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<p>APG 6 ´´UM CICLO QUE VALE OURO´´</p><p>1-ESTUDAR O CICLO CARDIACO</p><p>1. Diástole ventricular inicial:</p><p>o O ciclo começa com os ventrículos relaxados. As válvulas atrioventriculares</p><p>(mitral e tricúspide) estão abertas, permitindo que o sangue flua dos átrios</p><p>para os ventrículos. As válvulas semilunares (aórtica e pulmonar) estão</p><p>fechadas.</p><p>o Cerca de 70-80% do enchimento ventricular ocorre passivamente nesta fase.</p><p>2. Sístole atrial:</p><p>o Os átrios se contraem, completando o enchimento dos ventrículos. Este é o</p><p>momento em que os ventrículos atingem seu volume diastólico final.</p><p>3. Início da sístole ventricular:</p><p>o O início da contração dos ventrículos fecha as válvulas atrioventriculares (para</p><p>evitar o refluxo de sangue para os átrios). Isso marca o início da sístole</p><p>ventricular.</p><p>o Neste ponto, todas as válvulas cardíacas estão fechadas, e o volume de sangue</p><p>nos ventrículos permanece constante. Esta fase é chamada de contração</p><p>isovolumétrica.</p><p>4. Ejeção ventricular:</p><p>o Quando a pressão dentro dos ventrículos supera a pressão nas artérias (aorta e</p><p>pulmonar), as válvulas semilunares se abrem, e o sangue é ejetado para a</p><p>circulação sistêmica (a partir do ventrículo esquerdo) e para a circulação</p><p>pulmonar (a partir do ventrículo direito).</p><p>o Durante esta fase, o volume sanguíneo nos ventrículos diminui rapidamente.</p><p>5. Diástole ventricular (relaxamento isovolumétrico):</p><p>o Após a ejeção, os ventrículos começam a relaxar. As válvulas semilunares se</p><p>fecham, pois, a pressão nas artérias agora é maior do que a nós ventrículos.</p><p>o Com todas as válvulas fechadas novamente, o volume ventricular permanece</p><p>constante. Este é o relaxamento isovolumétrico.</p><p>6. Diástole ventricular tardia:</p><p>o À medida que os ventrículos continuam a relaxar, a pressão dentro deles cai</p><p>abaixo da pressão dos átrios, o que faz com que as válvulas atrioventriculares</p><p>se abram novamente.</p><p>o O ciclo então recomeça, com o sangue fluindo passivamente dos átrios para os</p><p>ventrículos.</p><p>Resumo de Pressão e Volume:</p><p> A pressão nos ventrículos varia significativamente ao longo do ciclo cardíaco,</p><p>aumentando durante a sístole e diminuindo durante a diástole.</p><p> O volume sanguíneo nos ventrículos atinge o máximo ao final da diástole (volume</p><p>diastólico final) e o mínimo após a ejeção (volume sistólico final).</p><p>2-EXPLICAR O DÉBITO CARDÍACO (DC) E A FREQUÊNCIA CARDÍACA (FC) E SEUS FATORES</p><p>DETERMINANTES (PRÉ-CARGA, PÓS-CARGA E CONTRATILIDADE).</p><p>Débito Cardíaco (DC)</p><p>O débito cardíaco (DC) é a quantidade de sangue que o coração bombeia por minuto. Ele é um</p><p>indicador crucial da função cardíaca e da capacidade do sistema circulatório de fornecer</p><p>sangue oxigenado aos tecidos do corpo. O DC é calculado pela seguinte fórmula:</p><p>Onde:</p><p> FC (Frequência Cardíaca): é o número de batimentos cardíacos por minuto.</p><p> VS (Volume Sistólico): é o volume de sangue ejetado pelo ventrículo em cada</p><p>batimento.</p><p>Frequência Cardíaca (FC)</p><p>A frequência cardíaca é regulada pelo sistema nervoso autônomo e pode ser influenciada por</p><p>diversos fatores como:</p><p> Estímulos simpáticos (nervos e adrenalina) aumentam a FC.</p><p> Estímulos parassimpáticos (nervo vago) diminuem a FC.</p><p>A FC aumenta em resposta ao exercício, estresse, emoções, e diminui durante o repouso e o</p><p>sono.</p><p>Fatores Determinantes do Débito Cardíaco</p><p>Os principais fatores que influenciam o volume sistólico (e, portanto, o débito cardíaco) são a</p><p>pré-carga, a pós-carga e a contratilidade.