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<p>Indaial – 2023</p><p>Pedagogia da educação</p><p>infantil</p><p>Prof.ª Cristina Danna Steuck</p><p>Prof.ª Lúcia Cristiane Moratelli Pianezzer</p><p>3a Edição</p><p>Copyright © UNIASSELVI 2023</p><p>Elaboração:</p><p>Prof.ª Cristina Danna Steuck</p><p>Prof.ª Lúcia Cristiane Moratelli Pianezzer</p><p>Revisão, Diagramação e Produção:</p><p>Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI</p><p>Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri</p><p>UNIASSELVI – Indaial.</p><p>Impresso por:</p><p>S842p</p><p>Steuck, Cristina Danna</p><p>Pedagogia da educação infantil. / Cristina Danna Steuck; Lúcia</p><p>Cristiane Moratelli Pianezzer. – Indaial: UNIASSELVI, 2023.</p><p>260 p.; il.</p><p>ISBN</p><p>ISBN Digital</p><p>1. Educação infantil. - Brasil. I. Pianezzer, Lúcia Cristiane Moratelli.</p><p>II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.</p><p>CDD 370</p><p>aPresentação</p><p>Falar da Educação Infantil normalmente nos emociona. Em primeiro</p><p>lugar, pela responsabilidade que temos nas mãos, em seguida, pela dedicação</p><p>e paciência que se fazem necessárias no convívio com crianças tão lindas,</p><p>frágeis e pequenas. Por fim, emociona-nos pela paixão que subitamente</p><p>nasce no peito quando olhamos nos olhos de uma criança.</p><p>Trabalhar com a Educação Infantil é simplesmente maravilhoso! Isso</p><p>não quer dizer que seja fácil... Normalmente, não é, justamente pela dedicação</p><p>exigida do profissional que lida com esta faixa etária para o desenvolvimento</p><p>e aprendizagem saudável dos educandos, em todos os aspectos.</p><p>Ao folhear, ler e estudar este Livro didático, você encontrará</p><p>materiais que poderão servir de suporte ou embasamento teórico para suas</p><p>ações enquanto educador. Você poderá, inclusive, refletir sobre o cotidiano</p><p>das instituições de Educação Infantil e valer-se de uma série de dicas a fim</p><p>de enriquecer sua prática pedagógica.</p><p>Para tanto, dividimos o livro de estudos em três unidades. Na</p><p>Unidade 1, nosso foco se voltará às teorias defendidas por importantes</p><p>teóricos, e faremos uma síntese sobre o papel da escola (Instituição de</p><p>Educação Infantil) e do professor dentro de cada uma das teorias.</p><p>Já na Unidade 2, abordaremos as questões que envolvem o espaço</p><p>físico, a rotina e o tempo na Educação Infantil. Além disso, conheceremos</p><p>como se dá o planejamento por parte do educador e como ele trabalha a</p><p>construção da autonomia e da identidade nas crianças, apoiados nos</p><p>documentos norteadores da Educação Infantil, dentre eles a Base Nacional</p><p>Comum Curricular (BNCC), com seus direitos de aprendizagem e</p><p>desenvolvimento, a partir dos campos de experiências.</p><p>Por fim, na Unidade 3, a nossa atenção se voltará sobre as múltiplas</p><p>linguagens na abordagem de Reggio Emília, a importância da afetividade</p><p>e das interações na Educação Infantil e o desenvolvimento de trabalhos</p><p>por meio da pedagogia de projetos, uma “nova” perspectiva na arte de</p><p>ensinar e aprender. Vale a pena conhecer cada detalhe desta pedagogia que</p><p>envolve as áreas do conhecimento e a comunidade escolar, em uma teia</p><p>de conhecimentos gerada a partir do interesse das crianças. Ainda nesta</p><p>unidade, serão abordadas questões pertinentes à avaliação e ao registro.</p><p>Por meio do estudo dos temas explanados neste livro, pretendemos</p><p>conduzi-lo na construção de conhecimentos e na busca incessante do “saber”,</p><p>acompanhado do “saber fazer”. Que nossas discussões teórico-práticas</p><p>ajudem você na compreensão do universo infantil.</p><p>Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para</p><p>você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há</p><p>novidades em nosso material.</p><p>Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é</p><p>o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um</p><p>formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.</p><p>O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova</p><p>diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também</p><p>contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.</p><p>Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,</p><p>apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade</p><p>de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.</p><p>Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para</p><p>apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto</p><p>em questão.</p><p>Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas</p><p>institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa</p><p>continuar seus estudos com um material de qualidade.</p><p>Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de</p><p>Desempenho de Estudantes – ENADE.</p><p>Bons estudos!</p><p>NOTA</p><p>Esperamos que você se sinta motivado a ir além dos escritos</p><p>deste livro, participando ativamente de todo o seu processo de ensino-</p><p>aprendizagem, por meio de outras ferramentas de apoio como o Ambiente</p><p>Virtual de Aprendizagem (AVA), trilhas de aprendizagens, fórum, enquete,</p><p>materiais de apoio... Enfim, sinta-se acompanhado e aplaudido durante toda</p><p>sua caminhada nesta Instituição.</p><p>Bons estudos e profundas reflexões!</p><p>Prof.ª Cristina Danna Steuck</p><p>Prof.ª Lúcia Cristiane Moratelli Pianezzer</p><p>Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela</p><p>um novo conhecimento.</p><p>Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro</p><p>que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá</p><p>contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares,</p><p>entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.</p><p>Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.</p><p>Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!</p><p>LEMBRETE</p><p>sumário</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO</p><p>INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA ..................................................... 1</p><p>TÓPICO 1 — A PEDAGOGIA WALDORF........................................................................................ 3</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3</p><p>2 RUDOLF STEINER (1861-1925) ......................................................................................................... 3</p><p>3 A PEDAGOGIA WALDORF .............................................................................................................. 5</p><p>4 METODOLOGIA ............................................................................................................................... 12</p><p>5 PAPEL DO PROFESSOR NA ESCOLA WALDORF ................................................................... 15</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 17</p><p>AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 19</p><p>TÓPICO 2 — A PEDAGOGIA MONTESSORI .............................................................................. 21</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 21</p><p>2 MARIA MONTESSORI (1870-1952)............................................................................................... 22</p><p>3 CASE DEI BAMBINI (Casa das Crianças) .................................................................................... 25</p><p>4 METODOLOGIA ............................................................................................................................... 27</p><p>5 PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO MONTESSORI .................................................... 31</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2.....................................................................................................................</p><p>Esforçou-se em criar materiais didáticos que</p><p>motivassem as crianças de tal forma a estimular um maior contato com a sua</p><p>própria consciência. Um de seus principais focos são as atividades independentes,</p><p>ou seja, cada criança escolhe o material com o qual irá trabalhar a cada dia. Para</p><p>Montessori (1966 apud RÖHRS, 2010), o indivíduo é o que é, não por causa dos</p><p>professores que ele teve, mas pelo que ele realizou sozinho.</p><p>De acordo com Montessori (1966 apud RÖHRS, 2010), as crianças percebem</p><p>intuitivamente o seu crescimento e o quanto de conhecimento adquiriram ao</p><p>realizarem cada atividade, manifestando esta consciência em forma de alegria,</p><p>felicidade. “Essa tomada de consciência sempre crescente favorece a maturidade.</p><p>Se damos a uma criança o sentimento de seu valor, ela se sente livre e seu trabalho</p><p>não lhe pesa mais” (MONTESSORI, 1966 apud RÖHRS, 2010, p. 28).</p><p>O material didático desenvolvido por Montessori tem a função de ajudar</p><p>a criança a crescer tranquilamente, a “crescer na paz”, adquirindo a tão esperada</p><p>responsabilidade, objetivo dos trabalhos de Montessori com as crianças. Os</p><p>materiais didáticos desenvolvidos por Montessori constituem-se em cinco grupos:</p><p>TÓPICO 2 — A PEDAGOGIA MONTESSORI</p><p>29</p><p>FIGURA 8 – MATERIAIS DIDÁTICOS MONTESSORI</p><p>FONTE: A autora</p><p>Entre os materiais didáticos desenvolvidos por Montessori, podemos</p><p>citar o Material Dourado. Você já deve ter ouvido falar dele. Ele é formado</p><p>geralmente por peças de madeira em formato de cubo, placa, barra e cubinhos</p><p>e é muito utilizado na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental</p><p>para ensinar as quatro operações fundamentais da matemática. No Caderno de</p><p>Metodologia e Conteúdos Básicos de Matemática, você conhecerá um pouco mais</p><p>sobre a utilização e a confecção deste material.</p><p>Você já ouviu falar nos materiais educativos Montessori? Quer conhecer</p><p>um pouco mais? Veja a nossa indicação de leitura:</p><p>Todos os materiais didáticos desenvolvidos por Montessori foram</p><p>metodicamente criados e padronizados, de tal forma que a criança que escolhesse</p><p>livremente brincar com um dos objetos, fosse conduzida, sem saber, a desenvolver-</p><p>se intelectualmente pelas situações previamente determinadas.</p><p>Indicação de leitura: MONTESSORI, M. Pedagogia científica: a descoberta da</p><p>criança. São Paulo: Flamboyant, 1965.</p><p>Este livro foi o primeiro escrito por Montessori. Ele relata a sua experiência e seu método,</p><p>desde o início da sua caminhada como professora.</p><p>DICAS</p><p>30</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>Para cada um dos sentidos, havia um exercício que promovia o</p><p>desenvolvimento de todas as funções corporais. Esses exercícios eram praticados</p><p>em grupo e socializados através de uma discussão, reforçando seu aspecto social</p><p>de educação.</p><p>Quando a criança se encontra diante do material, ela responde com</p><p>um trabalho concentrado, sério, que parece extrair o melhor de sua</p><p>consciência. Parece realmente que as crianças estão atingindo a</p><p>maior conquista de que seus espíritos são capazes: o material abre</p><p>à inteligência vias que, nessa idade, seriam inacessíveis sem ele</p><p>(MONTESSORI, 1969, p. 197-198 apud RÖHRS, 2010, p. 23).</p><p>Desta forma, o professor deixa de ser o centro do processo educativo e passa</p><p>a agir de fora. Sua tarefa é observar cientificamente e descobrir as necessidadese</p><p>possibilidades dos alunos. De acordo com Montessori (1972, p. 38 apud RÖHRS,</p><p>2010, p. 22), “[...] para que [a criança] progrida rapidamente, é necessário que a</p><p>vida prática e a vida social estejam intimamente misturadas à sua cultura”.</p><p>FIGURA 9 – CRIANÇAS COM JOGOS NO JARDIM DA ESCOLA MONTESSORI</p><p>FONTE: <http://www.michaelolaf.net/montessori%20school%20outside.gif>. Acesso em: 16 abr. 2021.</p><p>Para Montessori (1965), a educação das crianças deve ser equilibrada desde</p><p>o início, produzindo impressões positivas de expectativa e comportamento, a</p><p>fim de desenvolver estruturas e esquemas com os quais novas experiências serão</p><p>confrontadas.</p><p>Para ser eficaz, uma atividade pedagógica deve consistir em</p><p>ajudar as crianças a avançar no caminho da independência; assim</p><p>compreendida, esta ação consiste em iniciá-la nas primeiras formas de</p><p>atividade, ensinando-as a serem autossuficientes e a não incomodar</p><p>os outros. Ajudá-las a aprender a caminhar, a correr, subir e descer</p><p>escadas, apanhar objetos do chão, vestir-se e pentear-se, lavar-se, falar</p><p>TÓPICO 2 — A PEDAGOGIA MONTESSORI</p><p>31</p><p>indicando claramente as próprias necessidades, procurar realizar a</p><p>satisfação de seus desejos: eis o que é uma educação na independência</p><p>(MONTESSORI, 1965, p. 71).</p><p>De acordo com Montessori (1965), existem momentos em que a criança está</p><p>mais receptiva a determinadas experiências (aprender a linguagem, ter domínio</p><p>das relações etc.), ao que chamou de períodos sensíveis na aprendizagem. Se</p><p>neste momento a criança receber a atenção necessária, o professor pode promover</p><p>períodos de aprendizagem intensa e eficaz. Caso o professor deixe passar este</p><p>momento, as possibilidades que a criança oferece serão para sempre perdidas.</p><p>5 PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO MONTESSORI</p><p>Maria Montessori tentou criar uma ciência da educação, cuja abordagem</p><p>constituía-se numa ciência da observação, exigindo de todos os participantes do</p><p>processo educativo uma formação nesses métodos, permitindo maior controle e</p><p>verificação científica.</p><p>Montessori pensou num educador diferente: “No lugar da palavra, [ele</p><p>deve] aprender o silêncio; no lugar de ensinar, ele deve observar; no lugar de se</p><p>revestir de uma dignidade orgulhosa que quer parecer infalível, se revestir de</p><p>humildade”. (MONTESSORI, 1976, p. 123 apud RÖHRS, 2010, p. 24).</p><p>FIGURA 10 – MONTESSORI COM AS CRIANÇAS</p><p>FONTE:<https://i0.wp.com/users.posobie.info/mt/a8b101cdaea317a4e98729df4b7b47e6.jpg>.</p><p>Acesso em: 16 abr. 2021.</p><p>Para Montessori, cada criança leva dentro de si as potencialidades do</p><p>homem que virá a ser um dia, podendo desenvolver, assim, suas capacidades</p><p>físicas, emocionais, intelectuais e espirituais ao máximo.</p><p>32</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>A Pedagogia Científica leva em consideração uma escola que permite o</p><p>desenvolvimento das manifestações espontâneas e da personalidade da criança.</p><p>“[...] deve surgir uma pedagogia do estudo individual do escolar, isto somente será</p><p>possível graças à observação de crianças livres, isto é, de crianças observadas</p><p>e estudadas em suas livres manifestações, sem nenhum constrangimento</p><p>(MONTESSORI, 1965, p. 25, grifos no original).</p><p>Para que isto aconteça, tornava-se necessário:</p><p>“[...] despertar na consciência do educador o interesse pelas manifestações</p><p>dos fenômenos naturais em geral, levando-o a amar a natureza e sentir a</p><p>ansiosa expectativa de todo aquele que aguarda o resultado de uma</p><p>experiência que preparou com cuidado e carinho” (MONTESSORI,</p><p>1965, p. 13, grifos no original).</p><p>Montessori entende o trabalho do professor como o de um guia:</p><p>[...] ensinando o manuseio do material, a procura de palavras exatas,</p><p>orientando cada trabalho; guia ao impedir qualquer desperdício de</p><p>energia ou, eventualmente, restabelecendo o equilíbrio. Verdadeiro</p><p>guia no caminho da vida, ele não instiga nem estanca; satisfaz-se</p><p>com sua tarefa ao indicar a esse valioso peregrino, que é a criança, o</p><p>caminho certo e seguro (MONTESSORI, 1965, p. 88).</p><p>De acordo com Montessori (2003), tornar-se um “professor Montessori” é</p><p>tornar-se um alegre observador, e livrar-se da onipotência.</p><p>Se o professor puder realmente penetrar no prazer de ver as coisas</p><p>nascendo e crescendo sob seus próprios olhos e puder vestir-se com</p><p>o traje da humildade, muitos prazeres – que são negados àqueles que</p><p>assumem infalibilidade e autoridade diante de uma classe – estarão</p><p>reservados a ele (MONTESSORI, 2003, p. 123).</p><p>Para Montessori (2003), o professor torna-se vencedor ao renunciar ao</p><p>poder e à autoridade, atingindo uma paciência, um imenso interesse em assistir,</p><p>a paciência de um cientista.</p><p>O mestre há de ter não só a capacidade de um preparador de</p><p>laboratório, como também o interesse de um observador ante os</p><p>fenômenos naturais. Segundo nossa metodologia, deverá ser mais</p><p>”paciente” que “ativo”; e sua paciência se alimentará de uma</p><p>ansiosa curiosidade científica e de respeito pelos fenômenos que há</p><p>de observar, é necessário que o mestre entenda e viva seu papel de</p><p>observador [...]. (MONTESSORI, 1965, p. 69).</p><p>E então, caro acadêmico, você observa as crianças com as quais trabalha</p><p>ou convive no seu dia a dia? Que tal exercitar-se para isto? Afinal, esta é uma</p><p>qualidade importante ao educador! Inicie observando as crianças que lhe são</p><p>mais próximas: filhos, sobrinhos ou primos – não apenas no sentido de olhá-las,</p><p>mas, sim, de percebê-las e compreendê-las.</p><p>TÓPICO 2 — A PEDAGOGIA MONTESSORI</p><p>33</p><p>Você, acadêmico, já conhecia os materiais didáticos propostos por Montessori?</p><p>Utiliza algum deles em suas aulas? Quais? De que forma?</p><p>UNI</p><p>34</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• Montessori nasceu em 1870, na Itália, onde concluiu o curso de medicina.</p><p>Sempre se interessou pelo ensino de crianças com deficiência. Faleceu em</p><p>1952, com 81 anos.</p><p>• As casas das crianças eram espaços adaptados ao tamanho da criança, de forma</p><p>a desenvolver o senso de responsabilidade de cada uma.</p><p>• O papel do professor é ajudar a criança a avançar na própria independência,</p><p>estimulando-a a realizar, sozinha, as tarefas do dia a dia.</p><p>• Montessori criou o programa com exercícios da vida diária, para que as</p><p>crianças pudessem vivenciar a vida real realizando atividades do cotidiano.</p><p>• Os exercícios propostos por Montessori estimulavam a paciência, a exatidão e</p><p>a repetição, reforçando a concentração da criança.</p><p>• Montessori criou diversos materiais didáticos, com o intuito de motivar a</p><p>criança a ter maior contato com a sua própria consciência.</p><p>• Os materiais didáticos de Montessori constituem-se em cinco grupos: material</p><p>sensorial; material de linguagem; material de matemática; material de ciências</p><p>e material de conteúdo adulto.</p><p>• Todos os materiais criados por Montessori, que a criança pode escolher livremente,</p><p>fazem com que ela, mesmo sem saber, desenvolva-se intelectualmente.</p><p>• Para Montessori, o professor deixa de ser o centro do processo educativo e</p><p>passa a agir de fora, observando.</p><p>• Existem períodos sensíveis de aprendizagem, aos quais o professor deve</p><p>estar atento, a fim de estimular a criança para o aprendizado ao qual está</p><p>mais sensível. Se o professor deixar passar este período, esta possibilidade de</p><p>intervenção estará para sempre perdida.</p><p>• Para Montessori, ser um professor Montessori é tornar-se um alegre observador</p><p>e livrar-se da onipotência. Deve renunciar ao poder da autoridade, atingindo</p><p>uma intensa paciência e um imenso interesse em assistir.</p><p>35</p><p>1 Para Montessori, o professor tem um papel importante. Qual é esse papel?</p><p>2 De que forma a criança aprende na educação Montessori?</p><p>3 Montessori nasceu em 1870, na Itália. Sua formação profissional era em:</p><p>a) ( ) Psicologia.</p><p>b) ( ) Pedagogia.</p><p>c) ( ) Educação Especial.</p><p>d) ( ) Medicina.</p><p>4 Para Montessori, o papel do professor consistia em:</p><p>a) ( ) Ajudar a criança em todas as suas atividades.</p><p>b) ( ) Limitar as atividades das crianças, sob sua condução direta.</p><p>c) ( ) Ajudar a criança a avançar no caminho da própria independência.</p><p>d) ( ) Servir a criança, poupando-a dos perigos.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>36</p><p>37</p><p>TÓPICO 3 —</p><p>UNIDADE 1</p><p>A PEDAGOGIA FREINET</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Você já ouviu falar em Freinet ou na Pedagogia do Bom Senso? E na</p><p>Pedagogia do Trabalho ou na Pedagogia do Êxito? É bem provável que já tenha</p><p>ouvido falar nas aulas-passeio (ou estudos de campo), na troca de correspondências</p><p>entre escolas ou nos cantinhos pedagógicos, certo? Estas atividades foram</p><p>desenvolvidas por Freinet e encontram-se difundidas em milhares de escolas.</p><p>Será que Freinet foi um professor tradicional? O que você pensa a respeito? Você</p><p>conhece os conceitos e atividades desenvolvidas por ele?</p><p>Em vez de considerar, como faz a escola tradicional, que a criança nada</p><p>sabe e que ao educador cabe ensinar-lhe tudo – o que é pretensioso e</p><p>irrealizável – partimos, para o nosso ensino, das tentativas naturais à</p><p>ação, à criação, ao amor do belo, à necessidade de se exprimir e de se</p><p>exteriorizar. Ajudamos o indivíduo a realizar-se e a apurar, pela ação, o</p><p>seu sentido artístico e latente [...] nele preservamos e cultivamos o seu</p><p>sentido literário, poético, científico, matemático; e, com este expediente,</p><p>vamos sempre mais alto e mais longe [...]. (FREINET, 1977, p. 237).</p><p>Bem longe de ser um educador tradicional, Freinet foi um observador</p><p>sensível e atencioso. Percebeu que a escola existente na época era muito autoritária</p><p>e insensível com os alunos e procurou formas de aproximar a escola do dia a</p><p>dia das crianças. Abandonou os manuais escolares tradicionais e criou um novo</p><p>modo de trabalho junto com os seus alunos, procurando responder às indagações</p><p>que surgiam no cotidiano, nas diferentes áreas do conhecimento. Freinet sugeriu,</p><p>através de suas publicações, que alunos e professores criassem seus próprios</p><p>textos e fichas de estudo para a aplicação das aulas.</p><p>Freinet foi um professor bastante ativo e preocupado com a educação.</p><p>Realizou diversos estudos e pesquisas, publicou diversos artigos e debates,</p><p>viajou muito em busca de novidades, procurando sempre inovar suas práticas</p><p>pedagógicas.</p><p>E então, acadêmico, vamos estudar um pouco mais sobre a vida de Freinet?</p><p>2 CÉLESTIN FREINET (1886-1966)</p><p>Para entendermos Freinet um pouco melhor, vamos nos apoiar nos textos</p><p>de Elias (2008), Sampaio (1989) e Oliveira (2005).</p><p>38</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>FIGURA 11 – FREINET</p><p>FONTE: <http://manual.websiteatschool.eu/en/intro.html>. Acesso em: 27 maio 2021.</p><p>Célestin Freinet nasceu em 15 de outubro de 1896, na cidade de Gars,</p><p>região de Provença no sul da França. Sua infância e juventude foi no campo, em</p><p>uma área rural, em meio aos valores e comportamentos do homem do campo, o</p><p>que influenciou sua atividade na pedagogia. Seus primeiros estudos foram em</p><p>uma escola sem muitos recursos e com métodos pedagógicos tradicionais.</p><p>Na adolescência, mudou-se para Nice a fim de cursar o Magistério. Entre</p><p>os anos 1914 e 1918, no período da Primeira Guerra Mundial, Freinet alistou-se no</p><p>exército, interrompendo seus estudos no magistério. Em 1914, lutou na guerra e</p><p>foi prejudicado pelos gases tóxicos utilizados no campo de batalha. Ganhou baixa</p><p>do exército, pois os gases afetaram seus pulmões para o resto da vida.</p><p>Antes de concluir o Curso Normal, iniciou suas atividades como professor</p><p>adjunto na aldeia de Bar-sur-Loup, em 1920, onde desenvolveu algumas das suas</p><p>principais técnicas: a aula-passeio e o livro da vida. Entre 1921 e 1924, fundou</p><p>uma cooperativa de trabalho junto com os aldeões e deu início às primeiras</p><p>correspondências entre as escolas. Preocupado com a qualidade do ensino e</p><p>engajado em conhecer novas práticas:</p><p>Freinet visita escolas consideradas de vanguarda da pedagogia mundial,</p><p>de Petersen, em Iena; de Altona, em Hamburgo; escolas soviéticas</p><p>vanguardistas e politécnicas; as escolas de Decroly e de Montessori,</p><p>respectivamente, na França e Itália; e a Casa dos Pequeninos, criada por</p><p>Claparède, em Genebra. (ELIAS, 2008, p. 25).</p><p>Envolvido pelas ideias da Escola Nova e influenciado pelos teóricos que</p><p>debatiam uma nova concepção de educação, infância e escola, Freinet trabalhou</p><p>ativamente com seus alunos de forma a construir práticas pedagógicas vivas.</p><p>TÓPICO 3 — A PEDAGOGIA FREINET</p><p>39</p><p>Em 1927, suas ideias e práticas já eram bastante conhecidas e divulgadas</p><p>para além da sua escola e aldeia. Naquele mesmo ano, fundou a Cooperativa</p><p>do Ensino Leigo, visando ao desenvolvimento e intercâmbio dos instrumentos</p><p>pedagógicos criados por ele. Mais ou menos por esta época, casou-se com Élise,</p><p>uma artista plástica que havia vindo trabalhar</p><p>com ele meses atrás. Editou o livro</p><p>“A Imprensa na Escola” e criou a revista “La Gerbe” (o ramalhete), contendo</p><p>poemas infantis. Mudou-se para Saint-Paul de Vence, com Élise, sua parceira e</p><p>divulgadora ativa dos seus trabalhos.</p><p>Nesta mesma época, Freinet participou de um Congresso Internacional</p><p>de Educação em Tours, publicando o primeiro número da Biblioteca de</p><p>Trabalho, composto por brochuras escritas por seus alunos e o fichário escolar</p><p>cooperativo. Em 1932, o movimento educacional iniciado por Freinet já havia</p><p>conquistado adeptos na Espanha e Bélgica. Entre 1933 e 1939, Freinet intensifica</p><p>a troca de correspondência entre escolas, tornando-se alvo de desconfianças dos</p><p>conservadores franceses e, por causa disto, é exonerado da função de professor</p><p>em Saint-Paul de Vence, mas continuou trabalhando na cooperativa.</p><p>Depois de algum tempo, com a ajuda de doações, Freinet abre a sua</p><p>própria escola: a Escola de Vence, mas o Ministério da Educação não areconhece</p><p>oficialmente, por não seguir os métodos pedagógicos da época. Apesar</p><p>disto, Freinet trabalha arduamente criando o Conselho Cooperativo (gestão</p><p>participativa), os jornais murais, a imprensa escolar, as fichas autocorretivas, a</p><p>correspondência escolar, os ateliers de arte, as aulas-passeio e o Livro da Vida</p><p>(mais à frente, nos aprofundaremos mais em cada uma destas metodologias).</p><p>Junto a Romain Rolland, Freinet lança o movimento Frente da Infância.</p><p>Com o início da Segunda Guerra Mundial, Freinet é preso e vai para o</p><p>campo de concentração de Var, onde adoece novamente do pulmão. Neste período,</p><p>em que passou preso, Freinet aproveitou para dar aulas aos seus companheiros</p><p>de prisão e escrever suas obras pedagógicas. Élise se esforça em libertá-lo e, após</p><p>um ano, finalmente consegue. Ao sair, Freinet passa a integrar o Movimento da</p><p>Resistência Francesa.</p><p>Escola Nova é um movimento em prol da renovação do ensino, que foi</p><p>especialmente forte na Europa, na América e no Brasil, na primeira metade do século</p><p>XX. Este movimento é contra ensino tradicional centrado no professor e nos materiais</p><p>didáticos prontos, propondo uma educação mais ativa e centrada no aluno. No Brasil, este</p><p>movimento tornou-se mais visível a partir da década de 1930, como Manifesto dos Pioneiros</p><p>da Educação Nova (1932). Para conhecer um pouco mais sobre este movimento no Brasil,</p><p>acesse: https://educador.brasilescola.uol.com.br/gestao-educacional/escola-nova.htm</p><p>NOTA</p><p>40</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>Após o final da Segunda Guerra, Freinet e Élise reorganizam a escola</p><p>e a cooperativa em Vence. Entre 1947 e 1956, Freinet cria o Institut Coopératif</p><p>de l'École Moderne (ICEM), em português, Instituto Cooperativo da Escola</p><p>Moderna, e lança uma campanha em nível nacional em favor da reforma do</p><p>número máximo de alunos em sala de aula: 25, algo que antes girava em torno de</p><p>40 alunos. No ano seguinte, seus seguidores fundam a Federação Internacional</p><p>dos Movimentos da Escola Moderna (FIMEM), que atualmente reúne educadores</p><p>de mais de 40 países.</p><p>A partir dos anos 1950, a Pedagogia Freinet já estava consolidada e, ao</p><p>falecer, em 1966, com 80 anos, Freinet já era reconhecido mundialmente como</p><p>crítico da escola tradicional e reformulador das teorias da Escola Nova.</p><p>3 A PEDAGOGIA FREINET</p><p>Célestin Freinet foi professor primário durante quase toda a sua vida,</p><p>desenvolvendo sua teoria com base na sua prática pedagógica. Isto o torna</p><p>diferente de outros teóricos ou pensadores da educação, que apenas pensaram</p><p>sobre a escola sem vivenciar o dia a dia da sala de aula.</p><p>As propostas pedagógicas de Freinet, desenvolvidas conjuntamente com</p><p>as crianças, visavam desenvolver o gosto pelo trabalho, pela escola e torná-las</p><p>cidadãos críticos e conscientes do seu meio social. De acordo com Elias (2008,</p><p>p. 13), Freinet “[...] propõe a edificação de uma escola prazerosa, onde a criança</p><p>queira estar, permanecer, onde o coração, a afetividade e as emoções predominem,</p><p>onde haja alegria e prazer para descobrir e aprender”.</p><p>E aí, acadêmico? Ficou curioso ou apaixonado por Freinet? Quer conhecer um</p><p>pouco mais sobre ele? Assista ao filme Célestin Freinet, da Coleção Grandes Educadores,</p><p>Edições Paulinas.</p><p>Sinopse: Célestin Freinet foi um dos maiores educadores do século XX. Pedagogo</p><p>humanista, autodidata, político e sindical, sintetizou em sua obra as aquisições da psicologia</p><p>e da pedagogia, tornando-as aplicáveis às práticas cotidianas em classe. A Pedagogia</p><p>Freinet é um conjunto original de propostas teóricas, instrumentos e técnicas assentadas</p><p>em alguns princípios e eixos pedagógicos: cooperação, livre expressão, responsabilidade,</p><p>solidariedade, comunicação e documentação. Freinet, através de seu método natural de</p><p>aprendizagem, deixa um importante legado para a formação de seres íntegros, sociais e</p><p>políticos, capazes de trilhar seus destinos individual e socialmente na construção de uma</p><p>sociedade democrática e pacífica.</p><p>FONTE: <http://cineaprendizagem.blogspot.com.br/2010/08/celestin-freinet.html>. Acesso</p><p>em: 16 maio 2021.</p><p>DICAS</p><p>TÓPICO 3 — A PEDAGOGIA FREINET</p><p>41</p><p>Freinet entendia que a educação deveria proporcionar à criança a</p><p>realização de um trabalho existente na vida real. Para realizar suas propostas</p><p>de ensino, Freinet pesquisava de que forma a criança pensava e como construía</p><p>o conhecimento. Por meio da observação sabia de que forma, quando e como</p><p>intervir na aprendizagem da criança e despertar nela a vontade deaprender.</p><p>No seu Livro de Notas, que veio a substituir o Diário de Guerra, Freinet</p><p>anotava todos os dias tudo o que ouvia dos alunos, os termos repletos</p><p>de poesia, as observações e gestos originais e espontâneos, tudo, enfim,</p><p>que o ajudasse a conhecer melhor a personalidade de cada criança, seus</p><p>sucessos e insucessos. Otimista, vê na ação educativa o motor condutor</p><p>do progresso social e moral da sociedade (ELIAS, 2008, p. 23).</p><p>Para Sampaio (1989), a Pedagogia Freinet veio atender à necessidade vital</p><p>da criança de chegar ao seu pleno desabrochar como um indivíduo autônomo,</p><p>um ser responsável socialmente, codetentor e coedificador de uma cultura.</p><p>Sua pedagogia centrava-se em quatro eixos:</p><p>FIGURA 12 – EIXOS DA PEDAGOGIA FREINET</p><p>FONTE: A autora</p><p>A prática pedagógica de Freinet tem por base a cooperação entre</p><p>educadores, entre estudantes e entre ambos. Freinet acreditava tanto no trabalho</p><p>cooperativo que criou diversas cooperativas, como vimos anteriormente, lançando</p><p>o movimento pedagógico cooperativo. Freinet (1975, p. 21) dizia que ele e seus</p><p>companheiros haviam “rompido o círculo do individualismo estéril".</p><p>Sua proposta pedagógica unia a cooperação do trabalho coletivo e a</p><p>valorização da produção individual da criança, ou seja, respeitava o ritmo da</p><p>criança, mas fazia com que ela percebesse que pertencia a um grupo e que sua</p><p>produção tinha valor não apenas para si, mas também para o grupo no qual</p><p>convivia, podendo ser inclusive ampliada e modificada com o auxílio dos colegas.</p><p>De acordo com Elias (2008, p. 42):</p><p>42</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>[...] a Pedagogia Freinet pode ser vista como uma prática coletiva, uma</p><p>vez que tem por objetivo maior o desenvolvimento da compreensão</p><p>crítica da realidade e a ação participativa na transformação, segundo</p><p>as necessidades de todos. Portanto, o sujeito da ação coletiva e da</p><p>educação não é o indivíduo, mas o conjunto de pessoas que participam</p><p>do processo.</p><p>Segundo Sampaio (1989), a Pedagogia Freinet conseguia esta cooperação</p><p>por desenvolver as seguintes capacidades:</p><p>FIGURA 13 – CAPACIDADES DESENVOLVIDAS PELA PEDAGOGIA FREINET</p><p>FONTE: A autora</p><p>Para garantir o desenvolvimento destas capacidades, Freinet criou diversas</p><p>técnicas, que veremos no próximo item, e as Invariantes Pedagógicas, que darão</p><p>suporte para o professor utilizá-las.</p><p>No item “Papel do Professor na Escola Freinet”, veremos um pouco mais sobre</p><p>as invariantes pedagógicas propostas</p><p>por Freinet.</p><p>ESTUDOS FU</p><p>TUROS</p><p>TÓPICO 3 — A PEDAGOGIA FREINET</p><p>43</p><p>Freinet trabalha com uma proposta que privilegia a aprendizagem por</p><p>meio de experiências. Para ele, se a criança acertar um experimento, irá repeti-lo</p><p>por diversas vezes até avançar com a cooperação do professor. De acordo com Elias</p><p>(2008, p. 47):</p><p>As características da Pedagogia Freinet [...] são a cooperação, a</p><p>comunicação compartilhada e a tomada de decisões. Empenhada</p><p>numa atividade que a requisite física e psicologicamente, a criança é</p><p>naturalmente disciplinada, concentra-se nas atividades e se realiza, ao</p><p>descobrir suas potencialidades.</p><p>Na proposta de Freinet, a relação professor/aluno é muito importante no</p><p>processo de aprendizagem da criança. Além disso, o professor não deve nunca</p><p>ignorar o aspecto político e social da comunidade onde a escola está inserida, pois</p><p>sua pedagogia deve preocupar-se com a formação de um ser social atuante e crítico.</p><p>Sua trajetória, portanto, enquanto professor primário, leva-o a</p><p>estabelecer um paralelo entre educação e política. Centrado na ideia</p><p>do trabalho, valoriza o homem, o coletivo, o homem da periferia e das</p><p>classes trabalhadoras, considerando ser necessário levar o educando a</p><p>construir a própria realidade histórico-social (ELIAS, 2008, p. 14).</p><p>Para Freinet (1975), o professor deve mesclar seu trabalho com a vida em</p><p>comunidade, criando associações, conselhos, eleições, enfim, instigando diversas</p><p>maneiras de participação e colaboração para a formação do aluno, direcionando</p><p>sua pedagogia em defesa da fraternidade, do respeito e do crescimento cooperativo</p><p>e feliz da sociedade.</p><p>A sua proposta pedagógica exige uma postura frente à vida que difere</p><p>de tudo o que se ensinava nas escolas. Na prática, procurava seguir o</p><p>empenho dos alunos e transformá-los pelo trabalho, por uma vivência</p><p>coletiva, permeada pelo meio ambiente, pela ação. Para ele, a liberdade</p><p>faz parte do aprendizado histórico-social (ELIAS, 2008, p. 17).</p><p>FIGURA 14 – CRIANÇAS BRINCANDO/APRENDENDO</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3gzymsk>. Acesso em: 4 set. 2020.</p><p>44</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>Freinet sempre deu muita importância ao trabalho que, para ele, é o</p><p>centro das atividades escolares, fazendo com que a criança exerça o seu poder e</p><p>cresça por meio dele. Por isso sua teoria é muito conhecida como Pedagogia do</p><p>Trabalho. De acordo com Elias (2008, p. 46):</p><p>O trabalho é o grande princípio, o motor e a filosofia de sua pedagogia</p><p>[...], que parte da atividade para chegar às outras aquisições. Para ele,</p><p>influenciado pela filosofia marxista, a escola pretendida e pensada é a</p><p>escola do trabalho, perfeitamente integrada no processo geral da vida:</p><p>a criança torna-se sujeito e o professor, aquele que orienta, estimula e</p><p>facilita a aprendizagem. O trabalho permite aos homens se estruturar</p><p>e educar ao mesmo tempo em que transformam a natureza.</p><p>Para Freinet (1975), o aprender deveria passar pela experiência de vida</p><p>e isso só é possível pela ação, através do trabalho, que engloba a pesquisa, a</p><p>documentação e a experimentação. O trabalho desenvolve o pensamento lógico e</p><p>inteligente. Nele, o ser humano se exprime e se realiza.</p><p>Não significa educação pelo trabalho manual e sim a união entre</p><p>intelectualidade e manipulação, pensamento e ação; o desenvolvimento</p><p>do pensamento até o lógico e inteligente ocorre a partir de ocupações</p><p>materiais. E, para chegar ao valor educativo do trabalho, propõe</p><p>inicialmente a observação, em seguida a expressão, depois a</p><p>experimentação; o valor educativo destas operações está noresultado da</p><p>união das três (FREINET apud GADOTTI, 1997, p. 177).</p><p>De acordo com Elias (2008), a sala de aula é um lugar que convida ao trabalho,</p><p>e Freinet distingue quatro etapas educativas: pré-ensino, jardins de infância, escola</p><p>maternal e infantil e escola elementar, que veremos no quadro a seguir:</p><p>QUADRO 4 – ETAPAS EDUCATIVAS DA EDUCAÇÃO FREINET</p><p>PERÍODO FAIXA ETÁRIA DEFINIÇÃO METODOLOGIA</p><p>Período de</p><p>pré-ensino</p><p>Do nascimento</p><p>até por volta dos</p><p>dois anos</p><p>É o período da</p><p>prospecção por</p><p>tentativa, quando</p><p>a criança procura</p><p>familiarizar-se</p><p>com o mundo.</p><p>Para esse período é</p><p>previsto atividades</p><p>em parques, jardins</p><p>públicos e espaços</p><p>livres, nos quais as</p><p>crianças possam ter</p><p>contato direto com a</p><p>natureza através de</p><p>experiências tateantes</p><p>Período</p><p>correspondente</p><p>ao jardim de</p><p>infância</p><p>Dos 2 aos 4 anos</p><p>É o período de</p><p>adaptação ou</p><p>arrumação, no</p><p>qual a criança não</p><p>se contenta em</p><p>conhecer</p><p>Nesse período que</p><p>precede a educação</p><p>sistemática,</p><p>o educador deve</p><p>deixar a criança</p><p>entregue a múltiplas</p><p>TÓPICO 3 — A PEDAGOGIA FREINET</p><p>45</p><p>por simples</p><p>curiosidade.</p><p>experiências, as quais</p><p>serão como que ensaios</p><p>preparatórios para que</p><p>atinja por si a eficiência</p><p>social, antes de atingir a</p><p>etapa seguinte</p><p>A escola</p><p>maternal e</p><p>infantil</p><p>Dos 4 aos 7 anos</p><p>É o período</p><p>em que a</p><p>criança inicia a</p><p>ordenação de sua</p><p>personalidade.</p><p>Nesse período tem</p><p>início a educação</p><p>sistemática. Para</p><p>chegar a esta etapa a</p><p>criança já conquistou</p><p>o meio em que vive</p><p>adquirindo diversas</p><p>experiências, iniciando</p><p>agora o período do</p><p>trabalho: o trabalho-</p><p>jogo e o jogo-trabalho.</p><p>A escola</p><p>elementar</p><p>Dos 7 aos 14</p><p>anos</p><p>É o período no</p><p>qual brincadeira</p><p>e trabalho se</p><p>confundem.</p><p>Freinet propõe para</p><p>essa faixa etária</p><p>outra organização da</p><p>classe, com oficinas</p><p>especializadas para</p><p>trabalhos manuais,</p><p>intelectuais e artísticos,</p><p>não deixando de lado</p><p>o trabalho junto à</p><p>natureza.</p><p>FONTE: Adaptado de Elias (2008)</p><p>A liberdade também é um aspecto importante nas práticas pedagógicas</p><p>propostas por Freinet, significando a capacidade de o ser humano vencer as</p><p>barreiras e obstáculos impostos pela vida. Em seus estudos, Freinet propôs que o</p><p>professor deveria almejar uma escola ideal, criativa e libertadora e estudar o que</p><p>impede a escola de ser assim.</p><p>Quer saber mais sobre a Pedagogia Freinet? Veja as nossas indicações de leitura:</p><p>• FREINET, C. Para uma escola do povo. São Paulo: Martins Fontes, 2001.</p><p>• FREINET, C. Pedagogia do bom senso. São Paulo: Martins Fontes, 2004.</p><p>DICAS</p><p>46</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>A proposta educacional de Freinet é uma educação que respeita acriança</p><p>como ela é, a diversidade, a individualidade de cada um, auxiliando na formação</p><p>da sua personalidade por meio da vivência de sua cidadania. Seu objetivo é formar</p><p>uma criança responsável, consciente dos seus atos e crítica na sua contribuição</p><p>para a sociedade. Sua metodologia parte do impulso criador da criança e de</p><p>técnicas adequadas, como veremos a seguir.</p><p>4 METODOLOGIA</p><p>A metodologia utilizada por Freinet baseia-se em diferentes técnicas</p><p>pedagógicas, criadas por ele, com o intuito de “[...] envolver todas as crianças no</p><p>processo de aprendizagem, respeitando seus direitos de crescer em liberdade,</p><p>independente das diferenças de caráter, inteligência ou meio social” (ELIAS,</p><p>2008, p. 13).</p><p>Foi com base nestas técnicas, que Freinet desenvolveu todo o seu trabalho</p><p>na educação. Vamos conhecê-las?</p><p>Cooperativa escolar: é uma forma de organização em que todos participam.</p><p>Professor e alunos realizam um acordo, definindo os princípios, objetivos e meios que</p><p>serão utilizados pelo grupo para alcançar as metas. Todas as atividades são realizadas</p><p>de forma cooperativa. O grupo, que contém um coordenador e um redator, reúne-se</p><p>para avaliar os objetivos alcançados e o que falta ser feito para alcançar as metas.</p><p>Planos de trabalho: são elaborados pelos professores e crianças, de forma</p><p>conjunta, a cada início de ano e geram grande motivação do grupo para a aprendizagem</p><p>do programa. O programa curricular que deve ser cumprido é apresentado às crianças</p><p>pelo professor, que explica os motivos de estudar tais conteúdos e propõe que seja</p><p>feito um plano mensal e semanal para cumprir o programa. Após a distribuição do</p><p>programa ao longo do ano, as crianças escolhem livremente quais</p><p>materiais e que</p><p>estratégias serão utilizadas para o alcance dos objetivos.</p><p>Texto livre: é a base da Pedagogia Freinet. São escritos, como o próprio</p><p>nome diz, de forma livre, sem cobranças em relação ao tema ou ao formato,</p><p>expressando a vontade da criança, sua curiosidade e o que ela considera mais</p><p>importante. Não há um momento específico para a produção do texto. Ele é escrito</p><p>espontaneamente, no momento em que a criança sentir vontade. De acordo com</p><p>Sampaio (1989), só assim o texto apresentará espontaneidade, vida, criação, ligação</p><p>íntima e permanente com o meio e a expressão profunda de cada criança ou jovem.</p><p>TÓPICO 3 — A PEDAGOGIA FREINET</p><p>47</p><p>FIGURA 15– CRIANÇA ESCREVENDO</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3xvcGmM>. Acesso em: 13 ago. 2020.</p><p>O texto livre, porém, não nasce sozinho. A criança precisa ser estimulada</p><p>a produzir, percebendo que o que escreve é importante para as outras pessoas,</p><p>pais, comunidade e outras escolas para onde os jornais e cartas são enviados.</p><p>Assim, ela irá produzir seus textos com maior prazer e vontade.</p><p>Após a escrita individual, o grupo irá escolher um dos textos para ser:</p><p>[...] aperfeiçoado coletivamente, quer no que diz respeito à verdade do</p><p>conteúdo, quer na sua forma sintática gramatical e ortográfica. A obra</p><p>que depois é dada aos pequenos tipógrafos é o resultado do nosso</p><p>método natural de trabalho, que respeita o pensamento infantil, mas</p><p>contribui com seu auxílio técnico, enquanto espera que a criança esteja</p><p>em condições de caminhar pelo seu pé e de nos trazer textos e poemas</p><p>que só teriam a perder com a nossa intervenção (FREINET, 1974, p. 21).</p><p>Imprensa escolar: é um tipo de tipografia montada na escola, pelo meio da</p><p>qual os alunos imprimem seus próprios textos para envio aos pais, aos membros</p><p>da comunidade em geral e, por que não, para outras escolas</p><p>Para Freinet (1974), o uso da imprensa na escola é importante para a</p><p>valorização do registro do pensamento da criança e para que a criança desmistifique</p><p>o texto impresso que antes só via em revistas, livros e jornais. Além disso, o fato</p><p>de imprimir um texto para que outro o leia faz com que a criança tenha mais</p><p>responsabilidade com a qualidade do texto que produz, estabelecendo uma</p><p>relação íntima com este texto. É necessário que a criança planeje o espaço que o</p><p>texto ocupará graficamente, o tamanho e tipo da fonte a ser usado e a página em</p><p>que ele será impresso. A impressão do texto faz com que ele se torne algo concreto,</p><p>passível de manipulação.</p><p>Jornal na escola: para o jornal, a criança:</p><p>[...] não escreve apenas o que interessa a ela; escreve aquilo que, nos</p><p>seus pensamentos, nas suas observações, nos seus sentimentos e nos</p><p>seus atos é susceptível de interessar os seus camaradas e de vir a</p><p>interessar os seus correspondentes. (FREINET, 1974, p. 21).</p><p>48</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>O jornal permite a interação com a comunidade, com os pais e com outras</p><p>escolas, levando a produção gráfica e literária das crianças a diversos lugares.</p><p>É produzido de forma cooperativa, reunindo textos de diversas crianças. Sua</p><p>impressão é feita diariamente e reunida no formato de jornal, para ser enviado</p><p>mensalmente aos correspondentes da escola.</p><p>Correspondência entre escolas: de acordo com Sampaio (1989), a</p><p>correspondência abre a escola para a vida, e a vida se mistura com a vida das crianças.</p><p>É com a correspondência escolar que a criança faz a aprendizagem da</p><p>vida cooperativa, tão essencial na Pedagogia Freinet. A criança deve</p><p>contar com os outros e confiar neles. Uma classe se corresponde com</p><p>outra só depois de os professores terem se comunicado e organizado</p><p>os pares de alunos correspondentes. Os professores também trocam</p><p>correspondências e esse vínculo é demais importante. Após a</p><p>escolha dos pares, as crianças preparam o gráfico para identificar</p><p>os correspondentes e indicar a periodicidade das cartas enviadas</p><p>(SAMPAIO, 1989, p.195).</p><p>Além dos textos e imagens produzidos pelas crianças, a correspondência</p><p>contém informações sobre a região onde a escola está localizada, fitas com</p><p>gravações, presentes elaborados pela criança ou pela própria família, receitas</p><p>de comidas típicas e outras coisas sobre a sua comunidade que a criança tenha</p><p>interesse em compartilhar.</p><p>Livro da vida: é um documento em que ficam registrados todos os</p><p>acontecimentos importantes do grupo. Constitui-se de uma grande folha em que</p><p>podem ser coladas outras, conforme a necessidade. Nele, as crianças escrevem,</p><p>colam desenhos, notícias, fotos, recortes, registrando toda a evolução do grupo.</p><p>De acordo com Oliveira (2005, p. 10), o livro da vida:</p><p>[...] é o registro dos acontecimentos mais marcantes da classe. Nele,</p><p>o professor e/ou alunos inserem textos produzidos na classe como</p><p>também podem registrar um fato importante que ocorreu na turma</p><p>ou fora dela como um passeio, uma visita, atividade marcante vivida</p><p>pelo aluno, pelo grupo de alunos, pela família e pela comunidade. Este</p><p>registro vai se constituindo ao longo do ano como um diário da classe</p><p>ilustrado com desenhos, fotografias, relatos, depoimentos que passam</p><p>a fazer parte da memória do grupo.</p><p>Este documento pode ser lido tanto pelos colegas, quanto pelos pais. É o</p><p>que, nos dias de hoje, chamamos de portfólio, e que contém o registro de todas as</p><p>atividades desenvolvidas pela criança, demonstrando a sua evolução durante o</p><p>período que passou na escola.</p><p>TÓPICO 3 — A PEDAGOGIA FREINET</p><p>49</p><p>Fichário escolar: são fichas de assuntos específicos que são elaboradas pelas</p><p>crianças, substituindo os livros didáticos ou manuais. Os fichários apresentam</p><p>questões relacionadas à vida das crianças, propostas de atividades e formas</p><p>de utilização dos materiais. O fichário é classificado por assunto e reunido para</p><p>publicação e aquisição das outras escolas para uso em sala de aula. As escolas que</p><p>adquirem os fichários realizam a sua ampliação com as suas próprias experiências.</p><p>Jornal mural: é onde as crianças expressam seus anseios, desejos, críticas e</p><p>opiniões em relação ao funcionamento do grupo e da escola, sendo assinado por</p><p>elas. Configura-se em uma grande folha de papel dividida em três colunas (que</p><p>deve ser trocada semanalmente), com as frases: eu proponho, eu critico, eu felicito.</p><p>Fichário autocorretivo: são fichas individuais que propõem problemas</p><p>e apresentam soluções, favorecendo o ritmo próprio da criança na aquisição</p><p>do conhecimento e possibilitando que a criança se aproxime da Zona de</p><p>Desenvolvimento Proximal proposta por Vigotski. Fazem parte deste fichário:</p><p>• fichas-teste – apresentam problemas a ser resolvidos pelas crianças e permitem</p><p>avaliar seu desenvolvimento;</p><p>• fichas-correção – oferecem um trabalho complementar para as crianças que se</p><p>confundiram ou não souberam resolver as fichas-teste. São uma forma de as</p><p>crianças vencerem suas limitações individuais com o auxílio de alguém mais</p><p>experiente.</p><p>Biblioteca: para Freinet, é um centro de cultura onde estão disponíveis</p><p>todos os materiais produzidos pelas crianças, os materiais recebidos de outras</p><p>escolas ou da comunidade por meio da troca de correspondências, os livros, o</p><p>canto da impressora, do audiovisual, da leitura, um canto para exposições, um</p><p>escritório e uma sala para reuniões.</p><p>Cantos das atividades: Freinet divide o espaço escolar em cantos de trabalho</p><p>com atividades diferenciadas. Em cada canto, as crianças encontram omaterial que</p><p>necessitam e ao alcance de suas mãos de forma organizada. Há também uma bancada</p><p>ou mesa para a realização das atividades. Estes cantos absorvem um pequeno</p><p>número de crianças e estimulam a cooperação, já que elas deverão negociar entre</p><p>si para poder trabalhar no canto que mais lhe interessa. Com o grupo dividido em</p><p>grupos menores, o professor não consegue dar atenção a todos ao mesmo tempo,</p><p>fazendo com que cada grupo procure a solução para os problemas que enfrentam,</p><p>desenvolvendo a autonomia.</p><p>Fique atento! Na unidade 3 estudaremos um pouco mais sobre os portifólios.</p><p>ATENCAO</p><p>50</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>Estudo do meio: é a ideia base da Pedagogia do Trabalho proposta por</p><p>Freinet. Como o próprio nome já diz, é o estudo do meio onde a criança vive, seja</p><p>ele físico ou social. Por meio dele, a criança é inserida em seu meio ambiente,</p><p>desenvolvendo um olhar crítico sobre as transformações que realiza nele. Por</p><p>meio de entrevistas e pesquisas de campo as crianças procuram documentos para</p><p>compor um registro ilustrado do local em que vivem. Sempre que fazem novas</p><p>descobertas, ampliam o registro já existente.</p><p>FIGURA 16 – ESTUDO DO MEIO</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3q8uQrR>. Acesso em: 14 jun. 2012.</p><p>Aula-passeio: forma que Freinet encontrou para trazer a alegria e o</p><p>entusiasmo das crianças para a sala de aula, aproximando o trabalho em sala da</p><p>vida real das crianças e demostrando que a educação é muito mais eficiente se</p><p>baseada no prazer da criança.</p><p>Para Freinet (1976, p.24), a aula-passeio “[...] não era tempo perdido, pois</p><p>todas as disciplinas escolares tiravam proveito disso”. Nos passeios realizados</p><p>pela comunidade as crianças observavam os animais, as pedras, as plantas e</p><p>recolhiam pequenos objetos para levar à sala de aula.</p><p>Na Unidade 2 falaremos um pouco mais sobre os cantinhos das atividades</p><p>como forma de planejamento do espaço físico em sala de aula. Esta divisão por cantinhos</p><p>é inclusive sugerida pelo MEC, nos Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições</p><p>de Educação Infantil.</p><p>ESTUDOS FU</p><p>TUROS</p><p>TÓPICO 3 — A PEDAGOGIA FREINET</p><p>51</p><p>Para treinar a pesquisa, que permite a livre expressão, organiza</p><p>saídas diárias pelas estreitas ruas da vila, onde as crianças observam</p><p>o trabalho dos marceneiros, ferreiros, dos agricultores, as diversas</p><p>estações, o céu, os pássaros, o vento etc., trazendo para a sala de aula</p><p>muitas riquezas: fósseis, nozes, avelãs, folhas, argilas... e até animais.</p><p>[...] São as aulas-passeio que trazem vida à sala: as observações são</p><p>comunicadas, comparadas, avaliadas e registradas no Livro da Vida</p><p>(ELIAS, 2008, p. 61, grifos no original).</p><p>Assim que retornavam, eles escreviam no quadro um resumo do</p><p>passeio que era comentado, transformado e ampliado pelas crianças. Ao final</p><p>da reformulação do texto, cada criança o copiava em seu caderno. Desta forma,</p><p>Freinet fazia com que suas aulas fossem animadas e vivas e possibilitava que as</p><p>crianças conhecessem o seu meio de forma mais aprofundada, contribuindo para</p><p>a construção coletiva do conhecimento.