da LOA ocorre anualmente, no período de 01 de setembro</p><p>a 22 de dezembro, de modo a entrar em vigor e ser executada no início do ano seguinte</p><p>(GONÇALVES, 2020; LIMA, 2022).</p><p>A LOA desempenha um importante papel na gestão pública, uma vez que define como</p><p>os recursos serão arrecadados e alocados para atender as necessidades da população e</p><p>implementar as políticas públicas. Além disso, é uma ferramenta de controle e fiscalização, a</p><p>qual permite que os cidadãos e os órgãos de controle acompanhem as atividades do governo e</p><p>como este está destinando o dinheiro público, bem como se está cumprindo as metas fiscais</p><p>estabelecidas no plano (GONÇALVES, 2020).</p><p>2.3.4 A LDO como elo entre o PPA e a LOA</p><p>A Lei de Diretrizes Orçamentárias desempenha um papel importante como elo entre o</p><p>PPA e a LOA, pois como visto anteriormente, a LDO estabelece os parâmetros necessários à</p><p>alocação dos recursos no orçamento anual, visando garantir a realização das metas e prioridades</p><p>contidas no PPA. Desta forma, a LDO trata-se do “instrumento que funciona como elo entre o</p><p>PPA e os orçamentos anuais, compatibilizando as diretrizes</p><p>do plano à estimativa das</p><p>disponibilidades financeiras para determinado exercício” (NASCIMENTO, 2020, p. 80).</p><p>O PPA é um documento de planejamento de longo prazo que abrange um período de</p><p>quatro anos, ele estabelece as diretrizes, objetivos e as metas do governo, identificando as</p><p>principais políticas públicas a serem implementadas, todavia, o PPA não especifica os valores</p><p>orçamentários alocados para cada programa. Já a LDO, é elaborada anualmente, onde</p><p>estabelece as diretrizes e metas para o ano seguinte, bem como as prioridades e limites de gastos</p><p>para o exercício (GONÇALVES, 2020).</p><p>Desta forma, a LDO orienta a elaboração da LOA, fornecendo as diretrizes para a</p><p>alocação dos recursos de acordo com as metas e prioridades estabelecidas no PPA. A LOA, por</p><p>sua vez, é o documento que detalha o orçamento público para o ano seguinte, ela especifica os</p><p>valores alocados para cada órgão, programa, projeto e atividade da administração pública, de</p><p>acordo com as diretrizes estabelecidas na LDO (GONÇALVES, 2020; NASCIMENTO, 2020).</p><p>41</p><p>Diante do exposto, pode-se notar que a LDO funciona como um instrumento que</p><p>conecta o planejamento de longo prazo (PPA) com a alocação de recursos detalhada na LOA.</p><p>A LDO garante que o orçamento anual esteja alinhado com as políticas de médio e longo prazo</p><p>estabelecidas no PPA, ao mesmo tempo em que concede flexibilidade para enfrentar as</p><p>demandas causadas por mudanças que possam surgir ao longo do ano de exercício</p><p>(GONÇALVES, 2020; NASCIMENTO, 2020).</p><p>Em resumo, o ciclo orçamentário brasileiro envolve a integração desses três</p><p>instrumentos, onde a LDO desempenha um papel crucial na conexão entre o planejamento</p><p>estratégico do PPA e a execução orçamentária possibilitada pela LOA (NASCIMENTO, 2020).</p><p>2.3.5 Relatório Resumido de Execução Orçamentária</p><p>O Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO), regulamentado pela Lei</p><p>Complementar Nº 101/2000, impõe a todos os poderes da federação e ao Ministério Público a</p><p>obrigatoriedade de publicar o RREO, o qual demonstra a execução orçamentária em um</p><p>determinado período, indicando o resultado positivo (superávit) ou negativo (déficit) do</p><p>exercício. Este relatório permite o acompanhamento e análise do desempenho das ações</p><p>previstas nos programas governamentais estabelecidas na LDO e na LOA (ANDRADE, 2016;</p><p>BRASIL, 2000).</p><p>A publicação do RREO deve ser realizada até 30 dias após o encerramento de cada</p><p>bimestre, ao descumprir o prazo legal, o ente federado fica sujeito ao não recebimento das</p><p>transferências e impedido de contratar operações de crédito. Assim sendo, todos os poderes</p><p>federados, a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, bem como o Ministério Público</p><p>possui a obrigatoriedade legal de apresentar o RREO, assim como a publicidade das</p><p>informações contábeis de forma ampla, através de meios eletrônicos, em murais, documentos,</p><p>internet, entre outros (ANDRADE, 2016; CREPALDI, 2013).</p><p>O RREO será composto de demonstrativos como o balanço orçamentário, os</p><p>demonstrativos da execução das receitas por categoria econômica e fonte, os demonstrativos</p><p>relativos à receita corrente líquida, que indica a evolução e previsão até o final do exercício, e</p><p>os valores referentes ao refinanciamento da dívida mobiliária. O RREO “dá um amplo conjunto</p><p>de informações ao Executivo, ao Legislativo e à sociedade sobre a execução orçamentária e sua</p><p>previsão, permitindo a maior parte dos controles previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal</p><p>(ANDRADE, 2016).</p><p>42</p><p>2.4 Vinculação de recursos: educação e saúde</p><p>A vinculação de recursos é uma prática para garantir que uma parte específica do</p><p>orçamento público seja alocada para áreas consideradas prioritárias, como educação e saúde. É</p><p>uma maneira de assegurar que esses setores recebam financiamento adequado e constante,</p><p>independentemente das oscilações orçamentárias anuais (ANDRADE, 2016).</p><p>A CF estabelece que “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será</p><p>promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento</p><p>da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”</p><p>(BRASIL, 1988, art. 205). Da mesma forma, dispõe que “A saúde é direito de todos e dever do</p><p>Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de</p><p>doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua</p><p>promoção, proteção e recuperação” (BRASIL, 1988, art. 196).</p><p>Na educação, a vinculação de recursos envolve a alocação de uma porcentagem fixa do</p><p>orçamento público para financiar programas e projetos educacionais. Em nível federal, a União</p><p>deverá aplicar, no mínimo, 18% do total da receita resultante de impostos na manutenção e</p><p>desenvolvimento da educação, já os Estados, Distrito Federal e Municípios, devem aplicar no</p><p>mínimo 25%, conforme previsto no art. 212 da CF (BRASIL, 1988; CREPALDI, 2013).</p><p>O intuito é garantir que haja financiamento suficiente para manter e melhorar a</p><p>qualidade de educação em todos os níveis de ensino, desde a pré-escola até o ensino superior.</p><p>Alguns programas e projetos financiados pela vinculação de recursos incluem: o investimento</p><p>em infraestrutura escolar, formação de professores, materiais didáticos, bolsas de estudo e</p><p>assistência estudantil e pesquisa educacional (ANDRADE, 2016).</p><p>A vinculação de recursos na área da saúde segue um princípio semelhante, alocando</p><p>uma parte específica do orçamento para o setor. Onde, conforme previsto na Lei Complementar</p><p>Nº 141 de 2012, a União aplicará anualmente, o montante correspondente ao valor empenhado</p><p>no exercício financeiro anterior, acrescido de, no mínimo, o percentual correspondente à</p><p>variação nominal do PIB (Produto Interno Bruto) ocorrida no ano anterior ao da LOA, além</p><p>disso, a União fica responsável por custear metade de todos os custos do SUS (Sistema Único</p><p>de Saúde) (BRASIL, 2012; CREPALDI, 2013).</p><p>Já o valor mínimo a ser aplicado, anualmente, pelos Estados e Distrito Federal é de 12%,</p><p>e pelos Municípios 15% do total de arrecadação de impostos em ações e serviços públicos de</p><p>saúde. Desta forma, garante-se que os serviços de saúde sejam acessíveis, contínuos e de</p><p>qualidade. Alguns programas e projetos financiados pela vinculação de recursos na saúde</p><p>43</p><p>abrangem: o investimento em infraestrutura de saúde, recrutamento e formação de profissionais</p><p>de saúde, aquisição de equipamentos médicos e suprimentos, programas de prevenção e para</p><p>garantir o acesso a medicamentos (BRASIL, 1988; CREPALDI, 2013).</p><p>Diante disso, a vinculação de recursos é vista como uma maneira de proteger os setores</p><p>considerados cruciais no país contra possíveis cortes orçamentários indevidos e, desta forma,</p><p>garantir que as necessidades básicas da população sejam atendidas. Portanto, encontrar o</p><p>equilíbrio na vinculação de recursos é um desafio para os governantes ao elaborarem as</p><p>políticas públicas (ANDRADE, 2016; CREPALDI, 2013).</p><p>2.5 Metodologia</p><p>A pesquisa científica é resultante de uma análise minuciosa, realizada com o objetivo</p><p>de resolver um problema, neste caso, se o PPA municipal alcançou as metas e objetivos</p><p>financeiros estabelecidos nos programas de saúde e educação considerando os percentuais</p><p>mínimos constitucionais, visando descrever, analisar e explicar os dados e informações</p><p>coletados.</p><p>Para desenvolver uma pesquisa é necessário definir o método de pesquisa a ser utilizado.</p><p>Desta forma, de acordo com as características do estudo realizado, classifica-se a pesquisa</p><p>quanto à abordagem como qualitativa, à natureza como básica, aos objetivos como descritiva e</p><p>explicativa e, quanto aos procedimentos como bibliográfica, documental e estudo de caso.</p><p>2.5.1 Classificação da pesquisa</p><p>A pesquisa com abordagem qualitativa se preocupa com o aprofundamento da</p><p>compreensão do tema, de um grupo social e de uma organização. Ainda, tem</p><p>como</p><p>característica o estabelecimento de um ou mais objetivos, para que a partir destes, sejam</p><p>construídas as hipóteses para a explicação do problema identificado, em seguida é definido o</p><p>campo de atuação e a coleta de dados, para que então, possa ser realizada a análise dos dados</p><p>(MARCONI, 2022).</p><p>Em síntese, a pesquisa qualitativa apresenta as seguintes características, segundo</p><p>Lozada (2018, p. 134), “o ambiente nativo é a fonte de obtenção dos dados; o pesquisador é</p><p>considerado o instrumento principal de coleta de dados; a pesquisa usa processos de</p><p>detalhamentos da realidade observada e busca o sentido das situações e seus impactos para o</p><p>grupo pesquisado”.</p><p>44</p><p>Quanto à natureza, a pesquisa é básica, visto que objetiva gerar conhecimentos novos,</p><p>envolvendo verdades e interesses universais, os quais são úteis para o avanço da ciência. A</p><p>pesquisa básica tem como objetivo principal “o avanço do conhecimento científico, sem</p><p>nenhuma preocupação com a aplicabilidade imediata dos resultados a serem colhidos”, ou seja,</p><p>não possui aplicação prática prevista (LOZADA, 2018, p. 131).</p><p>A pesquisa descritiva objetiva a descrição das características do assunto estudado, onde</p><p>permite ao pesquisador estabelecer relações entre as variáveis. Também objetiva reunir e</p><p>analisar muitas informações sobre o assunto estudado, considerando o fato de que o assunto já</p><p>é conhecido, onde o pesquisador pode proporcionar novas visões sobre uma realidade já</p><p>mapeada (LOZADA, 2018).</p><p>A continuação da pesquisa descritiva, pode ser a pesquisa explicativa, visto que a</p><p>identificação dos fatores que determinam um fenômeno exige a descrição e o detalhamento do</p><p>mesmo. A qual preocupa-se em identificar os fatores que determinam ou que contribuem para</p><p>a ocorrência de determinado fato. Em suma, este tipo de pesquisa explica o porquê das coisas</p><p>através dos resultados obtidos (LOZADA, 2018; MARCONI, 2022).</p><p>Quanto aos procedimentos, a pesquisa é classificada como bibliográfica, documental e</p><p>estudo de caso. A pesquisa bibliográfica é realizada através do levantamento de referências</p><p>teóricas já analisadas e publicadas, como livros, artigos científicos e páginas de web sites. Para</p><p>Lozada (2018, p. 158) a finalidade da pesquisa bibliográfica “ É colocar o pesquisador</p><p>em contato direto com o que foi escrito sobre determinado assunto, com o objetivo de permitir</p><p>ao cientista o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou [na] manipulação de suas</p><p>informações”.</p><p>A pesquisa documental e a bibliográfica são bem próximas em relação ao seu método</p><p>de desenvolvimento, o que as diferencia é a fonte de informação utilizada. Onde, a pesquisa</p><p>documental recorre de fontes mais diversificadas e que ainda não receberam um tratamento</p><p>analítico, tais como: documentos oficiais, tabelas estatísticas, reportagens de jornal, revistas,</p><p>contratos, relatórios, entre outros (LOZADA, 2018).</p><p>Um estudo de caso pode ser caracterizado como a análise de uma entidade bem definida</p><p>como uma instituição, um sistema educativo, um indivíduo, um pequeno grupo, ou entidade</p><p>social. Para Lozada (2018, p. 165) o estudo de caso “procura explicar o como e o porquê de</p><p>algum fenômeno da vida real em profundidade, o estudo de caso é o método de estudo mais</p><p>relevante”. Onde, o pesquisador não objetiva intervir sobre o objeto estudado, mas demonstrá-</p><p>lo tal como ele o percebe (LOZADA, 2018; MARCONI, 2022).</p><p>45</p><p>2.5.2 Coleta de dados</p><p>A coleta de dados compreende o conjunto de ações e procedimentos por meio dos quais</p><p>o modelo de análise é confrontado aos dados coletados. Ou seja, ao longo desta fase, as</p><p>informações são coletadas para serem analisadas na etapa posterior (SANTOS, 2011).</p><p>Para a realização deste trabalho, os dados pertinentes compreendem o Plano Plurianual,</p><p>a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a Lei Orçamentária Anual, o Relatório Resumido de</p><p>Execução Orçamentária, os demonstrativos financeiros, bem como os demais relatórios</p><p>publicados pelo Portal da Transparência do Município e também pelo Tribunal de Contas do</p><p>Estado, referentes ao exercício de 2022, onde buscou-se as informações significativas para o</p><p>estudo.</p><p>A coleta de dados foi realizada na Prefeitura Municipal de Mato Castelhano e por meio</p><p>dos relatórios publicados nos canais digitais, do Portal da Transparência do Município, do Leis</p><p>Municipais e do Tribunal de Contas do Estado. Onde, os dados foram coletados no período de</p><p>04 de setembro a 10 de outubro de 2023. Além disso, as informações foram coletadas através</p><p>da leitura detalhada dos documentos e relatórios, onde os dados necessários foram registrados</p><p>num roteiro de observações para posterior análise e interpretação.</p><p>2.5.3 Análise de dados</p><p>A análise de dados é uma das etapas de construção do estudo, conforme Lozada (2018,</p><p>p. 203) “a análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de forma tal que</p><p>possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação”. A partir</p><p>disso, o autor estabelece as relações necessárias entre as informações obtidas e as hipóteses</p><p>formuladas inicialmente.</p><p>Diante disso, a análise de dados foi realizada após o tratamento das informações obtidas</p><p>pela coleta de dados, onde através da descrição foram apresentadas as características do assunto</p><p>estudado, ou seja, do PPA, da LDO e da LOA de forma a poder comparar com os resultados</p><p>identificados no Relatório de Execução Orçamentária e nos demais relatórios.</p><p>2.5.4 Contextualização da entidade</p><p>A Prefeitura Municipal de Mato Castelhano completou 31 anos de emancipação em</p><p>2022, possui cerca de 258 servidores, sua estrutura organizacional é constituída por nove</p><p>46</p><p>secretarias que inclui a Secretaria de Agricultura, Indústria, Comércio e Serviços, a Secretaria</p><p>da Fazenda, a Secretaria de Saúde, a Secretaria de Administração, a Secretaria de Assistência</p><p>Social, a Secretaria de Coordenação e Planejamento, A secretaria de Educação, Desporto</p><p>Cultura e Juventude, a Secretaria de Obras, Trânsito e Serviços Urbanos e a Secretaria do Meio</p><p>Ambiente, que atuam para o desenvolvimento das áreas no Município.