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assunto, isto pode ser evidenciado pelo número de estudos encontrados, para mais detalhes o Anexo-2 mostra algumas das pesquisas encontradas. 139 1.1.4 Irlanda Para os pesquisadores Sheehan, Barker e Rayner (1999) as tentativas de conter os casos de assédio moral na Irlanda ainda estão no início. Eles contam que foi criada uma unidade de pesquisa e tratamento de casos de assédio moral na universidade Trinity College em Dublin, que é conhecida como o Anti-Bullying Center. 1.1.5 Espanha Este tema começou a ganhar notoriedade na Espanha em 1999. (PIÑUEL Y ZABALA, 2003) Um dos principais pesquisadores do chamado acoso moral ou psicoterror laboral na Espanha é o psicólogo Iñaki Piñuel y Zabala, professor titular de ciências empresarias na Universidade de Alcalá e Henares, em Madri. Em 2000, o professor Piñuel y Zabala elaborou o informe Cisneros para medir a incidência e conseqüência das situações de assédio moral na Espanha. Segundo Piñuel y Zabala (2004) esta ferramenta, baseada no questionário LIPT desenvolvido por Leymann, lista 45 atividades relacionadas com o assédio moral e pede que os respondentes digam se foram submetidos a qualquer destas ações e atribuam um valor de 1 a 5, sendo que 1 significa que nunca acontece e 5 que acontece todos os dias. Adicionalmente, segundo este autor, o informe Cisneros mede também o nível de estresse pós-traumático das vítimas e a sua intenção de sair da empresa. Piñuel y Zabala (2004) conta que o primeiro relatório, o chamado informe Cisneros I, entrevistou quase 1000 trabalhadores da região de Madri, Alcalá de Henares e Guadalajara. Os resultados dos relatórios Cisneros I e Cisneros II concluíram que aproximadamente 2,3 milhões de trabalhadores espanhóis eram vítimas de situações de assédio moral nos últimos seis meses, ou seja, 15% da população ativa deste país. O projeto Cisneros III, foi o primeiro estudo setorial ocorrido na Espanha, e entrevistou trabalhadores da área de saúde. Segundo conta Piñuel y Zabala (2004), 33% das enfermeiras deste país eram submetidas a ações de assédio moral. O informe Cisneros V, entrevistou 6.800 funcionários públicos (com 4.120 questionários válidos) e descobriu que 22% dos funcionário públicos espanhóis se encontram em uma situação de assédio com freqüência 140 semanal ou diária e que 53% deles já apresentam seqüelas físicas ou psicológicas. Este autor conta que, nos últimos anos, entre os informes Cisneros I, II, III, IV e V, mais de 10.000 trabalhadores espanhóis foram entrevistados. Além dos trabalhos de Piñuel y Zabala, desde 1999 o “Instituto de Psicoterapia e Investigación Psicosomática” de Madrid ampliou seu interesse sobre as síndromes de estresse, incluindo-as entre suas linhas de atuação e prestando assistência clínica para as vítimas de transtornos relacionados com o assédio moral. (GONZALEZ de RIVERA E RODRIGUEZ-ABUIN, 2003) Outros pesquisadores espanhóis ampliaram o questionário original de 45 questões de Leymann (LIPT-45) e criaram o MOBB-90, adequando à realidade dos trabalhadores deste país. Este questionário embarca sete áreas: medidas organizacionais (33 itens), isolamento social (8 itens), vida privada (4 itens), violência física e psicológica (18 itens), aspectos pessoais (4 itens), agressão verbal (7 itens) e rumores (8 itens). (PERALTA, 2004). Antes de prosseguir para o próximo tópico vale mencionar que encontramos várias cartilhas preparas pelo sindicato espanhol União Sindical de Madrid (LUNA, 2003), alertando, instruindo e educando seus membros sobre como se defender de uma situação de assédio moral. 