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<p>AULAS DE CRIAÇÃO DE BASE</p><p>DIREITO CIVIL</p><p>Professora Luciana Mota</p><p>(</p><p>Elaborado</p><p>por</p><p>Larissa</p><p>de</p><p>Figueiredo</p><p>|</p><p>Advogada.</p><p>Especialista</p><p>em</p><p>Direito</p><p>de Família e Sucessões. Coautora das obras “Julgados interpretados de</p><p>Direito</p><p>Civil”</p><p>e “Julgados</p><p>comentados</p><p>de direito</p><p>do</p><p>consumidor”.</p><p>)</p><p>AULA 2: CAPACIDADE</p><p>1. CAPACIDADE</p><p>A) De direito ou gozo (art. 1º do CC - Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.): comum a toda pessoa. A capacidade direito todos têm, é a personalidade jurídica, atributo do simples fato de ser humano.</p><p>B) De fato ou exercício (arts. 3º a 5º da CC): exercício próprio dos atos da vida civil. Já a capacidade de fato apenas alguns têm, sendo a capacidade efetiva de ser titular de direitos e deveres.</p><p>Assim, todos aqueles que possuem capacidade de fato (ou simplesmente capacidade jurídica) tem capacidade de direito (ou simplesmente personalidade jurídica), mas o contrário não é verdade.</p><p>Art. 3 o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.</p><p>I - (Revogado) ; II - (Revogado) ; III - (Revogado) .</p><p>Art. 4 o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:</p><p>I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;</p><p>III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;</p><p>IV - os pródigos.</p><p>(</p><p>ASSINATURAS</p><p>|</p><p>DEFENSORIAS</p><p>|</p><p>MAGISTRATURA</p><p>E</p><p>MP</p><p>)</p><p>Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.</p><p>Art. 5 o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.</p><p>Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:</p><p>I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;</p><p>II - pelo casamento;</p><p>III - pelo exercício de emprego público efetivo;</p><p>IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;</p><p>V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.</p><p>2. TEORIAS DA INCAPACIDADES:</p><p>· Critérios para aferição de capacidade: etário e sanidade A) Etário:</p><p>Define a única hipótese de incapacidade absoluta (art. 3º- São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos).</p><p>Assim, após os 16 anos nenhuma pessoa poderá ser considerada absolutamente incapaz, independentemente de deficiência.</p><p>Nulidade:</p><p>Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:</p><p>I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; (...)</p><p>É necessário que sejam representados para que pratiquem atos da vida civil.</p><p>Atualmente tem se falado muito sobre “capacidade progressiva”, que se refere a autonomia progressiva e proporcional que deve ser reconhecida a pessoas que ainda que não tenham atingido a idade de 16 anos mas que já demonstram um grau de discernimento para praticarem atos de natureza existencial (exercício do direito a própria imagem, a honra, privacidade). A discussão atual é que esses atos seriam apenas para direitos de natureza patrimonial, mas em relação aos atos de natureza existencial deveriam ser respeitados.</p><p>Assim, apenas não podem exercer direitos patrimonais sem representação, mas quanto a direito existenciais podem pleitear seus direitos, mesmo que esteja em divergência dos próprios pais, desde que tenha discernimento e autonomia.</p><p>Enunciado 138, III Jornada CJF: “A vontade dos absolutamente incapazes é juridicamente relevante na concretização de situações existenciais a eles concernentes, desde que demonstrem discernimento para tanto”.</p><p>Exceção: pequenos negócios aos quais há uma ampla aceitação social (chamado de ato fato jurídico, como é o caso de comprar um jornal), esse assunto será melhor abordado em aulas futuras. Há validade nesses negócios.</p><p>Não é admitida, pelo ordenamento jurídico, a declaração de incapacidade absoluta às pessoas com enfermidade ou deficiência mental. STJ. 3ª Turma. REsp 1.927.423/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 27/04/2021 (Info 694). Assim, a pessoa com deficiência não deve ser mais tecnicamente considerada civilmente incapaz, uma vez que a deficiência não afeta a plena capacidade civil. Agora são, em regra, plenamente capazes, o que não impede que possam sofer curatela, por exemplo.