Prévia do material em texto
<p>Diretor Executivo</p><p>DAVID LIRA STEPHEN BARROS</p><p>Gerente Editorial</p><p>CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA</p><p>Projeto Gráfico</p><p>TIAGO DA ROCHA</p><p>Autoras</p><p>ROSIVANY GOMES</p><p>A AUTORA</p><p>Rosivany Gomes</p><p>Olá. Sou a professora Rosivany Gomes. Sou mestre em Biociência</p><p>e Pedagoga, com uma experiência técnico-profissional na área de</p><p>Segurança, Saúde e Meio Ambiente. Também atuo como consultora em</p><p>SMS para empresas que precisam se adequar às exigências legais na área</p><p>de Saúde, Segurança e Meio Ambiente. Ao longo da minha vida acadêmica</p><p>pude coordenar curso de MBA em Sistema de Gestão Integrado em</p><p>SMS e atuar em diferentes segmentos da Educação, desde educação</p><p>básica, cursos técnicos, cursos de graduação e pós-graduação. Durante</p><p>essa jornada, desenvolvi habilidades e competências como educadora,</p><p>aprimorando meus conhecimentos em Metodologia Ativa, Aprendizagem</p><p>Baseada em Projetos e Ensino a Distância e Educação em Ambientes</p><p>Virtuais com o projeto “Recomendação de materiais didáticos baseada</p><p>em estilos cognitivos de aprendizagem”. Destaco na minha sólida carreira</p><p>na área de Gestão Educacional os prêmios de coordenador inspirador e</p><p>prêmio educação inovação e desenvolvimento de projetos educacionais</p><p>pela implantação e coordenação de projetos educacionais baseados em</p><p>metodologias ativas e por desenvolver a cultura digital na minha equipe</p><p>e nos alunos de cursos presencial e nas plataformas de EAD. Atualmente</p><p>me dedico à formação técnica profissional e elaboração de materiais</p><p>educacionais, aplicando a aprendizagem, associando teoria à prática –</p><p>aprender fazendo.</p><p>ICONOGRÁFICOS</p><p>Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez</p><p>que:</p><p>INTRODUÇÃO:</p><p>para o início do</p><p>desenvolvimento de</p><p>uma nova compe-</p><p>tência;</p><p>DEFINIÇÃO:</p><p>houver necessidade</p><p>de se apresentar um</p><p>novo conceito;</p><p>NOTA:</p><p>quando forem</p><p>necessários obser-</p><p>vações ou comple-</p><p>mentações para o</p><p>seu conhecimento;</p><p>IMPORTANTE:</p><p>as observações</p><p>escritas tiveram que</p><p>ser priorizadas para</p><p>você;</p><p>EXPLICANDO</p><p>MELHOR:</p><p>algo precisa ser</p><p>melhor explicado ou</p><p>detalhado;</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>curiosidades e</p><p>indagações lúdicas</p><p>sobre o tema em</p><p>estudo, se forem</p><p>necessárias;</p><p>SAIBA MAIS:</p><p>textos, referências</p><p>bibliográficas e links</p><p>para aprofundamen-</p><p>to do seu conheci-</p><p>mento;</p><p>REFLITA:</p><p>se houver a neces-</p><p>sidade de chamar a</p><p>atenção sobre algo</p><p>a ser refletido ou dis-</p><p>cutido sobre;</p><p>ACESSE:</p><p>se for preciso aces-</p><p>sar um ou mais sites</p><p>para fazer download,</p><p>assistir vídeos, ler</p><p>textos, ouvir podcast;</p><p>RESUMINDO:</p><p>quando for preciso</p><p>se fazer um resumo</p><p>acumulativo das últi-</p><p>mas abordagens;</p><p>ATIVIDADES:</p><p>quando alguma</p><p>atividade de au-</p><p>toaprendizagem for</p><p>aplicada;</p><p>TESTANDO:</p><p>quando o desen-</p><p>volvimento de uma</p><p>competência for</p><p>concluído e questões</p><p>forem explicadas;</p><p>SUMÁRIO</p><p>Causas de acidentes .......................................................................................10</p><p>Cenário do acidente de trabalho ......................................................................................... 10</p><p>Tipos de acidentes de trabalho .......................................................................................... 12</p><p>Causas dos acidentes .................................................................................................................. 14</p><p>Efeitos do acidente de trabalho ........................................................................................... 16</p><p>Fator pessoal de insegurança – ato inseguro .................................... 18</p><p>Ato inseguro ........................................................................................................................................ 18</p><p>Características do fator pessoal de insegurança .................................................... 20</p><p>Como controlar o fator pessoal ............................................................................................22</p><p>Consequências do fator pessoal .........................................................................................25</p><p>Condições de insegurança do ambiente ..............................................28</p><p>Condição insegura..........................................................................................................................28</p><p>Característica do ambiente - análise de risco .......................................................... 30</p><p>Classificação de riscos ocupacionais ............................................................33</p><p>Investigação de acidente ..........................................................................................................35</p><p>Consequências do acidente de trabalho: lesão pessoal e prejuízo</p><p>material ..................................................................................................................39</p><p>Efeitos dos acidentes de trabalho - econômico e social.................................. 39</p><p>Custos do acidente ........................................................................................................................42</p><p>Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP) ......................43</p><p>Fator Acidentário de Prevenção (FAP) ..........................................................43</p><p>Seguro de acidente de trabalho (SAT) .........................................................44</p><p>Responsabilidade do acidente ..............................................................................................45</p><p>7</p><p>UNIDADE</p><p>03</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>8</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Você está iniciando a Unidade 3, onde trataremos das causas</p><p>e consequências dos acidentes de trabalho. Você sabia que antes da</p><p>criação do SESMT, por meio da NR4, as empresas não eram obrigadas</p><p>a comunicar o acidente de trabalho? E que a NR5 estabelece que as</p><p>empresas com mais de 50 funcionários trabalhando em regime de CLT</p><p>devem ter uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)?</p><p>Para compreender melhor os aspectos legais, sociais e econômicos</p><p>que estão envolvidos em um acidente ou com uma doença do trabalho,</p><p>você verá nesta unidade como os fatores humanos e ambientais</p><p>influenciam nos acidentes de trabalhos.</p><p>Quando se fala em fatores ambientais relacionados às condições</p><p>de seguranças na prevenção de acidentes, deve-se considerar dois</p><p>aspectos: a segurança concretizada pelas condições seguras e pelo</p><p>ambiente ocupacional que as empresas têm por obrigação legal, que</p><p>oferece aos trabalhadores a segurança esperada por eles, impulsionados</p><p>pela sensação de proteção contra acidentes e doenças ocupacionais.</p><p>Quanto aos fatores humanos, as pessoas que tenham sido devidamente</p><p>capacitadas e treinadas são capazes de desenvolver suas atividades sem</p><p>segurança e a figura do líder da equipe pode ser um diferencial tanto para</p><p>a produção quanto para a qualidade e segurança.</p><p>Para nos ajudar a compreender melhor esses fatores, temos a</p><p>companhia da ELIS (Engenheira Líder em Segurança). Ela é uma grande</p><p>conhecedora de Segurança do Trabalho, por isso, foi convidada para</p><p>contar algumas histórias sobre prevenção de acidentes. Sempre que ela</p><p>aparecer, fique atento, pois estudaremos um caso importante que requer</p><p>a sua reflexão.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>9</p><p>OBJETIVOS</p><p>Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar</p><p>você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o</p><p>término desta etapa de estudos:</p><p>1. Identificar as causas de acidentes de trabalho.</p><p>2. Entender fatores pessoais de insegurança – ato inseguro.</p><p>3. Compreender as condições do ambiente inseguro.</p><p>4. Conhecer as consequências dos acidentes: lesão pessoal e</p><p>prejuízo material.</p><p>Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?</p><p>Ao trabalho!</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>10</p><p>Causas de acidentes</p><p>INTRODUÇÃO:</p><p>Ao final deste capítulo esperamos que você conheça os</p><p>fatores envolvidos em um acidente de trabalho, como</p><p>o prevencionismo classifica os tipos de acidente, suas</p><p>causas e seus efeitos para os trabalhadores, a empresa</p><p>na Classificação Nacional</p><p>de Atividades Econômicas (CNAE), acrescido pela multiplicação do Fator</p><p>Acidentário de Prevenção (FAP).</p><p>Cálculo do índice de custo (SESI, 2011).</p><p>SAT = folha de pagamento x (alíquota RAT x FAT)</p><p>Com a utilização do NTEP e do FAT, o número de acidentes</p><p>previdenciários passou a afetar diretamente o SAT, ou seja, o número de</p><p>acidentes afeta diretamente uma porcentagem da folha de pagamento de</p><p>uma empresa. Com essa combinação de fatores, os custos dos acidentes</p><p>de trabalho e o afastamento previdenciário se tornaram muito mais nítidos.</p><p>Para nos ajudar a calcular um acidente, a ELIS vai nos trazer uma</p><p>situação ocorrida no canteiro de obra. Para não perder horas trabalhadas,</p><p>o gestor da obra autorizou que os trabalhadores realizassem as atividades</p><p>com concreto sem o EPI adequado. Com isso, no final da atividade ele</p><p>teve um saldo de oito acidentes de trabalho, sendo três deles com</p><p>afastamento previdenciário. Calculando os fatores, o valor de cada</p><p>acidente foi de R$ 13.023,00 e o dos afastamentos foi de R$ 113.714,00. O</p><p>custo total do acidente foi de 3 x (R$ 113.714,00) + 5 x (R$ 13.023,00) = R$</p><p>406.257,00.</p><p>O grande desafio para as empresas é investir na redução da</p><p>incidência de acidentes e doenças ocupacionais, identificando os riscos</p><p>que possam estar relacionados ao FAP/NTEP e implementando medidas</p><p>de correção que diminuam os riscos de acidentes e doenças do trabalho,</p><p>pois são essas ações que contribuem para a redução de custos com</p><p>acidentes.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>45</p><p>Responsabilidade do acidente</p><p>Um dito popular diz que quando ocorre uma fatalidade, notória ou</p><p>não, “a casa caiu”. Evidentemente o “dono da casa”, além de arcar com</p><p>os custos terá que justificar as causas. Mas a casa pode cair porque o</p><p>arquiteto não planejou bem ou o pedreiro não seguiu o planejado ou ainda</p><p>porque o fiscal da obra não identificou o erro e permitiu a construção.</p><p>Sendo assim, vários podem ser os responsáveis, de forma conjunta ou</p><p>isolada, pela fatalidade.</p><p>Na Segurança do Trabalho não é diferente, a empresa pode usar</p><p>outro dito popular que diz “todos somos responsáveis pela segurança”,</p><p>sendo que todos são responsáveis também pelos acidentes. Vamos ver</p><p>agora alguns dos responsáveis e suas responsabilidades (GERMANO, 2019).