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DIREITO EMPRESARIAL II
2013.2
DIREITO CAMBIÁRIO E TÍTULOS DE CRÉDITOS
APOSTILA II
PROFESSOR 
HELENO FERREIRA BRANDÃO
DIREITO CAMBIÁRIO E TÍTULOS DE CRÉDITOS
Segundo nos ensina o Professor JORGE LOBO, livre docente em direito comercial pela UERJ e advogado (“in” Seleções Jurídicas da COAD de março de 2000 – p. 10/15), uma pessoa física ou jurídica, para adquirir um determinado bem a prazo, depende da confiança de que goze em face ao vendedor por sua capacidade financeira de adimplir, no vencimento, a obrigação pecuniária assumida quando da compra, pois, em suma, o que de fato ocorre na venda a prazo é a troca de uma mercadoria atual e presente, que é vendida, pela promessa, futura, de pagamento do respectivo preço. 
Como já ensinou JOÃO EUNÁPIO BORGES, a venda a prazo tem fundamento na noção de crédito, onde implícitos estão os elementos confiança de quem aceita em troca de sua mercadoria ou de seu dinheiro a promessa futura de pagamento e tempo que consiste no prazo que medeia entre a prestação atual e a prestação futura, tudo de forma a autorizar a conclusão “que a troca de um valor atual, presente e certo, por um valor ausente, futuro e incerto é o fato técnico econômico gerador dos títulos de crédito próprios, destacando-se, ainda, que por decorrência deste mesmo fenômeno o vendedor-credor terá, assim, em seu poder, substituindo o bem corpóreo que vendeu, ativo que lhe integrava o patrimônio, um título cambial de emissão do comprador-devedor.” 
Passo seguinte deste fenômeno econômico, quem vendeu e em troca recebeu como promessa de pagamento no futuro um título de crédito, necessitando também honrar seus compromissos, transfere a propriedade do documento em dação em pagamento, em garantia de operação financeira, transformando, de imediato, o título em dinheiro, o que apenas será possível se os títulos cambiais tiverem disciplina especial. 
E para que tudo isso seja possível, o Direito Cambiário deixa patente e indiscutível que:
A) O direito não existe sem o documento que o materializa.
B) O direito não se transmite sem que o documento seja transferido.
C) O direito não pode ser exigido sem a exibição e a entrega do título ao devedor que satisfez a obrigação nele prometida.
D) O adquirente do título não é sucessor do cedente na relação jurídica que o liga ao devedor, mas investe-se do direito constante do título, como credor originário e autônomo, sendo inoponíveis as defesas pessoais do devedor contra os seus antecessores na propriedade do título, o que só se tornou possível com a aceitação e o aperfeiçoamento dos atributos e predicados do Direito Cambial.
E os atributos e predicados do Direito Cambial, nascido na Idade Média, como instrumento do contrato de câmbio, passa ele próprio a ser título de crédito, vivendo para circular sem entraves ou perigos da cessão de crédito do direito comum, cumprindo observar que, neste passo, sendo a confiança em determinada pessoa a própria caracterização do Crédito, portanto personalíssimo, transformado em título, 
1. adquire natureza de coisa ou bem móvel, passando, assim, a preponderar não mais o elemento pessoal, mas o real, traduzido no título, razão pela qual as normas devem procurar resguardar a circulação cambiária e o terceiro de boa-fé, de conformidade com o princípio filosófico jurídico da certeza e da segurança, que apenas se logrará obter se o legislador, a doutrina e a jurisprudência prestigiarem os seis atributos ou predicados dos títulos cambiais, ou seja:
a) PREDICADO DO FORMALISMO – ou do rigor formal – o título deve ser criado com rigorosa obediência à forma que a lei lhe exige.
b) PREDICADO DA LITERALIDADE – o título é auto-suficiente para provar os direitos cambiários, eis que contém tudo que necessário ao exercício do direito nele contido ou, como diz SARAIVA: “o teor do título fixa a medida e os limites da responsabilidade do subscritor” (A CAMBIAL, Ed. Konfino, 1947, vol. 1, p. 135).
c) PREDICADO DA INDEPENDÊNCIA – é a exacerbação da literalidade, eis que o título basta-se a si mesmo, sem necessidade de apelo a elementos extracartulares.
d) PREDICADO DA INCORPORAÇÃO – o direito incorpora-se ao documento, que no dizer de JOAQUIN GARRIGUEZ “quando falamos de incorporação do direito ao título, empregamos uma expressão puramente metafórica, querendo dizer que o título – como coisa corpórea – é o direito documental – como coisa incorpórea – ainda que sejam coisas distinta, se apresentam no mundo jurídico comercial como se fora uma coisa única” (Curso de Derecho Mercantil, Madrid, 1976, vol. I, p. 719).
e) PREDICADO DA AUTONOMIA – as obrigações cambiais são autônomas e independentes umas das outras, daí porque o título é invulnerável às exceções oponíveis aos possuidores anteriores do título, o que se explica e se justifica pelo fato de “o possuidor ser investido de direito próprio, originário, ficando imune às exceções oponíveis aos precedentes possuidores” (J. X. CARVALHO DE MENDONÇA, Tratado de Direito Comercial Brasileiro, Ed. Freitas Bastas, 1922, livro III, parte II, p. 55).
f) PREDICADO DA ABSTRAÇÃO – significa que a exigibilidade do título e o exercício do direito nele contido ou incorporado independe do negócio subjacente que lhe deu origem, impedindo que se oponha ao terceiro portador de boa-fé defesa fundada no negócio fundamental que originou a cambial ou nas diversas transmissões de que possa ter sido objeto, sendo que só se admite defesa fundada na causa entre partes imediatas, não se podendo suscitar discussão sobre o negócio originário em relação as partes mediatas, terceiros de boa-fé. Daí concluir-se que enquanto a abstração diz respeito à “causa debendi” a autonomia refere às exceções pessoais dos devedores anteriores, que não podem ser opostas quando o título entra em circulação em face de terceiros possuidores de “boa-fé”. VIVANTE explica esses fenômenos pela teoria dualista ou bifronte, pois, segundo diz, ao emitir um título de crédito há uma única manifestação de vontade criadora de diferentes obrigações e com diferentes efeitos: a primeira, dirigida ao credor imediato, seria uma declaração contratual que gera uma relação jurídica integral e contratual, com todas as suas conseqüências, inclusive aquela de ensejar a discussão da “causa debendi”; a segunda, uma declaração cartular ou promessa unilateral, dirigida a terceiros de boa-fé, protegidos pela abstração da causa e da autonomia das obrigações cambiais. Justifica-se a duplicação e a distinção entre declaração contratual e declaração cartular unilateral pelas exigências da circulação do título. É inegável que a emissão da cambial pressupõe sempre uma relação fundamental, um negócio subjacente, uma causa, um mútuo consenso entre devedor e credor 