1.1.6 Suíça A Secretaria Suíça da Economia (SECO) publicou em 2003 um estudo bastante detalhado sobre o problema de assédio moral na Suíça e verificou que dois terços das pessoas que, de acordo com o questionário LIPT de Leymann, seriam consideradas vítimas do assédio na realidade não se consideravam vítimas de assédios. Apesar de não se considerarem vítimas, segundo este mesmo relatório, estas pessoas sofriam de problemas de saúde decorrentes destas situações no trabalho. Outros resultados deste estudo foram que não há diferenças na porcentagem de homens e mulheres assediadas, diferentemente do que encontrou Marie-France Hirigoyen (1998) e 141 também este estudo não encontrou diferenças nos diversos setores de atividades (SECO, 2003, p.7). Mas o estudo apontou que os estrangeiros reportaram duas vezes mais tensão do que os não estrangeiros, estas observações são bastante interessantes especialmente se as considerarmos à luz do crescente sentimento xenofóbico na Europa. Além disso, os casos de assédio eram nitidamente mais freqüentes em empregos passados do que em situações de emprego atuais. (SECO, 2003, p. 9) 1.1.7 Outros países da Europa As pesquisas sobre assédio moral na Europa se encontram em estágio avançado, embora nem todos os países tenham começado a pesquisar este tema na década de oitenta – por exemplo, na Alemanha não há nenhum estudo empírico antes de 1994 (NIEDL, 1996) e somente em 1999 o tema ganhou notoriedade na Itália (GILIOLI, 2004) – nota-se grande sinergia entre os estudos feitos na Europa nos últimos anos, vários estudos se preocuparam em comparar os resultados das diversas regiões e culturas, incidências e metodologias usadas. O relatório da European Foundation for the Improvement of Living and Working Conditions (DI MARTINO, HOEL e COOPER, 2003) analisou o tema de violência no trabalho e comparou os resultados das pesquisas sobre assédio moral (neste estudo chamado de intimidação) nos vários países da Europa. 142 Gráfico-10 Comparação de duas pesquisas sobre assédio moral conduzidas na Europa Comparação dos resultados de duas pesquisas sobre assédio moral conduzidas na Europa 0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% 18% 20% Fin lân dia Ho lan da Re ino Un ido Su éc ia Bé lgic a Fra nça Irla nd a Din am ar ca Ale m an ha Lu xe m bu rgo Áus tria Es pa nh a Gr éc ia Itá lia Po rtu gu al Fonte Di Martino et al, 2003 Fonte Parent-Thirion et al 2007 Fonte: Compilado pela autora Apesar de as pesquisas não terem sido conduzidas pelos mesmos pesquisadores e seguirem procedimentos distintos de coleta de dados, vemos que a Finlândia e Holanda estão entre os países que mais têm vitimas de assédio moral e Portugal e Itália entre os que têm menos vítimas. Na nossa pesquisa notamos uma evolução nas discussões sobre assédio realizadas na Europa, percebemos que em muitos países (Escandinávia, Reino Unido) os pesquisadores atingiram um patamar onde já não estão mais debatendo os problemas de definição ou medição do assédio moral, eles alteraram seu foco de estudo para melhores maneiras de realizar intervenções e avaliações. 1.2 Austrália As pesquisas sobre assédio moral na Austrália se encontram bastante ligadas às pesquisas feitas na Inglaterra, nota-se que os pesquisadores se baseiam bastante no referencial teórico inglês. Há um número grande de grupos na Austrália pesquisando o tema assédio moral. 143 Entre estes grupos, citamos o envolvimento de alguns sindicatos tais como o Queensland Working Women’s Service e o Job Watch Inc. Outro grupo é a ONG Beyond Bullying Association Inc., que é o grupo mais ativo nas pesquisas sobre este assunto (SHEEHAN, BARKER, RAYNER, 1999). Esta ONG tem como objetivos: atrair a atenção do público para o problema e suas conseqüências para a sociedade; atrair a atenção do público para o uso destrutivo que algumas instituições modernas estão fazendo; auxiliar vítimas e influenciar o governo para que trate deste problema. Entre os pesquisadores australianos