Prévia do material em texto
<p>AvAliAção NutricioNAl</p><p>Prof.a Caroline Pappiani</p><p>Indaial – 2020</p><p>1a Edição</p><p>Copyright © UNIASSELVI 2020</p><p>Elaboração:</p><p>Prof.a Caroline Pappiani</p><p>Revisão, Diagramação e Produção:</p><p>Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI</p><p>Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri</p><p>UNIASSELVI – Indaial.</p><p>P218a</p><p>Pappiani, Caroline</p><p>Avaliação nutricional. / Caroline Pappiani. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.</p><p>163 p.; il.</p><p>ISBN 978-85-515-0446-8</p><p>1. Nutrição - Avaliação. - Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.</p><p>CDD 612.3</p><p>Impresso por:</p><p>ApreseNtAção</p><p>Prezado acadêmico, seja bem-vindo à disciplina de Avaliação</p><p>Nutricional! Este livro didático tem como propósito auxiliar no processo de</p><p>aprendizagem acerca da abordagem clínica para determinar o estado</p><p>III</p><p>nutricional e servirá como guia para você adquirir conhecimentos</p><p>necessários à atribuição do profissional nutricionista, relativa ao histórico</p><p>clínico, dietético e social, exame físico, antropometria e dados bioquímicos</p><p>para chegar ao diagnóstico nutricional. Este livro didático está dividido em</p><p>três unidades, cada qual com objetivos, conteúdo, autoatividades, dicas,</p><p>sugestões e recomendações.</p><p>Na primeira unidade será abordado os indicadores do estado</p><p>nutricional. Aprenderemos conceitos e métodos, segurança alimentar e</p><p>nutricional e determinantes sociais de saúde. Por fim, serão discutidos os</p><p>métodos de avaliação do consumo alimentar e da composição corporal.</p><p>Já na segunda unidade aprofundaremos os conhecimentos referentes</p><p>à avaliação nutricional nos diferentes ciclos de vida. Iniciaremos com a fase</p><p>adulta, abordando também as particularidades na gestação. E a unidade será</p><p>finalizada com os índices antropométricos durante a infância e adolescência.</p><p>A terceira unidade será destinada à avaliação nutricional no idoso e</p><p>hospitalizados. Por isso, um dos tópicos abordados será a respeito do exame</p><p>físico. É importante reforçar que o conhecimento sobre o processo de</p><p>envelhecimento e as características da sarcopenia podem complementar a</p><p>conduta do nutricionista. Por isso, outros temas serão abordados, incluindo</p><p>triagem nutricional, avaliação do risco nutricional, avaliação funcional e o</p><p>impacto da desnutrição em âmbito hospitalar.</p><p>Acreditamos que os profissionais precisam conhecer o processo do</p><p>cuidado nutricional, principalmente as etapas de avaliação e diagnóstico</p><p>nutricional, para que, na continuidade das disciplinas direcionadas à</p><p>nutrição clínica, você esteja apto a calcular as necessidades nutricionais e</p><p>elaborar corretamente um planejamento alimentar, não esquecendo de</p><p>reavaliar as condutas sempre que necessário.</p><p>Desejamos uma ótima leitura!</p><p>Prof.a Caroline Pappiani</p><p>IV</p><p>Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para</p><p>você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso</p><p>material.</p><p>Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material</p><p>base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático,</p><p>que cabe na bolsa e facilita a leitura.</p><p>O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no</p><p>texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração</p><p>de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.</p><p>Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta</p><p>também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com</p><p>versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.</p><p>Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas</p><p>de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.</p><p>Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre</p><p>os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um</p><p>material de qualidade.</p><p>Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de</p><p>Estudantes – ENADE.</p><p>Bons estudos!</p><p>Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais</p><p>ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a</p><p>Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR</p><p>Code, que é um código que permite que você acesse um</p><p>conteúdo interativo relacionado ao tema que você está</p><p>estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de</p><p>aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só</p><p>aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!</p><p>V</p><p>VI</p><p>VII</p><p>sumário</p><p>UNIDADE 1 – INDICADORES DO ESTADO NUTRICIONAL .....................................................1</p><p>TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO NUTRICIONAL ......................................................3</p><p>1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................3</p><p>2 ESTADO NUTRICIONAL E SUAS DIMENSÕES...........................................................................3</p><p>3 MÉTODOS DIRETOS E INDIRETOS.......................................................................................6</p><p>4 SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL .............................................................................9</p><p>5 DETERMINANTES SOCIAIS DE SAÚDE ...........................................................................10</p><p>RESUMO DO TÓPICO</p><p>1........................................................................................................................16</p><p>AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................17</p><p>TÓPICO 2 – AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR ............................................................19</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>.....................................................................................................................................19</p><p>2 INQUÉRITOS ALIMENTARES .........................................................................................................19</p><p>3 POLÍTICAS PÚBLICAS E INADEQUAÇÃO DE NUTRIENTES ...............................................30</p><p>4 SURGIMENTO DAS RECOMENDAÇÕES DE NUTRIENTES .................................................31</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................34</p><p>AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................35</p><p>TÓPICO 3 – AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL .......................................................37</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>.....................................................................................................................................37</p><p>2 ANTROPOMETRIA</p><p>.............................................................................................................................37</p><p>3 EQUAÇÕES PREDITIVAS .................................................................................................................41</p><p>4 IMPEDÂNCIA BIOELÉTRICA</p><p>..........................................................................................................44</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>...............................................................................................................46</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................48</p><p>AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................49</p><p>UNIDADE 2 – AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NOS CICLOS DE VIDA .....................................51</p><p>TÓPICO 1 – ADULTOS ..........................................................................................................................53</p><p>eventuais manifestações aos extremos de</p><p>exposição, ou seja, sinais carenciais decorrentes de ingestão insuficiente, ou de</p><p>toxicidade, que indicam efeitos adversos decorrentes do excesso de consumo.</p><p>As Dietary Reference Intakes (DRI) constituem-se na mais recente</p><p>revisão dos valores de recomendação de nutrientes e energia adotados pelos</p><p>Estados Unidos e Canadá, e vêm sendo publicadas desde 1997, na forma de</p><p>relatórios parciais elaborados por comitês de especialistas organizados por</p><p>uma parceria entre o Institute of Medicine norte-americano e a agência Health</p><p>Canada. Essas publicações substituem as sucessivas versões das Recommended</p><p>Dietary Allowances (RDA), cuja décima revisão foi editada em 1989.</p><p>UNIDADE 1 | INDICADORES DO ESTADO NUTRICIONAL</p><p>36</p><p>Além da atualização de cotas dietéticas recomendadas, esse conjunto de</p><p>publicações apresenta um novo sistema de aplicação das quatro categorias de</p><p>valores de referência para avaliação e planejamento de consumo, rotulagem</p><p>TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR</p><p>37</p><p>e fortificação de alimentos. Os novos conceitos foram elaborados a partir da</p><p>incorporação dos achados sobre o aumento dos riscos de desenvolvimento de</p><p>doenças crônicas não transmissíveis, provocado pela alimentação, além da</p><p>abordagem clássica sobre os efeitos de carência.</p><p>Entre as novidades desse sistema não estão apenas as quatro categorias</p><p>de referência (EAR, RDA, AI, UL). Com as DRI pode-se aprimorar a avaliação</p><p>e o planejamento da alimentação, ao considerar que, para cada uma dessas</p><p>etapas da atenção dietética, deve-se aplicar uma ou mais das categorias citadas,</p><p>de maneiras distintas.</p><p>Assim, para indivíduos, EAR e UL são as categorias de referência mais</p><p>adequadas para a avaliação de dietas, enquanto RDA ou AI devem ser</p><p>utilizadas como metas de ingestão. Valores habituais de consumo abaixo do</p><p>EAR denotam grande probabilidade de inadequação, e acima do UL, risco de</p><p>desenvolvimento de efeitos adversos. Contudo, se o consumo habitual estiver</p><p>acima dos valores da RDA há maior chance de que as necessidades</p><p>nutricionais, tanto de indivíduos quanto de populações, estejam atendidas.</p><p>Quando não há valor de EAR e apenas o valor de AI se encontra</p><p>disponível, há maior incerteza para avaliar se um determinado nutriente é</p><p>fornecido pela dieta em quantidade adequada. Portanto, pela simples aplicação</p><p>das tabelas não é possível chegar a uma conclusão sobre inadequação, quando</p><p>os valores de consumo habitual forem menores do que este valor de referência.</p><p>Fontes de erro intraindividuais, devido à variabilidade do padrão de</p><p>consumo, ou interindividuais, decorrentes da distribuição das necessidades na</p><p>população, aliadas a um pequeno número de dias de observação, têm grande</p><p>impacto sobre a confiabilidade da análise. A adoção de técnicas adequadas de</p><p>inquérito dietético, aplicadas duas ou mais vezes, preferencialmente em dias</p><p>não consecutivos, contribui para melhorar a acurácia de métodos quantitativos</p><p>de consumo.</p><p>Outros avanços do sistema incluem a proposição do conceito de</p><p>estágios da vida, e não mais faixas etárias; a definição de antioxidante</p><p>alimentar; o emprego do conceito de unidades equivalentes para vitamina E e</p><p>folato, além da vitamina A.</p><p>Adicionalmente, houve a inclusão de um maior número de elementos,</p><p>como arsênico, boro, níquel e vanádio. Para estes, entretanto, a insuficiência</p><p>das evidências para firmar suas funções sobre a saúde impede, até a presente</p><p>data, o estabelecimento de níveis de recomendação.</p><p>FONTE: PADOVANI, R. M. et al. Dietary reference intakes: aplicabilidade das tabelas em estudos</p><p>nutricionais. Rev. Nutr., Campinas, v. 6, n. 19, p. 741-760, nov./dez., 2006. Disponível em:</p><p>http://www.scielo.br/pdf/rn/v19n6/09.pdf. Acesso em: 21 nov. 2019.</p><p>38</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• Os inquéritos alimentares são instrumentos utilizados para avaliar o consumo</p><p>alimentar, ou seja, as relações entre o consumo de alimentos e as condições de</p><p>saúde de indivíduos e populações.</p><p>• Os inquéritos alimentares retrospectivos são baseados em informações do</p><p>passado, enquanto os prospectivos são baseados em informações do presente.</p><p>• O R24h descreve e quantifica todos os alimentos e bebidas consumidos nas 24</p><p>horas prévias ou no dia anterior.</p><p>• O QFA é um inquérito no qual o indivíduo registra ou relata seu consumo</p><p>alimentar baseado em uma lista de alimentos.</p><p>• O diário ou registro alimentar pode ser feito de 3, 5 ou 7 dias com anotação da</p><p>porção do alimento consumido ou pesagem em balança.</p><p>• Todos os inquéritos possuem vantagens e desvantagens e deverá ser escolhido</p><p>levando em consideração a escolaridade, o tempo disponível e o nível</p><p>socioeconômico da população estudada.</p><p>• A ingestão dietética de referência (Dietary Reference Intakes – DRIs) foi criada</p><p>em conjunto por especialistas dos Estados Unidos e Canadá.</p><p>• A DRI considera quatro valores de referência: necessidade média estimada,</p><p>ingestão dietética recomendada, ingestão adequada e limite superior tolerável</p><p>de ingestão.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 Após as duas últimas publicações, pelos Estados Unidos (NRC, 1989) e</p><p>Canadá (HWC, 1990), os cientistas desses países tiveram a iniciativa de se</p><p>juntar para revisar as recomendações existentes, tendo finalizado essa tarefa</p><p>com o estabelecimento das DRIs (Dietary Reference Intakes). Sobre as</p><p>recomendações de nutrientes, classifique V para as sentenças verdadeiras e F</p><p>para as falsas:</p><p>( ) RDA é um valor de ingestão diária de um nutriente que se estima suprir a</p><p>necessidade de metade (50%) dos indivíduos saudáveis.</p><p>39</p><p>( ) EAR é o nível de ingestão dietética diária suficiente para atender às</p><p>necessidades de um nutriente de praticamente todos (97% a 98%) os</p><p>indivíduos saudáveis.</p><p>( ) AI é um valor estimado, utilizado quando não há dados suficientes para a</p><p>determinação da EAR e consequentemente da RDA, níveis de ingestão</p><p>ajustados.</p><p>( ) UL é o valor mais alto de ingestão diária de um nutriente, que aparentemente</p><p>não oferece risco de efeito adverso à saúde para a maioria dos indivíduos.</p><p>Agora, assinale a alternativa que contenha a sequência CORRETA: a) (</p><p>) V – F – F – V.</p><p>b) ( ) F – V – F – V.</p><p>c) ( ) V – V – F – F.</p><p>d) ( ) F – F – V – V.</p><p>e) ( ) V – F – V – F.</p><p>2 Conhecer o consumo dietético é indispensável para estudar a relação entre</p><p>alimentação e doença, investigando a participação dos nutrientes na</p><p>manutenção da saúde e, consequentemente, na prevenção de morbidades.</p><p>No que se refere aos inquéritos alimentares, pode-se afirmar:</p><p>a) ( ) Um dos métodos de avaliação do consumo alimentar prospectivo é o</p><p>questionário de frequência alimentar.</p><p>b) ( ) O recordatório 24 horas é o instrumento mais empregado devido a</p><p>vantagem de não ocorrer sub ou superestimação.</p><p>c) ( ) O questionário de frequência alimentar pode ser autoadministrado ou</p><p>aplicado por outros profissionais.</p><p>d) ( ) O registro alimentar é um inquérito simples e rápido e não exige que o</p><p>indivíduo saiba ler e escrever.</p><p>e) ( ) Todos os inquéritos possuem vantagens e desvantagens, mas o diário</p><p>alimentar é considerado padrão-ouro tanto na prática clínica quanto para</p><p>estudos epidemiológicos.</p><p>Inquérito alimentar Vantagem Desvantagem</p><p>40</p><p>3 Os</p><p>inquéritos alimentares são ferramentas essenciais para a avaliação da</p><p>ingesta alimentar, do padrão alimentar e dos hábitos alimentares do</p><p>paciente. Sobre os inquéritos alimentares, cite uma vantagem e uma</p><p>desvantagem de cada um dos métodos a seguir:</p><p>Recordatório de 24 horas</p><p>Questionário de frequência</p><p>alimentar</p><p>41</p><p>Caro acadêmico! Você sabia que o estudo da composição corporal</p><p>envolve o fracionamento e a quantificação dos componentes corporais, como</p><p>ossos, músculos, órgãos, gordura, pele e demais tecidos? É muito importante</p><p>obter informações relacionadas à composição corporal. Por isso, no Tópico 2,</p><p>abordaremos alguns temas pertinentes ao assunto em se tratando de</p><p>antropometria, equações</p><p>preditivas e outras técnicas avaliativas.</p><p>No contexto de antropometria, abordaremos as diversas técnicas</p><p>utilizadas, como aferir o peso corporal, estatura, circunferências e dobras</p><p>cutâneas. Em seguida, falaremos sobre como utilizar esses dados para estimar o</p><p>percentual de gordura corporal, bem como a massa magra.</p><p>Por fim, abordaremos as equações preditivas para calcular valor de</p><p>energia mínimo necessário para que o seu organismo possa manter os processos</p><p>fisiológicos normais, bem como praticar atividades físicas.</p><p>Ter conhecimento sobre as medidas corporais e suas proporções é</p><p>fundamental para a sua trajetória acadêmica. Compreender que essas medidas</p><p>são úteis não apenas para avaliar mudanças nas reservas de tecido adiposo, mas</p><p>também são capazes de influenciar no estado de saúde da população é uma</p><p>maneira de você aperfeiçoar seu conhecimento e competências necessárias para</p><p>a prática clínica nutricional.</p><p>2 ANTROPOMETRIA</p><p>Atualmente, no processo de avaliação nutricional, não existe um método</p><p>padrão-ouro, ou seja, um método sensível e específico o suficiente que possa ser</p><p>utilizado isoladamente na determinação do estado nutricional. Por isso,</p><p>recomenda-se a combinação de métodos subjetivos e objetivos para maior</p><p>precisão dos resultados (ACUÑA; CRUZ, 2004; MARTINS, 2008).</p><p>42</p><p>A antropometria é a indicação do estado nutricional por meio de medidas</p><p>corporais e suas proporções. É um método simples, de fácil execução, prático,</p><p>não-invasivo e de baixo custo, com possibilidade de utilização de equipamentos</p><p>portáteis e duráveis. As medidas mais utilizadas são: peso corporal, estatura,</p><p>dobras cutâneas e circunferências (ACUÑA; CRUZ, 2004; MARTINS, 2008).</p><p>Para aferir o peso corporal é necessária uma balança calibrada de</p><p>plataforma ou eletrônica, como representadas nas figuras a seguir (e o avaliado</p><p>precisa estar em posição em pé, descalço e com roupas leves (ACUÑA; CRUZ,</p><p>2004; MARTINS, 2008).</p><p>FIGURA 9 – BALANÇA DE PLATAFORMA</p><p>FONTE: <https://d2h1qlcqgaq027.cloudfront.net/Custom/Content/Products/10/58/1058783_ balanca-</p><p>profissional-mecanica-balmak-111-ate-150kg-com-estadiometro_M1.jpg>. Acesso em: 21 nov. 2019.</p><p>FIGURA 10 – BALANÇA DIGITAL</p><p>FONTE: <https://casaevideodigital.vteximg.com.br/arquivos/ids/193841-1000-1000/ Balanca-Digital-</p><p>de-Vidro-G-Tech-Glass10-com-Capacidade-de-150kg-1483498. jpg?v=636782294292770000>. Acesso</p><p>em: 21 nov. 2019.</p><p>Para aferir a estatura é necessário um estadiômetro ou o antropômetro e</p><p>o avaliado precisa estar em posição em pé, descalço, calcanhares juntos, costas</p><p>43</p><p>retas e braços estendidos ao lado do corpo (ACUÑA; CRUZ, 2004; MARTINS,</p><p>2008).</p><p>FIGURA 11 – ESTADIÔMETRO</p><p>FONTE: <https://www.viveestore.com.br/estadiometro-portatil-avanutri>. Acesso em: 21 nov. 2019.</p><p>As dobras cutâneas são aferidas por um adipômetro e incluem a</p><p>espessura de uma camada dupla de pele e de tecido adiposo subcutâneo</p><p>comprimido. A acurácia das pregas depende de sua reprodutibilidade, portanto,</p><p>requer atenção cuidadosa e treinamento do avaliador. São úteis para avaliar</p><p>mudanças nas reservas de tecido adiposo subcutâneo a longo prazo. Até 70% da</p><p>gordura corporal localiza-se no tecido subcutâneo. Assim, medindo-se as</p><p>espessuras e utilizando-se equações matemáticas, é possível estimar o percentual</p><p>de gordura corporal (ACUÑA; CRUZ, 2004; MARTINS, 2008).</p><p>Instruções gerais para aferir as dobras cutâneas:</p><p>• No mesmo paciente, deve ser medida sempre pelo mesmo avaliador.</p><p>• Aparelho deve estar calibrado.</p><p>• Identificar e marcar o local a ser medido.</p><p>• Segurar a pele formada e o tecido adiposo com os dedos polegar e indicador</p><p>da mão esquerda a 1 cm do ponto marcado.</p><p>• Padronizar o lado que será utilizado para medição (recomenda-se o lado</p><p>direito).</p><p>• Manter as pregas entre os dedos até o final da aferição.</p><p>• A leitura deverá ser realizada em cerca de dois a três segundos.</p><p>44</p><p>• Utilizar média de três medidas não-consecutivas.</p><p>• Diferença superior a 5-10% entre maior e menor medida, repetir o</p><p>procedimento.</p><p>• Em casos de obesidade grau III e/ou edema, a medida não é fidedigna.</p><p>FIGURA 12 – ADIPÔMETRO</p><p>FONTE: <https://medcirurgica.ciaimg.com.br/Assets/Produtos/SuperZoom/adipometroplicometro-</p><p>cientifico-tradicional-cescorf.jpg?v=89e88a07-1>. Acesso em: 21 nov. 2019.</p><p>TABELA 1 – CLASSIFICAÇÃO DO PERCENTUAL DE GORDURA PARA O SEXO FEMININO</p><p>Classificação</p><p>Idade</p><p>18 a 25 26 a 35 36 a 45 46 a 55 56 a 65</p><p>muito baixo < 13 < 14 < 16 < 17 < 18</p><p>excelente 13 a 16 14 a 16 16 a 19 17 a 21 18 a 22</p><p>muito bom 17 a 19 17 a 20 20 a 23 22 a 25 23 a 26</p><p>bom 20 a 22 21 a 23 24 a 26 26 a 28 27 a 29</p><p>adequado 23 a 25 24 a 25 27 a 29 29 a 31 30 a 32</p><p>moderadamente alto 26 a 28 26 a 29 30 a 32 32 a 34 33 a 35</p><p>alto 29 a 31 30 a 33 33 a 36 35 a 38 36 a 38</p><p>muito alto > 31 > 33 > 36 > 39 > 38</p><p>FONTE: Pollock e Wilmore (1993, p. 175)</p><p>TABELA 2 – CLASSIFICAÇÃO DO PERCENTUAL DE GORDURA PARA O SEXO MASCULINO</p><p>Classificação</p><p>Idade</p><p>18 a 25 26 a 35 36 a 45 46 a 55 56 a 65</p><p>muito baixo < 4 < 8 < 10 < 12 < 13</p><p>excelente 4 a 6 8 a 11 10 a 14 12 a 16 13 a 18</p><p>muito bom 7 a 10 12 a 15 15 a 18 17 a 20 19 a 21</p><p>bom 11 a 13 16 a 18 19 a 21 21 a 23 22 a 23</p><p>45</p><p>adequado 14 a 16 19 a 20 22 a 23 24 a 25 24 a 25</p><p>moderadamente alto 17 a 20 21 a 24 24 a 25 26 a 27 26 a 27</p><p>alto 21 a 24 25 a 27 26 a 29 28 a 30 28 a 30</p><p>muito alto > 24 > 27 > 29 > 30 > 30</p><p>FONTE: Pollock e Wilmore (1993, p. 175)</p><p>As circunferências podem auxiliar na classificação da composição</p><p>corporal do paciente, sendo a circunferência do braço um bom indicador de</p><p>massa magra e gorda e a da panturrilha um bom indicador de desnutrição</p><p>(ACUÑA; CRUZ, 2004; MARTINS, 2008).</p><p>Além disso, a circunferência da cintura ou abdominal é considerada um</p><p>bom avaliador da distribuição da gordura corporal, sendo mensurada no ponto</p><p>médio entre a última costela e a crista ilíaca (OMS, 2000).</p><p>QUADRO 4 – CLASSIFICAÇÃO DA CIRCUNFERÊNCIA DA CINTURA, DE ACORDO COM O SEXO</p><p>Riscos de complicações metabólicas</p><p>associadas à obesidade</p><p>Aumentado Muito Aumentado</p><p>Homem ≥ 94 cm ≥ 102 cm</p><p>Mulher ≥ 80 cm ≥ 88 cm</p><p>FONTE: OMS (2000, p. 11)</p><p>3 EQUAÇÕES PREDITIVAS</p><p>A taxa metabólica basal (TMB) é o valor de energia mínimo necessário</p><p>para o organismo manter os processos fisiológicos normais, como: respiração,</p><p>metabolismo celular e manutenção da temperatura corporal.</p><p>Com os valores da massa corporal, estatura e idade é possível estimar a</p><p>TMB. O primeiro método validado foi há 100 anos, por Harris e Benedict (1919).</p><p>46</p><p>Outros métodos preditivos também são utilizados, como os da Organização</p><p>Mundial da Saúde – OMS (1985) e do Institute of Medicine – IOM (2005),</p><p>apresentados na tabela a seguir:</p><p>TABELA 3 – EQUAÇÕES PARA A ESTIMATIVA DO GASTO ENERGÉTICO BASAL</p><p>EM INDIVÍDUOS ADULTOS</p><p>Autores Equação</p><p>Harris e Benedict</p><p>masculino - GEB</p><p>(1919)</p><p>TMB = 66 + (13,7 x Peso em kg) + (5 x Altura em cm) – (6,8 x Idade em</p><p>anos)</p><p>Harris e Benedict</p><p>feminino - GEB (1919)</p><p>TMB = 655 + (9,6 x Peso em kg) + (1,7 x Altura em cm) – (4,6 x Idade em</p><p>anos)</p><p>FAO/WHO</p><p>18-30 anos</p><p>(14,7 X peso em Kg) + 496</p><p>FAO/WHO</p><p>30-60 anos</p><p>(8,7 X peso em Kg) + 829</p><p>IOM</p><p>masculino</p><p>293 – (3,8 X idade em anos) + (456,4 × altura em metros) +</p><p>(10,12 X peso em Kg)</p><p>IOM</p><p>feminino</p><p>247 – (2,67 × idade em anos) + (401,5 × altura em metros) +</p><p>(8,60 X peso em kg)</p><p>Observação: Dependendo da referência de obtenção da fórmula, os valores podem variar. FONTE: A</p><p>autora.</p><p>Além das equações matemáticas, a TMB pode ser medida por</p><p>calorimetria indireta, que é a medida do gasto energético a partir das trocas</p><p>respiratórias (consumo de oxigênio e liberação de gás carbônico), obtidos por</p><p>análise do volume de ar inspirado e expirado pelos pulmões (quociente</p><p>respiratório – QR). A TMB representa a energia despendida por um indivíduo</p><p>mantido em repouso, em um ambiente termicamente controlado, pela manhã, ao</p><p>acordar após 12 horas de jejum, e depende da massa corporal</p><p>magra e em menor</p><p>extensão, da idade e do sexo. Esse valor representa até 75% do gasto energético</p><p>diário. A energia necessária para os processos vitais é obtida pela oxidação dos</p><p>nutrientes. A energia contida nas ligações C-H dos carboidratos, lipídios e</p><p>proteínas é liberada por oxidação desses substratos dentro das células. Esse</p><p>processo consome oxigênio e produz água, gás carbônico, ATP e calor que é</p><p>47</p><p>dissipado para o meio ambiente. Ou seja, essa produção de energia significa a</p><p>conversão da energia armazenada nos nutrientes em: energia química (ATP) + a</p><p>energia dissipada como calor durante o processo de oxidação. Estudos</p><p>conduzidos por diferentes grupos de pesquisadores em várias partes do mundo</p><p>têm encontrado variações entre a estimativa da TMB obtida pelas equações</p><p>matemáticas e a determinada pela calorimetria indireta, conforme demonstrado</p><p>na tabela a seguir. As defasagens contribuem para a perda de qualidade dos</p><p>programas de dietas ou de exercícios físicos, e a inadequação das equações de</p><p>estimativa de TMB para populações específicas, como a brasileira, acaba por</p><p>trazer insatisfação (LUSTOSA et al., 2013).</p><p>TABELA 4 – COMPARAÇÃO DOS VALORES DA TAXA METABÓLICA BASAL ENTRE DIFERENTES</p><p>EQUAÇÕES PREDITIVAS E POR CALORIMETRIA INDIRETA</p><p>Média ± desvio</p><p>padrão (kcal)</p><p>Mínimo (kcal) Máximo (kcal)</p><p>Calorimetria indireta 1.710 ± 330 1.067 2.416</p><p>IOM, 2005 1.791 ± 111 1.583 2.039</p><p>FAO, 85 1.822 ± 115 1.631 2.083</p><p>Harris-Benedict 1.825 ± 138 1.557 2.168</p><p>FONTE: Lustosa et al. (2013, p. 97)</p><p>Frente aos resultados dos escores residuais representados pela diferença</p><p>entre a calorimetria indireta e as equações estudadas, foi possível detectar que a</p><p>equação da FAO/OMS (Food Agriculture Organization/Organização Mundial da</p><p>Saúde) superestimou em média, 11,66% a TMB dos voluntários (LUSTOSA et al.,</p><p>2013).</p><p>A equação de Harris e Benedict mostrou diferença percentual média de</p><p>10,07% para a TMB determinada pela calorimetria indireta. O valor médio</p><p>estimado pela equação do IOM (Institute of Medicine) não apresentou diferença</p><p>quando comparada à calorimetria indireta (LUSTOSA et al., 2013).</p><p>Após estimar a TMB é necessário calcular a necessidade energética total</p><p>(NET) ou gasto energético total (GET). Esse valor é a quantidade de energia que</p><p>os indivíduos necessitam para suas atividades diárias, levando em consideração</p><p>a prática de exercícios físicos. O fator atividade é dividido em: leve, moderado e</p><p>intenso, com valores diferentes para homens e mulheres (HARRIS; BENEDICT,</p><p>1919; FAO/OMS, 1985; IOM, 2005).</p><p>As equações para a estimativa do gasto energético são apropriadas e</p><p>largamente utilizadas. Entretanto, é importante reforçar que uma correta</p><p>avaliação da composição corporal e de seu consumo alimentar habitual devem</p><p>48</p><p>ser realizadas para evitar vieses no cálculo das necessidades energéticas</p><p>(LUSTOSA et al., 2013).</p><p>A partir das estimativas, as necessidades nutricionais diárias de</p><p>macronutrientes podem ser distribuídas em percentual ou grama por quilo de</p><p>peso. Deve-se levar em conta também a recomendação de fibras e ingestão</p><p>hídrica.</p><p>4 IMPEDÂNCIA BIOELÉTRICA</p><p>A impedância bioelétrica ou bioimpedância fundamenta-se no princípio</p><p>de que os tecidos corporais oferecem diferente oposição (impedância) à</p><p>passagem da corrente elétrica, a partir de dois vetores, denominados Resistência</p><p>e Reactância. Em sistemas biológicos, a corrente elétrica é transmitida pelos íons</p><p>diluídos nos fluidos corporais. Os tecidos magros são altamente condutores de</p><p>corrente elétrica devido à grande quantidade de água e eletrólitos, ou seja,</p><p>apresentam baixa resistência à passagem da corrente elétrica. Por outro lado, a</p><p>gordura, o osso e a pele constituem um meio de baixa condutividade,</p><p>apresentando, portanto, elevada resistência (EICKEMBERG et al., 2011).</p><p>Para avaliação da composição corporal, a técnica da bioimpedância</p><p>baseiase no modelo de um condutor cilíndrico, com comprimento e área</p><p>transversal uniformes e homogêneos, ao qual o corpo humano se assemelha. É</p><p>um método bem aceito pela comunidade científica, inclusive na identificação do</p><p>estado de hidratação dos indivíduos. Os resultados podem ser afetados por</p><p>fatores como a alimentação, atividade física, ciclo menstrual, ingestão de</p><p>líquidos, desidratação ou retenção hídrica e alguns medicamentos (ACUÑA;</p><p>CRUZ, 2004; MARTINS, 2008).</p><p>O aparelho demonstrado na figura a seguir identifica níveis de resistência</p><p>e reactância que, por meio de equações, estima a quantidade de água corporal</p><p>total e prediz a quantidade de gordura corporal total. Grande quantidade de</p><p>água e massa corporal magra oferecem menor resistência à passagem da corrente</p><p>elétrica. Isso acontece visto que o músculo, rico em conteúdo hídrico, oferece</p><p>menor resistência à passagem elétrica, sendo um bom condutor. Enquanto a</p><p>gordura, pobre em água, aumenta a resistência à passagem elétrica, sendo um</p><p>mau condutor (ACUÑA; CRUZ, 2004; MARTINS, 2008).</p><p>Com a obtenção dos valores da resistência e reactância, são utilizadas</p><p>equações estatísticas para estimar os componentes corporais, e assim, determinar</p><p>os valores de massa de gordura, massa magra e água corporal. Essas equações</p><p>podem ser ajustadas para sexo, etnia, idade, peso, altura e nível de atividade</p><p>física. Nas últimas décadas, uma variedade de aparelhos tornou-se</p><p>comercialmente disponível. É possível encontrar aparelhos de frequência única e</p><p>aparelhos multifrequenciais. A corrente elétrica é transmitida pelo corpo, por</p><p>49</p><p>meio de quatro sensores metálicos (modelo tetrapolar) que, em contato com as</p><p>mãos e/ ou pés, registram a impedância dos segmentos corporais, que pode ser:</p><p>entre os membros superiores e o tronco, somente entre os membros inferiores,</p><p>ou ainda entre os membros superiores e os inferiores (EICKEMBERG et al., 2011).</p><p>FIGURA 13 – MODELO DE IMPEDÂNCIA BIOELÉTRICA</p><p>FONTE: <https://www.mundoboaforma.com.br/wp-content/uploads/2015/03/bioimpedancia.jpg>. Acesso</p><p>em: 21 nov. 2019.</p><p>Procedimentos:</p><p>• Avaliado deve estar deitado em decúbito dorsal, em uma superfície não-</p><p>condutiva, com os braços levemente abduzidos, de forma que não toquem o</p><p>tronco.</p><p>• As pernas devem estar separadas, sem que as coxas se toquem.</p><p>• A cabeça deve estar na altura do corpo, ou pouco elevada por um fino</p><p>travesseiro.</p><p>• O pé direito deve estar descalço para fixação dos eletrodos e não é permitido</p><p>fazer uso de objetos metálicos no corpo.</p><p>• Limpar mão direita e pé direito com algodão umedecido em álcool.</p><p>Recomendações:</p><p>• Não utilizar medicamentos diuréticos nos sete dias que antecedem o teste.</p><p>• Jejum de 4h (comida e bebida).</p><p>• Não ingerir bebidas alcoólicas nas 48h que antecedem o teste.</p><p>• Não realizar atividade física extenuante nas 24h que antecedem o teste.</p><p>• Urinar pelo menos 30 min. antes do teste.</p><p>• Permanecer ao menos 5 min. deitado na posição de realização do teste, em</p><p>total repouso, antes da execução.</p><p>50</p><p>UNIDADE 1 | INDICADORES DO ESTADO NUTRICIONAL</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>BIOIMPEDÂNCIA PARA AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL:</p><p>UMA PROPOSTA DIDÁTICO-EXPERIMENTAL PARA ESTUDANTES DA</p><p>ÁREA DA SAÚDE</p><p>Marcelo Mariano da Silva</p><p>Raquel Santos Marques de Carvalho</p><p>Marcelo Baptista de Freitas</p><p>Nos cursos de graduação da área da saúde é comum a abordagem de</p><p>conceitos da física sem contextualização e tratamento interdisciplinar</p><p>apropriados, dificultando que novas perspectivas sobre problemas práticos</p><p>sejam alcançadas por parte dos alunos. Por isso, construir um ambiente de</p><p>ensino-aprendizagem com transversalidade e interdisciplinaridade, ou seja, que</p><p>implique na articulação entre conhecimentos sistematizados e questões da vida</p><p>real, é essencial para significar o conhecimento e desenvolver habilidades que</p><p>preparem os professores para a manutenção desse ambiente e os alunos para a</p><p>vida e para um ambiente de trabalho cada vez mais complexo, competitivo e</p><p>exigente.</p><p>Nesse contexto, este artigo apresenta um experimento de bioimpedância</p><p>voltado para estudantes da área da saúde e elaborado a partir de instrumentação</p><p>tradicional encontrada em laboratórios de ensino de cursos de graduação.</p><p>Trata-se de uma proposta didática que permite a introdução de</p><p>grandezas físicas e conceitos básicos de circuitos elétricos – corrente elétrica</p><p>alternada (IAC), potencial elétrico eficaz (V), resistência (R), reatância capacitiva</p><p>(χc), impedância (Z), frequência (f) e ângulo de fase (ϕ) – através de um recorte</p><p>interdisciplinar de medida de impedância do corpo humano e avaliação corporal.</p><p>Concomitantemente possibilita-se que estudantes de cursos diferentes</p><p>daqueles tradicionalmente classificados como de exatas ascendam a uma</p><p>51</p><p>compreensão sobre bioimpedância que não é possível através de medições</p><p>clínicas conduzidas em hospitais e centros especializados, onde os equipamentos</p><p>são normalmente empregados como caixas-pretas.</p><p>Na seção 2 é apresentada a fundamentação que permite o emprego da</p><p>bioimpedância para avaliação da composição corporal, juntamente com os</p><p>aspectos teóricos e práticos do circuito elétrico equivalente empregado no</p><p>experimento proposto.</p><p>TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO NUTRICIONAL</p><p>Na seção 3 são discutidas as medidas realizadas em diferentes</p><p>configurações neste circuito para simular o comportamento eletrofisiológico do</p><p>corpo humano e os resultados de medidas in vivo. As variáveis de interesse</p><p>clínico são então calculadas a partir de um modelo estabelecido na literatura e</p><p>uma breve discussão sobre suas limitações é apresentada.</p><p>Por fim, a seção 4 traz a proposta propriamente dita de uso do</p><p>experimento em laboratório didático, finalizando com as conclusões, na seção 5.</p><p>FONTE: SILVA, M. M. da; CARVALHO, R. S. M. de; Freitas, M. B. de. Bioimpedância para avaliação da</p><p>composição corporal: uma proposta didático-experimental para estudantes da área da saúde. Revista</p><p>Brasileira de Ensino de Física, v. 41, n. 2, 2019. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ rbef/v41n2/1806-</p><p>9126-RBEF-41-2-e20180271.pdf. Acesso em: 21 nov. 2019.</p><p>52</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• A antropometria é a indicação do estado nutricional por meio de medidas</p><p>corporais e suas proporções.</p><p>• As medidas de antropometria mais utilizadas são: peso corporal, estatura,</p><p>dobras cutâneas e circunferências.</p><p>• A circunferência do braço é um bom indicador de massa magra e gorda, a da</p><p>panturrilha é um bom indicador de desnutrição e a circunferência da cintura</p><p>ou abdominal é considerada um bom avaliador da distribuição da gordura</p><p>corporal.</p><p>• Até 70% da gordura corporal localiza-se no tecido subcutâneo. Assim,</p><p>medindose as dobras cutâneas e utilizando equações matemáticas, é possível</p><p>estimar o percentual de gordura corporal.</p><p>• A taxa metabólica basal é o valor de energia mínimo necessário para o</p><p>organismo manter os processos fisiológicos normais, como: respiração,</p><p>metabolismo celular e manutenção da temperatura corporal.</p><p>• A necessidade energética total equivale à quantidade de energia que os</p><p>indivíduos necessitam para suas atividades diárias, levando em consideração</p><p>a prática de exercícios físicos.</p><p>53</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 Entre 50 e 70% da gordura corporal localiza-se no tecido subcutâneo. Assim,</p><p>medindo-se as espessuras e utilizando equações matemáticas, é possível</p><p>estimar o percentual de gordura corporal. Sobre as dobras cutâneas, assinale</p><p>a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) As medidas devem ser realizadas somente no lado direito do corpo,</p><p>utilizando os dedos indicador e polegar na execução do procedimento.</p><p>b) ( ) As pinças devem ser introduzidas aproximadamente 3 cm abaixo do</p><p>ponto de reparo, pinçado pelos dedos.</p><p>c) ( ) As hastes do compasso não devem estar perpendiculares à superfície da</p><p>pele.</p><p>d) ( ) Deve-se aguardar até quatro segundos para fazer a leitura e repetir a</p><p>medida três vezes consecutivas.</p><p>e) ( ) Diferença superior a 10% entre a maior e menor medida, recomenda-se</p><p>repetir o procedimento.</p><p>2 “Quantidade de energia necessária para a manutenção das funções vitais do</p><p>organismo, sendo medida em condições padrão de jejum, repouso físico e</p><p>mental em ambiente tranquilo com controle de temperatura, iluminação e</p><p>sem ruído” (HARRIS; BENEDICT, 1919). A definição se refere a:</p><p>a) ( ) Gasto energético total.</p><p>b) ( ) Taxa de metabolismo basal.</p><p>c) ( ) Fator atividade física.</p><p>d) ( ) Requerimento estimado.</p><p>e) ( ) Aptidão física.</p><p>3 Conhecer os pontos anatômicos é fundamental para uma correta</p><p>antropometria e avaliação da composição corporal. Observe as figuras a</p><p>seguir e descreva cada uma das medidas:</p><p>a)</p><p>54</p><p>b)</p><p>c)</p><p>d)</p><p>55</p><p>A partir desta unidade, você será capaz de :</p><p>• compreender o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN;</p><p>• utilizar a Curva de Atalah para avaliar o estado nutricional de gestantes;</p><p>• identificar os indicadores antropométricos para avaliar o estado</p><p>nutricional de crianças e adolescentes;</p><p>• compreender a solicitação de exames laboratoriais necessários ao</p><p>acompanhamento dietético.</p><p>Esta unidade de estudos encontra-se dividida em três tópicos. No decorrer</p><p>da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o</p><p>conteúdo apresentado.