2. Originários, que pode ter por objeto um contrato de compra e venda, de promessa de compra e venda, de cessão de direitos, de mútuo, de prestação de serviço, de fornecimento, etc. 
Entretanto, o negócio fundamental (a compra e venda, o mútuo) e o negócio abstrato (a cambial) apresentam-se em planos diferentes, independentes um do outro. O negócio fundamental rege-se pelas regra do direito comum. 
Na discussão do negócio fundamental as partes podem tudo alegar e requerer na defesa de seu direito. No negócio abstrato, entretanto, seguem-se as normas do Direito Cambiário, onde os litigantes sofrem sérias limitações legais na dedução de sua defesa. 
Embora conexos, negócio fundamental e negócio abstrato, este último “apresenta-se como de segundo grau que, concretamente, pressupõe um negócio causal anterior entre as mesmas partes” (ASCARELLI, Teoria Geral dos Títulos de Crédito, Saraiva, 1943, p. 90), o que levou FRAN MARTINS a pontificar: “A abstração relaciona-se principalmente com o negócio original, básico, subjacente, dele se desvinculando o título no momento em que é posto em circulação. Podem os títulos de crédito se originar de um ato unilateral de vontade, sem causa aparente que force o seu nascimento (emito uma letra de câmbio em meu próprio favor ecom meu aceite e a faço circular, transferindo-a a terceiro que, para recebê-la, me entrega a importância nela mencionada; não houve motivo outro que justificasse a criação do título senão minha própria vontade de criar um valor que transformo em dinheiro ao transferir o título a terceiro, com essa transferência me obrigo a reembolsar, em época futura, a pessoa que me apresentar a letra). Podem, também, nascer em decorrência de negócio real (compro determinados bens e, como não possa pagar, agora, emito uma nota promissória; houve uma causa real que me levou a emitir o título, a compra de bens cujo pagamento não posso fazer agora mas que me comprometo a fazer no futuro). Em qualquer circunstância, entretanto, entrado o título em circulação, o cumprimento das obrigações assumidas dele se liberta ao me cobrar futuramente o pagamento da nota promissória não necessita o credor alegar que vendeu certos bens (negócio fundamental) mas sou forçado a pagar porque a promessa do pagamento consta do título. Na hipótese, se a pessoa a favor de quem emiti a nota promissória passa para terceiro, digamos, a um estabelecimento bancário, recebendo desse a importância mencionada no título, e nesse meio tempo, devolvo a quem me vendeu, não posso alegar essa devolução ao ser-me o título apresentado, no vencimento, pelo banco, para pagamento, pois o que vale é a obrigação de pagar que assumi ao lançar minha assinatura na promissória. As obrigações decorrentes do título, por serem abstratas, terão que ser cumpridas, não se admitindo qualquer recusa baseada na causa que originou o título. E, então, junto com a autonomia serão aplicados os princípios e da literalidade, isto é, os princípios de que as obrigações são independentes entre si e que, no título, vale tudo e somente o que nele está escrito. A abstração do direito emergente do título significa que esse direito, ao ser formalizado o título, se desprende de sua causa, dela ficando inteiramente separado. Se o título é um documento, portanto concreto, real, o direito que ele encerra é considerado abstrato, tendo validade, assim, independentemente de sua causa.” (TITULOS DE CRÉDITO, Forense, 5ª edição, vol. I, paginas 14/15). 
Destarte, quando se diz que, pelo predicado da abstração, a cambial, independentemente da causa que motivou sua emissão, circula e passa de mão em mão, sem que seu titular necessite indagar, examinar, verificar sua origem, o que se pretende é, embora reconhecendo a existência de um negócio subjacente, proclamar a total, completa e absoluta independência entre o negócio fundamental e a cambial.
3. A distinção entre um predicado e outro, entre abstração e autonomia, vem magistralmente realçada na lição do saudoso Desembargador PAULO PINTO DA SILVA: “Abstração. O princípio da abstração, que se observa paralelamente ao da autonomia, mas que com este não se confunde, porque abstração leva à irrelevância da causa ou negócio fundamental, ao passo que a autonomia resulta na inoponibilidade das exceções pessoais e consiste na independência das obrigações entre si, o princípio da abstração impede que se oponha ao terceiro portador de boa-fé defesa fundada no negócio fundamental que deu origem à cambial ou às diversas transmissões de que ela possa ter sido objeto.
A defesa fundada na causa só se admite entre partes imediatas – as que participaram diretamente do referido negócio – não se podendo opor em caso algum às partes imediatas ou terceiros portadores, que de boa-fé receberam a cambial sem qualquer ingerência no vício ou defeito que, porventura, tenha realmente prejudicado o sacador na relação originária ou diminuído o patrimônio do endossador na convenção de que resultou a transferência do título.” (Direito Cambiário, Forense, 1948, p. 8, nº 5). 
Sobre o tema, ainda, JOÃO EUNÁPIO BORGES ensina que na Alemanha há autores, como JÚLIO ADLER, que falam ainda em grau superior, a propósito da completa, total e absoluta independência entre a relação fundamental e a cambial, em maior intensificação da relação abstrata: é a obrigação “kausaloss” (destituída de causa), a qual o apelo à causa de que se originou é impossível, mesmo sob a forma de exceção. Assim, a cambial, nas mãos do tomador, seria apenas abstrata, nas mãos de terceiros, seria “kausaloss”. (Títulos de Crédito, Forense, 2ª edição, p. 17). Anote-se, também, que não apenas no que toca à nota promissória ou letra de câmbio que a causa do negócio jurídico não pode ser invocada pelo devedor, mas, também, relativamente à duplicata, título eminentemente causal, porque decorre de compra e venda mercantil ou de contrato de prestação de serviços. Como ensina PONTES DE MIRANDA: “Até o aceite ou até o endosso pelo criador do título, não há relação jurídica oriunda da duplicata mercantil, como título cambiariforme; ela apenas duplica a fatura, que é o documento, unilateral, mas bilateralizável, da compra e venda. Lá está até o aceite, ou antes do aceite, prova, reproduzida, do contrato de compra e venda, que entrou no mundo e nele jaz. Também antes do aceite que entrou no mundo e nele jaz.
