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<p>AULA 6</p><p>INTELIGÊNCIA EMOCIONAL –</p><p>COMPETÊNCIAS SOCIAIS E DE</p><p>RELACIONAMENTO</p><p>Profª Lucimara do Nascimento Numata</p><p>2</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Esperamos, em nossos estudos, abordar as temáticas escolhidas de forma</p><p>abrangente, diversificada e significativa para você.</p><p>Nesta etapa, a proposta é trazer ao seu conhecimento os tópicos de</p><p>discussão para conduzi-lo à promoção da saúde emocional para uma gestão</p><p>humanizada, sem perda da vantagem competitiva e sustentável nos negócios.</p><p>Abordaremos o seguinte:</p><p>1. Liderando com inteligência emocional para a vantagem competitiva e</p><p>sustentável;</p><p>2. Gestão emocional em momentos de crise;</p><p>3. Psicologia positiva na promoção de comportamentos voltados à felicidade;</p><p>4. Regulação e práticas de saúde emocional;</p><p>5. Gestão humanizada.</p><p>A liderança com inteligência emocional é crucial no mundo empresarial</p><p>competitivo, permitindo criar ambientes de trabalho inspiradores e motivadores.</p><p>Durante crises, a gestão emocional desempenha um papel fundamental, ajudando</p><p>os líderes a tomar decisões acertadas e transmitir confiança. A psicologia positiva</p><p>promove comportamentos voltados à felicidade, incentivando o reconhecimento</p><p>dos pontos fortes e o estabelecimento de metas desafiadoras. A regulação e as</p><p>práticas de saúde emocional são essenciais para garantir o bem-estar dos</p><p>indivíduos, prevenindo o estresse e aumentando a produtividade. Por fim, a</p><p>gestão humanizada valoriza o tratamento das pessoas como seres únicos, criando</p><p>um ambiente de trabalho inclusivo e saudável. Ao combinar esses temas, as</p><p>organizações podem alcançar vantagem competitiva sustentável e promover o</p><p>bem-estar dos colaboradores.</p><p>TEMA 1 – LIDERANDOCOM INTELIGÊNCIA EMOCIONAL PARAAVANTAGEM</p><p>COMPETITIVA E SUSTENTÁVEL</p><p>A obra O poder da inteligência emocional, escrita por Daniel Goleman,</p><p>Richard Boyatzis e Annie McKee (2002), explora a experiência de liderar com</p><p>sensibilidade e eficácia. Os autores destacam que os grandes líderes mobilizam</p><p>e inspiram as pessoas por meio das emoções, desempenhando um papel</p><p>emocional decisivo. Eles enfatizam que a tarefa emocional do líder é primordial e</p><p>3</p><p>deve vir antes de todas as outras, consistindo em canalizar as emoções coletivas</p><p>de forma positiva e lidar com emoções tóxicas.</p><p>Os autores destacam que os líderes têm o poder de direcionar as emoções</p><p>de seus liderados, e quando estimulam as emoções de maneira positiva, ocorre o</p><p>efeito de “ressonância”, que traz benefícios para a organização. Por outro lado, se</p><p>as emoções forem canalizadas de forma negativa, ocorre a “dissonância”,</p><p>prejudicando o desempenho da equipe. Sem a qualidade da administração das</p><p>emoções pelo líder, há o afetamento direto do estado de espírito e do desempenho</p><p>dos liderados.</p><p>Os autores ressaltam que a atmosfera emocional de uma empresa, que</p><p>influencia diretamente a produtividade e o bem-estar dos funcionários, depende</p><p>em grande parte das ações e atitudes do líder. Portanto, a forma como o líder</p><p>administra os humores da equipe e os influencia é um componente importante</p><p>para determinar os resultados da empresa.</p><p>Nessa mesma perspectiva, Mandelli e Loriggio (2017) abordam estratégias</p><p>e ferramentas para a liderança eficaz visando alcançar altos níveis de</p><p>desempenho. Eles nos oferecem insights e orientações práticas para líderes que</p><p>desejam maximizar o potencial de suas equipes e alcançar resultados</p><p>excepcionais.</p><p>Ao combinar teorias de liderança e técnicas de gestão, demonstram uma</p><p>base sólida para líderes em busca de alta performance e excelência. A seguir,</p><p>destacam-se:</p><p>• Compreensão dos fundamentos da liderança: os conceitos essenciais da</p><p>liderança, como a importância da comunicação eficaz, da tomada de</p><p>decisões assertiva e do estabelecimento de metas claras, são fundamentos</p><p>cruciais para criar um ambiente propício ao alto desempenho.</p><p>• Desenvolvimento de habilidades de gestão emocional: a gestão emocional</p><p>é destacada como uma habilidade crucial para lidar com desafios e</p><p>momentos de crise. Estratégias e técnicas são necessárias para que os</p><p>líderes gerenciem suas próprias emoções e as emoções de suas equipes,</p><p>garantindo um ambiente de trabalho saudável e produtivo.</p><p>• Construção de equipes de alto desempenho: formar e desenvolver equipes</p><p>de alto desempenho deve estar pautado na importância da diversidade, na</p><p>criação de uma cultura de colaboração e no estabelecimento de objetivos</p><p>desafiadores para impulsionar o desempenho coletivo.</p><p>4</p><p>• Utilização de ferramentas práticas: a avaliação de desempenho,</p><p>estratégias de feedback construtivo e métodos de resolução de conflitos</p><p>são ferramentas que auxiliam os líderes na melhoria contínua e no</p><p>desenvolvimento de suas equipes.</p><p>Essas condições são valiosas para o exercício da liderança e gestão com</p><p>foco em equipes em direção à alta performance.</p><p>Destacam-se a seguir dois tipos de liderança, entre outros, praticados na</p><p>atualidade.