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<p>93ISSN 2237-6011</p><p>Educação, Batatais, v. 10, n. 2, p. 93-103, jul./dez. 2020</p><p>Ensino coletivo de violão</p><p>Lílian Sobreira GONÇALVES1</p><p>Geórgia Luize CHRISTENSEN2</p><p>Roberto MATTAR3</p><p>Resumo: A música tem o potencial de reinventar realidades de vida e, através do</p><p>ensino coletivo, que vem sendo cada vez mais frequentemente aplicado em sala</p><p>de aula, proporcionar o desenvolvimento de todos os envolvidos, tornando assim</p><p>o ensino de música muito importante na vida das pessoas. O caráter estimulante</p><p>e socializador da música norteia o ensino coletivo de instrumentos musicais,</p><p>tendo como premissa o fato de que todos os que estão inseridos podem valer-</p><p>se dos maiores benefícios que a música traz, independentemente do seu nível</p><p>técnico ou aptidão natural para o instrumento. Para atingir os objetivos propostos</p><p>nesta pesquisa, a metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica realizada</p><p>em artigos, periódicos e literatura específica da área. Foram preferencialmente</p><p>procurados artigos que tratam de orientação à iniciação musical através do ensino</p><p>coletivo. Conclui-se que o ensino coletivo deve ser uma realidade cada vez mais</p><p>frequente na sala de aula e apontam-se caminhos para que novas pesquisas sejam</p><p>realizadas nessa temática.</p><p>Palavras-chave: Violão. Ensino Coletivo. Educação Musical.</p><p>1 Lílian Sobreira Gonçalves. Mestra em Música pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).</p><p>Especialista em Educação Musical pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap). Especialista</p><p>em Educação a Distância: Planejamento, Implantação e Gestão pelo Claretiano – Centro Universitário.</p><p>Licenciada em Educação Artística – Habilitação em Música pela Universidade Federal do Paraná</p><p>(UFPR). Docente do Curso de Licenciatura em Música do Claretiano – Centro Universitário. Integra</p><p>o Banco de Avaliadores (BASis) do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes).</p><p>E-mail: liliangoncalves@claretiano.edu.br.</p><p>2 Geórgia Luize Christensen. Licencianda em Música pela Claretiano – Centro Universitário.</p><p>Engenheira Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Professora de piano, teclado e</p><p>violão em escolas de Música. E-mail: georgia.lc@hotmail.com.</p><p>3 Roberto Mattar. Licenciando em Música do Claretiano – Centro Universitário. Formado em Música</p><p>com aptidão em Violão Erudito pelo Curso Técnico da UEM de Maringá. Professor de Violão do</p><p>Colégio Marista de Maringá. E-mail: robertomattar@gmail.com.</p><p>ISSN 2237-601194</p><p>Educação, Batatais, v. 10, n. 2, p. 93-103, jul./dez. 2020</p><p>Collective guitar teaching</p><p>Lílian Sobreira GONÇALVES</p><p>Geórgia Luize CHRISTENSEN</p><p>Roberto MATTAR</p><p>Abstract: Music has potential to reinvent life realities through collective</p><p>teaching, which is increasingly being applied in the classroom, and provides the</p><p>development of everyone involved thus making music teaching very important</p><p>to people lives. The stimulating and socializing character of music guides the</p><p>collective teaching of musical instruments based on the premise that every</p><p>inserted person can get great benefits brought by music, regardless of their</p><p>technical level or natural aptitude for the instrumentTo meet the objectives</p><p>proposed in this research, the methodology used was bibliographic research</p><p>carried out through reading specific articles, journals and literature. The research</p><p>was preferably based on articles dealing with musical initiation orientation</p><p>through collective teaching. The research concluded that collective teaching</p><p>should be an increasingly frequent reality in the classroom and points out new</p><p>ways to carry out a research on this subject.</p><p>Keywords: Guitar. Collective Teaching. Musical Education.