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<p>MERCADO FINANCEIRO E</p><p>DE CAPITAIS</p><p>PROF.A MA. ÉRICA APARECIDA RIBEIRO</p><p>Reitor:</p><p>Prof. Me. Ricardo Benedito de</p><p>Oliveira</p><p>Pró-Reitoria Acadêmica:</p><p>Maria Albertina Ferreira do</p><p>Nascimento</p><p>Diretoria EAD:</p><p>Prof.a Dra. Gisele Caroline</p><p>Novakowski</p><p>PRODUÇÃO DE MATERIAIS</p><p>Diagramação:</p><p>Alan Michel Bariani</p><p>Thiago Bruno Peraro</p><p>Revisão Textual:</p><p>Felipe Veiga da Fonseca</p><p>Marta Yumi Ando</p><p>Produção Audiovisual:</p><p>Adriano Vieira Marques</p><p>Márcio Alexandre Júnior Lara</p><p>Osmar da Conceição Calisto</p><p>Gestão de Produção:</p><p>Aliana de Araujo Camolez</p><p>© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114</p><p>Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo</p><p>(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.</p><p>Primeiramente, deixo uma frase de Só-</p><p>crates para reflexão: “a vida sem desafios não</p><p>vale a pena ser vivida.”</p><p>Cada um de nós tem uma grande res-</p><p>ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos,</p><p>e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica</p><p>e profissional, refletindo diretamente em nossa</p><p>vida pessoal e em nossas relações com a socie-</p><p>dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente</p><p>e busca por tecnologia, informação e conheci-</p><p>mento advindos de profissionais que possuam</p><p>novas habilidades para liderança e sobrevivên-</p><p>cia no mercado de trabalho.</p><p>De fato, a tecnologia e a comunicação</p><p>têm nos aproximado cada vez mais de pessoas,</p><p>diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e</p><p>nos proporcionando momentos inesquecíveis.</p><p>Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino</p><p>a Distância, a proporcionar um ensino de quali-</p><p>dade, capaz de formar cidadãos integrantes de</p><p>uma sociedade justa, preparados para o mer-</p><p>cado de trabalho, como planejadores e líderes</p><p>atuantes.</p><p>Que esta nova caminhada lhes traga</p><p>muita experiência, conhecimento e sucesso.</p><p>Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira</p><p>REITOR</p><p>33WWW.UNINGA.BR</p><p>UNIDADE</p><p>01</p><p>SUMÁRIO DA UNIDADE</p><p>INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................................................5</p><p>1. INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA.............................................................................................................................6</p><p>2. ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN) ..............................................................................6</p><p>3. ÓRGÃOS NORMATIVOS .........................................................................................................................................8</p><p>3.1 CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL (CMN) .....................................................................................................8</p><p>3.2 CONSELHO NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS (CNSP) ...............................................................................9</p><p>3.3 CONSELHO NACIONAL DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR (CNPC) ..........................................................10</p><p>4. ÓRGÃOS SUPERVISORES ....................................................................................................................................10</p><p>4.1 BANCO CENTRAL DO BRASIL.............................................................................................................................10</p><p>4.1.1 COMITÊ DE POLÍTICA MONETÁRIA (COPOM) ..............................................................................................12</p><p>SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL</p><p>PROF.A MA. ÉRICA APARECIDA RIBEIRO</p><p>ENSINO A DISTÂNCIA</p><p>DISCIPLINA:</p><p>MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS</p><p>4WWW.UNINGA.BR</p><p>4.2 COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM) ..............................................................................................13</p><p>4.3 SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS (SUSEP) ..............................................................................14</p><p>4.4 SUPERINTENDÊNCIA NACIONAL DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR (PREVIC) .....................................14</p><p>5. ÓRGÃOS OPERADORES ........................................................................................................................................15</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................18</p><p>5WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>1</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Esta unidade da disciplina Mercado Financeiro e de Capitais foi elaborada com o</p><p>propósito de apresentar os mais importantes órgãos do Sistema Financeiro Nacional. Entender</p><p>como esses órgãos se dividem, como funcionam e o que fazem o ajudará a compreender melhor</p><p>as regras e os produtos dos mercados monetários, de crédito e de capitais que serão estudados</p><p>nas demais unidades.</p><p>Como veremos adiante, o Sistema Financeiro Nacional é composto por instituições</p><p>públicas e privadas que viabilizam os � uxos de renda entre os agentes que poupam (superavitários)</p><p>e que precisam de recursos extras (de� citários) da economia. Dentre essas instituições, nosso</p><p>foco recairá sobre aquelas que atuam diretamente no ramo de moeda, crédito, capitais e câmbio,</p><p>como, por exemplo, a Comissão de Valores Mobiliários e o Banco Central do Brasil.</p><p>No entanto, é importante destacar que o Sistema Financeiro Nacional não atende apenas</p><p>o ramo de moeda, crédito, capitais e câmbio. As instituições que normatizam, supervisionam e</p><p>operam no mercado de seguros privados, previdência complementar e capitalização também</p><p>fazem parte do Sistema Financeiro Nacional.</p><p>Iniciaremos esta unidade aprendendo sobre o conceito de intermediação � nanceira e a</p><p>importância do Sistema Financeiro Nacional para a e� ciente alocação de recursos na economia.</p><p>Veremos que a existência de um sistema e� ciente possibilita a disponibilidade de crédito que</p><p>poderá ser utilizado por pessoas físicas e empresas, a custos menores, o que colabora com os</p><p>investimentos que afetam diretamente o nível de crescimento e desenvolvimento do país.</p><p>Após entendermos o que é e como funciona a intermediação � nanceira realizada pelo</p><p>SFN, será apresentada a estrutura do Sistema Financeiro Nacional, seus principais órgãos</p><p>normativos, supervisores e operadores e as respectivas funções atribuídas a eles.</p><p>6WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>1</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>1. INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA</p><p>Consideramos que, na economia, existem apenas dois tipos de indivíduos: aqueles que</p><p>poupam, ou seja, que consomem menos do que ganham, e aqueles que não poupam por gastarem</p><p>mais ou exatamente a quantidade que recebem. Nesse cenário, surge a � gura do Sistema Financeiro</p><p>Nacional (SFN), cuja principal função é intermediar recursos entre agentes superavitários e</p><p>de� citários (BACEN, 2019a).</p><p>Os indivíduos que poupam (superavitários) desejam aplicar seus recursos remanescentes</p><p>de forma a serem remunerados por eles. Por sua vez, os indivíduos que não poupam (de� citários)</p><p>e gastam mais do que sua renda necessitam de recursos extras para cumprir com suas obrigações</p><p>(KERR, 2011; MACHADO, 2015).</p><p>Como já sabemos, as instituições presentes no Sistema Financeiro Nacional são</p><p>responsáveis pela intermediação de recursos entre agentes superavitários e de� citários, sendo</p><p>que esses dois indivíduos podem ter a forma de empresas ou pessoas físicas. No entanto, a</p><p>Constituição Federal de 1988 traz, em seu artigo 192, outras funções importantes para o sistema</p><p>� nanceiro nacional, como promover o desenvolvimento equilibrado do país e servir aos interesses</p><p>da coletividade.</p><p>Se olharmos mais de perto, vemos que o desenvolvimento equilibrado do país depende</p><p>diretamente da intermediação e� ciente dos recursos � nanceiros, uma vez que, para que o país</p><p>se desenvolva, é fundamental que as empresas invistam, de forma a gerar emprego e renda.</p><p>No entanto, com frequência, essas mesmas empresas não possuem recursos su� cientes para</p><p>realizarem tais investimentos, e por isso recorrem a instituições � nanceiras para obtê-los. Dessa</p><p>forma, quanto mais e� ciente esse processo, mais barato ele se torna e mais investimentos</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>2</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>O primeiro tópico desta unidade tratou da política monetária e vimos que, assim como a</p><p>política � scal, ela pode ter caráter restritivo ou expansionista, a depender do objetivo da autoridade</p><p>responsável por controlar o nível de liquidez presente na economia. De forma simpli� cada,</p><p>vimos que essa política pode ser utilizada para controlar fatores como a taxa de juros e o nível de</p><p>in� ação vigente na economia e que será considerada expansionista quando aumentar o nível de</p><p>liquidez da economia, e contracionista quando o reduz. Para realizar tal política, o governo faz</p><p>uso de diversos instrumentos, entre eles a compra e venda de títulos públicos.</p><p>Apesar de abordada em tópicos diferentes, a política � scal, discutida no segundo</p><p>tópico desta unidade, está intimamente ligada com a política monetária. A política � scal trata</p><p>basicamente dos gastos do governo, sendo considerada expansionista quando o governo opta por</p><p>aumentar seus gastos ou reduzir os impostos. Em contrapartida, a política � scal é contracionista</p><p>quando o governo reduz gastos ou aumenta os impostos cobrados da população. A regra principal</p><p>da política � scal é o equilíbrio; no entanto, para cobrir casos de dé� cits, o governo também</p><p>pode emitir títulos públicos, que posteriormente serão também utilizados para a consecução da</p><p>política monetária.</p><p>No terceiro tópico, tratamos do mercado monetário e vimos que é nele que se comercializa</p><p>parte dos títulos utilizados pelo governo na política monetária e � scal. É importante notar, no</p><p>entanto, que o mercado monetário não se resume a títulos públicos e também opera com títulos</p><p>privados que são emitidos com os mesmos objetivos dos papéis de emissão do governo: antecipar</p><p>receitas, � nanciar dé� cits e ajustar o nível de liquidez.</p><p>Por � m, tratamos do mercado de crédito e vimos que participam dele instituições</p><p>� nanceiras como bancos comerciais e múltiplos que realizam a intermediação � nanceira entre</p><p>agentes superavitários e de� citários de forma direta, quando a instituição assume os riscos</p><p>da intermediação, e de forma indireta, quando atua apenas como um intermediário, que é</p><p>remunerado apenas pelos serviços prestados.</p><p>É importante levar desta unidade a ideia de interconexão que existe entre o mercado</p><p>monetário e de crédito, juntamente com a política monetária e � scal exercida pelo governo. Essa</p><p>interconexão é tamanha que alterações nessas políticas in� uenciam diretamente nos rendimentos</p><p>e nas taxas praticadas em ambos os mercados, afetando, de forma generalizada, toda a sociedade.</p><p>Classe de Risco Percentual de Provisionamento Dias de Atraso</p><p>AA 0% -</p><p>A 0,5% -</p><p>B 1,0% 15 a 20 dias</p><p>C 3,0% 31 a 60 dias</p><p>D 10,0% 61 a 90 dias</p><p>E 30,0% 91 a 120 dias</p><p>F 50,0% 121 a 150 dias</p><p>G 70,0% 151 a 180 dias</p><p>H 100,0% Acima de 180 dias</p><p>Tabela 1 – Tabelas de risco do Banco Central. Fonte: Assaf Neto (2018).</p><p>3232WWW.UNINGA.BR</p><p>UNIDADE</p><p>03</p><p>SUMÁRIO DA UNIDADE</p><p>INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................34</p><p>1. MERCADO DE CAPITAIS........................................................................................................................................35</p><p>1.1 PRINCIPAIS PAPÉIS NEGOCIADOS NO MERCADO DE CAPITAIS ...................................................................35</p><p>1.1.1 AÇÕES .................................................................................................................................................................35</p><p>1.1.2 DEPOSITARY RECEIPTS ...................................................................................................................................37</p><p>1.1.3 DEBÊNTURES ....................................................................................................................................................37</p><p>1.1.4 LETRAS DE CÂMBIO .........................................................................................................................................38</p><p>1.1.5 LETRAS HIPOTECÁRIAS ...................................................................................................................................38</p><p>1.1.6 LETRAS IMOBILIÁRIAS ....................................................................................................................................39</p><p>2. MERCADO DE AÇÕES ...........................................................................................................................................39</p><p>2.1 MERCADO PRIMÁRIO DE AÇÕES ..................................................................................................................... 40</p><p>MERCADO DE CAPITAIS</p><p>PROF.A MA. ÉRICA APARECIDA RIBEIRO</p><p>ENSINO A DISTÂNCIA</p><p>DISCIPLINA:</p><p>MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS</p><p>33WWW.UNINGA.BR</p><p>2.1.1 SUBSCRIÇÃO COM GARANTIA FIRME ...........................................................................................................41</p><p>2.1.2 SUBSCRIÇÃO COM GARANTIA RESIDUAL ....................................................................................................41</p><p>2.1.3 SUBSCRIÇÃO COM GARANTIA DE MELHOR ESFORÇO ...............................................................................42</p><p>2.1.4 BENEFÍCIOS RELACIONADOS À ABERTURA DE CAPITAL ...........................................................................42</p><p>2.2 MERCADO SECUNDÁRIO DE AÇÕES .................................................................................................................43</p><p>2.2.1 MERCADO À VISTA .......................................................................................................................................... 44</p><p>2.2.2 MERCADO DE OPÇÕES .................................................................................................................................. 44</p><p>2.2.3 MERCADO A TERMO....................................................................................................................................... 45</p><p>2.2.4 CONTRATOS FUTUROS ................................................................................................................................. 46</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................47</p><p>34WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>3</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Esta unidade da disciplina Mercado Financeiro e de Capitais visa apresentar os principais</p><p>conceitos intrínsecos ao mercado de capitais e mercado de ações. Para isso, iniciaremos a unidade,</p><p>estudando os principais papéis negociados no mercado de capitais e, posteriormente, trataremos</p><p>em especí� co do mercado de ações.</p><p>Como veremos nos tópicos a seguir, os principais ativos comercializados no mercado</p><p>de capitais são as ações, debêntures, depositary receipts, letras de câmbio, letras hipotecárias e</p><p>letras imobiliárias. Apesar de serem todos comercializados em um mesmo mercado, esses ativos</p><p>possuem diferentes � nalidades, as quais serão destacadas nos subtópicos desta unidade.</p><p>As ações, por sua vez, são um dos principais produtos comercializados no mercado de</p><p>capitais e, por isso, merecem especial atenção. Dessa forma, abordaremos a comercialização</p><p>de ações em diferentes mercados, no mercado primário e no mercado secundário. Além disso,</p><p>destacaremos a diferença entre esses dois mercados e a importância de cada um deles para a</p><p>manutenção da liquidez dos ativos e para o desenvolvimento das � rmas.</p><p>Por se tratar de um produto complexo, destacaremos as principais formas pelas quais uma</p><p>ação pode ser negociada, seja no mercado à vista, a termo, futuro ou de opções. Veremos que,</p><p>no caso das opções, o que se comercializa é a possibilidade de se comprar ou vender uma ação,</p><p>ou lote de ações, em uma data futura, enquanto que, nos demais mercados, há a comercialização</p><p>direta das ações.</p><p>35WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>3</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>1. MERCADO DE CAPITAIS</p><p>No mercado de capitais, são realizadas operações de médio e longo prazos e por prazo</p><p>indeterminado, que envolvem títulos que representam o capital das empresas, ou seja, são</p><p>negociados valores mobiliários, sendo os principais as ações, que são derivadas do capital das</p><p>empresas; e os comercial papers e debêntures, que representam empréstimos realizados por meio</p><p>do mercado (ASSAF NETO, 2018; IZIDORO, 2015; MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>1.1 Principais Papéis Negociados no Mercado de Capitais</p><p>1.1.1 Ações</p><p>As ações são um dos principais produtos comercializados no mercado de capitais. Elas</p><p>representam a menor parcela do capital social de uma sociedade anônima e são distribuídas aos</p><p>acionistas conforme a sua participação efetiva no capital social da empresa (ASSAF NETO, 2018;</p><p>IZIDORO, 2015; MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>As ações comercializadas atualmente, em sua maioria, são escriturais, de forma a ser</p><p>desnecessária a movimentação física de papéis e a emissão de certi� cados. No entanto, para</p><p>que tal sistema funcione, a empresa que emite as ações contrata uma instituição � nanceira que</p><p>se torna responsável por registrar as operações de compra e venda das ações, mantendo assim</p><p>registrado o histórico de propriedade do título (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>Além disso, se engana quem pensa que todas as ações de determinada companhia são</p><p>iguais. As ações podem ser classi� cadas em três espécies, de acordo com a natureza dos direitos</p><p>e vantagens que elas proporcionam a seus titulares: ordinárias, preferenciais e de fruição (ASSAF</p><p>NETO, 2018; MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>As ações ordinárias têm, como principal característica, a possiblidade de seu detentor</p><p>in� uenciar nas decisões tomadas para a empresa. Essa característica surge da possiblidade de o</p><p>acionista participar das eleições que tratam de assuntos como as contas patrimoniais, destinação</p><p>dos resultados do exercício (lucros e prejuízos), eleição da diretoria que irá administrar a</p><p>sociedade, além de outros assuntos de interesse da companhia (ASSAF NETO, 2018; IZIDORO,</p><p>2015; MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>Os possuidores de ações ordinárias recebem dividendos de acordo com o percentual</p><p>previsto em lei ou no estatuto social da companhia. Apesar de ter direito a receber dividendos, os</p><p>acionistas ordinários só recebem sua parte após os acionistas preferenciais, a depender do saldo</p><p>remanescente (IZIDORO, 2015).</p><p>Além de receber os dividendos antes dos acionistas ordinários, os proprietários de</p><p>ações preferenciais possuem outra vantagem no recebimento dos dividendos, que é a � xação</p><p>de um dividendo mínimo obrigatório, que não existe no caso das ações ordinárias, além de ter</p><p>preferência no reembolso do capital no caso de uma liquidação da sociedade (ASSAF NETO,</p><p>2018; IZIDORO, 2015; MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>Apesar dessas vantagens, as ações preferenciais não possuem direito a voto, sendo incapaz</p><p>de in� uenciar nas deliberações da empresa. É importante ressaltar, no entanto, que caso a empresa</p><p>não distribua dividendos por três anos consecutivos, os acionistas preferenciais adquirem o</p><p>direito a voto até que o pagamento dos dividendos seja realizado (ASSAF NETO, 2018).</p><p>36WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>3</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>As ações preferenciais, além de serem diferentes das ações ordinárias e de fruição, se</p><p>dividem em classes entre si, sendo que cabe ao estatuto social estabelecer os direitos intrínsecos a</p><p>cada classe de ações preferenciais comercializadas. Com frequência, essas ações são divididas em</p><p>classes como A, B, C etc. (ASSAF NETO, 2018).