</p><p>Já os relativamente incapazes seriam entre outros, os que tem entre 16 anos completos e 18 anos incompletos, artigo 4º CC e dependem de um assistente:</p><p>Art. 4 o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:</p><p>I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;</p><p>III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;</p><p>IV - os pródigos.</p><p>Parágrafo único.	A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.</p><p>Critério objetivo: etário.</p><p>Critério subjetivo: sanidade.</p><p>O ato praticado sem a “assistência” é anulável, com prazo decadencial de 04 (quatro) anos, artigo 178 do CC, caso não seja pleiteado nesse prazo o ato será convalidado.</p><p>Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:</p><p>I - por incapacidade relativa do agente; (...)</p><p>Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: (...)</p><p>III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.</p><p>Para as pessoas com deficiências o Estatuto da Pessoa com Deficiência reformulou o regime das incapacidades, não sendo mais considerados absolutamente incapaz por esse critério, sendo apenas considerados relativamente incapaz para atos de natureza patrimonial e negocial. No entanto, o artigo 6º do EPD, admitindo para:</p><p>Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para:</p><p>I - casar-se e constituir união estável;</p><p>II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;</p><p>III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;</p><p>V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e</p><p>VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.</p><p>Para atos de natureza existencial, a pessoa com deficiência pode praticar, mantendo sua plena capacidade civil, não sendo necessário curador para a prática desses atos. Contudo, para a escolha de regime de bens será necessário curador se a pessoa com deficiência não tiver condições de dicernimento.</p><p>Existem alguns atos que a pessoa que completou os 16 anos podem praticar validamente sem assistência, ex. art 228 CC ser testemunha, art. 666 pode ser mandatário, art 1860 CC pode fazer testamento, e pode casar também.</p><p>A incapacidade cessa com a cessação daquelas circunstâncias que originou a incapacidade.</p><p>Por critério subjetivo: necessário ação de levantamento de curatela para a cessação da incapacidade.</p><p>3. EMANCIPAÇÃO</p><p>Objetivo: a aquisição antecipada da plena capacidade civil.</p><p>Não há aquisição da maioridade civil. Exemplos: Aplicação do ECA, não é possível tirar CNH, não poderá adotar, ainda permanece frequentar locais proibidos para menores, não altera maioridade penal.</p><p>CC, Art. 1635, II: A emancipação extingue o poder familiar.</p><p>MODALIDADES:</p><p>A) Voluntária (art. 5º, § único, I): ocorre quando há uma manifestação de vontade dos pais, por instrumento público, e registro no Cartório - RCPN (art. 9, II), necessário ser maior de 16 anos, ato extrajudicial.</p><p>OBS: Em caso de divergência entre os pais é possível o suprimento judicial, em que haverá a judicialização do caso. Portanto a doutrina tem sustentado a necessidade do consentimento do filho na lavratura da escritura, é um ato irrevogabilidade;</p><p>porém se estiver algum vício no consentimento poderá ser invalidado (exemplo: filho coagir os pais a praticar a emancipação). Não admite termo, condição ou encargo; e a responsabilidade civil dos pais (art. 932, I)</p><p>Filho emancipado aos 16 anos e se causar dano a alguém, os pais ainda respondem.</p><p>Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:</p><p>(SUBSIDIÁRIA)</p><p>I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; (...)</p><p>Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.</p><p>Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem</p><p>Quando o emancipado causar um dano surgiram correntes na doutrina:</p><p>1) Responsabilidade dos pais é exceção, só vai existir nos casos em que o filho continuar na dependência emocional e financeira, como o filho continuar morando com os pais, sob sua vigilância, etc – posição defendida por José Simão</p><p>2) A Responsabilidade dos pais vai continuar existindo sempre que os filhos na dependência econômica, sem nenhuma outra questão, não sendo necessário que o filho more com os pais.