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<p>Te</p><p>x</p><p>To</p><p>b</p><p>a</p><p>se PsICoLoGIa</p><p>aPLICaDa À</p><p>aDMINIsTRaÇÃo</p><p>Profª. Tânia Fattor</p><p>Universidade MUnicipal de são caetano do sUl</p><p>Portal: www.uscs.edu.br</p><p>Tel.: (11) 4239-3200</p><p>Av. Goiás, 3400 – São Caetano do Sul – SP – CEP: 09550-051</p><p>Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial</p><p>por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia,</p><p>gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de</p><p>dados sem a permissão por escrito da Universidade Municipal de São Caetano do Sul.</p><p>dúvidas? fale conosco!</p><p>eadsuporte@online.uscs.edu.br</p><p>(11) 4239-3351</p><p>eqUipe técnica editorial</p><p>Pró-reitoria de Inovação em Ensino: Prof. Dr. Nonato Assis de Miranda.</p><p>Professor conteudista: Profª. Tânia Fattor.</p><p>Projeto gráfico: Renata Kuba, Luana Santos do Nascimento, Juliana Pereira Alves e</p><p>Wallace Campos de Siqueira.</p><p>Design Instrucional: Kethly Garcia e Luciana de Almeida Cunha.</p><p>Capa: Giovana Carvejani e Milena Drudi.</p><p>Diagramação: Giovana Carvejani e Milena Drudi.</p><p>Revisão: Profª. M.e Marialda Almeida, Profª. M.e Karen Francis Bellomo Ringis, Ana</p><p>Beatriz Malta e Ana Julia Chagas</p><p>O Núcleo de Educação a Distância da USCS garante a revisão gramatical e ortográfica dos</p><p>conteúdos dos Textos-Base de todas as disciplinas ofertadas desde que seus autores respeitem</p><p>os prazos de entrega de acordo com o calendário acadêmico corrente. No entanto, lembramos</p><p>que o conteúdo apresentado nesses livros é de autoria e de total responsabilidade do professor</p><p>conteudista, profissional qualificado para desenvolver esses materiais.</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À</p><p>ADMINISTRAÇÃO</p><p>Profª. Tânia Fattor</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADmInIStrAçãO</p><p>INTRODUÇÃO .................................................5</p><p>ABORDAGEM PSICODINÂMICA-ANALÍTICA ...................... 8</p><p>A teoria psicanalítica de Sigmund Freud (2006) .............. 9</p><p>A teoria analítica de Carl Gustav Jung ........................... 14</p><p>ABORDAGEM COMPORTAMENTAL-COGNITIVA .............. 19</p><p>A teoria behaviorista de Burrhus Frederic Skinner ........ 19</p><p>A teoria cognitivista de Aaron Temkin Beck .................. 22</p><p>ABORDAGEM SISTÊMICA-INTERACIONISTA ................... 25</p><p>A teoria dinâmica de grupo de Kurt Lewin ..................... 26</p><p>A Teoria histórico-cultural de Lev Semionovitch</p><p>Vigotski ......................................................................... 31</p><p>ABORDAGEM HUMANISTA-EXISTENCIAL ....................... 36</p><p>A teoria humanista de Abraham Harold Maslow ........... 36</p><p>A teoria centrada na pessoa de Carl Ranson Rogers ..... 39</p><p>ABORDAGENS PSICOLÓGICAS E AS</p><p>APLICAÇÕES NO RH .....................................42</p><p>REFERÊNCIAS ..............................................47</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>5</p><p>Unidade 2</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>É impossível chegar a uma consciência aproximada do si mes-</p><p>mo, porque por mais que ampliemos nosso campo de consci-</p><p>ência, sempre haverá uma quantidade indeterminada e inde-</p><p>terminável de material inconsciente, que pertence à totalidade</p><p>do si mesmo. Este é o motivo pelo qual o mesmo sempre cons-</p><p>tituirá uma grandeza que nos ultrapassa (JUNG, 1987, p.53).</p><p>É com essa reflexão sobre as questões psicológicas humanas que</p><p>desejamos dar boas-vindas a você nesta unidade 2, pretendendo</p><p>provocar questionamentos ligados às diferentes abordagens teóri-</p><p>cas da Psicologia. Por meio dela esperamos que você se mantenha</p><p>competente em escolher uma abordagem para se conhecer melhor,</p><p>desenvolvendo seu autoconhecimento. Da mesma forma, espera-</p><p>mos que você possa enfrentar de maneira mais segura, as situações</p><p>organizacionais que se apresentarem em sua vida futura como ad-</p><p>ministrador de recursos humanos, reconhecendo as consequências</p><p>dessa escolha, bem como, avaliando o perfil psicológico de seus</p><p>trabalhadores e gerenciando a condição de suas intervenções de</p><p>acordo com essa avaliação.</p><p>É preciso reconhecer que tão importante quanto o autoconheci-</p><p>mento é também o conhecimento que precisamos ter das pessoas</p><p>com que nos relacionamos. Não é que devemos conhecê-las ape-</p><p>nas porque queremos nos autoconhecer, ou que primeiro tenhamos</p><p>de nos conhecer para depois conhecer os outros, mas é porque o</p><p>olhar dos outros sobre nós é valioso, assim como também nosso</p><p>olhar sobre as pessoas é valioso para elas.</p><p>O fato é que precisamos sair um pouco de nós mesmos, e nos co-</p><p>locarmos no lugar do outro, afinal, nós somos seres sociais. Apesar</p><p>de querermos ser reconhecidos como indivíduos únicos e originais,</p><p>nessa ânsia vamos nos esquecendo de o quanto dependemos uns</p><p>dos outros, e na nossa ansiedade de independência, vamos siste-</p><p>maticamente estragando a interdependência social.</p><p>Para começar com uma reflexão mais abrangente, gostaríamos</p><p>de propor para você analisar a situação do vídeo sugerido no box</p><p>CST RH</p><p>6</p><p>Unidade 2</p><p>e explicar o quanto você se conhece. Em outras palavras: o que é</p><p>autoconhecimento, quais são seus benefícios e como desenvolver</p><p>o seu?</p><p>Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=9OiWA0qawIo.</p><p>Após a reflexão sobre o vídeo, gostaríamos de propor a seguinte</p><p>pergunta: o quanto você pode dizer que possui de compreensão</p><p>sobre a importância que o autoconhecimento tem na administração</p><p>de recursos humanos?</p><p>Para que você possa responder essa pergunta com mais segu-</p><p>rança, faremos aqui uma breve apresentação das mais importantes</p><p>abordagens presentes na ciência psicológica, pois pretendemos</p><p>proporcionar uma reflexão acerca dos seus conceitos psicológicos</p><p>e, a partir da discussão de suas principais teorias, desenvolver as</p><p>possibilidades de perspectivas relacionadas à atuação na área de</p><p>administração de recursos humanos.</p><p>Também esperamos que você seja capaz de desenvolver as com-</p><p>petências esperadas em relação às expectativas estabelecidas, as-</p><p>sim como, contribuir para a criação de um ambiente de trabalho</p><p>administrativo motivador, atuando na gestão de sua carreira e de</p><p>seus trabalhadores, para ampliar as oportunidades na busca da au-</p><p>torrealização de todos.</p><p>Dessa forma, esperamos que, ao final desta unidade, você possa</p><p>conhecer e aplicar as diferentes maneiras de interpretar a subjeti-</p><p>vidade e o comportamento humano. Para isso, realize as leituras e</p><p>fique atento às atividades propostas.</p><p>Abraços e bons estudos!</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>7</p><p>Unidade 2</p><p>AS DIFERENTES ABORDAGENS TEÓRICAS DA PSI-</p><p>COLOGIA</p><p>Na unidade 1 você conheceu e estudou a história da Psicologia</p><p>enquanto ciência, e ficou sabendo que ela apareceu no cenário</p><p>mundial a partir de 1879, oficialmente pelas mãos de Wilhem Wundt</p><p>e seus colaboradores, quando da instalação do 1o Laboratório de</p><p>Psicologia Científica, em Leipzig, na Alemanha.</p><p>Estelle Morin e Caroline Aubè (2009) em seu livro “Psicologia e</p><p>Gestão” afirmam que a Psicologia constitui uma disciplina funda-</p><p>mental da gestão das organizações e das pessoas. Enquanto ciên-</p><p>cia do comportamento, ela fornece maneiras de descrever, de com-</p><p>preender e às vezes mesmo de prever as atitudes e as condutas de</p><p>gestores e de funcionários.</p><p>No entanto, aqui na unidade 2, veremos que com o passar do</p><p>tempo, na história da Psicologia, muitas maneiras de estudar, ex-</p><p>plicar e compreender a subjetividade e o comportamento humano</p><p>foram surgindo na comunidade científica, chamadas de abordagens</p><p>psicológicas ou approaches psicológicos. Isto quer dizer que, uma</p><p>abordagem psicológica é um referencial teórico e metodológico uti-</p><p>lizado por um grupo de psicólogos ou estudiosos de Psicologia para</p><p>interpretarem o comportamento e a subjetividade. As abordagens</p><p>psicológicas também podem ser chamadas de “approaches” pois</p><p>possibilitam que o profissional se aproxime de um tipo de conceito</p><p>de ser humano, usando diferentes narrativas sobre psiquismo.</p><p>Essa questão das abordagens já foi discutida por muitos psicó-</p><p>logos, apontando essa diversidade e a falta de comunicação entre</p><p>elas. No Brasil temos o livro de Ana Bock (2022) que já trata disso</p><p>logo no nome: “Psicologias:</p><p>relação e inter-relação que se cria entre as pes-</p><p>soas desde o início da vida. Atesta ainda, que cada sujeito é único,</p><p>sendo responsável pela construção do seu percurso pessoal e das</p><p>mudanças que venham a ocorrer ao longo da sua vida, por exis-</p><p>tir um mecanismo de autorregulação no desenvolvimento. Segundo</p><p>Carl Rogers, self é um conjunto de percepções sobre as característi-</p><p>cas do “eu” que tenta satisfazer seu potencial humano. (FRIEDMAN</p><p>& SCHUSTACK, 2004, p. 19).</p><p>Para o autor, os seres humanos caminham para a auto-realização</p><p>e de maneira individual, ou tal como o grupo, podem alcançar a sua</p><p>direção com um grau mínimo de ajuda de um facilitador. Esse facili-</p><p>tador precisa ter confiança básica na capacidade do indivíduo para</p><p>progredir, desde que estejam reunidas condições que favoreçam o</p><p>crescimento. Ele também precisa manter uma atitude permissiva –</p><p>aumento do insight – e uma ação construtiva, para criar um clima</p><p>adequado ao crescimento. A relação do facilitador com o indivíduo</p><p>deve ser autêntica, congruente e sem máscaras, exprimindo aberta-</p><p>mente sentimentos e atitudes, o que possibilitará o desenvolvimento</p><p>da autoconsciência, da autoaceitação e da autoconfiança.</p><p>Para que este tipo de relação seja possível, deve haver entre as</p><p>pessoas uma atitude de aceitação positiva incondicional, cujas va-</p><p>lorização e aceitação existam sem condições nem expectativas, ou</p><p>seja, o facilitador adota uma atitude positiva e receptiva face ao que</p><p>o indivíduo transmite. Sua postura deve praticar a empatia, pois o</p><p>facilitador aprende “de dentro” os sentimentos e reações do indiví-</p><p>duo e consegue comunicar essa compreensão. Isto faz com que as</p><p>pessoas desenvolvam sua capacidade para ver o mundo de outra</p><p>pessoa, assumindo o seu quadro de referência interno, e passam a</p><p>se comunicar com eficiência.</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>41</p><p>Unidade 2</p><p>Figura 5: Pilares da Terapia Centrada na Pessoa.</p><p>FONTE: https://www.psicanaliseclinica.com/terapia-centrada-na-pessoa/</p><p>As atitudes e práticas propostas por Rogers proporcionam que as</p><p>reações do indivíduo sejam recíprocas das atitudes do facilitador,</p><p>pois ao encontrar alguém que ouve e aceita os seus sentimentos,</p><p>começa a tornar-se capaz de ouvir a si mesmo e atender a sen-</p><p>timentos que sempre negou e reprimiu, enquanto vai aprendendo</p><p>a ouvir a si mesmo, começa igualmente a aceitar-se e, à medida</p><p>que estas transformações se vão operando, a pessoa torna-se mais</p><p>consciente de si, aceita-se melhor, adota uma atitude menos defen-</p><p>siva, descobre que afinal é livre para se modificar e para crescer. O</p><p>indivíduo modifica-se e reorganiza o seu auto-conceito, desvia-se</p><p>de uma ideia que o torna inaceitável aos seus próprios olhos, obri-</p><p>gando a viver segundo as normas dos outros e, conquista progres-</p><p>sivamente um conceito de si mesmo como uma pessoa de valor,</p><p>autônoma.