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<p>ADMINISTRAÇÃO</p><p>PÚBLICA</p><p>Unidade 4</p><p>CEO</p><p>DAVID LIRA STEPHEN BARROS</p><p>Diretora Editorial</p><p>ALESSANDRA FERREIRA</p><p>Gerente Editorial</p><p>LAURA KRISTINA FRANCO DOS SANTOS</p><p>Projeto Gráfico</p><p>TIAGO DA ROCHA</p><p>Autoria</p><p>JULIANE MARISE BARBOSA TEIXEIRA</p><p>KARINE HERANI</p><p>4 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>A</p><p>U</p><p>TO</p><p>RI</p><p>A</p><p>Juliane Marise Barbosa Teixeira</p><p>Olá. Sou Doutoranda em Engenharia da Produção</p><p>e Sistemas pela (PUCPR) com foco em Engenharia das</p><p>Organizações, Mestre em Tecnologia e Desenvolvimento do</p><p>PPGTE na UTFPR, Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas</p><p>pela PUCPR, Especialização em Psicopedagogia; Especialista em</p><p>Pedagogia Empresarial e Educação Corporativa, Especialista</p><p>em Formação Docente e Tutoria em EaD e possuo MBA em</p><p>Administração pública e Gerenciamento de Cidades. Graduada</p><p>em Letras pela PUCPR e Graduanda em Administração. Atuei</p><p>como Diretora de EaD e Professora na Faculdade Inspirar.</p><p>Orientadora do Programa Agentes Locais de Inovação (ALI</p><p>SebraePR). Coordenadora da Agência de Inovação da UNINTER,</p><p>Coordenadora Adjunta do Curso Tecnológico Superior em Gestão</p><p>Pública, MBA em Administração pública e Gerência de Cidades e</p><p>MBA em Marketing Político e Organização de Campanha Eleitoral,</p><p>além de Especialização em Sustentabilidade e Políticas Públicas</p><p>na Escola de Gestão Pública, Política e Jurídica da EGPPJ no Centro</p><p>Universitário Internacional da UNINTER. Atuei como professora</p><p>Tutora convidada na Coordenação de Tecnologia na Educação</p><p>na COTED da UTFPR. Trabalhei quatro anos em Angola como</p><p>coordenadora de Recursos Humanos em empresa de engenharia</p><p>com aproximadamente dois mil funcionários e cinco filiais pelo</p><p>país. Possuo experiência na área de Administração, com ênfase</p><p>em Gestão Estratégica de Pessoas e Formação Profissional. Sou</p><p>docente na área de Gestão de Pessoas na administração pública</p><p>e Gestão da Inovação e Modelos de Gestão. Sou apaixonada pelo</p><p>que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles</p><p>que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada</p><p>pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores</p><p>independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta</p><p>fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!</p><p>5ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Karine Herani</p><p>Sou advogada com mais de 22 anos de experiência na</p><p>área de consultoria jurídica empresarial e gestão de negócios,</p><p>desenvolvimento de negócios, processos de inovação, negócios</p><p>internacionais e gestão de projetos. Trabalho como consultora</p><p>e tive oportunidade de trabalhar em diferentes setores da</p><p>indústria, de alimentos a equipamentos, em 3 países diferentes.</p><p>Estou imensamente feliz em iniciar com você essa jornada rumo</p><p>a novos conhecimentos. Vamos lá?</p><p>A</p><p>U</p><p>TO</p><p>RI</p><p>A</p><p>6 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>ÍC</p><p>O</p><p>N</p><p>ES</p><p>7ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Assuntos diretamente ligados aos aspectos processuais,</p><p>tecnológicos e políticos da Administração pública estão</p><p>fortemente conectados com a inovação, a globalização e a</p><p>mudança de perspectiva do funcionalismo público mundial.</p><p>Certamente a sociedade brasileira, assim como as demais</p><p>sociedades, foi diretamente influenciada por suas políticas</p><p>públicas estabelecidas em função das práticas econômicas e</p><p>interesses político-partidários. O país foi colonizado por décadas</p><p>e este fato refletiu nos modelos de gestão nacionais. Os primeiros</p><p>ensaios para a libertação desse quadro tradicional permaneceram</p><p>por décadas amarrados em processos burocráticos da máquina</p><p>do governo, mas com as transformações sociais e econômicas,</p><p>o panorama foi favorecendo a adoção de modelos alternativos</p><p>para a gestão como, por exemplo, o Projeto Judicial Digital</p><p>(PROJUDI). Veremos ao decorrer deste estudo, como as formas</p><p>de pensar a formação técnico-profissional a partir da primeira</p><p>república foram sendo direcionadas para que permanecêssemos</p><p>amarrados à burocratização dos processos públicos até os dias</p><p>atuais.</p><p>Nosso ponto de partida será a concepção dos processos</p><p>e recursos das tecnologias aplicadas à administração e à</p><p>governança de TI. Logo depois, faremos uma reflexão sobre os</p><p>ganhos da modernização da máquina pública versus burocracia.</p><p>Com isso, poderemos compreender quais são os limites da</p><p>política atuando sobre a máquina pública e finalmente, perceber</p><p>os conceitos e implicações das relações e processos da ética na</p><p>administração pública, passando desde o contexto histórico,</p><p>passando pelo cenário atual até as tendências.</p><p>Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai</p><p>mergulhar nesse universo!</p><p>IN</p><p>TR</p><p>O</p><p>D</p><p>U</p><p>ÇÃ</p><p>O</p><p>8 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Olá. Seja muito bem vindo a nossa Unidade 4, e o nosso</p><p>objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes</p><p>competências profissionais até o término desta etapa de estudos:</p><p>1. Compreender os processos e os recursos tecnológicos</p><p>aplicados à administração e à governança de TI.</p><p>2. Identificar os ganhos da Modernização da máquina</p><p>pública versus burocracia.</p><p>3. Avaliar os limites da política no que concerne à sua</p><p>atuação sobre a máquina pública.</p><p>4. Organizar os conceitos e implicações das relações e</p><p>processos da ética na administração pública, desde o</p><p>contexto histórico, cenário atual e tendências.</p><p>Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao</p><p>conhecimento? Ao trabalho!</p><p>CO</p><p>M</p><p>PE</p><p>TÊ</p><p>N</p><p>CI</p><p>A</p><p>S</p><p>9ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>S</p><p>U</p><p>M</p><p>Á</p><p>RI</p><p>O</p><p>Processos e tecnologias na administração pública ............. 10</p><p>A economia e seus reflexos nas tecnologias aplicadas à administração e a</p><p>governança de TI ...............................................................................................14</p><p>Globalização versus mundialização ..................................................17</p><p>A tecnologia da informação e sua presença nos demais</p><p>cenários da administração</p><p>pública ....................................................................................22</p><p>Modernização da máquina pública versus burocracia ......... 25</p><p>Quesitos legais e trajetória da modernização da administração pública no</p><p>Brasil.....................................................................................................................28</p><p>LEI Nº13.726/2018 ..............................................................................31</p><p>O Decreto Lei 200/1967 .....................................................38</p><p>Os limites da política sobre a máquina pública ................... 44</p><p>Direitos sociais fundamentais ........................................................................47</p><p>Parâmetro para o controle judicial das políticas públicas ...........52</p><p>Os Limites constitucionais ..................................................56</p><p>Ética na administração pública .............................................. 60</p><p>O conceito de ética ............................................................................................61</p><p>Os princípios da ética pública ...........................................................65</p><p>Lei de Responsabilidade Fiscal .........................................71</p><p>10 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Processos e tecnologias na</p><p>administração pública</p><p>OBJETIVO</p><p>Neste capítulo você verá como a modernização</p><p>e a globalização impulsionaram a reforma nos</p><p>modelos e processos de entrega de serviços da</p><p>administração pública para a sociedade. Nos</p><p>cenários educacionais, você aprenderá o que são</p><p>as Tecnologias da Informação e Comunicação</p><p>(TICs) que são ações que vêm moldando um</p><p>novo modelo de sociedade e consequentemente</p><p>diferentes modalidades de gestão, entre elas,</p><p>as que refletem a administração pública, tão em</p><p>evidência no atual cenário brasileiro.</p><p>A administração pública tem, ao longo das décadas,</p><p>enfrentado desafios crescentes para se modernizar e otimizar</p><p>sua operação. Nesse cenário, a revisão de processos e a adoção</p><p>de novas tecnologias emergem como ferramentas fundamentais</p><p>para</p><p>limites”.</p><p>Esses limites transitam desde onde pode avançar as</p><p>alterações e suas disposições ao quanto aos limites estão</p><p>enumeradas no texto constitucional blindando a continuidade</p><p>dos valores eleitos como imutáveis pelo seu documento original</p><p>(FERREIRA apud CANELA JR., 2011).</p><p>Bonavides (2004, pág.198) caracteriza as limitações em</p><p>três aspectos:</p><p>a. Limites temporais.</p><p>b. Limites circunstanciais.</p><p>c. Limites materiais.</p><p>A SUBSEÇÃO II – Da Emenda à Constituição, traz:</p><p>Art. 60. A Constituição poderá ser emendada</p><p>mediante proposta:</p><p>58 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>I–de um terço, no mínimo, dos membros da</p><p>Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;</p><p>II–do Presidente da República;</p><p>III–de mais da metade das Assembleias</p><p>Legislativas das unidades da Federação,</p><p>manifestando-se, cada uma delas, pela</p><p>maioria relativa de seus membros.</p><p>§ 1o A Constituição não poderá ser emendada</p><p>na vigência de intervenção federal, de estado</p><p>de defesa ou de estado de sítio.</p><p>§ 2o A proposta será discutida e votada</p><p>em cada Casa do Congresso Nacional, em</p><p>dois turnos, considerando-se aprovada se</p><p>obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos</p><p>respectivos membros.</p><p>§ 3o A emenda à Constituição será</p><p>promulgada pelas Mesas da Câmara dos</p><p>Deputados e do Senado Federal, com o</p><p>respectivo número de ordem.</p><p>§ 4o Não será objeto de deliberação a</p><p>proposta de emenda tendente a abolir:</p><p>I–a forma federativa de Estado;</p><p>II–o voto direto, secreto, universal e</p><p>periódico;</p><p>III–a separação dos Poderes;</p><p>IV–os direitos e garantias individuais.</p><p>§ 5o A matéria constante de proposta</p><p>de emenda rejeitada ou havida por</p><p>prejudicada não pode ser objeto de nova</p><p>proposta na mesma sessão legislativa.</p><p>(BRASIL, 2019, pág.51-52)</p><p>59ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Imagem 4.11 - Constituição blindada.</p><p>Fonte: Wikimedia Commons.</p><p>RESUMINDO</p><p>Você viu que não cabe ao Poder Judiciário limitar</p><p>ou ditar a atuação das políticas públicas e sim</p><p>atuar quando esse deixa de cumprir seu papel ou</p><p>o faz de forma alheia à lei e às garantias essenciais</p><p>constituídas à sociedade. Aprendeu quais as</p><p>limitações de atuação do Poder Judiciário e como</p><p>a Constituição pode ser emendada, muito embora</p><p>a liberdade de mudança seja limitada pela própria</p><p>constituição original.</p><p>https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Constituição_do_Brasil_de_1988_in_exposition.JPG</p><p>60 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Ética na administração pública</p><p>OBJETIVO</p><p>Neste capítulo você conhecerá como a</p><p>competitividade extrema e desregulada afeta o</p><p>ambiente econômico, político e comercial. Como</p><p>mesmo em um cenário de inovações, colaboração</p><p>e integração, muitas empresas privadas e órgãos</p><p>públicos ainda acreditam que devem ter como</p><p>objetivo o lucro a qualquer custo, principalmente</p><p>se puderem ser conseguidos com o prejuízo da</p><p>concorrência e até mesmo dos clientes. Veremos</p><p>o papel da ética na atuação da administração</p><p>pública. Mesmo em um ambiente competitivo</p><p>como o econômico, as considerações éticas não</p><p>podem perder sua relevância. Você verá que cada</p><p>vez mais há uma procura por um atendimento</p><p>de qualidade frente às demandas do cidadão e</p><p>proteção ao meio ambiente.</p><p>Uma nova tendência vem crescendo a cada ano e hoje</p><p>é quase que uma realidade. Estamos falando das exigências</p><p>do cidadão, que não recaem apenas na procura por produtos</p><p>ou serviços de qualidade, mas também, se as empresas que os</p><p>fornecem são éticas e se atuam com responsabilidade social</p><p>e ambiental. Em outras palavras, na hora da compra, além da</p><p>relação custo/benefício o consumidor também presta atenção</p><p>se a empresa tem uma atuação positiva na comunidade em que</p><p>está inserida. Sabemos que uma das questões mais “quentes”</p><p>atualmente é o controle social sobre a agressão ao meio</p><p>ambiente.</p><p>Os altos custos ambientais, por exemplo, pela ameaça</p><p>que representam à população e ao planeta, estão colocando as</p><p>empresas devastadoras numa posição muito delicada. Afinal,</p><p>os interesses desse tipo de empresa (seja de caráter público</p><p>61ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>ou privado) entram em conflito direto com os interesses da</p><p>coletividade.</p><p>A ética na administração pública desempenha um papel</p><p>fundamental na garantia da integridade, responsabilidade e</p><p>transparência dos órgãos governamentais e seus agentes. Trata-</p><p>se de um conjunto de princípios e valores que orientam as ações</p><p>dos servidores públicos no exercício de suas funções, buscando</p><p>assegurar o bem comum, a imparcialidade nas decisões, a</p><p>prestação de serviços de qualidade à sociedade e a utilização</p><p>adequada dos recursos públicos. A promoção de uma cultura</p><p>ética na administração pública não apenas fortalece a confiança</p><p>dos cidadãos nas instituições governamentais, mas também</p><p>contribui para o alcance de objetivos sociais e econômicos de</p><p>forma justa e equitativa.