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<p>CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA CONTAGEM</p><p>CURSO DE PSICOLOGIA</p><p>ALESSANDRA LEITE RAMALHO LACERDA</p><p>ALICE LEITE RAMALHO LACERDA</p><p>DIRCILEIA SANTOS DE PAULA</p><p>ARQUÉTIPOS DA TEORIA DE JUNG E A SUA APLICAÇÃO NA</p><p>PRÁTICA CLÍNICA</p><p>Contagem</p><p>2022/1</p><p>ALESSANDRA LEITE RAMALHO LACERDA</p><p>ALICE LEITE RAMALHO LACERDA</p><p>DIRCILEIA SANTOS DE PAULA</p><p>ARQUÉTIPOS DA TEORIA DE JUNG E A SUA APLICAÇÃO NA</p><p>PRÁTICA CLÍNICA</p><p>Trabalho de Conclusão de Curso</p><p>(Modalidade Artigo Científico)</p><p>apresentado ao curso de Psicologia do</p><p>Centro Universitário UNA Contagem,</p><p>como requisito parcial para a obtenção</p><p>de título de bacharelado em Psicologia.</p><p>Orientador(a): Prof. Me. Luiz Felipe</p><p>Viana Cardoso</p><p>Contagem</p><p>2022/1</p><p>ATA DE APROVAÇÃO</p><p>1</p><p>ALESSANDRA LEITE RAMALHO LACERDA</p><p>ALICE LEITE RAMALHO LACERDA</p><p>DIRCILEIA SANTOS DE PAULA</p><p>ARQUÉTIPOS DA TEORIA DE JUNG E A SUA APLICAÇÃO NA</p><p>PRÁTICA CLÍNICA</p><p>Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito de avaliação para a</p><p>obtenção do título de bacharel em Psicologia do Centro Universitário UNA Contagem.</p><p>Orientador: Prof. Me. Luiz Felipe Viana Cardoso</p><p>Linha de Pesquisa: Cultura e Subjetividade</p><p>Banca examinadora:</p><p>Prof. Me. Luiz Felipe Viana Cardoso</p><p>Centro Universitário UNA Contagem</p><p>Emerson Albino de Freitas Souza</p><p>Universidade Federal de São João del-Rei</p><p>Belo Horizonte, 23 de junho de 2022</p><p>AGRADECIMENTOS</p><p>Agradecemos aos nossos familiares, ao nosso professor orientador e ao grupo pela</p><p>finalização do trabalho.</p><p>SUMÁRIO</p><p>ARQUÉTIPOS DA TEORIA DE JUNG E A SUA APLICAÇÃO NA PRÁTICA CLÍNICA</p><p>7</p><p>Resumo 7</p><p>Abstract 7</p><p>Resumen 7</p><p>Introdução 7</p><p>Metodologia 8</p><p>A Psicologia Analítica e o Inconsciente Coletivo 9</p><p>Prática Clínica na Psicologia Analítica e Arquétipos 12</p><p>Considerações Finais 15</p><p>Referências Bibliográficas 16</p><p>ARQUÉTIPOS DA TEORIA DE JUNG E A SUA APLICAÇÃO NA PRÁTICA</p><p>CLÍNICA1</p><p>ARCHETYPES OF JUNG'S THEORY AND ITS APPLICATION IN CLINICAL</p><p>PRACTICE</p><p>ARQUETIPOS DE LA TEORÍA DE JUNG Y SU APLICACIÓN EN LA</p><p>PRÁCTICA CLÍNICA</p><p>Alice Leite Ramalho Lacerda2</p><p>Alessandra Leite Ramalho Lacerda3</p><p>Dircileia Santos de Paulo4</p><p>Luiz Felipe Viana Cardoso5</p><p>Resumo</p><p>Este artigo tem como objetivo refletir sobre os arquétipos em termos da construção</p><p>teórica de Jung e a sua aplicação na prática clínica. Com o uso de técnicas expressivas</p><p>como a imaginação ativa, relaxamento, meditação, desenho, pintura, dramatização e etc,</p><p>é coletado o material simbólico para a análise do processamento simbólico. Para que os</p><p>aspectos inconscientes se tornem conscientes essa análise deve ser baseada nos</p><p>parâmetros da causalidade, finalidade e sincronicidade presentes nos eventos</p><p>simbólicos.</p><p>Palavras-chave: Arquétipos; Prática Clínica, Psicologia Junguiana; Psicologia</p><p>Analítica; Símbolos; Aplicação na Clínica.</p><p>Abstract</p><p>This article aims to reflect on the archetypes in terms of Jung's theoretical construction</p><p>and its application in clinical practice. Using expressive techniques such as active</p><p>imagination, relaxation, meditation, drawing, painting, dramatization, etc., symbolic</p><p>material is collected for the analysis of symbolic processing. For the unconscious</p><p>aspects to become conscious, this analysis must be based on the parameters of causality,</p><p>purpose and synchronicity present in the symbolic events.