</p><p>Quanto ao governo, podemos destacar o trabalho das Delegacias</p><p>Regionais do Trabalho (DRT). Suas atividades de fiscalização feitas por</p><p>profissionais especializados nas áreas de saúde e segurança, as quais</p><p>estão respaldadas e amparadas em legislação específica (CLT), podendo</p><p>aplicar sanções que vão desde o embargo ou a interdição até expedição</p><p>de termos de notificação e multas com o respaldo legal que determina a</p><p>Norma Regulamentadora NR3 (BRASIL, 2016). No entanto, devido ao Brasil</p><p>ser considerado um país de extensão continental, o efetivo da DRT ainda</p><p>é incipiente para cobrir de forma eficaz todas as empresas nos diversos</p><p>municípios do Brasil.</p><p>Ainda por parte do governo temos o Ministério da Saúde (MS), que</p><p>por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e nos estados</p><p>com as Vigilâncias Sanitárias também possui papel preponderante na</p><p>fiscalização da segurança sanitária, saúde e segurança dos trabalhadores</p><p>dos estabelecimentos cujos produtos e serviços possam oferecer algum</p><p>tipo de risco, tanto para os consumidores quanto para os profissionais</p><p>responsáveis por esses produtos.</p><p>A Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador</p><p>(Renast) é um sistema de informações sobre acidentes do trabalho</p><p>organizada com o propósito de implementar ações assistenciais, de</p><p>vigilância, prevenção e de promoção da saúde, na perspectiva da ST.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>46</p><p>ACESSE:</p><p>Saiba como montar um Renast nas empresas. Clique aqui.</p><p>Em relação à responsabilidade que envolve os custos do acidente,</p><p>compete à Previdência Social arcar com os custos referentes aos</p><p>benefícios previdenciários decorrentes dos acidentes do trabalho.</p><p>Os trabalhadores segurados que possuem carteira assinada</p><p>recebem diretamente do empregador – inclusive doméstico – os valores</p><p>referentes aos primeiros 15 dias. À Previdência Social cabe o pagamento</p><p>a partir do 16º dia de afastamento. Após esse período, o ônus desses</p><p>acidentes passa para os contribuintes, por meio da Previdência Social,</p><p>que utiliza os recursos provenientes das contribuições dos trabalhadores</p><p>e das empresas.</p><p>Toda indenização ou todo benefício previdenciário decorrente</p><p>de exposição a agentes agressivos e redução da capacidade laborativa</p><p>somente é paga pela Previdência Social depois de comprovada a</p><p>incapacidade reduzida em avaliação pericial.</p><p>Os sindicatos apresentam importantes responsabilidades diante</p><p>da possibilidade de ocorrência dos acidentes de trabalho, como exigir</p><p>correção dos riscos nas empresas; fiscalizar a plena efetividade da</p><p>implantação de normas e acordos que visem melhorias no campo da</p><p>prevenção, estimulando ainda a criação de comissões de segurança e</p><p>saúde nos locais de trabalho e em suas dependências; exigir e participar</p><p>de programas oficiais e alternativos de fiscalização em segurança e</p><p>medicina do trabalho; manter programas educacionais, disseminando a</p><p>ideia de que, para os trabalhadores, melhor do que receber uma adicional</p><p>de insalubridade de valor minúsculo é executar suas atividades em um</p><p>ambiente seguro e saudável.</p><p>Na esfera criminal, é o Ministério Público Estadual (MPE) responsável</p><p>pelas ações em razão de ser ele detentor do monopólio da ação</p><p>penal pública, o que ocorre na possibilidade de o empregador vir a ser</p><p>responsabilizado criminalmente pela ocorrência de acidente do trabalho.</p><p>Na empresa, a CIPA é uma comissão composta por representantes</p><p>do empregador e dos empregados, e é um instrumento que os</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>https://renastonline.ensp.fiocruz.br/recursos/manual-gestao-gerenciamento-rede-nacional-atencao-integral-saude-trabalhador</p><p>47</p><p>trabalhadores dispõem para tratar da prevenção de acidentes do trabalho,</p><p>das condições do ambiente do trabalho e de todos os aspectos que</p><p>afetam sua saúde e segurança.</p><p>A CIPA é regulamentada pela Consolidação das Leis do Trabalho</p><p>(CLT) nos artigos 162 a 165 e pela Norma Regulamentadora 5 (NR-5),</p><p>contida na Portaria nº 3.214 de 8 de junho de 1978, baixada pelo Ministério</p><p>do Trabalho. As atribuições básicas de uma CIPA são:</p><p>• Investigar e analisar os acidentes ocorridos na empresa.</p><p>• Sugerir as medidas de prevenção de acidentes julgadas</p><p>necessárias por iniciativa própria ou sugestão de outros</p><p>empregados e encaminhá-las ao presidente e ao departamento</p><p>de segurança da empresa.</p><p>Essas medidas quando bem aplicadas evitam os acidentes e é a</p><p>maneira mais eficaz de reduzir os custos para os responsáveis por eles.</p><p>RESUMINDO:</p><p>Viram como os acidentes de trabalho podem ser um</p><p>grande transtorno para o governo, os empresários e os</p><p>trabalhadores? Caso tenha ficado alguma dúvida vamos</p><p>fazer uma breve revisão. Os trabalhadores acidentados</p><p>ficam expostos à redução de sua renda familiar, limitações</p><p>físicas, emocionais e sociais e algumas vezes desenvolvem</p><p>a insegurança, que pode se tornar um fator de causa de</p><p>acidentes. Para a empresa e para o governo, os custos</p><p>podem ser percebidos nas tarifações tributárias, como</p><p>o NEST, FAT e SAT, que acabam refletindo no valor final</p><p>da produção. O governo, por sua vez, tem os ônus de</p><p>custear os auxílios-acidentes sobrecarregando o sistema</p><p>previdenciário. E a culpa é de quem? Bom, não podemos</p><p>estabelecer um culpado, por isso cada um precisa fazer</p><p>a sua parte para evitar que os custos com os acidentes</p><p>de trabalho sobrecarreguem ainda mais o governo, a</p><p>empresa, os trabalhadores e a sociedade, garantindo que</p><p>os trabalhadores tenham seu direito à qualidade de vida</p><p>garantido dentro e fora do ambiente de trabalho.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>48</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BAZZO, W. A.; PEREIRA, L. de. Introdução</p><p>à engenharia: conceitos,</p><p>ferramentas e comportamentos. Trinidade: Editora UFSC, 2006.</p><p>BITENCOURT, C. L.; QUELHAS, O. G. Histórico da evolução dos</p><p>conceitos de segurança. In: Anais do Encontro Nacional de Engenharia de</p><p>Produção, 18, 1998. Disponível em: https://bit.ly/32ZJUgH. Acesso em: 28</p><p>abr. 2021.</p><p>BRASIL. Lei nº 7.410, de 27 novembro de 1985. Dispõe sobre a</p><p>especialização de Engenheiros e Arquitetos em Engenharia de Segurança</p><p>do Trabalho, a profissão de Técnico de Segurança do Trabalho, e dá outras</p><p>providências. Disponível em: https://bit.ly/37A8Yy8. Acesso em: 7 out. 2020.</p><p>BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos</p><p>de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Brasília, DF.</p><p>Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm.</p><p>Acesso em: 7 out. 2020.</p><p>BRASIL. O que significa ter saúde? Saúde Brasil. 7 ago. 2020.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3auAMpA. Acesso em: 7 out. 2020.</p><p>BRASIL. ENIT. NR 4 – Serviços especializados em engenharia</p><p>de segurança e em medicina do trabalho. 2016. Disponível em:</p><p>https://bit.ly/305hNvW. Acesso em: 2 out. 2020.</p><p>CICCO, F. F. HSAS 18001 x ISO 45001 - As 10 principais mudanças</p><p>e tabela comparativa completa. Disponível em: https://bit.ly/38iu0R2.</p><p>Acesso em: 9 out. 2020.</p><p>CONFEA. Código de ética profissional da engenharia, da agronomia,</p><p>da geologia, da geografia e da meteorologia. Ética/CONFEA/CREA, 11.</p><p>ed. 2019. Disponível em: https://bit.ly/3nCHsFN. Acesso em: 13 out. 2020.</p><p>DANDERFER, V. Intervalos intrajornada e interjornada: mudanças na</p><p>reforma trabalhista. 2020. Disponível em: https://bit.ly/37xMopO. Acesso</p><p>em: 22 out. 2020.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>49</p><p>FERNANDES, S. Você sabe as diferenças entre intervalo intrajornada</p><p>e interjornada? Pontomais, 2018. Disponível em: https://bit.ly/34vHI1B.</p><p>Acesso em: 22 out. 2020.</p><p>FIESC; SESI. FAP - RAT - NTEP: efeitos na gestão empresarial. 2011.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/2QFnXRu. Acesso em: 28 abr. 2021.</p><p>GERMANO, A. SST e inovação tecnológica: o que você precisa saber</p><p>sobre Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria 4.0. 2019. Disponível</p><p>em: https://bit.ly/3asnKIP. Acesso em: 17 dez. 2020.</p><p>INSS. Registrar Comunicação de Acidente de Trabalho - CAT. 2021.</p><p>Disponível em: https://bit.ly/3xDlQi2. Acesso em: 28 abr. 2021.</p><p>LAVAGNOLI, S. Indústria 4.0 – Evolução ou Revolução? 2018.</p><p>Disponível em: https://opencadd.com.br/9-pilares-da-industria-4-0/.</p><p>Acesso em: 17 dez. 2020.</p><p>REDE NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO</p><p>TRABALHADOR. Manual de gestão e gerenciamento, São Paulo, SP: [s.</p><p>n.], 2006. 82 p. Disponível em: https://bit.ly/37xVHWO. Acesso em: 5 nov.</p><p>de 2020.</p><p>SMARTLAB. Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho:</p><p>promoção do meio ambiente do trabalho guiado por dados. 2021.</p><p>Disponível em: https://smartlabbr.org/sst. Acesso em: 28 abr. 2021.</p><p>VASAPOLLO, L. O conflito capital – trabalho na competição Global.</p><p>In: LUTAS SOCIAIS. Núcleo de Estudos de Ideologias e Lutas Sociais,</p><p>PUC/SP, p. 133-142.</p><p>VIEIRA, E. B. Perspectiva do direito do trabalho no Brasil. Revista da</p><p>Escola Nacional de Inspeção do Trabalho, Ano 3, 173-199, jan. 2019.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>Causas de acidentes</p><p>Cenário do acidente de trabalho</p><p>Tipos de acidentes de trabalho</p><p>Causas dos acidentes</p><p>Efeitos do acidente de trabalho</p><p>Fator pessoal de insegurança – ato inseguro</p><p>Ato inseguro</p><p>Características do fator pessoal de insegurança</p><p>Como controlar o fator pessoal</p><p>Consequências do fator pessoal</p><p>Condições de insegurança do ambiente</p><p>Condição insegura</p><p>Característica do ambiente - análise de risco</p><p>Classificação de riscos ocupacionais</p><p>Investigação de acidente</p><p>Consequências do acidente de trabalho: lesão pessoal e prejuízo material</p><p>Efeitos dos acidentes de trabalho - econômico e social</p><p>Custos do acidente</p><p>Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP)</p><p>Fator Acidentário de Prevenção (FAP)</p><p>Seguro de acidente de trabalho (SAT)</p><p>Responsabilidade do acidente</p><p>e</p><p>a sociedade.</p><p>Cenário do acidente de trabalho</p><p>Querido(a) aluno(a), estamos prestes a iniciar nossa jornada rumo ao</p><p>universo dos acidentes de trabalho e o papel da Engenharia de Segurança</p><p>do Trabalho. Vamos pensar e refletir juntos com a ELIS sobre a cenário e</p><p>os atores envolvidos com a institucionalização dos acidentes de trabalho</p><p>no Brasil.</p><p>Uma criança encontra uma chave de fenda no chão e resolve</p><p>brincar com a ferramenta enquanto seu pai troca o pneu do carro. A</p><p>ferramenta rola para debaixo do automóvel no momento em que o pai</p><p>descia o macaco hidráulico, deixando a criança presa debaixo do carro.