</p><p>Ainda, a Prefeitura Municipal disponibiliza todas as informações no Portal da</p><p>Transparência, o qual todos os cidadãos podem ter acesso aos relatórios e informes atualizados</p><p>pela própria prefeitura. A Prefeitura recebeu em 2023 o Selo Ouro de Qualidade em</p><p>Transparência Pública, concedido pelo Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul, por atingir</p><p>os critérios estabelecidos, os quais são a acessibilidade, informações institucionais, diárias,</p><p>contratos, relatórios, informação ao cidadão e ouvidoria, tendo como base o exercício de 2022.</p><p>2.6 Resultados e discussões</p><p>Nesta etapa são apresentados os resultados obtidos através do estudo realizado na</p><p>Prefeitura Municipal de Mato Castelhano, conforme a análise do Plano Plurianual 2022-2025,</p><p>o qual retrata a projeção da receita para o período, bem como as metas de médio prazo nos eixos</p><p>de educação e saúde. Ainda, análise da Lei de Diretrizes Orçamentárias municipal, a qual dispõe</p><p>sobre os limites legais relativos à aplicação nas áreas supracitadas, assim como as ações</p><p>prioritárias definidas para o exercício de 2022.</p><p>Além disso, é realizada a análise da Lei Orçamentária Anual, a qual estima a receita e</p><p>fixa a despesa para o exercício de 2022 observando as diretrizes, objetivos, prioridades e metas</p><p>estabelecidos no PPA, de modo que oferece suporte para a análise da execução orçamentária,</p><p>para verificar se os valores da receita e da despesa previstos inicialmente na LOA estão sendo</p><p>executados conforme o plano, bem como, a verificação do atendimento do Município quanto</p><p>ao percentual mínimo legal aplicado nas ações de Educação e Saúde. Ainda, é analisada a</p><p>qualidade dos serviços de educação e saúde oferecidos à população pelo Município.</p><p>2.6.1 Análise do Plano Plurianual 2022-2025 de Mato Castelhano/RS</p><p>A Lei nº 917,</p><p>de 08 de Dezembro de 2021 institui o Plano Plurianual do Município de</p><p>Mato Castelhano-RS para o quadriênio 2022-2025, em cumprimento com o art. 165, § 1º, da</p><p>Constituição Federal e com a Lei Orgânica do Município, o plano estabelece os programas de</p><p>governo, através das ações e os respectivos montantes de recursos a serem aplicados pela</p><p>47</p><p>Gestão Pública Municipal, contemplando o programa de expansão e de manutenção das</p><p>atividades do governo.</p><p>O PPA municipal reflete as políticas públicas e organiza as ações de governo por meio</p><p>de programas de gestão, estabelecendo para o período os programas com seus respectivos</p><p>objetivos e metas da Administração Pública Municipal para as despesas de capital e outras delas</p><p>decorrentes, manutenção das atividades do Município e para as relativas aos programas de</p><p>duração continuada.</p><p>Como consta na lei que dispõe sobre o Plano Plurianual do Município, a programação</p><p>constante do plano será financiada pelos recursos da arrecadação própria dos órgãos da</p><p>Administração Direta do Município, das operações de crédito, dos convênios, contratos ou</p><p>instrumentos congêneres celebrados com a União, Estados ou outros Municípios, além das</p><p>transferências legais obrigatórias e, através de recursos obtidos de parcerias com a iniciativa</p><p>privada. A Tabela 1 a seguir ilustra a projeção da receita municipal no período de 2022 a 2025,</p><p>conforme o PPA.</p><p>Tabela 1 - Projeção da receita municipal no quadriênio 2022-2025.</p><p>Fonte: PPA 2022-2025.</p><p>Conforme a projeção apresentada na Tabela 1, pode-se notar que as transferências</p><p>correntes realizadas pela União, Estado, Distrito Federal, instituições públicas e privadas,</p><p>dentre outras, são as principais fontes de recursos do Município, as quais representam cerca de</p><p>84% da receita total municipal. Diante disso, constata-se que a manutenção e as ações</p><p>48</p><p>destinadas ao funcionamento do Município dependem, quase que exclusivamente, das</p><p>transferências correntes oriundas dos entes Federados.</p><p>O PPA do Município objetiva o atendimento de diretrizes para a ação do Governo</p><p>Municipal, como o desenvolvimento humano, sócio econômico, urbano e rural, bem como</p><p>saúde e qualidade de vida, segurança municipal, a integração dos programas municipais com</p><p>os do Estado e do Governo Federal, ainda, intensificar as relações com os municípios vizinhos,</p><p>a fim de se dar soluções conjuntas a problemas comuns, e a diretriz de governança,</p><p>transparência e gestão.</p><p>A gestão do PPA consiste na articulação dos meios necessários para viabilizar a</p><p>consecução das metas, principalmente, para garantir o acesso às necessidades básicas da</p><p>população mais vulnerável, buscando o aperfeiçoamento contínuo dos métodos de</p><p>implementação e integração das políticas públicas. O monitoramento do plano é uma atividade</p><p>realizada a partir da implementação de cada programa, para assegurar que as metas sejam</p><p>alcançadas. Ao mesmo tempo que a avaliação ocorre simultaneamente e possibilita eventuais</p><p>ajustes em sua implementação.</p><p>Como forma de cumprimento a Lei de Responsabilidade Fiscal, que visa garantir a</p><p>transparência pública, o Município possibilita e incentiva a participação popular em audiências</p><p>públicas em que ocorrem a apresentação do projeto de lei do PPA, para que este possa ser</p><p>discutido e esteja de acordo com as demandas e necessidades da sociedade. Todavia, a</p><p>população do Município nunca demonstrou interesse em participar das sessões legislativas,</p><p>havendo um baixo ou nenhum nível de participação historicamente nas assembleias.</p><p>Nesse sentido, com o propósito de definir o melhor caminho para o desenvolvimento</p><p>do município de Mato Castelhano, a formulação do projeto do PPA baseou-se por meio de</p><p>coleta de demandas e necessidades identificadas no dia a dia e através de conversas com</p><p>populares e cada comunidade local. A partir disso, a Administração Municipal definiu ações</p><p>consideradas imprescindíveis nos principais eixos: educação e saúde. As Tabelas 2 e 3 a seguir</p><p>demonstram as metas e os seus respectivos valores previstos para a função Educação e Saúde</p><p>respectivamente, conforme os programas estabelecidos no PPA 2022-2025.</p><p>49</p><p>Tabela 2 - Resumo de valores na função Educação.</p><p>Fonte: PPA 2022-2025.</p><p>Nas metas estabelecidos no PPA para a função Educação, segundo a Tabela 2,</p><p>destacam-se as ações de manutenção do ensino e das atividades de educação, as quais obtêm</p><p>maior investimento, representando juntas cerca de 65% do total das ações. Todavia, nota-se a</p><p>necessidade de construção, ampliação e reforma de escolas, manutenção e aquisição de veículos</p><p>e ônibus, realização de cursos e treinamentos para os profissionais da área, manutenção da</p><p>alimentação escolar, bem como a realização de eventos educacionais.</p><p>Tabela 3 - Resumo de valores na função Saúde.</p><p>Fonte: PPA 2022-2025.</p><p>Já para a função Saúde, conforme a Tabela 3, a meta que possui maior investimento é</p><p>voltada para a manutenção dos serviços de saúde oferecidos à população, bem como a aquisição</p><p>de medicamentos e similares, representando cerca de 91% do total das ações. Contudo, as</p><p>demais metas do PPA voltadas à Saúde são a aquisição de veículos, aquisição de equipamentos,</p><p>ampliação da unidade municipal de saúde, realização de eventos, como a feira de conferência</p><p>em saúde, entre outras.</p><p>50</p><p>Como se espera, os valores das metas e prioridades vão aumentando gradativamente</p><p>conforme o passar dos anos, isso se dá, à medida que as necessidades básicas da população vão</p><p>crescendo juntamente com o passar do mesmo. A partir disso, a administração municipal</p><p>precisa captar mais recursos para consequentemente oferecer um investimento maior e um</p><p>serviço melhor para os munícipes, levando-se sempre em conta as ações consideradas</p><p>prioritárias no plano de governo.</p><p>2.6.2 Lei de Diretrizes Orçamentárias</p><p>A Lei nº 916, de 08 de dezembro de 2021 dispõe sobre as diretrizes orçamentárias do</p><p>Município de Mato Castelhano-RS para o exercício de 2022, em conformidade com o art. 165,</p><p>§ 1º, da Constituição Federal e com a Lei Orgânica do Município. A LDO estabelece as bases</p><p>para a definição das metas, objetivos e prioridades da Administração Pública Municipal, neste</p><p>caso, para o exercício financeiro de 2022, em suma, as prioridades e metas são extraídas do</p><p>PPA, como ilustradas nas Tabelas 2 e 3 acima, bem como a previsão dos seus respectivos</p><p>valores.</p><p>A LDO dispõe ainda sobre os limites relativos à dívida pública municipal, as despesas</p><p>municipais com pessoal e encargos sociais, e principalmente, sobre a vinculação de recursos, a</p><p>qual dispõe de percentuais mínimos a serem aplicados na a Manutenção e Desenvolvimento do</p><p>Ensino (MDE) e com as Ações e Serviços Públicos de Saúde (ASPS), bem como as devidas</p><p>aplicações dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de</p><p>Valorização dos Profissionais da Educação FUNDEB.</p><p>Diante disso, o Município deverá aplicar, no mínimo, 25% de sua receita resultante de</p><p>impostos, além dos recursos oriundos de transferências correntes ao município com destinação</p><p>específica para a Educação e seus respectivos projetos, na manutenção e no desenvolvimento</p><p>do ensino.</p><p>Quanto às ações e serviços públicos de saúde, o Município deverá aplicar o percentual</p><p>mínimo de 15% de sua receita resultante de impostos, bem como dos recursos com destinação</p><p>específica para a área e projetos de saúde transferidos ao Município. Essas diretrizes</p><p>estabelecidas na LDO garantem a continuidade e qualidade dos serviços básicos de Educação</p><p>e Saúde prestados à população.</p><p>A LDO visa, sobretudo, orientar a elaboração e a execução da Lei Orçamentária Anual</p><p>para o alcance dos objetivos e das metas estabelecidas no Plano Plurianual. Desta forma, o</p><p>orçamento municipal para o exercício é elaborado observando as diretrizes, objetivos,</p><p>51</p><p>prioridades e metas estabelecidos na lei. Para além disso, a LDO demonstra</p><p>os valores das</p><p>metas anuais, bem como a previsão da receita e da despesa, indicando se os níveis de gastos</p><p>orçamentários são compatíveis com sua arrecadação.</p><p>2.6.2.1 Ações prioritárias</p><p>As ações consideradas prioritárias na LDO para o exercício de 2022, reforçam as metas</p><p>estabelecidas no PPA, as quais estabelecem que, na área da Educação, há prioridade na reforma</p><p>e construção de escolas, manutenção e aquisição de veículos e ônibus para o transporte de</p><p>alunos, materiais de apoio pedagógico e alimentação escolar. Também a realização de cursos e</p><p>treinamentos para os professores e profissionais atuantes na área, bem como sua valorização,</p><p>realização de eventos educacionais e culturais, assim como atividades de ensino étnico-raciais.</p><p>Quanto às ações prioritárias voltadas para a função Saúde, tem-se a aquisição de</p><p>materiais e equipamentos, reforma e ampliação da unidade básica de saúde, aquisição de</p><p>veículos para atender as necessidades da área, contratação e capacitação de profissionais, ações</p><p>destinadas a programas de saúde, como a realização da feira de conferência da saúde, bem como</p><p>a aquisição de medicamentos e similares.</p><p>2.6.3 Análise da Lei Orçamentária Anual</p><p>Como visto acima, a LOA é elaborada observando-se as diretrizes, objetivos,</p><p>prioridades e metas estabelecidos na LDO e no PPA. Diante disso, a Lei nº 919, de 23 de</p><p>dezembro de 2021 institui a Lei Orçamentária Anual, a qual estima a receita e fixa a despesa</p><p>para o exercício econômico e financeiro de 2022 para o Município de Mato Castelhano-RS. A</p><p>Tabela 4, demonstra a previsão de arrecadação da receita para o exercício, no qual, a receita</p><p>será arrecadada em conformidade com a legislação.</p><p>52</p><p>Tabela 4 - Previsão de arrecadação da receita.</p><p>Fonte: LOA-2022.</p><p>Conforme os dados apresentados na Tabela 4, constata-se que as principais fontes de</p><p>receita são obtidas através das transferências correntes repassadas ao município,</p><p>principalmente, pela União, Estado e Distrito Federal, a qual representa cerca de 86% da receita</p><p>total. Uma porcentagem bastante significativa, a qual expressa a dependência do Município</p><p>com estes entes Federados.</p><p>Além disso, pode-se observar que o valor total da receita prevista na LOA permaneceu</p><p>igual ao previsto pelo PPA para o exercício de 2022, ou seja, o montante de R$ 22.500.000,00.</p><p>Não havendo assim, aumento e nem diminuição do total da receita estimada para o período.</p><p>A Tabela 5, apresenta o orçamento da despesa por órgão de Governo Municipal,</p><p>conforme previsto na LOA, onde pode-se verificar os totais de valores destinados às funções</p><p>Educação e Saúde.</p><p>Tabela 5 - Orçamento da despesa por órgão.</p><p>Fonte: LOA-2022.</p><p>53</p><p>A Tabela 5, retrata o orçamento da despesa por órgão de governo, considerando que a</p><p>função Educação, sem a vinculação com a função Desporto Comunitário, recebeu o total de R$</p><p>4.739.000,00 em investimentos, conforme o valor previsto no PPA para a área. Do mesmo</p><p>modo que, o valor previsto para a função Saúde, permaneceu igual em ambos os orçamentos.</p><p>Além disso, a fixação da despesa e o total da receita estimada equiparam-se em ambas as</p><p>projeções, totalizando R$ 22.500.000,00.</p><p>Segundo os dados apresentados, observa-se que a função Educação e Saúde são as</p><p>principais áreas de destinação dos recursos, refletindo juntas cerca de 43% do total de</p><p>investimentos. Isso mostra o comprometimento e a prioridade da Administração Pública em</p><p>investir nas áreas supracitadas e atender as necessidades básicas da população.</p><p>A análise dos orçamentos baseou-se no exercício de 2022, visto que a LOA e a LDO para</p><p>o exercício de 2023 ainda estão sendo executadas, portanto os valores ainda podem ser alterados</p><p>conforme sua execução. Ainda, os orçamentos para os exercícios de 2024 e 2025 ainda não</p><p>foram elaborados pelo Executivo, uma vez que sua aprovação ocorre anualmente, no período</p><p>de 01 de setembro a 22 de dezembro, conforme abordado no referencial teórico.</p><p>2.6.3.1 Arrecadação e transferência: vinculação de recursos</p><p>A receita arrecadada destinada à Educação é composta por impostos, recursos</p><p>transferidos ao Município com destinação específica para a Educação e projetos respectivos,</p><p>ainda, das transferências do FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação</p><p>Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), e além disso de outras receitas</p><p>correntes.</p><p>A composição das transferências da União, Estado e Distrito Federal para a função</p><p>Educação com destinação específica inclui os repasses de recursos do Fundo Nacional de</p><p>Desenvolvimento da Educação, Convênios dos Estados para programas de saúde e recursos do</p><p>FUNDEB.