</p><p>CST RH</p><p>42</p><p>Unidade 2</p><p>ABORDAGENS PSICOLÓGICAS E AS APLICAÇÕES</p><p>NO RH</p><p>A promoção da saúde mental no ambiente de trabalho é uma das</p><p>mais importantes tarefas (ou a maior prioridade) dos administra-</p><p>dores de recursos humanos atualmente. Muitos especialistas têm</p><p>apontado a existência de uma nova pandemia: a da saúde mental.</p><p>Dados de pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) em</p><p>2022 apontaram que no mundo inteiro existem mais de 300 milhões</p><p>de pessoas sofrendo de algum tipo de transtorno mental e, que no</p><p>Brasil, esses distúrbios são a segunda causa mais reconhecida de</p><p>afastamento do local de trabalho.</p><p>Nesse cenário, fica muito evidente a importância do papel dos</p><p>administradores de recursos humanos na busca de um ambiente</p><p>organizacional alinhado às condições necessárias de bem estar e</p><p>saúde mental de todos que estão em suas organizações.</p><p>E para tanto, faz-se necessário a formação de profissionais que</p><p>conheçam os processos psicológicos básicos que influenciam e de-</p><p>terminam o comportamento das pessoas nas organizações de tra-</p><p>balho. A começar pelas diferentes maneiras de explicar e abordar</p><p>os princípios e leis que regem a subjetividade e o comportamento</p><p>humano, ou seja, conhecer as diferentes abordagens da Psicologia</p><p>aplicada à administração de recursos humanos.</p><p>Os administradores mais experientes sabem e pesquisam os mo-</p><p>tivos inconscientes que levam os trabalhadores a agir nas organi-</p><p>zações. Eles sabem que os motivos inconscientes estão por trás</p><p>de muitos comportamentos aparentemente irracionais ou estranhos.</p><p>Há trabalhadores com mania de limpeza, outros workaholics, outros</p><p>ainda com um tipo de liderança tóxica.</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>43</p><p>Unidade 2</p><p>Figura 6: Saúde Mental.</p><p>FONTE: https://vocesa.abril.com.br/carreira/saude-mental-no-trabalho-um-guia-para-</p><p>-empresas</p><p>As diferenças que existem entre as pessoas vão mais além do que</p><p>as diferenças físicas, ou sociais. Essas diferenças estão presentes</p><p>antes de tudo nas atitudes das pessoas, ou seja, na maneira como</p><p>elas se expressam, em como se relacionam com o seu meio externo</p><p>e seu meio interno. Suas atitudes são predisposições para agir de</p><p>determinada maneira, conforme sua personalidade.</p><p>O estudo dos diferentes tipos psicológicos despertou o interesse</p><p>de muitos pesquisadores e de muitos administradores também. Os</p><p>especialistas do mundo dos negócios perceberam há muito tempo</p><p>que conhecer e saber utilizar os conhecimentos sobre essa temática</p><p>ajudaria muito a encontrar e selecionar bons profissionais para seus</p><p>quadros de gestores e de líderes, bem como, a ajudar na resolução</p><p>de problemas organizacionais e pessoais.</p><p>Um dos modelos teóricos que se baseou na teoria de Jung (1984)</p><p>e que ficou muito conhecido é o MBTI (Myers-Briggs Type Indica-</p><p>tor). Em 1962, Isabel Myers e Katherine Briggs desenvolveram um</p><p>inventário de personalidade que pode ser aplicado em diferentes</p><p>organizações. Esse instrumento de medida não é propriamente um</p><p>teste de personalidade, mas sim, um inventário das preferências de</p><p>quem dá as respostas.</p><p>Ao saber que os funcionários são extrovertidos ou introvertidos, os</p><p>CST RH</p><p>44</p><p>Unidade 2</p><p>gestores são capazes de alocarem seus serviços em situações que</p><p>precisem de pessoas sociáveis e expansivas ou de pessoas quietas</p><p>e tímidas. Da mesma forma, se souberem quem são os sensatos ou</p><p>os intuitivos, podem decidir entre a contratação dos práticos e roti-</p><p>neiros ou dos confiantes e com visão sistêmica.</p><p>Para aqueles que se identificarem como racionais, os gestores</p><p>precisarão encontrar funções que valorizem o julgamento lógico e</p><p>a ordenação das coisas para depois solucionar os problemas. En-</p><p>quanto que, para os sentimentais, os trabalhos precisarão estar re-</p><p>lacionados com a comunicação e os relacionamentos interpessoais,</p><p>com as relações humanas e seu gerenciamento.</p><p>Há ainda aqueles para quem os resultados apontarão o julgamen-</p><p>to como função principal, e neste caso, será mais conveniente atri-</p><p>buir-lhes tarefas relacionadas com o controle da organização e das</p><p>pessoas. E por fim, há os perceptivos, para quem ficarão melhores</p><p>as atividades que requerem mais flexibilidade e maior espontanei-</p><p>dade.</p><p>Muitos homens de negócios muito prósperos foram considerados</p><p>fracassos na escola. Eles foram naturalmente julgados segundo uma</p><p>definição muito estreita do que constitui a inteligência.</p><p>Também se julgou que muitas pessoas muito prósperas e bem</p><p>sucedidas na vida fossem fracassos na escola – cientistas brilhan-</p><p>tes, líderes, escritores, artistas, esportistas, soldados, humanistas,</p><p>curandeiros, líderes religiosos e políticos – todos tipos felizes e no-</p><p>táveis – eles também foram julgados segundo uma definição muito</p><p>estreita do que constitui a inteligência.</p><p>Cada um de nós tem uma mistura única e diferente de tipos de</p><p>inteligência, e comumente pessoas com a inteligência ‘menos con-</p><p>vencional’ (como medida com a utilização de critérios estreitos anti-</p><p>quados), de fato possui um talento enorme – muitas vezes subesti-</p><p>mado, desconhecido e subdesenvolvido.</p><p>Gardner, e outros naturalmente, indicaram que gerenciar pessoas</p><p>e organizar uma mistura única de</p><p>tipos de inteligência é um assunto</p><p>enormemente desafiante.</p><p>Tudo começa, contudo, com o reconhecimento que as pessoas</p><p>tem capacidades e potencial que se estendem longe além de mé-</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>45</p><p>Unidade 2</p><p>todos tradicionais da avaliação, e de fato longe além das sete inte-</p><p>ligências de Gardner, que no fim de tudo é só um ponto de partida.</p><p>Gardner foi um dos primeiros a ensinar que não devemos julgar</p><p>e desenvolver as pessoas (especialmente crianças, gente jovem, e</p><p>gente no começo das suas carreiras) segundo uma definição arbi-</p><p>trária e estreita de sensibilidade. Devemos redescobrir em vez disso</p><p>e promover uma variedade vasta de capacidades que têm um valor</p><p>na vida e nas organizações, e logo começar a avaliar as pessoas</p><p>pelo que elas são, o que elas podem ser, e ajudá-las a cultivar e</p><p>cumprir o seu potencial.</p><p>O processo de qualidade de vida no trabalho deve ter apoio dos</p><p>dois lados, tanto da empresa quanto do colaborador. Para isso, o cli-</p><p>ma organizacional entre as pessoas que ali trabalham deve incenti-</p><p>var relações cordiais, reduzir conflitos e resolver desentendimentos.</p><p>Já foi comprovado cientificamente que a relação mútua de bem-</p><p>-estar faz com que o colaborador realize seu trabalho com mais qua-</p><p>lidade do que antes. Nesta situação, o capital humano é valorizado,</p><p>buscando sempre o equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profis-</p><p>sional. Se a satisfação do contratado dentro da empresa está alta,</p><p>consequentemente os resultados serão maiores.</p><p>A gestão humanista está diretamente relacionada à compreensão</p><p>do que é uma empresa e do que o ser humano. Este modelo de ges-</p><p>tão é baseado na psicologia humanista de Carl Rogers aplicada ao</p><p>contexto do trabalho. Um dos pontos desta gestão está na relação</p><p>entre a qualidade do ambiente de trabalho e o impacto na vida do</p><p>colaborador.</p><p>Finalizando esta Unidade 2, podemos ficar com a reflexão sobre</p><p>em que condições as abordagens psicológicas podem ser aplica-</p><p>das pelos profissionais de Recursos Humanos?</p><p>Podemos pensar em três condições: a primeira é nas atividades</p><p>sobre as quais o trabalho volta-se à interesses de curto ou curtíssi-</p><p>mo prazo, e que não exigem grande capacidade criativa, analítica</p><p>ou flexibilidade, por exemplo, nos processos de recrutamento e se-</p><p>leção em grande volume, avaliações psicológicas estandardizadas,</p><p>triagem de vagas, etc.</p><p>A segunda condição para a aplicação das abordagens psicológi-</p><p>CST RH</p><p>46</p><p>Unidade 2</p><p>cas é nas ações que impactam setores da organização e que po-</p><p>dem ter grandes efeitos em médio prazo, por exemplo, em algum</p><p>tipo de treinamento específico para um conjunto de pessoas dentro</p><p>da empresa, para um projeto específico, etc.</p><p>E a terceira condição é nas decisões que influenciam todas as</p><p>pessoas que estão trabalhando, com atividades que terão impacto</p><p>direto sobre toda a organização, como por exemplo, implantar um</p><p>novo modelo de gestão de pessoas.</p><p>Assim, podemos concluir que os profissionais de RH têm papel</p><p>essencial na  gestão do comportamento e na administração das</p><p>emoções dos colaboradores e, por isso, precisa conhecer os princi-</p><p>pais conceitos da ciência psicológica. São os responsáveis por ge-</p><p>renciar o vínculo do negócio com o capital humano e fazer com que</p><p>a relação trabalhista seja benéfica para o quadro de funcionários.</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>47</p><p>Unidade 2</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>AGUIAR, M. A. F. Psicologia Aplicada à Administração: Uma aborda-</p><p>gem Interdisciplinar. São Paulo: Editora Saraiva, 2012.</p><p>BECK, A. T., RUSH, A. J., SHAW, B. F., & EMERY, G. Terapia cognitiva</p><p>da depressão. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. (Trabalho original</p><p>publicado em 1979).</p><p>BERGAMINI, C. W. Psicologia aplicada à Administração de Empresas:</p><p>Psicologia do Comportamento Organizacional. São Paulo: Grupo GEN,</p><p>2015.</p><p>BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma</p><p>introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Editora Saraiva, 2023.</p><p>DEJOURS, C. A banalização da injustiça social. Rio de Janeiro: Editora</p><p>FGV, 2000.</p><p>DEJOURS, C.; ABDOUCHELI, E.; JAYET, C. Psicodinâmica do trabalho:</p><p>contribuições da escola dejouriana à análise da relação prazer, sofri-</p><p>mento e trabalho. São Paulo: Atlas, 1994.</p><p>DEJOURS, C., PEREIRA LINS MESQUITA, C., RODRIGUES PEYON,</p><p>E., & HENRIQUES DIAS, T. (2023). Entrevista com o professor emérito</p><p>Christophe Dejours. Confluências - Revista Interdisciplinar de Sociolo-</p><p>gia e Direito, 25(1), 2023.</p><p>FIORELLI, J. O. Psicologia para Administradores: Razão e Emoção no</p><p>Comportamento Organizacional. São Paulo: Grupo GEN, 2018.</p><p>FREUD (2006), S. Sobre a psicopatologia da vida cotidiana. In: S.</p><p>FREUD (2006),  Obras psicológicas completas de Sigmund Freud</p><p>(2006) (Vol. 6, pp. 3-362). Rio de Janeiro, RJ: Imago, 2006. (Trabalho</p><p>original publicado em 1901).</p><p>JUNG, C. G. Cartas 1906-1945. (2a ed.). Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.</p><p>JUNG, C. G. O eu e o inconsciente. São Paulo: Ed. Vozes, 1987.</p><p>LANE, S. T. M. Psicologia Social: O homem em movimento. São Paulo,</p><p>SP: Brasiliense, 1992.</p><p>LOPES, M.R.; OLIVEIRA, W.N.P.; QUEIROZ, A.F. Motivação e Liderança</p><p>Dentro das Empresas. Rev. Cienc. Gerenc., v. 21, n. 34, p. 91-97, 2017.</p><p>Disponível em: file:///C:/Users/T%C3%A2nia/Downloads/3971-18236-2-</p><p>CST RH</p><p>48</p><p>Unidade 2</p><p>PB.pdf . Acesso em 13/12/2023.