</p><p>1.1 Os dois tipos de liderança: ressonante e dissonante</p><p>Para Goleman, Boyatzis e McKee (2002), os conceitos de liderança</p><p>ressonante e liderança dissonante são evidenciados conforme demonstra a Figura</p><p>1, que nos revela que:</p><p>• A liderança ressonante refere-se a líderes que estimulam emoções</p><p>positivas em suas equipes, criando um ambiente de trabalho inspirador e</p><p>motivador. Esses líderes são capazes de estabelecer conexões emocionais</p><p>significativas com seus liderados, o que resulta em maior engajamento,</p><p>colaboração e desempenho de alto nível.</p><p>• Por outro lado, a liderança dissonante está relacionada a líderes que</p><p>canalizam emoções negativas e tóxicas em suas equipes. Eles podem ser</p><p>autoritários, desmotivadores e gerar um clima de tensão e</p><p>descontentamento. Esses líderes não conseguem estabelecer uma</p><p>conexão emocional saudável com seus liderados, o que impacta</p><p>negativamente o ambiente de trabalho e o desempenho da equipe.</p><p>5</p><p>Figura 1 – Os dois tipos de liderança: ressonante e dissonante</p><p>Créditos: Vlad_Chorniy/Shutterstock; Irina Popova st/shuttersport.</p><p>Fonte: elaborado com base em Goleman; Boyatzis; McKee, 2002.</p><p>Os autores destacam que a liderança ressonante é mais eficaz, pois cria</p><p>um ambiente emocionalmente saudável e promove o engajamento e o bem-estar</p><p>dos colaboradores. Esses líderes são capazes de inspirar e motivar suas equipes,</p><p>impulsionando resultados positivos e promovendo uma cultura organizacional</p><p>favorável. Por outro lado, a liderança dissonante pode levar a um ambiente tóxico,</p><p>baixo desempenho e insatisfação dos colaboradores.</p><p>Fica evidente que, para a nossa prática, é essencial desenvolver</p><p>habilidades de inteligência emocional para se tornar um líder ressonante, capaz</p><p>de criar um impacto positivo nas emoções e no desempenho das equipes.</p><p>Goleman, Boyatzis e McKee (2002) reconhecem que não são os primeiros</p><p>a defender a importância dos líderes em gerar entusiasmo, otimismo e paixão pelo</p><p>trabalho, além de cultivar uma atmosfera de cooperação e confiança. No entanto,</p><p>eles vão além ao demonstrar como a inteligência emocional permite aos líderes</p><p>cumprir essa missão fundamental. Os autores mostram como a liderança</p><p>emocional é um diferencial para alcançar vantagem competitiva e sustentável no</p><p>ambiente de trabalho.</p><p>No tópico a seguir, discutiremos como a gestão emocional em momentos</p><p>de crise é crucial para liderar de forma eficaz e tomar decisões assertivas. Ao</p><p>compreender e gerenciar as emoções, os líderes conseguem manter a calma,</p><p>Liderança</p><p>ressonante:</p><p>emoções positivas</p><p>Liderança</p><p>dissonante:</p><p>emoções</p><p>negativas</p><p>6</p><p>transmitir confiança e estabilidade para suas equipes, promovendo a superação</p><p>dos desafios e a busca por soluções inovadoras. Isso tudo contribui para minimizar</p><p>o impacto negativo da crise e criar um ambiente de trabalho resiliente e produtivo.</p><p>TEMA 2 – GESTÃO EMOCIONAL EMMOMENTOS DE CRISE</p><p>Shaluf et al. (2003) descrevem a crise como uma situação anormal</p><p>caracterizada por um risco extraordinário e alto, podendo se transformar em um</p><p>desastre se não for cuidadosamente administrada.</p><p>Trata-se de um evento inesperado, originado tanto de causas</p><p>externas,</p><p>como desastres naturais e terrorismo, quanto de causas internas, como corrupção</p><p>e falhas nos produtos ou serviços. Uma crise apresenta um alto nível de risco</p><p>imediato e o potencial de perdas contínuas.</p><p>Liderar em tempos de crise é um desafio significativo. É crucial que os</p><p>líderes sejam exemplos do que a empresa espera, demonstrando desenvoltura e</p><p>versatilidade para lidar com diferentes perfis e manter a equipe engajada e</p><p>produtiva.</p><p>Quando uma crise é adicionada a esse cenário complexo, as dificuldades</p><p>se multiplicam. No entanto, é durante esses momentos desafiadores que surgem</p><p>as maiores oportunidades de crescimento e destaque profissional. Aproveitar esse</p><p>momento para desenvolver habilidades que ajudem a lidar com situações</p><p>imprevisíveis é essencial para o futuro.</p><p>Em tempos de incerteza, é importante refletir, observar e analisar os</p><p>resultados para então definir soluções viáveis e testá-las, aprendendo com a</p><p>experiência e encontrando abordagens eficazes para situações semelhantes.</p><p>Nesse sentido, seguimos para conhecer a relevância que as emoções tomam em</p><p>um processo de tomada de decisão.</p><p>2.1 A tomada de decisão no processo emocional</p><p>A tomada de decisão no processo emocional envolve a influência das</p><p>emoções na forma como as decisões são feitas. Pesquisas em neurociência e</p><p>psicologia mostram que as emoções desempenham um papel fundamental na</p><p>tomada de decisões, muitas vezes superando a lógica puramente racional.</p><p>Segundo Chevalier (2020, p. 102-104), quando estamos diante de uma</p><p>decisão, as emoções podem afetar nossa percepção, avaliação e preferências em</p><p>relação às diferentes opções, conforme o Quadro 1.</p><p>7</p><p>Quadro 1 – Tomada de decisão no processo emocional</p><p>Fonte: Elaborado com base em Chevalier, 2020.</p><p>As emoções também podem influenciar o processo de avaliação das</p><p>informações relevantes para a tomada de decisão. Portanto, compreender a</p><p>interação entre emoções e tomada de decisão é essencial para uma abordagem</p><p>mais abrangente e precisa na gestão de decisões. Isso envolve a consciência e a</p><p>regulação das emoções, bem como a consideração das implicações emocionais</p><p>das decisões tomadas.</p><p>A capacidade de equilibrar emoções e racionalidade na tomada de</p><p>decisões pode levar a resultados mais eficazes e satisfatórios.