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<p>AO JUÍZO DE UMA DAS VARAS CÍVEIS DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 6a REGIÃO - COMARCA DE BELO HORIZONTE-MG.</p><p>Nome, brasileiro, solteiro, portador da CNH (00)00000-0000, e inscrito sob o número de CPF 000.000.000-00, residente a EndereçoCEP 00000-000, email -vem a presença de Vossa Excelência por seu procurador que esta subscreve na forma dos poderes outorgados em procuração em anexo, com endereço profissional na EndereçoCEP: 00000-000, e-mail : email@email.com, onde recebera as intimações, propor a presente</p><p>AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL</p><p>Em desfavor de CAIXA ECONÔMICA FEDEREAL pessoa jurídica de direito privado, inscrita sob o CNPJ nº 00.360.305. 0001-04, com sede profissional no Setor Bancário Sul, Quadra 4, lote 3⁄4, Brasília -DF e;</p><p>DOS FATOS</p><p>A parte autora no dia 28 do mês de Abril de 2023, firmou contrato de compra e venda, destinando-se o referido contrato para a aquisição e construção de financiamento de um terreno.</p><p>O empreendimento adquirido pelo autor era no valor de R$ 00.000,00O financiamento concedido pela 1º requerida, atingiu a monta de R$ 00.000,00.</p><p>O contrato previa o pagamento de parcelas mensais no valor de R$ 00.000,00, as quais seriam pagas até a quitação total do financiamento.</p><p>O Requerente vem cumprindo com suas obrigações fielmente, entretanto, a parte autora não possui mais o interesse em adquirir o imóvel e não possui condições de arcar com as parcelas do financiamento, com receio de se ver endividado, e sem motivos para manter o investimento, o mesmo procurou a Requerida com intuito de buscar a rescisão do contrato, todavia, obteve resposta negativa da Instituição financeira.</p><p>Por tais motivos, a parte autora não vê outra alternativa se não buscar o amparo do poder judiciário.</p><p>DO DIREITO</p><p>Da Assistência Judiciária Gratuita</p><p>O Requerente faz jus à concessão da gratuidade de Justiça, haja vista não possuir rendimentos suficientes para custear as despesas processuais e honorários advocatícios em detrimento de seu sustento e de sua família,. Assim, é, o dever estatal de prestar assistência gratuita na forma prescrita na Constituição Federal do Brasil, em seu artigo 5º LXXIV, e o artigo 98 e seguintes, do Código de Processo Civil de 2015.</p><p>Assim, com base na necessidade demonstrada, aguarda o Requerente o deferimento da justiça gratuita de modo integral.</p><p>Da Aplicação do CDC</p><p>A presente ação dever ser julgada na forma da lei consumerista, diante da clara relação de consumo do presente caso, conforme art. 2º e 3º do CDC. Outrossim,</p><p>V. Excelência deve julgar a presente ação nos termos da norma consumerista, bem como inverter, no que couber, o ônus da prova nos termos do inciso VIII, do art. 6º da lei 8.078/90 CDC.</p><p>Da Medida Liminar</p><p>A antecipação de tutela, como tutela de urgência prevista no artigo 300 do Código de Processo Civil, caberá ao Julgador analisar os critérios objetivos e subjetivos, de modo a deferir a medida, e, pelo que dispõe a presente lide, é média que se impõe a concessão da liminar à guisa de Tutela Antecipada de Urgência, na forma do art. 300 do CPC/15.</p><p>Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. § 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.</p><p>O que tem arrimo na narrativa fática, pois todo dia 15 de cada mês vencem as prestações referentes ao financiamento do imóvel. Até o presente momento, a autora não se encontra com saldo negativo junto à instituição bancária, isto é, está adimplente em relação às prestações do financiamento.</p><p>Todavia, com o lançamento da cobrança das próximas parcelas, a parte autora que há um tempo não tem mais condições em permanecer dentro desse negócio jurídico, ficará inadimplente com o banco. A consequência disso é o descumprimento do art. 1º, § 3º inciso III da Portaria nº 488/2017 que trata da extinção do contrato de financiamento habitacional e devolução do imóvel. Descumprido um dos requisitos da Portaria, automaticamente é impossível prosseguir com o distrato, pois são requisitos cumulativos o que demonstra claramente o período de dano ao autor.