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<p>RECURSOS</p><p>TERAPÊUTICOS</p><p>MANUAIS</p><p>Lucimara Ferreira Magalhães</p><p>Fundamentos da</p><p>quiropraxia</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p>� Descrever os princípios da quiropraxia.</p><p>� Identificar as características do ajuste quiroprático.</p><p>� Aplicar a abordagem quiroprática nos distúrbios cinético-funcionais.</p><p>Introdução</p><p>A quiropraxia trata dos distúrbios e das doenças musculoesqueléticas,</p><p>bem como das suas relações com os sistemas nervoso e circulatório. Sendo</p><p>assim, sua aplicação pode promover melhoras significativas no equilíbrio</p><p>entre as funções corporais, oferecendo mais saúde ao paciente. Essa é</p><p>uma técnica que pode ser empregada em todos os níveis de promoção,</p><p>proteção e reabilitação da saúde.</p><p>Neste capítulo, você vai poder conhecer um pouco mais sobre a</p><p>quiropraxia, seus princípios, suas técnicas e aplicações na prática clínica.</p><p>Esses conhecimentos devem ser somados a saberes acerca da anatomia,</p><p>da biomecânica, da cinesiologia, entre outras práticas manuais.</p><p>Você também terá a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre</p><p>a prática do profissional e sua abordagem com o paciente. Essa é uma</p><p>técnica que apresenta muitos anos de prática e que tem sido conhecida</p><p>por seus efeitos relaxantes e pela resolução dos processos dolorosos</p><p>musculoesqueléticos.</p><p>1 Princípios da quiropraxia</p><p>A quiropraxia é uma técnica utilizada para a mobilização articular que tem</p><p>como objetivo principal o “reposicionamento” articular. Ela é aplicável em</p><p>quase todas as articulações, sendo que a literatura aponta seu uso como mais</p><p>recorrente para o tratamento de dores de origem lombar (BRACHER; BENE-</p><p>DICTO; FACCHINATO, 2013). Ela foi estabelecida por Daniel David Palmer,</p><p>em 1895, e desde então tem servido como técnica manual para o tratamento</p><p>de problemas cinético-funcionais.</p><p>Para a realização da terapia, o fisioterapeuta emprega as suas mãos e o seu</p><p>posicionamento em relação ao paciente, conforme mostra a Figura 1. Por meio</p><p>desses usos, são geradas alavancas com movimentos rápidos e controlados</p><p>no sentido da amplitude articular (MANGA et al., 1993). Os movimentos,</p><p>algumas vezes, produzem estalidos, que podem ser explicados por suas con-</p><p>dições fisiológicas: eles são a manifestação de uma onda sonora que se deve</p><p>à cavitação articular durante o processo de manipulação. Essa característica</p><p>é explicada pela fisiologia da articulação sinovial, a qual, quando submetida</p><p>à tração, provoca uma redução da pressão intra-articular. As propriedades dos</p><p>líquidos articulares não permitem sua expansão, o que causa uma invagina-</p><p>ção do tecido capsular. Há, então, a formação de bolhas de gás carbônico e</p><p>uma consequente ruptura das forças de coaptação articular. No momento do</p><p>movimento, o vácuo é rapidamente tracionado, produzindo, assim, o som da</p><p>descompressão (BRODEUR, 1995).</p><p>Figura 1. Posicionamento do fisioterapeuta em relação ao paciente e o uso das mãos para</p><p>a execução das técnicas.</p><p>Fonte: Dragon Images/Shutterstock.com.</p><p>Fundamentos da quiropraxia2</p><p>Os distúrbios musculoesqueléticos normalmente estão relacionados com</p><p>redução de mobilidade articular normal, causada por alguma patologia, repouso</p><p>ou desuso do dia a dia. Essas condições contribuem para o desequilíbrio me-</p><p>cânico articular, que pode gerar processos mais avançados com o passar do</p><p>tempo e, dependendo da evolução desses problemas ortopédicos, pode levar</p><p>a comprometimentos emocionais e limitações físicas dos pacientes. O quadro</p><p>que motiva a procura por atendimento profissional é a dor, a qual, por vezes,</p><p>limita e reduz a qualidade de vida de um modo geral.</p><p>Para a execução dos procedimentos, o profissional quiroprata emprega ener-</p><p>gia manual, aplicando técnicas de força associadas a alavancas, que produzem</p><p>movimentos rápidos e controlados dentro de uma amplitude de movimento.</p><p>Essa amplitude é realizada a partir da amplitude normal articular e, assim,</p><p>promove um estresse e provoca o seu reposicionamento (BRACHER, 2003).</p><p>É um princípio básico para a aplicação da técnica que o profissional a aprenda e</p><p>exercite, de modo a adquirir experiência. Sendo assim, profissionais habilitados</p><p>para a atividade são aqueles que possuem certo nível de experiência, aptos a</p><p>oferecer um tratamento eficiente e com riscos reduzidos de efeitos adversos.</p><p>A resolução nº 399, de 3 de agosto de 2011, publicada pelo Conselho Federal de</p><p>Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), disciplina a atividade do fisioterapeuta</p><p>no exercício da especialidade profissional em quiropraxia. A regulamentação habilita o</p><p>profissional fisioterapeuta especialista em quiropraxia a atuar na promoção, prevenção</p><p>e proteção da saúde e nos tratamentos relativos a distúrbios e disfunções que envolvam</p><p>o sistema articular, nervoso e musculoesquelético. Sua função principal é a correção</p><p>dessas alterações.