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<p>PODER CONSTITUINTE</p><p>2a EDIÇÃO/2023</p><p>1. ESQUEMA GERAL 2</p><p>2. CONCEITO 2</p><p>3. TITULARIDADE 2</p><p>4. OBJETO 2</p><p>5. MANIFESTAÇÃO 3</p><p>6. MODOS DE MANIFESTAÇÃO DO PODER CONSTITUINTE 3</p><p>7. CLASSIFICAÇÃO 4</p><p>7.1 PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO ou INICIAL ou INAUGURAL ou GENUÍNO ou de 1° GRAU 4</p><p>7.1.1 NATUREZA 4</p><p>7.1.2 CARACTERÍSTICAS 5</p><p>7.1.3. LIMITES METAJURÍDICOS (OU SUPRAPOSITIVOS) DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO (JORGE</p><p>MIRANDA) 6</p><p>7.2 PODER CONSTITUINTE DERIVADO ou INSTITUÍDO ou CONSTITUÍDO ou SECUNDÁRIO ou DE 2º GRAU OU</p><p>REMANESCENTE 7</p><p>7.2.1 PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR (OU COMPETÊNCIA REFORMADORA) 7</p><p>7.2.2. LIMITAÇÕES EXPRESSAS (OU EXPLÍCITAS) AO PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR 9</p><p>7.2.3. PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE 10</p><p>7.2.4 PODER CONSTITUINTE DERIVADO REVISOR 11</p><p>7.3. PODER CONSTITUINTE DIFUSO 11</p><p>7.4 PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL 12</p><p>1</p><p>1. ESQUEMA GERAL</p><p>2. CONCEITO</p><p>É o poder de instituição ou reforma da Constituição Federal ou Estadual.</p><p>Para J. J. Gomes Canotilho: “o poder constituinte se revela sempre como uma questão de 'poder', de</p><p>'força' ou de 'autoridade' política que está em condições de, numa determinada situação concreta, criar,</p><p>garantir ou eliminar uma Constituição entendida como lei fundamental da comunidade política.”1</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>Emmanuel Joseph Sieyès �� conhecido como o precursor dos estudos sobre poder constituinte.</p><p>3. TITULARIDADE</p><p>A titularidade do poder constituinte, como aponta a doutrina moderna (majoritária), pertence ao</p><p>povo. Nesse sentido, seguindo a tendência moderna, o art. 1º, parágrafo único, CF/88 estabelece que todo</p><p>poder emana do povo, adotando assim a teoria da soberania popular.</p><p>4. OBJETO</p><p>O poder constituinte tem dois objetos:</p><p>1 J. J. Gomes Canotilho, Direito constitucional, 7. ed., p. 65</p><p>2</p><p>a) Instituição: criação da primeira constituição ou de nova constituição;</p><p>b) Reforma: modificação de uma constituição vigente</p><p>Assim, devemos fixar que não é só poder constituinte o que cria a constituição, mas também o que</p><p>modifica.</p><p>5. MANIFESTAÇÃO</p><p>O Poder Constituinte Originário manifesta-se em algumas formas típicas:</p><p>a) Revolução: triunfo de um novo direito ou novo fundamento de validade para o sistema jurídico.</p><p>Ex.: Constituição Francesa de 1787 e Constituições após golpes de Estado</p><p>b) Criação de um novo Estado: atualmente, a criação de novos Estados ocorre nos casos de divisão</p><p>de um país ou união ou pela emancipação de uma colônia ou libertação de dominação. Ex.: fim do colonialismo</p><p>europeu ao longo dos Séculos XIX e XX e desmantelamento da União Soviética;</p><p>c) Derrota na guerra: I e II Guerras Mundiais</p><p>d) Transição política pacífica: geralmente associada à transição para uma democracia constitucional.</p><p>Final do Século XX – Constituição de 1988.</p><p>6. MODOS DE MANIFESTAÇÃO DO PODER CONSTITUINTE</p><p>1. AUTORITÁRIO (OUTORGA): Constituição imposta por declaração unilateral de vontade do AGENTE do</p><p>poder constituinte. Como exemplo: Constituição de 1937 (Estado Novo).</p><p>2. DEMOCRÁTICO (PROMULGAÇÃO): Estabelecida por deliberação majoritária de vontades dos</p><p>AGENTES do poder constituinte. Como exemplo, temos a atual constituição.</p><p>3. CONSTITUCIONALISMO PARTICIPATIVO (DIMENSÃO GLOBAL - ELABORAÇÃO POR REDE SOCIAL –</p><p>CONSTITUIÇÃO.COM OU CROWDSOURCING”): O poder constituinte é tão incondicionado que até</p><p>mesmo a rede social pode ser o meio pelo qual o poder pode se manifestar. Como exemplo, temos a</p><p>Islândia. Em 2009, foi composto o conselho constitucional que abriu páginas em redes sociais e</p><p>conclamou sugestões que foram por ele reunidas para formulação de um texto final. Volta-se, assim, ao</p><p>ideal grego de democracia DIRETA. Muda-se, inclusive, o papel da rede social.