</p><p>95ISSN 2237-6011</p><p>Educação, Batatais, v. 10, n. 2, p. 93-103, jul./dez. 2020</p><p>1. INTRODUÇÃO</p><p>Estudos e pesquisas na área da educação mostram os</p><p>benefícios no ensino de música com instrumentos musicais em</p><p>grupo, destacando a necessidade de estudos sobre a temática que</p><p>colaborem para tornar as aulas de música momentos de prazer e</p><p>efetiva aprendizagem.</p><p>Compilar e divulgar as práticas que vêm sendo adotadas por</p><p>alguns professores e escolas resultam nas pretensões em estimular</p><p>debates a respeito do tema, pois, apesar de já passados 10 (dez)</p><p>anos desde a implantação da Lei nº 11.769 (BRASIL, 2008), que</p><p>tornou a música conteúdo obrigatório do componente curricular</p><p>da educação básica, é reduzido o número de publicações que</p><p>compartilham experiências musicais desenvolvidas em sala de aula</p><p>no ensino regular, ficando a cargo dos Projetos Sociais em Igrejas</p><p>e Centros Sociais a realização de oficinas de ensino coletivo de</p><p>instrumentos, sendo estas atividades pouco ou nada documentadas.</p><p>Frente ao exposto, nesta pesquisa nós objetivamos selecionar</p><p>resultados de relatos bibliográficos de experiências com aulas de</p><p>violão em grupo, destacando seus aspectos positivos, intencionando</p><p>produzir um material que cumpra o papel de ser uma ferramenta</p><p>útil para motivar e incentivar professores que estão trabalhando</p><p>com o mesmo intuito, buscando alternativas e formas de tornar a</p><p>aula coletiva cada vez mais produtiva e estimulante tanto para o</p><p>aluno como para o professor.</p><p>2. METODOLOGIA</p><p>Para atingir os objetivos propostos nesta pesquisa, a</p><p>metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica realizada em</p><p>artigos publicados no Brasil. Foram pesquisados, preferencialmente,</p><p>artigos elaborados para orientar a iniciação musical através do</p><p>ensino coletivo de violão como, por exemplo, Barbosa (2014),</p><p>Mello (2017), Souza (2014), Tourinho (2002) e Weizmann (2003).</p><p>Durante a pesquisa e a análise, procuramos identificar as</p><p>características gerais descritas na literatura, listar os conteúdos</p><p>ISSN 2237-601196</p><p>Educação, Batatais, v. 10, n. 2, p. 93-103, jul./dez. 2020</p><p>trabalhados em cada um dos artigos e identificar quais, entre eles,</p><p>poderiam ser adequados para uma utilização como método de</p><p>ensino coletivo de violão.</p><p>3. DISCUSSÃO E RESULTADOS</p><p>Com a aprovação da Lei nº 11.769 (BRASIL, 2008), que</p><p>torna obrigatório o ensino de música na educação básica, as escolas</p><p>têm maiores chances de promover o interesse dos alunos pela</p><p>música, e não somente dentro do ensino regular, pois, despertando</p><p>no aluno o interesse pela música dentro da escola, possivelmente</p><p>será estimulada a procura por um aprendizado musical mais</p><p>aprofundado em escolas de música específicas.</p><p>Uma boa opção de instrumento para embasar o ensino da</p><p>música é o violão, pois é um instrumento de baixo custo e que tem</p><p>a vantagem de poder ser transportado facilmente. Outro aspecto</p><p>muito peculiar e importante ligado ao violão é o fato de ser ele um</p><p>instrumento popular, pela história e pelo repertório ampliado que o</p><p>instrumento abrange. Com isso, o violão é bastante indicado para</p><p>atender a essa demanda no ensino.</p><p>Para suprir as necessidades pedagógicas específicas do ensino</p><p>de violão, um modelo de aula que pode ser seguido é o ensino coletivo.</p><p>Segundo Cruvinel (2003), o ensino coletivo do instrumento musical</p><p>é uma importante ferramenta para o processo de democratização do</p><p>ensino musical e vem obtendo resultados significativos nas escolas</p><p>onde tem sido adotado. Assim, a metodologia coletiva surge em</p><p>oposição à tradição, na qual predomina o ensino individual de</p><p>música.</p><p>Sobre as diferenças entre as terminologias “ensino coletivo”</p><p>e “ensino em grupo”, Souza (2014, p. 1) afirma que:</p><p>[...] ainda não foi possível encontrar definições mais</p><p>específicas da diferença entre as duas abordagens de</p><p>ensino, ficando a cargo de cada educador considerar a sua</p><p>prática de acordo as suas convicções ou ao termo mais</p><p>utilizado no seu instrumento.