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<p>ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE</p><p>Faculdade de Minas</p><p>2</p><p>Sumário</p><p>NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 3</p><p>1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 4</p><p>2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 5</p><p>2.1. Breve Histórico .................................................................................................... 5</p><p>2.2 - Do Estatuto da Criança e do Adolescente (LEI 8.069/1990) .............................. 9</p><p>2.3 – Princípios de Proteção à Criança e ao Adolescente ....................................... 12</p><p>2.3.1 - Princípio da proteção Integral ....................................................................... 13</p><p>2.3.2 - Princípio da condição peculiar da pessoa em desenvolvimento ................... 14</p><p>2.3.3 - Principio da Intervenção mínima ................................................................... 15</p><p>2.3.4- Princípio da proporcionalidade ....................................................................... 15</p><p>3. DO ATO INFRACIONAL, DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO E DAS MEDIDAS</p><p>SOCIOEDUCATIVAS ............................................................................................... 16</p><p>3.1 – Ato Infracional ................................................................................................. 16</p><p>4.2 Natureza Jurídica do Ato Infracional .................................................................. 18</p><p>4.2.1 - Ato infracional praticado por criança e/ou adolescente ................................. 19</p><p>4.3 Apuração do Ato Infracional ............................................................................... 20</p><p>4.4 Das Medidas de Proteção .................................................................................. 21</p><p>4.5 Medidas Socioeducativas ................................................................................... 23</p><p>5. DAS ESPÉCIES DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS ........................................ 25</p><p>5.1. Da Advertência .................................................................................................. 25</p><p>5.2 – Da Obrigação de Reparar o Dano ................................................................... 26</p><p>5.3 – Da Prestação de Serviços à Comunidade ....................................................... 28</p><p>5.4. Liberdade Assistida .......................................................................................... 29</p><p>5.5. Do Regime de Semiliberdade ........................................................................... 30</p><p>5.6 Da Internação ..................................................................................................... 31</p><p>5.7 Remissão ........................................................................................................... 35</p><p>6. EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS .............. 38</p><p>7. REFERÊNCIAS: ................................................................................................... 45</p><p>Faculdade de Minas</p><p>3</p><p>NOSSA HISTÓRIA</p><p>A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de</p><p>empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de</p><p>Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como</p><p>entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.</p><p>A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de</p><p>conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação</p><p>no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.</p><p>Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos</p><p>que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino,</p><p>de publicação ou outras normas de comunicação.</p><p>A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma</p><p>confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base</p><p>profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições</p><p>modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,</p><p>excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.</p><p>Faculdade de Minas</p><p>4</p><p>1. INTRODUÇÃO</p><p>Nossa Constituição Federal trouxe elementares alterações em nosso sistema</p><p>jurídico, esclarecendo um novo dogma na proteção dos interesses da infanto-</p><p>juventude.</p><p>Adiantando-se à Convenção das Nações Unidas de 1989, a Constituição</p><p>Federal, associou-se ao processo garantista da Doutrina da Proteção Integral às</p><p>crianças e adolescentes, o qual elevou esta clientela à condição de sujeitos de</p><p>direitos (ALVES, 2009).</p><p>Com o estabelecimento do Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei</p><p>8.069/1990, o contexto infância e juventude começou a ter um cuidado técnico</p><p>processual e estabeleceu-se um preceito dos direitos fundamentais da criança e do</p><p>adolescente em permutação a Doutrina da Situação Irregular (ALVES, 2009).</p><p>Na atualidade, temos observado que os direitos da criança e do adolescente</p><p>adquirem cada vez mais conteúdo em meio a sociedade. Entende-se que é</p><p>permitido criar uma sociedade mais justa e solidária, em prejuízo da sociedade</p><p>individualista e voltada ao capital, existente nos dias atuais (ROBERTI. JR, 2013).</p><p>Constata-se que a juventude está em discordância com a lei, e vivem com o</p><p>descumprimento das normas referentes à medida socioeducativa e o ato infracional.</p><p>Assim, o sistema de responsabilização e as medidas socioeducativas tem</p><p>sofrido diversas desaprovações, especialmente em razão da influência</p><p>desempenhada através dos meios de comunicação, que diariamente noticiam o</p><p>envolvimento de adolescentes em crimes de certa complexidade, propondo a</p><p>infundada ideia de impunidade.</p><p>Faculdade de Minas</p><p>5</p><p>2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E</p><p>DO ADOLESCENTE</p><p>2.1. Breve Histórico</p><p>Figura: 01</p><p>Dificilmente entender certos direitos, sem ao menos ter em mente sua</p><p>origem, contudo, é preciso fazer entender, a evolução histórica do direito em relação</p><p>as crianças e os adolescentes desde o início dos tempos até a atualidade.</p><p>Nas palavras de Joao Paulo Roberti Junior:</p><p>As crianças e os adolescentes desde os tempos mais remotos, nos</p><p>egípcios e mesopotâmios, passando pelos romanos e gregos, até os povos</p><p>medievais e europeus, não eram considerados como merecedores de</p><p>proteção especial (ROBERTI JUNIOR, 2012, p. 3).</p><p>Foi em meados da Idade Contemporânea, que foi possível destacar uma</p><p>alavancada na firmação das políticas e práticas de proteção social para criança e</p><p>para o adolescente. Com isso, o Brasil como no alicerce internacional, bem como</p><p>outros países, dá um pulo alto na proporção dos direitos das crianças e dos</p><p>adolescentes (ROBERTI JUNIOR, 2012, p. 4).</p><p>Faculdade de Minas</p><p>6</p><p>Em resumo a esta evolução histórica dos direitos infanto-juvenis, cita-se as</p><p>palavras de José de Farias Tavares que dispõe a seguinte síntese:</p><p>✓ 1919: Manifestação sobre os direitos da criança, em Londres, “Save the</p><p>Children Fund”: A Sociedade das Nações cria o Comitê de Proteção da</p><p>Infância que faz com que os Estados não sejam os únicos soberanos em</p><p>matéria dos direitos da criança - (Londres);</p><p>✓ 1920: União Internacional de Auxílio à Criança - (Genebra).</p><p>✓ 1923: Eglantyne Jebb (1876-1928), fundadora da Save the Children, formula</p><p>junto com a União Internacional de Auxílio à Criança a Declaração de</p><p>Genebra sobre os Direitos da Criança, conhecida por Declaração de</p><p>Genebra.</p><p>✓ 1924: A Sociedade das Nações adota a Declaração dos Direitos da Criança</p><p>de Genebra, que determinava sobre a necessidade de proporcionar à criança</p><p>uma proteção especial. Pela primeira vez, uma entidade internacional tomou</p><p>posição definida ao recomendar aos Estados filiados cuidados legislativos</p><p>próprios, destinados</p><p>pois, os valores fundamentais, precisamente,</p><p>pelo paralelismo legislativo, ou seja, pela difusão de regras e regulamentos</p><p>(RAMIDOFF, 2008, p. 101-102).</p><p>Ainda se tem divergências quanto a natureza jurídica das medidas</p><p>socioeducativas, pois alguns doutrinadores entendem que elas têm o caráter de</p><p>reeducar, ressocializar e outros acreditam que ao estabelecer o art. 112 do Estatuto,</p><p>medida privativa e restritiva de liberdade, impôs-se natureza sancionatória</p><p>(CASSANDRE, 2008, p. 48).</p><p>As medidas estão postas no Estatuto e foram descritas de forma correta, pois</p><p>a finalidade não é punir e sim ressocializar o adolescente para que este possa viver</p><p>em sociedade. Na pratica, observa-se que tais medidas não possuem eficácia, uma</p><p>vez que aplicados de forma incorreta, como prevê o ECA (CASSANDRE, 2008, p.</p><p>48).</p><p>Percebe-se que as medidas impostas aos menores infratores estão distantes</p><p>de atingir o objetivo para que foram criadas, já que no dia-a-dia observa-se que as</p><p>crianças e adolescentes recebem essas medidas e logo cometem novamente o ato</p><p>infracional, não se conscientizando o ato que praticou.</p><p>Faculdade de Minas</p><p>41</p><p>Em nosso país existem programas sociais para reeducar e ressocializar o</p><p>menor infrator, porém muitas vezes esses projetos se tornam ineficazes, pois família</p><p>que nesta fase é de extrema importância, não participa dos trabalhos realizados</p><p>pelos profissionais o que dificulta a inserção dos jovens infratores. Ainda, em alguns</p><p>projetos como a Fundação Casa, onde os adolescentes na verdade ficam presos, tal</p><p>maneira não permite a evolução e a capacidade de reinserção na sociedade,</p><p>valendo ressaltar que na maioria dos casos esses adolescentes ao saírem voltam a</p><p>cometer atos infracionais (CASSANDRE, 2008, p. 49).</p><p>É interessante ressaltar o papel da autoridade judiciária, para que as medidas</p><p>socioeducativas tenham efeito, é necessário que o Juiz a aplique de forma</p><p>inteligente, sendo analisado cada caso concreto.</p><p>A eficácia das medidas está diretamente ligada a um atendimento completo</p><p>que promova além de escolarização, profissionalização, projetos que visem a</p><p>reinserção do jovem infrator na sociedade, atendimento médico especializado,</p><p>mobilização de todo o Estado e monitoramento dos adolescentes em cumprimento</p><p>de medidas socioeducativas.</p><p>As medidas de prestação de serviços e a liberdade assistida possibilitam uma</p><p>melhora no comportamento do menor infrator, pois proporciona a ele oportunidades</p><p>de ressocialização, pois estão em contato com a sociedade e ainda permite que o</p><p>adolescente reflita sobre seus atos (MATOS, 2011, p. 45).