</p><p>O conceito de ética</p><p>A ética é um campo filosófico que explora os princípios</p><p>e valores que guiam o comportamento humano, definindo o</p><p>que é considerado certo ou errado, justo ou injusto. Ela fornece</p><p>um arcabouço para a reflexão sobre as escolhas individuais</p><p>e coletivas, levando em conta o impacto dessas decisões na</p><p>sociedade, nos relacionamentos interpessoais e no próprio</p><p>indivíduo. A ética não apenas busca orientar ações morais, mas</p><p>também examina os fundamentos e justificativas por trás dessas</p><p>ações, considerando aspectos como o respeito pelos direitos dos</p><p>outros, a equidade e a busca pelo bem comum.</p><p>Segundo Sá (2009), a ética “estuda os fenômenos</p><p>morais, as morais históricas, os códigos de normas que regulam</p><p>as relações e as condutas dos agentes sociais, os discursos</p><p>normativos que identificam, em cada coletividade, o que é certo</p><p>ou errado fazer” (SÁ, 2009, pág.15).</p><p>62 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>A ética não pode ser confundida com lei, embora, com</p><p>certa frequência, a lei tenha como base princípios éticos. Porém,</p><p>diferentemente da lei, nenhum indivíduo pode ser compelido,</p><p>pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas</p><p>éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a essas.</p><p>Mas a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas pela</p><p>ética (SUÁREZ e TELLERÍA, 2007).</p><p>A ética abrange uma vasta área, podendo ser aplicada</p><p>à vertente profissional. Existem códigos de ética profissional</p><p>que indicam como um indivíduo deve se comportar no âmbito</p><p>da sua profissão. A ética e a cidadania são dois dos conceitos</p><p>que constituem a base de uma sociedade próspera (SUÁREZ e</p><p>TELLERÍA, 2007).</p><p>Está diretamente relacionada com a forma em que os</p><p>agentes públicos exercem seus cargos e desempenham suas</p><p>funções. Conforme vimos acima, existem descritivos de condutas</p><p>éticas esperadas em algumas classes profissionais. Dos agentes</p><p>públicos, espera-se a exibição de valores morais pungentes. Em</p><p>destaque a boa fé e todos aqueles necessários para manutenção</p><p>de uma convivência harmoniosa em sociedade. Espera-se</p><p>também que o agente público seja transparente, comprometido</p><p>com o bem estar da sociedade, que aja e trabalhe em prol do</p><p>desenvolvimento social e comungue com os princípios da</p><p>administração pública em todos os seus atos, renunciando ao</p><p>favoritismo e à beneficiação pessoal.</p><p>63ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Imagem 4.12 - Agente público transparente.</p><p>Fonte: Freepik.</p><p>Um profissional que desempenha uma função pública</p><p>deve ser capaz de pensar de forma estratégica, inovar, cooperar,</p><p>aprender e desaprender quando necessário, elaborar formas</p><p>mais eficazes de trabalho. Infelizmente, os casos de corrupção</p><p>no âmbito do serviço público são fruto de profissionais que não</p><p>trabalham de forma ética (SUÁREZ e TELLERÍA, 2007).</p><p>A liderança é a questão central de todas as organizações,</p><p>se generaliza o porquê de fato são esses os atores principais que</p><p>vão conduzir as organizações, quando um profissional resolve</p><p>ser um líder e ao conquistar o cargo, aceitar com humildade,</p><p>responsabilidade e principalmente ética nas ações e decisões.</p><p>No passado, a questão da obediência, “eu mando e você</p><p>executa”, era</p><p>o processo de chefiar, já que não havia o diálogo</p><p>e a discussão sadia para verificar a melhor forma de alcançar</p><p>os objetivos traçados. Se nos aprofundarmos no sentido da</p><p>palavra consentimento, consenso, vamos verificar que não</p><p>basta somente o consentimento porque devemos obedecer um</p><p>https://br.freepik.com/fotos-gratis/feche-pessoas-sorridentes_20550533.htm#query=funcionário%20público&position=39&from_view=search&track=ais</p><p>64 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>superior, mas deve ser exaurido por meio do diálogo sobre qual</p><p>a direção a ser tomada (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2017).</p><p>O papel do líder é de suma importância, pois deverá</p><p>ter poder de influenciar na decisão que melhor aprouver à</p><p>organização, de posse das informações fornecidas durante</p><p>o debate. Momento rico que faz com que o líder também</p><p>compreenda qual o melhor caminho a ser tomado (TEIXEIRA e</p><p>RIBEIRO, 2017).</p><p>Imagem 4.13 -Liderança.</p><p>Fonte: Freepik.</p><p>A lista não é estática, pelo contrário, à cada virada de</p><p>mercado, que sabemos que é dinâmica, novas características são</p><p>requisitadas dos líderes. O profissional, ao aceitar o desafio de</p><p>assumir uma posição de comando, deverá ter como princípio o</p><p>quanto lhe será exigido e deve querer isso. Sabemos que não são</p><p>todos os profissionais que querem ser gestores e com certeza as</p><p>empresas não possuem esta posição para todos. Por isso que as</p><p>empresas devem ter programas bem estabelecidos de sucessão</p><p>e de acompanhamento de seus potenciais líderes (TEIXEIRA e</p><p>RIBEIRO, 2017).</p><p>https://br.freepik.com/fotos-gratis/arranjo-do-dia-do-chefe-com-barquinhos-de-papel_10014368.htm#query=liderança&position=26&from_view=search&track=sph</p><p>65ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>As empresas devem entender que o setor de Recursos</p><p>Humanos, é extremamente estratégico, deve ter autonomia para</p><p>estabelecer programas de lideranças, auxiliar os CEOs de forma</p><p>isonômica, para que possa ser um facilitador até para que os</p><p>candidatos a esta posição compreendam se estão preparados</p><p>para esta missão. Assim, para assumir o papel de gestor é preciso</p><p>uma exaustiva reflexão e análise (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2017).</p><p>Os princípios da ética pública</p><p>Os princípios da ética pública são os fundamentos</p><p>norteadores que orientam o comportamento e as decisões dos</p><p>agentes que atuam na esfera governamental, visando garantir</p><p>a integridade, a justiça e a responsabilidade nas ações do</p><p>setor público. Esses princípios constituem um guia essencial</p><p>para promover a confiança da sociedade nas instituições</p><p>governamentais e para assegurar que os interesses coletivos</p><p>prevaleçam sobre os interesses individuais. Alguns dos princípios</p><p>centrais da ética pública incluem:</p><p>a. Legalidade: Os agentes públicos devem agir de acordo</p><p>com a legislação vigente, respeitando as normas e</p><p>regulamentos estabelecidos. Isso garante que as ações</p><p>governamentais sejam realizadas dentro dos limites</p><p>legais e evita abusos de poder.</p><p>b. Impessoalidade: Os agentes públicos devem tratar</p><p>todos os cidadãos de forma igual e imparcial, sem</p><p>discriminação ou favorecimento injustificado. As</p><p>decisões devem ser baseadas em critérios objetivos,</p><p>sem influências pessoais ou partidárias.</p><p>c. Transparência: A divulgação aberta e acessível das</p><p>informações relativas às atividades governamentais</p><p>é essencial para possibilitar o monitoramento pela</p><p>66 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>sociedade. A transparência promove o controle e reduz</p><p>a possibilidade de práticas obscuras ou corrupção.</p><p>d. Responsabilidade: Os agentes públicos devem assumir a</p><p>responsabilidade por suas ações e decisões, prestando</p><p>contas pelos resultados alcançados. Isso inclui a</p><p>disposição para corrigir erros e promover melhorias</p><p>quando necessário.</p><p>e. Integridade: A integridade implica em agir de maneira</p><p>honesta, ética e moralmente correta, evitando conflitos</p><p>de interesse, subornos e corrupção. Os agentes</p><p>públicos devem manter altos padrões de conduta e</p><p>ética em todas as situações.</p><p>f. Eficiência: A busca pela eficiência no uso dos recursos</p><p>públicos é essencial para otimizar a prestação de</p><p>serviços e alcançar resultados de maneira eficaz,</p><p>evitando desperdícios e ineficiências.</p><p>g. Bem comum: As ações da administração pública devem</p><p>ser pautadas pelo interesse coletivo e pelo benefício da</p><p>sociedade como um todo. Os agentes públicos devem</p><p>considerar o impacto de suas decisões na melhoria da</p><p>qualidade de vida dos cidadãos.</p><p>h. Competência: Os agentes públicos devem possuir</p><p>as habilidades e conhecimentos necessários para</p><p>desempenhar suas funções de maneira competente e</p><p>eficaz, assegurando a entrega de serviços de qualidade.</p><p>i. Respeito pelos direitos humanos: A ética pública deve</p><p>incluir a proteção e promoção dos direitos humanos,</p><p>garantindo que as ações do governo não violem os</p><p>direitos fundamentais dos cidadãos.</p><p>67ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>j. Equidade: A equidade diz respeito à justiça distributiva,</p><p>garantindo que os recursos e benefícios sejam</p><p>alocados de maneira justa e igualitária, considerando</p><p>as necessidades de todos os membros da sociedade.</p><p>Esses princípios formam um quadro ético sólido que</p><p>orienta o comportamento dos agentes públicos, contribuindo</p><p>para uma governança mais transparente, responsável e eficaz.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para saber mais e se aprofundar na Justiça</p><p>distributiva e seus fundamentos leia o artigo “A</p><p>Justiça distributiva”. Disponível abaixo.</p><p>Segundo Cristina Seijo Suárez e Noel Añez Tellería</p><p>(2007) os princípios da ética citados no artigo: “Gestão Ética na</p><p>Administração Pública: Uma Base Fundamental para a Gestão</p><p>Ética do Desenvolvimento” são ações positivas e voltadas ao bem</p><p>coletivo. Vejamos seus fundamentos:</p><p>Os processos seletivos para o ingresso na função pública</p><p>devem estar ancorados no princípio do mérito e da capacidade</p><p>e não só o ingresso como carreira no âmbito da função pública</p><p>(SUÁREZ e TELLERÍA, 2007).</p><p>A formação continuada que se deve proporcionar aos</p><p>funcionários públicos deve ser dirigida, entre outras coisas, para</p><p>transmitir a ideia de que o trabalho a serviço do setor público</p><p>deve realizar-se com perfeição, sobretudo porque se trata de</p><p>https://www.jusbrasil.com.br/doutrina/secao/7-a-justica-distributiva-segunda-parte-o-direito-como-justo-axiologia-juridica-introducao-a-ciencia-do-direito/1314941186</p><p>68 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>trabalho realizado em benefícios de “outros” (SUÁREZ e TELLERÍA,</p><p>2007).</p><p>A chamada gestão de pessoal e as relações humanas na</p><p>administração pública devem estar presididas pelo bom propósito</p><p>e uma educação esmerada. O clima e o ambiente laboral devem</p><p>ser positivos e os funcionários devem se esforçar para viver</p><p>no cotidiano esse espírito de serviço para a coletividade que</p><p>justifica a própria existência da administração pública (SUÁREZ</p><p>e TELLERÍA, 2007). A atitude de serviço e interesse visando</p><p>o coletivo deve ser o elemento mais importante da cultura</p><p>administrativa. A mentalidade e o talento se encontram na raiz</p><p>de todas as considerações sobre a ética pública e explicam, por</p><p>si mesmos, a importância do trabalho administrativo (SUÁREZ e</p><p>TELLERÍA, 2007).</p><p>Constitui um importante valor deontológico potencializar</p><p>o orgulho que provoca a identificação do funcionário com os</p><p>fins do organismo público no qual trabalha. Trata-se da lealdade</p><p>institucional, a qual constitui um elemento capital e uma obrigação</p><p>central para uma gestão pública que aspira a manutenção de</p><p>comportamentos éticos (SUÁREZ e TELLERÍA, 2007).</p><p>A formação em ética deve ser um ingrediente</p><p>imprescindível nos planos de formação dos funcionários</p><p>públicos. Além do mais, devem buscar fórmulas educativas que</p><p>tornem possível que esta disciplina se incorpore nos programas</p><p>docentes prévios ao acesso à função pública. Embora, deva estar</p><p>presente na formação contínua do funcionário. No ensino da ética</p><p>pública deve-se ter presente que os conhecimentos teóricos de</p><p>nada servem se não se interiorizam na práxis do servidor público</p><p>(SUÁREZ e TELLERÍA, 2007).</p><p>69ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>O comportamento ético deve levar o funcionário público</p><p>à busca das fórmulas mais eficientes e econômicas para levar a</p><p>cabo sua tarefa (SUÁREZ e TELLERÍA, 2007).</p><p>A atuação pública deve estar guiada pelos princípios</p><p>da igualdade e não discriminação. O funcionário deve atuar</p><p>sempre como servidor público e não deve transmitir informação</p><p>privilegiada ou confidencial. O funcionário, como qualquer outro</p><p>profissional, deve guardar o sigilo de ofício (SUÁREZ e TELLERÍA,</p><p>2007);</p><p>O interesse coletivo no Estado social e democrático de</p><p>Direito existe para ofertar aos cidadãos um conjunto de condições</p><p>que torne possível seu aperfeiçoamento integral e lhes permita</p><p>um exercício efetivo de todos os seus direitos fundamentais.</p><p>Para tanto, os funcionários devem ser conscientes de sua função</p><p>promocional dos poderes públicos e atuar em consequência</p><p>disso. (SUÁREZ e TELLERÍA, 2007).</p><p>Imagem 4.14 - Listando a ética na administração Pública.</p><p>Fonte: Pixabay.</p><p>https://pixabay.com/pt/vectors/garota-saia-sorriso-bonitinho-1600991/</p><p>70 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Sem nunca deixar de considerar que o novo modelo</p><p>de gestão pública, aquele conectado à TI e redes sociais, visa</p><p>manter um bom perfil e uma elevada qualificação de seus</p><p>usuários, assim, serviços como Ouvidorias e Call Centers para</p><p>atendimentos são regulamentadas e disponibilizadas pela</p><p>Administração Pública (direta e também indireta), bem como a</p><p>outros órgãos competentes que vistoriem e intervenham no bom</p><p>funcionamento dos serviços públicos à sociedade.