</p><p>4. NOVO CONSTITUCIONALISMO LATINO-AMERICANO (DIMENSÃO REGIONAL) : Segundo o professor2</p><p>Fernando Antônio de Carvalho Dantas, tal movimento propõe uma nova institucionalização do Estado, o</p><p>chamado Estado plurinacional, baseado em novas autonomias, no pluralismo jurídico, em um novo</p><p>2https://www.jfrj.jus.br/sites/default/files/revista-sjrj/arquivo/363-1431-1-pb.pdf</p><p>3</p><p>regime político calcado na democracia intercultural e em novas individualidades particulares e coletivas.</p><p>Segundo Dantas (2012), o novo constitucionalismo tem como principais características: substituição da</p><p>continuidade constitucional pela ruptura; inovação dos textos legais e das constituições;</p><p>institucionalização baseada em princípios, e não em regras; extensão do texto constitucional baseado</p><p>em linguagem acessível; proibição de que os poderes constituídos estabeleçam formas de reforma</p><p>constitucional; maior grau de rigidez no processo constituinte (na Bolívia, a Constituição de 2009 foi</p><p>promulgada e posteriormente foi submetida a um referendo); reconstrução do sistema de democracia</p><p>participativa, representativa e comunitária; e integração de povos e recursos naturais, fazendo surgir</p><p>um novo modelo de constituição econômica. O novo constitucionalismo latino-americano promove</p><p>uma ressignificação de conceitos como legitimidade e participação popular – direitos fundamentais da</p><p>população –, de modo a incorporar as reivindicações das parcelas historicamente excluídas do processo</p><p>decisório, notadamente a população indígena.3</p><p>7. CLASSIFICAÇÃO</p><p>7.1 PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO ou INICIAL ou INAUGURAL ou GENUÍNO ou</p><p>de 1° GRAU</p><p>É aquele que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem jurídica</p><p>precedente. O seu objetivo fundamental é criar um novo Estado, diferente daquele que vigorava. Ele pode ser</p><p>subdividido em Poder Constituinte Histórico (ou fundacional) e Poder Constituinte Revolucionário:</p><p>◾ PCO HISTÓRICO: seria o verdadeiro poder constituinte originário, estruturando, pela primeira vez,</p><p>o Estado.</p><p>◾ PCO REVOLUCIONÁRIO: seriam todos os posteriores ao histórico, rompendo por completo com a</p><p>antiga ordem e instaurando uma nova, um novo Estado.</p><p>A doutrina ainda fala em Poder Constituinte formal e material:</p><p>◾ PCO FORMAL: é o ato de criação propriamente dito e que atribui a “roupagem” com status</p><p>constitucional a um “complexo normativo”.</p><p>◾ PCO MATERIAL: é o lado substancial do poder constituinte originário, qualificando o direito</p><p>constitucional formal com o status de norma constitucional. Assim, será o orientador da atividade do</p><p>constituinte originário formal que, por sua vez, será o responsável pela “roupagem” constitucional.</p><p>7.1.1 NATUREZA</p><p>POLÍTICO</p><p>(POSITIVISTA)</p><p>O Poder Constituinte Originário é um poder político. Isso porque ele não é criado</p><p>pela CF ou por outra norma, não sendo, pois, um poder de direito. Pelo contrário, ele</p><p>3DANTAS, Fernando Antônio de Carvalho. Aula ministrada em 13 abr. 2012 na disciplina Teoria Geral do Direito Público, a convite da Professora</p><p>Marinella Machado de Araújo. Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Direito Público da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Belo</p><p>Horizonte, 2012</p><p>4</p><p>antecede (e está acima?) da própria CF, sendo, desse modo, um poder de fato ou</p><p>poder político, retirando a sua força da sociedade, e não de uma norma jurídica.</p><p>JURÍDICO</p><p>(JUSNATURALISTA)</p><p>Para aqueles que admitem a existência de um direito suprapositivo, ou natural, esse</p><p>direito está situado acima do direito positivo. De acordo com a concepção</p><p>jusnaturalista, o Poder Constituinte Originário está subordinado a normas de direito</p><p>natural (direito suprapositivo) e, portanto, deve ser considerado um poder jurídico.