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A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS COMO PERSPECTIVA DE POLÍTICA DE TRANSFORMAÇÃO SOCIA

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Danny Lima

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<p>12</p><p>95</p><p>CURSO MESTRADO EM EDUCAÇÃO</p><p>INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO CECAP</p><p>FACULDADE ISCECAP</p><p>SÍLVIA PATRÍCIA DA COSTA OLIVEIRA</p><p>A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS COMO PERSPECTIVA DE POLÍTICA DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL: UM ESTUDO DE CASO NA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO FRANCISCO NONATO FREIRE</p><p>FORTALEZA – CEARÁ</p><p>2020</p><p>6</p><p>SÍLVIA PATRÍCIA DA COSTA OLIVEIRA</p><p>A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS COMO PERSPECTIVA DE POLÍTICA DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL: UM ESTUDO DE CASO NA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO FRANCISCO NONATO FREIRE</p><p>Dissertação apresentada como requisito parcial ao grau de Mestre em Educação do Curso de Mestrado em Educação, pelo Instituto Superior de Educação do CECAP – Faculdade ISCECAP.</p><p>Orientadora: Profª. Drª. Rita Maria Paiva Monteiro.</p><p>FORTALEZA – CEARÁ</p><p>2020</p><p>TERMO DE APROVAÇÃO</p><p>SÍLVIA PATRÍCIA DA COSTA OLIVEIRA</p><p>A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS COMO POLÍTICA DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL: UM ESTUDO DE CASO NA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO FRANCISCO NONATO FREIRE</p><p>Dissertação aprovada como requisito parcial ao grau de Mestre em Educação do Curso de Mestrado em Educação, pelo Instituto Superior de Educação do CECAP – Faculdade ISCECAP.</p><p>_________________________________________________</p><p>Prof.º Dr. Álvaro Carvalho Dias da Silva</p><p>Avaliador</p><p>_________________________________________________</p><p>Avaliador</p><p>_________________________________________________</p><p>Avaliador</p><p>_________________________________________________</p><p>Prof.ª Drª. Rita Maria Paiva Monteiro</p><p>Orientadora</p><p>Fortaleza ___ de junho de 2020.</p><p>Dedico aos profissionais da educação, em especial, aos meus colegas de trabalho, pelo comprometimento com os estudantes da EJA.</p><p>AGRADECIMENTOS</p><p>Agradeço a Deus por me dá forças e sabedoria para superar os desafios na minha caminhada diária.</p><p>À minha família, pelo apoio e compreensão e por me fazer sentir capaz e cada dia mais forte.</p><p>Aos meus colegas de trabalho, que me dão coragem na caminhada e que também acreditam que a Educação transforma a realidade.</p><p>Aos estudantes da EJA, meus alunos, por compartilharem comigo suas histórias de vida, permitindo uma troca de conhecimentos e um aprendizado mútuo enriquecedor.</p><p>À professora Rita Monteiro, pela orientação e experiência profissional.</p><p>“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”.</p><p>Paulo Freire</p><p>RESUMO</p><p>O presente trabalho, além de abordar um pouco da história da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, desde a chegada dos jesuítas até os dias atuais, traz uma reflexão acerca das dificuldades encontradas pelos alunos e professores para a aprendizagem e quais fatores influenciam para migração dos jovens e adultos, para essa modalidade de ensino, bem como as vantagens e desvantagens encontradas, ao longo da jornada. A modalidade de educação de jovens e adultos, destinada àqueles que por algum motivo, não tiveram acesso à escola na idade certa, apesar dos inúmeros desafios, vem se mostrando como uma política de transformação social, pois possibilita uma nova oportunidade a jovens e adultos, que desejam retornar à escola, em busca de melhores oportunidades dentro de uma sociedade excludente e competitiva. Este estudo justifica-se pela necessidade concreta de se perceber os avanços das Políticas Públicas de educação, voltados para a EJA, para a vida daqueles que por algum motivo, não concluíram os estudos no tempo adequado, como a escola reconhece os sujeitos da EJA e de que forma influencia para que esse público conclua com êxito. Portanto, o objetivo geral da pesquisa, procurou refletir sobre a Educação de Jovens e Adultos, enquanto instrumento de transformação pessoal na vida dos alunos, tendo como referência para a reflexão a questão das Políticas Públicas, voltadas para esta modalidade de ensino, através de um estudo de caso. A presente pesquisa qualitativa/quantitativa, assume a abordagem metodológica do estudo de caso do tipo educacional, com os seguintes instrumentos: questionários, entrevista, análise documental, pesquisa bibliográfica e observação participante. Os dados coletados foram analisados à luz do referencial teórico, que deu suporte para esta pesquisa.</p><p>Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos. Políticas Públicas. Estigmas.</p><p>ABSTRACT</p><p>The present work, in addition to addressing a little of the history of Youth and Adult Education in Brazil, from the arrival of the Jesuits to the present day, brings a reflection on the difficulties encountered by students and teachers for learning and what factors influence migration of young people and adults, for this teaching modality, as well as the advantages and disadvantages found, throughout the journey. The modality of education for young people and adults, aimed at those who for some reason, did not have access to school at the right age, despite the numerous challenges, has been showing itself as a policy of social transformation, as it allows a new opportunity for young people and adults, who wish to return to school, in search of better opportunities within an exclusive and competitive society. This study is justified by the concrete need to perceive the advances of Public Education Policies, focused on EJA, for the lives of those who for some reason, did not complete their studies in the appropriate time, as the school recognizes the subjects of EJA and how it influences that audience to conclude successfully. Therefore, the general objective of the research, sought to reflect on the Education of Youth and Adults, as an instrument of personal transformation in the lives of students, having as a reference for reflection the question of Public Policies, focused on this type of teaching, through a case study. The present qualitative / quantitative research takes the methodological approach of the educational case study, with the following instruments: questionnaires, interviews, document analysis, bibliographic research and participant observation. The collected data were analyzed in the light of the theoretical framework, which supported this research.</p><p>Keywords: Youth and Adult Education. Public Policy. Stigmas.</p><p>LISTA DE QUADROS</p><p>Quadro 1 – Infraestrutura da escola	62</p><p>Quadro 2 – Formação dos docentes que atuam na EJA	64</p><p>LISTA DE GRÁFICOS</p><p>Gráfico 1 – Sexo dos entrevistados.	70</p><p>Gráfico 2 – Faixa etária dos entrevistados.	70</p><p>Gráfico 3 – Estado civil dos entrevistados.	71</p><p>Gráfico 4 – Número de filhos dos entrevistados.	72</p><p>Gráfico 5 – Situação de moradia dos entrevistados.	72</p><p>Gráfico 6 – Renda familiar dos entrevistados.	72</p><p>Gráfico 7 – Nível de satisfação com o trabalho dos entrevistados.	74</p><p>Gráfico 8 – Escolaridade dos alunos que se evadiram.	75</p><p>Gráfico 9 – Escolaridade dos alunos que concluíram.	75</p><p>Gráfico 10 – Continuidade nos estudos dos alunos que se evadiram.	76</p><p>Gráfico 11 – Continuidade nos estudos dos entrevistados que concluíram.	76</p><p>Gráfico 12 – Continuidade nos estudos dos alunos que estão cursando.	76</p><p>Gráfico 13 – Dados sobre os prejuízos da evasão.	77</p><p>Gráfico 14 – Motivos para voltar a estudar.	78</p><p>Gráfico 15 – Motivos que impedem de voltar a estudar.	80</p><p>Gráfico 16 – Motivos para escolher o EJA.	80</p><p>Gráfico 17 – Dados referentes aos conteúdos curriculares.	81</p><p>Gráfico 18 – Coordenação Pedagógica.	82</p><p>Gráfico 19 – Possibilidade de desistência dos entrevistados que estão cursando.	83</p><p>Gráfico 20 – Situação de reprovação dos entrevistados.	84</p><p>Gráfico 21 – Fatores necessários para melhoria na EJA.	84</p><p>LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS</p><p>ABNT</p><p>Associação Brasileira de Normas Técnicas</p><p>ARTS</p><p>Artigos</p><p>CEAA</p><p>Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos</p><p>CNBB</p><p>Conferência Nacional dos Bispos do Brasil</p><p>CONFINTEA</p><p>Conferência Internacional de Educação de Adultos</p><p>CPI</p><p>Comissão Parlamentar de Investigação</p><p>EJA</p><p>Educação de Jovens e Adultos</p><p>ENEJAS</p><p>Encontros Nacionais de Educação de Jovens e Adultos.</p><p>IBGE</p><p>Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística</p><p>IPECE</p><p>Instituto de Pesquisa Econômica</p><p>as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.</p><p>§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.</p><p>Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular.</p><p>§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:</p><p>I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos:</p><p>II – no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos.</p><p>§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames.</p><p>Essa definição da EJA, nos esclarece, o potencial de educação inclusiva e compensatória que essa modalidade de ensino possui. No Art. 4 do capítulo que aborda a Educação de Jovens e Adultos, assegura que essa educação deve ser adequada às condições de estudo, características e necessidades da aprendizagem de jovens e adultos.</p><p>A partir da LDB nº 9394/96, a EJA ganhou mais espaço e se tornou uma política de Estado, e dessa forma, hoje o Governo investe mais e incentiva essa modalidade educacional, como possibilidade de se elevar o índice de ensino da população, principalmente, daqueles que não tiveram acesso a oportunidade de estudo. Com isso, se percebe que além de ser uma política educacional, a EJA, é principalmente uma política social. Ela oportuniza condições, para que os jovens e adultos, melhorem suas condições de vida e que sejam partes integrantes, de uma sociedade igualitária.</p><p>Os exames abordados no art. 38 da LDB nº 9394/96, deverão cumprir as mesmas funções que os supletivos do passado, isto é, permitir que aquelas pessoas que adquiriram conhecimento por meio informais, autodidatas ou mesmo por processos de formação regular, possam aferir seus conhecimentos em exames promovidos pelo poder público e receber sua certificação.</p><p>A grande diferença é que os exames supletivos anteriores eram acessíveis apenas aos maiores de 18 e 21 anos respectivamente, nas etapas do Ensino Fundamental e Ensino Médio.</p><p>A legislação atual, rebaixa a idade mínima para 15 anos no Ensino Fundamental e 18 no Ensino Médio, permitindo que adolescentes com defasagem na relação idade e série, pudessem se certificar nesses exames.</p><p>Em 10 de maio de 2000, é aprovado o Parecer CNE nº 11/2000, relatado por Carlos Roberto Jamil Cury, que trata das Diretrizes Curriculares Nacionais, para a Educação de Jovens e Adultos.</p><p>O Parecer, se dirige aos sistemas de ensino e aos respectivos estabelecimentos, que se ocupam da EJA, nas formas presencial e semipresencial, de cursos que tenham como objeto, a certificação de conclusão de etapas da educação básica.</p><p>Segundo o Parecer supracitado, essa modalidade de ensino estabelece:</p><p>Como modalidade destas etapas da Educação Básica, a identidade própria da Educação de Jovens e Adultos considerará as situações, os perfis dos estudantes, as faixas etárias e se pautará pelos princípios de equidade, diferença e proporcionalidade na apropriação e contextualização das diretrizes curriculares nacionais e na proposição de um modelo pedagógico próprio (BRASIL, 2000, p. 2).</p><p>As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos, estabelece como funções da EJA:</p><p>Reparadora, significa não só a entrada no circuito dos direitos civis pela restauração de um direito negado: o direito a uma escola de qualidade, mas também o reconhecimento daquela igualdade ontológica de todo e qualquer ser humano. Equalizadora, vai dar cobertura a trabalhadores e a tantos outros segmentos sociais como donas de casa, migrantes, aposentados e encarcerados. A reentrada no sistema educacional dos que tiveram uma interrupção forçada seja pela repetência ou pela evasão, seja pelas desiguais oportunidades de permanência ou outras condições adversas, deve ser saudada como reparação corretiva, ainda que tardia, de estruturas arcaicas, possibilitando aos indivíduos novas inserções no mundo do trabalho, na vida social, nos espaços da estética e na abertura dos canais de participação. Qualificadora, mais do que uma função permanente da EJA que pode se chamar de qualificadora. Mais do que uma função, ela é o próprio sentido da EJA. Ela tem como base o caráter incompleto do der humano cujo potencial de desenvolvimento e de adequação pode se atualizar em quadros escolares ou não escolares. Um direito negado: o direito a uma escola de qualidade, mas também o reconhecimento daquela igualdade ontológica de todo e qualquer ser humano (BRASIL, 2000, p. 9).</p><p>O Parecer, se dirige aos sistemas de ensino e aos seus respectivos estabelecimentos que se ocupam da EJA, nas formas presencial e semipresencial de cursos que tenham como objeto a certificação de conclusão de etapas da educação básica.</p><p>A Resolução CNE/CEB nº 01/2000, no Artigo 6º, determina que “cabe a cada sistema de ensino definir a estrutura e a duração dos cursos da Educação de Jovens e Adultos, respeitadas as diretrizes curriculares nacionais, a identidade desta modalidade de educação e o regime de colaboração entre os entes federativos”. Esta Resolução, institui as Diretrizes Curriculares Nacionais, para a Educação de Jovens e Adultos, a serem obrigatoriamente observadas na oferta e na estrutura dos componentes curriculares de ensino fundamental e médio dos cursos que se desenvolvem, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias e integrantes da organização da educação nacional nos diversos sistemas de ensino, à luz do caráter próprio desta modalidade de educação.</p><p>O PNE, aprovado pelo congresso na forma da Lei n° 10.172/2001, apresentou a concepção de educação continuada ao longo da vida, dando atenção especial ao direito público subjetivo dos jovens e adultos ao Ensino Fundamental público e gratuito. O capítulo sobre EJA, apresentou 26 metas, dentre as quais se destacavam cinco objetivos:</p><p>1) alfabetizar, em cinco anos, dez milhões de pessoas, de modo a erradicar o analfabetismo em uma década;</p><p>2) assegurar, em cinco anos, a oferta do primeiro ciclo do ensino fundamental a metade da população jovem e adulta que não tenha atingido esse nível de escolaridade;</p><p>3) oferecer, até o final da década, cursos do segundo ciclo do ensino fundamental para toda a população de 15 anos ou mais que concluiu as séries iniciais;</p><p>4) dobrar, em cinco anos, e quadruplicar, em dez anos, a capacidade de atendimento nos cursos de EJA de nível médio;</p><p>5) implantar ensino básico e profissionalizante em todas as unidades prisionais e estabelecimentos que atendem a adolescentes infratores.</p><p>Para cumprir essas metas, previa-se cooperação entre as três esferas de governo e a sociedade civil organizada.</p><p>2.2.2. Desafios das Políticas Públicas do EJA no Brasil</p><p>As Políticas Públicas são essenciais para a vida de todos os cidadãos, de todas as escolaridades, independente de sexo, raça, religião ou nível social. Elas têm como função principal, promover o bem-estar da sociedade e desenvolver ações, que favoreçam a qualidade de vida em todas as áreas. Refletir sobre Políticas Públicas, é importante para entender, a maneira pela qual elas atingem diretamente a vida da população e o que pode ser feito para melhorá-las.</p><p>Atualmente, muito se tem discutido da importância da Educação de Jovens e Adultos em nosso país. Diversas campanhas foram criadas, com o objetivo de reduzir o analfabetismo de jovens e adultos no cenário brasileiro, porém, estas não foram suficientes para alfabetizar grande parte da população brasileira, pois, prioriza a ideia que para o adulto bastava aprender a ler e escrever, devido ao estigma em torno dessa população, que trata da escolarização da EJA como algo não prioritário na educação de nosso país. Essa história é marcada pela descontinuidade e desarticulação das ações, atrelada à falta de Políticas Públicas específicas, para o setor que gera como resultado, um grande número de adultos não escolarizados.</p><p>A história da EJA no cenário brasileiro é marcada por lutas e resistências, embora, seja um direito garantido por lei, a EJA, enquanto modalidade educacional do ensino regular, ainda apresenta grandes impasses, verdadeiras lutas travadas contra a falta de compreensão e reconhecimento na sociedade.</p><p>Esse modo de tratar os adultos analfabetos implícita uma deformada maneira de vê-los, como se eles fossem totalmente diferentes dos demais. Não se lhes reconhece a experiência existencial bem como o acúmulo de conhecimentos que esta experiência lhes deu e continua dando. Como seres passivos e dóceis, pois que assim são vistos e assim são tratados, os alfabetizandos devem ir recebendo aquela “transfusão” alienante da qual, por isso mesmo, não pode resultar em nenhuma contribuição ao processo de transformação da realidade. (FREIRE, 2011, p. 17).</p><p>Aprovado recentemente, o Plano Nacional de Educação, apesar de evidenciar diferentes prioridades, pouco se foi reconhecido que as metas mais desafiantes e necessárias, tratam de um tema complexo, quase esquecido e urgente: a Educação de Jovens e Adultos.</p><p>Embora a Educação de Jovens e Adultos, tenha sido bastante discutida entre as décadas de 1950 e 1980, a EJA, se tornou um assunto invisível no Brasil. Hoje, ela reflete o descaso do poder público, em efetivar e garantir a educação e a cidadania, aqueles que sempre tiveram esse direito negado em nossa sociedade.</p><p>A ausência de conhecimento, em relação à educação de jovens e adultos, contribui para a falta de compreensão crítica dos nossos governantes, em criar programas na área educacional, materiais didáticos e diretrizes, que estejam de acordo com a necessidade educacional do jovem e adulto, levando-se em conta, seus anseios e dificuldades, respeitando as suas dúvidas, os medos, o cansaço da jornada de trabalho, as condições sociais, etc. Dessa forma, qualquer programa educacional que não atenda essas peculiaridades, estarão a meio caminho do fracasso, pois não levam em consideração as condições sociais e culturais dos educandos.</p><p>Arroyo (2011), declara que a partir da segunda metade dos anos de 1990, vários programas foram implementados em diferentes níveis de governo, em sua grande maioria movidos pela preocupação com o crescimento do desemprego e da violência entre os jovens. Em várias iniciativas, a EJA, é chamada a contribuir proporcionando novas oportunidades educacionais aos jovens pobres, muitas vezes a partir de uma visão equivocada do seu papel e do seu alcance como alternativa à exclusão social.</p><p>A EJA é uma modalidade repleta de complexidade, que necessita de definições e posições claras, visto que, os educandos são sujeitos sociais que se encontram no centro de um processo complexo, que vai muito além de uma modalidade de ensino, pois fazem parte de uma história de vida desenvolvida em meio a lutas e movimentos sociais desencadeados ao longo de nossa história.</p><p>A educação de adultos engloba todo o processo de aprendizagem, formal ou informal, onde pessoas consideradas “adultas” pela sociedade desenvolvem suas habilidades, enriquecem seu conhecimento e aperfeiçoam suas qualificações técnicas e profissionais, direcionando-as a satisfação de suas necessidades e as da sua sociedade. A educação de adultos inclui a educação formal, a educação não-formal e o espectro da aprendizagem informal e incidental disponível numa sociedade multicultural, onde os estudos baseados na teoria e na prática devem ser reconhecidos (CONFERÊNCIA REGIONAL PREPARATÓRIA, 1998, p. 89).</p><p>Ela está comprometida com a educação de camadas populares e a superação de diversas formas de exclusão e discriminação, existentes em nossa sociedade. Portanto, a Educação de Jovens e Adultos, deve estar voltada ao acesso ao conhecimento e a cultura de formas apropriadas de suas vivências, processos de identidade, lutas e saberes construídos ao longo do tempo.</p><p>Nos últimos anos, alguns indicadores, foram promissores para a reconfiguração da EJA. Entre eles, um campo de pesquisas e de formação da EJA vem se configurando ao longo do tempo.</p><p>A EJA, vem encontrando condições favoráveis, para se configurar como um campo específico de Políticas Públicas, de formação de educadores, de produção teórica e de intervenções pedagógicas.</p><p>Podemos encontrar indicadores novos de que o Estado assume o dever de responsabilizar-se publicamente pela EJA. Cria-se um espaço institucional no MEC, na Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECADI). Discute-se a EJA nas novas estruturas de funcionamento da educação básica – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Básico (FUNDEB). Criam-se estruturas gerenciais específicas para EJA nas Secretarias Estaduais e Municipais (ARROYO, 2006, p. 29).</p><p>Apesar de alguns avanços percebidos em diversos segmentos e muitos compromissos assumidos, na prática, se tem verificado, o descumprimento desses acordos. A Educação de Jovens e Adultos, ainda não é vista como prioridade nas pautas de governo, ficando sempre relegada em segundo plano, se tornando assim, uma modalidade sujeita a exclusão e preconceito, numa sociedade injusta e negadora de direitos.</p><p>Além do mais, na atualidade, se pode perceber avanços importantes na modalidade da Educação de Jovens e Adultos, porém, se nota que muitos desafios ainda precisam ser superados e ainda falta muito para o seu reconhecimento como direito de fato adquirido.</p><p>Segundo Prestes e Andrade (2017, p.1):</p><p>Nas últimas duas décadas, a EJA foi incluída nas pautas e agendas governamentais, na legislação (como uma modalidade da Educação Básica, na LDB 9.394/96) e no financiamento público, Fundeb. Pode-se verificar uma expressiva ampliação da oferta nas redes locais de ensino, aproximando governos municipais, estadual e federal, além das organizações não governamentais e dos movimentos sociais, que acumulam longa trajetória de práticas na área.</p><p>Todavia, ainda existe cerca da metade dos brasileiros com 15 anos ou mais, que ainda não concluiu o Ensino Fundamental no Brasil. São dados alarmantes, que mostram o quanto é preocupante a Educação de Jovens e Adultos em nosso país. Falta investimento na modalidade, que requer mais atenção por parte dos governantes do nosso país.</p><p>Nos últimos anos, alguns avanços que se destacam na Educação de Jovens e Adultos, foram os programas Brasil Alfabetizado, Saberes do Campo, Projovem, Pronatec, EJA e Proeja que aliaram a formação escolar com a formação profissional.</p><p>Daher (2019) realça, que, atualmente, vive-se momentos de angústias e incertezas, que, segundo Sônia Couto, a EJA não tem lugar no Ministério da Educação e Cultura (MEC). A secretaria responsável por essa modalidade foi extinta e muitos programas cancelados, gerando com isso um total abandono da modalidade. Vive-se então um retrocesso na educação do país impactando com isso na Educação de Jovens e Adultos.</p><p>Vive-se momentos de incertezas, na qual as estratégias e princípios da EJA, estão invisíveis na atual Política Nacional de Alfabetização do governo.</p><p>Luiz Alves Junior, diretor presidente da Global Editora, que atende estudantes de EJA no Ensino Médio afirma:</p><p>Temos um universo grande, de milhões de estudantes que estão marginalizados pelo governo. De jovens e adultos que não têm material para dar continuidade aos estudos, não têm acesso ao material didático há 3 anos. Este é o maior crime com estas pessoas. Eu considero isso uma tremenda traição a este povo. A preocupação da editora é colher neste momento alguma informação do governo sobre a continuidade da atenção à EJA. O próprio MEC não tem ninguém respondendo até o momento como coordenação de EJA. (DAHER, 2019, p. 3).</p><p>A EJA, se tornou, uma questão esquecida no Brasil e isso reflete a falta de compromisso do país, em garantir o direito à educação e o descomprometimento do Estado e da sociedade com a questão social da Educação de Jovens e Adultos.