</p><p>TÓPICO 1 – ADULTOS</p><p>TÓPICO 2 – GESTANTES</p><p>TÓPICO 3 – CRIANÇAS E ADOLESCENTES</p><p>52</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Caro acadêmico! Você sabia que no Brasil existe um Sistema de Vigilância</p><p>Alimentar e Nutricional? O SISVAN é um instrumento que tem como objetivo avaliar</p><p>e monitorar o estado nutricional da população brasileira. É interessante falar a</p><p>respeito da condição de saúde do indivíduo, não é mesmo? Portanto, no Tópico 1,</p><p>abordaremos alguns temas pertinentes ao assunto em se tratando de estudos sobre a</p><p>transição nutricional no Brasil e dados epidemiológicos da saúde da população</p><p>brasileira.</p><p>Em seguida, falaremos a respeito dos parâmetros da composição corporal</p><p>indicados pelo Ministério da Saúde para avaliação do estado nutricional. Além disso,</p><p>aprenderemos as diferenças e como avaliar o peso corporal atual, ideal, teórico e</p><p>habitual. Por fim, abordaremos a importância de saber avaliar exames bioquímicos na</p><p>prática clínica. Você sabia que o nutricionista pode solicitar exames laboratoriais</p><p>necessários ao acompanhamento dietético? A análise sanguínea é usada tanto para o</p><p>diagnóstico como para o acompanhamento das consultas.</p><p>Ter conhecimento da coexistência de desnutrição, sobrepeso e obesidade em</p><p>todos os segmentos da população é importante para a sua trajetória acadêmica.</p><p>Sabendo utilizar os parâmetros indicados e identificar os exames necessários às etapas</p><p>de avaliação, prescrição e evolução do paciente, você poderá aperfeiçoar seu</p><p>conhecimento técnico e suas habilidades e competências necessárias na prática clínica</p><p>nutricional.</p><p>2 DADOS EPIDEMIOLÓGICOS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA</p><p>Valorizar a avaliação do estado nutricional é atitude essencial ao</p><p>aperfeiçoamento da assistência e da promoção à saúde, porque o quadro nutricional</p><p>do país já revela, há mais de 15 anos, mudanças de padrão, indicando a coexistência</p><p>de desnutrição, sobrepeso e obesidade em todos os segmentos da população. O</p><p>Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) é um valioso instrumento de</p><p>57</p><p>apoio às ações de promoção da saúde que o Ministério da Saúde oferece aos</p><p>profissionais da área e aos gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2011a).</p><p>O SISVAN é composto por indicadores de consumo, antropométricos e</p><p>bioquímicos com o objetivo de avaliar e monitorar o estado nutricional da população</p><p>brasileira, para obter o diagnóstico precoce dos possíveis desvios nutricionais (seja</p><p>baixo peso ou sobrepeso/obesidade), contribuindo para que se conheça a natureza e</p><p>a magnitude desses problemas, identificando áreas geográficas, segmentos sociais e</p><p>grupos populacionais de maior risco aos agravos nutricionais (BRASIL, 2011a).</p><p>Como está a população adulta no Brasil? Estudos</p><p>de prevalência que</p><p>contemplaram amostras representativas do Brasil e de suas cinco macrorregiões</p><p>indicaram que, nas últimas décadas, a prevalência de desnutrição em crianças</p><p>declinou em cerca de 80%. Sendo que, nas duas últimas avaliações, as regiões Sul,</p><p>Sudeste e Centro-Oeste já apresentam níveis de ocorrência compatíveis com a situação</p><p>dos países desenvolvidos (BATISTA FILHO; RISSIN, 2003).</p><p>O traço predominante na caracterização da transição nutricional no Brasil é,</p><p>sem dúvida, a emergência epidêmica do sobrepeso e, particularmente, da obesidade,</p><p>como evento de maior visibilidade epidemiológica. O acompanhamento da situação</p><p>brasileira nas últimas décadas evidência que o problema aumentou cinco vezes entre</p><p>os homens adultos do Nordeste e três vezes no Sudeste (BATISTA FILHO; RISSIN,</p><p>2003).</p><p>Dados de uma pesquisa mundial mostram que em 2008, aproximadamente 1,5</p><p>bilhão de adultos estavam com excesso de peso. Desses, 205 milhões de homens e 297</p><p>milhões de mulheres estavam obesos (FINUCANE et al., 2011).</p><p>No Brasil, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada em 2008-</p><p>2009, foi a última pesquisa nacional a estimar a prevalência de excesso de peso. A</p><p>prevalência para os homens foi 50% e para as mulheres 48%. Ao avaliar a prevalência</p><p>de obesidade, foi observada maior ocorrência entre as mulheres (17%) do que entre os</p><p>homens (12%). Em relação aos dados de 2002-2003 observou-se que houve aumento</p><p>preocupante tanto do excesso de peso quanto da obesidade (BRASIL, 2011b).</p><p>Será que as prevalências de excesso de peso e obesidade variam de acordo com</p><p>a economia dos países e o nível de renda da população? Enquanto no continente</p><p>americano, 62% com excesso de peso e 26% com obesidade. No Sul da Ásia, o</p><p>percentual da população com excesso de peso foi equivalente a 14% e com obesidade</p><p>3% (FINUCANE et al., 2011).</p><p>Segundo Ogden et al. (2010), nos países desenvolvidos, o excesso de peso é</p><p>inversamente associado ao nível de renda, enquanto nos países de baixa e média</p><p>renda o excesso de peso tende a ser maior nas classes de renda alta.</p><p>UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NOS CICLOS DE VIDA</p><p>58</p><p>Acadêmico, você já parou para refletir o porquê existe essa relação? Seria culpa</p><p>do sedentarismo? Ou da modernidade? Quem sabe pelo aumento da oferta de alimentos? Ou pelo</p><p>acrescimento da indústria de alimentos? Talvez seja pela qualidade nutricional dos alimentos? Ou</p><p>então pelo excesso de trabalho? Alguma relação com o estresse? E com o trabalho pouco ativo? Seria</p><p>pelo fato de as mulheres estarem no mercado de trabalho? Ou pelo estilo de vida?</p><p>As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) constituem grave</p><p>problema de saúde pública. O alto custo social dessas doenças e seu impacto na</p><p>morbimortalidade atingem todos os países, independentemente do nível de</p><p>desenvolvimento. Em 2007, as DCNT foram responsáveis por 72% das mortes no</p><p>Brasil (BRASIL, 2011c).</p><p>Segundo dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças</p><p>Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), em dez anos, houve um aumento</p><p>de 61,8% na prevalência de diabetes e 14,2% de hipertensão arterial. Além disso,</p><p>mais da metade da população está com peso acima do recomendado, sendo que</p><p>18,9% dos adultos brasileiros estão obesos (BRASIL, 2017).</p><p>No Brasil, o excesso de peso (IMC ≥ 25 kg/m2) cresceu 26,3% em dez anos,</p><p>passando de 42,6% para 53,8%. Para o sexo masculino, esse aumento foi</p><p>representado pelo crescimento de 47,5% para 57,7%. Enquanto para o sexo</p><p>feminino o aumento foi de 38,5% para 50,5% (BRASIL, 2017).</p><p>A obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2) cresceu 60% em dez anos, passando de</p><p>11,8% para 18,9%. Para o sexo masculino, esse aumento foi representado pelo</p><p>crescimento de 11,4% para 18,1%. Enquanto para o sexo feminino o aumento foi</p><p>de 12,1% para 19,6% (BRASIL, 2017).</p><p>O diabetes cresceu 61,8% em dez anos, passando de 5,5% para 8,9%. Para</p><p>o sexo masculino, esse aumento foi representado pelo crescimento de 4,6% para</p><p>7,8%. Enquanto para o sexo feminino o aumento foi de 6,3% para 9,9% (BRASIL,</p><p>2017).</p><p>A hipertensão arterial cresceu 14,2% em dez anos, passando de 22,5%</p><p>para 25,7%. Para o sexo masculino, esse aumento foi representado pelo</p><p>crescimento de 19,3% para 23,6%. Enquanto para o sexo feminino o aumento foi</p><p>de 25,2% para 27,5% (BRASIL, 2017).</p><p>Ainda, segundo dados da VIGITEL, o excesso de peso, diabetes e a</p><p>hipertensão arterial aumentam com a idade e são maiores entre aqueles com</p><p>menor escolaridade. Além disso, a prevalência de obesidade duplica a partir dos</p><p>25 anos (BRASIL, 2017).</p><p>TÓPICO 1 | ADULTOS</p><p>59</p><p>As figuras a seguir apresentam as principais DCNT e os principais fatores</p><p>de risco associados, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (BRASIL,</p><p>2011c).</p><p>FIGURA 1 – PRINCIPAIS DCNT</p><p>Legenda: DM: diabetes mellitus. DLP: dislipidemia. HAS: hipertensão arterial sistêmica.</p><p>FONTE: A autora</p><p>FIGURA 2 – PRINCIPAIS FATORES DE RISCO DAS DCNT</p><p>FONTE: A autora</p><p>3 COMPOSIÇÃO CORPORAL</p><p>O processo de avaliação nutricional envolve quatro grandes parâmetros:</p><p>a antropometria, os inquéritos alimentares, os exames laboratoriais e a avaliação</p><p>clínica. O conceito de antropometria foi abordado na Unidade 1, portanto, vamos</p><p>dar continuidade com as variáveis para avaliar a composição corporal de adultos.</p><p>O peso corporal é a soma de todos os componentes corporais (água, ossos,</p><p>músculos e gordura). O peso corporal pode ser mensurado no momento da</p><p>UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NOS CICLOS DE VIDA</p><p>60</p><p>consulta (peso atual), pode ser relatado pelo paciente (peso usual ou habitual) e</p><p>pode ser calculado (peso ideal ou peso teórico) (ACUÑA; CRUZ, 2004;</p><p>MARTINS, 2008).</p><p>O peso ideal ou teórico é calculado com base nos valores do índice de</p><p>massa corporal (IMC), multiplicando a estatura ao quadrado pelo valor de IMC</p><p>desejado (ACUÑA; CRUZ, 2004; MARTINS, 2008).</p><p>Com o valor do peso ideal é possível calcular a adequação de peso, ou</p><p>seja, avaliar o quanto o peso atual está fora dos padrões. Esse cálculo é feito</p><p>multiplicando o peso atual por cem e dividindo pelo valor do peso ideal,</p><p>conforme demonstrado pelo quadro a seguir.</p><p>QUADRO 1 – FÓRMULA E CLASSIFICAÇÃO DA ADEQUAÇÃO DE PESO</p><p>peso atual x 100</p><p>Adequação do peso (%) = peso ideal</p><p>Adequação do peso (%) Estado nutricional</p><p>Desnutrição grave</p><p>Desnutrição moderada</p><p>Desnutrição leve</p><p>Eutrofia</p><p>Sobrepeso</p><p>Obesidade</p><p>FONTE: Adaptado de Blackburn e Thornton (1979)</p><p>A estatura refere-se tanto para comprimento (deitado) quanto altura (em</p><p>pé), sendo recomendado utilizar o comprimento para crianças menores de dois</p><p>anos e altura para crianças maiores de dois anos e demais fases da vida (ACUÑA;</p><p>CRUZ, 2004; MARTINS, 2008).</p><p>Os parâmetros indicados pelo Ministério da Saúde para avaliação do</p><p>estado nutricional de adultos (pessoas entre 20 e 59 anos) são o índice de massa</p><p>corporal (IMC) e a circunferência da cintura (CC). A circunferência da cintura ou</p><p>abdominal é considerada um bom avaliador da distribuição da gordura corporal,</p><p>sendo mensurada no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca (OMS,</p><p>2000). O resultado do cálculo do IMC deve ser analisado de acordo com a</p><p>classificação definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), conforme</p><p>demonstrado pela Tabela 1.</p><p>TABELA 1 – FÓRMULA E CLASSIFICAÇÃO DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL</p><p>Peso atual (kg)</p><p>TÓPICO 1 | ADULTOS</p><p>61</p><p>IMC: 2 2</p><p>Altura (m )</p><p>Classificação - ADULTO IMC (Kg/m2)</p><p>Magreza grau III < 16,0</p><p>Magreza grau II 16,0 – 16,99</p><p>Magreza grau I 17,0 – 18,49</p><p>Eutrofia (normalidade) 18,5 – 24,99</p><p>Pré-obesidade ou Sobrepeso 25,0 – 29,99</p><p>Obesidade grau I 30,0 – 34,99</p><p>Obesidade grau II 35,0 – 39,99</p><p>Obesidade grau IIII ≥ 40</p><p>FONTE: Adaptado OMS (2000)</p><p>4 INTRODUÇÃO AOS EXAMES LABORATORIAIS</p><p>Segundo a Lei nº 8234, de 17 de setembro de 1991 (Art 4º, parágrafo VIII),</p><p>é atribuído ao nutricionista a solicitação de exames laboratoriais necessários ao</p><p>acompanhamento dietético. Além</p><p>disso, segundo a Resolução CFN nº 306/2003</p><p>(Art 1º), compete ao nutricionista a solicitação de exames laboratoriais</p><p>necessários à avaliação, à prescrição e à evolução nutricional do paciente.</p><p>O volume total de sangue no corpo humano adulto é de,</p><p>aproximadamente, 5 a 6 litros (cerca de 8% do peso corporal). A análise</p><p>sanguínea poder ser realizada no plasma (partes plasmáticas) ou no soro (partes</p><p>séricas) do sangue. A análise sanguínea é usada tanto para o diagnóstico quanto</p><p>para o acompanhamento dos problemas (CALIXTO-LIMA; REIS, 2012).</p><p>Alterações como aumento ou diminuição dos elementos celulares ou</p><p>constituintes do sangue, podem ser indicativas de:</p><p>• Deficiências nutricionais.</p><p>UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NOS CICLOS DE VIDA</p><p>62</p><p>• Doenças.</p><p>• Perda de sangue (aguda ou crônica).</p><p>Um dos exames solicitado na prática clínica é o hemograma completo,</p><p>composto pelos seguintes exames (CALIXTO-LIMA; REIS, 2012):</p><p>• Contagem total de hemácias.</p><p>• Dosagem de hemoglobina.</p><p>• Determinação do hematócrito.</p><p>• Volume corpuscular médio.</p><p>• Contagem total de leucócitos.</p><p>• Contagem diferencial dos leucócitos.</p><p>• Exame microscópico do esfregaço corado.</p><p>• Contagem total de plaquetas.</p><p>Contagem total de hemácias (glóbulos vermelhos)</p><p>• Valores de referência:</p><p>• Homens: 4.500.000 a 6.000.000 células/mm³</p><p>• Mulheres: 4.000.000 a 6.000.000 células/mm³</p><p>• Interpretação: Valores aumentados são encontrados nas policitemias e os</p><p>valores diminuídos relacionam-se aos processos anêmicos de diversas</p><p>etiologias.</p><p>Hemoglobina</p><p>• Valores de referência:</p><p>Homem = 14 a 18g/dL</p><p>Mulher = 12 a 16g/dL</p><p>• Aumentada em queimaduras graves, policitemia, desidratação, intoxicações.</p><p>• Diminuída na anemia, leucemia, hemorragias e infecções.</p><p>TÓPICO 1 | ADULTOS</p><p>63</p><p>Hematócrito</p><p>• Valores de referência:</p><p>Homem = 40-55%</p><p>Mulher = 35-45%</p><p>• Aumentada na desidratação, policitemia, queimaduras.</p><p>• Diminuída na anemia, sangramento, infecções, leucemia.</p><p>Volume corpuscular médio</p><p>• Valores de referência: 80-100 µm3/eritrócitos ou fL (fentolitros).</p><p>• Aumentado no abuso de álcool, na anemia perniciosa macrocítica/</p><p>megaloblástica, deficiência de ácido fólico e vitamina B12.</p><p>• Diminuído na anemia microcítica, deficiência de ferro, uremia.</p><p>O estado nutricional está diretamente correlacionado à resposta</p><p>imunológica do indivíduo. Além da condição nutricional, a resposta imunológica</p><p>é modulada por inúmeros fatores ambientais ou hereditários (CALIXTO-LIMA;</p><p>REIS, 2012).</p><p>O hematócrito avalia o tamanho médio das hemácias (CALIXTO-LIMA; REIS, 2012).</p><p>UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NOS CICLOS DE VIDA</p><p>64</p><p>Leucócitos</p><p>• Valores de referência: 4.000 a 11.000 células/mmol.</p><p>• Leucopenia: diminuição da quantidade de leucócitos, torna o indivíduo</p><p>suscetível às infecções.</p><p>• Leucocitose: aumento da quantidade de leucócitos. Pode ser uma resposta às</p><p>infecções ou resultante de um câncer, estresse metabólico ou de determinadas</p><p>drogas.</p><p>Os componentes da contagem diferencial de leucócitos são: neutrófilos,</p><p>linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos. Os granulócitos são os neutrófilos,</p><p>eosinófilos e basófilos. A principal função é atacar e eliminar os microrganismos</p><p>e tecidos mortos (CALIXTO-LIMA; REIS, 2012).</p><p>Os neutrófilos, também chamados de leucócitos polimorfonucleares</p><p>(PMN), são os mais abundantes (50-70%) das células brancas do sangue. A</p><p>principal função é a fagocitose durante o processo de resposta inflamatória</p><p>aguda. As infecções bacterianas agudas e o trauma estimulam a produção de</p><p>neutrófilos aumentando consequentemente os leucócitos (CALIXTO-LIMA;</p><p>REIS, 2012).</p><p>Os monócitos são células fagocíticas, similares aos neutrófilos. São</p><p>capazes de combater as bactérias. Os monócitos são produzidos mais</p><p>rapidamente, e têm período de vida mais longo do que os neutrófilos. Eles</p><p>secretam citocinas, que controlam a resposta imune. Essas células circulam no</p><p>sangue e na linfa e, então, migram para dentro dos tecidos e órgãos. É o momento</p><p>que se tornam macrófagos pelo processo de diferenciação. Assim como os</p><p>neutrófilos, os macrófagos são capazes de ingerir e destruir antígenos. Eles</p><p>também atuam na ativação dos linfócitos T e B. Os macrófagos ativados secretam</p><p>as citocinas, parte importante do processo inflamatório (CALIXTO-LIMA; REIS,</p><p>2012).</p><p>A função primária dos linfócitos é combater as infecções</p><p>bacterianas crônicas e as viróticas agudas. O número e a porcentagem de</p><p>linfócitos circulantes são, rotineiramente, avaliados a partir do</p><p>leucograma com contagem diferencial (CALIXTO-LIMA; REIS, 2012).</p><p>TÓPICO 1 | ADULTOS</p><p>65</p><p>Além do hemograma completo, existem exames adicionais extremamente</p><p>necessários na prática clínica nutricional. Que tal aprender sobre alguns</p><p>deles? Os exames mais específicos serão abordados ao longo do curso,</p><p>nas disciplinas correspondentes.</p><p>Ferro sérico</p><p>• Valores de referência: 30 a 160mcg/dL.</p><p>• Aumentado: anemia hemolítica, hemacromatose (excesso de absorção).</p><p>• Diminuído: anemia ferropriva, sangramento, deficiência alimentar.</p><p>Ferritina</p><p>• Valores de referência:</p><p>Homens: 30 a 300 ng/ml.</p><p>Mulheres: 10 a 200 ng/ml.</p><p>A ferritina é uma proteína de armazenamento de ferro, ou</p><p>seja, um marcador de reservas de ferro (CALIXTO-LIMA; REIS, 2012)</p><p>Acadêmico, você sabia que os exames laboratoriais podem apresentar</p><p>resultados diferentes para uma doença semelhante? Por isso, é importante avaliar todas as variáveis</p><p>para poder interpretar os exames corretamente. Por exemplo, a anemia por deficiência de ferro é</p><p>diferente da anemia por deficiência de vitaminas do complexo B, que é diferente da anemia</p><p>megaloblástica. Ficou confuso? A tabela a seguir exemplifica essas particularidades.</p><p>TABELA 2 – COMPARATIVO DOS EXAMES LABORATORIAIS NOS DIFERENTES TIPOS DE ANEMIA</p><p>Anemia Hb Hct VCM Fe sérico</p><p>Deficiência de Fe ↓ ↓ ↓ ↓</p><p>UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NOS CICLOS DE VIDA</p><p>66</p><p>Deficiência de vitamina</p><p>B12 e B9</p><p>↓ ↓ ↑ ↑</p><p>Megaloblástica ↓ ↓ inalterado inalterado</p><p>Legenda: Hb: hemoglobina; Hct: hemtócrito; VCM: volume corpuscular média; Fe: ferro.</p><p>FONTE: A autora.</p><p>Vitamina B12 (cobalamina)</p><p>• Valores de referência: > 200 ng/ml.</p><p>Muito além da anemia, a deficiência de vitamina B12 pode levar a má</p><p>absorção por não dissociar do alimento (ácido clorídrico auxilia nessa função). Além disso, a</p><p>deficiência de vitamina B12 pode afetar o metabolismo de ácido fólico, pois o folato fica preso na</p><p>forma de metiltetrahidrofolato. Isso pode reduzir a estabilidade do reparo do DNA e a expressão e</p><p>transcrição gênica, levando a um comprometimento neuromotor e cognitivo. A vitamina B12 é</p><p>responsável pela ativação do ácido fólico, convertendo na sua forma biologicamente ativa</p><p>(tetrahidrofolato) (PANIZ et al., 2005).</p><p>Vitamina D (25 hidroxivitamina D)</p><p>• Valores de referência: Nível sérico: 25(OH)D > 30ng/Ml.</p><p>TÓPICO 1 | ADULTOS</p><p>67</p><p>RECOMENDAÇÕES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE</p><p>ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA (SBEM) PARA O</p><p>DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA HIPOVITAMINOSE D</p><p>Maeda et al.</p><p>A hipovitaminose D é altamente prevalente e constitui um problema</p><p>de saúde pública em todo o mundo. Estudos mostram uma elevada prevalência</p><p>dessa doença em várias regiões geográficas, incluindo o Brasil. Pode acometer</p><p>mais de 90% dos indivíduos, dependendo da população estudada.</p><p>A vitamina D é essencial em funções relacionadas ao metabolismo ósseo,</p><p>porém parece também estar relacionada à fisiopatogênese de diversas doenças.</p><p>Em crianças, a deficiência de vitamina D leva ao retardo do crescimento e ao</p><p>raquitismo.</p><p>Em adultos, a hipovitaminose D leva à osteomalácia, ao</p><p>hiperparatiroidismo secundário e, consequentemente, ao aumento da reabsorção</p><p>óssea, favorecendo à perda de massa óssea e ao desenvolvimento de osteopenia</p><p>e osteoporose. Fraqueza muscular também pode ocorrer, o que contribui para</p><p>elevar ainda mais o risco de quedas</p><p>e de fraturas ósseas em pacientes com baixa</p><p>massa óssea.</p><p>O diagnóstico correto dessa condição e a identificação de fatores de</p><p>melhora ou piora podem colaborar para a elaboração de estratégias mais eficazes</p><p>para o tratamento das populações de risco, como idosos e mulheres na pós-</p><p>menopausa.</p><p>Embora seja denominada vitamina, conceitualmente se trata de um pré-</p><p>hormônio. Juntamente com o paratormônio (PTH), ambos atuam como</p><p>importantes reguladores da homeostase do cálcio e do metabolismo ósseo.</p><p>As ações mais conhecidas e estudadas da vitamina D estão relacionadas</p><p>ao metabolismo ósseo, onde seu papel é crucial. Ela participa da absorção</p><p>UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NOS CICLOS DE VIDA</p><p>68</p><p>intestinal do cálcio, função muscular, modulação da secreção de PTH e função</p><p>das células ósseas.</p><p>A vitamina D pode ser obtida a partir de fontes alimentares, por</p><p>exemplo, óleo de fígado de bacalhau e peixes gordurosos (salmão, atum,</p><p>cavala), ou por meio da síntese cutânea endógena, que representa a principal</p><p>fonte dessa “vitamina” para a maioria dos seres humanos.</p><p>Há o consenso de que a 25(OH)D (calcidiol) é o metabólito mais</p><p>abundante e o melhor indicador para a avaliação do status de vitamina D,</p><p>classificando-se os indivíduos como: deficientes, insuficientes ou suficientes em</p><p>vitamina D. Em contrapartida, não há um consenso quanto ao valor de corte</p><p>para a definição de suficiência em vitamina D.</p><p>Dessa maneira, concentrações séricas abaixo de 20 ng/mL são</p><p>classificadas como deficiência, entre 20 e 29 ng/mL como insuficiência e entre</p><p>30 e 100 ng/mL como suficiência. Portanto, concentrações séricas abaixo de 30</p><p>ng/mL são consideradas por muitos como hipovitaminose D.</p><p>FONTE: MAEDA, S. S. et al. Recomendações da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia</p><p>(SBEM) para o diagnóstico e tratamento da hipovitaminose D. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia e</p><p>Metabolismo, v. 58, n. 5, 2014.</p><p>69</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• O quadro nutricional do país indica coexistência de desnutrição, sobrepeso e</p><p>obesidade em todos os segmentos da população.</p><p>• O SISVAN é composto por indicadores que tem como objetivo avaliar e monitorar</p><p>o estado nutricional da população brasileira.</p><p>• Os resultados da POF mostram a prevalência de 50% de excesso de peso para</p><p>homens e 48% para as mulheres.</p><p>• Os resultados da POF mostram a prevalência de 12% de obesidade para homens e</p><p>17% para as mulheres.</p><p>• Os parâmetros indicados pelo Ministério da Saúde para avaliação do estado</p><p>nutricional de adultos são o IMC e a circunferência da cintura.</p><p>• A circunferência da cintura é considerada um bom avaliador da distribuição da</p><p>gordura corporal.</p><p>• O peso corporal é a soma de todos os componentes corporais (água, ossos,</p><p>músculos e gordura).</p><p>• O peso corporal mensurado no momento da consulta é chamado de peso atual.</p><p>• O peso corporal relatado pelo paciente é chamado de peso usual ou habitual.</p><p>• A partir do valor do peso corporal pode-se calcular o peso ideal ou peso teórico.</p><p>A estatura refere-se tanto para comprimento (deitado) quanto altura (em pé).</p><p>• O nutricionista pode solicitar exames laboratoriais necessários à avaliação, à</p><p>prescrição e à evolução nutricional do paciente.</p><p>• Um dos exames solicitado na prática clínica é o hemograma completo.</p><p>• Existem exames adicionais extremamente necessários na prática clínica nutricional,</p><p>como algumas vitaminas e minerais.</p><p>1 Um indivíduo lhe procurou na academia para uma avaliação física, pois pretende</p><p>iniciar a musculação. F.L.V., sexo masculino, peso = 85 kg, estatura = 1,79 m. Qual</p><p>o resultado do IMC (Índice de Massa Corporal) e a classificação do estado</p><p>nutricional?</p><p>70</p><p>a) ( ) 23,74 Kg/m² Sobrepeso.</p><p>b) ( ) 23,74 Kg/m² Eutrofia.</p><p>c) ( ) 26,56 Kg/m² Sobrepeso.</p><p>d) ( ) 26,56 Kg/m² Eutrofia.</p><p>e) ( ) 27,48 Kg/m² Sobrepeso.</p><p>2 A análise sanguínea poder ser realizada no plasma (partes plasmáticas) ou no soro</p><p>(partes séricas) do sangue e pode ser usada tanto para o diagnóstico como para o</p><p>acompanhamento. Sobre os exames laboratoriais, associe as colunas, relacionando</p><p>os tipos de exames à sua definição:</p><p>1- Hematócrito. ( ) Avalia o percentual de células 2- Dosagem de hemoglobina.</p><p>vermelhas do sangue.</p><p>3- Contagem total de hemácias. ( ) Contagem de eritrócitos. 4- Volume corpuscular</p><p>médio. ( ) Neutrófilos, linfócitos, monócitos, 5- Contagem diferencial de leucócitos.</p><p>eosinófilos e basófilos.</p><p>6- Hemoglobina glicada. ( ) Proteína que permite o transporte de oxigênio pela</p><p>circulação.</p><p>( ) Avalia a média do tamanho das hemácias.</p><p>( ) Fornece a avaliação do controle glicêmico</p><p>dos últimos noventa dias.</p><p>Agora, assinale a alternativa que contenha a sequência CORRETA: a) ( ) 1,</p><p>2, 3, 4, 5 e 6.</p><p>b) ( ) 6, 5, 4, 3, 2 e 1.</p><p>c) ( ) 1, 3, 5, 2, 4 e 6.</p><p>d) ( ) 6, 4, 2, 5, 3 e 1.</p><p>e) ( ) 1, 2, 4, 3, 5 e 6.</p><p>3 (ENADE, 2010) Supondo que os dados do gráfico sejam utilizados para se calcular</p><p>a variação do percentual da população estudada, por sexo, de acordo com as</p><p>categorias apresentadas, no período da pesquisa. Essa variação é obtida do seguinte</p><p>modo: você precisa subtrair o valor correspondente a 2008-2009 e o valor</p><p>correspondente a 1974-1975 e dividir o resultado dessa diferença pelo valor</p><p>correspondente a 1974-1975.</p><p>FONTE: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2019/NUTRICAO. pdf>. Acesso em: 29</p><p>jan. 2020.</p><p>71</p><p>Nesse</p><p>caso, a</p><p>maior</p><p>variação no período corresponde:</p><p>a) ( ) ao excesso de peso para o sexo masculino.</p><p>b) ( ) ao excesso de peso para o sexo feminino.</p><p>c) ( ) à obesidade para o sexo masculino.</p><p>d) ( ) à obesidade para o sexo feminino.</p><p>e) ( ) aos dados para obesidade apresentaram a mesma variação para ambos os sexos.</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Caro acadêmico! Você sabia que as alterações no organismo materno refletem</p><p>tanto para a saúde da gestante como para a do bebê? É interessante falar a respeito do</p><p>período gestacional e crescimento fetal, não é mesmo? Por isso, no Tópico 2,</p><p>abordaremos alguns temas pertinentes ao assunto em se tratando das alterações</p><p>gustativas e olfativas que influenciam as escolhas alimentares da gestante.</p><p>Em seguida, falaremos a respeito dos aspectos fisiológicos nas semanas</p><p>gestacionais, incluindo a avaliação nutricional da gestante e a importância de avaliar</p><p>o IMC pré-gestacional e monitorar o ganho de peso durante a gestação. Por fim,</p><p>abordaremos a importância de saber avaliar exames bioquímicos na gestação. Você</p><p>sabia que a hiperglicemia durante a gestação constitui um relevante problema? Já</p><p>72</p><p>ouviu falar sobre hipertensão na gravidez? Aprenderemos a identificar os fatores de</p><p>risco.</p><p>E os estágios da lactação e hormônios envolvidos na produção do leite</p><p>materno? Você sabia que a amamentação previne mortes de crianças e reduz o risco</p><p>de hospitalização? Ter conhecimento sobre o período gestacional e como avaliar a</p><p>gestante é essencial para a sua trajetória acadêmica. Sabendo utilizar a curva de Atalah</p><p>e identificar as modificações que ocorrem nos diferentes trimestres da gestação é</p><p>fundamental para um diagnóstico nutricional correto. Assim, você poderá aperfeiçoar</p><p>seu conhecimento técnico e suas habilidades e competências necessárias para</p><p>trabalhar com essa fase da vida tão especial.</p><p>2 ASPECTOS FISIOLÓGICOS E NUTRICIONAIS</p><p>A fase gestacional traz diversas alterações para o organismo materno, não só</p><p>fisiológicas e físicas, mas emocionais, comportamentais e alimentares. Todas essas</p><p>alterações trazem reflexos para a saúde da gestante e do bebê (VITOLO, 2015).</p><p>O organismo materno é a única fonte de nutrientes para o feto e, por meio da</p><p>ingestão ou de suas reservas, a boa nutrição intrauterina garante um nascimento</p><p>saudável e melhores condições de saúde (VITOLO, 2015).</p><p>TÓPICO 2 | GESTANTE</p><p>73</p><p>As gestantes apresentam alterações gustativas e olfativas que influenciam</p><p>as escolhas alimentares, como: paladar menos sensível</p><p>ao sal o que pode resultar</p><p>em aumento na ingestão de alimentos salgados; maior sensibilidade a odores o</p><p>que tem relação direta com as náuseas e hiperêmese (vômitos) comuns na</p><p>gestação (VITOLO, 2015). O período gestacional compreende 40 semanas,</p><p>conforme representado na figura a seguir:</p><p>FIGURA 3 – CRESCIMENTO FETAL POR SEMANA GESTACIONAL</p><p>FONTE: <https://image.freepik.com/vetores-gratis/crescimento-fetal-de-4-a-40semanas_29190-</p><p>138.jpg>. Acesso em: 22 nov. 2019.</p><p>• 1° trimestre: grandes modificações biológicas, intensa divisão celular e a saúde</p><p>do embrião depende da condição nutricional pré-gestacional.</p><p>• 2° e 3° trimestre: modificações na composição corporal, ganho de peso,</p><p>influência do meio externo na condição nutricional do feto.</p><p>1º trimestre – de 0 a 13 semanas (VITOLO, 2015):</p><p>• Aumento dos seios, mais sono, mais fome, enjoos, cansaço.</p><p>• Com 4 semanas o bebê é do tamanho de um grão de arroz, seu coração começa</p><p>a bater e aparecem pequenos brotos que depois serão os braços e as pernas.</p><p>UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NOS CICLOS DE VIDA</p><p>74</p><p>• Ao final de 8 semanas já estão se formando os dedos, as mãos, as orelhas e os</p><p>órgãos internos. Ele é do tamanho de uma ervilha e pesa mais ou menos 7</p><p>gramas.</p><p>• De 9 a 12 semanas seu rosto já está quase todo formado e os olhos já têm as</p><p>pálpebras. Inicia-se o funcionamento do cérebro, e ele já se movimenta e mexe</p><p>os braços e as pernas. Já se formou o cordão umbilical, que liga o bebê à</p><p>placenta.</p><p>• Ao final do 3° mês, com aproximadamente 14 cm, o coração já pode ser ouvido</p><p>durante a consulta de pré-natal.</p><p>• O ácido fólico, também conhecido como vitamina B9, é extremamente</p><p>importante para evitar defeitos na formação do cérebro, nervos e medula.</p><p>2º trimestre – de 14 a 26 semanas (VITOLO, 2015):</p><p>• Primeiros movimentos dentro da barriga, crescimento da barriga e alterações</p><p>nos seios e nos quadris.</p><p>• Entre 13 e 14 semanas iniciam-se os movimentos respiratórios e das mãos.</p><p>• Entre 15 e 16 semanas a pele começa a engrossar. O bebê já tem cílios e</p><p>sobrancelhas e seus movimentos começam a ser percebidos. O coração bate</p><p>muito mais rápido do que o da mãe.</p><p>• Entre 17 e 18 semanas ele pode medir de 17 cm a 20 cm e pesar de 200 gramas</p><p>a 250 gramas. Já consegue sugar, engolir e piscar.</p><p>• Entre 20 e 24 semanas ele mede em torno de 26 cm e seu peso médio é de 500</p><p>gramas. Os movimentos ficam mais intensos. Há momentos em que ele está</p><p>dormindo e momentos em que fica acordado.</p><p>3º trimestre – de 27 a 40 semanas (VITOLO, 2015):</p><p>• O bebê tem menos espaço dentro da barriga, o que dá a sensação de peso e</p><p>desconforto.</p><p>• O útero pode ficar durinho por instantes, com uma sensação de</p><p>endurecimento.</p><p>• Poderá sair do seio um líquido amarelado, chamado colostro, que vai</p><p>alimentar o bebê nos primeiros dias de vida.</p><p>• De 27 a 30 semanas ele pode pesar 1 kg e medir cerca de 32 cm. Já percebe a</p><p>luz fora do útero, abre e fecha os olhos. Escuta e identifica vários sons, como</p><p>vozes e músicas, e pode se assustar com barulhos altos e repentinos.</p><p>• Com 32 semanas já pesa 2 kg.</p><p>• Sua pele fica coberta por um tipo de creme branco, o vérnix, que traz proteção</p><p>e o ajudará a se deslizar pelo canal do parto.</p><p>• Ao final do período, o bebê tem entre 45 e 50 cm.</p><p>Quais são os procedimentos para uma primeira consulta com a gestante?</p><p>Perguntar sobre a idade gestacional, a idade da mãe, a atividade profissional,</p><p>avaliar possíveis fatores de risco, histórias reprodutivas anteriores desfavoráveis,</p><p>TÓPICO 2 | GESTANTE</p><p>75</p><p>se tem alguma doença obstétrica atual, se tem alguma doença crônica, a presença</p><p>de sintomas característicos na gestação (náuseas, vômitos, enjoos), requerimento</p><p>ou avaliação dos exames laboratoriais entre outros. Além disso, deve-se aferir</p><p>medidas corporais e aplicar inquéritos alimentares para elaborar um plano</p><p>alimentar individualizado de acordo com as metas e objetivos da paciente. Outro</p><p>ponto importante é avaliar o ganho de peso gestacional de acordo com o estado</p><p>nutricional, prevenir intercorrências e carências nutricionais, bem como</p><p>incentivar o aleitamento materno (VITOLO, 2015).</p><p>3 COMPOSIÇÃO CORPORAL</p><p>A avaliação nutricional na gestação deve ser realizada permitindo a</p><p>intervenção oportuna com vistas a minimizar o risco de inadequação de ganho</p><p>de peso gestacional total, intercorrências gestacionais, baixo peso ao nascer, parto</p><p>prematuro e intercorrências do recém-nascido. A avaliação nutricional deve ser</p><p>feita o mais precocemente possível e de forma detalhada, iniciando-se pela</p><p>identificação dos fatores de risco (BARROS; SAUNDERS; LEAL, 2008).</p><p>Os procedimentos para a avaliação inicial do estado nutricional da</p><p>gestante são (VITOLO, 2015):</p><p>• Obtenção do peso pré-gestacional.</p><p>• Aferição do peso atual e da estatura.</p><p>• Cálculo da idade gestacional.</p><p>Os procedimentos para o diagnóstico nutricional a partir do IMC</p><p>prégestacional e monitoramento do ganho de peso da gestante são (VITOLO,</p><p>2015):</p><p>• Calcular o IMC pré-gestacional.</p><p>• Consultar os pontos de corte e a classificação.</p><p>• Segundo a classificação encontrada, consultar o ganho de peso recomendado.</p><p>Conforme mencionado anteriormente, o cálculo do IMC é fundamental</p><p>na gestação. Por isso, na etapa de avaliação da composição corporal, é necessário</p><p>aferir o peso corporal (kg) e estatura (m). Além disso, a circunferência do braço</p><p>também é indicada, por ser considerada um bom preditor do peso ao nascer – a</p><p>cada centímetro adicional espera-se um aumento de 45 g no peso ao nascer do</p><p>bebê. Outro cálculo importante é a data provável do parto (DPP). A partir da data</p><p>da última menstruação (DUM) é possível fazer essa estimativa, conforme</p><p>fórmula abaixo (VITOLO, 2015).</p><p>DPP = DUM (data da última menstruação) + 7 dias + 9 meses</p><p>UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NOS CICLOS DE VIDA</p><p>76</p><p>• Curva de Atalah: a partir de 2004, o Ministério da Saúde padronizou a</p><p>utilização da Curva de Atalah, S. E.; Castillo, C. L.; Castro, R. S. (1997) como</p><p>método de avaliação do estado nutricional de gestantes. Atalah (1997) elaborou</p><p>uma curva com 3000 gestantes chilenas. Esse instrumento é baseado no IMC</p><p>por idade gestacional (semanas). Com a avaliação a partir da curva de Atalah</p><p>é possível prever o ganho de peso desejável total até a última semana da</p><p>gestação. Essa previsão é baseada na recomendação do ganho de peso a partir</p><p>do estado nutricional pré-gestacional. Os quadros a seguir mostram a</p><p>recomendação para ganho de peso gestacional semanal e total e a avaliação do</p><p>estado nutricional, segundo o IMC pré-gestacional.</p><p>QUADRO 2 – GANHO DE PESO GESTACIONAL, SEGUNDO O IMC PRÉ-GESTACIONAL</p><p>IMC</p><p>PRÉ-GESTACIONAL</p><p>OU INICIAL (KG/M2)</p><p>GANHO DE PESO</p><p>(KG) ATÉ A 13a</p><p>SEMANA</p><p>GANHO DE PESO</p><p>(KG) SEMANAL NO</p><p>2o E 3o TRIMESTRES</p><p>(A PARTIR DA 14a</p><p>SEMANA)</p><p>GANHO DE PESO</p><p>(KG) TOTAL NA</p><p>GESTAÇÃO</p><p>GANHO DE PESO</p><p>MÍNIMO (KG/</p><p>SEMANA)</p><p>Baixo Peso (BP)</p><p>(< 18,5)</p><p>2,0</p><p>0,51</p><p>(0,44 – 0,58)</p><p>12,5 – 18,0 0,44</p><p>Adequado (A)</p><p>(18,5 – 24,9)</p><p>1,5</p><p>0,42</p><p>(0,35 – 0,50)</p><p>11,5 – 16,0 0,35</p><p>Sobrepeso (S)</p><p>(25,0 – 29,9)</p><p>1,0</p><p>0,28</p><p>(0,23 – 0,33)</p><p>7,0 – 11,5 0,23</p><p>Obesidade (0)</p><p>(≥ 30,0)</p><p>0,5</p><p>0,22</p><p>(0,17 – 0,27)</p><p>5 – 9 0,17</p><p>FONTE: Adaptado de Atalah (1997)</p><p>QUADRO 3 – GANHO DE PESO GESTACIONAL, SEGUNDO O IMC PRÉ-GESTACIONAL</p><p>SEMANA</p><p>GESTACIONAL BAIXO PESO IMC ≤ ADEQUADO IMC</p><p>ENTRE</p><p>SOBREPESO IMC</p><p>ENTRE OBESIDADE IMC ≥</p><p>6 19,9 20,0 | - | 24,9 25,0 | - | 30,0 30,1</p><p>8 20,1 20,2 | - | 25,0 25,1 | - | 30,1 30,2</p><p>10 20,2 20,3 | - | 25,2 25,3 | - | 30,2 30,3</p><p>11 20,3 20,4 | - | 25,3 25,4 | - | 30,3 30,4</p><p>12 20,4 20,5 | - | 25,4 25,5 | - | 30,3 30,4</p><p>13 20,6 20,7 | - | 25,6 25,7 | - | 30,4 30,5</p><p>14 20,7 20,8 | - | 25,7 25,8 | - | 30,5 30,6</p><p>15 20,8 20,9 | - | 25,8 25,9 | - | 30,6 30,7</p><p>16 21,0 21,1 | - | 25,9 26,0 | - | 30,7 30,8</p><p>17 21,1 21,2 | - | 26,0 26,1 | - | 30,8 30,9</p><p>TÓPICO 2 | GESTANTE</p><p>77</p><p>18 21,2 21,3 | - | 26,1 26,2 | - | 30,9 31,0</p><p>19 21,4 21,5 | - | 26,2 26,3 |</p><p>- | 30,9 31,0</p><p>20 21,5 21,6 | - | 26,3 26,4 | - | 31,0 31,1</p><p>21 21,7 21,8 | - | 26,4 26,5 | - | 31,1 31,2</p><p>22 21,8 21,9 | - | 26,6 26,7 | - | 31,2 31,3</p><p>23 22,0 22,1 | - | 26,8 26,9 | - | 31,3 31,4</p><p>24 22,2 22,3 | - | 26,9 27,0 | - | 31,5 31,6</p><p>25 22,4 22,5 | - | 27,0 27,1 | - | 31,6 31,7</p><p>26 22,6 22,7 | - | 27,2 27,3 | - | 31,7 31,8</p><p>27 22,7 22,8 | - | 27,3 27,4 | - | 31,8 31,9</p><p>28 22,9 23,0 | - | 27,5 27,6 | - | 31,9 32,0</p><p>29 23,1 23,2 | - | 27,6 27,7 | - | 32,0 32,0</p><p>30 23,3 23,4 | - | 27,8 27,9 | - | 32,1 32,3</p><p>31 23,4 23,5 | - | 27,9 28,0 | - | 32,2 32,3</p><p>32 23,6 23,7 | - | 28,0 28,1 | - | 32,3 32,4</p><p>SEMANA</p><p>GESTACIONAL BAIXO PESO IMC ≤ ADEQUADO IMC</p><p>ENTRE</p><p>SOBREPESO IMC</p><p>ENTRE OBESIDADE IMC ≥</p><p>33 23,8 23,9 | - | 28,1 28,2 | - | 32,4 32,5</p><p>34 23,9 24,0 | - | 28,3 28,4 | - | 32,5 32,6</p><p>35 24,1 24,2 | - | 28,4 28,5 | - | 32,6 32,7</p><p>36 24,2 24,3 | - | 28,5 28,6 | - | 32,7 32,8</p><p>37 24,4 24,5 | - | 28,7 28,8 | - | 32,8 32,9</p><p>38 24,5 24,6 | - | 28,8 28,9 | - | 32,9 33,0</p><p>39 24,7 24,8 | - | 28,9 29,0 | - | 33,0 33,1</p><p>40 24,9 25,0 | - | 29,1 29,2 | - | 33,1 33,2</p><p>41 25,0 25,1 | - | 29,2 29,3 | - | 33,2 33,3</p><p>42 25,0 25,1 | - | 29,2 29,3 | - | 33,2 33,3</p><p>FONTE: Adaptado de Atalah (1997)</p><p>UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NOS CICLOS DE VIDA</p><p>78</p><p>Conduta nutricional, segundo estado nutricional (VITOLO, 2015):</p><p>• Baixo peso (BP) – investigar história alimentar, hiperêmese, infecções,</p><p>parasitoses e anemias. Orientação nutricional visando à promoção do peso</p><p>adequado e hábitos alimentares saudáveis; remarcar consulta em intervalo</p><p>menor que o fixado no calendário habitual.