</p><p>MORENO, J. L. Psicodrama. São Paulo: Cultrix, 1990.</p><p>MORIN, E. R. et AUBÈ, C. Psicologia e gestão. São Paulo: Editora Atlas,</p><p>2009.</p><p>SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da psicologia moderna. 4. ed.</p><p>São Paulo, SP: Cengage, 2019.</p><p>SKINNER, F. B. Ciência e comportamento humano. Brasília: Editora da</p><p>Universidade de Brasília, 1967. (Original de 1953).</p><p>VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fon-</p><p>tes, 2000.</p><p>uma introdução ao estudo da Psicolo-</p><p>gia”.</p><p>Essas diferentes abordagens levam a admitir que existem diferen-</p><p>tes maneiras de se considerar os seres humanos e seus processos</p><p>de criação, o que será analisado mais especificamente em seguida.</p><p>Cada grupo de psicólogos que construiu cada uma dessas aborda-</p><p>gens vivia em um momento histórico diferente, com níveis de desen-</p><p>CST RH</p><p>8</p><p>Unidade 2</p><p>volvimento científico diferentes, sob a influência da ação da mídia de</p><p>sua época, originários de realidades econômicas e sociais específi-</p><p>cas, e com diversa compreensão de si mesmo etc. Diante de tanta</p><p>diversidade, a Psicologia foi sendo construída com diferentes reper-</p><p>tórios sobre a subjetividade e o comportamento dos seres humanos.</p><p>Assim é que, para compreender-se a relação entre as teorias psi-</p><p>cológicas e o mundo do trabalho faz-se necessário reconhecer as</p><p>diversidades intrínsecas que existem quanto aos seus fundamentos</p><p>e às suas funções, o que têm gerado diferentes concepções e apli-</p><p>cações teóricas.</p><p>As contribuições da Psicologia para a Gestão e a intervenção nas</p><p>organizações são abundantes. Elas são o reflexo da diversidade no</p><p>modo de ver a natureza humana e estão baseadas em sistemas de</p><p>valores diferentes. A próxima parte desta Unidade 2 apresenta qua-</p><p>tro “approaches” da Psicologia com o objetivo de familiarizar o leitor</p><p>com o conjunto das teorias, de fazer com que ele aprecie a ampli-</p><p>tude das preocupações dos psicólogos-pesquisadores no que con-</p><p>cerne a melhoria da qualidade de vida no trabalho e da eficiência</p><p>das organizações (MORIN & AUBÈ, 2009, p.3).</p><p>As autoras se basearam na obra de Schultz & Schultz (2019) para</p><p>apresentar os fundamentos psicológicos do comportamento hu-</p><p>mano no trabalho, escolhendo quatro “approaches” principais da</p><p>Psicologia, como maneira de categorizar a diversidade das contri-</p><p>buições da psicologia para o mundo do trabalho. São esses qua-</p><p>tro “approaches” que serão descritos a partir de agora: Approach</p><p>psicodinâmico-analítico; Approach comportamental-cognitivo; Ap-</p><p>proach sistêmico-interacionista e Approach humanístico-existencial.</p><p>aBordaGeM psicodinÂMica-analÍtica</p><p>Esta abordagem ou approach parte da premissa de que há uma</p><p>interligação entre corpo e mente. Ela mostra que a natureza humana</p><p>é determinada biologicamente e o comportamento é resultante de</p><p>processos mentais inconscientes. Mas também o comportamento</p><p>humano tem influência nos processos realizados na mente incons-</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>9</p><p>Unidade 2</p><p>ciente, que passamos a repetir, no geral, desde a infância. A infância</p><p>é o período da vida mais importante pois é nele que a personalidade</p><p>se forma, evoluindo em etapas nas quais a sexualidade e o incons-</p><p>ciente têm um papel fundamental.</p><p>O mais importante dos conceitos desenvolvidos por essa aborda-</p><p>gem é o inconsciente. De acordo com seus teóricos, os indivíduos</p><p>são compelidos a se comportarem por desejos ocultos, nem sempre</p><p>conhecidos. Ou seja, nem todos os motivos que fazem um indivíduo</p><p>agir são claros, visíveis e reconhecidos.</p><p>Apesar de serem muitos, iremos abordar três dos mais estuda-</p><p>dos autores dessa abordagem: Sigmund Freud (2006), Carl Gustav</p><p>Jung (1984) e Christophe Dejours. Para eles, entender como se dá</p><p>a formação da psique promove a melhoria do autoconhecimento,</p><p>encontrando maneiras para atingir a qualidade de vida profissional</p><p>e pessoal. Nesse sentido, entender as pessoas, a si mesmo e em</p><p>seguida os outros, faz com que os administradores de recursos hu-</p><p>manos tenham mais possibilidade de sucesso.</p><p>a teoria psicanalítica de sigmund freud (2006)</p><p>Sigmund Freud (2006) era de nacionalidade austríaca e nasceu</p><p>em Freiberg, na Morávia, em 1856 e faleceu em Londres, na Ingla-</p><p>terra, em 1939. Estudou Medicina na faculdade de Viena, especia-</p><p>lizando-se em neurologia, estudando as doenças do sistema ner-</p><p>voso. Completou sua formação médica de neurologista em Paris,</p><p>onde estudou o inconsciente no curso de Jean Charcot, em 1885. E,</p><p>quando voltou a Viena, tornou-se colaborador-assistente do famoso</p><p>psiquiatra Joseph Breuer, com quem escreveu seu primeiro ensaio</p><p>teórico: “Estudos sobre a histeria”, em 1895. No início de sua ativida-</p><p>de como psiquiatra, Freud (2006) usou da hipnose, que ele apren-</p><p>deu com Charcot em Paris, mas percebeu que não tinha eficácia de</p><p>longo prazo, criando outras importantes e revolucionárias técnicas</p><p>terapêuticas.</p><p>CST RH</p><p>10</p><p>Unidade 2</p><p>Saiba Mais</p><p>Para saber mais como foi a investigação de Freud (2006) ao longo</p><p>dos anos em busca dos conceitos que futuramente seriam consoli-</p><p>dados na teoria da psicanálise, assista o filme “Freud (2006) além da</p><p>alma”, dirigido pelo grande cineasta John Huston, indicado para o</p><p>Urso de Ouro em Berlim, além de duas indicações ao Oscar. É pre-</p><p>ciso considerar que o filme não é um documentário verídico sobre</p><p>a biografia de Freud (2006), mas sim, uma obra de ficção inspirada</p><p>em sua vida.</p><p>Fonte: https://www.dvdversatil.com.br/Freud (2006)-alem-da-alma/</p><p>Os estudos de Sigmund Freud (2006) se basearam nas obser-</p><p>vações que processou tanto em seus pacientes com distúrbios</p><p>mentais quanto seus pacientes normais, concluindo que o compor-</p><p>tamento humano é orientado pelo impulso sexual. A esse impulso</p><p>Freud (2006) deu o nome de Libido, palavra feminina que significa</p><p>prazer ou desejo.</p><p>Entretanto, a Libido não se destina apenas para um desejo sexual,</p><p>isto é, nos órgãos sexuais, mas em nossa personalidade ela pode</p><p>transferir-se para certos objetos e pessoas, ou para o próprio corpo</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>11</p><p>Unidade 2</p><p>ou, ainda, para alimentar as próprias atividades intelectuais. Freud</p><p>(2006) alegou que as causas dos distúrbios mentais como: neurose,</p><p>psicose ou perversão são consequências de uma libido não equili-</p><p>brada, que é uma força de grande impacto em nossa personalidade.</p><p>Desta maneira, a Psicanálise que é ao mesmo tempo, uma teoria,</p><p>uma metodologia de pesquisa e um modelo de tratamento, tem por</p><p>objetivo curar esses distúrbios mentais, através de uma análise psi-</p><p>cológica profunda da mente do paciente, ou seja, como uma “ciên-</p><p>cia do inconsciente”.</p><p>Em sua primeira versão da teoria psicanalítica, Freud (2006) defi-</p><p>niu que o consciente é a dimensão psíquica na qual se encontram</p><p>os conhecimentos de todos os nossos atos. É onde os fenômenos</p><p>mentais se processam e que tomamos conhecimento imediato. Por</p><p>exemplo: neste momento você sabe que está estudando a disciplina</p><p>de Psicologia aplicada à administração.</p><p>O pré-consciente (alguns teóricos chamam de subconsciente) é</p><p>a dimensão psíquica na qual se encontram armazenadas todas as</p><p>experiências passadas, suas lembranças e recordações. Por exem-</p><p>plo: você vê um antigo colega de infância, quer lembrar seu nome e</p><p>não consegue de imediato. Mas, passado algum tempo, o nome lhe</p><p>surge na mente.</p><p>O inconsciente é a dimensão psíquica na qual se encontram os</p><p>fenômenos mentais que são totalmente despercebidos por nós, mas</p><p>que estão sendo operacionalizados pela mente sem que se tenha</p><p>conhecimento deles. Podem ser experiências passadas represadas</p><p>pela mente por serem desagradáveis ou processos mentais que</p><p>nunca foram conhecidos pelo indivíduo. Por exemplo: você percebe</p><p>um acidente na empresa e impulsivamente sai para socorrer as pes-</p><p>soas que estão machucadas. Depois do ocorrido, você se dá conta</p><p>que não sabia que era tão corajoso e solidário.</p><p>Em sua segunda versão da teoria psicanalítica, já mais qualificada</p><p>por suas pesquisas e descobertas teóricas, Freud (2006) descreveu</p><p>a personalidade humana a partir de três sistemas básicos, mas que</p><p>funcionam de acordo com uma total unidade integradora: o ID, o</p><p>EGO e o SUPEREGO.</p><p>O ID corresponde a um reservatório de energia de toda a perso-</p><p>CST RH</p><p>12</p><p>Unidade 2</p><p>nalidade. É o mais primitivo dos três sistemas e o menos acessível,</p><p>sem juízo de valor ou de tempo e é regido pelo princípio do prazer. É</p><p>onde estão as pulsões, a busca da satisfação imediata. É a estrutura</p><p>da personalidade original, básica e central do ser</p><p>humano, expos-</p><p>ta tanto às exigências somáticas do corpo, como às exigências da</p><p>realidade externa. Nele está tudo o que é herdado geneticamente,</p><p>que está presente no nascimento e na constituição do indivíduo, aci-</p><p>ma de tudo os instintos que se originam da organização somática e</p><p>encontram expressão psíquica sob formas que são desconhecidas.</p><p>Freud (2006) associava o ID a um cavalo, cuja força é total, mas</p><p>que depende do cavaleiro para usar de modo adequado essa for-</p><p>ça. Um pensamento ou uma lembrança, excluídos da consciência,</p><p>mas localizados na área do Id, será capaz de influenciar toda a vida</p><p>mental de uma pessoa.</p><p>O EGO é a parte do aparelho psíquico que está em contacto com</p><p>a realidade externa, que é regida pelo princípio da realidade e é</p><p>consciente em sua maior parte. Desenvolve-se a partir do Id, à me-</p><p>dida que a pessoa vai tomando consciência da sua própria identida-</p><p>de, vai aprendendo a aplacar as constantes exigências do Id.</p><p>Freud (2006) associava o EGO a uma casca de árvore, pois ele</p><p>protege o Id, mas extrai dele a energia suficiente para as suas rea-</p><p>lizações. Sua tarefa é a de garantir a saúde, segurança e sanidade</p><p>da personalidade.Tem a tarefa de autopreservação.</p><p>O SUPEREGO é o sistema pré-consciente que nasce de uma dife-</p><p>renciação do Ego e tem origem a partir da internalização das proibi-</p><p>ções, dos limites e da autoridade. É o depósito dos códigos morais,</p><p>modelos de conduta e dos parâmetros que constituem as inibições</p><p>da personalidade. Ele funciona segundo o princípio da moral e dos</p><p>ideais e, seu conteúdo refere-se às exigências sociais e culturais.</p><p>O SUPEREGO atua como censor do Ego: recompensa por ações</p><p>aceitáveis e cria sentimento de culpa por ações inaceitáveis. Tem</p><p>a capacidade de avaliar as atividades da pessoa, ou seja, da auto-</p><p>-observação, independentemente das pulsões do Id.</p><p>Freud (2006) descreve três funções do Super-ego: consciência</p><p>crítica, auto-observação e formação de ideais. Enquanto consciên-</p><p>cia crítica, ele age tanto para restringir, proibir ou julgar a atividade</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>13</p><p>Unidade 2</p><p>Saiba Mais</p><p>consciente, porém, também pode agir inconscientemente. As restri-</p><p>ções inconscientes são indiretas e podem aparecer sob a forma de</p><p>compulsões ou proibições.