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<p>MONITORIA DE BASES SEMIOLÓGICAS</p><p>- Guia de Habilidades -</p><p>EXAME FÍSICO GERAL</p><p>1</p><p>Exame Físico Geral</p><p>I. ESTADO GERAL</p><p>O examinador fará uma avaliação subjetiva com</p><p>base no conjunto de dados exibidos pelo paciente</p><p>com base em sua experiência clínica. Engloba o</p><p>estado de nutrição, higiene, aparência de doença</p><p>aguda e modo com que se apresenta para o exame</p><p>(deambulando, cadeira de rodas, acamado,</p><p>consciente ou inconsciente etc.). Corresponde,</p><p>portanto, ao estado de saúde aparente do</p><p>indivíduo, visto em sua totalidade. É útil para que</p><p>o impacto da doença sobre o paciente, como um</p><p>todo, possa ser avaliado. Podemos classificá-lo</p><p>em:</p><p>• Bom Estado Geral (BEG): paciente</p><p>aparentemente saudável; Paciente que</p><p>mesmo sendo portador de uma doença,</p><p>mantém o aspecto físico, intelectual e</p><p>emocional compatível com sua idade e</p><p>condição social;</p><p>• Regular Estado Geral (REG): meio termo</p><p>entre o bom e o ruim; Paciente que</p><p>manifesta sinais de doença, mas não se</p><p>encontrada prostrado, nem teve sua</p><p>condição nutricional e consciência</p><p>significativamente alterados;</p><p>• Ruim ou Mau Estado Geral (MEG): paciente</p><p>debilitado visualmente. Paciente com</p><p>manifestações inequívocas da doença, com</p><p>evidências clínicas de perda de peso,</p><p>desidratação, alteração do nível de</p><p>consciência, confusão mental.</p><p>II. CONSCIÊNCIA</p><p>O exame da consciência pode ser dividido em</p><p>avaliação do nível da consciência e do seu</p><p>conteúdo.</p><p>Para classificar o paciente quanto ao nível da sua</p><p>consciência, o examinador deve avaliar se ele</p><p>apresenta uma percepção consciente do mundo</p><p>exterior e de si mesmo, por meio da sua</p><p>responsividade a estímulos externos.</p><p>O paciente poderá ser classificado em:</p><p>• Lúcido ou alerta: paciente responde</p><p>normalmente e com coerência.</p><p>• Letárgico: Parece sonolento, mas abre os</p><p>olhos e olha para o examinador, responde às</p><p>perguntas e, depois, adormece;</p><p>• Obnubilado: paciente abre os olhos e olha</p><p>para o examinador, mas responde</p><p>lentamente e parece confuso. O grau de</p><p>interesse e o nível de consciência estão</p><p>diminuídos</p><p>• Torporoso: paciente só desperta após</p><p>estímulos dolorosos. As respostas verbais</p><p>são letas ou até mesmo inexistentes. O</p><p>paciente retorna ao estado não reativo</p><p>quando o estímulo cessa. Existe mínima</p><p>conscientização de si mesmo ou do</p><p>ambiente.</p><p>• Coma: paciente não responde aos estímulos</p><p>e permanece com olhos fechados. Não há</p><p>respostas evidentes aos estímulos internos</p><p>ou externos.</p><p>O conteúdo da consciência é avaliado por meio da</p><p>atenção, orientação em tempo e espaço, memória</p><p>(imediata, recente e tardia), cálculo, pensamento</p><p>2</p><p>abstrato, percepção visual e corporal e fala e</p><p>linguagem. Essa porção do exame da consciência</p><p>será vista com maior detalhamento no Exame</p><p>Neurológico.</p><p>Geralmente, no exame físico geral, se avalia o nível</p><p>de consciência do paciente, a sua orientação em</p><p>tempo e espaço e a sua fala e linguagem.</p><p>III. FALA E LINGUAGEM</p><p>A fala depende de mecanismos bastante</p><p>complexos compreendendo o órgão fonador,</p><p>músculos da fonação e elaboração.