</p><p>Por � m, as ações de fruição são montantes, expressos em ações, que as empresas</p><p>distribuem aos acionais e que supostamente lhes caberiam em caso de liquidação da companhia.</p><p>Sendo que, assim como os demais tipos de ações, as de fruição também recebem participação nos</p><p>lucros obtidos pelas empresas (ASSAF NETO, 2018).</p><p>Apesar de haver diversos tipos de investimentos disponíveis aos agentes superavitários</p><p>no mercado, as ações são, com frequência, as mais conhecidas e almejadas. Isso se dá por</p><p>algumas vantagens intrínsecas a esse tipo de investimento, como o recebimento de dividendos</p><p>e boni� cações, a valorização das ações e o direto de subscrição de novas ações (ASSAF NETO,</p><p>2018; IZIDORO, 2015; MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>Os dividendos correspondem a uma parte do lucro obtido pela empresa e que é distribuído</p><p>aos acionistas em cada exercício social. As boni� cações, por sua vez, se referem à emissão e</p><p>distribuição gratuita aos acionistas de novas ações que foram emitidas devido à incorporação de</p><p>reservas ao capital social. Esse pagamento em ações é conhecido como “boni� cação em ações”,</p><p>no entanto pode acontecer também na forma de dinheiro quando não houver aumento do capital</p><p>social e as reservas forem convertidas em dividendos, ou “boni� cação em dinheiro” (IZIDORO,</p><p>2015; MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>Outra vantagem de se operar com ações no mercado de capitais é a possibilidade de</p><p>estas valorizarem, ou seja, se tornarem mais caras do que quando adquiridas pelo investidor.</p><p>Esse tipo de ganho é altamente variável e dependerá de diversos fatores, tais como o preço de</p><p>compra, a quantidade de ações adquiridas, a conjuntura econômica e as expectativas com relação</p><p>ao crescimento da empresa (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>Por � m, tem-se ainda o direito de subscrição como uma das vantagens de se adquirir</p><p>ações. Tal vantagem dá aos atuais acionistas o direito de adquirirem primeiro as novas ações, que</p><p>são emitidas quando há aumento de capital, em quantidade proporcional às ações que já possui.</p><p>Esse direito visa dar aos acionistas a possibilidade de manter seu percentual de participação no</p><p>capital social da empresa (ASSAF NETO, 2018).</p><p>Existe, ainda, uma segunda forma pela qual o direito de subscrição pode se apresentar</p><p>como uma vantagem ao acionista: a possiblidade de esse direito ser comercializado na bolsa.</p><p>Aqueles que adquirem esse direito ganham quando as ações já emitidas estão acima da soma</p><p>do valor do direito mais o seu preço de exercício. Ou seja, de acordo com Assaf Neto (2018),</p><p>o acionista é motivado a exercer seu direito de subscrição apenas quando o preço da ação</p><p>no mercado é maior que o preço da subscrição. É nesse cenário que o direito de subscrição é</p><p>demandado pelo mercado.</p><p>Por que a lei confere aos acionistas preferenciais o direito a voto quando não há</p><p>o pagamento de dividendos por três anos consecutivos? A ideia por trás dessa</p><p>norma é simples. Ela visa dar aos acionistas preferenciais a possibilidade de com-</p><p>prometer a posição do acionista controlador de uma sociedade, reequilibrando a</p><p>distribuição dos poderes dentro da sociedade e dissipando qualquer hegemonia</p><p>que possa existir no processo decisório.</p><p>37WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>3</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>1.1.2 Depositary Receipts</p><p>Os depositary receipts são recibos, ou certi� cados, de depósitos lastreados em valores</p><p>mobiliários, como ações ordinárias, usadas pelas empresas brasileiras para captar recursos no</p><p>mercado internacional. Para isso, no entanto, os valores mobiliários devem ser custodiados em</p><p>uma instituição � nanceira, que será responsável por guardar esse título (banco custodiante) e</p><p>emitir o certi� cado (banco emissor) (ASSAF NETO, 2018).</p><p>Existem basicamente dois tipos de depositary receipts: os patrocinados, em que a empresa</p><p>emissora e a instituição � nanceira celebram um acordo que prevê todas as obrigações das partes</p><p>envolvidas na transação, e os não patrocinados, em que a empresa emissora não participa da</p><p>negociação dos papéis, que � ca inteiramente a cargo da instituição � nanceira (ASSAF NETO,</p><p>2018; MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>Existem três categorias de depositary receipts, a depender</p><p>de como esse certi� cado é</p><p>negociado. Os depositary receipts de nível 1 só podem ser adquiridos em mercados de balcão por</p><p>ser mais simpli� cado e não exigir que determinadas regras contábeis sejam seguidas. Essa forma</p><p>de comercialização, no entanto, acaba por restringir a liquidez do título (ASSAF NETO, 2018;</p><p>MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>Os depositary receipts de nível 2, por sua vez, são comercializados diretamente nas bolsas</p><p>de valores e, assim como os de nível 1, não envolvem a captação de novos recursos para as</p><p>empresas emissoras. Mas sendo assim, qual seria o interesse das companhias em levar suas ações</p><p>para serem comercializadas em mercados estrangeiros? Nesse sentido, Assaf Neto (2018, p. 91)</p><p>resume em três as vantagens desse programa: “[...] maior exposição a empresa nos mercados;</p><p>maior liquidez dos papéis principalmente por serem listados também em bolsa de valores</p><p>(mercado secundário); maiores facilidades de novas captações no futuro”. Por � m, os depositary</p><p>receipts de nível III também são negociados em bolsas de valores, porém envolvem a captação</p><p>de novos recursos como consequência de uma efetiva subscrição pública (ASSAF NETO, 2018;</p><p>MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>É importante salientar também a existência dos mecanismos de � ow-back e in� ow. No</p><p>primeiro caso, o investidor pode converter seus depositary receipts em ações e negociá-los no</p><p>mercado de origem da empresa. Por sua vez, o mecanismo de in� ow permite que investidores</p><p>adquiram, no mercado de origem, ações de empresas que negociam depositary receipts no exterior</p><p>e, com esses títulos, obtenham junto ao banco custodiante os depositary receipts correspondentes.</p><p>Ambos os mecanismos permitem que os investidores au� ram lucros devido às diferenças nas</p><p>taxas de câmbio e dos preços das ações em mercados distintos (ASSAF NETO, 2018; IZIDORO,</p><p>2015).</p><p>1.1.3 Debêntures</p><p>As debêntures são títulos de dívidas que conferem aos seus titulares direitos de crédito</p><p>contra a emissora, porém não dá ao investidor participação no capital social da empresa. De</p><p>forma simpli� cada, se trata de um título no qual a empresa se compromete a pagar ao investidor</p><p>o valor investido/emprestado, acrescido de juros, em uma data previamente combinada entre as</p><p>partes (IZIDORO, 2015; MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>As debêntures são títulos de longo prazo emitidos por sociedades por ações que objetivam</p><p>arrecadar recursos para pôr em prática investimentos idealizados pelas empresas. Elas também</p><p>podem ser utilizadas para gerenciar as dívidas das empresas, já que frequentemente possuem</p><p>prazos maiores de vencimento do que os empréstimos bancários tradicionais (IZIDORO, 2015).</p><p>38WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>3</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>Com relação à emissão das debêntures, isso pode ser feito de forma privada, que ocorre</p><p>quando já existem os compradores para os títulos, ou por meio de uma oferta pública, quando as</p><p>debêntures são oferecidas para o público geral (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>A emissão das debêntures, que é deliberada pela assembleia geral dos acionistas, pode</p><p>também ser feita com ou sem garantias. Com base nisso, elas podem ser classi� cadas como:</p><p>garantia real, garantia � utuante e sem garantia. Como na maioria dos casos do mercado, a</p><p>garantia é um instrumento que visa “garantir” o pagamento ao titular da debênture, mesmo no</p><p>caso de liquidação da empresa ou qualquer outro evento que impossibilite o cumprimento das</p><p>condições pactuadas (IZIDORO, 2015).</p><p>Ter uma debênture com garantia real signi� ca dizer que determinado bem ou direito da</p><p>empresa não poderá ser negociado sem a autorização dos titulares das debêntures, para evitar</p><p>o comprometimento da garantia. A garantia � utuante, por sua vez, garante o pagamento aos</p><p>debenturistas com qualquer ativo de propriedade da empresa, no entanto esses ativos não � cam</p><p>impedidos de serem negociados (IZIDORO, 2015).</p><p>Por � m, tem-se as debêntures sem garantias, que também se dividem entre quirografárias</p><p>e subordinadas. Para esses títulos, os investidores não contam com nenhuma garantia ou</p><p>preferência em caso de liquidação da empresa, no entanto, no caso de liquidação, as debêntures</p><p>quirografárias precedem às subordinadas nos pagamentos da empresa aos seus credores</p><p>(IZIDORO, 2015; MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>Acerca de sua remuneração, os titulares de debêntures, além dos juros que podem</p><p>ser pre� xados, � utuantes ou reais, podem ter direito à participação nos lucros e a prêmios de</p><p>reembolso. Sobre os prêmios de reembolso, estes equivalem a uma remuneração adicional ao</p><p>titular da debênture, com o objetivo de ajustar o rendimento acordado do título à época de sua</p><p>emissão com as condições atuais do mercado, como uma forma de atenuar possíveis perdas dos</p><p>investidores, devido a mudanças importantes no mercado (IZIDORO, 2015; MELLAGI FILHO;</p><p>ISHIKAWA, 2003).</p><p>Além disso, as debêntures podem ser emitidas com cláusulas que permitem ao investidor</p><p>convertê-las em ações no seu vencimento. Nesse caso, o titular da debênture pode decidir se</p><p>prefere resgatá-la em dinheiro ou seu valor equivalente em ações preferenciais da sociedade,</p><p>de acordo com uma fórmula de conversão previamente de� nida. No entanto, no momento do</p><p>lançamento de ações conversíveis, os já acionistas da companhia têm prioridade de compra em</p><p>relação aos demais investidores do mercado (IZIDORO, 2015; MELLAGI FILHO; ISHIKAWA,</p><p>2003).</p><p>1.1.4 Letras de câmbio</p><p>As letras de câmbio são emitidas por indivíduos ou empresas que desejam obter</p><p>� nanciamentos com instituições � nanceiras. Ao aceitar as letras de câmbio, as instituições</p><p>� nanceiras vendem esse título a investidores no mercado de capitais. Essa é uma das principais</p><p>formas pelas quais os bancos e outras sociedades � nanceiras arrecadam recursos no mercado</p><p>para � nanciar operações de crédito direto ao consumidor (ASSAF NETO, 2018).</p><p>1.1.5 Letras hipotecárias</p><p>As letras hipotecárias são emitidas pelas instituições � nanceiras com o objetivo de</p><p>� nanciar operações de crédito imobiliário. No entanto, pela legislação brasileira, a principal fonte</p><p>de recursos para o crédito imobiliário é a caderneta de poupança, no entanto, caso o volume de</p><p>transações seja superior ao suportado pela poupança, as sociedades � nanceiras estão autorizadas</p><p>a emitir letras hipotecárias (ASSAF NETO, 2018; IZIDORO, 2015).</p><p>39WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>3</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>Ao contrário do que acontece nas letras de câmbio, em que o adquirente do � nanciamento</p><p>emite o título para � nanciar uma operação ainda pendente de ser realizada, no caso das letras</p><p>hipotecárias, é a instituição � nanceira que faz essa emissão para lastrear � nanciamentos já</p><p>concedidos (ASSAF NETO, 2018).</p><p>Por se tratar de um instrumento que objetiva � nanciar operações de crédito imobiliário,</p><p>as letras hipotecárias têm algumas peculiaridades. O investimento em letras hipotecárias possui</p><p>uma rentabilidade maior que a da caderneta de poupança, porém o prazo de aplicação é maior</p><p>e, assim como na poupança, o investimento é isento de imposto de renda. Além disso, de acordo</p><p>com Assaf Neto (2018), a remuneração desse título pode ser realizada de três formas:</p><p>• Taxa de juros combinada com uma taxa de referência.</p><p>• Vinculada ao CDI.</p><p>• Rentabilidade pre� xada.</p><p>1.1.6 Letras imobiliárias</p><p>As letras imobiliárias são uma promessa de pagamento que visa captar recursos para</p><p>� nanciar a aquisição de imóveis por construtores e adquirentes. Esses títulos são emitidos por</p><p>instituições que fazem parte do sistema habitacional, como as Sociedades de Crédito Imobiliário</p><p>e a Caixa Econômica Federal (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>À primeira vista, esse título pode ser considerado semelhante à letra hipotecária, no</p><p>entanto a principal diferença entre eles é que as letras imobiliárias são garantidas pelo governo,</p><p>quando emitidas pela Caixa Econômica Federal, enquanto que a</p><p>letra hipotecária é garantida</p><p>pelo lastro imobiliário hipotecário (MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>2. MERCADO DE AÇÕES</p><p>A principal função do mercado de capitais é dar oportunidade para que os agentes</p><p>econômicos, com suas poupanças, participem da riqueza nacional. Como já estudamos, as</p><p>ações, representativas do capital social das empresas, são um dos principais títulos negociados</p><p>no mercado de capitais, sendo que essa negociação pode ser feita por um lote-padrão, com uma</p><p>quantidade mínima de ações em cada lote, ou por um lote fracionário, com um número menor</p><p>de ações que no lote-padrão e que são comercializadas no mercado fracionário (ASSAF NETO,</p><p>2018; IZIDORO, 2015).</p><p>É denominada Oferta Pública de ações a disponibilização de valores mobiliários de</p><p>uma sociedade emissora aos investidores do mercado. Existem basicamente dois tipos de oferta</p><p>pública de ações: a oferta primária, em que a companhia coloca ações no mercado, e a oferta</p><p>secundária, que se refere à troca das ações entre investidores, ou troca de titularidade, sem que</p><p>haja a participação da companhia emissora ou alterações em seu capital social (ASSAF NETO,</p><p>2018; IZIDORO, 2015).</p><p>40WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>3</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>É importante salientar que os acionistas não são credores da empresa, como acontece</p><p>com os debenturistas, mas sim proprietários que possuem direito a participar dos resultados</p><p>obtidos pela companhia. Como vimos no tópico anterior, existem diferenças entre os acionistas.</p><p>Os investidores que possuem ações ordinárias, por exemplo, são os que participam das decisões</p><p>tomadas pela empresa, por meio de seu direito a voto na assembleia dos acionistas (ASSAF</p><p>NETO, 2018).</p><p>Como cada ação ordinária corresponde a um voto, em sociedades onde um número</p><p>reduzido de pessoas controla a maior parte das ações, é fácil identi� car o centro tomador de</p><p>decisões. No entanto, quando há uma maior pulverização das ações, é possível que investidores</p><p>menores, ou grupo de investidores, assumam o controle da empresa. Nesse caso, é também</p><p>possível que a companhia realize uma Oferta Pública de Aquisição de Ações (OPA), que tem o</p><p>objetivo de reduzir a dispersão de acionistas da companhia e pode, inclusive, ser utilizada para</p><p>fechar o capital da empresa (ASSAF NETO, 2018; IZIDORO, 2015).</p><p>2.1 Mercado Primário de Ações</p><p>Quando as empresas emitem pela primeira vez as ações, estas são comercializadas</p><p>no mercado primário e, posteriormente, os investidores que adquiriram essas ações podem</p><p>comercializá-las no mercado secundário. Ou seja, no mercado primário, quem vende as ações</p><p>são as próprias companhias, que utilizarão os valores arrecadados para compor seu capital social</p><p>ou para � nanciar seus investimentos. O mercado secundário, por sua vez, é o que dá liquidez</p><p>ao mercado primário, viabilizando o lançamento e as transferências de ativos � nanceiros entre</p><p>investidores (ASSAF NETO, 2018).</p><p>Na oferta pública primária de ações, a companhia coloca novas ações no mercado primário.</p><p>Na primeira vez em que isso é feito, a operação é chamada de Oferta Pública Inicial, ou em inglês,</p><p>Initial Public O� er, ou simplesmente IPO. As demais ofertas de ações feitas pelas companhias são</p><p>chamadas simplesmente de Ofertas Subsequentes (ASSAF NETO, 2018; IZIDORO, 2015).</p><p>Ao decidir aumentar o capital social por meio da subscrição de novas ações no mercado,</p><p>a empresa deve oferecer condições que tornem a operação atrativa aos investidores. Além disso,</p><p>para comercializar valores mobiliários no mercado primário, as empresas devem ser registradas</p><p>como “companhia aberta” na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sendo que, a cada emissão</p><p>de títulos, é necessária uma nova autorização da CVM (IZIDORO, 2015).</p><p>No caso de uma emissão de ações para o aumento de capital, os acionistas pre-</p><p>ferenciais e ordinários da empresa têm preferência na subscrição dessas novas</p><p>ações que serão emitidas. Essa regra tem por objetivo evitar que se reduza o per-</p><p>centual de participação dos acionistas no capital social da empresa, cada vez que</p><p>novas ações são colocadas em circulação no mercado.</p><p>Caso o acionista não deseje, ou não possa, subscrever novas ações, ele tem a</p><p>possibilidade de negociar esse direito no mercado. Temos aí, então, uma outra</p><p>forma de os acionistas rentabilizarem ainda mais seus investimentos, além dos</p><p>dividendos e da valorização das ações.</p><p>41WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>3</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>A Lei das Sociedades por Ações exige que a operação pela qual as empresas colocam novas</p><p>ações no mercado, também chamada de underwriting, conte com a presença de um intermediário</p><p>� nanceiro, sendo que esse intermediário pode ser um banco de investimento, banco múltiplo,</p><p>sociedades corretoras ou sociedades distribuidoras de valores (ASSAF NETO, 2018; IZIDORO,</p><p>2015).</p><p>A instituição � nanceira intermediadora representa a ligação entre a empresa que almeja</p><p>os recursos (agente de� citário) e o mercado que possui as condições para oferecê-lo (agente</p><p>superavitário). Dessa forma, o intermediador será responsável por coordenar a colocação das</p><p>ações no mercado primário, desde o processo de registro na Comissão de Valores Mobiliários até</p><p>a efetiva liquidação � nanceira dos ativos negociados (ASSAF NETO, 2018).</p><p>Além disso, a companhia obrigatoriamente deve contratar uma auditoria externa,</p><p>cadastrada na Comissão de Valores Mobiliários, para a realização de avaliações dos processos e</p><p>procedimentos realizados pela empresa, para que assim ela possa transmitir ao mercado maior</p><p>con� ança em relação à credibilidade das suas informações contábeis (IZIDORO, 2015).</p><p>Assaf Neto (2018) destaca que a subscrição pública de ações, procedida por instituições</p><p>intermediadoras, pode ser feita de diversas formas, sendo que as principais são:</p><p>• Subscrição com garantia � rme.</p><p>• Subscrição com garantia residual (stand by).</p><p>• Subscrição com melhores esforços.</p><p>2.1.1 Subscrição com garantia firme</p><p>A subscrição com garantia � rme recebe esse nome porque a companhia oferta suas ações</p><p>no mercado já com a garantia de que todas as ações serão adquiridas, ou seja, subscritas. Nesse</p><p>tipo de subscrição, a instituição intermediária adquire os valores mobiliários da companhia</p><p>ofertante e tenta revendê-los aos investidores interessados por um preço mais elevado (ASSAF</p><p>NETO, 2018; IZIDORO, 2015).</p><p>Dessa forma, a intermediadora da operação assume todos os riscos da colocação das</p><p>ações no mercado e se responsabiliza pelo pagamento do valor integral das ações lançadas ao</p><p>emissor. A remuneração por esse risco ocorre na forma de spread, que representa o lucro da</p><p>operação e se refere à diferença entre o valor de compra da ação com a instituição emissora e o</p><p>valor de venda para os investidores (ASSAF NETO, 2018; IZIDORO, 2015; MELLAGI FILHO).</p><p>Nessa modalidade de subscrição, além de a companhia emissora ter a certeza de que</p><p>irá arrecadar todo o capital planejado, o mercado também recebe um sinal de que a instituição</p><p>intermediadora acredita no sucesso do lançamento. Esse sinal dá con� ança ao mercado</p><p>investidor acerca da rentabilidade e solidez do investimento, elevando a valorização do título e a</p><p>remuneração dos investidores (ASSAF NETO, 2018).