</p><p>A probabilidade do direito se manifesta com o respaldo presente no art. 1º Portaria nº 488/2017 do Ministério das Cidades, que dispõe sobre o distrato pelo beneficiário do programa habitacional Minha Casa Minha Vida e assegura a possibilidade da resilição unilateral junto à entidade financeira mediante solicitação do beneficiário com a respectiva devolução do imóvel .</p><p>Assim, é medida que se impõe que seja suspensa as cobranças das parcelas vincendas do contrato de financiamento até o termino do presente processo, a iniciar-se da parcela do mês de março de 2024, para que a autora não sofra quaisquer prejuízos e não tenha seu direito de resilição violado.</p><p>DO MÉRITO</p><p>Da Rescisão Contratual</p><p>Diante dos fatos ora mencionados, é medida que se impõe a rescisão do presente contrato de financiamento.</p><p>Sem condições de permanecer vinculado ao financiamento e por receio de não conseguir cumprir com as parcelas do financiamento, o requerente busca o amparo legal da presente ação fundamentando-se na portaria das cidades nº 488 de 2017 , o qual permite a rescisão contratual por solicitação do beneficiário.</p><p>Art. 1º O contrato firmado entre o Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), representado pela Instituição Financeira Oficial Federal (IF), e a pessoa física, na qualidade de beneficiária do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), será objeto de rescisão nos casos de descumprimento contratual, ocupação irregular, desvio de finalidade, inadimplemento com os pagamentos das prestações da compra e venda ou por solicitação do beneficiário.</p><p>Dessa forma, resta evidente que, o beneficiário do PMCMV poderá extinguir o contrato outrora celebrado mediante solicitação, sem necessidade de anuência da instituição financeira.</p><p>Outrossim, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios já se manifestou em caso análogo:</p><p>APELAÇÃO CÍVIL. PROCESSO CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. CONTRATO DE COMPRA, VENDA E FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO. PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA. EFEITO SUSPENSIVO. LEGITIMIDADE. PERTINÊNCIA SUBJETIVA. FUNDO GARANTIDOR DA HABITAÇÃO POPULAR - FGHAB. INEXISTÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO COM BANCO DO BRASIL S/A. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL. REVOGAÇÃO DE TUTELA ANTECIPADA CONCEDIDA NA PRIMEIRA INSTÂNCIA. AUSÊNCIA DE ALTERAÇÃO FÁTICA E DE DIREITO. RESILIÇÃO CONTRATUAL POR SOLICITAÇÃO DO BENEFICIÁRIO (DEVEDOR). POSSIBILIDADE. PORTARIA 488 DO MINISTÉRIO DAS CIDADES. REQUISITOS ATENDIDOS. DEVOLUÇÃO DO IMÓVEL AO BANCO. DEVOLUÇÃO DA QUANTIA PAGA. RETENÇÃO DE VALORES. JUROS DE MORA. 1. Apelação deve ser recebida apenas no efeito devolutivo quando interposta contra sentença que confirmou tutela antecipada deferida - inciso V do § 1º do art. 1.012 do CPC. 2. Tratando a pretensão de resilição de contrato de compra, venda e financiamento no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida, a pertinência subjetiva da demanda resulta do vínculo jurídico que une as partes, figurando o Banco-réu, no caso, como agente financiador e a autora como beneficiária do programa social. Em tese e à luz do que narrado na inicial, recai sobre a instituição financeira legitimidade para ocupar o polo passivo da demanda. 