</p><p>7.1.2 CARACTERÍSTICAS</p><p>a. Inicial</p><p>b. Autônomo</p><p>c. Ilimitado juridicamente</p><p>d. Incondicionado</p><p>e. Soberano na tomada de suas decisões</p><p>f. Um poder de fato e político</p><p>g. Permanente</p><p>1. INICIAL: instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem jurídica anterior.</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>■ Constituição Antecedente: AB-ROGAÇÃO (Revogação integral), salvo ressalva expressa da nova</p><p>constituição.</p><p>■ Legislação anterior materialmente compatível com a nova Constituição é por ela recepcionada.</p><p>2. AUTÔNOMO: a estruturação da nova constituição será determinada, autonomamente, por quem</p><p>exerce o poder constituinte originário.</p><p>3. ILIMITADO</p><p>JURIDICAMENTE: não tem de respeitar os limites postos pelo direito anterior.</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>Alguns doutrinadores entendem que o poder constituinte originário sofre limitações, por ser</p><p>estruturado e obedecer a padrões e modelos de conduta espirituais, culturais, éticos e sociais radicados na</p><p>consciência jurídica geral da comunidade e, nesta medida, considerados como “vontade do povo”. Ademais,</p><p>para tais autores há a necessidade de observância de princípios de justiça (suprapositivos e supralegais) e,</p><p>também, dos princípios de direito internacional (princípio da independência, princípio da autodeterminação,</p><p>princípio da observância de direitos humanos - neste último caso de vinculação jurídica, chegando a doutrina a</p><p>propor uma juridicização e evolução do poder constituinte).</p><p>5</p><p>4. INCONDICIONADO E SOBERANO NA TOMADA DE SUAS DECISÕES: não têm de submeter-se a</p><p>qualquer forma prefixada de manifestação.e) PODER DE FATO E PODER POLÍTICO: energia ou força</p><p>social, de natureza pré-jurídica, sendo que, por essas características, a nova ordem jurídica começa com</p><p>a sua manifestação, e não antes dela.</p><p>5. PERMANENTE: não se esgota com a edição da nova Constituição, sobrevivendo a ela e fora dela como</p><p>forma e expressão da liberdade humana, em verdadeira ideia de subsistência.</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>A manifestação do Poder Constituinte originário pode ser legítima (suporte no princípio democrático) e</p><p>ilegal (rompe com o direito posto).</p><p>7.1.3. LIMITES METAJURÍDICOS (OU SUPRAPOSITIVOS) DO PODER CONSTITUINTE</p><p>ORIGINÁRIO (JORGE MIRANDA)</p><p>LIMITAÇÕES</p><p>IDEOLÓGICAS</p><p>São aquelas que derivam de ideologias, de crenças arraigadas na opinião</p><p>pública.</p><p>LIMITAÇÕES</p><p>INSTITUCIONAIS:</p><p>São aquelas que derivam de instituições da sociedade que estão historicamente</p><p>arraigadas naquele meio social. Ex: propriedade, família.</p><p>LIMITAÇÕES MATERIAIS</p><p>(OU SUBSTANCIAIS)</p><p>Limites materiais TRANSCENDENTES: são aqueles que transcendem o direito</p><p>positivo. Ex: direito natural, valores éticos superiores, consciência jurídica</p><p>coletiva, direitos humanos.</p><p>A necessidade de observância e respeito por parte do Poder Constituinte aos</p><p>direitos fundamentais conquistados por uma sociedade e sobre os quais haja</p><p>um consenso profundo é conhecida como princípio da proibição de retrocesso</p><p>(efeito cliquet).</p><p>Limites materiais IMANENTES: dizem respeito à configuração histórica do</p><p>Estado. Ex: Estado soberano, Estado monárquico ou republicano, Estado federal</p><p>ou unitário.</p><p>Limites materiais HETERÔNOMOS: derivam do Direito Internacional.</p><p>● Gerais: são os princípios do Direito Internacional ligados ao jus cogens. Ex:</p><p>Declaração Universal dos Direitos Humanos.</p><p>● Especiais: são obrigações internacionais assumidas por um Estado em face</p><p>de outro Estado, de um grupo de Estados ou da comunidade internacional,</p><p>6</p><p>por meios dos acordos, tratados e convênios internacionais.</p><p>7.2 PODER CONSTITUINTE DERIVADO ou INSTITUÍDO ou CONSTITUÍDO ou</p><p>SECUNDÁRIO ou DE 2º GRAU OU REMANESCENTE</p><p>Deve obedecer às regras colocadas e impostas pelo Poder Constituinte Originário, sendo, nesse</p><p>sentido, limitado e condicionado aos parâmetros a ele impostos.