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<p>O uso de preservativo reduz</p><p>as taxas de recorrência e</p><p>aumenta a eliminação do</p><p>HPV após o tratamento</p><p>excisional para neoplasia</p><p>intraepitelial cervical</p><p>Valasoulis G, Michail G, Pouliakis A, Androutsopoulos G, Panayiotides IG, Kyrgiou M, Daponte A, Paraskevaidis E. Ef-</p><p>fect of Condom Use after CIN Treatment on Cervical HPV Biomarkers Positivity: Prolonged Follow Up Study. Cancers</p><p>(Basel). 2022 Jul 20;14(14):3530.</p><p>Referência</p><p>Dra. Adriana Bittencourt Campaner</p><p>Professora Adjunta da Faculdade de Ciências</p><p>Médica da Santa Casa de São Paulo</p><p>Médica Chefe Do Setor de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia da Santa Casa de São Paulo</p><p>Médica consultora Dasa</p><p>Dra. Adriana Bittencourt Campaner</p><p>Ginecologista e Obstetra</p><p>Publicado em 08/12/2022</p><p>Artigo comentado</p><p>Responsável Técnico:</p><p>Dr. Cristovam Scapulatempo Neto</p><p>CRM-SP 102037 | CRM-RJ 52-0105890-8</p><p>Os métodos conservadores de tratamento</p><p>disponíveis, sejam eles destrutivos ou</p><p>excisionais, apresentam altas taxas de cura,</p><p>superiores a 90%. No entanto, apesar dessas</p><p>elevadas taxas de sucesso, uma fração das</p><p>mulheres tratadas (5-10%) necessitará repetir</p><p>algum tipo de tratamento para doença residual</p><p>ou recorrente.</p><p>Sabe-se que as mulheres pós-tratamento de</p><p>NIC permanecem sob risco 4 a 5 vezes maior</p><p>de doença invasiva futura, por pelo menos 2</p><p>décadas, em comparação com a população em</p><p>geral, com mulheres acima de 50 anos de idade</p><p>apresentando maior risco. Aparentemente,</p><p>não existe atualmente nenhuma técnica que</p><p>alcance uniformemente a erradicação ideal da</p><p>doença, visto que a persistência do HPV pode</p><p>desencadear o surgimento de uma nova lesão.</p><p>Para a maioria das mulheres, o curso</p><p>patológico exato que leva à falha do</p><p>tratamento, incluindo o desenvolvimento</p><p>de doença pré-invasiva ou invasiva após o</p><p>tratamento, permanece incerto. Técnica</p><p>inadequada, infecção residual por HPV,</p><p>reinfecção com (outro) HPV oncogênico</p><p>de alto risco ou envolvimento de criptas</p><p>glandulares podem representar o mecanismo</p><p>plausível subjacente.</p><p>O estudo conduzido por Valasoulis et al</p><p>teve por objetivo avaliar o efeito do uso de</p><p>preservativos nas taxas de falha do tratamento</p><p>para NIC, bem como de eliminação do HPV.</p><p>Foram avaliadas 204 mulheres que se</p><p>submeteram a procedimento excisional</p><p>Citologia, colposcopia, teste de DNA do HPV e,</p><p>mais recentemente, biomarcadores relacionados</p><p>ao HPV foram propostos e têm sido utilizados com</p><p>sucesso no período de vigilância pós-tratamento,</p><p>apresentando excelentes resultados. O teste</p><p>de DNA do HPV parece melhorar ainda mais a</p><p>precisão diagnóstica, sendo estabelecido como</p><p>um "teste de cura".</p><p>Apesar dos numerosos testes e biomarcadores</p><p>que têm sido extensivamente investigados</p><p>para a previsão e detecção precoce de</p><p>falhas de tratamento, faltam ainda medidas</p><p>preventivas eficazes. A vacinação contra o</p><p>HPV após o tratamento local representa uma</p><p>estratégia promissora; no entanto, grandes</p><p>ensaios de controle randomizados sobre o</p><p>papel da vacinação pós-conização estão</p><p>pendentes.