</p><p>Vamos pensar de quem é a culpa se a criança se ferir? Da criança que</p><p>estava brincando? Da mãe que não prestou atenção na criança enquanto</p><p>o pai trocava o pneu? Do pai que desceu o carro sem atentar-se para o</p><p>ambiente a sua volta? Agora vamos pensar se não fosse uma criança e</p><p>sim um trabalhador. E se não fosse o pai e a mãe, e sim a empresa? De</p><p>quem seria a culpa? Do trabalhador que não deveria estar ali ou usar uma</p><p>ferramenta que não foi treinado? Do operador que movimentou a carga</p><p>sem verificar as condições do ambiente?</p><p>Vocês devem estar pensando em uma resposta prevencionista e</p><p>isso é muito bom, mas é importante considerarmos as obrigações legais</p><p>envolvidas em casos de acidentes. No Brasil a Constituição Federal,</p><p>a CLT, as NRs e as convenções internacionais da OIT e OMS definem a</p><p>Segurança do Trabalho.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>11</p><p>A CLT dedica o Capítulo V, Título II do seu texto à segurança e</p><p>medicina do trabalho e serviu como marco para as atividades de segurança</p><p>no Brasil, garantindo assistência e indenizações pelas consequências</p><p>dos acidentes de trabalho. Atualmente, a assistência previdenciária é</p><p>regulamentada pela Lei n0 5.316/67 que integrou o seguro de acidentes</p><p>de trabalho na Previdência Social.</p><p>O aumento no número de acidentes de trabalho no Brasil após o</p><p>início da Segunda Guerra Mundial levou alguns empresários a fundarem</p><p>a Associação Brasileira de Prevenção de Acidentes (ABPA). Uma iniciativa</p><p>que embora não tivesse um peso legal nas ações de prevenção de</p><p>acidentes do trabalho, teve um de valor social.</p><p>Por ser causa de sofrimentos pessoais, mas também despesas nas</p><p>esferas públicas e privadas, os governantes e empresários se mostram</p><p>empenhados na busca de soluções que contribuam na prevenção e</p><p>acidentes.</p><p>Alguns personagens se destacam nessa história, como o Serviço</p><p>Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do trabalho – e a</p><p>Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). O SESMT representa</p><p>a empresa, é um serviço no qual encontramos o Engenheiro de Segurança</p><p>do Trabalho. A CIPA é composta por representantes dos empregados e do</p><p>empregador e tem a responsabilidade de auxiliar o SESMT nas atividades</p><p>prevencionistas, garantindo que os direitos dos trabalhadores sejam</p><p>respeitados e os deveres dos empregadores sejam cumpridos.</p><p>No Brasil, uma parte substancial dos custos com acidentes de</p><p>trabalho impactam na gestão econômica do sistema previdenciário, por</p><p>isso a Previdência Social também apresenta um papel importante na</p><p>história do acidente, através da concessão do seguro previdenciário.</p><p>Por último, a população também está presente neste cenário, que</p><p>paga pelos produtos e serviços, nos quais se encontram embutidos os</p><p>custos com acidentes.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>12</p><p>Tipos de acidentes de trabalho</p><p>O acidente de trabalho pode ser definido pelo conceito legal</p><p>previdenciário, o qual estabelece o que pode ser considerado acidente</p><p>de trabalho e doença do trabalho, bem como os benefícios ao qual o</p><p>acidentado terá direito com base na comprovação do nexo causal.</p><p>A legislação previdenciária, Lei nº 8.213/91, em seu art. 19 define</p><p>acidente aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho, a serviço da</p><p>empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença</p><p>que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária</p><p>da capacidade para o trabalho. São considerados acidentes do trabalho:</p><p>• Acidentes típicos – acidentes decorrentes da característica da</p><p>atividade profissional desempenhada pelo acidentado.</p><p>• Acidentes de trajeto – acidentes ocorridos no trajeto entre a</p><p>residência e o local de trabalho do segurado e vice-versa.</p><p>• Acidentes devidos à doença do trabalho – acidentes ocasionados</p><p>por qualquer tipo de doença profissional peculiar a determinado</p><p>ramo de atividade constante na tabela da Previdência Social</p><p>(BRASIL, 1991).</p><p>O art. 20 da legislação supracitada considera acidente de trabalho</p><p>as seguintes entidades mórbidas:</p><p>• Doença profissional, assim entendida, produzida ou desencadeada</p><p>pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e</p><p>constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do</p><p>Trabalho e da Previdência Social.</p><p>• Doença do trabalho, assim entendida, adquirida ou desencadeada</p><p>em função de condições especiais em que o trabalho é realizado</p><p>e com ele se relacione diretamente, constante da relação</p><p>mencionada no inciso I.</p><p>Equipara também nesta lei, em seu artigo 21, acidentes do trabalho</p><p>as seguintes situações:</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>13</p><p>• Acidente ligado ao trabalho que tenha contribuído diretamente</p><p>para a morte do segurado ou para a perda ou redução de sua</p><p>capacidade para o trabalho, ou produzindo lesão que exija</p><p>acompanhamento médico durante o período de recuperação.</p><p>• Acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho,</p><p>em consequência de: agressão, sabotagem ou terrorismo praticado</p><p>por terceiro ou companheiro de trabalho; ofensa física intencional</p><p>por motivo de disputa relacionado ao trabalho; imprudência,</p><p>negligência ou imperícia de terceiros ou companheiro de trabalho;</p><p>ato de pessoa privada do uso da razão; desabamento, inundação,</p><p>incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior.</p><p>• Doença proveniente de contaminação acidental do empregado no</p><p>exercício de sua função.</p><p>• Acidentes sofridos ainda que fora do local e horário de trabalho,</p><p>nas seguintes situações: na execução de ordem ou na realização de</p><p>serviço sob a autoridade da empresa; na prestação espontânea de</p><p>qualquer serviço prestado à empresa, viagem a serviço da empresa,</p><p>inclusive para estudo, quando financiado pela mesma, como meio</p><p>de capacitação de mão de obra; no percurso da residência para o</p><p>local do trabalho ou deste para aquele (BRASIL, 1991).</p><p>IMPORTANTE:</p><p>O acidente de trajeto sofreu alterações com a medida</p><p>provisória 905/2019, que extinguia a estabilidade no</p><p>emprego por acidente ocorrido no percurso entre a</p><p>residência e o trabalho (e vice-versa), não se equiparando</p><p>à acidente de trabalho ou gerando a estabilidade de 12</p><p>meses no contrato de trabalho. De acordo com a norma</p><p>que vigorou até abril de 2020, as empresas também não</p><p>precisariam emitir a CAT (Comunicação de Acidente de</p><p>Trabalho). Como a medida provisória 905/2019 não foi</p><p>convertida em lei, ela perdeu sua validade, voltando então</p><p>o trabalhador ter direitos previdenciários assegurados em</p><p>caso de acidente de trajeto.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>14</p><p>Na visão prevencionista, os incidentes são classificados como</p><p>acidentes de trabalho, situações que envolvam a interrupção ou</p><p>prejudiquem uma atividade ocupacional, mesmo que não resultem em</p><p>lesão ou danos materiais e, por isso, devem receber atenção e serem</p><p>gerenciados para que possam ser eliminados, reduzidos ou controlados.</p><p>Causas dos acidentes</p><p>Olha quem voltou para nos ajudar? ELIS (Engenheira Líder em</p><p>Segurança). Vamos ver o que ela tem para nos contar! Um operador</p><p>de máquinas tem parte de seu membro superior direito amputado.</p><p>Durante um apagão de energia ocorrido na empresa ele resolveu fazer</p><p>uma limpeza nas engrenagens da máquina. Com o restabelecimento da</p><p>energia a máquina voltou a funcionar, lesionando o braço do operador.</p><p>Ao</p><p>relatar o ocorrido, o engenheiro irá relatar que houve um ato inseguro ou</p><p>uma condição insegura?</p><p>A forma mais direta de se descobrir a causa do acidente é</p><p>respondendo à pergunta: o que fez com que o fato ocorresse? A falta</p><p>de energia? O retorno da energia? O fato de o operador estar realizando</p><p>uma operação a qual não foi autorizado? A máquina voltar a funcionar sem</p><p>que o operador tenha ligado? Quando respondemos essas perguntas</p><p>encontramos os antecedentes que fizeram o acidente ocorrer.</p><p>Entenda que em todas as respostas podemos relacionar direta ou</p><p>indiretamente a presença humana. Sendo assim, podemos citar várias as</p><p>causas ligadas aos acidentes de trabalho que são basicamente separadas</p><p>em dois grupos. O ato inseguro é o ato praticado pelo homem, em geral</p><p>consciente do que está fazendo, que está contra as normas de segurança.</p><p>São exemplos de atos inseguros:</p><p>• Subir em telhado sem cinto de segurança contra quedas.</p><p>• Ligar tomadas de aparelhos elétricos com as mãos molhadas.</p><p>• Dirigir em alta velocidade.</p><p>O outro grupo de causa de acidentes de trabalho é o de condição</p><p>insegura, ou seja, a condição do ambiente de trabalho que oferece perigo</p><p>e/ou risco ao trabalhador. São exemplos de condições inseguras:</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>15</p><p>• Instalação elétrica com fios desencapados.</p><p>• Máquinas em estado precário de manutenção.</p><p>• Andaime de obras de construção civil feitos com materiais</p><p>inadequados.</p><p>Os fatores pessoais também podem contribuir para a ocorrência de</p><p>acidentes devido ao comportamento humano individual e característico,</p><p>que propicia a ocorrência de acidentes. São exemplos:</p><p>• Doenças na família.</p><p>• Excesso de horas trabalhadas.</p><p>• Problemas conjugais.</p><p>Os fatores pessoais associados ao meio nos quais os trabalhadores</p><p>são expostos a perigos e risco, que precisam ser controlados por meio da</p><p>gestão de segurança, são a origem dos acidentes de trabalho que podem</p><p>ocasionar lesão parcial, permanente e até mesmo o óbito, além de danos</p><p>ao meio, como mostra a sequência abaixo:</p><p>Figura 1 – Atos inseguros e condições inseguras</p><p>Homem → Fatores pessoais → Atos inseguros</p><p>Acidente</p><p>Danos ao</p><p>trabalhador</p><p>ou ao meioMeio → Fatores materiais → Condições inseguras</p><p>Fonte: McGuire, 2014 (Adaptada).</p><p>Ato inseguro é toda conduta ou comportamento que gera de uma</p><p>decisão desnecessária a ocorrências de acidentes.</p><p>Analisando o caso que a ELIS nos apresentou, podemos então</p><p>identificar fatores pessoais que contribuíram para a ocorrência do acidente,</p><p>o operador realizando a atividade sem autorização, o que caracteriza um</p><p>ato inseguro. A inaptidão do trabalhador pode ser uma explicação para</p><p>a causa de acidentes de trabalho, quando os profissionais escolhem ou</p><p>aceitam realizar trabalhos para os quais não estão preparados. Em relação</p><p>aos fatores ambientais, a máquina, que não apresenta uma trava que</p><p>impeça que ela volte a funcionar sem que o operador dê o comando,</p><p>caracteriza-se como condição insegura. Sendo assim, os acidentes</p><p>podem ocorrer por fatores isolados ou associados. A condição insegura</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>16</p><p>pode ocorrer por erros administrativos, técnicos, falta de conhecimento</p><p>ou má avaliação dos riscos e perigos, podendo ser causa direta ou indireta</p><p>da ocorrência de acidentes.