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O existencialismo

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O existencialismo de Sartre
Por: leila caroline j tozetto
“Não somos aquilo que fizeram de nós, mas o que fazemos com o que fizeram de nós”, ou ainda;
"O importante não é o que fazemos de nós, mas o que nós fazemos daquilo que fazem de nós." JEAN PAUL SARTRE (1905-1980).
Antes de chegar nesta tão celebre frase, Sartre passou por toda uma construção anterior desse pensamento desembocando posteriormente no pensamento conhecido como existencialista. Em L´Imaginaire desenvolve um pensamento separativista da percepção e da imaginação, em L´Être et le néant contesta o subconsciente freudiano desvinculando-se do determinismo religioso,e no qual no decorrer da leitura vê-se o cerne 
A Existência precede a essência? 
Para o pensamento de Sartre Deus não existe, portanto o homem nasce despido de tudo, qual seja um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito, e que este ser é o homem, o que significa que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define. Assim, não há natureza humana, visto que não há Deus para concebê-la, a única natureza pré-existente é a biológica, ou seja; a sobrevivência, o resto se adquire de tal forma que não vem do sujeito é ensinado a ele pelo mundo exterior.
Se Deus não existe não encontramos, já prontos, valores ou ordens que possam legitimar a nossa conduta. Assim não teremos justificativa para nosso comportamento. Estamos sós, sem desculpas.
É o que posso expressar dizendo que o homem está condenado a ser livre (pensamento desenvolvido em o ser e o nada). Condenado, porque não se criou a si mesmo, mas por estar livre no mundo estamos condenados a ser livres, mas se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que é, ou seja;
“Não somos aquilo que fizeram de nós, mas o que fazemos com o que fizeram de nós”.
O homem é aquilo que ele mesmo faz de si, é a isto que chamamos de subjetividade. Desse modo, o primeiro passo do existencialismo é de por todo o homem na posse do que ele é e de submetê-lo à responsabilidade total de sua existência. Para o existencialista não ter a quem culpar já que Deus não existe, e o subconsciente não existe é o que leva ao pensamento da liberdade não livre, pois, junto com eles, desaparecem toda e qualquer possibilidade de encontrar valores inteligíveis, nem um modelinho pré-definido a ser cumprido.
A fórmula "ser livre" não significa "obter o que se quer", e sim "determinar-se a escolher". Segundo Sartre o êxito não importa em absoluto à liberdade. Um prisioneiro não é livre para sair da prisão, nem sempre livre para desejar sua libertação, mas é sempre livre para tentar escapar. 
Sendo livres somos responsáveis por nossas ações consequentemente somos livres para pensar e conceber nossos próprios paradigmas, não sendo então aquilo que fizeram de nós e sim nos criando a partir do que fizeram de nós. Somos o que escolhemos ser.
Referência:
http://orbita.starmedia.com/~jeanpaulsartre/ acesso em 23/03/06.
Existencialismo - Jean-Paul Sartre
O existencialismo sartreano é proveniente de três formas de pensamento: o materialismo dialético de Marx, a fenomenologia de Husserl e o existencialismo de Heidegger. A influência de Marx está na relação com a ação, ou seja, ao invés de se pensar sobre o mundo, tem-se a idéia de alterá-lo, transformá-lo. De Husserl extraiu o método fenomenológico. E Heidegger, com o seu questionamento sobre o ser, o influenciou quando afirmou que, para alcançarmos compreensivamente o ser, precisamos analisar existencialmente a pessoa (ente).
A diferença maior entre seu pensamento e o de Heidegger reside no fato de que, para este último, o interesse era com o ser, ainda que a pessoa concreta fosse um meio de se chegar a ele na sua completa compreensão. Para Sartre, ao contrário, a preocupação era quase que exclusiva com a existência do indivíduo em si, daí sua famosa sistematização do principio básico do existencialismo “a existência precede à essência”.
Sartre acreditava que o ponto pelo qual o pensamento filosófico deveria partir é a intencionalidade e não a realidade humana. Fiel que era ao pensamento de Husserl, utilizou a fenomenologia para atingir a sua meta. Sartre, no entanto, tinha como meta examinar a consciência no mundo. A consciência é engajada no mundo de tal forma que o para-si não existe sem mundo, mas apenas, como o diz Sartre, “uma plenitude diferenciada do ser”.
Para a consciência atingir as coisas, precisa conter o nada, o não-ser. Nós só podemos negar as coisas, nadificá-las, porque carregamos conosco uma espécie de nada. Para Sartre o nada tem como fundo o próprio ser. É o ser que faz surgir o nada pela imaginação. Esta forma de ser da consciência cria uma totalidade que não existe.
A análise da consciência é fundamental na sua filosofia. Divide-se em dois níveis: consciência de primeiro grau e consciência de segundo grau. A primeira consciência que ultrapassa a si mesmo para atingir o objeto e se esgota nessa mesma posição. É uma consciência perceptiva, pois se ignora para ter consciência de um objeto ou de um ato. Ela e o objeto de que a consciência são, na verdade, nesse nível, uma só coisa, isto é, há identificação com o objeto sem que ela se tome como objeto. Sartre a chamou de cogito pré-reflexivo ou consciência irreflexiva. É irreflexiva, pois não depende do conteúdo psíquico do eu. O que é psíquico só pode ser apreendido pela reflexão.
O segundo nível de consciência, nas palavras de Sartre (1936), “é a consciência que é consciente de ser consciente do seu objeto”. Existe um eu que é consciente daquilo que tem consciência. Chamou-a, por isso, de consciência reflexiva. É específica do ser humano.
A teoria sartreana da consciência nos conduz à sua teoria da liberdade. Pela liberdade o indivíduo escolhe aquilo que quer ser e, assim, realiza sua essência. Sartre rejeita que qualquer tipo de noção que coloca o homem preso a uma natureza humana ou a um Deus que o cria. O homem faz parte da espécie humana, mas é a sua liberdade que o afasta desta espécie; que ultrapassa o humano em direção à humanidade.
Para Sartre o homem é aquilo que faz de si próprio. O que Sartre faz é transformar esse subjetivismo em ética, na medida em que o construir-se constitui o espaço da dignidade. A liberdade não é algo levianamente construído, senão que existe uma responsabilidade absoluta pelo que resulta. Se a natureza humana fosse um molde rígido ou mesmo maleável, como propõem os psicanalistas, porém passivo, como afirmam os behavioristas, o homem não poderia ser responsável por si mesmo.
O homem é aquilo que se projeta ser e não existe antes desse projeto. O que importa primeiramente é que ele surge no mundo e só depois se define. A opção por este ou aquele projeto está vinculada a essa valorização, que faz da consciência reflexiva uma consciência moral; uma vez que para valorizar, reflito e julgo. O valor é a própria expressão da liberdade. Sartre denomina “projeto original” à escolha que o indivíduo faz sobre si próprio. Esse é uma matriz dos demais projetos, determina as ações, sentimentos, etc. de cada um.
Sartre vai mais longe quando diz que todo projeto original, na verdade, é um reflexo de uma frustração: a de não ser Deus. Graças a esse fracasso encontra sua liberdade e contingência.