</p><p>A composição da receita na função Saúde inclui os impostos, além dos recursos</p><p>transferidos ao Município com destinação específica para a área e projetos de saúde. As</p><p>transferências com destinação específica incluem os repasses da União, Estado e Distrito</p><p>Federal de recursos do SUS (Sistema Único de Saúde) e para programas de saúde.</p><p>Para garantir a continuidade e eficiência dos serviços de Educação e Saúde prestados à</p><p>população, a Administração Pública deve destinar para a manutenção das áreas supracitadas,</p><p>54</p><p>respectivamente, 25% e 15% no mínimo, do total da arrecadação do Município provinda de</p><p>impostos e transferências, para cada exercício de governo, conforme estabelecido na LDO, e</p><p>como já mencionado acima.</p><p>2.6.4 Análise da execução orçamentária</p><p>Os programas que orientam a estrutura do PPA 2022-2025, estão diretamente ligados</p><p>às orientações estratégicas dos macros objetivos estabelecidos no plano, onde o propósito deste</p><p>estudo é considerar apenas dois: assegurar o direito à saúde e assegurar o nível de investimento</p><p>em educação.</p><p>A análise da execução orçamentária pode ser realizada através da comparação do</p><p>orçamento previsto na LOA versus o Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO),</p><p>bem como através das informações divulgadas anualmente pelo Tribunal de Contas do Estado</p><p>do Rio Grande do Sul (TCE), oriundas do Sistema de Informações para Auditoria e Prestação</p><p>de Contas (SIAPC).</p><p>2.6.4.1 Receita e Despesa</p><p>A Tabela 6, ilustra os valores da receita previstos inicialmente na LOA, constante na</p><p>Tabela 4 acima, bem como os valores da receita arrecadada, assim como suas deduções, os</p><p>quais estão divulgados nos demonstrativos orçamentários e no relatório divulgado pelo TCE.</p><p>Tabela 6 - Receitas por Órgão de Governo.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor com base no balanço orçamentário e no relatório do TCE.</p><p>55</p><p>Do total da receita orçada para 2022, houve um aumento de aproximadamente 5 milhões</p><p>de reais, no qual a receita total arrecadada foi de R$ 27.770.077,64. Onde, os principais</p><p>componentes responsáveis por esse aumento foram as receitas patrimoniais, as transferências</p><p>correntes, as operações de crédito e as transferências de capital. O Gráfico 1 ilustra a</p><p>porcentagem da receita arrecadada conforme cada categoria.</p><p>Gráfico 1 - Porcentagem da Receita Arrecadada.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor com base no relatório disponibilizado pelo TCE.</p><p>Conforme o Gráfico 1 apresentado, a principal fonte de recursos é oriunda das</p><p>transferências correntes, através dos repasses da União, Estado e Distrito Federal, a qual reflete</p><p>cerca de 79% da receita total. Ainda, os impostos, taxas e contribuições de melhoria</p><p>representam uma parcela significativa de aproximadamente 6%. As principais fontes de</p><p>recursos das receitas de capital são as transferências de capital e as operações de crédito,</p><p>representando cerca de 6% e 5% respectivamente.</p><p>O montante da despesa previsto inicialmente na LOA recebeu atualização ao longo do</p><p>exercício, passando de R$ 22.500.000,00 para R$ 30.306.230,96 no orçamento previsto para</p><p>2022. A Tabela 7 ilustra a dotação atualizada e as despesas empenhadas, bem como os totais</p><p>do período.</p><p>56</p><p>Tabela 7 - Despesas por Órgão de Governo.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor com base no balanço orçamentário e no relatório do TCE.</p><p>Do total da despesa orçada inicialmente na LOA para 2022, como ilustra a Tabela 5,</p><p>houve um aumento de aproximadamente 4,5 milhões de reais, no qual a despesa total</p><p>empenhada foi de R$ 26.990.289,25. Onde, os principais órgãos responsáveis por esse aumento</p><p>foram a Secretaria Municipal de Obras, Trânsito e Serviços Urbanos, a qual obteve um aumento</p><p>de aproximadamente 3 milhões de reais, passando a ser o órgão com maior investimento. E</p><p>também a Secretaria Municipal de Educação, a qual obteve um acréscimo de despesa em torno</p><p>de 1,8 milhões de reais. A Secretaria da Saúde também obteve aumento na sua despesa, onde</p><p>acrescentou-se cerca de 469 mil reais ao orçamento inicial.</p><p>A Tabela 8, demonstra a despesa executada por Função de Governo, a qual evidencia</p><p>as despesas nas funções Saúde e Educação, bem como nas demais áreas. Assim pode-se</p><p>observar quais funções do plano ganharam mais atenção do governo em forma de investimento.</p><p>57</p><p>Tabela 8 - Despesas por Função de Governo.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor com base no balanço orçamentário e no relatório do TCE.</p><p>A função Educação obteve maior investimento em 2022, com cerca de 6,1 milhões de</p><p>reais aplicados na área. Em segundo lugar, a função transporte obteve em torno de 5,9 milhões</p><p>de reais investidos, passando à frente da função Saúde que obteve aproximadamente 5,4</p><p>milhões investidos em seus serviços e projetos. Conforme estabelecido inicialmente na LOA, a</p><p>função Educação e Saúde obtinham os maiores valores empregados.</p><p>O Gráfico 2, ilustra o percentual do total da despesa aplicado às Funções de Governo,</p><p>nas quais destacam-se as áreas de Educação e Saúde.</p><p>58</p><p>Gráfico 2 - Porcentagem da Despesa por Função.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor com base no relatório disponibilizado pelo TCE.</p><p>Diante do Gráfico 2 apresentado, nota-se que a função Educação representa a maior</p><p>parte da fatia, possuindo assim, maior investimento, em torno de 23% do total da despesa. O</p><p>transporte é a segunda função responsável pela maior parte da despesa, representando cerca de</p><p>22%. Ainda, a função Saúde ganha destaque, onde na área são investidos cerca de 20% do total</p><p>da despesa orçamentária.</p><p>Considerando os dados apresentados para o exercício de 2022, onde obteve-se um total</p><p>de receitas arrecadadas de R$ 27.770.077,64 e um total de despesas executadas de R$</p><p>26.990.289,25, no qual a diferença entre a receita e a despesa é de R$ 779.788,39. O montante</p><p>derivado da diferença entre as receitas e as despesas orçamentárias realizadas corresponde ao</p><p>resultado do exercício, que neste caso, representa um superávit orçamentário, ou seja, o total</p><p>de receitas arrecadadas foi maior do que o total de despesas executadas no período.</p><p>2.6.4.2 Vinculação de Recursos: Educação e Saúde</p><p>Conforme visto acima no Referencial Teórico, o Recurso Vinculado é a parcela da</p><p>receita arrecadada que possui destinação específica, segundo estabelecido em lei. A receita</p><p>vinculada visa garantir recursos para a execução do planejamento, bem como, estabelece maior</p><p>rigidez na programação e execução orçamentária, uma vez que os recursos só podem ser gastos</p><p>com a execução das ações para as quais eles estão destinados. A Tabela 9, ilustra o montante</p><p>de Recursos Vinculados captados para a função Educação para o período de 2022.</p><p>59</p><p>Tabela 9 - Recursos Vinculados na Função Educação.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor com base no relatório disponibilizado pelo TCE.</p><p>De acordo com a Tabela 9, o recurso destinado à Manutenção e Desenvolvimento do</p><p>Ensino (MDE) representa cerca de 50% do total dos Recursos Vinculados, bem como, os</p><p>recursos do FUNDEB representam cerca de 33% desse total, os quais devem ser destinados à</p><p>função Educação, assim como os demais recursos que juntos somam o montante próximo de</p><p>6,2 milhões de reais.</p><p>O montante de Recursos Vinculados captados para a função Saúde em 2022 está</p><p>expresso na Tabela 10.</p><p>Tabela 10 - Recursos Vinculados na Função Saúde.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor com base no relatório disponibilizado pelo TCE.</p><p>O montante de recurso destinado às Ações e Serviços Públicos de Saúde (ASPS),</p><p>representa cerca de 77% do total dos Recursos Vinculados, um percentual bastante significativo</p><p>comparado aos demais recursos que devem ser destinados à função Saúde, onde juntos somam</p><p>o montante próximo de 5,4 milhões de reais.</p><p>60</p><p>Dessa forma, a existência de Recursos Vinculados permite a verificação da</p><p>movimentação dos recursos financeiros dentro da entidade, possibilitando verificar, em</p><p>confronto com as despesas, se os mesmos estão sendo aplicados em sua destinação específica,</p><p>neste caso para as funções Educação e Saúde.</p><p>2.6.4.3 Serviços executados: Educação e Saúde</p><p>Para alcançar o objetivo de um programa são definidos o projeto e a atividade, os quais</p><p>atuam como um instrumento de programação, onde envolvem um conjunto de operações para</p><p>um determinado período, que de modo contínuo e permanente resultam no aperfeiçoamento,</p><p>bem como na manutenção das ações do governo. Dessa forma, a Tabela 11 ilustra os valores</p><p>destinados aos projetos e atividades na função Educação para o exercício de 2022, conforme as</p><p>ações e metas estabelecidas no PPA.</p><p>Tabela 11 - Despesas por Projeto/Atividade na Função Educação.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor com base no balanço orçamentário e no relatório do TCE.</p><p>Conforme os dados apresentados na Tabela 2, que ilustra a previsão dos valores</p><p>estabelecidos no PPA para a área da Educação em 2022, nota-se um aumento de</p><p>aproximadamente 1,5 milhões na despesa total. Os projetos de Manutenção da Secretaria de</p><p>Educação e FUNDEB - Manutenção da Educação Fundamental, obtiveram os maiores aumento</p><p>de despesa, cerca de 680 e 613 mil reais respectivamente, enquanto os projetos de FUNDEB -</p><p>61</p><p>Manutenção da Educação Infantil e FUNDEB - Manutenção do Transporte Escolar obtiveram</p><p>a maior redução de investimento, aproximadamente 330 e 141 mil reais.</p><p>Quanto aos demais projetos, o Relatório de Execução Orçamentária aponta que durante</p><p>o período estudado os recursos gastos com Educação variaram dentro do previsto para as</p><p>despesas fixadas no PPA.</p><p>O Gráfico 3 demonstra a porcentagem de investimento em cada projeto da função</p><p>Educação do total da despesa realizada na área.</p><p>Gráfico 3 - Porcentagem da despesa por projeto/atividade na função Educação.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor com base no relatório disponibilizado pelo TCE.</p><p>Através das informações ilustradas no Gráfico 3, observa-se que o projeto FUNDEB -</p><p>Manutenção da Educação Fundamental representa a maior parte da fatia, possuindo assim,</p><p>maior investimento, em torno de 29% do total da despesa. A Manutenção da Secretaria de</p><p>Educação é o segundo projeto responsável pela maior parte da despesa, representando cerca de</p><p>22%. Ainda o projeto de Manutenção do Ensino Fundamental ganha destaque, onde são</p><p>investidos cerca de 15% do total da despesa orçamentária.</p><p>As metas estabelecidas para a função Saúde no PPA para o exercício de 2022 estão</p><p>ilustradas na Tabela 12, como forma de projeto/atividade executados com seus respectivos</p><p>valores, conforme o Relatório de Execução Orçamentária.</p><p>62</p><p>Tabela 12 - Despesas por projeto/atividade na função Saúde.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor com base no balanço orçamentário e no relatório do TCE.</p><p>Assim como para a função Educação, nota-se um aumento de aproximadamente 469</p><p>mil reais na despesa total da função Saúde, em comparação a despesa fixada no PPA e a</p><p>realizada conforme o Relatório de Execução Orçamentária de 2022. Os projetos de manutenção</p><p>dos serviços de saúde e aquisição de veículos para a saúde obtiveram o maior aumento de</p><p>investimento, cerca de</p><p>424 e 69 mil reais respectivamente. Por outro lado, os projetos de</p><p>aquisição de medicamentos e similares e a realização da Feira de Conferência da Saúde são os</p><p>únicos que obtiveram diminuição da despesa, cerca de 65 e 1 mil reais respectivamente, do total</p><p>previsto em confronto com o total realizado no período.</p><p>O Gráfico 4 demonstra a porcentagem de investimento em cada projeto da função Saúde</p><p>do total da despesa realizada na área.</p><p>63</p><p>Gráfico 4 - Porcentagem da despesa por projeto/atividade na função Saúde.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor com base no relatório disponibilizado pelo TCE.</p><p>Segundo as informações ilustradas no Gráfico 4, nota-se que o projeto de Manutenção</p><p>dos Serviços de Saúde representa a maior parte da fatia de investimentos, em torno de 82% do</p><p>total da despesa. A Aquisição de Medicamentos e Similares é o segundo projeto responsável</p><p>pela maior parte da despesa, representando cerca de 8%, assim como o projeto de Aquisição de</p><p>Veículos para a Saúde que representa aproximadamente 7% do total da receita. Os demais</p><p>projetos estão abaixo dos 2% da despesa total realizada.</p><p>A Tabela 13, apresenta os valores previstos inicialmente no PPA nas funções Educação</p><p>e Saúde para o exercício de 2022, assim como os valores realizados conforme o Relatório de</p><p>Execução Orçamentária do mesmo período.</p><p>Tabela 13 - Despesas previstas e realizadas nas funções Educação e Saúde.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor com base no Relatório de Execução Orçamentária de 2022.</p><p>Conforme a Tabela 13 apresentada, nas funções Educação e Saúde foram investidos</p><p>cerca de 30,7% e 9,5% respectivamente a mais do total da despesa prevista para o exercício de</p><p>2022. Através da análise comparativa dos valores previstos inicialmente no PPA, bem como na</p><p>LOA, e os valores realizados conforme o Relatório de Execução Orçamentária, pode-se dizer</p><p>64</p><p>que a gestão cumpriu com todas as metas propostas, e assim como aumentou a receita prevista,</p><p>as ações prioritárias previstas no plano também receberam maiores investimentos.</p><p>Através da análise das informações e do confronto entre as despesas e as aplicações de</p><p>recursos nas funções Educação e Saúde, verifica-se que os Recursos Vinculados apresentados</p><p>nas Tabelas 9 e 10 respectivamente para as áreas supracitadas, foram aplicados em sua</p><p>totalidade para as suas destinações específicas.</p><p>2.6.4.4 Índice de aplicação em MDE e ASPS</p><p>Conforme abordado acima no Referencial Teórico, a LDO dispõe dos percentuais</p><p>mínimos a serem aplicados na Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE) e com as</p><p>Ações e Serviços Públicos de Saúde (ASPS). Diante disso, o Município deverá aplicar, no</p><p>mínimo, 25% e 15%de sua receita resultante de impostos, além dos recursos oriundos de</p><p>transferências correntes ao município com destinação específica para a Educação e Saúde</p><p>respectivamente.</p><p>A Tabela 14, ilustra o cálculo do índice de aplicação em MDE para o exercício de 2022.</p><p>Tabela 14 - Índice de aplicação em MDE.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor com base no relatório disponibilizado pelo TCE.</p><p>Conforme a Tabela 14, o percentual de arrecadação destinado à Educação está acima</p><p>do mínimo de 25% do orçamento exigido em lei. Para o exercício de 2022 destinou-se para a</p><p>área 31,99%, cerca de 6,99% a mais. O percentual de arrecadação é calculado dividindo-se o</p><p>total da aplicação em MDE pela receita líquida provinda de impostos e transferências ajustados</p><p>com as deduções legais.</p><p>A Tabela 15, ilustra o cálculo do índice de aplicação em ASPS para o exercício de 2022.</p><p>65</p><p>Tabela 15 - Índice de aplicação em ASPS.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor com base no relatório disponibilizado pelo TCE.