</p><p>Kahneman (2011) discute os processos de tomada de decisão, como as</p><p>emoções influenciam nossas escolhas e como podemos aprimorar nosso</p><p>processo de tomada de decisão, considerando tanto os aspectos emocionais</p><p>quanto os racionais:</p><p>a) Conscientização emocional: é fundamental estar ciente das emoções que</p><p>estão presentes em nossas decisões. Reconhecer como nossos estados</p><p>emocionais podem afetar nossa capacidade de avaliar informações e</p><p>considerar diferentes opções é o primeiro passo para lidar com essas</p><p>influências.</p><p>b) Reflexão e análise: ao tomar decisões importantes, é benéfico reservar</p><p>tempo para uma reflexão mais profunda. Ao ponderar sobre as emoções</p><p>envolvidas, é possível identificar se estão influenciando de maneira</p><p>Emoções positivas, como alegria ou entusiasmo, podem nos levar a escolher opções mais</p><p>arriscadas.</p><p>Emoções negativas, como medo ou raiva, podem nos tornar mais avessos ao risco e nos</p><p>levar a escolher opções mais seguras.</p><p>Emoções fortes podem levar a um viés de confirmação, em que damos mais peso a</p><p>informações que confirmam nossas emoções e ignoramos informações que as contradizem.</p><p>8</p><p>inadequada e distorcendo nossas escolhas. Análises racionais e lógicas</p><p>podem ajudar a equilibrar essas influências.</p><p>c) Considerar diferentes perspectivas: ao confrontar uma decisão, é</p><p>importante considerar diferentes pontos de vista e opiniões. Isso ajuda a</p><p>evitar o viés emocional, permitindo uma análise mais imparcial e</p><p>fundamentada em fatos.</p><p>d) Busca de informações relevantes: uma decisão informada é uma decisão</p><p>mais robusta. Ao buscar informações relevantes, como dados, fatos e</p><p>opiniões de especialistas, é possível obter uma visão mais clara e objetiva</p><p>da situação, reduzindo a influência das emoções.</p><p>e) Avaliação de riscos e recompensas: as emoções desempenham um papel</p><p>importante na avaliação de riscos e recompensas. É essencial considerar</p><p>tanto os aspectos emocionais quanto os racionais ao avaliar os possíveis</p><p>resultados de uma decisão. Compreender como as emoções podem</p><p>distorcer a percepção de riscos e benefícios é fundamental para uma</p><p>tomada de decisão mais equilibrada.</p><p>f) Autogerenciamento emocional: aprender a gerenciar nossas emoções de</p><p>maneira saudável e construtiva é essencial para tomar decisões mais</p><p>conscientes. Isso envolve o reconhecimento de emoções negativas que</p><p>podem prejudicar nosso processo de decisão e adotar estratégias para lidar</p><p>com elas, como o relaxamento, a busca de apoio e a autorreflexão.</p><p>Ao equilibrar os aspectos emocionais e racionais, podemos tomar decisões</p><p>mais informadas, fundamentadas e benéficas para nós mesmos e para os outros.</p><p>Partiremos agora para estudar como a psicologia positiva desempenha um</p><p>papel fundamental na promoção de comportamentos voltados à felicidade. Nosso</p><p>objetivo é aprender que, ao enfocar os aspectos positivos da vida, como gratidão,</p><p>resiliência e otimismo, ajuda as pessoas a cultivarem emoções positivas e a</p><p>adotarem práticas saudáveis de autocuidado.</p><p>Ao se concentrar no florescimento humano e no desenvolvimento de forças</p><p>individuais, a psicologia positiva oferece um caminho para uma vida mais feliz e</p><p>significativa, inclusive com ações no contexto organizacional.</p><p>9</p><p>TEMA 3 – PSICOLOGIA POSITIVA NA PROMOÇÃO DE COMPORTAMENTOS</p><p>VOLTADOS À FELICIDADE</p><p>Martin Seligman é considerado um dos principais fundadores da psicologia</p><p>positiva. Ele é um renomado psicólogo e autor que se dedicou a estudar o bem-</p><p>estar humano e a promoção da felicidade. A psicologia positiva é, para o autor,</p><p>uma abordagem científica que busca entender e cultivar os aspectos positivos da</p><p>experiência humana, como emoções positivas, engajamento, relacionamentos</p><p>saudáveis, significado e conquista. Sua obra mais conhecida, Florescer: uma nova</p><p>compreensão da felicidade e do bem-estar, publicada em 2011, explora os pilares</p><p>fundamentais da psicologia positiva e como podemos aumentar nosso</p><p>florescimento pessoal e coletivo.</p><p>Em sua abordagem, o objetivo é reequilibrar o foco da psicologia, dando</p><p>atenção tanto aos aspectos saudáveis quanto à cura e reparação dos aspectos</p><p>que precisam de ajuste. Dessa forma, reconhece a importância tanto da psicologia</p><p>que busca corrigir o que está desajustado quanto daquela que estuda as</p><p>qualidades e características positivas do ser humano. Podemos visualizar a</p><p>proposta da psicologia positiva como o equilíbrio entre os dois pratos de uma</p><p>balança, buscando uma abordagem abrangente e integrativa.</p><p>Nesse sentido, a psicologia positiva comprova que é possível construirmos</p><p>felicidade em nossas vidas. Martin Seligman dedicou-se por muitos anos a</p><p>desenvolver a teoria da felicidade, estruturando o modelo PERMA que orienta a</p><p>construção do bem-estar. Esse modelo tem em sua base cinco componentes de</p><p>bem-estar, apresentados na Figura 2 abaixo:</p><p>Figura 2 – Modelo PERMA</p><p>Crédito: Arte/UT.</p><p>Fonte: Seligman, 2011.</p><p>(Emoções</p><p>positivas): Viver</p><p>com alegria,</p><p>felicidade e</p><p>prazer. Ter</p><p>emoções</p><p>positivas.</p><p>(Engajamento):</p><p>Viver o melhor</p><p>de si. Usar as</p><p>próprias forças e</p><p>virtudes de</p><p>caráter.</p><p>(Relações</p><p>positivas): Ter</p><p>relacionamentos</p><p>saudáveis, com</p><p>vínculo e apoio</p><p>mútuo.</p><p>(Sentido na</p><p>vida): Encontrar</p><p>propósito e</p><p>significado nas</p><p>atividades e</p><p>experiências.