</p><p>• Adequado (A) – seguir calendário habitual, explicar à gestante que seu peso</p><p>está adequado à idade gestacional. Orientação nutricional visando à</p><p>manutenção do peso adequado e à promoção de hábitos alimentares</p><p>saudáveis.</p><p>• Sobrepeso e Obesidade (S e O) – investigar obesidade pré-gestacional, edema,</p><p>polidrâmnio, macrossomia, gravidez múltipla e doenças associadas (diabetes,</p><p>pré-eclâmpsia etc.). Orientação nutricional visando à promoção do peso</p><p>adequado e de hábitos alimentares saudáveis, ressaltando que, no período</p><p>gestacional, não se deve perder peso; remarcar consulta em intervalo menor</p><p>que o fixado no calendário habitual.</p><p>Etapas do diagnóstico nutricional (VITOLO, 2015):</p><p>• Calcule a idade gestacional.</p><p>• Calcule o IMC.</p><p>• Localize, no eixo horizontal, a semana gestacional calculada e identifique, no</p><p>eixo vertical, o IMC da gestante.</p><p>• Marque um ponto na interseção dos valores de IMC e da semana gestacional.</p><p>• Classifique o estado nutricional da gestante, segundo IMC por semana</p><p>gestacional, conforme legenda do gráfico: BP, A, S, O.</p><p>• A marcação de dois ou mais pontos no gráfico (primeira consulta e</p><p>subsequentes) possibilita construir o traçado da curva por semana gestacional.</p><p>Ligue os pontos obtidos e observe o traçado resultante.</p><p>O gráfico a seguir mostra o acompanhamento nutricional da gestante,</p><p>segundo o IMC e semana gestacional:</p><p>GRÁFICO 1 – GRÁFICO DE ACOMPANHAMENTO NUTRICIONAL DA GESTANTE</p><p>TÓPICO 2 | GESTANTE</p><p>79</p><p>FONTE: Adaptado de Atalah (1997)</p><p>4 INTRODUÇÃO À DIABETES GESTACIONAL E HIPERTENSÃO</p><p>GESTACIONAL</p><p>A análise dos resultados de exames laboratoriais permite avaliar</p><p>possíveis deficiências nutricionais e corrigi-las por meio de um plano alimentar</p><p>individualizado. É importante observar que, devido às adaptações fisiológicas na</p><p>gestação, alguns marcadores bioquímicos encontram-se diferentes das mulheres</p><p>não gestantes, sem que isso seja motivo de preocupação. A hiperglicemia durante</p><p>a gestação constitui um relevante problema, não só pelo risco de piores desfechos</p><p>perinatais e de desenvolvimento de doenças futuras, como também pelo</p><p>aumento de sua prevalência, em decorrência da epidemia de obesidade</p><p>(VITOLO, 2015).</p><p>A prevalência de hiperglicemia durante a gravidez pode variar</p><p>dependendo dos critérios diagnósticos utilizados e da população estudada.</p><p>Segundo estudos populacionais realizados nas últimas décadas, a prevalência</p><p>UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NOS CICLOS DE VIDA</p><p>80</p><p>varia de 1 a 37,5%, com uma média mundial de aproximadamente 16% (OPAS,</p><p>2016).</p><p>As estimativas populacionais de frequência de hiperglicemia na gestação</p><p>no Brasil são conflitantes. No Brasil, existe apenas um estudo populacional sobre</p><p>a prevalência de DG, o Estudo Brasileiro de Diabetes Gestacional (EBDG). Esse</p><p>estudo foi realizado em 1999 e avaliou a prevalência em cerca de 5.000 gestantes</p><p>atendidas no sistema público de cinco capitais, usando o teste de tolerância oral</p><p>à glicose (TOTG) com 75 g de glicose. Utilizando os valores propostos naquela</p><p>época, a prevalência foi de 7,6%. No entanto, estima-se que essa prevalência seria</p><p>aumentada para aproximadamente 18% com a adoção dos novos critérios para</p><p>diagnósticos de DG propostos em 2010 pelo International Association of Diabetes</p><p>in Pregnancy Study Group (IADPSG), referendados pela OMS em 2013 e pela</p><p>Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) em 2015 (OPAS,</p><p>2016).</p><p>Alguns hormônios produzidos pela placenta e outros aumentados pela</p><p>gestação, tais como lactogênio placentário, cortisol e prolactina podem promover</p><p>redução da atuação da insulina em seus receptores e, consequentemente, um</p><p>aumento da produção de insulina nas gestantes (OPAS, 2016). O quadro a seguir</p><p>mostra os fatores de risco para hiperglicemia na gravidez.</p><p>QUADRO 4 – FATORES DE RISCO PARA HIPERGLICEMIA NA GRAVIDEZ</p><p>FONTE: OPAS (2016, p. 13)</p><p>TÓPICO 2 | GESTANTE</p><p>81</p><p>Segundo Souza et al. (2013), a hipertensão incide em cerca de 10% das</p><p>gestações. Diferente dos países desenvolvidos, a hipertensão na gestação</p><p>permanece a primeira causa de morte materna direta no Brasil (37%).</p><p>A expressão hipertensão na gravidez recebe a designação geral de</p><p>síndromes hipertensivas gestacionais diagnosticadas por níveis pressóricos</p><p>iguais ou acima de 140 mmHg para a pressão sistólica e 90 mmHg para pressão</p><p>diastólica (SOUZA et al., 2013).</p><p>Hipertensão gestacional: aparece após a 20ª semana, sem proteinúria</p><p>(aumento da excreção de proteínas pela urina). Pode ser transitória, quando</p><p>retorna aos valores normais após 12 semanas do parto, ou crônica quando</p><p>registrada antes da gestação ou além de 12 semanas após o parto (MOURA et al.,</p><p>2011). Acima de 20 semanas de gestação, associado à proteinúria, a hipertensão</p><p>gestacional denomina-se pré-eclâmpsia. Na fase inicial a doença é assintomática,</p><p>porém, quando não identificada e tratada adequadamente sua evolução é para</p><p>as formas mais graves, como a eclâmpsia e HELLP (MOURA et al., 2011).</p><p>Pré-eclâmpsia / Eclâmpsia: a pré-eclâmpsia é definida pela hipertensão,</p><p>após 20 semanas de gestação, + proteinúria (proteinúria de 24 horas > 300 mg).</p><p>Apresenta associação com sintomas como tontura, cefaleia, distúrbios visuais,</p><p>dor abdominal, vômito, edema de face e mão. Classifica-se ainda a pré-eclâmpsia</p><p>em leve e grave (MOURA et al., 2011). A eclâmpsia corresponde à crise</p><p>convulsiva, sendo precedida pelo agravamento do quadro hipertensivo,</p><p>acompanhada por alterações funcionais no sistema cardiovascular, sistema</p><p>nervoso central, rins e fígado (MOURA et al., 2011).</p><p>5 INTRODUÇÃO À LACTAÇÃO E AO ALEITAMENTO MATERNO</p><p>Estágios da lactação (VITOLO, 2015):</p><p>• Último trimestre da gestação = lactogênese (produção de lactose, proteínas e</p><p>imunoglobulinas).</p><p>• Aumento do fluxo sanguíneo e captação de glicose (2 a 3 dias após o parto até</p><p>10 dias).</p><p>• Manutenção da lactação, leite maduro = galactopoese (manutenção da</p><p>produção de prolactina e ocitocina, estimulada pela sucção).</p><p>Hormônios da lactação (VITOLO, 2015):</p><p>• Prolactina: atua nas células alveolares, auxiliando na produção de leite. A não</p><p>saída ou esvaziamento inadequado da mama faz com que o alvéolo secrete</p><p>menos leite, dando início a parada da produção.</p><p>UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NOS CICLOS DE VIDA</p><p>82</p><p>• Ocitocina: atua nas células mioepiteliais, auxiliando na liberação/ejeção</p><p>do</p><p>leite.</p><p>As figuras a seguir mostram a ação dos hormônios da lactação.</p><p>FIGURA 4 – ESTÍMULO DA PRODUÇÃO DE LEITE FIGURA 5 – EJEÇÃO DO LEITE</p><p>FONTE: Adaptado de Vitolo (2015) FONTE: Adaptado de Vitolo (2015)</p><p>Aleitamento materno: o aleitamento materno exclusivo por 6 meses e</p><p>continuado até 12 meses previne 13% das mortes de crianças menores de 5 anos.</p><p>O aleitamento materno exclusivo por 4 meses reduz 1/3 do risco de</p><p>hospitalização por doenças respiratórias ou diarreias (VITOLO, 2015).</p><p>A amamentação aumenta o vínculo mãe-filho, reduz riscos de CA de</p><p>mama, aumenta o gasto energético (auxilia na perda de peso) (VITOLO, 2015).</p><p>O movimento de sucção auxilia no desenvolvimento da língua, lábios,</p><p>mandíbula e músculos faciais, facilitando o processo mastigatório e sendo</p><p>importante para o processo de fala (VITOLO, 2015).</p><p>Composição do leite materno (VITOLO, 2015):</p><p>TÓPICO 2 | GESTANTE</p><p>83</p><p>• Colostro: leite secretado na primeira semana após o parto. Líquido amarelado</p><p>e espesso, rico em proteínas e imunoglobulinas, pobre em lactose e gordura.</p><p>Alto conteúdo de anticorpos contra vírus e bactérias. Auxilia na flora</p><p>bacteriana e eliminação do mecônio (fezes do bebê). Do 7º ao 10º dia = leite de</p><p>transição</p><p>• Leite maduro: após 10 dias</p><p>Carboidrato</p><p>7g/dL lactose</p><p>1g/dL oligossacarídeos</p><p>Lipídeos</p><p>3,5g/dL</p><p>97% triacilgliderois, fosfolipídeos, colesterol e ácidos graxos livres</p><p>Proteína</p><p>1,2 a 1,5g/dL</p><p>60% soro do leite e 40% caseína</p><p>Variações do leite materno (VITOLO, 2015):</p><p>• Leite anterior: início da mamada, mais aquoso.</p><p>• Leite posterior: final da mamada, rico em gordura.</p><p>• Importante esvaziar uma mama a cada mamada para o bebê receber os 2 leites.</p><p>Manejo durante a amamentação (VITOLO, 2015):</p><p>• Posição da mãe para amamentar.</p><p>• Posição do bebê no colo da mãe.</p><p>• Maneira como a criança abocanha a mama.</p><p>• Maneira como a mamada é interrompida.</p><p>AVALIAÇÃO NUTRICIONAL ANTROPOMÉTRICA DE GESTANTES</p><p>BRASILEIRAS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA</p><p>Denise Cavalcante de Barros</p><p>Claudia Saunders</p><p>Maria do Carmo Lea</p><p>A nutrição, o peso pré-gestacional e o ganho de peso materno</p><p>durante a gravidez são aspectos importantes que influenciam os resultados da</p><p>gestação.</p><p>Estudos comprovam que o peso e a saúde do recém-nascido dependem</p><p>em grande parte do estado nutricional materno e são fatores que influenciam</p><p>adversamente no crescimento e desenvolvimento durante os primeiros anos de</p><p>UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NOS CICLOS DE VIDA</p><p>84</p><p>vida. A partir da década de 1960 a associação entre ganho de peso materno e o</p><p>peso ao nascer passa a ser reconhecida nos Estados Unidos da América, e</p><p>estudos posteriores reafirmam os efeitos positivos do ganho de peso adequado</p><p>durante a gestação para o melhor resultado para a mãe e para o concepto.</p><p>Carmichael e Abrams, revisando estudos no período de 1980 a 1996,</p><p>encontraram que o risco de nascimentos pré-termo e o crescimento intrauterino</p><p>restrito (CIUR) são maiores em mulheres com pequeno ganho de peso na</p><p>gestação, embora seja mais forte a associação como CIUR. Estes efeitos são ainda</p><p>maiores em gestantes adolescentes e nas gestantes que nasceram com baixo peso</p><p>e/ou foram desnutridas na infância.</p><p>O ganho excessivo de peso também foi descrito como fator de risco</p><p>relacionado a complicações gestacionais, tais como diabetes gestacional,</p><p>macrossomia fetal, necessidade de parto cirúrgico e maior retenção de peso</p><p>pósparto, fatores esses que aumentam as chances de mortalidade materna e</p><p>neonatal.</p><p>O ganho de peso excessivo entre gestantes é um problema crescente nos</p><p>Estados Unidos da América. Schieve et al. investigando o ganho de peso de</p><p>120.531 gestantes, mostraram que a proporção das que ganharam peso excessivo</p><p>aumentou de 41,5% em 1990 para 43,7% em 1996. Ao contrário, o ganho de peso</p><p>adequado diminuiu de 23,4% para 22,0% no mesmo período.</p><p>As mudanças comportamentais que influenciam a saúde materna, como</p><p>uso de álcool, drogas ilícitas, alimentos industrializados e fast-foods, vêm sendo</p><p>identificadas como fatores facilitadores para o ganho de peso gestacional</p><p>excessivo, com repercussões diretas para a gestante e seu recém-nascido.</p><p>TÓPICO 2 | GESTANTE</p><p>85</p><p>A identificação precoce da inadequação no estado nutricional das</p><p>gestantes contribui para a intervenção oportuna, resultando em um impacto</p><p>positivo nas condições de nascimento da criança e minimizando as taxas de</p><p>mortalidade perinatal e neonatal.</p><p>Ao longo dos anos os parâmetros para a avaliação de ganho de peso na</p><p>gestação vêm sofrendo modificações, e novos métodos de avaliação nutricional</p><p>antropométrica das gestantes vêm sendo desenvolvidos e validados</p><p>internacionalmente.</p><p>No Brasil, a avaliação nutricional antropométrica de gestantes é</p><p>baseada nas recomendações internacionais e existem sérios questionamentos</p><p>sobre estes métodos, em particular, sobre sua validade para a população</p><p>brasileira.</p><p>No decorrer das últimas décadas o Ministério da Saúde (MS)</p><p>preconizou distintos métodos para avaliação nutricional antropométrica das</p><p>gestantes. Em 1989, o Ministério da Saúde adotou oficialmente o instrumento</p><p>proposto por Rosso como método de avaliação nutricional a ser utilizado nos</p><p>serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). A implantação desse</p><p>método motivou a realização de investigações epidemiológicas, as quais</p><p>identificaram que o método de Rosso superestimava a desnutrição nas</p><p>gestantes e a sua inadequação para as gestantes adolescentes.</p><p>Em 2000, o MS reuniu um grupo consultor com o objetivo de revisar as</p><p>orientações para a assistência pré-natal e passou a adotar na avaliação</p><p>nutricional da gestante o método proposto por Fescina. Essa decisão recebeu</p><p>críticas, pois não pondera o ganho de peso das gestantes pelo seu estado</p><p>nutricional pré-gestacional. Apesar de ser recomendado pelo MS, a proposta</p><p>não obteve boa adesão na rotina do pré-natal nos serviços de saúde. Em 2005 o</p><p>MS adotou o método proposto por Atalah, combinado com a proposta do</p><p>Institute of Medicine (IOM).</p><p>FONTE: BARROS, D. C. de; SAUNDERS, C.; LEA, M. do C. Avaliação nutricional antropométrica de</p><p>gestantes brasileiras: uma revisão sistemática. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., v. 8, n.4, p. 363-376,</p><p>2008.</p><p>86</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• A gestante apresenta alterações gustativas e olfativas que influenciam as</p><p>escolhas alimentares.</p><p>• O período gestacional compreende 40 semanas.</p><p>• No 1º trimestre ocorrem grandes modificações biológicas, intensa divisão</p><p>celular e a saúde do embrião depende da condição nutricional pré-gestacional.</p><p>• No 2º e 3º trimestre ocorrem modificações na composição corporal, ganho de</p><p>peso e existe influência do meio externo na condição nutricional do feto.</p><p>• Na gestação há uma exacerbação do paladar ao sabor amargo e esta situação é</p><p>entendida como uma proteção quanto à ingestão de substâncias tóxicas.</p><p>• Os procedimentos para a avaliação do estado nutricional da gestante incluem</p><p>a obtenção do peso pré-gestacional, o peso atual e a estatura, e calcular a idade</p><p>gestacional.</p><p>• Os procedimentos para o diagnóstico nutricional incluem calcular o IMC</p><p>prégestacional, consultar os pontos de corte e a classificação e avaliar o ganho</p><p>de peso recomendado.</p><p>• A partir da data da última menstruação (DUM) é possível calcular a data</p><p>provável do parto (DPP).</p><p>• A partir de 2004, o Ministério da Saúde padronizou a utilização da Curva de</p><p>Atalah (1997) como método de avaliação do estado nutricional de gestantes.</p><p>• A partir da curva de Atalah é possível prever o ganho de peso durante a</p><p>gestação, baseado na recomendação do ganho de peso a partir do estado</p><p>nutricional pré-gestacional.</p><p>• A hiperglicemia durante a gestação constitui um relevante problema e</p><p>aumento do risco para a gestante e o bebê.</p><p>• A hipertensão gestacional pode ser transitória, quando retorna aos valores</p><p>normais após 12 semanas do parto, ou crônica.</p><p>• A prolactina é um hormônio</p><p>1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ .....................53</p><p>2 DADOS EPIDEMIOLÓGICOS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA .............................................53</p><p>3 COMPOSIÇÃO CORPORAL .............................................................................................................57</p><p>4 INTRODUÇÃO AOS EXAMES LABORATORIAIS......................................................................58</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................66</p><p>AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................67</p><p>VIII</p><p>TÓPICO 2 – GESTANTE ........................................................................................................................69</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>.....................................................................................................................................69</p><p>2 ASPECTOS FISIOLÓGICOS E NUTRICIONAIS .........................................................................69</p><p>3 COMPOSIÇÃO CORPORAL .............................................................................................................72</p><p>4 INTRODUÇÃO À DIABETES GESTACIONAL E HIPERTENSÃO GESTACIONAL ..........76</p><p>5 INTRODUÇÃO À LACTAÇÃO E AO ALEITAMENTO MATERNO</p><p>........................................78 RESUMO DO TÓPICO</p><p>2........................................................................................................................82</p><p>AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................84</p><p>TÓPICO 3 – CRIANÇAS E ADOLESCENTES ...................................................................................87</p><p>1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................87</p><p>2 ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS PARA CRIANÇAS .................................................................87</p><p>3 CRESCIMENTO E MATURAÇÃO SEXUAL ..................................................................................93</p><p>4 ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS PARA ADOLESCENTES .......................................................95</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................96</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................98</p><p>AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................100</p><p>UNIDADE 3 – AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO .....................................103</p><p>TÓPICO 1 – AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO IDOSO ..............................................................105</p><p>1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................105</p><p>2 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO ...........................................................................................105</p><p>3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL.........................................................................................................107</p><p>4 SARCOPENIA .....................................................................................................................................109 5</p><p>TRIAGEM NUTRICIONAL E AVALIAÇÃO FUNCIONAL ......................................................112</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................126</p><p>AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................127</p><p>TÓPICO 2 – SEMIOLOGIA .................................................................................................................129</p><p>1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129</p><p>2 CONCEITO ..........................................................................................................................................129</p><p>3 ANEMIA E DESIDRATAÇÃO .........................................................................................................131</p><p>4 DESNUTRIÇÃO E EDEMA ..............................................................................................................132</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................139</p><p>AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................140</p><p>TÓPICO 3 – HOSPITALIZADOS .......................................................................................................141</p><p>1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................141</p><p>2 DESNUTRIÇÃO .................................................................................................................................141</p><p>3 AVALIAÇÃO DO RISCO NUTRICIONAL ...................................................................................143</p><p>4 ANTROPOMETRIA ...........................................................................................................................146</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................150</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................154</p><p>AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................155</p><p>IX</p><p>REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................157</p><p>1</p><p>A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de :</p><p>• compreender o conceito de estado nutricional;</p><p>• diferenciar os métodos diretos e indiretos do processo de avaliação</p><p>nutricional;</p><p>• distinguir os modelos de determinantes sociais de saúde;</p><p>• identificar os inquéritos alimentares;</p><p>• caracterizar os procedimentos de avaliação da composição corporal.</p><p>Esta unidade de estudos encontra-se dividida em três tópicos. No decorrer</p><p>da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o</p><p>conteúdo apresentado.</p><p>TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO NUTRICIONAL</p><p>TÓPICO 2 – AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR</p><p>TÓPICO 3 – AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL</p><p>2</p><p>Caro acadêmico! Você sabe o que é estado nutricional? Sabe quais são os</p><p>diferentes conceitos e a importância desse indicador de saúde e qualidade de</p><p>vida? É interessante falar a respeito da condição de saúde do indivíduo, não é</p><p>mesmo? Portanto, no Tópico 1, abordaremos alguns temas pertinentes ao assunto</p><p>se tratando da introdução do processo de avaliação nutricional.</p><p>Destacaremos a evolução e construção do conceito de estado nutricional.</p><p>Em seguida, falaremos sobre os métodos diretos e indiretos da avaliação</p><p>nutricional e a importância da escolha correta de cada um deles, a depender do</p><p>objetivo e população estudada.</p><p>Por fim, abordaremos os determinantes sociais de saúde e seus diferentes</p><p>modelos que englobam fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais,</p><p>psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de</p><p>saúde e seus fatores de risco na população.</p><p>Ter conhecimento dos princípios norteadores do processo do cuidado</p><p>nutricional é importante para a sua trajetória acadêmica.</p><p>da lactação que auxilia na produção de leite.</p><p>• A ocitocina é um hormônio da lactação que auxilia na liberação/ejeção do leite.</p><p>87</p><p>• O aleitamento materno exclusivo por 6 meses e continuado até 12 meses</p><p>previne mortes de crianças menores de 5 anos e reduz o risco de hospitalização</p><p>por doenças respiratórias ou diarreias.</p><p>• A amamentação aumenta o vínculo mãe-filho, reduz riscos de câncer de mama</p><p>e auxilia na perda de peso.</p><p>• O movimento de sucção auxilia no desenvolvimento da língua, lábios,</p><p>mandíbula e músculos faciais.</p><p>• O colostro é o leite secretado na primeira semana após o parto, é rico em</p><p>proteínas e imunoglobulinas, com alto conteúdo de anticorpos.</p><p>• É importante esvaziar uma mama a cada mamada para o bebê receber o leite</p><p>anterior (para hidratar) e posterior (para saciar).</p><p>88</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 As prevalências de aleitamento materno no Brasil, em especial as de</p><p>amamentação exclusiva, estão bastante aquém das recomendadas, apesar de</p><p>as evidências científicas sinalizarem as vantagens da amamentação sobre</p><p>outras formas de se alimentar a criança.</p><p>FONTE: BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação</p><p>complementar. Brasília, 2015.</p><p>Considerando as baixas taxas de aleitamento materno e as orientações de</p><p>promoção à amamentação nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), avalie as</p><p>afirmações a seguir.</p><p>I- O leite materno atua como fator protetor contra diarreias e doenças</p><p>respiratórias na criança, além de prevenir o sobrepeso e a obesidade na</p><p>infância.</p><p>II- O colostro, produzido em pequena quantidade, é o leite ideal para as</p><p>crianças nos primeiros dias de vida, por seu alto teor de gordura,</p><p>principalmente para aquelas que nascem com baixo peso.</p><p>III- A amamentação promove o desenvolvimento motor-oral adequado e</p><p>favorece as funções de mastigação, deglutição, respiração e articulação dos</p><p>sons e da fala da criança.</p><p>IV- As fórmulas de alimentação infantil, por serem nutricionais, devem ser</p><p>introduzidas na dieta da criança quando a mãe retorna à jornada trabalho.</p><p>É CORRETO apenas o que se afirma em:</p><p>a) ( ) I e II.</p><p>b) ( ) I e III.</p><p>c) ( ) II e IV.</p><p>d) ( ) I, III e IV.</p><p>e) ( ) II, III e IV.</p><p>2 O aleitamento materno, processo que envolve fatores fisiológicos, ambientais</p><p>e emocionais, é cercado de mitos e crenças que podem provocar práticas</p><p>equivocadas e desmame precoce. Além disso, muitas mães não acreditam que</p><p>são capazes de amamentar ou duvidam da qualidade do seu leite. A figura a</p><p>seguir ilustra a fisiologia da lactação, identificando estímulos cerebrais e</p><p>respostas hormonais correspondentes aos reflexos da produção e da descida</p><p>do leite materno.</p><p>89</p><p>FONTE: Adaptado de Vitolo (2015)</p><p>90</p><p>A partir dessas informações, assinale a opção CORRETA acerca da lactação.</p><p>( ) O estímulo gerado pela sucção é prescindível para uma lactação bem-</p><p>sucedida, uma vez que são os hormônios ocitocina e prolactina os</p><p>responsáveis, respectivamente, pela produção e pela descida do leite</p><p>materno.</p><p>( ) Estímulos auditivos e visuais, assim como sentimentos maternos de</p><p>ansiedade, dor ou dúvidas, podem interferir no reflexo da descida do leite,</p><p>diminuindo a produção de ocitocina.</p><p>( ) O esquema apresentado corresponde ao início do período de lactação, quando</p><p>é produzido o colostro, pois, para a produção do leite maduro, há queda</p><p>significativa da concentração dos hormônios envolvidos na lactação.</p><p>( ) O leite materno produzido na primeira semana apresenta teor proteico mais</p><p>baixo que o leite maduro, devido, principalmente, a diferenças na produção</p><p>de hormônios.</p><p>( ) Do ponto de vista fisiológico, é aconselhável que a mãe amamente seu filho</p><p>em intervalos irregulares, para potencializar os estímulos auditivos e visuais</p><p>e manter uma boa produção de leite materno.</p><p>3 Sobre a avaliação do estado nutricional de gestantes, julgue as afirmativas a</p><p>seguir:</p><p>I- Não é recomendada a restrição de energia durante a gestação, visto às elevadas</p><p>necessidades nutricionais desse período, o risco de retardo de crescimento</p><p>intrauterino decorrente de carências na alimentação materna e também devido</p><p>à ação neurotóxica dos corpos cetônicos produzidos em jejuns prolongados</p><p>sobre o sistema nervoso fetal.</p><p>NO ENTANTO</p><p>II - As gestantes com obesidade grau III não devem ganhar peso na gestação, para</p><p>prevenir o risco de macrossomia fetal decorrente do excesso de peso materno</p><p>e prevenir complicações obstétricas, como o elevado risco de eclâmpsia e pré-</p><p>eclâmpsia nestes casos.</p><p>91</p><p>Julgue a afirmativa que apresenta a CORRETA relação entre a afirmativa I e II:</p><p>a) ( ) As afirmativas I e II são corretas, e afirmativa II é uma contraposição correta</p><p>à afirmativa I.</p><p>b) ( ) As afirmativas I e II são corretas, e a afirmativa II não é uma contraposição</p><p>correta à afirmativa I.</p><p>c) ( ) A afirmativa I é correta, a afirmativa II é incorreta e não é uma</p><p>contraposição correta à afirmativa I.</p><p>d) ( ) A afirmativa I é incorreta, a afirmativa II é correta e é uma contraposição à</p><p>afirmativa I.</p><p>e) ( ) As afirmativas I e II são incorretas, e a afirmativa II não é uma</p><p>contraposição à afirmativa I.</p><p>92</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Caro acadêmico! Você sabia que a avaliação do peso ao nascer é o</p><p>primeiro diagnóstico nutricional da criança? É interessante falar a respeito das</p><p>fases de crescimento e desenvolvimento, não é mesmo? Por isso, no Tópico 3,</p><p>abordaremos alguns temas pertinentes ao assunto em se tratando da avaliação</p><p>nutricional de crianças e adolescentes.</p><p>Falaremos a respeito da diferença entre altura e comprimento, dos índices</p><p>antropométricos preconizados pelo Ministério da Saúde para acompanhar o</p><p>crescimento e desenvolvimento infantil, além da classificação do estado</p><p>nutricional de crianças e adolescentes.</p><p>Você sabia que a adolescência é o período que compreende a idade de 10</p><p>a 19 anos de idade? Nesse sentido, abordaremos as etapas da maturação sexual.</p><p>Aprenderemos sobre o crescimento puberal, incluindo as etapas de adrenarca e</p><p>gonadarca.</p><p>Será que existe diferença no processo de avaliação e diagnóstico</p><p>nutricional de crianças e adolescentes? Aprenderemos a associar os indicadores</p><p>de maturação sexual às variáveis antropométricas para classificar o estado</p><p>nutricional.</p><p>Ter conhecimento sobre as curvas de crescimento e as recomendações da</p><p>OMS para avaliar crianças e adolescentes é imprescindível para a sua trajetória</p><p>acadêmica. Sabendo utilizar o percentil, o escore-z e a classificação de Tanner é a</p><p>base para identificar corretamente o estado nutricional. Assim, você poderá</p><p>aperfeiçoar seu conhecimento técnico e suas habilidades e competências</p><p>necessárias para trabalhar com infância e adolescência.</p><p>2 ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS PARA CRIANÇAS</p><p>A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), instituída pela</p><p>Portaria n° 710, de 10 de junho de 1999, ressalta a importância do monitoramento</p><p>93</p><p>da situação/segurança alimentar e nutricional de toda a população brasileira</p><p>(BRASIL, 2011d).</p><p>UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NOS CICLOS DE VIDA</p><p>94</p><p>Atualmente, o modelo de vigilância epidemiológica da área de</p><p>alimentação e nutrição adotado pelo Ministério da Saúde está centrado no</p><p>Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN). Esse é um sistema</p><p>composto por uma série de indicadores, com o objetivo de avaliar e monitorar o</p><p>estado nutricional e alimentar da população brasileira em diversas fases da vida</p><p>(BRASIL, 2011d).</p><p>O SISVAN é um valioso instrumento de apoio às ações de promoção da</p><p>saúde que o Ministério da Saúde recomenda que seja adotado pelos profissionais</p><p>da área e pelos gestores do Sistema Único de Saúde (SUS), visando o aumento da</p><p>qualidade da assistência prestada à população (BRASIL, 2011d).</p><p>• Peso ao nascer (BRASIL, 2011d): a avaliação do peso ao nascer é o primeiro</p><p>diagnóstico nutricional. Esse peso reflete os problemas nutricionais ocorridos</p><p>durante a gestação. A classificação usada é:</p><p>QUADRO 5 – CLASSIFICAÇÃO DO</p><p>ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS AO NASCER</p><p>PESO DA CRIANÇA CLASSIFICAÇÃO</p><p>≥ 2.500 g Peso adequado</p><p>< 2.500 g Baixo peso ao nascer (BPN)</p><p>< 1.500 g Muito baixo peso ao nascer</p><p>FONTE: BRASIL (2011d, p. 19)</p><p>• Peso ao nascer e idade gestacional (VITOLO, 2015):</p><p>◦ Proporcional ou crônico: nasce com baixo peso, mas proporcional ao</p><p>comprimento. Dificilmente consegue recuperar a estatura, apresenta</p><p>velocidade de crescimento adequada, mas sempre abaixo do referencial.</p><p>◦ Desproporcional ou agudo: resultante de patologias obstétricas. Se houver</p><p>condições favoráveis, consegue alcançar valores de referência.</p><p>Para ser feito um diagnóstico, é necessária a comparação dos valores</p><p>encontrados na avaliação com valores de referência que caracterizam a</p><p>distribuição em uma população saudável (BRASIL, 2011d). Os pontos de corte,</p><p>também chamados de valores críticos, correspondem aos limites que separam os</p><p>indivíduos que estão saudáveis daqueles que não estão (BRASIL, 2011d).</p><p>Por exemplo, o percentil 3 da distribuição do peso para idade é o ponto</p><p>de corte que o Ministério da Saúde adota para indicar baixo peso para idade entre</p><p>crianças (BRASIL, 2011d). Uma população de referência é aquela cujas medidas</p><p>foram aferidas em indivíduos sadios, vivendo em condições satisfatórias,</p><p>tornandose uma referência para comparações com outros grupos (BRASIL,</p><p>2011d).</p><p>TÓPICO 3 | CRIANÇAS E ADOLESCENTES</p><p>95</p><p>Com a distribuição gráfica das medidas de peso e estatura desses</p><p>indivíduos, são construídas curvas de crescimento de referência (BRASIL,</p><p>2011d). O Ministério da Saúde adota as recomendações da OMS quanto ao uso</p><p>de curvas de referência para avaliação do estado nutricional (BRASIL, 2011d).</p><p>Assim, para crianças menores de cinco anos, recomenda-se utilizar a</p><p>referência da OMS lançada em 2006, que consta na Caderneta de Saúde da</p><p>Criança. Para as crianças com cinco anos ou mais, recomenda-se o uso da</p><p>referência internacional da OMS lançada em 2007 (BRASIL, 2011d).</p><p>O percentil refere-se à posição ocupada por determinada observação no</p><p>interior de uma distribuição. Para obtê-lo, os valores da distribuição devem ser</p><p>ordenados do menor para o maior (ordem crescente); em seguida, a distribuição</p><p>é dividida em 100 partes de modo que cada observação corresponda um percentil</p><p>daquela distribuição (BRASIL, 2011d). Exemplo: aos 4 anos de idade, a mediana</p><p>de estatura na população de referência (equivalente ao percentil 50), é de 103,3</p><p>cm para meninos e 102,7 cm para meninas. Uma criança nessa idade com 100,5</p><p>cm estará no percentil 25, se for do sexo masculino ou no percentil 30 se for do</p><p>sexo feminino para o índice de estatura por idade.</p><p>O escore-z quantifica a distância do valor observado em relação à</p><p>mediana dessa medida. Corresponde às unidades de desvio-padrão em torno da</p><p>média, ou seja, o quanto a criança está acima ou abaixo do valor que é</p><p>considerado normal na população. Cada desvio-padrão de diferença da mediana</p><p>corresponde a uma unidade de escore Z. O valor zero indica que o indivíduo se</p><p>encontra no valor da mediana e é considerado ideal, sendo comparável ao P50</p><p>(BRASIL, 2011d).</p><p>Fórmula do escore-z = (valor observado) – (valor da mediana de referência)</p><p>desvio-padrão da população de referência</p><p>• Fases de crescimento (BRASIL, 2011d):</p><p>◦ Fase do lactente: o primeiro ano de vida é caracterizado por maior velocidade</p><p>de crescimento (cerca de 25 cm/ano), sobretudo nos primeiros seis meses, a</p><p>qual se reduz a partir do segundo ano (15 cm/ano). Nessa fase, os principais</p><p>fatores implicados no crescimento da criança são os nutricionais e</p><p>ambientais.</p><p>◦ Fase pré-púbere: período entre o terceiro ano de vida e o início da puberdade.</p><p>Caracteriza-se por crescimento mais estável, de aproximadamente 5-7 cm/</p><p>ano. Nessa fase, os fatores genéticos e hormonais (hormônio de</p><p>crescimento) têm maior relevância. É importante lembrar que a velocidade</p><p>de crescimento, apesar de mais estável, também sofre oscilações.</p><p>UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NOS CICLOS DE VIDA</p><p>96</p><p>O peso-para-idade expressa a relação entre a massa corporal</p><p>e a idade cronológica da criança. É o índice utilizado para a avaliação do</p><p>estado nutricional, principalmente para avaliação do baixo peso. Essa</p><p>avaliação é muito adequada para o acompanhamento do ganho de peso</p><p>e reflete a situação global da criança (BRASIL, 2011d).</p><p>O peso-para-estatura dispensa a informação da idade; expressa a</p><p>harmonia entre as dimensões de massa corporal e estatura. É utilizado tanto para</p><p>identificar o emagrecimento da criança, como o excesso de peso (BRASIL, 2011d).</p><p>A estatura-para-idade expressa o crescimento linear da criança. É o índice</p><p>que melhor indica o efeito cumulativo de situações adversas sobre o crescimento</p><p>da criança. É considerado o indicador mais sensível para aferir a qualidade de</p><p>vida de uma população (BRASIL, 2011d).</p><p>A estatura reflete o crescimento linear e representa as medidas de</p><p>comprimento e altura (BRASIL, 2011d).</p><p>• Crianças até 2 anos = comprimento (medida deitada).</p><p>• Crianças acima de 2 anos = altura (medida de pé).</p><p>O IMC-para-idade expressa a relação entre o peso da criança</p><p>e o quadrado da estatura. É utilizado para identificar o excesso de peso</p><p>entre crianças e tem a vantagem de ser um índice que será utilizado em</p><p>outras fases do curso da vida (BRASIL, 2011d).</p><p>Os índices antropométricos são utilizados como o principal critério</p><p>preconizado pela vigilância nutricional para crianças. O acompanhamento do</p><p>crescimento e do desenvolvimento infantil é essencial, visto que o desequilíbrio</p><p>entre as necessidades fisiológicas e a ingestão de alimentos causa alterações</p><p>físicas nos indivíduos, desde quadros de desnutrição até o sobrepeso e a</p><p>obesidade (BRASIL, 2011d).</p><p>O acompanhamento da saúde infantil foi proposto pelo Ministério da</p><p>Saúde, segundo um calendário mínimo de consultas para avaliar e acompanhar</p><p>o crescimento e o desenvolvimento da criança, no qual fica estabelecido quantas</p><p>TÓPICO 3 | CRIANÇAS E ADOLESCENTES</p><p>97</p><p>vezes a criança deve ir ao serviço de saúde nos seus primeiros dez anos de vida</p><p>(BRASIL, 2011d).</p><p>Deve-se estar atento para a evolução do crescimento da criança. Se a</p><p>linha de crescimento estiver descendo ao longo dos atendimentos, trata-se de</p><p>um sinal de alerta, já que a criança está se aproximando de uma situação de</p><p>baixo peso por idade ou de baixa estatura por idade (BRASIL, 2011d).</p><p>A Caderneta de Saúde da Criança é um instrumento usado para orientar</p><p>o monitoramento nutricional. São anotadas e atualizadas as informações mais</p><p>importantes sobre a história de saúde, como intercorrências, monitoramento do</p><p>crescimento, mediante os gráficos de peso por idade e estatura por idade, e o</p><p>controle das imunizações (BRASIL, 2011d).</p><p>A Caderneta lançada em 2009 está disponível em uma versão com seções</p><p>de cores diferenciadas: verde para meninos e laranja para meninas, que, além da</p><p>cor, diferem na curva de crescimento em virtude do desenvolvimento físico ser</p><p>diferente para cada sexo (BRASIL, 2011d).</p><p>Os quadros a seguir apresentam a classificação do estado nutricional de</p><p>crianças, segundo recomendações do SISVAN.