Também antes do aceite da letra de câmbio, nenhuma relação jurídica existe entre o sacador e o sacado, que seja cambiária. A relação jurídica cambiariforme, nas duplicatas mercantis, surge com o aceite, entre vendedor subscrito e comprador aceitante, ou entre aquele e o primeiro endossatário. A diferença está, portanto, em que a abstração da letra de câmbio é aparente, peculiar a sua forma, ao passo que a abstração da duplicata mercantil somente se pode dar por esvaziamento com endosso ou com o aceite, a despeito da aparência da concreção. A letra de câmbio já vai oca, abstrata, para o tomador ou aceitante. A duplicata mercantil, não: parte cheia, concreta, mas esvaziável.” (Tratado de Direito Privado, RT 3ª edição, tomo XXXVI, § 4.012, nº 8).
FRAN MARTINS professa idêntica idéia: “A duplicata, título causal, pois nascido sempre de uma compra e venda a prazo com a assinatura do comprador, desprendesse da causa que lhe deu origem, já que o comprador não apenas reconheceu a exatidão da mesma como a obrigação de pagá-la na época do vencimento. A obrigação torna-se, desse modo, líquida, o que dá maior segurança de recebimento não apenas ao sacador vendedor como a qualquer outra pessoa a quem o título seja transferido” (obra citada, v. II, p. 129). PONTES DE MIRANDA, ao estudar a matéria não se referiu aos predicados ou atributos do Direito Cambial, mas ao que denominou de dogmas do Direito Cambial, que, para ele, seriam a solidariedade das obrigações cambiais, a aparência do Direito e a inoponibilidade das exceções pessoais, ensinado a propósito: 
A) Dogma da solidariedade cambial – tudo na cambial converge para um ponto, que é o pagamento, tendo o credor a faculdade de escolher um ou mais obrigados cambiais (solidariedade ordinária), que não coincide com a solidariedade do Direito Comum, em que o devedor solidário, que paga, só pode haver dos demais a quota-parte de cada um. A solidariedade beneficia, também, a qualquer credor de regresso, pois o avalista ou endossatário sucessivo tem ação de regresso contra os demais (solidariedade de caução ou garantia);
B) Dogma da aparência do Direito - o simples fato de o possuidor deter o título dá-lhe a aparência de autêntico titular, devendo a lei protegê-lo, na esteira da teoria da aparência de JACOBI, segundo a qual a aparência é decisiva para libertar os títulos de crédito dos entraves do Direito comum, em que a aparência do direito corporificado no título ganha força com o desligamento, a desvinculação da vontade do emitente, passando os terceiros a confiar na aparência do que nele está declarado, daí porque o interesse de quem cria o título cede diante dos terceiros, que confiaram na aparência, sendo, em conseqüência, o título de crédito uma aparência elevada à realidade por força exclusiva da lei, tudo imposto por amor à segurança da circulação do crédito; e 
C) Dogma da inoponibilidade das exceções pessoais - consiste no fato de a segurança do terceiros deboa-fé ser essencial na negociabilidade dos títulos de crédito, devendo a lei assegurar que a ele não se oporão as exceções próprias dos devedores anteriores, partindo do fato inconteste de que o credor possui um direito próprio e não um direito derivado da relação jurídica originária, daí a diferença do título de crédito para a cessão de crédito, sobrelevando, todavia, notar, por flagrante, que a qualquer portador podem ser opostas defesas fundadas em vícios formais ou falta de requisito necessário ao exercício da ação (menor incapaz emite título de crédito) e, ademais, que o possuidor de má-fé não é proprietário da cambial, tampouco, titular de direito nele contido, conforme magistério consagrado por ASCARELLI.
	Posto isto, reunidos os predicados e os dogmas do Direito Cambial, conforme retro definidos, podemos dizer que resultam dez regras básicas do Direito Cambial, as que segue, todas ilustradas com julgados recentes de nossos pretórios especialmente do STJ, que endossam-nas:
1) O título para ser válido e eficaz, conforme a lei que o rege, deve ter todos os requisitos essenciais, este é o predicado do rigor formal, do formalismo.
Título de crédito dá às partes relação comercial eficaz
	Faz necessário inicialmente abordar o conceito de crédito, ou seja, este baseia-se na confiança, na boa-fé negocial, já que se espera que a promessa feita por quem tenha assumido uma obrigação futura seja cumprida. A palavra crédito tem sua raiz etimológica no latim creditum, credere, ou seja, confiar, ter fé. De tal modo, pode-se dizer que o crédito consiste na extensão da troca, permitindo que esta, realizada no espaço, ganhe nova dimensão e possa ser, também, efetuada no tempo. É uma autorização para a utilização do capital alheio. Tem-se ainda que é a idéia da fidúcia aplicada aos negócios.
João Eunápio Borges discorre a respeito do conceito de crédito nas seguintes palavras: “Cumpre, pois, antes de dizer o que é o ‘título de crédito’, lembrar o conceito de crédito, sob o aspecto que interessa a nossa disciplina. Em qualquer operação de crédito o que sempre se verifica é a troca de um valor presente e atual por um valor futuro. Numa venda a prazo, o vendedor troca a mercadoria - valor presente e atual - pela promessa de pagamento a ser feito futuramente pelo comprador. No mútuo ou em qualquer modalidade de empréstimo, a prestação atual do credor corresponde à prestação futura do devedor.
O crédito é, pois, economicamente, a negociação de uma obrigação futura; é a utilização dessa obrigação futura para a realização de negócios atuais. É, em suma, como diz Werner Sombart, o poder de compra conferido a quem não tem o dinheiro necessário para realizá-la”.
Isso posto, pode-se concluir pela fundamental importância do crédito no comércio, de maneira a viabilizar a circulação do capital e, conseqüentemente, propiciando a atividade empresarial com maiores oportunidades de negócio, pois é, por intermédio do crédito concedido, que a grande massa popular passa a vislumbrar a possibilidade de aquisição de mercadorias de um maior valor expressivo, visto que o pagamento à vista inibiria a demanda.