</p><p>(Realização):</p><p>Alcançar metas e</p><p>objetivos que</p><p>sejam</p><p>significativos e</p><p>desafiadores.</p><p>Positive emotions Engagement</p><p>Positive</p><p>relationships</p><p>Meaning Accomplishment</p><p>P E R M A</p><p>10</p><p>Esses pilares, a saber, são:</p><p>a) Positive Emotions (Emoções Positivas): refere-se à busca e cultivo de</p><p>emoções positivas, como alegria, gratidão, serenidade e esperança, que</p><p>contribuem para o bem-estar emocional.</p><p>b) Engagement (Engajamento): envolve o envolvimento em atividades e</p><p>experiências que proporcionam um senso de fluidez, concentração</p><p>e</p><p>prazer. O engajamento está relacionado à imersão em atividades que</p><p>desafiam nossas habilidades e nos permitem entrar em um estado de fluxo.</p><p>c) Positive Relationships (Relações Positivas): destaca a importância dos</p><p>relacionamentos saudáveis e significativos em nossa vida. Cultivar vínculos</p><p>positivos com outras pessoas e desenvolver conexões interpessoais</p><p>fortalece nosso bem-estar e satisfação.</p><p>d) Meaning (Sentido na Vida): refere-se à busca de um propósito e sentido de</p><p>vida. Ter um senso de significado envolve encontrar valores pessoais,</p><p>contribuir para algo maior do que nós mesmos e ter uma compreensão de</p><p>como nossa existência impacta o mundo ao nosso redor.</p><p>e) Accomplishment (Realização): envolve a busca por metas desafiadoras e</p><p>o desenvolvimento de habilidades e competências para alcançá-las. A</p><p>sensação de realização está relacionada à conquista de objetivos pessoais,</p><p>profissionais e acadêmicos.</p><p>Esses pilares fornecem uma estrutura abrangente para entender e</p><p>promover o bem-estar e a felicidade nas diversas áreas da vida.</p><p>Saiba mais</p><p>Exercício: observando a sua vida atualmente, responda com base no</p><p>modelo PERMA:</p><p>1. Com quais elementos do PERMA você se considera satisfeito e, mesmo</p><p>estando satisfeito, como você pode elevar ainda mais?</p><p>2. Com quais elementos do PERMA você não está satisfeito e o que poderia</p><p>fazer para melhorar nesse aspecto?</p><p>Nessa perspectiva, temos a contribuição de Tal Ben-Shahar, um renomado</p><p>escritor e professor de psicologia positiva. Ele é conhecido por suas contribuições</p><p>no campo da ciência da felicidade e bem-estar. Sua obra mais famosa é Aprenda</p><p>a ser feliz (Happier: learn the secrets to daily joy and lasting fulfillment), publicada</p><p>em 2007. A obra explora estratégias práticas baseadas em pesquisas científicas</p><p>11</p><p>para ajudar as pessoas a aumentarem sua felicidade e encontrar maior satisfação</p><p>na vida. Suas ideias têm sido amplamente divulgadas em palestras e cursos em</p><p>todo o mundo, tornando-o uma figura influente no campo da psicologia positiva.</p><p>Boehs e Silva (2017) reforçam que a psicologia positiva abrange o estudo</p><p>das emoções, características individuais e instituições positivas, focando na</p><p>prevenção e promoção da saúde mental. O objetivo central da psicologia positiva,</p><p>nessa perspectiva, é obter um entendimento científico das forças e experiências</p><p>humanas relacionadas à felicidade, assim como identificar intervenções para</p><p>aliviar o sofrimento e aumentar o bem-estar subjetivo (Seligman, 2011). É</p><p>importante ressaltar que o caráter científico enfatizado por esse movimento</p><p>destaca que a psicologia positiva não deve ser confundida com autoajuda,</p><p>crenças esotéricas ou religião de qualquer natureza.</p><p>Ao focalizar suas investigações nas qualidades humanas positivas, como</p><p>forças e virtudes, a ciência psicológica busca compreender como prevenir</p><p>doenças mentais e físicas. Com base nesse conhecimento, os psicólogos podem</p><p>desenvolver métodos para auxiliar indivíduos e comunidades a lidarem com os</p><p>desafios da vida, promovendo e sustentando níveis mais elevados de felicidade e</p><p>bem-estar.</p><p>Considerando esse contexto, seguimos ampliando nosso conhecimento da</p><p>prática da psicologia positiva nas organizações e no trabalho.</p><p>3.1 Psicologia positiva nas organizações e no trabalho</p><p>Destacamos aqui a contribuição de Boehs e Silva (2017), que compartilham</p><p>sua experiência na realidade brasileira, confirmando a relevância da psicologia</p><p>positiva. As autoras exploram os sentidos e as práticas dessa abordagem,</p><p>destacando a importância do bem-estar, do engajamento e das forças pessoais</p><p>para promover um ambiente saudável e produtivo nas organizações.</p><p>A psicologia positiva aplicada ao contexto organizacional e de trabalho</p><p>engloba diversos conceitos fundamentais, como:</p><p>a) Bem-estar subjetivo: refere-se à avaliação subjetiva que as pessoas fazem</p><p>de sua própria vida, incluindo sua satisfação geral, emoções positivas e</p><p>ausência de emoções negativas.</p><p>b) Engajamento: diz respeito ao estado de fluxo e imersão total nas atividades</p><p>do trabalho, em que os funcionários estão completamente envolvidos e</p><p>focados, experimentando um alto nível de energia e entusiasmo.</p><p>12</p><p>c) Forças pessoais: envolvem as características e habilidades individuais que</p><p>permitem o desempenho ótimo e o alcance de resultados positivos.</p><p>Exemplos de forças pessoais incluem resiliência, otimismo, criatividade e</p><p>autoeficácia.</p><p>d) Cultivo de relações positivas: destaca a importância das interações</p><p>saudáveis e de apoio dentro do ambiente de trabalho, promovendo</p><p>relacionamentos positivos, colaboração e cooperação entre os membros da</p><p>equipe.