</p><p>97ISSN 2237-6011</p><p>Educação, Batatais, v. 10, n. 2, p. 93-103, jul./dez. 2020</p><p>Para esta pesquisa, adotaremos a perspectiva de Tourinho</p><p>(2008) ao considerarmos a expressão “ensino coletivo”.</p><p>O primeiro experimento relatado e documentado de um curso</p><p>de ensino coletivo de violão no Brasil remete ao ano de 1989,</p><p>quando foi criada a primeira turma com quase 30 alunos no curso</p><p>de extensão da Universidade Federal</p><p>da Bahia (UFBA). Observa-</p><p>se que essa modalidade de ensino através do violão é relativamente</p><p>jovem e que carece se firmar tanto no emprego de conceitos</p><p>teóricos como na sistematização e disponibilização de métodos e</p><p>materiais didáticos que colaborem com essa nova prática de ensino</p><p>(SÁ, 2015).</p><p>Essa modalidade de ensino visa minimizar gastos e esforços</p><p>desnecessários. Tourinho (2008, p. 1), comenta: “Quando falo em</p><p>ensino coletivo para violão, trato de ensino para iniciantes, com e</p><p>sem leitura musical, que dura entre os seis meses e os dois anos</p><p>iniciais”. Após esse período, o aluno que deseja aprofundar-se no</p><p>aprendizado do instrumento migra para uma modalidade individual,</p><p>mais técnica e específica.</p><p>Percebe-se que, em diversos contextos de ensino coletivo de</p><p>violão, professores utilizam adequações de materiais, métodos e</p><p>arranjos escritos para outros instrumentos. Essa situação, além de</p><p>gerar dificuldade para os professores de violão, revela uma carência</p><p>de materiais didáticos que considerem especificamente o ensino de</p><p>violão dentro das diferentes fases de aprendizagem. Essa prática de</p><p>adequações, comum no ensino coletivo de violão, não ocorre com</p><p>frequência, por exemplo, na área do ensino do piano em grupo, que</p><p>já possui vários métodos publicados no Brasil e principalmente nos</p><p>Estados Unidos (SANTOS, 2013).</p><p>Enquanto na cultura musical voltada ao ensino individual</p><p>de instrumentos, enfatiza-se e preferem-se alunos mais talentosos</p><p>ou mais aptos à prática musical, na aula em coletivo entende-se</p><p>que todos têm a capacidade de tocar violão. Além disso, nesta</p><p>modalidade de ensino a possibilidade de se tornarem experts</p><p>no instrumento não é tida como uma prioridade e as práticas</p><p>educacionais procuram afetar socialmente as pessoas através do</p><p>ISSN 2237-601198</p><p>Educação, Batatais, v. 10, n. 2, p. 93-103, jul./dez. 2020</p><p>caráter cultural do ensino musical coletivo que é desenvolvido em</p><p>sala de aula (MELLO, 2017).</p><p>A música possui um caráter estimulante e socializador, e,</p><p>com base nessas duas características principais, o ensino coletivo</p><p>de instrumentos musicais se norteia tendo como premissa o fato de</p><p>que todos os que estão inseridos podem aproveitar ao máximo os</p><p>benefícios que a música nos traz, independentemente do seu nível</p><p>técnico, expertise ou aptidão natural para o instrumento.</p><p>Adolescentes consideram a música como uma das principais</p><p>atividades de lazer e são fortemente influenciados por seus pais</p><p>e pela mídia (PALHEIROS, 2006). Isso gera uma dificuldade em</p><p>relação ao método ou repertório que será trabalhado em aula. Os</p><p>métodos que ensinam um repertório de violão erudito são os mais</p><p>comumente encontrados. O repertório erudito tem uma vantagem</p><p>quanto à sistematização e à gradação de dificuldades em relação</p><p>ao repertório popular que conhecemos hoje (MESQUITA, 2015).</p><p>Esses métodos elaboram estudos em que se inicia com uma melodia</p><p>a uma voz até progredir para músicas mais complexas. Nesse</p><p>sentido, a prática docente ensina a não explorar conteúdos nem</p><p>muito fáceis e fora da realidade musical das crianças, evitando que</p><p>elas se cansem, nem conteúdos tão difíceis que possam desmotivá-</p><p>las. Por essa razão, métodos que trabalham em nível crescente</p><p>de dificuldade representam um apoio importante na seleção de</p><p>repertório adequado ao nível de cada aluno, mas existe uma grande</p><p>escassez de materiais e métodos sistematizados dessa forma</p><p>voltados à música popular.