</p><p>Uma ferramenta de gestão usada na investigação de causas de</p><p>acidentes é o diagrama de causa e efeito. Uma ferramenta que auxilia na</p><p>análise e identificação das potenciais causas de variação do processo ou</p><p>da ocorrência de um fenômeno, bem como da forma como essas causas</p><p>interagem entre si (ISHIKAWA, 1993).</p><p>Efeitos do acidente de trabalho</p><p>Quando você dirige falando ao celular e causa uma colisão sem</p><p>vítimas, você logo pensa: “vou acionar o seguro”. Mesmo você tendo uma</p><p>seguradora para cobrir acidentes de carro, você sabe que serão dias</p><p>difíceis até consertar, em caso de perdas parciais, ou receber outro carro</p><p>em casos de perda total. E se neste acidente houver vítimas não fatais,</p><p>sua esposa, seu filho, que ficaram hospitalizados? Acidentes com vítimas</p><p>fatais então... terão efeitos para uma vida inteira.</p><p>Analogia igual pode ser feita com acidentes de trabalho, com</p><p>consequências para as pessoas envolvidas, que podem ficar incapacitadas</p><p>parcialmente ou totalmente ao trabalho, para a empresa que perderá a</p><p>mão de obra, material e elevará os custos operacionais para a sociedade,</p><p>com o aumento no número de beneficiários e diminuição do número de</p><p>contribuintes ao sistema previdenciário. O que nos leva a afirmar que os</p><p>efeitos de um acidente serão sempre negativos no que envolve aspectos</p><p>humanos, sociais e econômicos.</p><p>Além dos efeitos materiais, é preciso avaliar os efeitos psicológicos</p><p>negativos envolvendo os sentimentos humanos das vítimas diretas ou de</p><p>qualquer pessoa envolvida no meio que ocorreu o acidente. Esses efeitos</p><p>podem ser imediatos em uma pessoa da equipe ou pode acontecer a</p><p>médio e longo prazo, chegando a envolver uma equipe inteira, que</p><p>podem durar horas em um ataque de euforia ou dias, o que em todos os</p><p>casos levará a perdas significativas ao processo, podendo vir a se tornar</p><p>um fator humano causador de novos acidentes.</p><p>Os programas de prevenção e controle de perdas gerados pelos</p><p>acidentes é um investimento feito pelas empresas para reduzir os custos</p><p>e efeitos causados pelos acidentes.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>17</p><p>O objetivo desse programa está ligado aos fatores humanos, a fim</p><p>de diminuir o afastamento do trabalho, mas principalmente em reduzir os</p><p>efeitos causados ao processo, como garantir a qualidade do produto final</p><p>durante o processo de fabricação, ou seja, não ter que refazer os padrões</p><p>na linha de produção, pois a qualidade está ligada a todo o processo,</p><p>incluindo os trabalhadores, além de manchar a imagem das empresas</p><p>com seus clientes e parceiros de negócio.</p><p>O relacionamento com os clientes e parceiros pode ser afetado</p><p>pela ocorrência de acidentes de trabalho quando os efeitos do acidente</p><p>impactam no cumprimento de prazos e na capacidade da empresa de</p><p>produzir na quantidade esperada. O atraso na entrega ou a entrega em</p><p>uma quantidade inferior à contratada é um efeito negativo para a imagem</p><p>da empresa e também para os custos da produção que podem aumentar</p><p>na tentativa de compensar o tempo perdido.</p><p>Quando os efeitos são gerados causando danos à máquina e aos</p><p>equipamentos, os custos podem ficar ainda mais altos para a empresa,</p><p>por isso a importância da gestão de segurança preventiva, baseada</p><p>em um plano de manutenção contínuo, mediante manutenções</p><p>preventivas, programadas e, caso necessário, reparadora para máquinas</p><p>e equipamentos.</p><p>RESUMINDO:</p><p>Se estivéssemos assistindo a um filme de investigação,</p><p>você diria que conseguiria descrever os fatos e os</p><p>personagens que apareceram? Então, para você não</p><p>perder nenhuma cena, iremos apresentar um resumo.</p><p>Os acidentes e incidentes de trabalho podem ocorrer</p><p>em decorrência da atividade laboral causando lesões ou</p><p>acidentes por doenças, que podem ser profissionais ou do</p><p>trabalho. Esses acidentes podem ser causados por fatores</p><p>humanos atrelados às condições do meio, configurando</p><p>um ato inseguro ou condições inseguras, que terão efeitos</p><p>humanos, sociais e econômicos. Sendo assim, a gestão</p><p>de segurança tem como objetivo controlar os efeitos e as</p><p>causas do acidente.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>18</p><p>Fator pessoal de insegurança – ato inseguro</p><p>INTRODUÇÃO:</p><p>Ao final deste capítulo esperamos que você reconheça os</p><p>fatores humanos com potencial para causarem acidentes</p><p>de trabalho por meio de atos inseguros, suas causas e</p><p>consequências.</p><p>Ato inseguro</p><p>Quando relatamos um acidente de carro ou uma explosão de um</p><p>posto de combustível, o desabamento de uma encosta sobre casas,</p><p>sempre nos perguntam: “De quem é a culpa”? A definição para acidente</p><p>de trabalho não é encontrada em legislação ou dicionário, pois ela só</p><p>contempla as causas ou os</p><p>culpados pelo inoportuno acontecimento.</p><p>Então, é preciso compreender as causas do acidente de trabalho para</p><p>poder defini-lo. Sendo assim, vamos analisar os fatores que, combinados</p><p>ou não, são responsáveis direta ou indiretamente pelos acidentes e pelas</p><p>doenças no ambiente de trabalho.</p><p>Os atos inseguros podem estar presentes no ambiente de trabalho</p><p>de várias maneiras, pois é a forma como o ser humano se relaciona com o</p><p>perigo. Ela pode ocorrer de maneira inconsciente, quando o ser humano</p><p>desconhece o perigo ao qual está sendo exposto; consciente, quando o</p><p>ser humano reconhece o perigo que está exposto ou ainda circunstancial,</p><p>quando algum fator inesperado o leva a se expor ao perigo, mesmo tento</p><p>sido reconhecido pelo ser humano. Vamos chamar a ELIS para nos ajudar</p><p>com sua experiência a evidenciar situações relacionadas a atos inseguros?</p><p>Um motorista de caminhão ao passar pelo posto da polícia</p><p>rodoviária acelera o veículo propositalmente para evitar que seja parado</p><p>para verificação dos documentos. Seu medo é que a polícia identifique</p><p>que sua habilitação não é compatível ao tipo de veículo que está</p><p>conduzindo. Para escapar do cerco, ele acaba colidindo com o canteiro</p><p>central, ocasionando um acidente de trabalho sem vítimas fatais.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>19</p><p>A ELIS relata que ao dirigir sem habilitação e acelerar o veículo</p><p>acima da velocidade permitida, o motorista cometeu um ato inseguro</p><p>consciente, considerando que o motorista foi devidamente treinado.</p><p>Digamos que nesse mesmo acidente o veículo fosse tomado pelo</p><p>fogo e que o ajudante do motorista ao ver seu companheiro preso dentro</p><p>do veículo se lança em meio às chamas para salvar o companheiro de</p><p>trabalho. Nesse caso, a ELIS define como um ato inseguro circunstancial,</p><p>em que para salvar o companheiro o ajudante se expôs a um perigo que</p><p>ele reconhecia.</p><p>Além dos exemplos apresentados pela ELIS, alguns exemplos se</p><p>destacam como mais frequentes, variando em relação à frequência de</p><p>um processo de produção. São eles:</p><p>• Em atividades com movimentação com cargas suspensas por</p><p>diferentes equipamentos (grua, guindaste, pontes ou cordas), o</p><p>trabalhador por falta de informação ou desobediência às regras de</p><p>segurança se posiciona próximo ou sob a carga em movimentação.</p><p>• Operadores de máquinas e equipamentos que colocam parte</p><p>do corpo, principalmente membros superiores, em contato com</p><p>engrenagens, pontos de esmagamento e energizadas, levando a</p><p>lesões leves até à amputação do membro.</p><p>O treinamento e a capacitação são medidas de controle</p><p>fundamentais para instruir os trabalhadores e reduzir a ocorrência de</p><p>acidentes de trabalho por ato inseguro inconsciente, quando o trabalhador</p><p>não tem conhecimento do risco, por isso realizar uma atividade com</p><p>máquina e equipamentos sem a devida habilitação/autorização pode</p><p>causar acidentes de trabalho, assim como realizar manutenção e reparo</p><p>em máquina e equipamentos em funcionamento ou as improvisações de</p><p>ferramentas manuais.</p><p>• Os dispositivos de segurança também podem se tornar fatores de</p><p>risco quando utilizados de forma incorreta, para fins que não foram</p><p>projetados, assim como não utilizar dispositivos de segurança</p><p>individual quando este for indispensável para o controle do risco.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>20</p><p>• Os agentes de risco químico e biológico também são causas</p><p>frequentes de acidentes de trabalhos quando são mal manipulados</p><p>ou expostos a elementos reativos, como o uso de chamas ou</p><p>fumar próximo a produtos inflamáveis.</p><p>Características do fator pessoal de</p><p>insegurança</p><p>Os seres que vivem em agrupamentos estabelecem regras, mesmo</p><p>que não sejam repassadas em linguagem verbal. Um exemplo são os</p><p>animais que delimitam as regras em seus bandos. Os gorilas vivem em</p><p>bandos que são liderados por um macho dominante, que toma as decisões</p><p>sobre quando seu grupo acorda, come, se desloca e descansa à noite.</p><p>Como ele deve proteger sua família em todos os momentos, esse gorila</p><p>líder tende a ser o mais agressivo. Em algumas situações, ele bate com as</p><p>duas mãos no peito quando percebe alguma ameaça para afastar o perigo.</p><p>Para os seres humanos, as regras foram um marco na evolução, que</p><p>servem de prescrições específicas de disciplina, podendo ou não ter um</p><p>significado jurídico (AMARAL, 2005). Elas são usadas para evitar acidentes</p><p>no trabalho e prevenir doenças ocupacionais. Segundo o observatório de</p><p>Segurança do Trabalho, foram notificados 4.503.631 acidentes entre 2012 e</p><p>2018. O número permite estimar a quantidade de acidentes por unidade de</p><p>tempo e projeção para 2019 até hoje. Os dados de 2019 serão atualizados</p><p>em 2020, e assim por diante. Em anos anteriores, a estimativa esteve</p><p>muito próxima do que se confirmou após a atualização (SMARTLAB, 2021).</p><p>O acidente de trabalho gera danos materiais à comunidade,</p><p>ocasionando o aumento do custo de vida e dos impostos, insatisfação</p><p>com falta de condições de trabalho e diminuição de pessoas produtivas.</p><p>Por isso, é indispensável entendermos por que ocorre o acidente do</p><p>trabalho para podermos evitar os mais diversos tipos de prejuízos.</p><p>Todo ser humano tem características pessoais, físicas, sociais ou</p><p>mentais que podem interferir direta ou indiretamente no trabalho. Quando</p><p>essas características interferem negativamente no trabalho, provocando</p><p>atos inseguros, dá-se o nome de fator pessoal de insegurança.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>21</p><p>Podemos destacar aqui os principais fatores humanos que levam à</p><p>prática de atos inseguros.