</p><p>1. Pré-carga:</p><p>o Definição: A pré-carga refere-se ao grau de estiramento das fibras miocárdicas</p><p>antes da contração ventricular, o que é determinado pelo volume de sangue no</p><p>ventrículo ao final da diástole (volume diastólico final).</p><p>o Fatores Determinantes: A pré-carga é influenciada pelo retorno venoso, que</p><p>depende da volemia (volume de sangue circulante), da posição do corpo e do</p><p>tônus venoso. Quanto maior a pré-carga, maior o estiramento das fibras</p><p>miocárdicas, o que, segundo a Lei de Frank-Starling, aumenta a força de</p><p>contração e, consequentemente, o volume sistólico.</p><p>2. Pós-carga:</p><p>o Definição: A pós-carga é a resistência que o ventrículo deve superar para ejetar</p><p>o sangue na circulação. Ela está diretamente relacionada à pressão arterial</p><p>sistêmica para o ventrículo esquerdo e à pressão pulmonar para o ventrículo</p><p>direito.</p><p>o Fatores Determinantes: A pós-carga é influenciada pela pressão arterial e pela</p><p>resistência vascular. Um aumento na pós-carga (como ocorre na hipertensão)</p><p>força o coração a trabalhar mais para ejetar o sangue, o que pode reduzir o</p><p>volume sistólico se o coração não conseguir gerar força suficiente.</p><p>3. Contratilidade:</p><p>o Definição: A contratilidade refere-se à força intrínseca de contração do</p><p>músculo cardíaco, independente da pré-carga e da pós-carga. Ela representa a</p><p>capacidade do coração de bombear o sangue de maneira eficaz.</p><p>o Fatores Determinantes: A contratilidade é aumentada por estímulos</p><p>simpáticos (noradrenalina/adrenalina) e por inotrópicos positivos (como</p><p>digitálicos). Ela pode ser reduzida por condições como insuficiência cardíaca ou</p><p>uso de inotrópicos negativos (como betabloqueadores). Uma maior</p><p>contratilidade aumenta o volume sistólico, pois o coração é capaz de ejetar</p><p>mais sangue por batimento.</p><p>Resumo das Interações</p><p> FC: Afetada por controle neural e hormonal; influencia diretamente o DC.</p><p> Pré-carga: Influencia o volume sistólico através do mecanismo de Frank-Starling; maior</p><p>pré-carga geralmente resulta em maior volume sistólico e, portanto, maior DC.</p><p> Pós-carga: Uma alta pós-carga aumenta o trabalho cardíaco e pode reduzir o volume</p><p>sistólico; portanto, afeta negativamente o DC se o coração não compensar.</p><p> Contratilidade: Aumenta o volume sistólico independentemente da pré-carga e da pós-</p><p>carga, contribuindo para um maior DC.</p><p>3-COMPREENDER AS RESPOSTAS ADAPTATIVAS FISIOLÓGICAS CARDÍACAS AO EXERCÍCIO DE</p><p>CURTO E LONGO PRAZO.</p><p>Respostas Cardíacas ao Exercício de Curto Prazo</p><p>Durante o exercício de curto prazo, o corpo precisa de uma resposta rápida para atender à</p><p>demanda aumentada de oxigênio e energia. As principais adaptações cardíacas incluem:</p><p>1. Aumento da Frequência Cardíaca (FC):</p><p>o Imediatamente após o início do exercício, há um aumento na frequência</p><p>cardíaca para bombear mais sangue para os músculos ativos. Isso ocorre</p><p>devido à ativação do sistema nervoso simpático e à redução da atividade do</p><p>sistema parassimpático.</p><p>2. Aumento do Volume Sistólico (VS):</p><p>o O volume sistólico, que é a quantidade de sangue ejetada pelo ventrículo em</p><p>cada batimento, também aumenta durante o exercício, principalmente devido</p><p>ao aumento do retorno venoso e à maior força de contração cardíaca (efeito</p><p>inotrópico positivo).</p><p>3. Aumento do Débito Cardíaco (DC):</p><p>o O débito cardíaco, que é o volume de sangue ejetado pelo coração por minuto</p><p>(DC = FC x VS), aumenta drasticamente para atender às maiores demandas</p><p>energéticas dos músculos.</p><p>4. Redistribuição do Fluxo Sanguíneo:</p><p>o Durante o exercício, o fluxo sanguíneo é redistribuído, com maior perfusão</p><p>para os músculos ativos e menor perfusão para órgãos como o trato</p><p>gastrointestinal e os rins. Isso é mediado por ajustes na resistência vascular.