É preciso deixar claro que Sartre teve duas fases em seu pensamento. Sua primeira visão propõe uma liberdade radical, incondicionada, encarnada num ato. Trata-se de uma liberdade para si, não inserida no mundo. Tal liberdade implica num voluntarismo com pretensão ao absoluto. Posteriormente refez esta idéia. A liberdade aparece agora não mais como liberdade em fuga, mas como uma liberdade a trabalhar. O querer-ser de Sartre se origina de sua recusa em se identificar com este ser que ele é ou que fizeram dele. A liberdade não pode ser entendida como proveniente de uma bondade divina.
Diante da absurdidade ou contingência de sua vida, o indivíduo experimenta um mal-estar a que Sartre denominou de náusea. O ser percebe que existe sem ser justificado. A conseqüênciadesse mal-estar é a responsabilidade de si próprio por sua existência. A náusea é, na verdade, o medo diante dessa liberdade.
O ser-para-o-outro é a estrutura essencial da consciência. O meu corpo me põe em contato com outrem e me faz ver como sou percebido por ele. Minha consciência apenas se revela a partir da relação que mantém com outras consciência. “É preciso que minha consciência individual seja reconhecida como tal por outra, para existir. Isso estabelece a lei universal do combate entre consciências: cada uma luta para ser reconhecida por outra”, nos explica Maciel (1986). Exatamente no confronto com o outro que se assegura o direito à individualidade.
Sartre diz que tentamos nos transformar exatamente naquilo como aparecemos para o outro. O outro, assim, oferece perigo. A única defesa é inverter a situação: na preservação da minha liberdade, torno-o ser-em-si. É como se a liberdade de um inibisse a do outro. Essa é a essência das relações humanas: o conflito. Assim, sentido-me existir, ou sendo objeto para outro, experimento angústia, daí Sartre achar que o ser-com é gerador de conflito.
Estudando a relação do corpo com a consciência, Sartre chega a investigar a sexualidade. Todo o desejo tem como meta um possível "objeto de desejo". Mas o que ele realmente pretende é substituir o ser saciado. Negando a possibilidade de que o desejo seja somente instinto, afirma que é uma relação do indivíduo como ser-para-o-outro. O desejo é uma posse da livre subjetividade do outro.
Não se trata de possuir o outro como se possui um objeto; quer-se possuir a liberdade como liberdade. É no fracasso da troca que aparecem as relações sado-masoquistas. No masoquismo sofre-se nas mãos do outro para demonstrar que se é uma coisa submetida à sua liberdade. A tentativa oposta é a sádica – destrói-se o outro como consciência, aprisiono-o; quer-se possuí-lo como objeto.
O desejo sexual não é apenas a expressão de uma imposição biológica. O desejável, na verdade, é o próprio desejo e é por ele que o indivíduo toma consciência do seu próprio corpo.
Sartre teve duas fases: a primeira culminou com a obra O ser e o nada, onde esboça a sua ontologia.
Numa segunda fase houve uma total conversão operada pelo marxismo, originando a utilidade de colocar em discussão a literatura pela necessidade de ação política. A derrubada da referência de algo absoluto para fundamentar o relativo também ajudou a mudar sua posição. Somente quando historicizou seu pensamento, abriu a possibilidade para uma verdadeira moral. Tudo isso foi descoberto quando, por ocasião da guerra, Sartre ficou em cativeiro. Descobriu a solidariedade e o engajamento com uma causa.
A expressão “O inferno é o outro” demonstra a relação perigosa e assustadora que o outro estabelece. O outro tenta conquistar a consciência do outro, e assim, a liberdade de um inibe a realidade do outro. Nessa batalha de consciência, que é o inferno, ambos se necessitam para justificar sua culpa. O outro é o espelho da própria condenação. Entretanto, tal concepção é reformulada, na sua segunda fase, numa espécie de paradoxo dialético, qual seja, quanto mais experimento minha liberdade, mais reconheço a do outro.
Sartre não foi apenas um psicólogo dedicado a temas acadêmicos da área, um filósofo que escreveu ensaios importantes sobre o questionamento da existência, mas um cidadão engajado e permanentemente comprometido com a transformação de si, de suas idéias e do mundo em que viveu.
Fonte: Existencialismo - Jean-Paul Sartre - Humanismo - Abordagens - Psicologado Artigos http://artigos.psicologado.com/abordagens/humanismo/existencialismo-jean-paul-sartre#ixzz1kwEGk4ph
Liberdade em Sartre
A tarefa de compreender o significado e o alcance da liberdade na filosofia de Sartre pode começar por um comentário rápido da frase que se tornou uma espécie de lema do existencialismo: “A existência precede a essência”. Na tradição filosófica, o conhecimento sempre seguia uma ordem bem determinada, primeiramente o conhecimento da essência de algum objeto (inclusive o ser humano), uma vez que aí se encontrariam os atributos principais que definiam o ser e a verdade daquilo que deveria ser conhecido; em segundo lugar atentava-se para a existência, esfera da manifestação das qualidades definidoras ou essenciais do objeto. Essa precedência da essência em relação à existência tinha um propósito claro: tratava-se de compreender, antes de tudo, as noções que determinavam o objeto a ser tal como ele se nos apresentava, pois os vários modos de seu aparecimento só podiam provir de suas determinações. Por isso, nas teorias tradicionais, conhecer significa principalmente determinar, isto é, entender que o objeto é necessariamente o conjunto de suas determinações. Supunha-se que essa visão garantisse a exatidão do conhecimento.
Quando Sartre inverte essa ordem, colocando a existência como precedendo a essência, o que ele quer, em primeiro lugar, é estabelecer uma diferença nítida entre objetos naturais ou fabricados, cuja forma e finalidade se acham especificamente determinadas por antecipação (como uma coisa, um fenômeno natural ou um utensílio), e o ser humano, cujo conhecimento dependeria da compreensão de um processo de existência que não pode ser antecipado por qualquer elemento determinante responsável por uma definição fixa e definitiva. Nesse sentido ele diz que o ser do homem consiste em existir, o que significa que a realidade humana se define, no curso de sua existência, justamente porque não haveria qualquer essência na qual essa definição estaria antecipada de modo determinado.
Escolhas solitárias
A ausência de essência enquanto determinação prévia é a liberdade. Essa seria a única definição possível da realidade humana se isso fosse uma definição. Mas, justamente porque designamos a realidade humana pela ausência de determinações, não a estamos, nesse caso, definindo, mas indicando que o conhecimento possível dessa realidade só pode ocorrer pela compreensão dessa indeterminação. É de extrema importância notar que indeterminação e ausência são as vias de compreensão da existência, porque isso significa que a realidade humana deve ser abordada muito mais na perspectiva da negatividade do que pelas determinações afirmativas de seus possíveis atributos. E há uma razão para isso: visto que o ser humano é processo de existir e não essência dada, ele se caracteriza muito mais pela mudança do que pela permanência; interessa compreender não o que o homem é (porque, precisamente, ele não é nada antes do processo existencial), mas o que ele se torna no percurso da existência. Em termos filosóficos tradicionais, podemos dizer que a compreensão da realidade humana não se faz em termos de ser, mas em termos de vir-a-ser ou de devir.