</p><p>• Desconhecer um risco dentro do ambiente ocupacional pode ser</p><p>comparado a uma criança que brinca com um fósforo aceso perto de</p><p>um vidro de álcool, aparentemente inofensivo aos olhos da criança</p><p>que desconhece o resultado da reação. No caso da criança, cabe</p><p>aos pais e responsáveis explicar o perigo envolvido ao aproximar</p><p>a chama a um material inflamável e retirar o perigo das mãos da</p><p>criança. No ambiente de trabalho, essa orientação deve ser feita pelo</p><p>profissional prevencionista, que ao passar uma ordem de serviço deve</p><p>evidenciar cada risco e perigo relacionado à atividade e apresentar</p><p>ao trabalhador a devida forma de proteger. A informação é uma arma</p><p>fundamental para evitar acidentes, assim com a falta de informação</p><p>pode levar à ocorrência de acidentes do trabalho.</p><p>• O desconhecimento pode ser por falta de orientação do profissional</p><p>prevencionista, mas também por falta de preparo para o trabalho,</p><p>trabalhadores sem capacitação ou formação profissional,</p><p>utilizando-se do notório saber, que muitas vezes levam a práticas</p><p>de gambiarras e improvisos, na tentativa de ganhar tempo ou por</p><p>desleixo na atividade realizada. Por isso, a verificação da formação</p><p>profissional antes da contratação, assim como os programas de</p><p>capacitação e treinamento são importantes aliados contra os</p><p>acidentes de trabalho.</p><p>• Problemas de ordem social também podem ser evidenciados como</p><p>fatores pessoais, com o excesso de confiança ou exibicionismos</p><p>como forma de autoafirmação. Também os problemas de ordem</p><p>financeira, como dívidas, falta de oportunidades para si e para sua</p><p>família, que podem gerar brigas conjugais, uso descontrolado</p><p>de drogas lícitas e ilícitas associados a uma extrema pressão</p><p>emocional que podem levar a ataques de estresse e histeria.</p><p>Todos esses fatores atrelados ao meio em que o trabalhador exerce</p><p>sua função podem levar a atos inseguros e, por consequência, a acidentes</p><p>de trabalho. Por isso, precisam ser observados e acompanhados para que</p><p>possam ser controlados, reduzindo o número de acidentes de trabalho.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>22</p><p>Como controlar o fator pessoal</p><p>Vimos que os seres humanos podem se tornar verdadeiras bombas-</p><p>relógio, prontas para explodir... boom! E agora, o que o profissional</p><p>prevencionista pode adotar nos ambientes de trabalho para evitar que</p><p>essa</p><p>bomba exploda?</p><p>Figura 2 – Bomba-relógio</p><p>Fonte: pixabay</p><p>Dessa forma, vamos conhecer algumas ações que deverão ser</p><p>adotadas nos ambientes de trabalho na tentativa de conter os fatores</p><p>pessoais relacionados à ocorrência de acidentes de trabalho.</p><p>Vimos que a falta de qualificação profissional é um fator pessoal</p><p>atrelado à falta de aptidão que pode contribuir para a ocorrência de</p><p>acidentes de trabalho. Por isso as empresas devem estar atentas desde</p><p>o processo de contratação do trabalhador, selecionando profissionais</p><p>devidamente habilitados, sem permitir que sejam feitas contratações de</p><p>forma arbitrária ou por indicações, sem verificar os dados fornecidos por</p><p>cada candidato selecionado.</p><p>No entanto, além da documentação apresentada, o trabalhador que</p><p>comprove sua formação através do ensino formal e/ou profissionalizante,</p><p>deve apresentar outros requisitos que demonstrem suas habilidades e</p><p>competências para desenvolver a atividade para a qual foi contratado,</p><p>como condições físicas e emocionais, aptidão para o trabalho, caráter</p><p>inidôneo, respeito pela cultura prevencionista da empresa, ou seja, o</p><p>trabalhador não pode considerar as ações de segurança como uma</p><p>banalidade desnecessária.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>https://pixabay.com/pt/vectors/bomba-explosivas-detona%C3%A7%C3%A3o-fus%C3%ADvel-154456/</p><p>23</p><p>O SESMT tem uma participação importante após a seleção e</p><p>contratação do trabalhador, que se apresenta para o SESMT no momento</p><p>da integração. No momento da integração, o trabalhador deve se sentir</p><p>parte da equipe ao qual irá desenvolver seu trabalho. O papel dos</p><p>gestores e profissionais prevencionistas é importante na recepção e no</p><p>acompanhamento dos trabalhadores desde sua chegada.</p><p>O acompanhamento supracitado deve ter sempre como objetivo</p><p>inserir no dia a dia do trabalhador a importância de vivenciar a política</p><p>prevencionista proposta pela empresa, mediante medidas educacionais,</p><p>por meio do planejamento e da execução de treinamentos e capacitação</p><p>dos trabalhadores. Os treinamentos devem ocorrer não apenas para o</p><p>cumprimento da legislação, mas como parte da formação continuada</p><p>dos trabalhadores, acontecendo de forma programada e periódica e até</p><p>mesmo diariamente através do Diálogo Diário de Segurança (DDS) ou</p><p>palestra, que podem ocorrer de forma planejada ou durante a Semana</p><p>Interna de Prevenção de Acidentes (SIPAT), organizada pela CIPA com o</p><p>apoio do SESMT.</p><p>Você sabe o que é uma SIPAT? Em 1953, foi publicado o Decreto-</p><p>Lei nº 34.715, que oficializa uma semana dedicada de atividades sobre</p><p>a segurança no trabalho, a SIPAT, em que fica definida como a última</p><p>semana de novembro de todo ano para a sua realização. Posteriormente,</p><p>foi consolidado pela NR 5 como um evento anual obrigatório que deve</p><p>ser implementado pela CIPA em todas as empresas em conjunto com o</p><p>SESMT.</p><p>Para a SIPAT atingir seu objetivo, não deve ser realizada apenas</p><p>como uma obrigação pela empresa, e sim ser encarada como uma</p><p>importante ferramenta para informar aos trabalhadores sobre a segurança</p><p>e a saúde no ambiente de trabalho e em casa.</p><p>Durante o evento, a empresa pode informar, atualizar e reforçar com</p><p>os trabalhadores temas voltados para a saúde do trabalhador e acidentes</p><p>de trabalho, abordando os fatores pessoais por meio de dinâmicas e</p><p>ações psicossociais (BRASIL, 2016).</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>24</p><p>Além da educação por meio da comunicação verbal, podemos</p><p>usar também outros meios, como cartazes e sinalizações. Em tempos</p><p>de indústrias inteligentes, o uso da tecnologia é uma ferramenta de</p><p>comunicação que consegue gerar valores e atingir um número maior e</p><p>com mais interatividade de trabalhadores. O uso de comunicação por</p><p>correio eletrônico, videoconferências, simuladores e mídias digitais é uma</p><p>forma de gerar educação prevencionista na indústria 4.0.</p><p>As medidas médicas mediante acompanhamento periódico dos</p><p>trabalhadores é uma grande aliada para reduzir causas de fatores pessoais</p><p>ligadas ao acometimento de limitações pessoais, físicas ou cognitivas. A</p><p>incapacidade física pode não ser detectada nos exames admissionais se</p><p>desenvolverem tardiamente em função de fatores genéticos, que podem</p><p>ser fatores pessoais, como a gradativa perda de visão e audição, ou a</p><p>redução da capacidade física. Problemas neurológicos, como ataques</p><p>epiléticos, podem causar problemas durante a execução do trabalho com</p><p>segurança, pois em um ataque epilético o indivíduo não tem controle</p><p>sobre seus movimentos, com contínuos espasmos musculares, que</p><p>podem causar acidentes de trabalho.</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>A ciência já comprovou que algumas pessoas podem</p><p>apresentar Transtorno de Déficit de Atenção com</p><p>Hiperatividade, uma condição que geralmente se apresenta</p><p>na primeira infância, mas muitas, por falta de informação</p><p>ou resistência ao tratamento, não são acompanhadas. No</p><p>ambiente ocupacional, ele pode se apresentar por meio da</p><p>falta de foco, perda de concentração e impulsividade.</p><p>As medidas psicológicas atreladas a um acompanhamento</p><p>prevencionista planejado podem contribuir para diminuir os efeitos dos</p><p>fatores pessoais em causas de acidentes de trabalho, principalmente por</p><p>meio de motivação e estímulo da autoestima e confiança do trabalhador</p><p>na sua relação com a empresa, com os colegas e nas relações pessoais.</p><p>De forma resumida, podemos listar as ações de prevenção de</p><p>acidentes de trabalho como:</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>25</p><p>Figura 3 – Sequência de ações para reduzir o número</p><p>de acidentes do trabalho causado por fatores pessoais</p><p>Identificar</p><p>fatores de</p><p>risco</p><p>Estabelecer</p><p>medidas para</p><p>controlar esses</p><p>fatores</p><p>Verificar os</p><p>resultados</p><p>das medidas</p><p>implementadas</p><p>Realizar</p><p>treinamentos e</p><p>campanhas de</p><p>prevenção</p><p>Fonte: Elaborada pela autora.</p><p>Consequências do fator pessoal</p><p>Olha quem chegou para nos ajudar a compreender melhor as</p><p>consequências dos fatores pessoais causadores de acidentes de trabalho!</p><p>Ao ser acordada durante a noite, ELIS respira fundo ao perceber</p><p>que quem está ligando é um bombeiro informando que houve uma grave</p><p>explosão seguida de um intenso incêndio no hospital em que ela trabalha</p><p>e que até o momento existe o risco do fogo se propagar e atingir outras alas</p><p>do hospital. Imediatamente ELIS aciona os gestores de plantão para saber</p><p>se foi feita evacuação do prédio como planejado no plano de emergência</p><p>garantindo a sobrevivência dos pacientes e trabalhadores e descobre que</p><p>o incêndio foi causado durante a troca de turno na lavanderia, quando</p><p>o trabalhador que saía do plantão esqueceu-se de desligar a secadora,</p><p>levando a um superaquecimento e consequente incêndio. O trabalhador</p><p>que deixou a secadora ligada já está em casa, seguro.</p><p>Como podemos observar no relato da ELIS, o profissional que não</p><p>desligou a secadora está seguro em casa, enquanto os trabalhadores</p><p>do turno e os pacientes do hospital estão em risco, mesmo tendo sido</p><p>executado o plano de evacuação com eficiência.</p><p>Quando ocorre um acidente de trabalho, podemos considerar</p><p>várias consequências, iniciando pelas consequências em relação à vida</p><p>humana, que podem variar desde pequenos ferimentos até a perda da</p><p>própria vida ou de outros.</p><p>Além das consequências causadas nas vítimas, devemos considerar</p><p>também os efeitos a curto, médio e longo prazos dos tratamentos e</p><p>protocolos que serão realizados pelas vítimas, muitas vezes dolorosos</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>26</p><p>e que trazem novas consequências, como o abalo emocional e a</p><p>discriminação social. Dessa forma, é essencial que todo sofrimento físico,</p><p>mental ou social seja evitado ou reduzido para que não se tornem fatores</p><p>pessoais os causadores de acidentes.</p><p>Quando a vítima pode retornar às suas atividades de trabalho,</p><p>mesmo após longos tratamentos, as consequências do acidente são</p><p>classificadas como incapacidade parcial. Mesmo assim, ela pode sentir-</p><p>se mesmo</p><p>capaz, o que pode vir a se tornar um fator para que ocorra</p><p>um novo acidente, ou seja, a consequência do acidente é a insegurança</p><p>gerada nas vítimas que pode se tornar um fator de ocorrência de novos</p><p>acidentes.</p><p>Figura 4 – A insegurança causada pelas sequelas de um acidente pode</p><p>deixar o trabalhador susceptível à ocorrência de novos acidentes</p><p>Acidentado Insegurança Acidente</p><p>Fonte: Elaborada pela autora.