</p><p>QUADRO 6 – CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS MENORES DE CINCO</p><p>ANOS PARA CADA ÍNDICE ANTROPOMÉTRICO</p><p>VALORES CRÍTICOS</p><p>ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS PARA MENORES DE 5 ANOS</p><p>Peso-paraidade Peso-</p><p>paraestatura</p><p>IMC-paraidade Estatura-</p><p>paraidade</p><p>< Percentil 0,1 < Escore-z –3</p><p>Muito baixo</p><p>peso para a</p><p>idade</p><p>Magreza</p><p>acentuada</p><p>Magreza</p><p>acentuada</p><p>Muito baixa</p><p>estatura para a</p><p>idade</p><p>≥ Percentil 0,1 e</p><p>< Percentil 3</p><p>≥ Escore-z –3 e</p><p>< Escore-z –2</p><p>Baixo peso para</p><p>a idade</p><p>Magreza Magreza</p><p>Baixa estatura</p><p>para a idade</p><p>≥ Percentil 3 e</p><p>< Percentil 15</p><p>≥ Escore-z –2 e</p><p>< Escore-z –1</p><p>Peso adequado</p><p>para a idade</p><p>Eutrofia Eutrofia</p><p>Estatura</p><p>adequada para</p><p>a idade 2</p><p>≥ Percentil 15 e</p><p>≤ Percentil 85</p><p>≥ Escore-z –1 e</p><p>≤ Escore-z +1 Risco de</p><p>sobrepeso</p><p>Risco de</p><p>sobrepeso > Percentil</p><p>85 e</p><p>≤ Percentil 97</p><p>> Escore-z +1 e</p><p>≤ Escore-z +2</p><p>> Percentil 97 e</p><p>≤ Percentil 99,9</p><p>> Escore-z +2 e</p><p>≤ Escore-z +3</p><p>Peso elevado</p><p>para a idade 1</p><p>Sobrepeso Sobrepeso</p><p>> Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade Obesidade</p><p>FONTE: BRASIL (2011d, p. 17)</p><p>QUADRO 7 – CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS DE CINCO A DEZ</p><p>UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NOS CICLOS DE VIDA</p><p>98</p><p>ANOS PARA CADA ÍNDICE ANTROPOMÉTRICO</p><p>VALORES CRÍTICOS</p><p>ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS PARA CRIANÇAS</p><p>DE 5 A 10 ANOS</p><p>Peso-para-idade IMC-para-idade Estatura-para-idade</p><p>< Percentil 0,1 < Escore-z –3</p><p>Muito baixo peso</p><p>para a idade</p><p>Magreza</p><p>acentuada</p><p>Muito baixa</p><p>estatura para a</p><p>idade</p><p>≥ Percentil 0,1 e</p><p>< Percentil 3</p><p>≥ Escore-z –3 e</p><p>< Escore-z –2</p><p>Baixo peso para a</p><p>idade</p><p>Magreza</p><p>Baixa estatura para</p><p>a idade</p><p>≥ Percentil 3 e</p><p>< Percentil 15</p><p>≥ Escore-z –2 e</p><p>< Escore-z –1</p><p>Peso adequado</p><p>para a idade</p><p>Eutrofia</p><p>Estatura adequada</p><p>para a idade 2</p><p>≥ Percentil 15 e</p><p>≤ Percentil 85</p><p>≥ Escore-z –1 e</p><p>≤ Escore-z +1</p><p>> Percentil 85 e</p><p>≤ Percentil 97</p><p>> Escore-z +1 e</p><p>≤ Escore-z +2</p><p>Sobrepeso</p><p>> Percentil 97 e</p><p>≤ Percentil 99,9</p><p>> Escore-z +2 e</p><p>≤ Escore-z +3</p><p>Peso elevado para a</p><p>idade 1</p><p>Obesidade</p><p>> Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade grave</p><p>FONTE: BRASIL (2011d, p. 18)</p><p>Para a avaliação dos índices antropométricos da criança, é necessário</p><p>saber com precisão sua idade em dias ou meses de vida. As informações</p><p>disponíveis nas curvas de crescimento são em meses. A regra de aproximação</p><p>que deve ser seguida para as idades não exatas é (BRASIL, 2011d):</p><p>• Fração de idade até 15 dias: aproxima-se a idade para baixo, isto é, o último</p><p>mês completado.</p><p>• Fração de idade igual ou superior a 16 dias: aproxima-se a idade para cima,</p><p>isto é, para o próximo mês a ser completado.</p><p>A figura a seguir demonstra como preencher uma curva de crescimento.</p><p>FIGURA 6 – EXEMPLO DE PREENCHIMENTO CURVA DE CRESCIMENTO – VARIÁVEL PESO POR IDADE</p><p>TÓPICO 3 | CRIANÇAS E ADOLESCENTES</p><p>99</p><p>FONTE: <https://pediatriavirtual.files.wordpress.com/2016/08/exemplos-de-preenchimento1.jpeg>.</p><p>Acesso em: 31 out 2019.</p><p>10 passos para antropometria e diagnóstico nutricional da criança</p><p>(BRASIL, 2011d):</p><p>• Calcular a idade em anos completos e meses, fazendo as aproximações</p><p>necessárias.</p><p>• Pesar e medir a criança, utilizando as técnicas e os instrumentos adequados.</p><p>• Anotar os dados no formulário da Vigilância Alimentar e Nutricional</p><p>(SISVAN).</p><p>• Marcar nos gráficos de crescimento da Caderneta de Saúde da Criança os</p><p>pontos de interseção.</p><p>• Calcular o IMC da criança.</p><p>• Fazer o diagnóstico nutricional da criança, interpretando cada índice avaliado.</p><p>• Verificar a inclinação das curvas de crescimento para complementar o</p><p>diagnóstico nutricional.</p><p>• Compartilhar com a mãe/responsável o diagnóstico nutricional da criança.</p><p>• Fazer a intervenção adequada para cada situação.</p><p>• Realizar ações de promoção da saúde.</p><p>Acadêmico, nos endereços eletrônicos da Organização Mundial da Saúde</p><p>www.who.int/childgrowth/standards/en e http://www.who.int/growthref/en/ é possível baixar</p><p>livremente as tabelas e gráficos relativos a crianças, de ambos os sexos. Também pode ser baixado,</p><p>no mesmo site, um programa de computador – WHO Anthro – que permite o cálculo desses</p><p>indicadores, individual ou coletivamente, que registra graficamente os resultados e a evolução</p><p>individual dos parâmetros de crianças que nele são arquivados. O manual de instalação e utilização</p><p>do WHO Anthro também pode ser baixado no site.</p><p>3 CRESCIMENTO E MATURAÇÃO SEXUAL</p><p>De acordo com a OMS, a adolescência é o período que compreende a</p><p>idade de 10 a 19 anos de idade. Nesse momento, o crescimento e o</p><p>desenvolvimento físico envolvem também a maturação dos órgãos e sistemas</p><p>(VITOLO, 2015).</p><p>Devido às modificações hormonais, ocorre o desenvolvimento de mamas,</p><p>pelos pubianos, maturação da genitália e crescimento ósseo. O hormônio do</p><p>crescimento tem papel importante na composição corporal e atua na distribuição</p><p>do tecido adiposo e no metabolismo (VITOLO, 2015).</p><p>O crescimento puberal ocorre mais cedo nas meninas, porém o estirão nos</p><p>meninos é maior. Nessa fase, a aceleração do crescimento está relacionada,</p><p>UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NOS CICLOS DE VIDA</p><p>100</p><p>principalmente, aos esteroides sexuais e ao hormônio de crescimento (VITOLO,</p><p>2015).</p><p>Dois processos estão envolvidos no aumento dos esteroides gonodais</p><p>(VITOLO, 2015):</p><p>• ADRENARCA: aumento da secreção dos androgênios das glândulas adrenais</p><p>e suprarrenais</p><p>• GONADARCA: aumento dos estrogênios no sexo feminino e da testosterona</p><p>no sexo masculino, hormônios responsáveis pelo aparecimento dos caracteres</p><p>sexuais secundários, ovulação, espermatogênese e processo de fertilização.</p><p>A monitorização do desenvolvimento puberal é feita pela classificação de</p><p>Tanner, que estudou e sistematizou a sequência dos eventos puberais em ambos</p><p>os sexos, em cinco etapas, considerando, quanto ao sexo feminino, o</p><p>desenvolvimento mamário e a distribuição e a quantidade de pelos; e no</p><p>masculino, o aspecto dos órgãos genitais e a quantidade e a distribuição dos pelos</p><p>pubianos. A representação gráfica do estadiamento de Tanner encontra-se nas</p><p>figuras a seguir (MENESES et al., 2008).</p><p>A avaliação é feita por médico especialista (exame físico/clínico), mas, em</p><p>situações de impossibilidade, pode ser utilizado autoavaliação. No entanto,</p><p>deve-se comparar a escolha do paciente adolescente com as características físicas</p><p>reais (por exemplo: características infantis, mas, selecionou o último estágio de</p><p>maturação) (VITOLO, 2015).</p><p>FIGURA 7 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO ESTADIAMENTO DE TANNER PARA MAMAS NO SEXO</p><p>FEMININO</p><p>FONTE: Meneses et al. (2008, p. 55)</p><p>TÓPICO 3 | CRIANÇAS E ADOLESCENTES</p><p>101</p><p>FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO DESENVOLVIMENTO PUBERAL, LEVANDO-SE EM</p><p>CONSIDERAÇÃO OS PÊLOS PUBIANOS EM AMBOS OS SEXOS E A GENITÁLIA NO SEXO MASCULINO</p><p>FONTE: Meneses et al. (2008, p. 55)</p><p>Durante a puberdade, o crescimento estatural médio dos meninos é de 9</p><p>a 10 cm e o ganho ponderal é de 8 kg. Nas meninas, o crescimento médio é de 8</p><p>cm/ano e o ganho de peso de 6 a 8 kg. Em um período de 2 a 4 anos, em média a</p><p>altura aumenta entre 20 a 25 cm (VITOLO, 2015).</p><p>Devido às diferenças hormonais entre os sexos, os meninos apresentam</p><p>maior estímulo no aumento da massa muscular (testosterona) e as meninas maior</p><p>aumento na gordura corporal (estrogênio). Após o estirão, ocorre uma</p><p>desaceleração de ganho estatural até a parada de crescimento, equivalente a 1516</p><p>anos para as meninas e 17-18 anos para os meninos (VITOLO, 2015).</p><p>4 ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS PARA ADOLESCENTES</p><p>Os indicadores antropométricos são os mesmos da infância, mas, a</p><p>interpretação é diferente. A idade cronológica é pouco adequada, pois,</p><p>adolescentes do mesmo sexo e idade podem apresentar estágios de maturação</p><p>diferentes. Isso torna complicada a formação de referenciais que possam</p><p>contemplar toda essa variação individual (VITOLO, 2015).</p><p>Por isso, deve-se associar os indicadores de maturação sexual às variáveis</p><p>de peso, estatura, idade e sexo para classificar o estado nutricional. No entanto,</p><p>o diagnóstico encontrado nem sempre retrata a condição física real (VITOLO,</p><p>2015). O quadro a seguir apresenta a classificação do estado nutricional de</p><p>adolescentes, segundo recomendações do SISVAN.</p><p>UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NOS CICLOS DE VIDA</p><p>102</p><p>QUADRO 8 – CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE ADOLESCENTES PARA CADA</p><p>ÍNDICE ANTROPOMÉTRICO</p><p>VALORES CRÍTICOS</p><p>ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS</p><p>IMC-para-idade Estatura-para-idade</p><p>< Percentil 0,1 < Escore-z –3 Magreza acentuada 1</p><p>Muito baixa estatura</p><p>para a idade</p><p>≥ Percentil 0,1 e</p><p>< Percentil 3</p><p>≥ Escore-z –3 e <</p><p>Escore-z –2</p><p>Magreza</p><p>Baixa estatura para a</p><p>idade</p><p>≥ Percentil 3 e</p><p>< Percentil 15</p><p>≥ Escore-z –2 e <</p><p>Escore-z –1</p><p>Eutrofia</p><p>≥ Percentil 15 e</p><p>≤ Percentil 85</p><p>≥ Escore-z –1 e ≤</p><p>Escore-z</p><p>+1</p><p>Estatura adequada</p><p>para a idade 2</p><p>> Percentil 85 e</p><p>≤ Percentil 97</p><p>> Escore-z +1 e ≤</p><p>Escore-z +2</p><p>Sobrepeso</p><p>> Percentil 97 e</p><p>≤ Percentil 99,9</p><p>> Escore-z +2 e ≤</p><p>Escore-z +3</p><p>Obesidade</p><p>> Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade grave</p><p>FONTE: BRASIL (2011d, p. 21)</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>TEMPO DE TELA (TELEVISÃO, VIDEOGAME, CELULAR,</p><p>COMPUTADOR) E PADRÃO ALIMENTAR INFLUENCIAM</p><p>A OBESIDADE EM ADOLESCENTES?</p><p>Francisco de Assis Guedes de Vasconcelos</p><p>Maria Gabriela Matias de Pinho</p><p>Pesquisa realizada pelo Programa de Pós-graduação em Nutrição da</p><p>Universidade Federal de Santa Catarina, publicada no volume 30, número 3, da</p><p>Revista de Nutrição, intitulada Associação entre tempo de tela e padrões alimentares</p><p>com sobrepeso/obesidade em adolescentes, verificou que 29,8% dos adolescentes de 11</p><p>a 14 anos de idade na cidade de Florianópolis apresentavam</p><p>sobrepeso/obesidade (medido pelo índice de massa corporal), sendo que os</p><p>meninos mostraram taxa estatisticamente maior (34,7%).</p><p>O percentual de escolares com atividade sedentária (medida pelo tempo</p><p>de tela – mais de duas horas três vezes ou mais por semana de videogame,</p><p>televisão, celular e/ou computador) foi de 39,1%. Foram identificadas cinco</p><p>modalidades de padrões alimentares: Padrão obesogênico, Padrão café e</p><p>produtos lácteos, Padrão refeição tradicional, Padrão frutas e legumes e Padrão</p><p>pão e achocolatado. O Padrão Obesogênico foi o que melhor representou o</p><p>consumo alimentar dos escolares. Houve influência dos padrões alimentares</p><p>TÓPICO 3 | CRIANÇAS E ADOLESCENTES</p><p>103</p><p>sobre o sobrepeso/obesidade, no entanto, em alguns casos, de maneira contrária</p><p>ao esperado. Associaram-se inversamente com o sobrepeso/obesidade: “padrão</p><p>obesogênico” (ambos os sexos), “padrão café e produtos lácteos” e o “padrão pão</p><p>e achocolatado” (nas meninas).</p><p>A pesquisa fez parte de projeto financiado pelo Conselho Nacional de</p><p>Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), avaliou amostra</p><p>probabilística de 963 adolescentes de 30 escolas públicas e particulares de</p><p>Florianópolis, sendo os dados coletados entre setembro de 2012 a julho de 2013.</p><p>Este artigo foi originado da dissertação de mestrado de Maria Gabriela</p><p>Matias de Pinho, sob a orientação do professor Francisco de Assis Guedes de</p><p>Vasconcelos, a qual foi desenhada procurando responder as questões: Como</p><p>estão se alimentando e quão sedentários são os adolescentes de Florianópolis? O</p><p>padrão de consumo alimentar e de atividade sedentária está associado ao</p><p>sobrepeso/ obesidade dos adolescentes? Além de realizar exames</p><p>antropométricos (peso, estatura, perímetros e dobras cutâneas), foram coletados</p><p>dados de consumo alimentar, atividade física, maturação sexual,</p><p>socioeconômicos e demográficos, a partir da aplicação de questionários auto</p><p>preenchidos pelos escolares e seus pais.</p><p>A obesidade na infância e adolescência tem grande chance de permanecer</p><p>durante a vida adulta, podendo trazer diversas consequências para a saúde.</p><p>Portanto, tais resultados podem orientar políticas públicas de saúde e nutrição,</p><p>visando a reduzir as taxas de obesidade e promover estilos de vida mais</p><p>saudáveis.</p><p>FONTE: VASCONCELOS, F. A. G.; PINHO, M. G. M. Tempo de tela (televisão, videogame, celular, computador)</p><p>e padrão alimentar influenciam a obesidade em adolescentes? SciELO em Perspectiva | Press Releases,</p><p>2017. Disponível em: https://pressreleases.scielo.org/blog/2017/08/22/tempo-detela-televisao-</p><p>videogame-celular-computador-e-padrao-alimentar-influenciam-a-obesidade-emadolescentes/. Acesso</p><p>em: 7 jan. 2020.</p><p>104</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• A avaliação do peso ao nascer é o primeiro diagnóstico nutricional e reflete os</p><p>problemas nutricionais ocorridos durante a gestação.</p><p>• O peso ao nascer pode ser proporcional, quando o bebê nasce com baixo peso, mas</p><p>proporcional ao comprimento.</p><p>• O peso ao nascer pode ser desproporcional, quando é resultante de doenças</p><p>obstétricas.</p><p>• O Ministério da Saúde adota as recomendações da OMS quanto ao uso de curvas</p><p>de referência para avaliação do estado nutricional.</p><p>• O percentil refere-se à posição ocupada por determinada observação no interior de</p><p>uma distribuição.</p><p>• O escore-z quantifica a distância do valor observado em relação à mediana dessa</p><p>medida.</p><p>• O primeiro ano de vida é caracterizado por maior velocidade de crescimento,</p><p>sobretudo nos primeiros 6 meses, a qual se reduz a partir do segundo ano de vida.</p><p>• Os índices antropométricos são utilizados como o principal critério preconizado</p><p>pela vigilância nutricional para crianças.</p><p>• O peso-para-idade é o índice que expressa a relação entre a massa corporal e a</p><p>idade cronológica da criança.</p><p>• O peso-para-estatura é o índice que expressa a harmonia entre as dimensões de</p><p>massa corporal e estatura.</p><p>• A estatura-para-idade é o índice que expressa o crescimento linear da criança.</p><p>• O IMC-para-idade é o índice que expressa a relação entre o peso da criança e o</p><p>quadrado da estatura.</p><p>• Deve-se estar atento para a evolução do crescimento da criança.</p><p>• Para a avaliação dos índices antropométricos da criança, é necessário saber com</p><p>precisão sua idade em dias ou meses de vida.</p><p>105</p><p>• A Caderneta de Saúde da Criança é um instrumento utilizado para orientar o</p><p>monitoramento nutricional.</p><p>• A adolescência é o período que compreende a idade de 10 a 19 anos de idade.</p><p>• O crescimento puberal ocorre mais cedo nas meninas, porém o estirão nos meninos</p><p>é maior.</p><p>• A adrenarca refere-se ao aumento da secreção dos androgênios das glândulas</p><p>adrenais e suprarrenais.</p><p>• A gonadarca refere-se ao aumento dos hormônios responsáveis pelo aparecimento</p><p>dos caracteres sexuais secundários, ovulação, espermatogênese e processo de</p><p>fertilização.</p><p>• A monitorização do desenvolvimento puberal é feita pela classificação de Tanner,</p><p>que estudou e sistematizou a sequência dos eventos puberais em ambos os sexos.</p><p>• Os indicadores antropométricos são os mesmos da infância, mas, a interpretação é</p><p>diferente, ou seja, deve-se associar os indicadores de maturação sexual às variáveis</p><p>para classificar o estado nutricional.</p><p>106</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 Existe uma relação direta entre os estágios de maturação sexual e o crescimento e</p><p>desenvolvimento físico que são fundamentais na avaliação nutricional do</p><p>adolescente. No que se refere ao sexo feminino, pode-se afirmar:</p><p>a) ( ) Durante a puberdade, o crescimento estatural médio é de 10 cm e o ganho</p><p>ponderal é de 10 kg.</p><p>b) ( ) A menarca ocorre geralmente no último estágio e coincide com a fase de</p><p>aceleração de crescimento estatural.</p><p>c) ( ) Devido às diferenças hormonais entre os sexos, as meninas apresentam maior</p><p>estímulo no aumento da gordura corporal (estrogênio).</p><p>d) ( ) A idade cronológica é a mais adequada, pois, adolescentes do mesmo sexo e</p><p>idade apresentam estágios de maturação semelhantes.</p><p>e) ( ) A classificação do estágio de desenvolvimento mamário depende do tamanho</p><p>das mamas e não de suas características.</p><p>2 Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), adolescência é o período que</p><p>compreende a idade de 10 a 19 anos. Nesse ciclo de vida, o crescimento e</p><p>desenvolvimento envolvem também a maturação dos órgãos e sistemas.</p><p>Considere as variáveis da adolescente abaixo, calcule o IMC (utilizando as duas</p><p>primeiras casas decimais) e classifique-o de acordo com os percentis da OMS:</p><p>Idade – 13 anos</p><p>Peso – 63 kg</p><p>Estatura – 1,66 m</p><p>Assinale a alternativa CORRETA: a) ( )</p><p>22,90 kg/m2 eutrofia.</p><p>b) ( ) 22,90 kg/m2 sobrepeso.</p><p>c) ( ) 22,90 kg/m2 magreza.</p><p>d) ( ) 37,95 kg/m2 sobrepeso.</p><p>e) ( ) 37,95 kg/m2 obesidade.</p><p>3 Sobre a velocidade de crescimento nos ciclos de vida, a associação entre o ganho</p><p>estatural, a maturação sexual nos adolescentes, assinale a alternativa</p><p>CORRETA:</p><p>a) ( ) O pico máximo de velocidade de crescimento ocorre na faixa etária de 3 a 9</p><p>anos de idade, para ambos os sexos.</p><p>b) ( ) No sexo feminino o pico de velocidade de crescimento</p><p>durante a adolescência</p><p>ocorre, de maneira geral, após a menarca.</p><p>107</p><p>c) ( ) No sexo masculino o pico de velocidade de crescimento durante a</p><p>adolescência ocorre em torno dos 13 a 15 anos de idade, posteriormente às</p><p>meninas.</p><p>d) ( ) Na fase escolar ocorre acúmulo de gordura corporal como reserva energética</p><p>para o estirão de crescimento da adolescência. Por isso, o excesso de peso e</p><p>obesidade não devem ser considerados como fatores de risco nesta faixa etária.</p><p>e) ( ) A fase do ciclo de vida com menor velocidade de crescimento é dos 4 aos 8</p><p>anos de idade, para ambos os sexos.</p><p>102</p><p>109</p><p>A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de :</p><p>• calcular estimativas de peso e altura por meio de equações preditivas;</p><p>• compreender e contemplar as especificidades do processo do</p><p>envelhecimento na anamnese nutricional do idoso;</p><p>• aplicar os instrumentos utilizados na triagem nutricional e avaliação</p><p>funcional;</p><p>• realizar exame físico direcionado para o quadro clínico de deficiências</p><p>nutricionais.</p><p>Esta unidade de estudos encontra-se dividida em três tópicos. No decorrer</p><p>da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o</p><p>conteúdo apresentado.</p><p>TÓPICO 1 – AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO IDOSO</p><p>TÓPICO 2 – SEMIOLOGIA</p><p>TÓPICO 3 – HOSPITALIZADOS</p><p>104</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Caro acadêmico! Você sabia que no Brasil o idoso é aquele com 60 anos</p><p>de idade ou mais, enquanto nos países desenvolvidos admite-se um ponto de</p><p>corte de 65 anos de idade? É interessante falar a respeito do processo de</p><p>envelhecimento, não é mesmo? Portanto, no Tópico 1, abordaremos alguns temas</p><p>pertinentes ao assunto em se tratando das alterações biológicas, fisiológicas e</p><p>psicossociais da senescência e senilidade. Ademais, você sabe a diferença entre</p><p>senescência e senilidade?</p><p>Em seguida, falaremos a respeito dos parâmetros da semiologia. Você</p><p>sabe o que é? Qual a relação entre semiologia e exame físico? Qual a importância</p><p>desta etapa da avaliação nutricional? Além disso, aprenderemos a identificar as</p><p>manifestações clínicas associadas às carências nutricionais.</p><p>Por fim, abordaremos a importância de saber avaliar o paciente</p><p>hospitalizado. Você sabia que os pacientes hospitalizados estão vulneráveis à</p><p>desnutrição? Você conhece os questionários e instrumentos utilizados na triagem</p><p>nutricional e na avaliação funcional? Sabe identificar o paciente em risco</p><p>nutricional?</p><p>Ter conhecimento a respeito do processo de envelhecimento e das</p><p>complicações decorrentes de uma internação é fundamental e essencial para a</p><p>sua trajetória acadêmica. Sabendo utilizar os parâmetros indicados e identificar</p><p>os exames necessários às etapas de avaliação, prescrição e evolução do paciente,</p><p>você poderá aperfeiçoar seu conhecimento técnico e suas habilidades e</p><p>competências necessárias na prática clínica nutricional.</p><p>2 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO</p><p>A grande maioria dos países no mundo vem apresentando o</p><p>envelhecimento populacional como característica demográfica. No Brasil, a</p><p>população idosa vem aumentando nos últimos anos, e as projeções indicam que</p><p>111</p><p>em 2025 o contingente de idosos será de 32 milhões de indivíduos. Dessa forma,</p><p>o Brasil ocupará o sexto lugar no mundo em relação ao número de habitantes</p><p>idosos (SOUZA et al., 2013).</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>112</p><p>A Organização Mundial de Saúde (OMS) define o idoso aquele com 60 anos</p><p>de idade ou mais, limite este válido apenas para os países em desenvolvimento, como</p><p>o Brasil, pois nos países desenvolvidos admite-se um ponto de corte de 65 anos.</p><p>Ademais, a OMS define o envelhecimento saudável como um processo de</p><p>desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional que permite o bemestar na</p><p>idade avançada (OMS, 2015).</p><p>O envelhecimento pode ser caracterizado por alterações biológicas,</p><p>fisiológicas e psicossociais. Essas alterações podem acontecer de forma natural,</p><p>chamado de senescência, no qual o indivíduo pode conviver normalmente; ou podem</p><p>acontecer de forma anormal (patológica), chamado de senilidade, em que, devido a</p><p>efeitos negativos das doenças, o indivíduo apresenta uma incapacidade progressiva</p><p>para uma vida saudável (VITOLO, 2015).</p><p>Durante o envelhecimento, o organismo apresenta uma série de modificações</p><p>anatômicas (estruturais) e funcionais, algumas delas relacionadas diretamente aos</p><p>aspectos nutricionais. Uma das maiores alterações relacionadas ao envelhecimento é</p><p>a mudança da composição corporal. O tecido adiposo aumenta, enquanto há uma</p><p>diminuição de massa magra que exacerba após 60 anos (VITOLO, 2015).</p><p>Além disso, ocorre diminuição das papilas gustativas, do olfato e da secreção</p><p>salivar, aparecimento de doenças periodontais (saúde bucal), diminuição do apetite e</p><p>eficiência mastigatória, aumento do esforço respiratório para se alimentar,</p><p>diminuição de substâncias digestivas, alterações de saciedade, diminuição dos</p><p>movimentos peristálticos e alterações visuais (VITOLO, 2015).</p><p>Essas alterações muitas vezes são decorrentes de fatores metabólicos, como a</p><p>redução na secreção de hormônios e enzimas digestivas; fatores físicos, como</p><p>sedentarismo e limitações físicas; fatores psicossociais, como isolamento e solidão e</p><p>fatores patológicos, como doenças associadas (hipertensão arterial, diabetes, doença</p><p>cardiovascular, entre outras) (VITOLO, 2015).</p><p>FIGURA 1 – PROJEÇÃO DA POPULAÇÃO DO BRASIL, SEGUNDO SEXO E FAIXA ETÁRIA</p><p>TÓPICO 1 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO IDOSO</p><p>113</p><p>FONTE: Flores (2015, p. 94)</p><p>3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL</p><p>A avaliação do índice de massa corporal (IMC) é diferente dos adultos.</p><p>Segundo o Caderno de Atenção Básica ao Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa</p><p>(2006), a referência é o estudo de de Lipschitz (1994), pois considera mudança na</p><p>relação entre adiposidade e o envelhecimento, conforme classificação do IMC (kg/m²)</p><p>abaixo:</p><p>• ≤ 22 kg/m² = baixo peso</p><p>• > 22 e < 27 kg/m² = peso adequado</p><p>• ≥ 27 kg/m² = excesso de peso</p><p>No entanto, a classificação do IMC (kg/m²) segundo a Organização</p><p>Panamericana de Saúde (OPAS, 2002) é equivalente a:</p><p>• ≤ 23 kg/m² = baixo peso</p><p>• > 23 e < 28 kg/m² = peso adequado</p><p>• ≥ 28 e < 30 kg/m² = sobrepeso</p><p>• ≥ 30 kg/m² = obesidade</p><p>Ainda não há, portanto, consenso quanto ao ponto de corte de IMC mais</p><p>adequado para avaliar o estado nutricional de idosos. A avaliação nutricional no idoso</p><p>deve ser realizada de maneira criteriosa, levando-se em consideração as alterações</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>114</p><p>que ocorrem na composição corporal e que são decorrentes do processo de</p><p>envelhecimento. O idoso, por exemplo, tende a ter, de maneira geral, uma diminuição</p><p>do peso, por causa da perda de massa óssea e massa muscular e da redução do apetite</p><p>(SANTOS; MACHADO; LEITE, 2010).</p><p>Com relação ao peso corporal, recomenda-se balança de base larga e/ou</p><p>cadeira para pesagem. Na impossibilidade de que o indivíduo se mantenha em pé</p><p>para aferição de peso, é possível a realização do cálculo de estimativas de peso por</p><p>meio de equações específicas (CHUMLEA, 1987):</p><p>• Homens</p><p>Peso = (1,73 x CB) + (0,98 x CP) + (0,37 x DSE) + (1,16 x AJ) – 81,69</p><p>• Mulheres</p><p>Peso = (0,98 x CB) + (1,27 x CP) + (0,40 x DSE) + (0,87 x AJ) – 62,35</p><p>Legenda: CB: circunferência do braço (cm); CP: circunferência da panturrilha</p><p>(cm); DSE: dobra subescapular (mm); AJ: altura do joelho (cm).</p><p>Além disso, é importante avaliar e classificar a perda de peso nessa fase da</p><p>vida. Por isso, o cálculo da perda de peso ponderal é fundamental. A seguir, encontra-</p><p>se a fórmula do cálculo e o quadro apresenta sua classificação.</p><p>%PPR = [(PU – PA) / PU] x 100</p><p>Legenda: %PPR: percentual de perda de peso ponderal; PU: peso usual; PA:</p><p>peso atual.</p><p>TABELA 1 – CLASSIFICAÇÃO DA PERDA DE PESO PONDERAL</p><p>Tempo Perda significativa de peso (%) Perda grave de peso (%)</p><p>1 semana 1 a 2 >2</p><p>1 mês 5 >5</p><p>3 meses 7,5 >7,5</p><p>6 meses 10 >10</p><p>FONTE: Blackburn, Bistrian</p><p>e Maini (1977, p. 11)</p><p>A altura, por outro lado, sofre alterações, sendo observada uma diminuição</p><p>ao longo das décadas. A partir dos 40 anos o ser humano apresenta redução de 1 a 2,5</p><p>cm por década. Isso se deve, entre outros fatores, ao achatamento plantar, à</p><p>diminuição da altura das vértebras e discos intervertebrais e a alterações posturais</p><p>(SANTOS; MACHADO; LEITE, 2010). Caso não seja possível aferir, pode-se estimar</p><p>pela altura do joelho:</p><p>TÓPICO 1 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO IDOSO</p><p>115</p><p>• Homens</p><p>Estatura = 64,19 – (0,04 x I) + (2,02 x AJ)</p><p>• Mulheres</p><p>Estatura = 84,88 – (0,24 x I) + (1,83 x AJ)</p><p>Legenda: I: idade (anos); AJ: altura do joelho (cm)</p><p>Com relação às dobras e circunferências, a circunferência do braço reflete</p><p>redução de massa muscular e gordura subcutânea e são os mesmos valores de</p><p>referência dos adultos. A circunferência da panturrilha é um marcador de desnutrição</p><p>e uma medida sensível da massa muscular. A circunferência da cintura e quadril, na</p><p>ausência de pontos de corte específicos para idosos, recomenda-se a utilização dos</p><p>parâmetros dos adultos. A dobra cutânea tricipital apresenta boa correlação com</p><p>quantidade total de gordura subcutânea (VITOLO, 2015).</p><p>4 SARCOPENIA</p><p>A água é o principal componente da composição corpórea e com o</p><p>envelhecimento há redução entre 20% e 30% da água corporal total. Ademais, o</p><p>envelhecimento provoca diminuição da massa muscular (sarcopenia) e da massa</p><p>óssea (osteopenia). Apesar da suscetibilidade para desenvolver desnutrição, o idoso</p><p>tem um aumento na gordura corporal (SANTOS; MACHADO; LEITE, 2010).</p><p>A sarcopenia, conforme retrata figura a seguir é definida como perda</p><p>involuntária de massa, força e função musculoesquelética, limitando a capacidade</p><p>funcional do indivíduo. Ela interfere na capacidade de locomoção e na força</p><p>mandibular necessária para a oclusão mandibular, afetando diretamente o consumo</p><p>alimentar. Também está associada ao maior risco de desenvolvimento de desidratação</p><p>(SANTOS; MACHADO; LEITE, 2010).</p><p>FIGURA 2 – SARCOPENIA</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>116</p><p>FONTE: Silva et al. (2006, p. 391)</p><p>O Grupo de Trabalho Europeu sobre Sarcopenia em Idosos (EWGSOP) criou</p><p>um algoritmo para diagnóstico de sarcopenia, conforme figura a seguir.</p><p>FIGURA 3 – ESQUEMA DO ALGORITMO DE DIAGNÓSTICO PARA SARCOPENIA SUGERIDO PELO EWGSOP</p><p>FONTE: Diz et al. (2015, p. 669)</p><p>A aferição da força máxima voluntária de preensão manual, ou simplesmente</p><p>dinamometria manual (DM), consiste em um teste simples e objetivo que tem como</p><p>princípio estimar a função do músculo esquelético. É realizado geralmente com um</p><p>dinamômetro, demonstrado na figura a seguir, sendo um procedimento rápido, de</p><p>baixo custo e pouco invasivo (ACHE DIAS et al., 2010).</p><p>Amplamente empregada na reabilitação por terapeutas ocupacionais,</p><p>fisioterapeutas e médicos, a DM vem sendo reconhecida como instrumento útil de</p><p>avaliação funcional no acompanhamento do estado nutricional de pacientes</p><p>cirúrgicos, na avaliação funcional de idosos e na população em geral (ACHE DIAS et</p><p>al., 2010).</p><p>FIGURA 4 – PREENSÃO PALMAR EM UM DINAMÔMETRO</p><p>TÓPICO 1 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO IDOSO</p><p>117</p><p>FONTE: Ache Dias et al. (2010, p. 210)</p><p>O quadro a seguir representa os resultados de um estudo realizado com a</p><p>população brasileira, de DM de mão dominante e não dominante, segundo sexo.</p><p>QUADRO 1 – VALORES DE PERCENTIL DA DINAMOMETRIA MANUAL DE MÃO DOMINANTE E</p><p>NÃO DOMINANTE NA POPULAÇÃO IDOSA BRASILEIRA, SEGUNDO SEXO</p><p>Dominante Homens Mulheres</p><p>Idade (anos) P5 P50 P95 P5 P50 P95</p><p>> 60 18 31,3 44 11 19,1 29</p><p>Não dominante Homens Mulheres</p><p>Idade (anos) P5 P50 P95 P5 P50 P95</p><p>> 60 18 29,2 45 10 16,8 27</p><p>FONTE: Barbosa-Silva et al. (2008, p. 360)</p><p>No Brasil, um estudo citado por Diz et al. (2015), avaliou a prevalência de</p><p>sarcopenia (de acordo com o algoritmo proposto pelo EWGSOP) em idosos saudáveis,</p><p>residentes na área urbana do município de São Paulo, sendo 437 homens e 712</p><p>mulheres. Essa amostra foi proveniente do estudo SABE (Saúde, Bem-Estar e</p><p>Envelhecimento), um estudo multicêntrico de base populacional realizado em alguns</p><p>países da América Latina e Caribe, representado no gráfico a seguir:</p><p>GRÁFICO 1 – PREVALÊNCIA DE SARCOPENIA EM IDOSOS NA POPULAÇÃO BRASILEIRA,</p><p>SEGUNDO SEXO E FAIXA DE IDADE</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>118</p><p>FONTE: Diz et al. (2015, p. 670)</p><p>5 TRIAGEM NUTRICIONAL E AVALIAÇÃO FUNCIONAL</p><p>A avaliação do estado nutricional não dispõe de padrão-ouro para diagnóstico</p><p>das desordens nutricionais. O melhor método depende dos objetivos da avaliação. Os</p><p>instrumentos de triagem nutricional têm sido desenvolvidos na tentativa de</p><p>identificar os idosos desnutridos ou em risco nutricional (ACUÑA; CRUZ, 2004).</p><p>A Avaliação Subjetiva Global (ASG) tem sido considerada um instrumento útil</p><p>na avaliação do estado nutricional em idosos. É um questionário fácil, não invasivo e</p><p>eficaz para identificar risco nutricional. Abrange antropometria, perda ponderal,</p><p>dieta, sintomas gastrointestinais e capacidade funcional, conforme representado no</p><p>quadro a seguir (ACUÑA; CRUZ, 2004).</p><p>QUADRO 2 – AVALIAÇÃO SUBJETIVA GLOBAL</p><p>TÓPICO 1 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO IDOSO</p><p>119</p><p>Avaliação subjetiva global do estado nutricional</p><p>(Selecione a categoria apropriada com um X ou entre com valor numérico onde indicado por "#")</p><p>A. História</p><p>1. Alteração no peso</p><p>Perda total nos últimos 6 meses: total = # ___________ kg; % perda = # ___________</p><p>Alteração nas últimas duas semanas: ______ aumento ______ sem alteração ______ diminuição.</p><p>2. Alteração na ingestão alimentar</p><p>______ sem alteração</p><p>______ alterada ______ duração ______ = # ______ semanas.</p><p>______ tipo: _____ dieta sólida sub-ótima ______ dieta líquida completa ______ líquidos hipocalóricos ______</p><p>inanição 3. Sintomas gastrintestinais (que persistam por > 2 semanas)</p><p>______ nenhum ______ náusea ______vômitos ______diarréia ______ anorexia.</p><p>4. Capacidade funcional</p><p>______ sem disfunção (capacidade completa)</p><p>______ disfunção ______ duração = # ______ semanas.</p><p>______ tipo: ______ trabalho sub-ótimo ______ ambulatório ______ acamado.</p><p>5. Doença e sua relação com necessidades nutricionais</p><p>Diagnóstico primário</p><p>(especificar) ______________________________________________________</p><p>Demanda metabólica (stress): _____ sem estress ____ baixo stress ____ stress moderado ____ stress elevado B.</p><p>Exame físico (para cada categoria, especificar: 0 = normal, 1+ = leve, 2+ = moderada, 3+ = grave).</p><p># ______ perda de gordura subcutânea (triceps, tórax)</p><p># ______ perda muscular (quadríceps, deltóide)</p><p># ______ edema tornozelo</p><p># ______ edema sacral</p><p># ______ ascite</p><p>C. Avaliação subjetiva global (selecione uma)</p><p>______ A = bem nutrido</p><p>______ B = moderadamente (ou suspeita de ser) desnutrido</p><p>______ C = gravemente desnutrido</p><p>FONTE: Barbosa-Silva; Barros (2002, p. 182)</p><p>A Miniavaliação Nutricional (MAN) foi desenvolvida para avaliar o risco de</p><p>desnutrição em idosos e identificar aqueles que necessitam de intervenção precoce. A</p><p>versão original é composta por questões agrupadas em categorias, que englobam</p><p>antropometria, avaliação dietética, avaliação clínica global e autopercepção de saúde</p><p>e estado nutricional, podendo ser utilizado tanto para triagem, como para avaliação</p><p>global, ambas com exemplo a seguir, devendo ser aplicado por profissional de saúde</p><p>(ACUÑA; CRUZ, 2004).</p><p>A MAN consiste na aplicação apenas da primeira parte da versão completa</p><p>(triagem) de forma a avaliar se há risco nutricional. Dessa forma, podese apenas</p><p>completar a avaliação nos pacientes que efetivamente apresentarem risco nutricional,</p><p>possibilitando uma maior praticidade e rapidez na aplicação (ACUÑA; CRUZ, 2004).</p><p>QUADRO 3 – MINIAVALIAÇÃO NUTRICIONAL VERSÃO CURTA – TRIAGEM</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>120</p><p>FONTE: <https://www.mna-elderly.com/forms/MNA_portuguese.pdf>.</p><p>Acesso em: 28 nov. 2019.</p><p>QUADRO 4 – MINIAVALIAÇÃO NUTRICIONAL VERSÃO COMPLETA – AVALIAÇÃO</p><p>TÓPICO 1 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO IDOSO</p><p>121</p><p>FONTE: <https://www.mna-elderly.com/forms/MNA_portuguese.pdf>. Acesso em: 29 jan. 2020.</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>122</p><p>Entre os idosos, as condições crônicas tendem a se manifestar de forma mais</p><p>expressiva. Tais condições tendem a comprometer a qualidade de vida. São elas, na</p><p>maioria das vezes, as geradoras do que pode ser denominado processo incapacitante,</p><p>ou seja, o processo pelo qual uma determinada condição afeta a funcionalidade dos</p><p>idosos e o desempenho das atividades cotidianas. Em termos de avaliação em saúde,</p><p>tais atividades são conhecidas como atividades de vida diária (AVDs) e subdividem-</p><p>se em (DUARTE; ANDRADE; LEBRÃO, 2007):</p><p>• Atividades Básicas de Vida Diária (ABVDs) – que envolvem as atividades</p><p>relacionadas ao autocuidado, como: alimentar-se, banhar-se, vestir-se, arrumarse,</p><p>mobilizar-se.</p><p>• Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVDs) – que indicam a capacidade do</p><p>indivíduo de levar uma vida independente dentro da comunidade onde vive e</p><p>inclui a capacidade para: preparar refeições, realizar compras, utilizar transporte,</p><p>cuidar da casa, utilizar telefone, administrar as próprias finanças, tomar seus</p><p>medicamentos.</p><p>Nesse contexto, é inserida o que se denomina avaliação funcional no qual se</p><p>busca verificar em que nível as doenças ou agravos impedem o desempenho das</p><p>atividades cotidianas dos idosos de forma autônoma e independente. A avaliação</p><p>funcional é essencial para estabelecer um diagnóstico, um prognóstico e um</p><p>julgamento clínico adequados, que servirão de base para as decisões sobre os</p><p>tratamentos e cuidados necessários (DUARTE; ANDRADE; LEBRÃO, 2007).</p><p>O Índice ou Escala de Barthel, representado no quadro a seguir, pertence ao</p><p>campo de avaliação das atividades da vida diária (AVDs) e mede o grau de</p><p>independência em relação a qualquer tipo de ajuda (cuidado pessoal, mobilidade,</p><p>locomoção e eliminações) (MAHONEY; BARTHEL, 1965).</p><p>Avalia a independência funcional em dez tarefas: alimentação, banho,</p><p>vestuário, higiene pessoal, eliminações intestinais, eliminações vesicais, uso do vaso</p><p>sanitário, passagem cadeira-cama, deambulação e escadas (MAHONEY; BARTHEL,</p><p>1965).</p><p>QUADRO 5 – ESCALA DE BARTHEL</p><p>ATIVIDADE PONTUAÇÃO</p><p>TÓPICO 1 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO IDOSO</p><p>123</p><p>ALIMENTAÇÃO</p><p>0 = incapacitado</p><p>5 = precisa de ajuda para cortar, passar manteiga, etc, ou dieta modificada</p><p>10 = independente</p><p>BANHO</p><p>0 = dependente</p><p>5 = independente (ou no chuveiro)</p><p>ATIVIDADES ROTINEIRAS</p><p>0 = precisa de ajuda com a higiene pessoal</p><p>5 = independente rosto/cabelo/dentes/barbear</p><p>VESTIR-SE</p><p>0 = dependente</p><p>5 = precisa de ajuda mas consegue fazer uma parte sozinho</p><p>10 = independente (incluindo botões, zipers, laços, etc.)