</p><p>Na obra de Freud (2006), há duas grandes formas de ver a estru-</p><p>tura da mente: a primeira tópica e a segunda tópica. Vale frisar que a</p><p>expressão “tópica” vem de “topos”, que em grego significa “lugar”,</p><p>daí a ideia de que esses sistemas ocupariam lugar (topos) virtual e</p><p>funções específicas.</p><p>Fonte: https://www.psicanaliseclinica.com/primeira-topica/</p><p>Os conflitos, as frustrações e as inferioridades são como uma</p><p>ameaça à integridade da personalidade. Para se manter ajustada,</p><p>a pessoa busca modos e formas quase sempre inconscientes de</p><p>ocultar ou distorcer a realidade. Por esse motivo, os seres humanos</p><p>criam mecanismos de defesa do Ego e, assim, podem se ajustar</p><p>ao momento. Como já falamos, o EGO é o sistema que estabelece</p><p>o equilíbrio entre as exigências do id, as exigências da realidade e</p><p>a autocrítica, procurando dar conta dos interesses da pessoa (às</p><p>vezes, retardando ou substituindo o objeto do prazer) e garantindo</p><p>a imagem pública da pessoa. Desempenha a sua função, dando</p><p>conta dos estímulos externos, armazenando experiências sobre eles</p><p>CST RH</p><p>14</p><p>Unidade 2</p><p>na memória, evitando o excesso de estímulos internos (mediante a</p><p>fuga), lidando com estímulos moderados (através da adaptação) e</p><p>aprendendo, a produzir modificações convenientes no mundo exter-</p><p>no, em benefício próprio (por meio da atividade ou da luta ou ainda</p><p>do enfrentamento).</p><p>Os mecanismos de defesa do Ego podem ser: racionalização, su-</p><p>blimação, negação, projeção, regressão, fixação, etc. Quando os</p><p>mecanismos de defesa do ego falham, ou seja, quando a perso-</p><p>nalidade se desorganiza, as doenças e ou os transtornos mentais</p><p>aparecem, como por exemplo: as neuroses, as psicoses ou as per-</p><p>versões.</p><p>Sintetizando, de acordo com Freud (2006) a personalidade é uma</p><p>organização mais ou menos estável, sendo que às vezes sofre ata-</p><p>ques externos ou internos, como fracassos, frustrações, conflitos e</p><p>passa por períodos de desorganização psicológica.</p><p>a teoria analítica de carl Gustav Jung</p><p>Carl Gustav Jung nasceu na aldeia de Kesswil, na Suíça, aos 26</p><p>de julho de 1875, concluiu o curso médico no ano de 1900, aos 25</p><p>anos, na Universidade de Basiléia e desenvolveu seu interesse pela</p><p>Psiquiatria pela leitura do Tratado de Psiquiatria de Krafft-Ebing. Em</p><p>1902 e 1903, Jung esteve em Paris, estudando com Pierre Janet. Em</p><p>1905, foi nomeado docente na Universidade de Zurique e assumiu o</p><p>posto imediatamente abaixo de Bleuler na hierarquia do hospital. A</p><p>partir de 1907, Jung passou a ter contato pessoal com Freud (2006)</p><p>e, em 1910, fundaram juntos a Associação Psicanalítica Internacio-</p><p>nal, para a qual Jung foi escolhido Presidente (por insistência de</p><p>Freud).</p><p>Apesar de muito próximos em suas origens investigativas, Jung</p><p>(1984) tinha uma teoria sobre a estrutura da psique muito diferente</p><p>da de Freud (2006), na qual fazia uma analogia na representação da</p><p>psique como um vasto oceano (inconsciente) no qual emerge uma</p><p>pequena ilha (consciente). O Inconsciente: compreende inconscien-</p><p>te pessoal e coletivo, é atemporal e aespacial, ou seja, é uma outra</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>15</p><p>Unidade 2</p><p>Saiba Mais</p><p>realidade, um plano sutil.</p><p>O Inconsciente Pessoal é formado por camadas mais superficiais,</p><p>“morada” dos complexos; e o Inconsciente Coletivo é formado por</p><p>camadas mais profundas, fundamentos estruturais da psique (subs-</p><p>trato psíquico), comuns a todos os seres humanos.</p><p>A afetividade é a base essencial da personalidade, o elemento</p><p>que “pulsa” em todas as nossas ações e omissões. As reflexões</p><p>lógicas adquirem força apenas pelos afetos a elas relacionados.</p><p>A Psique é um sistema energético relativamente fechado, cujo po-</p><p>tencial de energia é constante. Assim, a quantidade de energia de</p><p>que dispõe a psique é constante, apenas variando sua distribuição.</p><p>Cada processo psíquico possui um valor psicológico: a intensidade</p><p>da energia agregada a ele. Energia psíquica = libido (agressivida-</p><p>de, intelectualidade, apetite sexual).</p><p>Esses são, portanto, os complexos principais: O Ego e a Sombra</p><p>são estruturas de identidade (o Eu e o Anti-eu); a Persona, a Anima</p><p>ou o Animus são estruturas de relação (o Eu na relação com o mun-</p><p>do externo e o Eu na relação com o mundo interno). A partir deles,</p><p>podemos dividir a Psique em três instâncias, de acordo com Jung</p><p>(1984): A Consciência Individual, cujo centro é o complexo do Ego;</p><p>O Inconsciente Individual, onde está a nossa Sombra e outros com-</p><p>plexos emocionais; E o  Inconsciente Coletivo, o reino dos arquéti-</p><p>pos. Todas essas instâncias e suas unidades especializadas estão</p><p>continuamente interagindo entre si, influenciando-se mutuamente e</p><p>formando um todo integrado, que Jung (1984) chamou de Self.</p><p>Fonte:https://psicodropsmel.blogspot.com/2020/10/carl-gustav-Jung (1984)-uma-</p><p>-introducao.html</p><p>CST RH</p><p>16</p><p>Unidade 2</p><p>As facilidades e as dificuldades que se apresentam no contato</p><p>com o mundo, com as pessoas e consigo mesmas podem ser reco-</p><p>nhecidas como vários tipos diferentes de temperamentos ou atitu-</p><p>des. Dois desses tipos de atitudes foram identificados e introduzidos</p><p>na teoria psicológica por Jung (1984) e são elas: a introversão e a</p><p>extroversão. Essas atitudes provocam o surgimento de tipos psico-</p><p>lógicos diferentes.</p><p>Algumas pessoas costumam ter muita facilidade em expressar</p><p>seus sentimentos e pensamentos. São pessoas que estão mais</p><p>abertas para perceber e se relacionar com o mundo exterior, são</p><p>mais sociáveis deixando transparecer seus afetos e seu caráter nas</p><p>inter-relações com os outros, como também, se abrem confiantes e</p><p>rápidas para o relacionamento com eles. Esse é o tipo de atitude</p><p>extrovertida.</p><p>Outras pessoas costumam ter muita facilidade em concentrar-se</p><p>em si mesmas, em suas preocupações</p><p>e em suas ideias sobre tudo</p><p>e todos. São pessoas mais sensíveis para perceber e se relacionar</p><p>com o seu mundo interior, sendo mais introspectivas e meditativas</p><p>e procurando satisfazer suas necessidades em seu próprio mundo,</p><p>parecendo às vezes constrangida ou desajeitada. Esse é o tipo de</p><p>atitude introvertida.</p><p>Contudo, há ambiguidades nos dois casos. As pessoas que têm</p><p>o tipo de atitude extrovertida ficam sempre preocupadas com o que</p><p>o mundo externo irá pensar sobre elas ou, como irão reagir às suas</p><p>manifestações, podendo desenvolver certo tipo de timidez. Entre-</p><p>tanto, as pessoas que têm o tipo de atitude introvertida ficam sempre</p><p>preocupadas consigo mesmas, podendo se fechar a tal ponto que</p><p>se tornem egocêntricas ou egoístas. Apesar das pessoas se apre-</p><p>sentarem ora extrovertidas e ora introvertidas em seus relaciona-</p><p>mentos com o mundo, existem diferentes maneiras de ser extrover-</p><p>tido ou introvertido. Essas variações atitudinais ou de temperamento</p><p>podem ser explicadas pela compreensão das funções psicológicas</p><p>que cada pessoa utiliza na orientação de sua consciência, para se</p><p>adaptar ao mundo: o pensamento, o sentimento, a sensação e a</p><p>intuição.</p><p>Quando as pessoas precisam julgar os acontecimentos, podem</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>17</p><p>Unidade 2</p><p>fazê-lo de duas maneiras: pelo pensamento ou pelo sentimento. Es-</p><p>sas duas funções psicológicas ajudam a consciência das pessoas</p><p>a tomar decisão, influenciada pela reflexão. A diferença entre elas é</p><p>que o pensamento é uma conexão lógica e conceitual entre os fatos</p><p>percebidos, voltada para a razão, discriminando-os imparcialmente</p><p>e sem incluir o valor afetivo dos mesmos.</p><p>O sentimento faz o julgamento dos acontecimentos também, só</p><p>que usando os valores afetivos que a pessoa tem para fazer isso</p><p>e tomar decisão. A função sentimento é racional também, e cria a</p><p>tendência em valorizar as emoções nas situações de avaliação, pois</p><p>ela cria uma preocupação com a harmonia do ambiente, conside-</p><p>rando tanto os seus valores pessoais, quanto os alheios.</p><p>Quando as pessoas precisam perceber o que se passa ao seu</p><p>redor de forma imediata, sem que o julgamento ou razão sejam usa-</p><p>dos como mediadores, podem fazê-lo de duas outras maneiras:</p><p>pela sensação ou pela intuição, que são funções irracionais. Elas</p><p>ajudam a consciência das pessoas a apreender o que está em seu</p><p>entorno, sendo que a diferença entre elas é a forma de captar as</p><p>informações.</p><p>Enquanto a sensação capta os fatos via órgãos dos sentidos, fo-</p><p>cada nos estímulos e nos detalhes existentes no aqui e agora; a</p><p>função psicológica da intuição percebe os fatos via inconsciente,</p><p>através de pressentimentos, palpites, inspirações, buscando os sig-</p><p>nificados, as relações e as possibilidades futuras existentes no todo</p><p>ao seu redor, pois costumam ter dificuldades em perceber detalhes.</p><p>Figura 1: Funções psicológicas.</p><p>Fonte:file:///C:/Users/T%C3%A2nia/Downloads/43606-Texto%20do%20arti-</p><p>go-167047-3-10-20210901%20(1).pdf</p><p>CST RH</p><p>18</p><p>Unidade 2</p><p>Se analisarmos os tipos psicológicos propostos por Jung (1984)</p><p>veremos que podemos encontrar oito tipos diferentes: pensamento</p><p>extrovertido; pensamento introvertido; sentimento extrovertido;</p><p>sentimento introvertido; sensação extrovertido; sensação intro-</p><p>vertido; intuição extrovertido; e, intuição introvertido. Cada um</p><p>deles terá características que poderão ser vantajosas para algumas</p><p>tarefas e serem bastante inadequadas para outras, cabendo ao ges-</p><p>tor colocar cada um deles no lugar certo.</p><p>Ao fazer suas atividades de acordo com seu tipo psicológico,</p><p>cada pessoa revela algumas dificuldades que também se repetem</p><p>constantemente. Isto ocorre porque, grande parte dos indivíduos</p><p>possui uma função psicológica principal que o ajuda a realizar suas</p><p>atividades com facilidade, mas para isso usa quase toda a energia</p><p>psicológica que seu psiquismo produz, deixando as outras funções</p><p>menos potentes.</p><p>De acordo com Jung (1984), as funções se dispõem duas a duas</p><p>no psiquismo humano: pensamento em contraste com o sentimento;</p><p>e sensação em contraste com a intuição. Assim, quando a função</p><p>principal de uma pessoa for o pensamento, obrigatoriamente, sua</p><p>função inferior será o sentimento. Ou então, quando a função princi-</p><p>pal for a sensação, sua função inferior será a intuição. E vice e versa.</p><p>Por exemplo: os indivíduos do tipo pensamento extrovertido costu-</p><p>mam ter mais dificuldade em sentir afeições e expressá-las; enquan-</p><p>to os do tipo sentimento extrovertido parecem ter dificuldade em</p><p>manter-se neutros e isentos em situações sociais. Se analisarmos a</p><p>situação dos indivíduos do tipo sensação extrovertida, poderemos</p><p>perceber que são pessoas com dificuldades nas questões teóricas</p><p>em geral e em encontrar novas possibilidades.</p><p>Quanto aos indivíduos do tipo intuição extrovertida, é possível</p><p>constatar que tem dificuldade de dar continuidade às coisas que</p><p>começaram abandonando boa parte delas para assumir novas atri-</p><p>buições. Assim acontece com os tipos introvertidos: todas as quatro</p><p>funções aparentam muita dificuldade na sua expressão. Mesmo que</p><p>pensem, sintam, ou intuam qualquer coisa, ela não terá vazão para</p><p>o mundo externo.