</p><p>Keywords: Archetypes; Clinical Practice, Jungian Psychology; Analytical Psychology;</p><p>Symbols; Application in the Clinic.</p><p>1 Artigo científico apresentado como modalidade de Trabalho de Conclusão de</p><p>Curso de graduação de Psicologia do Centro Universitário UNA Contagem.</p><p>2 Discente em Psicologia do Centro Universitário UNA Contagem. E-mail:</p><p>alessandralacerda.1368@aluno.una.br</p><p>3 Discente em Psicologia do Centro Universitário UNA Contagem. E-mail:</p><p>alicelacerda.0136@aluno.una.br</p><p>4 Discente em Psicologia do Centro Universitário UNA Contagem. E-mail:</p><p>dircileiapaula.1991@aluno.una.br</p><p>5 Docente do curso de Psicologia do Centro Universitário Una Contagem. E-mail:</p><p>luiz.cardoso@prof.una.br</p><p>Resumen</p><p>Este artículo tiene como objetivo reflexionar sobre los arquetipos en términos de la</p><p>construcción teórica de Jung y su aplicación en la práctica clínica. Utilizando técnicas</p><p>expresivas como la imaginación activa, la relajación, la meditación, el dibujo, la pintura,</p><p>la dramatización, etc., se recopila material simbólico para el análisis del procesamiento</p><p>simbólico. Para que los aspectos inconscientes se vuelvan conscientes, este análisis debe</p><p>basarse en los parámetros de causalidad, propósito y sincronicidad presentes en los</p><p>eventos simbólicos.</p><p>Palabras Clave: Arquetipos; Práctica Clínica, Psicología Jungiana; Psicología</p><p>Analítica; símbolos; Aplicación en la Clínica.</p><p>Introdução</p><p>Este artigo tem como objetivo refletir sobre os arquétipos em termos da</p><p>construção teórica de Jung e a sua aplicação na prática clínica. A Psicologia Analítica</p><p>tem como objeto central o símbolo, assim, seus estudos se expandem por caminhos</p><p>diversos, com vários conhecimentos da história da humanidade, das religiões, da</p><p>filosofia, da biologia e de muitas outras áreas, tudo para alcançar um conhecimento</p><p>mais profundo dos fenômenos psíquicos. Esses símbolos são uma totalidade que une as</p><p>polaridades do inconsciente e consciente, que podem estar em conflito, para o alcance</p><p>de uma nova perspectiva, uma nova consciência (Padua & Serbena, 2018; Serbena,</p><p>2010).</p><p>Segundo Serbena (2010), os arquétipos são estruturas que podem ser utilizadas</p><p>como elementos ou base conceitual para compreender e explorar todos os tipos de</p><p>experiências nas quais a função criativa da imaginação esteja presente. Com a nossa</p><p>busca sobre arquétipos pretendemos compreender como estes conceitos podem se</p><p>articular com prática clínica.</p><p>Compreender o funcionamento dos arquétipos na clínica é importante para não</p><p>só identificar o papel que eles fazem em situações da vida do paciente, como também o</p><p>ponto de vista dele sobre si mesmo e o mundo. Ao ter consciência do arquétipo</p><p>manifestado em sua vida, o paciente aprende a identificar os momentos que o arquétipo</p><p>se apresenta para tornar consciente elementos do inconsciente e gerar novo</p><p>conhecimento.</p><p>Metodologia</p><p>Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo revisão bibliográfica. Neste tipo de</p><p>pesquisa busca-se uma compreensão acerca do fenômeno pesquisado a partir de</p><p>materiais já elaborados e presentes na literatura. Nesse sentido, a produção de dados é</p><p>composta pelo material bibliográfico consultado (GIL, 2008).</p><p>Para a inclusão do material bibliográfico foram considerados artigos científicos,</p><p>além do referencial teórico sobre o tema. Só foram incluídos artigos em português.