Esse processo pelo qual o homem vem a ser, a cada momento, aquilo que se torna, é a liberdade, na medida em que o homem torna-se ou se faz aquilo que ele escolhe a partir de uma total indeterminação. Nesse sentido, a liberdade é radical e originária. Radical, porque raiz última de todas as opções, nada havendo antes dela que pudesse interferir na escolha; originária, porque se confunde com a própria realidade humana: não se trata de uma faculdade ao lado de outras (como vontade e intelecto nas teorias tradicionais) mas sim de algo que não se remete a nada mais do que a si mesmo. Não existe fundamento da liberdade assim como não existe fundamente da realidade humana. Admitindo-se essa gratuidade, o caráter injustificado e injustificável da existência, não há sentido em procurar causas explicativas para as ações que constituem a conduta humana. Se nossas ações fossem efeitos de causas anteriores, todas elas poderiam ser remetidas a determinações prévias que as conteriam como condições de possibilidade, e os efeitos seriam mera explicitação das causas. Essa relação causal traria então a justificativa das ações, algo que diluiria tanto a liberdade quanto a responsabilidade.
Esse é um ponto no qual se deve insistir. É tentador relacionar o caráter infundado e injustificado daliberdade a uma concepção de gratuidade anárquica segundo a qual a ação livre consistiria em querer e fazer qualquer coisa de modo completamente irrefletido. Na verdade, quando dizemos que a existência é gratuita e injustificada, queremos dizer que todos os atos livres têm como contrapartida a total responsabilidade do agente, precisamente porque ele não tem com quem dividir essa responsabilidade. Assim, como não há causas determinantes, também não há qualquer instância (preceitos, Deus, imperativos formais) à qual o sujeito poderia delegar a justificação e a responsabilidade por suas escolhas e ações. Essa solidão do sujeito traz como conseqüência entre o alcance da liberdade e o peso da responsabilidade. O existencialismo de Sartre expressa, através da concepção de liberdade, um rigor moral absoluto, derivado do caráter solitário da decisão e da inexistência de critérios nos quais o sujeito se possa apoiar.
O projeto humano
Outro aspecto desse rigorismo moral refere-se à impossibilidade de não exercer a liberdade. Como esta não é um atributo que se acrescentaria à subjetividade, a própria realidade humana, há uma completa identificação entre liberdade e existência, a tal ponto que não se poderia conceber que o sujeito pudesse renunciar à sua liberdade. Como diz Sartre, só não somos livres para deixarmos de ser livres. Embora com freqüência procuremos encontrar determinações que expliquem a nossa conduta, de modo a isentarmo-nos total ou parcialmente da responsabilidade por nós mesmos e por nossos atos, essas estratégias de ocultamente de nossa condição são procedimentos de má-fé: a liberdade está tão intimamente implicada na estrutura de nossa subjetividade que renunciar a ela seria ontologicamente impossível. Em conseqüência, a culpa e a responsabilidade são vividas na mais pura solidão.
A responsabilidade se manifesta evidentemente na escolha. Como o ser humano não tem essência e não pode recorrer a nada que o determine, a cada opção ele deve inventar tanto a ação quanto o critério pelo qual essa ação foi escolhida, em meio a outras que seriam, em princípio, igualmente possíveis. A angústia significa que tenho de escolher entre possibilidades que não estão previamente demarcadas ou hierarquizadas por quaisquer critérios exteriores à própria escolha. É preciso escolher porque tenho de ser livre. Deixar-me levar pelas circunstâncias seria também uma escolha, assim também como atender a preceitos ou valores supostamente anteriores. Essa escolha é individual, mas envolve a realidade humana que cada indivíduo encarna singularmente; assim, a cada escolha, o que está em jogo, na singularidade individual, é a realidade humana como universal. Quando escolho para mim, escolho para o homem; a cada vez que me invento eticamente, invento o homem, porque a universalidade humana não é uma idéia que paire sobre mim, mas algo em que me comprometo inteiramente. Assim, a responsabilidade é vivida na solidão; mas a escolha pela qual sou responsável tem um alcance que não se esgota na minha individualidade particular. A magnitude da liberdade responsável está nessa imbricação entre singularidade e universalidade.
Escolher significa projetar-se adiante de si, como se o sujeito vivesse por antecipação o engajamento na opção de um futuro. Isso significa que o ser humano é, antes de tudo, um projeto. Também aqui se mostra a anterioridade da existência como processo de vir-a-ser. Já que o processo existencial se opõe a essência (algo definitivo, determinado, pronto e acabado), a subjetividade não pode ser concebida nem como substância, à maneira de Descartes, nem como forma, à maneira de Kant, pois nos dois casos, apesar das grandes diferenças, trata-se de subjetividade constituída. Para o existencialismo, a subjetividade jamais estará constituída, pois nunca a existência se consolidará numa essência. O sujeito que não é ser, é, entretanto, projeto de ser: por via das escolhas livres, projeta-se para ser (por isso Sartre designa a subjetividade como para-si), isto é, para totalizar ou realizar o seu ser (o si do para-si). No entanto, como a subjetividade é processo, esse projetar-se é constituído da realidade humana, de modo que jamais atingirá a realização plena ou a totalização. Por isso a existência sempre está em curso, na sucessão de projetos no horizonte dos quais está a totalidade inatingível.
Para expressar essa condição, Sartre se vale de dois enunciados paradoxais que convergem para a mesma significação: o homem caracteriza-se como o ser que é o que não é e que não é o que é. Devemos entender, primeiramente, que, sendo o homem projeto, ele está como que adiante de si (projetado) e a experiência de ser é a de ser longe de si, no futuro, como projeto a se realizar. Da forma análoga, o fato de ser projeto significa não ser no sentido de possibilidade já plenamente realizada. Assim, processo de existir e projeto existencial estão intimamente relacionados a partir da liberdade como chave de compreensão da subjetividade enquanto experiência sempre aberta de possibilidades.
Desejo do futuro
O futuro é, portanto, o tempo forte da existência. A subjetividade constitui-se na intenção do futuro, visando possibilidades mesmo quando apenas deseja repetir o passado. Quando dizemos que toda a ação é motivada, devemos evitar a tendência a entender o motivo no mesmo sentido em que habitualmente entendemos causa, isto é, os antecedentes que nos movem na direção de alguma coisa. Esse elemento antecessor contido na noção de causa não seria, para Sartre, apropriado para a compreensão da conduta humana. Toda ação é intencional, isto é, visa algo que ainda não existe ou que ainda não foi alcançado. Assim, seria mais correto dizer que nossas ações são movidas pelo futuro do que pelo passado ou pelo presente. Mudar a sociedade, por exemplo: aquele que experimenta a injustiça que prevaleceu no passado e caracteriza o presente, e pretende, a partir dessa constatação, transformar as relações humanas de modo que elas se tornem mais justas, visa, por isso mesmo, uma sociedade ainda não existente, vista de forma diversa da atual. A realidade passada e presente nele atua apenas negativamente, já que se trata de algo que ele quer ver desaparecer. Por outro lado, a sociedade que ainda não existe, e que é apenas um projeto, é o real motivo de sua ação, isto é, aquilo que ele visa como desejável que seja real. Nesse sentido, é a negação da realidade existente e a posição no futuro de uma realidade ainda inexistente que atuam dialeticamente como impulso da ação. Esse indivíduo age motivado pelo futuro, portanto pela força do inexistente ou daquilo que poderá vir a existir dependendo das ações humanas, isto é, do futuro que os homens livremente decidirem construir. O mais importante aí não é o passado como causa determinante (embora isso também faça parte do processo), mas sim o desejo e o projeto de futuro, algo visado pela liberdade.