</p><p>Dentre as possíveis alterações da fala e linguagem</p><p>que podemos encontrar, temos:</p><p>● Disfonia ou afonia: alteração do timbre da</p><p>voz (voz rouca, fanhosa ou bitonal) causada</p><p>por problema no órgão fonador.</p><p>● Dislalia: alterações menores, comuns em</p><p>crianças. Dificuldade em articular palavras.</p><p>Ex: Troca de letras (R e L).</p><p>● Disritmolalia: Forma especial de dislalia.</p><p>Envolve ritmo da fala. Exemplos são a</p><p>gagueira e a taquilalia</p><p>● Disartria: É uma disfunção motora, que</p><p>pode ocorrer devido a alterações nos</p><p>músculos da fonação, incoordenação</p><p>cerebral, hipertonia no parkinsonismo ou</p><p>perda do controle piramidal.</p><p>● Disfasia: Distúrbio na elaboração cortical da</p><p>fala. Apesar do termo afasia significar</p><p>estritamente uma completa ausência de</p><p>linguagem, consagrou-se o seu uso no lugar</p><p>da palavra mais correta “disfasia”. Pode ser</p><p>de dois tipos:</p><p> Recepção ou sensorial (Wernicke):</p><p>Paciente não entende o que se é dito;</p><p> Expressão ou motora (Broca): Paciente</p><p>entende, mas não consegue se expressar.</p><p>● Disgrafia: perda da capacidade de escrita.</p><p>● Dislexia: perda da capacidade de ler.</p><p>IV. ESTADO DE HIDRATAÇÃO</p><p>Para avaliar o estado de hidratação do paciente,</p><p>devemos ter em mente os seguintes parâmetros:</p><p>● Alteração abrupta de peso</p><p>● Alterações da pele (elasticidade, turgor,</p><p>umidade)</p><p>● Umidade das mucosas</p><p>● Fontanelas (em crianças)</p><p>● Alterações oculares</p><p>● Estado geral</p><p>Avalia-se a elasticidade da pele pinçando uma</p><p>prega cutânea com o polegar e o indicador e em</p><p>seguida efetua-se uma tração. Ao soltar a pele, a</p><p>prega deve se desfazer prontamente. Uma</p><p>diminuição de elasticidade pode ser observada</p><p>caso a prega se desfaça vagarosamente após a</p><p>manobra. Uma pele hiperelástica possui</p><p>característica semelhante à da borracha,</p><p>distendendo-se duas a três vezes mais que a pele</p><p>normal.</p><p>De maneira semelhante, o turgor é avaliado</p><p>através de pinçamento de pregas cutâneas (busca-</p><p>se pinchar o tecido adiposo, não o muscular). Um</p><p>turgor diminuído é identificado através da</p><p>sensação de pele murcha e lento desfazimento da</p><p>prega.</p><p>Desidratação é a diminuição de água e eletrólitos</p><p>totais do organismo, se caracterizando pelos</p><p>seguintes elementos:</p><p>• Sede</p><p>• Diminuição abrupta de peso</p><p>• Pele seca, com elasticidade e turgor</p><p>diminuídos</p><p>• Mucosas secas</p><p>• Olhos afundados (enoftalmia) e hipotônicos</p><p>• Fontanelas deprimidas (no caso de crianças)</p><p>• Estado geral comprometido</p><p>• Excitação psíquica ou abatimento</p><p>• Oligúria</p><p>A desidratação pode ser classificada de acordo</p><p>com a:</p><p>● Intensidade: Quantidade de peso perdido.</p><p>3</p><p> Leve: 5% de peso</p><p> Moderada: 5 a 10% de peso</p><p> Grave: Acima de 10% de peso</p><p>● Osmolalidade do Sódio: nível sanguíneo de</p><p>sódio.</p><p> Isotônica: 130 < [Na+] <150mEQ/L</p><p> Hipotônica: [Na+] < 130mEq/L</p><p> Hipertônica: [Na+] > 150mEq/L</p><p>Na prática médica, classifica-se, de forma</p><p>subjetiva, o grau da desidratação em cruzes (+ a</p><p>++++/4+).</p><p>V. ESTADO NUTRICIONAL</p><p>O estado nutricional reflete o equilíbrio entre a</p><p>ingestão e a demanda de nutrientes de um</p><p>indivíduo. A manutenção do equilíbrio depende de</p><p>uma série de fatores.</p><p>• A ingestão pode depender tanto de fatores</p><p>associados aos alimentos quanto daqueles</p><p>relacionados à digestão e à absorção;</p><p>• A demanda cobre as necessidades básicas do</p><p>corpo.