3. Fundo Garantidor da Habitação Popular - FGHab visa garantir às instituições financeiras o recebimento do pagamento das parcelas mensais de financiamento habitacional no âmbito do Sistema Financeiro de Habitação - SFH nas hipóteses de perda de emprego, redução da renda, morte ou invalidez do mutuário final, assumindo o saldo devedor do financiamento imobiliário, e, ainda, a cobertura de despesas de reparação de danos físicos ao imóvel.3.1. No caso, a pretensão da autora não é acionar o FGHab a fim de este assumir o saldo devedor do financiamento imobiliário, mas sim resilir o contrato de compra, venda e financiamento firmado com o Banco do Brasil. 3.2. A tutela jurisdicional requerida não se dá em face</p><p>do Fundo Garantidor da Habitação Popular - FGHab e não diz respeito às hipóteses legais que o tornam titular da relação jurídica de direito material deduzida, razão por que não deve figurar como parte na relação processual, tampouco integrar litisconsórcio com o Banco. 4..Consoante enunciado</p><p>n. 508 de Súmula do STF, figurando como parte sociedade de economia mista, ainda que federal, é da competência da Justiça</p><p>Estadual (e do Distrito Federal) processar e julgar a demanda. 5. Não constatada alteração de fato ou de direito que imponha revogação da tutela antecipada concedida e, posteriormente, confirmada em sentença, esta deve ser mantida nos termos do art. 296, caput, CPC.</p><p>6. Não havendo mais interesse do beneficiário do Programa Minha Casa Minha Vida, é direito seu a resilição do contrato de compra, venda e financiamento do imóvel, desde que atendidos os requisitos exigidos no § 3º do art. 1º da Portaria 488/2017 do Ministério das Cidades, o que restou comprovado nos autos. 7. O Superior Tribunal de Justiça já definiu aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor aos contratos regidos pelo Sistema Financeiro de Habitação - SFH e, consequentemente, aos respectivos contratos de mútuo, desde que firmados após sua vigência e ausente vinculação com Fundo de Compensação de Variações Salariais - FCVS, hipótese em exame. 8.</p><p>Os contratos do Sistema Financeiro de Habitação instituem a alienação fiduciária sobre bem imóvel e o distrato solicitado pelo consumidor caracteriza hipótese de resilição do contrato com a retomada do produto alienado (art. 53, CDC) e de imediata restituição de parte das parcelas pagas pelo consumidor (Súmula 543 do STJ). 8.1. Dispõe a Portaria 488/2017 do Ministério das Cidades que, operada a rescisão do contrato firmado no âmbito do PMCMV por solicitação do beneficiário, este deve arcar com todas as obrigações, despesas, custas cartorárias e encargos relativos à rescisão contratual (art. 1º, § 3º, VI). 9. Juros moratórios servem como compensação pecuniária pelo retardamento no cumprimento da obrigação pelo devedor (art. 389 do CC). Inadimplemento da obrigação positiva e líquida no seu termo constitui de pleno direito em mora o devedor (art. 397 do CC). 9.1. Reconhecido em sentença direito da autora à resilição contratual e à restituição de parcela dos valores pagos, constituída a obrigação do Banco-réu de pagar quantia fixada pelo juízo. 9.2. Previstos no contrato juros moratórios de 1% (um por cento) ao mês, parâmetro que deve ser observado (art. 406 do CC). 10. Apelação conhecida, preliminares rejeitadas. No mérito, recurso desprovido. (Acórdão (00)00000-0000, 07059258220198070006, Relator: MARIA IVATÔNIA, 5a Turma Cível, data de julgamento: 9/12/2020, publicado no PJe: 4/1/2021. Pág.: Sem Página Cadastrada.)</p><p>Ademais, preconiza o art. 473 do Código Civil que a resilição unilateral (distrato), diante de permissão legal, expressa ou implícita, se opera MEDIANTE NOTIFICAÇÃO feita à outra parte. Isto é, bastasse que a autora notificasse a ré sobre sua vontade de extinguir o contrato, não necessitando qualquer anuência ou permissão da instituição bancária para o fim naquele negócio jurídico.