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<p>PBL – Abrangências das Ações em Saúde (Epidemiologia)</p><p>3° Objetivo- Conceituar indicadores de saúde e descrever como são</p><p>construídos e utilizados.</p><p>2.1 Primeiramente, o que são indicadores?</p><p>Podemos definir Indicadores de Saúde como instrumentos</p><p>utilizados para medir uma realidade, como parâmetro norteador,</p><p>instrumento de gerenciamento, avaliação e planejamento das ações na</p><p>saúde, de modo a permitir mudanças nos processos e resultados. O</p><p>indicador é importante para nos conduzir ao resultado final das ações</p><p>propostas em um planejamento estratégico. Mas como escolher o melhor</p><p>indicador? Como ele é construído? O que é necessário para que este</p><p>indicador seja o mais adequado a uma situação? A Organização Mundial da</p><p>Saúde (OMS) reuniu na década de 1950 um comitê que pudesse propor um</p><p>método capaz de definir e avaliar o nível de vida de uma população. Porém,</p><p>chegou-se à conclusão que seria impossível construir um único índice.</p><p>Os indicadores de saúde são usados como ferramenta para</p><p>identificar, monitorar, avaliar ações e subsidiar as decisões do gestor. Através</p><p>deles é possível identificar áreas de risco e evidenciar tendências. Além</p><p>destes aspectos, é importante salientar que o acompanhamento dos</p><p>resultados obtidos fortalece a equipe e auxilia no direcionamento das</p><p>atividades, evitando assim o desperdício de tempo e esforços em ações não</p><p>efetivas. A informação é subsidio para o planejamento de uma equipe de</p><p>trabalho.</p><p>Para que ocorra a melhoria nas condições de saúde é importante</p><p>traçar um perfil fidedigno das circunstâncias que compõem o panorama de</p><p>saúde em determinado grupo ou região. Isso ocorre por meio do</p><p>diagnóstico de saúde, que é composto pela coleta de dados sobre o grupo</p><p>objeto de estudo. Tais dados são registros que contêm informações sobre a</p><p>população, situação socioeconômica, ambientais abrangendo ainda os</p><p>serviços de saúde, e é a partir da coleta de dados que o panorama de saúde</p><p>de uma população é definido. Isso porque, ao combinar os diversos dados</p><p>colhidos é possível obter os indicadores de saúde. Os indicadores mais</p><p>usados em saúde pública são os de mortalidade geral, prevalência,</p><p>incidência, mortalidade infantil, mortalidade materna e o percentual de</p><p>casos de óbitos no total dessas ocorrências por variáveis específicas como</p><p>idade, lugar, entre outras.</p><p>Indicador de saúde se refere às medidas que sintetizam</p><p>informações sobre características da situação de saúde, bem como aponta a</p><p>efetividade do sistema de saúde. Quando associados, os indicadores</p><p>apontam as condições sanitárias da população estudada e auxiliam na</p><p>vigilância da qualidade da saúde. Assim, os indicadores constituem uma via</p><p>de avaliação da condição de saúde atual; permitem avaliar a evolução da</p><p>saúde das populações ao longo do tempo e traçar diversos comparativos.</p><p>As condições de saúde da população avaliada devem ser avaliadas</p><p>a partir de uma abordagem pluralista. Sendo assim, é possível concluir que</p><p>esse tipo de abordagem exige a utilização de mais de um indicador, uma</p><p>vez que, observados isoladamente, não têm a capacidade de demonstrar</p><p>todos os ângulos necessários. Soma-se a isso, a necessidade que os dados</p><p>apresentem um grupo de critérios que validam as informações por eles</p><p>fornecidas. Agora, conheça cada um desses critérios e sua importância</p><p>associada aos indicadores:</p><p>Confiabilidade: também conhecido como reprodutibilidade. Corresponde à</p><p>capacidade que a medida de um indicador tem de, sendo repetida inúmeras</p><p>vezes, apresentar resultados muito semelhantes.</p><p> Cobertura: critério que aponta quão representativo é um indicador.