</p><p>• Situações especiais como ingesta de</p><p>alimentos alterada, estresse fisiológico,</p><p>febre, infecção, doenças, entre outros</p><p>fatores podem acabar interferindo nesse</p><p>equilíbrio.</p><p>• Deve ser avaliado de acordo com os</p><p>seguintes parâmetros:</p><p> Peso, musculatura, panículo adiposo,</p><p>desenvolvimento físico, estado geral,</p><p>pele, pelos e olhos.</p><p>• Podemos dividir em:</p><p> Estado de nutrição normal: elementos</p><p>acima dentro dos limites de normalidade.</p><p> Excesso de peso: Ocorre quando o peso</p><p>está acima do normal, o panículo adiposo</p><p>ultrapassa os limites de normalidade e o</p><p>desenvolvimento físico está acima dos</p><p>valores máximos considerados em</p><p>relação à etnia, sexo e à idade.</p><p> Obesidade ou sobrepeso: Excesso de</p><p>peso decorrente do acúmulo de gordura.</p><p>Pode ser diagnosticada de modo:</p><p> Quantitativo: de acordo com o IMC</p><p> Qualitativo: Refere-se à distribuição</p><p>da gordura</p><p> Ginecoide ou periférica (tipo “pêra”):</p><p>Gordura concentrada principalmente</p><p>nos quadris, coxas e glúteos.</p><p> Androide ou Central (tipo “maçã”):</p><p>Gordura concentrada principalmente</p><p>em tronco e abdômen. Maior risco</p><p>para as doenças cardiovasculares.</p><p> Desnutrição ou hiponutrição: deficiência</p><p>nas reservas corporais de calorias,</p><p>proteínas, vitaminas e/ou minerais. O</p><p>peso está abaixo dos valores mínimos</p><p>normais, a musculatura é hipotrófica e o</p><p>panículo adiposo escasso.</p><p> De acordo com a origem pode ser</p><p>classificada em:</p><p> Primária: Inadequação e desequilíbrio</p><p>na alimentação, tanto na quantidade,</p><p>quanto na qualidade</p><p> Secundária: é secundária a outras</p><p>enfermidades, como condições de má-</p><p>absorção, anorexia, insuficiência de</p><p>órgãos, hipermetabolismo, entre</p><p>outros.</p><p> De acordo com a fonte do nutriente de</p><p>maior deficiência:</p><p> Desnutrição Calórico-proteica:</p><p>⚕ Marasmo: diminuição da ingestão</p><p>calórica e proteica.</p><p>⚕ Kwashiorkor: diminuição da ingestão</p><p>proteica.</p><p>⚕ Kwashiorkor-marasmático: diminuição</p><p>da ingestão calórica e proteica,</p><p>acompanhada de estresse (aguda).</p><p>4</p><p>VI. DESENVOLVIMENTO FÍSICO</p><p>Avalia-se:</p><p>• Altura</p><p>• Estrutura Somática, a qual inclui:</p><p> Inspeção Global</p><p> Desenvolvimento Osteomuscular</p><p>• Pode ser classificado em:</p><p> Desenvolvimento normal</p><p> Hiperdesenvolvimento: praticamente</p><p>sinônimo de gigantismo, é o estado de</p><p>crescimento exagerado anormal.</p><p> Hipodesenvolvimento: se diferencia do</p><p>nanismo apenas por questões de grau e</p><p>qualidade.</p><p>OBS.: No nanismo, existe uma</p><p>pronunciada deficiência no crescimento</p><p>longitudinal do corpo, cuja estatura fica</p><p>muito aquém da média para o meio e</p><p>para a raça.</p><p> Hábito grácil: corresponde à constituição</p><p>corporal frágil e delgada, mas sem</p><p>significado patológico, envolvendo:</p><p> Ossatura fina;</p><p> Musculatura pouco desenvolvida;</p><p> Altura e peso abaixo dos níveis</p><p>normais.</p><p> Infantilismo: persistência anormal das</p><p>características infantis na fase adulta.</p><p>VII. FÁCIES</p><p>É o conjunto de dados exibidos na face do</p><p>paciente. É a resultante dos traços anatômicos</p><p>mais a expressão fisionômica. Certas doenças</p><p>imprimem na face traços característicos, gerando,</p><p>portanto, algumas fácies típicas.