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<p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ</p><p>10ª CÂMARA CÍVEL</p><p>Autos nº. 0024096-21.2024.8.16.0001</p><p>Conflito de competência cível n° 0024096-21.2024.8.16.0001 CC</p><p>17ª Vara Cível de Curitiba</p><p>Suscitante(s): Juízo de Direito da 17ª Vara Cível do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana</p><p>de Curitiba</p><p>Suscitado(s): JUÍZO DE DIREITO DA 5ª VARA DA SECRETARIA UNIFICADA DAS VARAS DA</p><p>FAZENDA PÚBLICA DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE</p><p>CURITIBA</p><p>Relator: Desembargador Hélio Henrique Lopes Fernandes Lima</p><p>CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE</p><p>INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS EM FACE DE</p><p>COPEL – COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA ELÉTRICA.</p><p>PRIVATIZAÇÃO DESTA EMPRESA, QUE DEIXOU DE SER</p><p>SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA, INTEGRANTE DA</p><p>ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA DO ESTADO DO PARANÁ, E</p><p>QUE NÃO MAIS SE SUJEITA ÀS DISPOSIÇÕES PREVISTAS NA LEI Nº</p><p>13.303/2016 (“LEI DAS ESTATAIS”). ALTERAÇÃO DA</p><p>PERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA. COMPETÊNCIA DO</p><p>JUÍZO SUSCITANTE (VARA CÍVEL) PARA PROCESSAMENTO E</p><p>JULGAMENTO DO FEITO. CONFLITO DE COMPETÊNCIA</p><p>IMPROCEDENTE.</p><p>Vistos, relatados e discutidos estes autos de Conflito de Competência n. 0024096-21.2024.8.16.0001 CC,</p><p>em que é suscitante JUÍZO DA 17ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA</p><p>REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA, suscitado JUÍZO DA 5ª VARA DA FAZENDA</p><p>PÚBLICA DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA</p><p>e interessados COPEL DISTRIBUIÇÃO S/A e ALLIANZ SEGUROS S/A.</p><p>I – RELATÓRIO</p><p>Trata-se de conflito negativo de competência suscitado pela 17ª Vara Cível do Foro Central da Comarca</p><p>da Região Metropolitana de Curitiba, na ação indenizatória nº 0002187-78.2018.8.16.0179, ajuizada por</p><p>Allianz Seguros S/A em face de Copel Distribuição S/A.</p><p>Alega o Juízo Suscitante, em síntese, que, “a mudança da condição subjetiva da parte que integra a</p><p>,ação não altera a competência da ação no momento da sua distribuição, conforme o art. 43 do CPC”</p><p>bem como que “não há qualquer sentido racional na redistribuição da ação já em andamento, com a</p><p>violação da perpetuação da jurisdição, porque as Varas Fazendárias já praticaram diversos atos, como</p><p>decisão inicial, saneamento, nomeação de peritos, elevando-se os custos processual e humano sem a</p><p>(sic)devida justificação razoável.” .</p><p>É o relatório.</p><p>II – VOTO</p><p>Cinge-se a controvérsia acerca da competência para processamento da ação indenizatória nº 0002187-</p><p>78.2018.8.16.0179, ajuizada por Allianz Seguros S/A em face de Copel Distribuição S/A (mov. 1.1 dos</p><p>autos originários).</p><p>Embora proferida sentença em junho/2021 (mov. 71.1), o e. TJPR cassou este pronunciamento e</p><p>determinou a reabertura da fase instrutória (mov. 24.1 - apelação nº 0002187-78.2018.8.16.0179).</p><p>Assim, sem razão o Juízo Suscitante, senão vejamos.</p><p>Preceitua o art. 5º da Resolução nº 93/2013 do Órgão Especial do e. Tribunal de Justiça do Estado do</p><p>Paraná:</p><p>“Art. 5º À vara judicial a que atribuída competência da Fazenda Pública compete:</p><p>I - processar e julgar as causas em que o Estado do Paraná, os Municípios que</p><p>integram a respectiva Comarca ou Foro, suas autarquias, sociedades de economia</p><p>mista, empresas públicas ou fundações forem interessados na condição de autores,</p><p>réus, assistentes ou opoentes, bem assim as causas a elas conexas e as delas</p><p>dependentes ou acessórias;</p><p>II - processar e julgar os mandados de segurança, os habeas data, as ações civis</p><p>públicas e as ações populares contra ato de autoridade estadual ou dos Municípios</p><p>que integrem a respectiva Comarca ou Foro, representante de entidade autárquica,</p><p>empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação estadual ou municipal</p><p>ou de pessoa natural ou jurídica com funções delegadas do Poder Público estadual</p><p>ou dos Municípios que integrem a respectiva Comarca ou Foro;</p><p>III - dar cumprimento às cartas de sua competência”.