</p><p>2.1.2 Subscrição com garantia residual</p><p>Na subscrição com garantia residual, ao contrário do que acontece na subscrição � rme,</p><p>a companhia emissora não recebe a garantia, por parte da instituição intermediadora, de que</p><p>todas as ações ofertadas ao mercado serão subscritas. No entanto, a instituição intermediadora</p><p>se compromete, ao � nal de certo período, em que as ações serão negociadas no mercado, a</p><p>subscrever o restante das ações não negociadas ou a devolver à companhia emitente os títulos</p><p>não subscritos pelos investidores (ASSAF NETO, 2018; IZIDORO, 2015).</p><p>42WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>3</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>Como exemplo,</p><p>suponhamos que a Petrobrás contrate uma instituição intermediadora</p><p>para ofertar 50 mil ações com garantia residual. Se no período de oferta dessas ações no mercado</p><p>primário apenas 30 mil ações desse lançamento forem adquiridas, então as 20 mil ações restantes</p><p>poderão ser adquiridas pela instituição intermediadora ou devolvida à Petrobrás.</p><p>2.1.3 Subscrição com garantia de melhor esforço</p><p>A subscrição com garantia de melhor esforço é que possui menor risco para a instituição</p><p>intermediadora e maior risco para a companhia emitente. Nesse caso, o intermediador se</p><p>compromete apenas a dedicar o melhor esforço para colocar o maior número possível de ações</p><p>no mercado, por determinado valor, dentro de certo período de tempo. No entanto, caso não</p><p>consiga, as ações não subscritas serão devolvidas à empresa emissora, que � cará com o prejuízo</p><p>por não ter arrecadado todos os recursos que inicialmente planejou (ASSAF NETO, 2018;</p><p>IZIDORO, 2015).</p><p>2.1.4 Benefícios relacionados à abertura de capital</p><p>Um dos principais benefícios relacionados à abertura de capital certamente é o acesso</p><p>a recursos sem prazo determinado para o resgate. Isso quer dizer que, ao arrecadar recursos no</p><p>mercado de capitais com a emissão de novas ações, esse dinheiro passa a ser parte do capital</p><p>social da empresa e ela não tem o compromisso de restituir ao investidor esses valores após</p><p>determinado período de tempo, ou caso ele não mais deseje fazer parte do quadro societário</p><p>(ASSAF NETO, 2018; IZIDORO, 2015).</p><p>No caso de o investidor desejar reverter sua posição em relação à empresa e deixar de</p><p>ser um acionista, ele deverá apenas vender suas ações no mercado secundário, onde também é</p><p>possível lucrar, caso o valor da ação tenha valorizado em relação ao seu preço no momento da</p><p>compra (ASSAF NETO, 2018).</p><p>Além de não aumentar o nível de endividamento da companhia, outra vantagem para a</p><p>empresa que decide abrir seu capital está no fato de que o capital subscrito pelos acionistas será</p><p>remunerado de acordo com o sucesso do empreendimento, ou seja, de acordo com a capacidade</p><p>de a empresa obter lucros. Caso esses recursos tenham sido adquiridos por meio de empréstimos</p><p>com instituições � nanceiras ou pela emissão de debêntures, por exemplo, a remuneração desse</p><p>capital seria independente de o empreendimento ser, ou não, bem-sucedido (ASSAF NETO,</p><p>2018).</p><p>Com a abertura do capital, as ações da empresa passam a ser negociadas livremente no</p><p>mercado e isso dá à companhia um referencial de avaliação do seu valor econômico, que passará</p><p>a contemplar também as expectativas do mercado para o futuro da empresa. Além disso, Assaf</p><p>Neto (2018) enumera algumas outras vantagens para a empresa que decide abrir seu capital:</p><p>• Menor risco � nanceiro pela maior capitalização da empresa.</p><p>• Maior liquidez para os acionistas.</p><p>• Incentivo à pro� ssionalização das decisões.</p><p>• Melhoria da imagem institucional.</p><p>• Maior transparência e qualidade das informações públicas.</p><p>43WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>3</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>2.2 Mercado Secundário de Ações</p><p>Como vimos nos tópicos anteriores, no mercado secundário, ocorre a transferência de</p><p>propriedade de papéis entre investidores. Ou seja, se determinado investidor tem, ou deseja</p><p>adquirir, ações da empresa X, ele poderá recorrer ao mercado secundário para vender ou comprar</p><p>essas ações (ASSAF NETO, 2018; IZIDORO, 2015; MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>As bolsas de valores e o mercado de balcão organizado são as instituições criadas para</p><p>facilitar a realização dos negócios praticados no mercado secundário. De acordo com Assaf</p><p>Neto (2018, p. 244), “[...] a função básica dessas instituições é a de oferecer aos investidores um</p><p>ambiente seguro e e� ciente para a compra e venda de valores de companhias abertas”.</p><p>Em 12 de maio de 2018, o Facebook realizou a sua</p><p>primeira oferta pública de ações. Avaliado em 104</p><p>bilhões de dólares naquele ano, a oferta pública con-</p><p>templou apenas parte das ações da companhia e ar-</p><p>recadou 16 bilhões de dólares para a empresa.</p><p>A instituição que intermediou o lançamento da pri-</p><p>meira oferta pública do Facebook foi o banco de</p><p>investimento Morgan Stanley, sendo que as ações</p><p>foram lançadas, inicialmente, pelo valor de 38 dóla-</p><p>res e começaram a ser negociadas no mercado se-</p><p>cundário por 42,05 dólares por ação.</p><p>Mas, ao contrário do que se esperava na época, as</p><p>ações não obtiveram grande valorização no merca-</p><p>do, e apenas 11 dias após o seu lançamento, em 23</p><p>de maio de 2012, elas já estavam sendo comerciali-</p><p>zadas abaixo dos 30 dólares, 29,16 dólares, ou seja,</p><p>severamente abaixo do seu valor de lançamento.</p><p>O problema que levou à tamanha desvalorização era</p><p>a dúvida dos investidores com relação à capacida-</p><p>de, ou não, de o Facebook monetizar suas atividades</p><p>com o crescimento do acesso por meio de aplica-</p><p>tivos móveis. Essa era exatamente a preocupação</p><p>expressa pelo seu cofundador Eduardo Saverin na</p><p>época de criação do Facebook.</p><p>Apesar das incertezas que envolviam os investido-</p><p>res à época da primeira oferta pública, as ações do</p><p>Facebook, em setembro de 2019, estavam sendo</p><p>comercializadas a 177 dólares. Para entender me-</p><p>lhor como se deu a criação do Facebook, assista ao</p><p>fi lme A rede social, que conta a história do estudan-</p><p>te de Harvard, Mark Zuckenberg, e das polêmicas</p><p>relacionadas à criação da rede social.</p><p>Figura 1 – A rede social. Fonte:</p><p>Sony Pictures (2010).</p><p>44WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>3</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>Além disso, é importante ressaltar que um dos princípios básicos da bolsa de valores é</p><p>a divulgação de forma rápida e e� ciente de todas as transações realizadas e o amplo acesso às</p><p>informações e fatos relevantes que podem in� uenciar nos papéis a serem negociados. Essa conduta</p><p>tem como objetivo inibir as operações baseadas em informações privilegiadas, colaborando com</p><p>a melhora na avaliação dos preços de mercado dos títulos (ASSAF NETO, 2018; IZIDORO, 2015;</p><p>MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>Os investidores não atuam diretamente nos pregões das bolsas. As transações ali realizadas</p><p>só podem ser feitas por instituições autorizadas a funcionar pela Comissão de Valores Mobiliários</p><p>(CVM) e pelo Banco Central. Nesse sentido, somente tem acesso aos pregões os representantes</p><p>credenciados por sociedades corretoras, autorizadas pela CVM e pelo Bacen (ASSAF NETO,</p><p>2018; MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>As operações realizadas pelas sociedades corretoras originam de ordens de compra e</p><p>venda expedidas pelos investidores para o pregão da bolsa. Basicamente, existem seis tipos de</p><p>ordem de compra e venda. Na ordem a mercado, o investidor não impõe limite máximo, no</p><p>caso da compra, ou mínimo, no caso da venda, o que autoriza o operador a executar a ordem ao</p><p>melhor preço possível no momento da realização do negócio. Nesse caso, o investidor especi� ca</p><p>somente a quantidade e os títulos que deseja negociar (ASSAF NETO, 2018; MELLAGI FILHO;</p><p>ISHIKAWA, 2003).</p><p>Com a ordem administrada, novamente o investidor estabelece apenas a quantidade e os</p><p>títulos que deseja adquirir/vender, mas não os limites de preço. No entanto, nesse caso, a execução</p><p>da ordem de compra e venda � ca a critério da sociedade corretora. A ordem discricionária, por</p><p>sua vez, é feita pelos administradores de carteiras que representam mais de um investidor. Nesse</p><p>caso, os administradores estabeleceram a identi� cação do investidor, a quantidade de títulos e o</p><p>preço (ASSAF NETO, 2018).</p><p>Na ordem limitada, o investidor estipula o limite de preço de negociação, sendo um preço</p><p>mínimo para a venda e um preço máximo para a compra. Nesse caso, a ordem só é executada se o</p><p>preço atinge o patamar de preço estipulado. O investidor que emite uma ordem casada, por sua</p><p>vez, solicita ao operador que seja realizada uma operação de compra e outra de venda, sendo que</p><p>a transação só será executada se ambas as operações forem possíveis. Por último, tem-se ainda</p><p>a ordem de � nanciamento, em que o investidor se � nancia por meio de uma ordem de compra</p><p>e outra de venda que possuem prazos diferentes e acontecem em mercados distintos (ASSAF</p><p>NETO, 2018).</p><p>Além das diferentes ordens que podem ser executadas no pregão, existem quatro</p><p>modalidades passíveis de se operar no mercado de ações: o mercado à vista, o mercado a termo,</p><p>o mercado de opções e o mercado de futuros. Veremos cada um deles nos tópicos a seguir.</p><p>2.2.1 Mercado à vista</p><p>No mercado à vista, a liquidação das transações acontece no terceiro dia útil após a</p><p>realização da operação na bolsa. Nesse caso, a liquidação � nanceira da operação é efetivada</p><p>apenas após a entrega dos títulos ao investidor (ASSAF NETO, 2018).</p><p>2.2.2 Mercado de opções</p><p>Além das operações de compra e venda de ações, o mercado de capitais permite ainda a</p><p>comercialização de opções de ações que representam o direito de comprar ou vender as ações por</p><p>um preço acordado previamente. As opções funcionam da seguinte forma.</p><p>45WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>3</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>Uma opção de compra, também chamada de call, vendida pelo indivíduo X ao indivíduo</p><p>Y, dá a Y a possibilidade de comprar um lote de ações pelo preço combinado no vencimento</p><p>do contrato. O preço pago por essa opção chama-se “prêmio”, e o indivíduo Y só exercerá seu</p><p>direito de adquirir o lote de ações de X caso o preço das ações, na data de vencimento da opção,</p><p>esteja maior que o preço de exercício do direito. Se Y optar por exercer seu direito de compra,</p><p>X obrigatoriamente deve realizar a venda. No entanto, se Y não exercer seu direito, ele perderá</p><p>o preço pago pelo prêmio e X continuará com o lote de ações (ASSAF NETO, 2018; IZIDORO,</p><p>2015; MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>No cenário contrário, está a opção de venda, também chamada de put, em que X vende</p><p>a Y, por um prêmio, a possibilidade de comprar de Y um lote de ações. Nesse caso, Y compra</p><p>no mercado de capitais o direito de vender a X seu lote de ações, sendo que, racionalmente, Y</p><p>exercerá seu direito de venda caso o preço das ações no mercado, na data de vencimento do</p><p>contrato, esteja abaixo do preço de exercício da opção. Dessa forma, X pagará a Y mais pelas</p><p>ações do que se estas fossem comercializadas no mercado. É importante salientar que a literatura</p><p>chama de “titular” aquele que adquire uma opção de compra ou de venda (ASSAF NETO, 2018;</p><p>IZIDORO, 2015; MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>De forma geral, um indivíduo adquire uma opção de compra quando acredita que a ação,</p><p>na data de vencimento do contrato, custará mais do que o preço de realização da opção de compra.</p><p>Por outro lado, adquirirá uma opção de venda o indivíduo que aposta em uma desvalorização</p><p>da ação; assim, ao � nal do contrato, ele vende suas ações por um preço superior ao praticado no</p><p>mercado, podendo comprar esse papel novamente por um preço inferior, realizando um ganho</p><p>na operação (ASSAF NETO, 2018; IZIDORO, 2015; MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>Como existe um espaço de tempo entre a compra da opção e o vencimento desta, caso o</p><p>investidor mude suas expectativas em relação à valorização ou desvalorização da ação, ele pode</p><p>cancelar o negócio realizado por meio da compra de uma opção de natureza inversa, de forma a</p><p>anular possíveis perdas ou lucros.</p><p>2.2.3 Mercado a termo</p><p>No mercado a termo, as operações são baseadas em um contrato entre comprador e</p><p>vendedor, que estipula a quantidade de ativos, o preço e o prazo para liquidação e que pode variar</p><p>de 30 a 180 dias. Apesar desse prazo, o comprador do contrato pode optar por liquidar a operação</p><p>a qualquer momento antes do vencimento, sendo que, no momento da liquidação, acontece a</p><p>entrega do ativo e a liquidação � nanceira do contrato (ASSAF NETO, 2018; IZIDORO, 2015).</p><p>As operações a termo atraem investidores que esperam uma alta no preço do ativo em</p><p>negociação; dessa forma, ele adquire o ativo no tempo t pelo seu valor de mercado x, esperando</p><p>que em t+1, quando ocorrerá o pagamento e a entrega do título, o ativo possua um valor de</p><p>mercado maior que x. De forma inversa, os vendedores de um contrato a termo esperam que em</p><p>t+1 o valor do ativo negociado seja inferior a x.</p><p>Para mais informações sobre como funciona o mercado de opções, leia:</p><p>GÓES, F. Opções: descubra como funciona esse mercado. São Paulo: InfoMoney,</p><p>2017. Disponível em: <https://lp.infomoney.com.br/ebook-opcoes>.</p><p>46WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>3</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>2.2.4 Contratos futuros</p><p>Os contratos futuros, assim como os contratos a termo, são contratos de compra e</p><p>venda de ativos em uma data futura por um preço previamente combinado. A diferença entre</p><p>os dois mercados é que os contratos futuros são padronizados e negociados exclusivamente em</p><p>bolsa de valores, enquanto que os contratos a termo podem ser negociados diretamente entre</p><p>os investidores de acordo com o interesse das partes (ASSAF NETO, 2018; IZIDORO, 2015;</p><p>MELLAGI FILHO; ISHIKAWA, 2003).</p><p>47WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>3</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>No primeiro tópico desta unidade, vimos que, no mercado de capitais, são realizadas</p><p>operações de médio e longo prazo e também por prazo indeterminado, sendo que os principais</p><p>títulos comercializados são as ações, debêntures, depositary receipts, letras de câmbio, letras</p><p>hipotecárias e letras imobiliárias.</p><p>As ações são títulos representativos do capital social da empresa, de forma que o investidor</p><p>que as adquire passa a ser acionista da companhia, com direitos que dependerão do tipo de ação</p><p>adquirida. Os depositary receipts, por sua vez, também representam o capital social da empresa;</p><p>a diferença é que são títulos comercializados em mercados diferentes do seu mercado de origem,</p><p>que são lastreados em ações.</p><p>As debêntures também são um importante produto comercializado no mercado de</p><p>capitais. Ao contrário das ações e dos depositary receipts, esses títulos não tornam o investidor</p><p>acionista da empresa, mas sim um credor desta. Nesse caso, as companhias emitem as debêntures</p><p>para arrecadar recursos que posteriormente serão devolvidos aos debenturistas em troca de juros.</p><p>As letras de câmbio, hipotecárias e imobiliárias, apesar de terem suas peculiaridades</p><p>individuais, são também títulos de créditos voltados para � nanciar operações realizadas pelas</p><p>instituições � nanceiras. No caso das letras de câmbio, � nanciam-se, em sua maioria, operações de</p><p>crédito direto ao consumidor. Já as letras hipotecárias e imobiliárias são voltadas para o mercado</p><p>imobiliário, sendo que a primeira é garantida pelo governo federal, enquanto que a segunda</p><p>possui lastro imobiliário hipotecário.</p><p>O mercado de ações tratado no tópico 2 é dividido em dois outros mercados: o mercado</p><p>primário de ações, onde se comercializam as ações recém-emitidas pelas empresas, de forma</p><p>que os recursos arrecadados nesse mercado são direcionados para a companhia; e o mercado</p><p>secundário de ações, onde o que acontece é a simples troca de titularidade entre os acionistas, e os</p><p>recursos movimentados não afetam o patrimônio da empresa. O mercado secundário de ações é</p><p>de fundamental importância para dar liquidez aos títulos comercializados no mercado primário.</p><p>4848WWW.UNINGA.BR</p><p>UNIDADE</p><p>04</p><p>SUMÁRIO DA UNIDADE</p><p>INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 49</p><p>1. EFICIÊNCIA DE MERCADO .................................................................................................................................. 50</p><p>2. TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DE ATIVOS ................................................................................................................51</p><p>2.1 DO VALOR DAS AÇÕES E ANÁLISE DOS DIVIDENDOS ....................................................................................52</p><p>2.2 INDICADORES DE ANÁLISE DE AÇÕES ............................................................................................................53</p><p>3. RISCO DOS ATIVOS .............................................................................................................................................. 55</p><p>4. RISCO DAS CARTEIRAS ........................................................................................................................................57</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................................... 60</p><p>ANÁLISE DE RISCO</p><p>PROF.A MA. ÉRICA APARECIDA RIBEIRO</p><p>ENSINO A DISTÂNCIA</p><p>DISCIPLINA:</p><p>MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS</p><p>49WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>4</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Nesta última unidade da disciplina Mercado Financeiro e de Capitais, concentraremos</p><p>nossos estudos na análise dos riscos para o investidor que investe seus recursos no mercado de</p><p>capitais. É preciso salientar que esse investidor presta um importante serviço para a economia do</p><p>país ao prover recursos que poderão ser investidos em estrutura que aumentará a produtividade</p><p>da economia e, consequentemente, incrementará a capacidade de geração de empregos e renda,</p><p>gerando benefícios para a sociedade como um todo.</p><p>Iniciaremos a análise de riscos conhecendo, primeiramente, a estrutura do que seria</p><p>um mercado e� ciente e como as incertezas podem colaborar para a potencialização dos riscos</p><p>intrínsecos aos ativos � nanceiros. Veremos que, em um mercado e� ciente, os preços dos ativos</p><p>devem re� etir as informações divulgadas acerca da situação � nanceira da companhia e as</p><p>expectativas dos investidores com relação ao seu desempenho futuro.</p><p>No segundo tópico desta unidade, analisaremos algumas técnicas de avaliação dos ativos.</p><p>Em comum, veremos que as técnicas apresentadas levam em consideração, além do desempenho</p><p>passado e atual da companhia, o cenário macroeconômico e setorial no qual a companhia atua.</p><p>Esses fatores devem contribuir em maior ou menor medida, a depender do tipo de método</p><p>utilizado para a avaliação do ativo.</p><p>Na sequência, estudaremos os fatores que compõem o nível de risco dos ativos. Veremos,</p><p>nesse tópico, que, apesar de os ativos serem capazes de responder de maneira diversa a um</p><p>mesmo evento, os riscos a que estão sujeitos podem ser divididos em duas categorias: aquele</p><p>que é relacionado ao ambiente macroeconômico, como a taxa de juros praticada na economia, e</p><p>aquele que é intrínseco às características próprias do ativo.</p><p>Por � m, no último tópico desta unidade, estudaremos como a diversi� cação da carteira</p><p>de ativos do investido é capaz de dirimir o risco dos ativos. Veremos que, nesse caso, apenas a</p><p>parte não sistemática do risco consegue ser reduzida, enquanto que o risco sistemático da carteira</p><p>continuará presente, mesmo que a diversi� cação seja realizada da forma mais e� ciente possível.</p><p>50WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>4</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>1. EFICIÊNCIA DE MERCADO</p><p>As decisões � nanceiras voltadas para o futuro devem levar em conta a incerteza acerca dos</p><p>possíveis resultados a serem alcançados. De acordo com Assaf Neto (2018, p. 284), se é possível</p><p>atribuir à incerteza probabilidades para os diversos resultados possíveis, então “[...] a decisão está</p><p>sendo tomada sob uma situação de risco”. Nesse sentido, o risco nada mais é que a habilidade de</p><p>mensurar o nível de incerteza de uma decisão por meio da probabilidade.