</p><p>O tema da EJA é espinhoso. Os governantes e a opinião pública preferem não abordá-lo, evitando tornar público o desrespeito ao direito à educação de dezenas de milhões de brasileiros. Assim,</p><p>ao invés de pautar e enfrentar o problema, muitos governos e grande parte da sociedade brasileira limitam-se a dizer que é "difícil e oneroso" empreender esforços para matricular jovens e adultos. (CARA, 2014, p.2).</p><p>A EJA é vista sempre em último plano, por parte do governo, toda a atenção se dá as etapas regulares da educação básica, devido a grande preocupação daqueles que estão à frente do poder, estar relacionada aos números. Portanto, a EJA, é vista como prejuízo ao cenário educacional brasileiro.</p><p>A partir de 2017, o retrocesso tem acabado com tudo que conseguimos construir a duras penas no MEC, inclusive permitindo, com sua omissão, o fechamento indiscriminado de turmas de EJA em todo Brasil e, agora em 2019, com as indefinições no ministério e o fim da Secadi, a secretaria que se propunha ao menos ouvir os reclames dos movimentos sociais, ficamos órfãos de vez (DAHER, 2019, p 3).</p><p>Apesar, das intensas discussões acerca da necessidade de erradicar o analfabetismo no Brasil, embora essa Política Pública, esteja garantida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e no Plano Nacional de Educação. Na prática, continua esquecida, principalmente quando se pensa na efetivação da gestão pública da educação.</p><p>2.2.3. Os Estigmas da EJA</p><p>A cultura dominante da sociedade em que se vive, impõe padrões que são decisivos na constituição de estereótipos, categorizando os indivíduos a partir de valores que os definem no cenário social, como sujeitos de condições favoráveis ou desfavoráveis em relação aos demais, levando em geral à discriminação, ou marginalização dos sujeitos estigmatizados.</p><p>2.2.3.1. Considerações Conceituais</p><p>De acordo com o dicionário Aurélio “estigma é uma cicatriz ocasionada por uma ferida ou por um machucado, um sinal ou marca natural no corpo”. No sentido figurado é considerado ou definido como algo indigno, desonroso ou com má reputação.</p><p>Para a igreja cristã, o estigma é uma marca corporal, que surge nos corpos de algumas pessoas, como sinal de uma graça divina e tem relação com a crucificação de Cristo. O termo era usado pelos gregos para designar sinais ou marcas corporais que marcavam os indivíduos de acordo com suas ações, que em geral eram usadas em escravos e criminosos.</p><p>Segundo Goffman (1984, p.11): “Os sinais eram feitos com cortes ou fogo no corpo e avisavam que o portador era um escravo, um criminoso ou traidor – uma pessoa marcada, ritualmente poluída, que devia ser evitada, especialmente em lugares públicos”.</p><p>Ao longo dos tempos, o termo foi ganhando novos significados. Atualmente, o termo, é usado para definir aspectos sociais de um grupo, atribuído, em geral, a ideia de preconceito e exclusão social.</p><p>O estigma, é um sinal profundamente depreciativo, utilizado para afastar de um grupo dominante, algum indivíduo ou um conjunto de pessoas com determinadas características que os diferenciam da norma, resultando em indivíduos rejeitados, objeto de discriminação e excluídos da participação em diversas áreas da sociedade. “É a situação do indivíduo que está inabilitado para aceitação social plena” (GOFFMAN, 1988).</p><p>A sociedade estabelece os meios de categorizar as pessoas e o total de atributos considerados como comuns e naturais para os membros de cada uma dessas categorias. Os ambientes sociais estabelecem as categorias de pessoas que têm probabilidade de serem neles encontradas (...) Então, quando um estranho nos é apresentado, os primeiros aspectos nos permitem prever a sua categoria e os seus atributos, a sua “identidade social” (GOFFMAN, 1988, p.11-12).</p><p>Assim, o estigma, exerce a função de categorizar os membros de um grupo, de acordo com suas características, sejam tidas como superiores ou inferiores. Serve para realçar os aspectos negativos ou característica da personalidade alheia, que parecem ser verdadeiras, mas não são.</p><p>Para a sociologia, os estigmas atribuem grau de inferioridade ao status social do indivíduo, um atributo profundamente depreciativo, que nega direitos e oportunidades às pessoas. De acordo com essa concepção da sociologia são exemplos de estigmas: deficiências físicas, distinção de raça, condições socioeconômicas, distinções de gênero e comportamentos diferentes do restante do grupo. Nesse sentido, se compreende que o estigma, rotula, marginaliza e oprime, aqueles que a sociedade considera fora dos padrões normais dos grupos elitizados.</p><p>Os conceitos se referem à conduta do sujeito, determinada por um grau de inferioridade, uma falha, o indesejável ou um sinal de vergonha para o sujeito.</p><p>2.2.3.2 Como se formam os Estigmas</p><p>Os estigmas sociais, diferente das marcas ou sinais corporais, se formam ao longo da vida em sociedade, de acordo com as condições em que os sujeitos nasceram ou o meio ambiente em que estão inseridos. Embora pareça contraditório, é no ambiente escolar onde os estigmas se formam ou são difundidos. É na escola que muitas vezes, surgem os rótulos, os apelidos e adjetivos pejorativos, que marcam profundamente os alunos, que não possui os atributos e/ou características correspondentes às esperadas pelo grupo.</p><p>Normalmente os grupos se formam pelas semelhanças de características e atributos de seus membros e o desejo de compartilharem um destino comum, compartilhando normas e valores, são esses grupos classificados de “normais”.</p><p>As pessoas normais estabelecem expectativas, criam estereótipos distintos dos atributos de um determinado indivíduo, caracterizando, portanto, o processo de estigmatização, em relação ao sujeito que se aproxima, ignorando sua personalidade e suas qualidades, construindo uma imagem social do indivíduo que nem sempre corresponde à realidade.</p><p>Nesse sentido afirma Goffman (1975, p.12):</p><p>Enquanto o estranho está à nossa frente, podem surgir evidências de que ele tem um atributo que o torna diferente de outros que se encontram numa categoria em que pudesse ser incluído, sendo, até, de uma espécie menos desejável [...]. Assim deixamos de considerá-la criatura comum e total, reduzindo-a a uma pessoa estragada e diminuída. Tal característica é estigma, especialmente quando o seu efeito de descrédito é muito grande.</p><p>A formação dos estigmas está ligada as noções de preconceito e aos estereótipos que fazemos dos outros. Goffman atribui a formação de estigmas à sociedade: “a sociedade estabelece os meios de categorizar as pessoas e o total de atributos considerados como comuns e naturais para os membros de cada uma dessas categorias”.</p><p>Para Goffman (1975), o indivíduo estigmatizado possui duas identidades: a identidade social virtual e identidade social real. A identidade real é o conjunto de atributos reais que a pessoa tem, é a sua identidade pessoal, seus costumes e preferências; enquanto a identidade virtual são os atributos que o estranho parece ter para o grupo em sua volta, e que não correspondem à realidade. São atributos que o sujeito finge ter, para que a sociedade não veja seu verdadeiro eu.</p><p>As fases distintas a carreira moral do estigmatizado. Na fase A, a pessoa estigmatizada aprende e incorpora o ponto de vista dos normais, colhendo, portanto, as crenças da sociedade mais ampla, em relação a identidade e uma ideia geral do que significa ter um estigma particular. Na fase B, a pessoa aprende que tem um estigma particular. E na fase C, ela aprende que possui um estigma particular e conhece detalhadamente as consequências de possuí-lo (GOFFMAN, 1988, p. 37).</p><p>Nesse sentido, se entende que com os alunos da EJA, estigmatizados de um modo particular, essas fases não ocorrem na mesma velocidade, entretanto, eles tendem a ter experiências semelhantes de aprendizagem relativa à sua condição, e de alguma forma, devem ajustar as suas idiossincrasias[footnoteRef:1] a esta carreira moral que lhes é imposta. [1: Característica comportamental peculiar a um grupo ou a uma pessoa.]</p><p>Assim, o desenvolvimento de cada etapa, depende substancialmente do contato direto com a sociedade letrada, ocasião da migração, em boa parte dos casos, e, mais designadamente, da entrada na escola (GOFFMAN, 1988).</p><p>Portanto, a entrada no ambiente</p><p>escolar, possibilita a saída do indivíduo do seio do encapsulamento familiar, da proteção dos conceitos e estigmas que o diminuam; e com seu ingresso na escola, a fase C, descrita acima, é imposta brutalmente.</p><p>Sobre a proteção familiar, Goffman (1988, p. 42), afirma:</p><p>[...] impede-se que entrem definições que o diminuam, enquanto se dá amplo acesso a outras concepções da sociedade mais ampla, concepções que levam a criança encapsulada a se considerar um ser humano inteiramente qualificado que possui uma identidade normal quanto a questões básicas como sexo e idade.</p><p>Segundo Goffman (1988), a fase crítica na vida do sujeito protegido, aquele em que o círculo doméstico não pode mais abrigá-lo, altera conforme a classe social, lugar de morada e tipo de estigma, mas, em cada caso, a sua manifestação dará procedência a uma experiência moral.</p><p>Nesse sentido, em geral, o ingresso na escola, se torna a ocasião para o desenvolvimento do estigma, na maioria das vezes, de maneira bastante precipitada. Alunos, que não eram estigmatizados pela família ou pela sua comunidade, agora estão expostos na sua condição emocional e intelectual. Ou, em outros casos, é possível que alunos já estigmatizados no seio familiar, recebam novos estigmas no ambiente escolar, ou ainda um reforço ao estigma anterior.</p><p>Há ainda os estigmas com enfoque em características positivas dos alunos, entretanto, esses estigmas podem gerar uma situação negativa, uma vez que o outro entenda que não podem avançar aos seus limites. É o exemplo das múltiplas inteligências descritas por Gardner (1995), em que um aluno se deixa sobressair em relação aos demais.</p><p>2.2.3.3 Consequências do Estigma</p><p>O fato de rotular alguém, sem olhar para o que essa pessoa é, ou pensa, geralmente traz consequências bastante negativas, uma vez que a “marca” negativa desqualifica uma pessoa. Para Goffman (1998), os grupos são: “normais” e “estigmatizados”. “As pessoas são estigmatizadas quando são rotuladas e ligadas a características indesejáveis, dando-lhes uma experiência de perda de status e discriminação”.</p><p>Goffman (1988), relata que, a pessoa estigmatizada é vista pelos “normais” como um ser inferior, que perdeu seus atributos ou muitas de suas qualidades de humano; portanto, encontrará muitas dificuldades na interação social com os demais, ou seja, com o homem bem-sucedido.</p><p>Por definição, é claro, acreditamos que alguém com um estigma não seja completamente humano. Com base nisso, fazemos vários tipos de discriminações, através das quais efetivamente, e muitas vezes sem pensar reduzimos suas chances de vida. Construímos uma teoria do estigma, uma ideologia para explicar a sua inferioridade e dar conta do perigo que ela representa, racionalizando algumas vezes uma animosidade baseada em outras diferenças, tais como as de classe social (GOFFMAN, 1988, p. 77).</p><p>As consequências e a influência negativa dos estigmas na vida social, são assim descritas por Goffman (1988, p. 149): "Os atributos duradouros de um indivíduo em particular podem convertê-lo em alguém que é escalado para representar um determinado tipo de papel" e "podem ter um efeito muito profundo sobre os que recebem o papel de estigmatizado".</p><p>É comum, familiares ou professores rotular alunos em bons, médios ou fracos, o que pode comprometer o desempenho dos mesmos, e, a partir dos rótulos empregados às pessoas estigmatizadas, gerar um processo de estereotipização.</p><p>Assim, surge no estigmatizado a incerteza acerca daquilo que os outros estão "realmente" pensando dele. Ademais, durante os contatos mistos, o indivíduo estigmatizado pode se sentir em evidência e perceber que seus atos são avaliados, passando a sentir-se inseguro em relação à maneira como os normais o identificarão e o receberão.</p><p>Os rótulos sociais, propiciam a divisão dos indivíduos em dois grupos: “nós” e “eles”. O “nós” se caracteriza por todos os valores que constroem a visão de um ser humano “normal”, e o “eles” é caracterizado pelas pessoas que são diferentes do “nós”, e, portanto, são as rotuladas negativamente.</p><p>Desse modo, os estigmatizados possuem uma marca, significando então que sua identidade social é deteriorada para conviver com os outros. Para Goffman (1975, p.148), “normais e estigmatizados são perspectivas que são geradas em situações sociais durante os contatos mistos, em virtude de normas não cumpridas que provavelmente atuam sobre o encontro”.</p><p>Assim, as relações sociais entre os dois grupos não são igualitárias, devido às percepções das pessoas normais não aceitarem uma pessoa estigmatizada em um grupo ou categoria semelhante à sua, na qual ela não é esperada, pode ser tolerada, mas não aceita totalmente.</p><p>2.2.3.4. Os estigmas como obstáculo para o aluno da EJA.</p><p>O aluno da EJA carrega dentro de si, uma série de dificuldades que os acompanham desde o seu retorno à escola, sua permanência e na grande maioria das vezes a sua desistência. Formados em sua grande maioria por trabalhadores, os alunos da EJA, são vítimas diariamente de uma sociedade opressora e excludente, que relega em segundo plano a oferta de uma educação de qualidade a esse público tão carente de oportunidades.</p><p>O modelo social vigente, estabelece como padrão o que mais lhe convém e que é aceito pela classe dominante. São construídos padrões de excelência, que não levam em consideração as peculiaridades de cada cidadão.</p><p>Dessa forma, é na escola, que acontece a propagação mais visível desses valores e a formação de estigmas, que acompanham aqueles que não se enquadram no perfil aceito socialmente.</p><p>Demenech (2015), em suas pesquisas, descreve que, é perceptível, a diferença social e cultural, que marca a escola e suas relações humanas. A heterogeneidade, não é de fato levada em consideração, onde o que prevalece é a homogeneidade impregnada, em seu projeto cultural, historicamente construído. A escola não deve ser adaptada para a educação de poucos, ela deve estar preparada para receber novos sujeitos, com suas peculiaridades e anseios.</p><p>A história das instituições não pode se limitar aos aspectos estritamente normativos: a instituição é governada (com formas gerenciais e decisões políticas, periféricas e centrais); é definida por espaços organizados, tempos administrados e modalidades internas de funcionamento; possui figuras profissionais e usuários próprios; possui relações externas com outras instituições, com os contextos ambientais e a dinâmica social (RAGAZZINI, 1999, p. 25-26).</p><p>O aluno da EJA, ao chegar ao ambiente escolar, encontra muitas dificuldades em se adaptar a um modelo de instituição, que não está de fato preparada para lidar com um público tão diversificado e diferente dos padrões impostos, por uma sociedade excludente e preconceituosa.</p><p>Segundo Gadotti (2008, p.31):</p><p>Os jovens e adultos trabalhadores lutam para superar suas condições precárias de vida (moradia, saúde, alimentação, transporte, emprego, etc.) que estão na raiz do problema do analfabetismo. Para definir a especificidade de EJA, a escola não pode esquecer que o jovem e adulto analfabeto é fundamentalmente um trabalhador – às vezes em condição de subemprego ou mesmo desemprego.</p><p>O retorno à escola é uma decisão marcada por diferentes sentimentos, dentre eles o medo, a insegurança e a vergonha. Fatores relacionados ao seu contexto social, aliados a fatores econômicos e políticos, contribuem para a insegurança e dificuldades dos alunos da EJA, nesse retorno aos estudos. Muitos que conseguem vencer todos esses obstáculos e ingressam na escola, não conseguem ir muito além e desistem ao longo da caminhada.</p><p>A escola precisa ofertar a essa modalidade um ensino que tenha significação e que esteja de encontro à realidade dos alunos. Práticas estigmatizadas que dificultam o procedimento em socialização e desenvolvimento na construção do saber devem ser abolidas e reconstruídas a partir das reais necessidades do aluno que não teve acesso ao ensino na idade certa.</p><p>Luby (2015), adverte que uma das funções da Educação Escolar, seria, então, a transformação das desigualdades sociais e educacionais, mas,</p><p>dificilmente isso será possível se, a partir das políticas educacionais e a documentação que deles emana, continuam a gerar perspectivas distantes da desigualdade social e educacional que se pretende combater, com base na consideração, quais são as estratégias reprodutivas de um conhecimento objetivo, observável e mensurável, que deve representar a maior parte do trabalho pedagógico realizado nas instituições escolares.</p><p>Pode-se considerar, que a Educação Escolar, embora amparada por leis que garantem a sua obrigatoriedade, ainda precisa lidar com algumas questões fundamentais. Um desses aspectos refere-se ao planejamento sistemático de seus conteúdos, ou seja, a dificuldade na organização curricular do que deve ser ensinado em cada ano, considerando os diversos contextos sociais do Brasil.</p><p>Aranha (2006), destaca que, a escola deve ser compreendida como uma esfera social, o que faz com que as ações sejam construídas com base na inserção comunitária. Assim, o trabalho cooperado, o exercício da democracia e o comprometimento de todos os segmentos serão fortes instrumentos para garantir o sucesso da aprendizagem do estudante.</p><p>Ademais, a Educação Escolar cria a possibilidade de interação das diferentes dimensões do ser humano. Estas dimensões corporais, cognitivas, afetivas, espirituais e sociais tendem a interagir com a percepção formal da escola e com as habilidades do aluno. Dentre os conhecimentos adquiridos, ressalta-se que a Educação procura a autonomia do aluno que é promovida com a sabedoria do valor que esta proporciona e as benfeitorias que são simétricas.</p><p>Desse modo, a mudança originada pelo fluxo da modernidade para a chamada sociedade pós-moderna, fez com que a escola, como instituição social, fosse obrigada a série de funções a cumprir.</p><p>Todas essas transformações sugerem, em princípio, uma modificação nas funções que, desde a prática, foram reconhecidas para a instituição escolar e aos assuntos que fazem parte do seu currículo. Assim, se houver uma intenção de trabalhar pela equidade educacional, é necessário entender que às práticas pedagógicas deve atender às desigualdades de origem e à tentativa de reduzi-las.</p><p>Políticas Públicas eficazes, devem ser criadas para oportunizar a efetiva educação a todos que estão à margem de nossa sociedade, voltadas à inclusão social desse público que se encontra fora do ambiente escolar há bastante tempo e que busca na educação oportunidades de uma vida melhor.</p><p>Um dos grandes obstáculos enfrentados pelos alunos da EJA, são os estigmas construídos pela sociedade ao longo do tempo.</p><p>[...] expulsos do sistema regular, migrando-se para a Educação de Jovens e Adultos, formando grupos sociais que valorizam sobremaneira o convívio no espaço escolar, tornando a sociabilidade uma questão central em sua escolarização. Muitas vezes privados de outros espaços de socialização, esses jovens esperam encontrar na escola não só um lugar para encontro entre os seus pares, mas também um território para práticas e manifestações culturais, das quais as diversas juventudes brasileiras são representantes (ALVARES, 2010, p. 81).</p><p>São vistos muitas vezes, como incapazes de alcançar o nível de excelência exigido pelos bancos escolares, ficando à margem dos privilegiados e relegados aos seus direitos. Muitos acreditam que os alunos da EJA, retornam à escola, em busca apenas de um certificado, quando na verdade, seu maior objetivo, é alcançar reconhecimento social.</p><p>O descrédito na instituição escolar, por esses alunos apresentarem um desempenho escolar abaixo do esperado, pelos educadores, contribui, para a formação do estigma, de que os alunos da modalidade da Educação de Jovens e Adultos, são incapazes de desenvolver as mesmas habilidades do público da escola regular. Tal preconceito, acaba sendo assimilado por eles, que os levam ao fracasso escolar e consequentemente, ao abandono dos estudos.</p><p>O fracasso escolar engendra uma espécie de teia, na qual o aluno se envereda e de onde custa sair. Na maioria dos casos, a teia torna-se tão emaranhada que não oferece saída e o desfecho dessa situação, tão comum na realidade brasileira, é o abandono da escola, esses jovens e adultos ficam extremamente suscetíveis a enredarem-se novamente, a vivenciarem outro fracasso escolar (ALVARES, 2010, p. 83-84).</p><p>É fundamental, que o aluno da EJA, seja reconhecido e valorizado como alguém que apesar de ter tido seus direitos renegados ao longo do tempo, busca oportunidades de inclusão, que os insiram de fato e de direito numa sociedade justa e igualitária. Para isso, o primeiro espaço dessa transformação é a escola, que deve ser democrática e emancipatória.</p><p>Os professores têm a capacidade de promover e disseminar o respeito ou a proliferação de estigmas por meio de atitudes coniventes, pelos seus exemplos e pelo clima escolar promovido.</p><p>Deste modo, cabe à escola, implementar práticas que promovam o respeito às diferenças, desenvolvam coletivamente o diálogo entre os alunos de forma a envolvê-los no processo pedagógico, desconstruindo a ideia de que todos devem ter os mesmos padrões.</p><p>Nesse sentido, cabe à instituição escolar, juntamente com a sociedade, elaborar projetos que compreenda o aluno na sua totalidade, respeitando suas especificidades, suas características físicas, sociais e culturais.</p><p>A escola tem um papel fundamental ao definir a formação dos sujeitos, através de sua concepção de ensino-aprendizagem, do seu currículo e das relações que são produzidas em seu ambiente.</p><p>A partir desse referencial teórico, se presume que a EJA, é uma política de educação que oportuniza a escolarização e contribui na formação de valores e preparo para o mundo do trabalho contextualizando, assim, a proposta descrita no capítulo posterior, que trata de todos os elementos da pesquisa de campo.</p><p>A Educação de Jovens e Adultos, tem sofrido modificações em suas práticas didático-pedagógicas, neste quadro cabe ao professor não ficar à margem dessa evolução. Ele deve também estar em constante atualização, para atuar de acordo com os novos paradigmas educacionais, construindo novas competências e habilidades para atender a particularidades de seus alunos.</p><p>Essas exigências, se dão pelo fato de que, a EJA, é uma modalidade de educação cheia de especificidades, são características diferentes do ensino regular, os jovens e adultos que por razões adversas a sua vontade, precisaram deixar os estudos, e só mais tarde retomá-lo.</p><p>Assim sendo, o professor que atua na EJA, necessita estar em constante qualificação para que sua ação pedagógica tenha êxito. A docência, exige que o profissional, tenha uma boa formação pedagógica e experiência didática, para proporcionar, um melhor desenvolvimento de seu aluno.</p><p>A educação escolar tem a tarefa de promover a apropriação de saberes, procedimentos, atitudes e valores por parte dos alunos, pela ação mediadora dos professores e pela organização e gestão da escola. O encargo das escolas hoje é assegurar o desenvolvimento das capacidades cognitivas, operativas, sociais e morais pelo seu desempenho na denominação do currículo, no desenvolvimento dos processos do pessoal, na formação da cidadania participativa e na formação ética. (LIBÂNEO, 2001, p. 111).</p><p>O professor necessita conhecer as especificidades e a história de vida de seu aluno, para compreendê-lo e contribuir efetivamente em seu processo, sendo mediador exitoso. Ao professor que desconhece a sua clientela, se faz necessário buscar subsídios teóricos, práticos e metodológicos, à fim de que os alunos não sejam prejudicados pela inexperiência ou de conhecimento sobre seu alunado.