</p><p>5 PAPEL DO PROFESSOR NA PEDAGOGIA FREINET</p><p>Como vimos anteriormente, as propostas pedagógicas de Freinet</p><p>centravam-se em uma educação do trabalho. Neste sentido, o papel do professor</p><p>era o de criar um ambiente laborioso na escola, estimulando as crianças a realizar</p><p>experiências procurando as respostas às inquietações e necessidades individuais</p><p>e do grupo, sempre com o auxílio dos colegas. O professor apenas organizaria o</p><p>trabalho a ser desenvolvido.</p><p>De acordo com Elias (2008, p. 46):</p><p>[...] cabe à escola e ao professor oferecer modelos, estimular experiências,</p><p>criar uma atmosfera de trabalho, acompanhar e interpretar suas</p><p>hipóteses pessoais, não reduzindo sua ação a um ensino estreito,</p><p>acanhado, exclusivamente escolar e individualista.</p><p>O professor deveria limitar-se apenas:</p><p>à organização do trabalho, sem imposições ou ameaças. Para Freinet,</p><p>a capacidade de trabalho valoriza o indivíduo, transformando-o em</p><p>ator eficaz e responsável perante a comunidade e a própria sociedade</p><p>(ELIAS, 2008, p. 47-48).</p><p>Outra função do professor seria a de colaborar para o êxito das crianças.</p><p>Freinet não via o erro como algo importante didaticamente.</p><p>Os erros são apenas um acidente de percurso, uma pedra na qual se</p><p>tropeça, um muro que se pode evitar, uma árvore caída que se desloca ou</p><p>que se contorna; no entanto, a caminhada continua, estimulada até pelas</p><p>dificuldades que superamos ou ultrapassamos (FREINET, 1977, p. 35).</p><p>Para ele, o fracasso desmotiva e deixa a criança instável e insegura. É papel</p><p>do professor auxiliar a criança a superar o erro de formaafetiva.</p><p>52</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>Para Freinet “[...] só o educador que conhece intimamente a criança e</p><p>sua natureza psicológica, suas tendências e possibilidades poderá ajudá-la a</p><p>desenvolver ao máximo sua personalidade, em função das necessidades do meio a</p><p>que pertence”. (ELIAS, 2008, p. 46).</p><p>FIGURA 17 – PROFESSOR E ALUNO</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3xsT4Q3>. Acesso em: 3 jul. 2020.</p><p>Nas propostas pedagógicas de Freinet (1977), o professor é responsável</p><p>pela questão metodológica e, segundo ele, conseguirá bons resultados mesmo</p><p>sem uma preparação especial desde que seja intuitivo, sensível, equilibrado e</p><p>tiver domínio e autoridade.</p><p>De acordo com Sampaio (1989), para garantir que os professores</p><p>interessados na Pedagogia Freinet utilizassem as técnicas de forma eficiente,</p><p>Célestin Freinet organizou uma coleção de princípios para guiar o professor na</p><p>sua utilização. A estes princípios, o autor chamou de invariantes, porque são</p><p>aplicadas da mesma forma a qualquer criança, independente da sua cultura. Para</p><p>cada uma das invariantes, Freinet associou um teste para que o professor pudesse</p><p>avaliar a sua prática pedagógica.</p><p>São 32 invariantes, organizadas em três grupos: a natureza da criança, as</p><p>reações da criança e as técnicas educativas, conforme nos apresenta Sampaio (1989).</p><p>QUADRO 5 – INVARIANTES PEDAGÓGICAS</p><p>GRUPO INVARIANTE</p><p>A NATUREZA</p><p>DA CRIANÇA</p><p>1. A criança é da mesma natureza que o adulto.</p><p>2. Ser maior não significa necessariamente estar acima</p><p>dos outros.</p><p>3. O comportamento escolar de uma criança depende do</p><p>seu estado fisiológico, orgânico e constitucional.</p><p>TÓPICO 3 — A PEDAGOGIA FREINET</p><p>53</p><p>AS REAÇÕES</p><p>DA CRIANÇA</p><p>4. A criança e o adulto não gostam de imposições autori-</p><p>tárias.</p><p>5. A criança e o adulto não gostam de uma disciplina rí-</p><p>gida, quando isto significa obedecer passivamente uma</p><p>ordem externa.</p><p>6. Ninguém gosta de fazer determinado trabalho por co-</p><p>erção, mesmo que, em particular, ele não o desagrade.</p><p>Toda atitude imposta é paralisante.</p><p>7. Todos gostam de escolher o seu trabalho mesmo que</p><p>essa escolha não seja a mais vantajosa.</p><p>8. Ninguém gosta de trabalhar sem objetivo, atuar como</p><p>máquina, sujeitando-se a rotinas das quais não partici-</p><p>pa.</p><p>9. É fundamental a motivação para o trabalho.</p><p>10. É preciso abolir a escolástica.</p><p>10-a. Todos querem ser bem-sucedidos. O fracasso ini-</p><p>be, destrói o ânimo e o entusiasmo.</p><p>10-b. Não é o jogo que é natural na criança, mas sim o</p><p>trabalho.</p><p>11. Não são a observação, a explicação e a demonstração –</p><p>processos essenciais da escola – as únicas vias normais</p><p>de aquisição de conhecimento, mas a experiência tatean-</p><p>te, que é uma conduta natural e universal.</p><p>12. A memória, tão preconizada pela escola, não é válida,</p><p>nem preciosa, a não ser quando está integrada no tate-</p><p>amento experimental, no qual se encontra verdadeira-</p><p>mente a serviço da vida.</p><p>AS TÉCNICAS</p><p>EDUCATIVAS</p><p>13. As aquisições não são obtidas pelo estudo de regras e leis,</p><p>como às vezes se crê, mas sim pela experiência. Estudar</p><p>primeiro regras e leis é colocar o carro na frente dos bois.</p><p>14. A inteligência não é uma faculdade específica, que</p><p>funciona como um circuito fechado, independente dos</p><p>demais elementos vitais do indivíduo, como ensina a</p><p>escolástica.</p><p>15. A escola cultiva apenas uma forma abstrata de inteli-</p><p>gência, que atua fora da realidade e fica fixada na me-</p><p>mória por meio de palavras e ideias.</p><p>16. A criança não gosta de receber lições autoritárias.</p><p>17. A criança não se cansa de um trabalho funcional, ou</p><p>seja, que atende aos rumos de sua vida.</p><p>18. A criança e o adulto não gostam de ser controlados e</p><p>receber sanções. Isso caracteriza uma ofensa à dignida-</p><p>de humana, sobretudo se exercida publicamente.</p><p>19. As notas e classificações constituem sempre um erro.</p><p>54</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO</p><p>INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>20. Fale o menos possível.</p><p>21. A criança não gosta de sujeitar-se a um trabalho em re-</p><p>banho. Ela prefere o trabalho individual ou de equipe</p><p>numa comunidade cooperativa.</p><p>22. A ordem e a disciplina são necessárias na aula.</p><p>23. Os castigos são sempre um erro. São humilhantes, não</p><p>conduzem ao fim desejado e não passam de paliativo.</p><p>24. A nova vida da escola supõe a cooperação escolar, isto</p><p>é, a gestão da vida pelo trabalho escolar pelos que a</p><p>praticam, incluindo o educador.</p><p>25. A sobrecarga das classes constitui sempre um erro pe-</p><p>dagógico.</p><p>26. A concepção atual das grandes escolas conduz professo-</p><p>res e alunos ao anonimato, o que é sempre um erro e cria</p><p>barreiras.</p><p>27. A democracia de amanhã prepara-se pela democracia</p><p>na escola. Um regime autoritário na escola não seria</p><p>capaz de formar cidadãos democratas.</p><p>28. Uma das primeiras condições da renovação da escola é</p><p>o respeito à criança e, por sua vez, a criança ter respeito</p><p>aos seus professores; só assim é possível educar dentro</p><p>da dignidade.</p><p>29. A reação social e política, que manifesta uma reação pe-</p><p>dagógica, é uma oposição com a qual temos que contar,</p><p>sem que se possa evitá-la ou modificá-la.</p><p>30. É preciso ter esperança otimista na vida.</p><p>FONTE: Adaptado de Sampaio (1989)</p><p>E então, prezado acadêmico, o que dizer destas invariantes? Simplesmente</p><p>fantásticas, não é mesmo? Autoavaliar-se é o caminho! Esta atitude é muito</p><p>importante para o professor. De acordo com Freinet apud Elias:</p><p>[...] a postura do educador deve ser a daquele que possui conhecimentos,</p><p>mas sabe que são relativos. Sabendo que há diversas possibilidades a</p><p>seguir, estará sempre atento aos seus alunos, acompanhando as suas</p><p>aquisições naturais, participando da organização da classe, como</p><p>membro do grupo, parceiro e orientador do aluno nas investigações</p><p>(ELIAS, 2008, p. 41).</p><p>As atividades pedagógicas propostas pelos professores das escolas Freinet</p><p>não devem ser algo espontâneo e, sim, cuidadosamente planejado, com objetivos</p><p>bem claros e precisos do que se pretende alcançar. Com base no seu planejamento</p><p>inicial, o professor deve conversar com seus alunos e buscar formas de atingir</p><p>estes objetivos, é o que Freinet chama de Cooperativa de Trabalho.</p><p>Com relação à avaliação dos alunos, Freinet defendia a avaliação contínua</p><p>na qual professores e alunos se reúnem semanalmente para discutir os resultados,</p><p>os conteúdos estudados e verificar o que realmente foi compreendido e se ainda</p><p>TÓPICO 3 — A PEDAGOGIA FREINET</p><p>55</p><p>há alguma dificuldade em relação ao que foi estudado. Outra forma de avaliação</p><p>são as fichas autocorretivas em que as próprias crianças podem avaliar o seu</p><p>desenvolvimento.</p><p>Para Freinet:</p><p>A escola e o professor necessitam trabalhar as relações no grupo e a</p><p>responsabilidade de cada um, tendo como meta o crescimento pessoal/</p><p>social da classe. Não se deve ter pressa. Se o educador não tiver</p><p>paciência, não der tempo para o aluno assimilar os conteúdos, não fará</p><p>mais que um trabalho de superfície, o qual não só pode ser inútil, como</p><p>perigoso. E, finalmente, reconhecerá que o saber não é um acúmulo de</p><p>conhecimentos, mas uma maneira de enfrentar qualquer situação para</p><p>depois analisá-la e comunicá-la (ELIAS, 2008, p. 40-41, grifos no original).</p><p>Podemos perceber que a Pedagogia Freinet é muito mais do que uma</p><p>simples proposta pedagógica e sim uma forma de perceber a criança de forma</p><p>autônoma, com direito de escolha, liberdade de expressão, opinião própria</p><p>e direito de fazer críticas. Percebemos nas práticas pedagógicas de Freinet, o</p><p>direito da criança de ser respeitada e valorizada, podendo assim desenvolver sua</p><p>capacidade criativa e imaginativa.</p><p>Acadêmico, atente-se para as questões de reflexão</p><p>1 Como você pôde perceber, Freinet criou diversas metodologias, a fim de colocar em</p><p>prática o que acreditava enquanto professor. E você, utiliza alguma técnica de Freinet em</p><p>suas aulas? Quais? Descreva de que forma as aplica em sala de aula.</p><p>2 Se você ainda não é professor, quais metodologias criadas por Freinet achou mais</p><p>interessantes? Descreva ao menos três e justifique a sua escolha.</p><p>UNI</p><p>56</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• Célestin Freinet nasceu em 15 de outubro de 1896, no sul da França. Concluiu o</p><p>curso normal, foi professor e criou diversas cooperativas de trabalho. Faleceu</p><p>em 1966, aos 80 anos.</p><p>• As propostas pedagógicas de Freinet eram desenvolvidas em conjunto com as</p><p>crianças, visando desenvolver o gosto pelo trabalho, pela escola, tornando-as</p><p>cidadãos críticos e conscientes.</p><p>• Propôs a criação de uma escola prazerosa, onde a criança queira permanecer,</p><p>na qual a afetividade predomine e haja alegria emaprender.</p><p>• A Pedagogia Freinet centrava-se em quatro eixos: cooperação; comunicação;</p><p>documentação e afetividade.</p><p>• A proposta pedagógica de Freinet valorizava a produção individual da</p><p>criança, o trabalho cooperativo e coletivo, respeitando o ritmo da criança e</p><p>privilegiando a aprendizagem por meio de experiências.</p><p>• Para Freinet, o professor deve participar ativamente da comunidade onde a</p><p>escola está inserida.</p><p>• Freinet distingue quatro etapas educativas: período pré-ensino; período</p><p>correspondente aos jardins de infância; a escola maternal e infantil; e a escola</p><p>elementar.</p><p>• Outro aspecto importante da pedagogia Freinet é a liberdade.</p><p>• Freinet criou diversas técnicas pedagógicas: cooperativa escolar; planos de</p><p>trabalho; texto livre; imprensa escolar; jornal da escola; correspondência entre</p><p>escolas; livro da vida, fichário escolar; jornal mural; fichário autocorretivo;</p><p>biblioteca; cantos das atividades, o estudo do meio e as aulas-passeio.</p><p>• Para Freinet, o professor deve criar um clima de trabalho na escola, estimulando</p><p>as crianças a realizar experiências, com a ajuda dos colegas, procurando</p><p>responder a suas inquietações.</p><p>• Freinet via o erro como um acidente de percurso, e o professor deve auxiliar</p><p>a criança a superar este erro de forma afetiva.</p><p>• Freinet criou 32 invariantes pedagógicas, a fim de orientar o professor da sua</p><p>pedagogia.</p><p>57</p><p>• Para Freinet o professor deve autoavaliar-se constantemente. Seu planejamento</p><p>não deve ser espontâneo, mas cuidadosamente planejado.</p><p>• Freinet defendia a avaliação contínua dos alunos.</p><p>58</p><p>1 A Pedagogia Freinet está centrada em 4 eixos. Assinale a alternativa que</p><p>apresenta a sequência CORRETA:</p><p>a) ( ) Cooperação, competição, diálogo e afetividade.</p><p>b) ( ) Cooperação, comunicação, documentação e afetividade.</p><p>c) ( ) Competição, autonomia, afetividade e registro.</p><p>d) ( ) Autonomia, identidade, registro e criatividade.</p><p>2 Freinet distingue 4 etapas educativas, assinale a alternativa que apresenta a</p><p>sequência correta:</p><p>a) ( ) Período pré-ensino, periodo correspondente aos jardins de infância, a</p><p>escola maternal e infantil e a escola elementar.</p><p>b) ( ) Período da educação infantil, do ensino fundamental 1, ensino</p><p>fundamental 2 e ensino médio.</p><p>c) ( ) Período da pré-escola, período dos anos iniciais, período dos anos</p><p>finais, ensino médio.</p><p>d) ( ) Período do infantil 1, do infantil 2, do infantil 3 e do infantil 4.</p><p>3 A técnica pedagógica de Freinet, que é uma forma de organização em que</p><p>todos participam, definindo princípios, objetivos e meios que serão utilizados</p><p>pelo grupo para alcançar as metas, chama-se:</p><p>a) ( ) Texto livre.</p><p>b) ( ) Cooperativa escolar.</p><p>c) ( ) Planos de trabalho.</p><p>d) ( ) Imprensa escolar.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>59</p><p>TÓPICO 4 — O</p><p>UNIDADE 1</p><p>CONSTRUTIVISMO DE PIAGET</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Quem nunca ouviu falar de Jean Piaget, não é mesmo? E de sua teoria, a</p><p>Epistemologia Genética, o que você sabe? Já ouviu falar em construtivismo?</p><p>[…] é na medida em que nós nos adaptamos aos outros que tomamos</p><p>consciência de nós mesmos. É na medida em que descobrimos que os</p><p>outros não nos compreendem espontaneamente, e que nós, da mesma</p><p>forma, não os compreendemos, que nos esforçamos para modelar</p><p>nossa linguagem de acordo com os mil acidentes que criam essa</p><p>inadaptação, e que</p><p>nos tornamos aptos para a análise simultânea dos</p><p>outros e de nós mesmos (PIAGET, 1967, p. 201).</p><p>No Livro Didático da disciplina Psicologia Geral e do Desenvolvimento,</p><p>você estudou os princípios do desenvolvimento cognitivo de Piaget e os estágios</p><p>do desenvolvimento. Já no Livro Didático da disciplina de Psicologia da</p><p>Educação e Aprendizagem, você estudou a concepção construtivista, os conceitos</p><p>de assimilação e acomodação, o processo de equilibração e o erro no processo de</p><p>aprendizagem – você se lembra?</p><p>Neste tópico, conheceremos um pouco mais a vida de Piaget e a teoria</p><p>construtivista. Embarque nesta viagem e venha desvendar conosco os principais</p><p>conceitos desta teoria.</p><p>2 JEAN WILLIAM FRITZ PIAGET (1896-1980)</p><p>Primeiramente, com base nos textos de Munari (2010), Ferreiro (2001) e</p><p>Ferrari (2012), conheceremos um pouco mais a vida de Jean Piaget.</p><p>60</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>FIGURA 18 – PIAGET</p><p>FONTE: <https://www.scrigroup.com/files/personalitati/184_poze/image001.jpg>.</p><p>Acesso em: 12 maio 2021.</p><p>Piaget nasceu em 9 de agosto de 1896, em Neuchâtel, na Suíça. Iniciou</p><p>seus estudos na área de biologia, depois psicologia, epistemologia e educação. Foi</p><p>professor da Universidade de Genebra por 25 anos, escreveu mais de 50 livros,</p><p>tornando-se conhecido no mundo todo pelos seus estudos. Seu primeiro livro, “A</p><p>linguagem e o pensamento na criança”, foi publicado em 1924. Piaget morreu em</p><p>1980, em Genebra, na Suíça.</p><p>Casou-se com Valentine Châtenay, com quem teve três filhos: Jacqueline,</p><p>Lucienne e Laurent. A infância de seus três filhos foi a grande fonte de observação</p><p>de suas pesquisas, o que chamou de “ajustamento progressivo do saber".</p><p>FIGURA 19 – PIAGET E SUA FAMÍLIA</p><p>FONTE: <https://novaescola.org.br/conteudo/36/esquemas-de-acao-de-piaget>.</p><p>Acesso em: 27 maio 2021.</p><p>TÓPICO 4 — O CONSTRUTIVISMO DE PIAGET</p><p>61</p><p>Piaget sempre foi um grande observador. Já aos onze anos realizou o seu</p><p>primeiro trabalho científico, resultado da observação de um pássaro em uma praça</p><p>da cidade onde morava. A partir da sua formação em biologia, iniciou suas pesquisas</p><p>sobre o desenvolvimento do conhecimento nos seres humanos, a Epistemologia</p><p>Genética, procurando responder de que forma a inteligência era desenvolvida.</p><p>Com apenas 15 anos já havia publicado seus trabalhos em importantes</p><p>revistas da época. Piaget sentia-se seduzido ao realizar pesquisas científicas.</p><p>Perceba, na força de suas palavras, a paixão que tinha pelas pesquisas:</p><p>Esses estudos, por prematuros que fossem, foram de grande utilidade</p><p>para minha formação científica; além disso, funcionaram, poderia</p><p>dizer, como instrumentos de proteção contra o demônio da filosofia.</p><p>Graças a eles, tive o raro privilégio de vislumbrar a ciência e o que ela</p><p>representa antes de sofrer as crises filosóficas da adolescência. Ter tido</p><p>a experiência precoce destes dois tipos de problemática constituiu,</p><p>estou convencido, o motivo secreto da minha atividade posterior em</p><p>psicologia (PIAGET, 1976, p. 3).</p><p>Para Piaget, o método científico era a única forma de acesso ao</p><p>conhecimento e, por isso, procurou inseri-lo na escola. Muito animado com este</p><p>novo projeto, foi para Paris trabalhar nos laboratórios de Binet, onde descobriu a</p><p>riqueza do pensamento infantil. Foi nesta época que ele elaborou o seu método</p><p>crítico de interrogação da criança, buscando compreender de forma sistemática</p><p>os processos lógico-matemáticos do raciocínio da criança.</p><p>Em Paris, Piaget centrou suas pesquisas em crianças hospitalizadas,</p><p>porém, quando se mudou para Genebra, iniciou seus estudos na escola Casa das</p><p>Crianças do Instituto Jean-Jacques Rousseau, dedicando-se ao desenvolvimento</p><p>e aperfeiçoamento dos sistemas e práticas educativas, e depois nas escolas</p><p>primárias de Genebra, investigando as crianças em sua vida no dia a dia. Não</p><p>Quer conhecer um pouco mais sobre a vida de Piaget? Veja nossa indicação</p><p>de filme “Jean Piaget – Coleção Grandes Educadores”.</p><p>Sinopse: Biólogo de formação, psicólogo que estudou o desenvolvimento cognitivo, filósofo</p><p>por afinidade, Piaget construiu uma obra longa, coerente e sistematizada. Os conceitos</p><p>que cunhou marcaram o campo da Pedagogia a tal ponto que muitos o consideram,</p><p>erroneamente, um educador. Para guiar o professor que pretende conhecer melhor o tema,</p><p>este vídeo apresenta de forma clara os principais conceitos piagetianos. Conforme Yves de</p><p>La Taille, a teoria de Piaget é importante para todos os adultos que lidam com crianças, pois</p><p>ajudam a entender não apenas o desenvolvimento da inteligência, mas suas decorrências,</p><p>como a formação do comportamento e da personalidade da criança.</p><p>FONTE: <http://cineaprendizagem.blogspot.com.br/2010/08/biologo-de-formacao-psicologo-</p><p>que.html>. Acesso em: 24 maio 2021.</p><p>DICAS</p><p>62</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>estando muito interessado com a educação, mudou-se para Neuchâtel, onde foi</p><p>substituir seu antigo professor. Em 1929, em Genebra, assumiu o cargo de diretor</p><p>do Bureau Internacional de Educação (BIE), o que fez com que percebesse os</p><p>elementos político-sociais que permeiam as ações educacionais, permanecendo</p><p>na função até 1968.</p><p>Durante todos esses anos, Piaget redigiu o “Discurso do Diretor”, coleção</p><p>esta com aproximadamente 40 textos, nos quais se encontravam os elementos</p><p>básicos das suas propostas educacionais, atribuindo grande importância à</p><p>educação. Para Piaget (1934 apud MUNARI, 2010, p. 17), “[...] somente a educação</p><p>pode salvar nossas sociedades de uma possível dissolução, violenta ou gradual”.</p><p>No período da Segunda Guerra Mundial, Piaget declarou: “Após os</p><p>cataclismos que marcaram estes últimos meses, a educação constituirá, uma</p><p>vez mais, o fator decisivo não só da reconstrução, mas, inclusive e sobretudo,</p><p>da construção propriamente dita” (PIAGET, 1940 apud MUNARI, 2010, p. 17),</p><p>demonstrando que acreditava na força da educação para ultrapassar as diferenças</p><p>ideológicas e políticas da época.</p><p>Piaget não foi um pedagogo, mas foi um nome muito influente na educação</p><p>e dedicou a sua vida à pesquisa do processo de aquisição do conhecimento pela</p><p>criança. Para ele, o desenvolvimento do pensamento infantil se dá em quatro</p><p>estágios (os quais veremos mais adiante), desde o nascimento até o início da</p><p>adolescência. Suas descobertas tiveram grande impacto no campo educacional,</p><p>principalmente quando se referia à transmissão de conhecimentos que, segundo</p><p>Piaget, dependiam de dois fatores:</p><p>• a criança só aprende se ela tiver condições de absorver determinado</p><p>conhecimento.</p><p>• mesmo tendo condições, a criança só irá se interessar por conteúdos que ainda</p><p>lhe façam falta, que ainda não sejam de seu conhecimento.</p><p>3 A TEORIA CONSTRUTIVISTA DE PIAGET</p><p>A teoria de Piaget é bastante complexa e resulta de muitos anos de</p><p>pesquisa e dedicação ao estudo do desenvolvimento da inteligência da criança.</p><p>Neste livro, não detalharemos sua obra, mas traremos aspectos importantes de</p><p>sua teoria, que consideramos necessários para seu conhecimento:</p><p>• Fases do desenvolvimento.</p><p>• Organização e adaptação.</p><p>• Assimilação e acomodação.</p><p>• Esquemas (estruturas mentais).</p><p>• Equilibração.</p><p>TÓPICO 4 — O CONSTRUTIVISMO DE PIAGET</p><p>63</p><p>Em seus estudos sobre a Epistemologia Genética, Piaget verificou que o</p><p>desenvolvimento da criança tem início ainda no período intrauterino e se estende</p><p>até a adolescência, evoluindo de forma cada vez mais complexa, em etapas</p><p>sucessivas, ao que chamou de fases ou períodos do desenvolvimento.</p><p>FIGURA 20 – PERÍODOS DO DESENVOLVIMENTO</p><p>FONTE: A autora</p><p>Dependendo da qualidade das interações de cada sujeito com o meio,</p><p>as estruturas mentais – condições prévias para o aprendizado [...] –</p><p>vão se tornando mais complexas até o fim da vida. Em cada fase do</p><p>desenvolvimento, elas determinam os limites do que os indivíduos</p><p>podem compreender (FERNANDES, 2012, p. 1).</p><p>Caso você tenha interesse em aprofundar-se nos estudos sobre Piaget, existem</p><p>diversos livros que apresentam a sua teoria. Exemplos:</p><p>• CUNHA, M. A. V. Didática fundamentada na teoria de Piaget. Rio de Janeiro: Forense,</p><p>1973.</p><p>• FARIA, A. R. Desenvolvimento da criança e do adolescente segundo Piaget. São Paulo:</p><p>Ática, 1989.</p><p>• FURTH, H. G. Piaget na sala de aula. Rio de Janeiro: Forense, 1986.</p><p>• GORMAN, R. M. Descobrindo Piaget: um guia para educadores. Rio de Janeiro: Livros</p><p>Técnicos e Científicos, 1976.</p><p>• NICOLAS, A. Introdução ao pensamento de Jean Piaget. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.</p><p>Sugerimos também alguns livros escritos por Piaget, vale a pena conhecê-los:</p><p>• PIAGET, J. Para onde vai a educação? Rio de Janeiro: J.Olympio, 1973.</p><p>• PIAGET, J. A linguagem e o pensamento da criança. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura,</p><p>1961.</p><p>• PIAGET, J. A construção do real na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.</p><p>• PIAGET, J. O nascimento da inteligência na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.</p><p>• PIAGET, J. Psicologia e pedagogia. Rio de Janeiro: Forense, 1970.</p><p>DICAS</p><p>64</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>Vamos conhecer de forma resumida cada um destes períodos?</p><p>QUADRO 6 – FASES DO DESENVOLVIMENTO PROPOSTAS POR PIAGET</p><p>PERÍODO IDADE DESCRIÇÃO</p><p>Período</p><p>Sensório-Motor 0 a 2 anos</p><p>Neste período, a criança começa a administrar</p><p>seus reflexos básicos, gerando ações de prazer e</p><p>desenvolvendo a percepção de si mesma e dos</p><p>objetos que estão a sua volta. Mama, suga, puxa,</p><p>prende, pega um objeto e o leva à boca, afasta</p><p>um objeto para pegar outro etc. É o período que</p><p>antecede a linguagem. Seu vocabulário vai da</p><p>repetição de algumas sílabas até a utilização</p><p>da palavra-frase, representando seu desejo ou</p><p>sentimento em relação ao objeto.</p><p>Período</p><p>Pré-operatório</p><p>dois a sete</p><p>anos</p><p>Este é o período do surgimento da linguagem,</p><p>do desenho, da imitação, da dramatização etc.</p><p>A partir dos dois anos a criança cria imagens</p><p>mentais do objeto ou da ação, o que chamamos</p><p>de faz de conta, jogo simbólico ou período da</p><p>fantasia. Assim, consegue transformar uma</p><p>simples caixa de fósforos em um carrinho,</p><p>um pedaço de madeira em um cavalinho etc.</p><p>Neste período, costuma dar vida aos objetos,</p><p>colocando a boneca para dormir, ou dizendo</p><p>que ela está com fome. Pode também dizer que</p><p>a bicicleta precisa descansar um pouco, ou que</p><p>o carro da mamãe foi dormir na garagem. Neste</p><p>período, a linguagem é um monólogo coletivo.</p><p>Todos falam ao mesmo tempo, sem responder</p><p>ao que o outro está falando. A partir dos quatro</p><p>anos, já existe um desejo de compreender o que</p><p>acontece ao seu redor. É a “idade dos porquês”,</p><p>pois questiona tudo o tempo todo. Já consegue</p><p>dramatizar a fantasia, mesmo que não acredite</p><p>nela, distinguindo a fantasia do real. Organiza</p><p>coleções e conjuntos sem incluir conjuntos</p><p>menores em maiores. Seu pensamento continua</p><p>centrado no seu próprio ponto de vista e, em</p><p>relação à linguagem, já consegue adequar as</p><p>suas respostas às dos colegas.</p><p>TÓPICO 4 — O CONSTRUTIVISMO DE PIAGET</p><p>65</p><p>Período</p><p>operatório</p><p>concreto</p><p>7 a 11 anos</p><p>É o período em que a criança desenvolve a</p><p>noção de tempo e espaço, casualidade, ordem,</p><p>velocidade etc. Já conserva a noção de número,</p><p>peso, volume e substância, conseguindo ordenar</p><p>por tamanho e em conjuntos, compreendendo</p><p>o mundo de forma lógica ou operatória.</p><p>Socialmente, organiza-se em grupos onde pode</p><p>ser o líder ou aceitar ser liderado. Consegue</p><p>compreender e estabelecer regras, estabelecendo</p><p>compromissos. Já consegue conversar socialmente,</p><p>porém sem discutir pontos de vista para chegar a</p><p>um consenso.</p><p>Período</p><p>operatório</p><p>abstrato</p><p>11 anos em</p><p>diante</p><p>Este período é o início da fase adulta, em termos</p><p>cognitivos, em que o adolescente tem domínio</p><p>do pensamento lógico/dedutivo, relacionando</p><p>conceitos abstratos e criando hipóteses. A partir</p><p>deste período, consegue discutir conceitos antes</p><p>de chegar à conclusão sobre algum assunto.</p><p>Continua organizando-se em grupo, porém</p><p>consegue estabelecer relações de cooperação e</p><p>reciprocidade.</p><p>FONTE: Adaptado de Fernandes (2012), Ferrari (2012), Peterson e Felton-Collins (2002)</p><p>e Munari (2010).</p><p>De acordo com Piaget (apud PETERSON; FELTON-COLLINS, 2002), existem</p><p>quatro fatores que auxiliam a criança a passar de um período para o outro:</p><p>FIGURA 21 – FATORES PARA PASSAR DE UM PERÍODO DO DESENVOLVIMENTO AO OUTRO</p><p>FONTE: A autora</p><p>66</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>A inteligência, segundo Piaget (1996), é um mecanismo de adaptação</p><p>do organismo a uma nova situação proposta pelo meio que o cerca, sempre em</p><p>busca de um equilíbrio. Assim, o desenvolvimento da inteligência ocorre por</p><p>meio de estímulos e exercícios constantes, podendo ser potencializada através de</p><p>intervenções cada vez mais complexas.</p><p>Para Piaget (1982, p. 18), a atividade intelectual não pode ser separada do</p><p>funcionamento "total" do organismo. “Do ponto de vista biológico, a organização</p><p>é inseparável da adaptação: são os dois processos complementares de um</p><p>mecanismo único, sendo o primeiro o aspecto interno do ciclo do qual a adaptação</p><p>constitui o aspecto exterior”, ou seja, a organização, segundo Piaget (1982),</p><p>é a habilidade do indivíduo de integrar as sensações e os estímulos recebidos,</p><p>transformando-os e organizando-os em novas estruturas físicas e psicológicas</p><p>(também chamadas esquemas), aos quais se adapta. Esta adaptação acontece por</p><p>meio da assimilação e da acomodação.</p><p>Vamos falar então da assimilação e da acomodação? A assimilação, de</p><p>acordo com a teoria de Piaget, é a comparação/classificação dos objetos do mundo</p><p>exterior (estímulos) com os esquemas mentais/cognitivos já existentes. Por</p><p>exemplo: a criança possui um esquema mental do que é um peixe: vive na água</p><p>e nada naturalmente, possui escamas, barbatanas, guelras etc. Ao conhecer um</p><p>tubarão, vai tentar comparar com o esquema mental de peixe que já possui: nada,</p><p>vive na água, possui guelras, barbatanas. No entanto, vai verificar que o tubarão</p><p>é um peixe que não tem escamas e, após aprender essa variante, vai adaptar o</p><p>seu conceito geral de peixe, acrescentando a ele os peixes que não têm escama.</p><p>A isto chamamos de acomodação. Para Piaget (1996, p. 18), “[...] chamaremos</p><p>acomodação (por analogia com os "acomodatos" biológicos) toda modificação</p><p>dos esquemas de assimilação sob a influência de situações exteriores (meio) ao</p><p>quais se aplicam”.</p><p>O que são estes esquemas, de acordo com Piaget? Em sua teoria, os esquemas,</p><p>ou estruturas mentais/cognitivas, são a forma de organização e adaptação do indivíduo ao</p><p>meio. Estes esquemas mudam de forma contínua, por meio das interações com o meio,</p><p>tornando-se cada vez mais complexos. Por exemplo: ao nascer, o indivíduo possui poucos</p><p>esquemas, apenas de reflexo (como vimos anteriormente: sugar, mamar, morder etc.). No</p><p>entanto, à medida que realiza interações com o meio, vai desenvolvendo e aprimorando</p><p>seus esquemas mentais/cognitivos, que, como vimos anteriormente nos períodos de</p><p>desenvolvimento, vão desde a evolução na fala até o desenvolvimento do pensamento</p><p>abstrato, entre outros aspectos.</p><p>IMPORTANTE</p><p>TÓPICO 4 — O CONSTRUTIVISMO DE PIAGET</p><p>67</p><p>QUADRO 7 – ASSIMILAÇÃO E ACOMODAÇÃO</p><p>PEIXES</p><p>PEIXE TUBARÃO</p><p>CARACTERÍSTICAS COMUNS</p><p>• nadam</p><p>• vivem na água</p><p>• possuem guelras</p><p>• tem barbatanas, etc.</p><p>VARIANTES</p><p>possui escamas</p><p>esqueleto vertebrado</p><p>pele lisa</p><p>esqueleto cartilaginoso</p><p>FONTE: A autora</p><p>Na teoria construtivista, portanto, a acomodação acontece quando a criança</p><p>não possui uma estrutura mental ou cognitiva da nova informação ou estímulo,</p><p>quando não consegue assimilar o que lhe foi apresentado (PIAGET, 1996). A partir</p><p>desta dificuldade, a criança modifica um esquema já existente, como aconteceu no</p><p>exemplo anterior, no qual a criança modificou o seu esquema mental em relação</p><p>ao peixe após ser confrontada com uma variação do que já conhecia, ou cria um</p><p>novo esquema, pelo fato de a informação não corresponder</p><p>a nada que já conheça.</p><p>Após ter acomodado a nova informação, assim que estiver frente a um estímulo</p><p>parecido, fará a assimilação com a nova estrutura mental já criada.</p><p>Podemos perceber, desta forma, que os esquemas, ou estruturas mentais,</p><p>são construídos pouco a pouco, dando lugar às novas acomodações. Para isto,</p><p>passam por um período de equilibração. A teoria da equilibração, de acordo com</p><p>Piaget (1982), é um ponto de equilíbrio no processo de assimilação e acomodação,</p><p>no qual a criança consegue interagir com o meio de forma eficiente. Este equilíbrio</p><p>é necessário porque, se a criança apenas assimilasse os estímulos do meio, possuiria</p><p>poucos esquemas mentais e não seria capaz de reconhecer as diferentes informações.</p><p>Por outro lado, se a criança apenas acomodasse os estímulos recebidos, teria uma</p><p>grande quantidade de esquemas em sua mente, para cada informação um esquema,</p><p>o que impediria a criança de visualizar o todo (PIAGET,1996).</p><p>Bom, agora que já estudamos um pouco da sua teoria, vamos nos ater ao</p><p>que Piaget pensa sobre a escola e o professor.</p><p>4 O PAPEL DA ESCOLA E DO PROFESSOR PARA PIAGET</p><p>Piaget defende que a escola utilize métodos ativos, fruto do trabalho</p><p>espontâneo, orientado por perguntas anteriormente planejadas, frutos do trabalho</p><p>de redescoberta e reconstrução das verdades, sem recebê-las prontas. Segundo ele,</p><p>68</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de</p><p>fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações</p><p>já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A</p><p>segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições</p><p>de criticar, verificar e não aceitar tudo o que a elas se propõe” (PIAGET,</p><p>1982, p. 246).</p><p>Por defender a pesquisa em sala de aula, Piaget é extremamente contra os</p><p>métodos pedagógicos coercivos. Para ele, “[...] no terreno da educação, o exemplo</p><p>deve desempenhar um papel mais importante do que a coerção” (PIAGET, 1948</p><p>apud MUNARI, 2010, p. 17). A escola deveria convidar o aluno a experimentar,</p><p>reconstruindo o que precisa aprender. Para ele, não se aprende apenas vendo o</p><p>professor experimentar, ou realizando exercícios já organizados. “Só se aprende a</p><p>experimentar, tateando, por si mesmo, trabalhando ativamente, ou seja, em liberdade</p><p>e dispondo de todo o tempo necessário” (PIAGET, 1949 apud MUNARI, 2010, p.18).</p><p>As ações educativas deveriam ser ações de estímulo à pesquisa, à</p><p>experimentação. A escola ideal, segundo Piaget (1949 apud MUNARI, 2010), não</p><p>teria livros nem manuais obrigatórios para os alunos, mas obras de referência</p><p>utilizadas de forma livre. Os manuais seriam apenas de uso do professor.</p><p>Como vimos no começo deste tópico, Piaget iniciou seus estudos sobre o</p><p>desenvolvimento da inteligência bem cedo, procurando novos métodos e enfoques,</p><p>confrontando seus estudos com trabalhos científicos da época e dando um grande</p><p>impulso aos debates sobre a educação, o que acontece até os dias de hoje.</p><p>Piaget foi um grande defensor de uma educação ativa, em que a criança</p><p>é agente do seu conhecimento e o constrói progressivamente, por meio da</p><p>experimentação. Esta educação ativa já havia sido defendida por outros estudiosos,</p><p>como Montessori, Freinet, Decroly e Claparède, nos quais Piaget se apoiava.</p><p>FIGURA 22 – PIAGET OBSERVANDO AS CRIANÇAS REALIZANDO ATIVIDADES</p><p>FONTE: <http://f.i.uol.com.br/livraria/capas/images/10258598.jpeg>. Acesso em: 13 jun. 2012.</p><p>Com relação a algumas disciplinas específicas da época, como o ensino</p><p>das ciências naturais, Piaget se posiciona:</p><p>TÓPICO 4 — O CONSTRUTIVISMO DE PIAGET</p><p>69</p><p>Aqueles que, por profissão, estudam a psicologia das operações</p><p>intelectuais da criança e do adolescente sempre se surpreendem</p><p>com os recursos de que dispõe todo aluno normal, desde que se lhe</p><p>proporcionemos meios de trabalhar ativamente, sem constrangê-</p><p>lo com repetições passivas [...]. Desse ponto de vista, o ensino das</p><p>ciências é a educação ativa da objetividade e dos hábitos de verificação</p><p>(PIAGET, 1952 apud MUNARI, 2010, p. 19).</p><p>Já com relação ao ensino da matemática para os pequenos, dizia ser</p><p>importante proporcionar a eles esquemas de ação nos quais pudessem se basear</p><p>futuramente, já que a criança nesta fase estava mais desenvolvida no aspecto</p><p>sensório-motor do que no da lógica verbal.</p><p>A compreensão matemática não é questão de aptidão da criança. É</p><p>um erro supor que um fracasso em matemática obedeça a uma falta</p><p>de aptidão. A operação matemática deriva da ação: resulta que a</p><p>apresentação intuitiva não basta, a criança deve realizar por si mesma</p><p>a operação manual antes de preparar a operação mental. [...] Em todos</p><p>os domínios da matemática, o qualitativo deve preceder ao numérico</p><p>(PIAGET, 1950 apud MUNARI, 2010, p. 19).</p><p>Além destas duas áreas, ciências naturais e matemática, Piaget defendia</p><p>uma educação ativa, por meio da experimentação, também para outras áreas,</p><p>como a aprendizagem de uma língua, que são menos técnicas. “É necessário</p><p>estabelecer entre as crianças, sobretudo entre os adolescentes, relações sociais,</p><p>apelar para a sua atividade e para a sua responsabilidade” (PIAGET, 1948 apud</p><p>MUNARI, 2010, p. 20).</p><p>Para Piaget (apud MUNARI, 2010) é muito importante que a pedagogia</p><p>parta do conhecimento do aluno, ou seja, do que a criança já conhece.</p><p>A pedagogia é uma arte, enquanto que a psicologia é uma ciência; mas</p><p>se a arte de educar supõe atitudes inatas insubstituíveis, ela requer</p><p>ser desenvolvida por meio dos conhecimentos necessários sobre o ser</p><p>humano que se educa (PIAGET,1948 apud MUNARI, 2010, p. 20).</p><p>Levar em consideração o que a criança já sabe é de suma importância</p><p>para o professor. Este conhecimento prévio é o passo inicial para a construção de</p><p>um novo conhecimento, em que a criança elabora novas estruturas mentais ou</p><p>reconfigura as já existentes. A pedagogia reflexiva, proposta por Piaget, faz com</p><p>que a criança reflita o novo conteúdo, e não que apenas o aceite sem questionar.</p><p>Este novo conteúdo torna-se significativo e amplia o conhecimento prévio da</p><p>criança, tornando-o mais complexo.</p><p>De que forma o professor pode verificar os conhecimentos prévios dos</p><p>seus alunos? Como você, caro acadêmico, faria esta sondagem? Que estratégias</p><p>utilizaria? Bem, em um primeiro momento imaginamos que você deva ter</p><p>pensado: “conversaria com as crianças”. No entanto, será que esta é a melhor</p><p>forma de verificar o conhecimento prévio do seu aluno na proposta de Piaget?</p><p>70</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>Lembre-se de que Piaget não está necessariamente preocupado com a</p><p>aprendizagem dos conteúdos e, sim, com o processo de desenvolvimento da</p><p>inteligência da criança. Por isto, devemos avaliar em que fase do desenvolvimento</p><p>a criança se encontra e se o conteúdo a ser ensinado trará algo que a criança ainda</p><p>não conhece.</p><p>A melhor forma de realizar este levantamento é propor desafios,</p><p>situações-problema, que obriguem a criança a utilizar o conhecimento que possui</p><p>para resolvê-los. Para Piaget, a inteligência só é possível de ser desenvolvida</p><p>porque existem os conhecimentos prévios que podem ser ampliados. É assim</p><p>que todos nós nos desenvolvemos. Cada novo conhecimento é agregado e passa</p><p>a tornar-se conhecimento prévio quando tivermos um novo desafio pela frente.</p><p>Nossas estruturas mentais se modificam, se reestruturam para que possamos</p><p>compreender a nova realidade.</p><p>Piaget não deu receitas prontas, não criou nenhum manual de didática para</p><p>os professores, mas demonstrou que cada fase do desenvolvimento da criança,</p><p>com características específicas, apresenta novas possibilidades de conhecimento,</p><p>de aperfeiçoamento, fazendo com que o professor perceba quais estímulos poderá</p><p>utilizar a fim de favorecer da melhor forma este desenvolvimento. De acordo com</p><p>Lima (1980, p. 131),</p><p>Aceitar o ponto de vista de Piaget, portanto, provocará turbulenta</p><p>revolução no processo escolar.</p><p>34</p><p>AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 35</p><p>TÓPICO 3 — A PEDAGOGIA FREINET ......................................................................................... 37</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 37</p><p>2 CÉLESTIN FREINET (1886-1966) .................................................................................................... 37</p><p>3 A PEDAGOGIA FREINET ............................................................................................................... 40</p><p>4 METODOLOGIA ............................................................................................................................... 46</p><p>5 PAPEL DO PROFESSOR NA PEDAGOGIA FREINET ............................................................. 51</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 56</p><p>AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 58</p><p>TÓPICO 4 — O CONSTRUTIVISMO DE PIAGET ...................................................................... 59</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 59</p><p>2 JEAN WILLIAM FRITZ PIAGET (1896-1980)............................................................................... 59</p><p>3 A TEORIA CONSTRUTIVISTA DE PIAGET .............................................................................. 62</p><p>4 O PAPEL DA ESCOLA E DO PROFESSOR PARA PIAGET .................................................... 67</p><p>RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 71</p><p>AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 72</p><p>TÓPICO 5 — O SOCIOINTERACIONISMO DE VIGOTSKI .................................................... 73</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 73</p><p>2 LEV SEMYNOVITCH VIGOTSKI (1896-1934) ............................................................................ 73</p><p>3 A TEORIA SOCIOINTERACIONISTA DE VIGOTSKI ............................................................ 76</p><p>4 O PAPEL DA ESCOLA E DO PROFESSOR PARA VIGOTSKI ............................................... 82</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 84</p><p>RESUMO DO TÓPICO 5..................................................................................................................... 87</p><p>AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 89</p><p>REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 90</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL:</p><p>ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS ............................................. 93</p><p>TÓPICO 1 — ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO E DOS AMBIENTES</p><p>FACILITADORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL .................................................. 95</p><p>1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 95</p><p>2 ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS PARA CRIANÇAS DE 0 A 1 ANO DE IDADE ............. 95</p><p>2.1 SALA DE REPOUSO .................................................................................................................... 96</p><p>2.2 SALA DE ATIVIDADES ............................................................................................................... 97</p><p>2.3 FRALDÁRIO ................................................................................................................................ 101</p><p>2.4 LACTÁRIO .................................................................................................................................. 102</p><p>2.5 SOLÁRIO ..................................................................................................................................... 103</p><p>3 ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS PARA CRIANÇAS DE UM A SEIS ANOS .................. 103</p><p>3.1 SALA DE ATIVIDADES ............................................................................................................. 105</p><p>3.2 SALA MULTIUSO OU BRINQUEDOTECA ........................................................................... 112</p><p>3.3 REFEITÓRIO................................................................................................................................ 113</p><p>3.4 BANHEIROS................................................................................................................................ 114</p><p>3.5 PÁTIO COBERTO ....................................................................................................................... 114</p><p>3.6 ÁREA EXTERNA ........................................................................................................................ 115</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 117</p><p>AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 118</p><p>TÓPICO 2 — A ORGANIZAÇÃO DA ROTINA E O PLANEJAMENTO NA</p><p>EDUCAÇÃO INFANTIL .......................................................................................... 119</p><p>1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 119</p><p>2 A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DA ROTINA ..................................................................... 119</p><p>3 ROTINA E PLANEJAMENTO: O PAPEL DO PROFESSOR .................................................. 124</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 137</p><p>AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 138</p><p>TÓPICO 3 — A CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA E DA IDENTIDADE</p><p>DA CRIANÇA ............................................................................................................ 141</p><p>1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 141</p><p>2 O DESENVOLVIMENTO DA INDEPENDÊNCIA NA APRENDIZAGEM ........................ 142</p><p>3 A PEDAGOGIA DA AUTONOMIA, SEGUNDO PAULO FREIRE ...................................... 145</p><p>4 A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE ........................................................................................ 154</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 158</p><p>AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 159</p><p>TÓPICO 4 — A EDUCAÇÃO INFANTIL NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR</p><p>(BNCC) ................................................................................................................................................. 161</p><p>1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 161</p><p>2 DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO NA EDUCAÇÃO</p><p>INFANTIL ..........................................................................................................................................</p><p>[...] Quem quiser segui-lo tem de</p><p>modificar, fundamentalmente, comportamentos consagrados,</p><p>milenarmente (aliás, é assim que age a ciência, e a pedagogia começa</p><p>a tornar-se uma arte apoiada, estritamente, nas ciências biológicas,</p><p>psicológicas e sociológicas). Onde houver um professor ‘ensinando’</p><p>[...] aí não está havendo uma escola piagetiana.</p><p>Você está disposto a ser um professor diferente?</p><p>71</p><p>RESUMO DO TÓPICO 4</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• Piaget nasceu em 9 de agosto de 1896, na Suíça e sempre foi um grande observador.</p><p>Formou-se em biologia e foi professor universitário durante 25 anos.</p><p>• Boa parte da sua pesquisa veio da observação das etapas do desenvolvimento</p><p>dos seus próprios filhos.</p><p>• Piaget não foi um pedagogo, mas sua pesquisa sobre o processo de aquisição</p><p>do conhecimento da criança trouxe diversas contribuições para a educação.</p><p>• Piaget identificou que o desenvolvimento ocorre em quatro períodos: sensório-</p><p>motor (de zero a dois anos); pré-operatório (de dois a sete anos); operatório-</p><p>concreto (de oito a onze anos) e operatório-formal (de doze a quatorze anos).</p><p>• Existem quatro fatores que ajudam a criança a passar de um período de</p><p>desenvolvimento para outro: o amadurecimento; a experiência; a interação</p><p>social; e o equilíbrio.</p><p>• A organização (aspecto interno) e a adaptação (aspecto externo) são</p><p>inseparáveis.</p><p>• A assimilação é a comparação do mundo exterior com os esquemas mentais</p><p>já existentes.</p><p>• A acomodação é toda modificação dos esquemas de assimilação (estruturas</p><p>mentais), sob a influência do meio.</p><p>• A teoria da equilibração é um ponto de equilíbrio entre o processo de</p><p>assimilação e acomodação.</p><p>• Piaget é contra os métodos educativos coercivos. Para ele, o exemplo é mais</p><p>importante.</p><p>• Não se aprende apenas vendo o professor experimentar, a criança precisa</p><p>experimentar também, ser ativa no processo de aprendizagem.</p><p>• A educação deve partir do conhecimento do aluno.</p><p>72</p><p>1 Qual é o nome da teoria de Piaget?</p><p>2 Descreva de forma breve três dos principais conceitos desta teoria.</p><p>3 Cite dois aspectos importantes da educação para Piaget:</p><p>4 De acordo com Piaget, o desenvolvimento ocorre em quatro períodos,</p><p>assinale a alternativa que representa o período operatório formal, de acordo</p><p>com a idade correspondente:</p><p>a) ( ) 8-11 anos.</p><p>b) ( ) 12-14 anos.</p><p>c) ( ) 2-7 anos.</p><p>d) ( ) 0-2 anos.</p><p>5 Existem quatro fatores que ajudam a criança a passar de um período de</p><p>desenvolvimento para outro. Assinale a alternativa que os apresente</p><p>corretamente:</p><p>a) ( ) A linguagem, a família, a escola e a experiência de vida.</p><p>b) ( ) O amadurecimento, a experiência, a interação social e o equilíbrio.</p><p>c) ( ) A idade, a escola, os amigos e a família.</p><p>d) ( ) A autonomia, a independência, a maturidade e a experiência.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>73</p><p>TÓPICO 5 —</p><p>UNIDADE 1</p><p>O SOCIOINTERACIONISMO DE VIGOTSKI</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Com certeza você já ouviu falar muito de Vigotski e do sociointeracionismo,</p><p>não é mesmo? Logo nas primeiras disciplinas do seu curso – Psicologia Geral e do</p><p>Desenvolvimento e Psicologia da Educação e Aprendizagem –, você já estudou</p><p>ele e sua teoria. Você se lembra?</p><p>Desde os primeiros dias do desenvolvimento da criança, suas</p><p>atividades adquirem um significado próprio em um sistema de</p><p>comportamento social e, sendo dirigidas a objetivos definidos, são</p><p>refratadas através do prisma do ambiente da criança. O caminho do</p><p>objeto até a criança e dessa até o objeto passa através de outra pessoa.</p><p>Essa estrutura humana complexa é o produto de um processo de</p><p>desenvolvimento profundamente enraizado nas ligações entre história</p><p>individual e história social (VIGOTSKI, 1991, p. 33).</p><p>De qualquer forma, neste tópico conheceremos um pouco mais sobre a</p><p>sua história de vida e os conceitos básicos de sua teoria para a educação, como:</p><p>zona de desenvolvimento proximal, mediação, relação entre desenvolvimento e</p><p>aprendizagem, entre outros. Também veremos como Vigotski percebe o papel da</p><p>escola e do professor em sua teoria.</p><p>E então, preparado para aprofundar seus conhecimentos sobre Vigotski?</p><p>2 LEV SEMYNOVITCH VIGOTSKI (1896-1934)</p><p>Para explanar sobre a vida de Vigotski, vamos utilizar como base os</p><p>escritos de Veer e Valsiner (2001) e Rego (2004).</p><p>Lev Semynovich Vigotski nasceu em novembro de 1896, na cidade de Orsha,</p><p>na Rússia (na época, União Soviética). Era o segundo filho (de um total de oito) de</p><p>uma família judaica que possuía boas condições financeiras e proporcionou a todos</p><p>os filhos uma excelente educação.</p><p>74</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>FIGURA 23 – VIGOTSKI</p><p>FONTE: <https://sitepsicologia.webnode.com/_files/200000026-66251671e8/Vygotsky4.jpg>.</p><p>Acesso em: 12 fev. 2012.</p><p>Em sua juventude, seus passatempos favoritos eram as coleções de</p><p>correspondências em esperanto, de selos e de xadrez. “Vigotski participava</p><p>ativamente, junto com um círculo de amigos, de discussões de assuntos altamente</p><p>abstratos, como a filosofia da história de Hegel e o papel do indivíduo na história”</p><p>(VEER; VALSINER, 2001, p. 18). Também foi um admirador da poesia e dos</p><p>teatros locais da época.</p><p>Sua educação inicial foi com professores particulares. Mais tarde, frequentou</p><p>turmas mais adiantadas (do antigo Ginásio) em uma escola judaica particular de</p><p>Gomel, onde se graduou com medalha de ouro em 1913. Entre 1914 e 1917, estudou</p><p>Direito e Literatura na Universidade de Moscou. Nesta época, os interesses de</p><p>Vigotski ampliaram-se para os problemas da psicologia e da pedagogia.</p><p>Você sabe o que é o esperanto?</p><p>O esperanto é uma língua auxiliar de comunicação internacional, criada em 1887 pelo</p><p>médico e linguista judeu-polonês Dr. Lázaro Luís Zamenhof. É amplamente usado nos</p><p>protocolos de conversação e em fóruns na internet. É uma língua internacional e neutra,</p><p>que não pertence a nenhuma nação. É conhecida pela facilidade de aprendizagem, seja</p><p>pela gramática regular e sem exceções, seja pelos radicais colhidos do latim e das línguas</p><p>mais faladas no Ocidente. A proposta do esperanto é que cada povo continue a falar sua</p><p>própria língua materna, mas que use o idioma neutro nas comunicações internacionais.</p><p>FONTE: http://esperanto.org.br/info/index.php/18-disvastigado/490-como-o-esperanto-surgiu.