</p><p>• Fácies normal ou atípica</p><p>• Fácies típicas</p><p>HIPOCRÁTICA</p><p>Geralmente indica doença grave.</p><p>• Olhos fundos, parados e</p><p>inexpressivos</p><p>• Nariz e lábios afilados</p><p>• Batimentos das asas do</p><p>nariz</p><p>• Rosto geralmente coberto</p><p>de suor</p><p>• Palidez cutânea e uma discreta cianose labial</p><p>NEFRÓTICA OU RENAL</p><p>Geralmente indica doença</p><p>renal, como síndrome nefrótica</p><p>ou glomerulonefrite.</p><p>• Edema periorbital</p><p>• Palidez cutânea</p><p>ADENOIDIANA</p><p>Geralmente presente em</p><p>indivíduos com hipertrofia de</p><p>adenoide.</p><p>• Nariz pequeno e afilado</p><p>• Boca entreaberta</p><p>PARKINSONIANA</p><p>Geralmente presente em</p><p>indivíduos com síndrome ou na</p><p>doença de Parkinson.</p><p>• Inexpressiva, rigidez facial</p><p>BASEDOWIANA</p><p>Geralmente presente em</p><p>indivíduos com hipertireoidismo.</p><p>• Olhos salientes (exoftalmia)</p><p>• Rosto magro, com aspecto</p><p>de espanto</p><p>• Bócio</p><p>5</p><p>MIXEDEMATOSA</p><p>Geralmente presente em indivíduos com</p><p>hipotireoidismo ou mixedema.</p><p>• Rosto arredondado</p><p>• Nariz e lábios grossos</p><p>• Pele seca, espessada e</p><p>com acentuação de seus</p><p>sulcos</p><p>• As pálpebras tornam-se</p><p>infiltradas e enrugadas</p><p>• Os supercílios são escassos e os cabelos</p><p>secos e sem brilho</p><p>ACROMEGÁLICA</p><p>Geralmente presente em indivíduos com</p><p>acromegalia (aumento da secreção de GH em</p><p>adultos).</p><p>• Saliência das arcadas</p><p>supraorbitárias</p><p>• Proeminência das maçãs</p><p>do rosto e do maxilar</p><p>inferior</p><p>• Aumento do tamanho do</p><p>nariz, lábios e orelhas.</p><p>CUSHINGOIDE</p><p>Geralmente presente em</p><p>indivíduos com síndrome de</p><p>Cushing por hiperfunção do</p><p>córtex suprarrenal ou em</p><p>pacientes que fazem uso</p><p>prolongado de corticoides.</p><p>• Arredondamento do rosto, com atenuação</p><p>dos traços faciais</p><p>• Aparecimento de acne</p><p>MONGOLOIDE</p><p>Geralmente presente em</p><p>indivíduos com síndrome de</p><p>Down.</p><p>• Olhos oblíquos, bem distantes um do outro</p><p>• Rosto redondo</p><p>• Boca quase sempre entreaberta</p><p>PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA</p><p>Assimetria da face, com</p><p>impossibilidade de fechar as</p><p>pálpebras, repuxamento da</p><p>boca para o lado saudável e</p><p>apagamento do sulco</p><p>nasolabial.</p><p>MIASTÊNICA</p><p>Miopatias como miastenia gravis</p><p>• Ptose palpebral bilateral</p><p>que obriga o paciente a</p><p>franzir a testa e levantar</p><p>a cabeça</p><p>ETÍLICA</p><p>• Olhos avermelhados</p><p>• Ruborização da face</p><p>• Hálito etílico</p><p>• Voz pastosa</p><p>VIII. ATITUDE E DECÚBITO NO LEITO</p><p>Atitude é a posição adotada pelo paciente por</p><p>comodidade, hábito ou com o objetivo de</p><p>conseguir alívio para algum padecimento.</p><p>• As posições podem ser voluntárias (ativa) ou</p><p>involuntárias (passiva).</p><p>OBS.: Só têm valor diagnóstico as atitudes</p><p>involuntárias ou as que proporcionam alívio</p><p>para algum sintoma.</p><p>ATITUDES VOLUNTÁRIAS</p><p>• Atitude ortopneica</p><p> Alivia falta de ar: O paciente permanece</p><p>sentado à beira do leito, curvado, com os</p><p>6</p><p>pés no chão, e as mãos apoiadas no</p><p>colchão.</p><p>OBS.: Pacientes graves</p><p>podem se apresentar</p><p>deitados, porém com</p><p>vários travesseiros,</p><p>para ficar o mais ereto</p><p>possível.