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Aula 11 e 12

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RESPONSABILIDADE CIVIL
RESPONSABILIDADE CIVILNAS RELAÇÕES DE CONSUMO
A PROBLEMÁTICA DOS ACIDENTES DE CONSUMO
Última etapa da evolução da responsabilidade civil
O risco do empreendimento
A sistemática do CDC – fato do produto e do serviço e vício do produto ou do serviço – distinção
FATO DO PRODUTO
Art. 12 do CDC
“O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação e acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.”
CASO EXTRA 
João adquiriu vidros na loja X, fabricados por Indústria Y, para coloca-los na janela de sua casa. Atendidas as regras técnicas para instalação do referido material, uma semana depois o vidro veio a estilhaçar-se sem uma causalidade externa aparente, tão pouco por conduta do próprio comprador. O evento causou ferimentos no rosto da esposa de João, que necessitou de internação hospitalar por 10 dias. Quem pode pleitear indenização, contra quem, com que fundamento e em que prazo? Resposta fundamentada. 
O QUE É DEFEITO
O 1§ do art.12 do CDC
“O produto é defeituoso quando não oferece a SEGURANÇA que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I- sua apresentação;
II – o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III – a época em que foi colocado em circulação
b) O dever de segurança – fundamento da responsabilidade do fornecedor
O RISCO INERENTE E O DEVER DE INFORMAR 
Art. 8º do CDC
“Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.”
b) Dever de informar – Art. 9º do CDC
“O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto.”
OS RESPONSÁVEIS
Fabricante, produtor, construtor e o importador
Solidariedade
Art.25, § 1º do CDC
“Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente pela reparação prevista nessa e nas sessões anteriores.”
Art.25, § 2º do CDC
“Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou incorporador e o que realizou a incorporação.”
RESPONSABILIDADE DO COMERCIANTE 
Art.13 do CDC
“O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:
I – o fabricante, o construtor, o produtor ou importador não puderem ser identificados (subsidiária).
II – o produto foi fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou incorporador (subsidiária)
III – não conservar adequadamente os produtos perecíveis (solidária)
FATO DO SERVIÇO
Art.14 do CDC
“O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.”
b) Os responsáveis
c) Defeito do serviço 
§ 1º do art.14 do CDC
“O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança
	que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:
I – o modo de seu fornecimento
II – o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III – a época em que foi fornecido 
d) Dever de informar/risco inerente
e) Solidariedade de todos que atuarem na cadeia do fornecimento
CASO EXTRA 
Joaquim, em virtude de acidente de trânsito, teve de ser internado em hospital particular, em razão de grave fratura sofrida. Ocorre que, após a cirurgia a que se submeteu, o mesmo foi acometido por infecção hospitalar, que o levou a óbito. Seus familiares propuseram ação indenizatória em face do referido nosocômio. Em contestação, o réu sustenta não lhe ser imputada a responsabilidade por acontecimentos estranhos ao ato médico em si, defendendo a tese de que tal fato se trata de caso fortuito, o que elide o seu dever de indenizar, por exclusão do nexo causal. Assiste razão aos familiares de Joaquim? Justifique sua resposta. 
EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR 
§ 3º do art.12 do CDC
“O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar.”
I – que não colocou o produto no mercado
II – que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste 
III – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro
b) § 3º do art.14 do CDC
“O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I – que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste 
II – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro
CASO EXTRA 
Tendo faltado luz na sua casa, Mário tentou religar o quadro de energia elétrica, momento em que ocorreu um curto-circuito e um pequeno incêndio, do qual resultou queimadura grave nas duas mãos de Mário. A perícia apurou ter o fato ocorrido em razão de operação incorreta de preposto da Light ao fazer a troca do relógio medidor de luz. Como advogado de Mário, o que pediria numa ação indenizatória e qual seria o fundamento desta ação? (Assinale a opção correta) 
A) dano material e moral com base no art. 927, par.un. do C.Civil (atividade de risco);
B) dano material e moral com base no art. 37, § 6º da Constituição Federal, pois a Light é prestadora de serviços públicos;
C) dano material e moral com base no art. 20 do CDC (vício do serviço);
D) dano material e moral com base no art. 932, III do C.Civil pois o dano foi causado por preposto da Light;
E) dano material e moral com base no art. 14 do CDC (fato do serviço). 
CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO
Art.17 do CDC
“Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores, todas as vítimas do evento.”
CASO EXTRA 
Adolescente morre eletrocutado ao encostar em poste durante a chuva. O estudante Jefferson, de 12 anos, morreu eletrocutado ao encostar em um poste na Praça Jequitinhonha, em Realengo. Chovia e Jefferson, descalço, jogava futebol com colegas. Ele ficou preso ao pose pela descarga elétrica. (O GLOBO, 15/12/2008)
Supondo que os pais de Jefferson pretendam ser indenizados pela morte do filho, em face de quem deverão formular a pretensão e com que fundamento?
RISCO DO DESENVOLVIMENTO 
“É defeito que, em face do estado da ciência e da técnica à época da colocação do produto ou serviço em circulação, era desconhecido e imprevisível”
Antônio Herman Benjamin
CASO 1 DA COLETÂNEA DE EXERCÍCIOS 
Flávia, 10 anos de idade, brincava com o irmão mais velho e dois colegas na piscina do Condomínio onde moravam. Quando Flávia estava mergulhando próximo do filtro (ralo) da piscina, teve seus cabelos sugados, tão fortemente que ficou presa no fundo, o que provocou o seu afogamento. Quando o irmão de Flávia conseguiu retirá-la do fundo da piscina ela já estava morta. Os pais de Flávia pretendem ser indenizados por danos materiais e morais. De quem poderão pleitear a indenização: do condomínio, do fabricante do filtro (ralo) ou de ambos? Em qualquer caso, qual será o fundamento legal do pedido indenizatório? 
QUESTÃO OBJETIVA DA COLETÂNEA DE EXERCÍCIOS 
O estouro de um pneu provocou a capotagem de veículo de Marcos, que ficou totalmente destruído. Marcos também sofreu graves lesões. Tendo em vista que o veículo tinha apenas seis meses de uso, Marcos pretende ser indenizado. Assinale a opção correta: 
não há direito a qualquer indenização porque o estouro de um pneu caracteriza caso fortuito; 
Marcos só poderá pleitear indenização do fabricante do pneu; 
Marcospoderá pleitear indenização do fabricante do automóvel e do pneu; 
Marcos só poderá pleitear indenização da concessionária que lhe vendeu o veículo; e) Marcos poderá pleitear a indenização do fabricante do veículo e da concessionária porque há solidariedade entre eles 
RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO.
RESPONSABILIDADE DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
VÍCIO E DEFEITO - DISTINÇÃO 
“Há vício sem defeito, mas não há defeito sem vício; o defeito pressupõe o vício. O defeito é o vício acrescido de um problema extra, alguma coisa extrínseca ao produto ou ao serviço, que causa um dano maior que simplesmente o mau funcionamento ou não-funcionamento” (Rizzato)
RESPONSABILIDADE OBJETIVA 
Art. 23 do CDC
“A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade.”
VÍCIO DO PRODUTO E VÍCIO REDIBITÓRIO - DISTINÇÃO 
A) Art. 18 de CDC
“Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados aos consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim, como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.”
c) Os responsáveis – solidariedade
d) A solidariedade só se rompe nas hipóteses dos arts.18, § 5º - produtos in natura e 19, § 2º - produtos pesados ou medidos na presença do consumidor.
CASO 1
Luana ajuizou ação de indenização por danos materiais e morais em face de Star Veículos Ltda e General Motors do Brasil, com fundamento no art. 12 do CDC, objetivando a substituição do automóvel por ela adquirido por outro da mesma espécie, além de ressarcimento por danos morais, ao fundamento de que comprou veículo novo, zero km, em concessionária autorizada e, em apenas 12 meses de uso, veio o mesmo a apresentar vários defeitos em seus acabamentos internos, defeito na direção hidráulica, não funcionamento das travas elétricas, barulhos nas laterais traseiras internas, entrada de água na parte traseira, esguicho do limpador da tampa traseira sem funcionamento, dentre outros. 