</p><p>Quanto à função Saúde, observando a Tabela 15, o percentual de arrecadação destinado</p><p>a área, também está acima do mínimo exigido de 15%. Em 2022 fixou-se o percentual de</p><p>19,76%, cerca de 4,76% a mais. Onde, da mesma forma, o percentual de arrecadação é</p><p>calculado dividindo-se o total da aplicação em ASPS pela receita líquida provinda de impostos</p><p>e transferências ajustados com as deduções legais.</p><p>Quanto à verificação do atendimento, pelo Município, do percentual aplicado em MDE</p><p>e ASPS está acima do mínimo exigido por lei. Esse percentual indica o comprometimento da</p><p>Administração Pública com as áreas e sobretudo a qualidade dos serviços de educação e saúde</p><p>oferecidos à população do Município.</p><p>2.6.5 Serviços de educação e saúde no Município</p><p>O Município de Mato Castelhano foi fundado em 1992, através da Lei de Criação nº</p><p>9645, onde sua área total é de 238,268 km². Segundo os dados apresentados pelo IBGE em</p><p>2022, a população do Município é de 2.553, conforme o último censo.</p><p>Com base nos dados do censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)</p><p>2022, em relação à Educação no Município, os alunos dos anos iniciais da rede pública da</p><p>cidade obtiveram nota média de 6,1 conforme resultado apresentado no IDEB (Índice de</p><p>Desenvolvimento da Educação Básica) em 2021. Já para os alunos dos anos finais, a nota foi</p><p>de 5,1. Na comparação com cidades do mesmo estado, a nota dos alunos dos anos iniciais coloca</p><p>a cidade na posição 202 de 497. Considerando a nota dos alunos dos anos finais, a posição do</p><p>Município é de 205 de 497.</p><p>Ainda, quanto à Educação, conforme o censo do IBGE de 2010, a taxa de escolarização</p><p>do Município para crianças e jovens de 6 a 14 anos de idade foi de 100%, isso posiciona a</p><p>cidade em 1 de 497 dentre as cidades do estado e na posição 1 de 5570 dentre as cidades do</p><p>Brasil. Considerando que em 2021 contabilizou-se 5 estabelecimentos de ensino fundamental</p><p>e 1 de ensino médio, os quais possuem respectivamente 314 matrículas no ensino fundamental</p><p>e 72 matrículas no ensino médio municipal.</p><p>66</p><p>Quanto a Saúde no Município, tem apresentado uma taxa de mortalidade infantil média</p><p>de 0 para 1.000 nascidos vivos, taxa na qual deixa a cidade na posição 1 de 497 entre os</p><p>municípios do estado. Ainda a taxa de internações devido a diarreias é de 0,4 para cada 1.000</p><p>habitantes, onde comparado com todos os municípios do estado, fica na posição 300 de 497.</p><p>Além disso, quando comparado a todas as cidades do Brasil, essas posições são de 1 de 5570 e</p><p>3606 de 5570, respectivamente.</p><p>Em 2023, o Município recebeu o Selo Prata da Rede Bem Cuidar RS que integra o</p><p>Programa Estadual de Incentivos para Atenção Primária à Saúde (PIAPS) do Governo do</p><p>Estado do Rio Grande do Sul, o qual é concedido aos municípios pela qualificação da Atenção</p><p>Primária à Saúde (APS). Visto que a premiação foi concedida com base no exercício de 2022.</p><p>67</p><p>3 CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Para uma gestão municipal efetiva os gestores públicos devem desenvolver um</p><p>planejamento estratégico adequado, alinhado com os instrumentos orçamentários que precedem</p><p>as necessidades da população. O planejamento embora trate-se de uma mera previsão, e deve</p><p>aproximar-se ao máximo da realidade, sendo assim, um planejamento orçamentário bem</p><p>definido auxilia na adequada aplicação dos recursos financeiros com efetividade, visando</p><p>sempre o melhoramento da qualidade dos serviços públicos.</p><p>Portanto, é imprescindível que os gestores públicos executem as ações conforme o</p><p>planejamento orçamentário definido através dos principais instrumentos: PPA, LDO e LOA. O</p><p>elo entre os três instrumentos legais serve como orientação para que o gestor realize as despesas</p><p>diárias de execução dos programas, compras e ações de interesse público em conformidade com</p><p>o orçamento estabelecido, além de servir como facilitador da fiscalização por parte dos órgãos</p><p>responsáveis e da própria população.</p><p>Ao comparar as projeções da receita e da despesa em confronto com os montantes</p><p>realizados nas funções Educação e Saúde no período de 2022, conforme ilustra o Relatório de</p><p>Execução Orçamentária, constata-se que as metas estabelecidas</p><p>nos planos foram cumpridas</p><p>pela gestão, além disso, os valores previstos inicialmente para as funções aumentaram</p><p>significativamente, tanto na arrecadação, quanto no investimento.</p><p>A vinculação de recursos nas funções Educação e Saúde, mediante a determinação legal</p><p>de percentuais mínimos exigidos, permite a verificação quanto ao atendimento do Município</p><p>em relação ao percentual mínimo aplicado nos programas e ações das áreas supracitadas.</p><p>Através dos dados apresentados, constata-se que o percentual mínimo aplicado à função</p><p>Educação, está acima do mínimo de 25% do orçamento exigido por lei. Onde, para o exercício</p><p>de 2022 destinou-se para a área 31,99%, cerca de 6,99% a mais do mínimo exigido.</p><p>Quanto à função Saúde, o percentual de arrecadação destinado a área, também está</p><p>acima do mínimo exigido de 15%. No qual, em 2022 fixou-se o percentual de 19,76%, cerca</p><p>de 4,76% a mais do mínimo exigido por lei.</p><p>Conforme os dados demonstrados, verificou-se que, quanto às receitas arrecadadas pelo</p><p>próprio Município, em comparação com as transferências efetuadas pelos entes federados, uma</p><p>significativa diferença. Em vista disso, constata-se que as funções de Educação e Saúde são</p><p>mantidas quase que integralmente pelos recursos do Estado e, principalmente, da União.</p><p>A Administração Pública Municipal deve possuir amplo conhecimento e planejamento</p><p>para proporcionar uma boa gestão, para isso, deve criar programas e ações que resolvam as</p><p>68</p><p>demandas e atendam às necessidades da população, não se limitando apenas aos quatro anos de</p><p>gestão, e sim, pensando no desenvolvimento a longo prazo para o Município.</p><p>Dessa forma, além de atender a legislação, é de suma importância para a gestão</p><p>municipal, a elaboração dos instrumentos de planejamento orçamentário: PPA, LDO e LOA.</p><p>Pois desse modo, ao estabelecer as metas e objetivos, permite refletir sobre as particularidades</p><p>e demandas de forma centralizada, que a partir dos programas de governo, possa traçar as ações</p><p>e atividades para atender as necessidades e consequentemente, cumprir as metas propostas.</p><p>Os resultados obtidos neste estudo, servirão de base para o Município ser avaliado,</p><p>proporcionando também, informações para outras entidades públicas e para a população, de</p><p>forma a demonstrar aos interessados a execução orçamentária municipal durante o exercício</p><p>financeiro de 2022, bem como, as ações realizadas nas funções Educação e Saúde no Município.</p><p>Além disso, os resultados obtidos neste estudo poderão servir de base para a aplicação em</p><p>outros municípios, não somente para as funções supracitadas, mas também para as demais áreas</p><p>de serviços públicos, bem como, em outros exercícios financeiros.</p><p>Ainda, este estudo poderá servir de base para futuros estudos acadêmicos, considerando</p><p>a análise do orçamento municipal nas funções Educação e Saúde, assim como a análise da</p><p>execução orçamentária em confronto com os demais instrumentos orçamentários elaborados,</p><p>que poderão ser realizadas em outros exercícios financeiros nas demais funções de serviços</p><p>públicos.</p><p>Logo, os objetivos deste trabalho foram alcançados, visto que ao identificar a projeção</p><p>da receita e da despesa para as áreas de Educação e Saúde consoante com o PPA, LDO e a LOA</p><p>e ainda, ao analisar o Relatório Resumido de Execução Orçamentária, possibilitou a</p><p>comparação das projeções em confronto com os montantes realizados nas funções Educação e</p><p>Saúde no período de 2022.</p><p>Assim como, verificar quanto ao atendimento do Município em relação ao percentual</p><p>mínimo legal aplicado nas ações para as funções, que foram cumpridos e obtiveram o percentual</p><p>acima do mínimo exigido. Além disso, possibilitou a análise quanto aos serviços executados</p><p>nas funções Educação e Saúde no Município em 2022, que segundo os dados do IBGE, o</p><p>Município ganhou destaque positivo em ambas as funções.</p><p>69</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ANDRADE, Nilton de A. Contabilidade Pública na Gestão Municipal. 6. ed. São Paulo:</p><p>Grupo GEN, 2016.</p><p>BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Acesso em: 05 ago. 2023.</p><p>BRASIL. Emenda Constitucional Nº 19, de 04 de junho de 1998. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm Acesso em: 28</p><p>ago. 2023.</p><p>BRASIL. Lei Nº 4.320, de 17 de março de 1964. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm Acesso em: 02 set. 2023.</p><p>BRASIL. Lei Complementar Nº 101, de 04 de maio de 2000. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm Acesso em: 04 set. 2023.</p><p>BRASIL. Lei Complementar Nº 141, de 13 de janeiro de 2012. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp141.htm Acesso em: 27 ago. 2023.</p><p>CHIAVENATO, Idalberto. Administração Geral e Pública - Provas e Concursos. 6. ed.</p><p>São Paulo: Grupo GEN, 2021.</p><p>CREPALDI, Guilherme S.; CREPALDI, Sílvio A. Orçamento público: planejamento,</p><p>elaboração e controle. 1. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2013.</p><p>FILHO, João Eudes B. Orçamento Aplicado ao Setor Público: Abordagem Simples e</p><p>Objetiva. 2. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2014.</p><p>GIACOMONI, James. Orçamento Governamental - Teoria - Sistema - Processo. São</p><p>Paulo: Grupo GEN, 2018.</p><p>GIACOMONI, James. Orçamento Público. 19. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2023.</p><p>GONÇALVES, Guilherme C.; SILVA, Jorge Vieira da; SILVA, Vanessa F.; et al.</p><p>Planejamento e Orçamento Público. Porto Alegre: SAGAH, 2019.</p><p>IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades do Rio Grande do Sul. Rio</p><p>de Janeiro: IBGE, 2023. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/mato-</p><p>castelhano/panorama Acesso em: 22 set. 2023.</p><p>LIMA, Diana Vaz de. Orçamento, Contabilidade e Gestão no Setor Público. 2. ed. São</p><p>Paulo: Grupo GEN, 2022.</p><p>LOZADA, Gisele; NUNES, Karina S. Metodologia científica. Porto Alegre: SAGAH, 2018.</p><p>MARCONI, Marina de A.; LAKATOS, Eva M. Metodologia Científica. 8. ed. São Paulo:</p><p>Atlas, 2022.</p><p>70</p><p>MATO CASTELHANO. Lei Nº 917, de 08 de dezembro de 2021. Disponível em:</p><p>https://leismunicipais.com.br/plano-plurianual-2022-2025-mato-castelhano-rs Acesso em: 15</p><p>set. 2023.</p><p>NASCIMENTO, Edson R. Gestão pública. 4. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2020.</p><p>NETO, Jocildo Figueiredo C. Planejamento e controle orçamentário: abordagem prática</p><p>para elaborar orçamentos empresariais. Rio de Janeiro: Editora Alta Books, 2022.</p><p>PINTO, Francisco Raul Félix. O uso do planejamento estratégico na administração</p><p>pública: o plano plurianual de Canindé/Ce 2014/2017. Monografia. Universidade Federal</p><p>do Ceará. Fortaleza, 2017. Disponível em:</p><p>https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/31885/1/2017_tcc_frfpinto.pdf Acesso em: 26 ago.</p><p>2020.</p><p>SANTOS, Clezio Saldanha dos. Introdução a gestão pública. 2. ed. São Paulo: Editora</p><p>Saraiva, 2014.</p><p>SANTOS, João A.; FILHO, Domingos P. Metodologia Científica. 2. ed. São Paulo: Cengage</p><p>Learning, 2011.</p><p>Tabela 4 – Previsão de arrecadação da receita..........................................................................52</p><p>Tabela 5 – Orçamento da despesa por órgão............................................................................52</p><p>Tabela 6 – Receitas por Órgão de Governo..............................................................................54</p><p>Tabela 7 – Despesas por Órgão de Governo.............................................................................56</p><p>Tabela 8 – Despesa por Função de Governo............................................................................57</p><p>Tabela 9 – Recursos Vinculados na função Educação..............................................................59</p><p>Tabela 10 – Recursos Vinculados na função Saúde.................................................................59</p><p>Tabela 11 – Despesas por projeto/atividade na função Educação............................................60</p><p>Tabela 12 – Despesas por projeto/atividade na função Saúde..................................................62</p><p>Tabela 13 – Despesas previstas e realizadas nas funções Educação e Saúde...........................63</p><p>Tabela 14 – Índice de aplicação em MDE................................................................................64</p><p>Tabela 15 – Índice de aplicação em ASPS...............................................................................65</p><p>LISTA DE GRÁFICOS</p><p>Gráfico 1 – Porcentagem da receita arrecadada........................................................................55</p><p>Gráfico 2 – Porcentagem da despesa por função......................................................................58</p><p>Gráfico 3 – Porcentagem da despesa por projeto/atividade na função Educação.....................61</p><p>Gráfico 4 – Porcentagem da despesa por projeto/atividade na função Saúde..........................63</p><p>LISTA DE ABREVIATURAS/SIGLAS</p><p>ASPS - Ações e Serviços Públicos de Saúde</p><p>CF - Constituição Federal</p><p>FUNDEB - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização</p><p>dos Profissionais da Educação</p><p>IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística</p><p>ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços</p><p>IPTU - Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana</p><p>IPVA - Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores</p><p>ISS - Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza</p><p>IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica</p><p>LDO - Lei de Diretrizes Orçamentárias</p><p>LOA - Lei Orçamentária Anual</p><p>MDE - Manutenção e Desenvolvimento do Ensino</p><p>PIB - Produto Interno Bruto</p><p>PPA - Plano Plurianual</p><p>RREO - Relatório Resumido de Execução Orçamentária</p><p>SIAPC - Sistema de Informações para Auditoria e Prestação de Contas</p><p>TCE - Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul</p><p>SUMÁRIO</p><p>1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS...........................................................................................15</p><p>2 DESENVOLVIMENTO......................................................................................................19</p><p>2.1 Administração pública...................................................................................................19</p><p>2.1.1 Princípios da administração pública.........................................................................20</p><p>2.1.2 Administração pública no Brasil...............................................................................21</p><p>2.1.3 Administração pública municipal..............................................................................23</p><p>2.2 Planejamento na gestão pública...................................................................................25</p><p>2.2.1 