</p><p>Sob olhares da Lei nº 8.429/92 e a lei 14.230/21 (que deu</p><p>nova redação a artigos da lei 8.429/92) versam sobre improbidade</p><p>administrativa. Dispondo sobre as sanções aplicáveis aos agentes</p><p>públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de</p><p>mandato, cargo, emprego ou função na administração pública</p><p>direta, indireta ou fundacional e dá outras providências, cabe</p><p>também à cobrança e fiscalização das condutas éticas e orais dos</p><p>agentes públicos.</p><p>DEFINIÇÃO</p><p>A improbidade administrativa se refere a ações</p><p>desonestas, fraudulentas ou ilegais cometidas por</p><p>agentes públicos no exercício de suas funções, que</p><p>resultam em prejuízos para o patrimônio público,</p><p>a moralidade administrativa e os interesses da</p><p>sociedade como um todo. Essa conduta viola os</p><p>princípios da ética pública, incluindo a legalidade, a</p><p>honestidade, a imparcialidade e a responsabilidade.</p><p>A improbidade administrativa abrange uma</p><p>variedade de comportamentos, como desvio de</p><p>recursos, nepotismo, enriquecimento ilícito, uso</p><p>indevido do cargo público em benefício próprio ou</p><p>de terceiros, entre outros.</p><p>71ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Imagem 4.15 - Improbidade Administrativa tem punição.</p><p>Fonte: Pixabay.</p><p>Lei de Responsabilidade Fiscal</p><p>A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), Lei complementar</p><p>101/2000, representa um marco legal crucial na gestão</p><p>financeira e fiscal dos governos, tanto em nível federal quanto</p><p>nos estados e municípios. Criada com o objetivo de estabelecer</p><p>normas e critérios para o equilíbrio das contas públicas, a</p><p>LRF visa promover a transparência, a responsabilidade e a</p><p>sustentabilidade fiscal, assegurando que os gestores públicos</p><p>ajam de maneira responsável no uso dos recursos e na condução</p><p>das políticas econômicas. A legislação estabelece limites para</p><p>gastos com pessoal, endividamento, concessão de garantias e</p><p>contratação de operações de crédito, garantindo que as finanças</p><p>públicas sejam geridas de forma prudente e em conformidade</p><p>com princípios éticos e econômicos sólidos.</p><p>https://pixabay.com/pt/photos/fiscal/</p><p>72 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>A Lei Complementar Nº 101/2000 estabelece normas de</p><p>finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão</p><p>fiscal e dá outras providências.</p><p>ACESSE</p><p>Para acessar a Lei complementar nº101/2000 na</p><p>íntegra acesse o link a seguir:</p><p>A Lei Complementar nº 101/2000, estabelece os</p><p>fundamentos e diretrizes para a gestão fiscal responsável por</p><p>parte dos entes federativos.</p><p>A abrangência da LRF é ampla, incluindo diversos aspectos</p><p>da gestão fiscal, como despesas com pessoal, endividamento,</p><p>transparência, limites para gastos e operações de crédito. A lei</p><p>define limites e critérios que os gestores públicos devem observar</p><p>ao tomar decisões financeiras e orçamentárias, contribuindo</p><p>para a prevenção do desequilíbrio fiscal e a promoção de uma</p><p>administração pública responsável e transparente.</p><p>A aplicação prática da Lei Complementar nº 101/2000, a Lei</p><p>de Responsabilidade Fiscal (LRF), envolve uma série de medidas</p><p>e procedimentos que os entes federativos devem adotar para</p><p>garantir a saúde financeira, a transparência e a responsabilidade</p><p>na gestão pública. Alguns exemplos de aplicação prática da LRF</p><p>incluem:</p><p>A LRF estabelece limites para as despesas com pessoal,</p><p>tanto do Poder Executivo quanto do Legislativo e do Judiciário.</p><p>Esses limites visam evitar que o crescimento descontrolado</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13726.htm</p><p>73ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>dessas despesas comprometa a capacidade de investimento</p><p>e os serviços públicos essenciais. Define critérios para o</p><p>endividamento público, incluindo limites para a relação entre a</p><p>dívida consolidada e a receita corrente líquida. Isso impede que</p><p>os entes federativos acumulem dívidas excessivas que possam</p><p>comprometer sua capacidade de pagamento.</p><p>A LRF exige que os entes federativos disponibilizem</p><p>informações sobre suas finanças de maneira clara e acessível</p><p>ao público. Isso inclui a publicação de relatórios fiscais, balanços</p><p>contábeis e demonstrativos de gastos, permitindo que os</p><p>cidadãos acompanhem e fiscalizem a utilização dos recursos</p><p>públicos.</p><p>Os entes federativos são obrigados a estabelecer metas</p><p>fiscais para os próximos anos, indicando seus objetivos de</p><p>arrecadação e gastos. Se as metas não forem atingidas, medidas</p><p>de contingenciamento e ajuste podem ser acionadas, incluindo a</p><p>redução de despesas e a suspensão de aumentos salariais.</p><p>A LRF estabelece limites para as operações de crédito que</p><p>os entes federativos podem contratar. Isso evita o endividamento</p><p>excessivo e desordenado, assegurando que as obrigações</p><p>financeiras sejam sustentáveis.</p><p>A lei estabelece que o ente federativo deve divulgar</p><p>relatórios e demonstrativos que evidenciem a situação</p><p>fiscal, permitindo avaliar o cumprimento dos limites e metas</p><p>estabelecidos.</p><p>Estabelece sanções para gestores que não cumpram as</p><p>determinações da lei, incluindo a possibilidade de inelegibilidade</p><p>e a proibição de receber transferências voluntárias da União.</p><p>74 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>A aplicação prática da LRF requer a adoção de práticas</p><p>de gestão responsável, o monitoramento constante das finanças</p><p>públicas e a tomada de decisões embasadas em critérios técnicos</p><p>e orçamentários sólidos. Isso contribui para a promoção da</p><p>transparência, o uso eficiente dos recursos e a sustentabilidade</p><p>fiscal, garantindo uma administração pública mais equilibrada e</p><p>responsável.</p><p>RESUMINDO</p><p>Neste capítulo vimos que o comportamento</p><p>ético deve levar o funcionário público à busca</p><p>das fórmulas mais eficientes e econômicas para</p><p>levar a cabo sua tarefa. Vimos ainda, que o novo</p><p>modelo de gestão pública, aquele conectado à TI</p><p>e redes sociais, visa manter um bom perfil e uma</p><p>elevada qualificação de seus usuários e ainda há</p><p>lei própria para as sanções aplicáveis aos agentes</p><p>públicos nos casos de enriquecimento ilícito no</p><p>exercício de mandato, cargo, emprego ou função</p><p>na administração pública direta, indireta ou</p><p>fundacional. Vimos que a lei estabelece normas de</p><p>finanças públicas voltadas para a responsabilidade</p><p>na gestão fiscal.</p><p>75ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>BONAVIDES, P. Curso de Direito Constitucional. 18. ed. São</p><p>Paulo: Malheiros, 2004.</p><p>BRASIL. Constitição da República Federativa do Brasil. Brasília.</p><p>Senado Federal, 2010.</p><p>DOSI, G. Technological paradigms and technological trajectories.</p><p>Revista Brasileira de Inovação, v. 5, n. 1, p. 17-32, jan./jun. 2006.</p><p>FERREIRA Jr, A. B., SCHNEIDER, E. I., TEIXEIRA, J. M. B. , CASTANHEIRA,</p><p>N. O plano nacional de educação (PNE) e a ascensão das</p><p>tecnologias da informação e comunicação (TIC) nos processos</p><p>de ensino e aprendizagem. Disponível em: http://www.abed.</p><p>org.br/congresso2015/anais/pdf/BD_153.pdf Acesso em: 26 Dez</p><p>2018.</p><p>FERREIRA, R. E. Políticas públicas e limites ao poder</p><p>discricionário: análise da Sta-agr 175 . Diponível em: http://www.</p><p>publicadireito.com.br/artigos/?cod=fe7ecc4de28b2c83 Acesso</p><p>em: 02 Jan 2019.</p><p>FIGUEIREDO, M. O controle das políticas públicas pelo poder</p><p>judiciário no Brasil - uma visão geral. Revista eletrônica</p><p>da faculdade de direito da PUC/SP, v. 1, pág. 1-55, 2008.</p><p>Disponível em: http://revistas.pucsp.br/index.php/red/article/</p><p>download/736/509 Acesso em: 30 Dez 2018.</p><p>IANNI, O. As ciências sociais na época da globalização. Revista</p><p>brasileira de ciências sociais - vol. 13, n. 37, 1998, pág. 2-40.</p><p>http://www.abed.org.br/congresso2015/anais/pdf/BD_153.pdf</p><p>http://www.abed.org.br/congresso2015/anais/pdf/BD_153.pdf</p><p>http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=fe7ecc4de28b2c83</p><p>http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=fe7ecc4de28b2c83</p><p>http://revistas.pucsp.br/https://scorm.onilearning.com.br/scorm.php?scorm=713e0453cb70d6d35e982945edcf5748&estudante=0&nome=&licao=&sessao=ek7l7hesha6i8knhq5oa3oo60p/red/article/download/736/509</p><p>http://revistas.pucsp.br/https://scorm.onilearning.com.br/scorm.php?scorm=713e0453cb70d6d35e982945edcf5748&estudante=0&nome=&licao=&sessao=ek7l7hesha6i8knhq5oa3oo60p/red/article/download/736/509</p><p>76 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>LUNDVALL, B. Políticas de innovación en la economía de</p><p>aprendizaje. Revista Latinoamericana de Estudios del Trabajo,</p><p>Buenos Aires, ano 8, n. 16, 2003. Disponível em http://www.</p><p>techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/1004</p><p>OLIVEIRA, D.P. R. Administração Pública: Foco na otimização do</p><p>modelo administrativo. São Paulo: Atlas, 2014.</p><p>PLANALTO, Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8429.htm Acesso em:</p><p>06 Jan 2019.</p><p>PLANALTO, Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000</p><p>Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/</p><p>lcp101.htm Acesso em: 06 Jan 2019.</p><p>PLANALTO. Decreto Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967.</p><p>Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-lei/</p><p>Del0200.htm Acesso em: 3 jan 2019.</p><p>SÁ, A. L. Ética profissional. 8 Ed. São Paulo: Atlas, 2009.</p><p>SARTURI, C. A. Os modelos de Administração Pública:</p><p>patrimonialista, burocrática e gerencial. Disponível em http://</p><p>www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/osmodelosdeadministra%C3</p><p>%A7%C3%A3op%C3%BAblicapatrimonialistaburocr%C3%A1tica-</p><p>e-gerencial Acesso em: 02 Jan 2019</p><p>SUÁREZ, C.S. & TELLERÍA, N.A. La Gestión Ética en la Administración</p><p>Pública: base fundamental para la gerencia ética del desarrollo.</p><p>http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/1004</p><p>http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/1004</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8429.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm</p><p>http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/osmodelosdeadministra%C3%A7%C3%A3op%C3%BAblicapatrimonialistaburocr%C3%A1tica-e-gerencial</p><p>http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/osmodelosdeadministra%C3%A7%C3%A3op%C3%BAblicapatrimonialistaburocr%C3%A1tica-e-gerencial</p><p>http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/osmodelosdeadministra%C3%A7%C3%A3op%C3%BAblicapatrimonialistaburocr%C3%A1tica-e-gerencial</p><p>http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/osmodelosdeadministra%C3%A7%C3%A3op%C3%BAblicapatrimonialistaburocr%C3%A1tica-e-gerencial</p><p>77ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Disponível em: www.publicaciones.urbe.edu/index.php/.../1402-</p><p>venezuela - Acesso em: 02 Jan 2019.</p><p>TEIXEIRA, J.M.B; RIBEIRO, M.T.F. Gestão de pessoas na</p><p>administração pública: teorias e conceitos. Curitiba,</p><p>Intersaberes, 2017.</p><p>TEIXEIRA, J. M. B.; FEREREIRA Jr, A. B.; GAIO, B. CASAGRANDE</p><p>JUNIOR, E. F. Mundialização versus Globalização: a economia</p><p>baseada no conhecimento como condutor da inovação. Anais</p><p>do IV SINGEP. Disponível em: https://singep.org.br/4singep/</p><p>resultado/436.pdf . Acesso em: 28 Dez 2018.</p><p>http://www.publicaciones.urbe.edu/https://scorm.onilearning.com.br/scorm.php?scorm=713e0453cb70d6d35e982945edcf5748&estudante=0&nome=&licao=&sessao=ek7l7hesha6i8knhq5oa3oo60p/.../1402-venezuela</p><p>http://www.publicaciones.urbe.edu/https://scorm.onilearning.com.br/scorm.php?scorm=713e0453cb70d6d35e982945edcf5748&estudante=0&nome=&licao=&sessao=ek7l7hesha6i8knhq5oa3oo60p/.../1402-venezuela</p><p>https://singep.org.br/4singep/resultado/436.pdf</p><p>https://singep.org.br/4singep/resultado/436.pdf</p><p>_Hlk143631833</p><p>_Hlk143632275</p><p>_Hlk143633053</p><p>_Hlk143634421</p><p>_Hlk143634538</p><p>_Hlk143635224</p><p>_Hlk143636412</p><p>Processos e tecnologias na administração pública</p><p>A economia e seus reflexos nas tecnologias aplicadas à administração e a governança de TI</p><p>Globalização versus mundialização</p><p>A tecnologia da informação e sua presença nos demais cenários da administração</p><p>pública</p><p>Modernização da máquina pública versus burocracia</p><p>Quesitos legais e trajetória da modernização da administração pública no Brasil</p><p>LEI Nº13.726/2018</p><p>O Decreto Lei 200/1967</p><p>Os limites da política sobre a máquina pública</p><p>Direitos sociais fundamentais</p><p>Parâmetro para o controle judicial das políticas públicas</p><p>Os Limites constitucionais</p><p>Ética na administração pública</p><p>O conceito de ética</p><p>Os princípios da ética pública</p><p>Lei de Responsabilidade Fiscal</p><p>transformar a maneira como o setor público interage com a</p><p>sociedade e presta seus serviços.</p><p>Historicamente, a administração pública era vista como</p><p>uma entidade burocrática, lenta e resistente a mudanças. Porém,</p><p>a evolução social e a crescente demanda por serviços mais ágeis</p><p>e transparentes impulsionaram uma revisão dessa abordagem.</p><p>Ao repensar processos, a administração busca eliminar</p><p>redundâncias, reduzir tempos de espera e garantir uma melhor</p><p>utilização dos recursos públicos.