</p><p>Foram excluídos os artigos que não possuíam relação direta com o tema pesquisado</p><p>e/ou não fizeram uma discussão a partir da psicologia analítica. Para a busca dos artigos</p><p>foram consultados os principais indexadores de produção científica, como Lilacs,</p><p>Scielo, PePsic, BVS-Psi, a partir dos descritores: psicologia analítica, Jung, arquétipos,</p><p>inconsciente coletivo. Para a análise do material encontrado fora realizado uma análise</p><p>exploratória das produções levantadas, permitindo-se chegar em categorias centrais de</p><p>análise sobre a Psicologia Analítica e prática clínica.</p><p>A Psicologia Analítica e o Inconsciente Coletivo</p><p>Para falar de arquétipos na perspectiva Junguiana é necessário discutir sobre os</p><p>conceitos do inconsciente e do inconsciente coletivo. Jung (2000) definiu o inconsciente</p><p>como a totalidade de todos os fenômenos psíquicos em que falta a qualidade da</p><p>consciência. É nele em que são guardadas as lembranças perdidas e os conteúdos que</p><p>são fracos demais para se tornarem conscientes. O que produz esses conteúdos é uma</p><p>atividade associativa inconsciente, a mesma que dá origem aos sonhos. Além deles,</p><p>também há a repressão de pensamentos e impressões incômodas, que podem ser mais ou</p><p>menos intencionais. Isso</p><p>tudo é o inconsciente pessoal (Jung, 2008). Enquanto a camada</p><p>mais ou menos superficial do inconsciente é pessoal, e adquirida pelo indivíduo através</p><p>de interações com o ambiente, há uma camada mais profunda que é inata, o inconsciente</p><p>coletivo (Jung, 2000).</p><p>O inconsciente coletivo não provém de ideias e influências de tradições e</p><p>estímulos individuais, mas de disposições herdadas, que nos fazem agir da mesma</p><p>forma que aqueles que vieram antes de nós (Jung, 2000). Nos sonhos, fantasias, e no</p><p>que o Jung chamou de “estados excepcionais da mente”, temas e símbolos mitológicos</p><p>mais distantes podem surgir, em qualquer época, não só como resultado de influências</p><p>externas, mas também sem esses fatores, indicando que a consciência individual não é</p><p>absolutamente isenta de pressupostos, além das influências do ambiente, há estes fatores</p><p>herdados (Jung, 2000).</p><p>Jung sugere a base fisiológica como um dos fatores que carregam as</p><p>informações do inconsciente coletivo, pressupondo que a base dos fenômenos psíquicos</p><p>está no inconsciente coletivo, que compreende também a vida psíquica dos</p><p>antepassados, desde os seus primórdios (Jung, 2000). São incluídos no inconsciente</p><p>coletivo, também, os instintos enquanto impulsos, isto é, quando são destinados a suprir</p><p>uma necessidade interior, sem motivação consciente, e os arquétipos, tema central deste</p><p>trabalho. Jung (2000) diz que o inconsciente coletivo é idêntico em todos os seres</p><p>humanos, o que justifica o estudo de seu conteúdo e modelos de comportamento. Como</p><p>os arquétipos já têm as suas formas e só podem se tornar conscientes secundariamente,</p><p>eles projetam imagens representativas dos conteúdos da consciência. O inconsciente</p><p>pessoal é constituído principalmente de complexos, que são estados emocionais</p><p>reprimidos que podem provocar distúrbios psicológicos, e o inconsciente coletivo, é</p><p>constituído principalmente de arquétipos (Jung, 2008).</p><p>Jung (2008) critica a má interpretação dos arquétipos por aqueles a quem falta</p><p>conhecimento sobre sonhos e mitologia, pois pensam que os arquétipos expressam</p><p>imagens predefinidas, mas essas imagens são representações conscientes, e é um</p><p>absurdo pensar que tais imagens poderiam ser transmitidas hereditariamente.