Orçamento como instrumento de planejamento........................................................25</p><p>2.2.2 Princípios do orçamento público...............................................................................26</p><p>2.2.3 Ciclo do processo orçamentário................................................................................27</p><p>2.2.4 Orçamento-programa................................................................................................29</p><p>2.2.5 Receita e despesa orçamentária................................................................................29</p><p>2.2.5.1 Receita orçamentária........................................................................................29</p><p>2.2.5.2 Despesa orçamentária.......................................................................................31</p><p>2.3 Elaboração do planejamento orçamentário................................................................34</p><p>2.3.1 Plano Plurianual........................................................................................................34</p><p>2.3.1.1 Elaboração e prazos do Plano Plurianual.......................................................36</p><p>2.3.1.2 Ciclo de gestão do Plano Plurianual................................................................36</p><p>2.3.1.3 Estrutura do Plano Plurianual.........................................................................37</p><p>2.3.2 Lei de Diretrizes Orçamentárias...............................................................................38</p><p>2.3.3 Lei Orçamentária Anual............................................................................................39</p><p>2.3.4 A LDO como elo entre o PPA e a LOA......................................................................40</p><p>2.3.5 Relatório Resumido de Execução Orçamentária.......................................................41</p><p>2.4 Vinculação de recursos: educação e saúde..................................................................42</p><p>2.5 Metodologia....................................................................................................................43</p><p>2.5.1 Classificação da pesquisa..........................................................................................43</p><p>2.5.2 Coleta de dados..........................................................................................................45</p><p>2.5.3 Análise de dados........................................................................................................45</p><p>2.5.4 Contextualização da entidade....................................................................................45</p><p>2.6 Resultados e discussões..................................................................................................46</p><p>2.6.1 Análise do Plano Plurianual 2022-2025 de Mato Castelhano/RS............................46</p><p>2.6.2 Lei de Diretrizes Orçamentárias...............................................................................50</p><p>2.6.2.1 Ações prioritárias.............................................................................................51</p><p>2.6.3 Análise da Lei Orçamentária Anual..........................................................................51</p><p>2.6.3.1 Arrecadação e transferência: vinculação de recursos.....................................53</p><p>2.6.4 Análise da execução orçamentária............................................................................54</p><p>2.6.4.1 Receita e Despesa.............................................................................................54</p><p>2.6.4.2 Vinculação de Recursos: Educação e Saúde....................................................58</p><p>2.6.4.3 Serviços executados: Educação e Saúde...........................................................60</p><p>2.6.4.4 Índice de aplicação em MDE e ASPS...............................................................64</p><p>2.6.5 Serviços de educação e saúde no Município.............................................................65</p><p>3 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................67</p><p>REFERÊNCIAS......................................................................................................................69</p><p>15</p><p>1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS</p><p>Conforme estabelecido no regime constitucional brasileiro, os municípios estão</p><p>classificados como entes federados autônomos, ou seja, as unidades administrativas detêm</p><p>competências próprias para o exercício de governo e administração. Nesse sentido, esta</p><p>autonomia se caracteriza pelo autogoverno, autolegislação, autoadministração, auto-</p><p>organização e pela autonomia financeira e tributária.</p><p>Isto significa que, a gestão dos recursos financeiros, tributos, receitas e despesas</p><p>próprias, além das transferências estaduais e federais, estão sob responsabilidade dos</p><p>municípios e seus gestores. Por tanto, mantém um sistema administrativo semelhante aos</p><p>estados e a União, conforme os princípios estabelecidos em lei. Em vista disso, a gestão dos</p><p>recursos é um ato vinculado, ou seja, a distribuição dos recursos é destinada somente às áreas</p><p>consideradas e previstas pelos gestores públicos que detêm esta competência.</p><p>Os gestores públicos responsáveis pela administração e gestão dos recursos públicos,</p><p>devem seguir uma série de princípios e normas estabelecidas em lei, uma delas que se destaca</p><p>é a elaboração do planejamento financeiro anual, elaborado em conformidade com os princípios</p><p>e prazos previstos nas leis orçamentárias.</p><p>A Constituição Federal (CF), na seção que prevê dos orçamentos, elenca no art. 165 os</p><p>dispositivos que compõem o instrumento de planejamento orçamentário de iniciativa do Poder</p><p>Executivo onde, são eles: o Plano Plurianual, as Diretrizes Orçamentárias e os orçamentos</p><p>anuais. Nesses dispositivos legais encontram-se detalhadamente as receitas e despesas</p><p>previstas, os programas e políticas públicas, os objetivos, metas e prioridades da administração</p><p>pública, além dos princípios e diretrizes que norteiam a elaboração e execução do orçamento</p><p>público.</p><p>A lei que institui o Plano Plurianual (PPA) dispõe das diretrizes, objetivos, metas e os</p><p>programas governamentais para o exercício de quatro anos. A Lei de Diretrizes Orçamentárias</p><p>(LDO) normatiza e orienta o orçamento e aponta as prioridades do governo anualmente. Já a</p><p>Lei Orçamentária Anual (LOA), prevê as receitas e fixa as despesas do governo anualmente,</p><p>indicando quanto será aplicado em cada área, segundo os programas definidos como prioridade</p><p>pela LDO, e qual será a origem dos recursos.</p><p>Seguir todas as etapas e normas do processo de elaboração do orçamento público é</p><p>imprescindível para sua aprovação, caso contrário, fica sob pena de invalidação do feito. Diante</p><p>disso, a administração pública dispõe de leis e manuais próprios para nortear os gestores</p><p>públicos na elaboração, execução e controle durante o planejamento orçamentário. O alcance</p><p>16</p><p>satisfatório das metas e objetivos exige que haja compatibilidade entre a estratégia do governo,</p><p>a realidade financeira do município e a capacidade operacional dos órgãos e secretarias</p><p>municipais.</p><p>A Lei nº 917, de 08 de Dezembro de 2021 institui o Plano Plurianual do Município de</p><p>Mato Castelhano-RS para o quadriênio 2022-2025, em cumprimento com o art. 165 § 1º da</p><p>Constituição Federal e com a Lei Orgânica do Município, estabelecem os programas de</p><p>governo, através das ações e os respectivos montantes de recursos a serem aplicados pela gestão</p><p>pública municipal.</p><p>O PPA municipal reflete as políticas públicas e organiza as ações de governo por meio</p><p>de programas de gestão, estabelecendo para o período os objetivos e as metas da Administração</p><p>Pública Municipal para os programas com suas respectivas despesas de capital e outras delas</p><p>decorrentes, além da manutenção das atividades do Município e para as relativas aos programas</p><p>de duração continuada.</p><p>Diante do cenário apresentado, tendo como base comparativa a análise dos dados do</p><p>PPA 2022-2025 municipal de Mato Castelhano-RS, bem como o Relatório de Execução</p><p>Orçamentária e os demais instrumentos orçamentários, questiona-se: o PPA municipal alcançou</p><p>as metas e objetivos financeiros estabelecidos nos programas de saúde e educação considerando</p><p>os percentuais mínimos constitucionais?</p><p>A escolha deste tema para a realização do estudo, deu-se pelos recentes investimentos</p><p>no Município na área de Educação, com a construção e ampliação da escola municipal de ensino</p><p>fundamental e educação infantil e o alto investimento aplicado visando a qualidade de educação</p><p>oferecida aos jovens. Além disso, na área da Saúde, com o investimento na construção da nova</p><p>unidade básica de saúde e políticas públicas visando a qualidade de saúde oferecida à população</p><p>do Município, áreas consideradas de grande importância para os munícipes.</p><p>A qualidade de ensino e saúde do pequeno e jovem município de Mato Castelhano, com</p><p>cerca de 2.553 habitantes, fundado em 1992, que completou, em 2023, 31 anos de emancipação,</p><p>é motivo de orgulho para sua população, a qualidade e investimento na educação dos jovens e</p><p>na saúde da população sempre foi prioridade para as gestões públicas do Município, isto indica</p><p>a importância de desenvolver e fortalecer as políticas públicas nestas áreas, um Município</p><p>jovem com pouca experiência administrativa, resguarda conhecimentos e práticas relevantes no</p><p>quesito planejamento orçamentário, principalmente nas áreas de Educação e Saúde.</p><p>Diante disso, através do cenário apresentado, verifica-se como forma de</p><p>desenvolvimento social e profissional, a importância de buscar e analisar sobre as informações</p><p>e dados da gestão financeira municipal, considerando que o conhecimento obtido através deste</p><p>17</p><p>estudo tem potencial colaborativo para informar o cidadão referente ao orçamento público e</p><p>sua elaboração, verificar a qualidade da gestão e fiscalização dos recursos empregados nos</p><p>serviços públicos municipal.</p><p>Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo analisar a execução orçamentária no</p><p>exercício financeiro de 2022 levando em consideração as funções Educação e Saúde no</p><p>Município de Mato Castelhano.</p><p>Quanto aos objetivos específicos tem-se:</p><p>● Identificar a projeção da receita e da despesa para as áreas supracitadas</p><p>consoante com o PPA, LDO e a LOA.</p><p>● Analisar o Relatório Resumido de Execução Orçamentária referente ao</p><p>exercício financeiro de 2022.</p><p>● Comparar as projeções da receita e da despesa em confronto com os montantes</p><p>realizados nas funções Educação e Saúde no período de 2022.</p><p>● Verificar quanto ao atendimento do Município em relação ao percentual mínimo</p><p>legal aplicado nas ações de Educação e Saúde.</p><p>● Analisar os serviços executados nas funções Educação e Saúde no Município</p><p>em 2022.</p><p>O desenvolvimento deste estudo está dividido em seis capítulos, onde, no primeiro é</p><p>abordada a administração pública, seus princípios, como se dá a administração pública no Brasil</p><p>e nos municípios.</p><p>Em seguida, o segundo capítulo trata sobre o planejamento na gestão pública, o</p><p>orçamento como instrumento de planejamento, os princípios do orçamento público, bem como,</p><p>o ciclo do processo orçamentário, ainda traz o conceito de orçamento-programa. Além disso,</p><p>versa sobre a receita e a despesa orçamentária.</p><p>O terceiro capítulo, é dedicado à elaboração do planejamento orçamentário, através do</p><p>Plano Plurianual, sua elaboração, prazos, ciclo de gestão e estrutura. Assim como, a elaboração</p><p>da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual. Ainda, é apresentado o</p><p>conceito de LDO como elo entre o PPA e a LOA. Também refere-se ao conceito e</p><p>aplicabilidade do Relatório Resumido de Execução Orçamentária. No quarto capítulo, versa</p><p>sobre a vinculação de recursos nas áreas de educação e saúde.</p><p>A metodologia, localizada no quinto capítulo, aborda sobre a classificação da pesquisa,</p><p>a qual baseou-se no arcabouço metodológico qualitativo, a classificação quanto à natureza</p><p>como básica, aos objetivos como descritiva e explicativa e, quanto aos procedimentos como</p><p>18</p><p>bibliográfica, documental e estudo de caso. Ainda, explana sobre a coleta de dados, bem como,</p><p>a análise dos dados e a contextualização da entidade.</p><p>O sexto capítulo, apresenta os resultados e discussões da pesquisa, onde é realizada a</p><p>análise do PPA 2022-2025 de Mato Castelhano, assim como da LDO e suas ações prioritárias</p><p>e a análise da LOA, como também da arrecadação e transferência no que diz respeito à</p><p>vinculação de recursos.</p><p>Também é analisada a execução orçamentária municipal da receita e da despesa, bem</p><p>como, a vinculação de recursos nas funções Educação e Saúde e os serviços executados nas</p><p>áreas. Além disso, é verificado os índices de aplicação em Manutenção e Desenvolvimento do</p><p>Ensino (MDE) e Ações e Serviços Públicos de Saúde (ASPS). Ainda, é analisado os serviços</p><p>de educação e saúde no Município.</p><p>19</p><p>2 DESENVOLVIMENTO</p><p>Nesta etapa do trabalho é apresentado o referencial teórico, abordando os conceitos e</p><p>princípios de administração pública, dando ênfase à administração pública brasileira e</p><p>municipal. Além disso, são explanados temas importantes a saber sobre o planejamento na</p><p>gestão pública, tratando-se do orçamento como instrumento de planejamento, os princípios do</p><p>orçamento público, o ciclo do processo orçamentário, como se dá a formulação das políticas</p><p>públicas, conceituação do orçamento programa e de receita e despesa orçamentária.</p><p>Em seguida, é tratado da elaboração do planejamento orçamentário, trazendo-se</p><p>informações importantes sobre os principais instrumentos de planejamento orçamentário, o</p><p>Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual, além do</p><p>Relatório Resumido de Execução Orçamentária. A seguir é apresentada a metodologia utilizada</p><p>no presente estudo e, por fim, os resultados e discussões expondo os resultados obtidos através</p><p>deste estudo.</p><p>2.1 Administração pública</p><p>A administração pública pode ser definida como o poder de gestão do Estado, que</p><p>compreende o conjunto de órgãos, agentes e estratégias, que através dos gestores públicos,</p><p>desempenham as funções necessárias para a execução e manutenção dos serviços públicos com</p><p>o objetivo de atender as necessidades e interesses, em benefício da coletividade. Trata-se do</p><p>uso das funções exercidas pelos três Poderes do Estado, o Executivo, o Legislativo e o</p><p>Judiciário, conjuntamente para executar as cinco funções básicas da gestão pública: planejar,</p><p>comandar, organizar, controlar e coordenar (NASCIMENTO, 2020; SANTOS, 2014).