</p><p>Nessa jornada de modernização, a tecnologia tem</p><p>sido uma aliada de peso. Sistemas integrados de gestão (ERP),</p><p>plataformas digitais de atendimento ao cidadão e soluções de</p><p>inteligência artificial são apenas algumas das inovações que têm</p><p>revolucionado a prestação de serviços públicos. A digitalização de</p><p>11ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>processos, por exemplo, não apenas agiliza operações internas,</p><p>mas também oferece ao cidadão facilidades como o acesso a</p><p>serviços públicos online, reduzindo deslocamentos, custos e</p><p>tempo de espera. O conceito de Governo Eletrônico, ou e-Gov, é</p><p>um reflexo dessa transformação. Através dele, busca-se utilizar</p><p>as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) para melhorar</p><p>a eficiência, eficácia, transparência e responsabilidade da</p><p>administração pública. Com plataformas online de participação</p><p>cidadã, por exemplo, se amplia o canal de comunicação entre</p><p>governo e sociedade, fomentando a participação popular nas</p><p>decisões públicas.</p><p>Por outro lado, a incorporação de novas tecnologias</p><p>na administração pública também apresenta desafios. É</p><p>essencial garantir a segurança das informações, especialmente</p><p>quando lidamos com dados sensíveis da população. Além</p><p>disso, a capacitação contínua dos servidores públicos torna-se</p><p>imprescindível para que possam operar e tirar proveito máximo</p><p>dessas novas ferramentas.</p><p>Imagem 4.1 - Integração de processos.</p><p>Fonte: Freepik.</p><p>https://br.freepik.com/fotos-gratis/conceito-de-colagem-de-controle-de-qualidade-padrao_30589262.htm#page=2&query=integra%C3%A7%C3%A3o%20de%20processos&position=37&from_view=search&track=ais</p><p>12 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>A integração de processos otimizados e tecnologias</p><p>avançadas na administração pública é um caminho sem volta.</p><p>Embora desafiador, esse processo é essencial para construir</p><p>uma administração ágil, transparente e, acima de tudo, alinhada</p><p>às necessidades e expectativas da população no século XXI.</p><p>A atuação da administração pública tem sido</p><p>profundamente impactada por diversas tecnologias emergentes</p><p>e consolidadas. Essas tecnologias estão remodelando a forma</p><p>como os serviços públicos são prestados, trazendo maior</p><p>eficiência, transparência e participação cidadã. Algumas das</p><p>principais tecnologias que têm causado esse impacto incluem:</p><p>1. Computação em nuvem (Cloud Computing): Permite que</p><p>a administração pública armazene, acesse e compartilhe</p><p>grandes volumes de dados online, reduzindo a necessidade</p><p>de infraestruturas físicas caras e promovendo maior</p><p>flexibilidade e colaboração.</p><p>2. Inteligência Artificial (IA) e Aprendizado de máquina:</p><p>São usados para melhorar a tomada de decisão, prever</p><p>tendências, otimizar processos e fornecer atendimento</p><p>ao cidadão de forma mais eficiente através de chatbots e</p><p>sistemas automatizados.</p><p>3. Blockchain: Essa tecnologia, conhecida pela sua aplicação</p><p>nas criptomoedas, tem potencial na administração pública,</p><p>principalmente em áreas como registro de propriedades,</p><p>gestão de identidade e transparência em processos</p><p>licitatórios.</p><p>13ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para saber mais e compreender essa tecnologia</p><p>revolucionária do blockchain, leia o artigo “O que é</p><p>blockchain?”. Disponível abaixo.</p><p>4. Big Data e Análise de dados (Data Analytics): A capacidade</p><p>de coletar, processar e analisar grandes volumes de dados</p><p>pode ajudar os governos a identificarem padrões, melhorar</p><p>a tomada de decisão e otimizar a alocação de recursos.</p><p>5. Internet das Coisas (IoT): A integração de dispositivos</p><p>conectados pode melhorar a gestão de cidades (cidades</p><p>inteligentes), otimizando o tráfego, monitorando o</p><p>consumo de recursos e melhorando a segurança pública</p><p>6. Aplicações móveis e Plataformas online: Permitem</p><p>que os cidadãos acessem serviços públicos,</p><p>realizem consultas, pagamentos e obtenham</p><p>informações em tempo real, de qualquer lugar.</p><p>7. Redes sociais e Plataformas de participação cidadã: Favorecem</p><p>a comunicação direta entre o governo e a população, além</p><p>de promover a participação cidadã nas decisões políticas.</p><p>8. Realidade virtual e aumentada: Podem ser usadas</p><p>em treinamentos, simulações e na educação, além de</p><p>possibilitar visitas virtuais a espaços públicos ou históricos.</p><p>9. Biométricos e reconhecimento facial: São úteis para aprimorar</p><p>a segurança, autenticação e verificação de identidades,</p><p>embora também levantem preocupações com a privacidade.</p><p>https://aws.amazon.com/pt/what-is/blockchain/?aws-products-all.sort-by=item.additionalFields.productNameLowercase&aws-products-all.sort-order=asc</p><p>14 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>10. Cibersegurança: Enquanto a tecnologia avança,</p><p>também aumenta a necessidade de proteger os sistemas</p><p>e dados da administração pública contra ameaças digitais.</p><p>Investir em cibersegurança tornou-se fundamental.</p><p>Essas tecnologias, quando bem implementadas, têm o</p><p>potencial de transformar a administração pública, tornando-a</p><p>mais responsiva, eficiente e alinhada às necessidades e</p><p>expectativas dos cidadãos. No entanto, também é crucial</p><p>abordar questões éticas, de privacidade e de segurança, para</p><p>garantir que os direitos dos cidadãos sejam sempre respeitados.</p><p>A busca pela inovação e automatização dos processos, a</p><p>iniciativa de modelos de formação mais técnica e específica</p><p>e a visibilidade das redes sociais com a Internet amplia o</p><p>acesso dos profissionais, busca suprir demandas de mercado</p><p>e permite o acesso de maior facilidade aos indivíduos.</p><p>A economia e seus reflexos</p><p>nas tecnologias aplicadas à</p><p>administração e a governança de</p><p>TI</p><p>Leituras voltadas para o desenvolvimento da economia</p><p>mostram que políticas públicas que estimulam, incentivam e</p><p>promovem a multiplicação das possibilidades tecnológicas,</p><p>são marcas comuns encontradas na constituição de realidades</p><p>econômicas de sociedades desenvolvidas e que gozam de certa</p><p>independência de seus processos (TEIXEIRA et. al, 2015).</p><p>Sem dúvida alguma, é na inovação que as organizações</p><p>(públicas e privadas) crescem e se desenvolvem. Para Lundvall</p><p>(2003) a difusão do conhecimento deve estar presente em todas</p><p>15ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>as relações, mas essencialmente, nas relações de trabalho, pois</p><p>é possível identificar importantes elementos da aprendizagem</p><p>com o “desenvolvimento de recursos humanos, das novas formas</p><p>de organização empresarial, do formato de redes e da definição</p><p>de uma função dos serviços intensivos em conhecimentos e das</p><p>universidades” (LUNDVALL, 2003 pág. 117).</p><p>O dinamismo das relações sociais imputados pela</p><p>globalização não combina com relações desconectadas entre</p><p>sistemas de informação, em eficiência na prestação de serviço e</p><p>no crescimento econômico.</p><p>A administração e governança de Tecnologia da</p><p>Informação (TI) evoluíram drasticamente ao longo das últimas</p><p>décadas. Com o avanço tecnológico, novas ferramentas e práticas</p><p>têm se tornado disponíveis, permitindo que as organizações</p><p>otimizem seus processos, garantam a segurança dos dados</p><p>e alinhem suas estratégias de TI aos objetivos de negócio, tais</p><p>como:</p><p>• Frameworks e padrões: Frameworks como o ITIL</p><p>(Information Technology Infrastructure Library) e o</p><p>COBIT (Control Objectives for Information and Related</p><p>Technologies) são essenciais para estabelecer boas</p><p>práticas em gestão de TI. Eles fornecem uma série de</p><p>processos padronizados e melhores práticas para a</p><p>administração de serviços de TI e governança.</p><p>• Automação e orquestração: Com a introdução de</p><p>tecnologias de</p><p>automação, as empresas podem</p><p>agora automatizar tarefas repetitivas, reduzindo</p><p>erros humanos e melhorando a eficiência. Isso se</p><p>aplica a tudo, desde a implantação de software até o</p><p>gerenciamento de recursos de infraestrutura.</p><p>16 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>• Computação em nuvem: A migração para a nuvem</p><p>mudou a forma como as organizações gerenciam seus</p><p>recursos de TI. Com a capacidade de escalar recursos</p><p>rapidamente e pagar apenas pelo que é usado, as</p><p>empresas podem ser mais ágeis e custo-efetivas.</p><p>• Tecnologias de segurança: Ferramentas avançadas</p><p>de monitoramento, detecção de intrusões, firewalls</p><p>de próxima geração e soluções de gerenciamento de</p><p>identidade e acesso são cruciais para proteger ativos</p><p>de TI. A crescente onda de ciberataques torna a</p><p>cibersegurança uma parte integral da governança de TI.</p><p>• Gestão de ativos de TI: Soluções como sistemas de</p><p>gestão de ativos de TI (ITAM) permitem que as empresas</p><p>rastreiem e gerenciem seus ativos de hardware e</p><p>software, otimizando o uso e garantindo conformidade</p><p>com licenças.</p><p>• Virtualização: Esta tecnologia permite que as</p><p>organizações criem versões virtuais de recursos de TI,</p><p>como servidores e redes. Isso não apenas otimiza o uso</p><p>de recursos físicos, mas também oferece flexibilidade e</p><p>escalabilidade.</p><p>• Blockchain: Em termos de governança, o blockchain</p><p>pode ser usado para garantir a integridade e a</p><p>transparência dos dados, especialmente em transações</p><p>e processos que requerem rastreabilidade e verificação.</p><p>• Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning: Estas</p><p>tecnologias estão sendo usadas para melhorar a</p><p>eficiência operacional, prever falhas, otimizar a</p><p>alocação de recursos e até mesmo para a automação</p><p>de tarefas complexas.</p><p>17ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>A integração de tecnologias avançadas na administração</p><p>e governança de TI não é apenas uma tendência, mas uma</p><p>necessidade. Em um mundo em rápida evolução, as organizações</p><p>que adotam e implementam adequadamente essas tecnologias</p><p>estarão melhor posicionadas para alcançar seus objetivos</p><p>estratégicos, garantir a segurança dos dados e oferecer valor aos</p><p>seus stakeholders.</p><p>Imagem 4.2 - Stakeholders.</p><p>Fonte: Freepik.</p><p>Globalização versus mundialização</p><p>A globalização é um processo multifacetado que se refere</p><p>à crescente interconexão e interdependência dos países em várias</p><p>dimensões, incluindo economia, política, cultura e tecnologia.</p><p>Impulsionada principalmente por avanços tecnológicos e políticas</p><p>de liberalização econômica, a globalização tem facilitado o fluxo</p><p>de bens, serviços, informações e ideias através das fronteiras</p><p>nacionais.</p><p>https://br.freepik.com/vetores-gratis/reuniao-de-gestao-de-negocios_3975527.htm#query=stakeholders&position=12&from_view=search&track=sph</p><p>18 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>O conhecido fenômeno de globalização pode ser</p><p>caracterizado por um processo “histórico-social de vastas</p><p>proporções, ... que rompe e recria o mapa do mundo,</p><p>inaugurando outros processos, outras estruturas e outras formas</p><p>de sociabilidade, que se articulam e se impõem aos povos, tribos,</p><p>nações e nacionalidades” (IANNI, 1998, pág.2).</p><p>Esse processo acontece no âmbito social, mas implica</p><p>nas estruturas políticas e econômicas com oscilações entre</p><p>avanços e retrocessos, podendo permanecer nesse processo</p><p>por décadas. Ela também é independente de região geográfica,</p><p>demográfica, econômica, política e cultural ainda que seus efeitos</p><p>sejam sentidos em todos esses quesitos (TEIXEIRA et. al, 2015).</p><p>A globalização, como a conhecemos hoje, tem suas raízes</p><p>na expansão marítima dos séculos XV e XVI, mas ganhou maior</p><p>impulso no final do século XX. A queda do Muro de Berlim em</p><p>1989, o fim da Guerra Fria e as reformas econômicas em muitos</p><p>países emergentes abriram portas para uma integração global</p><p>mais profunda. Simultaneamente, a revolução tecnológica,</p><p>especialmente na comunicação e no transporte, tornou mais</p><p>fácil e barato fazer negócios e se comunicar globalmente.</p><p>Os impactos globalização na Administração Pública são</p><p>vários e em diferentes aspectos, vejamos:</p><p>• Adoção de boas práticas e benchmarking internacional:</p><p>Com a crescente interconexão global, a administração</p><p>pública tem buscado referências internacionais para</p><p>adotar as melhores práticas em áreas como governança,</p><p>gestão fiscal, atendimento ao cidadão e combate à</p><p>corrupção.</p><p>19ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>DEFINIÇÃO</p><p>Benchmarking é um processo de comparação</p><p>das práticas, processos e desempenho de uma</p><p>organização com os de outras empresas ou</p><p>setores reconhecidos como líderes ou melhores</p><p>naquilo que fazem. O objetivo do benchmarking</p><p>é identificar áreas de melhoria, estabelecer metas</p><p>eficazes e adotar práticas de excelência para</p><p>aprimorar o desempenho organizacional.</p><p>• Pressões para reformas: Organizações internacionais,</p><p>como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco</p><p>Mundial, muitas vezes influenciam as políticas nacionais.</p><p>Isso tem levado a reformas na administração pública,</p><p>particularmente em países que buscam assistência</p><p>financeira ou integração em blocos econômicos.</p><p>• Desafios de regulação: A globalização tem apresentado</p><p>desafios regulatórios, especialmente em áreas como</p><p>comércio, finanças e meio ambiente. A administração</p><p>pública tem que se adaptar rapidamente para gerenciar</p><p>e mitigar riscos associados à rápida integração</p><p>econômica e tecnológica.