</p><p>Para o exercício da prática, o profissional deve ter o título de especialista em quiropra-</p><p>xia, assim como dominar grandes áreas do conhecimento, como consulta, anamnese,</p><p>avaliação física e cinesiofuncional, uso de escalas, questionários, aplicação dos testes</p><p>quiropráticos, prescrição de tratamento, ajustamento articular, prevenção de agravos,</p><p>prescrição de órteses e próteses e prescrição de alta, laudos, relatórios e atestados</p><p>fisioterapêuticos.</p><p>3Fundamentos da quiropraxia</p><p>Outro princípio básico da técnica é considerar que o corpo dispõe de</p><p>mecanismos de ação que visam à recuperação, ao equilíbrio e à manutenção</p><p>da saúde. Uma vez que o conhecimento sobre esses mecanismos muitas vezes</p><p>não é estabelecido, devido à falta de informações técnicas e científicas por</p><p>parte do paciente, cabe ao profissional atuar explicando-lhe esses princípios,</p><p>que também estão baseados no funcionamento e na fisiologia dos sistemas</p><p>corporais. Isso implica o conhecimento do paciente sobre, por exemplo,</p><p>as alterações e as provocações a que o corpo responde com a dor, de modo que</p><p>ele possa compreender como são as relações entre as superfícies articulares e</p><p>as estruturas periarticulares, como nervos, músculos, ligamentos, entre outros.</p><p>O esclarecimento da patologia, no seu sentido fisiológico, também se faz</p><p>importante, mas de forma resumida e didática a fim de que o paciente com-</p><p>preenda a necessidade de atender às orientações e comunicar as sensações</p><p>que possa vir a sentir durante o tratamento. Assim, o profissional poderá</p><p>oferecer um tratamento adequado à necessidade do paciente, e esse, por sua</p><p>vez, contribuirá com as ações diárias sobre seu corpo e com melhores relatos</p><p>sobre seus sintomas, isto é, com relatos mais pormenorizados e específicos.</p><p>Ao contrário do que muitos profissionais pensam, essas instruções não levam</p><p>o paciente a se tratar sozinho: elas servem apenas para que ele contribua mais</p><p>com o próprio tratamento, confie na metodologia aplicada e se sinta mais</p><p>satisfeito com os benefícios proporcionados pela terapia.</p><p>Após a aplicação das técnicas, a sensação é de descompressão, o que causa</p><p>alívio da dor ou desconforto, sendo esse gerado pelo estresse das estruturas.</p><p>Embora o estalido nem sempre seja produzido, o resultado, na maioria das</p><p>vezes, é eficiente. Para se atingir esse fim, são realizados testes cinético-</p><p>-funcionais antes e após a aplicação das técnicas, os quais servem como</p><p>parâmetros de avaliação para o fisioterapeuta.</p><p>O tratamento quiroprático corresponde a um tipo de tratamento holístico,</p><p>isto é, que leva em consideração o ser humano em sua forma global, e não</p><p>apenas no que diz respeito à dor ou à doença instalada. Esse tipo de aborda-</p><p>gem é de importância fundamental, pois, nos dias atuais, é possível perceber</p><p>que ela torna os tratamentos mais eficientes. Tendo em vista que muitos</p><p>problemas cinético-funcionais estão relacionados à postura, ao alinhamento,</p><p>ao posicionamento e ao estresse físico e emocional do dia a dia, percebe-se a</p><p>importância do tratamento da quiropraxia frente a essas condições causadoras</p><p>de desconfortos e, a longo prazo, de doenças e processos degenerativos.</p><p>Fundamentos da quiropraxia4</p><p>A quiropraxia faz parte dos recursos utilizados nas práticas integrativas complemen-</p><p>tares (PICs). Essas práticas, que são ofertadas na atenção primária à saúde e estão</p><p>apoiadas pelo Ministério da Saúde, têm seu uso totalmente indicado à população</p><p>como forma de controle de doenças e desconfortos no nível primário de atenção,</p><p>constituindo, dessa forma, meios de prevenção para que os pacientes não tenham</p><p>necessidade de atendimentos de média a alta complexidade. Permite-se, assim, que</p><p>sejam economizados leitos, tratamentos e recursos para esses fins, de modo que eles</p><p>fiquem disponíveis a quem deles realmente necessitar.</p><p>Para saber mais sobre as PICs e a atuação da quiropraxia dentro desse grupo de</p><p>técnicas, acesse a seção “Práticas Integrativas e Complementares (PICS): quais são e</p><p>para que servem”, disponível no site do Ministério da Saúde.</p><p>Breve histórico da quiropraxia</p><p>A quiropraxia tem origem nos tempos antigos, quando hebreus, gregos, chi-</p><p>neses e outros povos já utilizavam técnicas manuais terapêuticas, mas sem</p><p>comprovação dos métodos. Nessa época, a aplicação era baseada apenas na</p><p>experiência própria, adquirida e empregada por grandes curandeiros. Eles</p><p>partiam do pressuposto de que era necessário conhecer o corpo a fundo, em-</p><p>bora ainda não se dispensasse tanta atenção para os fundamentos anatômicos</p><p>e fisiológicos que envolvem o corpo humano (BRONFORT, 1999; HACK</p><p>et al., 1998).