</p><p>Com relação a medida de privação de liberdade, está é a maneira menos</p><p>eficaz e mais cruel de aplicação das medidas socioeducativas, pois além de excluir</p><p>o menor infrator do convívio familiar, também é retirado da sociedade, contando</p><p>apenas com as regras da instituição e com outros infratores que talvez sejam</p><p>delinquentes irrecuperáveis, pois muitas das vezes o adolescente que não é de alta</p><p>periculosidade ou não cometeu infração usando de violência ou grave ameaça,</p><p>passa a conviver com jovens que podem e vão ensinar sua maneira de agir,</p><p>marginalizando todos os outros conviventes. Desta forma o regime que poderia ser</p><p>positivo, acaba por influências os outros internos (MATOS, 2011, p. 47).</p><p>Nota-se que a intenção do Estatuto da Criança e do Adolescente, é a de</p><p>conferir às medidas socioeducativas um caráter pedagógico-protetivo, entretanto,</p><p>Faculdade de Minas</p><p>42</p><p>aqui no Brasil, isto não vingou, pois não há estrutura para tal. Assim mesmo</p><p>possuindo uma legislação voltada a proteção da classe infanto-juvenil, o país não</p><p>consegue conferir-lhe a aplicabilidade. A falha não advém da normatização do</p><p>sistema, mais sim do despreparo das instituições para execução das medidas</p><p>socioeducativas (CASSANDRE, 2008, p. 49).</p><p>Dessa forma, o Estatuto da Criança e do Adolescente não determinou a</p><p>aplicação de sanções aos atos infracionais, mas sim, apresentou meios para que o</p><p>menor infrator seja reinserido na sociedade. Porém, para que isso ocorra em sua</p><p>eficácia plena, é necessário que o Estado seja utilizado corretamente, sendo</p><p>observada a realidade adolescente infrator (CASSANDRE, 2008, p. 49).</p><p>O Estatuto da Criança e do Adolescente juntamente com Constituição</p><p>Federal de 1988, em seu texto, visa que os direitos sejam resguardados e</p><p>garantidos as crianças e adolescentes, mais também impõe deveres e estes</p><p>também devem ser respeitados.</p><p>Por muitos anos, as crianças e adolescentes não tinha a devida proteção,</p><p>seus direitos e garantias deixava a desejar justamente na fase de desenvolvimento,</p><p>onde a criança necessita de mais atenção e cuidado. Com a promulgação do texto</p><p>constitucional de 1988, deu-se mais ênfase à infância e juventude, dando a eles</p><p>proteção integral, ou seja, que as crianças e adolescentes sejam sujeitos de direito,</p><p>com garantias e prioridade absoluta.</p><p>A adolescência é uma fase de grandes transformações, na qual ele está se</p><p>preparando para entrar no mundo adulto que lhe dará muitas responsabilidades. E é</p><p>nesta fase que o apoio da família e da escola é de extrema importância, pois é onde</p><p>se busca atividades que vão desenvolver o aprendizado profissional, e também</p><p>serão estabelecidos os valores de uma sociedade. O Estado tem o dever de dar</p><p>incentivo oferecendo uma educação de qualidade, profissionalização,</p><p>acompanhamento médico e psicológico a estes jovens incluindo seus familiares,</p><p>isso é feito pelo desenvolvimento das políticas públicas.</p><p>A criança/adolescente que comete um ato infracional está infringindo a lei, e</p><p>para isso o Estatuto criou algumas regras para que este menor infrator responda</p><p>pelo ato infracional. O ECA dá ao adolescente uma condição especial para que este</p><p>Faculdade de Minas</p><p>43</p><p>possa buscar o desenvolvimento, reeducando o menor para que ele reflita as</p><p>consequências do ato infracional que cometeu, tentando desta forma fazer com que</p><p>ele não cometa mais nenhum ato infracional.</p><p>Assim que o adolescente comete o ato, será responsabilizado e estará sujeito</p><p>a cumpri a medida socioeducativa para a reparação do dano que cometeu. A</p><p>aplicação desta medida oferece ao autor do ato a oportunidade de reparação e</p><p>ainda o desenvolvimento pessoal e social. Está aplicação não visa pura e</p><p>simplesmente em punir o infrator, mais orientá-lo sobre seus atos.</p><p>Embora o Estatuto estabeleça direitos e garantia a esses menores infratores,</p><p>nem sempre há uma recuperação destes menores, aos quais possamos considerá-</p><p>los ressocializados por completo, pois alguns ainda insistem em cometer novos atos</p><p>infracionais.</p><p>Partindo deste pressuposto, objetivo do Estatuto da Criança e do Adolescente</p><p>é que todas as suas medidas socioeducativas ressaltem a natureza pedagógica, e</p><p>reeducação, ressocialização, fazendo que desperte nos adolescentes os valores</p><p>sociais para sua formação.</p><p>O adolescente infrator possui várias peculiaridades sejam na falta de</p><p>estrutura familiar e como na falta de oportunidades. Assim, essa perda da</p><p>adolescência causa danos, pois ele deixa de vivenciar as experiências e</p><p>aprendizados necessários à sua formação o que poderá levá-lo a cometer atos</p><p>infracionais.</p><p>O que se percebe é que nos dias atuais tais medidas não cumprem o caráter</p><p>ressocialização, mais apresentam um caráter punitivo pelo ato infracional, e desta</p><p>forma, as medidas aplicadas aos menores infratores não atingem por completo sua</p><p>eficácia.</p><p>As medidas socioeducativas têm objetivo de ressocializar e reinserir o infrator</p><p>no seio da sociedade e não deve ser confundida como sanção. Portanto, as</p><p>medidas privativas de liberdade, assemelha-se as sanções dadas pelo Direito Penal</p><p>Brasileiro, pois com o descaso das entidades de internação desses menores</p><p>Faculdade de Minas</p><p>44</p><p>infratores, não irão proporcionar o atendimento e a aprendizagem necessária para o</p><p>desenvolvimento</p><p>deste menor na sociedade.</p><p>Entretanto, vale destacar que a maioria dos atos infracionais ocorrem por</p><p>causa do meio em que se encontram os menores infratores, não oferecendo ao</p><p>adolescente infrator condições de aprender, de refletir sobre o ato infracional</p><p>cometido.</p><p>Faculdade de Minas</p><p>45</p><p>7. REFERÊNCIAS:</p><p>ALVES, Franciele Caroline. Eficácia das medidas socioeducativas segundo a</p><p>doutrina brasileira. Itajaí, 2006</p><p>AQUINO, Leonardo Gomes de. Criança e adolescente: o ato infracional e as</p><p>medidas socioeducativas. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV, n. 99, abr. 2012.</p><p>ARAÚJO, Tatiane Aparecida Alves. A finalidade da medida socioeducativa de</p><p>internação. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV, n. 106, nov. 2012.</p><p>CAHALI, Yussef Said. Responsabilidade Civil do Estado. 4ª. Edição. Revista</p><p>dos Tribunais, 2010.</p><p>CAVALCANTE. Patrícia Marques. As Medidas Socioeducativas Impostas Ao</p><p>Adolescente Infrator Segundo O Eca: Verso E Anverso. 2008.</p><p>CHAVEZ, Antônio. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. 2</p><p>ed. São Paulo: LTr, 1997.</p><p>COSTA, Antônio Carlos Gomes da. In CURY, Munir (coord.). Estatuto da</p><p>Criança e do Adolescente comentado: comentários jurídicos e sociais. 8 ed. São</p><p>Paulo: Malheiros, 2006.</p><p>CURY, Munir e outros. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. 5</p><p>ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2002.</p><p>DA SILVA, André Tombo Inácio. As medidas socioeducativas aplicáveis aos</p><p>adolescentes infratores. Gama-DF. Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdade de</p><p>Direito Jurplac. 2008.</p><p>DIAS. Rosemary Bevilaqua Da Silva Faustino. A efetividade das medidas</p><p>socioeducativas em Paranaíba: aplicação da medida de liberdade assistida. 2020.</p><p>Faculdade de Minas</p><p>46</p><p>DUPRET, Cristiane. Curso de direito da criança e do adolescente. Belo</p><p>Horizonte: Ius, 2010.</p><p>ELIZEU, Ludimyla Bretas. Aplicabilidade das medidas socioeducativas. Nova</p><p>Venecia, 2010.</p><p>MAIOR NETO, Olympio de Sá Sotto, In: CURY, Munir (coord.). Estatuto da</p><p>Criança e do Adolescente comentado: comentários jurídicos e sociais. 8 ed. São</p><p>Paulo: Malheiros, 2006. p. 378.</p><p>MATIAS, Ailla Cristina de Carvalho. Medidas Socioeducativas. MATOS,</p><p>Priscila Santini. Aplicabilidade e eficácia das medidas socioeducativas impostas ao</p><p>adolescente infrator. Curitiba 2011.</p><p>MIRABETE, Júlio Fabbrini. Estatuto da Criança e do Adolescente</p><p>Comentado – Comentários Jurídicos e Sociais", 6ª ed. rev. e atual. pelo novo</p><p>Código Civil, Ed. Malheiros, coordenador Munir Cury: São Paulo, 2003.</p><p>SHECAIRA, Sérgio Salomão. Sistema de Garantias e o Direito Penal Juvenil.</p><p>São Paulo: RT, 2008.</p><p>SILVA, De Plácido. 1999. Vocabulário jurídico. 15ª edição. Editora Forense:</p><p>Rio de Janeiro.</p><p>TAVARES, José de Farias. Direito da infância e da Juventude. Belo</p><p>Horizonte: Del Rey, 2001.</p><p>VÁZQUEZ GONZÁLEZ, Carlos, apud SHECAIRA, Sérgio Salomão. Sistema</p><p>de Garantias e o Direito Penal Juvenil. São Paulo: RT, 2008.</p><p>ZAINAGHI, Maria Cristina. Medidas preventivas e de proteção no Estatuto da</p><p>criança e do adolescente. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, III, n. 9, maio 2002.</p><p>a beneficiar especialmente a população infanto-juvenil.</p><p>✓ 1927: Ocorre o IV Congresso Panamericano da criança, onde dez países</p><p>(Argentina, Bolívia, Brasil, Cuba, Chile, Equador, Estados Unidos, Peru,</p><p>Uruguai e Venezuela) subscrevem a ata de fundação do Instituto</p><p>Interamericano da Criança (IIN - Instituto Interamericano Del Niño) que</p><p>atualmente encontra-se vinculado à Organização dos Estados Americanos –</p><p>OEA, e estendido à adolescência, cujo organismo destina-se a promoção do</p><p>bem-estar da infância e da maternidade na região.</p><p>✓ 1946: é recomendada pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas</p><p>a adoção da Declaração de Genebra. Logo após a II Guerra Mundial um</p><p>movimento internacional se manifesta a favor da criação do Fundo</p><p>Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância - UNICEF.</p><p>✓ 1948: em 10 de dezembro de 1948 a Assembleia das Nações Unidas</p><p>proclama a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Nela os direitos e</p><p>liberdades das crianças e adolescentes estão implicitamente incluídos,</p><p>nomeadamente no art. XXV, item II, que consubstancia que a maternidade e</p><p>a infância têm direito a cuidados e assistência especiais, bem como que a</p><p>Faculdade de Minas</p><p>7</p><p>todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio é assegurado o</p><p>direito a mesma proteção social.</p><p>✓ 1959: adota-se por unanimidade a Declaração dos Direitos da Criança,</p><p>embora que este texto não seja de cumprimento obrigatório para os estados-</p><p>membros.