</p><p>Outro aspecto que devemos relacionar com consequências após</p><p>um acidente de trabalho são as consequências sociais para as vítimas, que</p><p>impossibilitadas de trabalhar podem ter uma redução na renda familiar</p><p>por um período, em casos de incapacidade parcial ou temporária. Imagine</p><p>em caso de incapacidade permanente, no qual a vítima e sua família tem</p><p>sua realidade socioeconômica alterada repentinamente, afinal, ninguém</p><p>se prepara para sofrer um acidente, mesmo que as vítimas recebam o</p><p>auxílio garantido por lei.</p><p>As consequências econômicas recaem sobre a vítima, mas também</p><p>sobre a empresa, embora ainda existam empresas que não se importem</p><p>com os efeitos negativos em relação aos efeitos de um acidente de</p><p>trabalho. Para essa análise é preciso que a empresa entenda que os</p><p>custos do acidente interferem na qualidade e na quantidade dos serviços</p><p>prestados, no prazo de entrega do produto ou serviço, principalmente se</p><p>em função do acidente a empresa sofre um embargo de suas atividades,</p><p>danos às máquinas e aos equipamentos.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>27</p><p>Você sabe quando uma empresa pode sofrer um embargo ou</p><p>uma interdição? A NR 3 foi originalmente editada pela Portaria nº 3.214,</p><p>de 8 de junho de 1978, estabelecendo procedimentos para embargo</p><p>e interdição em caso de Grave e Iminente Risco (GIR) à vida e à saúde</p><p>dos trabalhadores. Embargo e interdição são medidas administrativas,</p><p>de caráter cautelar, cuja adoção tem o objetivo de evitar a ocorrência de</p><p>acidente ou doença com lesão grave ao trabalhador, não se tratando de</p><p>medida punitiva às organizações (BRASIL, 2016).</p><p>Em caso de acidentes, as empresas são obrigadas a emitirem a</p><p>Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), informando à previdência</p><p>social todos os acidentes de trabalho ocorridos com trabalhadores,</p><p>mesmo que não haja afastamento temporário das atividades de trabalho.</p><p>Outras agências também utilizam esses dados. A International Oil and Gas</p><p>Producers (IOGP) usa como índice a Taxa de Acidentes Registráveis (TAR)</p><p>como critério para comparar o desempenho das empresas do setor, com</p><p>o objetivo de intensificar a concorrência internacional.</p><p>RESUMINDO:</p><p>Acidente é um problemão né? E se não entendermos</p><p>direitinho as causas e consequências relacionadas aos</p><p>fatores pessoais, esse problema pode ficar ainda maior.</p><p>Então, vamos resumir aqui as diferentes causas relacionadas</p><p>aos fatores pessoais que podem ocasionar acidentes de</p><p>trabalho, com o afastamento como consequência para a</p><p>vítima, para a sociedade e para a economia, inclusive em</p><p>relação à economia mundial. Entre os fatores podemos</p><p>citar a falta de conhecimento, imprudência, irritabilidade e</p><p>até mesmo transtornos cognitivos. Como consequências,</p><p>podem ocorrer desde pequenas lesões a graves, que em</p><p>função das sequelas e dos tratamentos podem se tornar</p><p>um fator de insegurança, além das consequências sociais,</p><p>como a discriminação e as consequências econômicas, a</p><p>diminuição da renda familiar.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>28</p><p>Condições de insegurança do ambiente</p><p>INTRODUÇÃO:</p><p>Ao final deste capítulo esperamos que você reconheça as</p><p>condições do meio com potencial para causarem acidentes</p><p>de trabalho mediante condições inseguras, suas causas e</p><p>consequências.</p><p>Condição insegura</p><p>No capítulo anterior, vimos que os seres humanos podem tornar-se</p><p>um risco a sua saúde e segurança em função de atos inseguros. Mas será</p><p>que só os seres humanos podem causar acidentes?</p><p>Olha para essa tomada aí atrás do seu aparelho de TV ou do</p><p>computador. Respondam, tem alguma possibilidade de surgir um pequeno</p><p>incêndio nessa tomada devido às condições que ela está sendo utilizada?</p><p>E o seu carro? Olhe os quatro pneus. E o pneu reserva? O estepe? Será</p><p>que estamos seguros em andar com o nosso carro com esses pneus, a</p><p>estrutura, a calibração, o tempo de desgaste?</p><p>Então, quando a sua tomada ou o seu pneu não estão garantindo</p><p>segurança para você e sua família, você precisa trocar ou adequar. No</p><p>ambiente de trabalho vamos ver situações semelhantes.</p><p>As condições do local de trabalho precisam gerar segurança para</p><p>os trabalhadores, da mesma forma que as que não garantem a segurança</p><p>geram condições inseguras no local de trabalho.</p><p>Condições inseguras não devem ser confundidas com perigos</p><p>presentes no ambiente ou inerente à função do trabalhador, como partes</p><p>energizadas, produtos ou equipamentos usados no desenvolvimento</p><p>da atividade. As condições inseguras estão presentes no ambiente de</p><p>trabalho quando os perigos identificados na fase de análise de risco</p><p>não são devidamente controlados, expondo os trabalhadores a danos</p><p>causados por acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>29</p><p>Nossa Líder ELIS vai nos ajudar a compreender melhor com um</p><p>exemplo que ela vivenciou em uma indústria de sapatos.</p><p>As máquinas e os equipamentos para que possam operar precisam</p><p>ser alimentados por uma rede energizada, ou seja, a corrente elétrica é</p><p>um perigo presente na atividade de um operador de máquinas.</p><p>Durante a inspeção de rotina, ELIS verificou que a máquina de</p><p>costura do couro estava ligada na tomada, mas o fio condutor apresentava</p><p>uma emenda, feita de forma improvisada, deixando o fio exposto. Ao</p><p>identificar a condição insegura, ELIS suspendeu a atividade naquela</p><p>máquina e acionou o setor de manutenção para que efetuasse a troca do</p><p>fio, sem emendas e com todas as partes protegidas, como estabelecido</p><p>nas NR10 e NR12 (BRASIL, 2016).</p><p>A presença de energia elétrica, por sua capacidade em gerar danos</p><p>ao trabalhador, representa um perigo. No entanto, se essa energia estiver</p><p>isolada, sem que o trabalhador tenha contato, não causará danos. No caso</p><p>apresentado, o fio emendado e exposto pode causar uma descarga elétrica</p><p>e causar danos ao trabalhador, expondo-o a uma condição insegura.</p><p>Condições inseguras:</p><p>• Falta de proteção mecânica.</p><p>• Máquinas e equipamentos defeituosos ou sem reparo.</p><p>• Ambientes com mudança de nível não sinalizada (escadas ou</p><p>rebaixamento).</p><p>• Pisos escorregadios.</p><p>• Iluminação inadequada.</p><p>• Arranjo físico inadequado.</p><p>• Ventilação e exaustão inadequadas.</p><p>• Armazenamento e transporte de cargas e pessoas inadequados.</p><p>• Passagem obstruída ou sobrecarga das instalações.</p><p>• Redes energizadas e tubulações mal planejadas.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>30</p><p>Podemos apontar outros fatores que expõem o trabalhador a</p><p>condições inseguras, como operar máquinas e equipamentos sem</p><p>proteção ou com mecanismos defeituosos. A presença ou exposição a</p><p>agentes químicos (gases, vapores, poeiras) ou físicos (calor, radiação)</p><p>podem gerar condições inseguras caso a exposição a esses agentes não</p><p>forem devidamente controlados.</p><p>Figura 5 – Perigo versus Risco</p><p>Perigo Risco</p><p>Condição</p><p>insegura</p><p>Fonte: Elaborada pela autora.</p><p>Perigo é a fonte que pode causar um dano inerente à atividade.</p><p>Risco é o perigo controlado. Condição insegura é o perigo que não foi</p><p>devidamente controlado.</p><p>Característica do ambiente - análise de risco</p><p>Se o perigo existe, por que analisar o risco?</p><p>Nos ambientes de trabalho, inúmeras são as fontes de perigo que</p><p>são inerentes às atividades desenvolvidas.</p><p>Uma gestão prevencionista inicia-se com uma análise prévia dos</p><p>riscos ocupacionais, com o planejamento de medidas de segurança que</p><p>eliminem, reduzam ou controlem os riscos identificados no ambiente de</p><p>trabalho.</p><p>Para executar essa análise, é preciso que a empresa invista em</p><p>profissionais prevencionistas,</p><p>incluindo o Engenheiro de Segurança do</p><p>Trabalho, que tenha um amplo conhecimento da legislação prevencionista</p><p>atualizado, capacitado para reconhecer as fontes geradoras e os</p><p>agentes causadores de riscos ocupacionais, propondo medidas de</p><p>controle eficientes, que atendam às normas regulamentadoras e demais</p><p>legislações.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>31</p><p>Os profissionais do serviço de segurança devem fazer o registro de</p><p>todos os riscos e perigos presentes no ambiente de trabalho por meio de</p><p>documentos de gestão de segurança. A NR9 estabelece a identificação</p><p>dos riscos ocupacionais e seu registro deve ser feito em um documento</p><p>denominado Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. A última</p><p>atualização feita pela a CTP alterou o nome do documento para Programa</p><p>de Gerenciamento de Risco (PGR) (BRASIL, 2016).</p><p>Independente do nome do documento, PPRA ou PGR, a intuito é fazer</p><p>o registro dos riscos existentes no ambiente ocupacional que comprometam</p><p>a saúde e segurança dos trabalhadores. O ideal é que o documento seja</p><p>alimentado por profissionais prevencionistas que atuam na empresa e que</p><p>divulguem aos trabalhadores o resultado de sua investigação, de forma</p><p>a educa-los e conscientizá-los quanto à presença do risco e às medidas</p><p>adotadas pela empresa. Algumas empresas, desobrigadas a constituírem</p><p>o SESMT, ou mesmo com o SESMT instalado, optam por contratarem</p><p>serviços terceirizados para elaboração do documento, o que pode acabar</p><p>dificultando o processo de divulgação e conscientização.</p><p>Tabela 1 – Modelo de análise de risco</p><p>Setor Função</p><p>Fonte</p><p>geradora</p><p>Probabilidade</p><p>de danos</p><p>Agente</p><p>causador</p><p>de danos</p><p>Risco ocu-</p><p>pacional</p><p>Medidas existentes</p><p>C</p><p>o</p><p>le</p><p>ta</p><p>d</p><p>e</p><p>a</p><p>m</p><p>o</p><p>st</p><p>ra</p><p>d</p><p>e</p><p>s</p><p>an</p><p>g</p><p>u</p><p>e</p><p>P</p><p>at</p><p>o</p><p>lo</p><p>g</p><p>is</p><p>ta</p><p>Coleta de</p><p>amostra</p><p>de sangue</p><p>através de</p><p>seringas</p><p>com agulhas</p><p>Ferimentos</p><p>por perfuro-</p><p>cortantes</p><p>Equipa-</p><p>mentos</p><p>sem</p><p>proteção</p><p>Risco de</p><p>acidentes</p><p>Treinamento,</p><p>capacitação,</p><p>gerenciamento</p><p>de resíduos do</p><p>grupo E</p><p>Contaminação</p><p>por micror-</p><p>ganismos</p><p>patogênicos</p><p>Vírus,</p><p>bactérias</p><p>Risco</p><p>biológico</p><p>Treinamento,</p><p>capacitação,</p><p>gerenciamento de</p><p>resíduos do grupo</p><p>E e A e Uso de EPI</p><p>Fonte: Elaborada pela autora.</p><p>A análise de risco é a primeira etapa do processo de gerenciamento</p><p>de risco, que segundo Wege (2014), deve haver a implantação de medidas</p><p>de controle e os procedimentos técnicos e administrativos para manter os</p><p>riscos controlados. Não tem sentido identificar os riscos se não for para</p><p>estabelecer as devidas medidas de controle.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>32</p><p>A análise de risco pode ser feita por meio do uso de ferramentas</p><p>de gestão, como o diagrama de Ishikawa (ISHIKAWA, 1993), também</p><p>conhecida como diagrama de causa e efeito, matriz GUT e análise</p><p>preliminar de risco (APR).