</p><p>Nessa senda, oportuno ressalvar que, assim como a competência material e funcional, a competência em</p><p>razão da pessoa possui natureza absoluta, uma vez que ditada em nome do interesse público, sendo,</p><p>inclusive, inderrogável por convenção das partes, consoante disposição do art. 62 do Código de Processo</p><p>Civil: “A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por</p><p>convenção das partes”.</p><p>No presente caso, conforme Fato Relevante nº 15/23, publicado em 11/08/2023, observa-se que o Estado</p><p>do Paraná reduziu sua participação nas ações com direito de voto, de modo que a Copel deixou de ser</p><p>sociedade de economia mista integrante da administração pública indireta do Estado do Paraná, deixando</p><p>também de se sujeitar às disposições previstas na Lei Federal n.º 13.303 /2016 (“Lei das Estatais”):</p><p>Com efeito, de acordo com o novo Estatuto Social da companhia, aprovado e consolidado pela 207ª</p><p>Assembleia Geral Extraordinária de Acionistas, de 10/07/2023, com vigência a partir de 11/08/2023, a</p><p>Copel passou a ter natureza de “sociedade anônima de capital aberto, dotada de personalidade jurídica</p><p>de direito privado”:</p><p>Desta forma, considerando a disposição do art. 5º da Resolução nº 93/2013 supracitada e a natureza</p><p>absoluta da competência em razão da pessoa, tem-se que a alteração da natureza jurídica da Copel, de</p><p>sociedade de economia mista para sociedade anônima de capital aberto dotada de personalidade jurídica</p><p>de direito privado, afasta a competência da Vara Fazenda Pública para apreciação e julgamento do feito</p><p>(mov. 141.1), recaindo referida competência à Vara Cível.</p><p>A propósito:</p><p>CONFLITO DE COMPETÊNCIA – AÇÃO DE RESSARCIMENTO AJUIZADA</p><p>POR SEGURADORA FUNDADA EM DIREITO DE REGRESSO CONTRA A</p><p>COPEL – DEMANDA DISTRIBUÍDA AO JUÍZO DA VARA DA FAZENDA</p><p>PÚBLICA QUE DETERMINOU A SUA REDISTRIBUIÇÃO, ADVINDO A</p><p>SUSCITAÇÃO DE CONFLITO PELO JUÍZO DA VARA CÍVEL –</p><p>COMPETÊNCIA ABSOLUTA EM RAZÃO DA PESSOA – INTELIGÊNCIA</p><p>DO ART. 62 DO CPC – DISTRIBUIÇÃO DA PETIÇÃO INICIAL</p><p>ANTERIORMENTE À PRIVATIZAÇÃO DA COPEL - ALTERAÇÃO DA</p><p>NATUREZA DA COMPANHIA QUE ANTES SE ENQUADRAVA EM</p><p>SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA – EXCEÇÃO À REGRA DE</p><p>PERPETUAÇÃO DA JURISDIÇÃO – EXEGESE DA PARTE FINAL DO</p><p>ART. 43 DO CPC – PARACOMPETÊNCIA DO JUÍZO CÍVEL</p><p>CONFLITO DE COMPETÊNCIAPROCESSAR E JULGAR A DEMANDA.</p><p>IMPROCEDENTE (TJPR - 10ª Câmara Cível - 0005256-63.2024.8.16.0194 - Rel.</p><p>Des. Elizabeth Maria De Franca Rocha - Julgado em 25.05.2024)</p><p>CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR</p><p>DANOS MORAIS E MATERIAIS EM FACE DE COPEL – COMPANHIA</p><p>PARANAENSE DE ENERGIA ELÉTRICA. PRIVATIZAÇÃO DA EMPRESA</p><p>REQUERIDA. COMPANHIA QUE DEIXOU DE SER SOCIEDADE DE</p><p>ECONOMIA MISTA, INTEGRANTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>INDIRETA DO ESTADO DO PARANÁ, E QUE NÃO MAIS SE SUJEITA ÀS</p><p>DISPOSIÇÕES PREVISTAS NA LEI FEDERAL Nº 13.303/2016 (“LEI DAS</p><p>ESTATAIS”). ALTERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA</p><p>EMPRESA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITANTE (VARA CÍVEL)</p><p>CONFLITO DEPARA PROCESSAMENTO E JULGAMENTO DO FEITO.</p><p>COMPETÊNCIA IMPROCEDENTE (TJPR - 10ª Câmara Cível - 0004880-</p><p>26.2024.8.16.0017 - minha Relatoria - Julgado em 20.05.2024)</p><p>Assim, impõe-se a rejeição do presente conflito negativo de competência, fixando-se a competência do</p><p>Juízo da 17ª Vara Cível do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba (mov. 154.1)</p><p>para a continuidade e processamento da ação originária, nos termos da fundamentação supra.</p><p>III – DECISÃO</p><p>Ante o exposto, acordam os Desembargadores da 10ª Câmara Cível do</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ, por unanimidade de votos, em julgar DECLARAÇÃO DE</p><p>COMPETÊNCIA EM CONFLITO o recurso de Juízo de Direito da 17ª Vara Cível do Foro Central da</p><p>Comarca da Região Metropolitana de Curitiba.</p><p>O julgamento foi presidido pelo (a) Desembargador Hélio Henrique</p><p>Lopes Fernandes Lima (relator), com voto, e dele participaram Desembargador Albino Jacomel Guerios,</p><p>Desembargador Guilherme Freire De Barros Teixeira, Desembargador Marco Antonio Antoniassi e</p><p>Desembargador Substituto Everton Luiz Penter Correa.</p><p>30 de agosto de 2024</p><p>Desembargador Hélio Henrique Lopes Fernandes Lima</p><p>Relator</p>

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