O problema é que vivemos no presente e como herdeiros do passado. Tudo que já aconteceu e muito do que acontece não dependem de nós e são elementos que parecem atuar sobre a nossa liberdade de forma a restringi-la ou mesmo a anulá-la. Sartre não ignorava isso. O ser e o nada, sua principal obra filosófica, foi publicada em 1943, na França ocupada, durante a segunda das duas grandes guerras que sua geração viveu. Em tal cenário, como falar de liberdade radical, originária e absoluta? Com efeito, nossa experiência parece ser a de tantos entraves ao exercício da liberdade que acreditaríamos antes ser mais fiel à realidade falar de condicionamentos de toda a espécie do que de liberdade. Ora, é o próprio Sartre que destaca com lucidez tais obstáculos, chamando-os em conjunto de facticidade, isto é os fatos que povoam nossa vida, que estão além de nossa possibilidade de escolha e que parecem determinar nossa existência: nascemos numa dada época, num certo lugar, numa determinada família, numa classe social, num grupo étnico, em certas circunstâncias políticas, com determinada compleição física, herança genética, legadocultural, etc. Nenhuma dessas condições foi escolhida por nós; encontramo-las todas ao entrar num mundo que já existia. É óbvio que todos esses fatores influem na nossa vida e, por vezes, diz-se até que traçam nosso destino. Uma vez reconhecidos esses fatos e sua inelutabilidade, falar de liberdade não seria exercício de abstração?
Caminhos divergentes
A realidade humana distingue-se, entre outros aspectos, pela singular capacidade de atribuir significação a tudo que a rodeia – e também a si mesma. Estamos imersos num contexto de fatos que, enquanto tais, não dependem de nós. Mas esses fatos nos afetam na exata medida em que os representamos, isto é, lhe atribuímos alguma significação. Por exemplo, houve um tempo em que os homens atribuíam às forças da natureza significados mágicos, próprios de um mundo encantado, em que os fatos podiam ser propícios ou adversos, conjurados ou invocados, decifrados ou enigmáticos. Hoje atribuímos a essas mesmas forças significados naturais susceptíveis de explicação científica e de manipulação técnica. Essa possibilidade de atribuir diversos significados aos mesmos fatos provém de que todos eles são humanamente representados. Representamos o Ártico como região inóspita e inabitável; já os esquimós encontram nesse lugar os meios de sobrevivência, porque o representam de outra maneira.
Algo análogo se passa com os fatos que enumeramos acima. Alguém que nasce num contexto econômico e político capitalista, numa família operária, tem configurada em si uma situação bem determinada por fatores de ordem objetiva. Mas esse indivíduo pode assumir pelo menos duas atitudes distintas, conforme o modo como se represente sua situação. Pode entendê-la como fatalidade inscrita em desígnios divinos e assim conformar-se a um destino que inevitavelmente deve cumprir. Seu projeto de vida se formulará então em conformidade com os dados dessa situação representada por ele como imutável. Mas pode também entender as condições que compõem a sua situação como fruto de um processo histórico que se formou e se consolidou graças à exploração do homem pelo homem e que essa situação, sendo histórica e não natural ou sobrenaturalmente determinada, pode mudar. Formulará então um projeto de vida em que a luta pela transformação social ocupará lugar relevante. Em cada um desses casos, o indivíduo em questão organizará sua vida em coerência com um projeto de continuidade ou de mudança. No primeiro caso será um trabalhado passivo e obediente às normas do sistema; no segundo um indivíduo reivindicativo, um militante, um membro de partido, enfim, alguém a procura dos meios para realizar o fim que considera adequado. Percebe-se assim que os mesmos fatores condicionantes podem levar a reações diferentes porque os fatos de ordem social, embora independentes dos sujeitos, são por eles representados segundo distintas significações. Há, portanto, uma liberdade diante dos fatos, não para fazer com que fossem diferentes do que são, mas para empreender um projeto de mudá-los ou para fazer com que permaneçam da mesma maneira.
Essa relação entre fato e significação existe até mesmo no caso de fatos “brutos”, isto é, físicos e naturais. Uma montanha pode ser representada como um desafio para o alpinista; como um obstáculo pelo engenheiro que constrói uma estrada; como uma fonte de renda pelo agricultor; como uma causa a ser defendida pelo ecologista; como lugar sagrado pelo nativo; como uma paisagem interessante pelo apreciador. No limite, não existem fatos em bruto; a capacidade humana de representar e de significar absorve a facticidade sem anulá-la enquanto tal, mas produzindo, através da liberdade, variações conforme a intencionalidade significativa.
A realidade humana é liberdade; o indivíduo é livre; essa liberdade é vivida sempre em situação: essas três afirmações se encadeiam e representam uma continuidade compreensiva da liberdade, porque nos conduzem da afirmação ontológica relativa à condição existencial à liberdade individual exercida no contexto da relação que o sujeito mantém com as coisas e com os outros. A liberdade não se exerce no vácuo: a ela se opõe um “coeficiente de adversidade” representado pelas coisas, pelas circunstâncias e pelos outros. Em suma, a liberdade é sempre situada: não há diz Sarte, liberdade sem situação nem situação sem liberdade. Essa reciprocidade deve ser compreendida a partir de uma relação dialética entre possibilidades e limites: o exercício da liberdade é limitado pela situação concretamente vivida; ao mesmo tempo, são esses limites que possibilitam o exercício da liberdade. Essa descrição está de acordo com a visão geral do processo existencial: assim como a existência é processo e não coisa ou entidade, a liberdade só existe nos termos de seu efetivo exercício, isto é, na ação livre, diante das condições adversas, entre as quais se destaca a liberdade dos outros sujeitos. A intersubjetividade (alteridade ou ser-para-outro) é dimensão de extraordinária importância na compreensão da liberdade.
Liberdade e agir histórico
A experiência concreta da intersubjetiva é histórica porque a existência efetiva é histórica. Isso nos leva à consideração da liberdade no contexto da relação entre indivíduo e história. A partir do final da década de 1940, Sartre inicia uma aproximação do marxismo pontuada por muitas dificuldades e desencontros, até a publicação, em 1957, Questão de Método, texto que critica de forma profunda e contundente o marxismo oficial da época, e que atribui aos marxistas uma cristalização conceitual que contraria frontalmente o caráter dialético do materialismo histórico ao adotar uma lógica imobilizadora que torna impossível a compreensão do movimento histórico. Segue-se a Crítica da razão dialética, publicada em 1960, de propósito extremamente ambicioso uma vez que pretende, como indica o título, nada menos do que fundar a racionalidade dialética na especificidade que de direito a caracteriza, mas que nunca teria sido de fato observada pelos marxistas. A grande questão é a da relação entre a subjetividade definida como liberdade e as condições históricas objetivas sob as quais ocorre a ação do sujeito histórico.