</p><p>Acesso em: 27 de maio. 2021.</p><p>NOTA</p><p>TÓPICO 5 — O SOCIOINTERACIONISMO DE VIGOTSKI</p><p>75</p><p>Entre 1917 e 1924, lecionou em vários institutos, como a Escola Noturna</p><p>para Trabalhadores Adultos, os Cursos Preparatórios para Pedagogos, a Escola</p><p>Trabalhista Soviética e o Colégio Pedagógico.</p><p>Este último viria a desempenhar um papel importante no</p><p>desenvolvimento de Vigotski como cientista, pois foi aí que ele</p><p>montou um pequeno laboratório psicológico no qual os alunos podiam</p><p>fazer investigações práticas simples. Nesse laboratório, realizou</p><p>suas primeiras experiências sobre reações dominantes e respiração,</p><p>que proporcionaram o material para sua primeira palestra sobre</p><p>investigação reflexológica e psicológica [...]. Enquanto trabalhava</p><p>no Colégio Pedagógico de Gomel, também começou a preparar um</p><p>de seus primeiros livros importantes: Psicologia Pedagógica (VEER;</p><p>VALSINER, 2001, p. 22).</p><p>Vigotski fundou, junto ao seu amigo Dobkin e seu primo David, a editora</p><p>Eras e Dias (que publicou apenas dois livros), e a revista literária Urze (também</p><p>de vida curta). Nesta mesma época, chefiou a seção de teatro do Departamento de</p><p>Educação Popular, em Gomel. Em 1920, Vigotski e sua família foram acometidas</p><p>pela tuberculose, e um de seus irmãos faleceu devido à doença. Vigotski conseguiu</p><p>recuperar-se, porém, pelo restante de sua vida, sofreu com as consequências da</p><p>doença, resultando na sua morte em 1934.</p><p>Em 1924, casou-se com Roza Smekhova (com a qual teve duas filhas)</p><p>e mudou-se para Moscou, onde foi trabalhar no Instituto de Psicologia</p><p>Experimental de Karnilov. Nos últimos anos de sua vida morou com sua mulher</p><p>e seus filhos num quarto de um apartamento lotado. “Para ganhar seu sustento,</p><p>Vigotski assumiu uma quantidade enorme</p><p>de trabalhos editoriais para editoras</p><p>e uma pesada carga de aulas que envolviam viagens constantes entre Moscou,</p><p>Leningrado e Kharkov” (VEER; VALSINER, 2001, p. 25).</p><p>FIGURA 24 – VIGOTSKI E SUA FILHA EM 1932</p><p>FONTE: https://novaescola.org.br/conteudo/244/vygotsky-conceito-pensamento-verbal>. Aces-</p><p>so em: 27 maio. 2021.</p><p>76</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>Na manhã de 11 de junho de 1934, após ter sofrido por diversos dias com</p><p>hemorragias decorrentes da tuberculose, Vigotski faleceu aos 38 anos.</p><p>Apesar de Vigotski e Piaget terem nascido no mesmo ano e viverem</p><p>na mesma época, e suas teorias terem vários pontos parecidos, eles não se</p><p>conheceram. Piaget só conheceu as obras de Vigotski por volta de 1960, quando</p><p>estas chegaram ao Ocidente, e lamentou não terem se conhecido.</p><p>No Brasil, a teoria de Vigotski é estudada há aproximadamente quatro</p><p>décadas, já que suas obras chegaram aqui apenas em meados da década de</p><p>1980. Apesar de não ter elaborado uma teoria pedagógica, suas ideias trouxeram</p><p>diversas contribuições para a educação, principalmente no que diz respeito ao</p><p>processo de aprendizagem.</p><p>3 A TEORIA SOCIOINTERACIONISTA DE VIGOTSKI</p><p>A teoria de Vigotski é bastante complexa e ainda pouco conhecida, já</p><p>que poucas de suas obras foram traduzidas para o português. Também pode ser</p><p>considerada incompleta, já que, por causa da sua doença, não conseguiu concluir</p><p>algumas pesquisas, apenas lançou ideias e conceitos que não chegaram a ser</p><p>desenvolvidos por ele. No entanto, sua obra é tão intensa e, como já dissemos,</p><p>complexa, que optamos por tratar aqui apenas dos conceitos básicos e mais</p><p>utilizados na educação:</p><p>Dica de filme: Coleção Grandes Educadores – Lev Vigotski.</p><p>Sinopse: Lev Vigotski se preocupa em entender o funcionamento psicológico do ser</p><p>humano, integrando aspectos biológicos e culturais. Com relação à educação, a teoria</p><p>de Vigotski enfatiza o papel da aprendizagem no desenvolvimento humano, valorizando</p><p>a escola, o professor e a intervenção pedagógica. Talvez por isso, suas ideias têm tido</p><p>tanta repercussão entre os educadores do Ocidente, apesar de sua distância no tempo</p><p>e espaço (viveu na antiga União Soviética e morreu há mais de 60 anos). A produção de</p><p>Vigotski foi vasta: escreveu cerca de 200 trabalhos científicos que foram pontos de partida</p><p>para inúmeros projetos de pesquisa posteriores, desenvolvidos por seus colaboradores e</p><p>seguidores, e ainda centrais na agenda de psicologia da educação contemporânea.</p><p>FONTE: https://www.youtube.com/watch?v=fGH2f_pADvol>. Acesso em: 27 maio. 2021.</p><p>DICAS</p><p>TÓPICO 5 — O SOCIOINTERACIONISMO DE VIGOTSKI</p><p>77</p><p>FIGURA 25 – CONCEITOS BÁSICOS DO SOCIOINTERACIONISMO</p><p>FONTE: A autora</p><p>Para Vigotski, a aquisição dos conhecimentos só acontece por meio da</p><p>interação social/cultural da criança com o meio e de forma mediada. “No trabalho</p><p>de Vigotski, verifica-se uma visão de desenvolvimento baseada na concepção</p><p>de um organismo ativo, cujo pensamento é construído gradativamente num</p><p>ambiente que é histórico e social” (RODRIGUERO, 2000, p. 101).</p><p>É por meio das interações com o meio social que a criança se desenvolve.</p><p>Com o auxílio dos adultos, as crianças passam a assimilar habilidades básicas,</p><p>como sentar, falar, andar, comer com talheres, tomar água no copo etc. Por</p><p>meio das interações constantes com o adulto ou crianças mais experientes, vai</p><p>desenvolvendo processos psicológicos mais complexos (REGO, 2004).</p><p>Desde o nascimento, o bebê está em constante interação com os adultos,</p><p>que não só asseguram sua sobrevivência, mas também medeiam sua</p><p>relação com o mundo. Os adultos procuram incorporar as crianças à sua</p><p>cultura, atribuindo significado às condutas e aos objetos culturais que</p><p>se formaram ao longo da história. O comportamento da criança recebe</p><p>influências dos costumes e objetos de sua cultura [...] (REGO, 2004, p. 59).</p><p>E então, você consegue imaginar como a falta de um ambiente social e</p><p>humanizado influencia no comportamento do ser humano? Já leu a lenda de</p><p>Amala e Kamala, as meninas lobo? Fica aí a nossa dica!</p><p>O desenvolvimento está intimamente relacionado ao contexto</p><p>sociocultural em que a pessoa se insere e se processa de forma dinâmica</p><p>(e dialética) através de rupturas e equilíbrios provocadores de contínuas</p><p>reorganizações por parte do indivíduo” (REGO, 2004, p. 58).</p><p>78</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>Desta forma, a cultura é que fornece à criança os elementos simbólicos de</p><p>representação da realidade, permitindo que ela construa a sua interpretação do</p><p>mundo real que a rodeia. Esta interpretação é mediada, só se constrói na presença</p><p>do outro. Este outro pode ser tanto o homem, quanto os objetos que a rodeiam,</p><p>como ferramentas, signos (em especial a linguagem), técnicas culturais etc. Vigotski</p><p>ressalta a importância de dois elementos básicos no processo de mediação:</p><p>QUADRO 8 – INSTRUMENTO E SIGNO</p><p>INSTRUMENTO SIGNO</p><p>Tem a função de regular as</p><p>ações sobre os objetos. Regula as ações sobre o psiquismo das pessoas.</p><p>O instrumento, ou ferramenta,</p><p>é o meio pelo qual o homem</p><p>aperfeiçoou a sua relação com</p><p>o trabalho, na transformação</p><p>da natureza</p><p>Ex.: Lembrar, comparar, relatar etc. Com o</p><p>auxílio dos signos, o homem passa a controlar</p><p>sua atividade psicológica, ampliando sua</p><p>atenção, sua memória e a possibilidade de</p><p>acúmulo de informações.</p><p>Desta forma, o instrumento</p><p>provoca mudanças externas,</p><p>ampliando a possibilidade</p><p>de intervenção do homem</p><p>na natureza. Ex.: trator, faca,</p><p>computador etc</p><p>Um importante sistema simbólico que o homem</p><p>utiliza para organizar os signos, e que foi fonte</p><p>de diversos estudos de Vigotski, foi a linguagem.</p><p>Por meio da linguagem o homem designa os</p><p>objetos do mundo exterior (faca - serve para se</p><p>alimentar);estipula ações (serve para cortar);</p><p>insere qualidades (lisa, cortante) e faz relações</p><p>com os objetos (está próxima, abaixo etc.).</p><p>FONTE: Adaptado de Rego (2004)</p><p>É assim que, por meio dos signos e instrumentos, o ser humano vai</p><p>interagindo com os outros. Por meio da troca com os outros e consigo mesmo,</p><p>vai internalizando o conhecimento e formando a sua consciência. Por isto, pode-</p><p>se dizer que a criança não é apenas ativa, mas interativa, pois constrói o seu</p><p>conhecimento por meio das relações inter e intrapessoais.</p><p>Todas as funções psicointelectuais superiores aparecem duas vezes no</p><p>decurso do desenvolvimento da criança: a primeira vez, nas atividades</p><p>coletivas, nas atividades sociais, ou seja, como funções interpsíquicas;</p><p>a segunda, nas atividades individuais, como propriedades internas</p><p>do pensamento da criança, ou seja, como funções intrapsíquicas</p><p>(VIGOTSKI, 1988, p. 114, grifos no original).</p><p>Desta forma, o processo de internalização, por parte da criança, nas</p><p>interações que estabelece com o meio, envolve processos específicos como:</p><p>DIFERENTES MODOS</p><p>DE PARTICIPAÇÃOSIGNIFICAÇÃO APROPRIAÇÃO</p><p>TÓPICO 5 — O SOCIOINTERACIONISMO DE VIGOTSKI</p><p>79</p><p>Nesse sentido, de acordo com Sarmento, Rapoport e Fossati (2008, p.</p><p>34), “[...] assim como o desenvolvimento das funções psicológicas superiores</p><p>acontecem no bojo da cultura, das práticas sociais, também o psiquismo humano</p><p>se constrói a partir das relações sociais que o ser humano vai estabelecendo no</p><p>decorrer de sua vida”.</p><p>De acordo com Vigotski, existem ao menos dois níveis de desenvolvimento:</p><p>QUADRO 9 – NÍVEIS DE DESENVOLVIMENTO</p><p>REAL POTENCIAL</p><p>O desenvolvimento real é tudo</p><p>aquilo que a criança consegue</p><p>realizar sozinha, sem a ajuda</p><p>de ninguém, pois já possui um</p><p>conhecimento consolidado a</p><p>respeito do assunto.</p><p>Ex.: Saber andar de bicicleta,</p><p>recortar, resolver um problema</p><p>etc.</p><p>O desenvolvimento potencial é quando a criança</p><p>consegue realizar tarefas mais complexas, por</p><p>instrução ou auxílio de um adulto, ou pela</p><p>interação com as outras crianças.</p><p>Ex.: Uma criança de cinco anos pode não</p><p>conseguir montar sozinha um quebra-cabeças</p><p>que tenha muitas peças, mas com a assistência de</p><p>seu</p><p>irmão mais velho ou mesmo de uma criança</p><p>de sua idade, mas que já tenha experiência neste</p><p>jogo, pode realizar a tarefa.</p><p>FONTE: Adaptado de Rego (2004), Salvador (2006), Davis e Oliveira (1994), Sarmento,</p><p>Rapoport e Fossati (2008)</p><p>De acordo com Vigotski (1991), a distância entre o que a criança já sabe</p><p>fazer de forma autônoma (zona de desenvolvimento real) e o que consegue</p><p>realizar com a ajuda dos outros (zona de desenvolvimento potencial), é o que</p><p>chamou de Zona do Desenvolvimento Proximal (ZDP).</p><p>[...] a zona de desenvolvimento proximal define aquelas funções</p><p>que ainda não amadureceram, que estão em processo de maturação,</p><p>funções que amadurecerão, mas que estão presentes em estado</p><p>embrionário. Essas funções poderiam ser chamadas de “brotos” ou</p><p>“flores” do desenvolvimento, ao invés de “frutos” do desenvolvimento</p><p>(VIGOTSKI, 1991, p. 97).</p><p>No entanto, devem os levar em consideração que, de acordo com Vigotski,</p><p>a Zona de Desenvolvimento Proximal não é algo intrínseco da criança, ela ocorre</p><p>durante o processo de interação social.</p><p>Retomando um pouco a teoria de Piaget, que vimos no tópico anterior,</p><p>percebemos que na teoria construtivista, o processo de aprendizagem depende</p><p>do estágio do desenvolvimento em que a criança se encontra. Assim, o papel do</p><p>professor seria o de identificar em qual estágio do desenvolvimento a criança se</p><p>encontra e, a partir dali, programar a aprendizagem da criança de acordo com o</p><p>que ela é capaz de fazer naquele momento.</p><p>80</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>Já no sociointeracionismo de Vigotski, é o aprendizado que possibilita,</p><p>orienta e estimula os processos de desenvolvimento, ou seja, a aprendizagem</p><p>vem antes do desenvolvimento. Para Vigotski (1991):</p><p>• O desenvolvimento das bases psicológicas para o aprendizado de matérias</p><p>básicas não vem antes do aprendizado, mas se desenvolve em uma interação</p><p>contínua com as suas contribuições.</p><p>• O aprendizado precede o desenvolvimento em muitas áreas.</p><p>• O aprendizado de uma matéria influencia o desenvolvimento das funções</p><p>superiores para além dos limites da matéria específica.</p><p>É na Zona de Desenvolvimento Proximal, de acordo com Vigotski, que a</p><p>aprendizagem vai ocorrer. Neste sentido, o papel do professor é o de favorecer</p><p>esta aprendizagem, mediando a criança em sua relação com o meio. Temos,</p><p>assim, um processo interativo entre aprendizagem e desenvolvimento, que ocorre</p><p>em um contexto cultural, desenvolvendo-se com o auxílio dos mecanismos de</p><p>aprendizagem propostos pelo mediador (professor ou outra criança).</p><p>Por isto, é importante que o professor inove a sua prática, procurando</p><p>compreender a realidade sociocultural das suas crianças, a fim de que a</p><p>educação se torne realmente significativa e construtiva, levando a criança ao</p><p>desenvolvimento consciente da sua autonomia social. Com relação à tomada de</p><p>consciência, Vigotski afirma que a relação da criança com a natureza e com outras</p><p>crianças no nível da consciência, acontece de forma natural e espontânea. Somente</p><p>aos poucos é que ela vai tomando consciência da consciência que já possui e, aos</p><p>poucos, vai compreendendo seus atos sobre o meio que a cerca. A partir deste</p><p>momento, os atos da criança deixam de ser espontâneos e passam a ser sociais e</p><p>históricos. Para Vigotski (1991), a autoconsciência é o estado supremo do homem.</p><p>Para Vigotski, não apenas o ensino sistematizado (disciplinas escolares)</p><p>é responsável pela ampliação do conhecimento na Zona de Desenvolvimento</p><p>Proximal, mas também o brinquedo. Para Vigotski (1991), porém, o papel do</p><p>brinquedo não é o de proporcionar prazer para a criança, já que outras atividades</p><p>como chupar o bico são muito mais prazerosas, e o fato de nem sempre ganhar</p><p>traz frustração e descontentamento para a criança. Assim, a função primordial do</p><p>brinquedo é satisfazer algumas necessidades das crianças.</p><p>No início da idade pré-escolar, quando surgem os desejos que não</p><p>podem ser imediatamente satisfeitos ou esquecidos e permanece</p><p>ainda a característica do estágio precedente de uma tendência para a</p><p>satisfação imediata dos desejos, o comportamento da criança muda.</p><p>Para resolver essa tensão, a criança em idade pré-escolar envolve-se</p><p>num mundo ilusório e imaginário onde os desejos não realizáveis</p><p>podem ser realizados, e esse mundo é o que chamamos debrinquedo</p><p>(VIGOTSKI, 1991, p. 106).</p><p>Desta forma, é por meio do brinquedo que a criança aprende a agir de</p><p>forma cognitiva, satisfazendo suas necessidades não apenas pelo que lhe é externo,</p><p>mas por meio das motivações internas. Assim, para Vigotski (1991), a criança</p><p>TÓPICO 5 — O SOCIOINTERACIONISMO DE VIGOTSKI</p><p>81</p><p>começa a agir independente daquilo que vê. Desta forma, não é o brinquedo em</p><p>si que a satisfaz e, sim, a situação imaginária através da qual a criança atribui</p><p>significados. “O papel e a situação imaginária são fundamentais na atividade</p><p>lúdica, pois através deles ocorre uma reestruturação radical das ações da criança</p><p>e dos significados com os quais ela atua” (SARMENTO; RAPOPORT; FOSSATI,</p><p>2008, p. 40).</p><p>Vigotski acrescenta a esta relação a presença de regras. “[...] não existe</p><p>brinquedo sem regras. A situação imaginária de qualquer forma de brinquedo</p><p>já contém regras de comportamento, embora possa não ser um jogo com regras</p><p>formais estabelecidas [...]”. (VIGOTSKI, 1991, p. 108).</p><p>Assim, ao esforçar-se em desempenhar corretamente o que observa, a</p><p>criança atua em um nível superior ao que se encontra no momento.“No brinquedo,</p><p>a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade,</p><p>além de seu comportamento diário: no brinquedo é como se ela fosse maior do</p><p>que é na realidade”. (VIGOTSKI, 1991, p. 117).</p><p>Desta forma, segundo Rego (2004), mesmo que exista uma distância entre</p><p>o comportamento real da criança e o seu comportamento por meio do brinquedo,</p><p>sua atuação no mundo imaginário, por meio de regras estabelecidas, criam uma</p><p>Zona de Desenvolvimento Proximal, impulsionando conceitos e processos de</p><p>desenvolvimento.</p><p>Vamos conhecer um pouco mais sobre a teoria de Vigotski? Veja nossa</p><p>indicação de livros que tratam sobre a teoria de Vigotski:</p><p>• SMOLKA, A. L. B.; GÓES, M. C. R. de (Org.). A linguagem e o outro no espaço escolar:</p><p>Vigotski e a construção do conhecimento. Campinas: Papirus, 1994.</p><p>• RATNER, C. A psicologia sócio-histórica de Vigotski: aplicações contemporâneas. Porto</p><p>Alegre: ARTMED, 1995.</p><p>Veja, também, a indicação de livros escritos por Vigotski:</p><p>• VIGOTSKI, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins</p><p>Fontes, 2009.</p><p>• VIGOTSKI, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1999.</p><p>• VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1994.</p><p>• VIGOTSKI, L. S.; LEONTIEF, A. N.; LURIA, A. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem.</p><p>São Paulo: Martins Fontes, 2012.</p><p>DICAS</p><p>82</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>4 O PAPEL DA ESCOLA E DO PROFESSOR PARA VIGOTSKI</p><p>Para Vigotski, a educação não deve ficar esperando o desenvolvimento</p><p>intelectual da criança e sim estimulá-la, para que, quanto mais aprenda, mais se</p><p>desenvolva mentalmente. Lembre-se de que, para Vigotski, a aprendizagem vem</p><p>antes do desenvolvimento, sendo assim, quanto mais a criança aprender, mais se</p><p>desenvolverá.</p><p>Vigotski “[...] chama a atenção para o fato de que a escola, por oferecer</p><p>conteúdos e desenvolver modalidades de pensamento bastante específicas, tem</p><p>um papel diferente e insubstituível, na apropriação pelo sujeito da experiência</p><p>culturalmente acumulada” (REGO, 2004, p. 104). Por isto, para ele, a escola não</p><p>pode se limitar ao que a criança já sabe, às etapas intelectuais que já alcançou e,</p><p>sim, conduzi-la para novos estágios de desenvolvimento, que a criança ainda não</p><p>incorporou. No próprio brinquedo, como vimos anteriormente, a criança procura</p><p>atuar em relação àquilo que ainda não é, mas que virá a ser. Então a educação</p><p>não pode apenas se propor a lhe</p><p>oferecer o que ela já conhece. Deve, sim, propor</p><p>desafios e estimulá-la a ir mais longe.</p><p>A escola desempenhará bem seu papel, na medida em que, partindo</p><p>daquilo que a criança já sabe (o conhecimento que ela traz de seu</p><p>cotidiano, suas ideias a respeito dos objetos, fatos e fenômenos, sua</p><p>“teorias” acerca do que observa no mundo), ela for capaz de ampliar</p><p>e desafiar a construção de novos conhecimentos, na linguagem</p><p>vygotskiana, incidir na zona de desenvolvimento potencial dos</p><p>educandos. Desta forma poderá estimular processos internos que</p><p>acabarão por se efetivar, passando a constituir a base que possibilitará</p><p>novas aprendizagens (REGO, 2004, p. 108).</p><p>O papel do professor, portanto, é o de interferir na zona de desenvolvimento</p><p>proximal de seus alunos, a fim de provocar avanços que não ocorreriam de forma</p><p>espontânea. A Zona de Desenvolvimento Proximal é onde a escola e o professor</p><p>devem atuar. É entre a Zona de Desenvolvimento Real e a Zona de Desenvolvimento</p><p>Potencial que o professor deve agir, como mediador, intervindo na aprendizagem</p><p>do aluno, para que ele se desenvolva. Segundo Rego (2004, p. 110):</p><p>O paradigma esboçado sugere, assim, um redimensionamento do valor</p><p>das interações sociais (entre os alunos e o professor e entre as crianças)</p><p>no contexto escolar. Essas passam a ser entendidas como condição</p><p>necessária para a produção de conhecimentos por parte dos alunos,</p><p>particularmente aquelas que permitam o diálogo, a cooperação e troca</p><p>de informações mútuas, o confronto de pontos de vista divergentes e que</p><p>implicam a divisão de tarefas onde cada um tem uma responsabilidade</p><p>que, somadas, resultarão no alcance de um objetivo comum. Cabe,</p><p>portanto, ao professor não somente permitir que elas ocorram, como</p><p>também promovê-las no cotidiano das salas de aula.</p><p>Para Vigotski (1991), a escola é o local onde, intencionalmente, a intervenção</p><p>pedagógica faz acontecer o processo ensino-aprendizagem. O objetivo da escola,</p><p>portanto, é fazer com que os conceitos espontâneos da criança, de senso comum,</p><p>TÓPICO 5 — O SOCIOINTERACIONISMO DE VIGOTSKI</p><p>83</p><p>transformem-se em conhecimentos científicos, através da mediação e da interação.</p><p>Nesta teoria, a criança não é apenas sujeito da aprendizagem e, sim, aquela que</p><p>aprende os valores, a linguagem e o próprio conhecimento, com o outro.</p><p>FIGURA 26 – CRIANÇA INTERAGINDO COM O OUTRO</p><p>FONTE: <http://cidadedaesperanca.wordpress.com/2010/02/>. Acesso em: 5 abr. 2021.</p><p>É por isto que a escola necessita ser um local privilegiado de interações,</p><p>de diálogo, de transformação. A escola precisa proporcionar e estimular o</p><p>desenvolvimento de todo o potencial da criança.</p><p>Os postulados de Vigotski parecem apontar para a necessidade de</p><p>criação de uma escola bem diferente da que conhecemos. Uma escola</p><p>em que as pessoas possam dialogar, duvidar, discutir, questionar e</p><p>compartilhar saberes. Onde há espaço para transformações, para</p><p>as diferenças, para o erro, para as contradições, para a colaboração</p><p>mútua e para a criatividade. Uma escola em que professores e alunos</p><p>tenham autonomia, possam pensar, refletir o seu próprio processo de</p><p>construção de conhecimentos e ter acesso a novas informações. Uma</p><p>escola em que o conhecimento já sistematizado não é tratado de forma</p><p>dogmática e esvaziado de significado (REGO, 2004, p. 118).</p><p>E então, vai ficar esperando para que esta nova escola surja? Que tal</p><p>modificar a sua prática, a fim de tornar a aprendizagem mais significativa? Se</p><p>você ainda não é professor, reflita: qual forma você considera ser a melhor para</p><p>ser um professor? Será que ela é mesmo a melhor e única forma de lecionar?</p><p>Pense nas teorias apresentadas até agora. Reflita o tipo de professor que você</p><p>quer ser, o tipo de aluno que quer formar. Não se esqueça: depende de você fazer</p><p>a diferença para aquela criança que está em sala de aula. Comece agora, é só dar</p><p>o primeiro passo!</p><p>Para complementar os seus estudos neste tópico, vamos conhecer um</p><p>pouco sobre o construcionismo. Esta teoria leva em consideração o computador</p><p>como uma ferramenta de aprendizagem e foi elaborada por Seymund Papert,</p><p>com base no construtivismo de Piaget.</p><p>84</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>CONSTRUCIONISMO: O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA</p><p>DE APRENDIZAGEM</p><p>Márcio Roberto de Lima</p><p>Assumindo um panorama alternativo à linha instrucionista, surgiu o</p><p>computador como uma ferramenta educacional. Valente (1993, p. 12) explica que:</p><p>[...] segundo esta modalidade, o computador não é mais o instrumento</p><p>que ensina o aprendiz, mas a ferramenta com a qual o aluno desenvolve</p><p>algo, e, portanto, a aprendizagem ocorre pelo fato de estar executando</p><p>uma tarefa por meio do computador.</p><p>Fica explícita a ideia de que com o “computador ferramenta” o aluno será</p><p>o sujeito promotor de uma ação, ou seja: seu lugar deixa de ser o de espectador e</p><p>passa a ser o de agente.</p><p>Existem vários softwares que podem propiciar o uso do computador</p><p>como uma ferramenta, com este sentido estrito, tal como tratado aqui. Entre eles,</p><p>destacam-se as planilhas eletrônicas, os gerenciadores de bancos de dados, os</p><p>mecanismos de busca na internet, as ferramentas de cooperação e comunicação</p><p>em rede e também as linguagens de programação.</p><p>Planilhas eletrônicas são softwares que permitem a criação e manipulação</p><p>de folhas de cálculo, gráficos e também armazenar informações visando a</p><p>pesquisa, relatórios e estatísticas. São exemplos de planilhas o Excel do pacote de</p><p>aplicativos Microsoft Office e Calc do pacote de aplicativos OpenOffice.</p><p>Os gerenciadores de bancos de dados permitem criar coleções de</p><p>informações em um formato devidamente estruturado, de forma a proceder a</p><p>sua rápida recuperação (pesquisa), relacionamento e compartilhamento. Os</p><p>gerenciadores de bancos de dados constituem-se como base para os sistemas</p><p>de informações que atendem a diversas áreas, sendo largamente usados, por</p><p>exemplo, em bibliotecas, hospitais, comércio, indústria, internet etc. Exemplos:</p><p>MySql, Oracle, Firebird, Postgress e MS-SQLServer.</p><p>Os mecanismos de buscas na internet são ferramentas que permitem</p><p>ao usuário realizar buscas a conteúdos específicos dentro da rede mundial de</p><p>computadores. Ultimamente tem sido o ponto de partida para a navegação na</p><p>rede, sendo muito conhecidos: o Google, Alta Vista, Yahoo, entre outros.</p><p>As ferramentas de cooperação e comunicação em rede constituem meios</p><p>virtuais de troca de mensagens e ações cooperativas na internet. Enquadram-se</p><p>o correio eletrônico (e-mail), as ferramentas de troca sincrônica de mensagens</p><p>(WhatsApp, por exemplo) e também as plataformas de EAD, como o Moodle.</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>TÓPICO 5 — O SOCIOINTERACIONISMO DE VIGOTSKI</p><p>85</p><p>Linguagens de programação são softwares que proporcionam um</p><p>ambiente de expressão de raciocínio visando à solução de problemas por meio</p><p>do computador. Em outras palavras, uma linguagem de programação permite a</p><p>criação de softwares específicos. BASIC, PASCAL, FORTRAN, C++, JAVA, LOGO</p><p>são nomes de algumas dessas ferramentas.</p><p>Ainda no prefácio de seu livro “LOGO: Computadores e Educação”</p><p>(tradução do original Mindstorms – Children, Computers and Powerfull Ideas),</p><p>Papert, ao criticar o paradigma instrucionista, introduz o seu pensamento</p><p>mostrando que o computador pode e deve ser utilizado como uma máquina de</p><p>produção de conhecimento.</p><p>[...] a frase ‘instrução ajudada pelo computador’ (computer – aided</p><p>instruction) significa fazer com que o computador ensine a criança.</p><p>Pode-se dizer que o computador está sendo usado para ‘programar’</p><p>a criança. Na minha perspectiva, é a criança que deve programar o</p><p>computador e, ao fazê-lo, ela adquire um sentimento de domínio sobre</p><p>um dos mais modernos e poderosos equipamentos tecnológicos e</p><p>estabelece um contato íntimo com algumas das ideias mais profundas</p><p>da ciência, da matemática e da arte de construir modelos intelectuais</p><p>(PAPERT, 1985, p. 17).</p><p>Nessa forma alternativa de uso da máquina, alunos e professorespassam</p><p>a ter a chance</p><p>de elaborar projetos para solução de situações-problemas das mais</p><p>diversas áreas. Isso pode ser conseguido, por exemplo, como uso das linguagens</p><p>de programação como suporte à elaboração de programas de computador que</p><p>representam essas soluções.</p><p>Papert (1986) sugeriu o termo construcionismo para designar a modalidade</p><p>em que um aluno utiliza o computador como uma ferramenta com a qual ele</p><p>constrói seu conhecimento. Valente (1993) afirma que Papert usou o termo</p><p>construcionismo para “mostrar um outro nível de construção do conhecimento: a</p><p>construção do conhecimento que acontece quando o aluno elabora um objeto de</p><p>seu interesse, como uma obra de arte, um relato de experiência ou um programa</p><p>de computador” (VALENTE, 1993, p. 40). Percebe-se que o uso do computador</p><p>nessa abordagem se configura de maneira antagônica à inicialmente introduzida</p><p>com o instrucionismo.</p><p>86</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>FIGURA– LINHAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM USANDO O COMPUTADOR</p><p>A Figura anterior apresenta as duas linhas de ensino-aprendizagem –</p><p>instrucionismo e construcionismo – sugerindo uma comparação entre elas. Nota-</p><p>se, em ambos os casos, a presença do computador, do aluno, de um professor e</p><p>de um software. As diferenças estão no sentido da direção do ensino, no tipo de</p><p>software utilizado, na postura a ser adotada pelo educador e na caracterização do</p><p>aluno dentro do processo.</p><p>Como visto anteriormente, no instrucionismo tem-se o computador pré-</p><p>programado ensinando a um aluno – espectador do processo – por meio de um</p><p>software da modalidade CAI. No construcionismo de Papert, o processo é invertido.</p><p>O educando precisa assumir postura ativa e passar a ensinar ao computador a</p><p>cumprir uma determinada tarefa. Isso é conseguido por meio de um software,</p><p>que em nosso caso é uma LPC. Configura-se nas duas abordagens a mediação do</p><p>processo de aprendizagem pelo professor. Por ora, indica-se que a atuação desse</p><p>tutor deverá ser compatível com as possibilidades oferecidas por cada linha. Em</p><p>tempo, serão apresentadas as características inerentes a esses profissionais, as quais</p><p>são decisivas para o sucesso de suas intervenções pedagógicas.</p><p>A abordagem construcionista é sintetizada em seu objeto de estudo:</p><p>um problema e a sua compreensão, a elaboração de uma estratégia de solução</p><p>no computador, pelo aluno, mediado por um profissional da educação; e no</p><p>ferramental: um computador e uma linguagem de programação usados para</p><p>a construção do conhecimento. Baseando-se nisto, a próxima seção enfoca o</p><p>conceito de linguagem de programação e seu uso no meio educacional.</p><p>FONTE: LIMA, M. R. de. Construcionismo de Papert e ensino-aprendizagem de programação</p><p>de computadores no ensino superior. 2009. 143 f. Dissertação (Mestrado em Educação) –</p><p>Departamento de Educação, Universidade Federal de São João Del-Rei, São João Del-Rei.</p><p>87</p><p>RESUMO DO TÓPICO 5</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• Lev Semynovich Vigotski nasceu em novembro de 1896, na Rússia. Formou-</p><p>se em Direito e Literatura na Universidade de Moscou. Faleceu aos 38 anos,</p><p>por consequência de uma tuberculose adquirida catorze anos antes.</p><p>• Apesar de Vigotski e Piaget terem nascido no mesmo ano e terem diversos</p><p>pontos em comum em suas teorias, nunca chegaram a se conhecer.</p><p>• Vigotski não elaborou uma teoria pedagógica, mas suas ideias trouxeram</p><p>diversas contribuições para a educação.</p><p>• Os conceitos básicos da teoria de Vigotski são: mediação/interação; processos</p><p>de internalização; níveis de desenvolvimento; Zona de Desenvolvimento</p><p>Proximal; tomada de consciência; relação desenvolvimento e aprendizagem;</p><p>função do brinquedo no desenvolvimento da criança.</p><p>• A aquisição do conhecimento só acontece pela interação sociocultural da</p><p>criança com o meio, de forma mediada.</p><p>• A cultura é que fornece elementos simbólicos de representação da realidade,</p><p>permitindo que a criança construa a sua interpretação do mundo que a rodeia.</p><p>Para Vigotski existem dois elementos básicos no processo de mediação: o</p><p>instrumento e o signo.</p><p>• O processo de internalização envolve aspectos específicos como: significação;</p><p>apropriação e diferentes modos departicipação.</p><p>• Existem pelo menos dois níveis de desenvolvimento: o real e o potencial. A</p><p>distância entre o que a criança já sabe fazer (real) e o que consegue realizar com</p><p>a ajuda dos outros (potencial) chama-se Zona de Desenvolvimento Proximal.</p><p>• Para Vigotski, a aprendizagem vem antes do desenvolvimento. Somente aos</p><p>poucos é que a criança vai despertando a consciência da consciência que possui.</p><p>• O brinquedo é responsável pela ampliação do conhecimento na Zona de</p><p>Desenvolvimento Proximal. A função do brinquedo não é proporcionar</p><p>prazer para a criança e, sim, satisfazer imediatamente o seu desejo. A criança</p><p>aprende a agir de forma cognitiva por meio do brinquedo.</p><p>• Para Vigotski, quanto mais a criança aprende, mais se desenvolverá. A</p><p>educação tem um papel insubstituível na apropriação da experiência cultural</p><p>acumulada socialmente.</p><p>88</p><p>Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem</p><p>pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao</p><p>AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.</p><p>CHAMADA</p><p>• O papel do professor é o de interferir na Zona de Desenvolvimento Proximal,</p><p>provocando avanços que não ocorrem de forma espontânea. A função da</p><p>escola é fazer com que os conceitos da criança, em nível de senso comum, se</p><p>transformem em conceitos científicos.</p><p>89</p><p>1 Como o professor pode fazer o papel de mediador no processo ensino-</p><p>aprendizagem para dar conta da proposta teórica de Vigotski?</p><p>2 Quais são os conceitos básicos da teoria de Vigotski?</p><p>3 Para Vigostki, qual é o papel do professor?</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>90</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>CANELADA, A. C. M. A educação integral no município de Goiânia: inovações</p><p>e desafios. 2011, 119 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação,</p><p>Universidade de Brasília, Brasília.</p><p>COSTA, E. M. G. A pedagogia Waldorf: ferramentas e práticas. In: Jornada do</p><p>Histedbr, 5., 2005, Campinas. Anais [...] Campinas: FE; HISTEDBR, 2005.</p><p>DAVIS, C.; OLIVEIRA, Z. Psicologia na educação. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1994.</p><p>ELIAS, M. D. C. Célestin Freinet: uma pedagogia de atividade e cooperação. 8.</p><p>ed. Petrópolis: Vozes, 2008.</p><p>FERNANDES, E. O sujeito epistêmico de Piaget. São Paulo: Nova Escola, 2012.</p><p>Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/1922/o-sujeito-epistemico-de-</p><p>piaget. Acesso em: 27 maio 2021.</p><p>FERRARI, M. Jean Piaget, o biólogo que colocou a aprendizagem no microscópio.</p><p>São Paulo: Nova Escola, 2012. Disponível em: https://bit.ly/3vxruQh. Acesso em:</p><p>27 maio 2021.</p><p>FERREIRO, E. Atualidade de Jean Piaget. Porto Alegre: Artmed, 2001.</p><p>FREINET, C. Conselho aos pais. Lisboa: Editorial Estampa, 1975.</p><p>FREINET, C. O método natural I: a aprendizagem da língua. Lisboa: Estampa,1977.</p><p>FREINET, C. O texto livre. Lisboa: Estampa, 1976.</p><p>GADOTTI, M. História das ideias pedagógicas. 5. ed. São Paulo: Ática, 1997.</p><p>KÜGELGEN, H. V. A educação Waldorf: aspectos da prática pedagógica. São Paulo:</p><p>Antroposófica, 1984.</p><p>LANZ, R. A pedagogia Waldorf: caminho para um ensino mais humano. São Paulo:</p><p>Antroposófica, 1998.</p><p>LIMA, L. O. Piaget para principiantes. 2. ed. São Paulo: Summus, 1980.</p><p>MACHADO, I. L. Educação Montessori: de um homem novo para um mundo</p><p>novo. São Paulo: Liv. Pioneira, 1980.</p><p>MONTESSORI, M. Pedagogia científica: a descoberta da criança. São Paulo:</p><p>Flamboyant, 1965.</p><p>91</p><p>MUNARI, A. Jean Piaget. Coleção Educadores. Fundação Joaquim Nabuco, Recife:</p><p>Massangana, 2010.</p><p>OLIVEIRA, M. S. (Org.). Fundamentos filosóficos da educação infantil. Maringá:</p><p>Editora da Universidade Estadual de Maringá, 2005.</p><p>PETERSON, R.; FELTON-COLLINS, V. Manual piagetiano para professores e</p><p>pais: crianças na idade das descobertas. Porto Alegre: Artmed, 2002.</p><p>PIAGET, J. O nascimento da inteligência na criança. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar,</p><p>1982.</p><p>PIAGET, J. A construção do real na criança. São Paulo:</p><p>Ática,1996.</p><p>PIAGET, J. O raciocínio da criança. Rio de Janeiro: Record, 1967.</p><p>REGO, T. C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis:</p><p>Vozes, 2004.</p><p>RODRIGUERO, C. R. B. O desenvolvimento da linguagem e a educação do surdo.</p><p>Psicologia em Estudo, Maringá, v. 5, n. 2, 2000.</p><p>RÖHRS, H. Maria Montessori. Coleção Educadores. Fundação Joaquim Nabuco;</p><p>Recife: Massangana, 2010.</p><p>SALVADOR, C. C. Psicologia da educação. Porto Alegre: Artmed, 2006.</p><p>SAMPAIO, R. M. W. F. Freinet: evolução histórica e atualidades. São Paulo:</p><p>Scipione, 1989.</p><p>SARMENTO, D. F.; RAPOPORT, A.; FOSSATI, P. (Orgs.) Psicologia e educação:</p><p>perspectivas teóricas e implicações educacionais. Canoas: Salles, 2008.</p><p>STEINER, R. A prática pedagógica. São Paulo: Antroposófica, 2000.</p><p>TREVISAN, H. M. F. Filhos felizes na escola: pedagogia Waldorf, o ensino pela</p><p>arte. São Paulo: Trevisan Editora Universitária, 2006.</p><p>VEER, R. V. D.; VALSINER, J. Vigotsky: uma síntese. 4. ed. São Paulo: Edições</p><p>Loyola, 2001.</p><p>VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos</p><p>psicológicos e superiores. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.</p><p>92</p><p>93</p><p>UNIDADE 2 —</p><p>DIVERSOS CONTEXTOS DA</p><p>EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO</p><p>DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>PLANO DE ESTUDOS</p><p>A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:</p><p>• compreender como ocorre a organização dos espaços na Educação</p><p>Infantil;</p><p>• perceber a importância do planejamento e da rotina;</p><p>•	 identificar	aspectos	que	contribuam	para	o	desenvolvimento	da	autonomia</p><p>e identidade da criança;</p><p>• aprofundar seu conhecimento a respeito dos Eixos Norteadores da</p><p>Educação Infantil.</p><p>Esta	unidade	está	dividida	em	três	tópicos.	No	decorrer	da	unidade,</p><p>você	 encontrará	 autoatividades	 com	 o	 objetivo	 de	 reforçar	 o	 conteúdo</p><p>apresentado.</p><p>TÓPICO 1 – ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO E DOS AMBIENTES</p><p>FACILITADORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>TÓPICO 2 – A ORGANIZAÇÃO DA ROTINA E O PLANEJAMENTO NA</p><p>EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>TÓPICO 3 – A CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA E DA IDENTIDADE</p><p>DA CRIANÇA</p><p>TÓPICO 4 – A EDUCAÇÃO INFANTIL NA BASE NACIONAL COMUM</p><p>CURRICULAR (BNCC)</p><p>94</p><p>Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos</p><p>em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá</p><p>melhor as informações.</p><p>CHAMADA</p><p>95</p><p>UNIDADE 2</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Pode-se	 perceber	 a	 importância	 que	 tem	 a	 organização	 dos	 espaços</p><p>destinados à Educação Infantil no processo ensino-aprendizagem. É este o</p><p>assunto	deste	tópico:	a	organização	do	espaço	físico	e	o	papel	do	professor	nesta</p><p>organização.</p><p>O	espaço	físico	não	apenas	contribui	para	a	realização	da	educação,	mas</p><p>é	em	si	uma	forma	silenciosa	de	educar.	Como	afirma	Antônio	Vinão</p><p>Frago,	referindo-se	ao	espaço	escolar,	este	não	é	apenas	um	“cenário”</p><p>onde	 se	 desenvolve	 a	 educação,	 mas	 sim	 “uma	 forma	 silenciosa	 de</p><p>ensino”	(BRASIL,	2006a,	p.	8).</p><p>Traremos	informações	sobre	a	estrutura	física	e	a	organização	dos	espaços</p><p>conforme indicação dos Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de</p><p>Educação	Infantil,	elaborados	pelo	MEC	(2006a),	assim	como	dicas	e	sugestões</p><p>de	organização	dos	espaços	pelo	professor,	além	de	dicas	de	objetos	e	materiais	a</p><p>serem disponibilizados às crianças em cada um dos espaços trabalhados.</p><p>Que	bom	que	estamos	juntos	nesta	caminhada.	Com	certeza,	você	já	ouviu</p><p>falar	 em	muitas	 das	 dicas	 que	 traremos	 neste	 tópico.	 Também	 deve	 conhecer</p><p>muitas	 outras	 que	 não	 aparecem	 no	 texto,	 mas	 que	 são	 muito	 importantes</p><p>para a organização dos espaços na Educação Infantil. Que tal socializar esse</p><p>conhecimento	com	os	seus	colegas	de	turma?	Abraços	e	boa	troca	de	experiências!</p><p>2 ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS PARA CRIANÇAS DE 0 A</p><p>1 ANO DE IDADE</p><p>Os	espaços	para	crianças	de	0	a	1	ano	de	idade	devem	privilegiar	o	cuidar	e</p><p>o	educar	e	serem	organizados	de	forma	a	desenvolver	as	crianças	de	forma	plena.</p><p>As	 crianças	 de	 0	 a	 1	 ano,	 com	 seus	 ritmos	 próprios,	 necessitam	de</p><p>espaços	para	engatinhar,	rolar,	ensaiar	os	primeiros	passos,	explorar</p><p>materiais	 diversos,	 observar,	 brincar,	 tocar	 o	 outro,	 alimentar-se,</p><p>tomar	banho,	repousar,	dormir,	satisfazendo,	assim,	suas	necessidades</p><p>essenciais.	Recomenda-se	que	o	espaço	a	elas	destinado	esteja	situado</p><p>em	local	silencioso,	preservado	de	áreas	de	grande	movimentação	e</p><p>proporcione	conforto	térmico	e	acústico	(BRASIL,	2006a,	p.	11).</p><p>TÓPICO 1 —</p><p>ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO E DOS AMBIENTES</p><p>FACILITADORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>96</p><p>De acordo com os Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições</p><p>de	Educação	Infantil	(2006a),	o	espaço	para	esta	faixa	etária	deve	estar	organizado</p><p>de forma a conter:</p><p>FIGURA 1 – ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS PARA CRIANÇAS DE 0 A 1 ANO</p><p>FONTE: A autora</p><p>Este	documento	 (BRASIL,	 2006a)	 sugere	ainda	que	a	 construção	destes</p><p>espaços	observe	os	seguintes	aspectos:</p><p>FIGURA 2 – ASPECTOS CONSTRUTIVOS DOS ESPAÇOS PARA CRIANÇAS DE 0 A 1 ANO</p><p>FONTE: A autora</p><p>Agora	que	você	já	sabe	o	que	observar	na	construção	dos	espaços,	vamos</p><p>abordar	a	organização	de	cada	ambiente.	Acompanhe!</p><p>2.1 SALA DE REPOUSO</p><p>Como	o	próprio	nome	diz,	é	um	espaço	destinado	ao	repouso/descanso</p><p>das	crianças	desta	faixa	etária	(0	a	1	ano	de	idade).	Por	isto,	deve	conter	colchões,</p><p>colchonetes,	entre	outros,	onde	as	crianças	possam	dormir	tranquilamente,	com</p><p>conforto e segurança.</p><p>TÓPICO 1 — ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO E DOS AMBIENTES FACILITADORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>97</p><p>FIGURA 3 – SALA DE REPOUSO</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3zvmwXD>. Acesso em: 30 de maio 2020.</p><p>Agora,	 vamos	pensar	um	pouco	 como	o	professor	pode	organizar	 este</p><p>espaço:</p><p>•	 deixar	um	espaço	adequado	entre	os	colchões,	se	possível,	de	forma	a	facilitar</p><p>a circulação entre eles;</p><p>•	 colocar	música	ambiente	(clássica,	de	relaxamento),	que	acalme	e	favoreça	o</p><p>descanso das crianças;</p><p>•	 pendurar	móbiles	 (elaborados	 com	diversos	materiais),	 para	 que	 a	 criança</p><p>possa	se	distrair	enquanto	descansa.</p><p>2.2 SALA DE ATIVIDADES</p><p>É	 o	 espaço	 reservado	 para	 a	 realização	 das	 atividades	 previstas	 pelo</p><p>professor	no	planejamento.	Necessita	ser	um	espaço	amplo,	que	permita	à	criança</p><p>a	exploração	do	ambiente	e	dos	objetos	que	ali	se	encontram.</p><p>Conforme os Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de</p><p>Educação	Infantil	(BRASIL,	2006a),	sugere-se	que	este	espaço	contenha:</p><p>Lembre-se: evite utilizar tapetes nos ambientes, pois eles acumulam poeira e</p><p>dificultam a limpeza dos espaços, possibilitando o surgimento de diversas doenças, entre</p><p>elas as alérgicas.</p><p>ATENCAO</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>98</p><p>• Espelhos amplos, onde as crianças possam se ver, se perceber:	“quando	o</p><p>bebê	se	vê	diante	de	um	espelho	favorece	o	conhecimento	de	si	e	do	mundo,</p><p>porque	a	criança	vê	sua	imagem	refletida	no	espelho	e,	pela	sua	ação,	identifica-</p><p>se	como	distinta	de	outras	crianças	e	dos	objetos”	(KISHIMOTO,	2010,	p.	3).</p><p>• Bancadas, prateleiras e/ou armários para guardar brinquedos, com altura em</p><p>torno de 0,65 cm, para que as crianças tenham acesso livre a eles:	para	que</p><p>o	ambiente	fique	bem	organizado,	os	brinquedos	devem	ser	disponibilizados</p><p>em	estantes	baixas,	em	locais	separados,	“[...]	com	mobiliário	adequado,	em</p><p>caixas	etiquetadas	para	a	criança	saber	onde	guardar.	Esse	hábito	se	adquire</p><p>durante	a	brincadeira,	em	local	tranquilo,	com	opções	interessantes	e	o	apoio</p><p>constante	e	afetivo	da	professora”	(KISHIMOTO,	2010,	p.	8).</p><p>• Portas que deem acesso ao solário, ao pátio ou parque, para que elas possam</p><p>tomar sol:	De	acordo	com	Kishimoto	 (2010,	p.	9),	os	“[...]	bebês	devem	ter</p><p>acesso	a	um	solário	próximo	a	sua	sala,	com	brinquedos,	para	brincadeiras</p><p>interativas	 com	 as	 professoras.	 Crianças	 que	 começam	 a	 andar	 devem	 ser</p><p>separadas	daquelas	que	 correm”,	para	que	 a	professora	possa	dar	 atenção</p><p>adequada	a	cada	uma.</p><p>• Janelas de acordo com</p><p>a altura das crianças, para que elas possam visualizar</p><p>o ambiente externo:	 “A	 criança	 explora	 o	 mundo,	 vendo	 casas,	 prédios,</p><p>morros,	florestas,	árvores	com	flores	e	frutos,	pássaros,	animais,	nuvens,	céu,</p><p>plantações,	 rios,	 riachos	 e	 o	mar,	 jardins,	 ruas,	 bueiros,	 lixos,	 fumaça	 das</p><p>fábricas,	mangues,	supermercado	e	carros	[...]”	(KISHIMOTO,	2010,	p.	12).</p><p>FIGURA 4 – SALA DE ATIVIDADES</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3qaFWge>. Acesso em: 30 maio 2020.</p><p>TÓPICO 1 — ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO E DOS AMBIENTES FACILITADORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>99</p><p>De	 acordo	 com	 Kishimoto	 (2010),	 existem	 alguns	 aspectos	 a	 ser</p><p>considerados	na	seleção	dos	brinquedos	para	os	bebês:</p><p>• Tamanho:	o	brinquedo	deve	ser	duas	vezes	mais	largo	do	que	a	mão	fechada</p><p>da criança (punho).</p><p>• Durabilidade:	 não	 disponibilizar	 vidros,	 copos	 plásticos	 ou	 brinquedos</p><p>muito	duros	que	podem	se	quebrar	facilmente	durante	ouso.</p><p>• Cordas e cordões:	devem	ser	evitados,	pois	podem	enroscar	no	pescoço	da</p><p>criança.</p><p>• Bordas cortantes ou pontas:	deve-se	eliminar	este	tipo	de	brinquedo.</p><p>• Não tóxicos:	evitar	os	brinquedos	produzidos	com	tintas	ou	materiais	tóxicos,</p><p>já	que	os	bebês	os	colocam	na	boca.</p><p>• Não inflamável:	cuidar	para	que	não	seja	um	brinquedo	que	pegue	fogo.</p><p>• Lavável:	 optar	 por	 brinquedos	 que	 podem	 ser	 limpos	 ou	 lavados.	 Evitar</p><p>principalmente	bonecas	e	brinquedos	com	tecidos.</p><p>• Divertido:	o	brinquedo	deve	ser	interessante	e	atraente.</p><p>É	 importante	 observar	 estes	 aspectos,	 pois	 a	 criança	 coloca	 o	 brinquedo</p><p>na	boca	com	grande	frequência,	procurando	vivenciar	diferentes	sensações,	como</p><p>duro,	 mole,	 macio,	 áspero,	 ampliando	 assim	 as	 experiências	 sensoriais	 que	 já</p><p>possui	e	iniciando	sua	caminhada	na	compreensão	de	conceitos,	já	que	o	professor,</p><p>ao	estar	atento	à	brincadeira	da	criança,	vai	nomeando	as	texturas	dos	objetos.</p><p>Texturas,	cores,	odores,	sabores,	sons	são	experiências	que	a	criança</p><p>adquire	 no	 contato	 com	 móbiles	 coloridos,	 sonoros	 e	 brinquedos</p><p>com	 diferentes	 texturas,	 formas,	 saquinhos	 com	 ervas	 aromáticas.</p><p>Os objetos de uso cotidiano são importantes itens para ampliar as</p><p>experiências	 sensoriais.	Objetos	 feitos	 com	materiais	 naturais	 ou	de</p><p>metal,	 como	bucha,	 escova	de	dente	 nova,	 pente	 de	madeira	 ou	de</p><p>osso,	maçã	ou	 limão,	 argola	de	madeira	ou	de	metal,	 chaveiro	 com</p><p>chaves,	 bolas	de	 tecido,	madeira	 ou	borracha,	 sino	 e	 outros,	 dentro</p><p>de	um	cesto	de	vime,	sem	alças,	grande	e	com	base	plana,	serve	para</p><p>a	exploração	livre	do	bebê	que	fica	sentado	(KISHIMOTO,	2010,	p.	3).</p><p>Por	volta	dos	seis	meses,	os	bebês	fazem	uso	da	mão	para	pegar,	encaixar,</p><p>segurar,	sentir,	enfim,	manipular	os	objetos	e	brinquedos	disponíveis.	“A	criança,</p><p>nessa	fase,	pensa	com	as	mãos”	(KISHIMOTO,	2010,	p.		4).	Por	isso,	é	importante</p><p>dispor	diversos	materiais	diferentes	para	que	a	criança	possa	explorá-los,	senti-</p><p>los,	conhecê-los,	conforme	nos	orienta	Kishimoto	(2010,	p.	4):</p><p>Neste espaço, além dos tapetes, é necessário evitar a utilização de brinquedos</p><p>com pequenas peças, pois as crianças desta faixa etária levam tudo à boca e podem engolir</p><p>ou se sufocar com peças pequenas.</p><p>ATENCAO</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>100</p><p>Pinos	de	encaixe	coloridos,	no	formato	de	carrinho	ou	trem,	chamam</p><p>sua	 atenção	 e	 os	 bebês	 querem	 saber	 o	 que	 se	 pode	 fazer	 com</p><p>tais objetos. Usar o corpo como instrumento de conhecimento é</p><p>característico	de	bebês	e	crianças	pequenas.	Eles	gostam	de	entrar	em</p><p>caixas,	 em	 buracos,	 túneis,	 passagens	 estreitas,	 apreciam	 empurrar,</p><p>puxar,	 subir,	 encaixar,	 empilhar.	 Há	 brinquedos	 e	 materiais	 que</p><p>auxiliam	 o	 conhecimento	 do	mundo	 físico,	 entre	 os	 quais,	 as	 bolas</p><p>que	 são	 ótimas	 para	 apertar,	 conhecer	 sua	 textura,	 cor,	 deixar	 cair</p><p>para	ver	como	rolam.	Há	bolas	com	diferentes	funções:	produz	som</p><p>no	toque,	possui	face	espelhada,	que	auxilia	o	conhecimento	de	si,	e</p><p>buracos,	que	deixam	o	bebê	enfiar	o	braço	e	a	mão	para	explorá-los.</p><p>[...]	Outros	brinquedos	de	construção	podem	servir	para	os	pequenos</p><p>empilharem	 e	 para	 os	 maiores	 construírem	 novos	 espaços	 para	 as</p><p>brincadeiras imaginárias.</p><p>O	mais	 importante	 é	 que	 o	 professor	 esteja	 atento	 às	 curiosidades	dos</p><p>bebês,	e	disponibilize	novos	desafios,	estimulando	cada	vez	mais	o	processo	de</p><p>conhecimento	 das	 crianças.	 Materiais	 simples	 como	 colchões,	 tecidos,	 lençóis</p><p>servem	para	 fazer	 um	 túnel,	 uma	 cabana	 (para	 elas	 se	 esconderem),	 balançar</p><p>as	crianças,	transportá-las	de	um	lado	para	outro	(puxando-as	com	os	colchões</p><p>ou	 lençóis),	para	rolar,	dar	cambalhotas,	engatinhar,	entre	outros.	Não	perca	a</p><p>oportunidade	de	utilizar	os	materiais	encontrados	no	dia	a	dia,	para	estimular</p><p>cada	vez	mais	os	bebês	e	se	divertir.</p><p>Módulos	de	espuma	resistente,	revestidos	de	tecidos	emborrachados,</p><p>de	 fácil	 limpeza,	 servem	para	 criação	de	estruturas	para	exploração</p><p>motora	 com	 rampas	 para	 subir	 e	 descer,	 pontes,	 para	 passar	 por</p><p>baixo.	Acoplados	e	outros	módulos	com	buracos	e	túneis	constituem</p><p>experiências	 desafiadoras	 em	 que	 o	 movimento	 é	 a	 linguagem</p><p>privilegiada	(KISHIMOTO,	2010,	p.	4).</p><p>Outros	 brinquedos	 interessantes,	 que	 não	 necessariamente	 precisam</p><p>ser	 comprados	 e	 sim	 criados	 pelo	 professor,	 são	 os	 balanços,	 que	 podem	 ser</p><p>pendurados	dentro	da	 sala.	Eles	podem	ser	 feitos	 com	pneus,	 tecidos,	 cordas,</p><p>materiais	recicláveis,	de	forma	a	torná-los	mais	confortáveis	e	menos	duros	(que</p><p>os	 tradicionais	de	madeira),	e	assim	não	machucar	as	crianças	que	os	utilizam</p><p>nem	as	que	passam	perto.	Outro	material	que	pode	ser	construído	e	que	lembra</p><p>um	pouco	o	balanço	 é	 feito	 com	 tecidos	 e	 elásticos	 (grandes	 e	 resistentes),	 no</p><p>qual	a	criança	senta,	encostando	os	pés	no	chão,	e	se	balança	empurrando	os	pés</p><p>para	cima	e	para	baixo	(dando	pulos).	Da	mesma	forma,	os	cavalinhos	podem</p><p>ser	criados	com	madeira	roliça,	pintados	com	a	turma	e	ficar	disponíveis	em	sala.</p><p>Triciclos	sem	pedal	ou	carrinhos/caixas	de	empurrar	e	puxar	fazem	a</p><p>criança	que	começa	a	andar	usar	amplos	movimentos.	Cavalinhos	e</p><p>balanços	possibilitam	balançar	e	cavalgar,	cubos	servem	para	empilhar.</p><p>Bancadas	 de	 brinquedos	 para	martelar	 possibilitam	 a	 compreensão</p><p>de	que	o	pino	penetra	na	bancada.	É	a	descoberta	da	relação	entre	o</p><p>martelar	e	o	deslocar	(KISHIMOTO,	2010,	p.	4).</p><p>Como	você	percebeu,	diversos	brinquedos/objetos	podem	ser	criados	ou</p><p>reutilizados,	de	forma	a	promover	e	estimular	o	desenvolvimento	dos	bebês.	No</p><p>quadro	a	seguir,	será	apresentada	uma	lista	de	sugestões	de	materiais	a	serem</p><p>disponibilizados	aos	bebês	em	sala.</p><p>TÓPICO 1 — ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO E DOS AMBIENTES FACILITADORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>101</p><p>QUADRO 1 – SUGESTÕES DE BRINQUEDOS E MATERIAIS</p><p>IDADE SUGESTÕES</p><p>Bebês	(0	a	1	ano</p><p>e meio)</p><p>•	 Chocalhos,	 móbiles	 sonoros,	 sinos,	 brinquedos	 para</p><p>morder,	 bolas	 de	 diversos	 tamanhos,	 cores	 e	 texturas,</p><p>blocos	macios,	livros	e	imagens	coloridas,	brinquedos	de</p><p>empilhar,	encaixar,	espelhos.</p><p>•	 Objetos	com	texturas	(mole,	rugoso,	liso,	duro)	e	coloridos,</p><p>que	 fazem	 som	 (brinquedos	 musicais	 ou	 que	 emitem</p><p>som),	 de	 movimento	 (carros	 e	 objetos	 para	 empurrar),</p><p>para	encher	e	esvaziar.</p><p>•	 Brinquedos	de	parque.</p><p>•	 Brinquedos	para	bater.</p><p>•	 Cesto	com	objetos	de	materiais	naturais,	metal	e	de	uso</p><p>cotidiano.</p><p>•	 Colcha,	rede	e	colchonete.</p><p>•	 Estruturas	 com	 blocos	 de	 espuma	 para	 subir,	 descer,</p><p>entrar	em	túneis.</p><p>FONTE: Adaptado de Kishimoto (2010)</p><p>2.3 FRALDÁRIO</p><p>O fraldário é o local onde são guardadas as fraldas e materiais de higiene</p><p>e é utilizado para a troca de fraldas e higienização das crianças.