</p><p>7.2.1 PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR (OU COMPETÊNCIA</p><p>REFORMADORA)</p><p>Tem a capacidade de modificar a Constituição Federal, por meio de um procedimento</p><p>específico, estabelecido pelo poder constituinte originário, sem que haja uma verdadeira revolução.</p><p>O poder de reforma constitucional, assim, tem natureza jurídica, ao contrário do originário, que é</p><p>um poder de fato, um poder político, ou, segundo alguns, uma força ou energia social.</p><p>A manifestação do poder constituinte reformador verifica-se por meio das emendas</p><p>constitucionais (arts. 59, I, e 60, CF).</p><p>É possível falar em normas constitucionais inconstitucionais?</p><p>NORMA CONSTITUCIONAL ORIGINÁRIA: não pode ser inconstitucional. O STF não admite a tese das</p><p>normas constitucionais inconstitucionais, ou seja, de normas contraditórias advindas do poder constituinte</p><p>originário. Assim, se o intérprete da Constituição se deparar com duas ou mais normas aparentemente</p><p>contraditórias, caber-lhe-á compatibilizá-las, de modo que ambas continuem vigentes. Não há que se falar em</p><p>controle de constitucionalidade de normas constitucionais, produto do trabalho do poder constituinte</p><p>originário. Para o STF, a norma decorre do poder que é inicial e ilimitado.4</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>O Brasil não segue a teoria de OTTO BACHOF (normas constitucionais inconstitucionais? – 1952). Não há</p><p>hierarquia FORMAL entre normas originárias da constituição mas HÁ HIERARQUIA AXIOLÓGICA, ou seja, de</p><p>valores entre elas. Como exemplo, o Art. 1º, III da CF (epicentro do ordenamento jurídico) e Art. 242, §2º da CF</p><p>(colégio Pedro II).</p><p>NORMA CONSTITUCIONAL DERIVADA: pode ser inconstitucional. O Supremo Tribunal Federal</p><p>apenas admite a possibilidade de controle de constitucionalidade em relação ao poder constituinte derivado,</p><p>apreendendo-se, portanto, que as revisões e as emendas devem estar balizadas pelos parâmetros</p><p>estabelecidos na Carta Magna.5</p><p>5https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2564231/o-supremo-tribunal-federal-admite-a-tese-das-normas-constitucionais-inconstitucionais-denise-cristina-m</p><p>antovani-cera</p><p>4https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2564231/o-supremo-tribunal-federal-admite-a-tese-das-normas-constitucionais-inconstitucionais-denise-cristina-m</p><p>antovani-cera</p><p>7</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>“A tese de que há hierarquia entre normas constitucionais originárias dando azo à declaração de</p><p>inconstitucionalidade de umas em face de outras e incompossível com o sistema de Constituição rígida.</p><p>(...) - Por outro lado, as cláusulas pétreas não podem ser invocadas para sustentação da tese da</p><p>inconstitucionalidade de normas constitucionais inferiores em face de normas constitucionais superiores,</p><p>porquanto a Constituição as prevê apenas como limites ao Poder Constituinte derivado ao rever ou ao</p><p>emendar a Constituição elaborada pelo Poder Constituinte originário, e não como abarcando normas cuja</p><p>observância se impôs ao próprio Poder Constituinte originário com relação às outras que não sejam</p><p>consideradas como cláusulas pétreas, e, portanto, possam ser emendadas. Ação não conhecida por</p><p>impossibilidade jurídica do pedido” (ADI 815, STF).</p><p>O Supremo Tribunal Federal admite a tese das normas constitucionais inconstitucionais?6</p><p>A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal não admite a tese das normas constitucionais</p><p>inconstitucionais, ou seja, de normas contraditórias advindas do poder constituinte originário. Assim, se o</p><p>intérprete da Constituição se deparar com duas ou mais normas aparentemente contraditórias, caber-lhe-á</p><p>compatibilizá-las, de modo que ambas continuem vigentes. Não há que se falar em controle de</p><p>constitucionalidade de normas constitucionais, produto do trabalho do poder constituinte originário.