</p><p>Trata-se de um item importante, pois quanto maior a representatividade,</p><p>mais apropriado é considerado o indicador.</p><p> Validade: critério que indica quão apropriada a escolha do indicador</p><p>é, por sua capacidade de demarcar a condição, enfermidade ou evento que</p><p>é objeto de estudo.</p><p> Apontamentos éticos: critério que refere à necessidade de proteger os</p><p>indivíduos integrantes dos estudos de forma que a coleta de informações</p><p>não resulte em qualquer tipo de prejuízos ou exposição de dados pessoais.</p><p> Praticidade: para que a coleta de informações seja executada de modo</p><p>eficaz, de forma que não atrapalhe o levantamento de dados, é importante</p><p>que questões burocráticas sejam avaliadas. Assim, deve-se levar em conta se</p><p>a coleta de dados para composição do indicador de interesse é de fácil</p><p>obtenção, tem custo acessível, é simples e flexível e se a tecnologia</p><p>empregada apresenta capacidade de processamento eficiente dos dados</p><p>capturado</p><p>2.2 COMO SÃO CONSTRUÍDOS?</p><p>Existem diferentes modos de compor um indicador, de forma que podemos</p><p>considerar como ele é desde a simples coleta do número total de casos de</p><p>uma doença, até cálculos mais elaborados, como razões, taxas ou</p><p>proporções.</p><p>Proporções: Representa a parcela de casos dentro do grupo populacional</p><p>investigado.</p><p>É um indicador que aponta a relevância do caso observado. Pela inexistência</p><p>da utilização de denominadores, as proporções são indicadores</p><p>considerados mais simples. Além disso, são de fácil entendimento, uma vez</p><p>que tratam de valores expressos em porcentagem. Desse modo, a partir de</p><p>uma regra de três, é possível definir, partindo de um total de 100 pessoas,</p><p>quantas apresentam o desfecho investigado.</p><p>2. Coeficientes (taxas): Representa, numericamente, a estimativa de risco</p><p>de ocorrência de um evento na população investigada.</p><p>De modo genérico, é possível dizer que o coeficiente é composto,</p><p>basicamente, por um denominador, que representa o número de indivíduos</p><p>em uma população que corre risco de sofrer o evento avaliado. Já o</p><p>numerador apresenta o número de indivíduos que sofreu o evento avaliado.</p><p>A seguir, você conhecerá os principais indicadores obtidos por meio de</p><p>coeficientes.</p><p>Coeficiente de morbidade:</p><p>Incidência de doença: estima o risco do estabelecimento de novos casos de</p><p>uma doença em uma população. É calculado a partir da seguinte fórmula:</p><p>2.3 UTILIZAÇÃO DOS INDICADORES:</p><p>Descrição: Os indicadores de saúde podem ser usados para descrever as</p><p>necessidades de atenção de saúde de uma população ou a carga de doença</p><p>em um determinado grupo populacional. A descrição das necessidades de</p><p>saúde de uma população pode, por sua vez, nortear a tomada de decisão</p><p>quanto à grandeza e natureza das necessidades a serem atendidas, subsídios</p><p>necessários para enfrentar o problema ou grupos que requerem maior</p><p>atenção.</p><p>Predição ou prognóstico: Os indicadores de saúde são usados para prever</p><p>desfechos do estado de saúde de uma população (predição) ou de um grupo</p><p>de pacientes (prognóstico). Estes indicadores são usados para mensurar o</p><p>risco e o prognóstico individuais, bem como na predição da carga de</p><p>morbidade em grupos da população. Desta forma, podem predizer o risco</p><p>de surto de doenças e auxiliar, por exemplo, a prevenção de epidemias ou</p><p>conter a expansão territorial de determinados problemas de saúde.