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ADM INIS TRA ÇÃO CLÁ UDI O V. S. F ARI AS ORG ANI ZAD OR TÉC NIC O E M GES TÃO E N EGÓ CIO S Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen - CRB 10/2150 T255 Técnico em administração [recurso eletrônico] : gestão e negócios / Cláudio V. S. Farias, organizador. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2013. Editado também como livro impresso em 2013. ISBN 978-85-65837-71-2 1. Administração. I. Farias, Cláudio. CDU 658(075.3) 16 • Thomas Bateman (1998); • Eunice Laçava Kwasnicka (1995); • Stephen Robbins (2004). Em geral, esses autores apresentam uma trajetória linear da TGA, iniciando pelos antecedentes históricos da administração, desde a antiguidade, passando pela Idade Média, até os dias atuais, situando a administração como uma ciência mo- derna e focando no processo administrativo. Em comum, destacam os papéis e as habilidades do administrador e as características básicas das organizações, além da apresentação dos aspectos centrais das teorias da administração científi- ca, da administração clássica e neoclássica, das relações humanas, estruturalistas, comportamentais, de sistemas, sociotécnicas e de contingência. A seguir, são apresentados os aspectos centrais das principais abordagens do pen- samento administrativo gerencial consolidado ao longo do século XX. Antecedentes históricos da administração A hegemonia das organizações, expressa no caso inicial, constitui um conjunto de fatos históricos, sociais, políticos e econômicos da atualidade. Isso não significa que não existiam organizações ou que não havia administração antes do século XX. Ainda na antiguidade, havia uma preocupação com a administração, o que pode ser verificado no livro A república, de Platão, na estrutura de comunicação entre Moisés e o povo hebreu, nos registros egípcios sobre a burocracia ou no pla- nejamento estratégico grecoromano. Deve-se destacar também a influência da Igreja Católica e dos exércitos militares na hierarquia, disciplina, descentralização de atividades e centralização de coman- do, entre outros antecedentes presentes ainda hoje nessa perspectiva de adminis- tração gerencial. Administração científica O principal autor do movimento da administração científica foi o engenheiro indus- trial americano Frederick Winslow Taylor, comumente chamado de pai da adminis- tração, devido à sua preocupação em tratar a administração de forma científica e não empírica. Seus principais conceitos foram apresentados principalmente nos livros Shop management (1903) e Princípios de administração científica (1911). • • • E a I d e a c c A DEFINIÇÃO Essas abordagens entendem que a administração é o processo de tomar decisões sobre objetivos e utilização de recursos, sejam materiais, humanos, financeiros, informacionais, entre outros, para a obtenção dos resultados previstos, sobretudo, na forma de lucro. IMPORTANTE Henry Ford foi o precursor da produção em massa com a adoção da linha de montagem, que se tornou um ícone da administração científica. A ideia central do fordismo consistia em acelerar a produção por meio do trabalho ritmado, coordenado e econômico, diminuindo o tempo de duração da produção com a rápida colocação do produto no mercado. A produtividade poderia aumentar, aprimorando- se a capacidade de produção do trabalhador por meio da especialização e da repetição. 17 Taylor entendia que havia um grande desperdício de recursos (materiais e tempo) e que não existia um processo de gestão capaz de obter maior eficiência produti- va. Assim, focou suas propostas na análise das atividades e tarefas desempenha- das pelos trabalhadores industriais da virada dos séculos XIX e XX. No seu enten- der, havia um método correto de trabalho que garantia resultados e também uma forma errada que leva ao desperdício. Assim, suas principais propostas da organi- zação racional do trabalho (ORT) foram: • análise da tarefa; • a seleção científica do trabalhador; • o estudo de tempos e movimentos; • padronização do trabalho e