</p><p>• Mudança na dinâmica do trabalho: A competição</p><p>global por talentos e a necessidade de habilidades</p><p>mais diversificadas têm impactado a forma como a</p><p>administração pública recruta, treina e retém seus</p><p>funcionários.</p><p>• Aumento da expectativa do cidadão: Com acesso</p><p>a informações globais, os cidadãos têm agora</p><p>expectativas mais elevadas em relação à qualidade dos</p><p>serviços públicos, transparência e responsabilidade.</p><p>• Questões de soberania e identidade: Enquanto a</p><p>globalização oferece oportunidades, também apresenta</p><p>desafios relacionados à soberania e identidade</p><p>20 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>nacionais. A administração pública é frequentemente</p><p>colocada em uma posição onde precisa equilibrar</p><p>interesses nacionais com compromissos e normas</p><p>globais.</p><p>• Inovação e adoção de tecnologia: A rápida evolução</p><p>tecnológica e sua disseminação global têm forçado a</p><p>administração pública a adaptar-se e inovar, adotando</p><p>novas tecnologias para melhorar a eficiência e eficácia</p><p>dos serviços públicos.</p><p>A globalização, apesar de seus inúmeros benefícios,</p><p>trouxe consigo diversos riscos para a administração pública. A</p><p>crescente interdependência entre os países ampliou a exposição</p><p>a crises financeiras e econômicas externas, tornando os governos</p><p>mais vulneráveis a choques globais. Além disso, a pressão</p><p>da competição internacional tem levado à flexibilização de</p><p>regulamentações, o que pode comprometer padrões locais em</p><p>áreas como meio ambiente, trabalho e segurança. A globalização</p><p>também intensificou desafios regulatórios, com a movimentação</p><p>acelerada de capital, bens e serviços transcendendo fronteiras,</p><p>complicando a fiscalização e a cobrança de tributos. Por fim, a</p><p>difusão rápida de informações e a influência de normas e valores</p><p>globais podem gerar tensões culturais e sociais, desafiando a</p><p>administração pública a equilibrar as demandas locais com as</p><p>expectativas globais.</p><p>21ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Imagem 4.3 - Mundialização e Informação.</p><p>Fonte: Freepik.</p><p>Seguimos com a definição de mundialização. Para tanto,</p><p>adotaremos o conceito de Chesnais (1996) apud Teixeira et. al</p><p>(2015), que retrata o fenômeno identificado a partir dos anos 80</p><p>como sendo um novo perfil do capitalismo mundial em todas as</p><p>suas adjacências, ou seja, comando, desempenho e regulação</p><p>(TEIXEIRA et. al, 2015).</p><p>Ainda, complementando Catani et. al, reforça a definição</p><p>de Chesnais destacando na mundialização a marca do acúmulo</p><p>de capital recorrente da integração internacional dos mercados,</p><p>das políticas neoliberais de liberalização, desregulamentação,</p><p>privatização, desmantelamento das conquistas sociais e</p><p>democráticas, do desenvolvimento financeiro, das novas</p><p>tecnologias da informação e da comunicação (TEIXEIRA et. al,</p><p>2015).</p><p>https://br.freepik.com/vetores-gratis/negociacao-de-parceria-de-sucesso-handshaking-de-parceiros_11669283.htm#page=1&query=globalização&position=1</p><p>22 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>A tecnologia da informação e sua presença</p><p>nos demais cenários da administração</p><p>pública</p><p>Podemos entender a tecnologia como um complexo</p><p>de conhecimentos práticos e teóricos, que considera, além de</p><p>instrumentos físicos, também experiências de gestão, sejam elas</p><p>com resultados bons ou ruins. Se por um lado os equipamentos</p><p>são artefatos tecnológicos visíveis, por outro, temos a técnica, a</p><p>competência e a expertise do agente que a opera (CORAZZA e</p><p>FRACALANZA, 2004 apud FERREIRA et. al, 2015).</p><p>Dosi (2006) define tecnologia como um conjunto de</p><p>conhecimentos (práticos e teóricos), know-how, métodos,</p><p>procedimentos, experiências de sucesso e fracassos, bens físicos</p><p>e equipamentos concebidos para o alcance de um determinado</p><p>fim (FERREIRA Jr. et. al, 2015).</p><p>Imagem 4.4 - Mundialização e Informação.</p><p>Fonte: Freepik.</p><p>https://br.freepik.com/fotos-gratis/conceito-dos-trabalhos-em-rede-da-noticia-da-tabuleta-de-digitas-da-amizade-das-mulheres_2970921.htm#query=tecnologia%20aliada%20ao%20saber%20fazer&position=21&from_view=search&track=ais”>Imagem%20de%20rawpixel.com</p><p>23ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>As palavras inovação e tecnologia foram adicionadas aos</p><p>processos da administração pública desde a década de 50. Os</p><p>estudiosos da inovação a percebiam como um processo composto</p><p>de fases previsíveis, desde a elaboração até a implementação e</p><p>generalização. (MESSINA, 2001 apud FERREIRA et. al, 2015).</p><p>Então, é com a definição de que a inovação estava</p><p>relacionada à educação, à formação do profissional e às formas</p><p>de realização do trabalho que começa a perseverar a crença</p><p>de que os avanços da ciência e da tecnologia determinariam</p><p>o desenvolvimento econômico, social e cultural. Diante dessa</p><p>percepção, o aprimoramento científico e tecnológico deveria</p><p>consistir em benefícios e valorização onde quer que fosse</p><p>empregado, no indivíduo, num produto ou no antigo processo.</p><p>(GOMEZ, 2007, apud FERREIRA JR. et. al, 2015).</p><p>Em campo aberto, a gestão e administração pública hoje</p><p>precisam relacionar-se e principalmente fazer uso de recursos</p><p>como: Redes sociais, computação em nuvem, e-Commerce,</p><p>Teleconferências via Web, Eletromedicina, virtualização do</p><p>Desktop, TIC no mercado de capitais, TIC no sistema de ensino</p><p>público e privado, entre outras, para que a máquina pública</p><p>incorpore, transite e redirecione essas ferramentas a favor da</p><p>qualidade de entrega de seus serviços à sociedade.</p><p>Pensando nisso, é parte essencial dessa incorporação,</p><p>a efetiva formação de pessoas capazes de operacionalizar</p><p>seus processos. Obviamente num sistema privado, todas estas</p><p>inovações são suportadas mais facilmente por sofisticadas</p><p>redes. Mas essa não é a realidade dos sistemas operacionais da</p><p>máquina pública brasileira. Empresas e organizações em todo o</p><p>mundo (principalmente no Brasil) estão experimentando uma</p><p>aguda escassez de profissionais e gerentes qualificados em TIC</p><p>24 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>para liderar equipes para desenhar, projetar, instalar, gerenciar</p><p>e/ou manter estas redes.</p><p>Imagem 4.5 - Escassez de mão de obra especializada: Preocupação para Área de TI.</p><p>Fonte: Freepik.</p><p>Constata-se da escassez de gerentes de vendas</p><p>de empresas de TIC, de Help Desk ou de Call Center, com</p><p>conhecimentos apropriados sobre suporte, soluções,</p><p>equipamentos e serviços para essas redes.</p><p>É preciso, não só que a administração adote sistemas</p><p>de Gestão e Tecnologia da Informação, mas que também</p><p>incentivem as instituições educacionais a formar profissionais</p><p>com características a desenvolver a capacidade competitiva</p><p>com visão holística do processo administrativo integrado, dotar</p><p>o indivíduo de ferramentas para tomada de decisões (a tão</p><p>cobrada: proatividade), qualificar profissionais para atuarem</p><p>em organizações, no sentido de contemplarem a relação</p><p>multidisciplinar, proporcionar fundamentação epistemológica</p><p>de análise dando relevo à crítica acerca das práticas que se</p><p>https://br.freepik.com/vetores-gratis/procurando-por-fundo-de-talentos_3362134.htm#page=2&query=ecassez%20de%20funcionários&position=6&from_view=search&track=ais</p><p>25ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>desenvolvem no contexto das organizações e introduzir a prática</p><p>de pesquisa nas áreas de atuação dos profissionais.</p><p>RESUMINDO</p><p>Revisitando os conceitos vistos, temos que a</p><p>mundialização um fenômeno de maior ascendência</p><p>no âmbito econômico e regional, com incidência</p><p>no capital fictício. Já a globalização é um fenômeno</p><p>mais abrangente, em que podemos observar seus</p><p>efeitos não só na perspectiva econômica, mas</p><p>também social, política, cultural e religiosa. Vimos</p><p>que é com a definição de que a inovação estava</p><p>relacionada à educação, à formação do profissional</p><p>e às formas de realização do trabalho que começa</p><p>a perseverar a crença de que os avanços da ciência</p><p>e da tecnologia determinariam o desenvolvimento</p><p>econômico, social e cultural.</p><p>Modernização da máquina</p><p>pública versus burocracia</p><p>OBJETIVO</p><p>Neste capítulo você verá que a evolução tecnológica</p><p>que acontece gradativamente e influencia direta</p><p>e indiretamente, positiva e negativamente as</p><p>empresas públicas e privadas, podem determinar</p><p>o nível de sustentação econômica e a manutenção</p><p>da concorrência na prestação de serviços à</p><p>sociedade.</p><p>A modernização da máquina pública é uma necessidade</p><p>intrínseca ao progresso da sociedade. À medida que o mundo</p><p>evolui, com novas tecnologias e demandas sociais, os governos</p><p>precisam adaptar-se para atender às expectativas crescentes</p><p>dos cidadãos e garantir uma gestão eficiente e transparente.</p><p>A tecnologia tem desempenhado um papel fundamental</p><p>na transformação das administrações públicas. Sistemas</p><p>26 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>informatizados e plataformas digitais estão sendo implementados</p><p>em diversos setores, desde a gestão de documentos até a</p><p>prestação de serviços ao cidadão. Portais de transparência, por</p><p>exemplo, permitem que qualquer pessoa acesse informações</p><p>sobre orçamentos, licitações, despesas e receitas do governo,</p><p>promovendo o controle e combatendo a corrupção.</p><p>NOTA</p><p>O Brasil seguindo as novas tendências também</p><p>tem investido em desenvolver e oferecer mais</p><p>informação e transparência para a atuação</p><p>da administração pública. Conheça o portal</p><p>transparência. Disponível abaixo.</p><p>Além da digitalização, a modernização envolve a revisão</p><p>de processos. Burocracias antiquadas e redundantes são</p><p>identificadas e eliminadas, facilitando o acesso do cidadão aos</p><p>serviços públicos e tornando a gestão mais ágil. A simplificação de</p><p>processos, muitas vezes acompanhada de desregulamentação,</p><p>também pode incentivar investimentos e fomentar a atividade</p><p>econômica.</p><p>Outro pilar fundamental é a capacitação dos servidores</p><p>públicos. Não basta apenas implementar novas ferramentas e</p><p>processos; é essencial que os funcionários estejam devidamente</p><p>preparados para operá-los. Isso demanda um investimento</p><p>contínuo em treinamentos, workshops e cursos de atualização.</p><p>A modernização também abrange a reavaliação das</p><p>políticas públicas. Baseado em evidências e dados, o governo</p><p>https://portaldatransparencia.gov.br</p><p>27ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>pode repensar e ajustar programas e iniciativas para garantir</p><p>que eles atendam efetivamente às necessidades da população e</p><p>alcancem os resultados desejados.</p><p>A participação cidadã é um aspecto crucial da</p><p>modernização. Em uma era de informação e conectividade, os</p><p>cidadãos desejam ter voz ativa nas decisões que impactam suas</p><p>vidas. Mecanismos de consulta pública, fóruns de discussão</p><p>e plataformas de feedback são instrumentos valiosos para</p><p>incorporar a perspectiva do público na</p><p>formulação e execução</p><p>de políticas.</p><p>A modernização da máquina pública é um processo</p><p>contínuo e abrangente, que visa tornar o governo mais responsivo,</p><p>eficiente e transparente. Em um mundo em constante mudança,</p><p>é imperativo que as instituições públicas evoluam para atender</p><p>adequadamente às demandas da sociedade e contribuir para o</p><p>desenvolvimento sustentável do país.</p><p>Para que seja possível sobreviver a esse elemento, é</p><p>preciso se cercar de estratégias e inteligência (organizacional e</p><p>operacional). Oliveira (2014), define essa ação como inteligência</p><p>estratégica ou administrativa:</p><p>Que é o processo sistemático e sintomático, de</p><p>identificação, coleta, processamento e análise</p><p>de conhecimentos e de informações, por</p><p>meios legais e éticos, que impactam, positiva</p><p>e diferencialmente os negócios, os produtos e</p><p>serviços de uma empresa pública e seu modelo</p><p>de administração. (OLIVEIRA, 2014, pág. 70)</p><p>O autor apresenta um quadro que representa, não só a</p><p>tecnologia, mas outros fatores tão importantes que influenciam,</p><p>engessam, burocratizam e conferem esforços para manutenção</p><p>da gestão eficiente da máquina pública. Observe:</p><p>28 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Imagem 4.6 - Ambiente da instituição pública.</p><p>Fonte: Oliveira (2014. Pág. 71).</p><p>Quesitos legais e trajetória da</p><p>modernização da administração</p><p>pública no Brasil</p><p>Com base na Constituição Federal de 1988 art. 39, § 7º Lei</p><p>da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios será</p><p>disciplinada a aplicação de recursos orçamentários provenientes</p><p>da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia</p><p>e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas</p><p>de qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento,</p><p>modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço</p><p>público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de</p><p>produtividade (BRASIL, 2010).</p><p>Em muitos países, a necessidade de tornar a administração</p><p>pública mais eficiente, transparente e responsiva às demandas</p><p>dos cidadãos levou à formulação de legislações específicas para</p><p>29ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>orientar e implementar a modernização. Essas legislações visam</p><p>criar um arcabouço legal que facilite as reformas administrativas</p><p>e garanta que as mudanças ocorram de maneira estruturada e</p><p>duradoura.