</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>19</p><p>Unidade 2</p><p>aBordaGeM coMportaMental-coGnitiva</p><p>Esta abordagem ou approach parte da premissa de que o ser hu-</p><p>mano é consequência das influências ou forças do ambiente em que</p><p>ele se encontra, ou seja, seu comportamento é regido pela adapta-</p><p>ção. É sobre entender que a forma de pensar e interpretar a realida-</p><p>de impacta nas emoções e estas, por sua vez, impactam os com-</p><p>portamentos. O ambiente social e a cultura dão forma e preservam</p><p>o comportamento dos que neles vivem.</p><p>O mais importante dos conceitos desenvolvido por essa aborda-</p><p>gem é o comportamento. As manifestações externas dos indivídu-</p><p>os, como suas ações, palavras, expressões, gestos, etc. constituem</p><p>o que em Psicologia se chama comportamento. Dessa maneira, o</p><p>comportamento é o conjunto das manifestações externas dos fenô-</p><p>menos psicológicos.</p><p>Apesar de serem muitos, iremos abordar três dos mais estudados</p><p>autores dessa abordagem: Burrhus Frederic Skinner; Aaron Temkin</p><p>Beck; e, Howard Gardner. Para eles a vida mental dos indivíduos,</p><p>isto é, seus conhecimentos, suas aspirações, decisões, ideias, etc.,</p><p>se manifesta através de seus atos, gestos, palavras, realizações e</p><p>atitudes, sendo essas manifestações exteriores da vida mental que</p><p>devem ser observadas pela Psicologia.</p><p>a teoria behaviorista de Burrhus frederic skinner</p><p>Skinner nasceu no estado da Pensilvânia, nos EUA, em 1904 e</p><p>faleceu aos 86 anos, em 1990. Desde a infância tinha interesse</p><p>no comportamento dos animais. Aos 22 anos Skinner ingressou no</p><p>Hamilton College, em Nova York para estudar literatura e tornar-se</p><p>escritor. Após 2 anos de escrita, desistiu do mundo da literatura e co-</p><p>meçou sua carreira de psicólogo, inscrevendo-se no curso de pós-</p><p>-graduação em Psicologia na Universidade de Harvard, onde ficou</p><p>até 1936, retornando em 1948 para ocupar a cadeira de professor</p><p>titular, após carreira em outras faculdades.</p><p>A motivação para seus estudos psicológicos foi a teoria que o</p><p>CST RH</p><p>20</p><p>Unidade 2</p><p>consagrou como grande nome da psicologia: o behaviorismo radi-</p><p>cal, influenciado pelos estudos de Ivan Pavlov e as obras de John</p><p>Watson.</p><p>Inicialmente, o Behaviorismo enquanto tendência marcante na ex-</p><p>plicação do comportamento humano teve sua origem na Reflexolo-</p><p>gia de Ivan Pavlov, com suas experiências sobre o condicionamento</p><p>de cães, da mesma forma que nos experimentos de John Watson</p><p>sobre o condicionamento e o descondicionamento do comporta-</p><p>mento de seres humanos. De acordo com esta teoria, o comporta-</p><p>mento é uma reação/resposta a um dado estímulo presente no meio</p><p>ambiente/social em que um indivíduo se encontra, ou seja, ele é</p><p>uma conexão entre um estímulo que são todas as provocações que</p><p>o ambiente exerce sobre a pessoa, e uma resposta, que pode ser</p><p>manifestada em forma de Reflexo simples – instintivo, não-voluntá-</p><p>rio; ou em forma de Reflexo condicionado – aprendido, voluntário.</p><p>Já por outro lado, o condicionamento é a associação dos estímu-</p><p>los do meio ambiente com as respostas dos indivíduos, permitindo</p><p>produzir, prever e controlar comportamentos humanos. Nesse senti-</p><p>do, o condicionamento do comportamento humano leva à aprendi-</p><p>zagem que é esse processo de mudança provocada no comporta-</p><p>mento das pessoas em direção a um objetivo.</p><p>De acordo com Skinner (1967/1953), o condicionamento ocor-</p><p>re na vida das pessoas e dos seres vivos de maneira espontânea,</p><p>entretanto, o condicionamento também pode ser planejado por um</p><p>ser humano para modelar o comportamento de outro ser humano.</p><p>O autor relaciona o condicionamento do comportamento a reforços</p><p>positivos e negativos, que são toda consequência que, seguindo</p><p>uma resposta (comportamento), altera sua probabilidade futura de</p><p>ocorrência, ou seja, que serve para consolidar ou debilitar uma co-</p><p>nexão Estímulo > Resposta.</p><p>Assim, o reforço ou reforçamento é considerado positivo quando</p><p>a consequência do comportamento realizado provoca satisfação e</p><p>mantém ou aumenta a probabilidade de o comportamento ser repe-</p><p>tido, ele é um tipo de prêmio. Por outro lado, o reforço negativo é</p><p>toda retirada da consequência reforçadora de um comportamento,</p><p>o que faz com que o indivíduo não mantenha a forma como está</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>21</p><p>Unidade 2</p><p>respondendo aos estímulos, se esquivando ou fugindo, e pratican-</p><p>do uma mudança em seu comportamento. Há ainda a possibilidade</p><p>de uma punição, que é diferente do reforço negativo pois produz</p><p>efeitos aversivos sobre a resposta dada, ocasionando a extinção do</p><p>comportamento.</p><p>Nesse sentido, é possível afirmar que a abordagem behaviorista</p><p>parte do pressuposto que o comportamento humano é uma série de</p><p>reações ou respostas aos estímulos do meio ambiente e seu con-</p><p>dicionamento é o processo de interação entre aquilo que o sujeito</p><p>faz (suas respostas) e o ambiente onde o seu fazer acontece (suas</p><p>estimulações) de forma que ocorra a aprendizagem de um hábito.</p><p>Sendo nesse caso, uma forma de modelar o comportamento, man-</p><p>tendo ou eliminando o mesmo, através de reforço positivo ou reforço</p><p>negativo.</p><p>Para essa abordagem, a aprendizagem é o processo pelo qual</p><p>a pessoa muda seu comportamento diante de um objetivo a ser</p><p>atingido. Apesar de haver muitas diferenças entre as pessoas que</p><p>aprendem, alguns princípios comuns podem ser identificados, em</p><p>toda aprendizagem. Por exemplo: para que ela realmente aconteça</p><p>é preciso que seja significativa para o aprendiz, a aprendizagem</p><p>precisa envolvê-lo como um todo.</p><p>Outro princípio comum é aquele que diz que a aprendizagem é</p><p>pessoal e intransferível, quer dizer, ninguém aprende pelo outro. A</p><p>pessoa precisa passar pela experiência de aprendizagem para de</p><p>fato aprender alguma coisa. Ela tem que visar objetivos realísticos,</p><p>que possam ser reconhecidos como factíveis pelo aprendiz e preci-</p><p>sa ser acompanhada de feedback imediato, pois quanto mais rápi-</p><p>do for o reforço melhor será o condicionamento.</p><p>Se a aprendizagem for embasada em um bom relacionamento in-</p><p>terpessoal, entre os elementos que participam do processo, princi-</p><p>palmente se os aprendizes estiverem em grupo ela tem a potencia-</p><p>lidade de se realizar melhor e de maneira mais permanente, pois a</p><p>presença de outras pessoas interagindo com o aprendiz, faz com</p><p>que ele melhore seus processos cognitivos e, portanto, aprenda</p><p>mais e melhor.</p><p>Enfim, a aprendizagem pode levar a um desenvolvimento men-</p><p>CST RH</p><p>22</p><p>Unidade 2</p><p>tal, modificando o aspecto intelectual; ou a um desenvolvimento da</p><p>pessoa como um todo, modificando os aspectos intelectual, afetivo</p><p>e social; ou a um desenvolvimento das relações sociais, modifican-</p><p>do os aspectos relacionais da pessoa; ou então, levar a um desen-</p><p>volvimento da capacidade de decidir, modificando os aspectos de</p><p>responsabilidade social e política.</p><p>Um trecho da série The Big Bang Theory exemplifica claramente a</p><p>teoria de reforço e punição, onde toda vez que uma ação é realizada</p><p>de acordo com o comportamento dito correto, há uma recompensa:</p><p>chocolate. Disponível em: https://youtu.be/C1i0Os8WEG4.</p><p>a teoria cognitivista de aaron temkin Beck</p><p>Aaron Temkin Beck nasceu dia 18 de julho de 1921 em Rhode</p><p>Island, nos EUA. Seus pais eram judeus imigrantes da Rússia. Ele</p><p>estudou na Brown University, e se graduou em 1942 nas áreas de</p><p>Inglês e Ciência Política. Depois, estudou na Yale Medical School,</p><p>formando-se em Medicina no ano de 1946. Especializou-se em psi-</p><p>quiatria, de formação psicanalítica, e iniciou seus trabalhos de pes-</p><p>quisa investigando pacientes deprimidos a partir da teoria psica-</p><p>nalítica da depressão. Entretanto, por volta de 1960, modificou sua</p><p>fundamentação teórica ao descobrir que a depressão era uma visão</p><p>distorcida e negativa de si mesmo, do mundo ao seu redor e de</p><p>seu futuro: “a tríade cognitiva negativa”. Faleceu em 1 de novembro</p><p>de 2021, na Filadélfia, Pensilvânia, EUA. Sua filha Judith Beck tem</p><p>continuado sua teoria e aprofundado seus estudos sobre a teoria</p><p>comportamental-cognitiva.</p><p>A formação da tríade negativa é decorrente de esquemas rígidos</p><p>de pensamentos que foram estruturados durante a infância do indi-</p><p>víduo, produzindo crenças distorcidas que promovem pensamentos</p><p>disfuncionais.</p><p>Dessa maneira, Beck (1997) observou que a perspectiva cognitiva</p><p>acrescentava contexto, profundidade e entendimento à teoria com-</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>23</p><p>Unidade 2</p><p>portamentalista, pois, esta forma de abordar a psique humana nega</p><p>a fragmentação das ações e dos processos humanos, postula a ne-</p><p>cessidade de se compreender o homem como uma totalidade e,</p><p>aprimora a teoria sobre o sistema cognitivo. Ela enfatiza a importân-</p><p>cia da cognição no processamento das informações e na mudança</p><p>comportamental.</p><p>A cognição é o processo quase sempre consciente pelo qual as</p><p>pessoas adquirem conhecimentos. Ela é um conjunto processual no</p><p>qual as funções mentais da sensação e percepção, atenção e me-</p><p>mória, inteligência, pensamento, imaginação e linguagem formam</p><p>estruturas cognitivas que estabelecem a capacidade intelectual que</p><p>representa aquilo que a pessoa sabe sobre si mesma e sobre o mun-</p><p>do que a rodeia. Essas estruturas são formadas e transformadas no</p><p>decorrer da vida por meio do desenvolvimento cognitivo que é o</p><p>processo individual de modificação da cognição e das estruturas</p><p>cognitivas, que se dá através de processos interativos do indivíduo</p><p>com seu meio.</p><p>Figura 2: Esquema do comportamento humano.</p><p>FONTE: adaptado de MORIN & AUBÈ, 2009.</p><p>As cognições processadas por um indivíduo têm influência con-</p><p>troladora sobre as emoções e os comportamentos desse indivíduo,</p><p>assim como o modo como ele age ou se comporta pode afetar pro-</p><p>fundamente seus padrões de pensamento e suas emoções.</p><p>CST RH</p><p>24</p><p>Unidade 2</p><p>Para o autor, existem três níveis básicos de processamento cogni-</p><p>tivo até chegar ao nível mais elevado que é o da consciência plena,</p><p>ou seja, nível de estado de atenção no qual se pode tomar decisões</p><p>de maneira racional. Chegando a este nível de atenção consciente,</p><p>o indivíduo é capaz de monitorar e avaliar suas interações com o</p><p>meio ambiente, ligar suas memórias passadas às experiências pre-</p><p>sentes, além de controlar e planejar suas ações futuras.</p><p>Os três níveis básicos de processamento cognitivo levam a estru-</p><p>turas cognitivas diferentes: a do pensamento automático, da crença</p><p>e do esquema.