</p><p>3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA</p><p>3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA</p><p>Considerando como foco principal desta pesquisa, a Educação de Jovens e Adultos (EJA), como política transformadora, buscou-se utilizar a metodologia de caráter bibliográfico, documental, descritivo e exploratório, numa abordagem qualitativa/quantitativa, tendo como método principal, o estudo de caso, cujo objetivo é compreender um fenômeno contemporâneo dentro da realidade</p><p>num dado contexto.</p><p>No primeiro momento, se procurou um estudo bibliográfico, apoiado na coleta de material de diversos autores sobre o tema pesquisado. Assim, se utilizou de diversas fontes, dentre elas, livros, revistas, artigos, reportagens, jornais e material disponível na internet.</p><p>Na revisão bibliográfica, se procurou compreender os caminhos percorridos pela Educação de Jovens e Adultos ao longo do tempo, a legislação que ampara essa modalidade, às Políticas Públicas, voltadas para essa população e as dificuldades e estigmas, que perpassam na vida dessas pessoas.</p><p>Sobre a revisão bibliográfica, afirma Gil (2008, p.50):</p><p>A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. [...] A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente.</p><p>Para responder às questões propostas neste estudo, se fez ainda, uso da pesquisa documental, enquanto método de investigação e compreensão da realidade social, em que se dá a pesquisa. Para tanto, se utilizou de documentos tais como, Projeto Político pedagógico (PPP), Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE), diários de classe, e outros registros referentes a prática pedagógica da escola lócus da pesquisa.</p><p>Segundo GIL (2008), a pesquisa documental, é muito parecida com a bibliográfica. A diferença está apenas na natureza das fontes.</p><p>Alguns autores divulgam que pesquisa documental e pesquisa bibliográfica são sinônimas, por terem o documento como objeto de estudo, no entanto a pesquisa documental vai além de textos escritos ou impressos, podendo ser escritos ou não, como os vídeos, filmes, slides ou fotografias.</p><p>Para Bravo (1991), todas as realizações ou ações produzidas pelo homem, que se mostram como forma de revelar suas ideias, opiniões e forma de atuar ou viver, são documentos.</p><p>Desse modo, a partir da observação dos sujeitos alvo desta pesquisa, da análise bibliográfica e documental, a pesquisadora pretendeu explorar e compreender o objeto deste estudo e estabelecer conclusões, a partir dos dados obtidos.</p><p>Considerando o público alvo da pesquisa, uma amostra pequena, se optou por um processo de análise exploratório e descritivo, com uma abordagem qualitativa/quantitativa, no intuito de ampliar a familiaridade com o tema, a partir das questões formuladas.</p><p>Gil (2008), explicita como se dá a pesquisa exploratória e a descritiva, segundo ele a exploratória, visa proporcionar maior familiaridade com o problema e a descritiva, descreve as características de determinadas populações ou fenômenos. Dessa forma, se pôde utilizar a bibliografia escolhida, a observação e a entrevista, à fim de obter as informações, levantar hipóteses e refletir a respeito da Educação de Jovens e Adultos, enquanto Política Pública transformadora.</p><p>Nesse sentido, em consonância com o estudo bibliográfico e outras fontes que proporcionaram base ao estudo proposto, a pesquisa exploratória, assume a forma de estudo de caso e a descritiva, descreve as características de determinadas populações ou fenômenos, estabelecendo relação entre as variáveis propostas no objeto deste estudo.</p><p>Moroz e Gianfaldoni (2006, p.75) afirmam que:</p><p>Qualquer que seja o tipo de pesquisa a realizar, uma das decisões a tomar refere-se aos sujeitos: quem são eles [...] professores alfabetizadores, professores universitários, etc.); que características devem ter [...] no mínimo cinco anos de experiência, [...]. Quanto ao número de participantes, [...] a) [...] trabalhar com o conjunto total da população em estudo; b) o nível de generalidade que se pretende atingir.</p><p>Nessa perspectiva, uma das preocupações da pesquisadora, foi estabelecer quem são os sujeitos investigados, o número de participantes, bem como o lócus da pesquisa. Assim sendo, convém destacar que o estudo se deu com um grupo de 30 alunos da modalidade EJA, entre eles, alunos que concluíram, alunos que se evadiram e alunos que estão cursando, além de 6 (seis) profissionais que atuam nessa modalidade de ensino, sendo, 4 (quatro) professores e 2 (dois) Coordenadores Pedagógicos.</p><p>Para tanto, vale ressaltar, a importância da abordagem qualitativa, que se dá com a observação e analise do comportamento, sentimentos e intenções dos sujeitos da pesquisa, e que os dados obtidos não podem ser mensurados, sendo, portanto, apresentados através de recursos estatísticos, o que configura uma abordagem quantitativa.</p><p>A pesquisa qualitativa trabalha com o universo das crenças, dos significados, das aspirações, dos motivos, dos valores e das atitudes desempenhadas pelo indivíduo, aqui esse conjunto de fenômenos é entendido como parte da realidade social porque o ser humano se distingue por agir e pensar e interpretar suas ações de acordo com a realidade vivida com seus semelhantes (MINAYO, 2009, p. 21).</p><p>Chiazzoti (2001) sublinha que,</p><p>A abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito. [...] O objeto não é um dado inerte e neutro, está possuído de significados e relações que sujeitos concretos criam em suas ações (CHIZZOTTI, 2001, p.79).</p><p>Sem a pretensão de esgotar este assunto, a pesquisadora pretendeu refletir como a EJA, tem se fortalecido enquanto Política Pública de transformação, através de um estudo de caso.</p><p>Para Tosta (2002), o estudo de caso, é uma metodologia que teve suas origens nas áreas da medicina e psicologia, e se refere a uma análise detalhada de um caso individual. Para as pesquisas sociais o objeto de estudo pode ser uma organização ou comunidade, ou cultura escolar, por exemplo.</p><p>Um estudo de caso visa a descoberta; enfatiza a interpretação em contexto; busca relatar a realidade de forma completa e profunda usa uma variedade de fontes de informações; revela experiências vicárias e permite generalizações naturalísticas; utiliza uma linguagem e uma forma mais acessível que outros relatórios de pesquisa (LUDKE; ANDRE, 1986, p. 19).</p><p>De acordo com Yin (2001, p.32): “O estudo de caso é uma investigação empírica de um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, sendo que os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”. Para ele, o estudo de caso, é a estratégia mais escolhida quando é preciso responder questões do tipo “como” e “por quê” e quando o pesquisador possui pouco controle sobre os eventos pesquisados.</p><p>Nas palavras de Gil (2008, p. 58-59) “o estudo de caso é um estudo aprofundado sobre objetos que podem ser um indivíduo, uma organização, um grupo ou um fenômeno, podendo ser aplicado nas mais diversas áreas do conhecimento”.</p><p>Conforme o autor acima citado, o estudo de caso, permite explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos; descrever a situação do contexto em que está sendo feita a investigação; e permite a explicação de variáveis em situações ainda que complexas.</p><p>Considerando o estudo de caso um método qualitativo, que busca compreender melhor os processos e fenômenos sociais, aplicou-se técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como questionários, entrevistas e a observação sistemática do cenário onde ocorre o estudo, para a obtenção de dados, sem intervenção nas respostas dos investigados.</p><p>Portanto, para mensurar as respostas obtidas dos elementos envolvidos, se escolheu a abordagem quantitativa, por entender que o objeto de estudo, só pode ser compreendido a partir da análise de dados obtidos com auxílio de instrumentos, padronizados ou não.</p><p>A abordagem quantitativa, utiliza a linguagem matemática, para descrever os fenômenos ou causas, bem como, as variações no contexto em análise, como esclarece Fonseca (2002, p. 20):</p><p>A pesquisa quantitativa se centra na objetividade. Influenciada pelo positivismo, considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados</p><p>brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros. A pesquisa quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno, as relações entre variáveis, etc. A utilização conjunta da pesquisa qualitativa e quantitativa permite recolher mais informações do que se poderia conseguir isoladamente.</p><p>Segundo Moresi (2003, p. 64), esta abordagem é “projetada para gerar medidas precisas e confiáveis que permitam uma análise estatística [...] é apropriada para medir tanto opiniões, atitudes e preferências como comportamentos”.</p><p>Com base nestas considerações, elegeu-se o questionário, como instrumento principal para coleta de dados, uma vez que este não interfere diretamente nas respostas do entrevistado, e pode ser aplicado a um grande número de pessoas ao mesmo tempo, independentemente do tipo de pergunta.</p><p>De acordo com Moresi (2003, p. 30):</p><p>Questionário é uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo informante. Deve ser objetivo de fácil preenchimento, limitado em extensão e estar acompanhado de instruções esclarecendo o propósito de sua aplicação, destacando a importância da colaboração do informante para a pesquisa.</p><p>Assim, a aplicação do questionário, servirá como uma técnica para colher informações a respeito das expectativas do aluno da EJA, as dificuldades que eles encontram ao longo do percurso e como a escola vem implantando as Políticas Públicas, destinadas a essa modalidade de ensino.</p><p>Gil (1999, p.128), define questionário “como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc.”</p><p>Para tanto, optou-se por questionário, com perguntas abertas e perguntas fechadas, com uma série de respostas possíveis, tendo em vista a facilidade de abrangência de um grande número de pessoas ao mesmo tempo, independentemente do tipo de pergunta.</p><p>Ainda para Gil (1999, p.128-129), o questionário apresenta as seguintes vantagens:</p><p>a) possibilita atingir grande número de pessoas, mesmo que estejam dispersas numa área geográfica muito extensa, já que o questionário pode ser enviado pelo correio;</p><p>b) implica menores gastos com pessoal, posto que o questionário não exige o treinamento dos pesquisadores;</p><p>c) garante o anonimato das respostas;</p><p>d) permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente;</p><p>e) não expõe os pesquisadores à influência das opiniões e do aspecto pessoal do entrevistado.</p><p>Após a etapa de observação e diálogos com professores, alunos e coordenadores, análise de documentos da escola como PPP e diários de classe, tendo o cuidado de anotar os fatos e informações mais relevantes, aplicou-se os questionários.</p><p>O questionário 1 (Anexo 1), foi direcionado aos alunos, em que, a dificuldade encontrada neste ponto, foi a de localizar os alunos que concluíram e os que se evadiram, uma vez que alguns já haviam mudado de endereço, conforme registros na ficha cadastral da escola. Responderam ao questionário 2 (Anexo 2), os coordenadores e os professores.</p><p>Os questionários direcionados aos professores e coordenador pedagógico, foram compostos com 12 (doze) questões, abordando dados gerais sobre a formação profissional, tempo no magistério e percepções sobre às Políticas Públicas, voltadas para a Educação de Jovens e Adultos.</p><p>Os questionários aplicados às três categorias de alunos, foram respondidos de forma individual, contendo 25 (vinte e cinco) questões abertas e fechadas, acerca da vida familiar e social, trajetória escolar na Educação de jovens e Adultos e perspectivas para o futuro. Tiveram como objetivo perceber as condições sócio econômicas dos alunos, que situações influenciaram positivamente para que a Educação de Jovens e Adultos atue como política de transformação social, e de que forma a escola pode efetivá-las, no sentido de minimizar os entraves e dificuldade que impedem a continuidade dos alunos nesta modalidade de ensino.</p><p>Utilizou-se, para a melhor percepção dos fatos e das relações estabelecidas entre a escola, o aluno e a sociedade que o rodeia, a entrevista, por ser um instrumento bastante flexível para coleta de dados.</p><p>Gil (1999, p.118), esclarece, ser a entrevista a mais flexível de todas as técnicas de coleta de dados, de que dispõem as ciências sociais, e apresenta as vantagens desta se comparada às técnicas de questionário.</p><p>a) possibilita a obtenção de maior número de respostas, posto que é mais fácil deixar de responder a um questionário do que negar-se a ser entrevistado; b) oferece flexibilidade muito maior, posto que o entrevistador pode esclarecer o significado das perguntas e adaptar-se mais facilmente às pessoas e às circunstâncias em que se desenvolve a entrevista; c) possibilita captar a expressão corporal do entrevistado, bem como a tonalidade de voz e ênfase nas respostas.</p><p>Para Gil (1999), é importante estabelecer, desde o primeiro momento, um ambiente de cordialidade para deixar o entrevistado à vontade, durante a entrevista, onde o entrevistado, deve se sentir totalmente livre de qualquer coerção, intimidação ou pressão, como forma de instituir o rapport (quebra de gelo) entre o entrevistado e o entrevistador.</p><p>Desse modo, se utilizou da entrevista, enquanto forma de comunicação natural, no sentido de coletar informações relevantes, de acordo com os objetivos propostos do problema pesquisado. Foi entrevistada, além de responder o questionário aplicado ao grupo de alunos que concluíram, uma ex-aluna da Educação de Jovens e Adultos, que mostrou e autorizou a publicação de sua trajetória de sucesso, a partir da Educação de Jovens e Adultos, através de relatos da sua história de vida.</p><p>Portanto, a realização da coleta de dados, através dos instrumentos citados, ocorreu em um ambiente de descontração e familiaridade com os envolvidos na pesquisa, o que possibilitou aos pesquisados, responder às questões de forma espontânea, o entendimento dos elementos mais relevantes sobre a pesquisa.</p><p>Concluída a etapa de coleta de dados, foi feita a análise e interpretação dos dados obtidos, utilizando o estudo bibliográfico e documental, com a finalidade de fundamentar o conhecimento e ferramentas tecnológicas para dar suporte à análise quantitativa.</p><p>Vale salientar, que a motivação para a pesquisa se originou a partir da experiência docente da pesquisadora, com a Educação de Jovens e Adultos, a observação de problemas que afetam a modalidade EJA e seus sujeitos, bem como a necessidade de analisá-la enquanto política transformadora.</p><p>3.2 SUJEITOS DA PESQUISA</p><p>O sujeito de uma pesquisa, pode ser definido como a pessoa, o fato ou o fenômeno sobre o qual se quer saber algo (RUIZ, 1996, p. 48).</p><p>A escolha dos sujeitos da pesquisa, foi realizada a partir dos seguintes critérios: alunos da Educação de Jovens e Adultos, que concluíram toda etapa da modalidade; alunos que desistiram ao longo do caminho e alunos que se encontram cursando, permitindo, fazer uma análise e comparativo de fatores, que permeiam o universo da pesquisa, além de professores e um coordenador escolar, tendo como referência os anos letivos de 2017 a 2019, da Escola Pública Francisco Nonato Freire, localizada no Município de Alto Santo, Ceará.</p><p>Segundo Lakatos e Marconi (2003), a amostra com uma parte do todo a ser pesquisado, deve ser o mais representativo possível da totalidade, pois a resposta que essa parte der quanto às questões pesquisadas podem induzir nos resultados da população total.</p><p>3.3 AMBIENTE DA PESQUISA</p><p>A escolha da Escola de Ensino Médio Francisco Nonato Freire, como lócus da pesquisa, ocorreu pelo fato de ser o local onde a pesquisadora exerce docência nas turmas da EJA, o que facilitou a dinâmica do estudo.</p><p>Antes da pesquisa, foi feita uma visita para explicar seus objetivos e solicitar a autorização para análise de documentos e dados das turmas da EJA, bem como, para a realização de entrevistas e aplicação de questionários.</p><p>A escola fica localizada</p><p>na Avenida Edson Guerra, centro da cidade de Alto Santo-CE. Sendo a única instituição que oferta Ensino Médio no município, atende a comunidade local, com o Ensino Médio de 1ª ao 3ª ano. Incluindo a Educação de Jovens e Adultos.</p><p>Atualmente, a escola conta com 540 alunos matriculados nos turnos manhã e noite, sendo 37 alunos da EJA, distribuídos em 1 sala do 2° segmento apenas no turno noite.</p><p>A infraestrutura da escola está organizada de acordo com o Quadro 1:</p><p>Quadro 1 – Infraestrutura da escola</p><p>AMBIENTE</p><p>QUANTIDADE</p><p>Sala de aula</p><p>07</p><p>Sala de informática</p><p>01</p><p>Sala de professores</p><p>01</p><p>Diretoria</p><p>01</p><p>Biblioteca</p><p>01</p><p>Secretaria</p><p>01</p><p>Laboratório de ciências</p><p>01</p><p>Banheiro</p><p>03</p><p>Quadra poliesportiva</p><p>01</p><p>Sala de multimídias</p><p>01</p><p>Almoxarifado</p><p>01</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>Além dos ambientes citados, a estrutura física conta ainda com um pátio coberto, que é um ambiente de convivência agradável e favorece a comunicação e o fortalecimento dos laços de amizade entre os alunos, durante o intervalo ou em momentos de atividades extraclasse.</p><p>A escola tem por missão, oferecer um ensino de qualidade, garantindo o acesso, a permanência e o sucesso do aluno, voltado para a produção de conhecimentos relevantes, bem como para a formação de competências e habilidades, valores e atitudes. Dessa maneira, a referida escola, implementou em sua ação pedagógica metas a serem alcançadas.</p><p>O Projeto Político Pedagógico da escola, apresenta vários projetos, nenhum deles é voltado exclusivamente para a Educação de Jovens e Adultos, sendo, portanto, os projetos, adaptados a essa realidade.</p><p>Vale ressaltar, de acordo com o IBGE (2017), que o Município de Alto Santo, localizado no baixo Jaguaribe, distante da capital cearense 252 quilômetros, conta com uma população de aproximadamente 17.000 habitantes distribuídos em 1323 km². Entre as principais atividades econômicas do município estão o cultivo de caju, milho e feijão; na pecuária a criação de bovinos, suínos e avícolas; além das indústrias de confecção, alimentícias e cerâmica.</p><p>Segundo senso do IBGE, em 2017, o salário médio mensal, era de 1,2 salários mínimos, para um percentual de 9,9% de pessoas ocupadas, em relação à população total e uma taxa de escolarização de 95%, para a faixa etária de 6 a 14 anos de idade.</p><p>O Município conta com onze Escolas Municipais, que oferecem da creche ao Ensino Fundamental e uma escola de Ensino Médio e EJA.</p><p>Segundo o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE), a taxa de analfabetismo do município em 2010, era de 30,11% para a faixa etária de quinze anos ou mais.</p><p>3.4 PERFIL DOS PROFESSORES</p><p>De acordo com o Projeto Político Pedagógico, da Escola de Ensino Médio Francisco Nonato Freire, o quadro de professores da EJA, é composto por quatro professores, todos selecionados em processo seletivo e com as seguintes formações acadêmicas (Quadro 2):</p><p>Quadro 2 – Formação dos docentes que atuam na EJA</p><p>DISCIPLINA</p><p>FORMAÇÃO</p><p>Linguagens e Códigos</p><p>Língua Portuguesa e Inglesa</p><p>Ciências Humanas</p><p>História</p><p>Ciências da Natureza</p><p>Biologia</p><p>Ciências da Natureza</p><p>Matemática</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>Identificou-se, com base nas informações do Quadro 2, que a Unidade Escolar, obedece a formação mínima exigida por lei, que determina a lotação de professores de acordo com a formação acadêmica.</p><p>Conforme a lei 9394/96 – LDB, art. 62º, a formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do Ensino Fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal.</p><p>Portanto, para o profissional atuar no exercício do magistério é necessária a formação mínima exigida. No entanto, com as mudanças do mundo e a velocidade das informações, se faz necessário decifrar e superar os desafios da educação e refletir sobre a prática docente, muitas vezes mecanicista e reprodutora do sistema educacional vigente, ignorando que estamos diante de uma nova sociedade e de uma realidade, que nos desafia a cada dia, haja vista que, o perfil do educador do século XXI, requer a construção de uma identidade mutável, levando em conta, o sujeito que se quer formar.</p><p>Desse modo, a formação do professor, não é apenas acadêmica, se observa, muitas ações que efetivam os debates sobre as questões educacionais e sua relação com a sociedade, o que gera uma crescente busca por formação continuada, enquanto instrumento de qualificação, reflexão e valorização das práticas docentes.</p><p>Rodrigues e Esteves (1993, p. 41) asseguram que:</p><p>A formação não se esgota na formação inicial, devendo prosseguir ao longo da carreira, de forma coerente e integrada, respondendo às necessidades de formação sentidas pelo próprio, e às do sistema educativo resultantes das mudanças sociais e/ou do próprio sistema de ensino.</p><p>Sobre este assunto, Paulo Freire (2003, p.79) diz:</p><p>O professor tem que conhecer o conteúdo daquilo que ensina. Então para que ele ou ela possa ensinar, ele ou ela tem primeiro que saber e, simultaneamente com o processo de ensinar, continuar a saber, por que o aluno, ao ser convidado a aprender aquilo que o professor ensina, realmente aprende quando é capaz de saber o conteúdo daquilo que lhe foi ensinado.</p><p>Considerando a importância do papel do educador de adultos e jovens, como um estimulador para a aprendizagem e permanência do aluno em sala de aula, e a necessidade de continuar a aprender o que ensina, é que se faz necessário, a implementação dos programas e projetos educacionais, seja na esfera governamental ou da instituição escolar, no sentido de oferecer formação continuada, como mecanismo de atualização permanente, para o exercício da docência, em virtude das transformações ocorridas na sociedade com vistas ao desenvolvimento profissional.</p><p>3.5 PERFIL DOS ALUNOS</p><p>Os alunos da EJA da escola em análise, cursam o 2°segmento, lotados na turma única do turno noturno. São, na sua maioria, donas de casa, trabalhadores, desempregados, idosos ou jovens oriundos do ensino regular, após múltiplas repetências ou evasão escolar. São jovens e adultos, com faixa etária bem diversificada, com diferentes crenças e culturas, bem como ritmos de aprendizagens diferenciados. São sujeitos distintos, com valores e visão de mundo diferentes, mas que buscam na Educação de Jovens e Adultos, a possibilidade de transformação de suas realidades sociais, provocadas por um sistema educacional excludente.</p><p>Segundo Gadotti (2003, p. 4):</p><p>Os jovens e adultos trabalhadores lutam par superar suas condições de vida (moradia, saúde, alimentação, transporte, emprego, etc.) que estão na raiz do problema do analfabetismo. O desemprego, os baixos salários e as péssimas condições de vida comprometem o seu processo de alfabetização [...] O analfabetismo é a expressão de pobreza, consequência inevitável de uma estrutura social injusta.</p><p>Nessa possibilidade de educação, entra neste perfil o trabalhador, que na contemporaneidade, pode escolher diferentes caminhos de análise, para refletir sobre o fazer e o viver, considerando seus limites ou suas possibilidades econômicas, culturais, políticas ou pedagógicas. A adaptação de um sistema de gestão da qualidade, é analisada pelas organizações empresariais, como uma decisão estratégica da empresa, e por esta razão, a gestão das empresas estão cada vez mais conscienciosas da importância de seu papel, no que diz respeito à viabilidade e eficácia do processo de melhoria e aplicação de ferramentas de qualidade.</p><p>3.6 PERFIL DO COORDENADOR</p><p>O papel do coordenador escolar ou coordenador pedagógico, é de fundamental importância para a Unidade Escolar, uma vez que, é ele quem vai organizar os docentes para aprimorar as práticas pedagógicas na escola, coordenar o planejamento e acompanhar os resultados do processo ensino-aprendizagem, com base nas avaliações internas e externas.</p><p>O surgimento da Coordenação Pedagógica,</p><p>requer a compreensão dos fatos históricos, acerca da criação das funções de especialistas na organização das atividades pedagógicas, no âmbito da escola. Não é propósito deste estudo se deter numa abordagem descritiva dos fatos, mas apropriá-los numa dimensão histórica.