</p><p>Na análise de risco, é importante registrar o material usado, sendo</p><p>ele básico para o desenvolvimento da função, das peças de reposição</p><p>ou ainda de algum produto ou material extra. Os agentes químicos</p><p>precisam ser identificados, acompanhados pela ficha de identificação de</p><p>cada produto (FISPQ), documento normatizado pela ABNT, no qual estão</p><p>contidas as informações quanto à saúde, à segurança e ao meio ambiente</p><p>do produto.</p><p>Dentro dessa análise, podemos classificar o grau de risco com base</p><p>em escalas padronizadas.</p><p>Segundo Anderson Benite (2004), as empresas devem manter uma</p><p>contínua análise e identificação de perigos e riscos com o objetivo de</p><p>programar medidas de controle que incluem as atividades ordinárias</p><p>e extraordinárias, considerando todos os trabalhadores (contratados,</p><p>terceirizados) e possíveis visitantes.</p><p>Os fatores ambientais são mais fáceis de identificar durante a análise</p><p>qualitativa dos riscos, podendo facilitar a gestão de riscos por meio de</p><p>manutenções preventivas, corretivas em máquina e equipamentos,</p><p>organização do ambiente e sinalização e dispositivos de emergência.</p><p>Para os fatores ambientais imperceptíveis à análise qualitativa, como a</p><p>concentração de ruído, radiação, agentes químicos e biológicos, é preciso</p><p>uma análise quantitativa no ambiente, considerando a avaliação não</p><p>apenas da presença do agente, mas também sua concentração e, em</p><p>alguns casos, a natureza físico-química do agente e suas reações com</p><p>outros agentes presentes no meio (produtos perigosos).</p><p>A análise quantitativa é utilizada para a classificação de condições</p><p>insalubres prevista na NR15 (BRASIL, 2016). O resultado das análises</p><p>qualitativa e quantitativa permite aos profissionais prevencionistas</p><p>definirem os riscos ambientais.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>33</p><p>Os riscos ambientais são aqueles relativos às atividades</p><p>ocupacionais que podem gerar danos ou agravos à saúde do trabalhador</p><p>ou que causam de acidentes de trabalho (BAZZO; PEREIRA, 2006).</p><p>Os riscos ambientais são classificados pela NR9 como risco físico,</p><p>químico e biológico em relação à presença de agentes físico, químico</p><p>e biológico no ambiente. Outra norma na qual os riscos ambientais</p><p>são definidos, é na NR5, pela Portaria n0 25/1994, a qual estabelece a</p><p>elaboração do Mapa de Risco pelos membros da CIPA e classifica os</p><p>riscos em físico, químico, biológico, ergonômico e de acidentes (BRASIL,</p><p>2016). Não só a legislação trabalhista considera os agentes presentes</p><p>no ambiente de trabalho que possam causar danos, mas o Ministério</p><p>da Saúde (MS) também classifica os riscos em físico, químico, biológico,</p><p>ergonômico e de acidentes.</p><p>Os riscos ambientais, sob uma visão clássica, podem ser</p><p>classificados nos grupos citados anteriormente, mas com a evolução e</p><p>o desenvolvimento dos processos industriais e das atividades, devemos</p><p>ampliar nosso olhar sobre o risco (BRISOT, 2019).</p><p>Classificação de riscos ocupacionais</p><p>Para a análise de risco e como base para o gerenciamento dos</p><p>riscos ambientais, os profissionais utilizam as seguintes definições para</p><p>classificação de risco:</p><p>• Risco físico – diversas formas de energia que os trabalhadores</p><p>podem estar expostos em seu ambiente de trabalho, listados nos</p><p>anexos da NR15 – Atividades e Operações Insalubres.</p><p>Exemplos: ruído, vibração, temperaturas extremas, radiações</p><p>ionizantes e não ionizantes, trabalho sob condições hiperbáricas e</p><p>umidade.</p><p>• Risco químico – produtos ou compostos nas formas de poeiras,</p><p>fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores que podem penetrar</p><p>no organismo do trabalhador pela via respiratória. Alguns produtos</p><p>podem também ser absorvidos pela pele ou por ingestão.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>34</p><p>Exemplos: gases, poeiras, vapores, névoas e fumos oriundos de</p><p>compostos ou substâncias químicas.</p><p>• Risco biológico – microrganismos patogênicos que podem</p><p>penetrar no organismo.</p><p>Exemplos: bactérias, vírus, fungos, protozoários patogênicos.</p><p>• Risco ergonômico – resultante de relações de trabalho,</p><p>organização do trabalho, mobiliário e relações ligadas ao conforto</p><p>no ambiente de trabalho.</p><p>Exemplos: levantamento manual de peso, trabalho em turno</p><p>noturno, exigência de esforços repetitivo ou postura inadequada, esforço</p><p>físico intenso.</p><p>• Risco de acidente – também conhecido como risco mecânico,</p><p>são os agentes presentes no ambiente de trabalho identificados</p><p>durante a análise de risco como um potencial causador de</p><p>acidentes.</p><p>Exemplos: proteção de máquinas, arranjo físico, ordem e limpeza,</p><p>animais peçonhentos, probabilidade de explosão ou incêndio, partes</p><p>energizadas.</p><p>Uma comparação da aplicação dos riscos ambientais pode ser</p><p>observada na tabela a seguir.</p><p>Tabela 2 – Comparação dos riscos ambientais</p><p>RISCOS NR5 NR9 MS</p><p>Físico </p><p>Químico </p><p>Biológico </p><p>Ergonômico </p><p>Acidente </p><p>Fonte: Elaborada pela autora.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>35</p><p>Para verificar se a análise de risco e as medidas adotadas para o</p><p>controle do ambiente estão sendo eficientes, é preciso definir indicadores</p><p>mensuráveis para as</p><p>metas a serem alcançadas, por meio de processos</p><p>de verificação contínua e planejada, como auditorias internas. Em casos</p><p>de acidente, quando as medidas não forem eficientes para proteger o</p><p>trabalhador, é necessária uma investigação das causas do acidente, assim</p><p>como a definição dos agentes envolvidos para que possam ser tomadas</p><p>novas medidas que garantem a segurança e a saúde do trabalhador,</p><p>adequando-se às novas tecnologias e demandas do mercado.</p><p>Investigação de acidente</p><p>Como acompanhamos no capítulo anterior, para garantir a saúde e</p><p>a segurança do trabalhador, a empresa precisa investir na análise de riscos</p><p>ambientais de forma que os dados obtidos no levantamento de riscos</p><p>contribuam para o planejamento e a implementação das medidas de controle.</p><p>No entanto, mesmo com as medidas aplicadas, podem ocorrer situações de</p><p>vulnerabilidade na gestão de segurança capazes de gerar acidentes.</p><p>Quando ocorre um acidente, o primeiro impulso, e correto, é garantir</p><p>a sobrevivência dos trabalhadores. No entanto, é fundamental definir os</p><p>fatores que levaram ao acidente. A investigação do acidente de trabalho</p><p>tem como objetivo analisar as informações identificando as causas reais,</p><p>utilizando métodos para a análise, aplicando recursos tecnológicos. As</p><p>conclusões devem servir para a transformação do ambiente, fortalecendo</p><p>as medidas educativas, prevencionistas e médicas.</p><p>A investigação de acidentes tem muitas informações relevantes</p><p>sobre a origem e suas causas, pois somente conhecendo-as é possível</p><p>evitar as reincidências ou ocorrências de novos acidentes por fatores</p><p>semelhantes. Os agentes de riscos de acidentes são aqueles que durante</p><p>a investigação de um acidente aparecem em diferentes métodos utilizado</p><p>para a investigação. Vamos usar como exemplo um método simples,</p><p>o diagrama de causa e efeito, agrupando as causas em categorias</p><p>conhecidas como “6 Ms”: Método, Meio, Máquinas, Medições, Materiais</p><p>e Mão de obra, sendo apenas a mão de obra a categoria em que a</p><p>investigação pode não apontar apenas condições do ambiente.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>36</p><p>Uma empresa de limpeza predial iniciou a investigação de um</p><p>acidente com o trabalhador que exercia a função de lavador de fachada. Ele</p><p>desenvolvia sua atividade em um dia nublado e a uma altura de nove metros.</p><p>No momento do acidente ventava muito e o trabalhador estava utilizando</p><p>o equipamento que liberava jatos de água com uma solução de limpeza,</p><p>quando em função de uma forte rajada de vento fez com que o trabalhador</p><p>fosse atirado contra a grade de proteção. Como ele estava usando os</p><p>dispositivos de segurança individual, não houve queda, mas a ferramenta</p><p>estava presa apenas por suas mãos, o piso estava molhado e no momento</p><p>do impacto a ferramenta caiu sobre o seu pé e causou uma luxação.</p><p>Sendo assim, nossa amiga ELIS vai nos ajudar a investigar as causas</p><p>do acidente usando o diagrama de causa e efeito com o modelo 6Ms. A</p><p>Figura 7 mostra um modelo de diagrama:</p><p>Figura 6 – Diagrama de causa e efeito</p><p>Método Máquinas Materiais</p><p>Meio Medições Mão de obra</p><p>Efeito:</p><p>luxação do</p><p>membro</p><p>inferior</p><p>Fonte: Elaborada pela autora.</p><p>• Método: limpeza da fachada com jato de água.</p><p>• Meio: atividade realizada a céu aberto exposto a intempéries (dia</p><p>nublado com rajada de vento).</p><p>• Máquinas: falta de um dispositivo que evitasse quedas da</p><p>ferramenta.</p><p>• Medições: inspeções nas condições do tempo, velocidade do ar.</p><p>• Materiais: produto químico escorregadio.</p><p>• Mão de obra: treinada e capacitada, surpreendida por uma rajada</p><p>de vento.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>37</p><p>Após a verificação, ELIS estabeleceu que fossem adicionadas</p><p>medidas de proteção contra quedas de ferramentas e que as atividades</p><p>acima de dois metros de altura seriam interrompidas quando comprovada</p><p>a velocidade do vento acima de 40 quilômetros por hora conforme</p><p>estabelecido na NR 35 (BRASIL, 2016).</p><p>Com base nos resultados da avaliação de um acidente, as empresas,</p><p>por meio dos profissionais responsáveis pela saúde e segurança da</p><p>empresa, podem estabelecer um planejamento de ações para eliminar,</p><p>mitigar ou controlar as causas de acidente. Uma ferramenta eficiente no</p><p>planejamento e acompanhamento das ações é o Plano de Ação, como o</p><p>5W2H, conforme mostra a Tabela 3.</p><p>Tabela 3 – Plano de Ação 5W2H</p><p>WHAT WHERE WHEM WHO WHY HOW</p><p>HOW</p><p>MUCH</p><p>O QUE ONDE QUANDO QUEM POR QUE COMO</p><p>QUANTO</p><p>CUSTA</p><p>Fonte: Elaborada pela autora.</p><p>O relatório de investigação de acidentes vai servir como base para</p><p>o estabelecimento dessas ações. Por isso, é importante que ao preencher</p><p>esses relatórios o engenheiro de segurança o faça respeitando os</p><p>requisitos do código de ética profissional, não deixando possibilidades de</p><p>dupla interpretação das informações ali registradas.</p><p>Como parâmetro métrico para definir o caráter técnico idôneo,</p><p>pode-se considerar: a legibilidade do documento, a recuperação dos</p><p>dados apresentados com evidências no documento, a proteção das</p><p>informações ali contidas para que não se percam, o tempo em que este</p><p>ficará arquivado e a identificação do registro, para que seja possível sua</p><p>consulta por parte interna, auditorias ou inspeções oficiais, fiscalização de</p><p>órgãos do governo ou certificadoras na empresa.