</p><p>✓ 1969: É adotada e aberta à assinatura na Conferência Especializada</p><p>Interamericana sobre Direitos Humanos, em San José de Costa Rica, em</p><p>22/11/1969. Neste documento o art. 193 estabelece que todas as crianças</p><p>têm direito às medidas de proteção que a sua condição de menor requer,</p><p>tanto por parte da sua família, como da sociedade e do Estado.</p><p>✓ 1989: A Convenção Internacional relativa aos Direitos da Criança - CDC é</p><p>adotada pela Assembleia Geral da ONU e aberta à subscrição e ratificação</p><p>pelos Estados. A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança foi o</p><p>marco internacional na concepção de proteção social â infância e</p><p>adolescência e que deu as bases para a Doutrina da proteção integral, que</p><p>fundamentou o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA Lei nº 8.069, de</p><p>13.07.1990).</p><p>✓ 1990: É celebrada a Cúpula Mundial de Presidentes em favor da infância,</p><p>onde se aprova o Plano de Ação para o decênio 1990-2000, que serve de</p><p>marco de referência para os Planos Nacionais de Ação para cada Estado</p><p>parte da Convenção.</p><p>✓ 1992: É instituído no Brasil o Decreto nº 678, de seis de novembro de 1992,</p><p>que Promulga a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de</p><p>São José da Costa Rica), de 22 de novembro de 1969.</p><p>✓ 1996: São instituídas as Regras Mínimas das Nações Unidas para a proteção</p><p>dos Jovens Privados de Liberdade e o Tratado da União Europeia, sobre a</p><p>exploração sexual de crianças (TAVARES, 2001, p 77-79).</p><p>Várias foram as tentativas de busca a proteção dos direitos das crianças e dos</p><p>adolescentes, e detalhá-los se tornaria algo muito extenso, e por isso, será feito</p><p>apenas algumas abordagens de relevância durante essa transgressão de tempo.</p><p>Em meio a tantos acontecimentos ao longo dos anos, destaca-se a manifestação</p><p>inicial de proteção especial para o aglomerado de crianças e adolescente, teve sua</p><p>Faculdade de Minas</p><p>8</p><p>aparição formal em 1924, com a Declaração dos Direitos da Criança, de Genebra,</p><p>que afirmava entre outros fatores essenciais, a relevância de se elucidar e fornecer</p><p>uma proteção especial à criança e ao adolescente (ALVES, 2009, p.10).</p><p>Entretanto, sendo a Convenção taxada como problemática, sem forças</p><p>principiológicas, e sem obrigações destinadas ao estado, foi esta Declaração</p><p>excluída (ALVES, 2009, p.10).</p><p>Em seguida, pulando mais alguns anos, evidencia-se o Serviço de Assistência</p><p>aos Menores (SAM), criado em 1942 com o objetivo de atender os jovens em</p><p>situação de abandono ou em conflito com a lei. Mas aqueles que incidiam em atos</p><p>infracionais, o sistema um meio corretivo e de muita repressão (ALVES, 2009, p.11).</p><p>Segundo os dizeres de Danielle Barboza Alves:</p><p>Em 1948 foi aprovada em Paris, pela Assembleia das Nações Unidas a</p><p>Declaração dos Direitos Humanos que fez referência aos direitos infanto</p><p>juvenis, na medida em que tinha por objetivo garantir a todo homem, bem</p><p>como à criança e ao adolescente, o direito à vida e à liberdade e o direito a</p><p>um padrão de vida condigno que veio a se incorporar na Constituição de</p><p>1988 como o princípio da dignidade humana (ALVES, 2009, p.12).</p><p>Tempos depois, outro marco de destaque foi a Declaração Universal dos</p><p>direitos das Crianças, com aprovação concedida pela ONU em 1959, e trouxe em</p><p>seus artigos, uma forma rígida de reprimir qualquer requinte de violência contra</p><p>criança ou adolescente.</p><p>Já em 1964, surgiu a Fundação Nacional do Menor, cuja finalidade é manter</p><p>a ordem através do autoritarismo. Anos após, com também grande destaque veio a</p><p>Convenção de Direitos Humanos, que evidenciou um tópico de proteção a crianças</p><p>e adolescentes, continuando a receber durante anos novas redações que buscavam</p><p>a proteção das crianças, onde acabou se fixando com amplitude, através da</p><p>Constituição Federal Brasileira de 1988 que concretizou os direitos da criança e do</p><p>adolescente.</p><p>Tudo isso, foi definitivamente afirmado em 1989, com a criação e aprovação</p><p>da Convenção Internacional dos direitos das Crianças pela Assembleia das Nações</p><p>Unidas que se aprimorou durante algum tempo até se firmar por completo.</p><p>Faculdade de Minas</p><p>9</p><p>2.2 - Do Estatuto da Criança e do Adolescente (LEI 8.069/1990)</p><p>O Estatuto da Criança e do Adolescente foi promulgado no dia 13 de julho de</p><p>1990 pela Lei n° 8.069 e publicado no Diário Oficial da União (DOU) em 16 de julho</p><p>do corrente ano. Seu período de vacatio legis foi de 90 (noventa) dias.</p><p>Cristiane Dupret assevera que:</p><p>O Direito da Criança e do Adolescente vem se tornando um ramo</p><p>autônomo, formado por uma rede de proteção com variados diplomas</p><p>legais e normativos em geral. O Estatuto da Criança e do Adolescente é um</p><p>dos diplomas mais expressivos desse Direito, formado ainda pela</p><p>Constituição Federal, pela Convenção Internacional dos Direitos da</p><p>Criança, pela Declaração dos Direitos da Criança e por várias Portaria e</p><p>Resoluções que dispõe sobre variados assuntos que visam à proteção do</p><p>menor de 18 (dezoito) anos (DUPRET, 2010, p. 21).</p><p>Para substituir o Código de Menores que estava em vigor desde 10 de</p><p>outubro de 1979, foi criado o Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990. O</p><p>Estatuto é avaliado como uma das leis mais evoluídas no âmbito da menoridade e</p><p>apresenta diferenças significativas em relação ao Código de Menores.</p><p>Nos dizeres de CASSANDRE, o Estatuto é visto assim:</p><p>Houve uma grande transformação no Direito da Criança e do Adolescente</p><p>com a Lei 8.069/90, trazendo a teoria da proteção integral. Esse novo</p><p>aspecto é baseado nos direitos essenciais das crianças e adolescentes,</p><p>posto que estão em condição de pessoas especiais, ou seja, em</p><p>desenvolvimento, sendo necessário uma proteção diferente e integral</p><p>(CASSANDRE,2008, p.10).</p><p>Segundo os conceitos de Fonseca:</p><p>O Estatuto é destinado a todas as pessoas com menos de 18 anos de</p><p>idade e não somente destinado a menores de (dezoito) anos em situações</p><p>especiais, como era no Código. Está pautado nos princípios da</p><p>Constituição Brasileira de 1988, expressos especialmente nos artigos 227 e</p><p>228 (FONSECA, 2008, p. 43).</p><p>Ressalta-se que o Estatuto da criança e do Adolescente, surgiu com o apelo</p><p>e súplica populacional por um sistema mais firme e justo de proteção aos direitos</p><p>desses indivíduos.</p><p>Faculdade de Minas</p><p>10</p><p>Nesse sentido dispõe Joao Paulo Roberti Junior a seguinte descrição:</p><p>Perante essas normativas e visando evitar a construção social que separa</p><p>os “menores” das crianças e dirige às crianças e adolescentes</p><p>como</p><p>sujeitos de direitos, o ECA trouxe grandes mudanças na política de</p><p>atendimento às crianças e adolescentes por meio da criação de</p><p>instrumentos jurídicos que viabilizam, ou pretende viabilizar além do</p><p>atendimento, a garantia dos direitos que são assegurados às crianças e</p><p>aos adolescentes (ROBERTI JUNIOR, 2012, p.12).</p><p>São três os princípios básicos que conduzem o Estatuto, são eles:</p><p>princípio da proteção integral, em que a criança e ao adolescente têm direito</p><p>à proteção na totalidade das esferas de sua vida (art. 1º);</p><p>garantia de absoluta prioridade, que confere o direito da criança e do</p><p>adolescente serem protegidos e atendidos com prioridade em suas</p><p>necessidades, no recebimento de socorro, na utilização de serviços públicos</p><p>e na destinação de verbas e políticas sociais públicas (art. 4º);</p><p>a condição de pessoa em desenvolvimento, no qual a criança e o</p><p>adolescente são indivíduos que necessitam de cuidados especiais em cada</p><p>fase da vida, para que possam ter um desenvolvimento sadio e harmonioso</p><p>(art. 6º).</p><p>Assim, com a promulgação do Estatuto, a criança e o adolescente passaram a</p><p>serem sujeitos de Direito.</p><p>Para o Estatuto, a criança e ao adolescente são pessoas que carecem de</p><p>assistência especial, pois ainda não alcançaram sua maturidade total. Conforme</p><p>TAVARES:</p><p>O Estatuto da Criança e do Adolescente inovou ao abranger toda criança e</p><p>adolescente em qualquer situação jurídica, rompendo definitivamente com</p><p>a doutrina da situação irregular, assegurando que cada brasileiro que nasce</p><p>possa ter assegurado seu pleno desenvolvimento, mesmo que cometa um</p><p>ato ilícito (TAVARES, 2011, p. 7).</p><p>O Estatuto da Criança e do Adolescente, constituiu-se reproduzido no espírito</p><p>da Constituição Federal a teoria da proteção incondicional, que garante às crianças</p><p>Faculdade de Minas</p><p>11</p><p>e aos adolescentes a guarda da família, da sociedade e do Estado. Assim explicita o</p><p>artigo 227 da Constituição Federal:</p><p>Art. 227- É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e</p><p>ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à</p><p>alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à</p><p>dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,</p><p>além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,</p><p>exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL. Constituição Federal</p><p>de 1988).</p><p>Um dos elementos essenciais do Estatuto é a participação popular na</p><p>fiscalização e cobrança política. A lei deixa claro que o Estado deve atuar sobre a</p><p>infância em conjunto com a sociedade organizada, tendo como instrumento para</p><p>isso os Conselhos de Direito.</p><p>No antigo Código de Menores, quem solucionava, investigava e julgava era o</p><p>juiz, que tinha quase um poder absoluto, sem limites e não havia participação da</p><p>sociedade.</p><p>No momento presente, o Estatuto, o juiz e a promotoria da infância são</p><p>forçados a compartilhar poder com os Conselhos Tutelares, integrado por pessoas</p><p>escolhidas pela sociedade, que participam e zelam pelo direito da criança.</p><p>Segundo Saraiva, o ECA se estrutura a partir de três grandes sistemas de</p><p>garantia, harmônicos entre si, que são:</p><p>o Sistema Primário, que dá conta das Políticas Públicas de</p><p>Atendimento a crianças e adolescentes (especialmente os arts. 4° e</p><p>85/87);</p><p>o Sistema Secundário que trata das Medidas de Proteção dirigidas a</p><p>crianças e adolescentes em situação de risco pessoal ou social, não</p><p>autores de atos infracionais, de natureza preventiva, ou seja, crianças</p><p>e adolescentes enquanto vítimas, enquanto violados em seus direitos</p><p>fundamentais (especialmente os arts. 98 e 101);</p><p>o Sistema Terciário, que trata das medidas socioeducativas,</p><p>aplicáveis a adolescentes em conflito com a Lei, autores de atos</p><p>Faculdade de Minas</p><p>12</p><p>infracionais, ou seja, quando passam à condição de vitimizadores</p><p>(especialmente os arts. 103 e 112) (SARAIVA, 2003, p.62).