treinamento intensivo. Os princípios e as técnicas da administração científica procuravam combater o desperdício e aumentar a eficiência da produção por meio da racionalização do trabalho. Este deveria ser realizado seguindo os movimentos necessários para a execução da tarefa, dentro do tempo padronizado para sua execução, com gran- de centralização do poder, pequena amplitude de controle e impessoalidade nas decisões. A ORT prevê uma separação entre os gerentes, que definem, planejam e contro- lam o trabalho e os operários que o executam. Para isso, é necessário que uma tarefa seja dividida no maior número possível de subtarefas, tornando-a simples de ser desempenhada, formando, assim, o desenho de cargos e tarefas. A ênfase na tarefa tem como objetivo o aumento da produtividade da empresa por meio do aumento do nível operacional, partindo da ideia de que o homem é um ser eminentemente racional, que pode sempre escolher a melhor alternativa e maximizar os resultados de sua decisão. Dentro do conceito de homo economicus, o movimento da administração científi- ca vê o ser humano como alguém preguiçoso, egoísta, que não gosta de trabalhar. Entretanto, diante do medo de passar fome e da necessidade de obter dinheiro para sobreviver, o homem procura o trabalho. Assim, é fundamental para a em- presa adotar um plano de incentivos financeiros e ter supervisão direta para obter maior produtividade de seus trabalhadores. PARA SABER MAIS Mais informações sobre a linha de montagem de Ford e suas relações com o consumo de carne e da produção em massa você encontra em Peinado e Graeml (2007). DEFINIÇÃO A ORT é um conjunto de medidas que envolvem a seleção científica do trabalhador para que desempenhe a tarefa mais compatível com suas aptidões. Assim, é capaz de adquirir maestria a partir do treino e da repetição de atividades padronizadas, tanto o tempo de execução como os movimentos a serem realizados. 18 T é c n ic o e m a d m in is tr a ç ã o : g e st ã o e n e g ó c io s Teoria clássica e neoclássica A teoria clássica está focada em dois alicerces: na definição de uma estrutura e na definição de papéis que precisam ser executados nessa estrutura, com es- pecial atenção para os papéis desempenhados pelos administradores. As con- tribuições da teoria neoclássica foram o foco nos objetivos e nas metas que deveriam referenciar tanto a estrutura como a atuação dos administradores. A preocupação inicial de Henri Fayol, engenheiro francês que primeiro defen- deu as ideias da teoria clássica, estava vinculada ao crescimento industrial do início do século XX. Ele entendia que havia funções administrativas a serem de- sempenhadas em todas as estruturas produtivas, principalmente na área indus- trial, como governo, militares, entre outras. Fayol partia da análise de que todas as operações de uma indústria poderiam ser divididas (Quadro 1.1). Quadro 1.1 Divisão das operações em uma indústria Técnicas Relacionadas com a transformação e com a produção de bens. Comerciais Oriundas das transações de compra e venda. Financeiras Vinculadas à obtenção de captação. Contábeis Realizadas de acordo com os registros necessários das movimentações patrimoniais. Segurança Voltadas para a preservação e a proteção de seus bens. Administrativas Responsáveis por integrar, dirigir e sincronizar as demais atividades. Logo, todas as organizações necessitariam da administração e essas divisões compreenderiam as atividades mais importantes a serem realizadas, de maneira ordenada, seguindo princípios administrativos. A teoria neoclássica foi uma resposta às necessidades de redefinição de estru- turas empresariais, no período pós-guerra. O tema central trata da definição so- NO SITE Assista ao filme Tempos modernos, de Charles Chaplin, disponível no ambiente virtual de aprendizagem: www.grupoa.com.br/tekne.19 c a p ít u lo 1 F u n d a m e n to s d e a d m in is tr a ç ã o bre os níveis de responsabilidade, hierarquia e centralização/descentrali- zação das decisões, provocando reformulações nos desenhos organizacionais/ departamentais, com reflexos no redimensionamento de tarefas e operações necessárias à obtenção dos resultados empresariais. Ganham destaque tam- bém os aspectos vinculados à comunicação interna e externa e à formação de gestores dentro das organizações, alinhados com a cultura hegemônica da empresa, marcadamente vinculada aos seus proprietários. Os pressupostos neoclássicos têm sido fundamentais para a perspectiva gerencial da administração na atualidade, que, devido à crescente compe- titividade estabelecida pelo mercado, entendem a necessidade de redefinir estruturas empresariais para a garantia de obtenção dos objetivos e resulta- dos, buscando mais eficácia e lucros maiores. Exigem que o administrador conheça os aspectos técnicos e específicos de sua atividade, como a direção de pessoas, por exemplo. Assim, as principais características das teorias clássi- ca e neoclássica são: • divisão de trabalho; • centralização das decisões; • poucos subordinados por gerentes (pequena amplitude de controle); • impessoalidade nas decisões; • busca de estruturas e sistemas perfeitos. Processo administrativo Segundo Fayol (1990), é função do administrador tomar decisões, estabelecer metas, definir diretrizes e atribuir responsabilidades aos demais empregados. Assim, a atividade administrativa seria constituída de cinco funções: prever, organizar, comandar, coordenar, controlar. Já os autores neoclássicos entendem que haveria aqui a necessidade de uma mudança para quatro funções, agrupando o comandar e o coordenar no item direção. Assim, as funções que compõem o processo administrativo para os au- tores neoclássicos são planejamento, organização, direção e controle. A Figura 1.1 apresenta as funções que compõem o processo administrativo se- gundo os autores neoclássicos. 20 Planejamento Definir metas/objetivos (estratégicos, táticos e operacionais) e o meio mais adequado para alcançá-los, como planos de ação, procedimentos, orçamentos, programas, normas e regulamentos. Organização Organizar, estruturar e integrar os recursos e os diversos setores envolvidos, incluindo objetivos, estrutura, departamentos, cargos e tarefas especializadas. Direção Dar instruções sobre como devem ser executadas as atividades previstas para a obtenção dos objetivos/metas estabelecidos, considerando a estrutura e a hierarquia da organização (vertical/horizontal). Controle Avaliar os resultados obtidos na busca pela máxima aproximação ao que foi planejado, exigindo critérios de avaliação, medidas corretivas, de manutenção, coercitivas ou de regulação. Figura 1.1 Funções do processo administrativo. Organograma, departamentalização, linha e staff O organograma está relacionado à especialização do trabalho e sua organiza- ção em setores administrativos. Propõe o desdobramento horizontal e verti- cal da organização, competindo à direção traçar estratégias, planos e objetivos para a organização e aos gestores/supervisores cabe realizar a organização tática. O objetivo é atingir as metas traçadas, incluindo a supervisão sobre os níveis operacionais, para aqueles que realizam o trabalho previsto, garantindo os resultados. Seguindo os princípios de administração propostos, apresentamos os conceitos de linha e de staff (assessoria). Assim, a linha apresenta a hierarquia a qual to- dos estão submetidos na organização, seguindo os princípios da cadeia escalar, autoridade e unidade de comando, na qual cada indivíduo possui apenas um chefe. Já o staff são órgãos prestadores de serviços especializados, como asses- sorias, consultorias (internas ou externas) e conselhos consultivos, em que não está presente o princípio da cadeia escalar, já que os serviços que prestam são orientações sobre como a organização deve proceder em casos específicos. Esse modelo pode ser analisado verticalmente, no qual estão presentes os níveis de hierarquia e responsabilidade, e horizontalmente, a partir dos diferentes tipos de atividades desenvolvidas na organização. t DEFINIÇÃO Organograma é o desenho de responsabilidades da organização. Tem por objetivo formalizar e estabelecer as relações de poder e de comando sobre o trabalho, incluindo os fluxos de comunicação entre os níveis estratégicos, táticos e operacionais. 