Percebe-se o grau de dificuldade da empreitada quando se considera que os elementos que Sartre pretende relacionar dialeticamente são, de um lado, a liberdade subjetiva e, de outro, as determinações objetivas do agir histórico. Em que pese a dificuldade, Sartre considera de extrema relevância mostrar que, ao contrário do que julgam os marxistas, uma dialética autêntica não comporta a subordinação da consciência subjetiva às determinações objetivas de caráter econômico-social, fazendo da subjetividade um mero reflexo da esfera objetiva. Nesse caso, diz o filósofo, teríamos uma relação de causalidade segundo o modelo da razão analítica, e não uma relação dialética definida como tensão entre opostos.
Sartre entende que se deve conservar a irredutibilidade do sujeito histórico como agente, pois do contrário seria preciso explicar como a história se faz sem sujeitos agindo historicamente. Marx já dissera que os indivíduos fazem a história, porém sob condições determinadas. Sartre recusa a interpretação dessa afirmação como a inteira subordinação dos sujeitos às condições objetivas; para ele, o que a frase afirma é a tensão entre as condições subjetivas nas quais se faz a história e as condições objetivas que estão presentes nas ação dos sujeitos. Destacar as condições objetivas como absolutamente autônomas e independentes é tão metafísico quanto afirmar a total soberania do sujeito sobre todas as demais condições de sua atividade.
O que se teria esquecido é que a dialética é processo e que a história é processo dialético. Trata-se de compreender movimentos e não de fixar conceitos segundo uma lógica linear. O indivíduo, sujeito histórico, é livre no contexto de uma situação historicamente determinada; a liberdade mantém relação dialética com as determinações porque, como movimento existencial e histórico, também é processo de libertação; e o sujeito seconstitui nessa relação porque a subjetividade é processo de subjetivação. Não somos livres por essência; somos livres para nos tornarmos livres; e também somos determinados por essência; as determinações representam o outro pólo da relação dialética que se opõe à liberdade na existência histórica efetiva – aquela que não cabe nos critérios de objetividade conceitual.
1 INTRODUÇÃO O TEMA
1.1 Este trabalho se propõe a fazer comentários sobre os contornos conceituais da Liberdade vista a partir dos escritos de Sartre. Não e tarefa fácil percorrer sobres os temas da liberdade especialmente para alguém cuja formação essencial esta fincada no direito, de onde o conceito de liberdade é contornado pelos aspectos positivistas daquilo que se pode ou não se pode fazer. 
1.2 Dar conta de entender a liberdade fora do seu aspecto formal exige um olhar fora dos contornos legais para perscrutar aquilo que é permitido ou não ao homem, ou seja, de que forma ele pode agir sem que seja formalmente impedido. O homem pode decidir sair de casa cedo para ir a rua comprar seu jornal, tomar seu café ou até mesmo não fazer alguma coisa objetiva, podendo simplesmente andar. 
1.3 Vamos percorrer então os pontos da idéia de J. P. Sartre sobre a idéia do homem existencialista e sua liberdade. Como isto se manifesta em confronto com a existência dos outros e como as escolhas, por mais diferentes e condicionais vão de forma afirmativa comprovar a que a liberdade está sempre presente na consciência do acontecimento da vida humana.
1.4 O termo liberdade desde os gregos tem seus contornos uma conotação fortemente política e jurídica, sem ligações subjetivas com as idéias de ato voluntário em oposição ao ato involuntário[1]. E os termos Gregos de voluntário, significa desejar, ou seja, aquele ser que não se submete a nenhuma força a não ser à sua própria natureza. Na filosofia moderna a liberdade vai aparecer em referencia ao mundo externo e ao serviço, significando a possibilidade de fazer o que se quer passando a liberdade a aparecer como exteriorização da vontade. Nasce então a noção de liberdade de consciência. 
2 A Existência precede a Essência. 
2.1 Jean Paul Sartre era um homem inquieto. Nascido em uma família abastada em Paris no ano de 1.905, teve o pai morto logo cedo. Voltou-se com a mãe a viver com os avós maternos. Orfão, Sartre foi criado pela mãe na casa dos avôs, e que parece ter pesado sobre ele os frutos de uma criação solitária. Sartre conta que a morte do seu pai, devolveu sua mãe á prisão e deu-lhe liberdade, porque se tivesse vivo, confessa não há bom pai, é a regra... houvesse vivido meu pai deitar-se-ia sobre mim durante muito tempo e esmagar-me-ia,[2]. 
2.2 Em O Ser e o Nada , Sartre faz a grande coletânea de suas idéias, onde traça uma narrativa existencial onde o conceito de existir torna-se o ponto fundamental do seu pensamento. Ele reconhece o progresso considerável no pensamento moderno sem, contudo, enxergar como isto tenha dado conta de resolver o problema da existência. Ele primeiro rejeitou a idéia de um interior do exterior existente. Para ele as aparições do existente revelam o Existente, porque não são interiores ou exteriores a não ser o existente mesmo. O Dualismo do Ser e do Aparecer não encontraria lugar mais na filosofia, porque o SER DE UM EXISTENTE É EXATAMENTE O QUE O EXISTENTE APARENTA. E o fenônemo é exatamente o que aparenta e se revela como é. Então ele definitivamente vai rejeitar o dualismo da aparência e da essência.
2.3 O Ser para Sartre tem o seu SER próprio que se manifesta pelo fenômeno. O Fenômeno é o que se manifesta, e o ser manifesta-se a todos de algum modo, pois dele podemos falar e dele temos certa compreensão[3]. Sartre então passa a pensar sobre o homem a partir do estudo de sua existência, o que nos aparenta um corte ontológico na estrutura do ser. O Ser-em-si é. O que significa dizer que o ser não pode ser derivado do possível nem reduzido ao necessário. O Ser é. O Ser é em Si e o Ser é o que é, arremata Sartre[4]. Este é o ser que existe, que tem vontades, que se prende a liberdades, que vai partir da racionalidade para escolher e exercer sua liberdade.
2.4 A Existência precede a Essência, foi o ponto de partida de toda a filosofia existencialista. O Homem existe e pronto. Não há uma essência que o precede. Ao existir o homem é o responsável por suas escolhas e determina seu futuro. Ai vai nascer a idéia de liberdade do homem e como essa liberdade se manifesta através da ação. O existencialismo vai se transformar numa doutrina que mostra a vida de uma forma possível e toda a verdade vai passar pela subjetividade humana. O ser humano se fosse assimilado ao conceito de criação de Deus, seria equivalente a um corta papel cuja concepção e finalidade é previamente estabelecida. 
2.5 O Existencialismo de Sarte, partindo do pressuposto da Existência antes da Essência, e da idéia de que Deus não existe. O homem é um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito este ser é o homem, ou como diz Heidegger, a realidade humana. O que significa dizer que a existência precede a essência: significa que, em primeira instancia, o homem existe, encontra a si mesmo, surge no mundo e só posteriormente se define[5] 
2.6 Assim, precedendo a Essência o Homem é responsável por aquilo que é, e isto é vai submetê-lo a responsabilidade da escolha. O homem vai escolher a si mesmo e ao fazer isto faz suas escolhas a todos os homens. E quando escolhe o faz pelo bem, e quando faz não pode fazer para si um bem que não seja o bem para todos. A Responsabilidade na escolha então vai ser muito maior porque cada vez que escolhe o faz para uma definição de todos, e quando se engaja o faz isto por ele e por toda a humanidade.. 