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>38</p><p>RESUMINDO:</p><p>E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu</p><p>mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de</p><p>que você realmente entendeu o tema de estudo deste</p><p>capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Os acidentes</p><p>de trabalho podem ser causados por agentes presentes</p><p>no meio, que podem ser definidos com agentes de risco</p><p>físico, químico, biológico, ergonômico ou de acidente. Os</p><p>agentes considerados causadores de risco de acidente</p><p>ou mecânico, são aqueles identificados durante a análise</p><p>de risco como potenciais causadores de acidentes do</p><p>trabalho. O gerenciamento dos riscos deve seguir as etapas</p><p>de: identificação de perigos; identificação de potenciais de</p><p>perdas; análise de riscos: estudo e descrição de como está</p><p>posto esse risco no ambiente de trabalho; avaliação de riscos</p><p>e tratamento dos riscos: ações que devem ser tomadas</p><p>para a eliminação, redução ou convivência adequada com</p><p>o risco. Caso as medidas não consigam evitar o acidente,</p><p>ele deve ser investigado, definindo novamente as causas</p><p>e os efeitos.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>39</p><p>Consequências do acidente de trabalho:</p><p>lesão pessoal e prejuízo material</p><p>INTRODUÇÃO:</p><p>Ao final deste capítulo você deverá compreender os efeitos</p><p>negativos gerados pelos acidentes de trabalho, tanto em</p><p>questões econômicas quanto previdenciário, social e</p><p>humano. Descobrir que um acidente pode custar caro para</p><p>a empresa e refletir no valor final do processo de produção</p><p>e que não existe um culpado, todos somos responsáveis.</p><p>Efeitos dos acidentes de trabalho -</p><p>econômico e social</p><p>Todo trabalho é realizado para gerar produtos e serviços de</p><p>qualidade, com resultados positivos para o cliente e para a empresa. No</p><p>entanto, as falhas podem gerar algumas perdas no processo, no caso do</p><p>acidente de trabalho nós perdemos qualidade de vida, perdemos vidas.</p><p>Por isso, neste capítulo iremos nos dedicar em analisar efeitos negativos,</p><p>individual, econômico e social.</p><p>Ao analisar as causas e efeitos de um acidente, são inúmeros os</p><p>fatores que podemos listar para justificar um antigo questionamento</p><p>prevencionista: Por que investir em segurança? Para alguns, o investimento</p><p>pode ser o cumprimento das obrigações legais atrelado aos interesses</p><p>de alcançar os objetivos traçados pela empresa. Para outros, são o</p><p>reconhecimento de valores aplicados à responsabilidade socioambiental</p><p>(BENITE, 2004).</p><p>Seja por valores econômicos ou sociais, a verdade é que o custo</p><p>das ocorrências com qualquer tipo de acidente de trabalho é um fator de</p><p>impacto economicamente:</p><p>• Na vida do indivíduo, que fica com restrições na capacidade de</p><p>gerar</p><p>renda para sobrevivência.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>40</p><p>• Nas contas do governo, que concede benefícios, como auxílio-</p><p>doença acidentário, aposentadoria por invalidez ou especial,</p><p>pensão por morte.</p><p>• Nas empresas, onde os custos com acidentes são contabilizados</p><p>por indicadores baseados no número de Comunicado de Acidente</p><p>de Trabalho emitido.</p><p>A empresa é obrigada a informar à Previdência Social todos os</p><p>acidentes de trabalho ocorridos com seus empregados até o primeiro</p><p>dia útil seguinte ao da ocorrência, mesmo que não haja afastamento das</p><p>atividades. Em caso de morte, a comunicação deverá ser imediata.</p><p>Um bom exemplo dos custos do acidente de trabalho para a</p><p>empresa é o cálculo feito conforme a quantidade, a gravidade e o custo das</p><p>ocorrências acidentárias em cada empresa em relação ao seu segmento</p><p>econômico. É por meio desse mecanismo que a Receita Federal do Brasil</p><p>pode aumentar ou diminuir a alíquota de 1% (risco leve), 2% (risco médio)</p><p>ou 3% (risco grave) que cada empresa recolhe para o financiamento dos</p><p>benefícios por incapacidade (grau de incidência de incapacidade para o</p><p>trabalho decorrente dos riscos ambientais). Essas alíquotas poderão ser</p><p>reduzidas em até 50% ou aumentadas em até 100% (FIESC; SESI, 2011).</p><p>ACESSE:</p><p>Você sabe como emitir uma CAT? Acesse o site do INSS</p><p>para saber mais. Clique aqui.</p><p>O preenchimento é on-line ou nas agências do INSS. Se a empresa</p><p>não fizer o registro da CAT dentro do prazo legal, estará sujeita à aplicação</p><p>de multa, conforme disposto nos artigos 286 e 336 do Decreto nº</p><p>3.048/1999. O próprio trabalhador, o dependente, a entidade sindical,</p><p>o médico ou a autoridade pública poderão efetivar a qualquer tempo o</p><p>registro desse instrumento junto à Previdência Social (INSS, 2021).</p><p>Os custos com a falta de segurança devem ser evidenciados</p><p>pelas empresas como um incentivo aos investimentos com segurança,</p><p>identificando que os custos do acidente, com ou sem afastamento do</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>https://www.gov.br/pt-br/servicos/registrar-comunicacao-de-acidente-de-trabalho-cat</p><p>41</p><p>trabalhador, gera prejuízo, pois os custos diretos ou indiretos são revertidos</p><p>em ônus para a empresa, com o aumento dos custos da produção. Muitas</p><p>vezes, as empresas fazem os cálculos dos custos baseados nos custos</p><p>diretos, sendo que os indiretos podem ser mais significativos.</p><p>Como calcular os custos indiretos? Esse cálculo deve envolver:</p><p>• Gastos no transporte dos acidentados.</p><p>• Gastos com atendimento médico.</p><p>• Tempo dos prevencionistas envolvidos com o resgate no</p><p>atendimento.</p><p>• Tempo com a limpeza e recuperação do local do acidente e</p><p>reinício das atividades.</p><p>• Perda da produtividade.</p><p>• Aumento nos seguros pagos pela instituição.</p><p>Existe também o custo social dos acidentes de trabalho com o</p><p>aumento do número de inválidos e dependentes da previdência social,</p><p>quer seja por uma incapacidade parcial ou total, de forma permanente ou</p><p>temporária e a redução de mão de obra qualificada.</p><p>Infelizmente, os efeitos negativos não são evidenciados por todos</p><p>e podemos validar essa informação quando durante a investigação</p><p>de acidentes de trabalhos identificamos as causas relacionadas aos</p><p>atos inseguros e às condições inseguras negligenciadas pelos setores</p><p>prevencionistas ou operacionais.</p><p>Em uma análise humana, podemos encontrar situações extremas</p><p>em que o trabalhador não valoriza uma cultura prevencionista ou</p><p>empregadores que não evidenciaram a vida humana como um patrimônio</p><p>vivo e banalizaram a vida humana. Em ambos os casos, os efeitos são</p><p>extremamente negativos, ocasionando inúmeras falhas.</p><p>Um bom exemplo de situações de efeitos negativos são os acidentes</p><p>que envolvem condições inseguras, como o planejamento do arranjo</p><p>físico ou acidentes com equipamentos de movimentação de pessoas</p><p>e materiais. Eles são, muitas vezes, possíveis de serem evitados, porém</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>42</p><p>quando não são identificados os riscos antecipadamente, comprometem</p><p>não só a máquina, mas os trabalhadores e a imagem da empresa.</p><p>Então, vamos lá! Após um acidente, os efeitos negativos podem ser</p><p>em relação aos aspectos materiais e/ou humanos, veja se você consegue</p><p>resumir esses aspectos no organograma a seguir.</p><p>Figura 7 – Efeitos negativos do acidente</p><p>Acidentes Efeitos</p><p>Materiais</p><p>Total</p><p>Parcial</p><p>Reversível</p><p>Irreversível</p><p>Humanos</p><p>Com lesão</p><p>Parcial Temporária</p><p>Total Permanente</p><p>Sem lesão</p><p>Fonte: Elaborada pela autora.</p><p>Custos do acidente</p><p>Agora que já conseguimos reconhecer os efeitos negativos do</p><p>acidente de trabalho, chegou a hora de fazer os cálculos de quanto custou</p><p>o acidente. Nós já vimos que os efeitos negativos incluem os custos diretos</p><p>e indiretos para os trabalhadores, para o governo e para a sociedade, mas</p><p>como calcular esses custos? Inicialmente, tem-se a ideia de que grandes</p><p>acidentes acontecem apenas em grandes empreendimentos, ou grandes</p><p>empresas. No entanto, quando a palavra em questão é custos, o pequeno</p><p>empresário poderá sofrer mais os impactos do acidente.</p><p>O custo de acidentes é definido pela NBR 14.280, como o valor</p><p>do prejuízo material decorrente de acidente, sendo prejuízo material o</p><p>prejuízo decorrente de danos materiais, perda de tempo e outros ônus</p><p>resultantes de acidente do trabalho, inclusive danos ao meio ambiente. O</p><p>cálculo em si não é difícil, mas para cada caso existem diferentes variáveis</p><p>envolvidas, que às vezes são de difícil identificação. Em linhas gerais,</p><p>pode-se dizer que o custo do acidente é o somatório dos custos diretos</p><p>e indiretos envolvidos.</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>43</p><p>C = CD + CI</p><p>CD = Todas as despesas ligadas diretamente ao atendimento do</p><p>acidentado, que não são de responsabilidade do INSS, despesas médicas,</p><p>odontológicas, hospitalares, farmacêuticas – incluída cirurgia reparadora.</p><p>CI = Não envolve perda imediata de dinheiro. Relaciona-se com o</p><p>ambiente que envolve o acidentado e com as consequências do acidente.</p><p>Vamos conhecer alguns dos fatores utilizados para a base de cálculo</p><p>do acidente, que no final acabam impactando a folha de pagamento da</p><p>empresa e revelando o seu custo real.</p><p>Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP)</p><p>O Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP) surgiu em</p><p>2007 com o Decreto nº 6.042 e alterou o modo de definir o benefício da</p><p>previdência para os casos de afastamento do trabalho acima de 15 dias.</p><p>Ele define a relação causal entre os ramos de atividades econômicas e</p><p>suas respectivas doenças. Com a adoção dessa metodologia, é a empresa</p><p>que deverá provar que as doenças e os acidentes de trabalho não foram</p><p>causados pela atividade desenvolvida pelo trabalhador, ou seja, o ônus da</p><p>prova passa a ser do empregador e não mais do empregado (SESI, 2011).</p><p>Fator Acidentário de Prevenção (FAP)</p><p>O Fator Acidentário de Prevenção (FAP) entrou em vigor em 2010 e</p><p>implica a redução ou o aumento da alíquota de redução da contribuição</p><p>da empresa para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT). O FAP é o</p><p>mecanismo que permite à Receita Federal do Brasil aumentar ou diminuir</p><p>a alíquota de 1% (risco leve), 2% (risco médio) ou 3% (risco grave) que cada</p><p>empresa recolhe para o financiamento dos benefícios por incapacidade</p><p>(grau de incidência de incapacidade para o trabalho decorrente dos</p><p>riscos ambientais). Essas alíquotas poderão ser reduzidas em até 50%</p><p>ou aumentadas em até 100%, conforme a quantidade, a gravidade e o</p><p>custo das ocorrências acidentárias em cada empresa em relação ao seu</p><p>segmento econômico (SESI, 2011).</p><p>Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho</p><p>44</p><p>Seguro de acidente de trabalho (SAT)</p><p>A legislação brasileira prevê o pagamento do Seguro de Acidente de</p><p>Trabalho (SAT), calculado pela multiplicação de sua folha de pagamento</p><p>por uma alíquota de Riscos Ambientais do Trabalho (RAT) de 1%, 2% e 3%,</p><p>definidas para cada uma das atividades listadas</p>