</p><p>Assim, a investigação para se identificar</p><p>possíveis formas de se prevenir a “reexcisão”</p><p>deve ser incentivada. Evidências sugerem que</p><p>o uso de preservativo em casais positivos para</p><p>HPV poderia reduzir as taxas de transmissão</p><p>entre parceiros sexuais, bem como a carga viral,</p><p>aumentando a depuração do HPV e, em última</p><p>instância, influenciando o curso clínico da NIC,</p><p>levando à regressão.</p><p>(conização) e completaram com sucesso o</p><p>acompanhamento de dois anos. O grupo de</p><p>70 mulheres que usavam consistentemente</p><p>preservativos (ou seja, ≥90% das relações</p><p>sexuais) foi comparado com o restante das</p><p>mulheres que os usavam ocasionalmente.</p><p>Figura 1 - Paciente com NIC de alto grau, com visualização de epitélio acetobranco denso</p><p>associado a orifícios glandulares espessados. Foi submetida à conização por cirurgia de alta</p><p>frequência.</p><p>Fonte: Acervo da autora.</p><p>O objetivo dos programas globais de triagem do</p><p>câncer do colo uterino, quer seja por citologia</p><p>ou pesquisa do DNA do papilomavírus humano</p><p>(HPV), concentra-se na detecção precoce e no</p><p>tratamento de lesões pré-invasivas e, em última</p><p>análise, na redução da incidência e mortalidade</p><p>deste tumor.</p><p>Dentre a população total rastreada, uma parte</p><p>das mulheres terá um esfregaço ou teste de</p><p>DNA HPV alterado, sendo que uma proporção</p><p>dessas acabará por necessitar de tratamento</p><p>relacionado à presença de uma neoplasia</p><p>intraepitelial cervical (NIC) (figura 1).</p><p>Apresentação do estudo</p><p>Principais resultados:</p><p>Dez mulheres apresentaram falha no tratamento (4,9%), sendo que uma pertencia</p><p>ao grupo aderente ao uso de preservativo (percentual de falha: 1,4%), enquanto nove</p><p>estavam no grupo não aderente (percentual de falha: 6,7%).</p><p>Houve redução na taxa de positividade do DNA do HPV no primeiro controle de</p><p>seis meses após a cirurgia, que foi detectado em apenas 23,2% das usuárias de</p><p>preservativo, em comparação com 61,9% no grupo não aderente (p < 0.001).</p><p>No acompanhamento de dois anos, foi observada uma diferença mais pronunciada</p><p>nas taxas de positividade do DNA do HPV, especificamente apenas 13% de</p><p>positividade entre as mulheres aderentes em comparação com 71% entre as não</p><p>aderentes (p < 0.0001).</p><p>A taxa de positividade caiu de 23,2% no 6º mês no grupo aderente para 13% na</p><p>avaliação do segundo ano (diferença: 10,2%). Em contraste, para o grupo não</p><p>aderente, a taxa de positividade aumentou de 62% no 6º mês para 71% no segundo</p><p>ano (diferença: 9,0%).</p><p>Mulheres mantendo uso consistente de preservativos apresentaram cinco vezes</p><p>menos chances de falha no tratamento.</p><p>A paridade e o tipo de parto (ou seja, parto vaginal versus cesariana) não</p><p>representaram fatores significativos para prever a falha do tratamento.</p><p>Entre os biomarcadores estudados, os resultados do teste de DNA do HPV foram</p><p>significativamente diferentes; todos os tratamentos que falharam foram positivos</p><p>para o DNA do HPV, enquanto dos tratamentos bem-sucedidos 48,7% foram positivos</p><p>(p = 0,0016, RR: 0,49).</p><p>Os autores concluíram que o uso consistente de</p><p>preservativos após o tratamento excisional para</p><p>NIC parece reduzir significativamente as taxas</p><p>de recorrência da doença e os biomarcadores</p><p>da expressão do HPV (DNA viral). A vacinação adi-</p><p>cional contra o HPV no momento do tratamento</p><p>poderia aumentar ainda mais o efeito positivo do</p><p>uso consistente de preservativos.</p><p>Conclusão</p><p>http://</p>