2.7 Deus não existindo, o homem passa a existir livremente, portanto para escolher, não estará preso a valores ou ordens para determinar suas escolhas e o homem vai se inventando a cada tempo, e a cada conduta de escolher. 
2.8 Existindo, o homem é livre e constrói seu próprio caminho e sua essência. A liberdade é declarada por Sartre a partir de cada circunstância de forma concreta e individualizada. Querendo a liberdade, vamos entender que ela depende integralmente da vontade dos outros e que a liberdade dos outros depende da nossa. 
3 O OUTRO COMO DELIMITAÇÃO OU NO CAMINHO DA LIBERDADE 
3.1 A liberdade enquanto definição do homem nunca vai depender dos outros, mas, como existe o engajamento que decorre da escolha dos outros, ele é forçado a querer sua liberdade e a dos outros. E isto fecha o conceito sem contradição uma vez que o homem é livre mas há aqueles que escolheram antes, e determinaram escolhas necessárias[6] para os que irão escolher depois. Então a liberdade vai sempre depender da liberdade dos outros. Sartre arremata que quando ao nível de uma total autenticidade, reconheço que o homem é um ser que a essência é precedida pela existência, que ele é um ser livre que só pode querer a liberdade, qualquer que sejam as circunstâncias, estou concomitantemente admitindo que so posso querer a liberdade dos outros[7]
3.2 Sartre é contrário a afirmação de Kant de que a Liberdade quer a si mesma e a liberdade dos outros. Certos mas ele considera que o formal e o universal bastam para constituir uma moral. Para ele, os princípios abstratos demais não conseguem definir uma ação. Para isto cita o exemplo de um aluno seu que tem que decidir entra abandonar a mãe e servir o país na guerra. Para ele não há conceitos abstratos para resolver tais problemas. A única definição capaz de compreender a conduta que me leva a me posicionar é a liberdade. Não podemos entender a partir do valor e sim da liberdade da escolha. Quando se inventa um valor, o homem fica sem sentido e o maior sentido do existencialismo é o homem como meta superior, de forma que o que vai prevalecer é a idéia da escolha pela liberdade e não pelo valor.
3.3 A Filosofia sempre se ocupou do EU. O outro pouco apareceu. Descarte chega a comentar o outro como um objeto passante como guarda chuvasna rua. Ele via o outro como objeto sem esquecer que o outro tem um Eu dentro dele, e a sua consideração com o outro vai tornar-se importante na forma que eu me vejo e na forma como escolho. 
3.4 O outro é o indispensável para mim e mim mesmo [8]. A principal conseqüência do outro na minha existência é que ele me fará ver como eu sou. Reconheço que sou como o outro me vê. E o outro não apenas vai relevar o que eu sou, mas vai me constituir em um novo tipo de ser que vai sustentar minhas qualificações novas. Este outro, que é até um SER vai ser o limitador da minha liberdade ou vai definir a minha escolha necessária.
3.5 A aparência do outro na minha existência trará formas organizadas nas minhas condutas. Para nós aqui importa a constituição do outro enquanto minhas escolhas e minha liberdade. O outro é aquele que não é o que eu sou o e que é o que eu não sou[9] . E este outro tem suas vontades e sua razão e daí suas escolhas. Então o outro sendo um eu DELE vai também ter liberdades e escolhas em relação a si e em relação a mim. 
3.6 O Outro vai aparecer para mim então, como o precedente da minha escolha. Esta definição formal de liberdade, ou seja, a idéia de poder locomover-se livremente torna-se fácil para a compreensão humana, visto que formalmente está estabelecido que o homem possa vir e ir sem que seja impedido por alguém ou por algo. 
3.7 A liberdade de escolha é o ponto. Não basta os homens lutarem pela liberdade sem saber que estão fazendo. Se esta luta não é identificada como escolha do homem, ou sem formular para si mesmo lucidamente os meios que utiliza para esta luta, vai viver um sentido a partir da atividade da natureza e dos outros e não de uma escolha sua. Embora o homem escolhe-se em relação aos outros ele não pode agir a partir da vontade dos outros, mas deve perquirir-se de sua vontade e decidir-se subjetivamente. 
4 A LIBERDADE VONTADE E ESCOLHA
4.1 Não falamos de liberdade em sentido formal e sim da liberdade encontrada por Sartre a partir do momento em que o homem se da conta de que A EXISTENCIA PRECEDE A ESSENCIA, e então que o homem existe e pronto. Que não é fruto de Deus, que o teria planejado para agir desta ou daquela maneira. Quando se propõe construir um carro o homem tem idéia daquilo que crer e o carro já o é em essência bastando então ser construído para Existir. No caso do homem Sartreano, ele EXISTE. Não há a idéia de Deus criador e, portanto o homem Existe e pronto e a partir daí, condena-se à liberdade de suas escolhas e de suas construções. O homem vai assumir sua condição a partir daquilo que para ele é posto como sujeito.
4.2 O culto da liberdade foi bandeira em todos os esquemas políticos e ideológicos, como sendo algo sem o qual o ser humano seria incapaz de viver ou estaria de forma indelével afastado daquilo que seria o seu desejo e o seu direito mais absoluto. Conforme Alexandre Herculano, a a liberdade humana sei o que é verdade da consciência como Deus. Por ela chego facilmente ao direito absoluto por ela sei apreciar as instituições sociais. Sei que a esfera dos meus atos livres so tem por limite as esfera dos atos livres dos outros, e por limites factícios as restrições a que conviesse submeter-me para a sociedade existir e para eu achar nela a garantia do exercício de minhas liberdades[10] 
4.3 Então, ainda para o direito, a liberdade vai ser o estabelecimento dos contornos para possibilitar a convivência entre as minhas liberdades e as liberdades dos outros. Do que Sartre quer fugir é da idéia de criar outro Deus para o homem que seriam os valores. Se existem valores no fundo, eles são estabelecidos a partir da liberdade e não do contrário. Ele persiste na idéia de que toda a conduta do homem seja conduzida por sua vontade de tomar esta ou aquela posição, ainda que seja uma posição pré-estabelecida. Ele rejeita a idéia da luta pela luta da escravidão pela escravidão, ou da prestação de um serviço militar, por exemplo, por definição de um Valor. Não, ainda que seja o serviço militar ou a escolha de uma necessidade já derivada da escolha do outro, o homem para manifestar sua liberdade vai agir de acordo com aquilo que quis. 
4.4 No Existencialismo de Sartre, o homem deve dar conta de sua existência e sua liberdade aparece de pronto absoluto em sua necessidade imediata de escolha, uma vez que abstraindo Deus de sua vida o homem esta fadado a existir sem que desígnios ou destinos lhe sejam pré traçados. A idéia de Sartre é que o homem Existe e pronto. Ele a partir de existir vai construir sua essência a partir da sua absoluta Escolha. O homem esta para ser feito e isto não decorre de um acidente ou por atuação potencial da natureza porque a existência do homem parte exclusivamente daquilo que lhe falta. Ou seja, o que falta ao homem para existir é sua existência própria. O homem tendo sua existência por precedência ele é. Então, sendo, ele passa a ser condenado a escolher e escolhendo vai estabelecendo valores e fazendo o seu caminho.