</p><p>O arquétipo é uma tendência para formar estas mesmas</p><p>representações de um motivo - representações que podem ter</p><p>inúmeras variações de detalhes - sem perder a sua configuração</p><p>original. Existem, por exemplo, muitas representações do</p><p>motivo irmãos inimigos, mas o motivo em si conserva-se o</p><p>mesmo. Meus críticos supuseram, erradamente, que eu desejava</p><p>referir-me a ‘representações herdadas’ e, em consequência,</p><p>rejeitaram a ideia do arquétipo como se fosse apenas uma</p><p>superstição. Não levaram em conta o fato de que se os</p><p>arquétipos fossem representações originadas em nossa</p><p>consciência (ou adquiridas por ela) nós certamente os</p><p>compreenderíamos, em lugar de nos confundirmos e</p><p>espantarmos quando se apresentam. O arquétipo é, na realidade,</p><p>uma tendência instintiva, tão marcada como o impulso das aves</p><p>para fazer seu ninho ou o das formigas para se organizarem em</p><p>colônias. (Jung, 2008, p. 67)</p><p>Portanto, é possível compreender que Jung não estava falando de uma</p><p>superstição, como ele disse que algumas pessoas interpretaram desta forma, mas apenas</p><p>deu nome à fenômenos observáveis. Por exemplo, nomeou como instintos os impulsos</p><p>fisiológicos percebidos pelos sentidos, afirmando também que esses instintos podem se</p><p>manifestar como fantasias, revelando-se através de imagens simbólicas. A estas</p><p>representações simbólicas Jung chamou de arquétipos. Não se sabe ao certo como os</p><p>arquétipos se originam, mas eles se repetem em qualquer época e lugar do mundo. Os</p><p>arquétipos são semelhantes aos complexos, assim como os complexos pessoais têm sua</p><p>história individual, os complexos sociais de caráter arquetípico têm a sua. Os arquétipos</p><p>criam mitos, religiões e filosofias, caracterizando as nações e épocas, estes mitos são</p><p>como um tipo de terapia mental generalizada para os males que afligem a humanidade</p><p>(Jung, 2008). Por isso, a clínica visa investigar esses arquétipos. Jung (2008) diz que o</p><p>ser humano só consegue obter a realização pessoal se adquirir conhecimento e aceitação</p><p>do seu próprio inconsciente.</p><p>O homem gosta de acreditar-se senhor da sua alma. Mas</p><p>enquanto for incapaz de controlar os seus humores e emoções,</p><p>ou de tornar-se consciente das inúmeras maneiras secretas pelas</p><p>quais os fatores inconscientes se insinuam nos seus projetos e</p><p>decisões, certamente não é seu próprio dono. Estes fatores</p><p>inconscientes devem sua existência à autonomia dos arquétipos.</p><p>O homem moderno, para não ver esta cisão do seu ser, protege-</p><p>se com um sistema de ‘compartimentos’. Certos aspectos da sua</p><p>vida exterior e do seu comportamento são conservados em</p><p>gavetas separadas e nunca confrontados uns com os outros</p><p>(Jung, 2008, p. 89).</p><p>Segundo Jung (2008), a linguagem do inconsciente é dada por meios de</p><p>símbolos e comunicada através dos sonhos. O que Jung chama de símbolo é um</p><p>elemento que pode ser um termo, um nome ou uma imagem, que transmite</p><p>familiaridade, tendo conotações especiais além do seu significado evidente e</p><p>convencional. O símbolo implica em alguma coisa vaga, desconhecida ou oculta. Para</p><p>uma palavra ou imagem ser considerada simbólica, ela costuma ter um aspecto mais</p><p>“inconsciente” e amplo, sendo difícil de defini-la ou explicá-la. A nossa mente racional</p><p>não é capaz de explorar um símbolo e entendê-lo por completo. O inconsciente coletivo</p><p>é povoado de símbolos, e para Jung (2008), a negligência com o inconsciente coletivo</p><p>produz perturbações. Os arquétipos não têm uma forma definida e, portanto, o mesmo</p><p>arquétipo pode ser representado por diferentes símbolos, como o arquétipo materno, que</p><p>pode surgir por meio de imagens como a madrasta, a sogra, a avó, uma deusa, a virgem,</p><p>a Terra, o jardim, a fonte etc (Jung, 2000). Jung (2008) também descreve os arquétipos</p><p>como um sentido “permanente”, que vemos nos mitos e em elementos que se repetem</p><p>em histórias contadas em diferentes épocas e regiões.