</p><p>A história da coordenação, tem sido objeto de estudo e debates nas últimas décadas. A preocupação com a organização escolar, um fenômeno social, tem interessado a todos que trabalham em educação. Na ação de planejar, ele é educador, teórico e parceiro, no sentido de colaborar com as necessidades docentes para construção do saber com os educandos; nos conflitos, ele atua como mediador conselheiro e amigo; nas interações com alunos e pais, ele age como amigo psicólogo e muitas vezes, quando solicitado, conselheiro.</p><p>Apesar das inúmeras funções dentro da unidade escolar, a coordenadora escolar da Escola de Ensino Médio Francisco Nonato Freire, enfrenta críticas e resistência dos discentes, quando incomodados, ou controladas suas ações, e também dos docentes, quando não coadunam com o trabalho proposto.</p><p>A despeito dos desafios encontrados durante a caminhada, a jovem educadora, pedagoga de formação acadêmica, vê no cargo uma oportunidade de contribuir para uma educação de qualidade. Assim, ao assumir um trabalho tão complexo, o coordenador pedagógico é um profissional com diversos perfis, que se apresentam de acordo com cada situação vivida.</p><p>Como prática educativa ou como função, a coordenação educacional, independentemente de formação especifica em habilitação no curso de Pedagogia, constituiu-se num trabalho escolar que tem o compromisso de garantir a qualidade do ensino, da educação, da formação humana. (...).Em uma área mais ampla, como a secretaria municipal, ou até mesmo estadual, por exemplo, o supervisor já assumirá uma postura com foco voltado para o acompanhamento do processo educacional, apontar fragilidades e resolver com foco em resultados. Não se esgota, portanto, no saber fazer bem e no saber o que ensinar, mas no trabalho articulador e orgânico entre a verdadeira qualidade do trabalho pedagógico que se tornará mais verdadeiro em seus compromissos humanizadores, quando expressar e servir de pólo-fonte de subsídios para novas políticas e novas formas de gestão na intensidade espaço-temporal de transformações que a "era da globalização" (FERREIRA, 2007, p. 327).</p><p>A citação acima, destaca três elementos nucleares para compreensão do que se entende por coordenação pedagógica: articulação, formação e democratização. Por esse aspecto, o coordenador é um articulador das práticas pedagógicas na escola, sem esse elemento, a escola perde o norte de seu projeto pedagógico. Entretanto, cabe também ao coordenador viabilizar a formação docente, pois o exercício do magistério é um ofício que requer desse profissional a prática contínua da formação. Por último, a democratização das relações, acrescentaria que a democracia vai além das relações, pertence a própria instituição escola, integrando seu projeto político pedagógico.</p><p>Há outras compreensões sobre coordenação pedagógica, que visualizam no coordenador a figura de um líder na condução dos trabalhos pedagógicos. A citação abaixo, por exemplo, explicita bem esse entendimento,</p><p>O coordenador é o líder da escola nos trabalhos pedagógicos, é ele o responsável pela formação continuada dos professores da escola, por isso deve estimular a participação destes não só a frequentarem as reuniões, mas a participarem ativamente das atividades de formação continuada (LIBÂNEO, 2004, p. 229).</p><p>Esse entendimento, mesmo correspondendo conceitualmente ao termo, não adota uma dimensão mais ampliada, como a compreensão anterior, que subtende a coordenação como uma prática, formadora, articuladora e democratizada. A coordenação escolar se apresenta como condutora do trabalho pedagógico na perspectiva de torná-lo mais eficaz e produtivo, como, por exemplo, fazer com que os professores frequentem as reuniões.</p><p>Um aspecto que se apresenta intrínseco as mais variadas compreensões sobre coordenação pedagógica é o da formação. Sem formação, o ato de coordenar não se sustenta em sua dimensão pedagógica, como bem coloca Placco (2002):</p><p>Portanto, para que o trabalho pedagógico na escola aconteça é necessário que haja parceria entre seus profissionais, “essa parceria se traduz em um processo formativo contínuo, em que a reflexão e os questionamentos do professor quanto à sua prática pedagógica encontram e se confrontam com os questionamentos e fundamentos teóricos evocados pelo coordenador pedagógico (...), num movimento em que ambos de formam e se transformam” (PLACCO, 2002, p. 95).</p><p>Nesse sentido, a formação é o caminho para se romper com saberes sedimentados, gerando novos saberes, novas formas de fazer, agir e ser. A escola não está fora de uma realidade em constante transformação, ela não é só parte, mas coautora dessas mudanças. Cabe a ela: problematizar, refletir e transformar realidades. A coordenação é a regente a orquestrar esse processo, afinando ideias e dando unidade a propostas.</p><p>4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS</p><p>A seguir, serão apresentados os resultados e a análise dos dados obtidos através da consulta aos documentos da escola, da aplicação de questionários socioeconômicos, das entrevistas e conversas informais com os alunos, professores e coordenador, envolvidos na pesquisa.</p><p>A partir dos dados obtidos, vale destacar que, apesar das dificuldades encontradas e preconceitos, a EJA é uma Política Pública de educação, vista como uma oportunidade para o avanço, a chance de um futuro melhor e uma vida socioeconômica mais satisfatória.</p><p>Assim, se faz oportuno evidenciar nessa pesquisa, fragmentos da entrevista, a respeito da trajetória escolar de Erlandir, natural da cidade de Alto Santo, que veio morar em São João do Jaguaribe, interior do Ceará, e teve que abandonar a escola, como na realidade de muitos jovens, para ajudar o pai na lavoura, assumindo responsabilidades profissionais, desde a infância.</p><p>A entrevista foi gravada e a entrevistada permitiu a divulgação de trechos da conversa, necessários para a elaboração desta pesquisa. Conhecer a história de vida de Erlandir, é bastante incentivador, uma mulher que enfrentou vários desafios e encontrou na Educação de Jovens e Adultos, a porta para a realização pessoal e profissional.</p><p>4.1 QUESTIONÁRIO DOS ALUNOS</p><p>O primeiro item do questionário diz respeito ao sexo dos entrevistados e pode ser analisado através do Gráfico 1. Por meio deste gráfico, percebe-se que há uma diferença entre as quantidades de homens e mulheres para cada grupo investigado, predominando o número de mulheres nos três grupos, sendo, segundo relato, na sua maioria, mães, donas de casa e trabalhadoras que buscam na EJA novos horizontes. O depoimento de uma aluna revela: “busco uma melhor oportunidade de emprego”, para outra, “na escola é bom, a gente faz boas amizades”.</p><p>Ressalta-se que a técnica utilizada, no caso o questionário, é uma ferramenta que ao ser utilizado, demonstra o nível de satisfação ou insatisfação dos colaboradores, considerando diversos aspectos.</p><p>Gráfico 1 – Sexo dos entrevistados.</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>Nesse sentido Andrade (2008), afirma que:</p><p>Se antes o lugar da mulher era em casa, para cuidar de afazeres domésticos e das crianças, hoje o lugar da mulher também é na escola. Porém, não só com o objetivo de promover a profissionalização feminina para competir com os homens no mercado de trabalho dentro de uma maior equidade. Um dos objetivos da educação feminina, principalmente da mulher pobre, para as mais diferentes instâncias, é preparar, educar e ensinar a mulher a cuidar mais e melhor da família e dos filhos (ANDRADE, 2008, p. 6).</p><p>Com relação à faixa etária dos três grupos, é importante notar através do Gráfico 2, o número de alunos com mais de 30 anos que buscaram na EJA, um resignificado para suas vidas, deixando de lado o estigma de que é tarde para estudar.</p><p>Gráfico 2 – Faixa etária dos entrevistados.</p><p>. Fonte: Dados da</p><p>autora (2020).</p><p>De acordo com o Gráfico 2, se observa a heterogeneidade de faixas etárias, o que tem gerado um desafio para gestores e professores que reúnem esforços para conciliar o ritmo de aprendizagens, expectativas e necessidades de cada um deles. Entretanto, a diferença de idade, proporciona a troca de experiências permitindo que os alunos reconheçam suas contribuições pessoais, como possibilidades de aprendizagens para o grupo, levando em conta, que cada aluno traz consigo uma bagagem de experiências adquiridas ao logo de sua vida, dentro ou fora da escola.</p><p>Nesse aspecto, cabe ao educador, proporcionar um ambiente que valoriza os saberes dos educandos para que se sintam confortáveis e motivados à troca de conhecimentos. Assim, para Arroyo (2006, p. 35), “partir dos saberes, conhecimentos, interrogações e significados que aprenderam em suas trajetórias de vida, será um ponto de partida para uma pedagogia que se paute pelo diálogo entre os saberes escolares e os saberes sociais”.</p><p>A pesquisa sobre o estado civil, revela que a maior parte dos alunos são casadas ou vivem uma união estável com alguém, e que o percentual de solteiros, é muito inferior aos que têm uma relação conjugal, como mostra o Gráfico 3.</p><p>Gráfico 3 – Estado civil dos entrevistados.</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>O Gráfico 4, mostra que as famílias se compõem com um número pequeno de filhos e através das conversas com os entrevistados a respeito da idade dos filhos pôde-se verificar que todos ainda estão em idade escolar, justificando alguns casos de abandono escolar, segundo relatos.</p><p>Na entrevista, Erlandir relata as inúmeras dificuldades para conciliar trabalho, estudo e família: “Na época, meus meninos eram todos pequenos. O mais novo tinha dois anos”.</p><p>Gráfico 4 – Número de filhos dos entrevistados.</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>A pergunta do questionário socioeconômico, sobre a situação de moradia, revelou que a maioria dos entrevistados tem moradia própria, e uma parcela bem menor mora com parentes, conforme os dados do Gráfico 5.</p><p>Gráfico 5 – Situação de moradia dos entrevistados.</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>Os dados do Gráfico 6, apresentam que, entre os entrevistados, a maioria realiza alguma atividade remunerada. Observa-se que um percentual de 40% dos alunos que se evadiram, recebe menos de 1 salário mínimo, 30% recebem de 1 a 2 salários mínimos e que 30% estão desempregados. Já para o grupo que concluiu, é possível notar que todos exercem atividade remunerada e que a média salarial, é bem maior em relação aos que se evadiram, sendo que 60%, recebem de 1 a 2 salários, apenas 30% recebem menos de 1 salário mínimo e 10% têm renda mensal acima de 3 salários mínimos.</p><p>No grupo dos alunos que ainda estão cursando, 10% estão desempregados, 10% recebem menos de 1 salário mínimo, 50% recebem de 1 a 2 salários mínimos e 30% recebem acima de 3 salários mínimos por mês. Comparando os três grupos, no Gráfico 6, se verifica, que o nível de escolaridade dos envolvidos na pesquisa, exerce influência na relação trabalho e salário dessas pessoas.</p><p>Gráfico 6 – Renda familiar dos entrevistados.</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>A coleta de dados ao tratar do nível de satisfação com o trabalho exercido (Gráfico 7) mostra que o grupo que concluiu tem um nível maior de satisfação em relação ao trabalho que possui, superior ao do grupo que se evadiu e do grupo que está cursando.</p><p>Em 2008, conclui na EJA o Ensino Fundamental e procurei o CEJA para fazer o Ensino Médio e realizar meu sonho. Eu recebia os módulos e levava para casa. Quando fiz o ENEM fui aprovada e cursei a Graduação em Pedagogia. Hoje, sou professora e estou muito satisfeita com o meu trabalho (ERLANDIR, 2019).</p><p>Gráfico 7 – Nível de satisfação com o trabalho dos entrevistados.</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>Comparando-se esses dados com os salários recebidos (Gráfico 6), nota-se, que o nível de satisfação, pode estar relacionado com a remuneração recebida, muito embora, 40% dos evadidos afirmaram receber menos de um salário mínimo. Observa-se nesse mesmo grupo, no Gráfico 7, que 40%, estão muito satisfeitos com o trabalho. Parece contraditório, uma vez que, segundo os relatos obtidos, a não continuidade dos estudos, prejudicou a busca por melhores condições de vida e melhores oportunidade de trabalho. Entretanto, a necessidade de ter renda para ajudar a família, os leva a se sentirem satisfeitos por não estarem desempregados, muito embora a baixa escolaridade não ofereça melhores condições de emprego e melhores salários.</p><p>Quanto ao nível de escolaridade dos entrevistados, a pesquisa mostra, conforme os Gráficos 8 e 9, que os alunos evadidos na grande maioria não concluíram o Ensino Fundamental II, enquanto os que concluíram mostram que 60% finalizaram o ensino médio, 10% completaram o curso superior, 10% fizeram um curso técnico e 10% no curso superior incompleto.</p><p>Foi possível constatar através dos diálogos e entrevistas, que os alunos evadidos, apesar da vontade de retornar aos estudos, não conseguem conciliar os horários de trabalho com o da escola, haja vista, o cansaço ser é um fator determinante, para ainda não terem retomado a vida escolar.</p><p>Guareschi (2009), em seus escritos, declara que, nessa esfera, os professores expressam desconforto e preocupação com a presença de situações de constrangimento em suas aulas, explicam a desmotivação, em que, no contexto atual que fomenta "salve-se quem pode", apesar disso, suas intervenções são tímidas e não refletidas na correspondência com o que emerge no discurso. Na motivação do aluno, eles intervêm vários elementos, que precisam ser considerados e analisados, onde se destina a promover o interesse dos mesmos.</p><p>Gráfico 8 – Escolaridade dos alunos que se evadiram.</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>O número de alunos da modalidade em estudo, que buscam dar continuidade após a conclusão do Ensino Médio, ainda é pequeno, como mostra o gráfico 9. Nota-se que 60% da turma ainda não chegaram ao curso superior, ou fizeram cursos profissionalizantes.</p><p>Gráfico 9 – Escolaridade dos alunos que concluíram.</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>De acordo com o Gráfico 10, entre os alunos que se evadiram os resultados da pesquisa mostram que 50% deles, estão de 1 a 2 anos fora da escola, 40% estão sem estudar por um período de 3 a 5 anos, e 10% de 5 a 10 anos fora da escola.</p><p>Gráfico 10 – Continuidade nos estudos dos alunos que se evadiram.</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>Dos alunos que concluíram (Gráfico 11), a grande maioria já havia abandonado a escola, antes de concluir. Nota-se, pelos dados obtidos, que 40% já haviam abandonado por 1 a 2 anos, outros tantos, por um período de 5 a 10 anos, enquanto um percentual de 10%, nunca interrompeu os estudos, e 10% parou de estudar por 3 a 5 anos. Os dados, confirmam a pesquisa sobre o perfil dos alunos da EJA, revelando que são jovens ou adultos, que retornam à escola, após uma trajetória escolar de insucessos.</p><p>Através da entrevista, se confirma, a dificuldade na continuidade dos estudos, o início da vida escolar de Erlandir foi marcado por tristezas, reprovação e abandono. Após a primeira reprovação, a entrevistada relata que repetiu a terceira série, fez a quarta e a quinta série, na mesma escola.</p><p>Quando entrei na escola, eu tinha seis anos, na alfabetização, com sete fiz o primeiro, aí repeti o terceiro ano, por falta, porque meu pai, na época, trabalhava estendendo palhas e me levava todo dia para trabalhar com ele. Fiquei reprovada por faltas (ERLANDIR, 2019).</p><p>A entrevistada expõe de forma simples a sua trajetória escolar e os entraves de sua vida pessoal, os quais soube superar com muito esforço e dedicação: “Fiquei sem estudar até os dezesseis anos. Então me “juntei”, voltei a estudar e passei só um semestre. Não deu certo, e de novo parei”.</p><p>O Gráfico 11, mostra que 100% dos alunos que concluíram já haviam abandonado os estudos em algum momento de suas vidas. De acordo com os relatos obtidos através dos diálogos os fatores</p><p>do Ceará</p><p>LDB</p><p>Lei de Diretrizes e Bases</p><p>MDA</p><p>Ministério do Desenvolvimento Agrário</p><p>MEB</p><p>Movimento de Educação de base</p><p>MEC</p><p>Ministério da Educação e Cultura</p><p>MOBRAL</p><p>Movimento Brasileiro de Alfabetização</p><p>MOVA</p><p>Movimento de Educação de Jovens e Adultos</p><p>PAS</p><p>Programa de Avaliação Seriada</p><p>PDE</p><p>Plano de Desenvolvimento da Escola</p><p>PNA</p><p>Plano Nacional de Alfabetização</p><p>PNE</p><p>Plano Nacional de Educação</p><p>PPP</p><p>Projeto Político Pedagógico</p><p>PROEJA</p><p>Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos</p><p>PRONERA</p><p>Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária</p><p>PROJOVEM</p><p>Programa de Inclusão de Jovens</p><p>PRONATEC</p><p>Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego</p><p>SECADI</p><p>Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade</p><p>SENAC</p><p>Serviço Nacional do Comércio</p><p>SENAI</p><p>Serviço Nacional da Indústria</p><p>UNE</p><p>União Nacional dos Estudantes</p><p>UNESCO</p><p>Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura</p><p>SUMÁRIO</p><p>1 INTRODUÇÃO	12</p><p>2 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS	18</p><p>2.1 A EJA NO BRASIL: DAS ORIGENS À REPÚBLICA	19</p><p>2.1.1 A EJA durante o Período Colonial	19</p><p>2.1.2 Do Império à República, conquistas e entraves na EJA	21</p><p>2.1.3 Movimentos da EJA nas décadas de 50 e 60	26</p><p>2.1.4 O rico legado da educação popular na história da EJA	31</p><p>2.2 A LEGISLAÇÃO E A EJA: UM LONGO CAMINHO DE DESAFIOS E CONQUISTAS.	32</p><p>2.2.1 A Legislação Brasileira da EJA	36</p><p>2.2.2. Desafios das Políticas Públicas do EJA no Brasil	40</p><p>2.2.3. Os Estigmas da EJA	44</p><p>2.2.3.1. Considerações Conceituais	44</p><p>2.2.3.2 Como se formam os Estigmas	45</p><p>2.2.3.3 Consequências do Estigma	47</p><p>2.2.3.4. Os estigmas como obstáculo para o aluno da EJA.	49</p><p>3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA	54</p><p>3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA	54</p><p>3.2 SUJEITOS DA PESQUISA	60</p><p>3.3 AMBIENTE DA PESQUISA	61</p><p>3.4 PERFIL DOS PROFESSORES	62</p><p>3.5 PERFIL DOS ALUNOS	64</p><p>3.6 PERFIL DO COORDENADOR	65</p><p>4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS	68</p><p>4.1 QUESTIONÁRIO DOS ALUNOS	68</p><p>4.2 QUESTIONÁRIO DOS PROFESSORES E COORDENADOR PEDAGÓGICO	84</p><p>CONCLUSÃO	88</p><p>REFERÊNCIAS	91</p><p>ANEXOS	100</p><p>ANEXO 1 - Questionário 1: Alunos	100</p><p>ANEXO 2 - Questionário 2: Professores e Coordenador Pedagógico	104</p><p>APÊNDICES	106</p><p>APÊNDICE 1 - DECLARAÇÃO DE ORTOGRAFIA GRAMATICAL	106</p><p>APÊNDICE 2 - DECLARAÇÃO DAS NORMAS DA ABNT	107</p><p>APÊNDICE 3 - DECLARAÇÃO DO ANTIPLÁGIO COPYSPIDER	108</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>Inúmeros são os desafios enfrentados na atualidade, para alcançar a tão sonhada educação de qualidade e igualitária para todos, na qual se cumpra de fato seu caráter político e social, como espaço permanente de discussão e problematização da realidade. Nas últimas décadas, houve um grande avanço nas questões referentes ao acesso e permanência na escola, no entanto, problemas de ordem estruturais, financeira, sociocultural e pedagógicos, carecem de melhorias, uma vez que são pontos fundamentais para o bom desempenho do aluno.</p><p>Faz-se necessário, portanto, uma reformulação nas Políticas Públicas educacionais, que garanta uma aprendizagem mais efetiva, o fortalecimento das escolas públicas e formação continuada aos profissionais da educação, de maneira que vislumbre uma educação de qualidade.</p><p>A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino, que oferece o direito à educação, às pessoas que não tiveram acesso ao Ensino Fundamental e Médio na idade apropriada, e está pautada na Lei nº 9.394/96, em seus arts. 37 e 38, garantindo o direito à educação a todo cidadão brasileiro, conforme determina a Constituição Federal de 1988.</p><p>Abordar sobre Educação de Jovens e Adultos, como política transformadora, requer como motivação a reflexão sobre a história da EJA no Brasil, uma análise nas Políticas Públicas, voltadas para o sucesso e permanência do aluno na escola, assim como, refletir sobre as especificidades daqueles que integram o público da Educação de Jovens e Adultos, nas diversas faixas etárias, e por último, mas não menos importante, analisar os estigmas que se apresentam como obstáculos, para a caminhada dos alunos que buscam essa opção de ensino.</p><p>Por ser uma modalidade da Educação Básica, que abrange Ensino Fundamental e Médio, e visa atender às necessidades de um público, cujas especificidades não são atendidas pelo ensino regular comum, a EJA, como Política Pública, deve estar comprometida com a educação de camadas populares e com a superação de diferentes formas de exclusão e discriminação, existentes em nossa sociedade.</p><p>A história da EJA teve início com a chegada dos jesuítas ao Brasil, que desenvolveram um trabalho de catequese e instrução dos adultos, nativos e colonizadores, e ao longo dos anos, essa modalidade de ensino, foi ganhando espaço. A escolarização e as oportunidades eram restritas, acessíveis na maior parte às elites proprietárias, e somente, no transcorrer do século XX, atinge uma maior difusão a partir dos movimentos de alfabetização e educação popular, e o sistema público de ensino.</p><p>Após a expulsão dos jesuítas do Brasil, o único sistema de ensino implantado até então, se extingue, e somente volta a ter novas iniciativas no império, com as escolas noturnas. No Período Imperial, houve uma busca pela implantação de uma educação que atingisse a toda população, embora nem todos pudessem frequentar as escolas noturnas, o processo de institucionalização do ensino e a educação escolar, passa a ser entendido como fundamental, para a reorganização da sociedade brasileira.</p><p>Percebe-se, que o grande marco da educação no Brasil Império, foi a construção das escolas noturnas, de acesso restrito a determinados segmentos da população, uma vez que o acesso era limitado aos analfabetos, homens livres ou libertos, e maiores de 14 anos, deixando de fora mulheres, crianças e negros escravos.</p><p>A partir do ano de 1889, com a implantação da República, não foram muitas as mudanças, o voto era proibido aos que não sabiam ler e o analfabetismo passou a ser a vergonha nacional, e assim, a educação passa a ter fins claros, como valores, patriotismo, bons costumes, sem objetivar a inserção social do ser humano, enquanto detentor de direitos.</p><p>Na década de 1960, a alfabetização de adultos, vem como estratégia eleitoreira e de sustentação política das reformas, que o governo pretendia realizar. Destaca-se neste período, a proposta de alfabetização para adultos, de Paulo Freire, inspirando vários programas de alfabetização do Brasil. Orientados pela proposta de Paulo Freire, é criado, nesta mesma década, o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), cujo objetivo principal, era erradicar o analfabetismo, considerando o número de adultos analfabetos.</p><p>Além do mais, os movimentos populares da época, defendiam uma prática educativa, pautada no diálogo entre os saberes escolares e culturais, e não só no processo de alfabetização, mas na construção da consciência crítica, emancipatória e libertadora, na busca do crescimento pessoal e profissional do indivíduo. Observa-se então, que no Brasil, a desigualdade de instrução é marcante, desde sua colonização, e ainda permanece presente, principalmente nas regiões mais carentes.</p><p>A trajetória da EJA na atualidade, reflete a diversidade crescente do público e das intervenções implantadas ao longo do tempo na modalidade. De fato, a abertura à diversidade, tem sido um traço marcante da história da EJA. Porém, ainda se fazem necessárias profundas mudanças de incorporação de ações democráticas e revolucionárias de projetos inclusivos, de um povo sujeito de direitos e agentes transformadores da sociedade.</p><p>Essa questão traz à realidade a importância de trabalhar a alfabetização de adultos, como fator de direitos e busca da cidadania, resgatando a dignidade, a defesa ética e a transformação do cidadão consciente, crítico e político. Os jovens que frequentam as turmas da EJA precisam ser vistos como sujeitos sociais e não simplesmente como alunos, para que estes resgatem sua autoestima, trace objetivos positivos e sejam capazes de realizá-los, e sintam-se agentes transformadores da sociedade. Por isso, se torna</p><p>motivacionais para o retorno à escola foram: melhorar as condições de trabalho, melhorar a autoestima, aprender mais.