4.5 Para o estabelecimento dos valores o homem vai usar-se da liberdade de existir. O Valor Supremo de sua existência será a liberdade. Escolher seria o agir livremente mesmo quando acontece de termos escolher algo como necessário. E a liberdade, diz Sartre, que estabelece os valores. E a liberdade somente vai existir quando incluir a razão, porque de fato e a razão que escolhe [11]. Não há uma liberdade pura, sem que a razão seja sua justificativa, nem existe a liberdade do acaso, porque a razão e a liberdade vão se implicar mutuamente.
4.6 O que define a liberdade vai ser o objeto da escolha? É o ato em si de escolher que a define. Quando eu defino que vou escolher nisto se define e ai se localiza minha liberdade. Não é porque eu escolho este ou aquele objeto e meu direito de escolher este ou aquele objeto, mas, sim o ato de escolher, seja la o que for é que vai determinar a existência da minha liberdade. A liberdade é um ato de conduta e não um ato finalístico. Isto vai nos levar entender o porquê de que ainda que minha escolha seja necessária, ainda assim a liberdade se manifesta como conduta. É na conduta que vai se valorada a minha liberdade. A escolha de morrer é a escolha. A escolha de não morrer é escolher, não é o morrer ou não morrer, mas sim a conduta que vai conduzir a isto que vai determinar a existência ou não da liberdade.
4.8 O sujeito pode ser livre ao escolher aquilo que é necessário ou somente aquilo que lhe é posto. Nos dizeres de JOLIVET neste caso como poderia ser livre ao escolher o necessário, e não mais o ser ao visar fins absolutos, ou seja, valores incondicionados? A incondicionalidade do valor não limita mais, e por certo muito menos, o exercício da liberdade do que o que assume fins absolutos[12]. Quanto aos fins absolutos eu posso adotá-los ou não e uma vez que o faço estou ligado e ainda assim sou livre mesmo que em obediência aos fins que vão dirigir a minha atividade, visto que a determinação não vai se transparecer como ordem física mas, sim uma ordem moral. Em todo o momento em que consinto com os fins no caso de uma determinação ainda assim eu manifesto a reafirmação da escolha inicial. Como dito, não vai ser o objeto da liberdade que a define mas, sim a conduta, que pode ser ativa ou omissiva, de sorte que o meio é que a define.
4.9 A liberdade não é um dado físico comparável a um temperamento ou a um objeto como a terra, a educação. É algo que se afirma na escolha e pela razão. Tornamo-nos livres ao agir pela razão sendo que a liberdade e a razão com ela vai definir a liberdade do homem e condicionando-o como humano.
4.10 Para Sartre, somos livres desde o começo e a liberdade não poderia ser uma conquista a não ser um dado. A liberdade então poderia estar em potencia porem Sartre se nega a percorrer este caminho. Prefere conceber o homem desde o inicio com um sofrimento de liberdade, uma condenação a escolher, sem que haja uma liberdade em abstrato ou em absoluto. É possível afirmar que a liberdade em Sartre seria o homem se movimento dentro de um tubo, cujos limites foram escolhasfeitas anteriormente por sujeitos que fizerem suas escolhas anteriores e por isto, impuseramme escolhas necessárias e esta manifestação de pensamente a partir de se eu vou morar num prédio ou numa casa, não elimina minha liberdade, porque em absoluto ela somente existiria se eu fosse o primeiro habitante do universo e minha escolha fosse absoluta. A partir da primeira escolha todas as escolhas, continuam sendo exercício de liberdade porém não deixa de se caracterizar como condutas de liberdade, porque não é o que será e sim o que escolho que define a minha liberdade.
4.11 Sou obrigado, segundo Sartre, querer a liberdade dos outros, simultaneamente com a minha, e não posso tomar com fim minha liberdade sem incluir também a dos outros.[13] Então como fazer para conciliar estas idéias de um lado com a noção de liberdade sem um conteúdo formal. A liberdade do outro pode parecer como uma palavra sem sentido. Porque cada conduta que tomássemos em relação a ela seria uma violação daquela liberdade. Ai nasce a idéia, quem sabe, de tolerância do outro, mas, tolerar seria tirar-se o livre exercício das possibilidades. Viver, e respeitar a liberdade do outro seria um comportamento de total abstenção. Neste caso, poderemos voltar a idéia de escolha necessária, onde assumo a fatalidade de um dever. Então talvez devêssemos entender o Sentido da Vontade para dai então compreendermos a escolha que antecede a liberdade e seu objeto. A vontade parte é o que vai definir a escolha. Quando assumo minha existência e exerço minha liberdade a faço através de condutas que poderão ser ativas ou passivas, que partem de um desejo de fazer ou querer algo, a vontade é o ato espontâneo que vai percorrer a razão e deliberar a conduta. 
4.12 Quando outra vontade já existe, quando outra escolha antecedeu a minha,volto-me a perquirir se esta vontade de agir não vai estar privada por outra liberdade. Eu não posso escolher aquilo que quero porque outra escolha me antecedeu. Sartre vai responder de forma clara a partir do conceito da escolha necessária. Quando livremente escolho o necessário, não o escolho enquanto necessário o que seria absurdo, mas enquanto tem um sentido que justifique a escolha e que eu poderia recusar, recusando simplesmente a escolha e submetendo-me a necessidade. Condenado a ser livre, posso também escolher a liberdade mas, sob a condição de justificar essa escolha por outra coisa que não sua necessidade ou seja, por exemplo, acho que a liberdade é a condição de dignidade humana.[14] 
4.13 Aqui Sartre, citado por Jolivet, vai reafirmar que a liberdade não está no objeto, ela o antecede. O exercício da liberdade passa pela vontade depois a decisão racional de escolher, e o objeto, ou seja, a escolha necessária estará em segundo plano que vai servir para definir o valor e não a liberdade. Eu posso não escolher o necessário e assim mesmo estarei escolhendo não escolher, porque a decisão ira sempre ocorrer percorrendo o exercício da liberdade.
4.14 A vontade de poder, pode ser o nome da liberdade a que Sartre defende existir, o que para outros ramos da ciência seria potencia. Mas, é preciso entender que não existe a liberdade pura, como não existe o quadrado, e sim algo que é quadrado. O conceito de liberdade pura torna-se tem aparência ininteligível, então somente existiria como adjetivo ou como atitude de uma vontade que passa pela escolha. Então o poder da vontade de escolher suas condutas, permitira ao homem escolher seu destino, e que é perfeitamente e precisamente o dever de julgar e quando isto ocorre o homem o faz livremente, definindo-se então a autonomia do pensamento que vai dirigir ao homem a tomar uma atitude ativa ou passiva diante do objeto de sua escolha.
4.15 A liberdade de escolher livremente o necessário poderia ser confundida com o determinismo? Não. O determinismo seria um outro conceito que porque Sartre usa a figura do engajamento. Eu sei que outras coisas ocorreram antes da minha chegada, e eu vivo em um mundo de escolhas já feitas. Então, eu decido me engajar tornando-me parte daquilo que já existe ou então entrando na luta para a transformação daquilo existente. O homem é livre, ao contrario do cachorro amarrado porque tem consciência dos múltiplas e diversos aspectos das situações de existência.. O Animal, não tem idéia da corrente que puxa desesperadamente, ele tem isto como fatalidade cósmica. A corrente para o cachorro vai apresentar-se como fato da natureza enquanto para o homem ele sempre terá consciência de sua existência e inclusive da escolha do aprisionamento se for o caso. 