</p><p>Em muitos contextos nacionais, foram criadas leis</p><p>específicas para a implantação e uso de tecnologias de</p><p>informação e comunicação no setor público. Estas podem tratar</p><p>desde a digitalização de serviços, passando pela segurança de</p><p>dados até a promoção do acesso à informação. A ideia é garantir</p><p>que as tecnologias sejam usadas para facilitar a vida do cidadão</p><p>e tornar a administração mais eficiente.</p><p>As leis de acesso a informação são fundamentais para</p><p>promover a transparência. Ao estabelecer diretrizes claras</p><p>sobre quais informações devem ser públicas e como podem ser</p><p>acessadas, essas leis incentivam o controle e permitem que os</p><p>cidadãos monitorem e avaliem a atuação do governo.</p><p>Em busca de agilizar processos, muitos países têm revisado</p><p>e modificado procedimentos burocráticos, simplificando ou até</p><p>mesmo eliminando etapas redundantes. Isso pode envolver</p><p>desde a criação de um ambiente mais amigável para negócios</p><p>até a facilitação de processos para os cidadãos, como a obtenção</p><p>de documentos.</p><p>Engajar os cidadãos no processo decisório é fundamental</p><p>para uma administração moderna e democrática. Algumas</p><p>legislações focam em garantir e formalizar mecanismos de</p><p>consulta e participação pública, seja através de audiências,</p><p>consultas online ou conselhos participativos.</p><p>Além das leis voltadas à tecnologia e transparência,</p><p>muitos países têm legislações que tratam da própria estrutura</p><p>e funcionamento da máquina pública, abordando temas como</p><p>30 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>carreiras, avaliação de desempenho, contratações e compras</p><p>públicas.</p><p>Imagem 4.7 - Contratações.</p><p>Fonte: Freepik.</p><p>Reconhecendo a importância de estar à frente em</p><p>inovação, algumas legislações incentivam a adoção de novas</p><p>tecnologias e práticas inovadoras no setor público, seja através</p><p>de incentivos fiscais, parcerias público-privadas ou incubadoras</p><p>de soluções tecnológicas.</p><p>A legislação, nesse contexto, desempenha um papel</p><p>crucial ao definir o escopo, as diretrizes e os limites para a</p><p>modernização da administração pública. No entanto, é essencial</p><p>que essa legislação seja flexível o suficiente para se adaptar às</p><p>mudanças rápidas do cenário global e às inovações tecnológicas,</p><p>garantindo que o setor público permaneça relevante, eficiente e</p><p>alinhado às necessidades e expectativas dos cidadãos.</p><p>O Brasil não diferente dos demais países tem buscado criar</p><p>um arcabouço legal para a desburocratização e modernização</p><p>da administração pública, dentre as leis promulgadas nesse</p><p>https://br.freepik.com/fotos-gratis/maos-de-alto-angulo-assinando-documentos_27645058.htm#query=contratações%20públicas&position=6&from_view=search&track=ais</p><p>31ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>sentido está a lei nº 13.726/2018), também chamada da lei de</p><p>Desburocratização.</p><p>LEI Nº13.726/2018</p><p>A Lei nº 13.726, sancionada em 8 de outubro de 2018,</p><p>foi instituída no Brasil com o intuito de racionalizar atos e</p><p>procedimentos administrativos dos órgãos e das entidades da</p><p>administração pública direta, autárquica e fundacional dos</p><p>Poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Em</p><p>essência, essa lei visa simplificar processos, eliminando exigências</p><p>burocráticas consideradas desnecessárias ou ultrapassadas e</p><p>tornando a relação entre cidadão e poder público mais fluida e</p><p>eficiente.</p><p>Os principais pontos abordados pela lei incluem:</p><p>• Proíbe a exigência de reconhecimento de firma,</p><p>autenticação de cópia de documento, apresentação de</p><p>título de eleitor (exceto para votar ou registrar-se como</p><p>eleitor) e apresentação de certidão de nascimento, que</p><p>pode ser substituída por cédula de identidade, carteira</p><p>de trabalho ou carteira nacional de habilitação.</p><p>• Veda a exigência de prova de quitação com as eleições</p><p>ou com o serviço militar se o cidadão estiver em</p><p>exercício de seus direitos políticos.</p><p>• O governo não pode recusar atestados de saúde</p><p>ou de vida se estiverem dentro dos padrões legais e</p><p>regulamentares. Atestado de vida para aposentados</p><p>pode ser realizada pelo órgão pagador, por meio de</p><p>prova de vida realizada eletronicamente.</p><p>• Determina que as repartições públicas disponibilizem</p><p>aos cidadãos formulários, instruções e instrumentos</p><p>32 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>necessários ao reconhecimento de direitos ou à</p><p>obtenção de certidões, documentos ou informações.</p><p>• Veda a exigência de certidões ou documentos previstos</p><p>em lei para comprovação de regularidade fiscal, quando</p><p>a administração pública puder obter a informação</p><p>diretamente em sistema eletrônico.</p><p>• Os órgãos públicos não podem rejeitar documentos</p><p>por falhas que não comprometam sua essencialidade,</p><p>devendo permitir a correção ou a ratificação do</p><p>documento no momento do atendimento.</p><p>A Lei nº 13.726/2018 é parte de um movimento mais</p><p>amplo de reforma administrativa no Brasil, visando descomplicar</p><p>processos, otimizar o atendimento ao público e promover maior</p><p>eficiência na máquina pública. Ao eliminar procedimentos</p><p>burocráticos desnecessários, a expectativa é que haja uma</p><p>relação mais direta e produtiva entre o cidadão e a administração</p><p>pública, reduzindo custos e tempo despendidos em processos</p><p>muitas vezes morosos e redundantes.</p><p>ACESSE</p><p>Para conhecer a 13726/2018 lei na íntegra, acesse</p><p>o link a seguir:</p><p>Passemos então a um resgate histórico sobre os</p><p>processos de mudanças e tentativas de modernização (algumas</p><p>positivas outras nem tanto). Observe:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13726.htm</p><p>33ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Tabela 1: Trajetória da modernização da administração pública no Brasil</p><p>Período Ações</p><p>Administração Colonial (séculos XVI</p><p>e XIX) e Primeira República</p><p>(1889 – 1930)</p><p>• Processos</p><p>centralizados e</p><p>ausência de diferenciação</p><p>funcional.</p><p>• Administração</p><p>patrimonialista.</p><p>• Forte presença do poder</p><p>Militar.</p><p>• Texto de tabela</p><p>Vargas e o modelo burocrático</p><p>(1930 - 1945)</p><p>• Forma de administração</p><p>autoritária.</p><p>• Amplo desenvolvimento do</p><p>capitalismo.</p><p>• Início do processo</p><p>de modernização da</p><p>administração pública</p><p>via Departamento</p><p>Administrativo do Serviço</p><p>Público (DASP).</p><p>• Franco investimento</p><p>econômico.</p><p>• Instituição de regras para</p><p>administração de materiais,</p><p>de pessoal e finanças.</p><p>34 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Governo Juscelino Kubitschek</p><p>(1956 - 1961)</p><p>• Grandes movimentações</p><p>contrárias à burocratização.</p><p>• Aparições de</p><p>frentes em prol ao</p><p>desenvolvimentismo.</p><p>• Administração voltada para</p><p>o desenvolvimento.</p><p>• Ações em prol da</p><p>modernização do aparelho</p><p>do Estado (administração</p><p>Indireta e grupos</p><p>executivos).</p><p>Ditadura</p><p>(1964–1985)</p><p>• Marco da administração</p><p>gerencial no Brasil</p><p>(Decreto-lei 200).</p><p>• Continuidade do</p><p>modelo voltado ao</p><p>desenvolvimento.</p><p>• Descentralização</p><p>administrativa.</p><p>• Programa Nacional de</p><p>Desburocratização de 1979</p><p>agora para Administração</p><p>Direta.</p><p>35ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Constituição Federal</p><p>de 1988</p><p>• Fortemente representativa</p><p>no processo de retrocesso</p><p>burocrático.</p><p>• Restrição da flexibilidade da</p><p>administração indireta.</p><p>• Ampla descentralização</p><p>política fortalecendo os</p><p>municípios.</p><p>Plano Diretor</p><p>(1995)</p><p>• Vem com a tentativa de</p><p>reverter o retrocesso da</p><p>Constituição Federal de</p><p>1988.</p><p>• Institui a diferenciação dos</p><p>quatro setores de atuação</p><p>do Estado:</p><p>• Núcleo Estratégico.</p><p>• Atividades Exclusivas.</p><p>• Serviços Não-Exclusivos.</p><p>• Produção de Bens e</p><p>Serviços para o Mercado.</p><p>• Criação das Agências</p><p>Autônomas (atuais agências</p><p>executivas).</p><p>• Projeto, publicização e</p><p>organizações sociais.</p><p>• Privatizações.</p><p>36 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Governo Lula</p><p>(2003 – 2011)</p><p>• Fortes críticas à redução</p><p>das atividades estatais.</p><p>• Recomposição da força de</p><p>trabalho do setor público.</p><p>• Realinhamento de salários,</p><p>de carreiras, posições e</p><p>condições gerenciais da</p><p>burocracia.</p><p>• Redefinição de marcos</p><p>regulatórios e a</p><p>consequente redefinição</p><p>do papel das agências</p><p>reguladoras.</p><p>Agências</p><p>reguladoras</p><p>• Criadas no período</p><p>de privatizações, são</p><p>autarquias em regime</p><p>especial porque são</p><p>dotadas de maior</p><p>autonomia e independência</p><p>que as demais entidades.</p><p>• Podem ser:</p><p>• Agência Reguladora Federal</p><p>• Agência Reguladora</p><p>Estadual</p><p>• Agência Reguladora</p><p>Municipal</p><p>37ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Contrato</p><p>de gestão</p><p>• Ferramentas e instrumento</p><p>de gestão por resultados.</p><p>• Busca ampliar a autonomia</p><p>do gestor público com a</p><p>contrapartida de maior</p><p>responsabilidade pelo</p><p>alcance de resultados.</p><p>• Dois tipos:</p><p>• Dentro do poder público.</p><p>• Com entidades privadas</p><p>sem fins lucrativos.</p><p>Agências</p><p>executivas</p><p>• Autarquias e fundações</p><p>que exerçam atividades</p><p>exclusivas de Estado,</p><p>que tenham assinado</p><p>um contrato de gestão</p><p>e que apresentem</p><p>um plano estratégico</p><p>de reestruturação</p><p>organizacional e</p><p>desenvolvimento</p><p>institucional podem receber</p><p>essa qualificação para</p><p>ampliar sua autonomia na</p><p>gestão.</p><p>Fonte: Adaptado do documento: Administração Pública - O Processo De Modernização Da</p><p>Administração Pública</p><p>https://www.cram.com/flashcards/administrao-pblica-o-processo-de-modernizao-da-administrao-pblica-901836</p><p>https://www.cram.com/flashcards/administrao-pblica-o-processo-de-modernizao-da-administrao-pblica-901836</p><p>38 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Importante entender que modernizar a máquina pública</p><p>não é uma opção futurista ou visionária do agente público e sim,</p><p>uma obrigação prevista na Constituição Federal de 1988.</p><p>O Decreto Lei 200/1967</p><p>Constituindo um marco na busca de superar a rigidez</p><p>da burocracia. O Decreto-Lei Nº 200, de 25 de fevereiro de</p><p>1967, dispõe sobre a organização da Administração Federal,</p><p>estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras</p><p>providências. Também considerado como o primeiro contato da</p><p>Administração Pública brasileira com o gerencialismo por meio</p><p>do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE).</p><p>O Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, é um</p><p>marco regulatório na administração pública federal brasileira. Sua</p><p>aprovação e implementação representam um dos esforços mais</p><p>significativos na história do país para modernizar e reorganizar</p><p>a estrutura do poder executivo federal. Os principais pontos e</p><p>objetivos deste decreto-lei incluem:</p><p>• Descentralização: O decreto promoveu a</p><p>descentralização da administração federal, conferindo</p><p>mais autonomia às entidades da administração indireta</p><p>(autarquias, fundações públicas, empresas públicas e</p><p>sociedades de economia mista).</p><p>• Planejamento: O texto legal ressaltou a importância do</p><p>planejamento na administração federal, estabelecendo</p><p>diretrizes e metas a serem seguidas pelos órgãos e</p><p>entidades.</p><p>• Autonomia de Gestão: A norma concedeu às entidades</p><p>da administração indireta maior liberdade de gestão</p><p>administrativa, financeira e técnica, permitindo uma</p><p>39ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>gestão mais dinâmica e adaptável às necessidades</p><p>específicas de cada entidade.</p><p>• Coordenação: Mesmo com a descentralização, o</p><p>decreto-lei estabeleceu a necessidade de coordenação</p><p>entre os diversos órgãos e entidades, assegurando que</p><p>todos trabalhassem de maneira alinhada e harmoniosa.</p><p>• Controle: Enquanto o decreto-lei promoveu a</p><p>descentralização e a autonomia, ele também enfatizou</p><p>a importância do controle administrativo, visando</p><p>garantir a eficiência e a responsabilidade na gestão dos</p><p>recursos e atividades públicas.</p><p>• Simplificação: O texto incentivava a simplificação de</p><p>procedimentos e estruturas, eliminando formalidades</p><p>desnecessárias e buscando tornar a administração</p><p>mais ágil e eficaz.</p><p>• Modernização: O decreto-lei abriu espaço para a</p><p>modernização da administração pública, promovendo</p><p>a adoção de novos métodos e técnicas administrativas.</p><p>• Estabilidade e Eficiência: Uma das finalidades do</p><p>decreto era combinar os princípios de estabilidade e</p><p>eficiência, garantindo que os servidores públicos fossem</p><p>selecionados por mérito, capacitados adequadamente</p><p>e avaliados com base em seu desempenho.</p><p>O Decreto-Lei nº 200/1967 foi uma resposta às demandas</p><p>crescentes por uma administração pública mais eficiente e</p><p>moderna no Brasil durante a década de 1960. Sua aprovação</p><p>refletiu a busca por uma administração menos centralizada e</p><p>mais adaptável às demandas e desafios do período. Ainda hoje,</p><p>muitos de seus princípios e diretrizes são referência quando se</p><p>40 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>discute a organização e a eficiência da administração pública no</p><p>Brasil.