</p><p>Geralmente os que querem aprender a tocar um instrumento</p><p>gostariam de treinar músicas que gostam de ouvir e que, ao mesmo</p><p>tempo, sejam compatíveis com seu nível de aprendizagem. No</p><p>ensino de instrumento, esses dois aspectos são fundamentais para</p><p>que os alunos possam se sentir motivados e capacitados, ou seja,</p><p>para que além de aprender, eles possam vivenciar o sentimento de</p><p>realização.</p><p>O professor de instrumentos musicais para grupos deve refletir</p><p>sobre seu papel de educador que vai intervir na realidade social de</p><p>pessoas e deve estar atento aos trabalhos acadêmicos produzidos</p><p>99ISSN 2237-6011</p><p>Educação, Batatais, v. 10, n. 2, p. 93-103, jul./dez. 2020</p><p>com a metodologia do ensino coletivo. Este se consolidou em</p><p>âmbito nacional e acadêmico através de encontros realizados</p><p>em Goiânia – GO, em 2004 e 2006, mas também a partir de sua</p><p>prática em escolas públicas, faculdades públicas e em projetos</p><p>financiados. Porém, mesmo com esse reconhecimento acadêmico,</p><p>para professores de violão que buscam informações e experiências</p><p>sobre essa metodologia, ainda é difícil encontrar materiais didáticos</p><p>(TEIXEIRA, 2008).</p><p>Contudo, em uma aula de ensino coletivo de violão, cada</p><p>professor deve adotar a metodologia mais adequada para cada tipo</p><p>de turma. A resiliência é importante, ou seja, os caminhos que o</p><p>docente segue em uma turma podem não obter bons resultados</p><p>em outra, havendo a necessidade de adaptação. Isso inclui o fato</p><p>de como se dará a escrita musical nessa aula: por partitura, por</p><p>tablatura ou por cifras. As notações devem ser acessórias, sendo a</p><p>prática musical o grande objetivo que vai permitir o entendimento e</p><p>a vivência de diversos assuntos dentro do universo da música.</p><p>Segundo Salles (1998, p. 22), quaisquer formas de notação</p><p>ou tentativas de traduzir sons em escrita “[...] não são um substituto</p><p>e nem uma tradução da música e dos sons, mas uma descrição,</p><p>uma versão gráfica com funções práticas”. Quando o centro de um</p><p>estudo musical passa a ser o que está escrito, sem considerarmos o</p><p>som produzido, temos um grande obstáculo para o aprendizado. Na</p><p>opinião do autor, as linguagens escritas ajudam um aluno quando</p><p>é necessário estudar em casa, sem a presença do professor. O</p><p>aprendiz pode, nesse caso, conferir como é a música se por acaso</p><p>vier a esquecer dela.</p><p>A seleção das linguagens musicais utilizadas na aula de</p><p>violão em grupo depende do repertório escolhido pelos diferentes</p><p>subgrupos de uma classe e das músicas escolhidas pelo professor.</p><p>Esse é um aspecto que deve ser observado atentamente pelo</p><p>professor, pois a motivação dos alunos para aprender violão está</p><p>diretamente ligada ao repertório a ser aprendido (TEIXEIRA,</p><p>2008).</p><p>Um estudo com alunos do curso “Oficina de Violão” da UFBA</p><p>comprovou que um grupo de alunos aprendeu mais que outro grupo</p><p>ISSN 2237-6011100</p><p>Educação, Batatais, v. 10, n. 2, p. 93-103, jul./dez. 2020</p><p>porque o primeiro teve acesso a um repertório familiar, do qual já</p><p>gostavam anteriormente ao aprendizado (TOURINHO, 2002).</p><p>Dentro de uma sala com 18 alunos, por exemplo, podemos</p><p>ter um grupo de 8 alunos que sejam melhores com cifras, 6</p><p>com tablatura e 4 com partitura. Se o professor utiliza diversas</p><p>linguagens musicais, os alunos terão como descobrir qual a melhor</p><p>forma de comunicação para a música que querem aprender nos seus</p><p>primeiros momentos de descoberta do violão. O professor deve</p><p>formar grupos de violão de acordo com a característica de cada</p><p>aluno, sempre deixando os grupos com números equilibrados de</p><p>componentes (TEIXEIRA, 2008).