</p><p>FIGURA 5 – FRALDÁRIO U.E.I. BAIRRO JOÃO PAULO II JOSÉLINO KUHNEN, INDAIAL/SC</p><p>FONTE: A autora</p><p>Além de possuir piso e paredes de fácil limpeza e janelas com boa</p><p>ventilação,	os	Parâmetros	Básicos	de	Infraestrutura	para	Instituições	de	Educação</p><p>Infantil	(BRASIL,	2006a)	orientam	que</p><p>este	espaço	contenha:</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>102</p><p>•	 bancada	para	troca	de	fraldas,	com	colchonete;</p><p>•	 tanque	com	torneira	para	higienização	das	mãos;</p><p>•	 banheira	em	material	térmico,	com	ducha	de	água	quente	e	fria;</p><p>• armários e prateleiras para guardar as fraldas e materiais de higienização;</p><p>• cabides para pendurar toalhas e sacolas;</p><p>• lixeira com tampa.</p><p>É	 importante	 que	 este	 espaço	possua	móbiles	 ou	outros	materiais	 com</p><p>os	quais	a	criança	possa	se	distrair	durante	a	troca.	Também	é	importante	que	o</p><p>professor	converse	com	a	criança	e	aproveite	o	momento	para	fazer	massagens</p><p>relaxantes:	 “brinque	 de	 esconder	 e	 achar	 com	 uma	 fralda,	 dizendo	 “cucu”,</p><p>“escondeu”,	“achou”.	Quando	toma	a	iniciativa	e	esconde	outros	brinquedos	o</p><p>bebê	já	domina	a	brincadeira	e	expressa	de	forma	prazerosa,	repetindo	sua	nova</p><p>experiência,	variando	as	situações”	(KISHIMOTO,	2010).</p><p>2.4 LACTÁRIO</p><p>O lactário é o local destinado para o preparo e higienização das</p><p>mamadeiras.	Para	isto,	deve-se	observar	que	o	espaço	esteja	próximo	à	sala	de</p><p>atividades,	a	fim	de	facilitar	o	transporte	dos	utensílios,	e	distante	da	lavanderia</p><p>e	dos	banheiros	(BRASIL,	2006a).</p><p>No banho e troca de fraldas, evitar ações mecanizadas e dar atenção a cada</p><p>criança, brincando, movimentando seus braços, pernas, comentando cada gesto. Brincar:</p><p>onde está o nariz? Aqui! Onde está a barriga? Aqui! Apontar para a parte do corpo da</p><p>criança (KISHIMOTO, 2010). Não deixe de utilizar a criatividade e interagir com ela neste</p><p>momento tão especial...</p><p>DICAS</p><p>Você pode permitir que a criança imite a ação durante a alimentação, dando</p><p>de comer ao bichinho, à boneca, limpando o rosto com o guardanapo, entre outros</p><p>(KISHIMOTO, 2010). O momento da alimentação é muito importante para a criança</p><p>experimentar novos sabores, sentir os aromas. Aproveite este momento para estimulá-la a</p><p>provar alimentos diferentes.</p><p>ATENCAO</p><p>TÓPICO 1 — ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO E DOS AMBIENTES FACILITADORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>103</p><p>2.5 SOLÁRIO</p><p>O	 solário	 é	 um	 espaço	 livre	 e	 descoberto,	 onde	 as	 crianças	 possam</p><p>tomar banho de sol. De acordo com os Parâmetros Básicos de Infraestrutura</p><p>para	 Instituições	de	Educação	 Infantil	 (BRASIL,	 2006a),	 este	 espaço	deve	estar</p><p>interligado	à	sala	de	atividades,	e	ser	de	uso	exclusivo	das	crianças	de	0	a	1	ano.</p><p>Seu	 acesso	deverá	 ser	 fácil,	 sem	desníveis,	 permitindo	 o	 trânsito	 de	 carrinhos</p><p>de	 bebê,	 e	 possuir	 dimensão	 compatível	 com	o	 número	de	 crianças	 da	 turma</p><p>(aproximadamente	1,50	m²	por	criança).</p><p>Neste	espaço	podem	ser	realizadas	diversas	brincadeiras	e	atividades	com</p><p>os	bebês.	Puxá-los	com	carrinhos	de	madeira	(em	que	uma	criança	ou	duas	vão</p><p>sentadas),	e	passear	pelo	espaço	externo	da	instituição	é	uma	atividade	interessante.</p><p>Da	mesma	forma,	aproveite	este	espaço	para	deixar	a	criança	brincar	com</p><p>a	água,	a	 terra,	a	areia,	ou	 fazer	“experiências	com	tintas,	alimentos,	plantas	e</p><p>outros	materiais,	para	explorar	e	ver	o	que	acontece,	movidas	pela	curiosidade”</p><p>(KISHIMOTO,2010,	p.	4).	Cabe	ao	professor,	conforme	o	seu	planejamento,	criar</p><p>opções	diferenciadas	para	o	desenvolvimento	integral	dos	bebês,	exercitando	a</p><p>sua	capacidade	criativa.</p><p>Agora	que	já	vimos	cada	um	dos	espaços	para	crianças	de	0	a	1	ano	de</p><p>idade,	vamos	explorar	de	que	forma	ocorre	a	organização	dos	espaços	para	as</p><p>crianças com mais de um ano?</p><p>3 ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS PARA CRIANÇAS DE UM</p><p>A SEIS ANOS</p><p>O	espaço	 físico	para	a	 criança	de	um	a	 seis	 anos	“deve	 ser	visto	 como</p><p>um	suporte	que	possibilita	e	contribui	para	a	vivência	e	a	expressão	das	culturas</p><p>infantis	–	jogos,	brincadeiras,	músicas,	histórias	que	expressam	a	especificidade</p><p>do	olhar	infantil”	(BRASIL,	2006a,	p.	16)</p><p>Desta	forma,	a	organização	dos	espaços	para	crianças	de	um	a	seis	anos</p><p>abrange	a	organização	da	instituição	de	Educação	Infantil	em	si,	pois	as	crianças</p><p>utilizarão praticamente todos os espaços presentes. Para tanto:</p><p>[...]	 as	 propostas	 pedagógicas	 das	 instituições	 de	 Educação	 Infantil</p><p>deverão	prever	condições	para	o	trabalho	coletivo	e	para	a	organização</p><p>de	materiais,	espaços	e	tempos	que	assegurem	[...]:</p><p>•	 os	deslocamentos	e	os	movimentos	amplos	das	crianças	nos	espaços</p><p>internos	e	externos	às	salas	de	referência	das	turmas	e	à	instituição;</p><p>•	 a	 acessibilidade	 de	 espaços,	 materiais,	 objetos,	 brinquedos	 e</p><p>instruções	para	as	crianças	com	deficiência,	transtornos	globais	de</p><p>desenvolvimento	e	altas	habilidades/superdotação	(BRASIL,	2010,</p><p>p.	19-20).</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>104</p><p>Neste	 livro	didático,	 focaremos	a	discussão	e	apresentação	dos	espaços</p><p>mais	utilizados	pelas	crianças	de	um	a	seis	anos,	como:</p><p>FIGURA 6 – ESPAÇOS PARA CRIANÇAS DE UM A SEIS ANOS</p><p>FONTE: A autora</p><p>No	 entanto,	 queremos	 afirmar	 que	 a	 organização	 dos	 demais	 espaços</p><p>(lavanderia,	cozinha,	depósito,	 recepção,	secretaria,	direção,	almoxarifado,	sala</p><p>de	professores)	também	é	importante	para	o	desenvolvimento	das	atividades	e</p><p>da rotina da instituição.</p><p>Com	 relação	 aos	 aspectos	 construtivos,	 os	 Parâmetros	 Básicos	 de</p><p>Infraestrutura	para	Instituições	de	Educação	Infantil	 (BRASIL,	2006a)	orientam</p><p>que	sejam	observados	os	seguintes	aspectos:</p><p>FIGURA 7 – ASPECTOS CONSTRUTIVOS</p><p>FONTE: A autora</p><p>TÓPICO 1 — ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO E DOS AMBIENTES FACILITADORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>105</p><p>Tendo	 observado	 os	 elementos	 para	 a	 construção	 dos	 espaços,	 vamos</p><p>analisar de forma detalhada os ambientes mais utilizados pelas crianças de um a</p><p>seis anos?</p><p>3.1 SALA DE ATIVIDADES</p><p>A	sala	de	atividades	é	destinada	às	crianças	de	determinada	faixa	etária</p><p>(sala	de	referência),	conforme	a	organização	da	instituição.	Para	isto,	é	necessário</p><p>que	o	professor,	de	acordo	com	o	planejamento,	organize	a	sala	de	forma	a	facilitar</p><p>e estimular o processo de ensino-aprendizagem.</p><p>O	professor,	junto	com	as	crianças,	prepara	o	ambiente	da	Educação</p><p>Infantil,	organiza-o	a	partir	do	que	sabe	que	é	bom	e	importante	para</p><p>o	 desenvolvimento	 de	 todos	 e	 incorpora	 os	 valores	 culturais	 das</p><p>famílias	em	suas	propostas	pedagógicas,	 fazendo-o	de	modo	que	as</p><p>crianças	possam	ressignificá-lo	e	transformá-lo.	A	criança	pode	e	deve</p><p>propor,	recriar	e	explorar	o	ambiente,	modificando	o	que	foi	planejado</p><p>(BRASIL,	2006a,	p.	9).</p><p>As	salas	de	atividades	são	espaços	lúdicos,	podendo	ser	organizadas	em</p><p>cantinhos	(da	leitura,	da	brincadeira,	dos	jogos,	do	desenho,	da	massinha,	entre</p><p>outros),	e	necessitam	ser	acessíveis,	dinâmicos,	vivos,	brincáveis,	fáceis	de	serem</p><p>explorados	 e	modificados.	 Sugere-se	 que	 estes	 ambientes	 variados,	 de	 acordo</p><p>com	Horn	(2005,	p.	29),	sejam:</p><p>[...]	separados	por	estantes,	prateleiras,	móveis,	possibilitando	que	a</p><p>criança	 possa	 visualizar	 a	 figura	 do	 adulto,	 não	 necessitando	 deste</p><p>para	realizar	diferentes	atividades.	Nesse	modo	de	organizar	o	espaço,</p><p>existe	 a	 possibilidade	 de	 as	 crianças	 se	 descentrarem	 da	 figura	 do</p><p>adulto,	 sentirem	 segurança	 e	 confiança	 ao	 explorarem	 o	 ambiente,</p><p>terem oportunidades para contato social e para gozar momentos de</p><p>privacidade.</p><p>FIGURA 8 – CANTINHOS DA U. E. I. BAIRRO JOÃO PAULO II JOSÉLINO KUHNEN, INDAIAL/SC</p><p>FONTE: A autora</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>106</p><p>A forma como são organizadas as salas nas instituições de Educação</p><p>Infantil	 depende	 do	 planejamento	 do	 professor,	 dos	 objetivos	 que	 pretende</p><p>alcançar,	 do	 que	 quer	 desenvolver/estimular	 nas	 crianças,	 tornando-se	 parte</p><p>integrante	da	prática	pedagógica.	A	organização	das	salas	de	forma	linear,	com</p><p>mesas	 e	 cadeiras,	 sem	 a	 organização	 de	 cantos	 diversificados,	 onde	 a	 criança</p><p>não	tem	a	possibilidade	de	escolher	com	qual	atividade	quer	brincar	e	depende</p><p>exclusivamente	do	que	o	professor	selecionou	para	a	turma	toda	desenvolver	ao</p><p>mesmo	tempo	reflete	uma	visão	tradicional/cartesiana</p><p>da	educação,	e	há	muito</p><p>tempo deixou de ser indicada para o trabalho com as crianças.</p><p>A	organização	dos	espaços	da	Educação	Infantil	em	cantinhos/ambientes</p><p>facilitadores da aprendizagem:</p><p>[...]	pode	favorecer	diferentes	tipos	de	interações	em	que	o	professor</p><p>tem papel importante como organizador dos espaços onde ocorre</p><p>o	 processo	 educacional.	 Tal	 trabalho	 baseia-se	 na	 escuta,	 diálogo	 e</p><p>observação	 das	 necessidades	 e	 interesses	 expressos	 pelas	 crianças,</p><p>transformando-as	em	objetivos	pedagógicos	(BRASIL,	2006a,	p.	10).</p><p>Desta	 forma,	 é	muito	 importante	 o	 professor	 refletir	 qual	 a	 concepção</p><p>que	 tem	 das	 crianças,	 que	 crianças	 quer	 formar	 (dependentes,	 adestradas	 ou</p><p>autônomas,	ativas,	 independentes).	A	organização	dos	espaços	é	um	elemento</p><p>curricular	importante	na	Educação	Infantil,	pois	dá	suporte	e	cria	oportunidades</p><p>de diferentes formas de aprendizagem:</p><p>[...]	por	meio	das	interações	possíveis	entre	crianças	e	objetos	e	delas</p><p>entre	 si.	 Assim	 considerado,	 o	 espaço	 na	 educação	 infantil	 não	 é</p><p>somente	 um	 local	 de	 trabalho,	 um	 elemento	 a	 mais	 no	 processo</p><p>educativo,	é,	antes	de	tudo,	um	recurso,	um	instrumento,	um	parceiro</p><p>do	professor	na	prática	educativa	(HORN,	2005,	p.	29).</p><p>Por	ser	um	parceiro	da	prática	educativa,	a	organização	dos	ambientes/</p><p>espaços	não	deve	ser	engessada,	permanecendo	a	mesma	organização	durante</p><p>o semestre ou o ano todo. Os ambientes (cantinhos) precisam ser organizados</p><p>conforme	 o	 planejamento	 do	 professor	 ou	 o	 interesse	 das	 crianças,	 e	 ser</p><p>modificados	a	 cada	certo	período	de	 tempo:	mensalmente,	a	 cada	dois	ou	 três</p><p>meses,	conforme	o	(des)interesse	das	crianças	pelos	espaços,	as	necessidades	do</p><p>planejamento	do	professor,	entre	outros.</p><p>O	importante	é	criar	outras	possibilidades	de	interação	para	as	crianças,</p><p>em	que	elas	mesmas	possam	contribuir	na	organização	e	definição	dos	ambientes</p><p>a	 serem	criados.	Com	base	nestas	definições,	vamos	 trazer	algumas	opções	de</p><p>ambientes	 facilitadores/cantinhos	 que	 você	 pode	 utilizar	 na	 organização	 das</p><p>salas de Educação Infantil:</p><p>TÓPICO 1 — ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO E DOS AMBIENTES FACILITADORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>107</p><p>• Cantinho da fantasia</p><p>Neste	ambiente,	pode	haver	um	baú	ou	cabideiro	com	várias	opções	de</p><p>roupas	(masculinas	e	femininas),	chapéus	e	sapatos	de	adultos,	com	as	quais	a</p><p>criança	possa	se	vestir,	se	olhar	no	espelho,	brincar	de	festa	à	fantasia,	imitar	a</p><p>mamãe,	o	papai,	a	professora,	entre	outros.	É	o	espaço	em	que	a	criança	pode</p><p>soltar	a	imaginação	e	tornar-se	adulta,	mesmo	que	“de	mentirinha”.</p><p>FIGURA 9 – CANTINHO DA FANTASIA DA U.E.I. BAIRRO JOÃO PAULO II – JOSÉ LINO KUHNEN,</p><p>INDAIAL/SC</p><p>FONTE: A autora.</p><p>• Cantinho da leitura</p><p>Ambiente	aconchegante,	com	baú	ou	estante	cheia	de	livros	de	diferentes</p><p>tamanhos,	 cores	 e	 texturas,	 de	 histórias	 variadas,	 apenas	 com	 imagens,	 com</p><p>sons,	de	pano,	de	plástico,	entre	outros,	que	podem	ser	livremente	manipulados</p><p>pelas	crianças	para	contar,	recontar,	criar	e	ouvir	novas	histórias.	Também	pode</p><p>haver	almofadas	(que	cada	criança	traz	para	a	instituição	no	início	do	ano),	para</p><p>as	 crianças	 sentarem	nos	momentos	de	 leitura,	ou	até	mesmo	para	ouvir	uma</p><p>história	contada	pela	professora.</p><p>As	histórias	do	mundo	encantado	dos	contos	de	fadas,	dos	reis,	bruxas	e</p><p>super-heróis	têm	uma	estrutura	contendo	palavras	como:	“Era	uma	vez”	“Depois”</p><p>“E	viveram	felizes	para	sempre”.	O	começo,	meio	e	fim	proporcionado	por	este</p><p>gênero	de	literatura	auxilia	a	criança	a	ampliar	narrativas.	Ao	agregar	a	natureza</p><p>lúdica,	no	recontar	histórias,	a	expressão	livre	de	experiências,	vivências	e	formas</p><p>de	ver	o	mundo	penetram	nas	narrativas	infantis.	Nas	histórias	recriadas,	pelas</p><p>crianças,	 a	 branca	 de	 neve	 virou	morena	 das	 neves,	 trazendo	 as	 questões	 da</p><p>diversidade,	o	lobo,	da	história	da	Chapeuzinho	Vermelho,	desdobrou-se	no	lobo</p><p>do	“bem”	e	do	“mal”	(KISHIMOTO,	2010,	p.	6).</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>108</p><p>FIGURA 10 – CANTO DA LEITURA DA U.E.I. BAIRRO JOÃO PAULO II – JOSÉ LINO KUHNEN,</p><p>INDAIAL/SC</p><p>FONTE: A autora</p><p>• Cantinho dos brinquedos</p><p>Neste	ambiente	podem	ser	disponibilizados	diversos	tipos	de	brinquedos,</p><p>estimulando	“[...]	diferentes	usos	e	atividades.	Os	confeccionados	com	materiais</p><p>naturais	da	região	costumam	ser	mais	atrativos”	(BRASIL,	2006b,	p.	28).</p><p>Entre	os	brinquedos	que	podem	ser	disponibilizados,	citamos:	bolas	(de</p><p>diversos	 tamanhos	 e	 cores),	 boliches	 (de	 tecido	 e	de	plástico),	 bambolês,	pião,</p><p>triciclos,“[...]	bonecas	e	acessórios,	como	berço,	carrinho,	caminhões	de	diferentes</p><p>tipos	(cegonha,	caçamba,	bombeiro),	posto	de	gasolina,	fantoches,	bichinhos	e	kit</p><p>médico,	ampliando	o	repertório	das	brincadeiras”	(KISHIMOTO,	2010,	p.	5).</p><p>Ouvir e recontar histórias faz com que as crianças sintam o prazer de contar</p><p>histórias sobre elas mesmas, seus familiares, bichos de estimação, estimulando a sua</p><p>capacidade narrativa. Você pode estimular as crianças a levarem os livros para casa, para os</p><p>pais efetuarem a leitura, e depois relatarem como foi a experiência. Várias são as formas de</p><p>incentivar a criança a criar o hábito da leitura. Experimente!</p><p>INTERESSANTE</p><p>TÓPICO 1 — ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO E DOS AMBIENTES FACILITADORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>109</p><p>FIGURA 11 – CANTINHO DOS BRINQUEDOS DA U.E.I. BAIRRO JOÃO PAULO II – JOSÉ LINO</p><p>KUHNEN, INDAIAL/SC</p><p>FONTE: A autora</p><p>• Cantinho dos jogos</p><p>Neste	 ambiente,	 podem	 ser	 disponibilizados	 diversos	 tipos	 de	 jogos,</p><p>como:	 quebra-cabeça,	memória,	dominó,	 bingo,	 jogos	das	profissões,	 encaixes,</p><p>jogos	de	percurso,	loto,	entre	outros.	Os	jogos</p><p>[...]	 auxiliam	o	 letramento	matemático,	a	 relacionar	os	 instrumentos</p><p>de	 trabalho	 às	 profissões	 e	 animais	 domésticos	 e	 selvagens.	 Blocos</p><p>lógicos	servem	para	classificação	de	cores,	formas	e	espessuras,	mas</p><p>a	criança	pode	dar	outros	usos,	como	empilhar,	juntar	os	blocos	para</p><p>criar	formas	de	animais	e	objetos,	ou	um	bloco	virar	sabonete,	pente</p><p>ou	comida	na	brincadeira	imaginária	(KISHIMOTO,	2010,	p.	7-8).</p><p>• Cantinho das artes</p><p>Este	ambiente	pode	conter:	massinhas,	folhas	de	diversas	texturas,	cores</p><p>e	tamanhos,	cartolinas,	canetinhas,	lápis	de	cor,	giz	de	cera,	tesouras	sem	pontas,</p><p>lápis,	borracha,	som,	música,	tintas,	banda	rítmica,	 latas	lacradas	com	diversos</p><p>tipos	de	grãos	(para	formar	sons	diferentes),	tecidos,	entre	outros.</p><p>Brincar	de	bandinha	rítmica	apropriada	a	crianças	pequenas	possibilita</p><p>experimentar	diferentes	instrumentos.	O	brincar	de	fazer	som	inclui	o	movimento</p><p>do	corpo.	Um	papel	amassado	ou	o	bater	palmas	expressam	a	sonoridade	que	se</p><p>cria com as mãos. Soprar uma pena ou bater na água mostra o poder de fazer</p><p>coisas:	a	pena	que	voa	e	a	água	espirra.</p><p>[...]	 Brincar	 com	 tinta,	 fazer	 tinta	 com	 plantas,	 com	 terra	 e	 utilizá-</p><p>las	 para	 expressar	 o	 prazer	 de	misturar,	 de	 ver	 as	 cores	 e,	 depois,</p><p>representar	 coisas	 de	 que	 gosta	 é	 outra	 modalidade	 de	 linguagem</p><p>plástica	que	requer	materiais	apropriados.	Crianças	gostam	de	fazer</p><p>marcas	para	expressar	sua	individualidade,	e	as	tintas	são	ferramentas</p><p>para	 essa	 finalidade.	As	massinhas,	 argila,	 gesso	 ou	materiais	 para</p><p>desenhar,	pintar,	fazer	colagens	e	construções	com	diferentes	objetos</p><p>são	 linguagens	 plásticas	 que	 dão	 prazer	 às	 crianças	 (KISHIMOTO,</p><p>2010,	p.	5).</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>110</p><p>• Cantinho das atividades domésticas</p><p>Neste	ambiente	podem	ser	disponibilizadas	panelinhas,	pratinhos,	colheres,</p><p>copos,	xícaras,	potes,	frascos,	fogãozinho	(que	pode	ser	construído	com	caixas	de</p><p>papelão),	 pia	 com	 torneira	 (sem	água,	 é	 claro),	mamadeiras,	 canecas,	 geladeira,</p><p>armário,	 micro-ondas	 (estes	 últimos	 três	 itens	 também	 podem	 ser	 construídos</p><p>com	caixas	de	papelão),	ferro	de	passar,	mesinhas,	cadeiras,	almofadas,	vassouras</p><p>pequenas,	entre	outros	objetos.</p><p>Figura 12 – CANTINHO DAS ATIVIDADES DOMÉSTICAS-</p><p>U.E.I. BAIRRO JOÃO PAULO II – JOSÉ</p><p>LINO KUHNEN, INDAIAL/SC</p><p>FONTE: A autora</p><p>• Cantinho do salão de beleza</p><p>Este	ambiente	pode	possuir	espelhos,	cadeiras,	armários,	estantes,	frascos</p><p>vazios	de	shampoos,	desodorantes,	perfumes,	pentes,	escovas,	toalhinhas,	tiaras,</p><p>prendedores	de	cabelo,	secadores	de	brinquedo,	pedaços	de	madeira	para	fazer</p><p>de	sabonete,	tudo	o	que	lembre	um	salão	de	beleza	(infantil)	e	estimule	a	fantasia,</p><p>a	interação,	o	cuidado	etc.</p><p>FIGURA 13 – CANTINHO DO SALÃO DE BELEZA – U.E.I. BAIRRO JOÃO PAULO II – JOSÉ LINO</p><p>KUHNEN, INDAIAL/SC</p><p>FONTE: A autora</p><p>TÓPICO 1 — ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO E DOS AMBIENTES FACILITADORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>111</p><p>• Cantinho do mercado</p><p>Este	 espaço	 pode	 conter	 rótulos	 de	 diversos	 materiais,	 vendidos</p><p>habitualmente	nos	mercados	como:	materiais	de	higiene,	alimentação,	limpeza,</p><p>entre	outros.	“[...]	fazer	compra	em	supermercado,	pagando	com	‘dinheiro’	feito</p><p>pelas	 crianças,	 são	 exemplos	 de	 brincadeiras	 que	 introduzem	 no	 mundo	 da</p><p>matemática	a	criança,	que	já	começa	a	fazer	hipóteses	de	como	medir	e	quantificar”</p><p>(KISHIMOTO,	2010,	p.	7).	Além	disso,	a	criança	desenvolve	a	noção	de	valores	e</p><p>poder	de	compra	e	aprende	a	importância	de	economizar	para	poder	adquirir	os</p><p>produtos/objetos	desejados.</p><p>Como	você	pode	perceber,	caro	acadêmico,	são	várias	as	possibilidades</p><p>de	organização	dos	espaços	em	sala	de	aula	e	você,	 enquanto	professor,	pode</p><p>criar	outros	ambientes	ou	subdividir	os	que	 indicamos,	por	exemplo:	ao	 invés</p><p>de	fazer	o	cantinho	da	arte,	fazer	o	cantinho	da	massinha,	da	bandinha	rítmica,</p><p>variando	 os	 espaços	 de	 tempos	 em	 tempos	 para	 estimular	 as	 crianças.	 Pode</p><p>também disponibilizar a cada dia apenas um material ou objeto para as crianças</p><p>manusearem,	exemplo:	um	dia	tintas	e	papéis,	outro	dia	bandinha	rítmica,	em</p><p>outro,	massinha,	e	assim	por	diante.	O	fundamental	é	estimular	o	desenvolvimento</p><p>integral	da	criança,	em	todos	os	aspectos.</p><p>Para	ampliar	a	lista	de	materiais	que	podem	ser	disponibilizados	às	crianças</p><p>de	um	a	seis	anos,	apresentamos,	a	seguir,	algumas	sugestões	de	Kishimoto	(2010):</p><p>QUADRO 2 – SUGESTÕES DE BRINQUEDOS E MATERIAIS PARA CRIANÇAS DE UM ANO A SEIS ANOS</p><p>IDADE SUGESTÕES</p><p>Crianças</p><p>pequenas (um</p><p>ano	a	três	anos</p><p>e onze meses)</p><p>•	 túneis,	caixas	e	espaços	para	entrar	e	esconder-se;</p><p>•	 brinquedos	para	empurrar,	puxar,bater;</p><p>•	 bolas	 de	 diversos	 tamanhos	 e	 cores,	 cordas,	 bambolês,</p><p>papagaio	(pandorga,	pipa),	perna	de	pau,	amarelinha;</p><p>•	 quebra-cabeças	simples,	jogos	de	memória	e	depercurso;</p><p>•	 livros	de	história,	fantoches	(de	diversas	formas,	tamanhos</p><p>e cores) e teatro;</p><p>•	 blocos,	encaixes;</p><p>• massinha e tinturas de dedo;</p><p>•	 bonecas,	 brinquedos,	 mobiliários	 e	 acessórios	 para</p><p>brincadeiras de faz de conta;</p><p>• sucata doméstica e industrial e materiais da natureza.</p><p>Sacolas	e	latas	com	objetos	diversos	de	uso	cotidiano	para</p><p>exploração;</p><p>•	 TV,	computador,	aparelho	de	som,	CD;</p><p>• triciclos e carrinhos para empurrar e dirigir;</p><p>•	 tanques/canchas	de	areia,	brinquedos	de	areia	e	água;</p><p>•	 estruturas	para	trepar,	subir,	descer,	balançar,	esconder;</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>112</p><p>• materiais de artes e construções;</p><p>•	 tecidos	diversos;</p><p>•	 bandinha	rítmica.</p><p>Crianças</p><p>maiores (quatro</p><p>a seis anos)</p><p>•	 boliches,	 jogos	 de	 memória,	 quebra-cabeça,	 dominó,</p><p>blocos	lógicos,	loto,	jogos	de	profissões	e	outros	temas;</p><p>•	 materiais	de	arte,	pintura,	desenho;</p><p>•	 CD	 com	 músicas,	 danças,	 TV,	 máquina	 fotográfica,</p><p>gravador,	aparelho	de	som,	computador,	impressora;</p><p>•	 jogos	 de	 construção,	 brinquedos	 para	 faz	 de	 conta	 e</p><p>acessórios	para	brincar;</p><p>•	 teatro	 e	 fantoches	 (de	 famílias	 de	 diversas	 etnias,	 de</p><p>animais,	de	personagens	do	folclore,	entre	outros);</p><p>•	 materiais	e	brinquedos	estruturados	e	não	estruturados;</p><p>•	 bandinha	rítmica;</p><p>•	 brinquedos	 de	 parque,	 tanques	 de	 areia	 e	 materiais</p><p>diversos	para	brincadeiras	na	água	e	areia;</p><p>• sucata doméstica e industrial e materiais da natureza;</p><p>•	 papéis,	 papelão,	 cartonados,	 revistas,	 jornais,	 gibis,</p><p>cartazes e folhas de propaganda;</p><p>•	 bola,	corda,	bambolê,	pião,	papagaio,	cinco	marias,	bilboquê,</p><p>perna	 de	 pau,	 amarelinha,	 varetas	 gigantes,	 triciclos,</p><p>carrinhos;</p><p>•	 livros	 infantis,	 letras	 móveis,	 material	 dourado,	 globo,</p><p>mapas,	 lupas,	balança,	peneiras,	 copinhos	e	 colheres	de</p><p>medida.</p><p>FONTE: Adaptado de Kishimoto (2010)</p><p>3.2 SALA MULTIUSO OU BRINQUEDOTECA</p><p>A	sala	multiuso	é	um	espaço	destinado	para	a	realização	de	atividades</p><p>diferenciadas,	propostas	pelo	professor	no	planejamento,	como:</p><p>• assistir a vídeos, filmes, DVDs:	 este	 tipo	 de	 atividade	 não	 deve	 ocorrer</p><p>diariamente,	pois,	em	casa,	a	maioria	das	crianças	já	passa	muito	tempo	em</p><p>frente	à	televisão.	Por	isto	também	é	importante	que	a	televisão	não	fique	na</p><p>sala	de	atividades	e	sim	num	espaço	específico	para	este	momento;</p><p>• ouvir uma história ou manusear os livros:	 apesar	 de	 a	 própria	 sala	 de</p><p>atividades	ter	um	ambiente	para	a	leitura,	o	fato	de	as	crianças	se	deslocarem</p><p>para	um	novo	espaço,	mais	silencioso,	para	ouvir	uma	história,	assistir	a	um</p><p>teatro	de	fantoches,	entre	outros,	faz	com	que	elas	se	tornem	mais	receptivas</p><p>e atentas;</p><p>TÓPICO 1 — ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO E DOS AMBIENTES FACILITADORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>113</p><p>• escutar uma música, dançar, fantasiar-se etc.:	 como	 vimos	 anteriormente,</p><p>estas	atividades	também	podem	ser	realizadas	na	sala	de	atividades	conforme</p><p>o	 planejamento	 do	 professor.	 Caso	 não	 seja	 possível	 ter	 em	 cada	 sala	 um</p><p>espaço com roupas e sapatos de adultos para as crianças brincarem (canto</p><p>da	fantasia),	este	espaço	também	pode	ser	utilizado	para	isto,	já	que	todas	as</p><p>turmas podem ter acesso a ele.</p><p>3.3 REFEITÓRIO</p><p>O	 refeitório	 é	 o	 espaço	 utilizado	 para	 as	 crianças	 se	 alimentarem,</p><p>estimulando	 que	 elas	 se	 sirvam	 e	 se	 alimentem	 sozinhas	 assim	 que	 possível,</p><p>de	forma	a	desenvolver	a	sua	autonomia.	Também	é	um	espaço	de	socialização</p><p>entre	 crianças	 de	 diversas	 faixas	 etárias.	 Conforme	 os	 Parâmetros	 Básicos	 de</p><p>Infraestrutura	para	Instituições	de	Educação	Infantil	(BRASIL,	2006a),	este	espaço</p><p>deve	 se	 localizar	 próximo	 da	 cozinha	 e	 contar	 com	 um	mobiliário	móvel,	 de</p><p>forma	a	possibilitar	diversas	formas	de	organização	do	ambiente	e	prevendo	a</p><p>utilização	por	1/3	das	crianças	do	turno	maior,	intercalando	as	turmas	no	horário</p><p>da alimentação.</p><p>FIGURA 14 – REFEITÓRIO U.E.I. BAIRRO JOÃO PAULO II – JOSÉ LINO KUHNEN, INDAIAL/SC</p><p>FONTE: A autora</p><p>Este espaço também pode ser decorado com móbiles, desenhos das crianças,</p><p>deixando-o ainda mais divertido e interessante para elas. Os móveis devem ser adaptados</p><p>ao tamanho das crianças, possibilitando que elas se sentem, se levantem e se alimentem</p><p>sozinhas.</p><p>DICAS</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>114</p><p>3.4 BANHEIROS</p><p>O	ideal	é	que	estejam	próximos	das	salas	das	crianças,	porém	bem	longe</p><p>da	 cozinha	 e	do	 refeitório,	 sem	 ter	 ligação	direta	 com	eles.	De	 acordo	 com	os</p><p>Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil</p><p>(BRASIL,	2006a),	os	pisos	e	paredes	precisam	ser	de	fácil	limpeza,	as	janelas	com</p><p>boa	iluminação,	as	portas	não	devem	conter	chaves	nem	trincos	e	os	lavatórios</p><p>precisam	ser	adequados	de	acordo	com	a	altura	das	crianças	(algo	em	torno	de</p><p>0,60	cm),	os	sanitários	também	necessitam	ser	pequenos.</p><p>FIGURA 15 – LAVATÓRIO U.E.I. BAIRRO JOÃO PAULO II – JOSÉLINO KUHNEN INDAIAL/SC</p><p>FONTE: A autora</p><p>É	importante	que	os	banheiros	sejam	adequados	ao	tamanho	das	crianças,</p><p>para	permitir	que	elas	façam	uso	do	espaço	de	forma	cada	vez	mais	autônoma.</p><p>Para	 as	 crianças	 identificarem	qual	 o	banheiro	 correto	 a	 ser	utilizado	 (para	os</p><p>meninos	e	para	as	meninas),	é	interessante	identificá-los	com	figuras	que	lembrem</p><p>objetos	utilizados	por	eles	ou	até	mesmo	imagens	de	meninos	e/ou	meninas.</p><p>3.5 PÁTIO COBERTO</p><p>O	pátio	coberto</p><p>161</p><p>3 OS CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS ............................................................................................... 163</p><p>4 A TRANSIÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O ENSINO FUNDAMENTAL ....... 179</p><p>RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 182</p><p>AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 184</p><p>REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 186</p><p>UNIDADE 3 — AÇÃO E INTERAÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ...... 189</p><p>TÓPICO 1 — A CRIANÇA E AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS ............................................... 191</p><p>1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 191</p><p>2 A ABORDAGEM DE REGGIO EMÍLIA NA EDUCAÇÃO DA PRIMEIRA INFÂNCIA ...... 192</p><p>3 APRENDER E ENSINAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL .......................................................... 197</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 204</p><p>AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 206</p><p>TÓPICO 2 — A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE E DAS INTERAÇÕES</p><p>NA EDUCAÇÃO INFANTIL ................................................................................... 207</p><p>1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 207</p><p>2 RELAÇÕES DE AFETIVIDADE NAS INTERAÇÕES DO DIA A DIA ................................ 208</p><p>3 PAIS E EDUCADORES: UMA IMPORTANTE PARCERIA NA EDUCAÇÃO</p><p>DAS CRIANÇAS ............................................................................................................................. 213</p><p>4 OS QUATRO PILARES DA EDUCAÇÃO .................................................................................. 217</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 221</p><p>AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 222</p><p>TÓPICO 3 — A PROJETOS PEDAGÓGICOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL ........................ 223</p><p>1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 223</p><p>2 A PEDAGOGIA DE PROJETOS ................................................................................................... 223</p><p>3 O PROFESSOR NA PEDAGOGIA DE PROJETOS .................................................................. 229</p><p>4 AS CRIANÇAS E O GRUPO NA PEDAGOGIA DE PROJETOS .......................................... 231</p><p>5 AS FAMÍLIAS E A COMUNIDADE NESTA PEDAGOGIA .................................................. 233</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 235</p><p>AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 236</p><p>TÓPICO 4 — AVALIAÇÃO E REGISTRO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ............................... 239</p><p>1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 239</p><p>2 A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CRIANDO ALTERNATIVAS QUE</p><p>RESPEITEM A DIVERSIDADE .................................................................................................... 239</p><p>3 OBSERVAÇÃO, REGISTRO E AVALIAÇÃO FORMATIVA .................................................. 244</p><p>4 POR QUE E PARA QUE REGISTRAR ........................................................................................ 247</p><p>4.1 PORTFÓLIO ................................................................................................................................ 249</p><p>4.2 DOSSIÊ ......................................................................................................................................... 250</p><p>4.3 ARQUIVO BIOGRÁFICO .......................................................................................................... 251</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 253</p><p>RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 255</p><p>AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 256</p><p>REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 258</p><p>1</p><p>UNIDADE 1 —</p><p>AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES</p><p>TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL:</p><p>RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>PLANO DE ESTUDOS</p><p>A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:</p><p>• conhecer os principais teóricos da Educação Infantil;</p><p>• diferenciar as metodologias e concepções de cada teórico;</p><p>• compreender o papel do professor e da escola dentro de cada concepção;</p><p>• estabelecer relações entre as concepções teórico-pedagógicas;</p><p>• relacionar as diferentes concepções com a prática diária da Educação</p><p>Infantil.</p><p>Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da</p><p>unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o</p><p>conteúdo apresentado.</p><p>TÓPICO 1 – A PEDAGOGIA WALDORF</p><p>TÓPICO 2 – A PEDAGOGIA MONTESSORI</p><p>TÓPICO 3 – A PEDAGOGIA FREINET</p><p>TÓPICO 4 – O CONSTRUTIVISMO DE PIAGET</p><p>TÓPICO 5 – O SOCIOINTERACIONISMO DE VIGOTSKI</p><p>Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos</p><p>em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá</p><p>melhor as informações.</p><p>CHAMADA</p><p>2</p><p>3</p><p>TÓPICO 1 —</p><p>UNIDADE 1</p><p>A PEDAGOGIA WALDORF</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Não há, basicamente, em nenhum nível, uma educação que não seja a</p><p>autoeducação:</p><p>[...] toda educação é autoeducação e nós, como professores e</p><p>educadores, somos, em realidade, apenas o ambiente da criança</p><p>educando-se a si própria. Devemos criar o mais propício ambiente</p><p>para que a criança eduque-se junto a nós, da maneira como ela precisa</p><p>educar-se por meio de seu destino interior (STEINER, 2000, s.p.</p><p>[palestra proferida em 1923]).</p><p>Vamos iniciar nossa caminhada conhecendo o teórico Rudolf Steiner?</p><p>Você já ouviu falar nele ou nas escolas Waldorf? Sabe qual é a teoria que ele</p><p>desenvolveu e qual foi a sua contribuição para a Educação Infantil?</p><p>A Pedagogia Waldorf, criada por Steiner, tem como base a sua teoria do</p><p>desenvolvimento humano: a antroposofia. Esta pedagogia não exige do aluno o</p><p>pensamento abstrato, a não ser no Ensino Médio, e se desenvolve levando em</p><p>consideração a fase em que as crianças se encontram. Pode ser considerada uma</p><p>pedagogia holística, pois valoriza o desenvolvimento físico, etéreo e astral.</p><p>E então, ficou curioso para desvendar as características da Pedagogia</p><p>Waldorf? Vamos lá!</p><p>2 RUDOLF STEINER (1861-1925)</p><p>Para compreendermos a Pedagogia Waldorf, primeiramente estudaremos</p><p>sobre a vida de Rudolf Steiner, tendo por base os textos de Trevisan (2006) e</p><p>Canelada (2011).</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>4</p><p>FIGURA 1 – RUDOLF STEINER</p><p>FONTE: <https://docplayer.es/docs-images/76/73554245/images/24-0.jpg>.</p><p>Acesso em: 15 maio 2021.</p><p>Steiner nasceu em 27 de fevereiro de 1861, na cidade de Kraljevec, na Áustria.</p><p>Morou até os oito anos de idade na cidade de Pottschach, no mesmo país, onde foi</p><p>educado pelo pai, devido a um desentendimento com o professor. Foi o primeiro</p><p>dos três filhos do casal que levava uma vida simples. Morava em um edifício na</p><p>precisa	ser	amplo,	para	que	todas	as	crianças	da	instituição</p><p>consigam	usá-lo	ao	mesmo	tempo.	Também	é	necessário	prever	a	sua	utilização</p><p>para	 festas	 ou	 reuniões	 com	os	 pais	 e	 para	 a	 realização	 das	 atividades	 físicas</p><p>em	dias	de	chuva.	De	acordo	com	os	Parâmetros	Básicos	de	Infraestrutura	para</p><p>Instituições	de	Educação	Infantil	(BRASIL,	2006a),	caso	a	instituição	não	possua</p><p>um	espaço	coberto,	próprio	para	estes	fins,	pode-se	utilizar	o	refeitório.</p><p>TÓPICO 1 — ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO E DOS AMBIENTES FACILITADORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>115</p><p>3.6 ÁREA EXTERNA</p><p>Este espaço necessita ser amplo para poder ser usado por todas as crianças</p><p>da	instituição,	para	as	festas	da	escola	ou	comunidade,	para	as	atividades	físicas</p><p>e	de	lazer,	entre	outros.	Por	ser	uma	área	descoberta,	é	mais	comum	ser	utilizada</p><p>em	dias	nublados	ou	com	sol.	Além	disso,	os	Parâmetros	Básicos	de	Infraestrutura</p><p>para	Instituições	de	Educação	Infantil	(BRASIL,	2006a,	p.	26)	sugerem	que	estes</p><p>espaços	contemplem,	sempre	que	possível:</p><p>[...]	duchas	 com	 torneiras	 acessíveis	 às	 crianças,	quadros	azulejados</p><p>com	torneira	para	atividades	com	tinta	lavável,	brinquedos	de	parque,</p><p>pisos	 variados,	 por	 exemplo,	 grama,	 terra	 e	 cimento.	 Havendo</p><p>possibilidades,	deve	contemplar	anfiteatro,	casa	em	miniatura,	bancos,</p><p>brinquedos	como	escorregador,	trepa-trepa,	balanços,	túneis	etc.	Deve</p><p>ser	ensolarada	e	sombreada,	prevendo	a	 implantação	de	área	verde,</p><p>que	pode	contar	com	local	para	pomar,	horta	e	jardim.</p><p>Caso a instituição tenha playground,	 é	 preciso	 ficar	 atento	 se	 está	 em	 boas</p><p>condições	de	uso	e	observar	como	as	crianças	farão	uso	dos	brinquedos.	Por	serem</p><p>bastante	ativas,	pode	acontecer	de	tentarem	pular	de	onde	“não	devem”	ao	invés	de</p><p>escorregar	ou	descer	pela	escada,	subir	por	caminhos	inadequados	e	fáceis	de	causar</p><p>uma	queda,	pelo	simples	fato	de	se	sentirem	desafiadas	pelas	novidades.	No	mais,	o</p><p>playground	é	um	espaço	de	interação,	com	diversos	“[...]	desafios	motores,	como	morros,</p><p>estruturas	para	escalar,	pular,	descer,	girar,	balançar”	(KISHIMOTO,	2010,	p.	9).</p><p>FIGURA 16 – PLAYGROUND U.E.I. BAIRRO JOÃO PAULO II – JOSÉLINO KUHNEN, INDAIAL/SC</p><p>FONTE: A autora</p><p>Nestes espaços é comum encontrar canchas de areia para as crianças</p><p>brincarem. No entanto, é importante que a areia seja cercada e coberta, evitando assim</p><p>que animais contaminem a areia, causando doenças nas crianças que utilizam o espaço.</p><p>Também é importante disponibilizar brinquedos ou objetos que possam ser transformados,</p><p>transportados e manipulados facilmente pelas crianças.</p><p>ATENCAO</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>116</p><p>Caro	 acadêmico!	 Chegamos	 ao	 final	 de	 mais	 um	 tópico.	 Gostou	 das</p><p>dicas	que	disponibilizamos	no	decorrer	do	texto?	No	próximo	tópico,	traremos</p><p>diversas	informações	sobre	a	organização	do	tempo	e	da	rotina	pelo	professor	da</p><p>Educação	Infantil.	Não	perca,	continue	conosco!</p><p>Agradecimentos especiais à Secretaria Municipal de Educação de Indaial</p><p>(SC) e à Unidade de Educação Infantil, do Bairro João Paulo II – José Lino Kuhnen – pela</p><p>disponibilização dos espaços nas fotografias que ilustraram este tópico.</p><p>DICAS</p><p>117</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>•	 Os	espaços	para	crianças	de	zero	a	um	ano	de	idade	devem	ser	organizados</p><p>privilegiando	o	cuidar	e	o	educar,	a	fim	de	desenvolver	as	crianças	de	forma</p><p>plena.	Deve	conter:	sala	de	repouso,	sala	para	atividades,	fraldário,	lactário	e</p><p>solário.</p><p>•	 O	espaço	físico	para	crianças	de	um	a	seis	anos	de	idade	deve	possibilitar	e</p><p>contribuir	para	a	vivência	 e	 a	 expressão	das	 culturas	 infantis,	por	meio	de</p><p>jogos,	 brincadeiras,	 músicas	 e	 histórias.	 Os	 espaços	 mais	 utilizados	 pelas</p><p>crianças	desta	 faixa	etária	 são:	 sala	de	atividades,	 sala	multiuso,	 refeitório,</p><p>banheiro,	pátio	coberto	e	área	externa.</p><p>•	 As	salas	de	atividades	são	espaços	lúdicos,	organizados	em	cantinhos.	Entre</p><p>eles,	 podemos	 citar:	 cantinho	 da	 fantasia,	 da	 leitura,	 dos	 brinquedos,	 dos</p><p>jogos,	das	artes,	das	atividades	domésticas,	do	salão	de	beleza,	do	mercado.</p><p>• A forma como são organizadas as salas nas instituições de Educação Infantil</p><p>depende	 do	 planejamento	 do	 professor,	 dos	 objetivos	 que	 ele	 pretende</p><p>alcançar,	 do	 que	 quer	 desenvolver/estimular	 nas	 crianças,	 sendo	 parte</p><p>integrante	da	prática	pedagógica.</p><p>•	 Por	ser	um	parceiro	da	prática	educativa,	a	organização	dos	ambientes	não</p><p>deve	ser	engessada	e	sim	modificada	periodicamente.</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>118</p><p>1	 Você	 se	 lembra	 de	 que,	 lá	 no	 início	 do	 tópico,	 pedimos	 para	 socializar</p><p>as	dicas	de	 organização	dos	 espaços	que	você	 conhece	 e	 que	não	 foram</p><p>indicadas	no	livro	didático?	Mãos	à	obra!</p><p>Complete	o	quadro	a	seguir,	informando	a	faixa	etária,	o	espaço	onde	esta</p><p>dica	pode	 ser	utilizada	 (sala	de	atividades,	 refeitório,	banheiros	 etc.)	 e	 a</p><p>dica em si. Socialize suas ideias com os colegas no momento da correção</p><p>das	autoatividades.	Bom	trabalho!</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>Faixa etária Espaços Dica</p><p>2	 De	acordo	com	o	Livro	didático,	quais	são	os	espaços	que	não	podem	faltar</p><p>numa	instituição	que	atende	crianças	de	0	a	1	ano	de	idade?</p><p>3	 No	caso	do	atendimento	de	crianças	de	1	a	6	anos	de	idade,	quais	são	os</p><p>espaços essenciais?</p><p>4	 Os	 espaços	 de	 atendimento	 para	 crianças	 de	 0	 a	 1	 ano	 de	 idade	 são</p><p>organizados	 pensando	 em	 privilegiar	 dois	 elementos	 específicos.	 Sobre</p><p>quais	são	esses	elementos,	assinale	a	alternativa	CORRETA:</p><p>a) ( ) O cuidar e alimentar.</p><p>b)	(			)	O	educar	e	desenvolver.</p><p>c) ( ) O cuidar e educar.</p><p>d)	(			)	O	desenvolver	e	alimentar.</p><p>5	 Os	 espaços	 de	 atendimento	 para	 crianças	 de	 1	 a	 6	 anos	 de	 idade,	 são</p><p>organizados	 pensando	 em	 privilegiar	 dois	 elementos	 específicos.	 Sobre</p><p>quais	são	esses	elementos,	assinale	a	alternativa	CORRETA:</p><p>a)	(			)	As	vivências	e	expressões	da	cultura	infantil.</p><p>b)	(			)	As	atividades	físicas.</p><p>c) ( ) As tarefas escoalres.</p><p>d)	(			)	As	atividades	disciplinares.</p><p>119</p><p>UNIDADE 2</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>A	palavra	rotina	normalmente	nos	remete	a	algo	sempre	igual,	realizado</p><p>da	mesma	maneira,	 todos	 os	 dias,	 com	horários	 preestabelecidos,	 de	maneira</p><p>chata,	sem	graça	e	cansativa,	não	é	mesmo?	Pois	é	importante	deixar	claro	que</p><p>esta	definição	para	rotina	acontece	em	90%	dos	casos,	na	concepção	dos	adultos.</p><p>Rotina	 para	 as	 crianças	 é	 algo	 muito	 mais	 interessante	 e	 significa,</p><p>basicamente,	tudo	o	que	eles	terão	para	fazer	durante	o	período	em	que	estiverem</p><p>na	escola.	Isso	exige,	por	parte	dos	educadores,	planejar	criativamente	atividades</p><p>novas	 e	 diferentes,	 respeitando	 os	 mesmos	 espaços e tempos	 disponíveis	 na</p><p>unidade escolar.</p><p>O	melhor	 de	 tudo	 isso	 é	 saber	 que	 cada	 instituição	 tem	 liberdade	 para</p><p>decidir	como	serão	as	suas	rotinas,	contando	com	o	apoio	e	participação	de	seus</p><p>gestores	e	equipe	pedagógica.	Em	alguns	casos,	até	os	pais	e	crianças	podem	opinar.</p><p>Ficou	curioso?	Quer	saber	mais?	Continue	conosco,	então!</p><p>2 A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DA ROTINA</p><p>As	rotinas	são	extremamente	importantes	na	educação	infantil,	pois	elas</p><p>auxiliam	 na	 organização	 do	 trabalho	 pedagógico	 dos	 educadores	 e,	 também,</p><p>diminuem	 o	 nível	 de	 ansiedade	 das	 crianças,	 quando	 estas	 compreendem	 a</p><p>sequência	das	atividades	a	serem	desenvolvidas.</p><p>Depois	de	acordar,	mamar.	Depois	de	mamar,	sorrir.	Depois	de	sorrir,</p><p>cantar.	Depois	de	cantar,	comer.	Depois	de	comer,	brincar.	Depois	de</p><p>brincar,	pular.	Depois	de	pular,	cair.	Depois	de	cair,	chorar.	Depois	de</p><p>chorar,	falar.	Depois	de	falar,	correr.	Depois	de	correr,	parar.	Depois</p><p>de	parar,	ninar.	Depois	de	ninar,	dormir.	Depois	de	dormir,	 sonhar</p><p>(PERES;	TATIT;	DEARDYK,	1999).</p><p>De	acordo	com	Barbosa	(2006,	p.	35):</p><p>A	importância	das	rotinas	na	educação	infantil	provém	da	possibilidade</p><p>de	 constituir	 uma	 visão	 própria	 como	 concretização	 paradigmática</p><p>de	uma	concepção	de	educação	e	de	cuidado.	É	possível	afirmar	que</p><p>elas	sintetizam	o	projeto	pedagógico	das	instituições</p><p>e	apresentam	a</p><p>proposta	de	ação	educativa	dos	profissionais.	A	rotina	é	usada,	muitas</p><p>TÓPICO 2 —</p><p>A ORGANIZAÇÃO DA ROTINA E O PLANEJAMENTO NA</p><p>EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>120</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>vezes,	como	o	cartão	de	visitas	da	instituição,	quando	da	apresentação</p><p>desta aos pais ou à comunidade ou como um dos pontos centrais de</p><p>avaliação	da	programação	educacional.</p><p>Afinal, o que faz parte dessa rotina?</p><p>Absolutamente	tudo	o	que	acontece	na	instituição,	seria	a	resposta.	Desde</p><p>o	horário	de	entrada	e	saída	das	crianças,	a	hora	do	lanche,	da	higiene,	da	história,</p><p>da	brincadeira,	do	canto,	entre	outras	atividades	que	compõem	o	cotidiano	da</p><p>Educação	Infantil.	A	rotina	nada	mais	é	do	que	um	esquema,	uma	pauta	do	que</p><p>se	vai	fazer	e	de	como	será	feita	esta	ou	aquela	atividade.</p><p>Como elaborar uma rotina que satisfaça as necessidades dos bebês e</p><p>crianças pequenas?</p><p>Antes	de	 tudo	é	preciso	 lembrar	que,	 em	 tudo	que	se	 faz	na	Educação</p><p>Infantil,	há	que	se	estabelecer	uma	fortíssima	relação	entre	o	cuidar	e	o	educar.</p><p>As	necessidades	básicas	das	crianças	como	a	alimentação,	o	descanso	e	a	higiene</p><p>são	tão	importantes	quanto	às	necessidades	de	interação,	afetividade	e	cognição.</p><p>Quando	conseguimos	atender	as	nossas	crianças	em	suas	necessidades	básicas,</p><p>aliando-as	 às	 finalidades	 educativas,	 estamos	 muito	 próximos	 daquilo	 que</p><p>consideramos a educação ideal.</p><p>Com	os	bebês	não	é	fácil	manter	uma	rotina	fixa,	pois	eles	dormem	mais,</p><p>trocam	mais	vezes	de	fralda,	choram	mais,	querem	colo,	mas,	à	medida	que	vão</p><p>crescendo,	também	passam	a	incorporar	estas	rotinas,	tão	fundamentais	ao	seu</p><p>desenvolvimento.</p><p>Com	relação	aos	demais,	sugerimos	que	essa	rotina	seja	exposta	em	sala,</p><p>com	figuras,	desenhos	ou	imagens	fotografadas	do	próprio	grupo,	representando</p><p>cada	atividade	a	ser	desenvolvida.	Quando	a	criança	visualiza	a	sequência	das</p><p>atividades	 daquele	 dia,	 sente-se	 mais	 segura	 e	 tranquila.	 Crianças	 menores</p><p>adoram	 saber	o	que	vai	 acontecer.	Desta	 forma,	 também	aprendem	a	 esperar,</p><p>compreendendo	que	nem	tudo	acontece	na	hora	e	do	jeito	que	elas	desejam.</p><p>FIGURA 17 – SABENDO APROVEITAR O TEMPO</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2TO6nfC>. Acesso em: 30 maio 2021.</p><p>TÓPICO 2 — A ORGANIZAÇÃO DA ROTINA E O PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>121</p><p>O que temos que levar em conta na hora de planejar nossa rotina de</p><p>maneira que saibamos aproveitar o tempo de que dispomos com nossas crianças?</p><p>Devemos	 levar	 em	 conta,	 principalmente,	 a	 idade	 das	 crianças.	 Não	 se</p><p>aconselha	 planejar	 atividades	 que	 ultrapassem	 o	 tempo	 de	 concentração	 delas;</p><p>também	 não	 se	 pode	 dar	 pouco	 tempo	 às	 brincadeiras	 no	 parque,	 porque	 elas</p><p>vão	reclamar;	os	recados	e	combinados	muitas	vezes	não	serão	compreendidos	de</p><p>primeira,	ou	seja,	com	as	crianças	menores,	a	repetição	dos	comandos	é	absolutamente</p><p>natural,	até	que	todos	compreendam	as	normas	e	estejam	adaptados	a	elas.</p><p>Conheça,	a	seguir,	um	exemplo	de	rotina	na	Educação	Infantil,	para	cada</p><p>dia	da	semana.	Note	que	algumas	atividades	aparecerão	na	rotina	de	todos	os</p><p>dias,	pois	são	consideradas	essenciais:	a	acolhida,	o	parque	e	as	brincadeiras,	a</p><p>leitura	de	história,	a	roda	do	canto,	o	lanche,	a	higiene,	o	descanso	e	a	despedida.</p><p>Já	 as	 demais	 atividades	 e	 momentos	 de	 socialização	 vão	 sendo	 encaixados	 à</p><p>rotina,	de	acordo	com	a	disponibilidade	dos	professores	ou	o	ritmo	do	grupo:</p><p>QUADRO 3 – ROTINAS</p><p>Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira</p><p>Acolhida Acolhida Acolhida Acolhida Acolhida</p><p>Parque	e</p><p>brincadeiras</p><p>Parque	e</p><p>brincadeiras</p><p>Parque	e</p><p>brincadeiras</p><p>Parque	e</p><p>brincadeiras</p><p>Parque	e</p><p>brincadeiras</p><p>Psicomotricidade Inglês Musicalização Formação Psicomotricidade</p><p>Roda do Canto Roda do Canto Roda do Canto Roda do Canto Roda do Canto</p><p>Higiene	(troca</p><p>de fraldas)-</p><p>descanso</p><p>Higiene	(troca</p><p>de fraldas)-</p><p>descanso</p><p>Higiene	(troca</p><p>de fraldas)-</p><p>descanso</p><p>Higiene	(troca</p><p>de fraldas)-</p><p>descanso</p><p>Higiene	(troca</p><p>de fraldas)-</p><p>descanso</p><p>Lanche Lanche Lanche Lanche Lanche</p><p>Escovação Escovação Escovação Escovação Escovação</p><p>Leitura de</p><p>história</p><p>Leitura de</p><p>história</p><p>Leitura de</p><p>história</p><p>Leitura de</p><p>história</p><p>Leitura de</p><p>história</p><p>Atividade</p><p>artística/jogo</p><p>Atividade</p><p>artística/jogo</p><p>Atividade</p><p>artística/jogo</p><p>Atividade</p><p>artística/jogo</p><p>Atividade</p><p>artística/jogo</p><p>despedida despedida despedida despedida despedida</p><p>FONTE: A autora</p><p>122</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>Vale	 destacar,	 prezado	 acadêmico,	 que	 na	 elaboração	 das	 rotinas	 é</p><p>interessante	 equilibrar	 a	 intensidade,	 intercalando	 atividades	 mais	 calmas	 e</p><p>agitadas,	individuais	ou	coletivas,	que	incentivem	a	concentração	ou	a	cooperação,</p><p>que	estimulem	a	autonomia	ou	o	trabalho	em	equipe.	É	muito	importante	também</p><p>pensar	nas	crianças	que	permanecem	o	dia	todo	na	instituição	e	gerar	uma	rotina</p><p>diversificada	e	criativa,	para	que	elas	não	se	aborreçam.	Sugerimos	que	a	primeira</p><p>coisa	 do	 dia	 seja	 a	 apresentação	 da	 rotina	 às	 crianças,	 controlando	 o	 nível	 de</p><p>ansiedade do grupo.</p><p>FIGURA 18 – ROTINA DO DIA</p><p>FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=GN7eJtj2of8l>. Acesso em: 30 maio. 2021.</p><p>A rotina planejada não deve ser considerada pronta e acabada, ou seja,</p><p>fechada a novos desafios e tampouco gerar frustrações ao educador pela não realização</p><p>de algum item em função de outro mais interessante ou pela falta de tempo hábil para</p><p>seu cumprimento. Esta rotina precisa ser flexível e prever novas situações, auxiliando as</p><p>crianças a lidarem com os imprevistos.</p><p>UNI</p><p>A rotina pode ser alterada e, por que não, até ser combinada com as crianças,</p><p>que “ajudam” a professora a montar a sequência das atividades no varal de fotos ou quadro</p><p>de rotinas daquele dia. Experimente! As crianças, desta forma, se sentirão protagonistas em</p><p>seu próprio processo de ensino-aprendizagem.</p><p>UNI</p><p>TÓPICO 2 — A ORGANIZAÇÃO DA ROTINA E O PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>123</p><p>E a questão do tempo, como funciona para as crianças?</p><p>Quando	a	 criança	passa	 a	 compreender	 a	 sequência	das	 atividades	 e	 a</p><p>sua	duração,	começa	a	desenvolver	as	primeiras	noções	de	tempo.	Essas	noções</p><p>se	desenvolvem	durante	a	primeira	infância,	num	processo	relativamente	longo.</p><p>Não	é	nada	incomum	ouvirmos	uma	criança	pequena	dizer	que	“amanhã	eu	fui</p><p>no	meu	avô”	ou	que”	amanhã	eu	fiz	aniversário”.	Isso	mostra	a	confusão	que	a</p><p>questão	do	tempo	ainda	provoca	nelas	durante	o	processo	de	desenvolvimento.</p><p>Por	isso,	é	importante	estabelecer	com	elas	uma	rotina,	por	meio	de	uma	sequência</p><p>de	acontecimentos	em	uma	determinada	ordem	com	início,	meio	e	fim.</p><p>Segundo Jaume (apud	ARRIBAS,	2004,	p.	35):</p><p>Toda	a	segurança	que	a	criança	 irá	sentir	no	ambiente	escolar	se	dá</p><p>no	adequado	planejamento	das	atividades.	Portanto,	o	tempo	é	fator</p><p>essencial	 neste	 planejamento.	 São	 necessários	 pontos	 de	 referência</p><p>estáveis,	que	se	repitam	diariamente.	É	desta	forma	que	a	criança	se</p><p>estrutura,	tendo	a	segurança	do	que	virá	depois.</p><p>As	crianças,	ao	visualizarem,	por	exemplo,	a	rotina	do	dia	e	encontrarem	a</p><p>figura	do	lanche,	são	capazes	de	descobrir	o	que	vem	antes	dele	(que	está	no	meio</p><p>da	manhã	ou	da	tarde)	e	o	que	vem	depois;	percebem	que,	quando	a	professora</p><p>realiza	uma	atividade	artística	ou	jogo,	já	se	aproxima	a	hora	de	ir	embora	e,	desta</p><p>forma,	mesmo	sem	conhecer	as	horas,	estabelecem	suas	próprias	relações	com	a</p><p>questão	do	tempo.</p><p>Com	o	avançar	da	idade,	sentem-se	interessadas	em	saber	sobre	as	horas,</p><p>os	dias	da	semana,	os	meses	e	assim	por	diante.</p><p>FIGURA 19 – O TEMPO</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3j4IDOX>. Acesso em: 30 maio. 2021.</p><p>Barbosa	(2006,	p.	151)	questiona:</p><p>124</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>A	 quem	 pertence	 o	 tempo?	 Às	 instituições?	 Aos	 professores?	 Às</p><p>crianças	 em	 grupo	 ou	 no	 singular?	 Um	 dos	 objetivos	 centrais	 da</p><p>temporalização	da	vida	das	crianças	está	relacionado</p><p>à	estruturação</p><p>do	tempo	coletivo,	mas	deve-se	fazer	isso	sem	deixar	de	respeitar	os</p><p>tempos pessoais.</p><p>3 ROTINA E PLANEJAMENTO: O PAPEL DO PROFESSOR</p><p>De	acordo	com	Ostetto	(2004),	o	educador	deve	assumir	o	planejamento</p><p>educativo	 como	 um	momento	 reflexivo,	 pois	 ele	 não	 é	 apenas	 um	 papel	 que</p><p>preencherá,	é	atitude	e	envolve	todas	as	ações	e	situações	cotidianas	presentes</p><p>em	seu	trabalho	pedagógico.</p><p>E	quando	este	mesmo	educador	pensar	a	rotina,	deve	fazê-lo	de	modo	a</p><p>criar espaço para os cuidados básicos em consonância com a aprendizagem das</p><p>crianças	por	meio	da	interação	individual	ou	coletiva.</p><p>FIGURA 20 – PLANEJAMENTO</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3zDZMoo>. Acesso em: 30 maio 2021.</p><p>Para o aprofundamento teórico destas e outras questões pertinentes à</p><p>Educação Infantil, sugerimos a leitura das seguintes bibliografias:</p><p>• LOPES, A. C. T. Educação infantil e registro de práticas. Cortez, 2009.</p><p>• SCHILLER, P. ; ROSSANO, J. Ensinar e aprender brincando: mais de 750 atividades para</p><p>a educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2008.</p><p>• MILLER, K. Educação infantil: como lidar com situações difíceis. Porto Alegre: 2008.</p><p>KRAEMER, M. L. Aprendendo com criatividade. São Paulo: Autores Associados, 2010.</p><p>DICAS</p><p>TÓPICO 2 — A ORGANIZAÇÃO DA ROTINA E O PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>125</p><p>Neste	sentido,	o	planejamento	torna-se	indispensável.	Todos	os	detalhes</p><p>devem	 ser	 pensados,	 pois	 muitos	 momentos	 diferentes	 formam	 a	 proposta</p><p>pedagógica	da	Educação	Infantil,	que	hoje	não	pode	mais	ser	encarada	de	maneira</p><p>assistencialista,	ou	seja,	o	lugar	onde	as	crianças	recebem	apenas	os	“cuidados”	e</p><p>a	educação,	o	estímulo	e	a	cognição	não	teriam	espaço.</p><p>Considerando	a	quantidade	de	horas	que	as	crianças	passam	no	cenário</p><p>‘escola’,	é	fácil	pensar	que	este	ambiente	será	de	significação	relevante</p><p>na	 história	 e	 na	 vida	 delas	 e	 que,	 portanto,	 deve	 ser	 devidamente</p><p>pensado	e	planejado	em	função	dos	objetivos,	dos	sujeitos.	Trata-se	de</p><p>utilizar	a	escola	 como	uma	 ferramenta	pedagógica	 (MUNTAÑOLA,</p><p>1980	apud	ARRIBAS,	2004,	p.	364).</p><p>O	 educador	 infantil	 deve	 ser	 consciente	 da	 importância	 de	 seu	 papel</p><p>na	 vida	 das	 pequenas	 crianças,	 conhecê-las	 profundamente,	 estabelecer	 laços</p><p>de	 afetividade	 com	elas	 e,	principalmente,	 estar	 ciente	de	 todas	 as	 etapas	que</p><p>compõem	o	desenvolvimento	infantil.	Desta	forma,	planejará	suas	ações	pautadas</p><p>nas	Múltiplas	Linguagens	e	nos	Direitos	de	Aprendizagem	e	Desenvolvimento,</p><p>de	acordo	com	a	BNCC	da	Educação	Infantil,	em	seus	Campos	de	Experiências,</p><p>possibilitando	o	desenvolvimento	integral	das	crianças.