</p><p>A quiropraxia moderna teve início em 1895, quando foi estabelecida por</p><p>Daniel David Palmer, nos Estados Unidos. Em seus primórdios, a profissão</p><p>era independente de cursos de graduação e bastante almejada nesse país.</p><p>O desenvolvimento da quiropraxia com o passar dos anos promoveu sua</p><p>difusão entre os demais países do mundo e proporcionou benefícios para a</p><p>saúde de trabalhadores, militares e da população comum. Ela passou, então,</p><p>a ser conhecida como a técnica que promove alívio imediato nas estruturas</p><p>articulares, principalmente na coluna vertebral.</p><p>5Fundamentos da quiropraxia</p><p>A palavra “quiroprática” é a tradução de chiropractic, que é de origem inglesa.</p><p>No entanto, sua tradução literal para o português seria “prática”, palavra que não foi</p><p>adotada devido à sua amplitude de significado em nossa língua — isto é, no português,</p><p>o ato de “praticar” algo não demanda embasamento em estudos, segundo a acepção</p><p>corrente da palavra. Em 1965, “quiroprática” foi adaptada para “quiropatia”, pois essa</p><p>palavra se assemelhava a outras que davam nome a práticas holísticas, como osteopatia</p><p>e homeopatia. A partir de 1992, adotou-se a palavra ”quiropraxia” a fim de manter uma</p><p>coerência maior com a sua forma no grego. Hoje em dia, as três grafias são correntes</p><p>e aceitas como corretas na língua portuguesa.</p><p>2 Ajuste quiroprático</p><p>As técnicas adotadas no exercício da quiropraxia podem ser adaptadas de</p><p>acordo com o fisioterapeuta. Isso porque cada profissional possui diferentes</p><p>habilidades, formas de manuseio e facilidades com certas posturas e posiciona-</p><p>mentos. Para além disso, devem ser consideradas as características anatômicas</p><p>do profissional e do paciente para a aplicação da técnica. Isso significa que a</p><p>altura da maca, da cadeira, do tablado, etc. deve ser adaptada de modo que o</p><p>profissional disponha de um melhor acesso e de maior facilidade para o manu-</p><p>seio. Ao mesmo tempo, o estofado e o material devem ser confortáveis para o</p><p>paciente, a fim de que ele consiga relaxar para a realização dos procedimentos.</p><p>Nesse sentido, vale ressaltar que a técnica exige a participação do paciente</p><p>no que diz respeito tanto ao momento de respirar, quanto ao relaxamento do</p><p>corpo para a manipulação.</p><p>Para a prática quiroprática, são utilizadas instrumentações específicas e</p><p>não específicas, as quais, no geral, facilitam e auxiliam as manipulações e</p><p>intervenções do profissional. Entre elas, a mais importante são as macas, que</p><p>se apresentam em formas diferentes (conforme Figura 2). De modo geral, as</p><p>tradicionais não possuem articulações, são feitas de estofado macio e dispõem</p><p>de local para o acoplamento da face do paciente quando ele deita em decú-</p><p>bito ventral. As macas que possuem articulações, conhecidas como macas</p><p>com drop, são controladas com alguns ajustes pelo terapeuta e permitem a</p><p>movimentação das regiões da coluna. Além disso, nelas há fixações para que</p><p>o paciente seja estabilizado durante os procedimentos. As macas permitem</p><p>Fundamentos da quiropraxia6</p><p>movimentos de flexão-extensão da coluna e também rotações e flexão lateral.</p><p>A região cervical, por ser uma região mais sensível, normalmente é manipulada</p><p>somente com o auxílio das mãos como apoio e ferramenta de estabilização e,</p><p>ao mesmo tempo, realizando as manobras.</p><p>Figura 2. Tipos de maca: em cima, uma maca sem articulação; no</p><p>meio e embaixo, macas com articulações em pontos diferentes.</p><p>Fonte: nishiko/Shutterstock.com.</p><p>Alguns instrumentos utilizados em quiropraxia são compartilhados com</p><p>outras técnicas, como os instrumentos da mobilização miofascial. Como a</p><p>quiropraxia também visa a esse tipo de manipulação, é comum que o profis-</p><p>sional utilize esses instrumentos — que podem ser feitos de materiais como</p><p>alumínio, plástico, metal, etc. e cuja função é tracionar os tecidos e a fáscia</p><p>muscular contra um movimento que objetiva gerar o relaxamento dos músculos</p><p>e a liberação da fáscia muscular. Essas aplicações se utilizam da anatomia e</p><p>das direções musculares, visto que devem ser aplicadas no sentido das fibras,</p><p>fornecendo o estímulo de tracionamento ou alongamento.</p><p>7Fundamentos da quiropraxia</p><p>Outras ferramentas, como os ativadores, podem promover a massagem</p><p>de regiões não exploradas pelas mãos devido à profundidade muscular ou ao</p><p>difícil acesso ou posicionamento. O ativador possui adaptações que podem ser</p><p>utilizadas para acessar áreas mais profundas, como os músculos paravertebrais,</p><p>ou regiões mais sensíveis, como a região cervical.</p><p>As cunhas e os travesseiros são feitos de espuma encapada e permitem o</p><p>melhor posicionamento do paciente para a manipulação. Situações que exigem</p><p>o decúbito lateral necessitam de travesseiro para apoio da região cervical, por</p><p>exemplo. No caso de liberações na região dorsal, elas exigem que o paciente</p><p>esteja na postura de decúbito ventral e, consequentemente, tenha um apoio de</p><p>um rolo ou uma cunha na região do antepé, para que, assim, relaxe os membros</p><p>inferiores. Vale ressaltar que esse conforto no posicionamento é importante</p><p>para a boa execução das manobras e técnicas em geral.