21 Escola das relações humanas A teoria das relações humanas teve início a partir dos trabalhos de Mary Parker Follet, como uma alternativa à tendência de desumanização do traba- lho, decorrente da aplicação de métodos e técnicas da administração cien- tífica (GRAHAM, 1997). Mas o fato de origem reconhecido é a experiência de Hawthorne, coordenada por Elton Mayo, psicólogo industrial australiano e professor da Universidade de Harvard (MAYO, 1933). Essa experiência, realizada entre 1927 e 1932, compreendeu quatro fases, com o objetivo inicial de analisar a influência do ambiente na produtividade, o que não se confirmou ao longo do experimento, já que as principais conclusões foram, entre outras, as seguintes: • O nível de produção é resultante da integração social. • O comportamento social dos empregados, que agem/reagem como mem- bros de grupos. • A existência de recompensas e sanções sociais. • A existência de normas e padrões estabelecidos pelo grupo – condicionado- res do comportamento dos trabalhadores. • A existência de uma organização informal e espontânea que emerge das necessidades de segurança, aprovação social e afeto. O conceito de homo socialis, em oposição ao conceito de homo economicus, de acordo com a escola das relações humanas, entende que o ser humano não pode ter seu comportamento reduzido ao mecanicismo ou às relações econômicas, já que é condicionado pelo sistema social, devido à existência de necessidades vinculadas ao contexto social. Assim, há a necessidade de ser aceito pelo grupo social e de participar das decisões, das definições de objeti- vos, entre outros. A escola das relações humanas revelou que, além dos aspectos econômicos necessários à sobrevivência, os fatores afetivos e sociais são importantes para o trabalhador, já que são pessoas dotadas de sentimentos, desejos e te- mores. PARA SABER MAIS Mais detalhes sobre a experiência de Hawthorne você encontra no livro Teoria geral da administração, de Fernando C. Prestes Motta e Isabella F. Gouveia de Vasconcelos (2006). 22 Teorias comportamentais e de liderança Estudos posteriores aos experimentos de Hawthorne identificaram que não havia uma relação tão direta entre a satisfação das necessidades psicossociais dos em- pregados e o aumento de produtividade, conforme apontara a escola das relações humanas. Esses estudos indicaram que a adoção de um modelo de gerência par- ticipativa e a melhoria do clima como medidas para a busca de maior produtivi- dade eram limitadas. Logo, não se trata de entender a relação entre fatores sociais e econômicos nas relações de trabalho assalariado. Assim, os novos estudos sobre o comportamento humano no trabalho, sobre a moti- vação e a liderança apontaram a existência de uma complexidade de fatores, como a busca por autonomia, autodesenvolvimento e o sentido do trabalho. Entre as princi- pais teorias sobre motivação e liderança, estão: hierarquia das necessidades huma- nas; teoria X; teoria Y; teoria dos dois fatores. A hierarquia das necessidades humanas foi desenvolvida por Abraham Mas- low (2001) e entende que existem cinco grupos de necessidades, que podem ser representados na forma de uma pirâmide: fisiológicas, de segurança, so- ciais, de estima e de autorrealização (Quadro 1.2). Assim, o homem, seguindo prioridades individuais, nesta ordem, busca satisfazer primeiro as necessidades básicas para depois deslocar energia para a satisfação das necessidades maiscomplexas. Quadro 1.2 Grupos de necessidades Fisiológicas Relacionadas à manutenção do corpo humano, como a alimentação, o frio e o calor, além dos equipamentos de trabalho e do salário recebido. Segurança Envolve tanto a segurança física (contra a violência) como os recursos financeiros, da família e da saúde, ou ainda vinculados à estabilidade da relação de trabalho. Sociais Vinculam-se à atividade