</p><p>Explicação: Os indicadores de saúde ajudam a compreender por que alguns</p><p>indivíduos de uma população são saudáveis e outros não. Neste caso, é</p><p>possível analisar os indicadores segundo os determinantes sociais da saúde,</p><p>como os papéis e as normas de gênero, a pertinência a um grupo étnico e a</p><p>renda e o apoio social, além das inter-relações entre os determinantes</p><p>Gestão dos sistemas e melhoria da qualidade: A produção e a observação</p><p>periódica de indicadores de saúde também retroalimentam os sistemas</p><p>visando melhorar a tomada de decisão em vários sistemas e setores. Por</p><p>exemplo, o progresso substancial na qualidade dos dados e indicadores</p><p>produzidos nos Estados Membros da OPAS é devido em grande parte à</p><p>melhoria nos sistemas nacionais de saúde na coleta, análise e</p><p>monitoramento de um conjunto de indicadores básicos de saúde. No Brasil,</p><p>por exemplo, a Rede Interagencial de</p><p>Informação para a Saúde (RIPSA)</p><p>incentiva a produção e a análise de indicadores de saúde e a</p><p>retroalimentação às fontes de dados e sistemas de informação nacionais.</p><p>Referências:</p><p>Livro “Epidemiologia” de Amanda de Ávila</p><p>MARTINS, Amanda Á B.; TEIXEIRA, Deborah; BATISTA, Bruna G.; et al. Epidemiologia.</p><p>Porto Alegre: Grupo A, 2018. E-book. ISBN 9788595023154. Disponível em:</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595023154/. Acesso em: 11</p><p>ago. 2024.</p><p>Site Organização Mundial da Saúde</p><p>Organização Mundial da Saúde. Constituição da Organização Mundial da Saúde.</p><p>Documentos básicos, suplemento da 45ª edição, outubro de 2006. Disponivel em:</p><p>http://www.who.int/governance/eb/who_constitution_sp.pdf</p><p>1° OBJETIVO: Conhecer os indicadores sociodemográficos, mortalidade,</p><p>morbidade e fatores de risco</p><p>INDICADORES SOCIODEMOGRÁFICOS</p><p>Na cartilha do IBGE, interessante que bem na introdução, já dá</p><p>uma breve explicação sobre os indicadores sociodemográficos, fala que</p><p>população brasileira está envelhecendo rapidamente, o que tem mudado</p><p>completamente o perfil epidemiológico do país. As doenças</p><p>cardiovasculares, por exemplo, estão se tornando cada vez mais comuns,</p><p>enquanto as doenças infectocontagiosas diminuíram significativamente. No</p><p>entanto, essa mudança não está ocorrendo de forma igual para todos.</p><p>Existem grandes desigualdades no acesso a serviços de saúde e na</p><p>distribuição de recursos, e essas diferenças são influenciadas por fatores</p><p>como sexo, idade, educação e renda. É fundamental que a gente olhe para</p><p>esses indicadores para entender melhor essas disparidades e melhorar a</p><p>qualidade de vida.</p><p>Segundo Renaud (1992), os pobres são percebidos como mais</p><p>doentios e mais velhos; são duas ou três vezes mais propensos a</p><p>enfermidades graves; permanecem doentes mais amiúde; morrem mais</p><p>jovens; procriam crianças de baixo peso em maior proporção; e sua taxa de</p><p>mortalidade infantil é mais elevada.</p><p>MORTALIDADE:</p><p>A mortalidade se refere ao número de óbitos que ocorreram em</p><p>determinada população, em determinado período de tempo. Os indicadores</p><p>de mortalidade, por sua vez, podem ser calculados como a razão entre</p><p>frequências absolutas de óbitos e números de sujeitos expostos ao risco de</p><p>morrer.</p><p>MORBIDADE:</p><p>As estatísticas de morbidade são usadas para avaliar a saúde da</p><p>população e para orientar ações que visam melhorar o bem-estar geral,</p><p>como investimentos em saneamento básico. Para tomar decisões mais</p><p>precisas sobre como tratar doenças específicas, como a hanseníase, utilizam-</p><p>se índices de morbidade. Esses índices incluem coeficientes de incidência e</p><p>prevalência que ajudam a entender a frequência e a duração das doenças.</p><p>Esses dados são importantes para profissionais de saúde pública,</p><p>como planejadores, administradores, pesquisadores e epidemiologistas,</p><p>bem como para qualquer pessoa envolvida no Sistema Único de Saúde</p><p>(SUS). Além de serem úteis para a saúde pública, esses índices também são</p><p>relevantes na medicina clínica e na prevenção de problemas de saúde.