</p><p>Gráfico 11 – Continuidade nos estudos dos entrevistados que concluíram.</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>De acordo com o Gráfico 12, a maioria dos alunos que estão cursando (60%) já interromperam os estudos por mais de 10 anos, e 40% deixaram de estudar por 5 a 10 anos.</p><p>Gráfico 12 – Continuidade nos estudos dos alunos que estão cursando.</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>Quando se analisou os motivos que os levaram a abandonar os estudos, a coleta de dados, evidenciou que nos três grupos avaliados, os motivos foram: trabalho, cansaço físico, problemas familiares, falta de motivação e distância da escola. Nessa análise, foi possível perceber, que muitos jovens e adultos interrompem sua trajetória escolar pela busca de trabalho remunerado.</p><p>A evasão escolar se dá em virtude de os alunos serem “obrigados” a trabalhar para sustento próprio e da família, exausto da maratona diária e desmotivados pela baixa qualidade de ensino, muitos adolescentes desistem dos estudos sem completar o ensino secundário (MEKSENAS, 2002, p. 98).</p><p>Perguntados se o fato de ter abandonado a escola, trouxe prejuízos para a vida pessoal e profissional, o Gráfico 13, retrata que 87% dos alunos entrevistados responderam ter tido prejuízos. As dificuldades mais relatadas foram: “dificuldades de arranjar emprego melhor”, e “ter melhores salários”. Os relatos comprovam o grande desafio da Educação de Jovens e Adultos, que vai além de ampliar os conhecimentos dos alunos, deve prepará-los para a inserção mercado de trabalho.</p><p>Gráfico 13 – Dados sobre os prejuízos da evasão.</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>Os alunos foram questionados acerca dos motivos para retornar à escola, os resultados são mostrados no Gráfico 14, e numa escala de ordem percentual decrescente, os motivos foram: oportunidade de emprego melhor, fazer um curso profissionalizante, melhorar a autoestima, ajudar nas tarefas dos filhos, cursar a faculdade. Vale ressaltar que os alunos podiam marcar mais de uma opção.</p><p>Percebeu-se através das observações e coleta de dados que o maior desafio para o aluno é o cansaço físico, após um dia de trabalho.</p><p>Gráfico 14 – Motivos para voltar a estudar.</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>Para Ferrari (2011), o jovem que pertence ao mundo do trabalho, ou do desemprego, como é mais comum, se incorpora ao curso da EJA, objetivando concluir etapas de sua escolaridade para buscar melhores ofertas do mercado de trabalho por sua inserção no mundo letrado.</p><p>Diante do reingresso do aluno à sala de aula, o papel do professor da EJA, é de fundamental importância, no sentido de buscar métodos e dinâmicas produtivas que estimulem o público alvo a não abandonar a sala de aula.</p><p>Quando questionados acerca dos motivos que os impedem de retomar a vida escolar (Gráfico 15), os alunos que se evadiram, assinalaram como resposta fatores como dificuldades na aprendizagem, trabalho e cansaço físico, tarefas domésticas, desinteresse e vergonha.</p><p>É nesse sentido que Fortunato et al (2010), corrobora que muitos jovens e adultos, acabam por abandonar os estudos por diversos motivos, entre os quais, dificuldade de aprendizagem, esgotamento físico e falta de motivação para aprender.</p><p>Concordando com Abramovay (2008), a autora certifica que, dentro dos fatores expostos na orientação para a tarefa, o sucesso em uma atividade, é consequência do esforço realizado na mesma, buscando o objetivo de demonstrar o aprendizado e o domínio na tarefa. Esse tipo de orientação valoriza a melhoria da competência pessoal, cooperação, autoconfiança, responsabilidade social, sentimentos afetivos positivos, cumprimento das regras, esforço ou domínio das habilidades, entre outros.</p><p>Gráfico 15 – Motivos que impedem de voltar a estudar.</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>O Gráfico 16, mostra que fatores como o tempo de conclusão do curso, a confiança nos professores e na metodologia utilizada e a idade avançada, são os principais motivos da escolha dos alunos pela modalidade EJA. Em entrevistas e diálogos com os alunos, ouviu-se relatos como: “A EJA é uma maneira de recuperar o tempo perdido”, “A gente fica mais à vontade, com os outros alunos e com os professores”. A entrevistada afirma: “A EJA facilitou demais. Eu não teria condições de passar quatro anos para cursar o Ensino Fundamental mais três anos no Ensino Médio”.</p><p>Gráfico 16 – Motivos para escolher o EJA.</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>Em relação aos conteúdos curriculares da EJA, 90% dos alunos entrevistados concordam que os conteúdos são muitos bons e são relacionados ao cotidiano dos alunos, apenas 10% referiram que o conteúdo é desvinculado do contexto dos alunos, como se observa no gráfico 17.</p><p>Gráfico 17 – Dados referentes aos conteúdos curriculares.</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>Os alunos também foram indagados, sobre a metodologia aplicada pelos professores e 90% responderam que todos explicam de forma clara e aprendem com facilidade. 10% dos entrevistados responderam que a metodologia é boa, mas sentem dificuldade de aprender. Os dados indicam que, na sua maioria, os professores utilizam em sua prática pedagógica, uma metodologia adequada às especificidades dos alunos, tendo em vista a heterogeneidade.</p><p>Ao longo dos tempos, as Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos vem apresentando muitos avanços, principalmente no que diz respeito a especificidades do seu público alvo, como destaque, pode-se evidenciar, a formulação de projetos pedagógicos, voltados para os alunos da EJA, presentes nas Diretrizes e no PPP da escola.</p><p>Analisando as respostas dos alunos, a respeito da relação com os professores, apenas uma aluna relatou que: “tem professores que querem ser melhores que os outros, e isso é muito feio”. {sic}. Os demais alunos entrevistados relataram ter boa relação com os professores.</p><p>A respeito do assunto, Oliveira (1999, p. 60-61), enfatiza que “o educador de jovens e adultos, deve ter como qualidade a capacidade de se solidarizar com os educandos, a disposição de enfrentar dificuldades como desafios, a confiança de que todos são capazes de aprender, a ensinar e aprender numa troca mútua. Devem ser coerentes com essas posturas para que possam identificar os fatores que contribuem para o desenvolvimento da aprendizagem no processo de aquisição da leitura e da escrita para em seguida reverter essa tal realidade”.</p><p>O fato da autora desta pesquisa trabalhar na escola, lócus da investigação, facilitou a observação cotidiana da boa relação professor e aluno, da dinâmica das aulas e do incentivo à participação dos alunos para uma boa aprendizagem.</p><p>Os alunos responderam questões acerca da participação nas atividades pedagógicas, realizadas pela escola. Para a maioria, a oferta de atividades é direcionada para todos, no entanto, nem todos participam, por falta de interesse mesmo.</p><p>Quanto ao trabalho da coordenação pedagógica, o Gráfico 18, mostra que 20% dos alunos acham que o trabalho pedagógico não está muito voltado para a EJA, enquanto 80%, afirmam a coordenação pedagógica é bastante interessada na modalidade EJA, acompanha a aprendizagem dos alunos, incentivando-os a não desistir.</p><p>Gráfico 18 – Coordenação Pedagógica.</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>Em relação aos preconceitos sofridos por ser aluno EJA, dos 10 alunos que se evadiram, 9 afirmaram nunca ter sofrido preconceito por ser aluno da Educação de Jovens e Adultos. Apenas uma aluna relatou: “sofri o preconceito de que não conseguia aprender”. Entre os 10 alunos que estão cursando, 3 responderam que não sofreram preconceitos, 7 alunos afirmaram sofrer preconceito pela idade. Uma aluna afirma ter ouvido frases, tipo: “a aprendizagem nessa idade, não serve mais para nada”; outra diz que já ouviu: “velho não aprende mais”.</p><p>Considerando que, o preconceito está enraizado em algumas pessoas e elas vão desenvolver isso de alguma forma, parece natural que uma pessoa adulta ao ingressar na escola sofra, em algum momento, alguma discriminação. Entretanto,</p><p>para Bobbio (2011, p.103), “o preconceito é uma opinião errônea tomada fortemente por verdadeira, mas nem toda opinião errônea pode ser considerada um preconceito”.</p><p>Nesse sentido, é importante que a escola entenda que é necessário descaracterizar atitudes vistas como preconceituosas, e entendê-las como opiniões errôneas, com o intuito de combater suas consequências para a vida do aluno, como a evasão, e a baixa autoestima.</p><p>Os alunos que se encontram cursando, foram questionados sobre a hipótese de uma possível desistência, como se percebe através do Gráfico 19, que um grande número de alunos ainda pensa em desistir.</p><p>Gráfico 19 – Possibilidade de desistência dos entrevistados que estão cursando.</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>Quanto aos possíveis motivos que os levaram ao abandono, o questionário apresentou as seguintes opções: trabalho; cansaço; cuidar da casa e dos filhos; dificuldade na aprendizagem; desinteresse e vergonha. 6 alunos responderam que não pensam em desistir, 4 alunos responderam que podem desistir. Os motivos assinalados foram: trabalho e cansaço físico.</p><p>O fato de não receber incentivo familiar, exceto do marido, não foi motivo de desânimo. Eu ia, mesmo após um dia de trabalho, no ônibus escolar, a maioria das vezes em pé, cansada, enfrentando críticas e preconceitos. Não desisti por perseverança porque não desisto fácil dos meus objetivos. Muitas vezes saia do trabalho cansada, com fome e comia só um sorvete (ERLANDIR, 2019).</p><p>Através do Gráfico 20, da situação de reprovação dos alunos, pode-se comprovar o perfil dos alunos da EJA, que em geral são jovens trabalhadores, vindo de reprovações ou insucesso na escola, como evidenciado nesta pesquisa, uma vez que mais da metade já sofreram reprovações em algum momento de sua vida escolar.</p><p>Gráfico 20 – Situação de reprovação dos entrevistados.</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>Quanto aos fatores necessários para a melhoria na Educação de Jovens e Adultos, observados no gráfico 21, a formação dos professores aparece como líder da lista (63%), seguido dos projetos voltados para o incentivo dos alunos com 60%; o salário dos professores aparece em terceiro lugar com 40%; 37% assinalaram infraestrutura das escolas; e por fim, com 13%, equipamentos pedagógicos.</p><p>Gráfico 21 – Fatores necessários para melhoria na EJA.</p><p>Fonte: Dados da autora (2020).</p><p>As questões foram assinaladas pelos alunos, por ordem de prioridade, conforme o entendimento deles. Nesse sentido, se faz necessário, analisar os fatores acima, como um conjunto, de estruturas, que garantem a possibilidade da pessoa jovem ou adulto continuar os seus estudos.</p><p>Considerando que a Educação de Jovens e Adultos, é uma política de transformação social, os alunos foram interrogados se indicariam essa modalidade para outras pessoas. As opções eram: sim; não; e não sei responder. Os entrevistados foram unânimes, em afirmar que indicariam a Educação de Jovens e Adultos, como Política Pública, voltada para quem deseja retornar à escola, como uma maneira de concluir mais rápido, recuperando o tempo perdido e uma oportunidade de inclusão social e no mercado de trabalho.</p><p>Nos três grupos entrevistados a resposta sobre o acolhimento da escola, foram semelhantes. A maior parte se sente bem acolhidos por professores, diretores, funcionários e coordenadores, no entanto o relacionamento com os alunos do ensino regular não é muito bom.</p><p>4.2 QUESTIONÁRIO DOS PROFESSORES E COORDENADOR PEDAGÓGICO</p><p>Questionados sobre a evasão dos alunos da EJA na escola, professores e coordenadores, assinalaram o cansaço físico após uma jornada de trabalho, ser o principal motivo da infrequência ou evasão escolar dos alunos da EJA, seguido das dificuldades para acompanhar os conteúdos curriculares e falta de interesse do aluno.</p><p>Comparando-se esse resultado, com os motivos enumerados pelos alunos entrevistados, percebe-se como professores e coordenadores, conhecem a realidade dos alunos, uma vez que estes destacaram os mesmos motivos, como fatores determinantes para evasão.</p><p>Portanto, tendo em vista a maioria dos alunos da EJA, serem trabalhadores, se faz necessário o apoio, incentivo e a utilização de metodologias, que permitam a troca de experiências, a participação e a valorização das habilidades de cada aluno, como portador de saberes.</p><p>Nesse sentido, Freire (2002, p. 27), elucida que: “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para sua própria produção ou construção”.</p><p>Para um dos professores entrevistado, a escola deve considerar as histórias pessoais dos educandos, considerando suas diversidades, interesse e participação nas atividades, demonstrando amizade com o aluno. “Na minha opinião, acho que somente uma metodologia diferenciada não seja suficiente para estimular o interesse e a participação dos alunos, mas um olhar de amigo, de companheiro, faz muita diferença. ” (Professor entrevistado, 2019).</p><p>Em relação às práticas metodológicas utilizadas em sala de aula, as coordenadoras entrevistadas, compactuam que as metodologias diferenciadas têm o propósito de motivar a participação dos alunos, elevar sua autoestima, valorizar seus conhecimentos e experiências, bem como a presença deles na escola. A Coordenadora Pedagógica afirma: “O maior desafio para o coordenador, é não permitir que o aluno se evada na primeira dificuldade. É preciso criar estratégias para apoiá-lo para que ele supere as dificuldades encontradas”.</p><p>Questionados sobre o impacto do salário, no desempenho das aulas e na consequente aprendizagem dos alunos, apenas uma coordenadora respondeu que os baixos salários, refletem na qualidade do trabalho desenvolvido. Para os demais entrevistados não há essa relação.</p><p>Professores e coordenadores concordam que, apesar de flexível, o currículo da Educação de Jovens e Adultos necessita ser reestruturado, considerando principalmente que a maioria dos alunos da EJA já estão inseridos no mercado de trabalho.</p><p>De acordo com as respostas dos professores e coordenadores entrevistados, a EJA, já avançou muito ao longo dos anos e, apesar das dificuldades encontradas e muitas vezes acabar sendo “esquecida” das Políticas Públicas, para educação, tem facilitado o retorno de muitos alunos, que se encontravam há tempos fora da escola, aos bancos escolares, e a consequente profissionalização e inserção no mercado de trabalho.</p><p>Um dos professores entrevistados relata: “para esses jovens, obter um certificado de conclusão do Ensino Médio, é muito importante, pois o mercado de trabalho está cada vez mais exigente”.</p><p>Para eles, a Educação de Jovens e Adultos, é uma Política Pública necessária, para transformar a vida socioeconômica de muitos jovens que estão fora da escola, entretanto, muitos são os desafios, no chão da sala de aula.</p><p>A Educação de Jovens e Adultos, deixou de ser um projeto e ganhou status de ação cidadã, promotora da inclusão, com objetivo claro em suas medidas e propostas. Tal condição, gerou uma ampla necessidade de instrumentos que pudessem ajudá-la na execução de sua lição de casa, que além da alfabetização, para uma classe que não tinha contato com o mundo das letras, era capaz de desfrutar de leitura e escrita formais, promovendo educação no sentido de formação pedagógica, ou seja, preocupar-se com a formação integral do homem, transformando, com isso, um ramo da Pedagogia.</p><p>Portanto, para promover uma inclusão eficiente, é necessário poder inserir os indivíduos no mundo da produção, do trabalho em que eles podem se sentir parte de algo maior, conferindo-lhes significado e retorno substancial na forma de lucros. Ele não prevê ser preso em um discurso de emancipação se os indivíduos continuarem vivendo sob pontes, nas ruas, na miséria absoluta, sem emprego, vítimas de um constante sentimento de insegurança social.</p><p>Almeida (2010) clarifica que esse modo de educação libertará homens e mulheres, se tornando capazes de inserir os emancipados no sistema de valores socioeconômicos, nos quais eles podem viver com dignidade. Além disso, se vive em uma sociedade, que valoriza o homem por seu trabalho,</p><p>não por sua fala ou suas necessidades. Portanto, estar fora do mundo do trabalho, é ser excluído do processo de autonomia conferido pela sociedade moderna.</p><p>Outrossim, quando se lida com uma qualificação profissional, abrange um conceito amplo, porque nem todos os jovens e adultos que frequentam a escola, nesta modalidade, já estão inseridos em uma carreira profissional ou possuem um emprego e alguns quando possuem, não interrompem as condições mínimas de ser promovido em seus espaços de atuação, por serem analfabetos completos, ou com baixo nível de alfabetização, não atendendo aos requisitos de promoções, oferecidas por empresas e concursos públicos em órgãos estaduais.</p><p>Além do mais, o distanciamento da realidade objetiva, não colabora para o avanço de soluções, mesmo a longo prazo, de problemas sociais. As pessoas permanecem à margem das oportunidades e, pior que isso, começam a produzir revoltas, porque foram presas por promessas enganosas que, no final, se mostraram incipientes e ineficazes, simplesmente, porque careciam de um projeto conciso e bem desenvolvido, destinado a um problema definido com bases empíricas e extensa pesquisa científica, com objetivos claros e bem definidos, o lapso de tempo de ação e o retorno do procedimento característico, quais disciplinas serão oferecidas, qual o vínculo de um com o (s) outro (s), fazendo presentes procedimentos didáticos - pedagogia interdisciplinar, multidisciplinar e disciplinar.</p><p>A definição de implementação da Educação de Jovens e Adultos, agregada ao sistema de educação profissional, se baseia no fato de que o aluno dessa modalidade, já ter definido, o que é de interesse e útil para si, qual direção seguir em sua vida, tornando os planos para o presente e o futuro mais evidentes e objetivos.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>O estudo teve como finalidade, obter através de uma consulta bibliográfica uma maior compreensão acerca da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, seus avanços e retrocessos, ocorridos ao longo dos anos, bem como a legislação que ampara essa modalidade.</p><p>Considerando que a EJA, é uma modalidade voltada àqueles que não tiveram acesso à escola na idade apropriada, pode-se constatar, através da pesquisa de campo, que a maior parte de seu público, são jovens trabalhadores, donas de casa, ou ainda, jovens que não trabalham, com histórico de evasão e repetência, que buscam a escolarização, em geral, para melhor inserção no mercado de trabalho.</p><p>Através dessa pesquisa, percebeu-se, a importância das Políticas Públicas, para essa modalidade, no sentido de garantir o acesso e permanência desses jovens na escola e que, apesar de todos os avanços, a EJA, ainda não tem recebido a devida atenção por parte das políticas de Estado, pois ainda persiste o fantasma da evasão e o desafio de manter a frequência diária dos alunos. Conclui-se, portanto, que ainda há muito que fazer, no sentido de garantir o acesso e permanência dos jovens na escola.</p><p>Considerando que o PNE, prevê em sua meta, uma integração entre a EJA e a educação profissional, e que poucas, são as escolas que possuem essa parceria, percebe-se, a necessidade de haver uma integração entre escola e empresas, para que facilite a permanência do estudante na escola, pois muitos desistem de estudar devido ao cansaço do trabalho.</p><p>O estudo revelou que, apesar dos entraves, estigmas e dificuldades encontradas ao longo do percurso, a EJA, oportuniza condições, para que os jovens e adultos, melhorem suas condições de vida e que sejam parte integrante de uma sociedade igualitária, portanto, são as Políticas Públicas, educacionais essenciais, para garantir o direito universal, à educação de qualidade e o pleno desenvolvimento do cidadão.</p><p>Há muitos problemas no ensino básico, que devem ser analisados e levados em conta pelas Políticas Públicas educacionais, haja vista que, essas questões visam à qualidade da educação, a recuperação de adolescentes e adultos, jovens que por algum motivo, deixaram a escola ou estão atrasados no ensino.</p><p>As Políticas Públicas educacionais, devem centralizar seus esforços para a melhoria dessa qualidade no ensino, proporcionando meios adequados, para que as instituições possam exercer seu papel com autonomia pedagógica, administrando da melhora forma possível, com uma gestão escolar forte e segura, contando com o apoio do Estado, transmitindo assim, maior segurança à sociedade.</p><p>Nesse sentido, as instituições escolares, devem criar projetos e atividades que respeitem as peculiaridades de cada aluno, centralizar seus esforços para a melhoria na qualidade do ensino, exercendo da melhor forma possível sua autonomia.</p><p>Necessário enfatizar, que, o fracasso escolar não faz menção apenas a repetências, evasão escolar, abdicações, desistências ou bloqueios de aprendizagem dos conteúdos. A instituição escolar em sua proposta democrática e social proporciona conteúdos que vão adiante das aprendizagens de conteúdos imprescindíveis. Procura expandir e ampliar habilidades para que a criança ou o adolescente tenha a capacidade de conviver e relacionar-se em uma sociedade e comunidade, com igualdade de direitos.</p><p>Frente a essa perspectiva, o aluno deve aprender a ter determinações, censurar, projetar, organizar e muitas outras habilidades que serão essenciais para seu sucesso tanto profissional quanto pessoal. A afetividade, é um ponto relevante para a contribuição e apoio da aprendizagem dessas habilidades já que estas estão unidas aos anseios e sentimentos.</p><p>Na condição de ator do cotidiano escolar, o sujeito aprendente precisa contribuir para o seu próprio desempenho acadêmico, frequentando as aulas, sendo pontual e disciplinado, participando concretamente do processo de ensino e aprendizagem, cumprindo prazos e tarefas exigidos. Uma vez realizando seu papel a contento, naturalmente fluirão o conhecimento, a vivência, o desenvolvimento de competências e habilidades, a socialização, a criticidade e a autonomia, é disso que depende o êxito dos resultados educacionais, do compromisso de ensinantes e aprendentes, da integração e troca de experiências entre os mesmos.</p><p>Em síntese, se retorna sempre aos mesmos pilares, é missão da escola realizar, pelo conhecimento e pela efetividade, uma produção social de sujeitos emancipados e comprometidos com a causa comum, com o destino coletivo, ao qual se permanece indissociavelmente ligado.</p><p>A utopia da escola que se quer, da cidadania que se deseja, é a utopia da sociedade que se almeja e é preciso compromisso da escola. Se a gestão deve ser democrática cabe a ela trabalhar em conjunto na formação do cidadão e esclarecer a família, suas devidas dúvidas quando o aluno sentir a necessidade de se envolver com a sociedade, para que o aluno não venha ser interrompido em suas necessidades sociais.</p><p>A educação é um meio de se obter a superação, de tal modo que um indivíduo não pode permanecer no mesmo estado, uma vez que há crescimento em todos os aspectos, tanto no social, no cognitivo, no motor. A inclusão dos operários da construção civil, no processo de educação dos alunos é de grande valia e é justificada quando enfatiza que o desenvolvimento do aluno depende de sua capacidade de aprender.</p><p>Todas essas considerações, sugerem caminhar para uma reflexão mais profunda da sociedade em relação ao trabalhador, sobre sua prática discente, sobre o modo como lida com seus colegas de trabalho, sobre o que e como planejar para atingir os seus objetivos.</p><p>Por outro lado, esse trabalhador, está a serviço de uma empresa ou organização, que possui um parâmetro norteador de suas ações, uma proposta que pode ou não promover este trabalhador, que pode ou não estar contextualizada com a realidade do mesmo, que pode ou não, discriminar seus profissionais através de ideologias preconceituosas, no que concerne ao seu grau de instrução e conhecimento, que pode ou não realizar o sonho de um destes trabalhadores.