social, como amizades, família e outros espaços de socialização que, no trabalho, são relacionados com a interação com os colegas e o relacionamento com a chefia. Estima Vincula-se ao reconhecimento, ao respeito e ao prestígio nos mais diversos meios sociais. (continua) 23 A teoria X e a teoria Y, de Douglas McGregor (1970), afirmam que o comporta- mento humano está vinculado aos diferentes estilos de liderança. Assim, a teoria gerencial convencional é chamada de teoria X e a gerência participativa é denomi- nada teoria Y, como contraponto à primeira. Para o modelo teórico da teoria X, as pessoas são preguiçosas, indolentes e ten- dem a evitar o trabalho, ou seja, evitam a responsabilidade para se sentir seguras e são ingênuas e sem iniciativa. Assim, é fundamental uma gestão que assuma o controle do processo de trabalho, estabelecendo regras claras, punições e recom- pensas para a consecução dos objetivos gerenciais. Já, para a teoria Y, as pessoas gostam do trabalho que exercem e são esforçadas e dedicadas. Assim, a gerência tem o papel de intermediar as relações de trabalho e proporcionar as melhores condições, pois, se o trabalho é algo natural a ser reali- zado, o trabalhador poderia assumir responsabilidades e o controle do seu próprio trabalho, com criatividade e competência. Herzberg (1959, 1976) entende que o ser humano possui duas atitudes diferen- tes em relação ao trabalho, buscando não só a satisfação de suas necessidades elementares (higiênicas), mas também o aperfeiçoamento de suas habilidades, de seu espírito e o desenvolvimento de seu potencial humano. A esses conceitos, denominou teoria dos dois fatores (Quadro 1.3). Quadro 1.2 Grupos de necessidades (continuação) Autorrealização É instintiva do ser humano e está vinculada ao sentido das atividades que se realiza, à melhor utilização de suas habilidades, à superação dos desafios, à resolução de problemas, ao senso de moralidade e até mesmo ao prazer no trabalho. Quadro 1.3 Aspectos do trabalho relacionados com a teoria dos dois fatores Higiênicos Motivacionais • a natureza do cargo; • o conteúdo do cargo; • o contexto da empresa; • a natureza das atividades/tarefas; • o ambiente de trabalho; • o controle do indivíduo; (continua) 24 T é c n ic o e m a d m in is tr a ç ã o : g e st ã o e n e g ó c io s Assim, os fatores higiênicos estão relacionados às condições sob as quais o tra- balho é realizado, portanto, são extrínsecos e ambientais. Logo, previnem insatis- fação, mas são incapazes de produzir algum tipo de motivação e nunca são com- pletamente satisfeitos. Porém, à medida que aumenta o grau de insatisfação das necessidades higiênicas, aumenta a insatisfação com o trabalho. Os fatores motivacionais estão relacionados ao aprendizado e à realização do potencial humano no trabalho, por isso, são intrínsecos. Estão associados à satisfa- ção no trabalho e incitam os indivíduos a um desempenho superior. Porém, a não satisfação desses fatores não gera desmotivação. Outras teorias sobre a motivação humana no trabalho David McClelland propôs uma teoria contingencial para a motivação (Quadro 1.4), entendendo que o comportamento humano é resultado da combinação de três fatores/desejos inconscientes (MCCLELLAND; STELLE, 1973). Quadro 1.4 Fatores da teoria contingencial para a motivação Realização Vinculada ao reconhecimento dos pares sobre sua excelência técnica ou profissional. Afiliação Relacionada à aceitação pelo grupo e à qualidade das relações interpessoais. Poder Sentimento de ter de tomar decisões sobre indivíduos, recursos ou organização. Quadro 1.3 Aspectos do trabalho relacionados com a teoria dos dois fatores (continuação) • as exigências de controle mantidas pela empresa; • as possibilidades de realização; • o salário; • o reconhecimento e o crescimento profissional; • o relacionamento com a chefia; • a responsabilidade pelo próprio trabalho. • os benefícios e serviços sociais. 