</p><p>Em 1988, com a promulgação da Constituição Federal, ocorre uma reforma que</p><p>descentraliza a administração pública, com o intuito de oferecer o serviço público de maneira</p><p>mais direta e eficiente à população. A partir disso, “Num Estado Federativo, como o nosso, a</p><p>administração pública pode ser federal, estadual ou municipal. Mas os princípios que a regem,</p><p>sua estruturação, os cargos e seus titulares são os mesmos nos três níveis de governo” (COSTIN,</p><p>2010, p. 26). Com isso, os poderes de governo dividem-se, de modo que o governo central,</p><p>regional e local, atuem dentro de sua esfera de poder, coordenados e independentes.</p><p>A administração pública é regida por princípios, os quais tem o objetivo de orientar a</p><p>atuação dos agentes públicos e garantir que o Estado atue de maneira transparente, eficiente,</p><p>20</p><p>ética e de acordo com os valores democráticos, de forma a contribuir para o bem-estar da</p><p>sociedade e o pleno exercício da democracia.</p><p>2.1.1 Princípios da administração pública</p><p>Princípios representam normas, pautas de valores ou comandos prescritivos que</p><p>direcionam e atuam na aplicação das normas jurídicas. Desta forma, segundo Nascimento</p><p>(2020, p. 14) os princípios “constituem a base de sustentação de todas as ações de</p><p>administradores e empregados públicos”, à vista disso, a administração pública brasileira é</p><p>regida por princípios previstos na Constituição Federal.</p><p>Em vista disso, as atividades desenvolvidas pela Administração Federal obedecerão a</p><p>cinco princípios fundamentais: do planejamento, da coordenação, da descentralização, da</p><p>delegação de competência e do controle. O princípio do planejamento, como o próprio nome</p><p>diz, aborda que a ação dos gestores deve obedecer a um planejamento que tenha como objetivo</p><p>promover o desenvolvimento econômico social do país, através de planos e programas, o qual</p><p>compreende a elaboração dos seguintes instrumentos básicos de planejamento orçamentário:</p><p>plano geral de governo, programas gerais de duração plurianual, orçamento-programa anual e</p><p>programação financeira de desembolso (CHIAVENATO, 2021).</p><p>As ações da Administração Federal, a execução dos planos e programas deverão estar</p><p>em permanente coordenação, ou seja, os órgãos estaduais e municipais que exerçam atividades</p><p>idênticas, às entidades federais procurarão coordenar-se, a fim de evitar desperdício de esforços</p><p>e investimentos. Já o princípio da descentralização, traz que as atividades desempenhadas pela</p><p>Administração Federal devem ser descentralizadas, onde deve ser praticada em três planos</p><p>principais: dentro da própria administração federal; da administração para os entes federados;</p><p>e da Administração Federal para empresas privadas (CHIAVENATO, 2021).</p><p>O principal instrumento de descentralização é a delegação de competência, a qual visa</p><p>assegurar maior agilidade e objetividade no processo de tomada de decisão. Por fim, o controle</p><p>das atividades administrativas deve ser executado em todos os órgãos e ações desempenhadas,</p><p>com o objetivo de fiscalizar se as atividades estão sendo executadas conforme previsto nos</p><p>planos e programas de governo e se estão em conformidade com as normas, bem como o</p><p>controle sobre o cumprimento das normas gerais que regulamentam as atividades</p><p>administrativas, e o controle fundamental da aplicação dos montantes públicos, da guarda e</p><p>conservação dos bens e patrimônios públicos (CHIAVENATO, 2021).</p><p>21</p><p>Sendo assim, os princípios básicos da administração pública estão previstos na</p><p>Constituição Federal, em seu art. 37 “A administração pública direta e indireta de qualquer dos</p><p>Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios</p><p>de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” (BRASIL, 1988, art. 37).</p><p>A legalidade refere-se à limitação do exercício da administração pública, ou seja,</p><p>significa que o agente público deve atuar em conformidade com a lei. Desta forma, qualquer</p><p>ação que o agente público desempenhar, só terá validade se for previsto em lei. O princípio da</p><p>impessoalidade visa assegurar que o agente público atuará, exclusivamente, em detrimento do</p><p>interesse público, através da execução de suas funções de forma impessoal, sem que haja</p><p>qualquer favorecimento ou prejuízos às pessoas ou à coletividade (CHIAVENATO, 2021;</p><p>NASCIMENTO, 2020).</p><p>O princípio da moralidade, segundo Chiavenato (2021, p. 277) “é percebida no</p><p>comportamento do bom administrador. Diante de alternativas possíveis, escolhe aquela que</p><p>resulta em maior ganho para a coletividade”. Conforme estabelecido no princípio da</p><p>publicidade, a administração pública tem a obrigatoriedade de prestar total transparência a todas</p><p>as ações que realizar, além de tornar pública e disponibilizar as informações a quem desejar.</p><p>Por fim, o princípio da eficiência representa uma norma inovadora, instituído pela Emenda</p><p>Constitucional Nº 19 de 1998, não objetiva apenas a qualidade dos serviços públicos prestados,</p><p>mas trata dos serviços que permitem ser executados por terceiros, trazendo os princípios da</p><p>descentralização e da delegação de competências abordados anteriormente (BRASIL, 1998;</p><p>NASCIMENTO, 2020).</p><p>Nascimento (2020) ainda traz o princípio da continuidade na administração pública, o</p><p>qual institui</p><p>a prestação ininterrupta da prestação do serviço público, considerando a</p><p>responsabilidade dos entes federados de satisfazer as necessidades e conservar os direitos</p><p>fundamentais da população. O princípio impõe a regularidade, constante e ininterrupta da</p><p>prestação do serviço público, principalmente na transição de governo, considerada um dos</p><p>princípios mais importantes da administração pública.</p><p>2.1.2 Administração pública no Brasil</p><p>A administração pública brasileira está prevista e regulamentada no art. 37 da</p><p>Constituição Federal (CF) de 1988, bem como no Decreto-Lei Nº 200 de 1967 que dispõe sobre</p><p>a organização da Administração Federal, ainda que fundamentada nos princípios da legalidade,</p><p>impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. A CF trata-se do documento que contém</p><p>22</p><p>a lei fundamental e suprema do Brasil, no qual estão resguardados as normas e procedimentos</p><p>administrativos, onde todas as esferas de poder tem como manual a ser seguido em sua</p><p>governança (BRASIL, 1988; PINTO, 2017).</p><p>A estrutura de atuação da administração pública é formada por entidades, classificadas</p><p>como estatais, autarquias, fundações, organizações empresariais e paraestatais; e órgãos de</p><p>direção, administrativos, planejamento, execução, superiores, centrais e locais. Onde, as</p><p>funções públicas serão desempenhadas através de agentes públicos, ou seja, Chefes do Poder</p><p>Executivo (Presidente, Governador e Prefeito), seus auxiliares (Ministros e Secretários),</p><p>membros do Poder Legislativo (Senadores, Deputados Federais e Estaduais, e Vereadores) e os</p><p>servidores públicos (NASCIMENTO, 2020; SANTOS, 2014).</p><p>Visto que as entidades, órgãos, organizações e outros supracitados que exerçam</p><p>atividades, direta ou indiretamente, relacionadas com bens e montantes públicos, deverão</p><p>prestar contas ao Poder Legislativo obrigatoriamente, ainda que, estarão sujeitos ao controle</p><p>interno e externo (COSTIN, 2010; NASCIMENTO, 2020).</p><p>De acordo com o estabelecido na Constituição Federal (1988) ficou definido no país o</p><p>federalismo tripartite, representado por três níveis de divisão político-territorial, que consiste</p><p>em dividir os poderes de governo, dando autonomia e independência político-administrativa à</p><p>União, Estados e Municípios no desenvolvimento das atividades estatais. Ambos os entes</p><p>políticos possuem autonomia no exercício dos poderes próprios determinados pela constituição,</p><p>em seus artigos estão elencados a competência, atribuições e limitações de cada ente da</p><p>federação (NASCIMENTO, 2020; SANTOS, 2014).</p><p>As competências determinam a autonomia e especificam a área de atuação dos entes</p><p>políticos. Sendo assim, a competência é atribuída à União, prevista pelos arts. 21 e 22 da CF,</p><p>quando predomina o interesse nacional. Onde prevalece o interesse regional, a competência é</p><p>atribuída aos Estados-membros, segundo disposto no art. 25 da CF. Já onde prepondera o</p><p>interesse local, a responsabilidade é concedida aos Municípios, prevista no art. 30 da CF. Ao</p><p>Distrito Federal são atribuídas as competências dispostas aos Estados e Municípios, segundo o</p><p>art. 32 da CF (BRASIL, 1988).</p><p>Ainda, há as competências comuns, de interesse geral, atribuídas à União, Estados,</p><p>Distrito Federal e Municípios, elencadas nos arts. 23 e 24 da CF, que se trata do federalismo</p><p>cooperativo, que caracteriza-se pela existência de competências comuns compartilhadas entre</p><p>os entes políticos, necessitando a cooperação entre os entes com o intuito de atender as</p><p>necessidades e interesses, em benefício da coletividade (BRASIL, 1988).</p><p>23</p><p>O conjunto de dispositivos constitucionais que configuram a organização político-</p><p>administrativa, agrupa as obrigações financeiras, a arrecadação de recursos e delimita as áreas</p><p>de atuação dos entes federados. A forma federalista como o país se organiza, distribui as receitas</p><p>tributárias anuais para serem geridas pelos próprios entes federados, para que estes possam</p><p>desempenhar suas funções administrativas, financeiras e legislativas, e principalmente para</p><p>executar as Políticas Públicas, previstas nos programas de governo, necessárias à população</p><p>(NASCIMENTO, 2020; SANTOS, 2014).</p><p>Desta forma, os recursos financeiros arrecadados são destinados à União, Estados-</p><p>membros, Distrito Federal e Municípios. Onde a distribuição dos impostos segundo o pacto</p><p>federativo no Brasil, da totalidade de recursos que a União arrecada, 68% permanece para a</p><p>União, 58% é encaminhado para o Distrito Federal, 24% são destinados aos Estados e 18% aos</p><p>Municípios (BRASIL, 1988).</p><p>2.1.3 Administração pública municipal</p><p>Conforme a Constituição (1988) ficou estabelecido no Brasil o federalismo, onde a</p><p>organização político-administrativa compreende a União, os Estados-membros, o Distrito</p><p>Federal e os Municípios, todos autônomos, como definido no art. 18 desta Constituição. A</p><p>descentralização do poder atribui aos Estados-membros e aos Municípios autonomia política,</p><p>administrativa e financeira, ou seja, as unidades administrativas detêm competências próprias</p><p>para o exercício de governo e administração. Nesse sentido, esta autonomia se caracteriza pelo</p><p>autogoverno, autolegislação, autoadministração, auto-organização e pela autonomia financeira</p><p>e tributária (BRASIL, 1988; NASCIMENTO, 2020).</p><p>Isto significa que, a gestão dos recursos financeiros, tributos, receitas e despesas</p><p>próprias, além das transferências estaduais e federais, estão sob responsabilidade dos</p><p>municípios e seus gestores. Por tanto, mantém um sistema administrativo semelhante aos</p><p>Estados e a União, conforme os princípios estabelecidos em lei. Em vista disso, a gestão dos</p><p>recursos é um ato vinculado, ou seja, a distribuição dos recursos é destinada somente às áreas</p><p>consideradas e previstas pelos gestores públicos que detêm esta competência (NASCIMENTO,</p><p>2020; SANTOS, 2014).</p><p>A condição de entidade federativa reconhece o município como membro integrante da</p><p>Federação, o qual possui condição de igualdade aos demais entes federados em relação aos</p><p>direitos e deveres, assim como, passou a exercer papel de suma importância na prestação dos</p><p>24</p><p>serviços de interesse local e social. A Constituição Federal (art. 30, 1988) dispõe sobre as</p><p>competências dos Municípios:</p><p>I - legislar sobre assuntos de interesse local;</p><p>II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;</p><p>III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas</p><p>rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos</p><p>prazos fixados em lei;</p><p>IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;</p><p>V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os</p><p>serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter</p><p>essencial;</p><p>VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas</p><p>de educação infantil e de ensino fundamental;</p><p>VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços</p><p>de atendimento à saúde da população;</p><p>VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante</p><p>planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;</p><p>IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a</p><p>legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.</p><p>Ainda, como previsto na CF, o município deve reger-se através de lei orgânica própria,</p><p>desta forma, compete ao município legislar sobre os assuntos de interesse local em</p><p>conformidade com as normas nela dispostas, incluindo a normatização dos instrumentos</p><p>orçamentários próprios, bem como identificar, elaborar programas e ações para atender as</p><p>necessidades, interesses e particularidades locais (NASCIMENTO, 2020; SANTOS, 2014).</p><p>Vale ressaltar que a CF em seu art. 30, incisos VI e VII, trata da manutenção da</p><p>cooperação técnica e financeira da União e do Estado com os programas de educação</p><p>infantil e</p><p>de ensino fundamental, e ainda, da mesma forma com a prestação de atendimento à saúde da</p><p>população, nestes incisos evidencia-se a importância da cooperação e equilíbrio entre os entes</p><p>federativos para atender duas das necessidades sociais mais importantes: a saúde e a educação</p><p>(BRASIL, 1988; SANTOS, 2014).</p><p>A competência tributária prevista no inciso III, art. 30 da CF, permite ao município</p><p>instituir e arrecadar os tributos de sua competência, essa competência vai além de apenas</p><p>elaborar e aprovar a legislação própria, que diz respeito ao Código Tributário Municipal, mas</p><p>principalmente de arrecadar os impostos, taxas e contribuições para posteriormente, serem</p><p>destinados à manutenção da administração e serviços públicos local, além de novos</p><p>investimentos (BRASIL, 1988; NASCIMENTO, 2020).</p><p>Os recursos repassados aos municípios são distribuídos entre os Poderes Executivo e</p><p>Legislativo, para fazer a gestão desses recursos, os agentes públicos precisam seguir</p><p>estritamente o Código Tributário Nacional, suas normas e diretrizes, bem como os instrumentos</p><p>25</p><p>obrigatórios de planejamento orçamentário aplicáveis ao ente. Os gestores são a peça principal</p><p>para impulsionar o desenvolvimento social e econômico municipal, para tal fim, deve-se utilizar</p><p>o princípio da eficiência como suporte para administrar os recursos públicos (NASCIMENTO,</p><p>2020; SANTOS, 2014).</p><p>2.2 Planejamento na gestão pública</p><p>A gestão pública diz respeito às atividades da gerência pública empregadas nos negócios</p><p>de governo, também é entendida como o mandato de administração em um determinado período</p><p>de tempo. Ainda, Santos (2014, p. 20) traz a gestão pública como “o planejamento, a</p><p>organização, a direção e o controle dos bens e interesses públicos, agindo de acordo com os</p><p>princípios administrativos, visando ao bem comum por meio de seus modelos delimitados no</p><p>tempo e no espaço”. Desta forma os fins da gestão pública consistem em atingir um único</p><p>objetivo: o bem comum da coletividade. Onde todas as ações do gestor público devem ser</p><p>direcionadas para este fim.