</p><p>INTESTINO</p><p>0 = incontinente (necessidade de enemas)</p><p>5 = acidente ocasional</p><p>10 = continente</p><p>SISTEMA URINÁRIO</p><p>0 = incontinente, ou cateterizado e incapaz de manejo</p><p>5 = acidente ocasional</p><p>10 = continente</p><p>USO DO TOILET</p><p>0 = dependente</p><p>5 = precisa de alguma ajuda parcial</p><p>10 = independente (pentear-se, limpar-se)</p><p>TRANSFERÊNCIA (DA CAMA PARA A CADEIRA E VICE VERSA)</p><p>0 = incapacitado, sem equilíbrio para ficar sentado</p><p>5 = muita ajuda (uma ou duas pessoas, física), pode sentar</p><p>10 = pouca ajuda (verbal ou física)</p><p>15 = independente</p><p>MOBILIDADE (EM SUPERFÍCIES PLANAS)</p><p>0 = imóvel ou < 50 metros</p><p>5 = cadeira de rodas independente, incluindo esquinas, > 50 metros</p><p>10 = caminha com a ajuda de uma pessoa (verbal ou física) > 50 metros</p><p>15 = independente (mas pode precisar de alguma ajuda; como por</p><p>exemplo, bengala) > 50 metros</p><p>ESCADAS</p><p>0 = incapacitado</p><p>5 = precisa de ajuda (verbal, física, ou ser carregado)</p><p>10 = indepentente</p><p>FONTE: <https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/2503/5/%C3%8Dndice%20de%20Barthel.pdf>.</p><p>Acesso em 30 out. 2019.</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>124</p><p>A Medida de Independência Funcional (MIF), expressa na tabela a seguir, é</p><p>um instrumento amplamente utilizado para avaliação da capacidade funcional e tem</p><p>como diferencial a incorporação da avaliação cognitiva. A escala é composta por mais</p><p>de 15 categorias agrupadas em seis dimensões: autocuidado, controle de esfíncteres,</p><p>transferências, locomoção, cognição e comunicação social. Nesse instrumento são</p><p>descritos dois domínios: o motor, referente às dimensões de autocuidado, controle de</p><p>esfíncteres, transferências e locomoção; e o cognitivo, que engloba as dimensões de</p><p>comunicação e cognição social (RIBERTO et al., 2001).</p><p>QUADRO 6 – MEDIDA DE INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL</p><p>FONTE: Riberto et al. (2001)</p><p>O índice de Katz é utilizado no que se refere à classificação da</p><p>dependência/independência e das atividades envolvidas. Para cada função são</p><p>realizadas três observações em que se classifica o desempenho do idoso de acordo</p><p>com a descrição mais apropriada. Os dados são posteriormente registrados na</p><p>classificação (DUARTE; ANDRADE; LEBRÃO, 2007).</p><p>TÓPICO 1 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO IDOSO</p><p>125</p><p>Alguns anos mais tarde, Katz e Akpom (1976) apresentaram uma versão</p><p>modificada da escala original e a categoria “outro” foi eliminada. Nessa versão, a</p><p>classificação se dá pelo número de funções nas quais o indivíduo avaliado é</p><p>dependente. Posteriormente, uma outra forma de classificação foi apresentada</p><p>(DUARTE; ANDRADE; LEBRÃO, 2007).</p><p>QUADRO 7 – ÍNDICE DE KATZ</p><p>Nome: Data de avaliação:__/__/_____</p><p>Para cada área de funcionamento listada abaixo assinale a descrição que melhor se aplica. A palavra</p><p>"assistência" significa supervisão, orientação ou auxílio pessoal</p><p>Banho – banho de leito, banheira ou chuveiro</p><p>□</p><p>Não recebe assistênica (entra e sai</p><p>da banheira sozinho se essa é</p><p>usualmente utilizada para banho</p><p>□</p><p>Recebe assistência no banho</p><p>somente para uma parte de corpo</p><p>(como costas ou uma perna)</p><p>□</p><p>Recebe assistência no banho em</p><p>mais de uma parte do corpo</p><p>Vestir – pega roupa no armário e veste, incluindo peças íntimas, roupas externas e fechos e cintos (caso</p><p>use)</p><p>□</p><p>Pega as roupas e se veste</p><p>completamente sem assistência</p><p>□</p><p>Pega as roupas e se veste sem</p><p>assistência, exceto para amarrar</p><p>os sapatos</p><p>□</p><p>Recebe assistência para pegar as</p><p>roupas ou para vestir-se ou</p><p>permanece parcial ou totalmente</p><p>despido</p><p>Ir ao banheiro – dirige-se ao banheiro para urinar ou evacuar; faz sua higiene e se veste após as</p><p>eliminações</p><p>□</p><p>Vai ao banheiro, higieniza-se e se</p><p>veste após as eliminações sem</p><p>assistência (pode utilizar objetos</p><p>de apoio como bengala, andador,</p><p>barras de apoio ou cadeira de</p><p>rodas e pode utilizar comadre ou</p><p>urinol a noite esvaziando por si</p><p>mesmo pela manhã).</p><p>□</p><p>Recebe assistência para ir ao</p><p>banheiro ou para higienizar-se ou</p><p>para vestir-se após as eliminações</p><p>ou para usar urinol ou comadre a</p><p>noite</p><p>□</p><p>Não vai ao banheiro para urinar</p><p>ou evacuar</p><p>Transferência</p><p>□</p><p>Deita-se e levanta-se da cama ou</p><p>da cadeira sem assistência (pode</p><p>utilizar um objeto de apoio como</p><p>bengala ou andador</p><p>□</p><p>Deita-se e levanta-se da cama ou</p><p>da cadeira com auxílio</p><p>□</p><p>Não sai da cama</p><p>Continência</p><p>□</p><p>Tem controle sobre as funções de</p><p>urinar e evacuar</p><p>□ □</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>126</p><p>Tem "acidentes"* ocasionais</p><p>*acidentes = perdas urinárias ou</p><p>fecais</p><p>Supervisão para controlar urinar</p><p>e fezes, utiliza cateterismo ou é</p><p>incontinente</p><p>Alimentação</p><p>□</p><p>Alimenta-se sem assistência</p><p>□</p><p>Alimenta-se sem assistência,</p><p>exceto para cortar carne ou passar</p><p>manteiga no pão</p><p>□</p><p>Recebe assistência para se</p><p>alimentar ou é alimentado parcial</p><p>ou totalmente por sonda enteral</p><p>ou parental</p><p>FONTE: Duarte, Andrade e Lebrão (2007, p. 321)</p><p>QUADRO 8 – ÍNDICE DE KATZ: CLASSIFICAÇÃO</p><p>Index de AVDs</p><p>(Katz)</p><p>Tipo de classificação</p><p>A Independente para todas as atividades</p><p>B Independente para todas as atividades menos uma</p><p>C Independente para</p><p>todas as atividades menos banho e mais uma adicional</p><p>D</p><p>Independente para todas as atividades menos banho, vestir-se e mais uma</p><p>adicional</p><p>E</p><p>Independente para todas as atividades menos banho, vestir-se, ir ao</p><p>banheiro e mais uma adicional</p><p>F</p><p>Independente para todas as atividades menos banho, vestir-se, ir ao</p><p>banheiro, transferência e mais uma adicional</p><p>G Dependente para todas as atividades</p><p>Outro</p><p>Dependente em pelo menos duas funções, mas que não se classificasse em</p><p>C, D, E, e F</p><p>FONTE: Duarte, Andrade e Lebrão (2007, p. 322)</p><p>QUADRO 9 – ÍNDICE DE KATZ: VERSÃO MODIFICADA</p><p>Index de AVDs</p><p>(Katz)</p><p>Tipo de classificação</p><p>0</p><p>Independente nas seis funções (banhar-se, vestir-se, alimentação, ir ao</p><p>banheiro, transferência e continência)</p><p>1 Independente em cinco funções e dependente em uma função</p><p>2 Independente em quatro funções e dependente em duas funções</p><p>3 Independente em três funções e dependente em três funções</p><p>4 Independente em duas funções e dependente em quatro funções</p><p>5 Independente em uma função e dependente em cinco funções</p><p>TÓPICO 1 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO IDOSO</p><p>127</p><p>6 Dependente para todas as funções</p><p>FONTE: Duarte, Andrade e Lebrão (2007, p. 323)</p><p>QUADRO 10 – ÍNDICE DE KATZ: NOVA CLASSIFICAÇÃO</p><p>Classificação Funcional Index ADL de Katz</p><p>Mais funcional Katz A, B</p><p>Funcionalidade Intermediária Katz C, D, E</p><p>Menos funcional Katz F, G</p><p>FONTE: Duarte, Andrade e Lebrão (2007, p. 324)</p><p>No ano de 1998, uma nova modificação do índice Katz foi publicada.</p><p>QUADRO 11 – ÍNDICE DE KATZ: VERSÃO ATUAL</p><p>ATIVIDADES</p><p>Pontos (1 ou 0)</p><p>INDEPENDÊNCIA</p><p>(1 ponto)</p><p>SEM supervisão, orientação ou</p><p>assistência pessoal</p><p>DEPENDÊNCIA</p><p>(0 ponto)</p><p>COM supervisão, orientação ou</p><p>assistência pessoal ou cuidado</p><p>integral</p><p>Banhar-se</p><p>Pontos: _____</p><p>(1 ponto) Banha-se completamente</p><p>ou necesita de auxílio somente para</p><p>lavar uma parte do corpo como as</p><p>costas, genitais ou uma extremidade</p><p>incapacitada</p><p>(0 pontos) Necessita de ajuda para</p><p>banhar-se em mais de uma parte do</p><p>corpo, entrar e sair do chuveiro ou</p><p>banheira ou requer assistência total</p><p>no banho</p><p>Vestir-se</p><p>Pontos: _____</p><p>(1 ponto) Pega as roupas do armário</p><p>e veste as roupas íntimas, externas e</p><p>cintos. Pode receber ajuda para</p><p>amarrar os sapatos</p><p>(0 pontos) Necessita de ajuda para</p><p>vestir-se ou necessita ser</p><p>completamente vestido</p><p>Ir ao banheiro</p><p>Pontos: _____</p><p>(1 ponto) Dirige-se ao banheiro, entra</p><p>e sai do mesmo, arruma suas</p><p>próprias roupas, limpa a área genital</p><p>sem ajuda</p><p>(0 pontos) Necessita de ajuda para ir</p><p>ao banheiro , limpar-se ou usar urinol</p><p>ou comadre</p><p>Transferência</p><p>Pontos: _____</p><p>(1 ponto) enta-se/deita-se e levantase</p><p>da cama ou cadeira sem ajuda.</p><p>Equipamentos mecânicos de ajuda</p><p>são aceitáveis.</p><p>(0 pontos) Necessita de ajuda para</p><p>sentar-se/deitar-se e levantar-se da</p><p>cama ou cadeira</p><p>Continência</p><p>Pontos: _____</p><p>(1 ponto) Tem completo controle</p><p>sobre suas eliminações (urinar e</p><p>evacuar)</p><p>(0 pontos) É parcial ou totalmente</p><p>incontinente do intestino ou bexiga</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>128</p><p>Alimentação</p><p>Pontos: _____</p><p>(1 ponto) Leva a comida do prato a</p><p>boca sem ajuda. Preparação da</p><p>comida pode ser feita por outra</p><p>pessoa</p><p>(0 pontos) Necessita de ajuda parcial</p><p>ou total com a alimentação ou requer</p><p>alimentação parenteral</p><p>Total de Pontos = _____</p><p>6 = Independente 4 = Dependência</p><p>moderada</p><p>2 ou menos = Muito</p><p>dependente</p><p>FONTE: Duarte, Andrade e Lebrão (2007, p. 324)</p><p>A escala de Lawton avalia o desempenho do idoso em relação às atividades</p><p>instrumentais a fim de verificar a sua independência funcional. A pontuação máxima</p><p>são 27 pontos. Existem três respostas possíveis às perguntas que variam de</p><p>independência, dependência parcial ou dependência que consistem, respectivamente,</p><p>nas seguintes possibilidades: sem ajuda, com ajuda parcial e não consegue (BRASIL,</p><p>2006).</p><p>QUADRO 12 – ESCALA DE LAWTON</p><p>ATIVIDADE AVALIAÇÃO</p><p>1 O(a) Sr(a) consegue usar o telefone?</p><p>Sem ajuda</p><p>Com ajuda parcial</p><p>Não consegue</p><p>3</p><p>2</p><p>1</p><p>2</p><p>O(a) Sr(a) consegue ir a locais distantes, usando algum</p><p>transporte, sem necessidade de planejamentos especiais?</p><p>Sem ajuda</p><p>Com ajuda parcial</p><p>Não consegue</p><p>3</p><p>2</p><p>1</p><p>3 O(a) Sr(a) consegue fazer compras?</p><p>Sem ajuda</p><p>Com ajuda parcial</p><p>Não consegue</p><p>3</p><p>2</p><p>1</p><p>4 O(a) Sr(a) consegue preparar suas próprias refeições?</p><p>Sem ajuda</p><p>Com ajuda parcial</p><p>Não consegue</p><p>3</p><p>2</p><p>1</p><p>5 O(a) Sr(a) consegue arrumar a casa?</p><p>Sem ajuda</p><p>Com ajuda parcial</p><p>Não consegue</p><p>3</p><p>2</p><p>1</p><p>6</p><p>O(a) Sr(a) consegue fazer trabalhos manuais domésticos,</p><p>como pequenos reparos?</p><p>Sem ajuda</p><p>Com ajuda parcial</p><p>Não consegue</p><p>3</p><p>2</p><p>1</p><p>7 O(a) Sr(a) consegue lavar e passar roupa?</p><p>Sem ajuda</p><p>Com ajuda parcial</p><p>Não consegue</p><p>3</p><p>2</p><p>1</p><p>8</p><p>O(a) Sr(a) consegue tomar seus remédios na dose e</p><p>horários corretos?</p><p>Sem ajuda</p><p>Com ajuda parcial</p><p>Não consegue</p><p>3</p><p>2</p><p>1</p><p>TÓPICO 1 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO IDOSO</p><p>129</p><p>9 O(a) Sr(a) consegue cuidar de suas finanças?</p><p>Sem ajuda</p><p>Com ajuda parcial</p><p>Não consegue</p><p>3</p><p>2</p><p>1</p><p>TOTAL</p><p>FONTE: <http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad19.pdf>. Acesso em 30 out. 2019.</p><p>AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE ADULTOS E IDOSOS E</p><p>SITUAÇÃO NUTRICIONAL DA POPULAÇÃO BRASILEIRA</p><p>Kátia Acuña</p><p>Thomaz Cruz</p><p>O estado nutricional expressa o grau no qual as necessidades fisiológicas por</p><p>nutrientes estão sendo alcançadas, para manter a composição e funções adequadas do</p><p>organismo, resultando do equilíbrio entre ingestão e necessidade de nutrientes.</p><p>As alterações do estado nutricional contribuem para aumento da mortalidade.</p><p>Assim sendo, a desnutrição predispõe a uma série de complicações graves, incluindo</p><p>tendência à infecção, deficiência de cicatrização de feridas,</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>130</p><p>falência respiratória, insuficiência cardíaca, diminuição da síntese de proteínas</p><p>a nível hepático com produção de metabólitos anormais, diminuição da</p><p>filtração glomerular e da produção de suco gástrico.</p><p>Por outro lado, o sobrepeso e a obesidade, são fatores de risco para</p><p>variado número de agravos à saúde, dos quais os mais frequentes são doença</p><p>isquêmica do coração, hipertensão arterial, acidente vascular cerebral, diabetes</p><p>mellitus tipo 2, colelitíase, osteoartrite (especialmente de joelhos), neoplasia</p><p>maligna de mama pós-menopausa e de endométrio, esofagite de refluxo,</p><p>hérnia de hiato e problemas psicológicos.</p><p>Os objetivos da avaliação do estado nutricional são: a) identificar os</p><p>pacientes com risco aumentado de apresentar complicações associadas ao</p><p>estado nutricional para que possam receber terapia nutricional adequada; b)</p><p>monitorizar a eficácia da intervenção dietoterápica. Esta avaliação pode ser</p><p>feita através de métodos convencionais e não convencionais. São métodos</p><p>convencionais aqueles tradicionalmente usados, por sua consolidada</p><p>utilização tanto na prática clínica quanto em estudos epidemiológicos. Têm</p><p>como características principais: a) praticidade; b) custo aceitável; c) refletem</p><p>com certa precisão o estado nutricional do indivíduo. Os métodos não</p><p>convencionais são aqueles que apresentam limitações no seu uso, como</p><p>equipamentos de custo elevado, dificuldades técnicas para sua execução, entre</p><p>outras que impossibilitam seu uso de forma rotineira. Geralmente são métodos</p><p>mais sensíveis, utilizados como referência em pesquisas.</p><p>O idoso apresenta peculiaridades relacionadas com o processo de</p><p>envelhecimento, como: a) redução progressiva da altura, de um a dois cm por</p><p>década; b) ganho progressivo de peso e IMC até em torno de 65 a 70 anos,</p><p>diminuindo a partir de então; c) alterações da composição corporal, com</p><p>redistribuição de gordura, que diminui a nível periférico e aumenta no interior</p><p>do abdome, e redução da massa magra.</p><p>Alguns autores consideram que a desnutrição pode ser difícil de</p><p>distinguir das alterações resultantes do processo natural do envelhecimento,</p><p>porém se não for</p><p>detectada, pode resultar em agravamento de condições</p><p>clínicas e aumento da mortalidade.</p><p>A população idosa é particularmente propensa a problemas</p><p>nutricionais devido a fatores relacionados com as alterações fisiológicas e</p><p>sociais, ocorrência de doença crônica, uso de várias medicações, problemas na</p><p>alimentação (comprometendo a mastigação e deglutição), depressão e</p><p>alterações da mobilidade com dependência funcional.</p><p>TÓPICO 1 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO IDOSO</p><p>131</p><p>Perda de peso involuntária, redução do apetite e caquexia são comuns</p><p>na população geriátrica. Os receptores gustativos e olfativos têm sua função</p><p>diminuída com o envelhecimento, comprometendo a qualidade estimulante</p><p>do apetite contida nos alimentos.</p><p>Também observa-se lentificação do esvaziamento gástrico, com o</p><p>aumento da saciedade (estado que se segue a uma refeição no qual a fome</p><p>encontra-se inibida) e da saciação (processo de regulação que ocorre durante</p><p>a alimentação, que inibe a ingestão de mais alimento). Estas alterações</p><p>decorrentes do processo fisiológico de envelhecimento comprometem a</p><p>ingestão de nutrientes, podendo levar à desnutrição.</p><p>Muitos pesquisadores tentaram desenvolver instrumentos válidos</p><p>para identificar os idosos desnutridos ou em risco aumentado de complicações</p><p>relacionadas ao estado nutricional, porém observa-se na literatura pertinente</p><p>uma falta de consenso em relação aos critérios diagnósticos de desnutrição,</p><p>inexistindo um padrão-ouro.</p><p>Além do mais, aspectos peculiares relacionados ao envelhecimento</p><p>obrigam a avaliação mais profunda, com análise de fatores de risco. A saúde</p><p>bucal deve ser observada, pois a perda dos dentes e outras afecções da</p><p>cavidade oral causando dor e dificuldade para mastigar e deglutir estão</p><p>associadas com desnutrição. Esta avaliação se reveste de importância, pois</p><p>medidas preventivas e procedimentos odontológicos simples podem resolver</p><p>o problema, além do que a habilidade de mastigar comida eficientemente, não</p><p>influencia a capacidade de digestão com as dietas modernas.</p><p>Outro aspecto relevante na avaliação do idoso compreende verificação</p><p>do nível funcional através da quantificação das atividades da vida diária</p><p>(básicas e instrumentais), permitindo a classificação funcional: a) I, fisicamente</p><p>incapaz ou dependente; b) II, fisicamente frágil; c) III, fisicamente</p><p>independente; d) IV, fisicamente apto/ativo; e) V, atleta. Dependência para</p><p>comer encontra-se relacionada com aumento da mortalidade. O nível de</p><p>independência funcional é um forte preditor de complicações.</p><p>A antropometria de idosos apresenta peculiaridades, como: a)</p><p>possibilidade de estimar o peso utilizando fórmulas que aplicam variáveis</p><p>antropométricas, quando o mesmo não pode ser medido; b) estimar a altura</p><p>utilizando a medida da altura do joelho aplicada a fórmulas e à altura em</p><p>posição sentada; c) a circunferência da panturrilha (CP) é considerada a</p><p>medida mais sensível de massa muscular no idoso, sendo superior à</p><p>circunferência do braço (CB).</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>132</p><p>A Avaliação Subjetiva Global (ASG) tem sido utilizada na população</p><p>geriátrica, sendo considerada um instrumento útil na avaliação do estado</p><p>nutricional em idosos. Vários instrumentos têm sido desenvolvidos em uma</p><p>tentativa de identificar os idosos desnutridos ou em risco nutricional.</p><p>The Nutrition Screening Initiative (NSI) é um questionário de dez</p><p>perguntas autoaplicável, desenvolvido para ser utilizado na atenção primária</p><p>à saúde com o objetivo de despertar a consciência sobre problemas</p><p>nutricionais, porém tem se mostrado de eficiência limitada, não sendo capaz</p><p>de predizer mortalidade.</p><p>A Mini avaliação Nutricional (MAN) foi desenvolvida para avaliar o</p><p>risco de desnutrição em idosos e identificar aqueles que possam se beneficiar</p><p>de intervenção precoce. A versão original é composta por 18 itens que</p><p>englobam antropometria, avaliação dietética, avaliação clínica global e</p><p>autopercepção de saúde e estado nutricional, podendo ser utilizado tanto para</p><p>triagem como para avaliação, e deve ser aplicado por profissional de saúde.</p><p>Vários estudos têm validado a MAN, mostrando que é capaz de predizer o</p><p>aumento do tempo de internação, a alta para asilos e mortalidade.</p><p>Porém, a maioria dos autores considera como padrão-ouro as medidas</p><p>antropométricas e exames laboratoriais (linfócitos totais, albumina, colesterol</p><p>sérico, hemoglobina e transferrina).</p><p>FONTE: ACUÑA, K.; CRUZ, T. Avaliação do Estado Nutricional de Adultos e Idosos e Situação Nutricional</p><p>da População Brasileira. Arquivos Brasileiro de Endocrinologia & Metabologia, v. 48, n. 3, p. 345-361,</p><p>2004.</p><p>133</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• O processo natural do envelhecimento pode ser chamado de senescência.</p><p>• O processo patológico do envelhecimento pode ser chamado de senilidade.</p><p>• Durante o processo de envelhecimento ocorre aumento do tecido adiposo e</p><p>diminuição de massa magra.</p><p>• A avaliação do índice de massa corporal (IMC) do idoso é diferente dos adultos.</p><p>• É importante avaliar e classificar a perda de peso nessa fase da vida, devido à perda</p><p>de massa óssea, massa muscular e redução do apetite.</p><p>• A partir dos 40 anos ocorre redução de 1 a 2,5 cm de altura por década.</p><p>• A circunferência do braço e da panturrilha reflete redução de massa muscular.</p><p>• A dobra cutânea tricipital apresenta boa correlação com a gordura corporal.</p><p>• A perda da massa, força e função muscular pode ser chamada de sarcopenia.</p><p>• A perda da massa óssea pode ser chamada de osteopenia.</p><p>• O dinamômetro é um teste para aferir a força máxima voluntária de preensão</p><p>manual.</p><p>• Os instrumentos de triagem nutricional auxiliam a identificar os idosos</p><p>desnutridos ou em risco nutricional.</p><p>• Os instrumentos de avaliação funcional auxiliam a identificar os idosos</p><p>dependentes ou independentes nas suas atividades cotidianas.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 A avaliação nutricional de idosos apresenta algumas particularidades específicas</p><p>dessa faixa etária. É preciso levar em consideração algumas limitações desse ciclo</p><p>de vida, como a perda de memória e capacidade cognitiva e a mobilidade</p><p>reduzida. Sobre a avaliação nutricional de idosos, julgue as afirmativas a seguir:</p><p>134</p><p>I- A perda expressiva de peso em curto período é um importante componente de</p><p>risco para a fragilidade da pessoa idosa. Perdas de 10% do peso corporal ou mais</p><p>em 6 meses indicam a necessidade de adequação da alimentação para estabilizar</p><p>ou recuperar o peso perdido.</p><p>II- A Avaliação Subjetiva Global (ASG) aplica-se a idosos hospitalizados e outras</p><p>situações clínicas. Trata-se de um instrumento relativamente simples e pouco</p><p>invasivo, composta por dados como perda ponderal, alteração da dieta, sintomas</p><p>gastrintestinais e capacidade funcional relacionada ao estado nutricional.</p><p>III- A Mini Avaliação Nutricional (MNA) pode ser utilizada como screening (ou</p><p>rastreamento) em ambulatórios, clínicas e hospitais. Apresenta resultados</p><p>concretos do diagnóstico nutricional e a versão completa pode substituir a</p><p>avaliação nutricional convencional.</p><p>IV- A avaliação funcional é a capacidade de realizar tarefas da vida diária de forma</p><p>independente ou dependente. Existem diversos instrumentos para avaliar a</p><p>capacidade funcional de idosos, como a Escala de Barthel e a Escala de Lawton,</p><p>que são diferenciadas por incorporar avaliação cognitiva.</p><p>É CORRETO apenas o que se afirma em:</p><p>a) ( ) I e II.</p><p>b) ( ) I e IV.</p><p>c) ( ) II e III.</p><p>d) ( ) I, II e III.</p><p>e) ( ) II, III e IV.</p><p>2 As alterações fisiológicas e anatômicas decorrentes do processo de envelhecimento</p><p>têm repercussões na saúde e na nutrição do idoso, principalmente quando</p><p>associadas a outras doenças de ocorrência frequente nessa população.</p><p>Considerando a elaboração de um plano alimentar para uma pessoa de 79 anos</p><p>de idade, do sexo feminino, que não consegue manter-se em equilíbrio sobre uma</p><p>balança e que é portadora de uma doença crônica,</p><p>avalie as afirmações a seguir:</p><p>135</p><p>I- A avaliação nutricional pela antropometria pode ser feita com a adoção de</p><p>fórmulas de estimativa de peso que utilizam as circunferências do braço e da</p><p>panturrilha, além da dobra cutânea subescapular e altura do joelho.</p><p>II- O colesterol sérico pode ser utilizado como um marcador de desnutrição, pois</p><p>uma baixa concentração lipídica plasmática é resultado da maior síntese hepática</p><p>e da secreção de lipoproteínas.</p><p>III- Na avaliação bioquímica do estado nutricional, pode ser feita a mensuração do</p><p>ferro sérico, uma vez que, no caso da idosa, a redução dessa vitamina indicaria</p><p>perda de peso e de massa muscular.</p><p>IV- Na estimativa da estatura, pode-se utilizar como parâmetro o comprimento ou a</p><p>altura do joelho, por se considerar que a medida em membros inferiores não é</p><p>afetada pela diminuição das dimensões ósseas.</p><p>É CORRETO apenas o que se afirma em:</p><p>a) ( ) I e II.</p><p>b) ( ) I e IV.</p><p>c) ( ) II e III.</p><p>d) ( ) I, II e IV.</p><p>e) ( ) II, III e IV.</p><p>3 Paciente F.L.V., 67 anos, sexo masculino, peso: 65 kg, estatura: 1,79 m. Qual o</p><p>resultado do IMC (Índice de Massa Corporal) e a classificação do estado</p><p>nutricional, segundo Lipschitz?</p><p>a) ( ) 36,31 Kg/m² Excesso de peso.</p><p>b) ( ) 36,31 Kg/m² Peso adequado.</p><p>c) ( ) 20,31 Kg/m² Baixo peso.</p><p>d) ( ) 20,31 Kg/m² Peso adequado.</p><p>e) ( ) 18,15 Kg/m² Baixo peso.</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Caro acadêmico! Você conhece a diferença entre sinal e sintoma? Sabe o que é</p><p>semiologia e a importância dessa etapa no processo de avaliação nutricional? É</p><p>136</p><p>interessante falar a respeito das observações dos exames físicos, não é mesmo?</p><p>Portanto, abordaremos alguns temas pertinentes ao assunto em se tratando da</p><p>identificação dos sinais e sintomas do paciente e sua relação com a carência ou excesso</p><p>de nutrientes.</p><p>Em seguida, falaremos a respeito das manifestações clínicas associadas à</p><p>anemia, desidratação, edema e desnutrição. Você sabia que aprender a identificar</p><p>algumas variações na pele e na mucosa é extremamente importante no diagnóstico</p><p>dessas doenças? Por fim, abordaremos a importância de saber analisar as expressões</p><p>faciais do paciente hospitalizado, bem como aprenderemos como avaliar a perda de</p><p>massa muscular em diferentes grupamentos musculares.</p><p>A desnutrição é frequente entre idosos hospitalizados e está associada a maior</p><p>incidência de complicações, mortalidade e tempo de internação. Sabendo identificar</p><p>as alterações metabólicas, fisiológicas, anatômicas e psicossociais próprias do</p><p>envelhecimento, você poderá aperfeiçoar seu conhecimento técnico e suas habilidades</p><p>e competências necessárias para a nutrição clínica hospitalar.</p><p>2 CONCEITO</p><p>A semiologia compreende o estudo dos sinais e sintomas do indivíduo, no</p><p>qual os sinais representam as manifestações clínicas de uma doença observados pelo</p><p>examinador e os sintomas são sensações subjetivas, sentidas pelo indivíduo e não</p><p>visualizada pelo examinador. Nesse sentido, o nutricionista dispõe da anamnese</p><p>nutricional para a identificação dos sintomas clínicos e do exame físico na avaliação</p><p>dos sinais clínicos (SAMPAIO et al., 2012).</p><p>Além disso, por meio da semiologia nutricional, é possível avaliar as</p><p>condições nutricionais do paciente, identificar os sinais e sintomas de carência ou</p><p>excesso de nutrientes e correlacioná-los com os hábitos alimentares. No entanto, é um</p><p>indicador subjetivo, uma vez que sua avaliação não resulta em um valor, e sim nas</p><p>impressões individuais do avaliador e do avaliado. Por isso, apesar da facilidade de</p><p>aplicação desse método, a semiologia nutricional apresenta como</p><p>TÓPICO 2 | SEMIOLOGIA</p><p>137</p><p>principais limitações o fato de que as manifestações clínicas são evidenciadas</p><p>apenas nos estados mais avançados de excesso e/ou carência nutricional</p><p>(SAMPAIO et al., 2012).</p><p>O exame físico engloba observações dos diversos sistemas, dos tecidos</p><p>adiposo e muscular e da condição hídrica do paciente, buscando sempre</p><p>investigar a presença de alterações específicas. Deve ser realizado de forma</p><p>sistemática e progressiva, a partir da cabeça até a região plantar. Inicia-se pelo</p><p>cabelo, seguido dos olhos, narinas, face, boca (lábios, dentes, língua), pescoço</p><p>(tireoide), tórax (abdome), membros superiores (unhas, região palmar) e</p><p>inferiores (quadríceps, joelho, tornozelo, região plantar), pele e sistemas</p><p>(cardiovascular, neurológico, respiratório e gastrointestinal) (SAMPAIO et al.,</p><p>2012).</p><p>QUADRO 13 – EXAME FÍSICO E CARACTERÍSTICAS A SEREM AVALIADAS</p><p>Região/</p><p>situação</p><p>examinada</p><p>Característica(s) a ser(em) avaliada(s)</p><p>Características em</p><p>condições normais</p><p>Cabelo Coloração, brilho, quantidade, espessura,</p><p>hidratação, ocorrência de alopecia.</p><p>Brilhantes, firmes e difíceis de</p><p>arrancar, aparência normal e</p><p>espessa, crescimento normal,</p><p>macios ao tato e coloração</p><p>adequada</p><p>Face Estado geral, condição física. Presença de</p><p>edema ou depleção (sinal de chave – exposição</p><p>do arco zigomático). Apresentação de:</p><p>palidez, atrofia unilateral ou bitemporal.</p><p>Fáceis agudo: exausto, cansado, não consegue</p><p>manter os olhos abertos por muito tempo;</p><p>Fáceis crônico: aparência deprimida, triste,</p><p>pouco diálogo.</p><p>Bom Estado Geral, sem sinais de</p><p>depleção ou edema.</p><p>Olhos Aspecto, cor das mucosas e membranas, sinais</p><p>de excesso de nutrientes – xantelasma, arco</p><p>córneo lipídico, sinais de deficiência de</p><p>nutrientes: desnutrição – olhos escavados,</p><p>escuros e flacidez ao redor, hipovitaminoses –</p><p>xeroftalmia, nictalopia, etc.</p><p>Brilahntes, membranas róseas e</p><p>úmidas, sem manchas e boa</p><p>adaptação visual no escuro.</p><p>Lábios Coloração da mucosa, presença de lesões</p><p>decorrentes de hipovitaminoses.</p><p>Lábios macios e sem</p><p>inflamações</p><p>Língua Coloração, integridade papilar,</p><p>edema, espessamento.</p><p>Língua vermelha, sem edema,</p><p>com superfície normal e</p><p>paladar preservado</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>138</p><p>Gengivas Edema, porosidade e sangramento. Ausência de sangramentos e</p><p>edema.</p><p>Peças</p><p>dentárias</p><p>Presença de cáries, ausência de peças</p><p>dentárias, uso de prótese (bem adaptada ou</p><p>não), alterações em função de excesso ou</p><p>escassez de nutrientes</p><p>Arcada dentária íntegra, sem</p><p>ausência de peças dentárias ou</p><p>uso de prótese bem adaptada –</p><p>não ocasionar</p><p>comprometimento da</p><p>mastigação.</p><p>Região/</p><p>situação</p><p>examinada</p><p>Característica(s) a ser(em) avaliada(s)</p><p>Características em</p><p>condições normais</p><p>Pele Cor, pigmentação, integridade, turgor,</p><p>presença de edema, brilho e temperatura,</p><p>manifestações decorrentes de deficiência ou</p><p>excesso de nutrientes.</p><p>Coruniforme, lisa, aparência</p><p>saudável, turgor preservados</p><p>ou compatíveis com a idade (no</p><p>caso de idosos).</p><p>Unhas Forma, ângulo, coloração, contorno, rigidez e</p><p>presença de micoses.</p><p>Uniformes, arredondadas, lisas</p><p>e firmes.</p><p>Abdôme Quanto à rigidez: flácido ou tenso; quanto ao</p><p>volume: distendido, plano, globoso ou</p><p>escavado; quanto à presença de gases: poucos</p><p>gases (normal), maciez (quando há tumor) ou</p><p>timpânico.</p><p>Ausência das alterações</p><p>referidas.</p><p>Tecido</p><p>subcutâneo</p><p>Excesso de tecido adiposo, ou déficit de tecido</p><p>subcutâneo – flacidez, presença de edema*.</p><p>Ausência das alterações</p><p>referidas.</p><p>Tecido</p><p>Muscular</p><p>esquelético</p><p>Retração ou atrofia. Ausência das alterações</p><p>referidas.</p><p>Sistema</p><p>nervoso</p><p>Perdas do controle na contração ou parestesias. Ausência das alterações</p><p>referidas.</p><p>Condição</p><p>hídrica</p><p>Desidratação ou edema*. Ausência das alterações</p><p>referidas.</p><p>FONTE: Sampaio et al. (2012, p. 28-29)</p><p>3 ANEMIA E DESIDRATAÇÃO</p><p>O exame físico da coloração da pele e das mucosas, para identificar a</p><p>palidez, é um indicativo de anemia (DUARTE, 2007).</p><p>FIGURA 5 – EXAME FÍSICO DA COLORAÇÃO DA MUCOSA</p><p>TÓPICO 2 | SEMIOLOGIA</p><p>139</p><p>FONTE: <https://encrypted-tbn0.gstatic.com/</p><p>images?q=tbn:ANd9GcQKgYHd3ccykXTNk9kNBPJ8_SIrJzxsLwi7Gri1me9Myz26qIfm&s>.</p><p>Acesso em: 27 nov. 2019.</p><p>Com relação à desidratação, podemos solicitar ao paciente para produzir</p><p>Sabendo identificar a</p><p>população de estudo, diferenciar os métodos avaliativos e selecionar os</p><p>procedimentos mais adequados, você poderá aperfeiçoar seu conhecimento</p><p>técnico, habilidades e competências necessárias para a área de nutrição clínica</p><p>ambulatorial e hospitalar.</p><p>2 ESTADO NUTRICIONAL E SUAS DIMENSÕES</p><p>O estado nutricional é caracterizado pela condição de saúde de um</p><p>indivíduo, influenciada pelo consumo e utilização de nutrientes, identificada</p><p>pela correlação de informações obtidas de estudos físicos, bioquímicos, clínicos</p><p>e dietéticos (CHRISTAKIS, 1973). Segundo McLaren (1986), é o estado resultante</p><p>do equilíbrio entre o suprimento de nutrientes e o gasto pelo organismo. Para</p><p>3</p><p>Dehoog (1998), é considerado o grau no qual as necessidades fisiológicas por</p><p>nutrientes estão sendo alcançadas.</p><p>UNIDADE 1 | INDICADORES DO ESTADO NUTRICIONAL</p><p>4</p><p>No entanto, o conceito de estado nutricional, segundo Vasconcelos (2008),</p><p>incorpora a dimensão biológica (manifestação biológica sobre o corpo da relação</p><p>entre o consumo e as necessidades nutricionais) e social (manifestação biológica</p><p>das relações que se operam sobre o corpo no interior da sociedade), sendo</p><p>definido como síntese orgânica das relações entre o homem, a natureza e o</p><p>alimento, as quais se estabelecem no interior de uma sociedade.</p><p>O estado nutricional é um excelente indicador de saúde e qualidade de</p><p>vida, espelhando o modelo de desenvolvimento de uma determinada sociedade.</p><p>Segundo Vasconcelos (2008), o estado nutricional pode ser expresso dentro de</p><p>três modalidades de manifestações orgânicas entre consumo e necessidade,</p><p>conforme demonstrado na figura a seguir:</p><p>• Normalidade nutricional – equilíbrio (adequado).</p><p>• Carência nutricional – insuficiência / deficiência.</p><p>• Distúrbio nutricional – inadequado (desequilíbrio ou excesso). FIGURA 1 –</p><p>DIAGRAMA DA DIMENSÃO BIOLÓGICA DO ESTADO NUTRICIONAL</p><p>FONTE: Vasconcelos (2008, p. 17)</p><p>Além da dimensão biológica (relação entre consumo e necessidades</p><p>nutricionais), o estado nutricional expressa uma dimensão social (grupo, classe</p><p>social, sociedade), conforme demonstrado na figura a seguir. No capitalismo, o</p><p>estado nutricional é diferenciado entre as distintas classes sociais. A</p><p>compreensão do conceito de estado nutricional deve ser buscada a partir da</p><p>TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO NUTRICIONAL</p><p>5</p><p>identificação e análise de suas determinações estruturais, particulares e</p><p>individuais (VASCONCELOS, 2008).</p><p>• Individuais: correspondem aos processos de organização da produção e</p><p>consumo familiar e individual.</p><p>• Particulares: correspondem aos processos específicos de organização da</p><p>produção e consumo de cada grupo socioeconômico ou classe social.</p><p>• Estruturais: correspondem aos processos mais gerais da organização social</p><p>(sociedade).</p><p>FIGURA 2 – DIAGRAMA DA DIMENSÃO SOCIAL DO ESTADO NUTRICIONAL</p><p>ESTADO NUTRICIONAL</p><p>Consumo Necessidades</p><p>Nível Alimentar Nutricionais</p><p>Individual:</p><p>Determinação Processos relacionados à organização da produção e consumo</p><p>Imediata individual e familiar: biológicos, ambientais e ecológicos, econômicos, sociais</p><p>(saúde, educação, cultura e ideologia).</p><p>Nível</p><p>Processos relacionados à organização da produção e consumo</p><p>Particular: de cada grupo socioeconômico ou classe social os quais</p><p>Determinação definem os diferentes perfis de reprodução social.</p><p>Mediata</p><p>Nível geral Processos econômicos, políticos e ideológicos da organização ou estrutural:</p><p>social: desenvolvimento das forças produtivas, relações de</p><p>Determinação produção, formas e conteúdos das instituições políticas (Estado Básica e seus</p><p>aparelhos) e instituições civis</p><p>FONTE: Vasconcelos (2008, p. 19)</p><p>A construção do conceito de estado nutricional se realiza a partir de</p><p>estudos em que são coletados dados, medidas ou informações que possibilitem</p><p>a identificação das variações existentes (VASCONCELOS, 2008).</p><p>As variações, quando observadas, medidas, quantificadas, qualificadas e</p><p>classificadas, são expressas a partir de variáveis. Variáveis são categorias de</p><p>análise que nos possibilitam a descrição das mudanças no estado nutricional de</p><p>um indivíduo ou de uma população (VASCONCELOS, 2008).</p><p>UNIDADE 1 | INDICADORES DO ESTADO NUTRICIONAL</p><p>6</p><p>3 MÉTODOS DIRETOS E INDIRETOS</p><p>A avaliação nutricional tem como objetivo identificar distúrbios e/ ou</p><p>riscos nutricionais e traçar condutas que possibilitem a recuperação ou</p><p>manutenção do estado de saúde. A definição dos métodos a serem utilizados na</p><p>avaliação tem relação com a identificação das manifestações orgânicas dos</p><p>problemas nutricionais ao nível do corpo, denominados de métodos diretos, e,</p><p>com a identificação das causas desses problemas, denominados de indiretos</p><p>(SAMPAIO, 2012).</p><p>Os métodos diretos são também classificados de acordo com o tipo de</p><p>abordagem: objetivos (abordagem quantitativa) e subjetivos (abordagem</p><p>qualitativa). Objetivos: antropometria, exames laboratoriais. Subjetivos:</p><p>semiologia, avaliação subjetiva global.</p><p>Os métodos indiretos buscam identificar os fatores associados, ou seja,</p><p>que explicam a ocorrência do problema nutricional, além de identificarem</p><p>indivíduos ou grupos em risco nutricional. Exemplo: demográficos (sexo, faixa</p><p>etária); socioeconômicos (salário, ocupação, escolaridade, acesso ao serviço de</p><p>saúde); culturais (tabus alimentares, características locais específicas); estilo de</p><p>vida (atividade física, hábito de fumar e consumir bebida alcoólica); inquéritos</p><p>alimentares (R24h – Recordatário de 24h, frequência alimentar) etc. (SAMPAIO,</p><p>2012).</p><p>Para a escolha do método a ser utilizado é necessário:</p><p>• Distinguir uma avaliação para coletividade (pesquisa) de uma avaliação</p><p>nutricional individual.</p><p>• Ter conhecimento sobre a validade dos métodos em termos de sensibilidade e</p><p>especificidade para o diagnóstico do problema nutricional a ser investigado.</p><p>• Selecionar aquele que seja adequado a faixa etária e espaço físico.</p><p>• Avaliar a disponibilidade de instrumentos e equipamentos etc.</p><p>Ou seja, a escolha do método utilizado depende do objetivo da avaliação</p><p>e dos problemas a serem investigados (SAMPAIO, 2012).</p><p>TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO NUTRICIONAL</p><p>7</p><p>• Clínica: avaliação nutricional do indivíduo; avaliação nutricional no âmbito da</p><p>clínica; ação desenvolvida pelo nutricionista no seu processo de trabalho</p><p>domiciliar; ambulatorial e hospitalar.</p><p>• Epidemiologia: avaliação de populações ou coletividades; apresenta caráter</p><p>mais abrangente; aborda a questão com maior ênfase na dimensão social;</p><p>possibilita o diagnóstico e a explicação dos fatores de determinação para um</p><p>dado grupo ou população.</p><p>A avaliação clínica nutricional (intervenção individual –</p><p>dimensão biológica):</p><p>• Parte de processos biológicos (de indivíduos), utiliza os conhecimentos das</p><p>ciências naturais.