</p><p>3) Adotada pelo STJ – A emancipação voluntária não exclui a responsabilidade dos pais. Porém, como o filho é capaz sua responsabilidade é solidária com os pais, e não mais subsidiária.</p><p>JURISPRUDÊNCIA</p><p>AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO.</p><p>ATROPELAMENTO. LESÕES CORPORAIS. INCAPACIDADE. DEVER DE INDENIZAR.</p><p>REEXAME DE MATÉRIA DE FATO. REVISÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. PENSÃO MENSAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. CUMULAÇÃO.</p><p>POSSIBILIDADE. JULGAMENTO ULTRA PETITA. OCORRÊNCIA. RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PAIS. EMANCIPAÇÃO.</p><p>1. Não cabe recurso especial por alegada ofensa a dispositivos constitucionais.</p><p>2. A emancipação voluntária, diversamente da operada por força de lei, não exclui a responsabilidade civil dos pais pelos atos praticados por seus filhos menores.</p><p>3. Impossibilidade de reexame de matéria de fato em recurso especial (Súmula 7 do STJ).</p><p>7. Agravo regimental parcialmente provido.</p><p>(AgRg no Ag 1239557/RJ, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,</p><p>QUARTA TURMA, julgado em 09/10/2012, DJe 17/10/2012)</p><p>2) Judicial (art. 5º, § único, I, segunda parte do CC: ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos): para maiores de 16 anos sob tutela, por sentença judicial.</p><p>Adolescente sob tutela, porque os pais morreram ou perderam o poder familiar, em que tutor pede a emancipação apenas pela forma judicial.</p><p>3) Legal (art. 5º, § único, II a V do CC): opera-se automaticamente por fato ou situação que indique maturidade do adolescente para adquirir sua capacidade civil, casos:</p><p>3.1 casamento (OBS: idade núbil é aos 16 anos; divórcio ou viuvez; união estável)</p><p>Obs.: casou aos 16 e se divorciou aos 17, não retorna ao estado anterior de incapacidade relativa, continua possuindo capacidade civil.</p><p>Quanto a união estável há divergência na doutrina se emancipa ou não (para a corrente que afirma que sim, é necessário escritura pública para que haja publicidade dessa união).</p><p>TRT considerou emancipada adolescente de 17 por viver união estável e já trabalhava.</p><p>3.2 Emprego público efetivo: perdeu importância pois é imposto idade mínima.</p><p>3.3 Colação de grau em ensino superior (perdeu importância)</p><p>3.4 Emprego ou atividade empresarial (maior de 16 e economia própria): se vier a falência antes dos 18 anos, não perde sua capacidade civil.</p><p>4. FIM DA PERSONALIDADE JURÍDICA</p><p>Morte: é o fim da personalidade jurídica (Art. 6. CC A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.)</p><p>· Morte real: morte encefálica (art. 3º, Lei 9434/97)</p><p>· Morte presumida: desaparecimento, indícios e presunções. Pode ser dividida em:</p><p>1) Sem declaração de ausência (art. 7º): Após esforços significativos para localização, sentença fixa data provável do falecimento, probabilidade por perigo de vida (Ex: Brumadinho); prisioneiro de guerra não encontrado até 2 anos após o término da guerra.</p><p>Art.7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:</p><p>I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; (pessoa que estava em um avisão e este caiu, não tendo sido encontrado).</p><p>II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.</p><p>Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.</p><p>Deve demonstrar que a pessoa estava nesse local e que o corpo não foi encontrado.</p><p>2) Com declaração de ausência (arts. 22 a 39, CC)</p><p>A ausência visa proteger os bens do ausente e tem como consequência a transmissão de seu patrimônio aos herdeiros.</p><p>Conceito: desaparecimento do domicílio sem deixar notícias ou representante constituído.</p><p>Não presença + falta de notícias + decisão judicial = ausência</p><p>A) Procedimento trifásico:</p><p>· Declaração de ausência</p><p>· Sucessão Provisória</p><p>· Sucessão Definitiva</p><p>1ª FASE: DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA</p><p>Pessoa desaparece, sem representante e após prazo razoável entra com ação, em que de plano juiz já profere sentença que a pessoa está ausente, em que é nomeado curador para administrar e gerir os bens do ausente.