</p><p>O ajuste quiroprático, ou manobras manipulativas, é o objeto de tratamento</p><p>e avaliação do fisioterapeuta no ramo da quiropraxia (CHRISTENSEN, 2010).</p><p>Por meio dele, é possível realizar a avaliação, a manipulação específica da</p><p>articulação e o seu reposicionamento. O objetivo do ajuste, como o próprio</p><p>nome diz, é reajustar ou realinhar a estrutura comprometida e, desse modo,</p><p>retirar ou reduzir os sintomas do paciente. De acordo com Bracher, Benedicto</p><p>e Facchinato (2013), o ajuste quiroprático também restaura a mobilidade e a</p><p>função articular à sua forma normal.</p><p>Ao realizar o ajuste, o fisioterapeuta manipula a vértebra de forma passiva</p><p>e com uma alta velocidade de movimento. Nessa ocasião, a amplitude de movi-</p><p>mento deve ser pequena, considerando-se a segurança do paciente e o controle</p><p>do movimento. Sendo assim, esse movimento que o ajuste promove deverá ser</p><p>um pouco além do movimento de amplitude fisiológica para aquela articulação</p><p>(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2005; BRACHER, 2003). O ajuste</p><p>articular é realizado, portanto, próximo da amplitude de movimento neutra.</p><p>O ponto final desse movimento é considerado como movimento terminal,</p><p>em que foi aplicada uma força externa à articulação e houve um aumento da</p><p>amplitude de movimento passiva (BRACHER, 2003).</p><p>Fundamentos da quiropraxia8</p><p>A amplitude de movimento é o quanto a articulação promove o movimento entre os</p><p>segmentos de forma íntegra, isto é, fisiológica. A amplitude de movimento normal é</p><p>aquela em que não</p><p>há lesões ou danos nas estruturas periarticulares.</p><p>Em sua forma ativa, o paciente realiza o movimento sozinho, o que corresponde</p><p>aos movimentos do dia a dia.</p><p>Na forma passiva, o fisioterapeuta aplica uma carga a fim de aumentar a amplitude</p><p>máxima de movimento, a partir da amplitude realizada de forma ativa. Essa amplitude</p><p>demonstra a capacidade elástica articular e de suas estruturas de chegar à posição</p><p>neutra ou passar dela.</p><p>As técnicas podem ser divididas em duas categorias, as que funcionam</p><p>para qualquer indivíduo e as que dependem das matrizes mentais mais apro-</p><p>fundadas, e ambas devem levar em consideração que cada indivíduo possui</p><p>em seu corpo um sistema de recuperação único. Para incitar a recuperação</p><p>e regeneração pela ativação do sistema nervoso, lança-se mão do estímulo</p><p>manual, que é capaz de promover energia ao corpo. Isso porque as técnicas</p><p>vão além da energia mecânica, como a literatura aponta: para a quiropraxia,</p><p>a cura se dá pela energia em seu sentido mais amplo.</p><p>No processo de recuperação e reorganização das estruturas corporais,</p><p>o grande coadjuvante é o sistema nervoso. Ele é responsável por captar a</p><p>mensagem do ambiente externo, como postura em relação ao espaço, carga</p><p>corporal nos segmentos articulares, força da gravidade, entre outros. A partir</p><p>dessas informações, ele gera readaptações ou estímulos para alterações no</p><p>sentido de compensação. A compensação postural, por exemplo, pode ser</p><p>causada por um estímulo do sistema nervoso à manutenção do corpo em</p><p>uma única postura durante muito tempo. Isso faz que os músculos relaxem</p><p>e a postura se torne anteriorizada, aumentando a cifose torácica e, em casos</p><p>mais avançados, a retração da coluna lombar.</p><p>Os efeitos do ajuste promovem resultados fisiológicos, como redução da</p><p>dor, aumento da amplitude de movimento e do limiar de dor quando exposto à</p><p>pressão, menor tensão muscular, aumentos das condições de nutrição sanguí-</p><p>nea, entre outros (MIREAU; KIRKALDY-WILLIS; THIEL, 1999; BRENNAN</p><p>et al., 1992). Devido à aplicação do ajuste, podem ocorrer algumas condições</p><p>adversas, como desconforto local, dor irradiada, tontura, cefaleia, náusea e</p><p>contratura muscular (LEBOEUF-Y; HENNIUS; RUDBERG, 1997). Além</p><p>9Fundamentos da quiropraxia</p><p>disso, há contraindicações à execução da técnica: presença de instabilidade</p><p>ou déficit neurológico, fratura ou luxação não consolidadas, instabilidade arti-</p><p>cular, uso de fármacos anticoagulantes, presença de desmineralização óssea e</p><p>outras condições que possam pôr em risco a segurança do paciente (MIREAU;</p><p>KIRKALDY-WILLIS; THIEL, 1999). Desse modo, importa salientar que</p><p>a aplicação da técnica deve ser realizada por um profissional devidamente</p><p>certificado e treinado.