</p><p>O preço dos ativos no mercado � nanceiro é um re� exo das forças de oferta e de demanda</p><p>que operam sob esses ativos. Para que seja possível dizer que esse preço é um preço e� ciente, é</p><p>necessário que essas forças tenham sido in� uenciadas, em suas decisões de compra e venda, pela</p><p>interpretação de informações disponíveis publicamente aos investidores do mercado (ASSAF</p><p>NETO, 2018).</p><p>Nesse sentido, os preços são fortemente suscetíveis a oscilações diante de novas</p><p>informações acerca da conjuntura do mercado e da empresa. Dessa forma, ao se projetar o</p><p>comportamento futuro do ativo, é imprescindível levar em consideração novas informações que</p><p>podem surgir no horizonte de tempo avaliado (ASSAF NETO, 2018; DUARTE JÚNIOR, 2005).</p><p>Em resumo, um mercado e� ciente é aquele em que os preços:</p><p>• São re� exo das informações disponíveis aos investidores.</p><p>• São sensíveis a novos dados que cheguem ao conhecimento do público.</p><p>Em um mercado e� ciente, não necessariamente os preços serão perfeitos, ou seja, iguais</p><p>aos seus valores reais. Eles serão apenas isentos da in� uência de interesses individuais de forma</p><p>que uma pessoa, ou um grupo pequeno, não consiga impor sua vontade perante o preço dos</p><p>ativos. Nesse sentido, Assaf Neto (2018, p. 85) assinala seis hipóteses básicas do mercado e� ciente:</p><p>a. Nenhum participante consegue in� uenciar os preços de negociação.</p><p>b. Os investidores são racionais e buscam o maior retorno para determinado nível de</p><p>risco ou o menor risco para determinado nível de retorno.</p><p>c. Não existe acesso privilegiado a informações. Todas estão disponíveis aos investidores</p><p>de maneira instantânea e gratuita.</p><p>d. Todos os agentes têm o mesmo acesso a fontes de crédito, ou seja, inexiste racionamento</p><p>de capital.</p><p>e. Os ativos negociados são perfeitamente divisíveis e não possuem restrição à sua</p><p>negociação.</p><p>f. Os investidores possuem expectativas homogêneas com relação ao desempenho futuro</p><p>do mercado.</p><p>51WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>4</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>O mercado de ações é o que mais se aproxima de um mercado e� ciente devido à rapidez</p><p>com que as operações de compra e venda são executadas, pelo elevado número de participantes</p><p>e pela obrigação que as companhias têm, imposta por lei, de divulgar determinadas informações</p><p>no mercado (ASSAF NETO, 2018; DUARTE JÚNIOR, 2005).</p><p>No processo de análise estatística de um modelo de avaliação de investimento e risco, é</p><p>comum assumir a hipótese de que o mercado seja e� ciente. Tal procedimento visa dar praticidade</p><p>à avaliação do modelo na comparação com situações práticas, tornando mais fácil avaliar se o</p><p>modelo corresponde à realidade presenciada no mercado.</p><p>2. TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DE ATIVOS</p><p>Os modelos que buscam projetar o comportamento futuro dos ativos � nanceiros adotam</p><p>basicamente dois critérios: a análise técnica e a análise fundamentalista. A análise técnica utiliza,</p><p>na maior parte das situações, grá� cos para projetar o comportamento da ação a partir do seu</p><p>desempenho passado.</p><p>Na análise técnica, são avaliados parâmetros de oferta e demanda dos ativos, assim como</p><p>sua cotação, para realizar projeções para o comportamento futuro do preço das ações. Nesse caso,</p><p>considera-se que as variações nos preços estão relacionadas entre si, criando uma tendência de</p><p>mercado, em que, a partir do preço passado, se podem prever os preços futuros (ASSAF NETO,</p><p>2018; DUARTE JÚNIOR, 2005).</p><p>A análise fundamentalista, por sua vez, considera que cada ação tem um valor intrínseco,</p><p>relacionado ao desempenho econômico-� nanceiro da empresa e a conjuntura do setor em que</p><p>esta opera, da bolsa de valores em que é negociada e da economia. Nesse sentido, o preço das</p><p>ações seria in� uenciado por fatores internos e externos a empresa, que são avaliados por meio</p><p>dos demonstrativos � nanceiros da empresa e por dados sobre o setor econômico da companhia,</p><p>o mercado acionário e a conjuntura econômica (ASSAF NETO, 2018; DUARTE JÚNIOR, 2005).</p><p>Para a análise fundamentalista, ao contrário da análise técnica, que utiliza grá� cos, as</p><p>conclusões são tomadas por meio do uso de modelos quantitativos e � nanceiros, capazes de</p><p>relacionar as decisões de compra e venda do ativo com o seu valor de mercado. Segundo Assaf</p><p>Neto (2018, p. 270), a análise fundamentalista tem, basicamente, três objetivos:</p><p>a.</p><p>Avaliar a posição e o equilíbrio econômico e � nanceiro da empresa.</p><p>b. Projetar resultados futuros.</p><p>c. Calcular o valor justo (valor econômico) da ação.</p><p>O cálculo do valor justo da ação pode ser feito por dois métodos diferentes: top down (de</p><p>cima para baixo) ou bottom up (de baixo para cima). No método top down, parte-se do cenário</p><p>geral, macroeconômico, e no � nal avaliam-se os aspectos relacionados à companhia; além disso,</p><p>ele considera que, no longo prazo, o mercado vai acompanhar a economia. No bottom up, no</p><p>entanto, a situação se inverte e primeiro se analisa a companhia, para depois avaliar o cenário</p><p>macroeconômico (ASSAF NETO, 2018; DUARTE JÚNIOR, 2005).</p><p>52WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>4</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>No top down, se espera que o preço da ação seja in� uenciado pelas principais variáveis</p><p>macroeconômicas e, devido a isso, se inicia a análise pela projeção do cenário futuro de diversas</p><p>variáveis macroeconômicas, como o PIB, a in� ação e a taxa de juros. Após isso, se avalia a</p><p>conjuntura setorial na qual a companhia está inserida e, por � m, a companhia à qual corresponde</p><p>a ação (ASSAF NETO, 2018; DUARTE JÚNIOR, 2005).</p><p>O método bottom up utiliza os fundamentos da companhia, seu desempenho nos anos</p><p>anteriores, as perspectivas futuras para o crescimento e os resultados para de� nir qual é o valor</p><p>intrínseco da ação. Após analisar esses aspectos, passa-se então a analisar o setor de atuação</p><p>da empresa, assim como as perspectivas macroeconômicas que podem afetá-la (ASSAF NETO,</p><p>2018).</p><p>Os métodos top down e bottom up são complementares, de forma que, enquanto o primeiro</p><p>identi� ca as condições de mercado e os setores mais propícios ao investimento, o segundo mostra</p><p>as empresas que oferecem as melhores oportunidades de investimento (ASSAF NETO, 2018).</p><p>2.1 Do Valor das Ações e Análise dos Dividendos</p><p>Todo investidor, ao adquirir ações, tem a expectativa no recebimento de dividendos e na</p><p>valorização do preço de mercado das ações. Só para recordar e � xar, os dividendos correspondem</p><p>ao lucro apurado por uma companhia e são distribuídos aos acionistas ao � nal do exercício</p><p>social. O valor de um ativo pode ser apurado pelo valor presente de seus � uxos de caixa futuros.</p><p>Ou seja, é o valor que se espera conseguir com o respectivo ativo no futuro levando-se em</p><p>consideração também o seu preço na venda ao � nal de um determinado período (ASSAF NETO,</p><p>2018; DUARTE JÚNIOR, 2005).</p><p>Desse modo, o valor que um investidor pagaria por uma ação levará em consideração os</p><p>rendimentos esperados e a taxa de retorno requerida, que nada mais é do que a porcentagem de</p><p>ganho esperado ao � nal de um investimento. O preço de mercado de uma ação, independentemente</p><p>do lapso temporal do investimento, está diretamente relacionado aos dividendos a serem recebidos</p><p>no futuro (ASSAF NETO, 2018; DUARTE JÚNIOR, 2005).</p><p>O raciocínio é o seguinte: sempre que um investidor adquire uma ação, ou outro título</p><p>ou valor mobiliário, ele tem uma expectativa de rentabilidade. Assim, quanto maior for o valor</p><p>dos dividendos esperados e quanto maior for a taxa de retorno, é óbvio que o valor da ação</p><p>será impactado positivamente, resultando em seu aumento. Ademais, o preço de mercado será</p><p>formado pelo que o investidor está disposto a pagar, levando em consideração os aspectos</p><p>mencionados (ASSAF NETO, 2018; DUARTE JÚNIOR, 2005).</p><p>Ademais, como bem ressaltado por Assaf Neto (2018), o critério avaliado pelos</p><p>investidores na escolha de aquisição de ações são os dividendos, ao invés dos lucros apresentados</p><p>pela companhia. De acordo com o referido autor, os resultados líquidos apresentados pela</p><p>empresa (lucros) e os dividendos são números distintos, pois apenas uma parte do resultado</p><p>líquido é distribuído na forma de dividendos.</p><p>Nesse sentido, importa ressaltar a proposta apresentada pela companhia, pois, uma vez</p><p>que sua proposta seja de expansão, grande parte do lucro é investido na própria empresa, o que</p><p>compromete, em parte, o valor dos dividendos. Assim, um alto investimento em expansão e</p><p>em alta tecnologia coloca os investidores em uma expectativa de aumento de dividendos em</p><p>momento futuro (ASSAF NETO, 2018; DUARTE JÚNIOR, 2005).</p><p>53WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>4</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>Outro importante fator a ser analisado, quando da retenção dos lucros, é seu impacto no</p><p>valor das ações. É sabido que a retenção de lucros gera expectativa nos investidores de que haverá</p><p>um acréscimo nos dividendos a serem distribuídos. No intervalo de tempo em que não são</p><p>distribuídos dividendos, os investidores podem se valer da valorização de suas ações, embasados</p><p>nas boas expectativas do mercado em relação ao desempenho da empresa (ASSAF NETO, 2018).</p><p>Caberá à empresa investir parte do lucro e gerar uma remuneração igual ou superior</p><p>àquela exigida pelos investidores. Desse modo, uma vez que a companhia consiga dar um retorno</p><p>superior ao exigido, ela agregará riqueza aos acionistas. Por outro lado, caso a retenção dos lucros</p><p>não traga o rendimento esperado, a empresa se verá em uma situação difícil, pois reduzirá o valor</p><p>de seus acionistas (ASSAF NETO, 2018; DUARTE JÚNIOR, 2005).</p><p>Assim, na hipótese de a empresa não conseguir agregar valor aos acionistas pela retenção</p><p>de lucros, é aconselhável que efetue a distribuição dos lucros e, então, evitar a queda de seu valor</p><p>de mercado (ASSAF NETO, 2018).</p><p>Por � m, cabe analisar como é dado o valor do preço justo por ação. Lembre-se que o</p><p>valor de uma empresa tem relação com o valor presente de um � uxo futuro de benefícios de caixa</p><p>prometidos. Tais � uxos são veri� cados por meio de cenários econômicos, comportamento do</p><p>mercado, dentre outros fatores. Uma vez veri� cado o valor da companhia, subtraem-se todos os</p><p>passivos, tais como: obrigações perante terceiros, custo de manutenção da empresa, salários dos</p><p>funcionários, entre outros. Após serem subtraídos os passivos, alcança-se o valor do patrimônio</p><p>líquido que, dividido pelo número total de ações, resulta no preço justo por ação emitida (ASSAF</p><p>NETO, 2018; DUARTE JÚNIOR, 2005).</p><p>Tendo em mãos o valor justo de cada ação, caberá ao investidor veri� car a viabilidade,</p><p>ou não, do investimento. Tal análise busca comparar o valor justo com o valor de mercado. Uma</p><p>vez que o valor de mercado, ou seja, o valor de comercialização da ação esteja inferior ao valor</p><p>justo, espera-se uma valorização das ações. Nessa perspectiva, é possível concluir que as ações</p><p>estão baratas e com possibilidade de valorização. De forma inversa, caso o valor de mercado</p><p>esteja superior ao valor justo, pode-se concluir que o valor da ação está caro e é possível uma</p><p>desvalorização (ASSAF NETO, 2018).</p><p>O preço de uma ação dentro do mercado de bolsa de valores é dado pela oferta e demanda</p><p>do valor. Sua aquisição deve re� etir a expectativa de ganhos que o mercado pode proporcionar. O</p><p>valor justo representa o valor presente de cada ação. Assim, conforme apresentado por Assaf Neto</p><p>(2018), a aquisição de ações é favorável ou, melhor dizendo, recomendada, quando o valor justo</p><p>for superior ao preço de mercado encontrado na bolsa de valores. Nesse caso, a ação encontra-</p><p>se desvalorizada. Então, se o preço da ação em bolsa de valores for superior ao valor justo, o</p><p>investimento não é atrativo.</p><p>2.2 Indicadores de Análise de Ações</p><p>Diversas vezes no mercado, os investidores utilizam indicadores para avaliar o re� exo do</p><p>desempenho da empresa sobre o valor de mercado das suas ações. Tais indicadores servem de</p><p>parâmetro para a tomada de decisão, visto que, com frequência, eles re� etem os preços das ações</p><p>(ASSAF NETO, 2018).</p><p>Um dos indicadores é o lucro por ação, que é calculado pelo resultado líquido da empresa,</p><p>reduzido o imposto de renda, dividido pelo número de ações emitidas pela companhia que</p><p>compõem seu capital social. A equação é dada por:</p><p>54WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>4</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>Lucro por ação= lucro líquido</p><p>número de ações emitidas</p><p>O resultado do indicador de lucro por ação não é equivalente aos dividendos recebidos</p><p>por ação, já que estes dependerão ainda da política de dividendos adotada pela empresa. Os</p><p>dividendos distribuídos por ação pela empresa, no entanto, são utilizados em um outro indicador,</p><p>o payout, que relaciona a quantidade de dividendos recebidos pelos acionistas com o lucro por</p><p>ação, dando como resultado o percentual do lucro que efetivamente se transformou em dividendo</p><p>(ASSAF NETO, 2018). A equação é a seguinte:</p><p>Payout= dividentos</p><p>lucro por ação</p><p>Os dividendos por ação também são requeridos para analisar o retorno de dividendos</p><p>recebidos pelos acionistas em relação ao valor investido nas ações (ASSAF NETO, 2018). Para</p><p>isso, calcula-se o índice dividend yield, que é dado pela fórmula:</p><p>Dividend yield= dividendos</p><p>preço de mercado da ação</p><p>Um dos indicadores mais utilizados pelos investidores na análise de ações é o índice preço</p><p>por lucro, que relaciona o preço pago pela ação com o lucro por ação. Em tese, esse indicador</p><p>indica o tempo que o investidor leva para recuperar o capital investido nas ações (ASSAF NETO,</p><p>2018). O índice é calculado pela seguinte equação:</p><p>Preço por lucro= preço de mercado da ação</p><p>lucro por ação</p><p>O inverso dessa fórmula, por sua vez, nos fornece a lucratividade de uma ação:</p><p>Lucratividade por ação = lucro por ação</p><p>preço de mercado da ação</p><p>Apesar de ser amplamente usado, os resultados do indicador preço por lucro devem ser</p><p>analisados com cautela, visto se tratar de um índice estático, e tanto o preço de mercado quanto o</p><p>lucro por ação sofrem variações ao longo do tempo que devem ser incorporadas nas estimativas</p><p>para obter um resultado mais preciso (ASSAF NETO, 2018).</p><p>Além disso, o fato de a empresa receber determinado valor em lucro por ação não</p><p>signi� ca, necessariamente, que esse valor será repassado integralmente para o investidor, devido</p><p>à política de dividendos que ela possa adotar. Consequentemente, se os dividendos distribuídos</p><p>forem menores que o lucro por ação, aumentaria o período de tempo necessário para o</p><p>investidor recuperar seu investimento. Apesar desses fatores, de acordo com Assaf Neto (2018), o</p><p>comportamento do índice re� ete o desempenho do mercado e os diferentes níveis de euforia do</p><p>investidor com relação às ações.</p><p>55WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>4</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>Um outro indicador utilizado para se avaliar ações é o Q de Tobin, que relaciona o valor</p><p>de mercado de uma empresa com o valor de reposição de seus ativos. Esse índice é utilizado,</p><p>principalmente, para indicar ao investidor o potencial de valorização da empresa, revelando se</p><p>o valor da empresa no mercado é maior ou menor que a quantia gasta para construí-la (ASSAF</p><p>NETO, 2018).</p><p>O índice é calculado pela seguinte fórmula:</p><p>Q de Tobin= valor de mercado da empresa</p><p>valor de reposição dos ativos</p><p>O valor de mercado da empresa nada mais é que o valor de negociação das ações,</p><p>multiplicado pela quantidade de ações emitidas, mais as dívidas da empresa. O valor de reposição</p><p>dos ativos indica o preço para se construir uma nova empresa com os mesmos ativos da companhia</p><p>avaliada (ASSAF NETO, 2018).</p><p>Em muitos casos, o Q de Tobin é de difícil mensuração devido à di� culdade de se estimar</p><p>o valor de reposição dos ativos, em especial, daqueles que são de uso exclusivo da empresa. Os</p><p>resultados do índice são interpretados de forma que, caso o indicador seja menor que 1, então</p><p>o valor que a empresa pode alcançar no mercado é menor que a quantia que se gastaria para</p><p>construir outra empresa. Nesse caso, tem-se a destruição do valor da companhia, indicando que</p><p>as ações da empresa podem gerar poucas vantagens para os investidores (ASSAF NETO, 2018).</p><p>De forma inversa, um Q de Tobin maior que 1 indica que a empresa está criando valor, de</p><p>forma que seu valor de mercado é superior ao que se gastaria para construir uma nova companhia.</p><p>Nesse caso, o Q de Tobin indica que a empresa se trata de um bom investimento para o acionista,</p><p>capaz de produzir retornos acima do que é exigido pelo mercado (ASSAF NETO, 2018).</p><p>3. RISCO DOS ATIVOS</p><p>O termo risco pode ser entendido de diversas formas, a depender do contexto em que é</p><p>aplicado. No caso das empresas, seu risco possui dois componentes: o risco econômico e o risco</p><p>� nanceiro. No caso do risco econômico, este está mais relacionado à conjuntura do mercado,</p><p>como alterações no ritmo de crescimento da economia e no número de concorrentes em atuação</p><p>no mercado. O risco � nanceiro, por sua vez, está relacionado com o nível de endividamento da</p><p>empresa e sua capacidade de pagamento (ASSAF NETO, 2018).</p><p>Se expandirmos essa ideia para que englobe qualquer tipo de ativo, veremos que o risco</p><p>total é igual à soma do risco sistemático, correspondente ao risco econômico das empresas, com</p><p>o risco não sistemático, equivalente ao risco � nanceiro. Dessa forma, sabemos, então, que o risco</p><p>sistemático é aquela parte do risco que envolve a conjuntura na qual o ativo está inserido, e o</p><p>risco não sistemático se refere ao risco próprio do ativo, inerente a suas características (ASSAF</p><p>NETO, 2018; DUARTE JÚNIOR, 2005).</p><p>O risco sistemático envolve fatores que afetam, de forma geral, todos os ativos do mercado,</p><p>tal como a conjuntura política, econômica e social do país. Não há formas de evitar esse risco, no</p><p>entanto é possível amenizá-lo por meio da diversi� cação de títulos que os investidores mantêm</p><p>em carteira (ASSAF NETO, 2018).</p><p>O risco não sistemático, por sua vez, difere de ativo para ativo, e para evitá-lo, um</p><p>investidor experiente coloca em sua carteira ativos que não possuem correlação positiva entre</p><p>si. Dessa forma, com uma correlação negativa entre ativos, o investidor é capaz de compensar</p><p>perdas em determinada transação com ganhos nos demais títulos (ASSAF NETO, 2018).</p><p>56WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>4</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>De acordo com Assaf Neto (2018), a mensuração do risco de um investimento acontece</p><p>por meio da probabilidade, atribuindo-se probabilidades objetivas e subjetivas aos diferentes</p><p>resultados possíveis do investimento. A probabilidade objetiva é de� nida com base em séries</p><p>históricas de dados e informações. A probabilidade subjetiva, por sua vez, é baseada na intuição</p><p>do investidor (ASSAF NETO, 2018; DUARTE JÚNIOR, 2005).</p><p>No caso das ações, é necessário que o investidor tenha claro suas expectativas de</p><p>rendimento e de valorização da ação para o período em que deseja manter sua posição acionária.</p><p>Dessa forma, ele poderá confrontar suas expectativas com o risco a que estará exposto e, assim,</p><p>avaliar suas decisões de investimento (ASSAF NETO, 2018).</p><p>A relação entre risco e retorno implica que o aumento no nível de risco do investimento</p><p>deve ser acompanhado de um aumento na remuneração ao investidor, de acordo com o nível de</p><p>aversão ao risco que este possui. Nesse sentido, os investidores são classi� cados em três categorias:</p><p>propenso ao risco, indiferente ao risco e avesso ao risco (ASSAF NETO, 2018).</p><p>O investidor propenso ao risco baseia suas decisões de investimento no retorno que irá</p><p>receber, mesmo que isso implique riscos maiores. Esse indivíduo que é propenso ao risco não</p><p>exigirá aumentos signi� cativos em seus retornos conforme aumentam seus riscos; muito pelo</p><p>contrário, eles são capazes de reduzir parte de seus ganhos para conviverem com riscos maiores</p><p>(ASSAF NETO, 2018; DUARTE JÚNIOR, 2005).