</p><p>e) Significado e propósito: refere-se à busca de significado e propósito no</p><p>trabalho, compreendendo como as tarefas e objetivos contribuem para um</p><p>sentido maior e para o desenvolvimento pessoal dos colaboradores.</p><p>Esses são alguns dos conceitos fundamentais da psicologia positiva</p><p>aplicados ao contexto organizacional e de trabalho, buscando promover o bem-</p><p>estar, o engajamento e o florescimento dos indivíduos dentro das organizações.</p><p>3.2 O estado de flow e a liderança no contexto das organizações</p><p>Para Zanini (2015), a busca pela felicidade é um tema intrigante, pois nem</p><p>sempre está relacionada ao progresso econômico. Mas então, onde podemos</p><p>encontrar a felicidade? De acordo com um estudo realizado por Mihaly</p><p>Csikszentmihalyi (1960), concluído em mais de 8 mil pesquisas ao redor do</p><p>mundo, considerado um dos maiores estudos globais sobre o tema, encontramos</p><p>conhecimento sobre o assunto.</p><p>Mihaly e sua equipe identificaram respostas surpreendentes de pessoas</p><p>engajadas em diferentes atividades. Esse estado de envolvimento completo e</p><p>satisfação foi denominado estado de flow. Durante esse estado, segundo os</p><p>estudos, experimentamos um nível de consciência ideal, sentindo-nos realizados</p><p>e conectados ao universo, enquanto alcançamos o máximo de nossas habilidades</p><p>diante de desafios.</p><p>Nessa mesma perspectiva, segundo Boehs e Silva (2017), flow, para a</p><p>psicologia positiva, refere-se a um estado de imersão total e envolvimento em uma</p><p>atividade, no qual uma pessoa está totalmente imersa e concentrada, perdendo a</p><p>noção de tempo e espaço. É um estado de fluxo mental caracterizado pela</p><p>combinação de desafios e habilidades equilibradas, levando a um sentimento de</p><p>realização e satisfação.</p><p>13</p><p>O estado de flow é caracterizado por completa concentração na tarefa,</p><p>clareza, feedback imediato, sensação de grandiosidade e motivação intrínseca.</p><p>Para alcançar esse estado, é importante nos envolvermos em atividades que</p><p>realmente gostamos e que nos desafiam de forma adequada (Zanini, 2015).</p><p>Encontrar algo com significado para nós é essencial, mesmo que isso</p><p>envolva enfrentar desafios desconfortáveis. Atletas de alta performance, como</p><p>Michael Phelps (nadador profissional americano aposentado, conquistou trinta e</p><p>sete recordes mundiais e conquistou o maior número de medalhas de ouro</p><p>olímpicas em uma única edição, feito este realizado nos Jogos de Pequim, na</p><p>China, em agosto de 2008), por exemplo, experimentam o estado de flow quando</p><p>se sentem desafiados e estão em alta performance.</p><p>Em seus estudos sobre o tema, Boehs e Silva (2017) revelam que a</p><p>conexão entre flow e liderança nas organizações está relacionada ao fato de que</p><p>esse estado pode ser alcançado tanto por líderes quanto por membros da equipe.</p><p>Quando os líderes entendem e promovem as condições necessárias para o flow,</p><p>eles podem potencializar o desempenho e o engajamento de seus colaboradores.</p><p>Líderes podem facilitar o flow ao criar um ambiente propício para que os</p><p>membros da equipe possam se engajar plenamente em suas tarefas. Na Figura</p><p>3, demonstramos algumas práticas que os líderes podem adotar em sua rotina de</p><p>trabalho.</p><p>Figura 3 – Práticas para a promoção do estado de flow</p><p>Fonte: Elaborado com base em Boehs; Silva, 2017.</p><p>Estabelecer metas claras e desafiadoras é fundamental para motivar os</p><p>colaboradores a se engajarem plenamente em suas atividades. Esses objetivos</p><p>devem ser desafiadores o suficiente para inspirar esforço, mas ainda alcançáveis,</p><p>para evitar a sensação de frustração. Além disso, proporcionar feedback contínuo</p><p>Metas claras e</p><p>desafiadoras</p><p>Feedback</p><p>contínuo</p><p>Ambiente</p><p>de apoio</p><p>Equilíbrio</p><p>entre</p><p>desafios e</p><p>habilidades</p><p>Autonomia e o</p><p>empowerment</p><p>14</p><p>e construtivo é essencial para ajudar os colaboradores a ajustarem seu</p><p>desempenho e manterem o foco em suas tarefas.</p><p>Integrado a esse contexto, um ambiente de trabalho seguro e encorajador</p><p>também é necessário para promover o estado de flow. Os líderes devem cultivar</p><p>um ambiente onde os membros da equipe se sintam à vontade para assumir</p><p>riscos, expressar ideias e explorar novas abordagens.</p><p>Dessa forma, ao equilibrar desafios e habilidades, os líderes devem</p><p>identificar as competências individuais dos colaboradores e atribuir tarefas que</p><p>estejam alinhadas com seus níveis de habilidade, evitando o tédio ou a</p><p>sobrecarga.</p><p>Estimular a autonomia e o empowerment é crucial. Os líderes devem</p><p>permitir que os membros da equipe tenham autonomia na tomada de decisões e</p><p>no gerenciamento de suas tarefas, o que faz com que se sintam responsáveis e</p><p>com um senso de controle sobre seu trabalho.</p><p>Ao adotarem essas práticas, os líderes contribuem para o surgimento do</p><p>estado de flow nas equipes, promovendo um ambiente de trabalho mais produtivo,</p><p>satisfatório e motivador. Isso resulta em um desempenho aprimorado, maior</p><p>criatividade e um senso de realização tanto para os colaboradores quanto para a</p><p>organização como um todo.</p><p>Saiba mais</p><p>O Wholebeing Institute Brasil, fundado por Megan McDonough e Tal Ben-</p><p>Shahar, professor do curso mais disputado da história de Harvard, é um renomado</p><p>instituto de ensino da psicologia positiva no mundo.