</p><p>É oportuno salientar que foram elencados no § 3º do artigo 1º da Portaria 488/2017 alguns requisitos cumulativos a serem preenchidos para o processo de extinção do contrato e devolução do imóvel:</p><p>§ 3º Os contratos somente poderão ser rescindidos por solicitação do beneficiário, se atendidos os seguintes requisitos:</p><p>I - seja formalizado pelo beneficiário o pedido na instituição financeira contratante, informando o (s) motivo (s) da desistência;</p><p>II - o requerimento do beneficiário tenha a ciência do ente público responsável pela seleção da demanda;</p><p>III - todas as obrigações e encargos relativos ao contrato e ao imóvel estejam em dia;</p><p>IV - o imóvel não esteja em situação de ocupação irregular;</p><p>V- o imóvel seja restituído nas mesmas condições físicas em que se encontrava à época da contratação; e</p><p>VI - todas as obrigações, despesas, custas cartorárias e encargos relativos à rescisão sejam arcadas pelo beneficiário.</p><p>Quanto aos requisitos, ressalte-se que a autora preenche todos eles: I) o pedido foi formalizado, conforme email encaminhado à instituição bancária; II) o requerimento tinha ciência do ente público; III) todos os encargos relativos ao imóvel estão em dia (destaca-se que o imóvel está em construção); IV) o imóvel não se encontra em situação de ocupação irregular e; V e VI) o bem está em construção.</p><p>Dessa forma, pode-se perceber que a negativa da instituição financeira em proceder com o distrato é totalmente inadequada e afronta diretamente às disposições previstas no Código Civil e manifestação exarada pelo Governo Federal.</p><p>É direito reservado à autora de sair de uma relação jurídica da qual não tenha mais interesse e nem condições de permanecer. Faz-se um reforço aqui que, apesar do distrato não requer justificativa para a extinção do contrato, apenas manifestação da parte, a autora informa que além de não ter interesse em permanecer nessa relação jurídica, não possui condições de continuar com o imóvel, achando por bem devolvê-lo ao banco para que encontre um novo beneficiário.</p><p>DA DEVOLUÇÃO DOS VALORES PAGOS</p><p>Conforme entendimento do STJ e jurisprudência, as relações ocorridas no âmbito do Sistema Financeiro Nacional são consideradas relações de consumo, e, portanto, tuteladas pelo Código de Defesa do Consumidor:</p><p>AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 231.878-RJ (2012/0196624-</p><p>7) RELATORA: MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI AGRAVANTE: SÉRGIO DE ABREU COUTINHO E OUTRO ADVOGADO: ACCACIO MONTEIRO BARROZO E OUTRO (S) - RJ 00000-00:</p><p>CAIXA ECONÔMICA FEDERAL ADVOGADO: MARCELO VASCONCELLOS ROALE ANTUNES E OUTRO (S) - RJ 00000-00Trata-se de agravo contra decisão que negou seguimento ao recurso especial interposto em face de acórdão assim emendado: ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CONTRA DECISÃO MONOCRÁICA. INADMISSIBILIDADE. RECEBIMENTO COMO AGRAVO INTERNO. SFH. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR . INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. CARACTERIZAÇÃO DA VEROSSIMILHANÇA DA ALEGAÇÃO E HIPOSSUFICIÊNCIA DO MUTÁRIO. REVISÃO DO CONTRATO DE MÚTUO. REAJUSTE DE PRESTAÇÕES MENSAIS. PLANO DE EQUIVALENCIA SALARAISL E PRATICA DE ANATOCSMO. NECESSIDADE DE PROVA TÉCNICA. DECCISÃO MANTIDA PELOS SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. AGRAVO INTERNO IMPROVIDO. 1 É aplicável o Código de Defesa do Consumidor aos contratos regidos pelo SFH , o que não implica em inversão do ônus da prova, vez que (...) (grifo nosso).</p><p>(STJ - Aresp 231878 RJ 2012/00000-00, Relator: Ministra Maria Isabel Gallotti, Data de Publicação: DJ 09/08/2018)</p><p>APELAÇÕES CÍVEIS - AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO - CONTRATO DE FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO - SFH - APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - TABELA PRICE - POSSIBILIDADE - AMORTIZAÇÃO POSTERIOR À ATUALIZAÇÃO DO SALDO DEVEDOR - FUNDHAB - LEGALIDADE - JUROS REMUNERATÓRIOS - LIMITAÇÃO A 10% AO ANO - CAPITALIZAÇÃO DOS JUROS VEDADA EM QUALQUER PERIODICIDADE - RECURSOS DESPROVIDOS. 1 - Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos de financiamento imobiliário celebrados com as instituições financeiras que integram o Sistema Financeiro de Habitação, ainda que datados de momento pretérito a sua entrada em vigor, vez que consistente em norma de ordem pública e natureza cogente. 