Assim, surge a necessidade da materialização do crédito para uma maior segurança das atividades econômicas empresariais.
Evidentemente não se pode falar em nenhuma definição, ou conceito, antes mesmo de mencionar a célebre formulação do italiano Cesare Vivante acerca dos títulos de crédito: “título de Crédito é um documento necessário para o exercício do direito literal e autônomo nele mencionado”.
O conceito de Cesare Vivante é aceito na doutrina de forma quase absoluta, devido a sua genialidade, pois reúne os princípios fundamentais dos títulos de crédito, quais sejam, cartularidade, literalidade e a autonomia.
De Plácido e Silva assim conceitua o título de crédito: “Na terminologia jurídica, título é aplicado para exprimir ou mostrar a causa jurídica ou fundamento jurídico de um direito. É, assim, indicativo da origem legal ou fonte de que se derivou o direito, cujos sujeitos, ativo ou passivo, são, por esta mesma razão, denominados titulares.”
Dessa forma, o termo título de crédito é propriamente empregado para designar o documento ou o escrito em que se formulou ou se materializou um direito creditório.
Para João Eunápio Borges, o título de crédito é “o documento, no qual se materializa, se incorpora a promessa da prestação futura a ser realizada pelo devedor, em pagamento da prestação atual realizada pelo credor”.
Já o Código Civil baseia-se de forma bastante clara na elaboração do mestre Cesare Vivante, no momento em que prescreve o artigo 887, in verbis: “o Título de Crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei”.
Verifica-se que o legislador civil reformula o conceito clássico, apenas para apresentar uma atualização da definição, de forma a atender os dispositivos enunciados na lei.
Quanto à importância e as vantagens dos títulos de crédito são inúmeras, entre elas, a velocidade dos negócios devido à possibilidade de circulação e transferência de riquezas. Mas a possibilidade de financiamento por meio de desconto pelo título negociado, certamente, é uma das maiores contribuições dos títulos de crédito.
A importância dos títulos de crédito é notória e disseminada por inúmeros autores6. Tullio Ascarelli é um dos que asseveram a contribuição desses instrumentos: “Se nos perguntassem qual a contribuição do direito comercial na formação da economia moderna, outra não poderíamos talvez apontar que mais tipicamente tenha influído nessa economia do que o instituto dos títulos de crédito. A vida econômica moderna seria incompreensível sem a densa rede de títulos de crédito; às invenções técnicas teriam faltado meios jurídicos para a sua adequada realização social; as relações comerciais tomariam necessariamente outro aspecto. Graças aos títulos de crédito pode o mundo moderno mobilizar as próprias riquezas; graças a eles o direito consegue vencer tempo e espaço, transportando, com a maior facilidade, representados nestes títulos, bem distantes e materializando, no presente, as possíveis riquezas futuras.”
O aspecto dos títulos de crédito no que tange à necessidade de certeza e segurança jurídica, nas relações empresariais, é de suma importância. Sem elas, as partes não teriam a garantia de uma relação comercial eficaz, consubstanciada num documento legitimador ao exercício do Direito cambial.
LETRA DE CÂMBIO
ORIGEM NO BRASIL
A letra de câmbio, praticamente, começou a se formar na Itália, no século XIV. Para não transportar dinheiro de uma cidade para outra, estando uma pessoa sujeita à emboscada e à perda, procurava um banqueiro de sua própria cidade, que tinha relação comercial com outro banqueiro onde pretendia se dirigir, e entregava-lhe o dinheiro. Em troca, recebia uma carta, uma ordem de pagamento, que dava tal incumbência ao banqueiro de outra cidade, onde faria o pagamento. Assim, em vez de as pessoas transportarem dinheiro, transportavam a carta, documento representativo da soma a ser paga. Essa prática deu origem ao atual título de crédito, hoje de uso universal. Portanto, enviava-se dinheiro de um local para outro através do instrumento do contrato de câmbio: uma ordem de pagamento. 
Facilmente podemos imaginar a intervenção de, pelo menos, três pessoas nessa operação: o banqueiro que recebia o dinheiro e expedia a carta - o sacador; aquele que recebia a carta - o tomador ou beneficiário; e o encarregado do pagamento – o sacado. 
Atualmente, o mecanismo é o mesmo: há o sacador que emite a letra de câmbio, entregando-a ao tomador (credor), para que este receba do sacado (devedor).
No Brasil, a letra de câmbio é regulada principalmente pela Convenção de Genebra, também conhecida como Lei Uniforme (Decreto 57.663/66), e também pelo Decreto Lei n.º 2.044 de 31 de Dezembro de 1908. O Código Civil de 2002 tem valor supletivo (art. 903).
	A letra de câmbio é mais usada em operaçõesde crédito entre financiadoras e comerciantes, enquanto em operações mercantis internas a prazo o título mais comum é a duplicata.
LETRA DE CÂMBIO
	A letra de câmbio é uma espécie de título de crédito, ou seja, representa uma obrigação pecuniária, sendo desta autônoma.
	A emissão da letra de câmbio é denominada saque; por meio dele, o sacador (devedor), expede uma ordem de pagamento ao sacado (normalmente uma instituição financeira), que fica obrigado, havendo aceite, a pagar ao tomador (um credor específico), o valor determinado no título.
Apesar de atribuir ao sacado a obrigação de pagar o tomador, o sacador permanece subsidiariamente responsável pelo pagamento da letra. Não sendo pago o título no seu vencimento, poderá ser efetuado o protesto e a cobrança judicial do crédito, que se dá por meio da ação cambial. Porém, para que o credor possa agir em juízo, é necessário que esteja representado por um advogado.
	Quanto à possibilidade de transferência, diz-se que a letra de câmbio é um título de crédito nominativo, ou seja, em favor de um credor específico, suscetível de circulação mediante endosso. Assim, o endossante (tomador original), transfere a letra para um endossatário (novo tomador).
DEFINIÇÃO DE LETRA DE CÂMBIO
A letra de câmbio é uma ordem de pagamento à vista ou a prazo e é criada através de um ato chamado de saque. Diferente dos demais títulos de crédito, para a existência e operacionalização da letra de câmbio são necessárias três situações jurídicas distintas, a saber:
 