</p><p>O Supremo Tribunal Federal apenas admite a possibilidade de controle de constitucionalidade em</p><p>relação ao poder constituinte derivado, apreendendo-se, portanto, que as revisões e as emendas devem estar</p><p>balizadas pelos parâmetros estabelecidos na Carta Magna.</p><p>Ação direta de inconstitucionalidade. Parágrafos 1º e 2º do artigo 45 da Constituição Federal. - A tese de que</p><p>há hierarquia entre normas constitucionais originárias dando azo à declaração de</p><p>inconstitucionalidade de umas em face de outras é incompossível com o sistema de Constituição rígida.</p><p>- Na atual Carta Magna "compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição"</p><p>(artigo 102, "caput"), o que implica dizer que essa jurisdição lhe é atribuída para impedir que se desrespeite a</p><p>Constituição como um todo, e não para, com relação a ela, exercer o papel de fiscal do Poder Constituinte</p><p>originário, a fim de verificar se este teria, ou não, violado os princípios de direito suprapositivo que ele próprio</p><p>havia incluído no texto da mesma Constituição. - Por outro lado, as cláusulas pétreas não podem ser invocadas</p><p>para sustentação da tese da inconstitucionalidade de normas constitucionais inferiores em face de normas</p><p>constitucionais</p><p>superiores, porquanto a Constituição as prevê apenas como limites ao Poder Constituinte</p><p>derivado ao rever ou ao emendar a Constituição elaborada pelo Poder Constituinte originário, e não como</p><p>abarcando normas cuja observância se impôs ao próprio Poder Constituinte originário com relação as outras</p><p>que não sejam consideradas como cláusulas pétreas, e, portanto, possam ser emendadas. Ação não conhecida</p><p>por impossibilidade jurídica do pedido. (ADI 815, Relator(a): MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em</p><p>28/03/1996, DJ 10-05-1996 PP-15131 EMENT VOL-01827-02 PP-00312)</p><p>O direito constitucional positivo brasileiro, ao longo de sua evolução histórica, jamais autorizou - como a nova</p><p>Constituição promulgada em 1988 também não o admite - o sistema de controle jurisdicional preventivo de</p><p>constitucionalidade, em abstrato. Inexiste, desse modo, em nosso sistema jurídico, a possibilidade de</p><p>fiscalização abstrata preventiva da legitimidade constitucional de meras proposições normativas pelo Supremo</p><p>6https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2564231/o-supremo-tribunal-federal-admite-a-tese-das-normas-constitucionais-inconstitucionais-denise-cristina-m</p><p>antovani-cera</p><p>8</p><p>Tribunal Federal. Atos normativos "in fieri", ainda em fase de formação, com tramitação procedimental não</p><p>concluída, não ensejam e nem dão margem ao controle concentrado ou em tese de constitucionalidade, que</p><p>supõe - ressalvadas as situações configuradoras de omissão juridicamente relevante - a existência de espécies</p><p>normativas definitivas, perfeitas e acabadas. Ao contrário do ato normativo - que existe e que pode dispor de</p><p>eficácia jurídica imediata, constituindo, por isso mesmo, uma realidade inovadora da ordem positiva -, a mera</p><p>proposição legislativa nada mais encerra do que simples proposta de direito novo, a ser submetida à</p><p>apreciação do órgão competente, para que de sua eventual aprovação, possa derivar, então, a sua introdução</p><p>formal no universo jurídico. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem refletido claramente essa</p><p>posição em tema de controle normativo abstrato, EXIGINDO, nos termos do que prescreve o próprio texto</p><p>constitucional - e ressalvada a hipótese de inconstitucionalidade por omissão - que a ação direta tenha, e só</p><p>possa ter, como objeto juridicamente idôneo, apenas leis e atos normativos, federais ou estaduais, já</p><p>promulgados, editados e publicados. - A impossibilidade jurídica de controle abstrato preventivo de</p><p>meras propostas de emenda não obsta a sua fiscalização em tese quando transformadas em emendas</p><p>à Constituição. ESTAS - QUE NÃO SÃO NORMAS CONSTITUCIONAIS ORIGINÁRIAS - NÃO ESTÃO</p><p>EXCLUÍDAS, POR ISSO MESMO, DO ÂMBITO DO CONTROLE SUCESSIVO OU REPRESSIVO DE</p><p>CONSTITUCIONALIDADE. O Congresso Nacional, no exercício