</p><p>• Possibilita a identificação das manifestações (ou variações) orgânicas e a</p><p>identificação de determinados níveis de relações causais (imediatos e</p><p>mediatos), mas não possibilita a identificação das relações causais básicas.</p><p>• Permite intervenções adequadas sobre alguns dos efeitos de processos</p><p>individuais, mas não atua, de forma eficaz, sobre as causas e sobre os processos</p><p>sociais.</p><p>Podemos visualizar a determinação social da fome/desnutrição como</p><p>ocorrendo com diferentes níveis hierárquicos de causação:</p><p>• Básicas: organização social da produção (capitalismo) e relações de produção</p><p>(divisão social trabalhista pela qual alguns mestres-artesãos passaram a ter a</p><p>propriedade das ferramentas e matérias-primas, levando-os a assalariar</p><p>pessoas que com seu trabalho produziam as mercadorias). Essas delimitariam</p><p>as causas mediatas.</p><p>• Mediatas: acesso à terra, emprego, salário, acesso a alimentos, transporte,</p><p>água, serviços de saúde, educação. Por sua vez, as causas mediatas</p><p>delimitariam o espaço de variação das causas imediatas.</p><p>• Imediatas: ingestão de alimentos, necessidades alimentares e nutricionais e</p><p>estado de saúde,</p><p>saliva, verificar o brilho nos olhos, avaliar a umidade das mucosas, examinar o</p><p>turgor pinçando o polegar e o indicador uma prega da pele da mão (ao ser solta,</p><p>a pele deve voltar ao normal imediatamente) e a elasticidade (capacidade de</p><p>extensão da pele) (DUARTE, 2007).</p><p>FIGURA 6 – EXAME FÍSICO DA DESIDRATAÇÃO – TURGOR</p><p>FONTE: <https://ssl.adam.com/graphics/images/pt/17223.jpg>. Acesso em 27 nov. 2019.</p><p>4 DESNUTRIÇÃO E EDEMA</p><p>Fácies reflete a expressão facial do paciente frente à determinada doença.</p><p>Existe uma diferença entre fácies da desnutrição aguda, quando o paciente se</p><p>encontra descompensado, e fácies da desnutrição crônica, quando o paciente se</p><p>encontra adaptado. No fácies de desnutrição aguda, o paciente parece exausto,</p><p>cansado, sonolento. É muito importante prestar atenção na expressão e</p><p>fisionomia do paciente para identificar a eficácia da terapia nutricional aplicada</p><p>(DUARTE, 2007).</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>140</p><p>FIGURA 7 – FÁCIES DE DESNUTRIÇÃO AGUDA</p><p>FONTE: Duarte (2007, p. 21)</p><p>No fácies de desnutrição crônica o paciente parece triste, deprimido,</p><p>quieto, mas consegue sorrir e manter os olhos abertos (DUARTE, 2007).</p><p>FIGURA 8 – FÁCIES DE DESNUTRIÇÃO CRÔNICA</p><p>FONTE: Duarte (2007, p. 22)</p><p>A avaliação muscular subjetiva é um exame físico orientado para verificar</p><p>atrofia em quatro grupamentos musculares (DUARTE, 2007):</p><p>1- Músculo temporal superficial e masseter, relacionados com a mastigação.</p><p>2- Músculo adutor do polegar, relacionado com a vida laborativa e déficit</p><p>muscular.</p><p>3- Músculos interósseos da mão, relacionados com a vida laborativa e déficit</p><p>muscular.4- Músculos da panturrilha, relacionados com a deambulação e</p><p>déficit muscular.</p><p>A atrofia da musculatura temporal mostra que o paciente parou de</p><p>mastigar ou deixou de usar a mastigação como fonte principal de ingestão</p><p>alimentar (dieta hipocalórica). Essa situação ocorre com paciente doente ou não,</p><p>pois se a pessoa faz dieta líquida por 3 a 4 semanas já existe atrofia da</p><p>musculatura temporal. Costuma ser comum em pacientes com anorexia e</p><p>TÓPICO 2 | SEMIOLOGIA</p><p>141</p><p>também naqueles com disfagia. Além disso, indica fase grave da desnutrição</p><p>(DUARTE, 2007).</p><p>A perda da bola gordurosa de Bichart também está relacionada com a</p><p>redução prolongada da reserva calórica. Além disso, essa condição somada à</p><p>atrofia temporal é descrita como sinal “da asa quebrada”. A atrofia na região</p><p>supra e infraclavicular, também fúrcula esternal, indicam que o paciente já</p><p>perdeu massa muscular há muito tempo (perda crônica) (DUARTE, 2007).</p><p>O músculo adutor do polegar é indicativo da vida laborativa, juntamente</p><p>com os interósseos da mão. Como verificar? Depressão em graus variados do</p><p>relevo muscular (leve, moderada e grave) e visualização do contorno ósseo do</p><p>indicador e do polegar, formando uma concha (DUARTE, 2007).</p><p>A musculatura da panturrilha sem tônus muscular (hipotonia) também é</p><p>indicativa de perda de massa muscular. Tônus muscular é o estado de tensão</p><p>elástica (contração ligeira) que apresenta o músculo em repouso, e que lhe</p><p>permite iniciar a contração rapidamente após impulsos. Num estado de</p><p>relaxamento completo (sem tônus), o músculo leva mais tempo a iniciar a</p><p>contração DUARTE, 2007).</p><p>A figura a seguir contempla grande parte da avaliação muscular</p><p>subjetiva, indicativa de desnutrição e perda de massa muscular:</p><p>FIGURA 9 – PERDA DE MASSA MUSCULAR, SEGUNDO AVALIAÇÃO MUSCULAR SUBJETIVA</p><p>FONTE: <https://trabalhosparaescola.com.br/desnutricao-2/>. Acesso em: 27 nov. 2019.</p><p>Edema é definido como acúmulo de líquido no espaço intersticial. Para</p><p>que o edema ocorra, deve haver uma quebra dos mecanismos que controlam a</p><p>distribuição do volume de líquido no espaço intersticial. Identificar o edema é</p><p>fundamental na prática clínica, pois auxilia no diagnóstico de desnutrição. Após</p><p>uma suave e contínua pressão sobre a face anterior da perna contra a estrutura</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>142</p><p>óssea, procura-se a presença de uma depressão de demora algum tempo até que</p><p>volte ao normal. Esse sinal é chamado de “sinal do Cacifo” ou “sinal de Godet”.</p><p>Em pé, o exame pode ser realizado no tornozelo, e deitado, o exame pode ser</p><p>realizado na região da coluna lombossacra (DUARTE, 2007).</p><p>FIGURA 10 – SINAL DO CACIFO OU DE GODET</p><p>FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Anasarca#/media/Ficheiro:Combinpedal.jpg>.</p><p>Acesso em: 27 nov. 2019.</p><p>Dependendo da localidade do edema, muda o excedente de peso hídrico.</p><p>Por exemplo: no tornozelo equivale a 1 kg, joelho equivale a 3-4 kg, coxa equivale</p><p>a 5-6 kg, e anasarca equivale a 10-12 kg. Anasarca é o termo utilizado para o</p><p>edema distribuído por todo corpo (SAMPAIO, 2012).</p><p>FIGURA 11 – EDEMA GENERALIZADO: ANASARCA</p><p>TÓPICO 2 | SEMIOLOGIA</p><p>143</p><p>FONTE: <http://twixar.me/x68T>. Acesso em: 27 nov. 2019.</p><p>TABELA 2 – LOCAL, MANIFESTAÇÃO CLÍNICA E SUA RELAÇÃO COM A</p><p>CARÊNCIA NUTRICIONAL</p><p>Local Manifestações clínicas Carência</p><p>Cabelo</p><p>Perda de brilho, seco, quebradiço, despigmentado, queda</p><p>em excesso</p><p>Proteina e Zinco</p><p>Face Seborreia nasolabial, edema B2, Ferro e Proteína</p><p>Olhos Palidez conjuntival, ressecamento Ferro, Vit. A, B2 e</p><p>B6</p><p>Lábios Estomatite e queilite angular Vit. B2</p><p>Língua</p><p>Glossite, língua magenta, atrofia e hipertrofia das papilas</p><p>gustativas</p><p>Vit. B2, B3, B9, B12</p><p>Gengivas Esponjosas, sangramento Vit. C</p><p>Pele Ressecamento, espassamento, petéquias, manchas roxas Vit. A, C e K</p><p>Unhas Depressões, quebradiças, manchas Ferro</p><p>Tecido</p><p>subcutâneo</p><p>Edema, pouca gordura Proteínas e Calorias</p><p>Sistema</p><p>Músculo</p><p>esquelético</p><p>Atrofia muscular, flacidez das panturrilhas, fraturas Vit. D, B1, Cálcio</p><p>Sistema</p><p>Cardiovascular</p><p>Cardiomegalia (aumento de tamanho) Vit. B1</p><p>Sistema</p><p>nervoso</p><p>Alterações psicomotoras, depressão, alterações sensitivas, Proteína, Vit. B1, B6</p><p>fraqueza motora, formigamento das mãos e pés e B12</p><p>FONTE: Adaptado de Duarte (2007, p. 28)</p><p>CUIDADO NUTRICIONAL HOSPITALAR: PERCEPÇÃO DE</p><p>NUTRICIONISTAS PARA ATENDIMENTO HUMANIZADO</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>144</p><p>Cassiani Gotâma Tasca Pedroso</p><p>Anete Araújo de Sousa</p><p>Raquel Kuerten de Salles</p><p>A Política Nacional de Humanização (PNH) em seu projeto destaca a</p><p>necessidade de construir e implementar ações específicas para os diferentes</p><p>setores de saúde, a fim de responder às necessidades da população de forma</p><p>integrada à rede de serviços de saúde local e regional.</p><p>Aliado à necessidade desta nova cultura de atenção, os novos perfis</p><p>demográficos, de mortalidade e morbidade da população têm exigido</p><p>abordagens diferenciadas para um atendimento qualificado. Ao lado destas</p><p>demandas que afetam diretamente o atendimento nos hospitais, a desnutrição</p><p>intra-hospitalar também é considerada um aspecto preocupante por estudiosos</p><p>do tema.</p><p>TÓPICO 2 | SEMIOLOGIA</p><p>145</p><p>Diante deste contexto, o cuidado nutricional assume fundamental</p><p>importância dentro do processo de humanização no ambiente hospitalar, visto</p><p>que são poucos os indicadores e ações humanizadoras concebidos com os</p><p>setores envolvidos neste cuidado. O termo cuidado é tradicionalmente adotado</p><p>pela área de enfermagem. Borestein et al. (2003), ampliando este conceito para</p><p>a área de saúde, destacam que o cuidado é um encontro estabelecido entre a</p><p>pessoa que cuida e quem é cuidado, manifestando-se através de ações</p><p>profissionais disciplinares e interdisciplinares que se dão no processo de</p><p>interação terapêutica entre os seres humanos.</p><p>A American Dietetic Association – ADA (1994) define o cuidado</p><p>nutricional como um processo de ir ao encontro das diferentes necessidades</p><p>nutricionais de uma pessoa, o que inclui [...] a avaliação do estado nutricional</p><p>do indivíduo, a identificação das necessidades ou problemas nutricionais, o</p><p>planejamento de objetivos de cuidado nutricional que preencham essas</p><p>necessidades, a implementação de atividades nutricionais [...] e a avaliação do</p><p>cuidado nutricional.</p><p>Ainda Boog (1999) destaca a necessidade de envolver</p><p>aspectos sensoriais e psicológicos ao cuidado nutricional.</p><p>Sousa e Proença (2005) adotam os termos cuidado alimentar e</p><p>nutricional e argumentam que, para a efetivação destes cuidados, é necessário</p><p>um conjunto de ações articuladas entre os setores de produção de refeições e</p><p>de atendimento clínico-nutricional. Estas ações consistem em estratégias</p><p>coletivas que visam não só às ações qualificadas em saúde e nutrição, como</p><p>também à realização dos profissionais envolvidos pela oportunidade de</p><p>interação e aprendizagem mútuas no trabalho. Para o presente estudo, embora</p><p>estes termos não sejam adotados pela legislação que regulamenta o exercício</p><p>profissional do nutricionista no Brasil, os conceitos apresentados podem</p><p>auxiliar nas práticas deste profissional dentro do contexto da humanização.</p><p>A inserção dos nutricionistas nos hospitais é destacada em pesquisa do</p><p>Conselho Federal de Nutricionistas (CFN). Dos nutricionistas que atuam em</p><p>nutrição clínica, cerca de 80% estão nos hospitais e clínicas e, dos que atuam na</p><p>alimentação coletiva, 28% o fazem no setor hospitalar. Em Santa Catarina,</p><p>48,4% dos nutricionistas estavam no setor hospitalar, havendo, posteriormente,</p><p>uma migração para a área de alimentação coletiva, que engloba também outros</p><p>setores, além do hospitalar.</p><p>Além dos aspectos referidos, a situação do trabalho deste profissional</p><p>tem sido objeto de alguns estudos. Os resultados têm revelado falta de</p><p>comunicação entre as unidades de internação clínica e a produção de refeições,</p><p>dificultando a interação entre a prescrição e a execução da dieta e a análise da</p><p>efetividade do tratamento nutricional oferecido.</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>146</p><p>Destaca-se ainda a falta de definição clara de responsabilidades,</p><p>formação insuficiente dos profissionais de saúde para lidar com os problemas</p><p>nutricionais, pouca influência sobre a adesão do paciente ao tratamento, falta</p><p>de cooperação entre a equipe e de envolvimento da gerência dos hospitais,</p><p>além de acúmulo de atividades ligadas ao gerenciamento de serviços.</p><p>Estes dados são relevantes para uma reflexão sobre as competências e</p><p>habilidades que estes profissionais necessitam para o desenvolvimento de</p><p>ações em alimentação e nutrição qualificadas dentro do contexto de</p><p>humanização. O desenvolvimento destas ações depende de condições dignas</p><p>de trabalho e da interação de profissionais com os cuidados ao paciente.</p><p>A PNH é uma política generalista. Portanto, não apresenta</p><p>especificidades de ações relacionadas ao cuidado alimentar e nutricional.</p><p>FONTE: PEDROSO, C. G. T.; SOUSA, A. A. de; SALLES, R. K. de. Cuidado nutricional hospitalar: percepção</p><p>de nutricionistas para atendimento humanizado. Ciência & Saúde Coletiva, v. 16 (Supl. 1), p. 1155-1162,</p><p>2011.</p><p>147</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• A semiologia compreende o estudo dos sinais e sintomas, sendo considerada</p><p>parte do processo de avaliação nutricional.</p><p>• Os sinais são manifestações clínicas de uma doença observadas pelo</p><p>examinador.</p><p>• Os sintomas são sensações sentidas e referidas pelo indivíduo.</p><p>• O exame físico da coloração da pele e das mucosas auxilia na identificação da</p><p>anemia.</p><p>• O exame físico para identificar desidratação inclui solicitar ao paciente para</p><p>produzir saliva, verificar o brilho nos olhos, avaliar a umidade das mucosas e</p><p>examinar a elasticidade da pele.</p><p>• O exame físico de expressão facial auxilia na identificação da desnutrição.</p><p>• A avaliação muscular subjetiva é um exame físico para verificar atrofia da</p><p>musculatura e perda de massa muscular.</p><p>• A presença do sinal do cacifo no exame físico auxilia na identificação do</p><p>edema.</p><p>• O edema distribuído por todo corpo pode ser chamado de anasarca.</p><p>148</p><p>1 A semiologia estuda as manifestações clínicas das doenças, ou seja, os</p><p>sinais e sintomas apresentados ou referidos pelos pacientes. Nesse sentido,</p><p>diferencie e cite exemplos de sinal e sintoma.</p><p>2 A imagem a seguir mostra um dos exames físicos indicativos de:</p><p>a) ( ) Anemia.</p><p>b) ( ) Desidratação.</p><p>c) ( ) Desnutrição.</p><p>d) ( ) Edema.</p><p>e) ( ) Atrofia muscular.</p><p>3 O edema, popularmente conhecido como inchaço, pode estar associado à</p><p>desnutrição, sendo de suma importância para o nutricionista, conhecer,</p><p>avaliar e identificar o sinal de cacifo ou Godet. Nesse sentido, o edema</p><p>distribuído por todo corpo é chamado de:</p><p>a) ( ) Anasarca.</p><p>b) ( ) Ascite.</p><p>c) ( ) Petéquias.</p><p>d) ( ) Glossite.</p><p>e) ( ) Queilite.</p><p>149</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Caro acadêmico! Você sabia que a desnutrição atinge aproximadamente</p><p>50% dos pacientes hospitalizados? Você tem conhecimento da gravidade dessa</p><p>situação e das complicações em decorrência dessa enfermidade?</p><p>Na primeira parte da Unidade 3, abordaremos o conceito e a prevalência</p><p>da desnutrição hospitalar. Afinal, é extremamente importante identificar o que</p><p>levou o paciente a ter uma ingestão alimentar insuficiente e qual a relação disso</p><p>com a interação com outros fatores, como condições econômicas, estado de saúde</p><p>e condições sociais no qual o paciente vive.</p><p>Em seguida, falaremos a respeito da avaliação do risco nutricional. Você</p><p>sabia que identificar um paciente em risco nutricional pode minimizar as</p><p>complicações hospitalares e, quem sabe, evitar a evolução para desnutrição? Por</p><p>isso, conheceremos os instrumentos utilizados na triagem nutricional.</p><p>Por fim, abordaremos as particularidades da antropometria em condições</p><p>especiais. Você sabia que é possível calcular a correção do peso corporal para</p><p>situações como edema, amputação e ascite? E, com o conhecimento do processo</p><p>da avaliação nutricional no paciente idoso e hospitalizado, nós finalizamos este</p><p>livro didático. Todo esse conteúdo apresentado é muito importante para a sua</p><p>trajetória acadêmica. As etapas discutidas no decorrer das Unidades 1, 2 e 3</p><p>certamente contribuirão com as demais disciplinas direcionadas à nutrição</p><p>clínica.</p><p>2 DESNUTRIÇÃO</p><p>Vários fatores podem contribuir para a desnutrição nos idosos, como, por</p><p>exemplo, redução na produção de suco gástrico, que reflete na absorção de</p><p>algumas vitaminas e minerais, atrofia das glândulas salivares e papilas</p><p>gustativas, pouca salivação, uso de prótese dentária, redução do apetite, menor</p><p>ingestão de água, entre outros. A redução da sensibilidade olfativa e gustativa</p><p>interfere na qualidade do estado nutricional do idoso, pois reduz a sensibilidade</p><p>150</p><p>dos sabores, tornando os alimentos menos apreciados e desejados. Além disso, a</p><p>alteração no processo de deglutição, que leva o alimento até o estômago em uma</p><p>consistência apropriada, devido à disfagia, vem sendo relacionada com a</p><p>desnutrição (FIDELIX; SANTANA; GOMES, 2013).</p><p>TÓPICO 3 | HOSPITALIZADOS</p><p>151</p><p>É importante salientar que, assim como o processo de envelhecimento, ocorre</p><p>também o envelhecimento dos órgãos do trato gastrintestinal, caracterizado por</p><p>redução na motilidade, secreção e absorção de nutrientes. Em pacientes</p><p>hospitalizados, a desnutrição é causada por uma combinação de fatores, que pode</p><p>incluir: alguma doença de base, efeitos colaterais de medicamentos, ingestão</p><p>alimentar insuficiente e fatores psicológicos (FIDELIX; SANTANA; GOMES, 2013).</p><p>A desnutrição em pacientes hospitalizados vem crescendo no Brasil. Segundo</p><p>o Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar (Ibranutri), realizado nos</p><p>hospitais públicos da rede do Sistema Único de Saúde (SUS) de todo o Brasil,</p><p>envolvendo 4000 pacientes, 48,1% dos hospitalizados do apresentam desnutrição</p><p>hospitalar, sendo 12,6% desnutrição grave e 35,5% desnutrição moderada</p><p>(WAITZBERG; CAIAFFA; CORREIA, 1999).</p><p>Pacientes hospitalizados são vulneráveis à desnutrição iatrogênica, por vezes</p><p>decorrentes da falta de atenção dos profissionais envolvidos no tratamento.</p><p>“Consideram-se como afecções iatrogênicas aquelas decorrentes da intervenção do</p><p>médico e/ou de seus</p><p>auxiliares, seja ela certa ou errada, justificada ou não, mas da</p><p>qual resultam consequências prejudiciais para a saúde do paciente” (CARVALHO-</p><p>FILHO; DALLANORA, 1996, p. 729).</p><p>A prevalência de desnutrição tem sido pouco avaliada no âmbito hospitalar</p><p>entre idosos. O quadro a seguir apresenta os dados de prevalência de desnutrição de</p><p>estudos realizados com idosos em hospitais do Brasil.</p><p>QUADRO 14 – PREVALÊNCIA DE DESNUTRIÇÃO EM IDOSOS BRASILEIROS HOSPITALIZADOS</p><p>Local/Estado</p><p>Faixa</p><p>Etária</p><p>Parâmetros de</p><p>Diagnóstico</p><p>Nutricional</p><p>Classificação</p><p>do IMC para</p><p>desnutrição</p><p>% de</p><p>Desnutrição Referência</p><p>Ano</p><p>Total</p><p>Hospital Geral de</p><p>Blumenau-SC</p><p>>60</p><p>MAN, IMC, AJ,</p><p>PCT, CB E CMB</p><p><22 kg/m2 60,62</p><p>Azevedo et al.,</p><p>200727</p><p>Fundação Hospital</p><p>Estadual do Acre - AC</p><p>>60</p><p>MAN, ASG,</p><p>IMG e FAM</p><p>Não referido 21,4</p><p>Camelo, 201031</p><p>Hospital Universitário</p><p>de Brasília - DF</p><p>>60 MAN e AJ Não referido 20 Maciel, 200838</p><p>Fundação Santa Casa</p><p>de Misericórdia de</p><p>Franca - SP</p><p>>60 AJ, CB e IMC <22 kg/m2 41</p><p>Panissa &</p><p>Vassimon,</p><p>201247</p><p>Fundação Santa Casa</p><p>de Misericórdia de</p><p>Ouro Preto - MG</p><p>>60</p><p>CB, PCT, CMB,</p><p>e IMC</p><p><22 kg/m2 49,6</p><p>Pala et al.,</p><p>201148</p><p>Conjunto Hospitalar</p><p>de Sorocaba - SP</p><p>>60 MAN e IMC <18 kg/m2 25</p><p>Scattolin et al.,</p><p>200549</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>152</p><p>Legenda: IMC – Índice de Massa Corporal; CB – Circunferência do Braço; AJ – Altura do Joelho; MAN –</p><p>Mini Avaliação Nutricional; PCT – Prega Cutânea do Tríceps; AMB – Área Muscular do Braço; FAM –</p><p>Força do Aperto de Mão não Dominante.</p><p>FONTE: Fidelix, Santana e Gomes (2013, p. 66)</p><p>Considerando o número alarmante de idosos desnutridos hospitalizados, cabe</p><p>ao nutricionista estabelecer critérios de diagnóstico do estado nutricional, visando a</p><p>intervenção e a reabilitação do paciente idoso (FIDELIX; SANTANA; GOMES, 2013).</p><p>3 AVALIAÇÃO DO RISCO NUTRICIONAL</p><p>Para a identificação precoce de pacientes desnutridos e consequente</p><p>intervenção, além de prevenção da desnutrição, é ideal que seja estabelecida rotinas</p><p>de triagem nutricional (no prazo máximo de até 72 horas da admissão do paciente),</p><p>facilitando e agilizando a identificação do risco nutricional. Para isso, fazse necessária</p><p>a utilização de métodos com indicadores que avaliem de forma correta a gravidade</p><p>do indivíduo, e implantar a avaliação nutricional como atividade de rotina nos</p><p>hospitais. A American Dietetic Association (ADA) define risco nutricional como a</p><p>presença de fatores que podem acarretar e/ou agravar a desnutrição em pacientes</p><p>hospitalizados. Além disso, a ADA, o Comitê das Organizações de Saúde (JCHO) e a</p><p>Iniciativa de Triagem Nutricional (NSI) definiram triagem nutricional como o</p><p>processo de identificação das características mais bem associadas a problemas</p><p>nutricionais (FIDELIX; SANTANA; GOMES, 2013).</p><p>Além da Avaliação Subjetiva Global (ASG) e Mini Avaliação Nutricional</p><p>(MAN), citadas previamente na avaliação de idosos, a Nutritional Risk Screening</p><p>(NRS-2002) é recomendada pela American Society for Parenteral and Enteral Nutrition</p><p>(ASPEN) e tem como objetivo detectar o risco de desnutrição no ambiente hospitalar.</p><p>Esse método classifica o paciente segundo o estado nutricional e a gravidade da</p><p>doença, definindo a desnutrição em normal, leve, moderada ou grave.</p><p>QUADRO 15 – NUTRITIONAL RISK SCREENING (NRS-2002)</p><p>Etapa 1 - triagem inicial sim não</p><p>1) O IMC é < 20,5 kg/m2</p><p>2) O paciente perdeu peso nos 3 últimos meses?</p><p>3) O paciente teve sua ingestão dietética reduzida na última semana?</p><p>4) O paciente é gravemente doente?</p><p>Se obtiver alguma resposta "sim" passar para a 2a etapa. Repetir a cada 7 dias caso não obtenha nenhuma</p><p>resposta positiva</p><p>Etapa 2 – triagem final</p><p>TÓPICO 3 | HOSPITALIZADOS</p><p>153</p><p>Estado nutricional Gravidade da doença</p><p>(aumento das necessidades nutricionais)</p><p>0 ausência escore Estado nutricional</p><p>normal</p><p>0 ausência escore Necessidades</p><p>nutricionais normais</p><p>1 leve escore Perda de peso > 5% em 3</p><p>meses ou ingestão</p><p>alimentar na última</p><p>semana entre 50-75%</p><p>das necessidades</p><p>nutricionais.</p><p>1 leve escore Fratura de quadril,</p><p>pacientes crônicos, em</p><p>particular com</p><p>complicações agudas:</p><p>cirrosa, DPOC,</p><p>hemodiálise, diabetes,</p><p>oncologia. Paciente fraco,</p><p>mas deambula.</p><p>2 moderado escore Perda de peso > 5% em</p><p>2 meses ou IMC entre</p><p>18,5 – 20,5 + condição</p><p>geral prejudicada</p><p>(enfraquecida) ou</p><p>ingestão alimentar na</p><p>última semana entre 25-</p><p>60% das necessidades</p><p>nutricionais.</p><p>2 moderado escore Cirurgia abdominal de</p><p>grande porte, AVC.</p><p>Pneumonia grave,</p><p>doença hematológica</p><p>maligna (leucemia,</p><p>linfoma). Paciente</p><p>confinado ao leito.</p><p>3 grave escore Perda de peso > 5% em 1</p><p>mês (> 15% em 3 meses)</p><p>ou IMC < 18,5 + condição</p><p>geral prejudicada</p><p>(enfraquecida) ou</p><p>ingestão alimentar na</p><p>última semana entre 0-</p><p>25% das necessidades</p><p>nutricionais.</p><p>3 grave escore Trauma, transplante de</p><p>medula óssea, paciente</p><p>em terapia intensiva</p><p>(APACHE > 10).</p><p>Escore nutricional = Escore gravidade da doença =</p><p>*Somar 1 ponto para idosos acima de 70 anos</p><p>Escore total:</p><p>Classificação: < 3 pontos = sem risco nutricional. Reavaliar a cada 7 dias.</p><p>≥ 3 pontos = risco nutricional. Conduta: proceder com a avaliação nutricional e planejamento da terapia</p><p>nutricional</p><p>FONTE: Adaptado de Kondrup et al. (2002)</p><p>O Instrumento Universal de Triagem de Desnutrição (MUST) foi</p><p>desenvolvido para uso na comunidade pelo Malnutrition Advisory Group, um comitê</p><p>integrado da British Association for Parenteral and Enteral Nutrition (MAG-BAPEN).</p><p>O questionário é composto com dados sobre IMC, perda de peso não intencional nos</p><p>últimos três a seis meses e presença de doença aguda com mais de cinco dias de jejum.</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>154</p><p>O MUST identifica o risco nutricional do paciente de acordo com a pontuação obtida</p><p>com o preenchimento do formulário. O paciente é classificado em alto risco de</p><p>desnutrição, médio risco de desnutrição e baixo risco de desnutrição. O próprio</p><p>formulário sugere a terapêutica nutricional para cada caso (ARAUJO et al. 2010).</p><p>FIGURA 12 – O INSTRUMENTO UNIVERSAL DE TRIAGEM DE DESNUTRIÇÃO (MUST)</p><p>FONTE: Adaptado de Stratton et al. (2004)</p><p>O Short Nutritional Assessment Questionnaire (SNAQ) é um método válido e de</p><p>rápida aplicação, utilizado na triagem nutricional de pacientes hospitalizados. Consta</p><p>inicialmente de 26 questões (que englobam sintomas e fatores de risco para</p><p>desnutrição), das quais quatro são mantidas no escore final: “você perdeu mais que 6</p><p>kg nos últimos 6 meses”; “você perdeu mais que 3 kg nos últimos 6 meses”; “você</p><p>está reduzindo seu apetite há 1 mês ou mais”; “você está utilizando suplementos por</p><p>via enteral ou parenteral no último mês”. Classifica os pacientes como eutróficos,</p><p>moderadamente desnutridos ou gravemente desnutridos (CAIXETA NETO et al.,</p><p>2017).</p><p>FIGURA 13 – SHORT NUTRITIONAL ASSESSMENT QUESTIONNAIRE (SNAQ)</p><p>0</p><p>risco Baixo</p><p>de rotina Cuidado</p><p>- Repetir triagem</p><p>semanalmente; Hospitalizados:</p><p>ciliar: Internação domi</p><p>mensalmente;</p><p>ualmente para Ambulatorial: an</p><p>grupos especiais (≥75 anos).</p><p>1</p><p>Médio risco</p><p>Observar</p><p>-</p><p>3 Repetir registro alimentar por</p><p>dos dias nos pacientes hospitaliza</p><p>ou internação domiciliar.</p><p>-</p><p>Se melhora ou adequação</p><p>da ingestão e stress clínico</p><p>baixo: manter política local de</p><p>acompanhamento.</p><p>-</p><p>Repetir triagem:</p><p>Hospitalizados: semanalment e;</p><p>Internação domiciliar:</p><p>mensalmente;</p><p>Ambulatoriais: 2-3 meses.</p><p>≥ 2</p><p>Alto risco</p><p>Tratar</p><p>-</p><p>Referenciar ao nutricionista,</p><p>equipe de terapia nutricional ou</p><p>implementar protocolo local.</p><p>-</p><p>Melhorar e aumentar a oferta de</p><p>nutrientes.</p><p>- Monitoriar e revisar o plano de</p><p>cuidados:</p><p>Hospitalizados: semanalmente;</p><p>Internação domiciliar:</p><p>mensalmente;</p><p>Ambulatoriais: 2-3 mensalmente.</p><p>Perda de peso <5% = 0</p><p>Perda de peso 5 a 10% = 1</p><p>Perda de peso >1% = 2</p><p>IMC > 20, (>30)</p><p>= 0 0</p><p>1 20 ,0 = IMC 18,5-</p><p>= 5 IMC < 18, 2</p><p>Somar 2 pontos se</p><p>jeum > 5 dias</p><p>s valores Somar o</p><p>TÓPICO 3 | HOSPITALIZADOS</p><p>155</p><p>FONTE: <http://www.fightmalnutrition.eu/wp-content/uploads/2017/05/Snaq_Port.pdf>. Acesso em 27 nov.</p><p>2019.</p><p>A escolha do método de triagem nutricional deve considerar o contexto no</p><p>qual o paciente está inserido, além de aspectos como recursos humanos e físicos</p><p>disponíveis. Pacientes hospitalizados correm risco de desenvolver desnutrição. O</p><p>rastreamento nutricional é uma forma efetiva na identificação de pacientes em risco,</p><p>a partir da qual poderão ser tomadas decisões, a fim de evitar piora de seu quadro</p><p>clínico. Não existe um consenso sobre qual instrumento é mais efetivo na triagem</p><p>nutricional, cabendo aos profissionais de saúde escolher o método de sua preferência,</p><p>o qual deve ser selecionado de forma criteriosa (CAIXETA NETO et al., 2017).</p><p>4 ANTROPOMETRIA</p><p>A antropometria é uma etapa da avaliação nutricional muito importante no</p><p>monitoramento do estado nutricional do paciente hospitalizado. No entanto,</p><p>devemos considerar algumas situações em que os indicadores antropométricos se</p><p>tornam limitantes, pois não identificam carências nutricionais específicas, não</p><p>permitem detectar alterações recentes na composição e distribuição corporal,</p><p>dependem do estado de hidratação etc. Além disso, outras questões a serem</p><p>consideradas envolvem a capacidade limitada dos instrumentos para mensuração</p><p>(SAMPAIO, 2012). Referente ao peso corporal, por exemplo, é possível calcular a</p><p>correção para situações como edema e ascite, conforme demonstrado na tabela a</p><p>seguir:</p><p>TABELA 3 – EXCESSO DE PESO ATRIBUÍDO AO EDEMA/ASCITE DE ACORDO COM A</p><p>INTENSIDADE OU GRAVIDADE</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>156</p><p>Edema Excesso de peso Hídrico</p><p>+</p><p>++</p><p>+++</p><p>++++</p><p>Tornozelo</p><p>Joelho</p><p>Base da coxa</p><p>Anasarca</p><p>1 kg</p><p>3 a 4 kg</p><p>5 a 6 kg</p><p>1 a 12 kg</p><p>Grau de ascite/edema Líquido ascítico (kg) Edema periférico (kg)</p><p>Leve</p><p>Moderado</p><p>Grave</p><p>2,2</p><p>6</p><p>14</p><p>1</p><p>5</p><p>10</p><p>FONTE: Sampaio (2012, p. 77)</p><p>Outra particularidade é a correção de peso no caso de amputação, conforme</p><p>demonstrado na figura a seguir. O peso é calculado como se não houvesse amputação</p><p>e, posteriormente, é subtraído o valor referente ao percentual da parte amputada.</p><p>FIGURA 14 – PESO CORRIGIDO PARA AMPUTAÇÃO</p><p>FONTE: Adaptado de Osterkamp (1995)</p><p>Medidas importantes, utilizadas em fórmulas de estimativas de peso e altura</p><p>(conforme mencionado em outras unidades), como circunferência da cintura, prega</p><p>cutânea subescapular, circunferência do braço, circunferência da panturrilha e altura</p><p>do joelho, podem ser aferidas com o paciente deitado, conforme demonstrado nas</p><p>figuras a seguir:</p><p>FIGURA 15 – AFERIÇÃO DA CIRCUNFERÊNCIA DA CINTURA EM PACIENTE DEITADO</p><p>TÓPICO 3 | HOSPITALIZADOS</p><p>157</p><p>FONTE: Mussoi (2014, p. 31)</p><p>FIGURA 16 – AFERIÇÃO DA PREGA CUTÂNEA SUBESCAPULAR EM PACIENTE DEITADO</p><p>FONTE: Mussoi (2014, p. 31)</p><p>FIGURA 17 – AFERIÇÃO DA CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO EM PACIENTE DEITADO</p><p>FONTE: Mussoi (2014, p. 30)</p><p>FIGURA 18 – AFERIÇÃO DA CIRCUNFERÊNCIA DA PANTURRILHA EM PACIENTE DEITADO</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>158</p><p>FONTE: Mussoi (2014, p. 29)</p><p>FIGURA 19 – AFERIÇÃO DA ALTURA DO JOELHO EM PACIENTE DEITADO</p><p>FONTE: Mussoi, (2014, p. 29)</p><p>A antropometria é um indicador fundamental e indispensável na avaliação</p><p>nutricional. No entanto, não deve ser utilizada de forma isolada no diagnóstico</p><p>nutricional, sendo necessária a contribuição de outros indicadores (SAMPAIO, 2012).</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>ESTADO NUTRICIONAL DE IDOSOS HOSPITALIZADOS: UMA REVISÃO</p><p>DE LITERATURA</p><p>Jane Kátia Alves Silvério</p><p>Katherine Rios Almeida Pedreira</p><p>Nyvian Alexandre Kutz</p><p>Marcia Maria Hernandes de Abreu de Oliveira Salgueiro</p><p>O principal achado desta revisão indica alta prevalência de risco nutricional</p><p>entre idosos institucionalizados avaliados pela MNA. A idade foi inversamente</p><p>TÓPICO 3 | HOSPITALIZADOS</p><p>159</p><p>proporcional à classificação do estado nutricional pela MNA, ou seja, quanto maior a</p><p>idade, há um declínio no estado nutricional (DE LUIS et al., 2011a).</p><p>Estudos apontam que as idosas institucionalizadas estão mais desnutridas que</p><p>os idosos (DE LUIS et al., 2011b; SERRANO-URREA; GARCÍA-MESEGUER, 2013). O</p><p>perfil nutricional de idosos é influenciado por condições socioeconômicas e fatores</p><p>culturais do país (PINHEIRO; TORRES, 2006).</p><p>Com isso, torna-se complexo avaliar e comparar ILPI nos diversos Estados de</p><p>um mesmo país e entre países. Mais estudos devem ser realizados a fim de avaliar</p><p>outros aspectos que influenciem o estado nutricional de idosos institucionalizados.</p><p>Durante a realização deste estudo, observou-se algumas características não</p><p>abordadas nas pesquisas, mas que podem influenciar negativamente o estado</p><p>nutricional: o tipo de instituição (pública ou privada), o número de idosos assistidos</p><p>por instituição e a localização (grandes centros ou interior).</p><p>De Luis et al. (2011), estudaram 873 idosos institucionalizados de ambos os</p><p>sexos e encontraram alta prevalência de risco de desnutrição, principalmente entre os</p><p>idosos com mais de 95 anos. Também foi observado melhor estado nutricional entre</p><p>os idosos mais jovens, avaliados pela MNA-reduzida. Ongan e Rakicioğlu (2015), em</p><p>seu trabalho realizado na Turquia constataram alta prevalência de risco nutricional</p><p>em todas as faixas etárias dos pacientes institucionalizados avaliados pela MNA. No</p><p>entanto, em um estudo feito por Sousa et al. (2014), com idosos residentes em uma</p><p>ILPI em Uberlândia-MG, encontraram alta prevalência de risco de desnutrição</p><p>somente entre idosos com idade mais avançada, avaliados por meio da MNA.</p><p>A MNA foi desenvolvida por pesquisadores internacionais e é uma das</p><p>poucas ferramentas de controle validadas para os idosos, simples e de rápida</p><p>aplicação. Tem sido utilizada e validada em estudos internacionais, em hospitais, na</p><p>comunidade e em ILPI, e estabelece uma correlação entre morbidade e mortalidade</p><p>(GUIGOZ; VELLAS; GARRY, 1994; GUIGOZ, 2006).</p><p>No estudo realizado por Pereira et al. (2014), em 15 ILPI com 359 idosos de</p><p>ambos os sexos avaliados pela MNA, na cidade de Salvador – BA, verificouse alta</p><p>prevalência de risco de desnutrição e desnutrição nestes pacientes. Na comparação</p><p>entre os sexos, observou-se que a maioria dos homens apresentaram essas condições.</p><p>Entretanto, Rambousková et al. (2013), avaliaram o estado nutricional de 659</p><p>mulheres e 156 homens e constataram alta prevalência de risco nutricional e</p><p>desnutrição. O estudo revelou a vulnerabilidade à desnutrição, morbidade e</p><p>dependência física, principalmente nos indivíduos do sexo feminino. De Luis et al.</p><p>(2011b), estudaram 493 idosos institucionalizados de ambos os sexos, e os resultados</p><p>apontaram para alta prevalência de desnutrição ou risco de desnutrição segundo a</p><p>MNA, sendo as mulheres mais desnutridas que os homens.</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>160</p><p>No entanto, Lee et al. (2013), em um estudo randomizado com 82 idosos</p><p>verificaram que a MNA teve lugar de destaque na aferição do estado nutricional em</p><p>ambos os sexos, durante 4 semanas de intervenção nutricional usando suplementação</p><p>de 50 g de proteínas. Também afirmam que a MNA é uma ferramenta que possui</p><p>sensibilidade (96%) e especificidade (98%) e é eficaz para avaliar idosos em várias</p><p>fases da vida.</p><p>Paz, Fazzio, Santos (2012) utilizaram a MNA para determinar o estado</p><p>nutricional de idosos residentes em uma instituição particular do Distrito Federal –</p><p>DF. Os resultados foram preponderantes para eutrofia segundo a MNA. Já um estudo</p><p>realizado por Machado e Coelho (2011), em uma ILPI da rede pública do Rio de</p><p>Janeiro- RJ, usando a ferramenta MNA, os resultados mostraram alta prevalecia de</p><p>risco nutricional entre os idosos institucionalizados.</p><p>Veronese et al. (2013), correlacionaram o IMC com as pontuações da MNA e</p><p>os níveis de albumina em um estudo</p><p>de cinco anos. O IMC foi considerado o melhor</p><p>dos três parâmetros na predição de mortalidade e do estado nutricional de idosos. Os</p><p>resultados demonstraram que a taxa de mortalidade aumenta à medida que o IMC</p><p>diminui. Serrano Urrea e García-Meseguer (2014), estudaram as relações entre</p><p>limitação funcional de idosos institucionalizados utilizando o índice de Barthel (BI) e</p><p>a MNA. Os resultados demonstram correlação positiva entre o BI e MNA, mostrando</p><p>que esses indicadores associados podem ser ferramentas úteis na determinação de</p><p>risco de desnutrição nesses indivíduos.</p><p>Diante do exposto, destaca-se a importância da detecção precoce de risco de</p><p>desnutrição e desnutrição em idosos. A MNA gera subsídios para profissionais</p><p>intervirem com o suporte nutricional adequado com o objetivo de prevenir o declínio</p><p>do quadro de desnutrição energético-proteica do paciente, melhorando a resposta ao</p><p>tratamento proposto (VELLAS et al., 2006).</p><p>A implementação de intervenções nutricionais precoces são efetivas e muitas</p><p>vezes têm baixo custo, atendendo às necessidades atuais do Sistema Único de Saúde</p><p>(SUS) que conta com recursos escassos frente a grande demanda por serviços de saúde</p><p>(SECOLI et al., 2010).</p><p>De acordo com o Ministério da Saúde, o envelhecimento populacional é um</p><p>fenômeno natural, irreversível e mundial e a população idosa brasileira tem crescido</p><p>de forma rápida. Desde a década de 1960, observam-se os processos de transição</p><p>demográfica, epidemiológica e nutricional no país, que resultam em alterações nos</p><p>padrões de ocorrência de enfermidades (BRASIL, 2010).</p><p>Segundo o Estatuto do Idoso, no artigo 15 é assegurada a atenção integral à</p><p>saúde do idoso, por intermédio do SUS, garantindo-lhe o acesso universal e</p><p>igualitário, por meio de um conjunto articulado e contínuo de ações e serviços, para</p><p>prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial</p><p>às doenças que afetam preferencialmente os idosos. No artigo primeiro, destaca que</p><p>TÓPICO 3 | HOSPITALIZADOS</p><p>161</p><p>a manutenção da saúde será garantida por meio do atendimento geriátrico e</p><p>gerontológico na rede de saúde que conta com ambulatórios, unidades geriátricas de</p><p>referência, atendimento domiciliar, incluindo a internação para os idosos</p><p>impossibilitados de se locomover em instituições públicas, filantrópicas e sem fins</p><p>lucrativos, nos meios urbano e rural (BRASIL, 2013).</p><p>Na atenção à saúde dos idosos também se busca a reabilitação desses</p><p>indivíduos com redução das sequelas decorrentes dos agravos de saúde (BRASIL,</p><p>2010).</p><p>Consta no Estatuto do Idoso de 2013, que é dever das ILPI zelar pelo bem-estar</p><p>e cuidados com a saúde dos idosos institucionalizados, priorizando ações que visem</p><p>a promoção da saúde e de prevenção de incapacidades, levando em conta os aspectos</p><p>culturais, sociais, religiosos e políticos destes indivíduos. Essas ações devem ser</p><p>planejadas e avaliadas pelo profissional responsável, em consenso com outros</p><p>profissionais de saúde bem como a equipe de cuidadores, levando em conta a opinião</p><p>do residente e de seus familiares (BRASIL, 2013).</p><p>A maioria dos estudos apontam que os riscos de desnutrição aumentam</p><p>dramaticamente entre os idosos institucionalizados e hospitalizados, havendo</p><p>prevalência de desnutrição ainda maior em idosos com deficiência cognitiva e</p><p>capacidade funcional reduzida (GUIGOZ, VELLAS, GARRY, 1994).