34 T é c n ic o e m a d m in is tr a ç ã o : g e st ã o e n e g ó c io s A administração como campo do conhecimento está situada sob a perspectiva da manutenção da ordem e da razão, não apenas contribuindo, mas ratificando a teoria weberiana. Assim, a chamada Teoria Geral da Administração e as teorias organizacio- nais, desde Taylor e Fayol até os autores contemporâneos, têm proposto um conjunto de ideias para as organizações. São exemplos os estudos sobre produtividade, efi- ciência, eficácia e liderança, orientados pela crença no que é racional e, como tanto, legítimo. Enfim, generalizando, a sociedade moderna e a administração encontram- -se sob o paradigma da racionalidade instrumental legal, teorizado por Max Weber. O que é burocracia Conforme Motta e Vasconcelos (2006), na organização burocrática, as interações entre os indivíduos devem seguir padrões de impessoalidade, que reprimam a espontaneidade e a possibilidade de conflitos de interesse. Assim, a burocracia passa a ser uma solução organizacional com o objetivo de evitar a arbitrariedade, o confronto entre indivíduos e grupos e os abusos de poder. Seu objetivo é organi- zar a atividade humana de modo estável para a realização de fins organizacionais explícitos (MOTTA; VASCONCELOS, 2006). Para o sucesso da burocracia, é necessária a adoção (imposição) de regras claras que orientem (determinem) como o trabalho humano deve ser realizado, seguin- do rotinas e procedimentos que garantam estabilidade ao processo, que redu- zam suas incertezas e ofereçam os resultados previamente planejados por quem comanda a organização burocrática (Figura 1.4). Percebe-se que a burocracia está relacionada com a adoção de uma estrutura organizacional que possibilite maior competitividade, alinhada à lógica de mercado da modernidade. DIRETORIA Planejamento estratégico GERÊNCIA MÉDIA Implementação das decisões NÍVEL OPERACIONAL Rotinização das funções Figura 1.4 A estrutura burocrática, segundo Max Weber. Fonte: Adaptada de Motta e Vasconcelos (2006). 35 c a p ít u lo 1 F u n d a m e n to s d e a d m in is tr a ç ã o Assim, o pensamento administrativo surge como consequência do processo de modernização da sociedade, é a expressão da lógica burocrática, baseada no con- trole da atividade humana por meio da regra, com o objetivo de aumentar a pro- dutividade e a geração de lucro na sociedade industrial (MOTTA; VASCONCELOS, 2006). PARA SABER MAIS Pesquise na internet sobre o conceito de racionalização do direito. Evolução das relações econômicas e produtivas A economia também passou por uma transformação radical. A circulação de moeda resultou no enriquecimento de uma classe (burguesia), que, por meio do comércio e do desenvolvimento industrial, impôs um modelo de produção e consu- mo de bens e serviços em massa, portanto, padronizados, alcançando ganhos até então não imaginados. Percebe-se, dessa forma, uma transformação nas formas de planejamento e controle sobre a produção, o que resultou em mudanças no traba- lho, passando de um modelo artesanal para o sistema industrial e no consumo de bens e serviços. No modelo artesanal, o trabalhador possuía o conhecimento necessário à pro- dução, era responsável pela provisão de materiais e pela construção dos próprios instrumentos e ferramentas, detendo o controle de todo o processo produtivo. Havia autonomia para determinar a produção, tanto em termos de qualidade como em quantidade, ainda que os tempos de produção estivessem totalmente subordinados aos tempos da natureza. Logo, é preciso compreenderque o trabalho artesanal não é apenas sinônimo de trabalho manual, mas sim de um modo de produção centrado no trabalhador. Nele, os bens estão personalizados na figura de quem o produz e não nas neces- sidades de quem o consume. Do ponto de vista da economia de mercado, havia uma demanda reprimida, que se tornou oportunidade para o aumento da pro- dução por meio de: aceleração industrial; divisão social do trabalho; especializa- ção do trabalhador; substituição das ferramentas por máquinas; e substituição da força humana pela força motriz. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Página em branco