</p><p>Faz a listagem dos bens do ausente (chamado de arrecadação dos bens). Posteriormente, publica editais, a fim de que seja encontrado o ausente.</p><p>O Curador do ausente – artigo 25 do CC:</p><p>Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador – preferência pelo cônjuge.</p><p>§1º Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.</p><p>§2ºEntre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.</p><p>§3º Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.</p><p>OBS: Pelo princípio da simetria a doutrina sustenta em sua maioria que o companheiro também estaria incluído no §1º, em que também possui preferência.</p><p>2ª FASE: SUCESSÃO PROVISÓRIA</p><p>Passado 1 ano desde o transito em julgado dessa declaração de ausência, ou 3 anos caso tenha deixado procurador esses interessados podem requerer do juiz a abertura da sucessão provisória.</p><p>Com a sucessão provisória, os herdeiros passam a se emitir na posse dos bens do ausente (ainda não são proprietários, em que continua sendo do ausente), desde que prestem caução, exceto os herdeiros necessários que não precisam prestar caução. Art. 37 CC:</p><p>Herdeiros necessários: cônjuge (e companheiro), ascendentes e descendentes. Por ainda possuir apenas a posse, não pode dispor ou alienar os bens do ausente.</p><p>Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas.</p><p>Após dez anos que recebem o domínio dos bens, tornando-se proprietários, em que apenas nesse momento pode dispor e alienar. Ainda é uma propriedade resolúvel, pois se o ausentar voltar no período de dez anos após a sucessão definitiva (ou algum descendente ou ascendente seu), esses bens devem voltar ao seu patrimônio.</p><p>Obs.: se não tiver nenhum bem, nem sub-rogado, nem seu valor, não receberá nada.</p><p>Caso os bens tenham sido deteriorados com culpa, o ausente pode levantar a caução prestada pelos herdeiros.</p><p>OBS: No CC/16 a ausência implicava em incapacidade, no CC/02 são válidos os atos.</p><p>Info 716: É dispensável a abertura da sucessão provisória quando presentes os requisitos da sucessão definitiva previstos no art. 38 do Código Civil. STJ. 3ª Turma. REsp 1.924.451-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/10/2021. A regra</p><p>do art. 38 do CC traz uma hipótese autônoma de abertura da sucessão definitiva, que ocorre de forma direta e que não depende da existência, ou não, de sucessão provisória. Não se afigura razoável o entendimento de que o herdeiro de um octogenário desaparecido há mais de cinco anos precise, obrigatoriamente, passar pela fase da abertura de sucessão provisória, com todos os seus expressivos prazos, diante de uma hipótese em que é absolutamente presumível a morte do autor da herança.</p><p>5. COMORIÊNCIA</p><p>Previsto no art. 8º do CC: Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se- ão simultaneamente mortos.</p><p>A presunção da comoriência é relativa.</p><p>Obs.</p><p>1) A comoriência se associa ao tempo da morte e não ao local em que ela ocorre. É possível que se estabeleça a comoriência entre pessoas que estão em locais distintos, em que não seja distinguir quem morreu primeiro.</p><p>2) Somente há interesse prático na comoriência se for entre pessoas que transmitam direitos entre si. Exemplo: uma pessoa, segurado, contrata seguro de vida a favor de um beneficiário, em que se há comoriência entre eles, para quem a seguradora irá receber o valor (os herdeiros do segurado ou herdeiros do beneficiário) – se não há transmissão de direitos entre eles, o valor será para os herdeiros do segurado.</p><p>3) Não cabe direito sucessório entre comorientes, vale dizer, comorientes não são herdeiros entre si.</p><p>4) Há uma discussão em sede de doutrina a respeito do direito de representação (do neto representar o pai comoriente na sucessão do avô comoriente), entre um pai e um filho na mesma ocasião, uma parcela entende que não há, só haveria se tivesse premoriência, outra parcela, adotada na VII JDC da Conselho de Justiça Federal - Enunciado 610. Nos casos de comoriência ascendente e descendente ou entre irmãos reconhece-se o direito de representação aos descendentes e aos filhos dos irmãos.</p><p>Obs.: a comoriência é compatível com a morte presumida, sem a decretação de ausência.</p><p>image1.png</p>

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