4.16 Toda a conduta do Homem deriva da intenção ou da Vontade de Fazer isto ou aquilo, ou mesmo de não fazer. É preciso ter em mente que um conceito teórico não dá conta de definir a liberdade como algo tangível fora da conduta do homem. Sartre cita o Exemplo do Homem que fumando explode uma fábrica de cigarros[15] . Neste caso o fumante não agiu. Ele não exerceu a sua liberdade ao tocar fogo na fábrica, em princípio. Noutro caso vemos que a atividade de um trabalhador em dinamitar uma mina, é um ato fruto da vontade, porque realizava um projeto intencionalmente. Para falar de ação é importante ter em mente que a intenção deve dar conta do resultado para que isto seja manifestado como exercício de vontade. 
4.17 Para descrever a Liberdade com maior precisão, é importante entender que a condição fundamental da conduta[16] humana, ou seja, agir ou não agir, é a liberdade. O que importa para Sartre no seu conceito de liberdade é que agindo ou não o homem o faça livre e que sua conduta seja fruto da escolha. Sartre sente a necessidade de definir a liberdade com maior precisão e assim se expressa descrever, comummente é uma atividade de explicação visando as estruturas de uma essência singular. Mas, a liberdade não tem essência. Não esta submetida a qualquer necessidade lógica. Dela deve-se dizer o que Heidegger disse do Dausein em geral: nela, a existência precede e comanda a essência. A liberdade faz-se do geralmente alcançamo-lo, através do ato que ela se organiza com os motivos e os móbeis e os fins que esse ato encerra[17] . Sartre procura fugir de uma definição formal de liberdade, pregando firmemente que está no ato de agir conscientemente. A liberdade estaria no fundamento de todas as essências ela é a essência de toda a escolhas, mesmo que sejam de escolhas necessárias. A liberdade é ter consciência clara das minhas ações, é agir de acordo com aquilo que conscientemente escolho. A liberdade é a necessidade de existir sempre para além ou na busca da minha essência. A liberdade é o SER DO HOMEM[18].
4.18 Não é demasiado desnecessário mas, importante percorrer um pouco sobre o que já foi dito aqui em relação a vontade e a liberdade. Descartes citado por Sartre[19] afirma que a vontade é livre porém existem as paixões da alma. Pode haver uma semelhança entre atos livres e atos voluntários. Para isto seria necessário admitir um homem livre e ao mesmo tempo determinado. Teremos que distinguir então atos inteiramente livres e alguns processos determinados onde ainda assim se exerce a vontade humana. Para Sartre, percorrendo várias justificativas, não há saída: ou o homem é livre ou é determinado. Sartre não vai identificar ou separar a vontade e liberdade, porque para ele, a vontade nada mais é que uma maneira de ser em relação a liberdade. Diante de um incêndio posso correr ou ficar. Este fato vai ser irrelevante para a afirmação da liberdade, porque a vontade seria apenas um meio de expressão da liberdade.
4.19 A liberdade vai se transparecer em todo o fundamento da minha existência e a fundamentação dos fins que eu vou tentar alcançar. E estes fins, que vão decorrer da minha liberdade pouco importarão se são frutos da vontade ou de esforços passionais. Não se deve, entretanto opor a liberdade à vontade ou as paixões. Ele é claro ao afirmar que a liberdade nada é senão a existência de nossa vontade ou nossas paixões, na medida em que tal existência é nadificação da facticidade, ou seja, existência de um serque é seu ser à maneira de ter-de-ser... a vontade determina-se na moldura dos móbeis e fins já posicionados pelo Para-si em um projeto transcendente de si mesmo rumo a seus possíveis[20] 
4.20 Jamais poderemos dizer que outro poderá decidir por mim se não eu. Sartre não admite que outras circunstâncias suprimam a supremacia da liberdade. Não basta querer, é preciso querer querer. Na realidade qualquer que seja a circunstância, ainda que diante de uma necessidade de ação rápida, é o Para-si, em seu projeto escolhe tanto por uma como por outra escolha, ainda que aparentemente possa ter tido como conduta autônoma. Todas as minhas maneiras de ser, manifestam igualmente a liberdade pois todas são maneiras de ser meu próprio nada. Há algo interno que justifica algumas ações minhas. Este algo, tido como motivo subjetivo é identificado como o MÓBIL, que é o conjunto dos desejos, emoções e paixões que vão impelir o homem a certo ato. Os móbeis são motivos que estarão contidos no estado de consciência que provocará a conduta. 
4.21 A conduta vai representar a liberdade independente das circunstâncias mesmo aquelas onde aparentemente há uma ação involuntária, ou tida como repentina. Num ato irrefletido o não há objeto de per sim, mas, uma consciência não posicional de si. No ato voluntario refletido aparece uma consciência onde o móbil é quase um objeto. A liberdade, de uma forma ou de outra vai aparecer sempre como uma totalidade não analisável, seja de motivos objetivos, móbeis e afins, mas, nada disso vai ser entendido por Sartre como determinismo e ele não cai nesta armadilha. Para ele a liberdade se identifica com o Ser do Para Si: a liberdade humana é livre na exata medida em que tem-de-ser seu próprio nada. Esse nada, como vimos., ela tem-de-se-lo, em múltiplas dimensões[21] Isto tem um sentido porque não se pode deixar guiar nunca pelo passado para fazer isto ou aquilo, de que nada existe na consciência que não seja a consciência de existir e que o homem é um ser que defini-se por seu projeto ou seja, por seu fim.
4.22 A Liberdade de Sartre não percorre contornos conceituais nem fugazes como liberdade para escolher uma roupa ou outra ou para sair ou não sair. A liberdade a que se refere Sartre está no âmbito do processo de Consciência e de Escolha. A liberdade do ponto de vista da escolha, é livre se outra atitude ou seja, se outra conduta pudesse ter sido tomada. Não passa por eu decidir se tenho ou não condições de controlar meus contingentes fisiológicos, mas, sim se quere fazer uma coisa outra. Decidir ser herói ou covarde, decidir tomar ou não tomar uma posição frente a uma situação posta ou decidir e que confere sentido ao ato em um dado momento. Liberdade para Sartre é liberdade de escolha e não de não escolher, pode ser escolher não agir, mas, nunca não escolher, porque o homem só não é livre para não escolher. 
6 CONCLUSÃO
6.1 No momento que Sartre se esquece de Deus e a Existência torna-se pressuposto da Essência, o homem existe para ser livre e para tal deve fazer seus atos de escolha e todos os seus movimentos de conduta [ação ou omissão voluntária] é um ato de liberdade. Sartre conclui a existência do homem e sua absoluta responsabilidade pela construção do seu Ser e pela escolha do seu modo de existência ainda que seja num caminho de homens precedentes cujas escolhas antecederam aquele que vai escolher. Ainda assim, o home é livre e este é o seu único destino, Ser Livre.
6.2 Por isto talvez é que a Realidade humana nunca estará acabada eis que a finitude humana estará sempre caminhando para o infinito nunca apresentando-se como um todo e sim como um existir continuo permeado de vontades, escolhas, outros e liberdade. 
Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/liberdade-em-sartre/19900/#ixzz2EqO2zZYz

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