</p><p>Henrique Bueno trouxe o instituto para o Brasil em 2019, lançando a</p><p>primeira turma em português da conceituada Certificação Internacional em</p><p>Psicologia Positiva. Essa formação tem transformado a vida de centenas de</p><p>profissionais de mais de 45 países.</p><p>Disponível em: <https://www.wholebeinginstitute.com.br>. Acesso em: 1</p><p>jul. 2023.</p><p>Avançando para os próximos tópicos, estudaremos sobre como a</p><p>regulação e práticas de saúde emocional têm uma relação intrínseca com a</p><p>inteligência emocional, competências sociais e relacionamentos.</p><p>15</p><p>TEMA 4 – REGULAÇÃO E PRÁTICAS DE SAÚDE EMOCIONAL</p><p>A regulação e as práticas de saúde emocional desempenham um papel</p><p>fundamental no desenvolvimento da inteligência emocional e das competências</p><p>sociais.</p><p>Créditos: GoodStudio/Shutterstock.</p><p>A regulação emocional é um processo que envolve a capacidade de lidar</p><p>adequadamente com as emoções, reconhecendo-as, compreendendo suas</p><p>origens e gerenciando-as de maneira saudável. Quando somos capazes de</p><p>regular nossas emoções, temos mais probabilidade de manter o equilíbrio</p><p>emocional, lidar de forma construtiva com o estresse e desenvolver</p><p>relacionamentos interpessoais mais positivos.</p><p>Ao praticar a saúde emocional, fortalecemos nossa inteligência emocional.</p><p>Isso significa que somos capazes de identificar e expressar nossas emoções de</p><p>forma adequada, compreender as emoções dos outros e responder de maneira</p><p>empática. Em Ferreira e Mendonça (2012), encontramos informações sobre a</p><p>importância da saúde emocional e física dos indivíduos no contexto profissional,</p><p>destacando como esses aspectos estão interligados e influenciam o desempenho,</p><p>a satisfação e o bem-estar no trabalho.</p><p>Segundo as autoras, ao promover a regulação e as práticas de saúde</p><p>emocional, os indivíduos podem desenvolver maior inteligência emocional e</p><p>competências sociais, contribuindo para o bem-estar no trabalho:</p><p>16</p><p>• A regulação emocional envolve o gerenciamento adequado das emoções,</p><p>evitando o estresse excessivo e promovendo um ambiente mais saudável.</p><p>• O investimento nas competências sociais favorece o estabelecimento de</p><p>relacionamentos positivos, a colaboração e a resolução construtiva de</p><p>problemas no ambiente de trabalho.</p><p>A regulação e as práticas de saúde emocional desempenham um papel</p><p>fundamental no desenvolvimento da inteligência emocional e das competências</p><p>sociais. Ao praticar a saúde emocional, fortalecemos nossa inteligência</p><p>emocional, o que nos permite identificar e expressar nossas emoções de forma</p><p>adequada, compreender as emoções dos outros e responder de maneira</p><p>empática. Essas habilidades são essenciais para o estabelecimento de</p><p>relacionamentos saudáveis e para o desenvolvimento de competências sociais</p><p>eficazes:</p><p>• Quando somos capazes de regular nossas emoções, estamos mais aptos</p><p>a lidar com situações sociais desafiadoras, como conflitos ou negociações,</p><p>de forma calma e assertiva.</p><p>• A capacidade de controlar nossas emoções nos permite comunicar de</p><p>maneira clara e empática, ouvir ativamente os outros e resolver conflitos de</p><p>forma construtiva.</p><p>Dessa forma, a regulação e práticas de saúde emocional são fundamentais</p><p>para o desenvolvimento da inteligência emocional e das competências sociais. Ao</p><p>cultivarmos a consciência emocional, aprendermos estratégias de autorregulação</p><p>emocional e promovermos um ambiente emocionalmente saudável, somos</p><p>capazes de aprimorar nossas habilidades sociais e fortalecer nossos</p><p>relacionamentos interpessoais.</p><p>Portanto, investir na regulação e práticas de saúde emocional é essencial</p><p>para promover o desenvolvimento da inteligência emocional e das competências</p><p>sociais, contribuindo para o crescimento pessoal, o bem-estar emocional e a</p><p>qualidade dos relacionamentos tanto no ambiente de trabalho quanto na vida</p><p>pessoal.</p><p>17</p><p>4.1. Contribuições no campo da saúde mental, bem-estar e regulação</p><p>emocional no contexto organizacional</p><p>Com base nas autoras Ferreira e Mendonça (2012), encontramos destaque</p><p>dos estudos para:</p><p>a) A saúde mental e o bem-estar no trabalho: os fatores que influenciam a</p><p>saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores no ambiente organizacional.</p><p>Isso inclui o estudo de aspectos como o ambiente de trabalho, a cultura</p><p>organizacional, a carga de trabalho, a autonomia no trabalho e a qualidade</p><p>das relações profissionais.</p><p>b) A regulação emocional no trabalho: a regulação emocional refere-se à</p><p>capacidade de reconhecer, compreender e gerenciar as próprias emoções.</p><p>As estratégias de regulação emocional aplicadas ao contexto do trabalho</p><p>devem fornecer orientação sobre como os indivíduos podem lidar com as</p><p>emoções no ambiente profissional e como as organizações podem</p><p>promover a regulação emocional saudável entre seus funcionários.</p><p>c) As relações profissionais: a relevância da importância das relações</p><p>profissionais para a saúde mental e o bem-estar dos indivíduos no trabalho.</p><p>Percebemos a evidência de que a qualidade das interações sociais, o</p><p>suporte social e a construção de relacionamentos positivos afetam o bem-</p><p>estar emocional dos trabalhadores.</p><p>Em conclusão, as pesquisas sobre saúde mental e bem-estar no trabalho</p><p>são fundamentais para compreender os diversos fatores que influenciam o bem-</p><p>estar emocional dos indivíduos no contexto organizacional.