</p><p>Sempre que o objetivo final for a reforma ou a escolha das estradas da vida</p><p>para controle de doenças ou agravos (à vida), as estatísticas de morbidade</p><p>serão as informações basilares que vão auxiliar a tomada de decisão. Além</p><p>de sua importância prevalente no monitoramento de doenças, os dados de</p><p>morbidade são essenciais aos estudos de análise do tipo causa/efeito.</p><p>FATORES DE RISCO:</p><p>De modo geral, o risco é a probabilidade da ocorrência de</p><p>determinado</p><p>evento, que pode apresentar tantos desfechos negativos (ameaça) quanto</p><p>desfechos positivos (oportunidade). Quando aplicados às ciências da saúde,</p><p>mais especificamente para epidemiologia, risco é entendido como a</p><p>probabilidade futura da ocorrência de efeito adverso em determinada</p><p>população, exposta a circunstâncias específicas em determinado intervalo</p><p>de tempo.</p><p>De modo geral, o risco é a probabilidade da ocorrência de</p><p>determinado</p><p>evento, que pode apresentar tanto desfechos negativos (ameaça) quanto</p><p>desfechos positivos (oportunidade). Quando aplicados às ciências da saúde,</p><p>mais especificamente para epidemiologia, risco é entendido como a</p><p>probabilidade futura da ocorrência de efeito adverso em determinada</p><p>população, exposta a circunstâncias específicas em determinado intervalo</p><p>de tempo. Há pelo menos três diferentes modos de fazê-los, são eles: Risco</p><p>Relativo, Risco Absoluto e Risco atribuível.</p><p> Risco relativo: indica a intensidade com que determinada exposição</p><p>estaria relacionada ao estabelecimento da doença em estudo. Ao</p><p>utilizar esse cálculo, você vai estimar quantas vezes é mais provável</p><p>que as pessoas expostas adoeçam quando comparadas ao grupo que</p><p>não sofreu essa exposição.</p><p> Risco absoluto: aponta a incidência de doença, ou seja, indica o</p><p>número de novos casos de uma doença em uma população, dentro</p><p>de um intervalo de tempo determinado.</p><p> Risco atribuível: indica a probabilidade adicional de um indivíduo</p><p>desenvolver uma doença por estar exposto a determinado fator.</p><p>Permite entender quão menor seria a possibilidade de adoecer, caso</p><p>não houvesse exposição ao fator analisado.</p><p>O risco relativo aponta se determinado objeto de estudo melhora,</p><p>piora ou não interfere na condição de saúde da população estudada.</p><p>Considerando que o risco relativo determina o tipo de influência que algo</p><p>exerce sob a saúde dos indivíduos, é sensato concluir que, é a partir da</p><p>avaliação do risco relativo que é possível determinar se o fator estudado</p><p>confere proteção ou risco. Fatores de proteção são atributos que conferem</p><p>menor risco de estabelecer uma ou mais doenças nos indivíduos que o</p><p>possuem. Em termos matemáticos, o risco relativo aponta que o atributo</p><p>estudado pode ser considerado fator de proteção quando apresentar</p><p>resultado inferior a 1.</p><p>Por exemplo, sabe-se que as atividades físicas de intensidade</p><p>moderada, realizadas regularmente, representam excelente fator de</p><p>proteção de doenças cardiovasculares e diabetes.</p><p>Quando o cálculo do risco relativo de qualquer atributo apresentar</p><p>resultado superior a um, considera-se que o atributo é um fator de risco.</p><p>Fator de risco é o termo utilizado para designar toda e qualquer</p><p>característica que aumenta a probabilidade do desenvolvimento de uma</p><p>doença ou agravo. Ou seja, quando o risco relativo do objeto de estudo</p><p>analisado apresenta valor maior que 1, estamos dizendo que ele oferece</p><p>risco à saúde da população. É importante frisar que, fatores de risco são</p><p>sempre atributos evitáveis. Exemplos comuns de fatores de risco que</p><p>ilustram esse conceito são: sedentarismo, má alimentação e consumo</p><p>abusivo de bebidas alcoólicas.