</p><p>5. Aumento da Pressão Arterial:</p><p>o Embora a pressão arterial média aumente, o aumento é mais evidente na</p><p>pressão sistólica. A pressão diastólica pode se manter estável ou até diminuir</p><p>ligeiramente, dependendo do tipo de exercício.</p><p>Respostas Cardíacas ao Exercício de Longo Prazo (Treinamento Físico)</p><p>Com o treinamento físico regular, o coração passa por várias adaptações morfológicas e</p><p>funcionais que aumentam sua eficiência a longo prazo. Estas são as principais adaptações:</p><p>1. Hipertrofia Cardíaca:</p><p>o Com o tempo, ocorre uma hipertrofia ventricular, especialmente no ventrículo</p><p>esquerdo. Isso não significa hipertrofia patológica, mas uma adaptação</p><p>saudável em que a massa muscular cardíaca aumenta, tornando o coração</p><p>mais</p><p>forte.</p><p>o O tipo de hipertrofia pode variar conforme o tipo de exercício: no treinamento</p><p>de resistência (como corrida), há um aumento do volume das câmaras</p><p>cardíacas (hipertrofia excêntrica), enquanto no treinamento de força (como</p><p>levantamento de peso), ocorre mais espessamento da parede ventricular</p><p>(hipertrofia concêntrica).</p><p>2. Redução da Frequência Cardíaca em Repouso:</p><p>o Uma das adaptações mais marcantes é a redução da frequência cardíaca em</p><p>repouso, chamada de bradicardia do atleta. Isso ocorre porque o coração</p><p>treinado é mais eficiente e pode bombear a mesma quantidade de sangue com</p><p>menos batimentos.</p><p>3. Aumento do Volume Sistólico em Repouso e Durante o Exercício:</p><p>o O coração treinado é capaz de bombear mais sangue por batimento, o que</p><p>aumenta o volume sistólico em repouso e durante o exercício. Isso permite</p><p>uma maior capacidade de trabalho cardíaco com menos esforço.</p><p>4. Aumento do Débito Cardíaco Máximo:</p><p>o O débito cardíaco máximo, que é a quantidade máxima de sangue que o</p><p>coração pode bombear por minuto, aumenta com o treinamento. Isso se deve</p><p>principalmente ao aumento do volume sistólico máximo, já que a frequência</p><p>cardíaca máxima tende a se manter relativamente estável com o treinamento.</p><p>5. Melhoria da Capacidade de Ejeção:</p><p>o A fração de ejeção (porcentagem do volume diastólico final que é ejetada</p><p>durante a sístole) melhora com o treinamento, indicando que o coração se</p><p>torna mais eficaz em bombear o sangue.</p><p>6. Melhora na Recuperação Cardíaca:</p><p>o O coração treinado recupera-se mais rapidamente após o exercício, voltando à</p><p>frequência cardíaca de repouso de maneira mais eficiente. Isso reflete uma</p><p>melhoria na capacidade autonômica de regular o coração.</p><p>7. Redução da Pressão Arterial em Repouso:</p><p>o A pressão arterial em repouso tende a diminuir com o treinamento regular,</p><p>especialmente em pessoas com hipertensão. Isso é devido à melhora na</p><p>elasticidade dos vasos sanguíneos e na eficiência cardíaca.</p><p>Comparação: Curto Prazo vs. Longo Prazo</p><p> Curto Prazo: As adaptações são agudas e visam atender à demanda imediata de</p><p>oxigênio, com aumento da frequência cardíaca, volume sistólico e débito cardíaco.</p><p> Longo Prazo: As adaptações resultam em mudanças estruturais e funcionais que</p><p>tornam o coração mais eficiente, com menor frequência cardíaca em repouso, maior</p><p>volume sistólico e melhor capacidade de recuperação.</p><p>REFERÊNCIAS:</p><p>SILVERTHORN, D. U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre:</p><p>Artmed, 2017.</p><p>HALL, J. E.; GUYTON, A. C. Tratado de fisiologia médica. 14. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2020.</p><p>Seo, DY, Kwak, HB., Kim, AH et al. Adaptação cardíaca ao treinamento físico na saúde e na</p><p>doença. Arco de Pflugers - Eur J Physiol 472 , 155–168 (2020). https://doi.org/10.1007/s00424-</p><p>019-02266-3</p>