</p><p>Por sua vez, avesso ao risco é o investidor conservador, aquele que dispensa investimentos</p><p>com elevado retorno por outros mais seguros. No caso</p><p>de o investidor conservador aceitar</p><p>investimentos com um nível maior de risco, ele também exigirá que o risco seja compensado</p><p>por um volume maior de retorno para o investimento (ASSAF NETO, 2018; DUARTE JÚNIOR,</p><p>2005).</p><p>Existe ainda o investidor que é indiferente ao risco e que, diante de um aumento no</p><p>nível de risco de determinado ativo, manterá seu nível de retorno exigido, abrindo mão de uma</p><p>possível compensação pelo risco maior. É fundamental que o investidor conheça seu grau de</p><p>tolerância ao risco para evitar assumir riscos maiores que a sua capacidade de tolerância (ASSAF</p><p>NETO, 2018).</p><p>A crise fi nanceira de 1929 é considerada como o pior e o mais longevo período de</p><p>recessão econômica do século XX. A recessão foi capaz de causar elevadíssimo</p><p>índice de desemprego, algo perto de 25%, quedas expressivas no PIB, em torno de</p><p>50% quando se compara o ano de 1929 com o ano de 1932, um dos momentos</p><p>mais profundos da depressão, e, sobretudo, causou uma queda expressiva nos</p><p>preços das ações. As consequências da crise foram sentidas em quase todas as</p><p>partes do mundo.</p><p>O dia 24 de outubro de 1929 é considerado o marco da grande recessão, ainda que</p><p>a produção norte-americana já estivesse apresentando sinais de declínio poucos</p><p>meses antes. O dia 24 de outubro de 1929 foi marcado pela queda dos valores das</p><p>ações na bolsa de valores de Nova Iorque. Foi nesse momento que a quebra da</p><p>bolsa fi cou conhecida pelo mundo todo.</p><p>Milhares de acionistas perderam, de um dia para o outro, expressivas quantidades</p><p>de dinheiro.</p><p>57WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>4</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>4. RISCO DAS CARTEIRAS</p><p>Apesar de falarmos dos ativos de forma separada, é preciso destacar que o risco de um título</p><p>fora de uma carteira é diferente do seu risco quando incluso em uma carteira de investimentos.</p><p>Todos os ativos comercializados no mercado � nanceiro possuem algum tipo de risco que pode</p><p>gerar prejuízos ao investidor. No entanto, é possível dirimir esses riscos ao incluir, na carteira</p><p>do investidor, ativos que não contenham uma correlação positiva entre si. Em outras palavras, o</p><p>investidor deverá diversi� car sua carteira de investimentos com ativos que respondam de forma</p><p>oposta às � utuações do mercado (ASSAF NETO, 2018; DUARTE JÚNIOR, 2005).</p><p>No entanto, é importante salientar que essa redução pela adição de novos ativos ocorre de</p><p>maneira decrescente, de forma que, a partir de determinado número de ativos, a redução no nível</p><p>de risco se torna ín� ma e a carteira acaba por conservar um determinado nível de risco. Assim,</p><p>até mesmo carteiras bem diversi� cadas têm algum grau de risco não passível de ser eliminado</p><p>por meio da diversi� cação dos ativos (ASSAF NETO, 2018).</p><p>Esse risco restante é o que chamamos de risco sistemático no tópico 2, enquanto que a</p><p>parte do risco que pode ser reduzida pela diversi� cação dos ativos em carteira é o chamado risco</p><p>não sistemático. O risco de uma carteira de ativos depende de três elementos:</p><p>Grande parte deles perdeu tudo o que tinha.</p><p>A quebra na bolsa foi responsável por apro-</p><p>fundar ainda mais a crise que ocorria já nos</p><p>meses anteriores. A defl ação e a diminuição</p><p>na venda dos produtos resultaram no fecha-</p><p>mento de incontáveis companhias comerciais</p><p>e industriais.</p><p>Os efeitos da crise alcançaram as mais diver-</p><p>sas partes do mundo e impactaram diversos</p><p>países em diferentes intensidades. Para mui-</p><p>tos estudiosos, o ápice da crise ocorreu no</p><p>ano de 1933. Neste ano, o então presidente</p><p>norte-americano, Franklin Delano Roosevelt,</p><p>implementou diversas medidas para conter a</p><p>crise e colocar os Estados Unidos novamente</p><p>nos rumos do crescimento e desenvolvimen-</p><p>to.</p><p>Para conhecer melhor os detalhes que leva-</p><p>ram à grande depressão de 1929 e a infl uên-</p><p>cia do mercado fi nanceiro na crise, veja o do-</p><p>cumentário 1929 – A grande depressão (The</p><p>great crash), baseado no livro homônimo de</p><p>John Kenneth Galbraith.</p><p>Figura 1 – The great crash 1929. Fonte:</p><p>Mariner Books (2009).</p><p>58WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>4</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>• Os ativos que compõem a carteira.</p><p>• A participação de cada ativo no investimento total.</p><p>• A forma como cada ativo da carteira se relaciona com os demais títulos.</p><p>O raciocínio por trás da utilização da diversi� cação de carteiras é o seguinte: uma vez</p><p>que se invista em ativos que respondem de formas diferentes – preferencialmente opostas – às</p><p>oscilações do mercado, o resultado positivo de um deles pode compensar os resultados negativos</p><p>do outro. Quando um deles descer, espera-se que o outro suba na mesma intensidade, de modo a</p><p>anular, assim, qualquer aspecto negativo. O resultado não poderia ser outro, há uma eliminação</p><p>dos riscos do investimento (ASSAF NETO, 2018).</p><p>É possível também ao investidor se valer de duas opções que respondam de forma</p><p>semelhante às � utuações de mercado. Nesse caso, não há que se falar em uma compensação do</p><p>risco, mas numa soma dos resultados. Quando os ativos responderem positivamente, o investidor</p><p>estará diante de uma alta lucratividade. Entretanto, caso os ativos demonstrem baixos resultados,</p><p>os prejuízos podem ser altíssimos (ASSAF NETO, 2018).</p><p>Na prática, é muito difícil encontrar ativos que se comportem de forma ideal, sejam</p><p>positivamente relacionados, sejam negativamente relacionados. O que acontece, na verdade, é</p><p>que o investidor deve procurar os ativos que melhor atendam às suas expectativas, que sejam</p><p>ao máximo convergentes ou divergentes quanto for possível e, dessa forma, mitigar os riscos</p><p>(ASSAF NETO, 2018; DUARTE JÚNIOR, 2005).</p><p>Nesse contexto, oportuna é a observação de Assaf Neto (2018, p. 296), o qual apresenta</p><p>os conceitos de uma carteira de investimentos classi� cada como ótima. São eles: escolher o</p><p>investimento capaz de oferecer o maior retorno possível para certo grau de risco e escolher o</p><p>investimento capaz de resultar no menor risco possível para um certo retorno esperado.</p><p>Ainda na análise da diversi� cação do risco, é imperioso que se recorde que o risco de</p><p>um investimento é capaz de ser avaliado pela variabilidade dos desempenhos projetados em</p><p>torno do desempenho esperado pelo investidor. Nesse sentido, Assaf Neto (2018) ressalta que a</p><p>diversi� cação pela combinação de investimentos em ativos diferentes é capaz de resultar em um</p><p>risco inferior àquele aferido para cada um dos investimentos feitos separadamente. Assim, uma</p><p>vez que não exista uma perfeita correlação entre os ativos – o que na prática é muito difícil de</p><p>acontecer – haverá uma redução do risco em razão da diversi� cação (ASSAF NETO, 2018).</p><p>O resultado pretendido com a diversi� cação é claro: uma vez realizado investimento em</p><p>diversas carteiras que se comportam, cada uma, à sua própria maneira, o risco � nal é menor.</p><p>Imagine, para tanto, o investimento em um único ativo. Caso o desempenho apresentado por ele</p><p>não seja esperado, todo o seu investimento (reduzido a uma única carteira) restará prejudicado.</p><p>Porém, num cenário de vários investimentos, é muito difícil que todos apresentem resultados</p><p>insatisfatórios; desse modo, o risco � nal é menor e o investimento não � cará totalmente</p><p>prejudicado (ASSAF NETO, 2018; DUARTE JÚNIOR, 2005).</p><p>A teoria da carteira foi desenvolvida por Harry Markowitz, Nobel de Economia no</p><p>ano de 1990. Para ele, é possível construir diversas carteiras, otimizadas para a</p><p>redução de riscos com variados níveis de rendimentos. Devido à sua contribuição,</p><p>atualmente a teoria da carteira também é conhecida como Teoria de Markowitz.</p><p>59WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>4</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>Assaf Neto (2018) ainda ressalta que nunca será possível reduzir a zero o risco, ou seja, a</p><p>diversi� cação pode reduzir o risco até certo limite. Desse modo, observa-se que a diversi� cação</p><p>é uma estratégia que deve ser adotada pelos investidores, sobretudo em condições de incerteza.</p><p>Para compreender melhor</p><p>passam</p><p>a ser economicamente viáveis, o que acaba gerando mais empregos e renda, aumenta a poupança</p><p>da economia, viabilizando novos investimentos e assim por diante (KERR, 2011).</p><p>Mas as instituições � nanceiras possuem recursos ilimitados para oferecer na forma de</p><p>empréstimos? Certamente, não. As instituições � nanceiras emprestarão os recursos que agentes</p><p>superavitários con� am a elas em troca de juros (KERR, 2011).</p><p>2. ESTRUTURA DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN)</p><p>O Sistema Financeiro Nacional é composto por instituições que promovem a intermediação</p><p>� nanceira entre agentes superavitários e agentes de� citários, ou seja, entre credores e tomadores</p><p>de recursos. De forma geral, essas instituições se dividem entre órgãos operadores, supervisores</p><p>e normativos. O Banco Central do Brasil apresenta a seguinte proposta de divisão do Sistema</p><p>Financeiro Nacional:</p><p>7WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>1</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>Figura 1 – Estrutura do Sistema Financeiro Nacional. Fonte: Bacen (2019a).</p><p>Como vemos na Figura 1, além de se dividir entre órgãos normativos, supervisores e</p><p>operadores, o SFN é dividido em três ramos (MACHADO, 2015, BACEN, 2019a):</p><p>• Moeda, crédito, capitais e câmbio: também conhecido como mercado � nanceiro, esse</p><p>ramo lida diretamente com quatro tipos de mercados:</p><p>➢ Mercado monetário: onde se realizam operações de curtíssimo e curto prazo</p><p>onde são negociados, em sua maioria, títulos que interferem diretamente na liquidez</p><p>da economia, como títulos de dívida de emissão pública e privada e depósitos</p><p>inter� nanceiros.</p><p>➢ Mercado de crédito: este mercado fornece recursos para o consumo das pessoas</p><p>e para o capital de giro das empresas.</p><p>➢ Mercado de capitais: este mercado permite que as empresas captem recursos de</p><p>terceiros, compartilhando com esses indivíduos os ganhos e riscos relacionados às</p><p>operações da empresa.</p><p>8WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>1</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>➢ Mercado de câmbio: este é o mercado onde são realizadas as operações de compra</p><p>e venda de moeda estrangeira.</p><p>• Seguros privados: é o ramo do Sistema Financeiro Nacional que lida com o mercado</p><p>de seguros privados, com os títulos de capitalização e com a previdência complementar</p><p>aberta.</p><p>• Previdência fechada: é o ramo responsável pelos planos de aposentadoria, poupança</p><p>ou pensão exclusiva para servidores públicos, funcionários de empresas e integrantes de</p><p>associações ou entidades de classe.</p><p>Apesar de existir a divisão por ramos, predomina a divisão da estrutura do Sistema</p><p>Financeiro Nacional entre órgãos normativos, supervisores e operadores, que serão tratados nos</p><p>tópicos a seguir (KERR, 2011; MACHADO, 2015).</p><p>3. ÓRGÃOS NORMATIVOS</p><p>Os órgãos normativos do Sistema Financeiro Nacional são responsáveis por estabelecer</p><p>as linhas de atuação e normas gerais do SFN (KERR, 2011; MACHADO, 2015). No ramo de</p><p>moeda, crédito, capitais e câmbio, o Conselho Monetário Nacional é a instituição normativa por</p><p>excelência, assim como o Conselho Nacional de Seguros Privados e o Conselho Nacional de</p><p>Previdência Complementar são para os ramos de seguros privados e de previdência fechada,</p><p>respectivamente (KERR, 2011; MACHADO, 2015).</p><p>3.1 Conselho Monetário Nacional (CMN)</p><p>Criado pela Lei 4.595 de 1964, o Conselho Monetário Nacional é um órgão eminentemente</p><p>normativo, ou seja, ele não exerce atividades executivas e tem como principal responsabilidade</p><p>formular a política da moeda e do crédito, buscando sempre a estabilidade da moeda e o</p><p>desenvolvimento econômico e social do país (KERR, 2011; MACHADO, 2015).</p><p>O Conselho Monetário Nacional é composto pelo Ministro da Economia, que preside</p><p>o conselho, pelo presidente do Banco Central (Bacen) e pelo Secretário Especial da Fazenda do</p><p>Ministério da Economia, que se reúnem, ordinariamente, uma vez por mês. Nesse quesito, é</p><p>importante estar atento, já que mudanças na estrutura dos ministérios do governo federal podem</p><p>in� uenciar diretamente na composição desse conselho (BACEN, 2019a).</p><p>Segundo o art. 3º da Lei 4.595 de 1964, os objetivos do Conselho Monetário Nacional são:</p><p>Art. 3º A política do Conselho Monetário Nacional objetivará:</p><p>I - Adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da economia</p><p>nacional e seu processo de desenvolvimento;</p><p>II - Regular o valor interno da moeda, para tanto prevenindo ou corrigindo</p><p>os surtos in� acionários ou de� acionários de origem interna ou externa,</p><p>as depressões econômicas e outros desequilíbrios oriundos de fenômenos</p><p>conjunturais;</p><p>III - Regular o valor externo da moeda e o equilíbrio no balanço de pagamento</p><p>do País, tendo em vista a melhor utilização dos recursos em moeda estrangeira;</p><p>9WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>1</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>IV - Orientar a aplicação dos recursos das instituições � nanceiras, quer públicas,</p><p>quer privadas; tendo em vista propiciar, nas diferentes regiões do País, condições</p><p>favoráveis ao desenvolvimento harmônico da economia nacional;</p><p>V - Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos � nanceiros,</p><p>com vistas à maior e� ciência do sistema de pagamentos e de mobilização de</p><p>recursos;</p><p>VI - Zelar pela liquidez e solvência das instituições � nanceiras;</p><p>VII - Coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, � scal e da</p><p>dívida pública, interna e externa (BRASIL, 1964).</p><p>3.2 Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP)</p><p>O Conselho Nacional de Seguros Privados é o órgão responsável por � xar as diretrizes e</p><p>normas para a política nacional de seguros privados. Encaixa-se na de� nição de seguros privados</p><p>os seguros de coisas, pessoas, bens, responsabilidades, obrigações, direitos e garantias (BACEN,</p><p>2019a).</p><p>O decreto-lei nº 73, de 21 de novembro de 1966, estipula no art. 32 as principais funções</p><p>do Conselho Nacional de Seguros Privados:</p><p>Art. 32. É criado o Conselho Nacional de Seguros Privados - CNSP, ao qual</p><p>compete privativamente:</p><p>I - Fixar as diretrizes e normas da política de seguros privados;</p><p>II - Regular a constituição, organização, funcionamento e � scalização dos que</p><p>exercerem atividades subordinadas a este Decreto-Lei, bem como a aplicação</p><p>das penalidades previstas;</p><p>III - Estipular índices e demais condições técnicas sobre tarifas, investimentos e</p><p>outras relações patrimoniais a serem observadas pelas Sociedades Seguradoras;</p><p>IV - Fixar as características gerais dos contratos de seguros;</p><p>V - Fixar normas gerais de contabilidade e estatística a serem observadas pelas</p><p>Sociedades Seguradoras;</p><p>VI - Delimitar o capital das sociedades seguradoras e dos resseguradores;</p><p>VII - Estabelecer as diretrizes gerais das operações de resseguro;</p><p>VIII - disciplinar as operações de co-seguro;</p><p>XI - Prescrever os critérios de constituição das Sociedades Seguradoras, com</p><p>� xação dos limites legais e técnicos das operações de seguro;</p><p>XII - Disciplinar a corretagem de seguros e a pro� ssão de corretor;</p><p>XIV - Decidir sobre sua própria organização, elaborando o respectivo Regimento</p><p>Interno;</p><p>XV - Regular a organização, a composição e o funcionamento de suas Comissões</p><p>Consultivas;</p><p>XVI - Regular a instalação e o funcionamento das Bolsas de Seguro.</p><p>XVII - � xar as condições de constituição e extinção de entidades autorreguladoras</p><p>do mercado de corretagem, sua forma jurídica, seus órgãos de administração e a</p><p>forma de preenchimento de cargos administrativos;</p><p>XVIII - regular o exercício do poder disciplinar das entidades autorreguladoras</p><p>do mercado de corretagem sobre seus membros, inclusive do poder de impor</p><p>penalidades e de excluir membros;</p><p>XIX - disciplinar a administração das entidades autorreguladoras do mercado de</p><p>corretagem e a � xação de emolumentos, comissões e quaisquer outras despesas</p><p>cobradas por tais entidades, quando for o caso (BRASIL, 1966).</p><p>10WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>1</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>3.3</p><p>a análise de riscos, recomenda-se a leitura do livro:</p><p>LIMA, F. G. Análise de riscos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2018.</p><p>O livro aborda, de maneira clara e objetiva, teoria e prática de Análise de Risco.</p><p>Entre outras coisas, o livro ressalta que as crises em diversas grandes empresas</p><p>brasileiras e de todo o mundo foram causadas por avaliação equivocada do risco.</p><p>Não há como separar o estudo de fi nanças sem estudar, de forma aprofundada, o</p><p>risco, pois a incerteza está presente em todas as decisões dos investidores.</p><p>Você sabe como acontece o processo de avaliação de carteiras de investimentos?</p><p>Pela teoria de Markowitz, esse processo conta com três fases.</p><p>Na primeira fase do processo de avaliação de carteiras, acontece a análise dos tí-</p><p>tulos que farão parte da carteira de investimento. Nesse caso, busca-se encontrar</p><p>o valor intrínseco do título, levando em consideração os fl uxos futuros e uma taxa</p><p>mínima de atratividade para o investimento.</p><p>Na segunda fase, é realizada uma análise de carteiras onde se verifi ca o retorno</p><p>esperado e o risco conjunto dos ativos, já que, como sabemos, o risco de um ativo</p><p>não necessariamente soma-se ao risco da carteira.</p><p>Por fi m, na terceira fase, ocorre a seleção das carteiras. Nesse sentido, o inves-</p><p>tidor analisa diversas combinações possíveis de títulos e escolhe aquela que lhe</p><p>oferece o menor risco para um nível de retorno desejado.</p><p>60WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>4</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>No começo desta unidade, vimos que os preços dos ativos são in� uenciados pelos</p><p>movimentos de oferta e demanda que sofrem in� uência da conjuntura do mercado e da própria</p><p>companhia. Em um mercado e� ciente, os preços não necessariamente serão perfeitos, no entanto</p><p>é seguro dizer que eles não são in� uenciados por interesses individuais ou de pequenos grupos.</p><p>Apesar de ser o ideal, em sua grande maioria, os mercados não são perfeitos, e devido a isso,</p><p>os investidores devem utilizar técnicas de avaliação dos ativos para projetar seu comportamento</p><p>futuro e, assim, tomar suas decisões de investimento. Para isso, existem basicamente dois critérios:</p><p>a análise técnica, feita por meio de grá� cos que proporcionam o embasamento necessário para</p><p>averiguar a tendência futura; e a análise fundamentalista, que considera que cada ação possui um</p><p>valor intrínseco relacionado ao desempenho da companhia, da bolsa, do setor e da economia.</p><p>Para se chegar a esse valor intrínseco, o investidor se utiliza dos métodos top down e bottom up,</p><p>que são complementares, assim como a análise técnica e a fundamentalista.</p><p>No caso das ações, o valor que os acionistas se dispõem a pagar por elas leva em</p><p>consideração os rendimentos esperados pela ação, seja em termos de dividendos ou de sua</p><p>valorização no mercado acionário. Exploramos ainda, no decorrer desta unidade o conceito de</p><p>valor justo das ações, que nada mais é do que o patrimônio líquido da empresa dividido pelo</p><p>número total de ações. A teoria então apresenta que o investimento será viável ao investidor</p><p>apenas se o valor de comercialização da ação for inferior ao seu valor justo.</p><p>Após esses conceitos, chegamos à ideia do risco dos ativos e das carteiras e vimos que</p><p>este possui dois componentes. O risco sistemático é a parte do risco que não consegue ser</p><p>amenizada por meio da diversi� cação da carteira, visto que está relacionado às expectativas para</p><p>os indicadores macroeconômicos do país, como o PIB, a in� ação e a taxa de juros.