</p><p>Portanto, quando a criança ou o adolescente desviar do sistema primário de</p><p>prevenção, será acionado o sistema secundário, cujo agente operador é o Conselho</p><p>Tutelar e, se for atribuído ao adolescente a prática de algum ato infracional, será</p><p>ajuizado o terceiro sistema de prevenção, operador das medidas socioeducativas.</p><p>Assim, o Estatuto é o alicerce base que se une a Constituição no suporte e</p><p>controle dos direitos e também deveres de uma conduta correta das crianças e dos</p><p>adolescentes.</p><p>2.3 – Princípios de Proteção à Criança e ao Adolescente</p><p>Figura: 02</p><p>Com a promulgação da Constituição de 1988 juntamente com a criação do</p><p>Estatuto da Criança e do Adolescente que proporcionou um novo modelo jurídico de</p><p>responsabilização dos jovens infratores, similar à legislação penal aplicada aos</p><p>adultos, surgiram princípios comuns e princípios específicos relacionados à matéria.</p><p>Faculdade de Minas</p><p>13</p><p>Esses princípios se fizeram necessários para que as normas protetivas fossem</p><p>asseguradas e diferenciadas em relação à incriminação penal aplicadas aos adultos</p><p>e aplicadas aos adolescentes. Pois, como prevê o artigo 228 da constituição federal,</p><p>são inimputáveis penalmente os menores de dezoito anos, sendo concedido à</p><p>criança e ao adolescente direitos preferenciais em relação aos maiores de dezoito</p><p>anos. Como bem diz Shecaira, “Quis o constituinte separar os direitos e garantias</p><p>das crianças e adolescentes do conjunto da cidadania com objetivo de melhor</p><p>garantir sua defesa” (SHECAIRA, 2008. p. 137).</p><p>2.3.1 - Princípio da proteção Integral</p><p>Tal princípio está previsto no art. 1º do referido diploma e diz: “esta lei dispõe</p><p>sobre a proteção integral à criança e ao adolescente”.</p><p>Assim, conceitua Munir Cury, como:</p><p>(...) a síntese do pensamento do legislador constituinte, expresso na</p><p>consagração do preceito de que “os direitos de todas as crianças e</p><p>adolescentes devem ser universalmente reconhecidos. São direitos</p><p>especiais e específicos, pela condição de pessoas em desenvolvimento.</p><p>Assim, as leis internas e o direito de cada sistema nacional devem garantir</p><p>a satisfação de todas as necessidades das pessoas de até 18 anos, não</p><p>incluindo apenas o aspecto penal do ato praticado pela ou contra a criança,</p><p>mas o seu direito à vida, saúde, educação, convivência, lazer,</p><p>profissionalização, liberdade e outros” (CURY, 2006, p.15).</p><p>Percebe-se que os direitos das crianças e adolescentes não podem ser</p><p>exclusivos de uma ou outra categoria e sim que sejam englobadas todas elas,</p><p>infratores ou não, sendo aplicadas a todas indistintamente.</p><p>Portanto, o princípio visa proteger a todos e todas formas possíveis, sendo-</p><p>lhes resguardados seus direitos e garantias, proporcionando pleno desenvolvimento</p><p>e desta forma concretizando o princípio da dignidade da pessoa humana (SÁ, 2009,</p><p>p. 46).</p><p>Faculdade de Minas</p><p>14</p><p>2.3.2 - Princípio da condição peculiar da pessoa em desenvolvimento</p><p>Este princípio está intimamente ligado aos demais princípios, vem descrito no</p><p>art. 6º: “Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que a ela</p><p>se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos,</p><p>e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em</p><p>desenvolvimento” (BRASIL. Lei n. 8.069/90).</p><p>O artigo 6º é o ponto principal para a leitura e interpretação do ECA, pois</p><p>para sua adequada compreensão devem ser considerados vários aspectos, como,</p><p>por exemplo, a finalidade social, as condições do bem comum, os direitos e deveres</p><p>individuais e coletivos e a condição particular da pessoa em desenvolvimento</p><p>(COSTA, 2006, p. 55).</p><p>Tal princípio é entendido como base para a nova legislação somando-se à</p><p>condição jurídica de sujeito de direito e à condição política de absoluta prioridade.</p><p>Ademais, tem-se que a criança e ao adolescente não conhecem totalmente, nem</p><p>possuem condições de defender e de fazer valer plenamente seus direitos, e</p><p>não</p><p>tem ainda capacidades plenas de suprir suas necessidades básicas (COSTA, 2006,</p><p>p. 55).</p><p>Entretanto, a referida condição particular de desenvolvimento, não pode ser</p><p>estabelecida apenas com base no que a criança não saiba, tenha condições ou não</p><p>seja capaz. Deve ser analisada cada fase de forma particular, sendo cada etapa um</p><p>período de totalidade devendo ser compreendida pela família, pela sociedade e pelo</p><p>Estado (COSTA, 2006, p. 55).</p><p>Assim, afirma Shecaria, que o princípio da condição peculiar da pessoa em</p><p>desenvolvimento traz o reconhecimento da desigualdade do adolescente em relação</p><p>ao adulto, que em razão desta não pode ter o mesmo tratamento (SHECAIRA,</p><p>2008. p. 27).</p><p>Faculdade de Minas</p><p>15</p><p>2.3.3 - Principio da Intervenção mínima</p><p>Está previsto no art. 37, b, na Convenção sobre os Direitos da Criança que</p><p>dispõe: “nenhuma criança seja privada de sua liberdade de forma ilegal ou arbitrária.</p><p>A detenção, a reclusão ou a prisão de uma criança, serão efetuadas conforme em</p><p>conformidade com a lei e apenas como último recurso, e durante o mais breve</p><p>período de tempo que for apropriado” (BRASIL. Lei n. 8.069/90).</p><p>O referido princípio busca orientar a intervenção mínima nas punições,</p><p>devendo apenas ser castigadas as infrações mais prejudiciais à sociedade e de</p><p>relevância social mais significativa, devendo ser imposto um castigo proporcional à</p><p>gravidade do delito. Com isso, a norma penal juvenil somente será utilizada para</p><p>defender bens jurídicos essenciais de agressões mais gravosas, ou ainda, ser</p><p>usada de maneira secundaria em condutas que não possam ser tratadas por outros</p><p>meios de controle social (VÁZQUEZ GONZÁLEZ apud SHECAIRA, 2008, p. 147).</p><p>A Constituição Federal de 1988 também consagra em seu art. 227, §3º, V</p><p>que o direito a proteção especial abrangerá “a obediência aos princípios de</p><p>brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em</p><p>desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade”.</p><p>Assim, fica claro que a aplicação de medidas punitivas aplicáveis aos jovens deve</p><p>ser utilizada em último caso pelo sistema de justiça da infância e juventude.</p><p>Dispositivo que é reafirmado no art. 112 do ECA ao dizer que a autoridade “poderá”</p><p>aplicar ao adolescente as medidas nele previstas (DE SÁ, 2009, p. 47).</p><p>2.3.4- Princípio da proporcionalidade</p><p>O princípio da proporcionalidade não está disposto expressamente nos</p><p>dispositivos legais, porém é possível encontrá-lo em alguns artigos dispostos no</p><p>texto constitucional, quais são: art.1º, III; art.3º, I; art.5º, caput, etc. Além disso,</p><p>pode-se encontrar no capítulo que trata da criança e do adolescente na Constituição</p><p>em seu art. 227, §3º, IV (SHECAIRA, 2008. p. 150).</p><p>Faculdade de Minas</p><p>16</p><p>Ainda, a intervenção punitiva no âmbito formal tanto em matéria de pena,</p><p>quanto na aplicação de medida socioeducativa, deve ser sujeitada ao princípio da</p><p>proporcionalidade, quando for cominada a pena, judicialmente quando aplicar a</p><p>pena no caso concreto executando as medidas coercitivas. Assim, cabe ao juiz, no</p><p>momento da aplicação, analisar se a medida cabível devera se mais rigorosa ou</p><p>mais branda (SHECAIRA, 2008. p. 150).</p><p>3. DO ATO INFRACIONAL, DAS MEDIDAS DE</p><p>PROTEÇÃO E DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS</p><p>3.1 – Ato Infracional</p><p>A conduta da criança e do adolescente, quando coberta de ilicitude, reflete</p><p>obrigatoriamente no contexto social em que vive. E, a despeito de sua maior</p><p>incidência nos dias atuais, tal fato não constitui ocorrência apenas deste século,</p><p>mas é nesta quadra da história da Humanidade que o mesmo assume proporções</p><p>alarmantes, principalmente nos grandes centros urbanos, não só pelas dificuldades</p><p>de sobrevivência como, também, pela ausência do Estado nas áreas da educação,</p><p>da saúde, da habitação e, ainda, da assistência social (AMARANTE, 2002, p. 324).</p><p>Por outra parte, a falta de uma política séria em termos de ocupação racional</p><p>dos espaços geográficos, a ensejar migração desordenada, produtora de favelas</p><p>periféricas nas capitais dos Estados, ou até mesmo nas médias cidades, está</p><p>permitindo e vai permitir, mais ainda, pela precariedade de vida de seus habitantes,</p><p>o aumento, também, da delinquência infanto-juvenil (AMARANTE, 2002, p. 324).</p><p>O Ato infracional é,</p><p>ação condenável, de desrespeito às leis, à ordem pública, aos direitos dos</p><p>cidadãos ou ao patrimônio, cometido por crianças ou adolescentes”.</p><p>Somente haverá o ato infracional se a conduta for correspondente a uma</p><p>hipótese prevista em lei que determine sanções ao seu autor (AQUINO,</p><p>2012).</p><p>Faculdade de Minas</p><p>17</p><p>O Estatuto da Criança e do Adolescente conceitua em seu art. 103 o ato</p><p>infracional:</p><p>“Art. 103- Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou</p><p>contravenção penal”.</p><p>Desta forma, considera-se ato infracional todo fato típico, descrito como crime</p><p>ou contravenção penal (AQUINO, 2012).</p><p>Tal definição decorre do princípio constitucional da legalidade. É preciso por</p><p>tanto para a caracterização do ato infracional que este seja típico antijurídico e</p><p>culpável garantindo ao adolescente por um lado, um sistema compatível com o seu</p><p>grau de responsabilização e por outro a coerência com os requisitos normativos</p><p>provenientes da seara criminal. Assim, João Batista Costa Saraiva esclarece: “Não</p><p>pode o adolescente ser punido onde não o seria o adulto” (SARAIVA, 2002).</p><p>Continua, João Batista Costa Saraiva:</p><p>O garantismo penal impregna a normativa relativa ao adolescente infrator</p><p>como forma de proteção desta em face de ação do Estado. A ação do</p><p>Estado autorizando-se a sancionar o adolescente e infligir lhe uma medida</p><p>socioeducativa fica condicionada a apuração dentro do devido processo</p><p>legal que este agir típico se faz antijurídico e reprovável - daí culpável</p><p>(SARAIVA, 2002, p.66).</p><p>O Estatuto ao definir o ato infracional, adotou um conteúdo certo e</p><p>determinado, abandonando as expressões como ato antissocial, desvio de conduta</p><p>e outros, de significado jurídico impreciso, afastando-se qualquer subjetivismo do</p><p>intérprete quando da análise da ação ou omissão (PAULA, 2002).