</p><p>Arquétipos são representações que se projetam através de expressões simbólicas</p><p>o drama interno e inconsciente da alma. Estas representações ajudam os humanos a</p><p>compreender seu drama interno (Jung, 2000). Jung nomeou algumas dessas projeções</p><p>como conteúdo do inconsciente coletivo, que representam partes da personalidade e</p><p>momentos do drama interno. A mesma imagem pode representar arquétipos diferentes,</p><p>pois embora o conteúdo do inconsciente coletivo seja idêntico em todos os seres</p><p>humanos, a forma que ele será projetado dependerá da consciência individual de cada</p><p>pessoa (Jung, 2000).</p><p>A seguir, exemplificamos alguns arquétipos descritos por Jung (2008) e seus</p><p>significados:</p><p>O Herói e o tutor/guardião: o mito do herói é uma história que se repete em</p><p>muitas culturas, as histórias seguem sua/ jornada de descoberta, luta e superação. Em</p><p>várias dessas histórias, o herói recebe auxílio de um tutor ou guardião no começo de sua</p><p>jornada. Os guardiões são uma representação da psique total (o self), e os heróis</p><p>representam o ego (centro da consciência), que necessita do self para suprir suas faltas.</p><p>O guardião também pode ser visto como um velho sábio, uma sacerdotisa, um guru,</p><p>uma deusa, contanto que esteja nesta posição de guia do herói. A imagem do herói</p><p>evolui de maneira a refletir cada estágio de evolução da personalidade humana. É</p><p>importante frisar que a imagem do herói não é idêntica ao ego, mas que ela representa a</p><p>separação do ego dos arquétipos evocados pelas imagens dos pais na infância, onde o</p><p>ego vai emergir do self, formando a consciência individualizada durante o crescimento.</p><p>Anima/Animus: segundo Jung (2008), mulheres tem em seu inconsciente um</p><p>arquétipo que personifica seu lado masculino, chamado Animus, e homens têm o</p><p>mesmo arquétipo personificando seu lado feminino, a Anima. Cada um deles carrega</p><p>aspectos que ele relacionou à masculinidade e feminilidade, estas estariam presentes em</p><p>todas as pessoas.</p><p>Jung nomeou vários conceitos em sua teoria, alguns destes são simbólicos, e por</p><p>isso podem ser confundidos com arquétipos. Cabe destacar que arquétipos são</p><p>conteúdos do inconsciente coletivo (Jung, 2000).</p><p>Prática Clínica na Psicologia Analítica e Arquétipos</p><p>Antes de desenvolver a Psicologia Analítica, Jung trabalhava com a livre</p><p>associação usando sonhos. Para Jung (2008), é possível tomar como ponto de partida da</p><p>livre associação várias coisas, seja uma conversa ocasional, ou uma meditação sobre</p><p>uma bola de cristal. Assim, percebeu que ao se fazer livre associação a partir dos</p><p>sonhos, eles não seriam diferentes de qualquer outra referência usada para isso. Jung</p><p>deduziu que os sonhos têm uma significação própria, levando-o a prestar mais atenção</p><p>na forma e no conteúdo do sonho, concentrando-se nas associações com o próprio</p><p>sonho, sem deixar o paciente se afastar dele, como ocorre na livre associação, pois o</p><p>sonho estaria expressando algo específico do inconsciente. A partir disso, houve uma</p><p>mudança em seus métodos, assim, a nova técnica leva em conta todos os aspectos do</p><p>sonho, analisando-os. Há muitos meios de identificar complexos, mas para entender</p><p>uma pessoa como um todo, é importante avaliar a relevância de seus sonhos e imagens</p><p>simbólicas (Jung, 2008). Os sonhos passaram a ser vistos como manifestações do que o</p><p>inconsciente fazia com os complexos. Através do processo de amplificação se descobre</p><p>o contexto do conteúdo do sonho, para isso se busca explicar os motivos mitológicos</p><p>observados (Jung, 1980) e trazê-los para a consciência (Wahba, 2019).