</p><p>Desta forma, a relevância do tema, apresenta que, se torna inegável, notarmos que, a educação escolar, tem um papel importante na ajuda do ser humano,</p><p>do comportamento e do nível intelectual, pois esta tem como objetivo desenvolver aptidões e capacidades, criando e desenvolvendo habilidades, ou seja, a arte, além de ajudar no desenvolvimento pleno do aluno, estimulando suas potencialidades.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ABRAMOVAY, Miriam. 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Solicitamos, portanto, que o preenchimento seja sincero e espontâneo.</p><p>Idade: ________________________		Sexo: ( ) feminino	( ) masculino</p><p>1) Estado Civil:</p><p>( ) solteiro ( ) casado ( ) união estável ( ) divorciado ou separado ( ) viúvo</p><p>Caso seja casado ou vive em união estável, qual a profissão do seu cônjuge? ___________________</p><p>2) Quanto ao número de filhos</p><p>( ) não tenho filhos( ) tenho apenas um( )tenho ente 2 ou 4 filhos ( ) tenho mais de 5 filhos</p><p>Caso tenha filhos indique a idade (poderá marcar mais de 1 opção)</p><p>( ) até um ano de idade ( ) entre 1 a 10 anos ( ) entre 11 a 18 anos ( ) mais de 18 anos</p><p>3) Quanto à renda familiar mensal</p><p>( ) não temos renda familiar ( ) menos de um salário mínimo ( ) de 1 a 2 salários mínimos</p><p>( ) acima de 3 salários mínimos</p><p>4) Quanto à relação com o trabalho você está</p><p>( ) não trabalho ( ) trabalho e estou muito satisfeito ( ) trabalho e estou pouco satisfeito</p><p>( ) trabalho e não estou satisfeito</p><p>Caso esteja insatisfeito com seu trabalho diga o porquê______________________________________________</p><p>5 ) Quanto à moradia</p><p>( ) casa própria ( ) casa alugada ( ) mora com familiares</p><p>6) Quanto á vida escolar</p><p>( ) nunca interrompeu os estudo ( ) interrompeu de 1 a 4 anos ( ) interrompeu de 5 a 10 anos</p><p>( ) interrompeu por mais de 10 anos</p><p>Caso tenha interrompido assinale o(s) motivos:</p><p>( ) trabalhar para ajudar nas finanças de casa</p><p>( ) falta de estímulo pessoal</p><p>( ) o cansaço físico após um dia de trabalho, seja em casa ou fora dela	( ) dificuldade para aprender</p><p>( ) falta de estímulo por parte da escola e professores			( ) problemas familiares</p><p>( ) distância da escola para moradia</p><p>7) O fato de ter abandonado a escola trouxe dificuldades ou consequências para sua vida?</p><p>( ) sim		( ) não</p><p>Justifique a dificuldade encontrada</p><p>__________________________________________________________________________________________________________________________________</p><p>8) Por que decidiu voltar a estudar</p><p>( ) oportunidade para um emprego melhor.		( ) fazer um curso profissionalizante.</p><p>( ) cursar uma faculdade e ter um curso superior.	( ) realizar o sonho de concluir o ensino médio.</p><p>( ) ajudar os filhos nas tarefas escolares.		( ) ainda não retornei aos estudos.</p><p>9) No momento o que te impede de voltar a estudar</p><p>( ) trabalho	( ) cansaço	( ) cuidar de casa e dos filhos	( ) dificuldade para aprender</p><p>( ) desinteresse	( ) vergonha	( ) não se aplica</p><p>10) Caso queira retornar aos estudos, você escolheria a modalidade EJA?</p><p>( ) sim		( ) não</p><p>Por que?</p><p>__________________________________________________________________________________________________________________________________</p><p>11) Por que escolheu a Educação de Jovens e Adultos (EJA)</p><p>( ) porque é uma forma de concluir mais rápido.	( ) por vergonha de estudar entre os mais jovens.</p><p>( ) deixa você mais confiante pra aprender.</p><p>12) Nível de escolaridade</p><p>( ) Fundamental I incompleto	( ) Fundamental I completo</p><p>( ) Fundamental II incompleto</p><p>( ) Fundamental II completo	( ) Ensino Médio incompleto</p><p>13) Quanto às aulas e os conteúdos trabalhados na modalidade EJA</p><p>( ) são muito boas e aprendo bastante, por que o conteúdo é muito interessante.</p><p>( ) são cansativas por que o conteúdo não é bom e não desperta o interesse.</p><p>( ) são boas mais nem sempre presto atenção em todas as disciplinas.</p><p>14) Quanto à metodologia utilizada pelos professores</p><p>( ) todos os professores explicam de forma clara e compreendo rapidamente.</p><p>( ) os professores ensinam bem e usam diversas metodologias, mais tenho dificuldades de aprender.</p><p>( ) nem todos os professores ensinam de forma clara e compreensível.</p><p>15) Quanto a sua relação, enquanto aluno, com os professores</p><p>( ) tenho um bom relacionamento com todos os professores na sala de aula.</p><p>( ) tenho alguns conflitos com alguns professores.</p><p>( ) os professores são muito autoritários e mantenho distância.</p><p>( ) as vezes penso em desistir por causa dos professores.</p><p>Caso não se enquadre em nenhum motivo, use o espaço para expor comentários ou sugestões para melhorar sua aprendizagem.</p><p>__________________________________________________________________________________________________________________________________</p><p>16) Quanto à participação dos alunos da EJA nas atividade da escola, como eventos culturais, aula de campo, entre outras atividades</p><p>( ) a turma nunca é incluída nestes eventos.	( ) a turma sempre é incluída e eu participo.</p><p>( ) a turma sempre é incluída e não participo.	( ) a turma só é incluída as vezes e não participo.</p><p>( ) a turma só é incluída as vezes e participo.</p><p>17) Em relação ao trabalho da coordenação pedagógica</p><p>( ) muito bom, acompanha as atividade e a aprendizagem dos alunos</p><p>( ) mostra-se pouco interessada pelos alunos da EJA</p><p>( ) não sei responder</p><p>18) Em relação a ser aluno da Educação de Jovens e Adultos, já sofreu ou sofre algum tipo de preconceito pela sociedade</p><p>( ) sim		( ) nunca	( ) já sofri, mas não sofro mais</p><p>Caso tenha sofrido ou ainda sofra use o espaço para especificar: ______________</p><p>19) Já pensou em desistir de estudar</p><p>( ) sim ( ) não ( ) no momento não estou estudando</p><p>Caso a resposta seja sim, assinale o motivo:</p><p>( ) trabalho			( ) cansaço		( ) cuidar de casa e dos filhos</p><p>( ) dificuldade para aprender	( ) desinteresse 		( ) vergonha</p><p>20) Já foi reprovado?</p><p>( ) nunca ( ) uma vez ( ) duas vezes ( ) mais de três vezes</p><p>21) Na sua opinião quais são os pontos principais a serem considerados para a educação de jovens e adultos melhorar (enumere de acordo com a ordem de prioridade</p><p>( ) infraestrutura da escola</p><p>( ) formação dos professores</p><p>( ) aulas atrativas ( maneira do professor da aula)</p><p>( ) tipo de avaliação</p><p>( ) conteúdo trabalhados</p><p>( ) salários dos professores</p><p>( ) melhores equipamentos e recursos pedagógicos na escola</p><p>( ) interesse do aluno</p><p>22) Quanto à importância dos estudos para sua vida você considera</p><p>( ) necessário para melhorar no trabalho	( ) necessário para ajudar nas tarefas domiciliares dos filhos</p><p>( ) necessário para melhorar a autoestima	( ) não acho necessário</p><p>23) Você considera que a Educação de Jovens e adultos faz a diferença na vida das pessoas que optam por essa modalidade de ensino?</p><p>( ) sim			( ) não			( ) não sei responder</p><p>24) Concluir o ensino Médio pela modalidade EJA, fez ou faz diferença para sua vida pessoal e/ou profissional (especificar)</p><p>__________________________________________________________________________________________________________________________________25) Assinale por ordem de importância os motivos pelos quais você indicaria a modalidade EJA, como uma política educacional de transformação social.</p><p>( ) prepara para o trabalho</p><p>( ) melhora a auto estima, permitindo a convivência e a troca de experiências</p><p>( ) metodologia fácil e apropriada pra o público adulto</p><p>( ) oportunidade de recuperar o tempo que ficou fora da escola</p><p>( ) contribui para igualdade de oportunidades e inclusão social</p><p>ANEXO 2 - Questionário 2: Professores e Coordenador Pedagógico</p><p>O propósito fundamental deste questionário é identificar por que os alunos buscam a modalidade EJA, como são vistos pela escola e pela sociedade, observando as dificuldades e estigmas que eles sentem ao longo do percurso, quais suas perspectivas com relação à sua formação e como a escola contribui para o sucesso da EJA, enquanto política pública transformadora.</p><p>Destina-se ao trabalho de conclusão do curso de Mestrado em Educação realizado pela Faculdade CECAP. Portanto, os dados obtidos serão apenas para fins acadêmicos. Vale salientar que o questionário é individual, não apresenta itens corretos ou incorretos e deve ser preenchido de forma anônima. Solicitamos, portanto, que o preenchimento seja sincero e espontâneo.</p><p>Idade: ________________________		Sexo: ( ) feminino	 ( ) masculino</p><p>1) Quanto à formação profissional</p><p>( ) graduação ( ) especialista ( ) mestrado</p><p>Se especialista, especificar_________________________________________________________</p><p>2) Há quanto tempo atua na Educação de Jovens e Adultos</p><p>( ) menos de 01 ano ( ) de 02 a 04 anos ( ) de 5 a 10 anos</p><p>( ) acima de 10 anos</p><p>3) Enumere na ordem de prioridade, na sua opinião enquanto educador, os motivos da evasão na EJA</p><p>( ) falta de interesse dos alunos</p><p>( ) os alunos não conseguem acompanhar os conteúdos ministrados</p><p>( ) motivos de saúde</p><p>( ) motivos familiares</p><p>( ) por causa do cansaço após um dia de trabalho</p><p>( ) distancia da escola</p><p>( ) falta de suporte pedagógico</p><p>( ) infraestrutura da escola</p><p>4) Na sua visão, qual a importância da EJA para a inserção do jovem no mercado de trabalho?</p><p>__________________________________________________________________________________________________________________________________</p><p>5) De que forma a escola procura inserir os jovens e/ou adultos da EJA nas programações e projetos desenvolvidos pela escola?</p><p>__________________________________________________________________________________________________________________________________</p><p>6) Sabendo que a atual política de Educação de Jovens e Adultos é fruto das reivindicações de grupos e movimentos sociais de educação popular ao longo da história, e que os aluno da EJA sofre inúmeros preconceitos, como você, enquanto educador, vem atuando diante deste desafio?</p><p>__________________________________________________________________________________________________________________________________</p><p>7) Levando em conta que o aluno da EJA busca além de um certificado ou diploma, e que na maioria das vezes ele se sente descriminado e incapaz, você como educador, julga que a metodologia aplicada é capaz de estimular o interesse, a participação e a autonomia dos alunos? (use os espaços para comentar sua resposta)</p><p>( ) sim			( ) não</p><p>__________________________________________________________________________________________________________________________________</p><p>8) Diante de um público tão diversificado como os alunos da EJA, qual o seu maior desafio, enquanto professor/coordenador?</p><p>__________________________________________________________________________________________________________________________________</p><p>9) Você considera que a questão salarial dos profissionais da educação, tem impacto no desempenho dos alunos? (use as linhas abaixo para fazer considerações, se for o caso)</p><p>( ) sim			( ) não			( ) muitas vezes</p><p>__________________________________________________________________________________________________________________________________</p><p>10) Enumere 3 vantagens para um jovem ou adulto que deseja retornar aos estudos, ingressar na modalidade EJA, tendo esta como política transformadora.</p><p>__________________________________________________________________________________________________________________________________</p><p>11) O que dizer do currículo da modalidade EJA?</p><p>( ) atende as necessidade dos alunos</p><p>( ) nem sempre atende as necessidades do aluno</p><p>( ) não atende as necessidades dos alunos.</p><p>APÊNDICES</p><p>APÊNDICE 1 - DECLARAÇÃO DE ORTOGRAFIA GRAMATICAL</p><p>APÊNDICE 2 - DECLARAÇÃO DAS NORMAS DA ABNT</p><p>APÊNDICE 3 - DECLARAÇÃO DO ANTIPLÁGIO COPYSPIDER</p><p>Homens</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0.4	0.2	0.30000000000000032	Mulheres</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0.60000000000000064	0.8	0.70000000000000062</p><p>20 a 30 anos</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0.4	0.30000000000000032	0.4	31 a 35 anos</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0.4	0.5	0.4	36 a 46 anos</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0.2	0.2	0.2</p><p>União Es	tável</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0.60000000000000064	0.2	0.5	Casado</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0.2	0.60000000000000064	0.30000000000000032	Solteiro</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0.1	0.2	0.2	Divorciado</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0.1	0	0</p><p>Nenhum</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0.2	0.60000000000000064	0.4	1 filho</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0.4	0.4	0.4	2 a 4 filhos</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0.4	0.30000000000000032	0.2</p><p>Casa própr	ia</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0.8	0.30000000000000032	0.60000000000000064	Casa alugada</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0.1	0.5	0.4	Reside com parentes</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0.1	0.2	0</p><p>Não te	m renda</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0.30000000000000032	0.2	0.1	Menos de 1 salário mínimo</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0.4	0.30000000000000032	0.1	1 a 2 salários mínimos</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0.30000000000000032	0.60000000000000064	0.5	Acima de 3 salários mínimos</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0	0	0.30000000000000032</p><p>Muito satisfeito</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0.4	0.60000000000000064	0.30000000000000032	Pouco satisfeito</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0.2	0.30000000000000032	0.4	Insatisfeito</p><p>Evadidos	Concluíram	Cursando	0.4	0.1	0.30000000000000032</p><p>Fundamental I (completo)</p><p>0.1	Fundamental II (incompleto)</p><p>0.30000000000000032	Fundamental II (completo)</p><p>0.30000000000000032	Ensino Médio (incompleto)</p><p>0	Ensino Médio (completo)</p><p>0.30000000000000032	Curso Técnico</p><p>0	Curso Superior (incompleto)</p><p>0	Curso Superior (completo)</p><p>0</p><p>Fundamental I (completo)</p><p>0	Fundamental II (incompleto)</p><p>0	Fundamental II (completo)</p><p>0	Ensino Médio (incompleto)</p><p>0	Ensino Médio (completo)</p><p>0.60000000000000064	Curso Técnico</p><p>0.1	Curso Superior (incompleto)</p><p>0.2	Curso Superior (completo)</p><p>0.1</p><p>Nunca interrompeu</p><p>0	Interrompeu de 1 a 2 anos</p><p>0.5	Interrompeu de 3 a 5 anos</p><p>0.4	Interrompeu de 5 a 10 anos</p><p>0.1	Interrompeu mais de 10 anos</p><p>0</p><p>Nunca interrompeu</p><p>0	Interrompeu de 1 a 2 anos</p><p>0.1	Interrompeu de 3 a 5 anos</p><p>0.1	Interrompeu de 5 a 10 anos</p><p>0.4	Interrompeu mais de 10 anos</p><p>0.4</p><p>Nunca interrompeu</p><p>0	Interrompeu de 1 a 2 anos</p><p>0	Interrompeu de 3 a 5 anos</p><p>0	Interrompeu de 5 a 10 anos</p><p>0.4	Interrompeu mais de 10 anos</p><p>0.60000000000000064</p><p>XXX</p><p>Sim	Não	0.87000000000000144	3.0000000000000002E-2</p><p>Oportunidade para um emprego melhor</p><p>0.4	Fazer um curso profissionalizante</p><p>0.23333333333333378	Cursar uma faculdade</p><p>0.1	Melhorar a autoestima</p><p>0.2	Ajudar nas tarefas escolares dos filhos</p><p>0.13333333333333341	Ainda não retornei aos estudos</p><p>0.33333333333333331</p><p>Trabalho</p><p>0.2	Cansaço</p><p>0.16666666666666666	Tarefas domiciliares</p><p>0.13333333333333341	Dificuldades para aprender</p><p>0.26666666666666738	Desinteresse pessoal</p><p>6.666666666666668E-2	Vergonha</p><p>3.333333333333334E-2</p><p>Concluir mais	 rápido</p><p>0.43333333333333335	Ganhar mais confiança</p><p>0.26666666666666738	Idade</p><p>0.30000000000000032</p><p>XXX</p><p>Atende às necessidades	Desvinculado da realidade	0.9	0.1</p><p>XXX</p><p>Muito bom	Pouco interessada	0.8	0.2</p><p>XXX</p><p>Sim	Não	0.4	0.60000000000000064</p><p>Nunca</p><p>0.4	Apenas 1 vez</p><p>0.1	2 a 3 vezes</p><p>0.30000000000000032	Mais de 3 vezes</p><p>0.2</p><p>Infraestrutura</p><p>0.36666666666666775	Formação dos professores</p><p>0.63333333333333364	Salários dos professores</p><p>0.4	Equipamentos pedagógicos</p><p>0.13333333333333341	Projetos de incentivo</p><p>0.60000000000000064</p><p>image2.png</p><p>image3.png</p><p>image4.png</p><p>image1.png</p><p>importante, a efetiva atuação dos educadores da EJA, demonstrando apoio e interesse, na busca de estabelecer um diálogo com seus alunos, buscando compreender, suas reais necessidades.</p><p>Outrossim, muitos são os estigmas que perpassam na vida dos alunos da EJA, vítimas de preconceitos impregnados na falta de letramento e excluídos de participação ativa na sociedade, sofrem críticas e vergonhas, durante grande parte de sua vida, o que os tornam receosos a enfrentar novas oportunidades de conquistas. Esses fatores, refletem diretamente na sua autoestima, fazendo com que muitos desistam da sua escolarização, contribuindo, para a evasão das turmas de Educação de Jovens e Adultos, ou muitas vezes, fazendo com que esses alunos, não procurem retornar ao ambiente escolar.</p><p>Essa realidade, se deve ao fato, de que em nosso país, o acesso à educação é seletivo, pautada por profundas desigualdades geográficas e socioeconômicas, onde a identidade política pedagógica da educação de jovens e adultos, não foi construída a partir de sua realidade, mas sim, em torno de estigmas enraizados em nossa cultura.</p><p>A escolha do objeto de estudo, deve-se ao fato, das inúmeras impressões e dificuldades, que perpassam no cotidiano da Educação de Jovens e Adultos e a necessidade de conhecimento e compreensão, acerca das complexas abrangências da EJA e dos atores do processo, compreendendo a dinâmica desse processo, a partir das políticas implementadas no país, que apontam a escolarização de jovens e adultos, como uma modalidade necessária, que atenda a demanda de ensino, relacionadas às especificidades desse público, tais como, formação de educadores de jovens e adultos, a organização do currículo apropriado, a produção de material didático adequado e a elaboração de estratégias de ensino diferenciadas.</p><p>Essa reflexão faz-se precisa, a partir de um estudo aprofundado, com teóricos e todos os envolvidos no processo, como meio de análises e busca de possíveis causas, que dificultam esse processo, analisando a EJA, como modalidade de fato de reinserção social para jovens e adultos na sociedade, de forma, que todos possam exercer sua cidadania, longe de todos os estigmas por eles enfrentados. Para nortear essa pesquisa, nos apoiamos, nas contribuições de Arroyo, Freire, Gadotti e Erving Goffman, que descrevem as mudanças ocorridas na EJA, ao longo da história, nos levando a refletir, sobre a efetividade das Políticas Públicas, voltadas para esse público.</p><p>A questão central deste estudo, parte do pressuposto que a educação deve estar voltada não apenas para ensinar a ler e escrever, mas, a formação integral do cidadão, deve prepará-lo, para atuar na sociedade. Nessa perspectiva, a pesquisa visa estudar a relação dos jovens e adultos com a escola, os entraves e preconceitos com esse público, através de um estudo de caso, tendo por público alvo, 30 (trinta) alunos da modalidade de ensino EJA, organizados em 03 (três) categorias: os evadidos, os que concluíram e os que estão cursando, sendo 10 (dez) alunos para cada grupo.</p><p>Estabelece-se, como problema investigado, a efetivação de fato desse direito, na perspectiva de inclusão em sociedades democráticas desses alunos, que ficaram à margem do processo de escolarização. Eles são, de fato, reconhecidos nas propostas pedagógicas de estabelecimentos de ensino? Como se dá essa inserção nos espaços escolares? Por que muitos se perdem pelo caminho e abrem mão de seus sonhos? Como a escola, enquanto espaço democrático de identidade pessoal e coletiva, pode contribuir e recuperar trajetórias de vidas barradas, desse direito de construção de cidadania? Quais os problemas sofridos, por serem alunos da EJA? E como fazer para superá-los?</p><p>As deficiências do sistema de ensino regular público e problemas como a evasão e repetência, que ocasionam a defasagem entre a idade/série, a possibilidade de aceleração de estudos e a necessidade do emprego, são fatores que contribuem para a migração dos jovens à EJA, na busca de maiores oportunidades de ingresso no mercado do trabalho, cujas expectativas, estão direcionadas às novas exigências do mundo moderno, à ascensão e à mobilidade social.</p><p>É nesse sentido, que se elege a escola Francisco Nonato Freire, como objeto deste estudo, tendo como público-alvo 30 (trinta) estudantes da EJA (evadidos, concludentes e cursando). Com este trabalho de pesquisa, pretende-se, identificar jovens e adultos, que obtiveram êxito a partir da modalidade EJA, como Política Pública de transformação social, e compreender no contexto da EJA, as dificuldades que causam o insucesso dos alunos nesta modalidade.</p><p>A escola foi escolhida, por ser o local em que a pesquisadora trabalha, o que lhe permitiu, observar de perto todas as dificuldades vivenciadas no contexto escolar, por alunos, professores e demais funcionários, e por ser uma escola que oferta o 2º segmento da EJA.</p><p>Para realizar a pesquisa e nortear o trabalho, foram utilizados questionários e entrevistas e alguns depoimentos, relatos de alunos e de todos os envolvidos nesse processo, com o objetivo de coletar as informações, que nortearam o estudo e análise de dados, bem como, de documentos para o aprofundamento do tema analisado.</p><p>A relevância do tema, delineia o fato, de que essa modalidade, apesar de de sua importância e necessidade, ainda é isolada na organização do trabalho pedagógico e muito dispersa, se mostrando desvinculada do seu principal objetivo, que é a inclusão desse público na sociedade, de forma justa e igualitária. Esses fatores, impedem a permanência dos jovens e adultos na educação escolar e podem ocasionar a sua evasão.</p><p>Diante do exposto, no Objetivo Geral, buscou-se refletir, através de um estudo de caso, de que forma a Educação de Jovens e Adultos, atua como instrumento de transformação pessoal, na vida dos alunos, tendo como referência para a reflexão, a demanda das Políticas Públicas, voltadas para esta modalidade de ensino. Como objetivos específicos, procurou-se realizar um embasamento teórico sobre o conteúdo relacionado ao tema; perceber os estigmas, entraves e preconceitos que impactam a vida dos alunos; identificar o perfil de alunos na modalidade de ensino estudada; refletir sobre o cotidiano da modalidade, levantado por alunos e coordenadores da Escola de Ensino Médio Francisco Nonato Freire.</p><p>Na estrutura deste trabalho, além do capítulo introdutório já exposto, se apresenta a conclusão e referências bibliográficas. O desenvolvimento da Dissertação está apresentado em mais três capítulos, conforme segue: o segundo capítulo traz um embasamento teórico, que fundamenta esta pesquisa, faz referências conceituais ao EJA e suas características, descrevendo a história da Educação de Jovens e Adultos, suas variações ao longo do tempo e suas transformações sociais, econômicas e políticas, caracterizadas pelos diferentes momentos históricos do país. Foram analisados os problemas em alunos da educação de jovens e adultos, e as máscaras usadas pelos alunos, para sobrevivência na sociedade letrada, segundo Erving Hoffman.</p><p>Abordou-se ainda neste capítulo, a EJA, como uma Política Pública da educação, analisando criticamente sua vigência e estabelecendo a relação entre as leis e as práticas pedagógicas, voltadas para educação de jovens e adultos, visto que, tal modalidade, exige posicionamentos políticos e sensibilidade, para que os alunos possam se sentir acolhidos e respeitados, como sujeitos sociais, encontrando nesse espaço, uma dinâmica social e cultural ampla, que lhes compreendam e analisem suas trajetórias e histórias de vida.</p><p>Os capítulos seguintes do desenvolvimento versam sobre a Metodologia utilizada na pesquisa e a Análise de Dados, obtidos nesse estudo e por último a Conclusão.