de sua atividade constituinte derivada e no</p><p>desempenho de sua função reformadora, está juridicamente subordinado à decisão do poder constituinte</p><p>originário que, a par de restrições de ordem circunstancial, inibitórias do poder reformador (CF, art. 60, § 1º),</p><p>identificou, em nosso sistema constitucional, um núcleo temático intangível e imune à ação revisora da</p><p>instituição parlamentar. As limitações materiais explícitas, definidas no § 4º do art. 60 da Constituição da</p><p>República, incidem diretamente sobre o poder de reforma conferido ao Poder Legislativo da União,</p><p>inibindo-lhe o exercício nos pontos ali discriminados. A irreformabilidade desse núcleo temático, acaso</p><p>desrespeitada, pode legitimar o controle normativo abstrato, e mesmo a fiscalização jurisdicional concreta, de</p><p>constitucionalidade. (ADI 466 MC, Relator(a): CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 03/04/1991, DJ</p><p>10-05-1991 PP-05929 EMENT VOL-01619-01 PP-00055)</p><p>7.2.2. LIMITAÇÕES EXPRESSAS (OU EXPLÍCITAS) AO PODER CONSTITUINTE DERIVADO</p><p>REFORMADOR</p><p>FORMAIS SUBJETIVAS</p><p>(art. 60, I, II, III, CF)</p><p>Estão relacionadas à iniciativa do processo de elaboração da emenda.</p><p>FORMAIS OBJETIVAS</p><p>(art. 60, § 2º e § 5º, CF)</p><p>Necessidade de quórum de aprovação de 3/5, em dois turnos de votação. Além</p><p>disso, conforme art. 60, § 5º, CF, a matéria constante de proposta de emenda</p><p>rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na</p><p>mesma sessão legislativa.</p><p>CIRCUNSTANCIAIS</p><p>(art. 60, § 1º, CF)</p><p>Impedem a alteração da Constituição em situações excepcionais nas quais a</p><p>livre manifestação do Poder Reformador possa estar ameaçada. Tais limitações</p><p>são: vigência de intervenção federal (art. 34, CF), de estado de defesa (art. 136, CF)</p><p>ou de estado de sítio (art. 137, CF).</p><p>MATERIAIS ou</p><p>SUBSTANCIAIS</p><p>Impedem a modificação de determinados conteúdos da Constituição.</p><p>● Os limites inferiores estão relacionados à inserção de certas matérias no</p><p>9</p><p>(art. 60, § 4º, CF) texto da Constituição. Tendo em vista a inexistência de uma reserva de</p><p>matéria constitucional estabelecida pelo legislador constituinte, não há</p><p>nenhum óbice a que um novo assunto ou conteúdo seja inserido no texto da</p><p>CF.</p><p>● Os limites superiores são impostos pelo Poder Constituinte Originário na</p><p>tentativa de preservar a identidade material da Constituição, impedindo a</p><p>violação do núcleo essencial de determinados direitos, princípios e</p><p>instituições. Tais limitações exteriorizam-se nas cláusulas pétreas, também</p><p>denominadas cláusulas intangíveis ou de eternidade (Alemanha), cláusulas</p><p>constitucionais entrincheiradas ou cravadas na pedra (Estados Unidos) ou,</p><p>ainda, cláusulas superconstitucionais, na expressão utilizada por Oscar</p><p>Vilhena Vieira, as quais possuem três finalidades básicas: preservar a</p><p>identidade material da Constituição, proteger institutos e valores essenciais e</p><p>assegurar a continuidade do processo democrático.</p><p>TEMPORAIS</p><p>São aquelas que impedem a alteração da Constituição durante um determinado</p><p>período de tempo, a fim de que possam adquirir um certo grau de estabilidade.</p><p>⚠ ATENÇÃO</p><p>Na CF/88 não há limitação temporal para a reforma, mas havia para a revisão, a</p><p>qual era de 5 anos, conforme art. 3º, ADCT.</p><p>7.2.3. PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE</p><p>Poder de direito, secundário, limitado e condicionado.</p><p>Sua missão é estruturar a Constituição dos Estados-Membros ou, em momento seguinte, havendo</p><p>necessidade de adequação e reformulação, modificá-la.</p><p>A doutrina aponta que os princípios que devem ser seguidos pelos Estados-membros são:</p><p>a) PRINCÍPIOS SENSÍVEIS: Essência da organização constitucional da Federação brasileira – art. 34, VII,</p><p>da CF – e, se violados, ensejam intervenção federal</p><p>b) PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ESTABELECIDOS: Regras previstas para outros entes que, por</p><p>consequência, veda a atuação do Estado naquela matéria e;</p><p>c) PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXTENSÍVEIS: Normas organizatórias da União aplicadas aos</p><p>estados pelo princípio da simetria, e podem ser expressos ou implícitos. Ex: Sistema eleitoral, imunidades e</p><p>impedimentos dos Deputados.