</p><p>O processamento do simbólico é o cerne da obra de Jung, ao buscar</p><p>compreensão do fenômeno por meio dos símbolos, se alia a descrição à experimentação</p><p>e à comparação amplificada, buscando um sentido para estes símbolos, gerando assim</p><p>conhecimento de ordem intelectiva, perceptiva, valorativa e intuitiva (Wahba, 2019). Os</p><p>atendimentos em psicologia analítica podem ser breves ou longos, dependendo da</p><p>demanda do paciente, e podendo ser interrompidos ou finalizados a cargo do terapeuta.</p><p>É um local onde o paciente expõe seus medos e emoções mais profundos e escuros, e</p><p>onde eles são aceitos com empatia e segurança (Barrieu & Parisi, 2017).</p><p>Tanto memórias conscientes quanto pensamentos inteiramente novos podem</p><p>surgir do inconsciente. Mesmo as nossas impressões conscientes adquirem um sentido</p><p>inconsciente que possui algum significado psíquico, mesmo que não esteja evidente</p><p>(Jung, 2008). A Psicologia Analítica trabalha na clínica com o Processo de</p><p>Individuação, um processo lento e imperceptível de crescimento psíquico. Este processo</p><p>é descrito tendo em vista que o ser humano é capaz de participar de seu</p><p>desenvolvimento de forma consciente, desta maneira, apenas se ocorrer nessas</p><p>condições ele é chamado de processo de individuação (Jung, 2008). Os arquétipos</p><p>representam um conteúdo inconsciente, este conteúdo é modificado através de sua</p><p>conscientização e percepção, sua apresentação vai variar de acordo com cada indivíduo</p><p>(Jung, 2000). São essas apresentações que são vistas na prática clínica e que buscamos</p><p>tornar conscientes durante o processo terapêutico.</p><p>Como o inconsciente não pode ser observado pode ser investigado por meio das</p><p>manifestações arquetípicas, e é através dos símbolos que a psicologia analítica faz essa</p><p>investigação, eles são a chave para o entendimento do inconsciente, pois são usados</p><p>para exprimir aquilo que não é conhecido. O ego coordena o processamento simbólico</p><p>realizando a transformação de material inconsciente em consciente (Nasser, 2010).</p><p>O principal método de trabalho de Jung é a amplificação, muito usada em</p><p>interpretação de sonhos. Pela amplificação, se gera um novo conhecimento, pois ela</p><p>busca um sentido, e um significado para o sonhador. Através de um tema central, o</p><p>pensamento é desenvolvido por imagens, comparações e analogias, o material usado</p><p>para este desenvolvimento é conteúdo das ciências humanas em geral, como arte,</p><p>mitologia, religião, etc (Santos & Serbena, 2017), onde os arquétipos são expressos pelo</p><p>inconsciente coletivo. Ao se preencher os papéis dos personagens dos sonhos com</p><p>conteúdo arquetípico, as imagens dos sonhos são trabalhadas pela imaginação. O</p><p>contexto onírico possibilita então, que o sujeito entre em contato com os arquétipos</p><p>expressos e vivencie experiências cada vez mais ricas.</p><p>É importante separar “arquétipo” de “manifestação arquetípica”. O arquétipo</p><p>pertence ao inconsciente coletivo e não tem forma definida, quando o arquétipo se</p><p>manifesta com uma forma, ele se torna um símbolo, isto é, uma manifestação</p><p>arquetípica. Portanto, símbolos são arquétipos, mas não necessariamente arquétipos são</p><p>símbolos, pois os símbolos são o arquétipo manifesto. Investigar símbolos pode ser um</p><p>tanto complexo, já que o inconsciente não pode ser observado objetivamente, como o</p><p>conhecimento também é fruto da personalidade do pesquisador, isto também interfere</p><p>no fenômeno observado. Por isto, o método Junguiano aplicado à psicoterapia visa o</p><p>aspecto subjetivo, para compreender a dinâmica psíquica a partir das manifestações</p><p>individuais. O fenômeno é investigado pelo seu valor simbólico, no nível coletivo e</p><p>cultural, e pelo contexto, em que o mais amplo é o âmbito arquetípico e o mais estrito é</p><p>o individual. Esta investigação se dá pela observação através de experiência viva de</p><p>participação e diálogo entre o observador e o observado, e é um processo de</p><p>transformação do conhecimento para ambos (Nasser, 2010).