</p><p>Ao considerar esses aspectos e implementar práticas que promovam a</p><p>regulação emocional saudável, as organizações podem criar ambientes de</p><p>trabalho mais saudáveis, estimulantes e gratificantes para seus colaboradores.</p><p>Isso não apenas beneficia os indivíduos, mas também contribui para a</p><p>produtividade, o engajamento e o sucesso organizacional como um todo.</p><p>O próximo tópico nos permitirá fortalecer o conhecimento sobre a gestão</p><p>humanizada, cujo foco é a promoção de um ambiente que valoriza as</p><p>necessidades emocionais dos indivíduos. Isso resulta em uma maior satisfação</p><p>no trabalho, engajamento e produtividade.</p><p>18</p><p>TEMA 5 – GESTÃO HUMANIZADA</p><p>A gestão humanizada nas organizações, na valorização das pessoas, suas</p><p>emoções e necessidades, é essencial para o sucesso e o desenvolvimento</p><p>sustentável das empresas.</p><p>Um autor reconhecido mundialmente sobre o tema é Simon Sinek. Escritor</p><p>e palestrante conhecido por seus trabalhos sobre liderança, motivação e cultura</p><p>organizacional, em</p><p>seu livro Líderes se servem por último (2014), discute se a</p><p>divisão existente entre “líderes” e “seguidores” é apenas uma consequência</p><p>natural de nossa biologia ou uma competência que pode ser desenvolvida e</p><p>treinada. Ele argumenta que os líderes devem se preocupar em criar um ambiente</p><p>de trabalho seguro, no qual as pessoas se sintam valorizadas, ouvidas e apoiadas.</p><p>Ao explorar a gestão humanizada, Simon Sinek (2014) enfatiza a</p><p>importância de criar um ambiente de trabalho baseado em confiança, colaboração</p><p>e cuidado mútuo. Suas ideias têm inspirado líderes e gestores ao redor do mundo</p><p>a adotarem uma abordagemmais humana e centrada nas pessoas, reconhecendo</p><p>que o bem-estar dos colaboradores é fundamental para o sucesso e a</p><p>sustentabilidade das organizações.</p><p>Sinek também é conhecido por popularizar o conceito do Círculo Dourado</p><p>em suas palestras e livros, no qual ele destaca a importância de começar pelo</p><p>porquê, ou seja, entender o propósito e os valores que impulsionam as</p><p>organizações. Ele argumenta que quando os colaboradores têm clareza sobre o</p><p>propósito do trabalho, eles se sentem mais engajados e motivados.</p><p>Figura 4 – O Círculo Dourado de Simon Sinek</p><p>Fonte: elaborado com base em Sinek, 2014.</p><p>Por quê</p><p>(Why)</p><p>Como (How)</p><p>O quê</p><p>(What)</p><p>19</p><p>O Círculo Dourado é um modelo conceitual desenvolvido por Simon Sinek</p><p>para explicar a forma como os líderes e organizações de sucesso inspiram a ação.</p><p>O modelo consiste em três camadas concêntricas: “por quê”, “como” e “o quê”.</p><p>• A camada interna do Círculo Dourado é o “por quê” (why) e representa o</p><p>propósito, a causa ou a crença central que motiva a existência da</p><p>organização. É a resposta à pergunta: por que a empresa faz o que faz? O</p><p>“por quê” está relacionado aos valores, paixões e missão da organização.</p><p>• A segunda camada é o “como” (how) e demonstra a forma como a</p><p>organização realiza seu propósito. Refere-se aos processos, métodos e</p><p>abordagens utilizadas para alcançar os objetivos. O “como” está</p><p>relacionado à estratégia e às diferentes maneiras de colocar o propósito</p><p>em prática.</p><p>• A camada externa é o “o quê” (what) e revela os produtos, serviços ou</p><p>soluções que a organização oferece ao mercado. É a resposta à pergunta:</p><p>o que a empresa faz? O “o quê” está relacionado aos produtos tangíveis e</p><p>às ofertas específicas da organização.</p><p>Segundo Sinek, a maioria das organizações e líderes comunica do “o quê”</p><p>para o “por quê”, ou seja, enfatiza seus produtos ou serviços antes de explicar o</p><p>propósito que os motiva. No entanto, ele argumenta que as empresas e líderes de</p><p>sucesso começam comunicando do “por quê” para o “o quê”. Ao comunicar o</p><p>propósito e os valores centrais, eles conseguem criar conexões emocionais mais</p><p>fortes com seu público-alvo, inspirando lealdade e engajamento.</p><p>O Círculo Dourado é uma abordagem poderosa para inspirar e influenciar</p><p>pessoas, destacando a importância de ter um propósito claro e comunicá-lo de</p><p>forma eficaz. As organizações que entendem seu “por quê” e conseguem</p><p>comunicá-lo de maneira autêntica têm mais chances de obter sucesso e construir</p><p>relacionamentos duradouros com seus clientes e colaboradores.</p><p>Reforça, ainda em sua obra, que um líder verdadeiro deve se preocupar</p><p>com o bem-estar de seus liderados e ter o senso de responsabilidade em relação</p><p>a cada um deles. A empatia desempenha um papel fundamental nesse sentido,</p><p>pois nos permite nos colocar no lugar do outro e estabelecer relações mais</p><p>próximas e humanas.</p><p>Sem empatia, os relacionamentos se tornam distantes e abstratos, levando</p><p>as pessoas a priorizarem seus próprios interesses em detrimento do grupo, o que</p><p>prejudica o clima e a cultura organizacional.</p><p>20</p><p>Quando nos sentimos solitários e ameaçados, tendemos a nos tornar</p><p>egoístas e perder nossa empatia. Quanto mais distante um líder se</p><p>mantém de seus liderados, maior é a probabilidade de ele enxergá-los</p><p>como meras engrenagens de uma máquina, desumanizando-os. Porém,</p><p>segundo o livro, é fundamental tratar cada membro da equipe como um</p><p>ser humano completo, com suas próprias vontades, necessidades e</p><p>pensamentos. Não permitir a mecanização nas relações interpessoais é</p><p>crucial. (Sinek, 2014)</p><p>Quando as pessoas se sentem protegidas, elas se engajam mais em suas</p><p>responsabilidades e resultados, mantêm-se concentradas e não se deixam abalar</p><p>por ameaças externas. Portanto, o líder deve fazer o possível para que seus</p><p>liderados permaneçam na equipe não apenas por questões salariais ou por medo</p><p>de não encontrarem outro emprego. É importante mantê-los engajados e</p><p>motivados, visando não apenas sua sobrevivência, mas seu crescimento e</p><p>prosperidade.