</p><p>Basicamente, a técnica do profissional em uma sessão consiste na avaliação</p><p>inicial, de maneira genérica, com anamnese, queixa principal, história da</p><p>moléstia e exame físico. Nesse último, são testadas as amplitudes de movimen-</p><p>tos, de acordo com a queixa, e se avaliam, por meio da palpação e inspeção</p><p>da região da queixa, a integridade das estruturas e o comportamento delas</p><p>ao toque, estímulo tátil e movimento. Normalmente, o quiroprata encontra</p><p>tecidos tensionados, hiper-reativos à dor, com pouca mobilidade e aderência</p><p>da pele e fáscia muscular, estando todas essas características relacionadas ao</p><p>processo de subluxação ou deslocamento ósseo. Portanto, a reorganização</p><p>ou reposicionamento articular promoverá benefícios relativos aos processos</p><p>citados devido à retirada da causa. A subluxação pode ser entendida como</p><p>o processo em que o osso se encontra desalinhado em relação à sua posição</p><p>fisiológica. Partindo-se da ideia de que os ossos possuem funções de proteção</p><p>para o sistema nervoso, entende-se que, quando há a subluxação, também há</p><p>o deslocamento de material nervoso, levando a impulsos nocivos ao sistema</p><p>nervoso central e aos seus músculos de inervação. Além disso, o mecanismo</p><p>vascular também pode estar comprometido, e por isso é tão importante o</p><p>reposicionamento vertebral.</p><p>Nem sempre o paciente apresentará dor intensa. É comum que atletas ou</p><p>pessoas normais realizem sessões de quiropraxia como um meio preventivo.</p><p>Mesmo que a sintomatologia não esteja presente ou seja muito pequena, ainda</p><p>assim são necessários ajustes para a manutenção da integridade e proteção</p><p>do sistema. Por isso, é bastante importante que o profissional saiba manejar e</p><p>avaliar o paciente acerca de suas funcionalidades, com testes de mobilidade</p><p>neural, amplitude de movimento, provocação de dor, entre outros.</p><p>Sendo assim, é possível compreender que a prática da quiropraxia pode ser</p><p>dada tanto em casos graves de dor, desconforto e limitação de movimentos,</p><p>quanto em casos assintomáticos ou com mínima limitação ou desconforto.</p><p>Por essas razões, a quiropraxia é tão importante na atenção à saúde primária.</p><p>Fundamentos da quiropraxia10</p><p>3 Abordagem quiroprática nos distúrbios</p><p>cinético-funcionais</p><p>A quiropraxia é utilizada para tratar diversos distúrbios que estão relacionados</p><p>ao sistema musculoesquelético. Esses distúrbios podem acontecer devido a mau</p><p>alinhamento articular, processos de subluxações, compressão nervosa, tensão</p><p>muscular, desalinhamento por causas posturais, processos degenerativos ou</p><p>redução da mobilidade articular motivada por essas ou outras causas.</p><p>De acordo com Christensen (2010), a quiropraxia tem sido empregada, em</p><p>grande parte, no tratamento de patologias e distúrbios da coluna vertebral,</p><p>sendo que a maioria deles é de origem lombar, seguida de cervicalgias, cefa-</p><p>leias, dorsalgias e condições que afetam os membros inferiores e superiores</p><p>(Figura 3). A literatura aponta que o uso da quiropraxia para os processos de</p><p>dores cervicais ainda não está bem estabelecido, pois os artigos publicados</p><p>ainda não comprovam que a técnica pode ser melhor que outras aplicáveis à</p><p>região (BRONFORT et al., 2001; CHAIBI; RUSSEL, 2012). Porém, alguns</p><p>estudos apontam para os benefícios no tratamento de cervicalgias persisten-</p><p>tes e cefaleias (BRONFORT et al., 2004; GROSS et al., 2004; HASS et al.,</p><p>2010; BOLINE et al., 1995; FERNÁNDEZ-DE-LAS-PEÑAS et al., 2006).</p><p>A técnica permite a normalização do equilíbrio muscular por meio da melhora</p><p>do tônus e da mobilidade, tornando o processo de recidiva cada vez menor</p><p>(BOGDUK, 2004).</p><p>Na prática, o uso das técnicas quiropráticas geralmente apresenta bons</p><p>resultados, sendo que 80% dos pacientes se sentem satisfeitos com os resul-</p><p>tados do tratamento (GAUMER, 2006). O posicionamento do profissional</p><p>em relação ao quadro e as orientações passadas por ele são grandes fatores</p><p>que influenciam na satisfação e na resolubilidade dos casos (HERTZMAN-</p><p>-MILLER et al., 2002). Essas considerações acerca do profissional e do paciente</p><p>permitem que o quadro seja resolvido em curto prazo, além de proporcionar</p><p>ao paciente uma melhor percepção sobre suas condições de qualidade de vida</p><p>no geral (HURWITZ; MORGENSTERN; YU, 2005). Além disso, o uso da</p><p>técnica promove redução dos gastos com tratamentos caros e de média ou alta</p><p>complexidade, tanto no setor particular quanto no âmbito público de saúde</p><p>(LEGORRETA et al., 2004).</p><p>11Fundamentos da quiropraxia</p><p>Figura 3. Articulações mais comuns para o tratamento quiroprático.</p><p>Fonte: staras/Shutterstock.com.</p><p>De acordo com Dutton (2006), as dores lombares constituem a grande</p><p>maioria das queixas nos consultórios quiropráticos. Tais dores são causadas</p><p>por distúrbios que envolvem as articulações entre as vértebras lombares,</p><p>e, em muitos casos, há o envolvimento da região articular lombossacral.</p><p>A ação dos grupos musculares localizados na região também pode ser uma</p><p>grande causadora de processos dolorosos relacionados à tensão muscular e</p><p>compressão articular. Vale ressaltar que o paciente que apresenta dor lombar</p><p>tende a desenvolver fobia ao movimento e, consequentemente, uma redução</p><p>das condições funcionais dos músculos e da mobilidade articular no nível da</p><p>dor e locais adjacentes.