</p><p>Na hora de planejar, o que não pode faltar?</p><p>Em	primeiríssimo	lugar,	o	respeito	pelas	crianças	em	suas	especificidades,</p><p>de acordo com a faixa etária do grupo.</p><p>Em	seguida,	deve-se	pensar	nas	experiências	essenciais	às	crianças,	como:</p><p>a	 brincadeira,	 o	 movimento,	 a	 autonomia,	 a	 identidade,	 a	 linguagem	 oral,	 a</p><p>música	e	a	arte.	Vale	a	pena	investir	em	um	planejamento	que	se	aproveite	destas</p><p>“palavras	mágicas”	tão	presentes	no	mundo	infantil.</p><p>Para	Ostetto	(2004,	p.	190),</p><p>Elaborar	 um	 “planejamento	 bem	 planejado”	 no	 espaço	 da	 Educação</p><p>Infantil	significa	entrar	na	relação	com	as	crianças	(e	não	com	os	alunos!),</p><p>mergulhar	na	aventura	em	busca	do	desconhecido,construir	a	identidade</p><p>de	 grupo	 junto	 com	 as	 crianças.	 Assim,	 mais	 do	 que	 conteúdos	 da</p><p>matemática,	 da	 língua	 portuguesa	 e	 das	 ciências,	 o	 planejamento	 na</p><p>Educação	 Infantil	 é	 essencialmente	 linguagem,	 formas	 de	 expressão	 e</p><p>leitura	do	mundo	que	nos	rodeia	e	que	nos	causa	espanto	e	paixão	por</p><p>desvendá-lo,	formulando	perguntas	e	convivendo	com	a	dúvida.</p><p>Ficou interessado em saber quais são os Campos de Experiências da Educação</p><p>Infantil? O Tópico 4 desta unidade abordará com mais profundidade cada um destes</p><p>campos, aguarde!</p><p>ESTUDOS FU</p><p>TUROS</p><p>126</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>Prezado	acadêmico.	A	seguir,	traremos	dicas	de	como	se	pode	planejar	a</p><p>rotina,	 levando	em	consideração	os	eixos	norteadores	da	Educação	Infantil,	com</p><p>responsabilidade,	criatividade	e,	acima	de	tudo,	comprometimento	com	a	difícil,</p><p>porém	encantadora,	arte	de	cuidar/educar	na	Educação	Infantil.	Para	isso,	traremos</p><p>as	mesmas	atividades	sugeridas	na	rotina	semanal	que	criamos,	elencando	seus</p><p>principais	objetivos	e	incorporando-os	à	prática,	pode	ser?	Vamos	lá,	então!</p><p>Acolhida</p><p>•	 É	um	dos	momentos	mais	importantes,	pois	conforme	o	próprio	nome	já	diz:é</p><p>o	momento	de	acolher,	receber	a	criança	e	oferecer-lhe	a	certeza	de	que	estará</p><p>em	boas	mãos	enquanto	os	pais	não	estarão	com	ela.</p><p>•	 	Essa	acolhida	precisa	ser	calorosa,	amorosa,	verdadeira.</p><p>•	 	A	criança	precisa	sentir	que	a	professora	está	feliz	em	vê-la	e	que	está	disposta</p><p>a	estar	com	ela,	em	todos	os	momentos,	até	a	volta	dos	pais.</p><p>FIGURA 21 – ACOLHIDA</p><p>FONTE: <https://farm7.static.flickr.com/6183/6047846883_ac611c8ee5.jpg>.</p><p>Acesso em: 8 ago. 2020.</p><p>Parque/Brincadeiras</p><p>•	 As	crianças	amam	os	parques	porque	se	divertem	ao	ar	livre.	Nestes	espaços</p><p>é	que	se	possibilita	facilmente	desenvolver	atitudes	de	preservação	ecológica</p><p>(o	professor	deve	aproveitar	essa	oportunidade).</p><p>•	 Enquanto	brinca	a	criança	interage	e	convive	com	os	colegas,	desenvolvendo</p><p>sua	imaginação,	autonomia,	identidade	e	movimento.</p><p>•	 Crianças	transformam	tudo	o	que	encontram	em	brinquedos.	Adoram	a	caixa</p><p>de	areia	e	brinquedos	de	plástico	que	facilitem	seu	transporte	de	um	canto	a</p><p>outro	ou	que	se	transformam	em	panelas	de	comida	ou	formas	de	bolo,	para</p><p>as	incríveis	receitas	ali	mesmo	preparadas.</p><p>•	 É	 através	 da	 brincadeira	 que	 a	 criança	 entende	 o	 mundo,	 ampliando	 seu</p><p>universo	de	informações.</p><p>TÓPICO 2 — A ORGANIZAÇÃO DA ROTINA E O PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>127</p><p>•	 Brincar	é	um	direito	que	as	crianças	têm	–	o	professor	pode	e	deve	envolver-</p><p>se	nas	brincadeiras	e	tornar	estes	momentos	tão	prazerosos	em	experiências</p><p>educativas.</p><p>FIGURA 22 – PARQUES</p><p>FONTE: <http://blog.bestplay.com.br/brinquedos-para-parque-infantil-escolar-seguro/>.</p><p>Acesso em: 30 maio 2021.</p><p>Roda do Canto/Musicalização</p><p>•	 É	a	hora	de	“pôr	a	voz	para	fora”:	até	as	crianças	mais	tímidas	adoram	cantar.</p><p>•	 Através	da	música,	é	possível	estreitar	laços	com	as	crianças	e	até	mesmo	com	as</p><p>próprias	famílias,	quando	se	faz,	por	exemplo,	um	resgate	das	canções	de	ninar.</p><p>•	 As	canções	podem	vir	acompanhadas	de	palmas,	rodas,	cirandas,	dramatizações</p><p>etc. ampliando a atenção e a percepção sonora das crianças.</p><p>•	 Aos	poucos,	a	criança	vai	ampliando	seu	repertório,	desenvolvendo	cada	vez</p><p>mais	a	fala,	a	escuta	atenta,	a	participação	e	a	memória.</p><p>•	 Através	 do	 manuseio	 de	 instrumentos	 musicais	 ou	 de	 sucata,	 as	 crianças</p><p>começam a compreender os diferentes ritmos e sons.</p><p>•	 Todos	devem	participar	na	escolha	das	canções.	Cabe	ao	professor	coordenar</p><p>esta	tarefa	(em	forma	de	rodízio,	ajudante	do	dia).</p><p>•	 É	importante	selecionar	músicas	de	qualidade,	sempre!</p><p>FIGURA 23 – RODA DO CANTO</p><p>FONTE: <https://cutt.ly/8nBUiBe>. Acesso em: 8 ago. 2020.</p><p>128</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>FIGURA 24 – CD PALAVRA CANTADA</p><p>FONTE: <https://paranaportal.uol.com.br/gente/palavra-cantada-comemora-25-anos-curitiba/>.</p><p>Acesso em: 30 maio. 2021.</p><p>Higiene/escovação/descanso</p><p>•	 É	um	dos	primeiros	sentimentos	de	independência	de	que	a	criança	desfruta</p><p>na	instituição.	Para	ela,	escovar	os	dentes	ou	lavar	as	mãos	sozinha	representa</p><p>uma	grande	conquista,	tanto	que	é	bem	comum	a	professora	ter	que	intervir</p><p>para	 que	 feche	 a	 torneira,	 pois	 ela	 perde	 literalmente	 a	 noção	 do	 tempo,</p><p>enquanto	“brinca”	com	a	água.</p><p>•	 Quando	participa	efetivamente	dos	cuidados	com	o	próprio	corpo,	a	criança</p><p>aprende	 a	 conhecê-lo	melhor.	Aos	poucos,	 vai	 aprendendo	 a	 lavar	 e	 secar</p><p>as	mãos,	 fazer	 xixi	 e	 cocô	 sem	utilizar	 a	 fralda	 e	 limpar-se	 sozinha	 (este	 é</p><p>um	processo	lento	que	precisa	ser	estimulado	gradativamente);	dar</p><p>descarga,</p><p>assoar	o	nariz	e	escovar	os	dentes.</p><p>•	 Durante	a	escovação,	é	importante	auxiliar	de	perto	as	crianças	e	administrar</p><p>o	creme	dental	sobre	a	escova	–	elas	acabam	“comendo	mais	creme”	do	que</p><p>escovando	os	dentes,	até	porque	hoje	eles	possuem	cheiros	e	gostos	bastante</p><p>atrativos.</p><p>Você já ouviu falar nos CDs da “Palavra Cantada”? Sandra Peres e Paulo Tatit</p><p>são músicos compositores e produtores. Eles escrevem canções infantis que valorizam a</p><p>inteligência e a sensibilidade inata das crianças, integrando a riqueza da tradição musical</p><p>brasileira a um novo repertório. Em 2019, eles comemoraram 25 anos de muito sucesso nos</p><p>palcos, instituições e lares infantis! Vale a pena conhecer!</p><p>DICAS</p><p>TÓPICO 2 — A ORGANIZAÇÃO DA ROTINA E O PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>129</p><p>•	 As	fraldas	devem	ser	trocadas	sempre	que	houver	necessidade	e	com	todos	os</p><p>cuidados	possíveis.	É	importante	evitar	a	exposição	das	crianças	–	sugerimos</p><p>um	cantinho	mais	reservado	da	sala.	Enquanto	a	criança	está	sendo	trocada,</p><p>o	 ideal	 é	 que	 se	 converse,	 cante	 ou	 que	 se	 sorria	 para	 ela,	 transformando</p><p>este	momento	em	algo	gostoso,	natural.	Deve-se	evitar	qualquer	comentário</p><p>negativo	à	criança,	por	exemplo:	“Nossa,	que	cocô	fedido”,	ou,	então,	“Nossa,</p><p>quanto	cocô	você	fez	hoje!”	entre	outros,	pois	a	criança	pode	entender	que</p><p>você	não	gosta	de	limpá-la,	preferindo	trancar	suas	fezes.</p><p>Para Gutierrez (apud	ARRIBAS,	2004,	p.	36):</p><p>Os	hábitos	relacionados	à	higiene	têm	duas	vertentes:	uma	de	relação,</p><p>outra	 de	 educação.	 No	 aspecto	 de	 relação,	 a	 limpeza	 se	 apresenta</p><p>para	criar	uma	imagem	positiva	do	próprio	corpo.	Este	modelo	vem</p><p>dos	adultos.	No	aspecto	da	educação,	é	necessário	perceber	a	riqueza</p><p>dos	 prazeres	 que	 a	 higiene	 proporciona	 ao	 corpo,	 a	 abundância	 de</p><p>sensações	que	ativa	e	seu	significado	para	a	saúde	psicofísica,	assim</p><p>como	a	quantidade	de	valores	e	diretrizes	que	transmite	nos	hábitos</p><p>que	estão	relacionados	a	ela.</p><p>• O momento do descanso é muito mais comum nas creches ou escolas de</p><p>tempo	 integral,	onde	as	 crianças	permanecem	mais	 tempo,	 sendo	opcional</p><p>nas	 escolas	 em	 que	 ficam	 apenas	 um	 dos	 períodos.	 Ele	 deve	 representar</p><p>um	momento	tranquilo	na	rotina	da	criança.	Para	isso,	sugerimos	berços	ou</p><p>colchonetes	em	salas	específicas,	distantes	do	barulho	e	com	música	clássica</p><p>ao	fundo.	A	criança	poderá	auxiliar	na	hora	de	arrumar	as	“camas”,	sentindo-</p><p>se segura nesta tarefa por estar acompanhada da professora e demais colegas.</p><p>Outra	dica	interessante	é	deixá-la	trazer	de	casa	seu	travesseiro,	cheirinho	ou</p><p>bichinho de pano (antialérgico) para a hora do descanso.</p><p>FIGURA 25 – HORA DO SONINHO</p><p>FONTE: <https://cutt.ly/znBUCAg>. Acesso em: 11 ago. 2020.</p><p>•	 Na	hora	de	despertar	as	crianças	de	seu	soninho,	deve-se	fazê-lo	com	muita</p><p>cautela,	com	voz	baixa,	afago	nos	cabelos,	delicadeza.	Nem	todas	as	crianças</p><p>despertam bem humoradas e dispostas.</p><p>130</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>Alimentação</p><p>•	 Ao	se	dirigir	ao	lanche	ou	refeição,	cada	criança	(com	exceção	dos	bebês	que</p><p>devem	ser	alimentados	e	conduzidos	ao	local)	deve	ser	incentivada	a:</p><p>o	 carregar	 sua	 própria	 lancheira	 ou	 prato	 de	 comida	 até	 a	 mesa,	 com</p><p>equilíbrio	e	cuidado;</p><p>o	 sentar-se	à	mesa	e	aguardar	que	todos	estejam	acomodados;</p><p>o	 cantar	ou	rezar,	conforme	o	hábito	da	instituição;</p><p>o	 abrir	a	lancheira	ou	servir-se	sozinha;</p><p>o	 trazer	ou	comer	alimentos	saudáveis;</p><p>o	 abrir	potes,	segurar	o	prato	e	os	talheres,	controlar	a	quantidade	de	comida</p><p>que	leva	à	boca,	comer	mastigando	bem	e	segurar	seu	copo	com	líquido.</p><p>•	 Assim	que	terminar,	cada	criança	deve:</p><p>o recolher suas coisas;</p><p>o	 jogar	cada	lixo	na	lixeira	adequada	(plásticos,	papel,	restos	de	comida	etc.);</p><p>o os maiores já podem até deixar a louça suja na pia;</p><p>o aguardar os colegas terminarem ou a professora liberá-los para a</p><p>escovação.</p><p>•	 Desta	forma,	são	trabalhados	diferentes	conceitos	com	as	crianças:	autonomia</p><p>(enquanto	 realizam	 as	 tarefas	 sozinhas),	 alimentação	 saudável	 e	 tranquila,</p><p>paciência	(ao	aguardarem	o	tempo	dos	outros	colegas	para	concluírem	sua</p><p>refeição),	reciclagem	(na	separação	dos	lixos),	cooperação	(um	podendo	ajudar</p><p>o	outro),	empatia	e	solidariedade	(quando	a	professora	os	auxilia	nas	tarefas</p><p>mais	difíceis)	e	finalmente	alegria,	porque	comer	deve	ser	algo	prazeroso	e</p><p>feliz para as crianças.</p><p>•	 Pode-se	 experimentar	 diferentes	 estratégias	 com	 as	 crianças	 para	 que	 elas</p><p>desenvolvam	hábitos	de	alimentação	saudável.	Uma	boa	dica	é	oferecer	aulas</p><p>de	culinária	–	as	crianças	adoram!	Outra	dica	é	construir	com	elas	uma	horta</p><p>escolar,	onde	elas	desenvolvam	o	gosto	pelo	plantar,	cuidar	e	colher	os	alimentos,</p><p>levando-os	posteriormente	à	mesa,	em	forma	de	salada,	sopa	ou	torta	de	legumes.</p><p>O	 ideal	 é	 envolvê-las,	 também,	 no	 processo	 de	 cozimento	 ou	 preparo	 destes</p><p>alimentos.	Elas	sentem-se	desafiadas	a	experimentar	tudo	o	que	venha	a	ser	fruto</p><p>do	trabalho	e	envolvimento	delas,	porém	é	importante	respeitar	o	gosto	de	cada</p><p>criança,	não	devendo	obrigá-las	a	comer	o	que	não	gostam.</p><p>TÓPICO 2 — A ORGANIZAÇÃO DA ROTINA E O PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>131</p><p>FIGURA 26 – ALIMENTAÇÃO</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2TKEuVw>. Acesso em: 11 ago. 2020.</p><p>Formação</p><p>•	 Em	todos	os	momentos	da	rotina,	é	preciso	trabalhar	valores	com	as	crianças.</p><p>Estes	valores	 referem-se	aos	conteúdos	atitudinais,	ou	seja,	atitudes	que	as</p><p>crianças	têm	com	elas	mesmas	e	com	os	outros.</p><p>•	 Deve-se	 trazer	 questões	pertinentes	 ao	 convívio	 familiar	 e	 escolar,	 como	 a</p><p>questão	 das	 brigas,	 palavrões,	 mentiras,	 preguiça,	 birra	 infantil,	 teimosia,</p><p>choro	desnecessário,	 falta	de	 limites,	desrespeito	 com	os	 colegas	ou	 com	a</p><p>natureza,	desperdício,	desobediência,	intolerância,	entre	outros.</p><p>•	 O	 professor	 pode	 aproveitar	 as	 situações	 que	 observa	 no	 dia	 a	 dia	 para</p><p>trabalhar	estes	conceitos,	e	isto	pode	ser	feito	através	de	canções,	teatros	de</p><p>fantoches,	dramatizações,	leitura	de	histórias	ou	roda	de	conversa.</p><p>•	 Pode-se	aproveitar	 toda	e	qualquer	oportunidade	para	 trabalhar	a	formação</p><p>humana entre	 as	 crianças,	 pois,	 assim,	 favoreceremos	 seu	 crescimento</p><p>emocional	e	pessoal,	o	que	poderá	lhes	servir	por	toda	a	vida.</p><p>•	 A	escola	precisa	trabalhar	mais	os	conceitos	atitudinais	entre	as	crianças,	desde</p><p>o	berçário,	para	que	tenhamos	no	futuro	pessoas	mais	humanas,	sensíveis	e</p><p>comprometidas com o bem-estar da humanidade.</p><p>132</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>FIGURA 27 – PARCERIA</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3iROFC8>. Acesso em: 30 maio 2021.</p><p>Leitura de história</p><p>•	 Ler	histórias	é	fundamental	em	todas	as	idades,	mas,	na	Educação	Infantil,</p><p>este	ato	é	ainda	mais	valorizado,	pois,	pelo	fato	de	as	crianças	ainda	não	lerem,</p><p>ouvir	histórias	torna-se	essencial	para	o	desenvolvimento	da	imaginação,	da</p><p>fantasia e do encantamento.</p><p>•	 Ler	para	os	pequenos	nos	traz	sensações	agradáveis,	pois	eles	interagem	com</p><p>a	história,	acreditam	em	tudo	o	que	ouvem	e	os	olhos	brilham	e	arregalam-se</p><p>diante	de	cada	nova	página	ou	gravura.</p><p>•	 As	crianças	amam	os	 livros	e	muitas	vezes	são	fiéis	a	eles,	pedindo	que	se</p><p>leia	 a	 mesma	 história	 “milhões”	 de	 vezes	 (chegam	 a	 decorar	 trechos,	 é</p><p>impressionante	 o	 tamanho	 do	 fascínio	 que	 uma	 história	 bem	 lida	 pode</p><p>acarretar nas crianças).</p><p>•	 O	 professor	 pode	 incentivá-las	 a	 “ler”	 as	 imagens	 sozinhas,	 manusear</p><p>livremente	as	obras	e	contar	espontaneamente	o	que	“leram”	aos	colegas.</p><p>•	 Quanto	mais	livros	na	sala,	melhor!</p><p>•	 Ao	 professor,	 cabem	 duas	 tarefas	 básicas	 e,	 diríamos	 até,	 obrigatórias:</p><p>selecionar	obras	de	qualidade	para	ler	às	crianças;	e	preparar	anteriormente	a</p><p>leitura,	para	dar	à	história	mais	vida,	entonação	e	emoção.</p><p>TÓPICO 2 — A ORGANIZAÇÃO DA ROTINA E O PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>133</p><p>FIGURA 28 – HORA DA HISTÓRIA</p><p>FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=mPrmRFoz3Hs>. Acesso em: 30 maio</p><p>2021.</p><p>Psicomotricidade/Movimento</p><p>•	 Quando	falamos	em	psicomotricidade,	não	estamos	nos	referindo	apenas	aos</p><p>momentos	de	recreação,	de	educação	física,	pois	ela	se	encontra	até	mesmo</p><p>no	ato	de	abrir	e	fechar	a	mochila,	pegar	os	materiais	na	estante	ou	recolher</p><p>os	brinquedos,	afinal,	usamos	o	corpo	o	tempo	todo	para	aprender.</p><p>•	 A	 recreação/educaçãofísica	 trabalha	 com	 atividades/exercícios,	 que</p><p>estimularão	ainda	mais	o	corpo,	para	que	a	criança	se	descubra	e	desenvolva</p><p>a	consciência	corporal.</p><p>•	 Esta	 descoberta	 do	 próprio	 corpo,	 através	 da	 psicomotricidade,	 trará</p><p>às	 crianças	 o	 desenvolvimento	 da	 atenção,	 percepção	 visual	 e	 auditiva,</p><p>coordenação	motora	ampla	e	fina,	orientação	espacial,	lateralidade,	além	da</p><p>habilidade	em	observar,	comparar,	medir,	classificar	e	ordenar.</p><p>•	 Através	 destes	 momentos,	 desenvolve-se	 uma	 série	 de	 novas	 sensações</p><p>nas	 crianças:	 alegria,	 cooperação,	 competição,	 liberdade,	diversão,	disputa,</p><p>equilíbrio,	 agilidade,	 flexibilidade,	 resistência,	 respiração	 adequada,</p><p>compreensão	de	regras,	 limites,	vitórias	e	derrotas	(aprendendo	a	ganhar	e</p><p>perder),	autocontrole,	paciência,	tolerância,	entre	outras.</p><p>• A massagem e o alongamento são excelentes recursos para a estimulação</p><p>corporal	dos	bebês,	aconselhados	igualmente	às	crianças	maiores.</p><p>134</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>FIGURA 29 – PSICOMOTRICIDADE</p><p>FONTE: <https://psicomotricidade.com.br/sobre/o-que-e-psicomotricidade/>.</p><p>Acesso em: 30 maio 2021.</p><p>Atividade artística/jogo</p><p>•	 A	 hora	 de	 realizar	 atividades	 é	 o	momento	 em	 que	 o	 professor	 consegue</p><p>perceber	a	evolução	individual	de	cada	uma	de	suas	crianças.	É	o	momento</p><p>de	fazê-las	experimentar	toda	a	sua	autenticidade,	criatividade,	imaginação	e</p><p>percepção de mundo.</p><p>•	 Para	 cada	 dia,	 pedem-se	 novos	 desafios:	 recortar,	 colar,	 pintar,	 desenhar,</p><p>realizar	contagens,	estabelecer	relações,	construir	conceitos,	enfim,	deixar	o</p><p>espaço	livre	para	manifestarem	todo	tipo	de	conhecimento.</p><p>•	 As	 atividades	 precisam	 ser	 elaboradas	 com	 antecedência,	 dentro	 do</p><p>planejamento	 do	 professor,	 respeitando	 a	 faixa	 etária	 do	 grupo,	 de	 forma</p><p>criativa	e	contextualizada,	de	acordo	com	a	temática	escolhida.</p><p>•	 Estas	 atividades	 agrupadas	 por	 temas	 ou	 semestres	 devem	 compor	 um</p><p>portfólio	individual	da	criança,	para	que	sirvam	de	registro	escrito	e	possam</p><p>ser	acompanhadas	e	apreciadas	pelas	famílias.</p><p>•	 O	 jogo	 com	 objetivos	 pedagógicos	 significa	 um	 importante	 instrumento</p><p>educativo	 às	 crianças.	 Brincando	 elas	 aprendem	 uma	 série	 de	 conceitos	 e</p><p>regras. O professor pode criar ou adaptar os jogos de acordo com as temáticas</p><p>de estudo.</p><p>•	 Quando	 a	 criança	não	 leva	 o	 jogo	para	 casa,	 para	mostrar	 aos	pais,	 pode-</p><p>se	 realizar	 um	 registro	 fotográfico	 de	 cada	 etapa	 e	 montar	 um	 pequeno</p><p>informativo,	 explicando	 o	 objetivo,	 as	 regras	 e	 o	 resultado	 daquele	 jogo.</p><p>Todos	recebem	este	informativo	e,	cada	dia,	uma	criança	pode	levar	o	 jogo</p><p>para	casa	e	ensiná-lo	aos	pais,	com	o	compromisso	de	trazê-lo	de	volta	no	dia</p><p>TÓPICO 2 — A ORGANIZAÇÃO DA ROTINA E O PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>135</p><p>seguinte.	Os	pais	podem	escrever	um	depoimento	a	respeito	do	dia	em	que	o</p><p>“jogo”	esteve	em	sua	casa	e	podem,	inclusive,	fotografar	este	momento,	para</p><p>que	fique	registrado	no	portfólio	de	todas	as	crianças.</p><p>FIGURA 30 – JOGO EM FAMÍLIA</p><p>FONTE: <https://www.familia.com.br/8-jogos-que-irao-melhorar-seu-relacionamento-familiar/>.</p><p>Acesso em: 30 maio. 2021.</p><p>Linguagem Oral/Inglês</p><p>•	 Na	Educação	Infantil,	a	língua	estrangeira	acontece	muito	mais	na	oralidade,</p><p>não	 há	 obrigação	 de	 registros	 escritos.	 Ela	 se	 dá	 através	 da	 música,	 de</p><p>pequenos	vídeos,	de	conversação	e	jogos	(brincadeiras).</p><p>•	 O	ideal	é	que	a	professora	utilize	o	vocabulário	da	criança	e	dentro	da	temática</p><p>estudada	pelo	grupo,	pois,	havendo	contextualização,	há	maior	compreensão</p><p>de	uma	segunda	língua.</p><p>•	 Sugere-se	a	introdução	dessa	segunda	língua	após	os	três	anos	de	idade,	já	que</p><p>os	menores	encontram-se	ainda	no	processo	de	aquisição	da	língua	materna.</p><p>FIGURA 31 – AULAS DE INGLÊS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/2TMopyM>. Acesso em: 30 maio. 2021.</p><p>136</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>Despedida</p><p>•	 Despedir-se	é	um	momento	tão	especial	quanto	acolher.	É	necessário	entregar</p><p>a	criança	aos	pais	com	todo	o	carinho	e	atenção.	Deve-se	relatar	a	eles	qualquer</p><p>fato	 que	 tenha	 sido	 importante	 na	 rotina	 daquele	 dia,	 com	 relação	 àquela</p><p>criança:	 machucou-se,	 bateu	 no	 colega,	 teve	 dor,	 chorou,	 foi	 ao	 banheiro</p><p>muitas	vezes,	não	comeu,	entre	outras	questões	que	possam	ser	pertinentes</p><p>ao conhecimento dos pais.</p><p>•	 Também	 é	 interessante	 relatar	 pequenos	 progressos,	 falas	 engraçadas,</p><p>momentos	 em	 que	 exercitou	 autonomia,	 liderança,	 enfim,	 os	 pais	 adoram</p><p>receber	notícias	deste	tipo	ao	buscarem	seus	filhos.	Esta	relação	os	aproxima</p><p>dos	professores,	estabelecendo	laços	de	confiança	e	tranquilidade.</p><p>•	 Antes	de	entregar	a	criança,	deve-se	verificar	se	ela	está	 levando	para	casa</p><p>tudo	o	que	trouxe	para	a	instituição	(casaco,	mochila,	sapato,	camisa	reserva,</p><p>material	de	higiene	etc.);	se	está	com	o	rosto,	o	nariz	e	as	mãos	limpas	(nenhum</p><p>pai aprecia receber a criança em condições ruins de higiene).</p><p>• Despedir-se da criança com um abraço ou beijo estreita seus laços com ela e</p><p>lhe	passa	a	certeza	de	que	deseja	revê-la	no	dia	seguinte.</p><p>FIGURA 32 – DESPEDIDA</p><p>FONTE:< https://leiturinha.com.br/blog/lidar-com-despedidas/>.Acesso em: 30 maio 2021.</p><p>137</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>•	 Rotina	é	tudo	o	que	acontece	na	instituição,	desde	o	horário	de	entrada	e	saída</p><p>das	 crianças,	 a	 hora	 do	 lanche,	 da	 higiene,	 da	 história,	 da	 brincadeira,	 do</p><p>canto,	entre	outras	atividades	que	compõem	o	cotidiano	da	Educação	Infantil.</p><p>•	 É	preciso	estabelecer	uma	fortíssima	relação	entre	o	cuidar	e	o	educar.</p><p>•	 As	 necessidades	 básicas	 das	 crianças	 como	 a	 alimentação,	 o	 descanso	 e	 a</p><p>higiene	são	tão	importantes	quanto	as	necessidades	de	interação,	afetividade</p><p>e cognição.</p><p>•	 Devemos	levar	em	conta,	principalmente,	a	idade	das	crianças.	Não	se	aconselha</p><p>planejar	atividades	que	ultrapassem	o	tempo	de	concentração	delas.</p><p>•	 Na	 elaboração	 das	 rotinas	 é	 interessante	 equilibrar	 a	 intensidade	 delas,</p><p>intercalando	atividades	mais	calmas	e	agitadas,	individuais	ou	coletivas,	que</p><p>incentivem	a	concentração	ou	a	cooperação,	que	estimulem	a	autonomia	ou	o</p><p>trabalho	em	equipe.</p><p>•	 A	rotina	planejada	não	deve	ser	considerada	pronta	e	acabada,	ou	seja,	fechada</p><p>a	novos	desafios	e	tampouco	gerar	frustraçõesaoeducadorpelanãorealização</p><p>de algum item em função de outro mais interessante ou pela falta de tempo</p><p>hábil	para	seu	cumprimento.	Esta	rotina	precisa	ser	flexível	e	prever	novas</p><p>situações,	auxiliando	as	crianças	a	lidarem	com	os	imprevistos.</p><p>•	 Quando	o	educador	pensa	sua	rotina,	ele	deve	criar	espaço	para	os	cuidados</p><p>básicos	em	consonância	com	a	aprendizagem	das	crianças	através	da	interação</p><p>individual	ou	coletiva.</p><p>138</p><p>1	 A	 partir	 de	 tudo	 o	 que	 você	 aprendeu	 a	 respeito	 dos	 espaços,	 tempo,</p><p>planejamento	e	eixos	norteadores	da	Educação	Infantil,	elabore	uma	rotina</p><p>semanal	(diferente	desta	que	criamos	no	livro	didático)	para	uma	turma	de</p><p>crianças	de	três	anos.	Capriche!	Seja	criativo	e	explore	ao	máximo	tudo	o</p><p>que	você	considera	importante	para	esta	faixa	etária.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira</p><p>2	 O	educador	infantil	deve	ser	consciente	da	importância	de	seu	papel	na	vida</p><p>das	pequenas	crianças,	 isto	é,	 conhecê-las	profundamente.	Explique	com</p><p>suas	palavras	o	que	é	rotina	na	educação	infantil	e	por	que	ela	é	importate.</p><p>3	 Em	 todos	 os	 momentos	 da	 rotina,	 é	 preciso	 trabalhar	 valores	 com	 as</p><p>crianças.	Cite	duas	 características	 importante	que	devem</p><p>ser	 levadas	 em</p><p>consideração na elaboração da rotina.</p><p>4	 As	 rotinas	 são	extremamente	 importantes	na	educação	 infantil,	pois	elas</p><p>auxiliam	na	organização	do	trabalho	pedagógico.	Com	base	nisso,	classifque</p><p>V	para	as	sentenças	verdadeiras	e	F	para	as	falsas:</p><p>( ) A rotina pode ser planejada junto com as crianças.</p><p>(			)	 A	rotina	precisa	vir	pronta	e	não	pode	ser	alterada,	pois	sua	flexibilização</p><p>poderia atrapalhar o planejamento do professor.</p><p>(			)	 Ao	ser	elaborada,	a	rotina	precisa	levar	em	conta	a	idade	das	crianças.</p><p>(			)	 O	professor	deve	levar	em	conta	o	cuidar	e	o	educar,	na	hora	de	planejar</p><p>a sua rotina.</p><p>Assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:</p><p>a)	(			)	V	–	F	–	V	–	V.</p><p>b)	(			)	F	–	F	–	V	–	F.</p><p>c)	 (			)	V	–	V	–	F	–	F.</p><p>d)	(			)	F	–	F	–	F	–	V.</p><p>139</p><p>5	 Na	frase	“Quando	o	educador	pensa	a	rotina	da	turma,	ele	deve	criar	espaço</p><p>para	os	cuidados	básicos	em	consonância	com	a	aprendizagem	das	crianças”.</p><p>Existe	um	meio	para	isso.	Sobre	esse	meio,	assinale	a	alternativa	CORRETA:</p><p>a) ( ) Imaginação.</p><p>b) ( ) Interação.</p><p>c) ( ) Disciplina.</p><p>d) ( ) Educação.</p><p>140</p><p>141</p><p>UNIDADE 2</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Quando	 falamos	 em	 autonomia	 logo	 nos	 vem	 à	 cabeça	 a	 questão	 da</p><p>independência,	ou	seja,	o	“saber	se	virar	sozinho”,	pois	um	sujeito	autônomo	é</p><p>aquele	que	sabe	aonde	quer	chegar	e	os	caminhos	que	precisa	percorrer,	seguindo</p><p>suas	próprias	leis	e	tomando	decisões,	sem	precisar	da	opinião	ou	ajuda	constante</p><p>do	 outro.	 E	 isto	 não	 é	 tão	 fácil	 quanto	 parece,	 principalmente	 se	 não	 formos</p><p>“desafiados”	para	isso,	desde	a	primeira	infância.</p><p>Quando	não	somos	estimulados	a	desenvolver	a	autonomia,	nos	tornamos</p><p>cidadãos	normalmente	acomodados	e	passivos	diante	das	adversidades	da	vida,</p><p>aceitando	com	tranquilidade	as	“coisas”	tais	como	se	apresentam.</p><p>Dê	uma	olhada	a	 sua	volta	 e	verifique:	 entre	 os	 adultos	que	o	 cercam,</p><p>quantos	preferem	deixar	que	os	outros	decidam,	intercedam	por	eles	ou	liderem</p><p>ações	simples	do	dia	a	dia	por	não	se	sentirem	capazes,	desafiados	ou	competentes</p><p>para	a	realização	daquela	determinada	função?</p><p>Quantas	 vezes,	 eles	 deixam	 de	 tentar	 sozinhos	 algo	 que	 com	 certeza</p><p>dariam	conta,	por	pura	insegurança,	falta	de	iniciativa	ou	medo	de	errar?</p><p>Com	 as	 crianças,	 isso	 dificilmente	 acontece.	 Elas	 são	 naturalmente</p><p>autônomas	e	não	se	preocupam	com	o	que	os	outros	vão	dizer,	se	estarão	“certas</p><p>ou	erradas”,	se	“estragarão	algo”	na	tentativa	de	“consertar”,	se	aquilo	tem	que</p><p>ser	feito	“desse	ou	daquele	jeito”,	enfim,	dificilmente	pedem	opinião,	pois	seguem</p><p>seus instintos: são corajosas e curiosas por natureza.</p><p>Para	 tratarmos	 destas	 questões,	 abordaremos,	 neste	 tópico,	 o</p><p>desenvolvimento	da	independência	na	aprendizagem,	a	pedagogia	da	autonomia</p><p>de	 acordo	 com	Paulo	 Freire	 e	 a	 construção	da	 identidade,	 como	pressupostos</p><p>para	uma	infância	autônoma,	consciente	e	feliz.	Boa	leitura!</p><p>TÓPICO 3 —</p><p>A CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA E DA IDENTIDADE</p><p>DA CRIANÇA</p><p>142</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>FIGURA 33 – AUTONOMIA</p><p>FONTE: <https://glo.bo/3gIyFzQ>. Acesso em: 30 maio 2021.</p><p>2 O DESENVOLVIMENTO DA INDEPENDÊNCIA NA APRENDIZAGEM</p><p>Prezado	acadêmico!	Como	futuro	educador,	uma	pergunta	pode	pipocar</p><p>seus	pensamentos	neste	momento:	Como	desenvolver	a	independência/autonomia</p><p>nas	 crianças?	A	 resposta,	 porém,	 é	muito	 simples:	 dando-lhes	 a	 oportunidade</p><p>de	fazer	escolhas.	Isso	mesmo,	deixando-as	tomar	decisões,	não	o	tempo	todo,	é</p><p>lógico,	mas	em	determinadas	situações.	Este	exercício	tão	simples	fará	a	grande</p><p>diferença	 na	 vida	 de	 nossas	 crianças,	 constituindo-as	 como	 “sujeitos	 ativos	 e</p><p>participativos”	no	próprio	processo	de	ensino-aprendizagem.</p><p>Quando	 o	 professor	 toma	 todas	 as	 decisões	 na	 condução	 da	 aula,	 há</p><p>pouco	espaço	para	a	construção	autônoma,	pois	é	ele	quem	decide	tudo:	o	que</p><p>vai	acontecer,	como	vai	acontecer,	quem	fará	o	que	e	de	que	forma	tem	que	ser</p><p>feita	esta	ou	aquela	atividade.	Perde-se,	neste	momento,	a	grande	oportunidade</p><p>de	desenvolver	a	criatividade,	a	responsabilidade,	a	iniciativa	e	a	independência,</p><p>que	funcionariam	como	geradoras	de	autonomia.</p><p>Já	o	professor	que	permite	em	suas	aulas	atividades	que	levarão	as	crianças</p><p>a	pensar,	atentar	sozinhas	e	a	gerir	o	próprio	conhecimento,	em	comunhão	com	o</p><p>grupo	de	maneira	dinâmica,	promove	situações	de	aprendizagem	significativas.</p><p>Para	 isso,	 cabe	 ao	 professor	 “facilitar”	 a	 independência	 das	 crianças</p><p>deixando	 brinquedos	 e	materiais	 ao	 alcance	 delas	 em	mobília	mais	 baixa,	 em</p><p>caixotes	ou	prateleiras.	Desta	forma,	o	acesso	a	estes	materiais	será	favorecido,</p><p>como	já	vimos	no	Tópico	1	desta	unidade,	dispensando	o	auxílio	da	professora.</p><p>O	 professor	 pode	 também	 simular	momentos	 em	 que	 ele	 precisará	 da</p><p>ajuda	das	 crianças,	 como,	por	 exemplo,	 na	preparação	da	mesa	do	 lanche,	 na</p><p>entrega	de	materiais	ou	atividades	para	a	turma,	enfim,	pode	criar	situações	em</p><p>que	as	crianças	desenvolvam	a	autonomia	ajudando/cooperando	com	os	colegas</p><p>TÓPICO 3 — A CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA E DA IDENTIDADE DA CRIANÇA</p><p>143</p><p>ou	com	a	professora,	mudando	a	forma	autoritária	e	individualista	a	que	estamos</p><p>acostumados	 na	 maioria	 das	 escolas.	 Segundo	 Ceccon,	 Oliveira	 e	 Oliveira</p><p>(1982,	p.	71),	“[...]	a	escola	como	está	organizada	não	estimula	a	solidariedade,	a</p><p>ajuda	mútua	entre	os	alunos	ou	o	trabalho	em	equipe”.	E	é	isto	que	queremos	e</p><p>precisamos	mudar!</p><p>Outra	dica	bem	interessante	é	criar	o	“ajudante	do	dia”,	que	auxiliará	a</p><p>professora	e	a	turma	em	tudo	o	que	for	preciso.	As	crianças	adoram	e	cooperam</p><p>com	muita	disposição	e	alegria.	Como	afirma	Kamii	(1997,	p.	108):</p><p>A	essência	da	autonomia	é	que	as	crianças	 tornem-se	aptas	a	 tomar</p><p>decisões	 por	 si	 mesmas.	 Mas,	 [...]	 a	 autonomia	 significa	 levar	 em</p><p>consideração	 os	 fatos	 relevantes	 para	 decidir	 agir	 da	melhor	 forma</p><p>para	todos.	Não	pode	haver	moralidade	quando	se	considera	apenas</p><p>o	próprio	ponto	de	vista.</p><p>É	preciso	encorajar	a	criança	a	tentar	sozinha,	desde	as	mais	simples	tarefas</p><p>como:	pendurar,	abrir	e	fechar	a	lancheira,	lavar	as	mãos,	escovar	os	dentes,	retirar</p><p>e	depois	guardar	o	próprio	lanche,	comer	sozinha,	recortar,	colar,	desenhar,	falar</p><p>em	voz	alta,	entre	outras	coisas.	No	início,	a	criança	precisa	conhecer	a	rotina;</p><p>precisa	de	modelos	do	que	deve	ser	feito;	precisa	que	a	ensinemos	a	fazer,	que	a</p><p>acompanhemos	passo	a	passo	durante	as	primeiras	tentativas,	mas,	aos	poucos,</p><p>vai	se	tornando	cada	vez	mais	autônoma	e,	do	seu	jeito,	dentro	do	seu	ritmo	e</p><p>faixa	etária,	vai	conquistando	sua	independência.</p><p>FIGURA 34 – INDEPENDÊNCIA</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vEUCVK>. Acesso em: 30 maio 2021.</p><p>E	como	fazer	isso?	Para	auxiliá-lo	na	compreensão	deste	tópico,	trazemos</p><p>dicas práticas de como	 desenvolver	 a	 autonomia	 das	 crianças,	 tornando-as</p><p>independentes e felizes na realização de tarefas:</p><p>144</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>QUADRO 4 – DICAS PARA DESENVOLVER A AUTONOMIA DAS CRIANÇAS</p><p>Converse	com	os	pais	para	que	as	crianças	tragam	seu	próprio	material	à	sala</p><p>de aula.</p><p>Assim	que	chegarem	à	sala,	receba	a	todos	de	maneira	atenciosa	e	carinhosa	e</p><p>incentive	as	crianças	a	pendurarem	sua	mochila	ou	guardarem	seus	materiais</p><p>sozinhas,	em	local	previamente	combinado.</p><p>Dê	 as	 coordenadas,	 mas	 deixe	 que	 a	 criança	 execute	 sozinha	 seus	 pedidos.</p><p>Exemplo:	 escolha	 brinquedos	 na	 caixa,	 pegue	 uma	 almofada	 e	 junte-se	 ao</p><p>grupo,	busque	a	pasta	de	atividades	etc.</p><p>Na	hora	do	canto	ou	da	história,	sente-se	com	uma	almofada	no	chão	e	aguarde</p><p>que	todos	façam	o	mesmo	a	sua	volta.	Se	for	necessário,	nas	primeiras	vezes,	dê</p><p>o	comando.	Com	o	passar	do	tempo,	quando	você	se	sentar,	eles	entenderão	o</p><p>que	deve	ser	feito	sem	que	você	o	diga.</p><p>Na	hora	do	lanche,	incentive-as	a	lavar	as	mãos	e	a	usar	o	banheiro	sozinhas.	Os</p><p>menores	(zero	a	três	anos)	precisarão	de	ajuda,	os	maiores	(quatro	a	seis	anos)</p><p>já tentarão sozinhos.</p><p>Ainda	na	hora	do	 lanche,	demonstre	a	 forma	de	sentar,	de	abrir	a	 lancheira,</p><p>retirar,	abrir	e	fechar	os	potes	ou	garrafinhas,	servir-se	ou	conduzir	o	prato	até</p><p>a	mesa	e,	aos	poucos,	deixe	as	crianças	tentarem.	Cada	dia,	deve	ser	dado	um</p><p>pouquinho	mais	de	autonomia	à	 criança.	Ela	precisa	 ser	encorajada	a	 tentar,</p><p>mesmo	que	mostre	resistência	ou	diga	que	não	consegue.	Mostre	a	ela	que	é</p><p>capaz,	pois	ela	confia	em	você.</p><p>Incentive-a	a	comer	sozinha,	por	mais	“lambança”	que	faça,	ela	se	sente	feliz	e</p><p>vitoriosa	quando	consegue.</p><p>Após	lanchar,	comece	todo	o	ritual	novamente:	jogar	o	lixo	na	lixeira,	guardar</p><p>no	pote	o	que	sobrou,	fechar	o	pote,	guardar	na	lancheira,	fechar	o	zíper	e	ir	até	a</p><p>sala	de	aula,	levar	o	prato	de	comida	até	a	pia	(tudo	isso	sozinha	e	no	seu	ritmo).</p><p>Algumas	crianças	farão	mais	depressa	que	outras,	o	que	pode	gerar	ansiedade</p><p>nas	 que	 ainda	 não	 terminaram,	 preferindo	 abandonar	 tudo	 para	 juntar-se</p><p>ao	grupo.	Neste	momento,	 o	professor	deve	 fazê-la	 recuar	 e,	pacientemente,</p><p>acompanhá-la	em	todo	o	seu	processo,	mostrando	a	ela	que	o	mais	importante</p><p>é concluir a tarefa e não ser a mais rápida.</p><p>Na	hora	da	escovação,	cada	criança	deve	identificar	seu	material	de	higiene	(ela</p><p>encontrará	meios	para	isso,	pois	ainda	não	sabe	ler)	e	encaminhar-se	ao	tanque</p><p>para	escovar	os	dentes	sozinha.	Observe	a	necessidade	de	auxiliar	os	que	ainda</p><p>não	escovam	direitinho	e	os	ajude	de	maneira	bem	sutil,	demonstrando,	com</p><p>sua	escova	nos	seus	dentes,	como	a	criança	deverá	escovar	os	dentes	dela.	Desta</p><p>forma,	você	não	lhe	tirará	a	autonomia	e	ela	não	se	sentirá	incapaz	de	realizar</p><p>aquela	tarefa	sozinha.</p><p>TÓPICO 3 — A CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA E DA IDENTIDADE DA CRIANÇA</p><p>145</p><p>Durante	as	atividades,	deixe	as	crianças	buscarem	os	materiais	necessários,	já</p><p>disponíveis	e	ao	alcance	delas:	tinta	guache,	cola,	tesoura	etc.	Deixe-as	opinar</p><p>em	relação	à	cor,	ao	formato,	ao	tipo	de	atividade	que	desenvolverão.</p><p>Permita	que	sugiram,	na	hora	do	canto,	as	canções	preferidas	e	que	cada	dia</p><p>crianças diferentes possam opinar.</p><p>Estimule	atividades	cooperativas	onde	as	crianças	precisem	se	ajudar.</p><p>Sempre	que	acabarem	de	brincar,	incentive	as	crianças	que	recolham	e	guardem</p><p>seus	brinquedos.	O	mesmo	acontecerá	com	os	materiais	pedagógicos	ou	livros.</p><p>Ensine-as	o	lugar	das	coisas	e	espere	que,	de	maneira	autônoma	elas	desenvolvam</p><p>esta	função,	mas,	se	isto	não	acontecer,	faça	o	papel	de	“mediador”,	até	que	este</p><p>gesto seja internalizado.</p><p>Estimule	suas	crianças	a	fazerem	perguntas	e	evite	responder	a	questões	que</p><p>elas	 têm	 condições	 de	 responder	 sozinhas,	 ou	 seja,	 incentive-as	 a	 pensar,</p><p>devolvendo-lhes	a	pergunta.	Isso	traz	resultados	mágicos,	faça	a	experiência!</p><p>FONTE: A autora</p><p>Gostou	das	dicas?	Esperamos	que	sim!	Elas	são	bastante	simples,	porém</p><p>fundamentais	para	o	desenvolvimento	da	independência	na	aprendizagem	e	na</p><p>vida	das	crianças!</p><p>3 A PEDAGOGIA DA AUTONOMIA, SEGUNDO PAULO FREIRE</p><p>O	 Livro	 Pedagogia	 da	 Autonomia	 foi	 a	 última	 obra	 publicada	 pelo</p><p>educador	brasileiro	Paulo	Freire	em	vida,	em	1996.	É	uma	obra	que	trata	daquilo</p><p>que	 o	mestre	 considera	 como	 saberes	 necessários	 à	 prática	 educativa,	 ou	 seja,</p><p>sobre	 como	 os	 professores	 devem	 ensinar	 os	 alunos	 a	 “serem	muito	mais”,	 a</p><p>partir de ações transformadoras.</p><p>Quando	se	lê	o	sumário	da	obra	de	Paulo	Freire,	“Pedagogia	da	Autonomia:</p><p>saberes	necessários	à	prática	 educativa”,	percebe-se	que	é	um	 livro	de	grande</p><p>valor	educativo,	um	livro	gigante,	apesar	de	apresentar	tamanho	bem	menor	do</p><p>que	grande	parte	dos	livros	que	circulam	por	aí.</p><p>O	sumário	traz,	em	sua	sequência,	frases/tópicos	marcantes	a	respeito	da</p><p>palavra	ensinar,	que	poderiam	nos	servir	perfeitamente	como	base	de	todo	nosso</p><p>trabalho.	 Leia	 a	 amostra	 do	 sumário	 na	 sequência	 e	 perceba	 a	 profundidade</p><p>poética	atribuída	ao	verbo	ensinar,	por	Freire	(1996):</p><p>146</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>QUADRO 5 – SUMÁRIO DO LIVRO: PEDAGOGIA DA AUTONOMIA</p><p>1. Ensinar	exige	rigorosidade	metódica.</p><p>2. Ensinar	exige	pesquisa.</p><p>3. Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos.</p><p>4. Ensinar exige criticidade.</p><p>5. Ensinar exige estética e ética.</p><p>6. Ensinar	exige	a	corporeificação	das	palavras	pelo	exemplo.</p><p>7. Ensinar	 exige	 risco,	 aceitação	 do	 novo	 e	 rejeição	 a	 qualquer	 forma	 de</p><p>discriminação.</p><p>8. Ensinar	exige	reflexão	crítica	sobre	a	prática.</p><p>9. Ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural.</p><p>10. Ensinar não é transferir conhecimento.</p><p>11. Ensinar	exige	consciência	do	inacabamento.</p><p>12. Ensinar exige o reconhecimento do ser condicionado.</p><p>13. Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando.</p><p>14. Ensinar exige bom senso.</p><p>15. Ensinar	 exige	 humildade,	 tolerância	 e	 luta	 em	 defesa	 dos	 direitos	 dos</p><p>educadores.</p><p>16. Ensinar exige apreensão da realidade dos educadores.</p><p>17. Ensinar exige alegria e esperança.</p><p>18. Ensinar	exige	a	convicção	de	que	a	mudança	é	possível.</p><p>19. Ensinar exige curiosidade.</p><p>20. Ensinar	é	uma	especificidade	humana.</p><p>21. Ensinar	exige	segurança,	competência	profissional	e	generosidade.</p><p>22. Ensinar exige comprometimento.</p><p>23. Ensinar	exige	compreender	que	a	educação	é	uma	forma	de	intervenção	no</p><p>mundo.</p><p>24. Ensinar exige liberdade e autoridade.</p><p>25. Ensinar exige tomada consciente de decisões.</p><p>26. Ensinar exige saber escutar.</p><p>27. Ensinar	exige	reconhecer	que	a	educação	é	ideológica.</p><p>28. Ensinar exige disponibilidade para diálogo.</p><p>29. Ensinar	exige	querer	bem	aos	educandos.</p><p>FONTE: A autora</p><p>De	 todos	 os	 tópicos	 listados	por	 Freire	 (1996),	 escolhemos	 alguns	para</p><p>uma	abordagem	mais	profunda	(não	teríamos	como	abordar	todos,	embora	sejam</p><p>igualmente importantes).</p><p>TÓPICO 3 — A CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA E DA IDENTIDADE DA CRIANÇA</p><p>147</p><p>FIGURA 35 – TÓPICOS ESCOLHIDOS</p><p>FONTE: A autora</p><p>Faremos,	 agora,	 uma	 pequena	 reflexão,	 amparados	 por	 Freire	 (1996),</p><p>sobre cada um dos itens selecionados anteriormente.</p><p>Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos</p><p>Sabemos	que	todas	as	crianças	têm	saberes	socialmente	construídos	quando</p><p>chegam à instituição de Educação Infantil. Elas conhecem com propriedade e</p><p>sabem	se	posicionar	a	respeito	de	determinados	assuntos,	a	ponto	de	surpreender</p><p>quem	estiver	disposto	a	ouvi-las,	sobretudo	as	crianças	a	partir	dos	três	anos.</p><p>Partir	do	conhecimento	prévio	das	crianças	nos	dá	subsídios	para	elaborar</p><p>atividades	ou	projetos.	Por	exemplo,	se	uma	criança	convive	com	o	descaso	das</p><p>autoridades	em	relação	ao	lixo	despejado	no	riacho	próximo	de	sua	casa,	pode-</p><p>se	discutir	com	a	criança	a	respeito	da	postura	dos	habitantes	e	das	autoridades,</p><p>as	 consequências	 desta	 atitude	 para	 os	 demais	 munícipes,	 o	 problema	 da</p><p>contaminação	da	água,	a	importância	do	tratamento	para	o	consumo,	enfim,	uma</p><p>série de assuntos poderão surgir a partir dessa situação trazida pela criança.</p><p>FIGURA 35 – LIXO NO RIO</p><p>FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/415246028126380311/>. Acesso em: 30 maio 2021.</p><p>148</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>Freire	 (1996,	 p.	 34)	 desafia:	 “por	 que	 não	 estabelecer	 uma	 necessária</p><p>‘intimidade’	entre	os	saberes	curriculares	fundamentais	aos	alunos	e	a	experiência</p><p>social	que	eles	têm	como	indivíduos?”</p><p>Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática</p><p>Todo	 professor	 precisa	 ter	 consciência	 de	 que	 necessita	 refletir	 a	 sua</p><p>prática	 todos	os	dias,	pois	sempre	há	algo	que	se	possa	fazer	diferente,	 fazer</p><p>melhor	ou	de	outras	maneiras,	para	não	cair	na	rotina	ou	na	zona	de	conforto,</p><p>dois	perigosos	labirintos	que	levam	o	professor	ao	desânimo	e/ou	decadência</p><p>profissional.	Freire	indica	a	reflexão	da	prática	como	forma	de	alinhamento	ao</p><p>discurso	teórico	que	permeia	a	prática.	O	"pensar	criticamente"	aqui,	em	Freire,</p><p>é	o	pensar	acadêmico,	epistemológico.</p><p>Para	Freire	(1996,	p.	43):</p><p>[...]	na	formação	permanente	dos	professores,	o	momento	fundamental</p><p>é	o	da	reflexão	crítica	sobre	a	prática.</p><p>É	pensando	criticamente	a	prática</p><p>de	hoje	ou	de	ontem	que	se	pode	melhorar	a	próxima	prática.	[...]	quanto</p><p>mais me assumo como estou sendo e percebo a ou as razões de ser de</p><p>por	que	estou	sendo	assim,	mais	me	torno	capaz	de	mudar.</p><p>FIGURA 36 – PROFESSOR CRIATIVO</p><p>FONTE: <https://www.goconqr.com/pt-BR/examtime/blog/atividades-educativas/>.</p><p>Acesso em: 30 maio 2021.</p><p>Ensinar não é transferir conhecimento</p><p>Existe	algo	que,	segundo	Freire	(1996,	p.	53),	é	fundamental	ao	educador:</p><p>TÓPICO 3 — A CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA E DA IDENTIDADE DA CRIANÇA</p><p>149</p><p>[...]	 saber	 que	 ensinar	 não	 é	 transferir	 conhecimento,	 mas	 criar	 as</p><p>possibilidades	 para	 a	 sua	 própria	 produção	 ou	 a	 sua	 construção.</p><p>Quando	entro	em	uma	sala	de	aula,	devo	estar	sendo	um	ser	aberto	a</p><p>indagações,	à	curiosidade,	às	perguntas	dos	alunos,	a	suas	inibições;</p><p>um	ser	crítico	e	inquiridor,	inquieto	em	face	da	tarefa	que	tenho	–	a	de</p><p>ensinar e não a de transferir conhecimento.</p><p>Se	 sou	 capaz	 de	 oferecer	 momentos	 de	 construção	 de	 conhecimentos,</p><p>estabelecer	metas	para	que	o	aprendizado	ocorra	de	fato	e	se	planejo	com	esta	convicção</p><p>e	com	esta	consciência,	torno-me,	neste	momento,	um	educador	por	excelência.</p><p>Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando</p><p>O respeito defendido por Freire em relação à autonomia encontra-</p><p>se	 profundamente	 interligado	 às	 ações	 e	motivações	 pedagógicas,	 além	 do</p><p>respeito em si.</p><p>De	acordo	com	Freire	(1996,	p.	66),	“O	respeito	à	autonomia	e	à	dignidade</p><p>de	cada	um	é	um	imperativo	ético	e	não	um	favor	que	podemos	ou	não	conceder</p><p>uns	aos	outros”.</p><p>O respeito é uma das palavras mais belas no vocabulário dos professores em</p><p>relação às crianças e ao trabalho que desenvolve com e para elas. Cabe-lhes respeitar cada</p><p>pequeno ser que lhe chega às mãos, independentemente da idade, classe social, cor, raça,</p><p>credo ou religião. Professor que ama o que faz não faz distinções, não tem nenhum tipo de</p><p>preconceito ou preferência. Dá de si o que há de melhor e busca o que há de melhor nos</p><p>outros, respeitando a autonomia e a identidade de cada educando. Leva com amor a profissão</p><p>e é coerente em sua prática.</p><p>IMPORTANTE</p><p>150</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>FIGURA 37 – EDUCAÇÃO PARA TODOS</p><p>FONTE: <https://cutt.ly/LnBJHuF>. Acesso em: 1 maio 2020.</p><p>Ensinar exige alegria e esperança</p><p>A	 alegria	 de	 estar	 com	 as	 crianças	 deve	 ser	 comparada	 ao	 tempero</p><p>essencial	 de	um	prato	 que	 se	 espera	degustar	 todos	 os	dias.	Quando	 estamos</p><p>com	fome,	o	tempero	se	torna	ainda	mais	marcante.	É	assim	que	deve	ser	o	nosso</p><p>“gosto”	para	as	crianças.	Um	gosto	que	desperta	a	fome	de	saber,	de	aprender,	de</p><p>viver	novos	conhecimentos,	de	compartilhar	ideias,	de	arriscar	novos	“pratos”,</p><p>cada	dia	mais	saborosos,	diferentes	e	dispostos	a	deixar	as	crianças	com	água	na</p><p>boca,	com	gostinho	de	quero	mais.	Um	prato	recheado	de	alegria	e	esperança,</p><p>pois,	de	acordo	com	Freire	(1996,	p.	80),</p><p>Há	uma	relação	entre	a	alegria	necessária	à	atividade	educativa	e	a</p><p>esperança.	 A	 esperança	 de	 que	 professor	 e	 alunos	 juntos	 podem</p><p>aprender,	ensinar,	inquietar-se,	produzir	e,	juntos	igualmente,	resistir</p><p>aos	obstáculos	à	alegria.	[...]	a	esperança	faz	parte	da	natureza	humana.</p><p>FIGURA 38 – ALEGRIA NA ESCOLA</p><p>FONTE: <https://cutt.ly/rnBJXK2>. Acesso em: 1 maio 2020.</p><p>TÓPICO 3 — A CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA E DA IDENTIDADE DA CRIANÇA</p><p>151</p><p>Ensinar exige curiosidade</p><p>Feliz	do	professor	que	tem	alunos	curiosos;	Feliz	do	professor	que	tem	alunos</p><p>questionadores;	Feliz	do	professor	que	tem	alunos	pesquisadores;</p><p>Feliz,	feliz,	feliz!</p><p>Feliz	do	aluno	que	tem	professores	que	estimulam	sua	curiosidade;</p><p>Feliz	do	aluno	que	tem	professores	que	o	incentivam	a	buscar	respostas	para</p><p>seus	questionamentos;</p><p>Feliz	do	aluno	que	tem	professores	que	reconhecem	a	importância	da	pesquisa	e</p><p>da	mesma	forma	se	tornam	pesquisadores;</p><p>Feliz,	feliz,	feliz!</p><p>FONTE: A autora</p><p>Freire	(1996,	p.	95)	reforça:</p><p>Como	 professor,	 devo	 saber	 que	 sem	 a	 curiosidade	 que	me	move,</p><p>que	me	 inquieta,	que	me	 insere	na	busca,	não	aprendo	nem	ensino.</p><p>Exercer	a	minha	curiosidade	de	forma	correta	é	um	direito	que	tenho</p><p>como	gente	e	a	que	corresponde	o	dever	de	lutar	por	ele,	o	direito	à</p><p>curiosidade.	 [...]	o	exercício	da	curiosidade	convoca	a	 imaginação,	a</p><p>intuição,	 as	 emoções,	 a	 capacidade	de	 conjecturar,	 de	 comparar,	 na</p><p>busca	da	perfilização	do	objeto	ou	do	achado	de	sua	razão	de	ser.</p><p>FIGURA 39 – ALUNOS CURIOSOS E PESQUISADORES</p><p>FONTE: < https://blog.forleven.com/2018/03/19/a-curiosidade-melhora-a-aprendizagem/>.</p><p>Acesso em: 30 maio 2021.</p><p>Ensinar exige comprometimento</p><p>Impossível	formar-se	professor	sem	saber	disso.	Sem	ter	a	certeza	de	que</p><p>o	nosso	comprometimento	com	a	educação	é	quase	que	integral,	ou	seja,	ocupará</p><p>grande	parte	do	nosso	tempo,	de	nossa	dedicação	e	do	nosso	empenho,	enquanto</p><p>profissionais	conscientes	de	nossa	importância.</p><p>Para	Freire	(1996,	p.	108),</p><p>152</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>[...]	 não	 é	 possível	 exercer	 a	 atividade	 do	magistério	 como	 se	 nada</p><p>ocorresse	conosco.	Como	impossível	seria	sairmos	na	chuva	expostos</p><p>totalmente	 a	 ela,	 sem	 defesas,	 e	 não	 nos	 molhar.	 Não	 posso	 ser</p><p>professor	sem	me	pôr	diante	dos	alunos,	sem	revelar	com	facilidade	ou</p><p>relutância	minha	maneira	de	ser,	de	pensar	politicamente.	Não	posso</p><p>escapar à apreciação dos alunos. E a maneira como eles me percebem</p><p>tem	 importância	 capital	 para	 o	 meu	 desempenho.	 Daí,	 então,	 que</p><p>uma	 das	 minhas	 preocupações	 centrais	 deva	 ser	 a	 de	 procurar	 a</p><p>aproximação	cada	vez	maior	entre	o	que	eu	digo	e	o	que	eu	faço,	entre</p><p>o	que	pareço	ser	e	o	que	realmente	estou	sendo.</p><p>FIGURA 40 – PROFESSOR COMPROMETIDO</p><p>FONTE: <https://cutt.ly/9nBKuym>. Acesso em: 30 maio 2021.</p><p>Ensinar exige querer bem aos educando</p><p>Para	ensinar	as	crianças,	é	preciso	querer	bem	a	elas.	É	preciso	conhecê-</p><p>las,	 compreendê-las	 e,	 sobretudo,	 amá-las.	 Esta	 abertura	 ao	 querer	 bem,	 para</p><p>Freire	(1996,	p.	159):</p><p>[...]	significa,	de	fato,	que	a	afetividade	não	me	assusta,	que	não	tenho</p><p>medo	de	expressá-la.	Significa	esta	abertura	ao	querer	bem	a	maneira	que</p><p>tenho	de	autenticamente	selar	o	meu	compromisso	com	os	educandos,</p><p>numa	prática	 específica	do	 ser	humano.	A	minha	abertura	ao	querer</p><p>bem	significa	a	minha	disponibilidade	à	alegria	de	viver.	Justa	alegria</p><p>de	viver,	que,	assumida	plenamente,	não	permite	que	me	transforme</p><p>num	ser	“adocicado”	nem	tampouco	num	ser	arestoso	e	amargo.</p><p>TÓPICO 3 — A CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA E DA IDENTIDADE DA CRIANÇA</p><p>153</p><p>FIGURA 41 – PROFESSOR AFETIVO</p><p>FONTE: <http://www.zenitude.com.br/blog/wp-content/uploads/2012/02/afeto.jpg>.</p><p>Acesso em: 1 maio 2020.</p><p>Para	finalizar	esta	reflexão	sobre	ensinar	de	Paulo	Freire,	vamos	usar	uma</p><p>frase	de	sua	autoria	que	diz:	“a	alegria	não	chega	apenas	no	encontro	doachado,</p><p>mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não podem se dar fora</p><p>da	procura,	fora	da	boniteza	e	da	alegria”	(FREIRE,	1996,	p.	159).</p><p>FIGURA 42 – PAULO FREIRE</p><p>FONTE: <https://cutt.ly/OnBKkSO>. Acesso em: 12 jan. 2020.</p><p>Se você ficou curioso e deseja conhecer os itens do sumário que não foram</p><p>abordados neste livro didático, leia o livro “Pedagogia da Autonomia: saberes necessários</p><p>à prática educativa” de Paulo Freire, 1996. São Paulo: Paz e Terra.</p><p>DICAS</p><p>154</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>FIGURA 43 – LIVRO PEDAGOGIA DA AUTONOMIA</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3qks03n>. Acesso em: 10 set. 2020.</p><p>4 A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE</p><p>Identidade	tem	a	ver	com	“quem	somos”,	com	o	grupo	do	qual	fazemos</p><p>parte,	em	que	acreditamos,	o	que	de	fato	praticamos,	nossas	crenças,	valores	ou</p><p>ideais,	enquanto	seres	aprendentes.</p><p>Essa	identidade	vai	sendo	construída	à	medida	que	interagimos	com	os</p><p>outros	ao	longo	da	vida.	Enquanto	crescemos,	vamo-nos	desenvolvendo	em	todos</p><p>os	sentidos,	inclusive	na	construção	do	próprio	eu,	passando</p><p>a	compreender	de</p><p>fato	e	gradativamente	“quem	somos”.</p><p>Nossa	 identidade,	 recém-construída,	 não	 é	 fixa,	 ela	 pode	 mudar	 e	 se</p><p>refazer	o	tempo	todo,	dependendo	das	necessidades	ou	experiências	vividas.</p><p>Não	somos	sempre	iguais	nem	temos	sempre	os	mesmos	comportamentos,</p><p>às	vezes,	apresentamos	 identidades	distintas,	pois,	 se	em	um	momento	somos</p><p>solidários,	no	momento	 seguinte	podemos	 ser	 extremamente	 egoístas;	 se	num</p><p>instante	 parecemos	 bonzinhos,	 segundos	 mais	 tarde,	 podemos	 demonstrar	 o</p><p>quanto	somos	tiranos.</p><p>Faça as suas anotações e considerações sobre o assunto.</p><p>DICAS</p><p>TÓPICO 3 — A CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA E DA IDENTIDADE DA CRIANÇA</p><p>155</p><p>Temos,	portanto,	identidades	diferentes	e	necessitamos	ter	liberdade	de</p><p>nos posicionar também de diferentes maneiras.</p><p>FIGURA 44 – CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vDCko6>. Acesso em: 2 maio 2020.</p><p>Aos	 poucos,	 as	 crianças	 também	 vão	 descobrindo	 que	 não	 existe	 uma</p><p>única	maneira	de	ser.	Passam	a	se	posicionar	diante	das	diversas	identidades	que</p><p>vão	desenvolvendo	e	compreendem	em	si	as	mudanças,	sendo	então	capazes	de</p><p>compreendê-las,	também,	nos	outros.</p><p>De	acordo	com	Moyles	(2010,	p.	71):</p><p>[...]	uma	criança	pequena	pode	saber	que	é	uma	‘ótima	autora’	quando</p><p>as	pessoas	 gostam	das	 suas	histórias	 na	 escola,	 que	 é	 a	 ‘menininha</p><p>amada’	 da	 mamãe	 e	 do	 papai,	 a	 ‘irmã	 mais	 velha	 boazinha’	 do</p><p>irmãozinho	bebê	ou	a	‘irmã	menor	chata’	da	irmã	mais	velha	quando</p><p>ela	quer	participar	das	brincadeiras	dos	mais	velhos.</p><p>FIGURA 45 – DIVERSAS IDENTIDADES</p><p>FONTE: <http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/foto/0,,56769556,00.jpg >.</p><p>Acesso em: 2 maio 2020.</p><p>156</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>De	 acordo	 com	 o	 Parecer	 CNE/CEB	 nº	 20/2009,	 aprovado	 em	 11	 de</p><p>novembro	de	2009,	no	documento	intitulado	Revisão	das	Diretrizes	Curriculares</p><p>Nacionais para a Educação Infantil:</p><p>Cada	criança	apresenta	um	ritmo	e	uma	forma	própria	de	colocar-se	nos</p><p>relacionamentos	e	nas	interações,	de	manifestar	emoções	e	curiosidades,</p><p>e	elabora	um	modo	próprio	de	agir	nas	diversas	situações	que	vivencia</p><p>desde o nascimento conforme experimenta sensações de desconforto</p><p>ou	de	incerteza	diante	de	aspectos	novos	que	lhe	geram	necessidades</p><p>e	 desejos	 e	 lhe	 exigem	novas	 respostas.	Assim	busca	 compreender	 o</p><p>mundo	e	a	si	mesma,	testando,	de	alguma	forma,	as	significações	que</p><p>constrói,	modificando-as	 continuamente	 em	 cada	 interação,	 seja	 com</p><p>outro	ser	humano,	seja	com	objetos.	Cabe	às	instituições	de	Educação</p><p>Infantil	 assegurar	 às	 crianças	 a	 manifestação	 de	 seus	 interesses,</p><p>desejos	e	curiosidades	ao	participar	das	práticas	educativas,	valorizar</p><p>suas	 produções,	 individuais	 e	 coletivas	 e	 trabalhar	 pela	 conquista</p><p>por	elas	da	autonomia	para	a	escolha	de	brincadeiras	e	de	atividades</p><p>e para a realização de cuidados pessoais diários. Tais instituições</p><p>devem	 proporcionar	 às	 crianças	 oportunidades	 para	 ampliarem	 as</p><p>possibilidades de aprendizado e de compreensão de mundo e de si</p><p>próprias	trazidas	por	diferentes	tradições	culturais	e	a	construir	atitudes</p><p>de	 respeito	 e	 solidariedade,	 fortalecendo	 a	 autoestima	 e	 os	 vínculos</p><p>afetivos	de	todas	as	crianças	(BRASIL,	2009).</p><p>E	 agora,	 caro	 acadêmico,	 ficou	 um	 pouco	 mais	 fácil?	 Para	 auxiliá-	 lo,</p><p>traremos,	a	seguir,	algumas	dicas	de	como	estimular	o	desenvolvimento	saudável</p><p>da	identidade	das	crianças,	nas	instituições	de	Educação	Infantil.</p><p>•	 Reconheça	a	importância	da	“construção	da	identidade”	para	a	aprendizagem</p><p>e	o	desenvolvimento.</p><p>•	 Apoie	e	incentive	a	criança	diante	da	posição	ou	mudança	de	identidade	que</p><p>adotar.</p><p>•	 Incentive	movimentos	de	autoconhecimento	e	autoestima	entre	as	 crianças</p><p>para	que	elas	aprendam	a	se	conhecer	e	a	se	ver	como	os	outros	a	conhecem	e</p><p>a	veem.</p><p>•	 Provoque	situações	que	levem	as	crianças	a	manifestarem	seus	sentimentos</p><p>de	diversas	maneiras.</p><p>•	 Crie	 situações	 para	 que	 interajam	 com	 o	 grupo	 e	 deixe-as	 livres	 para	 que</p><p>possam	tomar	decisões	e	ocupar	posições	enquanto	se	relacionam	socialmente.</p><p>•	 Seja	sensível	a	tudo	aquilo	que	as	crianças	lhe	disserem,	preste	atenção	a	elas.</p><p>Para	Moyles	(2010,	p.	84):</p><p>[...]	Se	a	criança	sente	que	os	adultos	importantes	da	sua	vida	se	importam</p><p>com	ela,	a	valorizam	e	a	aceitam	como	ela	é,	provavelmente	terá	uma</p><p>autoestima	elevada.	