</p><p>• Atitude genupeitoral ou prece maometana</p><p> Facilita o enchimento do coração. O</p><p>paciente posiciona-se de joelhos com o</p><p>tronco fletido sobre as coxas, enquanto a</p><p>face anterior do tórax (peito) põe-se em</p><p>contato com o solo ou colchão.</p><p>• Atitude de cócoras</p><p> Alivia hipóxia</p><p>generalizada.</p><p>• Atitude parkinsoniana</p><p> Característica do paciente</p><p>com doença de Parkinson.</p><p>Ele apresenta semiflexão</p><p>da cabeça, tronco e</p><p>membros inferiores</p><p>• Atitude em decúbito</p><p> Decúbito lateral: alivia dor pleurítica</p><p> Decúbito dorsal: alivia inflamação</p><p>pelviperitoneal</p><p> Decúbito ventral: alivia cólica intestinal</p><p>ATITUDES INVOLUNTÁRIAS</p><p>• Atitude passiva</p><p> Quando o paciente fica na posição em</p><p>que é colocado no leito, sem que haja</p><p>contratura muscular.</p><p>• Ortótono</p><p> Atitude em que todo o tronco e os</p><p>membros estão rígidos, sem se curvarem.</p><p>• Opistótono</p><p> Atitude decorrente de contratura da</p><p>musculatura lombar. O corpo se apoia na</p><p>cabeça e nos calcanhares, emborcando-</p><p>se como um arco.</p><p> Presente nos casos de tétano e</p><p>meningite.</p><p>• Emprostótono</p><p> O corpo forma uma cavidade voltada para</p><p>frente.</p><p> Presente no tétano, na meningite e na</p><p>raiva.</p><p>• Pleurotótono</p><p> O corpo se curva lateralmente</p><p> Raramente, é encontrada no tétano, na</p><p>meningite e na raiva</p><p>• Posição em gatilho</p><p> Hiperextensão da cabeça, flexão das</p><p>pernas sobre as coxas e encurvamento do</p><p>tronco com concavidade para frente</p><p> Encontrada na irritação meníngea</p><p>IX. EXAME DAS MUCOSAS</p><p>Geralmente, as mucosas que são mais comumente</p><p>examinadas são as conjuntivas oculares e as</p><p>mucosas labiobucal, lingual e gengival. O método</p><p>do exame é a inspeção, associada a pequenas</p><p>manobras que exponham as mucosas à visão do</p><p>examinador.</p><p>7</p><p>• É importante que haja uma boa iluminação,</p><p>de preferência com luz natural,</p><p>complementada por uma lanterna se</p><p>necessário.</p><p>Avalia-se os seguintes critérios:</p><p>• COLORAÇÃO</p><p> Mucosas normocoradas</p><p> Mucosas hipocoradas: Pode ser</p><p>classificada em cruzes (+ a 4+/4+);</p><p> Mucosas hipercoradas</p><p> Cianose</p><p> Icterícia: é mais facilmente identificada</p><p>na mucosa conjuntival e no frênulo da</p><p>língua. Também pode ser classificada em</p><p>cruzes (+ a 4+/4+).</p><p>• UMIDADE</p><p> Umidade normal: apresentam um</p><p>discreto brilho indicativo de tecidos</p><p>hidratados;</p><p> Mucosas secas: perdem o brilho,</p><p>apresentando aspecto ressecado,</p><p>indicando, na maioria das vezes,</p><p>desidratação.</p><p>X. BIOTIPO OU TIPO MORFOLÓGICO</p><p>Conjunto de características morfológicas</p><p>apresentadas pelo indivíduo. É importante para</p><p>que haja uma correta interpretação das variações</p><p>anatômicas que acompanham cada tipo</p><p>morfológico, uma vez que há uma relação entre a</p><p>forma exterior do corpo e a posição das vísceras.</p><p>OBS.: O Ângulo de Charpy é formado pelo</p><p>cruzamento das últimas costelas inferiores, tendo</p><p>como vértice a base do apêndice xifoide.</p><p>Podem ser classificados em:</p><p>● Longilíneo:</p><p> Pescoço longo e delgado;</p><p> Tórax afilado e chato;</p><p> Membros alongados com franco</p><p>predomínio sobre o tronco;</p><p> Musculatura delgado e panículo adiposo</p><p>pouco desenvolvido;</p><p> Tendência para estatura elevada;</p><p> Ângulo de Charpy < 90º.</p><p>● Mediolíneo:</p><p> Equilíbrio entre os membros e o tronco;</p><p> Desenvolvimento harmônico da</p><p>musculatura e do panículo adiposo´</p><p> Ângulo de Charpy = 90º.