</p><p>É sabido que idosos que estão desnutridos quando são hospitalizados, tendem</p><p>a permanecer mais tempo internados, apresentam maiores complicações e correm</p><p>maiores riscos de morbidade e mortalidade em relação àqueles que se encontram</p><p>eutróficos (DONINI et al., 2004).</p><p>A MNA pode ser usada periodicamente tanto em hospitais quanto em ILPI,</p><p>assim como na comunidade e ambiente familiar por ser um instrumento simples com</p><p>alta afinidade para detectar o estado nutricional em idoso com o propósito de prevenir</p><p>a desnutrição (VELLAS et al., 2006). De acordo com a III Conferência Nacional dos</p><p>Direitos da Pessoa Idosa realizada em 2011, o envelhecimento digno é um</p><p>compromisso de todos. No Brasil, a efetivação desses direitos depende do</p><p>comprometimento coletivo, para que o Estatuto do Idoso não fique apenas no papel</p><p>é necessário que haja adesão do documento pela sociedade civil. A Comissão</p><p>Permanente de Direitos Humanos estabeleceu como meta nacional o seguimento da</p><p>criação e do funcionamento das ILPI e das demais unidades de atendimento a esse</p><p>grupo etário, o que possibilita a promoção do envelhecimento com dignidade</p><p>(BRASIL, 2011).</p><p>É importante salientar que, os cuidados realizados com estes pacientes</p><p>institucionalizados, sejam individualizados e devidamente registrados em</p><p>prontuários, com o propósito de serem reavaliados periodicamente e ajustados de</p><p>acordo com a necessidade de cada idoso, tendo em vista que a MNA é uma ferramenta</p><p>útil para o diagnóstico e o acompanhamento nutricional. Estes cuidados envolvem</p><p>UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NO HOSPITALIZADO</p><p>162</p><p>desde à higiene, alimentação, conforto, terapias ocupacionais além de cuidados mais</p><p>complexos tendo como o foco à prevenção, reabilitação e promoção da saúde destes</p><p>indivíduos (BRASIL, 2013).</p><p>A eventual ausência da família, ruptura de vínculos ou mesmo escassez de</p><p>recursos financeiros para arcar com as despesas de contratação de um profissional</p><p>para cuidar do idoso, podem levar a busca por ILPI. Diante desta realidade, fazse</p><p>necessário a ampliação de políticas públicas que garantam o atendimento</p><p>institucional desses indivíduos (BRASIL, 2013).</p><p>Por isso a integração das famílias e da sociedade ao cotidiano, a atenção aos</p><p>idosos deu espaço para as ILPI se tornarem parceiras na construção do diálogo aberto</p><p>com as famílias e pacientes. Desse modo podendo diminuir o preconceito em relação</p><p>à institucionalização e às famílias que a ela recorrem (CREUTZBERG; GONÇALVES;</p><p>SOBOTTKA, 2008).</p><p>Apesar de um estigma negativo em relação às ILPI, por envolvimento em</p><p>situações de maus tratos e opressão à pessoa idosa, o que deve ser considerado e</p><p>investigado, entretanto, é que há muitas experiências positivas de locais tranquilos e</p><p>acolhedores para idosos, que vêm se tornando cada vez mais frequentes, sugerindo</p><p>uma alternativa à demanda de moradia e cuidados para estes pacientes (BRASIL,</p><p>2013).</p><p>FONTE: SILVERIO, J. K. A. et al. Estado nutricional de idosos hospitalizados: uma revisão de literatura.</p><p>Visão Acadêmica, v. 17, n. 3, p. 75-90, 2016.</p><p>163</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• Pacientes hospitalizados são vulneráveis à desnutrição.</p><p>• Segundo dados do Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar</p><p>(Ibranutri), 48,1% dos hospitalizados do apresentam desnutrição hospitalar.</p><p>• Rotinas de triagem nutricional em até 72 horas da admissão do paciente auxiliam</p><p>na identificação precoce de pacientes desnutridos.</p><p>• Risco nutricional é a presença de fatores que podem acarretar ou agravar a</p><p>desnutrição em pacientes hospitalizados.</p><p>• Não existe um consenso sobre qual instrumento é mais efetivo na triagem</p><p>nutricional.</p><p>• É possível calcular a correção do peso corporal para situações como edema,</p><p>amputação e ascite.</p><p>• Medidas como circunferência da cintura, prega cutânea subescapular,</p><p>circunferência do braço, circunferência da panturrilha e altura do joelho, podem ser</p><p>aferidas com o paciente deitado.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 Apesar da relevância da sistematização do cuidado de nutrição no âmbito clínico</p><p>hospitalar, sabe-se que há diversos problemas e limitações na prática, visto que</p><p>cada hospital tem sua rotina estabelecida, tanto em relação ao paciente como ao</p><p>gerenciamento. Considerando a avaliação nutricional para uma pessoa de 79 anos</p><p>de idade, que não consegue manter-se em equilíbrio sobre uma balança, avalie as</p><p>afirmações a seguir.</p><p>I- A avaliação nutricional pela antropometria pode ser feita com a adoção de</p><p>fórmulas de estimativa de peso que utilizam as circunferências do braço e da</p><p>panturrilha, além</p><p>da dobra cutânea subescapular e a altura do joelho.</p><p>II- O colesterol sérico pode ser utilizado como marcador de desnutrição, pois a</p><p>hipocolesterolemia é resultado da menor secreção de lipoproteínas.</p><p>III- Na avaliação bioquímica, pode ser feita a mensuração da albumina sérica, uma</p><p>vez que, a redução dessa proteína indicaria perda de peso e de massa muscular.</p><p>IV- Na estimativa da estatura, pode-se medir a altura do joelho, por se considerar</p><p>que a medida em membros inferiores não é afetada pela diminuição das</p><p>dimensões ósseas.</p><p>É CORRETO apenas o que se afirma em:</p><p>a) ( ) I e II.</p><p>b) ( ) I e III.</p><p>c) ( ) III e IV.</p><p>d) ( ) I, II e IV.</p><p>e) ( ) II, III e IV.</p><p>2 No exame físico devem ser observadas alterações como a presença de ascite, que</p><p>superestima o peso do indivíduo, comprometendo o diagnóstico nutricional. Para</p><p>tanto, é possível fazer uma estimativa do peso atribuído a essa condição e descontá-</p><p>lo, dependendo da gravidade. Nesse sentido, o grau de ascite moderada,</p><p>representado pelo peso hídrico, equivale a alternativa: a) ( ) 2 kg.</p><p>b) ( ) 4 kg.</p><p>c) ( ) 5 kg.</p><p>d) ( ) 6 kg.</p><p>e) ( ) 10 kg.</p><p>3 A desnutrição é frequente entre os pacientes internados, sendo alvo de estudos.</p><p>Diante desse fato, é importante estabelecer o diagnóstico nutricional do paciente</p><p>(FIDELIX; SANTANA; GOMES, 2013). Nesse sentido, cite cinco complicações</p><p>associadas à desnutrição hospitalar.</p><p>165</p><p>156</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ACHE DIAS, J. et al. Força de preensão palmar: métodos de</p><p>avaliação e fatores que influenciam a medida. Revista</p><p>Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v. 12, n. 3,</p><p>p. 209-216, 2010.</p><p>ACUÑA, K.; CRUZ, T. Avaliação do estado nutricional de adultos e idosos e</p><p>situação nutricional da população brasileira. Arquivos Brasileiros de</p><p>Endocrinololgia & Metabologia, São Paulo, v. 48, n. 3, p. 345-361, 2004.</p><p>ARAUJO, M. A. R. et al. Análise comparativa de diferentes métodos de triagem</p><p>nutricional do paciente internado. Comunicação em Ciências da Saúde, v. 21, n. 4,</p><p>p. 331-342, 2010.</p><p>ATALAH, S. E.; CASTILLO, C. L.; CASTRO, R. S. Propuesta de um nuevo estandar</p><p>de evaluacion en embarazadas. Revista Médica de Chile, Santiago, v.125, n. 12, p.</p><p>1429-36, 1997.</p><p>BARBOSA-SILVA, M.C.G, et al. Reference Values and determinants for handgrip</p><p>strength in healthy subjects. Clinical Nutrition, v. 27, n. 3, p. 357-62, 2008</p><p>BARBOSA-SILVA, M. C. G; BARROS, A. J. D. de. Avaliação nutricional subjetiva.</p><p>Parte 1 - Revisão de sua validade após duas décadas de uso. Arquivos de</p><p>Gastroenterologia, v. 39, n. 3, p.181-187, 2002.</p><p>BARROS, D. C. de; SAUNDERS, C.; LEAL, M. C. Avaliação nutricional</p><p>antropométrica de gestantes brasileiras: uma revisão sistemática. Revista Brasileira</p><p>Saúde Materno Infantil v.8 n. 4, s.p., 2008. Disponível em: http://</p><p>www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-38292008000400002. Acesso</p><p>em: 25 nov. 2019.</p><p>BATISTA FILHO, M.; RISSIN, A. A transição nutricional no Brasil: tendências</p><p>regionais e temporais. Cadernos Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, p.</p><p>181-191, 2003. Disponível em:</p><p>http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102311X2003000700019&script=sci_abstract&</p><p>tlng=pt. Acesso em: 25 nov. 2019.</p><p>BLACKBURN, G. L.; BISTRIAN, B. R.; MAINI, B. S. Nutritional and metabolic</p><p>assessment of the hospitalized patient. Journal of Parenteral and Enteral Nutrition,</p><p>Silver Spring ME, v. 1, n.1, p. 11-32, 1977.</p><p>BLACKBURN, G.L.; THORNTON, P.A. Nutritional assessment of the hospitalized</p><p>patient. Medical Clinics of North America, Philadelphia, v. 14, p. 1102-1108, 1979.</p><p>167</p><p>BRASIL. Decreto nº 7.272, de 25 de agosto de 2010. Regulamenta a Lei n°</p><p>11.346, de 15 de setembro de 2006, que cria o Sistema Nacional de Segurança</p><p>Alimentar e Nutricional – SISAN</p><p>BRASIL. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Cadernos de Atenção Básica,</p><p>Brasília, DF, n. 19, 2006. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/</p><p>publicacoes/cadernos_ab/abcad19.pdf. Acesso em: 28 nov. 2019.</p><p>BRASIL. Lei de segurança alimentar e nutricional. Brasília: Conselho Nacional</p><p>de Segurança Alimentar e Nutricional, 2017. Disponível em: http://www4.</p><p>planalto.gov.br/consea/conferencia/documentos/lei-de-seguranca-alimentar-</p><p>enutricional. Acesso em: 21 nov. 2019.</p><p>BRASIL. Lei no 8.234, de 17 de setembro de 1991. Regulamenta a profissão de</p><p>Nutricionista e determina outras providências. Brasília, 17 de setembro de</p><p>1991. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1991/lei-8234-</p><p>17setembro-1991-363145-publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em: 25 nov.</p><p>2019.</p><p>BRASIL. Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em</p><p>serviços de saúde. Brasília, 2011a. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/</p><p>bvs/publicacoes/orientacoes_coleta_analise_dados_antropometricos.pdf. Acesso</p><p>em: 25 nov. 2019.</p><p>BRASIL. Pesquisa de orçamentos familiares - POF 2008-2009: análise do</p><p>consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro, 2011b. Disponível em:</p><p>https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv50063.pdf. Acesso em: 25</p><p>nov. 2019.</p><p>BRASIL. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças</p><p>crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022. Brasília, 2011c.</p><p>Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/plano_acoes_</p><p>enfrent_dcnt_2011.pdf. Acesso em: 25 nov. 2019.</p><p>BRASIL. Resolução CFN nº 306/2003. Dispõe sobre solicitação de exames</p><p>laboratoriais na área de nutrição clínica, revoga a resolução CFN nº 236, de</p><p>2000 e dá outras providências. Disponível em: http://www.crn3.org.br/uploads/</p><p>repositorio/2018_10_24/Res_306_2003.pdf. Acesso em: 25 nov. 2019.</p><p>BRASIL. Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN. Brasília: Ministério</p><p>da Saúde, 2011. Disponível em: http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/</p><p>orientacoes_basicas_sisvan.pdf. Acesso em: 21 nov. 2019.</p><p>168</p><p>BRASIL. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por</p><p>inquérito telefônico. Brasília, 2017. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/</p><p>bvs/publicacoes/vigitel_brasil_2016_fatores_risco.pdf. Acesso em: 25 nov. 2019.</p><p>BRÊTAS, A. C. P.; GAMBA, M. A. Enfermagem e saúde do adulto. São Paulo:</p><p>Manole, 2006.</p><p>BUSS, P. M.; PELLEGRINI FILHO, A. A Saúde e seus Determinantes Sociais.</p><p>PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.17, n. 1, p. 77-93, 2007.</p><p>CAIXETA NETO, A. G. et al. Métodos de triagem nutricional em pacientes</p><p>hospitalizados. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research, Maringá,</p><p>v. 21, n. 2, p. 122-126, 2017.</p><p>CALIXTO-LIMA, L.; REIS, N. T. Interpretação de Exames Laboratoriais</p><p>Aplicados à Nutrição Clínica. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2012.</p><p>CAPUCHO, L. B. et al. Fatores que interferem na amamentação exclusiva.</p><p>Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde, Vitória, v. 19, n.1, p.108-113, 2017.</p><p>CARVALHO FILHO, E. T.; DALLANORA, D. V. Iatrogenia. In: CARVALHO</p><p>FILHO, E. T.; NETTO, M. P. (Org.). Geriatria: Fundamentos, clínica e</p><p>terapêutica. São Paulo: Atheneu, p. 729-737, 1996.</p><p>CARVALHO, A. I. Determinantes sociais, econômicos e ambientais da saúde. In:</p><p>FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. A saúde no Brasil em 2030: diretrizes para a</p><p>prospecção estratégica do sistema de saúde brasileiro. Rio de Janeiro: Fiocruz,</p><p>2013.</p><p>CASTRO, L. C. G. de. O sistema endocrinológico vitamina D. Arquivo</p><p>Brasileiro Endocrinologia & Metabologia. São Paulo, v. 55, n. 8,</p><p>2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_</p><p>arttext&pid=S0004-27302011000800010. Acesso em: 25 nov. 2019.</p><p>CHRISTAKIS, G. Nutritional assessment in health programs. American Journal</p><p>of Public Health, Washington, v. 63, p. 82, 1973.</p><p>CHUMLEA, W. C. et al. Prediction of body weight for the nonambulatory</p><p>elderly from anthropometry. Journal of the American Dietetic Association,</p><p>EUA, v. 88, n. 5, p. 564-568, 1987.</p><p>COZZOLINO, S. M. F. Recomendações de Nutrientes. 2. ed. ILSI Brasil: São</p><p>Paulo, 2009. Disponível em: http://ilsibrasil.org/wp-content/uploads/</p><p>169</p><p>sites/9/2017/07/Fasc%C3%ADculo-RECOMENDACOES-DE-</p><p>NUTRIENTES.pdf.</p><p>Acesso em: 22 nov. 2019.</p><p>DEHOOG, S. Avaliação do Estado Nutricional. In: Mahan K.L; Escott-Stump, S.</p><p>Krause: Alimentos, nutrição & dietoterapia. 9. ed, São Paulo: Roca, 1998, p.</p><p>371396.</p><p>DETSKY, A. S. et al. What is subjective global assessment of nutritional status?</p><p>Journal of Parenteral and Enteral Nutrition, EUA, v. 11, n. 1, p. 8-13, 1987.</p><p>Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/</p><p>Decreto/D7272.htm. Acesso em: 21 nov. 2019.</p><p>DIZ, J. B. M. et al. Prevalência de sarcopenia em idosos: resultados de estudos</p><p>transversais amplos em diferentes países. Revista Brasileira Geriatria</p><p>Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 18, n. 3, p. 665-678, 2015.</p><p>DUARTE, A. C. G. Avaliação Nutricional: Aspectos Clínicos e Laboratoriais. Rio</p><p>de Janeiro, RJ: Atheneu, 2007.</p><p>DUARTE, Y. A. O. de; ANDRADE, C. L. de; LEBRÃO, M. L. O Índex de Katz na</p><p>avaliação da funcionalidade dos idosos. Revista da Escola de Enfermagem da</p><p>USP, São Paulo, v. 41, n. 2, p. 317-25, 2007.</p><p>EICKEMBERG, M; et al. Bioimpedância elétrica e sua aplicação em avaliação</p><p>nutricional. Revista Nutricional, v. 6, n. 24, p. 883-893, 2011.</p><p>FAO/WHO/UNU. Energy and protein requirements. Series 724. Geneve: World</p><p>Health Organization, 1985. Disponível em: http://www.fao.org/3/AA040E/</p><p>AA040E00.htm. Acesso em: 22 nov. 2019.</p><p>FIDELIX, M. S. P.; SANTANA, A. F. F. de; GOMES. J. R. Prevalência de</p><p>desnutrição hospitalar em idosos. Revista da Associação Brasileira de</p><p>Nutrição, São Paulo, n. 1, p. 60-68, 2013.</p><p>FINUCANE, M. M. et al. National, regional, and global trends in body-mass</p><p>index since 1980: systematic analysis of health examination surveys and</p><p>epidemiological studies with 960 country-years and 9·1 million participants.</p><p>The Lancet, Bethesda MD, v. 377, p. 557-567, 2011. Disponível em: https://www.</p><p>ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21295846. Acesso em: 25 nov. 2019.</p><p>FLORES, L. P. O. O envelhecimento da população brasileira. Revista</p><p>Eletrônica do Departamento de Ciências Contábeis & Departamento de</p><p>Atuária e Métodos Quantitativos, São Paulo, v. 2, n. 1, p. 86-100, 2015.</p><p>170</p><p>HARRIS, J. A.; BENEDICT, F. G. A Biometric Study of Basal Metabolism in</p><p>man. Boston: Carnegie Institution of Washington, 1919.</p><p>HEALTH AND WELFARE CANADA – HWC. Developing Knowledge for</p><p>Health Promotion in Canada. Ottawa: Routledge, 1990.</p><p>IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003. Rio de Janeiro, 2004.</p><p>Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv30326.pdf.</p><p>Acesso em: 22 nov. 2019.</p><p>IOM. Institute of Medicine. Dietary Reference Intakes for Energy,</p><p>Carbohydrate, Fiber, Fat, Fatty Acids, Cholesterol, Protein, and Amino Acids</p><p>(Macronutrients). Washington (DC): The National Academies, 2005. Disponível</p><p>em: https://www.nal.usda.gov/sites/default/files/fnic_uploads/energy_full_</p><p>report.pdf. Acesso em: 22 nov. 2019.</p><p>KAC, G.; SICHIERI, R.; GIGANTE, D. P. Epidemiologia nutricional. Rio de</p><p>Janeiro: Editora Fiocruz/Atheneu, 2007.</p><p>KATZ, S.; AKPOM, C.A. A measure of primary sociobiological functions.</p><p>International Journal Health Services, Bethesda, v. 6, n. 3, p. 493-508, 1976.</p><p>KONDRUP, J. et al. ESPEN Working Group. Nutritional risk screening (NRS</p><p>2002): a new method based on an analysis of controlled clinical trials. Clinical</p><p>Nutricion, EUA, v. 2, n. 3, p. 321-336, 2002.</p><p>LEITE, M. S. Transformação e persistência: antropologia da alimentação e</p><p>nutrição em uma sociedade indígena amazônica. Rio de Janeiro: Editora</p><p>FIOCRUZ, 2007.</p><p>LIPSCHITZ, D. A. Screening for nutritional status in the elderly. Primary Care,</p><p>EUA, v. 21, n.1, p. 55-67, 1994.</p><p>LUSTOSA, A. M. A. et al. Taxa metabólica basal de homens residentes na cidade</p><p>de Goiânia. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 19, n.2, p. 96-98, 2013.</p><p>MAHONEY, F. I.; BARTHEL, D. Functional evaluation: The Barthel Index.</p><p>Maryland State Medical Journal, Maryland, EUA, v.14, p.56-61,1965.</p><p>MANNATO, L. W. Questionário de frequência alimentar ELSA-Brasil:</p><p>proposta de redução e validação da versão reduzida. 2013. Dissertação</p><p>(Mestrado em Política, Administração e Avaliação em Saúde) – Programa de</p><p>Pós-Graduação em Atenção à Saúde Coletiva. Universidade Federal do Espírito</p><p>Santo, Vitória.</p><p>171</p><p>MARTINS C. Avaliação do Estado Nutricional e Diagnóstico. Curitiba:</p><p>Nutroclínica, 2008.</p><p>MCLAREN, D. S. Nutrition in the community. London: John Wiley & Songs,</p><p>1986.</p><p>MENESES, C. et al. Estagiamento de Tanner: um estudo de confiabilidade entre</p><p>o referido e o observado. Adolescência & Saúde, v. 5, n. 3, p. 54-56, 2008.</p><p>MONTEIRO, L. S. et al. Consumo alimentar segundo os dias da semana –</p><p>Inquérito Nacional de Alimentação, 2008-2009. Revista de Saúde Pública, p. 51-</p><p>93, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v51/pt_0034-8910rsp-</p><p>S1518-87872017051006053.pdf. Acesso em: 22 nov. 2019.</p><p>MOURA, M. D. R. Hipertensão Arterial na Gestação - importância do</p><p>seguimento materno no desfecho neonatal. Comunicação em Ciências da</p><p>Saúde - 22 Sup. 1: S113-S120, 2011. Disponível em: http:// bases.bireme.br/cgi-</p><p>bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.</p><p>le&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=619067&indexSearch=I</p><p>D. Acesso em: 25 nov. 2019.</p><p>MUSSOI, T. D. Avaliação nutricional na prática clínica: da gestação ao</p><p>envelhecimento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.</p><p>NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC. Nutrient requeriments of dairy</p><p>cattle. Washinton: National Academy Press, 1989.</p><p>OGDEN, C. L. et al. Prevalence of high body mass index in US children and</p><p>adolescents, 2007-2008. JAMA, v. 303, p. 242-249, 2010. Disponível em: https://</p><p>jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/185233. Acesso em: 25 nov. 2019.</p><p>OMS. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a</p><p>World Health Organization Consultation. WHO Obesity Technical Report</p><p>Series. Geneva, n. 284, 256 p., 2000. Disponível em: https://www.who.int/</p><p>nutrition/publications/obesity/WHO_TRS_894/en/. Acesso em: 25 nov. 2019.</p><p>OMS. World report on ageing and health. Geneva: WHO, 2015. Disponível em:</p><p>https://www.who.int/ageing/events/world-report-2015-launch/en/. Acesso em:</p><p>29 nov. 2019.</p><p>OPAS. División de Promoción y Protección de la Salud. Encuesta</p><p>Multicentrica salud beinestar y envejecimiento em América Latina el Caribe,</p><p>Washington, D.C, 2002.</p><p>172</p><p>OPAS. Rastreamento e diagnóstico de diabetes mellitus gestacional no Brasil.</p><p>Brasília, p. 36, 2016. Disponível em: https://www.diabetes.org.br/profissionais/</p><p>images/pdf/diabetes-gestacional-relatorio.pdf. Acesso em: 25 nov. 2019.</p><p>OSTERKAMP, L. K. Current perspective on assessment of human body</p><p>proportions of relevance to amputees. Journal of the American Dietetic</p><p>Association, EUA, v. 95, n. 2, p. 215-218, 1995.</p><p>PANIZ, C. et al. Fisiopatologia da deficiência de vitamina B12 e seu diagnóstico</p><p>laboratorial. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial. Rio de</p><p>Janeiro, v. 41, n. 5, p. 323-334, 2005.</p><p>RIBERTO, M. et al. Reprodutibilidade da versão brasileira da Medida de</p><p>Independência Funcional. Acta Fisiátrica, São Paulo, v. 8, n.1, p. 45-52, 2001.</p><p>SAMPAIO, L. R. Avaliação nutricional. Salvador: EDUFBA, 2012.</p><p>SAMPAIO, L. R. et al. Semiologia nutricional. In: SAMPAIO, L.R. (org). Avaliação</p><p>nutricional. Salvador: EDUFBA, p. 23-47, 2012.</p><p>SANTOS, A. C. O. dos; MACHADO, M. M. O. de; LEITE, E. M. Envelhecimento</p><p>e alterações do estado nutricional. Geriatria & Gerontologia, v. 4, n. 3,</p><p>p.168175, 2010.</p><p>SILVA, S. M.; MURA, J. D. P. Tratado de Alimentação: Nutrição e Dietoterapia.</p><p>São Paulo: Roca, 2007.</p><p>SILVA, T. A. A. de. et al. Sarcopenia Associada ao Envelhecimento: Aspectos</p><p>Etiológicos e Opções Terapêuticas. Revista Brasileira de Reumatologia, São</p><p>Paulo, v. 46, n. 6, p. 391-397, 2006.</p><p>SOUZA, A. S. R. et al. Fatores associados com centralização fetal em pacientes</p><p>com hipertensão arterial na gestação. Revista Brasileira de Ginecologia e</p><p>Obstetrícia. São Paulo, v. 35, n. 7, p. 309-316, 2013.</p><p>SOUZA, R. et al. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia,</p><p>Rio de Janeiro,</p><p>v. 16, n. 1, p. 81-90, 2013.</p><p>STRATTON, R. J.; et al. Malnutrition in hospital outpatients and inpatients:</p><p>prevalence, concurrent validity and ease of use of the “malnutrition universal</p><p>screening tool” (MUST) for adults. British Journal of Nutricion, Southampton,</p><p>UK, v. 92, n. 5, p. 799-808, 2004. Disponível em: https://www.researchgate.net/</p><p>publication/8188135_Malnutrition_in_Hospital_Outpatients_and_Inpatients_</p><p>Prevalence_Concurrent_Validity_and_Ease_of_Use_of_the_'Malnutrition_</p><p>Universal_Screening_Tool'_'MUST'_for_Adults. Acesso em: 29 nov. 2019.</p><p>173</p><p>TANNER, J. M. Growth at adolescence. 2. ed. Oxford: Blackwell Scientific</p><p>Publications. 1962.</p><p>VASCONCELOS, F. de A. G. Avaliação nutricional de coletividades. 4. ed.</p><p>Florianópolis: Ed. UFSC, 2008.</p><p>VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. 2.ed. Rio de Janeiro,</p><p>RJ: Rubio, 2015.</p><p>WAITZBERG, D. L.; CAIAFFA, W. T.; CORREIA, M. I. T.D. Inquérito</p><p>Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar. Revista Brasileira de Nutrição</p><p>Clínica, São Paulo, v. 14, p. 124-34, 1999. Disponível em: https://bdpi.usp.br/</p><p>item/001199167. Acesso em: 29 nov. 2019.</p><p>WHO. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Geneva: World</p><p>Health Organization, p. 256. Series. 284, 2000. Disponível em: https://www.who.</p><p>int/nutrition/publications/obesity/WHO_TRS_894/en/. Acesso em: 22 nov. 2019.</p><p>ApreseNtAção</p><p>sumário</p><p>2 ESTADO NUTRICIONAL E SUAS DIMENSÕES</p><p>ESTADO NUTRICIONAL</p><p>3 MÉTODOS DIRETOS E INDIRETOS</p><p>4 SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL</p><p>5 DETERMINANTES SOCIAIS DE SAÚDE</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>2 INQUÉRITOS ALIMENTARES</p><p>3 POLÍTICAS PÚBLICAS E INADEQUAÇÃO DE NUTRIENTES</p><p>4 SURGIMENTO DAS RECOMENDAÇÕES DE NUTRIENTES</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>2 ANTROPOMETRIA</p><p>3 EQUAÇÕES PREDITIVAS</p><p>4 IMPEDÂNCIA BIOELÉTRICA</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>UMA PROPOSTA DIDÁTICO-EXPERIMENTAL PARA ESTUDANTES DA ÁREA DA SAÚDE</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>2 DADOS EPIDEMIOLÓGICOS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA</p><p>3 COMPOSIÇÃO CORPORAL</p><p>4 INTRODUÇÃO AOS EXAMES LABORATORIAIS</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1 (1)</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>2 ASPECTOS FISIOLÓGICOS E NUTRICIONAIS</p><p>3 COMPOSIÇÃO CORPORAL</p><p>4 INTRODUÇÃO À DIABETES GESTACIONAL E HIPERTENSÃO GESTACIONAL</p><p>5 INTRODUÇÃO À LACTAÇÃO E AO ALEITAMENTO MATERNO</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2 (1)</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>2 ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS PARA CRIANÇAS</p><p>3 CRESCIMENTO E MATURAÇÃO SEXUAL</p><p>4 ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS PARA ADOLESCENTES</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>TEMPO DE TELA (TELEVISÃO, VIDEOGAME, CELULAR,</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3 (1)</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>2 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO</p><p>3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL</p><p>4 SARCOPENIA</p><p>5 TRIAGEM NUTRICIONAL E AVALIAÇÃO FUNCIONAL</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1 (2)</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>2 CONCEITO</p><p>3 ANEMIA E DESIDRATAÇÃO</p><p>4 DESNUTRIÇÃO E EDEMA</p><p>RESUMO DO TÓPICO 2 (2)</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>2 DESNUTRIÇÃO</p><p>3 AVALIAÇÃO DO RISCO NUTRICIONAL</p><p>4 ANTROPOMETRIA</p><p>LEITURA COMPLEMENTAR</p><p>ESTADO NUTRICIONAL DE IDOSOS HOSPITALIZADOS: UMA REVISÃO DE LITERATURA</p><p>RESUMO DO TÓPICO 3 (2)</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>que se manteriam em equilíbrio dinâmico. E, finalmente,</p><p>teríamos os sinais e sintomas da fome/desnutrição que surgiriam com o</p><p>desequilíbrio entre as causas.</p><p>UNIDADE 1 | INDICADORES DO ESTADO NUTRICIONAL</p><p>8</p><p>A avaliação clínica nutricional (coletividade – dimensão</p><p>social):</p><p>• Parte do geral, do estrutural (da organização social), utiliza os conhecimentos</p><p>das ciências sociais.</p><p>• Possibilita a explicação não apenas dos efeitos ou consequências, mas das</p><p>relações causais básicas dos processos nutricionais.</p><p>• Permite intervenções adequadas, não apenas relacionadas aos efeitos, mas,</p><p>sobretudo às causas, uma vez que elas são direcionadas a grupos</p><p>populacionais ou à população como um todo.</p><p>A seguir, as figuras demonstram o plano de cuidado</p><p>nutricional e o processo de avaliação nutricional.</p><p>FIGURA 3 – PLANO DO CUIDADO NUTRICIONAL</p><p>FONTE: A autora</p><p>FIGURA 4 – PROCESSO DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL</p><p>FONTE: A autora</p><p>TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO NUTRICIONAL</p><p>9</p><p>Enquanto o estado nutricional é um dos componentes da condição de</p><p>saúde do indivíduo e é influenciado pelo consumo e utilização de nutrientes, o</p><p>diagnóstico nutricional resulta da análise final de todos os métodos adotados de</p><p>avaliação do estado nutricional; requer do avaliador conhecimento das</p><p>vantagens e desvantagens de todos os procedimentos empregados (SAMPAIO,</p><p>2012).</p><p>4 SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL</p><p>Valorizar a avaliação do estado nutricional é atitude essencial ao</p><p>aperfeiçoamento da assistência e da promoção à saúde. O quadro nutricional do</p><p>país já revela, há mais de 15 anos, mudanças de padrão, indicando a coexistência</p><p>de desnutrição, sobrepeso e obesidade em todos os segmentos da população</p><p>(SISVAN, 2011).</p><p>O Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) é um valioso</p><p>instrumento de apoio às ações de promoção da saúde que o Ministério da Saúde</p><p>oferece aos profissionais da área e aos gestores do Sistema Único de Saúde (SUS)</p><p>(SISVAN, 2011).</p><p>O SISVAN é composto por indicadores de consumo, antropométricos e</p><p>bioquímicos, com o objetivo de avaliar e monitorar o estado nutricional da</p><p>população brasileira, para obter o diagnóstico precoce dos possíveis desvios</p><p>nutricionais (seja baixo peso ou sobrepeso/obesidade), contribuindo para que se</p><p>conheça a natureza e a magnitude desses problemas, identificando áreas</p><p>geográficas, segmentos sociais e grupos populacionais de maior risco aos agravos</p><p>nutricionais (SISVAN, 2011).</p><p>Todas as pessoas têm direito a uma alimentação saudável, acessível, de</p><p>qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente. A alimentação</p><p>adequada e saudável deve ser baseada em práticas alimentares promotoras da</p><p>saúde, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais. Deve</p><p>também ser produzida de forma sustentável, garantindo a proteção ao meio</p><p>ambiente, à justiça social e o direito à terra e ao território. Esse é um direito de</p><p>todas as pessoas residentes no Brasil, nascidas ou não aqui, respeitando as</p><p>dimensões socioculturais e regionais, a agro biodiversidade, a ancestralidade</p><p>negra e indígena, a africanidade e as tradições de todos os povos e comunidades</p><p>tradicionais e todas as identidades e culturas alimentares, as quais são</p><p>patrimônio imaterial da nação brasileira (CONSEA, 2017).</p><p>A alimentação é um direito no Brasil. A garantia de uma alimentação</p><p>adequada e saudável é condição fundamental para uma vida digna e para o bem-</p><p>estar coletivo. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,</p><p>garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a</p><p>UNIDADE 1 | INDICADORES DO ESTADO NUTRICIONAL</p><p>10</p><p>inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à</p><p>propriedade (CONSEA, 2017).</p><p>A Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) é a realização do direito de</p><p>todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade</p><p>suficiente e sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo</p><p>como base práticas alimentares promotoras da saúde que respeitem a</p><p>diversidade cultural e sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente</p><p>sustentáveis (CONSEA, 2010).</p><p>Segurança alimentar é o acesso regular e permanente a alimentos de</p><p>qualidade e em quantidade suficiente sem comprometer o acesso a outras</p><p>necessidades essenciais (BRASIL, 2010).</p><p>Insegurança alimentar leve reflete a instabilidade quanto ao acesso a</p><p>alimentos no futuro. A qualidade é comprometida visando à quantidade de</p><p>alimentos, ou seja, existe preocupação com a possibilidade de ocorrer restrição,</p><p>devido à falta de recursos para adquirir alimentos (BRASIL, 2010).</p><p>Insegurança alimentar moderada reflete a redução quantitativa de</p><p>alimentos e ruptura dos padrões dietéticos adequados decorrentes da</p><p>indisponibilidade de alimentos (restrição alimentar) entre indivíduos adultos</p><p>(BRASIL, 2010).</p><p>Insegurança alimentar grave reflete a redução quantitativa de alimentos</p><p>e ruptura dos padrões dietéticos adequados decorrentes da indisponibilidade de</p><p>alimentos entre crianças, ou seja, há presença de fome (BRASIL, 2010).</p><p>No Brasil, em 2004, aproximadamente 35% dos domicílios registraram</p><p>algum grau de insegurança alimentar, sendo 18% leve, 10% moderada e 7%</p><p>grave. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE</p><p>(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que esse percentual caiu</p><p>para 30,2% em 2009 e 22,6% em 2013.</p><p>TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO NUTRICIONAL</p><p>11</p><p>5 DETERMINANTES SOCIAIS DE SAÚDE</p><p>Para a comissão da Organização Mundial da Saúde (OMS), os</p><p>determinantes sociais de saúde são as condições sociais em que as pessoas vivem</p><p>e trabalham (BUSS; FILHO, 2007). Os determinantes sociais de saúde são os</p><p>fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e</p><p>comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus</p><p>fatores de risco na população (moradia, alimentação, emprego, renda e</p><p>escolaridade) (BUSS; FILHO, 2007). O consenso sobre a importância dos</p><p>determinantes sociais de saúde na situação de saúde foi sendo construído ao</p><p>longo da história:</p><p>• No Século XIX predominava a teoria miasmática, que conseguia responder a</p><p>importantes mudanças sociais e práticas de saúde observadas no âmbito dos</p><p>novos processos de urbanização e industrialização ocorridos naquele</p><p>momento histórico.</p><p>• Com o passar do tempo, estudos sobre a contaminação da água e dos</p><p>alimentos e também sobre riscos ocupacionais, trouxeram importante reforço</p><p>para as ações de saúde pública.</p><p>Para o cientista Virchow, “a ciência médica é essencialmente uma ciência</p><p>social”, “as condições econômicas e sociais exercem um efeito importante sobre</p><p>a saúde e a doença” e que tais relações devem ser submetidas à pesquisa</p><p>científica (BUSS; FILHO, 2007, p. 78).</p><p>Nas últimas décadas do Século XIX, com o trabalho de bacteriologistas</p><p>como Koch e Pasteur, afirma-se um novo paradigma para a explicação do</p><p>processo saúde-doença (BUSS; FILHO, 2007). A história da criação da primeira</p><p>escola de saúde pública nos Estados Unidos, na Johns Hopkins University, é um</p><p>interessante exemplo do processo de afirmação da hegemonia desse ���paradigma</p><p>bacteriológico” (BUSS; FILHO, 2007).</p><p>A seguir, a figura retrata a relação entre as condições de vida e trabalho</p><p>da população com a situação de saúde.</p><p>FIGURA 5 – RELAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE VIDA E TRABALHO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DA</p><p>POPULAÇÃO COM A SITUAÇÃO DE SAÚDE</p><p>UNIDADE 1 | INDICADORES DO ESTADO NUTRICIONAL</p><p>12</p><p>FONTE: <https://www.ecodebate.com.br/2014/12/19/pnad-2013-inseguranca-alimentarnos-</p><p>domicilios-cai-de-302-em-2009-para-226-em-2013/>. Acesso em: 7 set. 2019.</p><p>Deve a saúde pública tratar do estudo de doenças específicas como um</p><p>ramo especializado da Medicina, baseando-se fundamentalmente na</p><p>microbiologia e nos sucessos da teoria dos germes ou deve centrar-se no estudo</p><p>da influência das condições sociais, econômicas e ambientais na saúde dos</p><p>indivíduos?</p><p>A saúde e a doença devem ser</p><p>pesquisadas no laboratório, com o estudo</p><p>biológico dos organismos infecciosos, ou nas casas, nas fábricas e nos campos,</p><p>buscando conhecer as condições de vida e os hábitos de seus hospedeiros? O</p><p>conflito entre saúde pública e Medicina e entre os enfoques biológico e social do</p><p>processo saúde-doença estiveram no centro do debate sobre a configuração desse</p><p>novo campo de conhecimento (BUSS; FILHO, 2007).</p><p>Ao final desse processo, Hopkins foi escolhida pela excelência de sua</p><p>Escola de Medicina, de seu hospital e de seu corpo de pesquisadores (meados da</p><p>Década de 1920) (BUSS; FILHO, 2007). Essa decisão representou o conceito da</p><p>saúde pública orientada ao controle de doenças específicas, fundamentada no</p><p>conhecimento científico e contribuiu para estreitar o foco da saúde pública, que</p><p>passa a distanciar-se das questões políticas e dos esforços por reformas sociais e</p><p>sanitárias (BUSS; FILHO, 2007).</p><p>Apesar do enfoque médico biológico em detrimento dos enfoques</p><p>sociopolíticos e ambientais, observou-se, ao longo do Século XX, uma tensão</p><p>entre essas diversas abordagens (BUSS; FILHO, 2007).</p><p>A definição de saúde como um estado de completo bem-estar físico,</p><p>mental e social, e não meramente a ausência de doença ou enfermidade, inserida</p><p>TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO NUTRICIONAL</p><p>13</p><p>na Constituição da OMS no momento de sua fundação, em 1948, é uma clara</p><p>expressão de uma concepção bastante ampla da saúde, para além de um enfoque</p><p>centrado na doença (BUSS; FILHO, 2007).</p><p>E, na Década de 1990, com o debate sobre as Metas do Milênio,</p><p>novamente dá-se lugar a uma ênfase nos DSS que se afirma com a criação da</p><p>Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde da OMS, em 2005 (BUSS;</p><p>FILHO, 2007). A criação da Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde tem</p><p>como objetivo promover uma tomada de consciência sobre a importância dos</p><p>determinantes sociais na situação de saúde de indivíduos e populações e sobre a</p><p>necessidade do combate às iniquidades de saúde por eles geradas (BUSS; FILHO,</p><p>2007).</p><p>As atividades da Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde têm</p><p>como referência o conceito de saúde, tal como concebe a OMS – “um estado de</p><p>completo bem-estar físico, mental e social”, e de reconhecer a saúde como um</p><p>“direito de todos e dever do Estado” (artigo 196 da Constituição brasileira de</p><p>1988) (BUSS; FILHO, 2007).</p><p>Objetivos da Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde:</p><p>• Produzir conhecimentos e informações sobre os Determinantes Sociais da</p><p>Saúde no Brasil.</p><p>• Apoiar o desenvolvimento de políticas e programas para a promoção da</p><p>equidade em saúde.</p><p>• Promover atividades de mobilização da sociedade civil para tomada de</p><p>consciência e atuação sobre os Determinantes Sociais da Saúde.</p><p>Compromissos da Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde:</p><p>• Compromisso com a ação: apresentar recomendações concretas de políticas,</p><p>programas e intervenções para o combate às iniquidades de saúde geradas</p><p>pelos Determinantes Sociais da Saúde.</p><p>• Compromisso com a equidade: compromisso ético e uma posição política que</p><p>orienta as ações da Comissão sobre Determinantes Sociais da Saúde para</p><p>assegurar o direito universal à saúde.</p><p>• Compromisso com a evidência: recomendações fundamentadas em evidências</p><p>científicas, que permitam entender como operam os determinantes sociais na</p><p>geração das iniquidades em saúde, como e onde devem incidir as intervenções</p><p>para combatê-las e que resultados podem ser esperados em termos de</p><p>efetividade e eficiência.</p><p>Os modelos de Determinantes Sociais da Saúde permitem identificar</p><p>pontos para intervenções de políticas, no sentido de minimizar os diferenciais</p><p>originados pela posição social dos indivíduos e grupos; e sobre os diferenciais de</p><p>exposição, vulnerabilidade e de suas consequências (BUSS; FILHO, 2007).