</p><p>É possível que você esteja se perguntando: mas se os fatores de risco são</p><p>somente características evitáveis, COMO CLASSIFICAMOS ATRIBUTOS</p><p>COMO GÊNERO, IDADE E GRUPO ÉTNICO? Quando consideramos atributos</p><p>inerentes aos indivíduos, como os citados na pergunta, estamos falando de</p><p>características sobre as quais não podemos interferir, mas que também</p><p>podem oferecem riscos no desenvolvimento de doenças. Essas</p><p>características intrínsecas recebem o NOME DE MARCADORES DE RISCO.</p><p>Além da compreensão do que é um fator de risco, é necessário entender as</p><p>classificações que compõem esse termo.</p><p>Quando classificados de acordo com a origem, é possível dividir os fatores</p><p>de risco em dois grupos:</p><p>Endógenos: termo que indica que fator de risco é oriundo do organismo</p><p>considerado sob risco. Dois tipos de fatores endógenos podem ser</p><p>destacados; fatores genéticos (compreende alterações genéticas bem-</p><p>definidas, que resultam na manifestação de uma doença) ou pré-disposição</p><p>familiar.</p><p>Exógenos: termo que indica que fator de risco é externo ao organismo sob</p><p>risco. Esses fatores podem ser subdivididos em diferentes tipos: biológicos,</p><p>físicos, químicos</p><p>e psicossociais.</p><p>Fatores de risco exógenos biológicos: insetos e microrganismos que, em</p><p>contato com o ser humano, podem gerar inúmeras doenças.</p><p>Fatores de risco exógenos físico-químicos: agentes químicos tóxicos</p><p>(incluindo álcool e tabaco) e radiações com potencial deletério para saúde.</p><p>Fatores de risco exógenos psicossociais: carga de trabalho excessiva,</p><p>relações de trabalho abusivas e metas de produtividade desproporcionais.</p><p>OBJETIVO 2 – Analisar a importância dos indicadores de saúde para o</p><p>planejamento e avaliação de ações em saúde</p><p>Para o SUS, a utilização de indicadores é imprescindível, pois</p><p>contém informações relevantes sobre os cenários, contribuem para a criação</p><p>de novas políticas públicas e ajuste de prioridades, são ferramentas de</p><p>monitoramento e avaliação dos serviços e intervenções de saúde e, mais do</p><p>que nunca, seus resultados subsidiam o aporte financeiro para a</p><p>manutenção dos serviços de saúde da APS.</p><p>Os indicadores de forma geral permitem o conhecimento</p><p>operacional de alguma demanda existente. Eles se prestam a subsidiar as</p><p>atividades de planejamento público e a formulação de políticas nas</p><p>diferentes esferas de governo, possibilitam o monitoramento das condições</p><p>de vida e bem-estar da população por parte do poder público e sociedade</p><p>civil e permitem o aprofundamento da investigação acadêmica sobre a</p><p>mudança social e sobre os determinantes dos diferentes fenômenos sociais</p><p>(JANNUZZI, 2012). Então é importante entendermos que embora tenhamos</p><p>indicadores diferentes para cada área, vários deles se interligam e precisam</p><p>ser analisados em conjunto para poder dar uma resposta fidedigna dos</p><p>parâmetros escolhidos.</p><p>Não há a mínima condição de desenvolver políticas públicas</p><p>eficientes e de se ter e/ou fazer uma boa gestão se não conhecer seus</p><p>indicadores, acompanha-los rotineiramente, identificar os problemas</p><p>existentes, necessidades e deficiências, pois caso isso aconteça, o trabalho</p><p>desenvolvido caminhará para o fracasso e não atingirá o nível de eficiência</p><p>necessário para a gestão e muito menos para a população.</p><p>Muito já se ouviu falar na seguinte expressão: “quer avaliar um</p><p>país, procure saber de seus indicadores”, pois embora só estes de forma</p><p>isolada não sejam suficientes para determinar a dimensão da situação, eles</p><p>norteiam o caminho a seguir, por isso é tão importante está sempre</p><p>acompanhando-os e analisando-os. Importante salientar que analisar, não é</p><p>só quantificar em números, e sim, verificar todos os fatores que possam está</p><p>envolvido justificando ou não aquele evento. Como por exemplo, crianças</p><p>menores de 5 anos não tomando as vacinas do calendário vacinal. Tem que</p><p>verificar o porquê, a causa da criança não esta indo, a condição que a mesma</p><p>se encontra ou até mesmo se esta criança não se mudou de cidade e não foi</p><p>informada nos sistemas de informação.