</p><p>O outro componente do risco dos ativos e das carteiras é o risco não sistemático. Este está,</p><p>por sua vez, relacionado às características dos ativos e poderá ser amenizado pela diversi� cação de</p><p>carteira, sendo que a redução do risco pela adição de novos ativos ocorre de maneira decrescente,</p><p>de forma que, a partir de determinado número de ativos, a redução no nível de risco se torna</p><p>ín� ma e a carteira acaba por conservar um determinado nível de risco, o risco sistemático.</p><p>61WWW.UNINGA.BR</p><p>ENSINO A DISTÂNCIA</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ASSAF NETO, A. Mercado � nanceiro. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2018.</p><p>BACEN. Sistema Financeiro Nacional (SFN). 2019a. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/</p><p>estabilidade� nanceira/sfn>. Acesso em: 07 out. 2019.</p><p>BACEN. Comitê de Política Monetária (Copom). 2019b. Disponível em: <https://www.bcb.gov.</p><p>br/controlein� acao/copom>. Acesso em: 07 out. 2019.</p><p>BACEN. O que é banco (instituição � nanceira). 2019c. Disponível em: <https://www.bcb.gov.</p><p>br/estabilidade� nanceira/bancoscaixaseconomicas>. Acesso em: 07 out. 2019.</p><p>BRASIL. Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Dispõe sobre a Política e as Instituições</p><p>Monetárias, Bancárias e Creditícias, cria o Conselho Monetário Nacional e dá outras providências.</p><p>Diário O� cial da União, Brasília, DF, 31 dez. 1964. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/</p><p>ccivil_03/LEIS/L4595.htm>. Acesso em: 07 out. 2019.</p><p>BRASIL. Decreto-lei nº 73, de 21 de novembro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Nacional de</p><p>Seguros Privados, regula as operações de seguros e resseguros e dá outras providências. Diário</p><p>O� cial da União, Brasília, DF, 22 nov. 1966. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/</p><p>ccivil_03/Decreto-Lei/Del0073.htm>. Acesso em: 07 out. 2019.</p><p>BRASIL. Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Dispõe sobre o mercado de valores mobiliários</p><p>e cria a Comissão de Valores Mobiliários. Diário O� cial da União, Brasília, DF, 09 dez. 1976.</p><p>Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6385.htm>. Acesso em: 07 out.</p><p>2019.</p><p>BRASIL. Decreto nº 8.992, de 20 de fevereiro de 2017. Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro</p><p>Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções de Con� ança da Superintendência</p><p>Nacional de Previdência Complementar - Previc, remaneja cargos em comissão e substitui cargos</p><p>em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS por Funções Comissionadas</p><p>do Poder Executivo - FCPE. Diário O� cial da União, Brasília, DF, fev. 2017. Disponível em:</p><p><http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/D8992.htm>. Acesso em:</p><p>07 out. 2019.</p><p>CVM - Comissão de Valores Mobiliários. Sobre a CVM. 2019. Disponível em: <http://www.cvm.</p><p>gov.br/menu/acesso_informacao/institucional/sobre/cvm.html>. Acesso em: 07 out. 2019.</p><p>DUARTE JÚNIOR, A. M. D. Gestão de riscos para fundos de investimentos. São Paulo: Pearson</p><p>Prentice Hall, 2005.</p><p>IZIDORO, C. Mercado de capitais. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015.</p><p>KERR, R. B. Mercado � nanceiro e de capitais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.</p><p>MACHADO, L. H. M. (org.). Sistema � nanceiro nacional. São Paulo: Pearson Education do</p><p>Brasil, 2015.</p><p>62WWW.UNINGA.BR</p><p>ENSINO A DISTÂNCIA</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>MELLAGI FILHO, A.; ISHIKAWA, S. Mercado � nanceiro e de capitais. 2. ed. São Paulo: Atlas,</p><p>2003.</p><p>PREVIC. A Previc. 2019. Disponível em: <http://www.previc.gov.br/acesso-a-informacao/</p><p>institucional/copy_of_a-previc-1>. Acesso em: 07 out. 2019.</p><p>SUSEP. Apresentação. 2019. Disponível em: <http://www.susep.gov.br/menu/a-susep/</p><p>apresentacao>. Acesso em: 07 out. 2019.</p><p>UMPIERES, R. Conheça os verdadeiros gênios de ‘A grande aposta’ e o que eles fazem hoje.</p><p>2016. Disponível em: <https://www.infomoney.com.br/colunistas/a� er-hours/conheca-os-</p><p>verdadeiros-genios-de-a-grande-aposta-e-o-que-eles-fazem-hoje/>. Acesso em: 07 out. 2019.</p><p>Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC)</p><p>O Conselho Nacional de Previdência Complementar é o órgão que regula o regime de</p><p>previdência complementar, que é operado pelas entidades fechadas de previdência complementar.</p><p>O objeto de regulação promovida por esse órgão são os planos de aposentadoria, poupança ou</p><p>pensão exclusivos para funcionários de empresas, servidores públicos e integrantes de associações</p><p>ou entidades de classe (KERR, 2011; MACHADO, 2015; BACEN, 2019a).</p><p>Por regra, o Conselho Nacional de Previdência Complementar é composto por 8</p><p>integrantes com direito a voto e mandato de 2 anos, permitida apenas uma recondução. Entre os</p><p>integrantes do conselho, 5 são representantes do poder público, um representante das entidades</p><p>fechadas de previdência complementar, um representante dos patrocinadores e instituidores de</p><p>planos de benefícios das entidades fechadas de previdência complementar, e um representante</p><p>dos participantes e assistidos de planos de benefícios das referidas entidades (BACEN, 2019a).</p><p>4. ÓRGÃOS SUPERVISORES</p><p>O objetivo principal das entidades supervisoras é garantir que cidadãos e instituições que</p><p>fazem parte do Sistema Financeiro Nacional sigam as regras estipuladas pelos órgãos normativos</p><p>que vimos anteriormente (BACEN, 2019a). O ramo de moeda, crédito, capitais e câmbio possui</p><p>duas instituições supervisoras: a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central</p><p>do Brasil (BC). Os mercados de seguros privados e de previdência fechada, por sua vez, são</p><p>supervisionados, respectivamente, pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) e pela</p><p>Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc).</p><p>4.1 Banco Central do Brasil</p><p>O Banco Central é um dos mais importantes órgãos do Sistema Financeiro Nacional.</p><p>Trata-se de uma autarquia federal ligada ao Ministério da Fazenda, responsável por executar</p><p>as políticas traçadas pelo Conselho Monetário Nacional, além de ser um importante órgão</p><p>� scalizador do Sistema Financeiro Nacional (KERR, 2011; MACHADO, 2015).</p><p>Entre as entidades supervisionadas pelo Banco Central, estão as entidades captadoras,</p><p>ou não, de depósitos à vista, bancos de câmbio e demais instituições � nanceiras intermediárias.</p><p>Devido ao importante papel que desempenha no Sistema Financeiro Nacional, são muitas as</p><p>funções atribuídas ao Bacen, no entanto, de forma resumida, podemos destacar algumas:</p><p>• Garantir a estabilidade do poder de compra da moeda.</p><p>• Assegurar a e� ciência e o bom funcionamento do mercado � nanceiro nacional.</p><p>• Formular, executar e acompanhar as políticas cambial, monetária e creditícia.</p><p>• Receber depósitos compulsórios e voluntários dos bancos comerciais e conceder crédito</p><p>a eles.</p><p>• Depositário das reservas internacionais do país.</p><p>11WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>1</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>Apesar de ser apenas um resumo das atividades exercidas pelo Banco Central, é possível</p><p>perceber que ele não é apenas uma entidade supervisora. Nesse sentido, Assaf Neto (2018)</p><p>a� rma que o Bacen � scaliza e disciplina os órgãos operadores quando estipula as regras básicas</p><p>de condutas para as instituições. Além disso, o Banco Central é um banco de penalidades devido</p><p>à permissão, dada pela legislação, para que ele realize intervenção e liquidação extrajudicial nas</p><p>instituições � nanceiras. A legislação também atribui ao Banco Central a função de gerir, junto</p><p>com outros órgãos, o Sistema Financeiro Nacional devido à possibilidade de expedir normas e</p><p>autorizações. Por � m, o Bacen ainda é responsável por executar a política monetária ao controlar</p><p>a liquidez da economia (ASSAF NETO, 2018).</p><p>Ainda sobre as competências do Banco Central, é importante destacar que, com base na</p><p>Lei 4.595/64, cabe privativamente a ele emitir papel-moeda e moeda metálica, nas condições e</p><p>limites autorizados pelo Conselho Monetário Nacional. De forma geral, o processo de emissão de</p><p>moeda funciona da seguinte maneira:</p><p>Figura 2 – Processo de emissão de moeda. Fonte: a autora.</p><p>Quando deseja expandir os meios de pagamento, o Banco Central coloca mais moeda em</p><p>circulação, por meio de diversos instrumentos, entre eles, a compra de títulos públicos que estão</p><p>em poder dos agentes. No caso contrário, onde a elevada liquidez da economia está prejudicando</p><p>o crescimento do país, o Banco Central vende os títulos públicos em seu poder, recolhendo a</p><p>moeda que antes estava com os indivíduos. É importante salientar que a moeda em poder do</p><p>Banco Central não é considerada moeda em circulação. Veremos esse assunto de forma mais</p><p>aprofundada na Unidade II.</p><p>A Casa da Moeda possui monopólio da produção de dinheiro no Brasil, no entanto</p><p>essa produção visa atender apenas as efetivas necessidades de dinheiro da eco-</p><p>nomia, afi nal, o excesso ou escassez de moeda em circulação traz consequências</p><p>importantes para a economia, como o aumento ou a redução da infl ação e da taxa</p><p>de juros.</p><p>12WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>1</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>4.1.1 Comitê de Política Monetária (Copom)</p><p>Participam do Comitê de Política Monetária o presidente e diretores do Banco Central do</p><p>Brasil. Esse comitê se reúne a cada 45 dias com o objetivo de estabelecer as diretrizes da política</p><p>monetária e de� nir a meta de taxa de juros (taxa Selic) que será praticada pelo Banco Central do</p><p>Brasil (BACEN, 2019b). A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia e é calculada como a</p><p>taxa de juros média apurada diariamente pelo Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic).</p><p>As decisões tomadas pelo Copom se baseiam, primordialmente, no relatório de in� ação,</p><p>além de considerar em suas análises também o balanço de riscos e a atividade econômica. Se o</p><p>Comitê de Política Monetária considera que a in� ação está acima da meta estipulada, ele optará</p><p>por tornar a política monetária mais restritiva, aumentando a taxa de juros, gerando retração de</p><p>empréstimos e efeitos recessivos na economia, reduzindo, então, a in� ação (BACEN, 2019b).</p><p>Para entender melhor sobre o processo de produção das moedas, assista ao vídeo</p><p>Saiba como é fabricado o seu dinheiro - Casa da Moeda. Ele mostra o passo a pas-</p><p>so da cunhagem da moeda e da impressão das notas em circulação no Brasil.</p><p>Isso possibilitará que você, aluno, entenda por que a produção de moeda é uma</p><p>atividade complexa e que não consegue ser reproduzida por outros indivíduos</p><p>facilmente.</p><p>MANUAL DO MUNDO. Saiba como é fabricado o seu dinheiro - Casa da Moeda.</p><p>2015. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6aolLKTHo-I>. Acesso</p><p>em: 05 set. 2019.</p><p>Você sabe como funciona o mecanismo da taxa Selic e por quais meios ele impac-</p><p>ta a meta de infl ação?</p><p>Todos os dias os bancos realizam empréstimos entre si, pois devem fechar o dia</p><p>com a quantidade de saída e entrada de ativos monetários equilibrada, ou seja, a</p><p>quantia de dinheiro “sacado” deve ser igual à quantidade “depositada”. Se supo-</p><p>mos que a taxa de juros média cobrada nessas operações de empréstimos entre</p><p>os bancos é de 20% ao ano, então a taxa Selic é de 20% ao ano.</p><p>Dadas essas informações, caso o Copom entenda que essa taxa é muito alta e</p><p>está deixando a infl ação abaixo da meta estipulada, então ele pode reduzir a meta</p><p>da taxa de juros para, digamos, 10% ao ano. Para baixar a taxa Selic de 20% a.a.</p><p>para 10% a.a., o Banco Central passa a conceder empréstimos aos bancos a 10%</p><p>a.a., de forma que os demais bancos superavitários, interessados nos juros que</p><p>essas operações proporcionam, reduzem suas taxas de juros também para 10%</p><p>a.a., de forma a se tornarem competitivas, baixando então a taxa de juros média</p><p>da economia para o patamar estabelecido pelo Copom.</p><p>Em resumo: o Copom estabelece a meta da taxa Selic, no entanto, o seu valor real</p><p>é determinado nas operações de mercado nas quais o Banco Central interfere.</p><p>13WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>1</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>4.2</p><p>Comissão de Valores Mobiliários (CVM)</p><p>De acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (2019), o objetivo da CVM é “[...]</p><p>� scalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil”,</p><p>que é representado, principalmente, pelas ações, debêntures, commercial papers e outros títulos</p><p>emitidos pelas sociedades anônimas e autorizados pelo Conselho Monetário Nacional (BACEN,</p><p>2019a; ASSAF NETO, 2018).</p><p>As principais atribuições da Comissão de Valores Mobiliários são apresentadas no art. 4º</p><p>da lei nº 6.385 de 7 de dezembro de 1976:</p><p>Art. 4º O Conselho Monetário Nacional e a Comissão de Valores Mobiliários</p><p>exercerão as atribuições previstas na lei para o � m de:</p><p>I - estimular a formação de poupanças e a sua aplicação em valores mobiliários;</p><p>II - promover a expansão e o funcionamento e� ciente e regular do mercado</p><p>de ações, e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social de</p><p>companhias abertas sob controle de capitais privados nacionais;</p><p>III - assegurar o funcionamento e� ciente e regular dos mercados da bolsa e de</p><p>balcão;</p><p>IV - proteger os titulares de valores mobiliários e os investidores do mercado</p><p>contra:</p><p>a) emissões irregulares de valores mobiliários;</p><p>b) atos ilegais de administradores e acionistas controladores das companhias</p><p>abertas, ou de administradores de carteira de valores mobiliários.</p><p>c) o uso de informação relevante não divulgada no mercado de valores</p><p>mobiliários.</p><p>V - evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a criar</p><p>condições arti� ciais de demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários</p><p>negociados no mercado;</p><p>VI - assegurar o acesso do público a informações sobre os valores mobiliários</p><p>negociados e as companhias que os tenham emitido;</p><p>VII - assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de</p><p>valores mobiliários;</p><p>VIII - assegurar a observância, no mercado, das condições de utilização de</p><p>crédito � xadas pelo Conselho Monetário Nacional (BRASIL, 1976).</p><p>A CVM é administrada por um presidente e quatro diretores que formam o Cole-</p><p>giado (ou Diretoria Colegiada), nomeados pelo Presidente da República, depois de</p><p>aprovados pelo Senado Federal. Devem ser pessoas de ilibada reputação e com-</p><p>petência reconhecida quando o assunto é mercado de capitais. Eles servem um</p><p>mandato de 5 anos, sendo vedada a recondução ao mesmo cargo; além disso, a</p><p>cada ano é renovado 1/5 dos membros da diretoria colegiada.</p><p>14WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>1</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>4.3 Superintendência de Seguros Privados (Susep)</p><p>A Superintendência de Seguros Privados é o órgão supervisor do ramo de seguros</p><p>privados. No entanto, suas atividades não se restringem ao mercado de seguros, visto que o órgão</p><p>é responsável também pelo controle e pela � scalização do mercado de previdência privada aberta,</p><p>capitalização e resseguro (SUSEP, 2019).</p><p>Kerr (2011, p. 19-20) aponta algumas competências da Superintendência de Seguros</p><p>Privados, e destacamos as seguintes:</p><p>a) Processar os pedidos de autorização, para constituição, organização, funcionamento,</p><p>fusão e transparência de controle acionário e reforma dos Estatutos das Sociedades</p><p>Seguradoras.</p><p>b) Aprovar os limites de operações das Sociedades Seguradoras, de conformidade com o</p><p>critério � xado pelo CNSP.</p><p>c) Fiscalizar as operações das Sociedades Seguradoras.</p><p>d) Proceder à liquidação das Sociedades Seguradoras que tiverem cassada a autorização</p><p>para funcionar no país.</p><p>4.4 Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc)</p><p>A Superintendência Nacional de Previdência Complementar se concentra nas atividades</p><p>de “[...] � scalização e supervisão das atividades das entidades fechadas de previdência</p><p>complementar [...]” e na execução da política elaborada pelo Conselho Nacional de Previdência</p><p>Complementar (PREVIC, 2019).</p><p>De acordo com o Decreto nº 8.992, de 20 de fevereiro de 2017, art. 2º, as principais</p><p>competências da Superintendência Nacional de Previdência Complementar são:</p><p>Art. 2º Compete à Previc:</p><p>I - Proceder à � scalização das atividades das entidades fechadas de previdência</p><p>complementar e das suas operações;</p><p>II - Apurar e julgar as infrações e aplicar as penalidades cabíveis;</p><p>III - expedir instruções e estabelecer procedimentos para a aplicação das normas</p><p>relativas à sua área de competência, de acordo com as diretrizes do Conselho</p><p>Nacional de Previdência Complementar, a que se refere o inciso XII do art. 29</p><p>da Lei nº 10.683, de 28 de maio de 2003;</p><p>IV - Autorizar:</p><p>a) a constituição e o funcionamento das entidades fechadas de previdência</p><p>complementar e a aplicação dos respectivos estatutos e dos regulamentos de</p><p>planos de benefícios;</p><p>b) as operações de fusão, cisão, incorporação ou qualquer outra forma de</p><p>reorganização societária, relativas às entidades fechadas de previdência</p><p>complementar;</p><p>c) a celebração de convênios e termos de adesão por patrocinadores e instituidores</p><p>e as retiradas de patrocinadores e instituidores; e</p><p>d) as transferências de patrocínio, grupos de participantes e assistidos, planos</p><p>de benefícios e reservas entre entidades fechadas de previdência complementar;</p><p>V - Harmonizar as atividades das entidades fechadas de previdência</p><p>complementar com as normas e as políticas estabelecidas para o segmento;</p><p>15WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>1</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>VI - Decretar intervenção e liquidação extrajudicial das entidades fechadas de</p><p>previdência complementar e nomear interventor ou liquidante, nos termos da</p><p>lei;</p><p>VII - nomear administrador especial de plano de benefícios especí� co, podendo</p><p>atribuir-lhe poderes de intervenção e liquidação extrajudicial, na forma da lei;</p><p>VIII - promover a mediação e a conciliação entre entidades fechadas de</p><p>previdência complementar e entre as entidades e seus participantes, assistidos,</p><p>patrocinadores ou instituidores, bem como dirimir os litígios que lhe forem</p><p>submetidos na forma da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996;</p><p>IX - Enviar relatório anual de suas atividades ao Ministério da Fazenda e, por seu</p><p>intermédio, ao Presidente da República e ao Congresso Nacional; e</p><p>X - Adotar as providências necessárias ao cumprimento de seus objetivos</p><p>(BRASIL, 2017).</p><p>5. ÓRGÃOS OPERADORES</p><p>São órgãos operadores todas aquelas entidades participantes do Sistema Financeiro</p><p>Nacional que realizam atividades de intermediação � nanceira. Falando apenas do mercado</p><p>� nanceiro, que é o foco desta disciplina, os órgãos operadores atuam em contato direto com</p><p>o público e podem ser classi� cados em instituições � nanceiras bancárias, não bancárias e</p><p>instituições auxiliares (ASSAF NETO, 2018).</p><p>Entre as instituições � nanceiras bancárias, estão os bancos comerciais, bancos múltiplos e</p><p>as caixas econômicas. Os bancos comerciais são constituídos sob a forma de sociedade anônima</p><p>e têm como atividade principal a prestação de serviços como o pagamento de cheques, as</p><p>transferências de fundos, recebimento de impostos e tarifas públicas, entre outros. Os bancos</p><p>comerciais fazem a intermediação � nanceira entre agentes de� citários e superavitários por meio</p><p>da concessão de crédito através de desconto de títulos, crédito pessoal, rural etc., com recursos</p><p>provenientes, principalmente, de depósitos à vista e a prazo (KERR, 2011; ASSAF NETO, 2018).</p><p>Os bancos múltiplos, por sua vez, são como uma evolução natural dos bancos comerciais</p><p>que passaram a realizar as atividades de quatro outras instituições: banco de câmbio; banco</p><p>comercial; banco de investimento; e banco de desenvolvimento. Para ser considerado um</p><p>banco múltiplo, ele deve operar com, pelo menos, duas dessas carteiras, sendo que uma delas,</p><p>obrigatoriamente, deve ser banco comercial ou banco de investimento (KERR, 2011; ASSAF</p><p>NETO, 2018; BACEN, 2019c).</p><p>16WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>1</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>Figura 3 – Composição dos bancos múltiplos. Fonte: Bacen</p><p>(2019c).