- o sacador como sendo aquela parte que faz o saque, oportunidade em que fica criada a letra de câmbio como documento. Esta pessoa é quem dá a ordem de pagamento;
- o sacado que representa a parte a quem a ordem é data, ou seja, é quem deve efetuar o pagamento;
- o beneficiário, também chamado de tomador, sendo a pessoa que receberá o pagamento, sendo assim o beneficiário da ordem.
 Diante da descrição das situações jurídicas das partes envolvidas na letra de câmbio, e sendo o sacador a pessoa que dá a ordem ao sacado para efetuar o pagamento ao beneficiário, tem-se assim o seguinte exemplo para a redação de uma letra de câmbio:
 
“aos trinta dias do mês de outubro de ........, V.Sa.(sacado) pagará por esta única via de letra de câmbio, a importância de R$.......(.................) ao Sr. Fulano de Tal (beneficiário). Local........, data..........., assinatura (sacador)............” 
 É importante observar que não necessariamente as situações jurídicas são representadas por três pessoas ou partes distintas. Podem ocorrer circunstâncias em que a mesma pessoa possa está representando duas situações ao mesmo tempo.
 
 O Anexo I da Lei Uniforme (Decreto 57.663/66) no seu artigo 3º estabelece que a letra de câmbio pode ainda ser à ordem do próprio sacador, hipótese em que este é também o tomador ou beneficiário; ou pode também ser sacada, sobre o próprio sacador, caso em que ele ocupa também a posição de sacado.
 O título é emitido pelo sacador e em seguida entregue ao beneficiário ou tomador, cabendo a este procurar o sacado para que proceda ao aceite. Isto concretizado, na data do vencimento o sacado deverá pagar ao beneficiário a quantia estabelecida na letra.
 Destacamos ainda que é possível que a letra de câmbio seja garantida por aval, isso ocorrendo, o avalista passa a ser responsável pelo pagamento da mesma forma que o avalizado. Assim, não sendo efetivado o pagamento do título na data de vencimento, poderá ser efetuado protesto, possibilitando assim posterior ação de execução judicial visando o recebimento da dívida.
 