</p><p>Como diz Soares, 2001 e Pereira, 2006:</p><p>“A expressão dos indicadores se faz numericamente (frequência absoluta),</p><p>entretanto, números absolutos de casos de doenças ou mortes não são</p><p>utilizados para avaliar o nível de saúde, pois não levam em conta o tamanho</p><p>da população. Dessa forma, os indicadores de saúde são construídos por</p><p>meio de razões (frequências relativas), em forma de proporções ou</p><p>coeficientes”.</p><p>Portando um indicador, isoladamente, não explica e tão pouco justifica</p><p>determinado evento, na maioria dos casos, é preciso fazer uma associação</p><p>entre diversos cenários envolvidos ou até entre alguns indicadores para</p><p>então entender tal resultado.</p><p>OBJETIVO 4 – Diferenciar incidência de prevalência e compreender a</p><p>importância de ambos como indicadores de morbidade.</p><p>Quando falamos em morbidade, estamos lidando com os pacientes doentes.</p><p>Os indicadores de morbidade, portanto, refletem a taxa de portadores de</p><p>determinada doença em relação à população estudada. Os principais</p><p>indicadores de morbidade são prevalência e incidência. Devemos sempre</p><p>avaliar esses indicadores em uma determinada população e em um</p><p>determinado tempo.</p><p>Prevalência</p><p>Prevalência diz respeito ao número total de casos.</p><p>A taxa de prevalência, por sua vez, indica uma medida que permite estimar e</p><p>comparar, no tempo e no espaço, a ocorrência de determinada doença em</p><p>relação a variáveis referentes à população, como idade ou grupo etário,</p><p>gênero, ocupação, etnia, entre outras. A prevalência, em outras palavras,</p><p>representa o estoque de casos, ou seja, a proporção da população que</p><p>apresenta dada doença. Ela aumenta com os casos novos e decresce com os</p><p>casos de cura ou de óbito.</p><p>Incidência:</p><p>A incidência de uma doença expressa a dinâmica com que os casos</p><p>aparecem no grupo. Por exemplo, ela informa quantos, entre os sadios, se</p><p>tornam doentes em dado período de tempo, ou então quantos, entre os</p><p>doentes, apresentam complicação ou morrem, decorrido algum tempo.</p><p>Usualmente, diz-se que a incidência reflete “a força da morbidade”.</p><p>Incidência diz respeito ao número de casos novos em determinado intervalo</p><p>de tempo.</p><p>A incidência de uma doença é definida como o número de casos novos que</p><p>ocorrem em um determinado período de tempo, em uma população</p><p>exposta ao risco de adoecer.</p><p>A incidência pode ser expressa em número absoluto de casos novos, obtidos</p><p>por contagem, em um tempo e população definidos. Por exemplo, dois</p><p>casos de hantavirose foram diagnosticados em trabalhadores agrícolas de</p><p>um pequeno município, em determinado ano. A incidência expressa como</p><p>número absoluto de casos é uma importante medida da doença, embora</p><p>possa haver dificuldade em comparar esses casos com os ocorridos em</p><p>outros locais. Os casos expressos em números absolutos não são adequados</p><p>a comparações, pois não levam em conta o tamanho da população sob risco.</p><p>A incidência pode ser expressa como um coeficiente, que é a proporção de</p><p>casos novos de uma doença na população que esteve exposta ao risco de</p><p>adoecer durante o período considerado</p><p>Relação entre prevalência e incidência</p><p>A prevalência de uma doença pode ser em função de sua</p><p>incidência. Quanto maior a incidência, maior é a prevalência, dependendo</p><p>da duração da doença, assim como de curas, óbitos e perda de</p><p>acompanhamento. A prevalência é o resultado final, para um período de</p><p>tempo, da soma das entradas (casos novos) menos a soma das saídas (curas,</p><p>mortes e perdas de acompanhamento).