</p><p>UNIDADE 1 | INDICADORES DO ESTADO NUTRICIONAL</p><p>14</p><p>• Modelo de Dahlgren e Whitehead: Determinantes Sociais da Saúde dispostos</p><p>em diferentes camadas: desde uma camada mais próxima dos determinantes</p><p>individuais até uma camada mais distante, onde se situam os</p><p>macrodeterminantes.</p><p>◦ Determinantes proximais: os indivíduos estão na base do modelo, com suas</p><p>características individuais (idade, sexo e fatores genéticos) que exercem</p><p>influência sobre suas condições de saúde. Na camada seguinte aparecem o</p><p>comportamento e os estilos de vida, no limiar entre os fatores individuais e</p><p>os Determinantes Sociais da Saúde.</p><p>◦ A camada seguinte destaca a influência das redes comunitárias e de apoio,</p><p>cuja maior ou menor riqueza expressa o nível de coesão social (política de</p><p>cooperação) que é de fundamental importância para a saúde da sociedade</p><p>como um todo.</p><p>◦ Determinantes intermediários: no próximo nível estão representados os</p><p>fatores relacionados a condições de vida e de trabalho, disponibilidade de</p><p>alimentos e acesso a ambientes e serviços essenciais, como saúde e</p><p>educação, indicando que as pessoas em desvantagem social apresentam</p><p>diferenciais de exposição e de vulnerabilidade aos riscos à saúde.</p><p>◦ No último nível estão situados os macrodeterminantes relacionados às</p><p>condições econômicas, culturais e ambientais da sociedade e que possuem</p><p>grande influência sobre as demais camadas.</p><p>Apesar da facilidade da visualização gráfica dos DSS (Determinantes</p><p>Sociais da Saúde) e sua distribuição em camadas, segundo seu nível de</p><p>abrangência, o modelo não pretende explicar com detalhes as relações e</p><p>mediações entre os diversos níveis e a origem das iniquidades (BUSS; FILHO,</p><p>2007). Esse modelo enfatiza a estratificação social gerada pelo contexto social, que</p><p>confere aos indivíduos posições sociais distintas, as quais por sua vez provocam</p><p>diferenciais de saúde (BUSS; FILHO, 2007).</p><p>FIGURA 6 – MODELO DE DAHLGREN E WHITEHEAD</p><p>TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO NUTRICIONAL</p><p>15</p><p>FONTE: Carvalho (2013, p. 84)</p><p>• Modelo de Diderichsen e Hallqvist: modelo que enfatiza a estratificação social</p><p>gerada pelo contexto social, confere aos indivíduos posições sociais distintas,</p><p>as quais, por sua vez, provocam diferenciais de saúde. Os elementos</p><p>estruturantes determinam e condicionam as posições ou estratos sociais:</p><p>◦ Cada indivíduo ocupa determinada posição social como resultado de</p><p>diversos mecanismos sociais (sistema educacional, ocupação, renda) (I).</p><p>◦ Esses elementos influenciam os diferenciais de exposição e vulnerabilidade</p><p>aos riscos que causam danos à saúde (II).</p><p>◦ Levando à ocorrência de doenças (III).</p><p>◦ Consequências sociais ou físicas (estado de saúde) (IV).</p><p>◦ Consequências sociais: o impacto que a doença pode ter sobre a situação</p><p>socioeconômica do indivíduo e sua família.</p><p>FIGURA 7 – MODELO DE DIDERICHSEN E HALLQVIST</p><p>UNIDADE 1 | INDICADORES DO ESTADO NUTRICIONAL</p><p>16</p><p>FONTE: Buss e Filho (2007, p. 85)</p><p>Segundo Brêtas e Gamba (2006), por mais que se pense sobre a saúde na</p><p>dimensão do coletivo, é o ser humano que adoece e como tal requer cuidados.</p><p>Trabalhar com as condições de vida impostas requer um trabalho interdisciplinar</p><p>e intersetorial. A área da saúde sozinha não consegue assegurar qualidade de</p><p>vida e, consequentemente, de saúde (o comprometimento da integridade</p><p>ecológica dos ecossistemas ambientais naturais, incluindo os efeitos das</p><p>mudanças climáticas, têm profundas implicações). É na esfera da ética que</p><p>compreenderemos a necessidade do empenho de parte significativa da sociedade</p><p>para assegurar a dignidade da vida humana.</p><p>Contexto</p><p>Contexto</p><p>Doença ou acidente</p><p>mau estado de saúde</p><p>17</p><p>RESUMO DO TÓPICO 1</p><p>Neste tópico, você aprendeu que:</p><p>• O estado nutricional reflete o equilíbrio entre o suprimento de nutrientes e o gasto</p><p>pelo organismo e pode ser expresso em: normalidade nutricional, carência</p><p>nutricional e distúrbio nutricional.</p><p>• A avaliação nutricional tem como objetivo identificar riscos nutricionais e traçar</p><p>condutas que possibilitem a recuperação ou manutenção do estado de saúde do</p><p>indivíduo.</p><p>• Os métodos podem ser direto ou indiretos, sendo os diretos</p><p>classificados em</p><p>objetivos e subjetivos.</p><p>• A segurança alimentar e nutricional é o direito de todos a uma alimentação</p><p>saudável, acessível, de qualidade, em quantidade suficiente e de modo</p><p>permanente.</p><p>• Os determinantes sociais de saúde são as condições sociais em que as pessoas</p><p>vivem e trabalham.</p><p>• No modelo de Dahlgren e Whitehead, os determinantes sociais de saúde estão</p><p>dispostos em diferentes camadas.</p><p>• O modelo de Diderichsen e Hallqvist enfatiza a estratificação social gerada pelo</p><p>contexto social, que confere aos indivíduos, posições sociais distintas, as quais por</p><p>sua vez provocam diferenciais de saúde.</p><p>AUTOATIVIDADE</p><p>1 “Direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em</p><p>quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais,</p><p>tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a</p><p>diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis”</p><p>(BRASIL, 2010). Assinale a alternativa que corresponde a esse conceito:</p><p>FONTE: BRASIL. A segurança alimentar e nutricional e o direito humano à alimentação adequada no Brasil.</p><p>Brasília: CONSEA, 2010. Disponível em: http://www4.planalto.gov.br/ consea/publicacoes/seguranca-alimentar-</p><p>e-nutricional/a-seguranca-alimentar-e-nutricionale-o-direito-humano-a-alimentacao-adequada-no-brasil-</p><p>indicadores-e-monitoramento/ relatorio-consea.pdf. Acesso em: 27 jan. 2020.</p><p>a) ( ) Alimentação saudável.</p><p>b) ( ) Segurança alimentar e nutricional.</p><p>18</p><p>c) ( ) Padrão alimentar.</p><p>d) ( ) Guia alimentar.</p><p>e) ( ) Pirâmide alimentar.</p><p>2 Para a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), DSS</p><p>são os seguintes fatores que influenciam a ocorrência de problemas de saúde:</p><p>a) ( ) habitacionais, econômicos, ambientais, étnicos/raciais, psicológicos e</p><p>educacionais.</p><p>b) ( ) sociais, ambientais, culturais, étnicos/raciais, ergométricos e</p><p>educacionais.</p><p>c) ( ) sociais, econômicos, ambientais, étnicos/raciais, ergométricos e</p><p>comportamentais.</p><p>d) ( ) habitacionais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e</p><p>educacionais.</p><p>e) ( ) sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e</p><p>comportamentais.</p><p>3 A história clínica de muitas pessoas atendidas nos serviços de saúde revela</p><p>condições de vida que afetam o bem-estar e a saúde. Considerando essa informação</p><p>e com base nos determinantes sociais da saúde, assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) ( ) O processo saúde-doença deve ser entendido como a relação entre as condições</p><p>biológicas e psicológicas e exclui a necessidade de abordar o contexto social.</p><p>b) ( ) As condições de trabalho, a estrutura das redes sociais e comunitárias, o estilo</p><p>de vida dos indivíduos, a idade, o sexo e os aspectos hereditários são alguns dos</p><p>fatores que exemplificam determinantes sociais da saúde.</p><p>c) ( ) O impacto que a doença pode ter sobre a situação socioeconômica do indivíduo</p><p>e da respectiva família compõe um contexto diferente do relativo à análise dos</p><p>determinantes sociais da saúde.</p><p>d) ( ) Políticas públicas de abrangência populacional, que promovem mudanças de</p><p>hábitos, interferem apenas na saúde do indivíduo, sem qualquer importância para</p><p>alterações nos determinantes sociais da saúde.</p><p>e) ( ) Diminuir a exposição a riscos é a forma mais eficaz para alterar os</p><p>determinantes sociais da saúde.</p><p>19</p><p>Caro acadêmico! Você sabia que analisar o consumo alimentar é uma etapa</p><p>fundamental da avaliação nutricional? Você sabe como deve ser feito? Quais são os</p><p>procedimentos e instrumentos utilizados? É muito importante que você saiba</p><p>selecionar os questionários de acordo com a população estudada. Por isso, no Tópico</p><p>2, abordaremos alguns temas pertinentes ao assunto em se tratando dos inquéritos</p><p>alimentares.</p><p>Abordaremos as vantagens e desvantagens de cada um deles, bem como</p><p>compreenderemos que conhecer o consumo dietético é indispensável na prática</p><p>clínica nutricional. Em seguida, falaremos sobre os possíveis erros de medida na</p><p>aplicação desses inquéritos alimentares e o que fazer para evitá-los.</p><p>Por fim, abordaremos o surgimento das recomendações para ingestão de</p><p>nutrientes até sua evolução para a ingestão dietética de referência e seus quatro</p><p>valores de referência. Ter conhecimento sobre as relações entre o consumo de alimento</p><p>e as condições de saúde é fundamental para a sua trajetória acadêmica. Aprender a</p><p>identificar e utilizar corretamente os inquéritos alimentares, seja para indivíduos e/ou</p><p>grupos, poderá te auxiliar no crescimento profissional, bem como aperfeiçoar os</p><p>conhecimentos necessários para a área de nutrição clínica.</p><p>2 INQUÉRITOS ALIMENTARES</p><p>O estado nutricional de um indivíduo é resultado da relação entre o consumo</p><p>de alimentos e as necessidades nutricionais. Assim, no contexto da prática clínica,</p><p>podem ser estabelecidos três diferentes objetivos para avaliação do consumo</p><p>alimentar:</p><p>• Quantificar a ingestão de nutrientes.</p><p>• Avaliar o consumo de alimentos ou grupos alimentares.</p><p>• Avaliar o padrão alimentar individual.</p><p>20</p><p>O foco principal dos inquéritos dietéticos é constituído pelas</p><p>relações entre o consumo de alimentos e as condições de saúde de indivíduos</p><p>e populações. Assim que o consumo alimentar é largamente utilizado para a</p><p>caracterização</p><p>TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR</p><p>21</p><p>das condições individuais e coletivas de alimentação e nutrição, ou seja, como</p><p>um instrumento indireto de diagnóstico nutricional e, além disso, em pesquisas</p><p>direcionadas à investigação do papel da dieta na determinação do processo</p><p>saúde-doença (LEITE, 2007).</p><p>Segundo Sampaio (2012), conhecer o consumo dietético é indispensável</p><p>para:</p><p>• Estudar a relação entre alimentação e doença, investigando a participação dos</p><p>nutrientes na manutenção da saúde e, consequentemente, na prevenção de</p><p>morbidades.</p><p>• Identificar indivíduos ou grupos em risco nutricional (vigilância alimentar).</p><p>• Avaliar a ingestão alimentar de forma qualitativa e/ou quantitativa.</p><p>• Direcionar a prescrição dietética, avaliando a eficiência da intervenção.</p><p>• Promover a educação alimentar.</p><p>• Planejar e avaliar políticas públicas de alimentação e nutrição.</p><p>Os métodos de avaliação do consumo alimentar são chamados inquéritos</p><p>alimentares e podem ser classificados em retrospectivos e prospectivos. Os</p><p>inquéritos alimentares retrospectivos são baseados em informações do passado,</p><p>como o questionário de frequência alimentar (QFA) e recordatório de 24h (R24h),</p><p>enquanto os prospectivos são baseados em informações do presente, como o</p><p>registro ou diário alimentar (SAMPAIO, 2012).</p><p>Em uma pesquisa, é de extrema importância, antes da aplicação do</p><p>inquérito alimentar, que o entrevistador se apresente explicando os objetivos da</p><p>entrevista e informando ao entrevistado a duração média, esclareça que todos os</p><p>dados coletados são de ordem confidencial e exponha ao entrevistado o direito a</p><p>não participação, sem qualquer prejuízo. Os entrevistadores deverão estar</p><p>treinados e com amplo conhecimento dos hábitos e costumes da comunidade em</p><p>estudo, assim como dos alimentos e modo de prepará-los. Para auxiliar na</p><p>quantificação do tamanho e volume das porções consumidas, deve ser utilizado</p><p>material de suporte com registros fotográficos. O entrevistador deverá</p><p>estabelecer um canal de comunicação em que se obtenha a informação por meio</p><p>de um diálogo agradável, uma vez que a qualidade da informação dependerá da</p><p>memória e da cooperação do entrevistado.</p><p>Respostas precisas e não tendenciosas exigem respeito e atitude neutra</p><p>diante de hábitos e consumo de alimentos do entrevistado. Para tanto, o</p><p>entrevistador deverá evitar expressar sentimentos de surpresa, tristeza ou</p><p>decepção, o que poderia induzir o entrevistado a subestimar ou superestimar a</p><p>quantidade de alimentos, dependendo da reação que ele observe (SAMPAIO,</p><p>2012).</p><p>UNIDADE 1 | INDICADORES DO ESTADO NUTRICIONAL</p><p>22</p><p>O R24h representado</p><p>na figura a seguir é o inquérito mais</p><p>empregado no Brasil e no mundo, para indivíduos e populações. Esse</p><p>inquérito descreve e quantifica todos os alimentos e bebidas consumidos</p><p>nas 24 horas prévias ou no dia anterior, sendo que a entrevista pode ser</p><p>feita pessoalmente ou por telefone. Ele reflete a dieta atual, sendo muito</p><p>importante o detalhamento das informações (forma de cocção, marcas,</p><p>integral). Para explicar as porções, é necessário o auxílio de um álbum</p><p>fotográfico ou réplicas de alimentos e utensílios domésticos. Além disso,</p><p>é essencial verificar se o consumo daquele dia não foi atípico (SAMPAIO,</p><p>2012).</p><p>Vantagens:</p><p>• Fácil e rápido aplicação.</p><p>• Baixo custo.</p><p>• Quando realizado em série, fornece estimativas da ingestão usual do</p><p>indivíduo.</p><p>• Não altera a dieta usual.</p><p>• Pode ser utilizado em grupos de baixo nível de escolaridade.</p><p>• Pode ser utilizado em qualquer faixa etária.</p><p>• Pode estimar o valor calórico total da dieta e a ingestão de macronutrientes.</p><p>Desvantagens:</p><p>• Depende da memória do entrevistado.</p><p>• Requer treinamento do investigador para evitar indução das respostas.</p><p>• A ingestão prévia das últimas 24 horas pode ter sido atípica.</p><p>• Bebidas e lanches tendem a ser omitidos.</p><p>• Não fornece dados quantitativos precisos sobre a ingestão de micronutrientes.</p><p>• Não reflete as diferenças de dia de semana e final de semana.</p><p>• Pode ocorrer sub ou superestimação.</p><p>QUADRO 1 – RECORDATÓRIO DE 24H</p><p>NOME:_____________________________________________________________</p><p>DATA: __/__/__</p><p>DIA DA SEMANA: ( ) dom. ( ) seg. ( ) ter. ( ) qua. ( ) qui. ( ) sex. ( ) sáb.</p><p>Horário e Local Alimentos ou Preparações Quantidade Marca Comercial Observação</p><p>TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR</p><p>23</p><p>Entrevistador: _________________ Tempo da entrevista: ___________</p><p>FONTE: A autora</p><p>O QFA representado na figura a seguir é um inquérito no</p><p>qual o indivíduo registra ou relata seu consumo alimentar baseado em</p><p>uma lista de alimentos, sendo necessário uma lista com maior número</p><p>possível de alimentos. A frequência de consumo pode ser diária, semanal,</p><p>quinzenal, mensal, anual ou esporádica, incluindo informações</p><p>qualitativas e quantitativas. É um método simples, econômico e capaz de</p><p>distinguir os diferentes padrões de consumo entre os indivíduos e</p><p>estimar a ingestão habitual. No entanto, é importante um rigor</p><p>metodológico na elaboração (SAMPAIO, 2012).</p><p>Vantagens:</p><p>• Pode ser aplicado em estudos epidemiológicos.</p><p>• Pode ser auto administrado ou utilizado por outros profissionais.</p><p>• Baixo custo.</p><p>• Simples e rápido.</p><p>• Gera resultados padronizados.</p><p>• Não altera padrão de consumo.</p><p>• Pode ser utilizado para associação de alimentos ou nutrientes específicos com</p><p>alguma doença.</p><p>Desvantagens:</p><p>• Limitações em analfabetos e idosos quando auto administrado.</p><p>• Não fornece informações sobre a quantidade consumida.</p><p>• Não é possível saber sobre a hora ou circunstância de consumo.</p><p>UNIDADE 1 | INDICADORES DO ESTADO NUTRICIONAL</p><p>24</p><p>• Pode ocorrer subestimação caso o alimento não esteja presente na lista</p><p>prédefinida.</p><p>QUADRO 2 – QUESTIONÁRIO DE FREQUÊNCIA ALIMENTAR</p><p>"Agora vamos falar sobre a sua alimentação habitual dos últimos 12 meses. Gostaríamos de saber o que o(a) Sr(a) come</p><p>e bebe por dia, por semana ou por mês, como está nesse cartão. [Apresente o cartão DIE 01] Vou ler alimento por</p><p>alimento. Diga quais o(a) Sr(a) come ou bebe e em que quantidade.</p><p>Para auxiliar na quantificação dos alimentos e bebidas, vamos utilizar esses utensílios. [Apresente os utensílios].</p><p>Podemos começar?</p><p>"Vou iniciar listando os alimentos do GRUPO dos PÃES, CEREAIS E TUBÉRCULOS. Por favor, reflita sobre seu consumo</p><p>habitual dos últimos 12 meses"</p><p>"Com que frequência o(a) Sr(a) come ou bebe [diga o nome do alimento]? Se não especificar frequência, pergunte: "Quantas</p><p>vezes por dia, semana ou mês?". "E quantas [diga a medida caseira correspondente, mostrando o utensílio] o(a) Sr(a) come</p><p>ou bebe?. Repita essas instruções para todos os alimentos.</p><p>Alimento</p><p>Quantidade</p><p>consumida por vez</p><p>Mais de</p><p>3x/dia</p><p>2 a 3x/</p><p>dia 1x/dia</p><p>5 a 6x</p><p>semana</p><p>2 a 4x</p><p>semana</p><p>1x</p><p>semana</p><p>1 a 3x/</p><p>mês</p><p>Nunca/</p><p>quase</p><p>nunca</p><p>Referiu</p><p>consumo</p><p>sazonal</p><p>1. Arroz</p><p>( ) Integral</p><p>( ) Branco</p><p>______________</p><p>Colher de serir</p><p>2.</p><p>Aveia/Granola/Farelos/Outros</p><p>cereais</p><p>______________</p><p>Colher sopa cheia</p><p>3.</p><p>Farofa/Cuscuz salgado/Cuscuz</p><p>paulista</p><p>______________</p><p>Colher sopa cheia</p><p>4.</p><p>Farinha de mandioca/Farinha</p><p>de Milho</p><p>______________</p><p>Colher sopa cheia</p><p>5.</p><p>Pão light</p><p>(branco ou integral)</p><p>______________</p><p>Fatia (25g)</p><p>6.</p><p>Pão francês/pão de forma/Pão</p><p>sírio/Pão torrado</p><p>______________</p><p>Unidade (50g)</p><p>7.</p><p>Pão doce/Pão Caseiro ______________</p><p>Unidade média</p><p>8.</p><p>Pão Integral/Centeio ______________</p><p>Fatia (30g)</p><p>9.</p><p>Pão de queijo ______________</p><p>Unidade média</p><p>10.</p><p>Bolo simples (sem recheio) ______________</p><p>Fatia média</p><p>11.</p><p>Bolo recheado/</p><p>Torta/Pavê [Cuca]</p><p>______________</p><p>Fatia média</p><p>12.</p><p>Biscoito salgado (tipo água e sal</p><p>e outros</p><p>______________</p><p>Unidade</p><p>13.</p><p>Biscoito</p><p>doce</p><p>( ) com rechieo</p><p>( ) sem recheio</p><p>______________</p><p>Unidade (50g)</p><p>14.</p><p>Polenta/Angu/Pinhão ______________</p><p>Colher de serir</p><p>15.</p><p>Batata inglesa cozida/</p><p>Batata ensopada/ purê</p><p>______________</p><p>Colher sopa cheia</p><p>TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR</p><p>25</p><p>Mandioca [Aipim]/Inhame/Cará,</p><p>Banana da terra cozida/</p><p>Batata doce cozida</p><p>______________</p><p>Pecaço médio</p><p>Batata frita/Mandioca Frita/</p><p>Banana Frita/Polenta Frita/batata</p><p>doce frita</p><p>______________</p><p>Tigela</p><p>"Agora vou listar os alimentos do GRUPO das FRUTAS. Por favor, refira seu consumo habitual dos últimos 12 meses,</p><p>excluindo suco de frutas, frutas secas e em calda"</p><p>Alimento</p><p>Quantidade</p><p>consumida por vez</p><p>Mais de</p><p>3x/dia</p><p>2 a 3x/</p><p>dia 1x/dia</p><p>5 a 6x</p><p>semana</p><p>2 a 4x</p><p>semana</p><p>1x</p><p>semana</p><p>1 a 3x/</p><p>mês</p><p>Nunca/</p><p>quase</p><p>nunca</p><p>Referiu</p><p>consumo</p><p>sazonal</p><p>Laranja/Mexerica/Tangerina/</p><p>Pokan [Bergamota]</p><p>______________</p><p>Unidade média</p><p>Banana ______________</p><p>Unidade média</p><p>Mamão/Papaia ______________</p><p>Unidade média</p><p>Maçã/Pêra ______________</p><p>Unidade média</p><p>Melancia ______________</p><p>Fatia média</p><p>23.</p><p>Melão ______________</p><p>Fatia média</p><p>24.</p><p>Abacaxi ______________</p><p>Fatia média</p><p>25.</p><p>Abacate ______________</p><p>Unidade média</p><p>26.</p><p>Manga ______________</p><p>Fatia média</p><p>27.</p><p>Uva ______________</p><p>Unidade</p><p>28.</p><p>Goiaba ______________</p><p>Unidade média</p><p>29.</p><p>Morango ______________</p><p>Unidade</p><p>30.</p><p>Pêssego/Ameixa/Kiwi/Caju/Cajá/</p><p>Nectarina</p><p>______________</p><p>Unidade média</p><p>31.</p><p>Caqui/Jaca/Pinha/Fruta do conde ______________</p><p>Unidade média</p><p>32. Salada de</p><p>frutas</p><p>( ) com açúcar</p><p>ou complementos</p><p>( ) sem açúcar</p><p>ou complementos</p><p>______________</p><p>Tigela</p><p>"Agora vou listar os alimentos do GRUPO das VERDURAS, LEGUMES E LEGUMINOSAS. Por favor, refira seu</p><p>consumo habitual dos últimos 12 meses"</p><p>Alimento</p><p>Quantidade</p><p>consumida por vez</p><p>Mais de</p><p>3x/dia</p><p>2 a 3x/</p><p>dia 1x/dia</p><p>5 a 6x</p><p>semana</p><p>2 a 4x</p><p>semana</p><p>1x</p><p>semana</p><p>1 a 3x/</p><p>mês</p><p>Nunca/</p><p>quase</p><p>nunca</p><p>Referiu</p><p>consumo</p><p>sazonal</p><p>UNIDADE 1 | INDICADORES DO ESTADO NUTRICIONAL</p><p>26</p><p>33.</p><p>Alface ______________</p><p>Pegador cheio</p><p>34.</p><p>Couve/espinafre refogado ______________</p><p>Colher sopa cheia</p><p>35.</p><p>repolho ______________</p><p>Pegador cheio</p><p>36.</p><p>Chicória/Agrião/Rúcula/Couve</p><p>crua/Almeirão/Escarola/Acelga</p><p>crua/Espinafre cru</p><p>______________</p><p>Pegador cheio</p><p>37.</p><p>Tomate ______________</p><p>Rodela média</p><p>38.</p><p>Abóbora [moranga] ______________</p><p>Colher sopa cheia</p><p>39.</p><p>Abobrinha</p><p>(italiana)/Chuchu/</p><p>Berinjela</p><p>______________</p><p>Colher sopa cheia</p><p>40.</p><p>Vagem ______________</p><p>Colher sopa cheia</p><p>41.</p><p>Quiabo ______________</p><p>Colher sopa cheia</p><p>42.</p><p>Cebola</p><p>Anote só a</p><p>frequência</p><p>43.</p><p>Alho</p><p>44.</p><p>Cenoura ______________</p><p>Colher sopa cheia</p><p>45.</p><p>Beterraba ______________</p><p>Rodela média</p><p>46.</p><p>Couve-flor ______________</p><p>Ramo médio</p><p>47.</p><p>Brócolis ______________</p><p>Ramo médio</p><p>48.</p><p>Milho Verde ______________</p><p>Colher sopa cheia</p><p>49.</p><p>Feijão (preto, vermelho, branco,</p><p>de corda, etc)</p><p>______________</p><p>Concha cheia</p><p>50.</p><p>Feijoada/Feijão tropeiro ______________</p><p>Concha cheia</p><p>51.</p><p>Lentilha/Grão de bico/Ervilha ______________</p><p>Concha cheia</p><p>52.</p><p>Nozes/Castanha de caju/</p><p>Castanha do Pará/Amendoim/</p><p>Amêndoas/Pistache</p><p>______________</p><p>Punhado</p><p>"Agora vou listar os alimentos do GRUPO dos OVOS, CARNES, LEITE E DERIVADOS. Por favor, refira seu consumo</p><p>habitual dos últimos 12 meses"</p><p>TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR</p><p>27</p><p>Alimento</p><p>Quantidade</p><p>consumida por vez</p><p>Mais de</p><p>3x/dia</p><p>2 a 3x/</p><p>dia 1x/dia</p><p>5 a 6x</p><p>semana</p><p>2 a 4x</p><p>semana</p><p>1x</p><p>semana</p><p>1 a 3x/</p><p>mês</p><p>Nunca/</p><p>quase</p><p>nunca</p><p>Referiu</p><p>consumo</p><p>sazonal</p><p>53.</p><p>Ovo cozido/Pochê ______________</p><p>Unidade</p><p>54.</p><p>Ovo frito/omelete/mexido ______________</p><p>Unidade</p><p>55. Maionese</p><p>( ) light</p><p>( ) comum</p><p>______________</p><p>Colher sopa cheia</p><p>56. Leite</p><p>( ) desnatado</p><p>( ) semi-desnatado</p><p>______________</p><p>Copo de requeijão</p><p>57. Iogurte</p><p>( ) light</p><p>( ) comum</p><p>______________</p><p>Unidade média</p><p>58.</p><p>Queijos Brancos (Minas frescal/</p><p>Ricota/Cottage/muçarela de</p><p>búfala)</p><p>______________</p><p>Fatia média</p><p>59.</p><p>Queijos Amarelos (Minas padrão/</p><p>Muçarela/Prato/Cheddar/</p><p>Canastra processada tipo</p><p>polenghi, etc.)</p><p>______________</p><p>Fatia média</p><p>60. Requeijão</p><p>( ) light</p><p>( ) comum</p><p>______________</p><p>Colher sopa cheia</p><p>61.</p><p>Margarina/creme vegetal ______________</p><p>Ponta de faca</p><p>62.</p><p>Manteiga ______________</p><p>Ponta de faca</p><p>63.</p><p>Fígado/Miúdos ______________</p><p>Bife médio</p><p>64.</p><p>Bucho/dobradinha ______________</p><p>Concha cheia</p><p>65.</p><p>Carne de boi com osso (Mocotó/</p><p>Costela/Rabo)</p><p>______________</p><p>Pedaço médio</p><p>66.</p><p>Carne de boi sem osso (bife, carne</p><p>moída, carne ensopada)</p><p>______________</p><p>Bife médio</p><p>67.</p><p>Carne de porco ______________</p><p>Pedaço médio</p><p>68.</p><p>Peito de frango/Chester/Peru/etc ______________</p><p>Filé de peito médio</p><p>69.</p><p>Frango frito (Outras partes) ______________</p><p>Pedaço médio</p><p>70.</p><p>Frango cozido (Outras partes) ______________</p><p>Pedaço médio</p><p>71.</p><p>Linguiça/Chouriço [Salsichão] ______________</p><p>Unidade</p><p>72.</p><p>Hambúrguer (bife) ______________</p><p>Unidade média</p><p>73.</p><p>Frios light (blanquet/Peito de</p><p>peru/Peito de chester)</p><p>______________</p><p>Fatia média</p><p>UNIDADE 1 | INDICADORES DO ESTADO NUTRICIONAL</p><p>28</p><p>74.</p><p>Presunto/Mortadela/Copa/</p><p>Salame/Patê/etc</p><p>______________</p><p>Fatia média</p><p>75.</p><p>Bacon/Toucinho/Torresmo ______________</p><p>Fatia média</p><p>76.</p><p>Peixe cozido [moqueca capixaba]/</p><p>peixe assado/ensopado/grelhado</p><p>______________</p><p>Posta média</p><p>77.</p><p>Peixe frito ______________</p><p>Filé médio</p><p>78.</p><p>Sardinha/Atum ______________</p><p>Lata</p><p>79.</p><p>Camarão/mariscos ______________</p><p>Colher sopa cheia</p><p>80.</p><p>Caranguejo/Siri ______________</p><p>Unidade média</p><p>"Agora vou listar os alimentos do GRUPO das MASSAS E OUTRAS PREPARAÇÕES. Por favor, refira seu consumo</p><p>habitual dos últimos 12 meses"</p><p>Alimento</p><p>Quantidade</p><p>consumida por vez</p><p>Mais de</p><p>3x/dia</p><p>2 a 3x/</p><p>dia 1x/dia</p><p>5 a 6x</p><p>semana</p><p>2 a 4x</p><p>semana</p><p>1x</p><p>semana</p><p>1 a 3x/</p><p>mês</p><p>Nunca/</p><p>quase</p><p>nunca</p><p>Referiu</p><p>consumo</p><p>sazonal</p><p>81.</p><p>Pizza ______________</p><p>Fatia</p><p>82.</p><p>Macarrão (caneloni, lasanha,</p><p>ravioli, [tortei])</p><p>______________</p><p>Escumadeira cheia</p><p>83.</p><p>Macarrão instantâneo ______________</p><p>Pacote</p><p>84.</p><p>Salgados assados</p><p>(Esfirra/Empada/Empanada/</p><p>Pastel de forno/etc)</p><p>______________</p><p>Unidade média</p><p>85.</p><p>Salgados fritos (quibe/pastel/</p><p>coxinha)</p><p>______________</p><p>Unidade média</p><p>86.</p><p>Acarajé ______________</p><p>Unidade média</p><p>87.</p><p>Cachorro-quente ______________</p><p>Unidade média</p><p>88.</p><p>Pipoca ______________</p><p>Saco médio</p><p>89.</p><p>Estrogonofe ______________</p><p>Colher de servir</p><p>90. Comida</p><p>baiana</p><p>( ) Vatapá</p><p>( ) Caruru</p><p>( ) Moqueca de</p><p>peixe</p><p>______________</p><p>Colher de servir</p><p>91. Comida</p><p>japonesa</p><p>( ) Sushi</p><p>( ) Sashimi, tofu</p><p>( ) Yakisoba</p><p>______________</p><p>Tijela cheia</p><p>92.</p><p>Sopa de legumes ______________</p><p>Concha cheia</p><p>TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR</p><p>29</p><p>93.</p><p>Sopa instantânea ______________</p><p>Concha cheia</p><p>"Agora vou listar os DOCES. Por favor, refira seu consumo habitual dos últimos 12 meses"</p><p>Alimento</p><p>Quantidade</p><p>consumida por vez</p><p>Mais de</p><p>3x/dia</p><p>2 a 3x/</p><p>dia 1x/dia</p><p>5 a 6x</p><p>semana</p><p>2 a 4x</p><p>semana</p><p>1x</p><p>semana</p><p>1 a 3x/</p><p>mês</p><p>Nunca/</p><p>quase</p><p>nunca</p><p>Referiu</p><p>consumo</p><p>sazonal</p><p>94.</p><p>Sorvete cremoso ______________</p><p>Bola média</p><p>95.</p><p>Picolé de frutas ______________</p><p>Unidade</p><p>96.</p><p>Caramelo/Bala ______________</p><p>Unidade</p><p>97.</p><p>Gelatina ______________</p><p>Tigela</p><p>98.</p><p>Chocolate em pó/Achocolatado</p><p>em pó/Capuccino</p><p>______________</p><p>Colher de sobremesa</p><p>cheia</p><p>99.</p><p>Chocolate em barra/Bombom,</p><p>Brigadeiro [Negrinho], Doce de</p><p>leite/Docinho de festa</p><p>______________</p><p>Bombom (20g)</p><p>100.</p><p>Pudim/Doce à base de leite/</p><p>Mousse</p><p>______________</p><p>Colher sopa cheia</p><p>101.</p><p>Doce de fruta [chimia], Geléia ______________</p><p>Colher sopa cheia</p><p>102.</p><p>Mel/Melado ______________</p><p>Colher sopa cheia</p><p>103.</p><p>Barra de cereais ______________</p><p>Unidade</p><p>"Agora vou listar os DOCES. Por favor, refira seu consumo habitual dos últimos 12 meses"</p><p>Alimento</p><p>Quantidade</p><p>consumida por vez</p><p>Mais de</p><p>3x/dia</p><p>2 a 3x/</p><p>dia 1x/dia</p><p>5 a 6x</p><p>semana</p><p>2 a 4x</p><p>semana</p><p>1x</p><p>semana</p><p>1 a 3x/</p><p>mês</p><p>Nunca/</p><p>quase</p><p>nunca</p><p>Referiu</p><p>consumo</p><p>sazonal</p><p>94.</p><p>Sorvete cremoso ______________</p><p>Bola média</p><p>95.</p><p>Picolé de frutas ______________</p><p>Unidade</p><p>96.</p><p>Caramelo/Bala ______________</p><p>Unidade</p><p>97.</p><p>Gelatina ______________</p><p>Tigela</p><p>98.</p><p>Chocolate em pó/Achocolatado</p><p>em pó/Capuccino</p><p>______________</p><p>Colher de sobremesa</p><p>cheia</p><p>99.</p><p>Chocolate em barra/Bombom,</p><p>Brigadeiro [Negrinho], Doce de</p><p>leite/Docinho de festa</p><p>______________</p><p>Bombom (20g)</p><p>100.</p><p>Pudim/Doce à base de leite/</p><p>Mousse</p><p>______________</p><p>Colher sopa cheia</p><p>UNIDADE 1 | INDICADORES DO ESTADO NUTRICIONAL</p><p>30</p><p>101.</p><p>Doce de fruta [chimia], Geléia ______________</p><p>Colher sopa cheia</p><p>102.</p><p>Mel/Melado ______________</p><p>Colher sopa cheia</p><p>103.</p><p>Barra de cereais ______________</p><p>Unidade</p><p>"Agora vou listar as BEBIDAS. Por favor, refira seu consumo habitual dos últimos 12 meses"</p><p>Alimento</p><p>Quantidade</p><p>consumida por vez</p><p>Mais de</p><p>3x/dia</p><p>2 a 3x/</p><p>dia 1x/dia</p><p>5 a 6x</p><p>semana</p><p>2 a 4x</p><p>semana</p><p>1x</p><p>semana</p><p>1 a 3x/</p><p>mês</p><p>Nunca/</p><p>quase</p><p>nunca</p><p>Referiu</p><p>consumo</p><p>sazonal</p><p>104. Refrigerante</p><p>( ) Diet/Light</p><p>( ) normal</p><p>______________</p><p>Copo de requeijão</p><p>105. Café</p><p>( ) com açúcar</p><p>( ) sem açúcar</p><p>( ) com adoçante</p><p>______________</p><p>Xícara de café</p><p>106. Suco natural</p><p>( ) com açúcar</p><p>( ) sem açúcar</p><p>( ) com adoçante</p><p>______________</p><p>Copo de requeijão</p><p>107. Suco</p><p>industrializado</p><p>( ) com açúcar</p><p>( ) sem açúcar</p><p>( ) com adoçante</p><p>______________</p><p>Copo de requeijão</p><p>108. Suco artificial</p><p>( ) com açúcar</p><p>( ) sem açúcar</p><p>( ) com adoçante</p><p>______________</p><p>Copo de requeijão</p><p>109. Chá/mate</p><p>( ) com açúcar</p><p>( ) sem açúcar</p><p>( ) com adoçante</p><p>______________</p><p>Xícara de chá</p><p>110.</p><p>Chimarrão ______________</p><p>Garrafa térmica</p><p>111.</p><p>Cerveja ______________</p><p>Copo americano</p><p>112. Vinho</p><p>( ) Tinto</p><p>( ) Branco</p><p>______________</p><p>Taça</p><p>113.</p><p>Bebidas alcóolicas, destiladas</p><p>(cachaça, whisky, vodka)</p><p>______________</p><p>Dose</p><p>114.</p><p>Água de Coco ______________</p><p>Unidade [coco]</p><p>FONTE: Mannato (2013, p. 78-87)</p><p>O diário ou registro alimentar reflete a ingestão atual. Pode</p><p>ser feito de três, cinco ou sete dias com anotação da porção do alimento</p><p>consumido em medidas caseiras (estimado) ou pesagem em balança,</p><p>sendo o registro no momento do consumo de todos os alimentos e</p><p>bebidas (SAMPAIO, 2012).</p><p>Vantagens:</p><p>• Não depende da memória, pois os alimentos anotados no momento do</p><p>consumo.</p><p>• Maior precisão e exatidão das porções ingeridas.</p><p>TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR</p><p>31</p><p>• Identifica tipos de alimentos e preparações consumidos e horários das</p><p>refeições.</p><p>Desvantagens:</p><p>• Tendência a modificar hábitos alimentares.</p><p>• Requer tempo.</p><p>• Exige que o indivíduo saiba ler e escrever.</p><p>• A subestimação é comum.</p><p>• Exige alto nível de motivação e colaboração.</p><p>• Apresenta dificuldade para estimar a quantidade ingerida em medidas</p><p>caseiras.</p><p>QUADRO 3 – REGISTRO ALIMENTAR</p><p>NOME:_____________________________________________________________</p><p>DATA: __/__/__</p><p>DIA DA SEMANA: ( ) dom. ( ) seg. ( ) ter. ( ) qua. ( ) qui. ( ) sex. ( ) sáb.</p><p>Refeição</p><p>Alimentos ou</p><p>Preparações</p><p>Quantidade</p><p>(peso ou</p><p>medida caseira)</p><p>Marca</p><p>Comercial</p><p>Observação</p><p>Horário</p><p>Local</p><p>FONTE: A autora</p><p>Não existe padrão-ouro, todos os inquéritos possuem vantagens e</p><p>desvantagens. Por isso, o inquérito deve ser escolhido de acordo com a situação</p><p>UNIDADE 1 | INDICADORES DO ESTADO NUTRICIONAL</p><p>32</p><p>e os objetivos, levando em consideração a escolaridade, o tempo disponível e o</p><p>nível socioeconômico (SAMPAIO, 2012).</p><p>Alguns possíveis erros de medida na aplicação de inquéritos alimentares são:</p><p>• Memória do entrevistado.</p><p>• Treinamento do entrevistador.</p><p>• Fatores comportamentais (entrevistado e entrevistador).</p><p>• Escolha inadequada do método/instrumento utilizado.</p><p>Existem algumas estratégias para minimizar esses erros:</p><p>• Motivação: despertar o interesse do entrevistado, estabelecer uma boa relação.</p><p>• Treinar/capacitar o entrevistador.</p><p>• Quantificar ingestão com o uso de tabelas e softwares confiáveis e atuais.</p><p>FIGURA 8 – CICLO MULTIDIRECIONAL DE FONTES DE ERRO NA APLICAÇÃO</p><p>DE INQUÉRITOS ALIMENTARES</p><p>FONTE: A autora</p><p>3 POLÍTICAS PÚBLICAS E INADEQUAÇÃO DE NUTRIENTES</p><p>Políticas públicas de fortificação de alimentos são essenciais para intervir</p><p>na prevalência de inadequação de nutrientes. O folato, por exemplo, é um</p><p>nutriente extremamente importante na prevenção de malformações do sistema</p><p>Entrevistado</p><p>Entrevistador</p><p>TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR</p><p>33</p><p>nervoso central, sendo comum a baixa ingestão pela população feminina. Nesse</p><p>sentido, em 2004, a política pública de fortificação de alimentos tornou</p><p>obrigatória a adição de ferro e ácido fólico nas farinhas de milho e trigo no Brasil,</p><p>apresentando um impacto significativo na comparação antes e depois da</p><p>fortificação.</p><p>GRÁFICO 1 – PREVALÊNCIA DE INADEQUAÇÃO DE FOLATO ANTES E DEPOIS DA FORTIFICAÇÃO</p><p>FONTE: <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/</p><p>eventos/05apresentacao05.pdf>. Acesso em: 21 nov. 2019.</p><p>A alimentação no Brasil vem se configurando como sendo de alta</p><p>densidade energética, elevado conteúdo de açúcares e sódio e baixo teor de fibras</p><p>e micronutrientes. Dessa forma, nossa dieta constitui importante fator de risco</p><p>para o aumento da prevalência de obesidade e de doenças crônicas não</p><p>transmissíveis (MONTEIRO et al., 2017).</p><p>Dados das Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF) mostram que,</p><p>entre 2002-2003 e 2008-2009, a participação de biscoitos, refrigerantes e refeições</p><p>prontas na disponibilidade de energia no domicílio aumentou em 10%, 16% e</p><p>40%, respectivamente.</p><p>Estudos que avaliam o consumo alimentar durante os dias da semana</p><p>relatam que o consumo alimentar nos finais de semana apresenta pior qualidade</p><p>nutricional do que nos dias de semana, por maior consumo de refrigerantes e</p><p>outras bebidas açucaradas, bebidas alcoólicas e gorduras, o que pode levar ao</p><p>balanço energético positivo e favorecer o ganho de peso (MONTEIRO et al., 2017).</p><p>4 SURGIMENTO DAS RECOMENDAÇÕES DE NUTRIENTES</p><p>Em 1941, o Food and Nutrition Board definiu as RDAs (Recommended</p><p>Dietary Allowance) para a população dos Estados Unidos, cujo objetivo era servir</p><p>UNIDADE 1 | INDICADORES DO ESTADO NUTRICIONAL</p><p>34</p><p>de meta para a boa nutrição e como um padrão de medida (COZZOLINO, 2009).</p><p>Da mesma forma, o Canadá estabeleceu a primeira recomendação para ingestão</p><p>de nutrientes em 1938, como RNIs (Recommended Nutrient Intakes)</p><p>(COZZOLINO, 2009).</p><p>Após as duas últimas publicações, pelos Estados Unidos (NRC, 1989) e</p><p>Canadá (HWC, 1990), os cientistas desses países tiveram a iniciativa de se juntar</p><p>para revisar as recomendações existentes, tendo finalizado essa tarefa com o</p><p>estabelecimento das DRIs (Dietary Reference Intakes) (COZZOLINO, 2009). A</p><p>ingestão dietética de referência (Dietary Reference Intakes – DRIs) considera</p><p>quatro valores de referência de ingestão de nutrientes:</p><p>1- Necessidade média estimada (EAR)</p><p>2- Ingestão dietética recomendada (RDA)</p><p>3- Ingestão adequada (AI)</p><p>4- Limite superior tolerável de ingestão (UL)</p><p>Necessidade média estimada (EAR) é um valor de ingestão diária de um</p><p>nutriente que se estima suprir a necessidade de metade (50%) dos indivíduos</p><p>saudáveis de um grupo de mesmo gênero e estágio de vida (COZZOLINO, 2009).</p><p>Ingestão dietética recomendada (RDA) é o nível de ingestão dietética</p><p>diária suficiente para atender às necessidades de um nutriente de praticamente</p><p>todos (97% a 98%) os indivíduos saudáveis de um determinado grupo de mesmo</p><p>gênero e estágio de vida (COZZOLINO, 2009).</p><p>Ingestão adequada (AI) é um valor estimado utilizado quando não há</p><p>dados suficientes para a determinação da EAR e consequentemente da RDA,</p><p>níveis de ingestão ajustados (COZZOLINO, 2009).</p><p>Limite superior tolerável de ingestão (UL) é o valor mais alto de ingestão</p><p>diária de um nutriente, que aparentemente não oferece risco de efeito adverso à</p><p>saúde para a maioria dos indivíduos em um determinado estágio de vida ou</p><p>gênero (COZZOLINO, 2009).</p><p>As DRIs podem ser utilizadas para avaliação da adequação, inadequação</p><p>ou excesso de ingestão alimentar de um indivíduo. Assim, para indivíduos, EAR</p><p>e UL são as categorias de referência mais adequadas para a avaliação de dietas,</p><p>enquanto RDA deve ser utilizada como meta de ingestão (COZZOLINO, 2009).</p><p>TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR</p><p>35</p><p>Dando continuidade ao assunto de se avaliar o consumo alimentar, o</p><p>texto a seguir fala a respeito da finalidade em utilizar as tabelas de</p><p>recomendações nutricionais por parte de profissionais da área de nutrição.</p><p>DIETARY REFERENCE INTAKES: APLICABILIDADE DAS</p><p>TABELAS EM ESTUDOS NUTRICIONAIS</p><p>Renata Maria Padovani</p><p>Jaime Amaya-Farfán</p><p>Fernando Antonio Basile Colugnati</p><p>Semíramis Martins Álvares Domene</p><p>Na análise da qualidade nutricional da alimentação e da programação</p><p>de dietas considera-se o atendimento às necessidades de nutrientes e energia,</p><p>determinadas de acordo com as características de sexo, estágio de vida,</p><p>atividade física e medidas corporais de indivíduos saudáveis.</p><p>Tanto para a avaliação da dieta como para sua prescrição, são</p><p>estabelecidos valores de referência para ingestão de nutrientes, os quais são</p><p>periodicamente revisados à luz de novos achados. Assim, são incorporados</p><p>novos conhecimentos sobre</p>