</p><p>📌 OBSERVAÇÃO</p><p>No âmbito do DF, verifica-se a manifestação do poder constituinte derivado decorrente, qual seja, a</p><p>competência que o DF tem para elaborar a sua lei orgânica (verdadeira Constituição Distrital) ou modificá-la,</p><p>sujeitando-se aos mesmos limites para os Estados-Membros, aplicando-se por analogia o art. 11, ADCT.</p><p>10</p><p>Há Poder Constituinte Derivado Decorrente nos Municípios?</p><p>1ª Corrente</p><p>Há quem compreenda que as leis orgânicas são efetivo exercício do poder constituinte</p><p>derivado decorrente.</p><p>2ª Corrente</p><p>(MAJORITÁRIA)</p><p>Inexiste tal poder no âmbito dos municípios, pois estes submetem-se a um poder de</p><p>terceiro grau, na medida em que devem observância a CF/88 e a respectiva Constituição</p><p>Estadual. Entende-se que o poder derivado decorrente somente existe em face do</p><p>segundo grau, ou seja, quando extrai seu fundamento de validade da própria</p><p>Constituição.</p><p>7.2.4 PODER CONSTITUINTE DERIVADO REVISOR</p><p>Art. 3º, ADCT: A revisão constitucional será realizada após 5 anos, contados da promulgação da Constituição,</p><p>pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.</p><p>É um poder vinculado, condicionado e limitado às regras</p><p>instituídas pelo Poder Constituinte</p><p>Originário, sendo, assim, um poder jurídico.</p><p>O art. 3º, ADCT determinou que a revisão constitucional seria realizada após 5 anos, contados da</p><p>promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão</p><p>unicameral. Instituiu-se um particular procedimento simplificado de alteração do texto constitucional,</p><p>excepcionando a regra geral das PEC’s, que exige aprovação por 3/5 dos votos dos membros de cada Casa e</p><p>obedecendo, assim, às regras da bicameralidade (art. 60, § 2º, CF).</p><p>No ordenamento jurídico pátrio, a competência revisional do art. 3º, ADCT proporcionou a elaboração</p><p>de 6 Emendas Constitucionais de Revisão, não sendo mais possível nova manifestação do poder</p><p>constituinte derivado revisor em razão da eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada da aludida regra,</p><p>conforme decidido pelo STF.</p><p>Segundo doutrina majoritária, não seria possível nova revisão hoje, pois há limitação implícita no Art.</p><p>3º do ADCT (“a revisão”).</p><p>7.3. PODER CONSTITUINTE DIFUSO</p><p>Poder de fato e que serve de fundamento para os mecanismos de atuação da mutação constitucional</p><p>(ou interpretação constitucional evolutiva).</p><p>A modificação produzida pelo poder constituinte difuso se instrumentaliza de modo informal e</p><p>espontâneo, como verdadeiro poder de fato e que decorre dos fatores sociais, políticos e econômicos,</p><p>encontrando-se em estado de latência.</p><p>Trata-se de processo informal de mudança da Constituição, alterando-se o seu sentido interpretativo,</p><p>e não o seu texto, que permanece intacto e com a mesma literalidade.</p><p>11</p><p>O QUE É MUTAÇÃO</p><p>CONSTITUCIONAL?7</p><p>Mutação constitucional é a modificação informal do texto constitucional sem</p><p>alterações por meio de revisões ou emendas. É a nova atribuição de sentidos ao texto</p><p>constitucional sem alteração formal da Constituição.</p><p>O QUE É FILTRAGEM</p><p>CONSTITUCIONAL?8</p><p>“Processo em que toda a ordem jurídica passa por um filtro axiológico da Constituição,</p><p>numa perspectiva formal e material, possibilitando assim uma releitura do</p><p>ordenamento jurídico e atualização de suas normas; ou seja, é uma purificação e</p><p>“contaminação” das normas infraconstitucionais com os valores emergentes da</p><p>Constituição.</p><p>A filtragem constitucional possui dois pressupostos: preeminência normativa da</p><p>constituição e sistema normativo aberto de regras e princípios”.