</p><p>Fundamentos da quiropraxia12</p><p>A literatura</p><p>tem apontado os benefícios do uso da quiropraxia para o aten-</p><p>dimento de pacientes com dor lombar quando comparados aos oferecidos por</p><p>outros recursos de tratamento (WESTROM et al., 2010; HERTZMAN-MILLER</p><p>et al., 2002; STUBER; SMITH, 2008). No entanto, uma revisão de literatura</p><p>mostra que os estudos necessitam de maiores qualidades metodológicas, pois</p><p>apenas assim poderia ser melhor estabelecida a efetividade da quiropraxia no</p><p>meio científico. Ao mesmo tempo, eles afirmam que é possível perceber o</p><p>bom resultado e o alívio das dores dos pacientes submetidos aos protocolos</p><p>científicos (SILVA et al., 2012). Deve-se levar em conta que são necessários</p><p>estudos científicos para a elucidação das técnicas e a definição dos públicos</p><p>com que elas podem ser utilizadas, mas, ao mesmo tempo, é preciso considerar</p><p>que essas técnicas são desenvolvidas de formas mecânicas, evitando vieses</p><p>na pesquisa. Sabe-se que, na prática clínica, o tratamento deve ser mais hu-</p><p>manizado e, portanto, espera-se que o resultado também seja mais positivo</p><p>tanto para os pacientes quanto para os fisioterapeutas.</p><p>A abordagem do fisioterapeuta especializado em quiropraxia é semelhante</p><p>à conduta profissional fisioterapêutica, inicialmente. A recepção do paciente</p><p>já se inicia com o processo de avaliação visual e anamnese. Além disso,</p><p>é realizada a avaliação da história clínica e pregressa, assim como o exame</p><p>físico. A partir dessas informações, o fisioterapeuta deve ser capaz de diag-</p><p>nosticar e traçar os objetivos do tratamento. Durante a primeira sessão, ele</p><p>ainda poderá orientar o paciente quanto às questões posturais, à prática de</p><p>atividade física, à alimentação saudável, ao descanso e sono ideais, entre</p><p>outros aspectos que julgar necessários (HALDEMAN, 2005; BERGMANN;</p><p>PETERSON, 2010).</p><p>O tratamento em si deverá ser baseado nas condições clínicas do paciente, assim como</p><p>o número de sessões a serem indicadas. O ideal é que o profissional acompanhe esse</p><p>paciente durante algum tempo, como forma de reeducá-lo quanto às suas necessidades</p><p>físicas e educacionais com relação ao seu corpo. Inicialmente, as consultas são realizadas</p><p>com intervalos menores de tempo e, posteriormente, com a evolução do paciente,</p><p>passam a ser mais espaçadas, até o processo de desligamento com o profissional.</p><p>13Fundamentos da quiropraxia</p><p>Durante a avaliação, a análise palpatória deve ser realizada a nível articular,</p><p>a fim de observar a restrição de movimentos, assim como disfunções arti-</p><p>culares, musculares, fasciais e ligamentares. Podem ser incluídas as técnicas</p><p>de avaliação postural, da marcha e palpação durante os movimentos, com o</p><p>intuito de observar as possíveis alterações em sua forma dinâmica. A análise a</p><p>partir da palpação permite encontrar disfunções articulares ou o complexo de</p><p>subluxação vertebral. Essas condições apresentam alteração do alinhamento</p><p>articular ou da integridade e função dos movimentos, porém com congruência</p><p>articular inalterada. Na avaliação da amplitude ao movimento, é possível</p><p>observar condições de hipomobilidade, em que o movimento normal não está</p><p>preservado. Ainda, é possível testar de forma passiva se a articulação conse-</p><p>gue chegar ao nível de mobilidade fisiológico com a resistência do terapeuta</p><p>(HALDEMAN, 2005; BERGMANN; PETERSON, 2010; BYFIELD, 2012).</p><p>A terapia também atua no sentido de facilitar o entendimento do próprio</p><p>corpo a partir dos conhecimentos profissionais e do toque do fisioterapeuta.</p><p>A união dessas abordagens promove o equilíbrio emocional e da fisiologia</p><p>do organismo, a fim de recuperar e manter a saúde. Há necessidade de o</p><p>profissional trabalhar essa visão e passar conhecimentos ao paciente acerca</p><p>da percepção do seu próprio corpo, pois essas atitudes fazem parte da pre-</p><p>venção de agravos e da consequente melhor eficiência do tratamento. Assim,</p><p>é possível que, durante o processo de tratamento quiroprático, o profissional</p><p>oriente e ajude o paciente a entender a causa que o leva ao desequilíbrio e</p><p>ofereça a ele estratégias que podem ser utilizadas para as mudanças. Orien-</p><p>tações relacionadas ao descanso necessário do corpo, ao sono adequado,</p><p>à alimentação saudável e à prática de atividade física regular são algumas das</p><p>que são passadas por esse profissional.</p><p>Abordagem quiroprática na avaliação</p><p>e procedimento por segmentos</p><p>Coluna cervical</p><p>A região da coluna cervical compreende desde a primeira até a sétima vértebra,</p><p>suas ramificações nervosas e outras estruturas a que são inervadas. Nessa re-</p><p>gião, a quiropraxia trata de casuísticas como cefaleia cervicogênica e tensional,</p><p>desordens relacionadas à articulação temporomandibular, disfunção articular</p><p>das vértebras cervicais, hérnias discais, instabilidade segmentar vertebral,</p><p>Fundamentos da quiropraxia14</p><p>insuficiência vertebrobasilar, lesão de chicote, mielopatias, radiculopatias,</p><p>síndrome da dor miofascial, síndrome cruzada superior, síndrome facetaria e</p><p>torcicolo (FAGUNDES, 2013).