</p><p>Uma doença aguda de curta duração, em geral, é avaliada pela</p><p>incidência. Durante uma epidemia de dengue, por exemplo, os casos novos</p><p>representam a incidência, mas, após o período epidêmico, a incidência tende</p><p>a cair. Se a avaliação da prevalência for feita após a epidemia, ela poderá não</p><p>refletir a real dimensão da doença.</p><p>Considerando uma doença crônica de longa duração, diabetes,</p><p>por exemplo, com incidência baixa: a prevalência poderá ser alta, porque os</p><p>pacientes com diabetes tendem a sobreviver por muitos anos, havendo um</p><p>acúmulo de casos ao longo do tempo. Um bom programa de controle de</p><p>diabetes poderá resultar no aumento da prevalência dessa doença, seja por</p><p>melhora no diagnóstico, seja por aumento da sobrevida dos pacientes,</p><p>prolongando a duração da doença. Prevalência e incidência avaliam</p><p>aspectos diferentes da ocorrência de doenças.</p><p>Em situações nas quais há certa estabilidade populacional, com</p><p>incidência estável, é possível afirmar que a prevalência será igual à incidência</p><p>multiplicada pela duração da doença.</p><p>Referências:</p><p>Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). INDICADORES DE SAÚDE:</p><p>Elementos Conceituais e Práticos.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. O SUS de A a Z : garantindo saúde nos</p><p>municípios / Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretarias</p><p>Municipais de Saúde. 3. ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009</p><p>FRANCO, Laércio J.; PASSOS, Afonso Dinis C. Fundamentos de</p><p>epidemiologia. Barueri: Editora Manole, 2022. E-book. ISBN</p><p>9786555767711. Disponível</p><p>em:</p><p>https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555767711/.</p><p>Acesso em: 11 ago. 2024.</p><p>5° OBJETIVO:</p><p>Na década de 70, foram estabelecidos, por Leavell & Clark (1976), três níveis</p><p>de prevenção que interrelacionam atividade médica e saúde pública. Nesse</p><p>esquema, a promoção da saúde era concebida apenas como um elemento</p><p>da prevenção primária e voltada mais para os aspectos educativos</p><p>individuais. No entanto, a partir da década de 80, após a Carta de Otawa, a</p><p>promoção da saúde foi revalorizada, tornando-se objeto de políticas</p><p>públicas em várias partes do mundo. Diferentemente da promoção da</p><p>saúde, a prevenção de enfermidades tem como objetivo a redução do risco</p><p>de se adquirir uma doença específica por reduzir a probabilidade de que</p><p>uma doença ou desordem venha a afetar um indivíduo.</p><p>a) Prevenção primária é a ação tomada para remover causas e fatores de</p><p>risco de um problema de saúde individual ou populacional antes do</p><p>desenvolvimento de uma condição clínica. Inclui promoção da saúde e</p><p>proteção específica (ex.: imunização, orientação de atividade física para</p><p>diminuir chance de desenvolvimento de obesidade).</p><p>b) Prevenção secundária: é a ação realizada para detectar um problema de</p><p>saúde em estágio inicial, muitas vezes em estágio subclínico, no indivíduo ou</p><p>na população, facilitando o diagnóstico definitivo, o tratamento e reduzindo</p><p>ou prevenindo sua disseminação e os efeitos de longo prazo (ex.:</p><p>rastreamento, diagnóstico precoce).</p><p>c) Prevenção terciária é a ação implementada para reduzir em um indivíduo</p><p>ou população os prejuízos funcionais consequentes de um problema agudo</p><p>ou crônico, incluindo reabilitação (ex.: prevenir complicações do diabetes,</p><p>reabilitar paciente pós-infarto – IAM ou acidente vascular cerebral). 15</p><p>RASTREAMENTO</p><p>d) Prevenção quaternária, de acordo com o dicionário da WONCA é a</p><p>detecção de indivíduos em risco de intervenções, diagnósticas e/ou</p><p>terapêuticas, excessivas para protegê-los de novas intervenções médicas</p><p>inapropriadas e sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis.</p><p>A prevenção de doenças compreende três categorias: manutenção de baixo</p><p>risco, redução de risco e detecção precoce.