</p><p>● Brevilíneo:</p><p> Pescoço curto e grosso;</p><p> Tórax alargado e volumoso;</p><p> Membros curtos em relação ao tronco;</p><p> Musculatura desenvolvida e panículo</p><p>adiposo espesso;</p><p> Tendência para baixa estatura;</p><p>��� Ângulo de Charpy > 90º.</p><p>Brevilíneo (A) Mediolíneo (B) Longilíneo (C)</p><p>XI. OUTROS ASPECTOS QUE TAMBÉM</p><p>PODEM SER AVALIADOS</p><p>• Higiene;</p><p>• Vestuário;</p><p>• Cuidados com a aparência;</p><p>• Odores corporais;</p><p>• Hálito;</p><p>https://www.scielo.br/img/revistas/jvb/v14n1/1677-5449-jvb-14-01-00010-gf01-pt.jpg</p><p>8</p><p>• Panículo adiposo (normal, aumentado ou</p><p>diminuído).</p><p>• Presença ou ausência de movimentos</p><p>involuntários (tremores, coreia, atetose,</p><p>hemibalismo, flapping, entre outros);</p><p>• Marcha (mais bem detalhado no Exame</p><p>Neurológico).</p><p>• Edema (local, intensidade, elasticidade,</p><p>temperatura, sensibilidade, consistência)</p><p>Medidas Antropométricas</p><p>• Estatura ou Altura (se em pé)</p><p> A estatura de cada pessoa será registrada</p><p>em centímetros (cm), considerando a</p><p>primeira casa decimal.</p><p> Manter o paciente de pé, ereto, com</p><p>as pernas e pés paralelos, peso</p><p>distribuído em ambos os pés, braços</p><p>estendidos ao lado do corpo e palmas</p><p>das mãos voltadas para medial.</p><p> A cabeça deverá estar erguida, em</p><p>ângulo reto com o pescoço e olhando</p><p>para um ponto fixo na altura dos olhos.</p><p>• Peso</p><p>A medida de peso de cada participante será</p><p>registrada em quilogramas (Kg).</p><p> É um fraco indicador para análise de</p><p>obesidade. Deve-se atentar à calibragem da</p><p>balança. O paciente deverá utilizar itens</p><p>pessoas mínimos.</p><p> OBS.: Se for medir altura e peso, o ideal é que</p><p>o paciente suba de costas para a balança; se</p><p>for apenas o peso, paciente poderá subir de</p><p>frente para mesma.</p><p>• IMC ou índice de Quetelet:</p><p>Os índices de massa corporal tendem a ser</p><p>melhores preditores de obesidade do que o peso</p><p>relativo ou as tabelas de peso para altura. Ou seja,</p><p>eles são mais estreitamente associados com a</p><p>gordura corporal.</p><p>World Health Organization, 1997.</p><p>• Circunferência Abdominal ou Cintura (CA)</p><p>Local de medida: ponto médio entre a crista ilíaca</p><p>e o último arco costal; marcar esse ponto médio</p><p>bilateralmente. A fita horizontalmente deverá</p><p>passar por ambas as marcações.</p><p> Valores de referência:</p><p>Mulheres < 88 cm</p><p>Homens < 102 cm</p><p>• Circunferência do Quadril (CQ)</p><p>Local de medida: A circunferência do quadril é</p><p>obtida passando uma fita métrica ao redor da</p><p>região de maior perímetro, entre a cintura e a</p><p>coxa, projeções mais laterais dos trocânter maior</p><p>dos fêmures.</p><p>• Relação Cintura/Quadril (CA/CQ ou RCQ)</p><p>Calculada dividindo o valor da medida da</p><p>circunferência da cintura pelo resultado da</p><p>circunferência no quadril.</p><p>https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2191654/mod_resource/content/1/Modulo_2-_antropometria.pdf</p><p>9</p><p>Dados Vitais</p><p>PRESSÃO ARTERIAL</p><p>• Escolher manguito adequado:</p><p> Largura da bexiga inflável: 40% da</p><p>circunferência do braço.</p><p> Comprimento da bexiga inflável: 80% da</p><p>circunferência do braço</p><p> OBS.: A circunferência do braço deverá</p><p>ser medida no ponto médio entre o</p><p>acrômio e o olecrano.</p><p> A braçadeira padrão tem 12 x 23 cm.