 A letra de câmbio é um título formal e para que seja emitida deve obedecer aos aspectos legais. Seus requisitos básicos segundo Fábio Bellote Gomes (2003:172) são:
a) a expressão “letra de câmbio”.
b) a quantia que deve ser paga (o título deve conter expressamente o valor a ser pago, sendo que, por força do princípio da literalidade, tal valor prevalece até a data de vencimento do título, podendo então o credor acrescentar juros de mora e as despesas que incorrer com a cobrança do título).
 
c) o nome de quem deve pagar (sacado).
 
d) o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga (beneficiário ou tomador).
 
e) a assinatura de quem emite a letra de câmbio (sacador).
 
Ao par dos requisitos essenciais acima elencados, a Lei Uniforme concedera como requisitos não-essenciais (artigo 20).
 
f) data e lugar de emissão (ou saque) da letra de câmbio (podem ser inseridas pelo beneficiário);
g) data de vencimento do título (a sua ausência implica no seu vencimento à vista.
h) lugar de pagamento da letra de câmbio. (Quando o título não especificar o lugar de seu pagamento, deve ser considerado como tal o de domicilio do sacado).
 No Brasil a letra de câmbio é um título de pouquíssimo uso, haja vista que nas operações comerciais e prestação de serviços o título de crédito que pode ser sacado é a duplicata.
 
 Regulamentando a matéria temos os Decretos n. 2.044 de 31/12/1908, que define a letra de câmbio e a nota promissória e regula as operações cambiais e o Decreto n. 57.663 de 24/01/1966, que promulga as convenções para adoção de uma lei uniforme em matéria de letras de câmbio e notas promissórias.
 
 O aceite genericamente pode ser definido como sendo a declaração unilateral do sacado aposta em determinados títulos de crédito, a exemplo de letra de câmbio e duplicata. É através do aceite que o sacado se torna efetivamente obrigado cambiário, aceitando expressamente a obrigação representada pelo título e crédito.
 
 Em se tratando de letra de câmbio, o aceite não é obrigatório se a letra for à vista, sendo porém obrigatório, nas modalidades de letra de câmbio com vencimento a prazo. Em caso de recusa do aceite por parte do sacado, a letra de câmbio deve ser encaminhada para protesto, tendo o seu vencimento antecipado à data de referido protesto.
 Em caso de necessidade de propositura de ação judicial para cobrança de nota promissória, o credor deverá obedecer os seguintes prazos prescricionais:
a) em 03 (três) anos a contar do vencimento do título, para a propositura da competente ação executiva contra o devedor principal e seu avalista.
 
b) em 01 (um) ano a contar do protesto efetuado dentro dos prazos legais, para o exercício da competente ação executiva contra os endossantes e seus respectivos avalistas, e contra sacador, ou ainda em 01 (um) ano a contar do vencimento no caso de letra de cambio que contenha cláusula “sem despesas” (conforme artigo 46 da Lei Uniforme).
 
c) em 06 (seis) meses, a contar do dia em que o endossante efetuou o pagamento do título ou em que ele próprio foi demandado para o seu pagamento, para a propositura de ações executivas dos endossantes, uns contra os outros, e de endossante contra o sacador.
 