</p><p>2 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS</p><p>Para melhor compreensão do leitor, acerca da Educação de Jovens e Adultos, é necessário se abordar alguns conceitos, que caracterizam essa modalidade de ensino, como uma proposta flexível, que respeita as diferenças individuais e valoriza os saberes de cada indivíduo, adquiridos</p><p>ao longo de suas vivências. De acordo com Gadotti (2003, p.15):</p><p>O conceito de Educação de Jovens e Adultos vai se movendo na direção ao de educação popular na medida em que a realidade começa a fazer algumas exigências à sensibilidade e à competência cientifica dos educadores e educadoras. Uma dessas exigências tem a ver com a compreensão crítica dos educadores do que vem ocorrendo na cotidianidade do meio popular.</p><p>A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino, que possibilita acesso a um direito garantido, àqueles que por algum motivo foram excluídos dos bancos escolares e não tiveram acesso à escola na idade apropriada.</p><p>A educação de jovens e adultos é toda educação destinada àqueles que não tiveram oportunidades educacionais em idade própria ou que tiveram de forma insuficiente, não conseguindo alfabetizar-se e obter os conhecimentos básicos necessários (PAIVA, 1973, p.16).</p><p>Em linhas anteriores, se comentou que a educação no Brasil, estabelece uma ferramenta reconhecida em muitos casos, não apenas como atividade escolar, mas, psíquica e competitiva, mas como atividade social, cultural e política, ao mesmo tempo em que é vista, como um repertório de funções e conexões, que têm se diversificado.</p><p>Em efeito, a educação como um fator social total, se tornou um poderoso mecanismo para reprodução de valores, atitudes e padrões de ação na sociedade, especialmente, em aqueles em que o futuro é problematizado, a partir de diferentes correntes teóricas, políticas e sociais, individualistas, que defendem o interesse individual como a única hegemonia, pós-modernistas, que anunciam a fragmentação e o desaparecimento da sociedade, como um projeto ou teóricos da globalização, que consideram que a sociedade atual não sobreviverá ao enfraquecimento do Estado.</p><p>Elucida-se que, apesar de todas as reformas e mudanças, a escola pública brasileira, se constituiu nas desigualdades sociais construídas historicamente, pois desde os primórdios, ainda no Período Colonial, com os Padres Jesuítas, as instituições e as políticas educacionais, foram criadas para atender especialmente os interesses da elite, deixando a margem mulheres, pobres, negros e trabalhadores.</p><p>2.1 A EJA NO BRASIL: DAS ORIGENS À REPÚBLICA</p><p>São muitas as transformações no mundo atual, marcado pelo processo de avanço tecnológico e pela globalização. Entretanto, os processos de domínio da leitura continuam fundamentais para o desenvolvimento da comunicação e interação entre o homem. A velocidade em que acontecem as transformações sociais é surpreendente, portanto, fica fora do contexto atual, quem não acompanha as mudanças ocorridas, através, principalmente, do avanço tecnológico e industrial. O mundo está na era digital e das comunicações, é mister, portanto, lutar pela sobrevivência, adaptar-se às novas exigências do meio do mundo letrado e competitivo.</p><p>2.1.1 A EJA durante o Período Colonial</p><p>A história da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, teve início no Período Colonial, com a chegada dos portugueses. A educação nesse período, foi desenvolvida pelos jesuítas e seu objetivo era propagar a fé católica e educar à elite colonizadora. Os jesuítas propagavam uma ação educativa, voltada para adultos brancos e indígenas, a partir de estudos voltados às primeiras noções de religião católica.</p><p>Considerando Shigunov Neto e Maciel (2008), os jesuítas vieram para o Brasil, com a missão de converter os índios à fé católica pela catequese e pela instrução. Além disso, estariam auxiliando a política colonizadora do rei de Portugal. A realeza facilitava o trabalho missionário e educativo da Igreja e essa, ao converter os índios aos costumes europeus e à religião católica, contribuía para o trabalho colonizador da coroa portuguesa.</p><p>Eles perceberam, que seria mais fácil converter os índios ao catolicismo, ensinando-lhes, ao mesmo tempo, a leitura e a escrita. Fundaram escolas de ler e escrever nas aldeias. Nesse período, percebeu-se a necessidade de incluir os filhos dos colonos, visto que os jesuítas eram os únicos educadores.</p><p>De acordo com Sangenis (2004), em 1599, foi implantado a Ratio Studiorum, plano de estudo mantido pela Companhia de Jesus. Segundo esse plano, além das aulas de ler e escrever, eram oferecidos três cursos: Letras Humanas, Filosofia e Ciências, em nível secundário com duração de nove anos, e Teologia e Ciências Sagradas de nível superior, o último destinado à formação de padres. Os jovens, que não pretendiam seguir carreira eclesiástica e desejavam continuar os estudos, deveriam ir para a Europa.</p><p>A Ordem dos Jesuítas não foi, entretanto, criada só com fins educacionais; ademais, parece que no começo não figuravam esses entre os propósitos, que eram antes a confissão, a pregação e a catequização. Seu recurso principal eram os chamados “exercícios espirituais”, que exerceram enorme influência anímica e religiosa ente os adultos. Todavia pouco a pouco a educação ocupou um dos lugares mais importantes, senão mais importante, entre as atividades da Companhia (LUZURIAGA, 1975, p. 118-119).</p><p>Durante o Período Colonial, os jesuítas fundaram colégios que desenvolveram uma educação clássica, humanística e acadêmica. O ensino estava mais voltado para adultos, devido às normas dos portugueses que necessitavam de mão de obra para a lavoura e atividades extrativas. O trabalho foi voltado inicialmente para os índios, e logo em seguida com os filhos dos proprietários de terras, preparando-os para exercer a ordem religiosa e continuar seus estudos, nas universidades.</p><p>As escolas de alfabetização de jovens e adultos eram privilégios para poucos, as classes pobres não tinham acesso à instrução escolar, eram privilegiadas as classes média e alta, que recebiam acompanhamento escolar.</p><p>Segundo Azevedo (1976), a atuação jesuítica na colônia brasileira, pode ser dividida em duas fases distintas: a primeira fase, se considera o primeiro século de atuação dos padres jesuítas, foi a de adaptação e construção de seu trabalho de catequese e conversão do índio, aos costumes dos brancos. Já a segunda fase, o segundo século de atuação dos jesuítas, foi de grande desenvolvimento e extensão do sistema educacional implantado no primeiro período.</p><p>Os jesuítas acreditavam que não seria possível converter os índios, sem que eles soubessem ler e escrever. Então, a alfabetização dos adultos, se tornou um instrumento de manipulação, para que, eles servissem a igreja e ao trabalho manual, ensinando-lhes a doutrina católica e os costumes europeus.</p><p>Foi ela, a educação dada pelos jesuítas, transformada em educação de classe, com as características das que tão bem distinguiam a aristocracia rural brasileira que atravessou todo o período colonial e imperial e atingiu o período republicano, sem ter sofrido, em suas bases, qualquer modificação estrutural, mesmo quando a demora social de educação começou a aumentar, atingindo aas camadas mais baixas da população e obrigando a sociedade a ampliar sua oferta escolar (MOURA, 2003, p.26).</p><p>Calegari (2010), ilustra que, essa modalidade de ensino, sempre enfrentou resistências e dificuldades, desde que os jesuítas eram responsáveis pela educação no Brasil Colônia. Na década de 1950 desse século, a Campanha de Educação de Jovens e Adultos, sofreu muitas críticas pelos métodos usados e foi extinta por não obter resultados positivos. Os jesuítas utilizavam o sistema escolástico, eram vistos como exemplos de virtude e moralidade, detentores únicos do saber e os estudantes deveriam ser subordinados exclusivamente aos ensinamentos repassados.</p><p>A partir da expulsão dos jesuítas da colônia em 1759, pelo Marquês de Pombal, houve a necessidade da implantação de um novo modelo educacional no Brasil. A Reforma Pombalina, modificou toda estrutura educacional do país, tirando o comando da educação das mãos dos jesuítas e passando a responsabilidade para o Estado. Com isso, foram extintos os colégios jesuítas, gerando uma uniformidade da ação pedagógica (CALEGARI, 2010).</p><p>Surge então, a Escola Pública no Brasil, contudo, os adultos que pertenciam às classes</p><p>menos favorecidas, continuavam com o direito de estudar negado na reforma de Pombal.</p><p>Com a expulsão dos jesuítas de Portugal e das colônias em 1759, pelo marquês de pombal toda a estrutura organizacional da educação passou por transformações. A uniformidade da ação pedagógica, a perfeita transição de um nível escolar para outro e a graduação foram substituídas pela diversidade das disciplinas isoladas. Assim podemos dizer que a escola pública no Brasil teve início com pombal os adultos das classes menos abastadas que tinha intenção de estudar não encontravam espaço na reforma Pombalina, mesmo porque a educação elementar era privilégio de poucos e essa reforma objetivou atender prioritariamente ao ensino superior (MOURA, 2003, p.27).</p><p>Nesse sentido, Saviani (2006), ilustra que, as Reformas Pombalinas, não trouxeram grandes benefícios para educação da época, visto que, desestruturou, o mecanismo educacional, construído pelos jesuítas e não criou um sistema, capaz de favorecer o engrandecimento e equidade da educação em nosso país.</p><p>2.1.2 Do Império à República, conquistas e entraves na EJA</p><p>Monlevade (2000), celebra, que os jesuítas, se desentenderam com o Marquês de Pombal e foram expulsos de Portugal e de suas Colônias, em 1759. Após a expulsão dos jesuítas, o Marquês de Pombal, extinguiu as escolas jesuíticas e criou em seu lugar, as aulas régias de Latim, Grego e Retórica.</p><p>As aulas régias, não conseguiram substituir o eficiente sistema de ensino da Companhia de Jesus. Em 1808, com a vinda da família real e da Corte Portuguesa para o Brasil, surge uma nova realidade e uma necessidade de reorganização administrativa (MONLEVADE, 2000).</p><p>Dessa forma, o panorama educacional do nosso país, começou a mudar positivamente com a chegada da Corte Portuguesa, objetivando atender às expectativas de um Governo Imperial, foi criada a Constituição Imperial de 1824, que procurou dar um significado mais amplo para a educação, garantindo a todos os cidadãos, a instrução primária. Surgiu então, a necessidade da formação de trabalhadores, para atender às necessidades da corte portuguesa e a partir daí, foi criado o processo de escolarização de adultos, com o objetivo de cumprir as tarefas exigidas pelo Estado.</p><p>A Constituição de 1824, em seu tópico específico para a educação, inspirava um sistema nacional de educação. Nela, se destaca que a instrução primária, é gratuita e deve ser oferecida a todos os cidadãos. Logo, se pode concluir, que os adultos, também deveriam ser beneficiados, assim como as mulheres e os negros, o que na prática tal fato não se efetivou, ficando apenas no papel. Os métodos adotados, não refletiam as reais necessidades da população, devido ao fato de não haver a inclusão das camadas inferiores. As escolas não possuíam uma organização satisfatória e os profissionais, não tinham qualificação necessária, para desenvolver um bom trabalho.</p><p>Em relação ao ensino primário, continua sendo um nível de instrumentalização técnica (escola de ler e escrever). Poucas foram as iniciativas do governo durante o período imperial: 1823, criação no Rio de Janeiro, de uma escola que deveria trabalhar segundo o método Lancaster,ou seja, do ensino mútuo; 1824, a Constituição outorgada limitou-se a estabelecer que “a instrução primária é gratuita a todos os cidadãos”; 1827, uma lei determinou que deveriam ser criadas escolas de primeiras letras em todas as cidades , vilas e lugarejos; 1854, o ensino primário foi dividido em elementar e superior (PILETTI; PILETTI, 1990, p. 21).</p><p>A partir da real situação, houve uma grande mobilização em todo Império, para inserir as camadas inferiores nos processos de formação formal. Depois de uma série de discussões nas Assembleias Provinciais, foi criado o Ato Constitucional de 1834, que determinava às Províncias, a responsabilidade da educação básica, que reservou ao Governo Imperial, os direitos a educação das elites. Transfere-se assim, para quem tem menos recursos, a responsabilidade de educar a maioria da população. Sem estrutura e pessoas qualificadas, não foi possível ofertar uma educação de qualidade (PILETTI, 2012).</p><p>Ainda Piletti (2012), no ano de 1854, surge no país, a primeira escola noturna no Brasil, cujo objetivo principal era alfabetizar os trabalhadores analfabetos. A maioria das províncias formulou políticas de instrução para jovens e adultos. Foi criado um documento da Instrução Pública, onde fazia referências a aulas noturnas e aulas para adultos. Como exemplo, se pode citar, o Regimento das Escolas de Instrução Primária, em Pernambuco, 1885, que traz com detalhes, as prescrições para o funcionamento das escolas, destinadas a receber alunos maiores de quinze anos. No entanto, não eram todos que tinham o direito de frequentar as escolas, como se percebe nos artigos 4º e 5º do decreto 7.031 de 6 de setembro de 1878:</p><p>Art. 4º Os cursos noturnos das escolas urbanas começarão a funcionar desde já. Os das escolas suburbanas serão abertos quando o Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Império determinar, tendo em consideração as circunstâncias locais.</p><p>Art. 5º Nos cursos noturnos poderão matricular-se, em qualquer tempo, todas as pessoas do sexo masculino, livres ou libertos, maiores de 14 anos. As matriculas serão feitas pelos Professores dos cursos em vista de guias passadas pelos respectivos Delegados, as quais se farão nelas as declarações da naturalidade, filiação, idade, profissão e residência dos matriculando. (BRASIL, 1878).</p><p>Em 1881, foi concebido o Decreto nº 3.029, conhecido como “Lei Saraiva”, que proibia o voto dos analfabetos, por considerar a educação como ascensão social, resultou, a partir de então, na exclusão dos analfabetos do direito de voto, por mais de um século e na estigmatização, até hoje, dos “portadores” de analfabetismo (ALEIXO; KRAMER, 2010).</p><p>Almejava-se, com o ensino para adultos, civilizar as camadas populares, onde percebe-se, desde aí, que a história da educação de jovens e adultos, sempre foi permeada de preconceito e exclusão. Essas aulas, eram ministradas pelos professores, que se dispusessem a dar aulas noturnas de graça e eram vistas como</p><p>missão de resgate do povo.</p><p>O Período Republicano, teve início com a proclamação da República, pelo Marechal Deodoro, em 1889. Nesse período, foi outorgada a primeira Constituição Brasileira, que no seu artigo 179, constava que a “instrução primária era gratuita para todos os cidadãos”, porém, a escola não era acessível a todos. Foi iniciada, então, uma campanha para a erradicação do analfabetismo, gerada pela vergonha dos intelectuais, com o censo de 1890, que constatou que 80% da população brasileira era analfabeta.</p><p>A partir desse cenário surgiram as "ligas", movimento voltado contra o analfabetismo que visava à imediata supressão do analfabetismo, vislumbrando apenas o voto do analfabeto (GHIRALDELLI, 2001).</p><p>Apesar do descompromisso da União em relação ao ensino elementar, o período da Primeira República se caracterizou pela grande quantidade de reformas educacionais que, de alguma maneira, procuraram um princípio de normatização e preocuparam-se com o estado precário do ensino básico. Porém, tais preocupações pouco efeito prático produziram, uma vez que não havia dotação orçamentária que pudesse garantir que as propostas legais resultassem numa ação eficaz (HADDAD; OLIVEIRA, 2001, p. 13).</p><p>Alguns estados, entusiasmados pelas novas ideias em voga ao longo do século XIX e primeira metade do século XX, procuraram reformar os seus sistemas de ensino, renovando e tornando mais eficiente, tanto o ensino primário quanto o técnico- profissional.</p><p>Entre 1930 e 1937, aconteceu o “grande despertar” da sociedade brasileira. Foi uma época rica na diversidade de projetos, distintos para nossa sociedade. Em todos os projetos, havia a proposta de uma nova política educacional para o país. A Revolução de 1930, promoveu uma reorganização na política do país e alguns reformadores educacionais da década anterior, que passaram a ocupar cargos importantes na administração do ensino, procuraram colocar suas ideias</p><p>em prática (IANNI, 1990).</p><p>No mesmo ano, de 1930, foi criado o Ministério da Educação e as Secretarias de Educação dos Estados, representando importantes transformações no campo educacional do país. Conforme Ghiraldelli (2001) o ano de 1931, foi palco da IV Conferência Nacional de Educação, cujo tema era “As Grandes Diretrizes da Educação Popular”. Durante evento o governo convidou os educadores a auxiliá-lo na formulação de uma política nacional de educação. Convite aceito, foi elaborado um manifesto ao governo e à nação pautada pela defesa da escola pública obrigatória, laica e gratuita. Como o grupo não era homogêneo houve divergência entre os educadores católicos e os favoráveis ao ensino laico. Diante das divergências inconciliáveis, a Constituição de 1934 apresentou uma solução: ensino religioso obrigatório para as escolas, mas facultativo para os alunos.</p><p>De acordo com Piletti (2012, p.176) “A Constituição de 1934, foi a primeira a incluir um capítulo especial sobre a educação, dentre os quais: a educação como direito de todos; a obrigatoriedade da escola primária integral; a gratuidade do ensino primário; a assistência aos estudantes necessitados”.</p><p>O Plano Nacional de Educação (PNE), criado na Constituição de 1934, estabeleceu como dever do Estado o ensino primário integral, gratuito, de frequência obrigatória e extensiva para adultos como direito constitucional, indicava pela primeira vez a educação de adultos como dever do Estado.</p><p>Parágrafo único - O plano nacional de educação constante de lei federal, nos termos dos arts. 5º, nº XIV, e 39, nº 8, letras ‘a’ e ‘e’, só se poderá renovar em prazos determinados, e obedecerá às seguintes normas: a) ensino primário integral gratuito e de frequência obrigatória extensivo aos adultos (BRASIL, 1934, p. 133).</p><p>Em 1940, a sociedade capitalista juntamente com os grupos econômicos dominantes, tendo em vista que sem a educação profissional não existiria desenvolvimento industrial, resolvem criar o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), vinculou a educação de adultos à educação profissional para atender as necessidades do mercado (GADOTTI; ROMÃO, 2006).</p><p>Vale destacar, como importante para a trajetória da Educação de Jovens e Adultos, a CEAA (Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos). Criada em 1947, foi a partir daí, que se deu início a preocupação em pensar em um material didático próprio para esse público. Essa campanha possuía dois planos: alfabetização de grande parte da população e capacitação profissional, e atuação junto à comunidade, atuando tanto no meio rural como o meio urbano.</p><p>[...] a educação dos adultos convertia-se num requisito indispensável para uma melhor organização e reorganização social com sentido democrático e num recurso social da maior importância, para desenvolver entre as populações marginalizadas o sentido de ajustamento social. A campanha significava o combate ao marginalismo, conforme o pronunciamento de Lourenço Filho: devemos educar os adultos, antes de tudo, para que esse marginalismo desapareça, e o país possa ser mais coeso e mais solidário; devemos educá-los para que cada homem ou mulher melhor possa ajustar-se à vida social e às preocupações de bem-estar e progresso social. E devemos educá-los porque essa é a obra de defesa nacional, porque concorrerá para que todos melhor saibam defender a saúde, trabalhar mais eficientemente, viver melhor em seu próprio lar e na sociedade em geral (PAIVA, 1987, p. 179).</p><p>A CEAA foi um importante instrumento para melhorar a situação do Brasil, nas estatísticas mundiais de analfabetismo, apesar de ter como objetivo aumentar a base eleitoral, ela contribuiu para a diminuição dos índices de analfabetismo no país.</p><p>É notório observar, que a falta de compromisso pelo ensino público, tem sido frequente desde o início de nossa colonização. Toda ação educacional, estava voltada para o benefício da população rural e da burguesia. Desse modo, não havia qualquer ação consistente em prol da escolarização, dos não ou pouco escolarizados. Uma imensa população adulta analfabeta, assumiu os postos de trabalho, tanto no campo, como nas indústrias, e o ensino profissional ficou limitado às camadas mais pobres da população. A educação primária, visava apenas, a escrita, a leitura e os cálculos, ocasionando assim desvinculação do objetivo principal do ensino e a progressão dos estudos.</p><p>2.1.3 Movimentos da EJA nas décadas de 50 e 60</p><p>Nas décadas de 50 e 60, o analfabetismo passa a ser analisado não mais como o resultado de uma situação de pobreza, mas como reflexo de uma sociedade pautada nas injustiças e desigualdades. Surge então, a partir daí, movimentos voltados para a alfabetização de adultos, que tinham como objetivo, uma mudança socioeconômica e política, na situação educacional do país. Segundo Paulo Freire (2011, p. 15):</p><p>A concepção na melhor das hipóteses, ingênua do analfabetismo o encara ora como uma “erva daninha” – daí a expressão corrente: “erradicação do analfabetismo” – ora como uma “enfermidade” que passa de um a outro, quase por contágio, ora como uma “chaga” deprimente a ser “curada” e cujos índices, estampados nas estatísticas de organismos internacionais, dizem mal dos níveis de “civilização” de certas sociedades.</p><p>Tendo como referência o educador Paulo Freire, diversos grupos de educadores se organizaram e manifestaram, a preocupação com a educação de jovens e adultos e a criação de novos métodos de alfabetização. Dentre esses programas estão: o Movimento de Educação de Base (MEB), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), estabelecido em 1961, com o patrocínio do Governo Federal; o Movimento de Cultura Popular do Recife, a partir de 1961; a Campanha de Pé no Chão se Aprende a Ler, da Secretaria Municipal de Educação de Natal; e os Centros Populares de Cultura, órgãos culturais da União Nacional dos Estudantes (UNE) (ARROYO, 2011).</p><p>Esses movimentos representavam a luta política pela democratização de oportunidades de escolarização para os adultos, que passaram a ser reconhecidos e terem novas oportunidades, passando a serem vistos como atores sociais, como um poderoso instrumento de ação política. Porém, esses movimentos passaram a questionar a ordem capitalista conforme afirma Paiva (1983, p.259).</p><p>[...] a multiplicação dos programas de alfabetização de adultos, secundada pela organização política das massas, aparecia como algo especialmente ameaçador aos grupos direitistas; já não parecia haver mais esperança de conquistar o novo eleitorado [...] a alfabetização e educação das massas adultas pelos programas promovidos a partir dos anos 60 aparecia como um perigo para a estabilidade do regime, para a preservação da ordem capitalista. Difundindo novas ideias sociais, tais programas poderiam tornar o processo político incontrolável por parte dos tradicionais detentores do poder e a ampliação dos mesmos poderia até provocar uma reação popular importante a qualquer tentativa mais tardia de golpe das forças conservadoras.</p><p>Percebe-se, que a partir daí uma nova visão da educação de jovens e adultos, fundamentadas nas ideias de Paulo Freire, importante educador que idealizou e vivenciou práticas libertadoras de alfabetização para adultos, voltadas para as necessidades das camadas mais populares e o desenvolvimento crítico desses educandos.</p><p>2.1.4 O Golpe Militar de 1964 e as consequências para a EJA</p><p>Durante o Governo João Goulart, estava para ser implementado o Plano Nacional de Alfabetização (PNA), que visava coordenar os movimentos de educação de base e/ou alfabetização de adultos e adolescentes. O programa pretendia instalar, em 1964, 60.870 círculos de cultura, a fim de alfabetizar 1.834.200 adultos, atendendo assim, 8,9% da população analfabeta, da faixa de 15 a 45 anos, que em setembro de 1963 era de 20,442 milhões pessoas (DELGADO, 2011).