</p><p>a) Manutenção de baixo risco tem por objetivo assegurar que as pessoas de</p><p>baixo risco para problemas de saúde permaneçam com essa condição e</p><p>encontrem meios de evitar doenças.</p><p>b) Redução de risco foca nas características que implicam risco de</p><p>moderado a alto, entre os indivíduos ou segmentos da população, e busca</p><p>maneiras de controlar ou diminuir a prevalência da doença.</p><p>c) Detecção precoce visa estimular a conscientização dos sinais precoces de</p><p>problemas de saúde – tanto entre usuários leigos como em profissionais – e</p><p>rastrear pessoas sob risco de modo a detectar um problema de saúde em</p><p>sua fase inicial, se essa identificação precoce traz mais benefícios que</p><p>prejuízos aos indivíduos. Ela baseia-se na premissa de que algumas doenças</p><p>têm maiores chances de cura, sobrevida e/ou qualidade de vida do indivíduo</p><p>quando diagnosticadas o mais cedo possível. Alguns tipos de câncer, as</p><p>doenças cardiovasculares, o diabetes e a osteoporose são alguns exemplos.</p><p>A detecção precoce pode ser realizada tanto nos encontros</p><p>clínicos – em que o paciente procura o serviço por algum motivo – quanto</p><p>nos encontros em que não há demanda por cuidado, como: atestados e</p><p>relatórios, acompanhamento de familiares, vacinação, coleta de Papanicolau</p><p>etc. Em ambos os casos, os profissionais de saúde precisam estar receptivos</p><p>e atentos para, além das atividades em foco (o motivo principal do encontro),</p><p>observar possíveis sinais de doenças e, se necessário, tomar as providências</p><p>para detectá-los precocemente. É fundamental que a habilidade e o respeito</p><p>dos profissionais, bem como o diálogo com os usuários, norteiem e limitem</p><p>essa missão, evitando qualquer tendência à intromissão imprópria e a</p><p>intervenções inadequadas e possivelmente iatrogênicas.</p><p>Estratégias para a detecção precoce são o diagnóstico precoce e</p><p>o rastreamento. A primeira diz respeito à abordagem de indivíduos que já</p><p>apresentam sinais e/ou sintomas de uma doença, enquanto a segunda é</p><p>uma ação dirigida à população assintomática, na fase subclínica do</p><p>problema em questão.</p><p>c.1) Diagnóstico precoce são ações destinadas a identificar a</p><p>doença em estágio inicial a partir de sintomas e/ou sinais clínicos. Na área</p><p>oncológica, o diagnóstico precoce é uma estratégia que possibilita terapias</p><p>mais simples e efetivas, ao contribuir para a redução do estágio de</p><p>apresentação do câncer. Por essa razão, o conceito de diagnóstico precoce</p><p>é por vezes nomeado de down-staging, ou seja, no menor estágio do</p><p>desenvolvimento da doença (WHO, 2007, p. 3).</p><p>c.2) Rastreamento é a realização de testes ou exames diagnósticos</p><p>em populações ou pessoas assintomáticas, com a finalidade de diagnóstico</p><p>precoce (prevenção secundária) ou de identificação e controle de riscos,</p><p>tendo como objetivo final reduzir a morbidade e mortalidade da doença,</p><p>agravo ou risco rastreado (GATES, 2001). O rastreamento viabiliza a</p><p>identificação de indivíduos que têm a doença, mas que ainda não</p><p>apresentam sintomas. Por vezes, confunde-se a questão do rastreamento</p><p>com a simples adoção de protocolos ou guidelines, recomendações de</p><p>associações médicas ou outras instituições respeitadas sobre condutas</p><p>profissionais. Essa ideia está mais próxima do rastreamento oportunístico,</p><p>que, por sua vez, pode trazer mais problemas para os pacientes do que alívio</p><p>do sofrimento. O rastreamento não está isento de riscos, pois significa</p><p>interferir na vida de pessoas assintomáticas, ou seja, que até provem o</p><p>contrário são saudáveis. No próximo capítulo, o rastreamento é abordado</p><p>mais densamente.</p><p>Referências:</p><p>Caderno de Atenção Primária – rastreamento – Ministério da</p><p>Saúde</p>