</p><p>5. A filtragem constitucional das normas que restringem direitos (caso da norma distrital relacionada ao</p><p>Tema 792-RG) se realiza com fundamento em conjunto principiológico distinto dos casos envolvendo</p><p>normas que, ao oposto, expande direitos (caso da Lei Distrital aplicada nessa demanda). (STF, RE 1361600</p><p>AgR-ED, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, julgado em 19/09/2022, PROCESSO ELETRÔNICO</p><p>DJe-220 DIVULG 03-11-2022 PUBLIC 04-11-2022)</p><p>📌 OBSERVAÇÃO</p><p>■ PREEMINÊNCIA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO: “devemos entender que a Constituição se</p><p>encontra no ápice de todo o ordenamento jurídico, de modo que o fundamento de validade da norma por</p><p>último é a Constituição. Assim sendo, todas as normas infraconstitucionais devem encontrar-se compatíveis,</p><p>formal e materialmente, com a Constituição. Para isso, se utiliza da interpretação conforme, declaração de</p><p>inconstitucionalidade e aplicação direta da norma constitucional.“</p><p>■ SISTEMA NORMATIVO ABERTO DE REGRAS E PRINCÍPIOS: “o ordenamento jurídico é aberto, uma</p><p>vez que possibilita um diálogo com a realidade, tendo como resultado a Constituição como reserva de justiça.</p><p>Além disso, essa Constituição é formada de regras e princípios, todos com normatividade, ou seja, de aplicação</p><p>direta e capaz de gerar direito“</p><p>7.4 PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL</p><p>Poder Constituinte pautado na cidadania universal, no pluralismo de ordenamentos jurídicos e</p><p>em uma visão remodelada de soberania.</p><p>Trata-se de um poder preocupado com a formação de uma Constituição supranacional, elaborada</p><p>legitimamente, apta a vincular os Estados ajustados sob o seu comando e que busca sua fundamentação na</p><p>vontade do povo-cidadão universal, seu verdadeiro titular.</p><p>8https://esmec.tjce.jus.br/wp-content/uploads/2014/12/Marcos-Jos%c3%a9-de-Oliveira.pdf</p><p>7BERNARDES, Juliano Taveira; FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. Direito constitucional. 4. ed.Salvador: JusPodivm, 2014. t. I. (Coleção Sinopses para</p><p>Concurso)</p><p>12</p><p>Nas palavras de Maurício Andreiuolo Rodrigues, o poder constituinte supranacional “faz as vezes do</p><p>poder constituinte porque cria uma ordem jurídica de cunho constitucional, na medida em que reorganiza a</p><p>estrutura de cada um dos Estados ou adere ao direito comunitário de viés supranacional por excelência, com</p><p>capacidade, inclusive, para submeter as diversas constituições nacionais ao seu poder supremo. Da mesma</p><p>forma, e em segundo lugar, é supranacional, porque se distingue do ordenamento positivo interno assim como</p><p>do direito internacional”. (Maurício A. Rodrigues, Poder constituinte supranacional: esse novo personagem, p.</p><p>96, apud Kildare G. C., Direito constitucional, p. 276-277)9</p><p>🚩 NÃO CONFUNDA10</p><p>PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO</p><p>O doutrinador Marcelo Novelino, traz em sua obra a</p><p>ideia do Poder Constituinte Supranacional, o qual</p><p>pode ser traduzido numa ruptura das premissas de</p><p>organização dos Estados. Neste sentido, conforme</p><p>entende Maurício Andreioulo Rodrigues, o poder</p><p>constituinte deve basear-se mais na vontade do</p><p>povo-cidadão universal , do que do povo- nação, ou</p><p>seja, um poder constituinte fundamentado na</p><p>cidadania universal.</p><p>O poder constituinte originário por sua vez, conforme</p><p>elucida Marcelo Novelino, é aquele responsável pela</p><p>formalização e escolha das normas constitucionais. É</p><p>o poder encarregado de elaborar a primeira</p><p>Constituição do Estado, ou de criar uma nova</p><p>Constituição. Vale ressaltar que o Poder Constituinte</p><p>Originário somente será legítimo quando exercido</p><p>por representantes de seu titular.</p><p>10https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1991791/qual-a-diferenca-entre-poder-constituinte-supranacional-e-poder-constituinte-originario-denis-manoel-da</p><p>-silva</p><p>9 http://resumosdireito.blogspot.com/2015/04/poder-constituinte-supranacional.html</p><p>13</p>