</p><p>Por � m, a última das instituições � nanceiras bancárias são as caixas econômicas. As caixas</p><p>econômicas são empresas públicas que exercem as mesmas atividades de um banco comercial, no</p><p>entanto algumas características diferem as caixas econômicas das demais instituições � nanceiras</p><p>bancárias, como, por exemplo, seu foco nos programas e projetos de natureza social. Esse caráter</p><p>social das caixas econômicas se manifesta por meio de empréstimos e � nanciamentos para projetos</p><p>nas áreas de assistência social, saúde, educação, trabalho e esporte (BACEN, 2019c; KERR, 2011).</p><p>Atualmente, a Caixa Econômica Federal (CEF) é a única instituição desse segmento.</p><p>Na classe das instituições � nanceiras não bancárias, se encontram:</p><p>• Bancos de investimento.</p><p>• Bancos de desenvolvimento.</p><p>• Sociedades de crédito, � nanciamento e investimento.</p><p>• Sociedades de arrendamento mercantil.</p><p>• Cooperativas de crédito.</p><p>• Sociedades de crédito imobiliário.</p><p>• Associações de poupança e empréstimo.</p><p>17WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>1</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>Os bancos de investimento são fornecedores de crédito de médio e longo prazo para</p><p>empresas que necessitam de recursos para seu capital de giro e capital � xo. Esses bancos, no</p><p>entanto, não mantêm contas correntes, de forma que tais empréstimos são realizados com</p><p>reservas próprias, por meio da colocação de certi� cados de depósitos bancários (CDB), vendas</p><p>de cotas de fundos de investimento e empréstimos contratados dentro e fora do país (ASSAF</p><p>NETO, 2018; KERR, 2011).</p><p>Os bancos de desenvolvimento, por sua vez, são instituições públicas do âmbito estadual</p><p>que buscam promover o desenvolvimento econômico e social das regiões em que atuam, ao</p><p>apoiarem, principalmente, o setor privado, por meio de empréstimos e � nanciamentos. Apesar</p><p>de se chamar Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o BNDES é</p><p>uma empresa pública, e não é um banco de desenvolvimento, visto que atua em nível nacional e</p><p>não em nível estadual, como os bancos de desenvolvimento (KERR, 2011).</p><p>As sociedades de crédito, � nanciamento e investimento se dedicam, principalmente, ao</p><p>� nanciamento de bens duráveis às pessoas físicas, sendo sua principal fonte de recursos o aceite</p><p>e a colocação de letras de câmbio, emitidas pelo devedor, no mercado (ASSAF NETO, 2018;</p><p>KERR, 2011). As sociedades de arrendamento mercantil (leasing), por sua vez, não realizam</p><p>empréstimos, mas adquirem bens para serem utilizados pelas empresas arrendatárias (KERR,</p><p>2011). Os principais tipos de leasing são:</p><p>• Leasing operacional: parecido com o aluguel, é efetuado, principalmente, pelas empresas</p><p>que fabricam os bens.</p><p>• Leasing � nanceiro: realizado por instituições � nanceiras que compram o bem e o</p><p>entregam para uso do arrendatário. Ao � nal do contrato de arrendamento, o arrendatário</p><p>pode exercer ou não seu direito de adquirir o bem por um valor residual estabelecido no</p><p>início do contrato.</p><p>As cooperativas de crédito são instituições que oferecem empréstimos e � nanciamentos e</p><p>prestam serviços apenas para os associados. Seus recursos são captados por meio de depósitos à</p><p>vista e a prazo (KERR, 2011; ASSAF NETO, 2018).</p><p>Resta falarmos das sociedades de crédito mobiliário e das associações de poupança e</p><p>empréstimo. Ambas as instituições estão voltadas para o � nanciamento imobiliário com recursos</p><p>provenientes de cadernetas de poupança. O que as difere é que, no caso das associações de</p><p>poupança e empréstimo, essa poupança é proveniente apenas dos associados e não do sistema</p><p>nacional, como acontece com as sociedades de crédito mobiliário.</p><p>A última classe dos órgãos operadores são as instituições auxiliares, que englobam</p><p>bolsas de valores, sociedades corretoras, sociedades distribuidoras e agentes autônomos de</p><p>investimentos. As bolsas de valores são organizações onde são negociados títulos e valores</p><p>mobiliários de pessoas jurídicas públicas e privadas. As sociedades corretoras são as instituições</p><p>que efetivamente realizam a intermediação � nanceira nos pregões das bolsas de valores (KERR,</p><p>2011; MACHADO, 2015). Os principais objetivos das bolsas de valores são:</p><p>• Fornecer liquidez aos títulos ali negociados.</p><p>• Tornar seguras a compra e a venda de títulos.</p><p>• Trazer e� ciência para a preci� cação dos títulos comercializados.</p><p>18WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>1</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Como vimos, o Sistema Financeiro reúne as instituições responsáveis por intermediar</p><p>os recursos � nanceiros entre agentes de� citários e superavitários, de forma que aqueles que</p><p>poupam � nanciam, em troca de uma remuneração, as operações dos agentes que não possuem</p><p>recursos su� cientes para realizar suas transações. Tais recursos são os grandes responsáveis pelos</p><p>investimentos realizados no país, ou seja, são eles que viabilizam o crescimento e desenvolvimento</p><p>de nossa economia.</p><p>No entanto, para que esse processo seja realizado de forma efetiva, é necessário que ele</p><p>esteja embasado em processos sólidos e seguros. Devido a isso, o Sistema Financeiro Nacional</p><p>está dividido entre órgãos normativos, supervisores e operadores. Os órgãos normativos são</p><p>responsáveis por determinar as regras gerais que garantirão o funcionamento e� ciente do Sistema</p><p>Financeiro Nacional. No ramo de moeda, crédito, capitais e câmbio, essa função � ca a cargo do</p><p>Conselho Monetário Nacional, enquanto que no ramo de seguros privados e no de previdência</p><p>fechada os responsáveis são, respectivamente, o Conselho Nacional de Seguros Privados e o</p><p>Conselho Nacional de Previdência Complementar.</p><p>Os órgãos supervisores do Sistema Financeiro Nacional (SFN) são os responsáveis por</p><p>garantir que os participantes do SFN, pessoas e instituições, sigam as regras de� nidas pelos órgãos</p><p>normativos. O ramo de moeda, crédito, capitais e câmbio conta com dois órgãos supervisores: o</p><p>Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários. Já os ramos de seguros privados e</p><p>de previdência fechada são supervisionados, respectivamente, pela Superintendência de Seguros</p><p>Privados e pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar.</p><p>Por � m, o Sistema Financeiro Nacional conta ainda com os órgãos operadores, que são</p><p>as instituições que lidam diretamente com o público e realizam a intermediação � nanceira dos</p><p>recursos. É nessa classi� cação que está a maior parte das instituições, entre elas, os bancos, caixas</p><p>econômicas, cooperativas de crédito e bolsas de valores.</p><p>Para mais informações sobre as operações realizadas na bolsa de valores, leia:</p><p>PASSOS, A. Investindo na bolsa de valores: o que você precisa saber antes de in-</p><p>vestir. São Paulo: Novatech, 2018.</p><p>1919WWW.UNINGA.BR</p><p>UNIDADE</p><p>02</p><p>SUMÁRIO DA UNIDADE</p><p>INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 20</p><p>1. POLÍTICA MONETÁRIA ..........................................................................................................................................21</p><p>2. POLÍTICA FISCAL ..................................................................................................................................................22</p><p>3. MERCADO MONETÁRIO .......................................................................................................................................23</p><p>3.1 MERCADO DE RENDA FIXA ................................................................................................................................25</p><p>3.2 REMUNERAÇÃO DOS TÍTULOS DE RENDA FIXA .............................................................................................26</p><p>4. MERCADO DE CRÉDITO .......................................................................................................................................26</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................31</p><p>MERCADO MONETÁRIO E DE CRÉDITO</p><p>PROF.A MA. ÉRICA APARECIDA RIBEIRO</p><p>ENSINO A DISTÂNCIA</p><p>DISCIPLINA:</p><p>MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS</p><p>20WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>2</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>A Unidade II da disciplina Mercado Financeiro e de Capitais tem como objetivo apresentar</p><p>os principais aspectos relacionados aos mercados monetário e de crédito. Para isso, iniciaremos</p><p>com uma discussão sobre a política � scal e monetária que visa proporcionar o conhecimento</p><p>necessário para entender de onde surgem os títulos que serão negociados no mercado monetário</p><p>e no mercado de crédito.</p><p>Como veremos adiante, a política monetária visa controlar o nível de liquidez presente</p><p>na economia e, para isso, o governo faz uso de diversos instrumentos, entre eles, os depósitos</p><p>compulsórios, operações de mercado aberto e políticas de redesconto bancário e empréstimos</p><p>de liquidez. No primeiro tópico desta unidade, veremos como esses instrumentos interferem</p><p>diretamente no nível de in� ação e nas taxas de juros praticadas na economia.</p><p>A política � scal a ser exercida pelo governo também possui instrumentos que viabilizam</p><p>a sua consecução, entre eles, estão as modi� cações da carga tributária, colocação de títulos</p><p>públicos no mercado e emissão de moeda. A política � scal, a princípio, diz respeito aos gastos do</p><p>governo e será considerada expansionista, caso este aumente seus gastos, ou reduza os impostos,</p><p>e contracionista quando reduzir as despesas, ou aumentar as receitas com impostos.</p><p>Os mercados monetário e de crédito serão estudados nos tópicos 3 e 4, respectivamente,</p><p>cujo objetivo é mostrar que eles são diretamente impactados pelas políticas citadas anteriormente.</p><p>Além disso, veremos alguns dos principais produtos comercializados nesses mercados pelas</p><p>instituições � nanceiras e qual é o papel que eles desempenham na economia, de uma forma geral.</p><p>21WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>2</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>1. POLÍTICA MONETÁRIA</p><p>A execução da política monetária brasileira é de responsabilidade do Banco Central do</p><p>Brasil, que possui poderes para controlar a quantidade de moeda em circulação na economia. Ao</p><p>afetar a liquidez da economia, a política monetária afeta diversos indicadores, tais como in� ação,</p><p>emprego, taxa de juros e produto interno bruto (PIB) (KERR, 2011; ASSAF NETO, 2018).</p><p>A política monetária pode ser expansionista ou restritiva. Dizemos que a política</p><p>monetária é expansionista quando coloca uma maior quantidade de moeda em circulação, ou</p><p>seja, quando se aumenta a liquidez da economia. Uma política monetária expansionista objetiva</p><p>aumentar o consumo e o investimento para gerar uma expansão na atividade econômica do país.</p><p>Essa expansão se dá, principalmente, por meio da redução da taxa de juros e aumento do emprego,</p><p>no entanto acaba gerando também aumento da in� ação devido ao aumento da demanda (KERR,</p><p>2011; ASSAF NETO, 2018).</p><p>A política monetária é restritiva se reduz a liquidez da economia. Tal política ocasiona o</p><p>aumento da taxa de juros, reduzindo a oferta de crédito e aumentando seu custo devido à menor</p><p>quantidade de moeda disponível, que, por sua vez, gera uma retração nos investimentos, emprego</p><p>e atividade econômica, o que traz, como consequência � nal, a redução da in� ação (KERR, 2011;</p><p>ASSAF NETO, 2018).</p><p>Para a efetivação da política monetária, o Banco Central dispõe de três instrumentos</p><p>clássicos de controle monetário:</p><p>a) Recolhimentos compulsórios.</p><p>b) Operações de mercado aberto.</p><p>c) Políticas de redesconto bancário e empréstimos de liquidez.</p><p>Os recolhimentos compulsórios representam um percentual dos depósitos recebidos</p><p>pelos bancos que devem ser colocados à disposição do Banco Central. Tal recolhimento objetiva,</p><p>além de colocar em prática a política monetária, controlar a solvência dos bancos e assegurar o</p><p>patrimônio de seus depositantes. Esses depósitos são liberados pelo Banco Central conforme os</p><p>clientes sacam os recursos de suas contas (KERR, 2011).</p><p>O recolhimento compulsório é um instrumento de política monetária porque in� ui</p><p>diretamente sobre a liquidez da economia, oferta de crédito e taxa de juros praticadas pelos</p><p>bancos. Uma redução na taxa de recolhimento compulsório, que signi� ca uma política monetária</p><p>expansionista, por exemplo, permite que uma maior quantidade de moeda esteja em circulação,</p><p>o que aumenta a oferta de crédito e reduz a taxa de juros, gerando aumento dos investimentos,</p><p>consumo, demanda e emprego, ocasionando, como já sabemos, um viés in� acionário na economia</p><p>(KERR, 2011; ASSAF NETO, 2018).</p><p>Uma política monetária restritiva, realizada por meio de recolhimento compulsório,</p><p>aumenta o percentual de depósitos que deverão ser recolhidos ao banco central. Com isso, reduz</p><p>a quantidade de moeda e crédito da economia, desacelerando-a devido a um aumento da taxa de</p><p>juros que desestimula o investimento e o consumo, tornando possível uma redução da in� ação</p><p>vigente na economia (KERR, 2011).</p><p>22WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>2</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>A política monetária pode ainda ser realizada por meio de operações de mercado aberto</p><p>(open market), que são uma forma mais ágil de in� uenciar a taxa de juros no curto prazo. As</p><p>operações de open market são fundamentadas na compra e venda, pelo Banco Central, de títulos</p><p>da dívida pública com o intuito de afetar o nível de liquidez da economia. Para aumentar o nível</p><p>de moeda em circulação (política monetária expansionista) e reduzir a taxa de juros, o Banco</p><p>Central pode comprar títulos públicos dos agentes econômicos. Caso queria aumentar a taxa</p><p>de juros, no entanto, poderá reduzir o volume dos meios de pagamento da economia (política</p><p>monetária restritiva) por meio da venda de títulos da dívida pública (KERR, 2011; ASSAF NETO,</p><p>2018).</p><p>Essas operações de compra e venda de títulos públicos podem ser realizadas de duas</p><p>formas: por meio das operações compromissadas ou das operações de� nitivas. Nas operações</p><p>compromissadas, a autoridade monetária vende um título e assume o compromisso de recomprá-</p><p>lo após determinado período de tempo (as operações overnight, por exemplo, têm o prazo de um</p><p>dia). Nas operações de� nitivas, por sua vez, os títulos são adquiridos sem a obrigação de revenda</p><p>pelo adquirente (KERR, 2011; ASSAF NETO, 2018).</p><p>Por � m, o redesconto bancário e os empréstimos de liquidez são operações de assistência</p><p>a instituições � nanceiras cujo objetivo é equilibrar suas necessidades de caixa diante de um</p><p>aumento acentuado dos saques realizados pelos depositantes. A taxa de juros cobrada pelo Banco</p><p>Central para esses empréstimos é chamada de taxa de redesconto e afeta as demais taxas de</p><p>juros praticadas pelos bancos, de forma que, caso o Banco Central deseje realizar uma política</p><p>monetária restritiva, ele poderá aumentar a taxa de redesconto. Esse aumento desestimulará os</p><p>bancos a tomarem empréstimos com o Banco Central (BC) e aumentará a taxa de juros dos</p><p>empréstimos ofertados pelos bancos, desacelerando, assim, a atividade econômica (KERR, 2011;</p><p>ASSAF NETO, 2018).</p><p>É importante salientar que, em uma política monetária expansionista, realizada por</p><p>operações de redesconto bancário e empréstimos de liquidez, ocorre a redução da taxa de</p><p>redesconto, que estimula os bancos a contraírem empréstimos com o Banco Central, aumentando</p><p>a sua liquidez. Esse aumento na quantidade de moeda em posse dos bancos faz com que eles</p><p>reduzam sua taxa de juros e concedam mais empréstimos a seus clientes, gerando estímulos para</p><p>o aumento dos investimentos e do consumo (KERR, 2011).</p><p>2. POLÍTICA FISCAL</p><p>A política � scal se baseia nas receitas e nos gastos do setor público. Tais gastos devem</p><p>ser realizados de forma equilibrada, de acordo com a arrecadação tributária, para buscar atingir</p><p>os objetivos macroeconômicos e sociais estabelecidos para o país. A política � scal pode</p><p>ser</p><p>expansionista ou contracionista. Ela é entendida como expansionista quando se elevam os gastos</p><p>do setor público, e/ou reduz os impostos, com o objetivo de estimular a economia; no entanto, tal</p><p>estímulo, com o tempo, pode resultar em um viés in� acionário. De forma oposta, uma política</p><p>� scal contracionista acontece quando o governo reduz seus gastos, e/ou aumenta os impostos,</p><p>com o propósito de controlar a in� ação pela redução da demanda (KERR, 2011; ASSAF NETO,</p><p>2018).</p><p>Ao adotar uma política � scal expansionista sem uma expansão correspondente nas</p><p>receitas, com o propósito de incentivar o crescimento econômico por meio do aquecimento da</p><p>demanda, o governo acabará por ter um dé� cit � scal (despesas maiores que as receitas). Existem,</p><p>basicamente, três formas pelas quais o governo pode cobrir esse dé� cit: modi� cação da carga</p><p>tributária, colocação de títulos públicos e emissão de moeda (KERR, 2011).</p><p>23WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>2</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>No caso da modi� cação da carga tributária, um aumento dos impostos pagos pelas</p><p>empresas, para cobrir um dé� cit � scal, faz com que se reduza o lucro auferido por essas</p><p>companhias, inviabilizando a realização de novos investimentos. Para a população, de forma</p><p>geral, um aumento da carga tributária tende a afetar o consumo devido ao encarecimento dos</p><p>produtos no mercado (KERR, 2011; ASSAF NETO, 2018).</p><p>Por outro lado, medidas como a colocação de títulos públicos e a emissão de moeda têm</p><p>efeito direto sobre a quantidade de meios de pagamento disponíveis na economia e sobre a taxa</p><p>de juros praticada no mercado. Se o governo opta pela emissão monetária para cobrir um dé� cit</p><p>� scal, teremos uma expansão da base monetária que terá efeito direto sobre o nível de in� ação da</p><p>economia. A colocação de títulos públicos, por seu lado, costuma vir acompanhada de aumento</p><p>dos juros que encarece o custo � nal de bens e serviços (KERR, 2011).</p><p>Economias com dé� cit público crescente tendem a entrar em um círculo vicioso que</p><p>inicia com a tentativa de � nanciar o dé� cit por meio da emissão de títulos que, por sua vez, gera</p><p>um aumento na taxa de juros da economia. O pagamento dos juros, inerentes aos títulos públicos,</p><p>pode gerar um aprofundamento do dé� cit que, novamente, poderá ser � nanciado por emissões</p><p>de títulos ou por emissões monetárias, o que gerará novos desequilíbrios no sistema econômico.</p><p>Ao direcionar recursos para o pagamento da dívida, outras áreas, como os investimentos</p><p>públicos, terão seus recursos prejudicados, desestimulando a atividade produtiva da economia e</p><p>prejudicando a expansão do Produto Interno Bruto (KERR, 2011; ASSAF NETO, 2018).</p><p>Como dito no início, a política � scal deve ser pensada com cuidado, já que seus efeitos</p><p>tendem a ser mais rapidamente sentidos na economia, especialmente no curto prazo. Apesar dos</p><p>inúmeros malefícios que os gastos desenfreados do setor público podem gerar para a economia</p><p>como um todo, despesas maiores realizadas pelo governo tendem a aumentar a demanda agregada</p><p>da economia, o que é responsável por efeitos positivos na renda nacional. Logo, quando o assunto</p><p>é política � scal, o essencial é ter moderação e equilíbrio (KERR, 2011).</p><p>3. MERCADO MONETÁRIO</p><p>O mercado monetário é organizado de forma a permitir o controle da liquidez e da taxa</p><p>de juros da economia. Nele são negociados, principalmente, títulos do Tesouro Nacional e títulos</p><p>públicos emitidos pelos Estados e Municípios, além de certi� cados de depósitos � nanceiros</p><p>(CDI), exclusivamente entre instituições � nanceiras, e títulos de emissão privada, como o</p><p>certi� cado de depósito bancário (CDB). Trata-se de um mercado de curto e curtíssimo prazo,</p><p>e de alta liquidez, responsável pela formação das taxas Selic e DI vigentes na economia (KERR,</p><p>2011; ASSAF NETO, 2018).</p><p>Para mais informações sobre os principais aspectos teóricos da história recente</p><p>da política fi scal brasileira, leia:</p><p>LOPREATO, F. L. C. Caminhos da política fi scal do Brasil. São Paulo: Ed. da Unesp,</p><p>2013.