Para	ajudar	as	crianças	que	estão	desenvolvendo</p><p>seu	senso	de	self	e	garantir	que	sua	autoestima	se	mantenha	elevada,</p><p>os	profissionais	devem	conhecer	e	ser	sensíveis	aos	discursos	aos	quais</p><p>a	 criança	 tem	 acesso	 –	 assim,	 compreenderão	melhor	 como	 ela	 está</p><p>escolhendo se posicionar ou está sendo posicionada pelos outros. Os</p><p>profissionais	também	precisam	ter	em	mente	a	natureza	multifacetada</p><p>e	fluída	da	 identidade	e	procurar	dar	à	criança	acesso	a	uma	grande</p><p>variedade	de	discursos	e	“maneiras	de	ser”.</p><p>TÓPICO 3 — A CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA E DA IDENTIDADE DA CRIANÇA</p><p>157</p><p>•	 Deixe	 espaço	 para	 que	 as	 crianças	 possam	manifestar	 os	 próprios	 gostos	 e</p><p>preferências,	como,	por	exemplo,	escolhendo	a	brincadeira,	o	livro	ou	a	música</p><p>que	irão	cantar.</p><p>•	 Favoreça	 atividades	 para	 que	 elas	 percebam	 suas	 habilidades	 e	 limites	 e</p><p>sejam	capazes	de	perceber-se	como	um	ser	único	e	especial,	no	meio	de	tantos</p><p>outros	igualmente	únicos.</p><p>•	 Não	esqueça	que	este	processo	de	autoconhecimento	inicia	quando	a	criança</p><p>nasce	e	a	acompanha	até	o	final	da	vida,	sendo	marcado	pela	história,	pela</p><p>cultura,	pela	família	e	pelo	ambiente	onde	vive	esta	criança.	Valorize,	portanto,</p><p>cada um destes detalhes.</p><p>•	 Não	faça	comparações,	cada	criança	é	única.</p><p>•	 Chame	cada	criança	pelo	nome,	evite	apelidos	ou	diminutivos.</p><p>•	 Fique	atento	às	diferentes	manifestações	das	crianças	(gestos,	atitudes,	choro</p><p>etc.),	elas	podem	se	comunicar	com	você,	mesmo	sem	saber	ou	querer	falar.</p><p>Sinta-se importante durante todo o processo de construção da identidade</p><p>das crianças.</p><p>158</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>•	 Sujeito	autônomo	é	aquele	que	sabe	aonde	quer	chegar	e	os	caminhos	que</p><p>deve	percorrer,	seguindo	suas	próprias	leis	e	tomando	decisões.</p><p>•	 Para	desenvolver	a	independência/autonomia	nas	crianças,	é	necessário	dar-</p><p>lhes a oportunidade de fazer escolhas.</p><p>•	 Quando	 o	 professor	 decide	 tudo	 sozinho,	 não	 deixa	 espaço	 para	 a</p><p>construção	autônoma	e	perde	oportunidades	de	desenvolver	a	criatividade,</p><p>responsabilidade,		iniciativa	e		independência,	na	criança.</p><p>•	 O	professor	que	formula	atividades	nas	quais	as	crianças	são	levadas	a	pensar</p><p>e	a	tentar	sozinhas,	as	conduz		à	situações	de	aprendizagens	significativas.</p><p>•	 Partir	do	conhecimento	prévio	das	crianças	nos	dá	subsídios	para	elaborar</p><p>atividades	ou	projetos.</p><p>•	 Todo	bom	professor	 tem	consciência	de	que	necessita	 refletir	a	 sua	prática</p><p>todos os dias.</p><p>• Se somos capazes de oferecer momentos de construção de conhecimentos</p><p>e	de	estabelecimento	de	metas,	e	ainda,	se	planejamos	com	esta	convicção,</p><p>tornamo-nos	educadores	por	excelência.</p><p>•	 Professor	que	ama	o	que	faz	não	faz	distinções	e	conduz	sua	profissão	com</p><p>amorosidade,	sendo	coerente	em	sua	prática.</p><p>•	 Ensinar	exige	comprometimento.	É	impossível	formar-se	professor	sem	saber</p><p>disso.</p><p>•	 Para	ensinar	as	crianças	é	preciso	querer	bem	a	elas.	É	preciso	conhecê-las,</p><p>compreendê-las	e,	sobretudo,	amá-las.</p><p>•	 Identidade	tem	a	ver	com	“quem	somos”,	com	o	grupo	do	qual	fazemos	parte,</p><p>em	que	acreditamos,	o	que	de	fato	praticamos.</p><p>•	 Não	somos	sempre	iguais	nem	temos	sempre	os	mesmos	comportamentos,	às</p><p>vezes,	apresentamos	identidades	distintas.</p><p>•	 Temos	múltiplas	identidades	e	necessitamos	ter	liberdade	de	nos	posicionar</p><p>também,	de	múltiplas	maneiras.</p><p>159</p><p>1	 Escolha,	entre	os	29	itens	do	sumário	do	livro	“Pedagogia	da	Autonomia”,</p><p>de	 Paulo	 Freire,	 cinco	 frases/tópicos	marcantes	 para	 você,	 a	 respeito	 da</p><p>palavra	ensinar,	que	poderiam	lhe	servir	como	base	de	um	trabalho	bem</p><p>feito.	Justifique	sua	escolha.</p><p>2	 Por	 que	 dizemos	 que	 quando	 o	 professor	 toma	 todas	 as	 decisões	 no</p><p>planejamento e condução da aula ele está perdendo grandes oportunidades</p><p>junto às crianças?</p><p>3	 Identidade	tem	a	ver	com	quem	somos,	o	que	nos	torna	únicos.	No	entanto,</p><p>ao	longo	da	vida,	apresentamos	múltiplas	identidades.	O	que	isso	significa?</p><p>4	 Para	desenvolver	a	 independência/autonomia	nas	crianças	basta	dar-lhes</p><p>uma	oportunidade	específica.	Com	base	no	que	estamos	falando,	assinale	a</p><p>alternativa	CORRETA:</p><p>a) ( ) Da oportunidade de aprender com os adultos.</p><p>b)	(			)	Da	oportunidade	de	ouvir	e	imitar	os	outros.</p><p>c)	 (			)	Da	oportunidade	de	falar	o	que	quer.</p><p>d) ( ) Da oportunidade de fazer escolhas.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>160</p><p>161</p><p>UNIDADE 2</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Sabemos	que	a	Educação	Infantil	faz	parte	da	primeira	etapa	da	educação</p><p>básica.	 Por	 ser	 a	 primeira,	 necessita	 ser	muito	 especial,	 pois	 se	 trata	do	 início</p><p>e	do	 fundamento	do	processo	educacional	das	crianças.	Esta	base	 tem	que	ser</p><p>sólida,	 tem	que	ter	qualidade	no	atendimento,	no	planejamento	e	na	formação</p><p>continuada	dos	profissionais.</p><p>Os	eixos	estruturantes	das	práticas	pedagógicas	da	Educação	Infantil	são</p><p>as	interações	e	a	brincadeira,	“experiências	nas	quais	as	crianças	podem	construir</p><p>e apropriar-se de conhecimentos por meio de suas ações e interações com seus</p><p>pares	 e	 com	 os	 adultos,	 o	 que	 possibilita	 aprendizagens,	 desenvolvimento	 e</p><p>socialização”	(BRASIL,	2018,	p.	37).</p><p>Ao	observar	as	interações	e	a	brincadeira	entre	as	crianças	e	delas	com</p><p>os	adultos,	é	possível	identificar,	por	exemplo	a	expressão	dos	afetos,</p><p>a	mediação	das	frustrações,	a	resolução	de	conflitos	e	a	regulação	das</p><p>emoções	(BRASIL,	2018,	p.	37).</p><p>A	 partir	 dos	 eixos	 estruturantes	 e	 das	 competências	 gerais	 da	 BNCC</p><p>para	 a	 Educação	 infantil,	 foram	 elencados	 seis direitos de aprendizagem e</p><p>desenvolvimento	e	é	sobre	cada	um	deles	que	falaremos	neste	tópico.</p><p>Aproveite	 esta	 nova	 oportunidade	 para	 ampliar	 seus	 conhecimentos.</p><p>Bons	estudos!</p><p>TÓPICO 4 —</p><p>A EDUCAÇÃO INFANTIL NA BASE NACIONAL</p><p>COMUM CURRICULAR (BNCC)</p><p>2 DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO NA</p><p>EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>De	 acordo	 com	 a	 BNCC	 (BRASIL,	 2018,	 p.	 37),	 os	 seis	 direitos	 de</p><p>aprendizagem	e	desenvolvimento:</p><p>asseguram,	 na	 educação	 infantil,	 as	 condições	 para	 que	 as	 crianças</p><p>aprendam	 em	 situações	 nas	 quais	 possam	 desempenhar	 um	 papel</p><p>ativo	em	ambientes	que	as	convidem	a	vivenciar	desafios	e	a	sentirem-</p><p>se	provocadas	a	resolvê-los,	nas	quais	possam	construir	significados</p><p>sobre	si,	os	outros	e	o	mundo	social	e	natural.</p><p>162</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>FIGURA 46 – DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO</p><p>FIGURA 47 –APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO</p><p>FONTE: as autoras</p><p>FONTE: < https://bit.ly/3qfzaKt >. Acesso em: 12 maio 2020.</p><p>No	Quadro	6,	apresentaremos	uma	síntese	de	cada	um	dos	“seis	direitos</p><p>de	 aprendizagem	 e	 desenvolvimento	 na	 educação	 infantil”,	 de	 acordo	 com	 a</p><p>BNCC	(BRASIL,	2018,	p.	36).</p><p>TÓPICO 4 — A EDUCAÇÃO INFANTIL NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC)</p><p>163</p><p>QUADRO 6 – SEIS DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO NA EDUCAÇÃO</p><p>INFANTIL</p><p>FONTE: a autora</p><p>• Conviver	com	outras	crian��as	e	adultos,	em	pequenos	e	grandes	grupos,</p><p>utilizando	diferentes	linguagens,	ampliando	o	conhecimento	de	si	e	do	ou-</p><p>tro,	o	respeito	em	relação	à	cultura	e	às	diferenças	entre	as	pessoas.</p><p>• Brincar	cotidianamente	de	diversas	formas,	em	diferentes	espaços	e	tem-</p><p>pos,	com	diferentes	parceiros	(crianças	e	adultos),	ampliando	e	diversifi-</p><p>cando	seu	acesso	a	produções	culturais,	seus	conhecimentos,	sua	imagina-</p><p>ção,	sua	criatividade,	suas	experiências	emocionais,	corporais,	sensoriais,</p><p>expressivas,	cognitivas,	sociais	e	relacionais.</p><p>• Participar	ativamente,	com	adultos	e	outras	crianças,	tanto	do	planejamen-</p><p>to	da	gestão	da	escola	e	das	atividades	propostas	pelo	educador	quanto</p><p>da	 realização	das	 atividades	da	 vida	 cotidiana,	 tais	 como	 a	 escolha	das</p><p>brincadeiras,	dos	materiais	e	dos	ambientes,	desenvolvendo	diferentes	lin-</p><p>guagens	e	elaborando	conhecimentos,	decidindo	e	se	posicionando.</p><p>• Explorar	movimentos,	gestos,	sons,	formas,	texturas,	cores,	palavras,	emo-</p><p>ções,	transformações,	relacionamentos,	histórias,	objetos,	elementos	da	na-</p><p>tureza,	na	escola	e	fora	dela,	ampliando	seus	saberes	sobre	a	cultura,	em</p><p>suas	diversas	modalidades:	as	artes,	a	escrita,	a	ciência	e	a	tecnologia.</p><p>• Expressar,	 como	sujeito	dialógico,	criativo	e	sensível,	 suas	necessidades,</p><p>emoções,	sentimentos,	dúvidas,	hipóteses,	descobertas,	opiniões,	questio-</p><p>namentos,	por	meio	de	diferentes	linguagens.</p><p>• Conhecer-se	e	construir	sua	identidade	pessoal,	social	e	cultural,	consti-</p><p>tuindo	uma	imagem	positiva	de	si	e	de	seus	grupos	de	pertencimento,	nas</p><p>diversas	 experiências	de	 cuidados,	 interações,	brincadeiras	 e	 linguagens</p><p>vivenciadas	na	instituição	escolar	e	em	seu	contexto	familiar	e	comunitário.</p><p>3 OS CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS</p><p>Considerando os eixos estruturantes e os direitos de aprendizagem e</p><p>desenvolvimento,	a	BNCC	estruturou	cinco	campos	de	experiências,	que	cabem</p><p>direitinho	na	vida	cotidiana	das	crianças,	juntamente	com	seus	saberes	e	fazeres</p><p>(experiências),	tanto	pedagógicas,	quanto	sociais,	culturais	ou	patrimoniais.</p><p>Eis	os	campos	em	que	se	organiza	a	BNCC,	para	a	Educação	Infantil:</p><p>• O	eu,	o	outro	e	o	nós.</p><p>• Corpo,	gestos	e	movimentos.</p><p>• Traços,	sons,	cores	e	formas.</p><p>• Escuta,	fala,	pensamento	e	imaginação.</p><p>• Espaços,	tempos,	quantidades,	relações	e	transformações.</p><p>164</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>A	seguir,	traremos	a	explicação	de	cada	um	dos	campos,	de	acordo	com	a</p><p>BNCC	(BRASIL,	2017,	p.	38):</p><p>O EU, O OUTRO, O NÓS – É na interação com os pares e com adultos</p><p>que	as	 crianças	vão	constituindo	um	modo	próprio	de	agir,	 sentir	 e	pensar</p><p>e	 vão	 descobrindo	 que	 existem	 outros	 modos	 de	 vida,	 pessoas	 diferentes,</p><p>com	 outros	 pontos	 de	 vista.	 Conforme	 vivem	 suas	 primeiras	 experiências</p><p>sociais	 (na	 família,	 na	 instituição	 escolar,	 na	 coletividade),	 constroem</p><p>percepções	 e	 questionamentos	 sobre	 si	 e	 sobre	 os	 outros,	 diferenciando-se</p><p>e,	 simultaneamente,	 identificando-se	 como	 seres	 individuais	 e	 sociais.	 Ao</p><p>mesmo	tempo	que	participam	de	relações	sociais	e	de	cuidados	pessoais,	as</p><p>crianças	constroem	sua	autonomia	e	senso	de	autocuidado,	de	reciprocidade	e</p><p>de	interdependência	com	o	meio.	Por	sua	vez,	na	Educação	Infantil,	é	preciso</p><p>criar	oportunidades	para	que	as	crianças	entrem	em	contato	com	outros	grupos</p><p>sociais	e	culturais,	outros	modos	de	vida,	diferentes	atitudes,	técnicas	e	rituais</p><p>de	cuidados	pessoais	e	do	grupo,	costumes,	celebrações	e	narrativas.	Nessas</p><p>experiências,	elas	podem	ampliar	o	modo	de	perceber	a	si	mesmas	e	ao	outro,</p><p>valorizar	 sua	 identidade,	 respeitar	os	outros	e	 reconhecer	as	diferenças	que</p><p>nos constituem como seres humanos.</p><p>Toda criança adora brincar e interagir com outras crianças ou mesmo com</p><p>adultos	e,	enquanto	faz	isso,	desenvolve	tantas	aprendizagens	que	vale	a	pena</p><p>refletir	 elas	 e	 a	 sua	 importância	 dentro	 do	 processo	 de	 ensino-aprendizagem.</p><p>Conforme	Nascimento	(2000,	p.	1):</p><p>A	criança	não	é	um	adulto	que	ainda	não	cresceu,	ela	tem	características</p><p>próprias.	 Para	 alcançar	 o	 pensamento	 adulto	 (abstrato),	 ela	 precisa</p><p>percorrer	 todas	 as	 etapas	 de	 seu	 desenvolvimento	 físico,	 cognitivo,</p><p>social	e	emocional.	Brincando,	a	criança	desenvolve	potencialidades;</p><p>ela	 compara,	 analisa,	 nomeia,	 mede,	 associa,	 calcula,	 classifica,</p><p>compõe,	conceitua,	cria,	deduz	etc.	Sua	sociabilidade	se	desenvolve;</p><p>ela	 faz	 amigos,	 aprende	 a	 compartilhar	 e	 a	 respeitar	 o	 direito	 dos</p><p>outros	 e	 as	 normas	 estabelecidas	 pelo	 grupo	 e	 a	 envolver-se	 nas</p><p>atividades	apenas	pelo	prazer	de	participar,	 sem	visar	 recompensas</p><p>nem	temer	castigos.	Brincando,	a	criança	estará	buscando	sentido	para</p><p>sua	vida.	Sua</p><p>estação de trens, até o pai ser transferido para uma aldeia de Neudörfl, nos Alpes.</p><p>Steiner iniciou ali seus estudos em uma escola, efetivamente, tendo contato</p><p>com a geometria. Este contato foi tão importante para ele, que o deixou encantado.</p><p>Steiner dizia que, pela primeira vez, havia encontrado a felicidade. Por volta dos</p><p>oito anos, teve seu primeiro contato com a paranormalidade, mantendo-a em</p><p>segredo, pois a sociedade da época era muito preconceituosa. Para integrar seu</p><p>dom à lucidez, iniciou estudos na área da matemática, da filosofia e da ciência</p><p>natural.</p><p>Após os dez anos de idade, frequentou o Liceu na cidade Wiener-Neustadt,</p><p>próxima da sua cidade. Aprendeu sozinho sobre os cálculos integrais, estatística e</p><p>geometria descritiva, sendo reconhecido no Liceu pela sua dedicação, recebendo</p><p>nota máxima. Aos catorze anos, dedicou-se ao estudo das obras de Kant, sem</p><p>abandonar o mundo da matemática e das ciências naturais.</p><p>Aos dezoito anos, graduou-se no Liceu e matriculou-se na Escola</p><p>Politécnica de Viena, por conselho de seu pai. Nesta época, concluiu sua leitura</p><p>sobre Kant e iniciou novas leituras no campo da Filosofia, desta vez com Fichte,</p><p>Hegel e Schelling. Trabalhou no Arquivo Schiller-Goethe, entre 1880 e 1897,</p><p>editando textos goethianos.</p><p>TÓPICO 1 — A PEDAGOGIA WALDORF</p><p>5</p><p>Desse período em diante, iniciou como autor e editor das obras científicas</p><p>completas de Goethe e escreveu sua primeira obra: A Filosofia da Liberdade</p><p>(1894). Tornou-se conferencista e escritor, com o intuito de divulgar sua pesquisa</p><p>científico-espiritual. Em 1914, casou-se com Marie von Sievers, sua colaboradora</p><p>na Sociedade Antroposófica, criada por ele em 1913.</p><p>Ele foi convidado pelo proprietário da fábrica de cigarros Waldorf-Astória,</p><p>Emil Moet, em 1919, para proferir palestras para seus funcionários. Como o</p><p>trabalho foi bem aceito, solicitaram que ele abrisse uma escola para os filhos dos</p><p>trabalhadores da fábrica, com o apoio de Emil.</p><p>Steiner gostou da ideia, porém exigiu que a escola fosse aberta para todas</p><p>as crianças, que os professores compartilhassem dos mesmos ideais que ele e</p><p>que o currículo escolar fosse unificado de 12 anos. Em 7 de setembro de 1919,</p><p>foi aberta a primeira escola Waldorf – Die Freie Waldorfschule – A Escola Waldorf</p><p>Livre, em Stuttgart, na Alemanha. Esta escola permanece ativa até os dias de hoje.</p><p>Steiner faleceu no dia 30 de março de 1925, aos 74 anos, em Dornach,</p><p>na Suíça, deixando diversas contribuições em áreas como: artes, medicina,</p><p>farmacologia, agricultura, pedagogia, arquitetura, teologia e na vida social.</p><p>Em 27 de fevereiro de 1956, foi fundada a primeira Escola Waldorf no</p><p>Brasil, mais especificamente em São Paulo, por um pequeno grupo de amigos.</p><p>Para preparar os professores de acordo com a Pedagogia Waldorf e auxiliar na</p><p>fundação da escola, o grupo de amigos convidou professores da Escola Waldorf</p><p>de Pforzheim, na Alemanha.</p><p>A escola iniciou com apenas 28 crianças da Educação Infantil e o antigo</p><p>primário. Como a escola evoluiu positivamente, em 1979 foi autorizado o</p><p>funcionamento do Ensino Fundamental e, posteriormente, do Ensino Médio.</p><p>Com o crescimento constante de novas escolas Waldorf, fundou-se a</p><p>Federação das Escolas Waldorf no Brasil em 1998, que teve como princípio a</p><p>consolidação da Pedagogia Waldorf. Atualmente, existem diversas escolas Waldorf</p><p>espalhadas pelo país, e seu crescimento vem se acentuando nos últimos anos.</p><p>3 A PEDAGOGIA WALDORF</p><p>As escolas Waldorf, criadas por Steiner, se diferenciaram das demais por</p><p>suas ideias e métodos pedagógicos diversificados, crescendo muito até os dias</p><p>atuais. O crescimento das escolas Waldorf foi contido apenas durante a Segunda</p><p>Guerra Mundial (1939-1945), bem como durante os regimes comunistas.</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>6</p><p>FIGURA 2 – ESCOLA WALDORF</p><p>FONTE:<https://escolawaldorfrecife.files.wordpress.com/2007/11/ew_sala_mesa.jpg>.</p><p>Acesso em: 12 abr. 2021.</p><p>A principal característica das escolas Waldorf é a sua base na concepção de</p><p>desenvolvimento humano introduzido por Steiner, que leva em conta as diversas</p><p>características de crianças e adolescentes, as quais veremos mais adiante. Na</p><p>Pedagogia Waldorf, a educação é formulada de acordo com estas características e</p><p>diferenciada para cada faixa etária, percebendo a criança do ponto de vista espiritual,</p><p>físico e anímico, e evidenciando o desenvolvimento progressivo destes pontos.</p><p>Estas escolas são diferentes das demais, pois não exigem o desenvolvimento</p><p>do pensamento abstrato ou intelectual desde a infância. As crianças aprendem a ler</p><p>após entrarem na 1ª série (atual 2º ano), e o uso do computador é feito apenas a partir</p><p>da entrada no Ensino Médio, pois o seu uso induz ao pensamento lógico-abstrato.</p><p>Esta pedagogia diferente tem suas bases na antroposofia, que, como já vimos,</p><p>foi criada por Steiner. A antroposofia é “uma linha de pensamento e investigação</p><p>científica que abrange diversas áreas do conhecimento” (TREVISAN, 2006, p. 15).</p><p>ANÍMICO: referente à alma, deriva do latim anima = alma.</p><p>DICAS</p><p>TÓPICO 1 — A PEDAGOGIA WALDORF</p><p>7</p><p>Agora que já sabemos o que significa o termo antroposofia, vamos</p><p>conhecer um pouco mais sobre as suas bases e influência na Pedagogia Waldorf.</p><p>De acordo com Costa (2005, p. 14):</p><p>Steiner concebeu o homem atual, como portador e comportador de</p><p>quatro processos, que nada mais são que a introjeção dos três reinos</p><p>evolutivos da natureza (mineral, vegetal e animal) e mais um, que</p><p>seria o qualificador, o distintor da individualidade humana: o Eu.</p><p>A isto chamou de quadrimembração.</p><p>FIGURA 3 – QUADRIMEMBRAÇÃO</p><p>FONTE: As autoras</p><p>Ainda segundo Steiner, o mineral seria o corpo físico, que não muda, a</p><p>não ser que sofra influência de forças externas, mas que, ao final de tudo, continua</p><p>sendo o esqueleto, a base, o inorgânico, presente em todos os seres. Por outro</p><p>lado, o homem, o animal e o vegetal possuem uma força vital, que faz com que</p><p>eles nasçam, cresçam e morram. Esta força que dá a vida e a forma seria o corpo</p><p>etérico, representando a vitalidade, cujo auge se refere ao nascimento e seu fim</p><p>representaria a morte, na velhice, quando o corpo etérico deixaria de existir para</p><p>se tornar apenas físico, mineral.</p><p>Você sabe o que significa o termo ANTROPOSOFIA? Deriva das palavras antropo</p><p>= homem e sofia = saber, ciência. Em grego significa: conhecimento do homem.</p><p>IMPORTANTE</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>8</p><p>Entretando, há algo mais que constitui o homem. Ele não é apenas corpo</p><p>físico e vida, ele age, possui instintos, “ele reage, tem impulsos (procura alimentos,</p><p>parceiros sexuais), manifesta atração (simpatia) e repulsa (antipatia) e também pode</p><p>aprender” (COSTA, 2005, p. 16). Estas características também estão presentes nos</p><p>animais. Homem e animal possuem uma vida anímica, possuem alma, ou, como</p><p>definiu Steiner, possuem um corpo astral. Este corpo astral é o que domina o corpo</p><p>físico e o etérico, e caracteriza-se por ser um corpo de sentimentos, movimentos,</p><p>que constrói o espaço ao seu redor. No entanto, durante a evolução, nós, seres</p><p>humanos, adquirimos um quê de diferente, que nos individualiza e nos torna</p><p>únicos: o nosso EU. Somos diferentes dos outros seres, somos diferentes dos outros</p><p>homens e possuímos consciência disto. Somos autoconscientes, temos consciência</p><p>de nós perante o mundo, temos liberdade.</p><p>Além destas características que definem o homem, Steiner procurou</p><p>definir as principais atividades anímicas do ser humano. Vejamos:</p><p>FIGURA 4 – HOMEM</p><p>FONTE: <https://www.a77.com.br/desenhos/homem_desenho_colorir_9.gif >.</p><p>Acesso em: 27 fev. 2012.</p><p>Segundo Canelada (2011, p. 16), a educação Waldorf cultiva em seus</p><p>alunos:</p><p>[...] o querer (agir) através da atividade corpórea em praticamente</p><p>todas as aulas; o sentir, que é incentivado por meio de abordagem</p><p>artística constante nas matérias, além de atividades artísticas e</p><p>artesanais, específicas</p><p>saúde	física,	emocional	e	intelectual	depende,	em	grande</p><p>parte,	dessa	atividade	lúdica.</p><p>TÓPICO 4 — A EDUCAÇÃO INFANTIL NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC)</p><p>165</p><p>FIGURA 48 – O EU, O OUTRO E O NÓS</p><p>FIGURA 49 – DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA</p><p>FONTE: <https://bit.ly/47eAGNC>. Acesso em: 30 maio 2021.</p><p>FONTE: a autora</p><p>Perceba,	 prezado	 acadêmico,	 como	 é	 grande	 a	 lista	 de	 vantagens	 que</p><p>se	 esconde	 em	 um	 simples	 brincar	 e	 interagir,	 para	 o	 desenvolvimento	 de</p><p>aprendizagens	signifi	cativas.	Enquanto	brinca	e	interage,	a	criança	desenvolve:</p><p>Ela aprende também a:</p><p>166</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>FIGURA 50 – APRENDENDO A DIVIDIR</p><p>FONTE: <https://www.tempojunto.com/2019/11/06/como-ensinar-meu-filho-a-dividir-os-brin-</p><p>quedos/>. Acesso em: 30 maio 2021.</p><p>Por	tudo	isso,	Nascimento	(2000,	p.	1)	afirma	que:</p><p>Brincar é tão importante para a criança como trabalhar é para o adulto.</p><p>É o que a torna ativa, criativa, e lhe dá a oportunidade de relacionar-</p><p>se com os outros; também a faz feliz e, por isso, mais propensa a ser</p><p>bondosa, a amar o próximo, a ser solidária.</p><p>Enquanto	a	criança	brinca,	percebe	a	necessidade	do	outro	e	passa	a	preferir</p><p>brincar	em	companhia	de	mais	crianças	do	que	sozinha,	mesmo	que	essa	parceria,</p><p>às	 vezes,	 seja	 conflituosa	 e	 frustrante.	 Com	 isso,	 desenvolve	 sua	 inteligência</p><p>emocional,	tão	importante	para	o	crescimento.	Em	grupo,	especialmente	através</p><p>de	jogos,	ela	aprende	também	o	significado	de	“ganhar	e	perder”.</p><p>Prezado	 acadêmico!	 Não	 é	 novidade	 alguma	 que	 a	 criança	 utiliza</p><p>múltiplas	 maneiras	 de	 se	 comunicar	 ou	 se	 expressar,	 concorda?	 Durante	 os</p><p>jogos	ou	brincadeiras,	o	que	fica	evidente	é	o	movimento	como	linguagem,	não</p><p>apenas	como	ato	de	se	mover,	pois,	enquanto	se	movimenta,	a	criança	é	capaz	de</p><p>expressar	 seus	 sentimentos,	quer	 sejam	eles	manifestados	por	gestos,	 emoções</p><p>ou	posturas	corporais,	principalmente	quando	a	criança	ainda	não	fala.	O	corpo</p><p>demonstra	aquilo	que	a	criança	sente	ou	quer	falar	e	nós,	educadores,	precisamos</p><p>ter sensibilidade para perceber isso.</p><p>Partindo	deste	pressuposto,	vamos	ao	segundo	campo	de	experiência:</p><p>CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS	–	Com	o	corpo	(por	meio	dos	sentidos,</p><p>gestos,	movimentos	impulsivos	ou	intencionais,	coordenados	ou	espontâneos),</p><p>as	crianças,	desde	cedo,	exploram	o	mundo,	o	espaço	e	os	objetos	do	seu	en-</p><p>torno,	estabelecem	relações,	expressam-se,	brincam	e	produzem	conhecimentos</p><p>TÓPICO 4 — A EDUCAÇÃO INFANTIL NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC)</p><p>167</p><p>FIGURA 51 – CORPO, GESTOS E MOVIMENTOS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/45a2wbW>. Acesso em: 12 maio 2020.</p><p>sobre	si,	sobre	o	outro,	sobre	o	universo	social	e	cultural,	tornando-se,	progres-</p><p>sivamente,	conscientes	dessa	corporeidade.	Por	meio	das	diferentes	linguagens,</p><p>como	a	música,	a	dança,	o	teatro,	as	brincadeiras	de	faz	de	conta,	elas	se	comu-</p><p>nicam	e	se	expressam	no	entrelaçamento	entre	corpo,	emoção	e	linguagem.	As</p><p>crianças	conhecem	e	reconhecem	as	sensações	e	 funções	de	seu	corpo	e,	com</p><p>seus	gestos	e	movimentos,	identifi	cam	suas	potencialidades	e	seus	limites,	de-</p><p>senvolvendo,	ao	mesmo	tempo,	a	consciência	sobre	o	que	é	seguro	e	o	que	pode</p><p>ser	um	risco	a	sua	integridade	física.	Na	Educação	Infantil,	o	corpo	das	crianças</p><p>ganha	centralidade,	pois	ele	é	o	partícipe	privilegiado	das	práticas	pedagógicas</p><p>de	cuidado	físico,	orientadas	para	a	emancipação	e	a	 liberdade,	e	não	para	a</p><p>submissão.	Assim,	a	instituição	escolar	precisa	promover	oportunidades	ricas</p><p>para	que	as	crianças	possam,	sempre	animadas	pelo	espírito	lúdico	e	na	intera-</p><p>ção	com	seus	pares,	explorar	e	vivenciar	um	amplo	repertório	de	movimentos,</p><p>gestos,	olhares,	sons	e	mímicas	com	o	corpo,	para	descobrir	variados	modos	de</p><p>ocupação	e	uso	do	espaço	com	o	corpo	(tais	como	sentar	com	apoio,	rastejar,</p><p>engatinhar,	escorregar,	caminhar	apoiando-se	em	berços,	mesas	e	cordas,	saltar,</p><p>escalar,	equilibrar-se,	correr,	dar	cambalhotas,	alongar-se	etc.).</p><p>FONTE: Brasil (2018 (p. 40-41).</p><p>Conforme o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil</p><p>(BRASIL,	1998,	p.	18):</p><p>O movimento para a criança pequena signifi ca muito mais do que</p><p>mexer partes do corpo ou deslocar-se no espaço. A criança se expressa</p><p>e se comunica por meio dos gestos e das mímicas faciais e interage</p><p>utilizando fortemente o apoio do corpo. A dimensão corporal integra-</p><p>se ao conjunto da atividade da criança. [...] Pode-se dizer que no início</p><p>do desenvolvimento predomina a dimensão subjetiva da motricidade,</p><p>que encontra sua efi cácia e sentido principalmente na interação como</p><p>meio social, junto às pessoas com quem a criança interage diretamente.</p><p>A internalização de sentimentos, emoções e estados íntimos poderão</p><p>encontrar na expressividade do corpo um recurso privilegiado.</p><p>168</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>O	terceiro	campo	de	experiência,	já	vem	chegando,	na	sequência:</p><p>TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS	–	Conviver	com	diferentes	manifesta-</p><p>ções	artísticas,	culturais	e	científi	cas,	locais	e	universais,	no	cotidiano	da	insti-</p><p>tuição	escolar,	possibilita	às	crianças,	por	meio	de	experiências	diversifi	cadas,</p><p>vivenciar	diversas	 formas	de	 expressão	 e	 linguagens,	 como	as	 artes	visuais</p><p>(pintura,	modelagem,	colagem,	fotografi	a	etc.),	a	música,	o	teatro,	a	dança	e</p><p>o	audiovisual,	entre	outras.	Com	base	nessas	experiências,	elas	se	expressam</p><p>por	várias	linguagens,	criando	suas	próprias	produções	artísticas	ou	culturais,</p><p>exercitando	a	autoria	(coletiva	e	individual)	com	sons,	traços,	gestos,	danças,</p><p>mímicas,	encenações,	canções,	desenhos,	modelagens,	manipulação	de	diver-</p><p>sos	materiais	e	de	recursos	tecnológicos.	Essas	experiências	contribuem	para</p><p>que,	desde	muito	pequenas,	as	crianças	desenvolvam	senso	estético	e	crítico,	o</p><p>conhecimento	de	si	mesmas,	dos	outros	e	da	realidade	que	as	cerca.	Portanto,</p><p>a	Educação	Infantil	precisa	promover	a	participação	das	crianças	em	tempos</p><p>e	espaços	para	a	produção,	manifestação	e	apreciação	artística,	de	modo	a	fa-</p><p>vorecer	o	desenvolvimento	da	sensibilidade,	da	criatividade	e	da	expressão</p><p>pessoal	das	crianças,	permitindo	que	se	apropriem	e	reconfi	gurem,	permanen-</p><p>temente,	a	cultura	e	potencializem	suas	singularidades,	ao	ampliar	repertórios</p><p>e	interpretar	suas	experiências	e	vivências	artísticas</p><p>FONTE: Brasil (2018 (p. 41).</p><p>FIGURA 52 – TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3YlQ1rE>. Acesso em: 30 maio 2021.</p><p>As	 crianças	 adoram	 cantar	 ou	 ouvir	música,	 certamente	 porque	 desde</p><p>muito	pequeninas	esta	linguagem	as	acompanha,	desde	as	canções	de	ninar	dos</p><p>pais	ao	gosto	musical	que	a	própria	família	lhes	impõe,	muitas	vezes	de	maneira</p><p>inconsciente.	Quanto	mais	estimulada	a	ouvir,	cantar	e	até	mesmo	tocar	diferentes</p><p>ritmos	musicais,	 maior	 será	 o	 desenvolvimento	 da	 criança;	 ela	 será	 capaz	 de</p><p>TÓPICO 4 — A EDUCAÇÃO INFANTIL NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC)</p><p>169</p><p>FIGURA 52 – TRAÇOS, SONS, CORES E FORMAS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/47jZJPe>. Acesso em: 30 maio 2021.</p><p>produzir	 sons	 com	o	próprio	 corpo	ou	 com	diferentes	 objetos,	 ampliando	 seu</p><p>repertório.	Por	isto,	é	importante	ao	educador	selecionar	músicas	de	qualidade,</p><p>como citamos anteriormente.</p><p>A	música	está	diretamente	ligada	à	sensibilidade,	à	expressão	e	à	alegria.</p><p>É	muito	importante	que	ofertemos	diferentes	oportunidades	de	apreciação	e	fazer</p><p>musical	para	as	crianças,	tais	como:	os	sons	da	natureza,	do	corpo,	de	diferentes</p><p>instrumentos	musicais,	de	jogos	cantados,	exploração	de	ritmos,	gestos,	canções</p><p>de	roda	ou	parlendas,	o	que	as	desenvolverá	social	e	intelectualmente.</p><p>A música tem que ser entendida como uma linguagem e não como</p><p>uma forma de estratégia para banalizá-la. Tem que mostrar um amplo</p><p>universo de sons para o aluno. Isso vai ajudá-lo a ampliar seus sen-</p><p>tidos, como a visão, o tato e, principalmente, a audição. Nosso pro-</p><p>pósito com essas aulas não é o de formar músicos profi ssionais, mas,</p><p>como música</p><p>é cultura, ela vai despertar nessa pessoa também o sen-</p><p>so crítico, fazendo com que esse indivíduo não aceite passivamente</p><p>todo esse material cultural descartável (LIMA apud LAGINSKI, 2012).</p><p>As	 artes	 plásticas	 ou	 visuais	 também	 compõem	 a	 lista	 de	 preferências</p><p>da criança na Educação Infantil. Quando ela tem a oportunidade de manusear</p><p>diferentes	materiais	 e	 criar	 suas	 próprias	 obras,	manifesta	 no	mesmo	 instante</p><p>uma	série	de	sentimentos,	ampliando,	assim,	sua	percepção	de	mundo.</p><p>De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil</p><p>(BRASIL,	1998,	p.	89):</p><p>Na infância as artes visuais estão presentes desde muito cedo. As crian-</p><p>ças rabiscam, desenham, mesmo que não tenham papéis e lápis. Utili-</p><p>zam-se do próprio corpo, usam gravetos, rabiscam na areia, mas já se</p><p>expressam através dessa linguagem. [...] as artes visuais devem ser con-</p><p>cebidas como uma linguagem que tem estrutura e características pró-</p><p>prias, (e ocorre) por meio da articulação dos aspectos: (a) fazer artístico</p><p>– centrado na exploração, expressão e comunicação de produção de</p><p>trabalhos de arte [...]; (b) apreciação – percepção do sentido que o obje-</p><p>to propõe [...] (c) refl exão – considerado tanto no fazer artístico quanto</p><p>na apreciação, é pensar sobre todos os conteúdos do objeto artístico [...].</p><p>170</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>Prezado	 acadêmico!	Vale	 lembrar	 que	 a	 criança	 se	 expressa	 através	do</p><p>desenho,	mas	que,	no	início,	ela	só	faz	“rabiscos”,	depois	passa	a	dar	formas	e</p><p>contornos.	Durante	todo	este	processo	ela	precisa	ser	compreendida	e	valorizada</p><p>para	que	exerça	de	forma	espontânea	e	saudável	sua	evolução.	Enquanto	educador,</p><p>ofereça	 o	 maior	 número	 de	 materiais	 artísticos	 à	 criança,	 dê-lhe	 autonomia</p><p>para	 criar	 e	 perceba	 que	 ela	 os	 experimentará	 com	 entusiasmo,	 criatividade	 e</p><p>imaginação,	que	lhe	são	tão	naturais.</p><p>E	por	falar	em	comunicação	e	expressão,	vem	aí	nosso	próximo	campo	de</p><p>experiência:</p><p>ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO	–	Desde	o	nascimento,</p><p>as	crianças	participam	de	situações	comunicativas	cotidianas	com	as	pessoas</p><p>com	as	quais	interagem.	As	primeiras	formas	de	interação	do	bebê	são	os	mo-</p><p>vimentos	do	seu	corpo,	o	olhar,	a	postura	corporal,	o	sorriso,	o	choro	e	outros</p><p>recursos	vocais,	que	ganham	sentido	com	a	interpretação	do	outro.	Progressi-</p><p>vamente,	as	crianças	vão	ampliando	e	enriquecendo	seu	vocabulário	e	demais</p><p>recursos	de	expressão	e	de	compreensão,	apropriando-se	da	língua	materna	–</p><p>que	se	torna,	pouco	a	pouco,	seu	veículo	privilegiado	de	interação.	Na	Educa-</p><p>ção	Infantil,	é	importante	promover	experiências	nas	quais	as	crianças	possam</p><p>falar	e	ouvir,	potencializando	sua	participação	na	cultura	oral,	pois	é	na	escuta</p><p>de	histórias,	na	participação	em	conversas,	nas	descrições,	nas	narrativas	ela-</p><p>boradas	 individualmente	 ou	 em	grupo	 e	 nas	 implicações	 com	 as	múltiplas</p><p>linguagens	que	a	criança	se	constitui	ativamente	como	sujeito	singular	e	per-</p><p>tencente a um grupo social.</p><p>Desde	 cedo,	 a	 criança	manifesta	 curiosidade	 com	 relação	 à	 cultura	 escrita:</p><p>ao	ouvir	e	acompanhar	a	leitura	de	textos,	ao	observar	os	muitos	textos	que</p><p>circulam	no	contexto	familiar,	comunitário	e	escolar,	ela	vai	construindo	sua</p><p>concepção	de	língua	escrita,	reconhecendo	diferentes	usos	sociais	da	escrita,</p><p>dos	gêneros,	suportes	e	portadores.	Na	Educação	Infantil,	a	 imersão	na	cul-</p><p>tura	escrita	deve	partir	do	que	as	crianças	conhecem	e	das	curiosidades	que</p><p>deixam	transparecer.	As	experiências	com	a	literatura	infantil,	propostas	pelo</p><p>educador,	mediador	entre	os	textos	e	as	crianças,	contribuem	para	o	desenvol-</p><p>vimento	do	gosto	pela	 leitura,	do	estímulo	à	imaginação	e	da	ampliação	do</p><p>conhecimento	de	mundo.	Além	disso,	o	contato	com	histórias,	contos,	fábulas,</p><p>poemas,	cordéis	etc.	propicia	a	familiaridade	com	livros,	com	diferentes	gêne-</p><p>ros	literários,	a	diferenciação	entre	ilustrações	e	escrita,	a	aprendizagem	da	di-</p><p>reção	da	escrita	e	as	formas	corretas	de	manipulação	de	livros.	Nesse	convívio</p><p>com	textos	escritos,	as	crianças	vão	construindo	hipóteses	sobre	a	escrita	que</p><p>se	revelam,	inicialmente,	em	rabiscos	e	garatujas	e,	à	medida	que	vão	conhe-</p><p>cendo	letras,	em	escritas	espontâneas,	não	convencionais,	mas	já	indicativas	da</p><p>compreensão	da	escrita	como	sistema	de	representação	da	língua.</p><p>Fonte: Brasil (2018, p. 42).</p><p>TÓPICO 4 — A EDUCAÇÃO INFANTIL NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC)</p><p>171</p><p>A fala	é	o	principal	veículo	de	comunicação	entre	a	criança,	os	familiares,</p><p>professores	 e	 colegas.	 Por	 meio	 da	 fala,	 a	 criança	 expressa	 seus	 sentimentos,</p><p>desejos	ou	angústias.</p><p>Este	 desenvolvimento	 pode	 acontecer	 através	 de	 conversas	 informais</p><p>(roda	da	conversa)	ou	planejadas,	como	numa	entrevista	ou	apresentação.	Deve-se</p><p>proporcionar	estes	momentos	em	sala	de	aula	ou	mesmo	fora	dela,	e	é	importante</p><p>incentivar	que	todos	falem,	que	todos	opinem,	que	manifestem	seus	interesses	e</p><p>que	saibam	compartilhar	como	grupo	o	que	pensam	e	o	que	sentem	a	respeito	de</p><p>determinado	assunto,	fazendo-se	compreender.	Neste	tipo	de	atividade,	exercita-</p><p>se	também	a	escuta,	outro	fator	determinante	na	aprendizagem.</p><p>Enquanto	a	 criança	 fala	 e	 é	ouvida	pelos	 colegas	 e	pela	professora,	 ela</p><p>sente-se	importante,	ampliando	sua	leitura	de	mundo,	apropriando-se	de	novos</p><p>conceitos e aumentando sua capacidade de argumentação.</p><p>Na	roda	da	conversa,	enquanto	a	criança	narra	seu	fi	nal	de	semana,	por</p><p>exemplo,	 é	 possível	 descobrir	muitas	 coisas	 a	 respeito	 de	 uma	 rotina	 familiar</p><p>tranquila	 ou	 de	 uma	 convivência	 familiar	 complicada,	 que,	 porventura,	 esteja</p><p>afetando	a	vida	desta	criança.	Enquanto	relata,	ela	expressa	desejos,	sentimentos,</p><p>medos,	abusos,	enfi	m,	fatos	reais	do	seu	dia	a	dia.</p><p>Temos	que	fi	car	bem	atentos	aos	“sinais”	que	as	crianças	nos	dão	e	criar</p><p>um	ambiente	que	valorize	e	incentive	o	diálogo	e	a	livre	expressão	da	criança.</p><p>FIGURA 54 – A CONVERSA DURANTE A BRINCADEIRA</p><p>FONTE: <http://www.marupiara.com.br>. Acesso em: 12 maio 2012.</p><p>A	 leitura	 também	 faz	parte	 da	 linguagem	oral,	 e	 não	 é	 só	 à	 leitura	de</p><p>livros	que	estamos	nos	referindo,	existe	a	leitura	de	mundo	(pessoas,	ambientes,</p><p>espaços),	de	objetos,	de	imagens	ou	de	músicas,	que	ajudarão	no	de	senvolvimento</p><p>da criança.</p><p>172</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>FIGURA 55 – LEITURA DE IMAGEM</p><p>FONTE: <bit.ly/3KnUJzt>. Acesso em: 12 maio 2012.</p><p>Para	 desenvolver	 crianças	 leitoras,	 é	 preciso	 que	 o	 educador	 seja</p><p>apaixonado	pelos	livros	e	faça	da	leitura	uma	atividade	diária,	desde	aEducação</p><p>Infantil.	Para	 isso,	 faz-se	necessário	 ter	um	bom	acervo	 literário	na	 instituição,</p><p>se	possível	montar	um	cantinho de leitura	dentro	da	própria	sala	de	aula,	onde</p><p>as crianças tenham oportunidade de manusear diferentes materiais impressos</p><p>como:	livros,	revistas,	jornais,	panfl	etos	etc.	Sabemos	que	a	maioria	das	crianças</p><p>de	creche	e	pré-escola	ainda	não	lê	o	código	escrito,	por	isso	esta	tarefa	cabe	ao</p><p>educador,	mas	é	muito	interessante	deixá-las	manusear	os	diferentes	materiais,</p><p>observar	a	imagens	e	levar	as	obras	preferidas	paracasa.</p><p>Ao	 escolher	 o	 livro	que	 lerá	para	 a	 turma,	nunca	 se	 esqueça,	 futuro(a)</p><p>educador(a),	de	que	você	precisa	preparar	a	leitura	com	antecedência,	para	que</p><p>possa	dar	a	devida	entonação	à	história.	Crianças	amam	histórias	bem	contadas	e</p><p>não	é	legal	fazer	feio	nesta	hora,	concorda?</p><p>Em relação à linguagem escrita,	 é	 possível	 afi	rmar	 que	 ela	 acontece</p><p>naturalmente,	dentro	do	processo	construído	com	a	criança	até	então.	A	criança</p><p>da	Educação	Infantil	vai	avançando	em	sua	etapa	alfabética	à	medida	que	mantém</p><p>contato	com	as	letras	e	com	os	livros,	num	mundo	de	descobertas	e	aprendizagens.</p><p>A escrita é um produto da cultura humana e se insere no percurso</p><p>do desenvolvimento da função simbólica. Portanto, a criança, para</p><p>adquiri-la precisa efetivar uma série de realizações</p><p>do domínio da</p><p>Mesmo	sem	ler	o	código	escrito,	a	criança	pode	abrir	um	livro	ou	revista</p><p>e	inventar	a	história	a	partir	das	imagens	que	vê	e	do	conhecimento	prévio	que</p><p>possui.	Quem	nunca	 se	 encantou	 vendo	uma	 criança	 com	um	 livro	 nas	mãos</p><p>lendo	as	imagens	como	se	lesse	realmente	a	história?</p><p>TÓPICO 4 — A EDUCAÇÃO INFANTIL NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC)</p><p>173</p><p>FIGURA 56 – LINGUAGEM ORAL E ESCRITA</p><p>FONTE: <bit.ly/45cVmUy>. Acesso em: 13 maio 2012.</p><p>função simbólica. Uma delas é ser capaz de dar signifi cado a uma</p><p>forma, capacidade que ela adquire realizando colagens, dobradura,</p><p>desenho, brincadeiras, principalmente, de faz de conta e outras que</p><p>incluem especifi camente a representação. A partir disto, podemos</p><p>afi rmar que a escrita é uma linguagem em construção na criança</p><p>pequena. Exercendo as atividades próprias do desenvolvimento</p><p>da função simbólica – o desenho, a narrativa pelo movimento e a</p><p>narrativa oral – a criança estará construindo as bases, por assim dizer,</p><p>necessárias para a leitura e para a escrita (LIMA, 2002, p. 28).</p><p>Conforme	 a	 imagem	 anterior,	 pode-se	 trabalhar	 com	 letras	 móveis,</p><p>cartelas	ou	listas	de	palavras	oferecendo	reais	possibilidades	de	escrita	e	leitura</p><p>enquanto	as	crianças	brincam	e	interagem	com	os	colegas.</p><p>E,	para	fechar	nosso	ciclo	de	apresentação	dos	campos	de	experiências,</p><p>teremos:</p><p>ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES</p><p>–	As	crianças	vivem	inseridas	em	espaços	e	tempos	de	diferentes	dimensões,	em</p><p>um	mundo	constituído	de	fenômenos	naturais	e	socioculturais.	Desde	muito</p><p>pequenas,	 elas	procuram	 se	 situar	 em	diversos	 espaços	 (rua,	 bairro,	 cidade</p><p>etc.)	e	tempos	(dia	e	noite;	hoje,	ontem	e	amanhã	etc.).	Demonstram	também</p><p>curiosidade	sobre	o	mundo	físico	(seu	próprio	corpo,	os	fenômenos	atmosféricos,</p><p>os	animais,	as	plantas,	as	transformações	da	natureza,	os	diferentes	tipos	de</p><p>materiais e as possibilidades de sua manipulação etc.) e o mundo sociocultural</p><p>(as	relações	de	parentesco	e	sociais	entre	as	pessoas	que	conhece;	como	vivem</p><p>e	 em	que	 trabalham	 essas	 pessoas;	 quais	 suas	 tradições	 e	 seus	 costumes;	 a</p><p>174</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>diversidade	 entre	 elas	 etc.).	 Além	 disso,	 nessas	 experiências	 e	 em	 muitas</p><p>outras,	as	crianças	também	se	deparam,	frequentemente,	com	conhecimentos</p><p>matemáticos	 (contagem,	 ordenação,	 relações	 entre	 quantidades,	 dimensões,</p><p>medidas,	comparação	de	pesos	e	de	comprimentos,	avaliação	de	distâncias,</p><p>reconhecimento	de	 formas	geométricas,	 conhecimento	 e	 reconhecimento	de</p><p>numerais	 cardinais	 e	 ordinais	 etc.)	 que	 igualmente	 aguçam	 a	 curiosidade.</p><p>Portanto,	 a	 Educação	 Infantil	 precisa	 promover	 experiências	 nas	 quais	 as</p><p>crianças	possam	fazer	observações,	manipular	objetos,	 investigar	e	explorar</p><p>seu	entorno,	levantar	hipóteses	e	consultar	fontes	de	informação	para	buscar</p><p>respostas	às	suas	curiosidades	e	indagações.	Assim,	a	instituição	escolar	está</p><p>criando	oportunidades	para	que	as	crianças	ampliem	seus	conhecimentos	do</p><p>mundo	físico	e	sociocultural	e	possam	utilizá-los	em	seu	cotidiano.</p><p>FONTE: Brasil (2018, p. 42-43).</p><p>As	crianças	têm	verdadeiro	fascínio	pela	natureza	e	estabelecem	com	ela</p><p>laços	de	afetividade.	Este	é,	 sem	dúvida	alguma,	o	assunto	de	maior	 interesse</p><p>e	 curiosidade	 das	 crianças,	 que,	 com	o	 auxílio	 do	 educador,	 pode	 possibilitar</p><p>descobertas,	questionamentos,	experiências	e	diferentes	formas	deinvestigações.</p><p>De	acordo	com	Tiriba	(2005	apud	BRASIL,	2006c,	p.	17-18):</p><p>Da mesma forma que defendemos uma perspectiva educacional que</p><p>respeite a diversidade cultural e promova o enriquecimento perma-</p><p>nente do universo de conhecimentos, atentamos para a necessida-</p><p>de de adoção de estratégias educacionais que permitam às crianças,</p><p>desde bebês, usufruírem da natureza, observarem e sentirem o vento,</p><p>brincarem com água e areia, atividades que se tornam especialmente</p><p>relevantes se considerarmos que as crianças ficam em espaços inter-</p><p>nos às construções na maior parte do tempo em que se encontram</p><p>nas instituições de Educação Infantil. Criando condições para que as</p><p>crianças desfrutem da vida ao ar livre, aprendam a conhecer o mun-</p><p>do da natureza em que vivemos, compreendam as repercussões das</p><p>ações humanas nesse mundo e sejam incentivadas em atitudes de</p><p>preservação e respeito à biodiversidade, estaremos difundindo uma</p><p>concepção de educação em que o ser humano éparte da natureza e</p><p>não seu dono e senhor absoluto.</p><p>TÓPICO 4 — A EDUCAÇÃO INFANTIL NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC)</p><p>175</p><p>FIGURA 57 – NATUREZA</p><p>FIGURA 58 – DIA DE CHUVA</p><p>FONTE: <https://bit.ly/454KCri>. Acesso em: 14 maio 2020.</p><p>FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/450148925251845009/>. Acesso em: 30 maio 2021.</p><p>As	crianças	percebem	a	natureza	enquanto	observam	o	voo	dos	pássaros</p><p>ou	borboletas,	enquanto	experimentam	a	textura	de	folhas,	enquanto	sentem	o</p><p>perfume	das	fl	ores	e	até	mesmo	enquanto	vigiam	o	caminhar	das	formigas.</p><p>As	 crianças	 têm	 mais	 tempo	 e	 maior	 sensibilidade	 para	 observar	 os</p><p>pequenos	 animais	 do	 jardim,	 para	 sentirem	 a	 brisa	 no	 rosto	 ou	 a	 garoa	 nos</p><p>cabelos.	Para	elas,	nem	o	sol	é	tão	forte	que	as	impeça	de	brincar	e	nem	a	chuva</p><p>tão	prejudicial	à	saúde,	como	dizem	os	adultos.	Sujar	os	pés	na	lama,	encher	os</p><p>olhos de areia ou fartar-se de tanto rolar na grama faz parte do show,	conhecido</p><p>por	elas	como	vida.</p><p>176</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>Nos	 primeiros	 anos	 de	 vida,	 a	 criança	 vai	 aprendendo	 inúmeras</p><p>possibilidades	sobre	o	mundo	que	está	a	 sua	volta,	 com	suas	cores	e	 texturas.</p><p>Aos	poucos,	ela	vai	estabelecendo	contatos	com	a	natureza	e	construindo	novos</p><p>conhecimentos.	Percebe	que	a	natureza	interage	com	ela	e	vice-versa.	Compreende</p><p>que	 os	 outros	 também	 participam	 desta	 comunhão	 e	 que	 são	 igualmente</p><p>responsáveis	 pela	 natureza.	 Surge,	 neste	 momento,	 a	 noção	 de	 sociedade	 e,</p><p>junto	com	ela,	a	corresponsabilidade	em	relação	aos	cuidados	com	a	vida,	com	o</p><p>próximo	e	com	a	natureza.</p><p>É	 fundamental,	 prezado	 acadêmico,	 que,	 enquanto	 educadores,	 nos</p><p>esforcemos	 para	 despertar	 nas	 crianças	 a	 consciência	 de	 que	 todos	 somos</p><p>responsáveis	pelas	questões	ambientais.	Esta	consciência	precisa	ser	estimulada</p><p>nas	crianças	desde	bem	pequeninas	e	nas	pequenas	atitudes	do	dia	a	dia,	quer</p><p>sejam	em	relação	à	questão	do	lixo,	do	desperdício,	dos	cuidados	com	a	água,</p><p>como	com	os	animais,	com	as	plantas,	com	o	solo,	com	o	ar,	pequenas	ações	que</p><p>poderão	salvar	o	planeta.</p><p>E	qual	é	a	melhor	maneira	de	fazer	tudo	isso?	Nossa	dica	é	a	de	formar</p><p>sujeitos	 que	 percebam	 o	 quanto	 precisam	 dos	 recursos	 naturais	 para	 sua</p><p>sobrevivência.	Sujeitos	que,	desde	a	Educação	Infantil,	aprendam	a	pesquisar,	a</p><p>ser	críticos,	reflexivos	e	participativos,	que	saibam	tomar	decisões	e	desenvolver</p><p>ações	humanas	em	favor	da	vida	e	do	planeta.</p><p>Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil</p><p>(BRASIL,	1998,	p.	172):</p><p>Dada a grande diversidade de temas que este eixo oferece, é preciso</p><p>estruturar o trabalho de forma a escolher os assuntos mais relevantes</p><p>para as crianças e o seu grupo social. As crianças devem, desde pe-</p><p>quenas, ser instigadas a observar fenômenos, relatar acontecimentos,</p><p>formular hipóteses, prever resultados para experimentos, conhecer</p><p>diferentes contextos históricos e sociais, tentar localizá-los no espaço</p><p>e no tempo. Podem também trocar ideias e informações, debatê-las,</p><p>confrontá-las, distingui-las e representá-las, aprendendo, aos poucos,</p><p>como se produz um conhecimento novo ou por que as ideias mu-</p><p>dam ou permanecem.</p><p>TÓPICO 4 — A EDUCAÇÃO INFANTIL NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC)</p><p>177</p><p>FIGURA 59 – CRIANÇA E CIÊNCIA</p><p>FIGURA 60 – GEOMETRIA COM BOTÕES</p><p>FONTE: <http://www.ioc.fi ocruz.br/pages/informerede/corpo/informeemail/2007/2308/DSCF3132.</p><p>jpg >. Acesso em: 14 maio 2020.</p><p>Além	de	abordar	a	natureza,</p><p>este	campo	de	experiência	também	envolve</p><p>a	matemática,	percebeu?</p><p>Por	mais	incrível	que	possa	parecer,	a	matemática	surge	muito	cedo	na</p><p>vida	da	 criança,	que	é	 capaz	de	 realizar	uma	série	de	 raciocínios	matemáticos</p><p>(a	 sua	 maneira,	 é	 lógico):	 resolver	 pequenos	 problemas,	 efetuar	 contagens,</p><p>agrupamentos	ou	seriações	e,	para	isso,	utiliza	muitas	vezes	o	próprio	corpo	ou</p><p>pequenos	objetos,	tais	como	pedrinhas	ou	botões.</p><p>Os	jogos	e	brincadeiras	que	envolvem	regras,	noções	espaciais	(em	cima,</p><p>embaixo,	 atrás),	 conceitos,	 organização,	 sequência,	 geometria	 e	 contagem	 oral</p><p>são	 excelentes	 recursos	 para	 a	 construção	 de	 conhecimentos	matemáticos	 que</p><p>poderão	se	dar,	naturalmente,	enquanto	brincam.</p><p>FONTE: <http://4.bp.blogspot.com/_8rEk4KQ5lSY/SlkhB5uJqHI/AAAAAAAABow/dg9n3RsnWNM/</p><p>s320/mat4.gif>. Acesso em: 14 maio 2020.</p><p>178</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>Jogos	 de	 encaixe,	 brinquedos	de	 empilhar	 ou	 ordenar,	 quebra-cabeças,</p><p>jogos	 da	 memória	 ou	 de	 formas	 geométricas	 são	 sempre	 bem-vindos	 para	 o</p><p>trabalho	com	este	importante	eixo,	pois	ensinam	na	prática	o	que	ainda	é	abstrato</p><p>na teoria.</p><p>Sobre	isso,	Smole	(2003,	p.	9-13)	afi	rma	que:</p><p>As crianças devem perceber que é bom ser capaz de explicar e jus-</p><p>tifi car seu raciocínio e que saber como resolver um problema é tão</p><p>importante quanto obter sua solução. Esse processo exige que as ati-</p><p>vidades contemplem oportunidades para as crianças aplicarem sua</p><p>capacidade de raciocínio e justifi carem seus próprios pensamentos</p><p>durante a tentativa de resolução dos problemas que se colocam.</p><p>Acreditamos que, desde a escola infantil, as crianças podem perceber</p><p>que as ideias matemáticas encontram-se inter-relacionadas e que a</p><p>matemática não está isolada das demais áreas do conhecimento.</p><p>FIGURA 61 – JOGOS DE MATEMÁTICA</p><p>FONTE: <http://3.bp.blogspot.com/_xL0ZYbhJME8/TAQ91CI0jDI/AAAAAAAAARI/3NOZP6G_NxA/</p><p>s400/Creche+009.JPG >. Acesso em: 14 maio 2020.</p><p>Prezado	acadêmico!	As	crianças	adoram	os	números	e	eles	estão	em	toda</p><p>parte:	nos	jogos,	brincadeiras,	músicas	infantis,	histórias,	enfi	m,	eles	fazem	parte</p><p>do cotidiano das crianças.</p><p>Cabe	 a	 todos	 nós,	 educadores,	 estimular	 e	 fortalecer	 os	 laços	 entre	 a</p><p>matemática	 e	 a	 vida	 real	 das	 crianças.	 Sejamos	 criativos	 e	 aproveitemos	 ao</p><p>máximo	 todos	os	 recursos	existentes,	 além	de	uma	boa	dose	de	 criatividade	e</p><p>imaginação,	 para	 levar	 nossas	 crianças	 a	 pensar,	 exercitar	 o	 raciocínio	 lógico,</p><p>formular	 respostas	e	não	apenas	 reproduzir	 respostas	prontas;	 criar	e	 resolver</p><p>situações	problemas	e	comunicar-se	matematicamente	com	o	mundo	a	sua	volta.</p><p>TÓPICO 4 — A EDUCAÇÃO INFANTIL NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC)</p><p>179</p><p>QUADRO 7 – FAIXAS ETÁRIAS</p><p>FONTE: a autora</p><p>Se você se considera um futuro educador, leitor ou pesquisador, e está</p><p>interessado em saber mais a respeito de como trabalhar a resolução de problemas com as</p><p>crianças pequenas, confira esta dica de leitura:</p><p>• SMOLE, S. K; DINIZ, I. M; CÂNDIDO, P. Resolução de problemas: matemática de 0 a 6</p><p>anos. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.</p><p>DICAS</p><p>Agora	que	você	 já	 sabe	um	pouco	mais	 sobre	 cada	um	dos	campos	de</p><p>experiências,	reforçamos	que	os	objetivos	de	aprendizagem	e	desenvolvimento</p><p>são	separados	em	cada	um	destes	cinco	campos,	em	três	grupos,	por	faixa	etária,</p><p>assim	divididos:</p><p>CRECHE PRÉ-ESCOLA</p><p>Bebês</p><p>(zero a um ano e</p><p>seis meses)</p><p>Crianças bem pequenas</p><p>(um ano e sete meses a três</p><p>anos e onze meses)</p><p>Crianças pequenas</p><p>(quatro anos a cinco anos e</p><p>onze meses)</p><p>4 A TRANSIÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O ENSINO</p><p>FUNDAMENTAL</p><p>Para	 que	 as	 crianças	 superem	 com	 sucesso	 os	 desafios	 da	 transição,	 é</p><p>indispensável	um	equilíbrio	entre	as	mudanças	introduzidas,	a	continuidade	das</p><p>aprendizagens	e	o	acolhimento	afetivo,	de	modo	que	a	nova	etapa	se	construa</p><p>com	base	no	que	os	educandos	sabem	e	são	capazes	de	fazer,	evitando,	assim,	a</p><p>fragmentação	e	a	descontinuidade	do	trabalho	pedagógico	(BRASIL,	2017,	p.	51).</p><p>Pensando	nisso	e	considerando	os	direitos	e	os	objetivos	de	aprendizagem</p><p>e	desenvolvimento,	a	BNCC	apresenta	uma	síntese	das	aprendizagens	esperadas</p><p>em	cada	um	dos	campos	de	experiências,	para	que	todo	o	processo	iniciado	na</p><p>educação infantil possa ser ampliado e aprofundado. Acompanhe:</p><p>180</p><p>UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS</p><p>QUADRO 8 – SÍNTESE DAS APRENDIZAGENS</p><p>SÍNTESE DAS APRENDIZAGENS</p><p>O eu, o outro e o</p><p>nós</p><p>Respeitar e expressar sentimentos e emoções; atuar em</p><p>grupo	e	demonstrar	interesse	em	construir	novas	relações,</p><p>respeitando	a	diversidade	 e	 solidarizando-se	 com	os	ou-</p><p>tros;	conhecer	e	respeitar	regras	de	convívio	social,	mani-</p><p>festando respeito pelo outro.</p><p>Corpo, gestos e</p><p>movimentos</p><p>Reconhecer a importância de ações e situações do cotidia-</p><p>no	que	contribuem	para	o	cuidado	de	sua	saúde	e	a	manu-</p><p>tenção	de	ambientes	saudáveis;	apresentar	autonomia	nas</p><p>práticas	 de	 higiene,	 alimentação,	 vestir-se	 e	 no	 cuidado</p><p>com	seu	bem-estar,	valorizando	o	próprio	corpo;	utilizar	o</p><p>corpo	intencionalmente	(com	criatividade,	controle	e	ade-</p><p>quação)	como	instrumento	de	interação	com	o	outro	e	com</p><p>o meio; coordenar suas habilidades manuais.</p><p>Traços, sons, cores</p><p>e formas</p><p>Discriminar os diferentes tipos de sons e ritmos e interagir</p><p>com	a	música,	percebendo-a	como	forma	de	expressão	in-</p><p>dividual	e	coletiva;	expressar-se	por	meio	das	artes	visuais,</p><p>utilizando diferentes materiais; relacionar-se com o outro</p><p>empregando	 gestos,	 palavras,	 brincadeiras,	 jogos,	 imita-</p><p>ções,	observações	e	expressão	corporal.</p><p>Escuta, fala,</p><p>pensamento e</p><p>imaginação</p><p>Expressar	 ideias,	desejos	e	sentimentos	em	distintas	situa-</p><p>ções	de	interação,	por	diferentes	meios;	argumentar	e	relatar</p><p>fatos	oralmente,	em	sequência	temporal	e	causal,	organizan-</p><p>do	e	adequando	sua	fala	ao	contexto	em	que	é	produzida;</p><p>ouvir,	compreender,	contar,	recontar	e	criar	narrativas;	co-</p><p>nhecer	 diferentes	 gêneros	 e	 portadores	 textuais,	 demons-</p><p>trando compreensão da função social da escrita e reconhe-</p><p>cendo a leitura como fonte de prazer e informação.