</p><p>Segundo Aaron Beck, “os pensamentos automáticos são um flu-</p><p>xo de pensamentos que coexistem com um fluxo de pensamentos</p><p>mais manifesto” (Beck, 1997, p. 159). Ou seja, são aqueles pensa-</p><p>mentos que vêm de imediato, sem “muito pensar” e que por muitas</p><p>vezes trazem consigo ideias errôneas ou carregadas de conceitos já</p><p>estabelecidos pelas crenças da pessoa. Sendo assim, “as emoções</p><p>que o indivíduo sente estão conectadas logicamente ao conteúdo</p><p>dos seus pensamentos automáticos” (BECK, 1997, p. 160) e, por</p><p>isso, criam um grande problema:</p><p>o fato deles serem breves e carre-</p><p>garem “conclusões” impensadas de quem os têm.</p><p>As crenças são percepções que se tornaram habituais, são or-</p><p>ganizações cognitivas que se tornaram verdades pessoais. Nesse</p><p>sentido, elas têm o poder de distorcer as emoções e os pensamen-</p><p>tos pois, dependendo das interpretações específicas e momentâne-</p><p>as que um indivíduo faz de cada situação, o afeto e comportamento</p><p>que apresenta serão diferentes. Assim, o comportamento é o resul-</p><p>tado da ativação dos diferentes esquemas mentais de pensamento.</p><p>Os esquemas mentais de pensamento são estruturas rígidas de</p><p>pensar, de se organizar cognitivamente sempre em função das cren-</p><p>ças da pessoa e funcionando em diversos tipos, como por exem-</p><p>plo: cognitivos conectando a interpretação e a memória; afetivos</p><p>estimulando a geração de sentimentos; motivacionais associados</p><p>à vontade; instrumentais que preparam a pessoa para a ação; e de</p><p>controle, que determina a direção das ações da pessoa.</p><p>Para que as pessoas possam adquirir melhores formas de pensa-</p><p>mento e garantir uma melhor qualidade cognitiva, é necessário que</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>25</p><p>Unidade 2</p><p>elas identifiquem os padrões pré-estabelecidos que lhes causam</p><p>ansiedade e emoções angustiantes, podendo a partir de então me-</p><p>lhor monitorar tais cognições para que seja possível uma vida mais</p><p>saudável, em termos psicológicos.</p><p>aBordaGeM sistÊMica-interacionista</p><p>Essa abordagem parte do ser social, que ao se relacionar com</p><p>outras pessoas, cria diferentes sistemas. Dessa forma, cada grupo</p><p>em que a pessoa se relaciona é um sistema diferente: familiar, pro-</p><p>fissional ou doméstico, por exemplo. Ela afirma que é por meio da</p><p>linguagem que o homem se individualiza, humaniza, e aprende a</p><p>materializar o mundo das significações, e que sem ela não haveria</p><p>processo social e nem histórico. Assim, o ser humano é concebido</p><p>como: ativo, social e histórico.</p><p>Preocupada com os fenômenos psicológicos da identidade e da</p><p>subjetividade humana, esta abordagem entende que ambas são for-</p><p>mas de adaptação (social, cultural e econômica), sofridas pelo su-</p><p>jeito dentro de um contexto histórico. Assim sendo, a subjetividade</p><p>vai sendo constituída ao longo do desenvolvimento do ser humano,</p><p>como um reflexo da realidade em que o homem vive e de toda a</p><p>gama de possibilidades e atrações que o mundo exterior exerce</p><p>sobre ele. Assim, o sujeito constrói o mundo e este, por sua vez,</p><p>propicia os elementos para sua construção psicológica.</p><p>O mais importante dos conceitos desenvolvido por essa aborda-</p><p>gem é a interação social, pois segundo seus autores, o “eu” se cons-</p><p>trói na relação com o outro, onde a linguagem desempenha a função</p><p>de contato social. Esta linguagem é estruturada pela palavra, pelo</p><p>signo e pelo sinal que dão significado às interações sociais.</p><p>Apesar de serem muitos, iremos abordar três dos mais estudados</p><p>autores dessa abordagem: Kurt Lewin, Jacob Levy Moreno e Lev</p><p>Semionovitch Vigotski (2000), para quem o grupo social ao qual per-</p><p>tence um indivíduo tem uma influência considerável em suas condu-</p><p>tas, visto que elas são influenciadas particularmente pelas pessoas</p><p>com quem esse indivíduo se identifica, assim como pelos valores</p><p>CST RH</p><p>26</p><p>Unidade 2</p><p>e normas sociais que ele privilegia. Consequentemente, o conhe-</p><p>cimento dos determinantes sociais ou políticos do grupo facilita o</p><p>reconhecimento dos determinantes do comportamento de um indi-</p><p>víduo (Morin & Aubè, 2009, p. 10).</p><p>a teoria dinâmica de grupo de Kurt lewin</p><p>Kurt Lewin nasceu em 1890 na antiga Prússia, hoje Alemanha. Em</p><p>1914, formou-se doutor em Filosofia pela Universidade de Berlim.</p><p>Em 1926 tornou-se professor titular dessa mesma universidade. Em</p><p>1933 teve seu estatuto acadêmico cassado pelos nazistas e fugiu</p><p>da Alemanha para os EUA, sendo convidado para lecionar na Uni-</p><p>versidade de Standford (California). Em 1939, inicia seus estudos</p><p>e pesquisas sobre o funcionamento dos grupos, na perspectiva di-</p><p>nâmica e gestáltica. Em 1940, passou a lecionar na Universidade</p><p>de Harvard, entretanto, em 1947, faleceu aos 56 anos de maneira</p><p>súbita e prematura.</p><p>A partir de seus estudos influenciou o desenvolvimento da Psico-</p><p>logia da Gestalt nas Universidades dos EUA. Mas ao final de sua</p><p>vida, seus estudos focados em grupos tiveram grande importância</p><p>na consolidação da Psicologia Social como campo de conhecimen-</p><p>to, pois desenvolveu a Teoria de Campo, o método da Pesquisa-</p><p>-Ação e, a Teoria da Dinâmica de Grupos. Nesta última, elaborou</p><p>vários conceitos sobre as forças que agem sobre os grupos e que</p><p>afetam os comportamentos dos indivíduos nas dinâmicas grupais,</p><p>tais como: liderança, coesão, consenso, normas e regras, objetivos</p><p>do grupo e solidariedade grupal.</p><p>Desde os períodos mais antigos da humanidade, existem os pro-</p><p>cessos grupais nos quais as pessoas se organizam em torno de</p><p>tarefas e objetivos - as hordas primitivas já eram um tipo de organi-</p><p>zação dessa natureza. Mas, essa denominação - grupo - apareceu</p><p>mais fortemente a partir da Idade Média, nos dialetos nórdicos “gru-</p><p>ppo”, relacionados ao alemão “krupp”, que significava nó.</p><p>Olhando-se mais atentamente para as antigas civilizações, assim</p><p>como para as mais desenvolvidas, pode-se perceber que a estrutu-</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>27</p><p>Unidade 2</p><p>ração da vida social tem sido atribuída ao papel decisivo das forças</p><p>dos grupos. Exemplos como: “o conselho de anciões”, ou as danças</p><p>rituais primitivas, ou ainda, o “coro” grego (precursor do drama gre-</p><p>go), são provas significativas deste fato.</p><p>Esta instância de nossa vida social, o grupo, consiste na união</p><p>de pessoas que se relacionam e se percebem coparticipantes de</p><p>ações coletivas com o ideal de realizar objetivos comuns. A busca</p><p>por estes objetivos desenvolve no grupo a necessidade de intera-</p><p>ção, o que gera a influência recíproca entre os participantes do gru-</p><p>po. É no grupo que se efetivam as regras e criam-se novos valores.</p><p>Durante sua interação relacional no grupo, as pessoas podem man-</p><p>ter as regras, excluí-las, renová-las ou elaborar novas.</p><p>O grupo desenha os limites de um espaço social, chamado por</p><p>Lewin de espaço vital e constituído pela intersubjetividade, ou seja,</p><p>por um campo de interação entre vários sujeitos. Nele acontece a</p><p>intersecção das ideias, a oposição de pensamentos e a síntese dos</p><p>sonhos atual e virtual, do desejo real e do imaginário. Ele é um es-</p><p>paço vivido com múltiplos pontos de vista e por vários indivíduos</p><p>vinculados entre si.</p><p>As limitações deste espaço grupal podem ser mais ou menos es-</p><p>treitas, ou mais ou menos abertas, dependendo das formas de in-</p><p>teração entre os indivíduos que o compõem, e da organização de</p><p>suas instituições. Por fim, os grupos, as instituições e as organiza-</p><p>ções são instâncias de um mesmo fenômeno social, mediados pela</p><p>institucionalização das relações sociais existentes neles.</p><p>O critério que define a identidade de um grupo é a representação</p><p>que seus integrantes têm da Interparticipação coletiva, que quase</p><p>sempre é estabelecida nas relações afetivas espontâneas da vida</p><p>quotidiana. Portanto, o grupo é uma rede psicossocial de vincula-</p><p>ções afetivas inter relacionadas, não só entre as pessoas, mas tam-</p><p>bém, com as circunstâncias que envolvem essas pessoas num de-</p><p>terminado tempo de convívio social.</p><p>Os grupos não são formados pelas pessoas individualmente, mas</p><p>pela integração de cada um dos vínculos estabelecidos por elas,</p><p>quando participam do mesmo átomo social. Por isso, considera-se</p><p>que apesar das pessoas poderem se vincular por vários aspectos,</p><p>CST RH</p><p>28</p><p>Unidade 2</p><p>não parece muito importante para o surgimento de um grupo, o mo-</p><p>tivo pelo qual há vinculações, mas sim, a complementaridade que</p><p>naquele dado momento está existindo.</p><p>Essas relações intragrupos podem ser representadas por diversas</p><p>formas e maneiras de convívio social, de tal sorte que a sociabilida-</p><p>de de um indivíduo, ou seja, sua capacidade natural</p><p>para viver em</p><p>sociedade, pode variar dependendo do tipo de socialização pela</p><p>qual passou esse indivíduo, pelo tipo de processo social pelo qual</p><p>foi integrado aos hábitos e costumes típicos do seu grupo.</p><p>Então, dependendo do tipo de sociabilidade que os indivíduos</p><p>têm em um grupo eles podem manter tipos diferentes de contato so-</p><p>cial, ou seja, podem ocorrer diferenças na qualidade das interações</p><p>sociais dentro do grupo, sendo em alguns casos, contato primário,</p><p>com relações face a face diretas e forte vinculação emocional. Em</p><p>outros casos, o contato pode ser secundário, no qual a formalidade</p><p>e a impessoalidade vigoram.</p><p>Visto que os grupos são formados especificamente por pessoas,</p><p>compreender o comportamento de um grupo é tão complexo quanto</p><p>compreender as pessoas. O que se pode perceber é que a expe-</p><p>riência que um indivíduo tem em um grupo costuma ser superior à</p><p>sua experiência particular e individual, pois durante o processo de</p><p>interação com o grupo o indivíduo se identifica com ele e se trans-</p><p>forma pela experiência de convivência.</p><p>Esse primeiro fenômeno grupal é o da formação da identidade</p><p>grupal. A identidade pode ser considerada como um processo de</p><p>produção de uma pessoa, que lhe permite apresentar-se ao mundo</p><p>e reconhecer-se como alguém único. Ela é a resultante da interação</p><p>entre o eu e o outro, ou seja, do encontro da pessoa com a sua alte-</p><p>ridade. É nos grupos que a identidade se forma e se conforma, ao</p><p>longo da vida.</p><p>Outro fenômeno grupal importante é o da adesão ao grupo, pois</p><p>os grupos que não possuem engajamento dos participantes estão</p><p>mais passíveis a se dissolver. Esta adesão promove um sentimento</p><p>de pertença nos indivíduos, que é reforçado quando cada membro</p><p>percebe o grupo como forma de atingir seus objetivos individuais.</p><p>Ele é responsável pelo fenômeno da colaboração.</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>29</p><p>Unidade 2</p><p>O desenvolvimento da coesão é outro fenômeno grupal importan-</p><p>te, porque ele pode levar ao aparecimento de padrões e finalidades</p><p>de grupo que podem, dependendo da coesão, sobrepor-se aos ob-</p><p>jetivos individuais. A coesão é a pressão grupal exercida sobre os</p><p>integrantes do grupo a fim de que continuem nele e o mantenham</p><p>vivo e dinâmico. Dessa coesão é que resultam as forças do grupo.</p><p>Isto ocorre de tal maneira que ao modificar o seu comportamento,</p><p>o indivíduo que está inserido no grupo coeso induz mudanças nos</p><p>comportamentos dos restantes membros do mesmo grupo. Portanto,</p><p>fica mais fácil alterar o comportamento de um grupo como um todo,</p><p>do que o comportamento de seus membros isolados, pois todos que</p><p>participam grupalmente somam seus conhecimentos e experiências</p><p>na busca de um melhor resultado.