</p><p>Crianças e adolescentes podem praticar ações ilícitas ao preceito legal e são</p><p>nomeados atos infracionais, desta forma, recebem tratamento distintos, como o</p><p>disposto no art. 105 do ECA, estes somente obedecerão às medidas exclusivas</p><p>previstas no art. 101 do mesmo diploma. Toda criança e adolescente recebem</p><p>tratamento individualizado e especial, mesmo quando praticam condutas que sejam</p><p>tipificadas no Código Penal (RAMIDOFF, 2008, 74).</p><p>Faculdade de Minas</p><p>18</p><p>Para RAMIDOFF:</p><p>A prática de ato infracional não se constitui numa conduta delituosa,</p><p>precisamente por inexistir nas ações/omissões infracionais um dos</p><p>elementos constitutivos e estruturantes do fato punível, isto é, a</p><p>culpabilidade – a qual, por sua vez, não se encontra regularmente</p><p>composta, precisamente por lhe faltar a imputabilidade, isto é, um elemento</p><p>seu constitutivo e que representa a capacidade psíquica para regular a</p><p>válida prática da conduta dita delituosa, enquanto decorrência mesmo da</p><p>opção política do Constituinte de 1987/1988. Esta consignou a idade de</p><p>maioridade penal em 18 (dezoito) anos, alinhando-se, assim, à diretriz</p><p>internacional dos Direitos Humanos, como alternativa válida e legítima que</p><p>reflete a soberania popular e a autodeterminação do povo brasileiro</p><p>(RAMIDOFF, 2008, p. 75).</p><p>4.2 Natureza Jurídica do Ato Infracional</p><p>No ordenamento jurídico brasileiro, os crimes e as contravenções penais só</p><p>podem ser atribuídas, para efeitos da respectiva pena, às pessoas imputáveis, que</p><p>via de regra, são as com mais de 18 anos de idade. Se a conduta ilícita partir de</p><p>uma criança e adolescente, não será crime ou contravenção e sim um ato</p><p>infracional em fase da ausência de culpabilidade e consequente punibilidade</p><p>(ENGEL, 2006).</p><p>Segundo o Desembargador</p><p>Napoleão X. do Amarante:</p><p>Significa dizer que o fato atribuído à criança ou ao adolescente, embora</p><p>enquadrável como crime ou contravenção, só pela circunstância de sua</p><p>idade, não constitui crime ou contravenção, mas, na linguagem do</p><p>legislador, simples ato infracional. O desajuste existe, mas, na acepção</p><p>técnico-jurídica, a conduta do seu agente não configura uma ou outra</p><p>daquelas modalidades de infração, por se tratar simplesmente de uma</p><p>realidade diversa. Não se cuida de uma ficção, mas de uma entidade</p><p>jurídica a encerrar a ideia de que também o tratamento a ser deferido ao</p><p>seu agente é próprio e específico.</p><p>Assim, quando a ação ou omissão venha a ter o perfil de um daqueles</p><p>ilícitos, atribuível, entretanto, à criança ou ao adolescente (v. art. 2°), são</p><p>estes autores de ato infracional com consequências para a sociedade, igual</p><p>ao crime e à contravenção, mas, mesmo assim, com contornos diversos,</p><p>diante do aspecto da inimputabilidade e das medidas a lhes serem</p><p>aplicadas, por não se assemelharem estas com as várias espécies de</p><p>reprimendas (AMARANTE, 2002, p. 325).</p><p>Faculdade de Minas</p><p>19</p><p>No mesmo contexto Vater Kenji Ishilda:</p><p>Pela definição finalista, crime é o fato típico e antijurídico. A criança e o</p><p>adolescente podem vir a cometer crime, mas não preenchem o requisito da</p><p>culpabilidade, pressuposto da aplicação da pena. Isso porque a</p><p>imputabilidade penal inicia-se somente aos 18 (dezoito) anos, ficando de</p><p>medida socioeducativa por meio de incidência. Dessa forma, a conduta</p><p>delituosa da criança e do adolescente é denominada de ato infracional,</p><p>abrangendo tanto o crime como a contravenção (ISHILDA, 2001, p.160).</p><p>Para Paulo Lucio Nogueira,</p><p>O estatuto considera o ato infracional a conduta descrita como crime ou</p><p>contravenção penal. Assim não há diferença entre crime e ato infracional,</p><p>pois ambos constituem condutas contrarias ao direito positivo, já que se</p><p>situa na categoria ilícito penal. (NOGUEIRA, 1998, p. 149).</p><p>Dessa forma, tem-se duas correntes, uma qual a conduta praticada pela</p><p>criança ou adolescente esteja revestida dos elementos que caracterização crime ou</p><p>contravenção, e outra que não vislumbra a diferença entre ato infracional crime e</p><p>contravenção (ENGEL, 2006).</p><p>4.2.1 - Ato infracional praticado por criança e/ou adolescente</p><p>Figura: 03</p><p>Com relação às crianças, pessoas de até doze anos de idade incompletos e,</p><p>adolescentes de até dezoito anos de idade, que cometem infrações penais, o ECA</p><p>Faculdade de Minas</p><p>20</p><p>excluiu da aplicação de medidas socioeducativas, e deu a aplicação de medidas de</p><p>proteção, podendo elas serem aplicadas de forma isolada ou cumulativa.</p><p>O Estatuto da Criança e do Adolescente não especificou o procedimento na</p><p>apuração do ato infracional, somente esclareceu que caberá ao Conselho Tutelar e</p><p>não ao Juízo da Vara da Infância e Juventude a aplicação das medidas de proteção</p><p>dispostas no art. 136, I do referido diploma.</p><p>4.3 Apuração do Ato Infracional</p><p>Por serem as crianças e adolescentes dotados de condição especial de</p><p>desenvolvimento, e as soluções dos problemas devem ser rápidas, pois a demora</p><p>no atendimento pode produzir danos irreparáveis. Eles possuem ritmo de vida mais</p><p>acelerado e a sensação de impunidade pode acarretar uma sequência de atos</p><p>infracionais que resultarão em sua interação (UNIPLAC, 2010).</p><p>Assim, de acordo com art. 106 do Eca, o adolescente poderá ser apreendido</p><p>em flagrante delito, no sentido que “nenhum adolescente será privado de sua</p><p>liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e</p><p>fundamentada da autoridade judiciária competente”.</p><p>Desta forma, no art. 107 do ECA, aduz que a apreensão do adolescente feita</p><p>em flagrante deve ser imediatamente comunicada a autoridade judiciária</p><p>competente, aos pais ou responsáveis ou quem ele indicar.</p><p>A autoridade policial deverá desde logo verificar a possibilidade da liberação</p><p>do adolescente isto, sob pena de responsabilização. O adolescente assina um</p><p>termo de compromisso onde os pais se comprometerão em apresentar o</p><p>adolescente ao representante do Ministério Público em dia determinado.</p><p>Poderá também o Ministério Público de acordo com o art. 180 do ECA, a</p><p>promoção do arquivamento dos autos, a concessão de remissão ou ainda a</p><p>representação à autoridade judiciária para a aplicação das medidas</p><p>socioeducativas.</p><p>Faculdade de Minas</p><p>21</p><p>De acordo com o Estatuto, quanto ao arquivamento dos autos, deve ser</p><p>pedido fundamentado na inexistência do ato infracional, inexistência da prova de</p><p>participação do adolescente no ato, deve estar presente a excludente de</p><p>antijuridicidade ou culpabilidade e inexistência de prova suficiente para a</p><p>condenação (ELIZEU, 2010).</p><p>O art. 184 do referido diploma, assim como o art. 41 do Código de Processo</p><p>Penal, a representação é oferecida por petição, observando o princípio do</p><p>contraditório e ampla defesa, assim que recebida pelo juiz, o processo será iniciado.</p><p>Assim, o juiz poderá solicitar a apresentação do adolescente, fazendo por</p><p>citação, bem como de seus pais ou responsáveis para que compareçam em juízo</p><p>acompanhado de advogado. Se caso o adolescente não for encontrado, o juiz</p><p>expedirá mandado de busca e apreensão e o processo ficará suspenso até que seja</p><p>o adolescente apresentado.</p><p>Assim que o adolescente se apresentar em juízo, será marcada audiência,</p><p>onde será feito o interrogatório. Após serão ouvidos os pais ou responsáveis quando</p><p>apreciará a aplicação da remissão. Caso não haja remissão o processo terá</p><p>continuidade com a apresentação de defesa previa e rol de testemunhas, podendo o</p><p>juiz determinar diligencias, neste caso será designada nova audiência.</p><p>4.4 Das Medidas de Proteção</p><p>De acordo com De Plácido Silva, conceitua proteção como:</p><p>Do latim protectio, de protegere (cobrir, amparar, abrigar), entende-se toda</p><p>espécie de assistência ou de auxílio, prestado às coisas ou às pessoas, a</p><p>fim de que se resguardem contra os males que lhes possam advir. Em</p><p>certas circunstâncias, a prostituição revela-se o favor ou o benefício,</p><p>tomando, assim, o caráter de privilégio ou de regalia. Desta acepção é que</p><p>se deriva o conceito de protecionismo, na linguagem econômica e tributária</p><p>(SILVA, 1999, p. 1121).</p><p>Com base no conceito retro, pode-se dizer que as medidas de proteção que</p><p>estão previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente são aplicadas pela</p><p>autoridade competente, sejam juízes, promotores, conselheiros tutelares, às</p><p>Faculdade de Minas</p><p>22</p><p>crianças e adolescentes que tiveram seus direitos fundamentais ameaçados ou</p><p>violados.</p><p>O art. 98 do ECA estabelece que:</p><p>Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente serão</p><p>aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos, nesta Lei forem</p><p>ameaçados ou violados:</p><p>I –por ação ou omissão da sociedade ou Estado;</p><p>II – por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsáveis;</p><p>III – em razão de sua conduta.</p><p>Na aplicação das medidas de proteção será levado em conta de acordo com</p><p>o art. 100 do ECA, as necessidades pedagógicas, preferindo as que visam o</p><p>fortalecimento dos vínculos familiares e sociais.</p><p>As medidas de proteção a serem aplicadas estão dispostas no art. 101 do</p><p>mencionado Estatuto:</p><p>Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a</p><p>autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes</p><p>medidas:</p><p>I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de</p><p>responsabilidade;</p><p>II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;</p><p>III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino</p><p>fundamental;</p><p>IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção,</p><p>apoio e promoção da família, da criança e do adolescente;</p><p>Faculdade de Minas</p><p>23</p><p>V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime</p><p>hospitalar ou ambulatorial;</p><p>VI - inclusão em programa</p><p>oficial ou comunitário de auxílio, orientação e</p><p>tratamento a alcoólatras e toxicômanos;</p><p>VII - acolhimento institucional;</p><p>VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;</p><p>IX - colocação em família substituta.</p><p>Observa-se que no disposto nos artigos, o legislador teve a preocupação em</p><p>tocar tanto na criança quando na família, pois quando uma criança/adolescente</p><p>comete ato infracional, entende-se que a base familiar não está bem, não</p><p>conseguindo sustentar a criança dentro da sociedade (CASSANDRE, 2008, 34).