</p><p>Espaços, tempos,</p><p>quantidades,</p><p>relações e</p><p>transformações</p><p>Identificar,	 nomear	 adequadamente	 e	 comparar	 as</p><p>propriedades	dos	objetos,	estabelecendo	relações	entre	eles;</p><p>interagir	com	o	meio	ambiente	e	com	fenômenos	naturais</p><p>ou	 artificiais,	 demonstrando	 curiosidade	 e	 cuidado	 com</p><p>relação	 a	 eles;	 utilizar	 vocabulário	 relativo	 às	 noções	 de</p><p>grandeza	(maior,	menor,	igual	etc.),	espaço	(dentro	e	fora)</p><p>e	medidas	 (comprido,	 curto,	 grosso,	 fino)	 como	meio	de</p><p>comunicação	 de	 suas	 experiências;	 utilizar	 unidades	 de</p><p>medida	(dia	e	noite;	dias,	semanas,	meses	e	ano)	e	noções	de</p><p>tempo	(presente,	passado	e	futuro;	antes,	agora	e	depois),</p><p>para	 responder	 a	 necessidades	 e	 questões	 do	 cotidiano;</p><p>identificar	e	registrar	quantidades	por	meio	de	diferentes</p><p>formas	de	 representação	 (contagens,	desenhos,	 símbolos,</p><p>escrita	de	números,	organização	de	gráficos	básicos	etc.).</p><p>FONTE: a autora</p><p>TÓPICO 4 — A EDUCAÇÃO INFANTIL NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC)</p><p>181</p><p>Atenção:	 estes	 objetivos	 não	 são	 pré-requisitos	 para	 o	 acesso	 ao	 ensino</p><p>fundamental,	são	apenas	objetivos	a	serem	explorados	na	educação	infantil	e</p><p>ampliados	no	decorrer	do	processo	formativo	dos	estudantes.</p><p>É	com	esta	reflexão	que	encerramos	o	tópico	e	o	convidamos	a	ler	a	BNCC</p><p>para	a	Educação	Infantil,	na	íntegra,	pois	os	Campos	de	Experiências	apresentam</p><p>objetivos	de	 aprendizagem	e	desenvolvimento,	de	maneira	muito	 interessante</p><p>e	 completa,	 porém	não	 há	 como	 abordá-la	 inteira	 neste	 Livro	Didático,	 não	 é</p><p>mesmo?</p><p>Permaneça	firme	em	seus	estudos,	rumo	à	Unidade	3,	na	qual	falaremos</p><p>um	 pouco	mais	 sobre	 a	 brincadeira,	 a	 linguagem	 corporal,	 musical	 e	 afetiva,</p><p>dentro	da	abordagem	de	Reggio	Emília.	Agradecemos	sua	companhia!	Siga	em</p><p>frente,	com	o	mesmo	empenho	e	dedicação!</p><p>182</p><p>RESUMO DO TÓPICO</p><p>4</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• Os	eixos	estruturantes	das	práticas	pedagógicas	da	Educação	Infantil	são	as</p><p>interações	e	a	brincadeira,	“experiências	nas	quais	as	crianças	podem	construir</p><p>e apropriar-se de conhecimentos por meio de suas ações e interações com seus</p><p>pares	e	com	os	adultos,	o	que	possibilita	aprendizagens,	desenvolvimento	e</p><p>socialização”	(BRASIL,	2018,	p.	35).</p><p>• Enquanto	a	criança	brinca,	desenvolve:	autonomia,	criatividade,	identidade,</p><p>imaginação,	imitação,	senso	de	justiça,	convivência	e	socialização.</p><p>• Enquanto	brinca,	ela	aprende	 também:	a	ouvir	a	opinião	do	outro;	esperar</p><p>a	vez	de	 falar	 ou	de	 jogar;	 a	 	 ceder	de	vez	 em	quando;	 respeitar	 o	grupo;</p><p>cooperar e a cumprir regras.</p><p>• Enquanto	 se	movimenta,	 a	 criança	 é	 capaz	de	 expressar	 seus	 sentimentos,</p><p>quer	sejam	eles	manifestados	por	gestos,	emoções	ou	por	postura	corporal;</p><p>• Quanto	mais	estimulada	a	ouvir,	cantar	e	até	mesmo	tocar	diferentes	ritmos</p><p>musicais,	maior	será	o	desenvolvimento	da	criança.</p><p>• A	música	está	diretamente	ligada	à	sensibilidade,	à	expressão	e	à	alegria.</p><p>• A	 fala	 é	 o	principal	 veículo	de	 comunicação	 entre	 a	 criança,	 os	 familiares,</p><p>professores	 e	 colegas.	 Por	meio	 dela,	 a	 criança	 expressa	 seus	 sentimentos,</p><p>desejos	ou	angústias.</p><p>• Para	desenvolver	crianças	leitoras,	é	preciso	que	o	educador	seja	apaixonado</p><p>pelos	livros	e	faça	da	leitura	uma	atividade	diária,	desde	a	Educação	Infantil.</p><p>• As	crianças	percebem	a	natureza	enquanto	observam	o	voo	dos	pássaros	ou</p><p>borboletas,	enquanto	experimentam	a	textura	de	folhas,	enquanto	sentem	o</p><p>perfume	das	flores	e	até	mesmo	enquanto	vigiam	o	caminhar	das	formigas.</p><p>• É	 preciso	 formar	 sujeitos	 que	 percebam	 o	 quanto	 precisam	 dos	 recursos</p><p>naturais	 para	 sua	 sobrevivência.	 Sujeitos	 que,	 desde	 a	 Educação	 Infantil,</p><p>aprendam	a	pesquisar,	a	ser	críticos,	reflexivos	e	participativos,	que	saibam</p><p>tomar	decisões	e	desenvolver	ações	humanas	em	favor	da	vida	e	do	planeta.</p><p>183</p><p>• Os	 jogos	 e	 brincadeiras	 que	 envolvem	 regras,	 noções	 espaciais	 (em	 cima,</p><p>embaixo,	atrás),	conceitos,	organização,	sequência,	geometria	e	contagem	oral</p><p>são	excelentes	recursos	para	a	construção	de	conhecimentos	matemáticos	que</p><p>poderão	se	dar,	naturalmente,	enquanto	brincam.</p><p>• Jogos	de	encaixe,	brinquedos	de	empilhar	ou	ordenar,	quebra-cabeças,	jogos	da</p><p>memóriaoudeformasgeométricassãosemprebem-vindosparaotrabalhocom</p><p>este	importante	eixo,	pois	ensinam	na	prática	o	que	ainda	é	abstrato	na	teoria.</p><p>• Os	 seis	 direitos	 de	 aprendizagem	 e	 desenvolvimento	 “asseguram	 ,	 na</p><p>educação	infantil,	as	condições	para	que	as	crianças	aprendam	em	situações</p><p>nas	 quais	 possam	 desempenhar	 um	 papel	 ativo	 em	 ambientes	 que	 as</p><p>convidem	a	vivenciar	desafios	e	a	sentirem-se	provocadas	a	resolvê-los,	nas</p><p>quais	possam	construir	significados	sobre	si,	os	outros	e	 	o	mundo	social	e</p><p>natural”	(BRASIL,	2018,	p.	35).</p><p>• Os		objetivos	de	aprendizagem	e	desenvolvimento	da	Educação	Infantil	não</p><p>são	pré-requisitos	para	o	acesso	ao	ensino	fundamental,	são	apenas	objetivos</p><p>a serem explorados na educação infantil e ampliados no decorrer do processo</p><p>formativo	dos	estudantes.</p><p>Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem</p><p>pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao</p><p>AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.</p><p>CHAMADA</p><p>184</p><p>1	 Desafio	–	procure	entrevistar	a	diretora	ou	coordenadora	de	uma	creche</p><p>para	conhecer	quais	são	as	doenças	mais	comuns	nas	diferentes	idades	das</p><p>crianças e nos diferentes momentos do ano. Compartilhe com seus colegas</p><p>de	sala,	no	próximo	encontro,	o	resultado	de	sua	pesquisa.</p><p>a)	Faça	uma	lista	contendo	cinco	vantagens	de	se	trabalhar	a	brincadeira	e	os</p><p>jogos	infantis	como	recursos	pedagógicos.</p><p>b)	Faça	uma	lista	das	vantagens	de	se	trabalhar	a	música	e	a	dança	na	rotina</p><p>escolar.</p><p>2	 Em	conformidade	com	a	Base	Nacional	Comum	Curricular	(BRASIL,	2018,</p><p>p.	 37)	 ,	 existem	dois	eixos	estruturantes	das	práticas	pedagógicas	para	a</p><p>Educação	 Infantil.	 Por	 meio	 destes	 eixos,	 desenvolvem-se	 experiências</p><p>nas	 quais	 as	 crianças	podem	 construir	 e	 apropriar-se	de	 conhecimentos,</p><p>aprendizagens	e	trocas.	Diante	disso,	assinale	a	alternativa	que	apresenta</p><p>corretamente os dois eixos estruturantes:</p><p>a) ( ) Brincadeiras e aprendizagem</p><p>b) ( ) Interações e socialização</p><p>c) ( ) interações e brincadeira</p><p>d) ( ) socializações e aprendizagem</p><p>3	 De	 acordo	 com	 a	 BNCC	 (2018,	 p.	 37)	 ,	 existem	 seis	 (6)	 direitos	 de</p><p>aprendizagem	e	desenvolvimento	que	asseguram,	na	educação	infantil,	as</p><p>condições	para	que	as	crianças	aprendam	em	situações	nas	quais	possam</p><p>desempenhar	 papel	 ativo	 em	 ambientes	 que	 as	 convidem	 a	 vivenciar</p><p>desafios	e	a	sentirem-se	provocadas	a	resolvê-los,	construindo	significados</p><p>sobre	si,	os	outros	e	o	mundo	social	e	natural.	Partindo	desta	informação,</p><p>assinale	a	alternativa	que	apresenta	corretamente	os	seis	(6)	direitos:</p><p>a)	(			)	ser,	viver,	brincar,	conhecer,	agir	e	aprender;</p><p>b)	(			)	aprender,	interagir,	crescer,	participar,	decidir	e	argumentar;</p><p>c)	(			)	conviver,	brincar,	participar,	explorar,	expressar	e	conhecer-se;</p><p>d)	(			)	conviver,	aprender,	interagir,	descobrir,	pensar	e	falar.</p><p>4	 Os	seis	direitos	de	aprendizagem	e	desenvolvimento	na	educação	infantil</p><p>precisam	 ser	 bem	 compreendidos.	 Neste	 sentido,	 apresentamos	 uma</p><p>pequena	síntese	de	cada	um	deles	para	que	você	faça	as	devidas	associações</p><p>entre	as	alternativas	a	seguir:</p><p>I-	 Conviver</p><p>II- Brincar</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>185</p><p>III- Participar</p><p>IV-	Explorar</p><p>V-	 Expressar</p><p>VI-	Conhecer-se</p><p>(			)	 Este	direito	envolve	o	contato	com	outras	crianças	e	adultos,	respeitando</p><p>a	diversidade	cultural	e	social;</p><p>(			)	 Este	direito	envolve	o	estar	junto	na	hora	do	planejamento	e	das	atividades</p><p>propostas	pelo	professor,	ajudando	nas	decisões;</p><p>(			)	 Este	direito	envolve	a	descoberta	e	a	ampliação	de	saberes	sobre	a	cultura</p><p>em	suas	diversas	modalidades;</p><p>(			)	 Este	direito	envolve	diferentes	formas,	espaços	e	tempos,	com	diferentes</p><p>parceiros	e	muitas	experiências	emocionais,	corporais	e	sensoriais;</p><p>(			)	 Este	direito	ajuda	na	construção	da	identidade	pessoal,	social	e	cultural,</p><p>na	instituição	escolar,	na	família	e	na	comunidade;</p><p>(			)	 Este	direito	se	utiliza	de	diferentes	linguagens	para	expressar	sentimentos,</p><p>dúvidas	e	opiniões.</p><p>186</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ARRIBAS,	T.	Educação infantil:	desenvolvimento,	currículo	e	organização	esco-</p><p>lar.	5.	ed.	Porto	Alegre:	Artmed,	2004.</p><p>BARBOSA,	M.	C.	S.	Por amor e por força: rotinas na educação infantil. Porto</p><p>Alegre:	Artmed,	2006.</p><p>BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Conselho Na-</p><p>cional de Educação. Base nacional comum curricular.	Brasília,	DF:	Ministério</p><p>da	Educação;	Secretaria	de	Educação	Básica;	Conselho	Nacional	de	Educação,</p><p>2018.	Disponível	em:	http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_</p><p>EF_110518_versaofinal_site.pdf.	Acesso	em:	2	ago.	2023.</p><p>BRASIL. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil.	Brasília:</p><p>MEC,	2010.</p><p>BRASIL. Parâmetros básicos de infraestrutura para instituições de educação</p><p>infantil:	encarte	1.	Brasília:	MEC,	2006a.</p><p>BRASIL. Parâmetros básicos de infraestrutura para instituições de educação</p><p>infantil. Brasília:	MEC,	2006b.</p><p>BRASIL.	Parecer	CNE/CEB	20/2009.	Revisão das Diretrizes Curriculares Na-</p><p>cionais para a Educação Infantil.	2009.	Disponível	em:	http://portal.mec.gov.br/</p><p>index.php?	option=com_content&view=article&id=12992:diretrizes-para-a-edu-</p><p>cacao-basica&catid=323:orgaos-vinculados.	Acesso	em:	10	maio	2012.</p><p>BRASIL. Referencial curricular nacional para a educação infantil.	[v.	1,	2,	3]</p><p>Brasília:	MEC,	1998.</p><p>CECCON,	C.;	O.,	M.	D.;	OLIVEIRA,	R.	D.	A vida na escola e a escola da vida.</p><p>Petrópolis:	Vozes;	lDAC,	1982.</p><p>FREIRE,	P.	Pedagogia da autonomia:	saberes	necessários	à	prática	educativa.</p><p>São	Paulo:	Paz	e	Terra,	1996.</p><p>HORN,	M.	G.	S.	O	papel	do	espaço	na	formação	e	na	transformação	do	educa-</p><p>dor infantil. Revista Criança do Professor de</p><p>Educação Infantil,	Brasília,	n.	38,</p><p>p.	27-30,	jan.	2005.</p><p>KAMII,	C.	A	autonomia	como	finalidade	da	educação:	implicações	da	teoriade</p><p>Piaget. In:	KAMII,	C.	A criança e o número: implicações educacionais da teoria de</p><p>Piaget	para	a	atuação	junto	a	escolares	de	4	a	6	anos.	São	Paulo:	Papirus,	1997	[1982].</p><p>187</p><p>KISHIMOTO,	T.	M.	Brinquedos e brincadeiras na educação infantil.	2010.</p><p>Disponível	em:	http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&-</p><p>view=download&alias=6672-brinquedosebrincadeiras&category_slug=setem-</p><p>bro-2010-pdf&Itemid=30192.	Acesso	em:	17	jul.	2012.</p><p>LAGINSKI,	F.	A importância da música na educação.	2012.	Disponível	em:</p><p>http://www.parana-online.com.br/editoria/almanaque/news/320514/.	Acesso</p><p>em:	12	maio	2012.</p><p>LIMA,	E.	S.	Quando a criança não aprende a ler e a escrever. São Paulo: Sobra-</p><p>dinho,	2002.</p><p>MOYLES,	J.	R.	(Org.).	Fundamentos da educação infantil: enfrentando o desa-</p><p>fio.	São	Paulo:	Artmed,	2010.</p><p>NASCIMENTO,	K.	S.	Desenvolvimento	infantil:	a	importância	de	brincar.	Re-</p><p>vista	Alô	Bebê,	São	Paulo,	n.	3,	2000.	Disponível	em:	https://www.alobebe.com.</p><p>br/revista/a-importancia-de-brincar.html,351.	Acesso	em:	30	maio.	2021.</p><p>OSTETTO,	L.	Encontros e encantamentos na educação infantil. 4. ed. São Pau-</p><p>lo:	Papirus,	2004.</p><p>PERES,	S.;	TATIT,	P.;	DEARDYK,	E.	Depois	de.	Intérpretes:	Sandra,	Paulo	e	Edi-</p><p>th.	In:	SANDRA;	PAULO;	EDITH.	Canções de ninar.	São	Paulo:	Eldorado,	1994.</p><p>[1	CD.	Faixa].</p><p>SMOLE,	K.	(Org.).	Figuras e formas.	Coleção	Matemática	de	0	a	6.	Porto	Alegre:</p><p>Artmed,	2003.</p><p>VYGOTSKY,	L.	S.	A formação social da mente.	4.	ed.	São	Paulo:	Martins	Fontes,</p><p>1991.</p><p>188</p><p>189</p><p>UNIDADE 3 —</p><p>AÇÃO E INTERAÇÃO PEDAGÓGICA</p><p>NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>PLANO DE ESTUDOS</p><p>A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:</p><p>• compreender que as múltiplas linguagens fazem parte da vida das</p><p>crianças na Educação Infantil;</p><p>•	 identificar	a	importância	da	afetividade	e	das	interações	no	relacionamento</p><p>com as crianças.</p><p>• aprofundar seu conhecimento a respeito dos projetos pedagógicos</p><p>desenvolvidos na Educação Infantil;</p><p>• reforçar a necessidade da observação, registro e avaliação formativa na</p><p>Educação Infantil.</p><p>Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,</p><p>você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo</p><p>apresentado.</p><p>TÓPICO 1 – A CRIANÇA E AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS</p><p>TÓPICO 2 – A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE E DAS INTERAÇÕES</p><p>NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>TÓPICO 3 – PROJETOS PEDAGÓGICOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>TÓPICO 4 – AVALIAÇÃO E REGISTRO NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos</p><p>em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá</p><p>melhor as informações.</p><p>CHAMADA</p><p>190</p><p>191</p><p>UNIDADE 3</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Desde que a criança nasce, ela é apresentada ao mundo. Imediatamente ela</p><p>comunica-se com ele, seja através do choro, do sorriso, do pedido de colo, da calma</p><p>aparente diante de uma canção de ninar ou até mesmo na forma de birra infantil.</p><p>FIGURA 1 – A CRIANÇA E O MUNDO</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3cZNpJG>. Acesso em: 9 jan. 2020.</p><p>À medida que vai crescendo, essa comunicação torna-se mais ampla e a</p><p>criança	passa	a	demonstrar,	através	da	fala,	dos	olhares,	desenhos,	imitações	ou</p><p>gestos, o que sabe, o que pensa que sabe (por meio das hipóteses), o que conhece</p><p>e o que pretende conhecer do mundo que está a sua volta.</p><p>Ela aprende enquanto se senta para ouvir uma história, imagina cenas</p><p>através das imagens que vê, deixa-se encantar pelo tom de voz de quem lê,</p><p>embarca em suas próprias fantasias e sente-se imensamente feliz, a ponto de</p><p>sorrir enquanto ouve cada nova palavra ou expressão proferida pela professora.</p><p>Nesta fase, o “tocar, o sentir, o brincar, o experimentar, o vivenciar e o</p><p>interagir” recebem toda a força que carregam em suas palavras e devem constituir</p><p>os eixos da ação pedagógica na Educação Infantil. Estas palavras passam a fazer</p><p>sentido à medida que se encontram nas atividades do dia a dia, como pintar,</p><p>desenhar, cantar, dançar, brincar e interagir com os colegas.</p><p>TÓPICO 1 —</p><p>A CRIANÇA E AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS</p><p>UNIDADE 3 — AÇÃO E INTERAÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>192</p><p>Partindo desse pressuposto, traremos para seu conhecimento, caro</p><p>acadêmico,	a	abordagem	de	Reggio	Emília	na	educação	da	primeira	infância	e,	na</p><p>sequência,	reflexões	e	conceitos	que	definam	o	aprender	e	o	ensinar	na	Educação</p><p>Infantil. Boa leitura!</p><p>2 A ABORDAGEM DE REGGIO EMÍLIA NA EDUCAÇÃO DA</p><p>PRIMEIRA INFÂNCIA</p><p>Caro acadêmico! Diferentemente do que você está pensando, Reggio</p><p>Emília não é o nome de algum teórico ou de uma escola, trata-se de uma cidade</p><p>de aproximadamente 130.000 habitantes, no nordeste da Itália.</p><p>Esta cidade tornou-se conhecida e valorizada por ter um dos melhores</p><p>sistemas	de	educação	do	mundo	para	a	primeira	infância.	O	que	torna	a	cidade</p><p>um fenômeno, em termos de educação, é o fato de que a proposta pedagógica</p><p>não ocorre em um contexto de elite ou de educação particular e, sim, em um nível</p><p>municipal de ensino.</p><p>Nesta	abordagem,	as	 crianças	pequenas	 são	desafiadas	o	 tempo	 todo	a</p><p>explorarem o ambiente e manifestarem as suas linguagens verbais e não verbais</p><p>no uso de palavras, gestos, movimentos, brincadeiras, música, artes cênicas</p><p>ou	 visuais.	 Por	 meio	 destas	 manifestações,	 desenvolvem	 a	 criatividade,	 a</p><p>curiosidade, o espírito investigativo e, por consequência, uma série de habilidades</p><p>e competências.</p><p>A criança é feita de cem. A criança tem cem mãos, cem pensamentos,</p><p>cem modos de pensar, de jogar e de falar. Cem sempre, cem modos</p><p>de escutar as maravilhas de amar. Cem alegrias para cantar e</p><p>compreender. Cem mundos para descobrir. Cem mundos para</p><p>inventar. Cem mundos para sonhar. A criança tem cem linguagens [...]</p><p>(MALAGUZZI, 1999, p. 21)</p><p>Se você gostou deste trecho da poesia de Loris Malaguzzi, sugerimos a leitura</p><p>do livro “As Cem Linguagens da Criança”, escrito por Carolyn Edwards, Lella Gandinie George</p><p>Forman. Através desta leitura, você conhecerá quem foi Loris Malaguzzi e se encantará por</p><p>sua história de vida e paixão pela educação.</p><p>DICAS</p><p>TÓPICO 1 — A CRIANÇA E AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS</p><p>193</p><p>FIGURA 2 – CAPA DO LIVRO SUGERIDO</p><p>FONTE: <https://img.travessa.com.br/livro/BA/27/27c9993d-caef-42dc-b7a0-ae75ac60bbb5.jpg>.</p><p>Acesso em: 25 maio 2021.</p><p>O principal professor, inspirador e organizador desta proposta pedagógica</p><p>desenvolvida em Reggio Emília, foi Loris Malaguzzi. De acordo com Hoyuelos</p><p>(2004), o trabalho de Malaguzzi apresentava duas constantes: projetar e ter</p><p>confiança	no	futuro.</p><p>FIGURA 3 – LORIS MALAGUZZI</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3gMGVP6>. Acesso em: 9 jan. 2020.</p><p>A história de amor de Malaguzzi pela educação começou logo após o</p><p>término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando se iniciava o processo de</p><p>reconstrução das escolas públicas de Reggio Emília. Malaguzzi desejava uma escola</p><p>que rompesse com o formato anterior, determinado pelos fascistas. Queria uma</p><p>escola que lutasse contra o tédio e a acomodação e que, acima de tudo, contribuísse</p><p>com a formação humana. O lema deste importante educador era “PARA AS</p><p>CRIANÇAS, É PRECISO OFERECER O MELHOR”. E o que seria este melhor?</p><p>UNIDADE 3 — AÇÃO E INTERAÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>194</p><p>Na opinião de Malaguzzi (apud EDWARDS; GANDINI; FORMAN, 1999),</p><p>esse melhor era ter um espaço onde as crianças fossem acolhidas, ouvidas,</p><p>desafiadas,	 estimuladas	 de	 todas	 as	 formas	 e	 nas	mais	 diferentes	 linguagens,</p><p>levando-as a se tornarem autônomas em todos os sentidos.</p><p>Barbosa e Horn (2008, p. 118-121) sintetizaram alguns princípios que</p><p>regem a pedagogia reggiana, que resumiremos no quadro a seguir:</p><p>QUADRO 1 – PRINCÍPIOS DA PEDAGOGIA REGGIANA</p><p>A escola/instituição de</p><p>Educação Infantil O professor As crianças</p><p>Não tem muros, é conec-</p><p>tada com as crianças e a</p><p>cidade onde está loca-</p><p>lizada, com as diversas</p><p>organizações	políticas,</p><p>sociais e culturais e, de</p><p>modo especial, com as</p><p>famílias.</p><p>Tem uma proposta pe-</p><p>dagógica transparente,</p><p>que considera o entorno</p><p>físico e social como um</p><p>parceiro na construção</p><p>dos processos de conhe-</p><p>cimento.</p><p>Possui uma pedagogia</p><p>sistêmica, porque nasce</p><p>de uma relação entre</p><p>pessoas.</p><p>Entende que é preciso</p><p>dialogar, conversar</p><p>Considera as inúmeras</p><p>potencialidades das</p><p>crianças e respeita sua</p><p>cultura. Acredita que</p><p>elas são competentes e</p><p>curiosas e as impulsiona</p><p>a usarem suas capacida-</p><p>des para prever, resolver</p><p>problemas, planejar,</p><p>encontrar	soluções,	orga-</p><p>nizar seu trabalho, esta-</p><p>belecer	relações	e	com-</p><p>preender como funciona</p><p>o mundo, construindo</p><p>sua história.</p><p>Em vez de ser falan-</p><p>te, aprende a escutar</p><p>as crianças. “Escutar”</p><p>através da observação,</p><p>da sensibilidade, da</p><p>atenção, das diferentes</p><p>linguagens.</p><p>São pessoas, não apenas</p><p>alunos.	Malaguzzi	afir-</p><p>mou: “É necessário que</p><p>estejamos convencidos,</p><p>nós, os adultos, de que</p><p>as crianças não possuem</p><p>apenas direitos, mas que</p><p>são portadoras de uma</p><p>cultura própria. Que têm</p><p>capacidade de elabo-</p><p>rar cultura, que podem</p><p>construir sua cultura e</p><p>contaminar a nossa” (apud</p><p>HOYUELOS, 2004, p. 56).</p><p>São ouvidas e valorizadas</p><p>como pessoas que têm</p><p>algo a dizer e que preci-</p><p>sam ser escutadas.</p><p>Ao passarem de uma</p><p>linguagem para outra,</p><p>descobremquecada</p><p>Pare por um instante e pense sobre isso. Tente formular oralmente pelo menos</p><p>cinco itens que definam para você, caro acadêmico, “esse melhor” que se pode oferecer às</p><p>crianças. Em seguida, vá até a página de autoatividades, ao final deste tópico, e escreva todos</p><p>os itens que lhe vieram à mente neste momento. Este é um importante exercício. Se você,</p><p>enquanto educador, mentalizá-lo todas as vezes que planejar suas aulas, verá a diferença!</p><p>ATENCAO</p><p>TÓPICO 1 — A CRIANÇA E AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS</p><p>195</p><p>sobre tudo e, fundamen-</p><p>talmente, entre todos.</p><p>Cuida de sua “memória”</p><p>através da documenta-</p><p>ção que é um processo</p><p>para o registro da leitura</p><p>e dos valores dos pro-</p><p>cessos de aprendizagem</p><p>das crianças, constituin-</p><p>do-se em um instrumen-</p><p>to de interpretação e de</p><p>conhecimento. A docu-</p><p>mentação é suporte para</p><p>a pesquisa do professor,</p><p>para o conhecimento do</p><p>grupo, para a proposição</p><p>de conteúdos.</p><p>Investe na formação per-</p><p>manente dos professores</p><p>a partir daquilo que os</p><p>próprios educadores</p><p>produzem, acreditando</p><p>que as competências</p><p>educativas nascem da</p><p>interação com a práti-</p><p>ca educativa e com as</p><p>crianças e quem está</p><p>com elas.</p><p>Entende que todos os</p><p>seres humanos têm cem</p><p>linguagens, principal-</p><p>mente as crianças e por</p><p>isso oferece a elas muitas</p><p>experiências com dife-</p><p>rentes linguagens, assim</p><p>como diferentes formas</p><p>de representação, como</p><p>o desenho e a mode-</p><p>lagem, para que elas</p><p>possam tornar visíveis as</p><p>suas aprendizagens.</p><p>Cuida da qualidade</p><p>dos espaços escolares</p><p>que	refletem	uma	nova</p><p>forma de pensar a edu-</p><p>cação. A organização do</p><p>ambiente é uma lin-</p><p>guagem silenciosa que</p><p>sugere conteúdos, ideias,</p><p>relações	e	propostas.	Os</p><p>espaços são elaborados</p><p>para trabalhar em gru-</p><p>po,	conversar,	refletir,</p><p>revisar as experiências</p><p>e teorias para, assim,</p><p>poder encontrar ordem e</p><p>significado.</p><p>transformação gera algo</p><p>de	novo,	complexifica	e</p><p>faz aprender sobre aque-</p><p>la linguagem expressiva,</p><p>comunicativa, simbólica,</p><p>cognitiva, ética, metafó-</p><p>rica, lógica, imaginative</p><p>e relacional.</p><p>São vistas como pesso-</p><p>as capazes de dialogar,</p><p>argumentar	e	refletir.</p><p>É essencial que elas</p><p>participem e sintam-se</p><p>parte, protagonista seres</p><p>ponsáveis pelos acon-</p><p>tecimentos presentes e</p><p>futuros.</p><p>São estimuladas em</p><p>ateliês, que represen-</p><p>tam espaços especiais</p><p>de questionamentos, de</p><p>atenção à arte, à estética,</p><p>à investigação visual e</p><p>à criatividade. Estes es-</p><p>paços possuem objetos e</p><p>instrumentos que podem</p><p>gerar fazeres e pensa-</p><p>res, despertando as cem</p><p>linguagens.</p><p>Na pedagogia de Reggio</p><p>Emília, acredita-se que</p><p>quanto mais sensível</p><p>for o adulto, quanto</p><p>mais ele conhecer sobre</p><p>as diferentes áreas de</p><p>conhecimentos, mais ele</p><p>será capaz de oferecer</p><p>às	crianças	situações	de</p><p>aprendizagens diferen-</p><p>tes.</p><p>Trabalha os conteúdos</p><p>dentro da pedagogia</p><p>de projetos, construin-</p><p>do	vínculos	e	relações</p><p>com as crianças. Plane-</p><p>ja rigorosamente que</p><p>perguntas fazer, quais</p><p>materiais utilizar, como</p><p>documentar a experiên-</p><p>cia, colocando em ação a</p><p>ideia de co-ensino entre</p><p>adulto e criança.</p><p>Recebem de seus pro-</p><p>fessores “vestígios do</p><p>mundo”, sobre os quais</p><p>farão perguntas e os</p><p>auxiliarão a construir ca-</p><p>minhos. Desse modo, as</p><p>crianças criam vínculos</p><p>entre os conhecimentos,</p><p>os pontos de intersecção</p><p>e as aprendizagens.</p><p>UNIDADE 3 — AÇÃO E INTERAÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>196</p><p>O trabalho é desenvol-</p><p>vido com projetos e na</p><p>dimensão de Reggio</p><p>Emília;	projetar	significa</p><p>prever e antecipar ideias.</p><p>Enxerga todos os adultos</p><p>e crianças como seres</p><p>criativos, capazes de</p><p>gerar aprendizagem.</p><p>Caracteriza o ensino</p><p>principalmente pela</p><p>oportunidade da palavra</p><p>dada às crianças, pelo</p><p>prestar atenção ao que</p><p>observam, dialogam e</p><p>brincam,	enfim,	por	tudo</p><p>o que pode interessá-las.</p><p>No trabalho com pro-</p><p>jetos, elas vivenciam</p><p>uma rica experiência</p><p>nos pequenos ou gran-</p><p>des grupos e percebem</p><p>que suas ideias voltam,</p><p>voam alto ou se diluem.</p><p>O conhecimento chega-</p><p>-lhes através de conver-</p><p>sas, de diálogos, discus-</p><p>sões,	negociações	ou	de</p><p>organizações	de	ideias,</p><p>capazes de gerar novos</p><p>conhecimentos.</p><p>FONTE: Adaptado de Barbosa e Horn (2008, p. 118-121)</p><p>A maneira de tratar a educação e as crianças em Reggio Emília deve ir</p><p>além de ser apenas exemplo de uma experiência precursora e bem-sucedida de</p><p>trabalho e, sim, servir como fonte inspiradora de novas posturas, olhares e fazeres</p><p>pedagógicos.</p><p>FIGURA 4 – MENINOS FELIZES</p><p>FONTE: <https://bit.ly/35IaPPt>. Acesso em: 9 jan. 2020.</p><p>Prezado acadêmico! Se você ficou interessado em saber mais sobre projetos</p><p>pedagógicos na Educação Infantil, falaremos mais sobre este assunto. Aguarde!</p><p>ESTUDOS FU</p><p>TUROS</p><p>TÓPICO 1 — A CRIANÇA E AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS</p><p>197</p><p>3 APRENDER E ENSINAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>No início desta unidade, mais precisamente na Introdução, pontuamos</p><p>diferentes maneiras ou recursos dos quais a criança se utiliza para aprender no</p><p>seu dia a dia.</p><p>Desde o momento em que vem ao mundo, a criança inicia o processo</p><p>de aquisição de diferentes aprendizagens. O ambiente lhe possibilitará todos</p><p>os	 recursos	 necessários	 às	 primeiras	 descobertas,	 cheiros,	 gostos	 e	 sensações.</p><p>Ninguém precisa, por exemplo, ensinar ao bebê recém-nascido o que ele tem de</p><p>fazer quando o peito da mãe se aproxima de sua boca. Tudo acontece como em</p><p>um “passe de mágica”, afetivo, biológico e natural.</p><p>FIGURA 5 – AMAMENTAÇÃO</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3xGKblZ>. Acesso em: 9 jan. 2020.</p><p>Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil</p><p>(RCNEI) (BRASIL, 1998, p. 21), “[...] a criança é um ser social que nasce com</p><p>capacidades afetivas, emocionais e cognitivas, podendo aprender nas trocas</p><p>sociais	 com	diferentes	 crianças	 e	 adultos	 cujas	 percepções	 e	 compreensões	 da</p><p>realidade também são diversas”.</p><p>Aprender e ensinar são, portanto, palavras que se inter-relacionam e se</p><p>complementam. Quanto mais aprendo, melhor ensino. Quanto mais ensino, mais</p><p>aprendo. O aprendizado transcende os espaços de uma escola, de uma sala de</p><p>aula com horários preestabelecidos de aprendizagem ou rotina. Ele está em todo</p><p>lugar e em qualquer tempo, fazendo-nos companhia do primeiro ao último dia</p><p>de nossas vidas.</p><p>UNIDADE 3 — AÇÃO E INTERAÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>198</p><p>O educador, que tem essa concepção de que aprende enquanto ensina,</p><p>também é capaz de enxergar com outros olhos suas crianças, valorizando-as,</p><p>compreendendo-as	em	suas	diferenças	e	dificuldades.	Preocupa-se	em	ofertar	para</p><p>elas	um	ambiente	escolar	rico	e	desafiador,	que	realmente	as	“prepare	para	a	vida”,</p><p>em todos os níveis do comportamento humano: biológico, psicológico e social.</p><p>No	mundo	 contemporâneo,	 as	 informações	 circulam	a	uma	velocidade</p><p>surpreendente,	e	o	educador	precisa	sentir-se	desafiado	o	tempo	todo	para</p><p>buscar</p><p>novos conhecimentos, viabilizando outras formas de repassá-los e apropriando-</p><p>se de recursos que sejam capazes de atrair as crianças. Ele precisa conhecer as</p><p>novas mídias (as crianças já as conhecem), sem se esquecer de dar especial atenção</p><p>à formação integral dos educandos, os valores humanos como: solidariedade,</p><p>respeito, cidadania, responsabilidade, justiça, entre tantos outros, igualmente</p><p>relevantes na formação das crianças.</p><p>FIGURA 6 – AS CRIANÇAS E A TECNOLOGIA</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3wPBrdd>. Acesso em: 25 maio 2021.</p><p>Aprender é muito mais do que ouvir, exercitar e reproduzir conteúdos</p><p>programáticos.	Apreender	(escrito	com	dois	“ês”)	significa	tomar	o	conhecimento</p><p>para si, apropriar-se dele. É deste tipo de aprendizagem que estamos falando. Da</p><p>aprendizagem	que	tem	objetivo,	contexto	e	significação	para	a	vida	das	crianças,</p><p>desde a mais tenra idade.</p><p>Que bom que é assim, não é mesmo, caro acadêmico? Enquanto você lê</p><p>este livro, internaliza uma série de conceitos, realiza reflexões que poderão lhe abrir novos</p><p>caminhos e, consequentemente, ampliar sua forma de aprender e ensinar.</p><p>ATENCAO</p><p>TÓPICO 1 — A CRIANÇA E AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS</p><p>199</p><p>É importante ressaltar, prezado acadêmico, que a criança da Educação</p><p>Infantil está protegida por documentos importantes que lhe garantem direitos em</p><p>relação ao seu atendimento e desenvolvimento integral. Entre eles, podemos citar:</p><p>Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI); Diretrizes</p><p>Curriculares	Nacionais	para	a	Educação	Infantil	(DCNEI);	Parâmetros	Nacionais</p><p>de Qualidade da Educação Infantil (PNQEI); e Base Nacional Comum Curricular</p><p>(BNCC), que traduzem as políticas estabelecidas em leis nacionais, servindo</p><p>como base para todo o país.</p><p>O professor da Educação Infantil necessita ter uma postura pedagógica que</p><p>articule as múltiplas linguagens com o objetivo de atingir suas metas educativas.</p><p>É fundamental que ele desperte nas crianças o desejo de aprender, de construir</p><p>e de vivenciar o conhecimento em todas as suas vertentes, através da música,</p><p>da arte, da dança, da escrita, da fala, do teatro, do raciocínio lógico-matemático,</p><p>da relação com a natureza, da inventividade, da criatividade, da autonomia,</p><p>da interação com os colegas e professores e, especialmente, da alegria, no mais</p><p>amplo sentido da palavra.</p><p>A grande questão é oferecer às crianças diferentes possibilidades de</p><p>comunicação,	expressão	e	aprendizagem,	com	todas	as	especificidades,	criando</p><p>novos	conceitos	ou	até	mesmo	recriando	ou	ressignificando	conceitos	já	existentes.</p><p>Nas palavras de Zabalza (1998, p. 52):</p><p>A dimensão estética é diferente da psicomotora, embora estejam</p><p>relacionadas. O desenvolvimento da linguagem avança por caminhos</p><p>diferentes dos da sensibilidade musical. A aprendizagem de normas</p><p>requer processos diferentes dos necessários para a aprendizagem de</p><p>movimentos	psicomotores	finos.	Sem	dúvida,	todas	essas	capacidades</p><p>estão vinculadas (neurológica, intelectual, emocionalmente), mas</p><p>pertencem	 a	 âmbitos	 diferentes	 e	 requerem,	 portanto,	 processos</p><p>(atividades,	materiais,	orientações)	bem	diferenciados	de	ação	didática.</p><p>Prezado acadêmico! A partir deste momento, vamos reforçar determinados</p><p>assuntos já apresentados no Tópico 4 da Unidade 2, ou seja, apresentaremos alguns</p><p>dos eixos norteadores, na forma também de múltiplas linguagens, defendidas</p><p>por importantes teóricos.</p><p>A criança aprende muito enquanto brinca e interage com os colegas.</p><p>Para Piaget (apud FONTANA; CRUZ, 1997, p. 120):</p><p>A brincadeira infantil é uma assimilação quase pura do real ao eu. É</p><p>uma	atividade	utilizada	pela	criança	para	assimilar	uma	infinidade	de</p><p>acontecimentos,	de	objetos	e	relações	que	ela	ainda	não	compreende.</p><p>[...] é na brincadeira do faz de conta, que ele chama de jogo simbólico,</p><p>que as crianças revivem e repensam acontecimentos interessantes do</p><p>seu dia a dia.</p><p>UNIDADE 3 — AÇÃO E INTERAÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>200</p><p>Por	meio	das	 brincadeiras,	 as	 crianças	 vivem	 situações	do	mundo	 real</p><p>e aprendem a elaborar o seu imaginário, a buscar a realização de seus desejos</p><p>e, portanto, a estruturar o pensamento. Entender as brincadeiras das crianças é</p><p>fundamental para possibilitar-lhes que representem os papéis que escolheram</p><p>para	brincar:	brincar	de	casinha,	sendo	mãe,	pai	e	filhos;	brincar	com	panelinhas</p><p>ou de boneca; jogar futebol; saltar; correr; pular; brincar de herói ou bandido,</p><p>recriando os heróis que fazem parte do seu cotidiano, de sua sociedade.</p><p>FIGURA 7 – CRIANÇAS BRINCANDO</p><p>FONTE: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-43577511>. Acesso em: 09 jun. 2021.</p><p>Para Vygotsky et al. (1998, p. 48):</p><p>A brincadeira é uma necessidade da criança. Ela se desenvolve no</p><p>contexto das práticas histórico-culturais e surge do interesse de</p><p>dominar o mundo. Por isso, ela age sobre os objetos como fazem os</p><p>adultos. Durante o desenvolvimento das brincadeiras, são estabelecidas</p><p>relações	humanas	e	sociais.	[...]	é	no	brinquedo	que	a	criança	aprende</p><p>a	agir	numa	esfera	cognitiva,	exercendo	uma	enorme	influência	no	seu</p><p>desenvolvimento, ou seja, a brincadeira tem um papel fundamental</p><p>no desenvolvimento da criança, porque permite que, ao substituirum</p><p>objeto	por	outro,	 ela	opere	 com	o	 significado	das	 coisas,	dando	um</p><p>passo importante em direção ao pensamento conceitual, que se baseia</p><p>nos	significados	e	não	nos	objetos.</p><p>Já	para	Ferraz	e	Fuzari	(1993,	p.	86),	“Brincar	na	infância	é	o	meio	pelo</p><p>qual a criança vai organizando suas experiências, descobrindo e recriando seus</p><p>sentimentos e pensamentos a respeito do mundo, das coisas e das pessoas com as</p><p>quais convive”. Assim, estamos possibilitando a descoberta e o conhecimento, de</p><p>forma prazerosa, do mundo que rodeia as crianças, fazendo com que aprendam a</p><p>lidar com o respeito mútuo, divisão de tarefas, de brinquedos e a se expressarem,</p><p>ampliando as suas experiências.</p><p>Junto ao brincar, outra importante linguagem se manifesta: a linguagem</p><p>corporal. É através do corpo que a criança estabelece contato com o mundo e com</p><p>as pessoas que a rodeiam. É com o próprio corpo que ela experimenta as mais</p><p>diversas	emoções	e	sensações.</p><p>TÓPICO 1 — A CRIANÇA E AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS</p><p>201</p><p>De acordo com o RCNEI (BRASIL, 1998, p. 21),</p><p>[...] O diálogo afetivo que se estabelece com o adulto, caracterizado</p><p>pelo	 toque	 corporal,	pelas	modulações	da	voz,	por	 expressões	 cada</p><p>vez mais cheias de sentido, constitui-se em espaço privilegiado da</p><p>aprendizagem.	A	criança	imita	o	parceiro	e	cria	suas	próprias	reações:</p><p>balança o corpo, bate palmas, vira ou levanta a cabeça etc.</p><p>FIGURA 8 – LINGUAGEM CORPORAL</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3wQbDO6>. Acesso em: 09 jun. 2021.</p><p>As crianças adoram aliar os movimentos (gestos, dança, faz de conta) à</p><p>música, surgindo então outra importante linguagem: a musical. Através dela,</p><p>sensações	 e	 sentimentos	podem	ser	 experimentados,	 laços	afetivos,	 culturais	 e</p><p>sociais podem ser fortalecidos e novos conhecimentos podem ser oportunizados.</p><p>“Quem canta seus males espanta”, já diz um ditado popular, não é mesmo?</p><p>Toda criança adora cantar, tocar e dançar, isto faz parte de seu repertório infantil.</p><p>Diante	disso,	cabe	a	nós,	adultos,	oferecer-lhes	situações	prazerosas	de	interação</p><p>e estimuladas ao máximo, pois, segundo Rosseti-Ferreira (2007, p. 113),</p><p>As experiências musicais ampliam o repertório de linguagem e</p><p>sentimentos. Nesse sentido, a linguagem musical é excelente meio</p><p>para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da autoestima e</p><p>autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social.</p><p>UNIDADE 3 — AÇÃO E INTERAÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>202</p><p>Para	 finalizar,	 não	 poderíamos	 deixar	 de	 mencionar	 a	 linguagem	 que</p><p>pode	ser	considerada	uma	das	mais	significativas,	quando	o	assunto	é	Educação</p><p>Infantil:	a	linguagem	afetiva.	É	através	das	emoções	que	a	criança	manifesta	seus</p><p>desejos ou angústias.</p><p>Conforme	afirmam	Mahoney	e	Almeida	(2004,	p.	18):</p><p>O afetivo é, portanto, indispensável para energizar e dar direção ao ato</p><p>motor e ao cognitivo. Assim como o ato motor é indispensável para</p><p>a expressão do afetivo, o cognitivo é indispensável na avaliação que</p><p>estimulará	emoções	e	sentimentos.</p><p>FIGURA 9 – AFETIVIDADE</p><p>FONTE: <https://docplayer.org/docs-images/106/169667544/images/22-0.jpg>.</p><p>Acesso em: 25 maio 2021.</p><p>Prezado acadêmico! Falaremos mais sobre afetividade no próximo tópico,</p><p>aguarde!</p><p>E por falar em “quem canta seus males espanta”, sugerimos o livro de mesmo</p><p>nome, de Theodora Maria Mendes de Almeida, Editora Caramelo, que vem acompanhado</p><p>de CD para que a festa seja completa. Todos nós sabemos que cantar é uma das brincadeiras</p><p>mais divertidas da criança. Neste livro, foram resgatadas 73 cantigas de roda, entre elas: O</p><p>sapo não lava o pé; Cai, cai, balão; Ciranda cirandinha... Enfim, canções típicas do Brasil.</p><p>Além disso, é ricamente ilustrado por trabalhos, recortes e ilustrações feitas por crianças.</p><p>Vale a pena conhecer.</p><p>FONTE: <https://www.fnac.pt/mp9481695/Quem-Canta-Seus-Males-Espanta-CD>. Acesso</p><p>em: 7 jun. 2021.</p><p>DICAS</p><p>TÓPICO 1 — A CRIANÇA E AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS</p><p>203</p><p>Esperamos que você tenha compreendido a relação entre ensinar e</p><p>aprender na Educação Infantil. Que tenha percebido, também, o quanto as</p><p>múltiplas linguagens são essenciais para o desenvolvimento infantil, pois são elas</p><p>que abrem as portas do mundo às crianças, desdobrando-se na construção de</p><p>novos conhecimentos, à medida que interagem com seus semelhantes.</p><p>Veja, a seguir, uma mensagem de Içami Tiba.</p><p>Não existe alguém que nunca teve um professor na vida,</p><p>Assim como não há ninguém que nunca tenha tido um aluno.</p><p>Se existem analfabetos, provavelmente não é por vontade dos professores.</p><p>Se existem letrados, é porque um dia tiveram seus professores.</p><p>Se existe Prêmio Nobel, é porque seus alunos superaram seus professores.</p><p>Se existem grandes sábios, é porque transcenderam suas funções de professores.</p><p>Quanto mais se aprende, mais se quer ensinar.</p><p>Quanto mais se ensina, mais se quer aprender.</p><p>Içami Tiba</p><p>INTERESSANTE</p><p>204</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• Reggio Emília é uma cidade de aproximadamente 130.000 habitantes, do</p><p>nordeste da Itália.</p><p>• A cidade se tornou conhecida e valorizada por ter um dos melhores sistemas</p><p>de	educação	do	mundo	para	a	primeira	infância.</p><p>• A proposta pedagógica em Reggio Emília ocorre no sistema municipal de</p><p>ensino.</p><p>• Loris Malaguzzi é o nome do professor, inspirador e organizador da proposta</p><p>pedagógica desenvolvida em Reggio Emília.</p><p>• “PARA AS CRIANÇAS É PRECISO OFERECER O MELHOR”, esse era o</p><p>lema de Loris Malaguzzi.</p><p>•	 Sua	proposta	priorizava	que	as	crianças	fossem	acolhidas,	ouvidas,	desafiadas,</p><p>estimuladas de todas as formas e nas mais diferentes linguagens, levando-as</p><p>a se tornarem autônomas em todos os sentidos.</p><p>• Aprender e ensinar são palavras que se inter-relacionam e se complementam:</p><p>quanto mais aprendo, melhor ensino e quanto mais ensino, mais aprendo.</p><p>• O aprendizado transcende os espaços e horários preestabelecidos de estudo.</p><p>• O educador, que tem acredita que aprende enquanto ensina, oferece às</p><p>crianças	um	ambiente	escolar	rico	e	desafiador,	que	as	“prepare	para	a	vida”.</p><p>•	 Apreender	significa	tomar	o	conhecimento	para	si,	apropriar-se	dele.</p><p>•	 A	 aprendizagem	 deve	 ter	 objetivo,	 contexto	 e	 significação	 para	 a	 vida	 de</p><p>nossas crianças, necessitando da participação efetiva delas.</p><p>• A criança da Educação Infantil está protegida por documentos importantes</p><p>que lhe garantem direitos em relação ao seu atendimento e desenvolvimento</p><p>integral. Entre eles, podemos citar os RCNEI, DCNEI,PNQEI e BNCC.</p><p>• O professor da Educação Infantil deve articular as múltiplas linguagens das</p><p>crianças com sua metas educativas.</p><p>• O professor da educação infantil precisa despertar nas crianças o desejo</p><p>de aprender, de construir e de vivenciar o conhecimento em todas as suas</p><p>linguagens e possibilidades.</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>205</p><p>• A criança aprende muito enquanto brinca e interage com os colegas.</p><p>• Através do corpo, a criança estabelece contato com o mundo e com as pessoas</p><p>que a rodeiam. É com o próprio corpo que ela experimenta as mais diversas</p><p>emoções	e	sensações.</p><p>•	 Na	 linguagem,	 a	 musical	 diferentes	 sensações	 e	 sentimentos	 podem	 ser</p><p>experimentados, laços afetivos e sociais podem ser fortalecidos e novos</p><p>conhecimentos podem ser oportunizados.</p><p>•	 A	 linguagem	 afetiva	 pode	 ser	 considerada	 uma	 das	mais	 significativas	 às</p><p>crianças,	 pois	 é	 através	 das	 emoções	 que	 elas	manifestam	 seus	 desejos	 ou</p><p>angústias.</p><p>206</p><p>1 De acordo com Malaguzzi, “Para as crianças é preciso oferecer o melhor”.</p><p>De	acordo	com	o	livro	didático,	como	esse	“melhor”	poderia	ser	definido?</p><p>Que tipo de escola ele desejava?</p><p>2	 Quando	Loris	Malaguzzi	afirma	que	as	crianças	têm	“cem	linguagens”,	o</p><p>que ele quer dizer com isso?</p><p>3 De acordo com Hoyuelos (2004), o trabalho de Malaguzzi apresentava duas</p><p>constantes. Assinale a alternativa que as apresenta corretamente:</p><p>a)	(			)	 Delegar	e	confiar	nos	professores.</p><p>b)	(			)	 Projetar	e	ter	confiança	no	futuro.</p><p>c)	(			)	 Planejar	e	confiar	na	escola.</p><p>d) ( ) Ensinar e fazer o melhor.</p><p>4 Aprender é muito mais do que ouvir, exercitar e reproduzir conteúdos</p><p>programáticos. Apreender (escrito com dois “ês”), de acordo com o livro</p><p>didático	significa:</p><p>a) ( ) Tomar o conhecimento para si, apropriar-se dele.</p><p>b)	(			)	 Realizar	uma	atividade	de	aprendizagem	superficial.</p><p>c) ( ) Esperar a hora certa e o lugar ideal para aprender algo.</p><p>d) ( ) Aprender por aprender e, quando crescer, aprofundar-se.</p><p>5 Existem importantes documentos que norteiam a educação infantil de</p><p>nosso país. Dentre eles podemos citar: RCNEI, DCNEI, PNQEI e BNCC</p><p>que traduzem as políticas estabelecidas em leis nacionais, servindo como</p><p>base	para	todo	o	Brasil.	O	que	signifia	a	sigla	DCNEI?</p><p>a) ( ) Documento Comum Nacional da Educação Infantil.</p><p>b) ( ) Diretriz Comum Nacional da Educação Infantil.</p><p>c) ( ) Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.</p><p>d) ( ) Diretrizes Curriculares Normatizadas para a Educação Infantil.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>207</p><p>UNIDADE 3</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Caro acadêmico! Tudo o que você estudou até aqui refere-se a duas</p><p>palavras	fundamentais	que	compõem	o	universo	da	Educação	Infantil:	afetividade</p><p>e interação. Quando não há um ambiente acolhedor, afetivo e interativo, entre</p><p>educadores	 e	 educandos,	 dificilmente	 haverá	 aprendizagens	 significativas.</p><p>Quando não há vínculos positivos entre as pessoas que compartilham dos</p><p>mesmos espaços e interesses podem surgir barreiras emocionais que impeçam o</p><p>“prazer de conviver, ensinar e aprender em grupo”.</p><p>Vida de grupo dá muito trabalho e muito prazer. Porque eu não</p><p>construo nada sozinho; tropeço a cada instante com os limites do outro</p><p>e os meus próprios, na construção da vida, do conhecimento, da nossa</p><p>história. (FREIRE, 1993, p. 26).</p><p>FIGURA 10 – TRABALHO EM GRUPO</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3xEO1MA>. Acesso em: 09 jun. 2021.</p><p>Aprendizagem, afetividade e interação caminham juntas. Justamente</p><p>por isso, prezado acadêmico, abordaremos este conteúdo no presente tópico,</p><p>enfocando	as	 relações	de	 afetividade	nas	 interações	do	dia	 a	dia	da	Educação</p><p>Infantil e a parceria positiva entre os pais e educadores na educação das crianças.</p><p>Bons estudos e novas aprendizagens!</p><p>TÓPICO 2 —</p><p>A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE E DAS INTERAÇÕES NA</p><p>EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>208</p><p>UNIDADE 3 — AÇÃO E INTERAÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>2 RELAÇÕES DE AFETIVIDADE NAS INTERAÇÕES DO DIA A DIA</p><p>Quando uma criança vai à unidade de educação infantil ou à escola pela</p><p>primeira vez, normalmente chora. Não chora porque é manhosa ou medrosa, mas</p><p>por não perceber no novo espaço vínculos afetivos. Ela não conhece ninguém, e,</p><p>por	mais	simpáticos	que	sejam	os	professores	ou	funcionários,	eles	dificilmente</p><p>conseguem	conquistar	sua	confiança	nos	primeiros	dias.</p><p>A criança rompe naquele momento o “segundo cordão umbilical” que a</p><p>liga à família, aos parentes mais próximos, à babá, a sua casa, aos seus brinquedos.</p><p>É como se estivesse nascendo novamente num mundo completamente diferente</p><p>daquele até então habitado por ela.</p><p>Aos poucos, esse “novo espaço”, tão assustador, vai parecendo-lhe mais</p><p>amistoso, acolhedor e menos estranho. A criança, mesmo que de maneira tímida,</p><p>passa a trocar olhares com outros colegas, começa lentamente a deixar-se encantar</p><p>pela	professora,	confia	nela	e	sente-se	segura	ao	seu	lado.	Percebe,	também,	que</p><p>está rodeada de amigos e que nada de ruim vai lhe acontecer, então deixa de</p><p>chorar ou exigir a presença dos pais.</p><p>Isso pode durar um dia, uma semana ou até mesmo um mês. Cada criança</p><p>tem seu tempo para adaptar-se, cabe à instituição e aos pais respeitarem esse tempo.</p><p>FIGURA 11 – AMIZADE E INTERAÇÃO</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3j8iJK9>. Acesso em: 11 jan. 2020.</p><p>Conforme Gandini e Edwards (2002, p. 136):</p><p>O processo de inserimento requer um ambiente cuidadosamente</p><p>planejado e preparado, que transmita mensagens imediatas de</p><p>acolhimento e respeito às crianças e famílias. [...] O principal indicador</p><p>de acolhimento que os pais podem receber é o fato de serem convidados</p><p>a passar o maior tempo possível na creche.</p><p>TÓPICO 2 — A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE E DAS INTERAÇÕES NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>209</p><p>Quando	a	instituição	de	Educação	Infantil	finalmente	passa	a	fazer	parte</p><p>do “mundo infantil” da criança e estabelece vínculos afetivos com ela, conquista</p><p>todo o seu amor e carinho, a sua afeição e respeito e, por que não dizer, a sua</p><p>paixão e curiosidade, que lhe são tão peculiares.</p><p>As crianças, em geral, sentem necessidade do toque, do olhar carinhoso,</p><p>do ouvido atento e do sorriso acolhedor do professor, pois, devido às tecnologias</p><p>e	à	correria	da	atualidade,	as	relações	estão	cada	vez	mais	distantes,	as	famílias</p><p>cada vez menores, os pais cada vez mais envolvidos com seus compromissos</p><p>profissionais	 e,	 muitas	 vezes,	 ausentes	 no	 lar,	 o	 que	 leva	 muitas	 famílias	 a</p><p>comporem um cenário contraditório, em que as crianças têm tudo em termos</p><p>materiais, mas são carentes de afeto. “As crianças têm necessidade do pão: do pão</p><p>do corpo e do pão do espírito. Mas necessitam ainda mais do teu olhar, da tua</p><p>voz, do teu pensamento e da tua promessa” (FREINET apud ELIAS, 1997, p. 91).</p><p>FIGURA 12 – PROFESSORES AFETIVOS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3d52CJr>. Acesso em: 09 jun. 2021.</p><p>Entre os diversos autores que trabalharam sobre o tema “AFETIVIDADE E</p><p>EMOÇÃO”, combinando aspectos da psicologia com a educação, destaca-se Henri Wallon,</p><p>educador e médico francês, que viveu de 1879 a 1962. Para Wallon, a emoção estaria</p><p>relacionada ao componente biológico do comportamento humano, referindo-se a uma</p><p>reação de ordem física. Wallon foi o primeiro a levar, não só o corpo da criança, mas também</p><p>suas emoções para dentro da sala de aula. Para aprofundar seus estudos sobre ele, sugerimos:</p><p>• GALVÃO, I. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil.</p><p>Petrópolis: Vozes, 1995.</p><p>• DANTAS, H. A infância da razão: uma introdução à psicologia da inteligência de Henri</p><p>Wallon. Manole, 1990.</p><p>• WALLON, H. As origens do caráter na criança. São Paulo: Nova Alexandria, 1986.</p><p>• WALLON, H. As origens do pensamento na criança. São Paulo: Manole, 1989.</p><p>• TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M. K. de; DANTAS, H. Piaget, Vygotsky e Wallon: teorias psicogenéticas</p><p>em discussão. São Paulo: Summus Editorial, 1992.</p><p>FONTE: <http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/educador-integral-42</p><p>3298.shtml>. Acesso em: 7 jun. 2021.</p><p>DICAS</p><p>210</p><p>UNIDADE 3 — AÇÃO E INTERAÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>Os	 profissionais	 precisam	 estar	 afetiva	 e	 profissionalmente	 preparados</p><p>para	 receber	estas	crianças,	em	um	espaço	acolhedor	e	diversificado,	para	que</p><p>possam ser atendidas também em suas necessidades básicas.</p><p>No dia a dia da Educação Infantil é possível perceber e transformar esta</p><p>necessidade afetiva em momentos de interação positiva, através de trabalhos em</p><p>grupo, conversas coletivas, atividades cooperativas, cantos, teatros, brincadeiras</p><p>ou “roda” da conversa, da história e de muitas outras coisas, pois, conforme</p><p>Ostetto,	(2006,	p.	158),	“A	roda,	feito	espiral	em	movimento	circular	ascendente,</p><p>une	todos,	e	o	seu	movimento	a	cada	volta	modifica	o	desenho	do	cotidiano,	da</p><p>prática pedagógica, integrando papéis e histórias, incorporando as diferenças”.</p><p>FIGURA 13 – RODA DE CONVERSA</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vNf0Eg>.Acesso em: 09 jun. 2021.</p><p>Veja alguns motivos para utilizar a roda como recurso pedagógico na</p><p>figura	a	seguir.</p><p>FIGURA 14 – A RODA</p><p>FONTE: As autoras</p><p>TÓPICO 2 — A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE E DAS INTERAÇÕES NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>211</p><p>A roda fortalece os vínculos afetivos do grupo, pois eles passam a sentir-se</p><p>parte	da	vida	do	outro	a	partir	do	momento	em	que	estabelecem	relações,	quer	seja</p><p>como ouvintes ou como protagonistas da vida real. Para Warschauer (1993, p.50),</p><p>[...] a roda é o momento privilegiado da rotina em que a troca entre</p><p>os participantes do grupo ocorre. Sentar-se de forma que todos se</p><p>vejam, em círculo, já é um convite a querer falar e ouvir. O respeito</p><p>pela individualidade é a base de construção do grupo.</p><p>De acordo com Freire (1993, p. 162):</p><p>[...] é no encontro do grupo que nos defrontamos com as diferenças.</p><p>É no grupo que aprendemos esse difícil processo de conviver com as</p><p>divergências,	 os	 conflitos,	 as	 diferenças.	 Isso	 tudo	 envolve	 e	 significa</p><p>processo	de	construção	de	conhecimento,	significa	processo	de	apropriação</p><p>do	saber	de	cada	um	para	deflagrar	o	que	ainda	não	se	conhece.</p><p>FIGURA 15 – RODA DE AMIGOS</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3gR8OFX>. Acesso em: 09 jun. 2021.</p><p>O interessante desta posição circular é a questão de que não há início e nem</p><p>fim,	nem	o	primeiro	ou	o	último,	ou	ainda	diferença	nos	posicionamentos,	todos</p><p>se encontram numa mesma linha, juntos e em equilíbrio. Todos estão incluídos e</p><p>têm as mesmas chances de participação, o que facilita a união, distanciando-se da</p><p>competição	e	da	disputa	de	poder.	De	acordo	com	Ostetto	(2006,	p.158):</p><p>[...] mais do que fazer a roda e chamar para o encontro, por si só já é</p><p>uma ação carregada de simbolismo, entra em jogo o exercício de uma</p><p>atitude	 e	um	pensamento	 circular.	 Pensar	 circularmente	 significaria</p><p>não	pensar	em	linha	reta,	na	afirmação	da	verdade,	da	única	voz,	do</p><p>conhecimento	único.	