</p><p>Em sequência a esta definição, fica estabelecido pela CF a composição do sistema de</p><p>planejamento e orçamento público brasileiro, determinando três instrumentos fundamentais</p><p>como componentes desse sistema: o PPA, a LDO e a LOA. Em razão da importância de haver</p><p>um instrumento de planejamento a médio prazo, vêm sendo estabelecido, por meio de lei, o</p><p>PPA, o qual possui grande amplitude de propósitos e aborda em seu conteúdo as estratégias,</p><p>metas e objetivos para os programas e as políticas públicas do governo para serem</p><p>desenvolvidos dentro do período de quatro anos (BRASIL, 1988; GONÇALVES, 2019).</p><p>O estabelecimento de diretrizes de curto prazo é a próxima etapa dos instrumentos desse</p><p>sistema, a qual deve conectar o planejamento (sob a forma do PPA) ao orçamento propriamente</p><p>dito (LOA). Ou seja, a LDO deve interligar o PPA e a LOA, bem como dispor de orientações</p><p>para a elaboração e execução do orçamento anual. Estabelecido a LDO, a última etapa do</p><p>sistema de planejamento orçamentário é a instituição da LOA, a qual estabelece, anualmente, a</p><p>previsão monetária de receitas e despesas para os três instrumentos de planejamento</p><p>orçamentário existentes no Brasil (GONÇALVES, 2019).</p><p>2.2.1 Orçamento como instrumento de planejamento</p><p>O orçamento público trata-se de um instrumento de controle versátil à administração</p><p>pública, pode ser utilizado como instrumento de planejamento (orçamento-programa), como</p><p>26</p><p>instrumento básico de política fiscal, bem como instrumento de controle político, como sistema</p><p>de informação, como instrumento de suporte à gestão governamental e como instrumento de</p><p>controle do gasto público (CREPALDI, 2013; NASCIMENTO, 2020).</p><p>Além disso, o conceito de orçamento público é amplo, visto que trata de um documento</p><p>que dispõe detalhadamente sobre o plano de ações do governo, que discrimina os serviços que</p><p>se pretende executar, qual o período e o custo destes. O orçamento público também trata-se de</p><p>um guia de execução dos planos do governo através dos programas, é um instrumento para</p><p>concretizar os planos em obras e serviços tangíveis (CREPALDI, 2013; GIACOMONI, 2023;</p><p>NASCIMENTO, 2020).</p><p>Diante disso, “o governo necessita de um orçamento bem estruturado e preciso, para</p><p>funcionar bem e saber o que deve fazer, quanto custa, quanto tempo leva a execução, para que</p><p>serve e que resultados serão alcançados ao fim de um certo tempo” (NASCIMENTO, 2020, p.</p><p>71). O orçamento público funciona também como um instrumento de divulgação das ações do</p><p>governo, visto que a Lei de Responsabilidade Fiscal determina a publicação periódica das</p><p>receitas e despesas realizadas pelo governo (GONÇALVES, 2020).</p><p>2.2.2 Princípios do orçamento público</p><p>O orçamento público é regido por princípios orçamentários estabelecidos em lei, com o</p><p>objetivo de assegurar a transparência do orçamento, bem como facilitar seu controle. Os</p><p>princípios orçamentários são divididos em fundamentais, o qual são seguidos e aceitos pela</p><p>maioria dos agentes públicos, e os princípios operacionais, que objetiva tornar o orçamento</p><p>mais coerente e eficiente (NASCIMENTO, 2020).</p><p>O princípio da unidade determina que o orçamento deve ser único, ou seja, cada ente</p><p>federado deve elaborar apenas um único orçamento, com o objetivo de evitar múltiplos</p><p>orçamentos dentro da mesma entidade política. A norma da universalidade prescreve que a</p><p>LOA de cada ente federado deve conter todas as receitas e despesas detalhadas de todos os</p><p>poderes, órgãos, entidades, fundos e fundações instituídas e conservadas pelo poder público</p><p>(LIMA, 2022; NASCIMENTO, 2020).</p><p>A anualidade ou periodicidade, diz respeito ao princípio que delimita o exercício</p><p>financeiro orçamentário, ou seja, o orçamento público deve ser elaborado e aprovado para um</p><p>período de tempo específico. O princípio da exclusividade ordena que “o orçamento deverá</p><p>conter apenas a previsão de receita, a fixação da despesa, eventuais aberturas de créditos</p><p>suplementares e contratação de operações de crédito” (COSTIN, 2010, p. 101). Ainda, o</p><p>27</p><p>princípio do orçamento bruto obriga o registro das receitas e despesas na LOA pelo valor bruto</p><p>total, sem que haja quaisquer deduções (GONÇALVES, 2020).</p><p>A programação trata do princípio que determina que os gastos devem ser dispostos e</p><p>organizados na forma de programas públicos, de maneira que discrimine a finalidade do gasto.</p><p>O princípio do equilíbrio orçamentário estabelece que as despesas não sejam superiores às</p><p>receitas previstas. Já o princípio da não vinculação ou afetação da receita de impostos, proíbe</p><p>a vinculação de impostos “nenhuma parcela da receita de impostos poderá ser reservada ou</p><p>comprometida para atender determinados gastos” (CREPALDI, 2013, p. 45).</p><p>O princípio da transparência orçamentária trata-se da obrigatoriedade de divulgar e</p><p>disponibilizar o orçamento público de maneira vasta à população, através de relatórios e</p><p>demonstrativos acerca da execução orçamentária e da gestão de responsabilidade fiscal. Da</p><p>mesma forma, o princípio da simplificação destaca que o orçamento público deve ser elaborado</p><p>em linguagem e elementos de fácil compreensão para que seja assimilado pela população</p><p>(CREPALDI, 2013; GONÇALVES, 2020).</p><p>Por fim, a norma da publicidade orçamentária traz que o orçamento deve ser publicado</p><p>no Diário Oficial dos entes federados, na internet e em outros canais de divulgação, como no</p><p>mural físico da entidade, para oferecer vasto acesso e divulgação à sociedade (CREPALDI,</p><p>2013). Na literatura existem diversos princípios orçamentários, aqui foram destacados alguns</p><p>dos princípios abordados e considerados mais importantes pelos autores supracitados.</p><p>2.2.3 Ciclo do processo orçamentário</p><p>O ciclo orçamentário é definido por Nascimento (2020, p. 82) como “o conjunto de</p><p>etapas e procedimentos a serem cumpridos com</p><p>o propósito de elaborar e aprovar o orçamento</p><p>do setor público”. Ainda, o ciclo orçamentário pode ser entendido como um processo contínuo</p><p>de elaboração, aprovação, execução, controle e avaliação dos dispêndios da gestão pública. As</p><p>etapas que constituem o ciclo orçamentário são: a elaboração, a aprovação, a execução e o</p><p>controle da proposta orçamentária (Gonçalves, 2020).</p><p>O ciclo do planejamento orçamentário brasileiro, bem como a integração entre os</p><p>instrumentos orçamentários pode ser observada na Figura 1, onde o processo se inicia com a</p><p>elaboração do PPA, em seguida com os planos nacionais, regionais e setoriais, a seguir com a</p><p>elaboração da LDO e da LOA para que então seja iniciado o ciclo orçamentário propriamente</p><p>dito (Gonçalves, 2020).</p><p>28</p><p>Figura 1 - Ciclo integrado de planejamento e orçamento.</p><p>Fonte: Gonçalves, G. C., 2020, p. 20.</p><p>A primeira fase do ciclo orçamentário é a elaboração da proposta orçamentária pelo</p><p>Poder Executivo, a qual é composta pela previsão da receita e fixação da despesa, bem como</p><p>os objetivos, metas e prioridades que a Administração Pública deseja atingir durante o</p><p>exercício. Em seguida, é realizada a consolidação e envio da proposta ao Poder Legislativo.</p><p>Após ser encaminhado ao Poder Legislativo, dá-se início a segunda etapa do ciclo, a discussão,</p><p>votação e aprovação da proposta orçamentária, neste processo os parlamentares podem propor</p><p>emendas no orçamento, com o objetivo de aperfeiçoar o projeto enviado pelo Executivo</p><p>(COSTIN, 2010; GONÇALVES, 2020).</p><p>Após a aprovação da então Lei Orçamentária, esta retornará à entidade executiva, que</p><p>realizará a sanção e execução da lei, a qual representa a terceira etapa do ciclo. Onde os</p><p>programas e políticas públicas previstos na Lei Orçamentária serão executados pelo gestor</p><p>público e demais executivos. A quarta e última etapa do processo orçamentário diz respeito ao</p><p>controle e avaliação da proposta orçamentária, o controle é realizado pela própria administração</p><p>e pelos três órgãos do poder: Executivo, Legislativo e Judiciário. Através do controle interno,</p><p>externo e ainda, do controle social (GONÇALVES, 2020; NASCIMENTO, 2020).</p><p>29</p><p>2.2.4 Orçamento-programa</p><p>O orçamento-programa está relacionado ao sistema de planejamento e aos objetivos que</p><p>a gestão pretende alcançar durante o exercício de governo. A definição de orçamento-programa</p><p>segundo Andrade (2016, p. 48),</p><p>O documento que evidencia a política econômico-financeira e o programa de trabalho</p><p>da administração, discriminando as despesas segundo sua natureza, dando ênfase aos</p><p>fins ou objetivos, e não à forma como será gerado ou gasto o recurso, de modo a</p><p>demonstrar em quê e para quê o governo gastará, e também quem será responsável</p><p>pela execução de seus programas.</p><p>Levando em consideração que o orçamento-programa considera as prioridades e</p><p>classificações do planejamento orçamentário, tem como elementos principais de sua</p><p>constituição os objetivos e propósitos, os programas, os custos dos programas (meios ou</p><p>insumos necessários para a obtenção dos resultados) e as medidas de desempenho com o intuito</p><p>de mensurar os esforços e realizações empregados na execução dos programas (GIACOMONI,</p><p>2023).</p><p>2.2.5 Receita e despesa orçamentária</p><p>O orçamento público trata-se de um instrumento de controle fundamental na</p><p>administração pública, principalmente no controle das receitas e despesas, ou seja, na previsão</p><p>das receitas e na fixação e controle das despesas do plano de ações do governo em um</p><p>determinado período. Resumidamente, a receita e a despesa representam os fluxos de dinheiro</p><p>que entram e saem dos cofres públicos (GIACOMONI, 2023).</p><p>2.2.5.1 Receita orçamentária</p><p>A receita orçamentária refere-se ao conjunto de ingressos de recursos financeiros</p><p>previstos no orçamento público para um determinado período. A receita é fundamental para o</p><p>exercício de governo, bem como o cumprimento de suas responsabilidades com a população,</p><p>como a prestação de serviços públicos, investimento em infraestrutura e o desembolso para as</p><p>demais despesas do exercício (ANDRADE, 2016; LIMA, 2022).</p><p>Os ingressos de recursos financeiros se desdobram em receitas orçamentárias, ou seja,</p><p>aquelas que estão previstas no orçamento e que se incorporam definitivamente no patrimônio</p><p>30</p><p>público, são aquelas utilizadas em programas e ações cuja finalidade é atender às necessidades</p><p>públicas. E também, em receitas extraorçamentárias, isto é, são entradas de recursos apenas</p><p>compensatórios e de caráter temporário, que não pertencem a entidade que os recebe, como por</p><p>exemplo, os depósitos em caução, fianças, operações de crédito por antecipação de receita</p><p>orçamentária, entre outros (GIACOMONI, 2023; LIMA, 2022).</p><p>Na administração pública, a receita origina-se do poder de gerência dos gestores</p><p>públicos sobre o patrimônio econômico-administrativo. Além disso, a entrada de recursos</p><p>financeiros pode ser decorrente de transferências de outras entidades públicas ou privadas. A</p><p>principal fonte de recursos utilizada para a execução dos programas governamentais é a</p><p>arrecadação tributária, visto que, em sua maioria, os estados e municípios brasileiros dependem</p><p>da transferência de recursos do governo Federal para a manutenção e conservação dos serviços</p><p>públicos (NASCIMENTO, 2020).</p><p>Para a efetivação da receita pública são necessários três estágios: a previsão, o</p><p>lançamento ou declaração e a arrecadação e recolhimento da receita. A fase da previsão segundo</p><p>Nascimento (2020, p. 87) “corresponde à obtenção de estimativas da receita pública, a partir</p><p>dos estudos estatísticos efetuados antes do projeto de Lei Orçamentária”. Com isso,</p><p>posteriormente na fase de execução do orçamento, faz-se o acompanhamento e a análise da</p><p>arrecadação efetiva em relação ao montante previsto.</p><p>Em seguida na fase de lançamento o Poder Executivo efetua a ato administrativo, com</p><p>o intuito de identificar e especificar o contribuinte, os valores e os vencimentos. A fase de</p><p>arrecadação refere-se ao pagamento dos tributos ou demais receitas ao agente arrecadador, e</p><p>por fim, o recolhimento completa as fases e se trata da entrega dos valores arrecadados pelos</p><p>agentes ao Tesouro (NASCIMENTO, 2020).</p><p>A receita pública possui diversas classificações na literatura, porém destaca-se a</p><p>classificação legal, prevista no art. 11 da Lei nº 4.320/1964, da receita orçamentária por</p><p>categoria econômica, onde as receitas são divididas em receitas correntes e receitas de capital,</p><p>esta classificação diz respeito à destinação que se dá à receita pública (CREPALDI, 2013).</p><p>As receitas correntes apontam os valores da receita tributária, de contribuições,</p><p>patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços, das transferências correntes e outras receitas</p><p>correntes. Tais receitas são destinadas a atender o funcionamento da máquina administrativa,</p><p>como o pagamento de pessoal, materiais de consumo, entre outros (CREPALDI, 2013;</p><p>NASCIMENTO, 2020).</p><p>Por conseguinte, as receitas de capital “são aquelas destinadas à aquisição de bens ou</p><p>criação de novos serviços pelo Estado” (CREPALDI, 2013). Além disso, registram os valores</p><p>31</p><p>decorrentes das operações de crédito (empréstimos), alienação de bens, amortização de</p><p>empréstimos, transferências de capital e outras receitas de capital. Ainda, vale destacar, que as</p><p>receitas são previstas no orçamento levando-se em consideração as receitas arrecadadas nos</p><p>exercícios anteriores, bem como a estabilidade da economia e a política fiscal praticada pelo</p><p>governo contribuem para a consistência da projeção orçamentária (CREPALDI, 2013;</p><p>NASCIMENTO, 2020).</p><p>As principais fontes de receita da União, na classificação das receitas correntes,</p><p>destacam-se as receitas provindas de contribuições, que se referem às contribuições sociais</p><p>recebidas do setor público e privado, e as receitas tributárias, onde o Imposto sobre a Renda</p><p>e</p><p>os Impostos sobre Produção e Circulação representam as principais receitas tributárias do país.</p><p>Na classificação de receitas de capital, as principais arrecadações da União são provenientes</p><p>das operações de crédito e outras receitas de capital (NASCIMENTO, 2020).</p><p>As receitas estaduais têm origem, principalmente com a arrecadação de tributos, onde</p><p>os principais tributos estaduais são o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e</p><p>Serviços) e o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), os estados ainda</p><p>receberem do Governo Federal transferências correntes e de capital para cobrir as despesas</p><p>governamentais (CREPALDI, 2013; NASCIMENTO, 2020).</p><p>As principais fontes de receita própria dos municípios são tributárias, através do ISS</p><p>(Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza) e o IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial</p><p>e Territorial Urbana). Por outro lado, as principais fontes de receita de capital dos municípios</p><p>são as operações de crédito, contudo as transferências federais e estaduais são as fontes mais</p><p>importantes da receita corrente e de capital dos municípios brasileiros, o que comprova a</p><p>dependência dos municípios em relação a esses entes federados (LIMA, 2022; NASCIMENTO,</p><p>2020).