</p><p>4.5 Medidas Socioeducativas</p><p>O Estatuto da Criança e do Adolescente elenca as medidas socioeducativas</p><p>no artigo 112 e seguintes, como consequências da prática de ato infracional</p><p>praticado por adolescente, são elas:</p><p>Art. 112. Verificada a pratica de ato infracional, a autoridade competente</p><p>poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:</p><p>I – advertência;</p><p>II – obrigação de reparar o dano;</p><p>III – prestação de serviços à comunidade;</p><p>IV – liberdade assistida;</p><p>V – inserção em regime de semiliberdade;</p><p>Faculdade de Minas</p><p>24</p><p>VI – internação em estabelecimento educacional;</p><p>VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.</p><p>§1º. A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade</p><p>de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.</p><p>§2º. Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação</p><p>de trabalho forçado.</p><p>§3º. Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão</p><p>tratamento individual e especializado, em local adequado às suas</p><p>condições.</p><p>É necessário distinguir medidas socioeducativas de medidas de proteção,</p><p>para DUPRET:</p><p>Faz-se necessário distinguir as medidas protetivas das medidas</p><p>socioeducativas. As medidas protetivas podem ser aplicadas tanto a</p><p>criança quanto ao adolescente que se encontre em situação de risco. Já as</p><p>medidas socioeducativas se restringem a situação de risco prevista no</p><p>artigo 98, III, quando é o adolescente que se coloca nessa condição em</p><p>razão de sua própria conduta, pela prática de ato infracional (DUPRET,</p><p>2010. p. 171).</p><p>De forma diferente da criança, o adolescente infrator é sujeito a tratamento</p><p>mais severo, sendo o rol de medidas expresso na legislação taxativo e sua limitação</p><p>deriva do princípio da legalidade, sendo proibida a imposição de medidas diferentes</p><p>das enunciadas na legislação (MAIOR NETO, 2006. p. 378).</p><p>Entretanto, o ECA, ao mencionar sobre o enfrentamento da delinquência</p><p>infanto-juvenil, não se resume apenas nas medidas citadas. Ao ser empregada a</p><p>doutrina do princípio da proteção integral, o legislador admitiu que a forma mais</p><p>eficaz de prevenção da criminalidade está no objetivo de derrotar a situação de</p><p>marginalidade experimentada pela maioria das crianças e adolescentes (MAIOR</p><p>NETO, 2006. p. 378).</p><p>Faculdade de Minas</p><p>25</p><p>5. DAS ESPÉCIES DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS</p><p>No artigo 112 do ECA estão elencadas as medidas de caráter socioeducativo</p><p>aplicáveis aos adolescentes autores de atos infracionais.</p><p>É um rol taxativo, e não exemplificativo, sendo vedada a estipulação de</p><p>medidas diferentes daquelas dispostas no referido artigo. São previstas no artigo</p><p>112 do ECA já citada no item acima. A aplicação da medida socioeducativa tem</p><p>como objetivo impedir a reincidência entre os menores infratores, e sua finalidade é</p><p>pedagógico-educativa.</p><p>As medidas, tem caráter impositivo, pois não é de cunho do infrator escolher</p><p>ou acatar a medida determinada. Possui, ainda, finalidade sancionatória, uma vez</p><p>que descumprida a regra de convivência por meio de ação ou omissão do menor,</p><p>ele responderá por seus atos na proporção de sua atitude, sendo-lhe aplicada a</p><p>medida cabível e necessária.</p><p>5.1. Da Advertência</p><p>Dispõe o art. 115 do ECA, que “A advertência consistirá na admoestação</p><p>verbal, que será reduzida a termo e assinada”. O termo advertência significa</p><p>admoestação, observação, aviso, ato de advertir.</p><p>É a primeira das medidas aplicáveis ao menor que revela comportamento</p><p>antissocial, mas de menor gravidade. O menor será entregue a seus responsáveis,</p><p>mediante advertência verbal, reduzida a termo e assinada pela autoridade judicial.</p><p>De acordo com Nogueira “a advertência deve ser a medida mais usada, uma</p><p>vez que toda medida aplicada ao menor visa à sua integração sócio familiar”.</p><p>(NOGUEIRA apud CHAVES, 1997, 517)</p><p>O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê a aplicação da referida medida</p><p>às seguintes situações:</p><p>Faculdade de Minas</p><p>26</p><p>➢ ao adolescente, no caso de prática de ato infracional (art. 112, I, c/c o</p><p>art. 103);</p><p>➢ aos pais ou responsáveis, guardiões de fato ou de direito, tutores,</p><p>curadores etc. (art. 129, VII);</p><p>➢ às entidades governamentais ou não governamentais que atuam no</p><p>planejamento e na execução de programas de proteção e</p><p>socioeducativas destinados a crianças e adolescentes (art. 97, I, “a”,</p><p>e II, “a”).</p><p>De acordo com o artigo 114, parágrafo único do Estatuto, para que seja feita</p><p>a advertência é necessária prova da materialidade do fato e indícios suficientes de</p><p>autoria.</p><p>Nos dizeres de Mayara Yamada Dias Fonseca:</p><p>Sendo a advertência a mais leve das medidas socioeducativas, sua</p><p>imposição dispensa a sindicância ou o procedimento contraditório, já que</p><p>deve ser imposta mediante o boletim de ocorrência elaborado pela</p><p>autoridade policial ou informação do comissário (FONSECA, 2006. p.34).</p><p>Entretanto, Cury, Silva e Mendez, entendem no seguinte sentido:</p><p>embora a advertência possa vir a ser aplicada no primeiro contato com o</p><p>sistema de Justiça da Infância e da Juventude, na audiência de</p><p>apresentação ao órgão do Ministério Público (art. 197 do ECA), nada</p><p>impede que decorra do procedimento apuratório do ato infracional, através</p><p>do respectivo procedimento contraditório (CURY, SILVA, MENDEZ, 2002,</p><p>p. 254).</p><p>Assim, tem-se que a advertência deve ser destinada, em regra, a</p><p>adolescentes que não possuam antecedentes infracionais e para os casos de</p><p>infrações brandas.</p><p>5.2 – Da Obrigação de Reparar o Dano</p><p>Preconiza o art. 116 do Estatuto que “em se tratando de ato infracional com</p><p>reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o</p><p>Faculdade de Minas</p><p>27</p><p>adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma,</p><p>compense o prejuízo da vítima.”</p><p>Essa medida socioeducativa pode ser injetada ao adolescente autor de ato</p><p>infracional e, consequentemente, ao seu responsável legal.</p><p>Não é tranquila a ideia de que essa medida deve ser colocada em</p><p>procedimento contraditório, pois incube ao adolescente fazer a sua defesa</p><p>devidamente assistida por advogado.</p><p>De acordo com o parágrafo único do artigo 116, a medida de obrigação de</p><p>reparar o dano pode ser substituída por outra adequada, caso seja evidente a</p><p>manifesta impossibilidade de sua aplicação (FONSECA, 2006, p 38).</p><p>Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser</p><p>substituída por outra adequada.</p><p>Faculdade de Minas</p><p>28</p><p>5.3 – Da Prestação de Serviços à Comunidade</p><p>A prestação de serviços à comunidade obriga ao adolescente autor de ato</p><p>infracional, o cumprimento de tarefas de caráter coletivo, visando interesses e bens</p><p>comuns (SÁ, 2009, p. 46).</p><p>Essa prestação é realizada gratuitamente, com o fim de proporcionar ao</p><p>adolescente a possibilidade de adquirir valores sociais positivos, por meio da</p><p>vivência de relações de solidariedade.</p><p>As características dessa prestação de serviços comunitários estão</p><p>explicitadas no artigo 117 do ECA, verbis:</p><p>Art. 117 - A prestação de serviços comunitários consiste na realização de</p><p>tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis</p><p>meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros</p><p>estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou</p><p>governamentais.</p><p>Parágrafo único</p><p>- As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do</p><p>adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas</p><p>semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a</p><p>não prejudicara frequência à escola ou jornada normal de trabalho.</p><p>Segundo Cury, Silva e Mendez é uma das medidas socioeducativas que se</p><p>reveste, hoje, de um grande e profundo significado pessoal e social para o</p><p>adolescente infrator.</p><p>Como dispõe o parágrafo único do artigo que trata da prestação de serviços à</p><p>comunidade, as tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente,</p><p>devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos</p><p>sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a</p><p>frequência à escola ou à jornada normal de trabalho.</p><p>Faculdade de Minas</p><p>29</p><p>A supervisão será realizada pela autoridade judiciária, do Ministério Público,</p><p>de técnicos sociais, informando suas atividades e comportamento por meio de</p><p>relatórios, e da comunidade.</p><p>5.4. Liberdade Assistida</p><p>A aplicação da liberdade assistida está prevista no artigo 118 do ECA, qual</p><p>seja:</p><p>Art. 118 - A liberdade Assistida será adotada sempre que se afigurar a</p><p>medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o</p><p>adolescente.</p><p>§ 1° - A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso,</p><p>a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.</p><p>§ 2º - A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses,</p><p>podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por</p><p>outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.</p><p>O menor, depois de entregue aos responsáveis ou após liberação do</p><p>internato, será submetido à assistência, como objetivo de impedir a reincidência e</p><p>obter a certeza da reeducação.</p><p>Essa medida será determinada pelo prazo mínimo de 6 (seis) meses, sendo</p><p>possível a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra</p><p>sempre que preciso, ouvindo o orientador, o Ministério Público e o defensor. Devido</p><p>a sua finalidade, não há prazo máximo para ser cumprido, sendo admissível</p><p>enquanto o Juiz considerar necessário ao adolescente.</p><p>Em regra, essa medida é aplicada a menores que são reincidentes em</p><p>infrações menos gravosas, entretanto também pode ser aplicada aos que</p><p>cometeram infrações mais graves, mas que, realizado o estudo social, foi verificado</p><p>que a melhor opção é deixá-los com sua família, para que possam se reintegrar à</p><p>sociedade. Também é aplicado aos que estavam em regime de semiliberdade ou de</p><p>Faculdade de Minas</p><p>30</p><p>internação, quando for constatado que já se recuperaram parcialmente e não são</p><p>um perigo à sociedade.</p><p>No artigo 119 do Estatuto estão previstos os encargos do orientador, com</p><p>apoio e supervisão da autoridade competente, quais sejam: orientar o adolescente,</p><p>colocando-o, se preciso, em programas de auxílio e assistência social; supervisionar</p><p>sua frequência e aproveitamento escolar e promover sua matrícula; diligenciar no</p><p>sentido de profissionalização e inserção do adolescente no mercado de trabalho e,</p><p>por fim, apresentar relatórios do caso (DIAS, 2010, p.39).