</p><p>Ainda Delgado (2011), esses círculos, seriam implantados em quatro etapas sucessivas, cada uma com a duração de três meses, em todas as unidades da federação. O objetivo do governo eleito, era alfabetizar, 5 milhões</p><p>de brasileiros, nessa época.</p><p>Ferreira (2007), relata que, todavia, com o golpe militar, o programa foi cancelado e todos os projetos foram abruptamente interrompidos com apreensão de materiais, detenção e exílio de seus dirigentes, dentre eles, Paulo Freire, que com a perseguição política, passou a sofrer, se exilou durante quatorze anos no Chile.</p><p>A violência dos opressores, que os faz também desumanizados, não instaura uma outra vocação – a do ser menos. Como distorção do ser mais, o ser menos leva os oprimidos, cedo ou tarde, a lutar contra quem os fez menos. E esta luta somente tem sentido quando os oprimidos, ao buscarem recuperar sua humanidade, que é uma forma de criá-la, não se sentem idealistamente opressores, mas restauradores da humanidade em ambos (FREIRE, 1987, p.20).</p><p>Haddad (2009), esclarece que, a partir do cancelamento do Plano Nacional de Alfabetização, o Governo Militar, criou o Mobral, em 1967. Esse novo programa tinha por objetivo alfabetizar e promover uma educação continuada. Porém, esse programa tinha como finalidade, uma alfabetização funcional, ou seja, uma alfabetização restrita, apenas à apreensão da habilidade de ler e escrever, sem haver a compreensão contextualizada e o desenvolvimento do senso crítico.</p><p>O Movimento Brasileiro de Alfabetização – Mobral – surgiu no dia 15 de dezembro de 1967, de acordo com a Lei n° 5.379, quando o governo assumiu o controle da alfabetização de adultos voltando-a para a faixa etária de 15 a 30 anos. Meses depois, foi designada a comissão que seria encarregada de elaborar os estatutos da instituição. Neste mesmo ano, no dia 29 de março os estatutos do Mobral foram aprovados, segundo o Decreto de nº 62.484 (RANGEL, 2011, p. 14).</p><p>Para implantar esse programa, foi então chamado o professor Paulo Freire, que com suas experiências no Nordeste do país, onde ensinou a leitura e a escrita para os trabalhadores, com uma metodologia significativa e de fácil entendimento, fazendo com que tais alunos aprendessem ler e escrever em um curto espaço de tempo.</p><p>Porém, a metodologia que seria implantada, era muito diferente a que Freire programou em Pernambuco, pois sendo educador e muito crítico, se preocupava com a formação crítica dos alunos, e, esse processo se dava através da riqueza do diálogo, que passaria pela conscientização, valorização da linguagem popular, que permitiria uma mudança social dos estudantes, tornando-os cidadãos plenos. A proposta metodológica do regime militar preocupava-se apenas com a leitura, a escrita e o cálculo (BEISIEGEL, 1982).</p><p>Desde o início da década de 1960, Paulo Freire e sua equipe, no Movimento de Cultura Popular do Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife, vinham ganhando expressão com suas experiências de alfabetização de adultos, que se diferenciavam das demais, em especial, pela “afirmação da necessidade de buscar os conteúdos da educação do povo nas condições reais de existência do homem comum” (BEISIEGEL, 1982, 165).</p><p>Machado (1999), certifica que, na década de 1970, entra funcionamento legal o Ensino Supletivo, de acordo com as Diretrizes da Educação Nacional Lei Nº 5.692, de 11 de agosto de 1971, no Capítulo IV e seus artigos, dispõem sobre a educação de pessoas que não frequentaram a escola em época apropriada, teriam a oportunidade de frequentar o supletivo, propiciando a aprendizagens. Com uma nova opção, não só da leitura, da escrita e da contagem, mas como aperfeiçoamento ou atualização e formação profissional, o que resultaria em benefícios aos jovens e adultos promovendo e qualificando-os através dos estudos.</p><p>Para Haddad (2009) e Machado (1999), após o ato de democratização do Brasil, se chegam ao final da década de 80, começa a surgir em São Paulo, novos caminhos para as pessoas fora de faixa etária voltar aos estudos, o programa MOVA (Movimento de Educação de Jovens e Adultos), com a finalidade de assegurar a todos os que nele se matriculavam, o direito a escolaridade e de combater o analfabetismo.</p><p>O Mova, oportuniza os jovens e adultos, lhes dando suporte técnico pedagógico em seu processo de alfabetização. Constatou-se, que com as crises econômicas brasileiras, a partir da década de 1980, o MOBRAL por ser uma instituição com diversas extensões, além da educação incluía esporte, cultura, profissionalização, saúde entre outras ações comunitárias o que gerava alto custo para a nação o levou ao fracasso.</p><p>Em 1985, aparece a Fundação Educar, que englobou todas as ações do MOBRAL. Tinha como finalidade, acompanhar e supervisionar os estabelecimentos e repartições que dele recebiam recursos para executar seus programas. O que se diferiu bastante do MOBRAL, a Fundação apoiava financeiramente as iniciativas, mas não executava os programas de alfabetização. Chegando à extinção na década de 1990 (MACHADO, 1999).</p><p>Um dos slogans do Mobral era: “você também é responsável, então me ensine a escrever, eu tenho a minha mão domável”. Ele foi fundado, considerando a população adulta analfabeta da época. Seus principais objetivos eram erradicar o analfabetismo, integrar os analfabetos na sociedade e dar oportunidades a eles através da educação, buscando assim, benefícios para a população menos favorecida economicamente, a aquisição de técnicas elementares de leitura, escrita e cálculos matemáticos (HADDAD, 1998).</p><p>Por fim, o Mobral foi extinto em 1985, com a chegada da Nova República, e seu final, foi marcado por denúncias sobre desvios de recursos financeiros, culminando numa Comissão Parlamentar de Investigação (CPI). Muitas pessoas que se alfabetizaram pelo Mobral, acabaram desaprendendo a ler e escrever.</p><p>De acordo com Haddad (1998), no segundo semestre do ano de 1990, confirmou também a articulação de diversos segmentos sociais as ONGs – Organizações Não Governamentais, os governos municipais e estaduais, as universidades, os estabelecimentos empresariais com objetivos de discutir e propor novas políticas públicas para a EJA – Educação para Jovens e Adultos, em nível nacional.</p><p>Na LDB de Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, em sua seção V dedicada a EJA em seu artigo 37, discorre sobre a educação de jovens e adultos, destinando-a aqueles que não frequentaram ou conseguiram terminar em idade apropriada sua educação no ensino fundamental ou médio. Baseado nesta lei, foi criado o Programa de Avaliação Seriada (PAS), com a intenção de combater o analfabetismo funcional, existente em muitos municípios do Brasil, se utilizando ainda de técnicas ultrapassadas, mas organizados e em parcerias com prefeituras municipais, instituições superiores e empresas. O PAS, foi transformado em 1998, em ONG com o nome de AlfaSOL (HADDAD, 1998).</p><p>A AlfaSol foi resposta ao anseio de ação articulada, transparente e afinada com o entendimento do papel central da educação e sobretudo da Educação de Jovens e Adultos na inversão dos indicadores sociais brasileiros. (...) A capacidade de renovar-se e responder aos desafios contemporâneos sem, contudo, perder a identidade e fidelidade aos princípios da transparência, ação coletiva e aposta no desenvolvimento humano e sustentável como alicerce para o desenvolvimento é a base de nosso crescimento e atuação ininterrupta ao longo de 13 anos (GONÇALVES, 2009, p.6).</p><p>Esclarece Haddad (2009), em julho de 1997, na Alemanha, sucedeu, a V Conferência Internacional de Educação de Jovens e Adultos (CONFITEA), quando diversos segmentos sociais articularam através da constituição de fóruns estaduais de EJA, um movimento que se distendeu em ENEJAS - Encontros Nacionais de Educação de Jovens e Adultos.</p><p>Em 1998, para atender a demanda da população dos assentamentos, o Governo Federal, implantou um programa que pudesse beneficiar esses trabalhadores rurais. O PRONERA - Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, tem por objetivo, garantir a Alfabetização e a Educação de Jovens e Adultos, garantir formação continuada para professores para atuarem no programa, garantir aos assentados escolaridade, formação profissional, técnico-profissional de nível médio e superior em diversas áreas do conhecimento</p><p>entre outros. Assim, rege o Art. 33: Fica o Poder Executivo autorizado a instituir o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária - PRONERA, a ser implantado no âmbito do Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA e executado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - Incra (BRASIL, Lei nº 11.947/99).</p><p>Desta forma, o PRONERA, contribuiria com a promoção e o desenvolvimento, resgatando os assentados e os agrupando ao universo escolar e ao universo rural em que vivem (LEITE, et alii, 2004).</p><p>Observou-se, que a partir de 1999, com o franco desenvolvimento dos debates acerca da EJA, provocados pela V Conferência, e por resoluções legais, foram promulgadas em maio de 2000, as Diretrizes Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos, organizada pelo Conselho Nacional de Educação.</p><p>Sendo a EJA, uma modalidade educativa diferenciada, ela deve ser repensada, pois, seu corpo discente tem características diferentes dos habituais, devendo essa educação, proporcionar situações de aprendizagem, que lhes satisfaçam em suas necessidades cotidianas.</p><p>2.1.4 O rico legado da educação popular na história da EJA</p><p>A educação popular, defendida por Paulo Freire, é pautada no diálogo entre os saberes escolares e sociais, voltada para a necessidade de construção de uma consciência crítica do indivíduo em relação à realidade. Ela contribui, para os ideais de humanização, emancipação e libertação, dos setores populares, dando-lhe o direito de escolher, de planejar seu destino, de entender o mundo e intervir, na sociedade, no sentido de torná-lo, um sujeito ativo, na construção e transformação da sociedade (HADDAD; DI PIERRO; 2000).</p><p>Partir dos saberes, conhecimentos, interrogações e significados que aprenderam em suas trajetórias de vida será um ponto de partida para uma pedagogia que se paute pelo diálogo entre os saberes escolares e os saberes sociais. Esse diálogo exigirá um trato sistemático desses saberes e significados, alargando-os e propiciando o acesso aos saberes, conhecimentos, significados e cultura acumulados pela sociedade (ARROYO, 2011, p.35).</p><p>O Movimento de Educação Popular, encontrou na Educação de Jovens e Adultos, um campo mais aberto do que na instituição escolar. Esse movimento foi muito significativo na EJA, pois realizou uma leitura positiva da cultura popular a partir da leitura significativa de suas trajetórias de vida e saberes.</p><p>A Educação Popular pensou a formação do povo como educação, não apenas ensino. Como possibilidades de humanização-desumanização. Atrelou a EJA aos ideais de emancipação-libertação, igualdade, justiça, cultura, ética, valores. Ideais experimentados como aspirações na diversidade dos movimentos populares (ARROYO, 2011, p.35).</p><p>Paulo Freire, defende uma Educação Popular, que dá ênfase no diálogo como fator preponderante de toda relação pedagógica. Reconhecem que os alunos carregam consigo saberes, conhecimentos, escolhas, experiências de opressão e libertação.</p><p>Por isso, mesmo pensar certo coloca ao professor ou, mais amplamente, à escola, o dever de não só respeitar os saberes com que os educandos, sobretudo os das classes populares, chegam a ela - saberes socialmente construídos na prática comunitária - mas também, como há mais de trinta anos venho sugerindo, discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses saberes em relação com o ensino dos conteúdos (FREIRE, 1996, p.31).</p><p>Para Ferreira (2018), o Movimento de Educação Popular e Paulo Freire, não se limitaram a repensar apenas métodos de alfabetizar jovens e adultos, mas pensar na prática educativa pautadas em trajetórias humanas. Questionando a Pedagogia e a docência, que utilizam práticas educativas, que não vão de encontro à realidade do aluno e que se contrapõem ao real objetivo da arte de educar.</p><p>Dessa forma, terão que redefinir suas crenças para que não continuem excluindo milhões de jovens e adultos, apenas por serem condenados a trajetórias tão fragmentadas e descontínuas.</p><p>2.2 A LEGISLAÇÃO E A EJA: UM LONGO CAMINHO DE DESAFIOS E CONQUISTAS.</p><p>A modalidade de ensino EJA foi criada para a reinserção do jovem e adulto em sala de aula, possui características próprias, e por isso exige metodologias específicas e leis, que garantam a sua efetivação de fato e de direito. Porém, a história da Educação de Jovens e Adultos, ao longo do tempo, é marcada por uma série de lutas históricas (SANTOS, 2010).</p><p>Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) (2016), na terceira edição do relatório global sobre a aprendizagem e educação de adultos, 758 milhões de pessoas não dominam a leitura e a escrita no mundo, destes, 115 milhões são jovens e 2/3 mulheres.</p><p>O terceiro Relatório Global sobre Aprendizagem e Educação de Adultos (GRALE III) é divulgado à medida que a comunidade internacional se compromete a trabalhar em direção aos objetivos delineados na Agenda de Desenvolvimento Sustentável de 2030. Com base em estudos de monitoramento realizados por 139 Estados Membros da UNESCO, o Relatório avalia o progresso global na implementação do Marco de Ação de Belém (2009). Além disso, investiga o impacto da Aprendizagem e Educação de Adultos (ALE) sobre saúde e bem-estar, emprego e mercado de trabalho e vida social, cívica e comunitária. Isso reflete uma mudança para a visão mais holística da educação e da aprendizagem ao longo da vida integrada na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável (UNESCO, 2016, p. 50).</p><p>A cada 12 anos, a UNESCO, promove a Conferência Internacional de Educação de Adultos (CONFINTEA), que visa debater e avaliar as políticas públicas voltadas para a educação de jovens e adultos. Desde a primeira conferência, em 1949, o desafio está posto a muitos países do mundo, visando o desenvolvimento social, a formação econômica e política, contribuindo para a formação crítica, o exercício e aproveitamento profissional de jovens e adultos. Nessa conferência, o Brasil não esteve presente (GARCIA; SILVA, 2018).</p><p>Segundo um documentário da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECADI), nessa Conferência ficou estabelecido que:</p><p>Os conteúdos na Educação de Adultos estivessem de acordo com as suas especificidades e funcionalidades;</p><p>Fosse estabelecida uma educação aberta, sem pré-requisitos;</p><p>Os problemas das instituições e organizações com relação à oferta precisariam ser debatidos;</p><p>Averiguassem os métodos e técnicas e o auxílio permanente;</p><p>A educação de adultos seria desenvolvida com base no espírito de tolerância, devendo ser trabalhada de modo a aproximar os povos, não só os governos;</p><p>Levassem em conta as condições de vidas das populações de modo a criar situações de paz e entendimento.</p><p>Nessa perspectiva, é possível perceber esforços, que geram novos conceitos de formação para educação de jovens e adultos. A partir da união de esforços que respeitam as diversidades e peculiaridades de jovens e adultos.</p><p>A segunda Confintea, foi realizada em 1963, em Montreal, Canadá. Ela ocorreu em um período de muitas mudanças sociais, econômicas e culturais no mundo ocidental (GARCIA; SILVA, 2018).</p><p>De acordo com a SECADI, nessa Conferência, ficou estabelecido que cada país-membro, elaborasse seu relatório nacional com base nos seguintes tópicos: 1- Natureza, objetivo e conteúdos da Educação de Adultos; 2- Educação cidadã (in civics); 3- Lazer e atividades culturais; 4- Museus e bibliotecas; 5- Universidades; 6- Responsabilidade para com a educação de adultos; 7- Urbanização; 8- Educação das mulheres (GARCIA; SILVA, 2018).</p><p>De acordo com Soares e Silva (2008), nesta segunda Conferência foi consolidado a Declaração da Conferência Mundial de Educação de Adultos, onde foi debatido, o contexto do aumento populacional, de novas tecnologias, da industrialização, dos desafios das novas gerações e a aprendizagem como tarefa mundial, em que os países mais ricos, viessem a cooperar com os menos desenvolvidos. Foi um importante passo para a democratização do ensino de jovens e adultos.</p><p>A terceira Confintea, foi realizada na cidade de Tóquio, Japão, no ano de 1972. Essa</p><p>Conferência, teve como temática a Educação de Adultos e Alfabetização, Mídia e Cultura. Nesse encontro a Educação de Adultos, foi considerada como elemento essencial, para a diminuição das taxas de analfabetismo (SOARES; SILVA, 2008).</p><p>Diante da constatação de que a instituição escolar não dá conta de garantir a educação integral, adotou-se a ampliação do conceito sobre sistemas de educação que passam a abarcar as categorias de ensino escolar e extraescolar, envolvendo estudantes de todas as idades. O relatório final concluiu que a educação de adultos é um fator crucial no processo de democratização e desenvolvimento da educação, econômico, social e cultural das nações, sendo parte integral do sistema educacional, na perspectiva da aprendizagem ao longo da vida. (BRASIL/SECADI/MEC, 2016, p. 3).</p><p>Na quarta Confintea realizada em Paris, França, no ano de 1945, cujo tema foi “Aprender é a chave do mundo”, teve como objetivo principal, o reconhecimento do direito de aprender como o maior desafio para a humanidade. Destacando como direito, aprender a ler e a escrever, o questionar e analisar, imaginar e criar, ler o próprio mundo e escrever a história, ter acesso aos recursos educacionais e desenvolver habilidades individuais e coletivas, adequadas e com qualidade. (IRELAND, 2012).</p><p>A cidade de Hamburgo, na Alemanha, sediou no ano de 1997, a V Confintea, cujo tema foi a aprendizagem de adultos como ferramenta, direito, prazer e responsabilidade. Nessa conferência o sentido da educação de jovens e adultos alargou-se para a ideia de educação ao longo da vida.</p><p>Nessa perspectiva, a ideia de aprender por toda a vida, é considerada condição indispensável à vida adulta, porque os sujeitos se humanizam e se formam em processos continuados de aprendizagem nos mais diversos espaços sociais.</p><p>Esta conferência consta na história da EJA de maneira singular, por ter posto em marcha um intenso movimento de preparação mundial com certa antecedência. Ela acontece a partir de um amplo processo de consultas preparatórias realizadas nas cinco grandes regiões mundiais consideradas pela UNESCO, acrescidas da Consulta Coletiva as ONGs, de onde foram consolidados relatórios para a Conferência Internacional (Secretária de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – SECADI). (IRELAND, 2000, p.15).</p><p>A definição de educação de adultos, inicialmente estabelecida na recomendação sobre o desenvolvimento da educação de adultos adotada em Nairóbi em 1976 e aprofundada na Declaração de Hamburgo em 1997, amplia esse conceito, englobando todo o processo de aprendizagem formal ou informal em que pessoas, consideradas adultas pela sociedade, desenvolvam suas capacidades, enriqueçam seus conhecimentos e aperfeiçoem suas qualificações técnicas e profissionais, ou as redirecionem para atender suas necessidades e as da sociedade.</p><p>A sexta Confintea aconteceu no BRASIL, em Belém. E nela foi fortalecida o reconhecimento de aprendizagem e educação de adultos, numa perspectiva de aprendizagem ao longo da vida. Intitulada: “Educação ao longo da vida. Do berço ao túmulo”. O Brasil foi o primeiro país do Hemisfério Sul a receber a Confintea no ano de 2009 (SOARES; SILVA, 2008).</p><p>Essa Conferência reforçou a educação ao longo da vida como fundamental para resolver questões globais e desafios educacionais. Os objetivos da Conferência, segundo a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade:</p><p>Promover o reconhecimento da aprendizagem e educação de adultos como um elemento importante e fator que contribui para a aprendizagem ao longo da vida, sendo a alfabetização a sua fundação; enfatizar o papel crucial da educação e aprendizagem para a realização das atuais agendas internacionais de educação e desenvolvimento; e renovar o momentum e o compromisso político e desenvolver as ferramentas para a implementação, a fim de passar da retórica à ação (BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2009 p. 4).</p><p>A aprendizagem no decorrer da vida é uma filosofia, um marco conceitual e um princípio organizador, de todas as maneiras de educação, fundamentados em valores inclusivos, emancipatórios, humanistas e democráticos, sendo compreensiva e complementar, da visão de uma sociedade do conhecimento (VI CONFINTEA 2009).</p><p>Nessa conferência foi reconhecido que apesar dos avanços na década anterior, ainda há muitos desafios e fragilidades para a aprendizagem de jovens e adultos. A criação de políticas públicas voltadas para esse público é de fundamental importância para assegurar o direito à cidadania desse público tão marginalizado e oprimido.</p><p>2.2.1 A Legislação Brasileira da EJA</p><p>No Brasil, a desigualdade na instrução da população, é algo cada vez mais presente, principalmente na Região Nordeste. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) em 2016, cerca de 66,3 milhões de pessoas de 25 anos ou mais de idade (ou 51% da população adulta) tinham, no máximo, o ensino fundamental completo. Além disso, menos de 20 milhões (ou 15,3% dessa população) haviam concluído o ensino superior.</p><p>Na década de 1970, surgiu a Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB) n° 5692-71, que apresentou o termo supletivo no intuito de suprir a escolarização regular para adolescentes e adultos que não a tenha seguido ou concluído na idade própria.</p><p>Art. 25. O ensino supletivo abrangerá, conforme as necessidades a atender, desde a iniciação no ensino de ler, escrever e contar e a formação profissional definida em lei específica até o estudo intensivo de disciplinas do ensino regular e a atualização de conhecimentos.</p><p>§ 1º Os cursos supletivos terão estrutura, duração e regime escolar que se ajustem às suas finalidades próprias e ao tipo especial de aluno a que se destinam.</p><p>§ 2º Os cursos supletivos serão ministrados em classes ou mediante a utilização de rádios, televisão, correspondência e outros meios de comunicação que permitam alcançar o maior número de alunos.</p><p>O ensino supletivo, abrangia nos termos da lei, desde a iniciação do ensino de ler, escrever, contar e a formação profissional, definida em lei, específica até o estudo intensivo de disciplinas do ensino regular e atualização de conhecimentos.</p><p>No Brasil, existe uma legislação, que garante a qualquer jovem e idoso o direito aos estudos nos níveis da Educação Básica. Definiu-se uma concepção de Educação de Jovens e Adultos a partir da Constituição Federal de 1988, que em seu artigo 208, assegura a educação de jovens e adultos como um direito de todos:</p><p>No artigo 208, o dever do Estado, com a educação será efetivado mediante a garantia de educação básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria.</p><p>A Constituição foi modificada pela Emenda Constitucional 59/2009, que garante que todas as pessoas têm direito a educação básica, incluindo o Ensino Fundamental e Médio, como o ensino noturno, adequado às condições daqueles que sejam trabalhadores. Isso repercute no direito dos estudantes a receber assistência em termos de merenda, material didático, transporte escolar e assistência à saúde.</p><p>Apesar desse artigo, poucas Políticas Públicas educacionais, favorecem este setor e atendem à demanda populacional de jovens e adultos em nosso país. Na EJA, é preciso considerar o alfabetizando, como sujeito de seu saber no âmbito de uma proposta pedagógica pautada nas relações dialógicas de cooperação e solidariedade, se constituindo em uma opção política de ação e de política educacional. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), estabeleceu no capítulo II, seção V a Educação de Jovens e Adultos. Ela vem reafirmar os direitos contemplados na Constituição Federal (1988).</p><p>Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.</p><p>§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas</p>

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