Significaria	abrir-se	ao	diálogo,	ao	acolhimento</p><p>da dúvida e da diversidade, à construção de múltiplos enredos</p><p>afirmados	no	 encontro	das	 singularidades	de	 crianças	 e	 adultos,	de</p><p>alunos e professores. Não uma técnica, procedimento metodológico,</p><p>mas um modo de agir, de ser, de acolher.</p><p>Além de tudo, a roda nos aproxima das crianças e nos torna, de certa</p><p>forma, “cúmplices”, parceiros e amigos, ampliando de maneira natural nossos</p><p>vínculos afetivos.</p><p>212</p><p>UNIDADE 3 — AÇÃO E INTERAÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>FIGURA 16 – RODA DA CONVERSA</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3wS3jh8>. Acesso em: 12 jan. 2020.</p><p>Provavelmente, estimado acadêmico, o que fez com que você lembrasse</p><p>o	 profissional	 escolhido	 foram	 suas	 qualidades	 relativas	 à	 afetividade	 entre</p><p>ambos, ou seja, como este professor era com você, modo de tratar, se era querido,</p><p>carinhoso, atencioso etc.</p><p>Dificilmente	 você	 o	 escolheu	por	 questões	 cognitivas,	 por	 algo	 que	 ele</p><p>tenha lhe ensinado, falando de conteúdos propriamente ditos. Bons professores</p><p>merecem ser lembrados também pelos ensinamentos que nos trazem, é lógico,</p><p>mas só o serão se aliarem afetividade a sua prática. Para Snyders (apud ELIAS,</p><p>1997, p. 92),</p><p>O aluno aprende realmente bem o que o cativa, numa atmosfera</p><p>de aula que lhe pareça segura, com um professor que saiba criar</p><p>afinidades.	Eis	por	que	a	escola,	ao	mesmo	tempo,	tem	que	conciliar</p><p>o intelectual e o afetivo e constitui um lugar privilegiado para operar</p><p>essa conciliação. A alegria na escola só é possível na medida em que o</p><p>intelectual e o afetivo conseguem não se opor.</p><p>Por falar em cumplicidade, parceria e amizade, prezado acadêmico, relembre</p><p>momentos de sua vida escolar. Em</p><p>para cada idade; e o pensar, que vai sendo</p><p>cultivado paulatinamente desde a imaginação dos contos, lendas e</p><p>mitos no início da escolaridade, até o pensar abstrato rigorosamente</p><p>científico no ensino médio.</p><p>TÓPICO 1 — A PEDAGOGIA WALDORF</p><p>9</p><p>Além destas características, Steiner argumentou que o desenvolvimento</p><p>humano não ocorre de forma linear e sim em ciclos de aproximadamente sete</p><p>anos, o que chamou de setênios. Vamos conhecê-los?</p><p>QUADRO 1 – OS TRÊS SETÊNIOS DEFINIDOS POR STEINER</p><p>CICLOS IDADE CARACTERÍSTICAS</p><p>1º setênio 0 - 7 anos</p><p>Base do desenvolvimento físico</p><p>Caracteriza-se pela estruturação do corpo físico,</p><p>por meio do corpo etérico. Nesta fase, a criança é</p><p>influenciada por tudo o que acontece ao seu redor,</p><p>absorvendo a cor, o som, a forma, os sentimentos e o</p><p>caráter das pessoas. Outra característica importante</p><p>deste setênio é a imitação. Nesta fase, a criança</p><p>aprende pelo exemplo, pelo ambiente, imitando</p><p>tudo o que vê: os nossos gestos, nosso modo de falar,</p><p>nossa maneira de comer etc. Por isto, neste período, é</p><p>necessário que a criança se sinta amada, protegida. É</p><p>o momento para a criança perceber que O MUNDO</p><p>É BOM. Para Steiner, os três primeiros anos de vida</p><p>são decisivos para a criança. Para ele, o andar, o</p><p>falar e o pensar (que se desenvolvem neste setênio)</p><p>evoluem de forma gradual e sequencial: se a criança</p><p>não desenvolver bem o ato de andar, provavelmente</p><p>terá dificuldades em relação ao falar e ao pensar.</p><p>Neste período, a criança expressa-se livremente,</p><p>sem medo, utilizando o corpo inteiro, cabendo aos</p><p>adultos a inserção da criança em uma regularidade,</p><p>em uma rotina, com horários e tempos para realizar</p><p>cada atividade. A partir dos três primeiros anos, a</p><p>criança começa a diferenciar-se do mundo e inicia a</p><p>afirmação do EU. Ex.:eu quero, é meu etc. Nesta fase,</p><p>também, teria início o desenvolvimento da memória:</p><p>por isto geralmente lembramos fatos da nossa infância</p><p>ocorridos apenas a partir dos três anos. Este setênio</p><p>marca, portanto, o desenvolvimento da autonomia.</p><p>2º setênio 7 - 14 anos</p><p>Base para o amadurecimento psicológico</p><p>Neste setênio, o corpo astral, ou anímico, é quem</p><p>assume a liderança, e todo o desenvolvimento da</p><p>criança está ligado às emoções, aos sentimentos.</p><p>Segundo Steiner (apud COSTA, 2005), o corpo astral</p><p>desenvolve-se em pequenas fases: dos 7 aos 9 anos, há</p><p>uma alteração no formato do rosto; dos 9 aos 12 anos,</p><p>há um maior crescimento do tórax e, dos 12 aos 14</p><p>anos, o alongamento dos membros. Próximo dos dez</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>10</p><p>anos, a criança pode sentir uma nova vivência do EU:</p><p>uma espécie de solidão, irritação, podendo vivenciar,</p><p>nesta fase, o amor platônico. Neste setênio, o jovem</p><p>identifica-se com o ritmo, com a musicalidade, sentindo</p><p>prazer em cantar e ouvir música. Nesta fase, segundo</p><p>Steiner, é o momento ideal de a criança vivenciar que</p><p>O MUNDO É BELO, por isto, é importante que ela</p><p>tenha uma vivência da estética e do belo por meio de</p><p>atividades artísticas e artesanais. A partir dos 12 anos,</p><p>nasce a autoconsciência, o raciocínio próprio, que a</p><p>levará a outros aprendizados. Por volta dos 14 anos,</p><p>ocorre o despertar da sexualidade, a consciência do</p><p>próprio corpo, o desenvolvimento do amor físico. No</p><p>segundo setênio, fixam-se os costumes como hábitos</p><p>alimentares, de higiene, espirituais etc. Nesta fase,</p><p>atitudes de pessoas importantes para a criança podem</p><p>facilitar ou dificultar um desenvolvimento sadio da</p><p>sua vida psíquica e anímica.</p><p>3º setênio 14 - 21</p><p>anos</p><p>Base para o amadurecimento social</p><p>Este setênio marca o amadurecimento do EU e sua</p><p>autonomia. O jovem já é capaz de emitir julgamentos e</p><p>de agir eticamente. Nesta fase, o adolescente apresenta</p><p>um forte espírito crítico, colocando em xeque as</p><p>opiniões dos demais. Recusa-se a aceitar a autoridade</p><p>de qualquer pessoa e os valores só são aceitos se</p><p>condisserem com o seu próprio raciocínio. As pessoas</p><p>ao seu redor só serão respeitadas se forem honestas,</p><p>verdadeiras. É a fase, segundo Steiner, de O MUNDO</p><p>É VERDADEIRO. Para Steiner, esta é a hora certa</p><p>de apresentar a ciência, o conceito, desenvolvendo o</p><p>pensar lógico.Nesta fase, há um amadurecimento da</p><p>responsabilidade, é a época ideal para ensinar ao jovem</p><p>os problemas da humanidade, fazendo-os vivenciar a</p><p>realidade e não apenas estudar sobre elas. Também é</p><p>interessante que se estimule o jovem a estipular metas</p><p>para o seu futuro. Por volta dos 21 anos, as maturidades</p><p>intelectual e moral se estabilizam, acompanhadas da</p><p>responsabilidade.</p><p>FONTE: Adaptado de Costa (2005), Kügelgen (1984) e Lanz (1998)</p><p>Agora que já estudamos os setênios, vamos abordar outra importante</p><p>contribuição de Steiner para a educação: o princípio dos temperamentos. Apesar</p><p>de cada um possuir o seu Eu, nossa constituição física e anímica pode ser agrupada</p><p>TÓPICO 1 — A PEDAGOGIA WALDORF</p><p>11</p><p>em quatro tipos básicos: sanguíneo, melancólico, colérico e fleumático. Lembre-se</p><p>que normalmente cada pessoa apresenta características mais fortes de um ou dois</p><p>temperamentos. Veja o quadro a seguir:</p><p>QUADRO 2 – OS TEMPERAMENTOS</p><p>TIPOS DE</p><p>TEMPERAMENTO</p><p>ELEMENTO</p><p>DE LIGAÇÃO CARACTERÍSTICAS DA CRIANÇA</p><p>Sanguíneo AR</p><p>Ágil, leve, aérea. É muito alegre e</p><p>inteligente, mas perde facilmente a</p><p>concentração, tendo dificuldadeem se</p><p>fixar numa determinada tarefa. Adormece</p><p>e acorda muito facilmente, prefere</p><p>alimentos picantes e azedos. Para que a</p><p>criança aprenda, é necessário que o adulto</p><p>desenvolva uma relação afetiva com ela e</p><p>dela com o objeto que deverá ocupar-se.</p><p>Melancólico TERRA</p><p>Pesada, triste. Está sempre isolada em</p><p>seu mundo, desajeitada, seu corpo parece</p><p>muito pesado para ela.Tem dificuldade</p><p>em se relacionar com os colegas, demora</p><p>a acordar e adormecer. Come pouco e</p><p>prefere doce. Qualquer sofrimento a deixa</p><p>arrasada. Não gosta de atividades físicas,</p><p>jogos mais violentos e também não gosta</p><p>do frio. Para trabalhar com ela, o adulto</p><p>deve sugerir-lhe a musicalidade. Como</p><p>se preocupa com as pessoas sofredoras,</p><p>convém discutir com ela o sofrimento</p><p>mundial.</p><p>Colérico FOGO</p><p>Tem corpo atlético, com membros curtos e</p><p>nuca grossa. É muito atenta e concentrada,</p><p>porém estoura, queima-se muito facilmente.</p><p>Líder nata, é responsável, aplicada e</p><p>corajosa, agindo sempre com muita</p><p>energia. Para trabalhar com ela é preciso ter</p><p>paciência e ser compreensível, levando-a</p><p>ao extremo de si mesma,para que perceba</p><p>que não é infalível.</p><p>Fleumático ÁGUA</p><p>Fica na sua. Possui intensa relação com o</p><p>seu corpo etérico, estando em constante</p><p>bem-estar. Dificilmente envolve-se com</p><p>coisas diferentes, pois não quer perder a</p><p>sua posição cômoda, por isso parece lenta,</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>12</p><p>sonolenta etemtendência à obesidade.</p><p>Gosta muito da rotina e da ordem e é</p><p>muito calma. É preciso que ela perceba</p><p>que as outras crianças se interessam muito</p><p>pelo assunto, para então demonstrar</p><p>algum interesse para as novidades.</p><p>FONTE: Adaptado de Costa (2005), Kügelgen (1984), Lanz (1998) e Trevisan (2006)</p><p>Para entendermos melhor cada um dos temperamentos, vamos ilustrá-los</p><p>com uma pequena história:</p><p>Pouco depois, um fleumático chega ao local, para um longo tempo;</p><p>finalmente, encontra um desvio que lhe permite dar volta ao</p><p>obstáculo e, vagarosamente, continua seu caminho. A seguir, chega</p><p>o terceiro, o melancólico: “Claro, estas coisas só acontecem a mim!”</p><p>Permanece muito tempo sentado sobre a pedra, refletindo até o ponto</p><p>de esquadrinhar como o infortúnio chegou ao mundo, e por que esse</p><p>infortúnio sempre há de lançar obstáculos precisamente nos caminhos</p><p>que ele utiliza. Levanta-se e volta para casa. Finalmente, aproxima- se</p><p>o colérico, com passo decidido: vê a pedra, detém-se por um segundo</p><p>e logo a empurra com disposição, até que consegue tirá-la do caminho.</p><p>Continua sua marcha, não deixando de voltar-se algumas vezes para</p><p>contemplar com satisfação seu êxito (KÜGELGEN, 1984,</p><p>seguida, pense num professor ou professora que tenha</p><p>marcado positivamente sua fase estudantil, desde a Educação Infantil até os dias atuais. De</p><p>quem você se lembrou? Relembre também, as qualidades desse profissional e reflita sobre</p><p>o que fez com que ele ou ela merecesse ser lembrado(a) por você.</p><p>UNI</p><p>TÓPICO 2 — A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE E DAS INTERAÇÕES NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>213</p><p>FIGURA 17 – CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTO</p><p>FONTE: <https://bit.ly/3vLGCtC>. Acesso em: 09 jun. 2021.</p><p>Nesse sentido, tanto conhecimento quanto aprendizagem podem ser</p><p>entendidos como um conjunto de momentos amorosos, criativos, alegres e</p><p>prazerosos e que são essencialmente fundamentais para o desenvolvimento</p><p>biopsicossocial das crianças. De acordo com Freire (1996, p. 66),</p><p>O professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto</p><p>estético, a sua inquietude, a sua linguagem; o professor que ironiza o</p><p>aluno, que o minimiza, que manda que ele se ponha em seu lugar ao</p><p>mais tênue sinal de sua rebeldia legítima, tanto quanto o professor que</p><p>se exime do cumprimento do seu dever de propor limites à liberdade</p><p>do aluno, que se furta ao dever de ensinar, de estar respeitosamente</p><p>presente à experiência formadora do educando, transgride os</p><p>princípios fundamentalmente éticos de nossa existência. Saber que</p><p>devo respeito à autonomia e à identidade do educando exige de mim</p><p>uma prática em tudo coerente com este saber.</p><p>Freire	 (1996,	 p.	 75)	 nos	 faz	 refletir:	 “[...]	 como	 ser	 educador,	 se	 não</p><p>desenvolvo em mim a indispensável amorosidade aos educandos, com quem me</p><p>comprometo e ao próprio processo formador de que sou parte?”</p><p>Então “mãos à obra”, acadêmico! Há muito que fazer a partir das</p><p>reflexões	realizadas	até	aqui:	há	que	se	possibilitar	mais	momentos	de	interação	e</p><p>motivação, de toque, de carinho, de afetividade, de afago, de atenção, de cuidados</p><p>e delicadeza no falar, no olhar, no ouvir, no pensar, no planejar e no agir, quando</p><p>se trata de educação de crianças, especialmente as da Educação Infantil.</p><p>3 PAIS E EDUCADORES: UMA IMPORTANTE PARCERIA NA</p><p>EDUCAÇÃO DAS CRIANÇAS</p><p>Prezado acadêmico! “Feliz é o educador que tem os pais ao seu lado”,</p><p>formando uma tríade perfeita entre ESCOLA/FAMÍLIA/CRIANÇA. Você concorda</p><p>com isso?</p><p>214</p><p>UNIDADE 3 — AÇÃO E INTERAÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>FIGURA 18 – PARCERIA ENTRE A ESCOLA E A FAMÍLIA</p><p>FONTE: <https://bit.ly/35GIIQX>. Acesso em: 13 jan. 2020.</p><p>No entanto, ter o apoio e o carinho dos pais, nem sempre é uma tarefa</p><p>fácil. Pensando nisso, lhe traremos algumas dicas que facilitarão a realização</p><p>desta tríade:</p><p>QUADRO 2 – DICAS PARA UMA PARCERIA ENTRE A ESCOLA, A FAMÍLIA E A CRIANÇA</p><p>•	 Abra	 os	 portões	 e	 deixe	 os	 pais	 entrarem	 na	 instituição,	 eles	 também</p><p>precisam sentir-se parte integrante dela.</p><p>• Receba a criança e a acolha diante dos pais com simpatia e amor, nenhum</p><p>pai	aprecia	sentir	o	professor	indiferente	à	presença	de	seu	filho.</p><p>• Seja cordial e receptivo às dúvidas dos pais, por mais impertinentes ou</p><p>simplórias que possam parecer.</p><p>• Coloque-se à disposição para ouvi-los, desde que isso não ultrapasse o</p><p>momento de estar com as crianças.</p><p>• Agende horários para conversas, fora do horário de aula, com os pais</p><p>necessitados de atenção.</p><p>•	 Mantenha-se	transparente	em	todas	as	suas	ações.	Pais	seguros	interferem</p><p>menos e acabam nos auxiliando em nosso trabalho.</p><p>• Comunique-se de todas as formas possíveis. Comunicação é fundamental.</p><p>• Convide os pais para prestigiarem momentos especiais e agradáveis da</p><p>instituição,	não	só	para	conversas	difíceis	ou	entrega	de	avaliações.</p><p>• Auxilie os pais a conhecerem e valorizarem a função educativa da instituição.</p><p>Estabeleça	vínculos	de	confiança	e	respeito	mútuo	com	a	criança	e	seus	pais.</p><p>• Seja sincero, não omita as verdades, diga o que pensa e o que precisa ser</p><p>dito, mas saiba fazê- lo com delicadeza.</p><p>•	 Procure	 a	 ajuda	 de	 profissionais	 especializados	 quando	 perceber	 algo</p><p>diferente	na	criança	(alguma	síndrome	ou	dificuldade	de	aprendizagem)	–</p><p>não dê diagnósticos, encaminhe.</p><p>• Estabeleça contato também via e-mail ou telefone com os pais em caso de</p><p>necessidade e mostre-se preocupado em atendê-los.</p><p>TÓPICO 2 — A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE E DAS INTERAÇÕES NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>215</p><p>•	 Convide-os	a	participar	de	momentos	ou	decisões	importantes	da	instituição.</p><p>Apresente registros, fotos, jornais ou materiais que esteja desenvolvendo com</p><p>a turma.</p><p>• Desta maneira, você estará possibilitando aos pais acompanharem todo</p><p>o	 processo	 ensino-aprendizagem	 do	 filho.	 Os	 pais	 que	 acompanham	 o</p><p>trabalho do professor de perto o valorizam mais.</p><p>•	 Realize	reuniões	de	caráter	pedagógico	ou	formativo.</p><p>• Lembre-se de que não existem duas famílias iguais e, sendo assim, respeite</p><p>as peculiaridades de cada uma.</p><p>• Procure estabelecer com os pais um “mesmo direcionamento” diante de</p><p>alguma necessidade da criança. Procurem falar a mesma língua e não sejam</p><p>contraditórios diante dela.</p><p>• Mantenha-se aberto às críticas e paciente às grosserias, elas vão ocorrer</p><p>inevitavelmente. Acalme os pais de maneira amistosa, fale baixo e com</p><p>diplomacia, defenda-se, se for o caso.</p><p>•	 Parta	do	pressuposto	de	que	 cada	pai	 conhece	o	filho	que	 tem	e	vá	 com</p><p>calma na hora de falar dele. Comece sempre elogiando a criança e aos</p><p>poucos relate sobre a situação que preocupa você.</p><p>• Mostre aos pais que você é justo, que trata a todas as crianças com igualdade</p><p>e respeito, que não há preferidos ou privilegiados em sua turma.</p><p>• Demonstre segurança em seus gestos, atitudes ou palavras. Os pais precisam</p><p>sentir	que	deixaram	o	filho	em	boas	mãos.</p><p>• Leia muito sobre as crianças – é preciso conhecê-las para amá-las e</p><p>compreendê-las verdadeiramente. Conheça suas histórias de vida.</p><p>• Brinque com suas crianças, mostre-se feliz na presença delas. O professor</p><p>ou professora, que brinca com as crianças, é facilmente lembrado por elas,</p><p>mesmo quando não estão na escola.</p><p>•	 Enfim,	 compartilhe	 seus	momentos	mais	 especiais	 na	 instituição	 com	 os</p><p>pais das crianças, e descobrirão que, embora em espaços diferentes, ambos</p><p>lutam pelo mesmo objetivo: o crescimento pessoal e integral da criança,</p><p>numa atmosfera alegre e prazerosa.</p><p>FONTE: As autoras</p><p>Quando o assunto é “família e escola”, toda a nossa atenção é necessária,</p><p>pois esta parceria é fundamental na educação das crianças. Se você, prezado acadêmico,</p><p>sentiu-se motivado a saber mais sobre o assunto, aceite nossa sugestão de leitura:</p><p>• BASSEDAS, E.; HUGET, T.; SOLÉ, I. Aprender e ensinar na educação infantil. Trad. Cristina</p><p>Maria de Oliveira. Porto Alegre: Artmed, 1999.</p><p>O livro possui um capítulo inteirinho dedicado a este assunto e traz importantes reflexões.</p><p>FONTE: <https://www.amazon.com.br/Aprender-Ensinar-na-Educa%C3%A7%C3%A3o-Infantil-</p><p>ebook/dp/B016V88JHK>. Acesso em: 25 maio 2021.</p><p>DICAS</p><p>216</p><p>UNIDADE 3 — AÇÃO E INTERAÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL</p><p>Estabelecer	 parceria	 com	 as	 famílias	 pressupõe	 aceitá-las	 em	 suas</p><p>individualidades e características próprias, não se esqueça disso! Hoje sabemos</p><p>que famílias são compostas de diferentes maneiras. Não há mais apenas um</p><p>padrão de família nuclear, em que o pai é o chefe e provedor e a mãe cuida dos</p><p>filhos.	As	 famílias	 apresentam	 formações	 diversas:	 com	 pais	 separados,	 netos</p><p>criados	por	avós,	mães	que	cuidam	sozinhas	dos	filhos,	pais	abandonados	por</p><p>esposas	que	assumem	os	filhos	etc.</p><p>FIGURA 19 – PAPAI E BEBÊ</p><p>FONTE: <https://bit.ly/35QmgVf>. Acesso em: 13 jan. 2020.</p><p>O professor necessita de informação e preparação para lidar com todos os</p><p>tipos de famílias, despindo-se completamente de qualquer preconceito ou pudor.</p><p>De acordo com Oliveira (2008, p.176-177):</p><p>A cultura da violência (física ou simbólica) presente em muitas</p><p>famílias	(agressões,	espancamentos,	ameaças,	castigos,	humilhações),</p><p>os abusos sexuais existentes em muitas delas, a diminuição da</p><p>disponibilidade	de	tempo	que	os	pais	têm	para	ficar	com	os	filhos,	o</p><p>conhecimento de casos de abandono da</p><p>p. 38).</p><p>Conseguiu diferenciar cada um dos temperamentos? Foi capaz de</p><p>encontrar-se em algum deles?</p><p>Agora que já conhecemos a teoria do desenvolvimento humano proposta</p><p>por Steiner, que é a base da Pedagogia Waldorf, que tal analisarmos como esta</p><p>teoria é aplicada na prática?</p><p>4 METODOLOGIA</p><p>“Se você quer que seu filho seja brilhante, conte a ele contos de fadas. Se você</p><p>o quer muito brilhante, conte-lhe ainda mais contos de fadas”. (Albert Einstein).</p><p>É isto mesmo! Na Pedagogia Waldorf, contar histórias é uma forma de</p><p>estimular o conhecimento. Para cada fase do desenvolvimento, são utilizadas</p><p>histórias diferentes: prosas, versos, cantigas, contos, lendas, casos etc., que variam</p><p>em sua forma e conteúdo para cada fase. Na Educação Infantil, os contos de fada</p><p>são muito importantes:</p><p>com suas imagens cheias de fantasias, eles são um alimento para</p><p>as crianças, enriquecem seu vocabulário, ativam sua capacidade</p><p>imaginativa, estimulam a criatividade e dão a elas suporte emocional e</p><p>amparo para que se sintam felizes. E, mais do que tudo, que se sintam</p><p>aceitas (TREVISAN, 2006, p. 46).</p><p>TÓPICO 1 — A PEDAGOGIA WALDORF</p><p>13</p><p>E já que falamos sobre o conto na Educação Infantil, exploraremos como</p><p>são os Jardins de Infância na Pedagogia Waldorf.</p><p>Tendo por base os setênios, os quais estudamos anteriormente, o foco</p><p>da Educação Infantil está no brincar imitativo, na imaginação, por isto, mais do</p><p>que nunca, há a importância de se trabalhar com os contos de fadas, para que</p><p>a criança desenvolva, aos poucos, o pensamento criativo e se prepare para as</p><p>demais etapas do seu desenvolvimento escolar. Nesta fase, a criança deve ser</p><p>tratada com individualidade e respeito, estimulando o desenvolvimento do seu</p><p>talento e da sua capacidade. Lembre-se de que, nesta fase, segundo Steiner, a</p><p>criança deve se sentir segura, para que possa concluir que O MUNDO É BOM.</p><p>Tal qual numa família com irmãos, as classes de Jardim são formadas</p><p>por crianças de idades diferentes. Os mais novos aprendem com os</p><p>mais velhos; os mais velhos cultivam respeito e carinho para com os</p><p>pequenos. Nem tudo são flores, é claro. Brigas e desentendimentos</p><p>fazem parte do aprendizado social e são acolhidos como tais pelo</p><p>professor, assim como em casa pelos pais. (TREVISAN, 2006, p. 46).</p><p>Nesta fase, é importante que a criança cumpra rotinas preestabelecidas,</p><p>para que organize a sua vida de forma segura. As atividades do currículo Waldorf</p><p>seguem os ritmos da natureza, das estações do ano e dos afazeres do dia a dia,</p><p>como: acordar, tomar café, escovar os dentes, entre outros.</p><p>Assim, no currículo do Jardim, as atividades percorrem um caminho</p><p>organizado e habitual, que atende aos ritmos diários (brincar fora, brincar dentro,</p><p>lanche), semanal (culinária, desenho, modelagem, pintura), mensal (um tema</p><p>específico é trabalhado nas histórias e contos) e anual (que segue as estações do ano,</p><p>celebradas com festejos e teatros). Um dia depois do outro (TREVISAN, 2006, p. 49).</p><p>Vejamos, no quadro a seguir, quais atividades são realizadas com as</p><p>crianças das escolas Waldorf, em cada ritmo:</p><p>QUADRO 3 – RITMOS DA ESCOLA WALDORF</p><p>RITMO ATIVIDADES</p><p>Diário</p><p>- Desenho ou pintura.</p><p>- Música e poemas em diversas línguas (para formar o aparelho</p><p>fonador e auditivo).</p><p>- Brincar livre na sala de aula.</p><p>- Culinária, modelagem, teatro.</p><p>- Lanche (antes as crianças recitam um verso de agradecimento</p><p>pelo alimento).</p><p>- Brincar no jardim.</p><p>- Histórias de contos de fadas ou teatro.</p><p>Semanal</p><p>A cada dia da semana o professor estipula uma atividade</p><p>diferentecomo modelagem, desenho, trabalhos manuais, pintura,</p><p>culinária ou euritmia.</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>14</p><p>Mensal A cada mês o professor escolhe um tema diferente, de acordo com</p><p>a épocado ano, para desenvolver nas rodas de histórias ou contos.</p><p>Anual A cada estação do ano o professor prepara festas, teatros, entre outros,</p><p>para trabalhar e fortalecer as características de cada época.</p><p>FONTE: Adaptado de Trevisan (2006)</p><p>Assim, na Pedagogia Waldorf, os professores trabalham para desenvolver</p><p>um ambiente de harmonia e incentivo à criatividade na Educação Infantil. Para</p><p>isto, propõem atividades diversificadas como cuidar do jardim, fazer pão para</p><p>o lanche, construir brinquedos, criar brincadeiras com materiais da natureza,</p><p>dando grande importância ao movimento e ao desenvolvimento neurológico da</p><p>criança. Nesta fase, o professor Waldorf deve ser digno de ser imitado, pois nessa</p><p>imitação inconsciente, estará fundamentanda a moralidade da criança.</p><p>Bem, agora que já sabemos como é organizada a Educação Infantil nas</p><p>escolas Waldorf, abordaremos rapidamente a organização do Ensino Fundamental</p><p>e do Ensino Médio.</p><p>O Ensino Fundamental possui o mesmo currículo das outras escolas, porém</p><p>voltado ao desenvolvimento do jovem para o espírito científico investigativo e para</p><p>o exercício pleno da cidadania. Diversas atividades complementam o currículo,</p><p>como: marcenaria, atividades artísticas, filosofia, trabalhos manuais, música,</p><p>astronomia, geometria, inglês, alemão, jardinagem, antropologia, mineralogia,</p><p>botânica, entre outras.</p><p>Neste setênio, como vimos anteriormente, a criança deve reconhecer que</p><p>O MUNDO É BELO, por isto, recebe uma formação voltada às artes. Nesta fase,</p><p>também, inicia-se a alfabetização da criança, e o professor deve conquistar uma</p><p>autoridade amorosa.</p><p>No Ensino Médio, há uma maior preocupação com a formação social, por</p><p>isto, o jovem é levado a conhecer as diversas situações sociais que estão ao seu</p><p>redor, a fim de tornar-se um cidadão crítico e ativo. Lembre-se de que, nesta fase,</p><p>o aluno deve perceber que O MUNDO É VERDADEIRO, cabendo ao professor</p><p>estabelecer uma relação de honestidade e confiança com o aluno. Durante os</p><p>quatro anos do Ensino Médio, o jovem desenvolve uma pesquisa com um tema</p><p>de seu interesse e, ao final do curso, a defende em forma de monografia.</p><p>Independentemente da fase em que a criança se encontra, os alunos</p><p>das escolas Waldorf não repetem o ano escolar. A avaliação das crianças não é</p><p>realizada em forma de provas, exames etc., para fins estatísticos. Os professores:</p><p>[...] julgam todos os fatores que permitam avaliar a personalidade do</p><p>aluno, quais sejam: o trabalho escrito, a aplicação, a forma, a fantasia,</p><p>a riqueza de pensamentos, a estrutura lógica, o estilo, a ortografia e,</p><p>além disso, obviamente os conhecimentos reais. Mas o julgamento</p><p>TÓPICO 1 — A PEDAGOGIA WALDORF</p><p>15</p><p>geral sobre o aluno levará em conta o esforço real que ele fez (ou</p><p>não fez) para alcançar tal resultado, seu comportamento, seu espírito</p><p>social (LANZ, 1998, p. 105).</p><p>Os boletins anuais enviados aos pais relatam a biografia do aluno</p><p>durante o ano todo, seus resultados, seu comportamento, seu esforço etc. Afinal,</p><p>o principal objetivo das escolas Waldorf é preparar a criança para a vida real,</p><p>desenvolvendo qualidades essenciais para que ela saiba lidar com o mundo em</p><p>constante mudança, de forma criativa, flexível, responsável e com senso crítico.</p><p>5 PAPEL DO PROFESSOR NA ESCOLA WALDORF</p><p>“Quando a gente aprende algo e dele não se esquece nunca mais, é porque</p><p>o coração e a alma também foram tocados” (TREVISAN, 2006, p. 21).</p><p>Uma importante característica da Pedagogia Waldorf é a relação de amor</p><p>e o profundo conhecimento entre o professor e seus alunos, já que o professor</p><p>permanece com a turma durante diversos anos: um professor acompanha</p><p>durante toda a Educação Infantil, outro durante todo o Ensino Fundamental e</p><p>outro durante todo o Ensino Médio (neste último, recebendo a função de tutor,</p><p>já que as disciplinas são ministradas por professores específicos). Além disso, a</p><p>escola possui um médico escolar, que conhece profundamente a pedagogia e dá</p><p>apoio aos professores: o médico-pedagógico.</p><p>[...] o professor da classe é um dos pilares da Pedagogia Waldorf.</p><p>Principalmente nos primeiros anos de vida, quando a criança está</p><p>começando a entrar em contato com um ambiente que não é o da sua</p><p>própria casa,</p><p>é importante que ela sinta que na escola também tem uma</p><p>família. Essa analogia transfere segurança e bem-estar, e ela passa a sentir</p><p>que o professor é um substituto à altura de seus próprios pais e por quem</p><p>nutrirá igualmente respeito e confiança (TREVISAN, 2006, p.28).</p><p>Ficou curioso em aprofundar-se um pouco mais sobre a metodologia das</p><p>escolas Waldorf? Veja nossas dicas de leitura:</p><p>• KÜGELGEN, H. V. A educação Waldorf: aspectos da prática pedagógica. São Paulo:</p><p>Antroposófica, 1984. (Este livro reúne diversas palestras sobre os principais conceitos e</p><p>métodos da Pedagogia Waldorf)</p><p>• TREVISAN, H. M. F. Filhos felizes na escola: pedagogia Waldorf, o ensino pela arte. São</p><p>Paulo: Trevisan Editora Universitária, 2006. (Este livro apresenta um relato bem dinâmico</p><p>de como ocorre a Educação Waldorf em sala de aula)</p><p>DICAS</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>16</p><p>Por isto que, para se tornar um professor Waldorf, além da formação</p><p>normal de professor, é necessário realizar um curso específico na Pedagogia</p><p>Waldorf, para conhecer profundamente a teoria de Rudolf Steiner. Além disso,</p><p>de acordo com Trevisan (2006, p. 30):</p><p>um exercício importante para um professor Waldorf é meditar séria</p><p>e diariamente sobre cada aluno seu. O objetivo é encontrar respostas</p><p>sobre como é possível ajudá-lo a expressar ao máximo o seu potencial</p><p>e a desenvolver dons que ele não possui.</p><p>Na escola Waldorf, o aluno não aprende apenas por meio de livros, mas</p><p>principalmente com as pessoas, ele procura vivência e não apenas conhecimentos,</p><p>e o professor tem um papel muito importante, pois trabalhará diversos conteúdos,</p><p>das várias disciplinas existentes no currículo. “Não lhe bastará conhecer a matéria;</p><p>ele deverá ainda usá-la conscientemente como meio pedagógico, expondo-a com</p><p>entusiasmo” (LANZ, 1998, p. 84).</p><p>Você já deve ter percebido que o professor das Escolas Waldorf precisa</p><p>ter um grande conhecimento da teoria de Steiner, além de diversas qualidades,</p><p>não é mesmo? Vamos destacar três qualidades essenciais ao professor Waldorf,</p><p>de acordo com Lanz (1998):</p><p>• Conhecimento profundo do ser humano. Envolve conhecer a antroposofia e</p><p>os setênios e aperfeiçoar-se constantemente.</p><p>• Amor como base do comportamento social. O professor deve amar os seus</p><p>alunos.</p><p>• Qualidades artísticas. O professor deve ser maleável, criativo e encarar cada</p><p>aula como uma verdadeira obra de arte.</p><p>Amar os seus alunos é algo primordial para quem quer ser professor e não</p><p>apenas na Pedagogia Waldorf. Pense nisto! Não vá para a sala de aula se você não</p><p>gostar de crianças. Seja um professor responsável e, principalmente, afetivo!</p><p>Caro acadêmico, observe algumas questões para reflexão ou discussão em sala</p><p>1 Qual é o aspecto da teoria de Steiner que você achou mais interessante? Por quê?</p><p>2 Com relação aos temperamentos, a história que usamos para ilustrar o assunto auxiliou</p><p>você a identificar os diversos tipos de temperamento nas pessoas que o rodeiam? Em</p><p>qual temperamento você mais se enquadra?</p><p>UNI</p><p>17</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• Steiner nasceu em 1861, na Áustria, e faleceu em 1925, aos sessenta e quatro</p><p>anos, na Suíça.</p><p>• A principal característica das escolas Waldorf é a sua base na concepção de</p><p>desenvolvimento humano criada por Steiner, a antroposofia.</p><p>• Steiner concebeu o homem atual como portador de quatro processos: mineral,</p><p>vegetal, animal e o EU.</p><p>• As principais atividades anímicas do ser humano, segundo Steiner, são:</p><p>pensar, sentir, querer.</p><p>• O desenvolvimento humano ocorre em ciclos de sete anos, que chamou de</p><p>setênios: 0-7 anos; 7-14 anos e 14-21 anos.</p><p>• A constituição física e anímica do ser humano pode ser agrupada em quatro</p><p>tipos de temperamentos: sanguíneo, melancólico, colérico e fleumático.</p><p>• Para a Pedagogia Waldorf, contar histórias é uma forma de estimular o</p><p>conhecimento.</p><p>• O foco da Educação Infantil está no brincar imitativo, na imaginação. Nesta</p><p>fase, a criança deve ser tratada com respeito, com rotinas preestabelecidas, de</p><p>forma a se sentir segura, para que possa concluir que O MUNDO É BOM.</p><p>• Nesta fase, na Educação Infantil, o professor deve ser digno de ser imitado.</p><p>• O Ensino Fundamental está voltado ao desenvolvimento do espírito científico</p><p>investigativo e do exercício pleno da cidadania. Sua formação deve estar voltada</p><p>para a estética, para as artes, para que reconheça que O MUNDO É BELO.</p><p>• No Ensino Médio, há uma maior preocupação com a formação social. Nesta</p><p>fase, o jovem deve perceber que O MUNDO É VERDADEIRO.</p><p>• Os alunos da escola Waldorf não repetem o ano escolar, pois o objetivo das</p><p>escolas Waldorf é preparar a criança para a vida real.</p><p>• Uma importante característica da Pedagogia Waldorf é o amor e o profundo</p><p>conhecimento do professor por seus alunos, já que ele permanece com a turma</p><p>durante diversos anos.</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>18</p><p>• Na escola Waldorf, o aluno não aprende de livros e sim de pessoas, por isto</p><p>é importante que o professor tenha as seguintes qualidades: conhecimento</p><p>profundo do ser humano; amor como base do comportamento social; e</p><p>qualidades artísticas.</p><p>19</p><p>1 Em relação à Pedagogia Waldorf, assinale a resposta CORRETA:</p><p>a) ( ) Nesta Pedagogia o mesmo professor permanece com a turma, diversos</p><p>anos.</p><p>b) ( ) Na Pedagogia Waldorf o aluno aprende por meio de livros, não de</p><p>pessoas.</p><p>c) ( ) Devido a autonomia do grupo, o professor torna-se dispensável em sala.</p><p>2 Para a Pedagogia Waldorf, contar histórias é:</p><p>a) ( ) Uma forma de estimular o conhecimento.</p><p>b) ( ) Uma forma de moralizar as crianças.</p><p>c) ( ) Uma forma de entretenimento, apenas.</p><p>3 O que há de diferente na Pedagogia Waldorf em relação aos anos escolares?</p><p>a) ( ) Eles não repetem de ano.</p><p>b) ( ) Eles realizam dois anos ou mais, em apenas um.</p><p>c) ( ) Eles podem escolher passar para o próximo ano ou refazer o ano que</p><p>acabam de cursar.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>20</p><p>21</p><p>TÓPICO 2 —</p><p>UNIDADE 1</p><p>A PEDAGOGIA MONTESSORI</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Você já ouviu falar em Maria Montessori ou na Pedagogia Montessori? E</p><p>nas Casas das Crianças, ou Case Dei Bambini? Ou, quem sabe, já ouviu falar no</p><p>Material Dourado?</p><p>O primeiro passo da educação é prover a criança de um meio que</p><p>lhe permita desenvolver as funções que lhes foram designadas pela</p><p>natureza. Isso não significa que devemos contentá-la e deixá-la fazer</p><p>tudo o que lhe agrada, mas nos dispor a colaborar com a ordem da</p><p>natureza, com uma de suas leis, que quer que esse desenvolvimento se</p><p>efetue por experiências próprias da criança (MONTESSORI, 1972 apud</p><p>RÖHRS, 2010, p. 29).</p><p>Neste tópico, vamos nos aprofundar um pouco sobre Maria Montessori</p><p>e sua teoria, a Pedagogia Montessori, muito utilizada nas escolas brasileiras e</p><p>no mundo todo. Se você já é professor, vai perceber que muitas das atividades</p><p>desenvolvidas por Montessori já são utilizadas no seu dia a dia em sala de aula,</p><p>porém, muitas vezes, sem saber a sua origem ou o real significado e importância</p><p>de desenvolver cada uma delas.</p><p>A Pedagogia Montessori tem por princípios a liberdade, a disciplina e a</p><p>responsabilidade. Nela, as crianças aprendem utilizando materiais didáticos</p><p>especialmente elaborados para desenvolver os aspectos motores, intelectuais,</p><p>racionais ou sensoriais de cada um. Além disso, a criança tem liberdade para</p><p>escolher o material didático com o qual trabalhará. Por isto, os materiais didáticos</p><p>elaborados por Montessori são desenvolvidos para atrair a atenção das crianças,</p><p>desenvolvendo nelas a curiosidade por aprender e buscar o conhecimento.</p><p>Nesta teoria, o professor é aquele que avalia o desenvolvimento e o</p><p>comportamento das crianças, estimulando a busca pelo saber de forma criativa,</p><p>lúdica e prazerosa, guiando as crianças durante a sua caminhada em busca do</p><p>conhecimento, ajudando a tirar dúvidas e respondendo aos questionamentos que</p><p>surgem durante as aulas. O professor é um grande observador da aprendizagem</p><p>e do comportamento das crianças. Ficou curioso? Vamos explorar um pouco mais</p><p>esta teoria?</p><p>22</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>2 MARIA MONTESSORI (1870-1952)</p><p>Para iniciarmos, que tal conhecer um pouco sobre a história de vida de</p><p>Montessori com base em autores como Montessori (1965), Machado (1980) e</p><p>Röhrs (2010)? Vamos lá!</p><p>FIGURA 5 – MARIA MONTESSORI</p><p>FONTE: <https://www.tma-el.org/uploads/1/0/5/1/1051790/mission-montessori-inset_orig.jpg>.</p><p>Acesso em: 25 maio 2021.</p><p>Montessori nasceu em 31 de agosto de 1870, no leste da Itália, na cidade de</p><p>Chiaravalle. Era neta do geólogo e naturalista Antônio Stoppani e filha única do</p><p>casal Alessandro Montessori e Renilde Stoppani. Quando tinha 12 anos, mudou-</p><p>se com a família para Roma à procura de uma educação de melhor qualidade. Em</p><p>1896, concluiu o seu curso de medicina, tornando-se a primeira mulher italiana a</p><p>concluir o curso. Seus estudos tinham como enfoque as neuropatologias e, logo</p><p>após concluí-lo, foi trabalhar como assistente em uma clínica psiquiátrica da</p><p>Universidade de Roma, onde se dedicou, por dois anos, ao estudo das crianças</p><p>com deficiência intelectual.</p><p>Devido a seu grande interesse pelo desenvolvimento cognitivo de crianças</p><p>com deficiência, Montessori começou a estudar os trabalhos de Itard e Séguin,</p><p>por meio de livros com relatos sobre seus métodos de ensino na educação destas</p><p>crianças. De acordo com Montessori (1965), Itard conseguiu fazer falar e ouvir a</p><p>crianças semissurdas.</p><p>No entanto, foram as teorias de Séguin que lhe chamaram a atenção.</p><p>Séguin partiu das experiências de Itard, aplicando-as e modificando-as durante</p><p>30 anos, até chegar ao que denominou de método fisiológico (método baseado</p><p>no estudo individual do discípulo). Segundo Montessori (1965), Séguin estudara</p><p>centenas de crianças com deficiência recolhidas nos asilos de Paris, dando-lhes</p><p>instrução intelectual e artística.</p><p>TÓPICO 2 — A PEDAGOGIA MONTESSORI</p><p>23</p><p>Tendo por base os estudos de Séguin, Montessori, em1898, em um</p><p>congresso na cidade de Turim, defendeu crianças com deficiência não precisavam</p><p>de médicos, mas sim de métodos pedagógicos que criassem um ambiente de</p><p>ajuda ao aluno. Para ela, em vez de internar as crianças com deficiência, seria</p><p>necessário construir escolas onde, através da observação, os métodos de Séguin</p><p>fossem aperfeiçoados, possibilitando até mesmo a formação de novos professores</p><p>para atuação na área.</p><p>Logo após sua participação no Congresso, seu antigo professor, ministro</p><p>da Instrução Pública em Roma, chamou-a para realizar palestras sobre o ensino</p><p>de pessoas com deficiência. Isto fez com que se despertasse o interesse dos que</p><p>se dedicavam ao assunto. A partir de então, a vida de Montessori voltou-se para</p><p>a educação das crianças com deficiência. Lia tudo o que era publicado a respeito,</p><p>aproveitando todas as sugestões que lhe eram dadas, realizando experiências</p><p>e trabalhando fortemente na formação dos professores que vinham trabalhar</p><p>com ela. Realizou viagens a Paris e Londres, conhecendo escolas e tudo o que</p><p>havia de mais moderno com relação à educação destas crianças. Logo, percebeu</p><p>que poderia superar as teorias de Séguin, aperfeiçoando-as. Mandou fabricar os</p><p>materiais didáticos que Séguin propunha, aperfeiçoando uns, excluindo outros</p><p>e criando novos materiais para o trabalho a ser desenvolvido com as crianças.</p><p>Tanto esforço trouxe ótimos resultados:</p><p>Usando esse método, consegui que alguns deficientes do manicômio</p><p>aprendessem a ler e a escrever corretamente; mais tarde, apresentando-</p><p>se ao exame nas escolas públicas, juntamente com os escolares [sem</p><p>deficiência], obtiveram aprovação (MONTESSORI, 1965, p. 33).</p><p>A partir de então, começou a questionar como as crianças com deficiência</p><p>puderam superar as crianças sem deficiência nos exames realizados. Concluiu que</p><p>as escolas deveriam estar desorganizadas e os métodos ser péssimos, moldando</p><p>as possibilidades das crianças.</p><p>Tais resultados eram tidos como miraculosos pelos observadores. Eu,</p><p>porém, sabia que se esses alunos [com deficiência] haviam alcançado</p><p>os escolares [sem deficiência] nos exames públicos era, unicamente,</p><p>por haverem sido conduzidos por uma via diferente: tinham sido</p><p>auxiliados no seu desenvolvimento psíquico, enquanto as crianças [sem</p><p>deficiência] haviam sido, pelo contrário, sufocadas e deprimidas. [...]</p><p>Enquanto todos admiravam o progresso dos meus alunos, eu meditava</p><p>sobre as razões que faziam permanecer em tão baixo nível os outros</p><p>escolares, a ponto de poderem ser alcançados pelos meus alunos nas</p><p>provas de inteligência. (adaptado de MONTESSORI, 1965, p. 33).</p><p>Depois de obter estes resultados, Montessori resolveu abandonar a Escola</p><p>Ortofrênica e voltar aos estudos de Itard e Séguin, traduzindo-os para o italiano de</p><p>próprio punho, chegando à conclusão de que o método de Séguin dava resultados</p><p>mesmo quando aplicado aos alunos sem deficiência. Considerando-se incompleta,</p><p>voltou a estudar, agora o curso de pedagogia e o de psicologia instrumental.</p><p>24</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>Tais foram minhas conclusões. O importante não é observar, mas</p><p>‘transformar’. A observação fundara uma nova ciência psicológica;</p><p>não ‘transformará’, porém, nem alunos nem escolas. Acrescentara</p><p>alguma coisa às escolas comuns, deixando-as, no entanto, bem como</p><p>seus métodos de instrução e educação, estacionadas em seu estado</p><p>primitivo (MONTESSORI, 1965, p. 37).</p><p>Montessori sentiu, ali, a necessidade de colocar em prática sua ideia de</p><p>aplicar os métodos de Séguin com crianças sem deficiência. No entanto, não</p><p>sabia de que forma poderia realizar esta ação. Até que, em 1906, uma empresa</p><p>que construía prédios pediu sua ajuda para a solução de um problema. Como</p><p>os prédios que construíam eram para pessoas em situação de vulnerabilidade</p><p>econômica e estes precisavam sair para trabalhar desde cedo, as crianças ficavam</p><p>sozinhas durante o dia e estragavam o prédio. Assim, pediram para Montessori</p><p>que ela criasse alguma forma de entretê-los e mantê-los quietos neste período em</p><p>que estavam sem os pais. Para isto, ofereceram uma sala em cada bloco e todo</p><p>o pessoal de que ela precisasse. Criou-se, assim, a primeira Case dei Bambini,</p><p>inaugurada em janeiro de 1907. Esta Casa das Crianças recebeu crianças entre os</p><p>3 e 7 anos e deu tão certo que, em abril do mesmo ano, a empresa resolveu abrir</p><p>outra, e em outubro outra, chegando a diversas casas espalhadas pela Itália.</p><p>As Casas de Crianças tornaram-se tão populares, que educadores de Roma</p><p>e outras regiões do mundo vieram para conhecê-las e partiram entusiasmados com</p><p>seus métodos. Um deles foi Freinet, conforme veremos no próximo tópico. Mais</p><p>tarde, Teresa Bontempi introduziu as escolas na Suíça e, pouco depois, foi fundada</p><p>uma escola Montessori, na Argentina. Em 1910, o método chegou aos Estados Unidos</p><p>e, em 1911, a Paris. Em 1913, criou-se uma sociedade Montessori na Inglaterra. Nesta</p><p>mesma época, uma sociedade de Milão e outra de Roma ofereceram-se para fabricar</p><p>o material didático criado por Montessori, e a baronesa Alicia Franchetti pagou a</p><p>primeira edição do livro “Pedagogia Científica”, em que Maria Montessori falava</p><p>sobre seu método. Em 1911, devido ao empenho de Maria Maraini Guerrieri, o</p><p>método Montessori foi incluído em todas as escolas primárias da Itália.</p><p>Maria Montessori faleceu em 6 de maio de 1952, com 81 anos. Hoje, seus</p><p>livros estão traduzidos em diversas línguas, existindo escolas Montessori em</p><p>todo o mundo, inclusive no Brasil. As sociedades Montessori não descuidam</p><p>da formação dos professores, criando escolas específicas para eles; organizam</p><p>conferências, criam novas escolas, cursos de férias, entre outros.</p><p>TÓPICO 2 — A PEDAGOGIA MONTESSORI</p><p>25</p><p>3 CASE DEI BAMBINI (Casa das Crianças)</p><p>E como eram as escolas criadas por Montessori? De que forma você as</p><p>imagina? Vamos conhecer um pouco mais sobre elas?</p><p>FIGURA 6 – MONTESSORI NA ESCOLA</p><p>FONTE: <http://www.michaelolaf.net/montessori%20in%20school.gif>. Acesso em: 24</p><p>maio 2021.</p><p>FIGURA 7 – ESCOLA MONTESSORI</p><p>FONTE: <https://images.slideplayer.com.br/8/2361697/slides/slide_11.jpg>. Acesso em: 24 maio 2021.</p><p>Que tal conhecer um pouco mais sobre a vida de Maria Montessori?</p><p>Sinopse: o filme “Maria Montessori: uma vida dedicada às crianças” é uma cinebiografia de</p><p>Maria Montessori (1870-1952) – médica, educadora e pedagoga italiana que criou um método</p><p>educacional revolucionário. Acompanhe os principais momentos da trajetória de Montessori:</p><p>a graduação em Medicina, a militância feminista, o trabalho pioneiro com crianças deficientes,</p><p>a fundação da "Casa das Crianças" e a sua relação com o seu filho, Mario.</p><p>DICAS</p><p>26</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>As Casas das Crianças, como o próprio nome sugere, eram ambientes</p><p>criados especialmente para o atendimento às crianças, no intuito de melhorar o</p><p>senso de responsabilidade de cada uma. Todos os espaços eram adaptados, assim</p><p>como os móveis: pias, armários, cadeiras, entre outros. Ali, elas podiam exercitar</p><p>a liberdade e a disciplina, uma como dependente da outra.</p><p>Mandei construir mesinhas de formas variadas, que não balançassem,</p><p>e tão leves que duas crianças de quatro anos pudessem facilmente</p><p>transportá-las; cadeirinhas de palha ou de madeira, igualmente bem</p><p>leves e bonitas, e que fossem uma reprodução, em miniatura, das</p><p>cadeiras de adultos, mas proporcionadas às crianças. Encomendei</p><p>poltroninhas de madeira com braços largos e poltroninhas de vime,</p><p>mesinhas quadradas para uma só pessoa, e mesas com outros formatos</p><p>e dimensões [...]. (MONTESSORI, 1965, p. 42-43).</p><p>Montessori criou, também, pequenos armários com cortinas ou pequenas</p><p>portas, para que as crianças pudessem abrir e fechar os móveis e ali guardar</p><p>os seus pertences. “Em cima da cômoda, sobre uma toalha, um aquário com</p><p>peixinhos vermelhos. Ao longo das paredes, bem baixas, a fim de serem acessíveis</p><p>às crianças, lousas e pequenos quadros sobre a vida em família, os animais, as</p><p>flores [...]”. (MONTESSORI, 1965, p. 43).</p><p>Poder-se-ia pensar que o deslocamento de mesas e carteiras causaria</p><p>desordem e barulho, certo? Entretanto, este era o objetivo de Montessori: que a</p><p>criança aprendesse a disciplinar-se enquanto se movia ou interagia com o espaço.</p><p>Não discipliná-la no sentido de proibi-la a movimentar-se, mas orientando para</p><p>que a própria criança adquirisse controle e habilidade dos seus movimentos.</p><p>Se uma criança deixar cair ruidosamente uma cadeira, terá com este</p><p>insucesso uma prova evidente de sua própria incapacidade: em</p><p>bancos, porém, seus movimentos passariam despercebidos. Assim, a</p><p>criança terá ocasião de se corrigir e, aos poucos, verificaremos o seu</p><p>progresso (MONTESSORI, 1965, p. 44).</p><p>De acordo com Montessori (1965), é disciplina do indivíduo que é senhor</p><p>de seus atos e que sabe seguir uma regra devida.</p><p>Devemos, pois, interditar à criança tudo o que pode ofender ou</p><p>prejudicar o próximo, bem como todo gesto grosseiro ou menos</p><p>decoroso. Tudo o mais – qualquer iniciativa, útil em si mesma</p><p>ou de algum modo justificável – deverá ser-lhe permitido; mas</p><p>deverá igualmente ser observada pelo mestre; eis o ponto essencial.</p><p>(MONTESSORI, 1965, p. 46).</p><p>Para Montessori (1965), a partir dos três anos a criança pode se tornar livre</p><p>e independente para realizar todas as tarefas. O papel do professor é o de ajudar a</p><p>criança a avançar no caminho da própria independência, estimulando-a a realizar</p><p>as tarefas do dia a dia, sozinha.</p><p>Quando servimos as crianças, cometemos um ato servil para com elas.</p><p>[...] Uma pessoa que se faz servir com freqüência não somente vive</p><p>em dependência, mas definha na inanição e acaba por perder a sua</p><p>atividade natural (MONTESSORI, 1965, p. 53, grifos no original).</p><p>TÓPICO 2 — A PEDAGOGIA MONTESSORI</p><p>27</p><p>Assim, é papel do professor auxiliar a criança a ultrapassar os obstáculos</p><p>que a impedem de desenvolver-se normalmente.</p><p>4 METODOLOGIA</p><p>Com este pensamento, Montessori criou um programa conhecido como</p><p>“exercícios de vida prática”, ou “exercícios no ambiente cotidiano”, como também</p><p>foi chamado. Neles, as crianças vivenciavam uma vida real, realizando atividades</p><p>do cotidiano. Em seu livro Pedagogia Científica, 1965, Montessori relata objetos</p><p>que compunham o ambiente e auxiliavam na realização destes exercícios.“[...] os</p><p>objetos estavam dispostos de molde a permitir-lhe atingir um fim determinado;</p><p>por exemplo: certos quadros que ensinam a abotoar, dar laços, fazer nós etc.”</p><p>(MONTESSORI, 1965, p. 58). Entre outros objetos que exercitam as crianças na</p><p>análise de seus movimentos, podemos referir</p><p>[...] o quadro de madeira ao qual se fixam dois retângulos de tecido.</p><p>Esses tecidos são unidos ou fechados de diversos modos: com botões,</p><p>presilhas, laços, fitas, colchetes, fechos automáticos etc. Servem para</p><p>desenvolver a habilidade os gestos que se fazem ao vestir-se; as duas</p><p>peças de fazenda devem, primeiramente, ser justapostas com precisão</p><p>de tal modo que, em ambos os tecidos, haja uma correspondência</p><p>recíproca entre os buraquinhos por onde há de passar a fita, entre</p><p>os botões e suas casas, entre os ilhoses e os laços etc. Isso requer da</p><p>criança variadas manobras, por vezes bem complexas, que a levam</p><p>a coordenar os gestos sucessivos que terá que fazer, um após o outro</p><p>(MONTESSORI, 1965, p. 88, grifos no original).</p><p>Em outro momento, Montessori fala dos lavabos para as mãos, com panos</p><p>para limpar, vassouras, escovas, e a criança tenha liberdade de escolher o trabalho</p><p>que deseja desenvolver.</p><p>Com os exercícios da vida prática, Montessori propõe a estimulação dos</p><p>músculos por meio de atividades atraentes e do dia a dia, como enrolar um tapete,</p><p>lavar o chão, servir a mesa, abrir e fechar as portas ou janelas, entre outros, colocando</p><p>o corpo todo em movimento, exercitando-o e aperfeiçoando-o cada dia mais.</p><p>Abrir ou fechar uma porta, uma gaveta, distinguindo bem os vários</p><p>gestos a fazer: enfiar a chave, mantendo-a em posição vertical;</p><p>depois virá-la, e, finalmente, puxar a gaveta ou a porta. [...] Abrir</p><p>convenientemente um livro, folheá-lo, virando as páginas uma a uma.</p><p>[...] Sentar-se numa cadeira e, em seguida, levantar-se; transportar</p><p>objetos, parar um instante antes de colocá-los em seu lugar; caminhar</p><p>evitando obstáculos, isto é: não dando empurrões em pessoas ou</p><p>coisas [...] Além destes, outra série de gestos integram-se ainda na</p><p>vida prática da criança: são os que se referem às etiquetas nas relações</p><p>sociais, tais como saudar alguém, recolher e entregar um objeto seu,</p><p>caído no chão; evitar passar cortando o passo de outrem, escusar-se</p><p>etc. (MONTESSORI, 1965, p. 89).</p><p>28</p><p>UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA</p><p>Para Machado (1980), o ambiente proposto por Montessori educa pelas</p><p>suas qualidades psicológicas, pelo clima afetivo que favorece uma nova forma de</p><p>relacionamento entre professor e aluno e dos alunos entre si; percebe-se claramente</p><p>o acolhimento, a aceitação e valorização de cada um, na sua individualidade, no</p><p>seu ritmo de trabalho e de crescimento.</p><p>Ainda de acordo com Machado (1980), ao utilizar os recursos propostos</p><p>por Montessori, a criança se constrói, conquistando confiança em si mesma,</p><p>resolvendo diversas situações que lhe são propostas. Pela tentativa erro/acerto, a</p><p>criança reconhece suas limitações e procura meio de vencê-los.</p><p>Os recursos propostos por Montessori continham exercícios de paciência,</p><p>de exatidão e de repetição, reforçando o poder de concentração de cada criança.</p><p>Estes exercícios deviam ser realizados todos os dias como se fossem uma tarefa</p><p>e não um passatempo, e eram complementados com momentos de meditação e</p><p>imobilidade. Para Montessori (1976 apud RÖHRS, 2010), os exercícios serviam</p><p>para desenvolver atitudes e não apenas competências.</p><p>Montessori criou a teoria da percepção e criou os materiais didáticos</p><p>de forma que eles permitissem ou simulassem situações concretas e imediatas,</p><p>favorecendo a abstração da criança.</p>

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