</p><p>Na avaliação, toma-se por menor movimento o das primeiras três vértebras,</p><p>que realizam movimentos nos três eixos de movimento. Já as últimas, devido</p><p>à sua anatomia mais limitada no que diz respeito ao movimento, realizam</p><p>em maior parte a flexoextensão da coluna cervical. As disfunções dessa</p><p>região estão relacionadas a doenças degenerativas articulares, e a dor refe-</p><p>rida normalmente pode ser localizada na região do osso occipital, na cintura</p><p>escapular e ao longo do membro superior, dependendo da região afetada.</p><p>Os exames complementares podem retirar dúvidas com relação a massas</p><p>tumorais pulmonares; isso porque as doenças e tumores pulmonares podem</p><p>provocar dor na região cervical, além de que o posicionamento em decúbito</p><p>dorsal ou quadros de tosse também podem reproduzir as dores locais. O diag-</p><p>nóstico de tumor no ápice de pulmão pode indicar processos inflamatórios nas</p><p>raízes de C8 e T1 e, com isso, o agravamento do quadro doloroso. Além disso,</p><p>algumas vezes lesões lombares e sacroilíacas podem estar relacionadas com</p><p>alterações na região cervical. Por esses motivos, devem-se alinhar os exames</p><p>diagnósticos diferenciais com os neurológicos e ortopédicos, pois, dessa forma,</p><p>o diagnóstico fisioterapêutico será mais assertivo. (FAGUNDES, 2013).</p><p>Entre os testes e ajustes realizados na região cervical, estão os testes de</p><p>disfunção para restrição em extensão das vértebras C1 e C2 e o de disfunção</p><p>articular voltada para a região cervical inferior. No primeiro caso, o teste</p><p>é realizado com o paciente em decúbito dorsal. O terapeuta posiciona-se para</p><p>o lado a ser testado e segura a cabeça do paciente a partir do aspecto poste-</p><p>rolateral do processo transverso da vértebra C1 do lado ipsilateral, e a mão</p><p>contralateral se posiciona na borda inferior do occipital e apoia a cabeça do</p><p>paciente. Esse ajuste também pode ser realizado na posição sentada, alterando o</p><p>posicionamento do fisioterapeuta. O teste de disfunção articular voltada para a</p><p>cervical inferior também pode ser realizado com o paciente sentado ou deitado,</p><p>sendo que a diferença entre as posturas está na adaptação do posicionamento</p><p>do fisioterapeuta. Com o paciente sentado, o fisioterapeuta se posiciona atrás</p><p>dele e dá suporte ao segmento na região da orelha e face do paciente, enquanto</p><p>a outra mão se posiciona do lado contralateral com apoio no occipital, levando</p><p>a região aos movimentos de rotação, lateralização e extensão de cervical.</p><p>O objetivo desse teste/ajuste é justamente verificar/ liberar a restrição cervical</p><p>baixa para esses movimentos (FAGUNDES, 2013).</p><p>15Fundamentos da quiropraxia</p><p>Coluna torácica</p><p>A coluna torácica compreende as vértebras T1 a T12. As raízes torácicas estão</p><p>relacionadas ao funcionamento das vísceras, conforme apresenta o Quadro 1.</p><p>Fonte: Adaptado de Fagundes (2013).</p><p>Raiz nervosa Função</p><p>T2 Coração e artérias coronárias.</p><p>T3 Pulmões, brônquios e pleuras.</p><p>T4 Impulso nervoso à vesícula biliar.</p><p>T5 Fígado (hipotensão arterial e anemia).</p><p>T6 Estômago (má digestão, hiperacidez e dispepsia).</p><p>T7 Impulso nervoso ao</p><p>pâncreas e</p><p>duodeno (gastrites e úlceras).</p><p>T8 Baço (redução da resistência gástrica).</p><p>T9 Glândula suprarrenal (alergia recorrente).</p><p>T10 Função renal (alterações arteriais e cansaço).</p><p>T11 Fluxo nervoso dos rins e uretra (alterações</p><p>cutâneas e autointoxicação).</p><p>T12 Intestino delgado e tubas uterinas (reumatismo e colites).</p><p>Quadro 1. Raízes nervosas e suas funções</p><p>As disfunções tratadas pela quiropraxia nessa região compreendem dis-</p><p>funções costotransversa ou costovertebral, doença de Scheuermann, fratura</p><p>de costela, fratura compressiva vertebral, hiperostose esquelética idiopática</p><p>difusa, síndrome costoesternal, síndrome costovertebral, síndrome do desfi-</p><p>ladeiro torácico e fadiga postural (FAGUNDES, 2013).</p><p>Fundamentos da quiropraxia16</p><p>As queixas nessa região costumam estar relacionadas a problemas dis-</p><p>cais e contraturas musculares, mas deve-se verificar outras causas viscerais.</p><p>Os procedimentos mais comuns na região promovem ajuste na transição cervi-</p><p>cotorácica ou ajuste em decúbito dorsal. No ajuste de transição cervicotorácica,</p><p>o paciente é posicionado em decúbito ventral, e o fisioterapeuta se posiciona</p><p>do lado a ser testado ou ajustado. Ele repousa sua mão contralateral sobre a</p><p>região cervical e a ipsilateral ao paciente na região de T1 a T2. O movimento é</p><p>realizado na diagonal, e o ajuste pode ser realizado para restrições em rotação,</p><p>lateralização, ou os dois combinados (FAGUNDES, 2013).