SAQUE
	“Não se pode transformar obrigação civil em dívida cambiária líquida e certa emitindo letra de câmbio sem expressa previsão legal ou contratual, pois sem esta o saque é ilegal, configurando abuso de direito, inclusive por coagir o apontado devedor ao pagamento através de seu protesto sem que tenha reconhecido a dívida” (in RT 625/188).
	A ementa do acórdão destacado retrata a hipótese do saque de uma letra de câmbio para o recebimento de certa quantia a título de despesas financeiras; não em decorrência de um contrato.
	O Tribunal considerou tal saque como abuso de direito, pois a emissão de letra de câmbio só é possível com expressa previsão legal ou contratual. De fato, caracteriza abuso de direito, saque de letra de câmbio sem lei ou contrato que o autorize. Vale dizer, só será legítima a emissão de letra de câmbio quando existir previsão legal ou contratual expressa que autorize o saque.
	A letra de câmbio é uma ordem de pagamento. Uma pessoa dá a ordem de pagamento, determinando que certa quantia seja paga para uma outra pessoa. É o sacador quem dá a ordem ao sacado,para realizar o pagamento. Há, ainda, o beneficiário da ordem, que é o credor, conhecido como tomador. Quem cria a letra de câmbio é o sacador. O saque é o ato de criação, de emissão do título.
Após a entrega da letra de câmbio ao tomador, este procura o sacado para obter o aceite ou o pagamento, conforme o caso. Contudo, o saque produz outro efeito: o de vincular o sacador ao pagamento da letra de câmbio. Caso o sacado se negue a pagar o título, o tomador poderá cobrar do próprio sacador (LU23, art. 9.º). “É ensinança tradicional da melhor doutrina que o sacado, enquanto não aceitar, não é um obrigado cambial”. Para melhor entendimento, apresentamos a seguir o modelo do anverso de uma letra de câmbio: 
CONCEITO DE LETRA DE CÂMBIO
	A letra de câmbio é o saque de uma pessoa contra outra, em favor de terceiro. É uma ordem de pagamento que o sacador dirige ao sacado, seu devedor, para que, em certa época, este pague certa quantia em dinheiro, devida a uma terceira, que se denomina tomador. É, enfim, uma ordem de pagamento à vista ou a prazo. 
Quando for a prazo, o sacado deve aceitá-la, firmando nela sua assinatura de reconhecimento: é o aceite. Nesse momento, o sacado se vincula na relação jurídico-material, obrigando-se ao pagamento. 
Portanto, a relação se estabelece entre três pessoas: o Sacado r, o sacado e o tomador. Entretanto, a lei faculta que uma mesma pessoa ocupe mais de uma dessas posições. Nada impede que a letra de câmbio possa ser sacada em benefício do próprio sacador ou o sacador seja a mesma pessoa do sacado (LU, art. 3º). 
REQUISITOS ESSENCIAIS DA LETRA DE CÂMBIO
	O formalismo é da essência da letra de câmbio, devendo, portanto, conter determinados requisitos essenciais preestabelecidos por lei. Faltando um dos requisitos essenciais, a letra de câmbio deixa de ser uma letra de câmbio. Assim, ela deve trazer:
1. denominação “letra de câmbio” no seu contexto;
2. a quantia que deve ser paga, por extenso;
3. o nome da pessoa que deve pagá-la (sacado);
4. o nome da pessoa que deve ser paga (tomador);
5. assinatura do emitente ou do mandatário especial
(sacador).
A declaração da quantia em cifra não é requisito essencial, tanto que, se surgir uma disparidade entre a importância declarada por cifra e a declarada por extenso, valerá esta última. 
O nome do sacado, por força de hábito, deve ser colocado abaixo do contexto e do lado esquerdo, enquanto que a assinatura de próprio punho do sacador ou de seu mandatário especial, deve ser firmada, obrigatoriamente, abaixo do contexto, do lado direito, como acontece em uma carta.
A letra de câmbio não pode deixar de levar o nome do sacado, pois ela não pode ser emitida ao portador. Porém, se ela for emitida incompleta, por exemplo, sem o nome do tomador, poderá circular.
 Mas os requisitos devem estar totalmente cumpridos, antes da cobrança judicial ou do protesto do título. É que o portador de boa-fé, é considerado procurador bastante do sacador para completá-la. 
 Registre-se que é somente o sacador quem a assina. A assinatura do sacado ou aceitante não figura entre os requisitos indispensáveis à sua validade. A falta dela faz apenas permanecer a vinculação entre o emitente (sacador) e o tomador, não vinculando o sacado na obrigação cambial.
REQUISITOS NÃO-ESSENCIAIS DA LETRA DE CÂMBIO
São os seguintes:
1. o lugar do pagamento;
2. a importância declarada por cifra;
3. a data do vencimento do título;
4. a data da emissão.
“Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no título, o domicílio do emitente” (§ 2º do art. 889, CC). 
A falta da época do vencimento não afeta a validade do documento. 
“É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento” (§ 1º do art. 889, do CC). 
“Deve o título de crédito conter a data da emissão,...” (CC, art. 889). 
A data da emissão, a partir da vigência do novo Código Civil, passou a ser requisito essencial. Contudo, dispõe o art. 888 do CC que a “omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem”, apenas, deixa de ser um título executivo extrajudicial.
VENCIMENTO DA LETRA DE CÂMBIO
O pagamento do título deve ser efetuado pelo devedor no dia do vencimento. Pode ser:
a) à vista. O sacado deve pagá-lo no ato de sua apresentação.
b) em dia certo. O sacado deve pagá-lo:
 1. no dia do vencimento indicado no título;
 2. a tempo certo da vista, significando a tantos dias a partir da data do aceite, ou seja, da data em que o título é exibido ao sacado;
 3. a tempo certo da data, isto é, tantos dias contados da data da emissão do título.
ACEITE
“Letra de câmbio” sem aceite não enseja execução forçada contra o sacado. “O saque da letra é ato unilateral do sacador. O aceite é que a transforma num contrato perfeito e acabado, completando-lhe a cambiariedade” (in RT 495/225). “Sem o aceite o sacado não se vincula, não se torna devedor, não se gerando para ele qualquer obrigação decorrente do título” (in RT 625/188).
O aceite é o ato praticado pelo sacado que se compromete a pagar a letra de câmbio no vencimento, assinando no anverso do título. Basta a sua assinatura, ou a de seu mandatário especial, podendo ser acompanhado da expressão esclarecedora tal como:
“aceite” ou “pagarei”, ou ainda, “honrarei”.
A falta de aceite não extingue a letra de câmbio. O sacador	continua o responsável e o sacado nenhuma obrigação assumiu em relação ao título, embora haja a menção do seu nome na letra. Se o sacado ao receber a letra de câmbio para o aceite não a devolve, retendo-a indevidamente, está sujeito à prisão administrativa. Basta requerer ao juiz. O art. 885 do CPC indica essa situação: “O juiz poderá ordenar a apreensão de título não restituído ou sonegado pelo emitente, sacado ou aceitante; mas só decretará a prisão de quem o recebeu para firmar aceite ou efetuar pagamento, se o portador provar, com justificação ou por documento, a entrega do título e a recusa da devolução. Parágrafo único. O juiz mandará processar de plano o pedido, ouvirá depoimento se for necessário e, estando provada a alegação, ordenará a prisão”.
ENDOSSO DA LETRA DE CÂMBIO
Sendo a letra de câmbio um título de crédito, o endosso é perfeitamente admissível e, havendo uma cadeia de endossos em preto, o último endossatário é considerado o legítimo proprietário da letra. Se o sacador inserir a expressão “não à ordem”, a letra não poderá circular por meio de endosso (LU, art. 11). 
Entretanto, normalmente a letra de câmbio contém a cláusula “à ordem” e, assim, o credor poderá negociar o crédito mediante um ato jurídico denominado endosso, consistente da sua assinatura no verso ou anverso do título. O primeiro endossante será sempre o tomador; o segundo endossante é o endossatário do tomador e assim sucessivamente. Não há qualquer limite para o número de endossos. Quando o proprietário do título o endossa, torna-se coobrigado solidário no pagamento (LU, art. 15).
O AVAL DA LETRA DE CÂMBIO
A letra de câmbio, como título de crédito que é, pode receber aval. O avalista é responsável da mesma forma que o seu avalizado (LU, art. 32), ou seja, o avalista responde pelo pagamento do título perante o credor do avalizado e, realizado o pagamento, poderá voltar-se contra o devedor.
PAGAMENTO
O pagamento é o resgate da letra e, para que ocorra, é indispensável a sua apresentação. Isto porque o título é circular e o devedor não tem como saber quem é o último portador da cambial.
O pagamento, validamente feito, acarreta uma série de efeitos. Destacam-se dois básicos:
1. o pagamento extintivo: encerra o ciclo cambiário, desobrigando todos os responsáveis. É o caso do pagamento feito pelo sacado que desonera todos os coobrigados;
2. o pagamento recuperatório: desonera apenas os coobrigados posteriores, mas os demais ficam obrigados ao pagamento e o avalista do aceitante pode propor ação regressiva contra este.PRESCRIÇÃO DA LETRA DE CÂMBIO
A prescrição é a perda do direito de propor ação judicial em conseqüência do não uso dela, durante um determinado espaço de tempo previsto em lei. 
A prescrição da letra de câmbio é a perda da execução judicial pelo seu não-exercício dentro do prazo de três anos. Vencida a letra e não paga, o credor tem o direito de propor ação executiva e, para tanto, terá o prazo de três anos a contar da data do vencimento da cambial. Se deixar passar esse prazo prescritivo, essa ação não será cabível. No entanto, se deixar passer o prazo de 3 anos para o exercício da referida ação contra o devedor principal e seu avalista, ocasião em que a letra perde a natureza de título executivo extrajudicial, terá, ainda, o direito de propor ação monitória, que é ação de conhecimento, a partir de prova escrita sem eficácia de título executivo, para constituição de título judicial.
É o que se extrai da dicção textual do art. 1.102-A do CPC: “A ação monitória compete a quem pretender, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou determinado bem móvel”. Para melhor conhecimento, veja nosso “Curso Básico de Direito Processual Civil, vol. 4, cap. 132. O prejuízo assim será enorme: a correção monetária começa a incidir a partir da propositura da ação, enquanto que, propondo ação executiva em tempo, a correção monetária incidirá a partir da data do vencimento do título. O pior é o credor ter que provar a origem do título, pois, com a prescrição, o documento “letra de câmbio” deixou de ser um título de crédito. Também traz prejuízo a demora da penhora, pois antes virá a contestação, a instrução, a sentença e o recurso. 
LETRA DE CAMBIO
LETRA DE CAMBIO COM ACEITE
TÍTULOS PROTESTÁVEIS - LETRA DE CÂMBIO 
O Que É 'Letra de Câmbio'
A letra de câmbio é uma ordem de pagamento que o sacador dirige ao sacado (devedor) para que este pague uma importância consignada a um terceiro denominado tomador.
Para que uma Letra de Câmbio seja direcionada aos cartórios de S.B.C, faz-se necessário que a Praça de Pagamento seja São Bernardo do Campo.
 