</p><p>Apesar de muitos professores esquecerem, uma forma de</p><p>se ensinar algo é lembrar com exatidão o próprio processo de</p><p>aprendizagem. Quando se aprende violão, a maior dificuldade</p><p>é a realização dos acordes e a troca deles. Essa questão deve ser</p><p>observada com atenção especial principalmente quando o tamanho</p><p>das mãos, como no caso das crianças, atrapalha a execução dos</p><p>acordes. Nesse momento, o que ajuda é a escolha de parte do</p><p>repertório sobre o qual se tenha alguma vivência anterior e se</p><p>conheça o nível de dificuldade para a execução de cada acorde.</p><p>Um dos fatores que contribuem para a motivação do aluno é a</p><p>relação dele com seu professor. Uma boa relação baseia-se na forma</p><p>como o docente conduz a aula, usando, por exemplo, uma postura</p><p>agradável e divertida e em que os interesses do aluno sejam levados</p><p>em conta; assim, a aula torna-se motivadora. O intuito não é virar</p><p>o professor ideal, mas aspirar à excelência como professor, sem</p><p>a exigência de atingir um modelo não executável (MESQUITA,</p><p>2015).</p><p>Alunos inicialmente tímidos que têm a oportunidade de fazer</p><p>parte de uma aula em turma podem vencer essa barreira tocando</p><p>em grupo, fazendo apresentações e socializando com os colegas de</p><p>classe, sendo essa uma das principais vantagens desse modelo de</p><p>aprendizado em relação ao ensino individual. Além disso, a aula em</p><p>grupo pode criar uma interação saudável entre os alunos, fazendo</p><p>com que eles estudem mais o instrumento, uns sendo estimulados</p><p>ao ver o progresso de outros.</p><p>101ISSN 2237-6011</p><p>Educação, Batatais, v. 10, n. 2, p. 93-103, jul./dez. 2020</p><p>No ensino coletivo, o aluno desenvolve as capacidades de</p><p>socialização e cooperação e a sensibilidade para com o colega, pois</p><p>uma aula em grupo exige paciência dos alunos. As pessoas têm</p><p>tempos de aprendizagem diferentes, e cabe ao professor incentivar</p><p>os alunos que já superaram alguns obstáculos no aprendizado</p><p>do instrumento a ajudar os outros em quaisquer dificuldades</p><p>encontradas na aula. Outra ideia importante a ser levada em</p><p>consideração é que o violão é um instrumento completo para se</p><p>trabalhar em aula: é fácil de transportar, pode trabalhar melodia</p><p>e harmonia, é um instrumento que acompanha bem o canto, o</p><p>custo é relativamente acessível, é popular e apresenta inúmeras</p><p>possibilidades para realização de boas atividades.</p><p>4. CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>A presente pesquisa revela a importância do ensino coletivo e</p><p>o quanto esse tipo de modalidade, se for bem aplicada, pode desen-</p><p>volver um aluno musicalmente e na técnica do instrumento, ou seja,</p><p>na capacidade de ele tocar em conjunto, acompanhando na melodia</p><p>ou na harmonia a música estudada.</p><p>O professor deve manter, principalmente, uma postura ins-</p><p>piradora em sala e deve entender a dinâmica de cada turma antes</p><p>de decidir qual o melhor método a ser utilizado naquele contexto</p><p>específico. Vimos que os alunos aprendem mais com repertórios</p><p>que eles realmente queiram tocar e que, de repente, possam ser in-</p><p>tercalados com repertórios de contexto histórico-cultural que enri-</p><p>queçam sua educação, sem deixar de lado as músicas que escutam</p><p>no cotidiano e ocupam o primeiro lugar dentro de suas preferências</p><p>musicais.</p><p>É importante ressaltar que ainda falta literatura a respeito</p><p>desse tema e aqui destacamos que novos estudos dentro da área</p><p>se mostram muito valiosos, levando-se em conta que esse modelo</p><p>de ensino pode viabilizar ainda mais o estudo da música, podendo</p><p>atingir um número maior de alunos em uma aula, diferentemente do</p><p>ensino individual de instrumento.