</p><p>As condições que serão cumpridas pelo adolescente não estão especificadas</p><p>no ECA, sendo de incumbência da autoridade judiciária, que individualizará o</p><p>tratamento tutelar, aplicando no caso concreto as condições, que poderão abarcar</p><p>as relações de trabalho, escola e familiares. Ademais, deve-se sempre considerar a</p><p>capacidade do adolescente de cumprir essas condições, as circunstâncias e a</p><p>gravidade da infração, de acordo com o que dispõe o artigo 112, § 2°.</p><p>§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de</p><p>trabalho forçado.</p><p>5.5. Do Regime de Semiliberdade</p><p>A medida socioeducativa da semiliberdade está contemplada no artigo 120</p><p>do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que assim preceitua:</p><p>Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início,</p><p>ou como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização</p><p>de atividades externas, independentemente de autorização judicial.</p><p>§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo,</p><p>sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade.</p><p>§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que</p><p>couber, as disposições relativas à internação.</p><p>Faculdade de Minas</p><p>31</p><p>O regime de semiliberdade é a medida mais rigorosa da liberdade pessoal</p><p>depois da internação. Entre as medidas previstas no artigo 112 para o adolescente</p><p>infrator, essas são as duas únicas medidas que geram a institucionalização. A</p><p>semiliberdade pertence às medidas socioeducativas que o artigo 114 solicita a</p><p>existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração.</p><p>Geralmente a semiliberdade é utilizada quando o menor a que foi aplicada a</p><p>medida de internação deixou de ser um perigo para a sociedade passando para um</p><p>regime mais brando, como também quando o menor, mesmo que tenha cometido</p><p>uma infração grave, não é considerado perigoso, sendo necessário apenas a</p><p>semiliberdade para a sua reintegração à sociedade e à família.</p><p>Compreende-se, por semiliberdade, como uma medida socioeducativa</p><p>destinada a adolescentes infratores, que trabalham e estudam durante o dia, e à</p><p>noite recolhem-se a uma entidade especializada. São obrigatórias a escolarização e</p><p>a profissionalização.</p><p>De acordo com o parágrafo 2º do art. 120 do Estatuto, a semiliberdade não</p><p>possui prazo determinado, sendo aplicado, no que couberem, as disposições</p><p>relacionadas à internação, inclusive quanto aos direitos do adolescente privado de</p><p>sua liberdade (ABREU, 2009, p. 28).</p><p>5.6 Da Internação</p><p>A medida de internação combina com a ideia de retirar o adolescente infrator</p><p>do convívio com a sociedade. Em compensação, a internação, também possui a</p><p>capacidade pedagógica, objetivando à reinserção do jovem infrator ao ambiente</p><p>familiar e comunitário, bem como o seu aperfeiçoamento profissional e intelectual.</p><p>O art. 121, caput, do ECA permite o entendimento sobre a medida, suas</p><p>condições de imposição e desenvolvimento: “A internação constitui medida privativa</p><p>da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à</p><p>condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.”</p><p>Faculdade de Minas</p><p>32</p><p>Em decorrência do princípio da brevidade, a internação deve ser mantida</p><p>pelo menor espaço de tempo possível, sendo que, de acordo com o artigo 121 § 2º</p><p>e § 3º, 3 anos é o limite máximo de duração da medida, de forma que a cada</p><p>período de, no máximo, 6 meses, deve ocorrer uma reavaliação para verificar a</p><p>necessidade de manter o adolescente internado.</p><p>O princípio da excepcionalidade integra-se no fato de que só deve ser</p><p>aplicada a medida de internação nos casos em que não há cabimento para</p><p>nenhuma outra medida socioeducativa.</p><p>O princípio de respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento</p><p>está expressamente previsto no art. 277 da Constituição Federal/88. Segundo tal</p><p>princípio, deve ser utilizado um tratamento jurídico especial à criança e adolescente</p><p>posto que são indivíduos que ainda estão formando sua personalidade.</p><p>Ao atingir o limite máximo de 3 anos, o adolescente deverá ser liberado,</p><p>posto em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida, sendo a liberação</p><p>compulsória aos 21 anos de idade. Assim, após essa idade não poderá ser aplicada</p><p>qualquer medida socioeducativa.</p><p>As hipóteses de cabimento da internação estão previstas no artigo 122, que</p><p>são:</p><p>Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:</p><p>I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência</p><p>a pessoa;</p><p>II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;</p><p>III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente</p><p>imposta.</p><p>§ 1 º O</p><p>prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá</p><p>ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada judicialmente após o</p><p>devido processo legal.</p><p>Faculdade de Minas</p><p>33</p><p>§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra</p><p>medida adequada.</p><p>Ao restringir as hipóteses em que a medida de internação poderá ser</p><p>aplicada, o artigo 122 em seus incisos de I a III, está regulamentando o princípio da</p><p>excepcionalidade. E, ainda, como menciona o § 2º, ela deve ser evitada se houver</p><p>antes dela outras medidas de caráter mais adequado.</p><p>A internação somente poderá ser executada pela autoridade judiciária</p><p>competente em decisão qualificada, devendo ser cumprida, segundo o art. 123, em</p><p>entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele intitulado ao abrigo,</p><p>sendo obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e</p><p>gravidade da infração, sendo obrigatório durante o seu período a realização de</p><p>atividades pedagógicas.</p><p>Os direitos do adolescente privado de sua liberdade encontram-se previstos</p><p>no artigo 124 do Estatuto, assim dispostos:</p><p>Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os</p><p>seguintes:</p><p>I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;</p><p>II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;</p><p>III - avistar-se reservadamente com seu defensor;</p><p>IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada;</p><p>V - ser tratado com respeito e dignidade;</p><p>VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao</p><p>domicílio de seus pais ou responsável;</p><p>VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;</p><p>VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;</p><p>IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;</p><p>X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;</p><p>Faculdade de Minas</p><p>34</p><p>XI - receber escolarização e profissionalização;</p><p>XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:</p><p>XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;</p><p>XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim</p><p>o deseje;</p><p>XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para</p><p>guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da</p><p>entidade;</p><p>XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais</p><p>indispensáveis à vida em sociedade.</p><p>§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.</p><p>§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita,</p><p>inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua</p><p>prejudicialidade aos interesses do adolescente.</p><p>A desinternação, em qualquer hipótese, deverá sempre ser antecedida de</p><p>autorização judicial e devendo ser ouvido o Ministério Público.</p><p>O promotor Paulo Affonso Garrido de Paula, citado por Wilson Donizeti</p><p>Liberati, assim destacava a finalidade da medida de internação ainda na vigência do</p><p>Código de Menores:</p><p>A internação tem finalidade educativa e curativa. É educativa quando o</p><p>estabelecimento escolhido reúne condições de conferir ao infrator</p><p>instrumentos adequados para enfrentar os desafios do convívio social. Tem</p><p>finalidade curativa quando a internação se dá em estabelecimento</p><p>ocupacional, psicopedagógico, hospitalar ou psiquiátrico, ante a ideia de</p><p>que o desvio de conduta seja oriundo da presença de alguma patologia,</p><p>cujo tratamento em nível terapêutico possa reverter o potencial</p><p>criminológico do qual o menor infrator seja portador</p><p>(PAULA apud LIBERATI, 2000, p. 95).</p><p>José Farias Tavares salienta que há quem atribua caráter punitivo à medida</p><p>de internação, apesar das disposições do ECA quanto à proteção do adolescente, e</p><p>exemplifica essa hipótese citando um acórdão do eminente Des. Yussef Cahali:</p><p>Faculdade de Minas</p><p>35</p><p>As medidas socioeducativas previstas no ECA também visam punir o</p><p>delinquente, mostrando-lhe a censura da sociedade ao ato infracional que</p><p>cometeu, e protegendo os cidadãos honestos da conduta criminosa</p><p>daqueles que ainda não são penalmente responsáveis (TAVARES, 2010, p.</p><p>20).</p><p>5.7 Remissão</p><p>Remissão significa clemência, indulgência, perdão, renúncia. O artigo 126 do</p><p>Estatuto prevê a remissão como maneira de exclusão, suspensão ou extinção do</p><p>processo para apuração do ato infracional, in verbis:</p><p>Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato</p><p>infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a</p><p>remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às</p><p>circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à</p><p>personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato</p><p>infracional.</p><p>Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela</p><p>autoridade judiciária importará na suspensão ou extinção do processo.</p><p>A remissão por exclusão do processo é para as seguintes hipóteses: a</p><p>infração não possuir caráter grave, o menor não apresentar antecedentes e quando</p><p>a família, a escola ou outras instituições já reagiram de maneira adequada e</p><p>construtiva ou que venham a reagir desse modo (CURY; SILVA; MENDEZ, 2002, p.</p><p>412).</p><p>Segundo Chaves:</p><p>Se do sistema processual penal deflui o princípio da obrigatoriedade de</p><p>propositura da ação penal, o Estatuto da Criança e do Adolescente, ao</p><p>instituir a remissão como forma de exclusão do processo, expressamente</p><p>adotou o princípio da oportunidade, conferindo ao titular da ação a decisão</p><p>de invocar ou não a tutela jurisdicional. A decisão nasce do confronto dos</p><p>interesses sociais e individuais tutelados unitariamente pelas normas</p><p>insertas no ECA (CHAVES, 1997, p. 558).