</p><p>Artigo 5º. Para os fins desta lei, considera-se:</p><p>I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por</p><p>lei, com personalidade jurídica, patrimônio</p><p>e receita próprios, para executar atividades</p><p>típicas da Administração Pública, que</p><p>requeiram, para seu melhor funcionamento,</p><p>gestão administrativa e financeira</p><p>descentralizada.</p><p>II - Empresa Pública - a entidade dotada de</p><p>personalidade jurídica de direito privado,</p><p>com patrimônio próprio e capital exclusivo</p><p>da União, criado por lei para a exploração</p><p>de atividade econômica que o Governo seja</p><p>levado a exercer por força de contingência</p><p>ou de conveniência administrativa podendo</p><p>revestir-se de qualquer das formas admitidas</p><p>em direito. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº</p><p>900, de 1969)</p><p>III - Sociedade de Economia Mista - a entidade</p><p>dotada de personalidade jurídica de direito</p><p>privado, criada por lei para a exploração</p><p>de atividade econômica, sob a forma de</p><p>sociedade anônima, cujas ações com direito a</p><p>voto pertençam em sua maioria à União ou a</p><p>entidade da Administração Indireta. (Redação</p><p>dada pelo Decreto-Lei nº 900, de 1969)</p><p>IV - Fundação Pública - a entidade dotada</p><p>de personalidade</p><p>jurídica de direito privado,</p><p>sem fins lucrativos, criada em virtude de</p><p>autorização legislativa, para o desenvolvimento</p><p>de atividades que não exijam execução por</p><p>41ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>órgãos ou entidades de direito público, com</p><p>autonomia administrativa, patrimônio próprio</p><p>gerido pelos respectivos órgãos de direção</p><p>e funcionamento custeado por recursos da</p><p>União e de outras fontes. (Incluído pela Lei nº</p><p>7.596, de 1987)</p><p>§ 1º No caso do inciso III, quando a atividade</p><p>for submetida a regime de monopólio estatal,</p><p>a maioria acionária caberá apenas à União,</p><p>em caráter permanente.</p><p>§ 2º O Poder Executivo enquadrará as</p><p>entidades da Administração Indireta</p><p>existentes nas categorias constantes deste</p><p>artigo.</p><p>§ 3º As entidades de que trata o inciso IV</p><p>deste artigo adquirem personalidade jurídica</p><p>com a inscrição da escritura pública de sua</p><p>constituição no Registro Civil de Pessoas</p><p>Jurídicas, não se lhes aplicando as demais</p><p>disposições do Código Civil concernentes às</p><p>fundações. (BRASIL, 2019)</p><p>Artigo 10. A execução das atividades da Administração</p><p>Federal deverá ser amplamente descentralizada.</p><p>§ 1º A descentralização será posta em prática</p><p>em três planos principais:</p><p>a) dentro dos quadros da Administração</p><p>Federal, distinguindo-se claramente o nível de</p><p>direção daquele de execução;</p><p>b) da Administração Federal para a das</p><p>unidades federadas, quando estejam</p><p>devidamente aparelhadas e mediante</p><p>convênio;</p><p>42 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>c) da Administração Federal para a órbita</p><p>privada, mediante contratos ou concessões.</p><p>§ 2° Em cada órgão da Administração Federal,</p><p>os serviços que compõem a estrutura central</p><p>de direção devem permanecer liberados das</p><p>rotinas de execução e das tarefas de mera</p><p>formalização de atos administrativos, para</p><p>que possam concentrar-se nas atividades de</p><p>planejamento, supervisão, coordenação e</p><p>controle.</p><p>§ 3º A Administração casuística, assim</p><p>entendida a decisão de casos individuais,</p><p>compete, em princípio, ao nível de execução,</p><p>especialmente aos serviços de natureza local,</p><p>que estão em contato com os fatos e com o</p><p>público.</p><p>§ 4º Compete à estrutura central de direção</p><p>o estabelecimento das normas, critérios,</p><p>programas e princípios, que os serviços</p><p>responsáveis pela execução são obrigados a</p><p>respeitar na solução dos casos individuais e</p><p>no desempenho de suas atribuições.</p><p>§ 5º Ressalvados os casos de manifesta</p><p>impraticabilidade ou inconveniência, a</p><p>execução de programas federais de caráter</p><p>nitidamente local deverá ser delegada, no</p><p>todo ou em parte, mediante convênio, aos</p><p>órgãos estaduais ou municipais incumbidos</p><p>de serviços correspondentes.</p><p>§ 6º Os órgãos federais responsáveis pelos</p><p>programas conservarão a autoridade</p><p>normativa e exercerão controle e fiscalização</p><p>indispensáveis sobre a execução local,</p><p>43ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>condicionando-se a liberação dos recursos ao</p><p>fiel cumprimento dos programas e convênios.</p><p>§ 7º Para melhor desincumbir-se das tarefas</p><p>de planejamento, coordenação, supervisão</p><p>e controle e com o objetivo de impedir o</p><p>crescimento desmesurado da máquina</p><p>administrativa, a Administração procurará</p><p>desobrigar-se da realização material de tarefas</p><p>executivas, recorrendo, sempre que possível,</p><p>à execução indireta, mediante contrato,</p><p>desde que exista, na área, iniciativa privada</p><p>suficientemente desenvolvida e capacitada a</p><p>desempenhar os encargos de execução.</p><p>§ 8º A aplicação desse critério está</p><p>condicionada, em qualquer caso, aos ditames</p><p>do interesse público e às conveniências da</p><p>segurança nacional. (BRASIL, 2019)</p><p>RESUMINDO</p><p>Neste capítulo você viu um resgate histórico</p><p>sobre os processos de mudanças e tentativas de</p><p>modernização do aparelho público. Compreendeu</p><p>que a execução das atividades da administração</p><p>federal deverá ser descentralizada nos preceitos da</p><p>lei. Aprendeu também o que vem a ser autarquia,</p><p>empresa pública, a sociedade de economia mista</p><p>e fundação pública, passando pela legislação que</p><p>busca superar a rigidez da burocracia. O processo</p><p>de busca pela modernização da administração</p><p>pública vem de longa data e conhecemos algumas</p><p>das leis em vigou para garantir esse processo.</p><p>44 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Os limites da política sobre a</p><p>máquina pública</p><p>OBJETIVO</p><p>Compreender que com a Constituição Federal de</p><p>1988, por meio da Emenda Constitucional nº 19, o</p><p>Brasil chega ao terceiro modelo de Administração</p><p>Pública gerencial cujo princípio é a eficiência e</p><p>que, de acordo com Sarturi (2013) caracteriza</p><p>“um Estado não mais prioritariamente produtor</p><p>de bens e serviços, mas regulador da economia e</p><p>da sociedade”. Veremos também que mediante as</p><p>mudanças ocorridas nas estruturas organizacionais</p><p>e o conceito moderno da nova gestão pública</p><p>onde o objetivo é a redução da máquina estatal e</p><p>a redução de custos, o modelo da administração</p><p>gerencial tornou-se mais adequado ao que se</p><p>espera da prestação de serviços dos órgãos</p><p>públicos. Mas existem limites na sua atuação.</p><p>Ao longo da história contemporânea, assistimos a uma</p><p>reconfiguração das funções e responsabilidades do Estado em</p><p>relação à economia e à sociedade. Um dos movimentos mais</p><p>significativos nesse contexto é a transição do Estado como</p><p>principal fornecedor de serviços para um papel mais regulador</p><p>e garantidor.</p><p>No modelo de Estado Fornecedor, o Estado assume</p><p>a responsabilidade direta pela prestação de uma variedade</p><p>de serviços à sociedade, como saúde, educação, transporte</p><p>e infraestrutura. Isso muitas vezes envolve a propriedade e a</p><p>operação de empresas e instituições que fornecem esses serviços,</p><p>como hospitais públicos, escolas e sistemas de transporte. Esse</p><p>modelo foi especialmente prevalente no período pós-Segunda</p><p>45ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Guerra Mundial até os anos 1980, especialmente em muitos</p><p>países de economia mista ou orientados para o bem-estar social.</p><p>A transição para o Estado Regulador ocorre quando</p><p>o Estado começa a se retirar da prestação direta de serviços,</p><p>passando a estabelecer normas, diretrizes e regulamentos que as</p><p>entidades privadas e semi privadas devem seguir. Em vez de ser o</p><p>operador direto, o Estado atua como um supervisor ou regulador,</p><p>garantindo que os padrões sejam atendidos e que os direitos dos</p><p>cidadãos sejam protegidos. Já como Estado Garantidor, o papel</p><p>do Estado é assegurar que todos os cidadãos tenham acesso a</p><p>serviços essenciais, independentemente de sua capacidade de</p><p>pagamento ou status social, por meio de subsídios, vouchers ou</p><p>outras formas de apoio.</p><p>Essa mudança foi impulsionada por várias razões:</p><p>• Eficiência Econômica: A percepção de que o setor</p><p>privado pode, em certos setores, operar de forma mais</p><p>eficiente e inovadora do que o setor público, levando a</p><p>melhores serviços a um custo menor.</p><p>• Cargas Fiscais: O desejo de aliviar as cargas fiscais</p><p>do Estado, transferindo alguns dos custos e riscos</p><p>associados à prestação de serviços para o setor privado.</p><p>• Adaptação e Flexibilidade: A transição permitiu uma</p><p>resposta mais rápida e adaptável às mudanças nas</p><p>demandas e necessidades da sociedade.</p><p>• Globalização e Competitividade: Em um mundo</p><p>globalizado, muitos governos buscaram tornar</p><p>suas economias mais competitivas, abrindo setores</p><p>anteriormente monopolizados pelo Estado para a</p><p>concorrência internacional.</p><p>46 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>• Empoderamento do Consumidor: Proporcionar escolha</p><p>e voz ao consumidor, permitindo-lhes selecionar entre</p><p>diferentes provedores de serviços.</p><p>A transição também trouxe desafios. A regulação</p><p>inadequada pode levar a falhas de mercado, como monopólios ou</p><p>cartéis. Além disso, há a preocupação de que serviços essenciais</p><p>possam se tornar inacessíveis para os mais vulneráveis se não</p><p>forem adequadamente subsidiados ou apoiados. Essa transição</p><p>reflete uma mudança na visão sobre o papel do Estado na</p><p>economia e na sociedade. Embora esse modelo traga muitos</p><p>benefícios potenciais em termos de eficiência, flexibilidade e</p><p>escolha, também</p><p>requer uma regulamentação e supervisão</p><p>cuidadosas para garantir que os direitos e necessidades de todos</p><p>os cidadãos sejam atendidos.</p><p>Imagem 4.8 -Direitos fundamentais.</p><p>Fonte: Freepik.</p><p>https://br.freepik.com/fotos-gratis/pessoas-de-cadeia-de-origami-vista-superior-com-globo_9393822.htm</p><p>47ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Direitos sociais fundamentais</p><p>A Administração Pública, em sua essência, é o aparato</p><p>através do qual o Estado executa suas políticas, serviços e ações,</p><p>atuando como interface direta entre o poder público e a sociedade.</p><p>Em um Estado Democrático de Direito, a Administração Pública</p><p>não atua apenas como um executor de tarefas, mas também</p><p>como um guardião e promotor dos direitos fundamentais dos</p><p>cidadãos.</p><p>Os direitos fundamentais são aqueles inerentes à</p><p>condição humana, indispensáveis para uma existência digna e</p><p>para a plena realização do indivíduo na sociedade. Eles estão</p><p>geralmente inscritos nas constituições nacionais e em tratados</p><p>internacionais de direitos humanos e incluem direitos civis,</p><p>políticos, sociais, econômicos e culturais.</p><p>A Administração Pública tem o dever primordial de</p><p>promover e proteger os direitos fundamentais. Isso implica</p><p>em criar e manter serviços que garantam a saúde, educação,</p><p>segurança e bem-estar dos cidadãos. Os direitos fundamentais</p><p>atuam como limitadores do poder estatal. Isso significa que, em</p><p>suas ações, a Administração Pública deve sempre respeitar e</p><p>proteger os direitos dos cidadãos, evitando qualquer forma de</p><p>abuso ou arbitrariedade.</p><p>Muitos direitos fundamentais exigem uma ação proativa</p><p>do Estado. Por exemplo, o direito à educação requer a criação</p><p>e manutenção de escolas e instituições de ensino. Assim, a</p><p>Administração Pública deve não apenas se abster de violar</p><p>direitos, mas também atuar positivamente para realizá-los.</p><p>Para garantir que os direitos fundamentais sejam</p><p>respeitados, a Administração Pública deve operar de maneira</p><p>48 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>transparente e ser responsabilizada por suas ações. Isso implica</p><p>em prestar contas à sociedade e ser submetida a mecanismos</p><p>de controle e fiscalização. A garantia dos direitos fundamentais</p><p>é potencializada quando os cidadãos têm canais para participar</p><p>das decisões administrativas, seja através de consultas públicas,</p><p>audiências ou outros mecanismos de participação.</p><p>A relação entre Administração Pública e direitos</p><p>fundamentais não está isenta de tensões. Em situações de</p><p>escassez de recursos, a administração pode enfrentar dificuldades</p><p>em garantir plenamente todos os direitos. Além disso, situações</p><p>de emergência, como crises econômicas ou pandemias, podem</p><p>colocar em debate a primazia de certos direitos em detrimento</p><p>de outros.</p><p>A Administração Pública, em sua atuação, deve sempre</p><p>ter os direitos fundamentais como bússola orientadora. O</p><p>respeito, promoção e garantia desses direitos são indicativos de</p><p>uma administração comprometida com a dignidade, liberdade e</p><p>bem-estar de seus cidadãos. Afinal, em um Estado Democrático</p><p>de Direito, a verdadeira finalidade da máquina pública é servir ao</p><p>cidadão e garantir a concretização de seus direitos mais básicos</p><p>e essenciais.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para aprofundar o estudo acerca dos Direitos</p><p>fundamentais, leia o artigo “Direito e garantias</p><p>fundamentais: conceito e característica”. Disponível</p><p>abaixo.