</p><p>ISSN 2237-6011102</p><p>Educação, Batatais, v. 10, n. 2, p. 93-103, jul./dez. 2020</p><p>A música tem uma capacidade de transformar pessoas e rea-</p><p>lidades de vida. O ensino coletivo deve ser uma realidade cada vez</p><p>mais frequente em sala, ajudando no desenvolvimento de todos e</p><p>tornando o ensino de música mais presente na vida da população.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BARBOSA, R. R. O. O Ensino coletivo de violão nas escolas públicas de</p><p>Manaus: Programa de Iniciação Científica na Ufam. 2014. 109 f. Dissertação</p><p>(Mestrado em Música) – Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2014.</p><p>CRUVINEL, F. M. Efeitos do ensino coletivo na iniciação instrumental de</p><p>cordas: a educação musical como meio de transformação social. 2003. 217</p><p>f. Dissertação (Mestrado em Música) – Escola de Música e Artes Cênicas,</p><p>Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2003.</p><p>BRASIL. Lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008. Altera a Lei no 9.394, de</p><p>20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor</p><p>sobre a obrigatoriedade do ensino da música na educação básica. Diário Oficial</p><p>[da] União, Brasília, 18 ago. 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/</p><p>ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11769.htm#:~:text=Altera%20a%20Lei%20</p><p>no,Art. Acesso em: 29 out. 2020.</p><p>MELLO, D. C. O ensino coletivo de violão: Um relato de experiência sobre</p><p>vivências, estratégias e propostas de ensino em uma turma com crianças. Educação</p><p>Musical Latino-Americana: Tecendo Identidades e Fortalecendo Interações,</p><p>Natal, n. 1, p. 1-12, 8 ago. 2017.</p><p>MESQUITA, T. L. Violão para criança: opinião de professores sobre métodos</p><p>e materiais didáticos. 2015. 60 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura</p><p>em Música) – Universidade de Brasília, Brasília, 2015.</p><p>PALHEIROS, G. B. Funções e modos de ouvir música de crianças e adolescentes,</p><p>em diferentes contextos. In: ILARI, B. S. (Org.). Em busca da mente musical.</p><p>Curitiba: Editora da UFPR, 2006. p. 303-349.</p><p>SÁ, F. A. S. Materiais didáticos para o ensino coletivo de violão: questionamentos</p><p>sobre métodos. 2015. 273 f. Dissertação (Mestrado em Música) – Universidade</p><p>Federal de Goiás, Goiânia, 2015.</p><p>SALLES, P. P. Ensaio sobre a gênese da notação musical na criança. Revista</p><p>Plural – Fundação de Artes do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v. 7,</p><p>n.1/2, p. 149-183, 1998.</p><p>103ISSN 2237-6011</p><p>Educação, Batatais, v. 10, n. 2, p. 93-103, jul./dez. 2020</p><p>SANTOS, R. L. O ensino de piano em grupo: uma proposta para elaboração de</p><p>método destinado ao curso de piano complementar nas universidades brasileiras.</p><p>2013. 255 f. Tese (Doutorado em Processos de Criação Musical) – Escola de</p><p>Comunicação e Artes. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.</p><p>SOUZA, L. S. Ensino coletivo de instrumentos musicais: algumas considerações.</p><p>In: ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO COLETIVO DE INSTRUMENTO</p><p>MUSICAL, VI., Salvador, 2014. Anais... Salvador-BA: Universidade Federal da</p><p>Bahia, 2014.</p><p>TEIXEIRA, M. S. B. Ensino coletivo e violão: diferentes escritas no aprendizado</p><p>de iniciantes. 2008. 40 f. Monografia (Licenciatura Plena em Educação Artística</p><p>– Habilitação em Música) – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro,</p><p>Rio de Janeiro, 2008.</p><p>TOURINHO, A. C. G. S. O ensino coletivo violão na educação básica e em</p><p>espaços alternativos: utopia ou possibilidade? In: ENCONTRO REGIONAL DA</p><p>ABEM CENTRO-OESTE, VIII., Brasília, 2008. Anais… Brasília: ABEM, 2008.</p><p>TOURINHO, A. C. G. S. A motivação e o desempenho escolar na aula de Violão</p><p>em grupo: influência do repertório de interesse do aluno. 2001. 115 f. Tese</p><p>(Doutorado em Música) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2001.</p><p>WEIZMANN, C. Violão orquestral – volume 1: metodologia do ensino coletivo</p><p>e 20 arranjos completos para orquestra de violões. São Paulo: Rettec, 2003.</p>

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