</p><p>Faculdade de Minas</p><p>36</p><p>A exclusão da medida socioeducativa por meio da remissão explica-se</p><p>quando o interesse de defesa social assume valor menor àquele representado pelo</p><p>custo, viabilidade e eficácia do processo.</p><p>Contudo, contravenções e infrações de menor gravidade, impostas a</p><p>adolescentes primários, marcadas pela previsão de dificuldades na coleta da prova,</p><p>cujo resultado, além de incerto, constituirá mera advertência, podem ser remidas</p><p>plenamente pelo representante da sociedade (FONSECA, 2006, p. 39).</p><p>É medida exclusiva do representante do Ministério Público por força dos</p><p>artigos 180, inciso II e 201, inciso I, que, em lugar de pedir a execução do</p><p>procedimento, concede a remissão, podendo incluir a aplicação de qualquer das</p><p>medidas previstas na lei, exceto a disposição em regime de semiliberdade e a</p><p>internação, como estabelece o artigo 127. A manifestação deve ser fundamentada e</p><p>o pedido homologado pelo juiz, que, não concordando com sua aplicação, deve</p><p>remeter os autos ao Procurador-Geral de Justiça (ABREU, 2009, p. 30).</p><p>A remissão pode ser posta como perdão puro e simples, sem a aplicação de</p><p>qualquer medida, ou ainda, como uma espécie de transação, a critério do</p><p>representante do Ministério Público ou da autoridade judiciária, como diminuição</p><p>das consequências do ato infracional.</p><p>Importante se faz os ensinamentos de Mirabete:</p><p>A remissão pode ser concedida como perdão puro e simples, sem a</p><p>aplicação de qualquer medida, ou, a critério do representante do Ministério</p><p>Público ou da autoridade judiciária, como uma espécie de transação, como</p><p>mitigação das consequências do ato infracional. Nesta última hipótese</p><p>ocorre a aplicação de medida específica de proteção ou socioeducativa,</p><p>excluídas as que implicam privação da liberdade (encaminhamento aos</p><p>pais ou responsáveis, advertência etc). Excluem-se as medidas de</p><p>semiliberdade e internação diante do princípio do devido processo legal,</p><p>consagrado na Constituição Federal (art. 5º, LIV). Essa transação sem a</p><p>instauração ou conclusão do procedimento tem o mérito de antecipar a</p><p>execução da medida adequada, a baixo custo, sem maiores formalidades,</p><p>diminuindo também o constrangimento decorrente do próprio</p><p>desenvolvimento do processo (MIRABETE,</p><p>2003, p. 426-427).</p><p>De acordo com Cury, Silva e Mendez:</p><p>Quando a remissão constituir perdão puro e simples ou vier acompanhada</p><p>de medida que se esgote em si mesma, ocorrerá a exclusão do processo,</p><p>se concedida pelo representante do Ministério Público, ou a extinção do</p><p>processo, se concedida pelo juiz. Não ocorrendo uma dessas hipóteses, o</p><p>processo ficará suspenso até que se cumpra a medida eventualmente</p><p>Faculdade de Minas</p><p>37</p><p>aplicada pela remissão. As medidas aplicadas, ainda que pelo Ministério</p><p>Público, serão sempre executadas pela autoridade judiciária (CURY;</p><p>SILVA; MENDEZ, 2002, p. 413).</p><p>Conforme Chaves (1997, p. 566), a concessão da remissão como causa de</p><p>suspensão ou extinção do procedimento de investigação do ato infracional compete</p><p>à autoridade judiciária e, só serão aceitas no curso do processo, quando madura a</p><p>decisão ou quando alcançado o objetivo a que se presta o procedimento, qual seja,</p><p>a educação e a reintegração do adolescente às normas sociais de conduta. Já como</p><p>forma de exclusão do processo, é responsabilidade do membro do Ministério</p><p>Público podendo ser concedida quando comprovado que o início do procedimento</p><p>não trará benefícios ao adolescente.</p><p>O artigo 128 do Estatuto dispõe que a medida aplicada devido a remissão</p><p>poderá ser reanalisada judicialmente, em qualquer momento, mediante pedido</p><p>expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Público.</p><p>Ao decidir a revisão, a autoridade judiciária poderá:</p><p>a) cancelar a medida aplicada, sendo retornada à situação processual</p><p>anterior;</p><p>b) substituí-la por outra, com exceção do regime de semiliberdade e da</p><p>internação;</p><p>c) convertê-la em perdão.</p><p>Para que seja aplicada medida de regime de semiliberdade ou internação</p><p>deverá ser instaurado o procedimento referente ao devido processo legal, ou então,</p><p>se estava suspenso ou extinto, será dado continuação na forma regular (FONSECA,</p><p>2006, p.31).</p><p>Quanto à constitucionalidade dos artigos 126 a 128 Cury, Silva e Mendez</p><p>(2002, p. 414), entendem que a aplicação da remissão com medidas previstas na lei</p><p>não acarreta, necessariamente, reconhecimento ou comprovação de</p><p>responsabilidade, nem predomina como antecedentes e, ainda, quando aplicada</p><p>pelo Ministério Público se sujeita ao controle jurisdicional.</p><p>Faculdade de Minas</p><p>38</p><p>Ademais, como estabelece o artigo 128, é facultado o pedido de revisão a</p><p>qualquer tempo. Portanto, esses artigos não podem ser considerados</p><p>inconstitucionais (FONSECA, 2006, p.33).</p><p>6. EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS MEDIDAS</p><p>SOCIOEDUCATIVAS</p><p>Aos adolescentes infratores serão impostas medidas socioeducativas, que</p><p>são designadas à formação do tratamento integral empreendido, com a finalidade</p><p>de reestruturar o adolescente para alcançar a normalidade da integração social.</p><p>São aplicadas medidas socioeducativas aos adolescentes quando estes</p><p>estiverem envolvidos na pratica do ato infracional, levando em conta sua</p><p>capacidade de cumpri-la, as circunstancias e a gravidade da infração. (ALVES,</p><p>2006, p. 46)</p><p>Uma medida quando bem executada, seja em meio fechado ou aberto, pode</p><p>produzir novos cenários aos adolescentes, inclusive para as famílias destes.</p><p>Segundo palavras de RAMIDORFFI:</p><p>Toda e qualquer medida legal que se estabeleça aos jovens, consoante</p><p>mesmo restou determinado normativamente tanto pela Constituição da</p><p>República de 1988, quanto pela Lei Federal 8.069, de 13.07.1990 e,</p><p>também, sobremodo, material e fundamentalmente, pela Doutrina da</p><p>Proteção Integral, deve favorecer a maturidade pessoal (educação), a</p><p>afetividade (valores humanos) e a própria humanidade (Direitos Humanos:</p><p>respeito e solidariedade) dessas pessoas que se encontram na condição</p><p>peculiar de pessoa em desenvolvimento de suas personalidades</p><p>(RAMIDORFFI, 2010, p. 101).</p><p>Tendo por fundamento a doutrina integral, verifica-se que para atingir a</p><p>finalidade da medida socioeducativa, é importante destacar que se estabeleça uma</p><p>proposta socioeducativa, contando com orientação pedagógica psicológica e</p><p>profissional (MATOS, 2011, p. 37).</p><p>Faculdade de Minas</p><p>39</p><p>Tais medidas devem ser trabalhadas para o desenvolvimento dos menores</p><p>infratores, visando orientá-los quanto aos seus direitos e deveres perante a</p><p>sociedade. Ainda, buscando desenvolver a educação profissional para que possam</p><p>pleitear oportunidades de emprego, assim ser reinseridos na sociedade de forma</p><p>que possam sentir pertencentes a ela (MATOS, 2011, p. 37).</p><p>A aplicação das medidas socioeducativas impostas ao menor infrator</p><p>conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente, juntamente com os valores</p><p>humanos, são temáticas e implicam quando não permitem certa recorrência</p><p>necessária precisamente nas ocasiões em que se afloram preconceitos vinculados</p><p>apenas na dimensão comportamental socialmente fixada.</p><p>Assim, faz-se necessário adotar certa instrumentalidade normativa se não</p><p>novas categorias jurídicas, instituindo a própria natureza jurídica que se atribui à</p><p>medida socioeducativa, para então, assegurar legalmente todas as oportunidades e</p><p>facilidades ao desenvolvimento de capacidades, realizações pessoais, seja na área</p><p>da infância ou juventude do desenvolvimento da própria personalidade (ELIZEU,</p><p>2010, p. 32).</p><p>As medidas socioeducativas previstas no ECA, possui caráter educativo</p><p>pedagógico e por isso, considera-se afirmar que tal medida não constitui sansão. A</p><p>medida é a estipulação de uma relação conceitual normativa, estimativa e limitada,</p><p>para assemelhar aquelas situações que permitem a intervenção do Estado.</p><p>Resultando a natureza jurídica educativa-pedagógica.</p><p>Para confirmar tal, veja o disposto no artigo 104 do referido diploma legal:</p><p>“Art. 104. São plenamente inimputáveis os menores de 18 (dezoito) anos, sujeitos</p><p>às medidas previstas nesta lei”, no mesmo sentido, exalta o art. 228 da Constituição</p><p>da República de 1988.</p><p>Assim, toda e qualquer medida legal que estabelecida aos jovens, restou</p><p>determinado normativo tanto pela Constituição, quanto pela Lei Federal 8.069 de</p><p>1990, devendo priorizar a maturidade pessoal, afetividade e a própria humanidade,</p><p>destes que se encontram na condição peculiar de desenvolvimento de suas</p><p>personalidades.</p><p>Faculdade de Minas</p><p>40</p><p>De acordo com Mario Luiz RAMIDOFF:</p><p>A medida socioeducativa é uma mistura complexa e plurimensional que não</p><p>se limita apenas na proposta material interventiva – intromissão e</p><p>ingerência estatal – e externa, mas também, compõe-se de razões</p><p>profundas, que tal se origina e quais os valores fundamentais que traz em</p><p>si. A medida socioeducativa, por si só, já se configura numa intervenção –</p><p>ingerência – exterior sobre a pessoa do adolescente autor de um</p><p>comportamento contrário à lei. A questão central é precisamente a da ideia</p><p>de educação não apenas acerca do conteúdo ou valor que se pretenda</p><p>oferecer “interiorizar” mas, sim, auxiliá-lo – o adolescente – nas tomadas de</p><p>decisões talvez mais importantes de sua vida, quando não, auxiliando-o a</p><p>realizar-se como pessoa humana, também, enquanto tarefa pessoal. Em</p><p>decorrência disso, é importante dizer que a medida socioeducativa, não</p><p>deixando de ser uma ação moram, por certo, não se limita também a ser</p><p>uma mera sequência de atos desconexos, nem uma pura execução</p><p>mecânico-material de determinados atos conexos, os quais são</p><p>determinados por um comportamento idealizado legalmente e tomado da</p><p>experiência paralela do mundo adulto como modelo. O exemplo mais</p><p>eloquente é a famigerada proposta de uma “Lei de Diretrizes</p><p>Socioeducativas”, através da qual pretende-se resolver a histórica crise do</p><p>Direito, qual seja, a sua falta de efetividade. E mais uma vez, para isto,</p><p>socorre-se da interposição legislativa, vale dizer, da criação de mais e mais</p><p>textos legais que, para além de uma conformação interna e auto produtiva</p><p>do próprio Direito, também, relativiza todo um sistema conjugado de</p><p>garantias, enfraquecendo,</p>

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