</p><p>Encorajar e capacitar as pessoas é essencial para que elas permaneçam</p><p>em seus empregos por motivos mais nobres. Assim, se o líder deseja equipes</p><p>engajadas e inspiradas.</p><p>É fundamental que um líder leve em consideração os objetivos e desafios</p><p>de seus liderados antes de tomar uma decisão. Além disso, espera-se que seja</p><p>honesto e proativo ao abordar seus próprios erros, assumindo a responsabilidade</p><p>por eles. É importante lembrar que errar é humano.</p><p>O sentimento de segurança é crucial para a construção de um</p><p>relacionamento baseado em honestidade e confiança dentro do grupo. O líder tem</p><p>a oportunidade de ser um exemplo para os outros por meio de sua integridade.</p><p>Uma vez que uma liderança conquista a confiança de seus seguidores, é</p><p>fundamental mantê-la, construindo laços tanto com funcionários, clientes, colegas</p><p>e até mesmo rivais.</p><p>O importante é que o líder mantenha conexões reais com as pessoas,</p><p>permitindo que ele permaneça focado e honesto na compreensão de suas</p><p>necessidades.</p><p>A gestão humanizada proposta por Sinek reconhece que os colaboradores</p><p>são mais do que meros recursos produtivos, mas seres humanos com</p><p>necessidades emocionais e aspirações pessoais. Ela incentiva a criação de um</p><p>ambiente de trabalho onde as pessoas se sintam valorizadas, respeitadas e</p><p>capacitadas a contribuir com seus talentos e habilidades únicas.</p><p>Essa abordagem se trata de uma resposta à necessidade de valorizar o</p><p>lado humano, promover a saúde emocional dos colaboradores e criar relações de</p><p>confiança e empatia tanto dentro como fora das organizações.</p><p>21</p><p>Saiba mais</p><p>A palestra “Liderança para a Transformação”, de Pedro Calabrez, oferece</p><p>informações valiosas sobre os comportamentos dos líderes que são capazes de</p><p>transformar o mundo. Disponível em: <https://youtu.be/HrkyluNERTA>. Acesso</p><p>em: 1 jul. 2023.</p><p>FINALIZANDO</p><p>Ao longo de nossos estudos, exploramos temas essenciais para a</p><p>compreensão e aplicação desses conceitos na contemporaneidade.</p><p>Compreendemos a importância da inteligência emocional e relacional na</p><p>atualidade, reconhecendo sua relevância para o desenvolvimento pessoal e</p><p>profissional.</p><p>Focamos em como conquistar a inteligência emocional, adquirindo</p><p>habilidades comportamentais e práticas nos relacionamentos. Na sequência,</p><p>aprofundamos nosso conhecimento sobre o desenvolvimento das habilidades</p><p>socioemocionais, que são fundamentais para estabelecer relacionamentos</p><p>produtivos consigo mesmo e com os outros.</p><p>Exploramos o poder da inteligência relacional, que impulsiona a</p><p>competitividade por meio da comunicação positiva e da empatia intergeracional.</p><p>Compreendemos que essas competências são cruciais para uma interação eficaz</p><p>e harmoniosa entre diferentes gerações. E, ainda, destacamos como a inteligência</p><p>emocional e relacional são pilares essenciais da gestão, capazes de promover o</p><p>bem-estar e o sucesso profissional.</p><p>Por fim, abordamos a liderança com inteligência emocional como um</p><p>diferencial para a vantagem competitiva e sustentável das organizações. Por meio</p><p>do desenvolvimento dessas competências, os líderes são capazes de criar</p><p>ambientes de trabalho positivos, motivar suas equipes e alcançar resultados</p><p>excepcionais.</p><p>Em nosso trajeto, pudemos compreender a importância da inteligência</p><p>emocional, das competências sociais e do relacionamento na</p><p>contemporaneidade.</p><p>Esses conhecimentos nos fornecem ferramentas valiosas para</p>o autodesenvolvimento, a melhoria dos relacionamentos interpessoais e o sucesso profissional. 22 Ao aplicarmos esses conceitos, temos a oportunidade de promover um ambiente de trabalho mais saudável, produtivo e harmonioso, contribuindo para o crescimento pessoal e profissional de todos os envolvidos. 23 REFERÊNCIAS BEN-SHAHAR, T. Felicidade autêntica: usando a nova psicologia positiva para a realização pessoal. Qualitymark. Rio de Janeiro: 2007. BOEHS, M. T. S.; SILVA, N. Psicologia positiva nas organizações e no trabalho: conceitos fundamentais e sentidos aplicados. 1. ed. São Paulo: Vetor, 2017. CALABREZ, P. Neurociência comportamental e cognitiva: o que é, para que serve e como pode ajudar você. Artmed: Porto Alegre.2019. CHEVALIER, C. S. Neurociência das emoções. Curitiba, Contentus, 2020. FERREIRA, M. C., MENDONÇA, H. Saúde e bem-estar no trabalho: dimensões individuais e culturais. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012. GALLOWAY, S. A álgebra da felicidade: notas sobre a busca por sucesso, amor e significado. Rio de Janeiro: Alta Books, 2020. GOLEMAN, D.; BOYATZIS, R.; MCKEE, A. O poder da inteligência emocional: como liderar com sensibilidade e eficiência. Rio de Janeiro: Campus. 2002. KAHNEMAN, D. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. MANDELLI, P.; LORIGGIO. Liderando para alta performance: conceitos e ferramentas. São Paulo: Alta Books, 2017. SHALUF, I. M.; AHMADUN, F.; MAT SAID, A. 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