Letra de Câmbio Aceita
É a Letra de Câmbio assinada pelo devedor e poderá ser protestada por falta de pagamento, desde que vencido o título.
Letra de Câmbio Sem Aceite
É a Letra de Câmbio sem assinatura do devedor e poderá ser protestada por falta de aceite, desde que não vencida.
Neste caso o cartório intimará o devedor para que ele compareça em cartório para aceitá-la (assiná-la). 
O protesto por falta de pagamento só se configurará após colhido o aceite do devedor. 
MODELO DE PREENCHIMENTO DO FORMULÁRIO DE PROTESTO PARA A LETRA DE CÂMBIO 
   
Preencha de maneira legível, pois o formulário de protesto será digitalizado pelo Tabelionato.
O CEP correto garante uma intimação perfeita.
Para fins de preenchimento do formulário de protesto, a pessoa que recebeu o endosso em seu favor será denominada 'credora'.
O Endosso da Letra de Câmbio 
A pessoa a qual recebeu o endosso em seu favor (endossatária) será denominada 'credora', para fons de preenchimento do formulário de protesto.
Em havendo endosso, deverá ser transcrito no verso da Letra de Câmbio:
'Pague-se a (fulano de tal....) assinatura do emitente (endosso em preto), ou a simples assinatura de quem está endossando (endosso em branco).
Protesto Pelo Saldo
Um título de crédito será protestado pelo saldo, caso já se tenha recebido parte do valor constante do título. 
Para isso, deve-se transcrever a seguinte declaração no verso do título:
'Protestar pelo saldo de R$ - ............. São Bernardo do Campo (Data), Assinatura do Credor.
Correção de Valor 
É imprescindível a concordância do devedor/emitente, caso haja necessidade de correção do valor da LC.
Conforme o caso, as seguintes declarações deverão ser transcritas no verso do título: 
Declaração Feita quando da Emissão do Título de Crédito: 
'O valor desta L.C. será corrigido de acordo com ( escreva o índice de correção, ex: IGP, TR)'. São Bernardo do Campo, Data e Assinatura do Devedor.
Declaração a ser Feita Quando da Apresentação do Título de Crédito para Protesto: 
'Valor atualizado para protesto: R$ - .... SBC (Data), assinatura do credor'.
O Protesto do Avalista
O avalista nunca será protestado, independente de constar sua assinatura no verso.
Nos artigos seguintes abordaremos outros títulos de crédito, os mais utilizados no nosso país, quais sejam, a duplicata, a nota promissória e o cheque.

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