</p><p>Para coletar o material simbólico, são utilizados materiais projetivos em geral,</p><p>técnicas expressivas que favorecem a apreensão dos símbolos, por exemplo, os sonhos,</p><p>a imaginação ativa, relaxamento, meditação, desenho, pintura, dramatização, expressão</p><p>corporal, etc, ou instrumentos de coleta de informações mais diretos, como</p><p>questionários e entrevistas. O material é analisado pelo processamento simbólico,</p><p>produzindo conhecimento de ordem intelectiva, perceptiva, valorativa e intuitiva. Para</p><p>que a função transformadora do símbolo seja efetivada, o processamento deve ser feito</p><p>a partir de parâmetros rigorosamente observados, tanto na coleta dos dados quanto na</p><p>análise, que são a causalidade, a finalidade e a sincronicidade presentes nos eventos</p><p>simbólicos. Desta forma, os aspectos do inconsciente passam para a consciência,</p><p>operando uma amplificação da consciência, o que significa produção de conhecimento</p><p>(tanto para o observado quanto para o observador), e para o indivíduo o processo de</p><p>individuação (Nasser, 2010).</p><p>Considerações Finais</p><p>A psicologia analítica usa os símbolos para compreender os arquétipos. Através</p><p>da observação e análise dos símbolos, o observador e o observado trabalham juntos</p><p>buscando o significado das expressões do inconsciente coletivo. Embora haja muitas</p><p>interpretações errôneas sobre inconsciente coletivo, Jung esclareceu que arquétipos não</p><p>são imagens pré-definidas e sim tendências instintivas, as quais cada pessoa dará formas</p><p>diferentes de acordo com sua história pessoal, mas se mantendo a essência.</p><p>Os arquétipos na prática clínica da psicologia analítica são objeto de</p><p>investigação com seus dados coletados através de recursos de projeção como desenho e</p><p>expressão corporal e entrevistas, e processados com parâmetros rigorosos, que são a</p><p>causalidade, a finalidade e a sincronicidade presentes nos eventos</p><p>simbólicos. O</p><p>processamento simbólico produzirá conhecimento de ordem intelectiva, perceptiva,</p><p>valorativa e intuitiva, derivado de uma tomada de consciência dos processos</p><p>inconscientes, isto é, amplificação de consciência, onde os símbolos passam a ter</p><p>significado. Assim se dá o método de amplificação, que usa os arquétipos na clínica</p><p>para efetivar a ação transformadora dos símbolos.</p><p>Com o uso de técnicas expressivas como a imaginação ativa, relaxamento,</p><p>meditação, desenho, pintura, dramatização e etc, é coletado o material simbólico para a</p><p>análise do processamento simbólico. Para que os aspectos inconscientes se tornem</p><p>conscientes essa análise deve ser baseada nos parâmetros da causalidade, finalidade e</p><p>sincronicidade presentes nos eventos simbólicos.</p><p>Referências Bibliográficas</p><p>Barrieu, Maria Carolina, & Parisi, Silvana. (2017). O fim da análise. Junguiana, 35(1),</p><p>41-48. Recuperado em 13 de maio de 2022, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?</p><p>script=sci_arttext&pid=S0103-08252017000100005&lng=pt&tlng=pt.</p><p>Gil, Antônio Carlos. (2008). Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas.</p><p>Jung, C. G (1980). The Tavistock Lectures. Lecture III. 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