</p><p>24WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>2</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>A grande maioria dos títulos negociados no mercado monetário são escriturais, ou</p><p>seja, emitidos de forma digital sem documento físico. Dessa forma, para manter a integridade</p><p>do mercado, as transações que envolvem esses títulos são controladas e custodiadas por dois</p><p>sistemas distintos: o Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e a Central de Custódia e</p><p>de Liquidação Financeira de Títulos Privados (Cetip) (KERR, 2011; ASSAF NETO, 2018).</p><p>O Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) opera apenas com títulos públicos</p><p>de emissão do Tesouro Nacional. A Cetip, por sua vez, abriga os títulos privados e públicos em</p><p>poder do setor privado. Tanto a Selic quanto a Cetip possuem um mesmo objetivo: promover a</p><p>boa liquidação das operações do mercado monetário, fornecendo segurança e autenticidade às</p><p>operações realizadas no mercado (KERR, 2011; ASSAF NETO, 2018).</p><p>Os títulos públicos negociados no mercado monetário são emitidos com o objetivo de</p><p>� nanciar a dívida pública do país, antecipar as receitas do governo ou controlar a liquidez da</p><p>economia. De acordo com Kerr (2011), os principais títulos públicos que podem ser adquiridos</p><p>são:</p><p>• Letra do Tesouro Nacional (LTN): também chamado de tesouro pre� xado, tem sua</p><p>rentabilidade de� nida no momento da compra do título (pre� xado). Seu valor nominal</p><p>é sempre múltiplo de R$ 1.000,00 e são sempre negociados por um valor menor que</p><p>o nominal (deságio do título). A rentabilidade é dada pela diferença entre o preço de</p><p>compra do título e o valor nominal no vencimento.</p><p>• Letra Financeira do Tesouro (LFT): conhecido como Tesouro Selic, trata-se de um</p><p>título pós-� xado, cuja rentabilidade depende da variação diária registrada pela taxa Selic</p><p>entre o dia da compra do título e o do seu vencimento. O resgate do título corresponde</p><p>ao seu valor nominal mais o rendimento acumulado da Selic desde a data base do título.</p><p>• Notas do Tesouro Nacional (NTN): possuem, em sua maioria, rendimentos pós-</p><p>� xados atrelados a um indexador de preços da economia. Os juros desses títulos são</p><p>pagos periodicamente e acordados no momento da emissão. Algumas das séries emitidas</p><p>são:</p><p>➢ Série C (NTN-C): tem a rentabilidade vinculada à variação do IGP-M acrescida</p><p>de juros de� nidos no momento da compra. Paga um cupom de juros semestral de</p><p>6% ou 12% ao ano.</p><p>➢ Série B (NTN-B): a rentabilidade desse título é vinculada ao IPCA acrescida</p><p>de juros de� nidos no momento da compra e paga cupom de juros de 6% ao ano</p><p>semestralmente.</p><p>➢ Série F (NTN-F): trata-se de um título com rentabilidade pre� xada de� nida pela</p><p>taxa interna de retorno (TIR) do � uxo de pagamento dos cupons de juros de 10%</p><p>ao ano, que são pagos semestralmente, além do deságio sobre o valor nominal do</p><p>título.</p><p>Os títulos privados, por sua vez, são emitidos pelos bancos e empresas, com, basicamente,</p><p>os mesmos objetivos dos títulos públicos: antecipar receitas, � nanciar dé� cits e ajustar o nível de</p><p>liquidez. Nesse sentido, segundo Kerr (2011), alguns dos títulos privados negociados no mercado</p><p>monetário são:</p><p>25WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>2</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>• Depósitos inter� nanceiros (CDI): são títulos negociados exclusivamente entre</p><p>instituições � nanceiras. Ao transferir dinheiro entre instituições � nanceiras superavitárias</p><p>para as de� citárias, as instituições negociam dinheiro entre si, que é lastreado por esses</p><p>certi� cados. Ou seja, a instituição compra liquidez e em troca de títulos no mercado.</p><p>Nesse caso, as taxas de juros são formadas livremente pela oferta e procura de dinheiro.</p><p>• Certi� cado de depósito bancário (CDB): são títulos de renda � xa que representam</p><p>depósitos a prazo feitos por pessoas físicas ou jurídicas a bancos comerciais, múltiplos,</p><p>de investimento</p><p>e caixas econômicas. Ao aderir ao CDB, é como se o investidor estivesse</p><p>fazendo um empréstimo ao banco, recebendo juros em troca. O CDB pode ser transferido</p><p>a qualquer momento a outro investidor. Esses títulos podem ser remunerados de três</p><p>formas: taxa pre� xada, pós-� xada ou indexada à in� ação.</p><p>• Recibo de Depósito Bancário (RDB): o RDB segue a mesma lógica que o CDB, no</p><p>entanto a principal diferença diz respeito à possibilidade de transferência, visto que o</p><p>RDB se trata de um título inegociável e intransferível. Assim como o CDB, esses títulos</p><p>podem ser remunerados por uma taxa pre� xada, pós-� xada ou por uma taxa � utuante,</p><p>atrelada à variação de algum índice de in� ação.</p><p>3.1 Mercado de Renda Fixa</p><p>Os títulos de renda � xa são aqueles onde são de� nidas, na data de emissão, as suas</p><p>condições de negociação, como a taxa de juros, o prazo e a forma de pagamento dos rendimentos,</p><p>também chamados de cupons. Existem no mercado diversos títulos de renda � xa e, entre eles,</p><p>estão os títulos públicos, commercial papers e certi� cados de depósitos bancários, sendo que os</p><p>principais emitentes deles são os governos e empresas privadas (KERR, 2011; ASSAF NETO,</p><p>2018).</p><p>Para avaliar a rentabilidade desses títulos, é necessário analisar o � uxo de caixa prometido</p><p>ao investidor, levando em consideração os riscos envolvidos na operação (KERR, 2011). De</p><p>acordo com Assaf Neto (2018), são quatro os principais riscos que a estão sujeitos aqueles que</p><p>investem em títulos de renda � xa: variação nas taxas de juros de mercado; inadimplência do</p><p>emitente; liquidez do mercado; e oportunidades de reinvestimento dos � uxos de caixa recebidos</p><p>pelo investidor.</p><p>A variação na taxa de juros de mercado é um risco para aqueles que investem em títulos</p><p>de renda � xa porque o preço de mercado do título varia no sentido inverso ao da taxa de juros</p><p>de mercado, ou seja, um aumento na taxa de juros de mercado causa redução no preço do título,</p><p>o que pode gerar prejuízos aos investidores. É importante salientar que não apenas a mudança</p><p>efetiva da taxa de juros de mercado é capaz de afetar o preço dos títulos de renda � xa, mas</p><p>também uma expectativa generalizada de mudança nos juros já produz efeitos sobre o valor de</p><p>negociação desses títulos (KERR, 2011; ASSAF NETO, 2018).</p><p>Existem três formas pelas quais um título de renda � xa pode ser negociado: ao par, com</p><p>deságio e com ágio. Um título é negociado ao par quando o preço de negociação é o mesmo que</p><p>seu valor nominal e o único retorno recebido pelo investidor é a taxa de juros pre� xada (ASSAF</p><p>NETO, 2018).</p><p>Por sua vez, um título negociado com deságio tem preço de mercado inferior ao valor</p><p>nominal do título. Esse tipo de negociação ocorre para aumentar a rentabilidade do título quando</p><p>a taxa de juros de mercado é maior do que a rentabilidade pre� xada para o título.</p><p>26WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>2</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>Por � m, acontece o cenário inverso no caso de uma negociação com ágio. Nesse caso, o</p><p>título é negociado por um valor maior que o seu valor nominal, sendo que tal cenário acontece</p><p>quando a taxa de juros pre� xada é maior que a taxa requerida pelo mercado (KERR, 2011; ASSAF</p><p>NETO, 2018).</p><p>3.2 Remuneração dos Títulos de Renda Fixa</p><p>Existe atualmente, no Brasil, três formas de se remunerar os títulos de renda � xa como o</p><p>Certi� cado de Depósito Bancário (CDB) e o Recibo de Depósito Bancário (RDB). A remuneração</p><p>pode se dar por meio de uma taxa de juros pre� xada, pós-� xada ou indexada à in� ação (ASSAF</p><p>NETO, 2018).</p><p>Na taxa de juros pre� xada, a rentabilidade é de� nida no momento da compra e é</p><p>garantida apenas se o investidor não realiza a venda antecipada. O principal risco intrínseco aos</p><p>títulos remunerados por taxa de juros pre� xada são os possíveis aumentos das taxas de juros do</p><p>mercado que, caso se tornem maiores que a taxa pre� xada, ocasionarão perdas ao investidor,</p><p>visto que a taxa de juros pre� xada se mantém inalterada, mesmo havendo mudanças nas taxas de</p><p>juros do mercado (KERR, 2011; ASSAF NETO, 2018).</p><p>Com a taxa de juros pós-� xada, por sua vez, a rentabilidade é atrelada à variação de</p><p>algum índice de preços previamente selecionado, sendo que, nesse caso, é comum o uso da taxa</p><p>CDI ou da taxa Selic que acompanham o comportamento das taxas de juros do mercado (ASSAF</p><p>NETO, 2018).</p><p>Por � m, as taxas de juros indexadas à in� ação, às vezes chamadas de taxas pré e pós-</p><p>� xadas, são compostas por uma taxa de juros real previamente de� nida, que já considera a</p><p>in� ação, acrescida da variação da in� ação calculada no período de aplicação. Títulos com esse</p><p>tipo de rendimento garantem ao investidor um ganho real, prevenindo perdas devido à in� ação</p><p>(ASSAF NETO, 2018).</p><p>4. MERCADO DE CRÉDITO</p><p>O mercado de crédito opera no curto e médio prazo, fornecendo dinheiro para as</p><p>necessidades de caixa das pessoas físicas e jurídicas. Operam nesse mercado as instituições</p><p>� nanceiras bancárias, como os bancos comerciais e os bancos múltiplos. Segundo Kerr (2011),</p><p>nesse mercado, as instituições � nanceiras podem participar da intermediação de recursos tanto</p><p>diretamente quanto indiretamente.</p><p>Quando operam diretamente, as instituições � nanceiras atuam como sujeitos passivos ao</p><p>recolherem recursos de agentes superavitários, garantindo a eles o pagamento do valor principal</p><p>acrescido de juros em determinada data. Posteriormente, as instituições � nanceiras, atuando</p><p>agora como sujeito ativo, oferecem esses recursos a agentes de� citários em troca de uma taxa de</p><p>juros maior que a oferecida aos agentes superavitários. A diferença entre essas duas taxas de juros</p><p>é chamada de spread bancário (KERR, 2011; ASSAF NETO, 2018).</p><p>27WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>2</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>Figura 1 – Intermediação direta de recursos pelas instituições � nanceiras. Fonte: Kerr (2011, p. 80).</p><p>Podemos de� nir o spread bancário como a remuneração paga à instituição � nanceira</p><p>por assumir os riscos da operação de intermediação de recursos, de forma que, mesmo que o</p><p>agente de� citário não cumpra com a sua parte do negócio, a instituição � nanceira arcará com o</p><p>prejuízo e o agente superavitário ainda assim receberá seu valor principal acrescido da taxa de</p><p>juros negociada (KERR, 2011; ASSAF NETO, 2018).</p><p>Parte dos recursos captados pelos bancos possui destinação preestabelecida pelo</p><p>Banco Central, ou seja, são recursos direcionados. Entre esses destinos, tem-se os depósitos</p><p>compulsórios e a alocação desses recursos para operações de empréstimos e � nanciamentos</p><p>rurais, de infraestrutura e habitacionais. Por outro lado, existem ainda os recursos livres, que</p><p>são direcionados a operações em que a taxa de juros é livremente estabelecida entre tomadores e</p><p>instituições � nanceiras (KERR, 2011).</p><p>A intermediação � nanceira exercida pelas instituições é dita indireta quando os</p><p>empréstimos são realizados diretamente entre agente superavitário e de� citário, sendo a operação</p><p>apenas intermediada pela instituição � nanceira que, nesse caso, não assume os riscos da operação.</p><p>Dessa forma, caso o agente de� citário não realize os reembolsos da forma programada, o agente</p><p>superavitário sofrerá diretamente com o prejuízo, não sendo a instituição � nanceira obrigada a</p><p>ressarci-lo (KERR, 2011; ASSAF NETO, 2018).</p><p>No caso da intermediação � nanceira indireta, cabe à instituição � nanceira conciliar os</p><p>interesses dos poupadores com os dos agentes de� citários, de forma a viabilizar a operação. A</p><p>remuneração da instituição, nesses casos, se quali� ca como uma comissão pelos serviços de</p><p>intermediação prestados aos agentes. Esse é o tipo de intermediação � nanceira característico do</p><p>mercado de capitais, que veremos na próxima unidade (KERR, 2011).</p><p>Figura 2 – Intermediação indireta de recursos pelas instituições � nanceiras. Fonte: Kerr (2011, p. 80).</p><p>É possível distinguir as operações realizadas no mercado de crédito entre</p><p>aquelas</p><p>direcionadas às pessoas físicas e às pessoas jurídicas. No caso das pessoas físicas, Kerr (2011)</p><p>a� rma que os principais produtos adquiridos no mercado de crédito são cheque especial, crédito</p><p>pessoal, cartões de crédito, crédito consignado e crédito direto ao consumidor.</p><p>28WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>2</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>O crédito direto ao consumidor (CDC) é um tipo de � nanciamento, também concedido a</p><p>pessoas jurídicas, para a aquisição de bens e serviços. Essa operação, usualmente, utiliza a alienação</p><p>� duciária do bem objeto do � nanciamento como garantia. Dessa forma, caso haja suspensão dos</p><p>pagamentos, a instituição � nanceira pode reaver o bem, evitando maiores prejuízos. Por ter um</p><p>bem em garantia, geralmente possui taxas de juros menores quando comparadas aos do cheque</p><p>especial e do crédito pessoal (KERR, 2011; ASSAF NETO, 2018).</p><p>Para as pessoas jurídicas, o mesmo cenário se repete, com diversos produtos que podem</p><p>ser utilizados de acordo com suas necessidades de caixa. Kerr (2011) cita alguns dos principais</p><p>produtos � nanceiros oferecidos no mercado de crédito:</p><p>• Desconto de títulos: é a modalidade de � nanciamento onde a instituição � nanceira</p><p>antecipa os valores que a empresa tem a receber, referente a suas vendas a prazo,</p><p>descontados os juros e encargos da operação. Ou seja, os títulos de venda a prazo que</p><p>estão nas mãos da empresa servem como garantia para a operação de � nanciamento.</p><p>Dessa forma, quando o cliente realiza o pagamento, quem recebe é a instituição � nanceira.</p><p>No entanto, em caso de inadimplência, a empresa deverá arcar com os custos perante</p><p>a instituição � nanceira. Uma operação de desconto também pode se dar mediante a</p><p>emissão de uma nota promissória com vencimento em data posterior à negociação.</p><p>Mesmo cientes dos riscos de oferecer crédito a pes-</p><p>soas sem recursos sufi cientes, os bancos continua-</p><p>vam a fornecer os empréstimos, a uma baixa taxa de</p><p>juros. Os títulos de crédito gerados por essas transa-</p><p>ções eram comercializados no mercado fi nanceiro e,</p><p>dessa forma, os bancos viam os riscos dessas tran-</p><p>sações sendo diluídos e compartilhados com outros</p><p>agentes econômicos. No entanto, com o aumento da</p><p>taxa de juros americana, iniciada em 2004, aumen-</p><p>tou-se também a inadimplência que, posteriormente,</p><p>levou à crise geral que se viu no sistema fi nanceiro</p><p>mundial.</p><p>Para entender melhor como o mercado de crédito é</p><p>capaz de infl uenciar a saúde do mercado fi nanceiro</p><p>como um todo, assista ao fi lme A grande aposta. Ele</p><p>conta a história de quatro indivíduos, habituados a</p><p>operar no mercado fi nanceiro, que percebem indícios</p><p>de que uma crise pode estar por vir devido aos em-</p><p>préstimos imobiliários de alto risco fornecidos pelos</p><p>bancos. Vendo ali uma oportunidade, eles começam</p><p>a investir em títulos que valorizariam de forma expo-</p><p>nencial, caso tal crise viesse a acontecer.</p><p>Figura 3 – A grande aposta.</p><p>Fonte: Umpieres (2016).</p><p>29WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>2</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>• Conta garantida: são empréstimos rotativos criados para suprir eventuais necessidades</p><p>de � uxo de caixa das empresas. Para isso, é necessário que o tomador do crédito, também</p><p>chamado de mutuário, abra uma conta de empréstimo separada da conta corrente. Com</p><p>essa conta, o mutuário pode sacar os fundos até o limite contratado, geralmente por meio</p><p>de cheques, e pagar o banco pelos empréstimos por meio de depósitos na conta. Os juros</p><p>e encargos são cobrados mensalmente ao � nal de cada mês e são calculados sobre o saldo</p><p>devedor diário existente na conta.</p><p>• Crédito rotativo: semelhante à conta garantida, diferencia-se dela apenas pela</p><p>necessidade de se entregar duplicatas como garantia para a operação. Além disso, as</p><p>duplicatas entregues pela empresa também são responsáveis por estabelecer o limite de</p><p>crédito a ser liberado pelo banco, sendo que, à medida que as duplicatas são resgatadas,</p><p>a empresa as substitui, de forma a manter o limite e a rotatividade do crédito concedido.</p><p>• Hotmoney: é uma operação de curtíssimo prazo que visa suprir as necessidades imediatas</p><p>de caixa das empresas. Geralmente também se usam duplicatas e notas promissórias</p><p>como garantia para a operação. As taxas de juros cobradas nesse tipo de operação são</p><p>formadas com base nas taxas do mercado inter� nanceiro (taxa CDI).</p><p>• Financiamento de capital de giro: é uma operação que objetiva suprir a necessidade da</p><p>empresa por capital de giro. Tem prazos maiores que no desconto de títulos e podem-se</p><p>usar, como garantia, duplicatas, aval, hipoteca ou notas promissórias.</p><p>• Vendor: o objetivo dessa operação é � nanciar as vendas a prazo da empresa. Dessa forma,</p><p>a instituição � nanceira paga à vista a uma empresa as vendas feitas a prazo e recebe, em</p><p>troca, uma taxa de juros pela intermediação e/ou adiantamento. No vendor, a empresa</p><p>cede o crédito ao banco, de forma que a empresa é que contrata o crédito, mas quem paga</p><p>é o cliente, sendo o vendedor o � ador da operação. Esse tipo de operação é atrativo para</p><p>as empresas devido à menor taxa de juros em relação aos demais empréstimos passíveis</p><p>de serem contratados no mercado.</p><p>Uma duplicata é um título de crédito proveniente de uma operação de compra e</p><p>venda ou de prestação de serviços. Essas operações contam com, no mínimo,</p><p>três papéis: nota fi scal, fatura e duplicata. A duplicata é emitida com base na fatu-</p><p>ra que atesta a venda realizada e pode incluir mais de uma nota fi scal. Além disso,</p><p>pode ser emitida mais de uma duplicata para a mesma fatura, e a sua titularidade</p><p>pode ser transferida por meio de endosso.</p><p>30WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p><p>NI</p><p>DA</p><p>DE</p><p>2</p><p>EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA</p><p>Figura 4 – Fluxo � nanceiro de uma operação de vendor. Fonte: Assaf Neto (2018).</p><p>• Compror: é a operação inversa ao vendor, ou seja, é o comprador que desempenha o papel</p><p>de � ador da operação. Essa operação permite que as empresas paguem os fornecedores à</p><p>vista, o que reduz os custos � nanceiros de uma compra a prazo.</p><p>• Adiantamentos sobre contratos de câmbio (ACC): é um � nanciamento direcionado a</p><p>incentivar empresas exportadoras, com o objetivo de dinamizar as exportações nacionais</p><p>e torná-las mais competitivas. Ao contratar a operação, que é feita durante a fase de</p><p>produção da mercadoria, a empresa receberá do banco, antecipadamente e em moeda</p><p>nacional, o valor da exportação que será efetuada em data posterior.</p><p>• Adiantamentos sobre contratos de exportação (ACE): também conhecido como</p><p>adiantamento sobre cambiais entregues, é uma operação semelhante aos adiantamentos</p><p>sobre contratos de câmbio (ACC), no entanto é voltada para quando a mercadoria já está</p><p>pronta e embarcada, e pode ser solicitada até 60 dias após o embarque.</p><p>Sempre que falamos em mercado de crédito, empréstimos e fi nanciamentos, de-</p><p>vemos nos lembrar da possibilidade de inadimplência. Com base nisso, você sabe</p><p>como os bancos fazem para gerir os riscos aos quais eles se expõem ao realizar</p><p>um empréstimo?</p><p>Para ter uma melhor gestão do seu risco de crédito, os bancos atribuem uma nota,</p><p>ou rating, às operações que devem expressar o risco de os tomadores de recursos</p><p>não honrarem seus compromissos fi nanceiros. O rating torna a análise de risco</p><p>menos objetiva ao fi xar parâmetros mínimos que os tomadores de empréstimos</p><p>devem cumprir.</p><p>Atualmente, as instituições fi nanceiras são obrigadas a classifi car as operações</p><p>de crédito de acordo com o seu risco. Para isso, elas utilizam uma escala de rating</p><p>estipulada pelo Banco Central, e demonstrada na Tabela 1, que é dividida em clas-</p><p>ses de riscos, onde cada uma apresenta uma expectativa de perda na operação,</p><p>ou seja, o risco da operação. Esse rating é criado com base em modelos probabi-</p><p>lísticos de risco que medem as chances de determinado evento ocorrer.</p><p>31WWW.UNINGA.BR</p><p>M</p><p>ER</p><p>CA</p><p>DO</p><p>F</p><p>IN</p><p>AN</p><p>CE</p><p>IR</p><p>O</p><p>E</p><p>DE</p><p>C</p><p>AP</p><p>IT</p><p>AI</p><p>S</p><p>| U</p>