</p><p>OBS.: Se a braçadeira for pequena (estreita)</p><p>demais, os valores aferidos da pressão arterial</p><p>serão superestimados; se a braçadeira for muito</p><p>grande (larga), os valores serão subestimados.</p><p>Preparação para o exame:</p><p>• Deixar a sala de exame um local tranquilo e</p><p>com temperatura agradável.</p><p>• Paciente sentado, com as costas encostadas</p><p>na cadeira, pernas descruzadas, pés no chão</p><p>e braço na altura do coração;</p><p>• Realizar entrevista sobre fatores que podem</p><p>mascarar a pressão arterial;</p><p> A: Álcool ou alimentos ricos em sal, nos</p><p>últimos 30 min?</p><p> B: Vontade de ir ao Banheiro?</p><p> C: Café (outros estimulantes) nos últimos</p><p>30 min?</p><p> D: Drogas lícitas ou ilícitas?</p><p> E: Fez exercício nos últimos 60 min?</p><p>Paciente deve estar em repouso nos</p><p>últimos 5 a 10 min antes da avaliação.</p><p> F: Fumou nos últimos 30 min?</p><p> G: Gravidez?</p><p> H: Histórico de Pressão Arterial?</p><p>• FASE PALPATÓRIA</p><p>Palpar A. braquial → manguito 2,5 cm acima do</p><p>sulco antecubital (corretamente posicionado com</p><p>relação a A braquial) → palpar A. radial → insuflar</p><p>o manguito até parar de sentir o pulso radial →</p><p>quando o pulso radial não puder ser sentido, o</p><p>valor indicado corresponderá à pressão sistólica</p><p>estimada → Desinflar o manguito lentamente.</p><p>Local de palpação da A. Braquial: Entre o</p><p>epicôndilo medial do úmero e o tendão do bíceps</p><p>braquial, na fossa antecubital, pode-se pedir para</p><p>o paciente fazer uma contração isométrica do</p><p>bíceps para identificar com mais facilidade o</p><p>tendão do M. bíceps braquial.</p><p>• FASE AUSCULTATÓRIA</p><p>Esperar de 15 a 30 segundos após a fase palpatória</p><p>→ posicionar estetoscópio na A. braquial (não</p><p>deverá encostar no manguito) → somar 30 mmHg</p><p>à pressão sistólica estimada e insuflar até tal valor</p><p>→ desinflar lentamente (2 a 3 mmHg por</p><p>segundo), se atentando aos sons de Korotkoff →</p><p>auscultar por mais 20 a 30 mmHg abaixo do valor</p><p>indicado no momento do último som para</p><p>confirmar o seu desaparecimento;</p><p>• Sons de Korotkoff</p><p> Primeiro som auscultado corresponde à</p><p>pressão sistólica (fase I de Korotkoff);</p><p> Momento em que os sons cessam</p><p>correspondem à pressão diastólica (fase</p><p>V de Korotkofff);</p><p> Caso sons persistem até o nível 0,</p><p>registrar a pressão diastólica quando for</p><p>auscultado o abafamento dos sons (fase</p><p>IV de Korotkoff), fazendo o registro da</p><p>seguinte forma:</p><p> P. sistólica / P. diastólica / 0 mmHg</p><p>• Primeira consulta</p><p> Realizar pelo menos duas medições no</p><p>mesmo braço, com intervalo de 1 min</p><p>entre as duas. Se necessário, realizar mais</p><p>aferições;</p><p> Realizar aferições no outro braço;</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=-m8QueLqxxk</p><p>https://youtu.be/DzlXZrXgeJA?t=42</p><p>10</p><p> O maior valor encontrado durante as</p><p>aferições deverá ser aquele levado como</p><p>referência;</p><p> Anotar os valores encontrados para PA</p><p>sem aproximações!</p><p> Caso necessário, poderá ser realizada a</p><p>aferição da pressão:</p><p> Nas 3 posições (deitado, sentado e</p><p>em ortostase): Pode ser útil em casos</p><p>de hipotensão postural, comum em</p><p>idosos.</p><p> Em outros membros (coxa e perna):</p><p>No caso de doenças vasculares, como</p><p>na coarctação de aorta, o valor da</p><p>pressão nos MMII pode sofrer</p><p>alterações, quando comparada com</p><p>a do MMSS. Em condições normais, a</p><p>PA sistólica nas pernas é geralmente</p><p>10 a 20% mais elevada do que a</p><p>verificada na artéria braquial.