</p><p>O comportamento individual e o comportamento social estão impli-</p><p>cados mutuamente dentro de um grupo, pois quando um integrante</p><p>do grupo reage, ele o faz não apenas em relação aos demais, mas</p><p>também ao fato de pertencer a um grupo. A atmosfera de grupo ou</p><p>o clima grupal são a qualidade destas reações que decorrem das</p><p>relações entre os membros de um grupo e entre estes e o próprio</p><p>grupo.</p><p>O clima de um grupo é composto pela dinâmica interna de um gru-</p><p>po, relacionada com as emoções, os afetos e as motivações; como</p><p>também, pela sua dinâmica externa, relacionada com os padrões da</p><p>cultura, que determinam a execução ou rejeição das ações julgadas</p><p>aceitáveis ou não. Inúmeras são as razões que podem levar uma</p><p>pessoa a fazer parte de um grupo sendo que uma delas pode ser a</p><p>atração criada pelo clima do grupo.</p><p>A liderança do grupo tem um papel de destaque e pode contri-</p><p>buir positivamente ou não, para o clima do grupo. O líder através de</p><p>seu estilo de liderança pode criar uma característica particular na</p><p>atmosfera grupal. Em um clima democrático, o grupo apresenta sua</p><p>eficiência em um período mais longo e necessita da participação</p><p>ativa de todos os membros; enquanto que, nos climas autoritários,</p><p>os grupos apresentam sua eficiência quase que imediata, mas de-</p><p>pendem muito da demanda do líder.</p><p>O clima grupal é considerado favorável quando melhora o moral in-</p><p>CST RH</p><p>30</p><p>Unidade 2</p><p>terno, satisfazendo as necessidades pessoais dos seus integrantes</p><p>e proporcionando um sentimento de bem-estar no ambiente interno.</p><p>Quando essas necessidades não são atendidas, surge um clima</p><p>desfavorável, ou seja, um sentimento de insatisfação e frustração</p><p>no contexto grupal. Portanto, o clima grupal influencia o estado de</p><p>ânimo coletivo que por sua vez influencia a conduta dos indivíduos.</p><p>Essa atmosfera psicológica característica que existe em cada gru-</p><p>po refere-se ao ambiente humano dentro de determinados contex-</p><p>tos. Apesar de o clima grupal não poder ser visto ou tocado, ele</p><p>pode ser percebido psicologicamente, porque ele reflete os aspec-</p><p>tos internos do grupo que conduzem às várias espécies de moti-</p><p>vação nos seus participantes, bem como é considerado parte da</p><p>qualidade no ambiente grupal.</p><p>O processo de formação de um grupo depende primeiramente de</p><p>pessoas com o mesmo objetivo, pois todas as formas de interação</p><p>humana têm seu início nas relações interpessoais. As pessoas se</p><p>percebem e se comunicam para encontrar alternativas de ação e</p><p>tomar decisões quanto a suas atividades, pois, por intermédio da</p><p>comunicação serão realizadas as trocas de informações para alcan-</p><p>çarem seus objetivos.</p><p>Assim, o grupo pode ser entendido como um lugar de integração</p><p>de certo número de pessoas, que através de seus vínculos psicos-</p><p>sociais estruturam-se e organizam-se em função de seus propósitos</p><p>sociais e afetivos. Enquanto essas pessoas mantiverem esses víncu-</p><p>los fortalecidos entre elas, o estado de grupo manterá uma espécie</p><p>de “interpsique”, que pode ser entendida como uma forma grupal</p><p>de mentalidade e de identidade.</p><p>O grupo já formado não é uma entidade acabada e definitiva, ao</p><p>contrário, ele continua sendo um processo dinâmico, que depen-</p><p>de de muitas influências internas e externas para funcionar. Ele tem</p><p>regras e normas de funcionamento, sua dinâmica interna depende</p><p>das forças que se equilibram entre seus participantes. Portanto, ele</p><p>pode se transformar em equipes e times bem coesos, mas também</p><p>pode desaparecer em algum outro momento, dependendo das con-</p><p>dições que o determinam.</p><p>Na dimensão implícita, a dinâmica grupal é movimentada por uma</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>31</p><p>Unidade 2</p><p>série de forças que tanto podem restringir o comportamento de seus</p><p>integrantes, como podem impulsioná-los para a ação grupal. Dentre</p><p>as forças que impulsionam a dinâmica grupal, podem ser citadas</p><p>como principais: a empatia, a motivação, a iniciativa, a competên-</p><p>cia e o apoio mútuo. Já entre as forças que restringem, podem ser</p><p>reconhecidas: a vaidade, a apatia, a dependência, a timidez e a</p><p>manipulação.</p><p>Na dimensão explícita, a dinâmica grupal é estruturada por certas</p><p>características que podem ser observadas diretamente: o número</p><p>de participantes; os papéis e as funções assumidas por cada um;</p><p>os objetivos pretendidos; o poder e a liderança; as normas e as re-</p><p>gras; as crenças e os valores, e até mesmo, sua identidade grupal.</p><p>A identidade facilita a diferenciação do grupo de outros tipos de</p><p>agrupamentos, como por exemplo, da aglomeração, da multidão,</p><p>das redes de relacionamento, das comunidades, das categorias so-</p><p>ciais e das organizações.</p><p>a teoria histórico-cultural de lev semionovitch vigotski</p><p>Lev Semenovich Vigotski nasceu em 1896 em Orsha, na Bielo-</p><p>-Rússia e faleceu em 1934, em Moscou, com apenas 37 anos, por</p><p>doença respiratória. Filho de pessoas muito cultas, até os 15 anos</p><p>sua educação foi totalmente em casa, através de tutores particula-</p><p>res, o que o tornou um estudante dedicado e ávido por informações,</p><p>aprendendo várias línguas, literatura e assuntos relacionados às ar-</p><p>tes em geral. Aos 17 anos completou o curso secundário, receben-</p><p>do medalha de ouro por seu desempenho.</p><p>De 1914 a 1917, estudou na faculdade de Direito e Literatura, na</p><p>Universidade de Moscou. No mesmo período participava na Uni-</p><p>versidade</p><p>Popular de Shanyavskii dos cursos de História e Filoso-</p><p>fia. Fez o curso de Medicina, primeiramente em Moscou e depois</p><p>em Kharkov. Começou sua carreira aos 21 anos, após a Revolução</p><p>Russa de 1917 e, em Gomel até 1923, escreveu críticas literárias,</p><p>lecionou e proferiu palestras sobre temas ligados à literatura, ciência</p><p>e psicologia. Já nessa época preocupava-se também com questões</p><p>CST RH</p><p>32</p><p>Unidade 2</p><p>ligadas à pedagogia.</p><p>De 1924 até o ano de sua morte, Vigotski teve um ritmo de produ-</p><p>ção intelectual excepcional. Ao longo desses anos, além de amadu-</p><p>recer seu programa de pesquisa, continuou lecionando, lendo, es-</p><p>crevendo e desenvolvendo importantes investigações. Seu projeto</p><p>principal consistia na tentativa na tentativa de estudar os processos</p><p>de transformação do desenvolvimento humano na sua dimensão fi-</p><p>logenética, histórico-social e ontogenética.</p><p>Baseado nos princípios do materialismo dialético, Vigotski (2000)</p><p>se propôs a elaborar uma nova forma de entender a Psicologia, visto</p><p>que pretendia integrar a dimensão corporal e a dimensão mental na</p><p>definição de ser humano enquanto ser biológico e social, conside-</p><p>rando sua espécie biológica entrelaçada a sua constituição históri-</p><p>ca.</p><p>Vigotski (2000) se deteve no estudo dos mecanismos psicológicos</p><p>mais sofisticados (as chamadas funções psicológicas superiores),</p><p>típicos da espécie humana: o controle consciente do comportamen-</p><p>to, atenção e lembrança voluntária, memorização ativa, pensamento</p><p>abstrato, raciocínio dedutivo, capacidade de planejamento.</p><p>Seu trabalho visava articular informação dos diferentes compo-</p><p>nentes que integram os processos mentais: neurológico, psicológi-</p><p>co, linguístico e cultural, afirmando que a cultura faz parte da natu-</p><p>reza humana.</p><p>Seu programa de pesquisa elaborou os fundamentos da teoria</p><p>histórico-cultural (sócio-histórica) do psiquismo, também conhe-</p><p>cida como abordagem sociointeracionista, que tem como objetivo</p><p>central caracterizar os aspectos tipicamente humanos do compor-</p><p>tamento e elaborar hipóteses de como essas características se for-</p><p>maram ao longo da história humana e de como se desenvolveram</p><p>durante a vida do indivíduo. A perspectiva histórico-cultural da</p><p>psicologia compreende e concebe o sujeito humano como um ser</p><p>constituído nas relações sociais e nas atividades que desenvolve,</p><p>coletivamente, para produzir sua sobrevivência e de seu grupo so-</p><p>cial.</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>33</p><p>Unidade 2</p><p>Figura 3: Teoria de Vygotsky.</p><p>FONTE: https://psicoedu2017.wordpress.com/teoria-socio-historica/</p><p>Conforme suas pesquisas foram se desenvolvendo, Vigotski</p><p>(2000) foi elaborando algumas teses sobre a condição humana, sua</p><p>constituição e seu desenvolvimento. Na 1ª Tese, ele escreveu sobre</p><p>a relação indivíduo/sociedade, afirmando que ela resulta da inte-</p><p>ração dialética do homem com o seu meio sociocultural, ou seja, o</p><p>autor propõe a tese de que, ao mesmo tempo em que o ser humano</p><p>transforma o seu meio para atender suas necessidades básicas, ele</p><p>também transforma a si mesmo, por meio da interação dos fatores</p><p>biológicos com os fatores culturais.</p><p>Nesse sentido, no processo de constituição humana é possível</p><p>distinguir duas linhas qualitativamente diferentes de desenvolvimen-</p><p>to, diferindo quanto à origem: de um lado, os processos elementa-</p><p>res, que são de origem biológica; de outro, as funções psicológicas</p><p>superiores de origem sócio-cultural. A história do comportamento da</p><p>criança nasce do entrelaçamento dessas duas linhas.</p><p>Na 2ª Tese, Vigotski (2000) descreveu a origem cultural das fun-</p><p>ções psíquicas, propondo que as funções psicológicas humanas se</p><p>originam nas relações do indivíduo e seu contexto cultural e social,</p><p>sendo que o desenvolvimento mental humano não é dado a priori,</p><p>CST RH</p><p>34</p><p>Unidade 2</p><p>não é imutável e universal, não é passivo, nem tampouco indepen-</p><p>dente do desenvolvimento histórico e das formas sociais da vida hu-</p><p>mana, visto que a cultura é parte constitutiva da natureza humana.</p><p>Para o autor, as funções psicológicas superiores são as respon-</p><p>sáveis pelo funcionamento psicológico tipicamente humano, sua</p><p>capacidade de planejamento, memória voluntária, imaginação, etc.</p><p>Elas são mecanismos intencionais, ações conscientemente contro-</p><p>ladas, processos voluntários que dão ao indivíduo a possibilidade</p><p>de independência em relação às características do momento e es-</p><p>paço presente, e se originam nas relações entre seres humanos e</p><p>se desenvolvem ao longo do processo de internalização de formas</p><p>culturais de comportamento.</p><p>Na 3ª Tese, elaborou a teorização sobre a base biológica do fun-</p><p>cionamento psicológico, apontando o cérebro como o órgão prin-</p><p>cipal da atividade mental, pois ele o cérebro é um produto de uma</p><p>longa evolução, e o substrato material da atividade psíquica que</p><p>cada membro da espécie traz consigo ao nascer (não é um sistema</p><p>imutável e fixo).</p><p>Na 4ª Tese, Vigotski (2000) caracteriza o papel da mediação, pro-</p><p>pondo que a relação do homem com o mundo não é uma relação di-</p><p>reta, pois é mediada por meios, que se constituem nas “ferramentas</p><p>auxiliares” da atividade humana, e que a capacidade de criar essas</p><p>“ferramentas” é exclusiva da espécie humana, visto que é através</p><p>do outro social que os processos de funcionamento psicológico</p><p>são fornecidos pela cultura. O outro social pode apresentar-se por</p><p>meio de objetos, da organização do ambiente, do mundo cultural</p><p>que rodeia o indivíduo.