</p><p>https://www.projuris.com.br/blog/o-que-sao-direitos-fundamentais/#:~:text=Os%20direitos%20e%20garantias%20fundamentais,para%20que%20o%20indivíduo%20exista.</p><p>https://www.projuris.com.br/blog/o-que-sao-direitos-fundamentais/</p><p>49ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Os artigos 5º ao 17 da Constituição Federal estipulam</p><p>quais são os direitos fundamentais e garantias que o indivíduo</p><p>brasileiro e a sociedade desfrutam de forma contínua. Os direitos</p><p>e garantias fundamentais estão divididos na Constituição Federal</p><p>por temas específicos. São eles: direitos individuais e coletivos</p><p>(artigo 5º da CF), direitos sociais (do artigo 6º ao artigo 11 da</p><p>CF), direitos de nacionalidade (artigos 12 e 13 da CF) e direitos</p><p>políticos (artigos 14 ao 17 da CF).</p><p>São categorizados da seguinte maneira:</p><p>Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (artigo</p><p>5º):</p><p>• Igualdade perante a lei, sem distinção de qualquer</p><p>natureza.</p><p>• Direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à</p><p>propriedade.</p><p>• Direito de resposta e direito ao habeas corpus e habeas</p><p>data.</p><p>• Liberdade de expressão, de atividade intelectual,</p><p>artística, científica e de comunicação.</p><p>• Liberdade de consciência, de crença e de exercer cultos</p><p>religiosos.</p><p>• Inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra</p><p>e da imagem das pessoas.</p><p>• Inviolabilidade do lar e sigilo de correspondência e das</p><p>comunicações.</p><p>• Direito de propriedade e função social da propriedade.</p><p>• Direito de herança.</p><p>• Livre associação profissional ou sindical, entre outros.</p><p>50 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Dos Direitos Sociais (artigo 6º ao 11):</p><p>• Direito à educação, saúde, alimentação, trabalho,</p><p>moradia, lazer, segurança, previdência social,</p><p>proteção à maternidade e à infância e assistência aos</p><p>desamparados.</p><p>• Direito de greve.</p><p>• Direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, como</p><p>jornada de trabalho de 8 horas, salário mínimo, férias</p><p>remuneradas, 13º salário, entre outros.</p><p>Da Nacionalidade (artigo 12 e 13):</p><p>• Estabelece quem são os brasileiros natos e naturalizados</p><p>e quais são seus direitos e restrições.</p><p>• Direito ao uso da língua portuguesa como língua oficial</p><p>da República Federativa do Brasil.</p><p>Dos Direitos Políticos (artigo 14 ao 16):</p><p>• Garante o direito ao voto, a participação política e os</p><p>mecanismos de soberania popular.</p><p>Dos Partidos Políticos (artigo 17):</p><p>• Garante a liberdade de criação, fusão, incorporação e</p><p>extinção de partidos políticos.</p><p>Os direitos fundamentais não se limitam apenas ao Título</p><p>II. Ao longo da Constituição, outros direitos, como os direitos</p><p>dos índios (artigos 231 e 232) e os direitos relacionados ao meio</p><p>ambiente (artigo 225) tratados.</p><p>51ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Imagem 4.9 - Direito a educação.</p><p>Fonte: Freepik.</p><p>O reconhecimento e a proteção desses direitos na</p><p>Constituição Federal de 1988 refletem uma resposta às graves</p><p>violações de direitos humanos que ocorreram durante o período</p><p>da ditadura militar no Brasil.</p><p>A Emenda Constitucional nº 90, de 2015 dá nova redação ao</p><p>art. 6º da Constituição Federal de 1988 introduzindo o transporte</p><p>como direito social. As Mesas da Câmara dos Deputados e do</p><p>Senado Federal, nos termos do art. 60 da Constituição Federal</p><p>de 1988, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional:</p><p>Artigo único: O art. 6º da Constituição Federal</p><p>de 1988 passa a vigorar com a seguinte</p><p>redação:</p><p>Art. 6º São direitos sociais a educação, a</p><p>saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o</p><p>transporte, o lazer, a segurança, a previdência</p><p>social, a proteção à maternidade e à infância,</p><p>https://br.freepik.com/vetores-gratis/conceito-de-lei-de-patentes-com-homem-e-balanca_10491654.htm#page=3&query=direito%20a%20educação&position=33&from_view=search&track=ais</p><p>52 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>a assistência aos desamparados, na forma</p><p>desta Constituição. (BRASIL, 2010, pág. 387)</p><p>Assim, é preciso reconhecer que:</p><p>Evidentemente, como a Constituição brasileira é</p><p>indubitavelmente programática - traça planos,</p><p>diretrizes e metas – a seus destinatários. Em</p><p>larga medida, o fundamento da própria política</p><p>pública está desenhada no texto constitucional,</p><p>o que gera, em muitos casos, a justiciabilidade</p><p>desses direitos ... É dizer, a Constituição é em</p><p>importante elemento de referência e validade</p><p>para o desenvolvimento de inúmeras políticas</p><p>públicas nos diversos segmentos e atividades</p><p>por ela regulados, traçando em maior ou menor</p><p>grau, os próprios elementos da política pública</p><p>que devem ser desenvolvidos e concretizados.</p><p>(FIGUEIREDO, 2008, pág. 16)</p><p>Parâmetro para o controle judicial das</p><p>políticas públicas</p><p>Políticas públicas podem</p><p>ser compreendidas como um</p><p>conjunto de ações, estratégias e diretrizes definidas pelo Estado,</p><p>com o objetivo de atender às necessidades e aspirações da</p><p>população em diversas áreas, como educação, saúde, transporte,</p><p>habitação, meio ambiente, dentre outras. Originadas do processo</p><p>democrático, essas políticas são ferramentas fundamentais</p><p>na transformação social, econômica e política de uma nação,</p><p>refletindo a capacidade do Estado em responder de forma efetiva</p><p>aos desafios e demandas da sociedade.</p><p>53ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>A formulação de políticas públicas geralmente passa</p><p>por etapas que incluem a identificação de problemas ou</p><p>necessidades, a elaboração de propostas, a implementação</p><p>das ações propostas e a posterior avaliação dos resultados.</p><p>Este processo requer a interação entre diferentes atores, como</p><p>gestores públicos, especialistas, representantes da sociedade civil</p><p>e, em muitos casos, organismos internacionais. A participação</p><p>cidadã é um elemento chave na formulação de políticas públicas</p><p>eficientes e eficazes. Por meio de mecanismos de participação,</p><p>como audiências públicas, conselhos participativos e consultas</p><p>públicas, os cidadãos têm a oportunidade de influenciar decisões,</p><p>priorizar demandas e fiscalizar a aplicação dos recursos.</p><p>No entanto, para que as políticas públicas alcancem seus</p><p>objetivos, é fundamental que sejam baseadas em evidências,</p><p>informações precisas e análises técnicas. Além disso, devem ser</p><p>adaptáveis, uma vez que as necessidades sociais são dinâmicas e</p><p>podem se alterar conforme o contexto socioeconômico e cultural.</p><p>As políticas públicas são reflexos das escolhas e</p><p>prioridades de uma sociedade, mediadas pela ação estatal.</p><p>Elas são instrumentos essenciais na promoção da justiça</p><p>social, equidade e desenvolvimento sustentável, moldando o</p><p>presente e definindo o futuro de uma nação. Seu entendimento</p><p>é fundamental para qualquer cidadão que deseje compreender</p><p>e participar ativamente da construção e aprimoramento da vida</p><p>coletiva em seu país.</p><p>O controle judicial das políticas públicas refere-se à</p><p>capacidade do Poder Judiciário de intervir e analisar as ações e</p><p>omissões dos demais poderes estatais, especialmente o Executivo</p><p>e Legislativo, quando estes implementam ou se abstêm de</p><p>implementar políticas públicas. Esse controle tem como principal</p><p>finalidade assegurar que os direitos fundamentais dos cidadãos</p><p>54 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>sejam respeitados e efetivados. O controle das políticas públicas</p><p>pode ocorrer por diversas razões como:</p><p>1. A Constituição estabelece um conjunto de direitos e</p><p>garantias que os cidadãos possuem. Se uma política</p><p>pública violar esses direitos ou se a ausência de uma</p><p>política resultar na violação destes, o Poder Judiciário</p><p>pode ser acionado para corrigir essa situação.</p><p>2. Em muitos casos, o Judiciário atua de maneira subsidiária,</p><p>intervindo quando os outros poderes falham em cumprir</p><p>seus deveres ou quando agem de forma abusiva.</p><p>3. Muitas vezes, as políticas públicas são discutidas sob o prisma</p><p>da disponibilidade orçamentária. Contudo, o Judiciário pode</p><p>intervir para garantir que a alegada falta de recursos não</p><p>seja um obstáculo na concretização de direitos essenciais.</p><p>O controle das políticas públicas pode trazer desafios de</p><p>diferentes naturezas, vejamos:</p><p>• O controle judicial pode gerar tensões entre o Judiciário</p><p>e os demais poderes, especialmente quando o primeiro</p><p>determina a alteração ou implementação de uma</p><p>política pública.</p><p>• Políticas públicas frequentemente envolvem questões</p><p>técnicas e avaliações especializadas. O Poder Judiciário</p><p>pode não ter a expertise necessária para avaliar todas</p><p>as nuances de determinada política.</p><p>A linha entre a proteção de direitos fundamentais e o</p><p>ativismo judicial pode ser tênue. Há um debate constante sobre</p><p>até que ponto o Judiciário deve intervir nas políticas públicas sem</p><p>usurpar as funções dos demais poderes. O controle judicial das</p><p>políticas públicas é uma ferramenta essencial para garantir que os</p><p>direitos dos cidadãos sejam protegidos e efetivados. Entretanto,</p><p>55ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>esse controle deve ser exercido com cautela, equilíbrio e respeito</p><p>às competências dos demais poderes. O desafio está em</p><p>encontrar o ponto de equilíbrio onde os direitos fundamentais</p><p>sejam resguardados sem que haja uma superposição desmedida</p><p>do Judiciário sobre as funções dos outros poderes.</p><p>EXEMPLO: o Sistema Único de Saúde (SUS), no final</p><p>dos anos 1980, em meio à redemocratização brasileira,</p><p>houve uma forte demanda por reformas em várias áreas,</p><p>incluindo a saúde. A Constituição de 1988 estabeleceu</p><p>a saúde como um direito de todos e dever do Estado,</p><p>dando origem à criação do SUS. Essa medida tinha como</p><p>objetivos: Universalização do acesso à saúde, integralidade</p><p>da assistência, descentralização da gestão e a participação</p><p>da população. O SUS representa uma das maiores políticas</p><p>públicas de saúde do mundo, atendendo milhões de</p><p>brasileiros diariamente. Ao longo dos anos, o sistema foi</p><p>responsável por várias campanhas de vacinação, programas</p><p>de prevenção de doenças, tratamentos especializados,</p><p>transplantes, entre outros.</p><p>Ferreira, 2012 em seu artigo “Políticas Públicas e Limites</p><p>ao Poder Discricionário - Análise Da STA-AGR 175” traz com</p><p>propriedade em seu artigo a conjugação de três fatores de</p><p>inferência:</p><p>I. sendo a política pública um dos meios eficazes para a adjudicação</p><p>dos direitos fundamentais, notadamente os de índole social.</p><p>II. sendo a margem de discricionariedade diminuída em detrimento</p><p>dos objetivos a serem alcançados insculpidos na Constituição</p><p>III. não podendo o Poder Judiciário eximir-se de apreciar lesão</p><p>ou ameaça a direito, parece restar clara a possibilidade</p><p>de controle das políticas públicas por parte do Judiciário.</p><p>56 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>Ainda, o autor traz reflexões que destacam o quão</p><p>profundo é o tema das limitações de atuação do Poder Judiciário</p><p>que tem uma atribuição constitucional residual em matéria de</p><p>políticas públicas. Isto significa que a jurisdição não pode intervir</p><p>indistintamente nas políticas públicas desenvolvidas pelos demais</p><p>poderes. Somente no caso de omissão ou de contrariedade com</p><p>os núcleos constitucionais de irradiação e sempre de forma a</p><p>respeitar a proporcionalidade é que o Poder Judiciário intervém</p><p>nas políticas públicas (FERREIRA apud CANELA JR., 2011, pág. 148).</p><p>Imagem 4.10 - Poder Judiciário e a Gestão Pública.</p><p>Fonte: Freepik.</p><p>Os Limites constitucionais</p><p>As reformas constitucionais são mecanismos essenciais</p><p>para atualizar e adaptar a Carta Magna às transformações sociais,</p><p>políticas e econômicas que ocorrem ao longo do tempo. No</p><p>entanto, tais reformas não são absolutas e encontram limitações</p><p>intrínsecas. Em muitos ordenamentos jurídicos, as Constituições</p><p>estabelecem cláusulas pétreas, que são disposições consideradas</p><p>fundamentais e, por isso, imunes a modificações. Essas cláusulas</p><p>https://br.freepik.com/vetores-gratis/ilustracao-de-etica-empresarial_10981020.htm#query=poder%20judiciário%20e%20gestão&position=14&from_view=search&track=ais</p><p>57ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>U</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>4</p><p>funcionam como baluartes de valores e princípios que a</p><p>sociedade, em determinado momento histórico, entendeu como</p><p>essenciais e indeléveis. Deste modo, mesmo que uma proposta</p><p>de emenda à Constituição obtenha aprovação parlamentar,</p><p>se esta afrontar uma cláusula pétrea, poderá ser considerada</p><p>inconstitucional. Esse mecanismo busca preservar a essência e</p><p>a estabilidade constitucional, protegendo-a de alterações que</p><p>possam comprometer os pilares fundamentais do Estado de</p><p>Direito.</p><p>Muito se tem falado sobre ações, projetos e propostas</p><p>da Reforma Constitucional. Entretanto, a liberdade de mudança</p><p>é limitada pela própria Constituição Original, conforme destaca</p><p>Ferreira apud Canela Jr. (2011) “a reforma constitucional deve ser</p><p>elaborada dentro de parâmetros previamente estipulados, são</p><p>os denominados</p>