Em contestação, a concessionária alega ser parte passiva ilegítima porque os defeitos apontados pela autora são de fábrica, pelos quais não pode responder. Aduz terem sido corrigidos, pelo que a dimensão por ela apontada,não se pode classificar como vícios de qualidade que tornariam inadequada a utilização do veículo.
A segunda ré, por seu turno, sustenta ser de exclusiva responsabilidade da primeira ré as conseqüências da falta de reparos dos defeitos se não sanados no prazo legal. 
Resolva a questão fundamentadamente
VÍCIO DE QUALIDADE – DEVER DE QUALIDADE 
a) Exemplos - § 6º do art. 18
b) Mecanismos reparatórios - § 1º do art.18
c) § 3º do art.18
“O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1º deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.”
VÍCIOS DO SERVIÇO E MECANISMO REPARATÓRIO. SOLIDARIEDADE 
Art. 20 do CDC
“O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha.
DANO CIRCA REM E EXTRA REM
RESPONSABILIDADE DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS 
§ 4º do art.14 do CDC
“A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa.”
b) Estão subordinados aos demais princípios do CDC
c) Obrigação de resultado – inversão do ônus da prova
CASO 3 
Submetida a uma cirurgia estética no rosto, a aparência de Maria em lugar de melhorar ficou pior. Com relação à responsabilidade do Dr. Antonio, o médico que fez a cirurgia, é correto afirmar:
A) é objetiva pelo fato do serviço;
B) é subjetiva, com culpa provada, porque a obrigação do médico é sempre de meio;
C) é objetiva porque a obrigação do médico é sempre de resultado;
D) não há responsabilidade do Dr. Antonio porque o resultado na cirurgia estética é sempre imprevisível;
E) é subjetiva com culpa presumida porque no caso a obrigação do médico é de resultado.
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA - DISTINÇÃO 
Art.189 do C.Civil
“Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts.205 e 206.”
A Sistemática do CDC 
Fato do produto ou do serviço – prescrição, art.27
Vício do produto ou do serviço – decadência, art.26
PRESCRIÇÃO NO CDC 
CASO 2
Em 05/01/2010, Áurea comprou um carro 0 km, da marca FORD, na Concessionária Xavante. Decorridos quatro meses de uso, apresentou o veículo problemas no sistema de freio. A Concessionária Xavante recusou-se a fazer o reparo alegando ter ocorrido a decadência do direito de Áurea reclamar.
Ao sair da Concessionária, em um sinal de trânsito Áurea é assaltada por Berto, que assumiu a direção do veículo. 
Perseguidos pela polícia, que tomou conhecimento do assalto, Berto acaba colidindo com a traseira do veículo de Carlos, em virtude do freio do carro de Áurea não ter funcionado adequadamente.
Ficaram gravemente feridos Áurea, Carlos e o assaltante Berto, além de destruídos os dois veículos.
Áurea e Carlos ajuízam ações com pedido de indenização em faze do fabricante e da Concessionária, em que pleiteiam danos morais e materiais.
Em contestação, alega o fabricante que houve fato exclusivo de terceiro (ato do assaltante) e a Concessionária sustenta ser parte ilegítima, além de insistir na ocorrência da decadência.
Decida a questão, fundamentando-a. Analise, também, se houve decadência e se há possibilidade do assaltante Berto pleitear indenização
b) Art.27
“Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
c) Art.206, § 3º, V do C.Civil
“Prescreve em 3 (três) anos ... a pretensão de reparação civil.”
d) Causas que suspendem ou interrompem a prescrição
 (arts.198, 199 e 202 do C.Civil)
DECADÊNCIA NO CDC 
Art.26
“O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
I – trinta dias, tratando-se de fornecimento serviço e de produto não duráveis;
II – noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto duráveis.
b) Termo inicial – vícios aparentes
§ 1º - Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços
c) Termo inicial – vícios ocultos
§ 3º - Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito
OBSTAM A DECADÊNCIA
§ 2º do art.26
I – “a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transferida de forma inequívoca.”
SOLUÇÃO DO CASO 2

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