</p><p>O ajuste da torácica média é realizado por meio do ajuste em decúbito</p><p>dorsal. Nele, o fisioterapeuta posiciona o paciente com os braços cerrados no</p><p>peito e as mãos apoiadas na nuca. O fisioterapeuta faz uma leve rotação lateral</p><p>da coluna do paciente para encontrar os processos transversos da região e,</p><p>depois, o reposiciona horizontalmente. A mão de apoio é dada aos cotovelos</p><p>do paciente e realiza a pressão contra o tórax. Esse ajuste é indicado para res-</p><p>trições para rotação, lateralização ou extensão da região (FAGUNDES, 2013).</p><p>Coluna lombar</p><p>A coluna lombar é a região denominada de L1 a L5 e possui grande amplitude</p><p>de movimentos; ao mesmo tempo, está sujeita a grandes cargas corporais.</p><p>As raízes nervosas lombares estão relacionadas ao funcionamento do intestino</p><p>grosso (L1), apêndice (L2), órgãos sexuais, músculos, inervação e irrigação</p><p>dos membros inferiores (L3-5). As patologias tratadas nessa região pela qui-</p><p>roprática são espondilose lombar, espondilolistese, estenose, radiculopatia</p><p>e síndrome da cauda equina. Em geral, as dores tendem a aumentar para o</p><p>movimento de rotação, o que significa choque entre as facetas vertebrais.</p><p>O paciente com dor lombar tende à postura antálgica, hipomobilidade articular</p><p>e, algumas vezes, experimenta déficit sensorial nos dermátomos acometidos</p><p>(FAGUNDES, 2013).</p><p>Os dois ajustes mais comuns nessa região são para a restrição à rotação</p><p>com contato na região do processo mamilar e no processo espinhoso. Consi-</p><p>derando-se o primeiro, o paciente deve estar em decúbito lateral com o lado</p><p>a ser testado/ajustado contralateral à maca. O fisioterapeuta se posiciona à</p><p>frente do paciente e, com a coxa, estabiliza contra a maca a coxa do paciente,</p><p>17Fundamentos da quiropraxia</p><p>que estará com flexão de quadril e joelho. Com a mão na região caudal,</p><p>o fisioterapeuta coloca-a, em processo hipotênar ou pisiforme, sobre o processo</p><p>mamilar, e os dedos paralelos à coluna. A outra mão é posicionada de forma a</p><p>estabilizar a região do ombro, onde será também dado o ajuste para o sentido</p><p>anteroposterior (FAGUNDES, 2013).</p><p>Para o ajuste com o contato no processo espinhoso, o paciente é mantido</p><p>na mesma posição, porém a mão caudal é posicionada sobre o processo es-</p><p>pinhoso. O ajuste é dado para o mesmo sentido que no teste/ajuste anterior</p><p>(FAGUNDES, 2013).</p><p>Pelve</p><p>Problemas na região da pelve também são comumente tratados pela quiro-</p><p>praxia, sendo os mais comuns os seguintes: disfunção articular coccígea,</p><p>instabilidade pubiana, síndrome do piriforme e sacroilíaca. Essa é uma região</p><p>que recebe grande carga, vinda dos membros inferiores e também do tronco,</p><p>e que é responsável pela sustentação dos órgãos sexuais e do peso corporal.</p><p>A articulação sacroilíaca é avaliada e ajustada para sua restrição posteroin-</p><p>ferior ou anterosuperior. O posicionamento do paciente é em decúbito lateral,</p><p>enquanto o fisioterapeuta se posiciona à frente da pelve do paciente e realiza</p><p>a flexão de quadril a 90°. O lado a ser testado/ajustado nesse caso deve ser o</p><p>contralateral ao fisioterapeuta, que realiza uma alavanca, “abraçando” o ápice</p><p>do sacro do paciente. A outra mão estabiliza o braço, que deve estar firme ao</p><p>lado do corpo. O movimento realizado é com tração inferossuperior e ajuste</p><p>com vetor posteroanterior (FAGUNDES, 2013).</p><p>Para a restrição anterossuperior, o paciente também é posicionado da</p><p>mesma forma, porém o lado da restrição deve estar contralateral à maca.</p><p>O fisioterapeuta dá o suporte com a mão caudal na tuberosidade isquiática</p><p>e a mão cranial no antebraço e braço, com braço firme ao lado do corpo.</p><p>O movimento é realizado com uma tração superoinferior e vetor posteroanterior</p><p>(FAGUNDES, 2013).</p><p>Fundamentos da quiropraxia18</p><p>BERGMANN, T. 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Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade</p><p>sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>WESTROM, K. K. et al. Individualized chiropractic and integrative care for low back</p><p>pain: the design of a randomized clinical trial using a mixed-methods approach. Trials,</p><p>v. 11, p. 24, 2010.</p><p>WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO guidelines on basic training and safety in chiro-</p><p>practic. Geneva, 2005. Disponível em: http://www.who.int/medicines/areas/traditional/</p><p>Chiro-Guidelines.pdf. Acesso em: 24 jun. 2020.</p><p>Leituras recomendadas</p><p>BARRETT, A. J.; BREEN, A. C. Adverse effects of spinal manipulation. Journal of Royal</p><p>Society of Medicine, v. 93., n. 5, p. 258–259, 2000.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Práticas Integrativas e Complementares (PICS): quais são e</p><p>para que servem. Brasília, DF, 2020. Disponível em: https://saude.gov.br/saude-de-a-z/</p><p>praticas-integrativas-e-complementares. Acesso em: 24 jun. 2020.</p><p>21Fundamentos da quiropraxia</p>

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