2 - A Tabela "Price" é aplicável aos contratos vinculados ao Sistema Financeiro de Habitação, de modo que a atualização do saldo devedor deve preceder sua amortização em face do pagamento da prestação (Súmula n. 450 do STJ). 3 - "Não há ilegalidade na cobrança do FUNDHAB, contraprestação civil assumida voluntariamente pelo mutuário." (Resp. 82.532/SP) 4 - "Esta Corte Superior de Justiça, firmou o entendimento no sentido de que o artigo 6º, e, da Lei nº 4.380 , de 1964, não limitou os juros remuneratórios a 10% ao ano, mas tão-somente tratou dos critérios de reajuste de contratos de financiamento, previstos no artigo 5º do mesmo diploma legal." (Resp 645207 / SC.) 5 - "Nos contratos celebrados no âmbito</p><p>do Sistema Financeiro da Habitação, é vedada a capitalização de juros em qualquer periodicidade." (AgRg no AREsp 307887) (grifo nosso).</p><p>TJ-MS - Apelação APL 01188584120048120001 MS 0118858- 41.2004.8.12.0001 (TJ-MS)</p><p>Dessa forma, sabendo a aplicabilidade do CDC nesse tipo de relação, na hipótese em que o contrato envolve outorga de crédito, ou seja, pagamento parcelado mediante especificações previstas no instrumento contratual, o art. 53 do CDC esclarece:</p><p>Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado.</p><p>No caso em tela, o distrato solicitado pela autora caracteriza a hipótese de resolução desse contrato e a retomada do imóvel ao credor, no caso, a ré. Nesse cenário, preceitua a súmula 543 do STJ:</p><p>Súmula 543 - Na hipótese de resolução de contrato de promessa de compra e venda de imóvel submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas pelo promitente comprador - integralmente, em caso de culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou parcialmente, caso tenha sido o comprador quem deu causa ao desfazimento.</p><p>Com o distrato, o imóvel será devolvido à ré. O bem terá um novo beneficiário e isso proporciona uma recomposição econômica à instituição bancária. Dessa forma, considerando que já foi pago, em média, quase um ano de prestação do financiamento, a retenção total desses valores representa um enriquecimento sem causa por parte da ré, o que é vedado pela nossa legislação, conforme art. 884 do CC/02: "Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários."</p><p>Posto isso é medida que se impõe a devolução integral dos valores pagos pelo autor a título de parcelas do financiamento, inclusive sem qualquer desconto, tendo em vista que será o próprio autor que arcará coma as despesas com taxas tributarias e cartorárias em decorrência da presente rescisão contratual.</p><p>DOS PEDIDOS</p><p>Diante do exposto, requer:</p><p>a) Seja deferida a parte autora os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita;</p><p>b) Seja deferida a medida liminar para suspender os pagamentos das parcelas do financiamento habitacional e qualquer outra taxa referente ao contrato que ora se discute;</p><p>c) A citação da parte requerida para, querendo, apresentar sua defesa no prazo legal, sob pena de aplicação dos efeitos da revelia;</p><p>d) Que seja julgada procedente a pressente demanda para tornar rescindido o contrato de financiamento imobiliário celebrado entre as partes;</p><p>e) Seja devolvido a parte autora todos os valores por ela pagos à a parte requerida até a data da rescisão do contrato de financiamento;</p><p>f) A condenação do requerido ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios;</p><p>g) Seja julgada totalmente procedente a presente ação.</p><p>Requer provar o alegado por todas as provas admitidas em direito, em especial as provas documentais que compõe este processo.</p><p>Dar-se a causa o valor de R$ 00.000,00.</p><p>Nestes termos,</p><p>pede o deferimento.</p><p>BELO HORIZONTE/MG, 29, fevereiro de 2024</p><p>Nome</p><p>00.000 OAB/UF</p><p>NomeTEMPONI</p><p>00.000 OAB/UF-E</p>