</p><p>2.2.5.2 Despesa orçamentária</p><p>A despesa pública constitui o conjunto de dispêndios realizados pelos gestores públicos</p><p>para a manutenção e funcionamento dos serviços públicos prestados à população. Nesse</p><p>sentido, a despesa sob o enfoque orçamentário é conceituada como “toda saída de recursos ou</p><p>de todo pagamento efetuado, a qualquer título, pelos agentes pagadores para saldar gastos</p><p>fixados na Lei do Orçamento ou lei especial e destinados à execução dos serviços públicos”</p><p>(ANDRADE, 2016, p. 78).</p><p>32</p><p>Ainda, a despesa pública é dividida em despesas orçamentárias, ou seja, aquelas que</p><p>estão previstas na Lei Orçamentária e todas as transações que dependem de aprovação</p><p>legislativa, através da consignação de dotação orçamentária para ser efetivada e exercida.</p><p>Também são divididas em dispêndios extraorçamentários, isto é, não estão previstos na LOA</p><p>pois não precisam de autorização legislativa para serem executados, os quais compreendem a</p><p>saída de valores decorrentes de depósitos, pagamento de restos a pagar, resgate de operações</p><p>de crédito por antecipação, e demais dispêndios (ANDRADE, 2016; LIMA, 2022).</p><p>Para a efetivação da receita pública são necessários alguns estágios, iniciando pela</p><p>previsão orçamentária da despesa através do executivo, a fixação da despesa através do</p><p>legislativo, o processo licitatório, o empenho, a liquidação e por fim, o pagamento. O estágio</p><p>da previsão da despesa determina que toda e qualquer contratação depende da previsão de</p><p>recursos orçamentários, ou seja, nenhuma despesa pode ser realizada sem que haja a sua</p><p>previsão na Lei Orçamentária (NASCIMENTO, 2020).</p><p>Em seguida, na fase da fixação da despesa, a proposta orçamentária do executivo é</p><p>enviada ao poder legislativo para que, se necessário, sofra alterações durante o processo de</p><p>aprovação, para enfim ser fixada. O estágio licitatório diz respeito ao “processo administrativo</p><p>pelo qual a administração pública realiza a coleta de propostas para fornecimento de materiais</p><p>ou serviços, entre as quais selecionará aquele que julgar mais vantajoso para a celebração de</p><p>um contrato” (ANDRADE, 2016; NASCIMENTO, 2020, p. 93).</p><p>O empenho é considerado o primeiro estágio efetivo da despesa, é o ato em que a</p><p>autoridade competente cria para o ente público a obrigação de pagamento, ou seja, é o momento</p><p>em que a entidade pública reserva o montante a ser pago quando o bem ou serviço são</p><p>concluídos e entregues. A fase de liquidação é o ato de verificação e conferência, isto é, se o</p><p>bem ou serviço acordados no empenho foram entregues e cumpridos, para então chegar ao</p><p>último estágio da despesa pública: o pagamento, que consiste na entrega efetiva do montante</p><p>ao credor da administração pública (ANDRADE, 2016; NASCIMENTO, 2020, p. 93).</p><p>Assim como a receita pública, a despesa pública possui diversas classificações na</p><p>literatura, porém a que se destaca é a classificação com relação à categoria econômica, prevista</p><p>no art. 12 da Lei nº4.320/1964, onde a despesa orçamentária é classificada em despesa corrente</p><p>ou despesa de capital, esta classificação indica a categoria econômica em que a despesa está</p><p>inserida, ou seja, o seu efeito econômico no patrimônio (CREPALDI, 2013; NASCIMENTO,</p><p>2020).</p><p>As despesas correntes são classificadas ainda, em despesas de custeio e transferências</p><p>correntes. As despesas de custeio trata-se de dotações destinadas para a manutenção de serviços</p><p>33</p><p>criados anteriormente, bem como destinadas a atender obras de conservação e melhorias. Já as</p><p>transferências correntes, segundo Lima (2022, p. 21) são “dotações para despesas as quais não</p><p>corresponda contraprestação direta de bens ou serviços”, tais como transferências de assistência</p><p>e previdência social, salário-família, juros da dívida pública, bem como para atender a</p><p>manutenção de outras entidades de direito público ou privado (CREPALDI, 2013).</p><p>Por sua vez, as despesas de capital, conforme disposto no art. 12 da Lei nº4.320/1964,</p><p>são classificadas ainda como investimentos, inversões financeiras ou transferências de capital.</p><p>Os investimentos são dotações para o planejamento e execução de obras e, também para a</p><p>aquisição de imóveis necessários para sua realização, bem como para a aquisição de instalações,</p><p>equipamentos e materiais permanentes e para os programas especiais de trabalho, entre outros</p><p>(CREPALDI, 2013; LIMA, 2022).</p><p>As inversões financeiras dizem respeito a aquisição de imóveis ou bens de capital em</p><p>utilização, a aquisição de títulos do capital de empresas ou entidades já constituídas e para a</p><p>constituição ou aumento do capital de empresas ou entidades que visem objetivos comerciais</p><p>ou financeiros. Segundo Lima (2022, p. 21) as transferências de capital são “dotações para</p><p>investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devem</p><p>realizar”, representadas por amortização da dívida pública, auxílios para obras, equipamentos</p><p>e instalações, entre outros (CREPALDI, 2013).</p><p>A realização da despesa pública tem por finalidade assegurar a manutenção e</p><p>funcionamento dos serviços públicos necessários ao bem estar e qualidade de vida da</p><p>população, bem como aplicar certa quantia de dinheiro para a execução de um programa ou de</p><p>políticas públicas previstas no orçamento. Ainda, a gestão pública deverá considerar os limites</p><p>de vinculações legais para a aplicação de recursos, como na área de saúde e educação</p><p>(CREPALDI, 2013).</p><p>A origem da despesa pública se dá principalmente com o fornecimento e manutenção</p><p>dos serviços públicos de saúde, educação, transporte, segurança, recursos humanos, entre</p><p>outros. Onde o investimento em educação e saúde são as principais fontes da despesa no país,</p><p>pois conforme estabelecido na CF/1988, a União deverá aplicar na manutenção e</p><p>desenvolvimento de ensino, o mínimo de 18% e os Estados, Distrito Federal e Municípios</p><p>deverão investir no mínimo 25%, em educação, das receitas resultantes de impostos e</p><p>transferências (BRASIL, 1988; CREPALDI, 2013).</p><p>Além disso, conforme determinação legal, as aplicações mínimas exigidas para os</p><p>serviços de saúde são de 12% para os Estados e Distrito Federal, e para os Municípios 15% das</p><p>receitas resultantes da arrecadação de impostos e transferências. Fica estabelecido para a União</p><p>34</p><p>o montante apurado no ano anterior, corrigido pela variação do PIB (BRASIL, 1988;</p><p>CREPALDI, 2013).</p><p>2.3 Elaboração do planejamento orçamentário</p><p>Os gestores públicos responsáveis pela administração e gestão dos recursos públicos,</p><p>devem seguir uma série de princípios e normas estabelecidas em lei, uma delas que se destaca</p><p>é a elaboração do planejamento orçamentário, elaborado em conformidade com os</p><p>princípios e</p><p>prazos previstos nas leis orçamentárias (CREPALDI, 2013; NASCIMENTO, 2020).</p><p>Em 1988, com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil,</p><p>passaram a compor o sistema de planejamento orçamentário o Plano Plurianual, a Lei de</p><p>Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual, previstos no art. 165 que dispõe dos</p><p>orçamentos, ou seja, instrumento de planejamento orçamentário de iniciativa do poder</p><p>executivo. Nesses dispositivos legais encontram-se detalhadamente as receitas e despesas</p><p>previstas, os programas e políticas públicas, os objetivos, metas e prioridades da administração</p><p>pública, além dos princípios e diretrizes que norteiam a elaboração e execução do orçamento</p><p>público (ANDRADE, 2016; BRASIL, 1988).</p><p>A lei que institui o PPA dispõe das diretrizes, objetivos, metas e os programas</p><p>governamentais para o exercício de quatro anos. A LDO normatiza e orienta o orçamento e</p><p>aponta as prioridades do governo anualmente. Já a LOA, prevê as receitas e fixa as despesas do</p><p>governo anualmente, indicando quanto será aplicado em cada área, segundo os programas</p><p>definidos como prioridade pela LDO, e qual será a origem dos recursos (ANDRADE, 2016;</p><p>GONÇALVES, 2020).</p><p>Em resumo, os dispositivos legais que compõem o orçamento público apontam o</p><p>montante de impostos, taxas, contribuições e transferências que o governo recolhe, assim como,</p><p>onde serão empregados os recursos financeiros em cada área e programa considerados</p><p>prioridade conforme as competências de cada ente federado, bem como os seus respectivos</p><p>valores (CREPALDI, 2013).</p><p>2.3.1 Plano Plurianual</p><p>O Plano Plurianual, previsto no art. 165 da CF, estabelece as diretrizes, objetivos e metas</p><p>da administração pública Federal, Estadual ou Municipal, para as despesas de capital e outras</p><p>delas decorrentes em um período de quatro anos. O PPA é o instrumento de planejamento</p><p>35</p><p>estratégico das ações do governo, por tanto “comprometido com o desenvolvimento sustentável</p><p>e com a evolução das estruturas de gerenciamento dos órgãos da administração pública, visa a</p><p>expressar com clareza os resultados pretendidos pelo governante que o elabora”</p><p>(NASCIMENTO, 2020).</p><p>Através do acompanhamento e avaliação do PPA, é possível verificar a efetividade, ou</p><p>seja, o alcance dos resultados esperados, durante a execução dos programas, bem como a</p><p>fiscalização dos objetivos e metas previstas no plano inicial. O plano possui como principais</p><p>propósitos definir com clareza as metas, prioridades e os resultados esperados da gestão,</p><p>organizar as ações a serem desenvolvidas em programas, bem como definir a direção estratégica</p><p>do governo, estabelecer as responsabilidades pelos resultados das ações e, oferecer</p><p>transparência para as aplicações de recursos e seus resultados obtidos (GONÇALVES, 2020;</p><p>NASCIMENTO, 2020).</p><p>Considerando a legislação que orienta a elaboração do PPA, Andrade (2016, p. 29) ainda</p><p>traz que os instrumentos necessários para a sua elaboração são “as diretrizes, os programas,</p><p>explicitando os objetivos e ações, e estas detalhando as metas do governo”. As diretrizes</p><p>apontam a direção, estabelecem os planos de governo e os critérios para o planejamento, onde</p><p>cada diretriz é detalhada por programas. Os programas de governo, por sua vez, são o conjunto</p><p>de ações que visam alcançar um objetivo em comum, são os instrumentos das diretrizes que</p><p>estabelecem os objetivos, isto é, os resultados esperados em cada programa (ANDRADE, 2016;</p><p>CREPALDI, 2013).</p><p>Os objetivos correspondem ao detalhamento dos programas, indicam os resultados</p><p>esperados pela administração ao serem executados pelas ações. Da mesma forma, as ações de</p><p>governo são as iniciativas e decisões necessárias para o cumprimento dos objetivos</p><p>estabelecidos nos programas, onde, sobre os quais devem ser estabelecidas as metas, que por</p><p>fim, representam a mensuração das ações do governo visando definir quantitativa e</p><p>qualitativamente o que dispõe-se a ser atendido e qual parcela da população se beneficiará com</p><p>a referida ação (ANDRADE, 2016; CREPALDI, 2013).</p><p>Portanto, o PPA é um instrumento norteador e moderador, pois a execução de qualquer</p><p>investimento só poderá ser iniciada se este estiver previsto e vinculado ao PPA de determinado</p><p>exercício financeiro, sob pena de crime de responsabilidade. Nesse sentido, Gonçalves (2020,</p><p>p. 175) traz o PPA como instrumento de planejamento,</p><p>36</p><p>Cuja função é indispensável ao bom funcionamento das ações do Estado, não podendo</p><p>ser ele uma mera opção do governante. O seu caráter orientador e vinculativo dá ao</p><p>PPA uma característica de planejamento de médio prazo, e a materialização de suas</p><p>ações se dará nas demais leis do processo orçamentário.</p><p>O controle e a fiscalização da execução do PPA são efetuados pelo sistema de controle</p><p>interno do Poder Executivo e, no caso de nível federal, pelo Tribunal de Contas da União.</p><p>Assim como, o acompanhamento e a análise são realizados pelo Ministério do Planejamento e</p><p>Orçamento (NASCIMENTO, 2020).</p><p>2.3.1.1 Elaboração e prazos do Plano Plurianual</p><p>A elaboração e apresentação das propostas de lei que estabelecem o PPA é de</p><p>responsabilidade dos chefes dos Poderes Executivos Federal, Estadual, Distrital e Municipal.</p><p>Os chefes dos poderes detentores desta obrigação elaboram seus planos com base nos planos</p><p>de governo, e em forma de projetos de lei, enviam as respectivas casas legislativas</p><p>(GONÇALVES, 2020).</p><p>O projeto de lei do PPA estabelece o planejamento orçamentário de médio prazo, isto é,</p><p>para o período correspondente a quatros anos seguintes. Isto significa que, o projeto do PPA é</p><p>elaborado e enviado para aprovação no primeiro ano de mandato do governo, isto é, ele não</p><p>corresponde ao mandato eletivo, o plano compreenderá “os três últimos anos do mandato mais</p><p>um ano do mandato subsequente” (GONÇALVES, 2020, p. 176).</p><p>O prazo de envio do PPA está previsto na CF (1988, art. 35, § 2º, I), a qual estabelece que</p><p>“O projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do</p><p>mandato presidencial subsequente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento</p><p>do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão</p><p>legislativa”, ou seja, o projeto de lei do PPA deve ser encaminhado ao Poder Legislativo para</p><p>aprovação até 31 de agosto do primeiro ano de mandato do governante eleito. (BRASIL, 1988;</p><p>GONÇALVES, 2020).</p><p>2.3.1.2 Ciclo de gestão do Plano Plurianual</p><p>A principais etapas do ciclo de gestão do PPA é um processo que envolve, basicamente,</p><p>a elaboração, execução, monitoramento e avaliação. O ciclo começa com a elaboração do PPA,</p><p>que ocorre no primeiro ano de mandato do Chefe do Executivo, seguindo a LDO e as diretrizes</p><p>37</p><p>estabelecidas na CF. Nessa fase, são definidas as estratégias, os programas e as ações</p><p>prioritárias do governo para os próximos quatro anos. É um processo que envolve diversos</p><p>setores da administração pública, bem como, a participação da população, através do Plano</p><p>Plurianual Participativo, por meio de assembleia legislativa (GONÇALVES, 2020;</p><p>NASCIMENTO, 2020).</p><p>Após a elaboração, o projeto de lei do PPA é enviado à casa legislativa de cada ente</p><p>federado para aprovação. O Poder Legislativo pode propor emendas ao projeto, onde sua</p><p>aprovação deve ocorrer até o final do primeiro ano do mandato do Chefe do Executivo. Com o</p><p>PPA aprovado, inicia-se a fase de execução, nessa etapa são implementados os programas e</p><p>ações governamentais de acordo com o que foi estabelecido no plano (FILHO, 2014; LIMA,</p><p>2022).</p><p>No decorrer dos quatro anos de vigência do PPA, é fundamental realizar o monitoramento</p><p>e avaliação constantes para garantir que os programas e ações estão sendo executados conforme</p><p>estabelecidos no plano, bem como se os resultados estão sendo alcançados. Essa fase envolve</p><p>o acompanhamento dos indicadores e metas definidos no PPA. Ainda,</p>

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