</p><p>Dessa maneira, o autor afirma que são os instrumentos técnicos</p><p>e os sistemas de signos, construídos historicamente, que fazem a</p><p>mediação dos seres humanos entre si e deles com o mundo, ou</p><p>seja, reconhece a linguagem como um signo mediador, já que ela</p><p>carrega em si os conceitos generalizados e elaborados pela cultura</p><p>humana.</p><p>Enfim, na 5ª Tese, Vigotski (2000) desenvolveu a análise psicológi-</p><p>ca que deve ser capaz de conservar as características básicas dos</p><p>processos psicológicos, exclusivamente humanos. Este princípio</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>35</p><p>Unidade 2</p><p>está baseado na ideia de que os processos psicológicos complexos</p><p>se diferenciam dos mecanismos mais elementares e não podem,</p><p>portanto, ser reduzidos à cadeia de reflexos. Ao abordar a consci-</p><p>ência humana como produto da história social, aponta na direção da</p><p>necessidade do estudo das mudanças que ocorrem no desenvolvi-</p><p>mento mental a partir do contexto social.</p><p>Nesse sentido, o que constitui a natureza humana é a linguagem,</p><p>a consciência e o trabalho. O homem cria e utiliza a linguagem:</p><p>vocaliza sons e cria signos para denominar coisas, pessoas e situa-</p><p>ções, que adquirem significado e são usados na comunicação (so-</p><p>cial). O homem compreende o mundo ao seu redor: percebe algo,</p><p>reflete esse real em seu pensamento e toma consciência, usando</p><p>o conhecimento adquirido para produzir novos pensamentos (his-</p><p>tóricos). O homem trabalha e utiliza instrumentos: age no mundo</p><p>e o transforma a fim de suprir suas necessidades de sobrevivência</p><p>(ativo). O trabalho é a atividade básica do ser humano, pois por</p><p>meio do trabalho, o homem transforma a natureza e supre suas ne-</p><p>cessidades humanas e, para realizar o trabalho, os seres humanos</p><p>se organizam em relações de produção, que são determinantes dos</p><p>objetos culturais, mas também, da sua própria subjetividade.</p><p>Podemos concluir que, o que somos, a forma como nos apresenta-</p><p>mos, o modo como estamos constituídos tem relação com as formas</p><p>de organização, de produção e de relações mantidas na sociedade</p><p>em que estamos inseridos. Para a Psicologia sócio-histórica, não</p><p>há como se saber de um indivíduo sem que se conheça seu mun-</p><p>do: signos, trabalhos e contexto sócio-histórico. Para compreender</p><p>o que cada um de nós sente e pensa, e como cada um de nós age,</p><p>é preciso conhecer o mundo social no qual estamos imersos e no</p><p>qual somos construídos e ao mesmo tempo construtores. É preciso</p><p>investigar os valores sociais, as formas de relação e as formas de</p><p>produção de sobrevivência de nosso mundo e as formas de ser de</p><p>nosso tempo.</p><p>CST RH</p><p>36</p><p>Unidade 2</p><p>aBordaGeM HUManista-eXistencial</p><p>Esta abordagem parte do princípio de que o ser humano busca o</p><p>crescimento naturalmente, pois nele existe uma tendência atualiza-</p><p>da. Dessa forma, seu comportamento é orientado pelas suas expe-</p><p>riências de vida e procede do seu desejo de evoluir, diferentemente</p><p>de outras abordagens que se baseiam na ideia de que o motivo</p><p>dessa busca seja algum distúrbio ou doença mental.</p><p>O mais importante dos conceitos desenvolvidos por essa abor-</p><p>dagem é a experiência, visto que os seres humanos são criaturas</p><p>sociais complexas, dotados de sentimentos, desejos e temores, mo-</p><p>tivados por necessidades. Alcançam suas satisfações, por meio da</p><p>abertura à experiência - a qual implica ausência de rigidez, tolerân-</p><p>cia à ambiguidade e permeabilidade maior às opiniões, percepções</p><p>e hipóteses. Os humanistas têm confiança no organismo - como um</p><p>meio de alcançar o comportamento mais satisfatório em cada mo-</p><p>mento existencial. (MORIN e AUBÉ, 2009).</p><p>Apesar de serem muitos, iremos abordar dois dos mais estudados</p><p>autores dessa abordagem: Abraham Harold Maslow, Carl Ranson</p><p>Rogers e Martin E. P. Seligman, para quem o ser humano está num</p><p>constante “vir a ser existencial”, ou seja, sempre em transformação.</p><p>a teoria humanista de abraham Harold Maslow</p><p>Abraham Harold Maslow foi um professor e pesquisador norte-</p><p>-americano, que nasceu no Brooklyn, Nova York, em 1908 e faleceu</p><p>em Menlo Park, Califórnia, EUA, em 1970. Atuou em importantes uni-</p><p>versidades, como Columbia, Wisconsin, Brandeis e Brooklyn Col-</p><p>lege. Realizou estudos em psicanálise, Gestalt, sexualidade, e se</p><p>tornou um grande observador do comportamento humano, sendo</p><p>considerado o pai da psicologia humanista. No final de sua vida</p><p>criou, com ajuda de outros psicólogos, uma teoria que era abran-</p><p>gente no aspecto da espiritualidade e consciência alterada (Psico-</p><p>logia Transpessoal).</p><p>Na verdade, o humanismo é um aglomerado de diversas correntes</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>37</p><p>Unidade 2</p><p>teóricas, que têm em comum o enfoque humanizador. Em outras pa-</p><p>lavras, elas focalizam o homem como detentor de liberdade, esco-</p><p>lha, sempre no presente. Como Psicologia, foi fundada por Abraham</p><p>Maslow, com sua ênfase na experiência consciente, na crença da</p><p>integridade da natureza e da conduta do ser humano e na concen-</p><p>tração, no livre-arbítrio, na espontaneidade e no poder de criação do</p><p>indivíduo. Maslow iniciou o estudo de tudo aquilo que tinha relevân-</p><p>cia para a condição humana.</p><p>Na história da Psicologia, a popularidade da teoria humanista é</p><p>muito recente: surgiu nos Estados Unidos, no final da década de 50,</p><p>como um movimento contrário às “forças” predominantes do Beha-</p><p>viorismo e da Psicanálise. Movimento conhecido como a Terceira</p><p>Força, pois queria substituir o comportamentalismo e a psicanálise,</p><p>as duas outras forças da psicologia, naquele momento histórico.</p><p>Segundo os postulados da teoria humanista, os determinantes da</p><p>personalidade são de ordem biológica, social e espiritual. Para esta</p><p>teoria, é o porvir do indivíduo (ou, antes, o que poderá vir a ser o</p><p>indivíduo) que retém a atenção. Além disso, é o sentido da experi-</p><p>ência (não como uma representação, mas como uma significação)</p><p>que orienta o comportamento.</p><p>A mudança existencial é concebida como um processo de trans-</p><p>formação, isto é, como a passagem de um estado atual para um</p><p>novo estado, implicando uma descontinuidade ou a superação da</p><p>estrutura do sistema psíquico, o que torna o indivíduo vulnerável por</p><p>certo tempo. A mutação, a criação e a revolução são exemplos des-</p><p>se tipo de mudança. (MORIN e AUBÉ, 2009).</p><p>Maslow apresentou uma teoria psicológica segundo a qual as ne-</p><p>cessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis, em</p><p>uma hierarquia de importância e de influência. Sua teoria acerca</p><p>da hierarquia das necessidades, auto realização e experiências de</p><p>euforia eram focadas em maximizar o bem-estar e alcançar todo o</p><p>potencial humano. Com isso, tornaram-se temas fundamentais no</p><p>movimento humanista.</p><p>Apesar de nunca ter desenhado nenhuma pirâmide, Maslow su-</p><p>gere que as necessidades podem ser percebidas em níveis dife-</p><p>rentes de importância e que seguem uma ordem hierárquica, e, por</p><p>CST RH</p><p>38</p><p>Unidade 2</p><p>isso, muitos dos seus seguidores passaram a usar a pirâmide como</p><p>símbolo maior de sua teoria. Ele acreditava que, chegando ao último</p><p>nível da hierarquia, o ser humano deveria ser capaz de ‘ser tudo o</p><p>que somos capazes de ser, desenvolver os nossos potenciais’.</p><p>Dessa maneira, no nível mais baixo de uma pirâmide estão as ne-</p><p>cessidades fisiológicas, que segundo o autor são as mais básicas</p><p>para a sobrevivência humana, como por exemplo: respiração, comi-</p><p>da, água, sexo, sono, etc. Subindo um nível nesta suposta pirâmide,</p><p>estão as necessidades de segurança, que segundo o autor, estão</p><p>relacionadas com os cuidados com o corpo, a moralidade, a saúde,</p><p>a propriedade, o trabalho etc.</p><p>Em um terceiro nível, podem ser encontradas referências às ne-</p><p>cessidades sociais, ou seja, de pertencer a grupos específicos e im-</p><p>portantes para cada indivíduo, como por exemplo: amizade, família,</p><p>parceiro sexual, equipe de trabalho, etc. Já no quarto nível, surgem</p><p>as necessidades relacionadas à autoestima, confiança, conquista,</p><p>respeito dos outros e aos outros, ao desejo de sobressair-se social-</p><p>mente, de oportunidade de crescimento, de reconhecimento de mé-</p><p>rito, etc.</p><p>No último e mais alto nível da pirâmide, Maslow caracteriza a ver-</p><p>dadeira necessidade humana, aquela para a qual o ser humano</p><p>está realmente motivado: a necessidade de autorrealização. É nessa</p><p>condição existencial que o indivíduo passa a buscar as possibilida-</p><p>des de atingir seu potencial máximo e poder contribuir de maneira</p><p>ética, criativa, espontânea, na busca de sentido da vida, para si, os</p><p>outros e o mundo.</p><p>PSICOLOGIA APLICADA À ADMINISTRAÇÃO</p><p>39</p><p>Unidade 2</p><p>Figura 4: Pirâmide das necessidades humanas de Maslow.</p><p>Fonte: Rosenberg (2015) apud LOPES, M.R.; OLIVEIRA, W.N.P.; QUEIROZ, A.F., 2017,</p><p>p. 94.</p><p>Para Maslow, a necessidade é um estado de carência em rela-</p><p>ção ao equilíbrio orgânico ou social ou psicológico do ser humano,</p><p>relacionada com a homeostase, que é um mecanismo biológico de</p><p>manutenção do equilíbrio orgânico que busca a sobrevivência.</p><p>De acordo com o autor, as necessidades são motivadas e mo-</p><p>tivadoras, as quais ele considera como psicofísicas, pois buscam</p><p>um equilíbrio homeostático do organismo. Isto quer dizer que se em</p><p>algum momento da vida humana todas as necessidades estão insa-</p><p>tisfeitas, o organismo é dominado pelas necessidades fisiológicas,</p><p>enquanto que quaisquer outras tornam-se inexistentes ou latentes.</p><p>Quando alguma necessidade de nível mais baixo deixa de ser sa-</p><p>tisfeita, ela volta a predominar no comportamento, enquanto gera</p><p>tensão no organismo.</p><p>Contudo, as necessidades humanas assumem formas e expres-</p><p>sões que variam conforme o indivíduo, pois nem todos conseguem</p><p>chegar ao topo da pirâmide de necessidades. A frustração de certas</p><p>necessidades passa a ser considerada uma ameaça psicológica.</p><p>a teoria centrada na pessoa de carl ranson rogers</p><p>Carl Ranson Rogers 1902-1987, graduou-se em psicologia clínica</p><p>e psicopedagogia, e obteve o doutorado através da tese sobre teste</p><p>de personalidade para crianças. Em 1957 publicou seu primeiro li-</p><p>vro “As condições necessárias e suficientes para mudança terapêu-</p><p>tica da personalidade”, sendo até hoje um dos pilares do modelo da</p><p>Terapia Centrada na pessoa. Posteriormente publicou alguns livros</p><p>sobre os grupos de encontro que seguem a linha de divulgação e</p><p>análise da sua pesquisa, dentre eles “Tornar-se Pessoa”.</p><p>Todos os seres humanos, de acordo com as ideias expressas por</p><p>Rogers (1983), possuem uma tendência ao desenvolvimento cada</p><p>vez mais complexo para uma realização construtiva, independen-</p><p>temente do meio ambiente em que se inserem. Para o autor, a es-</p><p>CST RH</p><p>40</p><p>Unidade 2</p><p>trutura psicológica do ser humano e a constituição de si mesmo,</p><p>ou self, decorre da</p>

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