</p><p>• Valores de referência: Diretriz Brasileira de</p><p>Hipertensão (2016)</p><p> Hipertensão se PAS ≥ 140 mmHg e/ou</p><p>PAD ≥ 90 mmHg;</p><p>FREQUÊNCIA CARDÍACA</p><p>• Avaliar o pulso radial utilizando as polpas</p><p>dos dedos indicador e médio;</p><p>• Local de palpação da A. radial: medialmente</p><p>ao processo estiloide do rádio e</p><p>lateralmente ao tendão do flexor radial do</p><p>carpo, 2 a 3 cm proximal à superfície ventral</p><p>da prega do punho.</p><p>• Nesse momento avalia-se as seguintes</p><p>características desse pulso:</p><p> Frequência (em 1 min): normocardico,</p><p>bradicardico, taquicardico;</p><p> Valores normais: 50/60 a 100bpm;</p><p> Ritmo: Rítmico (intervalo entre os pulsos</p><p>iguais) e arrítmicos (com ritmo de base ou</p><p>sem ritmo de base);</p><p> Amplitude: cheio ou filiforme.</p><p>FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA</p><p>• Observar a expansão torácica e amplitude;</p><p>• Evitar que o paciente saiba em qual</p><p>momento se está avaliando a FR (pode-se</p><p>fingir palpar o pulso enquanto avalia a FR);</p><p> Valores de referência: 10/12 a 20 ipm.</p><p>TEMPERATURA</p><p>• Desinfetar o termômetro de mercúrio;</p><p>• Observar se a coluna de mercúrio está igual</p><p>ou inferior a 35°C; fazer manobras para</p><p>abaixar a coluna de mercúrio até este nível,</p><p>se necessário;</p><p>• Posicionar o termômetro no local de</p><p>aferição e mantê-lo por aproximadamente 5</p><p>min, aproveitando esse período para</p><p>observar os outros sinais vitais;</p><p>• Os termômetros digitais dependem de</p><p>bateria. São mais sensíveis, bastando a</p><p>permanência de 1 min na região axilar.</p><p> Temperatura axilar: 35,5 a 37°C, em</p><p>média de 36 a 36,5°C;</p><p> Temperatura bucal: 36 a 37,4°C;</p><p> Temperatura retal: 36 a 37,5°C (0,5°C</p><p>maior que a axilar).</p><p>http://publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes/2016/05_HIPERTENSAO_ARTERIAL.pdf</p><p>http://publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes/2016/05_HIPERTENSAO_ARTERIAL.pdf</p><p>11</p><p>VALORES DE REFERÊNCIA PARA PRESSÃO ARTERIAL:</p><p>Arq Bras Cardiol 2016, 107 (Supl.): 1-83.</p><p>Descrição do Exame Físico Normal:</p><p>Geral: Paciente alerta, em bom estado</p><p>geral, lúcido e orientado em tempo e em</p><p>espaço, eupneico, com</p><p>fala sem</p><p>alterações, mediolíneo e desenvolvimento</p><p>físico sem alterações. Hidratado,</p><p>anictérico e acianótico. Paciente com estado</p><p>nutricional aparente dentro dos padrões</p><p>de normalidade, fácies atípica e atitude ativa no</p><p>leito. Mucosas normocoradas e de umidade sem</p><p>alterações.</p><p>Dados Vitais e Antropométricos:</p><p>PA: 110x60 mmHg; FR: 16 ipm; PR: 64 bpm; Tax:</p><p>36,5 °C; Peso: 68,0 kg; Altura: 175 cm; IMC:</p><p>22,20 kg/m2; CA: 70 cm; CQ: 100 cm; RCQ: 0,7.</p><p>Referências</p><p>1. BATES, B.; BICKLEY, L. S.; SZILAGYI, P. G.</p><p>Propedêutica Médica, 12ª ed., 2018.</p><p>2. PORTO, C. C. Semiologia Médica, 8ª ed.,</p><p>2017.</p><p>3. SWARTZ, M. H. Tratado de Semiologia</p><p>Médica, 7ª ed., 2015.</p><p>4. TOLEDO, P. H. Os Distúrbios do</p><p>Crescimento e as Glândulas de Secreção</p><p>Interna, Revista de Medicina, 1941, página</p><p>40.</p><p>ATENÇÃO: O Guia de Habilidades é um</p><p>facilitador do aprendizado de técnicas do</p><p>exame físico e da anamnese e não substitui o</p><p>estudo pela bibliografia oficial do</p><p>Componente Bases Semiológicas.</p>